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Neves nos mostra que a família Dourado se fez presente em uma área próxima
do atual município de Tanque Novo, na chamada fazenda Algodões:
Juazeiro – Sítio hoje em Botuporã, limites com Macaúbas,
medindo meia légua de comprimento e um quarto de largura,
arrendado pela Casa da Ponte ao capitão José Antônio do Rego,
em 1816, por 10 tostões anuais, limitando com Algodões, de
João José da Silva Dourado; Buriti, da viúva de Joaquim
Oliveira Cortes; Pé da Serra, de Geraldo José do Rego e
Domingos José do Rego; e Santana de João da Silva Batista,
sendo avaliado no tombamento fundiário de 1819 por 80 mil
réis e vendido, em 1831, para Geraldo José do Rego (NEVES,
2003, p. 369)
Percebemos que João José da Silva Dourado, neto do marujo português também
foi atraído pelo ouro, assim como o avô, desta vez para a região de Rio de Contas, no
entanto, como a mineração nesse local entrava em decadência, adquiriu a fazenda
Algodões, onde constituiu família, que se dedicou à agropecuária. Como veremos, seus
descendentes se espalharam por esta e outras fazendas próximas a Tanque Novo.
Se foi o senhor João José da Silva Dourado ou os filhos dele que compraram a
fazenda que deu origem ao município de América Dourada, é uma questão que não
abordamos nesta pesquisa. Mas foi importante saber que os membros da família
Dourado tinham terras na região de Tanque Novo, pois há indícios de que os moradores
da atual comunidade Dourados de Tanque Novo sejam descendentes de escravos da
família Dourado, pois são negros, assim como a maioria dos moradores do Pé do Morro
II e, até pouco tempo, eram chamados “nego dos Dourado” ou “nego do Pé do Morro”,
por alguns moradores do município, em tom preconceituoso.
Os treze filhos de João José da Silva Dourado e Guardiana Maria Cardoso
foram: Maria (Iaiá Sá Maria), Demétrio, Joaquim, Bento, Manoel, Antônio, José, João,
Ana Joaquina (Sinhazinha), Constança, Francisca, Lucrécia, Clemência, todos com o
sobrenome da Silva Dourado. Quando o registro 427 cita João José da Silva Júnior,
pode estar se referindo tanto ao oitavo citado anteriormente, quanto ao filho de João
José da Silva Dourado com outra mulher, o que não foi possível comprovar. Os outros
dois se referem ao segundo e ao quinto filho citados, respectivamente. Não se sabe
quantos desses nasceram na fazenda Algodões ou em outra, próxima ao atual município
de Tanque Novo, nem quando foram para fazenda América Dourada, no entanto, os
cônjuges dos filhos e os netos do casal João José e Guardiana são conhecidos através de
Gustavo Dourado, em anexo, e, ao serem relacionados com as informações anteriores,
esclarecem quais estiveram ligados à comunidade Dourados de Tanque Novo.
Alderi Souza de Matos nos revela que o oitavo filho, casado com Carolina
Cardoso Pereira, teve João Cardoso Dourado, nascido em Caetité no dia 7 de janeiro de
1854. Este se casou no dia 7 de janeiro de 1878, na fazenda São João, então município
de Macaúbas, atual Paramirim, com a prima Geraldina Brandelina (este último nome
não aparece na relação de Gustavo Dourado, mas está em outras genealogias da família)
da Silva Dourado, nascida em 6 de janeiro de 1860, filha de Bento da Silva Dourado, o
quarto filho, casado com Maria Cardoso de Oliveira.
Em 1906, o Rev. Waddell mudou-se com a família para Ponte Nova, pouco mais
ao sul, onde a missão alugou e depois adquiriu uma grande fazenda junto ao rio Utinga,
onde é a atual sede do município de Wagner. Ali foi criado um colégio evangélico para
os filhos dos sertanejos nordestinos, o Instituto Ponte Nova. Na época, somente três
outras localidades baianas (Salvador, Ilheus e Caetité) forneciam ensino de segundo
grau, o atual Ensino Médio. O propósito do Instituto Ponte Nova era preparar
professores para escolas primárias e bíblicas, treinar jovens para o trabalho da igreja e
encaminhar alguns deles ao ministério. Dos doze alunos iniciais, oito foram enviados
pelo coronel João Dourado, sendo quatro deles seus filhos. O coronel Benjamin
Nogueira também enviou os filhos e alguns parentes para estudarem em Ponte Nova.
Alguns moradores atuais de Tanque Novo dizem que a influência para estudar
em Ponte Nova chegou até Tanque Novo, provavelmente devido à ligação de Francisco
Alves Carneiro com seu concunhado. Existe registro da saída para Mundo Novo, em
1907, de João Alves Carneiro, descrito no texto sobre o Alecrim e relatos de que
Severino Xavier Malheiro, cunhado do irmão de Zeferino, Manoel Rodrigues de
Magalhães, da fazenda Sarandi, enviou o filho dele. Segundo as fontes orais, Zeferino e
Ana Bela também quiseram enviar o filho Venício, mas não concretizaram. Francisco
Alves Carneiro esteve próximo de João Cardoso Dourado, no entanto, o bisneto e
historiador Abderman informa que ele sempre foi católico. A ligação entre as famílias
Carneiro, Cardoso e Dourado precisa ser mais bem estudada para se entender em que
circunstâncias se deram a compra das terras que originaram a cidade de Tanque Novo.
O fator que mais influencia na produção das culturas é a chuva. O rebanho sofre,
tendo que se deslocar até a Lagoa da Baraúna de Cima ou do Olho D’água para beber.
Por não utilizarem métodos adequados para armazenar a água no período chuvoso, os
moradores também passam por calamidades na seca. Antes era feito o plantio com
enxadas e enxadões para abrir covas no chão e hoje já utilizam o arado, que é um pouco
mais rápido, e em poucos lugares o trator. A casa de farinha busca incentivar o plantio e
o cultivo da mandioca nessas localidades, evitando, com isso, o êxodo rural. O
estudante 1543 fala da realidade do Olho D’água: [...] Nós plantamos já para o consumo
Familiar e está ótima as plantações e a pecuária com os bovinos, caprinos e suínos
[...]”.