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BRASIL
Desde que o site The Intercept Brasil revelou as trocas de mensagens privadas entre
o ministro da Justiça, Sergio Moro, e os procuradores da Lava Jato em Curitiba, o Brasil
acompanha apreensivo à divulgação, em doses homeopáticas, do teor das
interceptações – fruto da violação de celulares de autoridades brasileiras. O
constrangimento ao qual foram expostos os integrantes da Lava Jato e o ex-juiz que
se tornou símbolo do combate à corrupção no País pode mudar de lado. A Polícia
Federal planeja-se para, nas próximas semanas, tentar emitir uma contundente
resposta ao que classi ca de ação orquestrada perpetrada por criminosos de alto
calibre. Sob a coordenação do diretor-geral Maurício Valeixo, a PF acredita ter se
aproximado dos hackers que invadiram a privacidade dos procuradores e expuseram
as vísceras da Lava Jato. Em investigações preliminares, os agentes da Polícia Federal
já identi caram conexões no Brasil, em especial em Santa Catarina, e no exterior, com
o suposto envolvimento de agentes na Rússia e até em Dubai, nos Emirados Árabes.
Segundo agentes ouvidos por ISTOÉ, a PF pode estar perto de alcançar os
responsáveis pelo hackeamento ilegal, o que, se con rmado, constituiria uma bomba
capaz de provocar uma reviravolta no caso.
Não custa lembrar que Greenwald e Snowden foram parceiros num trabalho
desenvolvido em 2013 e que expôs dados secretos da Agência de Segurança Nacional
(NSA), do governo dos EUA. O material interceptado por Snowden, também de forma
ilegal, foi divulgado por Greenwald no jornal inglês The Guardian e em outros jornais
pelo mundo afora, como O Globo, no Brasil. Graças aos documentos vazados, o
jornalista ganhou os prêmios Pulitzer e Esso. Pressionado a divulgar detalhes de sua
operação, Snowden acabou se asilando na Rússia, onde passou a ser protegido pelo
presidente Vladimir Putin. Enquanto que Greenwald se refugiou no Brasil, casando-se
com o brasileiro David Miranda, atual deputado federal pelo PSOL e acabou xando
residência no Rio de Janeiro, de onde opera o The Intercept Brasil. Atualmente,
Snowden é presidente da Freedom of the Press Foundation. Um dos co-fundadores é
Greenwald. Na última semana, a PF considerou realizar uma operação de busca e
apreensão dos computadores do dono do The Intercept e conduzi-lo para prestar
depoimento, mas fontes ligadas ao ministro entenderam que esse fato poderia
transformar o jornalista em mártir e o governo ainda corria o risco de ser acusado de
cercear a liberdade de imprensa.
Algo é certo: a PF já sabe que o acesso ilegal ao aplicativo Telegram dos procuradores
não foi realizado por amadores. “Não foi uma ação de um adolescente por trás de um
computador. Tratou-se de um trabalho feito por uma organização criminosa
altamente especializada”, endossou Moro em depoimento que prestou no Senado na
quarta-feira 19. De fato, segundo fontes da PF, o trabalho de hackers na quebra de
sigilo de celulares e computadores foi coisa de pro ssional. Além de envolver
equipamentos caríssimos que alcançam a casa dos milhões de dólares, fogem
completamente do padrão de hackers de menor poder destrutivo, conhecidos como
“defacements”, que se notabilizaram por fazer as chamadas “pichações políticas” em
sites e organizar malfadados ataques a transações bancárias. No dia 4, o suposto
hacker tentou se passar pelo ministro da Justiça enviando uma mensagem a um
funcionário do gabinete de Moro, depois de ativar uma conta no Telegram.
O DESIGNADO O delegado Maurício Valeixo, diretor-geral da PF, está à frente da operação
destinada a encontrar os responsáveis pela violação das conversas (Crédito:Divulgação)
Sem descartar as pistas que surgem pelo caminho, na última semana, a PF adicionou
uma organização criminosa que operava em Santa Catarina ao rol dos suspeitos. Na
terça-feira 18, a PF desencadeou a operação “Chabu” (vulgo “deu errado”) em
Florianópolis, com o cumprimento de sete mandados de prisão e 23 de busca e
apreensão. O objetivo foi a desarticulação de uma quadrilha que vinha quebrando
sigilos de autoridades no estado para o vazamento de operações policiais e ações de
órgãos públicos. Para a PF, a quadrilha pode estar envolvida na operação de
hackeamento dos celulares dos procuradores do Paraná.
Para a PF, Nikolai e Pavel Durov, do Telegram, teriam se aliado a Snowden, Slavic e
Greenwald por razões ideológicas
SUMUP
Con ra Agora
Entre os presos, está o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron e o
policial rodoviário federal Marcelo Roberto Paiva Winter, ambos especializados em
crimes cibernéticos e trá co de drogas. Foram presos ainda o prefeito de
Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), e o ex-chefe da Casa Civil Luciano Veloso
Lima. Todos eles utilizavam a estrutura da empresa Nexxera, de tecnologia, para
cometer as ilegalidades. Segundo fontes ligadas ao diretor-geral da PF, Maurício
Valeixo, a análise dos documentos apreendidos será decisiva para apontar a
existência do elo do grupo com os hackers da Lava Jato. Assim como a conexão Brasil-
Rússia-Dubai, o elucidamento do caso parece estar próximo. Quem acompanha as
investigações assegura: se os indícios encontrados até agora se con rmarem, a PF
estará bem perto mudar o rumo do rumoroso episódio que monopolizou as atenções
dos brasileiros nas últimas semanas.
SUMUP
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