Fabricação Aditiva

de metal
Recomendações e Boas Práticas
para Fusão Seletiva a Laser
Foto: © Netzwerk Strahlschmelzen
 Índice

Considerações Gerais ........................................................................................3

Abreviaturas.................................................................................................................3

1 I dentificação do potencial específico da empresa

para a Fabricação Aditiva.................................................................................4
2 Seleção da estratégia de fabricação adequada ............................6
3 Aquisição de uma máquina .............................................................................7
4 Formação dos colaboradores ................................................................... 10
5 Limitação do tipo de materiais por máquina ....................................12
6  uidados a ter com as Operações de Tratamentos
C
Térmicos .....................................................................................................................13
7 Garantia de segurança em particular para
pós metálicos e gases industriais..............................................................15
8 Seleção do gás de processo e modo de
fornecimento adequados ...............................................................................17
9 A Gestão da Qualidade começa com os pós ................................ 19
10 Assegure a qualidade das suas peças .................................................21
Perguntas aos especialistas ....................................................................... 24 
Referências............................................................................................................... 26

Exoneração de responsabilidade
A Air Liquide Deutschland GmbH e o Instituto Fraunhofer para Máquinas-ferramentas e Tecnologia de Moldagem IWU, Reichenhainer
Straße 88, 09126 Chemnitz, Alemanha na qualidade de entidade constituinte da Fraunhofer-Gesellschaft zur Förderung der
angewandten Forschung e.V., Hansastraße 27 c, 80686 Munique sem qualquer estatuto jurídico próprio (conjuntamente, as
Partes) disponibilizam informações e dados no presente documento. As Partes elaboram este documento com informações
provenientes de fontes que as mesmas acreditam serem rigorosas e de confiança. Contudo, devido à possibilidade de erro humano
ou mecânico, entre outros fatores, todas as informações disponibilizadas no presente são apresentadas “TAL QUAL” sem garantia
de qualquer espécie. As Partes adotam todas as medidas necessárias para que a informação apresentada seja tão fiável quanto
possível. Na medida em que a lei o permite, as Partes declinam toda a responsabilidade por quaisquer prejuízos ou danos diretos
ou indemnizatórios causados a qualquer pessoa ou entidade, incluindo, entre outros, por negligência (mas excluindo fraude, dolo
ou qualquer outro tipo de responsabilidade que, para que não subsistam dúvidas, não possa ser excluída por lei) de qualquer uma
das Partes, ou qualquer contingência que esteja dentro ou fora do controlo das Partes decorrente das informações contidas no
presente ou a elas associada, ou a utilização ou incapacidade de utilização de tais informações.

2
Considerações Gerais
A Fabricação Aditiva (FA) – ou impressão 3D à
escala industrial – está a adquirir importância
crescente à medida que vai tendo sucesso
em situações de produção em série. A Fusão
selectiva a Laser (LBM) apresenta-se como
uma tecnologia promissora e como uma
tecnologia pioneira já que conta com uma
vantagem competitiva assinalável.
É cada vez maior o número de empresas
que pretendem beneficiar do seu potencial
económico e tecnológico para abraçar esta
tecnologia. Contudo, muitas enfrentam
a dificuldade de incorporar a Fabricação
Aditiva no seu processo produtivo da forma
mais eficiente. O presente Livro Branco
apresenta uma abordagem às boas práticas
Abreviaturas
FA Fabricação Aditiva
LBM Fusão a Laser (outras expressões
utilizadas com frequência são fusão
seletiva a laser, sinterização direta de
metais a laser, fusão a laser e fusão de
metal a laser)
para alavancar o potencial da FA, dando
especial destaque à configuração e à eficiente
operacionalização.
Este Livro Branco é indicado para si, caso:
$P
 retenda introduzir a Fabricação Aditiva
– em particular a fusão a laser – na sua
empresa
$ Tenha interesse nos conhecimentos
chave para configurar com sucesso a
sua unidade de produção
$ Esteja à procura de boas práticas para
utilizar nas suas operações quotidianas
CAD Desenho Assistido por Computador
CAM Fabricação Assistida por Computador
CNC Controlo Numérico Computorizado
PLC Controlador Lógico Programável
STL Estereolitografia (extensão do ficheiro)
Linguagem de Modelação da
VRML 
Realidade Virtual (extensão do
ficheiro)
3
 1 I dentificação do potencial
específico da empresa
para a Fabricação Aditiva
Para identificar as potenciais aplicações da
FA na sua empresa é importante conhecer
o processo de FA que pretende introduzir.
Consulte literatura (científica) e especialistas
para obter uma base de conhecimento
adequada sobre os processos de FA.
Logo que dispuser de conhecimentos
elementares sobre os processos de FA, o
passo seguinte consiste em analisar todas
as áreas de fabrico da sua empresa (por
exemplo, produtos, ferramentas, gabaritos).
Para aproveitar ao máximo a FA é necessário
repensar e redesenhar todas as peças. Se o
não fizer e se limitar simplesmente a replicar
peças que foram desenhadas para outras
tecnologias de fabrico convencionais (por
exemplo, fresagem/maquinagem, furação,
FIG. 1
Eixo de skateboard leve, de topologia otimizada, com estrutura reticular no
interior fonte: philipp manger
4
torneamento, etc.), irá em princípio perder os
benefícios da Fabricação Aditiva. Um exemplo
positivo de como obter uma diminuição de
peso com as novas possibilidades oferecidas
pelo FA consiste em integrar estruturas
reticulares numa peça (VER FIGURA 1).
A FIGURA 2 exemplifica a forma como se
pode melhorar as funções de uma peça com
sistemas de canais de fluxo otimizado para
refrigeração conformável (AZUL) ou por
integração de sensores (VERDE).
Se forem identificadas peças com potencial
deve seguir-se um redesenho específico
para FA. O principal desafio é o de repensar
e colocar em causa todos os aspetos
do desenho tendo em mente a utilização
 Suporte de chapa

Matriz

Peça

Punção con sensor

FIG. 2 Ferramenta de conformação a quente de chapa metálica com canais de refrigeração

integrados e um termopar copyright: fraunhofer iwu

da peça, reunindo pessoas de diferentes adequadas, poderá ser vantajoso cooperar

departamentos (por exemplo, produção,
manutenção, etc.) e potenciar ferramentas
de cálculo poderosas. Há algumas
empresas especializadas em desenho e/
ou prototipagem que possuem ferramentas
especiais. Se a sua empresa não tem
capacidade e/ou ferramentas de desenho
com empresas especializadas para obter o
máximo do seu projeto. Pode igualmente ser
interessante tirar partido do know-how de
ferramentas que são bastante específicas,
dependendo das competências disponíveis
na sua empresa.

Para identificar o potencial do FA na sua empresa,

considere os seguintes pontos:

Pode combinar peças? $ Redução do tempo de montagem

Pode aplicar desenhos de baixo peso?
Pode integrar funções adicionais?
construindo apenas um produto complexo
$ Redução de peso e custos
$ Sistemas de canais, sensores, outras
funcionalidades que só podem ser obtidas
por LBM

Pode substituir fluxos de trabalho habituais?
Pode introduzir novos desenhos que só se
podem fabricar com LBM?
Deve deixar de comprar certas peças para
passar a fazê-las?
Pode acrescentar mais valor a peças que
são atualmente de série e que podem ser
personalizadas para produção em grandes
quantidades?
$ Com LBM pode produzir peças
diretamente a partir dos dados 3D-CAD
$ Novos produtos
$ Sobressalentes, peças com prazos de
entrega demorados
$ Valor adicional para o cliente

5
 2 S eleção da estratégia
de fabricação adequada
Com base no potencial específico da sua
empresa para a Fabricação Aditiva, deve
definir um roteiro para a implementação,
que inclui o planeamento desde a ideia
até à fabricação. Necessita também de
intregrar a organização e configuração
da equipa, a formação de funcionários, a
gestão da mudança e o desenvolvimento
de tecnologia. É conveniente envolver ou
contratar profissionais experientes que
controlem e agilizem o processo.
A estratégia de fabricação é um aspeto
importante. Mesmo na fase inicial da
prototipagem, a produção de peças é
essencial para melhorar o desenho através
de um conjunto de iterações. Dado que os
volumes são habitualmente baixos nesta fase,
pode valer a pena contratar um prestador
de serviços, o que limita o investimento
inicial e lhe permite confiar num know-how
de fabricação bem definido dando origem
a um ciclo de desenvolvimento rápido. Por
outro lado, a criação de uma unidade de
produção interna à escala laboratorial apoia o
desenvolvimento da sua própria experiência e
pode facilitar, numa fase posterior, a definição
do sistema operacional de uma unidade de
produção interna.
A questão de subcontratar a parte final da
fabricação também é pertinente para a
6
produção em série. Há casos de sucesso
de empresas que contaram apenas com
prestadores de serviços externos, embora
se conheçam outros casos de empresas
que criaram com sucesso as suas próprias
instalações de produção para Fabricação
Aditiva. Mesmo formas híbridas como joint-
ventures com um prestador de serviços são
opções viáveis. Em última instância esta
decisão necessita de ter em conta volume
de produção, velocidade de implementação,
recursos internos e capacidades para além
de critérios económicos.
Uma estratégia de fabricação exemplar pode
começar pela colaboração com um gabinete
de serviços para fabricar protótipos. Numa
fase posterior, o aluguer de um dado número
de horas máquina a um prestador de serviços
constitui uma hipótese de reunir know-how
e experiência em ciclos de produção piloto.
Finalmente, a produção em série é feita numa
instalação interna para os materiais principais
(por exemplo, aço inoxidável), enquanto peças
feitas de materiais menos correntes (por
exemplo, titânio) continuam a ser fabricadas
por prestadores de serviços.
3 Aquisição de
equipamentos de
Fabricação Aditiva
Quando se compra uma máquina LBM
há muito aspetos que têm de ser tidos em
conta. A decisão de compra é complexa
porque, para além da aquisição de uma
máquina com certas características, trata-se
também de uma decisão para implementar
um ecossistema específico, que pode incluir
o fornecimento de pó e consultadoria.
Existem no mercado máquinas com câmaras
de construção muito pequenas. Estas
são habitualmente utilizadas para efeitos
de investigação e desenvolvimento, mas
também para aplicações específicas com
pequenas peças e uma preferência por ciclos
de construção curtos (por exemplo, setor
dentário). O recurso a máquinas multilaser
pode aumentar de forma significativa a
produtividade. Por outro lado, as tarifas
horárias de aluguer de máquinas podem ser
duas vezes superiores ao aluguer de uma
máquina monolaser, o que reduz a vantagem
das velocidades de processo superiores (VER
FIGURA 3).
O material das peças que pretende fabricar
tem de corresponder à dimensão da câmara
de construção da máquina, porque algumas
máquinas grandes não conseguem processar
todos os tipos de material em pó. A título de
exemplo, o habitual material aço maraging
(1.2709), que é muito frequente para máquinas
pequenas e sobretudo de média dimensão,
não está (ainda) disponível para máquinas
grandes (por exemplo, Concept Laser X LINE
2000R3) ou EOS M4004)).
Para concluir, vamos falar de custos. Há uma
grande variedade de máquinas com câmaras
de construção pequenas que custam à volta
de 500 mil euros, até às máquinas maiores
com câmaras de construção grandes cujo
custo pode ultrapassar 1,5 milhões de euros.
Para configurar uma unidade de Fabricação
Aditiva é necessário dispor de equipamento
pré e pós-processo e consumíveis. Regra
geral, os fabricantes de máquinas oferecem
uma gama de produtos adequados que vão
de software 3D-CAD e fornecimento de pó
metálico até fornos de tratamento térmico
integrados. Como tal, os fabricantes de
máquinas criam um ecossistema que também
necessita de ser tido em conta durante o
processo de compra da máquina. Como
estes aspetos secundários muitas vezes
não são objeto da atenção que merecem,
irão ser tratados com mais pormenor na
RECOMENDAÇÃO 6.
Os fabricantes de máquinas apresentam
ainda diferentes soluções para transportar
o material em pó. Para ciclos de produção
em série utilizam-se sobretudo sistemas
integralmente automatizados, nos quais
o pó é transportado através de tubos
até uma unidade de peneiração para ser
limpo. Subsequentemente segue de novo
para a máquina LBM, para o trabalho de
construção seguinte. Com este sistema não
é fácil proceder a uma mudança de pó. O
sistema mais comum de transporte de pó
recorre a contentores que transportam o
7
 pó até uma estação de crivagem e o trazem
de volta à máquina, processo este que
exige mão-de-obra. Graças ao contentor
é possível fazer uma mudança de pó na
máquina, embora geralmente isto seja de
evitar devido à contaminação com resíduos
de pó e por motivos económicos (VER
RECOMENDAÇÃO 5).
Com base nos critérios supra mencionados,
deve efetuar-se uma análise comparativa
das máquinas candidatas pré-selecionadas.
É sensato começar com um desenho tão
próximo quanto possível do que se pretende
construir, e comparar as várias máquinas
em termos de qualidade (rugosidade da
superfície, porosidade, etc.) e aspetos
económicos (velocidade de construção,
custo da máquina, flexibilidade, etc.). Como
o processo de decisão pode ser complexo
e inclui geralmente parâmetros que não são
óbvios para utilizadores pouco experientes,
vale a pena envolver um perito no processo.
O teste final de aceitação da máquina nas
instalações do fabricante da mesma, ou do
cliente, deve consistir na realização de uma
ou mais peças piloto, como se define no
processo de análise comparativa, as quais
necessitam de satisfazer determinados
critérios.

FIG. 3 Tarifas horárias de máquinas (2016)

FONTE: ROLAND BERGER 2016
Manutenção

Energia &
meios

Materiais de
consumo
Gás
Espaço de
trabalho

Despesas gerais
Sobretaxa percentual
calculada

Aluguer da
máquina
Investimento x 20,0%
/horas orçamentadas
(=depreciação ao longo de
5 anos)

35-45 Monolaser 45-55 Multilaser 90-120 Máquina

EUR/ H pequeno EUR/ H pequeno EUR/ H grande

8
 Olhando apenas para as características da
máquina, uma das principais variáveis é a
dimensão da câmara de construção. Esta
variável deve ser escolhida com todo o
cuidado, porque é ela que define os limites para
as dimensões da peça que se pode fabricar
com a máquina. As mais frequentes são as
máquinas pequenas com mono ou multilaser
e câmara de construção com dimensões
de 250x250x300 a 280x280x350 mm³.
Para fabricar peças maiores, há máquinas
grandes que podem ter até quatro lasers e
uma câmara de construção cujas dimensões
podem atingir 800x400x500 mm³ (VER
FIGURA 4).

Monolaser pequeno
$ Classe de sistema com o Configuração da amostra:
custo de investimento mais Custo do investimento EUR > 0.5 m
baixo Velocidade de 10 - 15 cm3 / h
construção (IN718)
$ Produtividade mais baixa é
contrapartida do baixo preço Câmara de construção 250x250x300 M2 cusing EOS M 290
do sistema 280x280x350 mm3

Multilaser pequeno
$ Elevada produtividade graças Configuração da amostra:
aos 2 lasers, com um preço ainda Custo do investimento EUR > 0.5 m
moderado Velocidade de 10 - 15 cm3 / h
construção (IN718)
$ Bem adaptado à produção em
SLM 280 Twin Multilaser M2 série de peças mais pequenas Câmara de construção 250x250x300
cusing 280x280x350 mm3

Máquinas grandes
$M
 áxima produtividade quan- Configuração da amostra:
do se utilizam os 4 lasers
Custo do investimento EUR > 0.5 m
$P
 ermite a produção de peças Velocidade de 10 - 15 cm3 / h
maiores ou de lotes de maior
construção (IN718)
dimensão X LINE 2000R SLM 500
Câmara de construção 250x250x300
$C
 onceitos de automação
280x280x350 mm3
disponíveis

FIG. 3 (ESQUERDA)  Tarifas horárias de máquinas de diferentes tipos

fonte: roland berger 2016
EOS M 400
FIG. 4 (ACIMA) 
Panorâmica de tipos de máquinas LBM
fonte: roland berger 2016 5)

9
 4 Formação
dos colaboradores
A chave reside no conhecimento. Uma vez
que a Fabricação Aditiva ainda não está
enraizada como prática industrial diária,
as oportunidades de formação, os cursos,
a formação profissional específica para
técnicos de FA e operadores de máquinas
e os programas de ensino superior estão
agora a começar a aparecer. O fosso
que se abriu devido à procura atual deu
origem a diversos programas de ensino
e oportunidades. Embora estejam longe
de satisfazer as futuras necessidades
educativas de especialistas de FA na
indústria, oferecem a oportunidade de enviar
elementos selecionados do pessoal com
experiência de base adequada em áreas
de trabalho comparáveis (por exemplo,
maquinagem e programação CNC, 3D CAD/
CAM, tecnologia laser ou similar) para esses
cursos e programas de formação de FA.
Além disso, organizam-se regularmente
diversos workshops e seminários sobre
FA, muitos dos quais dedicados a uma
área específica (por exemplo, aeroespacial
ou automóvel, conteúdos específicos de
materiais ou tecnologias, desenho para FA,
etc.).
Muitas vezes, os conteúdos são dados em
apresentações sob a forma de palestras
10
com aspetos práticos muito limitados ou
inexistentes. Compreendem habitualmente
um ou dois dias de formação (alguns podem
chegar aos quatro dias), o que não é por
certo suficiente para se adquirir profundos
conhecimentos básicos e qualificações. Para
realização destas ações aconselhamos a
que se dirijam a uma associação sectorial ou
centro tecnológico que lhe possa apresentar
um programa de formação dirigido às suas
necessidades e que podem servir como
ponto de partida para a transmissão de
conhecimentos práticos6).
É igualmente possível recorrer a estas
p l at afo r m a s l o c a i s (a s s o c i a ç õ e s
profissionais, plataformas governamentais,
universidades, etc.) para alugar uma máquina
por horas/dias no sentido de acumular
gradualmente experiência e tirar partido
do know-how de técnicos locais. A formação
adequada em pós-processamento (por
exemplo, tratamento térmico, acabamento
manual, pós-maquinagem CNC, limpeza
com granalha de aço, etc.) deve também
fazer parte do plano de formação.
A Air Liquide está à sua disposição para o
ajudar na seleção das opções mais indicadas
para o seu caso.
 5 Limitação do tipo de
materiais por máquina
No que se refere ao custo de fabrico, a
utilização eficiente da máquina de fusão
seletiva a laser é crucial, comprovada pelo
facto da hora-máquina calculada com
base na depreciação e amortização poder
representar mais de 50 % do custo total.
Geralmente, a mudança de material numa
máquina é um processo moroso e exige
um esforço manual significativo. A duração
habitual de uma mudança de material (por
exemplo, de alumínio para aço inoxidável)
exige cerca de 1,5 dias de limpeza manual.
Durante este período, a máquina está
11
indisponível para a produção enquanto o
custo da mão-de-obra continua a subir.
Acresce que há risco de contaminação
uma vez que alguns resíduos de pó ficam
na máquina. Para que os resultados sejam
os melhores e a produção mais económica,
uma máquina deve estar dedicada a um só
material. Se isto não for possível, reduza o
número de mudanças de material ao mínimo
possível. Uma outra opção consiste em
contratar exteriormente o fabrico de peças
em materiais utilizados mais raramente (VER
TAMBÉM RECOMENDAÇÃO 2).
 6 Cuidados a ter com as
operações de tratamentos
térmicos
Ao implementar a Fabricação Aditiva numa
organização, é crucial considerar toda a
cadeia que rodeia o processo principal de
FA. É frequente que os pré e pós-processos
da Fabricação Aditiva não captem a atenção
e a consideração que merecem desde início
(comparação de uma peça após construção
e com superfície funcional pós-processada
(VER FIGURA 5). Este capítulo descreve os
pré e pós processos mais relevantes para
a FA.
O pré-processamento incide muito numa
cadeia de processamento adequada dos
FIG. 5 
MUGETO® haste femoral da anca em bruto de
produção (esquerda) e com superfície funcional
polida (direita)7)
copyright: fraunhofer iwu
dados CAD/CAM. Começa com um potente
sistema de 3D CAD utilizado para desenhar
as peças, os componentes e as ferramentas a
produzir via FA. O sistema 3D CAD deve incluir
uma interface para exportar dados de FA
legíveis. O formato mais comum da interface
para FA é o STL, uma descrição triangulada da
superfície 3D, mas algumas impressoras 3D
são igualmente capazes de importar outros
formatos como VRML (incluindo informação
sobre cor). Há diferenças de qualidade
significativas do resultado STL de diferentes
sistemas 3D CAD – este aspeto deve ser
testado e verificado numa fase preliminar,
talvez mesmo antes da aquisição do software
3D CAD.
Embora algumas impressoras 3D, sobretudo
no processamento de polímeros, incluam
um software de pré-processamento para
utilizar diretamente dados STL, a maior
parte dos sistemas – especialmente na
impressão 3D metálica – requer um software
CAM específico do FA. Neste software, os
dados STL são processados para colocar
os modelos 3D na respetiva posição de
construção, gerar a necessária estrutura de
suporte, cortar o modelo 3D em camadas
2D, gerar vias de impressão (por exemplo,
vetores de digitalização laser ou código G
12
 para a cabeça de impressão ou movimento
do bocal) e finalmente exportar estes dados
em formatos específicos do fabricante do
sistema de FA. Estes dados são então
importados para o PLC da máquina de FA para
começar o trabalho de construção. Embora
muitos dos processos acima descritos sejam
semiautomáticos, continua a ser necessário
ter pessoal experiente no processamento
adequado dos dados 3D para que o trabalho
de impressão dê bons resultados. Esta
experiência é necessária, por exemplo,
para orientação de construção adequada,
tendo por base diversos critérios (tempo de
construção mínimo, qualidade local e precisão
dimensional da superfície, número máximo
de peças num trabalho de construção, etc.)
e para a criação de estruturas de suporte
(minimização da estrutura de suporte
requerida, área de contacto mínima entre a
estrutura de suporte e a superfície da peça,
força máxima do suporte para fixar a peça
FIG. 6 Qualidade da superfície do componente após LBM (esquerda) e após acabamento
(direita) 8)
copyright: fraunhofer iwu
13
no decurso dos trabalhos de construção,
prevenção de falha e rotura da estrutura de
suporte durante o trabalho de construção).
Hoje em dia, estão a surgir passos de pré-
processamento mais complexos e evoluídos,
incluindo simulação do processo (para prever
e minimizar tensões internas e distorção)
e planeamento de múltiplos trabalhos de
construção (para produção FA em maior
escala – muitas peças em produção, muitas
máquinas de FA a funcionar em paralelo).
Após a operação de impressão 3D, as
peças do FA necessitam habitualmente
de um pós-tratamento. Este inclui hoje
ainda muito trabalho manual, que contribui
significativamente para o custo total das
peças e da produção.
 No sentido de realçar a complexidade da cadeia de processo
da FA, apresentam-se e descrevem-se sucintamente abaixo os
passos de pós-processamento mais importantes:

$ Extração da câmara de construção e remoção do material não solidificado (pó, líquido)

Limpeza das peças para remover material residual (limpeza com granalha de aço, limpeza
$ com jato de areia, limpeza por nebulização de CO2, limpeza com jato de gelo seco, lavagem,
etc.)

$ Remoção de parte da placa de construção, remoção das estruturas de suporte

Tratamento térmico (em muitos metais para alívio de tensões e obtenção das propriedades
$ mecânicas desejadas)

$ Tratamento da superfície, se necessário (passivação, pintura, anodização, etc.)

Maquinagem de acabamento, se necessário, para assegurar localmente elevada precisão
$ dimensional e suavidade da superfície com baixa rugosidade, manualmente ou com
controlo CNC (furação, fresagem, torneamento, roscagem de elementos funcionais, etc.)

$ Montagem de peças em grupos de componentes ou produtos completos

7 Garantia de segurança
em particular para pós
metálicos e gases industriais

Em termos de segurança, o maior risco metálicos –semelhantes ao amianto–

advem do pó metálico. Por um lado, este
pode criar atmosferas explosivas, por
outro lado, pode comportar riscos para
a saúde dos funcionários. Em particular,
as pequenas (nano) partículas dos pós
podem provocar fibrose pulmonar se
inaladas. Acresce que substâncias como
o Inconel 718 e o Hastelloy X podem ser
carcinogénicas, pelo que estes riscos
têm de ser geridos. Os seus funcionários

14
 devem receber formação especial no
processamento de materiais perigosos
e receber o necessário equipamento de
proteção individual. Os fabricantes de
máquinas e equipamento devem estar em
condições de aconselhar a melhor forma de
garantir um manuseamento seguro dos pós
bem como de todo o processo.
Reciclar e armazenar pós
numa atmosfera de gás
inerte
Para gerir melhor os riscos de segurança
armazene sempre os pós em ambiente seco
e atmosfera de gás inerte. Utilize contentores
específicos para pós fornecidos pelo
fabricante da máquina – estes são 100%
compatíveis com a sua máquina e garantem-
lhe um processamento adequado do pó.
Outra alternativa consiste em recorrer a
fabricantes de equipamento especializado,
com provas dadas.
Peneire o pó que utiliza sob gás inerte
imediatamente antes da reutilização. Os
postos de crivagem são um elemento
importante do equipamento periférico
requerido para a FA, pelo que os respetivos
custos e tempo devem ser tidos em conta
logo desde o início.
Um outro risco que deve ser gerido é
o de anoxia. A anoxia é uma condição
15
caracterizada pela ausência de fornecimento
de oxigénio a um órgão ou tecido, podendo
provocar tonturas ou até mesmo ser
fatal. Como os gases inertes utilizados na
fabricação aditiva são inodoros e invisíveis, há
que ter equipamento técnico para verificar o
oxigénio na atmosfera circundante.
Na Fabricação Aditiva o
risco de anoxia tem de ser
muito bem gerido porque:
a) A produção é realizada no interior,
muitas vezes em compartimentos
pequenos e não em grandes
instalações industriais com circulação
natural de ar,
b) O processo exige que os funcionários
abram a porta da máquina para retirar
peças, e
c) Os materiais perigosos não se veem
nem se cheiram – o que pode levar a
subestimar o perigo.
Habitualmente, as instalações de produção
têm de estar equipadas com um detetor de
oxigénio e uma válvula que permita cortar
imediatamente o fornecimento de gás inerte
em caso de fuga. A manutenção do analisador
de oxigénio tem de ser feita de acordo com
as respetivas instruções.
8 Seleção do gás de processo
e modo de fornecimento
adequados
O fornecimento do gás é crítico para a fusão
seletiva a laser. A interrupção do processo de
construção provocada por uma falta de gás
inerte acaba por ter impacto nos custos e no
tempo. O processo de fusão é interrompido
e a qualidade da peça pode ser prejudicada.
O reinício do processo pode afetar
negativamente a qualidade da peça e dar
mesmo origem a uma peça defeituosa.
Considerando que algumas peças podem
necessitar de um elevado número de horas
para serem produzidas, este prejuízo é grave.
Ter em atenção os seguintes
pontos:
a) Pureza exigida do gás (frequentemente
especificada pelo fabricante da
máquina)
b) Consumo anual médio de gás (com
base nos dados da máquina e em
cálculos individuais)
c) Restrições gerais e considerações
como disponibilidade de espaço,
evolução das necessidades futuras,
etc.

Dependendo do material processado, podem

Se estiver a utilizar azoto, dispõe de duas
ser utilizados diferentes gases inertes. Para
opções de fornecimento: por um lado,
processar pó de titânio, o árgon é o gás de
fornecimento de gás externo, o que significa
eleição. Para outros materiais como aço ou
depender de um fornecedor como a Air
alumínio, o azoto pode ser uma alternativa
Liquide, ou por outro lado, utilizar um gerador
mais económica ao árgon, que, contudo, pode
de azoto na instalação, que produz azoto
influenciar a microestrutura do material. Em
a partir de ar comprimido. Esta opção é
alguns casos, os fabricantes de máquinas
complexa e depende de fatores como os
especificam a utilização de um certo gás para
requisitos de pureza do gás, a evolução das
a definição de um dado parâmetro9), 10).
necessidades, aspetos económicos do
fornecimento de ar comprimido e outros.
Ao escolher as opções de fornecimento para
Na realidade, a Air Liquide oferece as duas
o gás de processo, há que ter em conta vários
opções. Se pretender uma recomendação
fatores.
individual quanto à melhor opção de

16
 fornecimento, deve contactar o representante
da Air Liquide.
Se um fornecimento externo de gás for a
melhor opção para si (ou um pré-requisito,
se necessitar de árgon), continua a ter
a escolha entre quadros de garrafas (12
garrafas interligadas num sistema fechado)
ou produto fornecido sob a forma líquida a
partir de um tanque criogénico. Os quadros
de garrafas são muito flexíveis, podem ser
colocados na proximidade da sua máquina
(respeitando as diretrizes de segurança,
evidentemente) ou instalados no âmbito de
um sistema de fornecimento centralizado de
gás nas suas instalações, em geral fora do
edifício. Normalmente, um quadro contém
126 m³ (200 bar). É habitual ligar dois quadros
a um coletor de comutação automática
17
para assegurar disponibilidade contínua
de gás. Assim que um quadro fica vazio, é
necessário substituí-lo por outro cheio. A troca
de quadros exige algum esforço manual, é
necessário monitorizar a quantidade de gás
remanescente e finalmente encomendar
novos quadros atempadamente.
O fornecimento de líquido é habitualmente o
método mais económico de fornecimento, se
tiver um consumo de aproximadamente 10
000 m³/ano ou mais, exigindo a instalação de
um sistema de fornecimento centralizado de
gás e de um tanque criogénico com requisitos
de segurança específicos. Os especialistas
da Air Liquide ajudarão a identificar um local
adequado para instalação na sua unidade.
9 A Gestão da Qualidade
começa com os pós
9.1 Verificar o pó recebido
Ainda que disponha das melhores máquinas
e de parâmetros de processamento nas
condições ideais, não conseguirá alcançar
resultados satisfatórios se o pó metálico for
de fraca qualidade. A qualidade inicial tem de
corresponder aos requisitos que definiu para
as propriedades mecânicas da peça final. Em
princípio, são possíveis duas abordagens no
que se refere à gestão da qualidade do pó.
A abordagem mais fácil consiste em comprar
pó pré-qualificado para fabricação aditiva que
tenha passado por rigorosos controlos de
qualidade, sendo este o caso habitual quando
se adquire o pó a fabricantes de máquinas.
Regra geral, estes garantem que o pó pode
ser processado nas suas máquinas com o
resultado esperado, caso sejam respeitados
o conjunto de parâmetros dados. Embora
esta abordagem permita poupar tempo e
não exija equipamento específico, tem um
custo mais elevado.
Quando se trata de consumo de maiores
volumes, compensa adquirir o pó diretamente
no mercado e proceder à respetiva
qualificação por sua iniciativa. Dado que o
pó pode ser contaminado ou sofrer desvios
em relação às especificações, é importante
controlar a sua qualidade inicial verificando
a composição química bem como as
propriedades físicas.
É possível determinar a composição química,
nomeadamente os elementos da liga, para
além de elementos residuais ou impurezas
utilizando uma análise por fluorescência de
raios X. Além disso há que analisar a formas
destas impurezas (se forem detetadas).
As principais características físicas dos pós
são o tamanho da partícula (granulometria)
e a forma da partícula (morfologia), que
determinam em grande medida a fluidez
do pó e outras propriedades reológicas. O
controlo de qualidade das características
físicas deve incluir análises de granulometria,
morfologia e fluidez.
Atualmente, não existem critérios
científicos claros quanto à forma como
certas características do pó influenciam as
propriedades das peças finais. Contudo,
é possível determinar se ocorrem desvios
estranhos entre lotes diferentes e avaliar
melhor o pó que necessita de ser qualificado.
18
 9.2 Gerir e controlar cuidadosamente a qualidade
do pó utilizado
De um ponto de vista económico, a reciclagem
do pó é importante, mas ao mesmo tempo
necessita de ser equilibrada com os requisitos
técnicos. Durante o processo de construção,
os aglomerados e as partículas oxidadas
(salpicos) são causados pelo oxigénio e pela
humidade e instabilidade do banho de fusão.
Estes salpicos, constituídos por gotículas de
metal fundido que solidificam em voo antes
de atingirem o leito de pó, podem alterar a
granulometria total do pó utilizado e também
a sua composição química 11) , e podem
igualmente originar porosidades ou inclusões
nas peças. Em última análise a qualidade das
peças finais pode ser afetada negativamente.
Embora a reciclagem por peneiração vise
remover a maior parte das partículas “más”,
19
algumas irão permanecer e acumular-se ao
longo do tempo. Com base nos requisitos das
peças finais há que definir uma especificação
de padrões de qualidade quanto ao pó
reciclado, bem como controlos rigorosos.
Se puder utilizar pó reciclado para fabricar
as suas peças considere a possibilidade
de misturar pó “virgem” no contentor de
pó, ou pelo menos complementá-lo com
pó “virgem”, que contribuirá para diminuir
o nível de alterações físicas e químicas
do pó. Para controlar este processo deve
ser implementado um sistema de análise
e rastreio das entradas e saídas de pó que
lhe permita determinar a quantidade de pó
adicionada ou retirada de cada contentor12).
FIG. 7 
Várias aglomerações de pó/
salpicos/partículas formadas após
a produção (vários materiais)
fonte: air liquide
10 Assegure a qualidade das
suas peças

10.1 Minimizar a exposição ao oxigénio e evitar

humidade na câmara de construção

As máquinas de fusão seletiva a laser foram
projetadas com um fluxo de gás inerte
na câmara de construção para reduzir
o conteúdo de oxigénio e de humidade
e garantir segurança (VER TAMBÉM
RECOMENDAÇÃO 4). O O2 e a H2O têm
um impacto imediato na qualidade do
produto e na reciclabilidade do pó, dado
que oxidam o metal e podem aumentar a
porosidade. Os efeitos observados com
uma concentração mais elevada de oxigénio
incluem delaminação de camadas, formação
de inclusões de forma irregular e aumento da
rugosidade e da oxidação das superfícies
viradas para baixo.
O efeito da humidade existente nos sólidos e
no ar durante o processo de construção está
relacionado com os elementos da molécula
de água – oxigénio e hidrogénio. Em contraste

Aumento
do nivel de
oxigénio da
Paredes inclinadas
cámara

FIG. 8 Provetes fabricados sob atmosfera com vários níveis de oxigénio com visualização
das paredes inclinadas source: air liquide

a) b) c)

FIG. 9 
Imagens obtidas com microscópio ótico da superfície inferior da parede inclinada
fabricada com a) baixo nível de oxigénio na câmara b) nível médio de oxigénio c) nível
de oxigénio elevado source: air liquide

20
 com o oxigénio como componente gasoso
na atmosfera da construção, a elevada
concentração de oxigénio proveniente
da humidade existente nos sólidos afeta
a estabilidade do banho de fusão e pode
provocar a formação de poros e salpicos, bem
como oxidação. A presença de hidrogénio
pode produzir fundidos supersaturados,
especialmente em liga de alumínio, de que
resulta a nucleação e o crescimento de
poros de hidrogénio. Por sua vez, os poros
de hidrogénio enfraquecem as propriedades
a) b)
FIG 10 
Nível de oxigénio e de humidade em função do tempo, para produção feita sob (a)
caudal de gás baixo, (b) caudal de gás médio, e (c) caudal de gás elevado
Para minimizar eventuais
efeitos adversos do
oxigénio, é muito
importante:
a) Controlar os níveis de oxigénio na câmara
de modo que permaneçam abaixo do
limiar para satisfação dos requisitos de
qualidade (muitas vezes, os fabricantes
especificam 1000 ppm).
b) Assegurar uma pureza do gás suficiente
no ponto de utilização especificando a
pureza do gás inerte adquirido/gerado e
eliminando fontes de contaminação no
percurso até à máquina (por exemplo,
tubos metálicos em vez de mangueiras
flexíveis).
c) Verificar a vedação das máquinas de FA
com regularidade.
As fontes de humidade nos sólidos e no
ar incluem (i) o próprio pó metálico, (ii) a
atmosfera ambiente dado que as máquinas
não vedam na perfeição bem como (iii) as
peças das máquinas.
21
mecânicas.13)
É também óbvio que qualquer fuga no sistema
da máquina origina níveis de oxigénio mais
elevados. Assim, é recomendável proceder a
uma inspeção regular e controlar o consumo
de gás ajuda a identificar desvios invulgares
que possam ser causados por fugas.
Uma forma de diminuir os níveis de oxigénio
e humidade no interior da câmara consiste
em aumentar o fluxo de gás, como se mostra
na FIGURA 10.
c)
fonte: air liquide
Para reduzir o nível de
humidade:
a) Seque o equipamento antes de o
utilizar no processo de fabrico.
b) Evite a entrada de humidade mesmo
nas paragens da máquina (por
exemplo, injetando na câmara de
construção gás inerte, que está seco)..
c) Verifique também se o pó está seco
(VER RECOMENDAÇÃO 7).
Se as peças a fabricar impuserem um controlo
de qualidade rigoroso e os materiais forem
muito sensíveis (por ex., Ti6Al4V), pondere a
instalação de um sistema de condicionamento
do ar ambiente para controlar a humidade –
em particular em regiões com tendência para
apresentarem humidade elevada (tropicais,
subtropicais).
 Feixe laser

solid
poros Pó
Ponto de fusão
Contaminação H2

Zona de sobreposição entre o leito de

Frente de Frente de fusão pó e o feixe de laser
solidificação
Enriquecimento de H2 por intervalo de solubilidade

Comprimento

FIG. 11 
(a) Panorâmica esquemática da zona de interação entre a radiação laser e o pó, e (b)
secção transversal de uma amostra de AlSi10Mg SLM [poprawe et al. (2015)13)]

10.2 Incorporar provetes de teste nos trabalhos de

construção
Como vimos nas recomendações anteriores,
há vários fatores que podem alterar a
reprodutibilidade da sua produção incluindo
abastecimento de pó, abastecimento de
gás, qualidade da máquina, condições de
armazenagem do pó e muitos outros. Por
conseguinte, é importante verificar e garantir
a reprodutibilidade.
Para cada lote de produção (“trabalho de
construção”) – ou pelo menos regularmente
– recomendamos que inclua a construção
de algumas amostras de teste nos seus
trabalhos de construção, como barras
de ensaio de tração, cubos de ensaio e
provetes com outras formas e dimensões
para verificar com regularidade a qualidade
das propriedades das peças fabricadas:
propriedades mecânicas, rugosidade e
dureza da superfície (VER FIGURA 12). Para
registar a reprodutibilidade da qualidade
do fabrico é recomendável distribuir
uniformemente os provetes de teste pelos
pelos diferentes trabalhos de construção
de uma determinada peça. Uma verificação
relativamente simples, rápida e económica
consiste em construir um cubo de ensaio
em cada trabalho de construção e medir
a sua densidade (microestrutura, nível de
porosidade) e dimensões. Frequentemente,
isto pode ser complementado por barras de
ensaio de tração, seja como amostras de
retenção, seja para testes de tração imediatos.
A Norma VDI 3405 parte 2 descreve e
recomenda procedimentos específicos de
teste e tipos e tamanhos de provetes, sendo
recomendável seguir a orientação dada em
VDI 3405-214) nesta matéria.

FIG. 12 
Exemplo de desenho de uma plataforma de construção com diferentes tipos,
posicionamento e orientação de provetes de teste
fonte: air liquide

22
 Perguntas aos especialistas
Air Liquide
A Air Liquide é o líder mundial dos gases,
tecnologias e serviços para a indústria e a
saúde. Presente em 80 países com cerca de
65 000 colaboradores, o Grupo serve mais
de 3,5 milhões de clientes e de pacientes. O
oxigénio, azoto e hidrogénio são pequenas
moléculas essenciais à vida, à matéria e à
energia. Incorporam o território científico da
Air Liquide e estão no cerne das actividades
da empresa, desde a sua constituição em
1902.
A ambição da Air Liquide é de ser o líder
da sua indústria, apresentar um bom
desempenho no longo prazo e contribuir
para um mundo mais sustentável. A sua
estratégia de transformação centrada no
cliente visa um crescimento rentável a prazo.
Apoia-se na excelência operacional e na
qualidade dos investimentos, bem como
na inovação aberta e organização em rede
implementada pelo Grupo à escala mundial.
Graças ao compromisso e inventividade dos
seus colaboradores, a Air Liquide alavanca
a transição energética e ambiental, as
mudanças na saúde e no digital para criar
mais valor para os seus stakeholders.
No domínio da Fabricação Aditiva, a Air
Liquide desenvolveu uma experiência
sólida. Duas equipas de I&D situadas em
Paris-Saclay (França) e Chicago (EUA)
tratam de temas relativos a gases para a
Fabricação Aditiva de metais e polímeros,
respetivamente, investigando o papel dos
gases na Fabricação Aditiva para ajudar
23
os clientes a otimizarem a sua produção
industrial e aconselhar os fabricantes das
máquinas sobre como melhorar a utilização
dos gases no processo. No âmbito desta
abordagem aberta à inovação, as atividades
de investigação incluem parcerias com
diversas instituições académicas e empresas
industriais. Além disso, a Air Liquide utiliza
o processo de FA para produzir peças que
satisfazem as suas próprias necessidades – a
título de exemplo, para desenvolver uma nova
tecnologia de reator-permutador que permita
a produção mais económica de hidrogénio.
Deste modo, o know-how da Air Liquide no
desenho, produção e utilização da tecnologia
sai reforçado.
Desde a produção de pó até aos processos
de construção e aos pós-tratamentos, os
nossos clientes contam todos os dias
com a Air Liquide para o fornecimento não
só de gases mas também de serviços e
conhecimentos especializados. A Air Liquide
ajuda-os em permanência a selecionarem o
modo mais recomendado de fornecimento
de gás para as necessidades de cada um e
a implementarem soluções personalizadas
para otimização dos processos. Refira-se, por
exemplo, o projeto de fornecimento de gás
para produção de pós, o aconselhamento
sobre tratamento térmico ou o fornecimento
de equipamento especial.
Francisco Completo
contactocliente.pt@airliquide.com
 Referências

1) Fig. 1
https://www.3dprintingbusiness.directory/news/project-t-o-s-t-wins-3d-pioneers-challenge-
metal-3d-printed-skateboard-trucks/

2) Fig. 2
Mathias Gebauer, Bernhard Müller, Adriaan Spierings, Stefan Polster, Philipp Stoll, Tobias Feld,
Marcel Klinger, Andreas Zurbrügg: High performance sheet metal forming tooling by additive
manufacturing. [Ferramentas de modelagem de chapa metálica de alto de desempenho por
Fabricação Aditiva]. In: Drstvensek, Igor (Ed.): Rapid Prototyping and Innovative Manufacturing
Network - RAPIMAN-: 6th International Conference on Additive Technologies iCAT 2016.
Proceedings: 29. - 30. November 2016, Nürnberg, Ljubljana: Interesansa, 2016, S. 354 - 361

3) Recomendação 3
Product Sheet Concept Laser X-Line 2000 R [Ficha de Produto Concept Laser X-Line 2000 R]
(retrieved July 21, 2017).
http://www.concept-laser.de/fileadmin/Neue_Produkte/1610_X_LINE_2000R_DE.pd

4) Recomendação 3
Product Information EOS M 400 [Informação sobre o Produto EOS M 400]
(retrieved July 21, 2017).
https://www.eos.info/systeme_loesungen/metall/systeme_und_zubehoer/eos_m_400

5) Fig. 3 e 4
Langer, Bernhard, Christoph Schäff, Hendrik Veenker, and Christoph Balzer:
Additive Manufacturing – next generation AMnx [Fabricação Aditiva – nova geração AMnx]
(April 12, 2016).
https://www.rolandberger.com/publications/publication_pdf/roland_berger_additive_
manufacturing_next_generation_amnx_study_20160412.pdf

6) Fig. 5
R. Neugebauer, B. Müller, T. Toeppel: Innovative implant with inner functional channels and
cavities. [Implante inovador com canais funcionais e cavidades interiores]. European Cells and
Materials, Vol. 22, Suppl. 1, 2011, S. 11, ISSN 1473-2262

7) Recomendação 6
R. Neugebauer, B. Müller, M. Gebauer, T. Toeppel: Additive manufacturing boosts efficiency
of heat transfer components. [Fabricação Aditiva aumenta a eficiência de componentes de
transferência de calor]. Assembly Automation, Vol. 31, Issue 4, 2011, S. 344 - 347, ISSN 0144-5154,
DOI
http://dx.doi.org/10.1108/01445151111172925

24
8) Recomendação 8
Lawrence E. Murr, Edwin Martinez, Jennifer Hernandez, Shane Collins, Krista N. Amato, Sara
M. Gaytan, Patrick W. Shindo: Microstructures and Properties of 17-4 PH Stainless Steel
Fabricated by Selective Laser Melting. [Microestruturas e Propriedades do Aço Inoxidável
17-4 PH fabricado por Fusão Seletiva a Laser]. In: Journal of Materials Research and Technology,
Volume 1, Issue 3, 2012, Pages 167-177, ISSN 2238-7854.
https://doi.org/10.1016/S2238-7854(12)70029-7

9) Recomendação 8
Thomas L. Starr, Khalid Rafi, Brent Stucker, Christopher M. Scherzer: Controlling phase
composition in selective laser melted stainless steels. [Composição da fase de controlo em
aços inoxidáveis por fusão seletiva a laser]. 23rd Annual International Solid Freeform Fabrication
Symposium - An Additive Manufacturing Conference, SFF 2012. 439-446.

10) Recomendação 9.2

Marco Simonelli, Chris Tuck, Nesma T. Aboulkhair, Ian Maskery, Ian Ashcroft, Ricky D. Wildman,
Richard Hague: A Study on the Laser Spatter and the Oxidation Reactions During Selective
Laser Melting of 316L Stainless Steel, Al-Si10-Mg, and Ti-6Al-4V, Metallurgical and
Materials Transactions A. 46. [Um Estudo sobre Salpicos de Laser e as Reações de Oxidação
durante a Fusão Seletiva a Laser de Aço inoxidável 316L, Al-Si10-Mg e Ti-6Al-4V, Transações
Metalúrgicas e de Materiais A. 46].
http://dx.doi.org/10.1007/s11661-015-2882-8

11) Recomendação 9.2

Lucy Grainger: How much can you recycle metal additive manufacturing powder? [Que
quantidade de pó de Fabricação Aditiva de metal se pode reciclar?]. (June 24, 2016).
http://www.renishaw.com/en/blog-post-how-much-can-you-recycle-metal-additive-
manufacturing-powder--38882

12) Recomendação 10.1

Christian Weingarten, Damien Buchbinder, Norbert Pirch, Wilhelm Meiners, Konrad Wissenbach,
Reinhart Poprawe: Formation and reduction of hydrogen porosity during selective laser
melting of AlSi10Mg. [Formação e redução da porosidade de hidrogénio no decurso da fusão
seletiva a laser de AlSi10Mg]. In: Journal of Materials Processing Technology, Volume 221, (2015),
Pages 112-120, ISSN 0924-0136.
https://doi.org/10.1016/j.jmatprotec.2015.02.013

13) Recomendação 10.2

VDI Richtlinie 3405 Blatt 2 - Additive Fertigungsverfahren - Strahlschmelzen
metallischer Bauteile - Qualifizierung, Qualitätssicherung und Nachbearbeitung.
http://www.vdi.de/3405

25
Fraunhofer IWU Air Liquide Deutschland GmbH Air Liquide Portugal
Reichenhainer Straße 88 Luise-Rainer-Straße 5 industrial.airliquide.pt
09126 Chemnitz 40235 Düsseldorf

www.iwu.fraunhofer.de