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Apresentação
O Brasil de hoje é, sem dúvida, diferente do país de apenas duas décadas atrás. Mudanças internas,
associadas à globalização que envolve todos os países do mundo, criaram uma nova realidade
política e econômica, que se refletem nas condições de vida de nossa população. Paralelamente,
observa-se uma maior consciência quanto aos valores sociais e entende-se que mudanças
expressivas só ocorrerão com um forte engajamento do governo e da sociedade civil na construção
de uma democracia onde se combata, de maneira vigorosa, as intensas desigualdades sociais que
ainda persistem e dificultam uma considerável parcela dos brasileiros a ter acesso a instrumentos
sociais que lhes permita viver com dignidade.
Na área da saúde, pode-se afirmar que muito se avançou com o preceito constitucional de que
saúde é um dever do Estado e um direito do cidadão. Com a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS), deu-se um importante passo na modernização das ações de saúde em nosso país. O SUS,
entretanto, não tem conseguido atingir plenamente seus objetivos de equidade e universalidade,
devido a uma conjuntura de fatores, que inclui ingredientes de difícil manipulação, dentre eles a
limitação de recursos financeiros, as amarras administrativas e gerenciais do setor público e o
preparo técnico, científico e até mesmo humanitário de parte dos profissionais de saúde, sem deixar
de mencionar constantes desavenças políticas, que não raro dificultam sua implantação.
Ao longo dos últimos anos, tornou-se evidente que o atendimento primário, base de entrada para o
sistema público de saúde, necessitava uma nova abordagem, uma vez que a estrutura clássica de
unidades básicas de saúde vinha apresentando, em diversos locais do país, uma baixa
resolubilidade. Assim, a partir de experiências na região Norte-Nordeste, criou-se o Programa Saúde
da Família (PSF), baseado em equipes de saúde da família, que são constituídas por médicos,
enfermeiras, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde que atendem populações
geograficamente definidas e com número definido de famílias. Essa estratégia vem não só
melhorando o acesso da população ao sistema, como tem proporcionado considerável melhora na
qualidade do atendimento oferecido, o que traz um admirável grau de satisfação da população e das
próprias equipes de saúde.
A experiência destes primeiros anos de PSF mostrou, entretanto, que existe uma dificuldade de se
arregimentar médicos adequadamente treinados para exercer a função de generalistas e
enfermeiras com o devido preparo para as abrangentes funções por elas desempenhadas no PSF.
Embora pólos de capacitação estejam sendo instalados em todo o país para treinar os profissionais
que atuam no PSF, ressente-se da falta de material instrucional para auxiliá-los no processo
decisório do dia-a-dia. Por esse motivo, criou-se uma importante parceria, envolvendo diferentes
setores da sociedade: o Instituto para o Desenvolvimento da Saúde (IDS), uma organização não
governamental voltada para a melhoria das atenções de saúde no país, a Universidade de São Paulo
(USP), que cumpre assim seu papel de centro divulgador de conhecimentos, a Fundação Telefônica
(FT), que se sensibiliza com as necessidades sociais, e o Ministério da Saúde (MS), que acreditou na
proposta e se propôs a divulgar o material instrucional que aqui é apresentado para todas as
equipes do PSF.
Os temas abordados foram basicamente os recomendados pelo MS, em função de sua freqüência e
importância, além de alguns outros sugeridos por professores da Faculdade de Medicina e da Escola
de Enfermagem da USP. O tratamento dado aos textos foi o mais conciso e objetivo possível, de
modo a auxiliar os médicos a tomarem decisões quanto ao diagnóstico e tratamento das
enfermidades selecionadas, além de, quando pertinente, tomar medidas relacionadas com a
prevenção das doenças e suas complicações. Um enfoque complementar é o de tentar definir os
limites de atenção no PSF e de quando encaminhar o paciente para um especialista ou centro de
referência. Já os textos de enfermagem, além de procurar normatizar as ações desses profissionais,
procuram trazer informações complementares que auxiliam as enfermeiras na consecução dos
objetivos do PSF.
Acreditamos que o projeto "Material Instrucional para o PSF" preenche uma necessidade atual para
se poder melhorar a qualidade das atenções básicas de saúde de nosso país. Sua concretização
reforça o conceito de que os problemas do setor saúde não devem ser entendidos como exclusivos
do governo, cabendo um envolvimento ativo da sociedade civil na busca de diagnósticos e soluções
para um Brasil melhor e mais justo.
A abordagem do contexto familiar, dentro das ações previstas para uma equipe de Saúde da
Família, torna-se necessária, tanto do ponto de vista do entendimento da situação-problema
trazida como demanda de atendimento, como num contexto de estratégia de promoção à
saúde, em nível comunitário. Nesse sentido, são necessárias algumas considerações.
A demanda trazida pelos indivíduos para atenção à saúde pode ser compreendida como uma
linguagem que expressa conflitos de seu ambiente familiar.
A composição das famílias brasileiras, do ponto de vista demográfico, vem passando por
várias alterações nas últimas três décadas. Apesar de estas ocorrerem de forma diferenciada
para as diversas regiões do país, alguns movimentos acontecem de forma geral, como a
redução da natalidade e o aumento no número de anos vividos pelas pessoas. As famílias
vêm se tornando menores e com um número maior de idosos em sua composição, com
aumento da prevalência de doenças crônicas e de problemas decorrentes do processo de
envelhecimento.
Nas últimas décadas, buscando melhores condições de vida, as famílias migraram para
regiões urbanizadas e se confrontaram com valores culturais diferentes; sua composição
também passou por alterações. Elevou-se o número de núcleos familiares compostos apenas
por mulheres e seus filhos menores, principalmente nos grupos migrantes de baixa renda.
Mais recentemente, a perspectiva de globalização econômica, de desemprego estrutural e de
restrição aos investimentos de projetos sociais repercutiu na estrutura familiar, com prejuízo
aos projetos de vida, levando, inclusive, ao aumento do número de indivíduos e famílias
moradores de rua.
Estudos clássicos sobre famílias caracterizam o ciclo de vida familiar em três estágios: uma
primeira fase, de maiores dificuldades, constituída pelo casal ou um dos pais com filhos
pequenos; uma segunda de maior prosperidade, com os filhos dentro da família e com idade
para trabalhar e uma terceira fase, também mais difícil, com os filhos fora do primeiro
núcleo familiar e o casal ou um dos pais em idade mais avançada.
Entretanto, nas regiões urbanas brasileiras, observa-se que o núcleo familiar tende a ser
composto por várias gerações como forma de enfrentar dificuldades financeiras. Os filhos
que formam um novo ramo familiar continuam a habitar o núcleo original como forma de
somar rendimentos, barateando os custos habitacionais e garantindo os cuidados às crianças
e a outros dependentes, que são aqueles que não estão inseridos ativamente no mercado de
trabalho, como os adolescentes, os idosos e os desempregados.
As mulheres ocupam um papel importante na manutenção da vida diária do grupo familiar,
exercendo o trabalho doméstico, o preparo e manutenção dos alimentos, a confecção do
vestuário, a procura de preços mais baixos nas compras, o que contribui para diminuir os
gastos domésticos e para manter o orçamento familiar. A sua participação com trabalho
remunerado na geração da renda familiar, realizada dentro ou fora do ambiente doméstico,
soma-se às outras atividades, potencializando sobrecarga física e emocional e conseqüentes
agravos à saúde.
Por outro lado, a experiência acumulada durante a existência das mulheres no manejo do
cotidiano da vida familiar lhes proporciona, quando idosas, um papel mais definido no grupo,
o que pode não ocorrer no gênero masculino. Nesse sentido, ao se abordar o idoso no grupo
familiar, deve-se levar em conta o gênero e a sua relação com os demais membros.
Na arquitetura familiar, as crianças, como membros que não têm autonomia e capacidade
plena de defesa, geram uma tensão no sentido do cuidado e estão mais expostas e
vulneráveis às situações de conflito no grupo. Na adolescência, esta situação, em parte,
permanece. Em acréscimo, os adolescentes, muitas vezes depositários das expectativas de
transformação e mobilidade social do grupo, sofrem com a frustração dessas expectativas,
seja pelo contexto familiar de sobrevivência, seja pelo contexto de possibilidades de
inserção social.
Frente às adversidades, como forma de proteção, a família não se entende somente a partir
dos laços de sangue, mas sim como uma rede de solidariedade que favorece a
sobrevivência. Assim, família são aqueles com quem se pode contar. E os grupos se
estabelecem a partir de laços, afetivos e morais, de parentesco e vizinhança, que
possibilitam a solidariedade, a troca de favores e a manutenção dos hábitos, linguagem e
valores culturais.
Na direção do suporte às famílias, alguns conceitos têm sido estudados. Observa-se, por
vezes dentro da mesma faixa de renda, que indivíduos ou sistemas - famílias, grupos e
comunidades - têm maior capacidade de enfrentar com sucesso adversidades ou riscos
significativos. Ou seja, uma melhor capacidade de recuperação diante de eventos adversos.
Introdução
O tema da Promoção da Saúde tem se tornando cada vez mais presente na prática dos
profissionais de saúde pois, na atualidade, se inclui como componente de destaque na
organização de novos modelos de prestação de serviços no campo da saúde pública, como é
o caso do Programa de Saúde da Família.
Pode-se observar também que, nas últimas décadas, tem havido um interesse maior das
pessoas e das comunidades para iniciativas e habilidades que buscam expandir o potencial
de vida, uma visão positiva da saúde. Sinteticamente isto pode ser explicado face ao
aumento da expectativa de vida na modernidade com a redução da mortalidade nas idades
mais jovens e a diminuição dos danos causadas pelas doenças.
Neste artigo, procuramos definir o conceito de Promoção da Saúde, incluindo uma breve
recuperação histórica e assinalar as possíveis estratégias orientadas pelo conceito.
A noção de promoção à saúde mais difundida na área médica, foi introduzida por Leavell e
Clark, em 1976, no desenvolvimento do modelo denominado "história natural da doença".
Neste modelo, aplicado a partir do grau de conhecimento do curso de cada uma das
doenças, definem-se três níveis de prevenção: primário, secundário e terciário. A prevenção
primária, foco do nosso interesse, tem por objetivo evitar que as pessoas adoeçam; para
tanto, lança mão de medidas voltadas para as condições do meio ambiente e social, não só
para promoção geral da saúde, como para dar proteção específica a algumas doenças, como
é o caso das vacinas.
Este modelo repercutiu de forma positiva em dois aspectos. Permitiu uma ordenação e
organização das ações no âmbito da vigilância epidemiológica, em particular nas atividades
institucionais ligadas ao controle das doenças de notificação compulsória, e reforçou a noção
de que a educação é um fator tão importante quanto a assistência clínica na melhoria da
saúde. Obteve, porém, pouca repercussão no tocante a aspectos de mobilização das
comunidades.
A partir de 1980, esta última característica apareceu nas novas versões da promoção da
saúde.
BRESLOW (1999), entretanto, chama a atenção para o fato de que medidas como a
restrição ao fumo, o controle do uso do álcool, a redução do peso nos obesos e diminuição
da ingestão de gorduras saturadas e colesterol, embora devam ser alcançadas, constituem-
se em medidas tipicamente de prevenção para lidar com fatores de risco (de doença
coronariana, câncer de pulmão e alcoolismo) não se caracterizando propriamente como
medidas de promoção da saúde.
BUSS (2000) salienta que este tipo de enfoque mantém-se centrado apenas nas mudanças
de comportamentos danosos dos indivíduos ou restritos a questões culturais de algumas
comunidades. Considera que o conceito moderno de promoção da saúde deve implicar em
atividades voltadas tanto a grupos sociais como a indivíduos por meio de políticas públicas
abrangentes (em relação ao ambiente físico, social, político, econômico e cultural) e do
esforço comunitário, na busca de melhores condições de saúde.
Se já está explicado o que é promoção à saúde e entendido como ela é importante para
melhorar a qualidade de vida das pessoas e diminuir a quantidade e gravidade das doenças,
vamos agora indicar formas concretas de se fazer promoção à saúde. Destacamos, neste
texto, duas formas que são complementares, isto é, uma se soma à outra. Elas não só
trazem bons resultados, mas também fazem os recursos empregados produzirem mais
benefícios. São elas a ação intersetorial (integração de tipos diferentes de atuação) e o
suporte social. Vamos estar privilegiando neste texto o suporte social porque o
consideramos um instrumento muito útil para o trabalho dos profissionais de saúde do
Programa de Saúde da Família (PSF) para alcançar seus propósitos em termos de qualidade
de saúde e vida das pessoas e dos grupos sociais.
O suporte social representa um conjunto de ações que podem ser realizadas por diferentes
tipos de pessoas: os membros da equipe de saúde da família, parentes, amigos, voluntários.
Faz-se suporte quando se fornece informação: com ela as pessoas e os grupos podem se
proteger e se defender melhor, saber onde procurar ajuda para um problema e aprender a
se cuidar. Outro tipo de suporte é o apoio emocional: fazer companhia, conversar,
aconselhar, encorajar, mostrar que se está do lado da pessoa ou do grupo nas suas
decisões. Este tipo de suporte faz com que as pessoas e os grupos ganhem mais confiança,
mais força e possam decidir e lutar pelo que desejam. Um terceiro tipo de suporte é
chamado de instrumental, significando fornecer recursos técnicos e/ou materiais para ajudar
a pessoa a se protegerem e cuidar melhor. Pode ser desenvolver habilidades para, por
exemplo, amamentar, fazer dieta ou fazer uma fossa, ou fornecer recursos materiais para
cuidado da saúde ou manutenção da qualidade de vida (como, por exemplo, renda mínima,
cesta básica, material para construção, medicação).
Como já dissemos, o suporte pode ser leigo (parentes, amigos, voluntários) ou profissional.
A vantagem do leigo é que muitas vezes quem faz o suporte está mais perto e conhece mais
quem vai receber o apoio. Mas, onde o suporte leigo não é suficiente, pode-se contar com o
apoio profissional. E de quem? Por exemplo: na equipe de saúde da família, quem deve
fazer o suporte social? Todos, cada um com a sua função, todos buscando ouvir e acolher as
necessidades dos usuários. E um trabalho articulado com o do outro, como uma verdadeira
equipe.
Onde fazer o suporte? Um entendimento mais restrito é considerar o suporte como ação
comunitária, a ser realizado mais no domicílio e na comunidade do que na unidade de
saúde. Uma outra forma de pensar, mais abrangente, é incluir o suporte social entre as
ações básicas de saúde, realizadas em todos os espaços: na visita domiciliar, no contato
com agrupamentos, locais de reunião, nos atendimentos individuais, nas atividades
educativas.
Quem decide qual é o suporte necessário? Não pode ser uma decisão só da equipe, mas da
conversa dos profissionais com a população e as pessoas, definindo juntos os problemas a
serem enfrentados e como fazer. Se a decisão é unilateral, corre-se o risco de o profissional
pensar que está fazendo um apoio e de quem o recebe considerar que o apoio é
desnecessário ou que até atrapalha mais do que ajuda. Por isso, a conversa, a integração e
a combinação do suporte é tão importante.
Marta Heloisa
Autores:
Lopes1
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:46 AM
Eventos adversos
· BCG
· DPT
· Febre Amarela
· Hemófilos
· Hepatite B
· Poliomielite
· Sarampo
· Tríplice viral
Situações Específicas
Vacinação na criança
A vacinação de rotina tanto da criança quanto do adulto visa a prevenção das doenças mais
graves e mais freqüentes. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) preconiza o seguinte
esquema de vacinação para crianças, no Brasil.
É importante ressaltar que, nos últimos dez anos, ocorreram modificações importantes no
esquema rotineiro de vacinação das crianças. Foram introduzidas, aos 15 meses de idade,
as vacinas contra rubéola e caxumba. São dadas junto com a segunda dose da vacina contra
sarampo e constituem a chamada tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).
Posteriormente, foi introduzida, em todo o Brasil, a vacina contra hepatite B. A primeira
dose deve ser aplicada o mais precocemente possível, de preferência no primeiro dia de
vida, ainda na maternidade. Este esquema de vacinação universal na criança é preconizado
para prevenir a transmissão materno- infantil do vírus da hepatite B. Em muitas regiões do
Brasil ainda não se faz sorologia para hepatite B durante o pré-natal. Por isso não são
identificadas as mães portadoras do vírus da hepatite B. A vacinação da criança nas
primeiras horas de vida diminuiu em até 90% o risco de transmissão do vírus para ao filho,
no caso da mãe ser portadora. O esquema completo de vacinação contra hepatite B
compreende três doses. A segunda é dada com um mês de vida a terceira e última, aos
nove meses de idade. Mais recentemente, foi introduzida no calendário vacinal de rotina, a
vacina conjugada contra doença invasiva causada pela bactéria capsulada
Haemophilus influenzae tipo b. Esta bactéria é importante causa de infecções graves em
crianças menores de cinco anos de idade, salientando-se a meningite. O esquema de rotina
para crianças menores de um ano de idade é de três doses, sendo a primeira aos dois
meses, a segunda aos quatro e a terceira aos seis meses de vida. A outra mudança ocorrida
nos últimos dez anos refere-se a introdução de uma dose de reforço da vacina contra
tuberculose (BCG intradérmico). O Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda
um reforço, sem teste tuberculínico (PPD) prévio, para crianças entre cinco e seis anos de
idade. Embora haja controvérsia sobre a eficácia da vacina BCG, o PNI adotou esta medida
em decorrência da grave situação epidemiológica da tuberculose o Brasil. O assunto,
entretanto, é polêmico. O Estado de São Paulo, baseando-se nos dados controversos sobre a
eficácia da revacinação com BCG, não a recomenda. Em toda essa polêmica, dois aspectos
devem ser ressaltados: (1) a vacina BCG é útil e eficaz na prevenção das formas graves da
tuberculose (miliar, de sistema nervoso central) e deve continuar sendo empregada para
todas as crianças no primeiro mês de vida, até mesmo para aquelas nascidas de mães HIV
positivas. (2º) estão sendo conduzidos estudos para elaboração de vacina de fragmentos de
DNA do Mycobacterium tuberculosis, com perspectivas de serem mais seguras e mais
eficazes que as vacinas atualmente disponíveis. Podem haver variações nas indicações de
algumas vacinas, dependendo das condições epidemiológicas da região onde elas estão
sendo usadas. Por este motivo, crianças que vivem ou viajam para áreas endêmicas de
febre amarela, devem ser vacinadas contra essa doença que pode ser fatal. A vacinação não
está indicada para crianças que vivem em áreas não-endêmicas. São áreas endêmicas
brasileiras: Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amapá, Pará,
Maranhão, Distrito Federal, Rondônia, Goiás e Roraima. O aparecimento de casos
importados de febre amarela na região oeste do Estado de São Paulo determinou a
introdução dessa vacina, desde o ano de 1992, no calendário de rotina dessa região. A
vacina da febre amarela é aplicada em dose única a partir dos seis meses de idade, com
reforço a cada dez anos. Por facilidade operacional, essa vacina pode se administrada aos
nove meses de idade, simultaneamente com a vacina contra sarampo e a 3ª dose da
Hepatite B.
Vacinação no Adulto
Primo-vacinação no adulto
Esta situação é comum em indivíduos acima de 30 anos, uma vez que a vacinação rotineira
da criança, em termos de saúde pública, só foi amplamente estabelecida no Brasil a partir
da década de 1970.
VACINA ESQUEMA
1ª visita dT(dupla tipo adulto: difteria e 1ª dose
tétano) 1ª dose
Hepatite B* dose única
Sarampo/caxumba/rubéola** dose única
Influenza (gripe)***
1 a 2 meses após a 1ª visita dT 2ª dose
Hepatite B 2ª dose
6 meses após a 1ª visita dT 3ª dose
Hepatite B 3ª dose
a cada 10 anos e por toda a dT uma dose de reforço
vida
* desde janeiro de 2001, está disponível, no Estado de São Paulo, para todos os indivíduos até 19 anos de
idade. Acima desta idade é indicada para grupos específicos (ver adiante)
** desde janeiro de 2001, está disponível, no Estado de São Paulo, para indivíduos até 39 anos idade.
*** indicada para todas as pessoas a partir de 60 anos de idade e pacientes HIV positivos de qualquer faixa
etária acima de 6 meses de vida. É administrada anualmente, no outono.
BCG: locais: (1) úlcera maior que 1 cm.; (2) abcesso subcutâneo; (3) linfadenopatia
regional supurada; ou sistêmica que podem acometer a pele, articulações, ossos, linfonodos,
fígado, baço; são raras e mais prováveis em indivíduos imunocomprometidos.
DPT: locais como dor, edema e vermelhidão e sistêmicos como febre, sonolência,
irritabilidade, vômitos, anorexia. Mais raramente choro persistente (por três ou mais horas);
episódio hipotônico hiporresponsivo e convulsão (associada ou não a febre). Encefalopatia e
reação anafilática são extremamente raras. Nas crianças em que ocorrerem convulsões ou
síndrome hipotônica hiporresponsiva a vacina DPT, nas próximas doses, deve ser substituída
pela tríplice com componente acelular (DPaT), disponível nos centros de referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIES). Quando ocorrer encefalopatia, o esquema deve ser
completado com a dupla infantil (DT, Difteria e Tétano). Nos casos de anafilaxia, estão
contra-indicados todos os componentes da vacina tríplice. Nestes casos, portanto, estão
contra-indicadas as vacinas. DPT, DPaT, DT e TT (tóxoide tetânico).
Febre Amarela: reações locais, como dor, edema e vermelhidão e sistêmicas: febre,
mialgia, cefaléia após uma semana da vacinação, com duração de um a dois dias. Há relatos
de erupção cutânea, urticária e/ou asma e até choque em anafilático, em 1 caso para cada
1.000.000 de doses aplicadas, após a vacinação. Os vírus vivos atenuados que constituem a
vacina contra a febre amarela são cultivados em ovos embrionados de galinha. Por este
motivo, a vacinação contra a febre amarela está contra-indicada em pessoas com grave
hipersensibilidade a ovo. Por ser vacina de vírus vivo, está contra-indicada também para
indivíduos imunodeprimidos. Recentemente, foram constatados, no Brasil, dois casos de
disseminação do vírus vacinal, causando encefalite e óbito em uma criança e um adulto,
sem documentação prévia de imunodepressão.
O PNI se destaca no quadro da saúde pública brasileira. Graças ao sucesso alcançado por
este programa, muitas doenças já não causam temor na população. Doenças como a
poliomielite não ocorrem mais; e outras, atualmente, são muito raras, como coqueluche,
difteria, sarampo, tétano. Esta situação paradoxalmente leva a uma diminuição do interesse
pela vacinação. De fundamental importância é o papel do médico de família incentivando a
vacinação e explicando a necessidade de altos índices de cobertura vacinal para manutenção
de baixos índices de incidência destas doenças; o incentivo à vacinação deve levar em
consideração que as oportunidades de vacinar não devem ser perdidas. Assim sendo, a
vacinação não deve ser contra-indicada nas seguintes situações: (1) doença leve - febre
baixa - infecção leve de trato respiratório superior - otite média - diarréia leve; (2) uso de
antibioticoterapia; (3) no período de convalescença de uma doença; (4) em crianças que
nasceram prematuras; (5) em casos de alergia a produtos que não os contidos na vacina;
(6) crianças cujas mães estão grávidas podem e devem receber quaisquer vacinas, incluindo
as de sarampo, caxumba, rubéola, pólio e febre amarela.
Hemófilos B: reações locais como dor, vermelhidão e enduração e sistêmicas como febre.
Tanto as reações locais quanto as sistêmicas podem ocorrer nas primeiras 48 horas após a
vacinação.
Hepatite B: reações locais, como dor e enduração, e sistêmicas como febre nas primeiras
48 horas após a vacinação. É uma vacina pouco reatogênica. Reações de hipersensibilidade
são excepcionais: urticária, sibilos, laringoespasmo, hipotensão e choque. Em casos de
hipersensibilidade as doses subseqüentes estão contra indicadas.
Sistêmicos: do 5º ao 12º dia após a vacinação podem ocorrer febre menor ou igual a 39ºC
com duração de até 2 dias, e menos freqüentemente (em cerca de 5% dos casos)
exantema.
Situações Específicas
A vacina contra Hepatite B tem indicação de uso universal, isto é, está indicada para todas
as pessoas. No Brasil, só é disponível na rede pública para indivíduos maiores de 19 anos,
nos seguintes casos: (1)comunicantes sexuais e domiciliares de portadores crônicos do VHB;
(2) comunicantes sexuais de casos agudos de Hepatite B; (3) profissionais que atuam em
áreas da saúde com risco para a aquisição do VHB; (4) alunos de cursos técnicos e
universitários da área da saúde; (5) pacientes HIV positivos*; (6) pacientes renais
crônicos*; (7) pacientes submetidos a politransfusões sangüíneas (ex.: hemofílicos,
portadores de anemias hemolíticas); (8) bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários
envolvidos em atividade de resgate; (9) carcereiros; (10) população penitenciária; (11)
menores institucionalizados; (12) prostitutas, homossexuais masculinos; (13) pacientes
psiquiátricos, institucionalizados.
Nos casos de esplenectomia eletiva a vacina contra pneumococo deve ser administrada no
mínimo dez dias antes do procedimento.
Os CRIES dispõem ainda de vacinas contra varicela, hepatite A, contra raiva (cultivada
em células diplóides) e de imunoglobulinas específicas contra tétano, hepatite B,
varicela e raiva cuja dispensação segue regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde para
situações especiais. Em casos de dúvida quanto à indicação deste imunógenos, os CRIES
devem ser consultados.
Toshio
Autores:
Chiba1
Última Atualização: 12/4/2001 11:15:04 AM
1Médico assistente da Disciplina da Clínica Geral e Propedêutica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP
Todas as mortes, excetuando-se aquelas causadas pela violência, pelo quadro clínico de
morte súbita decorrente do infarto agudo do miocárdio, do acidente vascular cerebral e do
tromboembolismo pulmonar ou pela meningococemia serão precedidas de uma fase
considerada como fora de possibilidades terapêuticas de cura, ou seja, de reversão ou de
estabilização da história natural da doença. Há uma idéia errônea de que, para se chamar
um paciente de "terminal", ele teria que possuir o diagnóstico de câncer na forma neoplasia
avançada.
Este fato implica na utilização de "cuidados paliativos", que consiste em "assistência ativa e
integral a pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. Controle da dor,
de outros sintomas e solução de problema psicológico, social e espiritual é soberano. A meta
do cuidado paliativo é de proporcionar a melhor qualidade de vida ao paciente e seus
familiares." - OMS, 1990.
Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva classe funcional IV sob controle
medicamentoso, pneumopatas graves crônicos e oxigênio dependentes, demenciados
avançados com vários episódios de pneumonias ou de acidentes vasculares e portadores de
esclerose lateral amiotrófica em último estágio da doença, devem ser considerados como
elegíveis para cuidados paliativos.
A dor está presente em mais de dois terços de pacientes na fase terminal de câncer. É o
sintoma que norteia a qualidade de vida destes pacientes. Mesmo em pacientes não-
portadores de neoplasia, dor é um dos sintomas mais freqüentes. Um erro muito comum é o
tratamento inadequado da dor, quase sempre com menos medicamentos e em doses
menores do que as preconizadas para uma eficiente analgesia. Um dos motivos é o
preconceito com relação ao uso de medicamentos como os opióides, uma restrição que está
presente entre os médicos, os pacientes e familiares e na própria estrutura de assistência
médico-farmacêutica.
Médicos têm falta de conhecimento do controle da dor, têm preconceito sobre o controle da
mesma e, muitas vezes, alegam obstáculos regulamentares para prescrição que são
impostos pela autoridade local. Pacientes que se encontram em tal situação de dor, têm
relutância em reportá-la e com freqüência, por quererem ser um "bons" pacientes e não
incomodar o médico e também por terem medo de que a dor signifique piora da doença. A
sociedade, devido a preconceito, apresenta falha em distinguir entre uso legal e ilegal de
analgésicos opióides, tem medo de criar vício (efeito de adição) e exerce pressão cultural
para não se prescreverem opióides mais por prática habitual do que por princípios
farmacológicos bem estabelecidos, levando a uma prática irracional e detrimental de
reservar opióides até a iminência da morte. Além disso, outros sintomas como astenia,
náusea, vômito, inapetência, constipação, diarréia, dispnéia, insônia, edema, xerostomia,
ansiedade, delirium, úlcera de decúbito, figuram como quadros clínicos freqüentes. Junto
com a analgesia, o controle destes sintomas determinariam menor grau de sofrimento nesta
fase final da vida para garantir melhor qualidade de vida. Neste capítulo, vamos nos deter
sobre o controle da dor, sem dúvida o fator limitante nos cuidados paliativos.
1 Médico assistente do Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa - Faculdade de Medicina da USP
2 Professora Doutora da Escola de Educação Física e Esportes da USP
As relações entre saúde e atividade física têm recebido grande atenção dos profissionais de
saúde, da comunidade científica e, mesmo, de parte da população. Entretanto, a
compreensão dos efeitos da prática de atividade física para os níveis de saúde dos indivíduos
e das populações é, por vezes, dificultada por alguns mitos e preconceitos. Este texto
procura oferecer, a quem atua na atenção básica em saúde, as informações essenciais para
que possa incorporar essa discussão aos diferentes momentos de sua intervenção.
A idéia de Promoção da Saúde, nas mais recentes formulações, tem levado em conta a
complexidade dos fenômenos que interagem neste campo e propõe a mobilização de
diferentes recursos sociais para propiciar à população maior controle sobre sua saúde e
condições de vida, no plano individual e no coletivo.
Nessa perspectiva, o papel dos serviços de saúde, com relação à prática de atividade física,
deve ser pôr à disposição da comunidade as informações, o conhecimento e os meios
necessários para que a atividade física possa ser incorporada ao cotidiano das pessoas,
considerando suas diferentes condições, interesses e possibilidades.
Uma tendência que se observa nos veículos de comunicação e entre formadores de opinião é
a ênfase na prática de atividade física visando a "aquisição" de um corpo nos moldes de
certos padrões de ou ainda a glorificação da competição e, ao mesmo tempo, a
responsabilização exclusiva do indivíduo por mudanças de comportamento, de hábitos e
estilos de vida.
Os serviços de saúde são lugares onde a prática da atividade física pode ser tornada
possível, tanto ao orientar e esclarecer seus usuários, como ao identificar e divulgar os
recursos acessíveis à comunidade. Além disso, os grupos de caminhada para idosos, as
sessões de ginástica para gestantes, as atividades recreativas para crianças, as aulas de
capoeira para jovens, entre outros exemplos, têm sido incorporados, com êxito, à rotina de
muitas unidades de saúde em todo o país.
Além dos benefícios de natureza mais ampla para saúde e a melhoria da qualidade de vida,
vários estudos têm demonstrado que a atividade física é um fator importante na prevenção
e no controle de alguns problemas de saúde, quando analisada a partir da perspectiva
populacional:
câncer ainda sejam pouco conclusivos, observa-se uma associação com a diminuição do
risco para o câncer de cólon.
o humor.
Optar pelo exercício e definir a freqüência apropriada para que ele seja praticado dependerá,
basicamente, das características do indivíduo para o qual está sendo indicado e das
motivações que possa ter para a prática de atividade física.
Desse modo, o programa de atividades para uma pessoa jovem, que aspira atingir
desempenho destacado em determinada modalidade esportiva será, evidentemente, muito
diferente do proposto para o indivíduo de meia-idade que se recupera de um infarto do
miocárdio, ou do idoso que pretende manter-se ativo porque isso o faz sentir-se bem.
Se os dois primeiros exemplos se referem a situações particulares, que exigirão, por vezes,
a intervenção de profissionais especializados, a última situação representa a maior parte das
demandas por orientação para a atividade física encontradas no âmbito da atenção básica:
indivíduos saudáveis ou, eventualmente, portadores de condições crônicas - como
hipertensão, diabetes, dislipidemias, etc. - que têm na atividade física uma oportunidade de
incrementar seu bem-estar, prevenir problemas de saúde e melhorar as possibilidades de
controle de certos agravos.
Sendo assim, qual seria, então, uma recomendação adequada à prática de atividade física?
É possível dizer que, para a maior parte das pessoas, caminhar rapidamente, mantendo a
capacidade de conversar, andar de bicicleta, dançar e fazer ginástica, sem sentir dores, mal-
estar ou dificuldade respiratória, são exercícios que se enquadram nesta definição.
Mas, uma vez que o consumo de energia é diferente para pessoas com características
diversas de sexo, idade, peso, condicionamento físico, etc., podem ser utilizados parâmetros
personalizados. Uma boa aproximação é a utilização da freqüência cardíaca máxima,
calculada subtraindo-se a idade de 220. A atividade física deveria, então, manter a
freqüência cardíaca entre 65% e 80% da freqüência cardíaca máxima calculada.
E quais seriam os cuidados preliminares para que uma pessoa sedentária inicie a prática de
atividade física?
Quando se trata de atividade moderada, como a que se está propondo, a maior parte das
pessoas pode fazê-lo, de forma gradual e atentando para o aparecimento de sinais ou
sintomas não-usuais, sem a necessidade de exames complementares e, mesmo, de
consultas médicas. O risco de eventos adversos graves e mesmo da morte súbita, nos
indivíduos sem doenças conhecidas, é bastante baixo e a melhoria do padrão de saúde
obtida com a massificação da prática de atividade física o supera amplamente.
Uma avaliação médica mais aprofundada (que pode incluir exames complementares como o
teste de esforço) deve ser reservada para aqueles com alto risco para doença coronariana,
com sintomas sugestivos de problemas cardíacos, pulmonares ou metabólicos e no caso de
idosos ou portadores de condições crônicas que pretendam se dedicar a exercícios mais
vigorosos.
É bom lembrar que cabe também ao serviço de saúde facilitar o acesso à informação relativa
à forma adequada para a prática do exercício: horários, locais, roupas, calçados, acessórios
de proteção, quando for o caso, alimentação e hidratação, que garantam uma experiência
prazerosa e saudável.
O aumento do peso médio da população brasileira registrado nas últimas décadas é um fato
da maior importância para a saúde pública e para a atenção médica. A obesidade associa-se
de forma direta ao diabetes, como também à hipertensão arterial e ao colesterol elevado,
fatores de risco para a doença coronária. O impacto da obesidade na mortalidade
cardiovascular, no aumento de doenças como por exemplo, a litíase biliar, a osteoartrose, a
insuficiência vascular periférica é imenso com repercussões sociais e econômicas relevantes.
Apesar dos bolsões de desnutrição no país houve aumento da prevalência da obesidade em
ambos os sexos, nas zonas urbana e rural, em todas as macroregiões e em todas as
categorias de renda. No último estudo, realizado em 1996, detectou-se que a prevalência da
obesidade é cada vez maior entre as pessoas com menor escolaridade, ao contrário do
senso comum que a considera como decorrente da afluência.
Estes aspectos são importantes para o médico não trivializar o problema obesidade, ou
restringi-lo somente a uma questão estética ou de auto-estima. O fato de o tratamento ser
muito difícil, trazendo uma sensação de impotência ao médico, não significa que o problema
não deva ser considerado como relevante.
Bruno
Autores:
Caramelli1
Última Atualização: 12/4/2001 11:16:44 AM
Tabagismo: associa-se a risco maior de doença coronária. Este risco está associado
positivamente ao número de cigarros por dia e ao tempo de existência do hábito de fumar
cigarros, cachimbo, charuto, cigarro de palha ou os indivíduos que não "tragam". A
interrupção do fumo é a intervenção com maior impacto na redução do risco cardiovascular.
Já no dia seguinte à suspensão, o risco será menor e, após dois anos, reduzido pela metade.
O fumo tem ainda um efeito multiplicador sobre os outros fatores de risco. Neste aspecto,
cabe lembrar que o uso de anticoncepcionais entre mulheres fumantes deve ser evitado pois
aumenta em muito o risco de complicações circulatórias, incluindo tromboses venosas.
Montezuma Pimenta
Autores:
Ferreira1
Última Atualização: 8/16/2001 8:52:28 AM
Trinta por cento dos brasileiros maiores de dezesseis anos fumam. Isto representa trinta
milhões de pessoas. Metade dos fumantes morre de doenças diretamente causadas pelo
tabaco. A diminuição da expectativa de vida é de 8 a 10 anos, mas um quarto dos fumantes
perde 23 anos de vida, em média! Os principais riscos à saúde dos fumantes são as doenças
cardiovasculares, os cânceres de pulmão, outras doenças pulmonares, como a bronquite e o
enfisema, e outros tipos de câncer (da boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, rins, bexiga
e colo de útero). Úlceras pépticas e osteoporose também são mais freqüentes entre
tabagistas.
A maioria dos tabagistas começa a fumar antes dos 18 anos. Noventa por cento dos
fumantes têm dificuldade de fumar menos do que 12 cigarros por dia. A droga que causa a
dependência do tabaco é a nicotina. Fumada de um cigarro, é absorvida através dos
pulmões e atinge o cérebro em oito segundos. Seus efeitos estimulantes reforçam o seu
uso. O desenvolvimento de tolerância ocorre rapidamente, levando ao aumento da dose e ao
estabelecimento do uso regular.
Mais da metade dos fumantes apresenta sintomas de abstinência. Esta síndrome se instala
nas primeiras horas sem cigarros, aumenta nos primeiros dias e regride lentamente em
algumas semanas. É caracterizada por inquietação, irritabilidade, ansiedade, sintomas
depressivos, dificuldade de manter o alerta e a concentração, sonolência diurna, insônia,
aumento de apetite e do peso. Fumar mais de um maço por dia e fumar o primeiro cigarro
menos de trinta minutos depois de acordar indicam risco de síndrome de abstinência
intensa.
O consumo recente e excessivo de álcool pode causar desde euforia, diminuição da atenção,
prejuízo do julgamento, irritabilidade, depressão, labilidade emocional, lentificação
psicomotora, sonolência, redução do nível da consciência e, eventualmente, coma. A este
quadro dá-se o nome de intoxicação por álcool.
Arthur Guerra de
Autores:
Andrade1
Edson Henry Takei2
Última Atualização: 10/31/2001 12:06:50 PM
Segundo dados de uma pesquisa domiciliar realizada nas 24 maiores cidades de São Paulo
em 1999 pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas, o uso na vida de qualquer
droga psicotrópica, exceto álcool e tabaco, foi de 11,6%. A maconha foi, dentre as drogas
ilícitas, a que teve maior uso na vida (5,6%). A prevalência do uso na vida de cocaína foi de
1,7%. Pesquisas anteriores realizadas pelo mesmo grupo em 1987, 1991 e 1993 em 10
capitais brasileiras com estudantes de segundo grau mostraram que as drogas de maior uso
na vida são os solventes, seguidos pelos ansiolíticos e anfetamínicos.
Substância: Maconha/Haxixe
Substância: Cocaína/crack
Dermatite Seborréica
Dermatofitoses
Escabiose (sarna)
Furúnculo
Impetigo
Larva migrans
Bicho geográfico (ver larva migrans)
Molusco contagioso
Pediculose (piolho)
Urticária
Verruga
A cavidade oral é sede de várias doenças que podem se manifestar por alteração da
pigmentação (mancha), nódulo, úlcera, dor, boca seca (xerostomia), halitose e nódulos
cervicais.
Embora seja facilmente visível, estima-se que o câncer da cavidade oral ainda seja
responsável por cerca de 2000 mortes anuais no Brasil. É tratado com facilidade quando
diagnosticado precocemente, o que pode ser feito com a inspeção e palpação da boca. Casos
detectados mais tardiamente têm tratamento altamente complexo e prognóstico mais
reservado. O tipo histológico mais comum é o carcinoma espinocelular. O câncer se
apresenta como uma úlcera de bordas elevadas, irregulares, com caráter infiltrativo,
geralmente doloroso. As localizações mais comuns são a língua e o assoalho de boca. Pode
estar acompanhado ou suceder leucoplasia e eritroplasia. Tabagismo e etilismo são hábitos
presentes na maioria dos doentes.
Doença Hemorroidária
Fissura Anal
Fístula
Fístula Anal
Câncer de Ânus
Isabela M.
Autores:
Benseñor1
Última Atualização: 12/4/2001 11:19:10 AM
1 Professora Assistente da Divisão de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Tontura e vertigem são condições muito frequentes na prática médica, e, na grande maioria
das vezes, não estão associadas a problema clínico grave. O diagnóstico preciso, muitas
vezes, é alcançado com a história clínica e com detalhes do exame neurológico e
cardiovascular.
Quadro clínico
Tontura: é um sintoma comum que o paciente geralmente refere quando se sente inseguro
na sua movimentação ou posição em relação ao meio ambiente externo. Pode ser uma
queixa inespecífica, associada a cansaço, depressão, ou outros sintomas subjetivos e pode
também refletir alteração em qualquer órgão ou sistema. Quando o paciente procura o
médico com queixa de tontura, é importante tentar caracterizar algumas situações:
Vertigem: é quando o paciente tem a sensação de que tudo está rodando ao redor dele ou
que ele próprio está rodando. É uma alucinação de movimento e apresenta causas bastante
específicas. Uma pergunta que ajuda a definir se o paciente tem vertigem é: você tem a
sensação de que tudo está rodando ou de que você mesmo está rodando?
1. Vertigem
O exame físico desses pacientes deve incluir um exame otológico simples, checagem do
funcionamento grosseiro do sistema auditivo, observação de nistagmo espontâneo,
nistagmo posicional e manobra de Bárány, alterações de marcha, e do equilíbrio.
Avaliação do nistagmo
O nistagmo representa a oscilação rítmica dos olhos. É composto por um movimento lento
para um lado seguido de outro rápido para o lado oposto, utilizando-se o sentido do
movimento rápido para denominar o nistagemo, por exemplo, quando o movimento rápido é
para a esquerda, chama-se de nistagmo para a esquerda. O nistagmo espontâneo pode ser
observado com o paciente em pé olhando para frente. O nistagmo espontâneo desaparece
quando o paciente fixa o olhar. Isso favorece o diagnóstico de doença vestibular periférica
enquanto que o aumento do nistagmo nestas condições ou, simplesmente, a sua
persistência favorece o diagnóstico de doença central. O quadro 1 mostra as principais
características do nistagmo central e periférico.
Para iniciar a manobra, o paciente é colocado sentado de olhos abertos, com a cabeça virada
em uma determinada direção. Em seguida, com a ajuda do examinador, é rapidamente
colocado na posição deitada com a cabeça livre de apoio suspensa pela mão do examinador
podendo ficar até 45o de inclinação abaixo do nível do leito, mantendo a cabeça virada para
o lado que iniciou a prova. Esta posição deve ser mantida por 20 s. Se o nistagmo aparecer,
o examinador deve atentar para os detalhes do quadro 2.
PERIFÉRICA CENTRAL
Tempo de início 3 - 20 segundos Imediato
persiste por mais de 1
Duração < 1 min ou poucos segundos
minuto
Fatigabilidade Marcada Não apresenta
Vertigem Frequente Mínima ou ausente
Fixa,independe da posição da Muda com alteração
Direção do nistagmo
cabeça posicional da cabeça
Anatomia da lesão Labirinto ou nervo vestibular Tronco ou cerebelo
1. Periféricas
Uma série de alterações podem causar quadro sintomático de vertigem. O quadro 3 mostra
as principais causas de vertigem prolongada espontânea.
Tratamento específico
A figura 2 mostra a manobra de Siment, que cura grande parte dos casos de VPB.
Várias lesões centrais podem causar esse tipo de vertigem. Entretanto, o paciente com esse
tipo de quadro apresenta outras alterações neurológicas. São doenças raras (tumores) e o
nistagmo geralmente é vertical e inesgotável.
Utilizar drogas antihistamínicas, como a difenidramina na dose de 500 mg, 4 vezes por dia
(a cada 6 horas) por 10 dias. No caso de vômitos em grande quantidade, recomenda-se
metoclopramida 10 mg até 3 vezes por dia.
O exame físico desses pacientes pode sugerir a causa da síncope, devendo incluir a medida
da pressão arterial (após 5 minutos de repouso de decúbito dorsal horizontal e após 2
minutos em pé), e um exame físico completo. Considera-se que há hipotensão postural
quando a pressão arterial sistólica cai em pelo menos 20 mm Hg.
Investigação diagnóstica
Indivíduos idosos podem apresentar hipotensão postural em até 10% dos casos. Isso
costuma ocorrer após as refeições, mesmo em pacientes sentados. É importante, nesses
casos, checar a associação com drogas que podem causar hipotensão.
Tratamento
Isabela M.
Autores:
Benseñor1
Última Atualização: 12/4/2001 11:19:20 AM
1 Professora Assistente da Divisão de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Cefaléia ou dor de cabeça é um sintoma freqüente nos pacientes que procuram atendimento
ambulatorial ou de urgência. No Brasil, encontrou-se uma prevalência de cefaléia de 82,9%
(72,8% de cefaléia do tipo tensional e 9,9% de enxaqueca). São mais freqüentes nas
mulheres e nos jovens. A maioria dos pacientes que procuram atendimento por cefaléia são
portadores de cefaléias primárias, ou seja, cefaléias que cursam com uma história rica e
exames físico e neurológico normais.
Somente uma pequena porcentagem desses pacientes apresenta alterações como tumores
ou hemorragias. Nesses casos, a doença se manifesta por sinais neurológicos focais, como
comprometimento de alguns pares cranianos, além da cefaléia, fato que indica a
necessidade de uma investigação diagnóstica mais abrangente.
Enxaqueca
Quadro Clínico
Sintomas associados - suor frio, náuseas e vômitos, que também podem acontecer,
associados ou isoladamente, em outras doenças graves.
Exame físico - não é muito útil para confirmar a presença de doença coronária no paciente
com dor torácica, mas pode auxiliar na elucidação das outras doenças, que fazem parte do
diagnóstico diferencial. Classificamos a angina em, basicamente, dois tipos: angina estável e
angina instável.
Angina Instável- quando ocorre dor torácica característica, mesmo que um só episódio e
na presença de alterações ao eletrocardiograma. Quando essas dores aconteceram há
menos de uma semana ou nas últimas 24 horas e em repouso, há grande possibilidade de
se tratar de infarto agudo do miocárdio, sendo fundamental o encaminhamento imediato ao
pronto-socorro e a realização de eletrocardiograma. Mas, em aproximadamente de 30 a
50% dos casos de infarto, o diagnóstico só se confirma com a elevação de enzimas
cardíacas (creatinofosfoquinase- CPK, ou fração MB- CKMB) no sangue.
Fernanda R.
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Lima1
Ari Stiel Radu2
Última Atualização: 8/21/2001 8:47:22 AM
Marco
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Amatuzzi1
Última Atualização: 12/4/2001 11:19:48 AM
A coluna cervical é formada por sete vértebras, extendendo-se da base do crânio até a
coluna dorsal (torácica). É caracterizada por uma enorme mobilidade em todos os sentidos
de movimentos (flexão, extensão e rotação). Cada vértebra é constituída do corpo vertebral
e do arco posterior, exceto C1 e C2, que não possuem corpo vertebral. Os corpos vertebrais
são separados um do outro pelo disco intervertebral e os arcos, pelas apófises, duas
inferiores e duas superiores, que se articulam entre si, com as vértebras de cima e de baixo.
Este complexo arcabouço ósseo protege o sistema nervoso central, nesta localização, a
medula espinhal, que emite raízes nervosas para a cabeça e membros superiores.A coluna
cervical é inervada no tecido ósseo, nas articulações interapofisárias (cartilagem) e nos
ligamentos; portanto, pode doer por alterações nestas estruturas ou doer à distância por
irritação das raízes nervosas.
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Marco
Autores:
Amatuzzi1
Última Atualização: 9/3/2001 8:53:20 AM
A coluna vertebral dura e resistente contém no seu interior, a medula espinhal e a protege;
é dividida em cervical, dorsal e lombar e é a lombar que recebe a maior carga de peso
corporal. Possui uma grande amplitude de movimentos em todos os sentidos e, por esta
razão, está sujeita a muitas doenças decorrentes destas suas características mecânicas e
estas doenças se fazem mais presentes quando, na coluna, existem alterações genéticas ou
adquiridas, como a espondilolistese (escorregamento vertebral), as mega apófises, a
escoliose, as seqüelas de fraturas ou a osteoporose. Também os desequilíbrios musculares
gerados pelas mais diversas causas, entre as quais a mais comum de todas, a gravidez,
podem determinar alterações mecânicas e dor lombar.
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Marco
Autores:
Amatuzzi1
Última Atualização: 7/11/2001 11:42:44 AM
O ombro é a articulação mais móvel entre todas do corpo humano, pela pouca contenção
entre a grande cabeça umeral e a pequena e estreita glenóide do omoplata. Possui ainda
uma articulação entre o acrômio e a clavícula, extremamente vulnerável. A cápsula articular
de contenção do ombro, também chamada de manguito rodador, é o conjunto de ligamentos
formado pelos prolongamentos dos músculos da cintura escapular. O trauma no ombro pode
provocar fraturas no úmero, omoplata e clavícula, luxações articulares e lesões nos
ligamentos de contenção.
Dispepsia é definida como dor ou desconforto na região epigástrica, o que inclui inclui: (1)
saciedade precoce, que é a sensação de estômago repleto logo após o início da alimentação,
impedindo o término da refeição; (2) má digestão ou sensação de persistência do alimento
no estômago; (3) sensação de estufamento; (4) náusea. A dispepsia é sintoma comum na
população geral, variando se pirose retroesternal é acrescentada à investigação, com
prevalência oscilando entre 20 e 40%. Cerca de um quarto dos pacientes com dispepsia
procura atendimento médico.
Disúria
Hematúria
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A dor pélvica é um problema clínico comum que pode se manifestar de forma aguda,
recorrente ou crônica, envolvendo, para sua abordagem e diagnóstico, amplo espectro
clínico. Diferentes doenças podem estar relacionadas a este sintoma. As principais situações
que evoluem para dor pélvica são as descritas a seguir.
Dismenorréia: cólica associada ao fluxo menstrual pode impedir a paciente de exercer suas
atividades habituais e levá-la à procura de auxílio médico para o alívio da dor. Estima-se que
até 50% das mulheres apresentem algum grau, sendo 10% com intensidade grave.
Sintomas associados podem ocorrer, como cefaléia, vômitos e diarréia.
Dor do meio do ciclo: dor intensa ocorrendo no meio do ciclo menstrual associada ao
período ovulatório, em que ocorre aumento da contratilidade uterina e do peristaltismo
tubáreo e disseminação peritoneal do líquido folicular ou de sangue provocado pela rotura
do folículo ovulatório. Sangramento genital pode estar presente devido a queda transitória
dos níveis estrogênicos que ocorre neste período, sendo todo o quadro limitado no tempo
com remissão completa.
Prenhez ectópica rota: diagnóstico que deve ser sempre ser considerado quando houver
atraso ou irregularidade menstrual associados a dor pélvica e massa anexial, sendo a tuba
uterina o local mais freqüente de nidação ectópica (98% dos casos). O embrião pode se
desenvolver até ocorrer aborto tubáreo, com eliminação através da cavidade uterina ou
rotura tubária, o que provoca hemorragia intraperitoneal representada clinicamente por
paciente descorada, hipotensa, com dor em região hipogástrica associada a sinais de
peritonismo (descompressão brusca positiva e abolição dos ruídos hidroaéreos), podendo
manifestar sangramento genital.
Apendicite: causa comum de dor abdominal, que se inicia com dor epigástrica e
desconforto abdominal difuso, passando para a região periumbilical e localizando-se em
fossa ilíaca direita, associada a vômito, febre e interrupção do trânsito intestinal. Dor e
sinais de peritonismo são sugestivos ao exame clínico, especialmente na fossa ilíaca direita
(ponto de McBurney). Pode provocar complicações quando não abordada de forma
adequada, como perfuração, abscesso e peritonite, além de poder haver dificuldade
diagnóstica na localização retro-cecal do apêndice.
Diverticulite: divertículos são bolsas da mucosa e submucosa dos cólons herniadas através
da parede muscular, que podem ser assintomáticos, provocar manifestações intestinais
inespecíficas (obstipação ou diarréia) ou, em 8% dos casos, quadro agudo, quando ocorre
obstrução ou perfuração (diverticulite). Nesta situação, pode cursar com toxemia, febre, dor
em fossa ilíaca esquerda, peritonismo e distensão abdominal.
Obstrução ureteral: cólica renal por cálculo ou, em menor freqüência obstrução tumoral, é
muitas vezes característica pela dor lombar irradiada para flancos e região pélvica
(suprapúbica), associada a sintomas urinários, especialmente hematúria. Entretanto, se o
cálculo ou o tumor estiverem em localização baixa no trato urinário, a dor pode se
manifestar de forma intensa somente na região pélvica. A dor está associada ao aumento do
peristaltismo do sistema pieloureteral e ao processo inflamatório que se instala na região da
obstrução.
Infecção de trato urinário: sintomas urinários como disúria, polaciúria, hematúria e febre
são clássicos para a suspeita de infecção de trato urinário, no entanto, em alguns casos, o
paciente pode apresentar somente dor em região suprapúbica. Mulheres são mais
acometidas por infecções de trato urinário baixo, em geral, tendo como germe causador a
Escherichia coli, facilmente identificada por meio da análise do sedimento urinário e de
cultura de urina.
A hiperplasia prostática benigna é uma das doenças mais comuns que afetam o homem com
o aumento da idade. Acredita-se que parte dos sintomas decorram de um efeito de massa
aumentando a resistência uretral e também por uma disfunção detrusora decorrente da
idade. Como fatores de risco, são descritos os valores elevados de andrógenos. A doença
não é observada em homens abaixo dos 20 anos ou em homens castrados antes da
puberdade.
O tumor prostático mais comum é o adenocarcinoma da próstata. Esta neoplasia tem origem
na zona periférica prostática, sendo que apenas 15% aparecem em outra região da
glândula. A neoplasia apresenta história variável e pouco previsível, podendo permanecer
latente ou progredir atingindo tecidos adjacentes, principalmente vesículas seminais e os
linfáticos regionais. A disseminação linfática leva ao comprometimento dos linfonodos
obturadores e ilíacos, enquanto as metástases ósseas são de origem hematogênica. Os
ossos mais atingidos nessa fase são da coluna lombar, bacia, fêmur, costelas e crânio.
Embora os fatores de risco conhecidos para hiperplasia prostática benigna e câncer de
próstata sejam semelhantes (presença do hormônio masculino - testosterona e idade), a
hiperplasia prostática benigna ocorre na zona de transição, enquanto o adenocarcinoma da
próstata ocorre na zona periférica.
Menos de Mais de
Menos Metade Quase
No ultimo mês Nenhuma metade metade
de 1 vez das vezes sempre
das vezes das vezes
Quantas vezes
urinou novamente
0 1 2 3 4 5
menos de duas horas
após ter urinado
Quantas vezes
observou que, ao
urinar, parou e 0 1 2 3 4 5
recomeçou diversas
vezes
Quantas vezes teve
a sensação de não
esvaziar
0 1 2 3 4 5
completamente a
bexiga após ter
urinado
Quantas vezes
observou que foi 0 1 2 3 4 5
difícil conter a urina
Quantas vezes
observou que o jato 0 1 2 3 4 5
urinário estava fraco
Quantas vezes teve
que acordar a noite 0 1 2 3 4 5
para urinar
Quantas vezes teve
que fazer força para 0 1 2 3 4 5
começar a urinar
Aroldo Miniti2
Última Atualização: 9/5/2001 4:54:12 AM
A epistaxe ou hemorragia nasal é uma afecção benigna de fácil resolução. Raramente pode
se constituir em uma urgência grave, necessitando abordagem especial. Ocorre com grande
freqüência nos meses quentes do ano e em regiões com baixa umidade relativa, com
ressecamento da mucosa nasal, favorecendo o rompimento das arteríolas que compõem a
trama vascular da mucosa nasal, especialmente do septo.
As causas das epistaxes podem ser locais, afecções vasculares, discrasias sangüíneas e
outras menos comuns. As causas locais mais frequentes são traumatismos (digitais ou
externos), processos inflamatórios da mucosa nasal (coriza e rinites), inalação de produtos
químicos e poluentes (detrito e poeira), corpos estranhos, pólipos sangrantes,
hemangiomas, nasofibroma juvenil e carcinomas e angiosarcomas. As discrasias mais
comuns são as decorrentes da insuficiência hepática, das aplasias de medula óssea, da
púrpura trombocitopênica e não-trombocitopênica e da doença de Rendu-Osler.
Fabio Pinatel
Autores:
Lopasso1
Última Atualização: 7/11/2001 11:43:34 AM
A exteriorização de sangue por um dos extremos do aparelho digestivo, boca ou ânus, senso
lato, indica sangramento importante no tubo digestivo. Perdas pequenas podem ser
imperceptíveis, mas de grande importância se de longa duração. Os sintomas da hemorragia
volumosa aguda instalam-se rapidamente. O paciente torna-se pálido, sudorético; queixa-se
de tonturas. A pressão arterial cai, o pulso eleva-se. Se não houver reposição das perdas
com transfusões ou soluções salinas, a pressão arterial pode cair progressivamente
instalando-se o choque hipovolêmico. Se este estado perdurar, a perfusão de sangue para
coração e cérebro diminuem, levando à morte.
Os sintomas da perda crônica de sangue na luz do tubo digestório são menos dramáticos,
mas o paciente pode se apresentar ao profissional de saúde, com sério comprometimento do
estado geral. Apresenta palidez cutâneo-mucosa, queixa-se de fraqueza geral, adinamia e
frequentemente, exibe grande emagrecimento.
Identificação do local de sangramento:
A hematêmese acompanha-se de naúseas e vômitos e provém, quase sempre, do estômago
ou do duodeno. Se o sangramento for alto (boca, faringe, esôfago), não há náuseas e
vômitos. Na hematêmese, o sangue é vermelho vivo, com restos alimentares e coágulos
indicando hemorragia recente ou grande volume. Se o paciente expelir sangue escuro, sem
coágulos, pode-se pensar em sangramento mais antigo e o aspecto sugere digestão parcial
pelo suco gástrico e exteriorização tardia. Varizes do esôfago, úlceras pépticas, gastrites
agudas e cânceres (esôfago/estômago) podem ser a causa. Pacientes que tomam aspirina
ou outros antinflamatórios não-hormonais apresentam risco maior de sangramento. Se o
sangue expelido pela boca for rutilante, espumoso, precedido de tosse, provavelmente, vem
do pulmão e trata-se de uma hemoptise, cuja causa, frequentemente, é a tuberculose
pulmonar.
O sangue que sai pelas fossas nasais sem outros sinais de alerta é a epistaxe, não devendo
ser confundido com a hemorragia digestiva. Parte do sangue da epistaxe é ingerida,
acumulando no estômago, causando vômitos com características de hematêmese. A
epistaxe é comum nas gripes e resfriados, não havendo relação com a hipertensão arterial.
As perdas de sangue pelo reto e ânus podem provir de fontes distantes, como o esôfago,
estômago, duodeno e jejuno proximal. Geralmente, o paciente não apresenta hematêmese.
O sangue transitou pelo tubo digestório, foi digerido e é eliminado pelo ânus como fezes
negras, semi-líqüidas ou pastosas, malcheirosas e diarréicas, conhecida como melena. As
úlceras pépticas podem ser a causa.
O sangramento vermelho pelo ânus, a enterorragia, indica que a fonte está próxima, no
cólon esquerdo, no reto ou no próprio ânus. O sangue não está digerido. A expulsão de
sangue pelo reto após o esforço evacuatório pode decorrer de hemorróidas ou de outras
lesões como o câncer. Quase 80% delas estão no reto e, portanto, ao alcance da palpação
digital, que se pode fazer com o toque retal. Acima dos 50 anos, recomenda-se anualmente
a pesquisa rotineira de sangue oculto nas fezes pelo teste do guaiacol (3 amostras), não
sendo necessária nenhuma dieta específica antes da coleta do material para diagnóstico
precoce do câncer de cólon e reto.
As inflamações da mucosa do intestino delgado e grosso podem ser causadas por bactérias e
parasitas. A diarréia acompanhada de sangue diluído (disenteria), tem causas bacterianas,
entre as quais, uma específica é a amebíase intestinal. A ancilostomíase e outras verminoses
podem se manifestar pela anemia. A eliminação de muco com sangue e fezes indica
inflamação da mucosa colônica (retocolite inespecífica).
anatomia do olho
erros de refração
glaucoma
retinopatia diabética
presbiopia
urgência oftalmológicas
Newton Kara
Autores:
José1
Amaryllis
Avakian2
Última Atualização: 9/26/2001 5:19:00 AM
Uma importante parcela de doenças oculares agudas ocorre associada à presença de olho
vermelho. Quando não houver especialista disponível, o diagnóstico, primeiros socorros e
orientações podem ser feito pelo médico generalista devidamente preparado.
- Conjuntivite
- Úlcera de córnea
- Glaucoma agudo
- Uveíte anterior
- Hemorragia subconjuntival
- Traumatismo
Uveítes Anteriores: são inflamações da úvea, conjunto formado pela íris (parte colorida do
olho), corpo ciliar e coróide. As uveítes anteriores podem se instalar na íris (irite) ou íris e
corpo ciliar (iridociclite). As uveítes posteriores comprometem a coróide e a retina
(corioretinite). Os sintomas das uveítes anteriores são dor ocular de intensidade moderada,
fotofobia, olho vermelho, lacrimejamento e embaçamento visual. A redução da acuidade
visual é variável, sendo mais acentuada nos casos de inflamação severa.
Pterígio: É uma "pelezinha" que começa a crescer em cima da parte branca do olho e vai
em direção à pupila. Pode crescer rapidamente, porém é comum fazê-lo lentamente ou
mesmo estacionar. É mais frequente em pessoas que trabalham ou vivem em locais com
muito sol, vento ou poeira. Os sintomas podem melhorar com o uso de compressas frias,
colírios lubrificantes e, geralmente, não há necessidade de realizar cirurgia para sua
remoção. A cirurgia está indicada nos casos de pterígio próximo a atingir a área da pupila ou
quando é local de irritação constante.
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Aytan Miranda
Autores:
Sipahi1
Última Atualização: 7/11/2001 11:43:56 AM
Diarréia é definida como uma alteração do hábito intestinal normal, em que uma evacuação
por dia ou três vezes por semana é substituída por freqüentes e inúmeras dejeções líqüidas.
A diarréia aguda (duração: menos que 4 semanas) em adulto é causada principalmente por
infecções, efeitos colaterais de drogas e isquemia. A infecção é a causa mais freqüente
podendo ser viral, bacteriana e parasitária (por exemplo, protozoários). Na diarréia crônica
(duração: mais de 4 semanas) encontramos as várias doenças que causam má absorção
(por exemplo, doença celíaca), além de doenças inflamatórias intestinais (por exemplo,
retocolite, doença de Crohn) e neoplásicas.
No Brasil, as infecções intestinais têm um impacto muito grande na qualidade de vida e são
responsáveis pela mortalidade superior a quatro milhões de crianças pré-escolares por ano.
A diarréia aguda é adquirida, na grande maioria das vezes, por meio da ingestão de água e
alimentos contaminados por microrganismos ou suas toxinas presentes em fezes humanas
ou de animais e pela autocontaminação, que ocorre pelo toque das mãos em materiais
contaminados.
As formas de contaminação na diarréia aguda são (1) fecal-oral; (2) alimentos não cozidos,
contaminados por água ou pelo solo de cultivo que entrou em contato com fezes; (3) frutos
do mar não cozidos, colhidos de reservatórios de água poluídos, como ostras, que
geralmente albergam bactérias e outros patógenos ao agirem como filtrantes no seu
habitat; (4) alimentos manuseados por portadores assintomáticos de microrganismos
patógenos, como a Salmonella sp; (5) contaminação pela água de piscina (por exemplo,
giardíase).
Quando existe contaminação oral com patógenos que causam diarréia, nem sempre a
doença ocorre, uma vez que a manifestação clínica depende das interações do patógeno
com os mecanismos de defesa do hospedeiro, tais como secreção ácida gástrica, motilidade
e sistema imunológico intestinal. A secreção ácida age pelo seu pH letal aos
microrganismos; a motilidade, impedindo a aderência e o sistema imunológico, por meio das
defesas humorais e celulares específicas contra os patógenos. Pacientes que são
imunodeprimidos por doença ou desnutrição, ou que fazem uso de inibidores da secreção
ácida (por exemplo, omeprazol, ranitidina) e também os idosos, por diminuição da secreção
ácida e da defesa imunológica, estão entre os mais predispostos às infecções intestinais.
Em uma abordagem clínica, podemos dividir as diarréias agudas em dois tipos, com base no
efeito do agente infectante sobre o intestino do hospedeiro: a) diarréia inflamatória ou
sanguinolenta e b) não-inflamatória ou aquosa, não-sanguinolenta. Os diagnósticos
diferencial e etiológico são facilitados por esta classificação. As diarréias inflamatórias
provocam os quadros mais graves e podem requerer tratamento mais intensivo além de
avaliação mais acurada. Já as não-inflamatórias, freqüentemente, provocam alterações
menores, porém, ocasionalmente, podem levar a situações graves, com desidratação. As
diarréias inflamatórias são, em geral, causadas por bactérias e suas toxinas invadem e
lesam as células que recobrem a mucosa, provocando perda de sangue, fluido sérico e
leucócitos dentro do lúmen (disenteria). Nas Tabelas 1 e 2, temos as principais diferenças
entre a diarréia inflamatória e não-inflamatória e o tipo de diarréia (aquosa versus
disenteria) presente em relação aos vários enteropatógenos.
Diarréia Não
Características Diarréia Inflamatória
Inflamatória
Leucócitos fecais Positivos Negativos
Sangue, muco, pus,
tenesmo, diarréia de
pequeno volume; cólicas Diarréia aquosa de grande
Apresentação clínica abdominais no volume; pode haver
quadrante esquerdo náuseas, vômitos e cólicas
inferior; pode haver
febre e toxemia
Viroses, Vibrio, Giardia,
Shigella, Salmonella, Escherichia coli
Campylobacter, Yersinia, enterotoxigênica,
Principais causas
Escherichia coli invasiva, enterotoxinas produzidas
Clostridium difficile por bactérias, intoxicação
alimentar
Local acometido Cólon Intestino delgado
Só em pacientes graves
Avaliação diagnóstica Indicada (desidratados ou
toxemiados)
Simples ou funcional: relacionada com hábitos de vida do paciente, tais como: redução da
ingestão de fibras na dieta, diminuição ou até perda do reflexo evacuatório quando este
deixa de ser atendido por restrições de tempo, vida sedentária e conseqüente obesidade
(enfraquecimento da musculatura abdominal), e a pouca disponibilidade de sanitários
higiênicos e adequados. A síndrome do intestino irritável, com predomínio de obstipação,
também é considerada funcional. Entretanto, sua etiopatogenia é bem mais complexa,
envolvendo mecanismos motores de origem neuroendócrina.
Francisco Lotufo-
Autores:
Neto1
Última Atualização: 7/11/2001 11:44:12 AM
Ansiedade é experiência normal do ser humano, útil para sua sobrevivência e melhor
desempenho. Torna-se patológica se suas manifestações são desproporcionais ao esperado
em intensidade, duração, interferência ou freqüência, sendo então uma experiência
desagradável e, em geral, acompanhada de alterações somáticas.
Uma avaliação mais fina mostra que ele não teme as situações, mas tem medo de, nelas,
sentir sensações corporais de ansiedade ou crises de pânico. Este "medo do medo" é a
característica fundamental da agorafobia. Denomina-se "Síndrome do Pânico" ao conjunto
de manifestações englobadas pelos conceitos de transtorno de pânico e agorafobia. Fobia
social é o medo excessivo e o evitar situações onde a pessoa possa ser observada ou
avaliada pelos outros, pelo temor de se comportar de modo embaraçoso ou humilhante. Se
é impossível evitar a situação, o paciente apresenta ansiedade patológica, podendo chegar a
um ataque de pânico. As situações mais comumente descritas são: participar de festas ou
reuniões, ser apresentado a alguém, iniciar ou manter conversas, falar com pessoas em
posição de autoridade, receber visitas em casa, ser observado durante alguma atividade
(comer, beber, falar, escrever, votar, usar o telefone), ser objeto de brincadeiras ou
gozação e usar banheiro público. Outros temores são o de poder vir a vomitar, tremer, suar
ou enrubescer na frente de outros. As queixas somáticas são as mesmas, mas predominam
o enrubecer, o suor e o tremor.Algumas pessoas que evitam contacto social apresentam, na
verdade, dismorfofobia.
(1) fobias de animais: envolvem, geralmente, aves, insetos (besouros, abelhas, aranhas),
cobras, gatos ou cachorros;
1 Médico Assistente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
2 Médica pós-graduanda do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP
A depressão é cerca de duas vezes mais comum entre as mulheres. Aparece mais
freqüentemente entre 30 e 40 anos de idade, mas pode se iniciar em qualquer faixa etária,
desde a infância até a velhice. Nas crianças e adolescentes, é mais freqüente o achado de
humor irritável. Nos idosos, o quadro pode se confundir com demências.
A depressão pode ser considerada leve, moderada ou grave. Na depressão leve, o indivíduo
se sente incomodado pelos sintomas, porém geralmente continua trabalhando e mantendo
suas atividades. Na depressão moderada, o comprometimento nas esferas social, familiar e
profissional é mais evidente, pois, com freqüência, o indivíduo apresenta dificuldades em
manter o mesmo padrão de atividades. Na depressão grave, os sintomas são intensos e
impossibilitam a manutenção das atividades habituais; o indivíduo interrompe suas
atividades, ou as reduz. A internação pode ser necessária em função do alto risco de
suicídio.
A epidemiologia da AIDS deve ser considerada no contexto mais amplo da infecção pelo HIV.
Pode-se assim afirmar que, nos dias atuais, essa infecção assumiu proporções de uma
epidemia de caráter mundial, ou seja, trata-se de uma pandemia. O Programa das Nações
Unidas para HIV/AIDS (UNAIDS) estimava, em dezembro do ano 2000, a existência de 36,1
milhões de adultos e crianças vivendo com HIV em todo o mundo, com um total acumulado
de 58 milhões de indivíduos infectados desde o início da epidemia. Mais de 90% dos
infectados vivem atualmente nos países em desenvolvimento, com especial destaque para o
continente africano, onde residem 72% dos portadores de HIV. A América Latina
apresentava, na mesma ocasião, um número estimado de 1,4 milhões de infectados, sendo
o Brasil o país com maior número de casos já notificados de AIDS nessa região. Até
dezembro de 2000, o Ministério da Saúde brasileiro havia registrado a ocorrência de
203.353 casos de AIDS, sendo esta doença de notificação compulsória em nosso País.
Quando se consideram apenas as infecções adquiridas no último ano, a importância dos
países em desenvolvimento aparece de forma ainda mais destacada: 73,2% das novas
infecções estão ocorrendo na África, 17,1% no sudeste asiático e 4% na América Latina e
Caribe. Nessas regiões, alguns grupos populacionais têm sido identificados como os de
maior vulnerabilidade à infecção: as mulheres e os adolescentes, particularmente os de
baixa renda e de menor escolaridade. A compreensão das causas dessa maior
vulnerabilidade depende, por um lado, do correto entendimento das formas de transmissão
inter-humana do HIV. Sabe-se que esse agente viral pode ser transmitido de pessoa a
pessoa por:
1- contato sexual (homossexual ou heterossexual), desde que haja contato das mucosas
(genital, oral ou retal) com secreções genitais contaminadas (esperma e secreções cérvico-
vaginais)
3- via vertical, da mãe infectada para seu filho, incluindo-se a transmissão transplacentária
(intra-uterina), a relacionada ao momento do parto e aquela dependente do aleitamento
materno.
A AIDS, fase mais avançada da infecção pelo HIV, apresenta-se clinicamente por meio de
uma multiplicidade de sinais e sintomas. Tais manifestações são habitualmente relacionadas
à falência do sistema imune do hospedeiro acometido e às conseqüentes complicações
infecciosas e/ou neoplásicas, de caráter oportunista, que surgem ao longo do tempo. No
entanto, deve-se considerar que a infecção pelo HIV, em sua história natural, apresenta
outras fases, que podem também ser reconhecidas tanto do ponto de vista clínico como
laboratorial. O paciente infectado pelo HIV, mesmo estando assintomático, deve assim ser
entendido como portador de uma infecção viral ativa, que, na maior parte dos indivíduos, irá
progressivamente evoluir para uma disfunção imunológica grave, potencialmente fatal, se
não reconhecida e tratada adequadamente. Para melhor compreensão das diferentes
manifestações clínicas que podem ser observadas ao longo de sua história natural, costuma-
se caracterizar os diferentes estágios evolutivos da infecção pelo HIV como:
Marcos
Autores:
Boulos1
Última Atualização: 9/20/2001 9:51:56 AM
Dengue
Doença infecciosa aguda, caracterizada por quadro febril bifásico, cefaléia, dor em diferentes
partes do corpo, prostração, exantema, linfadenopatia e leucopenia. Na sua forma
hemorrágica, é doença febril grave caracterizada por anormalidades da hemostasia e
aumento da permeabilidade vascular, resultando esporadicamente em choque hipovolêmico,
caracterizando a síndrome de choque do dengue. Existem quatro tipos distintos do vírus do
dengue (1, 2, 3 e 4), com numerosas cepas pelo mundo.
O dengue clássico é principalmente uma doença de crianças mais velhas e adultos. Após
período de incubação de 3 a 14 dias (usualmente de quatro a sete dias), a doença inicia
abruptamente com febre (39 a 41º C), acompanhada por cefaléia frontal, dor retroorbital,
dores pelo corpo; rubor de face e exantema máculo-papular que desaparece sob pressão
podem ser encontrados durante os dois primeiros dias de febre. O paciente torna-se
anorético, apresenta náuseas e/ou vômitos, hiperalgia cutânea, dores musculares artralgias.
Linfadenopatia generalizada é infreqüente. A febre geralmente persiste por até seis dias
(período de viremia), terminando repentinamente. Em áreas onde o dengue é endêmico, a
doença é freqüentemente inespecífica, especialmente em crianças. O dengue hemorrágico é
indistingüível do dengue clássico, em fase inicial, sendo seguido por rápida deterioração do
estado geral. Esta segunda fase inicia-se com a defervescência; encontram-se petéquias,
equimoses, sufusões hemorrágicas, hemorragia de gengiva, nasal, gastrointestinal e genital.
Eventualmente observa-se hepatomegalia. A Organização Mundial da Saúde classifica o
dengue hemorrágico em quatro graus:
A ocorrência do dengue em sua forma hemorrágica está relacionada, na maioria das vezes,
a infecção em indivíduo que já teve dengue por um outro sorotipo; no entanto, têm sido
descritos casos de dengue hemorrágico no primeiro contato com vírus do dengue.
Febre Amarela
Doença febril aguda de manifestações que vão desde sintomas inespecíficos até doença
ictérica hemorrágica fatal.
A febre amarela pode manter ainda transmissão silvestre por outro tipo de vetor
(Haemagogus) que mantém o ciclo com macacos e eventualmente infecta o homem.
A febre amarela, que foi grande pesadelo até o início do século, foi eliminada dos centros
urbanos pela presumida erradicação do Aedes aegypti do país, mantendo apenas
transmissão residual e, por vezes, em pequenas epidemias sempre ligadas a regiões de
matas. O dengue, por outro lado, só apareceu entre nós a partir do retorno do Aedes, a
partir da década de 1980, vindo rapidamente a ocorrer na maior parte dos centros urbanos
brasileiros com dezenas de milhares de casos acontecendo anualmente.
Surpreendentemente, a febre amarela não voltou a incidir nas cidades, apesar da intensa
colonização do Aedes e circulação do vírus.
Não existem estatísticas confiáveis quanto ao número de casos de dengue no Brasil, pois o
diagnóstico em situações epidêmicas é clínico, não havendo notificação dos casos; porém, as
epidemias acompanham a colonização do Aedes, sendo notórias no Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Vitória, a maior parte das cidades nordestinas, Manaus e cidades do interior de
São Paulo.
Após período de incubação, que varia de três a seis dias, iniciam-se as manifestações
clínicas da FA, que podem variar de formas assintomáticas ou oligossintomáticas até a de
outras febres hemorrágicas, sendo então caracterizada fundamentalmente por grave
acometimento hepático. A descrição clássica da FA grave compreende três períodos clínicos
distintos: infecção, remissão e intoxicação. O período de infecção inicia-se repentinamente
com febre, cefaléia, malestar e fraqueza, dor lombosacra, dores musculares generalizadas,
náuseas e vômitos. Esta fase dura em torno de três dias, durante os quais o vírus está
presente no sangue em altos títulos. Ao exame clínico, encontramos bradicardia. No período
de remissão, a febre e os outros sintomas podem desaparecer por período de até 24 horas,
quando então reaparecem com intensidade maior. O período de intoxicação é caracterizado
por icterícia, albuminúria, oligúria, instabilidade cardiovascular e manifestações
hemorrágicas com ênfase na hematêmese (borra de café). Durante esta fase, o vírus não é
mais encontrado no sangue. Os sinais de envolvimento do sistema nervoso central incluem
delírio, convulsão, estupor e coma em fase pré-terminal. A morte geralmente advém entre o
7º e 10º dias de doença. Em pacientes que sobrevivem à fase tóxica aguda, podem
predominar sinais de insuficiência renal. Aqueles que se recuperam têm convalescença
prolongada com fraqueza e fadiga por até mais que três meses. A letalidade nos pacientes
com FA grave é ao redor de 50%.
Doenças sexualmente transmissíveis são doenças infecciosas adquiridas por contato sexual.
São inúmeros os patógenos reconhecidos como passíveis de transmissão por contato sexual.
A sífilis, o cancróide, a gonorréia, as uretrites não-gonocócicas, o condiloma e o herpes
genital são as doenças mais comuns.
Sífilis
A sífilis ou lues é causada pelo Treponema pallidum. Com o advento da penicilina houve
declínio de sua incidência. Entretanto, vem recrudescendo a partir da década de 60 com a
liberdade sexual e a partir dos anos 80 com o surgimento da AIDS. Origina lesões cutâneas
variadas. Não raramente acomete outros órgãos além da pele. Na sífilis adquirida, o
contágio se dá quase exclusivamente através do contato anogenital, com surgimento do
cancro de inoculação. Na sífilis congênita, a transmissão se faz por via transplacentária,
habitualmente a partir do 4o mês de gestação, período em que a placenta permite a
passagem da espiroqueta.
Não apresenta sinais clínicos e tampouco sintomas. O diagnóstico é feito pelas reações
sorológicas positivas e pela história. Como nem sempre é possível o diagnóstico de sífilis
tardia latente, rotula-se muitos casos como sífilis latente indeterminada.
Sífilis congênita
Nesses doentes as lesões podem ser mais numerosas e extensas, com tempo mais
prolongado para a cura em relação aos não co-infectados. Os títulos sorológicos são, em
média, mais elevados e a queda dos títulos pode não ocorrer.
Cancro Mole
Causado pelo bacilo gram negativo Haemophilus ducreyi, é transmitido por contato sexual.
Sua incidência é muito maior nos homens. É provável que as mulheres possam se tornar
portadoras assintomáticas.
Após a inoculação do bacilo, surge rapidamente uma pápulo-pústula que se ulcera. Portanto,
a lesão bem estabelecida é uma úlcera de bordas solapadas (descoladas da base) e cortadas
à pique, com fundo purulento. Tem base mole, dado semiótico importante no diagnóstico
diferencial do cancro sifilítico. A localização é preferencialmente anogenital. Com freqüência
ocorrem múltiplas lesões. Em cerca de 25% dos casos surge adenopatia inflamatória que se
liqüefaz e fistuliza rapidamente.
Gonorréia
Uretrites Não-Gonocócicas
São as infecções uretrais mais comuns. São pouco sintomáticas, com secreção mucóide
clara e escassa. É mais visível quando se comprime a uretra pela manhã. Na metade dos
casos é causada pela Chlamydia trachomatis. No homem pode evoluir para prostatite e
epididimite e na mulher para doença inflamatória pélvica. Outros agentes causais são
Ureaplasma urealyticum (micoplasma T), Trichomonas vaginalis, Corynebacterium
genitalium, Candida albicans, vírus do Herpes simples e vírus citomegálico.
Herpes Genital
Infecção causada pelo Herpesvirus hominis (HSV) tipo 2, e esporadicamente pelo tipo 1.
Hospedeiros suscetíveis (sem anticorpos específicos contra o HSV) entrando em contato
direto com lesões ativas de herpes simples, infectam-se com o HSV e desenvolvem, em
mais de 90% das vezes, uma infecção subclínica, assintomática, tornando-se portadores
sãos. Menos de 1% dos indivíduos infectados manifestam clinicamente a doença na ocasião
do contágio. Frente a estímulos diversos poderão desenvolver o herpes recidivante.
Vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que evoluem para pústulas que se rompem,
estendem-se perifericamente, cobrem-se de crostas para, então, cicatrizarem
completamente em torno de 15 dias. A primoinfecção genitourinária, além de dor leva, por
vezes, à disúria e dificuldade miccional importante. Freqüentemente há adenopatia satélite.
O herpes recidivante é clinicamente menos importante e cicatriza em 7-10 dias. Pode ser
precipitado por febre, trauma local, estresse emocional ou físico e menstruação, além de
outros fatores. De acordo com a extensão das lesões, freqüência das recidivas e
tratamentos inadequados podem ocorrer cicatrizes deprimidas. Nas mucosas as vesículas se
rompem precocemente dando lugar a lesões erodidas, aftóides. As lesões herpéticas nos
imunossuprimidos, principalmente pela AIDS, costumam evoluir com úlceras extensas e
tórpidas que não se curam espontaneamente. As lesões, inicialmente são pruriginosas
surgindo subseqüentemente, ardor e dor.
Condiloma Acuminado
Doença causada por papiloma vírus humano (HPV), mais comumente HPV 6 e 11. Adquiridos
sexualmente, são mais comuns em homens e mulheres na segunda e terceira décadas da
vida.
A forma aguda da esquistossomose é aquela que se segue ao primeiro contato com coleções
hídricas que contenham cercárias, sendo observada em indivíduos que não habitam áreas
endêmicas, visitando-as de forma casual, ou ainda em crianças de baixa idade nas áreas
endêmicas. Após um período de incubação que pode variar de 30 a 60 dias, surgem
manifestações de doença febril, toxêmica, em geral com instalação abrupta. São comuns
exantema máculo-papular, às vezes urticariforme, diarréia, dores abdominais e
broncoespasmo. Ao exame físico nota-se hepatoesplenomegalia dolorosa de pequenas
dimensões. O dado laboratorial mais característico é a intensa leucocitose com eosinofilia
apresentada por esses pacientes.
Cyro Festa
Autores:
Neto1
Última Atualização: 9/20/2001 10:03:18 AM
Hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo que
atinge a pele e os nervos levando a incapacidades físicas e sociais quanto mais tardio for o
seu diagnóstico e tratamento. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número
absoluto de casos de hanseníase, e o primeiro nas Américas . A doença é endêmica em todo
o território nacional, embora com distribuição irregular. As regiões Norte, Nordeste e Centro-
oeste são as que apresentam as maiores taxas de detecção e prevalência da doença. A
principal fonte de infecção é o homem através das formas contagiantes da doença
(virchowiana e dimorfa). O bacilo tem como provável porta de entrada as vias aéreas
superiores. O período de incubação é de 2 a 7 anos.
Estados reacionais
A hanseníase tem uma evolução crônica, podendo cursar com fenômenos agudos chamados
surtos reacionais, os quais guardam relação direta com a imunologia específica do indivíduo.
As reações do tipo I são mediadas por células (imunidade celular) e ocorre nos doentes
tuberculóides e dimorfos. Estas reações se caracterizam por eritema e edema de lesões
preexistentes e em áreas sãs. O estado geral não é comprometido e os nervos são afetados
em graus variáveis.
Manifestações neurológicas
O Mycobacterium leprae tem especial tropismo para as terminações nervosas,
comprometendo fibras sensitivas, motoras e o sistema nervoso autônomo. Lesões graves
dos nervos aparecem em todas as formas, menos na indeterminada, levando a complicações
e seqüelas que impedem os doentes de ter uma vida normal. Entre elas: neurites,
anestesias, paralisias, mãos em garras, amiotrofias, marcha escarvante, mal perfurante
plantar e lagoftalmias.
Alberto Queiroz
Autores:
Farias1
Flair José Carrilho2
Última Atualização: 7/11/2001 11:45:38 AM
Os vírus B, C e D são transmitidos por via parenteral, enquanto os vírus A e E são adquiridos
por via enteral. O vírus D está sempre associado ao vírus B. Os vírus G e TT estão
freqüentemente presentes no soro de pacientes com hepatopatia crônica, porém o seu papel
patogênico não está completamente esclarecido. No entanto, apesar do considerável avanço
na determinação da etiologia, um número expressivo de casos permanece ainda sem causa
definida.
A forma ictérica é geralmente precedida por um período prodrômico, que dura alguns dias.
Nessa fase, podem surgir manifestações como anorexia, náuseas, desconforto ou dor no
hipocôndrio direito, cefaléia e febre baixa. Segue-se a presença de colúria, acolia fecal e
icterícia. Transitoriamente, pode haver prurido. No entanto, os sintomas tendem a diminuir
quando a icterícia se instala. Na maior parte dos pacientes, o fígado torna-se facilmente
palpável. Em cerca de 20% dos casos, detecta-se esplenomegalia. Aranhas vasculares
podem estar presentes, porém logo desaparecem. Habitualmente, o período ictérico dura
entre uma e quatro semanas; contudo, a recuperação total, clínica e bioquímica, pode
demorar até seis meses.
Com exceção das hepatites A e E, as demais formas podem cronificar. O paciente com
hepatite crônica pode ser assintomático ou não apresentar sintomas típicos. Muitas vezes,
as queixas são de fadiga e anorexia. Pode haver icterícia. O diagnóstico geralmente é
suspeitado quando se detectam elevações das enzimas hepáticas. Os sinais e sintomas de
hipertensão portal e de insuficiência hepática como sangramento digestivo, ascite, presença
de aranhas vasculares, ginecomastia e atrofia testicular, geralmente estão presentes em
uma fase mais tardia, indicando evolução para a cirrose.
Epidemiologia
No Brasil, segundo a Fundação Nacional de Saúde, durante o período de 1985 a 1997, foram
notificados 35.403 casos de leptospirose, o maior número deles no ano de 1996 (5.555
casos). Neste período, ocorreram 3.821 óbitos. A letalidade anual da doença variou de 6,5%
em 1996, a 20,7% em 1987, com uma média de 12,5%. No Brasil, a maioria dos casos
ocorre no período das chuvas, nos meses de dezembro a março.
Quadro clínico
A forma grave da doença é caracterizada por disfunção hepática, renal e por capilaropatia
difusa, com significantes taxas de mortalidade. A doença tem início súbito caracterizado por
febre, cefaléia e dores musculares, generalizadas, algumas vezes bastante acentuadas,
principalmente em panturrilhas.
Entre o terceiro e sétimo dias, surge a icterícia, a qual muitas vezes determina uma
coloração amarelo-avermelhada da pele (rubínica) causada pela somatória da pigmentação
pela bilirrubina, acrescida do tom vermelho, determinado pela capilaropatia difusa. Há
aumento discreto das transaminases e os níveis de creatino-fosfoquinase (CPK) podem estar
aumentados devido à presença de rabdomiólise. Nesse período, pode surgir uremia, que
pode evoluir com níveis bastante elevados de uréia. A plaquetopenia, em graus variados, é
muito comum na forma grave que ocorre em nosso meio. O sangramento digestivo também
pode ocorrer na forma de melena ou enterorragia. Pode ocorrer insuficiência respiratória
secundária a pneumonite por sangramento pulmonar. Os casos mais graves, podem evoluir
com hipotensão e choque, comportando-se como um choque séptico.
Marcos
Autores:
Boulos1
Última Atualização: 9/20/2001 10:11:24 AM
Epidemiologia
Malária é a principal doença endêmica do Brasil, tendo ocorrido 632.813 casos no ano de
1999, taxa mais de 30% superior à ocorrência de 1998. A grande maioria dos casos (99%)
ocorre na região amazônica, a despeito de poderem surgir casos em outras regiões de
matas onde vive o vetor da malária. 75% dos casos são devidos ao Plasmodium vivax,
responsável por malária de gravidade menor. A despeito de a malária poder ser doença
fatal, menos de 1% dos casos evolui para morte, a maioria absoluta causada pelo
Plasmodium falciparum.
Quadro Clínico
Após período de incubação, que varia, na maioria dos casos, de 7 a 14 dias, o indivíduo
acometido apresenta febre, precedida de calafrios e seguida de sudorese.
O paciente se sente incomodado, com cefaléia, dores musculares, astenia, anorexia, febre
de pequena intensidade e, ocasionalmente, náuseas e vômitos. O ataque agudo da malária
caracteriza-se por um conjunto de paroxismos febris que apresentam três períodos: frio
(calafrios), calor (febre) e suor (sudorese). Na maioria dos pacientes com malária, os
sintomas começam repentinamente com período de frio.
O período de calor se inicia quando terminam os calafrios. Nesta fase, o paciente pode
delirar, com possibilidade de ocorrerem convulsões, principalmente em crianças.
O período de suor dura de duas a quatro horas. A febre cede em "crise" (rapidamente)
cessando o desconforto. Após cessar o suor, que é intenso, o paciente pode permanecer
com discreta cefaléia, exausto, porém relativamente bem.
c) Malária grave
As formas graves e de urgência, com raras exceções, se observam nas infecções produzidas
por P. falciparum. As formas graves se apresentam no indivíduo não-imune, gestantes e
crianças. O paroxismo febril não é comum. O paciente apresenta febre persistente, podendo
não ser muito elevada, e não apresenta calafrios nem sudorese. A cefaléia é intensa, o
vômito, freqüente e ocorre delírio. Geralmente, mais de 2% das hemácias encontram-se
parasitadas, ocorrendo intensa anemia.
Se o paciente não for tratado adequadamente, pode evoluir para forma de urgência, onde
acentuam-se os sinais e sintomas, surgindo as complicações. As complicações mais
freqüentes relacionam-se a comprometimento dos rins, pulmões, cérebro, fígado e sangue.
A seguir, listamos itens clínicos que, se observados, devem ser valorizados como de risco
para o paciente, havendo aí a necessidade de encaminhamento para centro hospitalar:
alta parasitemia (maior que 2% nos primoinfectados);
hipertermia continuada;
diminuição da diurese;
dispnéia;
icterícia;
confusão mental (obnubilação);
sinais de sangramento;
gestação (especial atenção neste caso).
d) Malária na criança
Em crianças maiores que cinco anos de idade, a malária tem a mesma evolução que em
adultos. Entretanto, em crianças em idade pré-escolar, não se observam os sinais
característicos do paroxismo palúdico, levando freqüentemente a erro diagnóstico.
A despeito de a malária grave ser quase sempre causada por P. falciparum, a infecção por P.
vivax pode também ter evolução grave em crianças (alta taxa de reticulócitos).
e) Malária na gestante
Na gestante, a malária pode ter evolução com complicações duas vezes mais freqüentes que
na mulher não gestante. Na primeira metade da gestação, observa-se taxa de aborto de
30%, enquanto que, na segunda metade, existem evidências de imunossupressão materna
com evolução mais tormentosa da malária.
Clinicamente, a evolução não difere na gestante com malária, porém há maior predisposição
para toxemia gravídica com pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
Diagnóstico
O diagnóstico é facilmente realizado pelo encontro de cistos e/ou trofozoítos através do
exame parasitológico de fezes. Como a eliminação das formas do parasita é intermitente,
deve-se ter o cuidado de executar o exame em três amostras fecais, colhidas em intervalos
semanais.
Tratamento
O tratamento não oferece dificuldade na maioria dos casos, podendo ser realizado segundo
um dos seguintes esquemas:
-tinidazol, nimorazol, ornidazol ou secnidazol: adultos: 2,0 g, dose única; crianças: 50 mg/
kg, dose única.
-metronidazol: adultos: 250 mg, três vezes ao dia, durante sete dias; crianças: 15 mg/kg/
dia, divididos em três tomadas, sete dias.
Controle de cura: três exames de fezes, 7°, 14° e 21° dias após o término do tratamento.
Diagnóstico
Encontro de oocistos nas fezes.
Tratamento
cotrimoxazol (sulfametoxazol - 50 mg/kg/dia + trimetoprima - 10 mg/kg/dia), durante 4
semanas. Doses de manutenção são indicadas por período semelhante, utilizando-se metade
das dosagens referidas inicialmente. Controle de cura: três exames de fezes, no 7°, 14° e
21° dias após o término do tratamento.
Diagnóstico
Pesquisa de oocistos nas fezes, através de coloração especial (Kinyoun).
Tratamento
A terapêutica é precária conferindo, na maioria das vezes, melhora clínica sem cura
parasitológica. Espiramicina na dose de 3,0 g/dia ou roxitromicina na dose de 300 mg, duas
vezes ao dia, são drogas recomendadas.
Ciclosporíase
Diagnóstico
Idêntico ao da criptosporidíase, detectando oocistos de dimensões mais avantajadas.
Tratamento
cotrimoxazol (sulfametoxazol 800 mg + trimetoprima 160 mg), duas vezes ao dia por sete
dias (imunocompetentes); idem, quatro vezes ao dia, dez dias (imunodeprimidos).
Microsporidíase
Tratamento
O tratamento é pouco eficiente e, empiricamente, a utilização de albendazol tem resultado
com benefícios parciais em alguns casos.
Diagnóstico
Exame de fezes com pesquisa de cistos (nas fezes formadas) ou trofozoítos (nas fezes
diarreicas).
Tratamento
depende da forma clínica. Na amebíase assintomática, dicloracetamidas: etofamida, 500
mg, duas vezes ao dia, três dias ou teclosan, 100 mg, três vezes ao dia, cinco dias. Nas
formas sintomáticas devem ser preferidos os nitroimidazólicos: metronidazol, 500 a 750 mg,
três vezes ao dia, dez dias (adultos) e 20 a 40 mg/kg/dia, dez dias (crianças).
Alternativamente, tinidazol, secnidazol, nimorazol ou ornidazol, 2,0 g por dia, dois a cinco
dias (adultos) e 50 mg/kg/dia, dois dias (crianças).
Diagnóstico
Pesquisa de cistos ou trofozoítos nas fezes. Não oferece dificuldade, pois a morfologia dos
parasitas é bastante característica.
Tratamento
Tetraciclina: 30 a 50 mg/kg.dia, por dez dias. Alternativamente e em crianças,
metronidazol, 20 mg/kg/dia, por sete dias.
Blastocistose
Diagnóstico
O reconhecimento do parasita é fácil.
Tratamento
Recomenda-se tratar os infectados com metronidazol, em esquema idêntico ao indicado no
tratamento da amebíase. Nas formas sintomáticas devem ser preferidos os
nitroimidazólicos: metronidazol, 500 a 750 mg, três vezes ao dia, dez dias (adultos) e 20 a
40 mg/kg/dia, dez dias (crianças). Alternativamente, tinidazol, secnidazol, nimorazol ou
ornidazol, 2,0 g por dia, dois a cinco dias (adultos) e 50 mg/kg/dia, dois dias (crianças).
Ancilostomíase (Ancylostoma duodenale; Necator americanus; Ancylostoma
ceylanicum)
Diagnóstico
Exame parasitológico das fezes, com pesquisa de ovos leves.
Tratamento
Albendazol: 400 mg, dose única, repetida após sete dias. Alternativa: mebendazol: 100 mg,
duas vezes ao dia, três dias.
Controle de cura: exame de fezes no 7°, 14° e 21° dias após o final do tratamento. Como
há espoliação de ferro, no caso de anemia decorrente da helmintíase, recomenda-se a
administração de sulfato ferroso.
Diagnóstico
pesquisa de larvas nas fezes.
Tratamento
Ancilostomíase (1) infecção habitual (restrita ao tubo digestivo): cambendazol, 5 mg/kg,
dose única ou tiabendazol, 25 mg/kg, duas vezes ao dia, dois dias, repetindo-se o esquema
após sete a dez dias. (2) hiperinfecção: cambendazol, 5 mg/kg, semanalmente, período
indeterminado ou tiabendazol, 25 mg/ kg, duas vezes ao dia, sete dias ou 500 mg/dia por
30 dias.
Controle de cura: pesquisa de larvas nas fezes, no 8°, 9° e 10° dias após o final do
tratamento. Importante: dada a possibilidade de hiperinfecção por S. stercoralis em
imunodeprimidos por uso de drogas imunossupressoras é obrigatório afastar-se o
diagnóstico de estrongiloidíase através de exames de fezes, antes do início da
imunossupressão.
Diagnóstico
exame de fezes, com pesquisa de ovos pesados.
Tratamento
Ascaridíase (1) formas habituais: levamisol: adultos, 150 mg, dose única e crianças 80 mg,
dose única. Alternativas: albendazol, 400 mg, dose única ou mebendazol, 100 mg, duas
vezes ao dia, três dias; (2) formas com oclusão ou suboclusão intestinal: paciente em jejum
e com sonda nasogástrica; administrar hexahidrato de piperazina, 50 mg/kg, via SNG,
seguidos de 50 ml de óleo mineral (tipo Nujol®); o tratamento cirúrgico deve ser
considerado se esse procedimento não for bem sucedido.
Controle de cura: exame de fezes no 7°, 14° e 21° dias após o tratamento.
Diagnóstico
encontro de proglotes, em grupos de cinco ou seis, nas fezes, após tamização (peneiragem
sob jato d'água).
Tratamento
praziquantel, 10 mg/kg, dose única. Alternativa: clorossalicilamida: adultos, 2,0 g, dose
única; crianças, metade da dose citada.
Controle de cura: pesquisa de proglotes por tamização das fezes, três meses após o
tratamento.
Diagnóstico
encontro de ovos no exame de fezes.
Tratamento
praziquantel, 25 mg/kg, dose única, repetida após dez dias.
Controle de cura: pesquisa de ovos nas fezes no 7°, 14° e 21° dias pós-tratamento.
Diagnóstico
observação de ovos característicos nas fezes.
Tratamento
pamoato de oxipirantel, 6 a 8 mg/kg, dose única; albendazol, 400mg, dose única;
mebendazol, 100 mg, duas vezes ao dia por três dias.
Controle de cura: pesquisa de ovos nas fezes no 7°, 14° e 21° dias pós tratamento.
Enterobíase (Enterobius vermicularis)
Diagnóstico
observação dos ovos por meio da fita adesiva (aposição de fita adesiva transparente na
região perineal e observação direta ao microscópio). A procura de ovos no exames de fezes
tem positividade baixa.
Tratamento
mebendazol, 100 mg, dose única; albendazol, 400 mg, dose única. A erradicação da
parasitose em determinado domicílio poderá exigir a repetição do tratamento mensalmente
durante seis meses, bem como a administração da droga a todos os ocupantes do mesmo.
Controle de cura: execução do método da fita adesiva, durante cinco a sete dias, a partir do
8° dia pós-tratamento.
1 Médico Assistente. Núcleo de Tuberculose do Hospital das Clínicas. Faculdade de Medicina da USP.
Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias
Francisco Frederico
Autores:
Neto1
Rosa Resegue1
Última Atualização: 9/5/2001 4:55:36 AM
Anamnese:
(6) Antecedentes familiares: Idade dos pais e irmãos, profissão, horário de trabalho,
antecedentes de consanguinidade, presença de moléstias importantes na família.
Exame Físico
A ordem do exame físico da criança não é rígida, devendo o médico desenvolver uma
flexibilidade, para que consiga examinar as diferentes partes do corpo da criança. Muitas
vezes é mais prático iniciar o exame da criança com ela no colo da mãe, para que se faça
uma ausculta pulmonar com a criança tranqüila. É comum deixar-se a otoscopia e o exame
da orofaringe por último, já que a criança costuma se assustar com o otoscópio e com a
espátula. Assim, deve-se aproveitar o momento mais tranqüilo para realizar a ausculta
pulmonar e, em seguida, o exame do abdome.
Imobilizar a criança para conseguir examiná-la deve ser uma conduta de exceção, reservada
somente para as situações em que se suspeita de um diagnóstico mais específico (otite
bacteriana, amigdalite bacteriana, por exemplo).
Aparelho cardio-
Lactente Criança Maior
respiratório
forma, simetria, retrações, forma, simetria, retrações,
Tórax abaulamentos, tamanho e abaulamentos, tamanho e
distância entre os mamilos distância entre os mamilos
presença e simetria do murmúrio presença e simetria do murmúrio
Pulmões vesicular; averiguar a presença vesicular; averiguar a presença
de ruídos adventíceos de ruídos adventíceos
ausculta das bulhas, averiguando ausculta das bulhas, averiguando
seu ritmo, intensidade e a seu ritmo, intensidade e a
Coração
presença de desdobramentos ou presença de desdobramentos ou
sopros sopros
presentes e simétricos em MMII e presentes e simétricos em MMII e
Pulsos
MMSS MMSS
MMII = membros inferiores; MMSS = membros superiores
Crescimento Normal
Baixa Estatura
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Alterações encontradas no exame físico poderão constituir pistas para a precoce detecção de
problemas de desenvolvimento, muitas vezes relacionadas a síndromes (fácies
característicos, anomalias cutâneas, visceromegalias, alterações no exame neurológico).
A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e visão, deve ser feita desde as
primeiras consultas. Durante a anamnese, indaga-se aos familiares se a criança é ou não
capaz de enxergar e escutar, se assusta-se com ruídos diferentes, se é capaz de reconhecer
e se acalmar com a voz materna, se prefere o rosto materno, focaliza objetos e os segue
com o olhar. Na avaliação objetiva, desde as primeiras horas de vida, o recém-nascido é
capaz de focalizar um objeto colocado a poucos centímetros de seu campo visual, tendo
nítida preferência pelo rosto humano. Por volta dos três meses de idade, a criança apresenta
melhor fixação do olhar, o que lhe permite seguir objetos por 180 graus.
Quanto à interação social do bebê, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, são
formas de comunicação. Entre a 4ª e 6ª semanas de vida aparece o sorriso como resposta
ao rosto humano. Antes dessa idade, a partir da 2ª semana de vida, o sorriso já pode ser
desencadeado por alguns estímulos, principalmente pela voz humana.
No segundo semestre de vida, a criança já não responde mais com sorriso a qualquer
adulto. Ela passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, frente ao adulto a criança pode
ter um amplo espectro de comportamentos, desde abaixar os olhos ou esconder o rosto, até
chorar e gritar inconsolavelmente, passando por uma gama de atitudes que expressam o
medo do estranho e a recusa em entrar em contato com ele.
Ao nascimento, o padrão motor da criança é muito imaturo. Sua postura é assimétrica com
nítido predomínio do tônus flexor dos membros e intensa hipotonia da musculatura
paravertebral. Apesar da infinidade de movimentos da vida intra-útero, seus movimentos
são geralmente reflexos controlados por partes primitivas do cérebro. Alguns desses
reflexos, como o de sucção, preensão palmar, plantar e o da marcha serão substituídos por
atividades voluntárias, outros como o de Moro e o reflexo tônico-cervical assimétrico
simplesmente desaparecerão. Nos primeiros meses de vida, a presença, intensidade e
simetria desses reflexos podem ser usadas para avaliar a integridade do sistema nervoso
central e para detectar anormalidades periféricas, como alterações músculo-esqueléticas
congênitas ou lesões de plexos nervosos. Por outro lado, a persistência da maioria desses
reflexos no segundo semestre de vida, também indica anormalidades do desenvolvimento.
Percebe-se, portanto, que as aquisições motoras não acontecem aos saltos, são conquistas
depois de muitas tentativas e erros e são motivadas pela necessidade de exploração e
interação com o meio sócio-cultural da criança. Assim, na avaliação do conjunto das
habilidades motoras, não se deve apenas indagar as idades em que as mesmas
aconteceram. É preciso avaliar a qualidade desses movimentos, sendo, da mesma forma,
fundamental a observação da criança não apenas em decúbito dorsal, mas também em
prono, quando puxada para sentar, sentada, em decúbito lateral e em pé.
A aquisição do movimento de pinça foi fundamental para que a nossa espécie pudesse
utilizar ferramentas. Ao nascimento, a criança mantém-se com as mãos fechadas na maior
parte do tempo. À estimulação da região palmar, ocorre o reflexo de preensão. Por volta do
terceiro mês, em decorrência da diminuição do tônus flexor, as mãos ficam abertas por um
maior período de tempo e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam
incapazes de soltá-los. Entre o quinto e sexto meses a criança consegue apreender um
objeto voluntariamente, iniciando o movimento de pinça, que será inicialmente cubital, em
seguida radial e depois, entre o nono e décimo meses, a pinça completa, realizada com a
porção distal do polegar e dos demais dedos.
Durante os primeiros meses de vida, o bebê expressa-se através de sua mímica facial,
variações de tônus e, principalmente, pelo choro. Entre dois e três meses, a criança inicia a
emissão de arrulhos e por volta dos seis meses, o balbucio, cujas repetições são realizadas
pelo simples prazer de se escutar. Entre nove e 12 meses, emite balbucios com padrões de
entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra corresponde
ao encontro silábico reconhecido pelo adulto como uma primeira palavra. Coincidentemente,
em todas as línguas, mamãe começa com m ou n e papai começa com p, b, d ou t.
Assim, para que uma criança aprenda qualquer habilidade, como escrever, ler, cozinhar ou
empinar pipas é necessário o convívio com outras pessoas que já saibam e valorizem a
realização de tais atividades. Meninas criadas na roça, muitas vezes aos 7 ou 8 anos já
sabem cozinhar, cuidar dos irmãos e arrumar a casa. Crianças que vivem em contexto social
diferente, não conseguem realizar tais atividades e nem por isso são rotuladas como
deficientes. Da mesma forma, uma criança analfabeta não pode ser chamada de deficiente
se ela vive num contexto social onde a maioria das pessoas não sabe ler ou escrever e essas
atividades não são significativas para ela. Seu desenvolvimento é, portanto normal, uma vez
que está de acordo com sua vivência. Trata-se de um processo de desenvolvimento
diferente, mas não deficiente. É fundamental, entretanto, que se assegure a toda criança o
direito de acesso a esses conhecimentos, através de um sistema educacional de qualidade,
que possa reverter esse processo de exclusão e garantir o exercício de sua cidadania.
Ao submeter-se a uma consulta seja médica ou de enfermagem, toda criança deve estar
munida do Cartão da Criança onde são anotados dados de nascimento e evolução do
crescimento peso e estatura , suas vacinas e um gráfico de marcos de desenvolvimento.
*Perguntar a mãe.
Introdução
Os primeiros meses de vida da criança são muito importantes do ponto de vista nutricional,
e o médico precisa conhecer as principais necessidades alimentares dessa faixa etária de
modo a satisfazer as exigências em cada fase do desenvolvimento físico, motor e
neurológico.
A mãe e o recém-nascido em boas condições devem iniciar o aleitamento natural sob regime
de livre demanda, ou seja, sem horários prefixados. O sucesso da lactação na supressão
ovulatória ocorre quando a criança suga frequentemente e a curtos intervalos, sem
suplementação alimentar com fórmulas de leite de vaca e/ou alimentos semi-sólidos. Em
geral, as mulheres que amamentam exclusivamente têm uma amenorréia de cerca de 9
meses. A amamentação pode ser utilizada como método contraceptivo, se assim a mãe o
desejar, pois a inibição da ovulação é intensa nos 3 primeiros meses e ainda significativa 6
meses após o parto.
Para o sucesso da amamentação, a mãe necessita de orientação e apoio, pois deve sentir-se
confiante, promover uma "pega" ao seio e incentivar a sucção, que estimulará maior
produção de leite. Nos primeiros dias após o parto, é observada uma pequena quantidade de
líquido aquoso e amarelado (primeiro leite), o colostro. Este possui taxas menores de
gordura e lactose e maiores de proteínas e sal, apresentando um efeito laxante. É muito
importante que a mãe seja orientada sobre este fato, pois é freqüente acontecer o desmame
nessa fase. A "descida" do leite propriamente dita ocorre num período de 2 a 5 dias. Nesta
ocasião, deve-se permitir que a criança sugue sem horários rígidos, a todo momento que
quiser.
As mamas devem ser estimuladas igualmente e o início de cada amamentação deve se dar
pela mama que foi oferecida por último na mamada anterior, garantindo o seu esvaziamento
para a troca de lado. O leite do inicio da mamada é rico em proteína, lactose, vitaminas,
minerais e água, com aspecto aguado, e o leite do fim, que parece mais branco, é mais rico
em gordura, mais energético, e consequentemente, sacia mais a fome do bebê. A criança
necessita tanto do leite do início como daquele do fim da mamada.
1. o queixo está tocando o seio (ou está muito próximo de tocá -lo)
Outro fator importante é a posição da criança quando é posta ao seio, pois, quando não é
boa, a pega também não o é. O bom posicionamento poderá ser observado pelos seguintes
sinais:
· Dar o peito sempre que a criança quiser, de dia ou de noite. Não é necessário
dar outra comida ou líquido, nem chá.
Se a criança estiver crescendo bem, é sinal de que está recebendo leite em quantidade
suficiente. Se isto não ocorrer, é preciso investigar. As dificuldades maternas mais
freqüentes são mamilos achatados, pseudo-invertidos ou invertidos, fissuras no mamilo,
mastite. Em relação à criança, são as malformações, os problemas neurológicos e as
doenças infecciosas.
O Desmame
Nesta fase, a contaminação dos alimentos por problemas de higiene e conservação, assim
como ofertas inadequadas, podem levar à doença diarréica e desnutrição. A introdução de
cada novo alimento deve ser feita em quantidades pequenas, aumentando gradativamente.
Caso haja intolerância, a oferta deverá ser suspensa por alguns dias e tentada
posteriormente.
O leite de vaca em pó ou integral é pobre em vitamina C, que se reduz ainda mais pelos
processos de industrialização, pasteurização e fervura. Por isso, ao iniciar aleitamento misto
ou artificial recomenda-se introdução mais precoce de sucos e papas de frutas ricos em
vitamina C.
O suco de frutas ou hortaliças deve ser preparado no momento da administração para evitar
a perda da vitamina C e ser oferecido em volumes crescentes, com uso de colher.
Preferencialmente, são utilizadas frutas da época, evitando-se, se possível, adicionar açúcar.
O uso de centrífugas deve ser evitado, pois reduz o conteúdo de fibras das frutas,
reguladoras do hábito intestinal. Recomenda-se o uso de espremedores manuais. Os sucos
industrializados não são recomendados porque contêm corantes e conservantes, não contêm
fibras e têm custo elevado.
As frutas podem ser oferecidas sob forma de papa, como banana, mamão, maçã, pêra,
abacate, etc, raspadas, raladas ou amassadas com garfo. As papas de frutas industrializadas
também têm alto custo e não contêm fibras.
Refeições de Sal
Após o preparo da sopinha, retira-se a carne, passando os demais ingredientes por peneira
de malha fina, não utilizando liquidificador. Posteriormente, pode-se amassar os alimentos
com o garfo e, para crianças maiores de seis meses, oferecer a carne de preparo, moída ou
desfiada. Recomenda-se que o sal seja adicionado em quantidade mínima e que se use
pouco tempero.
Quando for oferecido ovo, deve ser sempre cozido, inicialmente oferecendo somente a
gema, pois a clara de ovo é mais alergênica, sendo introduzida posteriormente.
As tentativas para melhorar a aceitação das papas, como adicionar açúcar, não devem ser
incentivadas pois podem prejudicar a adaptação da criança aos novos alimentos e sabores.
Após a refeição de sal, é indicado oferecer suco ou papa de frutas frescas para favorecer a
absorção do ferro da dieta.
A partir dos sete meses de vida, aproximadamente, podem ser oferecidas sobremesas
caseiras, como compotas de frutas, gelatinas e pudins.
Esquema para a introdução dos alimentos não-lácteos conforme a idade da criança e o tipo
de aleitamento.
Toda a orientação alimentar deve levar em conta o saber materno, suas experiências
anteriores, já que a mãe irá ou não seguir as orientações conforme puder compreender os
benefícios da alimentação para a saúde do seu bebê.
Enquanto a criança for amamentada ao seio, a oferta de outros alimentos líquidos pode ser
em copos ou xícaras de bordas grossas, evitando, se possível, o uso de mamadeiras.
A partir dos seis meses de idade, pode-se oferecer à criança alimentos sólidos, como
banana, pedaços de maçã ou bolachas, para que manipule e coma, sempre sob supervisão
de um adulto. Esta prática estimula o desenvolvimento de novas habilidades motoras e a
erupção dentária.
Aproximadamente aos doze meses, a criança poderá receber refeição semelhante à dieta
habitual da família, porém modificada em relação à consistência e temperos. É importante
que se ofereça uma colher à criança para que se alimente sozinha, auxiliada por um adulto,
mesmo que faça sujeira, pois isto faz parte do seu aprendizado. Se houver possibilidade, a
criança deve fazer refeições à mesa junto com os adultos ou irmãos mais velhos.
A criança deve ser estimulada a escovar os dentes após as refeições e também assistir a
escovação feita pelos pais e irmãos, a fim de que adquira este hábito.
Aleitamento Misto
Quando a quantidade de leite materno estiver insuficiente, isto é, quando o ganho de peso
da criança for considerado insatisfatório, introduz-se o leite de vaca, que será oferecido
sempre após a oferta do leite materno, funcionando como complemento. Deve-se passar a
oferecer água nos intervalos das mamadas, pois o leite de vaca tem elevado teor de sódio.
Aleitamento Artificial
Quando houver impossibilidade de oferta de leite materno, utiliza-se o leite de vaca, que
deve sofrer algumas modificações para ser mais adequado às necessidades da criança. Pode
ser utilizado o leite de vaca in natura, em pó, integral ou modificado industrialmente.
Os chamados leites modificados ou fórmulas infantis são obtidos a partir de leite de vaca,
modificando-se sua composição quanto ao teor de proteínas, gorduras, carboidratos e
minerais, na tentativa de se obter um produto mais adaptado às características fisiológicas
da criança. Embora o conteúdo de gorduras, carboidratos e minerais possa assemelhar-se
ao leite humano, em relação às proteínas, as fórmulas apresentam conhecido potencial
alergênico (frações de caseína e lactoalbumina) capazes de induzir à sensibilização ,
especialmente se introduzidas nos primeiros meses de vida. Além disso, as imunoglobulinas
e outros fatores de defesa só existem no leite materno. Estes leites adaptados são mais
caros e pouco acessíveis às populações de menor poder aquisitivo.
Desta forma, na falta do leite materno, o leite de vaca integral, sofrendo modificações
através de processos caseiros conforme a idade da criança, é um substituto adequado e de
menor custo que os leites modificados.
Ainda existem controvérsias a respeito das diluições que o leite de vaca deve sofrer para
crianças menores de um ano. Sugerimos que, no primeiro semestre de vida seja utilizado
leite de vaca diluído a 2/3 ou leite em pó a 9%. Como esta diluição diminui o teor calórico
do leite, deve-se acrescentar 5% de açúcar e 3% de farinha a ser escolhida considerando-se
o paladar e hábito intestinal da criança. No segundo semestre, pode-se utilizar leite sem
diluição ou leite em pó a 13%, com adição de sacarose a 5%
Alimentos Industrializados
Seu uso deve ser reservado a situações eventuais, como passeios ou viagens, quando não
for possível oferecer refeição caseira.
Vitaminas
Ferro
A literatura pediátrica recomenda que prematuros e crianças com baixo peso ao nascer
(<2500g) recebam 2 mg de ferro por quilo de peso por dia, a partir de um mês de vida
durante dois meses, e 1 mg por quilo por dia até os dois anos.
Flúor
Para crianças que moram em locais onde não há fluoretação da água, deve-se suplementar,
desde os 15 dias de vida, flúor elementar na dose de 0,25 mg diários até um ano; 0,5 mg
de um a três anos e 1 mg após os três primeiros anos, até os 15 anos.
O flúor pode ser administrado com suco de laranja, mas não com leite, pois o cálcio impede
sua absorção.
Nesta faixa etária, as refeições de sal devem ser semelhantes às dos adultos. Podem ser
oferecidos todos os tipos de carnes, inclusive peixe, assim como vísceras. Deve-se estimular
o consumo de verduras e frutas.
A ingestão de leite deve ser em torno de 500 ml por dia, evitando-se o excesso de oferta
deste alimento, especialmente em horário próximo às refeições de sal.
As refeições devem ser feitas em horários regulares, sem rigidez, mas com disciplina.
No período neonatal, a icterícia é um dos sinais mais frequentes: cerca da metade a 2/3 dos
recém-nascidos apresentam icterícia durante os primeiros dias de vida, sendo que a
dosagem plasmática de bilirrubina é mais alta que no adulto normal. Pode ser decorrente do
retardo na maturação no metabolismo da bilirrubina, não sendo, necessariamente,
patológica em todos os casos. Entretanto, também é um dos sinais mais importantes da
doença hemolítica neonatal, que requer tratamento imediato pelo risco de impregnação de
bilirrubina no sistema nervoso central e destruição maciça de hemoglobina.
A forma não conjugada é pouco hidrossolúvel, com grande afinidade por albumina e tecido
nervoso, não sendo excretada pela urina. O urobilinogênio fecal pode estar normal ou
aumentado; portanto, pode não haver alteração de cor das fezes, mas a pele adquire
tonalidade rubínica. A forma conjugada é hidrossolúvel, tendo baixa afinidade por albumina,
sendo excretada pela urina. O urobilinogênio fecal, geralmente, está diminuído, podendo
ocorrer hipocolia ou acolia fecal. A pele pode adquirir coloração esverdeada. Existem vários
termos para designar a hiperbilirrubinemia direta na infância, tais como: colestase infantil,
síndrome colestática da infância ou icterícia colestática, icterícia obstrutiva ou
hiperbilirrubinemia direta no início da vida.
Cerca de 2/3 dos recém-nascidos apresentam icterícia como manifestação normal; porém,
existem dificuldades para o estabelecimento de limites seguros , a partir dos quais, deve ser
considerada patológica. Dependerá do início do aparecimento, duração ou padrão da
concentração da bilirrubina, presença de outros sinais ou sintomas associados.
Icterícia precoce: tem seu início nas primeiras 24 horas de vida, sendo importante o
diagnóstico das doenças hemolíticas por isoimunização Rh e incompatibilidade pelo sistema
A BO. A isoimunização Rh pode ser encontrada a partir do 2o filho, geralmente no 3o ou 4o
filho Rh positivo, de mãe Rh negativa, sensibilizada, que não recebeu RHOGAN
(imunoglobulina específica anti-D), após o primeiro parto. Provoca doença grave, que deve
ser diagnosticada por meio de teste de Coombs direto, hemoglobina baixa, contagem de
reticulócitos acima de 6%, aumento de bilirrubina sérica às custas da fração indireta,
tipagem sanguínea da mãe, do pai e da criança. A doença hemolítica por incompatibilidade
sanguínea ABO é mais frequente no 1o filho com sangue tipo A ou B de mãe tipo O. Quadro,
geralmente, menos intenso que a incompatibilidade Rh, caracteriza-se por anemia não muito
importante, aumento de reticulócitos, aumento de bilirrubina, fração indireta, teste de
Coombs direto geralmente negativo, porém, prova do eluato positiva.
Icterícia tardia: Caracteriza-se por tornar-se clinicamente visível após 24 horas de vida. A
icterícia associada ao aleitamento materno, geralmente, inicia-se após a 1o semana de vida,
podendo perdurar até 2o ou 3o mês de vida. A causa não está totalmente esclarecida.
Ocorre aumento de bilirrubina, com predominio da fração indireta. Mesmo em concentrações
altas, a bilirrubina dificilmente provoca alterações no sistema nervoso. Quando suspenso o
aleitamento materno por 2-3 dias, ocorre queda abrupta da icterícia. Importante lembrar de
reintroduzir o aleitamento materno após a queda da bilirrubina. Atualmente, o aleitamento
materno não é suspenso.
Icterícia Prolongada: tem evolução mais arrastada. As causas mais prováveis são:
icterícia por leite materno, doença de Crigler Najjar I e II e hipotireoidismo congênito
1 Professora Livre Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Coordenadora do Centro
de Referência Nacional da Saúde da Criança - Instituto da Criança do HCFMUSP
2 Médico Assistente do Instituto da Criança do HCFMUSP e do Centro de Saúde Escola Samuel B Pessoa-
Butantan
A desnutrição calórico-protéica constitui um dos problemas que mais afetam a criança, seja
de uma forma aguda ou lenta e silenciosa, com efeitos negativos a longo prazo sobre o seu
crescimento e desenvolvimento neurológico. A apresentação mais rude tem inicio com a
fome que atinge as comunidades mesmo em países ou comunidades mais desenvolvidas,
com raízes na pobreza e como causa das condições sócio econômicas precárias. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo desnutrição energético-protéica (DEP)
engloba um grupo de condições patológicas resultante da falta concomitante de calorias e
proteínas, em proporções variáveis, que acomete, com maior freqüência, os lactentes e pré-
escolares e, freqüentemente, está associada à carência de vitaminas e minerais.
A OMS estima que 1/3 das crianças do mundo sofrem de desnutrição e que a metade de
todas as mortes está relacionada à desnutrição. Reconhece-se que, nos últimos 10 anos,
está ocorrendo um descenso nas taxas de mortalidade infantil mundiais e a proporção de
crianças desnutridas está diminuindo de maneira geral, mas, também, é certo que, nos
últimos anos, as desigualdades entre os países desenvolvidos e os países pobres estão
aumentando. A desigualdade social é o principal fator na diferença entre a mortalidade
infantil em países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, apesar da contínua
redução da prevalência da desnutrição infantil e da taxa de mortalidade infantil, estes
problemas continuam sendo prioridade na agenda do setor saúde.
A deficiência de ferro é, sem dúvida, a carência nutricional mais comum e a causa mais
freqüente de anemia no mundo. De maneira simplificada, esta realidade explica-se pela
desproporção entre a necessidade de consumo de alimentos ricos em ferro, principalmente
nas faixas etárias de maior velocidade de crescimento, e a real disponibilidade destes
alimentos para uma porção significativamente grande da população mundial.
Apesar da distribuição universal dessa doença, alguns grupos apresentam maior risco para
desenvolver anemia por carência de ferro e suas complicações: crianças, adolescentes do
sexo feminino, mulheres em idade fértil, gestantes, lactantes, sendo que nas crianças a
causa principal está ligada à ingestão inadequada e nas mulheres adultas às perdas
crônicas.
Daleth Rodrigues
Autores:
Scaramuzzi1
Beatriz Marcondes Machado2
Última Atualização: 9/5/2001 5:20:26 AM
Raquitismo é uma doença do tecido ósseo, que ocorre durante a fase de crescimento,
caracterizada por inadequada mineralização do osso. A osteomalácia é a insuficiente
mineralização da matriz osteóide após o término do crescimento linear do osso. O
raquitismo é, então, encontrado somente nas crianças em crescimento, antes da fusão das
epífises, e a osteomalácia pode estar presente em qualquer idade.
A hipótese de raquitismo carencial deve ser levantada quando houver exposição inadequada
à luz solar e/ou ingestão insuficiente de vitamina D, especialmente em crianças até dois
anos de idade, fase de grande velocidade de crescimento.
Os achados clínicos são variáveis conforme a época em que se instala o raquitismo. Um sinal
precoce é o craniotabes, por afilamento da calota craniana, que tende a se manifestar entre
o segundo e quarto meses de vida. Este sinal pode desaparecer antes dos doze meses de
vida, apesar da persistência do processo raquítico. O craniotabes pode ser observado em
recém-nascidos normais, porém tende a desaparecer no segundo mês de vida. Retardo no
fechamento da fontanela posterior, fontanela anterior ampla e protuberância dos ossos
frontais e parietais podem estar presentes.
Após os doze meses, com o início da marcha, o peso do corpo acentua as alterações nos
membros inferiores (genu varum ou genu valgum), pelve e coluna vertebral. A baixa
estatura, quando presente, é secundária a essas deformidades. A fraqueza muscular e
hipotonia generalizada, presentes no raquitismo, determinam marcha característica
bamboleante e protusão abdominal. Observam-se, devido às deformações torácicas,
infecções respiratórias de repetição, como bronquites e pneumonias.
Rinofaringites
Faringoamigdalites
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Sabe-se que 70 a 80% das crianças asmáticas apresentam sintomas nos primeiros 5 anos
de vida, que se resolvem com o avanço da idade. Na adolescência, 50 a 60% dos casos são
assintomáticos e continuam assim durante a vida adulta. Nos primeiros anos da vida, é
difícil firmar o diagnóstico de asma e prever o prognóstico dos quadros recorrentes de
sibilância pulmonar. Sabe-se que 50 a 60% dos lactentes têm crises recorrentes de
sibilância, junto com infecções respiratórias, e que somente um terço destas crianças teria,
posteriormente, o diagnóstico de asma. Os fatores de risco mais importantes para prever o
aparecimento da doença são: asma materna, tabagismo passivo, imunoglobulina E (IgE)
sérica elevada aos 9 meses de vida, função pulmonar normal ao nascimento e reduzida aos
6 anos de idade e a mudança dos fatores desencadeantes das crises, que, inicialmente,
estão associadas às infecções e, posteriormente, aos alérgenos inalados (aeroalérgenos)
mais comuns no meio ambiente como os do pó doméstico, dos animais e do mofo.
A sintomatologia da asma modifica-se com a idade e com o mecanismo fisiopatológico que
esteja mais atuante. Os lactentes tendem a apresentar quadros secretórios, predominando a
ausculta pulmonar com roncos e estertores, geralmente associados às infecções de vias
aéreas superiores e de evolução mais prolongada. Nesta faixa etária, é frequente a
referência a "resfriados freqüentes", "peito cheio" e pneumonias recorrentes. As crianças
maiores apresentam, habitualmente, quadros com sibilância, mas pode existir a queixa de
tosse crônica, de "peito trancado" e, também, de pneumonias de repetição.
"Chiado no peito" é uma queixa muito freqüente (20 a 30% das crianças apresentam pelo
menos um episódio no primeiro ano de vida e 40% até os 3 anos de idade). Nem todas as
crianças que apresentam chiado têm asma; muitas são as doenças que podem cursar com
sibilância, com tratamentos e prognósticos distintos.
"Chiado" é o som gerado pelo fluxo de ar turbulento através das vias aéreas estreitadas.
Este estreitamento pode ser localizado ou difuso, em via aéreas maiores e/ou menores e
pode ser causado por vários mecanismos. Quando o estreitamento se localiza em vias
aéreas extratorácicas, o som gerado é inspiratório e chamado de estridor; se é intratorácico
e expiratório, é chamado de sibilo. Roncos e estertores são sons gerados pela mobilização
de secreções. Diante da queixa de chiado no peito, é fundamental que o médico se assegure
de que a criança apresenta sibilância, pois não é raro que os familiares se queixem de
"chiado no peito" ao se referirem ao ronco e estridor presentes nas obstruções de vias
aéreas superiores. Uma vez caracterizada a presença de sibilância, o médico deve realizar
anamnese e exame físico detalhados, no sentido de se estabelecer o diagnóstico etiológico.
A maioria das crianças que iniciam quadros recorrentes de sibilância nos primeiros 2 anos de
vida, cerca de 60%, permanece assintomática até os 6 anos de idade. Este grupo de
crianças apresenta crises em vigência de quadros infecciosos, devendo ser diferenciadas
daquelas com asma de início precoce ou com outras doenças que cursam com chiado
recorrente, pois apresentam evolução benigna e não necessitam ser submetidas a
investigações desnecessárias.
Pneumonia aguda é o nome genérico utilizado para definir uma variedade de processos
inflamatórios do parênquima pulmonar por agentes infecciosos e não-infecciosos. Cerca de
80% das pneumonias na infância são devidas a vírus e bactérias. Os agentes causais das
pneumonias adquiridas na comunidade variam de acordo com a idade e o estado de saúde
do paciente, sendo que, nos países em desenvolvimento, predomina a etiologia bacteriana
(estimada em 60% dos agentes identificados), ao passo que, nos países desenvolvidos, a
etiologia viral é a de maior prevalência.
Em 1997, no Brasil, houve 7.833 mortes por doenças do aparelho respiratório em menores
de 5 anos de idade, das quais cerca de 73% (5.729 óbitos) foram por infecções
respiratórias, correspondendo a 6,85% do total de óbitos. Nesse período, excluindo-se as
mortes por afecções perinatais, as doenças do aparelho respiratório foram a primeira causa
de mortalidade nessa faixa etária nas regiões Sudeste e Sul e a segunda nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. Além disso, constata-se que as infecções respiratórias agudas são
responsáveis por cerca de 40 a 60% das consultas em menores de 5 anos de idade,
enquanto as pneumonias representam apenas 8 a 12% desses atendimentos, fato este que
contrasta com a alta mortalidade por pneumonia. Pode-se inferir que o número de consultas
por pneumonia é relativamente baixo pelos mesmos motivos elencados para explicar as
mortes domiciliares.
Os fatores que interferem nos mecanismo de defesa da criança, tais como a alta prevalência
de baixo peso ao nascer e de desnutrição, a privação ou curta duração do aleitamento
materno, a falta de imunização, principalmente contra sarampo, coqueluche e Haemophilus
influenzae tipo b e a contaminação do ar doméstico devido ao uso de combustíveis de
origem orgânica para calefação e para o cozimento dos alimentos estão associados à maior
gravidade das insuficiências respiratórias agudas (IRA) nos menores de 5 anos. Outro fator
de risco importante a ser pesquisado é a presença de tabagistas no domicílio, pois está
comprovado que a fumaça de cigarro, por ser uma substância irritante das vias aéreas,
favorece a instalação de infecções respiratórias altas e baixas.
Os vírus e as bactérias são os principais agentes etiológicos das pneumonias nas crianças de
qualquer idade. Há vários estudos epidemiológicos demonstrando a importância dos vírus,
principalmente nos países desenvolvidos. Por outro lado, nos países em desenvolvimento,
especialmente nos casos mais graves, é grande a freqüência das bactérias. Por este motivo
e também porque na prática clínica, é muito difícil a distinção entre um quadro de
pneumonia viral de uma bacteriana, a abordagem da criança com pneumonia deve ser feita
considerando-se os casos como sendo bacterianos.
Nas primeiras semanas de vida, muitos bebês normais regurgitam uma ou mais vezes por
dia, pouco tempo após a alimentação. Denomina-se regurgitação fisiológica a situação na
qual a criança não apresenta outros sintomas, a evolução do ganho de peso é normal e a
diminuição gradativa das regurgitações ocorre ao longo do tempo, cessando por volta dos
sete a oito meses de idade. Refluxo gastroesofágico fisiológico e erros de técnica alimentar
são as causas mais comuns de regurgitação e vômitos no lactente.
Vômito pode ser a queixa principal que leva a criança ao médico ou aparece como parte do
quadro clínico de diversas doenças, com importância variável no conjunto de sintomas.
Assim, como são muitas as situações e doenças que determinam esse sintoma, o
conhecimento de em quais faixas etárias predomina facilita abordagem diagnóstica da
criança com vômitos (Quadro 1). Além disso, as características do material eliminado pelo
vômito permitem inferir de onde retorna esse conteúdo. Na maioria dos casos, os vômitos
são de material contido no estômago, representado por leite coalhado, alimentos parcial ou
totalmente digeridos ou suco gástrico de cor amarela quando o paciente encontra-se em
jejum por várias horas. A presença de vômito bilioso (de cor verde) ou vômito fecal (com
odor de fezes), sugerem obstrução do intestino. Vômito de alimentos não digeridos
sugere estreitamento ou obstrução do esôfago ou do esfíncter inferior do esôfago.
Hematêmese é o vômito com sangue vivo liqüefeito e/ou com coágulos ou com sangue
digerido, semelhante à borra do café, que pode ou não estar misturado a alimentos. A
hematêmese geralmente decorre de sangramento digestivo alto, mas pode ser apenas a
eliminação de sangue deglutido proveniente da rinofaringe ou de fissuras da mama materna.
Vômitos em jato caracterizam-se por serem inesperados, súbitos, às vezes violentos e não
serem precedidos de náuseas. Associam-se a quadros obstrutivos intestinais e de
hipertensão intracraniana.
Quadro 1 - Causas de regurgitação e vômitos por faixa etária.
ESCOLAR
- vômitos psicogênicos
- enxaqueca
- síndrome do vômito cíclico
- gastrite erosiva secundária
- úlcera péptica secundária
ADOLESCÊNCIA
- gravidez
- enxaqueca
- anorexia nervosa/bulimia
- úlcera péptica
- Deve-se distinguir uma doença aguda ou um episódio agudo no decorrer de uma história
de vômito recorrente.
No quadro agudo, o vômito pode ser a manifestação clínica inicial, mas logo aparecem
outros sintomas que permitem definir o diagnóstico como nos casos de gastrenterite aguda
viral, bacteriana ou por enteroparasitose, intoxicação alimentar e hepatite viral. A
concomitância de diarréia direciona a suspeita diagnóstica para o quadro de infecção
intestinal ou intoxicação alimentar. Deve-se, então, verificar se uma ou mais pessoas que
ingeriram o mesmo alimento apresentam quadro de náuseas, vômitos, diarréia e cólicas
abdominais, o que sugere o diagnóstico de intoxicação alimentar. Deve-se, também,
pesquisar se houve contato com crianças com hepatite viral e se, na creche que a criança
freqüenta, existem outras com quadro semelhante, sugerindo gastroenterite por rotavírus
ou por agentes bacterianos. Investigar, nas crianças com precárias condições de vida, se
têm contato com esgoto a céu aberto ou córregos poluídos. Na giardíase, além dos vômitos,
aparecem diarréia aquosa, anorexia e dor abdominal. Entre as helmintíases, na
estrongiloidíase, a dor abdominal é difusa, acompanhada de vômitos, diarréia com ou sem
sangue.
A partir da história e exame físico, é possível identificar os sinais de alerta que auxiliam a
suspeitar de abdome agudo. Tannuri relaciona os seguintes sinais de alarme.
3. Distensão abdominal: pode ser decorrente da distensão das alças intestinais nas
obstruções baixas do trato digestivo; do acúmulo de líquido na cavidade peritoneal; do íleo
paralítico na peritonite por perfuração de víscera oca e de íleo infeccioso.
Embora cerca de 50% dos lactentes apresentem regurgitação ou vômitos recorrentes como
queixa isolada, apenas 5% apresentam alguma doença significante. A maioria desses casos
é decorrente da combinação de vários fatores, como técnica alimentar inadequada,
distúrbios na relação do binômio mãe e filho e imaturidade da junção gastroesofágica
(refluxo gastroesofágico fisiológico). Para aqueles com baixo ganho ponderal ou
emagrecimento, a causa mais freqüente é a doença do refluxo gastroesofágico.
Das causas de vômitos recorrentes fora do trato digestivo, têm-se as anomalias obstrutivas
do trato urinário, com dilatação da pelve renal ou hidronefrose, a insuficiência renal crônica
(uremia), a hipertensão intracraniana, a enxaqueca, que acomete mais freqüentemente
crianças a partir dos seis anos de idade e adolescentes, e outras. Para o diagnóstico da
enxaqueca, a cefaléia deve estar associada ao episódio de vômitos (ver capítulo Dores
Recorrentes na Infância.).
Os vômitos podem ser desencadeados por situações que geram medo ou ansiedade. Uma
situação comum nos pré-escolares são os vômitos imediatamente após as refeições, quando
são forçados a comer.
Manifestações respiratórias
- quadro bronquítico de difícil controle
- pneumonias de repetição, especialmente quando sempre são no pulmão direito
- crises de apnéia
- tosse crônica
Outras manifestações
- síndrome da quase-morte súbita
Adaptado de Orestein - 1992.
Síndrome do vômito cíclico - caracteriza-se por crises de vômitos precedidos por náuseas
e ânsia, com período intercrítico assintomático. A média de hospitalização nas populações
estudadas é de 12 vezes por ano. As faixas etárias mais acometidas são a pré-escolar e a
escolar, diminuindo a prevalência durante a adolescência e sendo rara em adultos.
Na maioria dos casos é possível identificar os fatores desencadeantes das crises de vômitos
como situações que geram ansiedade ou euforia, infecções de vias aéreas superiores,
exaustão física, exposição a temperatura elevada, cinetose, menstruação, entre outros.
No entanto, várias doenças podem se manifestar com a síndrome dos vômitos cíclicos.
Assim, a abordagem diagnóstica da criança com essa síndrome deve ser abrangente, no
sentido de incluir o conhecimento dos aspectos psicoafetivos e psicossociais da criança, isto
é, conhecer a rotina de vida e as reações e relações da criança na família e na escola, ao
mesmo tempo em que é feita a investigação laboratorial na busca de causas orgânicas
(distúrbios gastrintestinais, metabólicos ou endocrinológicos e processos intracranianos).
Portanto, quando se identificar na comunidade crianças que foram internadas várias vezes
com vômitos e desidratação por motivos não esclarecidos é importante encaminhá-las para
centros especializados para investigação diagnóstica.
INVESTIGAÇÃO COMPLEMENTAR
Nos casos com suspeita de doença do RGE, inicia-se a investigação pelo estudo radiológico
contrastado do esôfago-estômago-duodeno (EED). A positividade do EED é variável nos
diferentes serviços, desde 40 até 86%, em média em torno de 50%. Apesar de ter baixa
sensibilidade e especificidade, o EED apresenta como vantagem a possibilidade de
demonstrar alterações anatômicas como hérnia de hiato, estenose esofágica, estenose
hipertrófica do piloro e alterações no mecanismo da deglutição. Portanto, a ausência de RGE
no EED não exclui o diagnóstico e as medidas devem ser mantidas. Deve-se orientar os pais
a suspenderem o uso dos medicamentos anti-refluxo cinco dias antes da realização do EED.
O exame de maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de RGE é a pHmetria do
esôfago (teste do refluxo ácido), que só está disponível em alguns centros especializados.
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Para o tratamento inicial do quadro agudo de vômitos, sem etiologia definida e sem outros
sinais ou sintomas de gravidade, recomenda-se pausa alimentar de curta duração, por uma
ou duas horas, mantendo-se a oferta de líquidos, água e chás, em pequena quantidade. Os
líquidos são melhor tolerados quando gelados ou à temperatura ambiente. Em seguida,
inicia-se a reintrodução da dieta adequada para idade, em pequena quantidade e a
intervalos menores do que o habitual, sem restrição ao uso de leite materno ou leite de vaca
ou de outros alimentos naturais (não industrializados). Quando o vômito associa-se à
diarréia e desidratação, mantém-se a pausa alimentar durante a fase de reidratação e não
devem ser administrados antieméticos (ver capítulos Diarréia Aguda e Desidratação).
No Quadro 3, estão descritos os quadros agudos de vômitos que devem ser referidos
imediatamente para o hospital, com as respectivas condutas enquanto a criança aguarda a
transferência.
Quadro 3. Condutas nas crianças com quadros clínicos graves com queixa de
vômitos
QUADRO SUSPEITA DE ABDOME · vômitos com sangue vivo
CLÍNICO AGUDO liqüefeito e/ou com coágulos
· vômitos biliosos ou com sangue digerido,
Sinais e sintomas - de cor verde ou semelhante à borra do café,
· vômitos fecalóides que pode ou não estar
- com cheiro de fezes ou misturado a alimentos (exceto
associação de vômitos quando há certeza de
repetitivos ou vômitos em jato deglutição de sangue, como
com: no caso do lactente em
- parada de eliminação de aleitamento materno cuja mãe
gases e fezes ou apresenta fissuras mamárias
- palpação de massas no com sangramento e nas
abdome ou crianças com sangramento
- peristaltismo visível ou nasal concomitante)
- sangramento intestinal · suspeita de intoxicação por
ingestão habitual de
medicações como teofilina,
aminofilina, digitálicos, ácido
acetilsalicílico e outras
· ingestão de corpo estranho
ou de produtos químicos
Conduta · não dar antieméticos · não dar antieméticos
· não dar antibióticos · não colocar sonda
· manter jejum nasogástrica
· referir imediatamente para o · manter jejum
hospital · referir imediatamente para o
· se a transferência não for hospital
feita imediatamente: · se a transferência não for
- proceder a hidratação por via feita imediatamente:
endovenosa - proceder a hidratação por via
- se não estiver desidratado, endovenosa
instalar soro de manutenção - se não estiver desidratado,
- quando possível, instalar instalar soro de manutenção
sonda nasogástrica
· e mantê-la aberta
Para os lactentes nos quais são identificados erros de técnica alimentar, são feitas as
orientações adequadas e agendado retorno em sete dias para verificar a evolução do quadro
e a aderência às orientações.
Para as crianças com suspeita de RGE, a abordagem terapêutica visa a melhora dos
sintomas, a prevenção dos processos aspirativos pulmonares e a instalação ou a progressão
da esofagite.
Diante da suspeita clínica de RGE fisiológico, como já foi referido, não há necessidade de
investigação laboratorial e a seqüência da introdução das medidas terapêuticas pode ser a
seguinte:
2. na reavaliação após uma semana, se não houver melhora significativa dos sintomas, deve-
se verificar, primeiramente, se houve adesão adequada da família em relação ao decúbito
elevado 24 horas por dia e, nesses casos, instituir tratamento dietético: para os lactentes
em aleitamento artificial ou misto, orienta-se oferecer porções menores e mais freqüentes
dos alimentos e espessamento do leite de vaca, adicionando-se cereais na concentração de
3 a 4%, isto é, uma e meia ou duas colheres das de chá rasas para cada 100 ml de leite,
respectivamente. Alguns alimentos devem ser evitados por diminuírem a pressão do
esfíncter inferior do esôfago, como chás, café, chocolate, frutas cítricas, gema de ovo,
alimentos gordurosos e frituras. No entanto, deve-se ter o cuidado de avaliar o valor
protéico, calórico e vitamínico resultante da dieta proposta, para que não haja prejuízo
nutricional da criança. Dessa forma, antes de se excluir, por exemplo, a gema de ovo, deve-
se ter o cuidado de verificar a possibilidade de substituí-la por outro alimento de valor
nutritivo semelhante. Água e sucos não-cítricos não devem ser oferecidos às refeições, para
diminuir a distensão estomacal.
Para as crianças com quadro clínico sugestivo de doença do RGE, deve-se introduzir as
medidas posturais e dietéticas e reavaliar em sete dias. Quando a resposta a essas medidas
não for adequada, solicita-se a realização de EED, associa-se o uso de bromoprida e
encaminha-se a criança para o centro de referência especializado.
1 Papa de Epstein - Ingredientes: 3 colheres das de chá de farinha de milho ou de arroz, 1 colher das de chá de
açúcar, 120 ml de água. Preparo: cozinha-se a farinha na água açucarada, até essa mistura ficar com
consistência aumentada; retira-se a mistura do fogo e deixa-se esfriar. A papa fria tem consistência de pudim.
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Diarréia Aguda
Diarréia Persistente
A causa mais freqüente, na faixa pediátrica, decorre de perdas pelo trato gastrintestinal. A
diarréia é causa importante de óbitos em crianças menores que 5 anos, podendo evoluir, de
modo mais prolongado e desfavorável, em crianças sem aleitamento materno, desnutridas,
imunodeprimidas ou com doença crônica. A incidência é maior nas populações de baixo nível
sócio-econômico.
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Cefaléia
Dor abdominal
Dor em membros
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Nos lactentes, o quadro clínico é ainda inespecífico, podendo compreender febre, anorexia,
irritabilidade, ganho de peso inadequado e manifestações gastrintestinais (náuseas, vômitos
diarréia e cólicas abdominais). Ganho ponderal inadequado, isoladamente, após os 6 meses
de idade não é indicativo de infecção urinária. Podem ocorrer, ainda, choro às micções e
alterações na coloração da urina. A incidência de sepse é menor que no período neonatal.
Jaqueline Christiane
Autores:
Lanaro
Márcia Melo Campos Pahl
Última Atualização: 9/20/2001 11:36:04 AM
Acne
Ginecomastia
Vulvo-vaginites
Marco
Autores:
Amatuzzi1
Última Atualização: 12/4/2001 11:36:10 AM
Afecções traumáticas
Afecções congênitas
Epidemiologia e definição
Paulo Andrade
Autores:
Lotufo1
Última Atualização: 9/21/2001 6:44:04 AM
Fábio Iuji
Autores:
Yamamoto1
Última Atualização: 8/28/2002 11:50:13 AM
1 Serviço de Neurologia Clínica da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
A doença cerebrovascular pode ser classificada em três grandes grupos (e cada um deles
com inúmeras sub-divisões, caracterizando doenças específicas): o isquêmico, a
hemorragia intracerebral e a hemorragia sub-aracnóide. A apresentação inicial de
todos estes eventos é quase sempre aguda, motivando a procura de pronto-socorro. No
Serviço de Neurologia de Emergência do Hospital das Clínicas da FMUSP, os isquêmicos são
responsáveis por 63,5% dos casos atendidos, a hemorragia intracerebral por 20,8% e a
hemorragia subaracnóide por 15,7%.
A hipertensão arterial é o fator de risco principal para o AVC, de tal forma que a sua
mortalidade e incidência podem ser consideradas como marcadores da prevalência da
hipertensão em uma localidade. Outros fatores, como o tabagismo, o diabetes e o colesterol
elevado também contribuem, porém com intensidade menor do que ocorre com o risco de
um infarto do miocárdio.
A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença que vem se tornando mais freqüente com o
passar dos anos. As pessoas não morrem mais de doenças infecciosas, de cardiopatia valvar
ou isquêmica, ficam mais velhas e acabam apresentando insuficiência cardíaca. Só o
envelhecimento da população já é fator de aumento de sua prevalência, pois, naqueles com
mais de 75 anos, é observada em mais de 10% dos pacientes, sendo diagnosticada em
menos de 2% entre os com menos de 55 anos.
A insuficiência cardíaca, pela sua característica clínica, é doença limitante, que, com o seu
agravamento, reduz substancialmente a qualidade de vida dos pacientes e, nas formas
avançadas, tem características de doença maligna, com mortalidade superior a 60% no
primeiro ano, mesmo nos dias de hoje.
Ao lado deste cortejo clínico, pela sua freqüência, é uma das doenças que onera muito os
serviços de saúde pública e privada. A insuficiência cardíaca foi a principal causa de
hospitalização entre as doenças cardíacas, tendo o governo gasto R$ 150 milhões no
tratamento, equivalente a 4,6% das despesas com hospitalizações no ano de 1998. As
despesas são ainda maiores se considerarmos os dias não trabalhados, os gastos familiares
na assistência ao doente etc. O mesmo se aplica aos seguros saúde e pacientes privados.
O principal sintoma da insuficiência ventricular esquerda é a dispnéia nas suas várias formas
de apresentação: aos esforços, ortopnéia, dispnéia paroxística noturna, dispnéia de repouso
até edema agudo de pulmão, sendo a expressão clínica da hipertensão venocapilar
pulmonar. Fadiga e astenia são sintomas também freqüentes. Alguns sintomas estão
relacionados especificamente a falência do ventrículo direito determinada pelo acúmulo
generalizado de fluidos. Desconforto em hipocôndrio e flanco direito (hepatomegalia e
distensão da cápsula de Glisson) e sintomas gastrointestinais, náuseas, vômitos, plenitude
pós-prandial, obstipação ou diarréia e dor abdominal difusa, são os mais freqüentes. Alguns
outros sintomas, como oligúria, noctúria, confusão mental, prejuízo da memória e insônia,
estes últimos especialmente nos idosos, são também observados com certa freqüência.
Ao exame físico, são encontrados sinais clínicos que variam com o grau e a cronicidade da
doença. Desta forma, o estado geral de pacientes com IC de recente início pode ser
relativamente bom, enquanto aqueles crônicos, geralmente, apresentam-se malnutridos e
até caquéticos.
Achados cardíacos denotando disfunção ventricular incluem ritmo de galope com terceira
bulha patológica. Outras alterações, como pulso alternante, sopros sistólicos em áreas mitral
e tricúspide, secundários à dilatação ventricular e hiperfonese do componente pulmonar da
segunda bulha podem ser observados, especialmente, nas fases tardias da doença.
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Pedro Puech-
Autores:
Leão1
Última Atualização: 9/3/2001 9:27:16 AM
A principal causa de insuficiência arterial dos membros é a aterosclerose. Ela responde por
mais de 90% dos casos. As doenças arteriais inflamatórias (arterites) são menos freqüentes,
mas podem causar isquemia importante. O diagnóstico etiológico começa pela idade: a
aterosclerose atinge os indivíduos acima de 50 anos, enquanto as arterites ocorrem antes
dessa idade.
A insuficiência arterial dos membros tem quadro clínico bastante característico, podendo,
quase sempre, ser diagnosticada apenas com base na história e exame físico. O quadro
depende da gravidade das lesões e se manifesta de três formas distintas: claudicação
intermitente, dor isquêmica de repouso e necrose tecidual.
Claudicação intermitente:
É um sintoma característico e patognomônico. Consiste na dor muscular, que aparece após
andar uma certa distância, aumentando de intensidade até obrigar o paciente a parar. Por si
só, faz o diagnóstico de insuficiência arterial. Na anamnese, é importante caracterizar bem o
sintoma, para não confundi-lo com outras manifestações dolorosas dos membros. As
características que permitem reconhecer a claudicação intermitente são:
1. o paciente nunca sente dor quando está parado, nem ao iniciar a marcha. A dor aparece
após andar alguma distância.
2. embora a distância que o paciente consegue caminhar sem dor possa variar dependendo
de fatores ambientais e do terreno, ela oscila dentro de uma determinada faixa, ou seja, não
existe um dia em que o indivíduo pode andar longas distâncias sem dor. O sintoma é,
portanto, constante e sempre presente nas mesmas circunstâncias.
3. instalada a dor, o paciente pode continuar andando se diminuir o ritmo, mas, se insistir,
será obrigado a parar.
4. uma vez tendo parado, a dor cede completamente em alguns minutos, mesmo que o
paciente fique em pé, para só voltar após nova caminhada na mesma distância
Fábio F. Morato
Autores:
Castro1
Jorge Kalil1
Última Atualização: 8/10/2001 11:24:52 AM
Rinite alérgica
Dermatite atópica
Ricardo Ferreira
Autores:
Bento1
Aroldo Miniti2
Última Atualização: 9/5/2001 6:55:16 AM
A rino-sinusite é doença de grande incidência entre adultos e crianças. É definida como uma
inflamação específica da mucosa que forra as cavidades paranasais ou seios da face causada
por agentes físico, químicos ou microbiológicos. Estima-se 20% dos adultos terá ao menos
um episódio de rino-sinusite ao longo de suas vidas, sendo a incidência influenciadas por
fatores regionais, ambientais e sócio-econômicos. Estima-se que no Brasil cerca de 15
milhões de pessoas tem rino-sinusite a cada ano. Se incluirmos no diagnóstico o processo
inflamatório que acomete a mucosa do nariz e seios paranasais em gripes e resfriados
comuns (infecções virais), a incidências anual por habitante chegará a duas por ano em
adultos e até quatro vezes ao ano em crianças.
Os seios paranasais são quatro estruturas pares (seios maxilares, etmoidais, esfenoidais e
frontais), revestidos pela mucosa nasal que se invaginou pelos orifícios de comunicação. O
movimento ciliar na mucosa sinusal drena o muco sinusal para as fossas nasais. De maneira
prática classificamos a rino-sinusite em aguda (menos de quatro semanas) e crônica sendo
o diagnóstico baseado em estimativas da duração da inflamação. No processo agudo, a
resposta seria reversível através de tratamento adequado, com retorno das características
normais da mucosa.
A inflamação crônica implica em uma contínua resposta inflamatória com necrose, fibrose e
supuração ativa presentes ao mesmo tempo levando a alterações irreversíveis. Tanto na
rino-sinusite aguda como na crônica, o epitélio ciliado do forramento cavitário é destruído ou
inativado, impedindo a drenagem normal das secreções. Os agentes infecciosos da rino-
sinusite aguda são o Streptococus pneumonie e o Hemophilus influenzae (responsáveis por
60 % dos casos), Staphylococcus aureus. (8%) e Moraxella Catharralis (4% em adultos e
até 20% em crianças). Na rino-sinusite hospitalar as bactérias gram negativas predominam.
Vários estudos mostram a Pseudomonas aeruginosa como a mais comum, seguida pela
Klebsiela pneumoniae, Enterobacter sp., Proteus mirabilis e Escherichia coli. Em
imunodeprimidos podemos encontrar infecção fúngica. Na rino-sinusite crônica, os
anaeróbios tem um papel relevante (cerca de 90%), predominando cocos anaeróbios e
Bacterióides sp. Nas infecções mistas (aeróbios e anaeróbios) o H. influenzae e o
Streptococus sp. são predominantes. Em infecções do seio maxilar relacionadas a problemas
dentários, as infecções anaeróbias e estreptocócicas são as mais comuns.
Rafael
Autores:
Stelmach1
Alberto Cukier2
Última Atualização: 9/21/2001 6:50:12 AM
Os óbitos por asma representaram cerca de 0,8% do total de óbitos na população. Em 1997,
ocorreram 2.672 óbitos por asma no país. Observou-se aumento de mortalidade por asma
em várias regiões brasileiras entre a década de 70 e a de 90. O incremento médio anual no
Rio Grande do Sul, por exemplo, entre 1970 e 1992, na faixa etária de 5 a 19 anos, foi de
8,4%, porém taxas estáveis foram verificadas no Estado de São Paulo. O desconhecimento
sobre o caráter inflamatório da doença, bem como a ausência de um programa de educação
e tratamento padronizados podem justificar parte destes números.
Asma brônquica é uma doença crônica das vias aéreas que se manifesta por episódios
recorrentes de tosse seca, sibilância e dispnéia. É uma doença incurável, que evolui com
crises quando um indivíduo sensível é submetido a um estímulo nas vias aéreas. Há uma
imediata ativação de células inflamatórias e liberação de mediadores. Como conseqüência,
há contração da musculatura lisa dos brônquios, hipersecreção mucosa e edema das vias
aéreas. Em decorrência, o fluxo aéreo se reduz, desencadeando a sintomatologia. Em alguns
pacientes, ocorre a chamada reação dual em que, aproximadamente 6 horas após o
estímulo inicial, ocorre uma segunda redução do fluxo aéreo.
Este ciclo inflamatório leva à destruição do epitélio de revestimento das vias aéreas e à
exposição de terminações nervosas, facilitando o acesso dos mediadores aos receptores
irritativos, com conseqüente aumento do tônus das vias aéreas. Estas permanecem neste
estado de hiperreatividade por vários dias. Caso novos estímulos desta ou de outra natureza
ocorram, perpetua-se a hiperreatividade, que se correlaciona com a gravidade da asma.
Estes conceitos, desenvolvidos na última década, deram clareza aos processos
fisiopatológicos da asma, primordialmente vinculados a um processo inflamatório
persistente. Esta compreensão da patogenia produziu substancial mudança na classificação
da gravidade da asma, com implicações diretas no tratamento, que passou a ser direcionado
ao controle da inflamação, e não mais simplesmente ao do broncoespasmo.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma entidade clínica caracterizada pela
obstrução ou limitação crônica ao fluxo expiratório, de progressão lenta e irreversível. Este
conceito engloba duas entidades, a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, sendo os
pacientes acometidos geralmente pelos dois componentes simultaneamente, em grau
variável. O tabagismo é a causa predominante, responsável por mais de 90% dos casos da
doença. Devido a seu caráter progressivo e incapacitante, a DPOC acarreta impacto
econômico considerável, tanto pelo absenteísmo e aposentadorias precoces, como pelo
custo do tratamento.
O exame físico pode ser normal. Os pacientes com enfisema mais pronunciado tendem a ser
magros, taquipnéicos, com tórax em barril, timpanismo, utilizando os músculos acessórios
da respiração. Aqueles em que predomina a bronquite crônica, por outro lado, têm
tendência à obesidade, são menos dispnéicos, cianóticos, com sinais de insuficiência
cardíaca direita.
Nos casos em que se desenvolve cor pulmonale, estase jugular, sopro tricúspide,
hiperfonese de segunda bulha, ascite, hepatomegalia e edema de membros inferiores
podem ser observados.
Não fumantes expostos a fumantes têm também maior risco de desenvolver câncer de
pulmão, com índices 30% acima dos verificados em não-fumantes, não-expostos.
Além disso, a exposição a substâncias químicas, como o asbesto, urânio, cromo e níquel,
têm sido associada de maneira menos freqüente ao câncer de pulmão.
O câncer de pulmão pode ser dividido em dois grupos principais: não-pequenas células e de
pequenas células.
Câncer de pulmão de pequenas células (20%): estes tumores são de origem neuroendócrina
e são muito agressivos, com sobrevida média após o diagnóstico de 2 a 4 meses.
Comparado com outros tipos celulares de câncer de pulmão, o carcinoma de pequenas
células tem a maior tendência de ampla disseminação, mas é o mais responsivo à radio e à
quimioterapia.
Na prevenção do câncer de pulmão, a medida mais importante a ser tomada é não fumar.
Evitar a exposição a pessoas que estejam fumando, bem como aos demais fatores
sabidamente relacionados com o câncer de pulmão (radônio, asbesto etc.), também são
medidas preventivas.
HIPERTIREOIDISMO
Causas Mecanismo
Estimulação tireóidea anormal por
Doença de Graves
anticorpos anti-receptor do TSH
Adenoma folicular autônomo;
Nódulo hiperfuncionante ativação constitutiva de receptores de
TSH
Múltiplos nódulos autônomos
Bócio multinodular tóxico
funcionantes
Doença tireóidea auto-imune
"Hashitoxicose" decorrente da superposição das
doenças de Graves e Hashimoto
Sobrecarga de iodo (constrastes
radiológicos; amiodarona;
antisépticos tópicos [Povidine]) em
Tireotoxicose induzida por iodeto portadores de nódulos autônomos,
doença de Graves, pacientes de áreas
endêmicas de bócio, pacientes com
bócio preexistente não-endêmico
Tumores trofoblásticos (mola Interação do hCG aos receptores de
hidatidiforme; coriocarcinoma) TSH
Adenoma hipofisário produtor de TSH Superprodução de TSH
TSH = hormônio estimulador da tireóide; hCG = gonadotrofina coriônica
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo franco. Tem etiologia auto-
imune, caracterizada pela presença de anticorpos estimuladores dirigidos contra o receptor
da tireotrofina (TSH). O excesso de hormônios tireóideos livres circulantes provoca
manifestações clínicas, que refletem uma exacerbação dos seus efeitos metabólicos.
Conseqüentemente, pode ocasionar espectro variável de sintomas. Em alguns pacientes, o
quadro clínico é inequívoco. Em outros, as evidências clínicas são inespecíficas, dificultando
o diagnóstico do hipertireoidismo, sem a ajuda de recursos laboratoriais.
HIPOTIREOIDISMO
Prof Sandra
Autores:
Gualandro1
Última Atualização: 8/10/2001 11:30:06 AM
Anemia, o mais frequente sinal encontrado na prática clínica, é definida como uma redução
nos níveis de hemoglobina do sangue. Determinar os níveis normais de hemoglobina não é
fácil, porque cada indivíduo tem a concentração de hemoglobina adequada à sua massa
muscular ou tecido metabolicamente ativo. Por isso, são necessários parâmetros para
estudar populações e servir de referência na prática clínica. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) estabeleceu estes parâmetros, baseando-se em estudos de âmbito mundial (tabela
1).
Para que todas essas atividades sejam realizadas adequadamente, o organismo utiliza
mecanismos ligados aos vasos (endotélio), às plaquetas e aos mecanismos de coagulação/
fibrinólise. Ao conjunto desses mecanismos é dado o nome de hemostasia.
Os distúrbios ou anormalidades hemostáticas podem manifestar-se clinicamente através de
duas sintomatologias opostas: as manifestações hemorrágicas e as manifestações vaso-
oclusivas ou trombóticas. Serão abordados somente os distúrbios hemorrágicos. Estes
podem ocorrer devido a alterações vasculares, plaquetárias ou dos mecanismos de
coagulação/fibrinólise, que podem ser congênitas ou adquiridas, sendo as últimas as mais
comuns na prática médica.
Yeda Magalhães
Autores:
Laurindo1
Última Atualização: 8/16/2001 9:15:26 AM
1 Professora assistente doutora do serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP
A artrite reumatóide é uma doença universal, com prevalência entre 0,5 a 1% na população
adulta. O início da doença ocorre, habitualmente, entre 20 e 60 anos de idade, com a maior
incidência em torno dos 45 anos. Trata-se de uma doença inflamatória crônica, sistêmica,
auto-imune, com etiologia desconhecida. É caracterizada pelo comprometimento de
pequenas e grandes articulações (artrite) de forma progressiva e aditiva, causando
deformidade e gradativa perda funcional.
Esta definição, embora complexa, resume seus principais elementos: inflamação crônica -
característica básica da artrite reumatóide. A inflamação, inicialmente da membrana
sinovial, manifesta-se clinicamente como artrite e laboratorialmente pelo aumento das
chamadas provas de atividade inflamatória inespecíficas. O caráter crônico, persistente,
implica na presença de mecanismos inflamatórios e imunológicos que perpetuam esta
inflamação, causando destruição da cartilagem e osso com conseqüente incapacidade física.
Embora as manifestações clínicas características envolvam as articulações, outros órgãos e
sistemas podem ser acometidos. Os pacientes podem apresentar febre, mal-estar, perda de
peso, linfoadenopatia, nódulos e vasculites, acometimento pulmonar e hematológico. A
detecção do chamado fator reumatóide (auto-anticorpo que reconhece como antígeno a
porção constante de outro anticorpo), em cerca de 60-80% dos pacientes, reflete o caráter
auto-imune da doença.
Importante destacar que é uma doença complexa, multifatorial, com participação do sistema
imunológico, hormonal (predomina em mulheres na proporção de 3:1; geralmente melhora
na gravidez e piora durante a amamentação), com predisposição genética e influência de
fatores ambientais. Este é um conceito fundamental: como não conhecemos o agente
etiológico, não consideramos ou não falamos em cura, pois isto implicaria na eliminação de
um agente causal que desconhecemos. Mencionamos "controle" ou "remissão" de doença.
Entretanto, para o paciente, permanecer assintomático por longos períodos equivale a uma
"verdadeira cura".
A perda funcional durante a fase aguda da doença é causada pela dor e edema das
articulações. Posteriormente, assume caráter permanente como consequencia da destruição
cartilaginosa e óssea. Está diretamente associada à morbidade da doença e deve ser
evitada. Minimizar, deter a destruição articular e a incapacidade funcional é o objetivo do
tratamento. Atualmente, estima-se que mais de 50% dos indivíduos afetados apresentem
dificuldades no desempenho das atividades profissionais após dez anos de doença.
Ricardo
Autores:
Fuller1
Última Atualização: 8/10/2001 11:26:48 AM
1Responsável pelo Grupo de Osteoartrose do Serviço de Reumatologiado do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da USP
A úlcera péptica decorre de um desequilíbrio entre os fatores agressivos (HCl, pepsina, sais
biliares e Helicobacter pylori) e defensivos, responsáveis em manter a integridade da
mucosa (barreira mucosa, fluxo sanguineo, regeneração epitelial). Vários fatores influenciam
o equilibrio entre a agressão e defesa da mucosa. Na ausência de antiinflamátorios não-
esteróides e de gastrinoma, a quase totalidade das úlceras gástricas e duodenais têm
relação com a presença do Helicobacter pylori. No Brasil, não há números oficiais, mas
calcula-se que 10% da população têm, tiveram ou terão úlcera. A tendência, porém, é que a
prevalência da doença esteja caindo, porque, com os tratamentos de erradicação do
Helicobacter pylori, as úlceras estão sob controle e há, ainda, a melhora das condições de
vida dos indivíduos, o que contribui para a não-contaminação.
As úlceras da primeira porção do duodeno são cinco vezes mais frequentes que as do
estômago. De um modo geral, as úlceras são mais frequentes no sexo masculino (1,5 a 3
vezes). Em relação à idade, a úlcera duodenal ocorre entre 30 a 55 anos e a úlcera gástrica,
entre 50 a 70 anos.
Além da infecção pela bactéria, entre os fatores ambientais , apenas o fumo, aspirina,
antiinflamatórios não-esteróides e esteróides em doses elevadas têm associação com úlcera
péptica. Fatores dietéticos, representados por café, refrigerantes, leite, álcool, condimentos,
têm sido aventados como possíveis participantes na etiopatogenia da úlcera péptica, mas
não existe comprovação científica de que algum desses fatores leve à incidência maior de
úlcera do que aquela esperada na população em geral. Da mesma forma, é universalmente
aceito que exista participação de um fator psicossomático na dinâmica da doença ulcerosa,
embora também não haja base científica para tal afirmação. O que se acredita é que
indivíduos que se alimentam mal e vivem sob tensão são mais susceptíveis a apresentar
distúrbios digestivos, mas não ao aparecimento de úlcera péptica.
Os sintomas referidos pelos pacientes não permitem diferenciar a úlcera duodenal e úlcera
gástrica e, algumas vezes, são muito discretos, atípicos ou mesmo ausentes. Quando
presente, a dor é habitualmente pouco intensa, em queimação, localizada no epigástrio,
circunscrita e descrita como "dor de fome, queimadura ou desconforto na boca do
estômago". A dor sem mantém por semanas, de forma rítmica. A ritmicidade é relação
íntima da dor com a alimentação: a melhora da dor com a ingestão de alimentos é
relativamente frequente nos portadores de úlcera duodenal (chamado de dor em 3 tempos:
dói-come-passa), ao passo que, em portadores de úlcera gástrica, a ingestão de alimentos
às vezes piora ou desencadeia o sintoma (dor em quatro tempos: dói-come-passa-dói).
Outra característica da dor da úlcera péptica é a periodicidade: períodos de acalmia
(desaparecimento da dor por meses ou mesmo anos) intercalados por outros de atividade. O
fato de o paciente ser despertado pela dor em meio à noite ("clocking") é sugestivo da
presença da úlcera, particularmente duodenal. A pirose ou azia é comum nos pacientes com
úlcera duodenal, em virtude da associação da úlcera duodenal com refluxo gastroesofágico.
Outros sintomas dispépticos, como eructação, flatulência, sialorréia, náuseas, vômitos não
são próprios da úlcera péptica mas podem estar associados. O exame físico nada
acrescenta, a não ser nos casos de complicações, como hemorragia, estenose ou
perfuração.
Raul
Autores:
Cutait1
Última Atualização: 8/10/2001 11:28:02 AM
Além disso, vários sinais e sintomas foram apontados como elementos de reforço ao
diagnóstico da síndrome do instestino irritável: (1) esforço excessivo durante a defecação;
(2) urgência para defecar; (3) sensação de evacuação incompleta; (4) eliminação de muco
durante a evacuação; (4) sensação de plenitude ou distensão abdominal.
aspectos psicológicos - acometem 85% dos pacientes com SII, que referem que os
sintomas coincidiram ou foram precedidos por problemas psicológicos, como conflitos
emocionais, como divórcio e luto. Também é comum que problemas emocionais exacerbem
os sintomas. Os pacientes demonstram amiúde sinais de ansiedade e depressão; são
"poliqueixosos" e hipocondríacos; muitos já passaram por vários especialistas por não
melhorarem dos sintomas ou, principalmente, por acharem que são portadores de câncer. )
outros sintomas, como queimação epigástrica e/ou retroesternal, náuseas, vômitos, são
referidos por até 50% dos pacientes. Diminuição da pressão do esfíncter esofágico inferior e
refluxo biliar para o estômago foram descritos em pacientes com SII e podem justificar tais
sintomas. Não é raro encontrarmos pacientes com história de cirurgias prévias (por
exemplo, apendicectomia, colescistectomia, histerectomia, etc.). Muitos deles são
diagnosticados equivocadamente e os sintomas da síndrome do intestino irritável persistem
após a cirurgia. Dismenorréia, dispareunia, polaciúra e enxaqueca são comuns entre os
pacientes com SII e parecem estar relacionados com distúrbios autonômicos envolvendo os
sistemas genital, urinário e vascular.
Marco Antonio
Autores:
Arap1
Última Atualização: 9/13/2001 11:08:10 AM
Renato Falci
Autores:
Júnior1
José Luis Chambô1
Última Atualização: 8/10/2001 11:28:32 AM
O impacto social causado pela presença de cálculos na via urinária é imenso. Estima-se que,
de cada 1000 admissões hospitalares, sete a dez sejam decorrentes de problemas
relacionados a calculose urinária e a probabilidade de um indivíduo durante a vida ter um
cálculo urinário varia de 5 a 20%, o que resulta em custos elevados para diagnóstico e
tratamento. A vida moderna, o aumento da carga protéica na alimentação e o sedentarismo
agem conjuntamente aumentando a prevalência da doença. O pico de incidência ocorre
entre 20 e 40 anos, sendo três vezes mais freqüente no sexo masculino e com
predominância familiar. Além de características intrínsecas do indivíduo, outros fatores
influenciam o aparecimento da litíase, como fatores geográficos (clima, umidade relativa do
ar), dietéticos, ocupacionais, o grau de ingestão hídrica individual e o uso de medicações,
que aumentam a excreção de substâncias que podem se precipitar na urina.
A cólica renal é um sintoma complexo resultante da obstrução do trato urinário. Caracteriza-
se por dor em cólica, de início abrupto, localizada em região lombar ipsilateral, em geral de
intensidade forte, que se irradia ventralmente no trajeto ureteral, atingindo a região escrotal
ou grandes lábios, acompanhada de náuseas e vômitos. O paciente apresenta-se inquieto e
incapaz de permanecer em uma posição por mais de alguns minutos. Nos cálculos em
migração para ureter distal, pode haver a concomitância de sintomas urinários, como disúria
e polaciúria, além de hematúria macroscópica.
O exame físico do paciente com cólica renal pode revelar sinais característicos. À inspeção, o
paciente apresenta-se extremamente inquieto. Os sinais gerais que podem ser encontrados
são taquicardia e aumento da pressão arterial, decorrentes da dor e, na avaliação específica,
dor à palpação profunda da loja renal ou ureter, geralmente correspondendo ao local onde
se localiza o cálculo. A punho-percussão dolorosa da região dorsal complementa os achados
do exame físico. O paciente apresenta-se afebril, exceto quando há infecção associada.
As crises epilépticas podem ser devidas a um evento agudo, de origem no sistema nervoso
central (SNC), como na meningoencefalite, no trauma de crânio e na doença cérebro-
vascular, ou de origem sistêmica devido a febre, anóxia, hipoglicemia, insuficiência renal
etc. Estas crises são classificadas como sintomáticas agudas ou reativas, não
configurando epilepsia. Neste contexto, devemos lembrar as crises desencadas por drogas
em nível tóxico (penicilina, lidocaína) ou terapêutico (cocaína e anfetaminas) e ainda crises
devidas à retirada de drogas (álcool, barbitúricos e benzodiazepínicos). Por outro lado, as
crises epilépticas podem ocorrer espontaneamente, seja de modo isolado, constituindo a
chamada crise epiléptica única, seja de modo recorrente, configurando o diagnóstico de
epilepsia.
As crises epilépticas podem ser parciais, em que ocorre comprometimento de uma porção
cerebral, ou generalizadas, em que há envolvimento cerebral difuso. As crises parciais, por
sua vez, podem ser simples, quando a consciência é preservada, e complexas, com perda de
consciência. Nas crises generalizadas, a consciência é sempre comprometida, exceto nas
crises mioclônicas, eventos epilépticos muito breves, nos quais é preservada.
Nas crises parciais simples, as manifestações clínicas dependem da região cortical em que
ocorrem as descargas epilépticas, seja área motora, sensitiva, sensorial, autonômica,
psíquica. Assim, teremos crises ditas: (1) motoras, que se caracterizam por movimentos
anormais, geralmente clonias, em regiões do corpo como mão, pé e face; (2)
somatossensitivas, que se manifestam por sensações anormais, como agulhadas ou
formigamento em determinada parte do corpo; (3) sensoriais simples, em que ocorrem
sensações simples que podem ser visuais (luzes coloridas), auditivas (zumbido, ruídos),
olfatórias (odores desagradávei), gustativas (gosto ruim) e vertiginosas; (4) sensoriais
complexas, em que são referidas alucinações estruturadas, como ver pessoas e cenas, ouvir
músicas etc; (5) autonômicas, que se manifestam por vômitos, palidez ou enrubescimento
facial, sudorese, piloereção, dilatação pupilar, incontinências esfincterianas etc; (6)
psíquicas, que determinam sintomas psíquicos, descritos como déjà vu (ilusão de
familiaridade) e jamais vu (sensação de estranheza) ou as ilusões auditivas
correspondentes, déjà entendu e jamais entendu, além de despersonalização e estado de
sonho.
A crise parcial simples pode evoluir para parcial complexa e crises parciais simples e
complexas podem evoluir para crises secundariamente generalizadas. A associação de um
ou vários tipos de crises epilépticas, padrões eletrencefalográficos intercríticos e críticos,
além de dados clínicos, como idade de início, estado neurológico e aspectos genéticos e
evolutivos, constitui uma síndrome epiléptica.
Paulo E.
Autores:
Marchiori1
Última Atualização: 9/21/2001 7:41:00 AM
1.3 Testes
1.3.1. Termoteste sensorial quantitativo
1.3.2. Termografia
1.3.3. Bloqueios anestésicos locais associados a termografia
1.3.4. Microneurografia
1.4. Sindromes
1.4.1. ABC Síndrome ou eritralgia
A - Angry B - "Backfiring" C - Nociceptores
1.4.2 Síndrome tripla do "resfriamento" ou do frio
- Dor queimante e hiperalgesias mecânicas
1.4.3 Pseudoneuropatia psicogênica
Paciente com disfunção psicológica que pode expressar manifestações clínicas que simulem
sintomas sensitivos positivos e negativos, manifestações motoras e vasomotoras.
3. Manifestações da neuropatias
3.2 Doenças
3.2.1. Síndrome de Guillain-Barré
3.2.2. Porfirias
4. Padrões de Neuropatia
4.1 Simétrica
4.2 Membros inferiores são mais acometidos que os membros superiores (exceto na
neuropatia pelo chumbo em que MMSS>MMII)
4.5 Plexopatia
- plexo braquial
- plexo lombo-sacral
5 Outras considerações
6. Manifestações associadas:
6.2. Doenças sistêmica: diabetes melito, doença hepática, dor abdominal, distúrbio
gastrointestinal, hiperlipemia, doença renal crônica, medicações, alcoolismo, soro
positividade para HIV, história para doença de Lyme, intoxicações.
7. Evolução da neuropatia
7.2 Gravidade:
- Subclínica demostrada por Eletromiografia
- Profundas paralisias e até insuficiência respiratória
7.3. Recuperação:
- Remielinização
- Regeneração
8. Eletrodiagnóstico
8.3. Condução sensitiva. Apenas examina fibra de condução A alfa (grandes e rápidas). Os
registros intraneurais da atividade da fibra nervosa, incluindo fibras C, não mielinizadas
podem ser realizados.
Em axonopatias a VCM é normal ou discretamente reduzida. Nas neuropatias
desmielinizantes a VCM é muito reduzida.
Em neuropatias desmielinizantes a presença de bloqueio de condução pode sugerir que o
paciente tenha uma polineuropatia desmielinizante crônica inflamatória, mais que uma
forma de neuropatia herdada ou outro tipo de neuropatia desmielinizante adquirida.
9.2 Classificação
9.2.1 Aguda
9.2.2 Subaguda
9.2.3 Crônica
9.3 Clínica
9.3.1 Polineuropatia
9.3.2 Mononeuropatia múltipla
9.4 Topografia
9.4.1 Axonal
9.4.2 Desmielinizante
9.4.3 Mista
9.5 Déficit
9.5.1 Sensitivo ( grande pequena ) fibras
9.5.2 Motor ( grande pequena ) fibras
9.5.3 Misto
9.6 Etiologia
Específica
Associações ( Doenças sistêmicas Intoxicações)
9.7 Laboratorial
9.7.1 Geral e rotina
9.7.2 Específico - auto-anticorpos (GM1,MAG)
9.7.3 Líquido cefalorraquiano
12.1 Focal
12.2 Multifocal
12.3 Generalizada
Clínica:
13% dos pacientes com diabetes melito com neuropatia sintomática
50% subclínica
12.4 Fatores
12.4.1 Hiperglicemia duradoura
12.4.2 Glicação de tecido
12.4.3 Hipoxia e isquemia tecidual
12.4.4 Imunológica
Classificação da neuropatia diabética
12.7 Reversíveis
Redução da velocidade de condução na "neuropatia hiperglicemia"
13. Amiloidose
Primária
Secundária
subaguda
Crônica - CIDP:
Desmielinizante
Recidivante
Recorrente
Progressiva
Desmielinizante Axonal
Aguda Crônica
21. Neuropatias Tóxicas (Axonopatias, desmielinizantes)
24.1 Reabilitação
Define-se hérnia da parede abdominal como a passagem de uma estrutura ou víscera intra-
abdominal através dos planos da parede, respeitando-se a integridade da pele.
Classificação Topográfica
As hérnias da parede abdominal são comumente classificadas de acordo com sua localização
na parede abdominal.
Linha Mediana
Hérnia epigástrica - ocorre na linha média, entre a cicatriz umbilical e o processo xifóide.
Hérnia umbilical - ocorre na cicatriz umbilical.
Linha Semilunar
Hérnia de Spieghel - ocorre na margem lateral do músculo reto do abdome.
Região Inguino-femoral
Hérnia inguinal - ocorre na região inguinal, sendo delimitada pela borda lateral do músculo
reto do abdome, pelo ligamento inguinal e por uma linha imaginária que une as duas
espinhas ilíacas ântero-superiores.
Hérnia femoral - ocorre no trígono femoral e é delimitada pelo ligamento inguinal, pelo
músculo sartório e pelo músculo adutor longo.
Região Lombar
Hérnia do trígono superior - ocorre no chamado triângulo de Grynfeltt, sendo delimitada
pela 12a costela, pelo músculo quadrado lombar e pelo músculo oblíquo interno.
Hérnia do trígono inferior - ocorre no triângulo de Petit, delimitado pela margem do osso
ilíaco, pelo músculo oblíquo externo e pelo músculo grande dorsal.
Incisional
Ocorre em locais de cirurgias prévias.
Incidência
% dos
Localização observações
casos
Epigástrica 5%
comum na infância; em adultos: 65% dos
Umbilical 10%
casos em mulheres
Semilunar rara
Inguinal (adultos) 70% 80% dos casos em homens; dos 20-40anos:
65% à direita; 7% bilateral
> 40anos: direita ~ esquerda; 40% bilateral
Inguinal
85%
(crianças)
Lombar rara
Femoral 5% 80% em mulheres; 65% à direita
Incisional 10% 75% dos casos em mulheres
Aspectos Gerais
3. Em homens com hérnia inguinal com mais de 50 anos, deve-se, obrigatoriamente, fazer a
avaliação pré-operatória da próstata.
Embora haja outras classificações, a mais comumente empregada divide essas hérnias em:
hérnia inguinal direta (HID) - o saco herniário tem origem no enfraquecimento do assoalho
do canal inguinal, medialmente aos vasos epigástricos profundos;
hérnia inguinal indireta (HII) - o saco herniário tem origem no anel inguinal interno,
lateralmente aos vasos epigástricos profundos. Pode ser congênita ou adquirida, neste caso,
resultante do enfraquecimento do mecanismo de esfíncter do anel inguinal interno,
conseqüente ao enfraquecimento da fáscia transversal;
hérnia inguinal mista - associação entre HID e HII.
hérnia femoral - o saco herniário tem origem no canal femoral, medialmente à veia femoral.
Diagnóstico
É obtido através da história clínica e do exame físico. Nos casos de hérnia inguinal, os
pacientes referem uma elevação na região inguinal, de início súbito ou não, associado ou
não a esforço físico, de crescimento rápido ou progressivo. O exame físico consiste de duas
etapas: 1) inspeção - procura-se verificar a presença de proeminências nesta região, que
são melhor visualizadas com esforço ou tosse. Alguns pacientes apresentam a forma
inguinoescrotal, que causa aumento do volume escrotal; 2) palpação - com o dedo indicador
posicionado através do anel inguinal superficial, permeando o conduto inguinal, pede-se ao
paciente que faça força ou tussa: na presença de hérnia inguinal, observa-se massa
herniária palpável descendo e tocando o dedo.
Diagnósticos diferenciais
- Criptorquidia
- Varicocele
- Hidrocele
- Tumor de testículo
- Linfadenopatia
- Cisto de cordão espermático
Tratamento
Hérnia Umbilical
Diagnóstico
Tratamento
A não ser para hérnias com anel < 0,5cm, assintomáticas, indica-se a correção cirúrgica,
que consiste no fechamento do anel. Hérnias pequenas podem ser abordadas inclusive sob
anestesia local.
Hérnia Epigástrica
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado pela história clínica e pelo exame físico. Quando sintomática, a
queixa mais freqüente é a de dor no local da herniação, na linha média xifo-umbilical. Esta é
facilmente palpável, exceto em pacientes obesos, quando a manobra de Vasalva pode
ajudar na palpação. Quando o paciente queixar-se de dor nesta região, deve-se atentar para
o diagnóstico diferencial de não confundir com uma queixa gastrointestinal.
Tratamento
Hérnia Incisional
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por meio da história e do exame físico. Como queixa, o paciente
pode relatar dor local, geralmente acompanhada de protusão, a qual é mais acentuada na
posição ereta ou com esforços físicos. Às vezes, ocorrem cólicas abdominais, em decorrência
de quadro suboclusivo em hérnias encarceradas. Nas grandes eventrações abdominais, a
pele sobre o saco herniário pode se apresentar atrófica, delgada, com veias ingurgitadas e
com infecção fúngica, podendo evoluir para a formação de lesões ulceradas.
Tratamento
Encaminhamento
Os ferimentos podem ser classificados em abertos e fechados. Abertos são aqueles que
apresentam descontinuidade da pele, enquanto que, nos fechados, a pele encontra-se
íntegra.
Ferimentos fechados
Ferimentos abertos
Os ferimentos abertos podem ser divididos em: 1) escoriações - são lesões da camada
superficial da pele ou das mucosas, que podem ou não apresentar sangramento discreto e
são acompanhadas de dor local intensa; 2) cortocontusos - são lesões superficiais, de
bordas regulares, e que geralmente são produzidas por objetos cortantes, como facas,
fragmentos de vidros ou de metais. O sangramento dessas lesões pode ser extremamente
variável, dependendo da existência de ruptura de pequenos vasos. Os ferimentos
cortocontusos também podem produzir lesões de vasos, tendões, nervos e músculos; 3)
lacerações - são lesões teciduais de bordos irregulares, em geral decorrentes de
traumatismos intensos produzidos por objetos rombo; 4) ferimentos perfurantes - são
lesões produzidas por objetos pontiagudos, tais como pregos, agulhas e estiletes, com
orifício de entrada geralmente pequeno. De acordo com a profundidade de penetração,
podem ser lesadas estruturas e órgãos internos. Na região do tórax, as intercorrências mais
freqüentes e graves são o pneumotórax, o hemotórax e o tamponamento cardíaco, que
podem colocar em risco a vida do doente. No abdome, os ferimentos perfurantes podem
provocar hemorragia e/ou peritonite, podendo gerar risco de vida; 5) avulsões - são lesões
abertas, onde existe descolamento de pele em relação aos planos profundos, com perda do
revestimento cutâneo. Essas lesões também podem ser acompanhadas de sangramento; 6)
esmagamentos - ocorrem em traumatismos resultantes da aplicação de energia e força
intensas. As lesões podem ser abertas ou fechadas, podendo causar extensa destruição
tecidual. Os mecanismos que provocam essas lesões são as colisões automobilísticas, os
desabamentos e os acidentes de trabalho.
Carlos
Autores:
Fontana1
Última Atualização: 8/10/2001 11:29:20 AM
As queimaduras químicas também atingem pessoas adultas na sua maioria, lidando com
substâncias químicas (ácidos ou bases fortes) sem o devido conhecimento ou medidas de
precaução.
Ricardo
Autores:
Aun1
Última Atualização: 9/13/2001 11:08:34 AM
Define-se como veia varicosa aquela que apresenta alterações permanentes de calibre e
comprimento (tortuosidade). As veias varicosas são salientes e visíveis, com alterações
definitivas e não-reversíveis de suas propriedades funcionais e anatômicas, causando
deformidades estéticas e podendo levar a sintomas. As úlceras de estase venosa crônica
representam uma das complicações mais importantes e características da doença,
representando 73% das úlceras dos membros inferiores: 8% são de origem arterial, 3%
aparecem em diabéticos, 2% são traumáticas, e 14% têm outras etiologias.
Quase 20% da população brasileira acima de 15 anos apresentam algum tipo de veia
varicosa. Os principais fatores de risco são a idade e o número de gestações.
Na maior parte dos casos, as varizes dos membros inferiores, além das deformidades
estéticas, apresentam pouca ou nenhuma sintomatologia. Alguns pacientes podem
apresentar sensação de peso ou desconforto mal caracterizado nos membros inferiores, que
piora com a postura ereta ou sentada e melhora com os pés elevados ou com o deambular.
A úlcera varicosa, ou úlcera de estase venosa crônica, situa-se geralmente na face média do
terço distal da perna. Normalmente é indolor; porém, pela facilidade de instalação de
processos infecciosos, passa a ser secretante e nota-se celulite ao redor. As bordas são
elevadas e o fundo, granuloso, coberto ou não de fibrina e secreção purulenta. Com o
membro pendente, observa-se exsudação pela ferida.
Quanto ao aspecto morfológico, as veias dos membros inferiores classificam-se em: varizes
(veias salientes e visíveis, com alterações definitivas e não-reversíveis de suas propriedades
funcionais e anatômicas, que causam elevação da pele); microvarizes (pequenas veias, de
trajeto tortuoso ou retilíneo, de aproximadamente 1 a 2 mm de largura, que não causam
saliência na pele. Algumas vezes são veias normais, visíveis pela transparência da pele) e
telangiectasias (pequenos vasos, muito finos, que podem aparecer isoladamente ou serem
confluentes, bastante semelhantes a pequenas "aranhas").
As complicações mais observadas são a flebite superficial. Pela estase em veia varicosa, há
maior tendência à formação de coágulos no sistema venoso superficial. As flebites
superficiais podem levar a hipercromia no trajeto venoso. Também, mesmo fora da fase
aguda, palpa-se endurecimento nestes locais.
Pode ocorrer por fragilidade de veias subdérmicas com erosão da parede. Geralmente é
benigna e a simples elevação do membro com compressão local já é suficiente para coibi-la.
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Avaliação Clínica
Os profissionais que lidam com idosos atuam sempre com: (1) respeito pelas diferenças
próprias da faixa etária; (2) uma visão multiprofissional do atendimento; (3) a presença de
familiares; (3) o contato com cuidadores para um completo entendimento do processo
agudo de doença. O idoso requer um maior tempo de atendimento, seja porque tem
deficiências sensoriais (visuais ou auditivas) e/ou cognitivas (nos campos da memória,
atenção e linguagem), ou porque naturalmente possui lentificação na capacidade de
planejamento e realização de suas idéias e pensamentos.
Exame físico. não difere daquele habitual para o adulto jovem, porém com alguns
comemorativos próprios da faixa etária, sendo da maior importância a diferenciação entre os
achados clínicos considerados normais para a idade - caracterizando a senescência - e
aqueles relacionados a doenças crônicas ou agudas, a senilidade. O indivíduo idoso exige
alguns cuidados particulares ao ser examinado: (1) respeito e maior pudor ao despi-lo de
suas vestes, por seus valores e diferenças culturais. (2) acessos livres e amplos aos locais
de exame, em função de eventuais limitações físicas; (3) pontos de apoio estratégicos para
facilitar sua movimentação.
Algumas peculiaridades do exame físico merecem maior atenção, pois podem influenciar a
tomada de decisão e a elaboração das hipóteses diagnósticas:
(3) freqüência cardíaca- apresenta tendência a valores mais baixos em relação ao jovem
e menor incidência de taquicardia compensatória a situações de demanda cardiovascular,
podendo até prejudicá-lo em uma situação de emergência;
(4) pressão arterial - pressão arterial - deve ser medida considerando a tendência
(patológica) para o desenvolvimento da hipertensão sistólica isolada com o avanço da idade,
a freqüente presença de hipotensão postural com suas implicações terapêuticas, a presença
eventual do fenômeno do "buraco auscultatório" falseando possível hipertensão sistólica
(deve-se utilizar sempre no idoso a palpação do pulso distal ao manguito para a medida da
pressão arterial), a existência de fenômenos vasculares obstrutivos que possam causar
diferenças significativas dos níveis pressóricos entre os dois membros (deve-se, sempre que
possível, medir a pressão arterial nos dois membros) e a alta prevalência do uso de
medicamentos que possam interferir na avaliação da pressão arterial;
Orestes Vicente
Autores:
Forlenza1
Última Atualização: 7/4/2001 6:01:00 AM
1 médico psiquiatra, laboratório de Neurociências - LIM 27, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
FMUSP. Mestre e Doutor em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da FMUSP
Há situações, onde a perda de fezes não é devida a denervação do assoalho pélvico, como a
impactação fecal, algumas doenças orificiais e a encoprese.
Na impactação fecal, que pode ocorrer em alguns casos de grave constipação de trânsito
lento ou no megacólon chagásico, as fezes se tornam endurecidas e ressecadas no interior
do reto e do sigmóide, o que leva a dilatação reflexa crônica do ânus, que permite a
evacuação involuntária de fezes líquidas que ultrapassam as fezes endurecidas (fecaloma) e
permeiam o ânus. Esse fenômeno também é conhecido como diarréia paradoxal.
Algumas doenças orificiais, como as hemorróidas, a fístula anal e a fissura anal crônica,
podem levar à perda de muco ou pus pelo ânus.
Diversas condições podem causar ou contribuir para a incontinência urinária, algumas das
quais reversíveis. O tratamento dessas condições pode reduzir ou até mesmo resolver a
queixa urinária. São chamadas causas reversíveis de incontinência (tabela 1). A classificação
de incontinência urinária aqui apresentada é baseada em sintomas como a urge-
incontinência, a de esforço, e a paradoxal.
Egberto Reis
Autores:
Barbosa1
Última Atualização: 9/5/2001 7:13:46 AM
Tremores
Doença de Parkinson
A queda é um evento bastante comum e devastador em idosos. Embora não seja uma
conseqüência inevitável do envelhecimento, pode sinalizar o início de fragilidade ou indicar
doença aguda. Além dos problemas médicos, as quedas apresentam custo social, econômico
e psicológico enormes, aumentando a dependência e a institucionalização. Estima-se que há
uma queda para um em cada três indivíduos com mais de 65 anos e, que um em vinte
daqueles que sofreram uma queda sofram uma fratura ou necessitem de internação. Dentre
os mais idosos, com 80 anos e mais, 40% cai a cada ano. Dos que moram em asilos e casas
de repouso, a freqüência de quedas é de 50%. A prevenção de quedas é tarefa difícil devido
a variedade de fatores que as predispõem.
Os fatores de risco que mais se associam às quedas são: idade avançada (80 anos e mais);
sexo feminino; história prévia de quedas; imobilidade; baixa aptidão física; fraqueza
muscular de membros inferiores; fraqueza do aperto de mão; equilíbrio diminuído; marcha
lenta com passos curtos; dano cognitivo; doença de Parkinson; sedativos, hipnóticos,
ansiolíticos e polifarmácia. Atividades e comportamentos de risco e ambientes inseguros
aumentam a probabilidade de cair, pois levam as pessoas a escorregar, tropeçar, errar o
passo, pisar em falso, trombar, criando, assim, desafios ao equilíbrio. Os riscos dependem
da freqüência de exposição ao ambiente inseguro e do estado funcional do idoso. Idosos que
usam escada regularmente têm menor risco de cair que idosos que a usam
esporadicamente. Por outro lado, quanto mais vulnerável e mais frágil o idoso, mais
suscetível aos riscos ambientais, mesmo mínimos. O grau de risco, aqui, depende muito da
capacidade funcional. Como exemplo, pequenas dobras de tapete ou fios no chão de um
ambiente são um problema importante para idosos com andar arrastado. Manobras
posturais e ambientais, facilmente realizadas e superadas por idosos saudáveis, associam-se
fortemente a quedas naqueles portadores de alterações do equilíbrio e da marcha. Idosos
fragilizados caem durante atividades rotineiras, aparentemente sem risco (deambulação,
transferência), geralmente dentro de casa, num ambiente familiar e bem conhecido.
Definição Alteração
amenorréia intervalo maior do que 60 dias
dismenorréia menstruação acompanhada de fenômenos dolorosos
sangramento irregular, intervalo menstrual maior do que 45
espaniomenorréia
dias
hipermenorragia aumento na quantidade e na duração do sangramento
aumento no número de dias de sangramento (maior que 5
hipermenorréia
dias)
hipomenorréia diminuição no número de dias (menos que dois dias)
menorragia aumento na quantidade do sangue eliminado
menóstase parada brusca da menstruação
metrorragia alterações no intervalo do sangramento menstrual
oligomenorréia diminuição na quantidade do sangramento
opsomenorréia intervalo entre 35 e 45 dias
polimenorréia intervalo menor do que 15 dias
proiomenorréia intervalo entre 15 e 25 dias
Os dois principais motivos que estimulam a procura de um médico são a hemorragia uterina
e a amenorréia.
Hemorragia uterina
Nos casos agudos, a paciente refere sangramento intenso, que pode evoluir para choque
hipovolêmico. O sangue é geralmente vermelho vivo, com coágulos. No sangramento
crônico, a paciente pode referir perda sangüínea prolongada durante o ciclo menstrual,
geralmente de 7 a 10 dias de duração, ou sangramento intenso nos primeiros dias do ciclo,
seguido de um sangramento vermelho escuro ou marrom por vários dias. Mais raramente, o
sangramento pode ser pequeno, mas contínuo ao longo do mês. Este quadro, quando
persiste por vários meses, freqüentemente evolui para anemia.
Amenorréia
Amenorréia secundária: quando não ocorre a menstruação por três ciclos consecutivos ou
mais.
Angela Maggio da
Autores:
Fonseca1
Vicente Renato Bagnoli1
José Aristodemo Pinotti2
Última Atualização: 8/16/2001 11:08:14 AM
Glossário
1. Climatério - fase da vida da mulher que marca a transição do período reprodutivo para o
não-reprodutivo. Esta fase pode estender-se por longo e variável período de tempo.
2. Síndrome climatérica - o climatério é uma condição fisiológica que algumas vezes, não
obrigatoriamente, apresenta sintomatologia. Quando esse quadro ocorre, é conhecido por
síndrome climatérica.
neurogênicas: são ossintomas mais comuns, representados por ondas de calor, calafrios,
palpitações, cefaléia, tontura, parestesia, insônia, cansaço e alterações da memória. As
manifestações neurogênicas são suscetíveis a influências ambientais, tais como exercícios,
alimentação, vestuário, condições climatéricas e emocionais;
osteoarticulares: entre estas alterações estão a ostealgia (dores ósseas); artralgia (dores
articulares) e mialgia (dores musculares) que estão relacionadas aos processos do
envelhecimento e atrofia do sistema osteomuscular. O sedentarismo e a osteoporose são
fatores importantes no agravamento destas manifestações;
ósseas: a osteoporose caracteriza-se pela redução da massa óssea de tal forma que a
mesma seja menor que a esperada para idade e sexo. Este processo determina
manifestações dolorosas variáveis e aumento de fraturas espontâneas ou provocadas, que
costumam ocorrer nas fases avançadas da doença. Com maior freqüência há
comprometimento dos ossos da coluna e pelve, que determinam dores lombares, perda de
altura e cifose;
metabólicas: na menopausa, a queda dos níveis de estrogênio determina mudanças
importantes do metabolismo lipídico, aumentando os riscos para doença arteriosclerótica.
Assim, neste período da vida da mulher há maior tendência de elevação do colesterol total e
das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e redução das lipoproteínas de alta densidade
(HDL). Essas modificações, somadas ao diabetes, hipertensão e tabagismo, aumentam os
riscos para doenças cardiovasculares;
Diagnóstico|Bibliografia
Diagnóstico de gravidez:
A suspeita de gravidez inicia-se pela história de atraso menstrual nas paciente em idade
fértil, afastando-se as amenorréias patológicas (disfunção endócrina, ganho de peso,
estresse), iatrogênicas (cirúrgica, por medicamentos, pós-pílula) e associadas ao
aleitamento (há chance de nova gravidez se a gestante já voltou a ovular, três a seis meses
após o parto). Na história clínica de suspeita de gravidez, outros sintomas aparecem como
náuseas, vômitos, aversão a odores, polaciúria, sonolência, lipotimia e aumento das mamas.
Ao exame clínico, o diagnóstico de certeza de gravidez consiste na ausculta dos batimentos
cardíacos fetais, com o sonar doppler (a partir da 10ª-12ª semana), o Pinard (a partir da
20ª-22ª semana) ou a visibilização da movimentação fetal.
Contracepção
A) Métodos comportamentais
Temperatura basal
Método oriundo na observação das alterações fisiológicas da temperatura corporal ao longo
do ciclo menstrual.
Após a ovulação, a temperatura basal aumenta entre 0,3 e 0,8o C (ação da progesterona). A
paciente deve medir a temperatura oral, durante 5 minutos, pela manhã, após repouso de
no mínimo 5 horas. Para não engravidar, a mulher deve evitar relações desde o primeiro dia
da menstruação até que a temperatura se eleve por 3 dias consecutivos.
Coito interrompido
Baseia-se na capacidade do homem em pressentir a iminência da ejaculação e neste
momento retirar o pênis da vagina. Tem baixa efetividade, levando à disfunção sexual do
casal, e deve ser desencorajado.
B) Métodos de Barreira
Condom
É um envoltório de látex que recobre o pênis, retendo o esperma no ato sexual, impedido o
contato deste e de outros microrganismos com a vagina e pênis ou vice-versa.
Diafragma
Dispositivo circular de borracha, recobre a cérvix uterina, devendo ser utilizado junto com
um espermicida, no máximo 6 horas antes da relação sexual. A adesão da paciente depende
da utilização correta do dispositivo. A higienização, a não adoção de um período de pausa e
o armazenamento correto do dispositivo, são fatores importantes na prevenção de infecções
genitais e no prolongamento da vida útil do diafragma.
Esponjas e Espermicidas
As esponjas são feitas de poliuretano, são adaptadas ao colo uterino com alça para sua
remoção e são descartáveis (ao contrário do diafragma)., estão associadas a espermicidas
que são substâncias químicas que imobilizam e destroem os espermatozóides, podendo ser
utilizados combinadamente também com o diafragma ou, os preservativos Existem em
várias apresentações de espermicidas: cremes, geléias, supositórios, tabletes e espumas.
C) Dispositivo Intra-Uterino
O DIU são artefatos de polietileno, aos quais podem ser adicionados cobre ou hormônios,
que são inseridos na cavidade uterina exercendo sua função contraceptiva. Atuam
impedindo a fecundação tornando difícil a passagem do espermatozóide pelo trato
reprodutivo feminino. O DIU com levonorgestrel age na supressão dos receptores de estriol
endometrial, provocando a atrofia do endométrio e inibição da passagem do espermatozóide
através da cavidade uterina.
As intercorrências mais freqüentes durante o uso do DIU são a expulsão do dispositivo, dor
pélvica e dismenorréia, sangramento anormal e infecção (infecção aguda sem melhora ou
infecções persistentes implicam na remoção do DIU). O DIU exige controle semestral e
sempre que aparecerem leucorréias.
D) Anticoncepção Hormonal
Minipílula
São pílulas contendo baixa dose de progestágeno que agem principalmente no
espessamento do muco serviçal dificultando a penetração do espermatozóide e também
inibindo a ovulação em metade dos ciclos menstruais, sendo de uso contínuo. Pode ser
utilizada combinada à amamentação quando não ocorre a amamentação exclusiva.
Pílula pós-coito
A anticoncepção de emergência é um uso alternativo de contracepção hormonal oral
(tomado antes de 72 horas após a relação) evitando-se a gestação após uma relação sexual
desprotegida. Pode ser utilizado anticonceptivo hormonal oral contendo apenas
progestagênio ou combinados contendo 0,25 mg de levonorgestrel e 0,05 mg de
estinilestradiol (Evanor, Neovlar) ou contendo 0,15 mg de levonorgestrel e 0,03 mg de
etinilestradiol (Microvlar, Nordette).
Injetáveis
Os anticoncepcionais hormonais injetáveis são anticoncepcionais hormonais que contém
progestogênio ou associação de estrogênios, para administração parenteral (IM), com doses
hormonais de longa duração.
Anticoncepção na adolescência
Não há método contraceptivo específico para esta população podendo ser utilizado qualquer
método contraceptivo desde que não apresentem alguma condição clínica que contra-
indique o seu uso, conforme os critérios de elegibilidade de cada método.
Anticoncepção no climatério
Nesta população também não há método de escolha específico, devendo ser levado em
conta a redução fisiológica da fertilidade nesta faixa etária e os critérios de indicação e
contra-indicação de cada método.
Anticoncepção na lactação
Nos primeiros seis meses pós-parto a amamentação exclusiva, a livre demanda, com
amenorréia possuem efeito importante contraceptivo. Com o retorno do ciclo menstrual e da
amamentação não exclusiva pode-se oferecer outros métodos contraceptivos respeitando a
elegibilidade clínica de cada método. Os métodos comportamentais só são recomendados
após o restabelecimento de ciclos menstruais.
Seguem algumas reflexões, envolvendo definições e/ou conceitos, importantes àqueles que
vão assumir a proposta educativa, destacando-se, aqui, a atuação do médico de família:
É importante:
· criar um espaço na relação com o profissional de saúde, onde o adolescente possa, por
meio de um processo reflexivo, perceber-se como um indivíduo, responsável pelo seu corpo
e pela sua vontade;
· fornecer informações que propiciem o conhecimento do seu corpo e sobre a anatomia e
fisiologia do aparelho reprodutor feminino e masculino;
· fornecer informações sobre os métodos existentes, discutindo vantagens e desvantagens,
procurando capacitar a adolescente, de preferência em conjunto com seu parceiro, a
escolher o método que mais se adeque ao seu contexto de vida;
· discutir questões polêmicas como interrupção da gravidez.
Algumas considerações devem ser tecidas em relação ao reconhecimento dos riscos que se
estruturam nas características e singularidades da adolescência.
Assim, os profissionais de saúde deverão estar preparados para o desafio de orientar um ser
ávido por experimentar o novo, destemido, por se julgar invulnerável, e imaturo ou amador
para lidar com o impulso sexual, marcado pela genitalidade, num corpo, a todo momento,
renovado por mudanças marcantes.
Atente-se, aqui, mais uma vez, para os princípios éticos que regem a medicina do
adolescente: a orientação anticoncepcional deverá permanecer em sigilo se o adolescente se
mostrar capaz e assim o desejar; o diálogo entre pais e filhos sempre será estimulado.
8. utilização inadequada da experiência sexual anterior pela adolescente que inicia sua
atividade sexual muito precocemente, próximo à menarca, quando os ciclos menstruais são,
na sua maioria, anovulatórios e fica para a jovem a falsa impressão de que ela realmente
não engravida (sente-se tranqüila por acreditar-se estéril ou tenta engravidar para ter
certeza de que não o é) ;
10. existência de gestação e/ou aborto prévios (ao contrário do que se esperaria, a
ocorrência de gravidez e/ou aborto anteriores é fator de risco para nova gravidez);
13. conhecimento dos pais ou responsáveis acerca das práticas sexuais em questão
(geralmente eles desconhecem a atividade sexual dos seus filhos);
20. taxa de eficácia de cada método (quadro 1): quanto mais a utilização do método
depende do indivíduo, mais sua taxa de eficácia prática se afasta da teórica.
Deve-se conhecer os medicamentos que interagem com o ACO, uma vez que seu uso
concomitante pode diminuir a eficácia do contraceptivo:
3. Drogas cujos efeitos podem ser alterados pelos ACO, aumentando-os (antidepressivos
tricíclicos, benzodiazepínicos, beta-bloqueadores, corticosteróides, meperidina e teofilina) ou
diminuindo-os (acetaminofeno e anti-coagulante oral).
Deve-se realizar uma anamnese cuidadosa e exame físico completo para avaliar a presença
de contra-indicações à prescrição da pílula.
O ideal é que essas adolescentes tenham também uma avaliação ginecológica, mas nem o
exame pélvico nem os exames laboratoriais são pré-requisitos para a o início do uso do
ACO. Uma adolescente com risco para engravidar, que opte pelo ACO e que não tenha, de
acordo com anamnese e exame físico, contra-indicações para seu uso já pode iniciar a
tomada do anticoncepcional enquanto aguarda resultado de exames laboratoriais e avaliação
ginecológica.
É necessário que se faça uma orientação detalhada, a qual deve ser reforçada nos retornos
que se seguem, até que se certifique que a adolescente está utilizando o ACO
adequadamente. Não se deve esquecer que o uso de um anticoncepcional é muito mais do
que simplesmente a ingestão de uma pílula, envolve questões morais, éticas, religiosas,
tabus, preconceitos, segredos.
Devem ser discutidos com a adolescente (e parceiro, se possível) os riscos e benefícios dos
ACO, efeitos colaterais e a possibilidade de sangramentos nos primeiros ciclos (importantes
causas de abandono); assim como aspectos práticos da utilização do método, como: quem
vai comprar, onde vai guardar (principalmente em caso de não conhecimento dos pais), a
que horas tomar, o que fazer se esquecer, o que fazer em caso de vômitos ou diarréia, etc.
A baixa dosagem hormonal das pílulas atuais, que garante a segurança do seu uso, também
exige que sejam tomadas regularmente a cada 24 horas. Não raramente, as adolescentes
esquecem de tomar a pílula, observando-se, na prática, melhor adesão quando ela tem o
apoio do seu parceiro ou dos seus pais.
Deve-se orientar ainda sobre a possibilidade de interações medicamentosas e que ela, caso
necessite passar por outro médico, deve informá-lo sobre o uso do ACO.
Embora o tromboembolismo seja uma complicação muito rara dos ACO de baixa dosagem,
orienta-se quanto às situações clínicas que sugiram tal problema, quando, então, a
adolescente deverá parar de tomar a pílula e procurar imediatamente um atendimento
médico: dor abdominal grave, dor torácica grave com tosse e dificuldade respiratória,
cefaléia muita intensa, dor na perna grave, perda ou borramento de visão, por exemplo.
Adolescentes a serem submetidas a cirurgias nos membros inferiores e/ou que exijam
imobilização pós-operatória não deverão fazer uso de ACO pelo risco aumentado de
trombose venosa profunda ou embolia pulmonar.
Anticoncepção de emergência
· A anticoncepção de emergência não protege contra DST e nem contra outra gravidez no
ciclo.
· O próximo ciclo pode ser antecipado ou retardado.
· O próximo fluxo menstrual pode ser mais intenso ou com volume inferior ao habitual.
· A adolescente deve pensar na possibilidade de gravidez caso a menstruação não ocorra
dentro de 3 semanas.
A dor mamária é queixa comum, com freqüência entre 30 e 70% das mulheres em alguma
fase da vida. Em mulheres brasileiras entre 17 e 45 anos, a prevalência de mastalgia foi de
66,2%. No entanto, 60,9% das mulheres apresentavam mamas pouco dolorosas, sem
interferência com atividades normais e sem necessidade de analgésicos; 4,6%
apresentavam mamas moderadamente dolorosas, interferindo com as atividades normais e
às vezes necessitando analgésicos e 0,8% tinham mamas intensamente dolorosas,
impedindo as atividades normais e necessitando de analgésicos. A dor nas mamas
(mastalgia), acompanhada ou não de espessamento mamário, que surge no início da
menacme e tende a desaparecer na menopausa, recebe a denominação de "alterações
funcionais benignas das mamas".
As "alterações funcionais benignas das mamas" iniciam-se por volta dos 20 anos. Nesta
fase, as mamas não costumam apresentar alterações palpatórias importantes. A sensação
dolorosa é quase sempre de leve intensidade, raramente é severa e na grande maioria das
vezes apresenta reforço sintomático pré-menstrual, com sinais de ingurgitamento local. Mais
tarde, geralmente por volta dos 30 anos, existe tendência dor ser acompanhada por
espessamento de parênquima. Evidenciam-se a irregularidade e a nodularidade do tecido,
principalmente nos quadrantes súpero-laterais, que se apresentam como áreas granulosas à
palpação. Pequenos nódulos agrupados tendem a formar placas de espessamento
endurecido.
Às vezes a acentuada fibrose determina um nódulo dominante, com três dimensões - altura,
comprimento e largura - que chega a simular uma neoplasia. É muito comum nas
"alterações funcionais benignas das mamas" o fluxo papilar. Nesta circunstância, o fluxo é
quase sempre bilateral, exteriorizando-se por vários orifícios de cada lado e de forma não-
espontânea, isto é, apenas mediante expressão. Apresenta coloração esbranquiçada,
amarelada, acastanhada, esverdeada. Raramente é incolor ou serossanguinolenta.
Cancro mole
Candidíase
Donovanose
Escabiose pubiana
Fissuras
Herpes
Hiperplasia de células escamosas
Intertrigo
Linfogranuloma venéreo
Líquen escleroso
Melanose Vulvar
Papilomavírus humano
Pediculose pubiana
Sífilis
Síndrome de Behçet
Tricomoníase
Úlceras genitais
Vaginose atrófica
Vaginose bacteriana
Vaginose citolítica
Vulvodínia
Marco Aurélio
Autores:
Galletta1
Marcelo Zugaib2
Última Atualização: 9/21/2001 8:06:32 AM
No Brasil, temos cerca de 1 milhão de gestantes adolescentes por ano, alcançando a cifra de
700 mil partos nesta faixa etária por dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o
número total de partos caia, o número de grávidas na adolescência aumenta (com
acréscimo significativo na faixa etária dos 10 aos 14 anos), dado extremamente
preocupante.
O atendimento deve ser em separado das demais gestantes, sendo interessante que as
adolescentes possam se encontrar com jovens na mesma situação. A estruturação de um
atendimento que privilegie a formação de grupos educativos (transmitindo informações) e
espaços de troca entre as adolescentes grávidas é altamente produtivo.
Para identificar a pré-eclâmpsia, a freqüência das consultas de pré-natal deverá ser menor
na adolescente, principalmente nas últimas semanas. Retornos depois da 30a semana
devem ser quinzenais e, após a 36a semana, semanais, pois é nesse período final que a
doença se estabelece. É fundamental medir a pressão em todas as consultas e pesar a
paciente para identificar aumento de peso, primeiro sinal da instalação da DHEG.
Inconcebível se torna a possibilidade da "alta" do pré-natal, frente ao risco de se
desenvolver a hipertensão longe dos olhos do pré-natalista.
Anemia
A dieta da adolescente é, muitas vezes, inadequada, com baixa ingestão de proteínas e sais
minerais, tornando a presença de anemia bastante freqüente, comparativamente à gestante
com mais de 20 anos. A presença de anemia na gravidez aumenta o risco de infecções e
parto prematuro, contribuindo para o aumento da mortalidade materna nessa faixa etária. E
seria ainda mais freqüente na adolescente que engravida logo após a menarca. Deve-se
incentivar uma alimentação balanceada rica em frutas, verduras e alimentos ricos em ferro.
A suplementação do ferro deve ser feita conforme indicado no capítulo de pré-natal. Quando
se detecta presença de anemia ao exame clínico, deve-se fazer um hemograma para
caracterizar o tipo específico. Se isto for impossível, é adequado repor ferro e folato e
observar a evolução clínica da paciente.
Prematuridade
A gravidez na adolescência se associa ao recém-nascido (RN) de baixo peso (< 2.500 g),
conseqüência da freqüente prematuridade (duas vezes mais freqüente que nas mulheres
mais velhas), principal complicação perinatal da gravidez na adolescência. O ganho de peso
insuficiente na gravidez é uma das condições mais freqüentemente associadas à
prematuridade. É comum, também, a adolescente apresentar vulvovaginites intensas, sem
se queixar para o médico que a assiste. Portanto, é necessário perguntar sobre presença de
corrimento em todas as consultas. Além da vulvovaginite, a infecção urinária também é
causa comum de parto prematuro, estando muitas vezes presente nas adolescentes. As
infecções de trato urinário devem ser tratadas com antibióticos adequadamente prescritos,
conforme descrito no capítulo sobre os problemas mais comuns na gravidez.
O médico deve estar atento para sinais incipientes de trabalho de parto prematuro,
perguntando à paciente, em todas as consultas a partir de 28 semanas, sobre sintomas
dolorosos e percepção de contrações. É muito comum a adolescente chegar no pronto
socorro em trabalho de parto prematuro irreversível, com dilatação importante, sem sentir
absolutamente nada. Isto deve ser a todo custo evitado, explicando a ela o que é contração
e trabalho de parto antes que eles ocorram.
O ultra-som deve ser solicitado em pelo menos três ocasiões durante o pré-natal, sendo
repetido seriadamente para confirmação diagnóstica. É impossível fazer o diagnóstico de
CIUR durante a gestação sem saber ao certo a idade gestacional (IG) por um ultra-som
realizado no primeiro trimestre. Na falta deste, dois ultra-sons no segundo trimestre, com
intervalo de duas ou três semanas, seriam suficientes para firmar a IG, desde que as idades
calculadas fossem concordantes.
Tal recurso também poderá ser utilizado no final da gravidez, para notar o ritmo de
crescimento a partir do peso estimado pelo ultra-som, configurando o CIUR na
eventualidade de não se detectar o aumento de peso esperado.
O parto cesárea é mais comum na gestante adolescente. A cesárea representa um risco para
a presente gravidez e também para o futuro obstétrico desta mulher, elevando os riscos de
rotura uterina, acretismo placentário e placenta prévia, além do risco infeccioso e
hemorrágico.
Toda a equipe de saúde da família deve participar do preparo da adolescente para o trabalho
de parto, cientes das peculiaridades da adolescente e das ansiedades próprias da idade.
Roberto Eduardo
Autores:
Bittar1
Marcelo Zugaib2
Última Atualização: 9/5/2001 9:59:50 AM
A gestação de baixo risco deve ser acompanhada sem grandes interferências. O pré-natal
deve se iniciar o mais precocemente possível e as consultas devem ser mensais até a 30ª
semana, quinzenais ou semanais até a 37ª semana, e semanais até o parto. O aumento do
número de consultas nas últimas semanas de gestação é importante para melhorar a
avaliação obstétrica e propiciar apoio emocional ao parto. Além do número de consultas
adequado deve-se dar qualidade a cada uma delas. Ouvir a gestante, esclarecer suas
dúvidas e fazer um exame clínico cuidadoso são mais importantes que o excesso de
tecnicismo, muitas vezes, iatrogênico. A avaliação clínica e os resultados dos exames devem
ser anotados na ficha médica e no cartão do pré-natal da gestante.
Câncer do Endométrio
Câncer de Mama
Câncer do Ovário
Câncer da Vulva
O câncer do colo do útero foi, por muito tempo, o de maior incidência na mulher, mas
superado, em anos recentes, pelo câncer da mama. É um tumor que apresenta
desenvolvimento lento e progressivo ao longo de muitos anos e somente apresenta
sintomas característicos quando a doença já se encontra em forma avançada. Nesta fase,
uma de cada três mulheres morrem da doença, o que é proporcionalmente maior do que no
câncer da mama.
O câncer do colo do útero é doença frequente nas camadas mais pobres da população e está
fortemente ligado à atividade sexual. É mais frequente nas mulheres com inicio sexual em
idade precoce, aumenta com o número de parceiros e também com o estado de saúde e
higiene dos parceiros sexuais. Nas relações sexuais, a mulher contrai a infecção pelo
papilomavírus humano - o HPV - que hoje acredita-se que é o principal agente etiológico
responsável por esta doença.
O câncer do colo do útero é muito mais frequente nas mulheres que fumam, pois o cigarro
tem um forte efeito imunossupressor, além de mais de trezentas substâncias com potencial
efeito cancerígeno. Também a infecção pelo papilomavírus humano tende a ser mais séria e
duradoura na mulher fumante.
Outro fator que contribui sobremaneira para o aparecimento do câncer do colo do útero é a
promiscuidade sexual, caracterizada pela multiplicidade de parceiros sexuais e pelo coito
não protegido com preservativo. Quanto maior o número de parceiros, maior será a
possibilidade de contrair a infecção pelo papilomavírus humano e evoluir para o câncer. A
deficiência de vitaminas A e E, ácido fólico e o uso de pílulas anticoncepcionais também
podem contribuir para o aumento da incidência do câncer do colo do útero.
O diagnóstico precoce das lesões que precedem o câncer invasivo é possível e permite que
estas lesões possam ser tratadas e curadas em 100% dos casos.
O exame de Papanicolaou continua sendo o método mais eficiente para este fim.(http://
www.inca.org.br/prevencao/programas/pncccu/index.html). Acredita-se que o exame de
Papanicolaou foi a descoberta da medicina que maior impacto causou na redução da
mortalidade por câncer em todo o século XX. É um exame simples, disponível nas unidades
básicas de saúde e pode ser aplicado em grandes populações com impacto poderoso na
redução dos casos de câncer invasivo. Deve ser realizado em todas as mulheres com
atividade sexual com periodicidade que não ultrapasse 2 anos de intervalo.
Câncer de Mama
Não dispomos de métodos preventivos para a atenção ao câncer mamário. O que fazemos
na verdade é utilizar métodos clínicos e de imagem para o diagnóstico precoce. A única
forma de diagnosticar precocemente o câncer mamário é fundamentalmente fornecer
informações às pacientes das formas de diagnóstico de que dispomos; ensinar a
autopalpação (http://www.inca.org.br/prevencao/ae-mama/index.html)(explicando o
período do ciclo menstrual mais adequado para a sua realização); orientar a realização
periódica de mamografias que buscam lesões não palpáveis que seriam teoricamente a
forma inicial do carcinoma mamário. O diagnóstico é feito a seguir através de estudo
anátomo-patológico por punção aspirativa, trocáter, biópsia incisional ou biópsia excisional.
Câncer do Endométrio
O câncer do ovário é o mais temido de todos os tumores genitais pois é uma doença que
ocorre em mulheres de todas as faixas etárias com tendência maior após os cinquenta anos
de idade. Sua evolução é rápida e silenciosa e quando aparecem os sintomas a doença
frequentemente já se disseminou para outros órgãos, comprometendo as possibilidades de
cura. Não se conhece ainda qual o fator causador do câncer do ovário, mas diferentes
estudos demonstraram que é uma doença mais frequente em mulheres que ovulam muitas
vezes.
Câncer da Vulva
O câncer da vulva evolui também de forma lenta e progressiva, iniciando-se como lesões
discrômicas, por vezes elevadas ou ulceradas e altamente pruriginosas. É comum estas
mulheres retardarem a busca por tratamento destas lesões iniciais e isto compromete
sobremaneira o prognóstico.
Os primeiros sintomas devem ser valorizados, principalmente nos pruridos crônicos ou nas
lesões de aspecto elevado, discrômicas ou ulceradas.
Tratamentos sintomáticos a base de cremes servem muitas vezes apenas para retardar o
diagnóstico e comprometer o tratamento. Toda alteração da textura da pele vulvar deve ser
submetida a biópsia para estudo histológico.
Seizo
Autores:
Miyadahira1
Marcelo Zugaib2
Última Atualização: 9/21/2001 8:12:38 AM
Amniorrexe prematura
Anemias
Anemias fetais
Cardiopatias
Diabetes
Eclâmpsia
Gestação múltipla
Hepatite B e C
HIV
Pós-datismo
Pré-eclâmpsia
Rubéola
Sífilis
Toxoplasmose
O seguimento pré-natal sofreu mudanças radicais nas décadas recentes, decorrentes dos
avanços no campo da propedêutica e terapêutica materna e fetal. A gestante e seus
familiares se beneficiam muito do diagnóstico correto de malformações do feto, podem ser
preparados psicológica e emocionalmente, recepcionando o concepto sem traumas, tão
comuns quando o diagnóstico é realizado no nascimento ou muito tempo depois.
Toda e qualquer anormalidade que se diagnostica no curso de uma gestação deve ser
abordada focando os dois compartimentos: materno e fetal. Assim, a propedêutica e a
terapêutica em obstetrícia devem ser direcionadas para o binômio: saúde materna e saúde
do feto. Existem situações em que apenas um dos compartimentos está comprometido e
todo o investimento deve ser direcionado a ele. Para a vigilância da saúde materna, é
fundamental que haja uma assistência pré-natal. As diversas situações de morbidade em
obstetrícia podem ser enfocadas em 3 grandes grupos: intercorrências clínicas,
intercorrências próprias da gestação (doenças obstétricas) e doenças fetais.
Após a dose inicial de penicilina, poderá surgir uma reação febril e cutânea, denominada de
Jarish-Herxheimer, resultante da liberação de toxinas dos treponemas mortos.
Transmissão Vertical
Infecção Fetal (mês) Percentuais de Acometimento Fetal Grave
1 10 - 40 %
2 20 - 25 %
3 10 - 20 %
4 6-7%
5 0,5 - 1 %
Cardiopatias: são uma das principais causas de morte materna no Brasil. A avaliação
personalizada de cada paciente é fundamental para a diminuição da morbidade materno-
fetal. É muito importante a realização da avaliação funcional do coração materno nas
gestantes com alterações cardíacas, que devem ser encaminhadas a serviço secundário ou
terciário. Os óbitos maternos devem-se à insuficiência da função miocárdica.
A avaliação do risco materno deve levar em conta o tipo de alteração cardíaca, tempo de
evolução da doença, medicamentos utilizados, cirurgias realizadas e intensidade da
descompensação cardíaca.
Anemias
Pós-Datismo
Assistência Obstétrica
TÓPICOS MÉTODOS
Cardiotocografia
Avaliação da Vitalidade
Avaliação do Volume de Líquido Amniótico
Fetal
Amnioscopia
Exame Pélvico Procurar condições para indução do parto
Sofrimento fetal e mecônio anteparto
Índice de Bishop => 5: indução do parto
Resolução
IG => 42 semanas: indução após preparo do
colo (Bishop <5)
Amniorrexe prematura
Rotura das membranas ovulares antes do início do trabalho de parto. Em cerca de 90% dos
casos, o trabalho de parto é desencadeado em 24 horas. É responsável por 33% dos partos
prematuros.
Anemias fetais: as causas são: aloimunização Rh, infecções fetais (por parvovírus). Na
assistência às gestantes Rh negativas não sensibilizadas, devem ser enfatizados os aspectos
profiláticos da aloimunização, descritos no quadro a seguir.
situação da
conduta pré-natal conduta pós-natal
gestante
Realização de teste de
Coombs indireto mensalmente
Imunoprofilaxia:300 mg
Rh negativa não Imunoprofilaxia: 300 mg de
anti-D dentro de 72 horas
sensibilizada anti-D entre 28-30 semanas
após o parto
ou após qualquer
procedimento invasivo
Titular o anti-D. Se > 1:16;
Ultra-sonografia:
espessamento ou
hiperecogenicidade,
hepatoesplenomegalia, duplo
aloimunizadas contorno da bexiga, derrame
(coombs indireto pericárdico, aumento da PLANEJAMENTO FAMILIAR
+) hidrocele indicam possível
comprometimento fetal
ENCAMINHAR PARA
SERVIÇOS TERCIÁRIOS pela
possível necessidade de
transfusão intra-uterina
Rosa Maria de S. A.
Autores:
Ruocco1
Última Atualização: 9/21/2001 8:14:24 AM
Urinárias: logo após o parto são encontrados edema e hiperemia vesical, ocorrendo maior
capacidade e relativa insensibilidade da bexiga.
Corpo uterino: após o parto, o útero pesa um quilo e localiza-se próximo à cicatriz
umbilical; após 8 a 10 dias está rente à sínfise púbica. Volta ao tamanho definitivo na 6a
semana (ficando discretamente maior que antes da gravidez), pesando cerca de 100
gramas. Com a saída da placenta, as contrações potentes que se seguem provocam a
involução do miométrio, bem como o fechamento dos vasos sanguíneos presentes no leito
placentário. O endométrio sofre necrose, ficando apenas sua camada basal, responsável pela
regeneração desse tecido ao final da terceira semana. No local onde estava inserida a
placenta, a reparação estará completa apenas na 6a semana.
Bibliografia
Kaloustian, S.M. Família brasileira : a base de tudo. UNICEF/Cortez Brasília/São Paulo, 1994.
Sarti, C.A. A família como ordem moral In Fundação Carlos Chagas Cadernos de Pesquisa.
Número 91, nov. 1994.
Bibliografia
BRESLOW, L. Da prevenção das doenças à promoção da saúde. JAMA Brasil, v.3, n.7, p.
2252-2261, agosto 1999.
BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Rio de Janeiro, Ciência & Saúde
Coletiva, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000.
Bibliografia
Informe Técnico: Vacina contra Febre Amarela. Imunizações 3(3): 88 - 92, 1999.
Diagnóstico
1) Pacientes com dor leve relacionada a neoplasia devem ser tratados com analgésicos não-
opióides aos quais devem ser combinadas medicações adjuvantes se existir indicação
específica.
2) Pacientes que são relativamente não-tolerantes e apresentam-se com dor moderada ou
aqueles que falharam em atingir alívio adequado após a tentativa de analgesia com não-
opióide, devem ser tratados com opióide convencionalmente usado para dor leve a
moderada (opióide "fraco"). Este grupo inclui codeína, hidrocodona, dihidrocodeína ou
propoxifeno. Estes medicamentos são tipicamente combinados com um não-opióide e
poderiam ser administrados com os adjuvantes.
3) Pacientes que se apresentam dor intensa, ou aqueles que falharam em atingir o alívio
adequado de dor seguindo administração apropriada de medicamentos no segundo degrau
da escada analgésica deveriam receber analgésicos opióides convencionalmente usados para
dor moderada para intensa (opióide "forte"). Este grupo inclui morfina, diamorfina, fentanil,
oxicodona, fenazocina, hidromorfina, metadona, levorfanol, e oximorfina,. Estas drogas
podem também ser combinadas com analgésicos não-opióides ou adjuvantes.
Dose Meia-
Vias de Intervalos
Nome Equianalgésica vida
administração (hs)
(mg) (hs)
codeína oral 200 2-3 3-6
propoxifeno oral 65 - 130 2-3 3-6
oxicodona oral 30 3-4 2-4
oral,
120(oral), 100(IM
tramadol intramuscular e 5,7 - 7 4-6
ou IV)
intravenosa
Dose equianalgésica é a dose de um determinado medicamento equivalente a potência analgésica de
morfina 10 mg administrado via intramuscular
Dose Meia-
Vias de Intervalos
Nome Equianalgésica vida
administração (hs)
(mg) (hs)
Oral, sublingual,
retal, 20 - 30(oral)
Morfina 2 - 3.5 3-6
intramuscular e 10(retal, IM, IV)
intravenosa
15 -
Metadona oral 20 4-8
120
sublingual,
0.8 (oral)
Buprenorfina intramuscular e 2-3 6-9
0.4(IM, IV)
intravenosa
oral,
300(oral)
Meperidina intramuscular e 2-3 2-4
75(IM, IV)
intravenosa
Dose equianalgésica é a dose de um determinado medicamento equivalente a potência analgésica de
morfina 10 mg administrado via intramuscular
- Uso prolongado e uso para idoso não é recomendado nesta situação de cuidados paliativos.
Dosagem
usual para
adulto Vias de
Nome Comentários
I=dose inicial administração
M=dose de
manutenção
I=100 mg ao para dor
deitar ou de neuropática,
12/12hs especialmente de
carbamazepina Oral
M=200~1600 dor lancinante. pode
mg em doses causar alteração
divididas medular
I=100 mg ao para dor neuropática
deitar ou de pode aumentar a
12/12hs sedação
fenitoína Oral
M=300~500 monitorar o nível
mg em doses sérico sempre que
divididas possível
para dor neuropática
I=10~25mg ao dor complicada pela
amitriptilina
deitar depressão e insônia
nortriptilina
M=25~150 mg Oral nortriptilina
clomipramina
ao deitar ou em apresenta menos
imipramina
doses divididas efeito anticolinérgico
e sedação
I=4 mg de entre os corticóides.
6/6hs prefere-se este por
Oral
dexametasona M=16~96 mg apresentar menos
EV
em doses efeito
divididas mineralocorticóide
I= 6~12 mg ao efeito antiemétoco
deitar ou em interessante nos
doses divididas Oral casos de uso de
clorpromazina
M=18~50 mg IM ou EV opióide. efeito
em doses anticolinérgico
divididas importante!
nos casos de
I=0,5 a 2mg ao agitação psico-
deitar ou em motora, associado a
Oral
haloperidol doses divididas dor, ou mesmo por
IM
M=2~15mg em efeito de medicação.
doses divididas efeito extrapiramidal
importante
tem efeito
I=2,5~5 mg analgésico nos casos
cedo(até meio- de dor neoplásicos.
dia) administrar dose
metilfenidato Oral
M=10~40mg única ou dividida até
cedo(até meio- meio dia, devido a
dia) seu efeito
estimulante
Medicações adjuvantes: O termo "analgésicos adjuvantes" descreve qualquer medicação que
tem outras indicações primárias além da dor, porém, é analgésica em algumas condições
dolorosas. Este grupo de medicações compreende uma diversidade enorme de classes de
medicamentos. São eles: antidepressivos, corticosteróides, neurolépticos,
anticonvulsivantes, relaxantes musculares, benzodiazepínicos, bifosfonatos e outros.
Encaminhamento
Nem sempre é fácil trabalhar com pacientes que se encontram em situações fora de
possibilidade de cura. Sugere-se atuação em equipe multidisciplinar para este tipo de
atendimento. Equipe mínima sugerida seria composta de médico, enfermeiro e assistente
social. Havendo disponibilidade no serviço, participação de psicólogos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, nutricionistas e outros profissionais de saúde teriam um espaço
extremamente rico e prazeroso de exercício de profissão. O trabalho pode ser compartilhado
de forma racional dentro de cada especificidade dos profissionais participantes. É
fundamental que haja uma reunião interdisciplinar com periodicidade preestabelecida para
que todos os membros possam compartilhar as novas idéias, melhorias, críticas e
mudanças. Equipe deve se dispor também para compartilhar a angústia e dificuldade de
atender tal natureza de pacientes.
Bibliografia
Doyle D, Hanks GWC, MacDonald N: Oxford Textbook of Palliative Medicine, 2nd ed. New
York, Oxford Medical Publications, 1998.
World Health Organization. World Health Statistics Annual 1990. World Health Organization.
Geneva,1991.
Bibliografia
Diagnóstico
O diagnóstico de obesidade pelo IMC é simples e direto, sendo até utilizado na imprensa
leiga para orientar seus leitores sobre ganho de peso. O IMC estima a obesidade total do
indivíduo, porém sabe-se que a localização da adiposidade no abdome também é um fator
independente para risco maior de diabetes, hipertensão e de eventos cardiovasculares.
Assim, podemos avançar no diagnóstico, avaliando a obesidade abdominal com a medida de
cintura. A forma mais empregada é a do cálculo da razão cintura/quadril. Valores acima de
0,80 para mulheres e de 0,90 para homens seriam considerados com alterados. A maior
dificuldade no emprego da razão cintura-quadril é a dificuldade em padronizar o local exato
para a medida das circunferências. Por isso, alguns autores estão mostrando que é mais
simples e tão adequado quanto medir somente a circunferência abdominal que seria
indicadora de risco quando, em adultos, estivesse maior do que 85 cm na mulher e 95 cm
no homem.
Tratamento
A prescrição de atividade física regular deve ser diferenciada da prática regular de esportes
ou da realização de exercício extenuante. O princípio básico a ser seguido é o de que "pouco
exercício é melhor do que nenhum", fato comprovado em vários estudos epidemiológicos em
que pequenas atividades, com jardinagem ou empurrar carros de bebê, associavam-se a
menor risco de eventos clínicos desfavoráveis quando comparadas ao sedentarismo.
Com maior facilidade, pode-se afirmar o que não funciona para reduzir o peso, como:
práticas populares como acupuntura, auriculoterapia, cremes para celulite, mesoterapia,
diuréticos, laxativos, yoga, hipnoterapia, formulações magistrais "naturais" e suplementos
dietéticos.
Encaminhamento
Indivíduos com índice de massa corpórea acima de 30 kg/m2 devem ser encaminhados para
atendimento especializado. Pacientes que tenham obesidade de causa secundária também
devem ser encaminhados.
Bibliografia
World Health Organization. Obesity: Preventing and Managing the Global Epidemic -- Report
of a WHO Consultation on Obesity, 3-5 June 1997. WHO/NUT/NCD/98.1
Diagnóstico
Durante toda e qualquer consulta médica, deve-se indagar sobre hábito tabágico, medir
pressão arterial, medir e pesar o indivíduo e, dosar colesterol a cada 2 anos, em pacientes
acima dos 45 anos. Em outros capítulos, foram apresentados os diagnósticos de tabagismo,
hipertensão e diabetes. Alterações lipídicas podem estar presentes nas situações abaixo.
Tratamento
A redução dos fatores de risco é a pedra de toque de todo programa de redução de risco
cardiovascular. A redução dos níveis de colesterol deve ser feita com dieta e medicamentos.
Na dieta, deve-se orientar a redução da ingestão de gordura saturada e colesterol, adequar
o balanço calórico e controlar outros fatores de risco modificáveis, como a resistência à
insulina, diabetes, obesidade e hipertensão. A decisão terapêutica geralmente está baseada
nos valores do LDL-colesterol e depende da existência de outros fatores de risco
cardiovascular conforme sugerido abaixo: Para homens com menos de 35 anos e mulheres
antes da menopausa, valores de LDL-colesterol entre 190 e 219 mg/dl não implicam em
tratamento com medicamento a não ser para indivíduos de alto risco, como os diabéticos.
Tratamento medicamentoso
Iniciar dieta (LDL) Objetivo (LDL)
prevenção primária e < 2 fatores de risco >= 190 mg/dl < 160 mg/dl
prevenção primária e >= 2 fatores de risco >= 160 mg/dl < 130 mg/dl
prevenção secundária > 100 mg/dl <= 100 mg/dl
Posologia e administração
lovastatina: comprimidos de 20mg com dose máxima de 80mg
sinvastatina: comprimidos de 5, 10, 20, 40, 80 mg (dose máxima 80mg);
pravastatina: comprimidos de 10 e 20 mg (dose máxima 40mg);
fluvastatina: cápsulas de 20, 40 e 80 mg (dose máxima 80mg).
atorvastatina: commprimidos de 10 e 20 mg (dose máxima de 80 mg);
Os comprimidos, nas doses habituais, devem ser administrados após o jantar à exceção da
atorvastatina, que pode ser administrada pela manhã. Os ajustes das doses devem ser
feitos, se necessário, a cada quatro semanas depois de nova análise do perfil lipídico e
controle de transaminases hepáticas e creatinofosfoquinase. Não foi descrita taquifilaxia.
Para pacientes com hipertrigliceridemia, o uso isolado dos fibratos ou a associação com as
estatinas pode representar a melhor opção terapêutica.
Encaminhamento
Bibliografia
Diagnóstico
1. Você fuma?
2. Quanto?
4. Que aconteceu?
Recomende parar, ressaltando informações relevantes para cada paciente ("você já tem um
pouco de enfisema").
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Tratamento
Todo fumante deve ser identificado e receber uma oferta de tratamento em cada consulta.
Mesmo intervenções curtas, três minutos em cada consulta, podem ser eficientes. Porém,
quanto mais intenso, mais efetivo o tratamento.
Técnica de mascar: mascar a goma lentamente, até notar um sabor picante. Então,
"estacioná-la" entre a bochecha e as gengivas para facilitar a absorção de nicotina através
da mucosa oral. Continuar a mascar e a estacionar a goma lenta e intermitentemente por
cerca de 30 minutos;
Absorção: bebidas ácidas (café, sucos, refrigerantes) interferem com a absorção bucal de
nicotina. Evitar comer ou beber qualquer coisa por quinze minutos antes e também durante
o uso da goma;
Adequação da dose: Freqüentemente, os pacientes não usam goma suficiente para obter o
máximo benefício: mascam poucas unidades por dia e não usam a goma por tempo
suficiente. O uso de uma dose fixa (pelo menos uma unidade a cada 1-2 horas) por pelos
menos 3 meses pode trazer benefícios maiores do que o uso ad libitum.
Depois deste período, a dose normalmente pode ser reduzida gradualmente. Por exemplo,
pode-se diminuir uma unidade da dose diária a cada semana.
A dose é diminuída a cada três ou quatro semanas pelo uso de adesivos progressivamente
menores. Os discos não devem ser cortados. Períodos de 6 a 8 semanas podem ser
eficientes, não havendo evidências de que tratamentos mais longos sejam mais vantajosos.
A bupropiona é formulada em comprimidos de liberação lenta com 150 mg. Seu uso é
iniciado de uma a duas semanas antes do abandono dos cigarros: um comprimido pela
manhã, nos primeiros quatro dias. No quinto dia, acrescenta-se outro comprimido, oito
horas depois do primeiro.
O uso de bupropiona pode ser vantajoso para pacientes preocupados com a possibilidade de
ganhar peso ou portadores de depressão. Os efeitos colaterais são geralmente leves e
transitórios. Os mais comuns são inquietação, insônia, boca seca e náusea. Na dose de 300
mg empregada no tratamento do tabagismo, o risco de convulsões é menor do que 0,5%.
Encaminhamento
Fumantes com depressão, dependência do álcool ou que não consigam parar de fumar por
outros motivos podem requerer tratamento especializado.
Bibliografia
Fiore MC, Bailey WC, Cohen SJ, et al. Treating Tobacco Use and Dependence. Clinical
Practice Guideline. Rockville, MD: US Department of Health and Human Services. Public
Health Service. June 2000. (Texto disponível em http://www.surgeongeneral.gov/tobacco)
Diagnóstico
Tratamento
Naltrexone (Revia): na dose de 50 mg/dia, pode ser eficaz para reduzir o desejo de
consumir o álcool e reduzir as propriedades de reforço positivo induzidas pelo álcool. A
naltrexone é mais benéfica em pacientes com fissura importante, distúrbios orgânicos
associados e pobre funcionamento cognitivo. Os efeitos colaterais mais comuns são:
cefaléia, náuseas, vômitos, ansiedade e fadiga.
Alucinose alcoólica: aqui, deve-se utilizar algum neuroléptico de alta potência em baixas
doses, como, por exemplo, o haloperidol 2-4 mg/dia.
Encaminhamento
Bibliografia
Castel, S.; Hochgraf, P.B.; Andrade, A .G.. Transtornos Psiquiátricos Associados ao Uso de
Substâncias Psicoativas. In: Louzã Neto, M.R.; Motta, T.; Elkis, H. Eds. Psiquiatria Básica.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1995, pp: 121-35.
Kaplan, H.I.; Sadock, B.J.. Compêndio de Psiquiatria Dinâmica. Porto Alegre, Artes Médicas,
1984.
Diagnóstico
Nem todo o uso de droga pode ser classificado como patológico. O uso eventual ou
experimental não necessita de tratamento, embora possa ser passível de abordagem
preventiva. Devem ser tratados os casos de abuso, dependência ou abstinência da
substância. O abuso de drogas ocorre quando o paciente mantém o consumo de uma
substância mesmo apresentando problemas legais, problemas de saúde ou prejuízos de sua
vida normal decorrentes do uso. Exemplo: pessoa que repetidamente dirige sob efeito de
sedativos, que rouba para obter a droga ou que a consome mesmo com conseqüentes
brigas familiares e perda de emprego.
Tratamento
1) Não existe uma única abordagem terapêutica que seja adequada para todos os pacientes.
O tratamento multidisciplinar (com abordagem médica, psicológica e social) é o que dá
melhores resultados.
2) Recaídas são comuns no processo de tratamento e não devem ser entendidas como
fracasso terapêutico. Cada ponto do processo de recaída deve ser avaliado para que a falha
não se repita.
5) Uma vez que o paciente pare de utilizar a droga, precisa entender que não deverá utilizá-
la novamente pois provavelmente voltará a perder o controle sobre seu consumo.
6) Neste processo o dependente tende a negar ou minimizar seus problemas com a droga. O
médico tem que ajudá-lo a perceber os prejuízos que a doença gera em sua saúde, em sua
convivência familiar, em seu trabalho e em todas as demais esferas de sua vida.
8) O tratamento é longo e deve-se tomar precauções contra recaídas mesmo após vários
anos de abstinência.
Processo do tratamento
Durante todo o processo, é importante orientar a família a evitar atitudes que possam
facilitar a recaída do paciente, como permitir que ele mantenha contato com outros
dependentes, deixá-lo freqüentar locais de risco sozinho e com dinheiro, etc.
Encaminhamento
Quando houver sintomas psiquiátricos marcantes, quando as medidas adotadas não forem
eficazes para manter a abstinência ou em casos severos de intoxicação e abstinência.
Bibliografia
Castel, S.; Hochgraf, P.B.; Andrade, A.G. - Transtornos Psiquiátricos Associados ao Uso de
Substâncias Psicoativas. In Psiquiatria Básica - Editores: Louzã Neto, M. R.; Motta, T.;
Wang, Y.; Elkis, H. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1995.
Pimenta, M.; Leite, M.C.; Hochgraf, P.B.; Zilberman, M.L. - Dependências Químicas - in
Condutas em Psiquiatria - Editores: Cordás, T. A.; Moreno, R.A. São Paulo: Editora Lemos,
1995.
Bibliografia
Sampaio SAP e Rivitti EA. Dermatologia. São Paulo: Artes Médicas, 1998.
Arnold HL, Odom RB e James WD. Doença da Pele de Andrews. 8ª ed. São Paulo: Editora
Manole, 1994.
NevesRG, Diógenes MJN, Guilhon RMP et al. Atlas de Dermatopatologia Tropical. Fortaleza:
Inova Gráfica,1997.
DERMATITE SEBORRÉICA
É afecção crônica, freqüente, recorrente, não-contagiosa, que ocorre em regiões como sulco
nasogeneano, sobrancelhas, região retroauricular, couro cabeludo e em áreas
intertriginosas. A causa não é conhecida. Os andrógenos podem ser um fator predisponente,
explicando a dermatite seborréica do lactente, influenciada pelos andrógenos, maternos que
desaparecem após alguns meses. A infecção por bactérias e leveduras ( principalmente a
Malassezia furfur ) tem sido lembrada na patogênese da doença, mas podendo ser apenas
um fator agravante. Ocorre associacão com quadros neurológicos ( siringomielia,
poliomielite, lesões do trigêmeo, doença de Parkinson ) e síndrome da imunodeficiência
adquirida.
Clínico.
Tratamento
DERMATOFITOSES
Também conhecida com tinha, é produzida por fungos dermatófitos(que utilizam a queratina
com fonte de subsistência). Existem dermatófitos antropofílicos, zoofílicos e geofílicos.
Tinha do couro cabeludo Comum nas crianças e rara nos adultos. Placas
de cabelos tonsurados( cabelos cortados) com
descamação, única ou múltipla. A forma aguda é
uma placa com inflamação e presença de
pústulas, chamada quérium.
Tinha corporis Placas eritêmato-descamativas de crescimento
centrífugo, podendo apresentar a borda com
vesículas e crostas e formas diversas.
Tinhas do pé e da mão Lesões eritêmato-descamativas com presença ou
não de vesículas podendo ser maceradas nos
interdígitos dos pés.
Onicomicose(Tinha da Acometimento de início na porção distal e/ou
unha) lateral subungueal ou subungueal proximal
superficial da lâmina ungueal. Destruição e/ou
hiperqueratose da unha.
Diagnóstico
Tratamento
O paciente atópico deve ser compreendido como um indivíduo cujo limiar de reatividade é
anômalo, motivo pelo qual reage anormalmente a estimulos: contactantes, ingestantes,
inalantes e injectantes. A etiologia parece ser multifatorial, com influência ambiental e
psicossocial. Muitos pacientes têm aumento de níveis séricos de imunoglobulina E (IgE),
principalmente nos casos de associação com quadro respiratório.
Quadro Clínico
Diagnóstico
Clínico.
Tratamento
Cuidados gerais:
Banhos rápidos, morno com pouco sabonete. Usar emolientes após o banho, como vaselina
líquida ou cold cream.
Usar roupas de algodão . Evitar tecidos de lã e fibras sintéticas. O quarto deve ser arejado
sem cortinas, tapetes ou brinquedos de pelúcia.
A tabela abaixo apresenta a potência do corticosteróide mais indicada para cada faixa etária:
Corticóide sistêmico: deve ser evitado pela necessidade de uso prolongado e pelo risco de
rebote após a retirada da medicação.
Encaminhamento
Para hospitalização: nos casos graves e resistentes, há melhora importante em poucos dias.
ECZEMAS DE CONTATO
É uma doença inflamatória da pele caracterizada por eritema, edema, vesículas, escamas,
crostas e liquenificação, associada a prurido e causada por fatores exógenos ou endógenos.
Divididas em 3 fases evolutivas: aguda (eritema, edema e vesiculação) subaguda
(escamas e crostas) e crônica (liquenificação).
Existem vários tipos de eczema; os mais comuns são: eczema de contato (exógeno) e
eczema atópico (endógeno).
Diagnóstico
Tratamento
Tópico Sistêmico
Aguda Compressas de permaganato de potássio Prednisona 0,5 m/Kg/
1:40.000 e Creme de corticóide dia
Subaguda Creme de corticóide Idem
Crônica Pomada de corticóide Idem
No caso da dermatite de contato na área das fraldas, deve ser sempre descartada a
associação com candidose.
ESCABIOSE (SARNA)
É causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei variação hominis. É transmitida pelo contato
pessoal, sem preferência por idade, sexo ou raça. O parasita completa todo o seu ciclo
biológico no homem, morrendo fora do hospedeiro em menos de uma semana. O macho não
invade a pele e morre após a cópula. A fêmea fecundada penetra na camada córnea e
escava um túnel, depositando 2-3 ovos por dia, no total de 10 a 25 ovos, e depois morre.
Em alguns dias, surgem larvas hexápodes, que se transformam em ninfas octópodes na
superfície da pele e se tornam adultos esse ciclo dura 2 semanas.
Diagnóstico
FURÚNCULO
Diagnóstico
É feito pelo quadro clínico, mas deve ser realizado o exame bateriológico e antibiograma
para orientar o tratamento.
Tratamento
Os cuidados higiênicos são muito importantes, podendo ser usados sabonetes com
antisséptico. Usar antibióticos sistêmicos. Se a lesão estiver flutuando, pode ser feita
drenagem.
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IMPETIGO
Diagnóstico
É geralmente clínico. Pode ser feito bacterioscópico e cultura para a identificação do agente
etiológico.
Tratamento
Limpeza com a remoção das crostas com água e sabão. Nos casos localizados, usar
antibióticos tópicos, como a neomicina, gentamicina, mupirocina e ácido fusídico. Nos casos
disseminados, deve ser dado antibiótico sistêmico como penicilina, eritromicina ou
cefalexina.
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LARVA MIGRANS
Tratamento
MOLUSCO CONTAGIOSO
Diagnóstico
Tratamento
Curetagem das lesões e aplicação de tintura de iodo, após anestesia tópica com lidocaína e
prilocaína.
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PEDICULOSES
São ectoparsitoses causadas por insetos que parasitam o couro cabeludo, o corpo e o púbis.
Os mais conhecidos agentes etiológicos são Pediculus humanus capitis ( piolho da cabeça),
Pediculus humanus corporis (piolho do corpo) e Phitirus pubis, responsável pela pediculose
pubiana ou ftiríase.
Couro cabeludo: prurido intenso nas regiões afetadas occipital e parietais, sendo freqüente
a infecção secundária levando ao aumento de linfonodos cervicais.
Púbis ou ftiríase
Tem como habitat os pêlos pubianos, mas pode ser encontrado também nos pêlos do
abdome, tórax , coxas e axilas. Raramente podem acometer os cílios, supercílios, barba e os
cabelos da margem do couro cabeludo. O sintoma principal é o prurido, podendo levar a
infecção secundária.
Diagnóstico
Presença das lêndeas ( ovos ) aderidas na haste do pêlo e/ou o encontro do parasita.
Tratamento
URTICÁRIA
Lesões urticárias são de tamanho variável, podendo formar placas gigantes. A duração da
lesão é fugaz. Há uma forma de urticária acompanhada de angioedema das pálpebras,
lábios, língua e laringe, podendo levar ao edema de glote e à morte se o paciente não for
socorrido a tempo em pronto-socorro. O quadro pode ser agudo desaparecendo rapidamente
ou se tornar crônico( mais de 6 semanas). O quadro clínico é bastante característico, mas a
descoberta do agente causal pode ser bastante difícil.
Diagnóstico
VERRUGAS
Os vírus causadores das verrugas. São DNA vírus denominados, genericamente, por HPV
(papilomavírus humano, ou, como no inglês, human papiloma virus). Eles podem infectar
tanto a pele como as mucosas.
Quadro clínico
Diagnóstico
Verrugas e carcinoma: Vários tipos de HPV têm um potencial oncogênico. Logo, devem
ser biopsiados para exame anatomopatológico os casos de verruga resistente ao tratamento
e de mulheres com verrugas genitais e de cérvix, devido à freqüente associação de verruga
e carcinoma de cérvix.
Tratamento
É feito, topicamente, com diversas substâncias químicas cáusticas, tais como: colódio tópico
com ácido salicílico 16,5% e ácido lático 14,5%. Em alguns casos, a conduta é o uso de
ácido nítrico fumegante, crioterapia com nitrogênio líquido e eletrocoagulação, que devem
ser feitos no consultório do dermatologista. É proibido o tratamento com exérese e sutura
das lesões, devido às recidivas freqüentes na borda da ferida cirúrgica.
Diagnóstico
Quase todas as alterações da cavidade oral são passíveis de observação por meio da
oroscopia, que, além da cooperação do doente, deve contar com boa iluminação e
afastador de língua.
A oroscopia deve ser acompanhada sempre da palpação das cadeias cervicais,
principalmente as submentonianas e júgulo-carotídeas.
Cistos salivares e dermóides: alguns tumores podem ser císticos, destacando-se os cistos
salivares e dermóides. Os cistos salivares são bem circunscritos, brancos ou azulados, com
dimensões variáveis, abaixo da mucosa. Estes cistos podem se romper, liberam líquido
viscoso, mas se refazem em período de tempo curto. O tratamento é a ressecção cirúrgica
completa. Na região sublingual, na linha média, podem ocorrer tumores císticos de
dimensão variável, podendo provocar alterações na fala e mobilidade da língua. Atribui-se
sua origem a restos epiteliais embrionários. Seu tratamento é cirúrgico.
Torus mandibular é o nome dado a uma protuberância óssea localizada na face interna da
gengiva, junto ao assoalho da boca. Tem contorno regular, consistência óssea, é imóvel e
assintomático. Tem crescimento lento ou ausente e observação periódica é a conduta.
O torus palatino é alteração óssea localizada no palato duro, na linha média, de tamanho
forma e extensão variáveis, imóvel e indolor. O único tratamento é a ressecção cirúrgica,
indicada na presença de sintoma, mormente a impossibilidade de manutenção de prótese,
ou crescimento. A técnica deve ser cuidadosa para evitar comunicação da cavidade oral com
a nasal.
Tumores nas gengivas podem estar relacionados aos dentes, mesmo na ausência de dor, e
são tratados por cirurgia. São comuns os cistos associados a abscessos dentários e
secundários a tratamento de canal.
Tratamento
As lesões acima descritas deverão, na maioria das vezes, ser encaminhadas a serviço
especializado. No entanto, há situações bem freqüentes que devem ser acompanhadas em
unidades básicas de saúde, como, por exemplo:
Aftas são as lesões mais comuns da boca. Caracterizam-se por úlcera dolorosa, pequena,
de fundo esbranquiçado, borda regular e não elevada. Podem ser isoladas ou múltiplas,
localizadas na língua, assoalho da boca e mucosa jugal. Têm aparecimento súbito e cura
espontânea em cerca de 10 dias. Não há tratamento eficiente comprovado. Podem ser de
auxílio a higiene oral, a substituição do creme dental e a não-utilização de alimentos ácidos
e condimentados. Casos recorrentes e com limitação severa devem ser encaminhados para
tratamento especializado. As lesões podem ser agravadas por infecção secundária por
Candida albicans, quando o tratamento tópico com solução de nistatina se indica com bom
resultado. Se após duas semanas a afta não estiver cicatrizada, indicamos completa
ressecção da lesão para exame anátomo-patológico.
Encaminhamento
Em esquema:
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Bibliografia
Brandão LG, Ferraz AR. Cirurgia de Cabeça e Pescoço. São Paulo, Roca, 1989, pp. 295-307.
Bork K, Hoede N, Korting GW, Burgdorf WHC, Young SK. - Diseases of The Oral Mucosa and
the Lips. Stuttgart (Alemanha), W. B. Saunders Company, 1996, pp 321-4.
DOENÇA HEMORROIDÁRIA
FISSURA ANAL
A fissura anal é uma afecção proctológica comum, causa de dor aguda, sofrimento e
desconforto maior que qualquer outra lesão de seu tamanho no corpo humano. A dor
durante e após a evacuação dura de minutos a horas e é freqüentemente acompanhada de
sangramento observado sobre as fezes ou no papel higiênico. O paciente torna-se, então,
apreensivo sobre futuras evacuações, e esta relutância aumenta a constipação e o
desconforto.
FÍSTULAS
Ao exame proctológico, pode-se detectar o orifício externo, com ou sem descarga purulenta,
e o trajeto fistuloso, que é palpado até o orifício interno. À anuscopia, constata-se a
presença da cripta infectada.
O abscesso se forma por infecção nas criptas anais de Morgagni onde desembocam os
ductos glandulares, formando coleções em diferentes espaços, seja acima dos músculos
elevadores (supradiafragmáticos - abscessos pelvi-retais e retro-retais) ou abaixo deles
(infradiafragmáticos - peri-anais, submucosos e isquiretais).
As principais queixas são dor intensa na região ano-retal que se irradia para membros
inferiores, febre, calafrio e mal-estar. Eventualmente, os pacientes apresentam drenagem
espontânea da coleção purulenta, com saída de grande quantidade de pus.
O condiloma pode comprometer a região anal, perineal e genital, sendo causado por vírus
do tipo papilomavírus (papillomavirus humano), que é transmitido pelo contato sexual direto
(embora haja outras possibilidades de contaminação não-venéreas). Seu período de
incubação varia de duas semanas a oito meses. Caracteriza-se por lesão verrucosa de
crescimento progressivo, podendo ocorrer em pontos isolados ou ser confluente. Provoca
prurido, sangramento discreto e secreção de odor fétido.
Nas mulheres, atinge a vagina, grandes lábios, canal anal e o períneo. Nos homens, atinge o
pênis, a região perineal e o ânus. Seu aparecimento no reto está relacionado ao sodomismo
e, na cavidade oral, ao sexo oral. Em alguns casos, a infecção condilomatosa pode
apresentar displasia e transformação maligna. Pode ainda acometer indivíduos com
imunodeficiência, sem história de relação anal, como aqueles submetidos a transplantes de
órgãos.
A proctite gonocócica (causada pela Neisseria gonorrheae) é doença pouco frequente nos
dias atuais, causando prurido anal, secreção hemo-purulenta, dor retal e tenesmo. O
tratamento é feito por antibióticos específicos.
Na região perineal, a infecção herpética é causada pelo herpes tipo II, que causa prurido,
sensibilidade dolorosa com irradiação local, aparecimento de área hiperemiada com
vesículas que se rompem e formam úlceras, secreção serosa e adenite inguinal. O
tratamento é feito por higiene local, analgésicos e agentes anti-virais específicos.
CÂNCER DE ÂNUS
Os tumores do ânus, canal anal e margem anal representam cerca de 3 a 6% dos tumores
do intestino grosso. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), esses tumores são
classificados em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma, melanoma maligno e tumores de
células indiferenciadas. O carcinoma epidermóide é o tipo mais comum e divide-se nos tipos
espinocelular, basalóide (ou cloacogênico) e muco-epidermóide.
Bibliografia
Furman JM, Cass SP. Benign Paroxysmal Vertigo. New Eng J Med 1999;341:1590-1596.
Kapoor WN. Evaluation and management of the patient with syncope. JAMA 1992;268:2553-
2560.
Bass EB, Lewis RF. Dizziness, vertigo, motion sickness, near syncope, syncope and
disequilibrium. In: Barker et al. Principles of Ambulatory Medicine.
ENXAQUECA
As enxaquecas podem ser com aura e sem aura. A aura pode incluir alterações visuais
(estrela brilhante ou escotomas) bilaterais, acometendo campos visuais homônimos;
alterações sensoriais - formigamentos e parestesias em lábios, membros superiores e,
raramente, membros inferiores, unilaterais; e alterações motoras - tontura, discreta, afasia
e sonolência, durando de 5 a 20 minutos antes do quadro doloroso.
1. Tipo de dor
Em peso ou pontada
As cefaléias do tipo tensional podem ser divididas em episódicas (duram menos de 15 dias
por mês ou menos de 180 dias por ano) e crônicas (duram mais de 15 dias por mês ou mais
de 180 dias por ano).
Os pacientes com cefaléia do tipo tensional episódica tendem a conviver com a doença e
raramente procuram auxílio médico. Isso acaba levando a uma grande quantidade de
automedicações que somam ao componente original da cefaléia um componente de abuso
de analgésicos simples, o que seria interpretado pelo sistema nervoso como uma ausência
crônica de aferências dolorosas levando a alterações dos mecanismos centrais de inibição da
dor e conseqüente evolução para cronicidade. O uso de analgésicos associados a cafeína
também pode levar à cronificação do quadro.
Diagnóstico
Síndromes esofageanas - a dor de esôfago pode ser confundida com dor coronária,
devido a características comuns a ambas as doenças. O tipo de dor é descrito como
queimação (mais comum), ardor, plenitude, pressão, ou angústia; geralmente a queimação
é referida como sendo do tipo acidez e não calor; ocorre após a alimentação e pode piorar
ou ser desencadeada quando a pessoa se deita. De localização retro-esternal até
epigástrica, a dor pode se estender para os lados do tórax, ombros, braços e mãos, dorso e
garganta. Um espasmo difuso do esôfago, desencadeado por líquidos gelados, que melhora
com uso de nitrato sublingual, pode simular perfeitamente dor coronária. Outra causa de dor
não coronária que deve ser lembrada, é a dor ulcerosa. A localização dolorosa no epigástrio,
tipo queimação, a relação com a alimentação e a melhora com antiácidos, são dados
relevantes no diagnóstico diferencial. Por fim, a dor da pancreatite, que também se localiza
no epigástrio, pode simular dor coronária. Geralmente é contínua, acompanhada de vômitos,
piora com a movimentação, sendo aliviada pela inclinação do tórax para a frente. É comum
dor à palpação do epigastro.
Tratamento
O tratamento da dor deverá ser baseado no diagnóstico inicial, a que o médico consegue
chegar em poucos minutos com a história e exame físico. Nos casos de angina do peito,
deve-se consultar o capítulo referente ao tema.
Encaminhamento
Bibliografia
Semiologia Clínica/editado por Isabela Bensenor, José Atta e Milton Martins - 1a edição -
Sao Paulo: Sarvier, 2001.
Diagnóstico
Quadro não-inflamatório
Sinal Quadro Inflamatório
articular não-articular
às vezes, localizado
calor sim, difuso não sobre a estrutura (por
exemplo, bursa)
às vezes, localizado
edema sim,difuso não sobre a estrutura (por
exemplo, bursa)
raro, mas, de novo, é
eritema raro não
localizado
dor à palpação sim, difuso sim, difuso sim, localizado
Os exames devem sempre ser analisados dentro do contexto clínico acima detalhado.
Exames radiográficos e imunológicos precisam ser avaliados sempre com cautela.
A investigação radiográfica deve ser direcionada para cada caso em particular. Na suspeita
de artrite reumatóide e osteoartrose, sinais radiográficos característicos auxiliam o
diagnóstico clínico. Da mesma forma, a presença de sacro-iliíte, observada numa radiografia
simples de bacia, auxilia o diagnóstico de espondilite anquilosante. Por outro lado, nos "
reumatismos de partes moles", a radiografia simples é normal. Nestes casos, o ultra-som e
a ressonância magnética são exames mais adequados.
Fator reumatóide serve como auxílio no diagnóstico da artrite reumatóide, porém deve ser
lembrado que sua negatividade não afasta o diagnóstico e sua positividade não é específica
para a artrite reumatóide. Um teste positivo para fator reumatóide só pode ser interpretado
dentro do contexto clínico em que foi pedido.
Tratamento
gelo e calor local são úteis como tratamento adjuvante de inúmeras situações em
reumatologia. O gelo local atua como analgésico e antiinflamatório, podendo ser utilizado na
fase aguda de tendinites, bursites, etc. Da mesma forma, o calor local pode ser utilizado
isoladamente ou associado ao gelo em dores de origem muscular ou osteo-articular.
Encaminhamento
Bibliografia
Hunder G.G, Michet C, J. General Evaluation of The Patient. In: Textbook of Rheumatology,
4th Ed. Kelley W.N., Harris E.D., Ruddy S., Sledge C.B. , Edts. Philadlphia, Saunders
Company, 1993.
Sergent J. S., Grahame R. Evaluation, Signs and Symptoms. In:Rheumatology, 2nd Ed.
Klippel J.H., Dieppe P. A., Edts. London, Mosby, 1998.
Reumatologia Para o Clínico. Yoshinari, N.H., Bonfá, E.S.DO., Edts. São Paulo, Roca, 2000.
Diagnóstico
O exame clínico da dor cervical deve ser iniciado pelo exame neurológico, que visa o estudo
da integridade da medula espinal. A altura da zona de insensibilidade cutânea pode revelar o
nível de uma lesão medular. Alterações do pulso radial, relacionadas com a rotação interna e
externa da cabeça, bem como com os pulmões cheios de ar, podem revelar alterações que
nos fazem pensar em compressão do plexo. A rigidez cervical (coluna travada) pode estar
presente nos graves casos de luxação interapofisária traumática. Os espasmos e contraturas
da musculatura anterior e posterior do pescoço atestam a veracidade da dor referida. Deve
ser excluída, principalmente nas crianças, as afecções da oro-faringe, principal causa da
cervicalgia infantil. As compressões radiculares por hérnia de disco cervical são mais raras.
O paciente se apresenta com dor irradiada para o membro superior, acompanhada de
alterações da sensibilidade, em zona metamérica.
Tratamento
Se o exame excluir a possibilidade de lesão óssea que poderia levar a conseqüências graves
para a medula espinhal, pode-se instituir tratamento com repouso local (imobilização com
colares), antiinflamatórios e o encaminhamento para tratamento fisioterápico. A médio
prazo, uma radiografia deverá ser feita e, se for necessário, ressonância magnética ou
tomografia computadorizada.
Encaminhamento
As maiorias dos casos que afetam o ombro podem ser atendidos em unidades básicas de
saúde, porém a inter-consulta com serviço de ortopedia de forma harmônica deve ser uma
constante.
Bibliografia
Barros Filho, T.E.P.; Lech, O.L.C., Exame físico em ortopedia. São Paulo, Sarvier, 1999.
Azze, R.J.; Amatuzzi, M.M.; Barros, T.E.P., Ensinando ortopedia, Rio de Janeiro, Atheneu,
1999.
Diagnóstico
As doenças da coluna lombar se apresentam com dor, que pode ser súbita, relacionada a
certos tipos de movimento e quase sempre a partir de um esforço, ou dor de início insidioso,
com piora gradativa. A dor é localizada na região lombar e se exacerba a pequenos
movimentos. Muitas vezes, a dor lombar precede uma ciática por um período de dias ou até
de semanas. Nestes casos, a dor se faz no membro inferior e é acompanhada de sensação
parestésica em territórios correspondentes às zonas de inervação radicular. Esta é a dor
provocada pela compressão intra-raquidiana da raiz nervosa em nível, geralmente
provocada por hérnias discais, que acometem pacientes entre 35 e 45 anos de idade.
O exame clínico deve-se iniciar pela inspeção do paciente em pé, quando se nota claramente
a escoliose antálgica caracterizada pela retificação da lordose lombar e a alteração do centro
de gravidade do corpo humano, o que dá o aspecto de que o paciente está "torto". Em
seguida, pede-se ao paciente que se incline para a frente, fletindo a coluna, movimento este
muito doloroso ou até impossível de ser feito. Os movimentos de extensão e os laterais
também são dolorosos. A contra-prova, neste momento do exame, é a flexão dos quadris,
que se faz pedindo para que o paciente se agache como se fosse pegar do chão um objeto
caído, o que é perfeitamente possível e sem dor.
Nas lombalgias rebeldes, a radiografia deve ser feita e, nos casos de suspeita de hérnia
distal, ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Tratamento
Encaminhamento
A maioria dos casos que afetam o ombro pode ser atendida em unidades básicas de saúde,
porém a inter-consulta com serviço de ortopedia de forma harmônica deve ser uma
constante.
Bibliografia
Barros Filho, T.E.P.; Lech, O.L.C., Exame físico em ortopedia. São Paulo, Sarvier, 1999.
Azze, R.J.; Amatuzzi, M.M.; Barros, T.E.P., Ensinando ortopedia, Rio de Janeiro, Atheneu,
1999.
Diagnóstico
A idade, profissão, nível de atividade, duração dos sintomas, o possível mecanismo de lesão
ou a atividade de repetição devem constituir a história clínica. O paciente deve ser
examinado sempre com os dois ombros descobertos para comparação, e, inicialmente, na
posição em pé. A coloração da pele é verificada, lembrando-se que as fraturas do 1/3
proximal do úmero, muito comuns na terceira idade, são, geralmente, acompanhadas de
equimose e hematomas. Os contornos anatômicos são verificados, levando-se em conta a
sua simetria e a atrofia muscular. Deve-se dar importância à fossa supra clavicular e à
posição da cabeça umeral em relação ao acrômio. Uma depressão logo abaixo do acrômio
(sinal do cabide) pode caracterizar a luxação escápulo-umeral ou uma elevação da clavícula,
confirmada pelo sinal da tecla de piano (a extremidade da clavícula, quando pressionada, se
abaixa como uma tecla de piano) caracteriza a luxação acrômio-clavicular, tão comum nas
quedas sobre o ombro, como as que ocorrem nas lutas ou brigas.
Quando, ativamente, o paciente não consegue executar os movimentos, eles são realizados
passivamente pelo examinador. Eventuais pontos dolorosos, bloqueios e movimentos
anômalos são detectados. Cliques podem ser evidência de problemas intra-articulares,
bloqueios dos movimentos de rotação de luxações umerais e diminuição da rotação interna
do braço com o ombro a 90º, podem reproduzir os sintomas da síndrome do impacto,
chamada, no passado, de bursite do ombro.
Tratamento
As fraturas do úmero no seu 1/3 superior, detectadas pela história clínica e pelo exame
podem até ter indicação cirúrgica. Radiografia se impõe. As fraturas da clavícula são
facilmente diagnosticadas pela palpação e exigem tratamento de imobilização, com
enfaixamento tóraco braquial ou em "8".
As luxações de ombro são de redução de urgência. Pode ser tentada com manobras sem
anestesia, mas o ideal é que seja feita a redução em um hospital e depois da confirmação do
diagnóstico por radiografia.
Encaminhamento
A maioria dos casos que afetam o ombro pode ser atendida em unidades básicas de saúde,
porém a inter-consulta com serviço de ortopedia de forma harmônica deve ser uma
constante. As luxações acrômio-claviculares são, quando completas, de tratamento
cirúrgico.
Bibliografia
Barros Filho, T.E.P.; Lech, O.L.C., Exame físico em ortopedia. São Paulo, Sarvier, 1999.
Azze, R.J.; Amatuzzi, M.M.; Barros, T.E.P., Ensinando ortopedia, Rio de Janeiro, Atheneu,
1999.
Diagnóstico
Diante de um paciente com dispepsia, o primeiro passo é excluir, com o auxílio da história
clínica e, eventualmente, exames complementares (por exemplo, endoscopia, ultra-som,
tomografia, pHmetria e eletromanometria.) a doença do refluxo gastroesofágico, dor de
origem pancreatobiliar, síndrome do intestino irritável, aerofagia, vômitos funcionais
(psicogênicos) e consumo de medicamentos (por exemplo, antiinflamatórios não-esteróides,
narcóticos e opiáceos).
Nesta abordagem, os pacientes são primeiro testados para a presença do Helicobacter pylori
(teste sorológico ou, preferencialmente, respiratório) e, em caso de positividade, tratados
para erradicação do H. pylori. Os indivíduos com resultados negativos para H. pylori são
primeiramente tratados de modo empírico (por exemplo, anti-secretores ou pró-cinéticos)
por um período de 4 a 8 semanas. Finalmente, os pacientes com resultados positivos e
negativos que não melhoram com o tratamento instituído (para erradicação ou empírico)
são submetidos à esofagogastroduodenoscopia). Esta estratégia de investigação da
dispepsia reduz em pelo menos 50% o exame endoscópico, o que significa menor custo.
Contudo, alguns pré-requisitos são necessários para que esta abordagem seja vantajosa do
ponto de vista de custo-benefício: a) ela é válida em locais onde a endoscopia é muito
onerosa (mais de US$500); b) a freqüência do H. pylori na população deve ser baixa
(<50%). Se, em países desenvolvidos, estes fatores estão presentes, tornando a abordagem
do "testar e tratar" viável, o mesmo não ocorre em países em desenvolvimento, como o
Brasil, onde a freqüência do H. pylori é elevada (70-90%) e o custo da endoscopia é bem
inferior a US$500 (entre US$80 e 100).
Tratamento
Finalmente, vale ressaltar que a relação entre dispepsia funcional e H. pylori é controvertida,
não havendo ainda uma resposta definitiva para o assunto. A erradicação do H. pylori em
pacientes com dispepsia funcional, numa recente revisão, não se mostrou eficaz na
resolução dos sintomas no acompanhamento a longo prazo. Por enquanto, persistem as
indicações para tratamento de erradicação da bactéria em pacientes H. pylori-positivos com
úlcera péptica gastroduodenal, duodenite erosiva, linfoma gástrico MALT de baixo grau e
gastrectomizados por câncer com estômago residual.
Encaminhamento
Bibliografia
DISÚRIA
O termo disúria caracteriza dor durante as micções e é, muitas vezes referido por pacientes
como ardor ou sensação de queimação na uretra, podendo apresentar irradiação
suprapúbica ou ser localizado em meato uretral. Aproximadamente um terço das disúrias
permanece sem diagnóstico clínico definido (síndrome funcional da bexiga ou
uretrotrigonite) podendo estar incluídas causas hormonais (deficiência de hormônios
femininos na amamentação e na menopausa) e outras causas pouco conhecidas. A disúria
pode ser uma das queixas presentes na calculose ureteral distal. Em homens, alterações
prostáticas, como as prostatites, podem cursar com disúria e outras queixas vagas.
HEMATÚRIA
Diagnóstico
A dor deve ser caracterizada segundo alguns aspectos: início do sintoma, localização,
irradiação, característica da dor, fatores de melhora e piora. A dor pélvica pode ter início
súbito, ocorrendo nos casos de adbome agudo hemorrágico, ou gradual, como nos processos
inflamatórios (abscesso tubo-ovariano) ou nas obstruções intestinais. A localização da dor
deve especificar o local de início, mudança e irradiação, lembrando que órgãos pares
(ovários, tubas uterina, rins e ureteres) podem manifestar alterações em todo andar inferior
do abdome e alguns dados clássicos, como dor em fossa ilíaca direita após início
periumbilical, podem ser característicos de apendicite; dor em fossa ilíaca esquerda pode ser
sugestiva de diverticulite. Nos casos de irritação peritoneal pela presença de sangue, pus ou
conteúdo fecalóide, a dor abdominal é generalizada e piora com a movimentação. Quanto à
característica, a dor pode ser contínua ou em cólica, relacionada à distensão visceral
(apêndice, ureter, intestino).
O exame físico deve ser completo, avaliando estado geral do paciente, hidratação, análise
das mucosas, tomada de pulso e pressão arterial, avaliação cardíaca e pulmonar,
complementando com todos os dados sistêmicos possíveis. O exame do abdome inclui
inspeção, avaliando-se forma, volume, simetria e presença de cicatrizes cirúrgicas. Grandes
tumores uterinos, como miomas, ou neoplasias ovarianas podem alterar o volume
abdominal, assim como gestantes após o primeiro trimestre. Tumores malignos de ovário
em seus estádios avançados podem cursar com ascite, condição que pode ser percebida à
inspeção abdominal. Em pacientes obesas, há dificuldade nesta avaliação.
Nos casos de suspeita de acometimento genital, o médico examinador deve ter prática nas
etapas descritas a seguir. Ao exame especular, observa-se o colo uterino, as paredes
vaginais e o conteúdo vaginal. O toque vaginal deve ser realizado apenas em pacientes que
já iniciaram atividade sexual com penetração vaginal. Avalia-se as paredes vaginais, o colo
uterino e os fórnices vaginais. Em seguida, realiza-se por meio do toque bimanual, a
avaliação do corpo uterino e das regiões anexiais. O toque retal é realizado em pacientes
virgens para permitir a avaliação dos órgãos genitais internos, assim como em pacientes em
que o toque vaginal não é possível, como estenoses vaginais congênitas ou pós-
radioterapia.
A laparoscopia tem papel inquestionável nos dias atuais em diversos aspectos da abordagem
médica, tanto no diagnóstico como na terapêutica de diversas doenças em praticamente
todas as especialidades clínicas. Em dor pélvica, opta-se por procedimento cirúrgico no
sentido de se resolver eventuais dúvidas em diagnóstico diferencial, investindo, em seguida,
no tratamento da moléstia identificada: processos infecciosos podem ser drenados,
processos hemorrágicos podem ser corrigidos, assim como praticamente todos os órgãos
doentes que necessitem ser extirpados ou reparados, como tubas uterinas, ovários,
apêndice e alças intestinais. Este papel da laparoscopia tem extrema validade, pois permite
que se identifique de forma correta o real motivo do quadro clínico apresentado pela
paciente, o que elimina as terapêuticas empíricas, estabelecidas na tentativa de se resolver
o processo sem a certeza etiopatogênica. Além disso, o equipamento de vídeo permite a
precisa documentação do procedimento, o que pode ser útil no caso de situações duvidosas.
Tratamento
O tratamento da dor pélvica é específico para cada situação abordada, estando envolvida
indicação clínica e cirúrgica. Na presença de hemorragia e/ou abscesso intraperitoneal,
torção de cisto anexial ou mioma, apendicite e alguns quadros de obstrução intestinal, o
tratamento é cirúrgico, com as correções anatômicas necessárias. Os casos de infecção
genital, urinária e intestinal devem ser tratados com antibioticoterapia e, clinicamente, a
paciente pode apresentar melhora da dor com analgésicos, antiinflamatórios não-hormonais
ou derivados de opióides, conforme a gravidade do caso.
Bibliografia
ABRÃO, M.S. Endometriose: uma visão contemporânea. 1a ed., Rio de Janeiro, Revinter,
2000.
Diagnóstico
Tenta-se hoje substituir o termo prostatismo por "sintomas do trato urinário inferior" a fim
de frisar que são características comuns a diversas doenças, como a hiperplasia prostática
benigna, as prostatites, o câncer prostático, a esclerose do colo vesical, a estenose de
uretra, as cistites e as disfunções neurogênicas da bexiga. A avaliação dos sintomas deve
incluir: (1) história clínica: presença de sintomas obstrutivos ou irritativos, e sua natureza e
duração, antecedentes de cirurgias, uso de medicações, avaliação do histórico sexual; (2)
toque retal: características prostáticas (volume, consistência, irregularidades, limites,
sensibilidade, mobilidade), tônus esfincteriano, reflexo bulbo cavernoso; (3) exames de
urina, dosagem de creatinina e do antígeno prostático específico (prostatic-specific antigen,
ou PSA em inglês). O PSA é marcador da presença de tecido prostático, sendo que 25% dos
pacientes com Hiperplasia prostática benigna apresentam PSA>4ng/ml. Por outro lado, pelo
menos 20% dos pacientes com câncer prostático apresentam PSA dentro do limite da
normalidade (entre 0 e 4ng/ml). Quando o PSA se localiza entre 4 e 10ng/ml, apesar de
existirem várias opções para sensibilizá-lo, como densidade, velocidade, estratificação do
PSA por idade, tem-se dado ênfase à relação PSA livre/total. Quando esta relação for menor
que 0.18 há maior chance de se identificar câncer de próstata. Na suspeita de câncer
prostático, quer pelo toque retal suspeito, quer pelo PSA suspeito (maior que 4ng/ml) pode
estar indicada biopsia trans-retal de próstata para esclarecimento diagnóstico.
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Tratamento
Fitoterapia é o uso de extrato de plantas para uso medicinal. É difícil saber a verdadeira
eficácia destas medicações comparadas ao placebo. Alguns estudos relatam que a Serreno a
aspens pode bloquear a 5 alfa-redutase, sem alterar o valor do PSA.
Encaminhamento
Bibliografia
Mc Neal JE: The prostate and prostatic urethra: a morfologic synthesis. J Urol 1972;
107:1008-1016.
Diagnóstico
Diante de um doente com hemorragia nasal, a avaliação clínica e o exame das cavidades
nasal e oral são fundamentais para uma conduta terapêutica adequada. Idade, antecedentes
pessoais e familiares, epistaxes precedentes, início da hemorragia, quantidade aproximada
de sangue perdido e tratamentos realizados são dados importantes na anamnese. A
rinoscopia anterior permite especificar melhor o ponto hemorrágico na fossa nasal. Na
grande maioria dos casos, não são necessários exames complementares.
Tratamento
Localizado o ponto sangrante pela rinoscopia, pode ser feita uma hemostasia local por
compressão digital, apertando-se com o dedo a asa nasal contra o septo por alguns
minutos. A manobra fica mais eficiente se usarmos um algodão embebido em substância
hemostática ou vasoconstritora dentro da fossa nasal.
Cauterização: a hemostasia local pode ser realizada por cauterização do ponto sangrante
com utilização de nitrato de prata (pérola ou solução a 80%), ácido tricloroacético, ácido
crômico ou com galvanocautério após anestesia tópica com lidocaína. Pode-se usar também
eletrocoagulação (unipolar ou bipolar), quando é uma hemorragia de uma arteríola anterior.
Existem também sondas (balões) de borracha infláveis que, após colocadas na fossa nasal,
são infladas com ar, realizando-se pressão difusa sobre a mucosa nasal. Estes balões devem
ser desinflados a cada 24 horas para não causar necrose local. Na falta de balões especiais
para nariz, pode ser improvisada a sonda de Foley, número 14 ou 16, usada em sondagem
vesical. Em casos de tamponamento, deve-se utilizar antibioticoterapia sistêmica para
prevenir infecções.
tamponamento posterior: Deve ser realizado por quem tem prática ou treinamento para
tal e é indicado quando o sangramento é intenso, quando não se consegue visualizar o
ponto sangrante e quando o tamponamento anterior foi ineficaz. É realizado com um "bolo"
de compressas de gaze, que, amarradas com 2 fios de extremidades longas e passadas pela
boca na rinofaringe e fossa nasal puxados por uma sonda de nelaton introduzida na fossa
nasal até a faringe. O tampão é, então, puxado pelo fio na fossa nasal e comprimido na
região do cavum e nas coanas nasais.
Encaminhamento
Em casos de epistaxes rebeldes, pode-se fazer cauterização elétrica sob visão microscópica
ou endoscópica sob anestesia geral. Outro recurso é a embolização seletiva dos ramos da
carótida externa e interna, responsáveis pela vascularização das fossas nasais. Ligaduras da
artéria maxilar interna ou da esfenopalatina podem ser realizadas por especialistas.
Bibliografia
Miniti, A.; Bento, R. F.; Butugan, O. - Otorrinolaringologia Clínica e Cirúrgica. Rio de Janeiro,
Atheneu, 1993.
Diagnóstico
Quando próximas da boca ou do ânus, as fontes de hemorragia podem ser mais facilmente
identificadas. Os métodos que mais se prestam a esta tarefa são os endoscópicos. A
endocopia digestiva alta pode, com grande precisão, diagnosticar as patologias sangrantes
do esôfago, estômago e duodeno. É o exame complementar de primeira escolha. O exame
proctológico, além da palpação digital, inclui a retoscopia e a sigmoidoscopia, que podem ser
feitas no ambulatório. A colonoscopia, mais invasiva, permite o exame de todo o colo e, às
vezes, do íleo terminal.
Tratamento
A maioria das disenterias, das parasitoses e das colites específicas resolve-se com
tratamento medicamentoso. As colites inespecíficas são de curso crônico, incluindo
seguimento a longo prazo, com os métodos endoscópicos para detecção de lesões
associadas (câncer). Esses pacientes devem fazer acompanhamento em hospitais terciários.
Entre as poucas patologias orificiais que provocam sangramento expressivo, a mais comum
é a doença hemorroidária, que é facilmente tratada por procedimentos que incluem a
ablação por métodos físicos, como a fulguração, a crioterapia e a ligadura elástica, químicos,
como a injeção de agentes esclerosantes e cirúrgicos, em que se ressecam os mamilos
hemorridários. De qualquer modo, antes de aplicar estes métodos, é fundamental identificar
que o sangramento pregresso originou-se desta condição, pois, coincidentemente com as
hemorroídas, o sangramento retal pode provir de uma lesão do reto ou do cólon de origem
neoplásica. Antes da indicação de qualquer tratamento local da hemorróida, é fundamental
orientar o paciente sobre mudanças do hábito dietético, com aumento da ingestão de
verduras, frutas e e cereais fibrosos, com o objetivo de evitar a obstipação intestinal.
Encaminhamento
Algumas das causas de hemorragia digestiva cabem ao médico de família tratar. Outras,
cabe a ele atender em emergência, com reposição volêmica e, encaminhar para centros
terciários que disponham de métodos diagnósticos. Alguns pacientes com doenças mais
complexas precisarão de seguimento em ambulatório especializado. Cabe ao médico tratar
hemorróidas, verminoses que causem sangramento crônico e úlceras com erradicação do H.
pylori. Também cabe a ele identificar os pacientes de risco, encaminhando para investigação
antes que se instale uma situação de emergência (paciente com varizes de esôfago pode
fazer tratamento escleroterápico sem que haja sangramento).
Bibliografia
Gastroenterologia clínica. Laudanna, A.A. (ed.), Livraria Editora Santos, São Paulo, SP, 1990
Bibliografia
Kara-José,N.; Delgado, A.M.N.; Bussiki, V.L.P.; Arieta, C.E.L.- "Manual da Boa Visão". 5ª
Edição, Campinas: Ipsis, 1998.
Alves, M.R.; Kara-José, N. - "O Olho e a Visão"(O que fazer pela saúde ocular das nossas
crianças). São Paulo: Vozes, 1996.
Oliveira, R.C.S.; Kara-José; Arieta, C.E.L. Manual da Boa Visão do Escolar. Brasília,
Ministério da Educação, 2001.
ANATOMIA DO OLHO
Como enxergamos:
Os raios de luz, para atingirem a retina, atravessam a córnea, humor aquoso, pupila,
cristalino e vítreo. Na retina, esses raios são absorvidos pelos cones e bastonetes,
transformando-se em ondas elétricas, que, através do nervo óptico, atingem o córtex
occipital e propiciam a formação da imagem visual. A interpretação da visão pelo cérebro se
faz por comparação com imagens previamente armazenadas. A capacidade de interpretação
de imagem precisa ser totalmente desenvolvida já nos primeiros anos de vida, sob pena de
ter seu potencial prejudicado. Daí a necessidade de a retina e o cérebro receberem
estímulos visuais nítidos desde o nascimento. Nos primeiros anos de vida, qualquer
diminuição da transparência das estruturas a serem atravessadas pela luz ou formação de
imagens fora da retina podem ocasionar deficiência visual irreversível.
Músculos: cada olho possui 6 músculos, que possibilitam sua movimentação para todos os
lados. Existe uma sincronia nos músculos dos dois olhos para que permaneçam mirando na
mesma direção. Caso ocorra uma perda desse paralelismo ocular, o paciente apresenta
estrabismo ("vesguice"). O desenvolvimento perfeito da visão de profundidade (estereopsia)
somente ocorre quando os 2 olhos têm boa visão e sua fixação para o mesmo ponto no
espaço.
A acuidade visual pode ser medida com a aplicação de teste simples, utilizando a letra
"E" (escala de sinais de Snellen), pedindo-se ao examinado que mostre com a mão ou
verbalize para que lado o sinal apontado está direcionado.
2)
2) Fixe a tabela na parede a uma distância de 5 metros e na altura dos olhos da criança.
Lembre-se que a sala deve estar bem iluminada.
3) Tampe um dos olhos com um tampão que pode ser feito de cartolina ou papel grosso.
Sempre teste um olho de cada vez.
5) Mostre 5 figuras de cada linha da tabela, começando pela linha 0,7 e descendo até chegar
a linha 1,0.
7) Caso o examinado não consiga acertar a direção de pelo menos 3 figuras da linha 0,7
com cada olho separadamente,ou tenha uma diferença de 2 ou mais linhas entre os 2 olhos,
deve ser encaminhado para exame com o oftalmologista.
O teste da acuidade visual pode ser, também realizado com o uso de cartelas com letras ou
números.
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ERROS DE REFRAÇÃO
3) Astigmatismo: quando a córnea não é esférica, sua curvatura difere de um ponto para o
outro, formando uma imagem distorcida na retina. À essa condição dá-se o nome de
astigmatismo e sua correção é feita com lentes cilíndricas.
4) Presbiopia: também chamado de "vista cansada" (pois costuma ocorrer por volta dos 40
anos de idade), é a perda gradual do poder de acomodação do cristalino; o foco para perto
passa a ficar cada vez mais distante, necessitando-se de óculos para ler.
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Cerca de 15% das crianças do ensino fundamental apresentam algum tipo de problema
visual. Esses problemas podem não ser reconhecidos em tempo, caso não haja um
programa de educação em saúde ocular que permita, por meio da observação do
desempenho visual e/ou da aplicação de teste simples, a detecção ou suspeita das
dificuldades do escolar.
Hipermetropia: geralmente as crianças hipermétropes que não usam óculos são mais
dispersivas, dando preferência a brincadeiras ao ar livre, porque têm dores de cabeça,
tonturas e cansaço visual, principalmente se estão escrevendo, lendo, pintando ou brincando
com objetos próximos dos olhos.
Miopia: as crianças portadoras de miopia que não usam óculos normalmente são mais
tímidas, preferindo atividades próximas das mãos do que ao ar livre e à distância, já que
não têm boa visão para longe.
Astigmatismo: as crianças com astigmatismo que não usam óculos podem apresentar
dores de cabeça, ardor ocular e olhos vermelhos aos esforços visuais para perto e para
longe.
B) estrabismo e ambliopia
Popularmente chamado de "olho torto", o estrabismo é uma doença que acomete cerca de
2% da população mundial.
O estrabismo pode ser congênito (estar presente ao nascimento ou surgir nos primeiros
meses de vida) ou adquirido (associado a fraqueza muscular, a hipermetropia ou miopia.
Também pode ser causado por anisotropia, catarata, traumatismo, diabetes etc).
Assim, além do transtorno estético, o estrabismo, quando não tratado, pode levar a
ambliopia. Ou seja, se um dos olhos estiver desviado, o cérebro receberá imagens
diferentes e não conseguirá fundi-las numa só, levando a visão dupla. Para evitar a diplopia,
o cérebro suprime a imagem do olho desviado, o que acarreta interrupção do
aprimoramento de sua capacidade visual. Como a acuidade visual se desenvolve até
aproximadamente os 7 anos de idade e, depois, não há praticamente recuperação da visão,
a suspeita de estrabismo em uma criança é considerada de urgência e deve ser feito
exame ocular o mais rápido possível. Ainda como conseqüência danosa do estrabismo, o
músculo que puxa o olho desviado vai ficando hipertrofiado e o seu antagonista,
hipotrofiado. Finalmente, o desvio do olho interrompe e faz regredir os reflexos corticais que
ajudam a manter os olhos em posição paralela. Na ambliopia (olho preguiçoso), que ocorre
em cerca de 25% dos casos de estrabismo, um dos olhos já era ou fica com menor visão
após o desvio dos olhos.
C) ceratocone
· É uma alteração que leva a distensão da córnea, tornando-a pontuda e irregular. Sua
evolução provoca astigmatismo de graus elevados.
· Não existe nenhum medicamento que estacione a evolução do ceratocone, nem mesmo o
uso de lentes de contato. Quando há indicação do uso de lentes de contato, é importante
um controle médico para evitar complicações como lesões corneanas ou mesmo indução ao
aumento do cone.
· Os sintomas mais comuns são: visão embaçada, aumento do astigmatismo (distorção das
imagens), troca freqüente das lentes dos óculos, feixes de luz que se tornam deslumbrantes
(difração da luz) e diminuição da visão.
A criança que coça os olhos com freqüência deve ser encaminhada ao oftalmologista para
avaliação.
- a panela no fogão deve ter cabo virado para dentro, o que impede que a criança a puxe e
derrube líquido quente no corpo;
- mantenha fora do alcance das crianças os produtos de limpeza;
- não forneça à criança brinquedos que tenham pontas(facas ou tesouras);
- cuidado com as plantas venenosas e pontiagudas;
- cuidado com cigarros na boca dos adultos quando estes pegarem as crianças no colo.
O que fazer em caso de irritação após piscina, praia, exposição ao vento e sol?
Caso ocorra olho vermelho, irritação, ardência após essas atividades, faça compressas com
um pano limpo ou algodão embebido em água fria sobre as pálpebras fechadas.
Quando da exposição ao sol, os olhos recebem muita radiação ultra-violeta, devendo-se usar
óculos escuros (com proteção para ultra-violeta) e boné de proteção.
Colírios
Como usar: instilar uma gota em cada olho, puxando levemente a pálpebra inferior. Pedir
para fechar os olhos e permanecer assim por aproximadamente 2 minutos. Depois, limpar o
que escorreu pela face (sem esfregar os olhos).
Cuidados
- Evitar encostar o bico do colírio nos cílios;
- Não colocar a boca da tampa do colírio virada para baixo, evitando assim o contato e a
contaminação com a superfície de apoio;
- Colírio aberto por mais de um mês deve ser desprezado;
- Caso seja necessário o uso de 2 colírios, dar um intervalo de 15 minutos entre um e outro;
- Somente usar colírios prescritos por médico; até mesmo os colírios ditos "água com
açúcar" podem acarretar danos para os olhos;
- Cuidado com a data validade do produto.
conjuntivite: a conjuntivite neonatal é aquela que ocorre nas primeiras quatro semanas de
vida, com sinais clínicos de inchaço e vermelhidão nas pálpebras e conjuntivas e/ou
presença de secreção purulenta. É mais perigosa que a conjuntivite do adulto. Quando
ocorre no primeiro dia de vida, devemos pensar em conjuntivite química (tóxica) por nitrato
de prata (método de Credé). Se aparece do segundo ao terceiro dia de vida, a causa mais
comum é a conjuntivite gonocócica, que é muito grave, podendo levar a úlcera de córnea,
perfuração ocular e cegueira. Geralmente, é bilateral e apresenta secreção purulenta
abundante e grande edema nas pálpebras. É considerada caso de caráter urgentíssimo.
CATARATA
Além da catarata senil, que ocorre naturalmente com a idade, existe também a catarata nos
recém-nascidos (catarata congênita), a adquirida através de trauma, medicamentos ou
decorrentes de inflamações.
A catarata no idoso pode ocorrer devido à exposição prolongada aos raios ultravioleta; por
diabetes ou medicamentos, mas, normalmente, é um processo relacionado com o
envelhecimento do órgão (cristalino).
Os sintomas mais comuns da catarata são: visão borrada (como se enxergasse através de
um vidro molhado), visão dupla distorcida, além de mudanças freqüentes de grau dos óculos
e aumento da sensibilidade à luz.
Tratamento: não existe tratamento com medicação. Quando a catarata atrapalha muito a
visão, está indicada a cirurgia. Atualmente, retira-se a parte interna do cristalino e coloca-se
no seu lugar uma lente (lente intra-ocular). Essa cirurgia tem alto grau de sucesso e os
necessitados devem ser encorajados a realizá-la.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem um projeto que facilita o acesso a esta cirurgia em
todos os estados do Brasil.
GLAUCOMA
O tratamento é preferencial clínico e somente quando este se torna ineficiente é que está
indicado o tratamento cirúrgico. Nos últimos anos, foram descobertos vários fármacos para
tratamento do glaucoma. Em alguns casos, pode-se indicar cirurgia precocemente quando o
paciente é incapaz de seguir corretamente o tratamento.
Diagnóstico: é feito pelos sintomas (distorção das imagens, mancha escura no ponto
central de fixação, visão melhor na periferia do que no centro do campo visual) e exame de
fundo de olho.
Tratamento: quando existe saída de liquido dos vasos sanguíneos pode estar indicado
tratamento com raio laser.
Quando a visão está muito prejudicada, pode-se usar lentes de aumento ou telescópicas,
além de uso de lentes de óculos coloridas e cuidados com iluminação.
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O humor vítreo pode repuxar a retina, formando buracos ou rasgos. Quando o humor vítreo
penetra nesses buracos, ocorre um descolamento da retina.
Tratamento: Muitos buracos não precisam ser tratados, outros necessitam ser tratados
com raio laser ou congelação. Os descolamentos de retina geralmente necessitam de
cirurgia corretiva.
RETINOPATIA DIABÉTICA
A partir dos 40 anos de idade, a capacidade de acomodação diminui a tal ponto, que é
necessário afastar os objetos para ver melhor (popularmente, "o braço vai ficando curto").
No começo, dá "para ler", aproximando o material de um foco de luz. A correção é feita com
uso de óculos (para perto). A partir dessa idade, é importante fazer exame oftalmológico
preventivo.
URGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS
O globo ocular exige especial atenção por sua diferenciação funcional e por ser
particularmente sensível a agressões. Assim, as urgências oftalmológicas representam um
perigo iminente de danos oculares, às vezes irreversíveis, devendo ser diagnosticadas e
tratadas o mais rápido possível.
A freqüência das urgências oftalmológicas (6,1% dos pacientes que procuram um pronto-
socorro geral) enfatiza a importância do primeiro atendimento, que, nestes casos, é
essencial para o prognóstico do caso.
traumatismos mecânicos
Definições
Contuso - O globo ocular é empurrado contra as estruturas orbitárias que o envolvem,
havendo uma compressão no sentido ântero-posterior (soco, bolada etc.). A lesão ocular é
provocada pela força exercida contra o olho (trauma facial com objeto rombo).
Perguntas e Respostas
4. O que deve ser verificado antes da sutura de um ferimento palpebral traumático e por
que é perigoso o médico não especializado limpar um olho traumatizado?
Deve-se verificar a existência concomitante de uma perfuração ocular, para que sejam
tomados os cuidados apropriados para não exercer pressão sobre o globo. O médico não-
especialista pode não estar ciente do perigo de pressionar um olho perfurado ou pode não
diagnosticar a existência de uma perfuração e pressionar o globo durante a limpeza.
7. Por que ocorre descolamento traumático da retina e quais são seus sinais precoces?
Após um traumatismo contuso, com compressão do globo no sentido ântero-posterior e
distensão no sentido látero-lateral, o vítreo que é inelástico, exercerá uma tração na
chamada base vítrea, local de forte adesão vitreorretiniana, rasgando a retina nessa porção.
Por esse rasgão, o fluido vítreo passará para o espaço sub-retiniano, descolando
(dissecando) a retina por onde passar. No caso de perfuração, o próprio objeto perfurante
pode rasgar a retina ou desencadear uma forte reação inflamatória intra-ocular, que formará
fibrose, tracionando e rasgando a retina.
Os sinais precoces são o aparecimento súbito de flashes ou manchas e perda de campo
visual, como se uma cortina tivesse sido colocada no campo de visão.
Diagnóstico
Dor: a córnea é muito inervada, principalmente na sua área central, e seus nervos têm
terminações situadas superficialmente. Desta forma, qualquer lesão que rompa o epitélio,
que é a camada corneana mais superficial, produz dor. A conjuntiva é menos inervada que a
córnea e a resposta à agressão geralmente provoca um desconforto anunciado com
sensação de areia nos olhos.
Acuidade visual: estará alterada sempre que houver diminuição da transparência da área
central da córnea e do trajeto que a luz faz para chegar até a retina. Assim, as doenças que
causam olho vermelho e alteram mais comumente a visão são: (1) úlceras de córnea (se
localizadas no centro da córnea); (2) úveites anteriores (inflamações graves); (3) glaucoma
agudo (O aumento súbito da pressão intraocular gera grande edema de córnea, provocando
borramento visual. Se não for tratado rapidamente, pode levar à cegueira e dano visual
irreversível. Nas conjuntivites, pode haver embaçamento visual fugaz por acúmulo de
lágrimas e secreção em frente à córnea).
Pupila: haverá alteração da pupila no caso de glaucoma agudo (midríase), uveíte anterior:
(miose - o edema da íris diminui suas respostas à iluminação direta, e a inflamação pode
causar aderência da íris ao cristalino (sinéquia) com diminuição do tamanho e irregularidade
da forma da pupila. As alterações da conjuntiva e da córnea não alteram a pupila.
Reflexo fotomotor
A reação ao estímulo luminoso (reflexos fotomotores) poderá estar alterada nos casos de
glaucoma agudo (ausente) e nos casos de uveíte (pequena ou nenhuma reação ao estímulo
luminoso pela presença de aderências entre a íris e o cristalino).
Tratamento
Alergia ocular: pode ser aguda ou crônica. A queixa principal é prurido seguido de
hiperemia e, às vezes, dor e diminuição de acuidade visual. Geralmente é bilateral. Aguda:
compressas frias, colírios lubrificantes, adstringentes e antialérgicos. Crônica: antialérgicos
tópicos, antiinflamatórios hormonais e não-hormonais, estabilizadores de membrana de
mastócitos e anti-histamínicos. Evitar coçar os olhos, pois o trauma da pálpebra contra a
córnea pode desencadear várias complicações.
Encaminhamento
Bibliografia
Alves, MR; Kara-José, N: O olho e a visão. O que fazer pela saúde ocular de nossas crianças.
Petrópolis, Vozes, 1996
Vaughan, D; Asbury, T: Oftalmologia geral. Terceira Edição. São Paulo, Atheneu, 1990.
Oliveira, RC; Kara-José, N: Arieta, C.E.L.: Manual da Boa visão do Escolar. Brasília,
Ministério da Educação, 2000
Oliveira, R.C.; Kara-José, N. : Auxiliar de Oftalmologia (Série Oftalmologia USP). São Paulo:
Roca, 2000.
Diagnóstico
Quando ocorre maior depleção hídrica, observamos queda do bicarbonato no sangue venoso
e do pH, ou seja, acidose metabólica, que pode ser evidenciada na gasometria arterial. O
teste de pesquisa de leucócitos ou qualquer dos testes de pesquisa de sangue oculto são
positivos em pacientes com diarréia inflamatória. Na amebíase intestinal, podemos
encontrar um menor número de leucócitos fecais. A cultura de fezes deve ser realizada
quando o paciente apresenta alguns destes itens: diarréia grave, febre acima de 38,5 ° C,
sangue nas fezes, leucócitos nas fezes ou qualquer marcador de sangue oculto nas fezes,
diarréia persistente que não tenha sido tratada com antibiótico anteriormente.
Outro exame que deve ser realizado de rotina é a pesquisa de ovos e parasitas nas fezes,
principalmente se a diarréia perdurar por mais de uma semana e o paciente não tiver sido
tratado empiricamente com antiparasitários. Recentemente, testes de pesquisa de enzima e
imunoensaio para Giardia e Cryptosporidium nas fezes ficaram mais acessíveis e são mais
sensíveis que a técnica microscópica convencional.
Exames endoscópicos deverão ser utilizados em casos especiais, quando os exames de fezes
e cultura não forem conclusivos. Os exames utilizados são retossigmoidoscopia,
colonoscopia e endoscopia digestiva alta com aspirado de duodeno e biópsia.
Tratamento
Os pacientes com diarréia aguda que necessitam ou procuram atendimento médico devem
ser orientados para a reposição de água e eletrólitos além da alteração da dieta, mesmo
porque a maioria dos pacientes com diarréia aguda só necessita desta conduta. Se o
paciente não estiver desidratado, qualquer solução hidratante poderá ser utilizada, mas os
pacientes com desidratação por diarréia secretora (por exemplo, cólera), pacientes idosos e
imunodeprimidos devem receber uma terapia a base de solução contendo sódio entre 45 e
75 mEq/l. A formulação ideal de solução oral deve incluir: sódio 60-90 mEq/l, potássio
20mEq/l, cloreto 80mEq/l, citrato 30mEq/l e glicose 20g/l. A versão caseira desta
formulação de solução para reidratação oral nos casos de diarréia mais grave corresponde à
preparação de dois frascos separados que serão consumidos alternadamente. O primeiro
contendo 230ml de suco de laranja ou outro suco de fruta (suprimento de potássio), ½
colher de chá de mel de abelha ou xarope de milho (Karo) e uma pitada de sal; o segundo
frasco contendo 230ml de água fervida e resfriada mais 1/4 colher de chá de bicarbonato de
sódio.
Durante os episódios de diarréia aguda, a dieta deve ser estabelecida em duas etapas. A
primeira, onde as fezes ainda apresentam-se líquidas, é constituída de dieta baseada em
legumes cozidos, amidos/cereais com algum sal, bananas e sopas. Na segunda etapa,
quando as fezes já estão mais formadas, pode haver um retorno à dieta normal, se não
houver intolerância. Devemos ter em mente que o aporte calórico é importante, inclusive na
reparação do enterócito. Quanto ao uso de leite e derivados, existe muita controvérsia se
haveria ou não intolerância ao leite durante os episódios de diarréia aguda. A nossa
experiência demonstra que, em nosso meio, a intolerância clínica à lactose é alta, razão por
que preferimos excluir o seu uso na dieta.
O uso de antimicrobianos está indicado nos seguintes casos: (1) pacientes com temperatura
> 38.5º C e/ou com leucócitos e sangue nas fezes; (2) pacientes imunodeprimidos por outra
doença (por exemplo, HIV); (3) pacientes em uso de imunossupressores; (4) pacientes com
aneurisma da aorta, prótese de válvula cardíaca, enxerto vascular, prótese ortopédica; (5)
pacientes com insuficiênica renal e transplantado renal; (6) pacientes com tumores. Na
tabela 4, apresentamos os diversos medicamentos utilizados.
Agente Dose e
Indicação
Farmacológico Administração
diarréia aguda, febre
ausente ou baixa,
disenteria ausente,
4mg , depois 2mg após
efeitos opiáceos centrais
cada evacuação sem
Loperamida (Imosec) mínimos, droga
forma, não excedendo
recomendada para o
16 mg/dia < 2 dias
tratamento sintomático
preenchidos os critérios
citados acima.
diarréia aguda, febre
ausente ou baixa,
disenteria ausente, tem
efeitos opiáceos com
Difenoxilato com perigo de "overdose"; 4mg, 4x/dia, por < 2
atropina (Lomotil) devido a isso é dias
associado com atropina
que pode causar efeitos
secundários sem ação
sobre a diarréia.
diarréia aguda, febre
ausente ou baixa,
disenteria ausente, útil
Tintura de ópio (Elixir 0,5-1ml, a cada 4-6h
na diarréia associadada
Paregórico) por < 2 dias
ao HIV-positivo quando
loperamida não for
segura.
qualquer forma de
diarréia aguda,
principalmente as de
etiologia viral; não pode
ser administrado com 30ml ou 2 comprimidos
antimicrobianos; não a cada 30minutos
Salicilato de bismuto
deve ser utilizado em (máximo de oito
(Pepto-Bismol)
pacientes HIV-positivos doses), podendo ser
com diarréia. Indicado repetido no segundo dia
para pacientes que
apresentam vômitos
secundários à
gastroenterite viral.
qiarréia associada à
AIDS que não responde
100-500µg subcutâneo,
Octreotide a nenhuma terapêutica e
3x/dia
em casos graves de
diarréia secretora.
indicado em todos os
casos leves e moderados
de diarréia secretora;
Racecadotril 100mg, via oral, 3x/dia
mesma eficácia da
(Tiorfan) por 3 dias
loperamida sem ação
sobre a motilidade
intestinal.
1a Conduta 2a Conduta
Bactérias
Shigella sp 2Ciprofloxacina, 500mg, 2x/dia, 5 1Cefalosporina, 400mg/dia, 5-7
dias dias
ou Ácido Nalidíxico, 1g, 4x/dia, 5-7
dias
Salmonella sp 2Ciprofloxacina, 500mg, 2x/dia, 10-
14 dias
EIEC Como Shigella sp
EHEC Como Shigella sp
C. jejuni Eritromicina, 250-500mg, 4x/dia, 7 2Ciprofloxacina, 500mg, 2x/dia, 5-7
dias dias
Y. enterocolytica Tetraciclina, 250mg, 4x/dia, 7-10
dias
2Ciprofloxacina, 500mg, 2x/dia, 7-
10 dias
SMZ+TMP, (800+160 mg), 2x/dia,
7-10 dias
C. difficile Metronidazol, 400mg, 3x/dia, 7-10 Vancomicina, 125mg, 4x/dia, 7-10
dias dias
Giardia lamblia Metronidazol, 400mg, 3x/dia, 7 Metronidazol, 500mg, 3x/dia, 5
dias dias
3Paramomicina, 25-30mg, 3x/dia, 7 Formas resistentes ao Metronidazol:
dias Furazolidona, 100mg, 4x/dia, 7-10
Tinidazol, 2g, dose única (para dias
formas resistentes e não- Albendazol, 400mg/dia, 5 dias
resistentes ao Metronidazol)
V. colerae Tetraciclina 500mg, 4x/dia, 3 dias Doxiciclina 100mg, 3x/dia, 3 dias
Doxiciclina 300mg, dose única Ciprofloxacina, 500mg, 2x/dia, 3
SMZ+TMP (400+80 mg), 2x/dia, 3 dias
dias
Norfloxacina, 400mg, 2x/dia, 3 dias
Ciprofloxacina, 1000mg, dose única
Protozoários
E. histolytica Metronidazol, 400mg, 3x/dia, 5 dias 3Paramomicina, 25-35mg/Kg, 3x/
dia, 10 dias
Balantidium coli 3Fuorato Diloxanide, 500mg, 3x/ Metronidazol, 400mg, 3x/dia, 10
dia, 10 dias dias
Tetraciclina, 250mg, 4x/dia, 10 dias 3Paramomicina, 25-35mg/Kg, 3x/
dia, 10 dias
Encaminhamento
Pacientes com diarréia aguda devem ser tratados e acompanhados por médico clínico geral.
O encaminhamento se justifica nos casos de desidratação grave que necessita de
internação.
Bibliografia
Park SI, Gianella RA. Approach to the adult patient with acute diarrhea. Gastroenterol Clin N
Am 1993; 22 (3): 483-516.
Aranda-Michel J, Gianella RA. Acute diarrhea: a practical review. Am J Med 1999; 106: 670-
676.
Diagnóstico
Tratamento
Nos casos orgânicos, o tratamento será individualizado de acordo com o diagnóstico. Nos
casos funcionais incluímos:
agentes formadores de massa: aumentam o bolo fecal, facilitando seu percurso pelo
intestino. São incluídos: psyllium, sementes de plantago, ágar, farelo de trigo e
metilcelulose. São os mais indicados para tratamento em longo prazo por agirem de forma
fisiológica. Em idosos, em que há muita hipotonicidade intestinal, seu uso excessivo pode
provocar fecaloma.
laxativos osmóticos: atraem água para a luz intestinal por serem osmoticamente ativos.
Devem ser administrados com cautela, especialmente em idosos, pelo risco de desequilíbrio
hidroeletrolítico. Incluímos sais de magnésio (por exemplo, hidróxido de magnésio), de
sódio, lactulose e glicerina. Os sais de magnésio e os de sódio devem ser evitados em
pacientes com insuficiência renal e cardiopatia, respectivamente. A lactulose é metabolizada
por bactérias no cólon, com geração de ácidos graxos de cadeia curta, que têm ação
laxativa, e de gases, que podem aumentar o meteorismo e produzir cólicas abdominais.
Lubrificantes: são laxativos que facilitam a movimentação do bolo fecal por lubrificarem a
parede intestinal e diminuírem a absorção de água. O exemplo típico deste tipo de laxativo é
o óleo mineral. Não é uma boa opção em longo prazo por produzir irritação do canal anal e
inibir a absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K). Também, se aspirado, pode
provocar a chamada "pneumonia lipóide ou lipídica", razão pela qual deve ser usado com
cautela em idosos e está contra-indicado em pacientes com distúrbios motores do esôfago
que favoreçam a aspiração.
Encaminhamento
A grande maioria dos pacientes que apresentam obstipação intestinal devem ser
acompanhada em unidades básicas de saúde. Somente quando houver suspeita de câncer,
doença inflamatória ou afecção ano-retal é que o paciente deve ser encaminhado a serviço
de gastroenterologia.
Bibliografia
Thompson, W.G.; Longstreth, G.F.; Drossman, D.A.; Heaton, K.W.; Irvine, E.J.; Müller-
Lissner, S.A. - Functional bowel disorders and functional abdominal pain. Gut, 45 (Suppl.
II): 43-7, 1999.
Freitas, J.A. & Mincis, M. - Constipação intestinal. In: Mincis, M. Gastroenterologia &
Hepatologia, São Paulo, Lemos, 1997. pp 397-406.
Lennard-Jones, J.E. - Constipation. In: Sleisenger, M.H. et al. Sleisenger & Fordtran's
Gastrointestinal and Liver Disease, 6th edition, Philadelphia, W.B. Saunders Co., 1998. pp
174-97.
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Diagnóstico
Sempre lembrar que as síndromes ansiosas podem estar relacionadas a outros transtornos
médicos e uso de substâncias. Daí a necessidade de boa anamnese, exame físico e de se
lembrar de disfunções cardiológicas, pulmonares, endócrinas e neurológicas. Abuso e
dependência de álcool são grandes geradores de ansiedade patológica.
Tratamento
Encaminhamento
Devem ser encaminhados para o especialista pacientes com síndrome do pânico e ansiedade
generalizada que não responderam a um medicamento eficaz e pacientes com fobias que
não responderam à exposição. Pacientes com fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo
ou outros quadros que apresentem também depressão, abuso de substâncias ou grande
comprometimento do desempenho também devem ser tratados pelo especialista.
Bibliografia
Cordás, T.A. & Moreno, R.A. Condutas em Psiquiatria. São Paulo, Lemos Editorial, 1999.
Gentil V; Lotufo-Neto F, Bernik M. A. Pânico, Fobias e Obsessões. São Paulo, EDUSP, 1997.
Hetem L.A.B., Graeff F.G. Ansiedade e Transtornos de Ansiedade. Rio de Janeiro, Editora
Científica Nacional, 1997.
Diagnóstico
A depressão pode também acontecer no contexto de uma doença física ou ser causada por
medicamentos. Por exemplo, o uso de medicamentos como reserpina, alfa-metildopa,
propanolol, clonidina, levodopa, carbidopa, amantadina, corticosteróides, cimetidina e
indometacina está associado à depressão. Da mesma forma que ouso de substâncias como
álcool (uso ou interrupção); anfetaminas (uso ou interrupção) e cocaína (interrupção), de
alterações hormonais como as decorrentes do funcionamento deficiente ou excessivo da
tireóide, paratiróide, hipófise e adrenal e, principalmente, do diabetes. Outras doenças,
como as encefalites, a anemia perniciosa, o Parkinson, a esclerose múltipla podem também
levar à depressão.
Tratamento
O tratamento da depressão pode ser dividido em três fases: a fase aguda, a fase de
continuação e a fase de manutenção. São utilizados os diferentes compostos antidepressivos
e, quando necessário, outros medicamentos associados (indutores de sono no caso de
insônias graves, antipsicóticos no caso da depressão psicótica, por exemplo).
O tratamento da fase aguda tem como objetivo a remissão do episódio depressivo. Sugere-
se iniciar com as doses mínimas descritas, aumentando gradativamente até a obtenção do
efeito terapêutico. Caso não se obtenha a melhora em 6 a 8 semanas com as doses
máximas sugeridas, o tratamento deve ser revisto, com a troca por um antidepressivo de
outra classe. Sugere-se avaliar a presença de condições clínicas associadas e a ingestão
correta da medicação.
Encaminhamento
Bibliografia
Cordás, T.A., Moreno, R.A. Condutas em Psiquiatria. 3a. edição. São Paulo, Lemos Editorial,
1999.
Lafer, B., Almeida, O.P., Fráguas Jr. R., Miguel, E.C. Depressão no Ciclo da Vida. Porto
Alegre, Artmed Editora, 2000.
Moreno RA, Moreno DH, Soares MBM. Psicofarmacologia de Antidepressivos. Rev Bras Psiq.
21 (supl) : SI24 - SI 40, 1999.
Diagnóstico
Tratamento
Encaminhamento
Bibliografia
Veronesi R, Focaccia R, Lomar AV, ed. Retroviroses humanas: HIV/AIDS, São Paulo,
Atheneu, 2000.
Lima ALM, Kiffer CR, Uip D, Oliveira MS, Leite OM, ed. HIV/AIDS: Perguntas e respostas.
São Paulo, Atheneu, 1996.
Diagnóstico
Dengue
Febre Amarela
Entre os exames específicos estão a detecção de antígeno viral (de difícil realização);
medida de anticorpos IgM- a técnica mais empregada é de captura de anticorpos IgM por
ELISA, MAC ELISA é o de maior emprego) - e o diagnóstico histopatológico.
Tratamento
Nenhuma das duas doenças tem tratamento específico. Para o dengue, tratamento paliativo
com analgésicos (evitar salicilatos) é a única medida aconselhada.
A febre amarela, quando evolui em sua forma completa, precisa de abordagem diferenciada
em unidade de terapia intensiva, onde pode haver a necessidade de diálise, monitorização
hemodinâmica e cuidados com as diversas alterações decorrentes do processo patogenético.
1. Prevenção
É importante enfatizar que há vacina eficaz contra a FA que, em dose única, mantém
imunidade por pelo menos 10 anos. A vacina está indicada para todos que viajam para
regiões Centro-Oeste ou Norte do Brasil, continente africano, ou mesmo para aqueles que
vão para regiões onde estiverem ocorrendo epidemias da doença. A vacina deve ser aplicada
pelo menos oito dias antes da viagem.
Encaminhamento
Bibliografia
Gubler DJ. Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clin. Microbiol. Reviews, 11:480,1998.
Monath TP. Yellow fever. In: Guerrant, Walker & Weller, eds. Tropical Infectious Diseases.
Churchill Livingstone, 1999. Pg. 1265-1274.
World Health Organization. Dengue haemorrhagic fever: diagnosis, treatment and control.
Geneve, World Health Organization, 1986.
Diagnóstico
Sífilis
Líquor: na sífilis recente, primária e secundária, pode ocorrer, em cerca de 40% dos
doentes, pleiocitose e alteração das proteínas liquóricas, e em 25% dos doentes, o VDRL ou
o FTA-Abs tornam-se positivos. Positividade para o VDRL indica neurossífilis associado ou
não à elevação das proteínas e/ou celularidade liquórica.
Cancro Mole
Gonorréia
Herpes Genital
Condiloma Acuminado
O diagnóstico é clinico. Por vezes, pode ser necessário o exame histopatológico para
confirmação diagnóstica.
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Tratamento
Sífilis
Seguimento pós-tratamento: Reações sorológicas a cada três meses por dois anos. Na sífilis
recente, a negativação sorológica é realizada habitualmente em seis a nove meses e na
sífilis tardia em torno do segundo ano. As reações sorológicas lipídicas ou inespecíficas
(VDRL / RPR) são as primeiras a apresentar quedas dos títulos e a negativar. Pacientes com
persistência de anticorpos em títulos baixos após dois anos e exame de líquido
cefaloraquidiano normal são considerados curados, representando cicatriz sorológica.
Elevação de quatro vezes ou mais em relação ao último exame significa reinfecção,
indicando necessidade de tratamento.
Cancro Mole
Tetraciclina: 500 mg VO, 6/6 horas, por 15 dias, contra-indicada para gestantes e nutrizes.
Tianfenicol; 500 mg VO, 8/8 horas, por 5 dias ou 5,0 g VO dose única.
A limpeza local da(s) lesão(ões) é recomendada, podendo-se fazer uso de creme com
antibiótico. A drenagem da adenite é contra-indicada. Se necessário, esvaziá-la por punção.
É importante afastar sífilis e co-infecção pelo HIV.
Gonorréia
Herpes Genital
Primoinfecção Herpética Importante: aciclovir, 200 - 400 mg VO, com intervalos de 4 horas,
omitindo-se tomadas noturnas, por 7 - 10 dias.
Herpes dos Imunossuprimidos: aciclovir, 400 mg VO, com intervalos de 4 horas, omitindo-se
tomadas noturnas, por 7 - 10 dias.
ou
Aciclovir, 5 mg/Kg endovenosa (EV), cada 8 horas, por 7 - 10 dias.
Herpes Genital Recorrente: aciclovir a 5% em creme, uso tópico, 5 vezes ao dia, 7 dias.
Condiloma Acuminado
Imiquimod: aplicar ao deitar, retirando pela manhã; 3 vezes por semana, no máximo por
16 semanas.
excisão cirúrgica com sutura: não está indicada pela possibilidade de implantação de
novas verrugas nos pontos de sutura.
Encaminhamento
Sífilis
Gonorréia
O diagnóstico de uretrite não-gonocócica e sua etiologia são difíceis na maioria dos casos,
sendo, com freqüência, necessário o encaminhamento ao urologista.
Condiloma Acuminado
Para realização de peniscopia, com ou sem biópsia, de casos suspeitos.
Bibliografia
Sexually transmited diseases in Freedberg, Eisen, Wolff, Austen, Goldsmith, Katz, Fitzpatrick
editors, Fitzpatrick's Dermatology in General Medicie. Fifth edition
Sífilis, Cancro mole, Gonorréia, Herpes simples e Infecção pelo papilomavírus humano in
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia
editores, Doenças infecciosas e parasitárias. Guia de bolso. Primeira edição. 1999.
O leitor deverá:
Diagnóstico
Tratamento
No Brasil, o fármaco de escolha é o oxamniquine, que deve ser administrado por via oral,
em dose única de 12,5 a 15 mg/kg de peso para adultos e 20 mg/kg para crianças (idade
inferior a 15 anos). Trata-se de medicamento bem tolerado, sendo mais comuns relatos de
sonolência, tontura e náuseas nas primeiras horas após a ingesta. Cuidado especial deve ser
tomado com pacientes convulsivos não controlados, pois o fármaco poderá desencadear
crises convulsivas.
Alternativamente pode ser utilizado o praziquantel, também por via oral, em dose única de
50 a 60 mg/kg de peso. Ambos os fármacos não devem ser administrados a mulheres
grávidas e nutrizes.
O controle de cura pode ser realizado pela realização de seis exames de fezes, a intervalos
mensais, sendo o primeiro deles feito de 45 a 60 dias após o tratamento.
Tratamento cirúrgico para alívio da hipertensão portal pode ser indicado em alguns casos,
bem como a escleroterapia endoscópica das varizes esofagianas.
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Encaminhamento
Bibliografia
Diagnóstico
Sensibilidade térmica: é pesquisada utilizando-se dois tubos de ensaio contendo água fria
e quente ou chumaços de algodão seco e embebido no éter. Os tubos e os chumaços são
encostados na pele sã e acometida alternadamente para testar a hipoestesia.
Prova da histamina: baseia-se na dilatação dos capilares induzida pela histamina quando
há integridade nervosa. Depositam-se gotas de solução milesimal de histamina na área
suspeita e pele normal e faz-se uma puntura com agulha. Nos testes completos ocorrerá na
pele a tríplice reação de Lewis (eritema primário, secundário e pápula), nos incompletos a
segunda fase (eritema secundário) está ausente.
Tratamento
Poliquimioterapia
Estados reacionais:
Os contatantes dos doentes, devem receber imunoterapia profilática com duas doses de BCG
intradérmico, em intervalo de 6 meses cada.
Encaminhamento
Bibliografia
Cucé, L.C.; Festa Neto, C.: Manual de Dermatologia, 1a Ed., 1990, Livraria Atheneu Editora.
Diagnóstico
Exames gerais
Nas hepatites virais, as aminotransferases estão elevadas. As bilirrubinas e as enzimas
canaliculares fosfatase alcalina e gamaglutamil transferase podem estar aumentadas. A
diminuição da atividade da protrombina e dos níveis de albumina, se presentes, indicam
insuficiência hepática.
Específicos
1) Hepatite A
O diagnóstico pode ser estabelecido pela pesquisa do anticorpo específico (anti-VHA). O anti-
VHA IgM confirma o diagnóstico de fase aguda, enquanto o anti-VHA IgG indica infecção
prévia e imunidade contra o vírus.
2) Hepatite B
a) Sorologia
A presença do AgHBs indica um estado de portador crônico ou um quadro agudo. Surge
cerca de 6 semanas após a infecção. O anti-HBc total marca o contato com o vírus. Se for da
classe IgM, representa um quadro agudo, porém pode estar presente durante a exacerbação
de formas crônicas. O anti-HBc IgG pode indicar tanto uma exposição passada (se o AgHBs
estiver negativo) ou uma forma crônica (se o AgHBs for positivo). O AgHBe é um marcador
de replicação viral. É encontrado nas formas agudas e crônicas, enquanto a soroconversão
para o anti-HBe indica geralmente uma parada da replicação viral. No entanto, essa regra
freqüentemente apresenta exceções. A presença do anti-HBs significa imunidade, seja
naturalmente adquirida ou conferida pela vacinação.
3) Hepatite D
A positividade do anti-delta IgM geralmente significa infecção delta crônica e a do anti-delta
IgG, infecção passada.
4) Hepatite C
A pesquisa do anti-VHC por Elisa é o procedimento mais empregado para o diagnóstico. A
especificidade pode ser confirmada com a utilização de um teste confirmatório, geralmente o
RIBA (recombinant immoblot assay), particularmente quando há dúvida no diagnóstico.
Todavia, nas fases iniciais da infecção aguda e nos imunodeprimidos, o anti-VHC pode não
ser detectado. Esses testes não são capazes de diferenciar infecção aguda, crônica ou
prévia. A determinação do RNA viral, pela técnica de PCR, qualitativa ou quantitativa (carga
viral), é útil tanto para confirmar o diagnóstico quanto para a monitorização do tratamento.
5) Hepatite E
O diagnóstico é feito por sorologia específica, porém a maior parte dos laboratórios não a
realiza rotineiramente.
Biópsia hepática
Excepcionalmente indicada na hepatite aguda somente quando há dúvida no diagnóstico. Na
hepatite crônica, é recomendável antes do tratamento para avaliar o estadiamento.
Tratamento
Encaminhamento
Bibliografia
Schiff ER, Sorrel MF (eds). Schiff´s Diseases of the Liver, 8a edição, Philadelphia, Lippincott-
Raven, 1999.
O´Grady JG, Lake JR, Howdle PD (eds). Comprehensive Clinical Hepatology. Londres,
Harcourt Publishers Limited, 2000
Diagnóstico
Diagnóstico laboratorial
Diagnóstico diferencial
Na forma anictérica, a leptospirose pode ser confundida com a gripe, dengue e outras
doenças virais, geralmente benignas e autolimitadas, que cursam com cefaléia, febre e
dores musculares.
Na forma grave ou síndrome de Weil, o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente
com a septicemia por bacilo Gram-negativo, hepatite alcoólica, infecção bacteriana aguda
em hepatopatas crônicos, forma ictérica da febre tifóide, malária por P. falciparum, febre
amarela, hepatites virais graves, colangites e colecistites e com a dengue hemorrágica.
Vale lembrar que têm sido relatados alguns casos com comprometimento pulmonar com
pneumonite hemorrágica, sem icterícia e com evolução para insuficiência respiratória grave,
muito similares à síndrome hemorrágica pelo Hantavirus.
Tratamento
Para casos leves, o tratamento pode ser feito com doxiciclina 100 mg de 12/12 horas ou
amoxicilina 500 mg de 8/8 horas, via oral, por cinco a sete dias. Nos casos moderados ou
graves, o antibiótico recomendado é a penicilina G - 1 a 2 milhões de unidades, de 4/4
horas, por via endovenosa, por 7 a 10 dias. A terapia de suporte é fundamental para os
casos graves. Hidratação, transfusão de sangue e/ou plaquetas, diálise e ventilação
mecânica podem ser necessários.
Prevenção e controle
Encaminhamento
Bibliografia
Lomar, AV; Veronesi, R; Brito, T de; Diament, D. Leptospiroses. In: Veronesi, R; Focaccia,
R. Tratado de Infectologia, 1997. Rio de Janeiro, Editora. Atheneu, 9a edição, p. 987-1003.
Martins, FSV; Castiñeiras, TMPP. Leptospirose. In: Schechter, M; Marangoni, DV. Doenças
infecciosas: conduta diagnóstica e terapêutica. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1994. p.
98-104.
Nicodemo, A.C.; Medeiros, N.; Del Negro, G. & Amato Neto, V. Alterações hematológicas na
leptospirose. Rev. Inst. Med. Trop. S.Paulo, 1989, 31:71-9.
Nicodemo, A.C.; Del Negro, G. & Amato Neto, V. Thrombocytopenia and leptospirosis. Rev.
Inst. Med. Trop. São Paulo, 1990, 32: 252-259.
Nicodemo, A.C.; Duarte, M.I.; Alves, V.A.; Takakura, C.F.; Santos, R.T.; & Nicodemo, E.L.
Lung lesions in human leptospirosis: microscopic, immunohistochemical, and ultrastructural
features related to thrombocytopenia. Am J trop Med Hyg, 1997, 56: 181-7.
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Diagnóstico
Exames laboratoriais
Tentativas de melhorar o diagnóstico direto têm sido feitas, sendo que a técnica do QBC
(quantitative buffy coat), que emprega capilar e coloração com acridina orange, tem se
mostrado como muito promissora pela maior sensibilidade obtida.
Tratamento
Para este tipo de infecção, necessitamos de medicamentos que atuem tanto na fase
eritrocítica como na pré-eritrocítica. As 4-aminoquinoleínas (cloroquina e amodiaquina) são
as drogas de escolha para tratar a fase eritrocítica do P. vivax. A dose de 4-
aminoquinoleínicos empregada é de 25 mg/kg de peso divididos em quatro tomadas: 10 mg/
kg no início, 5 mg/kg 6, 24 e 48 horas após.
Quando nos deparamos com um caso de malária por P. falciparum, devemos ficar atentos
para a possibilidade maior de complicações, principalmente entre primoinfectados.
Com intuito didático e para melhor uniformizar este item, subdividiremos em quatro
subitens:
A) malária não-grave - duas são as alternativas utilizadas para tratar malária por P.
falciparum ambulatorialmente: uma é a de se usar sulfato de quinino, na dose de 30 mg/kg/
dia (divididos em três doses), durante três dias, e doxiciclina, na dose de 100 mg 12/12 h
durante sete dias (não deve ser utilizada em crianças menores e gestantes). Essa
associação é bastante eficaz (mais de 90% de cura) porém tem como maior inconveniente a
baixa operacionalidade (tratamento por uma semana), dificultando sua utilização. A
tetraciclina e a clindamicina podem substituir a doxiciclina sem prejuízos. A Segunda
alternativa é a mefloquina, na dose de 15 a 20 mg/kg em uma ou duas tomadas,
indiscutivelmente o medicamento de melhor atuação, que pode ser empregado em dose
única (uma ou duas tomadas) e levar a rápido desaparecimento da parasitemia assexuada.
Encaminhamento
Todo caso com parâmetros de gravidade (ver malária grave no quadro clínico) deve ser
encaminhado para o hospital.
Bibliografia
Malária - In: Doenças Infecciosas e Parasitárias. Ed. Veronesi, Focaccia. São Paulo, Atheneu,
1996, pg. 1260-1289.
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Manual de Terapêutica da Malária. São Paulo,
SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), 1998.
Diagnóstico
Tratamento
Encaminhamento
Bibliografia
Waldman, E. A.; Chieffi, P.P. Enteroparasitoses na Estado de São Paulo: questão de saúde
pública. Rev. Inst. Adolfo Lutz; 49: 93-9, 1989.
Amato Neto, V.; Correa, L.L. Exame Parasitológico de Fezes. São Paulo, Sarvier, 5a ed.,
1991.
Diagnóstico
Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos à prova tuberculínica. Nesses
casos, considera-se reator aquele que apresenta induração maior ou igual a 5 mm e, não
reator, aquele com induração de 0 a 4 mm.
Tratamento
Meningite Tuberculosa 2
Falência dos Esquemas 1 ou 1R 3
(todas as formas inclusive meníngea)
Considera-se sem tratamento os pacientes que nunca se submeteram à quimioterapia
antituberculosa ou a fizeram por menos de 30 dias.
Observações:
● O tratamento da tuberculose oftálmica ou cutânea poderá ser mantido por mais de seis
(2 meses) H 20 400
Z 35 2000
2a fase R 10 a 20 600
(7 meses) H 10 a 20 400
Observações:
● Nos casos de concomitância da meningite com outras localizações deverá ser utilizado o
Esquema 2.
● Nos casos de meningite tuberculosa recomenda-se o uso de corticosteróides por um prazo
Observações:
● Em pessoas maiores de 60 anos, a estreptomicina deve ser administrada na dose de
500mg/dia.
Encaminhamento
O seguimento dos pacientes com tuberculose deve seguir de forma rígida as instruções do
Ministério, Secretarias estaduais e municipais. No entanto, todo clínico geral deve
diagnosticar e entender os principais problemas relacionados ao tratamento.
Bibliografia
Bibliografia
Hermann, AA; Silva, EMK - A consulta pediátrica. In Carvalho, ES; Carvalho, WB (eds), -
Terapêutica e prática pediátrica, 2a. ed, Rio de Janeiro, Atheneu, 2000, p. 3 -7.
Neto, FF - Pediatria ao Alcance dos Pais - Compreender a Doença é o Melhor Remédio. Rio
de Janeiro, Editora Imago, 1992.
CRESCIMENTO NORMAL
O corpo como um todo tem duas fases de grande velocidade de crescimento: da concepção
até os 2 anos de idade e na adolescência. No entanto, as células do organismo não crescem
de maneira uniforme.
Crescimento no 1º ano de vida. Nos primeiros dias de vida, a criança pode perder até
10% de seu peso de nascimento, pela eliminação de mecônio, de urina e diminuição do
edema. Aos 10 dias de vida, a maioria dos recém nascidos recuperam o peso de
nascimento. A média de ganho de peso nos primeiros três meses de vida é de 20 a 30g por
dia. A criança dobra o seu peso de nascimento aos 5 meses, e o triplica com 1 ano de idade.
Ganha, em seu comprimento, cerca de 15cm no primeiro semestre e 10cm no segundo
semestre de vida. O perímetro cefálico, que indica o crescimento cerebral, e por isto é tão
importante nos três primeiros anos de vida, é uma das medidas de menor variabilidade nas
diversas idades, e passa de 35cm a 44cm e a 47cm aos 6 e 12 meses de idade,
respectivamente. O tecido subcutâneo aumenta em quantidade, atingindo seu máximo aos 9
meses de idade. A erupção dos dentes decíduos se inicia entre 5 e 7 meses, de acordo com
a seqüência indicada na figura 2, e, no final do primeiro ano, a criança apresenta de 8 a 12
dentes.
Durante os dois primeiros anos de vida, a criança pode mudar seu canal de crescimento, em
função do seu peso de nascimento e potencial genético. Assim, uma criança geneticamente
grande nascida de uma mãe pequena, pode nascer pequena por não ter havido espaço
suficiente na cavidade uterina para a completa expressão de sua herança genética. Ao
nascer, a tendência desta criança é atingir a partir dos primeiros meses, o seu próprio canal
de crescimento, alcançando percentis mais altos de peso e comprimento. Inversamente,
crianças geneticamente pequenas, nascidas de mãe grandes, podem diminuir o ritmo de seu
crescimento. Na prática, este fenômeno assume uma grande importância, porque a criança
pode mudar seu canal de crescimento nos primeiros meses de vida sem que isto signifique
um processo patológico ou alteração nutricional. No entanto, nos países em
desenvolvimento, onde a desnutrição é endêmica, a hipótese diagnóstica que deve sempre
ser levantada e investigada frente a uma desaceleração no crescimento é a de um agravo
nutricional por déficit de ingestão ou infecção.
Crescimento do escolar. O escolar aumenta seu peso em 3,5kg e sua altura em 6cm por
ano, até entrar na puberdade, que acontece ao redor dos 10 anos nas meninas e 12 anos
nos meninos. O perímetro cefálico cresce de 51 cm aos 5 anos para 53 ou 54cm aos 12 anos
de idade, quando alcança o tamanho do adulto. Os ossos da face aumentam e termina,
nesta época, a formação dos seios da face, com o desenvolvimento dos seios frontais aos 7
anos de idade. Aos 6 anos, aparecem os primeiros molares permanentes, que são, muitas
vezes, confundidos com a dentição decídua. Estes dentes requerem um cuidado especial,
por servirem de guia para toda a dentição permanente. Neste período, a criança troca cerca
de 4 dentes por ano, durante 5 anos. O tecido linfóide é muito desenvolvido durante esta
fase, sendo maior do que na idade adulta.
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A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989, mostrou que (1)
lactentes brasileiros apresentam comprimento adequado, sendo a média discretamente
superior ao padrão americano; no entanto, essa pequena "vantagem" é transitória,
revertendo-se a partir do 5º mês de vida; (2) com 1 ano, os lactentes brasileiros
apresentam, em média, comprimento 2cm e 1cm menor do que os americanos do sexo
masculino e feminino, respectivamente. Tais dados reforçam a constatação citada em outros
estudos de que os déficits estaturais se evidenciam a partir do 6º mês de vida e estão
associados à idade do desmame e da introdução de outros alimentos; (3) aos 7 anos, a
diferença entre brasileiros e os padrões de referência (NCHS) ficaram maiores (em média, -
4cm para os meninos e -3cm para as meninas), refletindo, sem dúvida, condições
desfavoráveis para o crescimento; (4) aos 13 anos, constataram-se as maiores diferenças
entre brasileiros e americanos (em média, -9cm para o sexo masculino e -7cm para o sexo
feminino); (4) aos 18 anos, os adolescentes brasileiros são também, em média, 7cm
menores que os americanos, apresentando estatura semelhante à dos adolescentes
americanos de 15 anos; (5) aos 18 anos, as adolescentes brasileiras apresentaram, em
média, altura 7cm menor que as americanas, correspondendo a altura mediana das
americanas de 13 anos; (6) a idade mediana da menarca das adolescentes brasileiras é 13
anos e 2 meses, sendo tanto mais tardia quanto mais restritas as condições de vida,
mimetizando as tendências seculares; (7) as medianas de estatura das crianças brasileiras
na 1ª década de vida corresponderam ao percentil 10 do padrão NCHS para ambos os
sexos.
- Além disso, as alturas apresentadas pelos adultos jovens brasileiros (20 - 25 anos)
mostraram que mais de 20% da população adulta jovem apresentava baixa estatura (com
estatura menor do que -2 desvios padrão).
Além das diferenças obtidas entre os resultados nacionais e os de referência, esta pesquisa
evidenciou contrastes internos que podem ser resumidos da seguinte maneira: (1) a área
rural apresentou pior desempenho. No entanto, o crescimento se encerrou aos 18 anos,
tanto na área rural quanto na urbana; (2) as regiões com pior desempenho foram a Norte e
a Nordeste e as de melhor desempenho foram a Sul e a Sudeste; (3) aos 18 anos,
constatou-se definitivamente a situação de prejuízo, com déficits estaturais medianos
bastante diversos em relação ao padrão NCHS: nordeste rural = -13,8cm, norte urbano = -
11,9cm e sudeste urbano = - 4,7cm (para adolescentes do sexo masculino); (4) quando a
renda per capita era igual a 2,2 salários mínimos, os déficits de estatura foram menores e,
em algumas idades, a mediana regional brasileira chegou a ser igual ou ligeiramente
superior ao padrão NCHS; (5) ao mesmo tempo, observou-se que, numa mesma faixa de
renda, o Norte e o Nordeste apresentaram estaturas medianas mais baixas que as demais
regiões, reforçando a idéia de que as desigualdades não se limitam à renda.
A análise dos diversos dados obtidos em 1974 a 1975 por meio do ENDEF e dos de 1989 da
PNSN permite atribuir as melhoras observadas no padrão de crescimento da população
brasileira neste período aos seguintes fatores: melhora geral dos serviços públicos;
ampliação da rede básica de saúde; aumento da cobertura vacinal obtido pelos programas
de imunização ampliada; ampliação da rede de saneamento básico; maior divulgação e
acesso ao conhecimento de forma geral, veiculado pelos meios de educação formal, pela
mídia e até mesmo pela rede de transportes ampliada; diminuição das taxas de natalidade,
permitindo uma melhor distribuição de renda per capita e pela maior adesão ao aleitamento
materno.
Quadro: Estudos de Prevalência de Baixa Estatura aos seis meses de idade- Brasil - 1996
BAIXA ESTATURA
A baixa estatura, definida como comprimento ou altura para idade abaixo do percentil 3,
tem várias causas. Entre elas, destacam-se pela sua freqüência, a baixa estatura familiar e
a baixa estatura por crescimento lento. Na baixa estatura familiar, a criança tem pais baixos
ou vários outros familiares baixos. Sua velocidade de crescimento é adequada, alimenta-se
bem, é ativa e não adoece com facilidade. Sua linha de crescimento corre paralela, próxima,
mas abaixo da curva do percentil 3. Sua altura final será baixa, acompanhando a tendência
familiar. Na criança com baixa estatura por crescimento lento, o peso e o comprimento de
nascimento são próximos ao limite inferior da normalidade; a velocidade de crescimento é
normal e ocorre um atraso no desencadeamento da puberdade. Por este motivo, tais
crianças conseguem recuperar alguns centímetros na adolescência, alcançando uma estatura
final normal. Outro grupo de causas muito importante, encontrado principalmente, mas não
só, nas comunidades em desenvolvimento, é constituído pela desnutrição, doenças
sistêmicas, baixa estatura ao nascer e pela carência psicossocial. Muitas vezes, a baixa
estatura é o resultado de uma desnutrição crônica, que teve início no período intra-uterino
ou pós-natal, pelas más condições de vida e saúde a que foram submetidas a mãe e a
criança. As cardiopatias, as poliinfestações parasitárias, as infecções repetidas, a síndrome
de má absorção, a aids, a asma, a anemia, o raquitismo, a infecção urinária em lactentes
são algumas das patologias que podem determinar ou agravar a baixa estatura. Por último,
um grupo de causas pouco freqüentes na população é composto pelas doenças genéticas, do
esqueleto e neuroendócrinas. Determinam baixa estatura muito grave e sem possibilidade
de tratamento etiológico, com exceção feita à deficiência de hormônio de crescimento e ao
hipotireoidismo, que deve ser diagnosticado precocemente para evitar seqüelas
irreversíveis.
Bibliografia
Bibliografia
Bresolin, A.M.B. & Cols. - Alimentação na Criança Normal. In Sucupira, A C.S.L. & Cols:
Pediatria em Consultório. São Paulo, Sarvier, 2000.
Issler, H.,Leone.,C., Marcondes, E. Pediatria na Atenção Primária. São Paulo, Sarvier, 1999.
Diagnóstico
Tratamento
O tratamento da icterícia neonatal deve ser direcionado para a doença que causou a
icterícia. Nos casos de hiperbilirrubinemia indireta por incompatibilidade sanguínea, tem por
objetivo evitar a encefalopatia, podendo-se utilizar fototerapia, exsanguineo-transfusão e
até o uso de substâncias que diminuem a reabsorção intestinal de bilirrubina. Outras
medidas coadjuvantes são possíveis, como alimentação precoce, administração de glicose,
estímulo ao peristaltismo.
Encaminhamento
Bibliografia
Issler, H.,Leone.,C., Marcondes, E. Pediatria na Atenção Primária . São Paulo, Sarvier, 1999.
Marcondes, E., et al, Pediatria Básica. 7º Ed., São Paulo, Sarvier, 1996.
Diagnóstico
De acordo com a intensidade, a desnutrição pode ser classificada em: leve, moderada e
grave. Os pontos de corte para definir os graus de déficit leve, moderado ou grave foram
eleitos de maneira arbitrária, não tendo base fisiopatológica de gravidade bem definida. A
classificação de intensidade está baseada no déficit de peso em relação à idade, em relação
à altura ou da altura para a idade, adotando-se, como base de referência, uma curva de
crescimento. A relação peso/idade é a mais freqüentemente utilizada em nosso meio,
principalmente para as crianças menores de 2 anos, devido a dificuldades operacionais que
os serviços de saúde encontram para a medida da altura das crianças. No entanto, este
método assume que as crianças de determinada idade têm o mesmo peso,
independentemente de sua altura. Este método deveria ser utilizado basicamente para
avaliar os graus de desnutrição em uma comunidade e para uma triagem inicial. Para estudo
de casos individuais, deve-se utilizar a determinação do déficit de peso/altura e da altura/
idade. Tomando como referência as tabelas de crescimento do "National Center for Health
Statistics"( NCHS), considera-se:
leve moderada grave
Peso/idade déficit 10% - 25% déficit 26% - 40% déficit > 40%
Peso/altura déficit 10% - 20% déficit 21% - 30% déficit > 30%
Altura/idade déficit 5% - 10 % déficit 11% - 15% déficit > 15%
É importante ter sempre presente que toda criança desnutrida com edema,
independentemente do seu déficit, é considerada como desnutrida grave. De acordo com o
tempo de evolução, a desnutrição pode ser considerada aguda ou crônica. A desnutrição
aguda é desencadeada por um processo que leva à supressão aguda da ingestão e/ou o
aumento, não atendido, das necessidades. Segundo a apresentação clínica, a desnutrição
pode ser classificada em marasmo, kwashiorkor ou marasmo-kwashiorkor. Foi proposta por
McLaren e fundamenta-se em uma tabela de pontuação para achados clínicos e dosagem da
concentração sérica de albumina.
Outra classificação mais simples para estes tipos de desnutrição tem sido adotada na
estratégia do Ministério da Saúde denominada Ação Integral às Doenças Prevalentes na
Infância (AIDPI), baseia-se em observar os glúteos, onde a massa muscular e deposição de
gordura são máximas, e o rosto, especialmente quanto a edema e aspecto de
envelhecimento. Apesar de estes critérios serem subjetivos, têm se mostrado efetivos e
fáceis de serem aplicados. O marasmo apresenta 3 etapas: M1, quando os pacientes
apresentam glúteos diminuídos, M2, com glúteos flácidos e com pregas da pele sobre a raiz
da coxa, e M3, em que, além destes sinais, apresentam rosto envelhecido. O kwashiorkor
tem 2 etapas: K1, com edema dos pés, e K2, com edema generalizado. As formas mistas
caracterizam-se pela presença de ambos os tipos de sinais.
Tratamento
(1) tratamento inicial: são identificados e tratados os problemas que põem em risco a vida
da criança, além da correção de deficiências específicas e metabólicas e o início da
alimentação; (2) reabilitação: aumenta-se a densidade calórica e protéica da dieta e inicia-
se o programa de estimulação física e emocional. A mãe ou a pessoa que cuida da criança
passa a ser treinada para continuar o tratamento em casa e, então, é feita a preparação
para alta; (3) acompanhamento: após a alta, a criança e a família são acompanhados para
assegurar a recuperação e o desenvolvimento emocional, físico e mental da criança e evitar
recaídas.
Choque séptico: A OMS recomenda o uso de solução de Darrow diluída ao meio com
glicose a 5% ou solução de ringer lactato com glicose a 5%, no volume de 15 ml/kg em 1
hora. Em nosso meio, desde a década de 60, utilizamos com sucesso a solução de partes
iguais de soro fisiológico a 0,9% e solução de glicose a 5%. Se disponível, é recomendado
adicionar cloreto de potássio, 20 mmol/litro de solução. Deve-se ter sempre em conta que a
criança desnutrida grave em estado de choque é de alto risco e tem dificuldade para
manipular volume, o que implica na necessidade de controles rigorosos para ajustar o
volume, as concentrações e a velocidade da infusão. A administração de solução
hidroeletrolítica por via endovenosa deve ter a menor duração possível, o que quer dizer
que, assim que houver condições, a hidratação oral deve ser iniciada e, paulatinamente,
substituída por via endovenosa.
Desidratação: para a reidratação oral das crianças desnutridas graves indica-se a solução
padrão da OMS com excelentes resultados, sugerindo-se, como proposta inicial, o volume de
50 a 100 ml/kg com previsão de tempo total para a administração em 4 a 6 horas. A
administração deve ser lenta, utilizando-se colher e/ou copo, porém sob vigilância constante
do profissional de saúde, com o objetivo de incentivar a mãe a administrar a solução e
controlar a evolução da criança. A suspensão da administração da solução de reidratação
oral (SRO) ou a prescrição de volume adicional deve ser feita de acordo com a evolução da
criança.
Após a recuperação dos sinais de desidratação e/ou ganho de peso, suspende-se a SRO e
inicia-se a alimentação, a administração de outros líquidos e a suplementação de vitaminas
e sais minerais.
A OMS, a partir de 1999, passou a recomendar o uso de soluções orais especiais para o
tratamento da desidratação do desnutrido grave. Estas recomendações têm como base o
conhecimento de que estas crianças têm déficit de potássio e alto conteúdo corpóreo de
sódio. Além disso, propõem enriquecer a solução de reidratação com magnésio, zinco e
cobre para corrigir a deficiência destes minerais. A composição da solução de SRO proposta
para crianças gravemente desnutridas, denominada de ReSoMal, é aquela descrita a seguir.
Bibliografia
Ahmed T. et al. Mortality in severely malnourished children with diarrhoea and use of a
standardised management protocol. The Lancet 1999,353:1919-1922.
The treatment diarrhoea: a manual for physicians and other senior health workers. Geneva,
World Health Organization, 1995.
Manejo da Desnutrição Grave: Manual para Profissionais de Saúde de Nível Superior e suas
Equipes. OMS - OPAS, Representação do Brasil, 1999.
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Diagnóstico
A grande diversidade de possibilidades etiológicas das anemias na infância, faz com que seja
amplo e variado o seu espectro de manifestações clínicas. A anamnese deve ser completa,
pois a anemia pode ser manifestação de doença sistêmica crônica ou aguda, de
acometimento localizado, de carência nutricional primária e de outros mecanismos
fisiopatológicos. As queixas clássicas nas crianças com anemia moderada e grave são
inespecíficas, como fraqueza, diminuição do apetite, alterações do humor e distúrbios do
sono. Deve-se sempre indagar sobre a presença de episódios de icterícia, que pode indicar a
presença de hemólise, geralmente secundária às doenças hemolíticas constitucionais,
podendo ocorrer também na deficiência de ácido fólico e de vitamina B12.
Alguns pontos de importância na anamnese, como:
(1) antecedentes perinatais, como prematuridade, baixo peso ao nascimento,
gemelaridade, sangramento perinatal;
(2) alimentação pregressa e atual por fatores que podem levam a ferropenia (desmame
precoce, aleitamento artificial sem reposição de ferro, criança que teve parto prematuro ou
com baixo peso ao nascer sem suplementação de ferro, excesso de oferta láctea em
substituição às refeições de sal, atraso na introdução das refeições de sal, inadequação na
composição destas refeições, excesso de fatores inibidores e vegetarianismo) ou a
deficiência de folato (aleitamento exclusivo com leite de cabra, baixa oferta de vegetais e
cocção excessiva das frutas e hortaliças) ou ainda de vitamina B12 ( filhos de mães com
dieta vegetariana estrita em aleitamento materno exclusivo e também as crianças com dieta
vegetariana). A perversão alimentar, como geofagia ou compulsão por comer tijolo, gelo,
sabão, espuma do colchão ou até mesmo cabelo, apontam para a possibilidade de ferropenia
e anemia. Na criança com história de geofagia, acresce-se o risco de infecção por
enteroparasitoses, algumas das quais são responsáveis pela perda crônica de sangue nas
fezes;
(5) contato com agentes tóxicos: agentes químicos usados na lavoura podem justificar o
aparecimento de aplasia medular. A ingestão crônica de material que contenha chumbo
determina o acúmulo deste metal, que inviabiliza a ligação da molécula de ferro ao grupo
heme, interrompendo a síntese da hemoglobina. O chumbo está contido em tintas, em
material poluente eliminado pelas fábricas de pilhas e bateria e em algumas ligas de metais
e tintas que compõem ou revestem panelas e utensílios domésticos.
A anemia costuma ser associada à palidez. No entanto, a constatação da palidez não deve
ser encarada como um pré-requisito para se suspeitar de anemia, pois vários fatores podem
alterar a coloração cutâneo mucosa: calor, atrito, febre e exercícios físicos intensificam a
coloração das mucosas pela vasodilatação; por outro lado, frio, estresse e febre, pela
vasoconstrição, expressam palidez, sem que, necessariamente, haja alterações
hematológicas.
O exame físico geral, com as medidas de altura e peso, assim como a cor e textura da pele
e dos cabelos e aspecto das unhas são importantes para avaliar se existe desnutrição
energético protéica e/ou alguns sinais presentes nas anemias carenciais. Assim, cabelos
descorados podem estar presentes na desnutrição e na deficiência de ácido fólico. A queilite
angular pode ser manifestação de ferropenia. A presença de petéquias e púrpura levanta a
suspeita de plaquetopenia, que pode ocorrer na deficiência de ácido fólico e de vitamina
B12, no seqüestro esplênico, ou ainda nos acometimentos medulares. Estrias longitudinais
em unhas podem estar presentes na ferropenia. Icterícia pode indicar a presença de
hemólise, geralmente secundária às doenças hemolíticas constitucionais; no entanto, como
já foi referido, a hemólise pode ocorrer, também, na deficiência de ácido fólico e de vitamina
B12, devido ao processo de eritropoese ineficaz. Edema de extremidades pode ocorrer nos
desnutridos graves com kwashiorkor, por redução da albumina plasmática, e nos portadores
de anemia falciforme, nos quais o edema é secundário à venoclusão; nestes casos, a
diferenciação pode ser feita pela presença da dor no local do edema nos casos de anemia
falciforme, queixa que não ocorre no edema da desnutrição. No exame físico especial, a
presença de glossite associada a anemia pode sugerir ferropenia, deficiência de ácido fólico
ou de vitamina B12. Na avaliação do aparelho cardiovascular, é importante avaliar a
freqüencia cardíaca, a medida da pressão arterial e ausculta cardíaca. O tempo de duração
da anemia, a velocidade e a intensidade da queda dos índices hematimétricos permitem ou
não ajustes cardiovasculares, determinando alterações do exame físico, que vão desde um
pequeno aumento da freqüência cardíaca, presença de sopro cardíaco, até sinais de
insuficiência cardíaca grave.
Toda criança com suspeita de anemia deve realizar hemograma completo, contagem de
reticulócitos e, quando possível, protoparasitológico (para os maiores de 1 ano), visando a
confirmação do diagnóstico e obtenção de outras informações úteis quanto à provável
etiologia.
(1) Volume corpuscular médio - o volume corpuscular médio (VCM) permite uma
classificação didática das causas de anemia, conforme pode ser constatado no Quadro 2. De
modo geral, considera-se microcitose quando o VCM é menor que 75(3 e macrocitose
quando o VCM é maior que 100(3. Este dado é fundamental para orientar a etiologia mais
provável.
sangüíneas)
● intoxicação por chumbo
● síndromes talassêmicas
anemias macrocíticas ● com megaloblastose medular
- anemia aplástica
- síndrome de Diamond-Blackfan
- hipotireoidismo
- hepatopatias
- processos infiltrativos em medula
anemias normocíticas ● anemias hemolíticas congênitas
- hemoglobinopatias
- defeitos enzimáticos de eritrócito
- alterações da membrana do eritrócito
● anemias hemolíticas adquiridas
- por imune
- complexos
- anemias hemolíticas
● microangiopáticas
● seqüestro esplênico
Tratamento
Deve-se iniciar o tratamento com reposição de ferro nos lactentes e pré-escolares que
apresentam dados de história que indiquem risco de ferropenia, associados ao encontro de
anemia, microcitose e aumento do RDW no hemograma e ao número baixo de reticulócitos.
Especialmente em nosso meio, justifica-se essa conduta inicial, devido à alta prevalência de
anemia ferropriva já referida. Assim, o tratamento por meio da reposição de ferro por via
oral, da reorientação alimentar e da prescrição de medicamentos deve ser iniciado e a
criança, acompanhada com retornos periódicos, e com reavaliação dos índices
hematimétricos, com intervalos que dependem da gravidade da anemia. Elevações dos
índices hematimétricos podem ser registradas desde a primeira semana de tratamento,
devendo ser monitoradas nas crianças com anemia grave. Em geral, é mais importante
facilitar o acesso ao atendimento das intercorrências que possam dificultar a adesão ao
tratamento, garantir retornos mensais para identificar falhas e objetivar o seguimento
através da realização de um novo hemograma em aproximadamente dois meses de
tratamento. Na ausência de respostas satisfatórias, a principal possibilidade a ser suspeitada
é a falta de adesão às orientações prescritas. O tratamento deve ser reorientado, levando-se
em consideração as dificuldades específicas de cada caso.
Em geral, lactentes nascidos a termo e com peso adequado para a idade gestacional
apresentam redução fisiológica dos índices hematimétricos entre a 7ª e a 12ª semanas de
vida, que raramente atingem níveis de hemoglobina menores que 9g/dl. Essa situação
específica não deve ser interpretada como patológica e sim como uma fase de transição e
autolimitada, cuja resolução é espontânea e está relacionada à substituição da hemoglobina
fetal pelas hemoglobinas A1 e A2.
Nas crianças que apresentam anemia leve sem outras alterações, recomenda-se que o
hemograma seja repetido em aproximadamente um mês; nesta reavaliação, a persistência
da anemia normocítica reforça a necessidade de encaminhamento, enquanto a melhora dos
índices hematimétricos confirma a possibilidade de a anemia pregressa ter sido secundária a
algum processo infeccioso/inflamatório transitório.
A constatação de macrocitose no hemograma está associada a várias causas que podem ser
agrupadas em três situações: falência medular, diminuição da produção de eritropoetina ou
alteração do processo de maturação nuclear. Essas são situações clínicas bem mais raras
que a ferropenia e, de um modo geral, estão associadas a doenças mais graves,
determinando a necessidadede encaminhamento.
Devido ao fato de não haver vias específicas de excreção de ferro que não a descamação
celular, o consumo indiscriminado de alimentos enriquecidos com ferro não deve ser
estimulado. Portadores de hemocromatose, condição geneticamente determinada e
caracterizada pela absorção excessiva de ferro, na qual os altos estoques de ferro
determinam lesões teciduais graves, como cirrose, hepatoma, miocardiopatia, artrites e
artropatias, hipopituitarismo e hipogonadismo, só serão identificados entre 40 e 60 anos,
quando essas lesões se manifestam clinicamente, de forma irreversível.
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Encaminhamento
A eletroforese de hemoglobina deve ser realizada como conduta inicial quando houver
anemia microcítica com RDW normal, pois esta condição afasta ferropenia e sugere
talassemia e nas pessoas com história, exame físico ou antecedentes familiares sugestivos
de hemoglobinopatias e que apresentem, ao hemograma, anemia normocítica e
reticulocitose ou as seguintes alterações morfológicas no esfregaço de sangue periférico:
células falcizadas, células em alvo, eliptócitos, estomatócitos e acentuação de pontilhado
basofílico. A eletroforese de hemoglobina também deve ser lembrada no seguimento de
algumas crianças inicialmente tratadas como ferropênicas que apresentem respostas
parciais à reposição de ferro ou que passem a apresentar evidências de hemoglobinopatia,
cuja expressão clínica é leve ou está ocultada pela ferropenia
A transfusão de glóbulos vermelhos deve ser reservada aos casos nos quais os níveis muito
baixos de hemoglobina estejam levando a repercussões clínicas importantes, como
insuficiência cardíaca e/ou respiratória.
Bibliografia
Diagnóstico
Tratamento
O tratamento do raquitismo poderia ser feito somente com a exposição diária ao sol, no
entanto, é difícil estabelecer o tempo necessário para a cura. Em vista disso, recomenda-se
que seja prescrita a vitamina D por via oral. Uma unidade internacional de vitamina D
corresponde a 0,025 mg de vitamina D3, portanto, 1 mg de vitamina D são 40.000 UI.
Existem, na literatura, esquemas de tratamento nos quais são utilizadas doses baixas diárias
de 2.000 a 5.000 UI por dois a seis meses, porém dá-se preferência ao esquema com dose
única de 600.000 UI de vitamina D por via oral ou parenteral, conforme a disponibilidade. A
grande vantagem desse esquema é a possibilidade de ser feito sob supervisão, garantindo,
assim, tratamento adequado e boa adesão da família.
A cura do raquitismo carencial pode ser obtida por meio da administração de uma dose
única de 600.000 U de vitamina D (vitamina D2 ou D3). A injeção intramuscular de vitamina
D não apresenta vantagens em relação à administração oral, pois a medicação oral é bem
absorvida. Na ausência de diarréia e boa aceitação oral, por parte da criança, opta-se pela
via oral. Na presença de diarréia e/ou má aceitação oral a via parenteral, é a melhor
escolha.
Em nosso meio, muitas vezes, a única preparação oral disponível é a associação de 66.000
UI de vitamina D3 com 13.200 UI de vitamina A. Neste caso, o esquema recomendado é a
administração de uma ampola diária, por via oral, durante nove dias, perfazendo um total
de 594.000 UI de vitamina D. A utilização de associações de vitamina D com vitamina A
requer cuidado, devendo-se sempre confirmar sua formulação, para evitar a hipervitaminose
A.
A exposição diária à luz solar é o melhor meio de prevenir o raquitismo carencial. Como é
muito difícil identificar as famílias que realmente terão condições de expor os lactentes ao
sol, recomenda-se o uso diário de vitamina D na dose de 400 UI/dia, por via oral, como
profilaxia até dois anos de idade (fase de crescimento acelerado). Apesar da suplementação
diária com vitamina D, continua sendo importante encorajar as mães a adquirirem o hábito
de expor seus filhos ao sol diariamente com pouca roupa e não através de vidraças.
A adolescência, por ser outro período de grande aceleração do crescimento, é de risco para
o raquitismo carencial. Adolescentes pouco expostos ao sol devem receber profilaxia por
meio de alimentos enriquecidos com vitamina D ou medicamentos durante todo o período de
estirão. A dose recomendada é de 400 UI/dia de vitamina D por via oral.
Nome Via de
Vitamina Apresentação
comercial® administração
D+A Adeforte (Gross) Oral Ampola com 50.000
UI de vitamina D3,
100.000 UI de
vitamina A e 30 mg
de vitamina C.
Solução com 50.000
UI de vitamina A,
5.000 UI de vitamina
D e 30 mg vitamina
E / ml.
Aderogyl D3 Oral Ampola com 66.000
(Sarsa) UI de vitamina D3 e
13.200 UI de
vitamina A.
Solução com 2.200
UI de vitamina D3 e
5.500 UI de vitamina
A / ml.
Ad-til (Riker) Oral Solução com 10.000
UI de vitamina D2 e
50.000 UI de
vitamina A / ml.
Gaduol (Climax) Oral Solução com 10.000
UI de vitamina D e
50.000 UI de
vitamina A / ml.
Tri-vi-sol (Mead Oral Solução com 400 UI
Johnson) de vitamina D ,
3.000 UI de vitamina
A e 60 mg de
vitamina C / ml.
Protovit (Roche) Oral Solução com 1.000
UI de vitamina D,
5.000 UI de vitamina
A, 4 mg de vitamina
B1, 1 mg de vitamina
B2, 1 mg de vitamina
B6, 10 mg de
vitamina B5, 10 mg
de vitamina PP, 3 mg
de vitamina E e 50
mg de vitamina C /
ml.
Encaminhamento
Bibliografia
Barness,L.A. & Curran,J.S. - Nutrition and nutritional disorders. In Behrman,R.E. & cols.:
Nelson Textbook of Pediatrics. 15th ed. Philadelphia, Saunders, 1996, pp.179.
Glorieux,F.H. - Rickets. vol. 21 of Nestlé Nutrition Workshop Series. New York, Raven Press,
1991.
RINOFARINGITES
Rinofaringite viral aguda, ou resfriado comum, é a doença infecciosa mais frequente entre os
humanos; embora não seja uma infecção respiratória grave, possui alta morbidade, sendo
responsável por grandes perdas econômicas, devido a faltas no trabalho e gastos com
medicações. No Brasil, não há estatísticas precisas; entretanto, as medicações usadas para
o resfriado comum, com ou sem receitas médicas, são as mais vendidas, e o uso abusivo de
antibiótico é muito frequente. Mais da metade das crianças atendidas por resfriado comum
recebem prescrição de antibiótico. O uso indiscriminado de antibióticos para infecções
respiratórias agudas de etiologia viral é considerado o principal motivo de aumento da
resistência bacteriana. As medicações utilizadas para o tratamento do resfriado comum são
vendidas sem receitas médicas e são consideradas seguras, livres de efeitos colaterais.
Entretanto, estas medicações podem causar reações adversas graves.
O resfriado é uma síndrome catarral aguda, causada por mais de 200 vírus
imunologicamente diferentes, os quais apresentam diferenças sazonais e podem causar
diferentes síndromes clínicas (tabela 1). Os rinovírus são os principais agentes das
rinofaringites e rinossinusites agudas; embora geralmente causem doença localizada no
trato respiratório superior, freqüentemente induzem hiperresponsividade brônquica em
lactentes e pessoas com doenças respiratórias crônicas. Quando o quadro é causado pelo
vírus Influenza e pelo vírus sincicial respiratório, as manifestações sistêmicas geralmente
são mais intensas e, com grande freqüência, há comprometimento do trato respiratório
inferior. Em cerca de 1/3 dos casos não é possível identificar os agentes etiológicos,
provavelmente devido aos métodos empregados para detecção de agentes virais.
FARINGOAMIGDALITES
As faringoamigdalites são uns dos principais motivos de procura por atendimento médico na
faixa etária pediátrica. Estima-se que 11% das crianças em idade escolar sejam atendidas
por queixas sugestivas de faringite. Crianças entre 3 e 8 anos de idade podem apresentar
até 5 episódios de faringoamigdalite por ano.
OTITES
Define-se otite média ou doença da orelha média como a situação clínica onde ocorre a
inflamação da orelha média e anexos, freqüentemente relacionada à infecção viral,
bacteriana ou processos alérgicos, podendo ser aguda ou crônica, com ou sem sintomas.
Apesar de se tratar de uma situação clínica bastante comum e devido ao fato de as crianças
com otite média poderem apresentar-se assintomáticas, oligossintomáticas ou com sintomas
inespecíficos, o diagnóstico certamente depende também da realização da otoscopia. Os
vários tipos de otites médias, estágios diversos de um mesmo quadro, são classificados
clinicamente em: otite média aguda, otite média serosa ou secretora, efusão crônica da
orelha média e otite média recorrente.
Nas crianças, as otites médias são doenças multifatoriais relacionadas com características da
tuba auditiva (horizontalizada, curta), que se somam a maior suscetibilidade às infecções do
sexto mês de vida até os cinco anos de idade. Quando a criança tem uma rinofaringite viral
ou processo alérgico mal-controlado, a tuba de Eustáquio, que liga a orelha média à
nasofaringe, sofre um bloqueio, o que determina a coleção de secreções na orelha média.
A enumeração das situações de risco associadas à presença de otite média na criança pode
favorecer diagnósticos mais precisos, assim como permite intervenções preventivas: (1)
sexo (masculino, mais suscetível na proporção de 3:1); (2) baixa idade (crianças menores
de 12 meses de idade); (3) desmame precoce; (4) creche ; (5) ocorrência precoce do
primeiro episódio de doença da orelha média; (6) histórico familiar positivo para doenças da
orelha média; (7) hábitos orais; (8) respiradores bucais; (9) refluxo gastro-esofágico; (10)
atopia e tabagismo passivo; (11) presença de doenças raras, como imunodeficiências,
anormalidades craniofaciais, fenda palatina, síndrome de Down.
SINUSITES
Como as infecções de vias aéreas são muito frequentes na infância, é preciso ter cuidado
para não superestimar o diagnóstico de sinusite, especialmente a aguda pois, nesta
situação, o quadro clínico é duvidoso e a radiografia simples de seios da face gera,
equivocadamente, tal diagnóstico. Um estudo usando tomografia computadorizada realizada
em pacientes saudáveis durante o curso de um resfriado comum não complicado
demonstrou que ao redor de 95% dos indivíduos apresentavam evidências de acometimento
dos seios da face e este processo era auto-limitado, resolvendo-se em 2 semanas em 80%
dos casos. Assim, o diagnóstico da sinusite é baseado nos dados clínicos e, principalmente,
na evolução temporal da sintomatologia e a abordagem laboratorial e terapêutica depende
desta avaliação inicial.
Diagnóstico
Baseia-se na associação de: (1) sintomas compatíveis com o diagnóstico, como tosse,
sibilância, dispnéia e sensação de aperto ou desconforto torácico, geralmente à noite ou pela
manhã; (2) característica episódica dos sintomas e (3) resposta terapêutica favorável à
medicação específica (broncodilatadores).
Tratamento
Crianças com asma respondem bem ao tratamento, mas podem ocorrer dificuldades nas
crianças pequenas, nas quais o diagnóstico, a avaliação da gravidade e o uso da medicação
são difíceis, pois dependem da avaliação adequada da família e não do próprio paciente. As
crianças menores têm maior dificuldade em receber adequadamente a medicação através da
inaloterapia, de detectar precocemente as exacerbações, de descrever fatores
desencadeantes e de utilizar os medidores de pico de fluxo expiratório de forma confiável.
Na asma leve, caracterizada por crises pouco intensas e espaçadas, com período intercrítico
assintomático, o medicamento de escolha para o tratamento das exacerbações são os beta-
2 adrenérgicos de curta duração, em aerossol ou em nebulização. Prescreve-se inalação até
de 4 em 4 horas, conforme a necessidade da criança, e orienta-se a família sobre o curso
esperado, isto é, que os sintomas respiratórios (tosse e dispnéia) regridam em uma semana.
Se isto não ocorrer, o paciente deve ser reavaliado. Se, durante o tratamento da crise,
houver necessidade do uso do beta-2-agonista de curta duração inalatório mais do que 6
vezes por dia, a criança deve ser reavaliada, pois trata-se de crise moderada ou grave e,
neste momento, deve-se considerar a possibilidade da associação de corticosteróide por via
oral por curto período (5 a 7 dias). Na asma leve, orientam-se os pais a observarem se o
paciente apresenta exacerbações em algumas situações específicas, como durante a prática
de exercício físico ou exposição a alguma substância em especial.
Como as infecções virais são fatores precipitantes de alta prevalência na infância, deve-se
tentar reduzir a exposição aos vírus evitando aglomerações e a exposição à fumaça de
cigarro, pois esta favorece a instalação de infecções respiratórias. Recomenda-se a
imunização anti-pneumocócica e contra Influenza para os pacientes com asma moderada e
grave. Os agentes irritantes das vias aéreas, como odores de tinta, perfumes, produtos
químicos, produtos em spray, utilizados na limpeza da casa e como inseticida, devem ser
evitados. Deve-se evitar de modo especial o contato com fumaça de cigarro.
Como a sensibilidade dos asmáticos às baratas é alta em nosso meio, deve-se fazer algumas
recomendações no sentido de controlar a sua proliferação. Quando a criança já tem animais
de pêlos ou de penas, orienta-se que estes sejam colocados fora da casa, para que as
descamações da pele, a saliva e os pêlos deixem de constituir parte da poeira doméstica.
Mofo e fungos são evitados, mantendo-se boas condições de ventilação e de insolação.
Detectando-se mofo nas paredes, deve-se tentar remover a causa (infiltração da umidade)
e, se não for possível, orienta-se a aplicação de ácido fênico a 5% ou de hipoclorito de sódio
a 0,5% com bomba de pulverização nova. Os xaxins de plantas, recobertos por fungos,
devem ficar fora de casa. Pode-se utilizar aparelhos desumidificadores e uma outra opção
mais acessível é a de se colocar vasilha com sal grosso nos ambientes com umidade e trocá-
las sempre que o sal ficar úmido. O uso de vaporizadores (umidificadores) no quarto não
deve ser estimulado, mas, em regiões de clima muito seco, pode-se umidificar os
ambientes, colocando-se uma bacia com água no local.
Encaminhamento
Pacientes com asma grave de difícil controle, adolescentes que apresentem piora da asma
durante a gravidez, aqueles com co-morbidade, como cardiopatia, refluxo gastroesofágico
persistente e grave, rinossinusite crônica, pólipos nasais, entre outras e pacientes que
tiverem indicação de imunoterapia específica devem ser encaminhados a serviços
especializados.
Bibliografia
Diagnóstico
Bronquite: o diagnóstico é clínico pois, na maioria das vezes, o raio X de tórax é normal
ou, no máximo, mostra espessamento peribrônquico.
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Tratamento
Decúbito: como a maioria dos lactentes apresenta algum grau de refluxo fisiológico, que
pode piorar a sintomatologia respiratória, é importante sempre orientar sobre as medidas
posturais (não amamentar a criança deitada, mantê-la em decúbito elevado, em posição
lateral), mesmo na ausência de confirmação de diagnóstico de refluxo gastroesofágico.
O cromoglicato de sódio, disponível sob a forma inalatória, é uma boa opção para lactentes
com chiado perene, na dose de 20 mg, 4 vezes ao dia. Quando houver boa resposta, pode
ser mantido por 6 a 12 meses, tentando-se reduzir para 2 vezes ao dia. O cetotifeno está
disponível sob a forma oral, utilizando-se 0,5 mg, 2 vezes ao dia em crianças menores de 15
kg e 1 mg 2 vezes ao dia nas maiores. Por ser mantido por 6 a 18 meses, lembrando que a
sua eficácia pode ser verificada após 6 a 8 semanas de uso. É uma boa opção em crianças
que não conseguem utilizar a via inalatória e naquelas que apresentam outras
manifestações de atopia (dermatite atópica, rinite alérgica).
BRONCODILATADORES
Droga DOSE APRESENTAÇÃO
Salbutamol* VO1 : 0,1 - 0,15 mg / kg / Solução oral : 5 ml = 2 mg
dose, 3 - 4 x / dia (máx. Comprimidos : 2 e 4 mg
4mg / dose) Solução nebulização 0,5 %
VI2 : 1 - gota / 3 kg / dose
fenoterol (máx. 10 gotas), 3 - 4 x /
Solução oral : 5 ml = 2,5 mg
dia
Comprimidos = 2,5 mg
VO : 0,1-0,2 mg / kg / Solução nebulização 0,5 %
dose, 3 - 4 x / dia
terbutalina VI : 1 gota / 3 kg / dose Solução oral : 5 ml = 1,5 mg
(máx. 10 gotas), 3 - 4 x / Comprimidos = 2,5 mg
dia Solução nebulização 1 %
VO : 16 - 20 mg / kg / dia,
4 x / dia (máx. 100 mg /
dose)
CORTICÓIDOIDES
Droga DOSE APRESENTAÇÃO
Prednisona 1 - 2 mg / kg / dia (máx. Comprimidos = 5, 20 e 50 mg
60 mg)
prednisolona Solução 1 ml = 1 mg e
1 - 2 mg / kg / dia (máx. Solução 1ml = 3 mg
60 mg)
1. VO = via oral
2. VI = via inalatória
* Drogas que fazem parte do Programa Dose Certa do Ministério da Saúde
Encaminhamento
Toda a criança que apresentar sinais de alerta, como alteração do nível de consciência
(agitação, letargia, sonolência), cianose, episódios de apnéia, taquipnéia importante,
dispnéia e dificuldade para se alimentar, deve ser encaminhada para serviço de urgência o
mais breve possível.
As crianças que apresentam quadro clínico sugestivo de alguma doença específica, crises
muito freqüentes ou perenes, com alteração radiológica fixa ou que respondem mal ao
tratamento devem ser encaminhadas para centros de referência a fim de serem submetidas
a exames que permitam o diagnóstico diferencial.
Suspeita-se de bronquiolite obliterante naquelas que persistem com sintomatologia por mais
de 2 a 3 meses e não respondem satisfatoriamente aos broncodilatadores e corticóides,
devendo ser encaminhadas para serviço de referência.
Bibliografia
Kobinger, Meba; Zuccolotto, SMC. In: Sucupira, ACSL et al. - Pediatria em consultório - 4a
ed., São Paulo, Sarvier, 2000.
Miyake, RS; Imamura, R. In: Reis, AG; Grisi, SFJE. - Manual de Pronto-Socorro em Pediatria
Clínica. São Paulo, Atheneu, 1999.
Diagnóstico
Critérios de entrada: a tosse e/ou dificuldade para respirar são os dois "critérios de
entrada" da criança na avaliação visando identificar a presença ou não de pneumonia. A
febre não é considerada um bom sinal para ser utilizado como "critério de entrada" pelo fato
de estar presente em crianças com outras doenças infecciosas e por poder estar ausente em
crianças desnutridas com pneumonia.
A criança que apresenta algum sinal geral de alerta deve ser avaliada cuidadosamente, pois,
na maioria das vezes, necessita ser encaminhada com urgência para internação hospitalar
(ver quadro 1).
Critérios de entrada: a tosse, a dificuldade para respirar e a dor torácica são bons critérios
de entrada. A febre é um achado freqüente, mas pode estar presente em muitas outras
doenças infecciosas. Na pneumonia, geralmente a febre é elevada (maior ou igual a 39 ºC) e
constante.
Tratamento
· verificar se a criança tem fatores de risco (baixo peso ao nascer, desnutrição moderada ou
grave, internação anterior, mais de 2 episódios anteriores de pneumonia, crianças com
doenças de base) e/ou situacionais (tempo de acesso do domicílio ao serviço de saúde maior
que 2 horas; morte de irmão menor de 5 anos; criança proveniente de micro-áreas sociais
de risco) e avaliar a melhor estratégia para diminuir o risco de morte nessas situações;
· verificar a situação vacinal e, se esta estiver incompleta, administrar as vacinas que estão
faltando, pois pneumonia não é contra-indicação para imunização;
· agendar retorno em 48 horas e orientar a mãe para voltar antes, caso a criança piore;
· esclarecer à mãe quais são os sinais de piora: se apresentar tiragem subcostal ou qualquer
sinal de perigo;
· esclarecer à mãe quais são os cuidados no domicílio: alimentar a criança durante a doença,
continuar com o aleitamento materno, limpar o nariz para facilitar a alimentação, oferecer
bastante líquido para fluidificar a secreção, manter os lactentes pequenos aquecidos
(especialmente nas regiões de clima frio);
Nesta faixa etária, predomina largamente o pneumococo e, por este motivo, para os casos
de pneumonia sem sinais de perigo, a conduta inicial para tratamento ambulatorial pode
ser: amoxicilina 50 mg/kg/dia, divididos de 8 em 8 horas, por via oral (dose máxima de 500
mg a cada 8 horas) ou ampicilina 100 mg/kg/dia, divididos de 6 em 6 horas, por via oral
(dose máxima de 500 mg a cada 6 horas) ou penicilina procaína 400.000 UI de 12/12 horas,
por via intramuscular. No retorno em 48 horas, espera-se que a criança apresente melhora
evidente do quadro clínico, com melhora da febre (diminuição da intensidade e freqüência),
melhora da aceitação alimentar e redução da freqüência respiratória. Caso isto aconteça, o
antimicrobiano deve ser mantido por 7 dias, quando será realizado o segundo retorno.
Caso, no retorno de 48 horas, a criança mantenha a freqüência respiratória inalterada, a
febre mantida e a baixa aceitação alimentar, deve-se utilizar o esquema alternativo com
eritromicina 40 mg/kg/dia, de 6 em 6 horas por via oral (dose máxima de 500 mg a cada 6
horas). O objetivo, neste momento, é manter a cobertura para o pneumococo e ampliá-la
para o Mycoplasma pneumoniae.Caso, no retorno de 48 horas, a criança apresente-se pior,
com cianose, tiragem subcostal, freqüência respiratória mais elevada e febre mantida, deve
ser referida urgentemente ao hospital.
Bibliografia
Bourroul, M.L.M., Bricks,L.F.; Cocozza, A.M. - Pneumonias Agudas. In: Sucupira, A.C.S.L. et
al. - Pediatria em Consultório - 4ª ed. São Paulo, Sarvier, 2000. pp.294.
Gomes, F.M.S.; Valente; M.H. - Pneumonias. In: Issler, H et al. - Pediatria na Atenção
Primária - São Paulo, Sarvier, 1999.
Encaminhamento
Bibliografia
TANNURI, U.- Afecções Cirúrgicas- Noções Básicas para o Pediatra: In: Sucupira, A.C.S.L. et
al. - Pediatria em Consultório. 4ª ed. São Paulo, Sarvier, 2000, p.532.
ZUCCOLOTTO,S.M.C. & COCOZZA, A.M. - Pediatria Básica, 9ª ed. São Paulo, Sarvier, no
prelo.
DIARRÉIA AGUDA
Diarréia aguda é a condição clínica em que ocorre perda anormal de água e eletrólitos por
via intestinal, decorrente do rompimento do equilíbrio das funções fisiológicas do tubo
digestivo (digestão, absorção e secreção). Caracteriza-se por alteração do hábito intestinal
com aumento do número de evacuações e diminuição da consistência das fezes. Pode ser
acompanhada por vômitos e febre.
DIARRÉIA PERSISTENTE
Vários estudos indicam que a duração dos episódios de doença diarréica é muito variável e
que cerca de 10% duram mais de 14 dias. Em 1987, a Organização Mundial de Saúde
recomendou a definição de diarréia persistente como a doença diarréica, com duração
superior a 14 dias e conseqüente a um processo agudo. Esta recomendação decorreu da
necessidade de identificar estes casos precocemente por causa da gravidade potencial, da
necessidade de agrupá-los para o desenvolvimento de vários estudos e, principalmente,
para implementação de programas visando estabelecer estratégias e normas para o
tratamento.
As síndromes de má-absorção que cursam com diarréia crônica podem, inicialmente, ser
confundidas com a diarréia persistente, mas uma anamnese detalhada, exame físico e a
própria evolução da doença levam à distinção dos casos. A grande questão presente em
vários estudos sobre a diarréia persistente é procurar esclarecer porque alguns episódios
têm esta evolução mais complicada, com maior risco de óbito, e, identificar durante a fase
inicial do episódio diarréico, quais fatores teriam um valor preditivo para o reconhecimento
precoce dos casos que irão se tornar persistentes. Ou seja, quais os fatores de risco
presentes nos casos que vão evoluir sob a forma de diarréia persistente. O conhecimento
destes fatores é fundamental para o estabelecimento de medidas de prevenção que possam,
efetivamente, evitar uma evolução mais demorada e grave. Publicações da Organização
Mundial de Saúde (OMS) priorizam alguns fatores que, no momento, se acredita como sendo
os mais significativamente implicados na determinação dos casos de persistência da diarréia.
Estes fatores são:
1. idade: a maioria dos estudos mostra que os episódios de diarréia persistente ocorrem
durante o primeiro ano de vida, sendo que o risco de desenvolver episódios de diarréia
persistente se estende até os 3 anos.
2. desnutrição: tem sido demonstrado que, nos desnutridos, a duração média dos episódios
diarréicos é mais longa e a incidência de diarréia persistente é mais elevada.
3. deficiências imunitárias: crianças com estado imunitário deficiente avaliado por reações
de hipersensibilidade de tipo tardio, medida através de testes cutâneos, têm maior risco de
ter diarréia persistente. Acredita-se que a imunidade celular normal é necessária para
vencer as infecções intestinais.
5. infecções intestinais específicas: a maior parte dos enteropatógenos que causam diarréia
aguda está igualmente associada à diarréia persistente, com exceção do vibrião e dos vírus.
Infecções por Shigella, E. coli enteropatogênica, E. coli êntero-aderente e Cryptosporidium
parecem se acompanhar de um risco maior de a diarréia se tornar persistente.
Sabe-se que o leite materno tem uma ação protetora em relação à diarréia aguda, com
vários estudos mostrando que a duração da diarréia é menor nas crianças em aleitamento
materno do que nas crianças que não estejam sendo amamentadas. Pode-se concluir que o
aleitamento materno também protege a criança da diarréia persistente, já que, por
definição, a diarréia persistente tem início com um quadro de diarréia aguda.
Manifestações clínicas de algum grau de intolerância à lactose podem fazer parte do quadro
clínico da diarréia persistente. O quadro clássico de intolerância aos dissacarídeos é de
diarréia aquosa, com evacuações numerosas, explosivas, com alto teor de água,
acompanhada de distensão abdominal, flatulência, borborigmos e cólicas. Geralmente está
presente irritação perineal resistente aos tratamentos locais. Entretanto, muitas crianças
com infecção intestinal aguda podem ter algum grau de intolerância temporária à lactose
sem nenhuma expressão clínica.
Embora existam testes clínicos para o diagnóstico da intolerância à lactose, na prática, uma
alternativa simples é a observação clínica dos sintomas, principalmente distensão
abdominal, eliminação de gases e irritação perineal, juntamente com piora da diarréia após
a criança ter recebido uma mamadeira contendo lactose. Nesses casos, reforça-se o
diagnóstico quando se observa a melhora clínica com a redução do teor de lactose na dieta e
piora dos sintomas com o aumento da ingestão de lactose.
Diagnóstico
As crianças de 2 meses a 5 anos de idade deverão ser avaliadas sobre sua condição geral,
pesadas (sem roupa), e sobre se há sinais de alerta:
PERGUNTAR OBSERVAR
- A criança consegue beber ou - Verificar se a criança está letárgica
mamar no peito? ou inconsciente
- A criança vomita tudo o que ingere?
- A criança apresentou convulsões ?
Dados Classificação
Clínicos Sem Desidratação Desidratação
desidratação leve grave
aspecto* alerta irritada/ com sede letárgica
inconsciente
(comatosa)
circulação ou menor que 3 seg 3-8 segundos mais de 8 seg
fluxo periférico
(rubor palmar/
plantar)
pulso cheio fino muito fino
ouimpalpável
elasticidade da normal diminuída muito diminuída
pele* (mais de 2 seg)
(sinal da prega)
olhos* normais fundos muito fundos
fontanela normal funda ou deprimida funda ou deprimida
mucosas úmidas secas secas
sede* bebe bebe avidamente não consegue
normalmente ou ou com sede beber ou bebe
sem sede muito mal
* Obs: estes quatro sinais são fundamentais, de acordo com a estratégia da "Atenção Integrada às Doenças
Prevalentes na Infância" ( AIDPI).
A avaliação laboratorial, de início, pode ser dispensada. Torna-se importante para casos
mais graves ou evolução não adequada, sendo necessária dosagem sérica de sódio, potássio
e gasometria venosa. Outros exames podem ser necessários para o diagnóstico de causas
não relacionadas ao trato gastrintestinal.
Tratamento
Quando em aleitamento materno exclusivo, deve-se orientar para amamentar com maior
frequência e por tempo mais prolongado. Pode-se oferecer soro de reidratação oral (SRO)
com colher ou copo.
Quando aleitamento não for exclusivo, deve-se manter o aleitamento materno e dieta
habitual da criança e oferecer líquidos à vontade: SRO, líquidos caseiros (tais como caldo,
água de arroz), sucos, chás, água potável e até soro caseiro, porém este deve ser preparado
de modo correto e administrado com cuidado.
Caso ocorram vômitos, aguardar 10 minutos e depois continuar; porém, mais lentamente.
Continuar dando líquidos à vontade até a diarréia parar e não suspender a dieta habitual.
Esclarecer quanto aos sinais de gravidade ou risco. A procura de serviço médico deve ser
imediata, quando a criança não conseguir beber ou mamar no peito, quando houver piora do
estado geral, aparecimento ou piora da febre, aparecimento de sangue nas fezes.
2. Misturar uma colher das de chá rasa de sal e 4 colheres das de chá ,bem cheias
de açúcar ( ou 8 rasas) em um litro de água
O soro caseiro deve ser administrado com cuidado e a mãe deve ser muito bem orientada
sobre o seu preparo. Preferir sempre o soro de reidratação oral, que deve ser preparado
através da diluição de um pacote, em um litro de água fervida ou filtrada. Após 24 horas, a
solução de soro deve ser preparada novamente. Para evitar o risco de concentrações muito
elevadas de sódio, recomenda-se que o sabor não seja mais salgado que a lágrima.
Considerar desidratadas as crianças que apresentarem dois dos sinais que seguem: (1)
inquieta, irritada; (2) olhos fundos; (3) bebe avidamente, com sede; (4) sinal da prega: a
pele volta lentamente ao estado anterior.
As crianças devem iniciar a reidratação com o SRO. Pesar a criança (sem roupa), no início
da reidratação e a cada hora. Ofertar o SRO toda vez que a criança desejar, no volume que
aceitar, de preferência com uma colher (para manter volume constante e evitar vômitos),
toda a vez que a criança evacuar. Em caso de vômitos, aguardar por dez minutos e reiniciar
o mesmo procedimento; porém, mais lentamente.
Apenas como orientação inicial, a criança poderá receber o SRO no volume de 50-100 ml/
kg, por período máximo de 4 a 6 horas, ou utilizar a tabela a seguir:
Idade * Até 4 meses 4 a 11 meses 12 a 23 meses 2 a 4 anos
Peso < 6 kg 6 a 10kg 10 a 12kg 12 - 19 kg
SRO(ml) 200 - 400 400 - 700 700 - 900 900 - 1400
Obs: Somente utilizar a idade da criança quando desconhecer o seu peso.
A terapia de reidratação oral (TRO) deverá ser realizada em um tempo máximo de 6 horas;
após esse período, iniciar terapêutica endovenosa em serviço de referência.
Se a retenção for maior ou igual a 20%: manter a terapia. Se for menor que 20% (na
primeira hora): observar por mais uma hora, caso se mantenha baixa, optar pela
reidratação por sonda nasogástrica, utilizando-se SRO, na quantidade e velocidade de 30 ml/
kg/hora, nos primeiros 10-15 minutos, podendo aumentar para 60ml/kg/hora, quando bem
tolerado. Na impossibilidade da utilização de sonda nasogástrica ou insucesso na sua
utilização ,encaminhar a criança ao serviço de referência. Orientar a mãe a oferecer líquidos,
pela boca, até a chegada ao serviço de referência.
A reidratação oral deve ser suspensa quando houver vômitos persistentes, convulsão,
alteração do nível de consciência, íleo paralítico ou abdômen agudo, ausência de ganho de
peso após 2 horas da instalação da sonda naso-gástrica.
Quando a criança se apresentar hidratada, com a terapia de reidratação oral, iniciar o mais
precocemente possível, a introdução de dieta habitual e orientar a mãe da mesma forma,
como no caso das crianças sem desidratação.
Dois dos sinais que seguem: Pelo menos 1 dos achados clínicos:
- olhos fundos
- não consegue beber ou bebe - pulso fino ou impalpável
muito mal - circulação periférica maior que 8 seg
- sinal da prega: a pele volta - alteração do estado de consciência.
muito lentamente ao estado (letárgica ou inconsciênte)
anterior
Fase de expansão
Pesar criança sem roupa
Iniciar a infusão com :
SG 5% e soro fisiológico (SF) 0,9% (1:1) com volume de 100 ml/kg e velocidade: 50 ml/
kg/hora
Fase de manutenção
Visa repor perdas normais de água e eletrólitos ,que são proporcionais à atividade
metabólica, sendo calculada pela regra de Holliday:
Peso até 10 kg = 100 calorias/kg
Peso 10 - 20 kg = 1000 calorias + 50 calorias/kg (para cada kg acima de 10 kg)
Peso acima de 20 kg = 1500 calorias+20 calorias/kg( para cada kg acima de 20)
Fase de reposição
Esta fase visa repor as perdas anormais da criança. No caso de desidratação por diarréia, a
reposição deve cobrir perdas fecais de água e eletrólitos. Como estimativa inicial, a
reposição é da ordem de 50 ml/kg, em partes iguais de SG 5% e SF 0,9%, adicionados ao
soro de manutenção. Pode ser aumentada para 100, 150 ou até 200 ml/kg. Quando a
criança necessitar de grandes volumes de líquidos, deverá estar em unidade semi-intensiva
ou intensiva, pela gravidade do caso.
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Encaminhamento
As crianças com diarréia e sem desidratação poderão ser tratadas em casa. As crianças com
desidratação devem ser acompanhadas por equipe de saúde durante a reidratação. Em caso
de sucesso, deve-se continuar o tratamento em casa, com retorno em cinco dias ao serviço
de saúde. Deve-se orientar a família sobre os sinais gerais de perigo e sobre quando
retornar imediatamente. As crianças desidratadas graves deverão ser encaminhadas ao
serviço de referência e, enquanto aguardam a transferência, devem receber terapia de
hidratação endovenosa.
Bibliografia
Grisi, S.J.E. Escobar, A..M.U. - Prática Pediátrica. São Paulo, Atheneu, 2000.
Issler, H.; Leone, C. Marcondes, E.- Pediatria na Atenção Primária, São Paulo, Savier, 1999.
Reis, G.A . Grisi, S.J.E. -Manual de Pronto Socorro em Pediatria Clínica. Rio de Janeiro,
Atheneu, 1998.
CEFALÉIA RECORRENTE
Em crianças, 95% das cefaléias recorrentes podem ser classificadas como enxaqueca ou
cefaléia tensional. Entre as causas orgânicas, presentes em apenas 5% dos casos, destacam-
se a hipertensão intracraniana, alterações visuais, alteração da articulação têmporo-
mandibular, má-oclusão dentária, sinusites ou hipertensão arterial. Conclui-se que a
presença de causas orgânicas é rara. Em crianças menores de 3 anos de idade, a freqüência
de problemas orgânicos mais graves é maior. Nos casos de enxaqueca, as auras são
descritas apenas pelas crianças maiores. Também não conseguem determinar o caráter da
dor. Quando a dor é referida como pulsátil, por crianças maiores e adolescentes, reforça o
diagnóstico de enxaqueca.
A ansiedade parece ser o principal desencadeante das crises dolorosas, tanto na cefaléia
tensional quanto na enxaqueca. Outros fatores referidos são: esforço visual intenso,
exposição ao sol ou calor, períodos prolongados de jejum, falta de sono, exercício intenso e,
mais raramente, a associação com a ingestão de algum alimento. Nos adolescentes, a dor
pode aparecer após ingestão de bebidas alcoólicas e no período menstrual.
A criança apresenta episódios de dor difusa, geralmente periumbelical, com história de longa
duração, sem manifestações sistêmicas ou comprometimento do estado geral. As causas
mais comuns são:
úlcera péptica deve ser pensada nas seguintes condições: dor abdominal que ocorre à
noite e desperta a criança do sono ou no período da manhã ao acordar, vômitos recorrentes,
relacionados com a alimentação, anemia associada ao encontro de sangue oculto nas fezes e
história familiar positiva para úlcera duodenal.
A maior incidência de dor recorrente em membros ocorre nos escolares entre 6 a 10 anos,
sendo muito rara - cerca de 3 a 4% dos casos - a presença de uma doença orgânica como
causa dos episódios de dor. As dores recorrentes em membros acometem, principalmente,
os membros inferiores e são predominantemente não-articulares, embora, em alguns casos,
possa haver comprometimento periarticular. Pode haver queixa concomitante de dor no
tórax e na coluna vertebral com as mesmas características da dor em membros. Chama
atenção a evolução benigna, com história de longa duração, sem comprometimento do
estado geral e do ganho pondo-estatural.
Diagnóstico
Para valorizar o resultado da urocultura, é necessário que (1) o agente isolado geralmente
seja único em 95% das vezes, exceto em pacientes portadores de alterações estruturais ou
funcionais complexas das vias urinárias; (2) o agente esteja presente em número
significativo na urina, o que varia conforme a técnica empregada na coleta da amostra; (3)
o achado de bacteriúria significativa, em urina obtida por saco coletor, seja valorizado
considerando a presença de sinais clínicos de infecção e de outras evidências de
acometimento das vias urinárias, como leucocitúria e cilindrúria; (4) por saco coletor, em
pacientes assintomáticos, sejam obtidas duas amostras com o mesmo agente em número
significativo.
Cultura de urina em lâminas: método útil para o diagnóstico de infecção urinária devido à
rapidez, baixo custo e manejo acessível ao pediatra em consultas ambulatoriais. Trata-se de
lâmina revestida com ágar em suas superfícies, que deve ser mergulhada em urina e
incubada a 37º C (estufa comum) ou deixada em ar ambiente. Após 18 horas, pode ser feita
a primeira leitura (comparando com padrões fotográficos), a ser confirmada depois de 6
horas. Quando o resultado for positivo, a lâmina deve ser enviada ao laboratório para
identificação do agente infectante e antibiograma.
Bacterioscopia: o encontro de 5 ou mais bactérias por mm3, tem alto valor preditivo para
infecção urinária, especialmente se associado ao achado de piúria na mesma amostra ( 90%
de correlação positiva com a urocultura ). A bacterioscopia positiva dispensa a coleta de
urocultura (especificidade de 100%).
Tratamento
Os antibióticos mais utilizados por via parenteral são as cefalosporinas. Entre as de terceira
geração, a ceftriaxona é a mais usada por sua eficácia e facilidade de administração, mas
não deve ser indicada no período neonatal pela sua alta ligação protéica. Os
aminoglicosídeos são excelentes medicamentos, bactericidas e com espectro antibacteriano
adequado aos agentes etiológicos da infecção urinária; porém, seu uso é restrito por serem
nefrotóxicos e ototóxicos.
Após os 3 meses de idade, quando o quadro clínico permite, podem ser utilizados
medicamentos por via oral, especialmente as cefalosporinas (quadro 2).
O tratamento profilático tem por objetivo prevenir a colonização bacteriana a fim de evitar
novos episódios infecciosos. É recomendado para todo paciente de risco, ou seja, os que
apresentaram episódio suspeito de pielonefrite, no sexo masculino e nas crianças com
infecção urinária recorrente, até que seja feita a exploração radiológica. É também indicação
absoluta para pacientes portadores de alterações estruturais das vias urinárias até a sua
resolução.
Encaminhamento
Bibliografia
Pahl, M.M.C. Infecção do Trato Urinário In: Carrazza, F.R. e Andriolo, A. (eds) Diagnóstico
Laboratorial em Pediatria. São Paulo, Sarvier, 2000. pp.338.
Hoberman, A.; Wald, E.R. Urinary tract infections in young febrile children. Pediatr. Infect.
Dis. J., v.16, p.11-17, 1997.
Diagnóstico
Tratamento
O tratamento da GNDA é de suporte, pois, uma vez instalada a doença não se pode
influenciar o seu curso. Entretanto, a morbidade e a mortalidade precoce são altamente
influenciadas por medidas terapêuticas adequadas, dirigidas às situações mais comuns
presentes nestes pacientes. O volume de diurese e pressão arterial devem ser monitorizados
diariamente. A hospitalização do paciente está indicada quando houver:
Na maioria das crianças com GNDA, a terapia mais efetiva é a restrição da ingestão hídrica e
de sal. Os líquidos, administrados preferencialmente por via oral, devem ser limitados,
inicialmente, à reposição da perdas insensíveis (400 ml/m2/dia). Especialmente nos
pacientes em uso de diuréticos potentes, a monitorização do peso, pressão arterial e volume
de diurese devem ser avaliadas cuidadosa e freqüentemente (às vezes antes de 24 horas)
com o objetivo de evitar piora da função renal em decorrência de possível hipovolemia
iatrogênica. Quando indicado, o diurético utilizado por via oral é a furosemida, 1mg/kg/dia,
de 12/12 horas, podendo chegar até a 3mg/kg/dia.
A ingestão de sal deve ser diminuída o máximo possível. Recomenda-se dieta acloretada
O repouso deve ser mantido apenas na fase aguda, enquanto houver hipertensão arterial,
edema e hematúria macroscópica significativas. Após este período, a criança pode voltar às
suas atividades normais.
Encaminhamento
Bibliografia
Pahl, M.M.C.; Koch, V.H.K.; Okay, Y. e Penna, H.A.O. Nefrologia Pediátrica In: Cruz,J.;
Praxedes, J.N.; Cruz, H.M.M. (eds) Nefrologia. São Paulo, Sarvier, 1995. p. 308.
ACNE
A acne constitui a mais freqüente afecção cutânea do adolescente ¾ cerca de 80 a 90% dos
adolescentes apresentam acne em algum grau, mas tanto pais quanto profissionais de
saúde tendem a menosprezar esse problema, o que é um erro, pois, ao atingir o estágio
inflamatório, a acne pode provocar cicatrizes no rosto, tórax e dorso, potencialmente
irreversíveis. Como, geralmente, os adolescentes não se queixam ao médico, este, muitas
vezes, desconsidera esse problema frente às questões mais emergenciais trazidas pelo
cliente.
Os profissionais a nível de atenção primária podem tratar cerca de 90% dos casos,
reservando para os especialistas os casos mais graves. A intervenção precoce objetiva não
só prevenir as sequelas físicas, como as cicatrizes psicológicas da acne, pois o impacto na
auto-estima e na imagem corporal do adolescente pode afetar suas relações interpessoais,
seu rendimento escolar e, eventualmente, seu envolvimento no mercado de trabalho.
GINECOMASTIA
No sexo masculino, como parte das mudanças puberais, observa-se aumento do diâmetro e
da pigmentação da aréola. Um terço dos adolescentes, no entanto, apresentam não
somente esse desenvolvimento areolar mas também aumento do tecido mamário,
caracterizando a chamada ginecomastia benigna do adolescente ou ginecomastia puberal.
Presente uni ou bilateralmente, apresenta-se com consistência firme, não aderente à pele ou
a tecido subjacente, muitas vezes dolorosa à manipulação. Na maioria dos casos,
desenvolve-se na fase de aceleração do crescimento estatural, com regressão espontânea
em 6 a 18 meses. Quando não regride em 24 a 36 meses provavelmente permanecerá
inalterada ao longo dos anos. Raramente, observa-se um aumento glandular importante que
extrapola a área subareolar, com diâmetros superiores a 5cm ¾ macroginecomastia ¾
situação geralmente geradora de estresse psicológico e de regressão espontânea pouco
provável. O tratamento restringe-se, geralmente, à orientação sobre a etiologia e a evolução
benigna do problema, discutindo-se a indicação de cirurgia plástica quando estiver
provocando muitas repercussões psicossociais. Embora a ocorrência de ginecomastia de
causa patológica (Quadro 2) seja rara, há necessidade de se afastar essa possibilidade
através de anamnese cuidadosa (atenção à ingestão de drogas) e exame físico minucioso
(principalmente do fígado e testículos). A solicitação de exames laboratoriais só se faz
necessária quando há indícios de ginecomastia patológica (deve-se pensar nessa
possibilidade principalmente quando a ginecomastia se desenvolve antes do início da
maturação sexual ou após o término desta).
Drogas Endocrinopatias
Hormônios: estrogênio (sistêmico ou Hipogonadismo: traumatismo
tópico), androgênios, gonadotrofina testicular, defeitos enzimáticos,
coriônica, contraceptivos orais resistência androgênica, síndrome de
Klinefelter, hermafroditismo.
Fármacos psicoativos: Hiper ou hipotireoidismo.
antidepressivos Distúrbios de supra-renais:
tricíclicos, diazepan, fenotiazina hiperplasia, deficiência de hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH)
Agentes cardiovasculares: reserpina,
metildopa, digitálicos Tumores
Antagonistas da testosterona: Hipófise Supra-renal
cetoconazol, espironolactona, Testículos
cimetidina, etc. Fígado
Tuberculostáticos: isoniazida, Doenças crônicas
etionamida, tiacetazona. Hepatopatia
Nefropatia
Quimioterápicos citotóxicos: etc.
vincristina, metotrexato,
ciclofosfamida, clorambucil.
VULVOVAGINITES
· seis a doze meses antes da menarca, a vulva pode apresentar-se túrgida, mas sem sinais
inflamatórios e com uma secreção esbranquiçada, por vezes abundante, sem odor ou
prurido. A queixa da adolescente costuma ser apenas o desconforto provocado pela
secreção. O corrimento depositado nas vestes, com freqüência, é descrito como amarelado,
sendo tal coloração resultante da riqueza protéica das substâncias secretadas;
A adolescente deve receber explicações sobre a natureza fisiológica dessas secreções. Deve
ainda ser orientada para lavar a região perineal duas vezes ao dia e não permanecer com as
vestes úmidas, a fim de evitar uma irritação vulvar ou uma infecção secundária.
limpeza da genitália
sempre da região perineal para a anal, logo após cada micção ou evacuação ¾ a fim de não
levar material fecal para o intróito vaginal;
com papel higiênico branco e inodoro (o papel colorido e/ou perfumado é mais irritante à
mucosa vaginal);
lavagem dos genitais externos: duas vezes ao dia, durante 10 dias, com água morna e
sabão neutro ou utilizando-se soluções anti-sépticas a base de cloridrato de benzidamina. O
permanganato de potássio não é um anti-séptico de escolha nessas situações, uma vez que
seu uso em uma concentração maior do que a indicada pode provocar uma dermatite local.
É fundamental que se enxugue bem a região vulvar após a lavagem, pois a umidade
favorece infecções;
tipo de roupas íntimas: devem ser de algodão (tecidos sintéticos, como o "nylon", podem
causar irritação vulvar), preferencialmente brancas, trocadas com freqüência se estiverem
sujas ou úmidas e lavadas com sabões neutros (sabão em pó, amaciantes ou alvejantes
estão contra-indicados pela possibilidade de irritação e/ou alergia);
tipo de vestimentas: devem ser mais largas para permitir ventilação, uma vez que o calor e
a umidade criam condições favoráveis ao desenvolvimento de germes patogênicos.
Outras causas comuns de instalação das vulvovaginites inespecíficas são a presença de
corpo estranho na vagina, o Enterobius vermicularis e, menos freqüentemente, infecções
extragenitais.
Prurido anal e genital que piora à noite, corrimento amarelo e recorrente, infecção vulvar
moderada e história familiar de verminose sugerem o diagnóstico de oxiuríase. A fêmea do
Enterobius vermicularis que, geralmente, coloca seus ovos na mucosa anal, pode migrar ou
ser levada pelos dedos das mãos contaminados até a vagina e lá depositar seus ovos. Neste
deslocamento, o verme leva consigo bactérias coliformes que, uma vez introduzidas na
vagina, provocam a infecção. Por outro lado, o próprio parasita, em contato com a mucosa
vaginal, age como fator irritativo. O encontro de ovos de Enterobius vermicularis na
secreção vaginal ou no swab anal confirma o diagnóstico.
A vulvovaginite pode ser secundária às infecções das vias aéreas superiores ou de pele. Na
história existe referência a estas infecções pouco antes da instalação dos sintomas vaginais.
Considera-se que a contaminação ocorre pela transferência de material infectado do nariz,
da garganta ou da lesão cutânea para a vagina, pelos dedos contaminados. Os antibióticos
utilizados para debelar a infecção extragenital, ao lado das medidas de higiene perineal, são
suficientes para eliminar os sintomas vaginais.
AFECÇÕES TRAUMÁTICAS
De uma maneira geral, as afecções traumáticas que dão sinais inflamatórios justa-
articulares exigem cuidados imediatos. O exame da circulação distal à zona do trauma e o
exame da integridade motora também distal, se alterados, podem indicar a urgência do
encaminhamento a um serviço especializado.
É muito comum na criança a fratura em galho verde dos ossos do antebraço, que se
deformam totalmente em angulações aberrantes, surpreendentes e, muitas vezes,
impressionantes. Não são fraturas graves, mas exigem redução urgente. Das fraturas que
requerem tratamento de emergência na criança, destaca-se, pela sua enorme incidência e
gravidade, a fratura supra-condiliana do cotovelo, que requer rápido encaminhamento a
serviço especializado, mais rápido ainda se já estiver provocando comprometimento vásculo-
nervoso periférico, facilmente detectável pelas alterações de sensibilidade que aparecem. A
suspeita clínica desta fratura se faz pela deformidade em varo ou em valgo do cotovelo, que
está em extensão e muito edemaciado.
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AFECÇÕES CONGÊNITAS
Dentro das doenças chamadas congênitas da criança, as mais comuns são o pé torto
congênito e a luxação congênita do quadril, ambas detectadas ao exame clínico nos
berçários ou imediatamente após o nascimento. Requerem encaminhamento ao ortopedista.
O pé torto congênito é visível e a própria mãe procura o médico. O tratamento pode ser
cirúrgico ou com correções gessadas e deve ser iniciado sem perda de tempo.
Diferentemente dos distúrbios de diagnóstico fácil, a luxação congênita do quadril pode
passar despercebida e somente ser detectada após o inicio da marcha, quando o tratamento
se torna muito mais difícil e quase sempre deixa seqüelas. Por isto, o médico deve examinar
os quadris dos recém-nascidos com atenção. Existem sinais, como o estalido de Ortolani, a
limitação da abdução do quadril ou o pistonamento do fêmur contra a bacia, que fazem o
diagnóstico. A confirmação pode ser feita pela ultra-sonografia, exame simples e acessível.
É muito importante que o médico conheça esta evolução fisiológica do alinhamento dos
membros inferiores com a idade, para que não se considere patológico o que é o normal
para a idade; mas qualquer alteração exagerada deste ritmo deve ser considerada
patológica e exige tratamento. Hoje em dia, não se aceita mais que palmilhas ou aparelhos
noturnos possam corrigir estas deformidades ou desvios. Se graves, requerem tratamento,
que pode ser cirúrgico na idade certa e, se moderados ou leves, podem se corrigir
espontaneamente.
As doenças das epífises de crescimento são comuns. Aparecem por excesso de tração e, em
cada epífise, tomam o nome de quem a descreveu pela primeira vez. Assim, doença de
Osgood- Schlatter, de Blount, de Frieberg e de Sever. Quando acometem algumas epífises
de carga, podem determinar seqüelas graves, como na doença de Calvé Legg Perthes,
Blount ou Scheuerman, no quadril, joelho ou coluna, respectivamente. Iniciam-se com um
quadro de dor e, para o membro inferior, claudicação à marcha; no joelho, aparece a
característica deformidade em varo, que pode ser confundida com o raquitismo, e, na
coluna, a cifose ou dorso curvo. Na doença Calvé Legg Perthes, ao exame clínico, é nítida a
limitação dos movimentos articulares do quadril acometido.
Diagnóstico
Definir valores normais para a pressão arterial não é fácil porque, quanto maior a pressão,
maior o risco cardiovascular e menor a sobrevida, não havendo uma linha divisória entre
normotensão e hipertensão. O limite arbitrário adotado operacionalmente é que um
indivíduo adulto é considerado hipertenso quando os níveis de pressão arterial são iguais ou
maiores do que 140/90 mm Hg. A tabela 1 apresenta a classificação dos níveis da pressão
arterial para pessoas adultas. Em crianças e adolescentes, classifica-se a pressão arterial em
função do percentil de estatura, idade e sexo de acordo com tabelas específicas.
Pressão (mmHg)
Diastólica Sistólica Classificação
<85 <130 Normal
85-89 130-139 Normal Limítrofe
90-99 140-159 Hipertensão Leve (estágio 1)
100-109 160-179 Hipertensão Moderada (estágio 2)
>=110 >=180 Hipertensão Grave (estágio 3)
<90 >=140 Hipertensão Sistólica Isolada
2- certificar-se que o paciente não está com bexiga cheia, não praticou exercícios físicos,
não ingeriu bebidas alcoólicas, alimentos ou café e nem fumou 30 minutos antes da medida;
8- palpar o pulso radial, inflar o manguito até seu desaparecimento, para estimar o nível da
pressão sistólica, desinflar rapidamente e aguardar 15-30 segundos antes de inflar
novamente;
12- inflar rapidamente, 10-10 mm Hg, por segundo, até o nível estimado da pressão
sistólica;
16- registrar os valores da pressão realmente obtidos na escala do manômetro, que varia de
2 em 2 mm Hg, evitando arredondar para valores terminados em zero ou cinco;
18- o paciente deve ser informado sobre os valores da pressão e possível necessidade de
acompanhamento.
Tratamento
Tem como finalidade o controle da pressão arterial, valores inferiores a 140 para sistólica e
90 mm Hg para diastólica, visando a redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares
decorrentes da hipertensão e inclui medidas farmacológicas e não-farmacológicas.
Os hipertensos com excesso de peso devem ser orientados para redução até atingir índice
de massa corporal inferior a 25 Kg/m2 e relação cintura/quadril inferior a 0,8 para mulheres
e 0,9 para homens. A redução de peso pode ser obtida com dieta hipocalórica balanceada e
atividade física programada.
A redução de sal na alimentação deve ser enfatizada para consumo de 100 mEq/dia=6 g de
sal (1 colher de chá). Evitar alimentos industrializados, enlatados, embutidos, carnes/peixes
secos, defumados, charque, conservas, aditivos à base de glutamato de sódio, queijos,
adição de sal aos alimentos prontos e abolir saleiro da mesa. O uso de substitutos do sal
com cloreto de potássio deve ser evitado em pacientes com comprometimento renal. O
aumento da ingestão de potássio pode ser obtido com uso de grãos (feijão, ervilha),
vegetais verde-escuros, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata
inglesa, laranja. O consumo de bebida alcoólica não deve exceder a 30 ml de etanol/dia, o
que equivale a 60 ml de destilados (pinga, uísque, vodca), 240 ml de vinho ou 720 ml de
cerveja.
Diuréticos*
Ação Grupos Efeitos indesejáveis
- depleção de volume - os tiazídicos são - hipopotassemia,
- redução da resistência preferidos hiperuricemia,
vascular periférica - diuréticos de alça intolerância à glicose,
indicados para aumento triglicérides,
hipertensão associada a disfunção sexual
insuficiências renal e
cardíaca
Inibidores adrenérgicos*
Ação Grupos Efeitos indesejáveis
- ação central ** - alfa metildopa, - sonolência, sedação,
-alfa-bloqueadores** clonidina, guanabenzo, sialosquese, fadiga,
- betabloqueadores * moxonidina hipotensão postural,
(contra indicados na - doxazosina, prazosina impotência, hipertensão
asma, doença pulmonar - atenolol, bisoprolol, rebote (clonidina)
obstrutiva crônica, metoprolol, nadolol, - hipotensão postural,
bloqueio AV 20 e 30 propranolol, pindolol palpitação, astenia
grau) broncoespasmo,
bradicardia, distúrbio de
condução AV,
vasoconstrição
periférica, insônia,
pesadelos, depressão,
disfunção sexual,
intolerância à glicose,
aumento triglicérides,
diminuição HDL
Vasodilatadores diretos**
Ação Grupos Efeitos indesejáveis
- relaxamento da - minoxidil, hidralazina - retenção hídrica,
parede vascular taquicardia reflexa
Paciente Sexo
Idade
Etnia
Estado civil
Escolaridade
Nível sócio-econômico
Doença Cronicidade
Ausência de sintomas
Conseqüências tardias
Tratamento Custo
Efeitos indesejáveis
Esquemas complexos
Qualidade de vida
Encaminhamento
A quase totalidade dos pacientes hipertensos deve e pode ser acompanhada em unidades
básicas de saúde. Os poucos indivíduos que apresentem hipertensão refratária ou suspeita
de causas secundárias devem ser encaminhados para ambulatório de hipertensão arterial.
Bibliografia
III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. III CBHA. São Paulo, B.G. Cultural, 1998.
Amodeo C, Lima EG, Vazquez EC. Hipertensão Arterial. São Paulo, Sarvier, 1997.
Mion Jr. D, Nobre F. Medida da Pressão Arterial da teoria à prática. São Paulo, Lemos, 1997.
Diagnóstico
O médico deve estar sempre atento a crianças com poliúria, realizando, de imediato, teste
para detecção de glicose urinária e atendimento de emergência onde há alteração de
consciência e hálito cetótico. Em adultos, onde o quadro é menos definido, há várias
indicações para se suspeitar de diabetes e indicar a realização de glicemia capilar ou
plasmática, como obesidade, presença de outros fatores de risco cardiovascular, como
hipertensão e colesterol elevado, mães de recém-nascidos com mais de 4 kg e mulheres
com história de diabetes gestacional.
A norma estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil está apresentada no quadro abaixo:
Glicemia capilar
Valor obtido Interpretação
< 140 mg/dl normal
141-199 mg/dl duvidoso
Glicemia ao acaso
200-270 mg/dl provável DM
> 270 mg/dl muito provável
Glicemia de jejum ou < 100 mg/dl normal
após 4 horas sem 101-125 mg/dl exame duvidoso
alimentação
126-199 mg/dl exame alterado
200-270 mg/dl provável DM
> 270 mg/dl muito provável DM
DM = diabetes mellitus
glicemia de glicemia
diagnóstico ao acaso
jejum pós-prandial
normal < 110 mg/dl < 140 mg/dl -
glicemia de jejum
110-126 mg/dl - -
alterada
tolerância a glicose
<126 mg/dl 140-200 mg/dl -
diminuída
=> 200 mg/dl
diabetes > 126 mg/dl => 200 mg/dl com sintomas
clássicos
Outros testes para diagnóstico de diabetes são de pouca confiabilidade como a realização de
glicemia com tiras reagentes, ou são excessivamente caras como a hemoglobina glicada
(embora seja um exame adequado para seguimento). Para seguimento, o exame ideal é a
glicemia capilar.
Nas consultas de retorno, o médico deve estar muito mais atento aos níveis de pressão
arterial, lesões tróficas em membros inferiores, queixas visuais e sintomas como palpitações
e dispnéias, que podem indicar insuficiência coronária, do que aos valores de glicemia
obtidos no último exame. A preocupação com as complicações cardiovasculares, renais e
oculares deve ser o guia do atendimento ambulatorial.
Tratamento
Os cuidados principais com o paciente com diabetes é o de diminuir os fatores que induzem
e perpetuam a resistência insulínica, como a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo. Para
tanto, há necessidade de uma radical redução do peso para alcançar valores de índice de
massa corpórea menores de 25 kg/m2, realização de atividade física regular do tipo 10
minutos por dia de caminhada e cessação total do tabagismo.
A redução do níveis de colesterol sérico em diabéticos merece maior atenção do que a que a
entre não-diabéticos.
Para o controle glicêmico, torna-se necessário reduzir peso de obesos e evitar qualquer
aumento em indivíduos magros, mudar a forma de adoçar da sacarose para adoçantes e
edulcorantes, tais como aspartame, stévia, sacarina e ciclamato, que têm pouca
contribuição calórica, ao contrário da frutose e do sorbitol.
O uso de sulfoniluréias requer cuidados como o lembrar que outros medicamentos, como
alopurinol e warfarin, podem induzir hipoglicemia e outros podem neutralizar o efeito
hipoglicemiante, como no caso dos barbitúricos. A hipoglicemia induzida pela clorpropamida
requer internação porque a meia-vida do medicamento é longa, necessitando infusão de
glicose 10% por mais de 48 horas.
O uso de insulina está indicado nos casos de diabetes tipo 2 onde há descontrole com a
associação de intervenção dietética, metformin e sulfoniluréia, principalmente com glicemia
acima de 270 mg/dl associada a sintomas como perda de peso e hálito cetótico. Orientação
dietética rigorosa e controle radical do peso deve ser uma obsessão ao médico que introduz
insulina a um diabético de tipo 2. Com freqüência, instala-se um ciclo vicioso de "insulina-
ganho de peso-hiperglicemia-mais insulina- mais ganho de peso" que será de difícil
reversão. As principais insulinas existentes no mercado brasileiro são as listadas abaixo de
acordo com o perfil de ação.
Encaminhamento
Pacientes com diabetes tipo 1 devem sempre estar sendo acompanhados em serviço
especializado. Os diabéticos de tipo 2 devem sempre estar sendo avaliados em relação a
complicações, como retinopatia, com consulta regular a oftalmologista; cuidados com o pé,
com ao menos uma consulta com podólogo para orientar sobre calçados e corte das unhas.
Pacientes que possuam uma grande quantidade de fatores de risco ao mesmo tempo, como
hipertensão, tabagismo, colesterol elevado e angina ou pós-infarto do miocárdio devem ser
encaminhados para serviço de maior complexidade.
Bibliografia
Lotufo PA, Sobolsi M, Manson JE. Diabetes in Women. In Goldman MB, Hatch MC. Women
and Health. Academic Press, 819-829, 1999.
Diagnóstico
Tratamento
Indicações gerais
1. Atividade física: a intensidade e a frequência de exercícios físicos devem ser
individualizadas para o paciente de acordo com a avaliação realizada pelo cardiologista,
geralmente levando-se em conta o desempenho do paciente na ergometria. No geral,
recomenda-se exercício físico de intensidade moderada, por pelo menos 30 minutos, no
mínimo três vezes por semana.
Indicações específicas
1. Angina estável: o mais importante é diminuir o consumo de oxigênio pelo miocárdio,
prescrevendo betabloqueadores, que são extremamente úteis, conseguindo-se, com
frequência, a estabilização do quadro clínico do paciente. Outros medicamentos podem ser
utilizados, isoladamente (quando há contra-indicação ao betabloqueador), ou em
associação. Dentre estes, os mais comuns são os nitratos e os antagonistas dos canais de
cálcio.
Encaminhamento
Angina estável: pode ser tratada pelo médico de família seguindo orientações do
cardiologista.
Angina instável: o paciente deve ser encaminhado urgentemente para uma unidade de
emergência. Pós-infarto do miocárdio: o paciente deve ser encaminhado para tratamento
em ambulatório de especialidade, se estável e não-urgente.
Bibliografia
Braunwald E, Antman EM, Beasley JW, et al. ACC/AHA guidelines for the management of
patients with unstable angina and non-ST-segment elevation myocardial infarction:
executive summary and recommendation: a report of the American College of Cardiology/
American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation 2000;102:1193-
1209.
Diagnóstico
A investigação de um paciente com AVC isquêmico pode ser dividida em 3 fases: básica,
complexa e de risco. A investigação básica, compreendendo hemograma, velocidade de
hemossedimentação, glicemia, uréia, creatinina, eletrólitos, triglicérides, colesterol total e
frações, provas de coagulação, radiografia do tórax, eletrocardiograma e TC de crânio, é
aplicável a todo paciente com AVC isquêmico agudo. Na fase complexa, vários exames
podem ser acrescidos à investigação básica, devendo ser solicitados se os dados clínicos
aventarem a possibilidade de alguma causa subjacente. Por exemplo, antecedentes de
tromboses venosas e abortos de repetição sugerem que se proceda à dosagem de
anticorpos antifosfolípide. A ressonância magnética encefálica apresenta maior positividade
que a TC na fase aguda do AVC isquêmico, principalmente no território vértebro basilar. O
ecocardiograma, tanto transtorácico quanto transesofágico, além da sorologia para a doença
de Chagas, devem ser indicados se o quadro clínico ou exames complementares básicos
sugerirem o coração como fonte embólica. O Doppler transcraniano pode ser realizado se
houver suspeita clínica de estenose arterial intra/extracraniana e o duplex de carótidas e
vertebrais continua sendo o exame subsidiário mais importante para selecionar os pacientes
que devam ser submetidos à investigação angiográfica, seja angiografia por ressonância
magnética (RM), angiotomografia helicoidal ou mesmo a angiografia digital, esta fazendo
parte da investigação dita invasiva ou de risco.
Tratamento
Quanto ao tratamento profilático, todos os pacientes com AVC deverão ter seus fatores de
risco vascular determinados e tratados (Tabagismo, Avaliação do Risco Cardiovascular,
Hipertensão Arterial, Angina e Cuidados Pós-infarto do Miocárdio).
Encaminhamento
Bibliografia
Boden-Albala B, Sacco RL. The stroke prone individual. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo
1999;4:501-8.
Yamamoto FI. Fibrinólise: indicações e perspectivas. In: Gagliardi RJ, Reimão R (eds).
Clínica Neurológica. São Paulo: Lemos-Editorial, 1998: 57-64.
Yamamoto FI, Massaro AR, Tinone G, Waksman S, Bahia VS, Hirsch R, Scaff M. Acidente
vascular cerebral: intervalo entre o início dos sintomas e o atendimento médico e a
realização da tomografia computadorizada. Arq Neuropsiquiatr 1996;54 (suppl):O 327.
Diagnóstico
Uma vez diagnosticada a IC, ponto importante é a identificação da sua causa, pois tanto o
tratamento como o prognóstico diferem conforme o principal fator causal do quadro de
descompensação. É importante lembrar que a correção da valvopatia, da cardiopatia
congênita ou a revascularização miocárdica podem fazer desaparecer ou reduzir os quadros
de IC. Na grande maioria dos casos, a história e o exame físico fornecem os principais dados
para o diagnóstico diferencial e orientação dos pacientes (por exemplo, cianose, sopro etc.).
Embora não substituam uma boa anamnese e o exame físico, cada vez mais agregam
informações que permitem o médico orientar melhor cada caso e com menos dúvidas.
Naqueles com disfunção ventricular, é importante diferenciar se predomina o
comprometimento da função sistólica ou diastólica. Os sintomas são semelhantes, mas a
conduta terapêutica e o prognóstico diferem.
Tratamento
3- terapêutica inadequada
5- embolia pulmonar
6- estresse
7- doença sistêmica
Nos pacientes sintomáticos, a grandes e médios esforços (CF II e III), o tratamento deve
incluir digitálicos, diuréticos, inibidores da ECA e betabloqueadores. O benefício desta
associação foi amplamente demonstrado em inúmeros estudos. O digitálico tem papel na
estabilização dos pacientes, reduzindo o número de descompensações. Os diuréticos são
indispensáveis para controlar a retenção hídrica, transformando-se na principal droga para
controle dos sintomas. A dose correta dos diuréticos torna os pacientes menos sintomáticos.
Os inibidores da ECA têm papel na estabilização da doença, prevenindo a progressão para
formas mais avançadas e reduzindo a mortalidade dos pacientes. A associação de
betabloqueadores aumenta ainda mais estes benefícios.
Nas formas mais sintomáticas (CF III e IV), o tratamento deve incluir digital, diuréticos,
inibidores da ECA e espironolactona. Com esta associação, os pacientes tornam-se mais
estáveis, descompensam menos, apresentando melhor qualidade de vida e menor
mortalidade. Os betabloqueadores devem ser associados a este tratamento nos pacientes
compensados, aumentando ainda mais os benefícios descritos.
A digoxina deve ser prescrita na dosagem de 0,25 mg ao dia, podendo ser diminuída nos
pacientes idosos ou com arritmias. Os diuréticos devem ser prescritos na dosagem
necessária para controlar os sinais de congestão; em muitos, a associação de um tiazídico à
furosemida pode ser de grande utilidade. É importante considerar que doses baixas de
diuréticos, na presença de sinais de congestão, mantêm os pacientes sintomáticos. A
espironolactona deve ser empregada na dosagem de 25 mg ao dia e sua prescrição vai alem
de seu efeito diurético, daí não ser necessário utilizar doses maiores, com as quais
aumentamos os efeitos colaterais. Os inibidores da ECA devem ser prescritos em dose
denominada plena. Doses muito baixas não tiveram sua eficácia comprovada. Assim,
captopril deve ser prescrito na dosagem de 25 a 50 mg 3 x ao dia, enalapril 10 mg 2 x ao
dia, lisinopril 10 mg 2 x ao dia ou ramipril 5 mg 2 x ao dia. Dentre os betabloqueadores,
pela sua maior facilidade de administração, utilizamos o carvedilol, que deve ser prescrito na
dosagem de 25 mg 2 x ao dia. Tanto o carvedilol como os inibidores da ECA devem ser
iniciados com doses pequenas e progressivamente aumentados até atingir-se a dose alvo.
Se os pacientes não tolerarem aumentos de dosagem, o tratamento deve ser mantido na
maior dosagem que foi possível administrar.
O tratamento cirúrgico deve ser cogitado para os pacientes que continuam evoluindo
sintomáticos apesar do correto tratamento medicamentoso. Não podemos nos esquecer que
a correção da causa da IC modifica sobremaneira a historia natural da doença. Assim, a
correção da valvopatia ou a revascularização miocárdica podem ser salvadoras para muitos.
Para os pacientes com importante disfunção ventricular, esgotados os procedimentos
clínicos, o transplante cardíaco deve ser cogitado.
Encaminhamento
Pacientes com graus leves de insuficiência cardíaca podem ser acompanhados em unidades
básicas de saúde, desde que tenham realizado consultas iniciais com cardiologista. Pacientes
com graus avançados devem ser encaminhados para serviços especializados. No entanto,
será cada vez mais comum atendimento domiciliar a indivíduos em fase terminal da
insuficiência cardíaca.
Bibliografia
Pereira-Barretto AC, Ramires JAF. O que aprendemos com os estudos multicêntricos sobre o
tratamento da insuficiência cardíaca. In Sousa AGMR, Mansur AJ (eds) SOCESP. Cardiologia.
Segundo volume, São Paulo, Atheneu, 1996; pg 714-23
Salemi VMC. Tratamento da insuficiência cardíaca. In: Timerman A, César LAM (eds).
Manual de Cardiologia. SOCESP. São Paulo, Atheneu, 2000; pg 35-.40.
Diagnóstico
A dor isquêmica deve ser diferenciada da dor causada em membros inferiores por afecções
ortopédicas ou neurológicas. Estas últimas geralmente acometem a parte posterior do
membro (e não a extremidade); surgem logo ao iniciar a marcha e não depois de alguns
metros, e têm caráter menos constante.
Lesão trófica:
O quadro mais grave de insuficiência arterial é o que inclui úlceras isquêmicas ou necrose de
extremidade. Geralmente fáceis de identificar pela exuberância do exame físico, exigem um
tratamento urgente. A necrose pode ser desencadeada por um trauma sobre um membro já
isquêmico, ou surgir espontaneamente por progressão da isquemia. Progride rapidamente,
podendo levar à perda do membro em poucos dias.
Pulsos:
A marca principal do exame físico, na insuficiência arterial, é a ausência de pulsos. A
palpação dos pulsos femorais, poplíteos e podálicos pode fechar o diagnóstico e até mesmo
determinar o local de obstrução arterial. Algumas regras práticas são importantes na
palpação de pulsos:
1. o exame de pulsos é comparativo. Em alguns casos, os pulsos podem ser igualmente
diminuídos ou ausentes bilateralmente, mas, na maioria deles, existe uma assimetria.
Quando os sintomas são unilaterais, a comparação de pulsos entre um membro e outro é
importante para o médico não especialista.
2. pulsos difíceis de sentir, que deixam dúvidas, ou que precisam ser procurados por algum
tempo, devem ser considerados como se fossem ausentes. É melhor errar ocasionalmente
por excesso de diagnóstico do que deixar de diagnosticar.
3. em alguns quadros de claudicação intermitente, os pulsos podem estar todos presentes.
Se solicitarmos ao paciente que ande até sentir dor e examinarmos novamente nesse
momento, os pulsos terão desaparecido.
4. o pulso pedioso pode não ser palpável em cerca de 20 % das pessoas normais. Essa
condição, quando ocorre, é bilateral, ou seja, um pulso pedioso palpável e o outro não é
sinal de doença arterial. Os tibiais posteriores devem sempre estar presentes.
Sopros
A ausculta é também importante. Sopros audíveis no abdome, nas regiões inguinais, na face
interna da coxa ou no cavo poplíteo indicam estenoses arteriais. A pressão exagerada do
estetoscópio pode criar sopros em artérias normais por compressão, especialmente nas
virilhas, e no abdome em indivíduos muito magros.
Coloração e temperatura
O membro isquêmico geralmente é frio e pálido. Porém, é preciso ter em mente que os
tecidos tentam se defender da isquemia com vasodilatação. Assim, quando o paciente está
em repouso, principalmente com o membro pendente, a vasodilatação compensatória pode
levar a um rubor que oculta a isquemia, à inspeção. A isso chama-se hiperemia reativa. O
diagnóstico pode ser feito pela manobra de Buerger: o paciente é deitado em decúbito
dorsal horizontal e o médico eleva os dois membros inferiores a 45 graus durante alguns
minutos. Pode ser potencializada, solicitando-se ao paciente que flexione os tornozelos
várias vezes. Depois desse tempo, aparecerá a palidez no pé acometido. Logo em seguida,
solicita-se que o paciente sente-se com os pés pendentes; em alguns minutos aparecerá a
hiperemia reativa. O teste é muito importante quando a isquemia é assimétrica, pois o
membro acometido vai apresentar mais palidez do que o outro, quando elevado, e se
tornará mais rubro ou com coloração vinhosa, quando pendente. Se a queixa do paciente é
bilateral e simétrica, o teste terá menos sensibilidade.
Tratamento
Claudicação intermitente:
O tratamento inicial deve ser clínico. Consiste em exercícios para desenvolver circulação
colateral, ou seja, caminhadas. O paciente deve ser orientado a caminhar sistematicamente,
todos os dias, até sentir dor, parando para descansar e continuando em seguida; a distância
final percorrida vai depender da sua capacidade, geralmente 1 a 2 Km. Não existem
medicamentos comprovadamente eficientes na melhora da claudicação intermitente. É
importante informar ao paciente que a claudicação intermitente tem evolução benigna na
maioria dos casos; que ela raramente evolui para gangrena e perda do membro, se os
fatores de risco forem controlados. Para muitos indivíduos, o sintoma incomoda mais pelo
medo das complicações que pelo desconforto que causa.
Após seis meses de tratamento com exercícios diários, o paciente é reavaliado. Se a
claudicação estiver comprometendo ainda sua qualidade de vida, pela impossibilidade de
trabalhar ou de fazer atividades que para ele sejam muito importantes, o caso deve ser
encaminhado a um especialista. Este vai ponderar junto com o paciente os riscos e
benefícios eventuais de uma revascularização cirúrgica ou endoluminal do membro. Se, após
o tratamento clínico, o paciente obtiver uma melhora suficiente para que possa exercer suas
atividades cotidianas, não há necessidade de encaminhamento.
Dor isquêmica de repouso e necrose tecidual
Nesses casos, o encaminhamento a serviço de cirurgia vascular é sempre necessário, com
brevidade. Haverá necessidade de correção cirúrgica para evitar a perda do membro.
Rastreamento da aterosclerose
A insuficiência arterial nos membros em idosos é um marcador de aterosclerose. Deve ser
investigada em outras localizações como coronárias e carótidas. Os fatores de risco devem
ser procurados e controlados: diabetes, hipertensão, tabagismo e colesterol elevado. Como
a doença tem caráter familiar, os demais membros da família também devem ser alertados
sobre os fatores de risco e os possíveis sintomas da doença.
Encaminhamento
O diagnóstico de isquemia arterial nos membros pode ser feito apenas pela história e exame
físico. Nenhum exame complementar é necessário. Na maioria dos casos, com claudicação
intermitente não é necessário encaminhamento, ao contrário dos casos com dor em repouso
ou necrose tecidual.
Bibliografia
Maffei FHA, Lastória S, Yoshida WB, Rollo HA. Doenças vasculares Periféricas. 2a. Rio de
Janeiro, Medsi Editora, 1995. 1311 pp.
Lane JC, Van Bellen B. O exame do paciente vascular. São Paulo, Fundo Editorial BIK, 1995.
187 pp.
RINITE ALÉRGICA
A ordem Hymenoptera, constituída por abelhas, formigas e vespas, tem despertado cada
vez mais a atenção dos médicos, por provocar importantes reações imunológicas no homem
decorrentes de suas ferroadas. A mortalidade por reações agudas causadas por ferroadas
desses insetos varia de 0,09 a 0,45 morte por milhão de habitantes. Esta grande
variabilidade encontrada na literatura mundial deve-se, principalmente, às características de
cada região, ao número de espécies de insetos e aos problemas de processamento de dados
estatísticos. Certamente esses números são subestimados. No Brasil, um país com
características continentais, basicamente rural, um dos maiores produtores de mel do
mundo e que possui mais de 400 espécies de vespas neotropicais, as reações por venenos
de insetos certamente ocorrem em uma freqüência maior.
DERMATITE ATÓPICA
A prevalência da dermatite atópica vem aumentando, como tem ocorrido nos demais
processos alérgicos, atingindo 10% da população pediátrica. Propõe-se que inúmeros fatores
possam estar contribuindo para este aumento, tais como: a exposição precoce a alérgenos e
irritantes ambientais, a maior ingestão de aditivos alimentares e o menor tempo de
aleitamento materno, aliados a uma maior percepção do quadro clínico por parte do médico.
O sintoma clínico mais importante é o prurido, que é facilmente observado em crianças mais
velhas. Em lactentes, pode-se traduzir em sintomas como inquietação, dificuldade de dormir
e irritabilidade. O prurido é uma conseqüência da inflamação e do ressecamento da pele,
que ocorre nestes pacientes.
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1. Reações Previsíveis:
- Efeitos Colaterais
- Toxicidade
- Interação entre drogas
- Ação secundária
2. Reações Imprevisíveis:
- Intolerância
- Idiossincrasia
- Reações pseudo-alérgicas
- Alergias
Alergia à Penicilina
Reações alérgicas por penicilina, assunto que tem gerado muitas controvérsias e erros em
sua avaliação diagnóstica, são excessivamente valorizadas em sua importância clínica. Hoje,
provavelmente as reações alérgicas e pseudo-alérgicas por antiinflamatórios não-hormonais
são mais prevalentes e relevantes. Por outro lado, o grupo da Penicilina tem importância por
desencadear diferentes manifestações clínicas e por apresentar reações cruzadas com outros
atibióticos beta-lactâmicos (cefalosporina, amoxacilina e carbapenem).
Diagnóstico
Na rino-sinusite aguda, os sintomas relacionados mais frequentes são a dor facial (em peso,
congestão) que piora com o abaixar da cabeça. A dor pode se localizar na região
correspondente ao seio da face afetado. A dor é mais intensa pela manhã, melhorando com
o decorrer do dia. Há um acúmulo de secreção durante que a noite na posição supina
comprimindo os filetes nervosos na sua eliminação para as fossas nasais. Na rino-sinusite
maxilar, a dor se localiza na região maxilar, com irradiação para a arcada dentária
correspondente e globo ocular. Na etmóido frontal, a dor é no ângulo superior interno da
órbita, e na frontal, com irradiação para o globo ocular. Na esfenoidal, a dor é occipital e
retro-ocular.
Na rino-sinusite crônica, os sintomas são menos exacerbados e a alergia das vias aéreas
superiores tem uma participação importante. O diagnóstico diferencial deve ser feito com
rinites infecciosas e alérgicas, infecções dentais e dores faciais de outras origens.
Tratamento
Preço
antibiótico Dose
total
500 mg (1 comprimido) 1 vez por dia por 3
azitromicina R$ 40,00
dias
500 mg (1 comprimido) 3 vezes por dia por
amoxicilina R$ 45,00
10 dias
500 mg (1 comprimido) 4 vezes por dia por
cefalexina R$ 60,00
10 dias
clavulanato de 500 mg (1 comprimido) 3 vezes por dia por
R$ 80,00
potássio 10 dias)
Após o tratamento da fase aguda deve-se tratar os fatores predisponentes que por acaso
forem diagnosticados, tais como desvio de septo, rinite hipertrófica, rinite alérgica,
hipertrofia adenoideana (em crianças) ou tumores. O tratamento da rino-sinusite crônica
também é clínico seguindo os princípios da rino-sinusite aguda.
Encaminhamento
Bibliografia
Miniti, A.; Bento, R. F.; Butugan, O. - Otorrinolaringologia Clínica e Cirúrgica. Atheneu, Rio
de Janeiro, 1993.
Diagnóstico
Testes de broncoprovocação estão indicados na prática clínica apenas nos casos de dúvida
diagnóstica. Um teste de broncoprovocação inespecífica (histamina, metacolina ou carbacol)
normal tende a excluir o diagnóstico de asma. Outros eventuais exames podem se tornar
necessários para diagnóstico diferencial: identificação de complicações inerentes à asma
(radiológicos), como pneumotórax ou atelectasia; para o diagnóstico de condições
agravantes (sinusopatia, rinite, disfunção de corda vocal, refluxo gastro-esofágico);
caracterização de fatores alergênicos (testes cutâneos, pesquisa de IgE [imunoglobulina E]
sérica específica e broncoprovocação específica).
Tratamento
O fato de asma brônquica ser uma doença crônica, persistente em muitos casos e que não
tem cura precisa ser enfatizado para pacientes e familiares. Uma história familiar de
remissão de sintomas na idade adulta, espontaneamente ou após utilização de terapia
alternativa, não deve confundir o médico nem o paciente: é habitual a presença de sintomas
leves após infeções virais menosprezados por ambos. É comum o "reaparecimento" da
doença após os sessenta anos. Tabagismo domiciliar é um fator conhecido de aumento de
incidência de asma brônquica em crianças e precisa ser combatido.
Pacientes sabidamente alérgicos precisam evitar fatores que desencadeiam crises. Algumas
medidas domiciliares simples precisam ser instituídas: utilização de pisos laváveis; limpeza
dos ambientes com pano úmido e não com vassoura; remoção do quarto do asmático do
excesso de livros, brinquedos ou móveis que acumulem poeira; lavagem das roupas de
cama com água quente duas vezes por semana; utilização de colcha ou lençol lavável sobre
a cama que proteja do pó diurno e seja retirado antes de dormir; não permitir que animais
domésticos entrem dentro de casa, principalmente no quarto do alérgico, e dar neles banho
semanal.
CE = corticóide
Na asma intermitente, o tratamento se restringe ao uso de ß-agonistas adrenérgicos de
curta duração - fenoterol, salbutamol, terbutalina - (Tabela 2) nos períodos sintomáticos e
previamente a exercícios, quando estes desencadearem sintomas. Os agentes ß-
adrenérgicos têm a propriedade de relaxar a musculatura lisa, produzindo, assim, alívio do
broncoespasmo, porém não possuem atividade antiinflamatória. O brometo de ipratrópio,
único anticolinérgico disponível no mercado, é praticamente isento de efeitos colaterais, mas
tem efeito broncodilatador inferior aos ß2-agonistas.
O paciente portador de asma brônquica intermitente e persistente leve pode ficar sob
controle de um médico generalista enquanto aquele portador de asma persistente moderada
e grave deve ser seguido por um especialista. Sinais de insuficiência respiratória, mesmo
leve, devem ser prontamente tratados com medicamento inalatório. A persistência dos
sintomas e sinais após medicamento de alívio - três inalações em uma hora - é critério
suficiente para encaminhamento a serviço de emergência.
Encaminhamento
Bibliografia
Como diagnosticar e tratar asma. Revista Brasileira de Medicina 1999; 56: 45-58
GINA: Global Strategy for Asthma Management and Prevention. National Heart, Lung and
Blood Institute - USA. World Health Organization Workshop Report, 1995.
Diagnóstico
Tratamento
Encaminhamento
Pacientes com sintomatologia leve a moderada devem ser tratados pelos clínicos gerais.
Recomenda-se referir os doentes com limitação funcional importante, particularmente os
hipoxêmicos, para atendimento especializado.
Bibliografia
Diagnóstico
Os sintomas mais freqüentes são: tosse persistente, rouquidão, dispnéia, hemoptise, dor
torácica, perda de peso ou apetite e febre de origem indeterminada.
T-> Estadia quanto ao tamanho do tumor e a sua expansão local (às estruturas adjacentes)
Já os pacientes com carcinoma de pulmão de pequenas células são divididos em dois grupos
de estadiamento:
Tratamento
Carcinoma não-pequenas células: este grupo de pacientes pode ser tratado de diversas
maneiras. A escolha do tratamento depende principalmente, do tamanho, localização e
extensão do tumor. A cirurgia é a forma mais comumente utilizada no tratamento dos
pacientes com carcinoma não-pequenas células. A radioterapia e a quimioterapia podem
também ser utilizadas sobretudo nos estadios mais avançados.
Encaminhamento
Como foi comentado, o diagnóstico inicial de câncer de pulmão pode não ser fácil,
especialmente nos estágios iniciais da doença.
A partir daí, então, o paciente deverá ser encaminhado a um especialista para a confirmação
diagnóstica, bem como para a terapêutica apropriada a cada caso.
Bibliografia
National Cancer Institute Information Resources - Lung Cancer Prevention and Treatment -
PDQ® - http://cancernet.nci.nih.gov/pdq
Diagnóstico
HIPERTIREOIDISMO
Exames laboratoriais: dosagem de tiroxina livre (T4 livre); alternativamente, tiroxina total
(T4) e triiodotironina total (T3); dosagem TSH (teste essencial para o diagnóstico);
anticorpos anti-peroxidase (anti-TPO) e anti-receptor de TSH (TRAb); tireoglobulina, quando
houver suspeita de hipertireoidismo factício, causado por alta ingestão intencional de
hormônios tireóideos. Em casos de tireotoxicose decorrente de hiperfunção da glândula
tireóide, a tireoglobulina está elevada e nos casos falsos está baixa.
No hipertireoidismo clínico franco, o TSH mostrará valores baixos, o T4 livre e T3, níveis
séricos elevados. No hipertireoidismo subclínico, encontra-se combinação de TSH baixo,
concentrações normais de T4 livre e T3. Todavia, além do hipertireodismo subclínico, dão
origem a estes resultados o hipotireoidismo central e a doença sistêmica não-tireóidea;
podem ser causados pelo tratamento de pacientes hipertireóideos.
HIPOTIREOIDISMO
Tratamento
HIPERTIREOIDISMO
Crianças: dose inicial de PTU: 5 - 7 mg/kg, dividida em 3 doses e, dose inicial de MMI: 0,5 -
0,7 mg/kg, dividida em 3 doses
Adultos: dose inicial de PTU: 300 - 600 mg/dia e dose inicialde MMI: 30-60 mg/dia.
Outro recurso consiste em manter uma dose inicial capaz de provocar hipotireoidismo e
associar levotiroxina (L-T4), para obter eutireoidismo: crianças: 1 - 2 µg/kg/dia e adultos:
100 µg/dia.
Propranolol é um medicamento sintomático que deve ser gradualmente retirado à medida
que o T4 livre retorna ao normal. A posologia indicada é para crianças: 2,5 - 10,5 mg/kg/dia
(dose máxima de 100 mg/dia) e para adultos: 10 - 40 mg/6 h.
Iodo radioativo: é o tratamento de escolha na maioria dos adultos, seja por doença de
Graves, bócio multinodular tóxico ou adenoma tóxico; o uso desta modalidade terapêutica
em crianças é controverso. As principais indicações são para pacientes que não aceitam ou
não se adaptam ao tratamento medicamentoso, para recidiva após terapia com tionamidas e
hipertireoidismo recorrente após tireoidectomia. A dose de 131I varia de 8 a 30 mCi
(registros recentes sugerem 10 mCi como dose ótima), dependendo do tamanho do bócio,
do valor de captação do radioiodo (% 24 h) e do montante de radioatividade que se quer
utilizar por grama efetiva glandular; as doses maiores são reservadas aos portadores de
captações mais baixas. A tendência atual é recomendar o radioiodo como terapia definitiva.
HIPOTIREOIDISMO
Encaminhamento
HIPERTIREIODISMO
Os casos não complicados, isto é, homens adultos e mulheres não-grávidas, podem ser
acompanhados em unidades básicas de saúde. Os demais casos e aqueles que sejam
refratários às tionamidas devem ser encaminhados a serviço especializado.
HIPOTIREIODISMO
Bibliografia
Lazarus JH, Obuobie K. Thyroid disorders - an update. Postgrad Med J 76:529-536, 2000.
Diagnóstico
Ao fazer diagnóstico de anemia, deve-se ter em mente os mecanismos que podem causá-la
(Quadro 1) e levar em conta as características morfológicas dos eritrócitos (Quadro 2), pois,
desta maneira, com a anamnese, o exame físico e os dados do hemograma com
reticulócitos, estaremos aptos a prosseguir, de forma objetiva, com a investigação
diagnóstica.
Quadro 1
- Falta de produção
- Excesso de destruição
- Perdas
Quadro 2
Classificação morfológica das anemias
- Microcíticas e hipocrômicas
- Macrocíticas
- Normocíticas e normocrômicas
De acordo com tais índices, as anemias podem ser classificadas, do ponto de vista
morfológico (quadro 2) em anemias hipocrômicas e microcíticas, anemias macrocíticas e
anemias normocrômicas e normocíticas.
Caracterizam-se por VCM elevado (<100fl). Os aumentos maiores, acima de 110fl, sem
reticulocitose, em geral, ocorrem nas deficiências de vitamina B12 ou ácido fólico. As
principais causas de deficiência de vitamina B12 são as gastrites atróficas causadas por
mecanismo imunológico (anemia perniciosa) ou pós-gastrectomia. A deficiência de B12 pela
dieta é rara. A deficiência de folatos ocorre por ingestão deficiente ou aumento da demanda,
como na gravidez e no crescimento acelerado na infância, ou, mais raramente, associada ao
uso de anticonvulsivantes e anticoncepcionais. Na gravidez, a deficiência de folatos associa-
se a defeitos do tubo neural, sendo importante a suplementação precoce. No alcoolismo
crônico, é a deficiência mais frequente. As diarréias com síndrome de má-absorção podem
causar deficiência associada de folatos e B12. A vitamina B12 e o ácido fólico são coenzimas
para síntese do DNA (ácido desoxirribonucléico) e a sua deficiência atinge todos as células
que se renovam. No quadro clínico, além dos sintomas de anemia, pode existir glossite e,
menos frequentemente, sintomas neurológicos como parestesias em bota e em luva. No
hemograma, é comum pancitopenia com anemia, macrocitose sem reticulocitose, leucopenia
com neutrófilos hipersegmentados e plaquetopenia. A desidrogenase lática está muito
elevada e pode haver discreto aumento da bilirrubina indireta. O mielograma mostra
hematopoese megaloblástica. A redução da vitamina B12 e/ou do ácido fólico séricos
confirma o diagnóstico. Nos casos de suspeita de anemia perniciosa, a endoscopia digestiva
alta com biópsia de mucosa gástrica está indicada. O tratamento consiste em injeções de
vitamina B12 por via intramuscular e/ou ácido fólico por via oral.
Como os reticulócitos são maiores do que as hemácias maduras, a reticulocitose, que ocorre
nas anemias hemolíticas, pode ser causa de macrocitose. As anemias hemolíticas
autoimunes com reticulocitose intensa podem cursar com grandes macrocitoses.
Caracterizam-se pela presença de esferócitos no sangue periférico e teste de Coombs direto
positivo. Podem ser idiopáticas ou associadas a doenças autoimunes ou neoplásicas
principalmente leucemia linfóide crônica e linfomas bem diferenciados.
Tratamento
Encaminhamento
Bibliografia
Diagnóstico
A história clínica deve incluir a exposição a agentes tóxicos, como drogas e radiações
ionizantes, que podem se associar a plaquetopenias e púrpuras vasculares. Além disso,
como a causa mais comum das alterações da coagulação refere-se a doenças hepáticas,
deve-se investigar a ingestão alcoólica e os antecedentes que possam orientar para uma
hepatopatia.
Aceita-se que doença de von Willebrand seja a doença hemorrágica congênita mais
freqüente, acometendo 1% da população. Já a hemofilia A ocorre em 1/5.000 indivíduos do
sexo masculino, tendo a hemofilia B (deficiência do fator IX) freqüência de 1/3 a 1/5 da
hemofilia A.
Tratamento
O tratamento das manifestações hemorrágicas irá variar segundo o defeito hemostático. Nas
púrpuras vasculares, por maior fragilidade vascular (por exemplo, púrpura senil), o ácido
ascórbico (500 mg/dia), que é o tratamento específico para a púrpura do escorbuto, poderá
resultar em melhoria do quadro clínico. Quando necessário, pode ser tentado o uso do
etansilato.
Encaminhamento
Bibliografia
Ratnoff, OD; Forbes, CD. Disorders of hemostasis. 3rd ed. Philadelphia, WB Saunders, 1996.
Burns, ER. Clinical management of bleeding and thrombosis. Boston, Blackwell Scientific
Publications, 1989.
Diagnóstico
Diante de um quadro clínico bem definido, existem poucas dificuldades para o diagnóstico
correto. Um quadro inicial exige diagnóstico diferencial com doenças infecciosas e virais,
especialmente na fase prodrômica, como rubéola e hepatite B. Poliartrite (mãos) é comum
em mulheres jovens após vacinação contra rubéola. Outras artropatias inflamatórias e
conectivopatias devem ser incluídas no diagnóstico diferencial. Osteoartrose,
particularmente em sua forma erosiva, pode causar dúvidas, especialmente se o paciente
idoso apresentar fator reumatóide positivo.
Tratamento
Os efeitos colaterais mais comuns são intolerância gastro-intestinal e disfunção renal. Asma
e rashes urticariformes são, também, freqüentes. Pacientes idosos e com insuficiência
cardíaca, cirrose com ascite, diabetes e uso crônico de diuréticos, devem ser
cuidadosamente avaliados em relação à função renal. Úlceras pépticas são freqüentes.
Fatores de risco incluem idade acima dos 65 anos, úlceras prévias, uso de corticosteróide
concomitante, fumo, álcool e infecção por Heliobacter pylori. Nestes casos, é recomendada
profilaxia. Freqüentemente pacientes com úlceras em uso de antiinflamatórios são
assintomáticos.
Corticosteróides podem ser empregados por via oral, intramuscular, endovenosa e intra-
articular. Corticóide oral deve ser empregado com extrema cautela. O seu uso crônico está
associado a hipertensão, diabetes, síndrome de Cushing, osteoporose, catarata, necrose
avascular. É para uso sintomático; não interfere com o curso da doença. Deve ser utilizado
em casos de difícil controle, durante o menor tempo possível, sempre em doses baixas,
inferiores a 10mg/dia, pela manhã, como adjuvante da terapêutica ou quando existe contra-
indicação aos antiinflamatórios não-hormonais. Doses maiores, apenas para casos graves
com manifestações extra-articulares - vasculites e quadros pulmonares. O corticóide intra-
articular e o endovenoso apresentam indicações precisas e específicas. Sua utilização deve
ser responsabilidade do reumatologista.
Antimaláricos são muito usados em nosso meio pelo baixo custo (cloroquina) e
disponibilidade. Dose diária não deve ultrapassar 4mg/kg de peso (em geral 250mg) e o
efeito colateral mais importante é a toxicidade ocular (retinopatia), recomendando-se
controle semestral.
Encaminhamento
Bibliografia
Yoshinari, N.H.; Bonfá, E. S.D.O. Reumatologia para o Clínico. São Paulo, Roca, 2000.
Diagnóstico
Tratamento
Os objetivos do tratamento são propostos em vários níveis, como: (1) alívio dos sintomas;
(2) recuperação funcional e (3) bloqueio da evolução da doença.
Encaminhamento
Sempre de caráter eletivo, devendo ser feito na falta de resposta ao tratamento clínico ou
necessidade de abordagem cirúrgica, conforme indicado acima. O encaminhamento para
fisioterapia deve ser feito sempre que possível, o que não dispensa aa orientação a ser feita
pelo clínico das medidas gerais citadas acima.
Bibliografia
Reumatologia para o Clínico. Yoshinari, N.H.; Bonfá, E. S.D.O. São Paulo, Roca, 2000.
Rheumatology. Klippel, J.H.; Dieppe, P.A. London, Philadelphia, Mosby, 1997, v2.
Diagnóstico
A endoscopia digestiva alta é o exame mais indicado, pois, além de identificar a úlcera,
permite estadiar a lesão, caracterizando se está ou não em atividade. Outra vantagem da
endoscopia é a possibilidade de coleta de material. Apesar de o aspecto endoscópico poder
ser sugestivo de processo péptico, toda lesão ulcerada gástrica, excetuando-se a pré-
pilórica, deve ser biopsiada e submetida a análise histológica. Para a úlcera duodenal, a
avaliação histológica não é necessária, uma vez que processo maligno é extremamente raro
nessa localização, mas a endoscopia possibilita coleta de material para a pesquisa do
Helicobacter pylori. Vários são os testes disponíveis para diagnosticar Helicobacter pylori,
todos com sensibilidade e especificidade superior a 90%. Os melhores exames não-invasivos
são a sorologia e o teste respiratório marcado com Carbono 13 ou 14. A sorologia tem
menor custo, mas é inadequada como controle do tratamento ou para detectar infecção
recente. Para os pacientes que vão ser submetidos a endoscopia, o teste mais barato é o da
urease, que pode ser combinado com a histologia. Os estudos que avaliam a acurácia dos
exames para diagnóstico da presença do Helicobacter pylori sugere a utilização de dois ou
mais testes como padrão ouro, com os quais um novo teste deverá ser comparado.
Tratamento
O tratamento da úlcera péptica visa aliviar a dor, cicatrizar as lesões e prevenir as recidivas.
Até a descoberta do Helicobacter pylori, os dois primeiros objetivos eram facilmente
alcançados, mas, ao final de 1 ano, praticamente todas as úlceras recidivavam; os estudos
constataram que a presença da bactéria é que fazia com que a úlcera não permanecesse
cicatrizada. Hoje, sabemos que não basta cicatrizar a lesão no tratamento da úlcera, é
preciso erradicar a bactéria.
No plano dietético, nem o tipo nem a consistência da dieta afetam a cicatrização da úlcera,
mas é claro que alguns aumentam ou estimulam a produção de ácido clorídrico e outros são
irritantes da mucosa gástrica. É importante recomendar aos pacientes que evitem alguns
alimentos, assim como que parem de fumar, pois o fumo é nocivo ao resultado terapêutico.
Uma vez que se comprovou que o Helicobacter pylori é um fator essencial para a formação
da úlcera, o tratamento atual da úlcera péptica baseia-se fundamentalmente na utilização de
substância bactericidas. Vários são os esquemas empregados, com bons resultados.
Inicialmente, empregou-se antimicrobianos, sendo necessária a associação de 3 deles, para
que se obtivesse a erradicação. Os melhores resultados foram obtidos com as associações
de bismuto, metronidazol (ou tinidazol) e tetraciclina (ou amoxicilina). Em decorrência das
dificuldades de adesão e dos efeitos colaterais do esquema tríplice, outras formas de
erradicação foram propostas. Os esquemas recentes mais eficazes empregam a associação
de um inibidor de bomba de prótons (20 mg de omeprazol ou rabrepazol, ou 30 mg de
lansoprazol, ou 40 mg de pantroprazol) mais claritromicina 500 mg mais amoxicilina 1 gr,
em duas tomadas diárias, uma em jejum e outra antes do jantar, durante uma semana.
Com esse esquema, os índices de erradicação de Helicobacter pylori estão em torno de
90%.
O que se aguarda com grande ansiedade e que tem sido motivo de pesquisa mundial é a
descoberta de uma vacina eficaz que erradique de vez a bactéria.
Encaminhamento
A maioria dos pacientes com úlcera péptica podem e devem ser atendidos em unidade
básica de saúde. Os casos refratários ao tratamento devem ser encaminhados a ambulatório
de especialidade.
Bibliografia
Graham DY. Can therapy ever be denied for Helicobacter pylori infection? Gastroenterology
1997;113: S113-S117.
Isenberg JI, McQuaid KR, Laine L et al. Acid-Peptic Disorders. In: Yamada T. Texbook of
Gastroenterologyk 2nd, vol 2. Philadelphia, J.B. Lippincott Company 1995: 1347-1430.
Lam SK, Hui WM,Ching CK. Peptic Ulcer Disease. Epidemiology, Pathogenesis and Etiology.
In: Haubrich WS, Schaffner F.Bockus Gastroenterology. Vol 1, Philadelphia, W.B. Saunders
Company, 1995; 700-748.
Louw J. Marks INS. The treatment of peptic ulcer disease. In: Yamada T. Current Opinion in
Gastroenterology vol 12. Philadelphia, Rapid Science Publishers, 1995; 486-492.
Diagnóstico
O diagnóstico de colecistite crônica calculosa é feito pelos dados de história, exame físico e
pelo exame ultra-sonográfico. Este é o exame mais utilizado pelo baixo custo e pelo alto
índice de acerto diagnóstico. Com o aparecimento da ultra-sonografia, os outros exames
diagnósticos como a colecistografia oral ou endovenosa, caíram em desuso. O diagnóstico
diferencial se faz com úlcera péptica, neoplasias de vesícula biliar, angina, infarto do
miocárdio, pancreatite e doenças pleuro-pulmonares.
Tratamento
O tratamento definitivo é a colecistectomia, realizada, na grande maioria dos casos, por via
laparoscópica com bons resultados. A via convencional está reservada para casos mais
complicados, com vesícula de paredes espessadas, grandes dilatações do colédoco e nas
situações em que a cirurgia por via laparoscópica não é possível de ser realizada.
Em algumas situações de colecistite aguda com hilo hepático bloqueado de difícil dissecção,
a colecistostomia pode ser operação salva-vidas, podendo o doente ser reoperado
ulteriormente sem maiores complicações. A insistência na remoção da vesícula biliar nestas
situações pode resultar em lesões da via biliar principal, o que constitui complicação
extremamente séria, de difícil tratamento, que pode redundar em redução da vida útil
destes doentes.
Encaminhamento
O clínico geral deve sempre considerar que o achado de litíase biliar muitas vezes não se
relaciona com as queixas apresentadas (ver capítulo Síndrome do Intestino Irritável); por
isso, é fundamental uma adequada história, tratamento e seguimento para considerar que
há relação entre sintomas e litíase biliar. Se estiver comprovado o diagnóstico, o paciente
poderá ser encaminhado para serviço de gastroenterologia.
Bibliografia
Gastroenterologia clínica. Laudanna, A.A. (ed.), Livraria Editora Santos, São Paulo, SP, 1990
Diagnóstico
Em cerca de 50% dos casos com suspeita clínica de diverticulite, não se consegue confirmar
essa possibilidade em exames de imagem. Assim, deve-se atentar para alguns diagnósticos
diferenciais, em especial: apendicite aguda, cálculo urinário, infecção urinária, anexite, cisto
de ovário, apendagite (inflamação de apêndice epiplóico), cólon irritável, colite isquêmica,
câncer de cólon, gastroenterocolite aguda. Nestas situações, podem ser necessários, além
dos exames já citados, outros exames complementares, tais como análise de urina, exame
genital feminino e ultra-som endovaginal.
Tratamento
A indicação de cirurgia em diverticulite aguda não complicada deve ser considerada para
pacientes nas seguintes condições: resposta incompleta com o tratamento clínico, pelo
menos dois episódios de diverticulite aguda, primeira crise antes dos 40 anos de idade,
obesidade, imunossupressão, candidatos a transplantes. A cirurgia consiste na remoção do
segmento afetado, além daquele com hipertonia. Em alguns centros, esta cirurgia é feita por
via laparoscópica, que permite uma recuperação mais rápida, além de melhor resultado
estético e menor índice de hérnia incisional. Esta via de acesso aumenta os custos diretos
devido ao material empregado, mas atenua os custos indiretos, avaliados pela possibilidade
de retorno mais precoce às atividades habituais.
Encaminhamento
Nas unidades básicas de saúde, pode-se tratar clinicamente os pacientes que apresentam
confirmação do diagnóstico por meio de exames de imagens, na primeira crise e que
respondem adequadamente ao tratamento. Quando não ocorre melhora com o tratamento
ou na vigência de complicações, é prudente encaminhar o paciente para um centro de
referência.
Bibliografia
Stollman NH , Raskin JB. Diagnosis and management of diverticular disease of the colon in
adults. Am J Gastroenterol 1999;94:3110-3121. Standards Task Force - ASCRS. Practice
parameters for the treatment of sigmoid diverticulitis. Dis Colon Rectum 2000;43:289-297.
Diagnóstico
O diagnóstico diferencial deve ser realizado com uma grande variedade de doenças
orgânicas. As principais estão relacionadas na tabela 2. Vale lembrar que os pacientes com
"intestino irritável, em geral, não têm comprometimento do estado geral, anemia,
leucocitose e as provas de atividade inflamatórias são normais.
Sintomas predominantes:
dor abdominal e/ou lombar
Exames complementares sugeridos:
hemograma, radiografia simples de abdômen, exame de urina, ultra-som
abdominal
Diagnóstico 2: diverticulite
Sintomas predominantes:
dor abdominal
Exames complementares sugeridos:
hemograma, ultra-som ou tomografia abdominal, enema opaco, colonoscopia
Sintomas predominantes:
esteatorréia, distensão abdominal
Exames complementares sugeridos:
antiendomísio, biópsia duodenal
Sintomas predominantes:
diarréia com muco e sangue, dor abdominal
Exames complementares sugeridos:
provas de atividade inflamatória alteradas, retossigmoidoscopia,
colonoscopia (biópsias), enema opaco
Sintomas predominantes:
diarréia ou esteatorréia, dor abdominal, distensão
Exames complementares sugeridos:
idem ao anterior + trânsito intestinal
Sintomas predominantes:
Diarréia, distensão e dor abdominal
Exames complementares sugeridos:
parasitológico de fezes, tubagem duodenal
Diagnóstico 8: amebíase
Sintomas predominantes:
Diarréia com muco e sangue, dor abdominal
Exames complementares sugeridos:
parasitológico de fezes, retossigmoidoscopia
Sintomas predominantes:
Diarréia ou obstipação
Exames complementares sugeridos:
avaliar história clínica, pesquisa de fenolftaleína nas fezes (no caso de
laxantes)
Sintomas predominantes:
Dor, queimação epigástrica e/ou retroesternal, precordialgia
Exames complementares sugeridos:
endoscopia, eletrocardiograma
Tratamento
Apoio psicológico - pacientes com "intestino irritável" são geralmente ansiosos, tensos,
deprimidos e, às vezes, repletos de "fobias". Um bom relacionamento médico-paciente é
fundamental para o êxito do tratamento. É importante que o diagnóstico, o seu caráter
funcional e recorrente e o fato que a doença não evolui para o câncer sejam explicados. O
ponto central da abordagem psicológica é fazer com que o paciente reconheça a sua
disfunção e os fatores que a desencadeiam e aprenda a lidar com eles. Raramente o
psiquiatra precisa ser consultado, mas o encaminhamento a ele não deve ser retardado nos
casos indicados. Sedativos e tranqüilizantes devem ser evitados pelo risco de dependência.
Agentes antidepressivos tricíclicos (por exemplo, amitriptilina, 25mg, v.o., 6/6h ou 25 a
75mg ao dormir) podem ser empregados e suspensos assim que o quadro clínico permitir.
Os antidepressivos mais recentes, que agem inibindo a recaptação de serotonina (por
exemplo, fluoxetina, sertralina, paroxetina), podem também ser utilizados e são
particularmente úteis no controle da dor abdominal.
Orientação alimentar baseada em dieta rica em fibras (por exemplo, farelo de trigo,
folhas verdes, etc.) está indicada nos casos de SII, principalmente naqueles com obstipação.
Agentes que aumentam o bolo fecal (plantago, pectina, psyllium) podem ser utilizados como
complementos da dieta com fibras. A dose deve ser tomada às refeições e adaptadas a cada
paciente. Freqüentemente os pacientes referem intolerância a certos alimentos e bebidas,
sobretudo legumes, repolho, rabanete, café, refrigerantes e leite. No último caso, a suspeita
de deficiência de lactase deve ser levantada. Nestes casos, a dieta deve ser individualizada e
os alimentos referidos, evitados.
Encaminhamento
Bibliografia
SILVERMAN, D.H.S.; MUNAKATA, J.A.; ENNES, H. et al. Regional cerebral activity in normal
and pathological perception of visceral pain. Gastroenterology, 112: 64-72, 1997.
QUILICI, F.A.; ANDRÉ, S.B.; FRANCISCONI, C.F. et al. Síndrome do Intestino Irritável: um
Consenso Nacional. Rev. Bras. Coloproct., 19: 286-96, 1999.
Diagnóstico
Em mulheres
Estima-se que 90% das infecções urinárias ocorram em mulheres adultas. Há associação
entre a infecção e a freqüência de relações sexuais. Alguns autores acreditam que a micção
pós-coito tem efeito protetor. A recorrência ocorre em um terço das pacientes, com maior
freqüência nos primeiros meses após a primoinfecção. Em mulheres pós-menopausa, a
recorrência associa-se a redução dos níveis de estrógenos e diminuição da colonização por
E. coli, além de outros patógenos da flora vaginal.
Em homens
Após a infância, a prevalência de ITU em homens diminui, aproximando-se de zero. Diversos
estudos mostram baixa incidência de ITU sintomática em homens jovens, heterossexuais,
com trato urinário normal. Infecções prostáticas crônicas são comuns e, ocasionalmente, de
difícil tratamento; pacientes com hipertrofia prostática têm maior risco. Os sintomas são dor
perineal, dor lombar baixa e hipogástrio, associada a sintomas de cistite. Já as prostatites
agudas cursam com febre alta e queda do estado geral. Há aumento do volume prostático e
pode haver formação de abscessos intra-prostáticos. A bacteremia e sepse são complicações
não-raras da prostatite aguda. A hipertrofia prostática benigna resulta em obstrução do
fluxo urinário e está associada a ITU complicada, principalmente quando o resíduo pós-
miccional é alto.
Tratamento
Mulheres adultas
Bacteriúria assintomática: deve ser tratada obrigatoriamente em gestantes, sendo que,
em não-grávidas, o tratamento previne infecção assintomática. O tratamento é
ambulatorial, deve durar 3 a 5 dias e pode ser feito com a mesma droga em ambos os
casos, contanto que a droga usada não seja prejudicial ao feto. Pacientes imunodeprimidas,
como transplantadas e neutropênicas, devem ser tratadas por mais tempo (10 a 14 dias) e
as drogas utilizadas são as mesmas. Nestas pacientes, deve ser colhida cultura de urina, e o
tratamento deve ser ditado pelo antibiograma. Pode-se iniciar o tratamento sem a cultura e
depois ajustá-lo de acordo com os resultados. Drogas para o tratamento da bacteriúria
assintomática são cefalexina - 500 mg via oral de 6 em 6 horas; amoxacilina - 500 mg via
oral de 8 em 8 horas; norfloxacina - 400 mg via oral de 12 em 12 horas (não usar em
gestantes); sulfametoxazol e trimetoprima - 800 mg sulfametoxazol e 160 mg de
trimetropima via oral de 12 em 12 horas (não usar em gestantes).
Cistites não complicadas: o tratamento deve ser feito em ambulatório por 3 a 5 dias e as
drogas utilizadas são as mesmas usadas na bacteriúria assintomática. Nos casos de
recorrência, deve ser colhida cultura de urina e isolado o agente; com isso, pode-se
direcionar o tratamento de acordo com os resultados.
Cistites recorrentes: deve-se diferenciar entre cistites por persistência da bactéria ou por
reinfecção com outro agente. Para tanto, é necessária cultura de urina e antibiograma. No
caso da persistência do agente, deve-se pesquisar e corrigir imperfeições no tratamento
anterior, como erros nas dosagens e via de administração do antibiótico (muitas vezes,
doses irregulares ou tempo inadequado de administração do antibiótico prejudicam o
tratamento e impedem o sucesso terapêutico). No caso de reinfecção, o antibiótico deve ser
trocado de acordo com a cultura de urina. Em ambos os casos, deve-se aumentar o tempo
de tratamento para 7 a 10 dias e as drogas utilizadas são as mesmas referidas
anteriormente. A quimioprofilaxia por longo período pode ser realizada nos casos de infecção
repetida que não apresente fatores desencadeantes, como coito ou manipulação uretral.
Caso a infecção urinária seja vinculada a relações sexuais, a micção pós-coito protege o
trato urinário por lavar a uretra e meato, eliminando possíveis agentes provenientes da flora
vaginal. A investigação de pacientes com cistite recorrente encontra alterações urológicas
em menos que 5% dos casos, então não deve ser realizada rotineiramente, a não ser em
casos onde exista suspeita de malformação relacionada ao trato urinário. Os medicamentos
para a quimioprofilaxia são: cefalexina - 500 mg via oral uma vez ao dia, antes de deitar;
sulfametoxazol e trimetoprima - 800 mg sulfametoxazol e 160 mg de trimetropima via oral
de 12 em 12 horas (não usar em gestantes); macrodantina - uma vez ao dia, antes de
deitar.
Pielonefrites agudas: pacientes que mantêm bom estado geral podem ser tratadas no
próprio ambulatório, em intervalos de seguimento curtos. O tratamento é feito por 10 a 14
dias, com drogas como a norfloxacina ou a ciprofloxacina. Caso a paciente não melhore em
48 a 72 horas, deve-se considerar resistência à droga ou fenômeno obstrutivo, como
calculose renal. Em pacientes com queda do estado geral, são necessárias hidratação e
antibioticoterapia parenteral, com drogas como a gentamicina associada a ampicilina,
ciprofloxacina ou cefalosporinas de terceira geração, como a ceftriaxona. Após o diagnóstico
e tratamento da infecção, a paciente deve ser encaminhada ao urologista para investigação
adequada. Para o tratamento das pielonefrites recomenda-se:norfloxacina - 400 mg via oral
de 12 em 12 horas; ciprofloxacina - 500 mg via oral de 12 em 12 horas; ampicilina - 500
mg endovenosa de 6 em 6 horas e gentamicina - 80 mg endovenosa de 8 em 8 horas;
ceftriaxona - 1 g endovenosa de 12 em 12 horas; ciprofloxacina 400 mg endovenosa de 12
em 12 horas.
Homens adultos
Bacteriúria assintomática: deve ser tratada em pacientes de risco, como neutropênicos e
transplantados, ou naqueles que serão submetidos a manipulação do trato urinário. As
drogas são as mesmas usadas nas mulheres com bacteriúria assintomática.
Prostatite crônica: caracterizada por infecção não aguda da próstata por bactérias gram-
negativas e outros agentes, como S Faecalis, clamídia, micoplasma e ureaplasma, a
prostatite crônica pode ser assintomática ou levar a quadros irritativos de trato urinário
baixo, com graus variados de disúria, polaciúria e dificuldade miccional. O exame físico
revela próstata normal, endurecida ou com cálculos e a avaliação laboratorial revela
leucocitúria e bacteriúria quando existe cistite associada. O diagnóstico é difícil e, muitas
vezes, o único modo de confirmação é a coleta de sedimento urinário após massagem
prostática. O tratamento deve ser feito após cultura de urina e direcionado de acordo com o
antibiograma. Deve durar de 4 a 6 semanas e, muitas vezes, há necessidade de
quimioprofilaxia por longos períodos em homens cujos sintomas não desaparecem após o
tratamento inicial. A ressecção trans-uretral de próstata pode ser curativa nos casos onde o
terapêutica medicamentosa não obteve sucesso. Para o tratamento da prostatite crônica,
recomenda-se ciprofloxacina - 500 mg via oral de 12 em 12 horas; ofloxacina - 400 mg via
oral de 12 em 12 horas; sulfametoxazol e trimetoprima - 800 mg sulfametoxazol e 160 mg
de trimetropima via oral de 12 em 12 horas.
Pielonefrite: devem ser tratados os pacientes com pielonefrite por 10 a 14 dias. Para
aqueles com comprometimento do estado geral, deve-se abordar possível tratamento,
mesmo que paliativo, de obstrução urinária como litíase e obstrução prostática grave. Em
pacientes sem comprometimento do estado geral, o tratamento com fluoroquinolonas via
oral é uma boa opção. Na necessidade de esquema terapêutico endovenoso, drogas como a
ceftriaxona, a ciprofloxacina e a associação de gentamicina e ampicilina são usadas com
sucesso. Quando não há interrupção da hipertermia após 48 horas do início do tratamento,
deve ser considerada resistência à droga ou processo obstrutivo. Todo paciente do sexo
masculino que apresentar infecção febril deve ser encaminhado para investigação urológica,
visto que não é incomum a associação destas com processos obstrutivos, passíveis de
tratamento. Para o tratamento de pielonefrites, recomenda-se norfloxacina - 400 mg via
oral de 12 em 12 horas; ciprofloxacina - 500 mg via oral de 12 em 12 horas; ampicilina -
500 mg endovenosa de 6 em 6 horas e gentamicina - 80 mg endovenosa de 8 em 8 horas;
ceftriaxona - 1 g endovenosa de 12 em 12 horas;ciprofloxacina 400 mg endovenosa de 12
em 12 horas.
Idosos:
O tratamento de infecções do trato urinário em idosos segue as mesmas regras do de
indivíduos jovens, com as mesmas drogas dosagens e tempo de uso. A única ressalva é de
que as cistites devem ser tratadas por 10 a 14 dias e, em homens, deve sempre ser
investigada a hipertrofia prostática. As pielonefrites podem causar sintomas em outros
aparelhos, como pulmonar e gastrointestinal, levando a confusão diagnóstica. O tratamento
de infecções febris deve ser feito sempre em ambiente hospitalar.
Encaminhamento
Mulheres que apresentem infecções urinárias de repetição e homens com uma primo-
infecção devem ser encaminhados a urologista para pesquisa de alterações no trato urinário
ou de litíase renal. Gestantes devem ser acompanhadas em serviço de pré-natal de alto
risco. Idosos devem ser pesquisados para hipertrofia prostática.
Bibliografia
Diagnóstico
A cólica renal entra no diagnóstico diferencial das demais causas de dor abdominal como
cólica biliar, quando à direita, pancreatite aguda, pneumonia lobar, lombalgias de etiologia
ósteo-muscular, afecções ginecológicas, como doença inflamatória pélvica, e até apendicite
aguda, quando houver manifestação clínica de uma cólica ureteral direita baixa. Entre as
causas de dor lombar originadas no trato urinário, além de litíase, que é a mais comum,
existem os tumores renais, cistos renais, pielonefrites e malformações do trato urinário,
sendo a mais comum a estenose de junção ureteropiélica.
Os achados mais comuns na análise da urina são hematúria microscópica e leucocitúria, não
se justificando o uso rotineiro de antibióticos. Até 15% dos pacientes podem apresentar
sedimento urinário normal. A radiografia simples de abdome pode revelar imagens cálcicas
em topografia renal ou trajeto ureteral, uma vez que 90% dos cálculos urinários são
radiopacos. Todos esses pacientes têm indicação de realizar uma ultra-sonografia das vias
urinárias, urografia excretora ou tomografia computadorizada, ambulatorialmente, após o
tratamento da crise álgica, sendo que esse recurso pode ser empregado facultativamente na
urgência.
Tratamento
Medicamento Posologia
0,02mg (1 ampola) por via
butilescopolamina (antiespasmódico)
endovenosa
dipirona (analgésico) 2g por via endovenosa
metoclopramida (antiemético) 10 mg por via endovenosa
1 mg/kg de peso por via
meperidina (analgésico)
intramuscular
diclofenaco (antiinflamatório não-
75 mg por via intramuscular
hormonal)
As demais medicações são utilizadas quando a dor persiste após a medicação acima. Após a
melhora da dor e micção espontânea, o paciente pode receber alta com encaminhamento
para o urologista. Justifica-se o uso de analgésicos por via oral nos dois ou três dias
subsequentes ao quadro agudo com o objetivo de diminuir as crises subentrantes, dando-se
preferência à butilescopolamina associada à dipirona ou diclofenaco oral.
Encaminhamento
A infecção urinária, quando associada à obstrução por litíase, é um quadro grave que leva a
piora significativa do estado geral, podendo ocorrer sepse e óbito. Quando houver suspeita
de infecção associada à cólica renal, deve-se manter o paciente internado em observação
clínica rigorosa e solicitar a avaliação do especialista que, ao confirmar tal hipótese, deverá
proceder à desobstrução do trato urinário.
A litíase urinária pode estar acompanhada de insuficiência renal nos casos de obstrução
ureteral bilateral ou obstrução unilateral em rim único. Manifesta-se clinicamente por anúria
acompanhada pelos sintomas já descritos. Deve-se solicitar a presença do urologista, para
proceder a desobstrução, e do nefrologista, para avaliar a necessidade de diálise.
Todo paciente tratado de cólica renal deve ser encaminhado para um serviço ambulatorial de
urologia para diagnóstico etiológico. Sempre que houver suspeita de infecção associada à
litíase renal ou insuficiência renal de etiologia obstrutiva ou ainda cólica renal refratária ao
tratamento mencionado, deve-se solicitar a avaliação do urologista de imediato ou deve-se
providenciar o encaminhamento a um hospital secundário ou terciário que disponha do
recurso.
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Bibliografia
Urinary lithiasis: etiology, diagnosis and medical treatment. In: Campbell's Urology.
Diagnóstico
Além destes, não devem ser considerados com tendo origem epiléptica, os distúrbios do
comportamento e de escolaridade, sendo que não se justifica a realização do
eletroencefalograma (EEG) em crianças com estas queixas.
Tratamento
A escolha da medicação antiepiléptica é feita de acordo com o tipo de crise, eficácia e efeitos
colaterais, sendo que a droga deve, sempre que possível, ser utilizada em monoterapia. A
razão desta conduta é que não se demonstra superioridade da adição da segunda medicação
quando a primeira não proporciona controle das crises; além de que, com a monoterapia, se
evita interação medicamentosa, havendo maior possibilidade de adesão do paciente ao
tratamento e menor custo.
O quadro 2 mostra a dose e apresentação das drogas antiepilépticas (DAE) mais utilizadas
em nosso país.
DOSE/DIA
MEDICAMENTO APRESENTAÇÕES COMERCIAIS
(mg/kg)
Fenobarbital 3-5 Gardenal® comprimido 50 e 100 mg
gotas 1 gota = 1 mg
ampola 1 ml = 200 mg
Fenitoínal 5-10 Hidantal® comprimido 100 mg
Epelin® ampola 5 ml = 250 mg
cápsula 100 mg
suspensão 5ml = 100 mg
Valproato de sódio 30-60 Depakene® suspensão 5 ml = 250 mg
cápsula 250 mg
drágea 300 e 500 mg
Valpakine® suspensão 1 ml = 200 mg
drágea 200 e 500 mg
Carbamazepina 10-20 Tegretol® simples 200 e 400 mg
CR 200 e 400 mg
Clonazepam 0,1-0,2 Rivotril® gotas 1 gota = 0,1 mg
comprimido 0,5 e 2 mg
Clobazam 0,5-1 Frisium® comprimido 10 e 20 mg
Urbanil® comprimido 10 e 20 mg
Nitrazepam 0,5-1 Nitrazepol® comprimido 5 mg
Nitrenpax®
Sonebon®
A dose total diária de carbamazepina, valproato de sódio e primidona deve ser dividida em
duas ou três tomadas; fenitoína e etosuximida em duas e fenobarbital pode ser
administrado em dose única. A apresentação de carbamazepina de liberação controlada
possibilita níveis séricos estáveis com apenas duas tomadas diárias.
A supressão completa da medicação antiepiléptica após cerca de três anos de controle das
crises leva à recidiva em 50% dos adultos e 25% das crianças. Fatores indicativos de
permanência sem crises após alguns anos de tratamento incluem: epilepsias da infância,
epilepsias idiopáticas, EEG normal, exames de imagem normais e epilepsia de curta
duração. Indicam maior possibilidade de recorrência: crises parciais complexas, epilepsias
sintomáticas, EEG e/ou exames de imagem anormais, longa duração da epilepsia, epilepsias
generalizadas iniciadas na puberdade.
Encaminhamento
Bibliografia
Fernandes JG, Schimidt MI, Monte LT, Tozzi S, Sander JWAS. Prevalence of epilepsy: Porto
Alegre study. Epilepsia 1992; 33 (Suppl 3):132.
Porter RJ. Epilepsia. Diagnóstico e tratamento. 100 princípios práticos. Edição especial, São
Paulo, Biogalênica Ciba-Geigy, 1987.
Bibliografia
Bibliografia
Tratamento
Passo 1. Controle do eventual sangramento - pode ser obtido com compressão local com
gaze, compressa ou pano limpo, de preferência esterilizado. Em membros, não se deve fazer
o garroteamento, pela gravidade da isquemia dele resultante.
Passo 2. Limpeza da ferida - deve ser realizada com água e sabão, se possível neutro.
Soluções anti-sépticas devem ser evitadas. Após a limpeza, contusões e escoriações simples
podem ser protegidas com gaze. Lesões mais extensas devem ser protegidas com gazes e/
ou compressas para encaminhamento.
A imunização ativa para recém-nascidos e crianças normais com idade inferior a 7 anos
requer quatro injeções de toxóide tetânico e diftérico e vacina pertussis adsorvida (DPT).
Uma quinta dose de reforço é administrada entre 4 e 6 anos de idade. Daí para frente está
indicado um reforço de toxóide diftérico e tetânico adsorvido (Td) a intervalos de 10 anos.
A imunização para adultos requer pelo menos três injeções de Td. Desde que não exista
reação ao Td, ele deve ser aplicado a cada 10 anos durante toda a vida do indivíduo.
Encaminhamento
Bibliografia
Diagnóstico
É feito pelo aspecto visual e pela história referida. Um aspecto de fundamental importância
quanto ao diagnóstico é a definição da profundidade da queimadura, que irá nortear o
tratamento.
As queimaduras de terceiro grau são aquelas em que toda a espessura da derme foi
destruída, eliminado a possibilidade de restauração, fenômeno responsável pela resolução
das queimaduras de primeiro e segundo grau. Estas são, habitualmente, relacionadas com
acidentes por fogo. A pele, nestes casos, pode apresentar-se endurecida, coriácea e pouco
ou nada dolorosa. Também pode apresentar-se menos endurecida, porém com cor branco-
nacarada intensa.
A maneira mais simples, embora imprecisa, de se calcular o percentual de área queimada é
a da regra "palma da mão": a palma da mão do paciente corresponde a 1% da sua
superfície corpórea.
Tratamento
Ressecção das bolhas, expondo o leito queimado. A seguir, deve-se cobrir a queimadura
com lâmina de "rayon", a qual, não sendo disponível, pode ser substituída por gaze ou
morim vaselinado. Uma segunda camada de gaze, comum ou longa (tipo "queijo") é
colocada acima desta, com o intuito de absorver a contínua exsudação da lesão. O curativo
não deve ser compressivo. Nos casos de queimaduras de face, faz-se apenas a limpeza local
e evita-se qualquer tipo de curativo.
Queimaduras de terceiro grau - são tratadas por enxertia de pele, portanto, devem ser
encaminhadas ao hospital geral ou a serviços especializados de queimaduras.
Observações:
· Pacientes com queimaduras na face, mãos ou pés devem sempre ser encaminhados para
atendimento especializado.
· Queimaduras perineais têm indicação de internação.
Encaminhamento
Queimaduras de segundo grau menores que 10% de superfície podem ser tratadas em
postos de saúde, excetuando-se as condições acima citadas (mãos, pés, períneo, face).
Acima desta porcentagem, pela necessidade de reposição volêmica e outros cuidados
especiais, deve-se obrigatoriamente encaminhar o paciente. Se possível, tomar as medidas
cabíveis para hidratá-lo, por via endovenosa, com soro fisiológico ou ringer lactato.
Bibliografia
http://www.hcnet.usp.br/linkshc/queimaduras/manual_queim.htm
Diagnóstico
O diagnóstico de varizes não apresenta dificuldades para o clínico. No entanto, muitas vezes
há a necessidade de se diagnosticar uma trombose venosa como fator determinante da
procura ao médico. O uso de ultra-sonografia associada ao efeito Doppler caracteriza o
mapeamento duplex e permite mostrar obstruções e refluxos venosos. No entanto, quando
houver necessidade deste exame, recomenda-se encaminhamento para ambulatório
especializado.
Tratamento
Conservador
A principal complicação da úlcera é a infecção. Estudos demonstram que a lesão deve ser
considerada infectada quando apresentar mais de 100.000 colônias de bactérias por grama
de tecido. Clinicamente a dor e a inflamação das bordas caracterizam o processo infeccioso,
situação em que a cicatrização é retardada.
Entre os curativos fechados, o mais conhecido e clássico é a "bota de Unna", que, além de
atuar sobre a lesão, reduz a estase venosa crônica. A bota tem restrições em úlceras
infectadas e com muita secreção. Pode ser substituída por curativos compressivos que usam
gazes, esponjas e faixas elásticas.
Cirúrgicos
Quando as varizes dos membros inferiores apresentam calibre exuberante e trajeto sinuoso,
a melhor forma de tratamento é a operação radical, realizada mediante retirada das veias
por incisões escalonadas, de pequeno tamanho (cerca de 1 mm). Introduz-se a agulha de
crochê e retira-se a veia. São feitas tantas incisões quantas necessárias para a retirada do
maior número possível. Em lugar de pontos (desnecessários), usam-se algumas fitas
adesivas que se soltam espontaneamente, após, mais ou menos, 10 dias. Para o
planejamento cirúrgico adequado, recorre-se ao ultra-som, que determina a insuficiência da
veia safena interna e externa e localiza as veias perfurantes insuficientes. Os critérios para a
indicação da ligadura ou retirada da veia safena interna variam. Porém, o calibre aumentado
e a presença de refluxo são os mais utilizados.
Encaminhamento
Bibliografia
Maffei FH, Magaldi C, Pinho SZ, Lastoria S, Pinho W, Yoshida WB, Rollo HA. Varicose veins
and chronic venous insufficiency in Brazil: prevalence among 1755 inhabitants of a country
town. Int J Epidemiol 1986;15:210-7.
Diagnóstico
(1) desnutrição ou inadequação nutricional - são reconhecidas por sinais objetivos e/ou
indiretos de história e exame físico (estado da dentição, presença ou não de prótese, peso,
massa muscular aparente, alterações da pele, presença ou não de diarréia crônica, histórico
alimentar e social e outros). É um importante diagnóstico no idoso, com implicações
prognósticas e em decisões terapêuticas;
(5) Maus tratos - sinais e sintomas de abuso ou negligência a idosos podem imitar os de
muitas condições crônicas comuns do idoso, sendo necessária uma avaliação completa com
histórias separadamente obtidas do paciente e da parte suspeita, e avaliação clínica que
enfatize aspectos funcionais, cognitivos e específicos ao exame físico. A avaliação deve ser
multiprofissional e o idoso em perigo imediato deve ser removido de seu ambiente. Em
casos mais severos, devem ser instaladas intervenções objetivando a diminuição de fatores
estressores ao cuidador e melhora do relacionamento entre o idoso e seu cuidador e/ou
familiar;
(6) Abuso de álcool - quase 10% dos atendimentos em emergência são motivados por
ingestão alcóolica; porém, os médicos somente acertam o diagnóstico em um quinto das
vezes. Idosos que procuram o atendimento de emergência por problemas gastrintestinais
devem ser questionados quanto à ingestão de bebidas alcoólicas;
(7) Tétano - idosos vacinados são menos protegidos da doença em comparação aos jovens
(50% dos idosos vacinados não atingem títulos adequados de anticorpos protetores).
A avaliação do idoso, mais do que em qualquer outra faixa etária, depende de uma visão
global e multiprofissional desde o primeiro atendimento, com atenção a certos cuidados e
peculiaridades dessa população, enaltecendo aspectos da história e exame físico e
minimizando agressões diagnósticas e terapêuticas desnecessárias. O atendimento ao idoso
sempre necessita de um acompanhamento posterior, que poderá ser realizado em nível
ambulatorial, institucional ou domiciliar, por equipes preferencialmente multiprofissionais,
com ênfase sempre na manutenção ou recuperação das capacidades funcionais
comprometidas.
Bibliografia
Carvalho Filho ET, Papaléo Netto M. Geriatria: Fundamentos, Clínica e Terapêutica. São
Paulo, Atheneu , 1994.
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SP). O Idoso na Grande São Paulo. São
Paulo: SEADE. Coleção Realidade Paulista, 1990.
Organización Mundial de la Salud, Ginebra. La Salud de las Personas de Edad, 1989. 1995.
Diagnóstico
A doença pode ser dividida em tipo 1, com início após os 65 anos de idade e, ao menos uma
das seguintes características: (1) início gradual e progressão lenta e (2) predomínio do
comprometimento de memória sobre outras funções cognitivas. E também o tipo 2, com
início anterior à idade de 65 anos e, ao menos uma das seguintes características: (1)
instalação e progressão rápidas; (2) envolvimento têmporo-parietal e/ou frontal;
comprometimento de memória, afasia, agrafia, acalculia e apraxia.
Nas formas típicas da doença de Alzheimer, os exames subsidiários são úteis para a
caracterização do estado clínico geral e das comorbidades, além de afastar outras causas de
doença cerebral. São exames obrigatórios: hemograma, hemossedimentação, uréia e
creatinina, cálcio e fósforo, enzimas hepáticas, proteínas totais e frações, dosagem de
vitamina B12 e ácido fólico, hormônios tireoideanos e sorologias (sífilis, SIDA). Sendo a
doença de Alzheimer um diagnóstico de exclusão, esperam-se resultados normais na quase
totalidade dos exames.
Tratamento
Encaminhamento
Bibliografia
Almeida A.F.C., Laks J., Rozenthal M., Caldas G.A., Marinho V.M., Engelhardt E. Agitação no
idoso. Aspectos neuropsiquiátricos. Rev Bras Neurol, 1997, 33(6):277-284.
Herrera Jr. E., Caramelli P., Nitrini R. Estudo epidemiológico populacional de demência na
cidade de Catanduva, Estado de São Paulo, Brasil. Rev Psiquiatr Clín, 1998, 25: 70-73.
Diagnóstico
A inspeção anal estática é valiosa à avaliação da incontinência fecal, pois, além de identificar
a presença de fezes ou vestes sujas, pode identificar cicatriz perineal ou anorretal ou ainda
um defeito anal visível que possam ser indicativos da ocorrência de lesão esfinctérica prévia
de natureza cirúrgica, traumática ou obstétrica. Afecções anorretais associadas, tais como
fístulas ou hemorróidas, podem produzir sintomas similares aos da incontinência fecal, tais
como a eliminação fecal de muco. A procidência do reto é diagnosticada à inspeção do ânus,
que deve ser realizada pelo examinador com o paciente agachado com flexão do quadril e
dos joelhos. Prolapso genital, cistocele e retocele, cujo diagnóstico fornece idéia sobre o
grau de fraqueza/denervação do assoalho pélvico, também são identificados à inspeção do
períneo.
A inspeção dinâmica (realizada durante a solicitação de manobra de esforço evacuatório ao
paciente) com a retração manual das nádegas pelas mãos do examinador também pode
ajudar na inferência sobre a função esfinctérica. Durante essa manobra, a identificação de
ânus entreaberto é geralmente indicativa de significativo dano esfinctérico ou neuropatia
grave.
O toque digital em repouso e durante a realização de esforço de segurar fezes pelo paciente
permite valiosa avaliação da função esfinctérica. O toque digital associado a
retossigmoidoscopia, esta última é de realização obrigatória pelo especialista, permite
afastar a presença de afecções que se manifestam por aumento do número de evacuações,
imitando tenesmo e urgência evacuatória, tais como o câncer do reto, fecaloma e doença
inflamatória intestinal.
Tratamento
Deve-se sempre afastar a ocorrência de impactação fecal e diarréia paradoxal como causa
de incontinência fecal. Nesses casos, a eliminação do conteúdo fecal impactado por enemas
evacuatórios e a correção do hábito intestinal pela adoção de dieta rica em fibras deve
prevenir a ocorrência de novos episódios.
Existem várias técnicas cirúrgicas empregadas na correção da incontinência fecal. Ainda que
a minoria dos pacientes com incontinência fecal tenha indicação de tratamento cirúrgico, as
cirurgias, quando bem indicadas, resultam em significativa melhora da continência anal. Os
melhores resultados estão associados à correção de defeitos esfinctéricos específicos de
etiologia traumática obstétrica ou pós-cirúrgica e bem delineados à investigação clínica e
fisiológica.
Encaminhamento
Bibliografia
Teixeira MG, Habr-Gama A. Incontinência Fecal. In: PInotti HW. Tratado de Clínica
Cirúrgica do Aparelho Digestivo, São Paulo, Atheneu, 1994; p. 1135.
Diagnóstico
Tratamento
Pacientes que não necessitem investigação adicional podem ser tratados com medidas não-
invasivas ao nível primário de atendimento como nas incontinências com bom esvaziamento
vesical e sem comorbidades; e na urge-incontinência ou incontinência mista com bom
eszaviamento vesical e também sem comorbidades. As opções iniciais para este tratamento
estão descritas na tabela 2.
● Restrição hídrica
Tratamento farmacológico:
● Anticolinérgicos
● Antidepressivos tricíclicos
IUE Técnicas comportamentais:
● Treinamento vesical
● Reabilitação pélvica
● Restrição hídrica
Tratamento farmacológico:
● Alfa adrenérgicos
● Antidepressivos tricíclicos
● Estrógenos
Encaminhamento
Casos que requerem tratamento cirúrgico ou investigação mais detalhada adicional devem
preferencialmente ser encaminhados para centros especializados.
Bibliografia
Fantl, J. A., Newman, D. K., Colling J., DeLancey, J. O., and et al. Urinary incontinence in
adults: Acute and chronic management. Clinical Practice Guideline 2. 1996. Rockville,MD: U.
S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, Agency for Health Care
Policy and Research.
Hampel, C., Wienhold, D., Benken, N., Eggersmann, C., and Thüroff, J.W.: Prevalence and
natural history of female incontinence. Eur. Urol., 32 Suppl 2: 3, 1997.
Wein, A.J. and Rovner, E.S.: The overactive bladder: an overview for primary care health
providers. Int. J. Fertil. Womens. Med., 44: 56, 1999.
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Diagnóstico
Doença de Parkinson
O diagnóstico diferencial pode ser feito com doenças que cursam com alteração da marcha,
como a hidrocefalia de pressão normal e os quadros neurológicos resultantes de acidentes
vasculares cerebrais múltiplos. Deve ser lembrado ainda que, em situações em que o quadro
rígido-acinético é unilateral, deve-se fazer o diferencial com o acidente vascular cerebral
com comprometimento piramidal. A ausência de outras anormalidades, presentes na
síndrome piramidal, tais como hipertonia elástica, hiper-reflexia, sinal de Babinski e abolição
do reflexo abdominal, permitem a diferenciação. Na síndrome parkinsoniana que se
expressa apenas por tremor, o diagnóstico diferencial deve ser feito em relação ao tremor
fisiológico exarcebado, tremor essencial, e tremor cerebelar. O tremor parkinsoniano é a
primeira manifestação da doença de Parkinson em 80% dos casos.
Na maior parte dos casos, a etiologia de uma síndrome parkinsoniana pode ser identificada
por dados de anamnese e exame neurológico, mas, eventualmente, podem ser necessários
exames complementares, como tomografia de crânio e exame do líquido cefalorraquidiano.
Entretanto, na maior parte dos centros, nem a tomografia de crânio nem a ressonância
magnética estarão disponíveis. Portanto, em caso de não-melhora com o tratamento
indicado, esses pacientes poderão ser encaminhados a um especialista.
Tratamento
Tremores
A resposta farmacológica, por vezes, pode ser o elemento decisivo na diferenciação entre os
diferentes tipos de tremor.O tremor essencial responde muito bem à ação do álcool, dado
freqüentemente relatado pelos pacientes, e aos beta bloqueadores adrenérgicos (assim
como o tremor fisiológico exacerbado), principalmente o propranolol. A dose recomendada
varia de 40 a 240 mg por dia. O tremor parkinsoniano responde ao uso de levodopa e,
principalmente de anticolinérgicos. O tremor cerebelar é o menos sensível à ação de agentes
farmacológicos e, até o presente, nenhuma das drogas utilizadas no seu tratamento revelou
resultados consistentes.
Doença de Parkinson
A selegilina tem sido largamente empregada como a única opção terapêutica disponível
potencialmente capaz de retardar o progresso da do parkinsonismo.
Encaminhamento
Bibliografia
Barbosa ER, Limongi, JCP, Cummings JL. Parkinson's Disease. Psychiatr Clin North Am
20:769-790, 1997.
Tratamento
Avaliação domiciliar e vigilância ambiental: a visita aos idosos em sua própria casa e a
avaliação da segurança do ambiente doméstico, seguidas por uma série de intervenções,
tais como modificações necessárias no ambiente, revisão periódica da segurança,
recomendações de exercícios e referência a cuidados especializados têm mostrado uma
redução de um terço nas quedas, desde que seja um processo de vigilância.
Intervenções para reduzir lesões: algumas intervenções podem reduzir o risco de uma
lesão grave pós-queda, prevenindo a osteoporose. Suplementos orais de vitamina D e cálcio
para mulheres saudáveis na pós-menopausa, podem reduzir o risco de fraturas naquelas
que caem. Outras medidas de redução ou prevenção de osteoporose precisam ser
analisadas para estabelecer-se a eficácia de prevenir fraturas: terapia de reposição
hormonal, bifosfonatos, luz solar, caminhadas e consumo aumentado de produtos lácteos.
Sabe-se que o risco de cair aumenta linearmente com o número de fatores de risco. Caso se
consiga eliminar um fator de risco, a probabilidade de cair também se reduz. Isto é muito
importante para os idosos que, em geral, possuem múltiplos fatores de risco para quedas,
alguns não-modificáveis. Estratégias podem ser elaboradas, para modificar ou eliminar
aqueles fatores passíveis de atuação, conseguindo-se, com isso, diminuição significativa nas
quedas. Ao mesmo tempo, pode-se adotar intervenções que atuem sobre múltiplos fatores,
como revisão de medicações, recomendações de comportamentos seguros, programas de
exercícios vários, melhoria da segurança ambiental.
Cair, portanto, tem de ser reconhecido como um problema extremamente sério para os
serviços de saúde, para a sociedade e, principalmente, para o bem-estar das pessoas que
caem. Para que as estratégias preventivas de quedas em idosos tenham sucesso, é
necessário identificar populações com risco aumentado, instituir intervenções padronizadas
para múltiplos fatores de risco e moldar tais intervenções a cada indivíduo ou situação
particular. As intervenções deverão ajudar os usuários idosos dos serviços de saúde e seus
cuidadores a compreender a forma de reduzir a probabilidade de queda, como por exemplo:
(1) melhorando sua habilidade de enfrentar desafios ao equilíbrio; (2) melhorando a
segurança de seu meio ambiente e (3) melhorando a autoconfiança e a confiança de seus
familiares, para que ele possa continuar ativo e independente em seu próprio meio, para
realizar o que deseja.
Há evidências para sugerir que exercícios, tais como treinamento de equilíbrio (Tai Chi), são
efetivos em reduzir o risco de quedas em idosos. Melhorar a aptidão física e impedir a
inatividade e a imobilidade, também contribuem. Vigilância domiciliar periódica e sistemática
para avaliar e, caso apropriado, modificar os riscos ambientais, pode ser efetiva em reduzir
quedas. Identificar quaisquer conseqüências psicológicas de uma queda, como o medo de
cair, que possam levar a uma auto-restrição de atividades e, secundariamente, a desuso,
imobilidade, atrofia muscular e novas quedas. Modificar os comportamentos de risco, de
forma a garantir movimentos e transferências seguros, sem restringir a possibilidade de
uma vida ativa. Instituir estratégias, enfim, que previnam uma lesão séria, de maneira que,
mesmo ocorrendo uma queda, esta não resulte em graves conseqüências
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Bibliografia
Diagnóstico
Hemorragia uterina
Caso a paciente seja virgem, o exame especular não deve ser realizado. Nas demais
pacientes, o exame especular é indicado para avaliar a origem do sangramento, aspecto da
vagina e do colo uterino, quantidade de sangue que se exterioriza através do orifício uterino
e o odor do sangue.
Em casos de suspeita de câncer uterino, deve-se realizar o toque retal para avaliar se os
paramétrios estão livres ou infiltrados.
Amenorréia
- Exame físico: iniciar com a medida do peso e da altura, pressão arterial e pulso, avaliação
do panículo adiposo, palpação da tireóide, mama e do abdômen. No exame da mama deve
ser observado o grau de desenvolvimento mamário, segundo a classificação de Tanner. A
seguir, observa-se a presença de pelos axilares, púbicos e finalmente o exame da genitália
externa, dando especial atenção ao hímen, orifício himenal e ação estrogênica sobre a vulva.
Caso a paciente não seja virgem, pode-se praticar o toque vaginal e exame especular. Nas
virgens, o toque vaginal nunca deve ser realizado e o toque retal somente após o exame de
ultra-sonografia pélvica, caso necessário para maiores esclarecimentos. Além de ser um
exame doloroso, ele interfere de forma negativa no relacionamento médico-paciente.
Tratamento
Hemorragia uterina
Amenorréia
A amenorréia de causa ovariana caracteriza-se pelos altos níveis de FSH e LH e baixos níveis
de estrogênios e progestogênios. Nestes casos, a utilização dos hormônios deverá ser feita
de forma cíclica por tempo indeterminado. Segundo alguns autores, pode-se interromper o
tratamento entre 40 e 45 anos. Para outros, não há necessidade de interromper o
tratamento caso a paciente esteja sentindo-se bem com a terapia de reposição hormonal e
não apresente qualquer contra-indicação para a manutenção da terapia hormonal. Em
pacientes com alterações cromossômicas, com cariótipo contendo Y, está indicada a
ooforectomia, pois pode haver malignização da gônada.
Encaminhamento
Bibliografia
Bastos A.C. Hemorragia uterina disfuncional in Bastos: Noções de Ginecologia, ed. Atheneu ,
São Paulo, 1982; 78-84.
Emans S.J.; Laufer M.R.; Goldstein D.P. Delayed puberty and menstrual irregularities in
Emans, Laufer, Goldstein: Pediatric and Adolescent Gynecology publishers Lippincott-Raven,
Philadelphia-New York, 1996, 163-262.
Diagnóstico
A mamografia deve ser realizada antes do início da reposição hormonal para afastar o
carcinoma de mama bem como para o diagnóstico de lesões suspeitas. Durante a reposição
hormonal deve ser repetido periodicamente (uma vez ao ano).
Tratamento
A mulher no climatério merece cuidados especiais que vão além da simples prescrição de
medicamentos. Assim algumas medidas gerais são recomendáveis neste período etário.
Existem vários esquemas de reposição hormonal que deveemo ser individualizados. Os mais
utilizados são:
Na maioria das vezes a reposição hormonal é feita com estrogênios e progestógenos, nos
esquemas cíclico e combinado. Os produtos com estas características são: estrogênios
conjugados + acetato de medroxiprogesterona; valerato de estradiol + acetato de
ciproterona; estradiol + acetato de noretisterona, entre outros.
Nos dias atuais, a terapêutica de reposição hormonal praticamente não tem contra-
indicações a não ser nos casos de fenômenos tromboembólicos ou doenças hepáticas em
atividade.
Terapêutica não-hormonal: está indicada para mulheres que não desejam tomar
hormônios, quando houver contra-indicação ou intolerância aos mesmos. Este grupo de
drogas é útil apenas para o alívio de sintomas, pois não corrige o hipoestrogenismo. Os
medicamentos mais utilizados para o alívio dos sintomas são:
ondas de calor: pode-se utilizar a clonidina na dose de 200 a 400mg/dia, via oral; a
veraliprida 100mg/dia, via oral; a cinarizina 50 a 75mg/dia, via oral; e o ciclofenil 200mg/
dia.
Todos esses produtos devem ser utilizados por período indeterminado até obter os
resultados desejados. Se houver recidiva da perda óssea, os esquemas devem ser
reiniciados.
Encaminhamento
O atendimento da mulher nesta fase da vida deve ser um dos objetivos centrais do
programa de saúde da família. O médico deve estar apto ao atendimento das principais
queixas relacionadas ao climatério. Casos que apresentem suspeita de câncer de mama, de
colo ou corpo uterino devem ser encaminhados para avaliação cuidadosa.
Bibliografia
Bagnoli, Vr; Fonseca, Am; Sauerbronn, Avd; Ariê, Wmy & Halbe, Hw - Como diagnosticar e
tratar: sangramento no climatério. RBM - Ginecologia e Obstetrícia, 9: 97, 1998.
Bagnoli, Vr; Fonseca, Am; Halbe, Hw; Sauerbronn, Avd & Pinotti, Ja. Como diagnosticar e
tratar a síndrome do climatério. Rev. Bras. Med., 55(edição especial): 79-86, 1998.
Fonseca, Am; Bagnoli, Vr; Halbe, Hw & Pinotti, Ja - Menopausa. RBM . Ginecologia e
Obstetrícia, 3: 3, 1992.
Fonseca, Am; Bagnoli, Vr; Halbe, Hw & Pinotti, Ja - Esteróides anabólicos. Gynaecia, 1: 193,
1995.
Fonseca, Am; Sauerbronn, Avd & Bagnoli, Vr - Terapia de reposição hormonal. In: Tratado
de Ginecologia. Ed.Piato,S. Editora Artes Médicas, 1997. Capítulo 60, pg. 509.
Fonseca, Am; Bagnoli, Vr; Junqueira, Paa; Sauerbronn, Avd & Arie, Wmy - Climatério -
tratamento alternativo: fármacos, orientação dietética e exercícios. In: Tratado de
Ginecologia da FEBRASGO. Eds. Oliveira,HC & Lemgruber,IC. Revinter, 2000, pgs.720-725.
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Diagnóstico|Bibliografia
Bibliografia
Melo NR de, Filho ASP. Manual de Anticoncepção. Federação Brasileira das Sociedades de
Ginecologia e Obstetrícia, 1997.
Bibliografia
Sucupira, A. C. S. L.; et al. Pediatria em Consultório. 4a ed., São Paulo, Sarvier, 2000.
Diagnóstico
O diagnóstico das "alterações funcionais benignas das mamas" é realizado pela história e
pelo exame físico, que evidenciam a mastalgia cíclica e a tendência à nodularidade na
palpação. O diagnóstico diferencial deve ser realizado também com outras condições que
podem promover dor na região mamária, quase sempre não-cíclica, sem reforço pré-
menstrual, e de etiologia músculo-esquelética, como as nevralgias intercostais, a inflamação
das cartilagens da junção costocondral, caracterizada por dor à compressão ao nível da
segunda e terceira articulações.
Não respondem à manipulação hormonal e, por isso, devem ser tratados com
antiinflamatórios não-hormonais e infiltração local de substâncias anestésicas. Além destas
condições, distúrbios psicossomáticos e mamas em pêndulo, extremamente volumosas,
podem levar à dor por distensão nervosa e ligamentar.
Para mulheres com "alterações funcionais benignas das mamas" recomenda-se a utilização
de mamografia nos mesmos critérios sugeridos para a população em geral.
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Tratamento
Em primeiro lugar, há necessidade de excluir, por exame físico e pelo emprego judicioso dos
métodos de imagem, a presença de tumor. Em seguida, uma orientação cuidadosa deve
explicar que os sintomas não estão associados ao câncer e que não há risco maior de
desenvolver a doença no futuro em comparação a mulheres sem dor. Todas estas
informações devem ser transmitidas com cordialidade, após anamnese e exame físico
detalhados. Ouvir atentamente a queixa da paciente, incrementando os laços da relação
médico-paciente, facilita a relação de confiança no médico, significando maior atenção e
crédito às explicações fornecidas. Em nosso meio, três em quatro mulheres têm alívio dos
sintomas depois das explicações do médico. Ao conseguirmos a tranqüilidade da paciente e
afastado o temor do câncer, ela passa a conviver melhor com o incômodo mamário.
Ao nosso ver, em caso de falha à orientação verbal, a primeira medida medicamentosa a ser
prescrita é o ácido gama-livolênico. A prescrição deste ácido graxo essencial, geralmente
obtido do óleo de uma flor chamada prímula, visa a promover, através do aumento de seus
precursores, a síntese de prostaglandina E1, que modula a ação estrogênica e prolactínica
na mama. Como é praticamente desprovida de efeitos colaterais, ainda que não pareça ser
comparativamente a droga mais efetiva, tem sido recomendada por alguns como a primeira
medida quando a orientação verbal falha. É usada na dose de 180 a 360 mg/dia por pelo
menos quatro meses. É bem aceita pelas pacientes e, a exemplo de outras substâncias, é
mais ativa na mastalgia cíclica.
Os progestagênios também foram muito empregados até há bem pouco tempo, por várias
vias de administração. Mas, como a insuficiência lútea não é mais considerada causa de
mastalgia e evidências experimentais sugerem que os progestagênios exercem atividade
proliferativa sobre o epitélio mamário, sua administração não é mais recomendada.
Encaminhamento
Bibliografia
Barros ACSD, Mottola Jr J, Ruiz CA, Borges MN, Pinotti JA. Reassurance in the treatment of
mastalgia. Breast J 5: 162, 1999.
Barros ACSD, Von Adamek E, Muller AP, et al. Perfil epidemiológico da mastalgia em uma
população universitária brasileira. Rev Bras Mastol, 5: 24-30, 1995.
Pinotti JA, Barros ACSD. Alterações fibrocísticas mamárias. Rev Gin Obst, 2: 185-191, 1991.
Bibliografia
Aguiar, L. M. Conduta nas lesões da vulva. Revista Brasileira de Colposcopia 1999, v.1, p.
23-25.
Belda Jr., W. Doenças sexualmente transmissíveis. In: Belda Jr., W., ed. São Paulo,
Atheneu, 2000. 225 p.
Pereyra, E.A.G.; Dias, M.L.; Parellada, C.I. Cervicite. In: Halbe, H.W., ed. Tratado de
Ginecologia. São Paulo, Roca, 2000. p.1069-1078.
CANCRO MOLE
CANDIDÍASE
Esta infecção é a segunda causa mais comum de infecções vulvovaginais e estima-se que
75% das mulheres a apresentem em algum período de suas vidas reprodutivas. Entre 80 e
90% dos casos de cândida provêm da espécie albicans e o restante, de espécies não-
albicans, como Candida glabrata, Candida tropicalis e Saccharomyces cerevisiae. A Candida
albicans pode ser isolada da flora vaginal normal em 20% das mulheres. Pode estar
associada a algum fenômeno que compromete as defesas locais da vagina, como uso de
antibióticos de amplo espectro, aumento da glicogenação do epitélio vaginal devido a
gravidez ou diabetes mellitus descompensado, calor local excessivo, aumento da umidade
devido ao uso de roupas íntimas de material sintético e infecção por vírus da
imunodeficiência humana (HIV).
DONOVANOSE
Quadro clínico: o período de incubação é de três a seis meses. A doença inicia-se por lesão
nodular única ou múltipla indolor e não acompanhada de linfadenopatia regional que evolui
para úlcera bem definida que cresce lentamente e sangra com facilidade.
Tratamento: além da antibioticoterapia, pode ser necessária correção das lesões cicatriciais
e estenose. Utilizam-se soluções de nitrato de prata e ácidos, em baixa concentração, para
lesões vegetantes ou com tecido de granulação abundante.
Tratamento da Donovanose
Fármaco Dose Duração
Tianfenicol 2,5 g (dose inicial) +
15 dias
(medicamento de escolha) 500 mg 2 vezes ao dia
Gentamicina 80 mg (IM) 2 vezes ao dia 15 dias
Azitromicina 500 mg 1 vez ao dia 7 dias
Amoxacilina 500 mg 3 vezes ao dia 20-30 dias
ESCABIOSE PUBIANA
Quadro clínico: o período de incubação pode variar de poucos dias até um mês ou mais.
Prurido intenso noturno. O início é insidioso, surgindo inicialmente lesões pápulo-
eritematosas. A lesão característica é conhecida como "túnel" e representa o local onde a
fêmea adulta permanece na pele. É uma lesão linear de 0,5 a 1 cm de comprimento,
eritematosa e descamativa. O prurido é, preferencialmente, noturno e intenso.
Tratamento: deve ser feito também nos familiares e parceiros sexuais. As roupas devem
ser lavadas após o tratamento do doente.
Tratamento da escabiose
Fármaco Dose Recomendação
3 aplicações noturnas
Monossulfiram 25% repetir em 1 semana
consecutivas
Benzoato de benzila 3 aplicações noturnas
repetir em 1 semana
25% consecutivas
2 aplicações noturnas
Lindano 1% repetir em 1 semana
consecutivas
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FISSURAS
Fissura pode ocorrer na área genital por infecções, líquen crônico simples e doença de
Crohn. Fissuras por ação estrogênica inadequada podem ser tratadas com estrogenioterapia
local ou sistêmica (ver tratamento da vaginite atrófica).
HERPES
Quadro clínico: a infecção primária cursa com sinais e sintomas mais exuberantes e de
maior duração do que as infecções recidivantes. As manifestações acometem
predominantemente a genitália externa, acompanhadas de linfadenopatia regional, com
comprometimento do estado geral. As lesões são vesiculares e surgem, em média, após seis
dias do contato inicial. Em alguns dias, rompem-se espontaneamente, confluindo-se em
úlceras. Freqüentemente ocorre infecção local secundária por agentes oportunistas, podendo
evoluir, em alguns casos, para cervicite necrotizante aguda. A reepitelização geralmente
acontece em duas semanas, sem deixar seqüelas. Recorrências são menos importantes,
mostrando vesículas seguidas por micro-erosões e pronta resolução. A média de recorrência
clínica é de três a quatro vezes por ano, apesar de algumas mulheres terem episódios
mensais. Na gravidez, a presença de infecção herpética ativa no trato genital inferior antes
do início do trabalho de parto contra-indica o parto vaginal devido as possíveis e graves
complicações fetais.
Tratamento: mulheres com infecção por HSV 1 e 2 são tratadas para suprimir novos
episódios e também para reduzir replicação assintomática. Assim, para maximizar os
benefícios, o medicamento antiviral oral deve ser ministrado em base contínua para
indivíduos com recorrências freqüentes. Episódios de replicação subclínica são reduzidos em
90% com terapia supressiva, mas o tratamento não elimina toda replicação assintomática.
Assim, a decisão para profilaxia deve ser individualizada de acordo com freqüência e
severidade da recorrência. As lesões herpéticas requerem alguns cuidados locais, como
limpeza com água e sabão; compressas locais com camomila e água boricada 2% e
anestésicos locais. O uso tópico do aciclovir é útil apenas na redução dos sintomas locais da
primo-infecção genital.
Tratamento:
Propionato de clobetasol 0,05 %, aplicar na região afetada, duas vezes ao dia na primeira e
na segunda semanas; uma vez ao dia na terceira semana; em dias alternados na quarta
semana e, depois, manutenção duas a três vezes por semana.
INTERTRIGO
Intertrigo é o termo que designa as alterações da pele nas áreas intertrigirosas (pregas
interglúteas, sulcos interlabiais e genitocrurais) por causa do atrito e inflamações crônicas.
No intertrigo, o raspado da lesão fornecerá o diagnóstico do agente etiológico. Em caso de
lesão negativa para dermatófitos e bactérias, pode ser necessário corticóide tópico
(hidrocortisona 1%, pomada, duas vezes ao dia).
LINFOGRANULOMA VENÉREO
Também denominada de doença de Nicolas-Favre. É uma DST, tendo como agente causal a
Chlamydia trachomatis (bactéria coco Gram-negativo). Doença eminentemente do tecido
linfático, ocasionando linfangite.
Quadro clínico: o período de incubação vai de 3 a 30 dias, em média sete dias. Esta
doença possui três estágios. No primeiro estágio, a lesão primária é indolor e transitória e
localiza-se na parede posterior da vagina ou cérvice. O acometimento dos linfonodos
caracteriza o estágio secundário, sendo o acometimento inguinal muito mais freqüente no
homem. Os gânglios tornam-se firmes, dolorosos e móveis e logo se aderem à pele,
formando o bulbão inguinal. A pele que o recobre torna-se eritematosa e edemaciada,
sofrendo ruptura em um terço dos casos através de vários pontos de drenagem. Também
ocorrem manifestações sistêmicas inespecíficas, como febre, mal-estar e anorexia. O estágio
terciário ocorre principalmente na mulher, em virtude de seu padrão de drenagem linfática,
que é preferencialmente dirigida para o retroperitônio. pode haver aparecimento de proctite
leve acompanhada de fezes com muco, pus e sangue e sensação de tenesmo, além de febre
e emagrecimento. Após meses ou anos, surgem complicações decorrentes do processo de
fibrose que são estenose retal, fístulas reto e ano-vaginais, compressão vesical, abscessos
perianais e elefantíase da genitália externa.
Tratamento: o bulbão inguinal deve ser aspirado com agulha grossa, sendo o local de
penetração em pele não afetada. A abordagem cirúrgica pode ocasionar formação de
fístulas. Pode ser necessária correção das lesões cicatriciais e estenose nas fases tardias da
doença.
LÍQUEN ESCLEROSO
É uma doença de pele inflamatória crônica que causa substancial desconforto e morbidade.
Quadro clínico: prurido intenso, lesão branca ou hiperemiada acometendo vulva e ânus,
disúria, dispareunia, mudança de arquitetura vulvar com atrofia do capuz de clitóris e
pequenos lábios e estenose do intróito vulvovaginal. Algumas mulheres são assintomáticas.
Diagnóstico: confirmação diagnóstica por biópsia; afastar doenças que causam hiperplasia
de células escamosas (por exemplo cândida, psoríase).
MELANOSE VULVAR
Lentigos: são caracterizados clinicamente por manchas planas bem delimitadas, menores
que 4 mm, que podem ser coalescentes ou espalhadas. São observados em 7% das
mulheres.
Tratamento: como regra geral, excisão não é mandatória para lesões estáveis. Entretanto,
vigilância pela paciente é difícil devido à localização. Excisão e exame histológico é
mandatório para lesões que exibam mudanças nos bordos, cor e tamanho, que se tornem
inflamadas ou dolorosas, ou que comecem a sangrar.
PAPILOMAVÍRUS HUMANO
A infecção clínica pelo papilomavírus (conhecido pela sigla do termo em inglês human
papillomavirus, HPV) caracteriza-se por lesões aparentes, vegetativas, vascularizadas,
sésseis e com múltiplas projeções papilares, denominadas condiloma acuminado. Os
condilomas acuminados são vulgarmente chamados de crista de galo. A maioria destas
lesões relaciona-se com o HPV 6 (65%) e o 11 (20%), o restante com tipos menos comuns.
Ocorrem, mais comumente, em pacientes jovens entre 16 e 25 anos e estão localizadas em
regiões úmidas, como o vestíbulo e pele vulvar. Lesões vaginais por HPV podem coexistir
com verrugas vulvares em 30% das pacientes e mais de 85% delas terão infecção cervical.
A história natural usual é que ocorra regressão espontânea relacionada a resposta
imunológica. A gestação é freqüentemente associada com o crescimento de verrugas
genitais, as quais podem regredir espontaneamente após o parto.
b) Podofilina: seu efeito biológico deve-se ao efeito antimitótico. O efeito máximo aparece
alguns dias após a aplicação. A podofilina tem efeitos tóxicos sistêmicos: toxicidade
neurológica ou hepatorrenal e supressão da medula óssea, contra-indicados na gravidez. A
aplicação deve ser restrita à área de pele queratinizada. O contato com membranas
mucosas provoca intensa reação inflamatória e também pode acarretar alto risco de
absorção sistêmica. A taxa de sucesso em seis meses é, em média, de 20 - 40%.
PEDICULOSE PUBIANA
Zoodermatose causada pelo parasita Phtirius pubis. Vive exclusivamente em humanos, não
sobrevivendo muito tempo fora de seu hospedeiro natural. Sua transmissão ocorre por
contato físico íntimo.
Diagnóstico: identificação do "piolho" com auxílio de uma lente de aumento, que tem a
forma de um escudo, medindo de 1,5 a 2 mm. As patas traseiras acabam em garras, com as
quais se adere à base do pêlo. Os ovos medem de 0,3 a 0,8 mm. O ciclo vital do ovo até a
forma adulta é de 20 a 30 dias.
SÍFILIS
Quadro clínico: pelo fato de a transmissão ser sexual, o sifiloma localiza-se nos órgãos
genitais, sendo as principais zonas acometidas a vulva e o colo uterino. Esta lesão primária
tem como características: úlcera única, indolor, com fundo liso e limpo, com base dura e
bordas não-proeminentes; na cérvice, esse aspecto é inespecífico, podendo ocorrer lesões
vegetantes atípicas. A adenopatia é indolor e bilateral e ocorre em quase 100% dos casos. O
complexo primário resolve-se espontaneamente em 3 a 10 semanas.
SÍNDROME DE BEHÇET
Doença multisistêmica, descrita inicialmente como tríade constituída de úlceras aftosas orais
e genitais e ireíte de etiologia desconhecida, evoluindo cronicamente com episódios de
agudização. As manifestações clínicas são decorrentes de vasculites de vasos de pequeno,
médio e grande calibre, arteriais ou venosos. O início da doença ocorre principalmente na
terceira década de vida, acometendo mais homens do que mulheres. A sua etiologia é
desconhecida, mas provavelmente envolve fatores ambientais, imunológicos e genéticos. As
úlceras aftosas orais são usualmente as primeiras manifestações da doença, tendo como
características a multiplicidade, simultaneidade, pequeno tamanho, não-distinção de simples
ulcerações orais recorrentes, sendo que 97% dos pacientes irão apresentar tais lesões em
algum período da doença.
Quadro clínico: as úlceras genitais ocorrem, nos homens, na região escrotal, deixando
cicatriz local; nas mulheres, os grandes lábios são os mais acometidos, podendo também
ocorrer úlceras na parede vaginal e cérvix uterina.
Tratamento: o tratamento está relacionado com o órgão acometido: nas lesões genitais,
utilizam-se preparações locais de corticóides ou associados a antibióticos tópicos, nos casos
mais graves, pode-se utilizar corticóide sistêmico (prednisona 20 - 50 mg/d), associado ou
não com colchicina, a qual pode ser usada isoladamente como remédio de manutenção.
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TRICOMONÍASE
Quadro clínico: é variável, podendo ser assintomático ou não, com leucorréia bolhosa
característica de odor fétido, associada a disúria e dispareunia. Pode-se observar, em alguns
casos, o aspecto clássico de cérvico-vaginite "em morango", que consiste em lesões
multifocais avermelhadas.
Tratamento da tricomoníase
Fármaco Dose Duração
Metronidazol 2g dose única
Metronidazol 400 mg 2 X ao dia 5 - 7 dias
Verrugas seborréicas: têm, freqüentemente, cor acizentada e parecem sair da pele sem
infiltração. Podem estar recobertas por crosta escamosa espessa. As verrugas seborréicas
não se tornam malignas. A remoção pode ser feita por curetagem com eletrocoagulação
superficial.
ÚLCERAS GENITAIS
VAGINOSE ATRÓFICA
Causada por deficiência estrogênica, é vista com maior freqüência nas mulheres
menopausadas. O adelgaçamento pronunciado das camadas epiteliais predispõe a infecção e
a laceração. Ao exame clínico, pode-se observar eritema e hemorragias petequiais. Os
sintomas incluem secura vaginal, corrimento com estrias de sangue e dispareunia. O
tratamento deve ser individualizado, consistindo na reposição estrogênica local ou sistêmica,
a qual atingirá efeitos satisfatórios conforme a via de reposição hormonal e o remédio de
escolha. A via tópica regride os sintomas agudos em duas semanas, depois, é aconselhável
realizar manutenção com aplicação duas vezes por semana ou avaliar os benefícios da via
sistêmica.
VAGINOSE BACTERIANA
Quadro clínico: descarga branca, espessa, homogênea com cheiro característico de "peixe"
e aderente às paredes vaginais e vestíbulo. Não está associada a irritação ou ardência, mais
de 50% das mulheres são assintomáticas.
Diagnóstico: "clue cells" no esfregaço a fresco; pH vaginal > 4,5; liberação de odor de
peixe após adição de hidróxido de potássio a 10%.
VAGINOSE CITOLÍTICA
É uma infecção pouco reconhecida, mas causa comum de queixas cíclicas vulvovaginais em
mulheres na idade reprodutiva. Muitas vezes, é erroneamente diagnosticada como
candidíase devido ao fato de a história e o exame físico serem muito semelhantes.
Entretanto, esta infecção tem o padrão de recorrência dos sintomas na fase luteal do ciclo.
Quadro clínico: prurido, dispareunia, disúria vulvar e sintomas cíclicos mais pronunciados
durante a fase luteal.
VULVODÍNIA
Tratamento:
Bibliografia
Galletta, M.A.; Lippi, A.T.A.; Giribola, A.; Miguelez, J.; Zugaib, M. - Resultados obstétricos e
perinatais em gestantes adolescentes atendidas em pré-natal especializado. Rev. Ginec.
Obst. 8 (1): 10-19, 1997.
Kahale, S.; Odierna, I.C.; Galetta, M.A.; Neder, M.; Zugaib, M. - Assistência
multiprofissional à adolescente grávida: dificuldades somato-psico-sociais. Rev Ginec Obst 8
(1): 4-9, 1997.
Galletta, MA - Pré-eclâmpsia. In: Zugaib, MA; Bittar, R.E. - Protocolos Assistenciais Clínica
Obstétrica FMUSP. São Paulo, Atheneu, 1997.
Diagnóstico
O interrogatório deve ser dirigido de forma a permitir que a gestante e seu acompanhante
se manifestem. Na primeira gestação, tudo é novidade e essas sensações são vividas com
apreensão, preocupação e surpresa. É freqüente a gestante vir à consulta com uma lista de
dúvidas. A ansiedade pode ser reduzida por orientações antecipadas sobre o excesso de
sono, a polaciúria, náuseas e vômitos, e uma lista de medicações a serem utilizadas nas
queixas mais comuns (cefaléia, enjôos, resfriados e obstipação intestinal). Enfatizar que
todas essas queixas são habituais na gravidez, embora provoquem desconforto.
Deve-se checar a presença de fatores de risco para possíveis complicações como origem da
gestante, idade, estabilidade conjugal, escolaridade, profissão, uso de álcool, tabaco ou
drogas ilícitas, doenças clínicas e cirurgias prévias. Deve-se checar a presença de
malformações congênitas e doenças clínicas frequentes na família.
O exame das mamas deve ser realizado rotineiramente, aproveitando-se a ocasião para
explicar a importância do aleitamento materno. O obstetra deve iniciar a gestante na arte da
amamentação. A palpação das mamas é mais difícil na gestação, mas deve ser realizada
para identificar a presença de nódulos. Deve-se verificar se a papila é normal ou retraída e,
neste caso, orientar exercícios apropriados na gravidez que facilitem o aleitamento. Deve-se
mostrar o colostro, explicando suas características e importância. Deve-se informar a
gestante sobre eventuais dificuldades no aleitamento (nas mamoplastias redutoras e no uso
de próteses) e as maneiras de tentar superá-las.
O exame especular é obrigatório na primeira consulta e, nas seguintes, se houver queixa de
mudanças de aspecto do conteúdo vaginal. Deve-se tratar o corrimento vaginal quando
presente. O toque vaginal deve ser realizado na primeira consulta e, a partir daí, na
presença de contrações uterinas freqüentes (avaliar o colo uterino).
- entre a 11ª e 13ª semana: com o objetivo de datar a gestação e medir a translucência
nucal para identificar fetos com risco de aneuploidias.
- entre a 20ª e 24ª semana: para avaliar o crescimento fetal e fazer a análise morfológica
do feto.
- entre a 34ª e 37ª semana: para avaliar o crescimento fetal e também a morfologia fetal,
pois algumas malformações se manifestam em fases posteriores da gestação (microcefalia,
rins policísticos, acondroplasia e atresias intestinais baixas).
Se apenas for possível realizar um único ultra-som, recomenda-se que seja entre a 20ª e
24ª semana, por permitir avaliar a idade gestacional e analisar a morfologia fetal.
Tratamento
A gestante que faz atividade física pode mantê-la durante a gestação. As caminhadas e os
exercícios realizados dentro da água têm se mostrado os mais apropriados para as
gestantes.
As vacinas inativadas, que contêm vírus ou bactérias mortas, e as formuladas com toxóides
(tétano) devem ser administradas na gestação sem medo de reações adversas.
A imunização com vacinas contendo organismos vivos atenuados não deve ser realizada
durante a gravidez. Entretanto, há exceções à regra: se a gestante viaja para área de febre
amarela, recomenda-se que seja vacinada, se possível após o primeiro trimestre. Deve-se
lembrar que viagens de turismo para regiões endêmicas devem ser evitadas durante a
gravidez. Vacinas contra tuberculose, cólera, sarampo, caxumba, rubéola e varicela não
podem ser administradas durante a gestação. No caso da rubéola, se a gestante for
inadvertidamente vacinada, não deve ser recomendado o aborto já que não foram relatados
casos de malformações pelo vírus vacinal em gestantes vacinadas antes do conhecimento da
gravidez. Entretanto, a mulher não imune à rubéola só deve ser vacinada pelo menos três
meses antes de engravidar.
Encaminhamento
Bibliografia
Ministério da Saúde. Assistência Pré-Natal. Normas e Manuais Técnicos. 2ª Ed., no. 36,
1988.
Zugaib M; Bittar RE. Protocolos Assistenciais da Clínica Obstétrica da FMUSP. São Paulo,
Atheneu, 1997.
Bibliografia
Bibliografia
Ministério da Saúde. Assistência Pré-Natal. Normas e Manuais Técnicos. 2ª Ed., no. 36,
1988.
Zugaib M; Bittar RE. Protocolos Assistenciais da Clínica Obstétrica da FMUSP. São Paulo,
Atheneu, 1997.
Diagnóstico
As alterações críticas do puerpério descritas anteriormente devem ser consideradas por toda
a equipe de saúde da família, principalmente do médico que atendeu no parto e no pré-
natal.
Tratamento
Não há tratamento do ponto de vista clássico, por se tratar de processo fisiológico, mas,
sim, de cuidados pós-parto e estímulo ao aleitamento.
(1) na primeira hora, atenção redobrada à hemorragia genital, como consequência da atonia
uterina. Se for detectada qualquer diminuição da contratilidade uterina, deve-se realizar
massagem do útero, esvaziamento vesical e administração de oxitocina intravenosa diluída
em soro;
(3) cuidar da episiorrafia e ou da cicatriz de cesárea apenas mantendo o local limpo e seco
(lavar com água e sabão é suficiente). Se houver edema vulvar precoce, utilizar bolsa de
gelo no local por 20 a 30 minutos;
(4) atenção à depressão: a maioria das puérperas apresentam uma ligeira depressão
(depressão puerperal) como consequência de alterações emocionais decorrentes da gravidez
e da experiência do parto, desconfortos pós-parto, fadiga causada pelo sono irregular,
ansiedade sobre sua capacidade de cuidar da criança e diminuição da auto-estima por achar-
se menos atraente. Se os sintomas forem muito intensos ou duradouros, há necessidade de
tratamento específico;
(7) ministrar a vacina anti-Rh se a puérpera for Rh negativa, sua criança Rh+ e os testes de
Coombs indireto e direto forem negativos. Deve-se dar 300µg de imunoglobulina anti-D nas
primeiras 72 horas;
(1) ensinar como se inicia a produção do leite: com a saída da placenta e a liberação dos
receptores mamários para a prolactina, hormônio que se encontra em níveis elevados,
ocorre o estímulo inicial para o desencadear da lactação. Se a criança suga precocemente, o
estímulo para a produção aumenta. O esvaziamento mamário adequado, uma boa pega
(indolor) e a nutrição adequada da criança são fatores positivos para o transcorrer tranqüilo
do aleitamento.
(2) examinar as mamas desde o início do pré-natal, para detectar possíveis inversões dos
mamilos, que necessitam de exercícios específicos durante toda gravidez na tentativa de
torná-las o mais saliente possível (exercícios de Hoffman). Deve ser orientado para que as
aréolas e mamilos não sejam lavados com sabonete, principalmente no 3° trimestre; se não
houver contra-indicação (prematuridade anterior e excesso de contrações uterinas na
gestação), os mamilos precisam ser friccionados com toalha ou bucha vegetal, cuidados que
visam diminuir a sensibilidade do local e estimular a oleosidade própria. Expor as mamas à
luz solar antes das 10 horas ou após as 16 horas, também é recomendado como um cuidado
para aumentar a resistência da pele local. Sutiã com orifício central pode ser usado durante
toda a gravidez. Após o parto, é necessário ensinar e enfatizar a maneira correta da pega e
do esvaziamento mamário, promovendo uma drenagem adequada da glândula. Quanto mais
se remove o leite das mamas, maior é o estímulo para uma nova produção; assim, se a
criança não esvazia totalmente as mamas, a mãe deve remover o excesso de leite pela
ordenha manual, até que não exista resíduo. Antes da ordenha é recomendado deixar cair
água morna sobre as mamas, para auxiliar na drenagem. Não usar compressas quentes,
pois é grande a possibilidade de queimaduras.
(3) manter o local sempre limpo evita a maioria das infecções locais; basta lavar apenas
com água fervida após todas as mamadas, retirando-se os resíduos de saliva e leite.
(4) Orientar a puérpera a retirar a criança da mama, evitando a tração exagerada dos
mamilos e as possíveis rachaduras decorrentes deste procedimento: introduzir o dedo
indicador entre a bochecha e o maxilar da criança, desfazendo o vácuo produzido pela pega
correta.
(5) Cuidar das fissuras com exposição ao ar e à luz entre as mamadas, infusões com chá de
camomila em compressas frias, e substâncias cicatrizantes naturais, como casca de banana
e semente de mamão. Utilizar produtos industrializados com princípios ativos para acelerar a
cicatrização local, sob a forma de pomadas ou cremes, como pantenol, bálsamo do Peru, e
outros.
(6) Evitar que o recém-nascido não receba qualquer outro alimento ou líquidos em
mamadeiras, para que não ocorra a chamada confusão de bicos. Pode ser usada colher,
seringa ou copinho para ministrá-los, quando necessário.
Encaminhamento
A quase totalidade das puérperas deve ser acompanhada no programa de saúde da família.
Somente quando alguma anormalidade que envolva risco for detectada, recomenda-se o
encaminhamento ao serviço de obstetrícia de referência, de preferência onde o parto foi
realizado.
Bibliografia
The puerperium. In Williams Obstetrics. Cunningham, FG; MacDonald, PC; Gant, NF; Leveno,
KJ & Gilstrap III, LC (ed). Prentice-Hall International Inc.19 th edition, 1993, USA, p459-
473.