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ANA LAURA NETO

FABIANA DA SILVA ICIZUKA SILVERIO

GILMARA RIZZALDO

JACQUELINE BATISTA

KARINA RODRIGUES

LETÍCIA FELIPE TERTULIANO

ROSELI RISSIO

VINICIUS BASILIO

“VYGOTSKY – VIDA, OBRA, PRINCIPAIS CONCEITOS E


CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO”

Pesquisa apresentada à Universidade de Franca


como requisito parcial à obtenção da nota do
Segundo Semestre na disciplina de
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO.

Prof.ª Dr.ª Ana Paula Barbosa.

UNIFRAN/CRUZEIRO DO SUL

2016
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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO....................................................................................................................3

2 – VIDA E OBRA.....................................................................................................................3

3 – PRINCIPAIS CONCEITOS.................................................................................................6

3.1 – O CONCEITO DE ZONA DE DESENVOLVIMENTO PRÓXIMO...................7

3.2 – O CONCEITO DE MEDIAÇÃO...........................................................................7

3.3 – O CONCEITO DE LINGUAGEM........................................................................8

4 – CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO......................................................................10

5 – CONCLUSÃO....................................................................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................................................................14
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1 – INTRODUÇÃO

Atualmente, a teoria de Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) é conhecida no mundo todo,


apesar de sua relativa incompletude, devido à morte precoce de seu autor. Porém, seu grande
potencial é o bastante para responder questões colocadas pela realidade, assim como para
formular novas perguntas.

O psicólogo Bielo-russo morreu ha mais de 70 anos, mas suas obras ainda estão em pleno
processo de descobertas e de debates em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. Ele foi
um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea.

Lev Vygotsky foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios acadêmicos ocidentais
depois da sua morte, aos 38 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o
desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições
de vida.

Vygotsky compreendeu os processos de interação existentes a atividade humana, as funções


mentais superiores, a mediação simbólica e a elaboração conceitual destacando conceitos do
cotidiano. Os aportes teóricos de Vygotsky começaram a chegar ao Brasil, de forma lenta, na
segunda metade da década de 70. A partir da década de 80, seu nome foi cada vez mais
mencionado pelos educadores brasileiros, na busca de referenciais à prática pedagógica.

2 - VIDA E OBRA

Lev Semenovitch Vygotsky, nascido em cinco de novembro de 1896, em Orsha, uma pequena
cidade perto de Mink, capital da Bielo-Rússia, na ex-União Soviética. Descendente de uma
família de origem judaica, viveu sua infância em Gomel, com os pais e sete irmãos. Até os 15
anos sua educação ocorreu em casa, com a colaboração dos pais, aprendeu várias línguas,
inclusive o alemão, e acompanhado pelo tutor Solomon Asphiz aos 17 anos completou o
curso secundário, recebendo medalha de ouro por seu brilhante desempenho. Por ser judeu,
enfrentou dificuldades para ingressar no curso superior, iniciando seus estudos no curso de
Medicina, tendo um mês depois se transferido para os cursos de Direito e Literatura.
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Em 1911 é matriculado pela 1ª vez em uma instituição escolar. Em 1913, inicia seus estudos
de Direito na Universidade de Moscou. Em 1916, escreve “A trajetória de Hamlet, Príncipe da
Dinamarca”, trabalho de conclusão do curso universitário.

Forma-se em Direito em 1917 e posteriormente conclui o curso de Medicina. Lecionou


literatura e psicologia em uma Escola de Gomel entre 1917 e 1923.

Entre 1919 e 1920 contraiu tuberculose e viveu com essa doença durante 14 anos. Em 1925
escreveu o livro "Psicologia da Arte" (publicado na Rússia em 1965) e começou a organizar o
laboratório de Psicologia para crianças deficientes, também se casou aos 28 anos e teve duas
filhas.

Neste mesmo ano após ter apresentado um trabalho sobre a consciência em um Congresso
Científico em Leningrado (atual São Petersburgo) Vygotsky é convidado a trabalhar no
Instituto de Psicologia de Moscou. Neste Congresso, suas ideias despertam bastante interesse
por parte de Kornilov, diretor do Instituto de Psicologia, que o convida a compor o quadro de
pesquisadores, juntamente com Luria, Leontiev e outros estudiosos. Neste Congresso, inicia-
se a breve trajetória de um dos grandes personagens da história da psicologia mundial.

Em 11 de junho de 1934, morreu de tuberculose aos 37 anos de idade, ano em que, na Rússia,
foi publicado seu livro intitulado Pensamento e Linguagem. O livro foi publicado nos Estados
Unidos somente em 1962. Esta demora se deveu ao fato que existia uma situação de
isolamento na ex-União Soviética em relação aos centros científicos europeus e norte-
americanos, em consequência de barreiras políticas, culturais e linguísticas. Entre 1936 a 1956
suas obras foram suspensas pela censura violenta do regime stalinista. Em 1953, Stalin
morreu e Kruchev subiu ao poder. Entre 1982-1984 foram publicadas as obras completas
(composta de seis volumes) de Vygotsky na URSS.

No ano de 1984, foi publicada no Brasil a obra intitulada A Formação Social da Mente; em
1987 o livro Pensamento e linguagem e em 1988, o artigo Aprendizagem e desenvolvimento
intelectual na idade escolar, na coletânea intitulada Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem.

A produção escrita de Vygotsky foi muito grande para uma vida tão curta e suas ideias não se
limitaram a uma elaboração individual. Estas se multiplicaram na obra de seus colaboradores
entre os mais conhecidos no Brasil: Lúria e Leontiev.
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Segundo FITTIPALDI (2006) seu interesse pela Psicologia surgido a partir do contato com
crianças portadoras de problemas congênitos, onde estudava os problemas neurológicos das
mesmas para compreender o funcionamento psicológico do homem. 1924 é um marco em sua
carreira, quando ele se dedicou de forma mais sistemática ao estudo da Psicologia, tendo
realizado palestra no 2º Congresso Psiconeurológico e causando espanto e admiração em
pesquisadores renomados, abordando ideias acerca do estudo do comportamento consciente
humano, uma vez que a Psicologia estava dividida em duas tendências: o grupo ligado à
filosofia empirista e outro grupo, fundamentado na filosofia idealista, onde Vygotsky busca
superar essa situação usando o método dialético marxista ao apresentar a palestra sobre "A
Metodologia da Investigação Reflexológica e Psicológica", propondo uma Psicologia de
caráter materialista.

Durante uma década de trabalho, Vygotsky e seu grupo tróica, se dedicaram à construção de
uma nova Psicologia, abordando diferentes temas relacionados ao desenvolvimento humano.
Vygotsky lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia,
área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu
pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos
científicos. Em 1925, já sofrendo da tuberculose (o que em momento algum lhe tirou a
tenacidade e a obstinação) que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo
sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.

A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida
converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos
sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações
sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é
chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo. A obra do psicólogo ressalta o papel
da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia
contemporânea.

Quando iniciou sua carreira como psicólogo após a Revolução Russa de 1917, Vygotsky já
havia contribuído com vários ensaios para crítica literária. Em 1924 proferiu uma palestra
intitulada “Consciência como um Objeto da Psicologia do Comportamento”, causando
impacto nas teorias behavioristas existentes na época.

Ele buscava uma descrição e uma explicação das funções psicológicas superiores
(pensamento, lembrança voluntária, raciocínio dedutivo, por exemplo), contrapondo-se à
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teoria baseada no estímulo-resposta. Criticou a teoria de que os processos mentais adultos


estão latentes na criança, bastando apenas sua maturação. Foi um dos primeiros defensores da
associação da psicologia cognitiva experimental com a neurologia e a fisiologia, ao insistir
que as funções psicológicas são produtos da atividade cerebral.

Ainda segundo FITTIPALDI (2006) para Vygotsky, os processos mentais devem ser
entendidos historicamente. Foi um dos fundadores do Instituto de Estudos das Deficiências,
em Moscou. Lecionou e escreveu extensamente sobre problemas da educação. Utilizava o
termo pedologia (do Gr. pais, paidós, criança + lógos, tratado), que pode, grosseiramente, ser
traduzido por psicologia educacional.

Foi acusado de chauvinista russo, por ter declarado que a população iletrada da região não
industrializada da Ásia Central, ainda não tinha a capacidade intelectual da civilização
moderna.

Escreveu sobre o método genético-experimental, que é um experimento que, se


adequadamente concebido, pode dar ao experimentador condições de saber o curso real do
desenvolvimento de uma determinada função. Uma técnica usada por Vygotsky era a de
introduzir obstáculos e dificuldades na tarefa a fim de quebrar o método rotineiro de solução
de problemas. Nesse estudo o mais importante não era o nível de desempenho, mas os
métodos usados pela criança.

3 - PRINCIPAIS CONCEITOS

A sistematização dos estudos de Vygotsky, segundo LEME (2008) foi realizada


principalmente por seus colaboradores e seguidores, e não foi tarefa fácil: seus textos eram
complexos, traziam novas reflexões e dados de pesquisas inéditas, alguns não passavam de
puros esquemas, fragmentos de proposições ou resumos de ideias, não raro registradas por
outras pessoas, devido à saúde precária de seu autor. Dessa forma, não se pode afirmar que
Vygotsky deixou uma teoria completa e estruturada. Não obstante, setenta anos após a sua
morte, sua obra continua presente e atual, contribuindo para a prática de professores,
pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, dentre outros profissionais.
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3.1 - O conceito de zona de desenvolvimento próximo (ZDP)

As atividades que uma criança é capaz de resolver são consideradas como indicadores de suas
possibilidades e determinam seu nível de desenvolvimento. Para Vygotsky, esse conjunto de
capacidades caracteriza o nível de desenvolvimento real e não revela o processo de
desenvolvimento em sua totalidade, pois nada diz sobre as potencialidades, ou seja, sobre
aquilo que se encontra em processo de “vir-a-ser”. Para tanto, faz-se necessário conhecer o
nível de desenvolvimento potencial, entendido como a capacidade de realizar tarefas com a
mediação de outrem mais experiente.

É a partir desses princípios que Vygotsky apresenta uma definição para zona de
desenvolvimento próximo: a trajetória a ser percorrida para que as funções que estão em
processo de “vir-a-ser” se tornem funções consolidadas no nível de desenvolvimento real.
Sendo assim, a ZDP se refere ao desenvolvimento em processo, que está por se consolidar.
Para tanto, a participação do outro mais experiente é fundamental, pois resulta no
desenvolvimento de formas culturalmente apropriadas. Pode-se afirmar, portanto, que o
processo de desenvolvimento passa por transformações constantes, permeadas pela qualidade
da mediação; daí o papel fundamental da interação social na construção das funções
psicológicas humanas.

Desse ponto de vista, a noção de zona de desenvolvimento próximo pode respaldar os estudos
e abordagens acerca do desenvolvimento humano, assim como embasar reflexões críticas
sobre velhos conceitos e procedimentos educacionais.

3.2 - O conceito de mediação

LEME (2008) refere que para compreensão da aquisição das formas superiores de
desenvolvimento — características tipicamente humanas — faz-se necessário abordar o
conceito de mediação. Na concepção de Vygotsky, a relação do homem com o mundo físico e
social é sempre mediada, isto é, se dá por meio do concurso de um elemento intermediário,
que a torna mais complexa. Esses elementos mediadores são de naturezas distintas e referem-
se ao uso de instrumentos e de signos.

Com base nos postulados teóricos marxistas, Vygotsky considera que o emprego de
instrumentos, enquanto elementos sociais e externos ao indivíduo, estão vinculados às
possibilidades de transformação da natureza pelo homem. Durante o processo de
desenvolvimento humano ocorrem transformações gradativas na utilização destes
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instrumentos. A princípio, o indivíduo faz uso deles para adaptar e transformar o meio
cultural e social em que está inserido. É assim que uma criança, com o auxílio de um pedaço
de madeira, pode alcançar um brinquedo que esteja fora de seu alcance. Esse comportamento
adaptativo — que utiliza instrumentos — é observado também em animais, ainda que de
forma limitada e rudimentar.

O uso de instrumentos especificamente humanos, caso dos signos, produz novas relações com
o ambiente e uma nova organização do próprio comportamento. O indivíduo adquire
independência em relação ao ambiente imediato, faz referência a objetos e fatos ausentes.
Signos são mediadores de natureza psicológica, que auxiliam o desenvolvimento de tarefas
que exigem atenção ou memória, uma vez que podem interpretar ou (re)apresentar dados da
realidade, referindo-se a elementos ausentes.

Trata-se, na concepção de Vygotsky, de “instrumentos psicológicos”, que favorecem os


processos psicológicos, incidindo sobre pessoas. Como exemplo, a utilização de objetos para
contagem ou o uso de um símbolo para representar uma ideia, são formas de recorrer a signos
que aumentam as possibilidades humanas de relacionar e agir no mundo.

Sendo assim, conforme COELHO (2012) pode-se afirmar que a utilização de signos torna as
ações humanas mais complexas e sofisticadas, ou ainda, a capacidade de operar com
instrumentos mediadores é fundamental para o desenvolvimento de funções psicológicas
superiores, diferenciando o homem de outros animais e o constituindo como humano. Esses
mediadores criam espaços de representação, do qual emerge um mundo novo, o mundo da
significação.

No decorrer do processo de desenvolvimento, as mediações tornam-se mais complexas e


articuladas, caracterizando mudanças qualitativas fundamentais. Para explicar essas
mudanças, Vygotsky recorre ao estudo da memória humana, que parte do imediatismo, da
influência direta de estímulos externos, de algo muito próximo da percepção (memória
natural) para, assim, construir outros tipos de memória, que empregam auxiliares mnemônicos
e modificam a estrutura psicológica do próprio processo de memória (memória mediada).

3.3 - O conceito de linguagem

O desenvolvimento da linguagem e suas relações com o pensamento são fundamentais na


teoria de Vygotsky conforme LEME (2008) expõe em seu trabalho. Em sua visão, a
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linguagem tem origem na necessidade de comunicação, ou seja, os homens criam e fazem uso
dos sistemas de linguagem para se comunicarem entre si.

Nesse sentido, a principal função da linguagem é a de intercâmbio social, cujo aprimoramento


leva à utilização de signos, os quais traduzem ideias, pensamentos, sentimentos e são
compreensíveis por outras pessoas; são, portanto, sociais e individuais, envolvendo todo o
contexto de interação.

Sendo assim, pode-se afirmar que ao fazer uso de significados compartilhados, a linguagem
ordena o real e amplia sua função de comunicação e a de pensamento generalizante.

FREIRE COSTA (2006) diz que há, dessa forma, uma relação dialética que marca o
movimento do pensamento à palavra e da palavra ao pensamento. Essa relação é um processo
em desenvolvimento: inicialmente a criança apresenta uma consciência linguística primitiva,
por meio da qual explica os nomes dos objetos por suas propriedades — os aspectos sonoros e
semânticos da palavra formam uma unidade não diferenciada, de modo que a palavra é parte
do objeto. Gradativamente, a criança toma consciência das diferenças e, à medida que avança
em seu desenvolvimento, percebe as limitações desse tipo de expressão do pensamento e a
necessidade de diferenciar e ampliar os significados. Isso implica mudanças na estrutura
interna da linguagem, caracterizadas por particularidades e especificidades que envolvem a
linguagem interior: um processo que, por natureza, se dirige ao próprio sujeito e, em sua
manifestação exterior, aos outros. Nessa trajetória de desenvolvimento da linguagem, que
novamente vai do social (discurso socializado) ao individual (discurso interior), há uma fase
de transição: a fala egocêntrica. A título de ilustração, pode-se pensar em uma criança, de
aproximadamente quatro anos, que para resolver uma situação problema conversa sozinha, ou
seja, fala alto consigo mesma enquanto desenvolve uma dada atividade.

COELHO (2012) relata em seus estudos que é assim que, mediante a experiência escolar, a
criança entende que com as letras do seu nome é possível escrever outras palavras, por meio
de diferentes combinações. A princípio, por estar inserida em um contexto letrado e interagir
com o código linguístico, criam-se os sentidos, definidos pelas hipóteses levantadas pelas
crianças, suas próprias ideias e formas de compreensão do código. Essas experiências são
ampliadas pela escola, que favorece o surgimento de novos significados à medida que o
professor vai, intencionalmente, apresentando novas possibilidades de organização da
linguagem, as quais correspondem às regras de convenção da língua, segundo o padrão
cultural e linguístico do grupo que se pertence. Isso significa que, na ausência da intervenção
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escolar, a criança apresenta noções fragmentadas do sistema linguístico, não dispondo de


instrumentos para organizar, por si só, a apropriação convencional e desejada desse sistema.
Nessa perspectiva, a linguagem infantil não tem autonomia e nem funciona fora da linguagem
social. Por assim ser, há em Vygotsky uma preocupação básica com os tipos de interação
social, pois, segundo ele, é no plano intersubjetivo, nas trocas do sujeito com o outro, que
surgem os processos de apropriação e internalização de instrumentos simbólicos, origem das
funções mentais superiores.

4 - CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

É inegável a contribuição de Vygotsky para a educação; inegável também é a incrível


aceitação e adequação de sua obra à nossa realidade brasileira. Entretanto, o que muitos
ignoram é que Vygotsky dedicou boa parte de sua vida à educação de crianças com
necessidades educativas especiais e que uma razoável parte de sua obra é dedicada a elas. A
obra do autor aponta alternativas inovadoras para a educação de crianças com deficiências.
Numa abordagem dialética e prospectiva do indivíduo e da sociedade, Vygotsky centraliza
seu trabalho nas possibilidades dos sujeitos e não nos seus "déficits" ou limites, mostrando
que estes, contrariando o que muitos pensam, podem se tornar uma fonte de desenvolvimento.

Sabe-se que a prática pedagógica não foi objeto de estudo de Vygotsky, portanto abordar sua
teoria a partir de processos educativos significa um desafio: trata-se de atribuir-lhe sentido no
âmbito histórico e social, e ainda, contribuir para a revisão e a superação de sua síntese
provisória. Quando, hoje, falamos em inclusão e os nossos olhos se voltam para aquelas
crianças que vêm sofrendo um processo perverso de exclusão social e educacional, é de suma
importância verificar o que esse grande educador tem a nos dizer a respeito.

Vygotsky defende a educação inclusiva e acessibilidade para todos. Devido ao processo


criativo que envolve o domínio da natureza, o emprego de ferramentas e instrumentos, o
homem pode ter uma ação indireta, planejada tendo ou não deficiência. Pessoas com
deficiência auditiva, visuais, e outras podem ter um alto nível de desenvolvimento, a escola
deve permitir que dominem depois superem seus saberes do cotidiano. As crianças cegas
podem alcançar o mesmo desenvolvimento de uma criança normal, só que de modo diferente,
por outra via, é muito importante para o pedagogo conhecer essa peculiaridade, é a lei da
compensação. O limite biológico não é o que determina o não desenvolvimento do surdo,
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cego. A sociedade sim é quem vem criando estes limites para que os deficientes não se
desenvolvam totalmente.

Como se sabe, para Vygotsky, existe três momentos importantes da aprendizagem da criança:
a zona de desenvolvimento potencial, que é tudo que a criança ainda não domina mas que se
espera que ela seja capaz de realizar; a zona de desenvolvimento real, que é tudo que a criança
já é capaz de realizar sozinha; a zona de desenvolvimento proximal, que é tudo que a criança
somente realiza com o apoio de outras pessoas. É na zona de desenvolvimento proximal,
segundo LEME (2008) que a "interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso
porque os conhecimentos já consolidados não necessitam de interferência externa".

Apesar de produzida por volta de 1930, sua obra é mais do que atual e lança muitas luzes para
a compreensão dos problemas relativos à educação especial e para a busca de uma
intervenção inovadora. Isso significa que o ensino-aprendizagem deve ter como ponto de
partida o desenvolvimento real da criança e, como ponto de chegada, os conhecimentos que
estão latentes, mas ainda não desabrocharam. "a escola tem o papel de fazer a criança avançar
em sua compreensão do mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como
etapas posteriores, ainda não alcançadas". Nesse processo, o professor deve ser o estimulador
da zona de desenvolvimento proximal, provocando avanços nos conhecimentos que ainda não
aconteceram. A interferência do professor não pressupõe, no entanto, uma pedagogia diretiva,
autoritária e, menos ainda, uma relação hierárquica entre professores e alunos.

COELHO (2012) diz que a escola se torna importante a partir do momento que dentro dela o
ensino é sistematizado sendo atividades diferenciadas das extraescolares e lá a criança
aprende a ler, escrever, obtém domínio de cálculos, entre outras, assim expande seus
conhecimentos. Também não é pelo simples fato da criança frequentar a escola que ela estará
aprendendo, isso dependerá de todo o contexto seja questão política, econômica ou métodos
de ensino. Conforme foi visto até aqui, aulas onde o aluno fica ouvindo e memorizando
conteúdos não basta para se dizer que o aprendizado ocorreu de fato, o aprendizado exige
muito mais. O trabalho pedagógico deve estar associado à capacidade de avanços no
desenvolvimento da criança, valorizando o desenvolvimento potencial e a zona de
desenvolvimento proximal. A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus conhecimentos
prévios, trabalhar a partir deles, estimular as potencialidades dando a possibilidade de este
aluno superar suas capacidades e ir além ao seu desenvolvimento e aprendizado. Para que o
professor possa fazer um bom trabalho ele precisa conhecer seu aluno, suas descobertas,
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hipóteses, crenças, opiniões desenvolvendo diálogo criando situações onde o aluno possa
expor aquilo que sabe. Assim os registros, as observações são fundamentais tanto para o
planejamento e objetivos quanto para a avaliação.

Para FREIRE COSTA (2006) segundo Vygotsky, o erro deve ser visto pelo professor como
parte do processo ensino-aprendizagem, mas jamais deve ser ignorado. A correção é
importante para que o aluno perceba a necessidade de melhorar e de dedicar-se mais aos
conhecimentos que ainda não domina. Nesse sentido, o trabalho em grupo, além de estimular
a interação social, pode ser um bom momento para o amadurecimento de ideias e
aprimoramento dos conhecimentos. Entretanto, o contato individualizado entre professor e
aluno não pode ser dispensado, pois é o momento em que o professor pode detectar o
desenvolvimento real e proximal dos alunos.

Os pressupostos de Vygotsky conforme FREIRE COSTA (2006) explica que apesar de


formulados na década de 30, são, como já dissemos, absolutamente atuais e coincidem com
muitos dos objetivos da escola inclusiva. Implicam o enriquecimento do ambiente de
aprendizagem, dos recursos e meios a serem utilizados e não em uma educação empobrecida,
como era comum se encontrar em escolas especiais.

Vygotsky considera que a deficiência, defeito ou problema não constituiriam, em si, um


impedimento para o desenvolvimento do indivíduo. O que poderia constituir esse
impedimento seriam as mediações estabelecidas, as formas de lidarmos com o problema,
negando possibilidades de trocas e relações significativas que possibilitam o crescimento do
indivíduo.

5 - CONCLUSÃO

Lev Semynovitch Vygotsky teve uma vida muito breve, mas sua produção intelectual foi
extremamente intensa e relevante. Escreveu 180 trabalhos, dos quais 135 foram publicados.

A teoria de Vygotsky parece ser revolucionária diante da nossa realidade, mas busca aquilo
que o homem tem de melhor: sua criatividade, sua autonomia, sua condição de sujeito ativo e
não de objeto a ser moldado. É um erro pensar a educação como algo deslocado da vida
cotidiana, para que ocorra uma educação de verdade é necessário que esta seja transformadora
no sentido de promover o respeito pela diferença, não homogeneizar padronizando a todos.
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A obra do psicólogo ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é


uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea. Lev Vygotsky morreu há mais de 70
anos, mas sua obra continua em pleno processo de descoberta.

Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de
compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo
conhecimento. Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno a ir além de sua capacidade
e é inútil. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do
aluno.

O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um


conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo,
com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do
próprio funcionamento psicológico.

Como qualquer referencial, a teoria vygotskiana tem caráter explicativo, porém suas
possibilidades de fundamentar propostas pedagógicas devem ser criadas pelos educadores.
Em outras palavras, a teoria pode alimentar a prática, mas não fornecer instrumentos
metodológicos de aplicabilidade imediata. De qualquer forma, trata-se de um referencial rico
e inovador, mas que não pode ser considerado como a solução de todos os problemas
educacionais, os quais implicam questões de diferentes ordens. Por outro lado, a teoria de
Vygotsky, com seu legado intelectual, é um convite à reflexão e à geração de novas ideias.

Seus trabalhos mostram-nos, também, que a educação do aluno com necessidades educativas
especiais almeja os mesmos objetivos da educação do aluno dito 'não-especial'. Os meios, as
formas de se atingir esses objetivos é que seriam diferentes. Produzir esses meios implica
pensar uma educação enriquecida, criativa, que possa se utilizar de instrumentos diversos,
inclusive os produzidos pela modernidade, para que esse sujeito desfrute de uma educação de
alta qualidade.

Enfim, toda a obra de Vygotsky aponta para uma radical mudança frente aos alunos com
necessidades educativas especiais. Nesse sentido, a "deficiência" ou "limites", caso existam,
não podem mais ser usados como "álibi", como justificativa da estagnação, da educação
empobrecida, da discriminação ou exclusão.
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REFERÊNCIAS

FITTIPALDI, Cláudia Bertoni. “A influência que as idéias marxistas exerceram sobre


Vygotsky.” Revista da Educação. (2006) Disponível em:
http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/viewArticle/20. Acesso em: 28/08/2016.

LEME, Maria Eduvirges Guerreiro. “As Contribuições de Vygotsky no trabalho


pedagógico do Professor” (2008) Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1818-8.pdf. Acesso em:
29/08/2016.

COELHO, Luana. “Vygotsky: sua teoria e a influência na educação.” (2012) Disponível


em: http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-
_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf. Acesso em: 30/08/2016.

FREIRE COSTA, Dóris Anita: “Superando limites: a contribuição de Vygotsky para a


educação especial.” (2006) Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000300007.
Acesso em 30/08/2016.

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