Vous êtes sur la page 1sur 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DO CERES – DHC
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II

DOCENTE: LARISSA JACHETA

DISCENTES: JEFSON BEZERRA DE AZEVEDO FILHO

HOLOCAUSTO E CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

Caicó
2019
Em períodos em que há na história cataclismos ou desgraças, existe uma
produção literária, e após certos períodos, essa produção pode ser estudada
para se buscar um entendimento mais “real” do acontecido. Constitui-se dessa
forma, o que podemos chamar de “literatura de testemunho”, de acordo com a
definição de Marcio Selligman¹ (SILVA, 2009. P: 01). Ao se estudar esses
testemunhos, o fator “real” não deve ser confundido com a “realidade”,
justamente por se tratar de uma produção de determinado grupo e representar
apenas uma visão, ou uma parte do acontecido.
Podemos relacionar ao conceito de testemunho, os estudos sobre as
minorias, pois Silva (2009) nos mostra que:

Nas últimas décadas, devido à sua capacidade de responder às


novas questões de se pensar um espaço para a escuta (e leitura)
da voz (e escritura) daqueles que antes não tinham direito a ela.
Daí também este conceito ter um papel central nos estudos de
literaturas de minorias. (SILVA, 2009. P: 01)

Dessa forma, há o espaço para se ouvir a voz daqueles que antes não
tinham direito a ela. Como exemplo temos os estudos de gênero, estudos
feministas, estudos sobre os grupos perseguidos durante o holocausto, entre
outros. Além disso, as discussões acerca do testemunho estão sendo
relacionadas aos estudos sobre a memória, já que “o testemunho também é de
certo modo uma tentativa de reunir os fragmentos do “passado” (que não passa)
dando um nexo e um contexto aos mesmos” (SILVA, 2009, p. 02).

Dentro do campo da memória, devemos destacar ainda os falsos


testemunhos, que muitas vezes vivem no imaginário popular, mesmo que as
pessoas que reproduzem tal testemunho, não tenha vivenciado aquilo ou saibam
da “verdadeira versão”. Portelli, ao analisar um caso especifico, narra uma
versão popular diferente que diverge dos documentos. O acontecido foi o
assassinato de 335 pessoas (reféns ou, que foram pegas aleatoriamente na rua)
pelas Forças de ocupação alemã, em Roma, em 1944. Isso aconteceu em
resposta a um ataque que ocorreu no dia anterior, contra os soldados nazistas,
onde morreram 32 soldados alemães. Os comandantes decidiram que para cada
soldado alemão morto, iriam ser mortos 10 italianos no prazo de 24 horas. Ao
todo foram mortos 335 pessoas. Para ilustrar, após relatar o acontecimento, o
autor relata que:

“Apenas me comunicaron que había ganado un premio por


mi libro sobre las Fosas Ardeatinas, llamé a mi esposa, que
en ese momento estaba en la peluquería. Entonces cuando
ella contó esto allí, una señora que estaba sentada a su
lado le preguntó sobre qué era el libro. "Sobre las Fosas
Ardeatinas", contestó mi esposa. Y la otra exclamó: "Oh, sí,
yo conozco todo sobre esta historia!". ¡Esto es, justamente,
lo que siempre dice la gente! Cuando se habla de este
episodio, de inmediato estallan recuerdos y emociones. Y
la mujer continuó: "Yo sé todo sobre esta historia, la culpa
fue de esos partisanos que lanzaron la bomba, y después
se escondieron. Los alemanes los fueron buscando. Me
acuerdo de todos los carteles que pusieron em la ciudad,
por todos lados: Si los culpables aparecen -decían los
avisos- no vamos a tomar represalias. Pero si no aparecen,
vamos a matar a diez italianos por cada alemán"
(PORTELLI, 2002. P: 164).

No entanto, diferente do que a senhora afirma, não houveram avisos para


as pessoas, nem qualquer tentativa de se evitar as mortes. Mas, em
contrapartida, tanto a senhora como outras pessoas afirmam que viram os
cartazes, mesmo sem eles terem existido. Esse testemunho da “realidade”
muitas vezes é o discusso que prevalece na memória pública, e consegue se
sobrepor a realidade.

Outro exemplo que podemos citar é a obra do autor Primo Levi, chamada
“É isto um homem?”, que narra seu próprio testemunho como um sobrevivente
dos campos de exterminio nazista. É mostrado desde o momento em que ele é
capturado, até a angustia do processo de desmonte da identidade dos judeus
nos campos por meio principalmente da tortura psicologica e pressão que os
presos sofriam.

Por último, há também o testemunho da Shoah, que tem haver com a


memória coletiva dos judeus, a partir da identificação de perseguições, de mortes
e dos sobreviventes. (SILVA, 2009, p. 03). Como exemplo, temos a obra de Ruth
Klüger, “Paisagens da Memória. Autobiografia de uma sobrevivente do
Holocausto” (2005). A intenção, segundo o autor, parte da preocupação de
mostrar de uma forma mais linear e cronológica, além da escrita em alemão, e
objetiva atingir exclusivamente o público alvo para essas informações, no caso,
os judeus.

Ao que refere-se as escrituras da Shoah no Brasil, é expressado a


presença do holocausto na literatura como elemento extremamente marginal e
que não é perceptível na cultura brasileira, principalmente no que tange à
participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial. De acordo com Silva
(2009). devido ao sucesso de livros como “As Benvolentes” de Jonathan Littell,
é possível observarmos como o holocausto é representado em termos literários.
Existe também obras brasileiras que tratam o holocausto com os horrores
da Europa, como “Joseph Nichthauser, Quero viver... Memórias de um exmorto
(1972), Bem Abraham, ...E o mundo silenciou (1972); Konrad Charmatz,
Pesadelos, como é que eu escapei dos forns de Auschwitz e de Dachau
(memórias) (1976), Olga Papadopol, Rumo à vida (1979), Alexandre Stolch, Os
Lobos (1983), Sonia Rosenblatt,Lembranças enevoadas (1984) e I. Podhoretz,
Memórias do Inferno (s.d.) ” (SILVA, 2009, p. 09).
Por fim, podemos destacar que só há espaço para se discutir os relatos
sobre a segunda guerra mundial a partir do conceito de “literatura de
testemunho”, sendo fundamental para entendermos todo o extermínio produzido
pelo holocausto.
Referências

LEVI, Primo. É isto um homem?. Rocco., 1988.

PORTELLI, Alessandro. Las fronteras de la memoria. La masacre de las Fosas


Ardeatinas. Historia, mito, rituales y símbolos. Sociohistórica, n. 11-12, 2002.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Testemunho da Shoah e literatura. X Jornada


Interdisciplinar sobre o Ensino da História do Holocausto, São Paulo, 2009.

Vous aimerez peut-être aussi