Vous êtes sur la page 1sur 129

A

VERDADE
SOBRE
OS
SISTEMAS
DE
ESGOTO

ANDECE
www.andece.org

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 1 3/11/2010 12:05:12


w w w.a n de ce.o rg

Este livro foi elaborado pela seguinte equipe de trabalho:

Roberto Sánchez Trujillo .


José Antonio López (Prejea).
José María Montull (Pré-fabricados Fraga).
José Maria Morales (Tubos Borondo).
José Rodríguez (Tubos Borondo).
Marcos Mariño (Tubos Mariño).
Moisés Roca (Pré-fabricados Fraga).
Rafael Pastor González (ANDECE).
Rosa Moya (Tubos Colmenar).

Editado por: ANDECE


Pº de la Castellana, 226. Entreplanta A.
28046 - Madrid
www.andece.org
e-mail: andece@andece.org

Desenho e maquete: Advertising Label 3 (ao cubo).


Impressão: Gráficas Almudena S.L.
ANDECE, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Impresso na Espanha.
Depósito Legal: M-56991-2008
ISBN: 978-84-612-8206-7

Autorização de Tradução e Impressão no Brasil para ABTC – Associação Brasileira


dos Fabricantes de Tubos de Concreto – Ano: 2010
Revisão: 2017

Nossos agradecimentos a todos os patrocinadores que apoiaram este projeto:


Associação Brasileira de Cimento Portland, ArcelorMittal Brasil S/A, FCI - Fábrica
de Concreto Internacional, HawkeyePedershaab, Kinsel Advogados Associados,
Prisma - Soluções Construtivas com Pré-Fabricados de Concreto e Votorantim
Cimentos

Este livro não poderá ser reproduzido, nem total nem parcialmente, sem prévia permissão
formal do editor.

© ANDECE 2008, Todos direitos reservados.

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 2 1/11/2010 11:01:44


w w w. ande ce. o rg

ÍNDICE

Apresentação. 7

I Introdução aos sIstemas de ESGOTO SANITÁRIO e drenagem 9

CAPÍTULO 1: Tipificação e descrição de redes de esgoto sanitário 11


1.1 Caracterização das redes de esgoto sanitário 11
1.2 Projeto de uma rede por sistema unitário 13
1.3 Tubos utilizados em redes de esgoto sanitário 15

CAPÍTULO 2: Tipos de tubulação presentes no mercado. 17


2.1 Tubos de concreto 17
2.2 Tubos de cerâmica 19
2.3 Tubos de plástico 20
2.4 Tubos de ferro fundido e de aço 23

CAPÍTULO 3: Análise do projeto e funcionalidade. 25


3.1 Análise do projeto 25
3.2 Funcionalidade 25

II CaraCterístICas téCnICas dOs tubOS de ESGOTO 27

CAPÍTULO 4: Capacidade Hidráulica 29


4.1 Considerações prévias ao cálculo hidráulico de uma rede de esgoto 29
4.2 Desenho hidráulico de uma rede de esgoto 30
4.2.1 Fórmulas 31
4.2.2 Perda de carga 32
4.2.3 Valor de “n” a aplicar nos cálculos hidráulicos nas redes de esgoto 34
4.3 Publicidade enganosa 37
4.4 Capacidade hidráulica real 39

ÍNDICE 3

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 3 1/11/2010 11:01:44


w w w.a n de ce.o rg

CAPÍTULO 5: Capacidade estrutural e durabilidade 43


5.1 Capacidade estrutural 43
5.1.1 Resposta estrutural do sistema tubulação/terreno 44
5.1.2 Rigidez da circunferência dos tubos plásticos 48
5.2 Durabilidade dos tubos de concreto 50
5.2.1 Patologias do concreto 51
a.Ações físicas 51
a.1 Abrasão 52
a.2 Gelo 53
a.3 Limpeza a alta pressão 54
b.Ações químicas 54
5.2.2 Comportamento face ao ambiente (interno/externo) 57
5.2.2.1 Fogo e altas temperaturas 57
5.2.2.2 Ataques químicos 58
5.2.3 Durabilidade: referências 60
5.2.3.1 Manual de desenho “1110-2-2902” do U.S. Army Corps of 60
Engineers (Corpo de Engenheiros do Exército Americano)
5.2.3.2 “Manual de desenho para sistemas de drenagem” da American 61
Association of State Highway and Transportation Official
(AASHTO) (Associação Americana dos Oficiais do Transporte e
das Rodovias Estaduais)
ANDECE, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

5.2.3.3 Missouri Highway and Transportation Department – Division 62


of Materials and Research (Departamento de Rodovias e
Transportes de Missouri – Divisão de Materiais e Pesquisa):
“Determinação da vida útil estimada dos tubos ondulados de
aço revestidos com zinco e dos tubos de concreto utilizados
no Missouri”
5.2.3.4 Illinois Department of Transportation (Departamento de 62
Transportes de Illinois – DTI): Informe do Comitê de Tubos do DTI
5.2.3.5 Wisconsin Department of Transportation (Departamento de 62
Transportes de Wisconsin – DTW): “Avaliação dos guias e
especificações do departamento para o uso de materiais
alternativos nos condutores de drenagem”
5.2.3.6 Pensylvania Department of Transportation (Departamento 63
de Transportes de Pensylvania – DTP): “Critério de seleção
de tubos alternativos baseado no tipo de instalação”
5.2.3.7 Pesquisa “T-Rex” no Colorado 63
5.2.3.8 Estudo de “Durabilidade nas drenagens” em Ohio 64
5.2.3.9 Descontaminação de uma antiga planta de alcatrão de hulha 65
em Ottawa, Canadá
5.2.3.10 Descontaminação de uma zona afetada por um vazamento de 66
hidrocarboneto em Gloucester, Canadá

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 4 1/11/2010 11:01:44


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 6: Segurança. 67
6.1 A necessidade de garantir a segurança nos sistemas de esgoto sanitário 67
6.2 A garantia de segurança oferecida pela Normativa Européia 70
6.2.1 Classificação dos tubos de concreto armado de seção circular 71
segundo a Norma UNE-EN 127916
6.2.2 Características mecânicas mínimas 73
6.2.3 Sistemas de união entre tubos de esgoto sanitário 75
6.3 Segurança e durabilidade 79
6.4 Peças complementares 81

CAPÍTULO 7: Manuseio e leveza dos tubos utilizados nos sistemas de 83


esgoto sanitário e drenagem.

7.1 Prevenção de Riscos Laborais: necessidades de equipamento 83


7.1.1 Prevenção de Riscos Laborais relativos ao manuseio de cargas 84
7.2 Peso dos tubos utilizados nas redes de esgoto sanitário e drenagem 85

CAPÍTULO 8: Implementação dos sistemas de esgoto. 89


8.1 Instalação e Manuseio 89
8.2 Implementação 90

CAPÍTULO 9: Custos. 95
9.1 Custos de execução de um projeto de esgoto sanitário ou drenagem 96
9.1.1 Vida útil do condutor 96
9.1.2 Custo inicial 97
9.1.3 Custo de manutenção e recuperação 98
9.1.4 Valor residual 98
9.2 Custos no uso de um sistema de esgoto sanitário ou drenagem 99
9.3 Custos indiretos para a sociedade: custos a médio/longo prazo 103

III Sustentabilidade 105

CAPÍTULO 10: Sustentabilidade dos sistemas de esgoto sanitário e drenagem. 107


10.1 Conceito de sustentabilidade 107
10.2 Análise do ciclo de vida de um sistema de esgoto sanitário 109
ou drenagem
10.3 Sustentabilidade dos tubos de esgoto sanitário e drenagem 113

ÍNDICE 5

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 5 1/11/2010 11:01:44


w w w.a n de ce.o rg

IV ConClusões: esColha do TUBO 115

117
para esgoto ou drenagem.
Capacidade hidráulica 118
Capacidade de tolerância a cargas 119
Estabilidade 120
Resistência à deterioração física 121
Estabilidade térmica 122
Manuseio e peso 123
Segurança 124
Sustentabilidade 125
Custos 126

Bibliografia 127
ANDECE, Associação
, Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 6 1/11/2010 11:01:44


w w w. ande ce. o rg

APRESENTAÇÃO

Com esta publicação, a ANDECE pretende esclarecer os aspectos mais confusos e


controversos na seleção do material que compõe as redes de esgoto, a todos os
profissionais que atuam neste setor.

O público alvo para o qual foi planejado este livro é amplo: desde o técnico da admi-
nistração ou o projetista das redes de esgoto até o órgão publico ou o responsável de uma
empresa gestora de águas. Esperamos que a leitura deste pequeno livro auxilie na escolha
dos elementos que venham compor um sistema de esgoto sanitário ou drenagem,
aplicando-se o melhor critério possível em termos de serviço, durabilidade e custo.

Tudo o que aqui se encontra escrito é certo e comprovado. Não iremos nos deter a compli-
cadas expressões matemáticas, contudo, tampouco nos expressaremos desneces-
sariamente. Naqueles casos em que a curiosidade do leitor não for satisfeita ou quando
houver qualquer dúvida sobre a veracidade dos argumentos expostos, estarão
estabelecidas todas as referências para que este se aprofunde no assunto. Caso seja
necessário, ficaremos felizes em esclarecer qualquer dúvida ou facilitar-lhe o material de
consulta que considere necessário.
Neste livro, a ANDECE desenvolve argumentos que possam ser comuns no que pauta
os tubos em geral, independente do material com que forem fabricadas, ou indagações
específicas quanto as fabricadas com concreto (armado ou não).

A administração de obras públicas supõe uma grande responsabilidade para com a so-
ciedade. Em consequência, o técnico responsável deve estar informado das características
dos diferentes produtos que se encontram disponíveis no mercado. Dentro das caracte-
rísticas que são necessárias considerar, deve atribuir-se especial ênfase, no caso de tubos
destinados a utilização em redes de esgoto e drenagem, quanto as características
mecânicas e hidráulicas, quanto a durabilidade do produto, segurança, sustentabilidade e,
por conseguinte, quanto a seu custo. Não apenas o custo intrínseco, correspondente ao
produto em si, mas também aquele relacionado com sua correta instalação e posterior
manutenção que, logicamente, serão cobertos às expensas do ente público, que findada a
sua instalação e já em uso, durante todo o período de sua vida útil.

Ampla trajetória, tanto da ANDECE como de seus associados, proporciona a experiência


necessária para ter plena confiança nos técnicos responsáveis pelo projeto e manutenção dos
sistemas de esgoto sanitário e drenagem. Contudo, nem mesmo em razão disso deixamos de ser
conscientes de que o marketing realizado por fabricantes de tubos produzidos com outros
materiais, em muitos casos mediante o uso de publicidade enganosa, tem nos prejudicado.

Ficaremos muito satisfeitos se, através da leitura destas páginas, o técnico puder encontrar
mais facilidade em seu trabalho no momento de julgar certas soluções frente a outras.

APRESENTAÇÃO 7

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 7 1/11/2010 11:01:44


Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 8 1/11/2010 11:01:44
SANEAMENTO

E DRENAGEM
Em um meio urbano ou rural, em terrenos ou em

construções familiares, em estruturas industriais ou em

complexos agrícolas. Definitivamente, em qualquer edi-

ficação, são imprescindíveis as conexões por onde se

receba a água potável e conexões por onde se escoem

as águas usadas.

As redes de esgoto modernas surgiram como uma

resposta à necessidade, não apenas de tornar as cidades

em locais mais habitáveis, mas também sãs e seguras, já

que a quantidade de resíduos que se acumulavam nas

ruas formavam um meio de proliferação propício para

muitas doenças, que dizimaram a população em séculos

anteriores, ou em um habitat ideal para enormes

colônias de ratos e outros animais e parasitas

indesejáveis.

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 9 1/11/2010 11:01:45


w w w.a n de ce.o rg
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

10

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 10 1/11/2010 11:01:45


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 1

tIpIfICação e desCrIção de redes de ESGOTO SANITÁRIO

Inicialmente, os tubos podem ser classificados, de maneira muito genérica e simples, em dois grupos:

• sistemas sob pressão: transportam fluídos com tubo cheio. Normalmente as características
do fluído e da pressão de trabalho serão características conhecidas. A pressão é realizada
mediante equipamentos de propulsão (impulsores) ou sem os mesmos (através da ação da
gravidade).
• sistemas sem pressão: transportam um fluído em lâmina livre, ou seja, em
regime normal de funcionamento, não atuam completamente cheios. Excepcionalmente
entram em carga, quando
se produzem circuns-
tâncias atípicas, como
chuvas torrenciais. O fluí-
do que transportam é
formado, na maioria
dos casos, por líquidos
com uma pequena pro-
porção de sólidos em
suspensão e prossegue
variando suas proprieda-
des em função das des-

Capítulo 1: Tipificação e descrição de redes de esgoto sanitário


cargas que recebe ao
longo de seu trajeto.
No primeiro caso se englobam todos os condutores destinados a distribuição como, por
exemplo, redes de distribuição de água potável, redes para irrigação agrícola, etc.

Os sistemas de esgoto sanitário ou drenagem, que são objeto desta publicação, se encontram
abrigados na segunda classificação, pois neste livro são tratados apenas as conduções sem
pressão.
Um sistema de esgoto pode ser formado por apenas uma tubulação ou por várias
tubulações interconectadas entre si, sendo que, nesse caso, temos uma rede de esgoto.
O objetivo de uma rede de esgoto é coletar o efluente das conexões dos usuários e
transportá-lo até um centro de tratamento de águas residuais, onde, uma vez que as águas
tenham sido convenientemente tratadas, o líquido é transportado, por pressão ou
gravidade, a uma câmara receptora ou a um reservatório para sua reutilização.

1.1. Caracterização das redes de esgoto sanitário

• Redes por sistema unitário: transportam conjuntamente águas negras (industriais


ou de uso doméstico) e brancas (aquelas águas superficiais procedentes de chuvas,
irrigações, etc.).
I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 11

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 11 1/11/2010 11:01:46


w w w.a n de ce.o rg

• Redes por separador absoluto: existe uma rede para as águas negras e outra para as
brancas, de maneira que estas últimas não se contaminem e possam verter-se
diretamente a uma bacia fluvial.

Atualmente, as águas brancas coletadas nas cidades estão sendo consideradas como ne-
gras devido à alta contaminação por elementos orgânicos, metais, hidrocarbonetos, entre
outros.

Devido à necessidade de se fazer um esforço para a conservação do meio ambiente e as


vantagens propostas quanto a reutilização das águas residuais, possível hoje em dia
devido às estações de tratamento de águas negras, a tendência é realizar a instalação de
redes por separador absoluto, quando as condições técnicas e meio-ambientais
permitirem.

Também podemos classificar os condutores acerca de sua possibilidade de visita/entrada:

• Não visitáveis.
- Circulares.
- Ovais.

• Visitáveis.
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

- Circulares.
- Circulares com suporte.
- Ovais.
- Seções especiais.
ANDECE, Associação
,

12

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 12 1/11/2010 11:01:46


w w w. ande ce. o rg

1.2. Projeto de uma rede por sistema unitário

Capítulo 1: Tipificação e descrição de redes de esgoto sanitário

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 13

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 13 1/11/2010 11:01:46


w w w.a n de ce.o rg

USUÁRIO (1)

Ponto de onde se inicia o esgotamento (residencial, complexo industrial, etc.)

TUBULAÇÃO DE ESGOTO SANITÁRIO (2)

Tubulação que une o USUÁRIO à canalização que recolhe os resíduos, denomina-se


RAMAL.

RAMAL (3), (4)

Esta condução pode pertencer a uma rede primária, secundária ou terciária (sempre em
função do tamanho da rede), que recolhe e transporta os resíduos dos usuários.
Normalmente, ao longo da rede também podem ser encontrados poços de inspeção

COLETORES (5)

Condutores que recolhem e transportam resíduos de vários canais sanitários, contam


com seus correspondentes poços de visita.

(*)
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

COLETOR GERAL e/ou EMISSÁRIO (6)

Este é o condutor no qual desemboca toda uma rede de COLETORES. Transporta os


resíduos a uma estação de tratamento de águas. Conta com seus correspondentes poços
de inspeção e visita (maioria).

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO (7)

Instalação industrial onde se tratam as águas negras recebidas através do COLETOR


geral, para posterior reutilização ou descarte.

CONDUÇÃO DAS ÁGUAS (8)

A água, uma vez tratada, pode ser enviada à uma fonte de recepção (riacho, rio, etc.), ou a
reservatórios para sua posterior reutilização em usos autorizados (lavagem de ruas,
campos de golfe, agricultura, etc.).

(*) Não deve confundir-se Emissário com “Emissário Submarino”, pois este último se designa àquela instalação que transporta
águas negras de uma população relativamente pequena (que vive próxima ao mar), através de uma tubulação colocada e fixada no
fundo do mar, com ponto de deságue mar adentro, distância da costa suficiente para que as águas negras descartadas não
afetem a população nem ao meio-ambiente, devido ao efeito diluente que a enorme quantidade de água do mar
provoca.

14

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 14 1/11/2010 11:01:46


w w w. ande ce. o rg

O dimensionamento de cada um dos trechos indicados se realizar em função das caracte-


rísticas necessárias para cada instalação (número de descargas, inclinação, número de
escoadores, ramais, etc.).

1.3. Tubos utilizados em redes de esgoto sanitário

Uma rede de esgoto é um conjunto de elementos interconectados desde o usuário até a


estação de tratamento, que deve reunir os níveis de qualidade suficientes para que sua
funcionalidade e capacidade de preservação do meio ambiente sejam ótimas e dura-
douras.
Existe um princípio, que diz:

“Todo produto cumpre suas funções com perfeição sempre que for utilizado dentro do
limite de suas características próprias”.

Assim, qualquer rede de esgoto apresenta uma maior qualidade e, portanto, um fun-
cionamento melhor, quando os tubos que a compõem tenham sido instalados e tra-
balhem dentro dos parâmetros que os permitem aproveitar suas propriedades. Quando,
por razões de qualquer circunstância, realizamos instalações nas quais os tubos em-
pregados estão fora dos parâmetros nos quais suas propriedades são capazes de prestar
um serviço de qualidade, estamos convertendo a rede de esgoto em uma fonte de
problemas a curto, médio e/ou longo prazo.

Portanto os técnicos que realizam projetos, ou os que os executam ou os que super-

Capítulo 1: Tipificação e descrição de redes de esgoto sanitário


visionam, devem considerar a fundo o expressado anteriormente e eleger os tubos a
serem instalados dentro de seus corretos campos de aplicação.

Para a instalação em redes de esgoto, no mercado, atualmente são oferecidos tubos dos
seguintes materiais:

• Tubos de concreto.

• Tubos de cerâmica.

• Tubos plásticos compactos (PVC, PEAD, PEBD, PP, PRV, PRFV).

• Tubos plásticos leves (PVC, PEAD, PEBD, PP).

• Tubos de ferro fundido.

• Tubos de aço.

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 15

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 15 1/11/2010 11:01:46


w w w.a n de ce.o rg
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

16

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 16 1/11/2010 11:01:46


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 2

tIpos de TUBULAÇÃO presentes no merCado

2.1. Tubos de concreto

Podemos estabelecer várias clas-


sificações atendendo a critérios
de utilização ou de configuração
estrutural.

Segundo a pressão existente no


Fonte: ACPA
interior da condução temos:

• Tubos para conduções sem pressão.


• Tubos para conduções sob pressão.

Segundo sua constituição:

• Tubos de concreto simples


• Tubos de concreto armado
• Tubos de concreto armado com chapa metálica
• Tubos de concreto prensado
• Tubos de concreto prensado e com chapa metálica
• Tubos de concreto com fibra de aço

Capítulo 2: Tipos de tubos presentes no mercado

Fonte: ACPA

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 17

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 17 1/11/2010 11:01:48


w w w.a n de ce.o rg

Desta classificação se obtém, de acordo com os sistemas e formas de compactação utiliza-


dos na fabricação dos tubos, as seguintes subdivisões:

• Fabricação mediante prensas vibro-compactadoras de eixo vertical, com vibração interna.


• Fabricação por compressão radial.
• Fabricação mediante sistemas híbridos entre os tipos descritos.

Por sua composição:

• Tubos de concreto simples (não armado)


• Tubos de concreto armado
• Tubos de concreto com fibra de aço

Pela forma da seção interior:


Fonte: ACPA

• Tubos circulares (o DN sempre é o Ø interior)


• Tubos circulares com plataforma
• Tubos corrugados
• Tubos ovais
• Tubos de seção retangular (galerias celulares)
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Pelo sistema de união entre tubos:

• Junta rígida: selada através da união mediante argamassa de preenchimento,


braçadeiras, etc. Não recomendável. Este método está em desuso e fora da
legislação vigente (UNE-EN 1916).
• Junta elástica: o selo das juntas ocorre com juntas elastoméricas.

Por critérios mecânicos:

• Tipo UNE: seu cálculo mecânico se baseia no complemento nacional da Norma UNE EN
127916/2004 para Tu-
bos simples e armados. P 150º ± 3º P
P
• Tipo ASTM: seu cálcu-
lo mecânico se baseia
ANDECE, Associação

na Norma americana
ASTM.
,

• De conformidade com a
Norma M.O.P.U. (Atuali-
zado pela UNE-EN 1916
150º ± 3º
e seu complemento na-
150º ± 3º 30º ± 3º
cional UNE-EN 127916).

18

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 18 1/11/2010 11:01:48


w w w. ande ce. o rg

Por sua instalação:

• Tubos instalados em vala.


• Tubos instalados em aterro.
• Tubos instalados em vala terraplanada.
• Tubos instalados em vala induzida.
• Tubos de cravação.

Instalação Instalação em Instalação


Instalação Instalação em
em trincheira trincheira induzida em tubos de
em trincheira aterro
terraplanada em aterro propulsão

2.2. Tubos de cerâmica

Os tubos de cerâmica são compostos por argilas de


distintas origens, trituradas e homogeneizadas. As
propriedades do produto final, ou seja, do tubo, serão de
acordo com as das respectivas argilas. Os tubos de
cerâmica devem seguir a Norma UNE–EN 295.

São fabricadas por extrusão, que pode ser:


Capítulo 2: Tipos de tubos presentes no mercado
• Horizontal.
• Vertical.

Posteriormente se submetem a um processo de secagem e, uma vez finalizado este, são


introduzidas ao forno para serem enrijecidos e envernizados.

Por sua seção existem tubos de cerâmica:

• Circulares.
• Ovais.

Pelo sistema de encaixe entre tubos existem:

• Tubos de cerâmica com bolsa: possuem união com junta elástica.

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 19

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 19 1/11/2010 11:01:49


w w w.a n de ce.o rg

• Tubos de cerâmica de extremidades retas: a união acontece por luvas de polipro-


pileno, com duas juntas circulares elásticas.

2.3. Tubos de plástico

Os tubos de plástico admitem uma primeira classificação em três grupos, em função da qual
solução estrutural adotada em sua fabricação:

• Compactas: aqueles tu-


bos fabricados do mes-
mo material plástico
(PVC, PEAD. PP.) em toda
sua massa, de seção
circular, lisos interna-
mente e externamente e
com espessuras de a-
cordo com a Norma cor-
respondente (UNE 53
332 e/ou UNE - EN 1401).


Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

que o material intermediário entre sílica, carbonato, micro esferas, etc., se classifica
independentemente.

• Leves: aqueles tubos fabricados com


material plástico, com um desenho
específico para tentar reproduzir as
mesmas propriedades que os tubos
sólidos, mas com menos material, ou
com materiais mais baratos. Surgiram
com a ideia de conseguir comerciali-
zar tubos mais competitivos em rela-
ção ao seu custo.
ANDECE, Associação

A Norma UNE–EN 13476 “Sistemas de ca-


,

nalização em materiais termoplásticos


para esgoto enterrado sem pressão. Siste-
mas de canalização de parede estruturada
de policloreto de vinil não plastif icado (PVC-U), polipropileno (PP) e polietileno (PE)”, expõem
em sua segunda e terceira parte as seguintes definições para as tubulações plásticas leves:

20

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 20 1/11/2010 11:01:49


w w w. ande ce. o rg

Os seguintes parágrafos foram extraídos da Norma UNE-EN 13476-2:

“5.2 Construções de parede designadas como tipo A

5.2.1 Construção multicamada ou construção de parede oca com seções axiais ocas,
construção de tipo A1.

Um tubo ou componente com superfícies interior e exterior lisas, no qual as paredes ex-
teriores e interio-
res estão conec-
tadas por nervos
axiais internos ou
por uma capa
intermediária em
forma de espuma
ou não, de materi-
al termoplástico,
são chamado de
tipo A1.

Na Figura 1 são
mostrados exem- Figura 1
plos típicos de
construções do ti-
po A1”.

“5.2.2 Construção de parede oca com seções ocas dispostas em forma radial ou heli- Capítulo 2: Tipos de tubos presentes no mercado
coidal, construção do tipo A2.

Um tubo ou componente com as superfícies interna e externa lisas, e no qual as


paredes exterior e interior estão conectadas por nervos internos, dispostos em forma
radial ou helicoidal, são chamados de tipo A2.

Na Figura
2 é mos-
trado um
exemplo
típico de
construção
do tipo A2”. Figura 2

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 21

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 21 1/11/2010 11:01:50


w w w.a n de ce.o rg

Extraído da Norma UNE-EN 13476-3:

“5.1 Construções de parede do tipo B.

5.1.1 Construção
acanalada ou
corrugada:

Um tubo ou
componente
com superfície
interna lisa e
externa anular
perfilada ou
helicoidal oca
ou sólida, co-
mo é chamado
de tipo B.

A figura 1
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

mostra exem-
plos habituais
de construções
do tipo B". Figura 1

Para uma melhor compreensão destes tipos de tubulações plásticas, a seguir, será
esclarecido cada um dos diferentes sistemas de fabricação e apresentação das
tubulações.

• Tubulações multicamada: são de seção circular, lisas em suas camadas exterior e


interior. Entre as camadas existe um material plástico mais econômico: um agente
espumante, que aumenta seu volume, diminuindo seu peso relativo às tubulações
compactas e tornando-as mais econômicas que estas. Estas tubulações apresentam, à
primeira vista, um aspecto muito semelhante ao das compactas.
ANDECE, Associação

• Tubos alveolares: são similares àos compactos, salvo seu interior que possui alvéolos
,

(circulares, retangulares...), em todo seu comprimento, tonando-os mais leves.

• Tubos corrugados: são fabricados com uma única parede ou com parede dupla.
Quando são de parede dupla, a exterior é corrugada, enquanto a interior é
completamente lisa.

22

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 22 1/11/2010 11:01:50


w w w. ande ce. o rg

• Tubulações nervuradas ou com perfil helicoidal: são lisas internamente e apresen-


tam um reforço externo (nervuras), ou perfil interligado. São fabricadas formando um
perfil (em forma de T, de Π, de Ω...) helicoidalmente, com a face lisa em direção ao in-
terior, unindo-os até conseguir formar um tubo, com adesivo ou aplicando pressão à
saída da extrusora, quando o material ainda se encontra em estado plástico.

Os materiais plásticos básicos utilizados para a fabricação destes tubos são:

• Poli-cloreto de vinil rígido (PVC – U).


• Polietileno de alta densidade (PEAD).
• Polietileno de baixa densidade (PEBD).
• Polipropileno (PP).
• Poliéster com fibra de vidro (PRV, PRFV).

Na composição destes tubos, aos materiais mencionados são normalmente adicionados,


como um complemento, agentes de preenchimento minerais, material procedente de
recuperação ou agentes espumantes.
Os sistemas utilizados para a fabricação dos tubos plásticos são:

• Para os de PVC-U, PEAD, PEBD e PP, compactos ou estruturados:

- Extrusão.
- Co-extrusão.
- Extrusão e moldagem (se molda à camada exterior).

• Os tubos de PRV e/ou PRFV são particulares. Embora cada fabricante tenha seu próprio
método de fabricação, em geral se baseiam em um eixo, fixo ou giratório, ao qual vão
se enrolando, em diferentes camadas, filamentos de fibra de vidro, adicionando resina
Capítulo 2: Tipos de tubos presentes no mercado
de poliéster não saturada e adições (areias, carbonato cálcico, etc.).

2.4. Tubos de ferro fundido e de aço

Apenas instalados em sistemas de


esgoto em casos excepcionais. Seu
uso corresponde geralmente a
outros tipos de aplicações (conduçõ-
es sob pressão, proteção de outras
tubulações, etc.).

Por sua escassa incidência nas redes


de esgoto, não foram tratados neste
livro.

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 23

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 23 1/11/2010 11:01:51


w w w.a n de ce.o rg
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

24

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 24 1/11/2010 11:01:51


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 3

Análise do Projeto e Funcionalidade

3.1. Análise do projeto

Na hora de escolher a opção mais coerente para cada projeto, dentre aquelas que
acabaram de ser apresentadas, deve se ter uma série de considerações que continuarão a
ser expostas e desenvolvidas ao longo deste livro.

Em primeiro lugar, o projetista deverá determinar se a rede de esgoto será por sistema
unitário ou por separador absoluto.

Posteriormente, terá que realizar o di-


mensionamento hidráulico da rede.

Uma vez estabelecido o traçado da


rede e os diâmetros das tubulações
em cada um de seus ramais, deverá
ser realizado o cálculo mecânico das
diferentes conduções, para o qual se
devem ser consideradas as seguintes
ações:

• Ações do terreno (em função das cargas do solo e de instalação).


• Ações do tráfego.
• Ações referente às cargas pontuais.
• Ações de pressão (propulsão de tubos).
Capítulo 3: Análise do Projeto e Funcionalidade
• Ações referente ao peso/pressão do fluído transportado.

Não é nosso desejo entrar em detalhes nos processos de cálculo mecânico de tubos enterrados,
já que existem publicações que tratam este tema de maneira específica (por exemplo, para o
caso de tubos de concreto armado, o “Manual de cálculo, desenho e instalação de tubos de
concreto armado”, as “Recomendações para tubulações de concreto armado em redes de
esgoto sanitário e drenagem” do CEDEX ou o “Pipe handbook” da American Concrete Pipe
Association).

3.2. Funcionalidade
Uma vez que o técnico tenha a informação necessária sobre as características que devem
atender a rede de esgoto sanitário, deve tomar a decisão de utilizar uma tubulação das
muitas que são oferecidas no mercado, que garantam, com o maior nível de segurança
possível, pois uma vez colocada em operação a rede possuirá um funcionamento ótimo e
seguro.

I INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM 25

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 25 1/11/2010 11:01:53


Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 26 1/11/2010 11:01:53
II CaraCterístICas téCnICas
DOS TUBOS DE ESGOTO

Durante anos, os produtores de tubos de concreto têm

observado impassíveis como seus homólogos

fabricantes de tubos plásticos lançavam uma série de

propagandas indicando as características nas quais seus

tubos eram presumidamente melhores. Algumas destas

características eram então, efetivamente, superiores. Por

esse motivo, somente os tubos plásticos eram utilizados,

dentro do mercado de esgoto, para pequenos diâmetros.

Além disso, as evoluções técnicas não haviam

solucionado ainda, certos problemas que os novos

efluentes causavam em algumas tubulações de concreto

ainda não preparadas para os mesmos... Muitas outras

dessas propagandas não foram corretas em nenhum

momento. Tanto uns quanto outros são certos na

atualidade. Hoje em dia, as tubulações de concreto

armado são superiores ou, pelo menos, igualmente

válidas em todas as características relevantes a partir de

qualquer ponto de vista funcional.

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 27 1/11/2010 11:01:57


w w w.a n de ce.o rg

As características mencionadas como vantagens próprias na publicidade dos fabricantes de


tubos plásticos são as seguintes:

• Maior capacidade hidráulica


• Leveza
• Flexibilidade de instalação
• Menor custo de manutenção
• Maior resistência à abrasão
• Maior resistência diante de ataques químicos
• Instalação mais simples

Para demonstrar a falta de veracidade destas afirmações, serão comparadas as tubulações


de plástico com as de concreto em termos de:

• Capacidade hidráulica
• Resposta estrutural
• Durabilidade
• Instalação
• Custo
• Sustentabilidade
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Nos capítulos seguintes trataremos dos cinco primeiros pontos. Trata-se de características
técnicas ou ligadas de maneira direta à parâmetros técnicos.
ANDECE, Associação
,

28

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 28 1/11/2010 11:01:57


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 4

Capacidade Hidráulica

Uma vez em serviço, os tubos de


concreto armado são, pelo
menos, hidraulicamente iguais
aos plásticos em uma rede de
esgoto. À primeira vista, pode
parecer que o fato de possuir
uma superfície interna mais lisa
é determinante, mas o peso que
este fator tem sobre o
comportamento hidráulico dos
sistemas de esgoto, uma vez em
serviço, é irrelevante. Os fatores
realmente característicos são,
entre outros, o traçado da rede,
o número de poços de visita,
etc.

Muitos estudos comprovam que o material das conduções não possui nenhuma influência
real. À luz destas provas, já são muitas as administrações que exigem o uso dos mesmos
coeficientes de rugosidade nos cálculos de redes de esgoto e drenagem, visto que a
implantação de diâmetros internos menores aos realmente necessários, como
consequência de uma presunção de capacidade hidráulica superior à real, pode dar
origem a graves problemas:

• A baixa velocidade do fluído pode ocasionar o surgimento de depósitos que acabam


bloqueando a tubulação.
• Ante as chuvas torrenciais o sistema se transbordará dando lugar a inundações e
contaminação.
Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

4.1. Considerações prévias ao cálculo hidráulico de uma rede de esgoto

Antes de projetar e calcular uma rede de esgoto de qualidade, alguns pontos impor-
tantes para o sistema devem ser analisados, tais como:

• O tipo e características do terreno onde a rede será instalada.


• As características e a quantidade do escoamento.
• Os pontos de conexão do escoamento na rede.
• O tipo de rede a ser projetada.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 29

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 29 1/11/2010 11:01:57


w w w.a n de ce.o rg

• Os materiais a serem utilizados.


• O desenho das diferentes seções da rede (geometria dos condutores, poços de visita…).
• A situação da estação de tratamento.
• O volume nominal de água para o qual a estação de tratamento deve ser projetada.
• O transporte do líquido depurado a uma bacia fluvial, ou depósito, segundo as
possibilidades e características do fluido.
• O destino final dos subprodutos da Estação de Tratamento.

Para cada projeto particular, deverá ser estudado qual é a solução mais adequada a todos
os níveis, incluindo a escolha do tipo de tubo a ser instalado.

Para poder realizar o cálculo hidráulico de uma rede, ou de um ramal de esgoto,


deveremos:

• Ter em consideração o número de habitantes que usarão esta rede ou ramal, não apenas
no momento de sua construção, mas sim durante toda a vida útil planejada para a insta-
lação, fazendo-se uma extrapolação através das taxas de crescimento da área.
• Realizar uma correta valoração da vazão de águas negras, industriais e brancas (conside-
rando-se os regimentos pluviais da área), que verterão à rede ou ramal.
• Quantificar adequadamente qualquer outra possível descarga (vazões infiltradas, etc.),
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

que pode ser recebida pela rede ou ramal.

4.2. Desenho hidráulico de uma rede de


esgoto

Uma vez valorada a geometria que as se-


ções internas dos tubos devem ter (circu-
lar, oval, quadrada…), devem ser definidas
as dimensões internas do condutor, de
acordo com a vazão total necessária para
transportar e as variações produzidas no
decorrer do tempo.

Um parâmetro importante será a inclinação


ANDECE, Associação

considerada para a seção desejada. Nor-


malmente, se admite como valor mínimo
,

de velocidade do fluído 0,6 m/s, contudo se


o traçado permitir é recomendável manter
a velocidade aproximada de 0,9 m/s. Assim
garante-se que o condutor se mantenha ra-
zoavelmente limpo por si próprio.

30

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 30 1/11/2010 11:01:58


w w w. ande ce. o rg

Como valor de velocidade máxima, somente considerar 3,0 m/s em águas negras e 5,0
m/s em sistemas unitários de águas brancas. Se a velocidade do fluído for superior, efei-
tos físicos como a abrasão podem se tornar relevantes.

Com estes valores e a topografia do terreno, pode ser definida a seção do condutor
considerando-se que as características hidráulicas proporcionadas pelo condutor para a
seção definida, ante às variações previstas de vazão, devem proporcionar uma
velocidade o mais constante quanto possível ao fluído, que deve manter-se dentro dos
limites máximo e mínimo estabelecidos.

4.2.1. Fórmulas

Nos cálculos hidráulicos de projeto


de conduções são empregadas fór-
mulas muito diversas, endossadas
por experiências mais ou menos
amplas e, com excessiva frequência,
extrapoladas em sua aplicação em
campos muito distantes dos âmbi-
tos para os quais foram estabe-
lecidas. Apesar da existência de uma
fórmula universal para o cálculo
hidráulico de tubos para fluidos em
lâmina livre, os técnicos continuam
agarrados ao uso de fórmulas espe-
cíficas, concebidas para materiais, revestimentos ou aplicações específicas e, o que é pior,
estabelecendo comparações entre as qualidades hidráulicas dos materiais baseadas em
fórmulas cujos resultados não refletem a realidade, ainda mais para termos de comparação.

Ao aplicar a Fórmula de Manning, para o cálculo das tubulações,


o valor do coeficiente “n” é o mesmo, independente do tipo de
material de fabricação do tubo que se deseja instalar.
Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

Para maiores informações transcreve-


mos fórmulas de diferentes autores,
que relacionam a velocidade do fluido
com o raio hidráulico e a perda de car-
ga unitária. Contudo, a que foi instau-
rada como fórmula padrão e definitiva
para o cálculo hidráulico de conduções
em lâmina livre é a de Manning.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 31

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 31 1/11/2010 11:01:59


w w w.a n de ce.o rg

(Maning)

(Bazín)

(Kutter)

Os parâmetros n, γ, e m são os coeficientes empíricos empregados nas fórmulas e tabelas


para os distintos materiais dos condutores.

Em 1939 Colebrook publicou suas fórmulas, que foram completadas por Moody em 1944
com o surgimento do diagrama que leva seu nome. A aplicação desta fórmula é indicada
para conduções de fluídos em regimes turbulentos.

Uma diversidade de estudos e experiências conseguiu provar que estes valores empíricos
que alguns fabricantes de tubos, especialmente os de tubulações plásticas, atribuem a este
coeficiente, frente a outras tubulações (entre as que se incluem, as de concreto), não
correspondem com a realidade nem com a experiência.
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Na Fórmula de Manning, o valor empírico “n”, que tem sido


corroborado por larga experiência, foi imposto para o cálculo
de tubulações nas redes de esgoto.

4.2.2. Perda de carga

A perda de carga é uma perda de energia por parte do fluído. No fluido, essa energia está em
forma de energia cinética (velocidade) ou potencial (pressão). O fluido pode entregar energia
em forma de energia mecânica (turbo máquinas) ou de calor (trabalho necessário para vencer
as forças de fricção viscosa). No caso das
conduções em lâmina livre (sem pressão),
o que o fluido perde é energia cinética
(velocidade) em razão da fricção viscosa
ANDECE, Associação

com as paredes do condutor, que cede


em forma de calor. A perda de carga pode
,

se dar em virtude de uma maior rugosida-


de nas paredes dos condutores, ocasio-
nado por mudanças na direção do
fluxo de fluido, por projeções, fluxo
turbulento, mudanças de seção…

32

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 32 1/11/2010 11:02:00


w w w. ande ce. o rg

Quando os condutores em pauta são redes de esgoto, já foi demonstrado que o tipo de tubo a
ser instalado tem pouca influência. Para instalações em lâmina livre, a rugosidade superficial do
tubo tem menos importância, conforme o diâmetro aumenta. Além disso, com pouco tempo de
atividade, um sistema de esgoto produz a proliferação de um biofilme nas paredes do condutor
que iguala as condições superficiais, seja qual for a rugosidade inicial do tubo.

Além do mais, os estudos indicam que os fatores realmente relevantes, quanto a capacidade
hidráulica, são: o número de conexões por poços de visita/inspeção e as características
destes, as mudanças de direção, as conexões de outras descargas, a qualidade da água
conduzida...

Uma capacidade hidráulica superior implica que se pode utilizar uma tubulação de
diâmetro inferior, conservando a mesma vazão.

A igualdade das demais condições implica que uma tubulação plástica tem a mesma capacida-
de hidráulica que uma tubulação de concreto armado. Portanto, para um mesmo projeto não
se poderá reduzir o diâmetro da tubulação baseando-se simplesmente no material dos
tubos a serem instalados.

A seleção correta do valor de coeficie te de


rugosidade de uma tubulação é um dado
essencial para a determinação da vazão que
transporta, ou seja, deve ser conhecido ou
estimado a vazão de projeto, para a determi-
nação do diâmetro necessário para transpor-
tá-lo de forma que se respeitem as premissas
do projeto. Dar valores excessivamente con-
servadores conduz a um superdimensionamento da tubulação, o que é anti-econômico, ao
passo que estabelecer valores inferiores pode conduzir à deficiências na operação, dado
que, em tal caso, o sistema não teria capacidade suficiente para desempenhar suas funções
de acordo com as expectativas do projeto. Esta é a razão pela qual a determinação do valor
real de tal coeficiente tenha sido objeto de contínuas investigações e uma questão que,
tanto no passado como na atualidade, deu origem a uma multiplicidade de controvérsias
Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

que desembocam no campo comercial e chegaram, em alguns casos, até os tribunais.

O projetista deve ter cuidado ao estabelecer estes valores em seus cálculos. É de grande impor-
tância conhecer a fonte de informação dos mesmos e, em consequência, sua credibilidade.

Os tubos destinados a formar parte de um sistema de esgoto, com


igualdade de diâmetro interior, possuem a mesma capacidade
hidráulica, independentemente do material com o qual sejam
fabricados.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 33

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 33 1/11/2010 11:02:00


w w w.a n de ce.o rg

4.2.3. Valor de “n” a aplicar nos cálculos hidráulicos nas redes de esgoto

Ainda que seja um tema às


vezes muito discutido pelos
puristas de cálculo, a realida-
de, comprovada por uma lar-
ga experiência, é que o valor
“n” é, no âmbito concreto
das instalações de esgoto,
único e independente do ti-
po de tubo para a qual
realizamos o cálculo (Concre-
to, PVC., PE., PP., etc.).

Em seguida, são demonstradas as conclusões de diversos estudos que garantem, o


exposto anteriormente:

a) Em janeiro de 1998, foi publicado o “Informe da Cátedra de Engenharia Sanitária e


Ambiental. Departamento de Engenharia Hidráulica e Meio Ambiente. Universida-
de Politécnica de Valencia”, trabalho realizado pelos Professores da UPV, D. José Ferrer
Polo, Catedrático de Engenharia Sanitária e D. Julio Jiménez Sánchez, Professor Associa-
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

do do Departamento de Eng. Hidráulica.

Nos limitamos a transcrever parte da Introdução e a Conclusão final deste do-


cumento(*):

“INTRODUÇÃO:

A escolha do valor apropriado para o coeficiente de rugosidade de um tubo é


essencial para avaliar a vazão das conduções de drenagem e esgoto sanitário.

Um valor alto é anti-econômico e um valor baixo é inválido, pelo fato da condução


não possuir capacidade hidráulica suficiente para o cálculo da vazão.

Por este motivo os projetistas atribuem uma enorme importância à escolha da fórmula
ANDECE, Associação

e ao coeficiente de rugosidade a ser empregado no cálculo hidráulico.


,

A fórmula mais utilizada é, sem dúvida, a de Manning, sendo fundamental o valor de


projeto a ser adotado nas redes de esgoto, com independência dos valores de “n”

(*) Se desejar receber qualquer das publicações que fazemos referência, requisite sem nenhum custo na ANDECE.
(andece@andece.org).

34

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 34 1/11/2010 11:02:01


w w w. ande ce. o rg

obtidos em laboratório para tubos ou condutores isoladamente considerados sem


levar em conta as particularidades da rede (número de poços de visita/inspeção,
curvas, cotovelos, projeções, conexões…), que tem maior influência sobre o fluxo
hidráulico do que a maior ou menor rugosidade dos tubos.

O projeto da Norma Européia de Cálculo Hidráulico no qual participam 18 países, re-


comenda o uso da fórmula de Manning-Strickler (para conduções em lâmina livre) e con-
sidera que devem ser utilizados valores de “n” compreendidos entre 0,011 e
0,014, em função da incidência, na rede, de pontos singulares e das imperfeições de
execução.

CONCLUSÕES:
De acordo com todos os trabalhos analisados e levando em conta que na maior parte das
cidades espanholas, as redes de esgoto são por sistema unitário, parece procedente e
razoável recomendar a utilização DE UM VALOR ÚNICO “n” para a fórmula de Manning
para efeitos de projeto e cálculo.

Este valor do coeficiente “n” deve ser submetido à consideração em casos pontuais, em
função das características de projeto do coletor (excessivas mudanças na inclinação
longitudina, obstáculos para o movimento livre da água dentro da tubulação, etc.) onde é
recomendado utilizar algum coeficiente de segurança adicional que ficaria, portanto, fora
do campo da análise hidráulica de uma rede de esgoto.
O desenvolvimento dos trabalhos de verificação de irregularidades superficiais ou
coeficiente de rugosidade das tubulações, em serviço mediante o medidor de rugosidade
indicado na primeira parte deste informe, apontará, sem dúvidas, novas luzes ao
conhecimento deste controverso assunto da escolha do coeficiente de rugosidade
adequado no projeto das redes de esgoto”.

b) Boletim Oficia de Navarra – Número 36:

No mencionado Boletim Oficial, Seção II – Administração Local de Navarra, Nação de


Águas do Moncayo, Norma para as Redes de Esgoto, em seu Capítulo II.7. Critério de
Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

cálculo das redes, se conclui que:

• “O cálculo hidráulico das conduções de


esgoto, se realiza mediante a fórmula
de Manning.

• Se tomará como coeficiente de rugosi-


dade, n= 0,014, independentemente
do material dos tubos de esgoto
projetados”.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 35

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 35 1/11/2010 11:02:02


w w w.a n de ce.o rg

c) Comissão Técnica da Câmara Sindical de Higiene Pública (França):

Em suas conclusões sobre o estudo realizado sobre capacidade hidráulica de diversas


tubulações de diferentes materiais, estabelece que:

“Os Tubos de PVC-U, cimento amianto, metal revestido internamente por centrifugação, con-
creto centrifugado e aço revesitdo internamente, são hidraulicamente equivalentes, ou seja,
para o mesmo diâmetro permitem assegurar a mesma vazão, para a mesma perda de carga”.

d) “Contribuição ao Cálculo Hidráulico de Tubulações” D. Luis Torrent (Eng. de Estradas,


Canais e Portos)”, na “Revista de Obras Públicas”, publicado, em Outubro de 1.968 um
artigo no qual se expressa o seguinte:

“A escolha da fórmula adequada para cada caso, estabelece ao projetista um delicado


problema ético ao ter que comparar dois ou mais produtos concorrentes aptos para a
condução: Se a qualidade hidráulica de um deles está sendo avaliada corretamente,
enquanto a de seus oponentes está sendo subestimada por empregar nos cálculos
fórmulas inadequadas ou - ainda - incorretas normas de aplicação, é evidente que se está
favorecendo injustamente aos fabricantes do primeiro produto”.
AN DEC E, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

e) A Companhia Nacional de Rhone, A Companhia Nacional de Rhone, companhia francesa


que gerencia toda a bacia do Rhone (19 centrais hidroelétricas com uma produção elétrica
de 19.5 bilhões de kWh, 12 represas, 1 dique, ...) no ano de 1997 foi realizado um
experimento no qual foi comparado o desempenho hidráulico de conduções de Concreto
e de PVC representantes pelos materiais encontrados habitualmente no mercado.

“A longitude dos traços experimentais era de 28 m, a inclinação de 5mm/m e o diâmetro


interno dos tubos de 600 mm. As condições eram de laboratório: água clara, tubos
novos, inclinação regular e instalação rigorosa. Os resultados mostraram que o
coeficiente “n” de Manning é idêntico para ambos materiais” .

f ) O laboratório de St. Anthony Falls da Universidade de Minnesota (EEUU), demonstrou


a insignificante influência do número de juntas no coeficiente “n”, em tubos de 24 e
36 polegadas de diâmetro (610 e 914 mm, respectivamente).

g) Em 1986 a Universidade de Alberta, realizou um total de 185 provas em tubulações


de PVC de 8”, 10” e 18” (203, 254 e 457 mm) de diâmetro, e um total de 179 testes em
tubulações de concreto de 8”, 10” e 15” (203, 254 e 381 mm) de diâmetro com o
objetivo de determinar os valores máximos, mínimos e médios do coeficiente “n” de
Manning.
O conjunto das tubulações testadas foi fornecido por diversos fabricantes com distin-
tos métodos e tecnologias construtivas, e foram realizados com diferentes vazões para

36

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 36 1/11/2010 11:02:02


w w w. ande ce. o rg

trabalhar com distintos números Reynolds.

O resultado dos experimentos foi que o valor médio do coeficiente “n” de Manning era
praticamente o mesmo para todos os materiais, sendo inferior a 0,010 (o coeficiente
n=0,011 - 0,014 recomendado pelos fabricantes de tubos de concreto não é um
coeficiente de laboratório, mas sim de projeto) em ambos casos.
Frequentemente os fabricantes de tubos plásticos propõem os valores do coeficiente “n” de laboratório
como valores de projeto, visto que oferecem em seus catálogos a vantagem de que seus tubos
apresentarem valores "n" menores que as do concreto e, baseando-se nesse argumento, incitam os
técnicos para economizarem custos diminuindo o diâmetro interno dos tubos a serem instalados.

Consideramos oportuno fazer referência aos valores recomendados para o coeficiente “n”
de Manning em função do tipo de instalação.

TabELA 1
Redes por sistema unitário 0.012
Redes em bom estado Redes por separador Águas residuais 0.013
absoluto Águas pluviais 0.012
Redes em mal estado 0.014
Quadro extraído da publicação “recomendações para tubos de concreto armado em redes de esgoto e
drenagem”, editado pelo Centro de Publicações Secretaria Técnica Ministério de Fomento - CEDEX

Esta estratégia que alguns fabricantes de tubos plásticos desenvolveram em seus


catálogos, não apenas gerava um grave risco para o normal funcionamento da rede de
esgoto, como representava uma atitude delituosa, que já foi condenada em alguns países
por ser considerada publicidade enganosa.

4.3. Publicidade enganosa

Caso de sentença por publicidade enganosa:


Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

Um fabricante (X) (a maioria das empresas


produtoras de tubos plásticos para sistemas
de esgoto e drenagem são multinacionais;
por respeito aos valores éticos não mencio-
naremos o nome da entidade implicada) ba-
seando-se em dados empíricos, indicavam em
sua publicidade que seus produtos permitiam
conseguir as mesmas condições de funciona-
mento que o obtido com tubos de concreto
utilizando um diâmetro inferior.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 37

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 37 1/11/2010 11:02:02


w w w.a n de ce.o rg

Buscando auxílio nos tribunais, os fabricantes franceses de tubos de concreto conseguiram


que se ditasse uma sentença por publicidade enganosa. À seguir, reproduzimos alguns
trechos da mesma:

“O estudo aprofundado da perícia nas peças fabricadas pelas partes, permite afirmar que a
S.A. (X) não poderia respaldar, as publicações realizadas, concernentes unicamente a
esgoto sanitário, a qual diz que o desempenho hidráulico do PVC –'permite em muitos casos
ganhar um diâmetro no momento do dimensionamento da rede'– e sobretudo que
–'assim, o diâmetro 800 poderia substituir um de 1000 de concreto até uma vazão
máxima de 1365 l/s'– apoiando-se em um gráfico aparentemente ajustado tecnicamente
quando nenhuma experiência e nenhum dado formal científico ou técnico permitiam,
inclusive atualmente, calcular, tal e como o fez, para aplicar a fórmula de STRICKLER, um
coeficiente K de 120, para o PVC, e de 70 para o concreto, sem dar importância ao fato de que ela
mesma e outras empresas já haviam inserido estes coeficientes em publicidades anteriores que
de fato concerniam à tubos de diâmetro inferior, tendo observado que o perito, em uma nota de
síntese, afirmou que, segundo considerações hidráulicas consolidadas, a natureza do material
tem uma influência ainda mais frágil conforme aumenta-se o diâmetro”.

Os fragmentos que destacamos em negrito, faziam parte de um folheto informativo da em-


presa (X), fabricante de tubos plásticos.
A NDE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Como foi indicado no início da exposição deste caso, o folheto foi denunciado por publi-
cidade enganosa perante a Justiça Francesa, que por condenação penal executória, com
data de 12 de Setembro de 2002, ORDENOU à empresa em questão:

“Cessar toda difusão e toda utilização da publicidade censurada, e isto sob pena provisional
de 2.000 €, por dia e infração, devidamente constatada passado o prazo de um mês a contar
desde a presente sentença”.

Além do citado, pela importância que isto representa para o técnico que vai dimensionar
uma rede, para aquele que a supervisiona ou para aquele que a executa, transcrevemos
alguns parágrafos da mencionada sentença:

• “Tendo observado que o perito, em uma nota de síntese, afirmou que, segundo conside-
rações hidráulicas consolidadas, a natureza do material tem uma influência ainda
mais frágil conforme aumenta-se o diâmetro”.

• “A Norma NFP 16 – 100 de 1998, que tinha como objeto, segundo o item 1.1, definir as
propriedades mínimas exigíveis, assim como as especificações e os métodos de ensaio,
relativos especialmente aos tubos circulares e, de forma geral, a todos os elementos constitu-
tivos das redes de saneamento, define, em seu item 6.2.2, que para os elementos das redes
que tenham sua geometria retilínea, a rugosidade da parede interior ligada à natureza
do material não influi, de maneira significativa, sobre a capacidade da rede em
serviço…”.

38

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 38 1/11/2010 11:02:03


w w w. ande ce. o rg

• “Que esta publicidade, aqui presente, seja dirigida essencialmente aos profissionais de
instalação de tubos, que não possuem de fato obrigatoriamente todos os conhecimentos
requeridos sobre a fabricação destas e suas prestações antes de poder experimenta-las
excede a tolerância admissível de uma concorrência leal”.

Na Espanha esta prática é, infelizmente, muito comum. Existem inúmeros exemplos de fa-
bricantes de tubos de plástico que não possuem rubor algum ao confeccionar folhetos cla-
ramente tendenciosos e com conteúdos enganosos.

4.4. Capacidade hidráulica real

• O diâmetro útil (interno) comercializado pela maioria dos fabricantes de tubos plásticos
não é aquele com o qual catalogam suas tubulações. Essa catalogação é feita, em sua
maioria, de acordo com a classe DN/DE. Isto implica que é dado como diâmetro
nominal o externo. O diâmetro interno é, portanto, o resultado da subtração de duas vezes
o valor da espessura nominal, do valor indicado pelo fabricante.

• Nas tubulações de concreto o diâmetro nominal corresponde sempre ao Ø


interno útil da tubulação (Figura 1).

Normalmente, nos tubos


Nas tubulações de concreto: plásticos: Ø Externo (de) = dn,
Ø Interno (dI) = dn = Ø útil posto que o Ø Interno (dI)
o útil, É MENOR que o DN.

Figura 1

• Os poços de visita, mudanças de sentido, inclinações, etc, tem mais importância para
o cálculo real da perda de carga, modificando substancialmente o valor “n” do tubo a ser
instalado.
Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

• A diferença aparece quando, devido a chuvas torrenciais,


a rede entra em colapso. Muitas das inundações que
acontecem atualmente, ainda que com uma correta
avaliação das vazões a serem escoadas, se devem ao fato de
que a rede de esgoto possui diâmetros menores do que os
necessários, como consequência da utilização de um
coeficiente de Manning inferior ao real e/ou pela confusão
que se produz diante da dificuldade de comparar diâmetros
internos de tubos plásticos (DE) e tubos de concreto a partir
de diâmetros nominais.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 39

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 39 1/11/2010 11:02:03


w w w.a n de ce.o rg

No seguinte quadro se mostra uma lista de Diâmetros Nominais (DN em mm.) e diâmetros
internos (DI em mm) de diferentes tubos plásticos (tipo B -corrugados-), de classe SN 8.
Esta tabela foi extraída da Norma UNE-EN 13476 e nela são fixados os diâmetros internos
mínimos a serem exigidos das tubulações plásticas classificadas com diâmetro nominal
segundo a série DE. Como pode ser observado e comprovado pela indicação na Figura 1.

Diâmetros internos médios mínimos Espessura


OD mínima da Embocaduraa
D
PVC-Ub PP/PEb,c parede
OD dim,mín. dim,mín. D dim,mín. e4,min. e5,min. Amín.
110 97 90 100 95 1,0 1,0 32
125 107 105 1,1 1,0 35
125 120 1,2 1,0 38
160 135 134 1,2 1,0 42
150 145 1,3 1,0 43
200 172 167 1,4 1,1 50
200 195 1,5 1,1 54
250 216 209 225 220 1,7 1,4 55
250 245 1,8 1,5 59
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

315 270 263 1,9 1,6 62


300 294 2,0 1,7 64
400 340 335 2,3 2,0 70
400 392 2,5 2,3 74
500 432 418 2,8 2,8 80
500 490 3,0 3,0 85
630 540 527 3,3 3,3 93
600 588 3,5 3,5 96
800 680 669 4,1 4,1 110
800 785 4,5 4,5 118
1.000 864 837 5,0 5,0 130
1.000 985 5,0 5,0 140
1.200 1.037 1.005 5,0 5,0 150
ANDECE, Associação

1.200 1.185 5,0 5,0 162


a: Para a escolha dos requisitos Amín. . para uma embocadura, consulte ao material e à estrutura do tubo. Para tubos de
comprimento superior a 6m se recomenda produzir uma Amín. maior que a especificada nesta tabela.
,

b: O diâmetro interno real de um tubo depende do material, da estrutura e da rigidez. Pode ser maior que o mínimo
especificado nesta tabela. Para maiores informações siga as instruções do fabricante.
c: O diâmetro inteno médio mínimo, dim,mín. de um componente não deve ser inferior a 98% do diâmetro interno
médio mínimo do tubo para o qual foi projetado ou deve ser ajustado conforme esta tabela, o que for de maior valor.

40

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 40 1/11/2010 11:02:03


w w w. ande ce. o rg

Em alguns tubos plásticos estruturados


(Tipo B corrugados) aparece um fenômeno,
denominado na literatura inglesa como “cor-
rugation growth” (crescimento de rugosida-
de), e que quanto maior é o diâmetro ins-
talado, maior sua incidência. Esta defor-
mação da superfície interna, que aparece
quando a tubulação está em uso, é devi-
do a transmissão de tensões da camada
externa, corrugada, para a camada inter-
na, lisa. Devido a esta transmissão de ten-
sões se produz uma ondulação da capa in-
terna e, como consequência, uma impor-
tante redução de sua capacidade hidráuli-
ca original. Em tubulações de diâmetro
suficientemente grande pode-se perceber
esta ondulação interna inclusive quando
a tubulação é nova e nunca foi usada.
Qualquer pessoa pode constatá-lo em
uma feira de tubos e conexões hidráulicas.

Segundo a Norma UNE–EN Tubulação sem deformar Tubulação deformada


13476, considera-se que a de-
formação máxima que um sis-
tema de esgoto pode chegar
a alcançar é de 15% para que
seu funcionamento mante-
nha-se apto. Quando uma tu-
bulação se deforma a seção do
condutor se torna oval, de tal
h2 < h1

forma que naquelas condi-


ções em que o tubo está fun-
h1

Capítulo 4: Capacidade Hidráulica

cionando semi-cheio (regime


normal de funcionamento) re- L1 L2 > L1
sulta em uma diminuição na
capacidade hidráulica. Isto se
h3 < h2 < h1

deve a duas razões diferentes:


por um lado, tal como se vê
no esquema da direita, au-
menta a interface entre a pa-
rede e o fluído, responsável L2 > L1
pela fricção viscosa.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 41

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 41 1/11/2010 11:02:04


w w w.a n de ce.o rg

Por outro lado, a coluna de água da seção diminui na altura, assim o fluido perde
energia e a vazão diminui.

Em vista do anteriormente exposto e tendo presente a igualdade dos tubos de plástico e os


de concreto armado,no que se refere a seu coeficiente de rugosidade, podemos afirmar que:

Sendo “n” de Manning o mesmo para as conduções de concreto


e de plástico, na igualdade do diâmetro nominal (DN), os tubos
de concreto apresentam uma maior capacidade hidráulica que
os tubos plásticos, visto que seu diâmetro interno (DI) é maior.

Mais informações sobre o que foi citado acima, encontra-se em:


• “Guia Técnico sobre redes de esgoto sanitário e Drenagem Urbana”, publicado
por CEDEX em janeiro de 2007.
• Documentação variada da American Concrete Pipe Association – ACPA (Associação
Americana de Tubos de Concreto).
• “Cálculo hidráulico das conduções de esgoto sanitário e drenagem. Valor do coe-
Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

ficiente de rugosidade recomendado para a fórmula de Manning”. Informe da Cátedra


de Engenharia Sanitária e Ambiental. Departamento de Engenharia Hidráulica e Meio
Ambiente, Universidade Politécnica de Valencia.
ANDECE, Associação
,

42

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 42 1/11/2010 11:02:04


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 5

CapaCIdade ESTRUTURAL E durabIlIdade

Os tubos de concreto armado são estruturas capazes de suportar as solicitações mecânicas


às quais são submetidos, por si próprio.

Os tubos de plástico são


flexíveis. Sem a contribuição
estrutural do terreno, são inca-
pazes de fazer frente às cargas
que atuam sobre os mesmos,
pois passam a ser depen-
dentes de uma instalação
realizada no local e perdem
as vantagens que apontam o
controle exercido sobre o pro-
cesso de produção e produto
Fonte: BASAL
realizado de um elemento
pré-fabricado.
Além de serem robustas, os tubos de concreto armado tem uma vida útil muito superior a
dos tubos plásticos, visto que, enquanto a resistência do concreto aumenta com o tempo, a
dos materiais plásticos diminui.

A excelente durabilidade dos tubos de concreto armado se deve à baixa relação água/cimento
do concreto pré-fabricado, à grande capacidade resistente a compressão do concreto, a sua
alta densidade e aos exigentes controles de qualidade levados a cabo na fabricação.
Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
Em muitos países os custos associados às reparações e manutenção dos sistemas de esgoto
sanitário e drenagem aumentaram a níveis tais que as administrações públicas se viram obriga-
das a elevar substancialmente as exigências de qualidade. Na Alemanha, por exemplo, o custo
estimado associado à reparação de sistemas de esgoto defeituosos no ano de 1995 foi de
aproximadamente 100 bilhões de marcos alemães: Cerca de 50 bilhões de euros (*). Com o au-
mento da percentagem de tubos de plástico instalados, com uma vida útil entre 40 e 50% inferior
a dos tubos de concreto armado, estes gastos dispararam nos anos seguintes.

5.1. Capacidade estrutural

No caso dos tubos de concreto, caracterizam-se por praticamente a totalidade da


capacidade resistente do sistema, aproveitando-se de todas as vantagens da pré-fabricação:

(*) Valores de 1995: não foi considerado a inflação acumulada desde 1995 até a atualidade.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 43

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 43 1/11/2010 11:02:05


w w w.a n de ce.o rg

processos automatizados, restrito controle de qualidade…Garantindo-se assim uma alta


qualidade, não apenas no próprio tubo, mas sim no conjunto da instalação.

As dosagens de cimento e aço para fabricação dos tubos de concreto armado, assim
como as espessuras e diâmetros, estão normalizados, ficando assim determinada sua
resistência mecânica. Esta resistência mecânica é verificada na fábrica através de restrito
controle de qualidade. Todo tubo de concreto armado conforme a Norma vigente (UNE-EN
1916) tem garantida sua capacidade de carga, para que não seja necessário realizar testes
posteriores na obra (tubos com marca de qualidade de produto).

Além do mais, a capacidade resistente dos tubos é comprovada através de controles


estatísticos mediante testes destrutivos, que garantem que os tubos são capazes de resistir
as cargas, tanto de fissura (tubos de concreto armado) como de ruptura, o que estipula a
classe de resistência com que são demarcados.

O comportamento estrutural dos tubos de concreto armado


depende muito pouco das condições de instalação, assim
se elimina a insegurança no que envolve os trabalhos de
instalação a serem realizados na obra.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

As características de resistência do concreto melhoram com o


tempo, o que se traduz por sua vez em uma maior garantia de
sua resistência estrutural a longo prazo.

5.1.1. Resposta estrutural do sistema tubulação/terreno

É muito frequente a divisão dos tubos em rígidos e flexíveis de acordo com seu comportamento
mecânico ante as exigências a que são expostos. Contudo, não é muito precisa a fronteira entre
um tipo e outro, a opção mais amplamente aceita é entender a condição de rígido ou flexível,
não como uma propriedade do tubo
unicamente, mas sim do conjunto que
formam o próprio tubo e o terreno de
preenchimento que o cerca (vala, berço de
apoio e terreno de entrada). Os tubos flexíveis
são aqueles que admitem grandes
deformações pela ação das cargas verticais,
produzindo um efeito de ovalização. Uma vez
que o tubo tenha sido instalado em vala,
quando submetido a tal esforço, é aumentado
o deslocamento horizontal de seus flancos,
produzindo uma interação solo-estrutura que
mobiliza os esforços passivos do terreno.

44

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 44 1/11/2010 11:02:06


w w w. ande ce. o rg

Nos tubos rígidos, por outro lado, a deformação sob cargas de serviço é insignificante e, portanto, sua
resposta depende unicamente do próprio tubo. Isto não implica que o tipo de instalação realizada
não tenha nenhuma influência. Também no caso das tubulações de concreto, a compactação do
berço do tubo e do terreno lateral contribuem para a transmissão de cargas laterais, o que favorece
que o tubo trabalhe a compressão ao longo de toda sua circunferência, resistindo à cargas maiores.
Portanto, o terreno (o modo como o tubo é
instalado) pode influir favoravelmente na capa-
cidade do tubo para resistir às solicitações de
esforços aos quais o mesmo está submetido. A
diferença é que no caso das tubulações de concreto
não é necessário compactação alguma na hora de
instalar o tubo, sendo esta uma opção com a qual o
agente da execução pode contar em seu trabalho
de determinar a opção mais conveniente em
termos econômicos ou práticos, de rapidez de
Fonte: ACPA
execução, no momento de realizar a obra.

É indispensável uma correta e estrita compactação do solo no caso de instalações de tubos


plásticos, sendo além disso, legalmente obrigatória. É convertida assim a compactação,
que obviamente é realizada no local, em um fator extremamente crítico a respeito da
resposta estrutural do sistema. Nos sistemas realizados com tubos plásticos, deve haver
compactação desde o berço do tubo até, pelo menos, 15 cm acima de sua geratriz
superior, de acordo com a Norma UNE-EN 13476. Segundo o manual de ASETUB essa
cobertura sobre a geratriz superior deve ser, no mínimo, de 30 cm.

De modo a melhorar o entendimento, ainda que os tubos plásticos de diâmetro pequeno


possam apresentar um comportamento semi-flexível, neste capítulo é considerado apenas
que os tubos de concreto possuem um comportamento rígido e os plásticos flexível. Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade

O dimensionamento dos tubos rígidos de concreto consiste em verificar se o estado tensional


ocasionado pelos esforços que geram as cargas externas é inferior ao admissível, de forma que
não sejam ultrapassados os limites de fissura e ruptura. Tal cálculo é baseado na teoria de
Marston-Spangler, e é realizado com base nas especificações do Anexo M da Norma UNE-EN
127.916. Para aquelas opções de instalação nas quais o terreno é auxiliar, é definido o fator de
apoio. Sob cada condição concreta de instalação, a carga que realmente é capaz de suportar o
tubo é FA vezes a que suportaria se não existissem reações de nenhum tipo por parte do terreno.

Alternadamente, a dimensão dos tubos flexíveis atende a um critério de deformação,


definindo-se a rigidez da circunferência, pilar cálculo mecânico destas, para uma deformação de 5%.

Atualmente a Norma européia (EN 13476) admite que a tubulação possa alcançar
deformações de até 15% “sem que isto cause um grave prejuízo nas propriedades da

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 45

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 45 1/11/2010 11:02:07


w w w.a n de ce.o rg

condução”. Esta “exigência” não é rigo-


rosa tecnicamente, já que isto suporia
uma queda significativa dos valores hi-
dráulicos e mecânicos com os quais se
calcula o projeto, além de um risco de
perda de estanqueidade. A seção do
MOPU de 1986 e o “Manual técnico
sobre tubos de PVC–U (página 262,
edição 2006, publicado por ASETUB)”,
fixam um limite máximo de 5% Fonte: BASAL

A experiência demonstra as dificuldades que os tubos flexíveis possuem para não


exceder o limite estabelecido de 5%. Tubos que ficam um tempo relativamente curto
no mercado e cujo comportamento, sobretudo a longo prazo (fluência), não se tem
experiência suficiente. Como consequência dos problemas que apareceram, nos
Estados Unidos a deformação máxima admitida pelas Normas ASTM referentes aos
tubos plásticos foi reduzida para 5%.

A diferença fundamental no que tange o comportamento estrutural dos tubos de


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

concreto e de plástico é que, o primeiro, literalmente falando, é uma estrutura, e o


segundo, não. A carga vertical que um tubo de plástico recebe, deforma-lhe. É o solo
que se encontra nas laterais dos tubos que exerce um empuxo passivo, evitando uma
deformação excessiva e o consequente possível colapso do tubo.

100

80 mais importante
Contribuição Relativa (%)

60

40

20

0
Instalação Profundidade Rigidez do tubo Material do tubo

TEPPFA (Associação Européia de Tubulação de Plástico e Acessórios) sustenta que a deformação depende quase total-
mente (80%) da instalação (fonte: informe de TEPPFA).

46

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 46 1/11/2010 11:02:07


w w w. ande ce. o rg

Porém, esta premissa apenas se cumpre de maneira adequada se o solo das laterais do tubo
tiver sido compactado corretamente. Portanto, um sistema de tubos plásticos é, a partir do
ponto de vista do comportamento mecânico, uma estrutura formada pelo tubo plástico e pelo
terreno que o circunda.

A resposta estrutural dos tubos de plásticos depende da interação que se dá entre os tubos, o
terreno de enchimento ou preenchimento e o terreno natural. Isto indica que o elemento
resistente de maior importância é o terreno que envolve os tubos, diferente dos sistemas
compostos por tubos de concreto. Portanto, a resposta estrutural destes sistemas de
tubulações é altamente dependente tanto dos materiais utilizados em sua instalação, como
das condições de execução. Diversos estudos fixam a dependência do comportamento dos
sistemas plásticos para esgoto sanitário frente à instalação em até 90%. O que refletimos no
seguinte gráfico são as conclusões de um informe da TEPPFA – European Plastic Pipes and
Fittings Association (Associação Européia de Tubulações e Acessórios Plásticos), onde é
concluído que a influência da instalação é de 80%.

Atualmente, uma condução de concreto armado oferece os níveis de resistência adequados


(permitindo a fabricação de tubos em grande escala) às exigências, tanto externas como
internas, assegurando o escoamento das águas sem risco de erosão ou vazamento.

O desenvolvimento de novos sistemas com junta


elástica entre as tubulações, mediante juntas
especiais para estanqueidade, obrigatórias para
qualquer sistema de tubulações de concreto de
acordo com a Norma em vigor, UNE-EN 1916, (ver
Capítulo 5), nos asseguram uma união estável e
flexível, o que é uma vantagem importante para
as instalações nas redes de esgoto sanitário, pois
os tubos vão se adaptando com maior facilidade Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
ao traçado irregular do terreno e absorvem com
maior facilidade e segurança os assentamentos
posteriores à instalação e início de operação da
rede.

O passar do tempo não prejudica o concreto


armado. Pelo contrário. A resistência dos tubos
cresce com o passar dos anos. Seus componen-
tes são matérias-primas naturais que se incorporam ao produto inalteradas, sendo mínima
a intervenção do homem.

Uma condução de concreto armado é resistente por si só, já que se trata de um elemento
rígido, contrastando com as tubulações flexíveis, que se deformam alterando sua seção e,
portanto reduzindo sua capacidade hidráulica.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 47

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 47 1/11/2010 11:02:07


w w w.a n de ce.o rg

Face às tubulações de plástico, as de concreto possuem um melhor comportamento em si-


tuação de pressão negativa. Em tubulações flexíveis, a depressão pode dar lugar ao achata-
mento das mesmas. Nas redes de esgoto sanitário, este fenômeno se dá normalmente
quando a tubulação entra em carga.

Contra o ataque químico as tubulações de concreto dispõem de soluções adaptadas às clas-


ses de exposição estabelecidas na EHE, conforme o indicado na Norma UNE-EN 127916/2004.

5.1.2. Rigidez da Circunferência dos Tubos Plásticos

À luz do explicado anteriormente, ao considerar o comportamento estrutural dos tubos


plásticos devemos lembrar da rigidez específica da circunferência (Rigidez Anelar).

Na Norma Européia UNE-EN 13476-3, referente aos tubos e acessórios com superfície inter-
na lisa e superfície externa corrugada (Tipo B), para sistemas de escoamento e esgoto
enterrados sem pressão, se distinguem os seguintes níveis nominais de rigidez anular:

• Para tubos com DN≤500mm: SN4, SN8 e SN16


• Para tubos com DN>500mm: SN2, SN4, SN8 e SN16
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Estes valores indicam a rigidez anelar inicial do tubo (2, 4, 8 e 16 kN/m2, respectivamente).
Como indicado anteriormente, no caso das tubulações de plástico, a rigidez decai progres-
sivamente com o tempo, devido ao fenômeno de fluência, que consiste em um “envelheci-
mento” ou “regressão” dos tubos, uma vez que os mesmos estão submetidos às exigências
mecânicas que devem suportar quando em serviço. A evolução temporal deste processo
não é igual para todos os materiais plásticos. Cada tipo de material tem suas próprias curvas
características de regressão.

Na fórmula utilizada para o cálculo da rigidez circunferencial específica (RCE) das tubulações
plásticas ocorrem as seguintes intervenções:

• O módulo de elasticidade do material (Ec).


• O momento de inércia da parede do tubo (I). RCE = Ec · I / dm3
• O diâmetro médio do tubo (dm).

Para um tubo corrugado SN 8 de um mesmo diâmetro nominal, os diferentes fabricantes


mesclam os valores anteriores para conseguir uma rigidez inicial de 8 KN/m2.

Considerando-se que o valor de Ec, é uma propriedade do material utilizado (ainda que va-
riável no tempo), tão somente é possível trocar os valores I, e dm para conseguir a RCE
desejada. Isto implica sempre uma maior altura da superfície corrugada (para aumentar o
valor de I), o que resulta em diâmetro interno menor menor capacidade hidráulica.

48

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 48 1/11/2010 11:02:08


w w w. ande ce. o rg

A queda da rigidez devido à variação que o módulo de elasticidade sofre, nos diferentes
tubos de plástico, se dá em função do material com que são fabricados e do tempo de uso.
Na Tabela 2 podemos ver uma comparação da evolução da rigidez circunferencial no tempo
de diferentes tipos de tubulações, segundo a Norma DIN 16961–2.

TABELA 2

RCE Inicial RCE aos 2,7 meses RCE aos 50 anos


Tubos de PVC 8,00 5,33 4,00
Tubos de PE 8,00 2,42 1,50
Tubos de PP. 8,00 2,11 1,20

6
RCE (KN/m2)

0
RCE inicial RCE aos 2,7 meses RCE aos 50 anos

Valor admitido pelo registros do MOPu /(3,9 KN/m 2)

Como pode ser observado, em uma tubulação de PVC-U a resistência em 50 anos é 2 vezes
Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
menor que a inicial, em uma de PE é 5,33 vezes menor e em uma de PP 6,7 vezes menor. Em
uma tubulação de concreto a resistência em 50 anos é, como já comentado anteriormente,
maior que a inicial (em 28 dias).

Por outro lado, determinados materiais plásticos como o Polietileno ou o PRFV sofrem um
processo, que na literatura inglesa se denomina "Environmental Stress-Corrosion Cracking",
ou seja, “ruptura por fadiga”, ou “tensão ambiental”. Este fenômeno se define como a falha
acelerada do material devido a ação combinada das tensões produzidas por uma má
instalação (grandes deformações) e a propriedade de regressão do próprio material, junto
com a ação agressiva de certos agentes químicos que degradam o material que compõe a
tubulação. Nesta situação de máxima debilidade, na qual o material está trabalhando em
condições que o situam em um ponto próximo a seu limite de fluência, o material plástico
se torna vulnerável ao ataque de alguns produtos químicos tais como azeites, álcool e
detergentes, aos quais seria, em condições normais, perfeitamente resistente.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 49

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 49 1/11/2010 11:02:08


w w w.a n de ce.o rg

Portanto, a resistência do polietileno aos agentes agressivos depende tanto do agente como
do estado de tensão, que é variável devido ao fenômeno da regressão por fluência e a das
condições de instalação.

A resistência dos tubos de concreto armado cresce com


o passar dos anos em serviço.

A resistência dos tubos plásticos decresce com o passar dos


anos em serviço.

Maiores informações quanto ao tema podem ser encontradas em:

• “Guia Técnico sobre redes de esgoto e drenagem urbana”, publicada pela CEDEX em
janeiro de 2007.
• “Sistemas de esgoto com tubos plásticos estruturados”, conferência realizada no
curso técnico de Ávila pelo gerente de saneamento de Uralita sistemas de tubulações.
• “Estudo do fenômeno de quebra por tensão ambiental”, Universidade do Chile, Facul-
dade de Ciências Físicas e Materiais.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

5.2. Durabilidade dos Tubos de Concreto

Falar de antiguidade e funcionalidade em


condutores de fluidos é falar dos antepassa-
dos dos atuais condutores de concreto. Exis-
tem poucos materiais que tenham tido uma
presença histórica tão extensa e contínua ao
longo da história, como o concreto. Este é um
material de construção já usado nas épocas
antiga e clássica que, tendo cumprido com
seu papel então (ainda temos vestígios daque-
las aplicações) evoluiu com o tempo, melho-
rando e aperfeiçoando suas características.

Não resta dúvida de que aqueles condutores,


embora cumprissem o fim para o qual foram
fabricados, apresentavam múltiplos problemas.

Pode-se dizer que as atuais tubulações de


concreto não possuem qualquer semelhança
com aquelas da antiguidade. Não deixa de

50

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 50 1/11/2010 11:02:09


w w w. ande ce. o rg

Das obras hidráulicas deixadas pelos romanos, as


mais conhecidas são sem dúvida os aquedutos,
contudo, não são as únicas. Já naquela época se fa-
bricava condutores de concreto, alguns dos quais
perduram até nossos dias.

Na imagem pode ser observado o interior de uma


rede constituída por tubos de concreto que foi cons-
truída pelos romanos nas imediações de Jerusalém.

ser verdade, entretanto, ocorre também que as matérias primas com as queis aqueles eram fabricados
e as que são utilizadas hoje são basicamente as mesmas: água, pedras, areia e algum aglutinante.

O aglutinante usado naquela época era o cal. Hoje em dia esse aglutinante é o cimento.

Houveram inúmeras melhorias, tanto nos processos de fabricação, como no aglutinante


utilizado, mas o conceito se manteve idêntico. O mesmo que alcança milênios funcionando
satisfatoriamente.

5.2.1. Patologias do Concreto

Um dos argumentos tradicionalmente utilizados contra os tubos de concreto foi e con-


tinua sendo, sua relativa durabilidade em relação ao tempo, devido às patologias próprias
do concreto. À seguir são descritas estas patologias, citando as medidas com as quais o
concreto moderno combate cada um destes inimigos:
Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
a) Ações físicas:

Da mesma forma como ocorre com qualquer outro material, o concreto pode
deteriorar-se como consequência de determinadas ações físicas a que for submetido.

Nas tubulações de concreto armado, os efeitos destrutivos que podem ocasionar a


erosão, buracos, a abrasão e os ciclos de gelo/degelo ficam reduzidos a limites pra-
ticamente insignificantes, dado a espessura das paredes destes tubos e o acabamento
liso e pouco poroso que se obtém em sua superfície graças aos importantes avanços
que ocorreram na fabricação.

Os principais efeitos físicos que podem afetar as tubulações de esgoto e drenagem são a
abrasão, o efeito dos ciclos de gelo/degelo e o efeito dos jatos de água com pressão
usados para limpar depósitos das tubulações dos sistemas de esgoto.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 51

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 51 1/11/2010 11:02:09


w w w.a n de ce.o rg

a.1) Abrasão

As tubulações de concreto armado são, em termos absolutos, mais sen-


síveis a este fenômeno que as de plástico: sob as mesmas condições, os
sólidos que se encontram suspendidos no fluido são capazes de extrair
mais milímetros de uma tubulação de concreto armado que de uma
tubulação de plástico. No entanto, as tubulações de plástico apresen-
tam espessuras reduzidíssimas em sua parede interior, com uma clara
tendência a seguir diminuindo com o passar dos anos. Este fato, combi-
nado com certas tolerâncias demasiado permissivas, dadas as magnitu-
des de tais espessuras, coloca os tubos de plástico em uma posição de
clara desvantagem no que se refere à resistência a abrasão.

A atual Norma vigente para sistemas plásticos de saneamento, UNE-


EN 13476, determina as espessuras mínimas admissíveis entre 1 e 5
mm (DN110 e DN1200, respectivamente).

No caso dos tubos de concreto armado, a espessura mínima exigida


pela Norma UNE-EN 127916 está entre 42 e 280 mm para as tubu-
lações de concreto (DN150 e DN3000, respectivamente; 125 mm
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

para DN1200). O recobrimento mínimo exigido (espessura desde a


superfície do tubo até sua armadura) é de 20 mm.

Como se pode observar, as ordens de magnitude são muito dispares.

Os dados apontados implicam que, inclusive em condições de laboratório (sem haver o


acúmulo de depósitos nem biofilme nas paredes da tubulação) sob as quais os tubos de
concreto sofreriam um maior desgaste por abrasão em termos absolutos, dado o
superior recobrimento de um tubo de concreto armado, frente a espessura da parede
interna de um tubo plástico com o mesmo diâmetro nominal, os tubos de concreto
armado são mais resistentes à abrasão do que os tubos de plásticos.

Portanto, percentualmente (milímetros extraídos frente a milímetros de espessura), os


tubos plásticos podem ter sérios problemas devido à abrasão, enquanto os tubos de con-
creto não sofrerão ainda que os mais mínimos efeitos da abrasão ao longo de sua vida útil.

Em qualquer caso, o efeito da abrasão que um determinado efluente produz sobre


uma tubulação de concreto armado pode ser controlado mediante a escolha de
agregados que apresentem a dureza adequada.

O dimensionamento dos tubos de concreto garante uma resistência indefinida ao


desgaste.

52

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 52 1/11/2010 11:02:10


w w w. ande ce. o rg

A parede dos tubos de concreto armado é maciça. Frente os tubos


plásticos estruturados de tipo B (superfície exterior corrugada e
interior lisa), que apresentam paredes internas de apenas alguns
milímetros, os tubos de concreto armado são, em efeitos
práticos, imunes à abrasão ao longo de sua vida útil.

a.2) Gelo

Quando os vasos capilares do concreto apresentam água e a temperatura ambiente é


muito fria, pode dar-se a situação de que esta água congele. O aumento de volume
de água, ao passar para o estado sólido, pode exercer um efeito de leito ou berço que
fomente a proliferação de fissuras, reduzindo a vida útil do concreto.

Dado que os sistemas de esgoto


fiquem enterrados, a ação das gea-
das é enormemente aliviada.

Para sistemas de drenagem ou para


aqueles sistemas de esgoto si-
tuados em climas extremamente
frios (os quais não são muito comuns
em nosso país) existem também me-
didas específicas capazes de aliviar
os possíveis efeitos das geadas no
interior do sistema.

O uso de aditivos aeróbicos e de fluidos melhoram as características reológicas


Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
da massa do concreto.

Os lubrificantes de fluidos possibilitam a fabricação de um concreto com uma re-


lação “água/cimento” menor a ser alcançada com um concreto padrão, que
apresenta, por si só, alguns valores muito abaixo em referida relação. Isto se traduz
em uma maior compactação (menor capilaridade do concreto).

Os agentes aeróbicos possibilitam a obtenção de um concreto com micro-bolhas oclusas,


que interceptam os capilares. Estas micro-bolhas atuam como câmaras de expansão:

• Minoram a absorção de água, já que o efeito capilar se vê interrompido na inter-


secção.
• Atuam como câmara na qual o gelo pode expandir-se sem produzir trações no
concreto.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 53

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 53 1/11/2010 11:02:11


w w w.a n de ce.o rg

a.3) Limpeza a Alta Pressão

Os sistemas de esgoto devem ser submetidos a


uma série de processos periódicos de ma-
nutenção, com o objetivo de mantê-los em óti-
mas condições de serviço. Uma das ações mais
importantes e frequentes destes trabalhos é a
limpeza de depósitos sólidos.

Embora a tubulação tenha sido corretamente


projetada desde o ponto de vista hidráulico, al-
cançando o fluido em seu interior a velocidade mí-
nima de auto limpeza sob qualquer condição de
operação, é necessário eliminar periodicamente
os depósitos sólidos que se formam em sua su-
perfície interna. Estes depósitos são eliminados
mediante sistemas que injetam e distribuem jatos
de água a alta pressão no interior do sistema.

Enquanto os tubos de concreto armado toleram a ação de jatos a uma pressão


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

superior a 300 bar, os tubos de plástico podem sofrer danos durante o processo de
limpeza quando a pressão necessária para eliminar os depósitos difíceis seja supe-
rior 120 bar.

b) Ações Químicas

A resistência que o concreto apresenta ao ataque químico por determinadas substâncias de-
pende fundamentalmente de sua permeabilidade e da distribuição e tamanho dos poros.

A tecnologia aplicada na fabricação dos tubos de concreto armado e o uso de aditivos


aeróbicos e de fluidos, se unem à utilização de sofisticados equipamentos de dosagem
que permitem fazer os ajustes granulométricos e a relação água/cimento a valores óti-
mos, graças as quais se incrementa à resistência do concreto e se consiga uma dimi-
nuição significativa em sua porosidade.

Os tubos de concreto armado podem sofrer agressões químicas, principalmente,


das seguintes maneiras:

• Por dissolução dos compostos facilmente solúveis do próprio concreto (lixiviação).

• Pela formação de sais, também solúveis, e extração das mesmas quando haja um
excesso contínuo de água.

54

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 54 1/11/2010 11:02:12


w w w. ande ce. o rg

• Por ataque por formação de compostos insolúveis de maior volume que os


primitivos e que ao recristalizar podem, dentro do sistema capilar, dar lugar a uma
expansão que produz tensões mecânicas no concreto.

Os dois primeiros casos se produzem quando a água circulante é muito pura e não con-
tém minerais.

Em todos os casos, as ações químicas que podem atuar sobre os tubos de concreto
armado podem minimizar-se, e inclusive eliminar-se, conseguindo-se assim uma
proteção muito alta, face ao ataque químico.

Anteriormente foram descritos processos que permitem diminuir a permeabilidade e a


absorção nos elementos de concreto. Se o nível de agressividade dos produtos quími-
cos for muito elevado, os elementos do concreto podem ser impermeabilizados com
diversos procedimentos, conseguindo evitar que os agentes agressivos ao concreto ar-
mado penetrem neste. Para isto se dispõe das seguintes ferramentas:

• Aditivos redutores da penetração de água: estes aditivos aumentam a resistência à


passagem de água com pressão sobre o concreto.
• Aditivos a prova de água: diminuem a absorção capilar.
• Emprego de micro sílica: além de melhorar a permeabilidade, possuem a vantagem
de fixar a cal liberada e de aumentar a resistência do concreto.
• Emprego de preenchimento de cal: aumenta a alcalinidade do concreto, protegendo-o
dos ataques ácidos.

Além das soluções aplicadas diretamente à massa de concreto, existem tratamentos


posteriores a fabricação do tubo que permitem sua total impermeabilização:

• Polímeros sintéticos: resinas epóxi ou de poliuretano. Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade


• Argamassas.

A impermeabilização dos elementos, contudo, não é a única medida existente, há outras


que previnem ataques específicos, como podem ser os produzidos por:

• Sulfatos: é uma das causas de agressão mais perigosas. O ataque por sulfatos se
produz pela combinação do íon sulfato com o aluminato de cálcio hidratado do
cimento e com hidróxido de cálcio liberado durante a hidratação do cimento. A
primeira combinação (íon sulfato + aluminato de cálcio hidratado) produz Etringi-
ta (sulfo-aluminato de cálcio). A segunda (íon sulfato + hidróxido de cálcio) produz
gesso. Ambos são expansivos: seu volume é substancialmente maior que aquele
dos depósitos reagentes que os formaram. Como consequência se produz uma
desintegração do concreto. Para que a reação de ataque dos sulfatos sobre o con-
creto ocorra é preciso que o conteúdo no aluminato tricálcico do cimento supere

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 55

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 55 1/11/2010 11:02:12


w w w.a n de ce.o rg

determinados limites. Os cimentos RS possuem um conteúdo em aluminato tri-


cálcico suficientemente baixo a fim de evitar que o ataque químico por sulfatos
comprometa a integridade estrutural do concreto.

Assim, podem ser projetadas


tubulações de concreto armado
aptas para qualquer ambiente.
Se são fabricadas cumprindo as
Normas vigentes e destinadas ao
uso para o qual se realizaram suas
especificações técnicas, a própria
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Norma garante uma vida útil mí-


nima de 70 anos. Entidades de
alto prestígio e indiscutível neu-
tralidade e credibilidade, como o Corpo de Engenheiros do Exército Americano, garantem,
à luz de seus estudos sobre a durabilidade das tubulações de concreto armado, uma vida
útil de 100 anos.

Se buscarmos ao nosso redor, poderemos encontrar exemplos de até que ponto o con-
creto pode chegar a ser durável: alguns aquedutos romanos executados em concreto
estão perfeitamente aptos para o uso por mais de 2.000 anos. Em Israel foi descoberto
uma rede de tubulações enterradas com uma idade aproximada de 3.000 anos. O
primeiro sistema de esgoto colocado em funcionamento com tubos de concreto de que
se tem registro documental na EEUU foi instalado em Mohawk, New York, em 1842. Em
1982 foi realizado a extração de 5 tubos que a constituíam, para estudo e arquivo
histórico. Os tubos extraídos estavam em excelentes condições de serviço depois de 140
anos em atividade.

A evolução da sociedade nestes últimos 100 anos resultou em uma vertiginosa mudança
nos usos e costumes tradicionais e nos sistemas urbanos de assentamento da população.

(*) A EHE define os níveis específicos de exposição Qa, Qb e Qc. A Norma UNE EN 127916/2004 além de identificar estes níveis específicos
do concreto, os particulariza para as tubulações de concreto e aponta as soluções específicas para cada caso.

56

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 56 1/11/2010 11:02:13


w w w. ande ce. o rg

As cidades medianas ou pequenas, com imóveis residenciais em sua maioria, se tornaram


as grandes metrópoles, onde o consumo de água potável e, consequentemente, a
quantidade de água escoada pelas redes de esgoto, aumentou, até alcançar níveis
desconhecidos e imprevistos até então.
A situação também mudou no que se refere aos efluentes que circulam pelas redes de es-
goto atuais. O uso indiscriminado que atualmente se faz das redes de esgoto para transportar
qualquer tipo de entulho, a generilização dos produtos de limpeza, tanto residencial como
insdustrial, etc, que são os fatores que causam as condições às quais as canalizações de esgoto
estiveram submetidas, inalteráveis durante anos, mudaram drasticamente.

No entanto, a tecnologia também evoluiu e isto permitiu o desenvolvimento de novos


produtos e processos que permitem que os tubos de concreto se adaptem a estas novas
exigências e condições de uso. Os processos de fabricação modificaram por completo a
imagem de uma fábrica de tubos de concreto armado. A modernização dos processos de
produção dos atuais tubos de concreto armado e a análise dos problemas que surgiram
ao longo de sua larga história, proporcionaram soluções específicas para cada situação
possível.

5.2.2. Comportamento face ao ambiente (interno/externo)

Existem inúmeras circunstâncias que podem ser potencialmente danosas para os


elementos que constituem uma rede de esgoto ou drenagem. A tubulação pode ser
atacada por ações físicas, químicas, térmicas ou por incêndios ou explosões.

À seguir é realizada uma revisão dos diferentes fatores que podem afetar um sistema de
esgoto ou drenagem seja internamente ou externamente.

5.2.2.1. Fogo e altas temperaturas Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade

Os tubos de concreto
possuem uma excelente
resistência aos agentes
atmosféricos. Não são afe-
tados por variações térmi-
cas nem pela exposição
aos raios ultravioleta e são
resistentes ao fogo. De
outra forma não seríamos
capazes de encontrar
seus componentes a
plena vista em qualquer
ambiente natural.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 57

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 57 1/11/2010 11:02:13


w w w.a n de ce.o rg

Não são estranhas as situações nas quais


um sistema de esgoto possa conduzir flui-
dos inflamáveis em seu interior, seja por
projeto ou por acidente (industrial, de
tráfego...). Fogos e explosões no interior de
sistemas de esgoto ou drenagem não
estão fora da habitualidade nas zonas
urbanas.
Em numerosas ocasiões foram registrados casos de sistemas de esgoto ou drenagem de
concreto armado que sofreram incêndios e inclusive fortes explosões e continuaram prestan-
do serviço em perfeitas condições após a extinção do fogo. Podemos citar como exemplo os
acidentes ocorridos nos aeroportos internacionais de O’Hare, próximo a Chicago, Illinois ou na
Walker Air Force Base, das forças aéreas dos Estados Unidos, no Novo México.

Em claro contraste, quando uma tubulação de plástico sofre um incêndio, sua destruição é
inevitável e resulta no colapso do sistema.

Porém, não é necessário apelar à situações tão drásticas. A simples exposição, durante a
condução, por exemplo, a temperaturas superiores a 45ºC, pode resultar em sérias e
irreversíveis deformações nas tubulações plásticas compostas de materiais termoplásticos.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

A exposição direta aos raios ultravioleta também leva a uma degradação das propriedades
físicas e mecânicas da maioria das tubulações plásticas.

Os tubos de concreto armado são resistentes à


ação do fogo e às altas temperaturas.

5.2.2.2. Ataques químicos

Na Tabela 1, são indicados esquematicamente os problemas que uma tubulação de concreto


pode enfrentar devido às substâncias químicas que podem circular pelo seu interior (efluente),
ou àquelas que podem atacá-lo exteriormente (terra). A tabela resume os procedimentos e
ações preventivas que devem ser aplicadas em cada tipo de exposição específica.

Graças à estes avanços tecnológicos, tanto nos métodos e maquinário utilizados nos
processos de fabricação, como na qualidade e projeto dos produtos que integram a
produção, as conduções realizadas com tubos de concreto armado são, hoje em dia,
quando se projeta e realiza uma instalação de tubulações para uma rede de esgoto, a
melhor solução na hora de satisfazer as seguintes relações:

Qualidade Segurança Durabilidade Preço

58

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 58 1/11/2010 11:02:13


w w w. ande ce. o rg

TABELA 1
Área de
Procedimentos de Avaliação Ações preventivas
Exposição
Para problemas potencialmente bioquí- • Aumentar a alcalinidade total
micos em redes de esgoto, determinar a acrescentando agregados de calcário.
taxa de desenvolvimento ou de produção • Usar barreira de recobrimento.
de ácido, se houver algum. • Usar cimentos RS.
INTERIOR Para efluentes de tipo ácido, deter- • Aumentar a alcalinidade total
minar o pH, incluindo as variantes acrescentando agregados de calcário.
cíclicas, assim como as características • Aumentar o recobrimento do
do fluxo, sejam contínuas ou intermi- concreto.
tentes. • Usar barreira de recobrimento.
Avaliar as condições de instalação • Utilizar um material de preenchi-
desde o ponto de vista potencial, mento de calcário.
EXTERIOR
atual e futuro quanto a acidez do • Utilizar uma camada de recobrimento.
terreno. • Usar cimentos RS.

Os tubos de concreto armado possuem


uma elevada durabilidade, muito superior
a que oferecem os tubos de plástico.

Quando se planeja o tipo de tubulação que deve


ser utilizada em um projeto para um sistema
de esgoto, o conceito de durabilidade é
importante, porque o mesmo depende do
custo de depreciação anual da instalação.
Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
A mesma consideração deve se ter quanto a
credibilidade do conduto. Uma contínua
intervenção de manutenção corretiva encarece
sumamente o projeto. Obviamente, que o custo
de manutenção não é de fácil quantificação na
hora de realizar um projeto de esgoto, mas deve-
se considerar a experiência e não se deve, em
hipótese nenhuma, esquecer a importância
deste conceito.

Maior durabilidade de uma rede, menor custo total.


Maior credibilidade de uma rede, menor custo total.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 59

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 59 1/11/2010 11:02:15


w w w.a n de ce.o rg

5.2.3. Durabilidade: referências

5.2.3.1. Manual de desenho “1110-2-2902” Corpo de


Engenheiros do Exército Americano

O U.S. Army Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros do


Exército Americano) é uma entidade completamente in-
dependente e de indiscutível competência. Seus manuais
técnicos são documentos de referência amplamente reco-
nhecidos em todo o mundo.

Se trata de uma instituição que investe muito dinheiro para determinar os procedimentos
técnicos idôneos no momento da realização de obras de engenharia civil. Sua filosofia de
projeto é, neste sentido, a mais conservadora que se pode conceber:

• Aversão ao risco.
• Busca pela durabilidade.
• Consideração da rentabilidade do projeto a longo prazo.

Segundo este manual, os condutores devem ser projetados de modo a entender um


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

critério de ciclo de vida: “a seleção de materiais ou produtos para condutores, drenagens


ou tubulações deve ser baseada em requisitos da engenharia e análise do ciclo de vida.
Este modo de proceder equilibra a necessidade de minimizar custos com a necessidade de
realizar uma infra-estrutura que apresente uma confiabilidade a longo prazo e resulte em
custos moderados de manutenção no futuro”.

Os projetos realizados pelo Corpo de Engenheiros do Exército Americano “representam infra-


estruturas de maior importância para o país e podem, provavelmente, permanecer em serviço de
maneira indefinida”. Por esta razão, nos projetos é de suma importância que “os projetistas utilizem
um cálculo de vida útil na ordem de 100 anos na hora de realizar uma análise de ciclo de vida”.

No manual em pauta é apontado que “a vida útil de muitos produtos é menor do que a vida
útil de cálculo, e isto deve ser considerado no processo de projeto de análise de ciclo de vida”…
“A maioria dos estudos realizados estimam uma vida útil entre 70 e 100 anos para as
tubulações de concreto. Dentre os departamentos de estradas de rodagem de 9 estados, 3
estabeleceram uma vida útil de 100 anos, 5 entre 70 e 100, e um de 50.”

A respeito dos materiais plásticos considera-se que: “São muitos os materiais que aten-
dem à categoria genérica de plásticos. Cada um deles pode ser adequado ou inadequado
para cada aplicação particular. A aplicação histórica das tubulações de plástico é limita-
da. O projetista não deveria esperar uma vida útil superior aos 50 anos para estes mate-
riais”.

60

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 60 1/11/2010 11:02:15


w w w. ande ce. o rg

“A análise do projeto deveria incluir o custo inicial de construção e os custos futuros de manu-
tenção, reparação e substituição ao longo da vida útil considerada para o projeto (...) nos casos
em que seja necessário substituir os tubos instalados durante a vida útil do projeto, o projetista
deverá incluir todos os custos derivados de tal processo”.

5.2.3.2. Manual de Desenho para Sistemas de Drenagem da American Association of


State Highway and Transportation Officials AASHTO (Associação Americana
dos Oficiais do Transporte e das Rodovias Estaduais)

“A escolha do material deve ser realizada considerando-se a vida útil dos materiais em questão”.

“Os condutores de drenagem devem ser posicionados e projetados de maneira que apresen-
tem o mínimo risco para a segurança das pessoas e do tráfego”.

”A escolha do material deve ser baseada na comparação dos custos totais das distintas
alternativas ao longo da vida útil do projeto, que depende dos seguintes fatores:
• Durabilidade (vida útil).
• Resistência estrutural.
• Rugosidade hidráulica.
• Condições de instalação (berço e preenchimento lateral).
• Resistência à corrosão e à abrasão.
• Requisitos para estanqueidade do sistema”.

“Os critérios de escolha do material a ser utilizado consideram o custo de substituição e a


dificuldade de construção, assim como o custo relacionado aos atrasos no tráfego”.

“A escolha não deverá ser feita usando unicamente o critério do menor custo”.
Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade
“Somente devem ser escolhidos os materiais que satisfaçam os critérios topográficos e de
projeto”.

“Se analisarão alternativas considerando o impacto ambiental, a eficiência hidráulica, ao risco e


ao custo”.

“O condutor escolhido deve satisfazer os critérios estruturais e hidráulicos atendendo aos se-
guintes fatores:
• Custos de construção e manutenção.
• Risco de falha ou danos à propriedade.
• Segurança do tráfego.
• Considerações ambientais ou estéticas.
• Considerações políticas ou de conforto.
• Requisitos de uso do terreno”.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 61

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 61 1/11/2010 11:02:15


w w w.a n de ce.o rg

5.2.3.3. Missouri Highway and Transportation Department – Division of Materials and


Research (Departamento de Rodovias e Transportes de Missouri – Divisão
de Materiais e Pesquisa): Determinação da Vida Útil Estimada dos Tubos
Ondulados de Aço Revestidos com Zinco e dos Tubos de Concreto Utilizados
no Missouri

“Os tubos de concreto armado (THA) demonstraram ser significativamente mais duradouros
que os tubos de aço corrugado (TAC)”.

“O THA são mais rentáveis, apesar dos custos de instalação dos TAC serem menores”.

“Apesar de menor, o custo inicial de instalação, o mais provável é que os TAC devam ser
instalados de uma e quatro vezes ao longo da vida útil de uma tubulação de concreto
armado”.

5.2.3.4. Illinois Department of Transportation (Departamento de Transportes de Illinois


–DTI–): Informe do Comitê de Tubos do DTI

“Existe sempre um risco implícito quando o sistema da condução é dependente do material


de preenchimento e dos procedimentos utilizados em sua compactação”.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

“O comitê considera apropriado amenizar este risco diferenciando as instalações onde as tubu-
lações rígidas e flexíveis são adequadas:

• Em vias por onde circulem mais de 3000 veículos ao dia é necessária a utilização de tu-
bos de concreto armado.
• Em vias por onde circulem mais de 1500 veículos ao dia é necessária a utilização de drenos
de concreto armado”.

5.2.3.5. Wisconsin Department of Transportation (Departamento de Transportes de Wis-


consin –DTW–), Avaliação dos Guias e Especificações do Departamento para o
Uso de Materiais Alternativos nos Condutores de Drenagem

“As consequências derivadas da substituição de um sistema de drenagem com problema são


geralmente muito sérias. O mais comum é que esta operação requeira custosas reconstruções e
o redirecionamento do tráfego”.

“Os tubos rígidos (concreto armado) são mais tolerantes que os tubos flexíveis (plástico ou
metal corrugado), face a uma pobre compactação do terreno de preenchimento”.

“Dado o nível reduzido atual de pessoal, não é realista esperar uma inspeção contínua
das tubulações”.

62

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 62 1/11/2010 11:02:15


w w w. ande ce. o rg

Fonte: ACPA

“Quando a estrada for projetada para resistir a um pico anual de volume superior a 4500
veículos diários, os novos materiais utilizados na infra-estrutura de drenagem podem ser
especificados para sistemas de drenagem que não se encontrem sob a estrada” (isto implica
que o concreto armado é o único material adequado nestes casos).

5.2.3.6. Pensylvania Department of Transportation (Departamento de Transportes de


Pensylvania –DTP–), Critério de Seleção de Tubos Alternativos Baseado no Tipo
de Instalação

“Se considera que a vida útil das tubos de concreto armado é de 100 anos”. Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade

“Para os tubos metálicos corrugados pode considerar-se uma vida útil superior, se uma
amostra representativa do material apresenta uma vida útil superior. Para a maioria dos tubos
metálicos corrugados estudados, as tabelas de amostras apresentam uma vida útil de projeto
de 25 anos”.

“Os tubos de polietileno de alta densidade demonstraram possuir uma vida útil de projeto
de 50 anos. Não é permitido o uso destes tubos abaixo do pavimento nem seu aterramento
a grandes profundidades”.

5.2.3.7. Pesquisa “T-Rex” no Colorado

Uma tubulação de concreto armado de 84” de diâmetro nominal (2.130 mm), que contava
44 anos em serviço, foi retirada durante a reconstrução de uma rodovia. Originalmente, o tu-

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 63

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 63 1/11/2010 11:02:16


w w w.a n de ce.o rg

bo era de classe de resistência I. Após realizar o teste de compressão diametral se


descobriu que a classe de resistência do tubo havia aumentado para a classe IV.

5.2.3.8. Estudo de Durabilidade nas Drenagens em Ohio

Este estudo foi finalizado em 1982, depois de 10 anos de investigação. Trata-se de um in-
forme extremamente técnico de 173 páginas, no qual são descritas as conclusões extraídas
após o estudo de 1.616 condutores de drenagem. O objeto do estudo foi tubos corru-
gados de metal e tubos de concreto armado.

A escolha dos condutores foi aleatória entre aqueles que apresentavam um diâmetro
interno maior que 42” (1.07 m). As amostras foram divididas por idade:

• Instaladas em 1940 ou anteriormente.


• Instaladas entre 1941 e 1950.
• Instaladas entre 1951 e 1960.
• Instaladas após 1961.

Foi considerado:
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

• O tamanho do tubo.
• O tipo de tubo.
• O fabricante (no caso de ter esses dados).
• O tipo de proteção do tubo.
• A espessura de cada tubo.
• A topografia geral.
• A data da inspeção.

As considerações de durabilidade foram as se-


guintes:

• Altura da lâmina de água.


• Velocidade do fluído.
• Abrasão.
• Percentagem de proteção remanescente.
• Percentagem de material remanescente.
• Leituras sobre o terreno (pH, resistividade...).
• Núcleo das tubulações metálicas corruga-
das.
• Considerações hidráulicas e estruturais (pro-
blemas de curvatura ou deflexão, problemas
nas juntas,…). Fonte: ACPA

64

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 64 1/11/2010 11:02:17


w w w. ande ce. o rg

Os fatores mais importantes em relação à corrosão das tubulações foram:

• O pH das águas subterrâneas.


• Abrasão: se concluiu que a abrasão não é problema para uma instalação típica realizada
com tubos de concreto armado.

Graças à ampla experiência existente com tubulações de concreto, há equações de durabi-


lidade baseadas no comportamento das tubulações de concreto usadas nas drenagens de
minas de carvão, onde o ambiente é ácido:

• A vida útil excede os 300 anos para águas com pH=7.


• A vida útil excede os 100 anos para águas com 4<pH<7.

A expressão utilizada é a seguinte:

(0.349(pH)1.204)7.758
Vida útil em anos
(Inclinação)0.824

5.2.3.9. Descontaminação de uma antiga planta de alcatrão de hulha em Ottawa,


Canadá

O alcatrão de hulha é um líquido marrom ou negro de elevada viscosidade que possui odor de
naftalina e é formado pela união de hidrocarbonetos aromáticos, bases nitrogenadas e fenóis.

Ao aquecer carbono betuminoso em recipientes lacrados sem ar até cerca de 650 a 800 °C, o
carbono se decompõe nos seguintes produtos:

• 80% de coque. Capítulo 5: Capacidade de Carga e Durabilidade


• 5% de amoníaco.
• 5% de alcatrão de hulha.
• 10% de gás natural.

Atualmente o alcatrão de hulha se gera como subproduto do processo de produção de


coque, material de enorme importância na fundição do ferro.

Durante os trabalhos de descontaminação foram retirados 110 metros de tubos de con-


creto armado instaladas em 1964, que chegaram a 33 anos de atividade em um ambiente
altamente agressivo. Após comprovar que a tubulação se encontrava em perfeito estado,
se procedeu a sua limpeza, em seguida foram inseridas juntas elastoméricas de
estanqueidade e por fim, a tubulação foi reinstalada.

A economia gerada para a cidade, que pôde reutilizar os tubos foi de $54.500.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 65

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 65 1/11/2010 11:02:17


w w w.a n de ce.o rg

5.2.3.10. Descontaminação de uma zona afetada por um vazamento de hidrocarbone-


to em Gloucester, Canadá

Durante os trabalhos de descontaminação foram retirados 45 metros de tubos de con-


creto armado de 54” de diâmetro nominal (1.37 m). O projeto de reinstalação implicava em
trocar o sistema de vala por terraplanado. Posto que a carga suportada sob estas
condições é superior (maior carga devido ao peso do terreno: projeção negativa), foram
realizados testes de compressão diametral sobre as tubulações. Os testes indicaram que a
tubulação havia aumentado sua resistência de 2,000 lb/ft2 (classe de resistência IV
segundo as normas ASTM) para 4,000 lb/ft2 (acima da classe IV). A instalação atual requeria
uma classe de resistência III (1350 lb/ft2), pois a instalação pôde ser realizada com um fator
de segurança de 2.96 (somado aos fatores de segurança de projeto).

A tubulação foi desenterrada, limpa mediante vapor e as juntas de estanqueidade foram


substituídas por novas. A instalação se realizou sem qualquer problema.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

66

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 66 1/11/2010 11:02:17


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 6

Segurança

É necessário que as redes de esgoto sanitário, na hora


de desempenharem seu papel, tenham uma especial
ênfase na segurança.

Dado o precário equilíbrio ambiental no qual se en-


contra nosso planeta, é necessário que os sistemas de
esgoto sejam estanques. Não devem ocorrer vaza-
mentos que contaminem o ambiente e os aquíferos,
nem infiltrações que sobrecarreguem desnecessa-
riamente as estações de tratamento de água.

Os tubos de concreto armado devem, segundo a Norma


atual, incorporar juntas elastoméricas que garantam a estanqueidade do sistema. Esta
estanqueidade é comprovada mediante testes que comprovam a hermeticidade com a
passagem da água tanto pelos tubos como pelo sistema como um todo.

Graças à rigidez dos tubos de concreto armado não ocorrem grandes deformações que possam
comprometer a estanqueidade do sistema nas juntas entre tubos ou entre tubos e poços ou
elementos auxiliares. E, sobretudo, não ocorrem situações que permitam que, dos elementos
contíguos, surjam deformações diferentes. A Norma UNE-EN 13476 classifica de maneira
diferente a classe de resistência de tubos e acessórios de plástico, pelo fato de possuírem
distintos graus de rigidez que implicam em deformações diferentes entre os lados de cada junta
que conecte o tubo a um acessório, comprometendo gravemente o estanqueidade.

6.1. A necessidade de garantir a segurança nos sistemas de esgoto sanitário

Por que exigimos SEGU-


RANÇA em uma rede de
esgoto sanitário?

O conceito de segurança é
intrínseco à criação, por
Capítulo 6: Segurança

parte do ser humano, nas


redes de esgoto.

A própria natureza é capaz


de realizar os processos de
biodegradação necessários

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 67

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 67 1/11/2010 11:02:18


w w w.a n de ce.o rg

para eliminar os resíduos humanos,


que não deixam de ser matéria
orgânica da qual se alimentam os
microorganismos e bactérias. Porém,
quando as colônias humanas foram
crescendo, a capacidade regeneradora
da natureza viu seus limites superados.

À princípio, foram estabelecidos


lugares remotos onde os resíduos
eram amontoados, não muito longe
dos assentamentos residenciais. Esta
prática ainda se mantém na atuali-
dade para os resíduos sólidos.

Posteriormente, foram desenvolvidos


sistemas que permitiam o transporte
“automático” dos resíduos e que, pela
primeira vez, se aproximava de uma
construção de redes de esgoto.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

A criação dos primeiros sistemas de esgoto obedecia as questões tanto de conforto como
de salubridade. O objetivo era libertar as ruas do constante acúmulo de resíduos e lixo, e
também proteger os cidadãos de um ambiente propício para proliferação de doenças, tais
como a cólera ou a febre amarela. Após a revolução francesa, em resposta aos surtos de
doenças graves deste tipo, que acabaram com milhares de vidas, foram constituídas as
primeiras redes de esgoto modernas, nas grandes cidades como Paris e Londres.

O avanço gerado por estas instalações, quanto ao conforto e a segurança dos cidadãos,
teve como consequência a disseminação dos sistemas de esgoto modernos, que foram
estendendo-se, primeiro pelas cidades de maior tamanho e, posteriormente por todos os
municípios dos países desenvolvidos. Atualmente, o uso das redes de esgoto está
totalmente difuso.

A ideia inicial com a qual foram construídas estas redes de esgoto, era muito simples:

a) Afastar os resíduos dos centros habitados.


b) Realizar o deságue, se possível, em um rio onde os resíduos se dispersassem e se diluíssem.

Durante anos este esquema funcionou e foi ampliado à medida que a população aumenta-
va. Os volumes transportados por estas redes foram assimilados pelo ambiente próximo aos
núcleos de origem.

68

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 68 1/11/2010 11:02:19


w w w. ande ce. o rg

Pouco a pouco, a natureza foi avisando ao homem de que o aumento do esgoto co-
locaria o meio ambiente em sérios problemas, devido ao enorme volume de águas
residuais: a natureza já não era capaz de assimilar tal quantidade de esgoto em tempo
hábil.

O aumento da contaminação nos rios e lençóis freáticos, dos quais eram obtida a água de
consumo humano, causou uma reavaliação de conceitos, os quais, apontavam para a
construção das redes de esgoto. Foi então estabelecido um princípio básico:

NÃO contaminar

São tomadas as seguintes medidas, no início do problema:

• Impermeabilizar, de ma-
neira segura, os depó-
sitos de resíduos sólidos,
tratando de seus ele-
mentos contaminantes.
• Construir Estações de
Tratamento Seguras ao
final das redes de esgoto
que conduzissem apenas
elementos (líquidos ou sóli-
dos), não contaminantes.
• Estudar as redes de
esgoto instaladas para
encontrar soluções que
as convertam em condu-
tores seguros, e não con-
taminantes.
• Construir redes de esgo-
to seguras, que garan-
tam a estanqueidade,
tanto de vazamentos,
Capítulo 6: Segurança

como de infiltrações.

Os fabricantes de tubos de
concreto armado desenvol-
veram um trabalho continu-
ado de acordo com estas de-

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 69

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 69 1/11/2010 11:02:20


w w w.a n de ce.o rg

mandas, que levaram ao desenvolvimento de produtos que cumprem perfeitamente as


exigências atuais de segurança. Nestes momentos oferecem ao mercado produtos fabricados de
acordo com as Normas vigentes que garantem uma TOTAL SEGURANÇA nas instalações.

Os tubos de concreto armado, fabricados de acordo com a Norma vigente e instalados em


redes de esgoto, cumprem perfeitamente esta exigência de segurança, pelas seguintes
razões:

• Todos os componentes (tubos de concreto armado, poços de visita pré-fabricados de


concreto, peças especiais, etc.), empregados nas redes de esgoto, oferecem uma vida
útil superior a 100 anos.
• A união entre tubos de concreto armado, tubos simples e poços de visita, ou peças
especiais, é segura e à prova de vazamentos.
• As redes de esgoto construídas com tubos de concreto armado resistem per-
feitamente à uma pressão hidráulica interna maior do que 50 KPa, exigidos pela
Norma vigente. No que diz respeito a resistência mínima que os tubos possuem, a
classe de resistência com que são demarcados garante as cargas mínimas de fissura e
ruptura, refletidas nas Tabelas 4, 5 e 6, de acordo a Norma vigente.

6.2. A Garantia de Segurança Oferecida pela Normativa Européia


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

As Normas vigentes relativas à tubos e poços de visita de concreto UNE-EN 1916, UNE-EN
127916, UNE-EN 1917 e UNE-EN 127917 são muito exigentes na hora de garantir a
qualidade. Os requisitos mínimos que estas Normas trazem garantem um comportamento
adequado do sistema em termos de resistência mecânica e estanqueidade.

Se os sistemas forem bem projetados e executados, os tubos de concreto armado não


conterão fissuras nem rachaduras e a estanqueidade estará garantida.

Para garantir o comportamento mecânico dos tubos de concreto armado, além de reali-
zar um cuidadoso projeto e processo de fabricação por parte do fabricante, é realizado
um controle estatístico no qual uma percentagem dos tubos, escolhidos aleatoriamente,
são submetidos a testes destrutivos para garantir que suas cargas de fissura e ruptura
estão acima daquelas determinadas pela Norma como mínimas para cada classe de
resistência.

Para garantir a estanqueidade dos tubos devem ser incorporadas juntas elastoméricas,
sem as quais um tubo de concreto armado encontra-se em desacordo com a Norma
vigente. A fim de comprovar a total estanqueidade do sistema, são realizados testes com
água ou ar, sob pressão, nos tubos individualmente e são realizados os ensaios nos
tubos alinhados, para comprovar a estanqueidade da junta.

70

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 70 1/11/2010 11:02:20


w w w. ande ce. o rg

6.2.1. Classificação dos Tubos de Concreto Armado de Seção Circular segundo a Nor-
ma UNE-EN 127916

TABELA 3 A

CLASSIFICAÇÃO TIPO E

Classe de Resistência

60 90 135 180

Carga de Fissura (kN/m2) 40 60 90 120

Carga de Ruptura (kN/m2) 60 90 135 180

300 X V V V

400 X V V V

500 X V V V

700 X V V V

800 X V V V

900 X V V V

1000 V V V V

1100 V V V V

DN 1200 V V V V

1300 V V V V

1400 V V V V

1500 V V V V

1600 V V V V

1800 V V V V

2000 V V V A
Capítulo 6: Segurança

2500 V V A A

3000 A A A A

Naquelas combinações marcadas com “A” a Norma uNE-EN 127916 não estabelece requisitos para a armadura. Podem ser
utilizadas caso seja solicitado pela direção da obra. Nestes casos o fabricante deverá fornecer o projeto de armação dos tubos.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 71

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 71 1/11/2010 11:02:20


w w w.a n de ce.o rg

TABELA 3 B

CLASSIFICAÇÃO TIPO A

Classe de Resistência

I II III IV V

Carga de Fissura (kN/m2) 40 50 65 100 140

Carga de Ruptura (kN/m2) 60 75 100 150 175

300 X V V V V

400 X V V V V

500 X V V V V

700 X V V V V

800 X V V V V

900 V V V V V
A NDEC E, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

1000 V V V V V

1100 V V V V V

DN 1200 V V V V V

1300 V V V V V

1400 V V V V V

1500 V V V V V

1600 V V V V V

1800 V V V V V

2000 V V V A A

2500 V V A A A

3000 A A A A A

Naquelas combinações marcadas com “A” a Norma uNE-EN 127916 não estabelece requisitos para a armadura. Podem ser
utilizadas caso seja solicitado pela direção da obra. Nestes casos o fabricante deverá fornecer o projeto armação dos
tubos.

72

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 72 1/11/2010 11:02:20


w w w. ande ce. o rg

6.2.2. Características Mecânicas Mínimas

Uma vez fabricados, os tubos de concreto armado deverão resistir, no mínimo, às cargas de
fissura e de ruptura que são indicadas nas tabelas 4 ou 5 segundo a classe escolhida.

TABELA 4 A: Cargas de fissura e de ruptura (em kN/m2) nos THA de seção circular segundo a classificação Tipo E (UNE 127.916).

Cargas Mínimas de Fissura (Ff) e Ruptura (Fn) para ensaio

Classe 60 Classe 90 Classe 135 Classe 180


Dimensões
Nominais Ff=40kN/m 2
Ff=60kN/m 2
Ff=90kN/m 2
Ff=120kN/m2
Fn=60kN/m2 Fn=90kN/m2 Fn=135kN/m2 Fn=1801kN/m2
Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura

300 / / 18 27 27 40,5 36 54
400 / / 24 36 36 54 48 72
500 / / 30 45 45 67,5 60 90
600 / / 36 54 54 81 72 108
700* / / 42 63 63 94,5 84 126
800 / / 48 72 72 108 96 144
900* 36 54 54 81 81 121,5 108 162
1000 40 60 60 90 90 135 120 180
1100* 44 66 66 99 99 148,5 132 198
1200 48 72 72 108 108 162 144 216
1300* 52 78 78 117 117 175,5 156 234
1400 56 84 84 126 126 189 168 252
1500 60 90 90 135 135 202,5 180 270
1600 64 96 96 144 144 216 192 288
1800 72 108 108 162 162 243 216** 324**
2000 80 120 120 180 180 270 ** **
Capítulo 6: Segurança

2500 100 150 150 225 ** ** ** **


3000 120 180 180 270 ** ** ** **

* Dimensões não usuais.


** Classes de resistência para projetos especiais.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 73

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 73 1/11/2010 11:02:20


1/11/2010 11:02:20
Cargas Mínimas de Fissuras (Ff) e Ruptura (Fn) para ensaio
TABELA 4 B: Cargas de fissura e de ruptura (en kN/m2) nos THA de seção circular segundo a classificação Tipo A (UNE 127.916).

Classe I Classe II Classe III Classe IV Classe V


Dimensões
Ff=40kN/m2 Ff=45kN/m2 Ff=65kN/m2 Ff=100kN/m2 Ff=140kN/m2
Nominais
Fn=60kN/m2 Fn=75kN/m2 Fn=100kN/m2 Fn=150kN/m2 Fn=175kN/m2
Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura
300 / / 15 22,5 19,5 30 30 45 42 52,5
400 / / 20 30 26 40 40 60 56 70
500 / / 25 37,5 32,5 50 50 75 70 87,5
600 / / 30 45 39 60 60 90 84 105
700* / / 35 52,5 45,5 70 70 105 98 122,5
800 / / 40 60 52 80 80 120 112 140
900* 36 54 45 67,5 58,5 90 90 135 126 157,5
1000 40 60 50 75 65 100 100 150 140 175
1100* 44 66 55 82,5 71,5 110 110 165 154 192,5

** Classes de resistência para projetos especiais.


1200 48 72 60 90 78 120 120 180 168 210
1300* 52 78 65 97,5 84,5 130 130 195 182 227,5
1400 56 84 70 105 91 140 140 210 196 245
1500 60 90 75 112,5 97,5 150 150 225 210 262,5

* Dimensões não usuais.


1600 64 96 80 120 104 160 160 240 224 280
w w w.a n de ce.o rg

1800 72 108 90 135 117 180 180 270 252** 315**

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 74


2000 80 120 100 150 130 200 200 300 ** **
2500 100 150 125 187,5 162,5 250 ** ** ** **
3000 120 180 150 225 ** ** ** ** ** **
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

74
w w w. ande ce. o rg

TABELA 5: Cargas de fissura e de ruptura (em kN/m 2) nos THA de seção oval (UNE 127.916).

Cargas Mínimas de Fissura (Ff) e Ruptura (Fn) para ensaio

Dimensões Classe 60 Classe 90 Classe 135 Classe 180


Nominais Ff=40kN/m 2
Ff=60kN/m 2
Ff=90kN/m 2
Ff=120kN/m2
(WN/HN) Fn=60kN/m2 Fn=90kN/m2 Fn=135kN/m2 Fn=1801kN/m2
Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura Fissura Ruptura

600/900 / / 36 54 54 81 72 108
700/1050 / / 42 63 63 94,5 84 126
800/1200 / / 48 72 72 108 96 144
900/1350 / / 54 81 81 121,5 108 162
1000/1500 / / 60 90 90 135 120 180
1200/1800 48 72 72 108 108 162 / /
1400/2100 56 84 84 126 126 189 / /

* Dimensões não usuais.


** Classes de resistência para projetos especiais.

6.2.3. Sistemas de união entre tubos de esgoto sanitário

Os tubos de concreto armado se


unem entre eles, com os poços de
visita e com qualquer componente
das redes de esgoto, mediante
juntas elastoméricas de borracha
vulcanizada, devendo tais juntas
cumprir o especificado na Norma
UNE-EN 681-1. Esta Norma é a
mesma aplicada pelos tubos de
plástico que levam juntas da
elastoméricas de vedação. Entre-
tanto, enquanto que para o tubo
de concreto conforme a Norma
UNE-EN 1916 seu uso é obri-
Capítulo 6: Segurança

gatório, para as tubulações de plás-


tico são aplicadas outras soluções,
como por exemplo as uniões
soldadas, que não permitem
nenhum tipo de folga na união e
podem envolver pontos frágeis na
instalação.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 75

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 75 1/11/2010 11:02:21


w w w.a n de ce.o rg

Se as uniões são soldadas, o sistema passa a ser longitudinalmente rígido em toda sua ex-
tensão. Se, por exemplo, os tubos são instalados com uma temperatura ambiente elevada, ao
serem enterrados, baixar sua temperatura, sofrerão contrações que resultarão em tensões
sobre as uniões rígidas, o que elevará a possibilidade de falha. O sistema terá também
maiores dificuldades para assumir qualquer bancos de terra ou buracos no terreno. Quando
estes bancos de terra ou buracos estiverem presentes, o sistema se encontrará, novamente,
sobrecarregado em algumas áreas conforme a situação de projeto.

A união dos tubos de concreto mediante juntas elastoméricas de


vedação, não apenas consegue garantir a estanqueidade exigida,
como também proporciona rápidos ajustes de adaptação ao
traçado, impossível de realizar tubos de outros materiais, salvo
usando peças especiais, em pontos delicados da instalação e
com um custo elevado.

Cada fabricante pode ter seu projeto particular de junta, e fabricá-la em borracha natural
(SBR), borracha etileno (EPDM) ou borracha acrilonitrila butadieno (ABS), desde que sempre
haja a garantia da estanqueidade do sistema de acordo com a Norma.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Em seguida são mostrados esquematicamente (figuras 1, 2, 3 e 4) alguns sistemas de união


estanque entre tubos, entre tubos e poços e entre seções de poços.

FigurA. 1: uniões flexíveis com tubos de concreto com encaixe tipo ponta e bolsa.

FigurA 2: uniões flexíveis com tubos de concreto com encaixe tipo macho e fêmea.

FigurA 3: Comparação entre uniões flexíveis nos tubos de concreto com encaixe tipo ponta e bolsa e do tipo macho e fêmea.

76

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 76 1/11/2010 11:02:21


w w w. ande ce. o rg

Segundo o sistema de produção de cada fabricante, as juntas elásticas de vedação


podem ser fornecidas nas diferentes formas:

• Independente dos tubos: são instaladas no momento de realizar o assentamento do


tubo e/ou poço.
• Integradas no tubo ou poço a ser instalado.

Em ambos os casos, as juntas deverão ser deslizantes (auto-lubrificantes ou não) no


sentido do impulso necessário para a colocação.

Na Figura 4 são detalhadas 3 formas de união entre tubos com diferentes tipos de juntas.

Juntas delta
ou arpão

União Juntas auto-


entre tubos lubrificantes

Junta localizada
na ponta interna
da fêmea

União
entre
módulos de
poços de
visita
Capítulo 6: Segurança

FigurA 4: Diferentes tipos de união e de juntas para tubos de concreto armado.

Os três tipos mais representativos de juntas de vedação são:

• Juntas delta ou arpão: Podem ser de distinta geometria, de acordo com o fabricante.
São posicionadas na extremidade da ponta do tubo. Para o uso deste tipo de junta é requerido

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 77

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 77 1/11/2010 11:02:21


w w w.a n de ce.o rg

que a ponta tenha um rebaixo ou seja acanalada. Deve ser aplicado um lubrificante
na bolsa do outro tubo a ser unido. (Figura 4, parte superior).

• Juntas auto-lubrificantes: Podem ser de distinta geometria, de acordo com o


fabricante. São posicionadas na extremidade da ponta do tubo. Este tipo de junta é
utilizado em tubos com a ponta frisada e acanalada, o que resulta numa garantia extra
de estanqueidade, já que as tolerâncias são perfeitamente controladas. Não é
necessário aplicar nenhum lubrificante na bolsa dos tubos no momento de realizar a
união, pois a junta virá pré-lubrificada de fábrica. (Figura 4, parte central).

• Junta disposta na extremidade da fêmea: Como nos dos casos anteriores, a geometria é
desenhada pelo fabricante. Neste caso se adota a disposição contrária: a junta será instalada
na extremidade da fêmea (com superfície acanalada), sendo aplicado o lubrificante na
extremidade do macho do outro tubo a ser unido. (Figura 4, parte inferior).
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Extremidade escalonada com junta elastomérica deslizante

Extremidade acanalada com junta elastomérica deslizante

As uniões entre os módulos que formam os poços de visita deverão também incorporar
uma junta elastomérica, de forma que assegure a estanqueidade entre os diferentes
elementos. Existem diversos acabamentos para os módulos que permitem alojar as juntas
de maneira funcional e segura. (Figura 5)

78

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 78 1/11/2010 11:02:21


w w w. ande ce. o rg

Figura 5: Vários sistemas de união entre módulos dos poços de visita.

Todo o exposto neste capítulo(*) permite as-


segurar que os tubos e poços de visita de
concreto armado fabricados e instalados de
acordo com a Norma vigente, conferem às
redes de saneamento uma excelente SEGU-
RANÇA e DURABILIDADE.

A união elástomérica permite a


conexão entre tubos, poços de
visita e peças especiais com
Fonte: ACPA
total segurança.

6.3. Segurança e Durabilidade

A Norma vigente exige que o fabricante de tubos de concreto armado realize os


ensaios de estanqueidade que garantam que nem o tubo e nem a junta tenham vazamentos:

• Teste hidrostático: cada tubo é preenchido com água e submetido a uma pressão de
50 kPa durante 15 minutos (5 metros de coluna de água).
• Teste de estanqueidade de junta:
Capítulo 6: Segurança

(*) Dados extraídos da publicação “recomendações para tubos de concreto armado em redes de esgoto e drenagem”
publicado pelo Ministério dos Transportes – Ministério de Meio ambiente e pelo Centro de Estudos e Experimentos de Obras
Públicas CEDEX.- Novembro de 2005

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 79

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 79 3/11/2010 12:08:57


w w w.a n de ce.o rg

- Sob desvio angular e esforço cortante: Combinação dos dois testes anteriores.

Estas provas exigem testes de tipo e de rotina.

Além disso, os tubos


de concreto com jun-
ta elástica devem ser
submetidos aos ensai-
os determinados pela
Norma UNE EN 1610,
que é comum para
todos tipos de tubu-
lações, sejam rígidas
ou flexíveis.

Por sua simplicidade


de instalação, os
tubos de concreto
com junta elástica não
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Fonte: ACPA
precisam de pessoal
especializado nem cer-
tificado mediante algum título específico de instalação. Unicamente deve ser cumprida a
Norma UNE EN 1610 e as recomendações do fabricante.

A garantia de durabilidade é também uma garantia de segurança. Se o sistema está em


conformidade com as Normas vigentes, os tubos de concreto armado manterão sua estan-
queidade e integridade estrutural ao longo de sua vida útil, que é muito superior a dos
tubos de plástico.

Assegurar a estanqueidade dos sistemas de esgoto é de suma importância. As infiltrações


implicam em um superdimensionamento dos sistemas de tratamento de águas, ou o que é
pior, um transbordamento de sua capacidade. Os vazamentos, por sua parte, não
apenas causam problemas ambientais de contaminação do meio ambiente ou
das águas subterrâneas. É bastante habitual que o líquido que vaza, socave pouco a
pouco o terreno que envolve a união defeituosa, provocando ao longo do tempo,
uma cavidade no terreno que pode chegar a causa do colapso das estruturas sobre esta
junta defeituosa ou do tubo quebrado.
Ao optar pela instalação de tubos plásticos, em diâmetros nominais entre 600 e 1.500 mm,
fabricados a partir de perfis laminados helicoidalmente, deve-se ter muita cautela.
Obviamente, dada a redução de matéria prima que conduz este método de fabricação, o
custo por unidade longitudinal é menor (mais à frente será abordado o conceito de custo de pro-

80

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 80 1/11/2010 11:02:22


w w w. ande ce. o rg

jeto por metro instalado). Entretanto,


não se deve passar por cima do fato
de que este tipo de tubulação
apresenta grandes tensões em sua
estrutura, já que são formadas a frio.
Se consideradas conjuntamente as
implicações destas tensões originadas
no processo de fabricação e a notável
característica plástica do material com
que estas tubulações são fabricadas Fonte: BASAL
(PVC-U), se pode ver com suficiente
precedência o quanto a segurança é
altamente comprometida quando em funcionamento.

Para minimizar o risco de falha, os fabricantes destes tipos de tubos, recomendam seu reco-
brimento por concreto, fazendo com o que a tubulação se converta em um cofre moldado.

Com este exemplo, queremos destacar a importância que tem para o bom funcionamento
de uma rede de esgoto, o conceito de “segurança em serviço”. Este conceito é, em muitos
casos, independente dos cálculos realizados para o dimensionamento da rede.

6.4. Peças complementares

TUBOS PARA POÇOS


DE VISITA
Se trata de tubos pré-
fabricados de concreto
armado com uma co-
nexão superior proje-
tada para que o tubo
possa acoplar-se dire-
tamente aos anéis usa-
dos para a construção
dos poços de visita (ins-
peção e limpeza). Como
nos demais casos des-
Capítulo 6: Segurança

critos anteriormente, a
união entre os tubos e
módulos do poço, rea-
lizada mediante juntas
elastoméricas é estan-
que. Fonte: ACPA

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 81

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 81 1/11/2010 11:02:23


w w w.a n de ce.o rg

COTOVELOS DE CONCRETO ARMADO


Estes elementos são utilizados para realizar
trocas repentinas na direção dos tubos, (15º ou
múltiplos).

A junta elástica permite o traçado contínuo das


curvas que forem necessárias para realizar o se-
guimento do traçado projetado para a rede. O mais
recomendável, por razões de hidráulicas e de
simplicidade de montagem, é realizar esta na
maneira aqui explanada, contudo, este tipo de peça
é utilizado quando as circunstâncias requisitarem.

Os cotovelos são largamente utilizados nas instalações plásticas, devido ao grande


comprimento dos tubos plásticos (6 a 12m frente aos 2.5m dos tubos de concreto armado)
não permite um ajuste contínuo do sistema traçado, aproveitando a flexibilidade das
juntas de vedação elastoméricas.

CONES OU LAJES DE TRANSIÇÃO PARA OS POÇOS DE VISITA


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Estes módulos diminuem a seção dos poços de


visita até que o mesmo fique adequado ao ta-
manho dos acessórios de ferro utilizados para
permitir o acesso aos poços.

82

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 82 1/11/2010 11:02:23


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 7

manuseIo e leVeza DOS TUBOS UTILIZADOS NOS SISTEMAS


DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM
Há muitos anos atrás, os tubos
plásticos começaram a introduzir-se
no mercado dos sistemas de esgoto,
assim, não seria incorreto dizer que um
tubo de plástico já era manuseado, ou
seja, manipulado por operários. Dados
os pequenos diâmetros com os quais
estes tubos eram comercializados
inicialmente, de fato, não era comum
que estes tubos pudessem ser
manipulados por dois operários.

A verdade é que as circunstâncias mu-


daram. Atualmente, dado ao grande
comprimento dos tubos plásticos,
que por norma geral são fabricados
com um comprimento de 6 metros
frente aos 2.5 metros dos tubos de
concreto, e devido ao enorme
crescimento nos diâmetros do tubos
de plástico para esgoto, tornou-se
necessário, para a maioria dos
diâmetros comercializados, o uso de
maquinário para instalação, tanto do
tubo plástico como do tubo de Fonte: ACPA
concreto.

7.1. Prevenção de Riscos Laborais: necessidades de equipamento


Capítulo 7: Manuseio e Leveza

A velocidade com que uma sociedade evolui para níveis de melhor situação econômica se reflete
no contínuo aumento da qualidade de vida dos indivíduos que a compõem. Na melhoria do am-
biente em que o indivíduo desenvolve sua vida: seu trabalho, sua residência, sua educação, o sis-
tema de saúde do qual desfruta, a organização e serviços prestados por sua cidade ou seu país…

Já há muito tempo, que os trabalhadores deixaram de se deslocar durante várias horas de


seus domicílios até seus locais de trabalho, com meios de transporte de tração animal ou
veículos motorizados simples. A maioria dos membros de nossa sociedade atual não chegou
a conhecer esse estilo de vida.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 83

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 83 1/11/2010 11:02:23


w w w.a n de ce.o rg

A sociedade evoluiu para o bem-estar de seus membros e, atualmente, a legislação obriga a


colocar à disposição dos trabalhadores os elementos necessários, não apenas para seu
transporte (carros, ônibus, metrôs, trens, etc.), mas também para um desenvolvimento de sua
atividade laboral respeitando seus direitos e de acordo com as leis de saúde e segurança, as
quais determinam os limites e condições em que cada atividade deve ser desenvolvida, a fim
de resguardar a saúde dos trabalhadores, através de uma prevenção adequada de riscos
laborais. Todo este avanço alcançou um excelente resultado na diminuição de sinistros e
enfermidades associadas ao desempenho da atividade profissional dos indivíduos.

As obras de hoje não são realizadas mediante o uso de uma grande quantidade de mão de
obra. O maquinário foi, pouco a pouco, colocando-se a serviço do ser humano. Livrando-o
daquelas atividades que exigiam um desgaste físico excessivo. Atualmente é perceptível,
segundo a legislação relativa ao manuseio de cargas, a utilização do maquinário necessário
para o movimento de cargas pesadas.

7.1.1. Prevenção de Riscos Laborais relativos ao manuseio de cargas

A dor nas costas devido ao manuseio de cargas é um dos principais problemas de saúde
relacionados ao trabalho. Devido a isso, na União Européia, têm sido desenvolvidas
Normas tendentes a resguardar a saúde dos operários.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

As enfermidades relacionadas com o manuseio de cargas representam na União Européia,


nos dias atuais, 23,8% das incidências relacionadas com a saúde no trabalho, com uma por-
centagem de 38,9% de trabalhadores afetados.

Transcrevemos um parágrafo publicado na revista oficial da Agência Européia da Segu-


rança e Saúde no Trabalho sob o título:
“Riscos associados à movimentação ma-
nual de cargas no local de trabalho”, com 10 Kg 5 Kg
data de 21/06/90. Este artigo determina,
quando se refere à “Carga”: Altura do ombro

20 Kg 10 Kg
“O risco de sofrer uma lesão nas costas au- Altura do cotovelo
menta se a carga é:
25 Kg 15 Kg
• Pesada demais: não existe um limite de Altura da mão
peso para que uma carga seja segura,
porém, um peso de 20-25 kg é difícil de 20 Kg 10 Kg
ser erguido pela maioria das pessoas. Altura sob o joelho
• Grande demais: se a carga é grande, não
é possível seguir as instruções básicas 10 Kg 5 Kg

de levantamento e transporte, como

84

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 84 1/11/2010 11:02:24


w w w. ande ce. o rg

manter a carga o mais próximo possível do corpo, já que os músculos


se cansam mais rapidamente.
• Difícil de segurar: esta circunstância pode fazer com que o objeto
escorregue e provoque um acidente, ainda, objetos com cantos afia-
dos ou materiais perigosos podem lesionar os trabalhadores.
• Descompensada ou instável: esta situação gera uma carga desigual
dos músculos e resulta em fadiga, devido ao fato de que o centro
de gravidade do objeto se desvia do eixo central do trabalhador.
• Difícil de alcançar: se para alcançar a carga for necessário estender
os braços ou inclinar o tronco, a força muscular necessária é maior.
• De forma ou tamanho que dificulte a visão do trabalhador: fato que
aumenta as possibilidades de escorregar, tropeçar, cair ou colidir.

Na publicação da Universidade CARLOS III de Madrid sobre


“Movimentação Manual de Cargas”, no anexo“. O que podemos fazer para
evitar estes sobre-esforços?”, dentro de Medidas Preventivas, é exposto
que: o peso máximo que se recomenda não ultrapassar é de 25 kg.

O Fundo “A Reunião”, da França, em sua reunião de outubro do ano de 2000, chegou a um


acordo com os sindicatos e outros órgãos, no qual ficou estabelecido ”que o peso
máximo que deve ser carregado manualmente nesta região da França, deve ser de 25
kg”. Nessa época um terço de todas as lesões de origem laboral da região se davam em
razão do levantamento de pesos excessivos.

7.2. Peso dos tubos utilizados nas redes de esgoto sanitário e drenagem

Por volta dos anos 60 ou 70, certo fabricante de tubos de PVC indicou em seu catálogo que
os tubos fabricados (diâmetro exterior máximo, aproximado de 160 / 200mm) eram mais
leves e de mais fácil manuseio que os tradicionais de concreto simples que se encon-
travam no mercado, e assim foram aceitos. Naquela época, essa afirmação estava certa.
Atualmente, para grandes e médios diâmetros, essa afirmação não é válida, já que os tubos
de plásticos são, funcionalmente, exatamente iguais de manusear que os de concreto.
Capítulo 7: Manuseio e Leveza

Um tubo de esgoto DN 200mm, SN 4, de PVC, pesa 4,5 Kg/m. O comprimento de fabri-


cação padrão destes tubos é de 6m. Cada um destes tubos pesa, portanto, 27 Kg.

A partir do ponto de vista da leveza, o argumento utilizado era aceitável, já que era possível
que estes tubos fossem manuseados por duas pessoas, não sendo necessário o uso de
maquinário para sua descarga, repartição e colocação na vala.

O aumento do consumo de tubos para esgoto fez com que os fabricantes que utilizavam
outros materiais, não tradicionais e ecológicos, na composição de seus tubos (PVC, PE, PP, PRV,

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 85

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 85 1/11/2010 11:02:24


w w w.a n de ce.o rg

etc.) fossem pouco a pouco introduzindo-se em setores de mercado nos quais anteriormente
não estavam presentes, aumentando, de ano em ano, o diâmetro de seus tubos. E com este
aumento, seus tubos foram perdendo suas características de fácil manuseio e leveza.

Como exemplo, à seguir são expostos os pesos apresentados, para diferentes diâmetros
nominais, pelos tubos de PVC compacto e de poliéster com fibra de vidro, projetados para
ser usados em sistemas de esgoto, encontrados no mercado atualmente:

Ø
Tipo de Tubo Kg/m Kg/Tubo
Externo Tubo
Tubo PVC Compacto Série 4 200 4,50 6 m. 27,00
Tubo PVC Compacto Série 4 250 7,20 6 m. 43,20
Tubo PVC Compacto Série 4 315 11,10 6 m. 66,60
Tubo PVC Compacto Série 4 400 17,90 6 m. 107,40
Tubo PVC Compacto Série 4 630 44,20 6 m. 265,20
Tubo PVC Compacto Série 4 800 71,30 6 m. 427,80

Ø
Tipo de Tubo Kg/m Kg/Tubo
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Externo Tubo
Tubo Poliéster - PRV 200 6,40 6 m. 38,40
Tubo Poliéster - PRV 250 8,10 6 m. 48,60
Tubo Poliéster - PRV 300 10,00 6 m. 60,00
Tubo Poliéster - PRV 400 17,40 6 m. 104,40
Tubo Poliéster - PRV 600 34,90 6 m. 209,40
Tubo Poliéster - PRV 800 61,10 6 m. 366,60

Estes simples quadros mostram que


para manusear Tubos Plásticos que ul-
trapassem o Diâmetro Externo de 315
mm é necessário o uso de um
equipamento mecânico que aplique o
esforço necessário para sua descarga e
colocação na vala.

Para outros tipos de tubos de plásticos,


os diâmetros críticos, a partir dos quais
deixam de ser manuseáveis é algo
superior, mas apenas um pouco.

86

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 86 1/11/2010 11:02:25


w w w. ande ce. o rg

Por todo o exposto,


dentro do contexto dos
tubos projetados para
serem usados em
sistemas de esgoto,
podemos afirmar que:

• As atuais Normas de
segurança e saúde
no trabalho impli-
cam que a deno-
No transporte de tubos plásticos também se utiliza maquinário, da mesma minação dos tubos
forma como ocorre com os tubos de concreto plásticos como...

manuseáveis

...seja inadequada para diâmetros nominais superiores a DN 315 (em mm).

O manuseio é vendido como uma característica diferenciadora nas mensagens


lançadas pelas campanhas de marketing dos fabricantes de tubos plásticos destinados
a sistemas de esgoto (PVC, PE, PP, PRV, PFRV, etc.). A situação real é que, na prática, são
igualmente manuseáveis tais como os tubos de concreto.

• O progressivo aumento nos diâmetros fornecidos pelos fabricantes de tubos plás-


tico de esgoto impedem que estes possam continuar utilizando o adjetivo de:

LEVES

A necessidade de utilizar máquinas para manejo dos tubos plásticos, os iguala aos
tubos de concreto no que se refere ao manuseio.

A partir de certos diâmetros as características de


LEVEZA e MANUSEIO, os tubos de concreto são
Capítulo 7: Manuseio e Leveza

iguais aos outros fabricados com materiais plásticos.

Com duas pessoas e


ajuda de uma máqui-
na, podemos mover
facilmente os diâme-
tros maiores
Fonte: ACPA

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 87

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 87 1/11/2010 11:02:25


w w w.a n de ce.o rg
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

88

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 88 1/11/2010 11:02:26


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 8

IMPLEMENTAÇÃO dos sIstemas de ESGOTO

As condições de instalação podem determinar completamente a escolha de um tipo de


tubo frente a outro.

No caso dos tubos de plásticos, uma correta implementação é, tal como explicado no
Capítulo 5, mais crítica, face ao correto comportamento estrutural do sistema e a sua
integridade, do que a correta fabricação do tubo. O controle que deve ser realizado na
instalação de um sistema executado com tubos plásticos, para cumprir com os
parâmetros do projeto envolve um grande aumento de custo do projeto e uma
expansão de seus prazos de execução, que necessitam de condições mais laxistas, o que
também se traduz em custo.

8.1. Instalação e manuseio

O técnico deve considerar, dentro da gama de


produtos ofertados no mercado, que tipo de
tubo, dentre aqueles que cumprem com todas as
exigências do projeto, se mostra mais fácil de ser
manuseado em sua instalação.

A facilidade de manuseio de um tubo não só se


refere ao manuseio do tubo em si (transporte,
coleta, manipulação e colocação no fundo da
vala). Este conceito engloba o total de operações
Capítulo 8: Implementação dos Sistemas de Esgoto
que fazem parte da instalação, desde sua saída da
fábrica até que o tubo esteja coberto e o terreno
envolto tenha sido corretamente trabalhado até
adquirir as características prescritas no projeto.
Entre estas operações devemos incluir a abertura
Fonte: ACPA
de valas, a compactação do terreno, etc.

Outro argumento importante utilizado tradicionalmente pelos fabricantes de tubos plás-


ticas é “a facilidade para realizar a união dos tubos, já que são rebaixadas e incorporam uma
junta elástica que garante a estanqueidade da união”. Isto também alcançou uma situação
de igualdade com o decurso do tempo.

hoje os tubos de concreto armado devem, necessariamente, de acordo com a norma


une en 1916, incorporar uma junta elastomérica de vedação, que garanta a
estanqueidade da união.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 89

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 89 1/11/2010 11:02:27


w w w.a n de ce.o rg

8.2. Implementação

Quando se fala da “implementação” de tubos, independente de seu tipo, de sua


constituição, de suas características e de sua composição, deve se considerar as distintas
etapas que formam este conceito, que são:

a) Armazenamento dos tubos no centro de produção.


b) Carregamento dos tubos na fábrica.
c) Transporte dos tubos até a obra.
d)Armazenamento dos tubos na obra.
e) Instalação em vala.

À respeito dos itens a) e b), fato é subentendido que todo fabricante responsável cuida
de seu produto e o entrega de acordo com as Normas vigentes.

Para os itens c), e d), é repassado ao leitor o que é indicado no Manual Técnico, editado
pela ASETUB (Associação Espanhola de Fabricantes de Tubos Plásticos) para tubos de PVC.
Não se pode esquecer que à medida que a sua espessura é diminuída, aumentam-se as
precauções a serem tomadas.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

c) Transporte: segundo o Manual ASETUB, para tubos de plástico:

“No carregamento, transporte e descarga dos tubos e acessórios são utilizados os meios ade-
quados e tomadas as precauções necessárias para evitar danos e degradação dos mesmos”.

“Os tubos são fornecidos habitualmente em forma paletizada ou soltos, no caso


de pequenas quantidades”.

“Para seu transporte, devem ser tomadas as precauções listadas abaixo:”

• "Os veículos devem ter uma superfície livre horizontal, plana, livre de pregos ou outros
elementos que possam danificar os tubos. Os tubos soltos devem estar apoiados em
toda sua extensão, para uma melhor distribuição das cargas."
• "Deve ser evitado que os tubos sobressaiam à plataforma do caminhão,
deixando uma extremidade em balanço."
• "Os tubos com alta rigidez deverão ficar na parte inferior da carga, e os de baixa
rigidez, na parte superior."
• "Quando se realiza o carregamento de tubos com bolsa, os tubos devem ser colocados
no veículo de forma que as bolsas não sejam submetidas a cargas excessivas."
• "A carga deve ser presa sobre os veículos, sem utilizar elementos como correntes e ou
cordas, em contato com os tubos, pois podem danificá-los. É recomendado o uso de
fitas ou cintas evitando o ajuste excessivo."

90

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 90 1/11/2010 11:02:27


w w w. ande ce. o rg

• "A descarga dos tubos e acessórios deve ser realizada ordenadamente, evitando atirá-
los do caminhão ao solo, ou golpeá-los violentamente."

d) Armazenamento na obra: segundo o manual da ASETUB:

“O lugar destinado para


colocar os tubos deve
estar nivelado e plano, a
fim de evitar de-
formações que po-
dem chegar a ser per-
manentes. Igualmente
deve estar isento de ob-
jetos duros e cortantes”.

“Quando os tubos são


armazenados sem estar
paletizado, a altura de
empilhamento não po-
de exceder 1,5m”.

“O empilhamento dos
tubos com bolsa deve
ser realizado alter-
nando as bolsas e
deixando-as sobressair
para que os tubos se
Capítulo 8: Implementação dos Sistemas de Esgoto
apóiem ao longo de
toda sua geratriz”. Fonte: ACPA

“Os tubos de PVC-U devem ser mantidos protegidos dos raios solares, isto é particular-
mente importante em épocas de maior radiação solar ou quando são previstos longos pe-
ríodos de armazenamento. Neste caso é recomendada uma proteção adequada por meio
de uma coberta opaca com livre circulação de ar (tipo lona)”.

“Os tubos armazenados devem estar situados de tal forma que combustíveis, dissolven-
tes, colas, pinturas agressivas, etc., não entrem em contato com os mesmos”.

“Não deve ser permitida a armazenagem de tubos em zonas onde possam ter contato com
outras conduções de vapor ou água quente assegurando-se de que a temperatura da
superfície externa do tubo não alcance os 45ºC”.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 91

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 91 1/11/2010 11:02:27


w w w.a n de ce.o rg

e) Instalação: segundo o manual da ASETUB:

“Para evitar riscos de deterioração e de incidentes posteriores, ao transportar os tubos para


sua instalação definitiva, devem ser carregados sem serem arrastados pelo solo, nem
golpeados contra objetos duros”.

“Com temperaturas extremadamente baixas devem ser tomadas precauções para


evitar grandes impactos que possam danificar o tubo”.

“Caso um tubo seja danificado, devido a problemas decorrentes de manuseio ou


armazenagem, a extensão afetada deve ser suprimida completamente”.

Dentre os parágrafos anteriores alguns pontos que, por suas importantes implicações,
foi considerado pertinente a ser destado.

• “Evitar deformações que possam se tornar permanentes.


• Devem ser mantidos protegidos dos raios solares.
• Combustíveis, dissolventes, colas, pinturas agressivas, etc. Devem estar protegidos de
qualquer contato com os mesmos.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

• Assegurar-se de que a temperatura da superfície externa do tubo não alcance os


45ºC.
• Sejam carregados sem arrastá-los pelo solo".

As recomendações anteriores propõem algumas questões:

• É comprovada, normalmente, a deformação dos tubos na obra?


• Os tubos plásticos são mantidos sempre cobertos?

Em algumas zonas geográficas espanholas se alcançam os 45ºC de temperatura ambiente.


Sob a incidência direta e contínua da radiação solar, não é necessário que a temperatura
seja, nem sequer, tão alta, para que a superfície do tubo a alcance. A pergunta obvia é: Não
são instalados tubos plásticos sob essas condições? Qualquer um que mantenha os olhos
abertos enquanto passeia por sua cidade conhece a resposta.

Ainda, existem muitas outras perguntas que podem surgir de todas as considerações
extraídas do manual da ASETUB. A primeira é se, geralmente, são observadas estas Normas
de boa prática e de senso comum. A resposta é que, geralmente, não. Porém, mesmo tendo
observado atentamente e seguido rigorosamente estas regras: Pode a condição de
flexibilidade de um tubo de plástico garantir sua recuperação depois de certo impacto ou
esmagamento? Os operários da obra estão capacitados para reconhecer com facilidade se
o acidente excedeu o limite elástico do tubo? Isso seria possível mediante uma mera
inspeção visual?

92

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 92 1/11/2010 11:02:28


w w w. ande ce. o rg

O tubo de concreto pode ser colocado sobre um preenchimento de apoio que pode ser
de concreto, usualmente em massa, ou de material granular compactado. A altura de tal
preenchimento é o que determina o fator de apoio que, como mencionado anterior-
mente, é a relação entre a carga admissível do tubo instalado e a carga admissível do
ensaio de compressão diametral.

Como material para preenchimento lateral e preenchimento de cobertura, pode ser apro-
veitado o terreno natural obtido ao escavar a vala, dada a pequena contribuição de ambos
à resposta mecânica da condução.

Os tubos plásticos são apoiados em leitos de terreno granular compactado, sendo a


qualidade do preenchimento lateral de grande importância. Se o preenchimento lateral
não for bem compactado não se pode contar com a pressão passiva que aparece ao
deformar o tubo horizontalmente. A compactação de tal preenchimento lateral deve ser,
no mínimo, de 95% da densidade Proctor Normal, (página 306 do Manual Técnico
ASETUB), o que resulta em grande dificuldade de assim conseguir, especialmente, no caso
de valas sustentadas. Isso se dá em razão do reduzido espaço que resta entre a condução e
o complexo da sustentação, o que exige a utilização de valas com uma largura maior
no caso de tubos de tubos plásticos, retardando o ritmo de trabalho e encarecendo a
instalação.

Por outro lado e, salvo quando o terreno é de muito boa qualidade, os preenchimentos la-
terais e de cobertura devem ser selecionados, isentos de pedras, com uma classe
granulométrica de 20mm como máximo (Página 306 do Manual Técnico da ASE-TUB), o
que encarece a obra, já que causa um desequilíbrio pela quantidade de movimentação de
solo, e diminui a sustentabilidade deste tipo de sistemas de tubos.

Capítulo 8: Implementação dos Sistemas de Esgoto


As vantagens mais importantes que conduzem à instalação em vala de um tubo de
concreto em desfavor de uma de plástico são as seguintes:

• A instalação de tubos de concreto não necessita de aplicação de material externo nem


selecionado para o preenchimento (economia e contribuição à sustentabilidade).
• Os tubos de concreto permitem serem instaladas com preenchimentos ligeiramente
compactados ou sem compactar (menor fator crítico).
• Os tubos de concreto possuem um comportamento mecânico menos dependente da
instalação que os tubos de plástico (maior segurança e duração).
• Os tubos de concreto possuem um melhor comportamento diante de problemas de
flutuação ocasionados pelo nível do lençol freático.
• Os tubos de concreto com junta elástica se adaptam melhor ao traçado do terreno, cur-
vas ou instalações sustentadas (tubos mais curtos que os tubos de plásticos).
• O tempo de instalação dos tubos de concreto é similar ao dos tubos plásticos, já que,
embora estes últimos possuam menos juntas, sua correta instalação requer um maior

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 93

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 93 1/11/2010 11:02:28


w w w.a n de ce.o rg

controle na obra. Isto se deve ao maior fator crítico de sua instalação e a inevitável ne-
cessidade de compactação de todo o material envolto ao tubo, assim como a obrigato-
riedade de aplicar material selecionado de preenchimento.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

94

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 94 1/11/2010 11:02:28


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 9

Custos

Os custos são de suma im-


portância na hora de deter-
minar qual deve ser a con-
figuração de um projeto.
Obviamente, dentre todas
as opções que satisfaçam as
exigências do projeto, supe-
rando determinados parâ-
metros de qualidade e ofe-
recendo as garantias ade-
quadas de durabilidade,
deve ser escolhida a mais
econômica.

As tubulações de concreto
armado são altamente com-
petitivas em termos econô-
micos. Para as classes maiores
de diâmetros comercializados
no mercado das tubulações de
esgoto, a compra de um metro de tubulação de concreto armado é mais econômica que a
compra de uma tubulação de plástico. E, inclusive naqueles casos onde os tubos plásticos são
mais baratos, ao se formalizar o orçamento, o custo de um mesmo projeto (preço das
unidades de obra) executado com tubos plásticos, se observa que normalmente é superior
ao de um sistema executado com tubos de concreto armado (desde que sejam cumpridas as
condições de instalação fixadas pelas Normas UNE-EN 13476 e UNE-EN 1610).

Para os tubos de diâmetros pequenos pode ocorrer o caso no qual o custo de projeto seja
menor para uma tubulação de plástico do que para uma de concreto. Deve ser consi-
derado, tanto nesta hipótese como nas anteriores, um conceito fundamental: o custo de
amortização.

O custo de amortização é a ferramenta que deve ser utilizada quando se deseja comparar a
Capítulo 9: Custos

rentabilidade de várias opções de investimentos. Dado que a vida útil de uma tubulação de
concreto armado é o dobro da de uma tubulação de plástico (como observado no Capítulo 5,
uma tubulação de concreto armado garante uma vida útil com o mínimo de 40% maior que
uma tubulação de plástico). O custo de amortização de uma tubulação de concreto armado
(custo repercutido sobre cada ano de serviço da tubulação) é sempre menor.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 95

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 95 1/11/2010 11:02:29


w w w.a n de ce.o rg

9.1. Custos de execução de um projeto de esgoto sanitário ou drenagem

Os fatores a considerar na análise de custos de um projeto, segundo o especificado na Stan-


dard Practice (Prática Padrão) da ASTM – American Society for Testing and Materials (Socieda-
de Americana de Experimentos e Materiais) são:

• Vida útil da condução


• Custo inicial
• Tipo de juros
• Inflação
• Custo de manutenção e recuperação
• Custo de restituição
• Valor residual

Os tubos de plástico e de concreto armado encontram-se nas mesmas condições em re-


lação aos tipos de juros e inflação. À seguir são analisadas as diferenças existentes entre
ambas desde os sistemas até os demais conceitos relativos à análise de custos.

9.1.1. Vida útil do condutor


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

A vida útil dos tubos de concreto pode ser considerada de 100 anos, segundo o U.S. Army
Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros do Exército Americano). Na Espanha, quando
respeitada a Norma atual, pode ser garantido um mínimo de 70 anos.

Em contrapartida, os tubos de plásticos só podem garantir uma vida útil máxima de


50 anos, valor definido considerando o desgaste sofrido ao longo do tempo. Mas,
mesmo este dado ainda gera dúvidas, dada a curta experiência que se tem à respeito
e os graves problemas já observados em diversas instalações com poucos anos de
implementação.

No Capítulo 5, é explicado de forma extensa as condições que influenciam na


durabilidade dos tubos de concreto e dos tubos plásticos.

Uma grande parte do custo de um projeto de esgoto ou drenagem é a instalação. O


comportamento das tubulações de plástico é muito sensível às condições de instalação, já
que, em contraste ao que ocorre com as tubulações de concreto, que possuem capacidade
resistente por si mesmas, a maior parte da resistência mecânica é aplicada pelo terreno.
Isto significa que as condições de instalação são muito mais críticas para os tubos plásticos,
o que implica, não apenas às exigências na instalação que devem ser muito mais severas e
custosas (por exemplo, compactação do terreno desde o leito até 30 cm acima da geratriz
superior), mas também no controle da instalação deve ser realizado de maneira muito
mais rigorosa.

96

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 96 1/11/2010 11:02:30


w w w. ande ce. o rg

Os preços dos tubos são dados pelas condições de mercado,


mas se a vida útil do concreto é duas vezes maior que a dos
tubos plásticos, a amortização se realiza em condições
econômicas muito mais favoráveis.

A alta durabilidade do concreto supõe também uma econo-


mia para a sociedade em termos menos diretos. Cada vez
que é necessário interditar e escavar uma rua durante meses,
para substituir um sistema de esgoto que se tornou obsoleto,
se contribui para a criação de congestionamentos,
interrompendo a rotina normal da atividade da cidade.

9.1.2. Custo inicial

Os custos de instalação se dão também em função do terreno onde é realizada a instalação,


da distância até local onde possam ser obtidos o solo de preenchimento apto a realizar o
leito do assentamento e o preenchimento da vala dos tubos plásticos e do tempo de
compactação que, segundo exposto anteriormente, é vital para o correto funcionamento do
sistema e para que este alcance sua vida útil de projeto. Apesar dos conceitos anteriores
serem mais indiretos e difíceis de quantificar, não se deve, sob hipótese nenhuma, passar por
cima dos mesmos, já que sua importância final é de grande relevância.

Para a maioria dos diâmetros comercializados


os tubos de concreto armado são mais econômicos em
termos de unidade de obra.

A superior durabilidade dos tubos de concreto armado


em relação aos tubos plásticos, comprova que, em termos de
custo de amortização, são mais econômicos que os tubos
plásticos para qualquer diâmetro comercial.

O fato de que tubos plásticos de pequenos diâmetros pesarem menos, pode nos levar à errônea
conclusão de que com elas conseguiremos uma importante economia. Se tivermos em conta o
aporte total da instalação: não apenas do tubo e sua implementação, mas também de outros
custos derivados, estritamente necessários para uma correta instalação dos tubos plásticos, tais
Capítulo 9: Custos

como o recobrimento da tubulação mediante concreto como medida de precaução, a


necessidade de transporte até a obra de terras especificamente granulométricas para formar o
leito de apoio dos tubos e preenchimento da vala, o tempo dispensado necessário para a correta
compactação em um sistema constituído por tubos flexíveis comparado a um realizado por
tubos rígidos… é mais do que provável que as tabelas invertam e que o projeto se torne mais
econômico ao ser realizado com tubos de concreto.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 97

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 97 1/11/2010 11:02:30


w w w.a n de ce.o rg

Quando se contempla a instalação de tubos que, por seu grande diâmetro necessitem de
equipamentos mecânicos para o seu manuseio, o conceito de peso desaparece. A dife-
rença que resulta, em termos econômicos, de manusear com uma máquina 500 ou 800Kg,
é desprezável, já que os custos associados à utilização de uma máquina estão relacionadas
ao tempo que está trabalhando e não do peso a ser manuseado.

9.1.3. Custo de manutenção e recuperação

Dada sua superior integridade estrutural, os sistemas de esgoto ou drenagem realizados


com tubos de concreto armado são mais confiáveis que aqueles executados com tubos
plásticos. Isto implica que os custos derivados de implementação, manutenção,
recuperação ou, na pior das hipóteses, substituição de seções defeituosas do sistema
sejam muito menores. Conforme indicado anteriormente, estes custos não são tão
somente aqueles associados à reparação. Devem ser considerados todos os efeitos que a
reparação possui sobre qualquer outra atividade.

9.1.4. Valor residual

Os tubos de concreto armado são recicláveis. Enquanto o custo energético que com-
preende a reciclagem de um tubo plástico é muito alto, o custo associado à reciclagem do
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

concreto é baixo.

Todo o aço estrutural que se utiliza no setor da cons-


trução é reciclável. Atualmente, na Espanha, é recicla-
do 80% deste aço. É, portanto, muito comum moer
o concreto armado para extrair o aço contido no
concreto.

Conforme explicado no Capítulo 10, mediante


condições adequadas, o concreto pode ser moído
rapidamente para ser utilizado como agregado reci-
clado na elaboração de novo concreto, que resultará em
uma resistência inclusive superior à do concreto fabrica-
do com agregado “novo”, já que o cimento presente nos agregados reciclados ainda
conserva certa capacidade de hidratação, com consequente economia em cimento.

Quando estas condições não forem satisfeitas, a brita obtida pode ser utilizada, por
exemplo, como base firme para estradas.

Além disso, as tubulações de concreto são reutilizáveis. Dentro do marco de sua vida útil,
podem passar a fazer parte de qualquer outro novo sistema de esgoto após terem sido
desenterradas.

98

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 98 1/11/2010 11:02:30


w w w. ande ce. o rg

9.2. Custos no uso de um sistema de esgoto sanitário ou drenagem

Um ponto importante a ser considerado é o retorno


sobre o investimento. Quando se realiza um projeto de
uma rede de esgoto, bem como todos os aspectos
econômicos envolvidos no desempenho adequado da
rede, deve-se considerar a “rentabilidade a longo prazo
do investimento”. A rede não é um ente estático. Estará
em uso contínuo e, portanto, deve ser previsto a utili-
zação de materiais que garantam sua vida útil. Quanto
maior a vida útil das peças, maior será a rentabilidade a
longo prazo de um determinado investimento.

No estudo de retorno de um investimento deve ser


considerada a sua vida útil prevista. Logicamente,
diante de um mesmo gasto ou despesa, quanto
maior a vida útil do produto no qual se investe,
mais rentável será o investimento.

As obras bem projetadas e executadas perduram no tempo.

Se o técnico cair na tentação de usar um critério meramente baseado nos preços de compra
pode estar cometendo um grave erro. Sirvam de exemplo os seguintes casos:

• Tubos plásticos, fabricados com perfis enrolados helicoidalmente.

Estes tubos começaram a ter problemas com o decurso do tempo, porque, diante das
exigências às quais o sistema estava submetido, o perfil, tensionado desde sua fabri-
cação, se soltou e começou a desaparecer em alguns trechos. Isto representaria um
custo significativo em termos de manuten-
ção e reparos.

Tubos plásticos que, por sua baixa resis-


tência à compressão, devem ser recobertos
por concreto no local. Neste caso, embora o
Capítulo 9: Custos

custo por metro de tubo seja baixo, o custo


final do projeto não é competitivo, já que a
Fonte: BASAL

tubulação se converte em uma forma per-


dida e a quantidade de concreto em massa
utilizada é imensa.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 99

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 99 1/11/2010 11:02:32


w w w.a n de ce.o rg

• Tubulações de plástico que racham Fonte: BASAL


muito antes de cumprir 50 anos em ser-
viço.

Em inúmeras ocasiões são instaladas tu-


bulações que possuem uma rigidez ane-
lar tal que, embora cumpra inicialmente
os requerimentos mecânicos do sistema,
racham no decorrer de poucos anos em
serviço. Isto se deve ao fato de que, ainda
que estas sofram o fenômeno de fluência que supõe a natural degradação das proprie-
dades mecânicas dos materiais plásticos sob carga, é bem sabido que, não se possui
experiência suficiente para todos os materiais plásticos. Em certas ocasiões isto resulta
em uma falha na previsão da evolução de seu módulo de elasticidade a médio/longo
prazo, de maneira que os dados fornecidos pelos fabricantes possam ser incorretos.

Os sistemas de esgoto realizados com tubos plásticos nos quais não foram realizadas
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

instalações de forma adequada, sofrem problemas de excessivas deformações.

Isto, por infortúnio, é a prática comum em nosso país. Nossas pesquisas indicam que o
mais frequente é que os instaladores procedam a colocação dos tubos plásticos de
maneira exatamente igual as de tubos de concreto.

Esta tubulação apresenta,


mesmo antes de ser recoberta
pelo solo de recobrimento,
uma deformação superior a
5%. Como pode ser ob-
servada, esta deformação te-
ve sua repercussão negativa
na união entre os tubos, que
não se ajustam corretamente.
Esta junta é, além disso,
soldada eletricamente, fazen-
do com que os problemas de
estanqueidade aumentem diante de expansões ou contrações devido as diferenças
significativas entre a temperatura da tubulação no momento de sua colocação e sua
temperatura uma vez enterrada e em uso, ou por assentamento do terreno.

100

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 100 1/11/2010 11:02:35


w w w. ande ce. o rg

A compactação, sobretudo a lateral, não é adequada. Não são alcançadas as


densidades proctor mínimas estabelecidas pela Norma ou pelos fabricantes.

Como consequência, é completamente normal que sejam alcançados valores de defor-


mação superiores a 5% nestas instalações, o que facilita futuras fissuras por fadiga do
material comprometendo o correto comportamento hidráulico.

Estas instalações mal executadas são como uma bomba-relógio. Novamente, os custos de
reparação ou substituição são enormes no momento em que essas falhas ocorrem,
geralmente muito antes de que se cumpra a vida útil para a qual o sistema foi projetado.

• Tubos plásticos instalados envolto por solo inadequado

Naqueles terrenos que contém pedras com granulometria superior ou igual a 20mm
(não existem muitos terrenos não selecionados que satisfazem esta condição), se o
tubo a ser instalado é de plástico, não se deve utilizar o solo extraído da vala para
realizar o leito e cobertura do tubo.

A abertura das valas Na figura podem ser observados


se realiza por meios dois detalhes, infelizmente, muito
mecânicos. As pás comuns:
das máquinas esca-
vadoras que são uti- A compactação lateral não está correta.
lizadas nestes traba- Seria impossível fazer a compactação
lhos partem algumas em camadas de 10cm de espaço nas
das pedras com as
laterais deste tubo, instalado em uma
quais se encontram
vala de largura pouco superior ao
ao penetrar no ter-
diâmetro externo do tubo. Como
reno. As pedras de
consequência, as laterais do tubo, longe
canto afiado, fruto da
de alcançar uma densidade proctor
escavação perfuram
a parede do tubo e normal superior a 98%, apresentam
aos poucos acusam a deformações. Não foram ativadas as
sua ruptura. pressões passivas do terreno sobre os
flancos do tubo, de modo que as de-
O custo de compra formações experimentadas por este
e de transporte do serão muito superiores às do projeto.
Capítulo 9: Custos

material seleciona-
Além disso, o solo de preenchimento
do não é em abso-
luto desprezível. Mas apresenta pedras de tamanho muito
sem dúvida, o custo superior aos 2cm máximos reco-
de substituição dos mendados.

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 101

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 101 1/11/2010 11:02:36


w w w.a n de ce.o rg

tubos perfurados, como resultado do descumprimento desta necessidade, é muito


superior. Este tipo de procedimento, que busca uma pequena economia a curto prazo,
pode gerar graves problemas e elevados custos a longo prazo.

Os tubos de concreto armado não possuem nenhum tipo de limitação com relação ao
solo de preenchimento a ser utilizado.

• Tubos de plásticos que não receberam o devido cuidado durante seu armazenamento

Na hipótese de que os tubos plásticos destinados a fazer parte de um sistema de esgoto


sejam armazenados no local da obra sem nenhum tipo de proteção, pode ocasionar
outra circunstância que compromete seriamente seu posterior correto funcionamento.
Em muitas áreas de nosso país são registradas elevadas temperaturas nos dias quentes
de verão. Se a tubulação se encontra sob a ação direta do sol, não é necessário que as
temperaturas sejam demasiado altas para que se alcance, em sua superfície, uma tempe-
tura superior aos 45ºC. Sob estas
condições, alguns tubos plás-
ticos podem chegar a sofrer
deformações permanentes. So-
bretudo se estão sob carga
A NDE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

(suportando o peso de outros


tubos empilhados sobre estes,
por exemplo).

Se for unido um tubo que apresenta uma deformação inicial com outro que não se
esteja deformado, a união entre ambos apresentará sérios problemas para manter a
estanqueidade, seja qual for o sistema de juntas utilizado. Estes vazamentos não
apenas comprometem a segurança ambiental, mas também o correto funcionamento
das estações de tratamento (infiltrações) e o correto escoamento das águas residuais
(penetração de raízes ou terreno de enchimento que podem bloquear a tubulação).
Nas ocasiões nas quais o sistema entra em carga, existe o risco do terreno envolto da
junta com problema seja socavado, o que pode provocar soterramento ou até o
colapso do terreno sobre a condução.

• Tubos plásticos com superfície interna não lisa em serviço

Existe um fenômeno muito recorrente entre os tubos plásticos de tipo B (tubos


plásticos de dupla camada, corrugados externamente e, supostamente, lisas in-
ternamente) em serviço. Enquanto este tubos são exigidos mecanicamente pelas
cargas do sistema (solo de reaterro, tráfego, sobrecargas pontuais e distribuídas…) a
camada externa corrugada transmite esforços à camada interna, que é muito fina. Esta
transmissão de esforços entre a camada interna e a externa provoca uma deformação

102

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 102 1/11/2010 11:02:36


w w w. ande ce. o rg

da camada interna, que passa a ondular-se de maneira importante. Para fins


práticos, a superfície interna deixa de ser uma superfície lisa e torna-se uma
superfície corrugada. Este fenômeno é conhecido como "Corrugation
Growth".
Segundo o manual da American Concrete Pipe Association (Associação
Americana dos Tubos de Concreto), os tubos corrugados apresentam coeficientes
de Manning de ordem equivalente ao dobro dos tubos lisos. Se no projeto do
sistema foi considerado que a superfície de um tubo do tipo B que irá sofrer o
"corrugation growth", é lisa, o sistema foi subdimensionado hidraulicamente.

O fenômeno do "corrugation
growth" pode agravar os
problemas que, por si, já
poderiam produzir os efeitos
da abrasão sobre as finas
paredes internas destes tubos.
Os pontos mecanicamente
mais debilitados da parede
interna são, precisamen-
te, aqueles onde as pa-
redes internas e externas
estão em contato.
Não somente por serem os que
sofrem maiores deformações
(e portanto, suportam maiores tensões). O processo no qual une as paredes internas e
externas, mediante processos térmicos semelhantes à soldagem, geram uma
debilitação intrínseca desta área em relação ao resto da estrutura da parede. E são
precisamente estes pontos os que mais sofrem os efeitos da abrasão, por estarem mais
expostos ao fluxo.

Se isto ocasionar uma ruptura da camada interna a estanqueidade também será


comprometida.

9.3. Custos indiretos para a sociedade: custos a médio/longo prazo

Mudando de perspectiva, pode parecer absurdo fazer menção à sustentabilidade a partir


da perspectiva dos custos, mas se considerar a médio/longo prazo, a relação não é
Capítulo 9: Custos

somente plausível. É evidente.

A partir de um ponto de vista pouco especulativo (até agora só existem indícios: a opinião
de reputados cientistas e algumas resoluções de organizações como as Nações Unidas)
pode-se dizer que os efeitos da contaminação e do aquecimento global podem ser muito

II CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 103

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 103 1/11/2010 11:02:37


w w w.a n de ce.o rg

prejudiciais em um futuro não muito


distante, se não apostarmos naquelas
soluções que, sem comprometer nos-
sas necessidades presentes, sejam mais
respeitosas com o, atualmente precário,
equilíbrio ambiental de nosso planeta.

Para quem faz pouco caso daqueles que


dizem que os distúrbios meteorológicos
que ocorrem em todo o mundo, agora
cada vez mais frequentes e destrutivos,
estão diretamente relacionados com o
aquecimento global mencionado acima,
a relação sustentabilidade-custo é
evidente. Custo em vidas e em infra-
estruturas. Milionários. Desmensurados.
Repentinos. Imprevisíveis.
Enquanto os tubos de plástico utilizam derivados de petróleo, produto com uma exis-
tência limitada no tempo, e processos de fabricação com um consumo energético muito
elevado, e muito contaminante, os tubos de concreto utilizam elementos naturais e seu
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

consumo energético é moderado. Além disso, são recicláveis e este processo de reci-
clagem não requer uma elevada aplicação energética. Por último, podem ser reutilizáveis,
enquanto os tubos plásticos não.

No momento em que uma tubulação é descartada, o impacto ambiental é com-


pletamente diferente se um elemento é constituído de matéria perfeitamente integrável
ao meio, e outro de material plástico. As características da brita que resulta do concreto
moído, processo de extração do aço de suas estruturas (processo imprescindível realizado
após qualquer demolição ou desestruturação de elementos de concreto armado), não
difere da produção de brita natural. Pode ser utilizado para outros usos, tais como a
construção de bases firmes para estradas ou o preenchimento de terrenos de onde foram
extraídos estes materiais.

104

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 104 1/11/2010 11:02:37


III SUSTENTABILIDADE
Os tubos de concreto armado são produtos sus-

tentáveis. As matérias-primas que os compõem: água,

brita, areia… estão presentes na natureza e não é

necessário transformá-las para que passem a fazer parte

do produto final. Além disso, estas matérias primas en-

contram-se amplamente distribuídas geograficamente.

O petróleo é um material não biodegradável e não inte-

grável ao meio ambiente, o que prejudica o ambiente

natural. Já pelo mero fato de ser uma matéria-prima

esgotável, cujo preço, além disso, não deixa de subir,

não pode ser considerado como sustentável no ponto

de vista ambiental ou econômico. Ainda, os problemas

ocasionados por esta matéria-prima ao meio ambiente

são maiores que os benefícios de seu uso. Cada vez que

um petroleiro naufraga ou um oleoduto se rompe,

ocorre uma terrível catástrofe ambiental.

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 105 1/11/2010 11:02:38


w w w.a n de ce.o rg

As necessidades energéticas demandadas na fabricação de tubos de concreto são muito


baixas se comparado com os tubos de outros materiais presentes no mercado de esgoto e
drenagem.

A produção dos tubos de concreto armado, assim como a mão de obra utilizada, é local.
Sempre se pode encontrar uma fábrica de tubos de concreto armado próximo de onde
forem utiliza-los.

A durabilidade dos tubos de concreto armado é muito superior a dos tubos de plásticos, o
que lhes atribui um valor extra como solução sustentável em termos econômicos,
ambientais e sociais.

Os tubos de concreto armado são recicláveis e reutilizáveis. Enquanto que a energia neces-
sária para reciclar o material de um tubo de plástico é muito grande, as necessidades
energéticas do processo de reciclagem do concreto são modestas.
A ND EC E, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

106

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 106 1/11/2010 11:02:38


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 10

sustentabIlIdade DOS SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DRENAGEM

Nossas gerações atuais teriam


conhecido o petróleo e seus
derivados se o Império Roma-
no tivesse descoberto suas
aplicações?

Do ponto de vista ecológico e


ambiental, a atividade huma-
na já ultrapassou o estágio de
uma economia sem limites e
sem fronteiras.

Antigamente, era relativamen-


te fácil solucionar os proble-
mas de contaminação por uso
e gestão dos recursos naturais
(renováveis e não renováveis).
Existia margem suficiente para
permitir a atuação das capacidades de recuperação da biosfera associada à inteligência e à
capacidade de inovação tecnológica e organizacional dos seres humanos.

Atualmente existem inúmeros indícios, sustentados em estudos realizados por


organizações internacionais, que anunciam possíveis consequências catastróficas, não
apenas para as gerações presentes, mas também, e sobretudo, para as futuras.

10.1. Conceito de sustentabilidade

O termo internacionalmente mencionado como “desenvolvimento sustentável ou


perdurável”, nasceu no documento conhecido como Relatório Brundtland (1987), fruto
dos trabalhos da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas,
Capítulo 10: Sustentabilidade

criada em assembleia em 1983.

Como definição inteligível dos conceitos anteriores foi assumido, posteriormente, o Princí-
pio nº 3 da Declaração do Rio (1992), que entende a sustentabilidade como:

“Aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações presentes


sem comprometer as possibilidades das futuras, para atenderem suas próprias
necessidades”.

III SUSTENTABILIDADE 107

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 107 1/11/2010 11:02:39


w w w.a n de ce.o rg

Ainda que a imprecisa definição mencionada acima


possa dar lugar, como de fato ocorre, a múltiplas inter-
pretações, também é certo que se tentarmos interpre-
tar as distintas frases da mesma encontramos aspectos
bastante claros:

“desenvolvimento que satisfaz as necessidades das


gerações presentes”

com uma indicação muito importante:

“sem comprometer as possibilidades das futuras”

Neste sentido, foram e serão realizados trabalhos


Gro Harlem Brundtland dirigidos a conscientização da sociedade atual de que
Criadora do Conceito de uma de suas responsabilidades históricas é preparar,
Sustentabilidade manter, melhorar e reparar o meio ambiente em que
vivemos e do qual dependerão de gerações futuras.

Passados mais de vinte anos, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento das


AN DEC E, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Nações Unidas, pediu um relatório que atualizasse nossos princípios éticos e estabelecesse
os princípios de uma sociedade sustentável.

Em junho de 2000, foi apresentado oficialmente em La Haya o texto da “Earth Chart” ou


“Carta da Terra”, sob os cuidados da Rainha Beatriz da Holanda. A seguir, são resumidos
alguns parágrafos deste documento que são de sumo interesse dentro do contexto da
sustentabilidade:

“A Terra é nosso lar. Está viva com uma comunidade vida única. As forças da na-
tureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra forneceu as
condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da
comunidade de vidas e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de
uma biosfera saudável, com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de
plantas e animais, terras férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global,
com seus recursos finitos, é uma preocupação comum para todos os povos. A
proteção da vitalidade, a diversidade e a beleza da Terra é um dever sagrado.

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambien-


tal, esgotamento de recursos e uma extinção massiva de espécies...

Isto requer uma mudança de mentalidade e de coração. Requer também um novo


sentido de interdependência global e responsabilidade universal.

108

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 108 1/11/2010 11:02:39


w w w. ande ce. o rg

Devemos desenvolver e aplicar imaginativamente a visão de um modo de vida susten-


tável a nível local, nacional, regional e global...”.

Poderia ser escrito um volumoso li-


vro com alegações, desenvolvimen-
to de princípios e idéias sobre o con-
ceito de sustentabilidade, mas não
é este o objetivo deste livro.

A seguir, informações concretas


que revelam a forma de colabo-
ração dos fabricantes de tubos de
concreto à sustentabilidade de nos-
so planeta.

O concreto se produz a partir de agregados, brita, cimento e água. De todas estas


matérias-primas, a única cuja obtenção pode ser considerada contaminante é o cimento.
No entanto, na fabricação de tubos de concreto sua intervenção representa apenas uma
pequena percentagem no peso deste produto.

10.2. Análise do ciclo de vida de um sistema de esgoto sanitário ou drenagem

Entre 1998 e 2001 o DTI – Department of Trade and Industry (Departamento de Comércio e
Indústria) do Reino Unido, organização de prestígio imparcial, financiou um estudo
realizado pela consultora holandesa independente INTRON. Neste estudo é comparada a
sustentabilidade de 7 tipos de tubos fabricados com distintos materiais com base no
método LCCA - Life Cycle Cost Analysis (Análise de Custo do Ciclo de Vida). O estudo ficou a
cargo da Concrete Pipe Association (Associação de Tubos de Concreto) do Reino Unido e,
como o objetivo principal era realizar um estudo de qualidade, aberto e transparente, foi
requisitado à Building Research Establishment (BRE), que o revisasse de uma maneira
crítica(*).
As características do estudo das conduções foram as seguintes (idênticas para todos os
materiais analisados):
Capítulo 10: Sustentabilidade

1 km
Em lâmina livre
Ambiente não agressivo
DN 300 e DN 450
1 a cada 100 m
50 anos

(*) Em caso de interesse pelo mencionado estudo, a ANDECE pode fornecê-lo sem custo algum. Solicite-o

III SUSTENTABILIDADE 109

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 109 1/11/2010 11:02:40


w w w.a n de ce.o rg

Os sete materiais estudados foram:


1) Tubos de Concreto.
2) Tubos de Cerâmica.
3) Tubos de PVC de parede compacta.
4) Tubos de PVC de Dupla Parede.
5) Tubos de PVC Estruturado.
6) Tubos de PP de Dupla Parede.
7) Tubos helicoidais de PEAD (PE HD).

Os poços de visita eram de concreto, análogos para todas as conduções, independente-


mente do material das mesmas.

O alcance do estudo englobou as seguintes fases:

• Extração de matérias-primas.
• Fabricação de todos os componentes da condução.
• Transporte de tais componentes até a obra.
- A distância média de transporte para os tubos de concreto e poços foi igualmente
tomada por 130Km. O número de fábricas que produzem tubos plásticos é menor
que o daquelas que produzem tubos de concreto, pois a distância de transporte
foi considerada igual ao dobro, ou seja, 260km.
Para os tubos plásticos o fator limitante para o transporte é o volume. No caso
das tubos de concreto é o peso.
• Construção da condução na obra.
- Foi assumido que o procedimento de construção e a qualidade do terreno de enchi-
mento eram os mesmos para todos os materiais. A distância de transporte média de tal
solo de reaterro foi considerado igual a 25km.
• Uso e manutenção da condução: Foi estabelecido em 50 anos.
- Foi considerado para este estudo que as condições de manutenção são similares
para todos os materiais.
• Demolição ou abandono do sistema:
- Chegou-se à conclusão de que não se trata de um fator discriminante.

A “robustez” dos resultados se comprovou mediante uma análise de sensibilidade, na qual


foram examinadas as hipóteses de maior importância para determinar seu efeito nos resul-
tados. Então foi desvendado o seguinte:

• A hipótese de que a distância média de transporte do solo de reaterro seja de 25Km é


conservadora, e representa o pior dos cenários para os tubos de concreto. Os resultados
obtidos são sensíveis à variação da referida distância, e o aumento da mesma é
desfavorável para os tubos plásticos, que requerem maior qualidade e volume de solo
de reaterro.

110

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 110 1/11/2010 11:02:40


w w w. ande ce. o rg

Ao analisar os gráficos obtidos pode-se chegar às seguintes conclusões:

Necessidade de recursos
As matérias-primas
que são utilizadas na Recursos
pré-fabricação de 0,6
concreto são natu-
rais, abundantes e não 0,5

Tubos de PVC de parede compacta

Tubos helicoidais de PEAD (PE HD)


contaminantes. Os 0,4

Tubos de PP de Dupla Parede


Tubos de PVC de Dupla Parede
recursos naturais e

Tubos de PVC Estruturados


0,3
econômicos consu- Tubos de Concreto

Tubos de Cerâmica
midos e os impactos 0,2
energéticos gerados
0,1
no processo, distri-
buídos pela vida útil 1 2 3 4 5 6 7
do produto são
menores que os
produzidos por outros EnergIa Consumida
produtos alternativos.
3

Consumo energético 2,5


Tubos de PVC de parede compacta

Tubos helicoidais de PEAD (PE HD)


Os tubos de concreto 2
Tubos de PVC de Dupla Parede

Tubos de PP de Dupla Parede


são os de menor
Tubos de PVC Estruturados

1,5
consumo. A eficácia
Tubos de Cerâmica
Tubos de Concreto

alcançada no proces- 1
so produtivo dos pré-
0,5
fabricados de concre-
to permitem a otimi- 1 2 3 4 5 6 7
zação do uso do
cimento, principal
componente consu- EmiSSÕES À AtmOsfera
midor de energia em
1,2
sua fabricação.
1
Capítulo 10: Sustentabilidade
Tubos de PVC de parede compacta

emissões à atmosfera
0,8
Tubos de PVC de Dupla Parede

Tubos de PP de Dupla Parede

Podemos comprovar
Tuboshelicoidais de PEAD (PE HD)
Tubos de PVC Estruturado

que a fabricação dos 0,6


Tubos de Cerâmica
Tubos de Concreto

tubos de PVC e PP 0,4


são aquelas que emi-
0,2
tem maior quanti-
dade de gases conta-
1 2 3 4 5 6 7
minantes.

III SUSTENTABILIDADE 111

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 111 1/11/2010 11:02:41


w w w.a n de ce.o rg

A utilização de tubos de concreto contribui com a redução da emissão de gases de


efeito prejudicial à atmosfera.

Desperdício rESÍDuOS
Os tubos de concreto 30
são os que mais
25
produzem resíduos

Tubos helicoidais de PEAD (PE HD)


Tubos de PVC de parede compacta
sólidos, mas deve ser 20

Tubos de PVC de Dupla Parede

Tubos de PP de Dupla Parede


observado um detalhe

Tubos de PVC Estruturados


15
de grande impor-
Tubos de Cerâmica
Tubos de Concreto

tância. Não apenas 10


todo o resíduo do
5
produto é 100%
reciclável, mas ainda 1 2 3 4 5 6 7
todos os materiais se
integram perfeitamente ao meio ambiente, sem alterar nem contaminar sua
composição natural.

Considerações sociais
A grande acessibilidade às matérias-primas, as quais podem ser encontradas nas
A NDEC E, Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

proximidades de qualquer localização geográfica, o menor raio de transporte e a


menor importância relativa aos investimentos necessários, permitem uma
implementação mais local, contribuindo com o desenvolvimento social em um
grande número de áreas geográficas, em muitos casos economicamente deprimidas.

A principal conclusão do estudo foi que:

O concreto é um material sustentável para os tipos de


conduções estudadas.
O impacto ambiental dos tubos de concreto é menor que
o dos tubos plásticos fabricados com diferentes matérias-
primas (PVC, PE e PP).

Nesse sentido, a consultora INTRON destacou os seguintes dados de interesse:

Com a energia que se economiza por cada quilômetro de canalização


utilizando tubos de concreto DN 450 ao invés de tubos de PVC de parede
compacta, um caminhão carregado com tubos de concreto poderia dar
uma volta e meia ao redor do mundo .

112

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 112 1/11/2010 11:02:41


w w w. ande ce. o rg

Além disso, constata-se que, no universo dos tubos plásticos, os fabricados em PVC são os que
apresentam uma menor compatibilidade ambiental, tal como indicado por outros fabricantes
de tubos plástico de polietileno e polipropileno.

Numerosos estudos sobre as emissões de gases, os vazamentos e os resíduos gerados du-


rante a fabricação do policloreto de vinila, como matéria-prima, constataram a formação e
emissão de substâncias organo-cloradas extremadamente tóxicas ao ambiente, junto a
metais pesados e outras substâncias contaminantes. Além disso, o processo de reciclagem
do PVC produz emissões de substâncias tóxicas ao meio ambiente. Durante a trituração e
pulverização foi documentada a emissão de ácido clorídrico e benzeno.

Desde 1987, mais de duzentos municípios da Alemanha e muitos outros países europeus
proibiram ou restringiram a utilização de elementos fabricados com PVC (tubos, conexões,
etc.) como material de construção nas obras públicas. Esta iniciativa surgiu na cidade
alemã de Bielefeld depois de um incêndio em um prédio público, onde ocorreram graves
danos materiais devido à corrosão por ácido clorídrico. Investigações posteriores
mostraram outros problemas como contaminação por dioxinas.

10.3. Sustentabilidade dos tubos de esgoto sanitário e drenagem

Diante de todo o exposto pode-se dizer que os tubos de concreto são produtos que respei-
tam o meio ambiente, fabricados com produtos naturais e não contaminantes, presentes em
nosso planeta no mesmo estado em que se encontram como produto final e que
cumprem com perfeição as exigências expressas no relatório Brundtland:

Satisfazem as necessidades das gerações presentes


sem
comprometer o direito das gerações futuras de satisfazerem
suas próprias necessidades.

Esta afirmação, tão simples e ao mesmo tempo tão importante, não pode ser feita pelos fabrican-
tes de tubos de plástico. Todas elas utilizam derivados de um combustível fóssil como o petróleo:
Capítulo 10: Sustentabilidade

• Tubos de PVC: a matéria-prima é produzida com uso de etileno e cloro, este último
altamente contaminante.

• Tubos de PE e PP: as matérias-primas utilizadas são, respectivamente, o etileno e o propileno.

• Tubos de PRFV: são fabricadas a partir de poliéster (matéria-prima estireno, alta-


mente inflamável) e fibra de vidro.

III SUSTENTABILIDADE 113

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 113 1/11/2010 11:02:41


w w w.a n de ce.o rg

Nesse ponto do Século XXI, por sorte ou por infelicidade, já são conhecidos os efeitos
produzidos sobre o Meio Ambiente das indústrias que utilizam, para a fabricação de seus
produtos, derivados da petroquímica e do cloro.

No último Relatório sobre a Mudança Climática, dos peritos reunidos em Valência


(Espanha, novembro de 2007), entregue ao Secretário Geral das Nações Unidas, a
conclusão mais importante foi:

“O homem é o maior contribuinte, com suas decisões, em prejudicar o atual Meio Am-
biente”

Todos temos entre nos-


sas responsabilidades
a luta pela preservação
do meio ambiente. Isso
nos leva ao uso e reco-
mendação daqueles sis-
temas, processos e pro-
dutos que mantenham,
da melhor maneira pos-
sível, a sustentabilidade
de nosso planeta Terra.

(*) Maiores informações sobre o assunto podem ser encontradas em:

• Documentações diversas da American Concrete Pipe Association – ACPA


(Associação Americana de Tubos de Concreto).
• Catálogos de fabricantes de tubos plásticos.
• Environmental Assessment of UK Sewer Systems. Groundbreaking Research. (Avaliação
Ambiental dos Sistemas de Esgoto do Reino Unido. Pesquisas Inovadoras.).

114

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 114 1/11/2010 11:02:42


TUBULAÇÃO

já tendo sido desenvolvida, nos capítulos anteriores

deste livro, uma comparação suficientemente ampla

para cada um dos aspectos relevantes na hora de es-

colher os componentes de uma rede de esgoto, chega

o momento de analisar todos estes aspectos em

conjunto e chegar a conclusões sobre quais são os

componentes adequados para cada caso.

Os argumentos que há algum tempo colocavam os tu-

bos plásticos em uma posição vantajosa sobre os

tubos de concreto e concreto armado, concernente a

algumas características importantes em uma rede de

esgoto (estanque, por exemplo), deixaram de ser uma

deficiência para as segundas e, inclusive, se

transformaram em um de seus pontos fortes, graças

ao desenvolvimento tecnológico que foi realizado

desde aqueles tempos até a atualidade.

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 115 1/11/2010 11:02:43


w w w.a n de ce.o rg

Os tubos plásticos possuem, como todo produto, seu campo adequado de aplicação. Mas
este, na grande maioria dos casos, sem dúvida, não é o das instalações de esgoto e
drenagem.

Os tubos de concreto armado representam, por si próprios, uma boa solução face a luta
que os responsáveis pelas obras enfrentam contra o tempo. Mais ainda quando utilizados
dentro dos centros urbanos. Ao tratar-se de estruturas autoportantes, uma vez situado o
tubo sobre seu leito de areia, somente cabe realizar o preenchimento e a compactação do
terreno até chegar à reposição da superfície, reduzindo o tempo de obra que causa
transtornos à cidade e gera perdas econômicas e de qualidade de vida para os cidadãos.

A união mediante junta elástica dos tubos de concreto armado, entre si e com os poços de
visita e com peças especiais, torna uma rede de esgoto realizada com elementos pré-
fabricados de concreto um conjunto a prova de vazamento, formado por uma estrutura
auto resistente e que irá melhorar suas propriedades ao longo do tempo. Não deve se es-
quecer que enquanto as propriedades dos tubos plásticos decrescem, as do concreto,
crescem.

As normas definem as características, propriedades, dimensões e condições adequadas de


AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

instalação, que devem ser seguidas por tubos, poços e peças especiais fabricadas em
concreto armado (Normas UNE-EN 1916 e 1917, UNE 127916 e 127917, e EN1610).

A demarcação , obrigatória para os tubos de concreto, e garantia de cumprimento dos


critérios mínimos de segurança, exige que o fabricante possua instalações e pessoal ade-
quado para realizar o controle contínuo da produção e do produto, certificando o cumpri-
mento dos parâmetros estabelecidos em todos os ensaios pertinentes. Os tubos plásticos
não dispõem, atualmente, de demarcação , já que a Norma UNE-EN 13476, que as regu-
la, não é uma Norma harmonizada, ou seja, não foi adotada como obrigatória em âmbito
europeu.

Alguns fabricantes, cujo número aumenta a cada dia, além do controle interno da qualidade
de seus produtos, estão obtendo as Marcas de Qualidade de produto através das empresas
homologadas para tanto, que certificam, não apenas a qualidade dos produtos, mas tam-
bém a credibilidade dos processos.

116

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 116 1/11/2010 11:02:43


w w w. ande ce. o rg

CAPÍTULO 11

PARÂMETROS A SEREM CONSIDERADO NA ESCOLHA DE


UM TUBO PARA ESGOTO OU DRENAGEM

Quando um técnico tem diante de si o projeto de uma rede de esgoto, deve ponderar
muito bem qual é a solução que melhor se ajusta às necessidades do projeto (diâmetros
necessários, classe de resistência, tipo de terreno, etc.). Os tubos mais apropriados para
um projeto são os que melhor cumprem, em conjunto, os seguintes requisitos:

• Cumprimento dos parâmetros técnicos:


- Capacidade hidráulica.
- Capacidade suportável ou de tolerância a cargas.
- Estabilidade.
- Resistência à deterioração física.
- Estabilidade térmica.
- Manuseio e leveza.
- Segurança.

Capítulo 11: Parâmetros a serem considerados na escolha de um tubo para esgoto


• Sustentabilidade.

• Custo:
- No projeto.
- Em uso.

IV CONCLUSÕES: ESCOLHA DO TUBO 117

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 117 1/11/2010 11:02:44


w w w.a n de ce.o rg

Capacidade hidráulica

Todos os tipos de tubos para esgoto em serviço possuem o mesmo coeficiente “n”
de Manning, seja qual for o material do qual são compostos.

• O uso de tubos plásticos não


permite a diminuição do diâmetro
interno. Isto geraria um sub-
dimensionamento do sistema que
pode dar origem a inundações
quando ocorrerem chuvas torren-
ciais ou gerar depósitos de sedi-
mentos em condições normais de
operação, por ser a velocidade do
fluido menor que a projetada.

• A capacidade hidráulica é determinada pelo coeficiente “n” de Manning e pelo DIÂME-


TRO INTERNO. Isto implica que, na maioria dos casos, ainda que se escolha o mesmo
diâmetro nominal, ao optar-se por uma tubulação plástica também se estará subdi-
mensionando o sistema.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

Tubo de concreto armado Diâmetro Nominal = Diâmetro Interno.


Tubo plástico Diâmetro Nominal = Diâmetro Externo (quase sempre).

• A parede interna dos tubos plásticos


corrugados não é lisa. Uma vez em serviço
(sob cargas mecânicas) é produzida uma
ondulação da parede interna conhecida
como Corrugation Growth (Crescimento de
Superfície Corrugada) que diminui a
capacidade hidráulica.

• As grandes deformações que ocorrem


nos tubos plásticos diminuem a ca-
pacidade hidráulica. A consequente
deformação oval provoca o aumento do perímetro úmido e a diminuição da altura da
coluna de água da seção (energia potencial), diminuindo assim, o escoamento em
condições de lâmina livre.

Os tubos de concreto possuem, no mínimo, as mesmas


características hidráulicas que os de plástico lisos.

118

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 118 1/11/2010 11:02:44


w w w. ande ce. o rg

Capacidade de tolerância a cargas

A resposta estrutural (resistência a cargas mecânicas as quais o sistema se submete)


depende tanto do tubo como das propriedades conferidas ao terreno da instalação.

• O comportamento mecânico dos tubos plásticos é SEMPRE extremamente dependente


da instalação (o terreno re-
presenta até cerca de 90%
da capacidade resistente
do sistema). Desta forma se
compromete a integridade
mecânica do sistema, já
que o elemento realmente
resistente é executado no
local. Em inúmeras ocasi-
ões não se alcança a com-
pactação necessária nas Fonte: BASAL
laterais do tubo.

Capítulo 11: Parâmetros a serem considerados na escolha de um tubo para esgoto


• O comportamento mecânico dos tubos de concreto é muito pouco dependente da
instalação (o tubo representa até 90% da capacidade resistente do sistema). Desta
maneira podem ser aproveitadas todas as vantagens da pré-fabricação em relação ao
controle de qualidade, com o qual o sistema é muito mais resistente e confiável.

• As propriedades mecânicas dos materiais plásticos decrescem com o tempo, devido ao


fenômeno de fluência ou fluxo que ocorrem uma vez que estão em carga.

• As características resistentes do concreto melhoram no decurso temporal, o que se tra-


duz em uma maior garantia de sua resistência estrutural a longo prazo.

• A única modalidade de insta-


lação que oferecem os tubos
plásticos é em vala, en-
quanto que os tubos de
concreto armado podem ser
instaladas em vala, em aterro,
em vala induzida em aterro ou
por cravação, o que for mais
adequado.

Os tubos de concreto armado são resistentes por si mesmos.

IV CONCLUSÕES: ESCOLHA DO TUBO 119

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 119 1/11/2010 11:02:46


w w w.a n de ce.o rg

Estabilidade

Quando um sistema de
esgoto for instalado
abaixo do nível do lençol
freático, seja casualmente
(chuvas) ou permanen-
temente, a água exterior
exerce uma pressão sobre
a tubulação que pode
chegar a desestabilizá-la.

• Os tubos plásticos
podem apresentar
sérios problemas de
flutuação devido a seu
peso inferior. Neste
caso, a única solução
para garantir a esta-
bilidade do sistema é seu travamento em um leito de concreto mediante amarras.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

• Os tubos de concreto armado são estruturalmente estáveis. Uma vez instalados seu
próprio peso se encarrega de que se mantenham na posição adequada, pois não são
afetados pelos pequenos assentamentos do terreno nem pela pressão exercida pela
água.

Fonte: BASAL Fonte: BASAL

Os tubos de concreto armado solucionam os


problemas de flutuação.

120

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 120 1/11/2010 11:02:47


w w w. ande ce. o rg

Resistência à deterioração física

A abrasão é um fenômeno físico que ocorre em todos os tipos de tubulações.

Todo sistema de esgoto requer processos de limpeza com pressão de


água para eliminar depósitos.

Abrasão
• A Norma UNE-EN 13476 determina as espessuras mínimas admissí-
veis entre 1 e 5mm (DN110 e DN1200, respectivamente) para tubos
plásticos.

• A Norma UNE-EN 127916 determina as espessuras mínimas admissí-


veis entre 45 e 280mm (DN150 e DN3000, respectivamente; 125 para
DN1200) para os tubos de concreto. O recobrimento mínimo exigido
(espessura da superfície do tubo até sua armadura) é de 20mm.

• Mesmo em condições de laboratório (sem depósitos e biofilme nas

Capítulo 11: Parâmetros a serem considerados na escolha de um tubo para esgoto


paredes do tubo), onde os tubos de concreto sofreriam um maior
desgaste por abrasão em termos absolutos (milímetros de material
arrancados por abrasão sob as mesmas condições), dada a superiori-
dade do recobrimento de um tubo
de concreto armado face a
espessura da parede interna de um
tubo plástico de mesmo diâmetro
nominal, as tubulações de concre-
to armado são mais resistentes à
abrasão que os tubos plásticos.

Limpeza
• Os tubos de concreto armado aguentam a ação de
jatos a uma pressão superior a 300bar.

• Os tubos de plásticos podem sofrer danos du-


rante o processo de limpeza quando a pressão neces-
sária para eliminar os depósitos pesados é superior a
120bar.

Os tubos de concreto armado são muito menos afetados


pela abrasão e não sofrem danos com processos de limpeza.

IV CONCLUSÕES: ESCOLHA DO TUBO 121

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 121 1/11/2010 11:02:48


w w w.a n de ce.o rg

Estabilidade térmica

Todas as tubulações podem ser afetadas pela radiação solar ou pelas altas
temperaturas durante sua estocagem na obra. Em certas ocasiões, seja por projeto ou
acidentalmente, os condutores podem transportar substâncias inflamáveis.

• Se uma condução de plástico sofrer ação do fogo, isto gerará, sem nenhuma
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

dúvida, sua destruição e o colapso do sistema.

• Os tubos plásticos podem


também apresentar graves
problemas devido a ação dos
raios solares ou a exposição à
elevadas temperaturas, espe-
cialmente durante sua estoca-
gem.

• Um tubo de concreto armado


sai ileso de um incêndio em seu
interior ou da exposição a qualquer temperatura ambiente ou radiação solar.

• Os tubos plásticos perdem sua flexibilidade quando são submetidos à temperaturas


muito baixas. Diante destas condições eles tornam-se rígidos. Se os operários desconsi-
deram isto e os manusearem de igual maneira que fariam sob temperaturas normais,
os tubos plásticos podem se romper facilmente.

Os tubos de concreto armado são resistentes ao fogo, à


ação dos raios ultravioleta e às altas temperaturas.

122

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 122 1/11/2010 11:02:48


w w w. ande ce. o rg

Manuseio e peso

A maior parte de baixas trabalhistas estão relacionadas com problemas nas costas. Estas
baixas, além de ameaçar a saúde dos trabalhadores, geram um enorme custo tanto para
as empresas como para os contribuintes.

• As leis de prevenção
de riscos laborais es-
tabelecem as cargas
máximas que uma
pessoa pode erguer.
A tendência em toda
Europa é estabelecer
o limite de 25kg.

• Para a grande maio-


ria dos diâmetros
utilizados em redes

Capítulo 11: Parâmetros a serem considerados na escolha de um tubo para esgoto


de esgoto e drena-
gem, o manuseio
dos tubos plásticos
requer o uso de
maquinário.
Exemplo: um tubo
compacto de PVC
deixa de ser “manu-
seável” (peso acima
de 50 kg) a partir do
DN 315.

• Os custos de manu-
seio de cargas com
maquinário estão
associados à quan-
tidade de tempo de
uso do mesmo, e
não ao peso da car-
ga manuseada.

Os tubos de concreto armado têm os mesmos custos de


manuseio que os de plástico para a maioria dos DN.

IV CONCLUSÕES: ESCOLHA DO TUBO 123

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 123 1/11/2010 11:02:49


w w w.a n de ce.o rg

Segurança

Um sistema de esgoto deve ser a prova de vazamentos. Os vazamentos podem conta-


minar o meio e os aquíferos ou socavar o terreno produzindo colapsos ou assentamentos.
As infiltrações podem sobrecarregar os sistemas de tratamento de águas.

• Os tubos de concreto armado incorporam, em cada uma de suas uniões, juntas elasto-
méricas que garantem a estanqueidade. Os tubos de plástico contemplam este tipo de
união, mas também outros, como a união soldada, que pode apresentar problemas
ante a assentamentos do terreno ou contrações (se instalado o tubo aquecido devido
às condições ambientais durante a estocagem).

• Os tubos de concreto armado são rígidos. Praticamente não se deformam, sendo que o
sistema de uniões com juntas elastoméricas garante a estanqueidade. Os tubos
plásticos sofrem grandes deformações (de até 15%), onde o correto funcionamento
destas juntas se torna seriamente comprometido.

• Dado que os tubos de concreto armado são curtos (normalmente apresentam um


comprimento de 2,5m, comparado aos 6m dos de plástico) e as uniões com juntas elasto-
méricas apresentam certa
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

folga, absorvendo assenta-


mentos e irregularidades,
podendo-se seguir com eles o
percurso do projeto sem
recorrer a elementos especiais
(cotovelos). Estes elementos
especiais, além de serem
negativos para a característica
hidráulica do sistema, se
comportam de maneira
diferente em termos mecâni-
cos, fazendo com que as
deformações ocorridas com o
tubo e com o acessório sob
um mesmo estado de cargas
sejam distintas, em detrimento
novamente, da garantia de
estanqueidade.

Os tubos de concreto armado são projetados com uniões que


garantem a estanqueidade mediante juntas elastoméricas.

124

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 124 1/11/2010 11:02:50


w w w. ande ce. o rg

Sustentabilidade

A sustentabilidade é uma questão que afeta a todos os setores da indústria e da socieda-


de, que devem ambas estar em harmonia.

• Os tubos plásticos são fa-


bricados com matérias-pri-
mas procedentes do petró-
leo (PVC, PE e PP), enquanto
que os tubos de concreto
são constituídos por subs-
tâncias naturais não preju-
diciais ao meio ambiente,
que podem ser reintegradas
sem causar o menor pre-
juízo após o concreto ser
reduzido a brita.

Capítulo 11: Parâmetros a serem considerados na escolha de um tubo para esgoto


• Os tubos plásticos conso-
mem mais recursos que os
tubos de concreto armado.

• Os tubos plásticos con-


somem muito mais energia
que os tubos de concreto ar-
mado tanto em seu processo
de fabricação como em sua
reciclagem.

• Os tubos de concreto armado produzem grande quantidade de resíduos sólidos uma


vez descartados, mas são recicláveis (incorporam um concreto novo como agregado
reciclado – este concreto alcança uma resistência superior aos convencionais –, base
firme de estradas…) e reutilizáveis com um custo energético muito reduzido.

• Os tubos de concreto armado utilizam mão de obra e recursos locais.

• Os tubos de concreto armado possuem uma vida útil muito superior aos tubos
plásticos.

Os tubos de concreto armado são fabricados com matérias-


primas naturais e facilmente recicláveis.

IV CONCLUSÕES: ESCOLHA DO TUBO 125

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 125 1/11/2010 11:02:50


w w w.a n de ce.o rg

Custos

O preço é determinante na hora de escolher entre várias soluções existentes. Os


custos devem ser avaliados em seu conjunto, tanto a curto como a longo prazo,
considerando-se credibilidade e durabilidade.
AN DE CE , Associação Nacional de Pré-fabricados e Derivados de Cimento

• Para a maioria dos diâmetros comercializados os tubos de concreto são mais


econômicos em termos de custo de unidade de obra.

• Para os demais casos, os tubos de concreto ainda são mais baratos em termos de custo
de amortização (trata-se de considerar o custo da instalação por ano de vida útil) já que
a duração dos tubos de concreto armado é no mínimo 40% (pode chegar até 50%)
superior a dos tubos plásticos.

• Os sistemas de esgoto de plástico são menos confiáveis que os de concreto, já que sua
integridade estrutural e garantia de estanqueidade é menor, sendo que o gasto em
tarefas de manutenção é muito superior.

Os tubos de concreto armado permitem economia a curto e


longo prazo.

126

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 126 1/11/2010 11:02:51


w w w. ande ce. o rg

BIBLIOGRAFIA

• “Recomendações para tubulações de concreto armado em redes de esgoto e drena-


gem”. Publicado pelo Centro de Estudos Hidrográficos do CEDEX.
• “Tubulações de PVC – Manual Técnico”: Editado pela ASETUB.
• “Manual de Saneamento Uralita”: Editado por Uralita Sistema de Tubulações, S.A.
• “Revista de Obras Públicas: Contribuição ao cálculo hidráulico de Tubos e Notas sobre
conduções em lâmina livre” (Outubro 1968 e Maio 1991).
• “Tubulações” de Jose Maria Mayol Mallorqui – Editores Técnicos Associados, S.A.
• “Tubulações de PVC – Manual Técnico – ASETUB”, AENOR Edições – 2006.
• “Concrete Pipe Handbook” (Manual de Tubos de Concreto) – American Concrete Pipe Asso-
ciation (Associação Americana de Tubos de Concreto).
• “Norma UNE-EN 1916: Tubos e peças complementárias de concreto em massa, concreto
armado e concreto com fibra de aço”.
• “Norma UNE-EN 127916: Tubos e peças complementárias de concreto em massa, concreto
armado e concreto com fibra de aço. Complemento nacional da Norma UNE-EN 1916”.
• “Norma UNE-EN 13476: Sistemas de canalização em materiais plásticos para escoamento e
esgoto enterrados sem pressão”.
• “Sistemas de canalização de parede estruturada de poli(cloreto de vinil) não plastificado
(PVCU), polipropileno (PP) e polietileno (PE)”.
• “Manual de Cálculo, Projeto e Instalações de Tubos de Concreto Armado - ATHA”.
• “Evaluation of HDPE Pipelines Structural Performance on Texas DOT and Municipal Projects”
(Avaliação de Performance Estrutural de Tubulações HDPE no Texas e Projetos Municipais) –
Dr. A. Abolmaali, Ph.D. P.E. e Dr. A. Motahari, Ph.D., Univ. do TX em Arlington.
• “Evaluation of HDPE Pipe Performance on KY DOT and OH DOT Construction Projects” (Ava-
liação de Performance Estrutural de Tubulações HDPE em Kentucky e Projetos de Construção
de Ohio) – Pipeline and Drainage Consultants (Consultores de Tubulação e Drenagem).
• “The Economic Costs of Culvert Failures” (Os Baixos Custos das Falhas nas Canalizações)
– Joseph Perrin, Jr. & Chintan S. Jhaveri. Prepared for the Transportation Research Board,
January 2004 (Preparado para a Comissão de Pesquisa de Transportes, Janeiro de 2004).
• “Condition Investigations of HDPE Pipe In-Service In the United States (Six States)”, January
24, 2002 (Investigações de Condição dos Tubos HDPE em serviço nos Estados Unidos (Seis
Estados), 24 de Janeiro de 2002) - Todd Nelson, Project Engineer; Wiss, Janney, Elstner Asso-
ciates, Inc (Todd Nelson, Engenheiro de Projeto; Wiss, Janney, Elstner Associados).

127

Libro Sist Saneamiento_portugues.indd 127 1/11/2010 11:02:51

Vous aimerez peut-être aussi