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Superior Tribunal de Justiça

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.419.644 - DF (2018/0339233-0)

RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI


AGRAVANTE : FRANCISCO DE ASSIS TEIXEIRA
ADVOGADO : MARCELO ANTONIO RODRIGUES VIEGAS - DF018503
AGRAVADO : TANIA MARIA MEIRELES FRANCO
ADVOGADOS : MARCELO ANTONIO RODRIGUES VIEGAS - DF018503
EREMITA EMANUELA LOPO PAZ - DF039157
AGRAVADO : BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA
ADVOGADOS : PAULO CÉSAR GOMES ALBUQUERQUE - DF036165
DIEGO SOARES PEREIRA - DF034123

DECISÃO

Trata-se de agravo (art. 1042 do NCPC), interposto por FRANCISCO DE


ASSIS TEIXEIRA, contra decisão que não admitiu recurso especial (fls. 458/459, e-STJ).
O apelo extremo, fundamentado no artigo 105, inciso III, alínea "a" e "c", da
Constituição Federal, desafia acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, assim ementado (fl. 422, e-STJ):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA. IMÓVEL HIPOTECADO.


FRAUDE À EXECUÇÃO. AVERBAÇÃO DE REGISTRO DA AÇÃO
EXECUTIVA.
I - O reconhecimento da fraude à execução, com fundamento no inciso IV
do art. 792 do CPC/2015, exige a averbação premonitória de ação
executiva em curso no registro público do bem, o que não ocorreu na
demanda. Ademais, quando realizada a hipoteca do bem da devedora,
nem sequer havia determinação de penhora do imóvel.
II - Agravo de instrumento conhecido e desprovido.

Em suas razões de recurso especial, o recorrente aponta ofensa ao artigo


792, caput, IV, do NCPC.
Sustenta, em síntese, que a hipótese dos autos "não exige averbação no
registro público, muito menos a demonstração da má fé do adquirente, no caso, credor
hipotecário".
Sem contrarrazões.
Em juízo de admissibilidade, negou-se o processamento do recurso
especial, sob o fundamento de incidência da Súmula 7/STJ.
Daí o presente agravo (art. 1042 do NCPC), buscando destrancar o
processamento daquela insurgência.
Contraminuta às fls. 470/475 e 521/524 (e-STJ).
É o relatório.
Decido.
O inconformismo não merece prosperar.
1. Inicialmente, cabe registrar, esta Corte Superior tem reiterado o
posicionamento fixado na Súmula 375/STF, segundo a qual "O reconhecimento da
fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de
má-fé do terceiro adquirente.".
Nesse sentido:
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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC/73) - AUTOS DE


AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - FRAUDE À EXECUÇÃO -
EXISTÊNCIA DE PRÉVIA AVERBAÇÃO NOTARIAL JUNTO À MATRICULA
DO IMÓVEL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO
RECLAMO. INSURGÊNCIA DO AGRAVANTE.
1. Para o reconhecimento da fraude à execução, não basta a
simples alienação/doação do bem após a citação, sendo
necessário, ainda, o registro de penhora do bem alienado/doado
ou prova da má-fé do terceiro adquirente, nos termos da súmula
375/STJ.
(...)
3. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp 967.680/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 25/10/2017)

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. FRAUDE À EXECUÇÃO. ART. 593, II, DO CPC/1973.
INEXISTÊNCIA.
1. O reconhecimento da fraude à execução, consoante o disposto
na Súmula nº 375/STJ, depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt nos EDcl no REsp 1590904/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/09/2017, DJe
10/10/2017)

2. Com efeito, o Tribunal a quo, ao negar provimento ao agravo de


instrumento interposto na origem, pelo ora insurgente, concluiu pela inexistência de
elementos suficientes para caracterização da fraude à execução, nos seguintes termos
(fls. 425/427, e-STJ):

Considera-se fraude à execução a alienação ou oneração de bens,


quando, à época da transação, corria contra o devedor demanda capaz
de reduzi-lo à insolvência, ocorre a presunção de fraude quando o ajuste
sobre o imóvel litigioso se deu após averbação, conforme preceitua os
artigos 792 e 828 do CPC/2015.
Em relação ao imóvel, somente a averbação da certidão de tramitação da
demanda na matrícula do bem permite concluir que a constrição é
conhecida por terceiros, o que invalidaria a alegação de boa-fé do credor
hipotecário.
Desse modo, inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do
credor o ônus da prova de que o terceiro tinha conhecimento da
demanda capaz de levar o alienante à insolvência.
O imóvel penhorado, gleba vargem grande II, cidade de Pirenópolis,
registrado no Registro de Imóveis e Tabelionato 1º de Notas de
Pirenópolis-GO sob a matrícula n. 7.249, encontra-se hipotecado ao
Banco do Nordeste.
Na presente demanda, a cédula de crédito comercial foi emitida
em 26/04/17, dando como garantia hipotecária o imóvel da
devedora. Portanto, o registro da hipoteca é anterior à
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determinação de penhora do bem da executada, decidida em
16/08/2017 (id. 4218167, pág. 212).
Dispõe o Enunciado n. 375 da Súmula do STJ que "o reconhecimento da
fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou
da prova de má-fé do terceiro adquirente".
Tem-se, portanto, que não ocorreu fraude à execução na demanda,
pois não foi demonstrada a má-fé da agravada-devedora ao
celebrar o negócio, tampouco houve a averbação da penhora no
registro do imóvel, pois inexistente penhora à época.
O reconhecimento da fraude à execução, com fundamento no inciso IV
do artigo 792 do CPC, também exige a averbação premonitória de ação
executiva em curso no registro público do bem, o que não ocorreu na
demanda.
Além disso, quando emitida a cédula comercial, não havia, no
cartório de registro de imóveis, averbação sobre a demanda
executória.
(...)
Assim, inexistindo elementos suficientes a demonstrar que a
agravada-executada hipotecou seu único bem para evitar a penhora,
presume-se a sua boa-fé, não configurando, portanto, fraude à
execução.
Em conclusão, não vislumbro nos autos elementos de prova que
permitam inferir a ocorrência de equívoco na r. decisão agravada,
porquanto não demonstrada a fraude à execução, uma vez que, quando
realizada a hipoteca sobre o imóvel da devedora, não havia, no registro
de imóveis, averbação noticiando a existência da ação executiva.

Em demanda muito parecida com a decidida pelo acórdão recorrido, esta


Corte Superior afastou a fraude à execução quando "não apenas o registro, mas a
própria penhora somente ocorreu após a alienação do bem aos agravados, ficando
patente sua condição de terceiros de boa-fé" (AgInt no REsp 1177698/SP, Rel. Ministro
RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 19/09/2017, DJe 13/10/2017).
Observa-se, portanto, que o entendimento adotado pelo Tribunal de origem
está em consonância com a jurisprudência desta Corte, de modo a se impor a rejeição
da pretensão recursal veiculada neste apelo extremo, nos termos da Súmula 83 do STJ.
Além disso, a alteração das conclusões do Tribunal de origem, ou seja,
busca ver reconhecidos fatos expressamente afastados pelo acórdão (requisitos
caracterizadores da fraude à execução), não seria admitido pela jurisprudência
sedimentada por essa Corte Federal, ante o óbice da Súmula 7/STJ.
A propósito:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC/73) - AUTOS DE


AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA
NEGANDO PROVIMENTO AO RECLAMO.
IRRESIGNAÇÃO DOS AGRAVANTES.
(...)
2. As conclusões relativas à caracterização de fraude à execução não
podem ser revistas por esta Corte Superior, em sede de recurso
especial, pois demandariam necessariamente o reexame de fatos e
provas, o que é vedado em razão do óbice da Súmula 7 do STJ.
3. Agravo interno desprovido.
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(AgInt no AREsp 935.432/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 10/04/2018, DJe 17/04/2018)

Aplica-se, pois, na espécie, igualmente, os óbices insculpidos nas Súmulas


07 e 83 do STJ, servem de óbice ao processamento do recurso especial tanto pela
alínea "a" como pela alínea "c".
3. Do exposto, com amparo no artigo 932 do NCPC c/c a Súmula 568/STJ,
nego provimento ao recurso.
Publique-se.
Intimem-se.

Brasília (DF), 15 de fevereiro de 2019.

MINISTRO MARCO BUZZI


Relator

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