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CRP-17
Assistente Administrativo
Edital Nº 1, de 20 de Dezembro de 2017
DZ138-2017
DADOS DA OBRA
Título da obra: Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Norte - 17ª Região - CRP-17
• Língua Portuguesa
• Noções de Informática
• Raciocínio Lógico e Matemático
• Ética no Serviço Público
• Legislação
• Noções de Administração
• Atendimento ao Público
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Capa
Joel Ferreira dos Santos
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Noções de Informática
1. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de informática: tipos
de computadores, conceitos de hardware e de software, instalação de periféricos. ...........................................................................01
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambiente Microsoft Office, versões 2010, 2013 e 365).....................................23
3. Noções de sistema operacional (ambiente Windows, versões 7, 8 e 10). ............................................................................................90
4. Redes de computadores: conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet............... 110
5. Programas de navegação: Mozilla Firefox e Google Chrome.................................................................................................................. 110
6. Programa de correio eletrônico: MS Outlook................................................................................................................................................. 110
7. Sítios de busca e pesquisa na Internet............................................................................................................................................................... 110
8. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas............................................ 156
9. Segurança da informação: procedimentos de segurança......................................................................................................................... 162
10. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. ................................................................................................................................................... 167
11. Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.). ...................................................................................................... 167
12. Procedimentos de backup.................................................................................................................................................................................... 170
1 Ética e moral......................................................................................................................................................................................................................01
2 Ética, princípios e valores.............................................................................................................................................................................................01
3 Ética e democracia: exercício da cidadania..........................................................................................................................................................01
4 Ética e função pública....................................................................................................................................................................................................02
5 Ética no Setor Público....................................................................................................................................................................................................02
6 Decreto nº 1.171/1994..................................................................................................................................................................................................02
Legislação
Noções de Administração
1 Gestão de pessoas..........................................................................................................................................................................................................01
1.1 Equilíbrio organizacional.....................................................................................................................................................................................01
1.2 Objetivos, desafios e características da gestão de pessoas................................................................................................................01
1.3 Comportamento organizacional: relações indivíduo/organização, motivação, liderança, desempenho........................05
2 Gestão da qualidade e modelo de excelência gerencial................................................................................................................................21
2.1 Principais teóricos e suas contribuições para a gestão da qualidade.............................................................................................29
2.2 Ciclo PDCA................................................................................................................................................................................................................31
2.3 Ferramentas de gestão da qualidade............................................................................................................................................................31
3 Noções de gestão de processos...............................................................................................................................................................................33
3.1 Técnicas de mapeamento, análise e melhoria de processos...............................................................................................................33
4 Noções de administração de recursos materiais...............................................................................................................................................56
4.1 Classificação de materiais...................................................................................................................................................................................56
4.1.1 Atributos para classificação de materiais.................................................................................................................................................56
4.1.2 Tipos de classificação........................................................................................................................................................................................56
4.1.3 Metodologia de cálculo da curva ABC......................................................................................................................................................56
4.2 Gestão de estoques...............................................................................................................................................................................................62
SUMÁRIO
Atendimento ao Público
1 Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade; apresentação; atenção; cortesia; interesse; presteza; eficiên-
cia; tolerância; discrição; conduta; objetividade. ......................................................................................................................................... 01
2 Trabalho em equipe: personalidade e relacionamento; eficácia no comportamento interpessoal; servidor e opinião pú-
blica; o órgão e a opinião pública; fatores positivos do relacionamento; comportamento receptivo e defensivo; empatia;
compreensão mútua. ............................................................................................................................................................................................. 15
3 Postura profissional e relações interpessoais............................................................................................................................................. 21
4 Comunicação.......................................................................................................................................................................................................... 23
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
1 Ética e moral......................................................................................................................................................................................................................01
2 Ética, princípios e valores.............................................................................................................................................................................................01
3 Ética e democracia: exercício da cidadania..........................................................................................................................................................01
4 Ética e função pública, Ética no Setor Público, Decreto nº 1.171/94........................................................................................................02
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
1 ÉTICA E MORAL
3 ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA
CIDADANIA
1
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
2
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao me- O Estado tem um valor ético, de modo que sua atua-
nos dois elementos - a Moral e o Direito ( justo); no caso da ção deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamen-
disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada te o Estado que é aético, porque ele é composto por ho-
num sentido estrito - ética corresponde ao valor do justo, mens. Assim, falta ética ou não aos homens que o compõe.
previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um Ou seja, o bom comportamento profissional do funcionário
olhar atento às prescrições da Moral para a vida social. público é uma questão ligada à ética no serviço público, pois
Em outras palavras, quando se fala em ética no âmbito se os homens que compõe a estrutura do Estado tomam
dos interesses do Estado não se deve pensar apenas na uma atitude correta perante os ditames éticos há uma am-
Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a regu- pliação e uma consolidação do valor ético do Estado.
lamentam, o que permite a aplicação de sanções. Veja o Alguns cidadãos recebem poderes e funções específi-
organograma: cas dentro da administração pública, passando a desem-
penhar um papel de fundamental interesse para o Estado.
Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o
respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manu-
tenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada
e transparente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor públi-
co, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado repre-
senta na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo
todos os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a
exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado
em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria
profissional. No caso das profissões na esfera pública, esta
exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a obri-
gação ética no setor público vai além e encontra-se disci-
plinada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitu-
As regras éticas do setor público são mais do que cional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em
regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética - a
passíveis de coação. A desobediência ao princípio da mo- Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e a Lei
ralidade caracteriza ato de improbidade administrativa, n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores públicos civis
sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da mesma na esfera federal).
forma, o seu comportamento em relação ao Código de Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
Ética pode gerar benefícios, como promoções, e prejuízos, de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
como censura e outras penas administrativas. A disciplina complexo da sociedade como uma atividade específica.
constitucional é expressa no sentido de prescrever a mo- Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pratica
ralidade como um dos princípios fundadores da atuação e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas
da administração pública direta e indireta, bem como ou- relações, a preservação de uma conduta condizente com os
tros princípios correlatos. Logo, o Estado brasileiro deve princípios éticos específicos. O grupamento de profissionais
que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas
se conduzir moralmente por vontade expressa do consti-
classes profissionais e também a conduta pertinente. Exis-
tuinte, sendo que à imoralidade administrativa aplicam-se
tem aspectos claros de observação do comportamento, nas
sanções.
diversas esferas em que ele se processa: perante o conheci-
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se
mento, perante o cliente, perante o colega, perante a clas-
dar somente no âmbito da vida particular, mas também na se, perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria
atuação profissional, principalmente se tal atuação se der humanidade como conceito global”2. Todos estes aspectos
no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Estado é serão considerados em termos de conduta ética esperada.
a forma social mais abrangente, a sociedade de fins gerais Em geral, as diretivas a respeito do comportamento
que permite o desenvolvimento, em seu seio, das indivi- profissional ético podem ser bem resumidas em alguns
dualidades e das demais sociedades, chamadas de fins par- princípios basilares.
ticulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arran- Segundo Nalini3, o princípio fundamental seria o de agir
jo formulado pelos homens para organizar a sociedade de de acordo com a ciência, se mantendo sempre atualizado, e
disciplinar o poder visando que todos possam se realizar de acordo com a consciência, sabendo de seu dever ético;
em plenitude, atingindo suas finalidades particulares.1 tomando-se como princípios específicos:
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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da
na vida pública e na vida particular. gestão ética nas empresas públicas:
- Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir
da melhor maneira esperada em sua profissão e fora dela, PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a
com técnica, justiça e discrição. responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”.
- Princípio da incompatibilidade - não se deve acumu- Significa desempenhar suas funções com transparên-
lar funções incompatíveis. cia, de forma honesta e responsável, sendo leal à institui-
- Princípio da correção profissional - atuação com ção. O funcionário deve se portar de forma digna, exterio-
transparência e em prol da justiça. rizando virtudes em suas ações.
- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos
os demais operadores do Direito querem a mesma coisa, SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”.
realizar a justiça. A expressão “dignidade da pessoa humana” está es-
tabelecida na Constituição Federal Brasileira, em seu art.
- Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em
3º, III, como um dos fundamentos da República Federativa
todas funções.
do Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido no
- Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal
discurso antropocentrista do humanismo, a expressão va-
para buscar o interesse da justiça.
loriza o ser humano, considerando este o centro da criação,
- Princípio da confiança - cada profissional de Direi- o ser mais elevado que habita o planeta, o que justifica
to é dotado de atributos personalíssimos e intransferíveis, a grande consideração pelo Estado e pelos outros seres
sendo escolhido por causa deles, de forma que a relação humanos na sua generalidade em relação a ele. Respeitar
estabelecida entre aquele que busca o serviço e o profis- a dignidade da pessoa humana significa tomar o homem
sional é de confiança. como valor-fonte para todas as ações e escolhas, inclusive
- Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, na atuação empresarial.
aos valores constitucionais, à verdade, à transparência.
- Princípio da independência profissional - a maior au- TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos
tonomia no exercício da profissão do operador do Direito e na apreciação do mérito dos subordinados”.
não deve impedir o caráter ético. Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex-
- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha
as informações que acessa no exercício da profissão. dos que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusiva-
- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé mente com base no mérito. Não se pode tomar questões
e de forma correta, com lealdade processual. pessoais, como desavenças ou afinidades, quando o julga-
- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profis- mento se faz sobre a ação de um funcionário - se agiu bem,
sional do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia merece ser recompensado; se agiu mal, deve ser punido.
sua profissão.
- Outros princípios éticos, como informação, solidarie- QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual
dade, cidadania, residência, localização, continuidade da e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumpri-
profissão, liberdade profissional, função social da profis- mento da missão institucional”.
são, severidade consigo mesmo, defesa das prerrogativas, A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em
moderação e tolerância. regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitu- institucional serão estabelecidas determinadas metas para
des que podem ser esperadas do profissional, mas assim a empresa, que deverão ser buscadas pelos funcionários.
Para tanto, cada um deve se preocupar com o aperfeiçoa-
como é difícil delimitar um conceito de ética, é complicado
mento de suas capacidades, tornando-se paulatinamente
estabelecer exatamente quais as condutas esperadas de
um melhor funcionário, por exemplo, buscando cursos e
um servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e
estudando técnicas.
ponderar com razoabilidade.
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e
os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, respeitan-
com que cada atividade desempenhada no exercício da do a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colaboran-
profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcionan- do e aceitando colaboração”.
do os rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes Existe uma hierarquia para que as funções sejam de-
e políticas institucionais. sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desordem
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se não permite que as atividades se encadeiem e se enlacem,
guia por determinados mandamentos de ação, os quais gerando perda de tempo e desperdício de recursos. Não
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, significa que ordens contrárias à ética devam ser obedeci-
embora a punição dos que violam ditames éticos no âm- das, caso em que a medida cabível é levar a questão para
bito do interesse estatal seja mais rigorosa. as autoridades responsáveis pelo controle da ética da insti-
tuição. Cada atividade deve ser desempenhada da melhor
maneira possível, isto é, não se pode deixar de praticá-la
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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
corretamente por ser mais trabalhoso (por negligência en- Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de
tende-se uma omissão perigosa). No tratamento dos de- um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão cole-
mais colegas e do público, o funcionário deve ser cordial tiva da ética. Maritain4 apontou as características essenciais
e ético, embora somente assim estará contribuindo para a do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum
gestão ética da empresa. deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o de-
senvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade,
SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignida- pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade
de, decoro, zelo, eficácia e moralidade”. de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que
constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral
O bom comportamento não deve se fazer presen-
elementos essenciais do bem comum.
te somente no exercício das funções. Cabe ao funcioná-
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
rio se portar bem quando estiver em sua vida privada, na
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade e
convivência com seus amigos e familiares, bem como nos solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço
momentos de lazer. Por melhor que seja como funcioná- para exercer individualmente sua liberdade moral, cabendo
rio, não será aceito aquele que, por exemplo, for visto fre- à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em so-
quentemente embriagado ou for sempre denunciado por ciedade realizem projetos morais individuais.
violência doméstica. A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da mo-
Dignidade é a característica que incorpora todas as de- ralidade crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada:
mais, significando o bom comportamento enquanto pes- quando estuda-se a lei posta ou a ausência de lei e questio-
soa humana, tratando os outros como gosta de ser tratado. na-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica; quando
Decoro significa discrição, aparecer o mínimo possível, não a regra justa é incorporada ao Direito, há moralidade lega-
se vangloriar com base em feitos institucionais. Zelo quer lizada ou positivada.
dizer cuidado, cautela, para que as atividades sempre sejam Sobre a Ética Pública, explica Nalini5: “Ética é sempre
desempenhadas do melhor modo. Eficácia remete ao dever ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos.
de fazer com que suas atividades atinjam o fim para o qual Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no com-
foram praticadas, isto é, que não sejam abandonadas pela portamento individual. Mas pode-se falar em ética realçada
metade. Moralidade significa respeitar os ditames morais, quando se atua num universo mais amplo, de interesse de
todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e apura-se o seu sen-
mais que jurídicos, que exteriorizam os valores tradicionais
tido em contraposição com o de Ética Privada. Um nome
consolidados na sociedade através dos tempos.
pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Di-
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solu- reito, consolidando o valor do justo. Diante da relevância
ção uma pessoa que busca perante a Administração Pública social de que a Ética se faça presente no exercício das ativi-
satisfazer um direito que acredita ser legítimo”. dades públicas, as regras éticas para a vida pública são mais
O bom atendimento do público é necessário para que do que regras morais, são regras jurídicas estabelecidas em
uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem diversos diplomas do ordenamento, possibilitando a coa-
um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de ção em caso de infração por parte daqueles que desempe-
lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução. nham a função pública.
Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclareci- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
do, de forma que a confiabilidade na instituição não fique tem que ele consolide o bem comum e garanta a preserva-
abalada. ção dos interesses da coletividade, se encontram exterio-
rizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são es-
OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamen- tabelecidos na Constituição Federal e em legislações infra-
tos, as instruções e as ordens das autoridades a que estiver constitucionais, a exemplo das que serão estudadas neste
subordinado”. tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética Lei n° 8.429/92.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no se-
porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é
tor público partem da Constituição Federal, que estabelece
essencial para que a gestão ética seja efetiva.
alguns princípios fundamentais para a ética no setor públi-
co. Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo
NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento 37, especialmente o caput, que permite a compreensão de
à finalidade do serviço público”. boa parte do conteúdo das leis específicas, porque possui
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divi- um caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais
são de funções feitas com o objetivo de otimizar as ativida- da administração pública. Estabelece a Constituição Federal:
des desempenhadas.
4 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e
DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olym-
entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser pio Editora, 1967.
praticado”. 5 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional.
8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qual- mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e ligado à noção de bom administrador, que não somente
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes- deve ser conhecedor da lei, mas também dos princípios éti-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao cos regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL
seguinte: [...] SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL,
São princípios da administração pública, nesta ordem: daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.
Legalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
Administração Pública. É de fundamental importância um gar indevidamente a fornecer informações ao administra-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somen-
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas te pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho6 e para proteção são o direito de petição e as certidões (art.
Spitzcovsky7: 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade mandado de segurança.
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
Contudo, como a administração pública representa os inte- manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle
resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor- de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o con-
curso público seleciona os mais qualificados ao exercício do
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamen-
cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível
te determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior
exonerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar
editando a matéria para que seja preservado o princípio da
gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O nú-
legalidade). A origem deste princípio está na criação do Es-
cleo deste princípio é a procura por produtividade e economi-
tado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve
cidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrati-
respeitar as leis que dita.
vos internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes.
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
ses que representa, a administração pública está proibida de Segue Decreto Nº 1.171/1994:
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar al-
guém de forma diferente dos demais, privilegiando ou pre- DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
judicando. Segundo este princípio, a administração pública
deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda- blico Civil do Poder Executivo Federal.
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
tange à contratação de serviços. O princípio da impessoali- que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em
dade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos
alvo a ser alcançado pela administração pública é somente arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,
pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se DECRETA:
buscar somente a preservação do interesse coletivo. Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma este baixa.
espécie de moralidade administrativa, intimamente relacio- Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
nada ao poder público. A administração pública não atua Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
como um particular, de modo que enquanto o descumpri- as providências necessárias à plena vigência do Código de
mento dos preceitos morais por parte deste particular não é Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Co-
punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota missão de Ética, integrada por três servidores ou empre-
tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.
dos representantes do Estado. O princípio da moralidade Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
deve se fazer presente não só para com os administrados, será comunicada à Secretaria da Administração Federal da
Presidência da República, com a indicação dos respectivos
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de membros titulares e suplentes.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua
ris, 2010. publicação.
7 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e
13. ed. São Paulo: Método, 2011. 106° da República.
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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO