MÁNUELDA COSTAPINTO

HERMETISMO
DECORATIVO

ensaistâe critico AÌfonso A reflexãode Brechtparececoin exigua,quaseextintâ,reduzidaà ideia

BerardineÌÌiestaráem Sâo cidir com a afirmâçãopronunciâda
Pautonestemêsde abíil para poÌ Adorno em 1955.A diferençaé Esseensâio,bemcomoo conjun-
dois eventospromovidospeloIstituto que o autor de Mdidgo,r,r/ formulou to dostextosqueencontramosem Dd
Itâlianodi Cultuíâ (IIC) e p€ÌâUSP umapeÌpÌexidâde, enquantoa íÌasede po€siaAl/osr, tem como fo€oinicial
No diâ23,faza paÌestrâ "Intelectuais, Adornotomouformademandamen, a poéticade Mallarmée Valéry,de
sociedade eliteratura'e,no diâ24,dis- to bíblico.Dai a conclusáo de Piglia: Montale e Ungâretti,mascentrafogo
cuteo tema'Intelectuais, escdtores .Como
e os massmedidsempreestão sobretudonasÌepetições mimeriza-
criticos:OrweÌÌ,Pâsolini, Camus'lOs dispostos â pÌofetizaro fim da cuÌtu doÌâsde poetas(ecÌíticos)nosquais
doisencontros acontecem no CentÌo ra, a tesede AdoÌno encontíourápida BerardineÌÌi identi6ca"ápicesd€ ne-
Universitário MariaAntonia,às20h. difusão.Não há nâdâmaisdecorativo gâção€depureza,umatensãoascética
A tituÌo de "declaração de ìnteresse", quea metaiísicado siÌêncioe do fim orientadaparao cancelanentodâquilo
informo os leiioresque estareina se- da Ìinguagem'. queéconhecidoedâdo".
gundamesacomo seuinterlocutor E sobreessepontoqueBerârdinelli De c€rto modo, aquilo que
- o quenãome impedede aboÌdar lançaÌuz. No ensaìo"Quatro tipos de Beraídinelliidentificâna lírica mo-
âquioutro âspecto, talvezÌateral,da obscurid:de"(queestí em seulivlo Da dernâ- e em formuladoÌes de pÌi
üajetóriade Berârdinelli, queconfÌLd Poesiaâ plosa, pÌÌblicado pela Cosac meirâgrândeza,comoHugoFri€drich,
paraumatópicarecorrente nosestu- Naify), o crítico italiâno propôequeo lakobson, Bathes,ogrupo?elQ eleo
dosÌiterários. efeitodechoquebuscadopeÌâârte mn- po€tateóricodaneo.mnguardâ italiana
Refiro-meàqúilo$e RicârdoPiglia guardistâdo iní€io do séculoXX coÌ EdoaÌdoSanguineti- seaplicâtam
des.reveu como metâfísica do silêncio'l responderiaâ um momentohistórico bém à maneiÌâ como o mândaÌnento
No pÌimeìrodosseistextosdo "Diário' de"dissídioentrearteeburguesiâ,enire deAdornosemetamorfoseou em cli,
que o escritor ãÌgentinopubÌicou no autenticidâde evida buÌguesa"- dis chêdosestudossobreo sublim€abjeto
câderno"llustdssirnâ", da Folfiad€S. sídiocüjâer?ressão seriaaobscuridade e aÌiteraturadetestemunho(relatosde
Pd lo, Piglia ciraâ célebremáximade anti reaÌistncomo"forma de Ìeaçãoà sobrevÌventes da Shoâh).
Adorno,segundoa qual "escreverum reificação do mundo,âo domínìoda Queo pópÌio AdornotenhâÌevisto
poemadepoisdeÀuschÌr'iizéum âtode mercâdoriasobr€o homem",frâsede seLlpontodevj,sra emDialéticanegatila
barbárie",contrapondoaa um textode AdornocitadâpoÌ BeÌardinelli. fatonotadopor MárcioSeligmann-
1948emqueBrecht6ÌmuÌa o problema ''Quatrotipos deobscuridade", po- Silva,estudiosoasalvodosfetichescon,
deÌnodosemelhante. rem,âvançasoDÌeum momenÌoposte- ceituais,emseuiivro deapresentâção do
No texto do dÌamaturyo âÌemão, riot emqueessadicçãoherméticâ,que frÌósofoalemão(Adolro, coleçãoFoÌhâ
citâdopor PigÌiâapaÌtir de"Conversas r€sÌsteàapropíjaçâo pelafalaoÌdìnáriÀ ExpÌicâ) e que o tenhâ feito sob o
cornjovensinteÌectuâis", Brechta6rÍnâ que"forçaa Linguagem poéticas€mpre impactodâsobrasde B€ckette Ce1an,
que bs âcontecimentos em Auschwiiz, pâíâ aquémou aÌémdâ comunicaçáo âpenasatestaquea liteËtum soubede-
no guetodeVârsóviae emBuchenrÍald sociâÌpfedominante, rumo à utôpia senvolveÌaqueÌes meiosde Ìepresenrâr
nãoâdnìitem,indübitavelmente, d€scÌi ou aosiÌèncio", setrânsformaemjar- a barbáÌiepressentidos por Brechre
çãoâlguma,em n€nhumaforma lire- gão,em que o cuÌto da "depuraçâo atualizadosnosromancesd€Sebaldou
rária - e concluiquea Ìiteraturanão anticomunicativaderivaparâ uma nrm tí1r.omo Hìstólia atwal d.Ìdì
estariaprepafadapamacontecimentos \untuosâpÌopagandadaspossibiÌida fdd?.rrd,
deTeixeìraCoelho 1ançando
dessaescaÌadehoÌÌor nãoteriadesen destransgressivâs, criticase gerativâs a metaíisicâdo silêncìoe seusprofetâs
voÌvidomeiosparârepíesentálos. de uma liieratuÌa nâ \,€rdadebastante ú prateleiradâsartesdecorâti1€s. S

ffi,rJú ;.
08 MEMÓRIA
ArÌstase nrelectlais
brasllero! reêmbranìo hoÍoÍe!s
mlrdança p€o qolpêmilitaÌ d€ 1964
s .aLrsadot

1 5 MEUFILMEDE FORMAçÃO
A cantorae coínposltora
Juçah lúârçâllà a 5obrea foÍça
ârristc d€ OmperodorrÉrídor,de NâgisaOshnìa

1 6 RETRATODO ARTISTA
do poerâRicãrdoCofona
OcineÍnalnìâqinário

2ü DOSSIÊ- ANTONIONEGRI
20 Ofi ósofoda açãopolitica,potThÌago Fonseca
24 Nest e .tót, pot Adtiano Pilatti
28 O q ueé,qLrenì é a mu ttdãa,pot Honêrc Santiago
33 oevelaverumamaneúadereconhecêra d€rrora
5emseÍniosderfôtados,por Giuseppe Coc.o
38 Entrevistê:Na
vohi ã Esptnosa,
a .onír!ção do
.anon, pot Thiago Fonte.a e GiuseppeCo.@

45 MANUËLDA COSTAPINTO
AlfonsoBêÌãÌdinêllie o herrnÊtismo
de{oraiivo

46 t.*r't
Coincdênciàs
e sìmeÍasnarraleiórta
dojoínaisra

5 1 TORREDE BABEL
Eïrea da coLrnad€1râduçóes
néditas,
comÍâdLrçãode
augustodecamposparaEmi! Dtckinson

5 2 ESPECIAL
EduardoSãron,d retordo tâú C! tural,d sclteo5 novos

5 5 WELINGTONANDRADE
O Lrgirdo têatro n! m mLrndoGdaveznìasc bêriéico

5 7 MARCIATIBURI
Unheimlkhea a

5 8 HEITORFERRAZ
/VoÍoJosioi,o pÍ meÌo romancedo elcÍ tôr
pêrnamb!càÌìo Maí.êlino Fr€he

60 LIVROS
Á derumdrlzdçrio,
de VãlterHugoMãê

62 LANçAMENTOS
AlexandraÍvlorâes,
CáLrdo Aquar AndréViâna,
AÌdous
Hure, RonadoEres!âne,
P.uo Lemnsk eLlcla Santaela

65 ,ALCIRPECORA
O vk!s ÌiÌeráro deJorgeLuisBorgês

66 orrcrr.n
lrenÁnn
Rt1