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Introdução

A evolução da humanidade trouxe inúmeros benefícios aos seres humanos que


habitam o planeta, sendo acompanhada de inovações que marcaram a história. O
conjunto de algumas destas permitiram o aumento da população e a aglomeração em
centros urbanos cada vez maiores. O surgimento das indústrias e do sistema capitalista
foi o marco inicial de um estilo de vida materialista e explorador dos recursos naturais.
No início, os impactos ambientais eram imperceptíveis e desprezados, mas com a
continuidade deste modelo de desenvolvimento, ficou evidente a necessidade de
intervenção a fim de preservar o meio ambiente. Atualmente, a questão ambiental é,
sem dúvida, um dos assuntos mais debatidos em todo o mundo.
A degradação ambiental é parte de um ciclo que tem como base estrutural o
sistema capitalista e está enraizada desde a produção de alimentos até a
comercialização dos mais diversos bens de consumo. Na agricultura, podemos
observar o cultivo de monoculturas em latifúndios que utilizam de grandes
quantidades de adubos químicos e agrotóxicos, degradando imensas áreas e
avançando cada vez mais sobre os diversos ecossistemas naturais. Os grandes
produtores, subsidiados pelo governo, acabam por inviabilizar a agricultura familiar
culminando no êxodo rural e no aumento desordenado da população nas cidades. Os
resíduos gerados nos centros urbanos são, em sua maioria, lançados no solo e nos
cursos d’água sem qualquer tipo de tratamento ou reciclagem. Os meios de
comunicação incentivam o consumo exacerbado que move as indústrias e empresas;
estas, por sua vez, exploram os recursos naturais de forma indiscriminada. Nesse
contexto, têm surgido problemas de saúde pública, devido à disseminação de resíduos
poluentes tanto no ar, como no solo e na água, além do estilo de vida desigual e
competitivo ao qual a população está submetida.
De acordo com Gusmán & Molina (1996) a Agroecologia, a partir de um
enfoque holístico e uma estratégia sistêmica que estabelece mecanismos de controle
das forças produtivas, tem como objetivo diminuir e, por fim, eliminar um modelo de
desenvolvimento que causou a atual crise ambiental. Por isso a importância de se
construir este novo pensar das relações humanas e ambientais a partir da
agroecologia.
Segundo Miguel Altieri (1989), a Agroecologia estuda a atividade agrária do
ponto de vista ecológico, tendo como unidade fundamental de estudo o
agroecossistema. Nele estão inclusos tanto processos biológicos, fluxos energéticos e
ciclos minerais, quanto relações sócio-econômicas. O interesse para o conhecimento
agroecológico é a otimização da unidade como um todo; desta forma, torna-se
imprescindível a compreensão da complexidade de relações envolvendo as pessoas, os
cultivos, os animais, a água e o solo.
O Instituto integração Pangeia pretende ser um espaço modelo totalmente
integrado com a natureza. O Instituo busca a sustentabilidade através do teatro, circo,
dança, música, tecnologias, aprendizado e agricultura, tendo como principal ator social
as comunidades tradicionais que vivem ao entorno das unidades.
Comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, pois possuem formaspróprias de organização social, além de
ocuparem e utilizarem territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,
inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição (RECESA, 2009).
O modo de vida de um determinado grupo ou sociedade pode ser percebido
em suas ações, na forma de organização social e do trabalho, na forma de se relacionar
com o meio ambiente ou mesmo em aspectos mais visíveis, como na forma de se
vestir. São particularidades que terminam por identificar ou diferenciar um dado povo
de outro.
As culturas e sociedades tradicionais se caracterizam pela dependência e até
simbiose com a natureza, assim como pelo conhecimento aprofundado dos ciclos da
natureza, o que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejo dos
recursos naturais.
Para que as comunidades desenvolvam maior autonomia, qualidade e
eficiência nos diversos processos da vida cotidiana, existem tecnologias divulgadas e
aplicadas no Instituto que serão parte dos espaços do mesmo e das oficinas e aulas a
serem ministradas.

“...A ciência é tão importante quanto a tradição- elas se completam e, às vezes,


se negam, se justapõem e tentam ocupar o mesmo espaço...O mesmo valor que a
escola atribui hoje à tecnologia e ao computador, deveria também atribuir às tradições
da comunidade. O que enraíza as pessoas são os valores culturais, e não a internet. Ela
é importante, mas não é a única coisa que vale”. (Tião Rocha)
Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis,
desenvolvidas na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de
transformação social. É um conceito que remete a uma proposta inovadora de
desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização,
desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para os
problemas que surgem nas demandas de alimentação, educação, energia, habitação,
renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. As tecnologias sociais
podem aliar saber popular, organização social e reconhecimento técnico-científico. É
essencial que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em
escala (RTS).
Nas unidades físicas iremos encontrar instalações baseadas em modelos de
construções ecológicas com métodos de bioconstrução; fundamentos e técnicas de
permacultura, como, por exemplo, banheiro seco, tratamento de água cinza, telhado
verde, etc. A agricultura ecológica será desenvolvida em horta orgânica, agroflorestal e
cultivos em consórcio, aliada ao setor de adubos ornânicos, que conta com
minhocário, composteira e produção de biogel. A saúde dos seres presentes e
visitantes das unidades é resguardada pelas plantas medicinais, cozinha de alimentos
naturais e outras práticas holísticas de saúde.
O projeto visa à qualidade de vida e evolução dos seres, embasada na
integração de uma grande diversidade de plantas, animais, alimentos e,
principalmente, de conhecimento, A construção do conhecimento no local é feito de
forma coletiva e diferenciada, onde se leva em consideração o saber popular e um
modelo didático participativo. A construção participativa dos conhecimentos
agroecológicos através do resgate cultural de saberes resulta no aprimoramento de
técnicas de manejo de sistemas agrícolas e na utilização sustentável dos recursos
naturais, sendo condizente com a realidade rural e respeitando, dessa forma, as
especificidades regionais, o que representa uma sólida possibilidade de transformação
tanto social como ambiental.
A educação de hoje é voltada para o sistema cartesiano, ou seja, uma educação
voltada para a alienação do ser, pois divide o conteúdo em matérias, não dando ao
aprendiz a possibilidade de ver as coisas como um todo. Não é fácil mudar a opinião
das pessoas nos dias de hoje, uma vez que vários fatores ajudam na alienação da
massa, sendo que o os meios de comunicação são atualmente os principais
responsáveis por essa alienação, afastando o homem da integração com a natureza.
As populações tradicionais vêm sofrendo com um processo de aculturação
fortíssimo, perdendo hábitos, tradições, conhecimentos e indivíduos para esse
processo. Isto nada mais é que um processo de autodestruição do Ser e de destruição
da natureza. Os velhos hábitos de integração com a natureza, quando a relação entre o
homem e o meio ambiente era de troca, encontram- se em extinção. Atualmente,
salvo raras exceções, só podemos ver este sistema nos livros de história. No entanto,
não podemos ser radicais ao ponto de dizer que todos deveriam se relacionar com a
natureza como certos povos se relacionavam, pois não condiz com a nossa realidade.
Entretanto, o alimento que comemos hoje é reflexo do sistema que vivemos, sistema
este que não nos permite ter ócio para reflexão e observação do nosso próprio Ser e
nem tão pouco deixa o alimento se formar naturalmente, criando a necessidade de
encurtar os ciclos das culturas para se obter mais alimentos em um menor espaço de
tempo, o que também não é adequado. É alarmante chegar aos locais onde vivem
populações tradicionais e ver que estas não plantam o seu próprio alimento e que já
são reféns de alimentos industrializados. Cabe então às pessoas que tiveram a
oportunidade de “tirar a venda dos olhos” sensibilizar, através da educação ambiental,
as pessoas que estão sofrendo com a irresponsabilidade do atual processo de
produção. Hoje em dia já existem iniciativas realizadas por profissionais em escolas, no
sentido de reverter a situação atual, a qual causa consequências danosas à vida na
terra.
O programa tem por objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da
educação, por meio da ampliação da jornada educativa dos estudantes. Visa garantir
um atendimento educativo, com ações de formação nas diferentes áreas do
conhecimento, tais como: pedagógica; lazer, esporte, cultura e arte; formação pessoal
e social; conhecimentos específicos voltados principalmente para a saúde e
agricultura.
As ações do Instituto Pangeia poderão ocorrer nas escolas da Rede Municipal
ou Estadual e também em espaços comunitários públicos ou privados, por meio de
parcerias com instituições existentes no entorno das escolas, Essas ações serão
desenvolvidas por agentes culturais (oriundos das comunidades e que devem ter
reconhecida competência nas atividades que se propõem a desenvolver em qualquer
área do conhecimento) ou por minitorres universitários (estudantes de cursos de
graduação, selecionados de acordo com o quadro de oficinas¹ ofertadas pelas
instituições de ensino superior e requisitadas para atender a demanda das escolas).

Justificativa
O ser humano vive em constante busca pela felicidade, as pessoas estabelecem
como base deste sonho os mais diversos pilares. Alguns afirmam ser uma vida segura e
estável financeiramente, outros uma base familiar sólida, outros a presença Divina,
outros a saúde e paz, mas poucas pessoas encontram realmente a tão almejada
felicidade. Entretanto uma qualidade de vida adequada é, quase que por unanimidade,
um fator preponderante parasse ter uma vida feliz. Mahatma Gandhi muito
sabiamente disse uma vez: “Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o
caminho”.
Entende-se por qualidade de vida a percepção do indivíduo quanto à sua
posição na vida, no contexto do sistema de valores culturais no qual se insere, bem
como em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um
amplo conceito de classificação, afetado de modo complexo pela saúde física do
indivíduo, pelo seu estado psicológico, por suas relações sociais, por seu nível de
independências e pelas suas relações com as características mais relevantes do seu
meio ambiente (CAMPOS, 2007).
É comum também a afirmação de que a qualidade de vida depende de um
equilíbrio espiritual e, no geral, percebemos que qualidade de vida está intimamente
relacionada com saúde e com o meio ambiente em que se vive. Neste sentido se
justifica esse projeto que busca difundir e praticar técnicas de produção orgânica de
alimentos, saneamento e construções ecológicas, cozinha natural e tratamento de
doenças por meios holísticos e naturais.
A saúde consiste na harmonia do indivíduo em sua totalidade, com os preceitos
e Leis da Natureza englobando o sistema motor, emocional e o mental numa perfeita
inter-relação com o espiritual. A saúde social e ambiental está no bom relacionamento
com a sociedade na qual se participa: com a família, com as pessoas da escola, do
trabalho, da comunidade, e com o meio ambiente. A doença consiste nas alterações
no estado de saúde do indivíduo. A doença física é o resultado do desequilíbrio de
vários fatores, como por exemplo: alimentação inadequada, vícios, falta de higiene,
vida sedentária; perturbações emocionais, mentais e espirituais. A ciência vem
mostrando que existe relação entre o psiquismo e o sistema imunológico. Nosso
sentimentos e emoções fazem com que haja reações químicas dentro do organismo
(AZIZ, 2008).
A preservação ambiental se justifica na necessidade que o homem tem de
conviver e utilizar os recursos naturais, recursos estes atualmente escassos e
degradados. A partir de certo momento, o homem perdeu a capacidade de se
relacionar harmoniosamente com a natureza, sendo que os processos produtivos e o
estilo de vida são extremamente agressivos ao solo, à água e ao ar. Então se percebe a
importância do resgate e disseminação de práticas que permitem a preservação e a
utilização sustentável dos recursos naturais.
Os modelos sustentáveis de preservação ambiental partem do princípio de que
os ciclos biogeoquímicos dos elementos naturais são visivelmente fechados, uma vez
que são ciclos, e devem ser mantidos como tal. Na natureza, os recursos hídricos
retornam aos corpos d’água como saíram, os nutrientes retornam ao solo de onde
saíram e o simples fato da natureza funcionar em perfeita harmonia e equilíbrio serve
para os bons observadores perceberem que este é o caminho para que o ser humano
alcance uma relação integrada com o meio ambiente onde está inserido.
Em uma maior escala parece impossível construir um desenvolvimento
sustentável sem uma educação para ele próprio.

“A educação ambiental deve ser entendida como educação política, no sentido


de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional
e planetária, autogestão e ética, nas relações sociais e com a natureza.” (REIGOTA,
1994, p10)

A educação diferenciada presente no Instituto Integração Pangeia é baseada na


troca de saberes, uma contribuição de cada indivíduo inserido no contexto, sendo que
os saberes popular, acadêmico e empírico se fundem na construção do conhecimento.
Este tipo de educação se torna fundamental em um mundo aonde os saberes
tradicionais estão se perdendo, acredita-se que a única solução é a o conhecimento
científico e aonde a visão pura das crianças e estudantes não tem valor algum.
A descoberta de um novo olhar sobre a educação pode transformar toda a
comunidade em espações de aprendizagem. O educador precisa desenvolver ações
comprometidas com o desejo de conhecer e valorizar a realidade vivenciada por seus
aprendizes. Deve trazer os elementos do dia a dia da comunidade para dentro da
escola, pois o aprendizado é mais significativo quando vinculado à vida e, desta forma,
fortalece os vínculos entre a escola, a família, a comunidade e com o meio-ambiente.
“É imperioso mantermos a esperança mesmo quando a aspereza da realidade
sugira o contrário.”(FREIRE, 1992)
Minas Gerais é um dos maiores estados do Brasil, tendo dentro do seu
território diversos linguajares, comidas típicas, danças e festas. É um estado de muitas
divisas e interferências de outras culturas regionais. Cidades muito distantes da capital
atualmente implicam na falta de interligação da produção artística de Minas. A
religiosidade tem influência marcante nas principais manifestações culturais do povo
mineiro, como é possível notar nas diversas festas folclóricas, tais como a Folia de Reis,
a Festa do Divino, Congado, Cavalhada, etc. O trabalho artesão é realizado em diversas
regiões, com produção baseada em pedra-sabão, cerâmica, madeira e fibras vegetais.
O resgate cultural é de suma importância nestas regiões que passam pelo forte
processo de aculturação que consiste na perda da identidade cultural, identidade esta
tão rica.
As Populações Tradicionais, atores sociais deste projeto, são formadas por
pessoas que convivem com desemprego, fome, violência e, em alguns casos, tráfico de
drogas. São, muitas vezes, comunidades marginalizadas e têm constantemente seus
direitos humanos e sociais violados.

“Pobreza é destituição, marginalização e desproteção. Destituição dos meios de


sobrevivência física; marginalização no usufruto dos benefícios do progesso e
no acesso às oportunidades de emprego e renda; desproteção por falta de
amparo público e inoperância dos direitos básicos de cidadania, que incluem
garantias à subsistência e ao bem-estar.” (Abranches, 1985, apud Borges, 2003
p.4)
Embora essas comunidades sejam parcialmente assistidas por instituições
governamentais e não-governamentais, com objetivos distintos e ações significativas
que tentam promover a melhoria real das condições de vida dos moradores, a situação
de pobreza e marginalização, como conceituada acima, persiste.
Nesse contexto, a criação de um espaço como ponto catalisador de saberes
nestas Populações Tradicionais passa a ter vital importância.
Objetivos
Geral
Promover a preservação ambiental sustentável, divulgar práticas
agroecológicas e viabilizar a troca de saberes no entorno do instituto.
Promover o bem-estar da vida, através de práticas holísticas de saúde.
Específicos

 Resgatar a identidade cultural das populações tradicionais;


 Recuperar e utilizar a área no entorno da Fundação, em
CoutoMagalhães;
 Difundir práticas agroecológicas;
 Reduzir o déficit alimentar da comunidade;
 Contribuir para a conscientização dos visitantes sobre a necessidade de
proteger, conservar e melhorar o meio ambiente a partir de diretrizes
da prática ambiental;
 Formar nas pessoas uma postura crítica frente à realidade de hoje,
criando laços com a terra;
 Valorizar as espécies nativas;
 Potencializar e promover integração entre escola, família e comunidade;
 Disseminar o consumo sustentável;
 Reeducar e estimular uma alimentação saudável e natural;
 Implementar uma horta orgânica para a complementação alimentar das
crianças e pessoas envolvidas no projeto;
 Reutilizar e reciclar resíduos;
 Utilizar arquitetura ecológica nas edificações da Fundação, além de
difundir o uso da bioconstrução;
 Difundir e incentivar a cultura popular através da música, dança, teatro
e circo;
 Potencializar e promover novas parcerias.

Metodologia
A fundação estará situada no município de Couto Magalhães de Minas, na
fazenda Vaqueiros, a 23Km do município de Diamantina. O local fica na Serra do
Espinhaço; sua geomorfologia é de cristas e picos, sua unidade geológica é
caracterizada pelo Super Grupo Espinhaço e as rochas presentes possuem como
principal característica a presença de quartzo, constituindo as rochas denominadas de
quatzitos.
A fundação poderá contar com parcerias como o Instituto Estrada Real, Circuito
dos Diamantes, Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),
grupos de agroecologia locais como o Aranã, prefeitura de Couto Magalhães e
Diamantina, escolas municipais e estaduais, produtores rurais da região e empresas
privadas; entre outros possíveis apoiadores da causa.
Da parceria com a UFVJM, a fundação poderá ser uma unidade de visitação
para os alunos da universidade, servindo para trabalhos e estudos de campo, cedendo
vagas para estágio, sendo foco de projetos de grupos envolvidos com agroecologia e
educação. Poderão ser promovidos mutirões e vivências no local. Já os produtores
rurais da região poderão realizar um cadastro para uma rede de trocas de
conhecimento, sementes, mudas, etc.
O Instituto Estrada Real é um programa que visa promover e integrar várias
oportunidades de negócios em torno da Estrada Real, através da articulação dos
diversos programas dos estados, municípios, organizações não governamentais e
pessoas físicas relacionadas com o turismo ao longo da antiga rota colonial. Assim, a
fundação buscará possíveis parcerias com o Instituto.
Assim como o Instituo Estrada Real, o Circuito dos Diamantes é visto como
possível parceiro para realização dos objetivos da Fundação. Esta é uma entidade, com
CNPJ, que possui um gestor que, através de projetos, alavanca recursos para o
desenvolvimento do turismo na área que abrange a Fundação Pangeia.
A fundação pretende formar diversos setores para proporcionar aos visitantes a
integração com meio ambiente. Os setores serão construídos preferencialmente
através de cursos, oficinas e mutirões (mutirão: termo de origem tupi, caracteriza-se
pelo trabalho coletivo em benefício mútuo).

SETOR EDUCACIONAL
Ao longo dos últimos anos, com todas as transformações sociais e a
universalização do ensino, a escola e o sistema educacional foram obrigados a pensar
em novos projetos, lidar com novos paradigmas e implementar novas práticas
pedagógicas, na tentativa de corresponder ao seu atual papel social. Os esforços têm
sido direcionados no sentido da formulação de uma proposta de educação que vise à
formação para a cidadania, a partir da articulação entre a escola e a comunidade na
qual está inserida.
Este setor pretende reunir alunos, agricultores e pessoas da região no sentido
de construir o conhecimento de forma aberta e socializada, visando o resgate social,
cultural e ambiental, culminando em uma formação integral do ser.
SETOR DE OLERICULTURA ORGÂNICA
A agricultura orgânica se caracteriza por processos naturais de interação com o
meio ambiente aonde são utilizados métodos de consórcio entre plantas amigas, que
se beneficiam através de fixação de nutrientes, rotação de culturas, para se evitar
cansaço do solo e utilização de biofertilizantes a fim de se obter alimentos sadios e
evitar danos à saúde e ao meio ambiente.
Neste setor serão selecionados diversos cultivares da olericultura como: frutos,
tuberosas, folhas, condimentos.
Culturas a serem plantadas e seus possíveis consórcios:

 Abóbora: Milho, vagem, acelga, taioba, chicória;


 Alface: Cenoura, rabanete, morango, pepino, alho, beterraba, rúcula,
abobrinha;
 Alho: Cenoura, tomate e salsão;
 Batata-inglesa: Feijões, milho, repolho, fava, ervilha;
 Berinjela: Feijões;
 Beterraba: Couve, alface, nabo, feijões;
 Cebola: beterraba, tomate, couve;
 Cebolinha: Beterraba, tomate, couve;
 Cenoura: Ervilha, alface, feijões, rabanete;
 Couve: Cebola; batatas, salsão, beterraba;
 Feijões: Vagem, corda e lima;
 Espinafre: Feijões, beterraba, couve-flor;
 Mostarda: Milho;
 Pepino: Girassol, milho, feijões, ervilha;
 Rabanete: Milho, ervilha, pepino, agrião, cenoura, espinafre, vagem,
chicória;
 Quiabo: Milho
 Repolho e brócolis: Ervas aromáticas, batatas, salsão, beterraba, alface;
 Rúcula: Chicória, vagem, milho, alface;
 Salsa: Tomate, aspargo;
 Salsão: Alho, tomate, couve-flor, repolho, feijão, couve;
 Tomate: Cebola, cebolinha, salsa, cenoura, serralha.

SETOR DE AGROFLORESTA
Um sistema agroflorestal é uma forma de produzir alimentos ao mesmo tempo
em que se conserva ou recupera a natureza local. Isso é possível porque nessa forma
de produção, ao invés de retirar toda a vegetação original para o plantio de apenas
uma cultura em uma larga extensão de terra, procura-se entender o funcionamento da
natureza e imitá-la em suas produções, utilizando relações entre seres vivos a favor do
meio ambiente e estimulando a biodiversidade.
Nas agroflorestas utilizam-se culturas agrícolas, árvores e animais em um
manejo que leva em consideração o tempo e o espaço, para o qual é muito importante
o conhecimento das características de cada espécie utilizada e sua relação com as
demais. A adubação é feita de forma natural, com os recursos disponíveis e com a
dinâmica de ciclagem de nutrientes – típica dos sistemas florestais- através da poda
das árvores e da adubação verde. Não serão utilizados agrotóxicos nem adubos
químicos, pois o seu uso causa contaminação química e alteração do equilíbrio, indo
contra a técnica de agroflorestal (que propõe um controle natural das pragas através
do reestabelecimento do equilíbrio ecológico). Os sistemas agroflorestais devem
tentar produzir ao máximo a arquitetura das formações naturais, para melhor
aproveitar a radiação, umidade e nutrientes.

SETOR DE MINHOCULTURA
É um processo de reciclagem de resíduos orgânicos através da criação de
minhocas em minhocários, oferecendo importante alternativa para resolver
economicamente e ambientalmente o problema dos dejetos orgânicos, como fezes de
animais, restos de culturas e até lixo domiciliar. O produto final da vermicompostagem
constitui num excelente fertilizante orgânico (húmus) capaz de melhorar atributos
químicos (oferta, melhor retenção e ciclagem de nutrientes), físicos (melhoria na
estruturação e formação de agregados) e biológicos (aumento da quantidade de
microorganismos benéficos) do solo.
Um minhocário é uma fazenda de minhocas que ajuda a reciclar os restos de
comida e transformar o substrato em húmus, um composto muito rico que pode ser
usado como biofertilizante em hortas e jardins.
Complementando essas informações, lembramos que o húmus de minhocas
não é um adubo, mas um regenerador de solos, Devido a essa qualidade, o consumo
inicial irá diminuindo a cada período, eis que o solo irá regenerando-se, bastando
pequenos reforços para conservá-lo em condições ideais depois de certo tempo.
Este setor pretende ser compatível com a quantidade de matéria orgânica do
local e fornecer minhocas e húmus aos seus visitantes.

SETOR DE COMPOSTAGEM
A forma mais eficiente de se obter a biodegradação controlada dos resíduos
orgânicos é por meio da compostagem, que é um processo biológico aeróbio e
utilizado no tratamento e na estabilização de resíduos orgânicos para a produção de
húmus. Entende-se por composto orgânico o produto final da compostagem, ou seja,
degradação, mineralização e humificação de resíduos orgânicos, obtido através do
processo aeróbio controlado (PEREIRA NETO, 2007).
A compostagem é uma técnica de reaproveitamento de material orgânico a
qual se baseia no controle dos fatores determinantes da ação dos microrganismos,
para que eles degradem o material orgânico de maneira mais rápida possível. Desta
forma, a ação da microbiota é favorecida por alguns fatores; sendo temperatura,
umidade, oxigênio, presença de nutrientes, tamanho de partículas e pH os quais
discutiremos mais a seguir.
A realização da compostagem é um processo muito vantajoso que reaproveita
o “lixo” orgânico doméstico na forma de um adubo de boa qualidade, pois melhora o
solo em suas características físicas, químicas e biológicas. Além disso, pelo fato de não
requerer material específico para se fazer um composto, não havendo receita, pode-
se usar qualquer material orgânico, como restos culturais e de poda, serragem, folhas,
lixo orgânico doméstico, esterco animal; sendo que o melhor material é o que se tem
disponível na propriedade.

SETOR DE PLANTAS MEDICINAIS


As plantas medicinais têm sido importante recurso terapêutico há milênios de
anos por vários povos, visto que a natureza fornece todos os meios de cura das nossas
enfermidades. As plantas medicinais estão aprovadas e devem ser utilizadas pela
população nas suas necessidades básicas de saúde. São classificadas como produtos
naturais, por isso a lei permite que sejam comercializadas livremente e que sejam
cultivadas. As plantas fortalecem o corpo; aumentam a energia vital dos órgãos e
nutrem as células. As substâncias químicas (princípios ativos) atuam na fisiologia dos
organismos, e com o conhecimento correto, são remédio para grande parte dos males,
tanto do corpo físico, como do mental, emocional e espiritual. Agem como calmantes,
analgésicas, cicatrizantes, anti-inflamatórias, estimulantes, depurativas, expectorantes,
etc.
O setor de plantas medicinais consiste na identificação e catalogação das
plantas nas proximidades da propriedade, na criação de canteiros com exemplares de
plantas medicinais e de uma farmacinha viva com fitoterápicos e literatura adequada à
consulta, assim como profissionais da área da saúde para atendimento.
SETOR DE BIOCONSTRUÇÃO
Este aborda aspectos relativos às habitações energeticamente eficientes com o
uso de materiais alternativos. O conhecimento em bioconstruções resgata práticas que
há muito tempo vem sendo usadas por povos ancestrais, mas com a revolução
industrial tornaram se antigas e ultrapassadas, sendo substituídas por práticas
causadores de grandes impactos ambientais e sociais. A integração com novas
tecnologias limpas e renováveis é feita de forma planejada e intuitiva.
Por ter ainda hoje um grande déficit por parte das políticas públicas de
habitações populares adequadas ao ambiente local e que sejam economicamente
viáveis, este setor visa à difusão das técnicas de habitações ecológicas sustentáveis
entre estudantes, agricultores familiares rurais e urbanos.
As bioconstruções são soluções geralmente de baixo custo, de simples
aplicabilidade e que priorizam a utilização e o manejo racional dos recursos naturais
renováveis. Assim, são alternativas para a diminuição dos impactos sobre os recursos
naturais com potencial para pequenas propriedades rurais, periurbanas e urbanas.
SETOR DE SANEAMENTO ECOLÓGICO
Os sistemas ecológicos de saneamento reconhecem as excretas humanas como
recursos (não mais como resíduo), os quais são passíveis de reutilização (WERNER et
al., 2004). Além de possibilitar a adequação das tecnologias aos diferentes contextos e
permitir maior participação e autonomia popular nos locais de implantação e
manutenção.
O banheiro seco é uma tecnologia já consagrada em diversos países do mundo
e, basicamente, utiliza processos para tratar e sanitarizar os dejetos humanos que
reduzem consideravelmente, ou totalmente, o uso de água para o transporte,
armazenamento e tratamento destes resíduos (ALVES, 2009). Em outras palavras,
estes projetos estão relacionados a dois princípios básicos do tratamento dos resíduos:
(1) lidar com o problema o mais próximo possível da fonte e (2) evitar efluentes
diluídos, isto é, em um lugar onde seja possível mantes o material nitrogenada em uma
forma suficientemente sólida ou concentrada para ser subsequentemente utilizada em
alguma atividade humana apropriada, como a agricultura (DAVISON et al., 2006 citado
por ALVES, 2009).
As águas cinza são aquelas provenientes dos lavatórios, chuveiros, tanques e
máquinas de lavar roupa e louça. Reuso da água é a reutilização desta, que, após
passar por tratamento adequado, destina-se a diferentes propósitos, com o objetivo
de se preservar os recursos hídricos existentes e garantir a sustentabilidade. É a
utilização dessa substância, por duas ou mais vezes, após o tratamento, para minimizar
os impactos causados pelo lançamento de esgotos sem tratamento nos rios,
reaproveitamento que também ocorre espontaneamente na natureza através do “ciclo
da água” (FIORI, 2006).

OFICINAS E CURSOS

 Agroecologia
 Bioconstrução
 Apicultura
 Farmácia Viva
 Circo e Teatro
 Música
 Alimentação Saudável
 Tecnologias Sustentáveis
 Etc.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS
A captação de recursos se dará através de:

 Lucro de oficinas e cursos


 Parcerias
 Aprovação de projetos (Leis de incentivo, Fapemig, etc)
 Excedentes produzidos no Instituto (mel, própolis, colmeias, hortaliças,
húmus, minhocas, etc.)
 Projetos de consultoria (banheiro seco, arquitetura ecológica, sistemas
de tratamento alternativo de água, geoprocessamento e mapeamentos,
farmácia viva)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Saber tem a ver com sabor. Não qualquer saber. O saber tem

sabor quando resulta de experiências, de sofrimentos, de

observações dos vaivéns da vida.” (Leonardo Boff)

A escolha do local para execução do projeto deve-se a um conjunto de


fatores, dentre eles a preservação ambiental da propriedade, a disponibilidade
de terra e recursos hídricos no local, a estrutura já disponível na fazenda, a
proximidade com a Universidade e com a cidade de Couto Magalhães, a falta
de iniciativas agroecológicas no local, o enfraquecimento da cultura regional e
por estar na rota da Estrada Real.
Se hoje não existisse todo um apelo para a educação ambiental, que
surge e se consolida num momento histórico de grandes mudanças no mundo,
a situação de pobreza da comunidade, por si só, justificaria a implantação do
projeto. (Abranches, apud Borges, 1985 p30.). Para tanto, basta estabelecer
comparações com a renda per capita das famílias, o preço dos medicamentos
básicos, o preço dos legumes e verduras nos sacolões e a desnutrição
ocasionada não só pela falta de alimentação em si, mas pelo déficit alimentar
em decorrência da pouca variedade dos alimentos ricos em vitaminas
necessárias ao bom desenvolvimento físico e mental.
Com base no entendimento que a educação ambiental possibilita a
promoção da educação integral das crianças e jovens de escolas e
comunidades, o Instituto é uma das possibilidades de desenvolver atividades
pedagógicas unindo teoria e prática de forma contextualizada.
O IAP tem o valor de promover iniciativas que transcendem as questões
agrárias e comerciais, aglutina diferentes áreas do conhecimento, podendo
assumir papel importante no resgate da cultura alimentar nutritiva saudável e
ambientalmente sustentável, e ser utilizada como eixo gerador de uma
diferente prática pedagógica. Nesse contexto, o projeto de educação social e
ambiental Instituto Agroecológico Pangeia, deverá sensibilizar as pessoas
quanto a degradação do meio ambiente, ainda que para muitos seja um
assunto desconhecido; propiciar o comprometimento dos visitantes com a
saúde integral, comportamentos preservacionistas, humanitários, fraternos e
éticos, possibilitando a integração com a natureza.
Uma proposta de ação que, em si, envolve termos como “despertar”,
“percepção”, “possibilidades”, “melhoria”, “qualidade de vida” e “educação
ambiental”, envolve pessoas, sentimentos, histórias, e isto não tem fim.
O projeto Instituto Agroecológico Pangeia deverá ser um exemplo para
as gerações de hoje e amanhã, que tiverem a oportunidade de vivenciar seus
campos e colher seus inúmeros frutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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