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Sentença tipo A
Como causa de pedir, afirma que foi autuada por ter sido identificado 1
recipiente GLP tipo P-45 da sua marca supostamente impróprio para
comercialização, em 06/08/2015, durante ação fiscalizatória em caminha do
agente revendedor GORDO GÁS LTDA ME. Que foi instaurado processo
administrativo no qual fez o pagamento da multa para evitar inclusão em
CADIN.
Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a MARIA AMELIA ALMEIDA SENOS DE CARVALHO.
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Aduz a ilegalidade do valor fixado para a multa uma vez que não houve
lesão ao mercado consumidor, devendo ser aplicado o princípio da
insignificância.
JFRJ
Inicial e documentos de fls.01/192. Fls 395
Relatados, decido.
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consumidor; 3) o ato decisório é carente de motivação; e, 4) fez-se ausente a
motivação para majoração baseada na “vantagem auferida” e não foi observada
a “condição econômica” da autora e seus “antecedentes” não foram
JFRJ
perfeitamente valorados. Fls 396
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apresentadas são potencialmente capazes de causar lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma infringida, qual seja, a incolumidade física dos
consumidores, a despeito de o vício de qualidade tenha ocorrido em pequeno
JFRJ
percentual dos produtos negociados pela empresa. Fls 397
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elementos suficientes para determinar a natureza da infração, a
individualização e a gradação da penalidade, refere-se ao
processo administrativo como um todo, para garantir ao
administrado o exercício do contraditório e ampla defesa. A
falta de capitulação ou de penalidade no auto de infração, que JFRJ
contém a descrição do fato, não implica nulidade. Precedentes. Fls 398
6. São relevantes - e não insignificantes – as irregularidades
capazes de causar lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
infringida, ou seja, a incolumidade física dos consumidores e
daqueles próximos aos locais onde armazenados os botijões,
mesmo que o vício de qualidade afete poucos produtos. Basta
um só em desconformidade com a norma para ensejar a sanção
administrativa. 7. As irregularidades e os dispositivos violados
foram indicados de forma precisa, e a parte autora, notificada,
apresentou defesa administrativa, alegações finais e recurso.
Assim, não se cogita de qualquer irregularidade no processo,
nem prejuízo à defesa, mantendo-se hígida a presunção de
legalidade e legitimidade dos atos administrativos. Os
procedimentos fiscalizatórios e o auto de infração observaram
os princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa,
inexistindo razão para anulação. 8. A pena de multa aplicada
considerou as circunstâncias do caso e os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, dentro dos limites do
poder de polícia da ANP. Teve por fundamento não só os arts.
31, § 1º, 32, 33, e 36, V, VII, XV, da Resolução ANP nº
15/2005, mas também o art. 3º, VIII, da Lei nº 9.847/99, com a
gradação do seu art. 4º, caput, observada a condição econômica
da apelante, que possui vultoso capital social, descabendo a
redução da multa ao mínimo legal. Comedidamente aplicada,
corresponde a apenas 4% do máximo legal. Precedente. 9. É
vedado ao Poder Judiciário usurpar competência atribuída por
lei à ANP para fiscalizar as atividades econômicas da indústria
do petróleo, devendo prevalecer os atos presumidamente
legítimos da entidade administrativa, que detém conhecimento
técnico para tanto. 10. Apelação desprovida. (AC
00072814720144025101, NIZETE LOBATO CARMO, TRF2 -
6ª TURMA ESPECIALIZADA.) [DESTAQUEI]
Em sequência, a autora alega ainda que a decisão que aplicou a
penalidade não foi suficientemente motivada e que violou o princípio da
proporcionalidade.
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Ou seja, foram observados os parâmetros do artigo 4º da Lei nº 9.847/99,
assim redigido:
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mesmo artigo (art. 3º da Lei 9.847/99) _, com a listagem dos processos
administrativos relacionados, o que elevou a pena em mais 20% sobre o valor
mínimo, o que resultou na aplicação da multa de R$ 64.000,00 (sessenta e quatro
JFRJ
mil reais). Fls 400
Nesse sentido:
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ADMINISTRATIVO. AGÊNCIA NACIONAL DE
PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP.
AUTOS DE INFRAÇÃO. COMERCIALIZAÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS FORA DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.
VÍCIOS DE QUANTIDADE E VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DE JFRJ
SEGURANÇA. ART. 3º, INCISOS VIII E XI DA LEI 9.847/99. Fls 401
ERRO NA TIPIFICAÇÃO. VÍCIO DE QUALIDADE.
DESCONFIGURAÇÃO DA REINCIDÊNCIA. NULIDADE
DA PENA DE REVOGAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. IRRELEVÂNCIA DA CAPITULAÇÃO
LEGAL. ART. 10, INCISO III, DA LEI 9.847/99 C/C ART. 8º,
§ 1º DA LEI 9.847/99. ADOÇÃO DO CONCEITO DE
REINCIDÊNCIA GENÉRICA PELO LEGISLADOR. PAS DE
NULLITÉ SANS GRIEF. PROVIMENTO DA APELAÇÃO
DA ANP E DA REMESSA NECESSÁRIA. INVERSÃO DO
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. Cinge-se a controvérsia à
análise do conceito de reincidência adotado pelo legislador, se
genérica ou específica, no inciso III do art. 10 da Lei 9.847/99,
para fins de aplicação da pena de revogação da autorização para
o exercício de atividade da pessoa jurídica. 2. A Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP,
autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
foi efetivamente implantada pelo Decreto 2.455, de 14 de
janeiro de 1998, sendo o órgão regulador das atividades que
integram a referida indústria, com a responsabilidade pela
execução da política nacional para o setor energético do
petróleo, gás natural e biocombustíveis. Incumbe-lhe a
fiscalização direta da referida atividade, a teor do art. 8º, caput e
inciso VII, da Lei 9.478/97, com a aplicação das sanções
previstas na Lei 9.847/99. 3. O § 1º do art. 8º da Lei 9.847/99,
regulado pelos artigos 2º a 5º da Resolução ANP n. 8/2012,
dispôs acerca da reincidência, objeto da controvérsia da presente
lide, nos seguintes termos: “verifica-se a reincidência quando o
infrator pratica uma infração depois da decisão administrativa
definitiva que o tenha apenado por qualquer infração prevista
nesta Lei.” Da leitura do referido texto normativo exsurge clara
a mens legis acerca do conceito de reincidência adotado pela
Administração, como de reincidência genérica. Ora, a
disposição legal é expressa no sentido de que a reincidência, no
âmbito da ANP, se configurará quando o infrator praticar uma
infração depois da Decisão administrativa definitiva que o tenha
apenado por qualquer infração prevista na Lei 9.847/99. 4.
Colhem-se da doutrina jurídica penalista os conceitos
elementares de reincidência genérica e reincidência específica.
Como cediço, a reincidência genérica não exige que os delitos
sejam da mesma natureza, abrangendo os tipos previstos em
dispositivos legais diversos que afetam qualquer bem jurídico.
Trata-se da antijuridicidade lato sensu. Já na reincidência
específica, é exigido que os delitos sejam da mesma natureza; ou
seja, se não estiverem previstos no mesmo dispositivo legal
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devem ao menos apresentar caracteres fundamentais comuns. 5.
A Resolução n. 8/2012 - ANP, que regulou o § 1º do art. 8º da
Lei 9.847/99, estipulou critério temporal, em prol da segurança
jurídica, para fins de aplicação das penalidades por reincidência,
no sentido de que condenações definitivas anteriores, no âmbito JFRJ
administrativo, somente serão consideradas como antecedentes Fls 402
pelo prazo de dois anos (no caso de revogação da autorização
para funcionamento) e, por cinco anos, para agravar a pena de
multa. 6. O inciso III do art. 10 da Lei 9.847/99 previu a
penalidade de revogação de autorização para o exercício da
atividade quando a pessoa jurídica autorizada reincidir nas
infrações previstas nos incisos VIII e XI do art. 3º da referida
lei. Na presente hipótese fática, a Autora, em agosto de 2010, foi
condenada com decisão administrativa final pela prática da
infração prevista no inciso VIII do art. 3º da Lei 9.847/99 (PA n.
48610.003405/2010-28) e, em dezembro do referido ano,
autuada pela prática das condutas previstas nos incisos VIII e XI
do art. 3º da Lei 9.847/99 (PA n. 48610.000773/2011-03). 7.
Irrelavante a tese autoral, de enquadramento da primeira
infração no inciso XI do art. 3º da Lei 9.847/99, porquanto ainda
assim incorreria em reincidência. Trata-se de reincidência
genérica, em que qualquer infração praticada posteriormente a
uma decisão administrativa definitiva a configura, não se
podendo falar em nulidade do auto de infração, a teor da
aplicação do princípio pas de nullité sans grief, ou seja, não há
nulidade se não houver prejuízo. Desse modo, a declaração de
nulidade de processo administrativo depende da efetiva
demonstração de prejuízo ao administrado, o que não se verifica
in casu (cf. mutatis mutandis: STJ, MS 12.803/DF, DJe
15/04/2014; MS 14.401-DF, DJe 23/3/2010; MS 14.310-DF,
DJe 10/9/2010; RMS 32.536-PE, DJe 13/4/2011, e REsp
817.846-MG, DJ 27/6/2007) 8. O legislador reservou às
hipóteses descritas nos referidos incisos do art. 3º, VIII e XI,
uma punição severa – de revogação de autorização de
funcionamento -, por serem comparáveis a casos de fraude ou de
qualquer infração reconhecida pelo CADE (art. 10, incisos I e V,
da Lei 9.847/99). O objetivo, pelo bem essencial tutelado, é
resguardar, além da supremacia do interesse público, a proteção
dos indivíduos (trabalhadores e consumidores), bem como a
ordem econômica e o regular abastecimento nacional de
combustíveis. 9. Apelação e remessa necessária providas, para
reformar o teor da r. sentença e julgar improcedentes os pedidos
formulados, com inversão do ônus da sucumbência. (APELRE
201351010016677, Desembargador Federal ALUISIO
GONÇALVES DE CASTRO MENDES, TRF2 - QUINTA
TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R -Data::19/05/2014.)
[DESTAQUEI]
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Sendo assim, pode-se concluir que a decisão do PA n.
48610.002903/2016-49 foi devidamente motivada e proporcional à infração
cometida pela autora.
JFRJ
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO e condeno a autora Fls 403
P. I. (ma)
- assinado eletronicamente -
MARIA AMELIA ALMEIDA SENOS DE CARVALHO
Juíza Federal – Ato ATC 2019/00177
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