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Cortinas de estacas-prancha
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CORTINAS DE ESTACAS-PRANCHA
Março de 2001
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Características gerais das cortinas de estacas-prancha 4
2.1. Campo de aplicação 4
2.2. Vantagens e desvantagens das cortinas de estacas-prancha 4
3. Processo construtivo 7
3.1. Considerações iniciais 7
3.2. Equipamento de cravação 8
3.2.1. Bate-estacas manual 9
3.2.2. Bate-estacas de queda livre 9
3.2.3. Martelo a diesel 10
3.2.4. Martelo de impacto 11
3.2.5. Martelo hidráulico de duplo efeito 11
3.2.6. Martelo ar / vapor de duplo efeito 12
3.2.7. Martelo vibratório 13
3.2.8. Sistemas de pressão 14
3.3. Sequência de colocação das estacas-prancha 15
3.3.1. Colocação estaca a estaca 17
3.3.2. Colocação por painéis 17
3.3.3. Colocação alternada 17
4. Sistemas de guiamento 19
4.1. Mastro-guia (guia superior) 20
4.2. Vigas-guia (guia inferior) 20
5. Equipamento auxiliar 23
5.1. Passadiço de apoio 23
5.2. Mãos 23
5.3. Peças de união 24
5.4. Capacetes de cravação 25
6. Métodos auxiliares de cravação 26
6.1. “Jetting” ou injecção “lançage” 26
6.2. Furação e explosão 27
7. Sistemas auxiliares de sustentação 28
8. Extracção das estacas metálicas 30
9. Cortinas de estacas-prancha de vinil 32
10. Incidentes na execução 34
10.1. Desvios da verticalidade 34
10.2. Obstáculos na cravação 34
10.3. Nega prematura 35
10.4. Arraste de estacas já cravadas 35
10.5. Deformação das estacas-prancha 36
10.6. Desligamento das estacas-prancha 36
11. Bibliografia 37
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Cortinas de estacas-prancha por Pedro Vaz Paulo e Jorge de Brito
CORTINAS DE ESTACAS-PRANCHA
1. INTRODUÇÃO
CORTE A-A
A A
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O método de contenção provisória com mais implantação em Portugal é os muros tipo Berlim
[2] (Fig. 3), os quais, ainda que com um campo de aplicação mais limitado, competem
directamente com as cortinas de estacas-prancha.
Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às contenções periféricas. O documento aborda
fundamentalmente a descrição das soluções existentes e dos processos construtivos
associados às cortinas de estacas-prancha.
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CORTE A-A
A A
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Esta solução só não tem aplicação universal em contenções provisórias porque há outras (por
exemplo, as paredes tipo Berlim) mais económicas para determinadas condições do terreno a
conter (solo com alguma coerência e sem ocorrência de quantidades significativas de água -
de preferência acima do nível freático). Não obstante, os riscos de insucesso e a falta de
eficiência aumentam, mesmo com estacas-prancha, se houver muita água no terreno, pelo que,
quando possível, se opta pelos meses menos chuvosos do ano para execução destas cortinas.
As vantagens e desvantagens das cortinas de estacas-prancha que vão ser apresentadas são-no
relativamente à solução que mais correntemente se posiciona como alternativa a esta, ou seja,
as paredes tipo Berlim (Fig. 3). Estes dois métodos têm algumas características comuns: são
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rápidos, são relativamente económicos (com ancoragens, não o são tanto), não exigem mão de
obra ou equipamento muito especializados, ocupam muito pouco espaço e têm baixa
durabilidade (nas soluções definitivas em estacas-prancha, a durabilidade destas pode ser
melhorada com recurso a pinturas epoxídicas ou de borracha).
facilidade em trabalhar abaixo do nível freático e mesmo dentro de água, devido à relativa
estanqueidade das juntas que, mesmo que deixando passar alguma água, limitam o seu
volume a quantidades facilmente bombeadas;
oferecendo ao terreno superfícies contínuas e sendo cravadas antes da execução da
escavação de um dos lados, não deixam passar o terreno, independentemente da coerência
deste;
é possível recuperar as estacas enquanto que os perfis das paredes tipo Berlim geralmente
não.
são mais caras que as paredes tipo Berlim, pelo que estas últimas são as preferidas em
solos coerentes com nível freático profundo;
exigem equipamento de cravação mais pesado (os perfis metálicos das paredes tipo
Berlim, em virtude do tipo de solos coerentes em que estas são usadas, são normalmente
introduzidos em furos realizados por trados; por outro lado, são mais leves que as estacas-
prancha);
a cravação das estacas-prancha, geralmente por percussão, pode originar muito ruído
(Quadros 1 e 2) e vibrações, função do equipamento utilizado;
as estacas-prancha têm problemas de corrosão a longo prazo (como as estacas-prancha, ao
contrário dos perfis metálicos na maioria dos casos, são recuperadas, esta questão torna-se
relevante);
as estacas-prancha são mais susceptíveis de ser danificadas no processo de cravação;
a garantia da verticalidade da cortina é mais difícil e as consequências da não
verticalidade mais difíceis de corrigir;
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não podem ser empregues em terrenos com camadas ou blocos dispersos de rocha.
Quadro 1 [3] - Nível de ruído em função do tipo de equipamento de cravação (ver §3.2)
Equipamento de cravação Nível de ruído [dB(A)]
Martelo de impacto 90 - 115
Martelo de duplo efeito ar / vapor 85 - 110
Martelo vibratório 70 - 90
Sistemas de pressão 60 - 75
Nota: as medidas foram feitas a uma distância de 7 metros do emissor.
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3. PROCESSO CONSTRUTIVO
Uma vez que, na esmagadora maioria dos casos correntes, as estacas-prancha são metálicas, a
descrição do processo construtivo será feita para esse tipo de material. No fim do capítulo,
será descrida sucintamente a utilização de estacas-prancha de vinil.
Para conhecer a força necessária de impacto e qual o tipo de perfil da estaca a utilizar, é
necessário determinar os seguintes factores: estratificação do solo (definição de alturas e
cotas); densidade do solo; porosidade; coesão dos diferentes estratos; nível freático;
permeabilidade; resultados dos ensaios SPT e CPT.
Tal como qualquer outra actividade, a cravação de estacas-prancha terá que ser realizada de
acordo com o mínimo custo, o qual é directamente proporcional à quantidade de aço
envolvido no tipo de secção da estaca. As estacas de maior profundidade e com uma largura
menor (para limite da energia de cravação) representam um maior custo total do que, para a
mesma situação de solicitação, estacas com uma altura menor e, consequentemente, maior
largura.
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O método de aplicação das estacas depende do tipo de solo. A sua caracterização é feita com
base nos parâmetros indicados no sub-capítulo anterior. Assim, a percussão: é um processo
bastante normal, sendo somente limitado para perfurar estratos de solo de rochas duras.
Poderá também, apresentar algumas dificuldades quando encontra substratos muito densos
(argilas e areias muito finas) que apresentam uma maior resistência à penetração da estaca.
Outro factor que também influencia a resistência de penetração é a existência de água, que, ao
existir, facilita a colocação da estaca-prancha. A vibração é a técnica adequada para solos
granulares de grão redondo e solos finos. Permite diminuir o atrito estaca / solo favorecendo a
cravação.
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todo o processo por forma a não incomodar os ocupantes dessas estruturas e não provocar
danos irreversíveis nas mesmas.
O modelo que era normalmente utilizado era constituído por um cilindro de aço, que servia de
pilão, enfiado numa guia metálica que se fixava à cabeça da estaca (Fig. 4, à esquerda e ao
centro). As cordas, que passavam por roldanas presas à extremidade superior da guia, ao
serem puxadas, faziam com que o pilão subisse. Largando as cordas, o pilão, em queda
controlada, embatia contra a cabeça da estaca. O peso do pilão variava entre 50 a 200 kg e o
número de pancadas por minuto entre 7 a 10. A altura da queda era geralmente de 1 m [4].
Fig. 4 - À esquerda e ao centro, bate-estacas manual; à direita, bate-estacas de queda livre [4]
Foi muito utilizado na cravação de estacas de madeira e de moldes para estacas moldadas. Era
vulgarmente constituído por um pilão que corria ao longo de umas guias fixas a uma estrutura
ligeira, geralmente de madeira (Fig. 4, à direita). O accionamento do guincho que fazia subir
o pilão era manual ou mecânico. O peso do pilão variava entre os 200 kg e os 2000 kg. A
altura de queda podia ir até aos 6 m, não sendo de todo convenientes alturas superiores, pois
isso poderia ocasionar a ruptura da estaca. Este tipo de bate-estacas tinha capacidade para
realizar 5 a 10 pancadas por minuto [4].
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Um martelo a diesel consiste basicamente num cilindro, num pistão e num bloco de impacto
colocado na extremidade inferior do cilindro. O processo de impacto inicia-se com o
desprendimento do pistão a uma determinada altura (para a qual ele é puxado). A queda livre
do pistão faz comprimir o ar na câmara de compressão e activa a injecção do combustível
para o topo do bloco de impacto. Quando o pistão bate no bloco, origina uma explosão em
que a energia criada permite a cravação da estaca reiniciando-se novamente o processo (Fig.
5, à esquerda).
Este tipo de martelos está especialmente vocacionado para a cravação de estacas em solos
coesivos ou muito densos. Em condições normais de utilização, é frequente seleccionar uma
taxa peso do pistão / peso da estaca mais capacete de cravação entre 1/2 a 1.5/1. É necessário
utilizar capacetes de cravação para que as cabeças das estacas não fiquem danificadas. Deve-
se considerar como taxa de penetração limite, de acordo como o tipo de martelo, 25 mm por
10 pancadas. Em casos particulares e de curta duração, para não pôr em risco a integridade do
martelo e do equipamento, pode-se atingir uma taxa de 1 mm por pancada [3].
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Este tipo de martelo é muito versátil, apresentando bons resultados para qualquer tipo de
secção de estaca ou de solo, mesmo em condições de existência de nível freático. As taxas de
peso do pistão / peso da estaca são semelhantes às dos martelos a diesel. Para pesos de
conjunto superiores a 11 ton, consegue-se alturas de queda superiores a 1.2 m. Para valores
máximos de peso, poder-se-á atingir 40 pancadas por minuto, caso se utilize um método de
sequência automática [3]. É sempre preferível utilizar um martelo mais pesado e com uma
menor altura de queda, para minimizar os estragos na cabeça da estaca e para diminuir os
níveis de ruído.
Este tipo de martelo (Fig. 6, à direita) consiste num pistão que se encontra dentro de um
cilindro e que sobe através de pressão hidráulica. Pode chegar a produzir uma aceleração de 2
g. A máxima penetração de 1 m corresponde a uma queda de 2 m. Estes martelos podem
alcançar uma energia de 35 a 3000 kNm com uma taxa de penetração de 50 a 60 pancadas por
minuto. O controlo electrónico do sistema permite assegurar um óptimo processo de cravação
e a sua forma garante segurança. A energia de impacto aplicada em cada estaca é medida
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durante cada pancada, possibilitando a sua correcção de uma forma contínua com um erro
máximo estimado de 5% [3].
Este tipo de martelo pode ser utilizado em qualquer ângulo e em solos com nível freático
elevado. Em condições normais de funcionamento, é usual utilizar-se pistões com um peso
igual (1:1) ou metade (1:2) do peso da estaca mais o capacete de cravação. Para evitar excesso
de ruído e danificação da extremidade da estaca-prancha, deve-se utilizar um martelo pesado
com um menor comprimento de queda do pistão. Até 1998, apenas os martelos de duplo
efeito com energias por pancada de 35 a 90 kNm são utilizados para cravação de estacas-
prancha, sendo os martelos com energias superiores considerados demasiadamente pesados.
Neste tipo de martelos, o pistão é guiado pela compressão de ar, quer na queda, quer na sua
subida (Fig. 7, à esquerda). O peso do pistão está geralmente entre 100 e 1300 kg e o
comprimento de queda, que normalmente aumenta com o peso do martelo, varia entre 110 e
500 mm. A energia total de impacto de um martelo deste tipo é de cerca de 30 kNm por
pancada, muito menor do que o maior martelo de impacto. Contudo, a taxa de impacto de um
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martelo de duplo efeito é superior, cerca de 100 pancadas por minuto (para a maior máquina)
e 400 pancadas por minuto (para a menor). Estes valores levam normalmente ao movimento
contínuo da estaca, o que aumenta a sua capacidade de penetração no solo. Para este tipo de
martelos, não é aconselhável colocar nenhum capacete de cravação (provocaria perda de efi-
ciência). Para relação entre o peso do pistão / peso da estaca, utiliza-se normalmente 1/ 5 [3].
tampa
pistão móvel
carter
pistão de distribuição
bigorna
estaca-prancha
Os martelos vibratórios (Fig. 7, à direita e Fig. 8, à esquerda) aplicam vibrações nas estacas, o
que lhes permite penetrar sem percussão em determinados solos. O princípio que está
associado a esta técnica é a redução de atrito entre a estaca e o solo. A vibração induzida leva
a que as partículas se movimentem instantaneamente, reduzindo de forma notável a
resistência entre o solo e a estaca. Isto permite colocar a estaca no solo com pouca carga
aplicada. A vibração é aplicada apenas segundo a vertical, não provocando esforços nas
outras estacas. A performance da cravação depende essencialmente das características do
solo. O melhor tipo de solos para utilizar este tipo de martelo é os não coesivos: areia,
gravilha, especialmente quando estão saturados. Para solos coesivos, este método pode ser
aplicado, mas é necessário que tenha bastante água.
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Fig. 8 - À esquerda, martelo vibratório e, à direita, cravação sob pé direito reduzido [3]
O objectivo inicial, que esteve na origem do aparecimento dos sistemas de pressão (Fig. 9),
foi o de tentar eliminar ou reduzir o ruído de cravação tanto quanto possível, através de um
sistema de pressão. Estas máquinas, que têm alto desempenho para solos coesivos, são
operadas hidraulicamente e a força de cravação que aplicam nas estacas é originada pelo
atrito que as estacas anteriormente cravadas permitem mobilizar. Os pistões estão ligados
directamente às estacas-prancha (normalmente num conjunto de oito) que, através de pressão,
empurram as duas estacas que se encontram no meio, enquanto que os outros pistões se
encontram estáticos. Numa fase seguinte, os dois pistões que empurraram as primeiras estacas
ficam fixos e os restantes empurram as outras estacas. O ciclo repete-se até se atingir a
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Direcção da cravação
Fig. 11 - À esquerda em cima: colocação estaca a estaca; nos restantes, da esquerda para a
direita e de baixo para cima, faseamento da colocação por painéis: colocação e alinhamento
da primeira estaca; colocação das restantes estacas e início da cravação da primeira; início da
cravação a partir das últimas estacas (esta solução tem mais sentido quando se cravam os
segundo e restantes painéis); primeiro painel parcialmente cravado; colocação do segundo
painel de estacas; colocação, por níveis de profundidade, do primeiro painel e colocação
parcial da última estaca do segundo painel; colocação das estacas do segundo painel a partir
do fim, da totalidade das estacas do primeiro painel e do terceiro painel e repetir os passos
atrás indicados [3]
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Este método consiste em cravar cada estaca até à profundidade final de uma só vez (Fig. 11, à
esquerda em cima). Apesar de ser um processo simples de cravação, só deverá ser utilizado
para solos soltos e para comprimentos de cravação pequenos, para evitar desvios a que as
estacas são propensas. Para areias densas e solos coesivos ou no caso de poderem existir no
substracto alguns obstáculos, o método de colocação por painéis apresenta-se como a melhor
solução.
Para solos em que a cravação seja difícil de se executar, dever-se-á recorrer a uma colocação
alternada de forma a reduzir as condições adversas (Figs. 12 ou 13).
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Fig. 13 - Em areias muito densas, gravilha ou rocha, a extremidade inferior das estacas 1, 3 e
5 são reforçadas e a sequência de introdução altera-se ligeiramente [3]
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4. SISTEMAS DE GUIAMENTO
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No método do mastro fixo, quer o martelo, quer a estaca, são guiados pelo mastro. É
importante que o mastro se encontre na vertical, para aproveitar o máximo da energia ganha
pelo martelo, apesar de o ângulo de impacto ser em função do tipo de projecto (Fig. 16, à
esquerda). O sistema do mastro suspenso funciona com um martelo que é suportado por um
mastro que se encontra suspenso. A ligação entre o mastro e a cabeça da estaca é concretizada
através de um capacete de cravação, no qual o martelo irá bater, que deverá ser o mais justo
possível ao perfil para não provocar movimentos laterais.
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O comprimento das vigas deve ser tal que permita a colocação de 6 pares de estacas e que
envolva pelo menos 1.5 m de estacas já cravadas. O espaçamento entre as estacas e a viga é
mantida à custa de espaçadores. Quando se cravam estacas com secção em U ou em Z, deve-
se colocar uma cunha de madeira ou metálica entre a extremidade da estaca e a viga-guia
(Fig. 18), para evitar a sua torção. Na situação em que se colocam estacas em zonas cobertas
com água, as vigas-guia ficam solidárias a perfis cravados temporariamente.
O guiamento pode ser feito a um (Fig. 19, à esquerda) ou a dois níveis (Fig. 19, à direita).
Neste último caso, as estacas devem ser cravadas até ao primeiro nível, sendo este
posteriormente desactivado, completando-se depois a cravação até ao nível desejado.
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5. EQUIPAMENTO AUXILIAR
Estes passadiços são elementos metálicos pré-fabricados (Fig. 20, à esquerda), rapidamente
montados e desmontados e fáceis de transportar. São utilizados como guias para alinhar as
estacas e permitem também a circulação de operários para acompanhar o processo de
cravação. Nas plataformas são colocados guarda-corpos para prevenir eventuais quedas em
altura.
5.2. MÃOS
As mãos com conector (Fig. 20, à direita) permitem o transporte na vertical da estaca (com o
auxílio de uma grua) evitando a sua queda, por meio de um conector que passa por um furo
que é feito na extremidade da estaca. Para desconectar a “mão” da estaca, basta puxar o
conector desde que, não haja nenhuma força aplicada ao acessório. As mãos sem conector
apenas devem ser utilizadas para transportar as estacas na horizontal, visto não terem nenhum
componente que as permita agarrar quando estas passam da posição horizontal para a vertical
(Fig. 21, à esquerda).
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Fig. 21 - À esquerda, “mãos” sem conector e, ao centro e à direita, união entre estacas [3]
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Figura 22 - À esquerda, passos da união entre estacas e, à direita, capacete de cravação [3]
Os capacetes de cravação são utilizados para transferir a carga, imposta pelo martelo de
impacto, para a estaca. Este elemento é colocado na extremidade superior da estaca-prancha,
apresentando inferiormente determinados volumes, por forma a se ajustar ao perfil da estaca a
cravar, e superiormente uma superfície lisa, de modo a receber o impacto proporcionado pelo
martelo de impacto (Fig. 22, à direita). O capacete de cravação evita, desta forma, a
deterioração local da estaca e do próprio martelo. Os capacetes têm normalmente
componentes de plástico ou de madeira combinados em moldes metálicos, proporcionando
uma rápida dissipação de energia e uma vida útil razoável.
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Para determinados tipos de solo, a cravação das estacas-prancha metálica apenas com os
martelos referido no capítulo 2 pode não se revelar suficiente, sendo necessário acrescentar
outros métodos, que em seguida se descrevem.
Este método consiste na utilização de água sob pressão que sai sob a forma de jactos na
extremidade inferior da estaca, através de tubos que são acoplados ao perfil (Fig. 23). A água
que sai sob pressão permite facilitar a cravação, diminuindo o atrito solo / estaca e
provocando um maior desgaste no solo. A pressão a utilizar e o número de tubos a colocar são
função do tipo de solo. A técnica de “jetting” facilita a colocação de estacas-prancha
metálicas em solos muito densos.
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Em situações em que existam estratos mais rígidos, pode recorrer-se a explosivos por forma a
desagregá-los, facilitando desta forma a cravação das estacas. No entanto, se este estrato
estiver alguns metros abaixo do nível do solo, é necessário retirar o terreno com a ajuda de
um trado (situação sem água e solo consistente) e, então, colocar os explosivos e tapar
novamente o furo (Fig. 24).
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O projecto de contenção define a que altura, o número e as características das ancoragens que
devem ser colocadas, face às acções em causa. Mediante esses valores, e após a cravação das
cortinas estaca-prancha metálicas, procede-se à escavação do terreno, que deve ser feita com
os cuidados habituais neste tipo de intervenção, até ao nível adequado para realizar o primeiro
nível de ancoragens. Em seguida, com a ajuda de um maçarico, realizam-se os cortes nas
estacas para posterior colocação dos cabos de ancoragem. O furo de ancoragem é feito com
uma máquina de trado contínuo ou de varas e bit. Soldam-se perfis tipo UNP a unir toda a
cortina, do modo a se criar uma viga de distribuição.
Fig. 25 - À esquerda, níveis de ancoragem nas cortinas estaca-prancha [3] e, à direita, sistema
de escoramento duma cortina contra outra paralela
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À semelhança do que se passa com as paredes tipo Berlim [2], também nas cortinas de
estacas-prancha não é obrigatório o recurso a ancoragens (estas contribuem
significativamente para encarecer qualquer solução de contenção). À partida, se o desnível de
terras (ou água) for relativamente pequeno, pode-se prescindir de qualquer sustentação para
além da que é devida à própria rigidez do sistema no seu próprio plano (para tal, poderá ter de
se proceder à remoção de parte do solo no tardoz da cortina durante a fase provisória). Em
alternativa, poder-se-á recorrer a escoramento (perfis metálicos I, H ou tubulares), cuja
reacção poderá ser conferida por uma cortina paralela a uma distância não muito grande (Fig.
25 à direita) ou pelo próprio solo (Fig. 26 à esquerda). No caso das obras marítimas ou
fluviais, esta sustentação poderá mesmo ser conseguido por um sistema de tirantes (que, ao
contrário das escoras, funciona em tracção - Fig. 26 à direita).
Na fase de escavação, é preciso ter em conta que as cortinas de estacas-prancha não são
completamente estanques, podendo haver a necessidade de remoção da água do interior da
escavação. Nos casos em que esta seja em grande abundância, recorre-se a técnicas de
rebaixamento do nível freático na periferia da escavação.
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Nas situações em que a cortina de estacas-prancha é apenas provisória, elas podem ser (caso
se consiga) extraídas através de extractores por impacto (montando o martelo pilão ao
contrário, ou seja, entre a grua e a estaca, deixando de percutir esta última e passando a dar-
lhe sacões para cima), vibração ou com o auxílio de macacos hidráulicos (ou por um dos
métodos auxiliares referidos no capítulo 6). À medida que se vai executando a superestrutura,
vai-se desactivando os níveis de ancoragem e só no final é que se retira as estacas-prancha.
Quando se pretende recuperar as estacas, é necessário ter em conta os seguintes aspectos:
Estes factores, quando mal seleccionados, podem aumentar a dificuldade de recuperação das
estacas, através da necessidade de se utilizar equipamentos de extracção de grande porte ou
mesmo na situação limite de impossibilidade de recuperação das estacas.
a colocação de uma membrana entre o engate das estacas reduz a força de atrito;
para a avaliação da força de puxe necessária, é bastante importante conhecer os valores de
cravação de cada estaca, o que permite identificar quais são as que apresentam menor
resistência, permitindo assim definir um ponto de começo na extracção das estacas;
caso não se tenha registos das forças de cravação das estacas-prancha, a primeira estaca a
ser extraída deve ser seleccionada com cuidado;
pode ser necessário reforçar a extremidade superior da primeira estaca para a extrair com
sucesso;
uma extracção detalhada e executada correctamente será muito mais fácil;
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por vezes, pode-se recorrer à técnica de “jetting” para facilitar a extracção da estaca-
prancha.
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Mais recentemente, passaram a existir também estacas prancha de vinil, com maior
durabilidade do que as metálicas em ambientes marítimos severos (Fig. 28) mas com um
comportamento ainda não totalmente clarificado face aos raios ultravioletas. Os aspectos a ter
em conta na sua aplicação são em tudo semelhantes aos apresentados no capítulos anteriores.
Ilustra-se de seguida a colocação de estacas-prancha de vinil num ajuste da margem de um rio
(Fig. 27).
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ligação estabelecida entre estacas e entre estacas e viga; cravação das estacas seguintes;
colocação de uma viga de reforço; pormenor da viga de reforço
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Cortinas de estacas-prancha por Pedro Vaz Paulo e Jorge de Brito
Para além dos erros de execução normalmente associados à cravação (em termos do operador
ou do equipamento utilizado), podem ocorrer na execução de cortinas de estacas-prancha
situações que exigem uma correcção imediata, para evitar anomalias permanentes nas
mesmas.
Quando a velocidade e/ou o som produzido na cravação variam, pode-se estar na presença de
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Pode não ser possível cravar todas as estacas-prancha até à mesma profundidade, o que
implica uma revisão do programa e o redimensionamento da obra [1].
A cravação de uma estaca pode arrastar as adjacentes, o que pode só poder ser resolvido por
soldadura de troços adicionais destas últimas. Para evitar tal situação, pode-se:
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Podem ocorrer três tipos principais de deformação das estacas-prancha [1]: torções helicoidais
(por compressão do terreno na concavidade das estacas, por potência excessiva do martelo,
por excesso de comprimento da estaca para a sua espessura, por má centragem ou guiamento
do equipamento de cravação, por guiamento insuficiente das estacas ou pela existência de
blocos ou camadas de pequena espessura mas duras); deformações na cabeça (por potência
excessiva do martelo, por qualidade insuficiente do aço, por espessura insuficiente das
estacas, por terreno dificilmente penetrável ou por cravação mal centrada); deformações nas
ponteiras (pelas mesmas razões). Estas deformações poderão aparecer associadas ao
rasgamento das estacas ou ao seu enrolamento junto às ponteiras.
A ocorrência destas situações pode ser minimizada / prevenida através de: melhor centragem
e guiamento da cravação, reforço das estacas na ponteira e/ou na cabeça, redução da altura de
queda ou do peso do pilão do martelo ou aumento da espessura das estacas e/ou da qualidade
do aço das mesmas.
Se as estacas, ao serem cravadas, se desligam entre si ou das já cravadas, tal pode dever-se a
[1]: guiamento insuficiente, encontro de obstáculo ou terreno duro, aperto excessivo do
terreno, má centragem do martelo ou comprimento excessivo das estacas.
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11 BIBLIOGRAFIA
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