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I – Educação: conceitos fundamentais

We don't need no education

We don’t need no thought control

No dark sarcasm in the classroom

Teachers leave them kids alone

Hey! Teachers! Leave them kids alone!

All in all, it's just another brick in the wall

All in all, you're just another brick in the walliv

A música Another Brick in the Wall, da qual foi retirado o trecho acima, é provavelmente
a manifestação mais famosa de repúdio ao sistema escolar. Lançada no final de 1979,
alcançou em 1980 o primeiro lugar das paradas em países tão diversos como Estados
Unidos, Israel e Nova Zelândia. A música chegou a ser proibida pelo regime racista da
África do Sul, pois havia se tornado um verdadeiro hino nos protestos contra a segregação
nas escolas sul-africanas. Ainda hoje, Another Brick in the Wall é considerada uma das
melhores músicas de todos os tempos.v

A gigantesca repercussão dessa música demonstrou a existência de uma percepção


compartilhada em vários países do mundo de que há algo essencialmente errado com a
educação tal qual a concebemos hoje. Infelizmente, a banda inglesa Pink Floyd também
cometeu um erro, que passou despercebido por quase todos que ouviram a música. Esse
erro foi a confusão entre educação e escolarização. Bem, não precisamos jogar toda a
culpa em Roger Waters & cia., pois esse erro é largamente disseminado. E não é o único:
instrução, por exemplo, também é frequentemente associada com escolarização.vi Da
mesma forma, os termos professor e educador são frequentemente tomados como
sinônimos. vii

Sem dúvida alguma, o termo “educação” é o de mais problemática definição. Vários


sentidos, muitas vezes com pouquíssima relação entre si foram se agregando à palavra
“educação” com o passar do tempo. viii A razão para essa infindável diversidade semântica
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foi a excepcional circunstância de que, a partir do Iluminismo, a educação passou a ter


uma forte conotação emotiva, significando “o instrumento fundamental de transformação
individual e social”.ix Nesse sentido, a educação passou a ser um símbolo agregador de
todas as transformações sociais e individuais visualizadas pelas mais diversas correntes
ideológicas. x

Entre as várias definições reconhecidas de educação, destaco:

“Educação desenvolve no corpo e na alma do aluno toda a beleza e toda a


perfeição de que ele é capaz.” (Platão)

“A educação é a criação da mente sadia em um corpo sadio. Desenvolve a


faculdade do homem, especialmente sua mente, para que ele possa ser capaz
de desfrutar a contemplação da verdade suprema, a bondade e beleza.”
(Aristóteles)

“A educação é o desenvolvimento da criança de dentro.” (Rousseau)

“A educação é desdobramento do que já existe em germe. É o processo através


do qual a criança faz com que o interno torne-se externo.” (Froebel)

“A educação é o desenvolvimento harmonioso e progressivo de todos os


poderes e faculdades de inatas do ser humano – físicas, intelectuais e morais.”
(Pestalozzi)

“A educação é o completo desenvolvimento da individualidade da criança


para que ele possa fazer uma contribuição original para a vida humana de
acordo com o melhor de sua capacidade.” (T. P. Nunn) xi

Apesar dessa diversidade de definições, é possível identificar uma essência comum a


todas elas: a educação diz respeito a um desenvolvimento, uma maturação, um
florescimento do potencial individual.xii Nesse sentido, a educação não é um pensamento
ou uma teoria, mas uma forma de ação concreta sobre o indivíduo:

Educação é ação, e a definição de Durkheim parece-nos excelente: “A


educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não
amadureceram pela vida social.” Ação de uma personalidade sobre outras,
criação de comunicações psicológicas entre seres humanos, a educação
pertence ao domínio da arte: a arte de criar condições favoráveis a essa ação
profunda, suscetível de orientar a evolução de um sujeito, a arte de manejar
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certas técnicas de ação, a arte de conduzir para os objetivos determinados


aqueles cujo encargo nos pertence.xiii

Analiticamente, é possível constatar que a educação:

a) Compreende diversos processos de aprendizagem no decorrer da vida, sem


limitação a uma situação específica, como a escolar;xiv

b) Consiste essencialmente no desenvolvimento de um poder inato da pessoa;

c) É um processo dinâmico, que se desenvolve de acordo com as mudanças na


situação concreta da pessoa;

d) Em regra, é um processo tripolar, que requer a participação do educador, do


educando e da sociedade em que eles vivem. xv xvi

A educação pode ser realizada fundamentalmente de modo:

a) Informal: “ocorre no curso de atividades adultas mundanas nas quais os jovens


tomam parte de acordo com sua habilidade. Não há uma atividade executada
apenas para ‘educar as crianças’.”xvii;

b) Formal: existe um processo educacional específico, destacado da vida cotidiana,


que se destina à transmissão de conhecimentos, hábitos e habilidades para as
xviii
novas gerações. Enquanto a educação informal parte de uma relação pessoal
entre o educador e o educando (por ex., pai e filho), a educação formal é centrada
no conteúdo, universalmente padronizadoxix. A educação formal é realizada
usualmente dentro do ambiente escolar;

c) Não formal: qualquer atividade educacional organizada realizada fora do sistema


estabelecido. Envolve grupos comunitários e outras organizações. Existem os
seguintes tipos de educação não formal:

I) Educação paraformal: atividades reconhecidas por autoridades


educacionais e que correm paralelamente ao sistema educacional. É o caso
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da educação à distância, dos programas de tutoria e de aulas


complementares para pessoas com problemas de aprendizagem;

II) Educação popular: iniciativas educacionais explicitamente dirigidas aos


grupos marginais da população, de forma concreta e aproveitando-se de
seus conhecimentos anteriores; xx

III) Atividades de desenvolvimento pessoal: realizadas por meio do mercado


privado de ensino com o objetivo de atender demandas de caráter
individual. No Brasil, essas atividades acontecem nos “cursos livres”, que
recebem essa denominação por não requererem reconhecimento do
Ministério da Educação. São exemplos dessas atividades os cursos de
idiomas, esportes, artes plásticas e informática; xxi

IV) Treinamento profissional: inclui os vários programas de treinamento


profissional e vocacional organizados por firmas, sindicatos, agências
privadas e até escolas formais. Seu objetivo é capacitar profissionais para
atender às necessidades das empresas. xxii

Idealmente, a educação formal e não formal distinguem-se nos seguintes aspectos: xxiii

Formal Não formal


Propósitos Longo prazo & geral Curto prazo & específica
Baseada em certificação Não baseada em
certificação
Tempo De ciclo longo De ciclo curto
Preparatório Recorrente
Tempo integral Meio expediente
Conteúdo Padronizada Individualizada
Absorção Produção
Centrada na academia Centrada na prática
Requisitos de admissão A clientela determina os
determinam a clientela requisitos de admissão
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Sistema de administração Baseada na instituição, Baseada no ambiente,


isolada do ambiente. relacionada à comunidade.
Estruturada rigidamente. Flexível.
Centrada no professor. Centrada no aluno.
Utilização intensiva de Economia de recursos.
recursos.
Controle Externo Autogoverno
Hierárquico Democrático

Por sua vez, a “instrução se refere à formação intelectual, formação e desenvolvimento


das capacidades cognoscitivas mediante o domínio de conhecimentos sistematizados”.
xxiv
Nesse sentido, instrução é, essencialmente, a transmissão de conhecimentos e
habilidades. A instrução não é um fim em si mesmo, mas apenas um dos meios de se
realizar a educação, como explica José Carlos Libâneo:

Há uma relação de subordinação da instrução à educação, uma vez que o processo e o


resultado da instrução são orientados para o desenvolvimento das qualidades específicas
da personalidade. Portanto, a instrução, mediante o ensino, tem resultados formativos
quanto converge para o objetivo educativo, isto é, quando os conhecimentos, capacidades
e habilidades propiciados pelo ensino se tornar princípios reguladores da ação humana,
em convicções e atitudes reais frente à realidade. xxv

O ensino “corresponde a ações, meios e condições para a realização da instrução; contém,


pois, a instrução. (...) o ensino é o principal meio e fator da educação – ainda que não o
único – e, por isso, destaca-se como campo principal da instrução e educação”.xxvi O
ensino pressupõe necessariamente uma intenção (objetivo a ser alcançado por aquele que
se submete ao ensino) e em caráter triádico, pois se refere a quem ensina, à quem se ensina
e ao que é ensinado. Nesse sentido, o ensino é muitas vezes visto como mero sinônimo
de educação, mas trata-se, na verdade, de apenas uma das formas de realização do
processo educacional. Nada impede, por exemplo, que a educação ocorra sem um
educador (aquele que ensina): essa é a situação do autodidatismo, no qual a aprendizagem
ocorre sem o ensino.xxvii

A aprendizagem consiste na “aquisição de uma técnica qualquer, simbólica, emotiva ou


de comportamento: isto é, uma mudança nas respostas de um organismo ao ambiente, que
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melhore tais respostas em vista da conservação e do desenvolvimento do próprio


organismo”xxviii. A aprendizagem tem três dimensões:

a) humana: relacionamento interpessoal (professores, alunos, direção, funcionários);


b) político-social: época histórica, políticas governamentais, etc.;
c) técnica: definição de objetivos, seleção de conteúdos, técnicas e recursos de
ensino.

Cultura, em sentido antropológico, engloba tudo aquilo que o ser humano produz para
garantir sua sobrevivência e desenvolvimento. Abrange desde atividades essencialmente
materiais, como a agricultura,xxix até obras de caráter mais intelectual, como a literatura e
as artes. A Constituição Federal adotou esse conceito ao definir patrimônio cultural
brasileiro como “os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira” (art. 216, caput). A transmissão da cultura se
faz por meio da educação, formal, não formal e mesmo informal.

Escolarização (ou educação escolar), por sua vez, refere-se a todos os processos de
caráter educacional controlados por uma instituição específica, a escola. Em termos
jurídicos, escolarização é sinônimo de submissão a padrões homogêneos definidos
nacionalmente; no caso do Brasil, esses padrões constam da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional – também conhecida
como LDB), que delimita expressamente seu âmbito de aplicação: “Esta Lei disciplina a
educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias” (art. 1º, § 1º).xxx A escolarização não é apenas a educação
institucionalizada (isto é, conduzida por estruturas burocráticas altamente reguladas, as
escolas), mas também uma ideologia xxxi, um mito xxxii, uma religião xxxiii e um processo
educacional xxxiv.

Educador é simplesmente aquela pessoa responsável pela educação de outrem. Sua


relevantíssima função social consiste na transmissão seletiva da cultura às novas
gerações. Nesse sentido, o educador determina quais manifestações culturais são
relevantes o bastante para serem internalizadas pelos educandos. Não é exagero dizer que
o conjunto de possibilidades de vida imagináveis por determinada geração foi
determinado majoritariamente pelos educadores dessa geração.
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Professor ou docente é a pessoa responsável pela educação, ou mais, estritamente, pela


transmissão de conhecimentos a outras pessoas. A atividade do professor é o ensino, que
pode ser realizado tanto em caráter informal (na educação domiciliar, por exemplo, o
ensino é responsabilidade dos pais) quanto profissionalmente, dentro de um ambiente
escolar como integrante de uma profissão. Existem duas espécies fundamentais de
professores:

a) Os professores instrutores: são responsáveis apenas pela transmissão de


conhecimentos. Não têm o poder de determinar o que, porque e para que
transmitir, mas somente prestam um serviço tendo em vista os fins já
determinados por outrem. Geralmente, consideram-se instrutores ou facilitadores
aqueles que atuam na educação não formal (por exemplo, em cursos de línguas
estrangeiras, de artes marciais e de mecânica);

b) Os professores educadores: são simultaneamente educadores e instrutores, pois


são responsáveis tanto por transmitir conhecimentos e habilidades como também
por selecionar os bens culturais e as finalidades com que eles são transmitidos. O
professor educador transmite ao educando a cultura filtrada de acordo com sua
ideologia e visão de mundo. Essa função é exercida pelos pais e mais
controvertidamente pelos profissionais do sistema escolar.

O quadro a seguir sintetiza as categorias de professores:

Atividade formal Atividade informal


Instrutores Professores inseridos no Instrutores de cursos livres.
sistema escolar.
Educadores Professores e outros Pais e responsáveis por
profissionais do sistema crianças e adolescentes.
escolar.

Intelectual, em sentido lato, é todo aquele que, dotado de cultura consideravelmente maior
que a média da população, reflete sobre as realidades sociais e propõe soluções para os
problemas dessa sociedade. A classe dos intelectuais é tradicionalmente denominada de
intelligentsia. Na conhecida classificação das espécies de poder realizada por Max
Weber, o poder intelectual (ao lado do militar e do político) tem destacada importância,
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uma vez que determina a ação alheia sem a necessidade da utilização da força física ou
de meios financeiros.

Extremamente influente no Brasil é a distinção realizada por Antônio Gramsci entre


intelectuais tradicionais e intelectuais orgânicos:

Daqui a designação de intelectuais “orgânicos” distintos dos intelectuais tradicionais.


Estes, para Gramsci, eram basicamente os Eram os intelectuais estagnados no mundo
agrário do Sul da Itália. Eram o “clero”, “os funcionários”, “a casa militar”, “os
acadêmicos” voltados a manter os camponeses atrelados a um status quo que não fazia
mais sentido. (...)

(...)

“Orgânicos”, ao contrário, são os intelectuais que fazem parte de um organismo vivo e


em expansão. Por isso, estão ao mesmo tempo conectados ao mundo do trabalho, às
organizações políticas e culturais mais avançadas que o seu grupo social desenvolve para
dirigir a sociedade. Ao fazer parte ativa dessa trama, os intelectuais “orgânicos” se
interligam a um projeto global de sociedade e a um tipo de Estado capaz de operar a
“conformação das massas no nível de produção” material e cultural exigido pela classe
no poder. Então, são orgânicos os intelectuais que, além de especialistas na sua profissão,
que os vincula profundamente ao modo de produção do seu tempo, elaboram uma
concepção ético-política que os habilita a exercer funções culturais, educativas e
organizativas para assegurar a hegemonia social e o domínio estatal da classe que
representam.xxxv

De acordo com essa classificação, os professores, responsáveis pela educação, seriam


necessariamente intelectuais tradicionais ou orgânicos. Na doutrina pedagógica brasileira,
há praticamente um consenso no sentido de que os professores não apenas são
intelectuais, mas principalmente têm o dever moral de serem intelectuais orgânicos, ou
xxxvi
em outros termos, intelectuais transformadores. Maria Lúcia de Arruda Aranha,
autora do mais influente manual de filosofia da educação no Brasil, afirma essa
vinculação entre professor e intelectual orgânico de forma assaz contundente:

Ser um educador intelectual transformador é compreender que as escolas não são espaços
neutros de mera instrução, mas carregados de pressupostos que representam as relações
de poder vigentes e convicções pessoais nem sempre explicitadas. Imaginar que a escola
seja um local apolítico, em que são transmitidos conhecimentos objetivos e apartados do
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mundo das injustiças sociais, é manter uma postura conservadora. Perigosamente


conservadora, por contribuir com a manutenção do status quo.xxxvii

Ideologia tem duas concepções: a neutra e a crítica. De acordo com a primeira, ideologia
é uma visão de mundo compartilhada por determinado grupo; é, nesse caso, sinônimo de
ideário. Na concepção crítica, de fundo marxista, ideologia é a estratégia utilizada pelos
intelectuais a serviço de uma classe para representar falsamente a realidade em benefício
dessa classe. Para propagar a ideologia dominante e manter o sistema mediante o
consenso da população, o Estado contaria com aparelhos ideológicos, quais sejam,
instituições como a família, a religião, a escola, o sistema legal, a cultura e a
comunicação. xxxviii

Propagandaxxxix ou doutrinação é uma forma de comunicação que busca influenciar o


comportamento dos destinatários em direção a determinada causa ou ideologia. A
modificação comportamental, por sua vez, consiste em um estágio mais avançado da
doutrinação, pois utilizada técnicas empiricamente demonstradas para aumentar ou
diminuir a frequência de um comportamento. Há controvérsia a respeito da possibilidade
xl
de uma diferenciação essencial entre educação propaganda ou doutrinação. Porém,
considerando a educação no sentido clássico de “formação integral do ser humano”, é
possível realizar uma série de distinções entre educação e doutrinação ou propaganda,
como será detalhado no quadro a seguir.xli

Doutrinação e propaganda Educação


Unilateral: Diferentes ou opostos pontos Multifacetada: As questões são
de vista são ignorados, deturpados, examinadas a partir de muitos pontos de
subrepresentados ou denegridos. vista; os lados opostos são
equitativamente representados.
Usa generalizações, declarações Usa qualificadores: as declarações são
“totalizantes” e despreza referências e apoiadas em referências e dados
dados específicos. específicos.
Omissão seletiva: Dados cuidadosamente Equilibrado: Apresenta as amostras de
selecionados – e mesmo distorcidos – para uma ampla gama de dados disponíveis
apresentar apenas o melhor ou o pior caso sobre o assunto. Linguagem usada para
revelar.
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possível. A linguagem é usada para


esconder.
Uso enganador das estatísticas. Referências estatísticas qualificadas com
respeito ao tamanho, duração, critérios,
controles, fonte e subsídios.
Aglomeração: ignora distinções e Discriminação: Assinala as diferenças e
diferenças sutis. Tenta reunir elementos distinções sutis. Use analogias com
superficialmente semelhantes. Raciocina cuidado, apontando diferenças e casos de
por analogia. inaplicabilidade.
Falso dilema (ou/ou): apenas duas Alternativas: Há muitas maneiras de
soluções para o problema ou duas resolver um problema ou visualizar uma
maneiras de ver a questão - o “caminho questão.
certo” (o caminho do orador ou do
escritor) e o “caminho errado” (qualquer
outra forma).
Apelos a autoridade: declarações Apelos à razão: Declarações de
selecionadas de autoridades utilizados autoridades e partes envolvidas utilizados
para encerrar uma discussão. Abordagem para estimular o pensamento e a
“Só o especialista sabe”. discussão. “Especialistas raramente
concordam”.
Apelos ao consenso ou “efeito arrastão”: Apelos aos fatos: fatos selecionados a
“Se todo mundo está fazendo isso, então partir de ampla base de dados. Aspectos
devem estar certos”. lógicos, éticos, estéticos e psicoespirituais
considerados.
Apelos às emoções: Usa palavras e Apelos à capacidade das pessoas para
imagens com fortes conotações respostas fundamentadas e atenciosas:
emocionais. usa explicações e palavras
emocionalmente neutras.
Rotulagem: usa rótulos e linguagem Evita rótulos e linguagem depreciativa:
depreciativa para descrever os defensores aborda o argumento, e não as pessoas que
de pontos de vista opostos. apoiam um ponto de vista específico.
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Promove atitudes de ataque e/ou de defesa Promove atitudes de abertura e de


com o objetivo de vender uma atitude ou pesquisa. O objetivo é descobrir.
produto.
Ignora os pressupostos e os vieses Explora os pressupostos e os vieses
embutidos. embutidos.
O uso da linguagem promove a falta de O uso da linguagem promove maior
consciência. consciência.
Pode levar à pobreza de espírito e à Pode levar à compreensão e à visão mais
intolerância. abrangente.
Estudos citados escondem os conflitos de Estudos citados revelam os conflitos de
interesse das fontes de financiamento. interesse das fontes de financiamento.
As estatísticas sempre são apresentadas As estatísticas são apresentadas para
para mostrar o máximo de dano do mostrar vários aspectos do problema, nem
problema e mínimo de danos da solução. sempre a partir de uma abordagem
maximalista ou minimalista.

Socialização é o processo de absorção e disseminação das normas culturais de um


determinado grupo social. Em outros termos, é o modo como a cultura é transmitida a
uma pessoa e retransmitida por essa mesma pessoa; também é conhecida como educação
informal. Os agentes de socialização consistem nas pessoas e instituições que auxiliam
na integração do indivíduo na sociedade. Esses agentes podem ser:

a) primários: são as pessoas naturalmente mais próximas do indivíduo, ou seja, os


familiares e amigos;

b) secundários: são as instituições sociais nas quais o indivíduo é inserido, como


escola, igreja e local de trabalho.xlii

Pedagogia é a ciência da educação. Em sentido estrito, diz respeito apenas à educação


das crianças e jovens (pedagogia vem do grego paidós, que significa criança).xliii Em
xliv
sentido amplo, tem por objeto qualquer espécie de educação. Didática é o campo da
pedagogia que tem por objeto os modos de realização do ensino. Concepções pedagógicas
(ou concepções educacionais) são as diversas teorias que buscam fundamentar o saber
pedagógico. São reconhecidas as seguintes concepções: xlv
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a) Concepção tradicional: o aluno é considerado receptor passivo de informações


preestabelecidas pelo sistema ou instituição educacional, que deve
criteriosamente selecionar e preparar os conteúdos a serem transmitidos às novas
gerações. A avaliação da aprendizagem baseia-se na capacidade de reprodução
fiel das informações ensinadas. A relação professor-aluno é marcada por forte
hierarquização e autoritarismo;

b) Concepção comportamentalista ou behaviorista (tecnicismo): o conhecimento é


externo ao indivíduo e deve ser por ele descoberto como resultado direto de sua
experiência. Cabe à Educação o papel de estabelecer um roteiro de ações
rigorosamente controlado, que conduza o aluno a atingir objetivos de ensino pré-
determinados. A transmissão dos conteúdos deve levar ao desenvolvimento de
habilidades e competências;

c) Concepção humanista: privilegia os aspectos da personalidade do sujeito que


aprende. Corresponde ao “ensino centrado no aluno”. O conhecimento, para essa
concepção, existe no âmbito da percepção individual e não se reconhece
objetividade nos fatos. A aprendizagem se constrói por meio da ressignificação
das experiências pessoais. O aluno é o autor de seu processo de aprendizagem e
deve realizar suas potencialidades. A educação assume um caráter mais amplo, e
organiza-se no sentido da formação total do homem e não apenas do estudante;

d) Concepção cognitivista: entendem o ser humano como um sistema aberto, ou seja,


consideram sua capacidade de processar novas informações, integrando-as a seu
repertório individual, reconstruindo-as de forma única e subjetiva continuamente
ao longo da vida, em direção à constante autossuperação, e incorporando
estruturas mentais cada vez mais complexas. Nessa abordagem, o professor é
entendido como mediador entre o aluno e o conhecimento. Cabe a ele
problematizar os conteúdos de ensino, criando condições favoráveis à
aprendizagem, e desafiar os alunos para que cheguem às soluções por meio de um
processo investigativo;

e) Concepção sociocultural: No Brasil, Paulo Freire é o representante mais


significativo da abordagem sociocultural. Nessa perspectiva, o ser humano não
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pode ser compreendido fora de seu contexto; ele é o sujeito de sua própria
formação e se desenvolve por meio da contínua reflexão sobre seu lugar no
mundo, sobre sua realidade. Essa conscientização é pré-requisito para o processo
de construção individual de conhecimento ao longo de toda a vida, na relação
pensamento-prática. Visa à consciência crítica, que é a transcendência do nível de
assimilação dos dados do mundo concreto e imediato, para o nível de percepção
subjetiva da realidade como um processo de relações complexas e flexíveis ao
longo da história.

Glossário
Conceito “A educação é a ação exercida pelas gerações
Educação adultas sobre as que ainda não amadureceram
pela vida social.” (Durkheim)
Características Compreende diversos processos de
aprendizagem no decorrer da vida.
Desenvolve um poder inato da pessoa.
Varia de acordo a com situação concreta da
pessoa.
Participantes: educador, educando e sociedade.
Classificação Formal Conceito Realizada em
estabelecimentos
de ensino e
regulamentada
pelo Estado.
Classificação Ensino
fundamental
E. médio.
E. superior.
Informal Não há um processo educativo
(ou não separado da vida cotidiana da
intencional) criança.
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Não formal Conceito Cursos livres, sem


regulamentação
estatal.
Classificação Educação
paraformal
Educação popular
Atividades de
desenvolvimento
pessoal
Treinamento
profissional
Instrução Transmissão de conhecimentos e habilidades.
Ensino Ações, meios e condições para a realização da instrução; contém,
pois, a instrução.
Aprendizagem Aquisição de conhecimentos e habilidades.
Cultura Tudo aquilo que o ser humano produz para garantir sua sobrevivência
e desenvolvimento.
Escolarização Processos de caráter educacional controlados por uma instituição
(ou educação específica, a escola.
escolar)
Educador A pessoa responsável pela educação de outrem.
Professor (ou Conceito Pessoa responsável pela educação, ou mais,
docente) estritamente, pela transmissão de conhecimentos a
outras pessoas.
Atividade Informal Fora do ambiente escolar; não
constitui uma profissão.
Profissional Dentro de um ambiente escolar
como integrante de uma profissão.
Classificação Instrutores São responsáveis apenas pela
transmissão de conhecimentos.
Educadores São simultaneamente educadores e
instrutores.
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Intelectual Conceito Pessoa que reflete sobre as realidades sociais e


propõe soluções para os problemas dessa
sociedade.
Classificação de Tradicional Intelectual ainda preso a uma
Gramsci formação socioeconômica
superada.
Orgânico Intelectual que participa da
formação de uma nova sociedade;
também chamado de intelectual
transformador.
Ideologia Concepção Estratégia utilizada pelos intelectuais a serviço de
crítica uma classe para representar falsamente a realidade
(marxista) em benefício dessa classe.
Aparelhos Conceito Instituições sociais que propagam a
ideológicos do ideologia da classe dominante no
Estado Estado.
Espécies Religioso, escolar, familiar,
jurídico, político, sindical, cultural
e de informação.
Doutrinação Conceito Forma de comunicação que busca influenciar o
(ou comportamento dos destinatários em direção a
propaganda) determinada causa ou ideologia.
Modificação Consiste em um estágio mais avançado da
comportamental doutrinação, pois utilizada técnicas
empiricamente demonstradas para aumentar ou
diminuir a frequência de um comportamento.
Socialização Conceito Processo de absorção e disseminação das normas
culturais de um determinado grupo social.
Agentes de Primários Pessoas naturalmente mais
socialização próximas do indivíduo: os
familiares e amigos.
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Secundários Instituições sociais nas quais o


indivíduo é inserido, como escola,
igreja e local de trabalho.
Pedagogia Conceito Ciência da educação.
Didática Campo da pedagogia que tem por objeto os modos
de realização do ensino.
Concepções Conceito São as diversas teorias que
Pedagógicas buscam fundamentar o saber
pedagógico.
Classificação Tradicional
Comportamentalista ou
behaviorista (tecnicismo)
Humanismo
Cognitivista
Sociocultural

II – A família

1. Conceito e espécies de famílias

Família! Família!

Papai, mamãe, titia

Família! Família!

Almoça junto todo dia

Nunca perde essa mania

Mas quando a filha quer fugir de casa

Precisa descolar um ganha-pão

Filha de família se não casa

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