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Patrícia Anderson
Da Diretoria de Estudos Macroeconômicos − D I M A C/IPEA
e-mail: patriciaa@ipea.gov.br
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo identificar e avaliar as principais barreiras não tarifárias (BNTs)
do MERCOSUL às exportações brasileiras, aplicadas pelos demais países. O levantamento das
BNTs foi realizado por entrevistas feitas às empresas e às associações de classe de três setores:
calçados, siderurgia e carne de frango, bem como mediante a aplicação de um questioná-
rio, enviado pelo correio, para 4 494 empresas exportadoras.
As respostas recebidas indicam que os principais entraves às exportações brasileiras, para
os demais membros do MERCOSUL, podem ser corrigidos por meio das seguintes medidas:
(i) harmonização nas exigências contidas nas etiquetas e nas certificações sanitárias e
fitossanitárias; (ii) fim da aplicação dos direitos antidumping no comércio intra- MERCOSUL.
1 INTRODUÇÃO
Depois de cumprida a fase de transição, no período 1991/1994, o Mercado
Comum do Cone Sul (MERCOSUL ) entrou em vigor em 1995 como uma união
aduaneira imperfeita, pois, apesar de permitir o livre fluxo de bens no comér-
cio intra-regional, abriu exceção para os produtos incluídos no Regime de
Adequação para cada país, cujo término estava previsto para 1999.
Assim, a partir de 2000 deveria prevalecer o livre-comércio entre os paí-
ses-membros do MERCOSUL . No entanto, ainda que a tarifa externa comum não
seja aplicada nas importações provenientes de países-sócios, as empresas ex-
* Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa On the Benefits of Full Integration in Mercosur: an
economic evaluation of restrictions to internal trade and its regional impact, realizado pela Rede MERCOSUL,
com financiamento do International Development Research Centre ( I D R C/Canadá). O trabalho contou
com o apoio da Unidade de Integração Internacional, da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ), o qual
agradecemos à Sandra M. C. Polónia Rios e à Lúcia M. B. Z. Maduro. O estudo teve a participação de
Eduardo de Lima Peeters Peres e de Ana Cláudia Loureiro.
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2.1 Introdução
O objetivo desta subseção é identificar as barreiras, ainda remanescentes,
aplicadas às exportações brasileiras no MERCOSUL . Foram escolhidos três setores:
calçados, carne de frango e produtos siderúrgicos, cujas dificuldades de ven-
das, no MERCOSUL , têm sido objeto de grande divulgação na imprensa. As in-
formações foram obtidas por meio de entrevistas diretas com associações de
classe e com empresas escolhidas.
Inicialmente, apresentamos as características básicas da produção de cada
uma das atividades dos três setores e o desempenho exportador recente. Em
seguida, descrevemos detalhadamente as principais restrições apontadas nas
entrevistas.
2.2 Calçados
TABELA 1
Número de Empresas e de Empregados, e Faturamento,
por Firma, segundo Pessoal Ocupado − 1995
Fonte dos dados brutos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Elaboração dos autores.
TABELA 2
Valor e Participação das Exportações Brasileiras de Calçados, Total e por Destino
(Em US$ milhões e %)
Ano Estados Unidos União Européia MERCOSUL Total Estados Unidos União Européia MERCOSUL
TABELA 3
Exportações de Calçados do Brasil para o MERCOSUL – 1990 a 1999
(Em US$ mil e %)
TABELA 4
Preço Médio de Exportação do Brasil para os Países do MERCOSUL e Estados Unidos
(Em US$ por tonelada)
TABELA 5
Composição das Exportações de Calçados Brasileiros para o MERCOSUL e Totais
(Em %)
1
Tal salvaguarda foi condenada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em dezembro de 1999.
A Argentina suspendeu a salvaguarda para os países membros da OMC, mas manteve a restrição para os
calçados provenientes da China.
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O P I S/COFINS é um imposto sobre o faturamento da empresa, incidindo, portanto, em cascata. A receita
arrecadada é destinada a cobrir os gastos de seguridade social. O governo permite que 6,4% do valor da
exportação seja descontado no pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI ) como restitui-
ção dos pagamentos de P I S/COFINS efetuados ao longo da cadeia produtiva, desonerando, dessa forma, a
atividade exportadora.
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para 62,76 mil: uma redução de 48% (tabela 6). Assim, a produtividade por
trabalhador teve uma forte expansão: passou de 156 toneladas, em 1991, para
400 toneladas, em 1999.
Esse resultado só foi possível em razão do aumento dos investimentos
efetuados com o objetivo de se reduzir a defasagem tecnológica do parque
industrial brasileiro. Os investimentos foram crescentes durante toda a década
de 1990: passaram de US$ 179 milhões, em 1991, para US$1,36 bilhão, em
1999 (tabela 6).
TABELA 6
Produção, Emprego e Investimento de Aço no Brasil − 1991/1998
Ano Produção (mil toneladas) Emprego (mil) Investimentos (US$ milhões)
TABELA 7
Principais Produtos e Empresas do Setor Siderúrgico
Tipo de Usina Produto Empresa e Localização
Semi-Integrada Aços especiais AÇOS VILLARES (SP), VILLARES METALS (SP), GERDAU (RS )
3
O parque industrial brasileiro ainda apresenta alguma defasagem tecnológica, como gargalos na linha de
produção de alguns produtos e atrasos quanto à automação. Também há problemas com o passivo
ambiental. No entanto, a situação melhorou muito se comparada à do final da década de 1980.
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TABELA 8
Blocos Operacionais da Siderurgia Brasileira
Empresas Segmento Mercados Consumidores
USIMINAS Planos Automotiva, linha branca, tubos e estruturas
COSIPA
CST
VILLARES
TABELA 9
Exportações Brasileiras de Produtos Siderúrgicos − 1999
Produtos Toneladas (mil) US$(mil) Peso(%) Valor(%) Preço Médio (US$)
TABELA 10
Principais Destinos das Exportações Brasileiras de Produtos Siderúrgicos
(Em US$ mil e %)
TABELA 11
Indicadores de Comércio Brasil/Argentina − Anos Selecionados
Indicadores 1992 1994 1996 1998 1999
4
Em 1992 houve um aumento da demanda argentina em razão do Plano de Conversibilidade e de
problemas com a principal empresa argentina produtora de laminados planos decorrentes do processo
de privatização. Em 1999 as exportações caíram bastante por causa do forte desaquecimento da
economia argentina. Portanto, seria melhor comparar 1994 e 1998, anos “normais”. Em 1998 as
exportações brasileiras para a Argentina foram de 711 mil toneladas. Entre 1994 e 1998 portanto, as
vendas brasileiras para esse mercado se mantiveram praticamente estáveis.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 179
Empresas Exportadoras Brasileiras
TABELA 12
Indicadores de Comércio Brasil/Uruguai – Anos Selecionados
Indicadores 1992 1994 1996 1998 1999
TABELA 13
Indicadores de Comércio Brasil/Paraguai − Anos Selecionados
Indicadores 1992 1994 1996 1998 1999
a) Laminados longos
A Argentina exige que nos produtos siderúrgicos destinados à construção
civil conste o selo IRAM,5 fornecido quando a especificação do produto atende
às normas de segurança. Para obter essa aprovação, as empresas pagam
US$ 1200 por mês, ao IRAM, e ainda arcam com todas as despesas (transporte,
estadias e diárias) feitas por técnicos argentinos que comparecem à vistoria, a
qual é repetida a cada três meses.
b) Laminados planos
As barreiras identificadas pelas empresas nacionais atuantes no segmento
foram a abertura de dois processos antidumping, ambos pedidos pela Siderar,
a maior empresa argentina produtora de laminados planos a quente e a frio, e
a aprovação do Programa de Especialização Industrial.
Esse programa atinge especificamente o segmento de chapas grossas e de
laminados a quente. De acordo com ele, a empresa argentina exportadora po-
derá importar o produto para revendê-lo no mercado interno ao pagar uma
tarifa aduaneira de apenas 2%. Assim, empresas brasileiras serão duramente
atingidas, já que o diferencial do imposto de importação é uma vantagem
competitiva importante em relação aos países da Europa oriental. Além disso,
a Romênia, um importante concorrente do Brasil nesse segmento, não foi
citada no processo antidumping. Isso vem levando os clientes das empresas
brasileiras ao adiamento de compras.
5
Esse selo é fornecido pelo Instituto Argentino de Normalização.
6
Produtos laminados planos, de ferro ou de aços não ligados, de largura igual ou superior a 600 mm,
laminados a quente, não folheados ou chapeados, e nem revestidos.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 181
Empresas Exportadoras Brasileiras
7
A LAPI estava prevista para terminar em janeiro de 2000 para os produtores situados em países do
MERCOSUL, o que não havia ocorrido até março de 2000, ou seja, até quando foram feitas as entrevistas.
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TABELA 14
Produção e Exportação de Frango no Brasil − 1990/1999
(Em mil toneladas)
TABELA 15
Principais Países Produtores de Frango − 1994/1999
(Em mil toneladas)
Fonte: USDA.
TABELA 16
Principais Países Exportadores de Frango − 1994/1999
(Em mil toneladas)
Fonte: USDA.
TABELA 17
Exportação Brasileira de Frango por Tipo de Produto − 1990/1999
(Em %)
TABELA 18
Participação das Exportações Brasileiras no Mercado Argentino no Total − 1990/1999
(Em mil toneladas)
TABELA 19
Coeficiente de Penetração das Importações Provenientes
do Brasil no Mercado Argentino − 1994/1999
(Em mil toneladas)
TABELA 20
Exportação Brasileira de Frango ao Mercado Argentino
por Tipo de Produto − 1990/1999
(Em %)
3.1 Introdução
Nesta subseção, procuramos identificar e avaliar a importância relativa
das principais restrições não tarifárias enfrentadas pelas empresas brasileiras
nas exportações destinadas ao MERCOSUL . Dada a dificuldade de se efetuar um
grande número de entrevistas diretas com as empresas foi enviado um questioná-
rio, por correio, para as principais empresas exportadoras brasileiras.
Esse procedimento metodológico, porém, impõe algumas limitações na
análise dos resultados as quais devem ser mencionadas antecipadamente. Para
aumentar o percentual de obtenção de respostas ao questionário, limitou-se o
número de questões. Mesmo assim algumas empresas não responderam a to-
dos os quesitos solicitados, principalmente os relativos a itens em que se vis-
lumbram informações consideradas de sigilo comercial. Por exemplo, os dados
pertinentes a preço − tanto de exportação como o vigente no mercado interno
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 189
Empresas Exportadoras Brasileiras
do país importador − não foram fornecidos pela quase totalidade das empresas
respondentes. Outras evitaram informar o nome e o código do produto, mas
preencheram as partes referentes às restrições enfrentadas.
Por último, vale advertir que as respostas indicam a percepção das empre-
sas diante das dificuldades impostas às suas vendas nesse mercado consumi-
dor. Isso não corresponde necessariamente às barreiras às importações. Por
exemplo, o imposto indireto pode representar uma restrição às suas vendas
por elevar o preço para o consumidor. No entanto, se aplicado em idênticas
condições ao produto doméstico, tal imposto não se caracteriza como uma dis-
criminação ao produto importado, que é o procedimento que buscamos detectar.
3.2 O Questionário
O questionário efetivamente aplicado às empresas exportadoras foi divi-
dido em seis seções.8 Na primeira, foi solicitada a citação das características
gerais da empresa: atividade básica, número de empregados, mercado princi-
pal (MERCOSUL , Estados Unidos, Europa e resto do mundo) de exportações, a
participação das exportações destinadas ao MERCOSUL no total das exportações,
e o desempenho das vendas no MERCOSUL (aumento, diminuição e constância).
Na segunda seção, pediu-se que as empresas assinalassem os obstáculos
encontrados nas exportações no MERCOSUL . O questionário listou seis fatores
(preço, qualidade, acesso aos canais de distribuição, concorrência de terceiros
países, barreiras não tarifárias e outras) e solicitou que as firmas assinalassem
aquelas que julgassem apropriadas. Para medir a importância de cada entrave
foi pedido que as empresas atribuíssem pesos a eles em uma escala de um
(pouco importante) a seis (muito importante). Assim, quanto mais elevado
fosse o número assinalado pela empresa, maior seria, na percepção dela, a
importância daquele fator. Em seguida, e em razão das dificuldades observa-
das nas vendas ao MERCOSUL , solicitou-se que as firmas especificassem as mu-
danças9 processadas nas suas estratégias empresariais, bem como para qual
mercado (Brasil, MERCOSUL e resto do mundo) pretendiam direcionar seus es-
forços de venda nos próximos três anos.
8
A partir da versão original fornecida por Julio Berlinski, coordenador-geral desta pesquisa, o questionário
foi adaptado, conforme as recomendações de outras instituições experientes nesse método de levanta-
mento de informações. Comparada à versão inicial, a versão final do questionário foi bem reduzida.
Isso foi feito para aumentar o número de empresas respondentes (uma cópia do questionário pode ser
obtida com os autores pelos e-mails: kume@ipea.gov.br ou marciojr@ipea.gov.br.).
9
Foram listadas sete estratégias: aumento da produção, diminuição da produção, melhoria da qualidade,
desenvolvimento de novos produtos, redução dos custos, redução do lucro unitário, e não foram feitas
alterações.
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Foram discriminadas três opções: seguro e frete, gastos aduaneiros e outras.
11
Foram detalhadas quinze medidas: licenças de importação, registro do produto, registro do estabeleci-
mento exportador, requisito de etiqueta, requisito de inspeção e teste, inspeção prévia, trâmites
aduaneiros excessivos, conteúdo regional, compras do governo, regulamentações técnicas e padroniza-
ções, certificações técnicas, patentes, regulamentação do transporte, impostos indiretos e outras.
12
Foram listadas: mudanças de processo de produção, mudanças na especificação dos produtos, mudan-
ças em rótulos e em embalagens, adaptação às normas técnicas, padronizações, testes e certificações,
inspeção das plantas industriais e exportação sem marca própria.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 191
Empresas Exportadoras Brasileiras
TABELA 21
Número de Empresas e Participação Percentual por Setor de Atividade
Código Setor Número de Empresas (%)
01 Agropecuária 8 1,9
02 Extrativa mineral 4 1,0
03 Petróleo e gás 0 0,0
04 Mineral não metálico 19 4,6
05 Siderurgia 10 2,4
06 Metalurgia de não ferrosos 2 0,5
07 Outros metalúrgicos 32 7,8
08 Máquinas e tratores 40 9,7
10 Material elétrico 21 5,1
11 Equipamentos eletrônicos 9 2,2
12 Automóveis, ônibus e caminhões 1 0,2
13 Peças e outros veículos 20 4,9
14 Madeira e mobiliário 48 11,7
15 Celulose, papel e gráfica 12 2,9
16 Indústria da borracha 5 1,2
17 Elementos químicos 4 1,0
18 Refino de petróleo 8 1,9
19 Produto químicos diversos 17 4,1
20 Farmacêutica e veterinária 5 1,2
21 Artigos plásticos 7 1,7
22 Indústria têxtil 35 8,5
23 Artigos do vestuário 7 1,7
24 Calçados 12 2,9
25 Indústria do café 1 0,2
26 Beneficiamento de produtos vegetais 9 2,2
27 Abate de animais 6 1,5
28 Indústria de laticínios 0,0
29 Fabricação de açúcar 15 3,6
30 Fabricação de óleos vegetais 1 0,2
31 Outros produtos alimentares 11 2,7
32 Indústrias diversas 21 5,1
35 Comércio 22 5,3
Total 412 100,0
Fonte: elaboração dos autores.
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TABELA 22
Classificação das Empresas por Tamanho
Número de Empregados (N) Número de Empresas (%)
TABELA 23
Distribuição das Empresas segundo Percentual das
Exportações para o MERCOSUL nas Exportações Totais
Participação (P) Número de Empresas (%)
0 49 12,9
0 < P < 0,10 102 26,9
0,11 < P < 0,25 71 18,7
0,26 < P < 0,5 61 16,1
Acima de 0,5 96 25,3
Total 379 100,0
13
As notas variam entre 1 e 6, sendo que os valores 1 e 2 são designados como “pouco importantes”,
3 e 4 como “moderadamente importantes”, e 5 e 6 como “muito importantes”.
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TABELA 24
Obstáculos às Exportações para o MERCOSUL
14
No item “outros obstáculos” foi solicitado que as empresas especificassem a barreira encontrada.
Observando essas especificações notamos que algumas delas deveriam ter sido assinaladas nos itens
descritos. Assim, para evitar que as informações desse item fossem perdidas, optamos por reclassificar
essas informações entre as restrições já constantes no questionário. Algumas barreiras citadas não
puderam ser enquadradas entre os itens já existentes, mas foram mencionadas por um número
significativo de empresas e se agrupam em três categorias: política doméstica (brasileira), demanda no
país importador e tarifas.
15
Entende-se por política doméstica brasileira as dificuldades enfrentadas pelas empresas nacionais para
conseguir crédito e financiamento para as exportações, e as dificuldades com a aduana brasileira.
16
No caso de tarifas, a indicação, feita por firmas pertencentes às atividades produtoras de máquinas e
tratores, material elétrico, peças e outros veículos, abate de animais e fabricação de açúcar é surpre-
endente. À exceção do açúcar, em que Brasil e Argentina ainda não conseguiram alcançar um acordo de
livre-comércio, com o fim do regime de adequação não há mais cobrança de tarifas desde 2000.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 195
Empresas Exportadoras Brasileiras
TABELA 25
Número de Restrições às Exportações, segundo Países Importadores − em Valor Absoluto e
em Proporção das Firmas Respondentes
(Em %)
17
Esse setor teve apenas uma firma respondente.
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TABELA 26
Restrições Visíveis e Invisíveis às Exportações Brasileiras no MERCOSUL
Barreiras Não Tarifárias Número de Firmas Nota Média Desvio-Padrão
1. Restrições visíveis
1.1 Custo de seguro e de frete 201 3,8 0,77
1.2 Gastos com aduana no país importador 197 3,9 1,17
2. Restrições invisíveis
2.1 Requisitos de etiquetas 196 3,8 1,33
2.2 Trâmites aduaneiros excessivos 145 4,5 1,07
2.3 Inspeção prévia 132 4,0 1,17
2.4 Requisitos de inspeções e de testes 129 4,3 1,06
2.5 Licenças de importação 95 3,9 1,32
2.6 Registro do produto 85 4,2 1,41
2.7 Certificações técnicas 79 4,4 1,32
2.8 Normas de impostos indiretos 72 4,2 1,28
2.9 Registro do estabelecimento exportador 66 3,3 1,43
2.10 Regulamentação do transporte 60 3,5 1,59
2.11 Sanitárias e fitossanitárias 58 3,7 1,87
2.12 Exigência de conteúdo regional 51 2,9 1,19
2.13 Exigência de patentes 37 2,8 1,29
2.14 Compras governamentais 35 2,4 1,85
18
Esse setor contou com apenas uma firma respondente.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 197
Empresas Exportadoras Brasileiras
TABELA 27
Principais Setores Afetados por Restrições Visíveis
Restrições Visíveis Setores Nota Média
TABELA 28
Principais Setores Afetados por Barreiras Invisíveis
Barreiras Invisíveis Setores Nota Média
As outras restrições invisíveis foram citadas por não mais que cem em-
presas da amostra. No entanto, a algumas delas as empresas atribuíram uma
nota média levemente superior a 4. Foram os casos de registro do produto,
certificações técnicas e normas de impostos indiretos.
As restrições impostas por exigência de conteúdo regional, exigência de
patentes e de compras governamentais, foram apontadas por um número re-
duzido de firmas, e receberam nota média inferior a 3, o que indica a baixa
importância relativa delas.
Em relação às respostas por setor de atividade, na tabela 29 mostramos
novamente, para cada restrição, os setores em que mais de 50% das firmas
indicaram essa opção, bem como a respectiva nota média.
De um lado, as restrições trâmites aduaneiros e inspeção prévia foram
citadas por um número maior de setores, respectivamente 6 e 7; de outro,
conteúdo regional e exigência de patentes têm efeitos específicos, para algu-
mas firmas, mas não predominam em nenhum setor.
Entre as quatorze restrições, o setor de abate de animais aparece nove
vezes. No entanto, essa atividade acredita que essas barreiras são “moderada-
mente importantes” no desempenho das suas exportações, atribuindo-lhes,
portanto, notas entre 3,3 e 4,3. As exceções foram duas: registro do estabele-
cimento exportador e exigências sanitárias e fitossanitárias, consideradas bas-
tante restritivas e às quais foi atribuída a nota máxima.
O setor de calçados aparece oito vezes, e as firmas a ele pertencentes
consideraram mais restritivos os trâmites aduaneiros excessivos (nota média
5,1) e certificações técnicas (nota média 5,2).
O setor material elétrico foi citado em quatro restrições: trâmites adua-
neiros excessivos, inspeção prévia, requisitos de inspeção e testes e certificações
técnicas: todas foram por ele consideradas “moderadamente importantes”.
TABELA 29
Restrição às Exportações e Produtos com Exportação Nula
País Produtos com Restrição Produtos Nunca Exportados (%)
Argentina 160 22 13,7
Paraguai 36 30 83,3
Uruguai 55 40 72,7
TABELA 30
Solicitações ou Gestões Feitas para Combater as Restrições às Exportações
Entidade Número de Respostas (%)
Governo brasileiro 50 36,8
Governo estrangeiro 39 28,7
Associação de classe 47 34,6
Total 136 100,0
19
De fato, em alguns setores, principalmente nas exportações para o Paraguai, o número de produtos
nunca exportados foi superior ao número de produtos que sofrem restrição nesse mercado.
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 201
Empresas Exportadoras Brasileiras
TABELA 31
Procedimentos Adotados para Superar as Restrições Impostas às Exportações no MERCOSUL
Tipos de Mudanças Produtos Nota Desvio-Padrão
TABELA 32
Procedimentos para Superação das Restrições por Setor
Mudanças em Razão das Barreiras Setores Nota Média
4 RESUMO E CONCLUSÕES
Neste trabalho procuramos identificar e avaliar as principais restrições enfren-
tadas pelas firmas brasileiras nas exportações destinadas ao MERCOSUL . Para atingir
esse objetivo escolhemos dois procedimentos: entrevistas diretas com setores
escolhidos e aplicação de um questionário, via correio, para os principais ex-
portadores brasileiros.
As principais restrições detectadas em entrevistas diretas com empresas
exportadoras e com associações de classe foram:
a) calçados: exigência de etiqueta com informações além das requeridas
usualmente; certificação das etiquetas apenas pelo Instituto de
Tecnologia Industrial da Argentina (INTI); licença prévia para a impor-
tação; inspeção antes da expedição das mercadorias; e dificuldades
administrativas e demora nos trâmites aduaneiros;
b) carne de frango: requisitos de certificados sanitários acima dos padrões
exigidos nos principais mercadores consumidores; aplicação do direito
antidumping; e dificuldades nos procedimentos aduaneiros, como a
inspeção prévia e o atraso na liberação das mercadorias;
Identificação das Barreiras ao Comércio no M ERCOSUL: a Percepção das 203
Empresas Exportadoras Brasileiras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS