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UNIVERSIDADE DE VILA VELHA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

MOARA GUANANDY FLORES

PROPOSTA DE APROVEITAMENTO DE OLÉO DE FRITURA


COLETADO NO CAMPUS UVV PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

VILA VELHA
2018
MOARA GUANANDY FLORES

PROPOSTA DE APROVEITAMENTO DE OLÉO DE FRITURA


COLETADO NO CAMPUS UVV PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Química da Universidade de
Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do
Grau de Bacharel em Engenharia Química.
Orientador: Prof. D.Sc. Edgar Lima

VILA VELHA
2018
RESUMO

Graças à crescente conscientização mundial em relação à preservação do meio


ambiente, ressurge a proposta de encontrar alternativas ao uso dos combustíveis de
petróleo, tendo os biocombustíveis como principal promessa. Dentre eles, o biodiesel
vem sendo usado como substituto do diesel de petróleo, tendo como matéria–prima
óleos e gorduras das mais diversas fontes, desde óleos de oleaginosas, a gordura
animal, resíduos de esgoto e óleos e gorduras residuais. A presente proposta é de
produzir e caracterizar o biodiesel sintetizado a partir do óleo residual de fritura
proveniente das cantinas da Universidade Vila Velha e modelar um reator químico. O
aproveitamento de óleos e gorduras saturadas, provenientes de frituras, em produtos
como sabão, ração e biodiesel evita o lançamento destes no esgoto doméstico ou na
forma bruta no solo e em cursos d’água. A produção de biodiesel a partir do óleo de
fritura foi uma alternativa encontrada para evitar a poluição e preservar o meio
ambiente.

Palavras chaves: biodiesel, energia renovável, meio ambiente, transesterificação,


óleo residual de fritura, biocombustível.
ABSTRACT

Thanks to growing worldwide awareness of environmental preservation, there is a


resurgence in the proposal to find alternatives to the use of petroleum fuels, with
biofuels as the main promise. Among them, biodiesel has been used as a substitute
for petroleum diesel, having the raw material oils and fats from a wide variety of
sources, from oilseeds, animal fat, waste and waste oils and fats. The present proposal
is to produce and characterize the biodiesel synthesized from the residual frying oil
from the canteens of the Vila Velha University and to create a chemical reactor. The
use of saturated oils and fats from fried foods in products such as soap, feed and
biodiesel avoids the release of these in the domestic sewage or raw form in the soil
and in watercourses. The production of biodiesel from frying oil was an alternative
found to avoid pollution and preserve the environment.

Keywords: biodiesel, renewable energy, environment, transesterification, residual


frying oil, biofuel.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do Percentual de Teor de Biodiesel presente no Diesel .......... 12

Figura 2 – Matriz Energética Mundial em 2016 ....................................................... 13

Figura 3 – Posição do Brasil na Produção Mundial de Óleo Diesel......................... 15

Figura 4 – Matriz Energética Brasileira no ano de 2017. ......................................... 15

Figura 5 – Matérias-Primas Consumidas para Produção De Biodiesel em Agosto. 17

Figura 6 – Exemplos de Ácidos Graxos. .................................................................. 19

Figura 7 – Reação de transesterificação. ................................................................ 22

Figura 8 – Mecanismo de reação de transesterificação metílica via catálise ácida . 23

Figura 9 – Mecanismo de Reação de Transesterificação Catalisada por Base ...... 24

Figura 10 – Fluxograma Simplificado para o Processo de Produção de Biodiesel via


Catálise Homogênea em Meio Básico.. ................................................................... 25

Figura 11 – Fluxograma geral do Processo de Produção do Biodiesel .................. 28

Figura 12 – Fluxograma do Processo de Pré tratamento do Óleo Residual ............ 34


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Características de algumas oleaginosas e gordura animal com potencial


de uso energético ..................................................................................................... 18

Quadro 2 – Especificações do óleo diesel e do biodiesel do óleo de fritura. ........... 21

Quadro 3 – Informações de Coleta ......................................................................... 29


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 10

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 10

3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 11

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 12

4.1 BIODIESEL ................................................................................................. 12

4.1.1 Biodiesel no Mundo .................................................................................. 13

4.1.2 Biodiesel no Brasil .................................................................................... 14

4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE BIODIESEL .................... 16

4.3 MATRIZES SUSTENTÁVEIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL ........... 16

4.3.1 Matérias-Primas mais utilizadas para Produção de Biodiesel no Brasil


................................................................................................................................. 17

4.4 ÓLEOS E GORDURAS: DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES ......................... 19

4.5 ÓLEOS E GORDURAS RESIDUAIS .......................................................... 20

4.5.1 Biodiesel a partir de Óleo Residual ........................................................ 20

4.6 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL .................................... 21

4.6.1 Reação de Transesterificação ................................................................. 22

4.6.1.1 Transesterifição via Catálise Ácida ............................................................. 23

4.6.1.2 Transesterifição via Catálise Alcalina .......................................................... 24

4.7 REATORES QUÍMICOS ............................................................................. 26

4.7.1 Tipos de Reatores e Suas Características ............................................. 26

4.7.1.1 Reator Descontínuo ou Batelada ............................................................... 26

4.7.1.2 Reator Contínuo de Tanque Agitado (CSTR) ............................................ 26


4.7.1.3 Reator com Escoamento Pistonado (PRF) ................................................. 27

4.8 REATOR PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL .......................................... 27

5 METODOLOGIA ......................................................................................... 28

5.1 AMOSTRAGEM .......................................................................................... 28

5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA PARA O ÓLEO RESIDUAL E PARA


O BIODIESEL........................................................................................................... 29

5.2.1 Massa Específica à 20ºC ........................................................................... 29

5.2.2 Índice de Acidez ....................................................................................... 30

5.2.3 Índice de Peróxido..................................................................................... 31

5.2.4 Índice de Saponificação............................................................................ 32

5.2.5 Teor de Umidade ....................................................................................... 33

5.3 PRÉ TRATAMENTO ................................................................................... 33

5.4 PRODUÇÃO DO BIODIESEL .................................................................... 34

5.4.1 PREPARO DO CATALISADOR ................................................................. 34

5.4.2 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO ..................................................... 34

5.4.3 SEPARAÇÃO DAS FASES ......................................................................... 35

5.4.4 SEPARAÇÃO DAS FASES ......................................................................... 35

6 CRONOGRAMA ......................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 37


8

1 INTRODUÇÃO

A crise energética motivou a procura por fontes alternativas de energia que ajudem a
substituir, de forma parcial ou permanente, a necessidade de utilizar combustíveis
fósseis. Diminuir a contaminação e as emissões de gases são a grande motivação.
Nessa perspectiva, o biodiesel entra como a bioenergia mais promissora para suprir
essas duas principais motivações (SALTARIN, 2013).

O Brasil apresenta um elevado potencial para produzir biocombustível, entre eles o


biodiesel, um combustível alternativo ao óleo diesel mineral, resultado do processo de
transesterificação de óleos e gorduras, tendo sua origem a partir de óleos vegetais
brutos, a exemplo da mamona, amendoim, soja e diversas outras culturas regionais
possíveis de serem produzidas no território nacional, ou a partir de óleo de fritura
(MURTA; Ó, 2009).

Segundo Azevedo et al. (2009) o óleo residual de fritura quando mal descartado é
responsável por muitos impactos ambientais. Muitas vezes esse descarte segue o
caminho dos mananciais aquáticos ou até mesmo do solo. O óleo quando descartado
na pia causa entupimentos e consequentemente acúmulo de lixos que são os maiores
causadores das enchentes. Também pode parar nos rios causando a poluição das
águas e até a morte dos peixes e de animais, já que a película formada pelo óleo
atrapalha a troca de gases entre a água e a atmosfera.

Segundo reportagem recente publicada no jornal A Gazeta, atualmente no Estado do


Espírito Santo, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN) gasta mais
de 4 milhões todo ano apenas para retirar a gordura da rede de esgoto. São
aproximadamente 82 atendimentos por dia e são mais de 2,4 mil desentupimentos por
mês, que somam quase 30 mil por ano.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vila Velha, um litro de óleo pode
contaminar 20 mil litros de água e por isso a importância de descartar o óleo
corretamente. No último ano, foram coletados 250 mil litros de óleo através das cinco
empresas licenciadas por órgãos ambientais.
9

O presente trabalho, dentro de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável,


busca proporcionar um aproveitamento do óleo residual de fritura a partir da produção
de biodiesel via catálise básica.
10

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Produzir biodiesel obtido a partir da transesterificação do óleo residual de fritura


coletado no campus Boa Vista.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar a matéria-prima (óleo residual) e o óleo produzido quanto suas


propriedades físico- químicas;
 Realizar o processo de transesterificação, em escala laboratorial, para
obtenção de biodiesel através da rota etílica, utilizando como matéria-prima
óleo residual de fritura;
 Modelar um reator químico para implantação no laboratório de processos da
UVV.
11

3 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos a procura por combustíveis renováveis tem aumentado muito, seja
pelo crescente valor do petróleo ou pela preocupação com o meio ambiente, devido
às mudanças climáticas pelo uso de combustíveis fósseis, tornando as fontes
renováveis de energia extremamente importantes (SILVA, 2011).

Neste contexto, o biodiesel assume um papel de destaque, principalmente no Brasil,


apresentado vantagens econômicas, sociais e ambientais. Os óleos e gorduras
residuais têm sido investigados por serem uma alternativa para produção de biodiesel
e por seu custo ser relativamente baixo.

Na atualidade, grande parte do óleo residual de fritura acaba sendo descartado


diretamente na rede de esgoto, ocasionando danos ao meio ambiente e à
comunidade. Além do exposto, o óleo destinado à produção de biodiesel contribui
ainda mais para a diminuição da utilização de combustíveis fósseis e, em
consequência, na expressiva diminuição dos gases poluentes decorrentes da queima
do diesel comum (BENASSULY, 2014).

Além disso, a coordenação do curso de engenharia química da Universidade Vila


Velha, juntamente com o seu colegiado, está elaborando um projeto de implantação
de uma unidade de produção de biodiesel a qual será implantada no Laboratório de
Processos. Portanto, este estudo contribuirá de forma prática para a implantação
deste projeto.
12

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 BIODIESEL

No final do século XIX nasceu o biodiesel junto com a criação dos motores diesel. O
motor com maior eficiência termodinâmica concebido por Rudolf Diesel foi construído
para operar com óleo mineral mas foi realizado um estudo com a utilização de óleo
vegetal no motor diesel e os resultados obtidos foram muito satisfatórios e apresentou
bom desempenho (SEBRAE, 2008).

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis através do


regulamento técnico nº 07/2008 define o biodiesel como um combustível composto de
alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivado de óleos vegetais ou de
gordura. Pode ser definido também, segundo a lei 11.097/2005, como “Biocombustível
derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com
ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de
energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”
(ANP , 2018).

Essa matriz energética pode ser utilizada pura ou misturada. A mistura de 2% de


biodiesel ao diesel fóssil é chamada de B2 e assim sucessivamente até o biodiesel
puro, denominado B100 (ANP, 2018). A figura 1 apresenta a evolução do percentual
de utilização do biodiesel presente no diesel.

Figura 1- Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel.

(Fonte: Biodieselbr, 2018)

A mistura do biodiesel ao diesel teve início em 2004, em caráter experimental, e entre


2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser facultativo. A
obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o biodiesel na
13

matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente


obrigatória de 2% (B2), em todo o território nacional. Com o amadurecimento do
mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente ampliado até o atual
percentual de 10,0%, em vigor desde março deste ano (ANP , 2018).

4.1.1 Biodiesel no Mundo


O biodiesel surgiu mundialmente como uma alternativa promissora aos combustíveis
de origem fóssil derivados do petróleo. O caráter renovável, as melhoras ambientais,
a geração de renda, produto de exportações, a geração emprego em zonas menos
favorecidas e crescimento econômico torna o combustível muito mais importante. As
iniciativas de substituição do petróleo e seus derivados na economia mundial vem
sendo discutido desde o século passado, devido às crises do petróleo que provocaram
insegurança no abastecimento e súbita elevação no preço do barril do petróleo.
(SALTARIN, 2013).

A Matriz Energética Mundial é composta, principalmente, por fontes não renováveis,


como os derivados de petróleo e o carvão. Na figura 2, visualiza-se a matriz energética
mundial do ano de 2016.

Figura 2- Matriz Energética Mundial em 2016

(Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2017)

Das fontes renováveis apresentadas, o biodiesel somado a outras fontes como a


eólica, a solar e hidráulica representa 13,7% no que diz respeito à oferta de energia.
Mesmo com baixa expressividade na matriz mundial, se comparado às fontes fósseis,
existem muitos incentivos e programas que visam incrementar sua produção e sua
utilização em todo o mundo, como, por exemplo, os que estipulam percentuais
14

obrigatórios de adição dos combustíveis renováveis aos não renováveis (SOUZA et


al., 2016).

Os países da União Européia e os EUA produzem e utilizam o biodiesel


comercialmente. Outros países, tais como Argentina, Austrália, Canadá, Filipinas,
Japão, Índia, Malásia e Taiwan, apresentam significativos esforços para o
desenvolvimento de suas indústrias, estimulando o uso e a produção do biodiesel. A
busca pelo aumento da capacidade de produção de biodiesel vem sendo pautada
pelas expectativas de consumo crescente nos próximos anos (SEBRAE, 2008).

4.1.2 Biodiesel no Brasil


No Brasil, a trajetória do biodiesel começou com as iniciativas de estudos realizados
pelo Instituto Nacional de Tecnologia e ganhou destaque em meados de 1970, com a
criação do Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos (Pró-óleo),
que nasceu na esteira da primeira crise do petróleo. O objetivo do programa era
promover a substituição de até 30% de óleo diesel, apoiado na produção de soja,
amendoim, colza e girassol (SEBRAE, 2008).

Após vários testes realizados em território nacional e do desenvolvimento do o


biodiesel, o Governo Brasileiro resolveu incentivar a utilização de biodiesel na matriz
energética nacional e com isso criou um programa intitulado Programa Nacional de
Biocombustíveis (PROBIODIESEL). O evento realizado teve como principal objetivo
discutir as especificações técnicas que viriam a atender aos interesses do mercado e
dos consumidores, sobre os aspectos legais da implantação do biodiesel na matriz
energética nacional e sobre a criação de políticas públicas que fomentassem a
produção e uso deste biocombustível (RAMOS et al., 2016).

A concepção inicial do PROBIODIESEL foi sugerir o uso de misturas na proporção de


até 5 % de biodiesel no diesel de petróleo (misturas B5), limitando o uso de biodiesel
puro (B100) a situações especiais (RAMOS et al., 2016).

Em 2004, foi oficialmente lançado o Programa Nacional de Produção e Uso de


Biodiesel (PNPB) tendo como seus principais objetivos a diversificação de matérias-
primas e a desregionalização, a introdução da agricultura familiar no processo de
15

produção deste biocombustível e a inserção do biodiesel como fonte de energia na


Matriz Energética Brasileira (SOUZA et al., 2016).

A figura 3 a seguir, mostra a posição do Brasil perante a produção mundial de biodiesel


em bilhões de litros no ano em 2016.
Figura 3 - Posição do Brasil na produção mundial de óleo diesel.

(Fonte: Revista Virtual Química ,2016)

A figura 4 ilustra a Matriz Energética Brasileira no ano de 2017. Pode-se observar que
ainda há a predominância das fontes não renováveis, como os derivados de petróleo
e o carvão em comparação com fontes renováveis.

Figura 4 - Matriz Energética Brasileira no ano de 2017.

(Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2017).


16

Observa-se, no gráfico central, a participação de 43,2% das fontes renováveis na


matriz energética brasileira, contra apenas 10,0% nos países da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e de 13,8%, na média mundial.
No gráfico de fontes renováveis tem-se: Hidráulica (27,6%), Etanol e Bagaço (40,3%),
Lenha e Carvão Vegetal (18,45), Eólica (2,9%), Biodiesel (2,7%), Solar (0,1%) e,
Outras (7,9%).

4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE BIODIESEL

Estudos realizados e descritos na literatura revelam que a utilização de biodiesel como


combustível apresenta as seguintes vantagens (GABRIEL, 2015):

 É biodegradável, de carácter não tóxico e proveniente de fontes renováveis;


 Contribui para a diminuição das emissões de gases do efeito estufa.
 A sua combustão não emite compostos de enxofre (SOx) para a atmosfera.
 Possui um ponto de inflamação (flash-point) mais alto;
 Para misturas até 20% de biodiesel (B20) pode ser utilizado diretamente em
motores a diesel de injeção direta, sem necessidade de adaptação do motor;
 Permite a diminuição da dependência energética dos países não detentores de
reservas de petróleo.

Além de apresentar vantagens significativas apresenta também alguns


inconvenientes (GABRIEL, 2015):

 Aumento do teor de óxidos de azoto (NOx) nos gases de combustão;


 Menor conteúdo energético (6-9% menos energia por unidade de volume);
 Piora nas propriedades a frio - problemas de arranque a baixas temperaturas;
 Possui menor estabilidade oxidativa.
 Pode provocar a corrosão de componentes de borracha dos motores;
 Pode causar dissolução da pintura dos automóveis.

4.3 MATRIZES SUSTENTÁVEIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

O interesse mundial pelo uso das fontes alternativas de energia está se consolidando
devido aos aumentos no preço do petróleo e também pela preocupação quanto ao
impacto ambiental causado pelos combustíveis de origem fósseis (MOTA et al., 2009).
17

A partir desse contexto, surge a necessidade de estudos com o objetivo de examinar


possíveis matrizes energéticas, bem como suas potencialidades, para a produção de
um novo combustível proveniente de uma fonte energética, mais limpa, renovável e
rentável. Biodiesel é o nome atribuído ao combustível alternativo de queima limpa,
produzido através de recursos renováveis, como oleaginosas, as microalgas, e
também é possível produzir biodiesel a base de óleos de frituras usados e gorduras
de animais (NORO et al., 2012).

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis


(ANP), em agosto de 2018 o óleo de soja representou 74,14%, o sebo bovino
representou 11,8%, 1,25 % de algodão e 1,16% de outras matérias primas. A figura 5
representa as matérias-primas consumidas para produção de biodiesel e seus
percentuais de utilização.

Figura 5 - Matérias-Primas Consumidas para Produção De Biodiesel em Agosto.

(Fonte: ANP, 2018).

4.3.1 Matérias-Primas Mais Utilizadas para Produção de Biodiesel no Brasil

Em todo o mundo, as matérias-primas mais típicas para a produção de biodiesel são


os óleos vegetais. Neste grupo, a escolha da matéria-prima vária de acordo com as
suas propriedades físico-químicas e a sua disponibilidade (KNOTHE et al., 2006).
Para a produção do biodiesel, as matérias-primas podem ser agrupadas em três
grupos (GABRIEL, 2015):

 Óleos Vegetais Alimentares: Palma, Soja, Amendoim, Girassol, Colza, Coco.


18

 Óleos Vegetais não Alimentares: Jatropha, Ricíno, Giesta, Karanga, Algas.


 Gorduras Animais: Sebo, Gordura de galinha, Sub-produtos de óleo de peixe.

O grande destaque do Brasil na produção de biodiesel encontra-se na sua


biodiversidade e produtividade de grãos que podem ser utilizados na fabricação de
óleos vegetais (soja, mamona, girassol, amendoim). Isto deve, em parte, à sua
dimensão e localização continental (SILVA T. A., 2011).

No quadro 1 estão listadas características da gordura animal e algumas oleaginosas


com potencial de uso para fins energéticos.

Quadro 1 - Características de algumas oleaginosas e gordura animal com potencial de uso energético.

(Fonte: SILVA,2011)

Segundo Ramos et al. (2011), a seleção da matéria-prima também tem um grande


impacto sobre o custo da produção industrial de biodiesel. Dessa forma, deve-se fazer
um estudo da viabilidade de cada matéria-prima, tal viabilidade depende de sua
competitividade tanto técnica quanto econômica e social, passando inclusive por
importantes aspectos como:

 O teor de óleo vegetal e a complexidade exigida no processo de extração;


 A produtividade por unidade de área;
 O equilíbrio agronômico;
 A atenção a diferentes sistemas produtivos;
 O ciclo de vida da planta (sazonalidade);
19

 A sua adaptação territorial;


 O impacto socioambiental de seu desenvolvimento.

Dentre as diversas matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel no Brasil


os óleos de descarte, óleos de vísceras de peixes e óleos usados para cocção de
alimentos (óleo de fritura) também são utilizados como matérias-primas alternativas
(RAMOS et al., 2011).

4.4 ÓLEOS E GORDURAS: DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES

Os óleos e gorduras são substâncias hidrofóbicas, ou seja, insolúveis em água, que


pertencem à classe química dos lipídeos, podendo ser de origem animal ou vegetal.
São conhecidos como triacilglicerídeos, ou seja, triésteres formados a partir de três
moléculas de ácidos graxos e uma molécula de propanotriol (conhecido como
glicerina) (SILVA T. A., 2011).

Existem diversos ácidos graxos sendo alguns exemplificados na figura 6.

Figura 6 - Exemplos de ácidos graxos.

(Fonte: Congresso Brasileiro de Química, 2012)

Segundo a RDC nº270 de setembro de 2005 Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(ANVISA), a diferença entre os óleos e gorduras está no baseada nas suas
propriedades físicas. Os óleos vegetais se apresentam na forma líquida à temperatura
de 25ºC e as gorduras vegetais se apresentam na forma sólida ou pastosa à
temperatura de 25ºC.
20

4.5 ÓLEOS E GORDURAS RESIDUAIS

Além dos óleos e gorduras virgens, constituem também matéria-prima para a


produção de biodiesel, os óleos e gorduras residuais, entre elas destacam-se as
lanchonetes e as cozinhas industriais, comerciais e domésticas (SILVA T. A., 2011).

Inicialmente, os óleos vegetais são utilizados para a cocção e fritura de alimentos,


destinados ao consumo humano. Posteriormente, quando óleo apresenta
características que o tornam inapto à fritura de alimentos ele é descartado. O resíduo
produzido a partir dessa prática é o óleo residual de fritura (COSTA NETO; ROSSI,
2000).

O processo de fritura pode ser definido como o aquecimento do óleo em temperaturas


entre 160 e 220 °C na presença de ar, durante longos períodos de tempo (SILVA T.
A., 2011). Durante o processo de fritura, segundo Neto et al. (2000) ocorrem
alterações físico-químicas no óleo como:
 Aumento da viscosidade e calor específico;
 Diminuição do número de iodo (número proporcional ao teor de insaturação);
 Mudança na tensão superficial;
 Mudança no aspecto (cor);
 Aumento da acidez devido à formação de ácidos graxos livres;
 Odor desagradável (ranço);
 Aumento da tendência do óleo em formar espuma .

Grande parte do óleo residual é destinado a fabricação de sabões e, em um menor


volume, à produção de biodiesel. Mas também é inegável que hoje em dia a maior
parte desses resíduos é descartada na rede de esgotos. A pequena solubilidade dos
óleos vegetais na água constitui um fator negativo no que se refere à sua degradação
em unidades de tratamento de despejos por processos biológicos.

4.5.1 BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA

Existem três principais vantagens decorrentes da utilização de óleos residuais de


fritura como matéria-prima para produção de biodiesel: a primeira, de cunho
tecnológico, caracteriza-se pela dispensa do processo de extração do óleo; a
21

segunda, de cunho econômico, caracteriza-se pelo custo da matéria-prima, pois por


se tratar de um resíduo, o óleo de fritura tem seu preço de mercado estabelecido; e a
terceira, de cunho ambiental, caracteriza-se pela destinação adequada de um resíduo
que, em geral, é descartado inadequadamente (SILVA T. A., 2011).

O quadro 4 mostra as especificações do óleo diesel e do biodiesel produzido a partir


do óleo de fritura. Através dela é possível perceber a semelhança das características,
o que justifica a adição de biodiesel ao óleo diesel sem que haja modificação dos
motores do ciclo diesel (SILVA T. A., 2011).

Quadro 2- Especificações do óleo diesel e do biodiesel do óleo de fritura.

(Fonte: SILVA, 2011).

4.6 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL

O biodiesel pode ser produzido através de vários processos entre eles destacam-se:
transesterificação, esterificação, pirólise (craqueamento térmico) e entre outros
(RAMOS et al., 2011).

Segundo Silva (2011), o craqueamento consiste na quebra da molécula do glicerol


formando ésteres, que é realizada sob altas temperaturas (acima de 350ºC). A
esterificação é a reação de um ácido com um álcool para obtenção de um éster; o
22

biodiesel será formado a partir da reação do álcool com ácidos graxos livres. E, a
reação de transesterificação consiste em um processo de redução da viscosidade dos
triacilgliceróis, onde as moléculas de triglicerídeos são quebradas em um processo
catalítico.

Este trabalho dará ênfase para a produção de biodiesel a partir da reação de


transesterificação.

4.6.1 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

A figura 7 ilustra as etapas do processo de transesterificação.

Figura 7 - Reação de transesterificação.

(Fonte: ALVES, 2014).

A transesterificação de óleos vegetais constitui um método eficiente para produzir um


combustível com propriedades que são similares ao diesel (SALTARIN, 2013).

A reação de transesterificação, também conhecida como alcoólise, ocorre entre um


mol de triglicerídeo e três moles de um álcool de cadeia curta, sendo o metanol e
etanol os mais usados. Esta reação é catalisada por uma molécula inorgânica ácida
ou básica e produz uma mistura de ésteres monoalquílicos de ácidos graxos
(biodiesel) e glicerol (MARCINIUK, 2007).
23

Como está reação é reversível, para ter um rendimento máximo de éster é necessário
que o álcool seja colocado em excesso para favorecer o deslocamento do equilíbrio
no sentido de formação dos produtos. Esta reação ocorre em 3 etapas reversíveis e
os produtos intermediários da reação são o diglicerídeo e o monoglierídeo
(ALVES,2014).

A catálise utilizada para transesterificação dos triacilgliceróis pode ser ácida, básica,
homogênea, heterogênea ou enzimática. A catálise mais utilizadas para óleos com
baixos teores de ácidos graxos livres é o processo de transesterificação homogênea
(SILVA T. A., 2011).

Nessa reação utiliza-se catalisadores, os mais comuns são o NaOH e o KOH, afim de
melhorar a velocidade da reação e fazer com que a solubilidade do álcool na matéria-
prima aumente. A escolha de qual catalisador usar vai depender de qual matéria prima
será utilizada (SILVA T. A., 2011).

4.6.1.1 TRANSESTERIFICAÇÃO VIA CATÁLISE ÁCIDA

A figura 8 a seguir, ilustra o mecanismo da reação de transesterificação via catálise


ácida.

Figura 8 - Mecanismo de reação de transesterificação metílica via catálise ácida.

(Fonte: SILVA,2011)

Nesse processo, a reação de transesterificação é catalisada por um ácido, os ácidos


mais usados e relevantes são o ácido sulfônico ou sulfúrico. As reações catalisadas
por ácido apresentam uma vantagem importante em relação às catalisadas por base,
24

podem ser utilizadas por materiais com elevados índices de ácidos graxos livres e
umidade, uma vez que não ocasionam saponificação (SALTARIN, 2013).

A reação catalisada por ácido é de cerca de 4000 vezes mais lenta do que a reação
catalisada por base e necessita-se de temperaturas maiores de 100ºC, estes fatos,
somado a sua capacidade de corroer os equipamentos e problemas associados à
reciclagem do catalisador, tem dificultado sua aplicação a nível industrial (PRADO,
2014).

4.6.1.2 TRANSESTERIFICAÇÃO VIA CATÁLISE ALCALINA

O mecanismo de transesterificação via catálise básica é mostrado na figura 9.

Figura 9 - Mecanismo de reação de transesterificação catalisada por base.

(Fonte: SILVA, 2011).

A transesterificação alcalina homogênea que utiliza o metanol com NaOH é a mais


utilizada nos processos industriais devido ao seu baixo custo e rapidez no processo.
Para se garantir uma eficiência na reação catalítica, utiliza-se um excesso de álcool
que auxilia no processo de separação do biodiesel da glicerina, possibilitando a
recuperação e reutilização do mesmo (COSTA, 2011).

O processo de produção de biodiesel por catálise alcalina é mais rápido do que o


processo por catálise ácida, devido ao fato de precisar temperaturas entre (40 °C e
60°C) e tempos entre (30 min e 90 min) menores às utilizadas pelos catalisadores
ácidos para realizar a reação e sob pressões atmosféricas. Essa característica faz
também com que os catalisadores alcalinos sejam menos corrosivos que os ácidos,
tornando os processos de catálise básica mais atrativa e mais simples do ponto de
25

vista industrial. No entanto, os catalisadores alcalinos são altamente higroscópicos,


aumentando o teor de água durante o armazenamento. Eles também formam água
quando dissolvido em álcool e afetando o rendimento do biodiesel (SALTARIN, 2013).

A produção de biodiesel é afetada pela presença de ácidos graxos livres e água, a


água faz com que o triglicerídeo seja hidrolisado aumentando a quantidade de AGL e
a presença desses no óleo ocasiona a formação de sabões de ácidos graxos
diminuindo o rendimento da reação de transesterificação devido ao consumo do
catalisador na reação de saponificação. Sendo assim é necessário uma secagem
precedendo à produção de ésteres para a minimização da acidez e da umidade do
óleo (SILVA T. A., 2011).

A figura 10 ilustra um fluxograma simplificado para a produção de biodiesel a partir


da catálise em meio básico.
Figura 10 - Fluxograma simplificado para o processo de produção de biodiesel via catálise homogênea em meio
básico.

(Fonte: RAMOS et al., 2011).


26

4.7 REATORES QUÍMICOS


O reator químico é um equipamento projetado para ocorre uma reação química, ou
seja, onde determinadas espécies moleculares são transformadas nem outras
espécies moleculares (BETA EQ, 2016).

4.7.1 TIPOS DE REATORES E SUAS CARACTERÍSTICAS

4.7.1.1 REATOR DESCONTÍNUO OU BATELADA


É um tipo de reator tanque com agitação mecânica. É um reator que não admite
entrada nem saída de reagentes ou produtos durante o processamento da reação.
Todos os reagentes são introduzidos no reator de uma só vez. Em seguida são
misturados e reagem entre si. Após algum tempo, os produtos obtidos também são
descarregados de uma só vez (GONÇALVES, 2015).
Segundo Gonçalves (2015), este tipo de reator possui características intrínsecas,
como por exemplo:

 As variáveis como temperatura e concentração não variam com a posição


dentro do reator, mas variam com o tempo;
 É usado para operação em pequena escala;
 Permite que altas conversões;
 Neste reator há uma certa dificuldade na produção em grande escala.
 Altos custos de mão de obra e de manipulação de materiais envolvidos no
preenchimento, esvaziamento e limpeza do reator;
 A qualidade do produto é mais variável do que em reator de operação contínua.

4.7.1.2 REATOR CONTÍNUO DE TANQUE AGITADO (CSTR)


É um reator usado principalmente para reações em fase líquida. É normalmente
operado em estado estacionário e é considerado estar perfeitamente misturado.
A temperatura, a concentração ou a velocidade de reação dentro do CSTR não
depende do tempo ou da posição (a temperatura e a concentração são as mesmas
na saída) (GONÇALVES, 2015).
27

4.7.1.3 REATOR COM ESCOAMENTO PISTONADO (PFR)

O reator tubular é constituído, na sua forma elementar, por um tubo cilíndrico no


interior do qual circula o meio reacional numa dada direção e em que não existe
agitação ou mistura da massa reacional. Este tipo de reator é normalmente operado
em estado estacionário, assim como o CSTR. Reatores tubulares são usados mais
frequentemente para reações em fase gasosa. Neste tipo de reator não há
variaçãoradial na velocidade da reação (GONÇALVES, 2015).

4.8 REATOR PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Segundo Morais (2011), a rota convencional para a produção de biodiesel é realizada


em processo de batelada. Esta não exige muito gasto energético, nem cuidados
especiais na operação e controle reacional, porém apresentam diversos problemas
em relação à purificação dos produtos, aliados aos custos envolvidos no processo.
Isso sugere a necessidade de se investigar novas rotas, a exemplo da rota continua.
A diferença fundamental entre os processos em batelada e por rota contínua é a
escala de produção. Para produzir de modo contínuo é necessário um grande
investimento em automação e a garantia de uma quantidade considerável de matéria-
prima para não interromper o processamento. Já o processo por batelada é bem mais
flexível, podendo-se fazer uma nova mistura a cada batelada, mas a produção é mais
reduzida (GOISL et al, 2012).
28

5 METODOLOGIA
O fluxograma geral do processo de produção do biodiesel é mostrado na figura 11.

Figura 11- Fluxograma geral do processo de produção do biodiesel.

(Fonte: PARENTE, 2003).

5.1 AMOSTRAGEM

As amostras de óleo residual de fritura serão coletadas das cantinas da Universidade


Vila Velha, durante os meses de Fevereiro e Março. As Garrafas PET descartadas
29

pelo próprio campus serão utilizadas para coletar e armazenar o óleo residual. Cada
amostra será rotulada com as seguintes informações:

Quadro 3- Informações de Coleta

Informações de Coleta

Nome de quem coletou

Datada coleta

Tipo de utilização do óleo

Volume da amostra

Após a coletas, as amostras passarão por um pré-tratamento para adequação do óleo


coletado às condições de trabalho

5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO- QUÍMICA DO O ÓLEO RESIDUAL E DO


BIODIESEL

Todas as análises físico-químicas deste trabalho serão realizadas no Laboratório de


processos da Engenharia Química da Universidade Vila Velha com repetições em
triplicata, segundo as Normas do Instituto Adolfo Lutz. Os seguintes parâmetros serão
analisados para o óleo residual e para o biodiesel produzido: índice de acidez, teor de
água, massa específica à 20ºC, índice de peróxido e índice de saponificação.

5.2.1 MASSA ESPECÍFICA À 20ºC

Este método determina a razão da massa da amostra em relação à da água por


unidade de volume a 25°C e é aplicável a todos os óleos e gorduras líquidas
(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

A densidade será determinada utilizando um picnômetro calibrado a 20ºC e


determinando a massa do conjunto em uma balança semi-analítica. Depois essa
massa será dividida pelo volume real do picnômetro.

Para a determinação do volume real do picnômetro ele será pesado com e sem água
e as massas serão anotadas. A diferença entre a massa total e a massa do picnômetro
vazio permitirá determinar a massa de água contida no picnômetro e por meio da
30

massa de água pode-se determinar o volume real do picnômetro. Conforme a equação


1.

∆𝑀
𝑉𝑃 = 𝐸𝑞. 1
𝐷

Onde:

∆M = Diferença de massa do picnômetro cheio de água e vazio

D = Densidade da água a 20ºC

5.2.2 ÍNDICE DE ACIDEZ

O índice de acidez é definido como o número de mg de hidróxido de sódio necessário


para neutralizar um grama da amostra. O método é aplicável a óleos brutos e
refinados, vegetais e animais, e gorduras animais (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

Para a determinação do índice de acidez será realizada uma titulação. Inicialmente


será pesado 2g da amostra em um erlenmeyer de 125 mL, as amostras devem estar
bem homogêneas e completamente líquidas. Posteriormente, será adicionado 25 mL
de solução éter- álcool (2:1) e em seguida será adicionado duas gotas de fenolftaleína.
Para finalizar, a amostra será titulada com hidróxido de sódio 0,1 M até a coloração
rosa persistente. Um ensaio em branco será realizado paralelamente. O volume de
NaOH gasto na titulação será anotado para a realização do cálculo.

Para o cálculo do índice de acidez será utilizada a equação 2, abaixo:

𝑉 𝑥 5,61𝑥 𝐹
𝐼. 𝐴 = 𝐸𝑞. 2
𝑀

Onde:

I.A = Índice de acidez em mg NaOH/g de óleo

V= Volume gasto da solução de Hidróxido de Sódio

F= Fator da solução de Hidróxido de Sódio

M= massa da amostra em gramas


31

5.2.3 ÍNDICE DE PERÓXIDO

Este método determina todas as substâncias, em termos de miliequivalentes de


peróxido por 1000 g de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições do
teste. Estas substâncias são geralmente consideradas como peróxidos ou outros
produtos similares resultantes da oxidação da gordura (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,
2008).

Para a determinação do índice de peróxido será pesado 5 ± 0,05 g da amostra em um


erlenmeyer de 125 mL. Em seguida será adicionado 30 mL da solução ácido acético
– clorofórmio (3:2), sob agitação até que a amostra seja completamente dissolvida, e
logo após será adicionado 0,5 mL da solução saturada de KI, a amostra deverá ficar
em repouso ao abrigo de luz por exatamente um minuto. Posteriormente, será
adicionado 30 mL de água e inicia-se a titulação com tiossulfato de sódio 0,1 N, com
agitação constante. A titulação será interrompida assim que a coloração amarela
desaparecer para que seja adicionado 0,5 mL de solução indicadora de amido. Após
a adição, a titulação será retomada até o completo desaparecimento da coloração
azul. Em paralelo será feita a análise de uma amostra branco.

Para o cálculo do índice de peróxido será utilizada a equação 3, abaixo:

(𝐴 − 𝐵)𝑥 𝑁 𝑥 𝐹 𝑥 1000
𝐼. 𝑃 = 𝐸𝑞. 3
𝑀

Onde:

I.P = Índice de Peróxido

A = Nº de mL da solução de tiossulfato de sódio gasto na titulação da amostra

B = Nº de mL da solução de tiossulfato de sódio gasto na titulação do branco

N= Normalidade da solução de tiossulfato de sódio

F= Fator da solução de tiossulfato de sódio

M= massa da amostra em gramas


32

5.2.4 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO

O índice de saponificação é a quantidade de álcali necessário para saponificar uma


quantidade definida de amostra. Este método é aplicável a todos os óleos e gorduras
e expressa o número de miligramas de hidróxido de potássio necessário para
saponificar um grama de amostra (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

Para a determinação do índice de saponificação a amostra será filtrada para remover


impurezas e traços de umidade, a mesma deve estar completamente seca. Em um
erlenmeyer será pesado de 4 a 5g da amostra e adicionado 50 mL da solução alcoólica
de KOH, a amostra será fervida até a completa saponificação (aproximadamente uma
hora). Após o resfriamento do frasco, a parte interna do condensador será lavada com
um pouco de água. Ao final deste procedimento, será adicionado 1 mL do indicador e
a amostra será titulada com ácido clorídrico 0,5 M até o desaparecimento da cor rósea.
Em paralelo será feito a análise de uma amostra branco.

Para o cálculo do índice de saponificação será utilizada a equação 4, abaixo:

28,00 𝑥 𝐹 𝑥 (𝐵 − 𝐴)
𝐼. 𝑆 = 𝐸𝑞. 4
𝑀

Onde:

A = Volume gasto na titulação da amostra

B = Volume gasto na titulação do branco

F = Fator da solução de HCl 0,5 M

M = massa da amostra em gramas


33

5.2.5 TEOR DE UMIDADE

A umidade corresponde à perda em peso sofrida pelo produto quando aquecido em


condições nas quais a água é removida. Na realidade, não é somente a água a ser
removida, mas outras substâncias que se volatilizam nessas condições. O resíduo
obtido no aquecimento direto é chamado de resíduo seco. O aquecimento direto da
amostra a 105°C é o processo mais usual (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

Para a determinação de umidade, será pesado de 2 a 10g da amostra em um cadinho


de porcelana, previamente tarado. Logo em seguida, o cadinho será levado até a
estufa à 105ºC por uma hora e será resfriado em um dessecador até a temperatura
ambiente e ao final será pesada. A operação de aquecimento e resfriamento será
repetida até o peso constante.

Para o cálculo do teor de umidade será utilizada a equação 5, abaixo:

100 𝑥 𝑁
𝑇. 𝑈 = 𝐸𝑞. 5
𝑀

Onde:

N = nº de gramas de umidade (perda de massa da amostra)

M = massa da amostra em grama

5.3 PRÉ TRATAMENTO

O sucesso da reação de transesterificação no processo de produção de biodiesel é


influenciado pela preparação da matéria prima e pelas propriedades físico-químicas
do óleo. Tais fatores podem ser controlados ou quantificados como: remoção de
sólidos suspensos, análise do índice de acidez do óleo, remoção da umidade,
preparação do catalisador (SALTARIN, 2013).

A figura 12 mostra o fluxograma do processo de pré-tratamento do óleo residual de


fritura, antes da sua transformação em biodiesel.
34

Figura 12 - Fluxograma do processo de pré-tratamento do OGR.

(Fonte: SALTARIN, 2013).

O processo de pré-tratamento do OGR é dividido em duas etapas: A primeira é a


secagem, onde o óleo será aquecido em um béquer a 110ºC com um agitador
magnético durante 2h para retirar a umidade devido a sua interferência na reação. A
etapa seguinte consiste na filtração, é realizada com objetivo de retirar as partículas,
que são resultados do cozimento dos alimentos, de alimentos que se encontram
suspensas no óleo residual. As partículas filtradas são descartadas e uma vez filtrado
o óleo é armazenado, visando a sua transformação em biodiesel (SALTARIN, 2013).

5.4 PRODUÇÃO DO BIODIESEL

O processo de produção de biodiesel engloba uma série de subprocessos. No


entanto, seus métodos para a obtenção podem diferenciar dependendo da escolha da
matéria prima e da via de obtenção.

5.4.1 PREPARO DO CATALISADOR

Em um béquer será dissolvido, sob agitação magnética, o catalisador (NaOH) e etanol


(C2H5OH), formando o etóxido de sódio, conforme a equação 6.

NaOH (s) + CH3 CH2 OH ↔ NaOCH2 CH3 + H2 O Eq. 6

5.4.2 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

Após dissolução total do catalisador, a mistura catalisador/álcool será adicionada ao


óleo previamente aquecido, sendo a reação conduzida por uma hora a temperatura
35

constante de 40ºC-55ºC. Ao final da reação, a mistura será transferida para um


rotaevaporador, onde o álcool em excesso será evaporado.

5.4.3 SEPARAÇÃO DAS FASES

A mistura será transferida para um balão de decantação, onde as fases irão se


separar de forma espontânea. Após a separação das fases será possível visualizar
duas fases bem distintas: uma fase rica em etilésteres de ácidos graxos (biodiesel),
menos densa e mais clara e uma fase rica em glicerina, mais densa e mais escura.

O fase do biodiesel será retirada e passará por um processo consecutivo de lavagens


com água destilada com finalidade de remover o excesso de álcool, catalisador e
sabão formado durante a reação de transesterificação. Esse processo será realizado
em um funil de separação sob agitação manual para permitir um melhor contato entre
as fases. Este procedimento será realizado por várias vezes até completa remoção
dos contaminantes que será monitorada pela coloração.

5.4.4 RECUPARAÇÃO DO ÁLCOOL DA GLICERINA

A fase pesada, composta por sabão, glicerina, catalisador e álcool, é submetida a um


processo de evaporação, eliminando-se da glicerina bruta esses constituintes voláteis,
cujos vapores são liquefeitos num condensador apropriado.

Resumidamente, o processo geral utilizado em laboratório, para produção de


biodiesel, incluiu a secagem e a filtração do óleo residual de fritura, a mistura do álcool
etílico com o catalisador NaOH; a reação do óleo com a mistura álcool/catalisador
(reação de transesterificação); a separação entre a fase rica em ésteres e a fase rica
em glicerina e a lavagem do biodiesel.
36

6 CRONOGRAMA

2019
ATIVIDADES
FEV MAR ABR MAI JUN JUL

Coleta das Amostras • •

Realização de Ensaios Fisico-Químicos • • • •

Análise e Discussão dos Resultados • •

Entrega para banca •

Defesa do TCC 1 •
37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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