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CIRCULOS DE LEITURA E LETRAMENTO LITERÁRIO

RILDO COSSON

Resumo
A LITERATURA EM TODO LUGAR (Capítulo 1)

A literatura em alguma parte

Cosson recorda que a literatura faz parte das comunidades humanas desde tempos
imemoriais, primeiramente por meio de gêneros orais até chegar à escrita. Logo em seguida, ele nos
relata dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2012), nos fazendo refletir acerca dos
mesmos. Os dados nos mostram que os percentual de livros lido por pessoa/ano tem diminuído
gradativamente, cujo principal motivo é a falta de tempo (ou melhor de interesse). Ainda de acordo
com a pesquisa quem lê, lê por necessidade e não por prazer. O que leem? O livro didático (quando
alunos) e a Bíblia. O livro literário quando leem é o best seller do momento ou o livro que foi
indicado pela escola. Para os entrevistados, a biblioteca é vista como um espaço para estudar e não
como local para se tomar livros emprestados. Os jovens parecem não ter tempo nem concentração
para leitura de livros impressos, contrários ao modo dispersivo e irrequieto das tecnologias e
manifestações culturais contemporâneas.
Além desse quadro desolador, para quem trabalha com a literatura e acredita que esta é
fundamental para a condição humana, a forma como a literatura vem sendo trabalhada na escola não
ajuda muito na formação do leitor literário.
O autor cita os estudos de Zilberman (2003) que afirma que os fragmentos de textos
literários presentes nos livros didáticos não formam leitor. E ainda que “as nova teorias de leitura
parecem dispensar o texto literário como um objetivo ou fim a ser atingido como fora no passado
(ZILBERMAN, 2003 apud COSSON, p. 13, 2019).
De acordo com Cosson os textos literários nos livros didáticos foram substituídos por textos
dos mais diversos gêneros. Assim nota-se o desaparecimento ou redução do espaço da literatura na
escola. Essa nova organização ocorre em consonância com as recentes teorias do ensino de línguas
as quais pressupõem que o leitor competente é formado por contato com textos de uso social
variado.
Outra forma de recusa da leitura de literatura clássica ou cânone ocorre devido as
dificuldades vocabular presentes nessas obras. Assim, os jovens recorrem a adaptações
cinematográficas ou resumos da internet ao invés de ler a obra. Diante dessas dificuldade o
professor de literatura adota duas posições conflitantes: troca o cânone por best seller justificando
que “pelo menos eles estão lendo” ou trabalha a obra literária como conteúdo de aprendizagem,
aplicando prova, resumo ou outra forma de cobrar a leitura.

A literatura em qualquer lugar


A percepção do desparecimento ou deslocamento da literatura talvez se deva ao modo como
associamos à escrita ao livro. Se considerarmos o sentido da literatura como palavra, independente
do veículo, a situação pode ser bem diferente. O que está em declínio são as formas que a tradição
valoriza como literárias.
O autor apresenta canção popular, filme, HQs, literatura eletrônica, séries de TV, novela
como sendo “os avatares” da literatura, exemplificando como a literatura se espraiou pela cultura.
Dessa forma, considera-se não a qualidade estética ou artística, mas como a palavra feita literária
participa daquele objeto ou produtos culturais.

A literatura em outro lugar


Para além ou aquém dos “avatares”, há o argumento de que a literatura permanece tal como
se reconhece tradicionalmente, porém em suportes que não o livro. Adaptações de textos literários
para cimena, TV e HQs, quando se mantém os diálogos do texto escrito original e os trechos
narrativos e descritivos são divididos entre imagem e voz do narrador. Por exemplo, um poema que
é musicado. Não é considerada uma nova manifestação cultural. Ele está apenas sendo veiculado de
outra maneira.
Nessa perspectiva, a internet parece um oásis para a literatura com suas bibliotecas virtuais e
e-books. Pode-se achar site de autores e obras, uma mesma obra em vários idiomas e os blogs
servem como vitrine para autores (que nem foram impressos).
Alternativamente, a literatura permanece enquanto fonte ou referência Os textos literários
perdem sua integridade e passam a circular em formas de fragmentos em citações e referências. A
literatura continua sendo produzida, mas o acesso e modo de circulação social muda. A leitura da
obra literária completa é restrita.

A literatura em todo lugar


Nesse debate sobre a circulação e permanência da literatura na escola e diferentes formas de
sua apropriação, o ponto fulcral é o conceito de literatura.
Se a literatura for tomada como conjunto de obras exemplares, então é legítimo falar de seu
desaparecimento. Agora se entendermos a literatura como o uso da palavra para criar mundos ou
sentimentos de mundo, valem as novas manifestações culturais (cinema, canção popular, HQs e os
novos usos). Para ambas a literatura é essencialmente um produto.
No entanto existem outras formas de entender a literatura. Para Even-Zohar a literatura vai
além dos cânones, de acordo com sua teoria das polissemias (1990). Segundo ele, podemos
conceber a literatura como produto, que está na base da maioria das discursões sobre sua
permanência e circulação social, equivale, portanto à cultura-como-bem. Assim como podemos
assimilar a prática da literatura, ou seja, às muitas maneiras de ler e se apropriar do texto literário a
cultua-como-instrumento. Nesse caso, o mais importante não é o conjunto das obras ou suas
funções sociais, mas sim o uso que se faz desse conjunto.
Cosson esclarece que esse livro “se reporta as diversas maneiras como o repertório é
construído, transformado, negociado e mantido individual e socialmente por meio do que
denominamos letramento literário” (COSSON, p. 25, 2019). Tomando o letramento literário como
processo dinâmico que não se encerra em um saber ou pratica delimitada a um momento específico.
A apropriação do texto literário permite ao a individualização do sujeito ao mesmo tempo
em que demanda interação social. A interação verbal única e intensa mediada pelo texto literário
possibilita o exercício da liberdade que nos torna humanos. E isso faz com que a literatura esteja em
todo lugar.

A LEITURA E SEUS ELEMENTOS (Capítulo 2)

O capítulo está dividido em três tópicos: “O valor da leitura”; “Uma concepção de leitura” e
“Os elementos da leitura”. O autor finaliza o capítulo com o que ele define de fábula, “A pergunta
da leitura e o enigma da morte” para ilustrar o que foi retratado no capítulo.
No primeiro tópico, “O valor da leitura”, o autor inicia a discussão mencionando um fato
ocorrido em novembro de 2009 em Brasília: o escândalo de uma escola de idiomas que falsificava
diplomas da Educação de Jovens e Adultos com o objetivo de permitir a entrada de estudantes na
faculdade sem ter cursado o ensino médio. O fato curioso e que gerou debate nessa situação, foi a
resposta para a explicação de como esses estudantes não só entravam nas universidades, mas
permaneciam nelas. Diante de várias hipóteses, Rildo Cosson, considera como mais satisfatória a
hipótese de que o motivo pelo qual os alunos que não cursaram o ensino médio passavam
despercebidos era o fato de eles saberem ler. Essa hipótese se sustenta em dois argumentos: o
primeiro é devido ao número de informação que nos são oferecidas, o que pode nos “enfoxicar” e o
segundo, vem do reconhecimento de que a escola não é o único meio de se obter uma informação
cultural e científica.
No segundo tópico, “Uma concepção de leitura”, o autor, dentre as variadas definições,
conceitos e concepções sobre leitura, escolhe aquela que toma a leitura como um diálogo. A base
teórica para tal concepção vem, principalmente, de Bakhtin. Nesta perspectiva, o autor faz três
aproximações da leitura como um diálogo: 1. Ler é produzir sentidos por meio de um diálogo, uma
conversa; 2. Ler é um diálogo que se faz com o passado, uma conversa com a experiência dos
outros; 3. Ler é um diálogo com o passado que cria vínculos, estabelece laços entre leitor e o mundo
e os outros. Em síntese, ler, segundo Cosson, “consiste em produzir sentidos por meio de um
diálogo, um diálogo que travamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência que
compartilhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade de leitores”.
No terceiro e último tópico, “Os elementos da leitura”, são apresentados os quatro elementos
da leitura: autor, texto, leitor e contexto. Ler, na concepção do primeiro elemento é buscar o que diz
o autor, o qual é simultaneamente ponto de partida e elemento principal do circuito da leitura. Ler é
ouvir o autor. Na segunda concepção, ler não é buscar o que disse ou quis dizer o autor, mas sim
revelar o que está no texto. Ler é analisar o texto. Na terceira concepção, a leitura começa no
momento em que o leitor se dirige ao texto. É apenas no momento da interação ou da transação
entre leitor e texto que o sentido se efetiva, de modo que, sem o leitor, os livros, por exemplo, não
passam de papel e tinta. Ler é construir os sentidos do texto. O ato de ler centrado no contexto,
entende que antes, durante e depois do autor, do leitor e do texto, a leitura parte do contexto e tem
no contexto o seu horizonte de definição. Ler é compartilhar os sentidos de uma sociedade.
Por fim, a reflexão que a fábula nos traz é a de que todo conhecimento começa com
perguntas cujas respostas geram novas perguntas. Ler é perguntar. A leitura é um diálogo que
começa com uma pergunta e uma resposta que gera outra pergunta e outra resposta, e assim por
diante.
A LEITURA E SEUS OBJETOS (Capítulo 3)
A leitura formativa e a literatura

Como desenvolvemos a capacidade de leitura? Lendo qualquer texto e de qualquer modo?


Não. Lendo de maneira formativa. E como ler formativamente? Sintetizando o que as teorias da
leitura atualmente concordam sobre a formação de um leitor competente, podemos dizer que lemos
formativamente quando:
a) Lemos diversos e diferentes textos: O conhecimento das várias formas de composição dos
textos e de vários tipos de textos permite que a leitura movimente entre eles e construa um
repertório que servirá de parâmetro para as próximas leituras
b) Lemos de diversos modos: Não se lê sempre do mesmo jeito e precisamos exercitar os
diversos modos de ler para desenvolver a nossa competência de leitor.
c) Lemos para conhecer o texto que nos desafia e que responde a uma demanda específica: A
escolha que se faz de um texto para leitura está diretamente relacionada ao que se deseja ou se
precisa conhecer, entender e viver, compreendendo não só os interesses do momento, como
também o futuro que se busca alcançar, assim como as limitações de competência no presente
e o horizonte que o texto oferece para superá-las.
d) Avaliamos o que lemos: A leitura, como qualquer outra atividade social não é feita sem
critérios que indicam o que vale a pena ser lido, quando ser lido e por quem ser lido. Boa
parte desses critérios não são decisões individuais do leitor, ainda que assim possa lhe
parecer, mas sim dada pela comunidade de leitores onde ele está inserido, entre outras forças
sociais
e) Lemos para aprender a ler: Uma boa parte do que lemos se deve a necessidades práticas
de nosso cotidiano. Lemos diariamente a sinalização do trânsito para dirigir o carro com
segurança. Lemos um manual para saber como funciona um aparelho eletrônico recém
comprado. Lemos o guia de preenchimento de um formulário quando precisamos demandar
algo de um órgão do governo.
A leitura literária conduz a indagações sobre o que somos e o que queremos viver, de tal
forma que o diálogo com a literatura traz sempre a possibilidade de avaliação dos valores postos em
uma sociedade.
A aprendizagem da leitura pela literatura possui todas as vantagens apontadas anteriormente
e, em especial, a reflexividade no ato da leitura. Como a matéria prima da literatura é a palavra, o
mundo da literatura é, em primeiro e último lugar, linguagem. Dessa forma, a leitura literária
demanda do leitor que se debruce sobre o modo de dizer ao mesmo tempo que se inteira do que é
dito. Os recursos expressivos presentes nos textos literários fazem com que o leitor perceba que a
linguagem não é transparente, até porque os referentes dos textos literários são outros discursos.
Em suma a literatura é formativa porque ela nos forma como leitores e como sujeitos da
nossa leitura. “afinal construímos o mundo com palavras, e, pra quem sabe ler, todo texto é uma
letra com a qual escrevemos o que vivemos e o que queremos viver, o que somos e o que queremos
ser”. (COSSON, 2010, p. 67)

Os objetos da leitura literária

A leitura como diálogo pressupõe uma relação que se estabelece entre leitor e autor, texto e
contexto, constituindo o que chamamos de circuito da leitura.
Tomada como um diálogo, como uma relação. O ato de ler é mediado por três objetos que
são os objetos da leitura: texto, contexto e intertexto, ou seja, quando leio um texto sempre leio
simultaneamente o texto, o contexto e o intertexto.
Em nossos dias, porém, por força do desenvolvimento das tecnologias e dos estudos sobre a
leitura, entre outros, a noção do que é um texto é muito mais ampla. Incorporando desde as pinturas
rupestres até as multimodais possibilidades de significar oferecidas pelos meios digitais, um texto é
bem mais concebido como “todas as maneiras de se configurar signos”.
O contexto
A noção de contexto é um tanto mais complexa do que a indicação de dados históricos e a
listagem de traços estilísticos da época de produção da obra. Em primeiro lugar, o uso do contexto
como categoria não se restringe ao campo literário; ao contrário alcança áreas tão diversas quanto a
biologia, a linguística, a história, a filosófica, a psicologia, a antropologia, a economia, neurociência
entre outras.
O contexto além do texto, por fim, compreende as dimensões mais amplas da sociedade, da
cultura e da história que influenciam diretamente o evento de letramento.
O intertexto
Como já é bem estabelecido, o termo intertexto foi cunhado em 1956 por Julia Kristeva,
com base na leitura de Bakhtin, para designar a relação entre textos ou mais precisamente o
reconhecimento de que um texto é sempre resultado de um diálogo com outros textos.
Enquanto objeto da leitura literária, o intertexto ocupa uma posição muito especial. O seu
estatuto diferenciado vem do fato de que por meio dele se verifica não apenas o texto ou os textos
que estão entretecidos em um determinado texto, mas também se evidenciam as relações que
estabelecem entre os elementos e os objetos da leitura.

OS MODOS DE LER DA LEITURA LITERÁRIA (Capítulo 4)


A leitura é uma competência que exige muito do leitor, e ao buscar essa compreensão, é
preciso refletir sobre como ter acesso ao sentido de uma obra em uma leitura literária. Comumente
na prática, os métodos e as aplicações teóricas não deveriam substituir a leitura das obras, podendo
ser considerados meios para o alcance deste sentido, conforme exposto por (Todorov, 2010).Os
métodos, estudados pelos profissionais de Letras, por vezes, tornam-se a essência da leitura,
realizada superficialmente, não adentrando ao seu sentido e, quando estudados não são postos em
prática.
Alguns problemas de leitura na prática em sala de aula são destacados pelo autor: o ensino
de literatura como pretexto para questões gramaticais, fichas de leitura e o ensino de história da
literatura com períodos e escolas literárias. Neste sentido, o capítulo possibilita leituras literárias
conduzindo ao sentido da obra, por meio dos modos de ler, na escola ou fora dela, levantando um
questionamento: o que lemos quando lemos o texto literário?
Como já visto nos capítulos anteriores a resposta para esse questionamento, seguem os três
objetos da leitura literária: contexto, texto e intertexto, compreendendo os quatro elementos já
estudados: autor, leitor, texto e contexto, sendo divididos e abordados da seguinte forma.
Contexto autor – é uma leitura de caráter biográfico, relacionando a obra literária com a
vida do autor, buscando elos que reforçam o sentido da obra. Contexto-leitor – é uma leitura
identificada entre a obra e a história de vida do leitor, compreendendo e compartilhando situações
pelas quais o leitor vivenciou, observada com o olhar crítico. Contexto-texto - é uma forma de
leitura confirmando ou reforçando uma temática, estilo ou gênero, sobre algo que já se tem
conhecimento. Contexto-intertexto – é uma forma de leitura documental para conhecer ou discutir
questões específicas da sociedade. Apresenta-se com o perigo de perder o sentido da obra,
abordando apenas a questão proposta na mesma.
Texto-autor – leitura que busca identificar e analisar aspectos e estilos de escrita na
identidade do autor. Texto-leitor – leitura que envolve emocionalmente o leitor, em virtude do
profundo mergulho que a mensagem da obra proporciona. Transcende, vai além das palavras.
Texto-contexto – analisa o prefácio, aspectos como projeto editorial, diferentes edições, capas,
advertências e outros que determinam o sentido da obra. Texto-intertexto - analisa a linguagem
literária, com recursos estilísticos, detalhes como uma frase ou verso, relação da obra com outros
textos na construção dos sentidos.
Intertexto-autor – é o diálogo da biografia intelectual do autor e a formação cultural do
leitor, permitindo uma compreensão literária da obra em diversas vertentes. Intertexto-leitor – é
uma leitura que aproxima a obra de outros textos que fizeram parte da história de leitura do leitor,
mas que necessitam de uma coerência justificada pelo mesmo, favorecendo o leitor com
diversidades de leituras. Intertexto-texto – é a relação estabelecida pelo leitor com outros textos,
compreendendo novos sentidos na obra considerando aspectos semânticos de operações textuais.
Intertexto-contexto – é uma leitura que visa identificar os gêneros e estilos literários presentes na
obra, sendo o discurso literário, o responsável por apontar esses elementos na leitura, bem como os
sentidos da obra.
Pelo exposto, o autor esclarece que esses modos de ler não são únicos, e o leitor poderá
relacionar um ou dois modos de leitura, ou realizar uma leitura com três modos, texto, contexto e
intertexto, como também, não há impedimento para que o leitor adote outros modos de leitura. Estas
possibilidades de leitura são produtivas para identificar o que lemos quando lemos uma obra
literária.
Trazer para a leitura, estas experiências de modos de ler é um exercício literário que
aproxima a obra do leitor em um processo de compreensão e amadurecimento de leitura. Nesta
perspectiva, a literatura dá acesso e permite a todo tempo, a construção de caminhos para a leitura.
A fábula “A leitura da vida” ao final do capítulo, representa esses caminhos sempre disponíveis e
convidativos.

AS PRÁTICAS DA LEITURA LITERÁRIA (Capitulo 5)

Nesse capítulo o autor traz informações de práticas de leitura literária no processo de


escolarização da literatura em outras palavras, formar uma comunidade de leitores. Nas práticas
literárias o que se espera é que ocorra uma leitura para uma maior capacidade de ler, de ser crítico,
de adquirir uma relação entre o texto x aluno x sociedade.
O autor traz a importância do instrumento LEITURA para ser utilizado por formadores de
leitores. Os elementos que o autor, o texto, o contexto e o leitor são o que se conectam nos círculos
de leitura. Não importando o local de reunir as pessoas para discutir leitura. O objetivo é LER uma
obra em qualquer local.
A oferta por boas leituras somente depende dos educadores ou dos orientadores que estão
dispostos a realizar essa atividade. Cabe ao orientador segundo o autor a sugestão de atividades para
auxiliar aos educadores e aos leitores. Essa leitura em grupo possa a ser facilitador dos códigos que
são atribuídos nos sentidos do texto, além do que está escrito e relacionar o conhecimento e
compreensão de cada participante sobre o texto.
Quanto mais leituras melhores leitores, na construção dos significados os leitores
decodificam, selecionam e antecipam as informações do texto.
As mais variadas práticas de leituras são informadas pelo autor para que o educador ou o
orientador venha ter a possibilidade de escolhas para praticar com os seus leitores:
 Leitura silenciosa; prática que não era comum na antiguidade, nas salas de aula é bem usual,
um modelo básico aplicado com atividades que se relacionam.
 Leitura silenciosa sustentável; leituras adotadas pelas escolas por um tempo regular que o
livro pode ser escolhido dentro da biblioteca, ou trazido de suas casas. Sugerido de 10 a 15
minutos diários durante as aulas. Durante essa experiência surgem os mais variados tipos de
leitores. (leitores vorazes, falsos leitores, leitor vencido, leitor pretensioso, leitor cumpridor.)
O autor sugere o professor ou o orientador deva saber lidar com os vários perfis.
Estratégias de leituras devem ser aplicadas para driblar essa resistência da leitura silenciosa
sustentável. Um bom exemplo sugerido foi à caixa mágica para auxiliar na imaginação, escrita,
motivação e compreensão dos textos. Existem sempre tipos diferentes de leitores. Fora da escola a
leitura é mediativa, o mundo oferta sons, cores que atrapalham a atenção e o desejo do leitor.
Sendo a escola um dos principais meios onde as crianças e os jovens vão ter acesso a
leitura, o professor é mediador entre educação e a aprendizagem na contextualização do ensino. E o
letramento literário segundo o autor contribui para a alfabetização e construção do saber.
Os grupos de leituras desenvolvem habilidades relacionadas a leitura, gosto pela leitura ,
leitura e escrita que ajudam na linguagem e na cultura do individuo, estimulando o leitor a leitura
desenvolvendo o comportamento intelectual.
A leitura silenciosa, a compartilhada, a que é durante o dia, a cantada, guardada na
memória, dramatizada, contação de historias, o fandom (recente significante forma de ler os textos
além do escrito, mas cultuando a obra para atingir os gêneros do sistema literário) de interação, a
resenha, a análise e outras técnicas são partes do processo que aumenta a auto-estima, torna o
sujeito crítico e atuante na sociedade. Qualquer leitura desenvolve o intelecto da pessoa, promove
educação e forma assim cidadãos críticos e reflexivos com mais comprometimento em construir
uma sociedade humana e justa.
Existe práticas como a MOTIVAÇÃO que prepara o leitor com a escolha da obra (jornal,
revistas, piadas, textos publicitários, debates livros e outros.) a INTRODUÇÃO que o professor ou
o orientador apresenta a obra juntamente com o autor para confrontar a realidade ( edições, imagens
e temáticas) a LEITURA com o acompanhamento da leitura e dos processos para compreensão e
recursos para ler. (temas ligados a proposta) e a EXTRAPOLAÇÃO ou interpretação que é a
criatividade de interpretação e capacidade de criar e recriar outros textos (criatividade de ação e
liberdade de expressão)
Como fala o autor que leitura segue procedimentos e que deve ocorrer dentro e fora das
escolas, em clube de leituras, clube de livros, circulo de leitura e qualquer nome que receba a ação
de ler. A leitura é viva e vivida, traz memórias, cheiros, vontades, satisfação, emoção e muitas
outras coisas que se pode compartilhar.

CÍRCULOS DE LEITURA: UM QUANTO DE TEORIA E TANTO DE PRÁTICAS


(Capítulo 6)
De início, antes de adentrarmos nas questões levantadas no capítulo em questão,
verificamos que no título há uma relação teoria e prática com os advérbios quanto e tanto. Talvez
essa relação dos advérbios (quanto/tanto) queira significar a não hierarquização da teria, colocando-
a em um patamar superior, nem rarefazer a prática. Interessante que dos exemplos citados de grupos
de leitura, ou de literatura, o foco não estava em aprofundar elementos de teoria literária, mas, sim,
compartilhar leituras, pontos de vistas e aprofundar nas interpretações. Nas palavras de Cosson
(2018, p. 135), “durante a reunião, toda contribuição é bem-vinda e não há interesse em formar
especialistas”.
Cosson (2018) inicia este capítulo relatando a experiência de um círculo de leitura
realizado em um hospital, em que abarca diversos profissionais da saúde e demais servidores que
atuam naquele estabelecimento. Há a descrição da periodicidade das reuniões deste círculo, os
objetivos e a logística do desenvolvimento dos trabalhos de leitura.
Verificamos a seriedade e o comprometimento dos participantes no programa. As obras
são selecionadas de acordo com o ambiente de trabalho e há incentivo de organizações para que
levem a cabo este tipo de atividade. Um dos pontos positivos que corrobora a relevância e a
importância do desenvolvimento deste labor literário, é que “ao ler os textos literários dessa
maneira, eles estão aprendendo a tratar melhor seus pacientes” (COSSON, 2018, p. 136).

Um quanto de teoria: comunidades de leitores


O cerne deste tópico seria a definição de círculos de leitura, a conformação desses grupos e
as benesses alcançadas a partir desta atividade. Encontramos definições teóricas a respeito do
processo de interpretação de textos, sobre o que seriam comunidades interpretativas.
Verificamos que não há o insulamento do(a) leitor(a) no processo de leitura-intepretação,
uma vez que se dialoga com diversos elementos no texto e, considerando também, que o(a) leitor(a)
está inserido(a) em comunidades interpretativas as quais são “atravessadas por convenções,
contextos e instituições, que pré-determinam o que é o texto e como deve ser lido” (COSSON,
2018, p. 137). Neste sentido, não há somente uma única leitura. Na perspectiva de Cosson (2018, p.
139), temos que “a interpretação que fazemos de um texto, por mais pessoal que nos pareça, está
ligada à existência de uma ‘estrutura social de leitura’”.
Cosson (2018) apresenta-nos como um dos benefícios da atividade de círculo de leitura, a
socialização. Nessa perspectiva, com respeito aos círculos de leitura, estes “possuem caráter
formativo, proporcionando uma aprendizagem coletiva e colaborativa ao ampliar o horizonte
interpretativo da leitura individual por meio do compartilhamento de leituras e do diálogo em torno
da obra selecionada” (COSSON, 2018, p. 139). Reconhece-se, por meio desta prática, o caráter
formativo do(a) leitor(a). Contudo, por esta característica de socialização, vemos que se configura
um meio efetivo para a formação do(a) leitor(a).

Um tanto de prática na escola: o círculo de literatura

Neste item, encontramos a explicação de como proceder para a criação e para a execução
dos círculos de leitura no ambiente escolar. O autor nos esclarece que trata de orientações e nos
aponta onze passos norteadores. Nessas orientações, destacamos a questão da organização e da
logística do grupo de literatura. A autonomia e o protagonismo dos estudantes são fundamentais
para que eles possam se desenvolver dentro de suas possibilidades e ampliar suas interpretações.
Sugere-se, também, que os(as) alunos(as) sejam orientados pelos mediadores. Foi citado
neste item a fichas de função. Mas, não deve ser tratado como limitador senão um material
orientador para que os(as) estudantes apreendam a atividade de leitura com foco e objetividade.
Com relação ao fechamento da obra, Cosson (2018, p. 141), nos oferece algumas possibilidades
interessantes. Vejamos, a seguir.
Quando a leitura e a discussão daquela obra se encerram, uma aula inteira é reservada para
a apresentação da obra lida para toda a turma pelo grupo. Essa atividade pode ser uma
simples apresentação oral do que foi discutido pelo grupo ou recomendação do livro a
determinados colegas até a elaboração de um produto especial, como árvore genealógica
das personagens, entrevistas orais ou imaginárias com ou autor ou personagens,
interpretação do texto por meio de encenação, dança ou canção, criação de textos paralelos
(diário ou poemas de uma personagem, novos finais e continuação da história, inserção de
uma nova personagem) e outras tantas possibilidades que professor e aluno podem
desenvolver criativamente quanto tocados pela obra (COSSON, 2018, p. 141).

Além do protagonismo dos alunos, enfatiza-se a figura do professor enquanto mediador do


processo das atividades do círculo de literatura. Os encontros devem ser agradáveis de, apesar do
planejamento, deve ser conduzido de maneira natural e saudável. Deve-se evitar atitudes não
democráticas nos grupos. Menciona-se que uma avaliação interessante de ser aplicada seria a
autoavaliação por parte dos(as) alunos(as).
Nesta obra, observamos que o autor menciona os percalços para os professores em
executar os círculos de leitura, em que há muitas restrições e dificuldades. Contudo, estes
impedimentos não devem desanimar o professor em atuar nos círculos de literatura, dado que
a lista de seus benefícios é extensa, compreendendo desde um maior envolvimento com os
textos até o desenvolvimento do pensamento crítico, passando pelo empoderamento do
aluno processo de escolha dos livros para ler e comando das discussões; aprendizagem
mediada pelos próprios alunos; riqueza de interpretação por força da diversidade de pontos
de vista sobre o mesmo texto; desenvolvimento da compreensão dos textos, da capacidade
de resolução de problemas e das habilidades de tomada de decisão; e, acima de tudo, a
formação de leitores em todos os níveis de ensino, da educação infantil ao ensino superior
(COSSON, 2018, p. 147).

Um tanto de prática fora da escola: os clubes do livro

Este tópico compreende de orientações norteadoras para o círculo de leitura fora do


ambiente escolar, caracterizado como Clubes do Livro. É nítida a questão da socialização e da
interação entre os membros participantes.
A organização das atividades e a logística do trabalho são questões imperativas e
necessárias. Uma questão mencionada, caso não há possibilidade de encontros presenciais, há os
grupos on-line, em que podemos interagir e discutir as obras selecionadas através dos foros de
discussão.
Consideramos o que vimos apresentando acerca deste capítulo, o sintetizamos com a
citação de Cosson (2018, p. 154) no fechamento dos seus apontamentos sobre os círculos de leitura,
a saber:
(...) os círculos de leitura são espaços sociais nos quais as relações entre textos e leitores,
entre leitura e literatura, entre o privado e o coletivo são expostas e os sentidos dados ao
mundo são discutidos e reconstruídos. Participar de um círculo de leitura é compartilhar
com um grupo de pessoas as intepretações dos textos com as quais construímos nossas
identidades e da sociedade em que vivemos (COSSON, 2018, p. 154).

Para Rildo Cosson, um clube de leitura é "um encontro semanal de um grupo de pessoas
para discutir um livro que leem ou parte dele", mas vai muito além, o autor observa que os clubes
de leitura têm potencial político ou, de acordo com Long (1993:194), "possibilita que as pessoas
definam quem são cultural e socialmente, e busquem solidariedade entre seus pares" (cf. COSSON
2019, p.139).
Talvez seja por isso que os clubes de leitura podem ser "organizados para resolver
problemas específicos ou com metas bem definidas" (2014: 150). Isso é apontado quando ele
ressalta que um grupo de professores do 8º ano se reuniu para atualizar suas leituras no campo da
literatura infantil, o que faz com que o leitor se pergunte, em seu contexto, se essa dinâmica não
poderia ser aplicada também.
É assim que se observa que os círculos de leitura são úteis dentro e fora da escola, pois
permitem que seus membros participem de uma comunidade maior, fazendo parte da cultura
letrada, estabelecendo relações intertextuais, laços de amizade e aprendendo a ler o mundo.
Enfim, na fábula intitulada "A voz da planta", o autor nos fala de uma "planta que fala", a
Tajá. Ele conta que em uma comunidade indígena, havia uma caverna ou um lugar sagrado ou
proibido, onde os anciãos diziam que não se podia entrar, porque não se saía de novo, ou se deixava
apenas "ser já homem"; isso é um piscar de olhos para o leitor, porque efetivamente aqueles que
participaram do ritual de levar a planta do Tajá eram crianças - que iriam – se- tornar - homens. As
crianças estavam em processo de se tornarem adultos, tinham passado por diferentes etapas e agora
tinham chegado ao ponto de enfrentar seus medos, estavam entrando naquele lugar para despertar a
consciência.
Quando bebem a mistura de folhas sagradas, os jovens entram em transe e adormecem,
mas em sua mente acedem a uma memória ancestral, quando acordam começam a contar o que
ouviram sobre a planta, começam a evidenciar que agora fazem parte de uma comunidade porque
conhecem os mistérios das palavras.
"No exterior, os meninos tinham aprendido a colher os frutos de mata, a caçar bichos, da
terra, da água e do ar para serem homens. Por dentro, ele aprenderá a soar juntos, compartilhando
com a palavra o mistério da palavra revelada pela planta".
Da mesma forma, o acesso à literatura é beber da fonte do conhecimento; às vezes a leitura
é um processo privado e intelectual, mas outras vezes, quando é feita em conjunto ou, nesse caso,
em um grupo de leitura, as visões são compartilhadas, as ideias são trocadas, uma comunidade é
formada, ou seja, quando a magia se torna presente.

PARA MONTAR SEU CÍRCULO DE LEITURA (Capítulo 7)

A obra “Círculos de Leitura” investiga como se pode estruturar, especialmente em território


escolar, o processo específico de letramento – descrito de modo sintético, pelo autor, como a
“construção literária de sentidos”. Nesse âmbito, Círculos de Leitura divide-se, a propósito, em
proporções bastante equilibradas. Seguem-se ao prefácio quatro capítulos de orientação teórica (A
literatura em todo lugar, A leitura e seus elementos, A leitura e seus objetos e Os Modos de Ler da
Leitura Literária), os quais serão sucedidos por outros três dedicados às reflexões metodológicas
(As práticas da leitura literária, Círculos de Leitura: Um quanto de teoria e um tanto de práticas e
Para montar o seu círculo de leitura). Encerra o volume uma Conclusão, seguida de extensa e
variada bibliografia e de uma apresentação do autor. No fecho de cada capítulo, o autor dispõe uma
fábula dedicada a metaforizar, em termos ficcionais, o teor predominante daquela seção.
O segundo bloco do livro, dedicado a compendiar, discutir e estruturar diferentes práticas
atuantes no letramento literário, abre-se com um capítulo no qual várias delas – como a leitura
silenciosa, a leitura em voz alta, o diário de leitura, a discussão em sala de aula e o seminário
socrático, entre outras – recebem pertinentes comentários, sempre inspirados por uma sólida e
ampla bagagem bibliográfica, frequentemente estrangeira. Algumas dessas práticas, como a leitura
em voz alta e os diários, podem se acomodar perfeitamente à estrutura dos círculos de leitura, que
serão discutidos amiúde nos dois capítulos seguintes. No primeiro deles, o autor procede a uma
apresentação geral da modalidade, concebida dentro e fora da escola. É assim que têm lugar, aqui,
tanto o sucesso dos clubes do livro da apresentadora norte-americana Oprah Winfrey como as
inflexões propriamente escolares dessa forma de interação literária.
Os círculos, como se lê no capítulo seguinte – dedicado aos cuidados necessários para a sua
implementação – obedecem a diferentes níveis de flexibilidade. Apresentam-se em ordem
crescente, nesse quesito, os círculos “estruturados”, “semiestruturados” e “abertos ou não
estruturados”. Justamente por obedecerem a uma dinâmica mais rígida, os primeiros parecem mais
indicados para o ambiente escolar (embora todos eles, como observa o autor, apresentem pontos
fortes e fracos, a serem avaliados de acordo com os objetivos definidos para cada grupo de leitores).
Apesar de bastante detalhadas, inclusive valendo-se, por vezes, da fórmula didática do passo-a-
passo, não se pode dizer que as explanações metodológicas aqui reunidas engessem ou, pior,
substituam a necessária modulação do professor. O próprio autor, na Conclusão, adverte que tais
práticas não devem ser tomadas, “em absoluto, como uma prescrição” (COSSON, 2014, p. 178). De
fato, a obra evita sobrevalorizar as possibilidades reais do método em várias oportunidades. Sobre a
relevância dos diários de leitura, por exemplo, observa-se que, “por ser uma atividade que requer
um dispêndio considerável de tempo, não deve ser aplicada a todas as leituras, mas apenas àquelas
que se julgue fundamentais para o desenvolvimento da competência literária do aluno” (COSSON,
2014, p. 124)
Entretanto, é justamente na minúcia com que se apresentam certos procedimentos
metodológicos que o livro encontra uma de suas mais importantes contribuições. Isso porque alguns
recursos didáticos tradicionalíssimos, como a discussão em sala de aula, já parecem um pouco
naturalizados na prática docente, donde o obscurecimento, na rotina escolar, de sua dimensão
propriamente técnica. Com isso, deixa-se de atentar, por um lado, para alguns detalhes essenciais na
aplicação desses recursos convencionais, bem como, por outro, para o que pode haver de novo no
âmbito da tradição. É assim que, para ficarmos num único exemplo, o “seminário socrático”,
definido como “a tradução da maiêutica socrática em uma prática pedagógica” (COSSON, 2014, p.
126), pode representar uma alternativa de renovação nos debates travados em sala de aula.
A relevância de Círculos de Leitura e Letramento Literário, contudo, não se limita a isso.
Importa ressaltar, também, a interlocução ampla estabelecida pelo texto, cujo interesse estende-se a
pesquisadores, educadores e entusiastas de clubes do livro e afins: nesse processo, o didatismo das
exposições (nas quais os exemplos cumprem papel estratégico) e a clareza textual são aliados
essenciais do autor e, naturalmente, do leitor. Além disso, a bibliografia atualizada, muito variada e
pertinente, pode inspirar futuras pesquisas universitárias. No conjunto, portanto, o livro representa
um sensível enriquecimento para o debate acerca do letramento literário, especialmente no tocante
às potencialidades oferecidas pelos círculos de leitura nesse âmbito. Ganham, com isso, a academia,
os cultores da modalidade e, especialmente, as salas de aula, espaços nos quais a literatura, cada vez
mais, encontra-se frente à urgência da reinvenção.

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