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CASCAVEL - PR
2016
CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSIS GURGACZ
GABRIEL FELIPE STRACKE
CASCAVEL - PR
2016
DEDICATÓRIA
No Brasil, nos últimos anos a construção civil cresceu de forma acelerada, com isso a
demanda de obras aumentou significativamente, levando muitas edificações a apresentarem
desempenhos insatisfatórios, devido a necessidade de um tempo menor para realização das
mesmas, mão de obra não qualificada, entre outros fatores, consequentemente, ocorrendo as
manifestações patológicas, que provocam alterações estéticas e até o comprometimento
estrutural das edificações. O presente trabalho teve o objetivo de levantar as patologias
aparentes em um edifício de três pavimentos, na cidade de Cascavel - PR, sugerindo as
possíveis causas e indicando os métodos corretivos. A metodologia foi um estudo de caso,
abordando os métodos qualitativo e descritivo. As patologias identificadas neste trabalho
foram fissuras e trincas (36,17%), de pintura (27,66%), infiltração (19,15%), bolor (10,64%) e
eflorescência (6,58%). Observando-se as patologias identificadas, verificou-se que as
possíveis origens das mesmas se deram em várias etapas da construção, desde o projeto,
falhas na execução, uso de materiais de baixa qualidade e a falta de manutenção preventiva. A
infiltração foi o problema mais grave apresentado, que ocorreu devido à falta de
impermeabilização da laje de cobertura na etapa de execução da edificação, podendo
comprometer a estrutura com o passar do tempo, se o problema não for sanado.
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 11
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13
1.4 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................... 14
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................................... 14
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 16
2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 16
2.1.1 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................. 16
2.1.1.1 Conceito ........................................................................................................................ 16
2.1.1.2 Patologia: Origens ........................................................................................................ 17
2.1.1.3 Patologias Advindas do Projeto.................................................................................... 18
2.1.1.4 Patologias Advindas da Execução ................................................................................ 19
2.1.1.5 Patologias Advindas do Material Utilizado .................................................................. 20
2.1.1.6 Patologias Advindas da Utilização ............................................................................... 20
2.1.2 TIPOS DE PATOLOGIAS .............................................................................................. 21
2.1.2.1 Eflorescência ................................................................................................................ 21
2.1.2.2 Infiltração...................................................................................................................... 24
2.1.2.3 Bolor ............................................................................................................................. 25
2.1.2.4 Empolamento, destacamento e manchas de pintura ..................................................... 27
2.1.2.5 Fissuração ..................................................................................................................... 30
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 44
3.1 METODOLOGIA ............................................................................................................... 44
3.1.1 Caracterização da Amostra .............................................................................................. 44
3.1.2 Coleta de Dados ............................................................................................................... 45
3.1.3 Análise dos Dados ........................................................................................................... 46
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 47
4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 47
4.1.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ......................................................... 47
4.1.1.1 Análise das incidências patologias no edifício X ......................................................... 49
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 60
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 60
CAPÍTULO 6 .......................................................................................................................... 61
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................................. 61
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 62
ANEXOS ................................................................................................................................. 66
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CAPÍTULO 1
1.1 INTRODUÇÃO
erros, e as chances de cometê-los podem ser reduzidas (SOUZA, 2008 apud PAGANIN,
2013).
É de suma importância a investigação de falhas e avarias nas edificações, que além
de causarem muitas vezes acidentes de natureza grave, como desabamentos, também
contribuem com a depreciação do patrimônio e elevados custos de recuperação e reparos
(VITÓRIO, 2003).
Segundo Paganin (2013), percebe-se a importância de um estudo aprofundado do
assunto, pois a busca da qualidade nas construções é muito grande e deve ser incentivada,
visto que estes problemas podem ser evitados ou corrigidos quando se identifica a causa,
buscando-se sempre a forma mais viável economicamente e tecnicamente.
Contudo, este trabalho teve por objetivo levantar as patologias aparentes existentes
em uma edificação residencial localizada no município de Cascavel – PR, capturar e registrar
imagens, e identificá-las de acordo com o tipo de manifestação patológica, levantar e
quantificar as suas incidências através de gráficos, sugerir as possíveis causas das patologias
existentes e propor um método de reparo para as patologias identificadas.
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
futuramente corrigir falhas que causam insegurança e desconforto aos usuários, podendo até
mesmo levar ao colapso da estrutura.
O edifício X, foi construído há oito anos, possui uma área de 988 m², divididos em
quatro pavimentos, com quatro apartamentos por andar e no pavimento térreo com três
apartamentos, sendo que não houve reformas desde então.
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CAPÍTULO 2
2.1.1.1 Conceito
Cánovas (1988) apresenta que patologia das construções não é uma ciência moderna,
embora tenha ganhado enfoque nas últimas décadas.
Segundo o mesmo autor, o código de Hamurabi que foi elaborado na Mesopotâmia
há cerca de quatro mil anos atrás, mostra a preocupação na antiguidade com a qualidade e
desempenho das edificações, sendo considerado como o primeiro tratado sobre patologia das
construções. As cinco regras básicas do código citado, teve grande repercussão na qualidade
das construções na época, sendo elas: Se um construtor faz uma casa que não seja firma e seu
colapso venha causar a morte do dono da casa, o construtor deverá morrer; Se o colapso
causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor deverá morrer; Se o colapso
causar a morte de um escravo do dono da casa, o construtor deverá dar ao proprietário um
escravo e igual valor; Se a propriedade for destruída, o construtor deverá restaurar o que foi
destruído por sua própria conta; Se um construtor faz uma casa e não faz e acordo com as
especificações, e uma parede ameaça desmoronar, o construtor deverá reforçar a parede por
conta própria.
Para Helene (1992), as patologias das construções pode ser entendida como a parte
da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das
construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema
causador.
De acordo com Ripper & Souza (1998), o crescimento muito acelerado da construção
civil provocou a necessidade de inovações, dando margem a certos riscos, aumentando a
necessidade de um maior conhecimento sobre estrutura e materiais empregados, através de
análise dos erros acontecidos, que resultam em deterioração precoce das estruturas ou
acidentes. Contudo, foi constatado o desempenho insatisfatório de algumas estruturas, estes
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fatores geram a deterioração estrutural, que são diversas, desde o envelhecimento “natural” da
estrutura até mesmo os acidentes que são de responsabilidade de profissionais que utilizam
materiais de baixa qualidade.
Conforme Oliveira (2013), os problemas patológicos só se manifestam após o início
da execução propriamente dita, a última etapa da fase de produção. Em relação a recuperação
dos problemas patológicos, pode-se afirmar que as correções serão mais efetivas, duráveis,
fáceis e baratos quando mais cedo forem reparadas.
A Lei de Sitter foi formulada por Sitter (1984 apud Helene, 1992), mostra os custos
crescendo de acordo com uma progressão geométrica de razão cinco das intervenções de
reparo e diagnostico das patologias. As etapas construtivas são divididas em quatro períodos
correspondentes: o projeto, execução, manutenção preventiva efetuada antes dos primeiros
três anos e a manutenção corretiva efetuada após o surgimento dos problemas.
Para Fortes (1994) as patologias podem ocorrer numa estrutura tanto na fase de
construção como durante o período de pós entrega e uso. As condições apresentadas por uma
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De acordo com Ripper & Souza (1998), podem ocorrer várias falhas durante a etapa
de concepção da estrutura. Elas podem ter origem durante o estudo preliminar (lançamento da
estrutura), na execução do anteprojeto ou durante a elaboração do projeto de execução
também chamado de projeto final de engenharia.
Para Pina (2013) a falta de critério e uma má definição das ações atuantes na
edificação, como por exemplo, escolha inadequada do modelo analítico, deficiência de
cálculo da estrutura ou da avaliação da capacidade portante do solo, incompatibilidade do
projeto arquitetônico com os demais (estrutural, hidráulico, elétrico, entre outros).
Couto (2007) lista alguns exemplos de problemas originados na etapa de elaboração
do projeto:
a) Má definição das ações atuantes ou combinação mais desfavorável para a
estrutura;
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periódica deve observado, principalmente nas partes onde são mais utilizadas ou suscetível de
desgaste, a fim de evitar problemas patológicos e, em alguns casos, a própria ruína da
estrutura (SANTOS, 2014).
De acordo com Machado (2003), existem construtoras que elaboram um manual de
utilização da edificação, incluindo manutenções periódicas, com lista de materiais utilizados
na construção e uma relação de fornecedores e empresas aptas a executar serviços de
manutenção. Este procedimento está ganhando cada vez mais adeptos, da mesma forma que
os usuários se sentem seguros e mais confiantes nos processos desempenhados pela empresa.
A CBIC (2013) complementa que a formatação de um manual de uso e manutenção é
a melhor ferramenta de defesa, tanto para o comprador/usuário do imóvel quanto para o
responsável técnico, este documento além de auxiliar na manutenção e afetar diretamente a
vida útil e durabilidade do edifício, cessa os compromissos entre adquirente e vendedor. No
entanto, há o compromisso de vender um produto de qualidade que oferece garantias ao
consumidor como qualquer outro produto disponível no mercado, pois apesar de as
construções aparentarem serem resistentes as mais diversas ações, se as orientações o manual
de uso e manutenção não forem seguidos, ela tem grandes chances de apresentar
manifestações patologias, assim como fenômenos naturais que estão fora do controle humano.
Os problemas patológicos ocasionados por ausência de manutenção ou por
manutenção inadequada são originadas do desconhecimento técnico, incompetência, desleixo
e em problemas econômicos. A falta de destinação de verbas para manutenção pode vir a
tornar-se fator responsável pelo aparecimento de problemas estruturais, implicando em gastos
desnecessários e dependendo da situação, pode levar até mesmo a demolição da estrutura
(RIPPER & SOUZA, 1998).
2.1.2.1 Eflorescência
Para remoção dos depósitos nas áreas comprometidas, pode-se recorrer a uma
simples lavagem da superfície do revestimento, geralmente já é suficiente para a eliminação
dos depósitos, os mesmo podem voltar a ocorrer, principalmente se as condições continuarem
a serem propícias. O problema tende a diminuir na medida em que os sais forem sendo
eliminados (MOURA, 2004).
Para se evitar a incidência patologia de eflorescência, Uemoto (1988) cita algumas
recomendações:
a) Não utilizar materiais e componentes com elevados teor de sais solúveis;
b) Não utilizar tijolos com elevado teor de sulfatos, a fim de evitar a formação de
substancias solúvel em água ou produtos expansivos;
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2.1.2.2 Infiltração
2.1.2.3 Bolor
Para Alucci (1988), bolor (fungo em estágio inicial) ou mofo (em estágio avançado)
é uma alteração observável macroscopicamente na superfície dos materiais, sendo uma
consequência do desenvolvimento de microrganismos pertencentes ao grupo dos fungos.
Promovem decomposição dos revestimentos através da secreção de enzimas que quebram
moléculas orgânicas complexas até compostos mais simples, que são assimilados e utilizados
no seu desenvolvimento. Sendo um organismo vivo, os fungos tem seu desenvolvimento
afetado pelas condições ambientais, sendo a umidade o mais fundamental.
De acordo com Schönardie (2009), o bolor se manifesta nos revestimentos de
fachadas e paredes, causam alterações estéticas pela formação de manchas escuras em
tonalidades preta, marrom e verde ou ainda machas claras esbranquiçadas e amareladas. Além
da questão estética, a proliferação do mesmo em edificações pode acarretar em problemas
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respiratórios aos moradores, sendo de suma importância garantir a qualidade dos ambientes
internos.
Segundo Uemoto (1999), os fungos são os principais agentes da degradação dos
revestimentos superficiais nas fachadas, pois se adaptam com facilidade a meios estressantes
como baixa umidade, variações bruscas de temperatura e uma baixa quantidade de nutrientes
para sua alimentação. Ainda Cincotto (1995) diz que, mesmo que um material possua todos os
nutrientes necessários para a proliferação de fungos, como carbono, nitrogênio, magnésio e
fósforo, a propagação apenas ocorre quando existir umidade suficiente para a germinação dos
esporos do fungo.
Sua manifestação ocorre em ambientes com elevado teor de umidade ou ambiente
com elevada umidade relativa do ar (acima de 75%) e temperaturas de 10º C à 35º C, sendo
condições ambientais genéricas na região, e mesmo fora destes referenciais, podem ocorrer
emboloramento de acordo com a espécie de fungo (GRANATO, 2002). Além da umidade,
Sato (2000) aponta outros fatores que contribuem para seu desenvolvimento, como a
composição e o pH ácido do substrato e a temperatura ambiente. Esses seres necessitam de
nutrientes que são encontrados em componentes orgânicos da pintura, ou em partículas do ar
que contenham substâncias orgânicas e compostos de nitrogênio, que são os principais
alimentos destes micro-organismos (Figura 5).
Segundo Barros (1997), existem medidas de prevenção para o problema de bolor que
podem ser tomadas ainda na fase do projeto da edificação como, por exemplo, aumentar a
ventilação do ambiente e a iluminação do mesmo. Em banheiro e cozinhas a condensação de
vapor de água faz com que o ambiente seja mais propício à manifestações de bolor. Assim,
para que se tenha uma ventilação eficiente é preciso dimensionar corretamente as janelas
desses ambientes, levando também em consideração o tipo de janela.
Para o reparo, Alves (2010), recomenda raspar as partes afetadas, aplicar uma demão
de fundo preparador para paredes, diluído com aguarrás na proporção 2:1 retocar a superfície
com massa acrílica no reboco externo ou massa corrida no reboco interno e aplicar
acabamento.
Logo, o destacamento é a separação de placas de película do seu substrato devido a
uma perda de aderência (MARQUES, 2013) (Figura 7).
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Para o reparo das manchas, Marques (2013), recomenda uma limpeza ou lavagem
superficial, caso este processo não apresente resultados satisfatórios, o revestimento onde se
encontra a mancha deverá ser removido, utilizando os métodos e produtos adequados e
realizar a repintura, após a preparação da superfície, respeitando os tempos de secagem, em
condições favoráveis e utilizando materiais de boa qualidade.
2.1.2.5 Fissuração
Para Oliveira (2012) fissuras, trincas e rachaduras são manifestações patológicas das
edificações em alvenarias, vigas, pilares, lajes, pisos, entre outros, geralmente causados por
tensões dos materiais. Se o esforço solicitado for maior que a resistência do material, acontece
a falha provocando a abertura e de acordo com sua espessura, será classificada como fissura,
trinca, rachadura, fenda ou brecha.
De acordo com Corsini (2010), tanto as estruturas de concreto, quando nas
alvenarias, a fissura é originada por conta da atuação de tensões nos materiais. Quando o
esforço solicitado for maior do que a capacidade de resistência do material, ocorre a falha,
provocando a abertura de acordo com sua espessura, a fissura tem a tendência de aliviar suas
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tensões. Ou seja, quanto maior for a restrição imposta ao movimento dos materiais, e quanto
mais frágil ele for maiores serão a magnitude e a intensidade da mesma.
Thomaz (1989), ainda afirma que, um edifício nada mais é do que a interligação
racional de diversos materiais e componentes, sendo comum a especificação de componentes
de boa qualidade e resistência menosprezando elementos de ligação, sendo que um sistema de
juntas às vezes é indispensável para que os componentes apresentem o desempenho esperado.
Muitas vezes, a incompatibilidades entre os projetos de arquitetura, estrutura e fundações não
condizem as tensões, que superam a resistência dos materiais, sendo particularmente
desfavoráveis, dando origem a esta manifestação patológica.
Vitório (2003) cita algumas das causas mais usuais de fissuramento das estruturas:
a) Cura mal realizada;
b) Retração;
c) Variação de temperatura;
d) Agressividade do meio ambiente;
e) Carregamento;
f) Erros de concepção;
g) Projeto mal detalhados;
h) Recalque dos apoios;
i) Acidentes.
Olivari (2003) afirma que, ao analisar uma patologia de fissuração, deve-se
inicialmente proceder à sua classificação, que é feita de acordo com sua espessura, conforme
o Quadro 2.
As aberturas podem ser passivas ou ativas. As fissuras passivas quando chegam à sua
máxima amplitude, estabilizam-se devido ao cessamento das causas que as geraram, como é o
caso das fissuras de retração hidráulica ou das provocadas por um recalque diferencial de
fundação que esteja estabilizado, após certo período de tempo. Já as fissuras ativas, são
produzidas por ações de magnitude variáveis que provocam deformações variáveis no
concreto, porém, não se estabilizam. Também é o caso das fissuras de origem térmica e das de
flexão provocadas por ações dinâmicas e variáveis (VITÓRIO, 2003).
Para Ripper & Souza (1998), este tipo de fissuração pode ser prevenido, dentre
outros aspectos, pela correta consideração da influência do meio ambiente, pela atenção
especial ao detalhamento das armaduras das peças estruturais que possuam inércias muito
diferentes, pela correta disposição das juntas de dilatação e pelo cuidado na escolha das cores
das pinturas a serem aplicadas para os elementos estruturais.
componentes do sistema construtivo. A umidade pode ter acesso aos materiais de construção
através de diversas vias, tais como: a umidade resultante da produção dos componentes,
umidade proveniente da execução da obra, umidade do ar ou proveniente de fenômenos
meteorológicos e umidade do solo.
As fissurações provocadas por variação de umidade dos materiais de construção são
muito semelhantes àquelas provocadas por variações de temperatura. Entre um caso e outro,
as abertura podem variar em função das propriedades higrotérmicas dos materiais e das
variações da umidade ou temperatura (THOMAZ, 1989). Independentemente da natureza do
material constituinte dos blocos ou tijolos ocorrerão movimentações higroscópicas, e
consequentemente fissuras pela expansão de tijolos cerâmicos (Figuras 17 e 18).
Thomaz (1989) afirma que podem aparecer também, trincas horizontais na base das
paredes, onde a impermeabilização dos alicerces foi mal executada. Neste caso, os
componentes da alvenaria que estão em contato com o solo absorvem sua umidade, gerando
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porcentagem de água interna diminui, sendo a retração mais intensa em tempo seco e quente.
Vale ressaltar que e de suma importância o grau de umidade do meio ambiente para o
desenvolvimento da retração (VITÓRIO, 2003).
Para Thomaz (1989), a retração de um concreto ou argamassa, quando a umidade do
ar é constante, se dá de forma mais acelerada nas primeiras idades, podendo vir a tingir cerca
de 50% da retração total com apenas sete dias de condicionamento. Além dos fatores internos
da argamassa e das condições ambientais. A forma geométrica da peça influi decisivamente
na grandeza da retração, pois quanto maior a relação da área exposta da peça, maior será a
retração desenvolvida. A retração de paredes e muros como um todo, e mesmo a retração
diferenciada entre componentes de alvenaria e argamassa de assentamento, podem provocar
fissuras e destacamentos idênticos àqueles provocados por variações de umidade e
temperatura (Figura 21).
Thomaz (1989), ainda afirma que nas alvenarias de vedação com aberturas de portas
e janelas (Figura 26), as fissuras poderão ganhar configurações diversas, em função da
extensão da parede, da intensidade da movimentação, do tamanho e da posição destas
aberturas.
Vale ressaltar ainda que, em alvenarias estruturais, há outro caso típico de fissuração
(Figura 27), que são desenvolvidas pela excessiva deformação das lajes ancoradas em
paredes, ocorrendo nas mesmas esforços a flexão lateral, gerando um trinca horizontal
próxima a parede que se estende pela mesma (THOMAZ, 1989).
43
CAPÍTULO 3
3.1 METODOLOGIA
A coleta de dados desta pesquisa teve como objetivo reunir o maior número de
informações do edifício residencial através da inspeção visual e fotográfica das partes internas
e externas dos apartamentos, assim como a área externa, através de um formulário
desenvolvido pelo autor da pesquisa (Quadro 3).
CAPÍTULO 4
19,15%
Fissuração
36,17%
Pintura
Eflorescência 10,64%
Bolor
6,38%
Infiltração
27,66%
Alves (2010), diz que o primeiro passo para o reparo é extinguir a infiltração, pois
caso contrário o problema irá reincidir, após a infiltração resolvida, deve-se raspar as partes
afetadas, aplicar uma demão de fundo preparador para paredes, diluído com aguarrás na
proporção 2:1 retocar a superfície com massa acrílica no reboco externo ou massa corrida no
reboco interno e aplicar acabamento.
Ainda dentre as patologias de pintura, houve o destacamento da mesma na área de
uso comum do edifício X, sendo a causa mais provável a ocorrência de infiltração, pois é
possível notar manchas ao redor da área afetada, que consequentemente levam a presença de
umidade em excesso na superfície de aplicação (Figura 33). Ainda na mesma imagem, além
de se observar o destacamento de pintura e manchas, é possível notar que houve um impacto
mecânico devido a uma possível mudança de algum morador.
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Para remoção dos depósitos nas áreas comprometidas, pode-se recorrer a uma
simples lavagem da superfície do revestimento, geralmente é suficiente para a eliminação dos
depósitos, os mesmo podem voltar a ocorrer, principalmente se as condições continuarem a
serem propícias. O problema tende a diminuir a medida em que os sais forem sendo
eliminados (MOURA, 2004).
A infiltração representou 19,15% das patologias identificadas no edifício X. Para
Vitório (2003), a incidência de problemas causados pela umidade nas edificações é
relativamente expressiva quando comparada com outros tipos de problemas, podendo chegar
a até 50% das incidências.
A Figura 35 ilustra um caso de infiltração que foi causadora de bolor, manchas,
empolamento da pintura e eflorescência, identificada em um apartamento do terceiro
pavimento, sendo que a possível causa foi a inadequada impermeabilização antes da
colocação do revestimento na laje.
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Dentre as patologias de fissuração, houve casos como o da Figura 39, onde ocorreu
uma fissura horizontal na argamassa de revestimento, provocada pela movimentação térmica
da parede, que possui um módulo de deformação diferente da pingadeira acima, sendo o
motivo mais provável devido as movimentações diferenciadas dos componentes.
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Neste caso, o reparo mais eficiente é efetuado com selantes flexíveis (poliuretano,
silicone, entre outros), abrindo a região da trinca um sulco com formato de “V”, com
aproximadamente 20mm de largura e 10mm e profundidade, intercalando a aplicação entre o
selante e fita crepe (THOMAZ, 1989).
De acordo com a Figura 41, é possível verificar a ocorrência de uma fissura
inclinada, devido a sobrecargas, a causa mais provável para este tipo de fissura é pela falta de
vergas e contravergas que são responsáveis por absorver e distribuir os esforços de tração e
cisalhamento causados pelos vãos de abertura na alvenaria.
CAPÍTULO 5
De acordo com o que foi exposto neste trabalho, pode-se afirmar que os objetivos
propostos foram atendidos, pois os mesmos eram de levantar as possíveis causas do
surgimento e indicar o método de reparo das patologias aparentes existentes no edifício X,
localizado no bairro FAG da cidade de Cascavel – PR. Durante a vistoria, as patologias foram
analisadas visualmente e registradas em imagens para que posteriormente pudessem ser
classificadas e analisadas separadamente.
De acordo com os dados obtidos, as fissuras e trincas foram as manifestações
patológicas mais incidentes, representando a maioria das patologias identificadas, a causa
mais provável é que foram as falhas durante o processo de execução. Já as patologias
relacionadas a pintura, tiveram sua origem pelo uso de materiais de baixa qualidade, não
respeitando o tempo de cura e secagem dos componentes de revestimento e também pela
umidade proveniente da infiltração. A infiltração foi a patologia com maior necessidade de
reparo, pois a mesma faz com que o ambiente fique propício para o surgimento de outras
patologias, sua origem é dada pela falta de impermeabilização da laje de cobertura na etapa de
execução. O bolor que é a presença de fungos no revestimento se originou devido ao ambiente
ter a presença de: umidade, baixa incidência solar e pouca ventilação, provenientes muitas das
vezes da infiltração e também pelos elementos não considerados em projeto. Já a
eflorescência foi à patologia que se teve a menor incidência, se manifestou devido a
infiltração, fazendo com que ocorressem as reações químicas pela presença de água,
formando depósitos salinos.
É possível corrigir todas as patologias identificas no levantamento, porém, a
infiltração demonstra a maior necessidade de reparo, pois com o passar do tempo, pode causar
danos nos elementos estruturais, como por exemplo, a corrosão das armaduras, onde a
correção será mais complexa e mais onerosa para corrigir.
É de suma importância que a manutenção preventiva ou corretiva seja levada em
consideração ao longo da vida útil da edificação, sendo que previne e corrige as mesmas,
evitando que o problema se agrave e sejam necessários gastos maiores para a intervenção,
evitando também o desconforto dos usuários.
61
CAPÍTULO 6
REFERÊNCIAS
CORSINI, R. Trinca ou Fissura? Téchne. São Paulo, ed. 160, p. 56, 18 julho 2010.
COUTO, J. P.; COUTO, A. M. Importância da revisão dos projectos na redução dos custos de
manutenção das construções. In: CONGRESSO CONSTRUÇÃO 2007. Coimbra, Portugal.
Universidade de Coimbra, 2007.
PINA, Gregório Lobo de. Patologia nas habitações populares. 2013. 86 f. TCC (Graduação)
- Curso de Engenharia Civil, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2013.
SANTOS, Silmara Silva dos. Patologia das construções. Ipog: Especialize, Curitiba, v. 1, n.
7, p.1-14, 13 out. 2013.
SOUZA, Marcos Ferreira de. Patologias Causadas pela Umidade nas Edificações. 2008. 64
f.. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Escola de Engenharia, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, 2008.
UEMOTO, K.L. Patologia: danos causados por eflorescência. In: Tecnologia de edificações.
São Paulo: Pini, 1988. p. 561-564
ANEXOS