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Fundamentos:
aprimoramento das decisões judiciais
inconformismo da parte vencida
falibilidade humana
2. Classificação
Quanto à finalidade:
Ordinários – destinados à correção de erros de procedimento (matéria
processual) e erros de julgamento (mérito), com ampla possibilidade de
discussão do acervo probatório, visando à obtenção de uma decisão justa.
Extraordinários – visam à uniformização da interpretação da legislação
constitucional e federal (e.: RR, RE).
Quanto à fundamentação:
Livre – a lei não exige que o recorrente aponte erro ou vício específico; os
tópicos da decisão podem ser livremente impugnados; o mero
inconformismo é suficiente para o seu cabimento.
Vinculada – a lei exige que o recorrente aponte um vício específico na
decisão, preencha algum pressuposto específico de recorribilidade ou faça
a impugnação de matéria específica da decisão (ex.: ED, RR).
3.6. Variabilidade
Princípios:
irretroatividade da lei nova;
vigência imediata da lei nova ao processo em curso;
impossibilidade de renovação das fases processuais já
ultrapassadas pela preclusão (teria do isolamento dos atos
processuais):
o deve ser observada a lei vigente à época da interposição e
do julgamento;
o doutrina e jurisprudência admitem a aplicabilidade
imediata da lei se for mais benéfica ao recorrente (ex.:
majoração do prazo).
6. Decisões irrecorríveis no processo do trabalho
6.1. Decisão interlocutória
Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza
decisória, que resolve questão incidente, causa gravame a pelo menos
uma das partes e não põe fim ao processo (CPC, art. 203, §2º).
Distingue-se das sentenças (CPC, art. 203, §1º), pois estas põem
fim ao processo ou à fase de cognição (CPC, arts. 485 e 487).
Distingue-se do despacho, pois na interlocutória há lesividade da
decisão, o que inocorre no despacho.
6.3. Despachos
Classificam-se em:
Objetivos ou extrínsecos – dizem respeito a fatores externos
à decisão recorrida, geralmente posteriores a ela:
recorribilidade ou cabimento, adequação ou singularidade,
tempestividade, representação, preparo, regularidade formal
e assinatura.
Subjetivos ou intrínsecos – dizem respeito à decisão recorrida
em si mesma considerada: legitimação para recorrer e
interesse recursal.
7.1. Pressupostos subjetivos ou intrínsecos
7.1.1. Legitimidade
Não se aplica a teoria da asserção na esfera recursal:
a lei determina quem pode recorrer (CPC, art. 996):
o a parte que sucumbiu, total ou parcialmente;
o o terceiro prejudicado pela decisão;
modalidade de intervenção de terceiro na fase recursal
(cabimento?)
interesse jurídico: deve demonstrar que sofrerá os efeitos da
decisão, tal como acontece na assistência e intervenção de
terceiros (ex.: perito, advogado condenado solidariamente, sócio
da empresa ré, empresa do mesmo grupo)
o o Ministério Público quando atue como parte ou fiscal da ordem
jurídica (custos legis).
OJ-SDI1-237 - I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para
recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas
públicas e sociedades de economia mista. II – Há legitimidade do Ministério Público
do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo
empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a
Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é
matéria de ordem pública.
7.1.2. Interesse
Decorre da sucumbência, total ou parcial.
Deve ser analisado numa visão retrospectiva (a posição processual antes
da prolação da decisão) e prospectiva (a posição processual que poderá
alcançar com a modificação da decisão que causa gravame)
o o interesse decorre da vantagem processual resultante da comparação
destes dois momentos.
E quando há extinção do processo sem resolução de mérito? Divergência
doutrinária acerca da possibilidade.
o E se a própria parte arguiu preliminar invocando a extinção sem
resolução de mérito, em face do princípio da eventualidade da defesa,
haveria preclusão lógica?
E quanto há improcedência total, a reclamada pode recorrer?
o E se houve cerceamento de defesa na instrução, que possa ensejar
modificação do julgado pelo tribunal, haveria interesse?
Sucumbência formal (CPC/996) x sucumbência material (a parte
pretende uma decisão mais favorável)
Possibilidade de interposição de recurso adesivo
Não há interesse quando a parte aceita a decisão, expressa ou tacitamente
(CLT/769):
exemplo de aceitação tácita: pagamento; reintegração espontânea.
7.2. Pressupostos objetivos ou extrínsecos
7.2.1. Recorribilidade
Limites:
Princípio da proibição do reformatio in pejus.
Aspecto horizontal ou de extensão do efeito devolutivo (CPC, art. 1.013,
caput) – a extensão é fixada pelo recorrente.
o Princípio dispositivo (iniciativa da parte quanto às matérias
impugnadas);
Aspecto vertical ou profundidade do efeito devolutivo (CPC, art. 1.013,
§§1º e 2º) – a profundidade decorre de previsão legal.
SUM-393 - I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário,
que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC
de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial
ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados
em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. II - Se o
processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário,
deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art.
1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da
sentença no exame de um dos pedidos.
8.2. Efeito translativo
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: (...)
§3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) §7º Interposta a apelação em
qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal. (...) §2º O agravo será dirigido ao relator, que
intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze)
dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo
órgão colegiado, com inclusão em pauta.
8.4. Efeito substitutivo
A decisão impugnada fica suspensa até que o recurso seja julgado, não
podendo ser iniciada a fase de cumprimento da sentença, nem mesmo
de forma provisória.
A regra, no processo do trabalho, é no sentido de que os recursos
não possuem efeito suspensivo, sendo recebidos apenas no efeito
devolutivo, pelo que a parte poderá promover o cumprimento
provisório da sentença, conforme autorizado pelo art. 899 da CLT.
o SUM-414 – medida cautelar para obtenção de efeito suspensivo.
Em se tratando de dissídio coletivo, há a possibilidade de se deferir
efeito suspensivo (Lei 10.192/01).
8.6. Efeito extensivo
Teoria da causa madura (CPC, art. 1.013, §§3º e 4º; SUM-393, II)
Permite ao tribunal julgar o mérito quando a causa já estiver madura (sem
necessidade de dilação probatória).
CPC, art. 1.013, §3º Se o processo estiver em condições de imediato
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar
sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não
ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III -
constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que
poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de
fundamentação. §4º Quando reformar sentença que reconheça a
decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao
juízo de primeiro grau.
o SUM-393-II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o
recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos
termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando
constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos.
9. Juízo de admissibilidade
Common Law
O precedente vai se sedimentando aos poucos, a partir do momento
em que as instâncias inferiores àquela que criou o precedente passam
a segui-lo e admitir sua força.
o O que confere a força ao precedente é a sua aceitação pelas partes
e pelas instâncias inferiores (aura democrática).
O precedente é feito para decidir casos passados, e, incidentalmente,
casos futuros.
Argumentos favoráveis:
Segurança jurídica.
Previsibilidade do direito e da interpretação das decisões.
Efetividade do princípio da isonomia.
Duração razoável.
Diminuição da litigiosidade.
Racionalidade do Poder Judiciário.
Argumentos contrários:
Toda decisão é ato de vontade, sentimento e justiça – não se pode inibir o juiz
de interpretar e fazer os acertamentos devidos o caso concreto.
O 1o e 2o grau são Cortes de Justiça – analisam toda a matéria fática e jurídica
e estão mais perto do conflito.
Necessidade de se manter a democracia interna do Judiciário, na qual todos os
seus membros podem interpretar o direito.
A uniformização engessa a evolução do direito – o Brasil é um país continental,
com peculiaridades que justificam interpretações distintas, ainda mais no Direito
do Trabalho, que sofre diariamente os impactos das mudanças; sociais,
políticas, econômicas e jurídicas.
13.2. Força vinculante da jurisprudência dos tribunais
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões
definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e II - das
decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos.
Sumaríssimo:
Art. 895, §1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário: I - (VETADO). II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no
Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria
do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor; III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na
certidão; IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. §2º Os
Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o
julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas
demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
II. Recurso Ordinário