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Tudo que Eu quero – Erica Ridley

Tudo que eu quero


Erica Ridley

(Série Duques da Guerra 08)

Darling, Kenia

Sinopse
Ele ensinou-a a confiar. Ele ensinou-a a amar.
E então ele a deixou sem uma palavra.
Hoje à noite ele está de volta.
Se por um momento ou para sempre, dependerá da virada de uma carta.
Vinte e um para ganhar - ou perder tudo.
O futuro deles dependerá de jogar a carta certa ...

Tudo que Eu quero – Erica Ridley


Capítulo Um

Outro sarau elegante, outra proposta rastejante de um pretendente faminto de dinheiro com
idade suficiente para ser o pai de Matilda.
Apesar de seus sapatos de salto alto, Lady Matilda Kingsley correu para o salão de jogos.
Ela não queria nada mais do que correr para casa e esquecer seus problemas no conforto de um
bom livro. Mas para chegar lá, ela precisava do primo Egbert. Ele tinha sido seu acompanhante
durante a maior parte de sua vida.
Ele era um perdulário para todos os seus. Era um elemento fixo em todas as mesas de
apostas e jogos de azar em toda a cidade. O pior de tudo, ele tinha a sorte do diabo. Ele não
deixava uma mesa até que a moeda de todos os outros tilintasse dentro de seus bolsos, o que às
vezes ia muito além do amanhecer.
Os passos de Matilda diminuíram. Aquele era o primo Egbert, envolto em fumaça de
charuto e roupa enrugada, com um pé dentro do salão de jogos e um pé fora? Ele estava
gesticulando para ela?
Ela parou de andar. Normalmente, ela que era encontrada pairando em uma porta, tentando
em vão sinalizar a ele que estava pronta para sair, sem deixar os dedos dos pés atravessarem o
limiar fino da infame sala de jogos. Fazer isso seria cortejar o escândalo. E, no entanto, ele
estava ali, acenando-lhe para se juntar a ele. Algo estava muito estranho. Seu pescoço formigou.
Todos os seus sentidos ficaram em alerta máximo.
Ela arriscou apenas na medida do batente da porta, e pôs a mão no braço de seu primo.
─ Eu quero ir para casa, ─ ela murmurou. ─ Por favor, primo. Foi uma noite longa.
O arranjo tácito deles era que se conseguisse chamar sua atenção, ele seria obrigado a levá-
la de volta à casa. Mas desta vez ele sacudiu a cabeça. Seus olhos estavam frios e duros, seu
sorriso fácil distorcido e mesquinho. Seu estômago se contorceu. Ela não tinha visto essa
expressão em seu rosto em anos, mas ela sabia muito bem o que significava: não haveria como
falar com ele sobre qualquer problema que estivesse criando. E ele pretendia envolvê-la no meio
disso.
─ Por favor, ─ ela repetiu, embora soubesse que era inútil. Seus olhos estavam muito
vidrados. Mas ela tinha que tentar. ─ A música acabou. Não podemos ir para casa?
─ É claro, ─ disse ele, mas seu sorriso severo só aumentou. ─ Eu estou terminando um jogo
de azar. Se você jogar minha última mão, podemos estar a caminho.
Seu batimento cardíaco falhou, então acelerou a novas alturas. O que ele queria dizer? Se
cruzar o limiar era escandaloso, jogar seria sua ruína. Só podia ser um truque. Mas por quê? E de
quem?
─ Você ... deseja que eu aposte? ─ Sua garganta estava seca demais para engolir
corretamente.
Ele sorriu. ─ Basta jogar uma mão. Então eu vou te levar para casa. Eu prometo. ─ Ele
agarrou-a pelo pulso e puxou-a para a sala iluminada por velas.
Seus músculos se trancaram. Ela não deveria estar em qualquer lugar perto desta sala. Ou
desses homens.

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Fumaça subia dos dedos e bocas de todos os cavalheiros presentes, tornando o ar espesso e
doce demais da fumaça de seus charutos. Um bando de dândis cercava o que ela assumiu ser uma
mesa de jogo. Duas dúzias de espectadores embriagados em linho extrafino e calças de camurça
a rodeava.
Eles se separaram para deixá-la passar.
A mesa era pequena, redonda e vazia, salvo por um pedaço de papel dobrado e um conjunto
de cartas de jogar empilhadas de um lado. Um soldado estava sentado em uma das duas cadeiras
de madeira, de costas para Matilda. Seus ombros largos e músculos definidos preenchiam seu
casaco vermelho imaculado. Dragonas douradas e as estrelas correspondentes marcavam-no
como um oficial. Ela voltou seu olhar em direção a seu primo. Seu sorriso cruel gravou mais
fundo em seu rosto, quando ele a puxou à vista do rosto do soldado.
Owen Turner.
A agitação em seu estômago borbulhava em náusea. Ela estendeu a mão para firmar-se.
Alguém empurrou-a para a cadeira vazia. Ela tentou não olhar, não encarar, mas seus olhos
tinham fome de um mero vislumbre dele por muito, muito tempo ...
Ele era lindo. O primeiro amigo que ela já fez. O único garoto que ela sempre amou. Uns
bons quatro anos passados desde a última que o viu, seu rosto comoventemente familiar agora
pertencia a um homem que ela não conhecia.
Os cachos castanho-escuros que um dia haviam flutuado no vento da manhã e grudado na
testa quando foram surpreendidos por uma chuva repentina, estava agora perfeitamente cortado
nas orelhas e nuca, como condizente a um oficial. Não. Não um oficial. Um major.
Olhos azuis claros que outrora brilhavam alegremente enquanto corriam pelos pântanos ou
pulavam no rio - aqueles amados olhos azuis estavam agora tempestuosos e sombreados, nenhum
traço de alegria em suas profundezas ou marcado nos cantos. E por que haveria? Ele lutou contra
o exército de Napoleão por quatro longos anos, apenas para encontrar-se lutando contra seu
primo Egbert em um salão dourado.
Sua garganta se apertou. Tinha sido Owen que a ensinou a pular pedras e subir em árvores,
mas apesar de toda a sua tarimba comparativa, nenhum deles jamais esperara que ele pisasse fora
das fronteiras de North Yorkshire. Acima de tudo, ela nunca pensou que ele iria deixá-la. Para
vê-lo aqui, um homem adulto, um soldado célebre, ainda mais arrojado no corpo do que as
histórias na língua de todos ...
Ah, a fofoca.
Ela não era a única que ele deslumbrava. Se metade dos rumores fossem verdadeiros,
aqueles lábios duros e belos teriam beijado cada boca disposta entre aqui e Paris. Se só pensar
nisso não a deixasse violentamente doente, ela talvez apreciasse a ironia de que o menino que a
Sociedade havia considerado abaixo deles era, agora, a principal razão pela qual os sais
aromáticos eram mais procurados do que o chá matinal.
Ele era conhecido por dar prazer a todas e seu coração a ninguém, mulheres competiam
como poderiam prendê-lo. Mas não havia esperança de encurralar uma força da natureza. Owen
era uma tempestade, não uma chuva de verão. Ele era paixão e poder, uma tempestade na alma ...
e com a mesma rapidez desaparecia.
Ela deveria saber.
Além de manter os olhos penetrantes focados nos dela, ele não se moveu desde que ela se
sentou. Não tinha sorrido. Não havia oferecido sua mão. Ainda não tinha falado o nome dela. Ao
que tudo indica, ele não a reconheceu nem se importava com uma apresentação.

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Ela conhecia bem.
Sua quietude era tão reveladora quanto os tiques nervosos de outros homens. Sempre que
ele estava no limite, uma vida nas sombras lhe ensinara a ficar em silêncio e imóvel. Não como
um veado ou um coelho. Como um leão. Olhando sua presa. Preparando-se para atacar.
O que quer que estivesse acontecendo aqui, ela não queria fazer parte disso. Ela se pôs em
pé.
Egbert a deteve com uma mão em cima de seu ombro. Um suor frio surgiu sob o seu
espartilho.
─ O que é isso? ─ Sua voz tremeu quando ela voltou a sentar-se na cadeira
─ A aposta de um cavalheiro. ─ Egbert acenou com a mão em direção à mesa. ─ Exceto
este cavalheiro que ousou questionar a minha integridade. Ao invés de encontrá-lo ao amanhecer
e manchar uma bala com seu sangue, eu escolhi deixar um substituto imparcial jogar a mão final.
Você.
Sua mandíbula apertou com tanta força que seus dentes doeram. ─ Eu sou quase imparcial.
A voz de Owen era um suave veludo, abafando como uma caricia. ─ De que lado você
pode estar?
─ O meu próprio, ─ ela retrucou. Ou queria retrucar. Ela o amara por tanto tempo e ele
havia quebrado o coração dela tão descuidadamente, que sua mera presença era suficiente para
torcê-la em um nó de ódio e desejo.
─ Entendo. ─ Seus ombros relaxaram infinitamente. ─ Eu confio em você.
Esse movimento ligeiro torceu seu coração. Ele confiava nela, maldito. Se ela pudesse dizer
o mesmo. ─ Qual é o jogo?
Seus olhos suavizaram. ─Vingt-et-un.
Vinte e um. Ela respirou fundo.
Um dos dândis abriu caminho à frente. ─ Isso é francês para-
─ Ela fala francês, seu tolo. ─ Um canalha diferente levantou a voz. ─ Eu seria um homem
mais rico se Lady Matilda parasse de traduzir placas da moda parisiense para a minha irmã.
Agora, algum de vocês senhores gostaria de explicar o jogo em vez de traduzir o-
─ Ela já sabe. ─ A voz de Owen foi tranquila, mas atada com um fio de perigo que
silenciou toda a sala.
A respiração de Matilda desacelerou. Ele ensinou-a a jogar como uma brincadeira, e
lamentou a decisão quando ela tomou um gosto imediato. Ele odiava jogos de azar. O que
significava que uma reviravolta excepcional de eventos o levara a esta mesa.
Ela esfregou a nuca. ─ Quais são as apostas?
A voz de Owen era uniforme, o rosto impassível. ─ Addington apostou cinco mil libras.
Ela beliscou seus lábios juntos. Uma ninharia para o primo Egbert, mas riqueza
indescritível para Owen. ─ E você? O que você aposta?
─ Sua casa de campo, ─ cuspiu um dos espectadores playboys com desdém. ─ Ele não tem
mais nada.
Seus companheiros reviraram os olhos em concordância. ─ Não consigo entender por que
Addington iria querer isso.
Matilda podia.
O pequeno chalé não significaria nada para um nobre rico, mas era tudo para Owen. Um
presente de seu pai para a mãe. Era tudo o que possuía. Sua única ligação com a sua herança. O
único lugar que ele poderia chamar de lar.

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Suas unhas picaram as palmas das mãos. Isso não tinha nada a ver com dinheiro, então.
Pelo menos não para seu primo. Esta era uma continuação de uma rixa de quatro anos atrás, em
uma arena onde Egbert manteve a vantagem. Ela não podia detê-los. Mas desde que ela estava na
raiz de sua animosidade, ela não contribuiria para os jogos cruéis de Egbert.
Ela tomou sua decisão. ─ Estou dentro. Mas se eu jogar, eu jogo para valer. Quaisquer
despojos que eu ganhar pertence a mim.
A torcida vibrava com prazer. ─ Já contando quantos vestidos ela pode comprar com cinco
mil libras, não é? Sua modista vai ser mais rica do que eu.
─ Vestidos? ─ Egbert zombou. ─ Mais como romances. Enquanto muitos de vocês estão na
fila por uma vaga em seu cartão de dança, eu estou arrastando-a para fora da biblioteca por seus
pés de sabichona. Essa garota prefere passar suas noites com melodrama gótico do que ser girada
por vocês rapazolas.
Mais risadas surgiram. ─ Você é o marquês. Venda a biblioteca para que ela tenha mais
tempo para seus pretendentes apaixonados.
─ Desculpe rapazes. Vocês terão que conquistá-la sozinhos.
Egbert sorriu para ela. ─ Claro, prima. Tudo o que você ganhar é seu.
Os ombros de Matilda ficaram tensos. Os comentários de provocação de seu primo haviam
sido feitos com evidente afeto, mas ela não podia perdoá-lo. Não por esta farsa que ele a arrastou
de surpresa. E não pela devastação que ele causou há quatro longos anos.
Ela virou-se para Owen, cujo corpo estava perfeitamente imóvel.
O primo Egbert pegou as cartas. ─ Devemos começar?

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Capítulo Dois

─ Pare. ─ O aço calmo na voz do Major Owen Turner desmentia o tormento que se agitava
dentro dele.
A mão sem luva de Addington parou acima do conjunto de cartas. O silêncio tomou conta
do salão. O único movimento veio de plumas de fumaça fugindo de charutos caros, e do ponto
pulsante no pescoço da única mulher que já havia quebrado a armadura de Owen.
─ Eu tenho que dar as cartas para você jogar, Major. ─ Addington cuspiu a palavra como
se deixasse cinzas na sua língua. ─ Minha prima deseja ir embora. Não podemos ficar aqui a
noite toda.
Owen não se preocupou em reconhecer esse último. Addington não estava com pressa de
escoltar sua prima em lugar nenhum. Ele estava muito ansioso para negar a Owen algo que ele
queria.
Novamente.
─ Eu não confio em você para dar as cartas honestamente. ─ As palavras de Owen
ricochetearam pela sala silenciosa. Para Addington, elas teriam um duplo significado.
Choque e um toque de ansiedade alargaram os olhos dos espectadores, mas ninguém recuou
um passo para trás. Não aqui. Estes eram “senhores”. Os nobres não resolviam problemas pessoa
a pessoa, uma enxurrada de punhos seguida de um aperto de mão. Eles preferiam pistolas de
duelo a vinte passos. Um tiro, direto ao coração.
Os dedos de Addington se curvaram, mas ele cruzou os braços abaixo do branco gelado da
sua gravata antes que suas mãos pudessem se fechar. ─ Você certamente não vai tocar nas cartas,
Major.
Ah. Lá estava. Owen quase sorriu. Pelo riso nervoso em outros lugares da sala, ele não era
o único que sabia exatamente o que Addington queria dizer toda vez que cuspia a palavra
“major”. Para a maioria das pessoas, os soldados que lutaram contra Napoleão eram heróis.
Nunca Owen. Nenhum título militar, nenhum heroísmo ou auto-sacrifício, nenhuma quantidade
de medalhas poderia apagar a praga lançada sobre ele no momento de sua concepção.
Nada que ele pudesse fazer ou conquistar iria impedi-lo de ser o Owen Turner criado na
sarjeta. Bastardo de um conde. Desprezível.
─ Não eu. ─ Owen inclinou a cabeça para o outro lado da pequena mesa. ─ Ela.
Ela. Embora ele ainda não tivesse dito o nome dela em voz alta, nunca tinha estado longe
de seus pensamentos. Ou de sua alma.
Lady Matilda Kingsley. Ele a conheceu quando tinha dez anos, e ela tinha oito. Seu avental
custava mais do que todas as suas roupas combinadas. Ela escapou da babá que tirava um
cochilo e estava no fundo do quintal em busca de aventura. Ele estava agachado dentro da linha
da propriedade dela, espiando pela cerca na propriedade adjacente, na esperança de vislumbrar
seu pai.
Ele tinha encontrado algo muito melhor.

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─ Muito bem. ─ A voz de Lady Matilda era mais suave do que ele se lembrava. Mais
refinada, como tudo sobre ela.
Ela não era mais a solitária de dezesseis anos de idade que ele tinha deixado para trás, mas
uma mulher adulta que capturava a atenção de todos os cavalheiros que cruzavam seu caminho.
Como agora mesmo.
Ela estava tirando as luvas. Polegada por polegada, a seda carmesim apertada revelava cada
vez mais sua pele perfeita e cremosa. Aqueles dedos podiam ser empregados para folhear
páginas, mas todos os homens na sala estavam imaginando-os fazendo algo muito, muito
diferente.
A primeira luva caiu à mesa em uma piscina de seda vermelha. Ela voltou sua atenção para
a segunda luva. Todos eles fizeram o mesmo. Seu desvelamento foi ainda mais deliberado, mais
sensual do que a primeira. Suas pestanas baixaram. Ela segurava cada olho transfixado ... e sabia
disso.
Seus lábios se apertaram. Essa sedutora não era a inocente de cara limpa que ele tinha
deixado para trás. Aquela garota se foi. A Lady Matilda sentada em frente a ele era uma estranha.
E ainda assim ele estava aqui por causa dela.
─ Vingt-et-um, ─ Addington lembrou-a no momento em que a segunda luva bateu na
mesa.
Ela nivelou-o com um olhar gelado. ─ Eu não esqueci.
Owen desviou o olhar enquanto ela embaralhava as cartas. Ele não podia arriscar capturar
seu olhar e ver indiferença refletida de volta para ele. Não se quisesse ir embora com o coração
intacto. Ele soltou uma respiração lenta e lutou para manter seu ânimo.
Sua noite queria apenas isso.
Ele tinha sido estacionado por toda a França, e estava finalmente de volta à Inglaterra em
uma licença de duas semanas. Ele tinha ido direto para North Yorkshire, direto para Selby, direto
para ela.
Ela não estava lá, é claro. Ela já estava em Londres para a temporada. Mas ao invés de
continuar em sua casa de campo vazia, ele primeiro passou pelo padeiro para recuperar seu
cachorro. Tinha encontrado Ribbit abandonado no mesmo dia que conheceu Lady Matilda, e
ficou com o cão. Quando ele se alistou no exército, confiou seu cão metade basset, metade
pedaço de caramelo à senhora Jenkins, e enviou fundos consideráveis para a custódia de Ribbit.
Mas a Sra. Jenkins tinha perdido o cachorro alguns dias depois de Owen ir embora.
Como se pudesse compensar isso, ela o presenteara com uma bolsa de moedas contendo
cada centavo que ele havia enviado. Ele voltou para Londres com o dinheiro, com a intenção de
jogá-lo fora com uísque e mulheres, até a hora de navegar de volta para a França. Mas ele
encontrou-se ombro a ombro com as pessoas que nunca antes tinha notado sua existência.
Pessoas que agora incluíam Lady Matilda.
Naquela noite, quando ele a tinha visto rodopiando nos braços de outro homem, tinha sido
atingido por um desejo tão agudo e tão profundo, que teve que se forçar a não puxá-la para seu
próprio abraço. Um esquema louco surgiu em sua cabeça. Ele correu para a sala de jogos, com a
intenção de transformar os recursos que ele destinou para seu cachorro em um presente para sua
dama. Se ele ganhasse moeda suficiente, talvez ele fosse digno de seu afeto.
Mas em vez de sorte, tudo o que encontrara na sala de jogos foi Lord Addington, que estava
ansioso por despojar Owen de seu dinheiro. Os olhos de Addington eram frios como Owen

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lembrava, seu nariz tão torto quanto Owen havia deixado há quatro anos. Addington não tinha
perdoado Owen o desrespeito. Owen não tinha perdoado Addington a razão por trás disso.
Lady Matilda colocou o conjunto de cartas de baralho no centro da mesa. Ela ergueu a
palma na direção de Owen, depois cruzou as mãos de volta ao colo.
Ele dividiu a pilha em três montes, então os colocou de volta juntos. Seu corpo inteiro
estava no limite. Ele liderou tropas, enfrentou esquadrões inimigos, tomou uma bala na coxa, e
nunca esteve mais nervoso do que quando em sua presença. Tinha sido assim desde o dia em que
se conheceram.
Ela se apresentou como Lady Matilda. Ela fez uma reverência, e então o levou à tarefa
quando ele não se curvou. Por que deveria? Ele nunca tinha sido ensinado a se curvar. Ou a fazer
uma reverência. Ele ficou mortificado por seu fracasso em agradá-la. Daquele dia em diante, seu
sonho não era ser reconhecido pelo pai que ele nunca conheceu, mas encontrar a aprovação nos
olhos de Lady Matilda Kingsley.
Por um curto período de tempo, ele até conseguiu.
─ Pronto? ─ Seus dedos pairavam logo acima da pilha de cartas de baralho.
Não. Ele nunca estaria pronto. Se ele não estava disposto a perder o jogo para Addington,
ele certamente não estava ansioso para arriscar perder na frente da mulher que ele mais desejava
impressionar.
─ Pronto. ─ Ele esperava que sua careta contasse como um sorriso.
Ela virou a primeira carta e colocou-a diante dele.
Um Valete. Espadas, não copas. Dez pontos. Owen esfregou as palmas das mãos úmidas na
camurça suave de suas calças. Por enquanto, tudo bem. Ele prendeu a respiração. A próxima
carta era dela.
Oito de ouros.
Não esplêndido, mas não terrível. Ele moveu os ombros para trás. Sua pontuação poderia
estar mais perto de vinte e um no momento, mas ele não estava mais perto de vencer. Ele
precisava estar mais próximo de vinte e um sem ultrapassar.
─ Apostas? ─ Addington bradou. Seus olhos zombeteiros menosprezaram Owen.
Owen lançou a ele um olhar idêntico. O canalha sabia que Owen não tinha nada para
apostar. Ele já tinha apostado tudo. Addington só queria ostentar a inadequação de Owen na
frente de Lady Matilda.
Ela foi a primeira a responder, a voz firme. ─ Não mais apostas. As apostas são altas o
suficiente.
A espinha de Owen ficou rígida. Ela o tinha salvo. Mas ela não deveria ter precisado. Um
gosto amargo encheu sua boca. Addington estava certo, afinal. Owen não era suficientemente
bom para ela. No entanto, a verdade não o impediu de desejá-la. Ou querer que ela soubesse
como ele se sentia. Seu coração se apertou. Quando ele ganhasse o jogo, ele compraria o que ela
mais desejava. E então ... ele se apresentaria em um barco e navegaria de volta para a guerra.
Ela levantou a próxima carta e colocou-a ao lado de seu valete de espadas.
Oito de paus. Nada mal. Ele estava com dezoito. Ele permaneceria aqui. Levar um golpe
com algo maior que dezessete era arriscar perder tudo.
A carta seguinte dela foi o ás de espadas.
Seus pulmões congelaram. O ás era um ou onze, o que significava que agora ela tinha
dezenove pontos. Ela estava ganhando. Sua pele ficou pegajosa. Jogar era o prazer de um homem
rico e a loucura de um homem pobre. Nunca tinha sido mais evidente que ele não pertencia aqui.

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Sua garganta estava muito grossa para engolir. Mas, gostando ou não, ele teria que aguentar
outro golpe.
Ele inclinou a cabeça na direção da pilha de cartas. Ele não confiava em seu dedo para
apontar para elas sem tremer.
Ele precisava de um três. Querido Deus, deixe-o ter um três. Seguramente, o destino não
lhe tiraria seu animal de estimação, sua casa, sua dignidade, e seus últimos momentos com seu
amor perdido no mesmo dia.
Lady Matilda virou a carta final.
Mesmo que seus olhos estivessem abertos, mesmo que ele estivesse olhando diretamente
para ela, a imagem não se registrou imediatamente na mente de Owen.
Não foi preciso. O grito de deleite de Addington e o riso ensurdecedor eram prova
suficiente.
Owen piscou para a carta até que ela entrou em foco. Cinco de copas. Número errado.
Ele tinha perdido.
Lady Matilda chegou do outro lado da mesa. ─ Owen - Ele saltou em pé antes que seus
dedos nus pudessem escaldá-lo. Ou pior. Seu primo não era a única testemunha da familiaridade
com que ela dizia o seu nome, e ele seria condenado se ele a arruinasse, além de ser uma
decepção.
Ele agarrou as costas da cadeira. ─ Se eu partir agora, eu posso ter a casa desocupada
dentro de uma semana.
Addington soltou uma gargalhada. ─ Quais posses você pode possuir que precisariam ser
arrumadas? Aquele barraco dilapidado só está apto a ser arrasado ao chão.
─ Eu não farei isso! ─ Lady Matilda olhou para ele.
O primo dela estava, com toda a justiça, provavelmente correto. Owen não via sua casa de
infância como um barraco em ruínas porque ele remodelou cada centímetro com as próprias
mãos. Para um marquês, no entanto, o chalé não seria nada menos que risível. E para Lady
Matilda-
─ Ciao. ─ Addington mexeu os dedos para Owen. ─ Passeio longo à frente, já que você
não tem nenhuma moeda para um carro de aluguel.
A multidão riu.
Owen se curvou em vez de responder, o que ele sabia que irritaria Addington mais. O
marquês estava obviamente tentando provocá-lo a dizer ou fazer algo imprudente. Mas Owen
passou quatro anos sombrios servindo seu país. Auto-controle foi uma das primeiras coisas que
ele aprendeu.
Não que isso importasse em demasia. Ele nunca veria Addington ou Lady Matilda
novamente. Em vez disso, na outra semana ele voltaria para a batalha. Apenas outro soldado que
não tinha mais nenhuma casa ou ninguém para quem voltar.
Ele virou o olhar para Lady Matilda uma última vez.
Ela desviou o olhar.
Ele nem sequer teve contato visual, então. Muito bem. Owen ficou mais ereto. Ele tinha
sido tolo em pensar que poderia ser digno dela, mesmo que por um momento. Se ele tivesse
ganhado em vez de perdido, se tivesse sido cinco milhões de libras em vez de cinco mil, ainda
assim não teria mudado a essência de quem e o que eles eram. Ela era uma Lady. Ele era um
bastardo. Eles nunca seriam iguais.
Ela nunca poderia ser dele.

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Capítulo Três

Lady Matilda não esperou até o fim de semana, nem pela aprovação do primo. Ela precisava
falar com Owen antes de perder a chance para sempre. Da última vez, ele não se preocupou em
dizer adeus antes de desaparecer. Desta vez, ele não seria tão sortudo. Ela poderia não merecer o
amor dele, mas ela certamente merecia uma explicação.
Antes do amanhecer, ela providenciou uma carruagem e saiu de Londres em direção a North
Yorkshire. Com sorte, o primo Egbert estaria envolvido demais em suas atividades
cavalheirescas para notar sua ausência até pelo menos o dia seguinte. Todas as casas de
postagem conheciam sua família há anos e fariam o que pudessem para acelerar o seu trajeto,
mas a casa de campo deles em Selby ainda ficava a dois dias e meio de viagem.
Quando chegou ao pequeno chalé de Owen no ponto mais pobre da cidade, ela pediu ao
condutor para voltar em uma hora. Apesar de ser filha de um marquês - ou talvez por causa
disso- ele se recusou a sair. A carruagem permaneceria na frente, e isso era definitivo.
Matilda não tinha escolha a não ser concordar.
Se o condutor temia pela sua vida ou reputação, ela não podia dizer. Mas Owen só era temível
em batalha, e quanto à sua reputação ... Bem, era improvável que ela encontrasse alguém do seu
círculo social em uma rua como essa. E mesmo se se encontrasse imortalizada em jornais de
fofoca, não haveria escândalo poderoso o suficiente para desfazer o fascínio de se casar com uma
jovem com um dote de trinta mil libras.
Ela não tinha ilusões sobre o seu atrativo. Seu nome e seu dinheiro eram a única razão pela
qual qualquer solteirão elegível se interessava. Se não fosse por sua fortuna e linhagem, ela seria
apenas mais uma tímida rejeitada sem amigos, salvo os que ela encontrava em livros. Esse era o
modo como o mundo funcionava.
Owen foi o único que já a tratou como algo mais do que um título e uma bolsa. Tudo o que ele
viu nela foi uma amiga. Durante cada um dos cochilos à tarde de sua babá, Matilda disparava
direto da porta de saída dos empregados para o lugar de reunião secreto no mato. Owen ensinou-
a a assobiar e a trucidou no xadrez. Ela ensinou-lhe as somas e leu para ele livros roubados da
biblioteca de seu pai.
Até que ele desapareceu sem uma palavra.
Ela precisava saber por quê.
Mas agora que ela estava aqui, de pé em cima da varanda que ela havia visitado apenas uma
vez em sua vida – logo após seu desaparecimento - ela não conseguia decidir-se a levantar a
aldrava de bronze. Da última vez, seu chamado ficou sem resposta porque ele se juntou ao
exército sem sequer um até logo. E desta vez ... E se ele estivesse do outro lado da porta de
madeira lisa, e ainda não se importasse o suficiente para responder ao seu chamado? Como ela
iria continuar?
Ela abaixou a mão.
A porta se abriu.
─ Que diabo você está fazendo aqui? ─ Owen. Furioso e bonito além das palavras.

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Seu corpo formigava todo o caminho até a ponta dos dedos. Ele não estava o que se poderia
chamar, satisfeito por vê-la, mas pelo menos ele não iria partir sem se despedir. ─ Boa tarde para
você também.
Ela deu uma cotovelada por ele. Ou tentou. Ele era uma fortaleza, alto e irremovível. Ele
encheu a porta. Seus braços fortes fecharam em torno dela, impedindo-a de entrar.
Ou sair.
Ela fechou os olhos e respirou profundamente. Quando Owen era um menino, ele tinha sido
muito pobre para cheirar qualquer coisa diferente de sabão e luz do sol, mas agora, a lã vermelha
e limpa de sua jaqueta militar, exibia o cheiro leve de Colónia. Algo rico e picante.
Um longo momento depois, ele ainda não tinha se movido. Nem ela desejava. Ela estava
muito bem imobilizada para envolver seus braços como desejava. Em vez disso, ela deitou a
bochecha contra o peito dele e escutou a batida de seu coração. Mas a lã grossa bloqueou o som.
Mesmo presa em seus braços, ela ainda não podia alcançá-lo.
Ele a soltou abruptamente.
─ Eu suponho que você veio para dar uma olhada nos objetos. E por que não? É seu. ─ Ele
não se preocupou em esconder a amargura de sua voz.
Ela ergueu o queixo. Ela não o obrigou a apostar sua casa de infância na virada de uma carta.
Seus ombros caíram. Nem ele a forçou a tomar uma posição contra ele. Ela mordeu o lábio. Ela
só queria impedir que seu primo tivesse alguma coisa para dominar Owen, mas tudo que ela
conseguiu foi criar um abismo ainda maior entre eles.
─ Um passeio, senhora? Sua mansão aguarda. ─ Ele brandiu seu braço como se estivesse
escoltando-a em um palácio real. Tanto seu tom quanto seus movimentos grandiosos gotejavam
com sarcasmo.
A raiva dele foi bem colocada. Também não podia culpá-lo por estar descontente com sua
aparição inesperada. Mas ela não tinha escolha. Esta era a última vez que ela iria vê-lo. Se ela
não segurasse o braço dele agora, a oportunidade de tocá-lo, ficar ao lado dele, não se
apresentaria novamente.
Ela curvou os dedos na dobra do cotovelo dele antes que ela pudesse mudar de ideia.
Ele ficou tenso, todo o seu corpo imóvel como pedra.
Ela olhou para frente sem pestanejar. Se a expressão dele mostrava desprazer ao seu toque, ela
não queria ver. ─ Pronto.
Sem outra palavra, ele a levou pelo corredor. Ele parecia estar evitando seu olhar tão
assiduamente quanto ela evitou o dele. Os músculos do seu braço não haviam relaxado. Mas,
embora ele controlasse seus passos com a precisão de um soldado, seu passo era gracioso.
Ele estava confortável com seu corpo de uma maneira que nunca tinha sido quando menino,
ela percebeu com um choque de consciência. Naquela época, ele tinha sido desajeitado e
despreocupado. Agora, ele se movia com a confiança de um tigre. Magro e forte e devastador.
Seu coração trovejou. Não é de admirar que as senhoras em todos os lugares desfalecessem em
sua presença. A aura de perigo controlado era irresistível. Este era um homem que sabia o que
queria e tomava como lhe aprouvesse. Seria inebriante, de fato, ser o objeto único de tal paixão.
Seria seu desejo mais secreto se tornar realidade.
Ela puxou seu braço mais perto. ─ Vamos fazer uma nova aposta.
Ele parou de andar. ─ Uma nova aposta para quê?
─ Isto. Tudo. ─ Ela moveu os ombros para trás. ─Tudo ou nada.
Suas sobrancelhas arquearam. ─ Você já tem tudo. O que mais eu teria para oferecer?

Tudo que Eu quero – Erica Ridley


Seu coração. Sua alma. Seu amor. Ela tateou em sua bolsa e tirou uma pilha de cartas de
baralho. Seus lábios se curvaram. Ela seguiu em frente. ─ Um embaralhado. A carta mais alta
leva tudo. Se você ganhar, você mantém sua casa e o dinheiro que você teria ganhado a noite
passada.
Seus olhos se estreitaram. ─ E se você ganhar?
─ Eu vou dizer-lhe depois. ─ Se ela ganhasse, ela devolveria de qualquer maneira.
─ Nada feito. ─ Ele inclinou-se para longe dela. ─ Eu não jogo sem saber o que eu aposto.
─ E se nós dois fizermos?
Sua cabeça se ergueu. ─ Aposta cega? Você está louca?
─ Podemos escrever o que desejamos receber se vencermos, e selar as apostas com cera.
Completamente justo.
Uma risada perplexa saiu dele. ─ O perdedor não tem opção de dizer não, independentemente
da escolha do vencedor, e você chama isso de justo?
Ela podia ver que ele não tinha intenção de concordar com algo tão arriscado. ─ Isso é um
não?
Ele assentiu. ─ É um sim.
Ela piscou. ─ O quê?
─ Eu tenho papel na minha escrivaninha. Vem por aqui. Podemos muito bem começar a turnê
pelo meu quarto. ─ Calor brilhou em seus olhos antes de se virar e caminhar pelo corredor.
O arrepio que correu por sua espinha era meio pânico, meio desejo. Ela correu atrás dele. Ela
só queria devolver o que era dele por direito, de um jeito que ele se sentiria honrado em aceitar.
E se ela tivesse arriscado mais do que ela estava preparada para dar?
Ela se apressou pela porta aberta.
Ele já estava em sua escrivaninha, mergulhando a pena na tinta. Uma pequena cama estava de
um lado, um guarda-roupa modesto no outro. O quarto estava vazio.
Ela se deslocou à frente, tentando não olhar muito obviamente para a cama, com seus
travesseiros brancos iguais e a borda de um cobertor de cor castanha virada para baixo. Era
simples, mas convidativa, e ela não deveria ter podido ver isto. Muito menos ter o desejo de
deitar sobre ela nos braços dele.
Ele pingava cera em cima de um pedaço de papel dobrado, então levantou-se para lhe oferecer
a cadeira. ─ Sua aposta, minha senhora.
Ela deslizou um olhar curto na direção dele, mas desta vez não encontrou nenhum traço de
ironia em suas palavras ou expressão. Seu estômago tremulou. Com um último olhar por cima do
ombro para a porta aberta, ela endireitou a coluna e cruzou os últimos passos para a cadeira de
espera.
Owen se inclinou contra o canto da sua cama. Ele estava longe demais para tocá-la, mas seu
olhar sobre ela a desnudou, como se suas mãos ásperas a estivessem despindo.
Seus dedos tremiam quando ela pegou a caneta. De alguma forma ela conseguiu mergulhar a
ponta na tinta preta, e arranhar algumas palavras bastante legíveis. Quando ela soprou no papel
para secar a tinta, flagrou seu olhar escuro com o canto do olho. Ele não estava olhando para o
pergaminho, mas sim o franzido dos lábios dela. Seu sorriso lento e arrogante a derreteu como
mel em uma chaleira.
Ela dobrou o papel tão rapidamente quanto seus dedos trêmulos permitiram e selou a borda
com cera de vela.

Tudo que Eu quero – Erica Ridley


─ Aqui. ─ Ela empurrou o pequeno quadrado em direção a ele, sem esperar que a cera
endurecesse. ─ Minha aposta.
Ele sacudiu a cera seca, depois levantou-se. Sua aposta desapareceu em seu bolso junto com
seu próprio quadrado de papel dobrado. Ele estendeu o braço. ─ Ansiosa para ver o resto da
casa? Ou você prefere que permaneçamos no quarto de dormir?
Ela pulou da escrivaninha e voou para o corredor sem aceitar seu braço oferecido.
Sua risada baixa enviou calor por seu corpo. Ele seguiu para o corredor e colocou os dedos
dela sobre a sua manga, antes de abaixar a boca ao ouvido dela. ─ Um salafrário pode esperar.
Ela olhou para ele. Pelo menos, ela pretendia. O problema era que ela estava menos chocada
com a sugestão escandalosa dele, e mais desapontada por ele não ter falado sério. Suas
bochechas queimavam. Ela esperou quase vinte e um anos para alguém beijá-la, e, até agora,
ninguém nunca tentou. Ela sorriu amargamente. Uma solteirona poderia esperar.
Ele a levou para o próximo quarto, hesitando apenas um pouco antes de escancarar a porta.
O quarto estava completamente vazio.
Ela olhou para ele, uma pergunta certamente escrita em seu rosto.
─ O quarto da minha mãe. ─ Ele não encontrou seus olhos.
Seu coração se apertou. ─ Você deve sentir a falta dela terrivelmente.
─ Ela era minha mãe ─ ele disse simplesmente.
Nenhuma outra palavra precisava ser dita. Matilda conhecia bem a dor de perder um pai.
Tinha acreditado que o pior inferno concebível foi quando ela perdeu ambos os pais em uma
idade jovem. Pobre Owen. Seu pai ainda estava vivo, mas nunca o reconhecera sequer uma vez.
Sua mãe era tudo que ele já teve. Perdê-la significou perder tudo.
Ela segurou o braço dele um pouco mais perto de si. ─ Você tem que voltar para o exército?
Ele bufou suavemente. ─ Que outra escolha existe?
Ela puxou as dobras de seu vestido. ─ Você poderia vender a sua comissão.
─ Sem casa para voltar? Venha. Há apenas dois aposentos para mostrar. Em primeiro lugar, a
cozinha. ─ Ele se virou para olhar para ela, seus olhos esperançosos. ─ Você poderia ficar para o
almoço?
Ela balançou a cabeça. ─ Eu não vou colocá-lo em qualquer problema. Eu tenho uma
carruagem aí na frente, e-
─ Sente-se. ─ Ele a empurrou para um dos dois bancos surrados que ladeavam uma mesa de
madeira cheia de marcas. ─ Eu aprendi a ferver caldo e ferver batatas no joelho da minha mãe,
mas aprendi a cozinhar na França. ─ Ele remexeu o fogo em baixo do fogão, então lançou-lhe
um sorriso travesso. ─ Eu também aprendi canções indecentes bebendo, mas eu estou supondo
que você apreciaria mais a comida.
Ela olhou incrédula enquanto ele cortava e picava cubos aparentemente de forma aleatória,
jogando punhados de ingredientes em uma frigideira escaldante, até que o aroma resultante fez
sua boca se encher de agua, e seu estômago apertou em antecipação a uma refeição deliciosa.
Não desapontou.
─ Qualquer um o contrataria como um chefe de cozinha, ─ ela disse, uma vez que comeu o
último pedaço.
Ele torceu o nariz. ─ Chefs não são convidados para quase tantos jantares quanto os soldados.
Ela sorriu apesar de si mesma. ─ Um ponto importante.
Ele limpou a mesa e mergulhou os pratos em uma bacia de molho. ─ Pronta para a última
sala?

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Ela assentiu com a cabeça e permitiu que ele a ajudasse a descer do banquinho.
Ele enrolou os dedos dela atrás no braço dele – estranho como eles sentiam que pertenciam lá
- e a conduziu no corredor para a última porta. Como os outros aposentos, a porta estava bem
fechada. Mas ao contrário dos outros, ele não fez nenhum movimento para abri-lo.
Ele se virou para ela, sua expressão séria e seus olhos ilegíveis. Ela teve que forçar-se a não
balbuciar para preencher o silêncio pesado. Ele pegou as mãos dela e depois as largou com a
mesma rapidez. Ela prendeu a respiração e esperou.
─ Lady Matilda...─ Ele enfiou as mãos nos bolsos por um breve segundo, antes de estendê-las
para pegar as mãos dela mais uma vez. ─ Antes de partir, eu visitei seu primo.
Ela assentiu com a cabeça. ─ Eu sei. Você quebrou o nariz dele.
─ Sim, bem, eu ...─ Owen agarrou seus dedos com mais força. ─ O que você não sabe é o
motivo. Eu não o visitei aquele dia para lutar com ele. Eu vim pedir sua mão. Em casamento.
Ela assentiu com a cabeça novamente. ─ Eu sei. Ele me disse.
─ Mas então Addington disse... O quê? ─ Owen soltou as mãos dela em descrença. ─ Ele lhe
falou que eu queria me casar com você?
Ela cruzou os braços sobre o peito. ─ Nós somos primos. Ele não mantém nenhum segredo de
mim. Naquela noite, ele sentou-me e explicou que qualquer homem que pedisse minha mão
estava realmente pedindo meu dinheiro. Ele disse que uma mulher inteligente exploraria sua
riqueza em troca do título mais alto que seu dote poderia comprar.
A mandíbula de Owen caiu. ─ Isso é exatamente o que o imbecil me disse. Foi por isso que
lhe dei um soco.
─ Mas ele está certo. ─ A voz de Matilda era monótona. ─ Todo pretendente que eu já tive
estava precisando de mais moedas. Eles não fizeram nenhuma tentativa de esconder isso.
Owen agarrou seus braços. ─ Isso não significa que é a única razão pela qual eles te cortejam.
Claro que era. Mas ela levantou um ombro e tentou esconder o quanto a verdade sempre
machucava. ─ Que outra razão existe?
─ Amor, é uma. ─ Ele segurou seu rosto. ─ Paixão, é outra.
Ele passou a ponta de seu polegar sobre o lábio inferior dela e ela estremeceu. ─ P-paixão por
mim?
─ Só por você. ─ Ele deslizou os dedos em seus cabelos, suas mãos fortes segurando seu
rosto. Ele abaixou os lábios até que eles tocaram o lado do dela. ─ Eu queria você antes mesmo
de saber o que isso significava. Passei anos sonhando com você todas as noites. Imaginando o
seu toque na minha pele. Seus lábios sob os meus. Nossos corpos entrelaçados.
Ela ofegou. Ou, possivelmente, arquejou. Seu interior derreteu e ela teve que apertá-lo
firmemente para manter-se em pé. Ela se inclinou para mais perto.
O lábio inferior dele, agora, roçava a ponta de sua mandíbula enquanto ele falava. ─ Lady
Matilda, se você não me acertar no rosto neste exato segundo, vou beijá-la insensatamente.
Ela agarrou o colete dele. ─ Já não era sem tempo.
Desejo brilhou em seus olhos e, em seguida, sua boca finalmente estava na dela.
Calor derretido riscou dentro dela quanto os lábios dele separaram os seus. Seus beijos suaves
tornaram-se mais fortes e mais insistentes, enquanto seu corpo se aferrava ao dele.
Seus dedos afundaram profundamente em seu cabelo enquanto ele a segurava para ele. Ele
sugou seu lábio inferior e, em seguida, passou a língua dentro de sua boca para reivindicá-la
como sua.

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Ela apertou o quadril dela em seus quadris, puxando-o para mais perto. Ela adorava a sensação
de suas mãos em seu cabelo, a junção de suas bocas, a dureza do seu corpo excitado contra sua
barriga. Ela o amava.
Eles tropeçaram para trás até seus ombros baterem em madeira sólida. Uma porta. O quarto
aposento. Um que idealmente continha uma cama, e se não, pelo menos um assoalho. Sem
desgrudar a boca da dele, ela alcançou o trinco da porta por trás dela e girou- o para abrir.
A porta voou para dentro. Eles teriam caído se Owen não tivesse lhe pegado no último
segundo e a pusesse de pé. Seus olhos já não estavam nublados de paixão. Ele parecia ...
envergonhado?
Relutantemente, ela retirou-se de seu abraço e olhou em volta. Sua boca se abriu de surpresa.
Duas poltronas solitárias constituíam a totalidade dos móveis da sala. Mas as paredes ─ as
paredes! Estantes de pinho do chão ao teto foram alinhadas em cada centímetro da sala. Elas
estavam vazias, exceto por um punhado de livros que se encontravam no canto mais distante.
Ela caminhou no recinto com admiração, parando quando chegou à pequena pilha de livros.
Um deles era 1The old English Baron, o último livro que ela havia emprestado a ele antes de seu
desaparecimento. O segundo, era o favorito dela de todos os romances de Ann Radcliffe. O
terceiro era um livro bem gasto de poesia francesa. Ela apertou os três contra o peito e virou-se
para encará-lo.
─ Você fez isso? ─ ela perguntou, incapaz de tirar os olhos dos dele. ─ Você construiu
uma biblioteca?
Ele assentiu hesitante. ─ Eu sabia que você não aceitaria ninguém que não abrisse os braços
para seus livros, assim como você. Eles são uma parte importante de você ... como você é. É por
isso que eu estava na sala de jogos, arriscando meu último centavo. Como eu poderia lhe
oferecer uma biblioteca vazia? Eu pensei, talvez se eu a encher com as coisas que você mais ama
... Se eu viesse com um dote, algo que você não poderia resistir ...
A sala pareceu desaparecer. Tudo o que ela viu foi ele. Ele a amava. Ou, pelo menos, ele
amou. Uma vez. Sua respiração ficou presa e suas pernas tremeram. Ela tentou sorrir. ─ Nós
nunca jogamos a nossa última mão.
─ Eu não quero jogos entre nós. ─ Owen deu um passo à frente, um ar decidido em seu rosto.
─ Podemos jogar as apostas no fogo, ou podemos abri-las juntos.
─ Juntos. ─ Ela uniu o braço ao dele para que ela ficasse ao seu lado. Onde pretendia estar
para o resto de sua vida. Mas o que quer que ele tenha escrito, ele escreveu antes de saber como
ela se sentia sobre ele. Como poderia viver consigo mesma se ele não quisesse nada mais do que
ter seu chalé de volta? Se ele preferisse ir para a guerra que enfrentar um futuro com ela? Ela
respirou fundo. Suas pernas permaneceram instáveis. ─ Pronto?
Ele assentiu.
Eles quebraram os selos juntos. O pergaminho desdobrou-se. Sua garganta fechou quando ela
leu as mesmas cinco palavras impressas em ambos os pedaços de papel:

TUDO O QUE EU QUERO É VOCÊ.

E assim foi.

1
Tradução: O velho barão Inglês. Romance de terror ou gótico. Autora Clara Reeves, 1778 .

Tudo que Eu quero – Erica Ridley


~ Fim ~

Agradecimentos
Enormes agradecimentos vão para Janice Goodfellow, sem os quais este livro nunca teria
vindo à vida, e Sylvia Day e Romance Writers of America para selecionar essa história para a
antologia Premiere.
Eu também quero agradecer a minha equipe incrível rua (as rochas Light-Saias Brigada !!) e
todos os leitores em Duques de grupo facebook Guerra. Seu entusiasmo torna o romance
acontecer.
Muito obrigado!

Índice
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Agradecimentos
Sobre o autor

Tudo que Eu quero – Erica Ridley


Sobre o autor
Erica Ridley é um EUA Hoje e New York Times best-seller autor de romances históricos.
Sua mais recente série, The Dukes of War, apresenta pares malandro e heróis de guerra arrojado
que retornam de batalha apenas para ser empurrado para o esplendor e loucura do Regency
Inglaterra.
Em sua nova série, Rogues to Riches, histórias de Cinderela não são apenas para princesas
... rogues adoráveis varrer cinco senhoras força de vontade em um romance trapos-à-riquezas
com a aventura divertida.
Quando não estiver a ler ou a escrever romances, Erica podem ser encontrados montados em
camelos na África, tirolesa através de florestas tropicais na América Central, ou ficar
irremediavelmente perdido no meio de Budapeste.

Tudo que Eu quero – Erica Ridley

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