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cultural que se propunha para a próxima legislatura. Fi-lo com agrado, era uma
Entendi sempre que chamar-me para isso era uma oportunidade para confrontar o
que por meios mais institucionais não se confrontaria. Vivia-se a ressaca do Porto
2001 e já com o mandato de Rui Rio uma completa submersão de tudo o que não
fosse uma cultura popular e rentável. Propus o Maus Hábitos como lugar para o
encontro o que foi aceite sem reservas. Convidei gente que achei que nunca suporia
estar naquela circunstância, alguns vieram outros não. Era um papel secundário o
meu, o interesse era confrontar opiniões, coisa que fiz sempre que me foi proposto
pelo simples prazer de ver uma discussão a fluir e confirmar, ou não, o que disso
para o facto de a arquitectura ser o único campo da cultura portuguesa que não
a boca com os feitos internacionais da arquitectura, Álvaro Siza tinha ganho dez
programas das instituições que têm horizontes mais vastos de alcance e que os
programas das unidades de investigação das Faculdades, que são exactamente isso
abertos para quem quer que seja, há espaços reservados de informação que vivem
das políticas que as instituições que os acolhem definem para si. Não há apoios
para investigação fora dos programas FCT, a Fundação Gulbenkian já os teve, mas
há muitos anos que torna claro, inclusive na informação que dispõe sobre as suas
bolsas de investigação, que a arquitectura está excluída dos seus programas que
incluem todos os outros campos da cultura e da estética (ou quase). Não há da parte
nas políticas educativas que possam difundir a importância que a arquitectura pode
ter nas vidas de cada um, começando pelo momento em que se torna possível
arquitectura (que foi depois descontinuado) em que chamava a atenção para tudo
não se afastou assim tanto da realidade da profissão) que o passo seguinte seria
criar uma instituição que lidasse com a cultura arquitectónica portuguesa e com os
pontos que atrás enumerei. O texto chamava-se ‘Ground Zero’ e propunha que o
que havia a ser feito sê-lo-ia ‘contra a banalização absoluta’ da arquitectura. Risco
que, hoje mais do que antes, corre, diluída que está entre lifestyle,
doutoramento apoiados pela FCT privilegiam. Defendia também, nesse texto, que
disciplina. Mas que enquanto não houvesse alternativa essa era uma incumbência
paisagem e o território que fizeram parte do acordo feito com o Estado e que a OA
assumiu como suas. Mas a OA tem os seus ciclos e não é por isso um parceiro
estável e fiável para esse compromisso. Não sei sequer se deva sê-lo, a sua é uma
natureza distinta, durante algum tempo decidiu assumi-los, mas pode facilmente
deixar de os fazer, como parece agora acontecer. Passados todos estes anos tudo
Quero desejar, pelas óbvias razões, que a Casa da Arquitectura seja o que em
Portugal ainda não existe. Quero que tenha um tempo longo para existir. Quero
que seja aquilo que se propõe ser e fazer e que evolua para todas as outras coisas
que referi e que me parecem fundamentais e ainda que seja ágil a discutir e a
integrar o que apareça e que seja premente, o que é leve e o que é pesado. Quero
que seja aberta e inteligente. Quero que assegure os meios para a sua consistência
e que não seja mais uma vítima das mudanças de políticas, de elencos governativos
cultura ocupa em Portugal e que só agora parece ser aberto também à arquitectura.
Quero abraçar efusivamente todos os que conseguiram que isto acontecesse. Mas
portuguesa, ainda é um espaço discreto e escuso, inculto. Tudo o que acima está
referido é participativo, mesmo que possa não ser espectacular, e constrói uma
as obras que eles produzem e isso, como todos sabemos, não chega.
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Bruno Baldaia
Arquitecto,
Imagens
Conferência de Richard Sennett Harvard University Graduate School of Design. Nehru
Place, Dehli.
Ficha Técnica
Data de publicação: 17.11.2017
Etiqueta: Arquitecturas / espaços