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Pernambuco é uma das 27 unidades federativas do Brasil.

Está localizado no centro-leste


da região Nordeste e tem como limites os estados da Paraíba (N), do Ceará (NO),
de Alagoas (SE), da Bahia (S) e do Piauí (O), além de ser banhado pelo oceano
Atlântico (L). Ocupa uma área de 98 149,119 km² (pouco menor que a Coreia do Sul).
Também fazem parte do seu território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São
Pedro e São Paulo. Sua capital é Recife e a sede administrativa é o Palácio do Campo das
Princesas. O atual governador é Paulo Câmara (PSB).
Pernambuco foi o primeiro núcleo econômico do Brasil, uma vez que se destacou na
extração do pau-de-pernambuco (pau-brasil) e foi a primeira parte do país onde a cultura
canavieira desenvolveu-se efetivamente. A Capitania de Pernambuco, a mais rica das
capitanias durante o Ciclo do Açúcar, chegou a atingir o posto de maior produtor mundial
da mercadoria.[8][9] No estado ocorreram muitos dos primeiros fatos históricos do Novo
Mundo: no Cabo de Santo Agostinho houve o descobrimento do Brasil pelo navegador
espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; e na Ilha de
Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro "Governador das Partes do Brasil", Pero
Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América
portuguesa.[10][11] Pernambuco teve ainda participação ativa em diversos episódios
da história brasileira: foi palco das Batalhas dos Guararapes, combates decisivos
na Insurreição Pernambucana e considerados a origem do Exército Brasileiro; e serviu de
berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos
Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução
Praieira.[12]
O estado deu origem a personalidades de renome internacional: físicos e matemáticos
como Mário Schenberg, José Leite Lopes, Leopoldo Nachbin, Paulo Ribenboim e Aron
Simis; escritores como Paulo Freire, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Clarice
Lispector e Nelson Rodrigues; polímatas como Gilberto Freyre, Joaquim Nabuco, Josué de
Castro, Joaquim Cardozo e Cristovam Buarque; industriais como José Ermírio de
Moraes, Norberto Odebrecht, Antônio de Queiroz Galvão, Edson Mororó Moura e João
Santos; líderes e personagens históricos como Frei Caneca, Araújo Lima, Luiz Inácio Lula
da Silva, Correia Picanço e Cardeal Arcoverde; músicos como Luiz Gonzaga, Alceu
Valença, Geraldo Azevedo, Dominguinhos e Naná Vasconcelos; profissionais da televisão
como Chacrinha, Marco Nanini, Arlete Salles, Guel Arraes e Aguinaldo Silva; artistas
plásticos e designers como Romero Britto, Francisco Brennand, Cícero
Dias, Tunga e Aloísio Magalhães; esportistas como Rivaldo, Vavá, Jaqueline
Carvalho, Dani Lins e Karol Meyer; dentre diversos outros nomes.
Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo
maior PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados nordestinos.[3] Já sua capital,
Recife, é sede da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. No
interior do estado, as cidades mais importantes são Caruaru e Petrolina.[3][13][14] Conhecido
por sua ativa e rica cultura popular, Pernambuco é berço de várias manifestações
tradicionais, como a capoeira, o frevo e o maracatu, bem como detentor de um
vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período
colonial. Em 1970 surgiu no estado o Movimento Armorial, que teve como figura central o
escritor Ariano Suassuna. Duas décadas mais tarde apareceu outro importante movimento
que se constituiu numa espécie de contraponto ao Armorial: o Manguebeat, cujo maior
expoente foi o artista Chico Science.[15][16][17] Pernambuco possui a alcunha de Leão do
Norte, expressão que se origina na figura de armas do antigo capitão-donatário Duarte
Coelho, em alusão à coragem e ao espírito combativo do povo pernambucano. O termo é
atualmente simbolizado tanto no brasão do estado quanto na bandeira da cidade do
Recife, e também foi inspiração para a canção de mesmo nome do compositor Lenine.[18][19]

Índice
 1Etimologia
 2História
o 2.1Pré-história e Antiguidade
o 2.2Descobrimento do Brasil por Vicente Yáñez Pinzón
o 2.3Período pré-colonial e início do período colonial
 2.3.1Pernambuco e as invasões estrangeiras no Maranhão e na Bahia
 2.3.2Invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654)
 2.3.2.1Insurreição Pernambucana (1645-1654)
 2.3.3Quilombo dos Palmares
o 2.4Movimentos nativistas e separatistas
 2.4.1Conjuração de "Nosso Pai" (1666)
 2.4.2Guerra dos Mascates (1710-1711)
 2.4.3Conspiração dos Suassunas (1801)
 2.4.4Revolução Pernambucana (1817)
 2.4.5Convenção de Beberibe (1821)
 2.4.6Confederação do Equador (1824)
 2.4.7Revolução Praieira (1848-1850)
 3Geografia
o 3.1Clima
o 3.2Hidrografia
o 3.3Meio ambiente
 4Demografia
o 4.1Municípios mais populosos
o 4.2Composição racial
o 4.3Religião
 5Governo e política
o 5.1Divisão político-administrativa
 6Economia
o 6.1Turismo
 7Infraestrutura
o 7.1Saúde
o 7.2Educação
o 7.3Transportes
o 7.4Mídia
o 7.5Ciência e tecnologia
 8Cultura
o 8.1Literatura
o 8.2Outras manifestações artístico-culturais
o 8.3Espaços culturais
o 8.4Culinária
o 8.5Esportes
o 8.6Feriados
 9Ver também
 10Referências
 11Ligações externas

Etimologia
Para alguns estudiosos, a origem do nome "Pernambuco" está relacionada ao Canal de Santa Cruz,
que cerca a Ilha de Itamaracá (foto).[20]
Paranãbuku, do tupi: para uma parcela dos pesquisadores, uma provável alusão ao rio
Capibaribe.[20]

A origem do nome Pernambuco é controversa. Alguns estudiosos afirmam que vem da


aglutinação dos termos tupis para’nã, que quer dizer “rio grande” ou “mar”, e buka,
“buraco”. Assim, Pernambuco seria um “buraco no mar”, referindo-se ao Canal de Santa
Cruz na Ilha de Itamaracá ou à abertura que existe nos arrecifes entre Olinda e
o Recife.[20] Segundo outros afirmam, era a denominação nas línguas indígenas locais da
época do descobrimento para o pau-brasil. Uma terceira hipótese adviria também do
tupi, paranãbuku, isto é, “rio comprido”, uma provável alusão ao rio das capivaras,
o Capibaribe, já que mapas primitivos assinalam um tal “rio Pernambuco” ao norte
do Cabo de Santo Agostinho. Há ainda uma quarta hipótese, aventada pelo pesquisador
Jacques Ribemboim, segundo a qual a etimologia teria origem na língua portuguesa: o
Canal de Santa Cruz, no início do século XVI, era conhecido como "Boca de Fernão"
(referência ao explorador de pau-brasil Fernão de Noronha), e os índios possivelmente o
chamavam de algo próximo a "Pernão Boca" ou "Pernambuka", que teria dado origem ao
nome Pernambuco.[21][22]
Bento Teixeira, em seu poema Prosopopeia publicado em 1601 — o primeiro poema
da literatura brasileira, que conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da
família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de
Albuquerque Coelho —, escreveu uma estrofe na qual conta o significado da palavra
Pernambuco:
"Em o meio desta obra alpestre, e dura,
Uma bôca rompeu o Mar inchado,
Que na língua dos bárbaros escura,
Paranambuco, de todos é chamado.
De Parana que é Mar, Puca - rotura,
Feita com fúria dêsse Mar salgado,
Que sem no derivar, cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua."[23]
Os habitantes naturais do estado de Pernambuco são
denominados pernambucanos.[24]

História
Ver artigo principal: História de Pernambuco

Pré-história e Antiguidade
Pinturas Rupestres no Vale do Catimbau. Pernambuco
abriga sítios arqueológicos datados de pelo menos 11 mil
anos.[25]

O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais


antigos sítios arqueológicos conhecidos do país, com
datação superior a 40 mil anos antes do presente. Na
região que hoje corresponde ao estado de Pernambuco,
foram identificados vestígios seguros de ocupação
humana superiores a 11 mil anos, nas regiões de Chã do
Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo
da Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta
uma importante necrópole pré-histórica, com 125 metros
quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83
esqueletos humanos em bom estado de conservação.[25][26]
Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado,
identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável
pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6
mil anos. No Agreste Pernambucano, conservam-
se pinturas rupestres com data aproximada de 2 mil anos
antes do presente, atribuídas à subtradição
denominada Cariris velhos. Na época da colonização
portuguesa, habitavam o litoral pernambucano
os caetés e os tabajaras, já desaparecidos. Nos brejos de
altitude do estado ainda é possível encontrar grupos
indígenas remanescentes das antigas tradições, como
os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta).[26]

Descobrimento do Brasil por Vicente


Yáñez Pinzón

O Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco,


foi o local da descoberta do Brasil por Vicente Yáñez
Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500.[10]

Muitos estudiosos afirmam que o descobridor do Brasil foi


o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que no
dia 26 de janeiro de 1500 desembarcou no Cabo de
Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco — esta
considerada a mais antiga viagem comprovada ao
território brasileiro.[27][10][28]
A esquadra, composta por quatro caravelas, zarpou
de Palos de la Frontera no dia 19 de novembro de 1499.
Após cruzar a linha do Equador, Pinzón enfrentou uma
forte tempestade, e então, no dia 26 de janeiro de 1500,
avistou o cabo e ancorou suas naus num porto abrigado e
de fácil acesso a pequenas embarcações, com 16 pés de
fundo, segundo as indicações da sonda. O referido porto
era a enseada de Suape, localizada na encosta sul do
promontório, que a expedição espanhola
denominou Cabo de Santa María de la Consolación.
A Espanha não reivindicou a descoberta, minuciosamente
registrada por Pinzón e documentada por importantes
cronistas da época como Pietro Martire
d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas, devido ao Tratado
de Tordesilhas, assinado com Portugal.[29][27][30][31]
O mapa de Juan de la Cosa, carta do século XV, mostra a
costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas
do Cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo
oriental do continente. Ali figura um texto que diz "Este
cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla
syendo descubridor vicentians" ("Este cabo foi descoberto
em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente
Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada
de Pinzón em finais de janeiro de 1500 ao Cabo de Santo
Agostinho.[32]
Por ter descoberto o Brasil, Vicente Yáñez Pinzón foi
condecorado pelo rei Fernando II de Aragão em 5 de
setembro de 1501.[33]

Período pré-colonial e início do


período colonial
Veja também: Ciclo do Açúcar, Saque do Recife, União
Ibérica e Guerra Anglo-Espanhola

Olinda foi a urbe mais rica do Brasil Colônia de sua criação até
a Invasão Holandesa, quando foi depredada.[9] É a mais antiga
das cidades brasileiras declaradas Patrimônio Cultural da
Humanidade pela UNESCO.[34]
Convento de São Francisco, convento franciscano mais antigo
do Brasil, localizado em Olinda.[35]

A Igreja dos Santos Cosme e Damião, em Igarassu, é a igreja


mais antiga do Brasil de acordo com o IPHAN.[36]

Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos portugueses


ao Brasil, o território de Pernambuco, definido
pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente
à América portuguesa, é explorado pela expedição
de Gaspar de Lemos, que teria criado feitorias ao longo
da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual
localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente
confiada a Cristóvão Jacques.[12] Logo Pernambuco se
tornaria a principal área de exploração do pau-
brasil (ou pau-de-pernambuco) no Novo Mundo. A
madeira pernambucana era de uma qualidade tão
superior que regulava o preço no comércio europeu, o
que explica o fato de a árvore do pau-brasil ter como
principal nome "pernambuco" em idiomas como
o francês e o italiano.[37][38] Em 1516, foi construído no
litoral pernambucano o primeiro engenho de açúcar de
que se tem notícia na América portuguesa, mais
precisamente na Feitoria de Itamaracá, confiada ao
administrador colonial Pero Capico — o primeiro
"Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam
direitos sobre o açúcar de Pernambuco na Alfândega de
Lisboa.[39][11]
No ano de 1532, Bertrand d'Ornesan, o barão de Saint
Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em
Pernambuco. Com o navio A Peregrina, pertencente ao
nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a Feitoria
de Igarassu e a fortificou com vários canhões, deixando-a
sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses
depois, na costa da Andaluzia na Espanha, os
portugueses capturaram a embarcação francesa, que
estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil
peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão,
além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão
e amostras minerais. E no exato instante em que A
Peregrinaera apreendida no mar Mediterrâneo, o capitão
português Pero Lopes de Sousa combatia os franceses
em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados
franceses foram presos e La Motte foi enforcado. Após
ser informado da missão que A Peregrina realizara em
Pernambuco, o rei Dom João III decidiu começar a
colonização do Brasil, dividindo o seu território
em capitanias hereditárias.[40] Iniciou-se então o
povoamento efetivo do território pernambucano. O atual
estado de Pernambuco equivale a parte da Capitania de
Pernambuco, doada por Dom João III no dia 10 de
março de 1534 a Duarte Coelho, e parte da Capitania de
Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa.[12] O Foral da
Capitania de Pernambuco serviu de modelo aos forais
das demais capitanias do Brasil.[41] Em 1535, Duarte
Coelho tomou posse da capitania que lhe foi concedida, a
princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco
tempo depois recebeu a denominação que mantém até
hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda,
estabelecidos no ano da chegada do donatário, foram
elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital
administrativa, e seu porto, habitado por pescadores, deu
origem à atual cidade do Recife.[12][42]
As vilas de Olinda e Igarassu, entre os primeiros núcleos
de povoamento do Brasil, serviram de ponto de partida
para expedições desbravadoras do interior da capitania.
Uma dessas expedições, chefiada pelo filho do
donatário, Jorge de Albuquerque, penetrou o sertão até o
rio São Francisco, assegurando o domínio e expansão do
interior do território e combatendo os índios
hostis.[12] Duarte Coelho, por sua vez, tratou de instalar
grandes engenhos de açúcar no território pernambucano,
incentivando também o plantio do algodão. Em pouco
tempo, a Capitania de Pernambuco se tornou a principal
produtora de açúcar da colônia. Consequentemente, era
também a mais próspera e influente das capitanias
hereditárias.[8]
Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade
açucareira dos grandes latifundiários da cana-de-açúcar,
que perdurará de forma majoritária nos dois séculos
seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se
facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A
maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o
custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo
do algodão e os grandes investimentos feitos pelo
donatário na fundação de vilas e na pacificação dos
índios são outros fatores que ajudam a explicar o
progresso da capitania. Discorrendo sobre o centro da
economia colonial, o padre Fernão Cardim disse que "em
Pernambuco se acha mais vaidade que em Lisboa",
opulência que parecia decorrer, como sugere Gabriel
Soares de Sousa em 1587, do fato de, então, ser a
capitania "tão poderosa (...) que há nela mais de cem
homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda,
e alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram
muitos homens ricos para estes reinos que foram a ela
muito pobres".[9][43][44]
A prosperidade de Pernambuco, no entanto, transformou
a capitania em um ponto cobiçado por piratas e corsários
europeus. Já em 1595, durante a Guerra Anglo-
Espanhola, o almirante inglês James Lancaster tomou de
assalto o porto do Recife, onde permaneceu por quase
um mês pilhando as riquezas transportadas do interior, no
episódio conhecido como Saque do Recife. Foi a única
expedição de corso da Inglaterra que teve como objetivo
principal o Brasil, e representou o mais rico butim da
história da navegação de corso do período elisabetano.[45]
Por volta do início do século XVII, a Capitania de
Pernambuco era a maior e mais rica área de produção de
açúcar do mundo.[8]
Pernambuco e as invasões estrangeiras no Maranhão
e na Bahia
Matias de Albuquerque, Conde de Alegrete, administrou
o Estado do Brasil a partir de Olinda entre 1624 e 1625.[46]

As primeiras décadas do século XVII foram turbulentas na


costa do atual Nordeste brasileiro. Em Pernambuco,
esforços concentravam-se na expulsão das forças
estrangeiras que invadiam o litoral do Brasil.[46][47]
Em 1612, os franceses fundaram em terras maranhenses
uma colônia que ficou conhecida como França
Equinocial. Jerônimo de Albuquerque, militar de Olinda,
foi então incumbido pelo Capitão-mor de
Pernambuco, Alexandre de Moura, de expulsar os
franceses do Maranhão. Tropas partiram do Recife, e em
novembro de 1614 travou-se a batalha final, o Combate
de Guaxenduba, com a vitória das forças comandadas
por Jerônimo. Seis dias depois foram suspensas as lutas,
com tratado assinado pelo comandante francês Daniel de
La Touche, Senhor de la Ravardière, e Jerônimo de
Albuquerque, no qual la Ravardière se comprometia a
entregar o Forte de São Luís em cinco meses, o que
efetivamente ocorreu. Face a esta conquista Jerônimo de
Albuquerque, por ato do rei Filipe III de Espanha, recebeu
oficialmente o sobrenome Maranhão.[47]
Anos depois, no dia 10 de maio de 1624, uma expedição
da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais atacou e
conquistou Salvador. O Governador da Capitania de
Pernambuco, Matias de Albuquerque, foi então nomeado
Governador-Geral, administrando a colônia a partir de
Olinda, e enviando expressivos reforços para a guerrilha
sediada no Arraial do Rio Vermelho e no Recôncavo.
Contudo, os holandeses só foram dali expulsos no ano
seguinte, com a chegada de uma poderosa armada luso-
espanhola composta por navios procedentes dos portos
de Cádis, de Lisboa e do Recife. Francisco de Moura
Rolim, que comandara a frota de caravelas de
Pernambuco, tornou-se ainda em 1625 Governador-
Geral, nomeado pelo seu antecessor Matias de
Albuquerque. Foram, portanto, os primeiros
governadores-gerais nascidos no Brasil.[46]
Em meados de 1626, Matias de Albuquerque procurou
estabelecer posições fortificadas no porto do Recife a fim
de que se pudesse dissuadir a Companhia Holandesa
das Índias Ocidentais da ideia empreendida na Bahia.[48]
Invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654)

Gravura neerlandesa mostrando o cerco a Olinda em 1630.


Os holandeses saquearam e queimaram diversas
construções em Olinda, inclusive as igrejas.[9]

Recife foi a mais cosmopolita cidade da América durante o


governo do conde alemão (a serviço da coroa
holandesa) Maurício de Nassau.[49]

Ver artigos principais: Invasões holandesas do


Brasil, Nova Holanda e Guerra Luso-Holandesa
De posse dos recursos obtidos no saque à frota
espanhola da prata, a Holanda arma uma nova
expedição, desta vez contra Pernambuco, a mais rica de
todas as possessões portuguesas. O seu objetivo
declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com
os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Os
neerlandeses viam na tomada de Olinda e Recife a
oportunidade para impor um duro golpe no reino de Filipe
IV.[50]
Em 26 de dezembro de 1629 partia de Cabo Verde em
direção a Pernambuco uma extraordinária esquadra com
67 navios e cerca de 7 mil homens, a maior já vista na
colônia, sob o comando do almirante Hendrick Lonck. Os
holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo,
conquistaram a capitania em fevereiro de 1630 e
estabeleceram a colônia Nova Holanda. A frágil
resistência portuguesa na passagem do rio Doce foi
derrotada, e os holandeses invadiram sem grandes
contratempos Olinda. Os moradores, em pânico, fugiram
levando o que puderam. Alguns bolsões de contenção
foram eliminados, destacando-se a brava luta do capitão
André Temudo em defesa da Igreja da Misericórdia. Em
poucos dias, Olinda e o seu porto, Recife, foram
tomados.[51]
O conde Maurício de Nassau desembarcou na Nieuw
Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por
uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto
começa a construção de Mauritsstad (atual Recife), que
foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as
condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o
responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios
como o Palácio de Friburgo, sede do poder de Nassau na
Nova Holanda, que tinha um observatório astronômico —
o primeiro do Hemisfério Sul —, e abrigou o
primeiro farol e o primeiro jardim
zoobotânico do continente americano.[52][53] Em 28 de
fevereiro de 1643 o Recife (atualmente o bairro do Recife)
foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira
ponte de grande porte da América Latina.[54] Durante o
governo de Nassau, Recife foi considerada a mais
cosmopolita cidade da América, e tinha a maior
comunidade judaica de todo o continente, que construiu,
à época, a primeira sinagoga do Novo Mundo, a Kahal
Zur Israel, bem como a segunda, a Maguen
Abraham.[55] Na Nova Holanda foram cunhadas as
primeiras moedas em solo brasileiro: os florins (ouro) e os
soldos (prata), que continham a palavra Brasil.[56]
Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a
exoneração de Maurício de Nassau do governo da
capitania pela Companhia Holandesa das Índias
Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o
governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente,
num movimento denominado Insurreição
Pernambucana.[49]
Insurreição Pernambucana (1645-1654)
Ver artigo principal: Insurreição Pernambucana

As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição


Pernambucana, são consideradas a origem do Exército
Brasileiro.[57]

Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São


João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram
compromisso para lutar contra o domínio holandês na
capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-
ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante
dos insurretos se deu no Monte das Tabocas (hoje
localizado no município de Vitória de Santo Antão), onde
1.200 insurretos mazombos armados de armas de fogo,
foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1.900
holandeses bem armados e bem treinados. O sucesso
deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre
das Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram
seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotados
pela aliança dos mazombos, índios nativos
e escravos negros. Recuaram novamente para as
fortificações em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de
Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte
Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos
insurretos.[58]
Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou
conhecida como Nova Holanda, indo do Recife
a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta
de alimentos, o que os levou a atacar plantações
de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e
Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a
famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres
camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas
leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-
os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se
como a primeira importante participação militar da mulher
na defesa do território brasileiro.[58]

O Palácio de Friburgo (1642), local de residência e de


despachos de Maurício de Nassau, foi demolido no século
XVIII devido aos danos causados durante a Insurreição
Pernambucana.[53]

Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os


holandeses por fim foram expulsos em 1654, na
segunda Batalha dos Guararapes. A data da primeira das
Batalhas dos Guararapes é considerada a origem
do Exército Brasileiro.[57]
Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam um
prazo de três meses para partir ou se converter ao
catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase
todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16
navios. Parte da comunidade judaica expulsa de
Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se
estabeleceu em Nova Iorque. Através deste último grupo
a Ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados
Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e
descendentes de judeus egressos do Recife tiveram
participação ativa na história estadunidense: Gershom
Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra
de Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin
Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova
Iorque; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos
Estados Unidos ligado a Franklin Roosevelt; entre
outros.[59][60][61]
Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa,
a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses
no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a
Holanda exige a devolução da colônia em maio de 1654.
Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro,
Portugal firma acordo com os holandeses e os indeniza
com 4 milhões de cruzados e duas colônias: o Ceilão
(atual Sri Lanka) e as ilhas Molucas (parte da
atual Indonésia). Em 6 de agosto de 1661, a Holanda
cede formalmente a região ao Império Português através
da Paz de Haia.[58][62]
Quilombo dos Palmares

Pátio do Carmo, no Recife, local onde a cabeça de Zumbi


dos Palmaresficou exposta até total decomposição.[63]

Ver artigo principal: Quilombo dos Palmares


O Quilombo dos Palmares foi um quilombo da era colonial
brasileira. Localizava-se na então Capitania de
Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente
ao município alagoano de União dos Palmares.[64]
Palmares foi o maior dos quilombos do período colonial.
Em 1602, já há relatos de sua existência e de envio de
expedições pelo governador-geral da Capitania de
Pernambuco para pôr fim ao aldeamento. Chegou a
abranger uma área de 150 quilômetros de comprimento e
50 quilômetros de largura, situada na Capitania de
Pernambuco, entre os atuais estados de Alagoas e
Pernambuco, numa região de palmeiras (daí o seu
nome).[65]
Sua população teria alcançado um número estimado
entre 6 mil e 20 mil pessoas. Tanto pelas proporções
como pela resistência prolongada, tornou-se símbolo da
resistência escrava. O movimento de fuga dos escravos
para a mata vinha de longe, mas a invasão holandesa em
Pernambuco constituiu para eles a grande oportunidade.
Por quase 70 anos os negros fugitivos viveram com
tranquilidade, instalando em Palmares um tipo de estado
africano baseado na pequena propriedade e na
policultura. Com o fim do domínio holandês em
Pernambuco, o quilombo passou a sofrer ataques dos
fazendeiros e das autoridades, que viam nele uma
ameaça. Enquanto existiu, Palmares atraiu os escravos
para a fuga. A resistência dos negros durou muitos anos
e a existência do quilombo prolongou-se por quase um
século, tendo-se destacado entre seus líderes o rei
Ganga Zumba e seu sucessor, Zumbi.[65]

Pernambuco foi a mais rica capitania do Brasil Colônia.[8] O


território pernambucano, no seu auge (mapa), se estendia
do atual estado do Ceará até o atual Oeste da Bahia.

Movimentos nativistas e separatistas


Ver artigos principais: Conjuração de "Nosso
Pai", Guerra dos Mascates, Conspiração dos
Suassunas, Revolução Pernambucana, Convenção de
Beberibe, Confederação do Equador e Revolução Praieira
Conjuração de "Nosso Pai" (1666)
A Capitania de Pernambuco lutava por reconstruir Recife
e Olinda, ambas destruídas com as lutas contra os
invasores holandeses. Os senhores de engenho,
radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto do
Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos
da Coroa Portuguesa, pelo contributo na expulsão dos
neerlandeses. Portugal, entretanto, mandou para
governar a capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um
estranho, contrariando assim os interesses de muitos
pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar
a função, e não um estrangeiro. Mendonça Furtado era
apelidado pejorativamente de Xumberga (ou, nalgumas
outras versões, Xumbregas), referência ao Marechal de
campo Friedrich Von Schönberg — contratado pelo
Conde de Soure como mercenário e que lutara na Guerra
da Restauração —,[66] por ter um bigode semelhante ao
dele. O estopim do movimento, que culminou com a
prisão e deposição do governador, foi a estada, no porto
do Recife, de uma esquadra francesa, que por ordem da
Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram
divulgar a notícia de que o governador estaria a serviço
dos estrangeiros, que preparavam um ataque à capitania,
e seu consequente saque.[67]

Revolução Pernambucana, único movimento separatista do


período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase
conspiratória.[68]

Frei Caneca, que esteve implicado na Revolução


Pernambucana, foi líder e mártir da Confederação do Equador.

Guerra dos Mascates (1710-1711)


Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos
de Portugal — chamados pejorativamente de "mascates"
— estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à
vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com
desconfiança pelos olindenses, em grande parte
senhores de engenho em dificuldades econômicas. O
conflito de interesses políticos e econômicos entre a
nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses
deu origem à Guerra dos Mascates, durante a qual o
Recife foi palco de combates e cercos. A Guerra dos
Mascates é considerada um movimento nativista,
precursor da Independência do Brasil,
pela historiografia em história do Brasil.[69]
Conspiração dos Suassunas (1801)
A Conspiração dos Suassunas foi um projeto de revolta
que se registrou em Olinda no alvorecer do século XIX.[70]
Influenciadas pelas ideias do Iluminismo e
pela Revolução Francesa, algumas pessoas, entre as
quais Manuel Arruda Câmara — membro da Sociedade
Literária do Rio de Janeiro —, fundaram em 1796 no
município pernambucano de Itambé a primeira loja
maçônica do Brasil, Areópago de Itambé, da qual não
participavam europeus. As mesmas ideias também eram
discutidas por padres e alunos do Seminário de Olinda,
fundado pelo bispo Dom José Joaquim da Cunha
Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta
instituição teve entre os seus membros o Padre
Miguelinho, um dos futuros implicados na Revolução
Pernambucana de 1817.[70]
Revolução Pernambucana (1817)
A chamada Revolução Pernambucana, também
conhecida como "Revolução dos Padres", foi um
movimento separatista que eclodiu em 6 de março de
1817 na então Capitania de Pernambuco. Dentre as suas
causas, destacam-se a influência das
ideias iluministas propagadas pelas sociedades
maçônicas, o absolutismo monárquico português e os
enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-
chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era
obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas
de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e
festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de
problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e
ocasionava o atraso no pagamento dos soldados,
gerando grande descontentamento do povo
pernambucano e brasileiro. Foi o único movimento
emancipacionista do período de dominação portuguesa
que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo
revolucionário de tomada do poder.[68][71]
A repressão foi sangrenta: muitos revoltosos foram
enforcados e/ou arcabuzados, com seus corpos
esquartejados depois de mortos, enquanto outros
morreram na prisão. Também em retaliação, foi
desmembrada de Pernambuco, com sanção de Dom
João VI, a Comarca das Alagoas, cujos proprietários
rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como
recompensa, puderam formar uma capitania
independente.[68][72]
Luís do Rego Barreto, o algoz da Revolução
Pernambucana, retornou à Europa em 1821: Pernambuco
foi a primeira província brasileira a expulsar os exércitos
portugueses.[73]

Convenção de Beberibe (1821)


Pernambuco foi a primeira província brasileira a se
separar do Reino de Portugal, onze meses antes da
proclamação da Independência do Brasil pelo
Príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança. No dia 29 de
agosto de 1821, teve início um movimento armado contra
o governo do capitão general Luís do Rego Barreto — o
algoz da Revolução Pernambucana —, culminando com a
formação da Junta de Goiana, tornando-se vitorioso com
a rendição das tropas portuguesas em capitulação
assinada a 5 de outubro do mesmo ano, quando
da Convenção de Beberibe, responsável pela expulsão
dos exércitos portugueses do território
pernambucano.[73][74][75][76]
O Movimento Constitucionalista de 1821 é considerado o
primeiro episódio da Independência do Brasil.[73]
Confederação do Equador (1824)
A Confederação do Equador foi um movimento
revolucionário, de caráter emancipacionista (ou
autonomista) e republicano, ocorrido em Pernambuco.
Representou a principal reação contra a
tendência absolutista e a política centralizadora do
governo de Dom Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta
Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país.[77]
Exército do Império do Brasil ataca as forças confederadas no
Recife, em 1824, no contexto da Confederação do Equador.

O conflito possui raízes em movimentos anteriores na


região: a Guerra dos Mascates e a Revolução
Pernambucana, esta última de caráter republicano. O
centro irradiador e a liderança da revolta couberam à
província de Pernambuco, pois esta se ressentia ao pagar
elevadas taxas para o Império, que as justificava como
necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-
independência (algumas províncias resistiam à separação
de Portugal). Pernambuco esperava que a primeira
Constituição do Império seria do tipo federalista, e daria
autonomia para as províncias resolverem suas
questões.[78]
A repressão ao movimento foi severa. Dom Pedro I pediu
empréstimos à Inglaterra e contratou tropas no exterior,
que seguiram para o Recife sob o comando de Thomas
Cochrane. Os rebeldes foram subjugados, e vários líderes
da revolta, como Frei Caneca, foram enforcados ou
fuzilados. Também em retaliação, Dom Pedro I desligou
do território pernambucano, através de decreto de 7 de
julho de 1824, a extensa Comarca do Rio de São
Francisco (atual Oeste Baiano), passando-a, inicialmente,
para Minas Gerais e, depois, para a Bahia. Esta foi a
última porção de terra desmembrada de Pernambuco,
impondo à província uma grande redução da extensão
territorial, de 250 mil km² para 98 mil km².[72][79]
Revolução Praieira (1848-1850)

Mapa da Província de Pernambuco, 1889. Arquivo


Nacional.

A Revolução Praieira, também denominada "Insurreição


Praieira", "Revolta Praieira" ou simplesmente "Praieira",
foi um movimento de caráter liberal e separatista que
eclodiu, durante o Segundo Reinado, na província de
Pernambuco, entre 1848 e 1850. A última das revoltas
provinciais está ligada às lutas político-partidárias que
marcaram o Período Regencial e o início do Segundo
Reinado. Sua derrota representou uma demonstração de
força do governo de Dom Pedro II (1840-1889).[80]
A monarquia brasileira era duramente contestada pelas
novas ideias liberais da época. Para além do
descontentamento com o governo imperial, grande parte
da população pernambucana mostrava-se insatisfeita
com a concentração fundiária e do poder político na
província, a mais importante do Nordeste. Foi nesse
contexto que surgiu o Partido da Praia, criado para opor-
se ao Partido Liberal e ao Partido Conservador, ambos
dominados por duas famílias poderosas que viviam
fazendo acordos políticos entre si. Houve uma série de
disputas pelo poder, até que, em 7 de novembro de 1848,
iniciou-se a luta armada. Em Olinda, os líderes praieiros
lançaram o “Manifesto ao Mundo”, e passaram a lutar
contra as tropas do governo imperial, que interveio e pôs
fim à maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado.[80]

Geografia
Ver artigo principal: Geografia de Pernambuco

Mapa topográfico do território pernambucano

Pernambuco é um dos menores estados do país. Apesar


disso, possui paisagens
variadas: serras, planaltos, brejos, semiaridez e
diversificadas praias.
O estado tem 187 km de litoral, com altitude crescente da
costa ao sertão. As planícies litorâneas têm altitude de
até 200 metros, apresentando relevo peneplano
(mamelonar), e alguns pontos do Planalto da
Borborema ultrapassam os 1.000 m de altitude. Na
margem oeste da mesorregião Agreste, há a Depressão
Sertaneja, uma depressão relativa com altitude média de
400 m que se estende até a margem oriental da Chapada
do Araripe. Pernambuco faz divisa
com Paraíba e Ceará ao norte, Alagoas e Bahia ao
sul, Piauí ao oeste e o oceano Atlântico ao leste.[81]
Mais da metade do estado faz parte do sertão
nordestino — oeste e região central de Pernambuco. É
um lugar onde há escassez de chuvas, e o clima é
semidesértico (semiárido), devido à retenção de parte das
precipitações pluviais no Planalto da Borborema e às
correntes de ar seco provenientes do sul da África. Está
no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a
cerca de quatro meses do ano, sendo que em anos
periódicos as chuvas podem ficar abaixo da média ou até
mesmo acima da média.[7]

Clima
Garanhuns, no Agreste, tem Pernambuco é um dos estados com
temperatura amena devido à sua maior déficit hídrico do Brasil.[82] Na foto,
altitude: seu ponto culminante atinge combatentes de caatinga do 72.º Batalhão de
1.030 metros. Infantaria Motorizado.
O estado de Pernambuco é caracterizado por dois tipos
de clima: o tropical úmido (predominante no litoral) e
o semiárido (predominante no interior),
respectivamente As' e BSh na classificação climática de
Köppen-Geiger.[7]
Ressalte-se, porém, que há variações destes dois tipos
climáticos em algumas regiões: no centro-leste de
Pernambuco é relativamente comum o clima tropical de
altitude (Cwa), especialmente no Planalto da
Borborema e em outras regiões serranas com ocorrência
de microclimas, áreas onde as temperaturas são mais
amenas, podendo atingir mínimas de 10 °C; e no centro-
oeste do estado há regiões que apresentam climas como
o semiárido muito quente (BSs'h'), áreas onde as
temperaturas são mais elevadas, com máximas que
podem ultrapassar os 40 °C.[7]
Pernambuco apresenta um dos maiores déficits
hídricos do Brasil.[82] No Sertão, as médias de
precipitações pluviométricas variam entre 400 mm e
600 mm anuais. No Agreste, estão compreendidas entre
500 mm e 900 mm. E na Zona da Mata, a média anual da
precipitação varia entre 1.500 e 2.000 mm.[7]

Hidrografia

Trecho do rio São Francisco em Petrolina, no Sertão.


O pau-brasil, mais conhecido como "pau-de-pernambuco"
em países como França e Itália, foi quase totalmente
dizimado no estado, assim como a Mata Atlântica (foto).[37]

São dois os domínios hidrográficos que dividem o estado


de Pernambuco. O primeiro compreende
pequenas bacias hidrográficas independentes formadas
por rios litorâneos que correm diretamente para o oceano
Atlântico, formando as bacias dos
rios Goiana, Capibaribe, Ipojuca, Beberibe, Camarajibe e
Una. O segundo domínio é constituído pela porção
pernambucana da bacia do rio São Francisco, que tem
como pequenos afluentes, em sua margem esquerda, os
rios sertanejos (assim chamados por percorrerem o
interior do estado): Moxotó, Pajeú, Ipanema e riacho do
Navio.[7]
Em Pernambuco, o São Francisco é o principal rio, e com
exceção deste e dos rios litorâneos, todos os rios do
estado têm regimes temporários, ou seja, fluem somente
na estação chuvosa.[7]
Duas regiões hidrográficas brasileiras abrangem o
território pernambucano: São Francisco e Atlântico
Nordeste Oriental.[83]

Meio ambiente
A cobertura vegetal de Pernambuco é composta
por floresta tropical perene, floresta tropical
semidecídua e caatinga. A floresta tropical (Mata
Atlântica) recobria outrora toda a área situada a leste da
encosta oriental do Planalto da Borborema, razão pela
qual a região passou a denominar-se Zona da Mata.
Atualmente pouco resta da vegetação primitiva, que deu
lugar a campos de cultura e pastagens artificiais. A área
de transição entre os climas úmido e semiárido é
revestida por vegetação florestal peculiar, onde se
misturam espécies da floresta atlântica e da caatinga. É a
vegetação do Agreste, que também dá nome à região.
Finalmente, no resto do estado, isto é, no interior, domina
a caatinga, característica do Sertão.[7]
Parque Nacional do Catimbau

Praia dos Carneiros

A Lei Estadual 13.787/09, de 8 de junho de 2009, instituiu


o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da
Natureza (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80
Unidades de Conservação Estaduais: 40 de Proteção
Integral (31 Refúgios da Vida Silvestre — RVS; 5 Parques
Estaduais — PE; 3 Estações Ecológicas — ESEC; e 1
Monumento Natural — MONA) e 40 de Uso Sustentável
(18 Áreas de Proteção Ambiental — APA; 13 Reservas
Particulares do Patrimônio Natural — RPPN; 8 Reservas
de Floresta Urbana — FURB; e 1 Área de Relevante
Interesse Ecológico — ARIE).[84]
Em Pernambuco, o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade administra 11 unidades
de conservação: dois parques nacionais, uma estação
ecológica, uma floresta nacional, três áreas de proteção
ambiental, uma reserva extrativista e três reservas
biológicas.[85]
As unidades de conservação administradas pelo governo
brasileiro em Pernambuco são o Parque Nacional
Marinho de Fernando de Noronha (em Fernando de
Noronha), o Parque Nacional do
Catimbau (em Buíque, Ibimirim, Sertânia e Tupanatinga),
a Área de Proteção Ambiental de Fernando de
Noronha (em Fernando de Noronha), a Área de Proteção
Ambiental Costa dos Corais (em Barreiros, Rio
Formoso, São José da Coroa Grande e Tamandaré),
a Área de Proteção Ambiental Chapada do
Araripe (em Araripina, Bodocó, Cedro, Exu, Ipubi, Serrita,
Moreilândia e Trindade), a Reserva Extrativista Acaú-
Goiana (em Goiana), a Floresta Nacional de
Negreiros (em Serrita), a Estação Ecológica do
Tapacurá (em São Lourenço da Mata), a Reserva
Biológica da Serra Negra(em Floresta, Inajá e Tacaratu),
a Reserva Biológica de Pedra Talhada (em Lagoa do
Ouro) e a Reserva Biológica de Saltinho (em Rio
Formoso e Tamandaré).[85]

Demografia
Ver artigo principal: Demografia de Pernambuco

Densidade populacional dos municípios de Pernambuco


(2010).
0-23 hab/km²

23-50 hab/km²

50-100 hab/km²

100-150 hab/km²

150-200 hab/km²

200-300 hab/km²

300-400 hab/km²

400-500 hab/km²

> 500 hab/km²

Segundo o censo demográfico de 2010 realizado


pelo IBGE (última contagem oficial), a população de
Pernambuco era de 8 796 448 habitantes, sendo o sétimo
estado mais populoso do Brasil, representando 4,7% da
população brasileira.[86] Destes, 4 230 681 habitantes
eram homens e 4 565 767 habitantes eram
mulheres.[86] Ainda segundo o mesmo censo, 7 052 210
habitantes viviam na zona urbana e 1 744 238 na zona
rural.[86] O maior aglomerado urbano do estado é
a Concentração Urbana do Recife, que além da capital
possui mais 14 municípios, e, com 3 741 904 habitantes
recenseados, era em 2010 a quarta mais populosa
concentração urbana do Brasil, e a mais populosa do
Norte-Nordeste.[87]
A densidade demográfica de Pernambuco era de 89,47
hab./km² em 2010, a sexta maior do Brasil. Esse
indicador, entretanto, apresentava contrastes
pronunciados de acordo com a região analisada, variando
de 1 342,86 hab./km² na Região Metropolitana do Recife,
até o valor mínimo de 23,2 hab./km² na Região do São
Francisco Pernambucano.[88]
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH-M) do estado, considerado alto, era de
0,727 em 2017.[6] O município com o maior IDH
era Fernando de Noronha (na verdade um distrito
estadual), com um valor de 0,788 em 2010;
enquanto Manari, situado no extremo Sertão do Moxotó,
tinha o menor valor, 0,487. Recife, a capital, possuía um
IDH de 0,772.[89]
O nível de desenvolvimento social pernambucano é
superior ao dos países menos avançados, mas ainda está
abaixo da média brasileira. Não obstante, Pernambuco
detém o melhor serviço de coleta de esgoto do Norte,
Nordeste e Sul brasileiro e o quinto maior número de
médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, além de
apresentar a menor taxa de mortalidade infantil, a
melhor prevalência de segurança alimentar e a
maior renda per capita do Nordeste do país.[4][90][91][92][93]

Municípios mais populosos


 ver
 discutir
 editar
Municípios mais populosos de Pernambu
Estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE

Posição Localidade Pop. Posição Localidade Po


1 Recife 1 633 697 11 Igarassu 115
Jaboatão São
2 dos 695 956 12 Lourenço 112
Guararapes da Mata
Santa Cruz
3 Olinda 390 771 13 do 105
Capibaribe
Abreu e
4 Caruaru 356 128 14 99
Lima
Recife
5 Petrolina 343 219 15 Ipojuca 94
Serra
6 Paulista 328 353 16 85
Talhada
Cabo de
7 Santo 204 653 17 Araripina 83
Agostinho
Jaboatão dos Guararapes 8 Camaragibe 156 361 18 Gravatá 83
9 Garanhuns 138 642 19 Carpina 82
Vitória de
10 Santo 137 578 20 Goiana 79
Antão

Composição racial
Ver artigo Cor/Raça Porcentagem

Brancos 36,6%

Pretos 5,4%

Pardos 57,6%

Amarelos e Indígenas 0,3%


Fonte: IBGE (Dados relativos ao ano de 2009).

principal: Imigração em Pernambuco


Segundo dados publicados pelo IBGE, relativos ao ano
de 2009, a população de Pernambuco está composta
por: Pardos (multirraciais)
(57,6%); Brancos (36,6%); Pretos (5,4%);
e Amarelos e Indígenas (0,3%).[95] De acordo com um
estudo genético de 2013, a composição genética da
população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9%
africana e 15,3% ameríndia.[96]
Indígenas
A presença de indígenas em Pernambuco data de mais
de 10 mil anos. Pinturas rupestres são encontradas em
várias áreas do Sertão e Agreste do estado, sendo as
mais conhecidas as do Vale do Catimbau no município
de Buíque, Agreste Pernambucano. Segundo dados
da FUNAI, Pernambuco possui cerca de 40 mil índios nos
dias atuais.[97]
Africanos
Foi na Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1539
e 1542, que chegaram os primeiros escravos negros do
Brasil Colônia, para trabalhar na cultura da cana e na
fabricação do açúcar.[98]

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de


Olinda foi a primeira igreja do Brasil pertencente a uma
irmandade de negros.[99]
Talha dourada em estilo nacional português da Capela
Dourada.

O Museu Murillo La Greca, no Recife, foi criado em


homenagem ao pintor pernambucano Murillo La Greca, filho
de imigrantes italianos.[100]

Deutscher Klub Pernambuco

Quartel do Derby, antigo Mercado Modelo Coelho Cintra,


construído onde funcionava um hipódromo inglês.[101]
Antiga Rua dos Judeus no Recife, 1855.

O número de cativos de origem africana cresceu bastante


desde então. Em 1584, 15 mil escravos labutavam em
pelo menos 50 engenhos. Esse número subiu para 20 mil
escravos em 1600. Já na metade do século XVII a
população escrava somava entre 33 e 50 mil
pessoas.[102] Pernambuco foi uma das regiões que mais
receberam escravos africanos no Brasil. Durante o tráfico
negreiro, 824.312 africanos, 17% de todos os escravos
trazidos ao Brasil, entraram pelo litoral
pernambucano.[103] Dos africanos no estado, 79% eram
provenientes do Centro-Oeste africano. Atualmente,
situam-se nessa região os países de Angola, República
do Congo e República Democrática do Congo.[103]
Portugueses
Além de todo o legado genético, arquitetônico, musical e
dialectual, Portugal se faz presente, em Pernambuco,
com o Clube Português do Recife, o Real Hospital
Português de Beneficência e o Gabinete Português de
Leitura. O surgimento do tradicional hóquei sobre
patins em Pernambuco, na década de 1950, por exemplo,
é consequência da imigração portuguesa.[104] Os
portugueses também participaram da povoação das
regiões do São Francisco e do Sertão Pernambucano,
adquirindo terras para a criação extensiva de gado.[105]
Espanhóis
Nos primórdios da colonização, junto aos portugueses,
os espanhóis se fizeram presentes. Entre as últimas
décadas do século XIX e o início do século XX, Recife
também recebeu imigrantes oriundos da Espanha.[106]
Italianos
A presença italiana em Pernambuco remonta ao século
XVI. O senhor de engenho Filippo Cavalcanti, um nobre
oriundo da cidade de Florença, casou-se com Catarina de
Albuquerque, filha do governador Jerônimo de
Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo
Arcoverde, dando origem ao clã dos Cavalcantis (ou
Cavalcantes, na variante aportuguesada), reconhecido
como a maior família do Brasil. O casamento de Filippo e
Catarina definiu um dos padrões genéticos das famílias
do país, pelas quais 90% dos brasileiros têm genes
europeus do lado paterno e 60%, genes ameríndios ou
africanos por parte de mãe.[107] Já a imigração italiana
para o estado entre o fim do século XIX e início do século
XX, pequena, foi concentrada ao longo do litoral e na
capital, com italianos provenientes principalmente das
províncias de Cosenza, Salerno e Potenza.[108] Atualmente
há um número significativo de descendentes
de italianos no estado: cerca de 200 mil.[109]
Holandeses
Há muitos mitos quanto à herança genética deixada
pelos holandeses durante o seu domínio em
Pernambuco. Culturalmente, os habitantes alourados do
estado são considerados como de ascendência
holandesa, porém a maioria deles, na verdade, descende
de portugueses do norte, motivo pelo qual ainda hoje são
chamados de "galegos", uma referência ao Reino da
Galiza.[110] Entretanto, no ano de 2000, a Universidade
Federal de Minas Geraisrecolheu amostras de DNA de 50
indivíduos naturais do estado para análise — durante a
realização do estudo "Retrato Molecular do Brasil" —, e
no resultado foi-se verificado que essas pessoas
possuíam em média 19% de genes do haplogrupo 2,
muito comuns nos Países Baixos e na Alemanha.
Ressalte-se que esse percentual foi o segundo maior
encontrado no Brasil, logo após a região Sul, com 28%, e
ainda maior que a média encontrada em Portugal, que foi
de 13%.[111] Existem ainda outras evidências de que os
neerlandeses, embora tenham partido majoritariamente
após a Insurreição Pernambucana, deixaram
descendentes no Brasil. Um exemplo é a família Buarque
de Hollanda, que descende do capitão de cavalaria das
tropas dos Países Baixos Gaspar Nieuhoff Van Der Ley, e
da qual faz parte, dentre outras personalidades, o cantor
e compositor Chico Buarque, neto do farmacêutico
pernambucano Cristóvão Buarque de Hollanda. Gaspar
Van Der Ley casou-se com Maria Gomes de Mello e foi
morar no litoral norte de Pernambuco entre 1630 e
1640.[112]
Alemães
Os primeiros registros de alemães datam do século XVII,
com a chegada dos holandeses no estado. As
duas guerras mundiais impulsionaram a colônia alemã no
Recife, que chegou a contar com mais de 1,2 mil
imigrantes.[113]Esta presença pode ser observada no
Deutscher Klub Pernambuco, fundado em 1920, e que
antes era restrito apenas à colônia alemã e seus
descendentes.[114]
Ingleses
No começo do século XIX, quando o príncipe regente
Dom João VI abriu os portos do país,
os ingleses começaram a chegar ao Brasil —
especialmente ao Recife, a São Paulo, ao Rio de Janeiro
e a Salvador. Naquela época, a cidade do Recife possuía
aproximadamente 200 mil habitantes, e a colônia inglesa
já se apresentava de forma bastante expressiva. Datam
do período o Cemitério dos Ingleses e a Capela
Anglicana.[115]
Judeus
O judaísmo está presente em Pernambuco desde o
século XVI. Os judeus sefaraditas convertidos
ao cristianismo eram considerados cristãos-novos, sendo
muitos deles senhores de engenho. Existia porém a
suspeita de prática escondida da religião judaica.
Obtiveram liberdade de professar a religião nos tempos
de Maurício de Nassau, que logo foi combatida quando os
portugueses voltaram ao domínio da economia
açucareira.[116] Entre o fim do século XIX e o início do
século XX instalou-se na cidade do Recife uma segunda
comunidade constituída em sua maior parte por judeus de
origem ashkenazita provenientes de países
como Polônia, Ucrânia, Rússia, Áustria e Alemanha.
Alguns membros da comunidade ashkenazita de
Pernambuco tornaram-se notórios, como Mário
Schenberg, Leopoldo Nachbin, Paulo Ribenboim, Aron
Simis, Israel Vainsencher, Clarice Lispector, Leôncio
Basbaum, Noel Nutels, dentre outros.[117]
Árabes
No Recife, uma das marcas dos imigrantes árabes é o
Clube Líbano Brasileiro, erguido pela colônia libanesa no
bairro do Pina. O primeiro contato árabe com
Pernambuco, entretanto, se fez com
missionários católicos sírios que chegaram nas caravanas
portuguesas.[118] O estado também abriga a segunda
maior comunidade palestina do Brasil, concentrada na
cidade do Recife, que começou a receber os primeiros
imigrantes em 1903. Hoje a comunidade tem cerca de 5
mil pessoas.[119]
Pardos
A miscigenação ocorre em Pernambuco desde os
primórdios da colonização. Caso emblemático é o
de Jerônimo de Albuquerque, que ganhou o apelido entre
os historiadores brasileiros de "Adão Pernambucano".
Jerônimo chegou à Capitania de Pernambuco em 1535
com a irmã, Brites de Albuquerque, e o marido dela, o
capitão-donatário Duarte Coelho, e logo iniciou uma série
de uniões com mulheres indígenas — casando-se, por
exemplo, com a princesa Muira-Ubi (batizada com o
nome cristão de Maria do Espírito Santo Arcoverde), no
ritual tabajara —, o que ajudava a selar a paz entre os
europeus e os povos nativos. Teve, ainda, filhos com
Felipa de Melo, com quem posteriormente casou-se de
acordo com as leis da Igreja por exigência da rainha
Catarina de Portugal, e, suspeita-se, como as africanas
que começavam a chegar à colônia. Não se sabe ao certo
quantos filhos ele deixou, mas 36 foram reconhecidos,
entre eles nomes notórios como Jerônimo de
Albuquerque Maranhão, herói da conquista do Maranhão
e fundador da cidade de Natal no Rio Grande do Norte.[120]

Religião
Catedral de Petrolina, construída em estilo neogótico.

Sinagoga Kahal Zur Israel, a mais antiga sinagoga


da América.[55]

Barracão de candomblé em Pernambuco.

De acordo com os dados do censo de 2010 do IBGE,


5 834 601 habitantes eram católicos (66,33%), nos quais
5 801 397 católicos apostólicos romanos (65,95%),
26 526 católicos apostólicos brasileiros (0,30%) e
6 678 católicos ortodoxos (0,08%);
1 788 973 evangélicos (20,34%), sendo 1 102 485 de
origem pentecostal (12,53%), 376 880 de missão (4,28%)
e 309 608 não determinado (3,52%);
123 798 espíritas (1,41%); e 43 726 Testemunhas de
Jeová(0,50%). Outros 914 954 não tinham
religião (10,40%), dentre os quais 10 284 ateus (0,12%) e
5 638 agnósticos (0,06%); 80 591 seguiam outras
religiões (0,90%); e 9 805 não souberam ou não
declararam (0,12%).[121]
Cristianismo
Os colégios tradicionais pernambucanos são em sua
maioria católicos, como o Colégio Damas da Instrução
Cristã, o Colégio Marista São Luís e o Liceu Nóbrega de
Artes e Ofícios. Os templos maiores, mais antigos, mais
conhecidos e mais visitados pelos turistas são da Igreja
Católica, como a Basílica do Carmo, a Basílica de São
Bento, a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de
Santo Antônio, a Concatedral de São Pedro dos Clérigos,
a Capela Dourada, a Igreja do Carmo de Olinda, a Igreja
de Nossa Senhora das Neves, a Catedral Sé de Olinda,
a Igreja dos Santos Cosme e Damião, a Igreja Madre de
Deus, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
de Olinda e a do Recife, a Basílica da Penha, a Basílica
Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, a Igreja de
Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes,
entre outras, o que se trata de um sinal de que o
catolicismo romano é a religião mais professada entre os
pernambucanos.[121]
A Igreja Católica em Pernambuco divide-se
administrativamente em uma arquidiocese e
nove dioceses: a arquidiocese de Olinda e Recife,
comandada atualmente pelo arcebispo Dom Antônio
Fernando Saburido, e as dioceses de Afogados da
Ingazeira, Caruaru, Floresta, Garanhuns, Nazaré, Palmar
es, Pesqueira, Petrolina e Salgueiro.[122]
Pernambuco é a unidade federativa da Região Nordeste
com a maior concentração de evangélicos, tanto em
números absolutos quanto em termos proporcionais.
20,34% da população do estado, o que corresponde a
mais de 1,78 milhão de pernambucanos, se declara
protestante de acordo com o censo de 2010 do IBGE,
percentual muito superior aos percentuais encontrados
nos demais estados nordestinos.[123]
Pernambuco possui as mais diversas denominações
protestantes, como a Assembleia de Deus, igreja
protestante com maior quantidade de fiéis e templos no
estado.[123] Outras denominações pentecostais e
neopentecostais presentes em Pernambuco são, dentre
muitas: Igreja Universal do Reino de Deus, Congregação
Cristã no Brasil, Igreja Casa da Benção, Igreja Deus é
Amor, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja O Brasil
Para Cristo, Igreja Maranata e Igreja Nova Vida.[121] Entre
as denominações evangélicas tradicionais, possuem
templos no estado as igrejas de orientação batista,
a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja Presbiteriana,
a Igreja Luterana, a Igreja Anglicana, a Igreja Metodista e
a Igreja Congregacional.[121][124]
Outras religiões
Entre os cristãos não católicos e não protestantes,
destacam-se os Espíritas, as Testemunhas de Jeová e
os Santos dos Últimos Dias.[121] O templo afro-brasileiro
mais conhecido é o Terreiro do Pai Adão, no Recife.[125]
Os judeus também estão presentes. Algumas das
personalidades judias que moraram na capital
pernambucana foram a escritora Clarice Lispector, o
filósofo Luiz Felipe Pondé, o engenheiro Mário
Schenberg, o paisagista Roberto Burle Marx, entre
outros.[126] Os budistas, hinduístas e muçulmanos não
possuem relevância na população do estado.[121]
Governo e política
Ver artigo principal: Política de Pernambuco
Ver também: Lista de governadores de Pernambuco
O estado de Pernambuco é governado por três poderes:
o Executivo, representado pelo Governador do Estado; o
Legislativo, representado pela Assembleia Legislativa de
Pernambuco; e o Judiciário, representado pelo Tribunal
de Justiça do Estado de Pernambuco. Também é
permitida a participação popular nas decisões do governo
através de referendos e plebiscitos.[127] A atual
constituição do estado de Pernambuco foi promulgada em
5 de outubro de 1989, acrescida das alterações
resultantes de posteriores emendas constitucionais.[128]
O Poder Executivo pernambucano está centralizado no
Governador do Estado, que é eleito em sufrágio
universal e voto direto e secreto, pela população, para
mandato de quatro anos de duração, podendo ser reeleito
para mais um mandato por igual período. Sua sede é
o Palácio do Campo das Princesas, construído em 1841
pelo engenheiro Morais Âncora a mando do então
governador Francisco do Rego Barros. Várias pessoas já
passaram pelo Governo de Pernambuco, sendo o mais
recente deles Paulo Henrique Saraiva Câmara,
economista recifense formado pela Universidade Federal
de Pernambuco, eleito no primeiro turno das eleições de
2014.[129] Além do governador, há ainda no estado a
função de vice-governador, atualmente exercida por Raul
Jean Louis Henry Júnior.[129]
O Poder Legislativo pernambucano é unicameral,
constituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco,
localizado no bairro de Boa Vista, na cidade do Recife.
Ela é constituída por 49 deputados, que são eleitos a
cada quatro anos. No Congresso Nacional, a
representação pernambucana é de três senadores e
25 deputados federais.[128]
O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a
capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as
regras constitucionais e leis criadas pelo Poder
Legislativo. Atualmente a presidência do Tribunal de
Justiça de Pernambuco é exercida pelo desembargador
Leopoldo de Arruda Raposo.[130] Representações deste
poder estão espalhadas por todo o estado por meio
de comarcas.[131]

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