Vous êtes sur la page 1sur 1

Secular - Luci Collin

O corpo era velho e nada que se pudesse fazer sobre isso. Mas o homem vinha. �s
vezes cansados, rostos duros, olhar restos e sem-cerim�nia. N�o havia not�cia de
sorrisos genu�nos. O ambiente abandonados perfumes cheiros daqueles que se esquece
f�cil. A parede pode ser pra sempre fria. Desconhecida amea�a, deixara o tempo
sagrar sulcos e irrelev�ncias, rezar nas conversa��es sem sentido. O corpo dela era
velho e sequer pressentimentos. Olhava a pele sem adjetivos pr�prios n�o pensava em
nada. O homem vinha. �s vezes diligentes, o esfor�o para tramar maravilhas. Havia
not�cia de espasmos. Para ela os ecos. Focalizava detalhes do quadro na parede um
dia rosa. Nunca lhe pediram troco. Acariciava a pele descrente. O que sabe sobre
si: vende fatias. E nada que pudesse pensar sobre isto, mover pedras, rolar pedras,
esquecidos constrangimentos postos no fundo de um rio. Vende �s vezes tra�as quase
invis�veis aderem criteriosamente aos corpos que ali se deitam. Leito. O corpo dela
era �nico e frestas sem filosofia. Ci�ncia de desconsiderar o tangente e o
irregress�vel. Olhos alheios e nada a falar sobre isso. Nenhum registro de paix�es
impag�veis no passado, nenhum bilhete desdizendo amores. Apenas assistia � flex�o
dos verbos. Corpo ser todo dia. Era p�blica. Manejando a faca silenciosa o enredo
leiloava retalhos fantasiados de del�cia. S�bia pantomima. O homem vinha. Desfiavam
asperezas, frases mal-ajambradas. Mas n�o se sabe de vezes em que se tenha pensado
em esquivas. Acariciava peles fossem cavalos bicho qualquer eram sempre um. O corpo
envelhecera e ela pensou no pre�o. Talvez existissem mesmo pressa e o tempo
inextenso. A alvorada � sempre na mesma janela. Agora pensou no vinho que
envelhece. � sempre solit�rio o que existe dentro dela. � sempre desacompanhada a
certeza de que �s vezes vira o que quer que fosse pr�ximo e belo. Ensaio sobre
tocar o sem cabimento. Desapego e tudo-nada. Mas o homem vinha. Esqueciam flores,
frases sem sujeito ela pensou talvez em pedras. N�o h� not�cia de pret�ritos que
ela se inaugurava toda vez que a porta abria. Vende o mesmo olhar insuspeito velho
e escura escurid�o fundo do rio. V� as flores na colcha, v� as flores no azulejo,
v� as flores sobre seu corpo. Pensa: um desses dias qualquer. Mas n�o hoje.
O homem vinha.

Do livro: Acasos pensados. Lan�amento pela Kafka Edi��es.

Vous aimerez peut-être aussi