Vous êtes sur la page 1sur 80

TRATAMENTO DE

ÁGUA PARA GERAÇÃO


DE VAPOR: CALDEIRAS

Patrocínio:

www.corona.ind.br

Elaborado por:
Eng.º Joubert Trovati
SUMÁRIO

1. Conceitos Gerais
1.1 Calor e Temperatura
1.1.1 Mecanismos de Transferência de Calor
1.1.1.1 Condução
1.1.1.2 Convecção
1.1.1.3 Radiação
1.2 Vapor
1.3 Combustão e Combustíveis
2 Caldeiras
2.1 Breve Histórico
2.2 Tipos de Equipamento
2.2.1 Caldeiras Fogotubulares (ou flamotubulares)
2.2.2 Caldeiras Aquatubulares
2.2.3 Equipamentos Periféricos
2.2.3.1 Pré-Aquecedor de Ar
2.2.3.2 Economizador
2.2.3.3 Soprador de Fuligem
2.2.3.4 Superaquecedor
3 Água para Geração de Vapor
3.1 Qualidade da Água
3.1.1 Impurezas Encontradas na Água
3.1.2 Retorno de Condensado
4 Tratamentos Preliminares da Água
4.1 Clarificação/Filtração
4.2 Processos de Troca Iônica
4.2.1 Abrandamento
4.2.2 Desmineralização
4.3 Processo de Osmose Reversa
4.4 Outros Processos de Abrandamento
4.5 Destilação

______________________________________________________________________ 2
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
5 Objetivos do Tratamento de Água das Caldeiras
6 Prevenção das Incrustações
6.1 Incrustação - Causas e consequências
6.2 Tratamentos para Prevenção das Incrustações
6.2.1 Tratamento Precipitante - Fosfato
6.2.2 Tratamento Quelante
6.2.3 Tratamentos Disperso-Solubilizantes (TDS)
7 Corrosão e Métodos de Controle
7.1 Fundamentos
7.2 Tipos de Corrosão em Caldeiras
7.2.1 "Pittings" (ou pites)
7.2.2 Corrosão Galvânica
7.2.3 Corrosão por Tensão
7.2.4 Ataque Cáustico ("Caustic Embrittlement")
7.2.5 Fragilização por Hidrogênio
7.3 Remoção do Oxigênio da Água
7.3.1 Desaeração Mecânica
7.3.2 Desaeração Química - Sequestrantes de Oxigênio ("Oxygen
Scavengers")
7.3.2.1 Sulfito de Sódio
7.3.2.2 Hidrazina
7.3.2.3 Outros Sequestrantes de Oxigênio
7.4 Métodos Físicos de Prevenção da Corrosão
7.5 Corrosão em Linhas de Condensado - Aminas Fílmicas e
Neutralizantes
8 Arrastes
9 Controle Analítico e Operacional do Tratamento
9.1 Aprovações Regulamentares
10 Referências Bibliográficas

______________________________________________________________________ 3
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
1- CONCEITOS GERAIS

A geração de vapor é uma importante operação industrial, presente em


uma infinidade de processos e segmentos. Como exemplo, podemos citar:

• Geração de energia elétrica nas usinas termelétricas e nucleares


• Papel e Celulose
• Açúcar e Álcool
• Indústrias químicas e petroquímicas em geral
• Refinarias de petróleo
• Indústrias de suco de laranja e derivados
• Frigoríficos, abatedouros e laticínios
• Indústrias têxteis e de tintas/ vernizes
• Cervejarias e bebidas em geral
• Indústrias de processamento de madeira e borracha
• Navegação marítima, fluvial e submarina
• Diversas indústrias alimentícias e farmacêuticas, entre muitos outros.

Atualmente, o vapor constitui o modo mais econômico e prático de se


transferir calor, até certo limite, em processos industriais. Além disso, é usado
para geração de trabalho mecânico. Um ditado popular no âmbito industrial
diz que: “O vapor movimenta o mundo”.

1.1 - CALOR E TEMPERATURA

É muito comum a confusão entre os termos “calor” e “temperatura” que


normalmente empregamos. Da termodinâmica, ciência que estuda o calor e os
processos que o envolvem, podemos estabelecer as seguintes definições:

______________________________________________________________________ 4
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Calor: É uma forma de energia térmica em trânsito, ou seja, está
sempre se transferindo de um corpo com maior temperatura para um
corpo de menor temperatura. O calor não pode ser armazenado; o que
pode ser feito é apenas facilitar ou dificultar sua transferência.

• Temperatura: É uma medida da energia cinética, isto é, da vibração das


moléculas que compõem um certo corpo. Quanto maior é a vibração das
moléculas, maior será a temperatura do corpo em questão. É
justamente a diferença de temperatura entre dois corpos que promove
a transferência de calor.

Uma analogia entre a transferência de calor, a corrente elétrica e o


escoamento de fluidos pode ser feita:

Fluxo Força Motriz Observações

Diferença de potencial Quanto maior a diferença de


Calor
térmico (Temperatura) temperatura, maior é o fluxo de calor.

Diferença de potencial Quanto maior é a diferença de


Corrente
elétrico voltagem, maior será a intensidade
Elétrica
(Voltagem) da corrente elétrica.

Fluido Diferença de potencial Quanto maior é a diferença de altura


(líquido gravitacional (altura) e/ou de pressão entre dois pontos do
ou gás) ou de pressão fluido, maior será a vazão do mesmo.

1.1.1 - Mecanismos de Transferência de Calor

São três os mecanismos conhecidos de transferência de calor:


condução, convecção e radiação. Resumidamente, apresentamos esses a
______________________________________________________________________ 5
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
seguir; em KERN (1987) o leitor pode encontrar uma extensa e detalhada
explicação dos fundamentos de transferência de calor.

1.1.1.1 Condução

É um método no qual o calor flui pelo contato direto, molécula a


molécula, do corpo. Ocorre normalmente em corpos sólidos. Nas caldeiras, a
condução ocorre no metal dos tubos e dispositivos de troca térmica, onde o
calor flui da face de maior temperatura (em contato com os gases quentes ou
fornalha) para a de menor temperatura (por onde circula a água).

(Tq − T f )
q = k . A. Lei de Fourier:
l
Tq > Tf
k=Condutividade térmica (W/h.m2.ºC)
T = Temperatura
A = Área

FIGURA 01: EXEMPLO ILUSTRATIVO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO

______________________________________________________________________ 6
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
1.1.1.2 Convecção

É um processo que consiste basicamente na transferência de calor


envolvendo corpos fluido (líquidos ou gases). A convecção é sinal de
movimento, podendo ser natural ou forçada. Nas caldeiras, ocorre
transferência de calor por convecção dos gases quentes para as superfícies
dos tubos e das superfícies dos tubos para a água.

q = h . A . (T∞ − Tp ) Lei do Resfriamento de Newton


T∞ > Tp
h = Coeficiente de transferência de
calor por convecção (W/m2.ºC)

FIGURA 02: ILUSTRAÇÃO MOSTRANDO O PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE CALOR POR


CONVECÇÃO

1.1.1.3 Radiação

É um processo predominante em temperaturas mais elevadas (acima de


500 º C). O calor é transmitido através de ondas eletromagnéticas. Altamente
dependente da diferença de temperatura. Numa caldeira, ocorre transferência
por radiação do fogo para a área irradiada da fornalha.

______________________________________________________________________ 7
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
q = σ . ε . A . (Tq 4 − Tf 4 ) Lei de Radiação
ε = Emissividade
σ = Cte. Stefan-Boltzman
(5,669.10-8 W/m2.K4)

FIGURA 03: EXEMPLO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO

1.2 - VAPOR

O vapor, como sabemos, é a água no estado gasoso. Esta mudança de


estado é proporcionada pelo efeito direto do calor e inverso da pressão. Em
outras palavras: ao fornecermos calor para a água, a mesma tem sua
temperatura elevada até um certo limite e, a partir daí, começa a passar para
a fase gasosa. Para que isto ocorra, as moléculas de água no líquido têm que
vencer a força que a pressão exerce sobre elas, ou seja, quanto maior a
pressão, mais força as moléculas tem que fazer. Esta energia é fornecida
justamente pelo aquecimento e resulta no aumento da temperatura de
vaporização do líquido. Quanto maior for a pressão, mais energia o vapor
transportará pelas moléculas de água que o constitui. Ao se condensar, a
mesma energia que as moléculas absorveram para passar para fase vapor é
liberada para o meio, resultando aí na transferência de energia na forma de
calor.

______________________________________________________________________ 8
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Existem basicamente dois tipos de vapor:

• Vapor saturado: É um vapor “úmido”, contendo pequenas gotículas de


água, sendo obtido da vaporização direta da mesma. Quando este tipo
de vapor se condensa, cede calor latente. É usado para aquecimento
direto ou indireto.

• Vapor superaquecido: É obtido através do aquecimento conveniente do


vapor saturado, resultando em um vapor seco. É usado para
transferência de energia cinética, ou seja, para geração de trabalho
mecânico (turbinas).

A necessidade do uso de vapor superaquecido em turbinas é decorrente


das elevadas velocidades que são encontradas nestes dispositivos. Caso fosse
usado o vapor saturado, qualquer gotícula de água que se formaria na
tubulação provocaria um forte processo de abrasão na turbina.

1.3 - COMBUSTÃO E COMBUSTÍVEIS

A combustão é um fenômeno já bastante conhecido da humanidade há


milênios. Desde a pré-história, o homem já domina (às vezes nem tanto!) as
práticas de se fazer e controlar o fogo. Sem dúvida, esta tarefa permitiu um
grande desenvolvimento da espécie, fazendo com que o homem se adaptasse
às diferentes condições climáticas, melhor uso dos alimentos, etc.

______________________________________________________________________ 9
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
A combustão nada mais é do que uma reação de oxidação de um
material denominado “combustível” com o oxigênio (comburente), liberando
calor. A equação genérica para o processo é:

COMBUSTÍVEL + OXIGÊNIO Ö CALOR + Produtos (CO , H O, CO, etc.)


2 2

Diversos combustíveis são usados para queima em caldeiras de


produção de vapor. Entre eles destacam-se: lenha, óleos pesados, gasóleos,
gás (natural e GLP), gases de alto forno ou de hulha, gases de escape de
turbinas a gás, carvão mineral, bagaço de cana, palha de arroz, resíduos em
geral, cavacos e cascas de madeira, licor negro (caldeira de recuperação de
C&P), entre outros.
Para a produção de vapor também podem ser usadas fontes não
combustíveis de calor, tais como a energia elétrica (caldeiras de eletrodos
submersos e de jatos d’água), a energia nuclear (urânio, plutônio, etc.) e o
calor de reações exotérmicas de processos químicos, tais como SOx
resultantes da produção de ácido sulfúrico, etc.).
Evidentemente, a escolha do tipo de combustível ou energia para a
geração de vapor deve levar em conta a aplicação, o tipo de caldeira, a
disponibilidade do combustível/ energia, o custo fixo e operacional do processo
e o impacto ambiental provocado. Lembramos que existem atualmente
sistemas eficientes no controle das emissões atmosféricas, permitindo o
homem usufruir a combustão e suas aplicações sem provocar maiores
alterações no meio ambiente.

______________________________________________________________________ 10
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
2- CALDEIRAS

As caldeiras (“boilers” do inglês) são equipamentos destinados


basicamente à produção de vapor, seja ele saturado ou superaquecido.
Existem outros equipamentos de aquecimento e transferência de calor sem
produção de vapor que também são chamados de caldeiras, tais como
aquecedores que empregam fluidos térmicos, geradores de água quente, etc.
Neste texto e certamente na maioria das vezes que o termo caldeira for
aplicado, é feita referência aos equipamentos para geração de vapor.
Dentro de uma unidade de processo, a caldeira é um equipamento de
elevado custo e responsabilidade, cujo projeto, operação e manutenção são
padronizados e fiscalizados por uma série de normas, códigos e legislações. No
Brasil, o Ministério do Trabalho é responsável pela aplicação da NR-131, que
regulamenta todas as operações envolvendo caldeiras e vasos de pressão no
território nacional. Para o projeto desses equipamentos, normalmente
adotam-se códigos específicos; no Brasil, é comum o uso do código ASME
(American Society of Mechanical Engineers. www.asme.org).

2.1 - BREVE HISTÓRICO

Vários registros históricos e relatórios de missões de exploração


submarina apontam o uso das primeiras caldeiras em navios, datados do final
do século XIV. No entanto, após a revolução industrial iniciada na Inglaterra
em meados do século XVIII, disseminou-se o uso de caldeiras nas mais
variadas aplicações: fábricas, embarcações, locomotivas2, veículos, etc. Nestes
engenhos, o vapor era usado para aquecimento e, principalmente, para

1
Pode ser vista em: www.mtb.gov.br
2
Nas cidades de Campinas-SP, Tubarão-SC e Cruzeiro-MG é possível visitar locomotivas a vapor
que ainda funcionam. Detalhes podem ser encontrados em www.abpf.org.br .
______________________________________________________________________ 11
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
acionamento das máquinas e movimentação dos veículos, utilizando-se um
sistema de cilindro e pistão desenvolvido pelo escocês James Watt por volta
de 1765.

FIGURA 04: FOTOGRAFIA DE UMA LOCOMOTIVA A VAPOR DO INÍCIO DO SÉCULO XX.

Com o passar dos anos, as caldeiras foram se desenvolvendo e novas


aplicações apareceram. O desenvolvimento da indústria metalúrgica e da
ciência dos materiais, bem como o aprimoramento dos conhecimentos de
engenharia, permitiram a construção de equipamentos mais leves, resistentes,
seguros e muito mais eficientes. Nas páginas seguintes faremos uma breve
descrição de suas características.

______________________________________________________________________ 12
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
2.2 - TIPOS DE EQUIPAMENTO

2.2.1 - Caldeiras Fogotubulares (ou flamotubulares)

São equipamentos derivados das caldeiras antigas, onde o fogo e os


gases quentes da combustão circulam no interior dos tubos e a água a ser
vaporizada circula pelo lado de fora. Ambos são contidos por uma carcaça
cilíndrica denominada casco. Nas extremidades do casco são fixados os
espelhos, onde são mandrilhados os tubos da caldeira. Os tubos podem ser
verticais ou horizontais, dependendo do modelo.
Normalmente este tipo de caldeira tem produção de vapor limitada a
cerca de 40 t/ h e pressão de operação máxima3 de 16 Kgf/ cm2. Um esquema
de caldeira fogotubular com duas câmaras de combustão é mostrado na figura
a seguir.

2.2.2 - Caldeiras Aquatubulares

Surgiram da necessidade de maiores produções de vapor e maior


pressão de operação. Nestes modelos, a água ocupa o interior dos tubos,
enquanto que o fogo e os gases quentes ficam por fora. Existem modelos com
produção de vapor superiores a 200 t/ h e pressão de operação da ordem de
300 Kgf/ cm2 (caldeiras supercríticas).
Na figura subseqüente, é mostrado um sistema gerador de vapor
aquatubular, com demais acessórios.

3
Algumas caldeiras de locomotivas a vapor operavam com pressão de até 21 Kgf/ cm2.
______________________________________________________________________ 13
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 05: ILUSTRAÇÕES MOSTRANDO UMA CALDEIRA FOGOTUBULAR HORIZONTAL

______________________________________________________________________ 14
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 06: ESQUEMA DE UMA CALDEIRA AQUATUBULAR DE COMBUSTÍVEL SÓLIDO
(SISTEMA COMPLETO). ABAIXO: PERSPETIVA DE UM MODELO MONTADO

______________________________________________________________________ 15
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
2.2.3 - Equipamentos Periféricos

São empregados como auxiliares para um bom desempenho e eficiência


na operação da caldeira. Devido ao pequeno tamanho e concepção de projeto
das caldeiras fogotubulares, é difícil a instalação dos equipamentos periféricos
neste tipo de caldeira, ficando assim restritos às caldeiras aquatubulares, na
maioria das vezes.
Os principais equipamentos usados com esta finalidade são:

2.2.3.1 Pré-Aquecedor de Ar

Tem por finalidade aquecer o ar que será alimentado na fornalha, de


modo a conseguir um aumento na temperatura do fogo e melhorar a
transferência de calor por radiação. Com isto também se consegue aumento
na eficiência do equipamento e economia de combustível.

______________________________________________________________________ 16
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 07: FOTOGRAFIA DE UMA CALDEIRA EXIBINDO UM PRÉ-AR.

2.2.3.2 Economizador

Tem por objetivo pré-aquecer a água que alimentará a caldeira usando


o calor dos gases de combustão que saem do equipamento. Consegue-se,
assim, melhor rendimento na produção de vapor, respostas mais rápidas e
economia de combustível.

______________________________________________________________________ 17
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 08: FOTOGRAFIAS DE UM EQUIPAMENTO ECONOMIZADOR INSTALADO. OBSERVAR
OS TUBOS ALETADOS NO INTERIOR DO EQUIPAMENTO (ABAIXO)

2.2.3.3 Soprador de Fuligem

Trata-se de um dispositivo que penetra no interior do feixe tubular,


fazendo um jateamento de vapor na parte externa do feixe. Com isso,
______________________________________________________________________ 18
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
consegue-se remover possíveis depósitos de fuligem aderidos aos tubos que
podem prejudicar as operações de troca térmica.

2.2.3.4 Superaquecedor

São equipamentos destinados a aquecer o vapor saturado produzido na


caldeira e torná-lo seco, apropriado para ser usado em operações de geração
de energia mecânica, como acionamento de turbinas. O superaquecedor
normalmente é construído com vários conjuntos em paralelo de 2 a 4 tubos
em forma “U”, formando uma serpentina colocada no alto da fornalha. Pelo
fato de trabalhar somente com vapor, qualquer fluxo de água da caldeira que
atinge o superaquecedor irá imediatamente vaporizar-se e, caso a mesma
contenha certa quantidade de sais dissolvidos, os mesmos se incrustarão no
equipamento.

______________________________________________________________________ 19
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
3- ÁGUA PARA GERAÇÃO DE VAPOR

A operação segura e eficiente de uma caldeira é extremamente


dependente da qualidade da água disponível para alimentação da mesma. De
nada adianta a instalação de um equipamento ultra moderno, com todos os
acessórios/ periféricos disponíveis e automatizado totalmente se não é levada
em consideração a qualidade da água e o tratamento químico aplicado.
Como sabemos, a água tem uma tendência a dissolver uma série de
substâncias, tais como sais, óxidos/ hidróxidos, diversos materiais e inclusive
gases, motivo pelo qual nunca é encontrada pura na natureza. Além das
espécies dissolvidas, pode apresentar material em suspensão, tais como
argila, material orgânico, óleos, etc. A presença de todas estas impurezas
muitas vezes causa problemas no uso da água para geração de vapor,
podendo formar incrustações e/ ou acelerar os processos corrosivos.

3.1 - QUALIDADE DA ÁGUA

Cientes de todos os detalhes mencionados, consideramos ideal para


geração de vapor uma água com as seguintes características:

• Menor quantidade possível de sais e óxidos dissolvidos


• Ausência de oxigênio e outros gases dissolvidos
• Isenta de materiais em suspensão
• Ausência de materiais orgânicos
• Temperatura elevada
• pH adequado (faixa alcalina)

A alimentação de água com boa qualidade elimina, antecipadamente,


grande parte dos problemas que normalmente ocorrem em geradores de
______________________________________________________________________ 20
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
vapor. Posteriormente, fica a cargo do tratamento químico interno a
manutenção da qualidade da água no interior da caldeira.
É errônea a associação da qualidade da água para consumo humano
(potabilidade) com a água para geração de vapor. O padrão para potabilidade
da água é baseado, principalmente, na presença de microrganismos. Assim,
uma água boa para beber não implica, necessariamente, em uma água boa
para gerar vapor. É comum ouvirmos a frase: “Fulano de tal tem um poço e a
água é ótima, nem precisa tratar.... pode então usar na caldeira!”;
procedimentos como esse podem ser catastróficos. Por outro lado, a água
ideal para geração de vapor, ou seja, que não contém nenhuma substância
dissolvida é, por isso mesmo, inadequada para bebermos.

3.1.1 - Impurezas Encontradas na Água

Geralmente, nas águas superficiais e subterrâneas que são usadas nos


processos industriais, encontramos as seguintes substâncias dissolvidas:

• Dureza, representada basicamente pelos íons cálcio e magnésio (Ca2+ e


Mg2+), principalmente os sulfatos (SO42-), carbonatos (CO32-) e
bicarbonatos (HCO3-).
• Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) associados a vários cátions.
• Óxidos metálicos (principalmente de ferro), originados de processos
corrosivos.
• Diversas outras substâncias inorgânicas dissolvidas.
• Material orgânico, óleos, graxas, açúcares, material de processo,
contaminantes de condensados, etc.
• Gases, como oxigênio, gás carbônico, amônia, óxidos de nitrogênio e
enxofre.
• Materiais em suspensão, como areia, argila, lodo, etc.

Para evitar que todas essas impurezas adentrem ao sistema gerador de


vapor, deve-se proceder a um tratamento preliminar na água de reposição da
______________________________________________________________________ 21
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
caldeira. Além disso, o uso de condensados como parte da alimentação
também é recomendado e será discutido no item seguinte.

3.1.2 - Retorno de Condensado

O condensado é uma água originada da condensação de um vapor, ou


seja, passagem do estado gasoso para o líquido. Justamente pelo fato de o
vapor não levar consigo o material dissolvido quando é produzido (exceto
quando há arraste), o condensado é uma água de altíssima pureza,
praticamente isento de sais e materiais dissolvidos. Além disso, encontra-se
em uma temperatura elevada, o que aumenta a eficiência do sistema gerador
de vapor e contribui para um menor consumo de combustível.
Devido a essas enormes vantagens, a recomendação é que seja feito
todo esforço para utilização da maior quantidade possível de condensados
como alimentação das caldeiras. Pode-se inclusive utilizar condensados de
outras fontes, tais como originados de evaporadores e outros equipamentos,
desde que não estejam contaminados.
É justamente a contaminação do condensado que causa o maior
inconveniente no seu reuso. Muitos equipamentos de troca de calor podem
permitir o vazamento do material de processo para a linha de condensado,
contaminando a caldeira. Além disso, a ocorrência de arrastes de material em
condensados originados de evaporadores (tais como nas operações de
concentração de caldo p/ produção de açúcar ou de suco de laranja) também
ocasiona a contaminação. Para evitar este inconveniente e ter sucesso no
reuso do condensado, é recomendado um controle eficiente e assíduo da
qualidade dos mesmos, desviando-os da alimentação da caldeira ao primeiro
sinal de contaminação.
Um dos métodos mais usados para o monitoramento da qualidade dos
condensados é através da instalação de condutivímetros na linha de retorno
dos mesmos. Pelo fato de possuir baixíssima concentração de sais, a
condutividade elétrica do condensado é baixa e, qualquer contaminação

______________________________________________________________________ 22
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
provocará um aumento na condutividade, cuja medida serve para informar a
contaminação.
Além da possível contaminação, um outro problema está associado ao
uso dos condensados na alimentação da caldeira: a corrosão nas linhas e
equipamentos. No capítulo 7 este assunto será abordado com mais detalhes.

______________________________________________________________________ 23
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
4- TRATAMENTOS PRELIMINARES DA ÁGUA

São procedimentos recomendados para execução na água de reposição


das caldeiras, visando retirar as impurezas e evitar as conseqüências de sua
presença. O tratamento preliminar atua primeiramente sobre as impurezas
mais grosseiras, tais como turbidez, sólidos em suspensão e material
orgânico. Depois, dependendo da necessidade, são feitos tratamentos mais
sofisticados para eliminação do material dissolvido.
Apesar do toda tecnologia disponível, muitos usuários de caldeiras não
fazem pré-tratamento de água, o que é extremamente desaconselhável e
dificulta enormemente o trabalho do tratamento químico interno (quando é
feito). Não é raro encontrarmos caldeiras alimentadas com água bruta,
diretamente de fontes como rios, represas e poços.
Um tratamento preliminar que também deve ser executado é a remoção
de oxigênio e outros gases dissolvidos na água, através de uma desaeração.
Este fato será abordado mais adiante, no capítulo referente à corrosão.
Prosseguindo, os métodos mais empregados para tratamento preliminar
da água são:

4.1 - CLARIFICAÇÃO/ FILTRAÇÃO

Operação realizada normalmente em uma estação de tratamento de


água (ETA), responsável pela eliminação de material suspenso na água. A
clarificação é feita por um processo de coagulação / floculação4 das impurezas,
mediante a adição de um ou mais produtos específicos (tais como o sulfato de

4
Consideramos o conceito de “coagulação” como sendo a neutralização das cargas elétricas das
partículas presentes na água. A floculação é o aglutinamento dessas partículas, formando um
floco grande o suficiente para ser removido por decantação (ou flotação). Um mesmo produto
pode fazer a função de floculante e coagulante.
______________________________________________________________________ 24
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
alumínio, cloreto férrico, polímeros de acrilamida, policloretos de alumínio
(PACs), taninos modificados, etc.). O produto aglutina as impurezas da água
através de interações eletrostáticas e promove a formação de flocos, maiores
e mais densos que se sedimentam e são eliminados (vide figura). A água
clarificada é então submetida a uma filtração, normalmente em leito de areia,
através dos filtros que operam por gravidade ou pressão.
Ao término deste processo a água é submetida aos tratamentos
complementares, quando for o caso. Eventualmente, pode-se fazer uma
desinfecção da água antes, durante e/ou após o processo de clarificação/
filtração, tarefa comumente efetuada por uma cloração.

FIGURA 09: REPRESENTAÇÃO DAS ETAPAS DE CLARIFICAÇÃO DA ÁGUA

4.2 - PROCESSOS DE TROCA IÔNICA

É um tratamento complementar que visa a remoção dos íons dissolvidos


na água causadores de problemas, tais como cálcio, magnésio, sílica, etc. Este
processo faz uso das chamadas resinas de troca iônica, que são pequenas
esferas porosas de material plástico em cuja superfície estão ligados os íons
que serão usados na troca. Assim, existem dois tipos básicos de resina: as

______________________________________________________________________ 25
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
catiônicas, que trocam íons positivos (tais como Ca2+, Mg2+, Na2+, H+, Ba2+,
etc.) e as aniônicas, que trocam íons negativos (Cl-, OH-, SiO32-,...).
O processo consiste em fazer a água a ser tratada passar por um ou
mais leitos dessas resinas, as quais retém os íons de interesse. Chegará um
momento em que o leito estará saturado e deverá ser regenerado
adequadamente.
Deve haver um rígido controle na qualidade da água antes de passar
pelos vasos de troca iônica. Residuais de cloro livre, íons de ferro, sólidos
suspensos, óleos e graxas são os maiores inimigos desta classe de resinas.
Como desvantagem, o processo de troca iônica tem um fixo
relativamente elevado (principalmente o custo das resinas) e a necessidade do
uso e manuseio de produtos químicos perigosos (ácidos e soda cáustica) para
regeneração dos leitos.
Dependendo da finalidade a que se propõem, os processos de troca
iônica para água são:

4.2.1 - Abrandamento

Consiste na remoção de cálcio e magnésio da água. Faz uso de resinas


que trocam íons sódio (Na+) ou hidrogênio (H+). Após saturação do leito, a
regeneração é feita com cloreto de sódio ou ácido clorídrico (as vezes
sulfúrico).
Um esquema do processo de abrandamento é mostrado na figura a
seguir:

______________________________________________________________________ 26
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 10: ILUSTRAÇÃO DE UM PROCESSO DE ABRANDAMENTO POR TROCA IÔNICA
(CICLO HIDROGÊNIO).

4.2.2 - Desmineralização

Trata-se de um processo completo, removendo os íons positivos e


negativos da água e deixando-a praticamente isenta de materiais dissolvidos.
Consiste em fazer a água passar por um abrandador operando com resina de
ciclo hidrogênio e, após, passar por um leito de resina aniônica, que troca íons
hidroxila (OH-), conforme no esquema a seguir. Este procedimento é capaz de
remover a sílica e silicatos solúveis, além de carbonatos, sulfatos e até
cloretos. Após saturação do leito, normalmente é feita regeneração com soda
cáustica (NaOH).
Eventualmente, após o leito aniônico, a água poderá ainda passar por
um leito misto de resinas, garantindo maior pureza da mesma. É também
comum a passagem da água por uma coluna de descarbonatação logo após o
abrandamento, fazendo a retirada do CO2 porventura dissolvido na água.

______________________________________________________________________ 27
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 11: PRINCÍPIO DE FUNCINAMENTO DE UMA RESINA ANIÔNICA.

FIGURA 12: CONJUNTO DE VASOS DE UM SISTEMA DE DESMINERALIZAÇÃO DE ÁGUA PARA


CALDEIRA.

______________________________________________________________________ 28
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
4.3 - PROCESSO DE OSMOSE REVERSA

Consiste em fazer a água previamente filtrada passar por dispositivo


normalmente cilíndrico denominado “permeador”, onde os sais presentes na
água são retidos por membranas seletivas especialmente fabricadas. A água
pura é eliminada radialmente pelo permeador, enquanto que a parcela de
água não permeada é descartada a uma concentração mais elevada de sais.
Este fato constitui uma das desvantagens do sistema, além do alto custo e da
necessidade de se operar com vários permeadores em paralelo para obtenção
de uma vazão razoável.

FIGURA 13: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA


POR OSMOSE REVERSA.

4.4 - OUTROS PROCESSOS DE ABRANDAMENTO

A água também pode ser abrandada (remoção de Ca2+ e Mg2+) embora


não totalmente, por outros processos químicos através de tratamento com cal,
cal e soda (também chamado “cal sodada”), barrilha (Na2CO3) ou fosfatos;
alguns deles são também capazes de remover parte da sílica dissolvida na
água. Estes processos são usados quando a dureza da água é excessivamente
elevada e não se encontra nenhuma outra fonte de água de melhor qualidade.
______________________________________________________________________ 29
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Maiores detalhes podem ser vistos na literatura especializada, entre elas
MAGUIRE (1980) e KEMMER (1988)

4.5 - DESTILAÇÃO

Consiste em vaporizar a água e condensá-la em seguida para produção


de água pura e, assim, alimentar a caldeira. Devido ao alto custo operacional,
este processo somente é empregado em locais com elevada disponibilidade de
energia (combustível barato ou abundante) e em instalações marítimas5, para
utilização da água do mar.

5
Ver detalhes em DREW (1984)
______________________________________________________________________ 30
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
5- OBJETIVOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA DAS
CALDEIRAS

O tratamento químico interno de água das caldeiras e também as


operações de tratamento preliminar visam atender os seguintes objetivos:

• Evitar a formação de incrustações


• Evitar os processos corrosivos
• Eliminar as ocorrências de arrastes de água

Cada um destes itens será comentado detalhadamente nos capítulos


seguintes.

______________________________________________________________________ 31
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
6- PREVENÇÃO DAS INCRUSTAÇÕES

Neste capítulo serão mostradas as origens, conseqüências e formas de


se evitar e corrigir este grande problema encontrado nos geradores de vapor.

6.1 - INCRUSTAÇÃO – CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

A água encontrada na natureza nunca é pura, apresentando uma vasta


gama de substâncias dissolvidas. Muitas destas substâncias são sais e óxidos
apresentando solubilidades diferentes e influenciadas basicamente pela
temperatura, concentração e pH. Com a vaporização de água na caldeira, há
um aumento na concentração das substâncias dissolvidas que permaneceram
na fase líquida. Se forem ultrapassados os limites de solubilidade destas
substâncias, as mesmas podem se precipitar de forma aderente nas
superfícies de troca térmica (tubos do feixe de convecção, tubos de parede
d’água, tubo da fornalha, tubulões, etc.) constituindo as incrustações. Outras
substâncias também podem se incrustar ou depositar na caldeira, tais como
produtos de corrosão na seção pré e pós-caldeira, sólidos em suspensão,
material orgânico advindo de contaminações e produtos insolúveis originados
de reações químicas na água (incluindo excesso de produtos para
condicionamento químico).
Normalmente esta precipitação ocorre sob a forma de cristais bem
ordenados, capazes de se fixarem firmemente às superfícies internas da
caldeira. A ordenação existente na estrutura cristalina permite um rápido
desenvolvimento da incrustação, aumentando a intensidade e o risco dos
problemas associados.
As principais conseqüências da presença de incrustações em caldeiras
são:
______________________________________________________________________ 32
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Diminuição das taxas de troca térmica na caldeira, devido ao efeito
isolante que a incrustação proporciona ao fluxo de calor (tem baixa
condutividade térmica).
• Aumento do consumo de combustível, decorrente do item anterior.
• Diminuição da produção de vapor, também decorrente do primeiro item.
• Devido à restrição ao fluxo de calor, a presença de incrustações pode
causar superaquecimento de um tubo e sua ruptura, parando a
funcionamento do equipamento e podendo até causar acidentes fatais.
• Obstrução de tubos, válvulas, descargas e coletores da caldeira,
comprometendo o fluxo de água e acentuando ainda mais a formação
das incrustações.
• Possibilidade de ruptura de tubos, carcaça e danificação na estrutura da
caldeira, comprometendo sua integridade e podendo até inutilizar o
equipamento.
• Incrustações em instrumentos e dispositivos de controle (pressostatos,
visores e controles de nível, etc.) podem comprometer o funcionamento
adequado e seguro do equipamento, aumentando o risco de acidentes.
• Aumento dos processos corrosivos que ocorrem sob os depósitos/
incrustações.

Para a remoção de incrustações já consolidadas, despende-se um


grande esforço, muitas vezes através de limpezas químicas (normalmente com
soluções de álcalis e/ou ácidos apropriados, devidamente inibidos) ou limpezas
mecânicas de grande intensidade, tais como hidrojateamento a altas pressões,
marteletes, impactos diretos com ferramentas, etc.
Os principais responsáveis pela formação de incrustações em caldeiras
são:

• Sais de cálcio e magnésio (dureza), principalmente o carbonato de


cálcio (CaCO3) e o sulfato de cálcio (CaSO4).

______________________________________________________________________ 33
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) de vários cátions. A sílica solúvel
é oriunda da dissolução de parte da própria areia e rochas com as quais
a água mantém contato.
• Óxidos de ferro, tais como o Fe2O3 e de outros metais (cobre, zinco)
originado principalmente de processos corrosivos nas linhas de
condensado e seção pré-caldeira.
• Materiais orgânicos contaminantes, tais como fluidos envolvidos no
processo (sucos, licor, caldo, xaropes, etc.). Muitas vezes a
contaminação se dá pelos condensados.

Pela coloração resultante e o peso da incrustação formada, podemos


grosseiramente estimar sua origem e composição química. Assim, compostos
esbranquiçados/ levemente acinzentados são normalmente formados por
cálcio e magnésio (e seus respectivos ânions); incrustações esverdeadas ou
cinzentas e pesadas indicam ocorrência de sílica; depósitos negros leves
apontam a presença de material orgânico, enquanto que os pesados indicam a
presença de produtos de corrosão (ferro (Fe3O4), sendo possível sua detecção
através de um imã). Material de coloração marrom claro pode indicar argila e
sólidos suspensos, ou também produtos de corrosão (Fe2O3). Depósitos de
coloração verde ou azul intensa indicam presença de cobre.
Tal como nos sistemas de resfriamento, costuma-se fazer uma distinção
entre os termos “depósito” e “incrustação” normalmente empregados:

• Depósitos: São acúmulos de materiais sobre determinada


superfície que podem ser removidos manualmente com facilidade.
Embora menos aderidos que as incrustações, os depósitos
algumas vezes podem prejudicar a troca térmica e o escoamento
da água. Geralmente, os depósitos são provenientes de materiais
suspensos na água, sais condicionados não expurgados pelas
descargas ou carbonizações de material orgânico contaminante.
• Incrustações: Caracterizam-se por um acúmulo de material
fortemente aderido sobre a superfície da caldeira, necessitando
de esforços consideráveis para sua remoção (limpezas mecânicas
______________________________________________________________________ 34
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
ou químicas). Muitas incrustações são formadas por precipitação
de sais e/ou óxidos na forma cristalina, gerando incrustações
altamente coesas e aderidas.
Nas figuras a seguir são mostrados inúmeros casos de incrustação em
geradores de vapor.

FIGURA 14: TUBULÃO SUPERIOR DE CALDEIRA AQUATUBULAR CONTENDO ELEVADA


QUANTIDADE DE LAMA DE ORIGEM ARGILOSA (ÁGUA BRUTA)

______________________________________________________________________ 35
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 15: PARTE INFERIOR DE CALDEIRA FOGOTUBULAR MOSTRANDO TUBOS
INCRUSTADOS (DUREZA) E ACÚMULO DE LAMA E DEPÓSITOS NO FUNDO

FIGURA 16: TUBO DE CALDEIRA AQUATUBULAR INCRUSTADO COM PRODUTOS DE


CORROSÃO (ÓXIDO FÉRRICO)

______________________________________________________________________ 36
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 17: INCRUSTAÇÕES RETIRADAS DE CALDEIRA FOGOTUBULAR INCRUSTADA APÓS
INÍCIO DE TRATAMENTO QUÍMICO

FIGURA 18: FOTOGRAFIA DE UM TUBO LIGEIRAMENTE INCRUSTADO (ESQ) E UM TUBO


COMPLETAMENTE LIMPO.

______________________________________________________________________ 37
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 19: FOTOGRAFIA TOMADA NO TUBULÃO SUPERIOR DE UMA CALDEIRA,
MOSTRANDO GROSSAS INCRUSTAÇÕES NOS TUBOS.

FIGURA 20: ACÚMULO DE LAMA E DEPÓSITOS EM UM COLETOR LATERAL DE CALDEIRA


AQUATUBULAR.

______________________________________________________________________ 38
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
6.2 - TRATAMENTOS PARA PREVENÇÃO DAS INCRUSTAÇÕES

Como as incrustações constituem um problema que aparece com


relativa rapidez, também foi o primeiro a ter sua solução pesquisada. Os
primeiros tratamentos visando prevenção das incrustações surgiram na
mesma época em que as caldeiras passaram a ter mais eficiência e maior
produção de vapor por área de aquecimento, principalmente após o início da
Revolução Industrial. Os métodos usados na época eram bastante empíricos e
funcionavam na base da tentativa e erro. Com o avanço da ciência, muitas
técnicas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas, mostrando-se mais ou menos
efetivas na solução do problema.
Na seqüência, apresentaremos os principais tratamentos empregados
atualmente para prevenir as incrustações.

6.2.1 - Tratamento Precipitante – Fosfato

É uma dos primeiros conceitos em tratamento bem sucedidos e o mais


utilizado em número de caldeiras hoje em dia, principalmente nos modelos
pequenos e de baixa pressão. Consiste em adicionar um composto a base de
fosfato à água (fosfato mono, di ou trissódico, polifosfatos, etc.) o qual reage
com a dureza e a sílica dissolvidas; estas reações ocorrem
estequiometricamente e, na presença de adequadas concentrações de
alcalinidade hidróxida (OH-), formam lamas precipitadas de hidroxiapatita de
cálcio e um hidroxissilicato de magnésio (chamado de “serpentina”). As lamas
sedimentam-se no fundo da caldeira e são removidas pelas descargas de
fundo. Vide reações abaixo.

______________________________________________________________________ 39
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
10Ca2+ + 6PO43- + 2OH- → 3Ca3(PO4)2 . Ca(OH)2 
(Hidroxiapatita de cálcio)

3Mg2+ + 2SiO3 + 2-2OH- + 2H2O → 2MgSiO3.Mg(OH)2.2H2O 


(Serpentina)

Juntamente com o fosfato, é também adicionado um produto chamado


“condicionador de lama”, que a mantém dispersa visando impedir a sua
aderência sobre a superfície de aquecimento da caldeira. Inicialmente, usava-
se para esta finalidade produtos a base de ligninas, taninos, amidos
modificados, carboximetilcelulose (CMC), entre outros. Atualmente, o uso de
polímeros específicos tem se mostrado mais eficiente; como exemplo,
podemos citar os polímeros baseados em acrilatos, sulfonados e fosfino-
carboxílicos.
No caso dos fosfatos, o uso dos chamados polifosfatos tem se mostrado
mais eficiente, principalmente pelo efeito “Threshold” que este tipo de
molécula exibe (vide observações sobre este fenômeno mais adiante). Na
figura abaixo está ilustrada a estrutura básica dos polifosfatos.

FIGURA 21: ESTRUTURA BÁSICA DOS POLIFOSFATOS

O tratamento com fosfatos tem alguns inconvenientes, a saber:

______________________________________________________________________ 40
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Formação de lamas: podem se aderir sobre as superfícies
metálicas da caldeira, constituindo incrustações. Isto ocorre
principalmente em locais com elevada taxa de vaporização, tais
como nos trechos e tubos submetidos à radiação (fornalha).
• Necessita de valores elevados de alcalinidade hidróxida, o que
aumenta a probabilidade de ataque cáustico (“Caustic
Embrittlement” detalhado posteriormente).
• Não tolera abaixamentos de pH na água da caldeira, sendo que
quando isso ocorre há formação de fosfato de cálcio e fosfato de
magnésio, incrustações duras e aderentes.
• Excesso de fosfato pode comprometer o tratamento, também
formando incrustações de fosfato de cálcio e/ou magnésio.
• A necessidade de razoáveis valores de alcalinidade hidróxida e
residuais de fosfato a serem mantidos na água aumentam a
condutividade elétrica da mesma, favorecendo a ocorrência de
processos corrosivos.

Em função dessas desvantagens, outros métodos de tratamento


surgiram visando obter melhores resultados práticos e redução nos custos de
tratamento. Apesar disso, o tratamento com fosfato ainda é muito difundido.
Em caldeiras de alta pressão, são normalmente aplicados tratamentos a
base de fosfatos, tais como o “Fosfato-pH Coordenado” e o método
congruente. Estes tratamentos visam a eliminação de alcalinidade hidróxida
livre (OH-) que são causadoras de ataque cáustico. Neste tipo de caldeira, a
preocupação principal é com os processos corrosivos, já que o tratamento
preliminar aplicado (desmineralização, osmose reversa, etc.) remove todos os
sais que poderiam se incrustar; as incrustações, nesse caso, são normalmente
de produtos de corrosão.

______________________________________________________________________ 41
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
6.2.2 - Tratamento Quelante

É um tratamento que tem por meta a complexação (quelação) dos íons


de cálcio e magnésio da água, formando compostos estáveis e solúveis,
prevenindo-os assim de se incrustarem na caldeira. Como vantagem, não há
formação de lamas e nem as possíveis conseqüências que as mesmas podem
gerar. Os agentes quelantes mais utilizados são o EDTA (Etileno Diamino Tetra
Acetato) e o NTA (Nitrilo Acetato) que também podem se apresentar na forma
ácida. O NTA é mais estável que o EDTA tem temperaturas elevadas e,
portanto, mais fácil de ser controlado.
A observação criteriosa de muitos casos onde foi aplicado o tratamento
quelante em caldeiras mostra algumas desvantagens, entre elas:
• Necessita desaeração total da água de alimentação, sob o risco de
traços de oxigênio causarem degradação do produto no ponto de
dosagem, situado normalmente na seção pré-caldeira.
• Um pequeno excesso de quelante pode causar corrosão generalizada na
caldeira, devido à complexação do óxido de ferro protetor (magnetita –
Fe3O4). Existem relatos de caldeiras completamente avermelhadas6 no
seu interior, devido ao ataque do quelante.
• A reação do quelante com os íons metálicos é estequiométrica. Caso
haja subdosagem do quelante, fatalmente iniciar-se-á um processo
incrustante na caldeira.
• Os agentes quelantes tem muita afinidade com o cobre, o que
impossibilita este tipo de tratamento em sistemas que contenha este
metal ou suas ligas, principalmente na seção pré-caldeira (tanque de
alimentação, desaerador, economizador, etc.).
• Os quelantes são instáveis e decompõem-se em altas temperaturas,
formando produtos difíceis de serem detectados por testes analíticos;
impedem assim a determinação exata de sua concentração na caldeira.

6
Normalmente a coloração avermelhada é resultado da presença de Fe2O3, chamado
“hematita”. Este óxido de ferro é o predominante na ferrugem, onde também podem ser
encontrados os hidróxidos de ferro, tais como o Fe(OH)2 e Fe(OH)3.
______________________________________________________________________ 42
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Os quelantes convencionais não são suficientemente efetivos para evitar
deposição de óxido férrico (Fe2O3) nas superfícies da caldeira. Exigem,
assim, o uso de dispersantes de ferro específicos.
• Finalizando, os quelantes não apresentam ação contra a sílica. Assim, a
mesma se precipita de maneira quase que exclusiva, constituindo
incrustações vitrificadas pelo calor, extremamente duras e ancoradas na
tubulação da caldeira.

6.2.3 - Tratamentos Disperso-Solubilizantes (TDS7)

Consiste no uso de técnicas e produtos mais modernos, desenvolvidos


nas últimas décadas na tentativa de solucionar os problemas encontrados com
outros tipos de tratamento. Pelo fato do princípio de atuação ser exatamente o
mesmo, os produtos e princípios abaixo apresentados também podem ser
usados em outras aplicações, tais como sistemas de resfriamento,
evaporadores, processos de destilação, etc.
A ação dos disperso-solubilizantes no tratamento de água de caldeira
está baseada nos seguintes mecanismos:

1. Efeito Limiar (“Threshold”): Também chamado de “seqüestração”, é


caracterizado pela redução na tendência de precipitação de compostos
de cálcio, magnésio, ferro, entre outros, causando um atraso na
precipitação desses sais mesmo quando o dispersante é dosado em
quantidades sub-estequiométricas. Isto é possível porque o produto
reage somente com a espécie química que está na iminência de se
precipitar, sendo assim consumido somente por uma pequena fração da
espécie. As principais classes de produtos que exibem estas
propriedades são os polifosfatos, fosfonatos (compostos
organofosfóricos) e polímeros/ copolímeros (acrílicos, maleicos,
estireno-sulfonados, carboxílicos etc.).

7
Não confundir com a sigla TDS do inglês (Total Dissolved Solids) que significa Sólidos Totais
Dissolvidos.
______________________________________________________________________ 43
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
2. Ação dispersante: Apresentada comumente por compostos
organofosfóricos e polieletrólitos, que por sua vez tendem a se adsorver
sobre a superfície de partículas em suspensão, tais como núcleos de
precipitação de sais. O produto adsorvido sobre a partícula confere-lhe
cargas elétricas, fazendo com que as mesmas exerçam forças de
repulsão entre elas e, assim, permaneçam dispersas. Em outras
palavras, a ação dispersiva atua de modo oposto à coagulação. As
partículas dispersas podem então ser removidas pelos sistemas de
descarga da caldeira.

3. Modificação de Cristais: Sem tratamento, as incrustações inorgânicas


são formadas por retículos cristalinos que se desenvolvem de maneira
bem regular, o que favorece seu crescimento após a formação e
aderência sobre as superfícies metálicas. A modificação de cristais age
através da distorção dos mesmos, impedindo seu crescimento ordenado
e alterando sua forma. Com isso, os cristais tendem a não se aderir
sobre as superfícies e permanecem dispersos no líquido, favorecendo
sua eliminação pelas descargas. Alguns produtos orgânicos naturais,
tais como ligninas e taninos, foram e ainda são usados com esta
finalidade, auxiliando inclusive os tratamentos a base de fosfatos;
ultimamente, o uso de polímeros e copolímeros sintéticos específicos
(poliacrilatos, maleicos, fosfino-carboxílicos, entre outros) tem se
mostrado mais vantajoso.

Muitas vezes, um único produto pode apresentar duas ou mais das


características mencionadas, sendo que a escolha deve levar em consideração
os íons presentes na água, o pré-tratamento empregado, a classe de operação
da caldeira, a presença de incrustações antigas e evidentemente, o custo
global do tratamento.
Várias informações adicionais sobre os produtos usados neste tipo de
tratamento podem ser encontradas em literatura, catálogos e boletins técnicos
______________________________________________________________________ 44
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
de fabricantes, dentre os quais se destacam: SOLUTIA (1998); ROHM AND
HAAS, (1997a) e GIOVANNI BOZZETTO (1996).
Nas figuras a seguir, estão ilustrados alguns cristais submetidos a
tratamentos com diferentes classes de disperso-solubilizantes.

FIGURA 22: CRISTAIS DE CARBONATO DE CÁLCIO: (A) PRECIPITADO COMO CALCITA


(FORMA CRISTALINA PREDOMINANTE EM BAIXAS TEMPERATURAS). (B)
PRECIPITADO COMO ARAGONITA (PREDOMINANTE EM ALTAS TEMPERATURAS).
(C) DISTORÇÃO CAUSADA POR TRATAMENTO COM POLIACRILATO. (D)
MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO PRECIPITADO. (E) ESTRUTURA RESULTANTE
DE TRATAMENTO COM COPOLÍMERO SULFONADO. (F) DISTORÇÕES
PRODUZIDAS POR UMA MISTURA DE FOSFONATO E POLIACRILATO.

______________________________________________________________________ 45
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 23: CRISTAIS DE SULFATO DE CÁLCIO. ACIMA, À ESQ.: SEM TRATAMENTO.
ACIMA, À DIR.: APÓS TRATAMENTO COM FOSFONATO (PBTC). ABAIXO: APÓS
TRATAMENTO COM POLIACRILATO (ROHM AND HAAS, 1997B).

______________________________________________________________________ 46
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 24: ACIMA: CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO PRECIPITADOS NATURALMENTE.
ABAIXO: PRECIPITADOS NA PRESENÇA DE DISPERSO-SOLUBILIZANTES
(MISTURA DE FOSFONATO E POLIACRILATO).

As vantagens dos tratamentos disperso-solubilizantes são:

• Não há formação de lamas que poderiam se aderir às superfícies, a


exemplo do que ocorre com os fosfatos.
• Habilidade em dispersar íons de ferro, impedindo a formação de
incrustações originadas de produtos de corrosão.
• Os produtos relacionados a este tratamento são estáveis em
temperaturas relativamente elevadas e são facilmente detectados e
quantificados por procedimentos analíticos8 simples.

8
Alguns polímeros são dotados de um traçador, permitindo a avaliação de sua concentração na
água da caldeira com testes rápidos e confiáveis.
______________________________________________________________________ 47
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Este tipo de tratamento tolera abaixamentos de pH, tal como quando
ocorre contaminação da água da caldeira por material indesejável
(orgânicos principalmente).
• Uma sobredosagem de produtos é capaz de remover incrustações (com
composição predominante de cálcio e magnésio) presentes no sistema,
promovendo uma limpeza em operação.
• Alguns terpolímeros de pesos moleculares e estruturas especialmente
desenvolvidas são capazes de dispersar a sílica e silicatos, impedindo-os
de se incrustarem; trata-se de uma tarefa relativamente difícil, pois
estes compostos normalmente se precipitam de maneira amorfa (não
cristalina). Maiores detalhes em ROHM AND HAAS (1997c).

Por outro lado, certo critério deve ser adotado na aplicação do


tratamento disperso-solubilizante, haja visto que o mesmo apresenta algumas
desvantagens:

• Funciona bem em tratamento de águas com níveis de dureza, sílica e


sólidos suspensos relativamente baixos (alto retorno de condensado,
água de reposição de boa qualidade – abrandada, desmi, etc.). Em
águas com concentrações de sais mais elevadas, o uso isolado do TDS
torna-se técnica e economicamente inviável, exigindo um apoio de
compostos à base de fosfatos para auxiliar na remoção dos sais
(tratamento combinado ou misto).
• Dosagens excessivas de alguns compostos empregados neste
tratamento podem causar corrosão generalizada no metal da caldeira.
• Alguns produtos (certos tipos de fosfonatos) também têm forte
interação com o cobre e podem, assim, causar corrosão em
equipamentos construídos com este metal ou suas ligas, normalmente
encontradas na seção pré-caldeira. Caso haja necessidade do uso
desses produtos, recomenda-se fazer após o equipamento em questão.

______________________________________________________________________ 48
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• O tratamento disperso-solubilizante depende, fundamentalmente, da
eficiência e de um ótimo funcionamento dos sistemas de descarga das
caldeiras.
• Existem legislações em alguns países que proíbem o descarte de
efluentes contendo fósforo. Assim, os fosfonatos não podem ser usados
e a escolha deve recair somente sobre os polímeros isentos desse
elemento.

______________________________________________________________________ 49
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
7- CORROSÃO E MÉTODOS DE CONTROLE

Corrosão pode ser definida como a destruição da estrutura de um metal


através de reações químicas e/ ou eletroquímicas com o ambiente em que o
mesmo se encontra. Podemos dizer que a corrosão é uma forma natural dos
metais voltarem ao estado original em que eram encontrados na natureza, tais
como nos minérios (óxidos); isto ocorre porque, nesta forma, os metais
apresentam-se da maneira mais estável possível do ponto de vista energético.
Seria como o exemplo de uma bola no alto de uma montanha: a bola tenderia
a descer pela mesma, até atingir um estado de energia (potencial
gravitacional, no caso) mais baixo possível.
As sérias conseqüências dos processos de corrosão têm se tornado um
problema de âmbito mundial, principalmente em relação aos aspectos
econômicos. Nos EUA, por exemplo, a corrosão gera prejuízos da ordem de
US$ 300 bilhões por ano, dados de 1995 (ROBERGE, 1999). Infelizmente, no
Brasil, não dispomos de dados precisos sobre os prejuízos causados pela
corrosão, mas acreditamos serem consideravelmente elevados9.

7.1 - FUNDAMENTOS

Basicamente, a corrosão envolve reações de óxido-redução, ou seja,


troca de elétrons. É um processo eletroquímico no qual o ânodo (espécie onde
ocorre oxidação – perda de elétrons) que é consumido está separado por uma
certa distância do cátodo, onde ocorre redução (ganho de elétrons). O

9
Informações detalhadas sobre corrosão, bem como uma série de trabalhos, livros e
publicações sobre o assunto podem ser encontradas em:
ABRACO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO: www.abraco.org.br
NACE – NATIONAL ASSOCIATION OF CORROSION ENGINEERS: www.nace.org
______________________________________________________________________ 50
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
fenômeno ocorre devido à existência de uma diferença de potencial elétrico
entre estes dois locais.
Apesar de diferir de um sistema para outro, o mecanismo básico
proposto para o processo de corrosão é:
1. Na região anódica, átomos de ferro (Fe0) passam para o estado de
oxidação II, formando Fe2+.
2. Como resultado da formação do Fe2+, dois elétrons migram através do
metal para a área catódica.
3. Se houver oxigênio presente na água, o mesmo move-se para a área
catódica e ingressa no circuito, usando os elétrons que migraram para o
cátodo e formando íons hidroxila (OH-) na superfície do metal. O
oxigênio até pode, devido à sua eletroafinidade, induzir a migração dos
elétrons do ferro no cátodo.
4. Os íons OH- deslocam-se para a região anódica, onde reagem com os
íons Fe2+ formando hidróxido ferroso, Fe(OH)2, que se deposita ao redor
da área anódica. Esta etapa completa o ciclo básico do processo.
5. O hidróxido ferroso formado é instável e, na presença de oxigênio e/ ou
íons hidroxila, forma-se hidróxido férrico Fe(OH)3.
6. O hidróxido férrico, por sua vez, tende a se decompor em Fe2O3, que é
o óxido férrico, conhecido como ferrugem.

Quimicamente, as reações envolvidas são:


1, 2) Fe0  Fe2+ + 2e- (ânodo)
3) ½O2 + H2O + 2e-  2(OH)- (cátodo)
4) Fe2+ + 2(OH)-  Fe(OH)2
5) 2Fe(OH)2 + ½O2 + H2O  2Fe(OH)3
6) 2Fe(OH)3 ' Fe2O3 . 3H2O

Na figura a seguir, está ilustrado o processo aqui descrito.

______________________________________________________________________ 51
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 25: REPRESENTAÇÃO DE UMA CÉLULA DE CORROSÃO CLÁSSICA.

Analisando-se os mecanismos descritos podemos verificar que, se


conseguirmos eliminar o oxigênio da água da caldeira, controlaremos os
processos corrosivos elementares. Assim, a remoção do oxigênio é um dos
mais importantes meios de se prevenir a corrosão nas caldeiras, e será
comentada oportunamente. Um outro método consiste em manter o pH da
água na faixa alcalina, o que elimina a chance de corrosão no metal por
ataque ácido.

7.2 - TIPOS DE CORROSÃO EM CALDEIRAS

Várias formas de processos corrosivos são encontradas nos sistemas


geradores de vapor. Apesar de muitos deles estarem relacionados e serem
interdependentes, podemos destacar, resumidamente, os seguintes:

7.2.1 - “Pittings” (ou pites):

São processos de corrosão localizada, pontuais e, na ausência de um


controle eficiente, promovem grande penetração no metal da caldeira,
chegando inclusive até a inutilização do equipamento. Geralmente os
processos de corrosão por pitting são observados na seção vapor das caldeiras

______________________________________________________________________ 52
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
e acessórios pós-caldeira, sendo provocados em sua quase totalidade pelo
ataque de oxigênio indevidamente presente na água.
Um dos métodos de controle deste tipo de pitting é a desaeração
mecânica conveniente da água de alimentação da caldeira, bem como a
dosagem e manutenção de um residual adequado de seqüestrante de oxigênio
(sulfito de sódio, hidrazina,...).
A corrosão localizada também ocorre sob depósitos, em locais de falha
na estrutura cristalina do metal e em locais submetidos a tensões.
Nas figuras seguintes são mostradas algumas ocorrências de pittings
em caldeiras.

FIGURA 26: CARCAÇA DE UMA CALDEIRA FOGOTUBULAR, MOSTRANDO OS PONTOS DE


CORROSÃO LOCALIZADA (PITTINGS) DEVIDO À PRESENÇA DE OXIGÊNIO

______________________________________________________________________ 53
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 27: TUBO DE SUPERAQUECEDOR VÍTIMA DE CORROSÃO POR OXIGÊNIO

7.2.2 - Corrosão Galvânica

Este tipo de corrosão ocorre, basicamente, quando dois ou mais metais


com diferença significativa de potenciais de oxidação estão ligados ou imersos
em um eletrólito (tal como a água com sais dissolvidos). Um metal chamado
de “menos nobre”, tem uma tendência a perder elétrons para um metal “mais
nobre”, cuja tendência de perda é menor. Assim, o metal menos nobre torna-
se um ânodo e é corroído. Este fenômeno também depende da área entre as
regiões anódicas e catódicas, isto é, quanto menor for a área do ânodo em
relação ao cátodo, mais rápida é a corrosão daquele. Um exemplo disso ocorre
entre o cobre (mais nobre) e o aço carbono, menos nobre e que tem a sua
taxa de corrosão acelerada.
No quadro a seguir, encontra-se representada uma série galvânica de
diferentes metais e ligas onde se pode visualizar a maior tendência à corrosão
(áreas anódicas) ou menor tendência (área catódica).

______________________________________________________________________ 54
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
QUADRO 01: SÉRIE GALVÂNICA DE DIVERSOS METAIS E LIGAS (MAGUIRE, 1980).

REGIÃO ANÓDICA (Menos Nobre) Magnésio


Extremidade Corroída Ligas de Magnésio
Zinco
Alumínio 2S
Cádmio
Alumínio 17 ST
Aço Carbono e Ferro
Ferro Fundido
Ferro – Cromo (ativo)
MAIOR TENDÊNCIA À CORROSÃO

18/8 Cr-Ni-Fe (Inox 304-Ativo)


18/8/3 Cr-Ni-Mo-Fe (Inox 316-Ativo)
Hastelloy C
Chumbo – Estanho (soldas)
Chumbo
Estanho
Níquel (Ativo)
Inconel (Ativo)
Hastelloy A
Hastelloy B
Latão
Cobre
Bronze
Cobre – Níquel (ligas)
Titânio
Monel
Prata (soldas)
Níquel (Passivo)
Inconel (Passivo)
Ferro-Cromo (Passivo)
18/8 Cr-Ni-Fe (Inox 304-Passivo)
18/8/3 Cr-Ni-Mo-Fe (Inox 316-Passivo)
REGIÃO CATÓDICA (Mais Nobre) Prata
Extremidade Protegida Grafite

Em aparelhos geradores de vapor, principalmente nas seções pré e pós-


caldeira, é comum a construção de equipamentos auxiliares com ligas
diferentes do aço empregado na caldeira. Isto acentua a corrosão galvânica e
as medidas corretivas tem que ser tomadas, sob pena de um processo rápido
de corrosão no metal menos nobre.

______________________________________________________________________ 55
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Para minimizar a ocorrência de corrosão galvânica, recomenda-se evitar
a construção de equipamentos utilizando metais ou ligas com potenciais de
oxidação muito diferentes e evitar o contato elétrico direto entre os metais,
colocando materiais isolantes entre os mesmos (plástico, borracha, etc).
A manutenção de valores baixos de sólidos dissolvidos na água contribui
para uma diminuição na condutividade elétrica da mesma e, assim, ajuda a
minimizar os processos corrosivos como um todo, inclusive os de origem
galvânica.

7.2.3 - Corrosão por Tensão

Já citada no item referente aos “pittings”, a corrosão sob tensão ocorre


em áreas do metal submetidas a tensões e esforços, tais como nas operações
de corte, soldagem, mandrilhamento de tubos, calandragem e dobramento de
chapas, entalhamento de roscas, rebites, etc. Também aparecem em pontos
de falha na estrutura cristalina do metal, tal como a presença de átomos
metálicos diferentes da liga, espaços vazios no retículo, presença de átomos
nos interstícios do mesmo, etc. A corrosão sob tensão pode causar prejuízos
significativos quando atinge determinadas proporções.
Os métodos de combatê-la são, na maioria, preventivos: alívio de
tensões, escolha de material de boa qualidade para fabricação e reparos no
equipamento, evitar operações que provoquem tensões excessivas no
equipamento depois de montado, entre outros.

7.2.4 - Ataque Cáustico (“Caustic Embrittlement”)

É um tipo de ataque que ocorre devido à excessiva concentração de


alcalinidade hidróxida (íons OH-), provenientes normalmente da soda cáustica

______________________________________________________________________ 56
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
usada para manutenção do pH na faixa alcalina10. Mesmo que no seio da água
a concentração não esteja tão alta, nas camadas de líquido próximas à parede
dos tubos a concentração é bem superior, devido à vaporização de água na
região. Além disso, existem locais onde pode haver maior concentração de OH-
, tais como sob depósitos/ incrustações, em locais submetidos a fluxos de
calor muito altos (como ocorre quando a chama atinge os tubos), ou em tubos
inclinados ou horizontais, nos quais há pouca quantidade de água no seu
interior.
Nessas áreas onde a concentração de hidroxilas é elevada, há uma
reação das mesmas com o filme de magnetita (Fe3O4) que protege a superfície
do metal. Removido o filme e exposto o aço, as hidroxilas em altas
concentrações também reagem como o ferro. As reações envolvidas são:

Fe3O4 + 4NaOH Ö 2NaFeO2 + Na2FeO2 + 2H2O


Fe + 2NaOH Ö Na2FeO2 + H2

Para que o ataque cáustico se configure, também deve ocorrer a


existência de pontos de tensão no local onde há a concentração dos íons OH-.
A presença de sílica também auxilia no processo, direcionando o ataque do
OH- para os limites do grão do metal e levando a um ataque intercristalino.
Este processo causa fissuras na estrutura do metal, podendo ocasionar
rupturas extremamente perigosas.
Nas figuras seguintes são mostradas algumas ocorrências de ataque
cáustico.

10
Deve-se manter o pH na faixa alcalina pelos seguintes fatores: evitar a corrosão por ácido,
promover a formação de lamas não aderentes (tratamentos c/ fosfatos) e garantir a dispersão
da sílica na forma de , evitando a formação do ácido ortosilíssico.
______________________________________________________________________ 57
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 28: FOTOGRAFIA MOSTRANDO FISSURA PROVOCADA POR ATAQUE CÁUSTICO
(500X)

______________________________________________________________________ 58
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 29: TUBO DE 3” DE UMA CALDEIRA QUE SOFREU ATAQUE CÁUSTICO. PRESSÃO DE
OPERAÇÃO: 150 Kgf/ cm2.

7.2.5 - Fragilização por Hidrogênio

É um processo que ocorre somente em caldeiras de pressões elevadas,


digamos acima de 100 Kgf/ cm2. É ocasionado pela presença de hidrogênio
molecular (H) que pode se formar nas reações químicas presentes na caldeira,
tal como aquela que causa o ataque cáustico. Devido ao seu pequeno
tamanho, o hidrogênio produzido é capaz de penetrar no interior do metal e
reagir com o carbono do aço, formando uma molécula de metano no interior
do retículo.

______________________________________________________________________ 59
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
A reação é:
4H + Fe3C Ö 3Fe + CH4
A formação da molécula de metano, relativamente grande, no interior
do metal causa uma tensão enorme, o que pode causar ruptura.

FIGURA 30: RUPTURA EM UM TUBO DE CALDEIRA (PRESSÃO DE OPERAÇÃO: 136 Kgf/ cm2)
DEVIDO A FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO

7.3 - REMOÇÃO DO OXIGÊNIO DA ÁGUA

Como mencionado no item “Fundamentos” ao início do capítulo, um dos


meios mais simples e eficientes de se combater a corrosão elementar nas
caldeiras é através da remoção do oxigênio presente na água. Não havendo
oxigênio, não há receptor para os elétrons provenientes do ferro e, assim, o
ciclo não se completa. Portanto, grande parte da atenção é voltada à remoção
do oxigênio, a qual é feita de dois modos: mecanicamente e quimicamente.
Detalhes na seqüência.

______________________________________________________________________ 60
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
7.3.1 - Desaeração Mecânica

Consiste em fazer a água passar por um equipamento chamado


“desaerador” o qual, trabalhando em temperatura elevada11, promove uma
grande área de contato para expulsão do ar dissolvido. Existem dois tipos
básicos desse equipamento: o tipo spray e o tipo que contém bandejas, sendo
que a disposição do vaso principal pode ser horizontal (mais comum) ou
vertical. Alguns desaeradores, principalmente para caldeiras de alta pressão,
podem trabalhar a vácuo, o que ajuda na remoção do oxigênio.
Nas figuras seguintes está esquematizado o funcionamento desses
equipamentos.

FIGURA 31: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO DESAERADOR. ESQ.: MODELO BANDEJA.


DIR.: MODELO SPRAY

11
A solubilidade dos gases em líquidos é inversamente proporcional à temperatura, ou seja,
quanto maior a temperatura, menor é a solubilidade.
______________________________________________________________________ 61
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 32: FOTOGRAFIA DE UM DESAERADOR HORIZONTAL DO TIPO BANDEJA.

7.3.2 - Desaeração Química – Seqüestrantes de


Oxigênio (“Oxygen Scavengers”)

Na maioria das vezes o desaerador não consegue eliminar totalmente o


oxigênio dissolvido na água, restando ainda uma pequena parcela que, se
adentrar a caldeira, poderá causar processos corrosivos, principalmente
pittings na seção vapor.
Assim, logo após o elemento desaerador, deve-se fazer a adição de um
composto químico capaz de remover, suficientemente, o oxigênio12 presente
na água. Para isso, utilizam-se normalmente as seguintes substâncias:

12
Na alimentação da caldeira, são desejados valores de oxigênio dissolvidos inferiores a 5 ppb.
______________________________________________________________________ 62
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
7.3.2.1 Sulfito de Sódio

É um pó branco, relativamente solúvel em água, de fórmula Na2SO3.


Reage com o oxigênio formando sulfatos:

Na2SO3 Ö 2Na+ + SO32-


SO32- + ½O2 Ö SO42-

Esta reação é muito lenta à temperatura ambiente e aumenta de


velocidade com o aumento da mesma. Dependendo do ponto de dosagem,
pode acontecer do sulfito não ter tempo de eliminar todo o oxigênio presente
na água e, ao penetrar na caldeira, o mesmo causa corrosão. Para evitar este
inconveniente, utiliza-se um catalisador para acelerar a velocidade, tal como
sais de cobalto.
O sulfito deve ser dosado visando reagir como todo o oxigênio presente
na água e também uma quantidade adicional para manter um residual na
mesma, normalmente entre 10 e 60 ppm. Alguns condensados, tais como os
originados da evaporação do caldo de cana para produção de açúcar branco,
já contêm quantidade razoável de sulfitos e, assim, dispensam o uso do
produto em pó.
O sulfito tem o inconveniente de formar sulfatos, ou seja, sólidos que
contribuem para aumento da condutividade da água. Em caldeiras de alta
pressão, isto não é desejado e outros produtos devem ser usados. Além disso,
em altas temperaturas (altas pressões), pode ocorrer a decomposição do
sulfito em H2S, ácido sulfídrico, podendo causar corrosão, sobretudo na seção
pós-caldeira e linhas de condensado.

7.3.2.2 Hidrazina

Trata-se de um líquido de fórmula N2H4, forte agente redutor e utilizado


no passado como combustível de foguetes. Reage com o oxigênio formando
nitrogênio e água, de acordo com a seguinte reação:

______________________________________________________________________ 63
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
N2H4 + O2 Ö N2 + 2H2O

Tal como no sulfito, a velocidade de reação da hidrazina com o oxigênio


também é lenta e deve-se utilizar um catalisador para acelerá-la.
Como vantagem, a hidrazina não forma sólidos na caldeira, sendo
recomendada para unidades de médias e altas pressões. Além da
seqüestração do oxigênio, por ser um forte agente redutor a hidrazina é capar
de promover a transformação de óxido férrico (Fe2O3 – produto de corrosão)
em óxido de ferro IV (Fe3O4 – Magnetita), que é um óxido protetor e desejado
na superfície da caldeira:

6Fe2O3 + N2H4 Ö 4Fe3O4 + N2 + 2H2O

A hidrazina tem a desvantagem de, sob altas pressões e concentrações


acima dos limites normalmente recomendados, decompor-se em amônia (NH3)
a qual, na presença de traços de oxigênio, pode causar corrosão em ligas de
cobre. Outras desvantagens são: periculosidade, pois é tóxica e estudos
comprovam que é cancerígena, exigindo cuidados especiais no seu manuseio;
limites de controle são baixos (da ordem de 0,02 – 0,4 ppm, dependendo da
pressão) o que dificulta a quantificação pelos métodos analíticos.

7.3.2.3 Outros Seqüestrantes de Oxigênio

Apesar do sulfito e hidrazina serem os seqüestrantes de oxigênio mais


usados, algumas outras classes de substâncias também podem ser usadas
para este fim. Entre elas, destacamos:
• DEHA (Dietilhidroxilamina), amina com características redutoras
• Ácido Iso-ascórbico: Tem sido usado em caldeiras de até 60 Kgf/ cm2 de
pressão em substituição à hidrazina
• Alguns sacarídeos (tais como glicose): usados em aplicações específicas
• Hidroquinona
• Taninos

______________________________________________________________________ 64
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
• Aminoguanidinas
• Hidrazidas e polímeros contendo este grupo funcional (-CONHNH2)

Cada um desses compostos apresenta características específicas e não


serão detalhados no presente trabalho.

7.4 - MÉTODOS FÍSICOS DE PREVENÇÃO DA CORROSÃO

Durante a construção e possíveis reparos nos geradores de vapor e


equipamentos relacionados, uma série de cuidados são tomados de modo a
minimizar os processos corrosivos que poderão ocorrer durante seu
funcionamento. Assim, os métodos mais empregados são:

• Alívio de Tensões: Consiste em promover um aquecimento lento e


gradual, manter uma determinada temperatura por certo tempo e
resfriar lentamente a região que se quer aliviar. Com isto há uma
melhor acomodação dos grãos constituintes do metal, minimizando a
ocorrência de defeitos e, conseqüentemente, a possibilidade de
processos corrosivos. O alívio de tensão também melhora as
propriedades mecânicas do aço, aumentando sua resistência quando o
mesmo for solicitado.
• Escolha das ligas e metais adequados: Visa minimizar a ocorrência de
corrosão galvânica, normalmente responsável pelo aparecimento de
processos corrosivos rápidos e localizados. Caso haja necessidade de
soldas no equipamento, os eletrodos e procedimentos também devem
ser selecionados adequadamente.
• Tratamentos de Superfície: Têm por objetivo a formação de uma
película protetora sobre o metal, impedindo seu contato direto com o
meio. Este tratamento é muito importante durante a fabricação e

______________________________________________________________________ 65
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
montagem do equipamento, evitando que o mesmo sofra um processo
corrosivo antes mesmo de entrar em operação.
• Hibernação: Aplicado em caldeiras fora de operação ou em “stand-by”,
a hibernação minimiza a ocorrência de corrosão na superfície interna da
caldeira. Os métodos mais simples costumam empregar residuais
elevados de sulfito de sódio e a manutenção de um pH adequado,
normalmente feito com soda cáustica. Deve-se atentar para o completo
enchimento da caldeira e o fechamento de todas as válvulas e aberturas
existentes no equipamento. Alguns processos de hibernação são feitos a
seco, colocando-se agentes dessecantes no interior do equipamento;
são métodos menos eficientes que os anteriores.
Externamente, também devemos nos preocupar com o ataque da
corrosão. Assim, a manutenção adequada do equipamento, o isolamento
térmico, cobertura ou telhado adequado, revestimentos, alvenaria e pinturas
devem sempre ser verificados e corrigidos. Deve-se também evitar a lavagem
de qualquer seção do lado fogo e as infiltrações de água no equipamento.

7.5 - CORROSÃO EM LINHAS DE CONDENSADO – AMINAS


FÍLMICAS E NEUTRALIZANTES

São fenômenos que ocorrem com freqüência nos sistemas de geração,


distribuição e utilização de vapor. O condensado é uma água praticamente
pura, com uma tendência elevada de dissolver o material com o qual mantém
contato. Além disso, os condensados podem apresentar um caráter ácido
devido à formação de ácido carbônico, originado da decomposição térmica de
íons carbonato e bicarbonato presentes na água da caldeira. Nas equações
seguintes é possível visualizar este processo:

2HCO3- Ö CO32- + CO2 + H2O


CO32- + H2O Ö 2OH- + CO2
______________________________________________________________________ 66
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
O gás carbônico produzido por essa decomposição sai junto com o vapor
e, na condensação, dissolve-se formando ácido carbônico. Este se dissocia e
forma íons H+, responsáveis pelo abaixamento do pH e pela corrosão ácida
encontrada nesses sistemas. As reações são:

CO2 + H2O ' H2CO3


H2CO3 ' H+ + HCO3-
HCO3- ' H+ + CO32-

Na fotografia seguinte pode-se visualizar o efeito da corrosão nas linhas


de condensado.

FIGURA 33: INTERIOR DE UMA LINHA DE RETORNO DE CONDENSADO QUE SOFREU


PROCESSO INTENSO DE CORROSÃO (PORT & HERRO, 1991)

Para evitar este problema, é feita uma dosagem de um produto alcalino


volátil, que tenha capacidade de vaporizar-se junto com o vapor de água e, no
momento da condensação deste, promover a neutralização do condensado
resultante. Um dos produtos usados é a amônia, na forma de solução aquosa
______________________________________________________________________ 67
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
como hidróxido de amônio (NH4OH). No entanto, a amônia causa corrosão em
cobre, impedindo sua utilização em sistemas onde este metal ou alguma de
suas ligas esteja presente. Além disso, a amônia é muito volátil e tende a se
acumular somente nas áreas mais frias do sistema, deixando desprotegidos os
pontos com temperatura mais elevada.
Para contornar este problema, o uso de aminas específicas, com
diferentes volatilidades, tem sido empregado com sucesso. Os principais
produtos são: morfolina, ciclohexilamina e dietilaminoetanol.
Além das aminas neutralizantes, existem também as chamadas aminas
fílmicas, que apresentam o seguinte princípio de atuação: um dos extremos da
molécula da substância consegue se adsorver firmemente na superfície
metálica, formando um delgado filme. O outro extremo tem características
hidrofóbicas, ou seja, consegue repelir a água. A formação desse filme protege
o metal e minimiza a ocorrência dos processos corrosivos. As aminas dotadas
desta propriedade mais utilizadas são a octadecilamina e o acetato de
octadecilamina.

FIGURA 34: TUBO QUE RECEBEU TRATAMENTO COM AMINA FÍLMICA. OBSERVAR A
REPULSÃO EXERCIDA NAS GOTAS DE ÁGUA (KEMMER, 1988).

______________________________________________________________________ 68
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
8- ARRASTES

Outro problema enfrentado no tratamento de água para geração de


vapor é a ocorrência de arrastes de água da caldeira para a seção pós-caldeira
(superaquecedor, linhas de distribuição de vapor, turbinas, equipamentos,
etc.). Como conseqüências desse fenômeno, podemos enumerar as seguintes:

• Deposição e incrustação de sais nos separadores de vapor e


equipamentos da seção pós-caldeira, como superaquecedores, turbinas,
válvulas, acessórios, etc, podendo causar danos significativos nos
mesmos (rupturas, desbalanceamentos, etc.)
• Formação dos chamados golpes de aríete nas linhas de vapor, devido à
formação de um pistão de água na mesma e o deslocamento do mesmo
a velocidades razoavelmente elevadas.
• Abrasão na tubulação, válvulas e acessórios da linha de vapor.

A medição dos sólidos13 no vapor é um método eficiente para a detecção


de arrastes e quantificação de sua intensidade. Alguns exemplos na tabela a
seguir:

TABELA 02: PROBLEMAS NORMALMENTE OBSERVADOS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE


SÓLIDOS TOTAIS NO VAPOR (AQUATEC, N/D)

Concentração de Sólidos
Problemas Observados
Totais no Vapor (ppm)

0 a 0,01 Nenhum

0,01 a 0,10 Possíveis depósitos nas turbinas e filtros

13
Medição através de resíduo de evaporação. Coleta do vapor com funil apropriado, colocado
diretamente na linha de saída da caldeira, antes de qualquer acessório.
______________________________________________________________________ 69
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Depósitos nas turbinas.
0,10 a 1,00
Possíveis depósitos nos superaquecedores
Depósitos nas turbinas e também
Acima de 1,00
nos superaquecedores
Alguns danos provocados por arrastes podem ser encontrados nas
figuras seguintes:

______________________________________________________________________ 70
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 35: ACIMA: VÁLVULA DE REGULAGEM DE VAPOR DE UMA TURBINA COM
DEPOSIÇAO DE SAIS ORIGINADA DE ARRASTES. ABAIXO: ROTOR DA TURBINA
EXIBINDO MATERIAL DEPOSITADO.

______________________________________________________________________ 71
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
FIGURA 36: TUBO DE SUPERAQUECEDOR COMPLETAMENTE OBSTRUÍDO POR MATERIAL
ORIGINADO DE ARRASTES.

Basicamente, existem duas causas para a ocorrência de arrastes:


química e mecânica.
Na tabela a seguir, apontamos resumidamente as causas e medidas
corretivas para cada tipo de arraste.

______________________________________________________________________ 72
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
TABELA 03: CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS PARA OS ARRASTES DE ORIGEM QUÍMICA E
MECÂNICA

Tipo de
Causa Medida Corretiva
Arraste
9 Ajustar dosagem de soda cáustica,
mantendo pH e alcalinidade hidróxida
convenientes.
• Excesso de alcalinidade
9 Manter concentração de sólidos
hidróxida.
suspensos e sólidos totais dissolvidos
abaixo dos limites aceitáveis
• Excesso de sólidos
9 Evitar contaminações por orgânicos
Químico

suspensos.
(suco, óleos, açúcar, etc.), através de
constante monitoramento dos
• Excesso de sólidos
condensados e água de reposição. Em
dissolvidos.
caso de contaminação, isolar a causa e
abrir descargas das caldeiras, para
• Presença de contaminantes
renovar a água.
orgânicos (óleos, graxas,
9 Em caldeiras com alta taxa de
detergentes, açúcar, etc.)
vaporização, fazer uso constante de um
agente antiespumante. Aumentar a
dosagem em caso de contaminação.
9 Reparos nas colméias e dispositivos do
• Danos no separador de
separador, de modo a evitar fluxos
vapor (chevrons).
preferenciais.
9 Evitar variações bruscas de consumo,
• Variações bruscas no
ocasionadas principalmente por
Mecânico

consumo de vapor.
partidas simultâneas ou rápidas de
equipamentos.
• Demanda de vapor superior
9 Equacionar demanda e produção de
à produção nominal do
vapor.
sistema.
9 Operar a caldeira no nível especificado
pelo fabricante. Verificar funcionamento
• Operação com nível elevado.
correto dos dispositivos de controle de
nível.
• Falha de projeto da caldeira.
9 Verificar projeto c/ fabricante.

______________________________________________________________________ 73
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
9- CONTROLE ANALÍTICO E OPERACIONAL DO
TRATAMENTO

O controle do tratamento químico aplicado é feito através de análises


físico-químicas na água da caldeira e alimentação, com periodicidade
conveniente. São estabelecidos limites de pH, condutividade elétrica, tendo
por objetivo um controle dos processos corrosivos e concentrações máximas
de sais, visando evitar a formação de incrustações. Também é avaliada a
concentração dos produtos destinados para tratamento (fosfatos,
seqüestrantes de oxigênio, dispersantes, etc.).
Uma importante variável medida em tratamento de água de caldeira é o
chamado “Ciclo de Concentração (CC)”. Ele indica quantas vezes a água está
se concentrando dentro da caldeira, fornecendo inclusive informações para se
aumentar ou diminuir os procedimentos de descarga. Normalmente os ciclos
de concentração são determinados através de cloretos, segundo a fórmula:

Cl − CALDEIRA
CC = −
Cl ALIMENTAÇÃO

Onde Cl- são as respectivas medidas da concentração de cloretos (em


ppm) na caldeira e na alimentação.
Usa-se este íon pois os cloretos de todos os cátions são solúveis (sódio,
cálcio, magnésio, potássio, etc.). Na impossibilidade de se usar o cloreto para
medir os ciclos de concentração, pode-se utilizar os sólidos totais dissolvidos
(STD) e a sílica, desde que se garanta que os mesmos não estejam se
precipitando nem sendo removidos do sistema.

______________________________________________________________________ 74
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Os tratamentos químicos variam conforme a classe de operação da
caldeira, sendo que quanto mais alta for a pressão de trabalho, mais rigoroso
deve ser o tratamento, com faixas de trabalho mais restritas. No caso
particular de caldeiras de altas pressões14 o objetivo do tratamento volta-se
quase que exclusivamente para a prevenção da corrosão, uma vez que este
tipo de caldeira tem um pré-tratamento da água satisfatório (osmose reversa,
desmi, polimento de condensado, etc.) e as incrustações que porventura
ocorrem nessas unidades são originadas de produtos de corrosão.
Na página seguinte, são mostradas faixas de controle sugeridas para
cada classe de pressão de caldeiras.

14
Ainda não existe um consenso unificado, dentre as várias normas existentes, acerca das
faixas de pressão e respectiva classificação das caldeiras. No caso do Brasil, a NR-13 considera
caldeira de alta pressão as unidades enquadradas na categoria A, ou seja, pressão de trabalho
acima de 19,99 Kgf/ cm2. Percebemos que a legislação está desatualizada, já que existem no
país algumas caldeiras operando com pressão de cerca de 80 Kgf/ cm2, e inúmeras delas
operando com 65 Kgf/ cm2. Adotamos o termo “Caldeira de alta Pressão” para unidades
operando com pressão igual ou acima de 42 Kgf/ cm2, média pressão entre 20 e 42 Kgf/ cm2 e
de baixa pressão abaixo de 20 Kgf/ cm2.
______________________________________________________________________ 75
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
TABELA 04: PARÂMETROS15 RECOMENDADOS PARA CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO DE ÁGUAS
DE CALDEIRA

Faixa de Pressão (Kgf/ cm2)


ITEM DE
CONTROLE
< 10 10 a 20 20 a 40 40 a 60 60 a 80 80a 100 < 100

10,0 a 9,0 a
pH 10,5 a 11,5 9,5 a 10,5 8,5 a 9,8
11,0 10,0

Condutividade
< 4000 < 3000 < 2000 < 800 < 500 < 150 < 60
(µS/cm, 25ºC)

Alcalinidade
Total < 800 < 600 < 400 < 150 < 50 --- ---
(ppm CaCO3)
Alcalinidade
150 a 100 a
Hidróxida 80 a 150 Depende do Tratamento
350 300
(ppm CaCO3)
Sólidos Totais
Dissolvidos < 3500 < 2500 < 1800 < 1000 < 400 < 50 < 20
(ppm STD)

Dureza Total
< 2,0 < 1,0 ZERO
(ppm CaCO3)

Cloretos
< 400 < 300 < 150 < 80 < 30 < 10 < 2,0
(ppm CaCO3)

Sílica Solúvel
< 150 < 120 < 50 < 20 < 5,0 < 1,0 < 0,2
(ppm SiO2)

Ferro
<5 <3 <1 < 0,5 < 0,1 --- ---
(ppm Fe)

Sólidos
Suspensos < 300 < 150 < 50 <5 < 1,0 --- ---
(ppm SS)

Sulfito
30 a 50 20 a 40 10 a 30 10 a 20 Não Recomendado
(ppm SO32-)

Hidrazina
Não Recomendado 0,1 a 0,5 0,1 a 0,2 0,05 a 0,1
(ppmN2H4)

15
Os valores apresentados constituem médias e aproximações de várias referências, dados
empíricos, recomendações de fabricantes, normas estrangeiras e valores estipulados por
empresas que atuam no setor de tratamento de águas industriais. Assim, pode haver diferenças
entre os valores aqui apresentados e os praticados por uma empresa ou consultor em
particular.
Para caldeiras de até 10 Kgf/cm2, os valores referem-se aos modelos fogotubulares. Demais
valores são relativos aos modelos aquatubulares.
As fontes de consulta para esta tabela foram:
BRITISH STANDARDS BS 2486 (1997); DEDINI (N/D); MEPPAM (N/D); AQUATEC (N/D);
BUCKMAN (1997); NALCO (1962); KURITA (2001).
______________________________________________________________________ 76
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Fosfato Vide curva respectiva
30 a 50 20 a 40 10 a 30 5 a 15
(ppm PO43-) (PO4 coordenado, congruente)

Observações:
• Para tratamentos de fosfato-pH coordenados ou congruentes, os valores
de pH e concentração de fosfato devem seguir a curva do tratamento.
• Para caldeiras de baixa e médias pressões, o teor de alcalinidade
hidróxida deve ser, no mínimo, 2,5 vezes o valor da concentração de
sílica solúvel, a fim de mantê-la dispersa.
• Consideramos o limite de dureza usado para tratamento fosfato. Alguns
tratamentos disperso-solubilizantes toleram dureza de até 50-70 ppm
para caldeiras de baixa pressão, porém o ideal é que esteja o mais
próximo possível de zero.
• Existem outros tratamentos menos usuais, tais como o Tratamento
Volátil (AVT), o Tratamento Fosfato-Equilíbrio16, entre outros, não foram
citados, pois tem aplicação normalmente restrita a sistemas de altas
pressões. Estes tratamentos são específicos e podem apresentar faixas
de controle diferentes da mostrada na tabela.

9.1 - APROVAÇÕES REGULAMENTARES

A geração e o uso de vapor estão submetidos a algumas normas e


regulamentações que variam de país para país e do segmento industrial de
atuação (alimentício, farmacêutico, geração de energia, etc.). Todas as
emissões dos sistemas geradores de vapor, sejam elas líquidas (descargas de
caldeiras, principalmente) ou gasosas (emissões de chaminés, por exemplo)
devem se enquadrar nos limites impostos pela legislação competente.

16
Visite: www.silbert.org para maiores detalhes.
______________________________________________________________________ 77
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
Particularmente, para alguns processos industriais mais delicados, tais
como o alimentício e o farmacêutico, as exigências em relação ao tratamento
de água para gerar vapor são mais rígidas, limitando o tipo e a quantidade de
produtos usados. Um dos maiores órgãos regulamentadores neste sentido é o
FDA norte-americano (“Food and Drugs Administration”). Particularmente para
produtos destinados ao tratamento de água para gerar vapor, o qual entrará
em contato com alimentos, o FDA tem uma seção específica: o 21 CFR
173.310. O leitor pode ver a íntegra desta seção no seguinte endereço:
http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfCFR/CFRSearch.cfm?fr=173.310

______________________________________________________________________ 78
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KERN, D. Q.: PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR. Trad: A. M. Luiz. Rio


de Janeiro. Editora Guanabara. 1987.

AQUATEC: ÁGUAS INDUSTRIAIS: SISTEMAS E PROGRAMAS DE TRATAMENTO.


São Paulo. Aquatec Química S/A. (Ano Não Disponível).

MAGUIRE, J. J. (ed.): BETZ HANDBOOK OF INDUSTRIAL WATER


CONDITIONING. 18ª Ed. Trevose-PA. Betz Laboratories Inc. 1980.

SUZUKI, T. (ed.): KURITA HANDBOOK OF WATER TREATMENT. 2ª Ed. Tokyo.


Kurita Water Industries Ltd. 1999.

KEMMER, F.N. (ed).: THE NALCO WATER HANDBOOK. 2 ed. Nalco Chemical
Company. New York, Mc. Graw Hill. 1988.

GENTIL, V.: CORROSÃO. 4ª Ed. Rio de Janeiro. Livros Técnicos e Científicos


Editora. 2003.

ROHM AND HAAS: ACUMER® 1000, 1020, 1100, 1110 SCALE INHIBITORS.
Philadelfia. Technical Bulletin. Rohm and Haas Company. 1997b.

SOLUTIA: DEQUEST PHOSPHONATES – INTRODUCTORY GUIDE. St. Louis.


Solutia Inc. 1998.

ROHM AND HAAS: ACUMER® WATER TREATMENT POLYMERS. Philadelfia.


Rohm and Haas Company. 1997a.

GIOVANI BOZZETTO: SEQUION PHOSPHONATES. Technical Bulletin. Milão.


Giovani Bozzetto Spa.. 1996.

ROHM AND HAAS: ACUMER® 5000: MULTIPOLYMER FOR SILICA AND


MAGNESIUM SILICATE SCALE CONTROL. Philadelfia. Technical Bulletin.
Rohm and Haas Company. 1997c.

ROBERGE, P. R.: HANDBOOK OF CORROSION ENGINEERING. New York. Mc.


Graw Hill, 1999.

ASME: CONSENSUS ON OPERATING PRACTICES FOR CONTROL OF FEED


WATER AND BOILER WATER QUALITY IN MODERN INDUSTRIAL BOILERS.
American Society of Mechanical Engineers. 1979.

______________________________________________________________________ 79
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso
BRITISH STANDARDS BS 2486:1997.: RECOMMENDED WATER
CHARACTERISTICS FOR FIRED WATER TUBE BOILERS. London. British
Standards Institution. 1997.

DEDINI: RECOMENDAÇÕES DE FABRICANTE. Piracicaba. Dedini S/A Indústrias


de Base. (Ano não Disponível)

BUCKMAN: INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUAS INDUSTRIAIS. Por Luis


W. B. Pace. Campinas. Buckman Laboratórios Ltda. 1997

NALCO: CONDITIONING WATER FOR BOILERS. Chicago. Nalco Chemical


Company. 1962.

MEPPAM: MANUAL DE INSTRUÇÕES DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO.


Sertãozinho. Meppam Equipamentos Industriais Ltda. Ano Não Disponível.

KURITA: RECOMENDAÇÕES A CLIENTES. São Paulo. Kurita do Brasil Ltda.


2001.

PORT, R.D; HERRO, H.M.: THE NALCO GUIDE TO BOILER FAILURE ANALYSIS.
New York. Mc Graw Hill. 1991.

DREW: TRATAMENTO DE ÁGUA APLICADO ÀS CALDEIRAS MARÍTIMAS. São


Paulo. Drew Produtos Químicos S/A. 1984.

______________________________________________________________________ 80
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert
joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso

Vous aimerez peut-être aussi