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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO


DEPARTAMENTO DE LETRAS
LETRAS PORTUGUÊS - LICENCIATURA

ANA ZÉLIA PIMENTEL


KAROLYNE H. TELES

1° AVALIAÇÃO DE TEORIA DA LITERATURA 2

RECIFE
2019
1 JEAN COHEN E A ESTRUTURA DO POEMA

Em “A Estrutura da Linguagem Poética”, Jean Cohen escreve a respeito da estrutura


do poema. Inicialmente trazendo as diferenças entre os conceitos de poesia na
concepção clássica - que tinha como uma de suas preocupações julgar o que seria
belo ou não - e na concepção moderna, na qual rompe com a tendência clássica ao
trazer uma discussão da estética a partir da consciência da linguagem mostrando
que a literatura permite desvios dos mais variados, inclusive aqueles que superam a
norma da língua, de acordo com a intenção do texto.

No decorrer do texto, Cohen analisa a estrutura do poema utilizando a análise em


dois níveis a fim de diferenciar a prosa do verso. Tais níveis são o nível fônico, tendo
verso como principal forma de distinguir a poesia da prosa, e o nível semântico,
marcado pelo uso de figuras de linguagem como maneira de discernir a poesia e
prosa.

1.1 NÍVEL FÔNICO

É possível entender que a diferença entre a prosa e a poesia começa pelo verso,
pois este é a principal peculiaridade da poesia - uma estrutura fono-semântica
resultado da associação entre o som e o sentido. Há no verso elementos
tipográficos, como a distribuição das palavras e dos espaços vazios, assim como os
enjabements​, pausas métricas que rompem com o paralelismo fono-semântico. Há,
por vontade do poeta, a pausa onde não é exigida e continuidades onde deveriam,
gramaticalmente, haver pausas, resultando em fortes elementos de sentido e de
expressão fônica, também pode recorrer à utilização de sentenças agramaticais para
caracterizar o poema, visto que os versos livres não precisam seguir nenhuma regra
métrica. Tudo isso representa um distanciamento da linguagem comum, um dos
objetivos da poesia.

Para Cohen, a rima é a relação entre dois significantes semelhantes que referem-se
a significados distintos numa relação interna e constitutiva do poema. A rima pode
acontecer entre palavras que se assemelham tanto no som quanto no sentido (rima
semântica), entre palavras que possuem o sentido diferente, mas o som parecido
(rima categorial), e pode ser feita através de aliteração de um verso para outro,
sendo, assim, considerada um dos principais marcadores da estrutura poética. A
rima é formada inicialmente por unidades não significantes, normalmente o fim de
palavras por meio da acentuação (gráfica ou não). Segundo o autor, inserir
semelhanças de som onde não há semelhanças de sentido “inverte o paralelismo
semântico em que se baseia a segurança da mensagem.” Enquanto a prosa evita
homônimos, a poesia os aproxima e coloca no mesmo lugar, quebrando a percepção
automática do leitor quanto ao sentido do texto. É dito no por Cohen (1966): “Tudo
corre como se o poeta quisesse enfraquecer as estruturas do discurso , como se seu
objetivo final fosse embaralhar a mensagem.” (p.63)

O metro, segundo o crítico, é a quantidade de sílabas que existem no verso tendo


como função central o processo de decifração e recifração. Contudo, a importância
do metro não é exclusivamente o número de sílabas existente nos versos, mas sim
se esse número se repete no decorrer do poema. Essa recorrência de sílabas
resulta em um importante fator para a estrutura da linguagem poética, o ritmo.

Tanto o uso do metro quanto das acentuações do verso conferem ritmo fônico ao
poema, ou seja, uma impressão de regularidade causada pelo som, seja por número
igual ou distribuição de acentuações. Apesar disso, o ritmo em si não confere poesia
ao poema, pois são necessários elementos semânticos que atribuam sentido ao
texto, pois o poema é linguagem e não pode existir sem elementos semânticos.

1.2 NÍVEL SEMÂNTICO

Cohen também analisa a estrutura poética no nível semântico por meio de três
partes: predicação, determinação e coordenação. A primeira parte, predicação, tem
o conceito na literatura similar ao da gramática normativa, na qual é definida como a
atribuição de uma característica ao sujeito da oração. Mas o código gramatical não
é, ou não pode ser, o único elemento a reger o sentido da frase. Usando somente
este, podemos formar sentenças absurdas. A poesia, quando tomada literalmente,
infringe o código da fala. As impertinências são dadas como desvio e acionam o
mecanismo de redução linguística para que o leitor possa compreender a mensagem
por trás das palavras do poeta. Dentre as impertinências, a metáfora afetiva exige
uma maior redução por parte do leitor para entender a intencionalidade do autor.
Assim, constrói-se uma poesia violando as regras do sistema linguístico e quebrando
a possibilidade de interpretação imediata.

Um outro exemplo da impertinência é o epíteto. O epíteto também pode aparecer no


tópico semântico da determinação (cujo papel é conferir ao substantivo
determinantes), exercendo função de determinante, e, contrariando o aspecto da
predicação, cumprindo o seu encargo estando ligado diretamente ao nome, sem
precisar de um verbo de ligação, como faz quando está na posição de predicativo.
São dispensáveis e muitas vezes redundantes, atuando apenas na força poética da
frase. Esse desvio na ordem lógica, onde há a reafirmação do banal fere a regra da
língua padrão e exige que o leitor realize a transformação do epíteto em aposto.

A terceira parte, a coordenação, é particularizada por analisar as frases presentes no


poema e requerendo uma unidade de sentido no texto, utilizando-se de recursos
gramaticais para poder ser realizada - seja de maneira explícita, através de
elementos conjuntivos na sintaxe, ou de maneira velada, por meio de justaposição. A
coordenação, como um elemento da linguagem poética, também proporciona
desvios como a inconsequência, ou seja, inserir ideias que não combinam com a
ideia principal do poema. Essas frases, apesar de ornamentais, conferem força
poética ao poema, pois resultam em uma estranheza de sentidos.

Cohen destaca que há, em menor escala, um desvio da gramática por meio da
poesia já que o uso da agramaticalidade excessiva pode significar o divórcio com o
leitor por tornar o entendimento muito difícil. No entanto, podem haver no poema
desvios tímidos, como a inversão do epíteto, que em determinadas línguas subverte
a ordem fixa do adjetivo.

Mesmo que todos os elementos formais do poema tenham funcionamentos e


objetivos específicos, todas existem juntas e ao mesmo tempo na unidade do
poema.

2. OCTAVIO PAZ E A ESTRUTURA DO POEMA


Em seu livro “O Arco e a Lira”, Octavio Paz traz uma discussão sobre o poema. No
começo da obra, o autor mexicano aponta a linguagem como algo que só existe no
homem, tornando-o, assim, o único detentor desta e da comunicação. Apoiado
nesse conceito, Paz sugere a ideia de que é a partir da linguagem que a diferença
entre expressões poéticas e o poema existe, destarte, a linguagem seria o princípio
base do poema .É dito por ele: “O poema é linguagem erguida.” (p.43).

Com base nessa concepção, é possível perceber que mesmo tendo a linguagem
como alicerce para a criação de um poema, essa não é a mesma utilizada pela
população, é uma linguagem repleta de significados, não sendo um “faiscar poético”
(um falar bonito sem seguir a metodologia poética) que exige a participação do leitor,
pois o mesmo não apenas lê, mas também “reproduz gestos e experiências do
poeta” (p.51).

Associado à linguagem, o ritmo é o protagonista do verso, pois segundo Paz, ele é o


“relógio” do texto poético, tendo a responsabilidade de cadenciar a maneira como o
poema será lido e ser o fator característico da obra de um poeta, contrapondo-se à
concepção de que a métrica é o principal fator que faz a poesia divergir da prosa,
visto que tem mais uso do que a contagem de sílabas. Devido à sua relação com a
linguagem, o ritmo expõe todo o seu significado através da imagem, gerando, assim
o verso.

A imagem do poema é o que o autor quer que o leitor enxergue no poema, tendo
relação com a impressão que o receptor tem do texto poético, mas sendo,
literalmente, aquilo que se consegue enxergar do poema. Tem relação com todos os
aspectos que compõem o verso, e as impressões que o poeta quer passar, não
tendo relação, unicamente, com o que o leitor enxerga.

Paz caracteriza a imagem como tudo aquilo que compõe um texto poético, tendo
vários significados, e abarcando, e resolvendo, dicotomias que estão presentes nas
frases poéticas. Sendo lançada através do uso de metáforas, a imagem não pode
ser explicada, pois sua existência vai muito aquém de uma definição teórica. A
imagem é a maneira que o poeta tem de expressar tudo aquilo que quer escrever,
na qual os vocábulos deixam sua função de instrumento da linguagem, assim,
superando-a e expondo o uso semântico das palavras, sendo capaz de dizer o
indizível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHEN, Jean. ​Estrutura da linguagem poética. 2 ed. São Paulo: Editora Cultrix,
1966.

PAZ, Octavio. ​O Arco e a Lira.​O São Paulo: Editora Fondo de Cultura BR, 2012.

PAZ, Octavio. ​Signos em Rotação​. 2 ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976.

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