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Lição 2 Os Planos
Plano Geral - PG
Plano Inteiro - PI
Plano Médio - PM
Aproxima-nos mais ainda das figuras; agora estas estão cortadas pela cintura.
Poderemos apreciar os seus rostos assim como o que eles possam reflectir. Ao
plano que nos apresenta a figura cortada pelo peito chamamos de: Plano
Médio Aproximado - PMA
Aproxima mais ainda a figura, mostrando somente uma parte do rosto como,
por exemplo, os olhos numa expressão de medo.
Plano de Detalhe - PD
Este plano é utilizado somente em casos especiais e serve para levar o leitor a
prestar a máxima atenção a algo que tem a ver com o desenrolar da história e
que, noutros planos, passaria despercebido. Uma mensagem escrita deixada
sobre uma mesa, uma mão furtando algo de interessante, etc.
O Centro de Interesse
Normalmente os principiantes caem numa série de erros que fazem com que
as suas vinhetas fiquem confusas e com falta de profundidade.
O erro mais frequente é tentar desenhar um grupo de figuras sem que umas
tapem as outras, dispondo-as como se fosse em fila. Um outro erro é valorizar
os diferentes planos com a mesma intensidade de claro-escuro esquecendo
assim que o ar que se encontra entre o primeiro e o último plano vai atenuando
a intensidade dos escuros, assim como os detalhes dos rostos e das
roupagens, pondo em evidência a frase que diz: À distancia tudo é mais claro
e, ao mesmo tempo, mais escuro. É isso mesmo; os brancos que se encontram
longe vemo-los mergulhados numa cor cinzento-azulada, portanto mais
escuros, e os negros perdem intensidade parecendo mais claros. Mas, como
se deve proceder para fazer realçar o centro de interesse?
Bem, como disse, o ar é um elemento e, como tanto, podemos vê-lo. Portanto,
se desenharmos o centro de interesse em primeiro plano deveremos tratá-lo
mais vigorosamente e com um jogo de sombras e pormenores completos
enquanto os que ocupam os últimos planos serão suavizados, sem sombras e
com um menor número de pormenores, ganhando assim o centro de interesse
da vinheta a atenção do leitor. (A isto chamamos perspectiva ou degradação
tonal).
Outra maneira seria desenhar a figura principal a tons escuros no meio de tons
claros ou vice–versa.
Nesta figura a vinheta tratada com perspectiva tonal. Repare que o primeiro
plano ganha interesse, situando aí o centro da acção
Aqui a figura principal encontra-se em ultimo plano, é um grupo de cavaleiros.
Em primeiro plano temos um grupo de personagens que apontam até esse
grupo e, até as linhas das montanhas fugam para esse grupo. Ele é sem
duvida o centro de interesse.
Planificação de acção,
Distribuição de tempo,
Planificação de Acção
- Segunda vinheta, com a segunda acção, o protagonista puxa pela sua espada
e prepara-se para o combate.
Bem, não está mal de todo, mas vamos experimentar juntar essas duas
vinhetas numa só.
O segundo exemplo dá-nos uma só vinheta com as acções dos guardas
ameaçadores e, diante deles, o protagonista que desembainha a espada. Este
segundo exemplo parece-me o melhor, visto que no primeiro nos dá um tempo
longo com a ilusão de que o protagonista teria passado alguns instantes a
pensar se se defenderia ou não; Na seguinte não esperou e ao ver-se
ameaçado se defende. Mas porquê o primeiro exemplo nos parece um tempo
longo? Simplesmente porque sendo duas acções quase simultâneas têm de
estar juntas para que não exista esse espaço de tempo entre uma vinheta e
outra.
Há que pensar que quantas mais vinhetas utilizamos para narrar uma acção,
mais lenta esta se nos apresenta.
Distribuição de tempo
Este seria o tempo da vinheta, mas como deverá ser o tempo transcorrido entre
duas vinhetas ou imagens? Bem, aqui parece realmente um problema, porque
esse tempo é o que dá o ritmo ou andamento à história e uma história muito
lenta acabaria por cansar o leitor.
Como sabemos, em certas alturas o ritmo deve ser muito rápido, tal é o caso
de uma perseguição, ou muito lento como uma cena de amor. Então o que há a
fazer para que o leitor possa ver essa cena com a rapidez que nós lhe
quisemos atribuir?
Por outro lado, contar uma sequência em vinhetas isoladas e, à primeira vista,
independentes umas das outras, dá-nos um ritmo narrativo muito rápido, tão
rápido que entre uma vinheta e outra aconteceu algo que não está
representado, é como uma velocidade vertiginosa que não se consegue
acompanhar. Essa é a ilusão que teremos de transmitir às nossas cenas.
Além disso deve ter-se em atenção para que as acções simultâneas não
fiquem em vinhetas separadas
Um Exemplo do Japão
— O quê?... O Japão?...
Situado a Este da Ásia, é uma ilha com 377.535 quilómetros quadrados e mais
3500 pequenas ilhas.
Guião
Lição 2
À Laia de Introdução
Guião Literário
Introdução:
5ª Seq.: é então que o capitão pirata decide raptar a princesa que está a bordo,
pedindo um resgate de 1000 rublos em ouro.
Desenvolvimento:
11ª Seq.: Semanas mais tarde, enquanto o capitão pirata dorme, um navio
inglês chega à costa e dispara um dos canhões, dando o sinal.
Temos assim:
11ª Seq.: 2 Vinhetas, 12ª Seq.: 1 Vinheta, 13ª Seq.: 1 Vinheta, 14ª Seq.: 1
Vinheta
Cap. Inglês:
BASTARDO!!!!!!
Guião Técnico 4ª Página
Há nuvens e gaivotas.
Palácio Real no interior. Capitão: Majestade, com
Custer diante da rainha os meus respeitos,
com chapéu na mão. venho dar-vos notícias
2 da viagem!...
Plano de Conjunto
Rainha: Fale, Custer! E
minha filha, que é feito
dela? Porque não está
consigo?
Plano Geral do navio dos Voz: Veja, majestade,
3 piratas perto da praia. aquela é a minha pátria,
Cena vista desde terra. a belíssima ilha de
Caicos!!
Piratas baixando do Capitão: Dowling, olha o
navio em companhia da que trago, uma original
princesa, em terra está princesa inglesa que não
outra personagem. tinha ouro para pagar
4 Imagem do porto. Plano uma abordagem!
de Conjunto.
Dowling: Sempre foste
um homem de sorte,
Jackson!
Imagem do interior de Narração: Nessa mesma
uma taberna, Jackson noite...
com a princesa a uma
mesa. Perto, outro Pirata: Jackson, troco a
pirata, com duas princesa por estas duas
5 mulheres semi despidas. damas da corte pirata.
Asseguro-te que são de
Ambiente alegre. primeira qualidade! Ah!
Ah! Ah!
Plano de Conjunto.
Capitão: ??!!
Guião Técnico 5ª Página
Plano de Conjunto
Plano Geral do porto de Narração: Duas
Caicos. semanas depois em
2 Caicos.
Ao longe um dos
canhões do navio Onomatopeia:
dispara. Há fumo. BWWAOOOOOOO
Gaivotas no ar.
Num quarto escuro, Jackson: He!! Que se
iluminado somente por passa??!!
uma pequena janela,
3 Jackson acorda Princesa: São os meus!
assustado, a princesa Vêm por mim!
está à janela.
Jackson: Já era sem
Plano de Conjunto. tempo!
Primeiro Plano de um Pirata: ALERTA!!! A
4 pirata com um óculo, marinha inglesa!
grita.
Piratas exaltados correm Pirata: Todos aos
pelas ruas, armados. vossos postos!
5
Plano de Conjunto Pirata: Vamos dar-lhes
uma lição!!
Jackson à janela do Jackson: Calma,
6 quarto, grita. Piratas na amigos! Os ingleses só
rua algo surpreendidos. vêm pagar o resgate!...
Plano de Conjunto
Guião Técnico 6ª Página
Jackson: Eu sou um
homem de honro...
Cumpro sempre a minha
palavra, até mesmo com
os ingleses.
Primeiro Plano do capitão OFF: NÃO!!!
4 Custer Indignado.
Os dois homens com a Princesa: Você ouviu
princesa. bem, capitão, eu não vou
consigo, estou cansada
Contrapicado, Plano de manias e luxos de
Inteiro uma corte doente!!
5
Fim Inglês: ??!!
FIM
Como vê, temos a obra terminada. Que lhe parece?
É obvio que esta história poderia ser contada com um maior número de
vinhetas e detalhes, aumentando, assim, o número de páginas ou pranchas,
mas isso aumentaria, também, a dificuldade no que respeita à aprendizagem,
causando assim alguma confusão e baralhando os alicerces, importantíssimos,
do guião. Daremos, pois, tempo ao tempo.
Críticas e Explicações
O Suspense faz ganhar muito mais interesse pela história, não devemos,
contudo, abusar dele mas sim onde a narração chegue ao seu clímax ou ponto
mais alto do drama. Também o poderemos utilizar na última vinheta de cada
página, tal como o fez Hergé, o autor de Tim Tim. Terminar uma página com
algum suspense ajuda a que o leitor não se canse e leve a história até ao fim
com muito interesse.