PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
PARÁ
Processo nº 0009117-14.2016.8.14.0123
URGENTE RÉU PRESO!!!
CÂNDIDO LIMA JÚNIOR, brasileiro, casado, advogado,
inscrito na OAB/PA sob o nº 25.926-A e ÂNGELO SOUSA LIMA, brasileiro, solteiro, inscrito na OAB/PA nº 26.226, ambos com endereço profissional e eletrônico constantes no rodapé, onde recebe notificações e intimações de estilo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, LXVIII da CF/88 c/c art. 647 e 648, VI do Código de Processo Penal, impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR, em favor de JOSE GONZAGA MONTEIRO BARRA NOVA, brasileiro, casado, madeireiro, portador da cédula de identidade RG n° 3358257 SSP/PA, inscrito no CPF n° 619.332.522-00, residente e domiciliado na Vila Marabá, s/n, Luzilândia, Parque Vila Marabá, no município de Novo Repartimento/PA, por estar sofrendo flagrante constrangimento ilegal perpetrado pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Novo Repartimento/PA, conforme será demonstrado a seguir:
I – DA SÍNTESE FÁTICA
A Polícia Civil de Novo Repartimento instaurou o
procedimento investigatório acima tombado para apurar supostos crimes contra o meio ambiente praticado por diversos madeireiros da região, bem como o suposto pagamento de propina a agentes públicos em troca de vantagens e facilitações.
A priori, insta ressaltar de pronto que o Inquérito Policial
em questão se encontra eivado de diversas irregularidades procedimentais, a saber, ausência de portaria instauradora do Inquérito Policial, já que o Delegado responsável por conduzir a investigação não assinou a Portaria de abertura do Inquérito e a data da Portaria sem assinatura é de 31 de janeiro de 2016 (posterior aos pedidos de interceptação telefônica), ausência dos depoimentos dos supostos denunciantes que justificariam a instauração da investigação e, por fim, ausência das ordens judiciais para quebra de sigilo telefônico e autorização de interceptação telefônica e, consequentemente, das decisões judiciais de prorrogação das interceptações telefônicas.
Não obstante, mesmo apesar de tamanhas falhas
procedimentais, falhas que, inclusive, tem o condão de gerar a nulidade absoluta do procedimento investigatório, o Paciente, ainda assim, foi preso no último dia 12/10/2017, sob a alegação de que o mesmo teria pago propina a um fiscal da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) para liberação de caminhão que havia sido apreendido em 21/12/2017.
Ademais, todo o curso investigativo levado à cabo por
parte da Polícia Civil de Novo Repartimento foi conduzido ilegalmente, notadamente porque os depoimentos dos dois madeireiros que seriam denunciantes do suposto esquema de corrupção NÃO EXISTEM, como se depreende do tombamento dos autos em epígrafe.
E mais, as interceptações telefônicas foram efetuadas
antes mesmo da instauração do Inquérito Policial, visto que até o presente momento NÃO EXISTE PORTARIA DE ABERTURA DE INQUÉRITO ASSINADA PELO DELEGADO RESPONSÁVEL PELA CONDUÇÃO DAS INVESTIGAÇÕES.
De outro norte, no que se refere às interceptações
telefônicas, estas tiveram como fundamento suposta denuncia realizada por dois co-investigados, o Sr. MARCOS e o Sr. VALDECI, que, de acordo com o Relatório de Investigação Policial, teriam se dirigido até a Delegacia de Novo Repartimento/PA e prestado depoimento denunciando o suposto esquema de corrupção.
Ocorre que, tais depoimentos são inexistentes, conforme
pode-se depreender do tombamento dos autos epigrafados, e mais, no mesmo Relatório foram anexadas diversas conversas e transcrição de áudios de um grupo chamando TRANSAMAZÔNICA, oriundos do aplicativo Whatsapp, que supostamente teriam sido acessadas através de autorização dos depoentes, o Sr. MARCOS e o Sr. VALDECI.
As informações colhidas através do aplicativo, o que
supostamente aconteceu no dia em que os supostos denunciantes foram prestar depoimento para esclarecer o suposto esquema de corrupção, são MANIFESTAMENTE ILEGAIS, dada a ausência de tais depoimentos que justificassem tal medida.
Nesta alheta, todo o procedimento investigatório para
recolhimento de provas, que desde o início foi derivado dos supostos depoimentos do Sr. MARCOS e Sr. VALDECI, que não existem, DEVE SER INVALIDADO, isto porque as provas recolhidas no grupo de Whatsapp são ILÍCITAS e, por consequência, todas as provas decorrentes de uma investigação que se iniciou ilegalmente TAMBÉM DEVEM SER CONSIDERADAS ILÍCITAS.
Neste contexto, ao ser ilicitamente perpetrada a
interceptação telefônica do Paciente, fora interceptado trecho de ligação na data de 27/12/2017, das 11:42:21 às 11:44:21 (Auto Circunstanciado nº 01.189/2016, fls. 101), ocasião em que o Paciente teria falado que pagaria R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) ao Júnior, e que este Júnior supostamente seria o fiscal da SEMAS, e que a quantia seria paga para a liberação do caminhão. Não merece prosperar tal afirmação. Explico.
Importa primeiramente dizer que o caminhão e a madeira
do Paciente, apreendidos pela Polícia Civil em 21/12/2016 e repassados à SEMAS não foram liberados, ao contrário, o Paciente foi autuado pela SEMAS (Auto de Infração nº 7001/09127 em anexo), oportunidade na qual fora nomeado fiel depositário do caminhão (marca IVECO, placa NAR-5075, cor vermelha, ano/mod. 2008, registrado em nome de José Erinaldo de Oliveira), assim como a Igreja Assembléia de Deus fora nomeada fiel depositária para a carga de madeira (madeira em toras no total de 05 unidades).
Além de todos os vícios procedimentais e ilegalidades
acima expostas, a alegação de que o Paciente pagou propina a um fiscal da SEMAS, de nome Ivan Júnior, para liberação de seu caminhão apreendido é infundada por duas principais razões:
1- O CAMINHÃO E A MADEIRA DO PACIENTE NÃO
FORAM LIBERADOS, AO CONTRÁRIO, FORAM AUTUADOS (AUTO DE INFRAÇÃO Nº 7001/09127 em anexo);
2- O FISCAL QUE FEZ A AUTUAÇÃO DO PACIENTE FOI
O SR. CÉSAR PLATON MAIA (SEMA/PA-MF: 5717209/1); Desta forma, a alegação imputada ao Paciente de que o mesmo teria pago propina ao fiscal da SEMAS Ivan Júnior para liberação de seu caminhão e madeira apreendidas estão totalmente desqualificadas, visto que, conforme atesta o Auto de Infração anexo a este pleito exordial, TAL FATO NÃO OCORREU.
E mais, o Paciente atualmente se encontra detido no
Presídio da cidade de Tucuruí/PA, mesmo embora nunca tenha sido ouvido no curso das investigações, jamais tenha sido chamado para prestar esclarecimentos, e não existam motivos suficientes para justificação do cárcere.
II – PRELIMINARMENTE
II.A – DA NULIDADE ABSOLUTA DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATÓRIO POR AUSÊNCIA DE PORTARIA INSTAURADORA DO INQUÉRITO
O art. 5º do Código de Processo Penal, ao tratar da
abertura do Inquérito Policial, dispõe, ipsis litteris, que:
Art. 5o Nos crimes de ação pública o
inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Quando instaurado de ofício, o procedimento investigatório deve ser aberto através de Portaria expedida pelo Delegado de Polícia, ou seja, uma peça através da qual a autoridade policial registra o conhecimento da prática de um crime de Ação Pública Incondicionada, especificando, se possível, o lugar, o dia e a hora em que foi cometido o delito, o prenome do autor.
Cumpre dizer que a Portaria de abertura do Inquérito
Policial deve ser bem fundamentada, contendo fatos que justifiquem a abertura de investigação policial, de tal sorte que a ausência da respectiva Portaria implica na absoluta nulidade de todo o procedimento investigatório.
Embora o Inquérito Policial seja um procedimento
dispensável ao oferecimento da denúncia, in casu, o que se verifica é que o procedimento investigatório foi utilizado para embasar a decretação de prisão preventiva do Requerente, mesmo embora não hajam quaisquer fundadas razões que justifiquem tal medida.
A ausência de Portaria instauradora demonstra a
gravidade das falhas procedimentais cometidas pela autoridade policial no curso das investigações, razão pela qual todos os atos investigatórios devem ser totalmente anulados e o Requerente posto IMEDIATAMENTE em liberdade, visto que sua prisão representa uma afronta às garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal. A Constituição Federal, em seu art. 5º, LIV, esboça o fundamento jurídico do due process of law ou devido processo legal que, atualmente, é considerado princípio fundamental e norteador de todos os demais princípios constitucionais, com a finalidade de reprimir abusos do Estado.
E mais, o devido processo legal se ramifica duas esferas,
a esfera formal (procedural due process of law) e a esfera substantiva (substantive process of law), de tal forma que o primeiro refere-se ao dever do juiz, enquanto representante do Estado, de observar os ritos e a todos os aspectos que circundam o processo, e o segundo trata de uma prestação jurisdicional justa e adequada, em observância aos princípios da justiça e requisitos intrínsecos da lei.
Alexandre de Morais, ministro do STF, ao abordar o tema,
leciona que:
“o devido processo legal configura dupla
proteção ao indivíduo, atuando tanto no âmbito material de proteção ao direito de liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade total de condições com o Estado – persecutor e plenitude de defesa (direito à defesa técnica, à publicidade do processo, à citação, de produção ampla de provas, de ser processado e julgado pelo juiz competente, aos recursos, à decisão imutável, à revisão criminal)”.
Desta forma, no caso em tela, o requerente não pode
permanecer encarcerado indiscriminadamente ao bel prazer do Estado, isto porque existe um dever constitucional de observância ao princípio do devido processo legal na persecução criminal, tanto em caráter formal quanto em caráter material, o que não acontece in casu.
II.B – DA AUSÊNCIA DOS DEPOIMENTOS QUE EMBASAM A
INVESTIGAÇÃO POLICIAL E AS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS
Insta ressaltar que, compulsando-se os autos do
procedimento investigatório epigrafado, percebe-se que toda a investigação se suporta no depoimento de dois denunciantes, que seriam o Sr. MARCOS e o Sr. VALDECI, co-investigados.
Ademais, o relatório policial alega ainda que na ocasião
em que os dois co-investigados prestaram depoimento para denunciar o suposto esquema de corrupção, estes últimos autorizaram a autoridade policial a ter acesso ao conteúdo do grupo de Whatsapp TRANSAMAZÔNICA, que supostamente seria um grupo criado entre os madeireiros da região para burlar a fiscalização ambiental.
Contudo, tal autorização para acessar o aplicativo não
consta nos autos do procedimento investigatório e, desta maneira, a obtenção das conversas e transcrição dos áudios do grupo foram realizadas de maneira ILEGAL, em flagrante violação do direito ao sigilo e à intimidade, constitucionalmente garantidos desde 1988. Neste sentido, inclusive, é a jurisprudência dos Tribunais Pátrios:
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS.
INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ILEGALIDADE. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PREJUDICIALIDADE DA IMPETRAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Por meio do presente writ os impetrantes pretendem o trancamento da ação penal em razão da alegada inexistência de decisão judicial que tenha autorizado as interceptações telefônicas que culminaram na prisão em flagrante do paciente, eiva que foi inicialmente rechaçada pelo Tribunal de origem em julgamento de prévio habeas corpus. 2. Por ocasião do julgamento dos recursos de apelação interpostos pelos acusados, entretanto, o Tribunal de origem reconheceu que não há nos autos da ação penal as decisões que autorizaram as interceptações telefônicas reclamadas, ou seja, reconheceu o próprio constrangimento legal que lhe foi atribuído na presente impetração, embora não tenha dado a tal conclusão os efeitos almejados pelos impetrantes. 3. Imperioso, portanto, o reconhecimento da prejudicialidade da análise do mérito deste remédio heróico, pois esta Corte Superior de Justiça não se encontra vinculada ao juízo proferido pelo Tribunal de origem por ocasião do julgamento do recurso de apelação, o qual é diametralmente oposto ao contido no acórdão objurgado. 4. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no HC: 208789 SC 2011/0128261-9, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 25/02/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2014).
APELAÇAO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS.
INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA. O caso dos autos não permite concluir, com segurança, se a interceptação era ou não legal, não se tendo como saber se a escuta foi ou não autorizada. E não se pode concluir, desde logo, com base na ausência de prova da autorização judicial da interceptação telefônica, que a prova é ilícita. Neste contexto, a sentença deve ser desconstituída, determinando-se a abertura de vista para o Ministério Público, fixada a licitude da interceptação telefônica como ponto controverso. POR MAIORIA, SENTENÇA DESCONSTITUÍDA, DE OFÍCIO. MÉRITO PREJUDICADO. (Apelação Crime Nº 70052631819, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 01/02/2013) (TJ-RS - ACR: 70052631819 RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Data de Julgamento: 01/02/2013, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 09/04/2013) Neste ínterim, percebe-se que as interceptações telefônicas realizadas sem as devidas autorizações judiciais, assim como prorrogadas também sem as devidas autorizações judiciais se perfazem PROVAS ILÍCITAS, da mesma maneira que todas as provas de decorram de tais interceptações também se constituem de vícios.
Cumpre citarmos aqui, Nobre Desembargador, a doutrina
estadunidense da fruit of the poisonous tree ou “teoria dos frutos da árvore envenenada”, que estabelece que todas as provas que são obtidas como resultado de uma prova inicial ilícita também são consideradas ilícitas, de tal sorte que não existem razões que sustentem a prisão do Paciente, já que esta se baseou unicamente nas gravações de conversas telefônicas ilegalmente realizadas, DEVENDO ESTE SER POSTO IMEDIATAMENTE EM LIBERDADE.
II.C – DA INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA
REALIZAÇÃO DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS
O art. 1º da Lei 9.296/1996 (Lei de Interceptações
Telefônicas) dispõe, in verbis, que:
Art. 1º A interceptação de comunicações
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Desta forma, claramente expresso na legislação que as interceptações e, consequentemente, prorrogações de interceptações somente podem ser acontecer mediante ordem judicial.
E mais, as autorizações judiciais devem ocorrer de forma
PRÉVIA ao acontecimento das interceptações telefônicas, não sendo possível que estas últimas sejam validadas após terem sido realizadas, sob pena de mácula às garantias constitucionais dos investigados e ofensa ao princípio do devido processo legal.
Compulsando-se os autos do processo de quebra de sigilo
fornecidos pelo Juízo da Comarca de Novo Repartimento, verifica- se de pronto a inexistência de mandados judiciais que autorizem as respectivas interceptações telefônicas, de tal sorte que todas as quebras de sigilo perpetradas são ilegais e, por isso, provas ilícitas, que não tem o condão de justificar cárcere preventivo.
A autoridade policial não pode se furtar da observância
dos princípios constitucionais norteadores do processo penal, ainda que em fase de inquérito, restando um dever constitucional de observância ao devido processo legal.
Nesse ínterim, mais uma vez percebe-se o descuido e o
descaso com o qual foi conduzida a operação policial, de tal sorte que a soltura do Requerente se perfaz em medida de absoluto direito e se impõe no caso em questão. III – DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
III.A- Da garantia de ordem pública e da ausência de fato
criminoso que justifique o cárcere
O Requerente não oferece quaisquer riscos à sociedade, ao
contrário, sempre foi pessoa bem quista no seio social, jamais tendo se envolvido em qualquer prática ilícita ou delituosa, de sorte que sua prisão tem natureza manifestamente ILEGAL e ARBITRÁRIA.
Ademais, antecipar o cárcere do Requerente, mesmo
quando o mesmo sequer fora chamado a prestar esclarecimentos e mesmo quando este se encontra preso por um fato que não ocorreu, in casu, NÃO HOUVE LIBERAÇÃO DO CAMINHÃO MEDIANTE PAGAMENTO DE PROPINA, até porque ele foi autuado e o processo continua tramitando na SEMAS, estando o Requerente listado como fiel depositário do caminhão e a Igreja Assembleia de Deus como fiel depositária da madeira apreendida.
Desta forma, o suposto pagamento a um fiscal da SEMAS
de nome Ivan Júnior para liberação do caminhão e madeira apreendidas JAMAIS EXISTIU, inclusive porque o fiscal responsável pela sua autuação foi o Sr. CÉSAR PLATON MAIA (SEMAS/PA-MF: 5717209/1), de tal sorte que a acusação contra o Requerente se encontra eivada de ATIPICIDADE, razão pela qual deve ser REVOGADA a medida de prisão preventiva e o Requerente posto em liberdade, conforme comprovam os documentos anexos.
III.B – Da conveniência da instrução criminal
O acusado não pretende e de nenhuma forma perturbará
ou dificultará a busca da verdade real, no desenvolvimento da marcha processual, pois estará voltado, tão somente, a defender- se da acusação que contra si foi imputada, estando certo de que com a continuidade do labor diário chegará ao termo do processo com a consciência de ter feito jus à confiança do Estado-juiz e da sociedade.
Ademais, o Requerente é consciente de que a instrução
criminal é o meio hábil para exercer o direito constitucional do contraditório e da ampla defesa, ATRAVÉS DA QUAL PROVARÁ SUA INOCÊNCIA NO CURSO PROCESSUAL, razão pela qual não se pode presumir que o mesmo se voltará contra o único meio que possibilitará o exercício de sua defesa.
III.c – Da aplicação da lei penal
A prisão não deve prosperar sob o argumento de se garantir
a aplicação da lei penal, posto que o requerente possui trabalho, endereço conhecido e jamais se furtará a se defender da acusação que lhe é imputada, sendo que poderá e se disponibilizará a ser localizado a qualquer momento para a prática dos atos processuais, comprometendo-se a comparecer a todos os atos do processo.
De mais a mais, é de singular interesse do acusado se
prontificar e disponibilizar-se para responder ao processo, uma vez que a única forma de trazer à tona a verdade real dos fatos para a aplicação justa da lei.
Destarte, no Estado Constitucional e democrático de
direito é que encontraremos o fundamento de validade do ius puniendi, bem como suas limitações. É um Estado em que os direitos humanos deverão ser preservados a qualquer custo, como diz precisamente Norberto Bobbio, ‘o reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das Constituições democráticas’.
A Carta da República de 1988, em seu art. 5º, dispõe,
ipsis litteris, que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Destarte, constitucionalmente, assegura-se o direito da
liberdade ao acusado, já que é possuidor de todos os requisitos legais e a prisão cautelar se caracteriza por ser medida de exceção.
Neste sentido é o entendimento do TJ/RS:
HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO. ROUBO SIMPLES. ART. 157, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. DESNECESSIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. PACIENTE PRIMÁRIO. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. APLICAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR MENOS GRAVOSA. POSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. As circunstâncias do caso concreto não evidenciam a necessidade da segregação cautelar do paciente, já que não demonstrado o periculum libertatis, ou seja, o risco que a liberdade do agente possa ocasionar à ordem pública. No caso em apreço, o paciente é jovem (18 anos) e primário, não respondendo a nenhum outro processo na seara criminal. Além disso, comprovou endereço fixo e atividade laboral lícita. Sendo assim, diante do contexto fático, impõe-se a concessão da ordem de habeas corpus, condicionada à medida cautelar de comparecimento mensal em Cartório para informar endereço e justificar atividades, sob pena de revogação do benefício em caso de descumprimento. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. DETERMINADA A EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA NA ORIGEM. (Habeas Corpus Nº 70068174853, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: LizeteAndreisSebben, Julgado em 24/02/2016) HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO MAJORADO. ART. 157, § 2º, INC. I E II, DO CP. DESNECESSIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. PACIENTE PRIMÁRIO. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. APLICAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR MENOS GRAVOSA. POSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. As circunstâncias do caso concreto não evidenciam a necessidade da segregação cautelar do paciente, já que não demonstrado o periculum libertatis, ou seja, o risco que a liberdade do agente possa ocasionar à ordem pública. No caso em apreço, dos agentes flagrados, o paciente é o único primário e que não responde a nenhum outro processo na seara criminal e que comprovou endereço fixo e atividade laboral lícita. Sendo assim, diante do contexto fático, impõe-se a concessão da ordem de habeas corpus, condicionada às medidas cautelares de comparecimento mensal em Cartório para informar endereço e justificar atividades, e proibição de ausentar-se da Comarca, sob pena de revogação do benefício. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. DETERMINADA A EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA NA ORIGEM. (Habeas Corpus Nº 70067328682, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: LizeteAndreisSebben, Julgado em 16/12/2015). Vale dizer, não há mais como cogitar a liberdade divorciada da justiça social, como também infrutífero pensar na justiça social divorciada da liberdade.
Em suma, todos os direitos humanos constituem um
complexo integral, único e indivisível, em que os diferentes direitos estão necessariamente inter-relacionados e interdependentes entre si.
De outra ideia, é certo que a ordem pública não será
burlada e nem afetada com a soltura do acusado, pois não se justifica nenhum argumento como o de que com a soltura poderia voltar a delinquir, já que o mesmo é trabalhador, tem residência fixa e meios lícitos de sobrevivência.
No caso em tela, vale ressaltar que não pode haver,
quanto aos pressupostos para a decretação da prisão preventiva, qualquer tipo de presunção.
Ademais, a prisão cautelar deve ocorrer somente nos
casos em que é necessária, em que é a única solução viável - ultima ratio - onde se justifica a manutenção do infrator fora do convívio social devido à sua periculosidade e à probabilidade, aferida de modo objetivo e induvidoso, de voltar a delinquir, o que certamente não é o caso presente.
Dessa forma, ínclito Julgador, a REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA do acusado é medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo, por conseguinte, razões para a manutenção do mesmo aprisionado.
Ademais, MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei,
que na hipótese da prisão preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública, ordem econômica, a conveniência da instrução criminal ou, ainda, para assegurar a aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas, encontram-se plenamente garantidas.
Destarte, é notório que a revogação da prisão preventiva
atenderá aos ditames do ordenamento jurídico e possibilitará ao Requerente o retorno de sua vida pessoal e a exercer seu direito de defesa em liberdade.
III.d – Da primariedade e dos bons antecedentes do acusado
É necessário ressaltar que, tecnicamente, o acusado é
primário, haja vista que não possui em seu desfavor nenhuma condenação penal transitada em julgado. Este, inclusive, é raciocínio abordado por GUILHERME DE SOUZA NUCCI ao ensinar sobre a “primariedade”:
Primariedade é a situação de quem não é
reincidente. Este, por sua vez, é aquele que torna a cometer um crime, depois de já ter sido condenado definitivamente por delito anterior, no País ou no exterior, desde que não o faça após o período de cinco anos, contados da extinção de sua primeira pena”.(Código de Processo Penal Comentado; 4ª ed.; ed. RT; São Paulo; 2015; p. 915).
Insta dizer, também, que o réu possui bons
antecedentes, pois como preleciona ainda GUILHERME DE SOUZA NUCCI:
Somente é possuidor de maus antecedentes
aquele que, à época do cometimento do fato delituoso, registra condenações anteriores, com trânsito em julgado, não mais passíveis de gerar a reincidência (pela razão de ter ultrapassado o período de cindo anos)”. (Op. Cit; p. 915).
Desta maneira, a defesa requer sua liberdade para que
possa responder adequadamente ao processo penal, e pela aplicabilidade dobrocardo jurídico que impõe a presunção de inocência até que se esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório.
Neste sentido alinham-se Américo Bedê Júnior e
Gustavo Senna (Princípios do Processo Penal: Entre o garantismo e a efetividade da sanção), Aury Lopes Filho (Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional), Fernando da Costa Tourinho Filho (Processo Penal), Paulo Rangel (Direito Processual Penal) e Vicente Greco Filho (Manual de Processo Penal).
Destarte, diante do princípio constitucional da
presunção de inocência, cabe ao Estado acusador apresentar prova cabal a sustentar sua denúncia, impondo-se ao magistrado fazer valer brocado outro, a saber: allegaresineprobare et non allegare paria sunt - alegar e não provar é o mesmo que não alegar.
A certeza do direito penal mínimo no sentido de que
nenhum inocente seja punidoé garantida pelo princípio humanístico e constitucional in dubio pro reo.
Tal princípio expressa o sentido da presunção de não
culpabilidadedo acusado até prova em contrário: é necessária a prova, isto é, a certeza, ainda que subjetiva,da culpabilidade, não tolerando a condenação e exigindo-se a absolvição em caso de incerteza.
No sentido do exposto é a jurisprudência dos tribunais
brasileiros:
HABEAS CORPUS. TRAFICO. PRISÃO
PREVENTIVA. AUSENCIA DE FUNDAMENTAÇAO IDONEA. OBJETIVA O IMPETRANTE A CONCESSÃO DA ORDEM PARA RELAXAR A PRISÃO CAUTELAR DO PACIENTE, POSTO QUE PRESO EM FLAGRANTE DESDE 23.02.2013, POR SUPOSTAMENTE TER COMETIDO O CRIME DE TRAFICO DE DROGAS SUSTENTANDO A ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR EIS QUE DESPROVIDA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA A DECISÃO QUE CONVERTEU A PRISÃO FLAGRANTE EM PREVENTIVA, COM FUNDAMENTO NO RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA E PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENA, SEM, NO ENTANTO APONTAR ELEMENTOS CONCRETOS A JUSTIFICAR A SEGREGAÇÃO CAUTELAR DO PACIENTE, BEM COMO NÃO FEZ NENHUMA CONSIDERAÇÃO ACERCA DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO, RAZÃO PELA QUAL ARGUMENTA SER A MESMA NULA, O QUE TORNA ILEGAL A PRISÃO DO PACIENTE. ORDEM QUE MERECE SER PARCIALMENTE CONCEDIDA. COM EFEITO, VERIFICA-SE QUE DECISÃO QUE CONVERTEU A PRISÃO EM FLAGRANTE DO PACIENTE EM PREVENTIVA TEM COMO FUNDAMENTO A GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E A APLICAÇÃO DA LEI PENAL, SEM BASEAR-SE EM FATOS CONCRETOS QUE EVIDENCIASSEM A NECESSIDADE DA PRISÃO CAUTELAR, ALÉM DA VEDAÇÃO DE CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA CONTIDA NO ART. 44 DA LEI Nº 11.343/06. CEDIÇO QUE COM A ENTRADA EM VIGOR DA LEI 12.403/11 A DECRETAÇÃO OU A MANUTENÇÃO DE UMA PRISÃO CAUTELAR DEVE ESTAR EMBASADA NÃO SOMENTE NA PRESENÇA DOS REQUISITOS DOS ARTS. 312 E 313, DO CPP, COMO TAMBÉM NA DEMONSTRAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA E DESNECESSIDADE DA APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO CONTIDAS NO NOVO ART. 319, DO CPP. CEDIÇO QUE A MANUTENÇÃO DA PRISÃO EXIGE A PRESENÇA DE ELEMENTOS QUE A JUSTIFIQUEM, NOS TERMOS DO ARTIGO 312 CPP. SENDO ASSIM, CABE AO JULGADOR INTERPRETAR RESTRITIVAMENTE OS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DA LEI PROCESSUAL PENAL, FAZENDO-SE MISTER A CONFIGURAÇÃO FÁTICA DOS REFERIDOS REQUISITOS. E O QUE SE CONSTATA É QUE O JUIZ AUTOR DA DECISÃO NÃO INDICOU FATOS CONCRETOS QUE PODERIAM ABALAR A ORDEM PÚBLICA E TAMPOUCO ESCLARECEU A CIRCUNSTÂNCIA QUE ESTARIA A PREJUDICAR EVENTUAL APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DESSA FORMA, VERIFICO AUSENTE A IMPRESCINDÍVEL DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE CONCRETA DA MEDIDA EXTREMA, UMA VEZ QUE NÃO HÁ, NA DECISÃO QUE CONVERTEU A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA, RAZÕES IDÔNEAS QUE EXPLIQUEM, NO CASO CONCRETO, QUAISQUER DOS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA, EM ESPECIAL A GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E A APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DESTAQUE-SE QUE A DECISÃO GUERREADA NÃO APRESENTOU FUNDAMENTOS CONCRETOS PARA A DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR, CONSTANDO DELA APENAS AS GENÉRICAS EXPRESSÕES DA LEI. NO TOCANTE À VEDAÇÃO LEGAL À CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA CONTIDA NO ART. 44 DA LEI 11.343/06, A MAIS RECENTE JURISPRUDÊNCIA DO STF VEM CONSIDERANDO-A INCONSTITUCIONAL POR OFENSA AOS POSTULADOS CONSTITUCIONAIS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DA PROPORCIONALIDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. EMBORA NÃO TENHA HAVIDO QUALQUER PROVA DE PRIMARIEDADE, BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA, INEXISTINDO OS REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, NOS TERMOS DO ART. 310 DO CPP, NÃO HÁ RAZÃO PARA A MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. ASSIM, A MOTIVAÇÃO MOSTRA-SE INSUFICIENTE, POR GENÉRICA E ABSTRATA, FICANDO NO MERO CAMPO DA POSSIBILIDADE E NÃO DA INDISPENSÁVEL PROBABILIDADE NORMATIVA. ASSIM, NÃO RESTOU CARACTERIZADO QUE A ORDEM PÚBLICA ESTEJA AMEAÇADA PELA SOLTURA DO PACIENTE, QUE A INSTRUÇÃO CRIMINAL SEJA AFETADA E QUE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL SEJA PREJUDICADA. POR OUTRO LADO, SALIENTE-SE, QUE NA HIPÓTESE EM APREÇO, DIANTE DA APLICAÇÃO DO BINÔMIO NECESSIDADE E ADEQUAÇÃO, VISLUMBRO SEREM PLENAMENTE APLICÁVEIS AS MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO, PREVISTAS NOS ARTIGOS 319 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NO CASO DO PACIENTE PARECEM SER SUFICIENTES, PARA O RESGUARDO DO PROCESSO, AS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NOS INCISOS I E V DO ART. 319 DO CPP. DESTA FORMA, VISLUMBRA-SE CONSTRANGIMENTO ILEGAL TENDO EM VISTA A AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONALMENTE LEGÍTIMA DA DECISÃO QUE DETERMINOU A SEGREGAÇÃO CAUTELAR DO PACIENTE, FAZENDO A RESSALVA DE QUE O ALVARÁ DE SOLTURA APENAS DEVE SER EXPEDIDO CASO O MESMO NÃO ESTEJA PRESO POR OUTRO MOTIVO. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM PARA SUBSTITUIR A PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA EM DESFAVOR DO PACIENTE, APLICANDO-LHE AS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NOS INCISOS I E V DO ART. 319 DO CPP, BEM COMO PARA ASSINAR TERMO DE COMPARECIMENTO A TODOS OS ATOS DO PROCESSO PARA OS QUAIS FOR INTIMADO E DE MANTER ATUALIZADO SEU ENDEREÇO NOS AUTOS, SOB PENA DE REVOGAÇÃO, SEM PREJUÍZO DE SER NOVAMENTE DECRETADA SUA PRISÃO CAUTELAR COM A DEMONSTRAÇÃO CONCRETA DE SUA NECESSIDADE, DEVENDO O MM JUÍZO A QUO PROVIDENCIAR A INTIMAÇÃO DO PACIENTE PARA ASSINAR TERMO DE COMPROMISSO REFERENTE ÀS CONDIÇÕES DAS MEDIDAS ORA IMPOSTAS, DETERMINANDO A EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA, SE POR OUTRO MOTIVO NÃO ESTIVER PRESO. (grifos nossos)
(TJ-RJ - HC: 00179705720138190000 RIO
DE JANEIRO VOLTA REDONDA 1 VARA CRIMINAL, Relator: SIRO DARLAN DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 07/05/2013, SÉTIMA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 09/05/2013)
No contexto do que foi exposto, impõe-se iminente a
revogação do cárcere preventivo, isto porque a garantia de ordem pública e de aplicação da lei penal são insuficientes para lastrear a manutenção da prisão, não existindo indícios ou provas de outros elementos que justifiquem a medida de segregação.
IV - DA LIMINAR
Outrossim, insurge-se necessária a concessão de
MEDIDA LIMINAR, uma vez que o Paciente já se encontra custodiado, com DECISÃO DE PRISÃO PREVENTIVA determinada desde o dia 12/12/2017, o que, além de prazo demasiado longo ante a ausência de fundamentação legítima do decreto, implica em passar as festividades do Natal na prisão, a evidenciar o que emerge, no caso em voga, o periculum in mora.
Ademais a prisão preventiva, que reputamos abusiva, se
não revogada por LIMINAR, faz com que este remédio corra sérios riscos de perder seu objeto com a iminência do recesso forense e a eventual impossibilidade de inclusão na pauta antes do termo final da prisão cautelar, pois, quando do retorno das atividades no ano vindouro, já não se poderá corrigir a presente ilegalidade pelo decurso do tempo.
A fumaça do bom direito que socorre o paciente, de
igual forma, é manifesta, diante das ilegalidades sobre as quais o procedimento investigatório foi construído, além da configuração inequívoca do constrangimento ilegal que suporta este pedido, eis que, como exaustivamente demonstrado, a prisão do Paciente é ilegal, pela absoluta ausência da imprescindibilidade e cautelaridade, intrínsecas ao instituto da prisão preventiva.
V - DOS PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, é a presente impetração para
requerer seja oficiada a autoridade coatora, a fim de que esta preste informações, intimando-se o Ilustre Membro do Ministério Público para que se manifeste, assim como a concessão da ORDEM DE HABEAS CORPUS em favor de JOSE GONZAGA MONTEIRO BARRA NOVA, mantendo-se a liminar anteriormente concedida, no intuito de que seja REVOGADA A PRISÃO do paciente, devendo SER EXPEDIDO IMEDIATAMENTE O RESPECTIVO ALVARÁ DE SOLTURA, nos termos do art. 648, IV, do Código de Processo Penal.