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DOI: 10.1590/1413-81232018245.

17582017 1709

O processo de incorporação de tecnologias em saúde no Brasil

artigo article
em uma perspectiva internacional

Health technology assessment in Brazil – an international


perspective

Sandra Gonçalves Gomes Lima (https://orcid.org/0000-0003-2641-0780) 1


Cláudia de Brito (https://orcid.org/0000-0002-7982-6918) 2
Carlos José Coelho de Andrade (https://orcid.org/0000-0003-2430-4917) 1

Abstract Given the financial impact of the adop- Resumo Dado o impacto financeiro da incorpo-
tion of new health technologies in health systems, ração de novas tecnologias em saúde, é um desafio
choosing what technology should be introduced para os gestores escolher qual delas deve ser incor-
and when poses a major challenge for health porada e quando isto deve ocorrer. Assim, é neces-
managers. The health technology assessment sário contar com um processo de avaliação e de
(HTA) process should therefore be underpinned incorporação de tecnologias baseado em critérios
by transparent and objective criteria. The objec- transparentes e objetivos. Neste trabalho objeti-
tive of this study was to analyze HTA processes vou-se analisar o processo nacional da Comissão
in Brazil, overseen by the National Commission Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saú-
for the Incorporation of Health Technology (CO- de do Ministério da Saúde (Conitec) e compará-lo
NITEC), and to compare these processes with com o de agências de países de referência: Austrá-
those in countries considered to be at the forefront lia, Canadá e Reino Unido. Utilizaram-se as se-
of this field: Australia, Canada, and the United guintes categorias para a comparação: estrutura,
Kingdom. The following categories were used for indicação e seleção de temas, condução da revisão
the comparative analysis: program structure, defi- de evidências, uso de Avaliação Tecnológica em
nition and selection of topics, evidence review, use Saúde (ATS) na tomada de decisão, produtos do
of HTA in decision making, program products programa de ATS, divulgação e transparência.
and dissemination, and transparency. The find- O processo da Conitec legalmente previsto apre-
ings show that there are more similarities than sentou mais similaridades do que distinções em
differences between these countries’ processes and comparação com os das agências estudadas. As
the CONITEC processes. The main differences principais diferenças foram em relação a: compo-
identified were: composition of committees, en- sição dos comitês, apresentação de recursos, ava-
titlement to appeal, program evaluation, and liação do programa, seleção e prazos para oferta
timeframes for the implementation of recommen- da tecnologia incorporada. Apesar dos avanços,
1
Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes dations/decisions. Despite making major strides a incorporação de tecnologias em saúde no Brasil
da Silva. R. Equador 831, in recent years, Brazil should continue to promote deve buscar a melhoria contínua.
Santo Cristo. 20220-410 continuous improvement of its HTA process. Palavras-chave Investimentos em saúde, Desen-
Rio de Janeiro RJ Brasil.
sgomes@inca.gov.br Key words Health investment, Technological de- volvimento tecnológico, Avaliação da tecnologia
2
Escola Nacional de Saúde velopment, Health technology assessment, Unified biomédica, Sistema Único de Saúde
Pública Sergio Arouca, Health System
Fiocruz. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
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Lima SGG et al.

Introdução Método

A difícil decisão de alocar recursos públicos fini- Trata-se de estudo descritivo, baseado em re-
tos na atenção à saúde encoraja países com siste- visão bibliográfica e análise documental sobre o
mas públicos de saúde a consolidar seus progra- processo de incorporação tecnológica no Brasil,
mas de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS). Austrália, Canadá e Reino Unido.
Atualmente, Austrália, Canadá e Reino Unido são Em relação ao processo de incorporação na-
exemplos de vanguarda internacional quando o cional, foram analisados os seguintes documen-
assunto é avaliação e incorporação, utilização ou tos: (1) legislação vigente que instituiu e norma-
suspensão de uso de tecnologias de seus sistemas tiza o processo recente de incorporação de tec-
de saúde1. nologias no SUS4-6; (2) Formulário eletrônico de
A ATS tem como principal objetivo auxi- submissão de demandas à avaliação pela Conitec
liar os gestores em saúde na tomada de decisões – FormSUS7.
coerentes e racionais quanto à incorporação de Em relação ao processo de incorporação dos
novas tecnologias, evitando a introdução de tec- países usados para comparação ao processo na-
nologias cujo valor é incerto para os sistemas de cional, foi realizada busca eletrônica de infor-
saúde2 e optando por uma abordagem política mações nas seguintes bases de dados: Medline/
responsável (accountable) pelas decisões para a PubMed, Scopus, Web of Science. A busca foi
população3. feita entre março e maio de 2014 e atualizada em
A Lei n. º 12.401/20114 é um marco para o dezembro de 2016. Foram utilizados os seguintes
Sistema Único de Saúde (SUS) por definir crité- descritores: Incorporation AND Technologies,
rios e prazos para a incorporação de novas tecno- health AND technology AND assessment, health
logias em saúde e instituir a Comissão Nacional AND technology AND assessment AND program,
de Incorporação de Tecnologias em Saúde (Co- health AND technology AND evaluation, Can-
nitec) como órgão assessor do Ministério da Saú- ada AND Australia AND United AND Kingdom
de (MS) para decisões quanto a incorporação, AND Brazil AND HTA. A análise da literatura foi
exclusão ou alteração de novos medicamentos, concentrada naqueles documentos referentes aos
produtos e procedimentos, assim como elabora- países selecionados para nosso estudo. Adicional-
ção ou revisão de Protocolos Clínicos e Diretrizes mente, foi feita busca documental nos respecti-
Terapêuticas (PCDT). vos sítios eletrônicos dessas agências internacio-
O processo de avaliação e incorporação de nais, quais sejam: www.health.gov.au/hta; www.
tecnologias em saúde no Brasil evoluiu conside- cadth.ca; www.nice.org.uk.
ravelmente nos últimos anos. No entanto, ainda Para avaliação comparativa do processo de
depende de novos aprimoramentos, sendo iden- incorporação de diferentes países com o modelo
tificado como espaço prioritário de pesquisa. Isto brasileiro, foi utilizada a metodologia proposta
decorre da elevação dos custos dos sistemas de pelo Center for Evidence-based Policy8, criado em
saúde, do aumento da expectativa de vida da po- 2003, fruto de uma colaboração entre academia
pulação, do maior conhecimento sobre o proces- e entidades governamentais com intuito de pro-
so saúde-doença e da aceleração do desenvolvi- duzir evidências frente aos desafios das políticas
mento tecnológico, que pressiona a incorporação públicas na área da saúde.
de tecnologias inovadoras, mas que necessitam A Matriz8 adotada para comparação objeti-
garantir eficácia e segurança. vou responder às duas questões sobre ATS: (1)
A incorporação de tecnologias nos sistemas quais os componentes de um programa público
de saúde deve ser constantemente analisada e de alocação de recursos em saúde, usando ATS
aprimorada para que sua adoção ocorra de for- como modelo e (2) quais são os objetivos de
ma sustentável, transparente e que favoreça sua cada componente do programa ou do processo.
consolidação no SUS. Nesse sentido, este estudo Seguindo esse modelo, a avaliação foi dividida
objetivou apresentar um histórico sobre o pro- em seis domínios e cada um por componentes
cesso nacional de incorporação de tecnologias de ATS, seguindo os parâmetros disponíveis na
em saúde, além de comparar o processo de in- literatura, conforme Quadro 1.
corporação vigente no Brasil com o dos países na A opção de adoção dessa matriz foi para faci-
vanguarda internacional. litar a comparabilidade com outros estudos.
Os países selecionados foram incluídos por
serem de grande relevância para os processos
de incorporação de tecnologias, pelo tempo de
consolidação e por serem adotados em contextos
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Quadro 1. Matriz de análise comparativa do processo de incorporação em ATS.
Domínio Componentes
I. Estrutura do Programa (1)1Proposta/finalidade do programa
(2) Governança e organização
(3) Escopo
(4) Fatores-chaves analisados
(5) Envolvimento / contribuição das partes interessadas
(6) Público Alvo
II. Definição e Seleção dos Temas (1) Definição do tema
(2) Refinamento do tema
(3) Seleção do tema
III. Síntese de evidências (1) Entidades que conduzem revisões
(2) Métodos de revisão
IV. Uso da ATS na tomada de (1) Órgãos de tomada de decisão
decisão (Incorporação) (2) Critérios e processo de tomada de decisão (incorporação)
(3) Processo de recurso
V. Produtos do Programa e (1) Produtos de ATS
Divulgação (2) Implementação
(3) Prazo para disponibilização da tecnologia após publicação da decisão
(4) Avaliação do Programa de ATS
VI. Transparência (1) Documentos públicos

de sistemas de saúde universais, além de ter in- Austrália


formações sobre os sistemas de incorporação de
tecnologia disponíveis em língua inglesa. Foram O programa de ATS na Austrália remonta à
excluídos programas de países sem informação década de 1980, sendo o primeiro país a exigir
ou com informação limitada sobre avaliação do análise de custo-efetividade para permitir a in-
processo de ATS ou disponível em outra língua corporação de novos medicamentos em seu sis-
que não a língua inglesa. tema público de saúde9.
Nesse trabalho, o conceito de “tecnologia” Na Austrália, a ATS e a incorporação de novas
de ATS foi ampliado, incluindo procedimentos, tecnologias são processos interligados. Os depar-
serviços médicos e a organização e prestação de tamentos de saúde de cada Estado, assim como
serviços de saúde, prevenção de doenças e pro- hospitais e serviços regionais de saúde, têm co-
moção de saúde pública, para propiciar a compa- mitês de ATS para acompanhar a incorporação
rabilidade com a literatura8. de novas tecnologias9.
A incorporação tecnológica conduzida nos O objetivo do programa australiano de ATS
países escolhidos é realizada por agências gover- é assessorar seu Ministro da Saúde e do Envelhe-
namentais ou não governamentais – Austrália cimento. Existem três comitês de assessoramento
(Medical Service Advisory Committee – MSAC), com funções distintas, que são o Comitê Asses-
Canadá (Canadian Agency for Drugs and Techno- sor de Lista de Próteses (Prosthesis List Advisory
logy in Health – CADTH) e Reino Unido (Na- Committee – PLAC), o Comitê Assessor de Bene-
tional Institute for Health and Clinical Excellence fícios Famacêuticos (Pharmaceutical Benefits Ad-
– NICE). visory Committee – PBAC) e o Comitê Assessor
para Serviços Médicos (Medical Service Advisory
Committee – MSAC).
Resultados O PLAC é o comitê responsável por recomen-
dar ao Ministério da Saúde e do Envelhecimento
Os Quadros 2 a 5 apresentam uma comparação australiano quais próteses deverão ser inseridas
entre as características dos processos de incorpo- na Lista de Próteses e o benefício a pagar. Não
ração conduzidos pelos países pesquisados (Aus- é necessário que esse comitê faça análise de cus-
trália, Canadá, Reino Unido e Brasil), por cada to-efetividade para basear sua recomendação de
componente dos programas de ATS. incorporação ou de benefício10.
Para o caso específico de medicamentos, o
comitê responsável é o PBAC. É necessário que
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Quadro 2. Componentes dos processos de incorporação de tecnologias em saúde conduzidos na Austrália, no


Canadá, no Reino Unido e no Brasil – Estrutura do Programa.
Estrutura do Programa
Reino Unido
Componente Austrália (MSAC) Canadá (CADTH) Brasil (Conitec)
(NICE)
Proposta/ Papel assessor Papel assessor Papel assessor Papel assessor quanto a
finalidade do quanto a evidências e somente quanto a quanto a evidências evidências e políticas
programa políticas evidências e políticas
Governança e Agência Agência Agência Comissão governamental
organização governamental independente, sem governamental
fins lucrativos
Comitê assessor de Comitê assessor Quatro Comitês SE/Conitec, Plenário,
serviços médicos, de políticas de permanentes Subcomissão Técnica
Sub-comitê assessor medicamentos, o de avaliação de de Avaliação de PCDT,
de protocolos, Sub- Comitê assessor tecnologias Subcomissão Técnica de
comitê de avaliação canadense de Atualização da Rename e
especialistas em do FTN; e Subcomissão
medicamentos, o Técnica de Atualização da
Comitê de revisão Renases
de especialistas
COMPUS, além
de painéis de
especialistas para
projetos específicos
Escopo Produtos (incluindo Medicamentos, Produtos Medicamentos, produtos
vacinas), testes dispositivos farmacêuticos, e procedimentos
diagnósticos médicos, dispositivos (vacinas, produtos para
(incluindo patologia), procedimentos médicos, técnicas diagnóstico de uso in
dispositivos médicos, médicos e sistemas diagnósticas, vitro, equipamentos,
próteses implantadas de saúde utilizados procedimentos procedimentos técnicos,
cirurgicamente, na manutenção, cirúrgicos, sistemas organizacionais,
procedimentos e tratamento e tecnologias informacionais,
serviços médicos, promoção da saúde terapêuticas, e educacionais e de suporte,
intervenções atividades de programas e protocolos
cirúrgicas e promoção da saúde assistenciais)
intervenções em
saúde pública.
Medicamentos:
responsabilidade do
PBAC
Próteses:
responsabilidade da
PLAC
Fatores- Segurança, efetividade Eficácia, efetividade, Efetividade clínica e Eficácia, acurácia,
chaves clínica e custo- custo-efetividade custo-efetividade efetividade, segurança,
analisados efetividade e impacto para o custo-efetividade, impacto
serviço orçamentário
continua

os fabricantes submetam um relatório detalhado tação é considerada segredo comercial, é publi-


de ATS ao PBAC, após a aprovação de segurança cado apenas um resumo executivo da decisão do
do medicamento pela Gerência de Produtos Te- PBAC. Profissionais de saúde, sociedade e seus
rapêuticos (Therapeutic Goods Administration)9. representantes podem submeter demandas para
Organizações especializadas emitem um parecer avaliação por esse Comitê10.
confidencial ao PBAC depois da análise crítica As diretrizes usadas pelo PBAC na decisão
dos relatórios de ATS. Como toda essa documen- quanto à incorporação ou ao subsídio de medi-
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Quadro 2. Componentes dos processos de incorporação de tecnologias em saúde conduzidos na Austrália, no
Canadá, no Reino Unido e no Brasil – Estrutura do Programa.
Estrutura do Programa
Reino Unido
Componente Austrália (MSAC) Canadá (CADTH) Brasil (Conitec)
(NICE)
Envolvimento Os Comitês do Definição dos As partes Definição dos temas:
/ contribuição MSAC incluem temas: aberto ao interessadas são não há restrição a tipo
das partes especialistas clínicos público, temas envolvidas em cada de demandante para
interessadas e representantes dos refinados com o etapa do processo apresentação de propostas
consumidores proponente de ATS para análise
Definição dos temas Revisão de Consultores Plenário da Conitec inclui
e seleção: aberto a evidências: convidados representantes do CFM,
todos os demandantes informação a apresentar CNS, Conass, Conasems,
ao financiamento solicitada aos declarações e ANS, Anvisa além do MS
público fabricantes, autores participar como A Conitec poderá
Protocolo de de relatórios e consultores no convidar especialistas
pesquisa: trabalho outros especialistas processo de ATS externos para,
com demandante/ Implementação: (inclui, por exemplo, exclusivamente em caráter
indústria e Programa de grupos nacionais auxiliar, colaborar em
contribuições Transferência de de representação de reuniões ou fornecer
públicas Conhecimento pacientes, indústria, subsídios técnicos e/
Revisão de evidências: centrada em profissionais ou celebrar acordos de
requerentes/ relacionar a da saúde e cooperação técnica
demandantes podem pesquisa com os Departamento da As partes interessadas
opinar tomadores de Saúde) podem apresentar suas
Relatório prévio decisão Organizações contribuições durante
de avaliação do comentaristas o processo de consulta
MSAC: requerentes/ (commentator pública e/ou audiência
demandantes podem organizations) pública
opinar (consulta com interesse em Os demandantes podem
pública) tecnologia, também apresentar recurso contra
são convidadas a decisão publicada em
a participar no DOU
processo de ATS
Público Alvo Departamento Ministérios da NHS, médicos, SUS, profissionais de
Australiano de Saúde saúde territoriais, pacientes e saúde e indústria
e Envelhecimento, provinciais e cuidadores
profissionais de federais, incluindo (Inglaterra e País de
saúde, hospitais, planos de Gales)
consumidores medicamentos,
autoridades
regionais de saúde e
hospitais e clínicos
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Brasil4, Ministério da Saúde6, Conitec7, Pinson et al.8.
Nota: ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar); Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); ATS (Avaliação de
Tecnologias em Saúde); CADTH (Canadian Agency for Drugs and Technology in Health); CFM (Conselho Federal de Medicina);
CNS (Conselho Nacional de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde); Conass (Conselho
Nacional de Secretários de Saúde); Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde do Ministério da
Saúde); DOU (Diário Oficial da União); FTN (Formulário Terapêutico Nacional); MS (Ministério da Saúde); MSAC (Medical
Service Advisory Committee); NHS (National Health System – Reino Unido); NICE (National Institute for Health and Clinical
Excellence); PBAC (Pharmaceutical Benefits Advisory Committee); PCDT (Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas); PLAC
(Prosthesis List Advisory Committee); Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais); Renases (Relação Nacional de Ações
e Serviços de Saúde); SE/Conitec (Secretaria-Executiva da Conitec); SUS (Sistema Único de Saúde).

camentos em seu sistema de saúde são públicas. Para que o medicamento seja incorporado à
Objetivam comunicar às partes interessadas so- lista do Programa de Benefícios Farmacêuticos
bre como ocorre o processo, além de orientar a (Pharmaceutical Benefits Scheme), responsável
preparação das submissões10. pelo financiamento da maioria dos medica-
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Quadro 3. Componentes dos processos de incorporação de tecnologias em saúde conduzidos na Austrália, no


Canadá, no Reino Unido e no Brasil – Definição dos Temas, Seleção dos Temas e Síntese de evidências.
Definição e Seleção dos Temas; Síntese de Evidências
Austrália
Componente Canadá (CADTH) Reino Unido (NICE) Brasil (Conitec)
(MSAC)
Definição do Aberto ao Aberto ao público Aberto ao público Aberto ao público (não há
tema público restrições registradas)
Refinamento Funciona Funciona com Grupo de projeto interno SE/Conitec refina o
do tema com escolha escolha de autor refina o tema, desenvolve tema e conduz avaliação
de autor para para refinar o protocolo de pesquisa preliminar da literatura.
refinar o tema tema e desenvolver e conduz avaliação Pode ser realizado por
e desenvolver protocolo de preliminar da literatura grupo externo, a pedido da
protocolo de pesquisa; realiza Conitec
pesquisa avaliação prévia da
literatura
Seleção do Departamento Temas aprovados e Departamento de Saúde Não foi possível evidenciar
tema de Saúde e priorizados pelos do Reino Unido considera a partir dos documentos
Envelhecimento Comitês assessores tecnologias para ATS consultados, uma etapa
determina e Conselho de com base em critérios de (pré-)seleção e/ou
se o serviço Administração de priorização (carga de priorização de temas a
proposto com base em seis doença; impacto no uso serem analisados pela
para revisão critérios principais de recursos; importância Conitec, nem um conjunto
é um serviço (carga da doença; clínica e política; presença de critérios destinado a tal
profissional impacto clínico de variação inadequada finalidade.
clinicamente potencial; na prática atual; fatores
relevante alternativas potenciais que afetem a
disponíveis; determinação oportuna
impacto de uma diretriz ou de guia
econômico (timeliness); probabilidade
potencial; impacto de a diretriz emitida ter
orçamentário impacto na política pública,
potencial; na qualidade de vida e na
evidências redução das diferenças de
disponíveis) acesso à saúde)
Entidades que Contratados Combina grupo Centros acadêmicos Combina grupo de projeto
conduzem externos de projeto interno independentes interno com possibilidade
revisões de com contratados de contratados externos
evidências externos
Métodos de Revisão Revisão sistemática Revisão sistemática Revisão Sistemática ou PTC
revisão de sistemática desenvolvido de acordo
evidências (revisão com a edição atualizada
sistemática da Diretriz Metodológica
completa da de Elaboração de PTC
literatura e do MS / Estudo de
modelos de avaliação econômica
avaliação (custo-efetividade,
econômica) custo-minimização,
custo-utilidade ou custo-
benefício) na perspectiva
do SUS, de acordo com
a edição atualizada da
Diretriz Metodológica
de Estudos de Avaliação
Econômica de Tecnologias
em Saúde do MS
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Brasil4, Ministério da Saúde6, Conitec 7, Pinson et al.8.
Nota: ATS (Avaliação de Tecnologias em Saúde); CADTH (Canadian Agency for Drugs and Technology in Health); Conitec (Comissão
Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde do Ministério da Saúde); MS (Ministério da Saúde); MSAC (Medical Service
Advisory Committee); NICE (National Institute for Health and Clinical Excellence); PTC (Parecer Técnico-Científico); SUS (Sistema
Único de Saúde).
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Quadro 4. Componentes dos processos de incorporação de tecnologias em saúde conduzidos na Austrália, no
Canadá, no Reino Unido e no Brasil – Uso da ATS na Tomada de Decisão (Incorporação).
Uso da ATS na Tomada de Decisão (Incorporação)
Componente Austrália (MSAC) Canadá (CADTH) Reino Unido (NICE) Brasil (Conitec)
Órgãos de Departamento Ministros da NICE Secretário da SCTIE
tomada de Australiano de Saúde Saúde territoriais,
decisão e Envelhecimento provinciais e federal
Critérios MSAC aconselha o CADTH informa Technology Appraisal Conitec aconselha/
e processo Ministro da Saúde sobre a força de Committee emite recomenda ao
de tomada e Envelhecimento, evidência que a determinação Secretário da SCTIE se
de decisão com relação à força sustenta a cobertura final de avaliação. a tecnologia deve ser
(incorporação) das evidências e às de medicamentos e NICE distribuiu a incorporada no SUS
recomendações para tecnologias de saúde determinação para
cobertura pública NHS da Inglaterra e
do País de Gales
Processo de Nenhum processo de Nenhum processo de 15 dias úteis para os Dez dias a partir da data
recurso recurso identificado recurso identificado consultados apelarem da publicação em DOU
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Brasil4, Ministério da Saúde6, Conitec 7, Pinson et al.8.
Nota: CADTH (Canadian Agency for Drugs and Technology in Health); Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias em Saúde do Ministério da Saúde); DOU (Diário Oficial da União; MSAC (Medical Service Advisory Committee);
NHS (National Health System – Reino Unido); NICE (National Institute for Health and Clinical Excellence); SCTIE (Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde); SUS (Sistema Único de Saúde).

mentos comprados nas farmácias do País, além Em média, o processo de avaliação de tecno-
da recomendação pelo PBAC, são necessárias a logias levado a efeito pelo MSAC tem duração de
avaliação pela Autoridade de Precificação de Be- 13 meses e pelo PBAC em torno de 6 meses10.
nefícios Farmacêuticos (Pharmaceutical Benefits
Pricing Authority), a negociação de preço entre o Canadá
Ministério da Saúde e o fabricante, a verificação
de disponibilidade e de qualidade, e a aprovação O sistema de saúde canadense é nacional e
governamental1. As recomendações do PBAC são financiado pelo Estado13,14, com administração
influenciadas pela relevância clínica, pelo custo descentralizada, e conta com planos de saúde
-efetividade, pela gravidade das doenças, além provinciais e territoriais publicamente financia-
do impacto orçamentário para o governo11. A dos14. Estes planos determinam a melhor forma
depender do custo anual de incorporação, o me- de organizar, gerenciar e fornecer cuidados de
dicamento passará por aprovação adicional em saúde em suas jurisdições14, seguindo recomen-
diferentes instâncias: Ministério das Finanças e dações determinadas pelo governo federal9. O
Administração, se superior a 5 milhões de dólares papel do governo federal inclui a aprovação pré-
australianos; Conselho de ministros, se superior comercialização de tecnologias e a regulação de
a 10 milhões de dólares australianos1,10. preços, quando cabível14.
Já no caso particular de novos equipamentos O Canadá teve seu primeiro programa de
e serviços médicos, o Ministério da Saúde e do ATS em 1988, com ações nacionais e locais13,14.
Envelhecimento da Austrália conta com o Comi- A ATS serve ao propósito de informar decisões
tê Assessor para Serviços Médicos (Medical Ser- sobre incorporação ou retirada de tecnologias
vice Advisory Committee – MSAC), comitê que em saúde, de cobertura dos planos de seguridade
produz suas próprias avaliações, mas que podem em saúde, de encaminhamento de pacientes para
ser delegadas a organizações específicas9. As eta- tratamento em outra jurisdição, de desenvolvi-
pas do processo conduzido pelo MSAC podem mento de programas específicos9,13.
ser vistas em Australian Government, Depart- Apesar de grupos da academia e de outras or-
ment of Health and Aging12. ganizações terem contribuído de forma impor-
Na Austrália, tanto o PBAC quanto o MSAC tante para as atividades de ATS, estas estão asso-
não utilizam explicitamente limiares de custo-e- ciadas com equipes permanentes de avaliação e
fetividade para a incorporação de tecnologias. O por programas financiados pelo governo13.
papel da avaliação econômica nesse país é parte A ATS no Canadá avalia, prioritariamente,
do processo e não seu objetivo final10. efetividade clínica e aspectos econômicos, com
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Quadro 5. Componentes dos processos de incorporação de tecnologias em saúde conduzidos na Austrália, no


Canadá, no Reino Unido e no Brasil – Produtos do Programa, Divulgação e Transparência.
Produtos do Programa, Divulgação e Transparência
Canadá
Componente Austrália (MSAC) Reino Unido (NICE) Brasil (Conitec)
(CADTH)
Produtos de Avaliação de Relatórios de Direcionado (questão Relatórios de
ATS tecnologias, tecnologia; ou tecnologia única); recomendação; PCDT;
Resumos públicos Visão global Ampliado (múltiplas Rename; FTN; Renases
das tecnologias; tecnologias ou
Atualização indicações)
de questões
relacionadas
a tecnologias
emergentes de
saúde; Lista de
medicamentos
emergentes
Implementação Relatórios de ATS Relatórios de ATS Relatórios de ATS Relatórios de
disponíveis em disponíveis em disponíveis em sítio recomendação e PCDT
sítio eletrônico (em sítio eletrônico eletrônico (em inglês); disponíveis no sítio
inglês) (em inglês); conta desenvolvimento eletrônico da Conitec
com especialista de ferramentas de (em português)
em transferência implementação; suporte
de conhecimento de custos e auditoria
Prazo para Informação não Informação não 90 dias 180 dias
disponibilização identificada identificada
da tecnologia
após publicação
da decisão
Avaliação do Avaliação realizada Avaliação Avaliação realizada em Informação não
Programa de em 2010 / interna realizada em 2010 2008 / interna identificada
ATS / interna e externa
Documentos No sítio eletrônico Os produtos de Os documentos e No sítio eletrônico
públicos do MSAC ficam ATS fornecem decisões relacionadas ao da Conitec ficam
disponíveis: lista descrição processo de ATS estão disponíveis: lista de
de solicitações em detalhada, disponíveis no sítio tecnologias em avaliação,
andamento, versões reprodutível e eletrônico do NICE relatórios preliminares
preliminares transparente. submetidos às consultas
de protocolos e Todos os públicas, contribuições
relatórios finais de relatórios e outros às consultas públicas,
avaliação, além de produtos são relatórios finais de
outros documentos disponibilizados avaliação (com decisões
públicos para acesso de incorporação),
resumidos, e público PCDT Renases, Rename,
informação de suas informação de suas
reuniões (datas, reuniões (datas, pautas
pautas, atas) e atas)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Brasil4, Ministério da Saúde6, Conitec7, Pinson et al.8.
Nota: ATS (Avaliação de Tecnologias em Saúde); CADTH (Canadian Agency for Drugs and Technology in Health); Conitec
(Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde do Ministério da Saúde); FTN (Formulário Terapêutico Nacional);
MSAC (Medical Service Advisory Committee); NICE (National Institute for Health and Clinical Excellence); PCDT (Protocolos
Clínicos e Diretrizes Terapêuticas); Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais); Renases (Relação Nacional de Ações
e Serviços de Saúde).

poucos relatórios contemplando questões éticas A Canadian Agency for Drugs and Technology
e sociais9,13. Devido ao caráter descentralizado do in Health (CADTH) é a agência de tecnologia em
sistema de saúde canadense, as decisões da ATS saúde nacional canadense, que fornece informa-
não são de implementação nacional13. ção baseada em evidências de implicações clínicas
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e econômicas de medicamentos e de outras tec- a ele assessorar os órgãos responsáveis pela for-
nologias em saúde (incluindo dispositivos, proce- mulação de políticas públicas9. Este programa,
dimentos e sistemas) para os 13 planos públicos além de sítio eletrônico, possui periódico pró-
de saúde canadenses14. A CADTH, agência inde- prio (Health Technology Assessment), no qual a
pendente sem fins lucrativos, também prospecta maioria dos resultados das análises é publicada.
potenciais tecnologias para uso futuro9. Devido A pesquisa pode se referir a síntese de evidências,
à crescente demanda para avaliação, houve um quando já existe ampla base disponível, ou a pes-
crescimento de iniciativas locais de ATS em hos- quisa clínica para suprir lacunas identificadas9. O
pitais, autoridades de saúde locais e provinciais NICE delega a grupos acadêmicos independentes
por todo o país14. Existe pouca duplicidade de a preparação dos relatórios de avaliação a serem
atividades entre os programas de ATS canaden- considerados pelo Comitê de Avaliação de Tec-
se que, em geral, adaptam as análises ao contexto nologias (Technology Appraisal Committee), co-
local9. Em Canadian Agency for Drugs and Tech- mitê igualmente independente com membros do
nologies in Health15 estão brevemente descritas as NHS, organizações de pacientes, da academia e
etapas do processo conduzido pela CADTH. da indústria16.
Não há prazos claramente definidos. Algumas As recomendações de ATS pelo NICE são re-
iniciativas locais propõem que o prazo desde a visadas a cada três anos ou quando do surgimen-
submissão da demanda até a emissão do relatório to de novos dados. As recomendações do NICE
seja de dois a três meses14. são adotadas apenas na Inglaterra e no País de
Não há evidências sobre se são adotados e Gales9.
quais seriam os limiares de razão de custo-efe- Como a assessoria do NICE ao NHS toma
tividade incremental (RCEI) propostos para os por base a visão de profissionais de saúde e de
tomadores de decisão canadenses como critério pacientes, minimiza-se a pressão exercida pela
para considerar uma tecnologia como custo-efe- indústria farmacêutica, associações de pacientes,
tiva14. grupos políticos, sociedades profissionais, entre
outros9,16.
Reino Unido A nova tecnologia recomendada pelo NICE
para incorporação tem prazo de três meses para
O programa de ATS britânico (Health Tech- ser disponibilizada pelas autoridades de saúde
nology Assessment Programme – HTA Program- locais9.
me) data do início da década de 1990. É um O sucesso do HTA Programme é atribuído à
programa de pesquisa independente, com finan- independência das instituições, à qualidade do
ciamento, fiscalização e regulação governamen- trabalho e ao envolvimento de pacientes e profis-
tais, que busca identificar, por consulta ampla, sionais de saúde9. Como pontos fracos, aponta-se
prioridades de pesquisa para o Sistema Nacional a dificuldade de pronta detecção de tecnologias
de Saúde (National Health System – NHS) e seus fracassadas, a escassez de informações sobre o
pacientes9. Os comitês do NHS e representantes processo de alocação de recursos para que novas
da sociedade classificam as demandas por ordem tecnologias possam ser incorporadas e a duração
de prioridade com base em critérios de carga de elevada do processo de avaliação9. O processo de
doença, efetividade das intervenções, custo-efe- avaliação e incorporação de tecnologias britânico
tividade e impacto orçamentário, além do prazo dura cerca de um ano (54 semanas) se a demanda
para a análise9. for enquadrada como do tipo Multiple Techno-
O perfil do programa de ATS do Reino Unido logy Assessment (MTA) e 39 semanas se conside-
cresceu com o estabelecimento do National Ins- rada do tipo Single Technology Appraisal (STA)16.
titute and Clinical Excellence, em 1999, renomea- Embora consciente das críticas que existem
do para National Institute for Health and Clinical quanto ao uso do critério de anos de vida ajusta-
Excellence (NICE), em 2005. A diferença entre as dos pela qualidade (Quality-Adjusted Life Year –
duas instâncias é que, na última, não apenas são QALY) como medida de ganho de saúde, o NICE
produzidos estudos de ATS, mas os resultados utiliza este indicador como medida da RCEI16. Os
devem ser usados na proposição de diretrizes ao limiares inferior e superior usados pelo NICE são
NHS para uso das tecnologias em saúde16. O im- de 20.000 e 30.000 libras esterlinas16. A partir de
pacto positivo do NICE fez com que as ativida- 2014, a expectativa era que a decisão de incorpo-
des dessa instituição ficassem confundidas com o ração de novos medicamentos no NHS tomasse
HTA Programme16. como base um sistema referido como Avaliação/
Não é função do NICE determinar a incorpo- Precificação Baseada em Valores (Value-Based
ração de determinada tecnologia no NHS; cabe Pricing/Assessment)17. Esse sistema incorpora ou-
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Lima SGG et al.

tros construtos no cálculo custo por QALY, via por países desenvolvidos ser geralmente feita sem
abordagem multicriterial. avaliação dos efeitos esperados e sem considerar
as características epidemiológicas e a infraestru-
Brasil tura de saúde dos países importadores da tecno-
logia; (iii) o monitoramento incipiente dos resul-
O primeiro evento formal no Brasil dedicado tados e dos impactos causados pelas novas tec-
à avaliação de tecnologias em saúde ocorreu em nologias; (iv) o lançamento e a difusão de novas
1983, no formato de um seminário internacional tecnologias com impactos sobre os sistemas de
promovido pelo governo brasileiro e a Organiza- saúde e consequente pressão para incorporação,
ção Pan-Americana de Saúde18. Nessa ocasião, as mesmo sem conhecimento sobre sua efetividade
discussões ficaram centradas em questões como ou sem estimativa dos recursos financeiros ne-
eficácia, custo-efetividade e transferência de tec- cessários para atender essa demanda. Essa Polí-
nologia. tica tem como objetivo geral assegurar o acesso a
No começo da década de 2000, a criação do tecnologias efetivas e seguras, de modo a garantir
Departamento de Ciência e Tecnologia do MS ganhos de saúde, dados os recursos disponíveis23.
(DECIT) e outras iniciativas colocaram a ATS no Na instituição da PNGTS22, a coordenação
centro do interesse das instituições governamen- nacional das ações de ATS ficou sob responsabili-
tais nacionais. Dentre essas iniciativas, citam-se dade do DECIT. Para gerar e sintetizar evidências
a formação do Conselho de Ciência, Tecnologia científicas em ATS, o DECIT é apoiado pela Rede
e Inovação do MS (CCTI) e o Grupo de Traba- Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde
lho Permanente de Avaliação de Tecnologias em (Rebrats). A Rebrats, instituída em 2011 pela Por-
Saúde (GT ATS), coordenado pelo DECIT, am- taria n. º 2.91524, é “uma rede de centros colabo-
bos em 2003, a Política Nacional em Ciência, Tec- radores e instituições de ensino e pesquisa no País
nologia e Inovação em Saúde e a Comissão para voltada à geração e à síntese de evidências cientí-
elaboração de Proposta para a Política Nacional ficas no campo de Avaliação de Tecnologias em
de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS), Saúde (ATS) no Brasil e no âmbito internacional”.
ambas em 2005. Em 2011, a Lei 8.080 foi alterada por meio
Apesar de o Brasil estar internacionalmente da publicação da Lei 12.401 para inclusão de dis-
inserido no tema desde a década de 1980, apenas positivo sobre a assistência terapêutica e a incor-
em 2006 o país passou a fazer parte da Rede In- poração de tecnologias em saúde no âmbito do
ternacional de Agências de Avaliação de Tecnolo- SUS4. Dentre as principais inovações estabeleci-
gias em Saúde (International Network of Agencies das pela Lei 12.401 estão: (i) a análise das solici-
for Health Technology Assessment – INAHTA), tações de incorporação de tecnologias com base
por meio do DECIT18. em evidências de eficácia, efetividade, segurança
Até 2006, o processo de incorporação de e em estudos de impacto no sistema; (ii) a oferta
tecnologias no SUS não estava normatizado no de tecnologias baseada em Protocolos Clínicos e
país, situação que mudou com a instituição da Diretrizes Terapêuticas (PCDT); (iii) a participa-
Comissão para Incorporação de Tecnologias do ção da sociedade garantida por meio de repre-
MS – Citec19,20. A missão da Citec era conduzir o sentantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS);
processo de incorporação de tecnologias consi- (iv) o estabelecimento de prazos para conclusão
derando aspectos sociais e de gestão do SUS19. A do processo administrativo de incorporação, ex-
Citec não dispunha de prazos máximos definidos clusão ou alteração de tecnologias (180 dias cor-
para análise, recomendação e oferta de tecnolo- ridos, prorrogáveis por mais 90, contados a partir
gias ao SUS, não havia obrigatoriedade de rea- da data em que foi protocolado o requerimento);
lização de consulta pública sobre as demandas (v) a obrigatoriedade de consulta pública e de au-
avaliadas, nem estava prevista a participação de diência pública, se a relevância da matéria justi-
representantes da sociedade na composição da ficar, antes da tomada de decisão. Contudo, a Lei
Comissão21. 12.401 não conseguiu por em prática o princípio
A construção da PNGTS, instituída em 2009 da integralidade que norteia o SUS, dado que “a
pela Portaria n. º 2.69022 e publicada em 2010 incorporação de tecnologias, per se, sem ações
pelo MS23, foi fomentada por algumas questões articuladas tem pouco impacto na melhoria do
importantes referentes à incorporação de no- acesso”25.
vas tecnologias. Destacam-se23: (i) a expansão A Lei n. º 12.4014 definiu critérios e prazos
do complexo industrial da saúde; (ii) o fato de para a incorporação de novas tecnologias em saú-
a importação pelos países em desenvolvimento de em seu âmbito e criou a Conitec, que, segundo
de métodos diagnósticos e terapêuticos gerados o Decreto n.º 7.6465, tem por objetivo “assessorar
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o MS nas atribuições relativas a incorporação, ex- posteriormente, a instituição da Comissão Téc-
clusão ou alteração pelo SUS de tecnologias em nica e Multidisciplinar de Atualização da Relação
saúde, bem como na constituição ou alteração Nacional de Medicamentos Essenciais – Comare,
de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas”. em 2005. A atualização da Rename é atualmente
A Conitec trouxe avanços em relação à Citec, a uma das atribuições da Subcomissão Técnica de
substituindo26. Dessa forma, as fases do ciclo de Atualização da Rename e do Formulário Tera-
vida de competência da Citec (incorporação, ava- pêutico Nacional (FTN) da Conitec6. Além desta
liações posteriores e abandono)1 são atualmente Submcomissão Técnica, a Conitec é assessorada
de responsabilidade da Conitec. pela Subcomissão Técnica de Avaliação de PCDT
O processo de incorporação tecnológica pela e Subcomissão Técnica de Atualização da Relação
Conitec passa pelas seguintes etapas: (1) instau- Nacional de Ações e Serviços de Saúde (Renases).
ração de processo administrativo contendo a de- Depreende-se da legislação vigente que ca-
manda de incorporação, exclusão ou alteração de bem ao DECIT a coordenação e a implementa-
tecnologias em saúde no SUS; (2) análise da con- ção de ações de ATS em âmbito nacional, sendo
formidade documental; (3) emissão de relatório responsabilidade da Rebrats a geração e a síntese
pelo Plenário da Comissão; (4) consulta públi- de evidências científicas. As atividades de incor-
ca; (5) decisão final pelo Secretário de Ciência, poração, exclusão ou alteração de tecnologias
Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS, que no SUS são, atualmente, atribuições da Conitec,
poderá ser precedida por audiência pública; (6) cuja Secretaria-Executiva (SE/Conitec) é exercida
publicação da decisão em Diário Oficial da União pelo DGITS. As atribuições atuais do DECIT e do
(DOU). A oferta ao SUS é efetivada, pelas áreas DGITS estão previstas no Decreto n. º 8.06527.
técnicas, no prazo máximo de 180 dias, a partir Cabe salientar que, enquanto internacional-
da publicação da decisão de incorporação da tec- mente o processo de ATS é conduzido por agên-
nologia em saúde ou da publicação do protocolo cias (governamentais ou não governamentais),
clínico e diretriz terapêutica5. no Brasil é realizado por uma Comissão governa-
Em agosto de 2012 foi criado, pelo Decreto mental, cuja secretaria executiva está a cargo de
n. º 7.797 (revogado pelo Decreto n. º 8.065)27, o um Departamento da SCTIE/MS.
Departamento de Gestão e Incorporação de Tec-
nologias em Saúde (DGITS). Este Departamento
tem competências relacionadas ao processo de Discussão
monitoramento e avaliação da incorporação de
tecnologias, além de dar suporte às atividades e O processo de incorporação de tecnologias em
demandas da Conitec. saúde e os programas de ATS não são uniformes
Faz-se necessário ressalvar as atribuições da entre os países. As diferenças ocorrem em função
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi- da autoridade na tomada de decisão, do escopo
sa) nas etapas do ciclo de vida das tecnologias. das revisões de evidências, da longevidade/expe-
Esta Agência, criada no final da década de 1990, riência e dos componentes do programa8.
tem competências nos campos sanitário e econô- Em relação aos países estudados, percebe-se
mico1. No primeiro, destaca-se a concessão do re- que a motivação para implementação de pro-
gistro sanitário de medicamentos e de produtos gramas de ATS é compartilhada pelos diferentes
para a saúde, via análise de eficácia, segurança e países. Os programas de ATS no mundo surgem
qualidade. No aspecto econômico, por meio da para contribuir com o processo de alocação de
Câmara de Regulação do Mercado de Medica- recursos destinado a introduzir tecnologias cus-
mentos (CMED), na qual atua como Secretaria to-efetivas nos sistemas de saúde. Os programas
-Executiva, a Anvisa realiza análises econômicas de ATS remontam há cerca de 35 anos, tendo a
para definir os preços dos medicamentos que maioria se estabelecido nos últimos 20-25 anos28.
entram no mercado brasileiro. A regulação de O Brasil é um dos países em desenvolvimento que
preços pela Anvisa segue, entre outros, os crité- tem um programa de ATS bem estabelecido29.
rios18: epidemiologia da doença, dados de eficácia Austrália, Canadá e Reino Unido têm pro-
e segurança, impacto orçamentário e avaliações gramas de ATS reconhecidos no cenário interna-
econômicas. A Anvisa foi um dos membros do cional1,30. Dado que esses países têm sistemas de
GT ATS18 e é um dos membros natos do Plenário saúde distintos e economias com características
da Conitec. particulares, não era esperado que os compo-
Destaca-se ainda a importância da atuali- nentes de seus processos de incorporação fossem
zação da Relação Nacional de Medicamentos totalmente idênticos aos componentes do pro-
Essenciais (Rename) desde a década de 1990 e, cesso nacional, realizado pela Conitec. No en-
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Lima SGG et al.

tanto, apesar de a experiência em ATS no Brasil das atas das reuniões do Plenário e relatórios di-
estar normatizada há menos de dez anos (Citec ferenciados, elaborados em linguagem simples,
e, posteriormente, Conitec), encontraram-se para que a sociedade possa apresentar suas con-
mais similaridades do que diferenças do proces- tribuições/comentários às Consultas Públicas;
so conduzido pela Conitec em relação aos países (d) disponibilização de canal direto com o Con-
estudados. Uma evidência que ratifica essa obser- selho Nacional de Justiça, por e-mail, para res-
vação é a possibilidade de enquadrar a legislação posta a questionamento dos magistrados sobre a
vigente em todos os critérios/componentes8 esta- incorporação de medicamentos, produtos ou
belecidos como relevantes para estruturação de procedimentos no SUS; (e) aprimoramento da
um programa de ATS. comunicação da Conitec com a sociedade, bus-
As principais diferenças identificadas são em cando capacitar e estimular a participação social
relação à possibilidade de apresentação de re- no processo de avaliação de tecnologias em saúde
cursos (existente no Brasil e no Reino Unido31), no SUS, por meio de “clipping” mensal, conten-
à avaliação do programa (ausente no Brasil), à do o resumo das ações e deliberações; balanço de
seleção de temas (ausente no Brasil) e aos prazos seus resultados ações nos anos de 2012 a 2014;
para disponibilização da tecnologia após publi- (f) publicação do guia “Entendendo a incorpora-
cação da decisão (existentes no Brasil e no Reino ção de tecnologias em saúde – como se envolver”
Unido). No Brasil, assim como no Reino Unido, na Revista Eletrônica Gestão e Saúde dedicada à
é facultado ao demandante apresentar recursos Conitec; (g) criação do programa CONITEC em
contra a decisão final. Para os outros dois países, Evidência, com apresentação temas de interesse
essa informação não foi verificada. quinzenalmente por videoconferência.
Para a Conitec não foram encontrados regis- De modo similar, não foi identificada eta-
tros explícitos quanto à avaliação do programa, pa de (pré) seleção e/ou priorização de temas a
em termos de melhorias para o processo de ava- serem analisados pela Conitec, diferentemente
liação e incorporação, diferentemente das três do que ocorre nos processos conduzidos pelos
agências internacionais. A leitura sequencial das demais países, nos quais há critérios definidos
atas das reuniões do Plenário da Conitec relati- para este fim. Esta etapa confere transparência ao
vas às demandas apreciadas naquele estudo, en- processo. As principais famílias de critérios são8:
caminhadas à Conitec desde o início das suas tecnologias alternativas; impacto orçamentário;
atividades, em janeiro de 2012, até 22 de agosto impacto clínico; natureza controversa da tecno-
de 2014, mostrava uma preocupação constante logia proposta; carga da doença; impacto econô-
com a melhoria de seu processo de trabalho32. Por mico; implicações éticas, legais e psicossociais;
exemplo, a Conitec estava buscando ferramentas disponibilidade e relevância da evidência; nível
de informática que otimizassem, sistematizassem de interesse (governo, profissionais de saúde e
e promovessem celeridade às suas ações. No que pacientes); oportunidade de revisão; variação na
tange à comunicação, havia sido feita uma presta- taxa de utilização.
ção de contas no formato de um balanço de suas Os prazos para disponibilização da tecnolo-
atividades e produção, tanto no contexto de seu gia após publicação da decisão estão definidos no
Plenário quanto no das instâncias hierarquica- Brasil e no Reino Unido. Estes prazos servem ao
mente superiores. Tinha ainda procurado discu- propósito de acompanhar a implementação das
tir no Plenário os temas relacionados à sua área decisões dessas agências, de forma efetiva, em
de competência, de modo a promover discussões seus sistemas de saúde.
técnicas mais interativas, esclarecidas e robustas. Outra diferença notada foi em relação à com-
A partir de observação no sítio eletrônico da posição dos comitês. Enquanto o Plenário da
Conitec, realizado em 30 de setembro de 2016, é Conitec é composto por representantes de Se-
possível verificar um processo de melhoria contí- cretarias do MS, agências reguladoras e demais
nua em relação aos seguintes procedimentos: (a) entidades, nos países estudados a representação
inclusão de novo sistema para a Gestão Eletrônica priorizada é a partir das competências técnicas
de Processos de Incorporação de Tecnologias no necessárias para a avaliação das demandas, inde-
SUS (e-GITS), que permite a submissão de de- pendente de vínculo institucional. Por este moti-
mandas para incorporação, exclusão, alteração de vo, a independência das análises realizadas pela
indicação/uso ou ainda para uma nova apresen- Conitec é questionada30, uma vez que a maioria
tação ou modelo de tecnologias em saúde; (b) in- dos membros do Plenário está subordinada ao
trodução de formulário para órgãos/instituições MS. A autonomia dos programas de ATS é apon-
não vinculados ao SUS e pessoas físicas e outro tada como desejável28, seja em termos de orça-
para órgãos/instituições do SUS; (c) publicização mento, hierarquia ou ambos.
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Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1709-1722, 2019


Cabe salientar que as diferenças quanto ao nais do Brasil, sejam em termos populacionais,
processo de avaliação e tomada de decisão de in- de necessidades ou de prioridades33.
corporação de tecnologias em função da estru- Por fim, cabe ressaltar que não foi objeto
tura dos sistemas de saúde não foram avaliadas deste estudo averiguar se o processo de incorpo-
neste estudo. Apesar de, por exemplo, Brasil e ração tecnológica previsto é de fato o praticado,
Canadá, serem compostos por governos federa- restringindo a uma análise comparativa entre
tivos e seus sistemas de saúde serem nacionais e modelos propostos em todos os países estudados.
financiados pelo Estado, no primeiro a avaliação A estrutura e o funcionamento da Conitec
e a decisão de incorporação de tecnologias têm previstos legalmente são similares aos das agên-
caráter centralizado, enquanto que no segundo a cias dos países pesquisados e também é reconhe-
avaliação é do governo federal e as decisões de cido o esforço que o País tem feito para aprimo-
incorporação são descentralizadas. Em pesquisa rar o seu recente processo de incorporação. Nesse
realizada com profissionais do sistema de saúde sentido, novos estudos sobre o processo de incor-
nacional público e privado33, identificaram-se poração tecnológica no Brasil representam um
opiniões majoritárias no sentido de que o proces- espaço de oportunidade, de modo a proporcio-
so de avaliação/incorporação praticado nacional- nar melhor qualidade de acesso à saúde à popula-
mente deveria ter caráter centralizado, enquanto ção e, concomitantemente, de gerenciar os custos
que as incorporações deveriam ser descentraliza- crescentes, garantindo o princípio da equidade
das. Isso seria justificado pelas diferenças regio- com maior eficiência.

Colaboradores Referências

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Artigo apresentado em 14/05/2017


Aprovado em 01/08/2017
Versão final apresentada em 03/08/2017

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

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