Vous êtes sur la page 1sur 14

Revista Brasileira de Ensino de Fı́sica, v. 36, n.

3, 3601 (2014)
www.sbfisica.org.br

História da Fı́sica e Ciências Afins

Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo


(The mechanical foundations of the electromagnetism)

Penha Maria Cardozo Dias1 , Rodrigo Fernandes Morais


Instituto de Fı́sica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Recebido em 24/3/14; Aceito em 10/5/14; Publicado em 31/7/2014

James Clerk Maxwell elaborou uma teoria do Eletromagnetismo, a partir de propriedades dinâmicas de um
fluido, o éter. Seguindo os cálculos de Maxwell, é possı́vel identificar princı́pios, fı́sicos e matemáticos, nos quais a
teoria se apóia. A principal propriedade é a elasticidade rotacional do fluido, introduzida por James MacCullagh.
Mas a teoria deixa problemas, entre os quais os mais impactantes são a natureza da corrente e o tratamento de
condutores. Embora a teoria não seja mais aceita, ela estabeleceu categorias para a ciência do Eletromagnetismo.
Um sub-produto do artigo é o detalhamento dos cálculos e argumentos de Maxwell.
Palavras-chave: James Clerk Maxwell, eletromagnetismo, um modelo mecânico do éter.

James Clerk Maxwell formulated a theory of Electromagnetism from dynamic properties of a fluid. According
to these calculations, it is possible to identify principles, both physical and mathematical, on which the theory is
based. The most important property is the rotational elasticity of the fluid, introduced by James MacCullagh.
However the theory left loopholes, the most striking of which are the nature of the electric current and the tre-
atment of conductors. Although we no longer accept the theory, it established categories of the Eletromagnetic
science. A byproduct of this paper is the detailing of the calculations and arguments invoked by Maxwell.
Keywords: James Clerk Maxwell, eletromagnetism, a mechanical model for the ether.

1. Introdução magnético, porque ela tem a ver com o


espaço nas vizinhanças dos corpos elétricos
James Clerk Maxwell desenvolveu uma teoria do Mag- ou magnéticos e pode ser chamada de Teo-
netismo e da Eletricidade a partir de propriedades de ria Dinâmica, porque ela assume que nesse
um meio — o éter — que preencheria o espaço. Maxwell espaço há matéria em movimento, o que
apresenta a teoria do Eletromagnetismo em: On Fa- produz os fenômenos eletromagnéticos ob-
raday’s Lines of Force (1856) [1], On Physical Lines servados.
of Force (1861) [2], A Dynamical Theory of the Elec-
tromagnetic Field (1864) [3] e no livro A Treatise on Muitos atribuem as motivações de Maxwell à cons-
Electricity & Magnetism (1873) [4]. O modelo do éter trução de “analogias”; assim, ele procuraria uma ana-
é apresentado em [2]; a motivação mais imediata de logia entre o Eletromagnetismo e movimentos de um
Maxwell para desenvolver tal teoria foi sua descrença fluido. Basicamente, a construção de analogias é uma
na ação à distância [3, p. 527]: declaração de princı́pios, epistemológica, que Maxwell
fez sobre o conteúdo de verdade de sua teoria [1, p. 156]:
Eu preferi procurar uma explicação do fato
[de que corpos distantes interagem] [. . . ] su- Para obter idéias fı́sicas, sem adotar uma
pondo que [as interações] são produzidas teoria fı́sica, nós nos devemos familiarizar
por ações que acontecem no meio em volta com a existência de analogias fı́sicas. Por
bem como nos corpos excitados [pela in- analogia fı́sica, eu quero dizer aquela simi-
teração] e tentando explicar a ação entre laridade parcial entre as leis de uma ciência
corpos distantes sem assumir a existência e aquelas de outra, que faz com que cada
de forças capazes de agir diretamente a uma ilustre a outra.
distâncias sensı́veis. O mesmo discurso é encontrado na Ref. [5] para jus-
[. . . ] A teoria que proponho pode ser tificar a analogia entre um gás perfeito e massas puntu-
chamada de uma teoria do Campo Eletro- ais em colisão, e, daı́, deduzir a distribuição de velocida-
1 E-mail: penha@if.ufrj.br.

Copyright by the Sociedade Brasileira de Fı́sica. Printed in Brazil.


3601-2 Dias e Morais

des das moléculas em um gás perfeito, a hoje chamada geração, os chamados maxwellianos.
“distribuição de Maxwell”. Por outro lado, é difı́cil Os cálculos são apresentados como Maxwell os fez,
evitar a sensação de que Maxwell parece envergonhar- nas mesmas seqüências de passos (a menos que in-
se de formular uma teoria ad hoc e deixa claro para dicado); porém, a notação é modernizada. Detalhes
seu leitor de que sua teoria pode não ser baseada em dos cálculoas são apresentados nos apêndices; no texto,
princı́pios verdadeiros. De qualquer modo, as duas ca- indica-se os pontos chave dos argumentos que justificam
racterı́sticas — uma teoria microscópica baseada em o cálculo. Maxwell é sucinto e o baixo entendimento de
Mecânica e o desapreço pela ação à distância — não seus cálculos tem levado a afirmativas equivocadas so-
eram idéias estranhas ao tempo de Maxwell. Edmund bre Maxwell; um produto deste artigo é o detalhamento
Whittaker (Ref. [6, p. 98-99]) cita que Leonhard Eu- dos cálculos e dos argumentos invocados por Maxwell.2
ler, como Maxwell depois, considerava o meio da pro-
pagação da luz o mesmo dos fenômenos elétricos; mais
interessante é a natureza da gravitação como concebida 2. O éter
por Euler; nas palavras de Whittaker [6, p. 98-99]:
Com o estabelecimento de que a luz é uma onda trans-
[A eletrificação de um corpo] acontece, versal, o que se deu na década de 1810-1820, um tema
quando o éter contido em seus poros se de pesquisa era a propriedade de um meio que respon-
torna mais ou menos elástico do que o que desse por esse modo de propagação [6]; fundamental-
reside nos corpos adjacentes. Isso acon- mente, procurava-se um meio que fosse elástico e vi-
tece, quando uma maior quantidade de éter brasse transversalmente. A solução veio com An Essay
é introduzida nos poros de um corpo ou Towards a Dynamical Theory of Crystalline Reflexion
quando parte do éter que ele contém é and Refraction (1839) [7]; nesse artigo, MacCullagh
forçada para fora. Naquele caso, o éter propôs que o meio tivesse a propriedade de elasticidade
se torna mais comprimido e, conseqüente- rotacional. Essa propriedade significa [6, p. 143], [7,
mente, mais elástico; no outro caso, ele se p. 156]: Se e é uma perturbação de um ponto do éter
torna rarefeito e perde sua elasticidade. Em e µ uma constante magnética (similar à constante da
ambos os casos, [o éter no corpo] não mais mola), então a energia potencial por unidade de vo-
está em equilı́brio com aquele que é externo; lume, na situação em que o meio está em seu estado
e os esforços que [o éter] faz para recuperar não perturbado, é dada por (em notação moderna)
seu equilı́brio produzem todos os fenômenos
da eletricidade. 1 2
Φ= µ |∇ × e | ;
2
Não somente fenômenos elétricos, mas
também gravitacionais, foram explicados em termos de coordenadas,
em termos de um éter. A explicação de-
pendia da suposição de que a pressão do 1
Φ= µ [ϵjαβ (∂α eβ ) ϵjmn (∂m en )] ≡
éter cresce com a distância do centro da 2
terra, seja, como [C − 1r (C é uma cons- 1
µ [ϵjαβ ϵjmn (∂α eβ ) (∂m en )] .
tante)], de modo que a força que pressiona 2
um corpo para a terra é mais forte do que
a dirigida para longe dela, o balanço dessas Maxwell foi, inicialmente, influenciado pelas linhas
forças sendo o peso do corpo. de força, introduzidas por Michael Faraday. Em Fara-
day’s Lines [1], ele imagina que essas linhas sejam linhas
Neste artigo, é apresentada uma análise da teoria de de fluxo de um fluido, formando tubos de escoamento.
Maxwell. Seguindo os cálculos de Maxwell, é possı́vel Essas linhas não se cruzam, significando que o número
identificar princı́pios, fı́sicos e matemáticos, nos quais de linhas em um volume se conserva; então, o fluido é
ele baseia o Eletromagnetismo. O princı́pio fı́sico básico não compressı́vel e obedece à equação da continuidade.
é a propriedades de elasticidade rotacional do éter. A Maxwell não acreditava em ação à distância e, se-
equação de Ampère e a equação de Faraday encontram guindo a idéia da similaridade de linha de força com o
justificativa dentro do modelo: Aquela é a própria elas- fluxo de um fluido, supôs que um meio pudesse respon-
ticidade rotacional; essa é deduzida. Embora a teoria der, também, pelas forças magnética e elétrica. Esse
não mais seja aceita em sua forma original, ela mos- fluido seria o mesmo éter de MacCullagh. É interes-
trou os problemas de uma teoria do Eletromagnetismo, sante que o mesmo meio respondesse por fenômenos
apontando onde buscar suas categorias; dentre os mais até então distintos, mas a idéia não é tão original. Le-
importantes problemas deixados pela teoria está o en- onhard Euler já havia considerado que o éter da luz é
tendimento da natureza da corrente elétrica e da con- a fonte de fenômenos elétricos. Talvez bons fı́sicos não
dutividade elétrica. A lição foi aprendida por uma gostem de multiplicar entidades!
2 As traduções de extratos dos textos originais foram feitas pelos autores.
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-3

3. Modelo mecânico do magnetismo e onde vi é a componente i da velocidade linear de


da eletricidade rotação; µ é uma constante relacionada a alguma pro-
priedade magnética; p0 é uma pressão isotrópica. No
3.1. Modelo de éter com elasticidade rotacio- valor da pressão, deveria aparecer a densidade e não,
nal uma grandeza magnética; Maxwell substitui a densi-
1
dade por 4π µ (Apêndice 1); o objetivo é escrever a lei
Maxwell propõe uma origem para o magnetismo [2,
de Ampère como 4πj = ∇ × H.
p. 455]:
Em hidrodinâmica [8], a densidade de força é a di-
Supomos que o fenômeno do magnetismo vergência do tensor pressão; para facilitar a notação,
dependa da existência de tensões na direção denominando pi = pix î + piy ĵ + piz k̂, a componente i
das linhas de força, combinada com uma da força magnética é
pressão hidrostática; ou, em outras pala-
∂pix ∂piy ∂piz
vras, uma pressão maior na região equa- Fi = + + ≡ ∇.pi , ou Fi = ∂j pij .
torial do que na direção axial. A próxima ∂x ∂y ∂z
questão é: Que explicação mecânica pode-
Cálculo direto das derivadas fornece [2, p. 458, fór-
mos dar para essa desigualdade de pressão
mula (5)]
em um fluido ou meio em movimento? A
explicação que mais prontamente ocorre à  
1  ∑ ∂  1 ∂ 2
mente é que o excesso de pressão na direção Fi = vi (µ vj ) + µ v −
equatorial surge da força centrı́fuga dos 4π  j ∂xj  8π ∂xi
vórtices [. . . ] no meio, tendo seus eixos na
1
direção paralela à das linhas de força. [µv × (∇ × v)]componente i .

Os vórtices formam um fluido. Em qualquer parte
De acordo com a analogia entre o magnetismo
do fluido [2, p. 455], esses vórtices giram em torno de
e propriedades hidrodinâmicas, a densidade da força
eixos paralelos, no mesmo sentido, com velocidade an-
magnética é
gular constante; mas ao passar de uma parte para outra
do campo, a direção dos eixos, a velocidade de rotação 1 1 1
e a densidade podem ser diferentes. Forças centrı́fugas Fmag = H (∇.B) + µ∇H 2 + (∇ × H) × B.
4π 8π 4π
acarretam uma pressão [2, proposição II, p. 457], que
dá origem à força magnética. A seguinte analogia está Para interpretar o primeiro termo, Maxwell define
implicada em todo o artigo do Maxwell
∇.B = 4π m,

Grandeza Grandeza onde m é a densidade de matéria magnética; então [2,


hidrodinâmica eletromagnética p. 460]:
velocidade do vórtice: v H
vorticidade do fluido: ∇ × v 4πj . . . sob a hipótese de vórtices molecula-
res, nosso primeiro termo fornece uma ex-
onde j é a corrente. A indução é definida por B = µH,
plicação mecânica para a força agindo nos
onde µ é uma grandeza magnética. A lei de Ampère
pólos norte ou sul de um campo magnético.
está implı́cita na analogia e resulta da elasticidade ro-
tacional, expressa pela vorticidade do fluido; em hidro- O segundo termo, 1 2
8π µ∇H , significa [2, p. 460-461]
dinâmica, vorticidade é definida por 12 ∇×v [8]. A lei de
Faraday vai ser demonstrada. O modelo ainda teria de Portanto, qualquer corpo colocado no
definir a natureza da corrente (j), o campo elétrico indu- campo será pressionado em direção a cor-
zido (E) e a natureza dos condutores; esses problemas pos de intensidade magnética mais intensa
tiveram impacto na história do eletromagnetismo [9]. com uma força que depende, parcialmente,
de sua própria capacidade para a indução
3.2. Origem da força magnética magnética e, parcialmente, da taxa de cres-
cimento do quadrado da intensidade.
O cálculo da pressão, feito por Maxwell, é apresentado
no Apêndice 1. Modernizando a notação, as componen- A lei de Ampère é conseqüência da própria analogia,
tes do tensor de tensão (stress tensor [8]) são [2, fórmula de forma que o terceiro termo é: j × B.
(2), p. 457-458] Em resumo, um corpo em um campo magnético so-
1 fre a força
pii = µvi vi − p0 (sem somar em i),

1
pij =
1
µ vi vj = pji , Fmag = mH + µ∇H 2 + j × B.
4π 8π
3601-4 Dias e Morais

3.3. Origem da indução elétrica imã dentro do anel será afetado, mas nenhum efeito
magnético ocorre em um ponto externo; assim, nenhum
No modelo (Fig. 1), os vórtices giram no mesmo
efeito aparece em um imã externo. Mas, se um condu-
sentido. Ora, vórtices contı́guos girariam em sentido
tor, C, envolver o anel, como na figura, uma força ele-
contrário. Para girarem no mesmo sentido, Maxwell
tromagnética atua no fio, quando a corrente variar e, se
imaginou pequenas esferas entre os vórtices, as quais
o circuido fechar, haverá uma corrente em C [2, p. 478]:
funcionam como “rodas livres” (idle wheels); elas trans-
mitem o movimento de um vórtice para outro e consti- [Esse experimento mostra que] tudo que é
tuem a matéria elétrica. preciso [para produzir força eletromotriz] é
que as linhas de força passem através do cir-
cuito e que essas linhas de força variem em
quantidade durante o experimento.

Figura 2 - Lei de Faraday. [2, placa VIII, Fig. 3]. A figura mostra
um bobina por onde passa uma corrente (B) e um circuito (C),
envolvendo a bobina.
Figura 1 - As rodas livres [2, placa VIII, Fig. 2]. Os “hexágonos”
acima e abaixo de A-B representam os vórtices de éter. As pe-
quenas esferas são as “rodas livres”, colocadas entre os vórtices; 3.4. A natureza mecânica da corrente elétrica
elas formam a matéria da eletricidade.
Uma partı́cula na superfı́cie de um vórtice tem velo-
Inicialmente, vórtices e esferas estão em repouso. Se
cidade (linear) de rotação v. A normal à superfı́cie é
houver um deslocamento das esferas, por exemplo, de
n̂; então, a componente da velocidade, paralela à su-
A para B (da esquerda para a direita), significa que
perfı́cie é v∥ = v × n̂ ou v∥ = v sin (ângulo entre v̂ e n̂).
uma corrente começou. Esse movimento faz com que
A velocidade de um ponto da superfı́cie é, pois, u = v∥
os vórtices g-h, acima de A-B, sejam colocados em mo-
ou [2, p. 469, fórmula sem número]
vimento na direção oposta à do relógio (direção +).
Se as outras esferas são livres para se mover, elas u = v × n̂.
giram no sentido dos ponteiros do relógio (considerado
Essa porção da superfı́cie está em contato com ou-
−) e, ao mesmo tempo, transladam da direita para a
tro vórtice. Uma camada de “rodas livres” entre os
esquerda, em sentido oposto ao da corrente primária,
vórtices rola sem deslizar com uma velocidade, que
formando uma corrente induzida [2, p. 477]. Se houver
é a média das velocidades dos vórtices que separam,
resistência (elétrica) do meio, o movimento das esferas
uroda livre = 12 (u1 + u2 ), onde os ı́ndices 1 e 2 referem-
causa a rotação dos vórtices k-l na direção +, como
se, respectivamante, a dois vórtices contı́guos, vórtice 1
os vórtices g-h, até que os vórtices atinjam uma velo-
e vórtice 2 [2, p. 469, fórmula (27)]
cidade tal que o movimento das partı́culas se reduza,
apenas, ao de rotação. O movimento das “rodas livres” 1
uroda livre = [v1 × n̂1 + v2 × n̂2 ] =
não se dá de maneira instantânea e sim, sequencial- 2
mente [2, p. 477]: 1 1
[v1 − v2 ] × n̂ = ∆v × n̂,
2 2
Parece, pois, que os fenômenos da corrente pois as superfı́cies sendo contı́guas, a normal a um
induzida são parte do processo de comu- vórtice aponta para o interior do outro e resulta n̂1 =
nicação da velocidade rotatória dos vórtices −n̂2 ≡ n̂. Em componentes
de uma parte do campo para outra.
1
ui = ϵiαβ ∆vα nβ , (1)
Maxwell exemplifica a lei de Faraday na Fig. 2, 2
abaixo. Na figura, B é um anel circular, sobre o qual ou
1
é enrolado um fio. Se uma corrente passa no fio, um ux = [nz ∆vy − ny ∆vz ] , etc.
2
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-5

Maxwell, agora, define: Se jx é o número de “rodas (44)]; então, sendo V o volume, a energia é
livres” atravessando a unidade de área na unidade de
tempo na direção x, então o momentum transferido na 1 ∑
U =U V = µV vi2 .
direção x, pelas partı́culas no volume V é [2, p. 470, 8π i
fórmula (28)] ∫
jx = ux σdSx , A variação local da energia é [2, p. 475, fórmula (52)]

onde a integral é sobre todas as componentes x de par- ∂U 1 ∑ dvi 1 ∂v


= µ vi = µv. . (2)
tes da superfı́cie separando dois vórtices e onde σ é o ∂t 4π dt 4π ∂t
i
número de “rodas livres” por unidade de área. Maxwell
não justifica como chegou a essa expressão, mas ela
A seguir, Maxwell calcula a potência transmitida
pode ser verificada por mera análise dimensional; hoje,
pelas “rodas livres”. Seja Felec a força por unidade de
esse é um cálculo padrão (Apêndice 2), que faz parte da
“rodas livres” ou de matéria elétrica na superfı́cie dos
formação de um fı́sico. Após integração (Apêndice 2)
vórtices; eqüivale, pois, ao campo elétrico, E. Como
quantidade de partı́culas 1 cada “roda livre” toca dois vórtices diferentes, nas ex-
≡j= σ∇ × v tremidades de um diâmetro, a reação é igualmente di-
unidade de área × unidade de tempo 2
vidida entre vórtices e é − 12 Felec . Maxwell faz a den-
1 1
Maxwell substitui σ por 2π , de modo que a lei de sidade superficial de “rodas livres” igual a σ = 2π ;
Ampère seja válida; então então a (densidade de) força transmitida a um vórtice
é − 4π
1
Felec e a (densidade de) potência é [2, p. 474,
1
j= ∇ × v. fórmula (47)]

I
O j calculado aqui é idêntico ao j que aparece no ∂U 1
=− Felec .u dS.
terceiro termo de Fmag . Interpretando [2, p. 471] ∂t 4π

Parece, portanto, que [. . . ] uma corrente Expansão em série de Taylor, onde os ı́ndices 1 e 2
elétrica é representada pela transferência de referem-se, respectivamente, a dois vórtices contı́guos,
partı́culas móveis interpostas entre vórtices vórtice 1 e vórtice 2
vizinhos [. . . ]. Supõe-se que as partı́culas
rolem sem deslizar entre os vórtices, [. . . ] e Fi = Fi (P0 )+dr.∇Fi (P0 ) = Fi (P0 )+(x1γ − x2γ ) ∂γ Fi ,
não se tocam, de modo que enquanto per-
manecerem dentro de uma molécula, não
junto com a expressão da velocidade, Eq. (1)
há perda de energia por resistência. Entre-
tanto, quando há uma transferência geral 1
de partı́culas em uma direção, elas devem ui = ϵiαβ nα ∆vβ ,
2
passar de uma molécula para outra e, ao
fazê-lo, experimentam resistência, de modo permitem achar (Apêndice 3)
a perder energia e gerar calor.
I
1 1
Felec .u dS = − ∆vβ ϵβαi ∂α Fi = − v. (∇ × Felec ) .
4. A lei de Faraday 2 4π

Como a indução está associada ao movimento das “ro- Então [2, p. 475, fórmula (50)]
das livres”, Maxwell estuda como esse movimento afeta
o movimento dos vórtices. Quando as “rodas livres” va- ∂U 1
= − v.∇ × Felec V. (3)
riam sua energia, essa energia passa aos vórtices como ∂t 4π
energia cinética das partı́culas na superfı́cie do vórtice.
Então, Maxwell calcula a variação de energia do campo Igualando as Eqs. (2) e (3), obtém-se [2, p. 475,
(dos vórtices) e das “rodas livres” e as iguala; como fórmula (54)]
conseqüência, segue-se a lei de Faraday.
A energia do campo é cinética e, substituindo ρ por ∂v
µ − ∇ × Felec = µ . (4)
4π a densidade de energia é [2, p. 475, fórmula (51)]
, ∂t

1 ∑ 2 ou, lembrando que Felec é a força por quantidade de


U= µ vi ;
8π “rodas livres” ou por unidade de matéria elétrica
i

onde a escolha da constante vem da aplicação a um caso ∂H


∇ × E = −µ .
simples, não discutido neste artigo [2, p. 473, fórmula ∂t
3601-6 Dias e Morais

4.1. O estado eletrotônico e a lei de Faraday corrente, a qual não existiria se o imã ou
a corrente não tivessem estado previamente
Michael Faraday reconhece que a indução envolve um
em ação. Esse tipo de consideração levou
“novo estado elétrico ou condição da matéria”, ao qual
o Professor Faraday a conectar sua desco-
deu o nome de “estado eletrotônico” [10, p. 273], em
berta da indução de correntes elétricas à
1831:
concepção de um estado no qual todos os
corpos são colocados pela presença de imãs
60. Enquanto o fio está sujeito à indução,
ou correntes. Esse estado não se manifesta
seja eletro-voltaica seja magneto-elétrica,
por algum fenômeno, na medida em que
parece estar em um estado peculiar. Pois
ele permaneça impertubável, mas qualquer
resiste à formação de uma corrente nele,
mudança nesse estado é indicada por uma
enquanto que tal corrente seria produzida,
corrente ou tendência a uma corrente. A
quando em sua condição comum; e, quando
esse estado, ele deu o nome de “estado ele-
não influenciado, tem o poder de originar
trotônico” e, embora ele tenha, posterior-
uma corrente, um poder que o fio não possui
mente, tido sucesso em explicar o fenômeno
em circunstâncias comuns. Essa condição
que o sugeriu [ao estado eletrotônico] por
elétrica da matéria não foi reconhecida,
meio de concepções menos hipotéticas, em
até agora, mas ela provavelmente exerce
várias ocasiões ele sugeriu a probabilidade
uma influência muito importante em mui-
de que algum fenômeno possa ser desco-
tos, senão na maioria dos fenômenos pro-
berto, o qual tornaria o estado eletrotônico
duzidos por correntes de eletricidade. Por
o objeto de indução legı́tima.
razões que aparecerão a seguir (71), após
aconselhamento com amigos doutos, eu me Maxwell identifica o “estado eletrotônico”. Na
aventurei a chamá-la de estado eletrotônico. ausência de “matéria magnética”
[. . . ] ∇.B = 4π m = 0 ⇒ B = −∇ × A ou
µv = −∇ × A.
71. Esse peculiar estado parece ser um
estado de tensão e pode ser considerado Derivando,
eqüivalente a uma corrente de eletricidade,
pelo menos igual àquela produzida, seja ∂v ∂A
µ = −∇ × ,
quando a condição é induzida ou [seja ∂t ∂t
quando] destruı́da. A corrente gerada, en-
tretanto, no inı́cio ou no término, não é ou, usando a lei de Faraday, na Eq. (4) acima
para ser considerada uma medida do grau ∂A
de tensão que o estado eletrotônico atingiu. −∇ × Felec = −∇ × ⇒
[ ∂t ]
∂A
Maxwell explora a idéia de Faraday de um “estado ∇ × Felec − = 0.
eletrotônico” [1, p. 166]: ∂t

A solução é
Quando um condutor se move na vizi-
nhança de uma corrente de eletricidade ∂A
ou de um imã ou quando uma corrente Felec = + ∇Φ.
∂t
ou imã próximos ao condutor se movem
próximos ao condutor, ou alteram a inten- Inicialmente, porém, Maxwell escreve apenas
sidade, então uma força atua no condutor
∂A
e produz tensão elétrica ou uma corrente Felec = ,
contı́nua, conforme o circuito seja aberto ou ∂t
fechado. Essa corrente é produzida somente e só posteriormente, embora ainda no mesmo artigo, ele
por mudanças dos fenômenos elétrico ou adiciona o gradiente.
magnético em volta do condutor e, na me- É possı́vel, agora, identificar o “estado eletrotônico”
dida em que esses [fenômenos] permaneçam [2, p. 476]:
constante, não há efeito observado no con-
dutor. Ainda assim, o condutor está em es- [. . . ] eu apresentei razões para considerar as
tados diferentes, tanto quando perto de uma quantidades, [Ax ], [Ay ], [Az ] como partes
corrente ou imã como quando [for] afastado resolvidas [componentes] daquilo que Fara-
de sua influência, pois a remoção ou des- day conjeturou existir e chamou de estado
truição da corrente ou do imã ocasiona uma eletrotônico.
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-7

4.2. A força eletromotriz em um corpo em mo- usando a fórmula de derivação de um produto, jun-
vimento tamente com as condições de ausência de matéria
magnética e incomprensibilidade. O resultado é o
A variação de velocidade de um vórtice é devida à força
mesmo [2, p. 482, fórmula (73)]
eletromotriz, pela Lei de Faraday, µ ∂v ∂t = −∇ × Felec .
Porém, se — além de sua rotação em torno de um eixo, 1 ∂v
que responde pelos efeitos magnéticos — o vórtice tem ∇ × Felec + = ∇ × (w × v) . (6)
µ ∂t
um movimento, que causa uma deformação ou mudança
de posição, a variação de velocidade deve ter um termo
que responda por esses efeitos. Após longo cálculo Essa expressão pode ser re-escrita usando potenci-
(Apêndice 4), Maxwell demonstra que esse termo é [2, ais, como feito por Maxwell [2, p. 482]. Usando que,
p. 481, fórmula (68)] na ausência de matéria magnética, ∇.B = 0 [2, p. 482,
fórmula (74)]
δv = (v.∇) δr,
B = −∇ × A, ou µv = −∇ × A .
ou, em termos de componentes,
Derivando [2, p. 482, fórmula (75)]
δvi = (vα ∂α ) δxi ,
∂v 1 ∂A
=− ∇× .
onde δxj é variação do vórtice devida à deformação ou ∂t µ ∂t
movimento. Então, se w = δr δt for a velocidade com que
se dá a deformação Colocando esse valor na Eq. (6)

δv ∂A
= (v.∇) w. ∇ × Felec − ∇ × = ∇ × (w × µv) ,
δt ∂t

Então [2, p. 481, fórmula (69)] ou [2, p. 482, fórmula (76)]


[ ( )]
dv 1 ∂A
= − ∇ × Felec + (v.∇) w. ∇ × Felec − + w × µv = 0.
dt µ ∂t

Por outro lado, a derivada convectiva, devida ao movi- A solução é [2, p. 482, fórmula (77)]
mento w, é [2, p. 481, fórmula (70)] ( )
∂A
Felec − + w × µv = −∇Φ,
dv ∂v ∂t
= (w.∇) v + .
dt ∂t
∂A
Igualando Felec = w × µv + − ∇Φ,
∂t
1 ∂v ou, em termos de B:
− ∇ × Felec + (v.∇) w = (w.∇) v + . (5)
µ ∂t
∂A
Felec = w × B + − ∇Φ.
Agrupando termos ∂t
1 ∂v A interpretação dessa expressão é a seguinte [2, p. 482]:
∇ × Felec + = (v.∇) w − (w.∇) v.
µ ∂t O primeiro termo é o efeito devido ao movimento em
um campo magnético; o segundo termo é a mudança no
O leitor moderno reconhece a expressão do cálculo ve- estado eletrotônico produzido por alterações da posição
torial ou da intensidade de imãs ou correntes no campo; o ter-
ceiro é a tensão elétrica no campo.
∇ × (w × v) = w∇.v − v∇.w + (v.∇) w − (w.∇) v; “Modernizando” a expressão, ela coincide com o
que, hoje, se chama força de Lorentz em um corpo car-
no caso em que [2, p. 482, fórmula (72)] ∇.v = ∇.H =
regado em movimento (onde q é a carga do corpo), es-
0 (ausência de matéria magnética) e em que [2, p. 481,
crita no sistema CGS [11]:
fórmula (71)] ∇.w = 0 (fluido incompressı́vel), a ex-
pressão se torna 1
E = Eestático + w × B,
q
∇ × (w × v) = (v.∇) w − (w.∇) v.
onde
Maxwell não invoca a expressão do cálculo vetorial;
como trabalha diretamente com componentes, ele es- ∂A
Felec = qE, e − ∇Φ = qEestático .
creve (5) para a componente x e abre as derivadas, ∂t
3601-8 Dias e Morais

5. A corrente de deslocamento A definição de “deslocamento” é apresentada de forma


mais sucinta na Ref. [3, p. 554]
Maxwell assim descreve a diferença entre um condutor
e um dielétrico [2, p. 490-491]): Deslocamento elétrico consiste na eletri-
ficação oposta dos lados de uma molécula
Aqui temos duas qualidades independentes ou partı́cula de um corpo que pode ou não
dos corpos, uma pela qual eles permitem ser acompanhada de transmissão através do
a passagem de eletricidade através deles e corpo.
outra, pela qual eles permitem que a ação
elétrica seja transmitida através deles, mas Por outro lado, a força eletromotriz por unidade de
sem permitir a passagem da eletricidade. “rodas livres” é definida como proporcional ao desloca-
Um corpo condutor pode ser comparado a mento (talvez por ser elástica)
uma membrana porosa que opõe maior ou Felec = −4πϵ2 λ,
menor resistência à passagem de um fluido,
enquanto um dielétrico é como uma mem- onde ϵ é um coeficiente que depende da natureza do
brana elástica que pode ser impermeável ao dielétrico. Então
fluido, mas transmite a pressão do fluido em
1 ∂Felec
um lado ao [fluido] no outro. jdeslocamento = − ,
4πϵ2 ∂t
Quando age em um condutor, a força mo-
triz produz uma corrente que, ao encontrar ou, como Felec é força por unidade de “rodas livres”:
resistência, ocasiona uma transformação in- 1 ∂E
termitente de energia elétrica em calor, a jdeslocamento = − .
4πϵ2 ∂t
qual é incapaz de ser armazenada, de novo,
como energia elétrica por reversão do pro-
cesso.
A força eletromotriz agindo em um 6. As equações do eletromagnetismo
dielétrico produz um estado de polarização
Somente em 1864, em A dynamical theory of the ele-
de suas partes, similar em distribuição à
tromagnetic field [3], Maxwell reune esses resultados
polaridade de partı́culas de ferro sob a in-
em um conjunto de equações para o eletromagnetismo.
fluência de um imã e, como a polarização
Nesse artigo, ele apresenta uma descrição macroscópica
magnética, capaz de ser descrita como um
do eletromagnetismo, o que não significa que tenha
estado no qual cada partı́cula tem seu pólo
abandonado suas idéias anteriores. As equações são [3,
em condições opostas.
p. 534 e p. 562]
Em um dielétrico sob indução, pode-se con- (A) Relação entre deslocamento elétrico, corrente
ceber que a eletricidade em cada molécula real, e corrente total, composta por ambas
esteja tão deslocada que um lado se torna
positivamente elétrico e o outro, negativa- ∂λ
corrente total: J=j+ =
mente elétrico, [e conceber que] a eletri- ∂t
cidade permaneça inteiramente conectada 1 ∂Felec
j + jdeslocamento =j−
com a molécula e não passe de uma molécula 4πϵ2 ∂t
para outra. (B) Relação entre as linhas de força magnética e os
O efeito dessa ação na massa inteira do coeficientes de indução de um circuito
dielétrico é produzir um deslocamento ge-
ral da eletricidade em uma certa direção. força magnética: ∇.B = 0 ou B = ∇ × A = µH
Esse deslocamento não se torna uma cor-
(C) Relação entre a intensidade de uma corrente e
rente, pois, quando atinge certo valor, fica
seus efeitos magnéticos, de acordo com o sistema ele-
constante, mas é o começo de uma cor-
tromagnético de medida
rente e suas variações constituem correntes
na direção positiva ou negativa, dependendo corrente elétrica: ∇ × H = J = j + jdeslocamento
se o deslocamento cresce ou decresce.
(D) Valor da força eletromotriz em um corpo, a qual
De acordo com o texto de Maxwell, acima, existe resulta do movimento do corpo no campo, da alteração
uma corrente — a corrente de deslocamento — devida do próprio campo e da variação do potencial de uma
à intermitência do deslocamento, λ; portanto, por de- parte do campo a outra
finição
∂λ ∂A
jdeslocamento = . força electromotriz: Felec = w × B − − ∇Φ
∂t ∂t
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-9

(E) Relação entre o deslocamento elétrico e a força trouxe um problema [13, p. 453-458], descrito a seguir,
eletromotriz que o produz como formulado em [9, p. 142-150]. Dielétricos pos-
suem elasticidade do éter, de modo que ∇ × H = j ̸= 0,
elasticidade elétrica: Felec = kλ porém condutores não têm elasticidade rotacional e
(F) Relação entre uma corrente elétrica e a força ∇ × H = 0. Como entender a propagação de eletri-
eletromotriz que a produz cidade em um circuito? Pela lei H de Ampère, em torno
da secção do fio deveria valerH C H.dl = I, onde I é a
resistência elétrica: Felec = σ −1 j (conductores) corrente; mas em condutores C H.dl = 0; trocando H
por E, como fez Larmor, o leitor moderno reconhece o
(G) Relação entre a quantidade de eletricidade livre argumento usado, hoje, para introduzir a corrente de
em um ponto e o deslocamento elétrico na vizinhaça deslocamento. Larmor resolve o problema [13, p. 453-
equação da eletricidade livre: ∇.λ = e 458], [9, p. 142-150], postulando que o éter sofre uma
ruptura de elasticidade em volta do condutor, de modo
(H) Relação entre o cescimento ou diminuição de a formar “tubos” de escoamento com elasticidade ro-
eletricidade livre e as correntes elétricas na vizinhança tacional, em torno dos quais a circulação é não nula.
A solução de Larmor sofre uma crı́tica de Kelvin [14]:
∂ρ
equação da continuidade: + ∇.j = 0 A força entre dois de tais tubos de escoamento tem si-
∂t nal diferente da força entre dois fios, dada pela lei de
Ampère [9, p. 291-293], [13, p. 504-508]. Na procura de
7. Um cadáver no armário (a condução) uma solução para o problema, Larmor — sempre gui-
ado por FitzGerald — abandonou o modelo e colocou
O trabalho de Maxwell influenciou uma geração, que in-
pontos de elasticidade ou centros de rotacional na su-
cluiu George Francis Fitzgerald, Joseph Larmor, Oliver
pefı́cie dos tubos — os elétrons [13, p. 455]. Esse elétron
Lodge, Oliver Heaviside, Joseph John Thomson. Fitz-
teórico não necessariamente foi considerado como parte
gerald e Lodge desenvolveram modelos mecânicos para
integrante da matéria ou do átomo [9, 15]. A história
o éter [12].
que se segue é longa [15].
A corrente de deslocamento era justificada no mo-
delo, mas não a condução de eletricidade, o j [9]. Isso

Apêndices
1: Cálculo das pressões
Inicialmente, Maxwell supõe vórtices circulares e homogêneos, girando com a mesma velocidade angular, em torno
de eixos paralelos [2, p. 456]. A pressão radial, perpendicular ao eixo, é dada pela força centrı́fuga em uma superfı́cie
do éter, δS, perpendicular ao raio do cı́rculo (r). A velocidade tangencial não é constante: rω = v; a pressão na
circunferência é
v2 v2
força centrı́fuga: δF = ρ δV = ρ δr δS (onde δV = δrδS)
r r
δF v2 ω2
pressão na face δS: δpr = = ρ δr = ρ δr r2 = ρ ω 2 rδr
δS r r
Integrando, acha-se a pressão na circunferência [2, p. 456, fórmula sem número] pr = p′0 + ρ2 ω 2 r2 = p′0 + ρ2 v 2 , onde
p′0 é uma pressão no eixo. Maxwell introduz, ainda, uma pressão média( no eixo, )devida à não uniformidade da
velocidade ao longo do raio [2, p. 456, fórmula sem número] pm − p′0 = 21 0 + 12 ρv 2 = 14 ρv 2 , logo pm = p′0 + 14 ρv 2 .
No eixo atuam, pois, a pressão centrı́fuga e uma pressão média: pr − pm = 14 ρv 2 . Postos lado a lado, os vórtices
formam um fluido que exerce a pressão p = 14 ρv 2 . Se os vórtices não são circulares e se as velocidades angulares
e densidades não são uniformes, mas variam igualmente para cada vórtice, o resultado é generalizado: p = Cρ v 2 ,
µ
onde C depende da distribuição da velocidade angular e da densidade. Maxwell substitui Cρ por 4π , de modo
µ 2
que [2, p. 457]: p = 4π v .
As componentes da pressão (tensor stress) exercida pelo meio, paralelamente aos planos coordenados, parecem
ser originadas dos efeitos centrı́fugos
1
pij = µ vi vj = pji .

As componentes perpendiculares aos planos, paralelas aos eixos, parecem ser uma generalização; Maxwell inicia o
capı́tulo com uma análise dimensional elementar, mostrando que pressão é proporcional a ρv 2 , o que legitima a
3601-10 Dias e Morais

analogia; então
1
pii = µv 2 − p0 , (sem somar em i)
4π i
onde p0 é uma pressão hidrostática isotrópica, introduzida talvez para opor a um achatamento ao longo dos eixos,
efeito para o qual Maxwell chama atenção [2, p. 457].

2: Cálculo da quantidade de rodas livres transferidas através da unidade de área na direção ϵi na


unidade de tempo
Seja ϵˆi qualquer uma das direções î, ĵ e k̂. As partı́culas que cruzam a área normal a ϵˆi no tempo δt são aquelas
contidas no cilindro de volume (uδt) .ϵˆi dSi (sem somar em i). Então, se ρ é a densidade de matéria elétrica

massa de matéria elétrica através de dSi = dSi ϵˆi (sem soma em i) em δt = ρu.ϵˆi dSi δt (sem soma em i)
massa de matéria elétrica através de dSi
= ρu.ϵˆi dSi ≡ ρui dSi (sem soma em i)
unidade de tempo

I
massa de matéria elétrica através da superfı́cie separando dois vórtices, movendo na direção ϵ̂i
= ∑
ρ ui dSi ,
unidade de tempo Si

onde Si indica que a soma é sobre todas as superfı́cies Si . Ora, por definição

massa de matéria elétrica transferida na direção ϵˆi


ji =
unidade de área × unidade de tempo
e I
ji × área = ∑
ρ ui dSi ;
Si
σ
notando que ρ tem unidades de , onde σ é a densidade superficial de matéria elétrica, obtém-se [2, p. 470,
distância
fórmula (28)] I
ji V = ∑ σ ui dSi .
Si

Cálculo da integral
Substituir ui pelo seu valor, (1) acima, ui = 12 ϵiαβ nα ∆vβ e expandir em série de Taylor, em torno de P , onde 1 e 2
referem-se, respectivamente, a dois vórtices contı́guos, vórtice 1 e vórtice 2

∆vβ = (x1γ − x2γ ) [∂γ vβ ]P

I ∑I 1 [ ]
∑ ui dSi = ϵiαβ nα (x1γ − x2γ ) ∂γ vβ P dSi
Si i Si 2
I
1 [ ] ∑
= ϵiαβ ∂γ vβ P nα (x1γ − x2γ ) dSi
2 i Si
∫ ∑∫
1 [ ] ∑ 1 [ ]
= ϵiαβ ∂γ vβ P dVi ∂α (x1γ − x2γ ) = ϵiαβ ∂γ vβ P δαγ dVi
2 i Vi 2 i
1 [ ] ∑ 1 [ ] 1
= ϵiαβ ∂γ vβ P δαγ Vi = ϵiαβ ∂α vβ P V = [(∇ × v) (P )]componente i V
2 i
2 2

3: Potência transmitida pelas rodas livres


Usando a notação das secções 3.3 e 3.4

Fi = Fi (P0 ) + dr.∇Fi (P0 ) = Fi (P0 ) + (x1γ − x2γ ) ∂γ Fi


1
ui = ϵiαβ nα ∆vβ
2
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-11

obtém-se
I I I
1 1
Felec .u dS = (x1γ − x2γ ) ∂γ Fi ϵiαβ nα ∆vβ dS = ϵiαβ ∆vβ ∂γ Fi (x1γ − x2γ ) nα dS
2 2

1 1
= − ∆vβ ϵβαi ∂γ Fi dV ∂α (x1γ − x2γ ) = − ∆vβ ϵβαi ∂γ Fi δαγ
2 2
1
= − ∆vβ ϵβαi ∂α Fi
2

4: Variação da velocidade dos vórtices


Variação da velocidade por translação infinitesimal da superfı́cie do vórtice
Para deformar ou mover as faces de um cubo infinitesimal do vórtice, um trabalho tem de ser realizado contra as
pressões calculadas no Apêndice 1. Então, usando os valores das pressões do Apêndice 1
µ 2
trabalho para mover a face yz de δx: força × δx = [pxx × área] × δx = − v yzδx
4π x
µ
trabalho para mover a face xz de δy: força × δy = [pyy × área] × δy = − vy2 xzδy

µ
trabalho para mover a face xy de δz: força × δz = [pzz × área] × δz = − vz2 xyδz

Então [2, p. 479, fórmula (59)]
µ ( 2 )
δW = p0 δV − vx yzδx + vy2 xzδy + vz2 xyδz

Uma partı́cula na face do cubo tem uma velocidade linear de rotação v, de modo que a resistência à deformação
resulta em [2, p. 479, fórmula (60)]
µ
−δT = vi δvi V

Conservação da energia

δT = −δW
µ µ ( 2 )
[vx δvx + vy δvy + vz δvz ] xyz = + vx yzδx + vy2 xzδy + vz2 xyδz
4π 4π
2 δx δy δz
vx δvx + vy δvy + vz δvz = vx + vy2 + vz2
x y z

ou [2, p. 480, fórmula (61)] ( )


∑ δxi
vi δvi − vi = 0;
i
xi

como os vi ’s são independentes, a soma é zero só se [2, p. 480, fórmula (62)]

δtrans vi = vi δx
xi
i
para todo i (sem somar em in i) (7)

Variação da velocidade por rotação infinitesimal da superfı́cie do vórtice


Por uma rotação infinitesimal que transforma {x, y, z} em {x′ , y ′ , z ′ }

δx = +yθ3 − zθ2 δy = −xθ3 + zθ1 δz = +xθ2 − yθ1

ou
δrot xi = −ϵiαβ θα xβ
Essa é, também, a lei de transformação de vetores por rotações infinitesimais, de modo que, se a velocidade gira
em torno do eixo n̂ [2, p. 480, fórmula (63)]

δrot vi = −ϵiαβ θα vβ (8)


3601-12 Dias e Morais

Transformação de vetores
Sejam ξij , i, j = 1, 2, 3, os elementos da matriz da transformação linear de {x, y, z} em {x′ , y ′ , z ′ }.
A transformação direta é x′i = ξiα xα ou
( ) ( ) ( )
x′ = î′ .î x + î′ .ĵ y + î′ .k̂ z ≡ ξ11 x + ξ12 y + ξ13 z
( ) ( ) ( )
y′ = ĵ ′ .î x + ĵ ′ .ĵ y + ĵ ′ .k̂ z ≡ ξ21 x + ξ22 y + ξ23 z
( ) ( ) ( )
z′ = k̂′ .î x + k̂′ .ĵ y + k̂′ .k̂ z ≡ ξ31 x + ξ32 y + ξ33 z

A transformação inversa é xi = x′α ξαi ou


( ) ( ) ( )
x = î.î′ x′ + î.ĵ ′ y ′ + î.k̂′ z ′ ≡ ξ11 x′ + ξ21 y ′ + ξ31 z ′
( ) ( ) ( )
y = ĵ.î′ x′ + ĵ.ĵ ′ y ′ + ĵ.k̂′ z ′ ≡ ξ12 x′ + ξ22 y ′ + ξ32 z ′
( ) ( ) ( )
z = k̂.î′ x′ + k̂.ĵ ′ y ′ + k̂.k̂′ z ′ ≡ ξ13 x′ + ξ23 y ′ + ξ33 z ′

Caso particular da velocidade


Um vetor é, por definição, uma grandeza que varia de acordo com essas transformações. Portanto, a transformação
da velocidade é [2, p. 481, fórmula (65)]
vi′ = ξiα vα ; (9)

a transformação inversa é
vi = ξαi vα′

No caso de rotações infinitesimais, obtém-se a Eq. (8)

δrot vi = −ϵiαj θα vj rot


onde a matriz da transformação é: ξij = −ϵiαj θα (10)

No caso das translações infinitesimais

δtrans vi′ = ξiα δvα onde, de (7): δvα = δxα


x α vα (sem somar em α)

δx′α ′
δtrans vi = ξαi δvα′ onde, de (7): δvα′ = x′α vα (sem somar em α)

Portanto
∑ ∑ δx′α ′
δtrans vi = ξαi δvα′ = ξαi v (11)
α α
x′α α

ou, usando a Eq. (9)


∑ δx′α
δtrans vi = ξαi ξαβ vβ (12)
α
x′α

δx′α
Usando a notação ζα′ ≡ x′α (o que Maxwell não faz), a matriz da transformação é:

trans
ξij = ξαi ξαj ζα′
α

Caso particular da posição


As coordenadas também se transformam como nas Eqs. (10) e (12)

δrot xi = +ϵiαj θα xj e δtrans xi = ξαi ξαj ζα′ xj (13)
α
Os fundamentos mecânicos do eletromagnetismo 3601-13

Caso particular do gradiente da posição


Calculando derivadas na Eq. (13):

∂β (δrot xi ) = −∂β (+ϵiαj θα xj ) = −ϵiαβ θα = +ϵiβα θα


∑ ∑
∂β (δtrans xi ) = ξαi ξαj ζα′ (∂β xj ) = ξαi ξαβ ζα′
α α

Somando, obtém-se as 9 componentes do gradiente, ∂β (δxi ) = ∂β (δrot xi ) + ∂β (δtrans xi ), em termos das quantidades
δx′
independentes [2, p. 480] ζi′ = x′i (translação: 3 quantidades), θi (rotação: 3 quantidades) e 3 cossenos diretores [2,
i
p. 481, fórmula (64)] ∑
∂β (δxi ) = ξαi ξαβ ζα′ + ϵiβα θα (14)
α

Transformação geral da velocidade


A deformação mais geral é uma translação da superfı́cie junto com uma rotação. Então: δv = δrot v + δtrans v.
Portanto, a transformação mais geral de vi é,

δvi = ξαi δvα′ − ϵiαβ θα vβ

ou, abrindo a expressão [2, p. 481, fórmula (66)]


δv1 = ξ11 δv1′ + ξ21 δv2′ + ξ31 δv3′ + v3 θ2 − v2 θ3
δv2 = ξ12 δv1′ + ξ22 δv2′ + ξ32 δv3′ − v1 θ3 + v3 θ1
δv3 = ξ13 δv1′ + ξ23 δv2′ + ξ33 δv3′ + v1 θ2 − v2 θ1

Usando a Eq. (7), obtém-se a soma das Eqs. (11) e (8)


( )
∑ δx′α ′
δvi = ξαi ′ vα − ϵiαβ θα vβ
α

ou, abrindo a expressão [2, p. 481, fórmula (67)]


δx′ δy ′ δz ′
δv1 = ξ11 v1′ ′
+ ξ21 v2′ ′ + ξ31 v3′ ′ + v3 θ2 − v2 θ3
x y z
′ ′ ′
′ δx ′ δy ′ δz
δv2 = ξ12 v1 ′ + ξ22 v2 ′ + ξ32 v3 ′ − v1 θ3 + v3 θ1
x y z
′ ′ ′
′ δx ′ δy ′ δz
δv3 = ξ13 v1 ′ + ξ23 v2 ′ + ξ33 v3 ′ + v1 θ2 − v2 θ1
x y z
Usando a Eq. (9), obtém-se a soma das Eqs. (12) e (8)
( )
∑ δx′α
δvi = ξαi ′ ξαβ vβ − ϵiαβ θα vβ
α

ou, abrindo a expressão


δx′ δy ′ δz ′
δv1 = ξ11 [ξ11 v1 + ξ12 v2 + ξ13 v3 ] + ′ ξ21 [ξ21 v1 + ξ22 v2 + ξ23 v3 ] + ′ ξ31 [ξ31 v1 + ξ32 v2 + ξ33 v3 ]
x′ y z
+ v3 θ2 − v2 θ3
δx′ δy ′ δz ′
δv2 = ξ12 [ξ11 v1 + ξ12 v2 + ξ13 v3 ] + ′ ξ22 [ξ21 v1 + ξ22 v2 + ξ23 v3 ] + ′ ξ32 [ξ31 v1 + ξ32 v2 + ξ33 v3 ]
x′ y z
− v1 θ3 + v3 θ1
δx′ δy ′ δz ′
δv3 = ξ13 [ξ11 v1 + ξ12 v2 + ξ13 v3 ] + ′ ξ23 [ξ21 v1 + ξ22 v2 + ξ23 v3 ] + ′ ξ33 [ξ31 v1 + ξ32 v2 + ξ33 v3 ]
x′ y z
+ v1 θ2 − v2 θ1

Agrupando termos, obtém-se o resultado final


[( ) ]


δvi = vβ ξαi ξαβ ζα + ϵiβα θα (15)
α
3601-14 Dias e Morais

ou, abrindo a expressão


[ ] [ ]
δx′ δy ′ δz ′ δx′ δy ′ δz ′
δv1 = v1 ξ11 ξ11 ′ + ξ21 ξ21 + ξ31 ξ31 ′ + v2 ξ11 ξ12 ′ + ξ21 ξ22 ′ + ξ31 ξ32 ′ − θ3
x y′ z x y z
[ ]
δx′ δy ′ δz ′
+ v3 ξ11 ξ13 ′ + ξ21 ξ23 + ξ31 ξ33 ′ − θ2
x y′ z
[ ] [ ]
δx′ δy ′ δz ′ δx′ δy ′ δz ′
δv2 = v1 ξ12 ξ11 ′ + ξ22 ξ21 + ξ32 ξ31 ′ − θ3 + v2 ξ12 ξ12 ′ + ξ22 ξ22 ′ + ξ32 ξ32 ′
x y′ z x y z
[ ]
δx′ δy ′ δz ′
+ v3 ξ12 ξ13 ′ + ξ22 ξ23 + ξ32 ξ33 ′ + θ1
x y′ z
[ ] [ ]
δx′ δy ′ δz ′ δx′ δy ′ δz ′
δv3 = v1 ξ13 ξ11 ′ + ξ23 ξ21 + ξ33 ξ31 ′ + θ2 + v2 ξ13 ξ12 ′ + ξ23 ξ22 ′ + ξ33 ξ32 ′ − θ1
x y′ z x y z
[ ]
δx′ δy ′ δz ′
+ v3 ξ13 ξ13 ′ + ξ23 ξ23 + ξ33 ξ33 ′
x y′ z

Falta entender o significado da Eq. (15). Ora, comparando as Eqs. (14) e (15), a Eq. (15) pode ser escrita

δvi = (vβ ∂β ) δxi , ou δvi = (v.∇) δxi .

Referências mes MacCullagh (Hodges, Figgis & Co, Dublin, 1880;


reprint por Nabu Public Domain Reprints).
[1] James C. Maxwell, Transactions of the Cambridge Phi-
[8] Keith R. Symon, Mechanics (Addison-Wesley, Rea-
losophical Society, 10 (1856). Republicado in: W.D.
ding, 1967).
Niven (editor) The Scientific Papers of James Clerk
Maxwell, 2 v. (Cambridge University Press, Cam- [9] Jed Buchwald, From Maxwell to Microphysics (Aspects
bridge, 1890; reprint, 2010), v. 1, p. 155-229. of Eletromagnetic Theory in the Last Quarter of the
[2] James C. Maxwell, Philosophical Magazine, 21 (1861). Nineteenth Century (The University of Chicago Press,
Republicado in: W.D. Niven (editor) The Scientific Chicago, 1985).
Papers of James Clerk Maxwell, 2 v. (Cambridge Uni- [10] Michael Faraday, Experimental Researches in Electri-
versity Press, Cambridge, 1890; reprint, 2010), v. 1, p. city, 3 v., 1839-1855. Republicado in: R. Maynard Hut-
451-490. chins (editor) Great Books of the Western World, v. 45.
[3] James C. Maxwell, Royal Society Transactions, 45 (Encyclopædia Britannica, Chicago, 1952), p. 254-898.
(1864). Republicado in: W.D. Niven (editor) The Sci- [11] John D. Jackson, Classical Electrodynamics (John-
entific Papers of James Clerk Maxwell, 2 v. (Cambridge Wiley, New York, 1962).
University Press, Cambridge, 1890; reprint, 2010), v. 1,
p. 526-597. [12] Bruce J. Hunt, The Maxwellians (Cornell University
Press, Ithaca, 1991).
[4] James C. Maxwell, A Treatise on Electricity & Magne-
tism, 2 v., (Clarendon, Oxford, 1873); reprint da ter- [13] Joseph Larmor, Philosophical Transactions of the
ceira edição (1891) (Dover, New York, 1954). Royal Society 185, 719 (1893). Republicado in: J. Lar-
[5] James C. Maxwell, Philosophical Transactions, 47 mor (editor) Mathematical and Physical Papers, 2 v.
(1860). Republicado in: W.D. Niven (editor) The Sci- (Cambridge University Press, Cambridge, 1929), v. 1,
entific Papers of James Clerk Maxwell, 2 v., (Cam- p. 389-536.
bridge University Press, Cambridge, 1890; reprint, [14] William Thomsom, Proceedings of the Royal Society
2010), v. 1, p. 377-409. of Edinburgh, 1870. Republicado in: Lord Kelvin (edi-
[6] Edmund Whittaker, A History of the Theories of Æther tor), Reprints of Papers on Electrostatic and Magne-
and Electricity, 2 v. (The Philosophical Library, New tism (Cambridge University Press, Cambridge, 1884;
York, 1951), v. 1. reprint 2011), p. 572-576.
[7] James MacCullagh, Transactions of the Royal Irish [15] Isobel Falconer, in: J. Buchwald e A. Warwick (edito-
Academy, 21 (1839). Republicado in: John Jellet e Sa- res) Histories of the Electron (The MIT Press, Cam-
muel Haughton (editores) The Collected Works of Ja- bridge, 2001), p. 77-100.

Vous aimerez peut-être aussi