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artigo article
em uma perspectiva internacional
Abstract Given the financial impact of the adop- Resumo Dado o impacto financeiro da incorpo-
tion of new health technologies in health systems, ração de novas tecnologias em saúde, é um desafio
choosing what technology should be introduced para os gestores escolher qual delas deve ser incor-
and when poses a major challenge for health porada e quando isto deve ocorrer. Assim, é neces-
managers. The health technology assessment sário contar com um processo de avaliação e de
(HTA) process should therefore be underpinned incorporação de tecnologias baseado em critérios
by transparent and objective criteria. The objec- transparentes e objetivos. Neste trabalho objeti-
tive of this study was to analyze HTA processes vou-se analisar o processo nacional da Comissão
in Brazil, overseen by the National Commission Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saú-
for the Incorporation of Health Technology (CO- de do Ministério da Saúde (Conitec) e compará-lo
NITEC), and to compare these processes with com o de agências de países de referência: Austrá-
those in countries considered to be at the forefront lia, Canadá e Reino Unido. Utilizaram-se as se-
of this field: Australia, Canada, and the United guintes categorias para a comparação: estrutura,
Kingdom. The following categories were used for indicação e seleção de temas, condução da revisão
the comparative analysis: program structure, defi- de evidências, uso de Avaliação Tecnológica em
nition and selection of topics, evidence review, use Saúde (ATS) na tomada de decisão, produtos do
of HTA in decision making, program products programa de ATS, divulgação e transparência.
and dissemination, and transparency. The find- O processo da Conitec legalmente previsto apre-
ings show that there are more similarities than sentou mais similaridades do que distinções em
differences between these countries’ processes and comparação com os das agências estudadas. As
the CONITEC processes. The main differences principais diferenças foram em relação a: compo-
identified were: composition of committees, en- sição dos comitês, apresentação de recursos, ava-
titlement to appeal, program evaluation, and liação do programa, seleção e prazos para oferta
timeframes for the implementation of recommen- da tecnologia incorporada. Apesar dos avanços,
1
Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes dations/decisions. Despite making major strides a incorporação de tecnologias em saúde no Brasil
da Silva. R. Equador 831, in recent years, Brazil should continue to promote deve buscar a melhoria contínua.
Santo Cristo. 20220-410 continuous improvement of its HTA process. Palavras-chave Investimentos em saúde, Desen-
Rio de Janeiro RJ Brasil.
sgomes@inca.gov.br Key words Health investment, Technological de- volvimento tecnológico, Avaliação da tecnologia
2
Escola Nacional de Saúde velopment, Health technology assessment, Unified biomédica, Sistema Único de Saúde
Pública Sergio Arouca, Health System
Fiocruz. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
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Lima SGG et al.
Introdução Método
A difícil decisão de alocar recursos públicos fini- Trata-se de estudo descritivo, baseado em re-
tos na atenção à saúde encoraja países com siste- visão bibliográfica e análise documental sobre o
mas públicos de saúde a consolidar seus progra- processo de incorporação tecnológica no Brasil,
mas de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS). Austrália, Canadá e Reino Unido.
Atualmente, Austrália, Canadá e Reino Unido são Em relação ao processo de incorporação na-
exemplos de vanguarda internacional quando o cional, foram analisados os seguintes documen-
assunto é avaliação e incorporação, utilização ou tos: (1) legislação vigente que instituiu e norma-
suspensão de uso de tecnologias de seus sistemas tiza o processo recente de incorporação de tec-
de saúde1. nologias no SUS4-6; (2) Formulário eletrônico de
A ATS tem como principal objetivo auxi- submissão de demandas à avaliação pela Conitec
liar os gestores em saúde na tomada de decisões – FormSUS7.
coerentes e racionais quanto à incorporação de Em relação ao processo de incorporação dos
novas tecnologias, evitando a introdução de tec- países usados para comparação ao processo na-
nologias cujo valor é incerto para os sistemas de cional, foi realizada busca eletrônica de infor-
saúde2 e optando por uma abordagem política mações nas seguintes bases de dados: Medline/
responsável (accountable) pelas decisões para a PubMed, Scopus, Web of Science. A busca foi
população3. feita entre março e maio de 2014 e atualizada em
A Lei n. º 12.401/20114 é um marco para o dezembro de 2016. Foram utilizados os seguintes
Sistema Único de Saúde (SUS) por definir crité- descritores: Incorporation AND Technologies,
rios e prazos para a incorporação de novas tecno- health AND technology AND assessment, health
logias em saúde e instituir a Comissão Nacional AND technology AND assessment AND program,
de Incorporação de Tecnologias em Saúde (Co- health AND technology AND evaluation, Can-
nitec) como órgão assessor do Ministério da Saú- ada AND Australia AND United AND Kingdom
de (MS) para decisões quanto a incorporação, AND Brazil AND HTA. A análise da literatura foi
exclusão ou alteração de novos medicamentos, concentrada naqueles documentos referentes aos
produtos e procedimentos, assim como elabora- países selecionados para nosso estudo. Adicional-
ção ou revisão de Protocolos Clínicos e Diretrizes mente, foi feita busca documental nos respecti-
Terapêuticas (PCDT). vos sítios eletrônicos dessas agências internacio-
O processo de avaliação e incorporação de nais, quais sejam: www.health.gov.au/hta; www.
tecnologias em saúde no Brasil evoluiu conside- cadth.ca; www.nice.org.uk.
ravelmente nos últimos anos. No entanto, ainda Para avaliação comparativa do processo de
depende de novos aprimoramentos, sendo iden- incorporação de diferentes países com o modelo
tificado como espaço prioritário de pesquisa. Isto brasileiro, foi utilizada a metodologia proposta
decorre da elevação dos custos dos sistemas de pelo Center for Evidence-based Policy8, criado em
saúde, do aumento da expectativa de vida da po- 2003, fruto de uma colaboração entre academia
pulação, do maior conhecimento sobre o proces- e entidades governamentais com intuito de pro-
so saúde-doença e da aceleração do desenvolvi- duzir evidências frente aos desafios das políticas
mento tecnológico, que pressiona a incorporação públicas na área da saúde.
de tecnologias inovadoras, mas que necessitam A Matriz8 adotada para comparação objeti-
garantir eficácia e segurança. vou responder às duas questões sobre ATS: (1)
A incorporação de tecnologias nos sistemas quais os componentes de um programa público
de saúde deve ser constantemente analisada e de alocação de recursos em saúde, usando ATS
aprimorada para que sua adoção ocorra de for- como modelo e (2) quais são os objetivos de
ma sustentável, transparente e que favoreça sua cada componente do programa ou do processo.
consolidação no SUS. Nesse sentido, este estudo Seguindo esse modelo, a avaliação foi dividida
objetivou apresentar um histórico sobre o pro- em seis domínios e cada um por componentes
cesso nacional de incorporação de tecnologias de ATS, seguindo os parâmetros disponíveis na
em saúde, além de comparar o processo de in- literatura, conforme Quadro 1.
corporação vigente no Brasil com o dos países na A opção de adoção dessa matriz foi para faci-
vanguarda internacional. litar a comparabilidade com outros estudos.
Os países selecionados foram incluídos por
serem de grande relevância para os processos
de incorporação de tecnologias, pelo tempo de
consolidação e por serem adotados em contextos
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camentos em seu sistema de saúde são públicas. Para que o medicamento seja incorporado à
Objetivam comunicar às partes interessadas so- lista do Programa de Benefícios Farmacêuticos
bre como ocorre o processo, além de orientar a (Pharmaceutical Benefits Scheme), responsável
preparação das submissões10. pelo financiamento da maioria dos medica-
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Lima SGG et al.
mentos comprados nas farmácias do País, além Em média, o processo de avaliação de tecno-
da recomendação pelo PBAC, são necessárias a logias levado a efeito pelo MSAC tem duração de
avaliação pela Autoridade de Precificação de Be- 13 meses e pelo PBAC em torno de 6 meses10.
nefícios Farmacêuticos (Pharmaceutical Benefits
Pricing Authority), a negociação de preço entre o Canadá
Ministério da Saúde e o fabricante, a verificação
de disponibilidade e de qualidade, e a aprovação O sistema de saúde canadense é nacional e
governamental1. As recomendações do PBAC são financiado pelo Estado13,14, com administração
influenciadas pela relevância clínica, pelo custo descentralizada, e conta com planos de saúde
-efetividade, pela gravidade das doenças, além provinciais e territoriais publicamente financia-
do impacto orçamentário para o governo11. A dos14. Estes planos determinam a melhor forma
depender do custo anual de incorporação, o me- de organizar, gerenciar e fornecer cuidados de
dicamento passará por aprovação adicional em saúde em suas jurisdições14, seguindo recomen-
diferentes instâncias: Ministério das Finanças e dações determinadas pelo governo federal9. O
Administração, se superior a 5 milhões de dólares papel do governo federal inclui a aprovação pré-
australianos; Conselho de ministros, se superior comercialização de tecnologias e a regulação de
a 10 milhões de dólares australianos1,10. preços, quando cabível14.
Já no caso particular de novos equipamentos O Canadá teve seu primeiro programa de
e serviços médicos, o Ministério da Saúde e do ATS em 1988, com ações nacionais e locais13,14.
Envelhecimento da Austrália conta com o Comi- A ATS serve ao propósito de informar decisões
tê Assessor para Serviços Médicos (Medical Ser- sobre incorporação ou retirada de tecnologias
vice Advisory Committee – MSAC), comitê que em saúde, de cobertura dos planos de seguridade
produz suas próprias avaliações, mas que podem em saúde, de encaminhamento de pacientes para
ser delegadas a organizações específicas9. As eta- tratamento em outra jurisdição, de desenvolvi-
pas do processo conduzido pelo MSAC podem mento de programas específicos9,13.
ser vistas em Australian Government, Depart- Apesar de grupos da academia e de outras or-
ment of Health and Aging12. ganizações terem contribuído de forma impor-
Na Austrália, tanto o PBAC quanto o MSAC tante para as atividades de ATS, estas estão asso-
não utilizam explicitamente limiares de custo-e- ciadas com equipes permanentes de avaliação e
fetividade para a incorporação de tecnologias. O por programas financiados pelo governo13.
papel da avaliação econômica nesse país é parte A ATS no Canadá avalia, prioritariamente,
do processo e não seu objetivo final10. efetividade clínica e aspectos econômicos, com
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Lima SGG et al.
poucos relatórios contemplando questões éticas A Canadian Agency for Drugs and Technology
e sociais9,13. Devido ao caráter descentralizado do in Health (CADTH) é a agência de tecnologia em
sistema de saúde canadense, as decisões da ATS saúde nacional canadense, que fornece informa-
não são de implementação nacional13. ção baseada em evidências de implicações clínicas
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tros construtos no cálculo custo por QALY, via por países desenvolvidos ser geralmente feita sem
abordagem multicriterial. avaliação dos efeitos esperados e sem considerar
as características epidemiológicas e a infraestru-
Brasil tura de saúde dos países importadores da tecno-
logia; (iii) o monitoramento incipiente dos resul-
O primeiro evento formal no Brasil dedicado tados e dos impactos causados pelas novas tec-
à avaliação de tecnologias em saúde ocorreu em nologias; (iv) o lançamento e a difusão de novas
1983, no formato de um seminário internacional tecnologias com impactos sobre os sistemas de
promovido pelo governo brasileiro e a Organiza- saúde e consequente pressão para incorporação,
ção Pan-Americana de Saúde18. Nessa ocasião, as mesmo sem conhecimento sobre sua efetividade
discussões ficaram centradas em questões como ou sem estimativa dos recursos financeiros ne-
eficácia, custo-efetividade e transferência de tec- cessários para atender essa demanda. Essa Polí-
nologia. tica tem como objetivo geral assegurar o acesso a
No começo da década de 2000, a criação do tecnologias efetivas e seguras, de modo a garantir
Departamento de Ciência e Tecnologia do MS ganhos de saúde, dados os recursos disponíveis23.
(DECIT) e outras iniciativas colocaram a ATS no Na instituição da PNGTS22, a coordenação
centro do interesse das instituições governamen- nacional das ações de ATS ficou sob responsabili-
tais nacionais. Dentre essas iniciativas, citam-se dade do DECIT. Para gerar e sintetizar evidências
a formação do Conselho de Ciência, Tecnologia científicas em ATS, o DECIT é apoiado pela Rede
e Inovação do MS (CCTI) e o Grupo de Traba- Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde
lho Permanente de Avaliação de Tecnologias em (Rebrats). A Rebrats, instituída em 2011 pela Por-
Saúde (GT ATS), coordenado pelo DECIT, am- taria n. º 2.91524, é “uma rede de centros colabo-
bos em 2003, a Política Nacional em Ciência, Tec- radores e instituições de ensino e pesquisa no País
nologia e Inovação em Saúde e a Comissão para voltada à geração e à síntese de evidências cientí-
elaboração de Proposta para a Política Nacional ficas no campo de Avaliação de Tecnologias em
de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS), Saúde (ATS) no Brasil e no âmbito internacional”.
ambas em 2005. Em 2011, a Lei 8.080 foi alterada por meio
Apesar de o Brasil estar internacionalmente da publicação da Lei 12.401 para inclusão de dis-
inserido no tema desde a década de 1980, apenas positivo sobre a assistência terapêutica e a incor-
em 2006 o país passou a fazer parte da Rede In- poração de tecnologias em saúde no âmbito do
ternacional de Agências de Avaliação de Tecnolo- SUS4. Dentre as principais inovações estabeleci-
gias em Saúde (International Network of Agencies das pela Lei 12.401 estão: (i) a análise das solici-
for Health Technology Assessment – INAHTA), tações de incorporação de tecnologias com base
por meio do DECIT18. em evidências de eficácia, efetividade, segurança
Até 2006, o processo de incorporação de e em estudos de impacto no sistema; (ii) a oferta
tecnologias no SUS não estava normatizado no de tecnologias baseada em Protocolos Clínicos e
país, situação que mudou com a instituição da Diretrizes Terapêuticas (PCDT); (iii) a participa-
Comissão para Incorporação de Tecnologias do ção da sociedade garantida por meio de repre-
MS – Citec19,20. A missão da Citec era conduzir o sentantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS);
processo de incorporação de tecnologias consi- (iv) o estabelecimento de prazos para conclusão
derando aspectos sociais e de gestão do SUS19. A do processo administrativo de incorporação, ex-
Citec não dispunha de prazos máximos definidos clusão ou alteração de tecnologias (180 dias cor-
para análise, recomendação e oferta de tecnolo- ridos, prorrogáveis por mais 90, contados a partir
gias ao SUS, não havia obrigatoriedade de rea- da data em que foi protocolado o requerimento);
lização de consulta pública sobre as demandas (v) a obrigatoriedade de consulta pública e de au-
avaliadas, nem estava prevista a participação de diência pública, se a relevância da matéria justi-
representantes da sociedade na composição da ficar, antes da tomada de decisão. Contudo, a Lei
Comissão21. 12.401 não conseguiu por em prática o princípio
A construção da PNGTS, instituída em 2009 da integralidade que norteia o SUS, dado que “a
pela Portaria n. º 2.69022 e publicada em 2010 incorporação de tecnologias, per se, sem ações
pelo MS23, foi fomentada por algumas questões articuladas tem pouco impacto na melhoria do
importantes referentes à incorporação de no- acesso”25.
vas tecnologias. Destacam-se23: (i) a expansão A Lei n. º 12.4014 definiu critérios e prazos
do complexo industrial da saúde; (ii) o fato de para a incorporação de novas tecnologias em saú-
a importação pelos países em desenvolvimento de em seu âmbito e criou a Conitec, que, segundo
de métodos diagnósticos e terapêuticos gerados o Decreto n.º 7.6465, tem por objetivo “assessorar
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tanto, apesar de a experiência em ATS no Brasil das atas das reuniões do Plenário e relatórios di-
estar normatizada há menos de dez anos (Citec ferenciados, elaborados em linguagem simples,
e, posteriormente, Conitec), encontraram-se para que a sociedade possa apresentar suas con-
mais similaridades do que diferenças do proces- tribuições/comentários às Consultas Públicas;
so conduzido pela Conitec em relação aos países (d) disponibilização de canal direto com o Con-
estudados. Uma evidência que ratifica essa obser- selho Nacional de Justiça, por e-mail, para res-
vação é a possibilidade de enquadrar a legislação posta a questionamento dos magistrados sobre a
vigente em todos os critérios/componentes8 esta- incorporação de medicamentos, produtos ou
belecidos como relevantes para estruturação de procedimentos no SUS; (e) aprimoramento da
um programa de ATS. comunicação da Conitec com a sociedade, bus-
As principais diferenças identificadas são em cando capacitar e estimular a participação social
relação à possibilidade de apresentação de re- no processo de avaliação de tecnologias em saúde
cursos (existente no Brasil e no Reino Unido31), no SUS, por meio de “clipping” mensal, conten-
à avaliação do programa (ausente no Brasil), à do o resumo das ações e deliberações; balanço de
seleção de temas (ausente no Brasil) e aos prazos seus resultados ações nos anos de 2012 a 2014;
para disponibilização da tecnologia após publi- (f) publicação do guia “Entendendo a incorpora-
cação da decisão (existentes no Brasil e no Reino ção de tecnologias em saúde – como se envolver”
Unido). No Brasil, assim como no Reino Unido, na Revista Eletrônica Gestão e Saúde dedicada à
é facultado ao demandante apresentar recursos Conitec; (g) criação do programa CONITEC em
contra a decisão final. Para os outros dois países, Evidência, com apresentação temas de interesse
essa informação não foi verificada. quinzenalmente por videoconferência.
Para a Conitec não foram encontrados regis- De modo similar, não foi identificada eta-
tros explícitos quanto à avaliação do programa, pa de (pré) seleção e/ou priorização de temas a
em termos de melhorias para o processo de ava- serem analisados pela Conitec, diferentemente
liação e incorporação, diferentemente das três do que ocorre nos processos conduzidos pelos
agências internacionais. A leitura sequencial das demais países, nos quais há critérios definidos
atas das reuniões do Plenário da Conitec relati- para este fim. Esta etapa confere transparência ao
vas às demandas apreciadas naquele estudo, en- processo. As principais famílias de critérios são8:
caminhadas à Conitec desde o início das suas tecnologias alternativas; impacto orçamentário;
atividades, em janeiro de 2012, até 22 de agosto impacto clínico; natureza controversa da tecno-
de 2014, mostrava uma preocupação constante logia proposta; carga da doença; impacto econô-
com a melhoria de seu processo de trabalho32. Por mico; implicações éticas, legais e psicossociais;
exemplo, a Conitec estava buscando ferramentas disponibilidade e relevância da evidência; nível
de informática que otimizassem, sistematizassem de interesse (governo, profissionais de saúde e
e promovessem celeridade às suas ações. No que pacientes); oportunidade de revisão; variação na
tange à comunicação, havia sido feita uma presta- taxa de utilização.
ção de contas no formato de um balanço de suas Os prazos para disponibilização da tecnolo-
atividades e produção, tanto no contexto de seu gia após publicação da decisão estão definidos no
Plenário quanto no das instâncias hierarquica- Brasil e no Reino Unido. Estes prazos servem ao
mente superiores. Tinha ainda procurado discu- propósito de acompanhar a implementação das
tir no Plenário os temas relacionados à sua área decisões dessas agências, de forma efetiva, em
de competência, de modo a promover discussões seus sistemas de saúde.
técnicas mais interativas, esclarecidas e robustas. Outra diferença notada foi em relação à com-
A partir de observação no sítio eletrônico da posição dos comitês. Enquanto o Plenário da
Conitec, realizado em 30 de setembro de 2016, é Conitec é composto por representantes de Se-
possível verificar um processo de melhoria contí- cretarias do MS, agências reguladoras e demais
nua em relação aos seguintes procedimentos: (a) entidades, nos países estudados a representação
inclusão de novo sistema para a Gestão Eletrônica priorizada é a partir das competências técnicas
de Processos de Incorporação de Tecnologias no necessárias para a avaliação das demandas, inde-
SUS (e-GITS), que permite a submissão de de- pendente de vínculo institucional. Por este moti-
mandas para incorporação, exclusão, alteração de vo, a independência das análises realizadas pela
indicação/uso ou ainda para uma nova apresen- Conitec é questionada30, uma vez que a maioria
tação ou modelo de tecnologias em saúde; (b) in- dos membros do Plenário está subordinada ao
trodução de formulário para órgãos/instituições MS. A autonomia dos programas de ATS é apon-
não vinculados ao SUS e pessoas físicas e outro tada como desejável28, seja em termos de orça-
para órgãos/instituições do SUS; (c) publicização mento, hierarquia ou ambos.
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