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Capítulo 11

A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Anais e o seu


legado.

 A história é: movimento, contradição e mudança, não comportando nenhum


absoluto. A história é escolha preconcebida. É compreender, e não descobrir leis
estáticas.
 Escola dos Anais (Revista, 1929 – Lucien Febvre e Marc Bloch): processo de luta e
transformação da escrita da história.
 História-problema: Noção de verdade e conhecimento é a hermenêutica. A
verdade deixa de ser a correspondência entre a coisa em si e a realidade.
Conhecimento é experimentar o objeto; se aprofundar no conhecimento
sobre o objeto.
 Conhecer o passado é interpretá-lo incessantemente. Com isso, volta-se
para o presente, buscando sempre interpretá-lo novamente.
 No presente, existe uma causa para voltar ao passado, experimentando-o
para superar as dificuldades no presente. Contudo, as dificuldades no
presente podem aprofundar-se, havendo a necessidade de reestudar o
passado com mais profundidade.
 Deve mudar a noção de ciência (correspondência com a realidade).
 Para a Escola dos Anais, ciência passa a ser o método. Verdade passa a
ser experiência (constante aprofundamento do objeto, esse não podendo
ser estático).
 Verdade é um processo contra-intuitivo.
 Realidade substancial: o passado tal como ele foi. Não há uma realidade
substancial, somente vestígios.
 Vestígios (documentos): são os indícios do passado (rasto). São preservados
nos arquivos. Os vestígios per se, não dizem nada da história, nem uma
coleção deles. Faz-se necessário uma pergunta ao vestígio. Essa pergunta é a
manifestação concreta de um pensamento crítico; de um problema.
 Os pensadores da Escola dos Anais são críticos daqueles que pensavam poder
recriar o passado, através da coleção de documentos.
 Historiadores historizantes, o fato histórico é uma substância trazida à luz
por inteiro graças à pesquisa.
 Anais: reconstrução problemática do passado. A reconstrução é criada pelo
problema suscitado no presente. O fato histórico é a fabricação do presente, e
não restauração do passado. (historiador, ideias e vestígios).
 Introdução à história (Louis Halphen):
 Estabelecimento dos fatos (cumpre-se até os dias atuais).
 Coordenação dos fatos (trabalhar os fatos; cumpres-se até os dias atuais).
 Exposição dos fatos.
 Escola metódica:
 Fugir dos Ídolos (Francis Bacon).
 Ter critério quanto à escolha dos documentos, fugindo da subjetividade.
(Anais: A intencionalidade do documento é fruto de sua historicidade).
 Tendência a ser definitivo. Ser totalizador das ideias. (Anais: A compreensão
nunca é definitiva, e sim um meio para superar as causas que levaram a
estudar o momento histórico).
 O historiador tem que pensar o fato humano. Os fatos são fabricados pelo
historiador (escolhidos).
 A precondição para escolher os fatos é ter ideias organizadas numa teoria. A
teoria é a própria experiência da ciência.

Capítulo 12
Micro-história (1980, Itália) e os documentos como provas, indícios e
pistas
 Escola dos Anais:
 Toda história é história social.
 Conhecimento histórico só é científico quando orientado por um problema.
 Combate à história dedicada ao “grandes” personagens.
 História factual (historizante).
 Uma personagem pode ser mitificado para legitimar uma relação de dominação.
 Pequeno (particular) x grande cena do processo histórico (geral). Para alguns, é
um retrocesso o estudo de algo pequeno, como a trajetória da vida de uma
pessoa. Corre-se o risco de perder a referência social, ao plano mais geral, o
qual permite ao historiador um ponto de vista crítico.
 Novos objetos (1970, Nova História); clima, língua, livro, festa etc.
 História das mentalidades (1960): cotidiano, representações (amor, morte,
família, criança, loucos, mulher, homossexuais, modos de vestir).
 Nova história cultural: mais próxima das expressões culturais populares, e não
das manifestações oficiais e eruditas.
 Formas de tratamento da nova história cultural:
 Carlo Ginzburg (Itália): religiosidade, feitiçaria e heresia, no séc. XVI.
 Roger Chartier: leituras e leitores na França Moderna.
 E. P. Thompson: movimentos sociais e o cotidiano das classes
populares na Inglaterra do século XVIII.
 Micro-história: preocupação problematizadora do seu objeto e seus vínculos
sociais. O historiador opera de forma indireta, buscando pistas, indícios e sinais
deixados pelo homens.
 Substratos culturais (Ginzburg): inúmeras influências produzidas ao longo do
tempo e em viva circulação nas comunidades.
 Por intermédio da história de uma pessoa, pode-se entrever a vida social e
cultural de uma época.
 Fazer micro-história não é o mesmo que mitificar personagens históricos ou
escrever sobre minúsculas banalidades. É um método de investigação que
reconstrói o passado a partir de indícios, pistas e sinais, colocando os objetos
investigados em relação com a realidade social.

Capítulo 13
Texto literário e seu uso como fonte histórica
 Documento: todo registro
 Fonte histórica: todo registro que o historiador escolher
(documento/monumento).
 Monumento: é todo documento utilizado pelo historiador que revela as
circunstâncias histórico-sociais da sociedade.

 O objetivo é analisar a intencionalidade da literatura.


 Os textos literários são fontes históricas que evocam para sua análise elementos
pertinentes à sua produção, às práticas de sua publicação e de leitura.
 Surgimento da imprensa.
 Fabricação do livro.
 Alfabetização (leitores).
 Modalidade d circulação do livro e mercado editorial.
 Noção de literatura contemporânea, tendências históricas:
 Conhecimento→gosto ou sensibilidade (leitura movimento das igreja e
universidades para os cafés, burguesia). Elabora uma identidade de classe.
 Especialização da literatura com obras criativas (mercantilização e
mecanização do fazer artístico).
 Desenvolvimento do conceito de tradição, em termos nacionais
(romantismo).
 Surgimento de uma crítica especializada.
 Os textos literários são expressões da sociedade e incorporam suas demandas e
problemas. Relações entre obra, autor e público são práticas sociais. Importa
para sua análise:
 Como a sociedade define a posição e papel do autor.
 Como a depende dos recurso técnicos para incorporar valores socialmente
compartilhados.
 Como se formam os públicos.
 Modalidades de análise sociológica da literatura, Antonio Candido:
 Método tradicional: quadros contextuais. Relação de uma obra com um
período, gênero e condições sociais. Sem relação com o conteúdo da obra.
 Sociologia da literatura: consiste em estabelecer relação entre aspectos
reais e os que aparecem na obra. Obra como reflexo do contexto histórico.
 Estudo entre a obra e público: aspectos sociológicos da produção literária,
tais como destino, aceitação, ação recíproca entre autor e público.
 Estudo da função e posição social do autor: relação do autor com a natureza
da sua obra e ambos à organização social.
 Igual ao anterior, sob o foco das dimensões políticas da obra. Formas de
expressão ideológica.
 Estudo da origem da literatura em geral.
 Todo trabalho artístico se sustenta na relação dialética ente o real e o imaginário.
 Toda arte é social. (influi na visão do indivíduo).
 Estrutura social→posição social do artista ou na configuração do grupo de
leitores.
 ideologia→forma e conteúdo da obra.
 Técnicas de comunicação→feitura e forma de transmissão.
 Tradicional história da literatura: estudo dos gêneros da literatura ao longo do
tempo ou valor histórico dos gênios artísticos e suas obras.
 Formação do grupo de leitores, fatores sociais:
 Organização dos meios de comunicação.
 Formação de uma crítica literária.
 Setores restritos que orientam o gosto dos demais.
 Para a análise crítica do texto literário, deve-se levar em contra:
 Grau de instrução do público.
 Acesso aos textos. (condições de existência de um mercado editorial e
espaços e sociabilidade voltado para o consumo literário).
 Hábitos intelectuais.
 Nova história da literatura: questiona as práticas de leitura, modelos narrativos e
usos e funções do texto literário em distintas épocas históricas.
 Literatura: possibilidade. História: estrutura sociais.
 Chartier: próprio texto, o objeto que comunica o texto e a leitura. (Protocolos de
Leitura ou História das leituras ou modelos: 1- modifica-se a forma impressa,
mas o conteúdo continua o mesmo. 2-modifica-se a forma impressa e o
conteúdo. 3-texto e conteúdo estável, mas leituras contraditórias).

Capítulo 14
A história e sua relação com o tempo presente
 O tempo não é uma linha; é múltiplo, são várias as temporalidades e a
experiência humana do tempo.
 Há objetividade quando o conhecimento produzido expressa isenção,
imparcialidade e neutralidade.
 Uma das formas para tratar a objetividade foi abordar os processos sociais já
distantes no tempo (20 a 30 anos). Dar tempo ao tempo.
 O historiador pode tratar de temas contemporâneos: objetividade do séc. XIX se
mostrou impossível, mesmo para as ciências da natureza e se percebeu que
distância temporal não é critério confiável de objetividade científica.
 Documento é tudo aquilo que ficou depois de processado os estragos do
esquecimento. Mesmo no documento há silêncios, nunca diz tudo, sempre se
perde algo.
 Os documentos do passado sofrem uma “seleção”, ao longo do tempo, pelas
sociedades. Os documentos do presente já não sofrem essa “seleção”.
 Devemos tratar os documentos do presente com crítica e lógica científica.

Capítulo 15
História e imagem – situações e problemas
 Pré-história (inscrições rupestres). Antiguidade (imagens em vasos e
paredes). Ainda temos dolmens, menires, obeliscos, relevos,
esculturas e estátuas. Antes de se expressarem pela escrita linear,
as sociedades se comunicavam por imagens.
 A escrita não substitui a imagem no processo de produção de
sentido social. Coexistem.
 A imagem faz o registro mais amplo do social e a escrita mais
específico.
 A imagem comunica através do sentido da visão, sendo capaz de
alcançar todas as camadas sociais. São importantes fontes
históricas, mas abundantes e antigos que a escrita.
 Revolução documental de 1960, desdobramento da revolução na
consciência historiográfica. A prática historiadora se define por 03
aspectos fundamentais:
 História total: história social que incorporasse todas as ações
humanas no tempo.
 História-problema: o profissional de história deve lançar uma
pergunta ao passado, um problema, que será resolvido a partir
da análise das fontes, com o uso de conceitos e uma
metodologia.
 Pluralidade dos documentos: não há somente uma fonte de
pesquisa para cada questão levantada sobre o passado
humano.
 Uso tradicional das imagens na história: meras fontes de
informação (ilustração) e como prova de um passado que realmente
aconteceu.
 História visual: estudo da dimensão visual dos processos sociais.
Plataforma de observação dos processos sociais, a partir de 03
princípios fundamentais:
 O visual: “iconosfera” e os sistemas de comunicação visual, os
ambientes visuais, a produção, circulação, consumo, ação dos
recurso e produtos visuais, isto é, a produção visual, o consumo
visual, o ambiente visual.
 O visível: esfera do poder, sistemas de controle, “à ditadura do
olho”, ao ver/ser visto e dar-se/não dar-se a ver, aos objetos de
observação e as prescrições sociais e culturais de ostentação e
invisibilidade, a maneira como a sociedade se vê ou se deixa
ver.
 A visão, os instrumentos e técnicas de observação, os papéis do
observador, os modelos e modalidades do “olhar”.
 Levar em conta todo o circuito da sua produção, circulação,
consumo e ação. As imagens não possuem um sentido em si
mesmo. É através da interação social que as imagens adquirem
sentido.
 Para superar a dificuldade dos historiadores em tratar com as
imagens, é necessário que se refaça o caminho pelo qual os objetos
de estudo são elaborados na pesquisa histórica, através da
identificação da sua substância expressiva.
 Estudo da imagem: situação na sociedade que a produziu e a
recebeu como forma de representação social (suporte de uma
experiência social passada, elaborada a partir de um conjunto de
mediações culturais específicas.
 Necessidade de examinar as fontes visuais na sua dimensão de
documento/monumento; ingrediente do próprio jogo social.
 Ter cuidado com a excessiva autonomia dos documentos visuais:
constitui grave deslocamento das práticas e relações sociais para as
coisas.

Capítulo 16
A fotografia como documento visual
 A peculiaridade da fotografia é que ela é um documento que traz no
seu seio a interpretação, já que é feita para determinar um
acontecimento e, por isso, no seu próprio surgimento ela já é apenas
um vestígio.
 Circuito social da imagem fotográfica – a concepção de que a
experiência visual se dá em um tempo e espaço determinados, os
quais estão submetidos a uma certa prática que se faz aplicando
certos códigos de representação visual.
 Para a identificação do circuito social da imagem fotográfica é
necessário previamente estabelecer a data da produção fotográfica
(elementos técnicos e estéticos que identifiquem o período no qual a
fotografia foi produzida) e o tipo de fotografia (identificar em que
modalidade a imagem fotográfica se inscreve).
 Imagem fotográfica segundo a concepção oitocentista: expõe de
maneira fidedigna a realidade.
 A fotografia como ampliação da noção de testemunho. Para tal é
necessário se ater aos seguintes aspectos: o processo de produção
de sentido na sociedade contemporânea, destaque para a
tecnologia; a definição do circuito social da produção da fotografia;
os papeis do produtor e receptor como mediadores do fazer cultural
dentro desta sociedade onde se deu a fotografia; a capacidade
narrativa das imagens técnicas, qual a viabilidade e amplitude que
elas contém.
 Estas pontos se desdobram no seguinte:
 A produção – a relação entre aquele que produz e o que é
produzido.
 A recepção – a relação entre o que é produzido e aquilo ou
aqueles que recebem esta produção, qual a relação e a
influência que um exerce sobre o outro.
 O produto – o que a matéria produzida, isto é, a imagem
proporciona e traz em si da sociedade que a produziu.
 O agenciamento – as condições histórico-sociais que ela revela
e que ela traz consigo tanto no momento que registra quanto no
período em que ela perpassa como representante de uma
imagem significativa para a posteridade, ou seja, sua biografia .
 No plano do controle social, a imagem fotográfica foi associada à
identificação.
 Na história positivista a fotografia era tomada como um mecanismo
irrefutável de representação da realidade, mas na escola dos
Annales a fotografia perdeu esse caráter de irrefutabilidade e foi
concebida também como interpretação da realidade, uma vez que
necessita de um sujeito para produzi-la.
 Momentos da crítica de à Escola Metódica, no trato com as
fotografias:
 A fotografia como transformação do real (o discurso do código e
da desconstrução). Ilusão engendrada pelos efeitos do realismo
fotográfico. A fotografia seria o discurso feito a partir da
realidade, descolando-se dela à medida que cria a sua
representação segundo uma série de códigos
convencionalizados socialmente. Desnaturalização da imagem:
ela é bidimensional, chata e com cores diferentes e exclui outras
percepções sensíveis.
 A fotografia como vestígio de um real (o discurso do índice e da
referência).
 Entre o objeto e sua fotografia interpõe-se uma série de ações
convencionalizadas, tanto cultural como historicamente.
 Deve-se considerar a fotografia como imagem-documento: como
índice, marca de uma mentalidade passada. E como imagem-
monumento: é um símbolo, aquilo que no passado a sociedade
estabeleceu como a única imagem a ser perenizada para o futuro.
 Os textos visuais envolvem 03 componentes: autor, texto e leitor.
 A compreensão da imagem pelo leitor/destinatário se dá em 02
níveis:
 Nível interno à superfície do texto visual originado a partir das
estruturas espaciais que constituem tal texto, de caráter não-
verbal.
 Nível externo à superfície do texto visual, originado a partir de
aproximações e inferências com outros textos da mesma época,
inclusive de natureza verbal. (informações implícitas).
 Na qualidade de texto, a fotografia deve ser concebida como uma
mensagem que se organiza a partir de dois segmentos: conteúdo
(determinado pelo conjunto de pessoas, objetos, lugares e vivências
que compõem a fotografia) e expressão (escolhas técnicas e
estéticas).
 Do ponto de vista temporal a fotografia permite a presentificação
do passado.
 A fotografia deve ser considerada um produto cultural, fruto de
trabalho social de produção sígnica (sentido).
 A fotografia comunica através de mensagens não-verbais, cujo signo
constitutivo é a imagem.
 O trabalho de pesquisa da fotografia pode ser desenvolvido em 03
etapas: 1-organizar as fotografias segundo um critério que pode ser
o cronológico; 2-identificar as variações temporais na forma de
fotografar e 3-relacionar as modificações na forma de fotografar às
transformações na dinâmica social.

Capítulo 17
Cinema e história
 O historiador opera com os textos visuais dimensionados na sua
natureza de documento/monumento. É necessário reconstruir o
circuito social do cinema (produção, circulação e consumo dos
filmes).
 Considerar:
 Como o cinema se apropria de temas da historiografia numa
perspectiva própria.
 Como os filmes podem ser tratados como fontes para a
pesquisa histórica.
 Investigar as formas visuais do cinema, os regimes de realização e
autoria, os públicos e a recepção do cinema, as instituições
promotoras da produção e do controle de filmes, as representações
sociais e a repercussão política e ideológica das imagens em
movimento.
 Descrição filmográfica do tipo arqueológica significa limitar-se à
datação do filme, à identificação dos agentes envolvidos na
produção e à descrição de sua história.
 Toda sociedade recebe as imagens em função da sua própria
cultura.
 Graças à memória popular e à tradição oral é possível desenvolver
uma abordagem do passado a partir da criação filmográfica.
 A objetividade realista do documentário pode facilmente escamotear
o fato de que está baseado numa certa visão e mundo, demarcando
o caráter subjetivo do conhecimento. O documentário não pode
jamais ser completamente objetivo, pois resulta da intervenção por
parte do documentarista, portanto a questão da intervenção é o
ponto central da avaliação dos diferentes tipos de documentário.
 Tipos de documentários:
 Expositivo (narrador fala com autoridade).
 Observador (ou cinema direto).
 Interativa (intervenção direta dos participantes).
 Modo reflexivo (discussão profunda da realidade).
 Especularização da realidade (juntam entretenimento e
jornalismo).
 A criação do vídeo histórico recorre à combinação de imagens fixas
com imagens em movimento para composição dos registros de
caráter documental. O elemento que facilita a utilização das
fotografias é o fato de que estas são mais fartas do que gravações
em movimento no tratamento de fatos de um passado mais remoto,
podendo inclusive servir para reproduzir fontes não visuais de
épocas.
 O uso das fotografias nos vídeos produzidos fornece um
reconhecimento maior da época e do contexto, dando consistência
visual ao tema.
 O uso da voz dos entrevistados consiste em dar um caráter mais
verossímil aos fatos relatados.
 O historiador define-se como mediador ente os que fizeram a
história, os que legaram seus registros os que estão querendo
contá-la e aqueles que estão querendo ouvi-la e vê-la.
 A investigação começa sempre de um problema, de uma questão
que o historiador no presente levanta para si mesmo e cuja resposta
deve ser buscada no passado.
 Uma história feita de imagens cinematográficas deve considerar
criticamente como se constrói o universo histórico nos filmes
tradicionais, a saber: relato fechado; ideia de progresso; valorização
do indivíduo; única interpretação; potenciação das emoções e ilusão
realista.
 A História tal como é produzida hoje não se limita ao “relato do que
realmente aconteceu” e, à sua maneira, também usa da criatividade
para preencher os vazios da documentação e fornecer um sentido
narrativo ao texto historiográfico. No filme sugere-se o que
aconteceu.
 História feita em imagens cinematográficas pode ser orientada por
dois caminhos:
 Propor um texto historiográfico produzido com imagens e sons
resultantes do trabalho de pesquisa histórica. Videografia: busca
cumprir com os protocolos de certificação do texto
historiográfico.
 Propor uma análise do filme ou de filmes como fontes históricas,
considerando que sua especificidade de produção, circulação,
consumo e agenciamento pelos diferentes contextos de sua
recepção.

Capítulo 18
A história e sua relação com a memória
 São os grupos humanos em sociedade que nos fazem lembrar de
alguma coisa. A memória é coletiva. Não há na memória o vazio
absoluto. As imagens estão na sociedade e para a lembrança
acontecer, precisamos do tempo e do grupo. A construção da
memória é um processo social. A história submete a memória
produzida pelos grupos sociais à crítica metódica.
 Na memória o tempo é contínuo. Na história é descontínuo. Memória
e história não são sinônimos.
 Quadro 18.1: Diferenças entre memória e história
MEMÓRIA HISTÓRIA
A memória é a vida, sempre levada A história é a reconstrução sempre
por grupos vivos e, por isso, ela está problemática e incompleta do que
em evolução permanente, aberta à não é mais.
dialética da lembrança e do
esquecimento, inconsciente de suas
deformações sucessivas, vulnerável a
todos os usos e manipulações,
suscetível a longas latências e
repentinas revitalizações.
A memória é um fenômeno sempre A história é uma representação do
atual, um laço vivido no presente passado.
eterno.
Por ser afetiva e mágica, a memória A história, enquanto operação
só se acomoda em detalhes que a intelectual e laicizante, demanda
confortam; ela se alimenta de análise e discurso crítico.
lembranças vagas, telescópicas,
globais ou flutuantes, particulares
ou simbólicas, sensível a todas as
transferências, cortinas, censuras ou
projeções.
A memória instala a lembrança no A história desaloja, torna sempre
sagrado. prosaico.
A memória pertence a um grupo que A história, ao contrário, pertence a
ela une, o que significa dizer, como todos e a ninguém, o que lhe
Halbwachs fez, que há tantas confere vocação para o universal.
memórias quanto grupos, que ela é,
por natureza, múltipla e
desacelerada, coletiva, plural e
individualizada.
A memória enraíza-se no concreto, A história só se amarra às
no espaço, no gesto, na imagem e continuidades temporais, às
no objeto. evoluções e às relações com as
coisas.
A memória é um absoluto. E a história só conhece o relativo. No
coração da história trabalha um
criticismo destruidor de memória
espontânea.
A memória é sempre suspeita para a A história tem como verdadeira
história. missão destruir a memória e fazê-la
recuar.
A história é dessacralização do passado vivido. O movimento da história e a
ambição historiadora não são a exaltação do que se passou
verdadeiramente, mas sua aniquilação enquanto tal.

 Um projeto de memória é para lembrar, aproximar, fixar e ligar. Um


projeto de história é para conhecer no movimento de aproximar-se e
distanciar-se; do passado para interpretá-lo à luz do presente.
 Para conhecer é preciso romper o fio da memória. O conhecimento
científico duvida de si mesmo. A história une a ruptura do vivido com
a descontinuidade exigida pelo método científico. Ruptura e
descontinuidade. Não há um fio contínuo e sólido entre passado e
presente. O tempo da memória é artificialmente contínuo.

Capítulo 19
Escrita de si e escrita da história – fontes biográficas. A vida provada e
os retalhos do cotidiano na documentação privada
 A valorização do papel do indivíduo e suas narrativas, um certo
interesse mundano em saber como figuras famosas da história
viveram.
 As universidades passaram a considerar a documentação íntima,
pessoal ou ainda familiar, produzida no espaço privado, como
relevante para a produção historiográfica. Arquivos pessoais.
 Motivações que podem orientar o indivíduo em uma atividade
acumuladora de documentos e registros de sua trajetória.
 Identificar is princípios que definem essa modalidade de arquivo.
Problematizar o estudo dos arquivos pessoais em uma comparação
com os fundos de natureza pública e a relação do Estado ma
atribuição de valor de interesse público a esses arquivos.
 Utilização dos arquivos pessoais enquanto fontes de pesquisa, suas
potencialidades e peculiaridades e posturas metodológicas.
 Diários íntimos e autobiografias, motivos:
 Necessidade de confissão, justificação ou de invenção de um
novo sentido. (a autoridade está com os textos).
 Proferir uma verdade, confessar para si, para dar sentido à vida.
(Se orienta para uma autoridade superior).
 Ambos expressam uma característica da nossa cultura, onde a
marca da subjetividade de quem fala ou escreve constitui um
argumento e uma autoridade tão fortes quanto o apelo à tradição ou
à prova dos “fatos”.
 A escrita auto-referencial ou escrita de si integra um conjunto de
modalidades do que se convencionou chamar produção de si no
mundo moderno ocidental.
 No séc. XIX, há a institucionalização dos museus, aparecimento do
romance moderno e à consolidação das figuras do cidadão moderno
dotado de direitos civis e políticos(reconhecimento dos indivíduos
como livres e iguais, postulando uma autonomia e abrindo campo
para um novo tipo de interesse sobre esse “eu moderno”).
Transformações culturais: valorização do indivíduo, prática do
colecionismo associada ao culto das peças do passado e a própria
ideia de herói nacional, valorização dos feitos individuais de figuras
da elite política no processo de consolidação das nações modernas.
 Igualdade e liberdade: corolários do indivíduo moderno.
 A modernidade cria um sujeito fragmentado, cindido entre as
demandas e os limites impostos pela vida em sociedade e por seus
desejos e seus apetites individuais. O sujeito moderno não consiste
em uma unidade contínua e harmônica. As práticas da construção
do eu torna-se indispensáveis para dar sentido e identidade aos
sujeitos. Cria-se uma “ilusão biográfica”, cada indivíduo fornece
sentido e estabilidade às suas trajetórias de vida, numa lógica de
fabricação de si mesmo.
 Na modernidade ampliam-se os meios da memória. Modernidade
ocidental: cultura na qual se espera que a organização do mundo
venha do sujeito. A sinceridade se separa da verdade e torna-se um
valor hierarquicamente superior. Ser sincero, autêntico é um valor
em si, em nada subordinado à verdade factual. Ocorre um
deslocamento da ideia de verdade como prova objetiva para a
verdade como sinceridade. A noção de verdade deixa de ser
absoluta e passa a ser relativa às experiências e às situações
particulares e específicas.
 O documento pessoal não trata de dizer “o que houve”, mas de dizer
o que o autor diz que viu, sentiu e experimentou retrospectivamente
em relação a um acontecimento.
 Modalidades:
 Autobiografia.
 Diário íntimo (afastado dos eventos externos, desenvolve uma
imagem da vida interior).
 Diário: anotações do dia-a-dia, sem ambição de estabelecer um
padrão.
 Memórias: anotações dos fatos, sobretudo os acontecimentos
externos, para lembrar o que aconteceu. Memória material
(fotos, objetos e documentos)
 Narrar-se não é diferente de inventar-se uma vida.
 As formas de comunicação subjetivas envolvem algum nível de
codificação, que se define pelo distanciamento entre o sujeito que
escreve e o sujeito da narrativa.
 O interesse do Estado pelos fundos de proveniência privada é uma
novidade dos tempos recentes. Existe a preocupação de evitar o
desmembramento dos arquivos privados e de conservá-los na sua
integridade.
 Em todo os registros privados do séc. XIX, as noções tempo e
espaço estruturam a representação do cotidiano social.
 Publicação de correspondências anotadas.

Capítulo 20
A viagem da pesquisa, na vida e na internet
 “eu em movimento”, processo de busca.
 A história é desenvolvida através de “viagens”, no campo da
pesquisa.

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