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Considerações iniciais

Antes de qualquer abordagem a uma obra ou conjunto de obras de determinado


autor é necessário que se conheça alguns elementos que possibilitam a leitura de modo
eficaz e evitam equívocos como anacronismos, compreensão equivocada de termos entre
outros. Com a finalidade de esquivar-se dessas armadilhas, no mínimo, três aspectos são
importantes: o período histórico em que o autor viveu e publicou (dados biográficos), as
influências de outros autores sobre sua obra e, caso a obra faça parte de um sistema,
como é o caso da Ética a Nicômaco, um método para leitura.

Sobre a vida de Aristóteles (ou dados biográficos)

Aristóteles nasceu em Estagira (Στάγειρος), uma cidade fundada por volta de 656
a.C. pelos jônios, situada no litoral noroeste da península da Calcídia, ou Calcídica
(Χαλκιδική). Quando do nascimento desse ilustre representante Estagira era uma colonia
da Macedônia, mas atualmente faz parte do território Grego.

A data em que Aristóteles nasceu não pode ser indicada com precisão, haja vista
remontar a aproximadamente quatro séculos antes do nascimento de Cristo.
Controvérsias à parte, crê-se que seu nascimento tenha se dado entre 385 e 383 antes da
Era Cristã. Antiseri e Reale (2017) apontam para os anos de 384/383 a.C., enquanto Bini
(2011) cogita 385 ou 384 a.C.

Embora se saiba que saber com exatidão o ano e o local de nascimento de um


autor, filósofo ou não, não é imprescindível para a análise de sua obra, é importante situá-
lo, ao menos de modo aproximado em um período histórico para que se possa entender o
contexto histórico em que suas ideias e escritos se inserem.

De Aristóteles, sabe-se ainda que era filho de Festia e Nicômaco, este era médico
e por um tempo exerceu seu ofício ao rei Amintas da Macedônia, pai de Filipe, o
Macedônio, e avô de Alexandre.

Um outro importante fato a respeito da vida de Aristóteles é que aos 18 anos,


segundo Antiseri e Reale (2017), ingressou na Academia platônica, em Atenas, só a
deixando em 347 a.C., aproximadamente 19 anos depois, quando da morte de Platão.

Para não se delongar muito com aspectos biográficos, dar-se-á aqui mais um salto,
como os muitos dados nesse pequeno resumo biográfico. Por volta de 335/334 a.C.,
Aristóteles volta para Atenas e funda; em um ginásio denominado Liceu (Λύκειον),
próximo ao templo de Apolo Lício – deus da luz; sua escola . De acordo com Bini, a Escola
de Aristóteles tomou emprestado o nome do lugar onde se situava, logo chamava-se
Liceu.

Ainda em consonância com o escrito pelo referido autor, o Liceu localizava-se em


um bosque, consagrado às Musas e à Apolo Lício, que possuía uma alameda na qual as
pessoas costumavam conversar durante as caminhadas (περιπατέω). Aristóteles
transmitia seus ensinamentos aos discípulos durante os passeios por essa alameda,
desse hábito surge o nome da escola filosófica do Estagirita: peripatética.

Sobre a obra de Aristóteles

Antiseri e Reale (2017) afirmam que as obras de Aristóteles foram lidas, ao longo
da história, de duas formas, ou, em termos mais científicos, com o uso de duas
metodologias: a sistemático-unitária – até 1920 – e a histórico-genética. Esta, fundada por
Werner Jaeger, pretendia substituir aquela por considerá-la anti-histórica.

O método proposto por Jaeger – histórico-genético – propunha que a leitura das


obras do Estagirita deveria ser feita levando-se em consideração sua parábola evolutiva,
que, em resumo, “seria a história de uma “desconversão” do platonismo e da metafísica, e
de uma conversão ao naturalismo e ao empirismo” (ANTISERI; REALE, 2017, p. 193).
Ainda para segundo esses autores, tal evolução seria resultado não somente do
confronto dos escritos exotéricos (ou encíclicos) com os acroamáticos (ou esotéricos),
mas também da investigação destas últimas.

Os obras exotéricas foram escritas no período que Aristóteles foi membro da


Academia e consistem de cartas, diálogos e transcrições do cursos de dialética e retórica.
Os textos esotéricos remontam ao período posterior à Academia e seu conteúdo é mais
complexo e minucioso abordando temas sobre física, política, ética, e outros.

A metodologia proposta por Jaeger obteve excelentes resultados, todavia após o


transcurso de meio século extenuou-se. Esse esgotamento deveu-se à divergência entre
os resultados alcançados por outros pesquisadores, havendo até conclusões contrárias
às obtidas por Jaeger.

O método histórico-genético, que por algumas décadas teve extraordinário


sucesso, no giro de meio século esgotou-se completamente, porque, passado
pouco a pouco nas mãos de diferentes estudiosos, deu resultados não só
diferentes, mas até contrários àqueles que Jaeger havia chegado. (ANTISERI;
REALE, 2017, p. 194)
Perine assevera que as “pesquisas de W. Jaeger lançaram luz sobre as diversas
camadas de composição dos escritos de Aristóteles. (1982, p. 22).

Tão importante, para a compreensão do pensamento de Aristóteles, quanto Jaeger


é François Nuyens autor da obra L'évolution de la Psychologie D'Aristote, de 1939, nesta
Nuyens apresenta uma metodologia para abordagem dos escritos aristotélicos baseada
na compreensão da evolução psicológica do pensador. Esse processo de
desenvolvimento se dá em três fases distintas, a saber: idealismo platônico, instrumental-
mecanicista e hilemorfista.

Embora essas fases apresentem aproximada correspondência com a periodização


proposta por Jaeger, o enfoque dado por Nuyens é distinto do daquele. Nuyens se ocupa
das transformações ocorridas no pensamento de Aristóteles quanto à relação do corpo
com a alma (ψυχή), tem-se, nesse caso, uma abordagem antropológica dos textos do
Estagirita.

Segundo Perine (1982) a fase do idealismo platônico corresponde ao período em


que ele era estudante na Academia. Por esta quadra é possível observar que as obras de
Aristóteles evidenciam uma antropologia bipartida em que o homem é composto por uma
parte racional, a alma, e outra irracional, o corpo, sendo aquela imortal e eterna, e esta
um obstáculo para a plena realização da porção racional. “A alma é a parte racional e ela
é propriamente o homem” (PERINE, 1982, p. 23, grifo nosso)

A segunda fase, instrumental-mecanicista, está relacionada ao período em que


Aristóteles deixa Atenas, logo após a morte de Platão. Nesse estágio, de acordo com
Perine (1982), ele renuncia à doutrina das ideias, rejeita a imortalidade da alma e o
pessimismo da escola platônica em relação ao corpo. É importante ressaltar que embora
tenha deixado de acatar o aspecto transcendente da alma, ele ainda a considera
hierarquicamente superior ao corpo, não havendo, dessa forma, unidade substancial entre
ambos. O corpo, embora inferior, deixa de ser um entrave à plena realização da alma e
passa a ser um instrumento desta “na realização da sua tarefa de homem” (PERINE,
1982, p. 24).

Antes de prosseguir faz-se mister ressaltar que nessas duas fases o texto de
Perine, conforme observado nas citações, evidencia que a alma é o homem.

A última fase, segundo a divisão proposta por Nuyens, é a hilemorfista. Nesta etapa
o homem passa a ser concebido integralmente, ou seja, deixa de existir a separação
corpo e alma. Esta é definida como forma (ato) enquanto aquele como matéria (potência).
Essa mudança na concepção antropologia de Aristóteles se deu, segundo Perine (1982),
nos seus últimos anos de vida.

A Ética a Nicômaco

Tendo em vista as metodologias para leitura dos escritos de Aristóteles propostas


por Jeager e Nuyens, é possível enquadrar a obra Ética a Nicômaco nos escritos
esotéricos e situá-la na fase instrumental-mecanicista. Dessa classificações dois pontos
emergem, o primeiro é que se tratam de assuntos expostos aos alunos no Liceu e
tratados com profundidade e o segundo é que em termos antropológicos continua a existir
a divisão entre corpo e alma.

De acordo com Perine (1982) a ideia central da moral aristotélica é a da felicidade,


ideia essa que já havia sido aventada no Filebo de Platão, todavia esta apresenta com
contornos diferentes dos propostos pelo Estagirita.

Feitas essas considerações gerais sobre a o texto ora analisado, as considerações


que seguem são relativas ao Livro I, foco principal deste trabalho.

Segundo Wolf (2010) o estudo d

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