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COMO ACELERAR SUA

APROVAÇÃO COM O ESTUDO


EM MULTIPERSPECTIVA
BOM NO DIREITO
COMO ACELERAR SUA APROVAÇÃO COM O
ESTUDO EM MULTIPERSPECTIVA

Sumário

1. ACELERANDO SUA APROVAÇÃO: A PREPARAÇÃO CADENCIADA EM MULTIPERSPECTIVA. .... 2

2. COMO REALIZAR UM ESTUDO SIMULTÂNEO CADENCIADO? ................................................... 7

3. AS “NOVAS HABILIDADES”: TÉCNICAS PARA PONTUAR ALTO NA 2ª FASE. ............................ 10

4. ONDE ENCONTRAR MATERIAL PARA O ESTUDO EM MULTIPERSPECTIVA? ........................... 13

5. HORA DO TREINO .................................................................................................................... 19

5.1. TREINO ADVOCACIA PÚBLICA .......................................................................................... 20

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE) .......................................................................................... 20

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE) .......................................................................................... 35

5.2. TREINO MAGISTRATURA FEDERAL ................................................................................... 55

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE) .......................................................................................... 55

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE) .......................................................................................... 64

5.3. TREINO MAGISTRATURA ESTADUAL ................................................................................ 89

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE) .......................................................................................... 89

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE) ........................................................................................ 100

5.4. TREINO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ...................................................................... 111

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE) ........................................................................................ 111


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SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE) ........................................................................................ 121


@bomnodireito

6. UM CONVITE ESPECIAL ......................................................................................................... 134

7. QUEM SOMOS? .................................................................................................................... 135


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1. ACELERANDO SUA APROVAÇÃO: A PREPARAÇÃO
CADENCIADA EM MULTIPERSPECTIVA.

Se hoje você tivesse que fazer uma prova subjetiva para ingresso em carreira
jurídica de alto nível (Magistratura, Advocacia Pública, Ministério Público, etc.), se
sentiria preparado (a)?

Ou então imagine que o resultado da 1ª fase fosse divulgado hoje e seu


nome estivesse na lista de aprovados para realizar a etapa subjetiva dentro de 30 dias.
Você estaria confiante? Acha que um mês (ou mesmo dois) seria tempo suficiente para
você aprender a passar na 2ª fase?

E se o concurso dos seus sonhos fosse daqueles em que as provas objetiva e


subjetiva acontecem no mesmo final de semana, você saberia como conciliar o estudo
para ambas as provas?

Se tem dúvida ou respondeu “não” para qualquer uma dessas perguntas,


esse e-book é para você. Leia-o com atenção, porque ele pode lhe economizar várias
reprovações e talvez até anos de estudo.

Calma, não é nenhuma fórmula mágica. Mas, com base na nossa experiência
e na de diversos outros aprovados em concurso, descobrimos que a maioria dos
APROVADOS em cargos de alto nível orienta sua rotina de estudos levando em conta
tanto a 1ª quanto a 2ª fase, especialmente aqueles que passaram rapidamente (i.e. em

ÍNICIO
torno de 2 anos).

Eu, Jorge, por exemplo, quebrei a cara na minha primeira prova subjetiva.
Não sabia nem (i) como estudar, (ii) que tipo de conteúdo era exigido e, muito menos,
(iii) qual a melhor forma de escrever uma resposta discursiva. E por que isso? Por que
eu era “burro”? Não... simplesmente porque eu ignorava o estudo para a 2ª fase até o
momento em que fui convocado para fazer uma!

Nessa primeira derrota, aprendi a lição: precisava estudar para a etapa


subjetiva durante meu estudo regular, enfiar a cara só na “reta final” não era o suficiente
para garantir minha aprovação. Com muito esforço reuni materiais e treinei para ambas
as fases ao mesmo tempo, fui aperfeiçoando a prática até conseguir 18 aprovações em
concursos, 4 delas em primeiro lugar e, assim, aposentar os estudos em pouco mais de
2 anos.
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“Mas meus colegas concurseiros só estudam para a primeira fase”...você


@bomnodireito

pode estar pensando... nada mais justo, eu pensei isso naquela época, mas tomei
coragem e arrisquei fazer diferente. Deu certo... e hoje descobri que não fui um caso
isolado. Já como procurador, comecei a notar que diversos colegas juízes, procuradores,
promotores e defensores também estudaram de forma simultânea para ambas as fases.
3
Entretanto, enquanto professor, notei que a maioria dos alunos ignora o
estudo para a 2ª fase até chegar na véspera da reta final, gerando ansiedade, dificuldade
e – por fim – reprovações.

Assim, chegamos a uma conclusão alarmante: a maioria dos


CONCURSANDOS estuda só para a primeira fase, enquanto a maioria dos
APROVADOS estudou de maneira MULTIPERSPECTIVA, levando em conta
todas as fases do concurso.

Esta é a razão que fundamenta a elaboração do presente E-book:


DESPERTAR A CONSCIÊNCIA DE QUE FAZ SENTIDO LEVAR AMBAS FASES EM
CONSIDERAÇÃO NO SEU ESTUDO REGULAR, ainda que hoje você não esteja cara a cara
com uma prova subjetiva.

No próximo tópico, ensinaremos COMO ESTUDAR EM MULTISPERSPECTIVA


sem deixar de preservar o máximo FOCO no estudo para a etapa objetiva.


Antes, porém, quero mostrar o que geralmente acontece quando o
concurseiro procrastina o estudo da fase subjetiva para a última hora, conforme diversas
mensagens que eu e o Prof. Valter Ventura recebemos – constantemente - de alunos ÍNICIO
em situação de reta final:

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ÍNICIO

@bomnodireito
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Como você pode ver, as dúvidas são recorrentes e generalizadas.
Se por um lado há o receio de não priorizar a 1ª fase (objetiva), por outro
bate o medo de negligenciar 100% o estudo pré-edital para a etapa
subjetiva... e assim restar inviabilizada a chance de aprovação na
“segundona”.

E os principais fatores de ponderação são: (i) o pequeno lapso de tempo que


costuma ser ofertado pelas bancas examinadoras entre as etapas objetiva e subjetiva e
(ii) o sentimento de inexperiência do aluno, que não se sente apto a enfrentar os
concorrentes mais “experientes” em pé de igualdade.

Vejamos o caso real de uma aluna que precisou enfrentar uma prova
discursiva pela primeira vez. Ela nos confidenciou que treinou apenas na “reta final” e
que não tinha conseguido simular adequadamente (com o uso de cronômetro) a
resolução de questões subjetivas, tanto em virtude do pequeno lapso de tempo entre
as provas de 1ª e 2ª fase quanto pelo fato de ter destacado 90% da sua energia para
revisar os materiais (cadernos e livros de doutrina). Consequência disso é que o
aprendizado da candidata ficou todo para o momento da estreia oficial, conforme se
depreende das mensagens abaixo:


ÍNICIO

No caso concreto, a candidata teve que enfrentar 3 dias seguidos de prova -


com a seguinte configuração: 1 peça de até 120 linhas e 3 questões discursivas de até
30 linhas por dia, e o tempo de realização fornecido pela banca foi de 5 horas.

A rigor, essa formatação de prova não é das piores. Basta dividir o tempo
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pelo número de questões/parecer que se chegará a um resultado de aproximadamente


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45 minutos para resolver cada questão de 30 linhas e 2h45m para resolver o parecer.
Concursandos mais experientes sabem que esse cenário não é dos mais tensos, podendo
até mesmo ser considerado “suave”.

Acontece que a candidata, por falta de treino e experiência, acabou


gerenciando o tempo de maneira inadequada. Em vez de começar pelo parecer, que era
mais complexo e tinha muitos pontos de abordagem, decidiu começar pelas questões e
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cometeu o equívoco do preciosismo – gastou mais de 1 hora para resolver cada questão
de 30 linhas, de modo que somente lhe restou 1 hora para elaborar o parecer de 120
linhas. Típico erro de quem não está acostumado (a) com a dinâmica da 2ª fase.

Outra reclamação clássica de alunos reprovados na 2ª fase é a de que “faltou


tempo” para aprender a melhor redigir questões subjetivas ou peças/sentenças:

De fato, ele está certo..., mas o que não percebeu é que, para ter
esse “tempo a mais” de treino, bastava ter começado a estudar antes para
a 2ª fase, ainda que de forma CADENCIADA... e com isso, de
repente, se tornaria juiz do TRF 2, no Espírito Santo, sua 
terra natal, nesse mesmo ano..., contudo, a ÍNICIO
procrastinação em estudar para a 2ª fase possivelmente
retardará sua posse em um ou dois anos...

Tomando por base as experiências reais que ora compartilhamos, fica nítido
que grande parte dos concursandos não costumam pensar na segunda fase antes de
passar na primeira, optando por vivenciar 100% da preparação para a etapa subjetiva
nos moldes do esquema “reta final”. Essa postura acaba resultando em um dos
seguintes cenários: (i) o candidato chega totalmente “cru” na primeira “segundona” e
dificilmente passa ou (ii) o candidato precisa enfrentar muitas etapas subjetivas até
adquirir maturidade e estar preparado para passar.

Em outras palavras, a filosofia de estudar para a segunda fase desde a


preparação para a primeira é ESSENCIAL, muito embora os concursandos em geral não
tenham o costume ou simplesmente não saibam como fazer.

Então,... como fazer isso? É o que veremos no próximo tópico.


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2. COMO REALIZAR UM ESTUDO SIMULTÂNEO
CADENCIADO?

Como vimos no tópico anterior, quem estabelece contato com as


abordagens de segunda fase - antes mesmo de se encontrar nessa etapa - passa a ter
uma grande vantagem competitiva, inclusive com a possibilidade de passar já na
primeira etapa subjetiva disputada, evitando diversas frustrações e acelerando em
muito a aprovação.

Não por acaso, sempre sugerimos que os concursandos busquem planejar


seus estudos regulares de modo a levar em conta também a etapa subjetiva, ainda que
inicialmente numa intensidade bastante reduzida.

Isto porque ainda somos usualmente surpreendidos com o recebimento de


mensagens como esta:


ÍNICIO

Assim, percebemos que, embora fosse clara para nós, aprovados, a maneira
pela qual se deve estudar para ambas as fases simultaneamente, muitos alunos ainda
não sabem exatamente como executar tal estudo de maneira eficiente.

E, mesmo quando sabem, tais candidatos não dispõem de um material


de estudo que facilite essa empreitada.

O grande desafio, que ora compartilhamos, está em descobrir a melhor


maneira de se realizar uma preparação simultânea que leve em conta: (i) as condições
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pessoais do concursando, (ii) uma estratégia de estudo direcionada e eficiente e (iii) uma
@bomnodireito

cadência que possa ser considerada ideal e não prejudique o alcance do objetivo maior,
que é a aprovação em todas as fases do certame com chance efetiva de posse.

Após muitas respostas e feedbacks de alunos, bem como conversas com


diversos aprovados e professores, desenvolvemos o que chamamos de ESTUDO
CADENCIADO EM MULTIPERSPECTIVA, no qual é possível realizar o estudo simultâneo
para as etapas objetiva e subjetiva sem prejudicar a preparação para a primeira fase.
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Conforme aprofundaremos em seguida, é cadenciado porque sua
dinâmica acontece sem grandes sacrifícios em termos de tempo de estudo – 3
a 6 horas semanais são suficientes para cumprir o programa.

E o que significa um estudo em MULTIPERSPECTIVA?

Significa estudar os pontos de ALTÍSSIMA INCIDÊNCIA - para a sua


carreira - dentro de um processo que permita a assimilação em MULTIPERSPECTIVA do
conhecimento necessário para ser aprovado tanto na fase objetiva quanto na subjetiva
e sob o enfoque dos principais canais de conteúdo (lei, doutrina e jurisprudência). A
premissa básica é estudar cada tema considerando tanto os desdobramentos mais
recorrentes na prova objetiva quanto os mais recorrentes na subjetiva.

Embora não haja uma regra única e absoluta, a prática demonstra ser
possível distinguir dois perfis básicos de concursandos que decidem estudar para a
etapa subjetiva, a saber: (i) por opção, quando o(a) estudante decide estudar
simultaneamente para as etapas objetiva e subjetiva, situação em que o estudo deve
ser tipicamente pré-edital e mais cadenciado e (ii) por obrigação, quando o(a)
candidato(a) efetivamente foi aprovado na primeira fase e precisa conduzir um estudo
mais intenso e focado, geralmente em um curto período de tempo.

A depender da situação em que o(a) candidato(a) se encontre, o padrão de


comportamento ligado às “premissas de estudo” será diferente, conforme sintetizado
no quadro abaixo:

ASPECTOS
1ª e 2ª FASE
(ESTUDO SIMULTÂNEO)
2ª FASE
(ESTUDO EXCLUSIVO)

ÍNICIO
(CADÊNCIA LEVE) (CADÊNCIA ALTA)
Secundária (90% do foco Prioritária
PREPARAÇÃO
continua na primeira fase) (foco exclusivo na segunda fase)
Reduzida
Ampliada
CADÊNCIA (Periodicidade
(Periodicidade diária)
mensal/quinzenal)
PREOCUPAÇÃO
COM REGRAS Mínima Máxima
EDITALÍCIAS
Pontos de maior incidência para Pontos de alta e média
a carreira, e que já foram incidência, treinando a
FOCO estudados na perspectiva da resolução de questões inclusive
fase objetiva em pontos ainda não estudados
(estudo em multiperspectiva) (treinar cenários de tensão)
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Priorização do aspecto Equilíbrio entre os aspectos


DESENVOLVIMENTO
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qualitativo qualitativo e quantitativo

TREINO (sem cronômetro) ou Priorizar SIMULADOS (com


PERSPECTIVA
SIMULADOS (cronômetro) cronômetro)

Como se vê, o padrão comportamental em termos de estratégia de estudo


será distinto.
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Os concursandos que já são mais experientes e estão avançando para a
etapa subjetiva sabem que necessitam priorizar a resolução de questões discursivas e
peças práticas/sentenças dentro de uma periodicidade ampliada (diária), e, sempre que
possível, na vertente do simulado (treino cronometrado).

Já a cadência de quem ainda não possui histórico de aprovação na etapa


objetiva e deseja fazer um estudo simultâneo será bem mais leve, pois a prioridade
continuará sendo o estudo de 1ª fase (90% da energia). A periodicidade do estudo de 2ª
fase, portanto, deverá ser reduzida (ex: quinzenal ou mensal).

Qual a melhor maneira de se realizar um estudo simultâneo e cadenciado,


sem deixar de priorizar o estudo para a etapa objetiva?

A chave do treino para a 2ª fase consiste em estudar e praticar questões


discursivas e se acostumar a compreender a jurisprudência e os respectivos
fundamentos dela extraídos.

Acontece que fazer isso de maneira desordenada, sem escolher


cuidadosamente os temas, acaba se tornando contraproducente e perigoso. Isto porque
o concursando pode se perder e desfocar do estudo para a etapa objetiva (a principal
grande barreira a ser vencida).

Qual é, então, a “sacada” extraída dos feedbacks compartilhados pelos aprovados?



ÍNICIO

É que eles tinham o hábito de treinar ou fazer a leitura das questões


subjetivas comentadas logo após terem estudado o mesmo ponto
na perspectiva da etapa objetiva. Além disso, eles não costumavam
trabalhar com essa metodologia em todo e qualquer ponto do
edital, mas apenas naqueles de ALTÍSSIMA INCIDÊNCIA.

Essa, portanto, foi a maneira que encontraram de estudar os pontos de


elevada incidência em multiperspectiva (etapas objetiva e subjetiva) e levando em
conta os principais canais de conteúdo (lei, doutrina e jurisprudência).

Esse contato “prévio” com temas e abordagens de 2ª fase é extremamente


eficiente para a preparação do candidato, pois fora da “pressão” de uma prova
subjetiva iminente, os alunos conseguem estudar e incorporar as “NOVAS
HABILIDADES” exigidas na 2ª fase de maneira gradativa e constante.
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Que NOVAS HABILIDADES seriam essas? É o que veremos no próximo tópico.


@bomnodireito
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3. AS “NOVAS HABILIDADES”: TÉCNICAS PARA
PONTUAR ALTO NA 2ª FASE.

A grande vantagem de se fazer um estudo cadenciado em multiperspectiva


é que o concursando vai se habituando - de maneira gradativa e dentro de uma dinâmica
que resguarda a ênfase na preparação para a 1ª fase (objetiva) - a assimilar as NOVAS
HABILIDADES necessárias ao enfrentamento da etapa subjetiva.

Quais são essas NOVAS HABILIDADES?

São os princípios básicos, boas práticas, técnicas e pontos de cuidado que se esperam
de um candidato no momento da prova subjetiva.

Ainda que sem a pretensão de esgotamento, podemos citar


exemplificativamente as seguintes:


1) Ao abrir o caderno, dar primeiramente uma olhada básica (por alto) em ÍNICIO
todas as questões e começar pela que mais domina (foco: ganhar confiança);

2) Aprimorar, quando possível, a técnica das 3 leituras do enunciado; a


primeira para identificar a(s) temática(s) central(ais) e eventual
interdisciplinaridade entre ramos do direito, a segunda com o objetivo de
pontuar tudo o que achar pertinente e catalogar os pontos específicos de
abordagem, e a terceira para ver se não faltou nada;

3) Se conscientizar da impossibilidade de fazer rascunho (não dá tempo),


contudo tentar fazer uma esquematização preliminar da resposta (projeto
básico de texto) por meio de um brainstorming (tempestade de ideias). Este é
o momento em se deve pontuar tudo o que surgir na mente a respeito do
assunto central, fazendo-se em seguida uma “filtragem” à luz dos contornos do
enunciado para fins de estruturação da resposta, levando-se em conta: (i) perfil
da questão, por exemplo, se versa sobre um assunto mais conceitual ou se
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exige intensa consulta ao código (ênfase normativa), (ii) identificação de


eventuais conceitos, princípios e institutos a serem mencionados, (iii)
@bomnodireito

identificação de possíveis teses doutrinárias em contraposição e do cenário


jurisprudencial específico;

4) Produzir um texto seguindo a lógica de afunilamento na estruturação da


resposta, de modo contemplar introdução, fundamentação e conclusão.
Embora nem sempre seja possível (vai depender do perfil do enunciado e da
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quantidade de linhas ofertadas pela banca), é importante assimilar a seguinte
sequência básica já conhecida pelos candidatos mais experientes: (i)
abordagens ontológicas/principiológicas, (ii) conceito/natureza jurídica, (iii)
características, (iv) divergências doutrinárias, caso existentes e (v) cenário
jurisprudencial, se possível abordado de modo mais específico;

5) Evitar começar a resposta com SIM ou NÃO, salvo se, pelo perfil do
enunciado, a resposta precisar ser declinada de maneira extremamente
objetiva;

6) Prestar atenção à tendência de se adotar posições e teses alinhadas aos


interesses do cargo pleiteado;

7) Priorizar a redação coesa em texto único sempre que a questão for


desmembrada em subtópicos e estiver claro que os pontos de abordagem são
passíveis de entrelaçamento textual e concatenação. Ainda assim, vale o
seguinte alerta: se você estiver muito inseguro (a) e o enunciado não exigir
expressamente a redação em texto único, ou se os subtópicos objeto de
avaliação forem excessivos ou não guardarem qualquer conexão entre si,
escreva a resposta dividindo em itens e não corra o risco de elaborar uma
resposta sem coesão ou incoerente.

8) Atentar com a linguagem utilizada, evitando marcas de oralidade ou de


coloquialidade no texto.

9) Ter muito cuidado com a gestão dos fatores TEMPO e ESPAÇO. Com

ÍNICIO
relação ao tempo, não se pode pecar por excesso ou preciosismo. É essencial
trabalhar cada questão de maneira a se desincumbir integralmente tratando de
todos os pontos de abordagem constantes do enunciado, contudo com
objetividade e concisão, e assim evitar perder tempo na resolução das demais
questões ou peça/sentença. Se por um lado é preciso expor o conhecimento,
por outro é essencial dosar o tempo global de prova. Mesmo dominando o
assunto, não é hora de redigir uma monografia. Quanto ao espaço, é
fundamental lembrar da importância de um sumário prévio (como já frisado
acima). Ele organiza as ideias e evita esquecer pontos. Também ajuda a adequar
a resposta ao espaço permitido, além de assegurar que cada ponto de
abordagem seja tratado de maneira equânime (Ex: numa questão de 30 linhas
contendo 4 pontos de abordagem, nada de destacar 9 linhas para escrever
sobre os 3 primeiros e deixar apenas 3 linhas para tratar do último). Ademais,
deve-se evitar a repetição de raciocínio e transcrição de dispositivos legais. Isso
toma espaço desnecessário. É muito comum o (a) candidato(a) repetir ideias
como mecanismo de reforço temático, usando expressões como: "em outras
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palavras", "vale dizer", "em suma", etc. A repetição torna o texto cansativo e
@bomnodireito

toma tempo e espaço. Para o espelho, basta uma vez! Também é preciso evitar
a poluição do texto com exemplos, salvo se o examinador expressamente exigi-
los no enunciado. Limite-se a conceituar os institutos e a responder o que
inquirido. Quando muito relevante, o exemplo é cabível, mas lembre-se que a
exemplificação sem o conceito expõe despreparo e falta de conhecimento. É
preciso, enfim, assimilar a seguinte lógica: “O preciosismo em uma questão te
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fará, quando muito, ganhar alguns décimos. Deixar de responder a uma
questão inteira te fará perder um ou mais pontos”.

Embora os tópicos de NOVAS HABILIDADES admitam importantes


aprofundamentos, conhecer a síntese acima já constitui um excelente
ponto de partida para perceber que o aprendizado dessas habilidades
exige TREINO e CONTATO com temas e questões de 2ª fase.

Com efeito, não basta ler ou treinar apenas na “reta final”, pois embora tais
habilidades pareçam simples, apenas os candidatos bem treinados e sintonizados com
tais premissas conseguem aplicá-las de modo eficiente e com mais naturalidade até
mesmo nos cenários de tensão inerentes à prova.

Por isso, é fundamental que você estude de forma multiperspectiva, já


criando intimidade com a prova subjetiva, mas sem descuidar do estudo para a 1ª fase.
Para realizar esse estudo, é necessário ter o material ideal para esse tipo de estudo. É o
que falaremos no próximo tópico!


ÍNICIO

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@bomnodireito
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4. ONDE ENCONTRAR MATERIAL PARA O ESTUDO
EM MULTIPERSPECTIVA?

Gostou do estudo cadenciado em Multiperspectiva e de conhecer as


habilidades necessárias para enfrentar uma segunda fase?

Se chegou até aqui, temos certeza que sim! Agora, é a hora de


incorporar essa metodologia na sua rotina!

Como frisamos nos tópicos anteriores, a filosofia de estudar para a segunda


fase desde a preparação para a primeira é algo MUITO importante, mas que os
concursandos em geral não têm o costume ou simplesmente não sabem como fazer sem
prejudicar o estudo para a etapa objetiva.

Na verdade, muitas pessoas até querem fazer essa preparação simultânea, mas
não dispõem de um direcionamento ou mesmo de um material adequado para isso.

ÍNICIO
Onde encontrar um material adequado para estudar para ambas as fases?

Uma maneira é buscando provas subjetivas antigas, compilando questões e,


em seguida, buscando as suas respostas. Por vezes as bancas fornecem algum gabarito
(muitas vezes conciso ou com mera indicação de tópicos), outras vezes não. Nos meus
tempos de concurseiro, perdi incontáveis dias compilando material e me esforçando
para resolver tais questões, às vezes inseguro da própria resposta, da melhor forma de
desenvolver aquela indagação ou até mesmo se aquele tema era muito cobrado ou não
nas provas...
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Funciona? Sim! Vários aprovados fizeram esse mesmo penoso trabalho e


@bomnodireito

tiveram ótimos resultados... mas, sem dúvida, era cansativo e muitas vezes nos
sentíamos perdidos... não sabíamos por onde começar, muito menos onde terminar!

Contudo, pensando em facilitar esse tipo de estudo, desenvolvemos um


programa estruturado de modo a permitir um estudo cadenciado, progressivo e
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conciliável entre as fases objetiva e subjetiva. Tal programa envolve uma abordagem
completa, com peças/sentenças, questões subjetivas, objetivas, jurisprudência e
mapeamento de artigos mais incidentes na prova objetiva (confira parte desse material
na “HORA DO TREINO” – Tópico 5, a seguir).

O PROGRAMA PONTO NA MÃO foi 100% idealizado para permitir que


mesmo o candidato ainda não aprovado em primeira fase consiga desenvolver o hábito
do estudo em multiperspectiva, sem prejudicar a ênfase na preparação para a 1ª fase
(etapa objetiva).

Como funciona essa metodologia?

Nossa equipe fez um “back test” (teste de retroatividade) tomando por base
as provas objetivas e discursivas aplicadas nos últimos 8 anos em 4 dos principais nichos
específicos de carreiras jurídicas (Advocacia Pública, Magistratura Federal, Magistratura
Estadual e Ministério Público Estadual).


A partir dessa minuciosa análise, selecionamos os 12 PONTOS DE ÍNICIO
MAIOR INCIDÊNCIA NA 2ª FASE em cada uma das carreiras, para que sejam
trabalhados nesse sistema de MULTIPERSPECTIVA (estudo global parametrizado
tangenciando as fases objetiva e subjetiva) e veiculados semanalmente de modo a
permitir que o candidato encaixe facilmente o material na sua rotina com apenas 3 ou
6 horas por semana !

Neste MÓDULO 1 do PROGRAMA PONTO NA MÃO, portanto, serão


trabalhados os 12 pontos* de maior incidência na 2ª fase para CADA CARREIRA, cada
um por meio de 2 exemplares de revistas semanais, perfazendo um total de 24 semanas
de duração (aproximadamente 6 meses) – vide descrição abaixo.

*OBS: especialmente nas carreiras de magistratura, é frequente analisarmos dois pontos na


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perspectiva da 2ª fase, uma vez que os temas de alta incidência na prova de sentença muitas
vezes são distintos dos pontos recorrentes na prova de questões discursivas. Essa característica
@bomnodireito

pode acontecer excepcionalmente nas outras carreiras.


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TEMAS SELECIONADOS
REVIS-
TAS ADVOCACIA MAGISTRATURA MAGISTRATURA MINISTÉRIO PÚBLICO
PÚBLICA FEDERAL ESTADUAL ESTADUAL
IMPROBIDADE IMPROBIDADE
AGENTES PÚBLICOS CONTRATOS
ADMINISTRATIVA ADMINISTRATIVA
1 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetiv
(jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetivas/
/legislação) as/legislação)
legislação) legislação)
CONTRATOS /
IMPROBIDADE IMPROBIDADE
AGENTES PÚBLICOS RESPONSABILIDADE
2 ADMINISTRATIVA ADMINISTRATIVA
(discursivas/peça) CIVIL
(discursivas/sentença) (discursivas/peça)
(discursivas/sentença)
TUTELA DOS DIREITOS
DIFUSOS, COLETIVOS E
CONTROLE DE CONTROLE DE TEORIA GERAL DO INDIVIDUAIS
CONSTITUCIONALIDADE CONSTITUCIONALIDADE CRIME HOMOGÊNEOS E
3
(jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv INDIVIDUAIS
/legislação) legislação) as/legislação) INDISPONÍVEIS PELO MP
(jurisprudência/objetivas/
legislação)
TUTELA DOS DIREITOS
DIFUSOS, COLETIVOS E
TEORIA GERAL DO
CONTROLE DE CONTROLE DE INDIVIDUAIS
CRIME / ESTUPRO DE
4 CONSTITUCIONALIDADE CONSTITUCIONALIDADE HOMOGÊNEOS E
VULNERÁVEL
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) INDIVIDUAIS
(discursivas/sentença)
INDISPONÍVEIS PELO MP
(discursivas/peça)
Ponto 3 – 1ª fase Ponto 3 – 1ª fase Ponto 3 – 1ª fase Ponto 3 – 1ª fase
5 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação)
Ponto 3 – 2ª fase
legislação)
Ponto 3 – 2ª fase
as/legislação)
Ponto 3 – 2ª fase
legislação)
Ponto 3 – 2ª fase

6 ÍNICIO
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)
Ponto 4 – 1ª fase Ponto 4 – 1ª fase Ponto 4 – 1ª fase Ponto 4 – 1ª fase
7 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)

Ponto 4 – 2ª fase Ponto 4 – 2ª fase Ponto 4 – 2ª fase Ponto 4 – 2ª fase


8
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

Ponto 5 – 1ª fase Ponto 5 – 1ª fase Ponto 5 – 1ª fase Ponto 5 – 1ª fase


9 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)

Ponto 5 – 2ª fase Ponto 5 – 2ª fase Ponto 5 – 2ª fase Ponto 5 – 2ª fase


10
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

Ponto 6 – 1ª fase Ponto 6 – 1ª fase Ponto 6 – 1ª fase Ponto 6 – 1ª fase


11 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)
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Ponto 6 – 2ª fase Ponto 6 – 2ª fase Ponto 6 – 2ª fase Ponto 6 – 2ª fase


12
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

Ponto 7 – 1ª fase Ponto 7 – 1ª fase Ponto 7 – 1ª fase Ponto 7 – 1ª fase


13 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)
16
Ponto 7 – 2ª fase Ponto 7 – 2ª fase Ponto 7 – 2ª fase Ponto 7 – 2ª fase
14
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

Ponto 8 – 1ª fase Ponto 8 – 1ª fase Ponto 8 – 1ª fase Ponto 8 – 1ª fase


15 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)
Ponto 8 – 2ª fase Ponto 8 – 2ª fase Ponto 8 – 2ª fase Ponto 8 – 2ª fase
16
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)
Ponto 9 – 1ª fase Ponto 9 – 1ª fase Ponto 9 – 1ª fase Ponto 9 – 1ª fase
17 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)
Ponto 9 – 2ª fase Ponto 9 – 2ª fase Ponto 9 – 2ª fase Ponto 9 – 2ª fase
18
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)
Ponto 10 – 1ª fase Ponto 10 – 1ª fase Ponto 10 – 1ª fase Ponto 10 – 1ª fase
19 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)
Ponto 10 – 2ª fase Ponto 10 – 2ª fase Ponto 10 – 2ª fase Ponto 10 – 2ª fase
20
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)
Ponto 11 – 1ª fase Ponto 11 – 1ª fase Ponto 11 – 1ª fase Ponto 11 – 1ª fase
21 (jurisprudência/objetivas (jurisprudência/objetivas/ (jurisprudência/objetiv (jurisprudência/objetivas/
/legislação) legislação) as/legislação) legislação)

Ponto 11 – 2ª fase Ponto 11 – 2ª fase Ponto 11 – 2ª fase Ponto 11 – 2ª fase


22
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

23
Ponto 12 – 1ª fase
(jurisprudência/objetivas
Ponto 12 – 1ª fase
(jurisprudência/objetivas/
Ponto 12 – 1ª fase
(jurisprudência/objetiv
Ponto 12 – 1ª fase
(jurisprudência/objetivas/ 
/legislação) legislação) as/legislação) legislação) ÍNICIO

Ponto 12 – 2ª fase Ponto 12 – 2ª fase Ponto 12 – 2ª fase Ponto 12 – 2ª fase


24
(discursivas/peça) (discursivas/sentença) (discursivas/sentença) (discursivas/peça)

Você sabe quais os temas mais incidentes na 2ª fase para sua carreira? Se
sim, você se sente seguro para desenvolver esses temas tanto na prova subjetiva quanto
na objetiva?

Com certeza estará muito mais seguro com o estudo


cadenciado simultâneo. Dedicando poucas horas por semana (3h-6h) ao
Programa você aprenderá a pontuar alto na discursiva concomitantemente
à preparação para a etapa objetiva justamente nos temas de maior
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incidência para a sua carreira dentro de um processo que permita a


@bomnodireito

assimilação em multiperspectiva (fases objetiva e subjetiva) e sob o


enfoque dos principais canais de conteúdo (lei, doutrina e jurisprudência).
17
O que constará de cada ponto selecionado?

o 10 questões objetivas comentadas.


o Simulado de jurisprudência com no mínimo 10 questões objetivas inéditas
comentadas.
o “Revisão Acelerada” – isto é, a indicação dos dispositivos
constitucionais/legais e eventuais súmulas de maior incidência, de maneira
estruturada (transcrição dos dispositivos mais exigidos à luz das questões
oficiais, com respectivos destaques e eventuais comentários)
o 2 questões discursivas comentadas.
o 1 discursiva inédita envolvendo jurisprudência relevante comentada.
o 1 peça/sentença comentada.

Sistema semanal CADENCIADO de liberação fracionada:

Cada ponto de alta incidência será trabalhado em 2 exemplares sequenciais,


nas perspectivas das etapas objetiva e subjetiva, a saber:


ÍNICIO
o Semanas ímpares (treino de primeira fase):

a) 10 questões objetivas comentadas


b) simulado de jurisprudência comentado com no mínimo 10 questões
c) “Revisão Acelerada” – i.e. a indicação dos dispositivos constitucionais/legais
e eventuais súmulas de maior incidência, de maneira estruturada (transcrição
dos dispositivos mais exigidos à luz das questões oficiais, com respectivos
destaques e eventuais comentários)

o Semanas pares (treino de segunda fase):

d) 2 questões discursivas comentadas


e) 1 discursiva inédita de jurisprudência comentada
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f) 1 peça/sentença comentada
@bomnodireito
18
BÔNUS – VIDEOAULAS SOBRE TÉCNICAS PARA PROVA DISCURSIVA E
O ESTUDO EM MULTIPERSPECTIVA

Além disso, os participantes do programa ganharão de BÔNUS 4 videoaulas


aprofundando o estudo em MULTIPERSPECTIVA e algumas das “novas habilidades”
que você precisará para pontuar e ser aprovado na segunda fase. Confira:

(i) O estudo em MULTIPERSPECTIVA: tirando o maior proveito do Programa


Ponto na Mão.

(ii) Como estudar doutrina e jurisprudência pensando na 2ª fase?

(iii) Técnicas de Elaboração de Discursivas 1 - Técnica de Reflexões Preliminares.

(iv) Técnicas de Elaboração de Discursivas 2 – Técnica de Avaliação de Cenário


Jurisprudencial.

Nessas aulas vamos mostrar como extrair o máximo de aprendizado do


programa, encaixando-o em sua rotina; ensinar como adaptar seus estudos de rotina
para facilitar seus estudos reta final de 2ª fase quando chegar a hora e, ainda, falaremos
de técnicas importantes para elaboração de questões subjetivas. Se você está curioso 
para ver como você poderia usar nosso programa, clica no link abaixo para ver essa ÍNICIO
primeira aula bônus gratuitamente:

Em síntese, desenvolvemos o material que “sonhávamos”


ter quando estudávamos para concurso. Basta dedicar de 3 a 6 horas semanais para o
Programa e não temos dúvidas que você estará melhor preparado para todas as fases
do concurso.
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19
5. HORA DO TREINO

Parabéns por ter chegado até aqui! Agora você já conhece as premissas
básicas do estudo em multiperspectiva e as “novas habilidades” que precisa
assimilar para enfrentar uma 2ª fase.

Acontece que, como já falamos acima, para realmente incorporar as novas


habilidades é necessário TREINO e CONTATO com questões subjetivas, dentro de um
processo de estudo que permita uma autocorreção dinâmica, referenciada e sem perder
de vista a manutenção da ênfase na 1ª fase (etapa objetiva).

Por isso, nada mais justo que você experimente - desde já - o estudo em
multiperspectiva com uma amostra do material veiculado no PROGRAMA PONTO NA
MÃO. Nas próximas páginas encontrará uma pequena parcela do conteúdo veiculado
no Programa, a saber: 1 questão objetiva oficial comentado, 3 questões V/F de
jurisprudência relevante, parcela da “Revisão Acelerada”, 1 questão subjetiva
comentada e 1 questão subjetiva inédita por carreira

ATENÇÃO: no PPNM você terá acesso à um material bem mais completo e ordenado!

Agora é a hora de botar a mão na massa! Selecione a(s) carreira(s) de seu


interesse e resolva as questões respectivas:


ÍNICIO
(i) Advocacia Pública
(ii) Magistratura Federal
(iii) Magistratura Estadual
(iv) Ministério Público Estadual

Boa sorte e bons estudos !


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20
5.1. TREINO ADVOCACIA PÚBLICA

PONTO PRIORITÁRIO: AGENTES PÚBLICOS

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE)

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

Simule a resolução da questão abaixo. Em seguida, confira o gabarito e comentários


da EQUIPE BND:

1 - (2018; CESPE; PGM - João Pessoa) Considerando o entendimento dos tribunais superiores,
assinale a opção correta, no que diz respeito a agentes públicos.

a) Para o STJ, em processo disciplinar que apure infração administrativa que configura ação
penal, o prazo prescricional será determinado pela pena em abstrato cominada na condenação
penal transitada em julgado.

b) Para o STJ, é vedado a banca examinadora de concurso público exigir em questão da prova ÍNICIO
conhecimento de legislação superveniente à publicação do edital.

c) Para o STF, não será devido o abono de permanência ao policial civil que permanecer em
atividade após o preenchimento dos requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária
especial.

d) Para o STJ, candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas ofertadas em
edital terá direito subjetivo à nomeação caso comprove o surgimento de vagas durante a
validade do certame.

e) Para o STF, processo administrativo disciplinar é válido mesmo quando a defesa técnica da
parte não é efetivada por advogado, desde que assegurados a ampla defesa e o contraditório.

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE


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Simule a resolução das questões abaixo. Em seguida, confira o gabarito e


comentários da EQUIPE BND:
21
1 – Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, é possível aos prefeitos
municipais perceber terço de férias e décimo terceiro salário.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2 – Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência


social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição
Federal, até a edição de lei complementar específica, não alcançando as hipóteses de
aposentadoria especial de que tratam os incisos I e II da mesma norma.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

3 – Segundo entende o Superior Tribunal de Justiça, não se admite a instauração de processo


administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, considerando a vedação ao
anonimato constitucionalmente estabelecida.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

III) GABARITANDO A 1ª FASE – REVISÃO ACELERADA.


ÍNICIO
Prezado amigo (a) BND,

Para facilitar seu estudo de véspera - antes da prova objetiva - em relação ao PONTO 1 (AGENTES
PÚBLICOS), segue a transcrição dos dispositivos constitucionais ou legais e súmulas de maior
incidência sobre o assunto, em formato esquematizado e estratégico (com destaques), de modo
a permitir uma REVISÃO ACELERADA.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Dispositivos destacados Comentários BND
Art. 37 [...] NOTA DO PROFESSOR: Este dispositivo é de eficácia
I - os cargos, empregos e funções contida para os brasileiros e de eficácia limitada para
públicas são acessíveis aos os estrangeiros.
brasileiros que preencham os
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requisitos estabelecidos em lei, assim JULGADO RELEVANTE: “Os requisitos do edital para o
como aos estrangeiros, na forma da ingresso em cargo, emprego ou função pública
@bomnodireito

lei; devem ter por fundamento lei em sentido formal e


material. Editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo
situações excepcionais em razão de conteúdo que
viole valores constitucionais”. [RE 898.450, rel. min.
22
Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, DJE de 31-5-2017, Tema
838.]

JULGADO RELEVANTE: “Antiga é a jurisprudência


desta Corte no sentido de que a exigência de
avaliação psicológica ou teste psicotécnico, como
requisito ou condição necessária ao acesso a
determinados cargos públicos de carreira, somente é
possível, nos termos da CF, se houver lei em sentido
material (ato emanado do Poder Legislativo) que
expressamente a autorize, além de previsão no edital
do certame. Ademais, o exame psicotécnico necessita
de um grau mínimo de objetividade e de publicidade
dos atos em que se procede. A inexistência desses
requisitos torna o ato ilegítimo, por não possibilitar o
acesso à tutela jurisdicional para a verificação de
lesão de direito individual pelo uso desses critérios”.
[AI 758.533 QO-RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes,
j. 23-6-2010, P, DJE de 13-8-2010, Tema 338.]

Art. 37 [...] O que o STJ entende sobre o tema?


II - a investidura em cargo ou
emprego público depende de 1. Não ocorre a decadência administrativa prevista no
aprovação prévia em concurso art. 54 da Lei n. 9.784/1999 em situações de evidente
público de provas ou de provas e inconstitucionalidade, como é o caso de admissão de
títulos, de acordo com a natureza e a servidores sem concurso público.
complexidade do cargo ou emprego,
na forma prevista em lei, ressalvadas
2. O direito à liberdade de crença, assegurado pela
Constituição, não pode criar situações que importem 
as nomeações para cargo em tratamento diferenciado - seja de favoritismo, seja de ÍNICIO
comissão declarado em lei de livre perseguição - em relação a outros candidatos de
nomeação e exoneração; concurso público que não professam a mesma crença
religiosa.

E o STF?
1. O candidato aprovado em concurso público dentro
do número de vagas previsto no edital possui direito
subjetivo à nomeação.
2. A Constituição de 1988 comina de nulidade as
contratações de pessoal pela Administração Pública
sem a observância das normas referentes à
indispensabilidade da prévia aprovação em concurso
público (CF, art. 37, § 2º), não gerando, essas
contratações, quaisquer efeitos jurídicos válidos em
relação aos empregados contratados, a não ser o
direito à percepção dos salários referentes ao período
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trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90,


ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo
@bomnodireito

de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.


3. A exigência do exame psicotécnico em concurso
depende de previsão em lei e no edital, e deve seguir
critérios objetivos. (cai muito!)
4. É constitucional a regra inserida no edital de
concurso público, denominada cláusula de barreira,
23
com o intuito de selecionar apenas os candidatos
mais bem classificados para prosseguir no certame.
5. A nomeação tardia de candidatos aprovados em
concurso público, por meio de ato judicial, à qual
atribuída eficácia retroativa, não gera direito às
promoções ou progressões funcionais que
alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a
nomeação. (cai muito!)
6. Os serviços sociais autônomos integrantes do
denominado Sistema "S" não estão submetidos à
exigência de concurso público para contratação de
pessoal, nos moldes do art. 37, II, da Constituição
Federal.

Confira outros JULGADOS RELEVANTES sobre o tema:

“É inconstitucional a possibilidade de que, em casos


excepcionais, o servidor público aprovado em
concurso possa ingressar na carreira no último
padrão da classe mais elevada do nível superior.”.
Prevaleceu a tese defendida pela PGR, de que com a
organização dos cargos em carreira, o provimento só
pode ser efetivado na classe inicial (em observância
aos arts 37 e 39, caput da CRFB. FUNDAMENTOS:
Princípios da igualdade, isonomia e impessoalidade.
(ADI 1240, Carmen Lúcia, 28.02.2019, Info 932)

“É inconstitucional lei estadual que prescreve, como 


critério de desempate, preferência no concurso ao ÍNICIO
candidato que “tiver mais tempo de serviço prestado
no respectivo estado”. FUNDAMENTO: violação ao
princípio da isonomia”. (ADI 5776, Alexandre de
Moraes, 03.04.2019)

“As Forças Armadas integram a administração pública


federal, de modo que a vagas oferecidas nos
concursos por elas promovidos sujeitam-se à política
de cotas prevista na Lei 12.990/2014”. (ADI 41,
Roberto Barroso, 07.05.2018)

Art. 37 [...]
Função de Confiança  só pode ser exercido por
III - o prazo de validade do concurso servidor.
público será de até dois anos,
prorrogável uma vez, por igual Cargo comissão  pode ser exercido por qualquer
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período; um, observado casos e % mínimos aos quais deverão


ser destinados a servidores.
@bomnodireito

V - as funções de confiança,
exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo
efetivo, e os cargos em comissão, a
serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em
24
lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e
assessoramento;

Art. 37 [...] Obs.: este dispositivo também é de eficácia limitada.


Ante a omissão do Congresso Nacional em
VII - o direito de greve será exercido regulamentar o tema, o STF determinou a aplicação
nos termos e nos limites definidos da lei de greve do setor privado aos servidores
em lei específica; públicos.
O que o STF entende sobre este tema?
Tema nº 541 da Repercussão Geral
1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma
ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos
os servidores públicos que atuem diretamente na
área de segurança pública.
2 - É obrigatória a participação do Poder Público em
mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do CPC, para vocalização dos interesses da
categoria

Tema nº 544 da Repercussão Geral


A justiça comum, federal ou estadual, é competente
para julgar a abusividade de greve de servidores
públicos celetistas da Administração pública direta,
autarquias e fundações públicas.

Art. 37 [...] O que o STF entende sobre este dispositivo? 


Tema nº 612 da Repercussão Geral do STF ÍNICIO
IX - a lei estabelecerá os casos de Nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal,
contratação por tempo determinado para que se considere válida a contratação
para atender a necessidade temporária de servidores públicos, é preciso que: a) os
temporária de excepcional interesse casos excepcionais estejam previstos em lei; b) o
público; prazo de contratação seja predeterminado; c) a
necessidade seja temporária; d) o interesse público
seja excepcional; e) a contratação seja indispensável,
sendo vedada para os serviços ordinários
permanentes do Estado que estejam sob o espectro
das contingências normais da Administração.

Tema nº 916 da Repercussão Geral do STF


A contratação por tempo determinado para
atendimento de necessidade temporária de
excepcional interesse público realizada em
desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da
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Constituição Federal não gera quaisquer efeitos


jurídicos válidos em relação aos servidores
@bomnodireito

contratados, com exceção do direito à percepção dos


salários referentes ao período trabalhado e, nos
termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao
levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

Como já caiu?
25
(PGE-SP/2018/VUNESP)
O servidor ocupante de cargo temporário do quadro
da Administração Pública Direta do Estado de São
Paulo vincula-se:

a) a) ao regime jurídico único estatutário de pessoal e


ao regime geral de previdência social.
b) b) ao regime jurídico único celetista de pessoal e ao
regime próprio de previdência social.
c) c) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei
que autoriza a contratação temporária e ao regime
geral de previdência social. (CORRETA)
d) d) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei
que autoriza a contratação temporária e ao regime
próprio de previdência social.
e) e) ao regime jurídico-disciplinar celetista e ao regime
complementar de previdência social.

NOTA DA QUESTÃO: Era essencial lembrar do § 13 do


art. 37, pois este deve ser estudado em conjunto com
o inciso IX, vejamos:

Ҥ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de


cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração bem como de outro cargo
temporário ou de emprego público, aplica-se o
regime geral de previdência social." 
ÍNICIO
Art. 37 [...] O que o STF entende sobre o tema?
Súmula Vinculante nº 37: Não cabe, ao Poder
X - a remuneração dos servidores Judiciário, que não tem a função legislativa,
públicos e o subsídio de que trata o § aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
4º do art. 39 somente poderão ser fundamento de isonomia.
fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa ATENÇÃO: Os procuradores municipais estão
privativa em cada caso, assegurada incluídos na expressão “procuradores” constante ao
revisão geral anual, sempre na final do inciso XI do art. 37 (RE 663.696, julgado em
mesma data e sem distinção de 18/02/2019).
índices;
Art. 37 [...] NOTA DO PROFESSOR: É estrategicamente relevante
estudar o inciso XI em associação com os parágrafos
XI - a remuneração e o subsídio dos 9º, 11 e 12 igualmente do art. 37.
ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos da administração Vejamos o que prelecionam aludidos parágrafos
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direta, autárquica e fundacional, dos sobre o teto remuneratório:


membros de qualquer dos Poderes
@bomnodireito

da União, dos Estados, do Distrito § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas


Federal e dos Municípios, dos públicas e às sociedades de economia mista, e suas
detentores de mandato eletivo e dos subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
demais agentes políticos e os Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
proventos, pensões ou outra espécie pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
remuneratória, percebidos geral.
cumulativamente ou não, incluídas
26
as vantagens pessoais ou de § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
qualquer outra natureza, não remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
poderão exceder o subsídio mensal, deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
em espécie, dos Ministros do previstas em lei.
Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
Municípios, o subsídio do Prefeito, e deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
nos Estados e no Distrito Federal, o Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
subsídio mensal do Governador no respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
âmbito do Poder Executivo, o limite único, o subsídio mensal dos
subsídio dos Deputados Estaduais e Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
Distritais no âmbito do Poder limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
Legislativo e o subsídio dos por cento do subsídio mensal dos Ministros do
Desembargadores do Tribunal de Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
Justiça, limitado a noventa inteiros e disposto neste parágrafo aos subsídios dos
vinte e cinco centésimos por cento Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal
Federal, no âmbito do Poder JULGADO RELEVANTE: É legítima a publicação,
Judiciário, aplicável este limite aos inclusive em sítio eletrônico mantido pela
membros do Ministério Público, aos administração pública, dos nomes dos seus
Procuradores e aos Defensores servidores e do valor dos correspondentes
Públicos; vencimentos e vantagens pecuniárias.[ARE 652.777,
rel. min. Teori Zavascki, j. 23-4-2015, P, DJE de 1º-7-
2015, Tema 483.]

CONTEÚDO COMPLETO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES PPNM 


ÍNICIO

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL (Lei nº 8.112/90) – ESCLARECIMENTO

Além das disposições constitucionais, a matéria de servidores públicos é regulada por lei local
de cada ente federativo. De todo modo, o Estatuto dos Servidores Públicos Federais (lei
8112/90) muitas vezes é cobrado também em PGEs/PGEMs diversas, além de servir de
inspiração (frequentemente um literal copia e cola) para Estatutos Locais. Por essa razão,
veremos brevemente alguns dos dispositivos mais importantes dessa norma.

Embora seja uma lei extensa, a maior parte das questões se concentra em três títulos da norma:

(i) Formas de provimento (art. 24-32)


(ii) Responsabilidade do Servidor (principalmente art. 116, 117 e 121-126)
(iii) Procedimento Administrativo Disciplinar (art. 143-182, mas o mais importante é a
jurisprudência!)
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Vamos lá?
@bomnodireito

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL (Lei nº 8.112/90)


Dispositivos desatacados Comentários BND
Art. 24. READAPTAÇÃO é a investidura (órgão/ano) ...(INCORRETA).
do servidor em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua
27
capacidade física ou mental verificada ReaDaptação: D de doente. A investidura do
em inspeção médica. servidor em cargo compatível com uma limitação
física que tenha sofrido (doença, acidente, etc).

(Instituto de Previdência/PR – 2019) Readaptação


é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental, verificada em inspeção médica.
(CORRETO)

Art. 25. REVERSÃO é o retorno à ReVersão: V de velhinho, aposentado. É a volta do


atividade de servidor aposentado por invalidez ou pelo interesse da
aposentado: I - por invalidez, quando administração.
junta médica oficial declarar
insubsistentes os motivos da (Câmara BH – 2018) A reversão será feita para
aposentadoria; ou II - no interesse da qualquer cargo da carreira daquele ocupado pelo
administração (atendido os requisitos da servidor à época da aposentadoria. (INCORRETA,
lei) § 1o A reversão far-se-á no mesmo deve ser o MESMO cargo)
cargo ou no cargo resultante de sua
transformação

Art. 28. A REINTEGRAÇÃO é a REINtegração: REIN de REINvestidura. Uma nova


reinvestidura do servidor estável no investidura do servidor em seu cargo, após a
cargo anteriormente ocupado, ou no invalidação de sua demissão.
cargo resultante de sua transformação,
quando invalidada a sua demissão por

ÍNICIO
decisão administrativa ou judicial, com
ressarcimento de todas as vantagens.

Art. 29. RECONDUÇÃO é o retorno do (Instituto de Previdência/PR – 2019) Recondução


servidor estável ao cargo é a consequência da reintegração de um
anteriormente ocupado e decorrerá de: determinado servidor público, hipótese em que o
I - inabilitação em estágio probatório servidor que ocupava o cargo do reintegrando tem
relativo a outro cargo; II - reintegração o direito de ser reconduzido a seu cargo de
do anterior ocupante. origem. (CORRETO)

(PGM/Chapecó 2017) A recondução consiste no


retorno do servidor público estável ao cargo
anteriormente ocupado por ele. (CORRETO)
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CONTEÚDO COMPLETO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES PPNM


@bomnodireito

SÚMULAS VINCULANTES DO STF


Súmulas desatacadas Comentários BND
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos
perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla
28
defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula vinculante 4-STF: Salvo nos casos


previstos na Constituição, o salário
mínimo não pode ser usado como
indexador de base de cálculo de vantagem
de servidor público ou de empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.
Súmula vinculante 5- STF: A falta de (PGE/SC/2018) “Ofende o princípio da ampla
defesa técnica por advogado no processo defesa e do contraditório, previstos na
administrativo disciplinar não ofende a Constituição Federal e aplicáveis aos processos
Constituição. judiciais e administrativos, a falta de defesa
técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar.” (INCORRETA).

(PGM-João Pessoa/2018) “Para o STF, processo


administrativo disciplinar é válido mesmo
quando a defesa técnica da parte não é efetivada
por advogado, desde que assegurados a ampla
defesa e o contraditório.” (CORRETA).
Súmula vinculante 13- STF: A nomeação ATENÇÃO: O STF já entendeu que a vedação não
de cônjuge, companheiro, ou parente, em se aplica aos cargos efetivos (providos por
linha reta, colateral ou por afinidade, até concurso público) – ADI 524. Vejamos. 
o terceiro grau, inclusive, da autoridade ÍNICIO
nomeante ou de servidor da mesma Servidor público. Nepotismo. Vedação ao
pessoa jurídica, investido em cargo de exercício de funções sob a direção imediata de
direção, chefia ou assessoramento, para cônjuge ou parente até o segundo grau civil.
o exercício de cargo em comissão ou de Violação ao inciso II do art. 37 da CF e ao
confiança, ou, ainda, de função princípio da isonomia. Inexistência. Proibição
gratificada na administração pública que decorre do caput do art. 37 da CF.
direta e indireta, em qualquer dos Procedência parcial para emprestar
Poderes da União, dos Estados, do Distrito interpretação conforme a Constituição.
Federal e dos Municípios, compreendido o Incidência exclusiva sobre cargos de provimento
ajuste mediante designações recíprocas, em comissão, função gratificada e cargos e
viola a CF. direção e assessoramento.
[ADI 524, rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski,
j. 20-5-2015, P, DJE de 3-8-2015.]

Trecho do voto: “Evidente que se devem retirar


da incidência da norma os servidores admitidos
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mediante concurso público, ocupantes de cargo


de provimento efetivo. A norma anti-nepotismo
@bomnodireito

deve incidir sobre cargos de provimento em


comissão, as funções gratificadas e os cargos de
direção e assessoramento. Esse o quadro, julgo
procedente, em parte, a ação direta para
emprestar interpretação conforme à
Constituição para declarar constitucional o
inciso VI, do art. 32, da Constituição do Estado
29
do Espírito Santo, somente quando incida sobre
os cargos de provimento em comissão, função
gratificada, cargos de direção e
assessoramento: é o meu voto.”

JULGADO RELEVANTE: A vedação do nepotismo


não exige a edição de lei formal para coibir a
prática. Proibição que decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da CF. (...)
Recurso extraordinário conhecido e
parcialmente provido para anular a nomeação
do servidor, aparentado com agente político,
ocupante de cargo em comissão.[RE 579.951,
rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-8-2008,
P, DJE de 24-10-2008, Tema 66.] = ADI 3.745, rel.
min. Dias Toffoli, j. 15-5-2013, P, DJE de 1º-8-
2013

Súmula vinculante 15-STF: O cálculo de


gratificações e outras vantagens do
servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.
Súmula vinculante 16-STF: Os arts. 7º, IV, NOTA DO POFESSOR: Ainda que o vencimento
e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da básico de determinado servidor seja inferior o
Constituição, referem-se ao total da
remuneração percebida pelo servidor.
salário mínimo (Ex: 700 reais), se ele receber
uma gratificação de 500 reais o total da sua

remuneração será superior ao salário mínimo ÍNICIO
(1200 reais) e, portanto, estarão atendidos os
preceitos constitucionais.
Súmula vinculante 21-STF: Funcionário (PGE-SP/2018) “Antônio Joaquim foi aprovado
em estágio probatório não pode ser em concurso público e, nomeado para cargo
exonerado nem demitido sem inquérito efetivo, iniciou exercício em 12 de janeiro de
ou sem as formalidades legais de 2015. Um ano depois, sem ter sido exonerado do
apuração de sua capacidade. cargo efetivo, iniciou exercício de cargo em
comissão no âmbito do órgão em que está
lotado, situação que se mantém até os dias de
hoje. Ultrapassados três anos desde que iniciou
o exercício do cargo efetivo, a Administração
ainda não concluiu sua avaliação de
desempenho. Nesse cenário, é possível afirmar:
enquanto não concluído o estágio probatório,
Antônio Joaquim poderá ser exonerado de
ofício, sem oportunidade de defesa, porque a
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exoneração não constitui penalidade


disciplinar.” (INCORRETA).
@bomnodireito

CONTEÚDO COMPLETO DISPONÍVEL PARA ASSINANTES PPNM*

*por limitação de espaço disponibilizamos apenas uma pequena parte da Revisão Acelerada.
30
GABARITO

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

1 - (2018; CESPE; PGM - João Pessoa) Considerando o entendimento dos tribunais superiores,
assinale a opção correta, no que diz respeito a agentes públicos.

a - Para o STJ, em processo disciplinar que apure infração administrativa que configura ação
penal, o prazo prescricional será determinado pela pena em abstrato cominada na condenação
penal transitada em julgado.

b - Para o STJ, é vedado a banca examinadora de concurso público exigir em questão da prova
conhecimento de legislação superveniente à publicação do edital.

c - Para o STF, não será devido o abono de permanência ao policial civil que permanecer em
atividade após o preenchimento dos requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária
especial.

d - Para o STJ, candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas ofertadas em
edital terá direito subjetivo à nomeação caso comprove o surgimento de vagas durante a
validade do certame.

e - Para o STF, processo administrativo disciplinar é válido mesmo quando a defesa técnica da
parte não é efetivada por advogado, desde que assegurados a ampla defesa e o contraditório.


ÍNICIO
GABARITO: E

- Comentários:

Alternativa a: INCORRETA. Para infração administrativa que se refere a uma conduta


considerada um ilícito penal, o prazo prescricional da ação disciplinar é o mesmo da lei penal.
Neste sentido, prescreve o art. 142, §2º, da Lei 8112/1990:

§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às


infrações disciplinares capituladas também como crime.

Portanto, a regência do prazo passa a observar as regras previstas no art. 109 e seguintes do
Código Penal. Neste sistema criminal, o prazo prescricional varia conforme a pena cominada
para a infração penal. Enquanto não houver sentença penal transitada em julgado, considera-se
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a pena em abstrato (art. 109 do CP), mas após o decisum condenatório, a pena aplicada em
@bomnodireito

concreto é que definirá o prazo prescricional (art. 110 do CP).

Esta sistemática, aplica-se à prescrição da ação administrativa, conforme já decidiu o STJ:


31
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PRESCRIÇÃO. SENTENÇA
PENAL CONDENATÓRIA. PENA APLICADA EM CONCRETO. ESFERA
PENAL. ARTIGOS 109 E 110 DO CP. - A jurisprudência desta Corte
entende que o prazo da prescrição no âmbito administrativo
disciplinar, havendo sentença penal condenatória, deve ser
computado pela pena em concreto aplicada na esfera penal, nos
termos dos arts. 109 e 110 do Código Penal. Agravo regimental
improvido (AgRg no AREsp. 155.697/MS, Rel. Min. CESAR ASFOR
ROCHA, DJe 15.8.2012).

Alternativa b: INCORRETA. O STJ entende que a banca examinadora pode exigir conhecimento
referente a legislação superveniente ao edital, porém, a norma deve ter relação com as
disciplinas previstas no edital. Segue trecho de um dos julgados da corte cidadã:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. LITISCONSORTE ATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. CITAÇÃO DOS DEMAIS CANDIDATOS. DESNECESSIDADE.
VIOLAÇÃO DO EDITAL. NÃO OCORRÊNCIA.

[...]

4. MÉRITO: Determina o edital o bloco de matérias que integram a fase


oral do concurso, dentre elas, direito civil e o subitem "adoção", não
fazendo referência, expressa, ao tema relacionado com o "Estatuto da

ÍNICIO
Criança e do Adolescente - ECA".

5. Possibilidade de se formular pergunta oral que remete diretamente


ao art. 50, § 13, do ECA, pois à época da realização do exame já estava
vigente o art. 1.168 do Código Civil, que tem a seguinte redação: "A
adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista
pela Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente". (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009).

6. É cabível a exigência, pela banca examinadora de concurso público,


de legislação superveniente à publicação do edital, quando estiver
de acordo com as matérias declinadas no edital de abertura.

7. In casu, previsto no edital o tema geral "adoção", no campo do


direito civil, é dever do candidato estar atualizado na matéria versada,
especialmente em razão da nova redação do art. 1.168 do Código Civil,
que faz alusão ao ECA.
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8. Ademais, em regra, não cabe ao Poder Judiciário, no controle


@bomnodireito

jurisdicional da legalidade do concurso público, tomar o lugar da banca


examinadora, nos critérios de correção de provas e de atribuição de
notas.

9. Precedentes: AgRg no RMS 22.730/ES, Rel. Ministra Maria Thereza


DE Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 20.4.2010, DJe 10.5.2010;
32
RMS 21743/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado
em 9.10.2007, DJ 5.11.2007, p. 292.

Recurso ordinário improvido.

(RMS 33.191/MA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA


TURMA, julgado em 14/04/2011, DJe 26/04/2011)

Alternativa c: INCORRETA. Apesar de existir entendimento doutrinário em sentido divergente,


o STF entende que o abono de permanência também se aplica aos servidores públicos que
preenchem os requisitos para aposentadoria especial prevista no art. 40, §4º, da CF/88. Os
policiais civis se enquadram nesta espécie de servidores públicos e, uma vez preenchidos os
requisitos para a aposentadoria especial, farão jus ao abono de permanência.

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Administrativo. Policial civil. Aposentadoria especial. Lei
Complementar nº 51/85. Recepção pela CF/88. Abono de
permanência. Percepção. Possibilidade. Requisitos para concessão do
benefício. Preenchimento. Legislação infraconstitucional. Ofensa
reflexa. Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Precedentes.

1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que


o art. 1º, inciso I, da Lei Complementar nº 51/85 foi recebido pela
Constituição Federal.

2. A Corte já se pronunciou no sentido de que a Constituição não veda ÍNICIO
a extensão do direito ao abono de permanência para servidores
públicos que se aposentam com fundamento no art. 40, § 4º, da CF.

3. Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise da legislação


infraconstitucional e o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência
das Súmulas nºs 636 e279/STF.

4. Agravo regimental não provido.

(ARE 923.565-AgR,Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe


de1/2/2016)

Alternativa d: INCORRETA. A jurisprudência dos tribunais superiores firmou-se no sentido de


que o candidato aprovado em concurso público tem apenas expectativa de direito à nomeação,
não podendo exigi-la judicialmente. Em algumas hipóteses excepcionais, é reconhecido direito
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subjetivo à nomeação ao candidato como a aprovação dentro do número de vagas previstas no


@bomnodireito

edital do concurso público. Porém, o surgimento de vagas durante a validade do certame não
enseja direito subjetivo à nomeação, conforme já decidiu o STJ no MS 22.813-DF (Informativo
630).

No mesmo sentido: STF, RE 837311/PI (Informativo 811). Vale ressaltar que, se o candidato
demonstrar de forma inequívoca a necessidade de nomeação durante o período de validade do
certame e que há a preterição arbitrária e imotivada ao não nomear os aprovados, haverá
direito subjetivo à nomeação.
33
Alternativa e: CORRETA. A defesa técnica por advogado no PAD não é requisito para sua
validade. O servidor acusado deve ter a faculdade de se fazer representar por advogado, mas
caso não a exerça, não haverá nulidade. É importante ressaltar que ao longo do processo, deve
ser garantida ao servidor o contraditório e ampla defesa. Neste sentido:

Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técnica por advogado no


processo administrativo disciplinar não ofende a constituição.

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE

1 – Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, é possível aos prefeitos


municipais perceber terço de férias e décimo terceiro salário.

FALSO

Comentários: De fato, é POSSÍVEL que lei estabeleça direito ao PREFEITO municipal de perceber
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO e TERÇO DE FÉRIAS. Acontece que esse entendimento foi 
sufragado pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, em julgamento submetido ao rito da ÍNICIO
repercussão geral, e não pelo STJ, conforme consta no enunciado.

A tese foi fixada sob o rito da REPERCUSSÃO GERAL (tema 484 - item 2).

Segundo o STF: "O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento
de terço de férias e décimo terceiro salário".

Art. 39. § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os


Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
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2 – Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência


@bomnodireito

social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição
Federal, até a edição de lei complementar específica, não alcançando as hipóteses de
aposentadoria especial de que tratam os incisos I e II da mesma norma.

VERDADEIRO
34
Comentários: É o teor da SÚMULA VINCULANTE nº 33: APLICAM-SE AO SERVIDOR PÚBLICO, no
que couber, as REGRAS DO REGIME GERAL da previdência social sobre APOSENTADORIA
ESPECIAL de que trata o ARTIGO 40, § 4º, INCISO III DA CONSTITUIÇÃO Federal, até a edição de
LEI COMPLEMENTAR específica.

Novamente, a leitura atenta da súmula vinculante se mostra importante para que o candidato
não confunda o seu teor. De fato, a tese vinculante fixada pelo STF somente trata sobre a
aposentadoria especial do servidor público com fundamento no inciso III do § 4º do art. 40 da
CF, ou seja, atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Não abrange, assim, as hipóteses de aposentadoria especial de servidores deficientes (inciso I)
e que exercem atividades de risco (inciso II).

3 – Segundo entende o Superior Tribunal de Justiça, não se admite a instauração de processo


administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, considerando a vedação ao
anonimato constitucionalmente estabelecida.

FALSO

Comentários:. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, expresso no enunciado


de súmula nº 611: Desde que DEVIDAMENTE MOTIVADA e com amparo em INVESTIGAÇÃO OU
SINDICÂNCIA, é PERMITIDA a instauração de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR com
base em DENÚNCIA ANÔNIMA, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração.

Com efeito, a Constituição Federal assegura a livre manifestação do pensamento, mas proíbe o
anonimato, conforme expresso em seu art. 5º, IV, razão que sustenta a tese de que seria vedada

a instauração do processo administrativo disciplinar tendo por base denúncia anônima. ÍNICIO

Entretanto, o STJ considerou a existência de outros valores constitucionais a serem ponderados,


como o dever de obediência aos princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade
pela Administração Pública, expresso no art. 37, caput, da CF, que impõe o poder-dever de
autotutela. Diante disso, é múnus do administrador zelar pela legalidade dos atos praticados
perante a Administração Pública, não podendo ser omisso em seu dever, sob pena de ser
responsabilizado civil, administrativa e penalmente.

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo completo disponível aos assinantes do PROGRAMA


PONTO NA MÃO-BND.
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@bomnodireito
35
PONTO PRIORITÁRIO: AGENTES PÚBLICOS

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE)

I) QUESTÃO DISCURSIVA OFICIAL COMENTADA

Questão 1 I FCC I Procuradoria Geral do Estado de Tocantins I 2018

Em meio a período de escassez de recursos financeiros, determinado Estado da federação


passou a assistir a um aumento inesperado na demanda de acesso da população a serviços
públicos, decorrente do recebimento de um grande fluxo de famílias de estrangeiros
perseguidos politicamente em seus países de origem e admitidos como refugiados em
território brasileiro. Nesse contexto, foram adotadas algumas medidas visando otimizar o
emprego de recursos, de modo a atender mais prontamente ao maior contingente possível de
pessoas. Na área da educação, destacaram-se as seguintes:

i. contratação de professores de ensino fundamental e médio, por tempo determinado, em


conformidade com hipótese e procedimento estabelecidos em lei estadual; 
ÍNICIO
ii. cobrança de taxa de matrícula para os cursos de graduação da Universidade pública
estadual;

iii. cobrança de mensalidade para os cursos de pós-graduação em nível de especialização


ofertados pela Universidade pública estadual;

Diante disso, o Ministério Público estadual promoveu ações civis públicas com vistas a anular
os atos referidos, sob o fundamento de que seriam incompatíveis com a Constituição,
pleiteando, na ação que questiona a contratação de professores (i), a devolução ao erário dos
valores dispendidos e, nas demais (ii e iii), que cessassem as cobranças, assegurando-se aos
alunos frequência gratuita oas cursos e restituição do quanto pago a título de matrículas e
mensalidade.
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À luz da Constituição Federal e da Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, responda,


justificadamente, em relação a cada uma das medidas administrativas adotadas:
@bomnodireito

a. dispõe o Ministério Público de legitimidade para, por meio de ação civil pública, questionar
a adoção das políticas públicas referidas?

b. procede o entendimento de que tais medidas seriam incompatíveis com a Constituição?


36
c. procede o entendimento de que os valores envolvidos na implementação das medidas em
questão deveriam ser restituídos ao erário ou aos alunos, conforme o caso?

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA

O Ministério Público tem legitimidade para as ações, pois se referem à proteção do


patrimônio público e do direito social à educação, que também pode ser considerado um direito
individual homogêneo de relevante interesse social. A legitimidade nestes casos decorre do art.
129, II e III, da CF/88, do perfil institucional e da jurisprudência dos tribunais superiores.

A contratação de professores por tempo determinado em situação de necessidade


temporária de excepcional interesse público, nos termos estabelecidos em lei estadual, não
contraria a CF/88.

Na hipótese está caracterizada a necessidade temporária de excepcional interesse


público, haja vista o aumento inesperado na demanda do serviço público de educação decorrer
do aumento de estrangeiros refugiados no Estado. A excepcionalidade do interesse público é
inerente ao fato de que se trata da realização do direito à educação, fundamental segundo o
art. 6º da CF/88. Por fim, a lei estadual que versa sobre o tema foi observada.

Portanto, preenchidos os requisitos constitucionais para esta modalidade de


contratação.

Ante a licitude da contratação, é indevida a devolução dos valores. Ainda que ÍNICIO
houvesse ilegalidade na contratação, os valores recebidos pelos professores não devem ser
restituídos, pois houve a efetiva prestação de serviços e teriam direito, segundo a jurisprudência
do STF, aos salários e depósitos do FGTS. O contrário resultaria em verdadeiro enriquecimento
sem causa do Estado.

A cobrança de taxa de matrícula em Universidade pública viola a CF/88, pois esta


garante a gratuidade do ensino público (art. 206, IV), inclusive no nível superior. O entendimento
é esposado em súmula vinculante do STF, que vincula todos os órgãos da administração pública.
Deste modo, os valores cobrados indevidamente a este título devem ser restituídos.

Por outro lado, o citado entendimento não impede que haja a cobrança valores
referentes a cursos de pós-graduação em nível de especialização, pois estes se referem,
majoritariamente, a atividades de extensão e pesquisa, cujo financiamento pode ocorrer com
recursos privados, nos termos da exegese do art. 213, §2º, da CF/88. Apenas o ensino é
obrigatoriamente custeado com recursos públicos. A extensão e a pesquisa apenas poderão
recebê-los.
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O entendimento foi adotado pelo STF em julgado sob regime de repercussão geral.
@bomnodireito

Deste modo, diante da licitude da cobrança, não é devida a restituição dos valores.
37
COMENTÁRIOS

1 - INTRODUÇÃO

Esta questão foi cobrada recentemente no concurso da Procuradoria-Geral do


Estado de Tocantins e, além de trazer temas referentes aos servidores públicos, exige
conhecimento acerca da atuação do Ministério Público e da gratuidade de ensino.

É uma questão que exige uma resposta muito longa. Nestes casos você precisa ficar
atento ao uso do espaço no início da resposta, para não faltar no final. Uma medida que lhe
ajudará é a esquematização pontual do que você pretende colocar na sua resposta. Além disso,
faça uso de períodos simples, curtos e objetivos e evite informações que não têm pertinência
direta com o que é exigido pela questão.

Dito isto, sigamos aos comentários do conteúdo da questão.

2 - LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

As funções do Ministério Público estão previstas no art. 127 e 129 da CF/88, em um


rol meramente exemplificativo. Dentre estas funções, destacam-se aquelas previstas nos incisos
II e III:

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de


relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
ÍNICIO
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;

Quando atua na defesa do patrimônio público, o Ministério Público “age como


substituto processual de toda a coletividade e, consequentemente, na defesa de autêntico
direito difuso” (STF, RE 208.780). Portanto, sempre que uma determinada conduta ilícita puder
representar uma possível lesão ao patrimônio público, o Ministério Público terá legitimidade
para promover a respectiva ação civil pública, agindo no interesse de toda a sociedade.

A possibilidade de atuação do Ministério Público para defesa do patrimônio público


é, portanto, pacífica. O entendimento encontra-se resguardado na súmula de jurisprudência do
STJ:

Súmula nº 329: O Ministério Público tem legitimidade para propor


ação civil pública em defesa do patrimônio público.
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Além disso, o art. 127, caput, da CF/88 afirma ser incumbência do Ministério
@bomnodireito

Público a defesa da ordem jurídica, o que legitima sua atuação com o fito de garantir que os
poderes públicos atuarão em conformidade com o ordenamento jurídico.

Cabe ainda ao parquet a defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis, nos
termos do já citado art. 127, caput, da CF/88, bem como a defesa de direitos difusos e coletivos,
conforme afirma o art. 129, III, da CF/88.
38
A jurisprudência entende que o Ministério Público também tem legitimidade para
defesa de direitos individuais homogêneos quando estes forem revestidos de interesse social.
Neste sentido:

Agravo regimental no recurso extraordinário. Ação civil pública.


Interesses individuais homogêneos de relevância social.
Legitimidade ativa do Ministério Público para seu ajuizamento
reconhecida.

1. Em ações civis públicas em que se discutem interesses individuais


homogêneos, dotados de grande relevância social, reconhece-se a
legitimidade ativa do Ministério Público para seu ajuizamento.

2. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal pacífica, nesse sentido.

3. Agravo regimental não provido.

(RE 328910 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma,


julgado em 02/08/2011, DJe-188 DIVULG 29-09-2011 PUBLIC 30-09-
2011 EMENT VOL-02598-01 PP-00037)

A atribuição do Ministério Público para defesa desses direitos é feita em fórmulas


abertas o que nos impede de entender que só lhe compete defender direito difuso, coletivo, ou
individual homogêneo relacionado a um determinado tema. Nas palavras de Cleber Masson:
“Ele está autorizado à defesa de direitos transindividuais de qualquer temática. Essa é uma das
razões pelas quais o MP transformou-se no autor da esmagadora maioria das ações civis públicas
em nosso país”.

Todavia, a legitimidade está restrita às hipóteses em que exista interesse social,



em virtude do perfil constitucional da instituição. Com relação aos direitos difusos e coletivos, ÍNICIO
o reconhecimento do interesse social é majoritariamente presumido. Já com relação aos direitos
individuais homogêneos, a questão é mais complexa.

Quando são indiponíveis, é pacífico o reconhecimento da legitimidade do parquet


para sua tutela (art. 127, caput, da CF/88). Também é pacífico nos casos em que a própria
constituição ou a lei atribui legitimidade expressa para atuação do Ministério Público para
defesa de determinados interesses, consistindo em uma verdadeira presunção constitucional
ou legal de relevância social (ex.: direitos das populações indígenas - art. 129, V, da CF/88,
direitos das crianças e adolescentes – art. 201, V, do ECA).

Fora destas hipóteses, os direitos individuais homogêneos só ensejarão a atuação


do Ministério Público quando houver relevância social, a ser verificada em cada caso. Trata-se
de entendimento da jurisprudência majoritária no STF e STJ.

Diante disto, podemos concluir que o Ministério Público tem legitimidade para ação
civil pública que questiona a licitude da contratação de professores temporários, tendo em vista
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o risco de dano ao patrimônio público, bem como de violação à ordem jurídica, por
inobservância da regra do concurso público.
@bomnodireito

Há também legitimidade para a ação que questiona a cobrança de matrículas em


Universidades Públicas para cursos de ensino superior, bem como para questionar a cobrança
de matrículas e mensalidades em curso de pós-graduação, pois visa tutelar o direito à gratuidade
do ensino público, um direito social e com contornos de direito individual homogêneo de grande
relevância social.
39
3 - CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES TEMPORÁRIOS

Os agentes públicos devem ter, via de regra, vínculos estáveis e duradouros com a
administração pública, permitindo um maior grau de profissionalização e consequente eficiência
na prestação dos serviços públicos. Por esta razão, aqueles que atuam em nome do Estado
devem ser servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou empregados públicos, ambos
previamente submetidos a concurso público, conforme exigido pelo art. 37, I, da CF/88.

A regra admite exceções, expressas na Constituição Federal. A título de exemplo,


podemos mencionar os agentes políticos eleitos para mandatos eletivos, os ocupantes de cargo
em comissão e os temporários, estes serão o foco da nossa análise.

A Constituição Federal admite a contratação de temporários nas hipóteses em que


houver “necessidade temporária de excepcional interesse público”, além disso, exige a
regulamentação em lei de cada ente, que especificará as hipóteses que admitirão esta espécie
de contratação. Tudo conforme previsto no art. 39, IX:

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado


para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público;

Perceba que o cerne para verificar se há ou não a possibilidade de se valer desta


contratação está na expressão “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
Passemos a analisá-la.

Inicialmente, exige-se a temporariedade da necessidade. Esta não pode ser uma


necessidade ordinária, comum e corriqueira da administração pública, pois se assim fosse, a
administração deveria providenciar a contratação de servidores ocupantes de cargos efetivos
ou empregados públicos aprovados em concurso público.

ÍNICIO
Em outras palavras, os serviços prestados pelos temporários são necessários
apenas durante um determinado período. Depois, a necessidade desaparecerá.

Neste ponto, é importante alertar que a temporariedade se refere à necessidade e


não à função. Explico. Ainda que se trate de uma função corriqueira e permanente da
administração pública (ex.: médicos), poderá haver a contratação temporária caso haja uma
necessidade temporária de contratação (ex.: surto sazonal de malária). Neste sentido, já decidiu
o STJ:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA


COLETIVO. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL POR TEMPO DETERMINADO
PARA ATENDER A NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL
INTERESSE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE
PODER. DIREITO LÍQUIDO E CERTO INEXISTENTE.

1. Mandado de Segurança coletivo impetrado pelo Sindicato Nacional


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dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação - Sinagências


contra a Portaria Interministerial n. 140/2013, expedida pelo Ministro
@bomnodireito

do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo Ministro da Saúde, a


qual autorizou a contratação, por tempo determinado, de 200
profissionais para a Agência Nacional de Saúde Suplementar.

2. O ato apontado como coator foi editado em observância às normas


de regência (art. 37, IX, da CF e art. 2º da Lei n. 8.745/1993),
preenchendo os requisitos exigidos para a contratação temporária
40
de pessoal, mediante o assentamento expresso da motivação para a
referida providência (crescente número de demandas e enorme
passivo de procedimentos administrativos), da existência de
disponibilidade orçamentária para o seu custeio e da comprovação de
que as atividades a serem desempenhadas, ainda que permanentes
do órgão, são de natureza temporária para suprir interesse público
relevante (mormente diante da inexistência de cargos vagos para a
realização imediata de concurso público).

3. Mandado de segurança denegado.

(MS 20.335/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA


SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 29/04/2015)

Vale ressaltar que, em alguns casos, o poder público pretende realizar o concurso
público, mas este exige um trâmite que envolve questões orçamentárias e administrativas, além
do tempo para sua implementação até a efetiva homologação. Muitas vezes, durante este
trâmite, o interesse público fica desacobertado, justificando a contratação de temporários para
suprir a demanda.

Porém, é preciso atenção, pois esta hipótese deve ser vista com cautela. É preciso
coibir o uso desta modalidade de contratação pelo administrador como forma de burlar a regra
do concurso público. Um exemplo desta cautela consta na jurisprudência do STF consta na ADI
3721/CE, na qual foi julgada inconstitucional uma hipótese de contratação temporária de
professores para projetos educacionais ordinários:

4. Os projetos educacionais previstos no § único do artigo 3º da LC


22/00 correspondem a objetivos corriqueiros das políticas públicas de
educação praticadas no território nacional. Diante da continuada

ÍNICIO
imprescindibilidade de ações desse tipo, não podem elas ficar à mercê
de projetos de governo casuísticos, implementados por meio de
contratos episódicos, sobretudo quando a lei não tratou de designar
qualquer contingência especial a ser atendida.

Além de ser temporária, a necessidade deverá ser de excepcional interesse


público. Deste modo, não é qualquer necessidade temporária que justifica a contratação
temporária. Nos casos em que a demora do concurso público não puder comprometer o
interesse público, a contratação temporária não se justifica. O termo é vago e ganha densidade
normativa quando da edição das leis dos entes que regulamentam a matéria, mas estas não têm
total liberdade, podendo ser invalidadas caso extrapolem o conteúdo razoável da expressão
“excepcional interesse público”.

É preciso ressaltar que o ente deve editar uma lei prevendo as hipóteses que
ensejarão a contratação temporária. Todavia, esta lei deve respeitar os parâmetros
constitucionais explicados acima. A tese fixada no tema 612 da repercussão geral do STF resume
bem os requisitos:
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Tema 612: Nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal, para que
@bomnodireito

se considere válida a contratação temporária de servidores públicos, é


preciso que: a) os casos excepcionais estejam previstos em lei; b) o
prazo de contratação seja predeterminado; c) a necessidade seja
temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a contratação
seja indispensável, sendo vedada para os serviços ordinários
permanentes do Estado que estejam sob o espectro das contingências
normais da Administração.
41
Por esta razão, será inconstitucional a lei que prever hipóteses muito genéricas e
abrangentes de contratação temporária, sendo imprescindível que ela escifique a contingência
fática que importe em necessidade temporária de excepcional interesse público. Neste sentido,
já decidiu a nossa corte constitucional. Pela riqueza do julgado, transcrevo:

1) A contratação temporária prevista no inciso IX do art. 37 da


Constituição da República não pode servir à burla da regra
constitucional que obriga a realização de concurso público para o
provimento de cargo efetivo e de emprego público.

2) O concurso público, posto revelar critério democrático para a


escolha dos melhores a desempenharem atribuições para o Estado, na
visão anglo-saxônica do merit system, já integrava a Constituição
Imperial de 1824 e deve ser persistentemente prestigiado.

3) Deveras, há circunstâncias que compelem a Administração Pública


a adotar medidas de caráter emergencial para atender a
necessidades urgentes e temporárias e que desobrigam, por
permissivo constitucional, o administrador público de realizar um
concurso público para a contratação temporária.

4) A contratação temporária, consoante entendimento desta Corte,


unicamente poderá ter lugar quando:

1) existir previsão legal dos casos;

2) a contratação for feita por tempo determinado;

3) tiver como função atender a necessidade



temporária, e ÍNICIO

4) quando a necessidade temporária for de


excepcional interesse público.

5) In casu, o Plenário desta Corte entreviu a inconstitucionalidade de


toda a Lei nº 4.599 do Estado do Rio de Janeiro que disciplina a
contratação temporária, dado o seu caráter genérico diante da
ausência de uma delimitação precisa das hipóteses de necessidade
de contratação temporária. Restou ressalvada a posição vencida do
relator, no sentido de que apenas o art. 3º da norma objurgada
conteria preceito inconstitucional, posto dúbio e dotado de trecho
capaz de originar uma compreensão imprecisa, inválida e demasiado
genérica, no sentido de que a própria norma por si só estaria criando
os cargos necessários à realização da atividade, o que é juridicamente
inviável, uma vez que referida providência dependeria de lei específica
a ser aprovada diante de uma superveniente necessidade, nos termos
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do que previsto no art. 61, §1º, II, alínea “a”, da Constituição da


República.
@bomnodireito

6) É inconstitucional a lei que, de forma vaga, admite a contratação


temporária para as atividades de educação pública, saúde pública,
sistema penitenciário e assistência à infância e à adolescência, sem
que haja demonstração da necessidade temporária subjacente.
42
7) A realização de contratação temporária pela Administração Pública
nem sempre é ofensiva à salutar exigência constitucional do concurso
público, máxime porque ela poderá ocorrer em hipóteses em que não
há qualquer vacância de cargo efetivo e com o escopo, verbi gratia, de
atendimento de necessidades temporárias até que o ocupante do
cargo efetivo a ele retorne. Contudo, a contratação destinada a suprir
uma necessidade temporária que exsurge da vacância do cargo efetivo
há de durar apenas o tempo necessário para a realização do próximo
concurso público, ressoando como razoável o prazo de 12 meses.

(ADI 3649, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em


28/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014
PUBLIC 30-10-2014)

Além disso, a lei não poderá prever a prorrogação por prazo indefinido dos
contratos temporários, conforme decidido pelo STF na ADI 3663/MT.

Caso a contratação de temporários seja feita de forma irregular, ela será nula. Ainda
assim, o contratado terá direito aos salários referentes ao período que prestou serviços. Além
disso, terá direito ao FGTS. O entendimento foi firmado na jurisprudência do STF, sob o regime
de repercussão geral:

Tema 916: A contratação por tempo determinado para atendimento


de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada
em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição
Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos
servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos
salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A
da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no

ÍNICIO
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

Além disso, a contratação irregular de temporários pode se caracterizar como


improbidade administrativa, pois consiste em verdadeira violação ao princípio do concurso
público. Neste sentido já decidiu o STJ no REsp 1403361/RN.

Diante disto, verifica-se que a contratação de professores temporários na hipótese


do enunciado foi lícita e preencheu os pressupostos constitucionais. O aumento repetino da
demanda de serviços públicos em razão da entrada de refugiados no território do Estado
representa uma necessidade temporária de excepcional interesse público.

A temporariedade pode ser identificada sob dois ângulos: alguns refugiados ficarão
temporariamente no Estado e as suas demandas por serviços desaparecerão em um futuro
muito próximo. Outros, porém, poderão fixar residência no Estado. Neste caso, até que se faça
um concurso público para contratação de mais professores ocupantes de cargo efetivo, surge a
necessidade temporária de prestação do serviço educacional para estas pessoas.
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O excepcional interesse público, por sua vez, se dá pelo fato de que o direito à
educação é fundamental e o ensino obrigatório é direito subjetivo dos indivíduos, nos termos
@bomnodireito

do art. 6º e 208, caput, I, §1º e 2º, da CF/88:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
43
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante
a garantia de:

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público


subjetivo.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou


sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade
competente.

Por fim, o próprio enunciado diz que a contratação se deu em conformidade com a
lei estadual que regulamenta o tema. Portanto, encontram-se preenchidos todos os requisitos
exigidos para esta espécie de contratação.

Ante sua licitude, é indevida a pretensão de devolução dos valores pagos aos
professores. Ainda que houve ilicitude, como já demonstrado, o STF entende que os professores
continuam fazendo jus aos salários e depósitos de FGTS referentes ao tempo de serviços
prestados, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado.

4 - COBRANÇA DE VALORES PELAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTADUAIS

O direito à educação foi previsto na Constituição Federal como um direito


fundamental (art. 6º). Por ser um clássico direito de segunda geração, exige do Estado uma 
atuação positiva que, inevitavelmente, envolve custos financeiros. Além disso, trata-se de ÍNICIO
direito essencialmente ligado à democracia, pois a formação educacional permite uma
participação efetiva do indivíduo na vida política.

Atento à importância deste direito, o texto constitucional (art. 205) impõe que a
educação é:

- Direito de todos.

- Dever do Estado e da família;

- E promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.

Além disso, o art. 206 da Carta Política elenca princípios que norteiam a prestação do serviço
educacional. Dentre estes princípios, destacam-se dois:

- Que as condições de acesso e permanência devem ser igualitárias


(Inciso I);
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- A gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais (Inciso


@bomnodireito

IV);

Mais adiante, ao tratar de forma mais detalhada dos serviços educacionais, o art.
208 impõe que o Estado garanta:
44
- educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria (Inciso I);

- progressiva universalização do ensino médio gratuito;

- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um.

Neste ponto, é importante ressaltar que a educação básica compreende a pré-


escola, o ensino fundamental e o ensino médio, nos termos do art. 4º, I, da Lei de Diretrizes e
Bases, mas o ensino médio só foi incluído a partir de 2013, com a edição da lei 12.796/2013.

Diante deste arcabouço normativo, algumas Universidades Públicas passaram a


implementar “taxas de matrículas” (que na verdade eram preços públicos). O argumento
adotado por estas entidades se baseava em uma interpretação restritiva do art. 206, IV e art.
208 da CF/88.

Defendiam que a obrigação do Estado se restringia ao fornecimento do ensino


gratuito no nível fundamental obrigatório (art. 208, I, da CF/88) e quanto ao ensino médio,
apenas deveria promover sua universalização progressiva (art. 208, II, da CF/88 - na época o
ensino médio não era incluído na educação básica).

Além disso, o caput do art. 205 da CF/88, fundamentaria a cobrança das taxas, pois
impõe a colaboração da sociedade na promoção do ensino. Por fim, fundamentavam a cobrança
no fato de que, na distribuição dos recursos para a educação, o Estado deveria priorizar o ensino
obrigatório, nos termos do art. 212, §3º, da CF/88.

ÍNICIO
O tema foi levado ao STF que não concordou com a tese das Universidades. Para o
tribunal, a cobrança viola a Constituição, em especial o art. 206, IV, da CF/88.

Segundo a corte, o art. 208 da CF/88 não limita a atuação do Estado, mas impõe
que este mantenha uma estrutura necessária que permita ao cidadão comum,
independentemente de ter ou não recursos financeiros, o acesso aos níveis mais elevados de
ensino, dependendo apenas da sua competência intelectual.

A cobrança de taxa de matrícula implicaria, nas palavras do ministro Joaquim


Barbosa, em uma triagem social baseada na renda, limitando o acesso ao ensino superior
àqueles mais abonados. A taxa seria um verdadeiro obstáculo financeiro violando a igualdade
de acesso ao ensino (art. 206, I, da CF/88).

Além disso, o art. 206, IV, da CF/88 não tem a aplicação limitada de acordo com o
grau de ensino. Se o texto constitucional não fez distinção de sua aplicação, não cabe ao
interprete fazê-la (ubi lex non distinguir nec nos distinguere debemus).
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Por fim, a sociedade já contribui com a promoção e incentivo do ensino através dos
@bomnodireito

impostos, pois a arrecadação destes é a fonte de financiamento dos serviços de ensino. A


cobrança de taxa representaria uma dupla oneração da sociedade, o que é indevido. Neste
sentido foi o voto de Ricardo Lewandowski no RE 500.171:

“caso se admitisse como válida a tese da recorrente no sentido de que


cumpre à sociedade compartilhar com o Estado os ônus do ensino
ministrado em estabelecimentos oficiais e da manutenção de seus
alunos, esta teria de contribuir duplamente para a subsistência desse
45
serviço público essencial: uma vez por meio do recolhimento dos
impostos e outra mediante o pagamento das taxas de matrícula.”

O entendimento foi cristalizado na Súmula Vinculante nº 12, que afirma: A


cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal.

Deste modo, no caso do enunciado, a cobrança de taxa de matrícula por


Universidades Públicas Estaduais viola a Constituição Federal e os valores pagos indevidamente
devem ser restituídos aos alunos.

Após a edição da referida Súmula Vinculante mencionada, o STF se deparou com


uma questão: A Universidade Federal do Ceará - UFC poderia cobrar mensalidades para cursos
de extensão no programa “Casa de Cultura Estrangeira”?

O ministro Gilmar mendes promoveu um distinguishing, afastando a aplicação da


Súmula Vinculante ao caso. O argumento: a súmula só se referia à gratuidade do curso de ensino
superior e não qualquer curso oferecido pela Universidade.

Segundo o magistrado, a Universidade Pública deve ter sua atuação voltada,


simultaneamente, para o ensino, pesquisa e extensão, conforme previsto no art. 207, caput, da
CF/88:

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica,


administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Deste modo, apesar de serem atividades que se relacionam, são aspectos de


atuação diferentes.

ÍNICIO
De um lado o ensino é necessariamente financiado com recursos públicos, nos
termos do art. 212, caput, da CF/88 (que impõe a aplicação de um percentual mínimo da receita
resultante de impostos na “manutenção e desenvolvimento do ensino”) e a Constituição garante
expressamente a sua gratuidade, nos termos do art. 206, IV.

Do outro, a pesquisa e a extensão não necessariamente contam com recursos


públicos para o seu financiamento, conforme podemos extrair do art. 213, §2º, da CF/88, que
apenas faculta o recebimento de apoio financeiro do Poder Público:

§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à


inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de
educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro
do Poder Público.

Deste modo, se a presença de recursos públicos não é garantida, a interpretação


do dispositivo a contrario sensu deve ser no sentido de que é possível a captação de recursos
privados para o desenvolvimento destas atividades. Por esta razão, a Universidade pode cobrar
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valores para atividades voltadas à pesquisa e extensão. Apenas a manutenção e


@bomnodireito

desenvolvimento do ensino é acobertada pela gratuidade, pois financiada, necessariamente,


com recursos públicos.

Feita esta distinção, cumpre-nos investigar: os cursos de pós-graduação estão


inseridos no conceito de “manutenção e desenvolvimento do ensino”?

Para a corte, os cursos de pós-graduação em nível de especialização constituem


uma atividade relacionada à extensão e não à “manutenção e desenvolvimento do ensino”, por
46
esta razão, não seriam financiados com recursos públicos. Logo, a Universidade, no âmbito da
sua autonomia garantida constitucionalmente, pode estabelecer a cobrança de tarifa para a
participação nestes cursos.

Por outro lado, há cursos de pós-graduação que se voltam à preparação para o


exercício do magistério superior, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado (art.
66 da LDB). Estes são essenciais para a manutenção e desenvolvimento do ensino e são
custeados com recursos públicos, sendo assegurada a sua gratuidade.

Diante do exposto, podemos concluir que a cobrança de mensalidade em curso de


pós-graduação a nível de especialização não encontra óbice na gratuidade do ensino (art. 206,
IV, CF/88). Logo, é legítima e não há razão para restituição dos valores recebidos.

II) DISCURSIVA INÉDITA DE JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

1 - Candidato, é sabido que a CF permite, excepcionalmente, a acumulação de cargos públicos.


Sobre o tema, responda: (a) quais são as situações em que a CF permite a acumulação de
cargos? (b) qual a definição de "cargo técnico" para tal finalidade? (c) há algum limite de horas
para a acumulação? (d) sendo a acumulação legítima, como incide o teto constitucional na
remuneração, considera-se a cumulação das verbas remuneratórias ou cada um dos vínculos
em separado? (60 linhas – Tempo sugerido: 45 minutos)

ÍNICIO
RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!

Com o fim de preservar a moralidade pública, em seu art. 37, incisos XVI e XVII, a
Constituição Federal veda a acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públicas,
tanto na Administração Direta como na Indireta. Conclui-se, portanto, que a inacumulabilidade
de cargo público emerge como regra, cujas exceções são expressamente estabelecidas no corpo
da própria Carta Magna.

Nesse sentido, excepcionando a regra, a Carta dispõe expressamente que, quando


houver compatibilidade de horários, poderá haver cumulação nas seguintes hipóteses: ❶ a de
dois cargos de professor; ❷ a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; ❸ a
de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.

Com efeito, na exceção prevista na alínea "b" do inciso XVI do art. 37 da CF, o
conceito de "cargo técnico ou científico" era uma das controvérsias jurisprudenciais que
pairavam sobre a interpretação dessa norma para fins de acumulação.
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@bomnodireito

Construindo paulatinamente esse conceito, a jurisprudência dos Tribunais


Superiores concluiu que a denominação do cargo, se técnico ou científico, não bastaria para a
identificação de sua natureza. Impenderia, portanto, a análise concreta das funções
desempenhadas para tal caracterização.

Noutra órbita, o Superior Tribunal de Justiça posicionou-se em sentido


convergente, afirmando que a conceituação de cargo técnico não remete, essencialmente, a um
cargo de nível superior, mas sim à análise da atividade desenvolvida, em atenção ao nível de
47
especificação, capacidade e técnica necessários para o correto exercício do trabalho. Para a
Corte, cargo técnico é aquele que requer conhecimento específico na área de atuação do
profissional, com habilitação específica de grau universitário ou profissionalizante de 2º grau. É,
portanto, aquele que exige da pessoa um conjunto de atribuições ligadas ao conhecimento
específico de uma área do saber.

Quanto à limitação de horas, o tema ainda se revela polêmico. O Superior Tribunal


de Justiça entendia, reiteradamente, que a acumulação estaria sujeita ao limite de 60 horas
semanais. Segundo esse entendimento, a ausência de fixação da carga horária máxima para a
cumulação de cargo não significaria que tal acúmulo estivesse desvinculado de qualquer limite,
não legitimando, portanto, o acúmulo de jornadas de trabalhos exaustivas, ainda que houvesse
compatibilidade de horários, considerando os parâmetros constitucionais relativos à dignidade
humana e aos valores sociais do trabalho, previstos no art. 1º, III e IV, da CF. Assim, tomando
por base o art. 19 da Lei nº 8.112/90, que estabelece a carga horária de 40 horas semanais, com
a possibilidade de duas horas de trabalho extra por jornada, fixou o limite de carga horária para
fins de cumulação como sendo 60 horas semanais.

Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se em sentido contrário,


afirmando que a acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no
art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma
infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição Federal. O fundamento desse
entendimento tem fundo constitucional, pois a Constituição Federal em nenhum momento
exigiu que a jornada semanal dos dois cargos fosse de até 60 horas. O texto constitucional exigiu
apenas que haja compatibilidade de horários. O único requisito estabelecido para a acumulação,
portanto, é a compatibilidade de horários no exercício das funções.


Após esse julgamento, o Superior Tribunal de Justiça começou a se alinhar a esse
entendimento. Entretanto, mesmo com a manifestação reiterada do Supremo Tribunal Federal
dessa posição, ainda podem ser encontradas decisões recentes, inclusive do Superior Tribunal ÍNICIO
de Justiça, em sentido contrário.

Assim, embora seja amplamente majoritário o entendimento pela ausência de


limite de carga horária para fins de cumulação, a questão ainda não está pacificada.

No tocante ao teto constitucional, previsto no art. 37, XI, da CF, sendo a acumulação
legítima, considera-se cada um dos vínculos em separado para fins de aplicação do limite de
remuneração.

Não obstante essa questão também suscitasse dúvidas na jurisprudência, o


Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento, em julgamento sob o rito da repercussão
geral, fixando a tese: "Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos,
empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração
de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao
somatório dos ganhos do agente público".

Para a Corte Suprema, a percepção somada de remunerações relativas a cargos


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acumuláveis, ainda que acima, no cômputo global, não interfere nos objetivos que inspiram o
texto constitucional. As situações alcançadas pelo art. 37, XI, da CF são aquelas nas quais o
@bomnodireito

servidor obtém ganhos desproporcionais, observadas as atribuições dos cargos públicos


ocupados. Não há, dessa forma, prejuízo à dimensão ética da norma, porquanto resta mantida
a compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração.

Ademais, assentou que o teto constitucional não pode servir de desestímulo ao


exercício das relevantes funções acumuladas, repercutindo, até mesmo, no campo da eficiência
administrativa, e que a incidência do limitador, considerado o somatório dos ganhos, ensejaria
48
enriquecimento sem causa do Poder Público, pois viabilizaria retribuição pecuniária inferior ao
que se tem como razoável.

Sendo lícita, portanto, a acumulação, o teto constitucional de rendimentos se aplica


a cada um dos vínculos do agente público.

COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

Prezado aluno,

De início, é importante pontuar a escolha de um tema sensível à advocacia pública


(acumulação de cargos públicos), quer seja devido à sua incidência nas atividades rotineiras dos
advogados públicos, quer seja pelas várias controvérsias jurisprudenciais que sobre ele pairam.

A questão trazida explorou vários julgados do Supremo Tribunal Federal e do


Superior Tribunal de Justiça, com perspectivas diversas sobre o mesmo tema. O ideal é que seja
trabalhada em uma média de 60 linhas, dentro do período de uma hora.

O assunto foi introduzido a partir da legislação, uma vez que se trata de importante
dispositivo constitucional sobre a Administração Pública (disposições gerais). No entanto, exigiu-
se apenas o conhecimento básico do texto constitucional, o que não representa problemas para
candidatos a concursos de alto rendimento.

Em um segundo ponto, a questão trouxe a exceção prevista na alínea "b" do inciso


XVI do art. 37 da CF e o conceito de "cargo técnico ou científico", uma das controvérsias 
jurisprudenciais que pairavam sobre a interpretação dessa norma para fins de acumulação. É ÍNICIO
dizer, como a Constituição Federal não foi precisa em sua redação, existia uma indefinição do
que seria cargo técnico, o que provocou inúmeras ações ajuizadas com o intuito de reconhecer
a licitude de acumulações.

Decerto, ao exigir a definição do termo "cargo técnico" para fins de acumulação de


cargos, a questão buscou extrair do candidato o conceito básico do tema e a importância da
natureza das atividades exercidas pelo agente público, e não da nomenclatura, para a sua
caracterização.

Segundo já decidiu o STJ, somente se pode considerar que um cargo tem natureza
técnica se ele exigir, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos
especializados de alguma área do saber. (Segunda Turma, REsp 1569547-RN, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 15/12/2015, Informativo 575).

Sobre o tema, a jurisprudência dos Tribunais Superiores é pacífica, como


demonstram os julgados abaixo colacionados, à guisa de exemplo.
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ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. INTERPRETE E TRADUTOR DE


@bomnodireito

LIBRAS. NATUREZA TÉCNICA DO CARGO. CUMULAÇÃO COM CARGO DE


PROFESSOR.
POSSIBILIDADE.
1. Nos termos do art. 37, XVI, da Constituição Federal, a
inacumulabilidade de cargo público emerge como regra, cujas
exceções são expressamente estabelecidas no corpo da própria Carta
Magna.
49
2. Na exceção prevista na alínea "b" do inciso XVI do art. 37 da CF, o
conceito de "cargo técnico ou científico" não remete, essencialmente,
a um cargo de nível superior, mas pela análise da atividade
desenvolvida, em atenção ao nível de especificação, capacidade e
técnica necessários para o correto exercício do trabalho. RMS
42.392/AC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/02/2015, DJe 19/03/2015; RMS 28.644/AP, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe
19/12/2011; RMS 20.033/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
QUINTA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ 12/03/2007, p. 261.

3. A legislação brasileira reconhece a Língua Brasileira de Sinais - Libras


como um sistema linguístico de comunicação, cuja formação
profissional deve ser fomentada pelo poder público para fins de
viabilizar a comunicação com a pessoa portadora de deficiência e,
consequentemente, promover sua inclusão nas esferas sociais.

4. As disposições do Decreto 5.626/05 somam-se aos preceitos da Lei


12.319/10 para evidenciar que o exercício da profissão de tradutor e
intérprete de Libras exige conhecimentos técnicos e específicos
relativos a um sistema linguístico próprio, totalmente diferente da
Língua Portuguesa, mas a esta associada para fins de viabilizar a
comunicação com pessoas portadoras de deficiência, conduzindo à
inexistência de vedação para cumulação do cargo de professor com a
de tradutor e intérprete de Libras, dada a natureza técnica do cargo.


Recurso especial improvido.

(REsp 1569547/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA ÍNICIO


TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)

(...) 2. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


cargo técnico é aquele que requer conhecimento específico na área
de atuação do profissional, com habilitação específica de grau
universitário ou profissionalizante de 2º grau. (...)

RMS 42392 / AC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma,


julgado em 10/02/2015, DJe 19/03/2015)

(...) a natureza técnica apenas poderia ser conferida aos cargos que
exigissem, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de
conhecimentos especializados de alguma área do saber. Anotou que
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não estariam nessa categoria os cargos que implicassem a prática de


atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não
@bomnodireito

exigissem formação específica. Nesse sentido, ATIVIDADES DE


AGENTE ADMINISTRATIVO, DESCRITAS COMO ATIVIDADES DE NÍVEL
MÉDIO, NÃO SE ENQUADRARIAM NO CONCEITO CONSTITUCIONAL.
(...)

RMS 28497/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Cármen
Lúcia, 20.5.2014. (RMS-28497)
50
Posteriormente, a questão aborda outro tema sensível sobre o tema, desta vez
acerca da limitação de horas para fins de acumulação. Nesse ponto, é importante ressaltar que
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vinha oscilando. De início, manteve o limite de
60 horas semanais, com julgados, inclusive, da Primeira Seção, verbis:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO


FEDERAL. ENFERMEIRA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. ACUMULAÇÃO DE
CARGOS PRIVATIVOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE. JORNADA
SEMANAL SUPERIOR A 60 (SESSENTA HORAS). AUSÊNCIA DE DIREITO
LÍQUIDO E CERTO. SEGURANÇA DENEGADA.

1. Trata-se de mandado de segurança impetrado em face de ato


praticado pelo Ministro de Estado da Saúde consistente na demissão
da impetrante do cargo de enfermeira por acumulação ilícita de
cargos públicos, com fundamento nos arts. 132, XII, e 133, § 6º, da Lei
8.112/90.

2. Acertado se mostra o Parecer GQ-145/98 da AGU, eis que a


disposição do inciso XVI do art. 37 da Constituição Federal - "é vedada
a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto
no inciso XI" - constitui exceção à regra da não-acumulação;
assim, deve ser interpretada de forma restritiva.

3. Ademais, a acumulação remunerada de cargos públicos deve


atender ao princípio constitucional da eficiência, na medida em que
o profissional da área de saúde precisa estar em boas condições
físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o que
certamente depende de adequado descanso no intervalo entre o final

ÍNICIO
de uma jornada de trabalho e o início da outra, o que é impossível em
condições de sobrecarga de trabalho.

4. Também merece relevo o entendimento do Tribunal de Contas da


União no sentido da coerência do limite de 60 (sessenta) horas
semanais - uma vez que cada dia útil comporta onze horas
consecutivas de descanso interjornada, dois turnos de seis horas (um
para cada cargo), e um intervalo de uma hora entre esses dois turnos
(destinado à alimentação e deslocamento) -, fato que certamente não
decorre de coincidência, mas da preocupação em se otimizarem os
serviços públicos, que dependem de adequado descanso dos
servidores públicos. Ora, é limitação que atende ao princípio da
eficiência sem esvaziar o conteúdo do inciso XVI do art. 37 da
Constituição Federal.

5. No caso dos autos, a jornada semanal de trabalho da impetrante


ultrapassa 60 (sessenta) horas semanais, razão pela qual não se
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afigura o direito líquido e certo afirmado na inicial.


@bomnodireito

6. Segurança denegada.

STJ, Primeira Seção, MS 19300/DF, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado


em 10/12/2014, DJe de 18/12/2014).,

Em sentido contrário, o Supremo Tribunal Federal veio reiterando seu


entendimento, afastando a limitação da carga horária na acumulação de cargos, por entender
51
inexistir qualquer requisito constitucional nesse sentido. No entanto, é importante pontuar que
não se tratam de precedentes de eficácia vinculante. Vejamos (por todos):

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. PARECER GQ 145/1998/AGU. LIMITE
MÁXIMO DE 60 HORAS SEMANAIS EM CASOS DE ACUMULAÇÃO DE
CARGOS OU EMPREGOS PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
COMPATIBILIDADE DAS JORNADAS DE TRABALHO DA IMPETRANTE.
COMPROVAÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM
APLICAÇÃO DE MULTA. I – A existência de norma infraconstitucional
que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao
reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c,
da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o
exercício dos cargos a serem acumulados. Precedentes. II - Agravo
regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista
no art. 1.021, § 4°, do CPC.

(RMS 34257 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda


Turma, julgado em 29/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157
DIVULG 03-08-2018 PUBLIC 06-08-2018)

Por sua vez, o Tribunal da Cidadania começou a se alinhar a essa posição, afastando
o limite por ausência de previsão constitucional. Nesse sentido, vejamos acórdão que
expressamente reconhece a adequação do entendimento ao posicionamento consolidado pelo
STF:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.


ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS REMUNERADOS. ÁREA DA
SAÚDE. LIMITAÇÃO DA CARGA HORÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.

ÍNICIO
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. REQUISITO ÚNICO. AFERIÇÃO PELA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

1. A Primeira Seção desta Corte Superior tem reconhecido a


impossibilidade de acumulação remunerada de cargos ou empregos
públicos privativos de profissionais da área de saúde quando a
jornada de trabalho for superior a 60 horas semanais.

2. Contudo, o Supremo Tribunal Federal, reiteradamente, posiciona-


se "[...] no sentido de que a acumulação de cargos públicos de
profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não
se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma
infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição
Federal" (RE 1.094.802 AgR, Relator Min. Alexandre de Moraes,
Primeira Turma, julgado em 11/5/2018, DJe 24/5/2018).

3. Segundo a orientação da Corte Maior, o único requisito estabelecido


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para a acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das


funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração
@bomnodireito

pública. Precedentes.

4. Adequação do entendimento desta Corte ao posicionamento


consolidado pelo Supremo Tribunal Federal sobre o tema.

5. Recurso especial provido.


52
(REsp 1746784/PE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 23/08/2018, DJe 30/08/2018)

Não obstante a clareza do acórdão proveniente da Segunda Turma, ainda é possível


encontrar decisões recentes em sentido oposto na Primeira Turma. À guisa de exemplo,
colaciono acórdão:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS.


CARGA HORÁRIA SUPERIOR A 60H. IMPOSSIBILIDADE.

1. Esta Corte tem o entendimento de que é razoável e proporcional a


limitação de 60 horas semanais estabelecida pelo Acórdão TCU
2.133/2005 e pelo Parecer GQ-145/98 da AGU à jornada de trabalho
dos servidores que se submetem acumuladamente a mais de um
regime de trabalho.

2. Agravo interno desprovido.

(AgInt no REsp 1686199/RN, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,


PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2018, DJe 13/02/2019)

Finalmente, em um último ponto, a questão aborda a relação entre a acumulação


legítima de cargos públicos e a necessidade de respeito ao teto constitucional de remuneração,
previsto no art. 37, XI, da CF. Nesse sentido, importava ao candidato mencionar que a
jurisprudência resta pacificada, havendo tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal, em
julgamento submetido ao rito da repercussão geral. Pela importância do tema e dos
fundamentos, colaciono trecho disponibilizado no informativo 862:

NOS CASOS AUTORIZADOS CONSTITUCIONALMENTE DE



ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES, A INCIDÊNCIA DO ÍNICIO
ART. 37, XI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PRESSUPÕE CONSIDERAÇÃO
DE CADA UM DOS VÍNCULOS FORMALIZADOS, AFASTADA A
OBSERVÂNCIA DO TETO REMUNERATÓRIO QUANTO AO SOMATÓRIO
DOS GANHOS DO AGENTE PÚBLICO. (Tese fixada sob o rito da
repercussão geral)

Com base nesse entendimento, o Plenário, em julgamento conjunto e


por maioria, negou provimento a recursos extraordinários e
reconheceu a inconstitucionalidade da expressão “percebidos
cumulativamente ou não” contida no art. 1º da Emenda Constitucional
41/2003, que alterou a redação do art. 37, XI, da CF, considerada
interpretação que englobe situações jurídicas a revelarem acumulação
de cargos autorizada constitucionalmente. Além disso, declarou a
inconstitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003, para afastar
definitivamente o art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT), por já ter surtido efeitos na fase de transformação
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dos sistemas constitucionais — Cartas de 1967/1969 e 1988 —,


excluída a abrangência a ponto de fulminar direito adquirido. No caso,
@bomnodireito

os acórdãos recorridos revelaram duas conclusões principais: a) nas


acumulações compatíveis com o texto constitucional, o que auferido
em cada um dos vínculos não deve ultrapassar o teto constitucional;
e b) situações remuneratórias consolidadas antes do advento da EC
41/2003 não podem ser atingidas, observadas as garantias do direito
adquirido e da irredutibilidade de vencimentos, porque oponíveis ao
poder constituinte derivado. O Colegiado afirmou que a solução da
53
controvérsia pressupõe interpretação capaz de compatibilizar os
dispositivos constitucionais em jogo, no que aludem ao acúmulo de
cargos públicos e das respectivas remunerações, incluídos os
vencimentos e proventos decorrentes da aposentadoria, considerados
os preceitos atinentes ao direito adquirido (CF, art. 5º, XXXVI) e à
irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV).

Ressaltou que a percepção somada de remunerações relativas a


cargos acumuláveis, ainda que acima, no cômputo global, do
patamar máximo, não interfere nos objetivos que inspiram o texto
constitucional. As situações alcançadas pelo art. 37, XI, da CF são
aquelas nas quais o servidor obtém ganhos desproporcionais,
observadas as atribuições dos cargos públicos ocupados. Admitida a
incidência do limitador em cada uma das matrículas, descabe
declarar prejuízo à dimensão ética da norma, porquanto mantida a
compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração.

Assentou que as possibilidades que a CF abre em favor de hipóteses


de acumulação de cargos não são para benefício do servidor, mas da
coletividade. Assim, o disposto no art. 37, XI, da CF, relativamente ao
teto, não pode servir de desestímulo ao exercício das relevantes
funções mencionadas no inciso XVI dele constante, repercutindo, até
mesmo, no campo da eficiência administrativa.

Frisou que a incidência do limitador, considerado o somatório dos


ganhos, ensejaria enriquecimento sem causa do Poder Público, pois


viabiliza retribuição pecuniária inferior ao que se tem como razoável,
presentes as atribuições específicas dos vínculos isoladamente
considerados e respectivas remunerações. ÍNICIO

Ademais, essa situação poderá potencializar situações contrárias ao


princípio da isonomia, já que poderia conferir tratamento desigual
entre servidores públicos que exerçam idênticas funções. O preceito
concernente à acumulação preconiza que ela é remunerada, não
admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos serviços prestados,
observado o art. 1º da CF, no que evidencia, como fundamento da
República, a proteção dos valores sociais do trabalho.

Enfatizou que o ordenamento constitucional permite que os ministros


do Supremo Tribunal Federal acumulem as suas funções com aquelas
inerentes ao Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 119), sendo ilógico
supor que se imponha o exercício simultâneo, sem a correspondente
contrapartida remuneratória.

Da mesma forma, os arts. 95, parágrafo único, I, e 128, § 5º, II, “d”, da
CF veiculam regras quanto ao exercício do magistério por juízes e
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promotores de justiça, de maneira que não se pode cogitar, presente


o critério sistemático de interpretação, de trabalho não remunerado
@bomnodireito

ou por valores inferiores aos auferidos por servidores que


desempenham, sem acumulação, o mesmo ofício.

Idêntica orientação há de ser observada no tocante às demais


circunstâncias constitucionais de acumulação de cargos, empregos e
funções públicas, alusivas a vencimento, subsídio, remuneração
54
oriunda do exercício de cargos em comissão, proventos e pensões,
ainda que os vínculos digam respeito a diferentes entes federativos.

Consignou que consubstancia direito e garantia individual o acúmulo


tal como estabelecido no inciso XVI do art. 37 da CF, a encerrar a
prestação de serviços com a consequente remuneração, ante os
diversos cargos contemplados, gerando situação jurídica na qual os
valores devem ser recebidos na totalidade.

O teto remuneratório não pode atingir, a partir de critérios


introduzidos por emendas constitucionais, situações consolidadas,
observadas as regras preexistentes, porque vedado o confisco de
direitos regularmente incorporados ao patrimônio do servidor
público ativo ou inativo (CF, arts. 5º, XXXVI, e 37, XV). Essa óptica
deve ser adotada quanto às ECs 19/1998 e 41/2003, no que incluíram
a expressão “percebidos cumulativamente ou não” ao inciso XI do art.
37 da CF.

Cabe idêntica conclusão quanto ao art. 40, § 11, da CF, sob pena de
criar situação desigual entre ativos e inativos, contrariando preceitos
de envergadura maior, entre os quais a isonomia, a proteção dos
valores sociais do trabalho — expressamente elencada como
fundamento da República —, o direito adquirido e a irredutibilidade de
vencimentos.

As aludidas previsões limitadoras, a serem levadas às últimas


consequências, além de distantes da razoável noção de teto, no que
conduz, presente acumulação autorizada pela CF, ao cotejo
individualizado, fonte a fonte, conflitam com a rigidez constitucional

ÍNICIO
decorrente do art. 60, § 4º, IV, nela contido.

Vencido o ministro Edson Fachin, que dava provimento aos recursos


extraordinários. Pontuava que o art. 37, XI, da CF deveria ser
interpretado literalmente, de modo que o teto deveria ser aplicado de
forma global e não individualmente a cada cargo.

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo integral, contemplando as peças comentadas, se


encontra disponível com exclusividade aos assinantes do PROGRAMA PONTO NA MÃO-BND.
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55
5.2. TREINO MAGISTRATURA FEDERAL

PONTO PRIORITÁRIO: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE)

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

Simule a resolução da questão abaixo. Em seguida, confira o gabarito e comentários


da EQUIPE BND:

1 - (TRF4 - 2016) Assinale a alternativa correta.

a) A responsabilização do agente público por ato de improbidade administrativa que cause lesão
ao erário exige regime jurídico estatutário, mas o exercício da atividade pode ser decorrente de
concurso público ou cargo em comissão.

b) Todo ato de improbidade administrativa que cause lesão ao erário exige dolo do agente e
perda patrimonial pública. 
ÍNICIO
c) Constitui ato de improbidade administrativa o enriquecimento ilícito por perceber vantagem
econômica para intermediar a liberação ou a aplicação de verba pública, desde que haja prejuízo
ao Poder Público igual ou superior a essa vantagem.

d) Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo constitui ato de improbidade
administrativa por atentar contra os princípios da Administração Pública.

e) Permitir que se utilizem, em obra ou serviço particular, veículos, equipamentos ou material


da Administração Pública caracteriza ato de improbidade administrativa, independentemente
de causar prejuízo ao erário.

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE


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@bomnodireito

Simule a resolução das questões abaixo. Em seguida, confira o gabarito e


comentários da EQUIPE BND:
56
1 – A sanção da perda do cargo público, prevista na Lei de Improbidade, está relacionada ao
cargo ocupado pelo agente ímprobo ao tempo do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2 – O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no


art. 12 da lei nº 8.429/92, podendo, mediante fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a
natureza e as consequências da infração.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

3 – O Plenário do Supremo Tribunal Federal já se manifestou expressamente que os agentes


políticos, inclusive o Presidente da República, submetem-se ao duplo regime sancionatório.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

III) GABARITANDO A 1ª FASE – REVISÃO ACELERADA.



ÍNICIO

Prezado amigo (a) BND,

Para acelerar sua revisão de primeira fase no que tange ao tema IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA, segue a transcrição dos dispositivos constitucionais ou legais e súmulas de
maior incidência, de maneira estruturada e destacada:

1) INCIDÊNCIA EM PRIMEIRA FASE: improbidade administrativa tem recebido atenção


crescente das bancas, o que reflete, de certo modo, a importância do tema na prática
jurisdicional, em especial na Justiça Federal. É raro que uma prova de Direito Administrativo não
contenha, pelo menos, uma questão sobre improbidade administrativa. Trata-se, portanto, de
um tema prioritário de estudo já para a primeira fase.
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2) DICAS DO PROFESSOR: as questões de 1ª fase alternam-se, em sua maioria, entre o texto


literal da Lei de Improbidade Administrativa e a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre o
@bomnodireito

tema. É o que deve receber a atenção para essa etapa do concurso. Como se trata de uma lei
curta, vale a pena conhecê-la bem.

Dentre os temas mais cobrados, merecem destaque aspectos relativos (a) às


sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa; (b) à independência das instâncias
administrativa, civil e penal; (c) ao prazo prescricional e à imprescritibilidade do ressarcimento
ao erário; (d) à responsabilização do terceiro; (e) à decretação de indisponibilidade de bens; (f)
57
ao elemento subjetivo da conduta; (g) à tipologia dos atos de improbidade administrativa (é
preciso, nesse ponto, saber identificar os incisos dos arts. 9º, 10 e 11 e, a partir da sua leitura,
apontar qual espécie de ato ímprobo está configurada).

3) DISPOSITIVOS MAIS COBRADOS NAS PROVAS OBJETIVAS:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DISPOSITIVOS DESTACADOS COMENTÁRIOS BND
Art. 37. A administração pública direta e (TRF4 – 2016) As penas da Lei de Improbidade
indireta de qualquer dos Poderes da União, Administrativa possuem independência das
dos Estados, do Distrito Federal e dos esferas penais, civis e administrativas, mas
Municípios obedecerá aos princípios de não podem ser aplicadas cumulativamente.
legalidade, impessoalidade, moralidade, (assertiva incorreta).
publicidade e eficiência e, também, ao (TRF2 – 2018) Considere as assertivas abaixo
seguinte: (...) e assinale a alternativa correta. Segundo o
STF:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa I - É prescritível a ação de reparação de danos
importarão a suspensão dos direitos à Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil.
políticos, a perda da função pública, a II - É prescritível a ação de ressarcimento
indisponibilidade dos bens e o decorrente de ato de improbidade
ressarcimento ao erário, na forma e administrativa praticado com culpa.
gradação previstas em lei, sem prejuízo da III- São imprescritíveis as ações de
ação penal cabível. ressarcimento decorrentes de ato de


improbidade administrativa praticado com
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de dolo. (todas as assertivas estão corretas).
prescrição para ilícitos praticados por ÍNICIO
qualquer agente, servidor ou não, que OBS: No julgamento do RE 852.475/SP, o STF
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as fixou a seguinte tese de Repercussão Geral:
respectivas ações de ressarcimento. “São, portanto, imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa.”

LEI Nº 8.429/1992
DISPOSITIVOS DESTACADOS COMENTÁRIOS BND
Art. 1° Os atos de improbidade praticados (TRF2 -2014) Quem não é agente público (o
por qualquer agente público, servidor ou terceiro, previsto no artigo 3º da Lei nº
não, contra a administração direta, indireta 8.429/92) não pode responder isoladamente
ou fundacional de qualquer dos Poderes da (sem a presença de qualquer agente público),
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos em ação de improbidade, e ser submetido às
Municípios, de Território, de empresa medidas gerais previstas no artigo 12 da
incorporada ao patrimônio público ou de mencionada legislação. (alternativa correta)
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entidade para cuja criação ou custeio o


erário haja concorrido ou concorra com mais OBS: O STJ tem jurisprudência firme no
@bomnodireito

de cinqüenta por cento do patrimônio ou da sentido da inviabilidade da propositura de


receita anual, serão punidos na forma desta ação civil de improbidade administrativa
lei. exclusivamente contra o particular, sem a
concomitante presença de agente público
Parágrafo único. Estão também sujeitos às no polo passivo da demanda.(AgRg no
penalidades desta lei os atos de improbidade AREsp 574500/PA).
praticados contra o patrimônio de entidade
58
que receba subvenção, benefício ou (TRF4 – 2016) Não estão sujeitos às
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão penalidades da Lei de Improbidade
público bem como daquelas para cuja criação Administrativa os atos de improbidade
ou custeio o erário haja concorrido ou praticados contra o patrimônio de entidade
concorra com menos de cinqüenta por cento particular que receba subvenção, benefício
do patrimônio ou da receita anual, ou incentivo fiscal de órgão público.
limitando-se, nestes casos, a sanção (alternativa incorreta)
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
contribuição dos cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os (TRF3 – 2018) A Lei nº 8.429, de 1992, dispõe
efeitos desta lei, todo aquele que exerce, sobre as sanções a que se submetem os
ainda que transitoriamente ou sem agentes públicos nos casos de prática de ato
remuneração, por eleição, nomeação, de improbidade administrativa. As
designação, contratação ou qualquer outra disposições dessa lei são aplicáveis:
forma de investidura ou vínculo, mandato, A) Exclusivamente aos indivíduos que,
cargo, emprego ou função nas entidades mediante remuneração, exercem mandato,
mencionadas no artigo anterior. cargo, emprego ou função na administração
pública direta, indireta ou fundacional. (falsa)
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, B) Exclusivamente aos indivíduos que, sem
no que couber, àquele que, mesmo não remuneração, exercem mandato, cargo,
sendo agente público, induza ou concorra emprego ou função na administração pública
para a prática do ato de improbidade ou dele direta, indireta ou fundacional. (falsa)
se beneficie sob qualquer forma direta ou C) Exclusivamente aos indivíduos que,
indireta. independentemente de remuneração,
exercem mandato, cargo, emprego ou função
na administração pública direta, indireta ou
fundacional. (falsa)
D) Também aos indivíduos que, mesmo não 
sendo agentes públicos, induzam ou ÍNICIO
concorram para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficiem de forma
direta ou indireta. (verdadeira)
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar (TRF4- 2016) A indisponibilidade de bens
lesão ao patrimônio público ou ensejar pode ser decretada na ação de improbidade
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa, independentemente da
administrativa responsável pelo inquérito comprovação de que o réu esteja dilapidando
representar ao Ministério Público, para a seu patrimônio ou na iminência de fazê-lo.
indisponibilidade dos bens do indiciado. (assertiva correta)

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se


refere o caput deste artigo recairá sobre (TRF1- 2015) O decreto de indisponibilidade
bens que assegurem o integral de bens em ação civil pública por ato de
ressarcimento do dano, ou sobre o improbidade administrativa dispensa a
acréscimo patrimonial resultante do comprovação de periculum in mora.
enriquecimento ilícito. (assertiva correta)
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OBS: Segundo a jurisprudência do STJ, é


@bomnodireito

desnecessária a prova do periculum in mora


concreto para o deferimento da
indisponibilidade de bens na ação de
improbidade. Ou seja, não é necessário que
o réu esteja dilapidando seu patrimônio, ou
na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas
a demonstração de fumus boni iuris,
consistente em fundados indícios da prática
59
de atos de improbidade' (STJ, AgRg no REsp
1.235.176/RS, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de
16/12/2013).

(TRF1- 2015) O decreto de indisponibilidade


dos bens por ato de improbidade causador de
lesão ao patrimônio público recairá apenas
sobre o acréscimo patrimonial que adveio ao
apontado como responsável. (assertiva
incorreta).
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão (TRF4 -2014) O sucessor daquele que causar
ao patrimônio público ou se enriquecer lesão ao patrimônio público ou se enriquecer
ilicitamente está sujeito às cominações desta ilicitamente não está sujeito às cominações
lei até o limite do valor da herança. da Lei nº 8.429/92, pois segundo estabelece
a Constituição Federal, nenhuma pena
passará da pessoa do infrator. (assertiva
incorreta)
CONTEÚDO COMPLETO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES PPNM*

*por limitação de espaço disponibilizamos apenas uma pequena parte da Revisão Acelerada.

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

1 - (TRF4 - 2016) Assinale a alternativa correta. 


ÍNICIO
a) A responsabilização do agente público por ato de improbidade administrativa que cause lesão
ao erário exige regime jurídico estatutário, mas o exercício da atividade pode ser decorrente de
concurso público ou cargo em comissão.

b) Todo ato de improbidade administrativa que cause lesão ao erário exige dolo do agente e
perda patrimonial pública.

c) Constitui ato de improbidade administrativa o enriquecimento ilícito por perceber vantagem


econômica para intermediar a liberação ou a aplicação de verba pública, desde que haja prejuízo
ao Poder Público igual ou superior a essa vantagem.

d) Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo constitui ato de improbidade
administrativa por atentar contra os princípios da Administração Pública.

e) Permitir que se utilizem, em obra ou serviço particular, veículos, equipamentos ou material


da Administração Pública caracteriza ato de improbidade administrativa, independentemente
de causar prejuízo ao erário.
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@bomnodireito

GABARITO: D.

- Comentários:
60
Alternativa a: INCORRETA. O art. 1º da Lei nº 8.429/92 afirma que os atos de improbidade são
“praticados por qualquer agente público, servidor ou não (...)”, ou seja, não exige que o sujeito
ativo do ato seja agente público com vínculo estatutário. Com efeito, o conceito de agente
público trazido por esse dispositivo legal é bastante amplo, o que tem levado o STJ a considerar
que nele estão incluídos, por exemplo, os empregados de empresas públicas e sociedades de
economia mista, regidos pela CLT (MS 13.191/DF, 1ª Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJe
04/08/2015; MS 13.142/DF, 1ª Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 04/08/2015). Logo, está
errada a alternativa a.

Alternativa b: INCORRETA. O art. 10, que cuida do ato ímprobo por dano ao erário, afirma
expressamente que a conduta pode ser “dolosa ou culposa.” Trata-se, aliás, da única espécie de
ato de improbidade administrativa que contempla a figura culposa, pois os atos de
enriquecimento ilícito (art. 9º) e de violação a princípios (art. 11) demandam a presença de
dolo. Embora parte da doutrina questione a constitucionalidade do art. 10 nesse particular,
argumentando que a punição por improbidade dependeria da má-fé do agente (i.e., do dolo),
sendo insuficiente a mera presença de imperícia, negligência ou imprudência (culpa), certo é
que a jurisprudência tem reputado válido esse dispositivo legal. Nesse sentido,

“O entendimento do STJ é que, para que seja reconhecida a tipificação


da conduta do réu como incurso nas prescrições da Lei de Improbidade
Administrativa, é necessária a demonstração do elemento subjetivo,
consubstanciado pelo dolo, para os tipos previstos nos artigos 9º e 11
e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10” (REsp 1770184/ES,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
04/12/2018, DJe 17/12/2018).

ÍNICIO

Note-se, por derradeiro, que há igualmente precedentes do STJ destacando que a


culpa que justifica a punição pelo art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa é somente a
culpa grave:

“Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte Superior,


improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento
subjetivo, sendo ‘indispensável para a caracterização de improbidade
que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação das condutas
descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada
de culpa grave nas do artigo 10’ (AIA 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011)” (AgInt no AREsp
943.769/PB, Rel. Ministro Gurgel De Faria, Primeira Turma, julgado em
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13/11/2018, DJe 18/12/2018).


@bomnodireito

Desse modo, a referência da alternativa b à necessidade de dolo já é suficiente para


torná-la falsa. No que concerne à exigência de “perda patrimonial pública” para a caracterização
do ato de dano ao erário, cabe apenas referir que o conceito de patrimônio público, aqui, é mais
amplo do que se costuma entender por erário (finanças estatais). Conforme esclarecem
Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, embora se costume relacionar o conceito de “erário”
61
às finanças do Estado, a noção de patrimônio público tem alcance mais amplo, abrangendo
também o patrimônio cultural, histórico etc.

Fonte: GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa. 4ª. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 252-254.

Alternativa c: INCORRETA. À luz do art. 9º, IX, da LIA:

“Constitui ato de improbidade administrativa importando


enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente: (...)

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou


aplicação de verba pública de qualquer natureza.”

Não há, portanto, exigência de que a vantagem econômica percebida pelo agente público seja
igual ou inferior ao prejuízo causado ao Poder Público, como consta na alternativa c, o que a 
torna incorreta. ÍNICIO

Alternativa d: CORRETA. A alternativa d, por sua vez, traz afirmação que reproduz o que consta
no art. 11, VI, da LIA, senão vejamos: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública (...): VI - deixar de prestar contas quando esteja
obrigado a fazê-lo”. Sobre o tema, é relevante mencionar que o STJ já afirmou não configurar
improbidade administrativa “o simples atraso na entrega das contas sem que exista dolo na
espécie” (AgRg no REsp 1382436/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/08/2013, DJe 30/08/2013). Isso porque, como afirmado em comentário à
questão 2, a configuração do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 exige a
demonstração de prática dolosa de conduta que atente contra os princípios administrativos. Isso
não torna, contudo, incorreta a assertiva d, já que ela reproduz o texto legal.

Alternativa e: INCORRETA. A conduta narrada na letra e se amolda àquela descrita no art. 10,
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XIII, da LIA:
@bomnodireito

“permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos,


máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades”.
62
O que torna a assertiva errada é a referência de que haveria ato ímprobo, nesse
caso, independentemente de o ato ter causado prejuízo ao erário. Como se trata de inciso do
art. 10, que trata das hipóteses de improbidade por dano ao erário (“Constitui ato de
improbidade administrativa que causa lesão ao erário...”), a conduta narrada no inciso só atrairia
a tipificação se fosse conjugada à regra do caput, isto é, se acarretasse dano ao erário. Ressalve-
se, apenas, que o STJ já flexibilizou a obrigatoriedade de efetivo dano ao erário quando se trata
da hipótese descrita no inciso VIII do art. 10: “frustrar a licitude de processo licitatório ou de
processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-
los indevidamente”. Isso porque, conforme decidido, o dano no caso da conduta descrita no
aludido inciso é presumido (dano in re ipsa) (STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018).

Embora essa seja a justificativa para o gabarito, cumpre reconhecer que ele não
está imune a críticas. Primeiro, porque, como visto nos comentários à questão anterior, o
patrimônio público pode ser atingido mesmo que o erário (interpretado como a representação
dos interesses econômicos do Estado) não seja alcançado. Em segundo lugar, porque o STJ tem
trabalhado com a presunção de dano ao erário, ao menos na hipótese da dispensa de licitação,
como visto acima,, raciocínio que poderia ser estendido à hipótese descrita no enunciado. Em
terceiro lugar, porque a assertiva não afirma que está a tratar apenas do ato ímprobo do art. 10.
Logo, mesmo se se entender que não estaria configurado o dano ao erário indispensável à
caracterização do ato do art. 10, a conduta narrada poderia ser enquadrada como violadora de
princípios que regem a Administração Pública (art. 11). De qualquer forma, embora o gabarito
seja questionável, o candidato, diante dessa questão, estando ciente da controvérsia existente
sobre o que dispõe a alterativa, deveria optar pela alternativa d, já que constitui mera paráfrase
do texto legal, mostrando-se, portanto, a opção mais segura.


ÍNICIO

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE

1 – A sanção da perda do cargo público, prevista na Lei de Improbidade, está relacionada ao


cargo ocupado pelo agente ímprobo ao tempo do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

FALSO

- Comentários: Segundo entende o Superior Tribunal de Justiça, a sanção da perda do cargo


público, prevista entre aquelas do art. 12 da Lei n. 8.429/1992, NÃO ESTÁ RELACIONADA ao
cargo ocupado pelo agente ímprobo ao TEMPO DO TRÂNSITO EM JULGADO da sentença
condenatória, mas sim àquele (cargo) que SERVIU DE INSTRUMENTO PARA A PRÁTICA DA
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CONDUTA ilícita. (STJ, Primeira Turma, REsp 1766149/RJ, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Rel.
p/ Acórdão Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 08/11/2018, DJe 04/02/2019,
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Informativo 639).

ATENÇÃO! Há POSIÇÃO DIVERGENTE da 2ª Turma do STJ (ano de 2015), que sustenta o


contrário, com entendimento amparado em doutrina majoritária: “A sanção de perda da função
pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade (ou inabilitação)
63
moral e desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer atividade que o
agente esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da condenação”. (por todos:
Segunda Turma. RMS 32.378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/05/2015).

2 – O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no


art. 12 da lei nº 8.429/92, podendo, mediante fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a
natureza e as consequências da infração.

VERDADEIRO

- Comentários: Segundo entende de modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça, o magistrado


NÃO ESTÁ OBRIGADO a aplicar CUMULATIVAMENTE todas as PENAS previstas no art. 12 da lei
nº 8.429/92, podendo, mediante fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza e as
consequências da infração. (REsp 1.134.461-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 3/8/2010,
informativo 441)

3 – O Plenário do Supremo Tribunal Federal já se manifestou expressamente que os agentes


políticos, inclusive o Presidente da República, submetem-se ao duplo regime sancionatório.

FALSO


- Comentários: Os AGENTES POLÍTICOS, com EXCEÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ÍNICIO
encontram-se sujeitos a DUPLO REGIME SANCIONATÓRIO, de modo que se submetem tanto à
responsabilização civil pelos atos de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA quanto à
responsabilização político-administrativa por CRIMES DE RESPONSABILIDADE. (STF, Plenário,
Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
10/5/2018, Informativo 901).

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo completo disponível aos assinantes do PROGRAMA


PONTO NA MÃO-BND.
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PONTO PRIORITÁRIO: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE)

I) QUESTÃO DISCURSIVA OFICIAL COMENTADA

1 - (2018/2019, banca própria, TRF2) Improbidade Administrativa. O candidato deverá


abordar, necessariamente, os seguintes tópicos:

a) Sujeitos: pessoa jurídica; particular; agente político; conselhos de fiscalização


do exercício profissional; sucessores do ímprobo.

b) Medidas cautelares: Indisponibilidade de bens: cabimento; duração;


afastamento do agente público; sequestro.

c) Atos de improbidade: atos administrativos (discricionariedade; controle; erro


de apreciação e discricionariedade técnica), legislativos e jurisdicionais.

d) Tipologia objetiva e subjetiva: conceitos jurídicos indeterminados e ÍNICIO
improbidade; enriquecimento ilícito; atos lesivos ao patrimônio público; atos de concessão ou
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário; atos atentatórios aos princípios
regentes da atividade estatal; atos dolosos e culposos: a culpa grave e a cegueira deliberada.
Inter-relação das decisões proferidas nas esferas administrativa, penal e civil.

e) Competência: A questão do foro por prerrogativa de função; atos praticados


em detrimento de sociedade de economia mista federal.

f) Prescrição: Prazos; ato de improbidade que caracteriza crime; prosseguimento,


após o advento da prescrição, para fins de viabilizar ressarcimento ao erário público: É cabível?

g) Sentença: requisitos; congruência. Consectários.

h) Sanções: adequação à natureza do ato e dosimetria: perda de bens ou valores;


ressarcimento do dano; dano moral; perda da função pública: Pode o juiz federal decretá-la
se o agente é vinculado à administração estadual ou municipal? Há atos ímprobos de pequeno
potencial ofensivo? Aplica-se o princípio da insignificância em atos de improbidade?
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i) Acordo de leniência e Lei de Improbidade Administrativa.

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!


65
O legislador, ao editar a lei nº 8.429/92, cumpriu mandamento constitucional (art.
37, §4º), enunciando os atos de improbidade administrativa, os seus sujeitos ativo e passivo, as
sanções aplicáveis e a disciplina processual a que as respectivas ações estão sujeitas. Busca-se,
assim, zelar pela moralidade administrativa e pelo zelo no trato da coisa pública, de modo geral.

Ao ato de improbidade administrativa correspondem sujeitos ativo (o que comete


o ato) e passivo (a pessoa lesada pela conduta). À luz do art. 1º, caput e parágrafo único, da lei
nº 8.429/92, é sujeito passivo do ato ímprobo qualquer pessoa da Administração Pública Direta
e Indireta e entidades para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual (ou com menos de cinquenta
por cento, caso em que a sanção patrimonial fica limitada à repercussão do ilícito sobre a
contribuição dos cofres públicos).

Constituem sujeitos ativos do ato, por sua vez, o agente público e o terceiro que
tenha induzido ou concorrido para a prática do ato ou haja dele se beneficiado de qualquer
forma. A lei traz um conceito amplo de agente público, em seu art. 2º, o qual abrange “todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração”, algum cargo, emprego
ou função pública; abrange inclusive, por exemplo, o estagiário das pessoas indicadas no art. 1º,
conforme já decidiu o STJ. Quanto ao terceiro, por sua vez, só se justifica a sua inclusão no polo
passivo da ação se nela também constar um agente público, já que aquele, como visto, só
participa do fato praticado por este, de modo que não pode ser responsabilizado isoladamente,
consoante igualmente tem entendido o STJ.

Há diversas questões controversas relativas ao sujeito ativo do ato ímprobo.


Discute-se, por exemplo, a respeito da possibilidade de responsabilização de pessoas jurídicas.
Predomina o entendimento de que as pessoas jurídicas se enquadram no conceito legal de


“terceiro”, de modo que podem, sim, responder por improbidade, cabendo, apenas, adequar as
sanções previstas em lei à natureza da pessoa jurídica. Note-se, outrossim, que, na maioria dos
casos, a prática de ato ímprobo pela pessoa jurídica impõe a desconsideração da personalidade ÍNICIO
jurídica (art. 50, Código Civil), o que permite a responsabilização dos sócios.

Já em relação aos agentes políticos, a polêmica decorre do fato de que eles já se


submetem à punição por crime de responsabilidade. Questiona-se, então, a eventual existência
de dupla punição pelos mesmos fatos (bis in idem), especialmente porque ambos os regimes de
responsabilidade preveem sanções de caráter político (a suspensão dos direitos políticos, por
exemplo). Inicialmente, o STF, examinando caso que envolvia Ministro de Estado, entendeu pela
impossibilidade de se cumularem ambas as sanções. Posteriormente, contudo, fixou-se, no STJ,
entendimento amplamente majoritário no sentido de que, de modo geral, os agentes políticos
respondem por improbidade, tendo em vista que esta teria natureza civil, ao passo que a
punição por crime de responsabilidade teria natureza política. Excepcionou-se, apenas, o
Presidente da República, que estaria sujeito exclusivamente à sanção por crime de
responsabilidade. Esse, portanto, é o entendimento atualmente predominante, ressalvando-se
a decisão isolada do STF referente aos Ministros de Estado.

Os conselhos de fiscalização profissional, a seu turno, têm sido reconhecidos como


autarquias (à exceção da OAB, que, conforme o STF, possui natureza sui generis), de modo que
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integram a Administração Indireta. Por conseguinte, podem ser sujeitos passivos do ato ímprobo
e as pessoas que com ela mantenham vínculos podem ser sujeitos ativos do ato.
@bomnodireito

Na hipótese de o agente público que praticou o ato de enriquecimento ilícito (art.


9º) ou de dano ao erário (art. 10) vir a óbito, o seu sucessor pode ser chamado a responder, até
o limite da herança. É o que dispõe o art. 8º da Lei nº 8.429/92. Note-se, portanto, que a lei não
prevê a responsabilidade do sucessor quando o ato consistiu violação a princípios (art. 11).
Saliente-se, igualmente, que o dispositivo menciona que a responsabilidade se dá apenas “até
o limite da herança”, o que implicitamente revela que apenas as sanções de ordem pecuniária
66
são transmissíveis aos herdeiros. Com isso, aliás, a norma se compatibiliza com a Constituição
Federal, que, ao tratar dos condenados criminalmente, só permite a transferência, aos
sucessores, da obrigação de reparar o dano, consagrando, assim, o princípio da intranscendência
da pena (art. 5º, XLV).

A fim de assegurar a eficácia do provimento jurisdicional, a lei prevê medidas


cautelares. Como cautelares de ordem patrimonial, destacam-se a indisponibilidade de bens
(art. 7º) e o sequestro (art. 16). Essas medidas podem ser decretadas independentemente da
demonstração do periculum in mora (dilapidação do patrimônio), o qual é presumido, mas
exigem fortes indícios da prática e da autoria do ato ímprobo. Essas medidas preventivas têm
lugar tanto no curso da demanda quanto antes da sua deflagração, podendo ser determinadas,
inclusive, sem a prévia oitiva do investigado/acusado. A interpretação literal dos dispositivos
legais citados indica que tais medidas só teriam lugar nas hipóteses dos atos previstos nos arts.
9º e 10 da lei, mas a jurisprudência do STJ tem admitido a sua decretação também nos casos do
art. 11, pois também aí é possível que seja imposta sanção de ordem patrimonial, qual seja, a
multa civil. Demais disso, embora ambas as medidas possuam natureza cautelar, elas não se
confundem. A indisponibilidade alcança todo o patrimônio do agente (salvo os bens
impenhoráveis), ao passo que o sequestro recai sobre bens específicos, isto é, sobre aqueles
que constituem o produto do ato ilícito.

Já como medida cautelar de natureza pessoal, destaca-se o afastamento do agente


público. Com efeito, embora se exija o trânsito em julgado da decisão para que seja aplicada a
sanção de perda da função pública (art. 20, caput, Lei nº 8.429/92), é possível que o agente
público seja temporariamente afastado de suas funções, sem prejuízo da remuneração, quando
isso for necessário à instrução da ação de improbidade (art. 20, parágrafo único). Trata-se de
medida excepcional, de modo que a necessidade da medida deve estar concretamente


demonstrada.

Cabe delimitar, outrossim, a natureza dos atos que podem ser reputados ímprobos. ÍNICIO
Os atos administrativos constituem, por excelência, aqueles submetidos ao controle da Lei nº
8.429/92. Embora a improbidade possa ser constatada na prática de atos administrativos
vinculados, é especialmente no âmbito dos atos administrativos discricionários que a
improbidade costuma ser perpetrada. O poder discricionário é associado a uma margem de
liberdade de que goza o administrador, o qual possui uma esfera de apreciação para, analisando
conveniência e oportunidade, decidir por praticar ou não – e, em caso positivo, por como
praticar – determinado ato administrativo. Assume importância, então, a noção de mérito
administrativo, tradicionalmente considerada infensa ao controle jurisdicional.

A discricionariedade não se confunde, entretanto, com a arbitrariedade, pois deve


ser exercida em conformidade com determinados parâmetros estabelecidos pelo ordenamento
jurídico. Justifica-se, pois, o controle jurisdicional sobre o ato discricionário, o qual se manifesta
de diversas formas, a exemplo da análise dos elementos vinculados do ato administrativo (já
que a discricionariedade está apenas em alguns elementos, como o objeto, não alcançando
outros, como a competência), do exame da existência de uma autovinculação da Administração
e da verificação da correspondência dos motivos do ato administrativo com a realidade. No
âmbito do controle dos motivos do ato administrativo, cabe perquirir se a causa do ato
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administrativo possui respaldo na realidade. Em se tratando de juízos de fato efetuados pelo


@bomnodireito

administrador, o controle é facilitado, pois é possível identificar objetivamente se o motivo


alegado efetivamente ocorreu. Contudo, em se tratando de juízos de valor, surgem mais
dificuldades, tendo em vista a subjetividade própria dessa seara. Ainda assim, contudo, quando
se vislumbra evidente equívoco do administrador, cabe o controle. Tem-se, nesses casos, a
figura do erro manifesto de apreciação.

O controle exercido sobre o ato discricionário possui especial limitação quando se


trata do exame de matéria eminentemente técnica. Fala-se, então, numa discricionariedade
67
técnica, entendida como a margem de liberdade que o administrador possui no exame de
questões de natureza científica. Não se trata, portanto, de um juízo de conveniência e
oportunidade, simplesmente, mas da análise de matéria técnica.

Verificando-se, no exercício do poder discricionário, que o administrador


extrapolou os limites impostos pelo ordenamento jurídico, incorrendo em genuíno abuso de
poder, é possível vislumbrar – a depender do enquadramento nos tipos previstos em lei – a
existência de ato de improbidade administrativa.

Em regra, os atos legislativos, exercidos pelo Poder Legislativo em sua função


precípua, não podem ser qualificados como atos ímprobos, seja por não operarem efeitos
concretos, seja por esbarrarem na imunidade material conferida aos parlamentares pela
Constituição. Contudo, em se tratando de lei de efeitos concretos, é possível cogitar-se
improbidade, conforme têm reconhecido o STF e o STJ, pois, materialmente, essa lei se
assemelha a um ato administrativo.

Da mesma forma, em princípio, os atos jurisdicionais, praticados por membros do


Poder Judiciário, não são aptos a constituir improbidade administrativa. Ressalvam-se os atos
administrativos praticados no âmbito desse Poder. Discute-se, em sede doutrinária, a respeito
da responsabilização dos magistrados por atos jurisdicionais em hipóteses excepcionais, como
aquela em que age dolosamente. Por ora, todavia, não há precedentes nesse sentido nas Cortes
Superiores.

Isso posto, atente-se à tipologia objetiva e subjetiva dos atos de improbidade. A Lei
nº 8.429/92 prevê três formas básicas de ato ímprobo. Em primeiro lugar, o ato que ocasiona o
enriquecimento ilícito do agente público, previsto no art. 9º da lei. Em segundo, o que
representa dano ao erário, ainda que não se traduza em vantagem econômica para o agente,
consoante estatui o art. 10. Em terceiro, pode significar, simplesmente, afronta aos princípios
que regem a Administração Pública e os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e

ÍNICIO
lealdade às instituições, como se depreende do art. 11. A essas três categorias iniciais o
legislador acrescentou, por meio da Lei Complementar nº 157/2016, outra espécie de ato
ímprobo, que pode ser considerada um subtipo de ato que provoca dano ao erário. Trata-se,
conforme prevê o art. 10-A, dos atos de concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
ou tributário, assim reputados qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da LC
nº 116/2003.

A formulação dos atos ímprobos recorre, com frequência, ao uso de conceitos


jurídicos indeterminados. É o que se verifica, em especial, no caput do art. 11, em que se admite
a responsabilização do agente por ato ímprobo pela violação a princípios, mesmo que a conduta
não esteja especificada nos incisos abaixo. Essa técnica legislativa é criticada por parte da
doutrina, sob o fundamento de que a taxatividade própria de normas sancionadoras é
incompatível com conceitos abertos. No entanto, até o momento não foi reconhecida
judicialmente a inconstitucionalidade dessas normas.

Em relação à tipologia subjetiva, cabe salientar que, conforme sublinhado pela


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jurisprudência do STJ, a improbidade não corresponde à mera ilegalidade, mas a uma ilegalidade
qualificada pelo elemento subjetivo do agente. Com efeito, exige-se o dolo do agente para a
@bomnodireito

configuração dos atos descritos nos arts. 9º e 11 e, a culpa ou o dolo, na hipótese do art. 10,
conforme tem reconhecido o STJ. Parte da doutrina, respaldada por parte da jurisprudência
(inclusive por precedentes do STJ), defende que a culpa, nesse caso, há de ser a culpa grave (em
que o evento é previsível para pessoas diligentes e responsáveis, qualidades que se espera do
gestor público). Discute-se, ainda, sobre a aplicabilidade, no âmbito da improbidade, da noção
de cegueira deliberada (willful blindness), desenvolvida inicialmente no direito penal. Para essa
teoria, o agente responde pelo ato mesmo que não o tenha praticado diretamente ou dele tido
68
ciência expressa se, diante de elementos claros apontando para a existência de ilicitude, preferir
não tomar as medidas necessárias para verificar a idoneidade da situação. O tema ainda é
incipiente na jurisprudência, mas já se verifica julgado de tribunal regional federal aplicando
essa teoria à improbidade administrativa.

A improbidade é apurada em ação própria. Contudo, a mesma conduta pode ter


repercussão nas esferas administrativas e criminal. Nesse particular, cumpre atentar ao princípio
da independência entre as instâncias penal, civil e administrativa, vigente no direito brasileiro.
De fato, apenas em hipóteses excepcionais (como na absolvição penal por inexistência do fato
ou negativa da autoria - art. 935, CC; art. 126, lei nº 8.112; art. 66, CPP), a decisão proferida no
processo criminal repercute na ação de improbidade. O mesmo se verifica em relação à
responsabilidade administrativa, apurada em processo administrativo disciplinar, conforme tem
decidido o STJ. Assim, é irrelevante que nenhuma penalidade disciplinar tenha sido imposta ao
agente, por exemplo. As instâncias são, de fato, distintas e independentes.

No que tange à competência, destaca-se a discussão relativa à existência de foro


por prerrogativa de função nas ações de improbidade. A Lei nº 8.429/92 não o prevê e a Lei nº
10.682/02, que introduziu o § 2º no art. 84 do CPP justamente para contemplar a prerrogativa
de foro, veio a ser declarada inconstitucional pelo STF, ao argumento de que a competência dos
tribunais só poderia ser ampliada por norma constitucional. Não obstante, há um precedente
específico do STF no sentido de que os Ministros da própria Corte Suprema teriam prerrogativa
de foro no Supremo, em razão da hierarquia imanente ao Poder Judiciário. De qualquer sorte,
isso não tem sido estendido pela jurisprudência do STF e do STJ a outros agentes públicos.
Destaque-se, ainda, a existência de entendimento segundo o qual, embora não haja
prerrogativa de foro, se a autoridade tiver prerrogativa de foro na esfera penal, o juiz de
primeiro grau não poderia impor as sanções de perda do cargo e de inabilitação para o exercício


da função pública. Essa orientação já foi adotada pelo STJ em alguns casos, mas não é,
atualmente, a que predomina na jurisprudência.
ÍNICIO
As ações cíveis em que é parte sociedade de economia mista federal, bem como as
ações criminais em que o crime é praticado em detrimento de sociedade de economia mista
federal, são de competência da Justiça Federal (Súmula nº 42, STJ). Na ação de improbidade,
todavia, a competência passa pela verificação de quem ocupa o polo ativo da demanda. Se o
MPF é o autor, o entendimento prevalente no STJ é de que a competência necessariamente é
da Justiça Federal, já que ele constitui órgão da União. Isso não impede, todavia, que o juiz
federal examine se o MPF possui atribuição para atuar no feito e, caso conclua pela sua
inexistência, extinga o processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa. Note-se,
também, que a União pode ter interesse em ocupar, isoladamente ou em litisconsórcio, o polo
ativo da demanda, hipótese em que a competência, necessariamente, será da Justiça Federal
(art. 109, I, CF).

As ações destinadas a levar a efeito a imposição das sanções descritas na lei de


improbidade administrativa se submetem a prazo prescricional, com base no art. 23 desse
diploma legal. O prazo, em princípio, é de cinco anos. Todavia, no caso de o agente ser titular de
cargo efetivo ou de emprego, o prazo é aquele previsto em lei específica para a falta disciplinar
punível com demissão – na Lei nº 8.112, aplicável aos servidores estatutários em nível federal,
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o prazo igualmente é de cinco anos 5 anos (art. 142, I). Note-se, ainda, que, na hipótese de o
@bomnodireito

fato também constituir crime, a prescrição segue o prazo previsto na lei penal para a prescrição
da pretensão punitiva. Trata-se de comando expresso da Lei nº 8.112 (art. 142, §2º), que tem
sido estendido pelo STJ também aos casos em que o agente não é regido por esse diploma legal.

No entanto, o decurso do prazo prescricional não afeta a pretensão de


ressarcimento de danos causados ao erário quando ele tiver se ocasionado de ato doloso. É que,
nesse caso, aplica-se o art. 37, §5º, da CF, que consagra a imprescritibilidade da pretensão de
69
ressarcimento ao erário, conforme entendimento recentemente pacificado pelo STF em sede de
repercussão geral.

A sentença proferida na ação de improbidade administrativa se submete, de modo


geral, aos requisitos previstos no CPC. Cabe atentar, assim, aos ditames aí previstos, em especial
à necessidade de adequada fundamentação (art. 489, §1º). Não obstante, há peculiaridades
próprias da ação de improbidade, dentre as quais se destaca uma relativa mitigação do princípio
da congruência ou adstrição entre a sentença e o pedido. Como é cediço, no processo civil, o
juiz deve resolver a causa observando os estritos limites do pedido, de modo que lhe é vedado
julgar aquém, além do pedido ou apreciar pedido que sequer foi formulado (sentença citra, ultra
ou extra petita). Na ação de improbidade administrativa, o juiz permanece vinculado aos fatos
narrados pelo autor, de modo que não pode condenar o réu por fatos distintos daqueles trazidos
na denúncia. Contudo, o juiz não fica vinculado ao enquadramento legal feito pelo autor e às
sanções por ele requeridas. Assim, por exemplo, se o autor imputa a prática de ato de dano ao
erário, o juiz pode reputar configurado enriquecimento ilícito; se o autor postula apenas o
ressarcimento e multa civil, o juiz pode, também, determinar a suspensão dos direitos políticos.

Nos consectários da sentença, também há particularidades que merecem


destaque. Em relação aos honorários advocatícios, cumpre atentar ao art. 18 da Lei nº 7.347,
que dispensa o autor, quando vencido, do pagamento da verba honorária. Por simetria, o STJ
tem entendido que, quando vencedor o autor, tampouco cabe a condenação do réu ao
pagamento de honorários. É possível, todavia, a condenação do réu ao pagamento das custas,
ao passo que a do autor passa pelo exame da existência de isenção de tal pagamento na Justiça
Federal (art. 4º, Lei nº 9.289/96). Também cabe destacar a peculiaridade envolvendo a remessa
necessária. Isso porque a Lei nº 8.429 nada dispõe a esse respeito, o que tem suscitado dúvida
quanto à regra subsidiária a ser observada: se a prevista no CPC, se aquela da Lei da Ação Popular


(art. 19). Embora a jurisprudência do STJ tenha oscilado a esse respeito, o entendimento mais
recente é pela aplicação da Lei da Ação Popular, por integrar o microssistema de tutela coletiva,
que prevê a remessa necessária quando o autor é vencido. ÍNICIO

Em relação às sanções pela prática do ato ímprobo, cabe atentar ao art. 12, que
prevê as seguintes penalidades: perda de bens ou valores acrescidos de forma ilícita,
ressarcimento dos danos, perda de função pública, suspensão de direitos políticos por prazo
determinado (que varia conforme o ato praticado), multa civil e proibição de contratar com o
Poder Público e de receber benefícios e incentivos fiscais por prazo certo (que também varia
conforme o ato praticado). A perda da função pública, sublinhe-se, pode ser determinada pelo
juiz mesmo que o agente seja vinculado à administração estadual ou municipal, inexistindo, aí,
violação ao pacto federativo.

Esse rol de sanções é mais amplo do que o previsto na CF (art. 37, §4º), mas se tem
entendido pela sua constitucionalidade, argumentando-se que o constituinte fixa apenas um rol
mínimo de sanções. Registre-se, ainda, que se tem discutido acerca da possibilidade da fixação
de indenização por danos morais coletivos na ação de improbidade, o que não possui previsão
na Lei nº 8.429/92; o STJ tem admitido essa possibilidade, mas a questão ainda é controversa na
jurisprudência.
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Note-se, outrossim, que essas penas podem ser aplicadas cumulativamente ou não,
a critério do juiz. Não se admite, apenas, que seja imposta unicamente a sanção de
@bomnodireito

ressarcimento ao erário, já que esta não representa, a rigor, uma punição. Cabe ao juiz, atento
à medida da culpabilidade, à gravidade do ato e à extensão do dano causado (art. 12, parágrafo
único, Lei nº 8.429/92), bem como à proporcionalidade e à razoabilidade, fixar as sanções
necessárias para a reprimenda do ato.

A imposição das sanções depende, como visto, do enquadramento do ato praticado


nos tipos previstos em lei (arts. 9º, 10 e 11), bem como da presença do elemento subjetivo. Fala-
70
se, aí, na tipicidade formal do ato. Indaga-se, porém, acerca da necessidade de o ato ser,
também, materialmente típico, isto é, ofender o bem jurídico tutelado pela norma – assim como
se exige no âmbito do direito penal. É nesse contexto que assume relevo a discussão relativa à
possibilidade de aplicação do princípio da insignificância aos atos de improbidade
administrativa. Embora o tema ainda esteja em discussão nos tribunais, já há precedentes do
STJ admitindo a aplicação desse princípio à improbidade administrativa.

A Lei nº 12.846, ao disciplinar a responsabilização de pessoas jurídicas pela prática


de atos contra a Administração Pública, contempla a possibilidade de celebração de acordo de
leniência. Passou-se a questionar, a partir daí, a possibilidade de se inserirem, nesse acordo,
cláusulas relativas a eventual ação de improbidade – em especial, o compromisso de não se
processar as pessoas envolvidas pela prática de improbidade. A Lei nº 8.429/92 veda
expressamente a realização de transação, acordo ou conciliação envolvendo a ação de
improbidade (art. 17). Esse dispositivo chegou a ser revogado pela MP 703/2015, a qual, todavia,
não foi convertida em lei, de modo que o art. 17 permanece em vigor. Ainda assim, parte da
doutrina defende que, com base numa interpretação evolutiva, essa vedação legal estaria
superada. Argumenta-se, nessa linha, que soluções negociadas têm sido estimuladas mesmo no
âmbito do processo criminal (vide a colaboração premiada, cujo alcance se estendeu a partir da
Lei nº 12.850/2012), de modo que não haveria razão para que, nas ações de improbidade, essa
vedação subsistisse. Trata-se, igualmente, de posição comumente defendida pelo MPF. O tema
pende de amadurecimento nos tribunais, não contando, ainda, com solução definitiva na
jurisprudência.

Percebem-se, desse modo, a riqueza e a complexidade do tema, as quais


correspondem, aliás, à significativa repercussão prática que as ações de improbidade têm
assumido na prática jurisdicional.


ÍNICIO
COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

Essa questão discursiva, que constou em recentíssimo concurso do TRF2 (XVII –


2018/2019), tem semelhanças com a questão cobrada pelo TRF3 e também comentada aqui.
São questões-roteiro que percorrem os principais pontos da improbidade administrativa, tanto
que alguns se repetem em ambas. Todavia, esta apresenta um grau de dificuldade bastante
superior, seja pela extensão, seja por cobrar pontos menos acessíveis da matéria. Chega a ser
difícil conceber que o candidato consiga responder satisfatoriamente a todos os itens do roteiro
e, ainda assim, dar conta das questões remanescentes no tempo limitado de prova. De qualquer
modo, era o desafio reservado nessa prova discursiva, intensificado pelos pontos áridos do tema
que a questão exigia fossem abordados.

Passemos, então, aos comentários sobre a resposta!


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a) Sujeitos: pessoa jurídica; particular; agente político; conselhos de fiscalização do exercício


@bomnodireito

profissional; sucessores do ímprobo.

Ao tratar dos sujeitos, a questão exigia que o candidato abordasse tanto aqueles
que podem ser sujeitos ativos do ato de improbidade (aqueles que praticam o ato) – agente
público, particular, pessoa jurídica e agente político – quanto os possíveis sujeitos passivos.
71
Em relação aos sujeitos ativos, como comentado na questão acima, é essencial que
o candidato domine o conceito de agente público na Lei de Improbidade Administrativa (art. 2º)
e a possibilidade do particular que haja induzido ou concorrido para a prática do ato ou dele
tenha se beneficiado de qualquer modo ser réu na ação (art. 3º). A questão ainda exigia
conhecimento sobre a possibilidade de agentes políticos e pessoas jurídicas responderem por
improbidade administrativa. Dos agentes políticos já se tratou nos comentários à questão
anterior.

Em relação à pessoa jurídica, era preciso observar que ela se enquadra no conceito
legal de terceiro, conforme esclarece a doutrina (GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco.
Improbidade Administrativa. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 222/223). Ademais,
conforme o STJ, "Considerando que as pessoas jurídicas podem ser beneficiadas e condenadas
por atos ímprobos, é de se concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de
uma demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios" (REsp 970.393/CE,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 21.6.2012, DJe 29.6.2012).

Tendo em vista a natureza jurídica dos conselhos de fiscalização profissional, o seu


enquadramento no art. 1º da Lei 8.429 permite concluir que, podem, sim, ser vítimas de atos
ímprobos.

A menção, no enunciado, aos sucessores do agente ímprobo tem relação com o


art. 8º da Lei 8.429, a cujo teor “O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança”.
Ainda que transcrevesse o artigo da lei, deveria o candidato frisar a ausência de responsabilidade
do sucessor quando o ato consistiu na violação a princípios (art. 11). Com efeito, o STJ já decidiu
ser indevida a transmissão da pena de multa ao Espólio em caso no qual “a condenação do réu


por ato de improbidade administrativa se deu somente com base no art. 11 da LIA” (EDRESP -
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL - 1505356 2013.03.52814-2, HERMAN
BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:13/09/2017). Caberia, ainda, expor a ÍNICIO
compatibilidade da norma com o princípio da intranscendência da pena, previsto no art. 5º,
XLV, CF, ressaltando todavia, que só se transmitem as sanções de natureza pecuniária.

b) Medidas cautelares: Indisponibilidade de bens: cabimento; duração; afastamento do


agente público; sequestro.

O item foi comentado na questão discursiva anterior, pelo que se reporta o leitor à
sua leitura, a fim de evitar repetição.

c) Atos de improbidade: atos administrativos (discricionariedade; controle; erro de apreciação


e discricionariedade técnica), legislativos e jurisdicionais.

Neste ponto, o examinador exigia que o candidato expusesse a natureza dos atos
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que podem ser imputados ímprobos, com domínio de conceitos estudados em Direito
Administrativo. A resposta seguiu, em linhas gerais, as lições presentes em GARCIA, Emerson;
@bomnodireito

ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

Em relação à existência de improbidade na edição de atos legislativos e


jurisdicionais, confiram-se os seguintes precedentes:

(…) ATO LEGISLATIVO DE EFEITOS CONCRETOS E IMPROBIDADE 12.


Inexiste, in casu, restrição à aplicabilidade da LIA. Não se cuida aqui de
72
ato legislativo típico, de conteúdo geral e abstrato. Debate-se aqui
norma de autoria do presidente da Câmara, cujos efeitos são concretos
e delimitados à majoração de subsídios próprios e dos demais
vereadores, em manifesta afronta ao texto constitucional e a despeito
de inúmeros alertas feitos por instituições civis e pelo Ministério
Público. 13. Em situações análogas, o STF e o STJ admitiram o repúdio
de tal conduta com amparo na LIA, sem cogitar da aludida presunção
de legitimidade/legalidade, por se tratar de ato ímprobo amparado em
norma (cfr. STF, RE 597.725, Relatora Min. Cármen Lúcia, publicado
25/09/2012; STJ, AgRg no REsp 1.248.806/SP, Rel. Min. Humberto
Martins, Segunda Turma, DJe 29/6/2012; REsp 723.494/MG, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 8/9/2009; AgRg no Ag
850.771/PR, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 22/11/2007;
REsp 1.101.359/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe
9/11/2009). 14. Precedente desta Turma, relatado pelo eminente
Ministro Castro Meira, lastreado em doutrina de Pedro Roberto
Decomain, no sentido de que "A ação por improbidade administrativa
não é meio processual adequado para impugnar ato legislativo
propriamente dito. Isso não significa, todavia, que todos os atos a que
se denomina formalmente de 'lei' estejam infensos ao controle
jurisdicional por seu intermédio. Leis que usualmente passaram a
receber a denominação de 'leis de efeitos concretos', e que são antes
atos administrativos que legislativos, embora emanados do Poder
Legislativos, podem ter sua eventual lesividade submetida a controle
pela via da ação por improbidade administrativa (...)" (REsp
1.101.359/CE, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe
9/11/2009). CONCLUSÃO 15. Recurso Especial parcialmente conhecido
e não provido. : (RESP - RECURSO ESPECIAL - 1316951 2012.00.63735- 
1, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:13/06/2013 ÍNICIO
REVPRO VOL.:00230 PG:00465 ..DTPB:.)

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DE


PRINCÍPIOS. ARTIGO 11, II, DA LEI 8.429/92. TRANSGRESSÃO
RELEVANTE. AUSÊNCIA. MERO DEFEITO NA CONDUÇÃO DE PROCESSO
LEGISLATIVO. FALTA DE SUBMISSÃO A UMA DAS COMISSÕES
PARLAMENTARES. NÃO CONFIGURAÇÃO DE ATO DE IMPROBIDADE.
AUSÊNCIA DE ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.

(...)

7. O ato legislativo típico está fora do âmbito de atuação da Lei nº


8.429/92, seja por não operar efeitos concretos, seja por esbarrar na
imunidade material conferida aos parlamentares pela Constituição,
ainda que seja possível a presença do ato de improbidade durante a
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sua própria tramitação, sobretudo quando o desvio é manifesto.


@bomnodireito

Todavia, não é o caso. 8. Recurso especial provido.

(RESP - RECURSO ESPECIAL - 1101359 2008.02.40995-9, CASTRO


MEIRA, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:09/11/2009 ..DTPB:.)
73
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DA LEI 8.429/1992 AOS AGENTES
POLÍTICOS. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA.
ATOS BUROCRÁTICOS PRATICADOS NA FUNÇÃO LEGISLATIVA.
CABIMENTO. 1. Aplica-se a Lei 8.429/1992 aos agentes políticos dos
três Poderes, excluindo-se os atos jurisdicionais e legislativos próprios.
Precedente. 2. Se no exercício de suas funções o parlamentar ou juiz
pratica atos administrativos, esses atos podem ser considerados como
de improbidade e abrigados pela LIA. 3. O STJ possui entendimento
consolidado no sentido de que as esferas penal e administrativa são
independentes, salvo nos casos de absolvição por inexistência do fato
ou autoria. 4. Recurso especial provido. EMEN: (RESP - RECURSO
ESPECIAL - 1171627 2009.02.38379-0, ELIANA CALMON, STJ -
SEGUNDA TURMA, DJE DATA:14/08/2013 ..DTPB:.)

A título de complemento, caberia, ainda abordar criticamente a matéria,


questionando a possibilidade de responsabilização dos membros do Poder Legislativo e do
Poder Judiciário e as consequências que isso acarretaria – tema abordado em sede doutrinária.

d) Tipologia objetiva e subjetiva: conceitos jurídicos indeterminados e improbidade;


enriquecimento ilícito; atos lesivos ao patrimônio público; atos de concessão ou aplicação
indevida de benefício financeiro ou tributário; atos atentatórios aos princípios regentes da
atividade estatal; atos dolosos e culposos: a culpa grave e a cegueira deliberada. Inter-relação
das decisões proferidas nas esferas administrativa, penal e civil. 
ÍNICIO
Sobre os tipos de improbidade administrativo descritos na Lei nº 8.429 e sobre o
elemento subjetivo necessário para a sua configuração, já se tratou aqui em diversos
comentários. Logo, deixa-se de retomar o tema aqui.

Todavia, alguns pontos distintos foram cobrados aqui. Primeiramente, a noção de


conceitos jurídicos indeterminados, abordada pela doutrina administrativista. Em seguida, a
ideia de cegueira deliberada. Nesse particular, cabe mencionar que o tema é incipiente na
jurisprudência, mas já se encontra precedente do TRF5 invocando a cegueira deliberada para
condenar o réu por improbidade (AC - Apelação Civel - 593263 0005847-63.2014.4.05.8100,
Desembargador Federal Rubens de Mendonça Canuto, TRF5 - Quarta Turma, DJE -
Data::20/08/2018 – Página: 61.).

A independência entre as instâncias civil, penal e administrativa também já foi


mencionada noutros comentários. De qualquer sorte, repise-se que apenas em hipóteses
excepcionais (como na absolvição penal por inexistência do fato ou negativa da autoria - art.
935, CC; art. 126, lei nº 8.112; art. 66, CPP) – a decisão proferida no processo criminal repercute
em outras esferas. Demais disso, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que as
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instâncias civil e administrativa são independentes, de sorte que é possível, mesmo diante da
absolvição no processo administrativo, a condenação por improbidade (AgRg no HC 349.528/PB,
@bomnodireito

5ª Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 27/09/2017; MS 21.305/DF, 1ª Seção, Rel.
Min. Herman Benjamin, DJe 26/04/2017; AgRg no AgRg no AREsp 558.920/MG, 2ª Turma, Rel.
Min. Assusete Magalhães, DJe 13/10/2016; AgRg no AREsp 587.848/RS, 5ª Turma, Rel. Min.
Jorge Mussi, DJe 15/12/2014).
74
e) Competência: A questão do foro por prerrogativa de função; atos praticados em detrimento
de sociedade de economia mista federal.

Sobre o foro por prerrogativa de função, tratou-se nos comentários à questão


discursiva anterior, de modo que se reporta o leitor à sua leitura.

No que tange à competência envolvendo atos praticados em detrimento de


sociedade de economia mista federal, cabe observar, inicialmente, que o tema não tem
merecido grande destaque no estudo da improbidade administrativa, a revelar o elevado grau
de dificuldade da questão. A resposta poderia começar pela citação da Súmula nº 42 do STJ, que
assim dispõe: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é
parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento." Todavia, nas
ações de improbidade, a referência isolada ao enunciado sumular é insuficiente para definir a
competência para o processamento e julgamento do feito. Isso porque, na ação de improbidade,
a competência passa pela verificação de quem ocupa o pólo ativo da demanda. Eis a celeuma:
(1), se o MPF é o autor da ação, a competência necessariamente é da Justiça Federal, já que ele
constitui órgão da União, conforme o entendimento do STJ (há precedentes do STF em sentido
contrário); (2) isso não impede, todavia, que o juiz federal examine se o MPF possui atribuição
para atuar no feito e, caso conclua pela sua inexistência, extinga o processo sem resolução do
mérito pela ilegitimidade ativa ou remeta os autos à Justiça Estadual com a substituição do MPF
pelo MPE; (3) reconhecida eventual legitimidade do MPE e tramitando a ação na Justiça
Estadual, pode a União ter interesse em ocupar, isoladamente ou em litisconsórcio, o pólo ativo
da demanda; hipótese em que a competência, necessariamente, voltará a ser da Justiça Federal
(art. 109, I, CF); (4) ocupando a União o polo ativo da demanda e remetendo-se o processo para
a Justiça Federal, voltará, então, o MPF a ter atribuição no feito. Bastante elucidativa, nesse
sentido, é a ementa lavrada no REsp 1.250.033, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,


DJE 14/10/2016:

ÍNICIO

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


IMPROBIDADE AJUIZADA NA JUSTIÇA FEDERAL PARA APURAÇÃO DE
IRREGULARIDADES NA CELEBRAÇÃO DE ACORDOS JUDICIAIS
TRABALHISTAS EM PREJUÍZO DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
(CODESA). DECLÍNIO EX OFFICIO DA COMPETÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. INGRESSO DA UNIÃO NO POLO
ATIVO DA AÇÃO. INTERESSE JURÍDICO DA UNIÃO COMO ACIONISTA
MAJORITÁRIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL RECONHECIDA.
HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Ajuizada ação de improbidade
administrativa para apurar responsabilidades pela celebração de
acordos judiciais trabalhistas superfaturados em prejuízo de sociedade
de economia mista controlada pela União (Codesa), o juízo federal de
primeiro grau declinou de ofício de sua competência por não
vislumbrar interesse jurídico do ente público recorrente,
posicionamento referendado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª
Região. Nos Recursos Especiais, a União advoga a tese de ofensa aos
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arts. 1º e 2º da Lei 8.429/92, uma vez que lhe subtrai a legitimidade


@bomnodireito

para propor ação de improbidade ou aderir ao polo ativo da demanda


proposta pelo Parquet. Este, por sua vez, aponta violação do art. 5º,
parágrafo único, da Lei 9.469/97, tendo em vista ser manifesto o
interesse jurídico da União, já que os arts. 237 e 238 da Lei 6.404//76
atribuem a ela responsabilidade solidária pelas obrigações de
sociedade de economia mista federal. 2. Os recursos chegaram a ser
julgados anteriormente, mas foi reconhecida a existência de nulidade,
tendo em vista a ausência de regular intimação do patrono de uma das
75
partes. AJUIZAMENTO DE AÇÃO PELO MPF E COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL 3. Sendo o Ministério Público Federal parte da
União, qualquer ação por ele ajuizada será da competência da Justiça
Federal, por aplicação direta do art. 109, I, da Constituição. Todavia,
a presença do Ministério Público Federal no polo ativo é insuficiente
para assegurar que o processo receba sentença de mérito na Justiça
Federal, pois, se não existir atribuição do Parquet federal, o processo
deverá ser extinto sem julgamento do mérito por ilegitimidade ativa
ou, vislumbrando-se a legitimidade do Ministério Público Estadual,
ser remetido a Justiça Estadual para que ali prossiga com a
substituição do MPF pelo MPE, o que se mostra viável diante do
princípio constitucional da unidade do Ministério Público. 4. O MPF não
pode livremente escolher as causas em que será ele o ramo do
Ministério Público a intervir. O Ministério Público está dividido em
diversos ramos, cada um deles com suas próprias atribuições e que
encontra paralelo na estrutura do próprio Judiciário. O Ministério
Público Federal tem atribuição somente para atuar quando existir
um interesse federal envolvido, considerando-se como tal um
daqueles abarcados pelo art. 109 da Constituição, que estabelece a
competência da Justiça Federal. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E
ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 5. Em princípio, o ramo do
Parquet com atribuição para atuar em feitos envolvendo sociedades
de economia mista é o Ministério Público Estadual. Precedentes do
STF. 6. "CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES. CARACTERIZAÇÃO.
AUSÊNCIA DE DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO. COMPETÊNCIA DO
STF. ART. 102, I, f, CF. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. ART. 109, I E
IV, CF. SÚMULA STF n.° 517. 1. Trata-se de conflito negativo de
atribuições entre órgãos de atuação do Ministério Público Federal e do 
Ministério Público Estadual a respeito dos fatos constantes de ÍNICIO
procedimento investigatório. (...) 3. A presença de sociedade de
economia mista em procedimento investigatório não acarreta, por si
só, na presunção de violação de interesse, econômico ou jurídico, da
União. 4. Para adequada definição de atribuições entre o Ministério
Público Federal e o Ministério Público Estadual impõe-se, em
conformidade com o art. 109, incs. I e IV da Constituição Federal, a
adequada delimitação da natureza cível ou criminal da matéria
envolvida. 5. Conflito de atribuições conhecido, com declaração de
atribuição ao órgão de atuação do Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro." (STF, ACO 987, Relator: Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno,
julgado em 4/8/2011) (...) 7. "COMPETÊNCIA - CONFLITO NEGATIVO DE
ATRIBUIÇÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL E FEDERAL -
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA - AUSÊNCIA DE INTERESSE DA
UNIÃO. Define-se o conflito considerada a matéria objeto do
procedimento de origem. Inexistindo interesse da União, descabe
atribuir ao Ministério Público Federal legitimidade para investigar."
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(STF, Pet 5123 AgR, Relator: Min. Marco Aurélio, Primeira Turma,
julgado em 18/08/2015). SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E
@bomnodireito

ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM CASO DE INTERVENÇÃO DA


UNIÃO 8. Requerendo a União o seu ingresso no feito, o processo não
pode ter curso na Justiça Estadual sob a condução do Ministério
Público Estadual, pois incide a regra do art. 109, I, da Constituição,
que estabelece que aos juízes federais compete processar e julgar as
causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes
76
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas às Justiças Eleitoral e do Trabalho. 9. Com a intervenção da
União, o Ministério Público Federal, que não teria originalmente
atribuição para atuar no feito, passa a tê-la. A situação é exatamente
a mesma que haveria se ação tivesse sido ajuizada na Justiça
Estadual pelo Ministério Público Estadual, ou seja, a partir do
momento em que a União requeresse o seu ingresso no feito, o
processo teria sua competência deslocada para a Justiça Federal e o
Ministério Público legitimado deixaria de ser o Estadual para passar
a ser o Federal. 10. É esse o entendimento do Supremo Tribunal
Federal, como se vê do seguinte precedente (grifei): "AGRAVO
REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. CONFLITO NEGATIVO DE
ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADUAL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA POR ATOS DE
DIRIGENTE DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA DA QUAL A UNIÃO É
ACIONISTA MAJORITÁRIA. INTERESSE DA UNIÃO QUE NÃO SE
CARACTERIZA POR SI SÓ. CONFLITO RESOLVIDO PARA ASSENTAR A
ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO PARA
ATUAR NO CASO SUB EXAMINE, RESSALVADO O DESLOCAMENTO
PARA A JUSTIÇA FEDERAL, E, CONSECTARIAMENTE, PARA O
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, NO CASO DE EVENTUAL INTERESSE
SUPERVENIENTE DA UNIÃO. SÚMULA Nº 517/STF. AGRAVO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. A ação de improbidade administrativa que se
volta contra dirigente de sociedade de economia mista da qual a União
é acionista majoritária não acarreta, por si só, a presunção de violação
de interesse, econômico ou jurídico, da União. 2. In casu, não se
vislumbra, a priori, interesse jurídico direto da União apto a fixar a
competência da justiça federal, e por conseguinte, a atribuição do 
Parquet Federal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento." ÍNICIO
(ACO 2438 AgR, Relator: Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
24/2/2015). PRECEDENTE DO STF EM CASO ANÁLOGA, ENVOLVENDO
A CODESA 11. No RE 750.142, absolutamente análogo, por também
envolver Ação de Improbidade por fatos praticados em detrimento da
CODESA e em que a União requereu o seu ingresso no feito, o STF deu
pela competência da Justiça Federal: "AGRAVO REGIMENTAL EM
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA.
JUSTIÇA FEDERAL. SÚMULA 517 DO STF. 1. O recurso extraordinário
esbarra nos óbices previstos nas Súmulas 282 e 356 do STF, por
ausência de prequestionamento e não oposição de embargos
declaratórios. 2. A competência é da Justiça Federal quando a União
intervém como assistente nos casos envolvendo sociedades de
economia mista. 3. Agravo regimental a que se nega provimento". (RE
750.142 AgR, Relator: Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em
23/2/2016). INTERVENÇÃO DA UNIÃO QUE SE JUSTIFICA NO CASO
CONCRETO 12. A intervenção da União se mostra pertinente no caso
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concreto, pois se trata de Ação Civil Pública que visa apurar atos de
improbidade praticados em detrimento da sociedade de economia
@bomnodireito

mista controlada pelo ente público federal. 13. Nesse particular, a


inteligência do julgamento proferido no AgRg no CC 122.629/ES,
quando seu relator, o eminente Min. Benedito Gonçalves, ponderou
que, "se a União detém o capital majoritário da sociedade de economia
mista, naturalmente, é do seu interesse a apuração de atos ilícitos
praticados pelos seus dirigentes que importem prejuízo patrimonial à
sociedade empresarial." CONCLUSÃO 14. Recursos Especiais providos
77
para reconhecer a competência da Justiça Federal e determinar o
regular processamento da Ação Civil Pública.”

f) Prescrição: Prazos; ato de improbidade que caracteriza crime; prosseguimento, após o


advento da prescrição, para fins de viabilizar ressarcimento ao erário público: É cabível?

A LIA possui previsão expressa quanto prescrição das ações destinadas à imposição
das sanções pela prática de improbidade administrativa (art. 23):

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta


lei podem ser propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em


comissão ou de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas


disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos
casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública


da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo
único do art. 1o desta Lei.

Tendo em vista o inciso II do aludido artigo, deveria o candidato apontar também


o disposto no art. 142, I, da Lei nº 8.112, aplicável aos servidores estatutários em nível federal.
Importante conhecer, ainda, a posição do STJ no sentido de estender o disposto no art. 142, §2º,
da Lei nº 8.112, também aos casos em que o agente não é regido por esse diploma legal. 
ÍNICIO

O destaque neste item da resposta deve ser dado ao entendimento de que o decurso do prazo
prescricional não afeta a pretensão de ressarcimento de danos causados ao erário quando
decorrente de ato doloso; aplicando-se o art. 37, §5º, da CF, que consagra a imprescritibilidade
da pretensão de ressarcimento ao erário. Trata-se de entendimento recentemente pacificado
pelo STF em sede de repercussão geral, de conhecimento obrigatório pelo candidato (RE
852475, Rel. Min. Alexandre De Moraes, Rel. p/ Acórdão: Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno,
julgado em 08/08/2018, Processo Eletrônico DJe-058 Divulg 22-03-2019 Public 25-03-2019).

g) Sentença: requisitos; congruência. Consectários.

Deve-se ter presente que a sentença proferida na ação de improbidade


administrativa se submete, de modo geral, aos requisitos previstos no CPC, com algumas
peculiaridades, dentre as quais se destaca uma relativa mitigação do princípio da congruência
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ou adstrição entre a sentença e o pedido. É que, na ação de improbidade administrativa, o juiz


@bomnodireito

permanece vinculado aos fatos narrados pelo autor, mas não ao enquadramento legal e às
sanções por ele requeridas. Com efeito, conforme o STJ:

“Esta Corte tem entendimento consolidado segundo o qual não há


ofensa ao princípio da congruência em razão de decisão judicial que
enquadra os atos de improbidade em dispositivo diverso do indicado
na inicial, ao analisar os fatos nela descritos. Também não há
irregularidade na determinação de ressarcimento ao erário,
78
consequência da condenação pelo art. 10 da Lei n. 8.429/92, pois esta
Corte não entende a recomposição patrimonial, em improbidade
administrativa, como sanção propriamente dita” (AgInt no REsp
1372775/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 27/11/2018, DJe 07/12/2018).

VI - No tocante ao argumento de decisão extra petita ou ultra petita,


sua inconsistência jurídica resulta do fato de que, ainda que não tenha
sido expressamente requerida a aplicação de determinada sanção pelo
promovente da ação de improbidade administrativa, não há nenhum
impedimento para o julgador estabelecer uma reprimenda não
reclamada de forma ostensiva.

VII - Não há se falar em violação do princípio da congruência externa,


afinal deve-se contemplar aquilo que se denominou
jurisprudencialmente de interpretação lógico-sistemática da exordial.
Assim, as sanções por ato ímprobo passam a ser entendidas como
pedidos implícitos. Esse raciocínio jurídico não é diferente do adotado
por esta Corte: AgRg no REsp 1.324.787/SP, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 24/3/2015, DJe 9/4/2015).

(AgInt no REsp 1628455/ES, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,


SEGUNDA TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 12/03/2018)

Nos consectários da sentença, também há particularidades que merecem



ÍNICIO
destaque: (1) em relação aos honorários advocatícios, cumpre atentar ao art. 18 da Lei nº 7.347,
que dispensa o autor, quando vencido, do pagamento da verba honorária; por simetria, o STJ
tem entendido que, quando vencedor o autor, tampouco cabe a condenação do réu ao
pagamento de honorários; (2) é possível, todavia, a condenação do réu ao pagamento das
custas, ao passo que a do autor passa pelo exame da existência de isenção de tal pagamento na
Justiça Federal (art. 4º, Lei nº 9.289/96); (3) a Lei nº 8.429 nada dispõe sobre a remessa
necessário, razão pela qual a jurisprudência atual do STJ, após oscilar, indica a aplicação da Lei
da Ação Popular, por integrar o microssistema de tutela coletiva, que prevê a remessa necessária
quando o autor é vencido (REsp 1733729/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 17/12/2018; AgInt no AgInt no AREsp 520.897/MG, Rel.
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 14/08/2018).

h) Sanções: adequação à natureza do ato e dosimetria: perda de bens ou valores;


ressarcimento do dano; dano moral; perda da função pública: Pode o juiz federal decretá-la
se o agente é vinculado à administração estadual ou municipal? Há atos ímprobos de pequeno
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potencial ofensivo? Aplica-se o princípio da insignificância em atos de improbidade?


@bomnodireito

As sanções aplicáveis pela prática do ato ímprobo constam no art. 12: (1) perda de
bens ou valores acrescidos de forma ilícita, (2) ressarcimento dos danos, (3) perda de função
pública, (4) suspensão de direitos políticos por prazo determinado (que varia conforme o ato
praticado), (5) multa civil e (6) proibição de contratar com o Poder Público e de receber
benefícios e incentivos fiscais por prazo certo (que também varia conforme o ato praticado).
79
É importante que o candidato conheça a existência de discussões quanto à
constitucionalidade deste rol, pois mais amplo do que o previsto na CF (art. 37, §4º), sabendo
que prevalece a corrente que sustenta a constitucionalidade.

Outro debate importante diz respeito à indenização por danos morais coletivos.
Ainda que ausente previsão na Lei nº 8.429/92, o STJ tem admitido essa possibilidade; a questão,
contudo, ainda é controversa na jurisprudência, tanto que o TRF4, por exemplo, não a admite (
TRF4, AC 5001696- 43.2015.404.7103, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Fernando Quadros
da Silva, juntado aos autos em 09/03/2016).

A perda da função pública pode ser determinada pelo juiz mesmo que o agente
seja vinculado à administração estadual ou municipal, inexistindo, aí, violação ao pacto
federativo.

Note-se, outrossim, que essas penas podem ser aplicadas cumulativamente ou não,
a critério do juiz. Consoante a jurisprudência do STJ, “a aplicação cumulativa das penalidades é
considerada facultativa, observando-se a medida da culpabilidade, a gravidade do ato, a
extensão do dano causado e a reprimenda do ato ímprobo” (AgInt no REsp 1563621/SP, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 26/06/2018, DJe 03/08/2018).

Ressalve-se, apenas, que:

“o ressarcimento não constitui sanção propriamente dita, mas sim consequência


necessária do prejuízo causado. Caracterizada a improbidade administrativa por
dano ao Erário, a devolução dos valores é imperiosa e deve vir acompanhada de
pelo menos uma das sanções legais que, efetivamente, visam a reprimir a conduta
ímproba e a evitar o cometimento de novas infrações” (REsp 1742601/MS, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 25/09/2018, DJe
27/11/2018).

ÍNICIO

Em relação à possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, por sua vez,


cabe agregar, ao que já foi exposto na resposta sugerida, o seguinte precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPUTAÇÃO DA PRÁTICA DE


ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONSTRUÇÃO DA IGREJA
DE SÃO JORGE, EM SANTA CRUZ, BAIRRO DA PERIFERIA DO MUNICÍPIO
DO RIO DE JANEIRO/RJ. INDISPENSABILIDADE DE COMPROVAÇÃO DO
DOLO DO AGENTE, PARA CONFIGURAR-SE IMPROBIDADE, NOS CASOS
DO ART. 11 DA LEI 8.429/92. CARÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO
PROBATÓRIA CONSISTENTE, DE MODO A SUPORTAR JUÍZO
CONDENATÓRIO QUANTO ÀS IMPUTAÇÕES DE ENRIQUECIMENTO
LÍCITO, DANO AO ERÁRIO E CONDUTA DOLOSA DO AGENTE. RECURSOS
ESPECIAIS AOS QUAIS SE DÁ PROVIMENTO. 1. O Tribunal a quo não
demonstrou a presença do indispensável elemento subjetivo do agente
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na prática do ato que lhe foi imputado como ímprobo; pelo contrário,
malgrado o acórdão recorrido mantivesse a condenação dos
@bomnodireito

recorrentes por improbidade administrativa capitulada no art. 11 da


Lei 8.429/92, tal como a sentença condenatória, assentou o elemento
subjetivo do agente perpetrado no dolo genérico, por se entender que
a aplicação de recursos públicos em obras e eventos religiosos viola a
laicidade estatal. 2. Esta orientação não tem o abono jurisprudencial
do STJ, que exige a comprovação do dolo como elemento da conduta,
para submeter legitimamente o infrator às iras do art. 11 da Lei
80
8.429/92; precedentes: REsp. 1.478.274/MT, Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN, DJe 31/3/2015; AgRg no REsp. 1.191.261/RJ, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJe 25/11/2011; o dolo deve ser verificado na
conduta, na maquinação, na maldade, na malícia do agente, sendo
isso o que deve ser demonstrado e o que não foi, no caso em apreço.
3. Ademais, o ato havido por ímprobo deve ser administrativamente
relevante, sendo de se aplicar, na sua compreensão, o conhecido
princípio da insignificância, de notável préstimo no Direito Penal
moderno, a indicar a inaplicação de sanção criminal punitiva ao
agente, quando o efeito do ato agressor é de importância mínima ou
irrelevante, constituindo a chamada bagatela penal: de minimis non
curat Praetor, neste caso, trata-se de contribuição do Município do Rio
de Janeiro para construção de uma pequena igreja dedicada à devoção
de São Jorge, na periferia da Cidade do Rio de Janeiro, no valor de R$
150.000,00. 4. Recursos Especiais de CÉSAR EPITÁCIO MAIA e STÚDIO
G. CONSTRUTORA LTDA, aos quais se dá provimento para afastar suas
condenações por improbidade administrativa. (RESP - RECURSO
ESPECIAL - 1536895 2015.00.32419-7, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:08/03/2016)

i) Acordo de leniência e Lei de Improbidade Administrativa.

No âmbito da improbidade administrativa, é importante saber que a Lei nº


8.429/92 veda expressamente a realização de transação, acordo ou conciliação envolvendo a


ação de improbidade (art. 17). Contudo, é importante que o candidato conheça as críticas
doutrinárias que têm sido formuladas a esse dispositivo, as quais sugerem, inclusive, que ele
não seja aplicado. Também é preciso estar atento à posição habitualmente assumida pelo MPF ÍNICIO
nesse particular, o qual igualmente defende a possibilidade de acordos em ação de improbidade.

Nesse contexto, insere-se o exame da Lei nº 12.846, que, ao disciplinar a


responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a Administração Pública,
contempla a possibilidade de celebração de acordo de leniência.

O tema é de especial relevância, especialmente porque alguns acordos de leniência


celebrados pelo MPF, inclusive na Operação Lava-Jato, preveem que o órgão ministerial não
moverá ação de improbidade administrativa. Cabe indagar, portanto, se o objeto do acordo é
lícito nesse particular, tendo em vista o que dispõe o art. 17 da Lei nº 8.429. O tema ainda pende
de amadurecimento, não havendo, por ora, um posicionamento jurisprudencial seguro.

II) DISCURSIVA INÉDITA DE JURISPRUDÊNCIA COMENTADA


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@bomnodireito

1 - Candidato, sabe-se que uma das sanções previstas na Lei nº 8.429/92 – Lei de Improbidade
Administrativa, é a perda da função pública que, conforme o art. 12, pode ser aplicada em
condenações por uma das modalidades de improbidade. Nesse contexto, indaga-se: (a) o
magistrado tem discricionariedade para aplicar qualquer das sanções previstas no art. 12,
conforme a gravidade do ato? Ou necessariamente deverá se ater ao texto legal, aplicando
todas as sanções previstas no inciso correlacionado à capitulação do ato de improbidade? (b)
81
caso o agente não mais esteja ocupando a função pública na qual praticou o ato pelo qual foi
condenado, é legítima a perda da função que está praticando no momento do trânsito em
julgado da condenação? (c) e caso o agente público já esteja aposentado no momento do
trânsito, é legítima a cassação da aposentadoria?

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!

É sabido que o direito brasileiro, notadamente após a redemocratização do país,


vem externando forte preocupação com o respeito, pelos agentes públicos, ao dever de lealdade
perante a Administração, da qual resultou a previsão, na Constituição atual (art. 14, § 9º e art.
37, § 4º), da figura improbidade administrativa, regulamentada pela Lei 8.429/92, apta a ensejar
ao mau administrador, entre outras consequências previstas na lei regulamentadora, a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário.

O ato de improbidade é, como assevera a doutrina e jurisprudência, a ilegalidade


tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo, sendo indispensável para a sua caracterização
que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação dos tipos descritos nos artigos 9º e 11 da
Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada de culpa grave nas do artigo 10. Não basta, portanto,
que o agente seja um mau gestor. É necessário que ele haja com dolo ou, no mínimo, culpa (no
caso de atos que causem prejuízo ao erário).

ÍNICIO
Nessa perspectiva, ao regulamentar o art. 37, § 4º, a Lei de Improbidade, em seu
art. 12, previu várias espécies sancionatórias, a serem aplicadas diante da caracterização de atos
de improbidade, seara na qual deve o magistrado observar o princípio da proporcionalidade
para regular a dosagem da sanção aos fatos cometidos, segundo a própria norma, de acordo
com a gravidade do fato.

Diante disso, o magistrado tem discricionariedade na aplicação das sanções, não


havendo exigência legal para que todas as sanções sejam aplicadas cumulativamente. Assim,
deverá o magistrado analisar a gravidade do fato e a extensão dos danos causados, aplicando as
sanções de modo proporcional, cumulativamente ou não. Esse, inclusive, é o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.

Noutra órbita, especificamente quanto à sanção da perda da função pública


ocupada pelo agente, não se definiu ao certo se está diretamente ligada àquela exercida no
momento da prática do ato improbo, ou se pode atingir cargo ocupado no momento do trânsito
em julgado da condenação por improbidade, ainda que diverso.
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Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimentos dissonantes. Uma


@bomnodireito

das correntes sustenta que o agente público condenado somente pode perder a função pública
que ele utilizou para a prática do ato de improbidade. Ou seja, por se tratar de norma que
descreve e pune infrações administrativas, deve ser interpretada de modo restritivo, não
podendo sofrer interpretação extensiva. Assim, a sanção de perda da função pública não poderia
atingir cargo público diverso daquele que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita.

Em sentido diametralmente oposto, outra corrente sustenta que a sanção de perda


da função pública visa extirpar da Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade moral
82
e desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer atividade que o agente
esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da condenação. Não está, portanto,
relacionada somente ao cargo ocupado no momento da prática do ato.

No tocante à possibilidade da cassação da aposentadoria, caso o agente improbo


esteja já aposentado no momento do trânsito em julgado da condenação, igual modo, a doutrina
e jurisprudência ainda não se harmonizaram em uma mesma posição.

Com efeito, uma primeira corrente sustenta a impossibilidade da cassação da


aposentadoria, por considerar que o art. 12 da Lei nº 8.429/92 não traz essa previsão em seu
rol, mas tão somente a perda da função pública, conferindo, assim, uma interpretação restritiva
à norma. Por sua vez, outra corrente argumenta ser possível a aplicação da pena de cassação de
aposentadoria, ainda que não haja previsão expressa na Lei nº 8.429/92. Isso porque se trata de
uma decorrência lógica da perda de cargo público, sanção essa última expressamente prevista
no referido texto legal.

Destarte, diante das divergências jurisprudenciais acima mencionadas, é possível


afirmar ainda não haver posicionamento certo e definitivo, quer seja a respeito da correlação
entre o cargo a ser perdido em razão da sanção da perda de função (se aquele no qual foi
praticado o ato improbo ou aquele ocupado no momento do trânsito em julgado da
condenação), quer seja sobre a possibilidade da cassação da aposentadoria como sanção pela
prática do ato de improbidade administrativa.

COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND


Prezado aluno, ÍNICIO

De início, é importante pontuar a escolha de um tema sensível à magistratura


federal (improbidade administrativa), quer seja devido à sua incidência nas atividades rotineiras
dos juízes federais, quer seja pelas várias controvérsias jurisprudenciais que sobre ele pairam.

A questão trazida explorou julgados (recentes e mais antigos) do Superior Tribunal


de Justiça, com perspectivas diversas sobre o mesmo tema. O ideal é que seja trabalhada em
uma média de 60 linhas, dentro do período de uma hora.

Não obstante inexistisse pedido expresso na questão acerca da conceituação do


ato de improbidade administrativa, era importante que o aluno iniciasse sua resposta fazendo
uma contextualização geral do tema (alocando-o no sistema normativo brasileiro) e
conceituando o objeto principal da improbidade, qual seja, o ato improbo.

É sabido que o direito brasileiro, notadamente após a redemocratização do país,


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vem externando forte preocupação com o respeito, pelos agentes públicos, ao dever de lealdade
@bomnodireito

perante a Administração, da qual resultou a previsão, na Constituição atual (art. 14, § 9º e art.
37, § 4º), da figura improbidade administrativa, regulamentada pela Lei 8.429/92, apta a ensejar
ao mau administrador, entre outras consequências, a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

De tão caro à moralidade administrativa, princípio regente da Administração


Pública, a própria Constituição Federal tratou de trazer sanções mínimas a serem aplicada
quando, em seu art. 37, § 4º, assim dispõe: “Os atos de improbidade administrativa importarão
83
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível”.

Quanto à conceituação do ato de improbidade administrativa, foi trazido um


conceito jurisprudencial bastante rememorado, da lavra do Min. Teori Zavascki, verbis:

Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte Superior,


improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento
subjetivo, sendo "indispensável para a caracterização de improbidade
que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação das condutas
descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada
de culpa grave nas do artigo 10" (AIA 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011).

Passando ao ponto relativo à discricionariedade do magistrado para aplicar


qualquer das sanções previstas no art. 12, conforme a gravidade do ato, a questão exigiu do
candidato o conhecimento de posição já tranquila na jurisprudência, não havendo exigência
legal para que todas as sanções sejam aplicadas cumulativamente. Assim, deverá o magistrado
analisar a gravidade do fato e a extensão dos danos causados, aplicando as sanções de modo
proporcional, cumulativamente ou não. Esse, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, como se observa dos julgados colacionados:

Cada inciso do art. 12 da Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade


de sanções, que podem ser aplicadas cumulativamente ou não. STJ.
2ª Turma. REsp 1280973/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em
17/12/2013.

ÍNICIO
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC
NÃO CARACTERIZADA - TIPIFICAÇÃO DOS ATOS - ART. 11 DA LEI
8.429/1992 - COMINAÇÃO DAS SANÇÕES - ART. 12 DA LIA - PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - SÚMULA 7/STJ -
CUMULAÇÃO - POSSIBILIDADE - ART. 17, § 7º, DA LEI 8.429/1992 -
PRESCINDIBILIDADE - NULIDADE ABSOLUTA - INOCORRÊNCIA -
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO-
CONFIGURADO.

1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem


decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da
lide.

2. O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas


as penas previstas no art. 12 da Lei 8.429/92, podendo, mediante
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adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a


gravidade e as consequências da infração.
@bomnodireito

3. Em ação civil pública por ato de improbidade, basta que o autor faça
uma descrição genérica dos fatos e imputações dos réus, sem
necessidade de descrever em minúcias os comportamentos e as
sanções devidas a cada agente.
84
4. É possível condenar os agentes ímprobos em pena diversa das
pleiteadas pelo parquet. Compreensão dos princípios do Direito
Romano jura novit curia e da mihi factum dabo tibi ius, em que as leis
são do conhecimento do juiz, bastando que as partes lhe apresentem
os fatos.

5. Modificar o quantitativo da sanção aplicada pela instância de


origem enseja reapreciação dos fatos e da prova, obstaculado nesta
instância especial - Súmula 7/STJ.

6. A falta da notificação prevista no art. 17, § 7º, da Lei 8.429/1992


não invalida os atos processuais ulteriores, salvo quando ocorrer
efetivo prejuízo. Precedentes do STJ.

7. Não ocorre cerceamento de defesa por julgamento antecipado da


lide, quando o julgador ordinário considera suficiente a instrução do
processo.

8. Recurso especial do Ministério Público Estadual parcialmente


provido.

9. Recurso especial do particular não provido.

Precedentes citados: REsp 658.389-MG, DJ 3/8/2007; REsp 631.301-


RS, DJ 25/9/2006; REsp 507.574-MG, DJ 8/5/2006; REsp 825.673-MG,
DJ 25/5/2006; REsp 964.920-SP, DJe 13/3/2009; REsp 944.555-SC, DJe
20/4/2009; REsp 680.677-RS, DJ 2/2/2007, e REsp 619.946-RS, DJ
2/8/2007.

REsp 1.134.461-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 3/8/2010. ÍNICIO
(Informativo 441).

Quanto à perda da função pública, nos casos em que o agente não estaria mais
ocupando a função relacionada ao ato improbo no momento do trânsito em julgado da
condenação, e a possibilidade de perda de função diversa, era importante pontuar a flagrante
divergência jurisprudencial existente entre as Turmas do Superior Tribunal de Justiça,
ressaltando que a questão ainda não encontra resposta pacificada. Nesse sentido, seguem
julgados das 1ª e 2ª Turma, com entendimentos diametralmente opostos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE.


LITISCONSÓRCIO PASSIVO. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO DE
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL.
EXAME. VIA IMPRÓPRIA. ATO CONFIGURADO. REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO.
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SÚMULA 7 DO STJ. INCIDÊNCIA. PERDA DO CARGO. INTERPRETAÇÃO


RESTRITIVA.
@bomnodireito

1. O Plenário do STJ decidiu que "aos recursos interpostos com


fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na
forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado
Administrativo n. 2).
85
2. Consoante jurisprudência pacificada no STJ, não há litisconsórcio
passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados
com o ato ímprobo.
3. A via do recurso especial é imprópria para a alegação de violação de
dispositivo constitucional.
4. Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte
Superior, improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo
elemento subjetivo, sendo "indispensável para a caracterização de
improbidade que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação
das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo
menos, eivada de culpa grave nas do artigo 10" (AIA 30/AM, Rel.
Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011).
5. Hipótese em que, em face das premissas fáticas assentadas no
acórdão objurgado, que reconheceu o enquadramento do recorrente
nos atos de improbidade administrativa (arts. 10, XII, e 11 da Lei n. 8.
429/1992), com a indicação expressa do elemento subjetivo (dolo), a
modificação do entendimento firmado pelas instâncias ordinárias
demandaria induvidosamente o reexame de todo o material cognitivo
produzido nos autos, desiderato incompatível com a via especial, a teor
da Súmula 7 do STJ.

6. A teor do entendimento majoritário da Primeira Turma do STJ, a


sanção da perda do cargo público, prevista entre aquelas do art. 12
da Lei n. 8.429/1992, não está relacionada ao cargo ocupado pelo
agente ímprobo ao tempo do trânsito em julgado da sentença
condenatória, mas sim àquele (cargo) que serviu de instrumento para
a prática da conduta ilícita.

7. A obrigação de reparar o dano causado ao erário, correspondente ÍNICIO
ao total das remunerações percebidas pelos parentes dos vereadores
que foram nomeados indevidamente para ocupar cargos em comissão,
constitui enriquecimento ilícito por parte da Administração,
considerando que o serviço público foi desenvolvido.
8. Fixação da multa civil em 3 (três) vezes o valor da remuneração
percebida pelo recorrente à época dos fatos.

9. Recurso especial parcialmente provido, na parte conhecida.


(REsp 1766149/RJ, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, Rel. p/
Acórdão Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/11/2018, DJe 04/02/2019)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE. PERDA DA


FUNÇÃO PÚBLICA. SENTENÇA CONDENAÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO.
DECLARAÇÃO POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO. MERO CUMPRIMENTO
DE DECISÃO JUDICIAL.
PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO DEVIDO PROCESSO
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LEGAL.
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AUSÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE LIQUIDEZ E CERTEZA AO DIREITO


POSTULADO.

1. Recurso ordinário em mandado de segurança impetrado contra o


ato administrativo que declarou a perda da função pública de servidor
público por atenção ao teor de sentença judicial transitada em julgada.
O impetrante alega violação do devido processo legal e o abuso de
direito.
86
2. A aplicação da penalidade de perda de função pública, prevista nos
arts. 9º, 10º e 11 da Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa), abrange todas as atividades e vínculos que o agente
ímprobo eventualmente possuir com o poder público.
3. "A sanção de perda da função pública visa a extirpar da
Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade (ou
inabilitação) moral e desvio ético para o exercício da função pública,
abrangendo qualquer atividade que o agente esteja exercendo ao
tempo da condenação irrecorrível" (REsp 1.297.021/PR, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 20.11.2013). No mesmo
sentido: REsp 924.439/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJe 19.8.2009.

4. Não há falar em violação do devido processo legal, pois o ato


administrativo atacado (fl. 12) somente deu cumprimento
administrativo à decisão judicial, transitada em julgado, por meio da
qual se declarou a perda da função pública.
Recurso ordinário improvido.

(RMS 32.378/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA


TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 11/05/2015)

Finalmente, quanto ao ponto em que se questiona se o agente público que já


estivesse aposentado no momento do trânsito em julgado da condenação, se seria legítima a
cassação da aposentadoria, era importante demonstrar a existência de controvérsia
jurisprudencial. Também nesse caso não há posição pacificada na jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, com entendimentos manifestamente divergentes entre as duas Turmas de

ÍNICIO
Direito Público. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AGRAVO


INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA.
LEGALIDADE ESTRITA.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGISLATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE
APLICAÇÃO.

1. Na forma da jurisprudência desta Corte, "as normas que descrevem


infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria
de legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva"
(AgInt no REsp 1.423.452/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, DJe 13/03/2018).

2. "O art. 12 da Lei 8.429/92, quando cuida das sanções aplicáveis aos
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agentes públicos que cometem atos de improbidade administrativa,


não contempla a cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da
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função pública. As normas que descrevem infrações administrativas


e cominam penalidades constituem matéria de legalidade estrita,
não podendo sofrer interpretação extensiva" (REsp 1.564.682/RO,
Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, DJe 14/12/2015).
87
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1643337/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 26/04/2018)

ADMINISTRATIVO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.


ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC/73. INEXISTÊNCIA.
PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DO
ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA DO STJ

I - Na origem, trata-se de ação de improbidade administrativa em que


se apura a prática de ato de improbidade decorrente da contratação,
pela Secretaria de Turismo do Município de Aracruz, por meio do
Processo Administrativo 2089/2010, sem a realização de
procedimento licitatório, de banda musical para apresentação no
denominado "Projeto Verão Aracruz", objetivando fomentar o turismo
na região.

II - Como a decisão recorrida foi publicada sob a égide da legislação


processual civil anterior, quanto ao cabimento, processamento e
pressupostos de admissibilidade dos recursos, aplicam-se as regras do
Código de Processo Civil de 1973, diante do fenômeno da ultratividade
e do Enunciado Administrativo n. 2 do Superior Tribunal de Justiça.

III - Não há ofensa ao art. 535 do CPC/73, se o aresto a quo decide


plenamente a controvérsia e se apresenta devidamente motivado, sem
omissões, contradições ou obscuridades a serem sanadas, não sendo
necessário que o magistrado efetue o prequestionamento numérico
dos dispositivos legais aplicáveis ao caso ou que este se manifeste

ÍNICIO
sobre cada um dos argumentos apresentados pela parte.

IV - A alegação atinente à inadequação da subsunção dos atos


praticados como ímprobos retrata questão que, para a reversão do
entendimento firmado pelo Tribunal a quo, demanda inconteste
revolvimento fático-probatório. Busca-se tal reversão com a específica
tese de que, no caso concreto, seria inexigível procedimento licitatório.
V - Por consequência, o conhecimento da referida temática fica
obstaculizado diante do verbete sumular n. 7 do Superior Tribunal de
Justiça, impondo um juízo negativa de prelibação nesse ponto.

VI - No tocante ao argumento de decisão extra petita ou ultra petita,


sua inconsistência jurídica resulta do fato de que, ainda que não tenha
sido expressamente requerida a aplicação de determinada sanção pelo
promovente da ação de improbidade administrativa, não há nenhum
impedimento para o julgador estabelecer uma reprimenda não
reclamada de forma ostensiva.
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VII - Não há se falar em violação do princípio da congruência externa,


@bomnodireito

afinal deve-se contemplar aquilo que se denominou


jurisprudencialmente de interpretação lógico-sistemática da exordial.
Assim, as sanções por ato ímprobo passam a ser entendidas como
pedidos implícitos. Esse raciocínio jurídico não é diferente do adotado
por esta Corte: AgRg no REsp 1.324.787/SP, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 24/3/2015, DJe 9/4/2015).
88
VIII - Além disso, não se pode olvidar da possibilidade de aplicação da
pena de cassação de aposentadoria, ainda que não haja previsão
expressa na Lei n. 8.429/92, na medida em que se apresenta como
uma decorrência lógica da perda de cargo público, sanção essa
última expressamente prevista no referido texto legal. Nesse sentido:
MS 20.444/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,
julgado em 27/11/2013, DJe 11/3/2014; AgRg no AREsp 826.114/RJ,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
19/4/2016, DJe 25/5/2016.

IX - Agravo interno improvido.

(AgInt no REsp 1628455/ES, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,


SEGUNDA TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 12/03/2018)

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo integral, contemplando as SENTENÇAS COMENTADAS,


se encontra disponível com exclusividade aos assinantes do PROGRAMA PONTO NA MÃO-BND.


ÍNICIO

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89
5.3. TREINO MAGISTRATURA ESTADUAL

PONTO PRIORITÁRIO: CONTRATOS

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE)

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

Simule a resolução da questão abaixo. Em seguida, confira o gabarito e comentários


da EQUIPE BND:

1 – (TJSC, 2017, FCC) Coviello, em seu magnífico Manuale di Diritto Civile Italiano, é quem
explica a matéria com maior clareza.

Uma cousa, diz êle, é independer, a obrigatoriedade da lei, do conhecimento dos que lhe estão
sujeitos e outra cousa é poder-se invocar o êrro de direito como pressuposto de certos fatos,
dos quais a lei faz derivar consequências jurídicas. A primeira não comporta dúvidas; a
segunda exige um exame, uma indagação.

Quando se admite a possibilidade de se invocar o êrro de direito, tal outro qualquer êrro, como ÍNICIO
pressuposto de um fato jurídico, isto não significa que se abra exceção à regra da
obrigatoriedade das leis mesmo contra quem não as conhece.

A única distinção a fazer-se é a relativa ao fim visado por quem alega ignorância ou êrro de
direito.”

(Vicente Rao. O Direito e a Vida dos Direitos. 1° volume. tomo I. p. 382. São Paulo, Max
Limonad. 1960).

Esse texto

a) aplica-se ao direito brasileiro, porque, embora ninguém se escuse de cumprir a lei alegando
que não a conhece, salvo na transação a respeito das questões que forem objeto de controvérsia
entre as partes, é anulável o negócio jurídico quando o erro de direito for o motivo único ou
principal do negócio, e não implique recusa à aplicação da lei.

b) aplica-se ao direito brasileiro, porque, embora ninguém se escuse de cumprir a lei alegando
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que não a conhece, é anulável a transação quando o erro de direito foi o motivo, único ou
principal, do acordo, sobre as questões que tiverem sido objeto de controvérsia entre as partes.
@bomnodireito

c) não se aplica ao direito brasileiro, porque ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que
não a conhece, sendo defeso alegar a invalidade de negócio jurídico fundada em erro de direito.

d) aplica-se ao direito brasileiro, porque, embora ninguém se escuse de cumprir a lei alegando
que não a conhece, é nulo o negócio jurídico quando o erro de direito for o motivo único ou
90
principal do negócio, salvo, na transação, a respeito das questões que forem objeto de
controvérsia entre as partes.

e) não se aplica ao direito brasileiro, porque, quando o erro de direito for o motivo único de
negócio jurídico, admite-se a alegação de desconhecimento da lei que o proíbe.

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE

Simule a resolução das questões abaixo. Em seguida, confira o gabarito e


comentários da EQUIPE BND:

1 – O donatário que não executou encargo assumido em face do doador como condição para
a celebração da doação onerosa poderá ser constituindo em mora por notificação
extrajudicial.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2 – A seguradora pode recusar a contratação de seguro a quem tenha restrição financeira junto
a órgãos de proteção ao crédito, ainda que se disponha a pronto pagamento, ante a 
autonomia da vontade, princípio regente dos contratos. ÍNICIO

( ) Verdadeiro ( ) Falso

3 – É de três anos o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas


em inadimplemento contratual.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

III) GABARITANDO A 1ª FASE – REVISÃO ACELERADA.

1) NOTAS E DICAS DO PROFESSOR:


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O amplo tema “contratos” é de grande relevância para as provas da magistratura estadual, com
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elevado grau de incidência em questões objetivas, discursivas e sentenças. Por esse motivo, o
tema deve ser estudado de forma bastante ampla, com repetidas leituras da lei seca e de obras
doutrinárias que permitam o conhecimento do tratamento jurisprudencial dado à matéria.

Procure sistematizar seus estudos a partir da compreensão do negócio jurídico, seguida da


disciplina jurídica das obrigações para apenas posteriormente estudar os contratos. Uma
compreensão profunda da teoria geral dos contratos é absolutamente necessária, permitindo
uma melhor apreensão dos pormenores de cada contrato típico previsto no Código Civil.
91
O presente PDF possui uma extensão acima da média em razão da ampla pesquisa que foi
realizada no tocante às questões oficiais cobradas em concursos passados. Embora o ponto
selecionado seja “CONTRATOS”, estrategicamente você não pode deixar de estudar outros
dispositivos do Código Civil correlatos ao tema central, e que já foram exigidos em provas de
magistratura estadual. O mapeamento das questões otimiza o conhecimento sobre os
dispositivos mais exigidos, e cria as condições necessárias para que você fique acima do ponto
de corte.

Justamente por isso fiz uma seleção mais vasta, contemplando também dispositivos da PARTE
GERAL (Título: Negócios Jurídicos). Dentro da PARTE ESPECIAL, fui além e inseri inclusive os
artigos que dão suporte ao direito obrigacional, para em seguida adentrar na normatização
ligada aos CONTRATOS.

Não bastasse, fiz questão de encerrar pontuando alguns dispositivos relevantes envolvendo os
ATOS UNILATERAIS.

É importante, desde já, perceber que o tema “contratos”, em 1ª fase, é exigido basicamente
com base no conhecimento da lei seca.

Tive, portanto, o intuito de viabilizar um estudo associativo decorrente do confronto entre os


dispositivos legais do Código Civil (com os respectivos destaques) e as assertivas de concursos
públicos, de modo a permitir a assimilação das expressões e palavras chaves.

O estudo das provas objetivas deixa claro que alguns temas costumam ser mais cobrados em
provas de primeira fase.

Dentre eles, destacamos os seguintes pontos: validade do negócio jurídico; classificação dos
contratos; vícios redibitórios; evicção; compra e venda; fiança; doação; transporte.

ÍNICIO

2) DISPOSITIVOS E SÚMULAS DE ALTA INCIDÊNCIA (PARA REVISAR ANTES DA PROVA


OBJETIVA):

Para facilitar seu estudo de primeira fase, segue a transcrição dos dispositivos
constitucionais ou legais e súmulas de maior incidência, com os respectivos destaques.

Esses temas precisam ser bem estudados, razão pela qual persiste a necessidade
de estudo completo da matéria.

CÓDIGO CIVIL (PARTE GERAL)


DISPOSITIVOS DESTACADOS COMENTÁRIOS BND
Art. 111. O silêncio importa anuência, (TJAC, 2012) Constitui requisito especial na formação
quando as circunstâncias ou os usos o dos contratos a colheita do acordo de vontades, que
autorizarem, e não for necessária a deve ser livre e espontâneo, não sendo, em nenhuma
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declaração de vontade expressa. hipótese, aceito o silêncio como forma de


manifestação tácita (INCORRETA).
@bomnodireito

Art. 112. Nas declarações de vontade (TJSC, 2010) Nas declarações de vontade se atenderá
se atenderá mais à intenção nelas mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
consubstanciada do que ao sentido sentido literal da linguagem. Isto representa dizer que
literal da linguagem. cabe ao intérprete investigar qual a real intenção dos
contratantes, pois o que interessa é a vontade real e
não a declarada (CORRETA).
92
Art. 113. Os negócios jurídicos devem (TJRS, 2016) Sobre os efeitos da boa-fé objetiva,
ser interpretados conforme a boa-fé é INCORRETO afirmar que: a) servem de limite ao
e os usos do lugar de sua celebração. exercício de direitos subjetivos (CORRETA); b)
resultam na proibição do comportamento
contraditório (CORRETA); c) qualificam a posse,
protegendo o possuidor em relação aos frutos já
percebidos (INCORRETA); d) servem como critério
para interpretação dos negócios jurídicos (CORRETA);
e) reforçam o dever de informar das partes na relação
obrigacional (CORRETA).

(TJSC, 2015) O princípio da boa fé, no Código Civil


Brasileiro, não foi consagrado, em artigo expresso,
como regra geral, ao contrário do Código Civil
Alemão. Mas o nosso Código Comercial incluiu-o
como princípio vigorante no campo obrigacional e
relacionou-o também com os usos de tráfico (23).
Contudo, a inexistência, no Código Civil, de artigo
semelhante ao § 242 do BGB não impede que o
princípio tenha vigência em nosso direito das
obrigações, pois se trata de proposição jurídica, com
significado de regra de conduta. O mandamento
engloba todos os que participam do vínculo
obrigacional e estabelece, entre eles, um elo de
cooperação, em face do fim objetivo a que
visam (Clóvis V. do Couto e Silva. A obrigação como
processo. José Bushatsky, Editor, 1976, p. 29-
30). Esse texto foi escrito na vigência do Código Civil 
de 1916. O Código Civil de 2002: trouxe, porém, ÍNICIO
mandamento de conduta, tanto ao credor como ao
devedor, estabelecendo entre eles o elo de
cooperação referido pelo autor (CORRETA).

(TJSC, 2010) Com a edição do Código Civil de 2002, a


boa-fé objetiva passou a princípio explícito que
exerce sua função harmonizadora para conciliar o
rigorismo lógico-dedutivo com as exigências éticas
atuais, abrindo as janelas do positivismo jurídico para
o ético. No âmbito do contrato o princípio da boa-fé
sustenta o dever de as partes agirem conforme a
economia e a finalidade do contrato, de modo a
conservar o equilíbrio substancial e funcional entre as
obrigações correspectivas que formaram o sinalagma
contratual (CORRETA).
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CÓDIGO CIVIL (PARTE ESPECIAL - OBRIGAÇÕES)


DISPOSITIVOS DESTACADOS COMENTÁRIOS BND
Art. 402. Salvo as exceções (TJBA, 2012) Ainda que o contrato seja oneroso, a
expressamente previstas em lei, as intensidade da culpa do devedor que se negou à
perdas e danos devidas ao credor prestação será considerada para fins de apuração
abrangem, além do que ele do quantum de sua responsabilidade contratual
(INCORRETA).
93
efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.

Nota: conceito legal de danos


emergentes e lucros cessantes.
Art. 406. Quando os juros moratórios (TJPR, 2011) Em sede de obrigações, quando os juros
não forem convencionados, ou o moratórios não forem convencionados, ou o forem
forem sem taxa estipulada, ou sem taxa estipulada, serão fixados segundo a taxa
quando provierem de determinação que estiver em vigor para a mora do pagamento de
da lei, serão fixados segundo a taxa impostos devidos à Fazenda Nacional (CORRETA).
que estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos à
Fazenda Nacional.
Art. 410. Quando se estipular a (TJDFT, 2008) Quando se estipular a cláusula penal
cláusula penal para o caso de total para o caso de total inadimplemento da obrigação,
inadimplemento da obrigação, esta esta converter-se-á em obrigatória para o credor
converter-se-á em alternativa a (INCORRETA).
benefício do credor.
Art. 413. A penalidade deve ser (TJES, 2011) Ocorrendo inadimplemento contratual
reduzida equitativamente pelo juiz do contratante, o juiz poderá reduzir o montante da
se a obrigação principal tiver sido indenização se a culpa for considerada pequena
cumprida em parte, ou se o montante (INCORRETA).
da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a
natureza e a finalidade do negócio.
Art. 416. Para exigir a pena (TJES, 2011) Ainda que possível cláusula penal
convencional, não é necessário que o compensatória estipulada para o caso de a
credor alegue prejuízo. inexecução ser insuficiente para compensar os 
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo prejuízos sofridos, não será lícito ao contratante ÍNICIO
exceda ao previsto na cláusula penal, ajuizar ação buscando perdas e danos (CORRETA).
não pode o credor exigir indenização
suplementar se assim não foi
convencionado. Se o tiver sido, a
pena vale como mínimo da
indenização, competindo ao credor
provar o prejuízo excedente.
Art. 420. Se no contrato for (TJPR, 2012) Se no contrato for estipulado o direito de
estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes
arrependimento para qualquer das contratantes, as arras ou sinal não terão a função
partes, as arras ou sinal terão função indenizatória (INCORRETA).
unicamente indenizatória. Neste
caso, quem as deu perdê-las-á em (TJPR, 2011) Se no contrato for estipulado o direito de
benefício da outra parte; e quem as arrependimento para qualquer das partes, as arras ou
recebeu devolvê-las-á, mais o sinal terão função unicamente indenizatória, não
equivalente. Em ambos os casos não havendo, neste caso, direito à indenização
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haverá direito a indenização suplementar (CORRETA).


suplementar.
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CÓDIGO CIVIL (PARTE ESPECIAL – CONTRATOS – DISPOSIÇÕES GERAIS)


DISPOSITIVOS DESTACADOS COMENTÁRIOS BND
94
Art. 421. A liberdade de contratar (TJSC, 2010) A liberdade de contratar é exercida em
será exercida em razão e nos limites razão e nos limites da função social do contrato. No
da função social do contrato. sistema do Código Civil, quando há no contrato de
adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, nem
sempre adota-se a interpretação mais favorável ao
aderente. Contudo, nos contratos de adesão, são
nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio (INCORRETA).

Art. 422. Os contratantes são (TJRS, 2016) Sobre os efeitos da boa-fé objetiva,
obrigados a guardar, assim na é INCORRETO afirmar que: a) servem de limite ao
conclusão do contrato, como em sua exercício de direitos subjetivos (CORRETA); b)
execução, os princípios de probidade resultam na proibição do comportamento
e boa-fé. contraditório (CORRETA); c) qualificam a posse,
protegendo o possuidor em relação aos frutos já
Nota: o princípio da boa-fé objetiva é percebidos (INCORRETA); d) servem como critério
insistentemente objeto de para interpretação dos negócios jurídicos (CORRETA);
questionamento em provas de e) reforçam o dever de informar das partes na relação
primeira fase, devendo-se conhecer obrigacional (CORRETA).
os dispositivos legais pertinentes e as
discussões doutrinárias. (TJRS, 2016) Sobre a extinção do contrato, assinale a
alternativa correta: [...] implica, necessariamente, o
fim de todos os efeitos decorrentes da relação
obrigacional (INCORRETA).

(TJMS, 2015) A respeito do direito contratual e os


princípios que regem a matéria, afirma-se 
corretamente que: o credor tem o dever de evitar o ÍNICIO
agravamento do prejuízo que lhe causou o devedor
(CORRETA).

(TJSC, 2015) O princípio da boa fé, no Código Civil


Brasileiro, não foi consagrado, em artigo expresso,
como regra geral, ao contrário do Código Civil
Alemão. Mas o nosso Código Comercial incluiu-o
como princípio vigorante no campo obrigacional e
relacionou-o também com os usos de tráfico (23).
Contudo, a inexistência, no Código Civil, de artigo
semelhante ao § 242 do BGB não impede que o
princípio tenha vigência em nosso direito das
obrigações, pois se trata de proposição jurídica, com
significado de regra de conduta. O mandamento
engloba todos os que participam do vínculo
obrigacional e estabelece, entre eles, um elo de
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cooperação, em face do fim objetivo a que


visam (Clóvis V. do Couto e Silva. A obrigação como
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processo. José Bushatsky, Editor, 1976, p. 29-


30). Esse texto foi escrito na vigência do Código Civil
de 1916. O Código Civil de 2002: trouxe, porém,
mandamento de conduta, tanto ao credor como ao
devedor, estabelecendo entre eles o elo de
cooperação referido pelo autor (CORRETA).
95
(TJPE, 2011) Indo-se mais adiante, aventa-se a ideia
de que entre o credor e o devedor é necessária a
colaboração, um ajudando o outro na execução do
contrato. A tanto, evidente- mente, não se pode
chegar, dada a contraposição de interesses, mas é
certo que a conduta, tanto de um como de outro,
subordina-se a regras que visam a impedir dificulte
uma parte a ação da outra (Contratos, p. 43, 26ª
edição, Forense, 2008, Coordenador: Edvaldo Brito,
Atualizadores: Antonio Junqueira de Azevedo e
Francisco Paulo de Crescenzo Marino). Pode-se
identificar o texto acima com o seguinte princípio
aplicável aos contratos: [...] da boa-fé (CORRETA).

(TJSC, 2010) Com a edição do Código Civil de 2002, a


boa-fé objetiva passou a princípio explícito que
exerce sua função harmonizadora para conciliar o
rigorismo lógico-dedutivo com as exigências éticas
atuais, abrindo as janelas do positivismo jurídico para
o ético. No âmbito do contrato o princípio da boa-fé
sustenta o dever de as partes agirem conforme a
economia e a finalidade do contrato, de modo a
conservar o equilíbrio substancial e funcional entre as
obrigações correspectivas que formaram o sinalagma
contratual (CORRETA)..
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ÍNICIO
*por limitação de espaço disponibilizamos apenas uma pequena parte da Revisão Acelerada.

GABARITO

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

1 – (TJSC, 2017, FCC) Coviello, em seu magnífico Manuale di Diritto Civile Italiano, é quem
explica a matéria com maior clareza.

Uma cousa, diz êle, é independer, a obrigatoriedade da lei, do conhecimento dos que lhe estão
sujeitos e outra cousa é poder-se invocar o êrro de direito como pressuposto de certos fatos,
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dos quais a lei faz derivar consequências jurídicas. A primeira não comporta dúvidas; a
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segunda exige um exame, uma indagação.

Quando se admite a possibilidade de se invocar o êrro de direito, tal outro qualquer êrro, como
pressuposto de um fato jurídico, isto não significa que se abra exceção à regra da
obrigatoriedade das leis mesmo contra quem não as conhece.

A única distinção a fazer-se é a relativa ao fim visado por quem alega ignorância ou êrro de
direito.”
96
(Vicente Rao. O Direito e a Vida dos Direitos. 1° volume. tomo I. p. 382. São Paulo, Max
Limonad. 1960).

Esse texto

a) aplica-se ao direito brasileiro, porque, embora ninguém se escuse de cumprir a lei


alegando que não a conhece, salvo na transação a respeito das questões que forem
objeto de controvérsia entre as partes, é anulável o negócio jurídico quando o erro de
direito for o motivo único ou principal do negócio, e não implique recusa à aplicação
da lei.

b) aplica-se ao direito brasileiro porque embora ninguém se escuse de cumprir a lei


alegando que não a conhece, é anulável a transação quando o erro de direito foi o
motivo, único ou principal, do acordo, sobre as questões que tiverem sido objeto de
controvérsia entre as partes.

c) não se aplica ao direito brasileiro, porque ninguém se escusa de cumprir a lei alegando
que não a conhece, sendo defeso alegar a invalidade de negócio jurídico fundada em
erro de direito.

d) aplica-se ao direito brasileiro porque embora ninguém se escuse de cumprir a lei


alegando que não a conhece é nulo o negócio jurídico quando o erro de direito for o
motivo único ou principal do negócio, salvo, na transação, a respeito das questões que
forem objeto de controvérsia entre as partes.

e) não se aplica ao direito brasileiro, porque quando o erro de direito for o motivo único
de negócio jurídico, admite-se a alegação de desconhecimento da lei que o proíbe.

ÍNICIO
GABARITO: A

Comentários:

Erro é a falsa noção de qualquer dos elementos do ato ou negócio jurídico, a falsa
representação da realidade. Ensina Francisco Amaral que “no erro há também divergência, não
entre a vontade e a declaração, mas entre a vontade realmente declarada e uma vontade
hipotética, a que existiria no agente se não estivesse em erro” (Direito Civil – Introdução, p. 492-
493).

Deve-se distinguir o erro de fato, que consiste na falsa representação em relação à


circunstância ou elemento do negócio jurídico, e o erro de direito, que se define como o falso
conhecimento ou ignorância da norma jurídica. Este não pode ser alegado para subtrair alguém
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à disciplina legal, salvo no caso em que quem o invoca não pretende fugir à aplicação da lei,
@bomnodireito

demonstrando ter sido o desconhecimento de uma regra dispositiva que o levou à prática de
um ato que não se realizaria se houvesse conhecimento da realidade (CC, art. 139).

Não se admite o desconhecimento ou o erro de direito quando o que se pretende


é contrariar o princípio da obrigatoriedade da lei, conforme preleciona o art. 3º da LINDB
(“ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”). Admite-se-o, contudo,
quando for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
97
O erro de direito pode ser essencial ou acidental, distinção consagrada no Código
Civil. Dispõe o art. 138 que “são anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio”. Em adendo, o art. 139 qualifica o erro como
substancial quando (i) interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais; (ii) concerne à identidade ou à qualidade essencial da
pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo
relevante; ou (iii) sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do negócio jurídico. Merece menção o art. 849 do Código Civil, ao estabelecer que
a transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de
controvérsia entre as partes.

Já o art. 142 estabelece que “o erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se


referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada”.

Conclui-se, portanto, que está correta a alternativa “a”, afirmando que o texto se
aplica ao direito brasileiro, porque, embora ninguém se escuse de cumprir a lei alegando que
não a conhece, salvo na transação a respeito das questões que forem objeto de controvérsia
entre as partes, é anulável o negócio jurídico quando o erro de direito for o motivo único ou
principal do negócio, e não implique recusa à aplicação da lei.

1 – O donatário que não executou encargo assumido em face do doador como condição para
a celebração da doação onerosa poderá ser constituindo em mora por notificação
extrajudicial.

VERDADEIRO

ÍNICIO

- Comentários: Segundo entendeu a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, é POSSÍVEL


a utilização da NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL para constituir em MORA o donatário acerca do
DESCUMPRIMENTO DO ENCARGO no contrato de DOAÇÃO MODAL em que NÃO HÁ PREVISÃO
DE PRAZO para o cumprimento da obrigação. (REsp 1622377/MG, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 11/12/2018, DJe 14/12/2018)

DOAÇÃO MODAL: é a doação sujeita a encargo, onde existe uma contraprestação


do donatário, ainda que mínima. Caso o encargo seja grande, resta descaracterizada a doação,
podendo configurar uma troca ou outro contrato bilateral.

Segundo o Código Civil, o donatário que não executa o encargo perde a doação (art.
553 e 555).

Para o STJ, NÃO PREVISTO PRAZO DETERMINADO para o cumprimento da contra-


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prestação, o doador, mediante NOTIFICAÇÃO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL, na forma do art.


397 do CCB, pode CONSTITUIR EM MORA o donatário, fixando-lhe prazo para a execução do
@bomnodireito

encargo, e, restando este inerte, ter-se-á por revogada a doação.

Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação,


caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.

Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério


Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este
não tiver feito.
98
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou
por inexecução do encargo.

2 – A seguradora pode recusar a contratação de seguro a quem tenha restrição financeira do


consumidor junto a órgãos de proteção ao crédito, ainda que se disponha a pronto
pagamento, ante a autonomia da vontade, princípio regente dos contratos.

FALSO

- Comentários: Conforme entende o Superior Tribunal de Justiça, a seguradora NÃO PODE


RECUSAR a contratação de seguro a quem se disponha a PRONTO PAGAMENTO se a justificativa
se basear UNICAMENTE na RESTRIÇÃO FINANCEIRA do consumidor junto a órgãos de proteção
ao crédito. (Terceira Turma, REsp 1.594.024-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
27/11/2018, Informativo 640).

Todo consumidor, em princípio, desde que pague o preço correspondente, tem o


direito de adquirir um produto ou serviço quando é colocado no mercado, tendo em vista a
situação havida de OFERTA PERMANENTE, sendo repelido qualquer ato de recusa baseado em
aspectos DISCRIMINATÓRIOS. Todavia, nas RELAÇÕES SECURITÁRIAS, a interpretação do art.
39, IX, do CDC é MITIGADA, devendo sua INCIDÊNCIA SER APRECIADA CONCRETAMENTE.

Com efeito, em avenças de natureza securitária existem situações em que a recusa


de venda se justifica, desde que haja motivo legítimo o qual pode se opor à formação da relação
de consumo, em que a ANÁLISE DO RISCO pelo ente segurador é de PRIMORDIAL
IMPORTÂNCIA, sendo um dos ELEMENTOS desse gênero contratual, não podendo, portanto,

ser tolhida. ÍNICIO

Entretanto, no que tange especificamente à recusa de venda de seguro


(contratação ou renovação), baseada exclusivamente na restrição financeira do contratante a
quem tenha restrição financeira junto a órgãos de proteção ao crédito, tal justificativa é
superada se o consumidor se dispuser a pagar prontamente o prêmio. De fato, se o pagamento
do prêmio for parcelado, a representar uma venda a crédito, a seguradora pode se negar a
contratar o seguro se o consumidor estiver com restrição financeira, evitando, assim, os
adquirentes de má-fé, incluídos os insolventes ou maus pagadores.

3 – É de três anos o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas


em inadimplemento contratual.

FALSO
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@bomnodireito

- Comentários: É DECENAL o PRAZO PRESCRICIONAL aplicável às hipóteses de pretensão


fundamentadas em INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. (STJ, Segunda Seção, EREsp 1.280.825-
RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018, DJe 02/08/2018, Informativo 632).

Nas hipóteses de inadimplemento contratual, ao credor é permitido exigir do


devedor o exato CUMPRIMENTO daquilo que foi avençado. Se houver mora, além da execução
específica da prestação, o credor pode pleitear eventuais PERDAS E DANOS decorrentes da
inobservância do tempo ou modo contratados (arts. 389, 394 e 395 do CC/2002). Na hipótese
99
de INADIMPLEMENTO DEFINITIVO (art. 475 do CC/2002), o credor poderá ESCOLHER ENTRE A
EXECUÇÃO PELO EQUIVALENTE ou, observados os pressupostos necessários, a RESOLUÇÃO DA
RELAÇÃO JURÍDICA CONTRATUAL. Em ambas alternativas, poderá requerer, ainda, o
pagamento de PERDAS E DANOS eventualmente causadas pelo devedor. Assim, há três
pretensões potenciais por parte do credor, quando se verifica o inadimplemento contratual,
todas interligadas pelos MESMOS CONTORNOS FÁTICOS e pelos MESMOS FUNDAMENTOS
JURÍDICOS, sem qualquer distinção evidente no texto normativo. Tal situação exige do
intérprete a aplicação das mesmas regras para as três pretensões.

Considerando a logicidade e a integridade da legislação civil, por questão de


COERÊNCIA, é necessário que o credor esteja sujeito ao MESMO PRAZO para exercer as TRÊS
PRETENSÕES que a lei põe à sua disposição como possíveis reações ao inadimplemento. Nesse
sentido, o ART. 205 DO CC/2002 mantém a integridade lógica e sistemática da legislação civil.

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo completo disponível aos assinantes do PROGRAMA


PONTO NA MÃO-BND.


ÍNICIO

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@bomnodireito
100
PONTO PRIORITÁRIO: CONTRATOS

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE)

I) QUESTÃO DISCURSIVA OFICIAL COMENTADA

1 – (TJBA, 2019, CESPE) Tarcísio celebrou, em março de 2015, contrato de promessa de compra
e venda de imóvel em construção, em regime de incorporação imobiliária, com determinada
vendedora/construtora, tendo sido pactuado que a entrega do imóvel ocorreria em março de
2017, com a possibilidade de prorrogação desse prazo por até cento e oitenta dias.

Em novembro de 2018, como o imóvel ainda não havia sido entregue por culpa exclusiva do
promitente vendedor, Tarcísio ajuizou ação para rescindir o contrato de promessa de compra
e venda, por inadimplemento contratual. Entre outros pedidos, requereu, (i) a declaração da
rescisão, (ii) a restituição integral das parcelas já pagas e (iii) a indenização a título de lucros
cessantes, porque sua pretensão era passar a residir em imóvel próprio para deixar de pagar
aluguel.

Em contestação, a ré sustentou não ser cabível a rescisão do contrato, pois adimpliu


substancialmente a obrigação contratada, uma vez que, quando o autor ingressou com a ação,
a edificação estava 94,5% concluída. Argumentou que, mesmo que se entendesse pela


possibilidade da rescisão, o pedido de restituição das parcelas pagas não deveria ocorrer de
forma integral, mas com retenção de 10% a 25% dos valores, para justa indenização dos
prejuízos decorrentes da resolução contratual. Sustentou, também, que os lucros cessantes ÍNICIO
não haviam sido demonstrados pela apresentação de contrato de locação ou outro
documento que indicasse que o autor gastou com alugueres em razão da não entrega do
imóvel.

Considerando a jurisprudência do STJ, redija um texto respondendo, de forma justificada, aos


seguintes questionamentos, acerca da situação hipotética apresentada.

a) A teoria do adimplemento substancial deve ser aplicada nesse caso, haja vista a alegação
da ré de que a edificação estava 94,5% concluída quando Tarcísio ajuizou a ação? Em sua
resposta, aborde o conceito dessa teoria e os requisitos jurisprudenciais para sua aplicação.

b) Conforme a sistemática de perdas e danos estabelecida no Código Civil, qual é a natureza


jurídica — fundamento jurídico e legal — do pedido de restituição das parcelas pagas por
Tarcísio? No caso, conforme entendimento do STJ, qual deverá ser a extensão (integral ou com
abatimento) de restituição perseguida?

c) Mesmo Tarcísio não tendo juntado aos autos comprovante que indicasse o gasto que teve
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com alugueres, os lucros cessantes ainda assim serão devidos, de acordo com o entendimento
do STJ?
@bomnodireito

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!


101
Com a celebração do contrato de promessa de compra e venda de imóvel em
construção, em regime de incorporação imobiliária, Tarcísio passou a integrar um dos polos de
relação jurídica bilateral envolvendo também a vendedora/construtora.

Cuida-se, evidentemente, de vínculo de natureza negocial sujeito às normas


protetivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, entre as quais se destaca o art. 47,
que impõe interpretação mais favorável ao consumidor como forma de reequilibrar relação
marcada pela vulnerabilidade.

Essa premissa justifica o tratamento favorável ao consumidor, dado pelo Superior


Tribunal de Justiça, a temas análogos.

a) A teoria do adimplemento substancial emerge do princípio da boa-fé objetiva em


sua função limitadora, tal como previsto no art. 187 do Código Civil, que qualifica como ato ilícito
o exercício de um direito que excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Segundo a teoria, nas hipóteses em que se verificar um inadimplemento mínimo, a


possibilidade de exercício do direito potestativo de resolução do contrato pela parte lesada será
mitigada em abono da preservação do vínculo obrigacional, nos termos do art. 475 do Código
Civil.

Tal como já assentado pelo Conselho da Justiça Federal, o adimplemento


substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função
social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.

Segundo entendimento preponderante no Superior Tribunal de Justiça, são


requisitos necessários para a aplicação da teoria: a) a existência de expectativas legítimas
geradas pelo comportamento das partes; b) a inexpressividade do pagamento faltante em

ÍNICIO
relação ao montante total; e c) a possibilidade de conservação da eficácia do negócio jurídico,
sem prejuízo do direito do credor de pleitear a quantia.

Em caso análogo ao dos autos, contudo, o Superior Tribunal de Justiça entendeu


pela inaplicabilidade da teoria do adimplemento substancial com fundamento no argumento de
que a obrigação da vendedora/construtora não pode ser fracionada, sendo adimplida apenas
com a entrega do imóvel. Dessa forma, o estágio das obras seria irrelevante na análise do pedido
resolutório do comprador.

b) Quanto ao pedido de restituição das parcelas pagas por Tarcísio, qualifica-se


como dano material (ou patrimonial), na modalidade dano emergente, na medida em que
corresponde ao prejuízo efetivamente perdido pelo autor diante da resolução do contrato.

O tema é tratado pelo art. 402 do Código Civil, cujo teor é claro no sentido de que,
salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
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No caso, não deve haver qualquer tipo de retenção por parte da construtora, uma
vez que esta deu causa à resolução. Muito a propósito, o STJ possui entendimento segundo o
@bomnodireito

qual, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel


submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas
pagas pelo promitente comprador – integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente
vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao
desfazimento.
102
c) A discussão atinente aos lucros cessantes é merecedora de breves considerações,
uma vez que doutrina e jurisprudência apresentam divergências.

Os lucros cessantes também integram os danos materiais, correspondendo ao


montante que o credor deixou de acrescentar ao patrimônio em razão do ato ilícito do devedor,
o que demanda, evidentemente, um exercício de prognose.

A doutrina é contundente ao afirmar que essa análise em perspectiva não pode


representar um exercício de futurologia, na medida em que deveria se pautar na probabilidade
concreta e demonstrada nos autos.

Contudo, especificamente nas hipóteses de resolução de contratos de promessa de


compra e venda por culpa da vendedora/construtora, o STJ firmou entendimento no sentido de
que o atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes
durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente
comprador.

Assim, ainda que a questão não seja pacífica, pode-se dizer que mesmo não tendo
juntado aos autos comprovante que indicasse o gasto que teve com alugueres, os lucros
cessantes seriam devidos, conforme entendimento do STJ.

COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

Diferentemente da questão anterior, o enunciado é expresso ao exigir do candidato


conhecimento específico do posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema. 
ÍNICIO
Evidentemente, essa análise tópica e circunscrita ao objeto da lide material
(inadimplemento no âmbito da promessa de compra e venda de imóvel em construção em
regime de incorporação imobiliária) deve ser acompanhada de elementos teóricos, a exemplo
da apresentação da teoria do adimplemento substancial e da compreensão dos danos
discutidos.

Assim, seguindo a ordem proposta, deve o candidato apresentar o conceito da


teoria do adimplemento substancial, elencando seus requisitos e expondo a possibilidade de
aplicação ao caso concreto. Na sequência, deve-se analisar o pedido de restituição das parcelas
pagas e os alegados lucros cessantes.

1. O art. 475 do Código Civil atribui à parte lesada pelo inadimplemento o direito
potestativo (ou poder formador) de promover a resolução do contrato. Essa prerrogativa,
contudo, é temperada pela função limitadora exercida pelo princípio da boa-fé objetiva, na
medida em que o art. 187 do Código Civil qualifica como ato ilícito o exercício de um direito que
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exceda manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
@bomnodireito

pelos bons costumes.

A exegese conjunta dos dispositivos citados sustenta a teoria do adimplemento


substancial (ou do inadimplemento mínimo), segundo a qual o inadimplemento que se aproxima
do resultado final não autoriza que o credor exerça seu direito potestativo de resolver o
contrato. Solução diversa contrariaria o princípio da boa-fé objetiva e estimularia o abuso de
direito.
103
A teoria do adimplemento substancial não se destina àquela prestação que se
tornou inútil, oportunidade não qual não haverá outro caminho que não seja a resolução.
Contudo, se ela permanecer útil, deve-se optar pela preservação do contrato, impondo ao
inadimplente relativo o ônus de suportar perdas e danos (CC, art. 395, caput e parágrafo único).

Trata-se, portanto, de um limite criado (função de controle da boa-fé objetiva) ao


exercício do direito potestativo de resolução do contrato previsto no art. 475 do Código Civil.

Conforme menciona o enunciado 361 do CJF, “O adimplemento substancial decorre


dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o
princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475”.

Sobre o tema:

“Quando se verifica o inadimplemento da obrigação principal, surgem,


em favor do credor, diversas opções. Seja a possibilidade de resolução
com imposição de perdas e danos, aplicação da cláusula penal como
prefixação de prejuízos ou, mesmo, a própria opção do credor pela
tutela específica, quando ainda for o objeto possível e a prestação
remanescer útil para ele (art. 475, CC).

Portanto, a desconstituição do negócio jurídico pela resolução


contratual oriunda do inadimplemento é um direito potestativo do
credor. O direito potestativo é o poder de uma das partes sujeitar a
outra à sua deliberação unilateral, sem que o outro possa a isso se
opor.

A doutrina clássica não discutia a possibilidade de imposição de limites


ao exercício de um direito subjetivo ou de um direito potestativo, pois

ÍNICIO
eles eram justamente concedidos pelo ordenamento jurídico para a
satisfação de interesses particulares. Todavia, uma vez que todo
direito (subjetivo ou potestativo) só pode ser reconhecido e
prestigiado pelo ordenamento jurídico quando detiver uma função
social, novas luzes são lançadas sobre o tema. Com efeito, o exercício
de um direito muitas vezes satisfaz o interesse privado do seu titular,
mas, simultaneamente, ofende as expectativas sociais pelas quais o
próprio ordenamento concedeu esse direito. Haverá abuso do direito
quando o seu exercício for manifestado sem motivação legítima, de
forma a violar os seus próprios limites éticos.

O abuso do direito é considerado um ato ilícito objetivo pelo novo


Código Civil (art. 187), pois a sua aferição independe da constatação
da culpa pela violação formal de uma norma, sendo suficiente a
antijuridicidade da conduta, a violação material dos fins dados pelo
ordenamento jurídico. Em verdade, o abuso do direito como modo de
controle da legitimidade do exercício de direitos subjetivos e
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potestativos é uma das vertentes da atuação do princípio da boa-fé


sobre as relações obrigacionais.
@bomnodireito

O inadimplemento mínimo é uma das formas de controle da boa-fé


sobre a atuação de direitos subjetivos. Atualmente, é possível
questionar a faculdade do exercício do direito potestativo à resolução
contratual pelo credor, em situações caracterizadas pelo cumprimento
de substancial parcela do contrato pelo devedor, mas em que, todavia,
não tenha suportado adimplir uma pequena parte da obrigação”
104
(Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias in Curso de direito civil
– Obrigações, pp. 562-563).

Na jurisprudência:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE DESFAZIMENTO


DO NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
ATRASO NA ENTREGA DE IMÓVEL. CULPA EXCLUSIVA DO PROMITENTE
VENDEDOR. RESTITUIÇÃO INTEGRAL DAS PARCELAS PAGAS. SÚMULA
N.º 543/STJ. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
INAPLICABILIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO. REEXAME DO
CONJUNTO FÁTICOPROBATÓRIO. SÚMULAS N. 5 E 7 DO STJ. TERMO
INICIAL DOS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE O VALOR DAS
PARCELAS A SEREM RESTITUÍDAS. DATA DA CITAÇÃO. ACÓRDÃO EM
CONSONÂNCIA COM ENTENDIMENTO DESTE STJ. SÚMULA N.º 83/STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL PREJUDICADO. MULTA. ART. 1.021, § 4.º,
DO CPC/2015. APLICAÇÃO NÃO AUTOMÁTICA. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. Este Superior Tribunal de Justiça sumulou o
entendimento de que “na hipótese de resolução de contrato de
promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de
Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das
parcelas pagas pelo promitente comprador integralmente, em caso de
culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente,
caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento”
(Súmula n.º 543/STJ). 2. Cuidando o presente caso de resolução de
contrato de compra e venda de imóvel por culpa exclusiva do


promitente vendedor, como concluído pelo Tribunal de origem, a
consequência jurídica, estampada na referida súmula, é a imediata e
integral restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador. ÍNICIO
Assim, não há que se falar na aplicação da teoria do adimplemento
substancial, tendo em vista que o acórdão estadual está em
consonância com o posicionamento deste Tribunal Superior, nos
termos da Súmula n.º 83/STJ. (...) (AgInt no REsp 1729742/SE, Rel.
Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
15/5/2018, DJe 28/5/2018)

O Superior Tribunal de Justiça (REsp 1581505/SC, 4ª Turma, Rel. Ministro Antonio


Carlos Ferreira, j. 18/8/2016) afirma que são necessários três requisitos para a aplicação da
teoria:

(i) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento das partes;


(ii) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total do negócio; e
(iii) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo ao direito do
credor de pleitear a quantia devida pelos meios ordinários.

No caso apresentado pelo enunciado, a teoria do adimplemento substancial não


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deve ser aplicada, conforme entendimento firmado pelo STJ no AgInt no REsp 1729742/SE, Rel.
Ministro Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, j. em 15/5/2018.
@bomnodireito

Em caso análogo, entendeu-se que a obrigação do vendedor para com o adquirente


não pode ser fracionada, podendo ser adimplida tão somente com a entrega do imóvel. Assim,
irrelevante que as obras estejam próximas da conclusão, importando apenas o não
cumprimento do avençado no prazo.
105
Poder-se-ia defender a aplicação da teoria, por exemplo, se houvesse a obrigação
contratual de entrega do imóvel “pronto pra morar” e o comprador o tivesse recebido sem
pintura ou sem colocação de azulejo em algum de seus ambientes (descumprimento de pequena
parte da obrigação contratual assumida). Nessas situações, a vendedora poderia invocar o
adimplemento substancial para evitar a resolução.

2. Dentro da sistemática de perdas e danos estabelecida no Código Civil, o pedido


de restituição das parcelas pagas tem natureza jurídica de dano material (ou patrimonial), na
modalidade de danos emergentes.

Por danos emergentes, entende-se o dano positivo, caracterizado pelo montante


efetivamente perdido em razão da depreciação das posições jurídicas ativas ou do
robustecimento das posições jurídicas passivas. O art. 402 do Código Civil contempla essa
concepção: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.

As parcelas pagas para a aquisição do imóvel se qualificam como dano emergente


porque representam um decréscimo patrimonial com a resolução do contrato.

“Em sentido estrito, o dano é a lesão ao patrimônio, sendo ele


abrangido pelo conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa,
apreciáveis economicamente. Portanto, o dano patrimonial consiste
na ofensa a um interesse econômico avalisável em dinheiro. A locução
dano patrimonial é mais ampla que o simples “dano material”. Este
surge como contraposição ao dano pessoal, importando uma llesão
que atinja determinada coisa. Todo dano material é por essência um
dano patrimonial. Já o dano patrimonial tanto pode resultar do dano

ÍNICIO
à coisa (material) como de um dano à pessoa.

[...]

O dano patrimonial abrange os danos emergentes (dano positivo) e os


lucros cessantes (dano negativo). O ressarcimento tem o condão de
repor o lesado a uma situação de equivalência ao momento anterior à
lesão, a teor do disposto no art. 402 do Código Civil.

Os danos emergentes traduzem os valores efetivamente perdidos pelo


ofendido, em razão da lesão. Há um desfalque atual em seu patrimônio
real e efetivo, acarretando imediato déficit patrimonial. O dano
emergente tanto pode referir-se à redução do ativo como ao aumento
do passivo (Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias in Curso de
direito civil – Obrigações, pp. 600-601).

Conforme entendimento sumulado do STJ, a restituição deve ocorrer de forma


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integral, pois houve a culpa exclusiva do promitente vendedor.


@bomnodireito

STJ, Súmula nº 543: “Na hipótese de resolução de contrato de


promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de
Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das
parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente, em caso
de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou
parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao
desfazimento”.
106
3. Por fim, devem-se analisar os lucros cessantes, que

“correspondem ao acréscimo patrimonial concedido ao ofendido, se a


obrigação contratual ou legal não fosse objeto de descumprimento.
Seria o reflexo futuro do ato lesivo sobre o patrimônio do credor. (...)
Assim, tudo o que o lesado razoavelmente deixou de ganhar desde o
dia do ilícito será recomposto” (Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves
de Farias in Curso de direito civil – Obrigações, pp. 600-601).

De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o atraso na entrega


do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o período de mora do
promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador.

O valor deve corresponder, no caso, à média do aluguel que o comprador deixaria


de pagar. Não há necessidade de contrato de locação ou outro documento que ateste os gastos
com aluguel, em razão da presunção do prejuízo.

Trata-se de situação que pode causar alguma perplexidade, pois a doutrina, ao


interpretar o art. 402 do Código Civil, argumenta que a expressão “(...) o que razoavelmente
deixou de lucrar”, atinente aos lucros cessantes, não se coaduna com dano patrimonial
meramente hipotético, mas com um lucro que “provavelmente” entraria no patrimônio do
promitente comprador.

Nesse sentido, Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias destacam a


impossibilidade de reparação de um dano patrimonial meramente hipotético. Afirmam que, “ao
contrário do que possa parecer em uma leitura despercebida, o termo ‘razoavelmente’ (art. 402
do CC) não concerne ao montante que a vítima deixou de auferir, mas a um lucro que

ÍNICIO
‘provavelmente’ ingressaria no seu patrimônio” (in Curso de direito civil – Obrigações, pp. 602).

O enunciado, contudo, limita a compreensão do tema ao posicionamento do


Superior Tribunal de Justiça, que precisa ser mencionado, ainda que seja pertinente o destaque
à ressalva feita pela doutrina.

Veja-se:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE


RESCISÃO CONTRATUAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. ATRASO
NA ENTREGA DO IMÓVEL. PRESUNÇÃO DE LUCROS CESSANTES
CORRESPONDENTES AO VALOR MÉDIO DE ALUGUEL DO IMÓVEL
OBJETO DO CONTRATO. AGRAVO INTERNO PROVIDO PARA
RECONSIDERAR PARCIALMENTE A DECISÃO AGRAVADA E, EM NOVA
ANÁLISE, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL. 1. A jurisprudência deste Sodalício firmou-se no sentido de
que, reconhecida a culpa do promitente vendedor no atraso da
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entrega de imóvel, os lucros cessantes são presumidos e devem


corresponder à média do aluguel que o comprador deixaria de pagar.
@bomnodireito

2. Na espécie, a decisão agravada deve ser parcialmente reformada,


para condenar os ora agravados ao pagamento de lucros cessantes à
parte ora agravante correspondentes ao valor médio de aluguel do
imóvel objeto deste processo desde junho de 2013 até a efetiva
entrega das chaves. 3. Agravo interno provido para reconsiderar
parcialmente a decisão agravada e, em nova análise, dar parcial
provimento ao recurso especial. (AgInt no REsp 1723050/RJ, Rel.
107
Ministro Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF 5.ª
Região), Quarta Turma, julgado em 20/9/2018, DJe 26/9/2018.)

II) DISCURSIVA INÉDITA DE JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

1 - Candidato, é adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão de reparação


civil advinda de responsabilidades contratual e extracontratual? Havendo distinção, qual o
prazo aplicável às hipóteses de pretensão fundadas em inadimplemento contratual?

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!

De início, importa pontuar que, para a doutrina e jurisprudência civilista, a


responsabilidade contratual é historicamente tratada de modo distinto da extracontratual,
notadamente em razão das fontes das obrigações serem manifestamente diferentes, com
fundamentos jurídicos diversos.

Especificamente no tocante ao prazo prescricional, a jurisprudência oscilava: uma


primeira corrente sustentava a aplicação do termo "reparação civil", constante do art. 206, § 3º,
V, do CC/02 para as duas espécies de responsabilidade; outra corrente defendia, ao revés, que
os prazos não poderiam ser tratados de modo isonômico e a responsabilidade civil decorrente
de inadimplemento contratual submeter-se-ia ao regramento geral do art. 205 do CC/02. 
ÍNICIO
Com efeito, para os adeptos da primeira corrente, o art. 206, § 3º, V, do CC/02, que
trata da prescrição da pretensão de reparação civil, deveria ser interpretado de maneira ampla,
alcançando tanto a responsabilidade contratual (inadimplemento das obrigações) como a
extracontratual (responsabilidade civil). Destarte, a prescrição das pretensões dessa natureza,
originadas sob a égide do novo paradigma do Código deveria observar o prazo comum de três
anos, salvo pretensões cujos prazos prescricionais estariam estabelecidos em disposições legais
especiais.

Noutra órbita, os defensores da segunda tese interpretavam restritivamente o


termo "reparação civil", contido no art. 206, § 3º, V, do CC/02, associando-o somente à
responsabilidade extracontratual. Nesse sentido, argumentavam que o termo somente foi
usado no CC/02 para se referir especificamente à responsabilidade extracontratual, regrada
pelo Título IX, do Livro I, da Parte Especial da codificação e, nas hipóteses em que se refere ao
inadimplemento contratual, não faz qualquer menção a esse termo. Diante disso, e
considerando ainda a ausência de regramento legal a tratar do inadimplemento contratual,
deveria ser usado o prazo decenal contido no art. 205 do CC/02, de aplicação subsidiária.
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Enfrentando a controvérsia, o STJ assentou ser adequada a distinção dos prazos


@bomnodireito

prescricionais, enfatizando que, para o efeito da incidência do prazo prescricional, o termo


“reparação civil” não abrange a composição de toda e qualquer consequência negativa,
patrimonial ou extrapatrimonial, do descumprimento de um dever jurídico mas apenas as
consequências danosas do ato ou conduta ilícitos em sentido estrito e, portanto, apenas para as
hipóteses de responsabilidade civil extracontratual.

Por sua vez, nas hipóteses de inadimplemento contratual, a regra geral é a


execução específica. Assim, ao credor é permitido exigir do devedor o exato cumprimento
108
daquilo que foi avençado. Se houver mora, além da execução específica da prestação, o credor
pode pleitear eventuais perdas e danos decorrentes da inobservância do tempo ou modo
contratados (arts. 389, 394 e 395 do CC/02). Na hipótese de inadimplemento definitivo (art. 475
do CC/02), o credor poderá escolher entre a execução pelo equivalente ou, observados os
pressupostos necessários, a resolução da relação jurídica contratual. Em ambas alternativas,
poderá requerer, ainda, o pagamento de perdas e danos eventualmente causadas pelo devedor.
Há, desse modo, três pretensões potenciais por parte do credor, quando se verifica o
inadimplemento contratual, todas interligadas pelos mesmos contornos fáticos e pelos mesmos
fundamentos jurídicos, sem qualquer distinção evidente no texto normativo. Tal situação exige
do intérprete a aplicação das mesmas regras para as três pretensões.

Assim, por observância à lógica e à coerência, o mesmo prazo prescricional deve


ser aplicado a todas as pretensões do credor nas hipóteses de inadimplemento contratual,
incluindo o da reparação de perdas e danos por ele causados. Nesse sentido, o art. 205 do CC/02
mantém a integridade lógica e sistemática da legislação civil.

Diante disso, a Segunda Seção concluiu que é decenal o prazo prescricional


aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento contratual.

COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

Prezado aluno,

De início, é importante pontuar a escolha de um tema sensível à magistratura


estadual (responsabilidade por inadimplemento contratual), quer seja devido à sua incidência

no cotidiano dos magistrados, quer seja pela controvérsia jurisprudencial instalada dentro do ÍNICIO
Superior Tribunal de Justiça (com julgados da mesma Turma com diferentes posicionamentos),
e até mesmo em razão de eventual confusão que possa haver com o tema responsabilidade civil
extracontratual.

A questão trazida explorou essencialmente julgado proveniente da Segunda Seção


do Superior Tribunal de Justiça (Embargos de Divergência no Recurso Especial nº 1.280.825/RJ)
que parece ter posto fim à controvérsia, restando assim ementado:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


RESPONSABILIDADE CIVIL.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL.
PRAZO DECENAL.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. REGIMES JURÍDICOS DISTINTOS.
UNIFICAÇÃO.
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IMPOSSIBILIDADE. ISONOMIA. OFENSA. AUSÊNCIA.


@bomnodireito

1. Ação ajuizada em 14/08/2007. Embargos de divergência em recurso


especial opostos em 24/08/2017 e atribuído a este gabinete em
13/10/2017.

2. O propósito recursal consiste em determinar qual o prazo de


prescrição aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em
inadimplemento contratual, especificamente, se nessas hipóteses o
109
período é trienal (art. 206, §3, V, do CC/2002) ou decenal (art. 205 do
CC/2002).

3. Quanto à alegada divergência sobre o art. 200 do CC/2002, aplica-


se a Súmula 168/STJ ("Não cabem embargos de divergência quando a
jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão
embargado").

4. O instituto da prescrição tem por finalidade conferir certeza às


relações jurídicas, na busca de estabilidade, porquanto não seria
possível suportar uma perpétua situação de insegurança.

5. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual,


aplica-se a regra geral (art. 205 CC/02) que prevê dez anos de prazo
prescricional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual,
aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/02, com prazo de três
anos.

6. Para o efeito da incidência do prazo prescricional, o termo


"reparação civil" não abrange a composição da toda e qualquer
consequência negativa, patrimonial ou extrapatrimonial, do
descumprimento de um dever jurídico, mas, de modo geral, designa
indenização por perdas e danos, estando associada às hipóteses de
responsabilidade civil, ou seja, tem por antecedente o ato ilícito.

7. Por observância à lógica e à coerência, o mesmo prazo prescricional


de dez anos deve ser aplicado a todas as pretensões do credor nas
hipóteses de inadimplemento contratual, incluindo o da reparação de
perdas e danos por ele causados.

ÍNICIO
8. Há muitas diferenças de ordem fática, de bens jurídicos protegidos
e regimes jurídicos aplicáveis entre responsabilidade contratual e
extracontratual que largamente justificam o tratamento distinto
atribuído pelo legislador pátrio, sem qualquer ofensa ao princípio da
isonomia.

9. Embargos de divergência parcialmente conhecidos e, nessa parte,


não providos.

(EREsp 1280825/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO,


julgado em 27/06/2018, DJe 02/08/2018)

Como bem pontuado pelo Superior Tribunal de Justiça, analisando as diferenças


fáticas entre a responsabilidade contratual e a extracontratual, há uma sensível diferença
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quanto ao grau de proximidade entre as partes contratuais nas suas relações sociais.
@bomnodireito

Na responsabilidade extracontratual, os sujeitos encontram-se no grau máximo de


distanciamento. Em realidade, nessas circunstâncias, as partes entram em contato pelo mero
fato de viverem em sociedade, sem qualquer negociação ou aproximação prévias.

Porém, quando se trata de responsabilidade por inadimplemento contratual, há


previamente uma relação entre as partes que se protrai no tempo, normalmente precedidas de
aproximação e negociação, que ajustam exatamente o escopo do relacionamento entre elas.
Essas relações não ocorrem por acaso, ou pelo mero "viver em sociedade", mas derivam de um
110
negócio jurídico. Normalmente, há um mínimo de confiança entre as partes, e o dever de
indenizar da responsabilidade contratual encontra seu fundamento na garantia da confiança
legítima entre elas.

Do ponto de vista pragmático, também se mostra adequada a distinção dos prazos.


Em contratos mais duradouros, sempre é viável e mais provável que as partes se componham
de alguma maneira, de forma a evitar longas e dispendiosas disputas judiciais, o que é
improvável de ocorrer na responsabilidade extracontratual.

Ainda sobre essas diferenças, restou assentado no voto da eminente relatora, Min.
Nancy Andrighi, ser possível encontrar muitas distinções de regime jurídico entre a
responsabilidade contratual e a extracontratual, inclusive com relação: (i) à capacidade das
partes, quanto à prova do prejuízo; (ii) à avaliação da culpa entre os sujeitos envolvidos no dano;
(iii) aos diferentes graus de culpa para a imputação do dever de indenizar; (iv) ao termo inicial
para a fixação do ressarcimento; e, por fim, (v) à possibilidade de prefixação do dano e de limitar
ou excluir a responsabilidade, pois somente a responsabilidade contratual permite fixar, limitar
ou mesmo excluir o dever de indenizar.

Diante desse cenário, aquela e. Corte concluiu ser adequada a distinção dos prazos
prescricionais da pretensão de reparação civil advinda de responsabilidades contratual e
extracontratual. Disse ainda que é decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de
pretensão fundamentadas em inadimplemento contratual.

Um último comentário.

O enunciado nº 419 da V Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal


traz a seguinte previsão: "O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil
aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual", que
se contrapõe frontalmente à decisão do Superior Tribunal de Justiça, circunstância que afasta a

ÍNICIO
eficácia de sua aplicação. Fazer constar essa informação enriquece sua resposta.

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo integral, contemplando as SENTENÇAS COMENTADAS,


se encontra disponível com exclusividade aos assinantes do PROGRAMA PONTO NA MÃO-BND.

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111
5.4. TREINO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

PONTO PRIORITÁRIO: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SEMANA 1 (TREINO DE 1ª FASE)

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

Simule a resolução da questão abaixo. Em seguida, confira o gabarito e comentários


da EQUIPE BND:

1 – (2019; MPE-PR) Assinale a alternativa incorreta:

a) Conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, o ressarcimento do dano decorrente


da prática de ato de improbidade administrativa não constitui sanção propriamente dita, mas
consequência necessária do prejuízo causado.

b) Havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública no âmbito


de determinada organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), por se tratar de 
entidade do terceiro setor, com regramento especial quanto à responsabilidade, não se aplicam ÍNICIO
as regras e as sanções da Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).

c) No ato de improbidade administrativa do qual resulta prejuízo ao erário, a responsabilidade


pela reparação do dano dos agentes que atuam em concurso é solidária, segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

d) Dentre as espécies de fraudes em prejuízo ao patrimônio público, pode ser citado o


superfaturamento (ou superestimação), que ocorre quando se cobra sobrepreço ilegal, de modo
que a Administração Pública paga pela obra ou serviço mais do que realmente se revelava
devido.

e) O descumprimento de normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de


parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas está tipificado,
expressamente, como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública.
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II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE

Simule a resolução das questões abaixo. Em seguida, confira o gabarito e


comentários da EQUIPE BND:
112
1 – Ao requerer a decretação de indisponibilidade de bens prevista na Lei de Improbidade
Administrativa, é possível ao parquet pedir que recaia sobre bem de família, como entende
pacificamente o STJ.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2 – A sentença de improbidade administrativa que conclui pela improcedência do pedido


produz efeitos imediatos.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

3 – É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de


ato ímprobo atribuído a magistrado, desde que não haja concomitante procedimento
disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

III) GABARITANDO A 1ª FASE – REVISÃO ACELERADA.



ÍNICIO

Prezado amigo (a) BND,

Vamos juntos acelerar sua revisão de primeira fase no que tange ao tema
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA com ênfase nas carreiras do Ministério Público Estadual.

1) NOTAS E DICAS DO PROFESSOR:

O tema improbidade administrativa é um dos que possuem maior relevância no


âmbito do Direito Administrativo em provas para o cargo de Promotor de Justiça, sobretudo em
razão da sua importância para a defesa do patrimônio público pelo Ministério Público. Como já
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apontado inicialmente, a cobrança deste tema mescla a abordagem literal da Lei nº 8.429/92
com entendimentos jurisprudenciais, em sua maioria do STJ, exigindo, em raras situações,
@bomnodireito

definições doutrinárias pontuais sobre institutos.

Assim, para a prova de 1ª fase, orientamos que o aluno estude na doutrina aspectos
gerais da improbidade administrativa, dando maior atenção leitura da LIA e sua aplicação pelo
STJ, combinando, é claro, com a resolução de questões objetivas.

DICA BND: A cobrança da LIA em provas objetivas possui assuntos capazes de causar uma maior
confusão, são eles: 1) espécies de atos de improbidade expressamente definidos nos incisos dos
113
artigos 9º, 10 ou 11; 2) prazo de prescrição e sua contagem; 3) tipos de sanções aplicáveis para
cada ato de improbidade. Desta forma, tenha atenção redobrada para não perder pontos em
situações desta natureza. Avante!

2) DISPOSITIVOS E SÚMULAS DE ALTA INCIDÊNCIA (PARA REVISAR ANTES DA PROVA


OBJETIVA):

A seguir estabelecemos a indicação de dispositivos constitucionais/legais e


eventuais súmulas de maior incidência no tema Improbidade Administrativa, cabendo destacar
que a maioria das questões em primeira fase mescla o conhecimento da disposição expressa em
Lei com posicionamento do STJ ou STF.

Ponto: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – espécies de atos de improbidade; sanções;


prescrição; sujeito ativo da improbidade administrativa (agentes políticos, parecerista,
estagiário); princípio da correlação; sucessão processual; (im)possibilidade de acordo na seara
da improbidade; medidas cautelares (sequestro, indisponibilidade de bens, afastamento
temporário do agente público); ausência de foro por prerrogativa de função; dano moral
coletivo; independência das instâncias.


Para facilitar seu estudo de primeira fase, segue a transcrição dos dispositivos ÍNICIO
constitucionais ou legais de maior incidência, com os respectivos destaques:

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
Dispositivos desatacados da Lei de
Como já caiu?
Improbidade Administrativa
(MPE-MG/2018) “estão sujeitos às penalidades da Lei nº
Art. 1º (...) 8.429, de 2 de junho de 1992, os atos de improbidade
Parágrafo único. Estão também praticados contra o patrimônio de entidade que receba
sujeitos às penalidades desta lei os subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
atos de improbidade praticados órgão público, bem como daquelas para cuja criação ou
contra o patrimônio de entidade que custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos
receba subvenção, benefício ou de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
incentivo, fiscal ou creditício, de anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
órgão público bem como daquelas repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
para cuja criação ou custeio o erário públicos. (CORRETA).
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haja concorrido ou concorra com


@bomnodireito

menos de cinqüenta por cento do (MPE-PR/2014) Estão também sujeitos às penalidades


patrimônio ou da receita anual, da referida lei os atos de improbidade praticados contra
limitando-se, nestes casos, a sanção o patrimônio de entidade que receba subvenção,
patrimonial à repercussão do ilícito benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão
sobre a contribuição dos cofres público bem como daquelas para cuja criação ou custeio
públicos. o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
114
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos; (CORRETA).

(MPE-PB/2018) “as disposições da lei de improbidade,


Art. 3° As disposições desta lei são dada sua natureza, são aplicáveis somente aos agentes
aplicáveis, no que couber, àquele públicos (INCORRETA).
que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a (MPE-MA/2014) As disposições da Lei Federal nº
prática do ato de improbidade ou 8.429/92 são aplicáveis, no que couber, àquele que,
dele se beneficie sob qualquer forma mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
direta ou indireta. para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta;
(CORRETA).

Art. 4° Os agentes públicos de (MPE/MG-2018) Os agentes públicos de qualquer nível


qualquer nível ou hierarquia são ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade,
observância dos princípios de impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
legalidade, impessoalidade, assuntos que lhe são afetos. (CORRETA).
moralidade e publicidade no trato
dos assuntos que lhe são afetos.

Art. 5° Ocorrendo lesão ao (MPE-PB/2018) “o integral ressarcimento do dano ao


patrimônio público por ação ou patrimônio público dependerá de ação ou omissão
omissão, dolosa ou culposa, do dolosa do agente público, não se aplicando a sanção se
agente ou de terceiro, dar-se-á o
integral ressarcimento do dano.
meramente culposa a conduta (INCORRETA).

(MPE-GO/2016) O herdeiro do agente que causar lesão ÍNICIO
Art. 8° O sucessor daquele que ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente não
causar lesão ao patrimônio público estará sujeito às cominações da Lei de Improbidade
ou se enriquecer ilicitamente está Administrativa, mas responderá integralmente pelo
sujeito às cominações desta lei até o dano causado ao erário. (INCORRETA).
limite do valor da herança.
(MPE-PB/2018) o sucessor daquele que causar a lesão ao
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito à reparação do prejuízo ilimitadamente.
(INCORRETA).

(MPE-SP/2017) O sucessor daquele que causar lesão ao


patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente não
está sujeito às cominações da Lei. (INCORRETA).

(MPE-PR/2016) O sucessor daquele que causar lesão ao


patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
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sujeito às sanções previstas na Lei n. 8.429/1992, tais


como perda de valores acrescidos ilicitamente ao
@bomnodireito

patrimônio do ímprobo, multa civil e suspensão dos


direitos políticos (INCORRETA).

(MPE-MS/2015) O sucessor daquele que causar lesão ao


patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações da LIA até o integral ressarcimento
do dano. (INCORRETA).
115
(MPE-PR/2014) O sucessor daquele que praticar ato de
improbidade administrativa, estabelecido na referida lei,
estará sujeito às cominações nela previstas.
(INCORRETA).

(MPE-SC/2014) Falecido o autor de ato de improbidade


administrativa, transmite-se ao sucessor a
responsabilidade patrimonial, a multa inclusive, até o
limite da herança. (CORRETA).

Nota do professor:
A maioria das questões envolvendo este dispositivo
tenta confundir a extensão definida no artigo 8º da LIA,
sobretudo quanto à menção expressa do termo “está
sujeito às cominações desta lei”.
Pondera-se que em relação às sanções perda da função
pública ou suspensão dos direitos políticos são pessoais,
mas os sucessores estarão sujeitos à todas as outras
cominações (multa, perda de bens ou ressarcimento) até
o limite do valor de sua herança.
Afinal, as sanções de caráter penal pessoal são
intransferíveis, mas aquelas associadas ao patrimônio
vinculam os sucessores a qualquer título, desde que
decorram de atos de improbidade que causem lesão ao
erário ou enriquecimento ilícito (art. 9º e 10º da LIA).

Para complementar o entendimento sobre o ponto ÍNICIO
segue julgado do STJ:

STJ. EDcl no REsp 1505356/MG, Rel. Ministro HERMAN


BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2017,
DJe 13/09/2017
(..)
4. Consoante o art. 8º da LIA, a multa civil é
transmissível aos herdeiros, "até o limite do valor da
herança", somente quando houver violação aos arts. 9º
e 10 da referida lei (dano ao patrimônio público ou
enriquecimento ilícito), sendo inadmissível a
transmissão quando a condenação se restringir ao art.
11 (REsp 951.389/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, DJe 4/5/2011).
5. In casu, como a condenação do réu por ato de
improbidade administrativa se deu somente com base
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no art. 11 da LIA, uma vez que não há prova de lesão ao


erário, é indevida a transmissão da pena de multa ao
@bomnodireito

Espólio de José Nilo de Castro. (..)” – grifo nosso.

CONTEÚDO COMPLETO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES PPNM*

*por limitação de espaço disponibilizamos apenas uma pequena parte da Revisão Acelerada.
116
GABARITO

I) QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS

1 – (2019; MPE-PR) Assinale a alternativa incorreta:

a) Conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, o ressarcimento do dano decorrente


da prática de ato de improbidade administrativa não constitui sanção propriamente dita, mas
consequência necessária do prejuízo causado.

b) Havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública no


âmbito de determinada organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), por se
tratar de entidade do terceiro setor, com regramento especial quanto à responsabilidade, não
se aplicam as regras e as sanções da Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).

c) No ato de improbidade administrativa do qual resulta prejuízo ao erário, a responsabilidade


pela reparação do dano dos agentes que atuam em concurso é solidária, segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

d) Dentre as espécies de fraudes em prejuízo ao patrimônio público, pode ser citado o


superfaturamento (ou superestimação), que ocorre quando se cobra sobrepreço ilegal, de modo
que a Administração Pública paga pela obra ou serviço mais do que realmente se revelava
devido.

e) O descumprimento de normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de



ÍNICIO
parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas está tipificado,
expressamente, como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública.

GABARITO: B

- Comentários: Considerando que o comando do enunciado pretendia que o candidato marcasse


a assertiva incorreta, tenha atenção na hora da prova para que estas inversões não lhe
prejudiquem num momento de pressa decorrente do tempo de prova. Vamos aos comentários!

Alternativa a: CORRETA. Nos termos do artigo 5º da Lei nº 8.429/92, o ressarcimento ao erário


decorre da prática de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que incorra em lesão ao
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patrimônio público. Todavia, partindo-se de uma leitura açodada do artigo 12 da LIA, iniciou-se
@bomnodireito

a discussão sobre a natureza do ressarcimento, como espécie de sanção ou não, o que traz
inegável reflexo no momento de dosimetria das sanções a serem aplicadas.

Assim, o STJ dirimiu tal controvérsia reconhecendo que o ressarcimento não possui
natureza de sanção propriamente dita. Vejamos o seguinte julgado:
117
STJ. REsp 1761202/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 11/03/2019:

RESSARCIMENTO AO ERÁRIO COMO ÚNICA PENALIDADE 14. O STJ tem


assentado o entendimento de que o ressarcimento não constitui
sanção propriamente dita, mas sim consequência incontornável do
prejuízo causado. Caracterizada a improbidade administrativa por
dano ao Erário, a devolução dos valores é imperiosa e deve vir
acompanhada de pelo menos uma das sanções legais previstas no
art. 12 da Lei n. 8.429/1992. Nesse sentido: AgInt no REsp
1.570.402/SE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 3/4/2018; REsp 1.302.405/RR, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 28/3/2017.

Alternativa b: INCORRETA. A alternativa é contrária ao estabelecido no parágrafo único do art.


1º da LIA e no art. 13 da Lei nº 9.790/99, que submetem expressamente as OSCIP’s às regras e
sanções da LIA, sem prejuízo de outros regimes sancionatórios previstos.

Vejamos os referidos dispositivos legais:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,


servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio
público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja

ÍNICIO
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os


atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que
receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento
do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos.

Art. 13. Sem prejuízo da medida a que se refere o art. 12 desta Lei,
havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de
origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao
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Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que requeiram


ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da
@bomnodireito

entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de


agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas
consubstanciadas na Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990.
118
Alternativa c: CORRETA. O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que a
responsabilidade pela reparação ao erário é solidária para todos os agentes que concorreram
para o dano, pelo menos até a instrução final do feito, momento em que se delimita a quota de
responsabilidade de cada agente para a dosimetria da pena.

Nesse sentido recente julgado dessa corte. Vejamos:

STJ. AgInt no REsp 1497327/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA


FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 09/10/2018, DJe 25/10/2018.

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
INDISPONIBILIDADE DE BENS. SOLIDARIEDADE OBRIGACIONAL.
MEDIDA CONSTRITIVA QUE DEVE LIMITAR-SE AO TOTAL DO DANO
APONTADO. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE PROVIDO PARA DAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.

Alternativa d: CORRETA. A assertiva traz o exato conceito de superfaturamento ou


superestimação, que evidencia ato de improbidade administrativa lesivo ao erário nos termos
do artigo 10, inciso V, da Lei nº 8.429/92. Na definição de Cleber Masson:

Este tipo de improbidade cuida de uma prática bastante corriqueiro no


cenário nacional: o superfaturamento dos preços nos contratos
públicos.

ÍNICIO
A LIA considera ímproba a conduta do agente que, por dolo ou culpa,
permite ou facilita a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço
particular pelo Poder Público por preço superior ao de mercado.

O prejuízo ao erário reside na diferença entre o preço pago ao


particular e o valor corrente do mercado, na época da operação

Fonte: Interesses Difusos e Coletivo; Adriano Andrade, Cleber


Massom, Landolfo Andrade – 7ª Ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO 2017, p. 747.

Alternativa e: CORRETA. A assertiva exigia o conhecimento do ato de improbidade


administrativa tipificado expressamente no artigo 11, inciso VIII, da LIA, que prevê:
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@bomnodireito

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra


os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:
119
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e
aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública
com entidades privadas.

Lembre-se que é comum cobrar se determinada conduta é expressamente


tipificada como ato de improbidade ou não, exigindo atenção do candidato às condutas
detalhadas nos artigos 9º, 10º, 10º-A e 11º da Lei nº 8.429/92.

II) SIMULADO DE JURISPRUDÊNCIA – 1ª FASE

1 – Ao requerer a decretação de indisponibilidade de bens prevista na Lei de Improbidade


Administrativa, é possível ao parquet pedir que recaia sobre bem de família, como entende
pacificamente o STJ.

VERDADEIRO

- Comentários: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é ASSENTE EM ADMITIR a


DECRETAÇÃO DE INDISPONIBILIDADE prevista na Lei de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
sobre BEM DE FAMÍLIA. Precedentes: AgInt no REsp 1633282/SC, Segunda Turma, Rel. Ministro 
Francisco Falcão, DJe 26/06/2017; AgRg no REsp 1483040/SC, Primeira Turma, Minha Relatoria, ÍNICIO
DJe 21/09/2015; REsp 1461882/PA, Primeira Turma, Rel. Ministro Sérgio Kukina, DJe
12/03/2015.

Deveras, é de se entender que a INDISPONIBILIDADE ACAUTELATÓRIA prevista na


Lei de Improbidade Administrativa (art. 7º e parágrafo único da Lei 8429/92) tem como ESCOPO
o INTEGRAL RESSARCIMENTO ao erário pelo dano causado ao erário ou pelo ilícito
enriquecimento. A ratio essendi do instituto indica que o mesmo é PREPARATÓRIO DA
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL, que representa, em essência, a AFETAÇÃO DE TODOS OS
BENS PRESENTES E FUTUROS do agente ímprobo para com o ressarcimento previsto na lei.

Segundo o Min. Luix Fux, em obiter dictum no RESP 806.301/PR, a indisponibilidade


atinge o bem de família quer por força da mens legis do inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90,
in fine1, quer pelo fato de que torna tão somente indisponível o bem, o que NÃO SIGNIFICA
EXPROPRIÁ-LO, fato que conspira em prol dos propósitos da mencionada lei de
impenhorabilidade do bem de família.

A fortiori, o eventual caráter de bem de família dos imóveis nada interfere na


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determinação de sua indisponibilidade. NÃO SE TRATA DE PENHORA, mas, ao contrário, de


@bomnodireito

IMPOSSIBILIDADE DE ALIENAÇÃO, mormente porque a Lei n.º 8.009/90 visa a resguardar o


lugar onde se estabelece o lar, impedindo a alienação do bem onde se estabelece a residência
familiar. Nesse sentido, a INDISPONIBILIDADE OBJETIVA JUSTAMENTE IMPEDIR QUE O IMÓVEL

1
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: VI - por ter sido adquirido
com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens.
120
SEJA ALIENADO e, caso seja julgado procedente o pedido formulado contra o agente na ação de
improbidade, assegurar o ressarcimento dos danos que porventura tenham sido causados ao
Erário.

Em síntese, o STJ entende que os bens de família podem ser objeto de medida de
indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que há apenas a
LIMITAÇÃO DE EVENTUAL ALIENAÇÃO DO BEM.

2 – A sentença de improbidade administrativa que conclui pela improcedência do pedido


produz efeitos imediatos.

FALSO

- Comentários: A SENTENÇA que concluir pela CARÊNCIA ou pela IMPROCEDÊNCIA de ação de


improbidade administrativa está sujeita ao REEXAME NECESSÁRIO, com base na aplicação
subsidiária do art. 496 do CPC e por APLICAÇÃO ANALÓGICA da primeira parte do ART. 19 da
LEI n. 4.717/65.

A doutrina denomina REEXAME NECESSÁRIO INVERTIDO a previsão do duplo grau


de jurisdição obrigatório constante da Lei de Ação Popular.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência


da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação
procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. 
ÍNICIO

3 – É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de


ato ímprobo atribuído a magistrado desde que não haja concomitante procedimento
disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos.

FALSO

- Comentários: É PACÍFICA a jurisprudência do STJ quanto à LEGITIMIDADE do MINISTÉRIO


PÚBLICO para deflagrar INQUÉRITO CIVIL no sentido de apurar possível prática DE
IMPROBIDADE POR MAGISTRADO, SEM PREJUÍZO de que, pelo MESMO FATO ensejador da
investigação, a respectiva CORREGEDORIA a que vinculado o juiz também o faça para o fim de
eventual imposição de sanção disciplinar (Por todos: REsp 783.823-GO, Rel. Min. Eliana Calmon,
DJe 26/5/2008 e AgRg no Ag 1.338.058-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 8/4/2011).
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NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo completo disponível aos assinantes do PROGRAMA


PONTO NA MÃO-BND.
121
PONTO PRIORITÁRIO: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SEMANA 2 (TREINO DE 2ª FASE)

I) QUESTÃO DISCURSIVA OFICIAL COMENTADA

01 – (2017; MPE-SP) O Promotor de Justiça ajuíza ação civil pública em face de determinado
agente público, alegando que ele praticou ato de improbidade administrativa que causou
dano ao erário. Formula pedido de condenação do Réu em razão do ilícito previsto no artigo
10 da Lei no 8.429/92 e, afirmando ser suficiente, pede que o infrator seja condenado apenas
ao ressarcimento do dano e ao pagamento de multa civil.

No entanto, o Juiz entende que não restou caracterizada a improbidade administrativa


prevista no artigo 10 da Lei no 8.429/92, mas, sim, a prevista no artigo 11 da mesma Lei.
Entende, também, que, em razão da reprovabilidade da conduta, além da multa civil devem
ser impostas as sanções de perda do cargo e de suspensão dos direitos políticos.

Nas condições dadas, pode o Juiz condenar o réu pela prática de ato de improbidade
administrativa, prevista no artigo 11 da Lei no 8.429/92, às sanções de multa civil, perda do
cargo e de suspensão dos direitos políticos? Justifique sua resposta. (Máximo: 60 linhas)

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!



ÍNICIO

A possibilidade de o juízo decidir de maneira diversa do que fora expressamente


formulado pelas partes é delimitada pelo Código de Processo Civil, em seus artigos 141 e 492,
ao estabelecer que a lide será solucionada nos limites propostos, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Do afirmado acima, denota-se que, por emanação do devido processo legal (art. 5º,
LIV da CF), nosso ordenamento jurídico adota o princípio da adstrição ou congruência, com vistas
a estabelecer o respeito ao contraditório, à inércia da jurisdição e à ampla defesa, que garantem
aos litigantes não serem surpreendidos sem que tenham ciência prévia e clara dos limites da
demanda, e, por conseguinte, da decisão judicial que colocará termo ao embate e poderá impor
o cumprimento de obrigações ou sanções de natureza cível e penal.

Todavia, a incidência do princípio da correlação não guarda idêntico espectro de


irradiação em todos os ramos do ordenamento jurídico pátrio. Em ações de natureza penal ou
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de improbidade administrativa, é o fato exposto na exordial que exsurge como elemento


limitador do exercício do contraditório e da congruência, autorizando que o magistrado dê
@bomnodireito

qualificação jurídica diversa daquela apontada na petição inicial, desde que abarcada pelos fatos
narrados.

Tal conclusão já fora pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça, cuja


jurisprudência afirma que o contraditório a ser exercido pela parte em ações de improbidade
administrativa é delimitado pelos fatos narrados na inicial, o que possibilita ao Juízo exercer
122
valoração jurídica diversa daquela apontada na inicial e condenar o(s) réu(s) pela prática de ato
de improbidade tipificado em outra espécie.

Outrossim, a respeito das sanções delimitadas no artigo 12 da LIA, em razão da


indisponibilidade do direito tutelado, a Corte Superior também delimitou que cabe ao juízo,
dentro do exercício de proporcionalidade e razoabilidade, aplicar as penalidades previstas para
cada ato de improbidade administrativa praticado, independente daquelas mencionadas pelo
autor da demanda, não podendo, contudo, limitar-se apenas à fixação da obrigação de
ressarcimento ao Erário, vez que esta sequer possui natureza de sanção propriamente dita.

No caso em apreço, inicialmente verifica-se que, quanto à possibilidade de o juízo


condenar o réu pela prática de ato de improbidade administrativa prevista no artigo 11 da LIA,
deve-se compreender se a conduta narrada pelo Ministério Público na exordial imputava ato
doloso ou culposo, pois, naquela ocasião, a subsunção foi feita com base no artigo 10º da LIA,
que permite a punição tanto por dolo quanto por culpa.

Dessa maneira, como as condutas ímprobas previstas no artigo 11 da LIA permitem


a punição apenas a título de dolo, a condenação pelo magistrado nos moldes descritos em
enunciado apenas seria possível caso os fatos imputados na inicial fossem descritos a título de
dolo, independente de dano ao erário, conforme já assentado pelo Superior Tribunal de Justiça.

Por fim, com relação à dosimetria realizada pelo magistrado, reitera-se que em
razão da indisponibilidade do direito tutelado, o juízo não está vinculado às sanções requeridas
na petição inicial, podendo aplicar as penalidades previstas no artigo 12 da LIA de forma
cumulativa ou não, em atenção à proporcionalidade e razoabilidade, e levando em conta a
extensão do dano causado e o proveito patrimonial obtido pelo agente, conforme previsto no
art. 12, parágrafo único, da LIA.

ÍNICIO
COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

O tema proposto englobava o conhecimento de elementos teóricos e práticos da


Lei de Improbidade Administrativa, expondo uma forma de cobrança comumente explorada
pelas bancas examinadoras de concurso atualmente, dentre elas o MP-SP, que revelou uma
tendência nos últimos concursos em mesclar questões puramente conceituais com casos
concretos e temas afetos às discussões palpitantes que na época do certame eram enfrentadas
pelo STJ e pelo STF.

Antes de iniciarmos a análise da questão, recomendo, como forma de ampliar os


estudos neste tema, a leitura dos seguintes pontos: 1) Aplicação da Lei n. 12.846/13, sistemas
de compliance e acordo de leniência; 2) ampliação dos espaços de consenso, possibilidade de
composição no âmbito da improbidade administrativa.
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Pois bem, vamos comentar a questão analisando primeiro a parte formal da


resposta e depois o seu conteúdo.
@bomnodireito

No tocante à elaboração formal da resposta de qualquer questão discursiva, num


primeiro momento, procure estabelecer um planejamento ou esqueleto da resposta, já que
serão poucas linhas e pouco tempo para o desenvolvimento do tema na sua melhor forma! Por
isso, é importante definir essa estruturação (esqueleto) da resposta por escrito, em tópicos, se
possível, ou pelo menos mentalmente caso o tempo seja muito escasso.
123
Comece delimitando todos os temas que deverão ser abordados, de acordo com as
perguntas expostas no enunciado. Aja de forma estratégica: o bom desenvolvimento de apenas
parcela dos questionamentos não trará maior nota do que o desenvolvimento mediano de todos
os temas propostos!

Divida e estabeleça previamente o número de linhas para cada tema a ser


trabalhado, definindo parágrafos com no máximo 7-8 linhas e de forma didática, pois isso
facilitará a correção e demonstrará ao examinador que você possui capacidade de
planejamento, ainda que em situações de estresse natural como o da prova.

Em relação ao conteúdo da questão, era essencial compreender que o enunciado


exigia do candidato a análise de 02 (dois) temas: 1º) pode o magistrado condenar por ato de
improbidade administrativa diverso do capitulado na inicial?; 2º) o juízo está vinculado às
sanções requeridas na inicial pelo autor da ação de improbidade administrativa?

Contudo, a resposta direta a estes questionamentos dependia de uma prévia


abordagem introdutória, já que as bancas examinadoras em geral, a exemplo do MP-SP, levam
em alta consideração na pontuação a forma de desenvolvimento do raciocínio jurídico
empregado pelo candidato. Mas lembre-se: fundamentar bem sua resposta NUNCA pode ser
confundido com “enrolação”.

Com isso, uma abordagem introdutória dos dois temas acima mencionados levaria
o candidato a trabalhar o PRINCÍPIO DA ADSTRIÇÃO OU CONGRUÊNCIA e sua aplicação na LIA,
seja para a classificação do ato de improbidade ou para a imposição de sanções, por meio da
exposição do seu conceito e a menção aos dispositivos legais e jurisprudenciais correlatos ou
jurisprudências consolidadas dos Tribunais Superiores.

Em seguida, deveria o candidato analisar o caso concreto conforme as premissas já


fixadas, pois isso demonstra ao examinador uma organização de raciocínio jurídico durante a

ÍNICIO
confecção de sua dissertação.

Neste momento, era crucial dividir a resposta nos dois questionamentos que
deveriam ser solucionados, facilitando tanto a correção como a visualização pelo examinador
de seus argumentos jurídicos.

Por fim, acerca do posicionamento do STJ com relação ao princípio da congruência


no âmbito da Improbidade Administrativa, destacam-se os seguintes julgados:

STJ. Int no REsp 1372775/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,


PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 07/12/2018

V - Esta Corte tem entendimento consolidado segundo o qual não há


ofensa ao princípio da congruência em razão de decisão judicial que
enquadra os atos de improbidade em dispositivo diverso do indicado
na inicial, ao analisar os fatos nela descritos. Também não há
irregularidade na determinação de ressarcimento ao erário,
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consequência da condenação pelo art. 10 da Lei n. 8.429/92, pois esta


Corte não entende a recomposição patrimonial, em improbidade
@bomnodireito

administrativa, como sanção propriamente dita.

STJ. AgInt no REsp 1628455/ES, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,


SEGUNDA TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 12/03/2018

(..)
124
VI - No tocante ao argumento de decisão extra petita ou ultra petita,
sua inconsistência jurídica resulta do fato de que, ainda que não
tenha sido expressamente requerida a aplicação de determinada
sanção pelo promovente da ação de improbidade administrativa,
não há nenhum impedimento para o julgador estabelecer uma
reprimenda não reclamada de forma ostensiva.

VII - Não há se falar em violação do princípio da congruência externa,


afinal deve-se contemplar aquilo que se denominou
jurisprudencialmente de interpretação lógico-sistemática da
exordial. Assim, as sanções por ato ímprobo passam a ser entendidas
como pedidos implícitos. Esse raciocínio jurídico não é diferente do
adotado por esta Corte: AgRg no REsp 1.324.787/SP, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 24/3/2015, DJe 9/4/2015).

VIII - Além disso, não se pode olvidar da possibilidade de aplicação da


pena de cassação de aposentadoria, ainda que não haja previsão
expressa na Lei n. 8.429/92, na medida em que se apresenta como uma
decorrência lógica da perda de cargo público, sanção essa última
expressamente prevista no referido texto legal. Nesse sentido: MS
20.444/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado
em 27/11/2013, DJe 11/3/2014; AgRg no AREsp 826.114/RJ, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/4/2016,
DJe 25/5/2016.

A seguir colacionamos o ESPELHO DA BANCA para que vocês tenham uma


perspectiva sobre o que era esperado pelos examinadores:

ÍNICIO

Esta questão exigia que o candidato demonstrasse conhecimento


sobre o princípio da adstrição ou congruência, expondo as suas
principais vertentes e fundamentos (inércia da jurisdição e
estabelecimento do contraditório). Exigia-se que o candidato
esclarecesse se o princípio da adstrição abrangia o fundamento
jurídico ou apenas os fatos expostos na petição inicial. Exigia-se,
também, que o candidato dominasse a fundamental diferença entre o
elemento subjetivo da improbidade administrativa prevista no artigo
10 da Lei n. 8.429/92 e no artigo 11 da mesma lei. Na questão dada, o
Promotor de Justiça pediu a condenação do agente público pela prática
do ilícito previsto no artigo 10, o que significa que ele pode ter atribuído
ao Réu dolo ou culpa. Caso tenha ocorrido a primeira hipótese – dolo –
o ato, não obstante não tenha acarretado dano ao erário, poderia ser
capitulado no artigo 11. No entanto, se o elemento subjetivo atribuído
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pelo Promotor de Justiça foi a culpa, não seria possível a condenação


pelo art. 11, que exige o dolo. Quanto à possibilidade de imposição de
@bomnodireito

outras sanções além daquelas requeridas pelo Autor, indispensável


que o candidato demonstre saber que a escolha das sanções cabe
única e exclusivamente ao Juiz, não sendo dado ao Autor limitar o
pedido, quer qualitativa, quer quantitativamente. Isto porque o direito
é indisponível e a limitação do pedido acarretaria a disponibilidade do
Direito, o que não se admite.
125
II) DISCURSIVA INÉDITA DE JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

1 - Candidato, sabe-se que a Súmula Vinculante nº 13 veda expressamente a prática de ato de


atos de nepotismo pelos agentes públicos. Sobre o tema, questiona-se: (a) é possível o
enquadramento da prática do ato de nepotismo como ato de improbidade administrativa? (b)
em sendo possível, em qual artigo da Lei de Improbidade é tipificado o ato? Se não for possível,
qual o fundamento? (c) a nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário
Municipal caracteriza ato de improbidade administrativa? (d) em sendo o prefeito denunciado
pela prática de ato de improbidade qual o foro competente para processamento e
julgamento? (e) caso, em razão do mesmo ato, ele seja responsabilizado também pelo rito do
Decreto-Lei nº 201/67, que trata da responsabilidade dos prefeitos e vereadores, haveria bis
in idem?

RESPOSTA QUEBRANDO A BANCA!

É sabido que o direito brasileiro, notadamente após a redemocratização do país,


vem externando forte preocupação com o respeito, pelos agentes públicos, ao dever de lealdade
perante a Administração, da qual resultou a previsão, na Constituição atual (art. 14, § 9º e art.
37, § 4º), da figura improbidade administrativa, regulamentada pela Lei 8.429/92, apta a ensejar
ao mau administrador, entre outras consequências previstas na lei regulamentadora, a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário.

O ato de improbidade é, como asseveram a doutrina e a jurisprudência, a ÍNICIO
ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo, sendo indispensável para a sua
caracterização que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação dos tipos descritos nos
artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada de culpa grave nas do artigo 10. Não
basta, portanto, que o agente seja um mau gestor. É necessário que ele aja com dolo ou, no
mínimo, culpa (no caso de atos que causem prejuízo ao erário).

Nessa perspectiva, é sabido que a súmula vinculante nº 13 proíbe a prática do


nepotismo, vedando a nomeação de parentes, até o terceiro grau, para cargos em comissão ou
de confiança, ainda que função gratificada, na Administração Pública Direta e Indireta de todos
os Entes Federativos, sendo possível o enquadramento dessa prática como ato de improbidade
administrativa.

Assim o é na medida em que o nepotismo é vedado por força dos princípios


constitucionais da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade. Destarte, sua prática
consubstancia atentado contra os princípios da Administração Pública, por violar os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, na forma do art. 11 da Lei nº
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8.429/92.
@bomnodireito

Noutra perspectiva, entretanto, a nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo


de Secretário Municipal, em regra, não configurará ato de improbidade administrativa, na
medida em que se trata de cargo político, que compõe a estrutura do Poder Executivo, sendo,
portanto, uma mitigação à aplicação da Súmula Vinculante nº 13, conforme tranquila
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ressalva-se desse entendimento, no entanto, a
nomeação de parentes quando há ausência manifesta de qualificação técnica ou inidoneidade
126
moral. Nesses casos excepcionais, aplica-se o entendimento da Súmula Vinculante,
caracterizando o ato de improbidade administrativa.

É dizer que, a rigor, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem


excepcionado a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas
em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura nepotismo.

Por sua vez, em sendo o prefeito denunciado pela prática de ato de improbidade,
o foro competente para processamento e julgamento é o juízo da Primeira instância, pois o foro
especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações
penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa, como entende a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, acompanhado pelo Superior Tribunal de Justiça.

De fato, houve uma tentativa de modificação legislativa no ano de 2002, inserindo


o foro privilegiado nas ações de improbidade administrativa em disposto expresso no Código
Processo Penal (Lei nº 10.628/2002, que incluiu o § 2º ao art. 84). No entanto, esse dispositivo
foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de
inconstitucionalidade, ao argumento de que, como a Constituição não estabeleceu foro por
prerrogativa de função para as ações de improbidade administrativa, a lei ordinária assim não
poderia prever.

Destarte, com essa decisão em sede de controle concentrado de


constitucionalidade, prevalece o entendimento de que as ações de improbidade administrativa
devem ser julgadas em primeira instância.

Finalmente, no caso de o prefeito, em razão do mesmo ato, ser responsabilizado


também pelo rito do Decreto-Lei nº 201/67, que trata da responsabilidade dos prefeitos e
vereadores, não há bis in idem, uma vez que os agentes políticos estão sujeitos a duplo regime
sancionatório, submetendo-se tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade

ÍNICIO
administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de
responsabilidade. Esse entendimento é, atualmente, assente, tanto no Supremo Tribunal
Federal, quanto no Superior Tribunal de Justiça.

Importa pontuar, contudo, prevalecer o entendimento de que o duplo regime


sancionatório não se aplica unicamente no caso do Presidente da República, que encontra
norma constitucional própria a seu respeito, constante no art. 85, V, da CF.

Há, portanto, em nosso ordenamento, uma dupla normatividade em matéria de


improbidade, com objetivos distintos: em primeiro lugar, aquela específica da Lei 8.429/1992,
de tipificação cerrada mas de incidência sobre um vasto rol de possíveis acusados, incluindo até
mesmo pessoas que não tenham qualquer vínculo funcional com a Administração Pública; e uma
outra normatividade relacionada à exigência de probidade que a Constituição faz em relação
aos agentes políticos, especialmente ao chefe do Poder Executivo, no sentido de que constituem
crime de responsabilidade os atos que atentem contra a probidade da administração que
encontra, no plano infraconstitucional, correlação com o Decreto-Lei nº 201/67, no caso de
prefeitos e vereadores.
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@bomnodireito

COMENTÁRIOS DA EQUIPE BND

Prezado aluno,
127
De início, é importante pontuar a escolha de um tema sensível ao MP estadual
(improbidade administrativa), quer seja devido à sua incidência nas atividades rotineiras dos
promotores, quer seja pelas várias controvérsias jurisprudenciais que sobre ele pairam.

A questão trazida explorou julgados (recentes e mais antigos) do Supremo Tribunal


Federal e do Superior Tribunal de Justiça, com perspectivas diversas sobre o mesmo tema,
trazendo pontos relativamente tranquilos na jurisprudência que, atualmente, não encontram
grandes divergências.

Não obstante inexistisse pedido expresso na questão acerca da conceituação do


ato de improbidade administrativa, era importante que o aluno iniciasse sua resposta fazendo
uma contextualização geral do tema (alocando-o no sistema normativo brasileiro) e
conceituando o objeto principal da improbidade, qual seja, o ato ímprobo.

É sabido que o direito brasileiro, notadamente após a redemocratização do país,


vem externando forte preocupação com o respeito, pelos agentes públicos, ao dever de lealdade
perante a Administração, da qual resultou a previsão, na Constituição atual (art. 14, § 9º e art.
37, § 4º), da figura improbidade administrativa, regulamentada pela Lei 8.429/92, apta a ensejar
ao mau administrador, entre outras consequências, a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

Quanto à conceituação do ato de improbidade administrativa, foi utilizada uma


definição jurisprudencial da lavra do Min. Teori Zavascki, verbis:

Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte Superior,


improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento
subjetivo, sendo "indispensável para a caracterização de improbidade
que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação das condutas
descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada

ÍNICIO
de culpa grave nas do artigo 10" (AIA 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011).

Após esse breve início, passando ao ponto relativo à possibilidade de


enquadramento da prática do ato de nepotismo como ato de improbidade administrativa, era
necessário que o aluno mencionasse a possibilidade, caracterizando o ato tipificado no art. 11
da Lei nº 8.429/92, consoante entendimento pacífico dos Tribunais Superiores. À guisa de
ilustração, transcreve-se o teor da Súmula Vinculante nº 13 e alguns julgados que abordam a
matéria:

SV 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
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compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a


Constituição Federal.
@bomnodireito

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. NEPOTISMO. ILEGALIDADE DO
ATO. DOLO GENÉRICO DO AGENTE. ARTIGO 11 DA LEI Nº
8.429/1992. ENQUADRAMENTO. SÚMULA 83/STJ. REVISÃO.
128
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO.

1. A nomeação de parentes para ocupar cargos em comissão,


mesmo antes da publicação da Súmula Vinculante 13/STF, constitui
ato de improbidade administrativa que ofende os princípios da
administração pública, nos termos do art. 11 da Lei n. 8429/1992.
Nesse sentido: AgRg no REsp 1362789/MG,, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, DJe 19/5/2015.

2. Rever o entendimento do acórdão recorrido ensejaria o reexame do


conjunto fático-probatório da demanda, providência vedada em sede
de recurso especial ante a Súmula 7/STJ.

3. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a revisão da


dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade
administrativa implica reexame do conjunto fático-probatório,
esbarrando na dicção da Súmula 7/STJ, salvo quando, da leitura do
acórdão recorrido, verificar-se a desproporcionalidade entre os atos
praticados e as sanções impostas, o que não é o caso dos autos.

4. Agravo interno não provido.

Primeira Turma, AgInt no AREsp 1135200 / SP, rel. Min. Benedito


Gonçalves, julgado em 04/09/2018, DJe de 10/09/2018.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EX-PREFEITO. APLICAÇÃO DA



LIA. IMPROBIDADE. NEPOTISMO. ATO CONFIGURADO. REEXAME ÍNICIO
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7 DO STJ. INCIDÊNCIA.

1. O Plenário do STJ decidiu que "aos recursos interpostos com


fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade
na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado
Administrativo n. 2).

2. De acordo com a jurisprudência do STJ, a Lei n. 8.429/1992 é


aplicável aos agentes políticos.

3. Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte


Superior, improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo
elemento subjetivo, sendo "indispensável para a caracterização de
improbidade que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação
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das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou,


pelo menos, eivada de culpa grave nas do artigo 10" (AIA 30/AM, Rel.
@bomnodireito

Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011).

4. Hipótese em que, em face das premissas fáticas assentadas no


acórdão objurgado, no sentido da caracterização do ato de
improbidade administrativa, consubstanciada na prática de
nepotismo - nomeação de servidores, parentes do Prefeito
Municipal, Vice-Prefeito Municipal e Secretários Municipais, no
129
âmbito do Poder Executivo do Município de Limeira do Oeste, com a
indicação expressa do elemento subjetivo - a revisão do julgado
demandaria, induvidosamente, o reexame de todo material cognitivo
produzido nos autos, desiderato incompatível com a via especial, a
teor da Súmula n. 7 do STJ.

5. O fato de a conduta ímproba haver sido praticada antes da edição


da Súmula Vinculante n. 13 do STF (que rechaça o nepotismo),
afigura-se desinfluente à configuração do ato ímprobo, eis que a
vedação de tal prática decorreu da dicção do art. 37 da Carta
Magna/1988, ao instituir os princípios da isonomia, impessoalidade
e moralidade, não servindo o aludido verbete sumular como
marco inicial da prática já vedada pela Constituição.

6. Agravo interno desprovido.

AgInt no AREsp 625949 / MG, Primeira Turma, Min. Gurgel de Faria,


04/10/2018, DJe de 08/11/2018.

Posteriormente, o candidato deveria mencionar que a nomeação do cônjuge de


prefeito para o cargo de Secretário Municipal, em tese, não caracterizaria ato de improbidade
administrativa, revelando-se uma mitigação da aplicação da Súmula Vinculante nº 13. Isso
porque o cargo de Secretário Municipal é cargo de natureza política, por integrar a estrutura do
Poder Executivo, como entende de modo pacífico o Supremo Tribunal Federal. Alguns julgados
sobre o tema:

ÍNICIO
Os cargos políticos são caracterizados não apenas por serem de livre
nomeação ou exoneração, fundadas na fidúcia, mas também por
seus titulares serem detentores de um munus governamental
decorrente da Constituição Federal, não estando os seus ocupantes
enquadrados na classificação de “agentes administrativos”. 2. Em
hipóteses que atinjam ocupantes de cargos políticos, a configuração
do nepotismo deve ser analisada caso a caso, a fim de se verificar
eventual “troca de favores” ou fraude a lei. 3. Decisão judicial que
anula ato de nomeação para cargo político apenas com fundamento
na relação de parentesco estabelecida entre o nomeado e o chefe do
Poder Executivo, em todas as esferas da Federação, diverge do
entendimento da Suprema Corte consubstanciado na Súmula
Vinculante 13.
[Rcl 7.590, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 30-9-2014, DJE 224 de 14-11-
2014.]
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@bomnodireito

Ementa: Direito Administrativo. Agravo interno em reclamação.


Nepotismo. Súmula Vinculante 13. 1. O Supremo Tribunal Federal tem
afastado a aplicação da Súmula Vinculante 13 a cargos públicos de
natureza política, ressalvados os casos de inequívoca falta de
razoabilidade, por manifesta ausência de qualificação técnica ou
inidoneidade moral. Precedentes. 2. Não há nos autos qualquer
elemento que demonstre a ausência de razoabilidade da nomeação. 3.
130
Agravo interno a que se nega provimento. Rcl 28024 AgR / SP - SÃO
PAULO; AG.REG. NA RECLAMAÇÃO; Relator(a): Min. ROBERTO
BARROSO; Julgamento: 29/05/2018; Órgão Julgador: Primeira Turma;
DJe 25/06/2018.

Ementa: Agravo regimental em reclamação. 2. Nomeação de cônjuge


de Prefeita para ocupar cargo de Secretário municipal. 3. Agente
político. Ausência de violação ao disposto na Súmula Vinculante 13.
4. Os cargos que compõem a estrutura do Poder Executivo são de
livre nomeação e exoneração pelo Chefe desse Poder. 4. Fraude à lei
ou hipótese de nepotismo cruzado por designações recíprocas.
Inocorrência. Precedente: RE 579.951/RN, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, Dje 12.9.2008. 7. Agravo regimental a que se dá
provimento para julgar procedente a reclamação. (Rcl 22339 AgR,
Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 04/09/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 20-03-2019 PUBLIC 21-03-2019)

Em princípio, a questão parece enquadrar-se no teor da Súmula


Vinculante 13: o interessado é parente de segundo grau, em linha
colateral, da vice-prefeita do Município, que, embora não seja a
autoridade nomeante, encaixa-se na categoria de “servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento”, se compreendida de forma ampla. Resta saber,
portanto, se a circunstância de se tratar de cargo de natureza política

ÍNICIO
impediria a incidência do enunciado. 6. Na Rcl 6.650 MC-AgR/PR (rel.
min. Ellen Gracie), esta Corte afirmou a “[i]mpossibilidade de
submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte, agente
político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante
13, por se tratar de cargo de natureza política”. No entanto, não se
pode perder de vista que se estava em sede cautelar, de modo que a
matéria não foi conhecida de forma exauriente e aprofundada. Tanto
assim que, nessa ocasião, alguns ministros observaram que a
caracterização do nepotismo não estaria afastada em todo e
qualquer caso de nomeação para cargo político, cabendo examinar
cada situação com a cautela necessária. (...) 7. Notas semelhantes
foram feitas quando do julgamento do precedente que resultou na
edição da Súmula Vinculante (RE 579.951/RN, rel. min. Ricardo
Lewandowski). Além do relator, os ministros Cármen Lúcia e Cezar
Peluso registraram a possibilidade de se caracterizar o nepotismo em
algumas dessas situações — o que só se poderia examinar no caso
concreto. 8. Estou convencido de que, em linha de princípio, a
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restrição sumular não se aplica à nomeação para cargos políticos.


@bomnodireito

Ressalvaria apenas as situações de inequívoca falta de razoabilidade,


por ausência manifesta de qualificação técnica ou de inidoneidade
moral. [Rcl 17.627, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 8-5-
2014, DJE 92 de 15-5-2014.]
131
Finalmente, quanto ao questionamento acerca do foro competente para
processamento e julgamento de ação de improbidade administrativa cujo réu ostenta o cargo
de prefeito e eventual existência de bis in idem, era importante pontuar a inexistência de foro
privilegiado, apontando a tentativa legislativa de criação pela Lei nº 10.628/2002, que incluiu o
§ 2º ao art. 84 ao Código de Processo Penal, e sua posterior declaração de inconstitucionalidade
pelo Supremo Tribunal Federal.

Importava ainda mencionar a existência do duplo regime sancionatório, exceto


para o cargo de Presidente da República, conforme já afirmado pelos Tribunais Superiores.
Nesse sentido, vide excertos de julgados, inclusive da Ação Direta de Inconstitucionalidade que
expurgou a norma infraconstitucional que instituiu prerrogativa de foro para ações de
improbidade:

Ementa: Direito Constitucional. Agravo Regimental em Petição.


Sujeição dos Agentes Políticos a Duplo Regime Sancionatório em
Matéria de Improbidade. Impossibilidade de Extensão do Foro por
Prerrogativa de Função à Ação de Improbidade Administrativa.

1. Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República,


encontram-se sujeitos a um duplo regime sancionatório, de modo
que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de
improbidade administrativa, quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. Não há qualquer
impedimento à concorrência de esferas de responsabilização
distintas, de modo que carece de fundamento constitucional a

ÍNICIO
tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções da ação de
improbidade administrativa, a pretexto de que estas seriam
absorvidas pelo crime de responsabilidade. A única exceção ao duplo
regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos
praticados pelo Presidente da República, conforme previsão do art.
85, V, da Constituição.

2. O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição


Federal em relação às infrações penais comuns não é extensível às
ações de improbidade administrativa, de natureza civil. Em primeiro
lugar, o foro privilegiado é destinado a abarcar apenas as infrações
penais. A suposta gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4º, da
Constituição, não reveste a ação de improbidade administrativa de
natureza penal. Em segundo lugar, o foro privilegiado submete-se a
regime de direito estrito, já que representa exceção aos princípios
estruturantes da igualdade e da república. Não comporta, portanto,
ampliação a hipóteses não expressamente previstas no texto
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constitucional. E isso especialmente porque, na hipótese, não há


lacuna constitucional, mas legítima opção do poder constituinte
@bomnodireito

originário em não instituir foro privilegiado para o processo e


julgamento de agentes políticos pela prática de atos de improbidade
na esfera civil. Por fim, a fixação de competência para julgar a ação
de improbidade no 1º grau de jurisdição, além de constituir fórmula
mais republicana, é atenta às capacidades institucionais dos
diferentes graus de jurisdição para a realização da instrução
132
processual, de modo a promover maior eficiência no combate à
corrupção e na proteção à moralidade administrativa.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/


Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
10/05/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 21-08-2018
PUBLIC 22-08-2018)

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE MODULAÇÃO TEMPORAL DOS
EFEITOS DA DECISÃO DE MÉRITO. POSSIBILIDADE. AÇÕES PENAIS E DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONTRA OCUPANTES E EX-
OCUPANTES DE CARGOS COM PRERROGATIVA DE FORO.
PRESERVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS ATÉ 15 DE
SETEMBRO DE 2005.

1. A proposição nuclear, em sede de fiscalização de


constitucionalidade, é a da nulidade das leis e demais atos do Poder
Público, eventualmente contrários à normatividade constitucional.
Todavia, situações há que demandam uma decisão judicial excepcional
ou de efeitos limitados ou restritos, porque somente assim é que se
preservam princípios constitucionais outros, também revestidos de
superlativa importância sistêmica.

2. Quando, no julgamento de mérito dessa ou daquela controvérsia, o



ÍNICIO
STF deixa de se pronunciar acerca da eficácia temporal do julgado, é
de se presumir que o Tribunal deu pela ausência de razões de
segurança jurídica ou de interesse social. Presunção, porém, que
apenas se torna absoluta com o trânsito em julgado da ação direta. O
Supremo Tribunal Federal, ao tomar conhecimento, em sede de
embargos de declaração (antes, portanto, do trânsito em julgado de
sua decisão), de razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social que justifiquem a modulação de efeitos da declaração
de inconstitucionalidade, não deve considerar a mera presunção
(ainda relativa) obstáculo intransponível para a preservação da
própria unidade material da Constituição.

3. Os embargos de declaração constituem a última fronteira processual


apta a impedir que a decisão de inconstitucionalidade com efeito
retroativo rasgue nos horizontes do Direito panoramas caóticos, do
ângulo dos fatos e relações sociais. Panoramas em que a não
salvaguarda do protovalor da segurança jurídica implica ofensa à
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Constituição ainda maior do que aquela declarada na ação direta.


@bomnodireito

4. Durante quase três anos os tribunais brasileiros processaram e


julgaram ações penais e de improbidade administrativa contra
ocupantes e ex-ocupantes de cargos com prerrogativa de foro, com
fundamento nos §§ 1º e 2º do art. 84 do Código de Processo Penal.
Como esses dispositivos legais cuidavam de competência dos órgãos
do Poder Judiciário, todos os processos por eles alcançados
133
retornariam à estaca zero, com evidentes impactos negativos à
segurança jurídica e à efetividade da prestação jurisdicional.

5. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos para fixar a data de


15 de setembro de 2005 como termo inicial dos efeitos da declaração
de inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do Código de Processo Penal,
preservando-se, assim, a validade dos atos processuais até então
praticados e devendo as ações ainda não transitadas em julgado
seguirem na instância adequada.

ADI 2797 ED / DF - DISTRITO FEDERAL;


EMB.DECL. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE;
Relator(a): Min. MENEZES DIREITO; Relator(a) p/ Acórdão: Min.
AYRES BRITTO; Julgamento: 16/05/2012; Órgão Julgador: Tribunal
Pleno; DJe de 28/02/2013.

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO


MUNICIPAL. DUPLO REGIME SANCIONATÓRIO DOS AGENTES
POLÍTICOS: LEGITIMIDADE. PRECEDENTES.

1. A jurisprudência assentada no STJ, inclusive por sua Corte Especial,


é no sentido de que, "excetuada a hipótese de atos de improbidade
praticados pelo Presidente da República (art. 85, V), cujo julgamento
se dá em regime especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma
constitucional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a
crime de responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de
improbidade previstas no art. 37, § 4º. Seria incompatível com a

ÍNICIO
Constituição eventual preceito normativo infraconstitucional que
impusesse imunidade dessa natureza" (Rcl 2.790/SC, DJe de
04/03/2010). (...)

STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1099900/MG, Rel. Min. Teori Albino


Zavascki, julgado em 16/11/2010.

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Conteúdo integral, contemplando as PEÇAS COMENTADAS, se


encontra disponível com exclusividade aos assinantes do PROGRAMA PONTO NA MÃO-BND.
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134
6. UM CONVITE ESPECIAL

Interessante ver como o mesmo tema é abordado de diferentes formas na 1ª e 2ª fase,


não é?

De fato, AO ANALISARMOS O MESMO TEMA EM MULTIPERSPECTIVA MOLDAMOS


NOSSA PRÓPRIA FORMA DE ESTUDAR! Ao entender bem o que era exigido na etapa subjetiva
eu passei a ler livros e o meu material de forma a identificar e separar temas “com cara de 2ª
fase” durante meu estudo regular, permitindo que eu revisasse todos esses pontos de forma
rápida e eficiente quando eu de fato estava em “reta final” para fazer uma 2ª fase! Vou contar
mais sobre como eu fazia isso na minha aula bônus “Como estudar doutrina e jurisprudência
pensando na 2ª fase?”!

Como você já sabe, para moldar seu estudo e desenvolver as “novas habilidades” é
necessário o treino constante ao longo do tempo. É esse contato cadenciado dos temas mais
exigidos que possibilitará a sua aprovação na 2ª fase até mesmo de primeira, sem falar no ganho
de eficiência no estudo direcionado para a 1ª fase.

Por isso mesmo, quero te convidar para ACELERAR SUA APROVAÇÃO se inscrevendo no
Programa Ponto na Mão – PPNM.

Basta clicar no link abaixo e escolher a carreira ou carreiras de seu interesse para
aprender se preparar em multiperspectiva de forma eficiente:


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135
7. QUEM SOMOS?

Este e-book foi redigido a várias mãos e após intensos debates com aprovados
excepcionais de diversas carreiras, que ficarão responsáveis pela organização e produção do
PROGRAMA PONTO NA MÃO-BND, confira parte desse time:

Jorge Ottoni: Procurador do Tribunal de Contas/RJ. Aprovado em 18


concursos de procuradoria, 4 deles em 1º lugar.

Valter Ventura: Procurador da Fazenda Nacional e Master Coach.


Aprovado em 5 concursos de procuradoria, em dois ciclos distintos com
uma década de diferença (2005-2006 e 2014-2015).


ÍNICIO
Amanda Teitel: Aprovada em 1º lugar para o MP-RJ (2018).

João Augusto: Promotor de Justiça, aprovado em 1º lugar no MP-SP


(2017). Ex-Defensor Público no estado do Tocantins.

Pedro Machado: Juiz Estadual do TJ-RR. Aprovado em 2 concursos de


magistratura estadual.
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Adson Lavor: Procurador do Estado de São Paulo (2018).


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Eduardo Ribeiro: Juiz Federal do TRF1. Ex-Juiz Federal do TRF2.

Tiago Bentes: Juiz Estadual do TJ-GO. Aprovado em 4 concursos de


magistratura estadual, tendo em 2 ocasiões sido aprovado em todas
as fases do concurso para mesmo Tribunal (TJ-GO), porquanto na
primeira ocasião ficou impedido de tomar posse por ausência de
prática jurídica.

Guilherme Raso: Procurador da Fazenda Nacional, Ex-Auditor de


Controle Externo do TCE-GO e Mestre em Direito Público.

Pedro Monnerat: Procurador do Estado de São Paulo. Aprovado em



ÍNICIO
1º lugar (2018).

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