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Sigilo Templario – Selo da Cidade Santa

"REGVMOMNIVO CIVITHS REGIS” Jerusalém – 1210 a 1225


Se vê locais sagrados das 3 religiões.
A Igreja da Natividade;
A torre de Davi; e
A Mesquita de Omar

IGREJA TEMPLÁRIA ANTIGA


CONTOS SUFIS

O SÁBIO, O SUFI E O CACHORRO

Um sufi, vestido com seu manto de lã burda, passava por uma rua. Bateu num cachorro com sua
bengala, rompendo-lhe uma patinha. O animal saiu uivando e foi aninhar-se aos pés do sábio Abu
Saaid, pedindo justiça.
O sábio disse ao sufi: ‘Como te permitistes fazer tanto dano a este pobre ser?"
Respondeu o sufi: "Oh sábio, a culpa foi do cachorro, não minha! Se bati nele, foi porque
manchou-me a roupa."
O cachorro, porém, gemia cada vez mais.
Disse-lhe o sábio: "Em compensação, o que posso te dar para diminuir tua dor? Se não queres
que eu assuma a culpa desse sufi, farei castigá-lo para que tenhas justiça."
"Oh sábio sem igual - respondeu o cão - ao vê-lo vestindo o manto sufi, tive confiança nele.
Jamais imaginaria que fosse me machucar. Sem o manto, o teria evitado. Esse foi meu erro. Se
queres castigá-lo, tira-lhe a roupa reservada aos justos, para que ninguém mais se engane com
sua aparência."

A MULHER E O CACHORRO

Disse o Profeta (s.a w.): "Havia uma mulher de costumes depravados, pecadora impúdica,
manchada.
Certo dia atravessando o campo, viu um cão ofegando de sede, com a língua de fora, à borda
de um poço.
Com grande ternura, renunciou ao que iria fazer.
Usando seu sapato por cubo e sua capa por corda, colheu água e lhe deu de beber. Por esta
boa obra, Alláh a exaltou em ambos os mundos.
Na noite de minha ascensão, a vi, bela como a lua, morando no paraíso".
Uma mulher depravada recebeu de Alláh tão grande recompensa por ter dado de beber a um
cachorro.
Se, por um instante, consolas o coração alheio, teu reconhecimento será maior que os dois mundos.

SHIBLÍ E O CACHORRO

Perguntaram a Shiblí: "quem foi o primeiro a guiar teus passos no caminho do umbral divino?"
Ele respondeu: "Certo dia , vi um cão à borda da água morrendo de sede. Quando mirava a
superfície da água, via seu próprio reflexo, que ele acreditava tratar-se de outro animal;
diante daquela imagem, sem beber fugia.
Finalmente a sede lhe fez perder todo conhecimento, e com ele, a paciência; de um salto se
jogou na água, e no mesmo instante, o outro cachorro desapareceu.
Desaparecido aquele cão diante de seus próprios olhos, se esfumou entre ele e seu desejo,
aquele obstáculo que não era senão ele mesmo.
Assim, é como desapareceu o obstáculo que se elevava diante de mim; sem dúvida alguma,
quem foi assim aniquilado não foi outro senão meu eu. Desta maneira fui salvo; meu primeiro
guia no Caminho foi um cachorro".
Desvanece também tu, da frente dos teus olhos. O obstáculo que te impede avançar é o teu eu; faça-
o desaparecer.
O menor apego a teu eu é uma pesada corrente que trava teus pés. Se sentes a necessidade constante
de Sua presença embriagadora, nunca voltes a ti. Esse é todo o vinho que precisas.
Não regresses a ti; renuncies a teu eu, a abnegação de si é "luz sobre luz". (Al Qur’an, XXIV, 35).

( Farid ud-Din Attar, O Livro divino)

A PEREGRINAÇÃO

Um dia, quando o Shaykh Abd Allah Mubarak (736-798) encontrava-se em Makka, viu em sonhos
dois anjos descerem dos céus, perguntando-se quantos peregrinos haviam acudido aquele ano:
"Seiscentos mil", disse um deles. "E quantos há cuja peregrinação tenha sido aceita?" "Nem um
sequer", respondeu o outro anjo. "Entretanto, acrescentou, há em Damasco um sapateiro
chamado Ali ibn Mufiq, que não efetuou a peregrinação em pessoa; pois bem, sua
peregrinação foi aceita e lhe foi concedida a graça dos seiscentos mil peregrinos".

Quando despertou, o shaykh decidiu ir à Damasco conhecer aquele sapateiro. Finalmente o


encontrou e lhe contou seu sonho.

Era um ancião que, ao ouvir aquele relato, começou a chorar. Contou que trinta anos antes, após
haver poupado, a custa de grandes penas, trezentas e cinquenta moedas de ouro para ir a Makka,
soube que seus vizinhos passavam fome. Então, entregou-lhes a soma dizendo-lhes: "Tomem o
dinheiro para atender a vossos gastos, esta será a minha peregrinação".

(Farid ud-Din Attar, O Memorial dos Santos)


SHIBLÍ E O PADEIRO

Um padeiro havia ouvido falar do célebre Abu Bakr al- Shiblí e desejava ardentemente conhecê-lo.
Um dia, Shiblí foi a sua padaria e, sem esconder-se, pegou um pão. O padeiro, que nunca o havia
visto, avançou sobre ele, tomou-lhe o pão das mãos, dizendo-lhe: "Vá, mendigo, meu pão não é
para ti". Shiblí se foi. Então, alguém disse ao padeiro: "Não sabes que este homem é Shiblí?
Como lhe negas o pão?" Morto de vergonha, o padeiro correu atrás de Shiblí, o alcançou e
jogando-se a seus pés pediu-lhe mil desculpas. Shiblí disse-lhe: "Se queres ser perdoado, prepare
um banquete para amanhã, e chame muitos convidados".

O padeiro apressou-se a armar uma festa suntuosa, convidando grande número de pessoas e
anunciando a presença de Shiblí. Quando este chegou, todos sentaram-se para comer.

Um homem piedoso perguntou-lhe: "Como se pode discernir entre um homem bom e um


homem mau?" Shiblí respondeu: "Se queres ver a um homem mau, olha nosso anfitrião: por
mim, gastou cem moedas de ouro; por Alláh, não queria dar um pão. Ao invés de entregar-se a
gastos de loucura para um homem célebre, mais lhe valeria dar um pão com doçura a um
mendigo. Parecer homem generoso não é nada; o que conta é a pureza da intenção".

(Farid ud-Din Attar, O Livro divino)

HISTÓRIA ILUSTRADORA DA LOUCURA DO INDIGNO

O insolente mendigou a um homem piedoso, mas este não tinha dinheiro na sua casa. Caso
contrário teria jogado ouro nele, como se pó fosse. O espertalhão, portanto, saiu e começou a
insultá-lo na rua.
O olho de quem encontra faltas, não enxerga méritos. Que consideração tem, quem atuou
desonestamente, para com a honra do outro?
Sendo informado dos seus impropérios, o homem piedoso sorriu e disse: "Está bem, ele apenas
numerou poucas, das minhas más qualidades. O mal que supôs em mim, sei, certamente, que
o tenho. Somente faz um ano que me conhece, como pode saber as faltas de meus setenta
anos? Ninguém senão o Sapientíssimo sabe de minhas faltas melhor do que eu. Nunca conheci
alguém que me atribuísse tão poucos defeitos. Caso ele testemunhe contra mim no dia do
Juízo, não terei medo. Se ele, que pensa mal de mim, procura revelar minhas faltas, di-lhe que
venha e tome nota de mim."
Seja humilde quando o véu da tua reputação é arrancado. Se um cântaro fosse feito do pó dos
homens, os caluniadores o esmagariam a pedradas.

HISTÓRIA DE UM GLUTÃO

Na companhia de alguns religiosos mendicantes, entrei num palmeiral de tâmaras em Basora. Entre
eles havia um glutão. Disposto à ação subiu a uma palmeira, e caindo de cabeça, morreu.
O chefe da cidade perguntou: "Quem matou esse homem?"
"Fica tranquilo amigo -respondi-, caiu duma rama por causa do peso do seu estômago".

HISTÓRIA DE UM BURRO SÁBIO

Alguém, jogado na rua, chorava dizendo: "Quem, neste deserto, está mais angustiado que eu?"
Um burro de carga respondeu: "Oh insensato, durante quanto tempo lamentarás a tirania do
destino? Vá embora e agradece que apesar de que não montes num asno, você não é um burro
sobre quem os homens montam".

(Shaykh Saadi de Shiraz, Al-Bustan, "Jardim de Frutos")

A ANCIÃ DE CORAÇÃO QUEIMADO

Um dia, no mercado de Bagdá, instalou-se um incêndio violento. Todos se puseram a gritar. O fogo
provocou um enlouquecimento como no Juizo final.
Uma anciã aflita, bastão na mão, chegava não se sabe de onde. Alguém lhe disse: "Estás louca, não
sigas, tua casa incendiou-se".
"Cala-te", respondeu ela, "Tu estás mais louco do que eu. Alláh nunca fará arder minha casa".
Extinguido o fogo, viram que muitas casas haviam queimado, mas a casa da senhora estava intacta.
Perguntaram-lhe: "Anciã, como sabias que seria assim?"
Ela humildemente respondeu: "Eu sabia que o fogo consumiria ou minha casa ou meu coração.
Mas Alláh, que já queimou meu coração na provação, não permitiria que minha casa também
ardesse"

(Farid ud-Din Attar, O Livro Divino)

CINZAS SOBRE A CABEÇA DE UM HOMEM CÉLEBRE

A correção dos costumes. Conta-se que Al-Rabi al-Djizi, companheiro do Imam Al-Shaf'i (fundador
do rito jurídico shafi'ita, um dos quatro ritos ortodoxos do Islam. Morreu no Egito em 204
Hégira/819 d.C.) - que Alláh o tenha em sua estima - passeava um dia pelas ruas do Cairo. Uma
caixa cheia de cinzas foi esvaziada sobre sua cabeça. Desceu de sua montadura e começou a limpar
suas roupas. Perguntaram-lhe:
- Não estás aborrecido?
Respondeu:
- Aquele que merece o fogo do inferno e em lugar deste fogo recebe cinzas, não tem porque
encolerizar-se.
Morreu no ano 250 da Hégira (864 d.C.)

(Ahmad al-Qalyûbî, O Fantástico e o


Cotidiano)
O QUE DIFERENCIA UM SUFI DE UM ERUDITO

Ao começo do Império Otomano, havia um sultão que se interessava pelas Turuq (pl. de Tariqa) e
certo dia, perguntou a seu vizir: "Qual é a diferença entre uma pessoa culta ou erudita, e o Povo
do Caminho?"
"Sua Majestade - respondeu o funcionário - caso aceites, esta noite podemos ir a um lugar onde
a diferença ficará muito clara."
Horas depois, trocaram seus trajes e aparentando ser pessoas comuns, foram a uma casa-grande
onde havia uma reunião da qual participavam como convidados homens cultos e pessoas da Tariqa.
Ingressaram e se acomodaram num canto. Então entrou uma pessoa a quem o vizir perguntou: "Oh
nosso mestre!, quem aqui é o primeiro dos eruditos?" Recebendo como resposta "Não sabes
quem sou eu, para me fazer esta pergunta; eu sou o primeiro". Depois, apareceu um segundo, e
o vizir o interrogou da mesma maneira. Enfurecido, o homem culto berrou: "Que pergunta é essa?
Não sabes quem sou eu? Sou o primeiro, o melhor!"
Todos os eruditos diziam ser o primeiro, o mais importante nesse encontro. E usavam enormes
turbantes.
Mais tarde começou a chegar o povo das Turuq. O vizir se aproximava e dizia: "As salaam
alaykum, oh meu irmão, oh shaykh Naqshbandi! Dentre os presentes, quem é o shaykh mais
importante da Tariqa?" E escutou: "Está vindo atrás de mim".
O que veio depois acrescentou: "O irmão que vem em seguida". Os que chegaram, quarenta no
total, responderam: "Vem atrás de mim". E o último afirmou: "Eles acabam de passar".
Então o sultão concluiu: "Os primeiros são os eruditos, e estes últimos são os da Tariqa, que
treinam seus egos aplicando enxertos para mudar más características por boas".

(Shaykh Nazim al-Haqqani an-Naqshband, O Caminho Naqshbandi)

calçados e combinaram usá-los alternadamente. Mas quando chegaram em casa o irmão mais novo
afirmou querer usá-los durante o dia. O irmão mais velho ficou muito aborrecido porque só poderia
usar os sapatos à noite, o que o impediria de dormir. Os sapatos logo se gastaram. Disse o irmão
mais novo: "Vamos comprar outro par". O irmão mais velho respondeu: "Chega de sapatos.
Prefiro dormir à noite".

(O Correio da UNESCO, no. 6, Junho de 1976)

HISTÓRIA DE UMA GOTA DE CHUVA

Uma gota de chuva caiu de uma nuvem de primavera e, vendo a grande extensão do mar, sentiu
vergonha. "Onde está o mar e onde estou eu?", refletiu. "Comparada com ele, na verdade, eu
não existo". Enquanto se julgava assim, com desdém, uma ostra a tomou em seu regaço e o Destino
lhe deu forma em sua trajetória de maneira que uma gota de chuva se converteu, finalmente, em
uma famosa pérola real.
Foi exaltada porque foi humilde. Chamando à porta da extinção, tornou-se existente.

(Saadi de Shiraz, Al-Bustan)


O CREDOR E A VISTA

Um quitandeiro tinha um aprendiz que, por ser vesgo, via tudo duplo. Certo dia, o quitandeiro lhe
disse: "Quero que vás ao depósito e tragas a jarra de azeite que está na estante". O aprendiz foi
e retornou dizendo: "Há duas jarras, qual trago?"
O quitandeiro enfadou-se e disse com sarcasmo: "Rompa uma e traga a outra!"
O aprendiz fez o ordenado, mas quando rompeu uma, a outra desapareceu.

(Farid ud-Din Attar)

PENSANDO NO SULTÃO

O sultão Harun ar-Rashyd perguntou a Bohlul (o louco): "Em que ocasiões pensas em mim?"
Bohlul respondeu-lhe: "Sempre que esqueço Alláh, me lembro de ti".

(Farid ud-Din Attar)

ARBÍTRIO

Um derviche foi a uma quitanda e pediu alguma coisa. O quiitandeiro disse: "Nada tenho
agora".
O derviche foi embora.
Perguntei ao quitandeiro: "Por que não lhe destes alguma coisa?"
Ele respondeu: "Não estava destinado por Alláh que recebesse alguma coisa".
Eu disse: "Alláh o destinou, mas você não permitiu que acontecesse. Se tivesses posto tua
mão na caixa e a caixa te houvesse agarrado ou a tivesse machucado, de maneira que não
pudesses colher o que procuravas, então dirias que Alláh não o queria."

(Shams
de Tabriz)

A LUA E O SOL

Disse um dia a lua: "Por amor ao sol, inundarei o mundo de luz".


Responderam-lhe: "Se és sincera, haverás de evoluir noite e dia,
Até que estejas em conjunção com ele; então, perder-te-ás nele e te farás invisível.
Te consumirás no ardor de seus raios e te humilharás diante de sua elevação;
Logo, saindo de seus raios, tua beleza maravilhará as criaturas; com o olhar fixo em teu rosto,
indicar-te-ão com o dedo".
Qual é, então, esse mistério? A lua, após perder-se no sol, reaparece fora de seus raios;
Errante aceita a aniquilação, despreocupada de si mesma, se oferece à vista do globo terrestre, que
sempre se apega a seu próprio Eu.
Tem se consumido para o sol, tem encontrado o amado após a separação.
A lua cheia da décima quarta noite, apesar de todo o seu esplendor, não se compara ao menor dos
crentes.
A lua cheia ostenta a sua beleza, e como é vaidosa, ninguém a busca.
Mas quando, na fase crescente, a lua está bem fina, todos põem-se a buscá-la, com um sorriso nos
lábios.
Permanecer aprisionado ao próprio Eu é perpetuar a própria desgraça.

(Farid ud-Din Attar, O Livro Divino)

SALOMÃO E A FORMIGA ENAMORADA

Caminhando, magnífico e nobre, passava Salomão em um lugar ao longe, diante de um formigueiro.

Todas as formigas aproximaram-se para mostrar-lhe sua submissão; em uma hora havia milhares
delas.
Apenas uma não se apressou a vir, pois havia diante de seu ninho um montículo de areia cujos grãos
contava um a um para fazê-lo desaparecer.
Salomão a fez chamar e disse: "Formiga, não tens aspecto de ter grande resistência nem força;
E nem com a longevidade de Noé e a paciência de Jó poderias levar a cabo o trabalho que tens
empreendido.
Se sai dos limites de tuas forças; nunca poderias fazer desaparecer esse montículo de areia".
A formiga, soltando a lingua, disse: "Grande rei, nesta via não se pode avançar senão com
magnanimidade!"
Uma formiga, depois de me haver aprisionado na armadilha de seu amor, ocultou-se de minha vista
dizendo-me:
"Se destroes esse monte de areia e deixas livre o caminho, farei desaparecer o grande
obstáculo que nos separa e aceitarei tua companhia.
Então, me dediquei a este trabalho, sem pensar em outra coisa que em mover a areia.
Se a faço desaparecer, poderei aspirar à união com minha amada.
E se hei de perder a vida no cumprimento desta obra, não terei sido nem jactanciosa nem
mentirosa".
Amigo, aprende de uma formiga o que é a força do amor; aprende de um cego o segredo da visão.
Ainda que a formiga esteja destinada ao infortúnio, é um servo no Caminho.

(Farid ud-Din Attar, O Livro Divino)

O SÁBIO DE GORGÁN E A GATA

Havia um grande sábio que vivia em Gorgán. Tinha em sua casa uma gata que o queria muito.
Estava sempre junto a ele, e se não, se acocorava no tapete de oração. Ia livremente à cozinha, pois
sabiam que nunca tocava em nada, contentando-se com o que lhe davam.
Pois bem, um dia ao entardecer, foi à cozinha e roubou um pedaço de carne da panela. O servo do
sábio se deu conta do ocorrido e lhe bateu. A gata, magoada, colocou-se em um canto demonstrando
seu descontentamento. O sábio perguntou pela gata a seu servo, que contou-lhe o que aconteceu.
Então, chamou a gata e disse-lhe: "Por que fizeste isso?"
A gata foi-se e retornou por tres vezes, trazendo seus gatinhos recem nascidos. Colocou-os aos pés
do sábio, e triste refugiou-se em uma árvore, abrindo os olhos bem grandes e guardando silêncio.
O sábio dirigiu-se aos que o rodeavam, dizendo-lhes:
"O delito desta gata é perdoável, pois não cometeu-o pensando em si mesma. Sua conduta não
tem nada de surpreendente, pois o amor materno é algo prodigioso. Enquanto não se tem
filhos, não se pode compreender essa solicitude."
Logo, disse ao servo: "Este pobre animal, privado da palavra, certamente sofreu muito. Peça-
lhe perdão, e sua ira desaparecerá".
Coisa que o servo fez, mas sem êxito. O sábio, por sua vez, falou-lhe, rogando-lhe que descesse da
árvore. Em seguida, a gata desceu e acocorou-se a seus pés.
"Todos os assistentes deram razão ao pobre animal e aderiram a gratidão daquele doce ser.
Ainda que tenhas laços para encher cem mundos, nunca igualar-se-ão ao de um único filho. O
único acima desse apego pelo filho é Allah, o Puro, o Incomparável".

(Farid ud-Din Attar, O Livro Divino)

Certo dia em que Moisés dialogava com Alláh, pareceu-lhe ouvir uma voz que lhe dizia: "Oh
Moisés! Protege àquele que procura refúgio!" Ele saiu de sua contemplação e percebeu uma
pomba que gritava: "Socorro! Moisés, socorro!" Moisés abriu sua manga e nela a pomba enfiou-se.
Pouco depois, apareceu uma águia que lhe disse: "Tu encerras na manga algo que me pertence,
dê-me o!" "Allah me ordenou abrigar àqueles que procuram refúgio", justificou-se Moisés,
inclinando-se sobre sua coxa para cortar um pedaço dela e lhe dar. "Não sabes que a carne dos
profetas me está proibida e que eu prometi não comê-la?" disse a águia. A águia elevou-se e pos-
se a voar ao redor da cabeça de Moisés. "Deixe-me partir!" pediu a pomba. "Mas a águia está
aqui, ver-te-á e pegar-te-á!" "Aquele que deu sua palavra não a tomará de volta e assim saberá
mantê-la" disse-lhe a pomba. Moisés libertou a pomba. As duas aves juntaram-se e ficaram girando
ao seu redor. Uma voz disse: "A águia é Gabriel, e a pomba, Miguel. Eles vieram ver se sabes
manter tua palavra".

Abûl'-Hasan Khraqânî, "Nûr al-'ulûm" (A Luz das Ciências)

Um hóspede chega de repente à casa de um beduino. Havia somente um pouco de leite, que lhe foi
oferecido. Mas o hóspede continuava com fome. O beduino entrou dentro de casa e disse a sua
mulher: "Mata a cabra!" "Mas ela é tudo que nós temos, vamos morrer de fome!" grita ela. "É
melhor morrer de fome do que deixar o hóspede faminto." Eles mataram a cabra e a serviram.
No momento de despedir-se, o hóspede disse a seu servente: "Dá-lhe tudo o que guardas!" "Mas é
uma fortuna, mestre, e ele não matou senão uma pobre cabra!", exclamou o servente. "Exato,
porém ele nos deu tudo o que possuia e nós demos pouca coisa. Sua generosidade ultrapassou
de longe a nossa".

Abûl'-Hasan Khraqânî, (Idem)


Um homem apresentou-se a Bâyazîd al-Bistami, manuseando um tasbih (terço islâmico)
displicentemente. "Precisarás de dois, disse-lhe Bâyazîd, com o primeiro, computarás as boas
ações, e com o segundo, as más."

Abûl'-Hasan Khraqânî, (Idem)

Bâyazîd al-Bistami disse: "Quando a tristeza penetrar em seu coração, guarde-a preciosamente
porque é com a baraka desta tristeza que os Homens atingem o alvo".

Abûl'-Hasan Khraqânî, (Idem)

O LOBO PASTOR

Conta-se que o profeta Musa (Moisés) - que a benção de Allah esteja com ele - um dia chegou com
seu rebanho de ovelhas a um vale infecto de lobos. Havia alcançado o limite extremo da fadiga.
Sentiu uma grande confusão: não podia ocupar-se de cuidar das ovelhas, já que o sono e o cansaço
terminariam por vencê-lo. Caso deitasse tranquilamente, os lobos assaltariam o rebanho. Lançou um
olhar furtivo ao céu e disse:
- Oh Allah, Tua ciência envolve todas as coisas, Tua vontade supera qualquer obstáculo, Tua
decisão precede qualquer ato.
Depois deitou-se, repousou sua cabeça no chão e dormiu. Quando acordou, viu que um lobo havia
apoderado-se de seu bastão. Bastão no ombro, o lobo tomava conta do rebanho e o protegia de seus
congêneres. Musa surpreendeu-se ao ver esta cena. Allah Altíssimo disse-lhe em segredo:
- Oh Musa, seja para Mim tal qual Eu quero e Eu serei para ti tal qual desejas.

"Lo Fantastico y lo Cotidiano", Ahmad al-Qalyûbî

O SILÊNCIO QUE SUPERA O BEM E O MAL

Perguntaram a um homem eminente que havia viajado muito ao redor do mundo se poderia falar
sobre alguém que tivesse conhecido.
Ele respondeu: "Viajei pelos sete climas, mas no mundo inteiro não vi mais que um homem e
meio.
A unidade foi um homem que morando numa zawya não falava nada de bom nem nada de
mal de ninguém.
A metade era um homem excelente nisto, que das pessoas somente falava o bem."
Enquanto o bem e o mal te acompanharem, não terás coração clarividente nem alma consciente;
mas depois que deixes um e outro, tua alma será absorvida dentro do segredo da santidade.

"Le Livre Divine", Farid ud din Attar

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"O que é o melhor para um homem neste caminho?", perguntaram certo dia ao grande mestre
Abu Yazíd al-Bistami.
"A felicidade congênita", respondeu.
"E se lhe falta isso?"
"Um corpo forte."
"E se não o tem?"
"Um ouvido atento."
"E sem ele?"
"Um coração sábio."
"E se carece dele?"
"Um olho que veja."
"E se não o tem?"
"Uma morte súbita."

"Tadhkirat-ul-Awliya" ("72 Santos Sufis"), Farid ud din Attar

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O Waly Ibrahim ibn Adham foi um príncipe que renunciou ao seu reino e dirigiu-se à Síria para
levar uma vida de completo ascetismo, ganhando seu pão como jardineiro.
Certo dia, um homem trouxe mil dinares a Ibrahim..
"Toma", lhe disse.
"Não aceito nada de mendigos", replicou Ibrahim.
"Mas eu sou rico", acrescentou o homem.
"Queres ter mais do que já possuis?", perguntou Ibrahim.
"Sem dúvida", exclamou o homem.
"Então, leva o dinheiro de volta", disse Ibrahim. "És o chefe dos mendigos. Sem dúvida, isto já
não é mendicidade. É a mais terrível miséria"; concluiu Ibrahim.

Idem, Farid ud din Attar

AS DUAS RAPOSAS

Duas raposas encontraram-se e passaram a compartilhar a mesma comida. Juntas experimentaram


tal deleite que um forte apego surgiu entre elas. Um rei que caçava na planície com suas panteras e
falcões separou essas duas raposas. A fêmea perguntou então ao macho: "Ó caçador de tocas!
quando nos encontraremos de novo?" Ele respondeu, enquanto abandonavam seu esconderijo:
"Minha cara, se nos encontrarmos novamente será no peleteiro da cidade, pendurados numa
estola".

Farid ud-Din Attar, "A Linguagem dos Pássaros"


A ARANHA

"Não viste a impaciente aranha e como ela passa caprichosamente o seu tempo? Tecendo com
avidez uma rede maravilhosa, veste um canto com sua armadilha e espera que caia nela uma mosca.
Precavidamente constrói sua hábil casa, que abastece com provisões para seu uso. Quando a mosca
precipita-se de cabeça para baixo em sua teia, a aranha sai de seu esconderijo e suga o magro
sangue do pobre bicho. Depois, no mesmo lugar, deixa secar o cadáver tomando-o como alimento
ainda por algum tempo. Um dia o dono da casa levanta-se, escova à mão, e num instante acaba com
essa trama, varrendo mosca, teia e aranha para fora de sua sala.
Assim é o mundo, e o que o alimenta é a mosca apanhada pelas sutilezas da aranha. A teia é o
mundo, e a mosca a substância que Alláh colocou aí para o homem. Ainda que o mundo inteiro te
estivesse destinado, tu o perderias num instante".

Farid ud-Din Attar, "A Linguagem dos Pássaros"

A FÊNIX

Na Índia vive um pássaro que é único: a encantadora fênix tem um bico extraordinariamente longo
e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Não tem fêmea, vive
isolada e seu reinado é absoluto. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um
desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. Quando ela faz ouvir essas notas
plangentes, os pássaros e os peixes agitam-se, as bestas mais ferozes entram em êxtase; depois
todos silenciam. Foi desse canto que um sábio aprendeu a ciência da música. A fênix vive cerca de
mil anos e conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de
retirar o seu coração do mundo, e todos os indícios lhe confirmam que deve partir, constrói uma pira
reunindo ao redor de sí lenha e folhas de palmeira. Em meio a essas folhas entoa tristes melodias, e
cada nota lamentosa que emite é uma evidência de sua alma imaculada. Enquanto canta, a amarga
dor da morte penetra seu íntimo e ela treme como uma folha. Todos os pássaros e animais são
atraídos por seu canto, que soa agora como as trombetas do Último Dia; todos aproximam-se para
assistir o espetáculo de sua morte, e, por seu exemplo, cada um deles determina-se a deixar o
mundo para trás e resigna-se a morrer. De fato, nesse dia um grande número de animais morre com
o coração ensanguentado diante da fênix, por causa da tristeza de que a veem presa. É um dia
extraordinário: alguns soluçam em simpatia, outros perdem os sentidos, outros ainda morrem ao
ouvir seu lamento apaixonado. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a fênix bate suas asas e
agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Este fogo
espalha-se rapidamente para folhagens e madeira, que ardem agradavelmente. Breve, madeira e
pássaro tornam-se brasas vivas, e então cinzas. Porém, quando a pira foi consumida e a última
centelha se extingue, uma pequena fênix desperta do leito de cinzas.
Aconteceu alguma vez a alguém deste mundo renascer depois da morte? Mesmo que te fosse
concedida uma vida tão longa quanto a da fênix, terias de morrer quando a medida de tua vida fosse
preenchida. A fênix permaneceu por mil anos completamente só, no lamento e na dor, sem
companheira nem progenitora. Não contraiu laços com ninguém neste mundo, nenhuma criança
alegrou sua idade e, ao final de sua vida, quando teve de deixar de existir, lançou suas cinzas ao
vento, a fim de que saibas que ninguém pode escapar à morte, não importa que astúcia empregue.
Em todo o mundo não há ninguém que não morra. Sabe, pelo milagre da fênix, que ninguém tem
abrigo contra a morte. Ainda que a morte seja dura e tirânica, é preciso conviver com ela, e embora
muitas provações caiam sobre nós, a morte permanece a mais dura prova que o Caminho nos
exigirá".

Farid ud-Din Attar, "A Linguagem dos Pássaros"

FOFOQUEIROS SÃO PIORES DO QUE OS DIFAMADORES

Alguém disse a um homem piedoso: "Sabes o que disseram sobre ti?"


"Silêncio", respondeu, "é melhor não saber o que foi dito por um inimigo."
Aqueles que trazem as palavras de um inimigo, seguramente, são piores que o próprio inimigo.
Somente traz o dito por um inimigo a um amigo quem está de acordo com o inimigo. Tu és pior do
que o inimigo, pois revelas o que ele disse em segredo.
Um fofoqueiro reacende uma velha discórdia; mantenha-se tão longe quanto possas de quem
reacende uma disputa adormecida.
Estar preso pelos pés em um poço tenebroso é melhor do que levar injúrias de um lugar para outro.
Uma disputa é como um fogo que o fofoqueiro alimenta com lenha.

(Saadi de Shiraz, Al-Bustan)

SOBRE A CALÚNIA

Não fales mal sobre o "bom" e o "mau", pois podes enganar-se com o primeiro e tornar-se um
inimigo do último.
Saiba que quem difama a outrem revela suas próprias faltas.
Se falas mal de alguém és pecador, mesmo se o que dissestes é verdade.

(Saadi de Shiraz, Al-Bustan)

HISTÓRIA SOBRE O MESMO TEMA

Um sábio disse a alguém que soltou sua lingua, dizendo calúnias: " Não fales mal de ninguém
diante de mim para que eu não possa pensar mal de ti. Ainda que tua dignidade seja
rebaixada, tua própria honra não aumenta por isto."

(Saadi de Shiraz, Al-Bustan)

CONTO DE LUQMAN.

Perguntaram a Luqman, o Sábio: "De quem aprendestes bons modos?" Ele respondeu: "Dos mal
educados. Eu evitei fazer tudo o que eles faziam que me parecia objetável."
Ainda que uma palavra seja dita como broma
É uma lição para um homem alerta
Cem capítulos de sabedoria lidos a um tonto,
Soam como broma a seus ouvidos.

(Saadi de Shiraz, Al-Gulistan)

CONTO - "DA ÉTICA DOS DERVICHES"

Recordo que em minha infância, me inclinava à religiosidade e estava ansioso por gratificar-me
com atos de piedade e abstinência. Uma vez, passei toda a noite em oração, sem dormir nem por um
só momento e sustentando o Alcorão (Al-Qur'an) sobre minhas pernas, enquanto todos ao meu
redor dormiam. Disse a meu pai: "Ninguém levanta a cabeça do sono para rezar, dormem tão
profundamente que poderia-se dizer que estão mortos." Ele respondeu: "Meu filho, para você,
seria melhor dormir do que encontrar faltas nos outros."
O homem pretencioso vê somente a si mesmo.
Pois tem uma cortina de vaidade diante de seus olhos
Se tão somente tivesses os olhos de Alláh
Não verias a ninguém mais desvalido que tu mesmo!

(Saadi de Shiraz, Al-Gulistan)

O MELHOR DISCÍPULO

O Shaykh Djunaid tinha um murid a quem amava acima de todos os outros, o que incitou o ciúme
dos outros discípulos; o Shaykh - como conhecia os corações - se deu conta disto.
"Ele é superior a voces, tanto em cortesia como em compreensão", lhes disse. "Isto é o que
sempre tenho considerado. Façamos uma experiência para que voces também o
compreendam."
Então, Djunaid ordenou que lhe trouxessem vinte pássaros, e disse a seus discípulos: "Cada um
pegue um pássaro, leve-o a um lugar onde ninguém o veja, mate-o, e traga-o logo."
Todos os discípulos sairam, mataram os pássaros e os trouxeram de volta. Todos..... exceto o
discípulo favorito. Regressou com seu pássaro vivo.
"Por que não o matou?" perguntou Djunaid.
- "Porque o mestre disse que teria que fazê-lo em um lugar onde ninguém pudesse vernos",
respondeu o discípulo. "Pois, em todos os lugares onde fui, Alláh estava vendo."
"Essa é a medida de sua compreensão!!!" - exclamou Djunaid - "Podem compará-la com as
próprias."
Os discípulos pediram perdão a Alláh.

(Eva de Vitray Meyerovitch, 75 Cuentos Sufies)

O LOBO EXPLORA A DISPUTA ENTRE DOIS CARNEIROS

Dois carneiros estavam lutando, enquanto o lobo olhava por trás de uma moita. "Lutem, lutem",
disse o lobo para si mesmo. "Lutem até estarem exaustos demais para se moverem; então eu
irei e comerei a ambos".
(Shaykh Muzaffer Ozak al-Jerrahi, Irshad)

O GATO MESTRE

Abu Bakr ash-Shibli conta: Visitei a Nuri (Abu 'l-Husain Ahmed ibn Muhammad an-Nuri), e o vi
sentado em meditação, e não mexia nem mesmo um pelo de seu corpo.
"Onde aprendestes um método de meditação tão excelente?" perguntei-lhe.
"De um gato espreitando diante da toca de um rato" respondeu-me. "E ele estava muito mais
imóvel do que eu".

(Farid ud-din Attar, Tadhkirat-ul-Awliya)

A SERVIÇO DO CÃO

Muhammad Baha'uddin Naqshband disse que ao começo de sua viagem no Caminho do Sufismo,
conheceu um enamorado de Alláh, que ordenou-lhe tomar conta de alguns cães, com veracidade e
humildade, e que a eles pedisse apoio. E disse-lhe "por causa do teu serviço a um deles,
alcançarás enorme felicidade".
"Tomei essa ordem -relata Baha'uddin- com a esperança de achar o cão, e pela minha
dedicação a ele, receber a graça. Certo dia que estava com os animais, senti que um dos cães
adquirira grande estado de felicidade. Comecei a chorar na sua frente, até que ele deitou-se
sobre seu lombo e alçou suas patinhas ao céu. Ouvi que dele emanava uma triste voz. Então
levantei minhas mãos em súplica e comecei a dizer "Amin" até ele silenciar. Nesse momento,
abriu-se uma visão para mim que levou-me a um estado onde senti que era parte de cada ser
humano, e de cada criação nesta terra".

"Um policial meio estúpido recebeu ordem de prender um monge que havia cometido um crime.
Para não esquecer alguma coisa, o policial fez uma lista de tudo o que ia precisar para cumprir a
missão: 'bagagem, guarda-chuva, canga para o preso, documentos, preso e eu'. E passava o
tempo todo repetindo em voz baixa essa lista. O monge logo percebeu que o policial era
abobalhado. Uma noite ele o embebedou, raspou-lhe a cabeça, transferiu a canga para ele e fugiu.
Quando acordou, o policial lembrou-se da lista e começou: 'Vamos ver... bagagem, guarda-
chuva...é, está certo.' Apalpou o pescoço: 'A canga também... os documentos também...' De
repentese assustou: 'Hei, e onde está o monge?' Passou a mão na cabeça e se acalmou: 'Puxa, que
susto! O monge também está aqui.' De repente, novo susto: 'E eu, onde estou?'"

(O Correio da UNESCO, no. 6, Junho de 1976)


GOLPE DE SORTE

Nasrudin perdeu o jumento e saiu à procura dele dizendo o tempo todo:


- Graças a Deus! Graças a Deus!
- Por que graças a Deus? - perguntavam as pessoas.
- Porque eu não estava montado no jumento quando ele se perdeu. Se estivesse, eu estaria
perdido também.

(idem)

CAÇADOR

Alguém consultou Afanti:


- Há anos que caço, mas não compreendo porque os outros caçadores mantêm um olho aberto
e o outro fechado enquanto apontam antes de disparar.
- Tens de fazer o mesmo, - respondeu Afanti - se cerras os dois olhos não verás nada.

(Histórias de Afanti - este é o nome


de Nasrudin na China, Zhao Shijie)

KHIDR E MOISÉS NO NONO PARAÍSO

Certo dia o Profeta Moisés e Khidr estavam no deserto e tinham fome. De repente, uma gazela
apareceu entre ambos. O lado da gazela que dava para Khidr estava assado e o lado de Moisés, cru.
Khidr começou a comer, enquanto Moisés somente podia olhar. "Colhe uns galhos - disse Khidr -
acende o fogo, assa a carne e come."
"Como é possível que a carne no teu lado esteja assada, enquanto no meu está cru?"
"Eu estou no outro mundo - respondeu Khidr -, tu estás neste. A comida deste mundo é
adquirida, a do outro te é proporcionada já no ponto. O pão deste mundo é ganho, o do outro
é dado. Este mundo é o lugar do trabalho; o outro, da retribuição."

"El Libro del Hombre Perfecto", 'AzîzuddinNasafi'

AOS POBRES O PARAÍSO

É narrado que um dia Shaquiq encontrou Ibrahim Adham, que lhe perguntou: "Como estavam os
derviches de tua cidade quando os deixastes?"
"Muito bem!"
"Que quer dizer isso?"
"Quando encontram, agradecem; se não encontram, tem paciência."
"Os cães fazem o mesmo em nossa cidade: quando encontram, comem; e quando não, tem
paciência."
"Diga-me então, Ibrahim, o que devem fazer os derviches?"
"Quando não encontrem nada, que agradeçam, e quando encontrem, que sejam moderados."

(Idem)

"O pássaro luta para sair do ovo. O ovo é o mundo. Aquele


que nasce deve destruir um mundo. O pássaro voa até Deus.
O nome desse Deus é Abraxas" Hermann Hesse, Demian

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