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conceber que, desde que sejam dadas condições de trabalho, toda pesquisa

histórica é possível no Brasil. Partir do pressuposto de que o Brasil só pode


produzir História do Brasil, é empobrecer-nos demais no campo da História.
Enquanto existe uma verdadeira tendência xenófoba no Brasil em relação à
produção histórica, no exterior a história renova-se com a contribuição de HISTÓRIA LOCAL*
grandes historiadores de todas as áreas, particularmente dos medievistas. Basta
lembrar o nome de Jacques Lê Goff ou de Georges Duby, entre muitos.
Pierre Goubert
Trad.: Marta M. Lago"*

NOTAS:

1 A expressão é de Zumthor. Vide ZUMTHOR.Paul. Parlar du Moyen Age. Paris, Ed.


du Minuit, 1982. p. 27-47.

2 NORA, Pierre. Mémoire Collective In: La Nouvelle Histoire. Paris, CEPL, 1978.
p. 398-400.

3 A própria memória coletiva conserva e transmite a idéia monumento, a própria ex-


periência, mas está sobretudo ligada às leis do imaginário: apaga e recompõe à sua
vontade, em função das necessidades do momento ou na"o.

4 É claro que há importantes exceções. Destaco aqui uma tendência.

GOUBERT, Pierre. Local History. l N: Histórica! Studies Today. Ed. by Felix Gil-
bert and Stephen R. Graubard. N.Y. Norton & Co., 1972.

** 25 anos.bacharelanda em história pela Universidade Federal Fluminense.

Revista Arrabaldes. Ano l, n°. 1, maio/agosto 1988 69


68 Arrabaldes
Denominaremos história local aquela que diga respeito a uma ou poucas — histórias como eram escritas antes dos Essa/s sur lês Moeurs*, de Voltaire
aldeias, a uma cidade pequena ou média (um grande porto ou uma capital — davam ênfase à tradição** às particularidades e aos atos heróicos célebres
estão além do âmbito local), ou a uma área geográfica que não seja maior do da cidade ou província. Nos fins do século XVI, eram lugar comum histó-
que a unidade provincial comum (como um county inglês, um contado italia- rias provinciais que se resumiam em meras listagens de famílias nobres, cas-
no, uma Land alemã, uma bailiwick ou pays francês). Praticada há tempos telos, feudos, abadias e ordens religiosas, ou histórias de cidades, simples
atrás com cuidado, zelo, e até orgulho, a história local foi mais tarde despre- enumerações de títulos, privilégios, nomes famosos e mexericos sobre a
zada — principalmente nos séculos XIX e primeira metade do XX — pelos cidade natal do escritor. Mais tarde, as instituições mais fortes da província
partidários da história geral. A partir, porém, da metade desse século, a histó- (os Estamentos, os Parlamentos) publicavam suas histórias, motivados por
ria local ressurgiu e adquiriu novo significado; na verdade, alguns chegam a sentimentos corporativos e como um meio de proteger seus interesses. Fre-
afirmar que somente a história local pode ser autêntica e fundamentada. qüentemente, monges dedicados à pesquisa (os beneditinos, por exemplo)
Por um longo período — pelo menos até aquele momento em que as reuniam e publicavam corpus documentais relativos às suas províncias, o que,
idéias passaram a circular mais rapidamente (séc. XVIII) e os homens a se des- em geral, era feito com muito cuidado 1 . Tais obras continham na maioria das
locarem com mais freqüência e rapidez (durante a revolução acarretada pelas vezes atos legislativos ou administrativos, escrituras de fundação, documentos
ferrovias, no século XIX), o ponto de referência da maioria dos europeus era feudais e outros materiais relacionados às grandes famílias nobres, aos padres
a paróquia, no campo, ou a pequena cidade e os seus arredores, ou seja, a dedicados e aos abades que tinham sido mais influentes; eram por vezes apo-
grosso modo, a faixa de terra percorrida em um dia de caminhada, de 10 a logias, quase hagiografias, mas mesmo atualmente, não podem ser despreza-
15 km, ou em um dia de cavalgada, cerca de duas ou três vezes mais. Prevale- das, pois freqüentemente se referem a textos de documentos perdidos, apre-
ciam nesses lugares as mesmas leis (costume local), assim como idênticas prá- sentando as únicas versões ainda existentes.
ticas culturais (métodos de cultivo do solo, qualidade das sementes, modelo O século XIX foi a época de ouro da história local, pelo menos na
das ferramentas, época de início de pastagens e corte de madeira), sociais e França. Seguindo e ampliando o exemplo dado pelas academias provinciais
econômicas (ocasião de contratar mão-de-obra, época dos mercados semanais da segunda metade do século XVIII, apareceram em cena muitas 'associa-
e das feiras trimestrais ou anuais), regras senhoriais iguais, bem como a mesma ções' que se autodenominavam 'eruditas' ou 'letradas' (e ocasionalmente
área judiciária e administrativa e as mesmas crenças religiosas. A maior parte o eram), durando, por vezes, uns poucos anos. Seus membros eram elemen-
dos habitantes nunca ultrapassava as fronteiras de seus distritos; seus filhos lá tos típicos da sociedade burguesa: magistrados, notários, padres, spinsters***,
permaneciam; encontravam-se nas imediações um padre, um juiz, um senhor rentiers, uns poucos professores e pequena nobreza. Dentre milhares de papéis
de terras, um tabelião e um mercado. A parte culta da população deslocava-se e centenas de volumes publicados na França a partir da metade do século
com facilidade: advogados promissores poderiam obter alguns de seus títulos XIX, talvez apenas a décima parte seja digna de exame, e se aproveite somente
nas universidades vizinhas; futuros padres freqüentavam seminários diocesa- um centésimo2. Essa ciência social do petit bourgeois seria de vantagem para
nos, quando esses existiam; os nobres, quando não viajavam para longe em uma análise sociológica e psicológica feitas com seriedade. A fraqueza desses
razão de guerra, iam para os castelos dos pais ou de suseranos, localizados trabalhos pseudo-históricos explica em parte o descaso demonstrado pelos
fora de seus domínios ou, algumas vezes, da própria província. Havia, tam- historiadores profissionais do início do século XX em relação à história lo-
bém, naturalmente, os mendigos e errantes; todos, entretanto, sentiam-se, em cal — um emaranhado de genealogias oportunistas, glórias usurpadas e afir-
primeiro lugar, cidadãos de suas cidades e províncias natais — d e Dijon e Bor- mações infundadas.
gúndia, de Amiens e Picardia, de Nímes e Languedoc, de Aix e Provença, de Tal desprezo pela história local explica-se ainda pelo modo como a his-
Saint-Brieuc e Bretanha — e só depois eram franceses, embora se reconheces- tória 'geral' era vista e concebida pelos historiadores profissionais. A história
sem como súditos fiéis e obedientes ao rei. Somente pequenos segmentos da
sociedade — as camadas mais altas e mais baixas — poderiam não se sentir liga-
dos a uma região ou lugar particular. Os grandes financistas e capitães, assim
Essais sur lês moeurs et lês esprits dês nations et lês principaux faits de 1'Histoire
como os bandos de mendigos ao longo das estradas não estavam intencional- depuis Charlemagne jusqu'à Louis XIII. (Nota de Tradutora)
mente longe de seus lares; todos sabiam (especialmente estes últimos, quando
No original inglês, antiquities. (Nota da Tradutora) •*
questionados pela polícia), de que província, diocese e paróquia provinham.
Originalmente a palavra spinster (de spin: fiar, tecer) era acrescentada ao nome da
Num tipo de vida tão confinada, as atividades intelectuais da pequena
mulher para indicar sua ocupação. A partir do séc. XVII (e, portanto, no período
minoria relacionavam-se ou com reflexões sobre textos antigos — gregos e indicado pelo autor), a palavra passou a designar juridicamente, na Inglaterra, uma
romanos, principalmente —, ou com a história da região, entendendo-se mulher solteira. Nos dias de hoje, a palavra significa simplesmente solteira, ou popu-
esta como sendo as terras da família. Quanto tentavam produzir histórias larmente, solteirona. (Nota da Tradutora)

70 Arrabaldes Arrabaldes 71
geral era política, militar, diplomática, administrativa e eclesiástica. Estudar o
O método de Feillet (embora ele nunca tenha pensado em criar um
Estado envolvia o estudo dos estadistas; estudar a guerra possibilitava o estu-
método, pois nesse tempo poucos demonstravam preocupações metodológi-
do das proezas militares dos generais; estudar relações internacionais impli-
cas) tornou-se de fato amplamente utilizado. Qualquer tese, seja ela brilhante,
cava na publicação de memórias de embaixadores; estudar religião levava à
surpreendente ou paradoxal, pode se basear em exemplos selecionados esco-
reconstituição dos feitos de papas e bispos, geralmente santos e devotos; o
lhidos dentre velhos estudos eruditos de variadas províncias. A história trans-
estudo da história administrativa (escrita a partir de registros burocráticos
forma-se num jogo, onde ingênuos amadores de história local oferecem a
encontrados em Paris) era entendida como sendo o estudo da história de todo
outros materiais que consideram úteis.
um povo. Uma psicanálise retrospectiva dos historiadores do século XIX pro- Somente nos últimos vinte anos um novo tipo de história local tornou-
vavelmente revelaria que muitos dos que escolheram escrever sobre a monar- se possível. Historiadores que, não tendo em geral nascido nas regiões estuda-
quia identificavam-se em maior ou menor grau com o monarca; que o histo- das, e n3o expressando por essa devoção filial, trouxeram novamente à moda
riador de um determinado ministro imaginava-se, por vezes, governando o o retorno a arquivos inexplorados de certa região e de um dado período. Essa
país. Muitas das curiosas histórias que foram publicadas poderiam ser expli- nova tendência surgiu da insatisfação em relação aos métodos históricos vigen-
cadas por uma interpretação freudiana elementar. tes e da preocupação com o estabelecimento de novos tipos de questões histó-
As primeiras tentativas sérias em história local foram feitas por histo- ricas. Os historiadores das gerações anteriores preocupavam-se sobremaneira
riadores que se situam entre os melhores. Eles compreenderam que uma tese com problemas das classes altas. Para usarmos exemplos franceses, seria corre-
ou interpretação, por mais engenhosa que fosse, necessitava basear-se em fatos to afirmar que a velha escola estava interessada em legisladores e não no im-
precisos. Fatos precisos possuem dimensão espacial, bem como dimensão plemento das leis, naqueles que governam e não nos governados, no clero e
temporal. Assim, Sébastien Vauban, pleiteando uma reforma fiscal, utilizou
não nos fiéis, nas memórias de homens letrados descrevendo seus países e não
os claros exemplos da eleição de Vézelay, sua terra natal, e da Normandia, nas realidades desses mesmos países. A volta à história local origina-se de um
onde se encontrava com freqüência 3 . Assim, o demógrafo Messance4, opon-
novo interesse pela história social — ou seja, a história da sociedade como
do-se com razão á tese da despopulação da França, postulada brilhantemente um todo, e não somente daqueles poucos que, felizes, a governavam, opri-
por intelectuais tão famosos quanto não habilitados para a demografia, como
miam e doutrinavam — pela história de grupos humanos algumas vezes deno-
Montesquieu e Voltaire, provou a partir de uma análise estritamente regio-
minados ordens, classes, estados. Tal história tinha um interesse tão grande
nal de numerosas paróquias em Lionês, Auvérnia e norte da Normandia, que
em corpos e mentes de muitos quanto nos planos universais e reflexões pro-
a população francesa cresceu perceptivelmente entre o final dos séculos XVII
fundas de poucos; tão preocupada com a história do pão, do óleo e do vinho,
e XVIII. Alexis de Tocqueville, em seu grande projeto no sentido de com- quanto com a história de estatutos corporativos e regras militares. Entretanto,
preender ao mesmo tempo o agonizante Antigo Regime e a Revolução Fran- uma história que pretenda dar conta de todos os aspectos da vida humana, em
cesa, utilizou registros burocráticos provinciais, particularmente de Tours,
todas as classes, encontra de início um obstáculo maior: os números.
ilustrando com exemplos precisos as realizações dos estados do Languedoc5.
Nâ"o é muito difícil estudar trinta intendentes franceses ou vinte embai-
A prática histórica, porém, pode depender do trabalho de homens talentosos? xadores; no entanto, tentar estudar centenas de milhares de citadinos e mi-
A técnica de Alphonse Feillet, contemporâneo de Napoleão III, foi mais lhões de camponeses em todos os aspectos de suas vidas apresenta dificulda-
comum e mais amplamente utilizada. Muitas vezes negligenciado, esse histo- des insuperáveis. Historiadores envolvidos em tais matérias não reclamam da
riador da miséria da França ao tempo da Ftonda 6 acreditava que o povo fran-
falta de documentos, mas sim da sua abundância; não possuindo qualquer
cês não conhecia suficientemente os malefícios da 'legítima' monarquia dos técnica de amostragem e considerando o estado dos arquivos, os historiadores \
Bourbons. Para confirmar essa hipótese bastante simples, que se relaciona tentaram limitar suas dificuldades concentrando suas atenções numa região
com a miséria dos franceses de antes, durante e depois da Fronda, Feillet uti- geográfica particular, cujos registros se encontravam bem reunidos, o que pos-
lizou memórias, cartas, monografias e ensaios publicados em grande número sibilita sua análise através do trabalho de uma única pessoa. Lucien Febvre
no século XIX: praticamente em todos os meses entre os anos de 1640 e 1660 já em 1911 assim o fez para o Franco Condado. Dez anos depois, Gaston
podia-se encontrar uma aldeia francesa onde as pessoas morriam de peste ou Roupnel fez o mesmo para a região de Dijon 7 . Esses primeiros trabalhos pas-
subnutrição, ou onde a violência de soldados desembocava em desordem gene- saram despercebidos, provavelmente por serem regionais em demasia. Nas
ralizada. Um historiador que fizesse cuidadosa leitura desses documentos e
universidades francesas daquela época (e mesmo dos anos seguintes), esse tipo
quisesse provar o oposto, com certeza seria igualmente convincente. É bem de história era considerada por demais limitada. Esses pioneiros, porém, logo
possível provar-se que durante o reinado de Luiz XIII a França tenha sido tiveram seguidores, e a estes se juntaram outros tantos, que uma espécie de
tão próspera quanto miserável: há apenas que se escolher pacientemente as superprodução de história regional é hoje, pelo menos na França, uma ameaça
evidências no mar de histórias locais publicadas. real.

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Porque essas monografias regionais foram tão importantes? Por que es- ça ocidental. Esse fenômeno não era conhecido nem compreendido até que
tabeleceram certas evidências, em alguns pontos limitadas, mas de qualquer fossem feitos estudos minuciosos ao nfvel da aldeia e do dom mio senhorial.
modo evidências; suas estatísticas, compiladas com certa margem de seguran- Nossa imagem da França rural desse período tem sido alterada substan-
ça, contestavam algumas das idéias 'gerais', preconceitos e aproximações cialmente pela perspicácia desses novos estudos. Assim, por exemplo, a pene-
que na falta de investigações mais precisas tinham se perpetuado. tração do trigo indiano na Aquitânia, no século XVIII (uma velha asserção
Uns poucos exemplos poderão dar uma idéia do que tem sido realizado. que mesmo Fernand Braudel pensou repetir recentemente) é agora datada do
Por um longo período, foi comum (e muito freqüentemente ainda o é) opor- século XVII. Baseia-se esse conhecimento inteiramente na pesquisa de jovens
se incondicionalmente à nobreza de 'espada' à nobreza de 'toga', ou seja, uma historiadores que se interessaram pelos pequenos mercados de trigo do sudes-
nobreza hereditária a uma nobreza adquirida através da nomeação para deter- te da França12. A idéia, freqüentemente reafirmada, de que a metade do su-
minadas funções judiciárias importantes. Os jufzes dos parlamentos franceses deste francês utilizava um sistema de rotação bienal nos seus campos de trigo,
eram por vezes caracterizados como burgueses. A cuidadosa tese de Jean foi destruída quando publicado por uma associação regional de estudos, diá-
Meyer sobre a nobreza bretã do séc. XVIII 8 , provou irrefutavelmente que não rio de viagens escrito por J. F. Henry de Richeprey — agronomista e oficial
havia um único burguês e muito pouca burguesia original no Parlamento da do rei13. Agora se reconhece que a rotação bienal não era a regra; todos os
Bretanha e que não havia diferença entre a nobreza de espada e a nobreza de tipos de rotação foram usadas no sul (e uma variedade ainda maior no oeste).
toga. Os membros do Parlamento da Bretanha eram descendentes das famílias As atitudes tão diversas dos camponeses em relação ao clero têm sido
nobres mais antigas que administravam a justiça nas próprias províncias. Ob- explicadas a partir de referências ao valor do imposto eclesiástico de uma
viamente, o que é fato para a Bretanha pode não ser igualmente verdade para determinada região. No sul da Bretanha esse tributo era baixo (3%), enquanto
outras províncias; a tarefa do historiador é efetuar um estudo tão meticuloso que no sudeste era muito alto (10 a 12,5%)14. O clericalismo de uma região
sobre os membros dos outros Parlamentos provinciais franceses quanto o que e o anticlericalismo de outra têm raízes mais antigas do que por vezes se ima-
foi feito para a Bretanha. ginou. Poderíamos continuar demonstrando indefinidamente o quanto as
Tomando um exemplo bastante diferente, parecia ser muito comum novas pesquisas locais e rurais têm contribuído para mudar nossa visão do
na França o crescimento do sistema senhorial (que os marxistas denominam passado europeu. É importante mencionar que tais pesquisas não se resumem
feudal); um édito de Luiz XIV foi algumas vezes citado para mostrar como as unicamente àquelas dos historiadores franceses, trabalhando com materiais
últimas posses alodiais se deram sob aquele reinado. R. Bourtrüche, em estu- franceses: devemos citar também a renovação da história inglesa, belga e dos
do sobre a posse alodial na região de Bordeaux chamou nossa atenção para Países Baixos como resultado dos estudos locais realizados por W. G. Hoskins,
o fato de que terras e camponeses completamente livres por vezes sobrevive- sobre Leicestershire, Joseph Reiwet sobre Herve e B. Slicher van Bath, sobre
ram na Idade Média 9 . Em seu livro sobre o sul da Auvérnia, Abel Poitrineau, Overijssel 15 .
baseando-se em documentos cartoriais, mostra que a proporção de posse A prática cuidadosa da história local e a multiplicação de monografias
alodial em várias comunidades rurais daquela província no século XVIII che- sobre regiões específicas, podem levar muito mais além; podem destruir mui-
gou algumas vezes próxima dos 50%'°. Provavelmente,este fenômeno terá tas das concepções gerais anteriormente consolidadas em tantos livros, ensaios
diso comum também em outras partes do país (principalmente no centro, e palestras. Assim, por exemplo, a tão falada 'crise' do século XVII e a 're-
leste e sul da França). O resultado dessas várias pesquisas é a conclusão inevi- volução agrícola' do século XVIII, certamente devem ser reconsideradas à luz
tável (mas não precipitada), de que uma parte da França durante o Antigo dos materiais que têm sido trabalhados na atualidade.
Regime (e, por definição, também durante a Idade Média) não se submeteu Seria necessário, provavelmente, ao menos na França, um livro inteiro
ao sistema senhorial. só para levantar as questões (sem mesmo procurar destruí-las) sobre o mito da
Constatou-se que certos costumes feudais, como a mão-morta, tinham 'crise' do século XVII. O próprio termo 'crise' é inadequado; crise em fran-
sobrevivido em partes longínquas do leste da França. Voltaire certa vez se cês significa um fenômeno violento mas breve, embora o uso da palavra nesse
referiu aos 'serfsdu Mont Jura'; no século XVIII, o rei libertou os últimos sentido pareça estar desaparecendo. Mesmo em nosso estudo sobre Beauvai-
servos que vivam nas terras onde ele era senhor. Novas pesquisas de Abel Poi- sis* não encontramos justificativa para a idéia de que tenha havido séria crise
trineau e Pierre de Saint-Jacob sugerem que, na França central poder-se-iam no período anterior a Fronda, a não ser pelo incidente das epidemias e da
encontrar grupos importantes de camponeses submetidos à m3o-morta; mui- conseqüente alta taxa de mortalidade, fato comum no século XVII (assim
tos outros casos são revelados no estudo de Régine Robin sobre o norte da
Borgonha (Auxois). É possível que um quinto dos camponeses dessa pequena
região tenham vivido sob um sistema que era, de fato, uma forma de servidão Beauvaisis era um antigo território da França cuja capital era Beauvais. Atualmente
atenuada". Aguardam-se outras descobertas da mesma natureza para a Fran- faz parte do departamento de Oise. (Nota da Tradutora)

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como no XVI). Nos anos de 1630 a população de Beauvais crescia, os preços a produção não foi substancialmente maior do que já havia sido; ela apenas
subiam, embora vagarosamente, as rendas dos proprietários de terra aumen- reproduzia os melhores índices de períodos anteriores. Um jovem historiador
tavam e a produção têxtil atingia novos níveis. Foi somente na segunda meta- da Sicília, Maurice Aymard, utilizando os mesmos métodos em local bastante
de daquele século que as condições pareceram deteriorar-se; é interessante diferente, sustenta que o rendimento dos férteis campos sicilianos de trigo no
observar que estudos locais posteriores em áreas diferentes sugeriram padrões século XVIII é o mesmo da época de Cícero. Parece ter existido um limite
diversos. Pierre Deyon em um estudo exaustivo sobre as cidades têxteis do superior e invariável da produção agrícola. Antes dos séculos XIX ou XX não
norte, particularmente Amiens, demonstrou com estatísticas surpreendentes se pode observar nenhum crescimento acelerado. As mudanças que os histo-
o caráter do crescimento industrial naquela área, sustentando assim nossas riadores pensavam estar descobrindo eram de curta duração ou ainda varia-
observações sobre o 'jubiloso reinado' de Luiz XIII. A atividade têxtil renas- ções geográficas entre diferentes regiões20. Nem todos os historiadores estão
ceu após 1660, época em que Colbert foi ministro; a 'crise' industrial foi prontos a aceitar as teses por demais chocantes propostas por Morineau.
corretamente deslocada para os últimos anos do reinado de Luiz XIV 16 . René Tentam descobrir outros exemplos regionais para refutá-lo; freqüentemente,
Baehrel em sua tese não burilada, diferente, embora substancial, pôs de lado porém, são mais comparações dos períodos ruins do século XVII com perío-
a concepção de que houve uma crise na Provença rural do sul, no século dos melhores do século XVIII. Por certo há que se ter em mente a idéia de
XVII: o autor lançou a idéia de um desenvolvimento geral, em condições um limite tecnológico apropriado para a maioria das regiões. As pequenas
interrompidas por períodos mais difíceis a cada trinta anos17. E. Lê Roy variações entre os rendimentos máximo e mínimo (cada um sendo pertinente
Ladurie, nas suas pesquisas sobre a região vizinha à Provença, transferiu a a diferentes regiões) provavelmente expressa o que era verdade na maior
chegada de uma depressão para os anos que se seguiram à guerra da Holanda, parte do tempo. A verdadeira revolução agrícola só 'decolou' muito tardia-
ou seja, para a década de 1680. Sua nova pesquisa, especialmente pelo uso mente — quase em todos os lugares na segunda metade do século XIX, ou
metódico dos documentos relativos ao imposto eclesiástico, levou-o a conclu- mesmo depois; algumas vezes ainda mais recentemente.
são de que houve contínua prosperidade durante a época de Colbert, chegan- A história demográfica, um ramo da história muito vigoroso atualmen-
do a uma espécie de ápice entre os anos de 1660 a 1680, quando a produção te, deve seu desenvolvimento ao tipo mais restrito da história local. Esse cam-
agrícola foi maior. No sul da França a Fronda nunca teve importância; como po estava vegetando, tendo como base rumores e teorias infundadas, até que
não houve escassez nos anos cinqüenta e sessenta, a quase totalidade do século historiadores e estatísticos se interessaram por documentos simples, despreza-
XVII — pelo menos até 1680 ou 1690 - foi caracterizada pela expansão18. dos, porém abundantes: os registros paroquiais. Jean Meuvret, utilizando-se de
Michel Morineau descobriu através de estudos nos arquivos e bibliotecas dos registros paroquiais de Gien (no rio Loire)e de muitos outros lugares, apon-
Países Baixos, que os tesouros americanos entraram em maior profusão na tou para a relação entre as crises econômicas e as demográficas do norte da
Europa na segunda metade do século XVII e não no século XVI, idéia tão França, no século XVII, e para o enfraquecimento dessas crises após a metade
cara a E. J. Hamilton e P. Chaunu19. Assim, uma série de estudos locais do século XVIII. Um exame em cerca de trinta paróquias em Beauvaisis foi a
nos tem levado a forte questionamento das opiniões sempre reproduzidas primeira tentativa para se fazer séria análise demográfica de toda uma região.
sobre a crise geral do século XVII. Se ela ocorreu, foi bem para o final do Louis Henry, utilizando-se do arquivo de Crulai (na Normandia), deu novo
século, pelo menos na França. Obviamente, a discussão está longe de ser impulso ao uso profissional de tais informações, apresentando pouco depois
esgotada; novas pesquisas irão talvez suscitar novas opiniões e reavivar antigas. as regras bem definidas do método (agora não mais questionado), apropriado
É quase certo, porém, que sem monografias provinciais sérias (escritas por para este estudo. O reconhecimento do valor dos documentos paroquiais
historiadores profissionais e não por amadores), não teria sido possível uma (numa época em que na França os censos eram raros, não muito conhecidos
revisão geral como a sugerida. e difíceis de serem trabalhados) permitiu a realização de estudos sobre fecun-
A 'não revolução agrícola', associada à Michel Morineau, envolve um didade, casamento e mortalidade infantil com um nível de exatidão nunca
período para nós ainda mais próximo. O autor chegou a uma série de conclu- antes atingido. A crescente produção monográfica logo demonstrou que nem
sões surpreendentes a partir de um estudo cuidadoso, que cobriu vários a França, nem a Europa se pareciam com Crulai ou Beauvaisis, embora permi-
séculos, de registros de impostos eclesiásticos e propriedades agrícolas: na tisse aos historiadores levantar uma série de novas questões: por exemplo,
Idade Média, nos séculos XVI, XVIII e mesmo XIX, onde prevaleceram as sobre o início das práticas de controle de natalidade, de cuidados infantis e
mesmas condições climáticas, de ordem política e os mesmos produtos foram mobilidade em geral. O problema da legitimidade e das relações sexuais ante-
cultivados, observam-se os mesmos rendimentos agrícolas; quando em alguns riores ao casamento, com padrões tão diferentes entre a França e a Inglaterra
períodos, a produção declina, as razões são facilmente identificáveis: guerras, e talvez tão características de certo tipo de mentalidade moderna21, não
condições climáticas ruins, perturbações sociais, fechamento de mercados. poderiam ter sido examinados antes do aparecimento de censos bem sistema-
Em geral, o século XVIII combinou condições razoavelmente favoráveis, mas tizados (na França, em 1840). Para períodos anteriores, somente os registros

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paroquiais fornecem a chave para todos esses problemas; sem esses documen-
Assim sendo, a multiplicação dessas monografias beira a superprodução,
tos, tais problemas não poderiam nem mesmo ser abordados.
e apresenta pelo menos três desvantagens: em primeiro lugar, é difícil encon-
O sucesso dos estudos históricos locais e regionais na França, tem sido
trá-las, lê-las ou sintetizá-las, ainda mais se lembrarmos que a maior parte não
considerável. As razões para isso não residem simplesmente nos métodos uti-
está publicada. Em segundo lugar, é improvável que um aluno em final de
lizados. Antes há que se notar o quanto de inspiração para tais estudos pro-
graduação ou um historiador inexperiente possuam competência suficiente
vém da Escola dosAnnales. Crftica severa das idéias tradicionais e preconcei-
para lidar com os diferentes elementos necessários à boa análise local; leis,
tos elitistas, essa escola chamou atenção para novos grupos sociais e promo-
instituições, economia, demografia, sociologia e religião não são assuntos
veu felizes associações interdisciplinares de historiadores e estudiosos de eco-
dominados facilmente e, em última análise, há sempre o perigo de retorno
nomia, psicologia, biologia e demografia. Essa nova geração, talentosa o sufi-
ao amadorismo. Por último, mesmo quando a monografia é boa, a descrição
ciente para se fazer notar, foi quem possibilitou a recuperação dos estudos
isolada de uma aldeia levanta mais problemas do que traz soluções: a infor-
históricos a partir de novos métodos e idéias.
mação fornecida terá significado local, provincial, ou geral? Para decidir essas
Mas todo sucesso traz consigo excessos. Como o trabalho histórico na
questões, outras monografias, de paróquias vizinhas seriam necessárias, tor-
França tem sido realizado principalmente em universidades, tende a reproduzir
nando as demandas e as questões infinitas.
imperfeições daquelas. Logo, uma imitação servil da inovação estabelece nova
A solução, obviamente, está na sistematização do estudo monográfico.
tradição, ou uma contestação violenta e negativa acaba freqüentemente refor-
No dom mio da demografia, essa sistematização é garantida pela Société de
çando a questão discutida originalmente. Já se pode prever o nascimento de
Démographie Historique em colaboração com a École Pratique dês Hautes
outra novidade, aquela tributária do contato entre a lingüística, a psicanálise
Études, pelo Institut National d'Études Démographiques e por algumas uni-
e a história22 (tão logo psicanalistas e lingüistas concordem em estudar arqui-
versidades; as duas primeiras instituições asseguram a publicação das melhores
vos e historiadores em estudar lingüística e psicanálise). Pode também ter
monografias (ou, quando isto não é possível, pelo menos seu resumo). Em
lugar violenta reação política e ideológica, fazendo com que os historiadores
Aix (Provença), o trabalho de estudantes em final da graduação tem sido dire-
franceses recuem cinqüenta anos ou mais.
cionado para a análise social das comunidades rurais do século XVIII. Em
Em período mais recente, grande número de alunos em final de gradua-
Caen, Pierre Chaunu faz o mesmo esforço de sistematização para a Norman-
ção e historiadores recém formados, dedicaram-se às monografias sobre paró-
dia. No Centre de Recherches sur lês Civilisations de TEurope Moderne de
quias. Por um ano (para o diploma mémoires de maítrise*) ou por vários
Paris, Roland Mousnier concentrou o trabalho de seus estudantes em torno
(para a tese do troisième cycle, um tipo de PHd), analisaram, utilizando fon-
de alguns temas: revoltas do século XVII, funcionários do governo do Antigo
tes, os diferentes aspectos da vida de uma ou mais paróquias, em geral do
Regime e a sociedade parisiense durante o mesmo período25. A dificuldade
século XVIII. Esse século deixou fontes abundantes e variadas, geralmente
é alcançar realmente publicações coletivas satisfatórias.
de fácil leitura. Em geral, o trabalho dos principiantes vale tanto quanto o de
seus idealizadores (e do professor que os orientou), e freqüentemente confir- Amplos estudos provinciais continuam a ser empreendidos, e muitos
estão perto da publicação. Esperamos estudos sobre Anjou, norte da Norman-
mam o que já era conhecido. Entretanto, alguns realmente contém certas
dia, a região sul de Paris, Lorena, Delfinado, Provença, Toulouse e Gasconha;
idéias novas e fornecem informações inesperadas — um exemplo disso está nas
novas informações obtidas a respeito das atitudes dos vinicultores de fie de outros seguirão um pouco mais tarde26. Esses estudos mais extensos são o
único meio de verificar a validade de velhas idéias e proposições, ou de desco-
France do século XVIII 23 frente ao controle da natalidade, ou na composição
brir novos problemas e hipóteses. A nova tendência, ao nosso ver correta, é
das comunidades nas aldeias de Brie (leste de Paris) do mesmo século24. Acre-
a de examinar um ou dois problemas em uma ou duas regiões. Assim, por
ditava-se que nas comunidades de Brie predominavam os camponeses ricos; já
exemplo, o trabalho original e interessante de François Lebrun sobre os ho-
se encontraram, entretanto, várias comunidades onde havia predomínio dos
pobres, numerosos jornaleiros que se uniram contra os camponeses ricos com mens e a morte em Anjou durante os séculos XVII e XVIII é aguardado com
a ajuda do Intendente Geral de Paris. Muitas dessas monografias paroquiais grande impaciência. Dois de nossos melhores alunos optaram recentemente
por concentrar seus esforços no problema do casamento em Champagne e no
são fracas, merecendo o esquecimento; outras porém, são excelentes.
problema da nomeação na França ocidental, do século XVI ao XIX. Amplos
estudos provinciais, concentrando-se num problema importante, através de
uma análise que abarque um longo período (um século ou mais) é talvez o
A memória de maítrise nSo chega a ser exatamente uma dissertação de mestrado, melhor procedimento a ser tomado por aqueles que desejam manter-se fiéis
como a existente no Brasil; o dicionário Micro Robert a define como "trabalho indi- à idéia de investigar a história local/provincial.
vidual apresentado pelos estudantes após a licenciatura" (Micro Robert, Dictionnai-
re du Français Primordial, Paris, S.N.L. — Lê Robert, 1971). (Nota da Tradutora)

78 Arrabaldes
Arrabaldes 79
11 Pointrineau, La vie rurale en Basse Auvergne; Pierre de Saint-Jacob, Lês paysans de
Ia Bourgogne du Nordau dernier siècle de /'Ancien Regime (Paris, 1966), pp. 38-40;
Régine Robin, La société française en 1789, Semur-en-Auxois (Paris, 1970), p. 120:
NOTAS: "L'Auxois est terre de mainmorte, 20% dês paroisses du bailliage sont mainmorta-
bles".

Por exemplo, o advogado Guy Coquile (1523-1603) escreveu Histoire du pays et


duche de Nivernais (Paris, Vefue A. L. 'Angelier, 1612); outro advogado, Antônio 12 Fernand Braudel, Civilisation matérielle et capitalisme, l (Paris, Colin, 1967), 126
Loisel (1536-1617), escreveu Mémoire dês pays, v!lies, comté et comtes, evesché et (Trigo indiano, séc. XVIII); Emmanuel Lê Roy Ladurie, Lês paysans de Languedoc
evesques, pairrie, commune et personnes de rénom de Beauvais et de Beauvaisis (Paris, Flammarion, 1969), p. 71 (Trigo indiano, 1637-1678); Georges e Geneviève
(Paris, S. Thiboust, 1617). Uma história provincial do século XVII é Histoire du Frêche, Lê prix dês grains, dês vins et dês legumes à Toulouse, 1486-1868 (Paris,
Berry et du diocese de Bourges (1689). No século XVIII, as histórias provinciais Presses Universitaires de France, 1967), especialmente pp. 20-22 ("De 1'apparition
mais famosas foram: Claude Courtépée e Edmé Béguillet, Description géneále et du maTs dans Ia mercuriale," em 1639, certamente, em 1618, com dúvidas).
particuliére du duche de Bourgogne, 7 vols. (Dijon, 1751-1767), e aquelas por histo-
riadores beneditinos tais como Dom Vaissete (Languedoc), Dom Maurice (Bretagne), 13 Journal dês voyages en Haute-Guienne de J. F. de Richeprey, in H. Guilhamon, Ar-
e Dom Plancher. Para conhecimento geral desse tipo de estudo, ver as bibliografias quives historiques du Rouergue, XIX (Rdez, 1952); ver especialmente os casos de
francesas, tais como: Henry Hauser, Lês sources de 1'histoire de France, XVIe siècle, Sainte-Eulalie du Larzac, p. 140, de Compeyre, p. 168, e muitos outros.
4 vols. (Paris, A. Picard, 1906-1915); Louis André, Lês sources de 1'histoire de
France au XVIIe siècle, 8 vols. (Paris, A. Picard, 1913-1935), especialmente vol. 8,
cap. XIV, "Histoire provinciale et locale". 14 Para a Bretanha, Henri Sée, Lês classes rurales en Bretagne du XVIe siècle à Ia
Révolution (Paris, V. Giard et Brière, 1906) e alguns estudos de meus antigos alunos
Uma bibliografia quase exaustiva dessa literatura está em Robert de Lasteyrie e em Rennes, infelizmente não publicados. Para o sudeste, ver o excelente livro de
René Gandilhon, Biblíographie génerále dês travaux historiques et archéologiques Armand Sarramon, Lês paroisses du diocese de Comminges en 1786, in Collection
publiés par lês soclétés savantes de Ia France (Paris, Imprimerie nationale, 1944- de Documents inédits sur 1'histoire économique de Ia Révolution Française (Paris
1961). 1968).

Sébastien Vauban, Project d'une dixme royale (Paris, F. Alcan, 1933); para a me- 15 W. G. Hoskins, Studies in Leicestershire Agrarian History in Leicestershire Archeo/o-
mória sobre a eleição de Vézelay, ver pp. 274-295; para exemplos da Normandia, gical Society (1949), e Essa/s in Leicestershire History (Liverpool, University Press,
ver pp. 39-42 (e demais páginas). 1950). Joseph Ruwet, L'agriculture et lês classes rurales au pays de Herve sous l'An-
cien Regime (Liège, 1943). B. Slicher van Bath, Ben samenleving onder spanning:
geschiedenis van hetplatteland in Overissel (Assen, Van Gorcum, 1957).
Messance, Recherches sur Ia population dês généralités d'Auvergne, de Lyon, de
Rouen. . . (Paris, Durand, 1766); Messance, Nouvelles recherches sur Ia population
de Ia France. . . (Lyon, 1788). 16 Pierre Deyon, Amiens, capitale provinciale, étude sur Ia société urbaine au XVIIe
siècle (Paris e The Hague, Mouton, 1967), especialmente cap. XIII, e La production
Alexis de Tocqueville, L'Ancien Regime et Ia Révolution; ver o Appêndice, Dês manufacturière en France et sés problemes en XVIIe siècle, n. 70-71 (1866), 47-63.
pays d'Etats et en particuüer du Languedoc, especialmente as últimas linhas.

17 René Baehrel, Une croíssance. Ia Basse-Provence rurale, fin du XVIe siècle-1789.


Alphonse Feillet, La misère au temps de Ia Fronde et Saint Vincent de Paul (Paris, (Paris, S.E.V.P.E.N., 1961).
Didier, 1862).
18 E. Lê Roy Ladurie, Lês paysans de Languedoc, e "Enquêtes en cours, Dimes et
Lucien Febvre, Phillipe II et Ia Franche-Comté (Paris, 1911), a ser republicada produit net agricole," Annales: economias, sociétés, civilisations, 24 (1969), 826-
resumidamente pela École Pratique dês Hautes Études e a Maison dês Sciences de 832.
l'Homme. Gaston Roupnel, La ville et Ia campagne au XVIIe siècle, étude sur lês
populations du pays dijonnais (1922), 2? ed. (Paris, Colin, 1955, pela École Prati- 19 Michel Morineau, "D'Amsterdam à Séville, de quelles réalités 1'histoire dês prix
que dês Hautes Études, Seção VI). est-elle lê miroir?" Annales: économies, sociétés, civilisations, 23 (1968), 178-205
(ver p. 196 para os dados de 1661-1700).
8 Jean Meyer, La noblesse bretonne au XVI l lê siècle, 1 vols. (Paris, Imprimerie natio-
20 Sobre a não revolução agrícola, ver: M. Morineau, "Y a-t-il eu une révolution agri-
nale, 1966).
cole en France au XVIIIe siècle?" Revue historique, 92 (19.68), 299-326; Denis
9 Robert Bourtrüche, L'alleu en Bordelais et en Bazadais du Xle au XVIIIe siècle. Ríchet, "Croissance et blocages en France du XVe au XVIIIe siècle," Annales:
économies, sociétés, civilisations, 23 (1968), 759-787; E. Lê Roy Ladurie, citado
(Paris, 1947).
acima, na nota n? 18; M. Morineau, Révolutions invisibles en France au XVIIIe
10 Abel Poitrineau, La vie rurale en Basse-Auvergne au XVIIIe siècle, 1726-1789. 2 siècle, agriculture et démographie, a ser publicada nos Cahiers dês Annales (1970
ou 1971).
vols. (Paris, Presses Universitaires de France, 1965), especialmente pp. 341-344.

Arrabaldes Arrabaldes 81
80
21 Ver meu artigo "Historical Demography and the Reinterpretations of Early Modern
French History: A Research Review", Journal of Interdisciplinary History, n. 1
(1970).

22 Robin, La société française en 1789, pp. 229-343, "Lê vocabulaire dês cahiers de
doleances".
ENSINO E PESQUISA EM HISTÓRIA
23 Michel Tyvaert e Jean-Claude Giacchetti, Argenteuil, 1740-1790, étude de démogra-
phie historique, in Annales de démographie historique (1969), pp. 40-61.

24 Maryvonne Brassens, "Recherches sur lês biens communaux a l'Est de Paris", me- UMA ENTREVISTA COM MARIA YEDDA LINHARES*
moire de maltrise não publicada, Sorbonne, Paris, 1970.

25 Ver Annales de démographie historique (1969), pp. 11-292 (vinte estudos mono-
gráficos); Michel Vovelle, "Etat présent dês études de structure agraire en Provence
à Ia fin de 1'Ancien Regime", Provence historique, n. 74 (1969), 450-484. Annales
de Normadie e Cahiers dês Annales de Normadie (estudos dirigidos por Pierre
Chaunu). Publicações do Centre de Recherches. sur lês Civilisations de /'Europe Mo-
derne, dirigida por Roland Mousnier; as mais recentes publicações são de Madelei-
ne Foisil, La revolte dês Nu-Pieds et lês revoltes normandes de 1639 (Paris, 1970), e
Roland Mousnier e outros, Lê Conseil du Rói de Louis XII à Ia Révolution (Paris,
1970).

26 A ser publicada em breve, tese sobre Anjou, por François Lebrun; a serem publica-
das nos próximos anos, região sul de Paris, por Jean Jacquart; norte da Normandia,
por G. Lemarchand; Lorena, por G. Cabourdin; Delfinado, por B. Bonnin; Proven-
ça, por M. Vovelle e R. Pillorget; Toulouse, por G. Freche; Gasconha, por Anne
Zink.

Nos dias 19 e 20 de abril do corrente, a professora Maria Yedda Linhares concedeu


entrevista à Revista ARRABALDES.

82 Arrabaldes Rnvista Arrabaldes. Ano l, n° 1, maio/agosto 1988 83

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