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INTRODUÇÃO
Dentre os crimes contra os bens jurídicos pessoais – crimes contra a vida, crimes contra a
liberdade, crimes contra a honra, crimes contra a reserva da vida privada e a estes equiparados
-, encontram-se também os crimes contra a integridade corporal, que constituem o objecto de
pesquisa no âmbito deste trabalho.
i. Objectivos da pesquisa
Objectivo geral:
O presente trabalho tem como objectivo geral a investigação de noções básicas
gerais sobre os crimes contra a integridade corporal.
Objectivos específicos:
Conceituar crimes contra a integridade física;
Saber a sua classificação no âmbito do Código Penal de 1886;
Conhecer os elementos do tipo e seus sujeitos: sujeitos activo e passivo;
objecto material e bjecto jurídico imediato; tipo objectivo e subjectivo;
penalidade.
iii. Metodologia
Para alcançarmos os objectivos preconizados, socorremo-nos dum método
interpretativo (hermenéutico), sob o enfoque qualitativo utilizando instrumentos ou
técnicas de análise documental. Isto quer dizer que a nossa pesquisa ficou limitada em
conteúdos normativos e de livros de autores que consideramos serem autorizados e
competentes em razão da matéria, estando apenas acrescido um elemento subjectivo
que é a nossa interpretação, procurando achar respostas claras e evidentes para as
questões.
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O bem jurídico aqui tutelado é a integridade corporal 1. Este bem jurídico tem relevância
constitucional, estando consagrado, no art.º 31.º da CRA, o direito a integridade corporal, o
que o enaltece como um direito fundamental.
Segundo Fernando CAPEZ, o crime de lesão corporal “é definido como ofensa à integridade
corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do
corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou
mental”2.
1
Fernando SILVA considera que a expressão “ofensa corporal” é menos abrangente que a designação
“integridade física da pessoa humana” (expressão actulmente utilizada no Código Penal Português) que
abrange a integridade física e psíquica da pessoa, o que equadra o bem-estar corporal e a saúde física e
psíquica – cfr. Fernando SILVA, Direito Penal Especial: Os Crimes Contra as Pessoas, 3.ª ed., Sociedade Editora
Ld.ª, Lisboa, 2011. Pag. 231.
2
Fernando CAPEZ, Direito Penal Simplificado: Parte Especial, Editora Saraiva, 16.ª ed. São Paulo, 2012. Pag.
109.
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2.1.7. Penalidade:
A moldura penal do crime de ofensas corporais voluntárias simples é de 3 dias a 3 meses.
2.1.9. Justificação
São consideradas justificadas pelo exercício de um direito, no pressuposto de que as normas
respectivas normas reguladoras são cumpridas e não há abuso: as ofensas corporais do
desporto; as ofensas corporais infligidas pelos pais aos filhos no âmbito do seu poder-dever de
educação-correcção.
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A ofensa corporal voluntária de que resultar, como efeito necessário da ofensa, doença ou
impossibilidade de trabalho profissional ou de qualquer outro, será punida:
1. Se a doença ou impossibilidade de trabalho não durar por mais de dez dias, com
prisão até seis meses e multa até um mês.
2. Se a doença ou impossiblidade do trabalho se prolongar por mais de dez dias, sem
exceder a vinte, ou produzir deformidade pouco notável, com prisão até um ano
e multa até dois meses.
3. Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar por mais de vinte dias,
sem exceder a trinta, ou produzir deformidade notável, com prisão e multa.
4. Se a doença ou impossibilidade de trabalho se prolongar por mais de trinta dias,
com prisão nunca inferior a dezoito meses e multa nunca inferior a um ano.
5. Se da ofensa resultar cortamento, privação, aleijão ou inabilitação de algum
membro ou órgão do corpo, com prisão maior de dois a oito anos.
§ único – Nos casos previstos no n.º 1 só haverá lugar a procedimento judicial
mediante participação do fundo, excepto se as ofensas corporais puserem em
perigo a vida do ofendido ou forem cometidas com armas proibidas, armas de
fogo, ou outros meios gravemente perigosos.
Se, por efeito necessário da ofensa, ficar o ofendido privado da razão maior ou
impossibilidade por toda a vida de trabalhar, a pena será a de prisão maior de dois a oito
anos.
O indivíduo praticou o facto, mas no decurso desse acto veio a causar um resultado para além
da intenção do arguido.
3.2. Formas
3.2.1.1. Penalidade
três dias a seis meses de prisão e multa de um a trinta dias.
3.2.2.1. Deformidade
É uma alteração ou defeito estético (alteração negativa) operante, mas sem prejuízo da função.
É o Tribunal quem, perante o caso concreto, decide se a deformidade é pouco ou muito
notável.
3.2.2.2. Penalidade
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3.2.3.1. Penalidade
A penalidade é de três dias a dois anos de prisão e um dia a dois anos de multa.
3.2.4.1. Penalidade
A penalidade é de dezoito meses a dois anos de prisão e um a dois anos de multa.
3.2.5.2. Penalidade
A penalidade é de dois a oito anos de prisão maior.
É misto de dolo e negligência no que se refere ao evento (morte). O agente só quer ofender
corporalmente, mas, como efeito necessário das ofensas, a vítima morre. A negligência
(infracção ao dever de cuidado) é elemento constitutivo do crime, uma vez que o dereito penal
exclui a responsabilidade objectiva..
3.2.6.3. Penalidade
A penalidade é de dois a oito anos de prisão maior, agravada.
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CONCLUSÃO
Em guisa de conclusão, podemos auferir que, os crimes contra a integridade corporal no Código
Penal de 1886 (vigente em Angola) encontram-se inceridos na secção IV (Ferimentos,
contusões e outras ofensas corporais voluntárias) do capítulo III (Dos crimes contra a segurança
das pessoas) do Título IV (Dos Crimes Contra as Pessoas) do Livro II (Dos Crimes em
especial). O bem jurídico aqui tutelado é a integridade corporal. Este bem jurídico tem
relevância constitucional, estando consagrado, no art.º 31.º da CRA, o direito a integridade
corporal, o que o enaltece como um direito fundamental.
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BIBLIOGRAFIA
SILVA, Fernando, Direito Penal Especial: Os Crimes Contra as Pessoas, 3.ª ed.,
Sociedade Editora Ld.ª, Lisboa, 2011.
CAPEZ, Fernando, Direito Penal Simplificado: Parte Especial, Editora Saraiva, 16.ª
ed. São Paulo, 2012. (livro em pdf, disponível em www.lelivros.com).
Código Penal de 1886.
Constituição da República de Angola, 2010.