Eu gosto das imagens que meus namorados criam com os dedos.
São muito engraçadas e
fofinhas. Tinha um que imitava a logo do porta dos fundos com os dedos, isso rendia muitas gargalhadas. Nunca perdeu a graça. Outro transformava em gancho o dedo indicador, e sempre me assustava passando-o rente ao meu rosto, gritando: não me toque viu, não me toque. Não sei o que é que eu tinha com estas figuras que os dedos representavam. Tinham grande poder lúdico sobre mim. E eu, como criança que descobre sempre coisas novas, me vi rindo repetidas vezes de todos os desenhos dos dedos, essas extremidades do corpo articuladas como marionetes e malemolentes, que se transformar em quase tudo a que nos propomos. Como quando nosso pai faz esculturas de animais com os dedos, aproveitando a pouca luz na parede de casa. A sensação é semelhantemente prazerosa. Essas imagens que nossos dedos e mãos vão criando, o conforto dessa diversão tão simples, estão no mesmo páreo de se ver segurado por essas tão delicadas e aconchegantes estruturas do nosso corpo. As mãos. Tocar, enroscar, deslizar, dar tapinhas, fazer cócegas.