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DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
MAURO SPÓSITO - Representante do Departamento de Polícia Federal. Coordenador de
Operações Especiais de Fronteira.
MAYNARD MARQUES DE SANTA ROSA - General-de-Exército. Secretário de Política, Estratégia
e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa.
MÁRCIO PAULO BUZANELLI - Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência — ABIN.
SUMÁRIO: Debate sobre Relatório de Situação, elaborado pelo Grupo de Trabalho da Amazônia
— GTAM.
OBSERVAÇÕES
Há oradores não identificados.
Houve exibição de imagens.
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL
Nome: Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Des. Regional
Número: 0176/07 Data: 20/3/2007
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benesse por isso; paga os mesmos impostos e não é reconhecida por isso. Então, é
fundamental levar a presença do Estado àquela comunidade ribeirinha.
Outro ponto: as ONGs. O que vem a ser uma ONG? Num contexto de
inúmeras organizações, algumas com as melhores intenções, outras com péssimas
intenções, a ONG nada mais é do que o agrupamento de pessoas que visam influir
em políticas públicas, ou seja, fazer lobby. Se não tivermos regulamentação básica a
respeito disso, não poderemos diferenciar o joio do trigo. E, fundamentalmente,
ONGs que fazem um trabalho maravilhoso terão seus nomes manchados por outras
que praticam o mal.
Outro aspecto relevante é o da Zona Franca de Manaus. Instituída para
impulsionar o desenvolvimento regional, ela é o principal pólo de desenvolvimento
de toda a Amazônia Ocidental. Mas a série de fraudes perpretada contra o programa
pode transformar a Zona Franca num paraíso fiscal. Se houver a sua
desconstituição, teremos enormes prejuízos. Alguns dizem que voltaremos a ser
porto de lenha e que todos os grileiros, para ocupar a terra, secarão a água.
Portanto, é fundamental a permanência da Zona Franca de Manaus e a criação de
instrumentos que fiscalizem qualquer desvio naquela área.
Outra questão: o terrorismo. Não há terrorismo em território brasileiro. Porém,
temos problemas em nossas fronteiras. Há um movimento insurgente na Colômbia,
que há mais de 40 anos sobrevive naquela região e de cujo componente militar
temos claro conhecimento. Todos sabemos quem é o líder do componente militar e
onde se encontra, mas sabemos também que é uma organização político-militar,
cujo efetivo político está diluído em movimentos indígenas, camponeses, sindicais,
partidos políticos e organizações não-governamentais.
Contudo, essa insurgência junto à Colômbia não nos interessa. Se querem
tomar o poder naquele país, é problema deles. O que nos preocupa é que eles
dominam as áreas de produção de cocaína, bem junto à nossa fronteira. É para isso
que está voltada a nossa atenção, assim como para o recrutamento indiscriminado.
Tenho aqui algumas imagens que mostram o recrutamento de crianças indígenas
pelas FARC.
Outro problema é o movimento insurgente, porém emergente, do
Tawantinsuyu, a reformação da pátria inca, que dá margem ao movimento
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Concluindo, vou lançar uma pergunta: qual é o futuro que o Brasil deseja para
a sociedade amazônica, os índios e os recursos naturais? O Brasil deseja manter a
Amazônia subdesenvolvida?
A Amazônia contribuiu com 6% do PIB nacional. Como disse o Dr. Spósito,
61% do território nacional contribuem com 6% do PIB. Desejamos congelar essa
situação? E os índios? E os recursos naturais?
Transcrevi a seguinte frase de Euclides da Cunha, dita em 1908:
“Se as nossas autoridades não se preocuparem
com a Amazônia, mais cedo ou mais tarde, ela se
destacará do Brasil natural e irresistivelmente, como se
desprega uma nebulosa de seu núcleo, pela expansão
centrífuga de seu próprio movimento”.
Também aproveitei uma citação do Jornal do Brasil, edição de 28 de janeiro
de 2007:
“A tribo dos brasileiros não aprendeu com os índios
do passado que uma vastidão abandonada desperta a
cobiça de invasores e aventureiros”.
Finalmente, a frase que está fixada na frente de todos os quartéis do Exército
na região amazônica, de autoria do General Rodrigo Octávio, Comandante Militar da
Amazônia de 1969 a 1971, é a seguinte:
“Árdua é a missão de desenvolver e defender a
Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi a de nossos
antepassados em conquistá-la e mantê-la”.
Encerro a minha participação. Procurei destacar os pontos que podem
produzir efeitos geopolíticos do interesse da Defesa Nacional.
(Não identificado) - Sra. Presidenta, peço a palavra pela ordem apenas para
sugerir que, da apresentação dos slides, seja feita uma encadernação, para que
todos possamos ter acesso ao material. O General Santa Rosa, com certeza, vai
nos ceder o material.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Perfeito. Já
solicitamos isso e obtivemos a permissão. Estávamos somente aguardando a
conclusão da palestra.
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organizações de direito privado, sem fins lucrativos, mas com alcance e objetivos
sociais. Muitas delas trabalham positivamente em lugares em que o Estado não está
presente, e na Amazônia nós constatamos isso amiúde.
Dada a grande dimensão territorial, há rarefação da presença do Estado
brasileiro. Então, algumas Organizações Não-Governamentais instituídas em
convênio com setores competentes do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério
da Justiça, por intermédio da FUNAI, vêm realizando ações de Estado. E o fazem
muito bem. Mas existem ONGs que poderiam muito bem responder por crime de
falsidade ideológica, biopirataria — insisto, se estivesse prevista em lei —, evasão
de divisas, lavagem de dinheiro e outros.
A Agência Brasileira de Inteligência, em parceria com outros órgãos
governamentais, em especial a Polícia Federal e o IBAMA, com quem fizemos um
convênio há 2 anos, vem atuando de maneira bastante efetiva nesse sentido,
embora seja um grão de areia na imensidade amazônica. O Estado brasileiro,
embora possua disposição, ainda não tem capacidade de estar presente ali
integralmente.
Quero lembrar um momento importante para a tese. Muito se fala da
internacionalização da Amazônia. Hão de se lembrar todos os amazônicos e
amazônidas aqui presentes que um dos primeiros pensadores brasileiros a tratar da
questão foi o ex-Governador do Amazonas Arthur Cezar Ferreira Reis, que nos anos
1950 escreveu um livro que ainda hoje é básico — está na sua quarta edição;
deveria haver mais — na compreensão desse fenômeno: A Amazônia e a Cobiça
Internacional.
Hão de lembrar todos os que têm memória histórica — uma parte, vejo, é de
jovens, mas refiro-me a todos aqueles que têm interesse na história recente do
Brasil — que na mesma época se deflagrava, a partir da Capital Federal, então Rio
de Janeiro, a campanha O petróleo é nosso. Essa campanha rendeu a pujança que
o Brasil tem hoje na área dos combustíveis minerais, a grande empresa que é a
PETROBRAS. Mas idêntica campanha, no mesmo período histórico, não aconteceu
a partir de um movimento de conscientização, como mencionado, pelo
ex-Governador Arthur Reis.
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Oceano Atlântico. Temos o caso do Rio Caquetá, que é o nosso Juruá; do Rio
Putumayo, que é o nosso Içá; o Negro; o Maranhão, que é o nosso Solimões. Enfim,
esses rios todos, além daqueles que fazem fronteira natural particularmente com o
Rio Javari, são pontos de entrada de drogas de origem natural produzida nesses
países. Refiro-me em especial à cocaína.
Embora exista o Plano Colômbia, o Plano Consolidación, embora exista o
pesado e grande investimento financeiro que fazem os Estados Unidos em apoio à
contenção da guerrilha e do narcotráfico, hoje as áreas de cultivo de coca na
Colômbia se ampliaram e estão em áreas sob controle das FARC.
Uma das principais frentes de atuação das FARC, que é a Frente 16, atua em
espaço próximo ao território brasileiro na Cabeça do Cachorro, nas proximidades da
Serra do Caparro. Ali ocorre um fenômeno que vem acontecendo também em outros
lugares nessa extensa faixa de fronteira, que é o fenômeno do escambo, da troca de
drogas por armas, que vão alimentar a guerrilha, fortalecê-la na Colômbia, enquanto
a droga que dali se origina entra em território nacional e vai para os países
consumidores.
Apesar da Lei do Abate, apesar da presença das nossas Forças Armadas, em
especial da Força Aérea Brasileira, em regiões de trânsito dessa droga, o fenômeno
ainda ocorre porque os narcotraficantes se utilizam de modelos intermodais de
tráfico, combinando o transporte aéreo com o fluvial e o rodoviário. Com essa
combinação, eles conseguem burlar, iludir a vigilância que com muita dificuldade a
Polícia Federal, as polícias estaduais e, por vezes, as Forças Armadas vêm fazendo
nessas regiões. Em conseqüência disso, hoje verificamos aumento da criminalidade
no Brasil em níveis nunca antes considerados.
Quero aduzir a questão da Bolívia. Desde janeiro de 2006, quando foi eleito o
Presidente Evo Morales, foram adotados procedimentos conjuntos entre Estados
Unidos e Bolívia para a erradicação de coca não-autorizada, visto que a Bolívia tem
áreas em que a coca é produzida de forma legal para uso ritual, nativo, cultural. A
área do Chapare, que é próxima ao território brasileiro, no Trópico de Cochabamba,
vem aumentando sua porção, sua área de cultivo de coca.
Quero lembrar que Evo Morales foi eleito Presidente da Bolívia, mas que
ainda assim continua presidente das 6 confederações de produtores de coca
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naquele País. E não poderia deixar de sê-lo, porque daí advém parte de seu poder
político. Ocorre que o controle sobre a produção de coca na Bolívia é bastante
insignificante, e a área de cultivo vem aumentando, com um fim único: a produção
de cloridrato de cocaína.
Entretanto, dada a ocorrência de uma operação internacional de grande efeito
e sucesso, que é a chamada Operação Púrpura, hoje o acesso a determinados
reagentes químicos que entram na produção do cloridrato de cocaína é dificultado.
Um deles é o permanganato de potássio — daí o nome da operação, pela sua cor.
Em conseqüência, a qualidade da cocaína proveniente da Bolívia é
baixíssima em termos de alcalóide de cocaína. Essa cocaína que não tem acesso
aos grandes mercados internacionais é a que fica em nosso País para abastecer o
consumo local, por vezes e quase sempre mesclada com todo tipo de pó branco. Aí
temos o consumo mais deletério possível, uma abundância de oferta de drogas nas
Regiões Sul e Sudeste, particularmente.
Outro aspecto muito importante que cabe frisar é a atenção que devemos dar
à estabilidade política, econômica e social nesses países vizinhos.
Comentava o primeiro expositor, o Delegado Mauro Spósito, sobre a questão
do Tahuantisuyo. O que é Tahuantisuyo? O Império Inca foi um dos grandes impérios
indígenas da América, e era chamado de Tahuantisuyo. Correspondia à área
geográfica que hoje compreende vários países. Tinha sua sede em Cuzco, a capital
imperial, e se estendia pela Bolívia, pelo Peru, pelo Equador, enfim. Há um
movimento étnico indigenista que busca recuperar o antigo fausto desse império
com uma proposta diferente, igualmente socialista como era então. Isso está
produzindo uma série de reverberações, o fortalecimento de organizações de
partidos dessa natureza e a construção de um sistema de alianças que pode vir a
produzir reflexos nas relações entre países da América do Sul. Isso também atrai o
interesse das grandes potências no sentido de melhor conhecer esse fenômeno.
Nesse sentido, a aliança Venezuela/Bolívia é algo que devemos levar em
consideração até para evitar situações possivelmente mais delicadas ao interesse
nacional nesses países.
Gostaria de falar um pouco sobre outras questões. Uma delas — e aqui cabe
mencionar, talvez tenha sido o moto e certamente fortaleceu a intenção de realizar
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dólares, para entregar nossas riquezas. Aliás, é muita coincidência ser justamente
nas áreas indígenas que existem minérios estratégicos. É muita coincidência que
justamente nessas unidades de conservação é que existam as maiores riquezas da
Amazônia. Nós é que temos de preservar essa riqueza toda para os brasileiros.
Hoje, lamentavelmente, o macaco vale mais que o ser humano. Se eu tiver
uma discussão com V.Sa., General, e lhe der um tiro e, desgraçadamente, V.Sa.
morrer, como sou réu primário, de bons antecedentes, tenho domicílio certo,
ocupação, certamente vou responder ao processo em liberdade. Mas, se eu matar
um macaco, vou para o xilindró e não há quem me tire de lá! Creio que há uma
distorção muito grande. A ecologia tem que ter como objetivo maior o ser humano.
Parabéns a todos pela exposição. Hoje estou gratificado por ter encontrado
pessoas de bom senso, pessoas que comungam do nosso sentimento de
brasilidade.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Souza) - Passo a palavra agora para
a Presidenta da Comissão, Deputada Vanessa Grazziotin.
A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN - Muito obrigada, Sr.
Presidente.
Sras. e Srs. Deputados, nobres convidados, vou fazer um enorme esforço
para ser sucinta em minha intervenção. Agradeço aos senhores que aqui vieram
para debater um assunto importante não só para a bancada da Amazônia ou para
aqueles que lá vivem, mas também para todo o País. Agradeço ao Dr. Mauro
Spósito, ao General Santa Rosa e ao aniversariante do dia, Dr. Buzanelli. Obrigada
pela presença dos senhores aqui.
Não sou daquelas que considera delírio o fato de a Amazônia ser cobiçada
internacionalmente. Isso não é delírio. Em minha opinião, essa é uma realidade.
Também não considero exagerado qualquer discurso que anteveja um futuro conflito
internacional em torno do interesse da água. O conflito de hoje é em torno da posse
do petróleo, e todos sabemos disso. Os Estados Unidos não estão preocupados
com os direitos humanos do Iraque, das mulheres do Oriente. Não é esse o
problema. A questão é econômica.
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mineração, ou seja, como os índios podem utilizar essa riqueza para melhorar a sua
qualidade de vida.
Alguém pode querer mantê-los segregados. O índio quer estudar na
universidade e também quer continuar vivendo na sua terra. Ele não quer ser
expulso do interior para as metrópoles. E nós temos que propiciar isso a eles.
Para concluir, quero falar sobre os conflitos fundiários, um problema. A
Campanha da Fraternidade tem como tema Amazônia e Fraternidade e se preocupa
com os conflitos. Acho que o nosso sistema de inteligência tem que se preocupar
mais com essa questão.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Souza) - Deputado Marcio Junqueira,
vamos assistir ao vídeo. Tudo está pronto; o áudio já está funcionando.
O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Perfeito. Obrigado.
(Segue-se exibição de imagens.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Souza) - Deputado Marcio Junqueira,
como bem disse o Deputado Praciano, não teria sentido mostrarmos este vídeo que
V.Exa. trouxe do Estado de Roraima se V.Exa. não tivesse oportunidade de fazer
algumas observações. Portanto, a Mesa lhe concede 2 minutos.
O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Obrigado, Deputado Carlos
Souza.
Entendo que ficou claro, Dr. Mauro Spósito, a forma como a Polícia Federal
atua no Estado. Fica complicado ouvir suas afirmações aqui hoje, em defesa da
Amazônia, enquanto vemos que a Polícia Federal instrumentaliza sua absurda força
a serviço de interesses escusos. Não sou eu que estou dizendo isso, mas as
imagens aqui mostradas. Se o senhor quiser, vamos lhe mandar, com mais detalhes,
imagens do absurdo cometido no meu Estado, um ente da Federação.
Tenho aqui — vou repassar também aos senhores — um ofício datado em 22
de janeiro de 1979. Nele, o encarregado do INCRA em Roraima pede: “Tendo em
vista a deflagração da discriminatória administrativa da gleba Caracaranã,
considerando a insuficiência da informação precisa a respeito das áreas indígenas
naquela localidade e por se tratar de uma ação administrativa com prazos fatais,
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Faço, nesta tarde, uma reflexão e peço que todos façam também: a Amazônia
é nossa?! Se é nossa, então vamos lutar por ela. Peço encarecidamente que não se
esqueçam que o nosso Estado depende desta reunião de hoje. Precisamos
encontrar uma saída para um Estado que está à beira da extinção!
Muito obrigado! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Souza) - Muito obrigado, nobre
Deputado Marcio Junqueira.
O primeiro bloco já foi concluído. Passo a palavra, agora, aos debatedores.
Vamos começar ouvindo o Dr. Mauro Spósito, que foi questionado agora pelo
último Parlamentar, Deputado Marcio Junqueira. S.Sa. dispõe de 3 minutos para a
resposta.
O SR. MAURO SPÓSITO - Sr. Presidente, gostaria de responder aos
questionamentos dos Deputados.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Souza) - Pois não, à vontade.
O SR. MAURO SPÓSITO - Pela ordem, a primeira pergunta foi feita pelo
Deputado Ilderlei Cordeiro, acerca do efetivo da Polícia Federal.
Realmente, temos uma carência de efetivo muito grande. Um estudo feito, em
1973, demonstrava que o efetivo da Polícia Federal seria de 17 mil homens. Hoje,
temos 11 mil. A partir da Constituição de 1988 tivemos inúmeras outras atribuições
atreladas. Quer dizer, esse é nosso grande calcanhar de Aquiles. Agora, perguntar
por que não se aumenta o efetivo... Tudo isso está atrelado à questão do
Orçamento, algo que não podemos definir. O problema é que realmente precisamos
ampliar o efetivo. Mas o efetivo só pode ser aumentado em decorrência de
orçamento prévio.
O Deputado Asdrubal Bentes pediu o seguinte: quais seriam as medidas
sugeridas para neutralizar essa situação carente que constatamos?
Pelo programa de metas da Polícia Federal, identificamos 3 tópicos utilizados
pelos países em desenvolvimento que são usados como pressão não só contra nós,
mas contra todos os países em desenvolvimento: narcotráfico, meio ambiente e
direitos humanos. Nossa sugestão tem sido sempre no sentido de que devemos tirar
essas bandeiras das mãos de quem nos pressiona e passar a atuar com mais
eficiência nesses campos.
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nosso preparo para a defesa nacional, para atividades afetas a outros órgãos. É
esse o esclarecimento que eu poderia dar sobre esse assunto.
Quanto à atuação do 4º Batalhão de Infantaria de Selva, devo dizer que essa
é uma unidade com efetivo de 800 homens para cobrir uma fronteira de mais de 2
mil quilômetros. Ou seja, mesmo que desdobrássemos toda a unidade, seria difícil
obtermos rendimento satisfatório.
Quanto à sugestão de que militares estrangeiros não fizessem cursos no
CIGS, quero esclarecer ao nosso Deputado que seguimos o princípio diplomático da
reciprocidade. Nós, brasileiros, fazemos cursos no exterior, e temos, portanto, de
proporcionar aos povos amigos acesso aos nossos cursos. Por esse motivo, muitos
Exércitos fazem cursos no CIGS. Assuntos que sejam, digamos assim, suscetíveis
de proteção, os que têm divulgação contra-indicada pela contra-inteligência, são
vedados ao currículo desses militares que fazem aqui cursos de guerra na selva,
além de outros cursos. Esse é o esclarecimento que posso dar ao Deputado.
Também indagaram por que os Estados Unidos e alguns povos europeus não
dividem seu território. Na semana passada, numa exposição como esta, porém feita
para 47 adidos militares estrangeiros credenciados no Brasil, acreditados pelo
Governo brasileiro, foi apresentada a seguinte frase: a Amazônia, assim como a
Louisiana, a Prússia, a Bretanha e a Escócia, é território nacional, isto é, não
pertence ao patrimônio comum da humanidade. Todas têm a mesma soberania.
Quanto à afirmação de que somos representantes do Governo, eu preferiria
dizer que somos representantes do Estado. Nós, as Forças Armadas,
representamos o Estado, e o Estado transcende o Governo, que muda
periodicamente. Não somos institucionalmente representantes do Governo. Nós
representamos o Estado nacional.
Quanto às medidas sugeridas para que o Governo se contraponha às
pressões internacionalizantes, posso afiançar ao nosso Deputado que existem
inúmeros relatórios, mas o princípio da disciplina nos impede de apresentá-los,
porque eles não iriam contribuir para a harmonia dos Poderes.
Quanto à afirmação da nossa Deputada de que existiam 7 milhões de índios
no princípio, eu diria que as estimativas em que se baseiam os historiadores estão
calcadas no relatório de Frei Carvajal, que foi o relator da expedição de Pedro
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oleaginosas, hoje fonte do biodiesel. Portanto, é um Estado que tem tudo para
crescer e participar do crescimento do País.
Vou tentar ser concisa nas minhas abordagens.
Corredor do narcotráfico. Estamos vulneráveis ao tráfico de combustíveis e de
drogas. E o pior é que malocas de Sorocaima estão sendo usadas, constantemente,
para contrabandistas esconderem combustíveis trazidos da Venezuela. Estamos na
rota do narcotráfico, que vem da Colômbia pela Venezuela, e numa área hoje cada
vez mais desabitada, porque o não índio pode ali penetrar.
Ainda temos nessa área 96 famílias, que serão retiradas. O representante da
Polícia Federal está aqui e sabe muito bem que elas serão retiradas. Infelizmente,
os compromissos do Governo Federal não foram cumpridos. O Presidente da
República assumiu, em cadeia nacional — foi um ato público e divulgado por toda a
imprensa —, que todos os produtores desse região receberiam uma área
equivalente à que estavam ocupando, com solo propício ao cultivo de grãos, se
fosse possível, com irrigação; e que ele destinaria uma área de 150 mil hectares no
Estado para a implantação de pólos de desenvolvimento agropecuário. Infelizmente,
isso não aconteceu. Não houve uma avaliação justa, conforme preconiza a
Constituição Federal, nem indenizações a essas famílias, algumas centenárias na
região.
O que disse o Diretor-Geral da ABIN é verdade. Quando da demarcação, para
povoar a região vieram índios da Guiana que não falavam uma palavra de
português. Havia um laudo antropológico assinado por uma antropóloga que
declarou na Comissão Especial Externa desta Casa que não acompanhou a
demarcação. Portanto, trata-se de um laudo frágil e que sequer foi acompanhado
pelo Governo do Estado à época.
Temos de assumir nossa culpa também, porque alguns representantes da
Comissão nunca compareceram a uma reunião, portanto, não acompanharam o
trabalho de demarcação. Quando a Câmara e o Senado, por intermédio das
Comissões Especiais, propuseram a exclusão da Reserva Raposa Serra do Sol de
áreas importantes para o desenvolvimento do Estado, esses laudos, essas
recomendações do Legislativo não foram seguidas, observadas, nem consideradas.
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Na região, há muito crime de biopirataria, como bem disse o Sr. Márcio Paulo
Buzanelli. Não temos uma legislação que tipifica o crime da biopirataria, e essa, Srs.
Deputados, é uma função desta Casa, do Congresso Nacional. Precisamos legislar
nesse sentido, para que os criminosos que praticam a biopirataria, que roubam o
que temos no País possam ir para a cadeia e pagar por seus crimes. Essa é a
realidade da Amazônia.
A Amazônia tem de ser discutida não nos escritórios de Washington, da
Alemanha ou da França. A Amazônia tem de ser discutida pelos brasileiros e, se
possível, in loco, com os amazônidas, como a Deputada Vanessa Grazziotin, que
tem filha cabocla e sabe qual é a realidade da nossa região.
Portanto, para finalizar, para não ser prolixo, quero que me respondam qual é
a política do Governo Federal para a nossa Amazônia: é desenvolver ou
desaparecer? Será que vamos ter de mudar o mapa do Brasil? Como? Quando?
Essa é a primeira pergunta.
Segunda pergunta: diante das graves denúncias feitas pelo GTAM, quais as
providências imediatas que o Governo Federal tomou até agora para que sejam
apuradas e providências imediatas possam ser tomadas com relação ao Brasil, à
Amazônia e aos brasileiros?
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Obrigada, Deputado
Urzeni Rocha.
Com a palavra o Deputado Mauro Nazif, do Estado de Rondônia.
O SR. DEPUTADO MAURO NAZIF - Cumprimento a Deputada Vanessa
Grazziotin e a parabenizo por esta iniciativa, ao mesmo tempo em que saúdo o Dr.
Márcio Spósito, o General Santa Rosa e o Dr. Mauro Buzanelli.
Para nós, que somos da região amazônica, este assunto tem grande
relevância, porque, como foi dito pelos convidados, quando se discute isso em um
bar da Praia de Copacabana, a discussão é feita de uma maneira. Quando o
assunto é discutido por quem mora na região, o tema é abordado de forma
totalmente diferente.
Um ponto me chamou muito a atenção. Sou médico, e uma das primeiras
coisas que aprendemos na faculdade de Medicina é tentar diagnosticar a causa. E,
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pelo que foi abordado pelos palestrantes, várias causas foram apresentadas. Hoje
nos deparamos com as conseqüências, mas agora somos sabedores das causas
que colocam em risco a nacionalização da região amazônica.
Há vários pontos importantes para a questão da nacionalização. Lembro que,
em 1970, no Governo Médici, usava-se muito o lema: “Integrar para não entregar”.
Isso fez com que brasileiros de todas as partes — das Regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste — fossem para a Amazônia, assim como eu, que sou do
Estado do Rio, também fui. E vários trabalhos foram feitos. Depois, medidas
provisórias, uma atrás da outra, certamente não representaram um incentivo àqueles
agricultores que para lá foram trabalhar em prol do desenvolvimento dos Estados da
Região Norte, porque em vez de a ação governamental incentivar, adotou medidas
contrárias.
A nacionalização parte de princípios importantes. Se não me engano, foi o
General Santa Rosa que citou o projeto de gás natural, em Urucu, um exemplo para
o mundo, um projeto que se alavanca no Brasil e que trata do aquecimento global e
do desenvolvimento. Simultaneamente, observamos a Bolívia propor ao Brasil um
reajuste de mais de 300% no preço do gás. Questiono se vem sendo feita alguma
tratativa para que a extensão do gasoduto de Urucu chegue a Rondônia e dali se
prolifere, haja vista que a agressão ambiental é mínima em relação a outras
substâncias.
Todos sabemos que a instalação de um gasoduto em qualquer região gera
desenvolvimento. Se fomos ficar preocupados com a nacionalização e com o
desenvolvimento daquela região, teremos de pensar no que pode ser feito para
melhorar a condição de vida das pessoas que ali residem.
Preocupa-me também a interiorização de organismos federais. Pude observar
nessa discussão, além de ser um grande mérito desta Comissão, a participação de
Parlamentares de todos os Estados da Amazônia e constatar que o nosso grande
entrave não está somente em Rondônia, mas também no Acre e em Roraima, ou
seja, é o mesmo em todos os Estados amazônicos.
Quanto à FUNASA, entendo que ela possui uma ação social vinculada à
saúde, mas quando se discute IBAMA, INCRA e FUNAI, pergunto: o trabalho desses
órgãos tem como objetivo trazer bem-estar àqueles que precisam desses
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Mantive vários contatos com índios da região. Conseguia conversar com eles
porque eu sabia falar inglês. Nenhum deles sabia falar português.
A região amazônica é imensa, linda e portentosa. Somos 57 Deputados
amazônidas, 11% dos Deputados desta Casa. Na Comissão da Amazônia,
Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, apenas 5 Deputados não são
representantes da Amazônia. Talvez seja mesmo, como disse o Deputado Nazif, a
síndrome do “isso não é problema meu”. O que já foi devastado no resto do Brasil é
discutido hoje como algo que já aconteceu, e nada mais pode ser feito. Mesmo
assim, a Amazônia não pode ser vista só como mancha verde no mapa do Brasil.
Se o verde votasse, como um eleitor, talvez houvesse mais Deputados para
defender a nossa região. Na verdade, quando se fala em espaço de poder, vê-se a
Amazônia também discutindo o seu próprio espaço.
Nessa situação, que poder nós da Amazônia, os nascidos e os que adotaram
a Amazônia como o seu lar, podemos ter para discutir diante do processo da
internacionalização da Amazônia?
Faço essa indagação à ABIN, ao Secretário de Política, Estratégia e Assuntos
Internacionais e ao representante da Polícia Federal. São questões vitais para a
nossa região, mas acho que precisamos introjetá-las nesta Casa quando das
discussões sobre políticas de integração nacional e desenvolvimento regional, o que
não é apenas um problema da Amazônia, mas de todo o Brasil.
Faço das suas perguntas as minhas e agradeço muito por estar aqui e ouvir
suas respostas e principalmente a apresentação do relatório do GTAM. Não se deve
ficar apenas no relatório, é preciso que alguma coisa seja feita.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sebastião Bala Rocha) - Obrigado, Deputada
Bel Mesquita.
Registro a presença do Prefeito Ivan Severo, do Município de Caroebe,
Roraima, e do ex-Prefeito de Pacaraima, também de Roraima, Paulo César
Quartiero. Sejam bem-vindos à nossa Comissão.
Vamos ouvir o Deputado Praciano. Depois, concederemos a palavra aos
Deputados Carlos Souza, Neudo Campos, Perpétua Almeida, Dalva Figueiredo,
Eduardo Valverde e Zequinha Marinho.
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nesse caso? Há, portanto, um vácuo muito grande nessa área. Nesse sentido, vou
também ao encontro do que disse o Deputado Praciano: precisamos de um plano
diretor, precisamos encarar a Amazônia num contexto maior, mas precisamos saber
bem o que fazer.
Conheço os corubos, do Vale do Javari, os cintas-largas, da Reserva
Roosevelt, e os ianomâmis, de Roraima. São povos totalmente diferentes. São
situações totalmente diferentes. Se para nós já é difícil legislar para gaúchos e
nordestinos, porque são situações diferentes, imagine-se para um quadro de
tamanha variedade? Infelizmente, essa é a nossa realidade.
Falta-nos hoje direcionamento e política indigenista para a questão
indigenista, assim como nos falta o famoso plano diretor da Amazônia, sobre o que
falar e fazer com a Amazônia em sua totalidade. Pensar a Amazônia não é fácil. São
mais de 5 milhões de quilômetros quadrados — área do tamanho da Europa —, com
a maior floresta do mundo. A cobiça é um fato real.
Internacionalizar a Amazônia é um risco, sim. Vai faltar água no resto do
mundo? Onde estão as nascentes de água potável do mundo? Não estão
localizadas em território brasileiro, estão nas cabeceiras do Amazonas, que não
estão situadas no Brasil. A Amazônia é um pouco maior do que nossos limites. Se
faltar água no resto do mundo e só restar água potável aqui, vamos precisar de um
exército muito grande para tomar conta dessa água, e mesmo assim vamos ter de
fornecer água para o resto do mudo. É uma situação bem delicada.
Talvez seja este o momento de começarmos, como sugeriu o Sr. Márcio, a
campanha A Amazônia é nossa. Não há dúvida de que os riscos são grandes.
Por fim, a pergunta do Deputado Mauro Nazif, sobre o que foi feito para retirar
as ONGs do País. Novamente digo que as ONGs não são o bicho-papão. Médicos
Sem Fronteiras, com subsídios estrangeiros, levam assistência médica ao Vale do
Javari, onde o Estado brasileiro não se faz presente. Ao mesmo tempo, Médicos
Sem Fronteiras trabalham em Roraima com outras intenções. Precisamos exercer
mais controle. Vejam que ONGs são utilizadas para vários fins, até para não pagar
impostos: donos de empresas jogam dinheiro numa ONG para terem descontos no
Imposto de Renda. É um dos motivos por que se proliferam essas organizações.
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Segunda Guerra Mundial. Isso foi feito, devido às pressões americanas, pelo
Presidente Getúlio Vargas.
Depois de Getúlio Vargas, os planos nacionais de desenvolvimento, que
objetivavam prioritariamente a integração nacional e o pólo da Amazônia, foram
implementados de 1966 a 1985.
Então, essas 3 etapas históricas configuram planejamentos para a região
amazônica. De lá para cá, desconheço planejamento sistemático para a gestão do
território amazônico.
Respondendo ao Deputado Praciano, a respeito da existência de um plano
para a Amazônia, um plano diretor que inclua os índios e que faça a gestão
adequada, diria que desconheço. Na área da defesa existe, posso assegurar-lhe.
Mas, nos setores de desenvolvimento, eu não tenho conhecimento, nem estou
autorizado a responder.
Então, é o que eu poderia dizer para responder as indagações.
A SRA. DEPUTADA BEL MESQUITA - Eu me referi ao plano de integração
porque somos membros da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de
Desenvolvimento Regional, e apenas 5 Deputados não são da Amazônia. Foi isso
que quis dizer.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Obrigada, Deputada.
Com a palavra o Deputado Praciano.
O SR. DEPUTADO PRACIANO - Sra. Presidenta, pelo exposto, entendi que o
plano de defesa da Amazônia é frágil.
V.Exa. acabou de dizer, se não estou enganado, que, para a Amazônia, há um
contingente de 800 pessoas.
O SR. MAYNARD MARQUES DE SANTA ROSA - Não. No Exército há 27 mil
homens hoje.
O SR. DEPUTADO PRACIANO - E nas fronteiras?
O SR. MAYNARD MARQUES DE SANTA ROSA - Em 1986, tínhamos 6 mil.
Hoje, há 27 mil no Exército. Somando-se as forças da Marinha e da Aeronáutica, há
mais de 40 mil homens na região amazônica.
O problema não é só de quantidade de homens, mas também de doutrina,
equipamento, comando de controle, sistema de armas. Quanto a esse aspecto,
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temos planos, mas faltam equipamentos de alta tecnologia, que os orçamentos não
têm contemplado. Planos, que é o nosso dever de casa, temos, e bem feitos.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Com a palavra o
Diretor-Geral da ABIN, Dr. Márcio Paulo Buzanelli.
O SR. MÁRCIO PAULO BUZANELLI - Respondendo às questões da
Deputada Maria Helena, tenho a dizer que a ABIN tem, sim, conhecimento do tráfico
de combustível da Venezuela, feito pelos pampeiros ali conhecidos, e também do
tráfico de drogas, particularmente de maconha cultivada na Guiana e de cocaína que
vem da Colômbia e vai para a Venezuela. A ABIN tem, sim, conhecimento e tem-se
informado.
Em relação a que apoio a ABIN pode oferecer relativamente à demarcação,
pelo que está estabelecido legalmente, ela tem como competência coletar, obter
dados e produzir informações visando ao assessoramento de uma autoridade de
âmbito decisório. Tem como incumbência também avaliar as ameaças aos
interesses nacionais e à segurança do Estado e, como competência, igualmente
avaliar, assinalar, levantar ações contrárias ao patrimônio, aos conhecimentos
sensíveis. Então, o que a ABIN pode fazer é cumprir sua atribuição legal, e é o que
vem fazendo, particularmente na Amazônia.
A SRA. DEPUTADA MARIA HELENA - Então, isso confirma que a ABIN
advertiu o Governo dos problemas de demarcações em áreas de fronteira.
O SR. MÁRCIO PAULO BUZANELLI - Isso quer dizer que a ABIN vem dando
informações regularmente sobre situações de possível potencial de conflito,
situações irregulares, como faz em todos os campos de atividade.
O Deputado Átila Lins perguntou que providências foram tomadas depois da
divulgação do relatório do GTAM? Como mencionei, o relatório do GTAM é um dos
que são produzidos no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência. Trata-se de uma
atividade compartilhada, de um grupo informal, um grupo de estudos. Um conjunto
de dados são coletados periodicamente. A ABIN tem várias atividades operacionais
na Amazônia, como a coleta, a busca de dados feita pelas Superintendências
Estaduais da Amazônia, pelas Subunidades Estaduais da Amazônia em locais
considerados de importância estratégica pelo GTAM, que os recebe, então, como
subsídio para completar todo o conhecimento do grande quadro.
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procurar fazer com que os 6 falem nessa fase. Em seguida, passarei a palavra aos
nossos convidados.
Com a palavra o Deputado Carlos Souza, Vice-Presidente desta Comissão,
que disporá de 5 minutos.
O SR. DEPUTADO CARLOS SOUZA - Obrigado, Deputada Vanessa
Grazziotin, Presidenta da Comissão.
Senhores convidados, senhoras e senhores, na semana passada participei,
no Senado Federal, de um seminário promovido pela Subcomissão criada para
discutir sobre os gases que provocam o efeito estufa. Tive o privilégio e o prazer de
ter como debatedor o Prof. José Goldenberg, ex-Ministro da Ciência e Tecnologia e
Coordenador da Eco-92, um homem renomado, profundo conhecedor das questões
ambientais. Nesse debate, fiz alguns questionamentos ao Prof. José Goldenberg a
respeito de qual era a grande utilidade da floresta amazônica não só para o Brasil,
mas também, acima de tudo, para o mundo. Quanto à questão das emissões de
dióxido de carbono, atualmente o mundo todo discute o tema.
O Prof. José Goldenberg fez algumas considerações que me deixaram um
tanto alarmado, pela grande utilidade que a Amazônia tem para o Brasil e para o
mundo. Ele disse que, dos 280 milhões de toneladas de dióxido de carbono que o
Brasil produz, poluição que lança na natureza e que, conseqüentemente, prejudica o
mundo, 200 milhões de toneladas são de responsabilidade da Amazônia. Em
síntese: a Amazônia é a grande vilã da poluição no Brasil, da poluição no mundo. O
Brasil contribui, relativamente à poluição da atmosfera no mundo, com 4%. Desse
percentual, 3% são de responsabilidade da Amazônia.
Questionei-o a respeito do processo fotossintético. Todos sabemos que a
grande produção de oxigênio é feita pelas algas dos oceanos. Elas são as
responsáveis pela grande produção de oxigênio no mundo. Mas sabemos também
da grande importância que tem a floresta amazônica, através do processo
fotossintético. Alguns estudos realizados por entidades científicas internacionais
indicam que, de cada hectare da floresta amazônica — peço ao General Santa Rosa
para esclarecer essa situação —, em relação à fase clara e à fase escura do
processo fotossintético, há um saldo de meia tonelada de moléculas de carbono que
a floresta consegue retirar da natureza. Ora, se temos 550 milhões de hectares de
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terra que não estão sendo utilizados, estão sendo degradados. Não haveria
necessidade de se derrubar o restante da floresta.
General Santa Rosa, gostaria que V.Exa. prestasse esclarecimentos sobre a
utilidade da floresta amazônica na absorção do dióxido de carbono.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Obrigada, Deputado
Carlos Souza.
Concedo a palavra ao Deputado Neudo Campos, ex-Governador de Roraima,
que disporá de 5 minutos.
O SR. DEPUTADO NEUDO CAMPOS - General Santa Rosa, a Venezuela
está descobrindo petróleo cada vez mais próximo da fronteira com o Brasil — vou
falar da minha aldeia. E compete à Agência Nacional do Petróleo designar as áreas
onde haverá prospecção, pesquisa de petróleo. Estive presente em um evento, em
Puerto Ordaz, no qual o Presidente Hugo Chávez disse que a nova descoberta, na
bacia do Rio Orenoco, fazia da Venezuela a maior reserva mundial de petróleo — e
lá é petróleo pesado.
Por que a PETROBRAS e a ANP se recusam a incluir essas áreas como área
de prospecção, de pesquisa? A Bacia do Rio Itacutu, que faz a fronteira com a
Guiana, também é outro lugar que merece ser pesquisado, para se analisarem as
possibilidades de se encontrar petróleo e gás.
Qual é a posição do Governo, General Santa Rosa, no que diz respeito a
essa questão? Pretende deixar tudo à mercê da Agência Nacional do Petróleo ou
pretende absorver isso e tomar uma decisão de governo?
Outra pergunta diz respeito à importância que a Venezuela dá ao sul do
território venezuelano e à importância que o Governo brasileiro tem dado ao norte do
Brasil. Refiro-me à fronteira viva entre o Brasil e a Venezuela, em Pacaraima e
Santa Elena de Uairén.
A Venezuela instalou uma zona franca em Santa Elena de Uairén e lá
construiu um aeroporto, que, em meados de 2007, já estará operando. A Venezuela
modernizou as suas aduanas, de tal forma que, quando alguém sair da Venezuela e
entrar no Brasil, a impressão nítida, se a pessoa não conhecer aquele país nem tiver
uma idéia do que é o Brasil, será a de que se está saindo de um país desenvolvido e
entrando em um subdesenvolvido.
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inclui a questão das terras indígenas, das reservas. Passei um tempo no Governo do
Amapá, justamente no período em que foi criado o Parque do Tumucumaque, e a
grande discussão era sobre a fácil aceitação no sentido de não ter havido a
reivindicação necessária em termos de compensações. Falamos sobre um Estado
com 98% do território em áreas de preservação, e até hoje se reivindicam benefícios
que fizeram parte da negociação da criação do Parque do Tumucumaque.
Ouço sempre essa discussão com a convicção de que nos preocupamos com
o desenvolvimento da Amazônia e com a cobiça de suas riquezas. Ao mesmo
tempo, fortaleço a convicção de que, se não dispusermos dos instrumentos
necessários para usar nossos recursos de forma sustentável, previstos em
legislação específica, chegará um momento em que não teremos o que explorar de
forma sustentável.
Em meio a esse debate, há sempre a posição de que a demarcação de terras
indígenas — com as respectivas atividades e riquezas — provoca disputas e causa
prejuízos para quem mora nas áreas urbanas. Venho de um Estado cujas terras
indígenas, felizmente, estão homologadas e demarcadas e posso dizer que não
temos esse tipo de conflito, embora existam outros problemas, a exemplo das
dificuldades nas áreas de saúde, transporte e agricultura. Em nosso Estado, há leis
sobre a floresta e o aproveitamento dos recursos hídricos. Estamos criando um
instrumental que nos permita utilizar nossas riquezas.
Repito que não há, de forma estanque, essa discussão sobre o futuro que
esperamos para a Amazônia, para os índios e para os recursos naturais da
Amazônia. As políticas devem ser integradas, até porque o desenvolvimento e o uso
sustentável desses recursos também vão contribuir para que não só as Forças
Armadas sejam responsáveis pela segurança do nosso País.
Aproveito a oportunidade para reiterar a questão levantada pela Deputada
Perpétua Almeida: como podemos afirmar que ONGs ou aqueles que defendem o
desenvolvimento em conjunto com o uso sustentável dos recursos e a preservação
do meio ambiente vão impedir o desenvolvimento da Amazônia?
Que medidas foram tomadas para apurar o vazamento de informações de um
relatório não oficial e que ainda não se transformou em instrumento de formulação
de políticas públicas e de acompanhamento? Até que ponto as ações desenvolvidas
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racial, que construa uma idéia de estratégia de soberania brasileira que não refaça
aquela concepção antiga de um nacionalismo que foi frágil para o Brasil. E tal não
ocorreu pela presença dos povos indígenas, mas pela inoperância do Estado
brasileiro ao construir sua soberania.
Nossa economia foi quase toda desnacionalizada durante certo período da
fase republicana. Isso não se deveu a nenhuma invasão de tropa ianque no Brasil,
mas à opção que a classe dirigente naquele momento fez no sentido de aderir aos
preceitos do modelo liberal de Estado, hoje enfraquecido.
Vejo que a ABIN e a Polícia Federal se erguem e se fortalecem, mas durante
boa parte da história brasileira foram enfraquecidas. O aparato estatal foi
enfraquecido, e isso não ocorreu em razão da convivência, em território brasileiro,
de diversos povos, mas por uma política deliberada de Estado.
Peço desculpas pela ênfase, pois sou da Frente Parlamentar em Defesa dos
Povos Indígenas e enfrentei esse debate quando se discutiu a demarcação da
Raposa Serra do Sol, época em que um relatório muito similar foi feito.
Não se trata de ato isolado, desarticulado, mas sim de algo engendrado com
o objetivo de firmar uma convicção de que o modelo ideal para a Amazônia é a
pecuária e a ocupação humana branca, em total desrespeito às populações
tradicionais, que são minoria, populações pequenas, mas que têm o direito de ser
maioria daqui a mais 100 ou 200 anos, se dermos a elas condições de
sobrevivência.
Retiraremos delas essa condição de sobrevivência se não reconhecermos
sua ocupação no território, porque para as populações indígenas é fundamental a
existência dele. Índio sem território não é índio. Nós é que fazemos do território um
patrimônio. Território para as populações indígenas é a forma peculiar de viver. Por
isso, esse relatório é preconceituoso, pois sequer cita esses aspectos. Em outras
palavras, o texto afirma que índio tem muita terra.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada,
Deputado Eduardo Valverde.
O SR. DEPUTADO NEUDO CAMPOS - Sra. Presidenta, peço a palavra pela
ordem.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Pois não, Deputado.
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL
Nome: Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Des. Regional
Número: 0176/07 Data: 20/3/2007
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atravessaram pelo Parque Nacional da Serra do Divisor para extrair mogno da terra
indígena. Portanto, concordo integralmente com as observações da Deputada.
Com relação ao relatório do GTAM que saiu na imprensa, quero mencionar
mais uma vez que o Grupo de Trabalho da Amazônia não pertence à estrutura da
ABIN. Trata-se de grupo informal que reúne pessoas que se revezam, viajam à
Amazônia e fazem contato com lideranças indígenas. No caso de Roraima, houve
contato com lideranças das várias etnias — ingarikó, wapixana, macuxi. Estiveram
na Capital do Estado e em Pacaraima. No caso desse relatório, conforme
mencionado, os componentes do grupo estiveram em outras regiões daquela vasta
porção do território brasileiro e fizeram contato com pessoas de vários extratos,
vários segmentos — políticos, não políticos, acadêmicos e profissionais de várias
áreas —, dali extraindo dados que passaram para o papel de maneira certamente
carregada, eivada de subjetividade.
Esse não é um documento da ABIN, insisto em dizer. Os documentos da ABIN
são passados para o Presidente da República, para o Ministro-Chefe do Gabinete de
Segurança Institucional e para os demais Ministros designados para recebê-los.
Esses textos são um produto de análise de vários documentos, de várias situações,
de vários trabalhos. Isto tem que ficar claro. Não é um documento final, nem
representa o pensamento da ABIN sobre essa questão dos conflitos étnicos. Que
isso fique bem claro.
Portanto, que fique bem claro que esse documento foi produzido por um
grupo de trabalho que reúne pessoas especialistas do SISBIN — Sistema Brasileiro
de Inteligência, que congrega vários órgãos.
A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Sra. Presidenta, Dr. Márcio,
sem querer atrapalhar, permitam-me apenas uma pergunta: a quem devo cobrar a
responsabilidade sobre o que está no relatório?
O SR. MÁRCIO PAULO BUZANELLI - Estamos verificando quem participou
dessa viagem e quem produziu esse texto. A partir daí, V.Exa. poderá ser informada,
até porque foi V.Exa. a autora do requerimento formal e recebeu, formalmente, esse
documento.
Com relação a uma menção muito importante que a Deputada Perpétua
Almeida fez sobre a Irmã Dorothy Stang, quero mencionar que a ABIN foi a primeira
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está na cobiça que tem despertado a existência de mogno naquelas áreas do Javari
nas empresas asiáticas que receberam concessões no Peru.
A dificuldade está em controlar o contrabando de madeira que sai da reserva
indígena brasileira para o território peruano. Conforme esclareci, esse é um
problema que deve preocupar nossas autoridades federais e os policiais federais.
Não é um problema das Forças Armadas, embora tenhamos contribuído para
estancar esse problema.
Finalmente, a respeito da questão do preconceito contra o índio, não tive
oportunidade de ler o relatório, mas queria manifestar a nossa posição. Achamos
que é justo que o índio seja protegido. O índio tem que ter condições. Como dizia o
Marechal Rondon: “Morrer, se for preciso; matar, nunca!”
E também devemos proteger a cultura, a língua e a sobrevivência do índio,
individualmente e em grupo, mas isso deve ser feito, porém, subordinado ao
interesse da soberania nacional. A soberania nacional é um valor inquestionável que
transcende todos os demais interesses. Esse é o nosso enfoque. É possível
compatibilizar os interesses da soberania com a preservação e o bem-estar dos
grupos indígenas nacionais. Os índios são brasileiros como todos nós.
Em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, pode-se confirmar que 80% dos
soldados que se orgulham da profissão são índios. Aquela afirmação de que nossos
soldados estavam corrompendo as índias na região conhecida como Cabeça do
Cachorro esvaziou-se, na medida em que os soldados são índios da mesma tribo.
Se eles estivessem a se confraternizar com brancas, aí sim estaria estabelecida
uma área de contencioso.
Agradeço a oportunidade de aqui fazer esses esclarecimentos. Coloco-me à
disposição na condição de brasileiro e de profissional do Ministério da Defesa.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Deputada Vanessa Grazziotin) - Obrigada a V.Sa.,
General Santa Rosa.
Por fim, passo a palavra ao Dr. Mauro Spósito, representante do
Departamento de Polícia Federal.
O SR. MAURO SPÓSITO - Creio que a pergunta dirigida especificamente à
Polícia Federal foi apenas uma referência da Deputada Perpétua Almeida.
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audiência foi de fundamental importância para que todos pudéssemos ter contato
maior com o problema. Ouvimos a opinião dessas 3 instituições importantes, a
Agência Brasileira de Inteligência, o Ministério da Defesa e a Polícia Federal, acerca
da Amazônia.
Agradeço aos convidados a contribuição e os esclarecimentos prestados. Da
mesma forma, agradeço a presença aos colegas Parlamentares e aos demais que
aqui estiveram e que contribuíram para o êxito deste nosso evento.
Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a presente reunião, antes, porém,
convoco as Sras. e Srs. Deputados para reunião ordinária deliberativa a ser
realizada amanhã, às 10h, no Plenário 15.
Obrigada a todos.
Está encerrada a reunião.
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