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PODER JUDICIÁRIO – JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Rio de Janeiro

6ª Vara Federal do Rio de Janeiro JFRJ


Fls 394
Processo nº 0188682-71.2017.4.02.5101 (2017.51.01.188682-0)
Autor: COMPANHIA ULTRAGAZ S.A
Réu: ANP - AGENCIA NACIONAL DE PETROLEO, GAS NATURAL E
BIOCOMBUSTIVEIS

Sentença tipo A

COMPANHIA ULTRAGAZ S/A propõe a presente ação de rito


ordinário em face da ANP postulando em tutela de urgência a não inclusão do
Processo Administrativo n. 48610.002903/2016-49 em Registro de Reincidências
até julgamento definitivo desta ação.

Ao final, requer a declaração de nulidade do Auto de Infração n. 477.654


eis que o procedimento fiscalizatório equivocado impossibilitou que a autora
pudesse produzir provas que elidissem a presunção de veracidade da autuação,
condenando-se a ré a restituir os valores pagos em razão da autuação.

Subsidiariamente, mantida a autuação, requer seja declarada a nulidade


da majoração de 220% da multa, restituindo-se a diferença corrigida.

Como causa de pedir, afirma que foi autuada por ter sido identificado 1
recipiente GLP tipo P-45 da sua marca supostamente impróprio para
comercialização, em 06/08/2015, durante ação fiscalizatória em caminha do
agente revendedor GORDO GÁS LTDA ME. Que foi instaurado processo
administrativo no qual fez o pagamento da multa para evitar inclusão em
CADIN.

Afirma que o procedimento é nulo pois não lhe foi permitida


apresentação de prova, através de diligências e perícias técnicas. Não há prova
de que o agente revendedor tenha segregado de imediato o botijão com
supostas irregularidades, nem houve acautelamento.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a MARIA AMELIA ALMEIDA SENOS DE CARVALHO.
Documento No: 78298112-28-0-394-10-873236 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade .
Aduz a ilegalidade do valor fixado para a multa uma vez que não houve
lesão ao mercado consumidor, devendo ser aplicado o princípio da
insignificância.
JFRJ
Inicial e documentos de fls.01/192. Fls 395

Decisão de fls. 231/241 indeferindo antecipação de tutela.

Contestação de fls. 244/374 postulando pela improcedência.

Em provas, nada mais foi requerido pelas partes.

Relatados, decido.

Com efeito, a improcedência é de rigor, devendo ser confirmada a


decisão que indeferiu a tutela de urgência, cujos fundamentos passo a acolher.

A Lei n. 9.478/97, ao criar a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis (ANP), atribuiu à autarquia ré a finalidade de promover a
regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes
da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, conforme
disposto no art. 8º, inclusive, competindo à ANP exercer o poder de polícia
sobre as atividades integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos
biocombustíveis.

E, no caso concreto, a autora se insurge contra a multa aplicada no


Processo Administrativo (PA) n. 48610.002903/2016-49 e requer a não inclusão
no cadastro de reincidente até o trânsito em julgado da presente demanda.

Ocorre que, não restaram demonstrados os equívocos no julgamento nos


autos do PA n. 48610.002903/2016-49 suscitados pela parte autora.

Em apertada síntese ela sustenta a nulidade do processo que desaguou


em sua sanção, eis que: 1) não lhe foi viabilizado o contraditório, a ampla defesa
e a dilação probatória e ainda a fiscalização foi realizada no caminhão de agente
revendedor sem a presença de representante da autora e não houve a
segregação do botijão identificado; 2) a aplicação da pena não levou em conta a
insignificância numérica da apreensão e a ausência de lesão ao mercado

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consumidor; 3) o ato decisório é carente de motivação; e, 4) fez-se ausente a
motivação para majoração baseada na “vantagem auferida” e não foi observada
a “condição econômica” da autora e seus “antecedentes” não foram
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perfeitamente valorados. Fls 396

Nessa toada, tece ponderações acerca da necessidade de aplicação em


concreto dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade para os fins de
aplicação da penalidade administrativa.

Inobstante, a compulsão dos autos administrativos revela que a autora


apresentou defesa (fls. 63/75 e 84/96) e alegações finais (fls.111/117) ao longo
do processamento administrativo, sendo intimada de todos os atos processuais
e assistida por advogado. Até aqui então, pode-se concluir que os postulados da
ampla defesa e do contraditório foram observados.

No que concerne à alagação de que a fiscalização deveria ter sido


realizada no caminhão do agente revendedor, com a presença de representante
da autora, e ao fato de que não houve a segregação do botijão identificado no
PA, entendo que não merece prosperar a tese de irregularidade na fiscalização,
porquanto incabível se cogitar que o autor fosse convocado, no momento da
fiscalização, para acompanhar a diligência.

De mais a mais, consoante se observa nas defesas administrativas, os


fatos identificados pelo fiscal não foram em nenhum momento questionados. Se
assim, não haveria a necessidade de segregação do botijão irregular, haja vista
que a afirmação do fiscal bastou para atestar a materialidade da infração, repita-
se, que não foi refutada.

Já no que diz respeito às colocações da autora de que a aplicação da pena


não levou em conta a insignificância numérica da apreensão, que não houve
lesão ao mercado consumidor e que a cominação afrontou aos princípios da
insignificância e da juridicidade, igualmente, não verifico como vingar tais
argumentos.

Com efeito, mostra-se inaplicável o princípio da insignificância aos fatos


em apreciação no PA n. 48610.002903/2016-49, eis que as irregularidades

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apresentadas são potencialmente capazes de causar lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma infringida, qual seja, a incolumidade física dos
consumidores, a despeito de o vício de qualidade tenha ocorrido em pequeno
JFRJ
percentual dos produtos negociados pela empresa. Fls 397

Assim, basta a identificação da desconformidade em um único objeto da


linha de montagem da autora para ensejar a sanção administrativa. Logo,
revela-se inaplicável ao caso a tese da insignificância ou ausência de danos ao
mercado de consumo.

Neste sentido, confira-se:

DIREITO ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. CPC/1973.


AUTO DE INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE. RESOLUÇÃO Nº
15/2005. GLP. ARMAZENAMENTO E/OU
COMERCIALIZAÇÃO DE BOTIJÕES NÃO
REQUALIFICADOS OU COM REQUALIFICAÇÃO
VENCIDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO
INCIDÊNCIA. INFRAÇÃO. MULTA. PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE.
OBSERVÂNCIA. ANP. COMPETÊNCIA PARA
FISCALIZAÇÃO. 1. A sentença negou a anulação de auto de
infração e a devolução do valor da multa, R$ 40.000,00,
aplicada pela ANP pelo armazenamento e/ou comercialização de
botijões não requalificados ou com requalificação vencida,
negando também o pedido sucessivo de nulidade da multa
fixada além do mínimo legal, art. 4º da Lei nº 9.847/1999. 2. Do
Auto de Infração, lavrado em 19/11/2010, consta que, após
inspeção visual, foram separados 795 recipientes com
capacidade para 13 quilos, cheios de GLP, com selo, lacre e
rótulo da Cia Ultragaz S/A, os quais se encontravam prontos
para comercialização, e 35 deles estavam em desacordo com as
normas, um com amassamentos generalizados, sete sem
identificação da tara registrada em seus colarinhos, e 27 com
prazo de requalificação vencido. 3. O art. 8º, VII e XV, da Lei nº
9.478/97 atribui à ANP o dever de fiscalizar as atividades
relacionadas à indústria do petróleo, do gás natural e dos
biocombustíveis e estabelecer critérios e procedimentos para a
aplicação das penalidades por infração a normas quanto ao seu
abastecimento. 4. A Resolução ANP nº 15/2005 estabelece os
requisitos necessários à autorização para o exercício da
atividade de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP),
regulamentando o art. 3º, da Lei nº 9.847/1999, que dispõe sobre
a fiscalização das atividades de abastecimento nacional de
combustíveis e as sanções administrativas aplicáveis. 5. A Lei nº
9.847/99, art. 13, que obriga a Administração a explicitar

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elementos suficientes para determinar a natureza da infração, a
individualização e a gradação da penalidade, refere-se ao
processo administrativo como um todo, para garantir ao
administrado o exercício do contraditório e ampla defesa. A
falta de capitulação ou de penalidade no auto de infração, que JFRJ
contém a descrição do fato, não implica nulidade. Precedentes. Fls 398
6. São relevantes - e não insignificantes – as irregularidades
capazes de causar lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
infringida, ou seja, a incolumidade física dos consumidores e
daqueles próximos aos locais onde armazenados os botijões,
mesmo que o vício de qualidade afete poucos produtos. Basta
um só em desconformidade com a norma para ensejar a sanção
administrativa. 7. As irregularidades e os dispositivos violados
foram indicados de forma precisa, e a parte autora, notificada,
apresentou defesa administrativa, alegações finais e recurso.
Assim, não se cogita de qualquer irregularidade no processo,
nem prejuízo à defesa, mantendo-se hígida a presunção de
legalidade e legitimidade dos atos administrativos. Os
procedimentos fiscalizatórios e o auto de infração observaram
os princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa,
inexistindo razão para anulação. 8. A pena de multa aplicada
considerou as circunstâncias do caso e os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, dentro dos limites do
poder de polícia da ANP. Teve por fundamento não só os arts.
31, § 1º, 32, 33, e 36, V, VII, XV, da Resolução ANP nº
15/2005, mas também o art. 3º, VIII, da Lei nº 9.847/99, com a
gradação do seu art. 4º, caput, observada a condição econômica
da apelante, que possui vultoso capital social, descabendo a
redução da multa ao mínimo legal. Comedidamente aplicada,
corresponde a apenas 4% do máximo legal. Precedente. 9. É
vedado ao Poder Judiciário usurpar competência atribuída por
lei à ANP para fiscalizar as atividades econômicas da indústria
do petróleo, devendo prevalecer os atos presumidamente
legítimos da entidade administrativa, que detém conhecimento
técnico para tanto. 10. Apelação desprovida. (AC
00072814720144025101, NIZETE LOBATO CARMO, TRF2 -
6ª TURMA ESPECIALIZADA.) [DESTAQUEI]
Em sequência, a autora alega ainda que a decisão que aplicou a
penalidade não foi suficientemente motivada e que violou o princípio da
proporcionalidade.

Ora, especificamente em relação ao quantum da multa aplicada à autora,


a decisão lançada no PA n. 48610.002903/2016-49 explicou a fórmula da fixação
da cominação pecuniária, destacando que os fatores considerados para a sua
graduação: a capacidade econômica da autuada, antecedentes, vantagem
econômica auferida e a gravidade da infração (fls. 125/134).

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Ou seja, foram observados os parâmetros do artigo 4º da Lei nº 9.847/99,
assim redigido:

Art. 4º. A pena de multa será graduada de acordo com a JFRJ


gravidade da infração, a vantagem auferida, a condição Fls 399
econômica do infrator e os seus antecedentes.
Sublinhe-se que a Lei 9.847/1999, prevê, no inciso II, do seu art. 3º, a
aplicação de multa de vinte mil reais até cinco milhões de reais para aquele que
der ao produto destinação não permitida ou diversa da autorizada.

Interpretando-se o artigo 13 da Lei n. 9.847/99, a gradação da multa


ocorrerá durante o processo administrativo, onde serão apuradas as
condicionantes para a sua fixação e o fato que ensejou a autuação foi descrito de
forma detalhada. Veja-se a redação do referido dispositivo:

Art. 13. As infrações serão apuradas em processo


administrativo, que deverá conter os elementos suficientes para
determinar a natureza da infração, a individualização e a
gradação da penalidade, assegurado o direito de ampla defesa e
o contraditório.
§ 1o Prescrevem no prazo de cinco anos, contado da data
do cometimento da infração, as sanções administrativas
previstas nesta Lei.
§ 2o A prescrição interrompe-se pela notificação do
infrator ou por qualquer ato inequívoco que importe apuração da
irregularidade.
Para a gradação da multa, foi considerada a vantagem auferida, no valor
de R$ 20.000,00, o que a elevou a pena base mínima em 100% acima do mínimo.

Após, foi considerada a condição econômica da autora que, por possuir


um capital social de R$ 680.919.564,75 (seiscentos e oitenta milhões, novecentos
e dezenove mil, quinhentos e sessenta e quatro reais e setenta e cinco centavos),
fez aumentar em mais 100% o mínimo da cominação mínima, isto é, em mais R$
20.000,00.

Assim, partiu-se de um mínimo de R$ 20.000,00, acrescido de mais dois


valores de R$ 20.000,00, o que totalizou R$ 60.000,00.

Quanto aos antecedentes, foi considerado que a autuada já possuía 02


(duas) condenações definitivas pelo cometimento de infrações previstas no

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mesmo artigo (art. 3º da Lei 9.847/99) _, com a listagem dos processos
administrativos relacionados, o que elevou a pena em mais 20% sobre o valor
mínimo, o que resultou na aplicação da multa de R$ 64.000,00 (sessenta e quatro
JFRJ
mil reais). Fls 400

Em rigor, a gradação da multa consta às fls. 131/133, tendo sido levados


em conta os critérios previamente estabelecidos no art. 4º da Lei 9.847/99. Por
sua vez, a Portaria ANP n. 122/08 definiu parâmetros para gradação da pena de
multa aplicada.

No ponto, diz o art. 2º, da Portaria ANP n. 122/08:

Art. 2º A pena de multa deverá ter sua gradação de


acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida, a
condição econômica do infrator e os seus antecedentes.
§ 1º Ao efetuar a gradação da multa, o Julgador poderá
se valer de todas as informações disponíveis no processo,
bancos de dados da ANP ou qualquer outro registro público que
se tenha acesso, podendo inclusive requisitar, ao autuado ou a
terceiros, informações que considerar necessárias.
§ 2º A multa atribuída deverá atender sua finalidade
repressiva e preventiva. [DESTAQUEI]
De fato, constata-se que tais parâmetros, igualmente, foram considerados
pela ré na decisão constante do PA n. 48610.002903/2016-49, na qual se verifica
que foi justificada a utilização dos critérios de aumento de pena.

Impende consignar que, especificamente quanto aos antecedentes, que


outras 09 (nove) condenações definitivas em processos anteriores_, igualmente
pelo cometimento de infrações revistas no art. 3º da Lei 9.847/99 (fl. 184), não
foram aproveitadas como antecedentes no PA n. 48610.002903/2016-49.

Assim, quanto aos antecedentes, tenho que o mesmo restou configurado,


considerando que havia uma condenação definitiva em processo anterior, pelo
cometimento de infração também prevista no art. 3º da Lei 9.847/99. Sobre tema
é necessário ressaltar que o instituto da reincidência é tratado na Lei 9.847/99
como reincidência genérica e não específica.

Nesse sentido:

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ADMINISTRATIVO. AGÊNCIA NACIONAL DE
PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP.
AUTOS DE INFRAÇÃO. COMERCIALIZAÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS FORA DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.
VÍCIOS DE QUANTIDADE E VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DE JFRJ
SEGURANÇA. ART. 3º, INCISOS VIII E XI DA LEI 9.847/99. Fls 401
ERRO NA TIPIFICAÇÃO. VÍCIO DE QUALIDADE.
DESCONFIGURAÇÃO DA REINCIDÊNCIA. NULIDADE
DA PENA DE REVOGAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. IRRELEVÂNCIA DA CAPITULAÇÃO
LEGAL. ART. 10, INCISO III, DA LEI 9.847/99 C/C ART. 8º,
§ 1º DA LEI 9.847/99. ADOÇÃO DO CONCEITO DE
REINCIDÊNCIA GENÉRICA PELO LEGISLADOR. PAS DE
NULLITÉ SANS GRIEF. PROVIMENTO DA APELAÇÃO
DA ANP E DA REMESSA NECESSÁRIA. INVERSÃO DO
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. Cinge-se a controvérsia à
análise do conceito de reincidência adotado pelo legislador, se
genérica ou específica, no inciso III do art. 10 da Lei 9.847/99,
para fins de aplicação da pena de revogação da autorização para
o exercício de atividade da pessoa jurídica. 2. A Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP,
autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
foi efetivamente implantada pelo Decreto 2.455, de 14 de
janeiro de 1998, sendo o órgão regulador das atividades que
integram a referida indústria, com a responsabilidade pela
execução da política nacional para o setor energético do
petróleo, gás natural e biocombustíveis. Incumbe-lhe a
fiscalização direta da referida atividade, a teor do art. 8º, caput e
inciso VII, da Lei 9.478/97, com a aplicação das sanções
previstas na Lei 9.847/99. 3. O § 1º do art. 8º da Lei 9.847/99,
regulado pelos artigos 2º a 5º da Resolução ANP n. 8/2012,
dispôs acerca da reincidência, objeto da controvérsia da presente
lide, nos seguintes termos: “verifica-se a reincidência quando o
infrator pratica uma infração depois da decisão administrativa
definitiva que o tenha apenado por qualquer infração prevista
nesta Lei.” Da leitura do referido texto normativo exsurge clara
a mens legis acerca do conceito de reincidência adotado pela
Administração, como de reincidência genérica. Ora, a
disposição legal é expressa no sentido de que a reincidência, no
âmbito da ANP, se configurará quando o infrator praticar uma
infração depois da Decisão administrativa definitiva que o tenha
apenado por qualquer infração prevista na Lei 9.847/99. 4.
Colhem-se da doutrina jurídica penalista os conceitos
elementares de reincidência genérica e reincidência específica.
Como cediço, a reincidência genérica não exige que os delitos
sejam da mesma natureza, abrangendo os tipos previstos em
dispositivos legais diversos que afetam qualquer bem jurídico.
Trata-se da antijuridicidade lato sensu. Já na reincidência
específica, é exigido que os delitos sejam da mesma natureza; ou
seja, se não estiverem previstos no mesmo dispositivo legal

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devem ao menos apresentar caracteres fundamentais comuns. 5.
A Resolução n. 8/2012 - ANP, que regulou o § 1º do art. 8º da
Lei 9.847/99, estipulou critério temporal, em prol da segurança
jurídica, para fins de aplicação das penalidades por reincidência,
no sentido de que condenações definitivas anteriores, no âmbito JFRJ
administrativo, somente serão consideradas como antecedentes Fls 402
pelo prazo de dois anos (no caso de revogação da autorização
para funcionamento) e, por cinco anos, para agravar a pena de
multa. 6. O inciso III do art. 10 da Lei 9.847/99 previu a
penalidade de revogação de autorização para o exercício da
atividade quando a pessoa jurídica autorizada reincidir nas
infrações previstas nos incisos VIII e XI do art. 3º da referida
lei. Na presente hipótese fática, a Autora, em agosto de 2010, foi
condenada com decisão administrativa final pela prática da
infração prevista no inciso VIII do art. 3º da Lei 9.847/99 (PA n.
48610.003405/2010-28) e, em dezembro do referido ano,
autuada pela prática das condutas previstas nos incisos VIII e XI
do art. 3º da Lei 9.847/99 (PA n. 48610.000773/2011-03). 7.
Irrelavante a tese autoral, de enquadramento da primeira
infração no inciso XI do art. 3º da Lei 9.847/99, porquanto ainda
assim incorreria em reincidência. Trata-se de reincidência
genérica, em que qualquer infração praticada posteriormente a
uma decisão administrativa definitiva a configura, não se
podendo falar em nulidade do auto de infração, a teor da
aplicação do princípio pas de nullité sans grief, ou seja, não há
nulidade se não houver prejuízo. Desse modo, a declaração de
nulidade de processo administrativo depende da efetiva
demonstração de prejuízo ao administrado, o que não se verifica
in casu (cf. mutatis mutandis: STJ, MS 12.803/DF, DJe
15/04/2014; MS 14.401-DF, DJe 23/3/2010; MS 14.310-DF,
DJe 10/9/2010; RMS 32.536-PE, DJe 13/4/2011, e REsp
817.846-MG, DJ 27/6/2007) 8. O legislador reservou às
hipóteses descritas nos referidos incisos do art. 3º, VIII e XI,
uma punição severa – de revogação de autorização de
funcionamento -, por serem comparáveis a casos de fraude ou de
qualquer infração reconhecida pelo CADE (art. 10, incisos I e V,
da Lei 9.847/99). O objetivo, pelo bem essencial tutelado, é
resguardar, além da supremacia do interesse público, a proteção
dos indivíduos (trabalhadores e consumidores), bem como a
ordem econômica e o regular abastecimento nacional de
combustíveis. 9. Apelação e remessa necessária providas, para
reformar o teor da r. sentença e julgar improcedentes os pedidos
formulados, com inversão do ônus da sucumbência. (APELRE
201351010016677, Desembargador Federal ALUISIO
GONÇALVES DE CASTRO MENDES, TRF2 - QUINTA
TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R -Data::19/05/2014.)
[DESTAQUEI]

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Sendo assim, pode-se concluir que a decisão do PA n.
48610.002903/2016-49 foi devidamente motivada e proporcional à infração
cometida pela autora.
JFRJ
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO e condeno a autora Fls 403

nas custas e em honorários de sucumbência que fixo em 20% sobre o valor


atualizado da causa.

Transitada em julgado, nada sendo requerido em 60 dias, dê-se baixa e


arquivem-se.

P. I. (ma)

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2019.

- assinado eletronicamente -
MARIA AMELIA ALMEIDA SENOS DE CARVALHO
Juíza Federal – Ato ATC 2019/00177

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