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3 Sangrenta
Ilustrações por so-bin
Aviso Legal:
Obra foi traduzida e revisada de fã para fã. Não venda, ou ganhe dinheiro sobre o traba-
lho de outrem.
Se puderem contribuir com a obra do autor, o faça!
Sobre:
Assim como o anime, a obra tem muitos termos em inglês para diversas armas, itens e
etc...
Tentei deixar isso, mas as vezes tem que generalizar, já que é maçante saber o que era
realmente para ser em inglês, ou não ser.
EX:
-O Ainz se refere a ele como “Magic Caster” e não “Mahou...” alguma coisa.
Porém, algumas ressalvas:
-Alguns sistemas de magias e artes marciais são escritos japonês, alguns eu mantive ro-
majizados, outros ficaram em português.
-Armas e armaduras têm nomes misturados, uns são em inglês, outros em japonês. Por
ser bem difícil de verificar um por um, deixei tudo em inglês;
-Algumas equipes de aventureiros têm nomes em inglês, outras em japonês, neste caso
depende. Umas eu deixei em inglês (pois foram escritas com essa intenção) e outras em
português.
Tentei remover o máximo possível de erros de português e concordância. Mas sou ape-
nas um e com certeza falhas podem acontecer. E claro, não sou especialista na língua
portuguesa para tal nível de proficiência linguística.
Se encontrarem algum erro, sintam-se à vontade para entrarem em contato :)
Créditos e Agradecimentos:
Créditos:
ainzooalgown-br.blogspot.com
Base:
Inglês - skythewood.blogspot.com
Referência de nomes:
Wikia - overlordmaruyama.wikia.com
Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se tem muito
tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no blog? Talvez esta seja
uma versão desatualizada :)
Autor:
Maruyama Kugane
Ilustrador:
so-bin
Ainz Ooal Gown não conhece a derrota.
Capítulo 01: Rebanho de Predadores
Parte 1
Q Uma voz estridente e quase histérica cortou o ar, e então o som do tilintar
de talheres ecoou pela sala de jantar.
Várias pessoas se viraram para olhar a garota que estava provocando esta confusão.
A garota era tão bela que usar alguma palavra para descrevê-la parecia inadequado. Sua
aparência podia rivalizar com a da mulher mais bela do Reino — aquela com a denomi-
nação de “Dourada” — e sua raiva só aumentava seus encantos.
Além disso, cada movimento que ela fazia era elegante e refinado, mesmo enquanto fa-
zia birra.
Ela deve ser da nobreza em algum país, herdeira de uma família renomada. Ela sacudiu
seus longos cachos franceses em aborrecimento, e olhou para a comida diante dela em
insatisfação.
Havia pães recém-assados, ainda fumegando em sua cesta. Os pratos estavam cheios de
pedaços grossos servidos ao ponto, a suculência da carne era visível em seus sucos ver-
melhos, também fôra servido com milho doce e purê de batatas com manteiga. Apenas a
visão destes já estimulava o apetite. Os legumes frescos que compunham a salada ainda
eram crocantes e macios, e seu molho perfumado encheu a sala com um aroma cítrico.
No entanto, apesar dos melhores esforços dos chefs mais experientes que usaram os
melhores ingredientes para produzir obras de arte culinárias — que só a nobreza, a rea-
leza ou os comerciantes mais abastados teriam o privilégio de provar —, mas nada agra-
dou a garota, que torceu o nariz para os pratos diante dela.
Era natural sentir-se chocado com a queixa dela, mas além disso, as pessoas que a ou-
viam também sentiam curiosidade sobre o que ela normalmente comia.
As palavras que ela proferiu depois disso eram singularmente inadequadas para esse
lugar, e deixaram todos no ambiente sem palavras.
No entanto, o velho mordomo atrás da garota manteve sua expressão neutra e não mu-
dou sua postura. Mesmo quando a garota se virou e o encarou, ele permaneceu imóvel,
como se ele não pudesse fazer nenhuma outra expressão facial.
“Ahhhh, eu não suporto ficar mais nesta cidade decadente! Vamos embora imediata-
mente!”
“Silêncio! Eu disse que estamos de saída, então estamos de saída, você me entende?”
Somente depois de ouvir a birra infantil da menina, a postura do mordomo mudou. Ele
abaixou a cabeça e respondeu:
A garota jogou de lado o garfo que estava segurando e levantou-se, antes de sair da sala
de jantar. Ela ainda estava irritada ao fazê-lo.
Depois que a tempestade passou, uma voz solene e digna iluminou o clima pesado na
sala:
O mordomo pegou a cadeira que a moça havia arrastado e recolocou-a no lugar, depois
fez uma profunda reverência a todos na sala de jantar como sinal de contrição. Muitos
deles aceitaram o pedido de desculpas imaculado do velho com olhos piedosos.
“—Estalajadeiro.”
“Sim.”
“Mais uma vez, peço desculpas por todo o incomodo causado. Embora eu saiba que isso
não será o bastante para apagar o passado, espero que me permita pagar pelas refeições
de todos aqui.”
Olhares de alegria floresceram nos rostos de vários dos clientes quando ouviram essas
palavras. Uma refeição em uma pousada de primeira classe como essa certamente não
seria barata. Se este velho estivesse disposto a pagar pela comida, seria uma boa razão
para perdoar aquela menina.
Por outro lado, o rosto do estalajadeiro permaneceu impassível enquanto se curvava
educadamente em resposta à proposta do mordomo. Aquela reação natural era a prova
de que cenas como essa tinham sido vistas muitas vezes, desde que este par de mestre e
criado havia se alojado na Pousada Brilho Dourado.
Sebas olhou para um canto da sala, havia um homem de aparência indigente fazendo
uma refeição. Quando o homem notou os olhos de Sebas, levantou-se e caminhou rapi-
damente em direção a ele.
Embora suas roupas não fossem puídas em comparação com as das pessoas próximas,
de alguma forma não combinavam com ele. Na verdade, era bem cômico — como um
palhaço de fantasia.
“Mestre Sebas.”
“O que é, Zach-san?”
“Como contratado, não tenho espaço para propor uma alternativa... mas não seria me-
lhor reconsiderar a decisão de partir imediatamente?”
“Você está dizendo que tem dificuldade em conduzir uma diligência à noite?”
“Essa é uma das razões, e... eu tenho alguns... outros negócios pra cuidar.”
Zach coçou a cabeça algumas vezes. Embora seu cabelo parecesse limpo o suficiente, a
maneira como ele estava coçando fazia parecer que ele arrancaria flocos de pele. Muitas
carrancas de algumas pessoas ficaram ainda mais chocadas. No entanto, se ele havia no-
tado ou não, não tinha nenhuma relevância, pois ele acabou coçando ainda mais.
“No entanto, Milady provavelmente não aceitará essa sugestão. Ou melhor, dada a per-
sonalidade de Milady, ela não mudará sua decisão anterior.”
“Mas...”
Os olhos de Zach abaixaram olhando ao redor, procurando alguma outra desculpa para
dar. No entanto, ele não encontrou nada e fez uma careta de decepção.
“Claro, não vamos sair imediatamente. Vamos precisar de algum tempo para carregar a
bagagem de Milady no bagageiro. Durante esse tempo, por favor, prepare-se para a nossa
partida.”
Enquanto o Zach procurava algo para dizer, Sebas notou o brilho ladino nos olhos do
homem de aparência empobrecida diante dele. No entanto, Sebas não mostrou sinais de
que se importasse.
Isso tudo era para encobrir o fato de que tudo estava indo como planejado.
“Que tal duas, talvez daqui três horas? Se partirmos mais tarde, as ruas ficarão encober-
tas pela escuridão. Provavelmente esse é o limite.”
Aquele olhar repugnante e calculista apareceu nos olhos do homem novamente. Sebas
mais uma vez fingiu que não havia notado. Depois de lamber os lábios várias vezes, Zach
respondeu:
♦♦♦
Enquanto observava a figura de Zach partir, Sebas acenou com a mão, como se quisesse
limpar o ar ao seu redor. Parecia poluído de alguma forma e impregnava-se nele.
Sebas — seu rosto sendo uma máscara de neutralidade — lutou contra o desejo de sus-
pirar.
Francamente falando, Sebas não tinha amor por pessoas tão desprezíveis. Talvez seus
colegas Demiurge e Shalltear pudessem tirar alguma pequena diversão dessas pessoas
tratando-as como brinquedos, mas Sebas não queria deixar pessoas assim perto de si.
Havia algumas opiniões que eram de comum acordo na Grande Tumba de Nazarick, tais
como, “Todos os que não pertencem a Nazarick são formas de vida inferiores”, e “Com
raríssimas exceções, humanos e demi-humanos são fracos que devem ser pisoteados.”
Sebas era movido pelo credo de seu criador, que era “Aqueles que não salvam os fracos
não podem se considerar fortes.”, por isso, ele tinha uma divergência com as opiniões de
alguns membros de Nazarick. No entanto, ele começou a sentir que poderia haver algu-
mas pessoas que não eram dignas desse credo, e foi quando conheceu indivíduos mise-
ráveis como Zach.
Depois de levantar a mão para acariciar o bigode bem aparado, ele voltou seus pensa-
mentos para o que deveria fazer em seguida.
O plano estava indo muito bem. No entanto, ele ainda precisava confirmar os detalhes
com sua observadora.
Enquanto Sebas estava pensando sobre a direção em que ele iria proceder, ele notou um
homem se aproximando dele.
“Deve ser muito difícil para o senhor ter que partir neste momento.”
A pessoa que se dirigia a ele foi um homem de pouca barba com quase 40 anos. Seu
cabelo preto estava riscado de branco, devido à idade e refeições pesadas, sua barriga
era macia e arredondada.
A vestimenta era de bom gosto, com roupas que refletiam sua alta posição e seu senso
de estilo.
“Baldo-san, eu presumo?”
O homem chamado Baldo Lauffray era um comerciante que controlava uma grande
parte do comércio de grãos nessa cidade. Por alguma razão, ele se aproximou e começou
a falar com Sebas.
A Cidade Fortaleza era um local estratégico na guerra. Baldo estava fortemente envol-
vido no comércio de alimentos da região, o que fez dele uma grande figura entre os mui-
tos comerciantes da cidade.
Uma vez que alguém juntasse uma força de combate de mais de dez mil homens, ali-
mentá-los tornava-se uma tarefa que consumiria grandes quantidades de tempo e mão
de obra. Portanto, a política do Reino sobre esse assunto era marchar suas tropas para
esta cidade com provisões mínimas, quando passassem por E-Rantel, elas seriam reabas-
tecidas. Portanto, diferente de outras cidades, mercadores que lidavam com comida e
armas eram bastante influentes aqui.
Qualquer um em E-Rantel que tivesse tal influencia, jamais conversaria simplesmente
porque eles estavam comendo no mesmo restaurante. Então ele teria algum motivo para
se aproximar de Sebas.
“Não é?”
A expressão de Sebas mudou pela primeira vez, ele sorria enquanto respondia cortes-
mente. Sua resposta implicava que ele sabia exatamente a quem Baldo estava se refe-
rindo.
“Ele não é um sujeito confiável. Não faço idéia do porquê o senhor contrataria alguém
como ele, Sebas-san.”
Ele não podia dizer ao outro homem as verdadeiras razões por trás da contratação de
Zach. No entanto, se ele dissesse que havia contratado Zach porque ele não era ninguém,
Sebas ficaria mal aos olhos dos outros e suas opiniões sobre ele seriam prejudicadas.
Embora tivessem decidido deixar a cidade, ele queria evitar que Baldo pensasse mal
dele. No futuro, eles podem precisar fazer uso do homem.
“Isso pode estar correto, mas ninguém se vendeu tão bem como ele. É verdade que sua
personalidade é falha, mas Milady aprecia a devoção daquele homem.”
Baldo sorriu desconfortavelmente, e sua opinião sobre a milady em questão caiu alguns
níveis.
Ela estava lá exatamente para esse propósito, então não havia o que fazer, mas Sebas
ainda achava que seria ruim se ela assumisse a culpa por isso.
“Temo ter ido longe demais. Espero que o senhor remova essas palavras da sua memó-
ria; embora eu ainda sugira que o senhor tente persuadir sua Milady de outra forma.”
“Pode haver mérito em suas palavras. No entanto, quando penso no pai de Milady; isto
é, a gentileza que ele me mostrou, eu simplesmente não posso...”
Essas palavras podem ter sido ditas com bondade e cordialidade, mas elas eram uma
negação inflexível. Talvez Baldo pressentisse a firme determinação escondida naquela
resposta, e por isso decidiu tentar um ângulo diferente de abordagem.
“Tem certeza? Eu pessoalmente sinto que seria melhor ser escoltado por guarda-costas
competentes. O caminho para a Capital Real é longo e, ao contrário do Império, as estra-
das do Reino não são muito seguras. Eu poderia recomendar alguns mercenários confiá-
veis.”
A segurança das estradas no Reino era de responsabilidade dos nobres que possuíssem
terras pelas quais essas estradas passavam. Por sua vez, eles coletariam um pedágio dos
viajantes. Esse era o privilégio dos nobres, mas, na verdade, era pouco mais que um meio
de cobrar um imposto de circulação, e a segurança das estradas estava cheia de brechas.
Era muito comum os viajantes encontrarem bandoleiros ou mercenários que praticavam
o banditismo enquanto estavam na estrada.
Em um esforço para resolver este problema, a “Princesa Dourada” havia trabalhado fer-
renhamente para ter as estradas patrulhadas por guardas leais à Coroa. No entanto, havia
pouquíssimos desses patrulheiros para dar algum efeito no plano de contingência. Além
disso, os nobres estavam preocupados com o fato de que seus privilégios seriam infrin-
gidos e trabalhavam para entrar no caminho dos patrulheiros.
No final, a situação era aquela em que o país não podia garantir a segurança de suas
próprias estradas.
“De fato, o senhor pode estar certo em dizer isso. No entanto, Milady não gosta de ter
muitas pessoas ao seu lado, portanto, devo cumprir seus pedidos de forma que a satis-
faça.”
“Então é isso?”
Baldo estava franzindo a testa de maneira exagerada, com uma expressão preocupada
no rosto. Era assim que um adulto reagiria diante de uma criança fazendo birra.
Sebas e companhia alojaram-se nesta estalagem sob o pretexto de ser uma herdeira e
seu fiel mordomo, que vieram de uma cidade em alguma parte do Império. Eles então
mostraram o amplo poder de compra, a fim de ver como as pessoas ao seu redor reagi-
riam. O favor que Baldo queria fazer foi feito sob medida para agradar pessoas ricas.
“Vou transmitir sua gentileza ao pai de Milady, que é meu mestre, Baldo-san.”
Um leve brilho crepitou nos olhos de Baldo, mas ele rapidamente o escondeu. Pessoas
normais não teriam percebido esse brilho momentâneo. No entanto, essa breve exposi-
ção foi mais do que suficiente para Sebas perceber.
“Então, embora eu peça desculpas pela minha grosseria, devo fazer os arranjos iniciais,
pois Milady está esperando.”
Baldo — que teve suas intenções lidas — piscou e estudou a expressão de Sebas breve-
mente, antes de suspirar:
“—Hm, é algo realmente inevitável, então. Sebas-san, quando vier a esta cidade nova-
mente, por favor, procure por mim. Eu vou recebê-lo calorosamente.”
Sebas podia sentir que as ações do Baldo não eram puramente motivadas por ganhos
pessoais. Ele estava genuinamente preocupado com a menina e seu mordomo.
Foi por causa de pessoas assim, que ele queria ajudar os necessitados. Por isso ele não
conseguia odiar a humanidade.
♦♦♦
Ela tinha uma expressão séria no rosto, como se a histeria de momentos atrás não pas-
sasse de atuação.
Sua atitude era a que uma subordinada usaria para cumprimentar um superior.
Suas roupas e seu rosto eram os mesmos, mas parecia que ela era uma pessoa comple-
tamente diferente.
Algo para ser notado era que ela estava com um dos olhos — olho esquerdo — fechado.
Ela não havia fechado o olho enquanto estava na sala de jantar.
Sebas olhou nos arredores da suíte de luxo. Claro, não era nada impressionante para
Sebas, que estava no comando do 9º Andar da Grande Tumba de Nazarick. Sua falta de
surpresa foi simplesmente porque não havia sentido em comparar.
Pelo que ele podia ver, havia pilhas de bagagem no canto da sala. Estavam fechadas e
prontas para a viagem, mas não foram preparadas por Sebas. As preparações foram com-
pletadas pela única outra pessoa na sala.
A menina que levantou a cabeça para responder-lhe era uma das Empregadas de Bata-
lha (Pleiades) — Solution Epsilon.
“Para quê agir assim? Estou fazendo o papel do seu mordomo agora, não estou?”
Depois de ver o sorriso de Sebas, o rosto da Solution mudou pela primeira vez, para um
sorriso desconfortável.
“De fato, o senhor é meu mordomo por enquanto. No entanto, eu também sou sua su-
bordinada, Sebas-sama.”
“...Bem, isso é verdade, então, como seu superior, eu vou emitir uma ordem para você:
suas tarefas estão completas e é a minha vez de trabalhar. Descanse aqui até partirmos.”
“...Sim. Obrigada.”
Sebas levantou facilmente uma das maiores bagagens, então indagou Solution como se
tivesse acabado de pensar em alguma coisa.
“Entendido.”
Os cantos dos olhos dela caíram enquanto a boca dela se curvava para cima. Embora
parecesse vagamente um sorriso, as contorções necessárias para produzir tal expressão
seriam impossíveis para um ser humano alcançar. Talvez seja melhor descrevê-lo como
um rosto distorcido feito de argila.
A testa da Solution franziu ligeiramente, a decepção no rosto dela falando por si mesma.
Como se para confortá-la, Sebas continuou falando:
“Vai ficar bem. Dar-lhe um humano não deve ser um problema.”
“Tem certeza? Compreendo. Então, por favor, diga a Shalltear-sama que eu gostaria de
ter aquele homem, se possível.”
Solution era toda sorrisos. Aquela expressão alegre e ensolarada fascinaria qualquer um
que visse.
Simultaneamente a isso, Sebas lamentou e queria saber mais sobre o homem que des-
pertara tal alegria no rosto de Solution. Portanto, perguntou a ela:
“Oh, algo sobre “eu mal posso esperar para me divertir com ela”, não é sempre que coisas
assim acontecem, eu pretendo me divertir com ele também.”
Aquele sorriso — tão inocente quanto o de uma criança — ansiava pelo que viria a se-
guir.
Parte 2
Enquanto Zach se movia com passos apressados, ele pensou em como a vida dele tinha
sido lamentável.
Os frutos do seu trabalho árduo foram levados pelo senhor da terra. Se ele levasse 60%
de sua colheita, ainda poderia ser suportável. Embora na pobreza, eles ainda poderiam
viver nos 40% restantes.
No entanto, se ele pegasse 80% de sua colheita, eles ficariam em grandes dificuldades.
Já era difícil o suficiente sobreviver com 40% das colheitas. Se eles tivessem apenas 20%
restantes, suas vidas seriam extremamente difíceis.
Durante aquele ano, quando eles só tiveram permissão para manter 20% de sua colheita.
Zach voltou para casa, exausto de um dia de trabalho, e descobriu que sua irmãzinha
estava desaparecida.
Naquela época, Zach era jovem e não sabia o que estava acontecendo. Sua amada irmã
desapareceu, mas seus pais não saíram procurando por ela. Zach entendia agora que ela
provavelmente havia sido vendida. A escravidão era agora proibida através dos esforços
da Princesa Dourada, mas naquela época era comumente praticada por todo o Reino.
Portanto, sempre que Zach visitara um bordel, ele não conseguia deixar de olhar para
os rostos das garotas. Claro, ele não achava que seria capaz de encontrar sua irmã mais
nova e, mesmo que a encontrasse, não sabia o que diria a ela. Mesmo assim, ele não pôde
deixar de continuar procurando.
Afinal de contas, quanto menos bocas para alimentar, menos comida as famílias preci-
sariam. Além disso, os jovens recrutas seriam alimentados pelo Reino. Para alguns, pode
ser a primeira vez que se alimentariam de forma satisfatória.
Ainda assim, esse era todo o mérito que a situação mantinha. Não importa o quão duro
um homem lutasse, ele só seria recompensado se tivesse feito realizações extraordiná-
rias. Não, às vezes esses homens não seriam recompensados, não importando o que fi-
zessem. Apenas a sorte seria recompensada. Então, quando eles voltaram para seus vila-
rejos, eles ainda tiveram que enfrentar a desanimada realidade de que a colheita era ruim,
pois havia poucas mãos para a colheita.
Zach havia sido recrutado duas vezes, mas seu terceiro chamado a servir tinha mudado
os ares de sua sorte.
Aquela guerra tinha sido a mesma que todas as outras, terminando depois de algumas
pequenas escaramuças. Zach, que tinha mantido a sua vida, estava prestes a ir para casa
quando ele parou. Ele olhou para a arma na mão e foi como se tivesse recebido um sinal
dos céus.
Em vez de retornar ao seu vilarejo, não seria melhor escolher um modo de vida dife-
rente?
Ainda assim, Zach era um simples agricultor com um pouco de treinamento básico. Ele
tinha pouca escolha em que tipo de vida nova ele poderia levar.
Ele não possuía habilidades físicas excepcionais, nem possuía talento de nascença, uma
habilidade especial que só era possuída por algumas pessoas especiais. Seu aprendizado
foi em grande parte relacionado à agricultura — quando semear, quais sementes plantar
e assim por diante.
O que Zach decidiu fazer pertencia ao único trunfo que possuía; em outras palavras, fu-
gindo com a arma que o Reino lhe havia temporariamente emitido. Ele não considerou
as dificuldades que causaria para seus pais, porque eles haviam vendido sua irmãzinha
— mesmo que fosse para manter o resto da família viva —, sendo assim ele não os amava.
Mas como é que alguém que não conhecia essas terras e nem tinha apoiadores conse-
guiria desertar tão facilmente? No final, ele conseguiu encontrar pessoas para ajudá-lo,
o que foi sorte de certo modo.
É claro que um fazendeiro como Zach dificilmente teria utilidade para um bando de
mercenários. No entanto, o bando havia perdido muitos de seus membros durante a
guerra, e seu objetivo era reabastecer seus números o mais rápido possível.
Essa foi a razão pela qual o bando de mercenários o deixou entrar tão facilmente. No
entanto, eles não eram uma organização adequada e respeitadora da lei. Em tempos de
guerra, lutavam como mercenários, mas em tempos de paz eram essencialmente bandi-
dos.
Ter era melhor do que não ter. Tomar era melhor do que perder. Fazer os outros chora-
rem era melhor do que chorar.
Sua fé nisso cresceu cada vez mais profundo dentro de si, os gemidos dos oprimidos
eram o combustível de Zach.
♦♦♦
Zach correu pelo bairro pobre. Ele correu em direção a um mundo que era um vermelho
mais profundo que o sol poente.
Tendo corrido continuamente desde que saíra da estalagem, ele estava ofegante e sua
testa estava coberta de suor. Sua fadiga o fez querer parar, e ele se perguntou se deveria
fazer uma pausa. No entanto, o tempo estava apertado, e assim Zach empurrou seu corpo
cansado para frente e continuou correndo.
Um assustado Zach olhou para a forma negra que havia claramente saltado.
Ela era uma garota bonita. Ela usava uma capa preta que a fazia parecer se misturar às
sombras, mas seus olhos roxos e brilhantes, cheios de curiosidade, olhavam diretamente
para Zach.
A garota não parecia com medo da reclamação de Zach. Em vez disso, ela sorriu fria-
mente.
Aquele sorriso arrepiante fez Zach recuar instintivamente, sem coragem de sacar sua
arma. Era como um leão encarando um rato.
Talvez o som de metal que ele ouviu quando a menina pulou de volta viesse da armadura
que ela estava usando.
Sirenes de perigo soaram pela cabeça de Zach e, ao mesmo tempo, ele pensou em alguma
coisa.
Ele não a desprezava porque ela era mulher. Zach sabia que havia uma equipe de aven-
tureiros composta apenas de mulheres fortes. O homem mais forte do bando de merce-
nários a que ele pertenceu tinha mencionado uma vez.
Por outro lado, Zach havia sido um mercenário, mas ele era um dos membros mais fra-
cos entre os combatentes. Foi por isso que ele recebeu um emprego assim.
Estava coberto de suor por correr e, quando Zach começou a lamentar o que fizera, ra-
pidamente se transformou em outro tipo de suor.
Assim como um olhar de medo cobria completamente o rosto de Zach, o sorriso da ga-
rota perdeu sua qualidade assustadora.
“Hm~ Ah bem, esqueça. Eu não tenho tempo para isso. Ainda assim, se eu me deparar
com você novamente, você vai passar maaaus bocados~”
A garota retornou a seu caminho deixando essas palavras para trás. A curiosidade de
Zach o fez se virar para assistir enquanto ela saía. Ele pensou que o lugar à sua frente era
uma parte desabitada do bairro pobre.
O que uma mulher bonita estava fazendo aqui tão tarde? O pensamento despertou sua
curiosidade, mas ele tinha algo mais importante esperando por ele, então interrompeu
sua introspecção e seguiu em frente.
Logo, ele chegou ao distrito pobre, em uma esquina que estava cheia de muitas casas
degradadas. Ele olhou em volta para ver se alguém o seguia.
O sol lentamente afundou no horizonte, pintando o mundo em tons de preto, então Zach
se concentrou em saber se alguém estava se escondendo em cantos escuros. Ele já havia
verificado várias vezes antes, mas só por segurança, deu uma última olhada.
Zach assentiu em satisfação e, enquanto controlava sua respiração, bateu três vezes em
uma porta. Depois de esperar cinco segundos, ele bateu mais quatro vezes.
Depois de completar o sinal arranjado de antemão, ele recebeu uma resposta imediata.
O rangido de madeira veio do outro lado da porta, e a persiana de madeira que bloqueava
o postigo deslizou. Zach podia ver os olhos de um homem do outro lado da porta,
olhando-o de cima a baixo e verificando sua identidade.
Sem esperar pela resposta de Zach, o homem fechou o postigo, e esse som foi seguido
por um destrancar de uma pesada fechadura. A porta se abriu ligeiramente.
“Entre.”
Havia um leve aroma de podridão vindo de dentro da sala, era como se o céu tivesse se
afastado da terra. Esperando que seu nariz pudesse se acostumar com o cheiro, Zach en-
trou agilmente na sala.
Uma vez que a porta se fechou, ele viu que o interior era pequeno e escuro.
A porta levava diretamente à cozinha e à sala de jantar, que era mobiliada com uma
mesa. Havia uma vela na mesa, cuja fraca luz dissipava um pouco a escuridão da sala.
Um homem imundo que parecia ter lidado com violência para ganhar a vida puxou uma
cadeira próxima e se sentou. A cadeira rangeu quando ele sentou, como se estivesse ge-
mendo de dor. O homem era musculoso e tinha um peitoral barril, e as partes expostas
de seus braços e rosto estavam levemente marcadas. A cadeira parecia que cederia sob
seu peso.
“Tinha que ser justo agora... eles não podem pensar em nós um pouco? ...Você não pode
atrasá-los de alguma forma?”
O homem já ouvira Zach falar daquela mulher várias vezes e franziu a testa profunda-
mente.
“Aquele velho deve usar um pouco de cérebro e tentar convencê-la. As estradas à noite
são lugares desagradáveis para se estar, com bandidos assustadores e tudo mais. Dá um
tempo... até um idiota sabe sobre esse tipo de coisa. Ah, que tal sabotar uma roda de dili-
gência e atrasar a partida até amanhã?”
“Isso não vai funcionar — ele já está carregando a bagagem. Seria melhor agir rapida-
mente, certo?”
“Mm, é verdade...”
“Isso vai ser muito próximo. Ah — o que devo fazer? Preciso entrar em contato com os
outros depois disso... com apenas duas horas... será difícil, mas eles são valiosos...”
Zach pensou nas mãos macias e delicadas da garota que era tratada como a Milady.
Ninguém que trabalhou em uma fazenda teria mãos tão bonitas quanto aquelas. Sua pele
estava trincada como gelo fino, mas fôra engrossada por uma enxada, até as unhas fica-
ram retorcidas. As mãos de um fazendeiro eram assim.
Ele sabia bem que o mundo era injusto. Contudo—
O canto da boca de Zach se contorceu em um sorriso lascivo que mostrou seus dentes.
“Depois de nós você pode ir, como vamos exigir resgaste, você não pode ir longe demais!
Não a machuque muito.”
O homem zombou lascivamente. Talvez tenha sido por causa de seu crescente desejo,
mas de repente ele ficou de pé.
“Tudo bem, vamos fazer isso. Vou entrar em contato com o chefe.”
“Certo.”
“Enviaremos cerca de dez caras para o lugar de costume para emboscá-los. Você tam-
bém deve se mover e levá-los pra lá em cerca de quatro horas. Se você não chegar a tempo,
daremos o primeiro passo. Então mantenha a presa obediente e não levante suspeitas.”
Parte 3
Era um veículo grande que podia acomodar confortavelmente seis pessoas, puxadas por
um quarteto de cavalos.
A lua cheia brilhou no céu noturno, iluminando a terra com um brilho surpreendente.
Dito isto, correr a toda a velocidade durante a noite ainda era um curso tolo de ação. O
mais sábio curso de ação teria sido armar barracas, lanternas e sentinelas enquanto pas-
savam a noite aqui.
O mundo noturno não estava sob o controle da humanidade. Não, isso não seria total-
mente preciso — nenhum lugar sem luz poderia ser considerado parte do mundo dos
humanos. A noite escondia todos os tipos de animais, demi-humanos e monstros. Muitas
criaturas possuíam o dom de ver no escuro, e essas criaturas frequentemente atacavam
a humanidade.
Isso não foi por causa de bons amortecedores ou algo parecido, mas porque o treinador
estava viajando por uma estrada pavimentada com paralelepípedos.
A pavimentação das estradas tinha começado após uma sugestão da Princesa Dourada,
mas os únicos lugares em que haviam sido concluídos eram aqueles em posse da coroa e
do Marquês Raeven, um dos seis Grandes Nobres. Isso porque os outros nobres protes-
taram contra esse gesto, achando que tais estradas só beneficiariam o Império quando
atacassem o Reino.
Uma vez que esta região não estava muito longe de E-Rantel — que é administrada pela
Coroa — o trabalho aqui feito era de um padrão bastante elevado.
Ainda assim, não foi perfeito. A diligência balançou um pouco enquanto percorria a es-
trada, e algumas vibrações leves chegaram até os passageiros.
Entre esses ocupantes estavam Sebas, com Solution ao seu lado. Oposto a ele havia Shall-
[ N o i v a s Vampiras]
tear, flanqueada por duas das Vampire Brides que eram suas asseclas-concubinas. Zach
estava obviamente dirigindo a diligência do banco do condutor.
“Já faz algum tempo que eu tenho algo que gostaria de te perguntar.”
“Eu notei que você e a Aura-sama não se dão muito bem. Existe alguma razão específica
para isso?”
Shalltear respondeu baixinho, ela olhou para a unha de seu dedo mindinho, como se
estivesse entediada.
A unha branca-pérola tinha cerca de dois centímetros de comprimento. Embora ela ti-
vesse uma lima na mão, a unha parecia bem aparada, então não havia necessidade de
continuar trabalhando nisso. Shalltear sentiu que qualquer ação adicional era desneces-
sária, então ela jogou a lima para uma das Vampire Brides ao seu lado.
Agora com mãos vazias, ela tateou os seios das vampiras ao lado dela. No entanto,
quando ela notou as expressões nas duas pessoas na frente dela, ela retraiu as mãos, com
um olhar um pouco envergonhado em seu rosto.
Continuou Sebas. O rosto de Shalltear se enrugou, como se ela tivesse comido algo
amargo, e então ela respondeu:
“Eu... acho que nos damos bem. Eu simplesmente a provoco um pouco, porque meu cri-
ador, Peroroncino-sama, me criou para rivalizar com ela. Ainda assim, não há inimizade
entre nós ~arinsu. Talvez a Bukubukuchagama-sama tenha projetado essa garota para
não se dar bem comigo também.”
Shalltear acenou com a mão, como se ela estivesse muito entediada, e então viu o olhar
penetrante de Sebas pela primeira vez.
“Falando nisso, meu criador, Peroroncino-sama, e a criadora dessa garota eram irmãos,
Bukubukuchagama-sama é a irmã mais velha. Então, nesse sentido, ela e eu também so-
mos irmãs ~arinsu.”
Um olhar de reverência penetrou nos olhos de Shalltear quando ela contou suas lem-
branças de acompanhar esses personagens exaltados.
Shalltear acrescentou que ela não sabia o que ele queria dizer com isso. Sebas um tanto
desconcertado inclinou a cabeça e disse:
“Seiyuu... lembro que parece ser uma linha de trabalho que envolve o uso do som. Parece
que eles são hábeis em cantar, então talvez devesse ser semelhante a um bardo.”
Depois de ouvir a resposta de Sebas, Shalltear riu, como o tilintar dos sinos de prata, e
respondeu negativamente:
“Ohhh! Entendo. Parece que minha linha de raciocínio estava sob um grave equívoco.
Muito obrigado pela sua correção, Shalltear-sama.”
Sebas e todos os outros criados pelos Seres Supremos foram infundidos com conheci-
mento sobre sua criação, mas isso era tudo que eles tinham. Por não conhecerem a vida
real de seus criadores, ocorreram situações de descontração divertidas; digamos, come-
ter erros sobre os trabalhos de seus reverenciados Mestres.
“Não há necessidade de levar isso a sério... ah, sim, Sebas, já que somos companheiros
de viagem, não há necessidade de ser tão formal ~arinsu.”
“Não use honoríficos como -sama... somos todos servos dos Seres Supremos. Eles podem
ter dado nossas posições e colocado alguns de nós sobre os outros, mas a verdade é que
somos todos basicamente iguais ~arinsu.”
Ela tinha razão. Solution estava apenas obedecendo Sebas porque ela tinha sido orde-
nada a fazê-lo. Originalmente, ela e Sebas tinham o mesmo status.
“Eu entendo, Shalltear. Então, eu irei endereçar você desta maneira a partir de agora.”
“Isso que eu queria ouvir ~arinsu. Voltando ao assunto de antes, você não se dá bem
com o Demiurge, não é?”
Sebas permaneceu em silêncio. Shalltear estreitou os olhos, como uma criança brinca-
lhona, e continuou perguntando:
“Os Seres Supremos não projetaram você dessa maneira, então por que isso?”
“...Eu me pergunto também. A verdade é que eu também não sei porque isso acontece.
Deve ser algum tipo de instinto que me faça não gostar dele. No entanto, o mesmo deve
ser aplicado a ele também.”
“Hmm — não parece assim para mim... ainda assim, pode ser porque os sentimentos de
nossos criadores, os Seres Supremos, foram profundamente gravados em nossos cora-
ções ~arinsu.”
“É bem provável que este seja o caso.”
Shalltear estudou cuidadosamente Sebas, que assentiu para ela. Então, depois de consi-
derar sua posição, Shalltear sentiu que ele saberia a resposta para a pergunta que há
muito tempo estava escondida em seu coração:
“Que tipo de pessoas são encontradas no Oitavo Andar? Eu sei sobre o Victim, mas quem
mais está além dele?”
Sebas franziu a testa com a pergunta súbita. Ele olhou para Shalltear, uma expressão
severa em seu rosto, tentando discernir suas intenções. A expressão de Solution também
mudou, embora fosse sutil o suficiente para que os outros não notassem.
“.. No passado, houveram tolos que desafiaram os Seres Supremos e invadiam Nazarick,
violando as defesas do Sétimo Andar. No entanto, eles não alcançaram o nono andar,
onde os Seres Supremos residiam. Sendo esse o caso, eles devem ter sido parados no
Oitavo Andar? Embora eu não tenha nenhuma lembrança do evento, os inimigos devem
ter sido poderosos para chegar tão longe, então acredito que eles foram impedidos com
força igualmente extraordinária. No entanto, não tenho idéia de quem interceptou os in-
trusos. Talvez Albedo saiba de algo. Afinal, ela é a Supervisora Guardiã de Nazarick. Seria
estranho se ela não soubesse disso.”
“...É meio chato ouvir que ela está um passo à frente de mim. Que tipo de seres misteri-
osos são encontrados no Oitavo Andar? Personagens pessoalmente criados pelo Ainz-
sama, talvez?”
Sebas foi feito por Touch Me. Demiurge foi feito por Ulbert Alain Odle. Cocytus foi feito
pelo Takemikazuchi. No entanto, mesmo Shalltear não sabia que tipo de NPC Ainz — ou
Momonga, o mais alto dos 41 Seres Supremos — havia criado.
Sendo esse o caso, era razoável concluir que esse personagem misterioso residia no 8º
Andar, sobre o qual Shalltear não tinha conhecimento.
“...Não, isso não deveria ser o caso. Este é apenas um boato, mas ouvi dizer que o NPC
criado pelo Ainz-sama é chamado de Pandora’s Actor, e sua força é comparável ao resto
de nós, Guardiões. Aparentemente, ele defende as profundezas da Tesouraria.”
Ao contrário de Albedo, Shalltear não tinha sido infundida com conhecimento sobre to-
dos em Nazarick. Portanto, esse nome era novo para ela.
Era certo que, a Tesouraria era um lugar que só se podia entrar com o Anel de Ainz Ooal
Gown, mas seria estranho deixá-la desprotegida.
As profundezas da Tesouraria.
Todos os itens mágicos mais sofisticados que a Ainz Ooal Gown havia coletado estavam
armazenados lá. Também foi dito que continha vários itens World-Class. Sendo esse o
caso, era o local mais adequado para o NPC criado pelo maior dos 41 Seres Supremos,
Ainz, um defensor.
O orgulho de Shalltear estava um tanto machucado quando ela considerou que não ha-
via sido escolhida para guardar um local tão exaltado, mas se consolou com o pensa-
mento de que isso era inevitável. Para Shalltear, manter os intrusos longe do Terceiro
Andar também era uma tarefa crucial, tão importante quanto proteger a Tesouraria.
“De fato, mas eu não vi essa pessoa antes. Afinal, não se pode viajar para aquele lugar
sem um Anel.”
“Oh...”
A resposta de Shalltear era desprovida de energia, como se ela tivesse perdido todo o
interesse pela coisa toda. No entanto, Sebas não pareceu se importar.
“De fato. Afinal, é um lugar que nem podemos entrar ~arinsu. Deve haver algo dentro.”
“Será que há uma armadilha lá que pode atacar mesmo a nós ~arinsu?”
“Mm, isso não é uma má idéia, mas se eu tivesse de adivinhar... poderia ser uma arma-
dilha mortal, uma que mata indiscriminadamente quem entrar?”
“A Grande Tumba de Nazarick foi feita a mão pelos Seres Supremos, e defendida por nós,
que prometemos nossas vidas a este serviço. Qualquer um que conseguisse penetrar essa
fortaleza inexpugnável e invadir o Sétimo Andar, provavelmente não seria parado por
uma armadilha dessas...”
Shalltear tinha um sorriso no rosto, como uma criança antevendo alguma travessura. O
sorriso de Sebas era o mesmo de sempre, mas havia uma certa nuance agora.
“Pretende desafiar os desejos de Ainz-sama?”
“Só brincando, só brincando. Foi apenas uma brincadeira, não há necessidade de pare-
cer tão assustador ~arinsu.”
“Shalltear... a curiosidade matou o gato. Devemos esperar em silêncio até que o Ainz-
sama nos diga o contrário.”
Sebas não perguntou sobre a súbita mudança de assunto. Em vez disso, ele respondeu
diretamente:
“Sim, já que eles morderam o anzol, linha e chumbada. Tudo o que precisamos fazer é
puxar.”
Shalltear assentiu levemente, e então ela lambeu levemente os lábios. Suas pupilas car-
mesim brilhavam.
Sebas imediatamente percebeu o que colocaria Shalltear em um clima como aquele. Per-
cebendo que este era o momento perfeito para fazê-lo, ele decidiu trazer a solicitação da
Solution mais cedo.
Foi uma resposta de aborrecimento, dado que Sebas tinha podado a alegria de Shalltear
momentos atrás. Como se para confortá-la, Sebas continuou:
“Sim, não terá problemas ~arinsu. Além disso, ele não parece ter gosto bom.”
“Você tem o meu mais sincero agradecimento pela sua generosidade, Shalltear.”
“Obrigada, Shalltear-sama.”
“Ah, não tem de quê, mas não se preocupe com isso ~arinsu.”
Shalltear ficou bastante surpresa com o quão tenra Solution sorriu para ela. Ela não es-
perava uma expressão tão sincera. Então, Shalltear se recompôs e se virou para Sebas.
“Então, estamos quites com o pequeno erro que cometi agora a pouco ~arinsu.”
“Entendo... Na verdade, eu não esperava que você fizesse algo tão tolo quanto isso. Foi
apenas uma brincadeira, não foi?”
“De fato, você está certo ~arinsu. Se você tivesse dito tal coisa, Sebas, eu teria tomado
isso como uma piada também. Então eu teria meus subordinados te observando em si-
lêncio. À primeira vista de qualquer traição de sua parte, eu removeria seus membros e
levaria seu torso arrastado em correntes ante de Ainz-sama.”
“Não? Coisas assim só me fazem duvidar mais da sua lealdade — você também faria isso,
não é ~arinsu?”
“Deixando isso de lado, eu prefiro mais as garotas bonitas. Pode haver um tipo diferente
de entretenimento em dar-lhe a Solution ~arinsu.”
Antes de partirem para E-Rantel, Ainz dera a Sebas uma ordem: “Quero capturar huma-
nos que conheçam artes marciais ou magias. No entanto, você só irá atrás de criminosos
cuja ausência passará despercebida.”.
A missão de Shalltear, por outro lado, era usar um peixe como este para observar toda
a rede que o seguia.
“Por que eu iria tão longe ~arinsu? Ainz-sama disse que não havia problema em drená-
los e transformá-los em escravos. O importante é capturá-los. Ainda assim... investigar
todos eles um por um seria um irritante, então eu poderia muito bem sugá-los até a úl-
tima gota.”
Sebas não falou as palavras em seu coração — “Entendo” —, mas sim assentiu. Ainda
assim, ele teve que reconhecer que não estava totalmente confortável com a interpreta-
ção de Shalltear sobre as ordens. Com isso em mente, Sebas não pôde deixar de dizer:
“Deste ponto de vista, Demiurge-sama seria o mais adequado para esse tipo de trabalho.
Afinal, ele pode controlar os pensamentos de seu oponente, muito parecido com o que a
Aura-sama pode fazer com a respiração.”
Demiurge possuía uma habilidade conhecida como 〔Command Mantra〕. Era uma ha-
bilidade poderosa que afeta a mente, seria inestimável durante uma operação de captura
como essa.
“...Hah?!”
O clima dentro da diligência ficou sombrio imediatamente, como se uma névoa conge-
lante pairasse no ar.
Até os cavalos que puxavam a diligência pareciam ter percebido isso, porque o veículo
repentinamente balançou. As faces sem sangue das Vampire Brides que flanqueavam
Shalltear ficaram ainda mais pálidas do que o normal, enquanto Solution estremecia ao
lado de Sebas. Mesmo Sebas, cujo poder deveria ser equivalente a Shalltear, podia sentir
arrepios no corpo.
Esta era a intenção assassina emitida pelas mais forte Guardiã de Andar de Nazarick. A
hostilidade que a envolveu, fez as brigas anteriores com Aura parecerem brincadeira de
criança. Se a situação fosse mal administrada, poderia levar a um confronto de vida ou
morte.
Enquanto Shalltear esfriava o ar ainda mais, a cor de suas pupilas carmesim começou a
se espalhar pela esclera, deixando os globos oculares vermelhos, como se estivessem se
enchendo de sangue.
“Sebas — você poderia dizer isso de novo ~arinsu? Ou você está dizendo que nessa
forma, não-dragonídia, você quer—”
“Eu me expressei mal, por favor me perdoe. Eu estava apenas um pouco desconfortável.
Vai dar tudo certo, contanto que o seu 〔Blood Frenzy〕 não entre em ação.”
A razão pela qual Ainz fez uso de Shalltear para esta missão — que poderia ter acabado
ignorando ordens ou até mesmo enlouquecer — foi devido a um processo de eliminação.
Na ausência de Ainz, Albedo tinha que permanecer na Grande Tumba de Nazarick e en-
tre os dois Guardiões restantes — Shalltear e Cocytus — Shalltear parecia mais um ser
humano.
Depois disso, Shalltear respirou fundo várias vezes. Ela parecia estar tentando sugar sua
raiva de volta, ou talvez ela estivesse tentando dominar o desconforto em seu coração.
Com seu último suspiro, Shalltear retomou sua expressão normal — uma jovem atra-
ente com um ar sedutor circundante — e suas pupilas voltaram à cor original.
“...Na maioria das vezes, eles se tornarão meus escravos depois que eu drenar o sangue
deles, o que deve simplificar as coisas ~arinsu. Além disso, não precisamos trazê-los de
volta vivos. Ainz-sama me esclareceu isso. Além do mais, eu definitivamente vou manter
meu 〔Blood Frenzy〕 sob controle ~arinsu.”
Vampiros eram uma espécie que podia drenar o sangue da vítima e transformá-los em
lacaios perfeitamente leais. A maioria dos Vampiros só poderia criar Vampiros não-inte-
ligentes de baixo nível, mas os Vampiros que Shalltear poderia produzir tinham quase
tanta inteligência quanto um humano normal.
“Isso mesmo, então não há necessidade de dúvidas ~arinsu. Eu realizarei a missão que
o Ainz-sama me deu sem falhar, então ele me elogiará com “Bom trabalho, Shalltear, você
é minha escrava mais importante”, e então dirá: “Você é a mais digna de estar ao meu
lado.”.”
O pedido de desculpas de Sebas foi sincero e veio do coração. Não foi apenas dirigido a
Shalltear, mas a outra pessoa.
“Eu não percebi que minhas declarações não apenas atingiam você, mas também ao
Ainz-sama, que a escolheu para essa tarefa, e peço desculpas por isso também. Espero
que você me perdoe por te desagradar.”
Então, ele fez uma reverência para Solution e para as Vampire Brides, pedindo descul-
pas — naquele momento, a diligência estremeceu, e eles ouviram relinchar dos cavalos
que puxavam o veículo.
“De fato.”
Shalltear — que estava perdida em fantasias sobre os elogios que seu mestre iria prodi-
galizar, caso tivesse sucesso em sua tarefa — retornou aos seus sentidos. Ela sorriu, como
uma garota que acabara de pensar numa brincadeira maravilhosa para brincar. Sebas
também estava acariciando seu bigode enquanto sorria.
Parte 4
A maneira casual com a qual eles estavam discutindo como lidar com seu alvo e em qual
ordem fazer, soava como se eles já tivessem sua presa no saco. Na verdade, eles fizeram
esse tipo de coisa inúmeras vezes no passado. Seria estranho se eles se sentissem preo-
cupados.
Depois que Zach pulou do assento do condutor, ele correu para os homens que haviam
aparecido.
Enquanto desmontava do assento do condutor, ele havia cortado as rédeas para que a
diligência não pudesse se mover, e depois de se aproximarem da diligência, uma das por-
tas laterais começou a abrir de frente para os homens.
Os homens brandiram suas armas para que suas presas pudessem ver. Esta foi uma ad-
vertência sem palavras: se eles não saíssem rapidamente, eles estariam em apuros.
Uma mulher bonita se revelou sob a luz do luar. Os mercenários e bandidos reunidos
riram grosseiramente e olharam para ela com olhos luxuriosos. Ficou claro por suas ex-
pressões que eles estavam encantados.
No entanto, uma pessoa entre eles foi pega de surpresa. Essa pessoa era Zach.
Zach nunca tinha visto essa beldade antes. No entanto, ele tinha certeza que conduzia a
diligência, mas o contraste entre a Milady e essa mulher o mergulhou em confusão, o
deixando sem palavras.
Depois disso, apareceu outra linda mulher, vestida elegantemente como a primeira. A
dúvida começou a florescer nos rostos dos homens. Seus alvos deveriam ter sido uma
herdeira que não sabia como o mundo funcionava, assim como um mordomo velhote.
E então, uma garota que poderia ter sido considerada “baixinha” deu as caras, e suas
dúvidas desapareceram.
Seu cabelo prateado brilhava ao luar, e seus penetrantes olhos vermelhos carmesim exi-
biam um brilho sedutor.
Shalltear sorriu lascivamente enquanto se banhava nos olhares encantados dos homens.
Ela avançou desprotegida diante deles e disse:
“Senhores, obrigada por virem até aqui por mim ~arinsu. Posso saber quem é seu líder?
Posso negociar com ele?”
Depois de ver os bandidos olharem para a mesma pessoa, Shalltear percebeu tudo que
precisava saber. Isso quer dizer que todos os outros são dispensáveis.
O homem que parecia com o líder deles parecia ter recuperado o juízo após o encontro
com essas mulheres bonitas. Ele caminhou para frente.
“Ahh, por favor, perdoe o mal-entendido. O que eu quis dizer com “negociar” foi apenas
uma piada para eu aprender o que eu precisava saber. Me desculpe por isso.”
“Você deve ser aquele sujeito, Zach. Eu vou te dar a Solution como prometido, então você
poderia por favor se afastar um pouco?”
Alguns dos bandidos procuraram uma resposta para sua confusão nos rostos um do ou-
tro. No entanto, entre eles—
“Hmph, você tem um corpo bem desenvolvido para uma garotinha. Eu vou fazer você
chorar por mim daqui a pouco.”
O bandido que estava parado na frente de Shalltear estendeu a mão para tatear aqueles
grandes seios, que não correspondia à sua idade.
O homem estupefato olhou para o braço que agora estava sem mão, e depois de um mo-
mento de atraso, ele gritou:
“Você está fazendo muito barulho, só perdeu uma mão. Você é mesmo um homem
~arinsu?”
Shalltear moveu casualmente uma de suas mãos enquanto murmurava baixinho, e a ca-
beça do homem caiu na terra.
Como ela cortou a cabeça dele com suas mãos desarmadas, delicadas e esbeltas? O pe-
sadelo diante deles dificilmente parecia real. Os bandidos ficaram aterrorizados além de
toda capacidade de pensamento racional, incapazes de reagir sob o impacto desse tre-
mendo choque. No entanto, o que viram em seguida os levou de volta aos seus sentidos.
O sangue fresco jorrando das partes cortadas do corpo se movia como se tivesse von-
tade própria, reunindo-se acima da cabeça de Shalltear e formando uma esfera de sangue.
Shalltear e companhia sabiam que esse era o efeito da habilidade chamada 「Blood
Pool」. No entanto, a primeira coisa que esses bandidos sem noção pensavam ao ver essa
habilidade desumana foi:
Qualquer um que entendesse magia deveria ter sido capaz de dar um aviso mais preciso.
“Magic caster” era um termo muito amplo que se referia a muitas classes, e os meios para
lidar com eles eram tão variados quanto. Em particular, pode-se pensar em Shalltear —
que só usava um vestido — como uma magic caster arcana, ou talvez espiritual. No en-
tanto, nenhum deles deu um aviso preciso. Pode-se concluir, então, que nenhum deles
sabia nada sobre magia. Em outras palavras, já que pensaram em algo tão impreciso, era
obvio que não podiam entender magia.
Por Shalltear ter percebido isso, ela olhou desinteressadamente para esses bandidos em
pânico, que desesperadamente levantaram suas espadas contra ela.
“Que chatice. Limpem essa bagunça. Porém, poupe aquele ali... entendido?”
“Sim, Shalltear-sama.”
Parecia que alguém havia batido um poste de metal no rosto com toda a força.
Os bandidos fizeram um arco no ar, acompanhados pelo som de algo parecido com um
estouro de balão. Todos os tipos de fluídos corporais — sangue, matéria cerebral e mais
— explodiram de seu crânio. O sangue brilhou sob o luar, dando ao horrível uma bela
aparência.
Mais da metade da cabeça do bandido voou, e o cérebro rosado se espalhou pelo crânio
quebrado. Puxado pela gravidade, o cadáver do bandido rolou para o chão com um
grande baque. Esse som foi um sino inicial que encheu os bandidos de terror e Shalltear
com prazer.
♦♦♦
Ele queria vomitar enquanto sentia o cheiro do sangue que vinha da carnificina diante
dele.
Os homens tinham as mãos e os pés arrancados como pedaços de papel, seus crânios
estouravam entre as mãos emparelhadas como romãs maduras.
Uma armadura peitoral foi arrancada e uma mão apunhalou a barriga agora exposta.
Quando foi retirada, vários metros de intestino reluzente e escorregadio foram trazidos
junto. O fato de que a vítima ainda estava viva depois disso, demostrava bem a resiliência
da humanidade.
Um homem estava se contorcendo no chão, tentando fugir, mesmo com as duas pernas
quebradas. Objetos de cor branca — seus ossos quebrados — se projetavam através de
sua pele e carne. Ele estava desesperadamente tentando se arrastar com as mãos, lu-
tando para se afastar da fonte desse horror, querendo permanecer vivo por apenas mais
um momento.
A menina bonita olhou para o homem rastejando a seus pés, e sua risada estridente caiu
sobre ele.
Não importa como alguém tentasse encobri-lo em cortesia, o mundo ainda seguia o prin-
cípio da alimentação dos fortes sobre os fracos. Era absolutamente natural que os fortes
oprimissem os fracos. Afinal, mesmo Zach já havia feito isso. No entanto, era certo para
os fortes irem tão longe e fazer tanto?
Claro que não. Ele não podia aceitar aqueles métodos cruéis de matar. Então, o que ele
deveria fazer? O inimigo estava simplesmente optando por não atacá-lo, então se ele ten-
tasse fugir, provavelmente faria algo para que ele não ousasse fugir novamente. Algo do-
loroso que induzisse náusea, por exemplo.
Por que sua espada era tão pequena? Como poderia resistir a esses monstros que pode-
riam arrancar os braços dos homens sem esforço?
O que ele fez para eles? Ele nunca tinha pensado em fazer nada para esses monstros.
Zach se abraçou, como se tentasse esconder sua presença. O rítmico ranger dos dentes
de repente lhe pareceu extremamente irritante — o que aconteceria se aqueles monstros
o ouvissem e fossem atrás dele?
Ele tentou se conter, mas seus dentes não o obedeceram e continuaram rangendo.
Falando nisso, que tipo de pessoas eles eram? Zach não os reconhecia de lugar nenhum.
—Uma voz gentil e doce veio de trás dele, completamente em desacordo com o cenário
cruel à sua frente.
Zach olhou com medo para trás e viu sua contratante parada diante dele.
Sua expressão não combinava com a herdeira arrogante e argumentativa pela qual ele
a conhecia. Se ele estivesse calmo o bastante, ele poderia ter se sentido desconfiado sobre
isso, mas Zach — que havia sido levado à confusão por esse mundo bizarro e que fedia a
sangue — não tinha mais energia para suspeitar de nada.
“O que s-são esses monstros!?”
Zach lamentou, sua voz falhava enquanto se dirigia a Solution, a filha endinheirada da
nobreza que não sabia nada do mundo.
“Por que não me disse que havia monstros como esses por aí?!”
De fato. Se ele soubesse disso antes, as coisas não teriam terminado assim. A vadia di-
ante dele era responsável por essa cena assustadora.
“Não fique muda, fale! Que fique claro, é tudo culpa sua!”
Ansiedade e terror se combinaram para impulsioná-lo para a frente, e Zach, furioso, não
podia mais suportar seus sentimentos. Ele estendeu a mão para pegar Solution pelo co-
larinho e sacudi-la grosseiramente.
“Não, eu simplesmente quero aproveitar esta última chance para desfrutar de você.”
Uma mão pálida como marfim e fria como gelo, agarrou-se a Zach e, em seguida, Solution
se adiantou, levando-o para um lugar isolado.
“Mesmo que eu já tenha permissão, Sebas-sama não gosta desse tipo de coisa, então eu
prefiro fazer isso à distância.”
Ele não tinha idéia do que ela estava falando. No entanto, Zach achava que, se estivesse
sozinho, poderia haver uma chance de que ele pudesse sobreviver.
Não havia nada que pudesse fazer. Zach estava fraco demais. Ele não poderia salvar os
companheiros que deveriam ser mais fortes que ele.
“Por favor, não fique muito excitado. Se possível... eu gostaria que você fosse gentil co-
migo. Isso me faria muito feliz.”
Atrás da diligencia, Solution falou baixinho para Zach, então acenou para ele arqueando
as costas, como se quisesse abrir o vestido. Zach ao ver isso, ficou boquiaberto;
Zach olhou para Solution como se ela fosse uma espécie de criatura exótica.
As mãos de Solution não pararam enquanto ele pensava, e por isso Zach, completamente
confuso, perguntou:
Como se esperasse por aquele momento, seus seios firmemente presos surgiram. Eram
voluptuosos, firmes e elásticos, e sua pele parecia vagamente translúcida sob o luar.
“Por favor.”
Ela era bonita. Este era o corpo feminino mais bonito que Zach já tinha visto em sua vida.
De todas as garotas de que Zach conheceu, a mais bonita foi uma que pertencia a uma
caravana que ele atacara. No entanto, quando chegou a vez de Zach, a garota estava exa-
usta. Ela ficou imóvel, apenas abrindo as pernas como um sapo. Ainda assim, não dimi-
nuíra nem um pouco sua beleza.
No entanto, a garota diante dele era ainda mais bonita, e ela não era indiferente como a
outra garota.
O desejo acendeu as chamas da luxúria de Zach, e o calor em sua parte inferior do corpo
começou a se espalhar de sua virilha. Ofegando como um cachorro, ele tateava o corpo
de Solution.
Zach pensou por um momento que o corpo dela era tão macio que parecia que toda a
mão dele estava dentro dela. Mas quando ele olhou para a mão, percebeu que não era
esse o caso.
A mão de Zach havia literalmente afundado no corpo de Solution.
Zach gritou de surpresa e tentou puxar a mão de volta, mas não conseguiu movê-la. Não
apenas não saia, mas também era sugada para dentro. Parecia que havia muitos tentácu-
los se contorcendo dentro de Solution, que haviam se agarrado à mão de Zach e o esta-
vam sugando.
O belo rosto de Solution não mudou mesmo sob essas circunstâncias estranhas. Ela sim-
plesmente observou Zach em silêncio. Sua expressão era a de uma cientista observando
um animal de laboratório cujo alguma substância química letal havia sido injetada, mis-
turando um frio desapego com curiosidade e excitação.
Zach fechou a mão em um punho e a moveu com toda a força no rosto belo de Solution.
Zach moveu com força total, socando com força e sem se importar se seu punho estava
ferido. Aquele rosto bonito permaneceu imóvel, apesar de um homem adulto atacá-lo
com todas as suas forças. Não parecia machucá-la.
Em vez disso, Zach ficou assustado com o que sentiu quando a atingiu.
Essa sensação era como dar um soco em algo macio, como agua ou geleia. Em circuns-
tâncias normais, deveria ter havido alguma resistência ao seu soco, mas ele não achava
que tivesse atingido o osso. Não é isso que um humano deveria ter sentido.
A cena irreal de carnificina atrás dele — esquecida devido à sua excitação — de repente
passou por sua mente.
Enquanto ela dizia isso, uma dor como o esfaqueamento de centenas de agulhas irradi-
ava de sua mão presa.
“Aaaahhhhh!”
“Agora estou dissolvendo sua mão.”
Zach não conseguia entender essas palavras frias pela agonia que o dominava. Isso não
estava mais no domínio de sua compreensão.
“A verdade é que eu gosto muito de ver as coisas se dissolverem. Portanto, achei que foi
uma feliz coincidência que você queria estar dentro de mim, Zach-san.”
Lutando contra a dor, Zach sacou sua espada curta enquanto gritava para ela. Então, ele
forçou a facada no rosto bonito de Solution, no entanto o corpo de Solution ondulou.
“Toma isso!”
O que aconteceria ao esfaquear a superfície de um lago com uma espada curta? O má-
ximo que aconteceria seriam ondulações, e foi o que aconteceu.
Solution virou-se para olhar para Zach, a espada curta estava saindo do rosto, e então
ela gentilmente disse:
“Sinto muito, mas sou resistente a ataques físicos, então um golpe como esse não pode
me prejudicar. Então eu vou dissolvê-lo.”
Um cheiro acre irritou suas narinas, e em segundos a espada curta caiu do rosto de So-
lution, a lâmina estava metade dissolvida. Assim que ela disse, seu lindo e imaculado
rosto jazia diante de seus olhos.
A agonia em sua mão estava se espalhando lentamente pelo resto de seu braço, mas o
medo da morte iminente anulava a dor, por isso Zach fez sua pergunta, mesmo enquanto
lágrimas brotavam em seus olhos.
No entanto, a resposta o fez querer enfiar os dedos nos ouvidos para negar.
“Eu sou um Slime predatório. Como o tempo é limitado, vou precisar te engolir.”
Os braços de Zach foram puxados para o corpo da Solution. Tão forte era a sucção que
Zach não pôde resistir, mesmo que fosse capaz de fazê-lo.
“Pare pare pare pare pare! Me poupe, me poupe, me poupe, por favor!”
Zach chorou e implorou, mas a força que o atraía para o corpo de Solution ainda era
muito forte, o suficiente para que um ser humano não pudesse resistir. Seus braços, seus
ombros, todos eles foram devorados continuamente.
“Lilia!”
Com aquele último grito, o rosto de Zach foi sugado pelo corpo de Solution.
E assim, Zach foi engolido inteiro, como se ele fosse uma presa de uma python.
♦♦♦
Depois de alguns minutos, não havia mais sobreviventes. O lugar estava fedendo a morte.
Não, um homem ainda sobreviveu. Ele trabalhava usando sua língua enquanto se aga-
chava perto dos pés de Shalltear, lambendo seus sapatos de salto alto. Estava limpando
a massa encefálica que os tinha espalhado depois que Shalltear tinha esmagado de brin-
cadeira o crânio de um bandido sob os pés.
“Bom trabalho ~arinsu. Então, de acordo com nosso acordo, eu não tirarei sua vida.”
O homem, com suas feições assustadas se contorceu em uma bola, olhou para Shalltear
com uma expressão agradecida em seu rosto e repetiu repetidamente para ela em agra-
decimento. Shalltear olhou carinhosamente para o homem que parecia um filhote de ca-
chorro e depois estalou os dedos.
“Drene-o.”
Uma vez que as duas Vampire Brides chegaram ao seu lado, o homem finalmente enten-
deu o que aquelas palavras significavam.
“Os undeads ainda estão tecnicamente meio vivos, então eu não estava mentindo para
você ~arinsu.”
As Vampire Brides morderam-no ansiosamente, e Shalltear olhou com o canto do olho
para o homem enquanto sua força vital era drenada para longe. Ela virou-se para Solu-
tion — que estava reorganizando o colarinho bagunçado enquanto saía detrás da dili-
gência — e disse:
“Sim, fiquei bastante satisfeita. Sou profundamente grata a você por isso.”
“Não precisa ficar em cerimônia ~arinsu. Somos servas de Nazarick, afinal. Falando
nisso, aquele humano se divertiu?”
“Minhas desculpas, eu não sabia que ele ainda estava tão cheio de energia.”
Solution proporcionou uma visão bizarra quando ela se curvou em desculpas, com o
braço ainda saindo do rosto. Ela então empurrou o braço de volta em seu rosto, sorrindo
depois que o braço agitado foi completamente engolido mais uma vez.
“É incrível como você pode engolir um homem inteiro e parecer que nada aconteceu
~arinsu.”
“Obrigada pelo seu elogio. Não é externamente visível porque o interior do meu corpo
estava originalmente vazio. Além disso, eu sempre fui uma criatura assim, então isso
deve ser o efeito de algum tipo especifico de magia.”
“Oh~ Hm, isso pode ser um pouco intrometido da minha parte, mas quando ele vai mor-
rer ~arinsu?”
“Eu poderia secretar um ácido mais forte para matá-lo imediatamente, se você quiser,
mas desde que um humano que deseja entrar em mim é uma ocasião rara, eu gostaria de
deixá-lo desfrutar de um dia inteiro.”
“Eu não ouvi nenhum grito, você corroeu a garganta com ácido ~arinsu?”
“Não, eu não fiz. Se eu dissolvesse sua garganta com ácido, ele poderia sufocar por não
conseguir respirar. Por isso, inseri parte do meu corpo nele para suprimir a voz, e tam-
bém tem o efeito de evitar maus cheiros.”
“Estou muito impressionada com a sua atitude de prestar muita atenção nos seus brin-
quedos e brincar com eles o máximo possível. Aliás, você pode corroer lugares específi-
cos com seus ácidos ~arinsu? Por exemplo, só corroendo um certo lugar?”
“De fato, essa é uma tarefa fácil de realizar. A prova disso são os pergaminhos, poções e
outros itens mágicos dentro do meu corpo, e o fato de que esses itens estão intactos. Eu
poderia me mover livremente mesmo se eu tomasse seu corpo dentro do meu, Shalltear-
sama, embora eu tivesse que pedir-lhe para que não se movesse muito.”
“Slimes predatórios são incríveis... mm. Você quer brincar comigo da próxima vez
~arinsu?”
Shalltear sorriu alegremente quando encontrou Solution olhando para as Vampire Bri-
des atrás dela.
“Essas garotas não são tão ruins, mas eu quero esperar até que alguém tente nos invadir,
depois implorarei ao Ainz-sama para entrega-los a nós ~arinsu.”
“Então, por favor, não se esqueça da minha parte. Eu gostaria de engoli-los até o peito e
expor o que sobrar. Isso deve ser bem interessante também.”
Shalltear planejou continuar, mas foi interrompida por uma voz atrás dela.
“Entendi, estou indo. Então, Shalltear-sama, embora doa meu coração sair, permita-me
me despedir.”
Shalltear olhou para Solution enquanto ela corria de volta para a diligência e depois para
Sebas, que estava sentado no lugar do condutor.
“De fato. Nós os invadiremos depois e procuraremos por qualquer pessoa interessante
que possa saber algo que agrade ao Ainz-sama ~arinsu. Caso contrário, tudo isso teria
sido uma perda de tempo.”
U asseclas-concubinas de Shalltear.
A Vampire Bride líder cuidadosamente carregava Shalltear nos braços, enquanto a que
estava atrás dela arrastava algo que parecia um tronco seco.
Elas não estavam longe do lugar onde se separaram de Sebas. Como não possuíam ma-
pas ou algo parecido, não tinham idéia de quão longe estavam do destino, a não ser que
provavelmente teriam que percorrer um longo caminho. No entanto, o tinido de metal
duro soou pelo ar, e a Vampire Bride líder parou imediatamente.
Como o caminho era estreito, uma vez que a pessoa na frente parasse, a pessoa por trás
tinha que fazê-lo também.
Assim que a Vampire Bride na frente estava prestes a responder à pergunta que vinha
de trás, ela estremeceu quando a Ama que ela estava segurando fixou-a com um olhar
frio.
Pérolas de suor frio floresciam em suas costas, porque ela estava profundamente cons-
ciente de que sua Ama não era uma pessoa gentil ou misericordiosa.
Shalltear, que estava descansando nos braços da Vampire Bride — em outras palavras,
como uma princesa sendo carregada por um príncipe — esticou as pernas em aborreci-
mento.
Pulando com extrema destreza, saltou no ar e os pés usando salto alto pisaram o chão
sob ela. O vestido caiu como uma cascata cobrindo suas pernas pálidas.
A razão pela qual Shalltear não estava correndo na floresta era porque ela sentia que
isso era um incômodo, e porque ela não queria sujar seus sapatos. Havia outra razão para
isso, mas ninguém aqui falaria, nem pensaria em fazê-lo. Mesmo em Nazarick, apenas
algumas pessoas se atreveriam a dizer isso cara a cara.
Já que eram ferramentas de transporte, as Vampire Brides não podiam parar sem ins-
truções de Shalltear. Ela não usava pernas que se moviam sozinhas.
Dependendo do motivo pelo qual elas desobedeceram seus comandos, podem acabar
sofrendo terrivelmente.
Essa foi a mensagem que os olhos de Shalltear carregaram. Não, seria uma pena se a dor
fosse tudo o que as esperava. Houve intenção assassina em sua pergunta anterior.
Na Grande Tumba de Nazarick, as vidas e mortes de todos que não fossem os NPCs cri-
ados pelos 41 Seres Supremos estavam à disposição dos Guardiões de Andar e dos de
Área. Se elas continuassem sendo irritantes a sua Ama, poderiam ser executadas no local.
Sabendo disso, a Vampire Bride — que tinha a sensação de que esta poderia ser sua
última vontade e testamento — nervosamente começou a falar:
Shalltear olhou para baixo e viu que as garras de uma armadilha de metal se fecharam
ao redor da perna esbelta da Vampire Bride.
Esta não era uma armadilha projetada para lidar com seres humanos, mas com ursos
selvagens, que eram criaturas poderosas e difíceis de lidar. Ele poderia facilmente que-
brar os tornozelos de qualquer humano — mesmo usando grevas — que fosse pego.
Mesmo quando perfurada pelos dentes de aço da armadilha do urso, que eram usados
para mancar os animais, a Vampire Brides não sentiu dor nem sofreu fraturas. Ela não
parecia ter se machucado.
As Vampire Brides poderiam resistir a danos causados por praticamente qualquer dano
físico, exceto dano infligido por armas feitas de prata ou certos outros materiais especiais
como armas mágicas com encantamentos específicos. Por ser fortificada com essa redu-
ção de danos, não havia como uma simples armadilha de urso feita de aço pudesse ma-
chucá-la.
Ainda assim, mesmo imune aos seus danos, a armadilha de urso tinha cumprido seu
outro propósito de impedir seu movimento.
Como a armadilha não estava coberta de veneno, ficou claro que não pretendia matar
sua presa. Sua finalidade era impedir seus alvos, desacelerando a caça, forçando-os a li-
dar com uma casualidade (destino).
Shalltear permaneceu em silêncio, mas balançou a cabeça como se dissesse: Não dá para
evitar.
“Sim! Imediatamente!”
A visão de uma linda garota abrindo uma armadilha de ursos parecia surreal, mas qual-
quer um que conhecesse a força de uma Vampire Bride não acharia estranho.
“Ainda assim, o fato de haver uma armadilha aqui sugere que estamos perto do nosso
destino. Achei que ainda estávamos bem longe ~arinsu.”
Depois disso, a Vampire Bride na parte traseira despejou o objeto que ela estava carre-
gando no chão.
Era um cadáver humano, dessecado e mumificado. No entanto, ela não estava carre-
gando um cadáver comum. Possuía uma vida falsa, se mostrava quando agitava-se rigi-
damente.
Seus braços pareciam ramos murchos que brotavam garras afiadas, e pontos de luz ver-
melha brilhavam em suas órbitas vazias como as de um vampiro. Caninos anormalmente
afiados brilhavam dentro de sua boca entreaberta.
[Vampiro M e n o r ]
Este era um monstro chamado Lesser Vampire.
Foi tudo o que restou do bandido que tinha sido exsanguinado pelas Vampire Brides.
O vampiro assentiu profundamente com sua Ama, fazendo um som que estava em algum
lugar entre um gemido e um grunhido.
“—Ele diz que sim, Shalltear-sama.”
Não deveria existir apenas isso. Deveria ter haver fazedores de ruído e armadilhas de
apoio como complemento. No entanto, elas não haviam detectado tais armadilhas.
“...Bem, esqueça ~arinsu. Não é como se vocês tivessem alguma habilidade de detecção...”
As Vampire Brides — incluindo a sua Ama — não possuíam qualquer habilidade de de-
tectar armadilhas, essa é a razão pela qual tinham sido autorizadas a viver depois de fa-
lharem na detecção da armadilha de urso. Talvez sua Ama sentisse que era ilógico punir
por não fazer algo que estava completamente fora da alçada de habilidades.
Solution tinha níveis em profissões do tipo Assassino e, com suas habilidades de Ladino,
ela poderia facilmente descobrir essas armadilhas.
“Meh, não faz sentido reclamar sobre o sangue derramado. Então, vamos nos apressar
e ir para o covil dos bandidos~ arinsu.”
♦♦♦
Logo, elas alcançaram o esconderijo dos mercenários. Embora ainda estivessem na flo-
resta, as árvores estavam ficando mais finas e, além desse lugar, não havia mais árvores,
apenas um campo coberto de vegetação rasteira cheio de pedras.
Havia um grande buraco no centro de uma depressão em forma de tigela, da qual saíam
leves raios de luz. A julgar pelo ângulo da luz, deve haver um caminho inclinado mais
abaixo.
Havia duas formas perto da entrada da caverna. Era evidente em um relance que eles
haviam sido deliberadamente posicionados ali.
Eram barricadas de madeira arredondadas que chegavam até a altura da barriga de um
homem, embora não fossem dignas de nota. Eram pouco mais que uma pilha de toras de
madeira, mas havia uma sentinela de cada lado.
Parece que a intenção era usar os troncos como cobertura de ataques à distância, para
que pudessem se proteger se o inimigo atirasse com arcos, isso daria tempo para entrar
e avisar seus companheiros.
Além disso, havia grandes sinos nos ombros das sentinelas. Mesmo se fossem de alguma
forma abatidos por um ataque furtivo, o som dos sinos alertaria seus amigos da presença
de inimigos.
Essa situação era insolúvel por meios puramente físicos, mas havia uma maneira de ul-
trapassá-la.
Shalltear ponderou qual desses métodos seria o mais divertido, então percebeu que ha-
via uma informação importante que ela não tinha.
Esta defesa robusta poderia ser usada para afastar os inimigos de emboscada ou permi-
tir que um homem acabe com uma horda. No entanto, Shalltear e suas seguidoras eram
diferentes.
Encará-los de frente não representaria problema para pessoas que eram tão inimagina-
velmente poderosas que poderiam esmagar humanos como insetos. A única considera-
ção relevante era se houvesse uma saída pela qual a oposição pudesse fugir.
“Será que é o caso ~arinsu? Então, já que estamos aqui, não há necessidade de se escon-
der nas sombras. Honestamente, eu não estou acostumada com esse tipo de coisa mesmo
~arinsu.”
“Afinal, em qualquer lugar que a senhorita vá, com certeza brilhará, Shalltear-sama.”
Ignorando a Vampire Bride implorando perdão com a cabeça abaixada, Shalltear esten-
deu a mão e agarrou o corpo do Lesser Vampire.
“Eu confiarei o pesado dever de ser a vanguarda a você ~arinsu. Agora vá.”
Seus esbeltos braços viraram um borrão e o Lesser Vampire rasgou o ar antes de atingir
uma das sentinelas. Devido ao giro dado durante o lançamento, o Lesser Vampire girou
várias vezes antes de acertar o homem.
A força do impacto foi além da imaginação. Não apenas a cabeça da sentinela, mas até o
peito dele jorrou sangue em todas as direções.
O cheiro de sangue fresco pairava no ar, e o outro homem não conseguia analisar o que
acabara de acontecer diante de seus olhos. Tudo o que ele podia fazer era olhar aturdido
para o destino trágico de seu colega.
Ainda assim, isso foi uma visão bastante divertida para quem o lançou.
“Strike~”
Além disso, originalmente era um ser humano. Shalltear nem se lembrava do que ela lhe
prometera antes.
Shalltear olhou entre as duas Vampire Brides. Eles receberam a mensagem e apressa-
damente passaram por ela uma pedra que era adequada para atirar.
“Yoi-sho~”
Quando ouviu o som de um sino à distância, Shalltear pegou uma pedra que era ligeira-
mente maior que sua mão.
Sua mão delicada se movia com uma velocidade chocante. No momento seguinte, Shall-
tear observou os resultados à distância e alegremente pronunciou:
Então, o som de uma sentinela gritando sobre um ataque inimigo alcançou os ouvidos
de Shalltear. Parece que outra sentinela ouviu o som do sino.
Quando ela olhou dentro da caverna, que parecia estar ficando mais ruidosa e mais rui-
dosa, Shalltear sorriu gentilmente antes de pedir:
“Então vamos. Você, vigie de cima de uma árvore próxima e tenha certeza de que nin-
guém escapará ~arinsu. Você, será a vanguarda que abrirá caminho para mim. No en-
tanto, diga-me se encontrar alguém mais forte do que o resto. Eu quero brincar com eles
~arinsu.”
“Sim, Shalltear-sama.”
“Vão.”
Tendo recebido suas ordens, a Vampire Bride deu um passo à frente, aproximando-se
lentamente da entrada da caverna—
A terra desmoronou — não, a terra não desmoronou. Ela havia caído em uma armadilha.
Talvez Shalltear pudesse ter sido capaz de evitar a armadilha antes de cair nela, mas as
reações da Vampire Bride não foram suficientes para fugir de uma armadilha onde a
terra desapareceu sob seus pés.
“Ehhhhh~”
Ainda assim, a Vampire Bride era um vassalo de baixo nível que não tinha nenhuma
habilidade especial para detectar armadilhas, então não havia nada para culpá-la. Foi por
isso que ela foi perdoada mais cedo. Ainda assim, mesmo que entendesse o porquê isso
acontecera, Shalltear ainda fazia um barulho de aborrecimento. Depois disso, ela sorriu
docemente. Aquele não era um sorriso nascido de bondade, satisfação ou mesmo emba-
raço.
Se for pensar bem, ela deveria ter previsto que eles colocariam uma armadilha na frente
da entrada da caverna. No entanto, irritou-a que ela não tivesse visto através dessa cons-
tatação, e ainda tivesse caído. Foi com um coração fervendo com tais emoções que ela
sorriu.
Shalltear Bloodfallen era uma Guardiã da gloriosa Grande Tumba de Nazarick. O fato de
uma serva de um indivíduo tão poderoso ter caído por uma armadilha como essa era
totalmente intolerável.
Uma voz cheia de intenção assassina vazou entre os lábios carmesins de Shalltear:
Com um grande pulo, a Vampire Bride pulou do buraco e aterrissou ao lado dela. Em-
bora suas roupas estivessem manchadas de lama, não havia sinal de que ela tivesse se
machucado.
“Esqueça, apenas entre lá. A menos que você queira que eu te arremesse como fiz agora
a pouco, quer ~arinsu?”
Como Shalltear estendeu a mão com um gesto de agarrar, a Vampire Bride lamentou em
reconhecimento e imediatamente correu para a caverna. Shalltear seguiu vagarosamente
atrás dela, caminhando lentamente para a caverna.
Parte 2
Quando o clamor de fora se filtrou na sala privada, a mão que trabalhava em uma arma
parou e um par de orelhas se ergueu.
Eles foram atacados, mas ainda não havia idéia dos números dos atacantes e de suas
habilidades. Era parte do treinamento gritar alto aquela informação quando sofressem
ataque.
Ele ainda podia ouvir alguma coisa. Este lugar poderia ser uma sala privada, mas estava
dentro de uma caverna e tinha apenas uma cortina no lugar de uma porta. A única coisa
que separava este lugar da entrada, era a distância, a cortina poderia ser grossa, mas o
som ainda podia entrar.
Havia cerca de 70 pessoas no bando de mercenários conhecido como a Brigada do Alas-
tramento Mortífero. Eles não eram tão fortes quanto ele, mas ainda eram veteranos gri-
salhos.
Um ataque de um pequeno número de homens não causaria tal caos. Com isso em mente,
pode ser razoável deduzir que uma grande força desceu sobre eles. No entanto, isso não
explicava o porquê não havia som de uma grande tropa do lado de fora, por isso os ini-
migos não seriam tão numerosos.
Isso pode explicar esse sentimento estranho de atacantes que eram poucos em número
e possuíam grande poder de luta.
Ele lentamente se levantou pendurando uma arma na cintura. Ele colocou uma camisa
de cota de malha, que não demorou muito tempo para vestir. Então, ele colocou uma al-
gibeira de couro com vários frascos de poções no cinto e a amarrou. Já que ele já estava
usando seu colar e anéis encantados, seus preparativos estavam completos agora.
Ele jogou a cortina para o lado antes de entrar em um caminho central dentro da caverna.
Ele era alto, mas não magro. O corpo sob suas roupas era tão sólido quanto aço. Ele não
havia aperfeiçoado seu físico através de treinamento de força, mas através de batalhas
carnais.
Seu cabelo estava desleixadamente cortado e, portanto, parecia irregular. Tinha uma
aparência bagunçada. Seus olhos castanhos olhavam intensamente para frente, e o canto
de sua boca estava enrolado no começo de um sorriso de escárnio. Seu queixo estava
coberto de barba que parecia bolor.
Embora ele parecesse bastante desleixado, seus movimentos eram ágeis e graciosos,
como os de uma fera.
Quando este homem chegou à entrada, que estava sob ataque, outro homem irrompeu
da outra direção. Ele parecia bastante familiar — ele era um mercenário da Brigada.
Quando o mercenário o viu, uma expressão de triunfo floresceu em seu rosto.
“O que aconteceu?”
“Eu sei que o inimigo está atacando. O que eu quero saber é quantos estão lá? Quem são
eles?”
Brain inclinou a cabeça no que pareceu uma perplexidade, e então caminhou em direção
à entrada da caverna, através da qual o clamor se derramou.
A mais forte equipe de aventureiros do Reino se chamava “Rosa Azul” e era composta
de cinco mulheres. Uma delas era uma velha senhora. Ela e Brain trocaram golpes, e am-
bos os lados tinham saído cobertos de feridas. Ele também ouvira dizer que os assassinos
mais fortes do Império, aparentemente eram mulheres.
Mulheres poderosas não eram exatamente uma raridade. Embora as mulheres tivessem
corpos mais fracos do que os homens, a magia poderia facilmente cobrir essa lacuna.
E, claro, se alguém com habilidades físicas poderosas fosse aumentado com magia igual-
mente poderosa, o resultado seria alguém invencível.
O respeito de Brain por essas adversárias era grande, Ainda mais por serem poucos con-
tra os muitos. Seu sangue ferveu em seu peito, uma luxúria de batalha que parecia uma
fome de lutar com oponentes poderosos.
“Hm, não há necessidade de você vir. Apenas certifique-se de guardar bem o interior.”
♦♦♦
Originalmente, ele não era nada mais que um fazendeiro despretensioso. No entanto,
ele possuía um dom natural, que era a aptidão para esgrima. Com a ajuda dessa aptidão,
ele era praticamente invencível, desde que tivesse uma arma na mão. No campo de bata-
lha, ele não tivera nenhum ferimento mais grave que um arranhão e poderia ser descrito
como um espadachim gênio.
Nunca tendo conhecido a derrota na esgrima, ele percorreu um caminho eterno de vi-
tória.
Ninguém, nem ele próprio, duvidara disso. Mas o torneio marcial do Reino mudou o
curso de sua vida.
No começo, ele não se juntou para vencer. Ele simplesmente pretendia deixar todo o
Reino saber de suas proezas. Seu objetivo era deixar todo mundo esmagado a seus pés.
No entanto, ele mal podia acreditar no resultado daquele torneio.
Derrota—
Pela primeira vez desde que ele pegou uma arma — não, pela primeira vez em sua vida,
ele havia sido derrotado.
O homem que o derrotou foi Gazef Stronoff. Ele era agora o Capitão Guerreiro do Reino
e o mais poderoso guerreiro das nações vizinhas.
Antes de se encararem, os dois rapidamente abriram uma brecha através de suas res-
pectivas divisões. No entanto, a intensa batalha entre eles consumiu todo o tempo que
eles salvaram.
No final, Gazef conquistou a vitória com o movimento chamado 《Corte de Luz Quadru-
plo》. O conto dessa luta foi imortalizado em música e história. Além disso, a ascensão
de Gazef, um plebeu, à posição de Capitão Guerreiro era prova de quão espetacular essa
batalha fôra. Mesmo os nobres que o detestavam não podiam descartá-lo como um fraco.
Depois de ficar em reclusão por mais de um mês, Brain rompeu o desespero que levaria
alguém a beber e se recompôs.
Ele recusou ofertas de emprego de vários nobres, tendo decidido pela primeira vez em
sua vida a se fortalecer.
Ele não queria trabalhar para os nobres porque não queria que seus talentos apodre-
cessem. Uma vez que precisaria de parceiros de treino enquanto aprimorava as artes
marciais. Poucas discussões sobre essa teoria não foram suficientes. Além disso, havia
vocações que lhe permitiam lutar com frequência e ganhar um bom salário.
Ele não escolheu o caminho lucrativo do aventureiro porque os aventureiros não tinham
muitas chances de matar pessoas. Claro, eles lutaram com muitos monstros, mas o obje-
tivo final de Brain era derrotar Gazef. Com isso em mente, ele teve que treinar lutando
com outros humanos.
Dentro desta gama limitada de opções, Brain escolheu se juntar à Brigada do Alastra-
mento Mortífero. Com certeza, eles eram apenas um bando de mercenários, mas qual-
quer companhia mercenária era o suficiente.
Esse era limpar sua vergonha anterior e vingar sua derrota com a vitória.
Para alcançar este objetivo, ele precisava de maiores habilidades. Brain estava disposto
a sacrificar qualquer coisa por uma arma que combinasse com suas habilidades.
Armas mágicas eram muito caras, mas ele não procurava algo tão simples quanto uma
arma mágica.
No sul, longe do Reino, havia uma cidade no deserto. Histórias de lâminas que cortavam
aço como manteiga vieram de lá, armas que eram muito superiores às armas mágicas e
fracamente encantadas, ou mesmo sem encantamentos. Essas espadas exigiam preços
impressionantes, o suficiente para fazer com que os olhos saíssem quando se ouvia falar
deles. Era esse tipo de arma que Brain queria.
Atualmente, as habilidades do Brain atingiram seu limite. Ele estava bastante confiante
de que poderia derrotar qualquer um facilmente, mesmo que seu oponente fosse Gazef.
Mesmo assim, ele não permitiu que isso subisse à sua cabeça e continuou treinando a si
mesmo todos os dias.
Toda vez que ele fechava os olhos, ele via aquela cena de novo.
Ele viu aquela cena do torneio marcial, aquela bela batalha com Gazef. Ele evitou aquele
golpe que ninguém conseguira evitar e revidou com quatro golpes simultâneos.
Como ser derrotado até então era algo impossível em sua mente, tudo o que ele conse-
guia ver era a forma nobre do homem que o espancara, marcado em sua mente.
♦♦♦
Brain caminhou até a entrada da caverna, e o leve cheiro de sangue saudou seu nariz.
Os gritos pararam. Isso significava que todos os seus companheiros perto da entrada ha-
viam sido massacrados. Mesmo após ter passado dois ou três minutos.
Deveria haver pelo menos dez mercenários na entrada. Suas ordens foram para segurar,
ganhar tempo para os outros se prepararem para a guerra. Mas pensar que alguém ma-
tou todos esses mercenários em tão pouco tempo...
“Se houver apenas duas intrusas, isso significa que suas habilidades devem estar no
mesmo nível que as minhas.”
Enquanto andava facilmente para frente, ele bebeu uma poção da algibeira em sua cin-
tura. O líquido incrivelmente amargo fluiu por sua garganta e em sua barriga. Ele bebeu
o outro frasco e—
Uma onda de calor se expandiu de suas entranhas, fluindo para todos os cantos de seu
corpo. Em resposta a esse calor, ele podia ouvir seus músculos inchando e apertando.
Este rápido aumento muscular foi o resultado da magia contida dentro da poção.
A primeira poção mágica que ele tinha bebido continha o efeito da magia 「Lesser
Strength」, seguido por um que lhe conferia 「Lesser Dexterity」.
Não havia necessidade de ingerir as poções. Elas começariam a funcionar quando uma
certa quantidade de líquido fizesse contato com seu corpo. No entanto, Brain sentiu que
elas seriam mais eficazes quando bebidas, ao invés de aplicadas na pele. Claro, isso po-
deria ter sido apenas um capricho seu, mas caprichos como esse às vezes davam origem
a poder surpreendente.
Depois disso, ele ungiu sua katana com um óleo. O dito óleo deixava um leve brilho
branco-azulado em sua lâmina, antes de desaparecer quando foi absorvido pelo metal.
Aquele óleo conferia os efeitos de uma magia conhecida como 「Magic Weapon」, en-
cantando temporariamente sua espada com magia e aumentando de afiação.
Em resposta a essas palavras de comando, uma onda sutil de poder mágico se espalhou
do colar e anel de Brain para envolver seu corpo.
[ C o l a r d o Olho]
O Necklace of Eye era um colar que protegia a capacidade de ver, garantindo resistência
à cegueira, visualização no escuro, compensação de reflexo e outros efeitos. Não havia
sentido em um guerreiro ter a melhor arma se ele não conseguisse acertar, afinal. Uma
tática comum de aventureiro era impedir a visão e finalizar o inimigo atacando com ar-
mas longas a distância. O fato era que Brain havia sofrido esse tipo de problemas nas
mãos de aventureiros antes de obter esse colar.
Depois disso, ele ativou um item que poderia armazenar e liberar magias de baixo nível,
[ A n e l d o V í n c u l o Mágico ]
o Ring of Magic Bind. O efeito que liberou foi um dano reduzido de energia, 「Lesser Pro-
tection Energy」.
Ele respirou fundo várias vezes, expulsando o calor intenso que se formava dentro de
seu corpo.
Na atual circunstância, Brain — seu corpo reforçado por vários efeitos — era um espa-
dachim que estava no auge da humanidade. Ele estava absolutamente confiante em sua
capacidade de luta, e um sorriso selvagem floresceu em seu rosto.
♦♦♦
“Dificilmente ~arinsu. Eu não sei se é porque essas pessoas são muito fracas, mas não
estão enchendo a 「Blood Pool」.”
Foi uma resposta bastante casual as boas-vindas de Brain. Pode ter sido porque a opo-
sição sabia que Brain viria diretamente para elas. De sua parte, Brain não tinha intenção
de se esconder, então talvez essa reação fosse apenas esperada.
Enquanto ele olhava para as intrusas à sua frente, Brain franziu ligeiramente a testa.
Ele disse que havia duas mulheres, mas não passa de uma menininha, e elas estão de ves-
tido...?
Ainda assim, Brain deixou de lado esses pensamentos, porque acima da cabeça daquela
menina inimaginável e bonita pairava um orbe que parecia ser feito de sangue fresco.
“Não acho que eu já vi essa magia antes... vocês são duas magic casters?”
“Eu sou uma magic caster divina que venera o Sangue Primordial, a Divina Ancestral de
Cainabel ~arinsu.”
“Isso está correto, mas ele foi derrotado pelos Seres Supremos. Aparentemente, ele era
apenas um “chefão fraco de evento”, ou algo assim. Ninguém esperaria nada menos do
Ser Supremo ~arinsu.”
Brain olhou para longe da garota resmungando e virou os olhos para a mulher que pa-
recia uma seguidora. Aquela mulher também era uma beldade, com seios grandes, cheios
de um almíscar erótico que excitava os sentidos.
Seu vestido branco estava salpicado de manchas vermelhas. Isso implicava que ela era
a vanguarda.
“Não importa, estou pronto. Eu posso esperar por você, se não tiver, que tal?”
A menina olhou para Brain em surpresa. Então ela cobriu a boca e riu baixinho.
“Como é valente. Você realmente vai ficar bem sozinho? Eu não me importo se você cha-
mar todos os seus amigos ~arinsu.”
“Um bando de crianças não pode prejudicá-la, certo? Então eu serei suficiente.”
“Não posso fazer nada se não tem noção do quão alto as estrelas estão, não é mesmo?
Pensamentos infantis como ser capaz de tocar as estrelas combinam com uma garota
com sentimentos infantis como a Aura. Mas são repugnantes quando os ouve vindo de
um adulto ~arinsu.”
“E por que essa pessoa não existe? O que uma garotinha como você sabe sobre os sonhos
de um homem?”
Brain levantou sua lâmina, nivelando sua ponta para as duas. Ao ver isso, a garota olhou
aborrecida para o teto, depois para a frente e então—
“Ataque-o.”
“Haaaahhhh!”
Enquanto Brain gritava, trouxe sua katana para baixo com um balanço vigoroso. Tama-
nho poder poderia dividir um guerreiro blindado em duas partes, ele correu pelo ar como
um furacão.
“Kuh!”
Contra-atacada no meio de seu avanço, a mulher saltou para longe enquanto pressio-
nava a mão contra o peito. O corte começou no ombro esquerdo e chegando até um dos
seios.
Parte disso era porque ele não pôde acabar com ela em um único golpe, mas havia algo
mais que Brain não entendia. A razão era, o ombro da mulher não estava sangrando. San-
gue deveria estar jorrando em circunstâncias normais.
Enquanto esse pensamento passava pela mente de Brain, ele viu o que estava aconte-
cendo na ferida sob a mão da mulher e estreitou os olhos.
A ferida no ombro estava se curando lentamente. Ele ouvira falar de certas magias de
cura que funcionavam rapidamente, mas isso não parecia uma delas. Sendo esse o caso,
havia apenas uma resposta.
Seu oponente era um monstro com poderes de regeneração. Seus caninos afiados esta-
vam expostos e suas pupilas vermelhas estavam cheias de hostilidade. Ela parecia quase
o mesmo que um ser humano...
Enquanto ponderava sobre esses fatos, Brain finalmente deduziu a verdadeira identi-
dade do monstro.
“Uma vampira... não? Habilidades especiais incluem... cura rápida, olhos místicos de
charme, drenagem de vida, criação de servos através de drenagem de sangue, resistência
a dano de arma e resistência ao frio? Também deveria haver... ah, esqueça.”
Não havia necessidade de se preocupar com o resto. Com isso, ele agarrou o punho de
sua katana mais uma vez.
Os olhos da mulher se arregalaram e suas pupilas vermelhas pareciam anormalmente
grandes.
“...Olhos místicos, huh? Minha vontade não é fraca o suficiente para ser afetada por esse
tipo de coisa.”
Tendo desembainhado a espada, o coração de Brain também era como uma espada, cor-
tando sem esforço através do controle mental regular.
A Vampire Bride mostrou suas presas para assustá-lo, mas essa tentativa de intimidação
foi tingida por seu próprio medo. Se ela sentisse que era a mais forte, então tudo o que
ela precisaria fazer era partir para cima sem se preocupar com as táticas de intimidação.
Em outras palavras, ela sentiu que precisava tomar cuidado com ele após o contra-ataque,
ou talvez porque sentia que ele era um adversário forte.
“Muito esperta. Ainda assim, uma fera tomando uma decisão como essa é pouco mais do
que instinto...”
Brain avançou lentamente na Vampire Bride, que recuou firmemente no tempo com
seus movimentos.
Brain zombou com tédio. A Vampire Bride parecia pensar que seu oponente estava pro-
vocando e então ela parou de recuar, mas em vez disso deu um passo à frente.
Os dois estavam a cerca de três metros de distância; uma distância que a Vampire Bride
poderia cobrir em um único salto. Mesmo assim, ela não atacou, porque temia as habili-
dades Brain. E então a Vampire Bride sorriu e estendeu a mão.
“「ShockWave」.”
Uma onda de choque percorreu o ar em direção a Brain. Dado que essa magia poderia
facilmente arrancar uma armadura de placas completa, isso poderá prejudicar grave-
mente Brain — que usava apenas uma cota de malha em formato de camisa — se o atin-
gisse. Além disso, segurar aquela única magia como essa pode mudar o curso desta bata-
lha, dada a diferença nos atributos físicos fundamentais de ambas as partes.
“Só sorria depois de ter certeza que acertou o alvo. Claro, a menos que você queira que
eu veja através do seu ataque.”
—Ele estava ileso.
O riso de zombaria de Brain soou depois de evitar facilmente a onda de choque invisível.
A Vampire Bride entrou em pânico e recuou. Originalmente, ela acreditava que os huma-
nos eram uma espécie inferior e o menosprezara. No entanto, a expressão de seu rosto
era agora de choque, já que suas suposições haviam sido rejeitadas.
Brain não mostrou isso em seu rosto, mas ele sabia que tinha que mudar suas táticas
agora, porque ele não esperava que seu inimigo usasse magia também.
O alvo de Brain era o homem chamado Gazef. Ele deseja cruzar espadas com ele. Por-
tanto, seu conhecimento de magia não era tão grande quanto seu conhecimento de lâmi-
nas. Ele não conhecia os mistérios da magia e não tinha idéia de que tipo de truques seu
oponente faria em seguida.
A moça parada nos bastidores estava descontente com esse impasse e não conseguiu
mais esconder seu aborrecimento.
A garota estalou o dedo, e o som nítido e claro fez o corpo da Vampire Bride estremecer.
Foi uma oportunidade perfeita para atacar, mas Brain não o fez. Ele desviou sua atenção
da Vampire Bride de frente para a garota.
Ela era delicada, embora fosse factual que seus seios fartos fossem dissonantes de seu
corpo magro. Seus braços delicados pareciam frágeis o suficiente para que Brain sentisse
que poderia quebrá-los se exercesse toda a sua força.
Havia muitos tipos de magic casters divinos. Talvez ela não fosse uma Clériga de corpo
a corpo, mas uma Sacerdotisa orientada por magia, ou talvez ela fosse um Bispo, especi-
alizada em lançar magias.
No entanto, ela estava ordenando para lutar no lugar de uma vampira. Isso implicava
que ela estava confiante da vitória, mesmo sem sua vanguarda. O que isso significava —
enquanto Brain pensava sobre isso, ele sorriu.
Não parece um comando para uma criatura invocada. Isso significa que ela deve ser uma
vampira também.
Além disso, dada a atitude da garota, ela deve ser uma de uma ordem superior de Vam-
piro. As aparências do monstro muitas vezes não correspondem às suas habilidades reais,
por isso não seria estranho que o corpo daquela menina possuísse habilidades físicas
mais altas do que o vampira de agora. Além disso, ela havia observado a proeza de com-
bate formidável de Brain e ainda escolhida para entrar em campo.
Uma senhorita que pode assustar uma vampira... Parece que ela vai ser um adversário
difícil. Preciso estar em guarda.
Enquanto avaliava a garota, Brain continuou refletindo sobre sua verdadeira identidade.
[V ampir os Sob eranos ]
Falando da senhorita vampira, ela poderia ser um daqueles lendários Vampirelords? Eu
ouvi que havia uma delas que ganhou o título de “Landfall” por destruir uma nação... no
entanto, as histórias também dizem que ela foi exterminada pelos Treze Heróis.
Se ela tivesse sido derrotada por heróis no passado, então seu oponente dificilmente
seria invencível.
Brain apertou o punho de sua katana, lentamente mudando para uma posição de ataque.
Depois que Brain se identificou para esse poderoso inimigo, a garota reagiu de maneira
surpreendente; Ela arqueou uma sobrancelha para ele.
“Ah! Você queria saber meu nome ~arinsu. Cocytus concederia isso imediatamente, mas
eu nunca olhei para pessoas assim antes, então demorei um pouco para entender a cor-
tesia. Minhas desculpas, mas você deveria ter me perguntado antes ~arinsu.”
A garota pegou a bainha de sua saia e fez uma reverência elegante, como uma dançarina
em uma dança de salão.
♦♦♦
Essa elegante reverência foi dirigida a um homem que estava diante dela com uma lâ-
mina desembainhada. Ele não tinha certeza se ela sabia que não seria atacada, ou se es-
tava confiante em lidar com qualquer ataque que viesse. A julgar pela expressão, parece
ser o último caso— “Alguém como você não é nada para se ter medo”.
Essa arrogância era uma das armas que a humanidade poderia usar para derrotar mons-
tros, cujo poder superava o dos seres humanos. Na verdade, Brain havia experienciado
este tipo de oportunidade antes de derrotar vários monstros que eram mais poderosos
que ele.
A coisa mais importante era — ele podia zombar deles depois de derrotá-los. Depois ele
dizia: “Você pode desprezar algumas pessoas, mas não outras”.
—Artes marciais.
“Hmph, eu não preciso de artes marciais para uma pirralha como você.”
Respondeu Brain. Era uma mentira, claro. Ele não era estúpido o suficiente para anun-
ciar seu Ás na manga para seus oponentes.
Ele concentrou sua mente em um único ponto, e no momento em que estava totalmente
concentrado, sua consciência se recuperou, expandindo-se para os arredores. Suas per-
cepções estavam em um nível em que ele estava totalmente ciente de tudo ao seu redor;
sons, o ar e outros fenômenos sensoriais. Este movimento foi uma das artes marciais ori-
ginais que ele criou — 《Campo》.
Seu alcance não era grande, apenas cerca de três metros de raio, mas a arte marcial lhe
permitiu perceber tudo dentro desse raio. Talvez seja mais fácil explicar isso como um
aumento de precisão e evasão enquanto estiver nessa área.
Combinado com o corpo aprimorado de Brain, essa arte marcial possuía um poder ex-
traordinário.
Ele estava confiante de que poderia sair ileso sob uma chuva de flechas. Além disso, sua
precisão era tal que ele podia dividir até um pequeno grão de trigo em dois.
Em adição—
Todas as coisas vivas morrem quando as armas atingiram seus pontos vitais. Assim,
tudo o que era preciso fazer era dominar técnicas que pudessem atingir com precisão os
referidos sinais vitais.
Em vez de aprender uma ampla gama de técnicas, ele havia se concentrado em um único
objetivo. Seu objetivo era atacar mais rápido que seu oponente, acertar com precisão um
único golpe fatal e, no curso de seus estudos, ele havia mestrado uma segunda arte mar-
cial única — 《Lampejo Instantâneo》.
Esse golpe de alta velocidade era rápido o suficiente para ser inesquivável, mas ele não
parou por aí.
Seu treinamento depois disso foi extraordinário, sempre em busca do auge da excelên-
cia. Ele deve ter praticado centenas de milhares, não, milhões de vezes. Seu uso inces-
sante do 《Lampejo Instantâneo》fez com que os calos crescessem nas palmas das mãos,
especializando-se na execução da técnica, seus calos cresceram no formato do punho da
espada.
Em sua busca incessante pela perfeição, ele mais uma vez deu origem a uma nova téc-
nica.
Ele poderia cortar seu inimigo tão rapidamente que o sangue não iria nem grudar na
lâmina. Sentindo que ele havia alcançado o reino dos deuses, ele chamou essa técnica de
《Lampejo de Deus》.
Uma vez que ele combinasse essas duas artes marciais, 《Campo》 que garantia o
acerto e 《Lampejo de Deus》que atingia a velocidade divina, não havia como alguém
conseguir evitar ser morto em um só golpe.
Seus ataques foram direcionados aos pontos vitais de seus oponentes; especificamente,
seus pescoços.
Foi nomeado assim dado ao som que o sangue de seu oponente fazia enquanto espirrava
dos pescoços decepados.
Contra Vampiros, provavelmente não haveria spray de sangue, mas ser capaz de cortar
o pescoço de seu inimigo provavelmente contava como uma vitória.
Quando ela olhou para Brain, que ficou em silêncio e não fez nada além de respirar,
Shalltear encolheu os ombros em tédio.
“Estou pronto para começar, por isso, se tiver algumas últimas palavras, sinta-se à von-
tade para as dizer~.”
Venha—
Ela está de sacanagem comigo!? Vamos ver se ainda estará calma depois que sua cabeça
bater no chão.
Brain não disse isso. Ele sentiu que isso iria quebrar sua concentração e desperdiçar seu
esforço.
Ele sentiu que ela era tola, mas não havia como ele ser fácil para ela.
Brain passou a usar 《Impulso de Habilidade》. Ele estava esperando por seu oponente
para entrar em na área de seu 《Campo》, que também era seu alcance impressionante,
e uma vez que ela fizesse isso ele atacaria. Monstros arrogantes que se achavam mais
poderosos que os outros eram todos assim. Afinal, os humanos eram criaturas fracas com
habilidades físicas inferiores e nenhuma habilidade especial digna de nota.
Brain devaneava que as artes marciais foram criadas para lutar contra seres que eram
mais fortes que os humanos.
Monstros arrogantes muitas vezes resistiriam quando encurralados. Se ele não pudesse
acabar com ela em um golpe, ela provavelmente instruiria a serva Vampira a vir ajudá-
la. Então a batalha se tornaria dois contra um, e até mesmo Brain seria pressionado a
segurá-las.
Ele riu da abordagem de lazer de seu oponente; talvez ela não soubesse que caminhava
em direção ao matadouro.
...Mais um passo.
E então—
Com essa declaração mental, Brain atacou com todas as suas forças.
“Hoo!”
Eu ganhei.
Ele havia errado o ataque. O golpe em que ele derramara todo o seu ser havia sido evi-
tado.
Se isso tivesse acontecido, ele poderia admitir que havia encontrado um oponente ini-
maginavelmente poderoso.
Contudo—
Além disso, ela segurava a lâmina suavemente, como se fosse as asas de uma borboleta.
Brain não pôde deixar de arquejar pesadamente, quando sentiu o ar parecer congelar
ao seu redor.
“...Im-Impossível...”
Aquelas palavras quase inaudíveis acompanharam cada suspiro que ele fez.
Brain lutou desesperadamente para conter os tremores dentro dele, de como a cena di-
ante de seus olhos totalmente desafiou suas expectativas. No entanto, era um fato inegá-
vel que havia dois dedos de Shalltear, pálidos como marfim, no corpo de sua lâmina — o
polegar e o indicador.
Mais do que isso, ela não estava segurando a lâmina pelo fio, mas sim pelo dorso da
lamina. Sem tentar bloquear a trajetória do golpe, ela alcançou a velocidade da katana —
com a velocidade do 《Lampejo de Deus》.
Embora parecesse estar agarrando a lâmina cautelosamente, com quase nenhum es-
forço, Brain não conseguia mover a espada para trás ou para frente, apesar de usar toda
a força de seu corpo. Era como puxar uma corrente presa a uma pedra várias centenas
de vezes seu próprio peso corporal.
E então, a força exercita em sua espada subitamente aumentou, quase desequilibrando
Brain.
“Hmph, Cocytus tem várias dessas, mas desde que há uma diferença astronômica entre
os empunhadores, não vale a pena ficar atenta ~arinsu.”
Quando Brain entendeu o que ela dissera, o interior de sua cabeça ficou branco.
Mesmo assim, ele se recompôs novamente. Isso porque ele havia sido derrotado uma
vez, e assim como um osso quebrado se tornava mais grosso e mais forte, ele havia de-
senvolvido uma resistência à condição de derrota.
Ele tinha que acreditar no fato de que dedos delgados poderiam facilmente segurar seu
ataque mais rápido.
Seu rosto quase empalideceu com o peso daquele choque, Shalltear franziu as sobran-
celhas, e ele ficou surpreso com esse desenvolvimento.
“Você entende, certo ~arinsu? Você não pode me vencer sem usar artes marciais. Se
você entende, por favor, não hesite. Você não deveria vir com tudo agora?”
Quando essas palavras cruéis alcançaram seus ouvidos, Brain não pôde deixar de amal-
diçoar:
Depois de largar a katana, Shalltear saltou de volta para sua posição original, com pre-
cisão de milímetros.
O sorriso de satisfação de Shalltear combinado com aquelas palavras era ideal para fa-
zer o sangue de Brain ferver.
Quanto mais você vai me desprezar?
Em vez disso, quando Brain percebeu que seu oponente era poderoso o suficiente para
que pudesse desprezar alguém como ele, que havia alcançado os limites da força humana,
o sentimento de medo não pode ser evitado.
Brain sempre sentiu que viver era a coisa mais importante. Se ele foi superado, ele de-
veria correr, e apagar sua vergonha em um encontro posterior. Brain sentiu que, en-
quanto ele sobrevivesse, ele poderia reivindicar a vitória, porque ele tinha certeza que
ele poderia ficar mais forte no mesmo período.
No entanto, como ele poderia fugir de alguém cujas habilidades físicas superavam as
suas com folga?
Ele estava apontando para as pernas dela, para reduzir a mobilidade do oponente antes
de escapar a toda velocidade.
Ele evitaria o raio de alcance em que seu inimigo havia interceptado o golpe anterior,
em vez disso, atacaria algo que era mais difícil de defender.
Com isso em mente, Brain voltou sua atenção para o pescoço de Shalltear enquanto em-
bainhou sua katana. Quando 《Campo》 fosse ativado, ele poderia atacar com precisão,
mesmo com os olhos fechados, então fazia sentido enganar seu oponente com os olhos.
Embora ele já tivesse esperado que ela entrasse em seu 《Campo》, era o oposto agora
— ele esperava que ela não entrasse no 《Campo》.
Como isso é patético, Brain se puniu mentalmente. Ainda assim, até mesmo seu desejo
de se vingar não poderia inflamar seu espírito de luta. Foi como um incêndio que ficou
sem combustível. Ele havia premeditado usar o 《Campo》 para monitorar os movimen-
tos de Shalltear.
Ele desceu com sua katana, usando seu peso corporal para acelerar ainda mais seu golpe.
Como ele deixou de lado seu estresse, ele estava certo de que este manejo era mais rá-
pido que o anterior. Mesmo ele não tinha como defender-se contra um ataque daquela
velocidade.
No momento em que ele estava prestes a cortar o tornozelo delicado da garota que se
revelava debaixo do babado de sua saia—
A linha de visão de Brain não se moveu, e ele não tinha idéia do que havia acontecido.
No entanto, as habilidades sensoriais especiais concedidas a ele pelo 《Campo》 o tor-
naram ciente de que sua amada katana estava agora no chão, pisada sob um pé de salto
alto.
A razão pela qual a katana de Brain escorregou foi por causa do choque transmitido em
suas mãos quando o sapato de salto alto havia pisado sobre a lâmina.
Essa razão era: apesar de aumentar seu foco até o limite, ele ainda não havia percebido
os movimentos do oponente. Sim, nem mesmo dentro do 《Campo》 do qual ele estava
tão orgulhoso.
Ela estava tão perto que, caso esticasse a mão, poderia tocá-lo. O olhar desdenhoso de
Shalltear pousou em Brain. A pressão desse olhar era tão surpreendente que ameaçou
esmagar o ar junto com Brain.
Seu suor escorria como chuva, encharcando seu corpo inteiro. Seu campo de visão tre-
meu e uma sensação intensa de náusea veio sobre ele.
Ele tinha passado por vários encontros de risco antes, então situações desesperadas
eram uma visão comum para ele. No entanto, esses encontros eram pouco mais do que
brincadeiras de crianças em comparação com sua situação atual.
O sapato de salto alto saiu da lâmina e Shalltear saltou silenciosamente.
“!”
Em seguida, ela dizia: “Esteja pronto para ser pisoteado”. No entanto, assim que Brain
pensou que isso aconteceria, ele ouviu algo completamente diferente.
“Será que é este o caso... você não pode usar artes marciais ~arinsu?”
Ele não pôde responder. Não, para ser preciso, ele não sabia o que dizer. Talvez ele pu-
desse responder divertidamente como um palhaço: “Ah, eu acabei de usar, mas você as
derrotou facilmente”.
“...Será que você não é tão forte assim ~arinsu? Eu pensei que você fosse mais forte do
que aqueles caras na entrada... Desculpe por isso, eu meço a força em metros, então eu
não consigo discernir diferenças de um milímetro ou dois.”
Durante o confronto com Gazef, ele estava excessivamente confiante em suas habilida-
des naturais, não era como se estivesse perdido sem nunca antes treinar. Como resultado,
sua derrota se transformou em sua motivação.
Isso não pode estar acontecendo. Desde o começo, eu venho matando aqueles monstros
que me desprezaram e zombaram de mim por eu ser mais fracos do que eles—
Quando esses pensamentos surgiram através da mente de Brain, ele lutou para dissipá-
los, e em seu lugar—
“Aaaaahhhhh!”
Com um grande grito, ele fez seu movimento em Shalltear. Brain girou em Shalltear —
que tinha um olhar perplexo em seu rosto enquanto ela o observava atacar — com toda
a força que seu corpo poderia reunir.
Seu golpe, que controlava todos os músculos de todo o seu corpo, poderia facilmente
cortar um ser humano blindado ao meio.
Shalltear não tinha intenção de fugir desse ataque impressionante. A maneira como ela
viu o arco brilhante de luz branca descendo sobre ela fez Brain pensar que ele poderia
ser capaz de acertar um golpe.
No entanto, a cena anterior negou esses pensamentos. Ele poderia realmente atingi-la
tão facilmente?
Quando um zumbido encheu o ar, Brain mais uma vez viu uma visão inacreditável.
Com esse movimento — que nem sequer se qualificava brincadeira para ele — ela apa-
rara aquele golpe que Brain havia projetado com toda a força.
Aparar aquele golpe que poderia quebrar a armadura de placas, quebrar espadas e es-
cudos—
Lutando desesperadamente para reunir sua vontade de lutar, ele concentrou sua força
em suas mãos, que tremiam com o impacto dos aparos de Shalltear. Ele ergueu sua ka-
tana e a desceu com tudo, e então — Shalltear ainda a desviou casualmente.
“Huaaaah~”
Shalltear bocejou de uma maneira exagerada, chegando mesmo a dar tapinha em sua
boca com a mão direita. Ela estava intencionalmente olhando para o teto agora. Parece
que ela não estava mais levando Brain a sério.
Mesmo assim.
“Uoooohhhh—!”
Um rugido problemático saiu da garganta de Brain. Não, não era um rugido, mas sim um
grito de desespero.
Não importa o ângulo, não importa a direção em que ele fez seus ataques, todos eles
foram desviados.
Parecia que sua katana estava sendo atraída para aquela unha e, naquele momento,
Brain finalmente entendeu.
Seu oponente era verdadeiramente poderoso. Mesmo todo o seu treino ferrenho e apti-
dões naturais não poderiam trazê-lo nem perto dos pés, muito menos se equiparar-se a
seu nível.
“Ara~ já está cansado ~arinsu? Mas pensando bem, este cortador de unhas é muito
chato.”
Brain parou de manejar a espada quando ouviu aquelas palavras surpreendentes.
Poderia alguém cortar uma montanha com uma espada? Isso era impossível; até uma
criança sabia disso. Então, poderia ele acertar Shalltear? Qualquer guerreiro que a en-
frentasse saberia essa resposta.
Os seres humanos não podiam derrotar entidades que estavam além da imaginação hu-
mana. Se alguém fosse capaz de ficar cara a cara com ela, esse alguém certamente deveria
ser um indivíduo poderoso que estava além do reino da humanidade. Lamentavelmente,
Brain era apenas um guerreiro que estava no auge da humanidade.
De fato, não importava o quanto ele se empenhasse, desde que ele ainda fosse um ser
humano, ele não seria nada mais do que uma criança balançando uma vara.
“Treinou ~arinsu? Que declaração sem sentido. Eu fui criada para ser forte, então não
havia necessidade de treinar para me tornar mais forte ~arinsu.”
Eu me esforcei, eu treinei por tanto tempo. Mas, não serviu de nada. Quão egoísta eu fui,
pensando que eu era um gênio?
Suas pernas pareciam pesadas, como se tivessem sido esmagadas por enormes pedras.
“...? Ahahahaha, por que você está chorando? Aconteceu alguma coisa triste ~arinsu?”
Ele entendeu o que Shalltear estava dizendo. No entanto, sua voz estava abafada, como
se estivesse vindo de longe.
Nada mais fazia sentido. Portanto, a vida de Brain também era sem sentido.
Em face de um ser verdadeiramente poderoso, Brain não era diferente dos fracotes im-
potentes que ele costumava zombar.
Shalltear riu enquanto avançava sobre ele com seu dedo mindinho estendido. Brain gri-
tou; não o chamado de um guerreiro para a batalha, mas o grito de uma criança.
Ainda assim, ele aceitou esse fato sem atenção. Ou melhor, Brain não tinha mais energia
para se preocupar com esse tipo de coisa. Ele simplesmente deu suas costas indefesas
para ela, enrugando o rosto em uma confusão cheia de lágrimas e sujeira enquanto de-
sesperadamente corria mais fundo na caverna.
Só então, a voz de uma inocente garota, cheia de sede de sangue, veio de trás de Brain.
“Estamos jogando pega-pega então? Você vai jogar todos os tipos de jogos comigo
~arinsu? Então eu vou me divertir, ahahahaha~”
Parte 3
Um vento frio soprou através do salão principal, escorregando pelas barreiras na barri-
cada e lavando os homens sobreviventes da Brigada do Alastramento Mortífero, todos os
42 deles.
O salão principal era a parte mais espaçosa do sistema de cavernas, então era comu-
mente utilizado como área de jantar. No entanto, agora era uma fortaleza improvisada.
Dito isto, pode ter sido chamado de fortaleza, mas não foi construído de acordo com os
padrões de uma.
Eles haviam derrubado suas mesas e empilhado caixas para formar uma simples barri-
cada. Depois disso, eles amarraram várias cordas na altura do peito entre a entrada do
salão principal e a barricada, a fim de afastar qualquer um que tentasse forçar a barricada.
Uma vez que o inimigo encontrasse os obstáculos, os defensores poderiam evitar uma
batalha corpo a corpo.
Quase todos estavam dispostos atrás desta formação defensiva, segurando suas bales-
tras enquanto esperavam no centro, esquerda e direita.
Era uma formação simples, mas poderia conter uma força inimiga maior que ela mesma.
Enquanto os homens tremiam, suas camisas de cota de malha tremiam junto com eles,
produzindo o farfalhar dos elos que deslizavam sobre outros elos.
O interior da caverna era frio e bastante confortável mesmo nos dias de verão. No en-
tanto, o que eles sentiam agora não era exatamente frio.
Neste instante, risadas soaram vindo da entrada. Devido aos ecos dentro da caverna, as
risadas foram transformadas em um riso estridente cujo o sexo do orador não era distin-
guível, isso os arrepiou até os ossos.
Eles acreditavam que desde que o homem mais forte da Brigada do Alastramento Mor-
tífero — Brain Unglaus — estava os defendendo, então não havia a menor necessidade
de construírem uma barricada ou coisa parecida.
Brain era muito mais forte que um homem comum. Mesmo os Cavaleiros Imperiais não
poderiam derrotá-lo. Nem mesmo monstros poderiam. Ele poderia matar um Ogro em
um golpe, atacar uma horda de Goblins sozinho e cortá-los como grama. Se toda a Brigada
do Alastramento Mortífero cruzasse lâminas com ele, ele poderia acabar levando todas
as suas cabeças. Qual alcunha um homem como esse merecia se não a de o homem mais
forte?
Mas se tal homem tivesse sido derrotado, o que isso significava para eles?
O fato de alguém poder lutar com Brain e ainda rir desse jeito só poderia significar uma
coisa.
Todos sabiam disso, mas ninguém se atreveu a dizer.
Os olhos de todos reunidos aqui foram guiados em silencio para a entrada do salão —
na direção da caverna.
O som de passos acelerados veio em direção a eles, ficando cada vez mais alto.
Alguém engoliu em seco. Os sons de várias cordas de balestras sendo armadas podiam
ser ouvidos em meio ao silêncio.
“Brain!”
O homem que gritou era o chefe dos mercenários — o líder da brigada. Logo, um grande
aplauso explodiu pelo corredor. Seus aplausos jubilantes vieram da crença de que ele
havia derrotado os invasores.
Ouviam-se sons de vozes parabenizando Brain, bem como as mãos dando tapinhas no
ombro.
Eles cantaram o nome de Brain uma e outra vez. Em meio a esse elogio, Brain ficou na
entrada do salão, segurando sua arma em uma mão trêmula enquanto observava silen-
ciosamente os rostos dos mercenários à sua volta.
Não, isso não estava certo. Sua expressão sugeria que ele estava procurando por algo.
Brain não prestou atenção àquelas palavras enquanto se contorcia na barricada, for-
çando seu caminho sem perder um único momento antes de continuar sua corrida.
Ele sentiu que os mercenários olhavam estupidamente para ele enquanto abria a porta.
Isso levava a uma caverna que estava sendo usada como depósito, e ele correu para den-
tro.
“O que está errado? Ele colocou alguma coisa lá?”
“Quem sabe? Parece estranho, porém... ele tava chorando? Nem pensar, ele não faria
algo assim!”
Eles pararam de olhar quando a porta foi fechada, mas os mercenários ficaram comple-
tamente perplexos com o estranho evento que havia passado ante eles.
Apenas uma pessoa aqui estava franzindo a testa; o líder da brigada. Isso porque só ele
— não, Brain sabia também — tinha uma idéia do que estava acontecendo. No entanto,
ele não teve tempo para verificar suas suspeitas.
Nenhum deles tinha idéia de quem era essa pessoa. Como ninguém no bando conhecia
esse estranho, ficou claro que era o intruso que desencadeou essa perturbação, e a co-
moção desapareceu em um instante.
Impossível. Se esse fosse realmente o caso, isso significaria que a razão pela qual Brain
estava aqui, era porque tinha recuado. Se o intruso ainda estivesse vivo, isso significava
que ele havia fugido para a barricada.
Além disso, havia apenas um intruso, as costas estavam encurvadas de maneira bizarra.
Não era alto e parecia uma menina. Seus braços pendiam frouxamente abaixo, assim
como sua cabeça. O estranho era que, dada a posição da cabeça se comparado ao início
do pescoço, o pescoço em questão estava longo demais, parecia que estava três vezes
mais longo do que o de um ser humano normal.
Ela tinha uma cabeça cheia de cabelos prateados e lustrosos que se arrastavam pelo
chão enquanto ela entrava lentamente no salão. Ela usava um vestido primorosamente
trabalhado, que parecia estar envolto em trevas.
Ninguém falou.
Sua cabeça lentamente subiu, seu rosto obscurecido pelos fios de cabelo prateado. Atra-
vés deles, eles puderam ver um par de luzes vermelhas, que lentamente se estreitaram
até ficar tão fino como uma agulha.
“Boa noite a todos. Meu nome é Shalltear Bloodfallen. Essa é a chegada? Isso significa
que o jogo de pega-pega acabou?”
Ela riu alegremente, aparentemente divertida com isso. Shalltear abaixou a cabeça e riu
e riu e riu, seu cabelo prateado cobrindo seu rosto.
Quando os mercenários ofegaram com a visão diante deles, o riso de Shalltear ficou cada
vez mais alto.
“aHaHaAaHaHaHaHaHaAaAhAhHaHaHaHhH!!”
Sua alegria a plenos pulmões ecoou pelo corredor quando a menina lentamente levan-
tou a cabeça novamente.
O rosto que viram fez com que os mercenários parecessem que seus corações estavam
sendo esmagados no peito, e que a água gelada enchia suas veias.
Aquela cara não era mais bonita. A cor que fluía de suas pupilas tingiu seus olhos com-
pletamente vermelhos, e as duas fileiras de dentes brancos em sua boca agora se asse-
melhavam a um conjunto de delicadas agulhas de seringa, como a boca escancarada de
um tubarão. Um brilho rosado lascivo escapava de sua garganta enquanto saliva trans-
parente babava em sua boca.
“aHaHaAaHaHaAhAaHaHaA!!!”
Shalltear mostrou suas presas e sorriu, tão grande que os cantos de sua boca quase to-
caram seus ouvidos. Ela riu várias dúzias de vezes, como o toque de um sino fora de tom.
Embora estivessem numa caverna, parecia que até o ar não suportava o som e se juntava
aos ressonantes ecos.
—Uma garota? —Um monstro? —Um demônio?
Apesar da distância entre eles, podiam sentir o cheiro de sangue em sua respiração. De-
vido à intensidade do mau cheiro, parecia que até o ar estava ficando vermelho.
“Uwaaaaaah—!”
“—Atirem!”
Ao ouvir a voz de seu líder, os mercenários voltaram a si, afugentaram o medo e dispa-
raram suas balestras como um só.
Além disso, os quatro que haviam entrado em sua cabeça teriam sido fatais para um ser
humano.
Essas palavras eram a esperança a que todos se apegavam. Embora o inimigo ainda es-
tivesse de pé, mesmo com tantos virotes que a fazia parecer um porco-espinho. Por bom
senso, deveria estar definitivamente morta.
Ainda assim, enquanto esse pensamento enchia suas mentes, as cinzas fumegantes de
medo dentro de seus corações não podiam ser extintas.
Como se guiados por algum tipo de sexto sentido, os mercenários começaram a recar-
regar suas balestras.
Os inúmeros projéteis empalaram seus olhos, perfuraram sua garganta, penetraram seu
abdômen e afundaram em seus ombros. No entanto, a garota que conhecera um destino
tão horripilante parecia apenas irritada, como se tivesse sido pega em uma chuva.
O teto estava a uns cinco metros acima do chão da caverna. A garota deu um salto alto o
suficiente para alcançá-lo e tocá-lo facilmente. Ela navegou graciosamente pelo ar e ater-
rissou do outro lado da barricada. Quando seus saltos altos se chocaram no chão, todos
os virotes presos nela também caíram.
Ela se virou para olhar para os soldados atrás dela, que estavam recarregando suas ba-
lestras.
Ela nem mesmo se esforçou. Foi um soco simples e casual. Dito isto, ele possuía veloci-
dade extraordinária e seu poder destrutivo estava fora deste mundo.
A mão perfurou o corpo do mercenário que ela havia socado, enviando-o voando para
dentro da barricada. Com um estrondo que tremeu o teto, a madeira da barricada se de-
sintegrou, espalhando estilhaços por toda parte.
Apenas o singelo som das lascas de madeira caindo no chão podia ser ouvido no silêncio
que enchia o salão.
Shalltear enfiou o dedo indicador na massa de sangue flutuando acima dela e sacou um
naco de sangue, que se transformou em caracteres diante dela. Parecia letras em sâns-
crito ou um símbolo semelhante, e era chamado de Runa Mágica.
Shalltear possuía uma profissão chamada Bebedor de Sangue, e essa era uma de suas
habilidades: 「Blood Pool」. Este orbe de sangue encantado poderia armazenar o san-
gue das vítimas para vários propósitos. Poderia também drenar mana do sangue, para
que se pudesse usar habilidades que melhorasse as magias sem consumir MP extra.
Depois de conjurar esta magia de 10º nível — que era do mais alto nível de magia — os
corpos de dez mercenários começaram a inchar por dentro.
Não havia tempo para eles gritarem. Tudo o que podiam fazer era observar seus corpos
se expandirem inexoravelmente, olhares de terror ignorante em seus rostos. Então, no
momento seguinte, seus corpos explodiram, como balões estourando.
“Uooohhhhh!”
Depois daquele grito, um estoc empalou o peito de Shalltear por trás — perfurando seu
coração. Fez um movimento serrando para cima e para baixo, como se para alargar a
ferida.
A espada larga se moveu depois que quase cravou no meio da cabeça de Shalltear, sua
ponta parou depois que perfurou o olho esquerdo.
Eles balançaram repetidamente, mas Shalltear ainda estava firme, apesar de ter uma
espada larga enterrada no meio do rosto. Dado ao rosto que tinha um sorriso assustador,
não havia nenhum sinal de que ela estava com dor.
Depois que eles se cansaram de atacá-la, os mercenários abaixaram suas espadas e par-
tiram para socos e chutes, as lágrimas escorriam pelos seus rostos. Embora fossem muito
maiores do que ela, Shalltear permaneceu indiferente. Era como se os mercenários esti-
vessem atacando um enorme pedregulho.
Shalltear inclinou a cabeça para olhar os mercenários e começou a pensar. Então ela
bateu palmas, tendo pensado em algum esquema diabólico.
“HAhAhA, hAhAhA, hAhAhAhAhA!”
Ela exalou, como se expelisse o calor de dentro dela. O fedor espesso de sangue fez as
pessoas ao redor enjoarem.
Shalltear descuidadamente arrancou a espada larga presa em sua cabeça. Uma vez que
retirou, não havia sinal de que ela havia sido ferida.
Assim que ela estava prestes a balançá-la, ela parou no meio de sua ação. A ferrugem
cobria a espada larga que lentamente se desfez. Em sua mente sanguinária, ela pensou
em uma penalidade de uma de suas profissões — Cavaleiro Amaldiçoado — e jogou-a de
uma maneira vagamente desapontada. Então, ela casualmente vibrou uma de suas deli-
cadas mãos de marfim.
Tendo perdido toda a vontade de lutar, um dos homens correndo foi agarrado por trás
por Shalltear, que segurou a cabeça com as duas mãos e a apertou. A cabeça se abriu
como um marisco com a carapaça aberta, seu cérebro esguichou.
A curiosidade foi despertada por aquela voz sinistra, os mercenários voltaram-se para
ver uma visão de revirar o estômago. A rainha sanguinária de pesadelos os perseguia,
não permitindo que um único mercenário escapasse.
“Me poupe! Por favor! Não vou fazer nada de mal novamente!”
Quando ela olhou para o homem, chorando e choramingando por misericórdia quando
agarrado sua perna, o rosto de Shalltear se dividiu em um sorriso predatório. O merce-
nário imediatamente entendeu o que aquele sorriso significava e seu rosto ficou cinza
pálido.
“Nãoooo! Pare—!”
Ainda segurando a perna dela, o homem foi erguido no ar. Shalltear o segurou pelas
costas e o jogou de leve no teto.
“Waaaaaah!”
Ser capaz de sentir dor era a prova de que ele ainda estava vivo. O mercenário, grato por
ser capaz de escapar da morte, abriu seus olhos levemente, e então percebeu que estava
comemorando cedo demais. Isso porque as esbeltas mãos branco-marfim de Shalltear o
abraçaram gentilmente, não permitindo que ele tocasse completamente o chão.
Não, não apenas isso — uma boca escancarada se abriu diante dele, parecendo um pe-
daço de sangue coagulado e irradiando um fedor que nunca havia encontrado antes.
“HAhAhA, hAhAhA, que diiiverTiiiiiDoOoOoO~ Você realmente acha que pode morrer
tão faaciiiiiiLmeeEnte, NããããoOo~”
“Poupe, me poupe—”
A boca se abriu além de suas orelhas, até que ficou grande o suficiente para engolir um
crânio inteiro de uma vez.
♦♦♦
A boca que se abria até a altura das orelhas estava em forma semicircular, e os dois
caninos dentro dela eram compridos o suficiente para alcançar o queixo. Seus brilhantes
olhos escarlates eram da cor do sangue, e as pontas dos dedos eram esguios como ramos
de madeira seca, dos quais brotavam garras com cerca de dez centímetros de compri-
mento. Ela parecia que estava debruçada sempre que se movia e saltava para sua presa
em uma investida aérea.
Essa era a postura que ela tinha.
Vampiros eram monstros que eram híbridos de humanos e morcegos, mas os Vampiros
Primordiais de alto nível pareciam mais monstruosos que os outros.
Os únicos monstros do tipo Vampiro que poderiam ser considerados bonitos eram as
concubinas de Shalltear, as Vampire Brides.
A única razão pela qual Shalltear a Vampira Real parecia tão bela, foi porque o membro
da guilda que a projetou era hábil em desenhar e transformar sua arte em realidade.
A aparência atual de Shalltear era seu visual original como Vampiro Real. Em outras
palavras, sua aparência habitual era apenas uma farsa.
♦♦♦
Não ficou claro se o mercenário sentiu primeiro foi as dezenas de agulhas perfurando
sua garganta, ou se ouviu o som grosseiro de seu sangue sendo drenado em um instante.
O homem sentiu sua própria existência sendo sugada, e o arrepiante temor dessa per-
cepção instilou nele um terror que nunca sentira antes.
No entanto, mesmo quando ele tentou lutar, seus membros ficaram pesados e sua visão
escureceu.
Depois de secá-lo, Shalltear jogou de lado o cadáver dissecado, lambendo a última gota
de sangue com uma língua úmida e reluzente. Então, ela sorriu brilhantemente para os
outros mercenários, que não sabiam se deveriam fugir.
♦♦♦
Shalltear sorriu maldosamente enquanto ela estava dentro do salão silencioso que
agora estava desprovido de qualquer movimento. O orbe de sangue acima de sua cabeça
tinha absorvido muita coisa nova, a ponto de ser apenas um pouco menor que a cabeça
dela.
Shalltear abriu a porta do depósito onde Brain havia entrando, abrindo a fechadura. As
dobradiças da porta estavam penduradas na mão de Shalltear.
Foi aqui que Shalltear cheirou algo surpreendente — ar fresco, perfumado com poeira,
o aroma do vento de fora. Ao mesmo tempo, o rastro do humano ficou mais fraco. Shall-
tear poderia ter se perdido em seu Blood Frenzy, mas ela ainda se lembrava da missão
atribuída a ela.
“kUwAaAaAaAh—!”
Com um rugido furioso, Shalltear afastou os obstáculos em seu caminho e avançou para
o lugar de onde soprava o vento.
Ela encontrou um buraco atrás das caixas, que haviam sido bloqueadas por arenito a
menos de um metro à frente. O ar fresco fluía de uma abertura na rocha.
O Lesser Vampire não estava mentindo — ele não sabia que havia uma passagem de
fuga aqui.
Ao contrário de Mare, Shalltear não tinha nenhuma magia para mover a terra. Se ela
tentasse limpá-lo lançando um 「Shockwave」, poderia derrubar o teto inteiro sobre
eles.
Ele escapou.
Tudo que eu quero é transformar suas vidas desnecessárias em uma mísera contribuição
para a glória de Nazarick; por que você não entende e se alegra com esse fato?
Shalltear rangia os dentes, e então a Vampire Bride que tinha sido designada para o de-
ver de vigiar gritou atrás dela.
“—Shalltear-sama!”
O fato de uma de suas Vampire Brides ter deixado seu posto irritou Shalltear, e sua visão
ficou vermelha enquanto ela entretinha momentaneamente a idéia de matá-la. No final,
ela conseguiu banir as chamas de sua raiva com grande esforço. Se ela tivesse deixado
sua posição para um assunto importante, então ela deveria ser poupada.
“oOqueEeE — FoOiii?”
Parte 4
Shalltear pulou e, como um passarinho voando pela noite, ela saltou sobre a barricada
de madeira na entrada da caverna. As Vampire Brides que a acompanhavam avançaram
lentamente.
As linhas de frente eram formadas por três guerreiros homens, cada um equipado com
equipamentos diferentes, mas todos eles usavam uma armadura de escamas, com uma
arma na mão e um grande escudo nas costas.
Atrás deles estava uma guerreira ruiva usando armadura de tiras de couro.
Embora não fosse ruim abater os humanos fracos, que tinham a consistência de tofu,
oponentes mais resistentes como esse eram mais interessantes.
Com um olhar de antecipação nos olhos carmesim, Shalltear dirigiu um sorriso preda-
tório para as pessoas diante deles.
“Isso fala?!”
O choque apareceu no rosto do magic caster arcano, mas apenas por um momento, e
então sua expressão endureceu.
“Atenção ao inimigo, provável que seja um Vampiro! Apenas prata ou armas mágicas
eficazes! Adversário parece muito forte! Lutaremos em retirada! Não olhe para os olhos
dela!”
—Um grito foi ouvido, facilmente audível por qualquer um nessa depressão rochosa.
Durante esse tempo, a guerreira atrás deles pegou a arma que lhe foi passada pelo guer-
reiro na frente e começou a aplicar algo na lâmina.
Esta era uma pomada pegajosa feita por alquimistas. A substância mágica se espalhou
pela arma quando aplicada, revestindo-a em uma fina membrana e fazendo com que fun-
cionasse como se fosse feita de prata.
As armas feitas de prata não eram apenas mais caras que as armas comuns, mas eram
mais macias que o aço e não eram adequadas para uso a longo prazo. Portanto, muitos
aventureiros compraram pomadas como essas e as aplicaram em suas armas quando
surgia a necessidade, permitindo-lhes assumir temporariamente as propriedades da
prata.
Empunhando armas que agora irradiavam um brilho da prata, o grupo se moveu para
conter seu inimigo e assim recuar.
Sua retirada de combate foi uma exibição impressionante. O grupo parecia ser como um
único organismo enquanto recuavam de maneira ordenada.
O magic caster arcano conteve o clérigo — que estava planejando glorificar seu símbolo
sagrado — e então começou a lançar uma magia nas linhas de frente. O clérigo seguiu o
exemplo.
Embora a composição exata variasse entre as subclasses, a maioria dos clérigos poderia
usar o poder divino para transformar, repreender ou destruir criaturas como undeads,
demônios, anjos e afins. No entanto, essas habilidades só funcionavam em monstros mais
fracos que eles. Em outras palavras, o magic caster arcano tinha visto o clérigo se prepa-
rando para subjugar o undead com poder divino, e instantaneamente havia adivinhando
a diferença de força entre seus inimigos e eles mesmos, e então instruiu-o a fazer outra
coisa com seu poder.
Enquanto observava essa série de ações, Shalltear olhou para o líder do grupo, preten-
dendo capturá-lo de acordo com suas ordens. No entanto, o impulso assassino de derra-
mar mais sangue lentamente tingiu seu coração de vermelho carmesim.
Ela queria abatê-los, pulverizá-los, desmembrá-los e banhar-se em seu sangue. Sua res-
piração ficou irregular e ela começou a espumar pela boca.
“「Anti-Evil Protection」.”
Os dois magic casters lançaram suas magias sobre os guerreiros da linha de frente.
Uma vaga busca de respeito floresceu na mente conturbada de Shalltear. Embora essas
magias fossem do nível mais baixo — o 1º nível, na verdade — elas ainda eram a magia
mais adequada para a situação atual. Eles eram diferentes dos mercenários que atacaram
impensadamente, ou daquele guerreiro estúpido que fugira sozinho sem sequer conhe-
cer artes marciais.
Ainda assim — não importava o quanto se esforçassem, ações sem sentido ainda eram
insignificantes. Contra um inimigo que era tão esmagadoramente superior a eles, nada
que eles fizessem poderia significar qualquer coisa.
Sua adorável demonstração de resistência foi a gota d'água que quebrou a espinha do
hesitante autocontrole de Shalltear.
“Eu não posso... eu não posso aguentar iiiissooOO — Eu não posso me segurar mA-
AAAIIIIIIS~!”
Com um grito como se ela tivesse se libertado de suas amarras, Shalltear se adiantou.
Seus passos eram leves e precisos, como uma dançarina. No entanto, para as pessoas
ante ela, ela se moveu mais rápido que o vento.
Ela perfurou o escudo de sua vítima, quebrou sua armadura, ignorou suas proteções
mágicas, rasgando sua pele, músculos e ossos, e segurou o coração que estava batendo
apenas um momento atrás. E então — ela arrancou. Enquanto se levantava sobre o corpo
do guerreiro desmoronado, Shalltear ergueu a massa de tecido preto-avermelhado —
deformada em suas mãos — diante dos outros. A guerreira choramingou de medo, en-
quanto o rosto do sacerdote se contorceu de raiva.
“「Animate Dead」.”
Shalltear engoliu o coração que ela estava segurando, e então alcançou o orbe de sangue
flutuando acima dela. O que ela trouxe de volta foi um pedaço pulsante de sangue — uma
caricatura de um coração. Ela então jogou um coágulo no Zombie.
O coágulo de sangue se contorceu como uma larva, depois se distorceu quando fluiu
para o corpo do Zombie. Em um instante, o Zombie estremeceu, seu corpo espasmando
várias vezes antes que seu exterior mudasse lentamente.
Parecia que toda a água havia evaporado de seu corpo, dada a forma como sua pele havia
se transformado em algo parecido com casca seca. Garras afiadas e seus caninos se pro-
jetaram. Em pouco tempo, a criatura undead diante deles não poderia mais ser conside-
rada um Zombie.
“Impossível! Eu nunca ouvi falar de um Vampiro que pudesse usar essa magia de alto
nível sem custo!”
“Você está olhando para um, não entre em pânico! Acalme-se e pense!”
“Mas...!”
“Oh!”
O clérigo entrou em pânico. Talvez os outros tivessem sido influenciados por isso, mas
um dos guerreiros foi suspenso por Shalltear. O outro atacou seu ex-camarada, que agora
era um Lesser Vampire.
O clérigo ergueu seu símbolo sagrado, que emitiu uma explosão de poder divino. Claro,
isso não teve efeito em Shalltear.
“AhHhHaHaHaHaHaAhAhA!”
A espada de um dos guerreiros cravou o corpo do Lesser Vampire, que havia sido imo-
bilizado, possivelmente pelo poder divino do clérigo. Aquele era um Vampiro de baixo
nível, inexperiente, que havia sido feito de um Zombie, e foi por isso que o poder divino
foi realmente efetivo, mas o conhecimento que o Zombie que ela havia feito perdera para
o poder divino desagradou Shalltear.
Ela sacudiu seu dedo mindinho, defletindo a espada apontada para ela, e então olhou
irritada para o clérigo que estava na retaguarda.
“DEEEsaaApAreçaaAA—!”
Ela casualmente bateu a mão direita, mas este golpe descuidado foi o suficiente para
decapitar o guerreiro empunhando a espada, mandando-o para o chão em um jato de
sangue.
“「Lesser Strength」.”
Aquela magia de buff foi lançada no último guerreiro, que agora estava lutando contra
um Lesser Vampire com seu próprio corpo aprimorado. O guerreiro tinha a vantagem e
fez bom uso.
Como eles pareciam estar se divertindo, Shalltear decidiu deixá-los em paz. Afinal, ainda
havia presas restantes. Sua mente estava nublada pela sede de sangue, Shalltear virou-
se para o clérigo diante dela.
A guerreira avançou, colocando-se na linha de fogo, mesmo ela apenas manejando uma
arma de aço comum.
Que adorável, ela ainda está assumindo uma postura com uma espada, apesar de seu
medo—
Que sons ela faria quando as pontas dos dedos fossem mastigadas? Talvez pudesse cor-
tar seus ouvidos e alimentá-la com isso. Não, ela deveria beber o sangue primeiro. Afinal,
essa guerreira foi a primeira presa feminina que encontrou desde que chegou.
“Você será a minha sooObrEEEmesAAAA~” Shalltear gritou de sua boca aberta quando
saltou sobre a mulher.
Saltando facilmente sobre a guerreira, Shalltear aterrissou diante do magic caster ar-
cano e do clérigo.
Antes que o clérigo pudesse reagir, Shalltear já tinha segurado a mão que segurava o
símbolo sagrado, e ela apertou. Os ossos do clérigo se desintegraram sob aquela força
irresistível, e pedaços triturados de músculo e pele esguicharam dos espaços entre os
dedos de Shalltear.
“Guwaaaaaargh—!”
Depois de ouvir os gritos do clérigo, Shalltear ficou muito satisfeita consigo mesma e
decidiu conceder-lhe misericórdia e acabar com o seu tormento.
Com um aceno de mão, o sangue jorrando do coto do pescoço do clérigo fluiu para o
orbe de sangue acima da cabeça de Shalltear. Ela assentiu com prazer.
Nesse ponto, alguém enfiou uma espada nas costas de Shalltear com todas as suas forças.
No entanto, ataques como esse foram completamente ineficazes contra ela. Shalltear per-
maneceu firme como uma grande árvore, embora ela achasse que a ponta de espada
saindo de seu peito era um pequeno inconveniente.
“Não pode ser... não está funcionando! Essa não é uma espada de prata?”
A espada havia perfurado seu peito — e seu coração, enquanto ela se virava — mas a
indiferença de Shalltear provocou um grito distorcido da guerreira.
Já que a guerreira não tinha uma arma de prata, ela deve ter usado a de um guerreiro
morto.
O magic caster estava correto, mas ele não estava totalmente certo. A fim de prejudicar
Shalltear, era preciso uma arma feita de prata que possuísse uma grande reserva de
mana, ou uma arma com um poderoso encanto elemental. Simplesmente ser feita de
prata não era suficiente.
Shalltear não deu a guerreira nenhum carinho, e então olhou para o magic caster arcano,
que ficou em choque.
“「Magic Arrow」!”
Em desespero, o magic caster lançou uma magia, enviando duas flechas de luz em Shall-
tear. No entanto, foram facilmente defensáveis.
Este foi o resultado de uma das habilidades especiais de Shalltear — que concedia re-
sistência à magia. Não era uma defesa perfeita e dependia da força do atacante. No en-
tanto, dada a lacuna abrupta entre seus níveis de poder, ela poderia facilmente resistir
as magias dele.
Em outras palavras, não havia nada que o magic caster arcano pudesse fazer a Shalltear.
Com um aceno casual da mão, Shalltear cortou a cabeça da pessoa que já não lhe inte-
ressava.
Olhando para trás, ela viu que o Lesser Vampire ainda estava lutando com o outro guer-
reiro.
Shalltear pegou as duas cabeças caídas no chão e as arremessou nos dois combatentes.
As cabeças — com cerca de seis quilos cada — voaram com velocidade sobrenatural. En-
tão, como esperado, os dois lados desmoronaram no chão.
Não doeu nem incomodou Shalltear, e foi um gesto sem sentido. O único efeito que tinha
era abrir buracos em suas roupas, mas enquanto Shalltear estivesse bem, a roupa mágica
se restauraria automaticamente.
Shalltear soava como uma criança deixando sua comida favorita para o último — no
entanto, ela tinha um sorriso nauseante e perverso no rosto enquanto se virava para en-
carar a guerreira que estava atacando suas costas.
Quando a guerreira encontrou o olhar carmesim de Shalltear, a guerreira percebeu que
ela era a única sobrevivente e cambaleou para trás com os olhos brilhando de lágrimas.
Ela vasculhou sua bolsa de cintura, seus dedos encontraram alguma coisa.
Shalltear vagarosamente saboreou o mundo obscurecido pelo sangue diante dela. Ela
parecia curiosa sobre o que a mulher estava fazendo.
Embora a guerreira a tenha lançado com todas as suas forças, a velocidade com que o
frasco fazia sua trajetória parecia quase insuportavelmente lento para Shalltear. Ela po-
deria ter evitado facilmente, mas seu orgulho dos fortes não lhe permitia evitá-lo. Além
disso, ela queria ver o olhar no rosto da mulher quando seu último trunfo se desinte-
grasse diante de seus olhos.
No entanto, Shalltear se conteve. Afinal, quanto mais ela se controlava, mais doce seria
seu deleite quando finalmente se entregasse.
Provavelmente seria água benta ou algum tipo de bomba incendiária. Ela se recusou a
desistir, apesar de saber que suas lutas não importavam, e continuou sua lamentável re-
sistência. Talvez ela devesse começar fazendo-a sofrer até que ela orasse pela morte an-
tes de saborear lentamente seu sangue. Se ela fosse virgem, ela iria secá-la, mas se não,
então haveria todos os tipos de jogos adoráveis que elas poderiam jogar juntas, contanto
que ela minimizasse a quantidade de sangue perdida.
Tendo tomado sua decisão, Shalltear golpeou o frasco que finalmente chegou. A força
para quebrar o frasco fez com que o líquido carmesim saísse no bico do frasco e espir-
rasse na pele de Shalltear.
O interior da mente de Shalltear ficou branco por um momento, e sua sede de sangue foi
instantaneamente extinta.
Ela olhou para o lugar de onde a dor vinha, era a mão que tinha socado o frasco. Um
odor acre e uma nuvem de fumaça subiu do lugar onde o líquido a tocara.
Shalltear virou seu rosto olhando para o frasco caído no chão. O bico estava aberto e um
cheiro fraco e doce saía do que sobrara. Shalltear estava muito familiarizada com esse
contêiner.
O líquido dentro deveria ser uma poção de cura de baixo nível. Como os itens de cura
podem danificar os undeads, foi provavelmente por isso que a pele de Shalltear foi leve-
mente dissolvida.
“Impossível!”
Ao ouvir o comando de Shalltear, as Vampire Brides — que estavam nos arredores ape-
nas assistindo — entraram em ação. Em um instante, elas haviam agarrado os braços da
guerreira que tentava fugir durante o breve estupor de Shalltear.
A guerreira lutou bravamente, mas a força das Vampire Brides superava a dela, e elas a
arrastaram para Shalltear.
Isso porque Shalltear não podia usar magias de cura, apesar de ser uma magic caster
divina.
Um filme fino parecia cobrir os olhos da guerreira enquanto ela era forçada a encarar o
olhar encantado de Shalltear. O olhar de medo e hostilidade em seu rosto logo se tornou
de amizade. Este era o efeito de charme da habilidade 「Mystic Eyes of Charm」, e Shall-
tear ordenou que libertasse a guerreira, uma vez que ela sentiu que tinha tomado efeito
total.
Havia muitas perguntas que ela queria perguntar, no entanto, uma subjugava todas as
outras.
A resposta da guerreira parecia ser algo indesejado, e o corpo de Shalltear pareceu con-
gelar.
“...Nem pensar... não, não pode ser... mas... onde... em qual cidade é essa estalagem?”
Shalltear engasgou em choque quando sentiu o mundo girar. Isso porque ela tinha uma
idéia aproximada de quem era o homem de armadura preta.
Se seu palpite estivesse correto, isso apenas levantaria mais perguntas. Por que essa
mulher tem essa poção? Essa pessoa não daria poções sem motivo.
“Poderia ser...”
Aquela pessoa tinha dado uma ordem a guerreira? Ou talvez ele tivesse dado a ela para
fortalecer suas boas relações?
Ela não estava mais com vontade de enrolar em torno do assunto. Ela tinha que desco-
brir o máximo de coisas possíveis, e então ela encarou a guerreira com olhos que agora
estavam vermelhos pelos efeitos da habilidade.
“Sim. Nosso trabalho é proteger a cidade, então viemos investigar quando ouvimos que
havia um ninho de bandidos nas proximidades. No final, encontramos algo estranho, en-
tão dividimos nossa equipe. Nosso grupo foi responsável pela força tarefa de reconheci-
mento, foi isso que nos trouxe até aqui.”
“Sim. Nós não sabíamos quantos bandidos estavam presentes, então decidimos nos se-
parar e colocar o inimigo em uma área cercada que a outra parte estava montando.”
Shalltear murmurou. Ela estalou a língua quando percebeu que isso significava mais
problemas para ela.
“Sim, havia também um ranger. Ele disse que voltaria correndo para E-Rantel em busca
de ajuda caso ocorresse uma emergência.”
A voz do magic caster arcano tinha sido muito alta — alto o suficiente para que todos na
depressão pudessem ouvir.
“Kuh!”
Com os olhos bem abertos, Shalltear se impulsionou em lados das planícies, foi mais
rápida que o vento. Ela saltou sobre a borda e olhou ao redor, mas até mesmo seus olhos
capazes de visão noturna não podiam penetrar nas profundezas da floresta, e embora ela
escutasse com cuidado, ela só podia ouvir o vento soprando na grama e árvores.
“Desgraçado!”
Ela amaldiçoou.
Ele havia escapado; ela tinha sido muito descuidada. Shalltear rangeu os dentes quando
percebeu que havia deixado duas de suas presas escaparem.
“Minhas crianças!”
Várias sombras surgiram perto dos pés de Shalltear. As formas de vários lobos aparece-
ram, mas, ao contrário dos lobos comuns, sua pele era negra como a noite e seus olhos
irradiavam um brilho carmesim malévolo.
[ L o b o s Vampiros]
Eles eram monstros de 7º nível, Vampire Wolves.
Uma das habilidades que Shalltear possuía era chamada de 「Household Summons」,
que permitia a ela invocar vários monstros. No entanto, estes foram os mais adequados
para rastreamento e busca.
Enquanto observava os Vampire Wolves partirem, Shalltear sentiu que havia pouquís-
sima chance de que eles pudessem eliminar seus monstros. Ela pensou em Aura, e refle-
tiu que, mesmo que ele não fosse tão talentoso quanto ela, o oponente ainda era um ran-
ger, e deveria saber como fugir de perseguições.
Em outras palavras, ele provavelmente escaparia. Se esse fosse o caso, o que ela deveria
fazer a seguir? Shalltear voltou apressadamente e agarrou a guerreira e perguntou:
“Alguém mais recebeu uma poção ou outros itens do homem de armadura preta?”
“Era só o que faltava! Então, próxima pergunta, aquele ranger encontrará o outro grupo?”
“Não. Nosso plano era que, se qualquer um dos grupos estivesse em perigo de ser exter-
minado, ele nos abandonaria e voltaria para a cidade. Essa escolha teria maior chance de
nos manter vivos.”
Eles haviam feito preparações meticulosas para o caso de falharem, e foi esse planeja-
mento cuidadoso que a deixou impotente para responder. Quando Shalltear percebeu
isso, a raiva a consumiu por dentro.
Ainda assim, mesmo que desabafasse, isso não mudaria em nada as circunstâncias atu-
ais.
Embora Shalltear não soubesse se a oposição tinha visto claramente seu rosto, a visão
humana provavelmente não seria capaz de discernir a identidade de Shalltear.
Mesmo assim—
“Merda!”
Shalltear amaldiçoou novamente, e então continuou a pensar.
Suas presas desta vez são criminosos e outros indesejáveis cuja ausência não será perdida.
Por exemplo, se você encontrar alguém entre os bandidos que podem usar magia ou artes
marciais, você deve capturá-los a todo custo, mesmo que você precise drená-los e torná-los
escravos. Você também deve capturar qualquer um que saiba sobre esse mundo e que seja
habilidoso em combate. No entanto, não chame atenção; Se as pessoas souberem que Na-
zarick está fazendo um movimento, isso pode causar muitos problemas para nós.
Sendo esse o caso, ela já havia violado muitos aspectos dessas ordens.
“Ainda está tudo bem, ainda está tudo bem, ainda está bem.”
Talvez o outro lado espalhasse a notícia de um Vampiro, mas o nome dela e o envolvi-
mento de Nazarick não seriam expostos.
Em outras palavras, ela não deixou nenhuma pista que ligaria o ataque vampiro aqui a
Nazarick. Se as pessoas na cidade pensassem sobre isso, eles só concluiriam que os mer-
cenários aqui haviam sido abatidos por um vampiro selvagem — Se um existisse nessa
área.
Havia inconsistências em todos os lugares, mas a oposição não seria capaz de encontrá-
los sem coletar mais informações.
A questão agora era o que fazer com essa mulher nas condições atuais.
Embora ela estivesse atualmente encantada, essa mulher não havia perdido completa-
mente a memória. O caminho mais rápido seria matá-la, mas isso colocava problemas
próprios; ou seja, por que o mestre de Shalltear havia dado a essa mulher aquela poção?
Se seu mestre lhe desse a poção por alguma razão ou propósito, então matar essa mu-
lher obstruiria os objetivos de seu mestre, o que seria muito ruim.
Se ela a deixasse ir, seus empregadores definitivamente perguntariam por que ela era a
única que sobrevivera. Além disso, ela sabia muito — em particular, a aparência de Shall-
tear. Embora isso não fosse um problema no momento, ninguém poderia dizer como essa
situação poderia se desenvolver no futuro.
A melhor maneira seria entrar em contato com seu mestre, mas Shalltear não poderia
usar 「Message」.
Shalltear resmungou tão baixo que ninguém conseguiu ouvir, agarrando a cabeça em
pensamento angustiado.
“Se ao menos eu não tivesse esse 〔Blood Frenzy〕...não, dizer isso seria desrespeitoso
para o meu criador, Peroroncino-sama. Se eu pudesse controlar esse 〔Blood Frenzy〕...”
Era tarde demais para qualquer arrependimento, e não importava como ela lidasse com
essa mulher, parecia que uma bronca seria inevitável. A questão agora era como minimi-
zar o dano que havia sido feito.
Shalltear pensou e pensou, até parecer que fumaça sairia de suas orelhas, antes de che-
gar a uma conclusão.
Em vez de matá-la, deixá-la viver lhe dava mais opções. Ela não seria perdoada por tê-
la matado, mas poupá-la deixava espaço para um melhor desenrolar da situação.
Isso foi o que Shalltear decidiu. Ou melhor, era assim que ela tentava desesperadamente
se iludir.
“Britta.”
Shalltear ordenou que a garota chamada Britta ficasse onde estava, e então trouxe duas
servas Vampire Brides que estavam afastadas:
Ela tinha dúvidas sobre se haveria tempo para isso. No entanto, ela ainda teve que ar-
riscar e esperar que a oposição pensasse que a riqueza tinha sido seu objetivo. Embora
ela tivesse falhado em sua missão, ela ainda tinha que fazer planos para espalhar infor-
mações falsas.
“Sim, Shalltear-sama. Eu procurei no interior para erradicar qualquer peixe que escor-
regasse de nossa rede, e eu encontrei várias mulheres que parecem ter sido usadas para
satisfazer a luxúria dos homens. O que devemos fazer com elas?”
Se seu rosto não tivesse sido visto, ela poderia deixá-las e acabar com isso. No entanto,
ela não sabia se era a escolha certa. Ela provavelmente deveria matar todas elas também.
Não, se ela fizesse isso, não seria natural que Britta fosse a única sobrevivente.
Shalltear estava frustrada por não poder chegar a uma conclusão que a beneficiasse.
O olhar no rosto de Shalltear parecia dizer: Que merda estão pensando ao me contar isso
tudo? Contanto que eu não saiba, posso alegar ignorância, mas se eu souber e deliberada-
mente ignorar isso, será como trair meu mestre.
“Tanto faz! Eu não sei! Deixe-as, despeje-as aqui! Jogue essa Britta em meio a essas mu-
lheres!”
“...Eu vou ser repreendida com certeza... o que devo fazer... porém— hm?”
Shalltear levantou a cabeça, olhando para a parte da floresta onde os Vampire Wolves
tinham ido.
“...Eles o encontraram?”
Tendo tomado uma decisão, Shalltear fez uma pausa apenas para disparar um comando
conciso antes de correr a velocidade de um relâmpago.
Embora ela tenha sido forçada a desacelerar na floresta, enquanto seus alvos fossem
seres humanos, eles não poderiam escapar das garras de Shalltear, mesmo quando em
alguma montaria.
Ela irrompeu da floresta até a última posição conhecida de seus lacaios lobos.
Cada pessoa estava vestida em uma panóplia completa, os equipamentos variavam en-
tre cada um deles.
Seu equipamento não era simples e funcional, mas tão decorativo e único quanto o pró-
prio equipamento de Shalltear. Eles pareciam bastante potentes ao mero relance. Claro,
Shalltear não tinha nenhuma habilidade para discernir o poder dos itens mágicos, então
ela teve que seguir seus instintos, ela sentiu que seus itens mágicos poderiam ser legen-
dary-class ou melhor.
Dúvidas apareceram na cabeça de Shalltear, uma vez que ela não tinha idéia de onde
essas pessoas vinham. Essas doze pessoas pareciam completamente diferentes das ou-
tras que Shalltear tinha visto neste mundo. Era a diferença entre um leão e um rato.
O equipamento que ele usava parecia ter sido projetado para ser usado por um homem,
e foi por isso que ela o identificou como homem, mas ele parecia bastante andrógino na
aparência.
Ela não sabia se ele era homem ou mulher, já que ele se parecia tanto com um homem
quanto com uma mulher, mas ao mesmo tempo não se parecia com nenhum deles. Ele
não era muito alto e parecia bastante jovem. Talvez ele ainda estivesse crescendo, o que
só tornava mais difícil dizer.
Seu cabelo era preto e comprido, quase chegando ao chão, enquanto seus olhos aguça-
dos tinham pupilas vermelhas que observavam Shalltear com cautela. Ele carregava uma
lança de aparência simples que parecia incongruente com o resto de seu equipamento.
“—Use-o.”
Os outros entraram em ação em resposta ao comando, mas Shalltear não lhes deu aten-
ção. Havia apenas uma pessoa que se destacava em seu cálculo; os outros não pareciam
muito uma ameaça.
Tinha um vestido de gola alta, com dois cortes nas laterais, então provavelmente era
algum tipo de vestido feminino. Era de cor prateada, com um dragão de cinco garras bor-
dado em fios de ouro ao longo de sua superfície.
No entanto, a mulher que usava era muito velha, o rosto estava cheio de rugas e as per-
nas expostas pareciam raízes de bardanas ou batatas secas. Esse vestido era completa-
mente inadequado para ela e francamente falando, seria digno de fazer os espectadores
franzirem o cenho. Shalltear chegou a ponto de desviar os olhos dela.
♦♦♦
No entanto, este foi o último elo de uma longa cadeia de acidentes e coincidências.
Se Ainz não tivesse capturado Nigun, se Ainz não contra-atacasse as magias de adivi-
nhação da Teocracia com tanta ferocidade, se a Teocracia não tivesse confundido isso
[Soberano Dragão d a C a t á s t r o f e ]
com o renascimento do Catastrophe Dragonlord, se Shalltear não estivesse se distraído
— talvez os eventos tivessem se desdobrado de forma diferente. No entanto, a soma de
todas essas possibilidades poderia ter sido expressa como uma inevitabilidade.
Esse qipao se chamava Keiseikeikoku. Este foi um tesouro sagrado deixado para trás
pelos deuses que salvaram toda a humanidade, e seu poder excedia o de qualquer coisa
que Shalltear carregasse.
♦♦♦
—Shalltear tremeu.
Esta foi a primeira vez que Shalltear — como Guardiã, uma das entidades de maior pa-
tente na Grande Tumba de Nazarick — alguma vez estremeceu. Era uma observação sutil,
ou pode-se chamar de aviso do sexto sentido.
Os olhos de Shalltear se voltaram, com a intenção de derrubar a velha senhora, isso que
seus instintos a avisavam.
O homem empunhando a lança correu para ela, assim que ela percebeu isso ele estava
prestes a fazer seu movimento.
“Não me atrapalhe!”
Shalltear empurrou-o para o lado com toda sua força. No entanto, quando submetido a
um golpe que pulverizaria um ser humano fraco, o homem foi simplesmente derrubado
e não pereceu no local. Além disso, sua vontade de lutar ainda estava intacta, apesar de
ter sido arrastado para longe.
Ela queria capturar várias pessoas. Isso porque ela teve uma premonição de que captu-
rar essas pessoas não apenas compensaria seus erros anteriores, mas também lhe ren-
deria elogios.
Enquanto pensava nisso, a mente de Shalltear de repente ficou branca.
Era como se parte de seus processos de pensamento tivessem desaparecido, porque ela
não conseguia compreender o que estava acontecendo. E então, quando ela percebeu o
que tinha acontecido, Shalltear foi abalada até o núcleo, medo preencheu seu coração de
undead.
Como um ser undead, ela deveria ter imunidade completa aos itens controladores da
mente, mas sua vontade ainda estava sendo dominada. Ela tentou desesperadamente
gravar o ódio e a raiva em sua consciência que gradualmente embranquecia, e enquanto
sua mente ponderava inúmeras variações do pior cenário possível—
“Giiiiiiiiih—!”
—Ela chorou, lágrimas de sangue escorriam enquanto lutava para lutar contra a força
dominante que estava a corrompendo, uma Guardiã da Grande Tumba de Nazarick.
Shalltear usou uma habilidade de sua profissão para criar um 「Purifying Javelin」. Era
uma lança gigantesca com dano elemental sagrado, e apesar de seu próprio alinhamento
maligno, ainda poderia causar um enorme dano a seus inimigos. A coisa mais importante
era que ela poderia gastar MP para imbui-la com precisão e capacidade de rastreamento
perfeitas.
E então — ela lançou. Com a parte de sua mente que ainda estava consciente e alerta,
ela atirou a lança que segurava.
Enquanto sua mente ficava mais branca, ela usou essa habilidade em toda a extensão de
seu poder, golpeando com uma calamidade poderosa.
O golpe brilhou em um raio de luz e atingiu a velha senhora depois de penetrar o corpo
do homem à sua frente e o escudo que ele segurava.
A última coisa que Shalltear viu foi o grupo em pânico e os dois penetrados tossindo
sangue em agonia.
Interlúdio
apital Real do Reino Re-Estize.
C No centro, cercado por uma fortaleza feita de mais de vinte enormes torres
circulares unidas por muros cortina, ficava o Castelo Real Ro-Lente. Dentro
de suas profundezas ficava o Palácio de Valencia.
Havia uma sala dentro do palácio que era mais funcional do que decorativa. Muitos no-
bres estavam reunidos lá.
A forma do Capitão Guerreiro do Reino, Gazef Stronoff, era visível no meio deles. Ele
estava atualmente genuflecto diante do mestre a quem jurara sua vida, o homem que se
sentou no trono, o Rei Ranpossa III.
Essa foi a impressão que teve do Rei quando comparou o homem agora com o homem
de meio mês atrás, quando ele partiu.
Seu adorável cabelo claro era uma bagunça, seu corpo magro não podia ser descrito
como saudável por qualquer trecho da palavra, e sua aparência era igualmente pobre. A
mão que segurava seu cetro era tão delgada quanto um galho seco, e a coroa que ele
usava parecia pesar a cabeça.
Ele reinou por 39 anos e agora tinha 60 anos de idade. Ele deveria ter entregue o trono
a um sucessor apropriado, mas o problema era que ele não tinha tal sucessor.
Não foi por falta de príncipes para herdar o trono. Pelo contrário, havia dois príncipes,
mas ambos estavam longe de serem ideais. Se ele lhes desse o trono, eles se tornariam
marionetes dançando nos cordéis dos Grandes Nobres.
“Capitão Guerreiro, estou feliz que você tenha retornado com segurança.”
Essas palavras simpáticas atraíram uma profunda reverência de Gazef quando ele res-
pondeu.
“Uhun. Eu recebi alguns relatórios, mas gostaria de ouvir o que aconteceu de sua própria
boca, Capitão Guerreiro.”
“Entendido.”
Gazef descreveu em detalhes os acontecimentos do que acontecera depois que ele dei-
xou a Capital Real e chegou ao Vilarejo Carne. Ele deu especial atenção ao misterioso
magic caster conhecido como Ainz Ooal Gown, mas não mencionou suas suspeitas sobre
o envolvimento da Teocracia Slane. Isso porque Gazef achava que seria melhor se menos
pessoas soubessem sobre o assunto, e por isso era desaconselhável falar sobre isso neste
lugar.
E assim, Gazef falou e falou. Ele narrou uma história heroica de um homem que entrou
em cena para corrigir um erro em seu caminho, que mergulhou sem medo no perigo para
resgatar os aldeões, sem levar em conta o custo para si mesmo.
“Isso realmente aconteceu? Isso certamente é uma análise brilhante dele. Pensar, ele se
colocaria em perigo para salvar os fracos...”
Vários nobres trocaram fofocas paternalistas sobre Ainz Ooal Gown enquanto o Rei
murmurava aquelas palavras de elogio.
“Um desviante que não se atreveu a revelar seu rosto para o mundo.”
No final, eles até levantaram a idéia de que ele poderia ter encenado o ataque para anun-
ciar a si mesmo.
Gazef se esforçou para evitar que sua raiva aparecesse em seu rosto. Ele se sentiu pro-
fundamente inútil por não poder defender seu salvador daquelas palavras.
Havia uma razão para isso, claro. Isso porque os nobres que zombavam de Ainz tinham
uma coisa em comum — eram de uma das grandes facções do Reino; a dos Grandes No-
bres.
30% do Reino Re-Estize era governado diretamente pelo rei, enquanto os Grandes No-
bres controlavam outros 30%. Os 40% restantes eram um domínio feudal que pertencia
aos outros nobres. Além disso, a liderança do Reino foi dividida em duas facções, que
lutam pelo poder dia e noite.
De um lado estava a Facção Real, enquanto do outro lado estava a Facção Nobre, que era
composta por mais da metade dos seis Grandes Nobres do Reino. Embora estivessem
atualmente diante do rei, isso era apenas uma extensão do campo de batalha onde ambos
os lados lutavam.
Por causa disso, Gazef — sendo da Facção Real e, portanto, servo de confiança do Rei —
não estava disposto a interpor casualmente. Ele sabia que suas próprias frases desajei-
tadas não poderiam derrotar esses nobres, então ele teve que minimizar suas próprias
chances de falar algo que levasse à um mal-entendido.
...As forças secretas da Teocracia Slane sabiam como estávamos nos movendo e aparece-
ram na hora certa... isso significa que há uma grande chance de um espião dentro do Reino.
Sendo esse o caso, pode ser uma das pessoas da Facção Nobre...
O olhar de Gazef se voltou para um dos nobres, que tinha um olhar excepcionalmente
frio em seus olhos.
Seu cabelo loiro estava amarrado e ele tinha um par de olhos azuis estreitos.
Sua pele era da mesma cor pálida única para aqueles que evitavam o sol. Ele projetava
a imagem de uma cobra venenosa, que foi reforçada por sua constituição esguia.
Ele deveria ter menos de 40 anos de idade, mas sua compleição doentia o fazia parecer
mais velho que isso.
Era conhecido como Marquês Raeven, um dos seis Grandes Nobres. Ele voava entre as
duas facções como um morcego para seu próprio ganho, e ele era um dos que apoiara o
segundo filho do Rei.
Sentindo os olhos de Gazef sobre ele, o Marquês Raeven arqueou a borda de seus lábios
já finos. Gazef endureceu ainda mais em resposta a essa provocação.
“Então, vamos concluir seu relatório aqui, Capitão Guerreiro. Há outros assuntos impor-
tantes para decidir.”
Aquelas palavras cansadas do Rei silenciaram brevemente a tagarelice dos nobres agru-
pados. Gazef voltou para o lado do Rei e examinou os nobres. Por ser um homem de con-
fiança do Rei, ele já estava acostumado com seus olhares descontentes.
“Então, se a tradição ainda valer, nós deveremos entrar em guerra com o Império em
alguns meses. Vamos discutir como abordaremos esse assunto. Marquês Raeven, expli-
que a todos.”
O homem fantasmagórico andou em silêncio diante deles e começou a falar em voz baixa.
Ninguém o interrompeu. Não só ele tem influência em cada facção, mas ele também era
o mais poderoso dos seis Grandes Nobres. Ninguém ousaria fazer dele um inimigo.
O Marquês Raeven delineou seus planos para o futuro, descrevendo quantos soldados
requeria de cada nobre, sem encontrar qualquer oposição. Quando ele terminou, ele sor-
riu arrogantemente e inclinou-se para o Rei:
“—E isso é tudo.”
O tribunal tornou-se um mar de comoção mais uma vez, com pessoas conversando umas
sobre as outras.
“É a nossa vez de tomar a ofensiva. Vamos atacar o Império enquanto estamos na van-
tagem.”
“Precisamente. Vamos mostrar aos tolos do Império o quão assustadores podemos ser.”
Não seja idiota— Quão revigorante seria se ele pudesse dizer isso.
O Reino e seu vizinho, o Império, se enfrentavam nas Planícies Katze a cada ano.
Até o momento, nenhum dos lados sofreu baixas consideráveis, mas isso foi apenas por-
que o Império não havia comprometido suas forças no campo de batalha. Se eles real-
mente pretendessem conquistar o Reino, não haveria necessidade de se agruparem nas
Planícies Katze e esperar o exército do Reino.
Gazef e alguns dos nobres que poderiam usar seus cérebros sentiram que o objetivo
desses eventos era esgotar a força do Reino.
Tomemos por exemplo o Reino com seus impostos e camponeses, comparado ao Impé-
rio e seu corpo profissional de cavaleiros.
Ficou imediatamente óbvio, cujas tropas eram individualmente superiores, razão pela
qual o Reino teve que mobilizar mais do que o dobro de tropas que o Império. Como
resultado de mais homens, eles precisariam de mais rações para esses homens. Claro,
havia alguns itens mágicos que poderiam produzir comida, mas disseram que os alimen-
tos só eram qualificados assim por causa de seu valor nutricional. Seu gosto era tão re-
voltante que até as pessoas famintas pensavam duas vezes antes de comê-los. Assim, esse
alimento criado magicamente não poderia substituir as rações.
Além disso, o Império escolheu a época de colheita do trigo de maturação tardia para
invadir, causando falta de mãos de obra nos vilarejos. Isso atrasava a colheita de trigo e
outros grãos.
Desta forma, o Reino enfraqueceria sem a necessidade de uma invasão em larga escala,
e isso enfraqueceria o poder da Coroa.
Por causa disso, a Facção Nobre não prestou atenção a essas consequências. De fato, eles
ficaram encantados com a Facção Real — seus inimigos — perdendo seu poder e influên-
cia.
Uma vez que a força do Reino desapareça, o Império invadirá sem piedade. Vocês acham
que o inimigo vai realmente se contentar com pequenas escaramuças? Por que vocês são
tão ingênuos?
A Facção Nobre acreditava que eles exerceriam seu poder absoluto para sempre. Gazef
ficou particularmente enfurecido com esses nobres.
“Se esse é o caso, pode ser que o magic caster suspeito que ajudou o Capitão Guerreiro
é um homem do Império? Talvez ele pretenda nos infiltrar como espião.”
“Ah, entendo. Têm razão. Dizem que o Império tem uma academia que treina os magic
caster, então é muito provável.”
“Eu me sinto desconfortável com alguém assim aparecendo no Reino. Talvez devêsse-
mos pensar em alguma maneira de lidar com ele?”
“Então, há as taxas que a Guilda coleta. Os aventureiros do Reino cobram uma soma ri-
dícula para eliminar monstros dentro de nossas fronteiras!”
Gazef não pôde mais permanecer em silêncio depois de ouvir isso. Não havia como per-
mitir que continuassem falando mal da pessoa que o salvara, de seus subordinados e dos
aldeões.
“Um momento, por favor. Para início de conversa, aquele magic caster estava bem-dis-
posto em relação ao Reino; Não seria uma decisão sensata tentar capturar alguém as-
sim—”
Gazef tinha falado em uma tentativa de redirecionar a conversa cada vez mais precon-
ceituosa dentro do tribunal. Mas vários nobres reagiram com ar de desgosto.
Gazef alcançara sua posição atual pelo mérito exclusivo de suas habilidades como espa-
dachim. Ele era pouco mais que um novato para esses nobres com suas longas e distintas
histórias.
Assim, Gazef era objeto de muita zombaria. O fato de ninguém conseguir igualar suas
habilidades marciais apenas aprofundou o ressentimento dos nobres.
Esses aristocratas do alto escalão não suportariam ser superados por alguém de origens
mais humildes do que eles próprios.
Vários nobres continuaram criticando Ainz Ooal Gown sem esperar que Gazef termi-
nasse, e outros se juntaram também.
“...É o bastante. Eu sinto que a decisão do Capitão Guerreiro não foi um erro.”
Gazef olhou com gratidão para o homem que o escolhera e a quem ele havia prometido
sua fidelidade até o fim.
♦♦♦
Gazef sempre ficava cansado depois dessas reuniões, cheias de joguinhos de poder e
bajulações, mas Gazef não deixou seu cansaço aparecer em seu rosto enquanto acompa-
nhava o Rei de volta ao Palácio.
O Rei havia machucado o joelho em uma guerra anterior e estava instável ao andar com
os próprios pés, mesmo com uma bengala. No entanto, Gazef não estendeu a mão para
apoiá-lo, como uma consideração pela dignidade do Rei. Além disso, se ele tivesse alcan-
çado um estado onde precisava de alguém para apoiá-lo a fim de caminhar, os gritos da
Facção Nobre para que ele abdicasse só aumentariam, a fim de garantir um lugar no
trono para um príncipe fantoche facilmente manipulado.
Portanto, embora Gazef lamentasse a necessidade de tal, ele teve que deixar o Rei andar
por conta própria.
Embora tivesse saído abruptamente, Gazef entendeu o que o Rei queria dizer, de modo
que ele só pôde cerrar os dentes.
Gazef não conseguiu encontrar nada que pudesse consolar o Rei e responder aos res-
mungos.
O Império tinha sido um reino feudal há três gerações. No entanto, o poder dos nobres
havia sido constantemente erodido, e a safra atual agora era absolutamente leal ao im-
perador atual.
Seu título do Imperador Sangrento viera do rio de sangue que fluíra quando chegou ao
poder. Gazef recordou a época em que conhecera o próprio homem no campo de batalha;
o imperador que queria trazê-lo para o seu lado.
“Peço desculpas por não poder protegê-lo por causa da minha falta de consideração. Eu
nem pude equipá-lo adequadamente antes de lhe dar aquele comando perigoso... Por fa-
vor, perdoe-me pelas vidas de seus homens que foram perdidas por causa disso... por
minha causa.”
“Gazef, tudo bem. E... embora não possa compensar suas mortes, gostaria de pagar al-
guma forma de compensação às famílias dos falecidos. Além disso, gostaria de transmitir
diretamente minha gratidão ao Gown-dono e agradecê-lo por salvar meu confidente
mais próximo.”
Ele deveria ter se preocupado com a idéia de que o Rei realmente agradeceria pessoal-
mente a um plebeu sem nome, alguém que não o ajudara pessoalmente, mas...
“Se ele é verdadeiramente um homem justo que acredito ser, então suas palavras por si
só serão satisfação o suficiente.”
O Rei sorriu. Ele sempre favoreceu sua princesinha em relação a seus outros filhos.
Como a terceira princesa da família real, ela herdou a beleza ofuscante de sua mãe, e ela
era conhecida como a Princesa Dourada.
Tendo atingido a idade de 16 anos, já era hora de ela se casar. Essa também era uma
razão pela qual os nobres estavam ficando inquietos.
Seu cabelo loiro era uma das razões de seu apelido, adornava do pescoço até as costas.
Seus lábios sorridentes eram de um rosa-pálido, mas ela parecia saudável e enérgica.
Seus olhos de safira eram de um azul suave e profundo.
Seu vestido branco habilmente modelado só aumentava a imagem de pureza que ela
projetava, enquanto o colar de ouro em volta do pescoço parecia simbolizar seu espírito
nobre.
Atrás dela estava um jovem em sua adolescência. Vestido com uma armadura branca
pura, ele poderia ser resumido em uma única palavra — intenso.
Seu rosto tinha uma expressão firme e inflexível, como se fosse forjado de aço, e sua pele
estava bronzeada pelo sol. Seu cabelo loiro estava bem aparado para facilitar o movi-
mento e evitar que ele se emaranhasse durante o combate.
O nome desse jovem era Climb, e Gazef não tinha idéia de como se aproximar dele. Não
era que ele não gostasse do rapaz; pelo contrário, ele realmente gostava dele.
No entanto, Gazef não suportava o ar de intensidade que o rodeava. Ele apreciava pes-
soas sérias como ele, mas esperava que o menino pudesse pelo menos relaxar um pouco.
Como alguém que estava ao lado da mulher mais bonita do Reino, ele era alvo de muito
ódio e ciúme, sem nem mesmo um amigo para chamar de seu. Além disso, ele veio das
mesmas origens humildes de Gazef — não, pior do que Gazef. Assim, ele não podia mos-
trar nenhuma fraqueza, não podia permitir que alguém criticasse um único movimento
que ele fizesse.
“Mesmo? Eu estava pensando em alguma coisa, então decidi esperar aqui para poder
contar sobre isso.”
A outra razão pela qual ela era conhecida como a Princesa Dourada foi devido à sua
mente hábil e espírito admirável. Suas políticas não apenas foram revolucionárias, como
até mesmo propuseram novas leis, todas sólidas e sensatas.
As políticas que ela propôs pareciam ser inteiramente centradas em torno de medidas
que ajudavam as classes mais baixas. No entanto, essas não eram simples doações, mas
um sistema abrangente de políticas destinadas a ajudar às pessoas que desejavam traba-
lhar, dando elas a chance de se alimentarem por sua própria força de vontade.
Além disso, essas políticas também melhorariam o lugar das pessoas comuns, aumen-
tariam sua lealdade à Coroa, melhorariam a produtividade e afetariam positivamente a
Coroa em geral.
Embora a maioria dessas iniciativas tenha sido desmantelada por nobres — que se opu-
nham a qualquer melhoria no destino dos camponeses —, os membros mais sábios da
sociedade e as pessoas que haviam se beneficiado dessas políticas aprovaram-na forte-
mente.
“Mas pai, agora é hora da minha caminhada pelo castelo. Por favor, permita-me dar um
passeio com o Climb antes de voltar.”
Climb enrijeceu ainda mais quando ouviu a princesa dizer que seus passeios com ele
eram mais importantes do que falar com o Rei. Gazef sentiu um pouco de pena dele.
Ainda assim, a Princesa Renner sempre foi um espírito livre. Tudo o que ele pode fazer
como seu seguidor é acompanhá-la em seu passeio.
“Se for esse o caso, então vá. Quando voltar, minha filha, venha para meus aposentos e
conversaremos sobre isso.”
“Compreendo. Então, vamos lá, Climb.”
Gazef fez uma sugestão enquanto Climb se curvava, foi para sua capacidade de guer-
reiro:
“Climb, você precisa aprimorar sua esgrima, para defender a Princesa Renner sob quais-
quer circunstâncias.”
“Sim senhor!”
“Climb está bem. Ele poderá me proteger, não importa o que aconteça.”
Não havia base para essas palavras. Ainda assim, depois de ouvir a Princesa falar, até
ele sentiu que Climb realmente não precisava.
“Sim, Princesa.”
Os dois haviam esquecido seu lugar como mestre e servo, mas o Rei não deu atenção a
isso. Ele simplesmente observou os dois saírem, como se fossem amados tesouros que
ele havia perdido há muito tempo.
“...Eu provavelmente não deveria estar com pena dele, dado que eu sou o Rei, você não
acha?”
As origens de Climb eram desconhecidas. Ele era um menino indigente que Renner ha-
via recrutado durante uma excursão da fortaleza.
Até então, ele tinha sido apenas um menino magro à beira de morrer de fome. Ele havia
trabalhado duro e treinado incessantemente para proteger sua salvadora. Não, treinar e
trabalhar duro não eram suficientes para descrever o que ele havia feito.
Ele não tinha nenhuma aptidão para esgrima ou magia, nem possuía habilidades físicas
excepcionais.
No entanto, ele estava se aprimorando pouco a pouco, dia a dia. Claro, suas habilidades
não estavam no nível de Gazef, nem estava no reino dos heróis. Mesmo assim, a força que
ele adquiriu ao treinar-se o colocou no auge de todos os guerreiros do Reino. Dito isto,
havia alguns obstáculos que ele não conseguiu superar.
Um lugar perto da Princesa Renner era muito valioso, e Climb era indigno disso.
“Eu sei que é tolice, mas, no mínimo, eu gostaria de deixar uma das minhas filhas... ser
livre. Não, se eu fizer isso, minhas outras filhas vão me repreender. Quão velho e tolo
devo ser para pensar em tais coisas.”
“Pelo que sei, eu posso ter que sujeitar minha filha à infelicidade também.”
Se ele tivesse que casar a princesa agora, ela provavelmente seria arranjada a alguém
dos Grandes Nobres.
Isso foi o que Gazef pensou, mas ele não disse nada, porque não sabia o que dizer. So-
mente alguém de status similar ao Rei podia entender seus problemas, e Gazef não era
uma dessas pessoas.
O silêncio passou entre os dois, e então eles avançaram novamente, para afastá-lo de
seu caminho.
Capítulo 03: Confusão e Compreensão
Parte 1
primeira coisa que Ainz viu após o teletransporte foi uma colina. Não, não
A
era nada tão alto quanto uma; era mais um calombo na terra, com no má-
ximo seis metros de altura.
Esta paisagem foi criada por Mare, um dos Guardiões da Grande Tumba de Nazarick. Os
muros da superfície da tumba foram enterrados sob esses montes.
Ainz ativou 「Fly」 e voou sobre o amontoado de terra. Dentro de seu largo campo de
visão, a única coisa que ele podia ver era uma terra coberta de ervas daninhas, sem ne-
nhum traço do nível da superfície da Grande Tumba de Nazarick. Estava quase comple-
tamente coberta pelo solo.
Ainz não demorou neste cenário, mas continuou voando em sua velocidade atual.
Uma vez que ele chegou a um certo ponto, o cenário mudou, e ele sentiu como se tivesse
perfurado uma espécie de membrana fina. O terreno montanhoso desapareceu e o cená-
rio familiar de casa encheu os olhos de Ainz.
Este era o sinal de que ele havia violado a camada protetora de ilusões.
Sem diminuir a velocidade da magia 「Fly」, Ainz continuou em direção ao seu destino,
o grande Mausoléu Central. Isso porque esta era a única entrada para a Grande Tumba
de Nazarick.
“Bem-vindo de volta, Ainz-sama”, disse uma voz feminina gentil. Logo foi seguido por
um coro de outras saudações e boas-vindas.
A mulher de vestido branco puro que estava diante dele não era outra senão Albedo, a
Supervisora Guardiã da Grande Tumba de Nazarick. Ela era a única com a imagem mais
clara da situação atual.
As quatro empregadas por trás dela eram membros das Empregadas de Batalha (Pleia-
des), e atrás delas havia uma linha de oitenta vassalos.
Depois de falar com Albedo através do 「Message」, ele dera a Narberal suas ordens e
então se teleportou de volta imediatamente. O fato de que Albedo conseguiu reunir tan-
tas pessoas para receber Ainz em cinco minutos deixou claro sobre a habilidade de Al-
bedo como administradora.
Cheio de respeito por esse fato, Ainz levantou a mão e acenou em resposta aos cumpri-
mentos de seus vassalos. Talvez ele devesse ter dito algumas palavras em agradecimento,
mas isso não era adequado, dadas as circunstâncias.
Ele queria fazer essa pergunta, mas hesitou em fazê-lo. O desconforto cresceu dentro
dele — ele temia que, se perguntasse sobre a traição, descobriria que era a dura verdade.
Além disso, era perigoso demais discutir esse assunto na frente dos vassalos.
Yuri usava o mesmo uniforme básico de limpeza pronto para combate que Narberal,
mas havia algumas diferenças em sua roupa.
O uniforme de empregada de Narberal foi projetado para proteger seu usuário, mas a
roupa de Yuri priorizava a mobilidade. A prova disso podia ser vista na falta de partes
metálicas na parte da frente da saia.
Sua larga gargantilha azul estava decorada com uma pequena pedra translúcida. A pe-
dra irradiava uma luz de seu interior, que brilhava e tremeluzia como se escondesse uma
chama.
Seu cabelo estava enrolado em um coque, e seus traços empertigados eram frios e ele-
gantes, dando-lhe um ar de sabedoria.
Ela é Yuri Alpha, Líder Assistente das Empregadas de Batalha, Pleiades. Como Sebas era
seu líder, não seria errado considerá-la a gerente das Pleiades.
Ela segurava uma bandeja com as duas mãos, que estava coberta com um pano de cetim
roxo. O pano em si trazia um anel — o Anel de Ainz Ooal Gown.
Este anel permitia que o seu portador se teletransportasse livremente pela Grande
Tumba de Nazarick. Ainz o removia durante qualquer excursão ao mundo exterior, por-
que temia que pudesse ser roubado.
Quando ele olhou para o anel em seu dedo esquelético, Ainz assentiu, como se em apro-
vação. O desconforto de não usá-lo por vários dias desapareceu, substituído por uma su-
prema satisfação.
Ele não podia se teletransportar diretamente para o Salão do Trono, então usou o poder
do Anel para mandá-lo ao cômodo (o Lemegeton), que era diretamente adjacente ao Sa-
lão do Trono.
Depois de abrir as portas maciças, Ainz entrou na companhia de Albedo, indo para o
trono de cristal. Enquanto caminhava, Ainz fez a pergunta que ele estava pensando agora.
“Então, antes de começarmos, tenho algumas perguntas para você. Você disse que a
Shalltear nos traiu; então, quando ela nos traiu, como o Sebas — que estava junto dela —
reagiu? Ele não nos traiu junto com ela?”
“Eu o fiz, e ele emitiu seu relatório para mim. De acordo com Sebas, eles encontraram
um grupo de bandidos. Depois disso, Shalltear foi em direção ao esconderijo dos bandi-
dos para capturá-los. Nada suspeito ocorreu durante esse tempo, e ela proclamou vocal-
mente sua intenção de prestar serviço leal a ti, Ainz-sama.”
“Entendo. Em outras palavras, algo aconteceu depois daquilo que a fez decidir nos trair.”
“Sim... além disso, ela levou duas Vampire Brides com ela. No entanto, elas parecem ter
sido destruídas.”
“...Mesmo? Mas parece assim... não, isso significa que algo aconteceu que os destruiu.
Então, resumirei o que aconteceu do meu jeito.”
Ainz tinha quase terminado seu relatório no momento em que eles alcançaram as esca-
das para o trono. No entanto, ele ainda não havia chegado aos eventos da tumba, então
continuou falando.
Depois que tudo terminou, Albedo — que estava ouvindo atentamente e silenciosa-
mente — assentiu em reconhecimento.
Ainz queria perguntar se ela lidara bem com a situação, mas havia algo mais importante
que ele queria saber.
Uma janela translúcida apareceu diante de seus olhos. Parecia o console, mas era com-
pletamente diferente dele. A janela tinha várias páginas, cada uma coberta por caracteres
densamente compactados.
Embora seja problemático ter que vir aqui sempre... pelo menos eu tenho o anel para me
teletransportar... então não é nada de mais.
Com movimentos previamente praticados, Ainz ativou e ampliou a página de status dos
NPC’s.
Esta página registrava os nomes de todos os NPCs feitos pelos membros da guilda. De-
pois de mudar o método de classificação da ordem alfabética (katakana) para a ordem
nivelada, do mais alto para o mais baixo, os olhos de Ainz viajaram pela lista — e então
seus olhos pararam em um único ponto. Então, ele silenciosamente virou o olhar para o
rosto de Albedo.
Ele examinou duas vezes, três vezes, e depois de perceber que seus olhos não estavam
enganados, ele gritou “Impossível!” dentro de seu coração. Se seu rosto esquelético pu-
desse exibir uma expressão, seria a de choque.
“...Ela está morta?”
Ainz continuou questionando Albedo. Em seu coração, ele esperava que algo tivesse
acontecido ao sistema quando eles foram trazidos para este mundo. No entanto, a ver-
dade que Albedo falou era insuportavelmente cruel.
“Se ela estivesse morta, seu nome teria desaparecido e deixado um espaço em branco.
Com toda a probabilidade, isso representa traição.”
Quando Ainz respondeu assim a Albedo, ele lembrou o significado dessa mudança
quando a viu pela última vez em YGGDRASIL.
Albedo chamou isso de traição, mas isso era um pouco diferente do que o sistema estava
exibindo. De fato, falando de maneira geral, era semelhante à traição, mas essa mudança
de cor ocorria quando um terceiro usava controle mental para fazer um NPC tomar ações
hostis temporariamente.
Impossível.
Ainz expressou essa negação em seu coração mais uma vez. Shalltear e Ainz eram ambos
undeads, o que significava que eram de raças imunes a todos os tipos de efeitos que afe-
tam a mente. Então como Shalltear tinha sido controlada?
Era mais fácil aceitar o fato de que Shalltear simplesmente havia traído Nazarick. Por
exemplo, ela pode ter ficado insatisfeita como era tratada e alguém lá fora pode ter ofe-
recido melhores condições para ela, levando à sua traição.
Se não fosse esse o caso, significava que algo havia acontecido quando eles vieram para
este mundo que estava fora do escopo do conhecimento de Ainz.
Ainz lembrou o rosto de Nfirea. De fato, talvez um detentor de Talento como ele, ou
mesmo com algum poder desconhecido poderia ter afetado uma mente undead.
“...Isso poderia ser o efeito de algum ser, fenômeno ou efeito especial que é exclusivo
deste mundo?”
“Isso não está claro. No entanto, a traição de Shalltear é clara o suficiente, então eu pro-
ponho que nós montemos uma força de ataque imediatamente.”
Neste momento, Ainz de repente percebeu algo. Será que os vassalos que haviam rece-
bido a volta de Ainz pretendiam eliminar Shalltear? Ao trazê-los de volta à mente, ele
notou que havia muitos vassalos entre eles que eram uma visão rara em Nazarick, aque-
les que possuíam ataques elementais sagrados que eram eficazes contra os undeads.
Albedo continuou em uma voz que parecia ser feita de aço.
Essas escolhas eram perfeitas para destruir Shalltear. Ficou claro que Albedo estava
muito séria sobre isso.
Shalltear Bloodfallen era muito forte. Na verdade, ela era a mais forte dos Guardiões,
exceto por Gargantua. Portanto, seria necessário que os membros da equipe escolhidos
por Albedo estivessem absolutamente certos de derrotá-la, ou então seria muito difícil.
“O senhor aprova?”
“Não, é cedo demais para chegar a essa conclusão. Vamos verificar as razões por trás da
traição de Shalltear primeiro.”
“És realmente compassivo, Ainz-sama. No entanto, enquanto alguém que se opõe aos
Seres Supremos com hostilidade, não há necessidade de mostrar-lhes qualquer piedade.”
“Isso não é correto, Albedo. Não é que eu esteja mostrando misericórdia a Shalltear, mas
simplesmente não entendo por que ela nos trairia.”
Se esse tipo de coisa pudesse acontecer a qualquer outra pessoa além de Shalltear, ele
teria que descobrir uma maneira de lidar com isso.
Se ela estivesse infeliz com a forma como havia sido tratada, então a mesma coisa pode-
ria acontecer com os outros vassalos. Assim, ele teria que tomar as medidas apropriadas
para eliminar o mal pela raiz.
Quando ele ouviu através do 「Message」 que um NPC criado por seus amigos o havia
traído, ele sentiu como se tivesse sido condenado por todos (os outros membros da gui-
lda), como Chefe de Guilda. Tão grande foi o choque que ele quase caiu de joelhos. No
entanto, isso não era mais uma questão simples de ser repreendido por outros.
Ele deveria resolver este problema não como um Chefe de Guilda, mas em sua capaci-
dade como o governante absoluto da Grande Tumba de Nazarick. Era cedo demais para
se desesperar, e se — embora fosse impossível — Shalltear realmente tivesse sido con-
trolada pela mente, então ele precisava salvá-la.
Se um superior que brandia uma aparência tão imponente e poderosa não salvasse seus
subordinados enquanto eles estavam em apuros, logo, não seria adequado para ser um
líder.
“Então, você sabe onde está a Shalltear? Você já conseguiu sua localização?”
“Minhas mais sinceras desculpas, mas ainda não confirmamos isso. Eu considerei que a
Shalltear poderia atacar Nazarick, então ordenei que as subordinadas diretas de Shall-
tear fossem colocadas sob prisão, e despachei outros vassalos para reforçar o Primeiro
Andar.”
“Mesmo? Então, vamos visitar sua irmã mais velha para ver se podemos adivinhar a lo-
calização de Shalltear.”
Parte 2
O Quinto Andar da Grande Tumba de Nazarick era uma região extremamente fria pois
foi modelada para ser a epítome do glaciar.
O vento congelante soprou sobre a roupa de Ainz, que tremulou ao vento. Albedo ficou
ao lado dele, e quando ele olhou para o jeito que ela estava vestida, Ainz perguntou:
“Você não está com frio? Se você precisar, pode colocar sua armadura. Ainda devemos
ter tempo para isso.”
Ainz estava completamente imune a todas as formas de ataques de elementos frios. Ele
não seria congelado, independentemente de quão baixa a temperatura fosse. No entanto,
o mesmo não se aplicava a Albedo. Se ela estivesse em sua panóplia completa de batalha,
meras rajadas congelantes como essa não a machucariam, mas ela estava atualmente
usando um vestido branco. Ele perguntou a ela sobre isso antes de se teletransportar,
mas ele tinha saído com a sensação de que ela estava apenas tentando colocar-se em uma
presença como alguém valente.
“Entendo.”
Normalmente, haveria um efeito ambiental aqui que aplicava danos causados pelo frio
e retardava o movimento. No entanto, operá-lo exigia dinheiro, por isso foi deixado de-
sativado. Talvez ela simplesmente tivesse tido sorte por terem tomado essa decisão logo
no início. Ou foi porque Albedo tinha algum tipo de item mágico ou habilidade que negava
o dano do frio?
Na verdade, os NPCs foram equipados pelos membros da guilda que os projetaram. Ha-
via apenas alguns deles que Ainz poderia confiantemente dizer que entendia completa-
mente, além de Pandora’s Actor. Dito isso, ele repassou todos os dados depois de chegar
a esse novo mundo.
As perguntas encheram a mente de Ainz quando ele olhou para a majestosa mansão de
dois andares diante dele.
Este edifício parecia estranhamente fora de lugar nesta terra congelada. Era como uma
casa de um livro de histórias e parecia cercada por uma atmosfera de conto de fadas.
No entanto, sua superfície estava coberta por uma camada de gelo, dando-lhe uma aura
desconfortavelmente fria. Na verdade, o nome dessa mansão era o mais distante possível
de um conto de fadas.
“Então vamos.”
Com essas simples palavras, Ainz abriu o portão principal congelado. Embora estivesse
coberto por uma espessa camada de gelo, o portão ainda se abria com facilidade, como
se desse boas-vindas ao visitante.
Uma onda de ar frio tomou conta deles no instante em que o portão se abriu. Isso porque
o interior da prisão era mais frio do que o ambiente gelado do lado de fora.
Foi só depois desse arrepiante vento que Albedo começou a tremer. Ao ver isso, Ainz
enfiou a mão na dimensão de bolso e retirou uma capa carmesim, cuja bainha estava de-
corada com padrões flamejantes.
“Use isso, Albedo. O encantamento não é forte, mas deve ser o suficiente para afastar o
frio.”
“E pensar que me presentaria assim! Meus mais profundos agradecimentos! Eu irei va-
lorizá-lo toda a minha vida.”
Ainz não disse que daria a ela, mas depois de ver o sorriso radiante de Albedo, Ainz não
conseguiu reunir nenhuma palavra, então olhou para o outro lado do portão aberto.
“Sim. Neuronist deveria estar observando-os de perto. Ah, tão quente, parece que o se-
nhor está me abraçando, Ainz-sama... kukuku.”
Duvido que ser abraçada por braços sem pele e sem carne como os meus a aqueceria.
Mas é claro que Ainz não disse isso. No mínimo, ele sabia que não seria apropriado no
momento presente.
Quando Albedo se contorceu e girou ao redor da capa, envolvendo-a com tanta força
que quase desapareceu em suas dobras, Ainz se adiantou.
“O que você está fazendo, estamos ficando sem tempo... ainda mais nessas circunstân-
cias.”
“Ah, ah sim!”
A habilidade passiva de Ainz — 「Undead Blessing」 — permitia que ele sentisse todos
os undeads à espreita dentro do complexo. Como era chato, Ainz desabilitou a habilidade
para ignorar a presença dos undeads enquanto descia a passagem congelante azul-
branca. Pessoas sem contramedidas contra a limitação de movimento podem acabar tro-
peçando e caindo no corredor completamente congelado.
“...Ainz-sama, devo convocar o Neuronist? É impensável que não venha liderar o cami-
nho, forçando assim o Supremo Governante de Nazarick a avançar sozinho...”
“Não seria problema. Embora não seja uma coisa ruim, ela— ele fala demais. Há um as-
sunto que precisamos resolver o mais rápido possível e eu gostaria de evitar perder
tempo.”
“Entendido. Então, depois de tudo isso, eu vou dar uma advertência a Neuronist e ad-
vertir para não falar coisas desnecessárias.”
“Não, não, não há necessidade disso. Isso não me desagrada.”
“Mas...”
Ainz sorriu amargamente enquanto observava Albedo — ao lado dele — franzir as so-
brancelhas. Como mestre, ele apreciava o fato de que ela estava pensando nele, mas se
Albedo fizesse isso, seus subordinados poderiam não ousar fazer reclamações abertas no
futuro.
“Está bem. Eu amo todos vocês, independentemente de seus méritos ou falhas, porque
todos vocês foram feitos pelos meus amigos do passado. A culpa é minha por estar des-
contente com esses seres criados tão meticulosamente.”
De fato, se Shalltear os traísse porque sua narrativa fôra projetada dessa maneira, então
ele tinha que perdoá-la por isso. Isso porque ela estava simplesmente obedecendo a von-
tade de seu criador, Peroroncino. No entanto, ele não parecia o tipo que plantaria semen-
tes ruins na guilda. Tudo isso confundia Ainz, porque Peroroncino era um homem que
gostava de brincar mas não gostava de arruinar relacionamentos entre seus amigos.
Se esse é o caso, então deve ser uma razão externa afinal de contas, não? A maneira como
o texto foi exibido representa que ela estava sob controle mental... embora eu não possa
descartar o fato de que poderia ser uma parte de suas configurações, ainda não tenho cer-
teza, mas pode ser de uma alteração nas configurações aconteceu depois de virmos para
este mundo. Além disso, eu não memorizei os perfis de personalidade de todos os NPCs, mas
suas personalidades parecem bastante semelhantes às de seus criadores... Eu acho que nin-
guém poderia programá-los sem personalidades, então pode ser por isso. Se esse é o caso,
então a Shalltear... será que ela tinha algo como uma bomba-relógio embutida em suas
configurações? Seu criador gostava de Eroges, então talvez ele tenha programado algum
tipo de evento nela que precisava ser resolvido com um passo a passo... uwah~, isso soa
bastante provável.
Ela estava olhando para frente e andando, mas ao contrário de agora a pouco, ela não
estava com seus passos sincronizados. E enquanto seus olhos estavam voltados para a
frente, eles não estavam focados em nenhum lugar em particular.
Ela estava repetindo essas palavras sem parar, como um disco arranhado.
“...Ei, Albedo. Eu disse que amava todos vocês. Isso se refere a todos, entendeu?”
Albedo virou a cabeça para ele de uma maneira estranha.
“Kufu!!”
*Trin!* Ou melhor, foi um *boom*. Um choque surpreendente veio do teto, tão grande
foi a força do impacto. Quando ouviram o que soou como uma bomba explodindo, os cor-
pos translúcidos de vários monstros incorpóreos saíram do teto.
Estes eram os undeads que estavam escondidos dentro da prisão, que a habilidade de
Ainz havia detectado.
Ainz olhou para Albedo, estava tão feliz que estava cantarolando para si mesma. Embora
ela tivesse caído do teto, suas habilidades raciais incluíam certa quantidade de redução
de danos, de modo que não doera nada.
“...Albedo, estamos quase no quarto da sua irmã mais velha. Você está pronta?”
“Uhun. Me entregue.”
Albedo estendeu a mão em direção à parede móvel que era Ainz, e uma mão branca
pálida recuou assim que a boneca foi depositada. Era uma boneca, que era mais ou menos
do tamanho de um bebê de verdade.
“Que revoltante.”
A boneca era uma caricatura de um bebê humano, suas feições distorcidas parecendo
um boneco de cupido. Seus grandes olhos redondos eram particularmente repugnantes.
Ainz franziu as sobrancelhas inexistentes e dirigiu seu olhar para o final do corredor.
Havia um grande afresco ali, pintado em uma parede que continha uma porta.
Ele viu uma mãe e seu bebê. Era uma pintura de uma mãe gentilmente ninando seu filho.
Se isso fosse tudo, teria sido uma bela pintura. No entanto, a passagem do tempo havia
degradado a pintura, transformando-a em uma visão horrenda. Em particular, não se po-
dia mais ver a forma do bebê em si. Tudo o que restou foi algo que parecia um cadáver.
Ainz abriu a porta, que se abriu sem som ou resistência — e ele foi recebido pelo som
de bebês chorando.
Não foi apenas o som de uma ou duas vozes. Nem foi o resultado de um eco.
Ainda assim, embora ele não pudesse vê-los, eles definitivamente estavam lá.
Nesse quarto vazio, livre de todos os móveis, havia um berço e uma mulher o balançava
gentilmente.
Embora Ainz tivesse entrado no quarto, a mulher de luto em roupas negras permaneceu
em silêncio, preocupada apenas com o berço que ela estava balançando. Seu rosto não
podia ser visto porque seu longo cabelo preto o cobria completamente.
Normalmente, se um NPC visse um Ser Supremo (Ainz) e não lhe desse atenção, Albedo
os repreenderia em voz alta. No entanto, ela permaneceu em silêncio. Ainz sabia o motivo
para isso, porque a postura cautelosa de Albedo dizia tudo a ele.
Ela apertou-a com força e depois a jogou de lado com toda sua força. A boneca quebrou
em pedaços quando bateu na parede.
“Pensar que o Tabula Smaragdina-san colocou tantos monstros aqui... quanto dinheiro
ele gastou com isso?”
Essas massas de carne que lembravam bebês pareciam estar perto do nível 20, e eram
[ B e b ê s d a Car niça]
chamados de Carrion Baby.
Em jogos como YGGDRASIL, é possível colocar monstros pop nas dungeons, pagando a
moeda apropriada no jogo ou no mundo real. No entanto, eles não voltariam à vida após
serem destruídos, então eles eram mais um luxo para os jogadores. Aqueles jogadores
que não focaram em roleplaying não colocariam tais monstros em ação.
O fato de ele ter colocado tantos Carrion Babies aqui, apesar de seus baixos níveis, era
um testemunho da natureza meticulosa de Tabula Smaragdina.
Assim que Ainz estava começando a ficar impressionado, a mulher tirou uma grande
tesoura de algum lugar e apertou-a com força. Um olhar aguçado era visto através de seu
cabelo despenteado, dirigido a Ainz e Albedo.
“Você, você, você, você, levou, levou, levou, levou, meu bebê, meu bebê, meu bebê, meu
bebêêêêê—!”
“Eh!? Se-Sério?”
A mulher pareceu tomar a conversa vagarosa como algum tipo de provocação e come-
çou a correr, sua intenção assassina a fez avançar tão rapidamente quanto o vento.
A mulher de luto em roupas negras dava passos largos com a intenção de matar, encur-
tando a distância entre eles em apenas alguns passos.
“Ohhhhh~”
Ela envolveu seu amado filho com infinita compaixão, como se nunca fosse o abandonar.
Então, cuidadosamente colocou o bebê de volta no berço, antes de virar o rosto, envolta
por seus longos cabelos, para Ainz e Albedo.
“A quanto tempo, Nigredo. Você parece... sim, estou feliz que você não tenha mudado.”
A razão pela qual Ainz poderia calmamente lidar com essa cadeia de eventos foi porque
ele havia testemunhado essa loucura antes, no jogo.
Seu companheiro de guilda disse que ele havia feito um novo NPC, e pediu aos outros
membros da guilda para virem vê-lo com ele. No final, todos gritaram juntos e soltaram
vários ataques em Nigredo. Parecia bastante nostálgico agora quando ele relembrava do
passado.
De fato, Nigredo era a irmã mais velha de Albedo. Em outras palavras, ela era um NPC
criado pelo jogador Tabula Smaragdina.
Se alguém dissesse que Albedo era a encarnação de seu amor por gap moe, então Ni-
gredo seria a personagem que representava o amor de Tabula Smaragdina por filmes de
terror.
Embora ele não fosse uma pessoa ruim em qualquer trecho da palavra, ele era claramente
uma figura e tanto.
Em circunstâncias normais, ele era um homem racional, mas quanto mais se envolvia
em algo, mais ele começava a revelar sua verdadeira natureza. Enquanto ele se lembrava
daquele membro da guilda do passado, Nigredo afastou os longos cabelos que cobriam
sua feição, revelando seu verdadeiro rosto.
Talvez ela achasse que cobrir o rosto estava sendo desrespeitoso com Ainz, mas, por
outro lado, ele preferia que ela continuasse normalmente.
Seu verdadeiro rosto era assustador, para dizer o mínimo. Não tinha pele, apenas mús-
culos expostos.
Sua boca não tinha lábios, mas brandia um belo conjunto de dentes. Seus olhos brilha-
vam na ausência de pálpebras. Um observador poderia achá-la bonita se olhasse apenas
para seus olhos ou dentes, mas, como um todo, seu rosto não inspirava nada além de
repulsa.
“—Ah, minhas desculpas. Você não estava no Salão do Trono, então você não sabia, mas
meu nome não é mais Momonga. Agora me chamo Ainz Ooal Gown. Por favor, me aborde
como Ainz a partir de agora.”
“Então, Nigredo, eu vim aqui para buscar sua ajuda. Eu poderia fazer uso de suas habi-
lidades?”
“...Provavelmente conta como vivo... provavelmente deveria estar vivo... eu serei franco
com você. O alvo é a Shalltear Bloodfallen.”
“A Guardiã de Andar? Perdoe minha grosseria. Se for o seu pedido, então eu vou execu-
tar imediatamente, Ainz-sama.”
Nigredo é uma magic caster, e ela era uma das NPCs de mais alto nível em Nazarick.
Embora não aparentasse, ela fôra designada para se especializar em adivinhação e coleta
de informações. Foi por isso que Ainz veio aqui pedir ajuda para localizar Shalltear.
Em pouco tempo — como convinha a uma pessoa com suas habilidades —, Nigredo
anunciou rapidamente os resultados.
“Eu a Encontrei.”
Ela lançou outra magia, e um 「Crystal Monitor」 apareceu, mostrando algo que parecia
uma vasta extensão de floresta. Alguém de armadura estava em pé entre as árvores.
Ainz a elogiou:
Segurava uma enorme lança de aparência estranha em uma das mãos, parecendo uma
pipeta que alguém poderia usar em uma aula de ciências.
Esta era Shalltear Bloodfallen. Ela possuía níveis em Valquíria — uma profissão de ma-
gic caster divina que se especializava em poder de luta — e ela estava totalmente pronta
para a batalha.
Ainz tinha itens divine-class suficientes para que ele pudesse equipá-los em cada slot de
seu corpo. No entanto, isso não significa que eles fossem fáceis de encontrar.
Os itens mágicos de YGGDRASIL eram feitos pela incorporação de cristais de dados em
itens, mas nem todos os cristais de dados derrubados por monstros eram iguais. Se al-
guém quisesse fazer um item divine-class, precisaria de vários cristais de dados que eram
classificados como “drops altamente raros”. Além disso, seria necessário fazer o recipi-
ente para esses cristais de dados — uma espada, por exemplo — de metais extrema-
mente raros e afins.
Como resultado, era bastante comum que até mesmo jogadores de nível 100 não possu-
íssem um único item divine-class.
Mesmo os membros da Ainz Ooal Gown — uma guilda que estava entre as dez primeiras
no jogo — não puderam equipar todos seus NPCs com todos os slots com itens divine-
class. No máximo, eles só podiam dar-lhes um ou dois desses itens.
Seu nome soava bobo, mas seu poder era extremamente insidioso. Quando inseridos em
uma arma, alguns cristais de dados permitem que o usuário absorva uma certa porcen-
tagem do dano causado e o usar para reabastecer sua saúde. A Spuit Lance era especiali-
zada em fazer isso.
“Eh? Ah, por favor espere! Como a Shalltear já está totalmente equipada, é possível que
as hostilidades comecem assim que nos ver. Por isso, precisamos selecionar vários guar-
das para defender sua pessoa.”
“Não temos tempo para isso; se as negociações fracassarem, nós nos retiraremos ime-
diatamente—”
Uma voz feminina ecoou em sua mente. Pertencia a Narberal, que ficara em E-Rantel.
Estou ocupado — ele queria dizer, mas Ainz se cortou no meio do caminho.
Isso porque ele se lembrou de como ele havia interrompido a 「Message」 de Entoma
na noite anterior. Na época, ele achava que não era nada de mais, mas, talvez, se tivesse
agido imediatamente, a situação atual poderia ser diferente. Isso porque ele poderia ter
entregue a tarefa de salvar Nfirea a Narberal.
Isso é um pouco demais para esperar de uma pessoa comum como eu...
Enquanto ele riu internamente de seu próprio julgamento falho, Ainz sorriu amarga-
mente ao concluir que era provavelmente impossível para ele. Então, ele sentiu a atitude
subserviente de Narberal através de 「Message」, ela estava esperando pelas instruções
de seu mestre. O corpo de Ainz tremeu como se tivesse sido atingido por um raio.
O que eu estou pensando? Eu sou Ainz Ooal Gown, o governante de Nazarick, o homem que
assumiu o nome que representa todos. Então, eu não sou mais Suzuki Satoru. Impossível?
Não, agora que assumi esse nome, tenho que transformar o impossível em possível.
“...Não, está bem. O que é? É importante já que você entrou em contato comigo com
「Message」, certo?”
『Sim. Alguém da Guilda dos Aventureiros está procurando pelo senhor, Ainz-sama.』
“...Se é sobre a noite passada, diga-lhes para esperar... não, isso não está certo. É algo
além disso, estou correto?”
Narberal não estava sendo clara, então Ainz deixou seu silêncio mostrar sua confusão.
Logo, ela parecia ter percebido isso e falou novamente:
『Na verdade, há outro problema além disso. Isso... diz respeito a um certo Vampiro.』
“O quê? Um Vampiro?”
Ainz se virou para olhar para Shalltear, cuja imagem estava no monitor.
“Eles mencionaram alguma coisa sobre esse Vampiro? Tipo, cabelo prateado ou arma-
dura carmesim, ou algo assim?”
『Lamentavelmente, eles não fizeram. A pessoa que eles enviaram não passava de um
batedor. Eles disseram que explicariam na guilda e esperavam que o senhor se apres-
sasse o mais rápido possível, Ainz-sama. Ouvi dizer que várias equipes de aventureiros
já chegaram lá... o mensageiro da Guilda está por perto; o que devo dizer a ele?』
Ainz fechou os olhos. Claro, ele não tinha olhos, então simplesmente significava que as
luzes nas órbitas oculares desapareceram.
“Albedo, o que você acha desse informe da Narberal?”
Depois de terminar a explicação para Albedo, ela baixou os olhos por alguns instantes e
depois olhou para Ainz.
“Dado que nos falta informações, haverá méritos e deméritos para qualquer alternativa.
Assim, deve selecionar de acordo com sua preferência pessoal, Ainz-sama. Se dependesse
de mim, eu ignoraria esses humanos.”
Ele então considerou como a situação de Shalltear mudaria se ele colocasse a Guilda
como prioridade.
Enquanto ele pensava sobre as desvantagens de ambos, ele começou a sentir que qual-
quer uma das opções levaria ao desastre.
Se seus amigos estivessem com ele, ele provavelmente poderia usar o voto majoritário
para tomar uma decisão. Mas seus amigos não estavam com ele. Como o homem que ha-
via se encarregado da Grande Tumba de Nazarick, como o homem que tomara seu pode-
roso nome por conta própria, ele próprio tinha que fazer essa escolha.
“Albedo, mande alguém para ficar de olho em Shalltear. Eu irei visitar a Guilda em E-
Rantel. Depois que o assunto estiver concluído, leve-me para a Shalltear.”
“Entendido.”
“Ah, sim, diga isso a ele. Então, Albedo, me perdoe, mas eu irei para a Guilda agora.”
“Por favor faça. Além disso, vou entregar o Anel para a Yuri. Então pegue com ela depois.”
Na verdade, havia algo que ele queria entregar para o Bibliotecário-Chefe, mas Ainz sen-
tiu que não tinha mais esse tempo, então ele se teletransportou com o poder do Anel.
Agora que apenas as duas irmãs ficaram no quarto, o clima no quarto diminuiu. Como
se esperasse por essa oportunidade, Nigredo se virou para Albedo, um olhar curioso em
seus olhos.
“Acho difícil acreditar por mim mesma, mas esse parece ser o caso.”
“Então ela deve ser eliminada sem demora. Mas... parece que não é o que o Ainz-sama
deseja fazer, não é?”
“De fato. Por causa da misericórdia sem limites de Ainz-sama... não, ele provavelmente
acha que matá-la sem perceber porque ela se rebelou seria um grande erro. Tenho cer-
teza de que é isso que o Ainz-sama tem em mente.”
“Hm~”
Nigredo pensou, em um tom que parecia em algum lugar entre aceitação e negação.
“Compreendo. Antes de enviar os vassalos para vigiar a Shalltear, continuarei minha vi-
gilância mágica daqui.”
Pensando que a conversa acabara, Albedo estava prestes a liberar o poder de seu Anel
quando sentiu que sua irmã mais velha ainda tinha algo a dizer. Quando Nigredo estava
em um estado mental racional, ela era o tipo de pessoa que falava francamente, então
havia apenas uma razão pela qual a irmã mais velha de Albedo hesitaria assim.
Embora não quisesse perguntar sobre isso, quando considerou que talvez não fosse so-
bre o assunto de antes, ela se obrigou a perguntar, mesmo que com relutância.
“...Desde que eu não tenho permissão para deixar esta Prisão Congelada, eu não tenho
certeza sobre a situação lá fora. A Espinela ainda está bem?”
...Como eu pensava.
Albedo se arrependeu de ter perguntado o que ela estava pensando, mas em uma voz
calma, ela respondeu:
“Nee-san, você ainda a chama assim...”
“Eu odeio ela. Mesmo que sejamos todas feitas por Tabula Smaragdina-sama... não, a
Espinela foi feita de uma maneira completamente diferente de nós. Ela não é o tipo de
pessoa a quem as pessoas poderiam abrir seus corações.”
“Tudo o que posso pensar é que você foi enganada por ela. A Espinela definitivamente
trará um grande desastre a Nazarick algum dia. Eu sinto isso.”
“...Nós nunca veremos esse assunto com os mesmos olhos. Eu acredito que aquela garota
não causará nenhum problema.”
“Promete? Bem, se você — a Supervisora Guardiã se sente assim, então não há mais
nada para eu dizer. No entanto, espero que você leve minhas preocupações em conside-
ração, em seu papel como Supervisora Guardiã.”
No entanto, mesmo sorrido casualmente, algo estava preso em seu coração como um
espinho, como um espinho.
Ela sentia que todos os seres criados pelos Seres Supremos eram leais a eles. No entanto,
Shalltear ainda se rebelou. Se esse fosse o caso, qualquer outra pessoa poderia ser a pró-
xima.
Por tudo o que ela sabia, sua irmãzinha também poderia trair—
Ela não podia apagar completamente esses pensamentos. No entanto, para Albedo, isso
não era necessariamente uma coisa ruim.
Albedo tinha um olhar perplexo e confuso no rosto quando chegou ao seu destino.
Ela declamara seus sentimentos para um homem que não estava lá.
“Mesmo se todos em Nazarick se rebelarem contra ti, eu sempre estarei ao seu lado.”
Parte 3
Havia seis homens na sala. Três deles eram homens de aparência robusta, cingidos para
a guerra, enquanto um deles parecia igualmente imponente apesar de sua falta de armas
ou armaduras. Foi ele quem se levantou para chamar Ainz. Além disso, havia um homem
magro, de aparência neurótica, com uma túnica e, finalmente, um homem gordo sentado
na parte mais interna da sala.
Ainz sentou-se sob os olhos de todos os outros, e então o homem de pé falou mais uma
vez.
Ele tinha uma aura de um poderoso veterano sobre ele. Não havia dúvida de que ele era
um excelente guerreiro.
Ele era gordo — não, francamente falando, ele era quase todo feito de gordura. Sua bar-
riga estava arredondada e flácida, e seus queixos estavam transbordando de tecido adi-
poso. O excesso de gordura fez com que ele parecesse um bulldog.
O cabelo em sua cabeça era escasso o suficiente para que seu couro cabeludo refletisse
a luz, e o pouco cabelo que restara já havia se tornado branco.
Talvez fosse porque o nariz dele estava entupido, mas ele fez barulhos de *buhiiii*
quando falou.
O homem magro — que parecia tão frágil como um mastro de bambu e um tanto quanto
anoréxico — acenou para Ainz.
“E esses três são muito parecidos com você, membros das equipes de aventureiros que
são o orgulho de E-Rantel. Da direita para a esquerda estão Igvarge-san da Kralgra, Bel-
lote-san da Lobo do Céu e Moknach-san da Arco-íris.”
Esses três homens tinham placas de metal ao redor do pescoço — feitas de mythril — e
cada um deles dava a impressão de ser comandante e até algo maior que isso. Seu equi-
pamento não era nada mais que lixo para Ainz, mas eles ainda estavam muito acima dos
equipamentos que maioria dos aventureiros da cidade usava.
Cada um deles tinha olhares diferentes em seus olhos, mas todos compartilhavam o
mesmo fio comum de curiosidade.
“Antes disso, há algo que eu gostaria de perguntar a você, Ainzach. Eu nunca ouvi falar
do nome Momon antes. Como ele é placa de mythril, ele deveria ter feito algo digno de
nota, certo?”
Parecia haver um pouco de hostilidade em sua voz. No entanto, Ainzach parecia não
prestar atenção e respondeu alegremente:
“Seus feitos incluem domar o Sábio Rei da Floresta, bem como resolver o incidente do
cemitério na noite passada.”
“Incidente do cemitério!?”
“Buhiii~ você está bem informado. Instruí que o assunto não seja divulgado devido a
algumas notícias preocupantes. De onde você ouviu isso?”
“Perdoe-me, Prefeito. Eu simplesmente ouvi isso por aí, então é difícil dizer de onde exa-
tamente as notícias vieram. Além disso, não conheço muitos detalhes.”
“Hm~ soa falso para mim, mas vamos relevar. Deve haver muitas pessoas que sabem
sobre os undeads que vagarem livremente. Buhiii~ me perdoe, eu o interrompi sem ne-
cessidade.”
“Tudo bem, Prefeito. De todo modo, a Guilda concluiu que, devido às suas contribuições
nesse incidente, Momon-san é um aventureiro mythril.”
Ele nem mais estava fingindo ser educado. Igvarge mostrou sua agressão nua em seu
rosto e então alguém falou friamente.
“Hmph. Francamente falando, eu tenho que dizer que eu também não estou feliz com a
classificação de mythril de Momon-dono, Chefe de Guilda.”
O homem que cortou foi o chefe da Guilda dos Magistas, Rakheshir. Havia uma expres-
são de desprezo em seu rosto, embora Ainz entendesse que não era dirigido a si mesmo,
mas a Igvarge. No entanto, Igvarge não percebeu isso e sorriu para Rakheshir de uma
maneira amigável.
“Ku, kuku.”
Os lábios de Rakheshir ficaram ainda mais finos, como se ele tivesse ouvido algo diver-
tido. Não foi um gesto amigável, porque ele tinha um olhar desdenhoso em seus olhos.
“Realmente, isso não cabe a você julgar, Igvarge-kun. Há pessoas na Guilda que sentem
que o Momon-kun era digno de uma placa de orichalcum.”
“Quê!?”
Assim que viu, o sorriso zombeteiro de Rakheshir cresceu tanto que torceu todo o seu
rosto.
“Momon-san rompeu uma horda de milhares de undeads com apenas sua parceira —
não, ele também tinha o Sábio Rei da Floresta, um total de três membros — e derrotou
as pessoas realizando um ritual profano.”
Nesse ponto, Rakheshir virou-se para Ainz trajando sua armadura de placas completa,
tinha um olhar severo em seus olhos.
[ D r a g ã o Esquelético]
“...Isto foi, os ossos de um Skeletal Dragon. Momon-san matou uma assustadora criatura
undead que possuía absoluta resistência à magia.”
“Bem, sim! Os Skel-Skeletal Dragons são fortes! Mas os aventureiros mythril ainda po-
dem def—”
“O que disse!?”
A surpresa de Igvarge foi acompanhada pelos outros dois aventureiros. Então, houve
uma mudança sutil na atitude deles quando eles olharam para Ainz. Eles eram como ob-
servadores tentando sondar as profundezas de um lago.
“Encontramos os restos de dois Skeletal Dragons no local. Poderiam suas equipes rom-
per uma horda de milhares de undeads, matar dois Skeletal Dragons e matar os mentores
até então desconhecidos dessa conspiração em tão pouco tempo? Outros aventureiros
estavam presentes no cemitério, e eles relataram a presença de espíritos distorcidos
[Aparições]
como Wraiths. Você poderia ter atravessado um terreno tão mortal?”
“Então, deixe-me fazer outra pergunta. Ouvi dizer que o único outro membro do grupo
de Momon-san é uma mulher. Ela é uma magic caster, o que significa que ela teria sido
completamente inútil contra os Skeletal Dragons e sua completa imunidade mágica. Sob
estas circunstâncias, com apenas um outro... não, mesmo com o Sábio Rei da Floresta ao
seu lado, chegou a pensar sobre isso?”
“Por favor, permita-me agradecer em nome da cidade, Momon-san. Se não fosse pela
sua resposta rápida, muitas outras vidas poderiam ter sido perdidas. E enquanto eu só
posso falar por mim mesmo neste assunto, se vier a mim com qualquer pedido que você
tenha e eu farei o meu melhor para cumpri-lo.”
“Parece que você é realmente digno de um orichalcum... não, um adamantite. Pensar que
alguém poderia realizar um feito tão grandioso e descartá-lo com tanta humildade, como
se não fosse nada digno de nota. Ouvi dizer que a sua companheira também pode usar a
magia do terceiro nível... está correto?”
“Seu louvor me honra... mas eu não quero casualmente revelar meu trunfo.”
O rosto e as orelhas de Igvarge ficaram vermelhos enquanto ele observava o modo como
Ainz e Rakheshir conversavam animosamente um com o outro. Então ele gritou:
“Nós daríamos conta se fossemos todos juntos! Além disso, que culpa temos se ele não
tem muitos em seu grupo, certo? Ele não consegue mais ninguém, é porque ele não é
bom!”
O ar na sala ficou tenso, parecia estar gelando, e então o som de um buhiii~ soou no
ambiente.
“Vamos deixar o assunto por aqui. Nós não reunimos todos aqui para lutar, não é?
“Eu entendo que todos vocês valorizam a força, mas esse não é o tópico que estamos
aqui para abordar, então por que não resolvemos o assunto rapidamente?”
“Obrigado, Prefeito.”
“Muu? Eu não tenho idéia do porquê você me agradeceria, mas você provavelmente de-
veria continuar falando. O fato é que ainda não tenho certeza do que está acontecendo
aqui.”
Igvarge interrompeu mais uma vez com palavras zombeteiras. Ele não estava errado em
dizer isso, mas ele também estava sendo muito chato. Os outros aventureiros também
franziram a testa.
“Está bem. Desta vez, ele levantou uma questão importante. Eu fui um pouco rude.”
No entanto, a face falsa que Ainz revelou ao tirar o elmo era simples, o que não era par-
ticularmente atraente.
“Já que eu venho de outro país, uso meu elmo para evitar problemas. Por favor, perdoe
minha falta de boas maneiras.”
Enquanto a voz dando sermão a segunda interrupção de Igvarge era ouvida, ele perce-
beu que todos os outros na sala se sentiam assim também, então relutantemente ficou
em silêncio.
“...Bem, é por causa desse tipo de coisa que as pessoas têm opiniões preconceituosas de
estrangeiros.”
Várias pessoas sorriram amargamente com as palavras de Ainz. O rosto de Igvarge havia
mudado de pálido para quase branco, mas quando Ainz colocou o elmo de novo, não
houve queixa.
“Então, espero que não percamos mais tempo. Vamos direto ao assunto.”
“Bem, é porque alguém nos atrasou e não discutimos nada até agora.”
Ainz baixou a cabeça em desculpas. Ele tinha experimentado esse tipo de coisa antes
como assalariado, onde seus chefes anunciavam que só começariam quando todos tives-
sem chegado. Assim, tudo o que ele podia fazer era suprimir a vontade de ir para casa,
porque ele realmente entendia como se sentiam.
Quando contrastado com a hostilidade de Igvarge e as constantes zombarias, o sincero
pedido de desculpas de Ainz fez com que ele parecesse muito mais nobre. Igvarge zom-
bou com raiva quando sua carranca se aprofundou, porque estava bem ciente de que a
opinião geral sobre ele caíra ainda mais.
“...Você já terminou? Mais uma interrupção sua e pode dar o fora daqui.”
Como esperado, foi Ainzach quem falou. Seus olhos estavam cheios de raiva, e não havia
vestígio de calma em sua voz. Naturalmente, ele estava olhando para Igvarge.
Ainz ficou confuso ao observar a reação de Igvarge. Dada a hostilidade que o homem lhe
mostrara agora, não teria sido estranho se ele agisse como um estudante de segundo grau
reclamando a seus pais. Por que ele escolheu recuar?
“Para resumir, cerca de duas noites atrás, alguns aventureiros patrulhando os arredores
de E-Rantel encontraram um Vampiro. Cinco deles foram mortos pelo Vampiro. Eu reuni
todos vocês aqui por causa desse incidente.”
A única aventureira sobrevivente estava com muito medo de dar uma descrição ade-
quada, e só havia anotado detalhes como roupas, cor de cabelo e coisas do tipo. No en-
tanto, o que mais se destacou foi “cabelos prateados e boca larga”.
Apesar de ser apenas uma descrição confusa, qualquer um que conhecesse Shalltear
pensaria imediatamente nela quando ouvissem tal descrição. Em seu coração, Ainz tinha
certeza da identidade do Vampiro.
Eu não tenho idéia de como as coisas acabaram assim, mas as coisas podem dar errado se
eu não alterar as memórias da sobrevivente. Mas vou ter que fazer isso outra hora.
“Quando diz “os arredores”, exatamente o que você quer dizer com isso?”
“...Eu gostaria de perguntar, mas por que você trouxe tantos aventureiros aqui para ape-
nas um Vampiro? Haverá uma competição de algum tipo?”
“Ele tem razão. Os aventureiros de ranque platina podem lidar com um Vampiro. Não
tenho idéia do porquê você reuniu tantos aventureiros mythril.”
“Pode ser que você esteja tentando dizer que o inimigo é um Vampiro de alto nível... o
Vampirelord Landfall que foi mencionado na Saga dos Treze Heróis?”
“Nós não sabemos se o inimigo é de fato um Vampirelord, mas de acordo com a aventu-
reira que encontrou o Vampiro, o monstro usou magia de terceiro nível, 「 Create
Undead」. Eu confio que não preciso contar a vocês, aventureiros, as implicações disso?”
Eles não tinham nada a dizer. Os olhares severos em seus rostos falavam tudo o que
tinha a dizer.
“Hm~ Eu não tenho idéia do que isso significa, então você poderia me dizer?”
“Perdoe-me, Prefeito-san.”
“Qualquer coisa que possa usar magia desse nível é ranque platina, no mínimo.”
Panasolei franziu a testa quando começou a obter uma imagem melhor da situação.
“Em outras palavras... não vou interromper com coisas assim novamente.”
Os olhos de Panasolei ficaram afiados, e isso foi o suficiente para mudar a imagem que
ele projetou para todos os outros. Ele havia passado de um porco gordo e preguiçoso
para um javali selvagem. Ou melhor dizendo, esse era o verdadeiro rosto de Panasolei.
“Em outras palavras, é exatamente o que você está dizendo, Chefe de Guilda-san. Um
monstro a par com de um aventureiro platina, com poderes de um ranque platina ou
ainda mais que isso.”
“Como você o descreveria, digo em termos do tamanho de uma força militar compará-
vel?”
“Deixe-me tentar deixar isso claro, esta é apenas a minha opinião pessoal e não é de
forma alguma uma avaliação final e livre de críticas. Mas se você quiser pensar nisso em
termos de um grupo de combatentes, dado o fato de que os undeads não se cansam, nem
comem ou bebem... Eu acho que você poderia compará-lo com um exército de dez mil.”
“O quê!?”
Um olhar de choque surgiu sobre Panasolei ao ouvir isso, e ele olhou para os outros
aventureiros, como se buscasse opiniões sobre essas palavras. Além de Ainz, todos con-
cordaram com as palavras do líder da Guilda dos Magistas.
“Para continuar de onde Theo parou, apenas cerca de vinte por cento dos aventureiros
do Reino podem ser considerados com ou acima do nível de platina. Existem cerca de
três mil aventureiros no Reino, então, entre os oito milhões de pessoas do Reino, existem
apenas cerca de seiscentos aventureiros classificados em platina ou acima. Você entende
agora? Os aventureiros classificados em platina são um tanto raros.”
“É assim mesmo? Eu gostaria de não acreditar nisso, mas não é o caso. Então, com essa
situação em mente, gostaria de perguntar-lhes, aventureiros; vocês estão confiantes em
eliminar essa criatura? Se não... bem, que tal pedir ao Capitão Guerreiro Gazef-kun por
alguma ajuda?”
Gazef Stronoff. O mais poderoso guerreiro do Reino, superior até aos aventureiros ada-
mantite. Um homem que era indiscutivelmente o Ás do Reino.
“Pode ser verdade que nenhum guerreiro seja capaz de vencer o Stronoff-dono. No en-
tanto, se Stronoff-dono enfrentasse um grupo de aventureiros mais fracos do que ele, os
vencedores seriam, sem dúvida, os aventureiros. Isso ocorre porque os grupos de aven-
tureiros têm muitos métodos de ataque e defesa — para continuar o exemplo do uso do
Stronoff-dono, o grupo pode usar quatro vezes a quantidade de magias e artes marciais
que o Stronoff-dono pode usar. O impacto desta diferença é particularmente marcado
quando enfrentamos monstros que possuem habilidades especiais únicas.”
“Uhun...”
“A solução ideal seria recrutar aventureiros orichalcum e adamantite para isso. Mas an-
tes disso, eu gostaria que os aventureiros mais fortes de nossa cidade montassem uma
linha defensiva para impedir que o dito Vampiro nos invada.”
“Esse é o melhor resultado possível do pior cenário possível. Preciso te lembrar que
nosso inimigo é um exército de um homem só?”
“Eu... eu não quero imaginar o terror que um inimigo tão temível implicaria...”
Poder-se-ia seguir um exército de dez mil por seus rastros e evadi-los facilmente. Além
disso, quantidades prodigiosas de suprimentos seriam necessárias para manter tal exér-
cito em marcha, de modo que seria difícil para eles lutar por muito tempo.
No entanto, e se esse exército fosse comprimido em uma única pessoa? E se essa pessoa
fosse capaz de usar 「Invisibility」 ou fosse adepta de operações secretas?
“Ainda assim, como aventureiro, devo dizer que formar uma linha defensiva será muito
difícil, Chefe de Guilda-dono. Afinal, coordenar nossas equipes vai precisar de um tempo
razoável de treinamento...”
“Bem, em vez disso, o que você acha de todos apenas atacarem juntos?”
“Eu duvido que isso seja possível. Para trabalhar tão bem quanto isso, precisamos ela-
borar planos de batalha complexos, mas quanto mais complexo o plano, maior a proba-
bilidade de ocorrer algo inesperado. Em vez de arriscar, seria melhor não trabalharmos
em conjunto e apenas operar de forma independente. Falando nisso, por que esse tal
Vampiro apareceu lá? Que notícias tem a Guilda sobre isso?”
“Sobre isso... já que o inimigo é um poderoso Vampiro, a Guilda não tem todos os deta-
lhes sobre ele no momento. Quando estávamos prestes a organizar um grupo de reco-
nhecimento, ocorreu o incidente da noite anterior, que dispersou nossas forças.”
“...Entendo. Então você está preocupado que esses dois incidentes estejam vinculados?”
“Momon-shi não cuidou do incidente do cemitério? Havia alguma coisa nos corpos dos
mentores que ligaria os dois eventos juntos?”
Ainz ficou intrigado. O Chefe da Guilda dos Aventureiros — que respondia sem qualquer
hesitação — voltou-se agora para o Prefeito, um olhar interrogativo em seus olhos. Ainda
assim, quando se pensava sobre isso, informações relativas aos criminosos que haviam
conduzido um ataque terrorista à cidade... Era obvio que havia coisas que podiam e não
podiam ser ditas aos aventureiros.
No entanto, esta foi a primeira vez que Ainz ouviu esse nome. Ele fervorosamente rezou
para os deuses que ele não acreditava, para que os outros não o questionassem sobre
esse assunto sobre o qual ele não sabia nada.
“Aquela sociedade secreta de controle de undeads? Eu acho que eles realmente estão
ligados a esse Vampiro.”
“Então o objetivo deles era acionar incidentes dentro e fora da cidade para dividir nos-
sas forças? Ou ambos são engodos e o plano real está prestes a começar... isso é terrível.”
“É bem provável que o Vampiro já tenha saído daquele local... ainda assim, há uma
chance não próxima de zero de que ele permaneça lá, por isso devemos mandar al-
guém—”
O aventureiro que falou imediatamente fechou a boca.
Essa foi uma reação natural. Afinal de contas, qualquer um que se dirigisse a um local
provável daquele Vampiro estava essencialmente dizendo que queriam entrar em perigo.
Se eles realmente encontrassem o Vampiro, e se o Vampiro fosse tão poderoso quanto os
rumores, então a morte certa os esperava.
Essas palavras eram uma maneira indireta de dizer a alguém para se matar.
“...Vamos deixar isso de lado por enquanto. É mais importante fortalecer as defesas da
cidade. Afinal, até onde sabemos, o Vampiro pode ter se infiltrado na cidade durante esse
tempo.”
“...Bem, seria bastante fácil se infiltrar na cidade, já que pode usar magia. Afinal de con-
tas, isso não é como a Capital Imperial, com cavalaria aérea e magic caster em patrulha.”
Pode-se usar 「Fly」 para entrar pelo ar, ou andar em linha reta com 「Invisibility」
para ocultação. Magia era muito problemática para lidar, e foi por isso que consolidar sua
força de luta e montar uma defesa era o caminho mais lógico.
“Ainda assim, é muito difícil fazer qualquer coisa sem qualquer informação concreta.
Nós realmente deveríamos investigar esse tal esconderijo!”
Ainz engoliu em seco — embora não houvesse nada para ele engolir — e disse:
“Para começar, você está enganado. Esse Vampiro não tem nada a ver com Zurrernorn.”
“Eu sei o nome desse Vampiro, porque eu tenho caçado essa criatura por um longo
tempo.”
“Quê!?”
O ar estremeceu.
“Sim, eu disse. Há dois desses Vampiros, uma, a fêmea, tem cabelos prateados e é conhe-
cida como...”
Ele parou de repente aqui. Originalmente, ele ia dizer “Carmilla”, mas um nome como
esse era normal demais para uma Vampira. Se houvesse outros jogadores por perto, esse
nome rapidamente os revelaria sobre sua presença. Enquanto se perguntava qual nome
dar, um lampejo de inspiração aconteceu, e ele deixou escapar um nome:
“Honyopenyoto...”
“Eh?”
Aquela resposta idiotizada não veio de uma só boca; quase todos exclamaram da mesma
maneira.
Ele mesmo inventara o nome, mas achava que era um pouco diferente do que ele men-
cionara pouco antes disso. Ainda assim, se alguém o pressionasse com suas dúvidas, ele
pretendia manter que ele tinha falado errado.
“Honyo-penyo...?”
“É Honyopenyoko.”
Embora ele tenha dado a Vampira um nome que terminasse com “ko”, nenhum jogador
de YGGDRASIL deveria ser capaz de adivinhar que ele havia inventado. Cheio de orgulho
por essa escolha perfeita de nomes, Ainz sorriu presunçosamente sob o elmo.
“É isso, então? Essa Honyo... ah, enfim! O importante é que sabemos que o nome da Vam-
pira... Já não é hora de você nos dizer sua verdadeira identidade? Em que país você nas-
ceu—”
“Peço desculpas, mas não posso dizer isso no momento. Atualmente, estou em uma mis-
são altamente secreta. Se você descobrir, não terei outra escolha senão deixar esta terra,
e então você terá que lidar com a Vampira sem minha ajuda. Eu não quero que isso se
torne um incidente internacional. Você entende, não é, Prefeito?”
O Prefeito assentiu devagar e, ao ver isso, Ainzach mordeu o lábio e olhou atentamente
para Ainz.
O olhar do Chefe de Guilda não significava nada para Ainz. No entanto, ele não sabia se
havia comprado sua história ou se continha contradições. Esses dois pontos de incerteza
encheram o coração de Ainz de desconforto, mas Ainz descartou-o com uma brusquidão
que não toleraria interferência e continuou:
Assim falou o Guerreiro trajado de preto tão sublime quanto a escuridão e que chegara
atrasado.
Embora eles não pudessem ver seu rosto, eles podiam sentir a confiança e determinação
transbordando em sua voz.
O ar se encheu com uma pressão que poderia ter sido confundida com um estrondo, e o
suspiro que se seguiu fez todos pensarem que tinham feito esse estrondo.
Essa declaração sem a menor consideração foi feita com a maior audácia.
Esse gesto não foi sábio, nem mesmo entre os companheiros aventureiros de nível equi-
valente. No entanto — todos os aventureiros aqui eram veteranos de inúmeras lutas en-
tre a vida e a morte. Eles podiam sentir que a atitude dele não nascera da imprudência,
do narcisismo ou do orgulho, mas fora calculada friamente e cuidadosamente. Ao mesmo
tempo, falou muito da força do próprio Momon, já que ele poderia fazer tal afirmação.
Ainzach sufocou as palavras para dentro de si, e então respirou fundo várias vezes. Na
verdade, todos os presentes faziam o mesmo, o Prefeito até abrira o colarinho e o suor
escorrera despudoradamente.
“Eu não me importo de discutir isso depois. No entanto, após este incidente ser resol-
vido... após a descoberta e destruição da Vampira, eu gostaria de uma placa orichalcum
no mínimo. Isso tornaria mais conveniente para mim quando eu rastrear aquele outro
Vampiro, porque é cansativo ter que provar minha força.”
Os aventureiros não trabalhavam para cidades ou países, mas essa cidade não tinha ne-
nhum aventureiro orichalcum no momento. Se ele se tornasse um dos maiores aventu-
reiros da cidade, todos saberiam seu nome. Além disso, a raridade dos aventureiros de
ranque orichalcum significava que sua fama se espalharia ainda mais. Dessa forma, as
pessoas vinham até ele com missões perigosas, e isso permitiria que ele aprendesse so-
bre outros poderosos Vampiros.
No entanto, havia um homem cujo coração se recusava a aceitar isso, mesmo que ele já
tivesse sido persuadido em um nível intelectual.
Uma cadeira rangeu, e quando todos os olhos foram para a fonte do som — escusado
dizer que era Igvarge, que estivera pentelhando Ainz durante todo esse tempo.
“Eu não posso acreditar em sua força. A-Além disso, ainda não está claro se a Vampira é
tão forte quanto você diz. E reanimar o cadáver pode ter sido feito através de um item
mágico. Nós vamos com você!”
A razão pela qual Igvarge ainda poderia reunir sua oposição a Ainz apesar de ter sido
abalado até o núcleo foi puramente por causa de sua hostilidade em relação a Ainz e sua
recusa em admitir a derrota.
No entanto, seus companheiros aventureiros não aprovaram sua atitude. Bellote falou
em tom farpado:
“Igvarge, contenha seus modos—”
“—Está bem.”
Ainz concordou prontamente com o pedido. No entanto, não houve gentileza nessa res-
posta; As seguintes palavras foram frias e implacáveis.
“Dito isto, devo avisá-lo que se você vier junto... será morte certa para você. Até onde eu
saiba, todo o seu grupo também pode ser morto.”
Aquele tom factual não soava como uma ameaça, nem soava como uma piada. Era uma
previsão clara do futuro, que causou um arrepio no corpo de Igvarge. Na verdade, todos
os presentes estavam gelados até o osso por essa afirmação.
“Esse é o meu aviso para você. Se não se importa, então, por favor, venha junto.”
Ele estava blefando, mas ele não podia se arrepender de suas palavras. Ele não podia
fugir disso. Como poderia ele, um aventureiro mythril, desgraçar-se diante de alguém
influente como o prefeito?”
Assim que a tensão se construiu novamente entre os dois, Ainzach — que se acalmou
um pouco — perguntou à Ainz:
“É muito bom ser confiante, mas há alguma base para essa confiança? É claro que sabe-
mos que você é forte, mas com certeza você deve saber que o inimigo também não é brin-
cadeira. Francamente falando, não temos certeza se podemos deixar tudo para você tam-
bém. Se... se por algum motivo você for derrotado, precisamos pensar sobre o que fazer
a seguir...”
“Como assim?”
“Surpreendente... mas de fato está certo. Além disso, este cristal contém uma magia de
oitavo nível.”
As exclamações que Ainz havia evocado de Rakheshir eram como os gritos de uma gali-
nha sendo estrangulada. Até o rosto do homem havia se distorcido até um ponto assus-
tador.
Não foi apenas Rakheshir que ficou chocado. Todos — não, todos, exceto o Prefeito, ti-
nham uma expressão de medo ou surpresa em seus rostos aturdidos. Qualquer aventu-
reiro com um mínimo de experiência poderia entender o valor do item que Ainz mostrara
para eles.
“...Pode ser apenas lenda, mas se é realmente magia desse nível... seria nada menos que
algo mítico.”
Os três aventureiros — até mesmo Igvarge — olhavam atentamente para o cristal sobre
a manopla negra, olhares assustados estampavam seus rostos.
“Por quê?”
“Isso... é apenas a curiosidade de um magic caster. Eu juro que não farei nada estranho
a isso! Se você quiser alguma coisa como garantia, posso prometer tudo sobre minha
pessoa, por exemplo, esse cinto—”
“Eu entendo, não há necessidade para esse tipo de coisa. Aqui, dê uma olhada.”
“Incrível... ah, sim, Momon-dono, posso lançar uma magia sobre isso?”
Depois de ver Ainz concordar com um aceno de mão, Rakheshir trabalhou avidamente
sua magia.
O olhar no rosto do homem ficou ainda mais exagerado depois que ele lançou essas ma-
gias e depois...
“Impressionante!”
—Não havia vestígio do homem de antes. Em vez disso, seus olhos inocentes irradiavam
um olhar de puro deleite, e até seu tom era diferente, como se ele fosse um adolescente
novamente.
“É verdade! É realmente magia de oitavo nível! Isso é tudo que minhas magias podem
me dizer... mas é incrível, realmente incrível!”
Ele gritou assim várias vezes, o que deixou todo mundo olhando em silêncio. Então,
Rakheshir pegou o cristal e o lambeu por inteiro, até mesmo esmagando-o no rosto —
como se tivesse enlouquecido.
“Seu idiota! Como alguém poderia se controlar? Isso é seriamente incrível! Tem uma
magia de oitavo nível dentro disso, embora eu não saiba qual seja!”
“Foi desenterrado em uma certa ruína, junto com muitos itens mágicos. Claro, o cristal
já tinha essa magia selada dentro dele no momento em que foi descoberto. Eu tive ajuda
de um poderoso magic caster para identificá-lo.”
“Entendo! Então, então onde é o local desta ruína!?”
“Uuu... claro.”
Rakheshir olhou ao redor, então relutantemente devolveu o cristal a Ainz. Enquanto ob-
servava Ainz limpar o cristal com um pedaço de pergaminho, ele de repente exclamou:
Um silêncio chocado tomou conta do ambiente mais uma vez e Ainzach espalmou seu
rosto. Ele fez uma carranca e perguntou em tom severo:
“...Por que essa oposição súbita? Bem, eu já sei o porquê, mas ainda assim — eu tenho
que perguntar.”
Ele ficou completamente insano, Ainzach decidiu quando olhou para o amigo, mas deci-
diu descartar sua opinião.
“Por favor, espere! Magia do oitavo nível é praticamente de nível divino! Como você
pode usar um item tão valioso em uma mera Vampira?”
A raiva fervia nos olhos de Ainzach. Ele não podia mais tolerar essas explosões, especi-
almente de alguém da alta sociedade como Rakheshir.
Depois de olhar para o amigo para se certificar de que estava de volta ao normal, Ain-
zach decidiu formalizar o pedido.
“Compreendo.”
“Vamos sair o mais rápido possível. Vampiros sofrem uma penalidade de lentidão sob a
luz do dia.”
“Penalidade? Eh, uma fraqueza, então? Eles se movem lentamente durante o dia. Nosso
lado estará pronto em breve.”
“Uma hora? Não é um pouco cedo demais? Ainda há muito tempo antes do pôr do sol.”
“Estou com muita pressa. Se a sua coragem está faltando e você precisa de algum tempo
para se levantar, então eu vou deixar você aqui e ir por sozinho. Alguma pergunta?”
Havia uma raiva evidente na voz de Igvarge quando ele se levantou depois de falar. Ainz
olhou friamente para Igvarge recuar e então se virou para olhar para as outras pessoas
que estavam na sala.
“Então, nós partiremos imediatamente. Espero que todos os outros defendam E-Rantel.
Eu não desejo voltar sem ter encontrado a Vampira e descobrir o quão problemática a
situação é.”
“Bem, eu não posso dizer que não haverá problemas, mas você pode deixar para nós. Se
você encontrar algum perigo, eu rezo para que você volte imediatamente.”
♦♦♦
No final, só restavam três pessoas na sala; Panasolei, Ainzach e Rakheshir, que ainda
tinham uma expressão apaixonada no rosto.
Rakheshir também achava que tinha sido uma exibição desagradável da parte dele, mas
mesmo assim achou difícil esconder sua excitação.
Ele conhecia Lizzie, a herborista, já fazia algum tempo, e ela compartilhou avidamente
o assunto sobre uma poção com ele. Enquanto ele ouvia sua excitada exposição naquela
época, ele a olhara com olhos frios e se perguntava se realmente valeria a pena comentar
isso. No entanto, agora ele queria rir de seu passado.
Ele agora entendia a surpresa incontrolável e a agitação emocional que se sentia quando
um objeto inatingível aparecia diante dos olhos.
Rakheshir ficou em silêncio. Isso porque ele estava lutando para suprimir a alegria de
menino que estava surgindo dentro dele.
“Sim. Aquele item pode mudar tudo o que sabemos sobre magia. O fato é que magia
acima do sexto nível reside apenas nas lendas. Essa foi a primeira vez que vi algo pare-
cido.”
As magias conhecidas como Magia de Níveis apareceram neste mundo cerca de 500/600
anos atrás. Depois disso, houve vários heroicos usuários de magia, mas os rumores de
outras pessoas além dos Treze Heróis, usando magias de 7º nível e acima, eram exata-
mente isso — rumores.
Nas sagas heroicas, havia um herói que uma vez usou uma magia que fez as pessoas
concluírem que “É impossível até mesmo com a magia do 7º nível ou superior”, mas a
maioria das pessoas achava que era apenas uma história. Além disso, a questão de se os
Treze Heróis realmente usaram magia de 7º nível também estava em dúvida.
Contudo—
Rakheshir pensou, essas histórias podem não ser inteiramente fictícias. Ele fez uma ano-
tação mental disso e disse a si mesmo para investigá-las quando tivesse tempo.
Por exemplo, o Rei Goblin que matou muitos Dragões com um ramo de cinzas, o herói
alado que sobrevoou o céu por longos períodos, o Cavaleiro Místico que montou um Dra-
gão de Três Cabeças, a princesa que governou a cidade de cristal com seus doze leais
cavaleiros, e assim por diante.
Assim, eles consultaram a mais renomada herborista da cidade, Lizzie Bareare, sobre o
assunto. O que eles aprenderam foi que a poção era um item mágico tão valioso quanto
o cristal de agora.
Alguém poderia suspeitar se ele possuísse apenas um item exótico, então era natural se
perguntar quem diabos ele era, já que possuía dois. Ainda assim, por que a Vampiro pa-
rou seu ataque?
Havia duas possibilidades. Primeira, era que ele seria inimigo dessa Vampira. Segundo,
era que havia algum elo entre eles. Era por isso que eles queriam ver se tal relação existia.
Momon era realmente um inimigo dessa Vampira?
Isso era o que eles estavam realmente preocupados, e os três pensaram na conversa
com Momon.
“Eu acho que a possibilidade disso é muito baixa. O que você acha, Rakheshir?”
Mesmo que Momon estivesse realmente ligado a essa Vampira, a resposta descrita an-
teriormente não lhe traria bem algum.
“Eu duvido, Prefeito. Aventureiros gozam de fama e prestígio, mas possuem pouca in-
fluência. Quais são os benefícios de se tornar um aventureiro orichalcum, Ainzach?
“...Bem, você pode aceitar solicitações com pagamento melhor e será mais famoso. Se
tiver sorte, você pode até receber um agrado do governo por excelência... se for real-
mente isso. O poder pode ser muito mais facilmente obtido por outros meios.”
A impressão mais reveladora dos aventureiros era que eles eram mercenários especia-
lizados contra monstros. Certamente, era possível que alguém pudesse se tornar o líder
de área dentre os presentes na Guilda dos Aventureiros, mas eles ainda seriam incapazes
de alcançar uma posição em que pudessem ditar a política nacional.
“Se a riqueza fosse o seu objetivo, ele poderia vender o cristal e nunca mais se preocupar
com dinheiro para o resto de sua vida. Alguém tão forte quanto ele poderia crescer rapi-
damente na fama. O fato é que muitos dos guardas da cidade já o chamam de herói len-
dário.”
“Mesmo assim, lamento dizer que não temos provas para provar sua confiabilidade.
Ainda assim, até agora não há contradições no que o Momon-dono disse, e se ele real-
mente for um inimigo, por que ele nos mostraria aquele Cristal Selado? Acho que pode-
mos confiar nele.”
As palavras de Rakheshir resultaram em expressões iguais no rosto dos outros dois ho-
mens. Essa expressão dizia claramente que era difícil acreditar em tais palavras vindas
de um maníaco como ele.
“Prefeito, Ainzach, a razão pela qual nenhum de vocês pode confiar em Momon-san é
porque ele apareceu do nada, da mesma maneira que a Vampira, eu estou correto? No
entanto, sinto que as palavras do Momon-san puderam explicar isso adequadamente.”
“Além disso, se aquela Vampira realmente estava sendo caçada pelo Momon-san, há
também uma explicação racional do porquê ela interrompeu seu ataque à dama aventu-
reira quando viu a rara poção de Momon-san. Além disso, é possível que a aventureira
tenha sido poupada porque a Vampira queria que o Momon-san soubesse que ela estava
aqui.”
“Entendo... então ela queria deixar o Momon-san saber que ela estava por perto e fazê-
lo a seguir. A Vampira deve ter visto a poção da aventureira e suspeitava que ela fosse
parente de Momon-san. Assim, ela a libertou para espalhar a notícia de sua presença. Isso
faz sentido...”
“...Dado o fato de que o Momon-kun perseguiu aquela Vampira até essas bandas... Eu
não posso imaginar que ela ficaria feliz em saber que ele estava por perto.”
“De fato, prefeito. No entanto, ainda não sabemos de que país ele é, portanto tratá-lo
bem e ficar atentos. Embora eu não ache que ele seja tão suspeito... kuku, eu gostaria de
discutir o assunto dos itens mágicos de Momon-san pessoalmente com ele. Aquela arma-
dura também parece muito valiosa.”
Os cadáveres mutilados deixados por Ainz tinham sido armazenados sob os olhos de
camadas sobre camadas de guardas, mas haviam desaparecido após o amanhecer. Em-
bora suspeitassem que alguém os houvesse violado e roubado, os guardas não haviam
sido atacados e não havia sinais de que alguém suspeitasse.
A área de armazenamento tinha sido construída de uma maneira que inibia o uso de
magia de teletransporte; Pode-se dizer que era uma espécie de sala secreta. Assim, não
havia sinal de como os intrusos haviam conseguido entrar. Era como se os cadáveres ti-
vessem desaparecido em uma nuvem de fumaça.
Eles ainda estavam secretamente procurando por pistas dentro da cidade, mas nada ha-
via aparecido. A possibilidade de encontrar alguma pista era próxima de zero. Em outras
palavras, não havia nada que eles puderam aprender com os dois cadáveres.
“Poderia ser que o ritual profano que eles estavam conduzindo os transformou em
undeads, e então escaparam?”
“Pelo que você disse, parece que o Momon-kun não entrou naquele lugar. Se encontrás-
semos um item mágico que não pertencesse a ninguém e de grande valor, poderíamos
deixar a encargo dele?”
“Mmm, se tais itens não tiverem envolvimento com o ritual, então pelas regras dos aven-
tureiros, os itens pertencem a ele.”
Parte 4
O vento morno entrou através das fendas em seu elmo, soprando sobre o local que cor-
respondia aos seus olhos. Talvez se ele tivesse globos oculares, ele estaria piscando sem
parar, mas Ainz não tinha nenhum órgão sensorial, então tudo o que ele sentiu foi “o
vento está soprando”.
Olhando para baixo, ele viu a terra passando sob seus pés como uma flecha disparada.
Ele não sabia se era porque estava perto do chão ou por alguma outra razão, mas parecia
que ele estava se movendo mais rápido do que realmente estava. Claro, ele não estava
nem um pouco assustado. Ainda assim, toda vez que seu corpo trepidava, ele canalizava
mais força para suas pernas.
Embora Hamsuke pudesse manter bem o equilíbrio, ele ainda era um Hamster Djunga-
riano, porém gigantesco. Ainz precisava abrir bem as pernas para montá-lo, e essa pos-
tura de pilotagem instável era agravada pela falta de rédeas, barda ou sela. Mesmo al-
guém com um equilíbrio extraordinário como Ainz tinha que ter cuidado para não cair.
Vai ser difícil manusear minhas espadas enquanto estiver montando em Hamsuke; talvez
eu devesse ter um conjunto de chicotes de equitação e bardas feitos para isso, espero que
em breve. O Ferreiro Chefe está fazendo projetos de armaduras; talvez eu possa conseguir
alguma ajuda.
Não era apenas o passeio instável que trouxe esse tópico à mente, mas também por
causa de quem andava ao lado dele.
Narberal estava montada em um cavalo enquanto permanecia alinhada com Ainz. Ela
montou um Statue of Animal: War Horse, um item mágico que evocava um enorme cavalo
de guerra com armadura.
Era uma visão deslumbrante de Narberal, habilmente guiando seu gigantesco cavalo en-
quanto galopava pelas ruas da cidade. Seu rabo de cavalo balançava ao vento, juntamente
com sua capa marrom esvoaçante. A maneira como ela se sentava na sela era como se
tivesse saído diretamente de uma tela de cinema.
Eles eram uma equipe de quatro pessoas, e eles pareciam mais bem equipados do que
os membros do Espada das Trevas, com quem Ainz tinha viajado dias atrás.
Ainz enfiou a questão dos Espada das Trevas no canto de sua mente, soltando seus pen-
samentos complicados sobre esse assunto, e então estudou os cavalos que aquelas pes-
soas montavam.
Ainz não era equestre, mas dado que os pêlos brilhavam e seus corpos estavam em bom
estado, era correto supor que não eram cavalos comuns.
Ainz estava bastante deprimido, mas ele parecia ser o único que se sentia assim.
Essas palavras vieram de um dos camaradas de Igvarge, uma tentativa de iniciar uma
conversa com Ainz. Ao contrário de Igvarge, não havia hostilidade em sua voz. Em vez
disso curiosidade, Hamsuke teria despertado esse sentimento de aventureiro, e suas pa-
lavras estavam cheias de admiração e reverência.
Eu ainda não consigo me acostumar com esse tipo de reação. Eles têm que fazer essa cena
toda por causa de um hamster... hm?
Com o canto do olho, Ainz podia ver Hamsuke balançando seus bigodes com orgulho, e
suas orelhas se contorciam no ritmo do movimento. Provavelmente estava prestando
atenção na conversa de Ainz, dada a maneira como estava se contorcendo.
Ainz deu um cascudo impiedoso na cabeça de Hamsuke usando a mão, isso produziu um
som profundo e reverberante do crânio da criatura.
“Não... sabe, eu acabei ouvindo o Igvarge falar sobre isso... Entendo, ele está com raiva
de você novamente.”
“Como ele me descreveu? Ah, esqueça, você não precisa me dizer. Eu posso adivinhar
pelos olhares em seus rostos.”
“Hahaha, minhas desculpas. Aquele cara... ele não é um sujeito ruim, mas fica cego às
vezes quando aparece alguém melhor que ele.”
“...É surpreendente como vocês se sentem com um companheiro assim. Ou este grupo
troca de membros frequentemente?”
“Não, todo mundo está com a equipe desde que foi formada. Esse cara é um bom aven-
tureiro, ao contrário do que sua personalidade sugere.”
Ainz bufou. Então, levantou a mão, indicando que Narberal deveria suprimir a raiva que
se formava dentro dela em direção a Igvarge. Ainz não queria começar uma briga aqui —
havia coisas mais importantes que tinham que ser feitas neste momento.
Ainz sentiu uma pontada de arrependimento. Talvez ele tivesse usado muita força.
Ainda assim, teria sido ruim se ele tivesse caído por conta da excitação de Hamsuke.
Ele não se machucaria mesmo se caísse no chão. Ainz já havia conduzido um experi-
mento com um dos vassalos que tinham uma redução de danos semelhante à sua, e não
sentira nenhuma dor mesmo depois de ter caído de uma altura de um quilômetro.
“Corra mais uniformemente. Eu não quero ter que usar força para continuar montando
em você.”
“Entendido! Milorde deve estar preocupado com o corpo deste seu servo aqui!”
Desta vez, Hamsuke chorou porque foi impelido a tal, e Ainz ordenou que ele se manti-
vesse na dianteira. Foi então que o companheiro de Igvarge de agora a pouco se dirigiu a
ele em um tom respeitoso:
“Oh, isso é incrível, pensar que você pode manter seu equilíbrio em uma posição tão
precária. Isso seria muito perigoso, mesmo para alguém com um bom senso de equilíbrio
como o seu, não?”
“É porque eu estou acostumado com isso... embora eu pretenda usar sela em breve.”
“Uma sela, huh... este aqui realmente não gosta disso... apenas uma brincadeira, é claro!
Se Milorde desejar, seu servo aqui não tem objeções!”
Sob o olhar reprovador de Narberal, Hamsuke se esforçou para mostrar a atitude con-
dizente com um vassalo leal. As vibrações vindas de baixo da cintura de Ainz eram dife-
rentes dos tremores das viagens.
Apenas por ter Hamsuke com ele já proporcionava um enorme impulso para sua fama,
e a combinação da lealdade inabalável do Rei Sábio da Floresta a si mesmo era muito
diferente do medo que inspirava nos outros. O primeiro faria as pessoas pensarem bem
em Ainz e considerá-lo um aventureiro de espírito nobre. Embora isso não significasse
muito para ele, ele queria continuar se desenvolvendo nesta direção, já que tinha a
chance de fazê-lo. Isso também porque ele queria ser considerado um herói.
Além disso, seria útil que pessoas de fora de Nazarick jurassem lealdade a ele.
Isso fez Ainz refletir sobre suas ações, e considerou que poderia ter sido muito rude com
Hamsuke. Por isso, ele afagou levemente o lugar que havia dado um cascudo agora a
pouco, como se estivesse acariciando um pequeno animal.
O som de dentes rangendo era claramente audível para Ainz, mesmo através do galope
do cavalo.
...Você faz parte do motivo de eu estar fazendo isso, não? Falando nisso, quanta força está
usando para ranger alto assim? Se ela é realmente ciumenta, então eu deveria fazer algo
por ela, não? Narberal tem sido muito leal também, mas... que tipo de recompensa posso
dar a ela?
Enquanto Ainz agonizava sobre dar a ela um anel ou algum outro tesouro, Igvarge falou
de uma maneira completamente hostil.
“Ei, Momon, é por aqui.”
É um pouco embaraçoso montar em Hamsuke, mas eu fico feliz porque não preciso andar
a cavalo. Ainda assim, pode chegar o momento em que eu tenha que fazê-lo, eu provavel-
mente deveria praticar isso um pouco em caso de emergências.
“Eu não me importo com os meios, apenas não esqueça que estamos aqui e fique atento.”
Depois de ouvir a resposta irritada de Igvarge, Ainz guiou Narberal e Hamsuke para a
floresta.
Muito parecido com a floresta perto do Vilarejo Carne, as florestas aqui não tinham si-
nais de habitação humana e era muito difícil de atravessar. No entanto, Ainz portava di-
versos itens mágicos, então para ele era equivalente a uma planície. Além disso, sua an-
siedade em relação a Shalltear o fez acelerar o passo, a ponto de Igvarge pedir que dimi-
nuíssem o ritmo.
Bem, ele perguntou a eles, mas suas palavras secas estavam cheias de hostilidade. Nar-
beral — que estava andando ao lado de Ainz — quase se virou para repreendê-los, mas
Ainz a obrigou a ficar quieta.
Ainz sorriu sob seu elmo quando viu o olhar frustrado no rosto de Narberal. No meio de
tudo isso, Hamsuke havia percebido que algo estava errado e seus ouvidos estavam in-
quietos, como se tivesse ouvindo alguma coisa.
Ainz sabia o que havia provocado essa resposta de Hamsuke, e então ele sussurrou no
ouvido de Hamsuke:
Ele havia ordenado que Nigredo estabelecesse vigilância e além de ter tomado muitas
outras precauções, mas ele perguntou de novo só para ter certeza.
“Tem certeza?”
O homem não parecia feliz com essa resposta, mas depois de perceber que Ainz não
queria falar sobre isso, ele deu de ombros e não insistiu no assunto.
Ainz apenas pensava naquelas palavras sem falar enquanto avançava silenciosamente
pela floresta.
“Aconteceu algo?”
“Aconteceu algo? Você está praticamente em cima, deveria estar mais alerta!”
Esta foi a primeira vez que os outros homens mostraram aprovação a hostilidade de
Igvarge.
Igvarge estava gritando em uma árvore que era grande o suficiente para esconder a si-
lhueta de uma pessoa.
Em meio à crescente tensão no ar, Ainz caminhou calmamente até a árvore. Uma voz
com um leve tom de pânico o chamou, mas Ainz não prestou atenção.
Narberal assistiu como se fosse a coisa natural a fazer. Hamsuke teve suas dúvidas, mas
não ofereceu nenhuma oposição.
Quando ele se aproximou da árvore, alguém saiu de trás, como se em resposta. A pessoa
em questão estava vestida com uma armadura completa que era da mesma cor preta que
a de Ainz. Aquela pessoa segurava um gigantesco bardiche que irradiava um brilho verde
pestilento.
“Então, Shallte—”
“—Quem é ela? Ela é uma amiga sua? E quem é esse tal de Ainz-sama?”
Essas perguntas barulhentas bombardearam Ainz por trás, uma após a outra.
Esta foi uma reação totalmente compreensível para Igvarge e companhia, mas foi uma
ofensa imperdoável para Albedo, que ainda estava se curvando para Ainz. O rancor ar-
dente queimava dentro de seu coração, e então ela soltou, como se ela planejasse incine-
rar tudo na área com as chamas de sua ira.
Dado que até mesmo um espectador teve esse tipo de reação, o quão pior deve ter sido
para os alvos da fúria de Albedo? Seus rostos tinham se transformado em suor brilhante
e oleoso em suas testas, pois perceberam que suas vidas insignificantes seriam apagadas
em breve.
“Oh, quase me esqueci. Meu nome não é Momon. Meu nome verdadeiro é Ainz. Não que
vocês precisem se lembrar disso, é claro.”
Albedo sorriu presunçosamente ao ver os olhares confusos nos rostos dos homens. No
entanto, aquele sorriso foi tão gelado quanto um túmulo.
“Então, Albedo... lide com eles. Deixe um vivo... melhor, deixe dois, pode ser bom um na
reserva. Nosso jammer de sinal já está operante, então você pode ir em frente e usar uma
comunicação mágica.”
“Leve seus cadáveres para Nazarick. Se eles forem fortes o suficiente, podemos usá-los
para experiências de criação de undeads de alto nível.”
“Entendido.”
Isso era apenas esperado. Afinal, para Albedo, cortar as cabeças das formas de vida in-
feriores (humanos) era pouco mais do que cortar as folhas de um daikon.
Se essa não fosse a ordem de Ainz, ela nem precisaria balançar sua arma para verificar
o balanceamento.
Igvarge e seu grupo podem não ter entendido a situação, mas ainda sabiam que estavam
em perigo, eles levantaram suas espadas em preparação para lutar.
“Ah, desculpe por isso. Eu avisei a você na guilda; quando eu disse “Será morte certa
para você”, eu realmente quis dizer que Se você me seguir, eu vou matar todos vocês.”
“Eu te avisei, mas você não quis ouvir. Estas são as consequências da sua escolha. Aceite-
a com dignidade.”
Igvarge e seu grupo escolheram recuar.
A razão pela qual todos eles imediatamente recuaram sem sequer verificar seu adver-
sário, foi porque eles entendiam a grande diferença entre suas respectivas forças de ba-
talha. Além disso, eles não recuaram unidos e ao invés disso se separaram para fugir, a
fim de maximizar suas chances de sobrevivência.
A reação deles estava fora do escopo das previsões de Albedo, e ela estava um pouco
atrasada para responder. Embora seus atributos físicos excedessem em muito os de Ainz,
perseguir um inimigo através da floresta ainda era bastante problemático.
Ela perseguiu seu primeiro alvo em um instante e o deixou inconsciente com uma habi-
lidade de captura.
A audição aguçada de Albedo captou os sons de metal misturados com os gemidos dos
homens que fugiam. No entanto, ela não conseguiu obter uma correção precisa em sua
posição, devido às árvores bloqueando sua linha de visão. Além disso, pessoas sem ar-
maduras de metal só fariam barulho quando pisassem na grama ou nos galhos, o que só
tornava mais difícil para Albedo identificar a localização exata, já que ela não tinha níveis
nas profissões de Ranger ou Ladino.
“Mare, lide com esses dois. Ah, claro, elimine o homem que foi desrespeitoso com o Ainz-
sama.”
Parte 5
Igvarge correu.
Pensando sobre os acontecimentos da Guilda, ele tinha entendido até certo ponto que
Momon era um aventureiro melhor do que ele, mas Igvarge não estava disposto a reco-
nhecer esse fato.
Ao perceber que o que eles haviam discutido naquela sala era verdade, o coração de
Igvarge se encheu de raiva.
Eu não sei de que país você é, mas não me atrapalhe. Eu posso lhe dar informações se você
quiser, mas em troca, fique de lado e espere.
Ele e seu grupo haviam treinado ferrenhamente para realizar seus sonhos, subiram len-
tamente suas posições no ranque depois de inúmeras experiências de quase morte. Era
natural que ficassem infelizes quando alguém de repente saltasse várias posições.
Ele puxaria Momon para baixo se tivesse a chance. Ele arruinaria a reputação de Momon
com falsos rumores. Era isso que Igvarge tinha em mente quando decidira viajar com
Momon.
Este também foi o motivo — quando a companheira de Momon apareceu trajando ar-
madura negra, declarou que ela mataria Igvarge e seu grupo — pelo qual ele poderia
recuar sem qualquer hesitação. Embora ele estivesse com medo, ele ainda se movia mais
rápido do que qualquer outro. Estava sendo impulsionado pelo desejo malicioso de es-
palhar más notícias sobre Momon — sobre Ainz — por toda a Guilda.
Vai se arrepender, vou voltar vivo isso é certo e depois vou divulgar tudo sobre você para
o mundo!
Ele não sabia como o Momon estava conectado a Vampira. No entanto, ele tinha certeza
de que poderia guiar os rumores partindo desse princípio.
Embora soubesse que aquela arma terrível poderia ceifá-lo a qualquer momento, que
sua vida poderia estar em perigo, Igvarge riu, incapaz de reprimir as emoções que sur-
giam em seu coração.
Ele não se importava com seus camaradas. Não, se eles se tornariam os mártires que
permitiram que ele saísse vivo, seria ainda melhor.
Não havia necessidade de alguém forte ao seu lado. Seus companheiros eram apenas
degraus em sua escalada até o cume. Ele seria o verdadeiro herói que salvou o mundo,
como os Treze Heróis do passado. Esse era o sonho que Igvarge tinha desde que ouvira
a saga dos Treze Heróis de um bardo de sua vila quando era bem jovem.
Mas então, havia um homem que iria atrapalhar seus sonhos — superando ele e sua
equipe. Pior, ele estava fazendo isso sem nem se dedicar. Isso foi imperdoável.
Contudo—
Que lugar é esse? Eu corri em círculos porque eu estava com medo que eles teriam mon-
tado uma emboscada perto dos cavalos... eh?
Igvarge sentiu que isso estava certo, e seu senso de direção lhe disse o certo. No entanto,
seu sexto sentido dizia o contrário. Ele não se perderia mesmo se esta fosse sua primeira
vez em qualquer floresta em particular. No entanto, por algum motivo, ele ainda estava
incerto de sua localização.
Ele pensou. Porém, isso não parecia sua imaginação. Embora relutante, ele teve que re-
conhecer que isso era real.
“É como um labirinto...”
O mal-estar e a ansiedade surgiram em seu interior, uma mudança veio sobre a floresta
que deveria ser completamente familiar.
E então—
Igvarge se lembrou do carrasco vestido de preto de antes e sacudiu a cabeça para olhar
a fonte do som. Ele viu a cabeça de uma criança saindo de trás de uma árvore.
Aquela criança era um Elfo Negro, uma raça intimamente relacionada com os Elfos, hu-
manoides que viviam nas profundezas da floresta.
Ele ouvira dizer que os grandes assentamentos dos Elfo Negro estavam localizados nas
grandes florestas ao sul, onde nenhum homem pusera os pés. Elfo Negro eram do tipo
que viviam longe de áreas civilizadas. Nesse sentido, eles eram diferentes dos Elfos da
Floresta, que negociavam com a humanidade.
Havia algo estranho sobre esse Elfo Negro, que além disso era uma criança. O coração
de Igvarge se encheu com dúvida. Só então, a criança nervosamente deu um passo à
frente.
É uma menina.
Ela estava vestida com roupas femininas, e o olhar assustado em seu rosto delicado e
bonito despertou os desejos sádicos de Igvarge. Embora ele se perguntasse se essa garota
havia sido enviada por Momon, os dois tinham atitudes completamente diferentes, e en-
tão ele riu da idéia como sendo impossível.
Mais importante, se essa garota fosse uma Elfa Negra que vivia nessa floresta, ela certa-
mente conheceria uma rota segura. Além disso, se aquela mulher de armadura negra o
alcançasse, ele poderia usar a garota como refém. Com isso em mente, Igvarge decidiu
tentar convencer a garota a obedecê-lo, e então ele deu um passo à frente.
“...Ei.”
Ele intencionalmente fez sua voz mais grave, preenchendo-a com notas de ameaça, isso
assustou a Elfa Negra que deu um passo para trás.
Igvarge riu friamente ao ver o olhar nervoso no rosto dela. Ele estava confiante de que
seu plano funcionaria.
“Não precisa se desculpar. Há algo que eu quero perguntar a você, então venha até aqui.”
Como poderia um aventureiro mythril como ele mesmo falhar em parar a magia de uma
pirralha como ela?
Mesmo depois de lutar com todas as suas forças, as plantas se recusaram a ceder. Como
ansiedade e pânico encheram seu coração, Igvarge levantou a voz e gritou:
“Sua — sua putinha! Se você não me deixar ir, eu vou te matar! Tá me ouvindo?!”
Foi então que Igvarge percebeu que sua roupa era excepcional. As roupas e armaduras
foram feitas magistralmente, algo desse tipo o próprio Igvarge não seria capaz de adqui-
rir. Além disso, os olhos — a lembrança de algo que um amigo Elfo dissera uma vez surgiu
em sua mente.
No entanto, antes que a memória pudesse tomar forma completa, uma sombra caiu em
seu rosto.
Embora seu rosto ainda parecesse com medo, não havia emoção em seus olhos. Ela não
sentiu nada sobre o que estava prestes a fazer com Igvarge. Era como se sua atitude de
medo fosse apenas uma encenação que ela havia sido instruída a fazer.
Ele sobrepôs a silhueta da garota diante dele sobre a da mulher de armadura negra de
antes.
♦♦♦
“Ah, sobre isso, Albedo-sama, está, está acabado... assim, assim está bem?”
Albedo tirou o elmo e sorriu para Mare que olhava nervosamente para ela.
“Foi perfeito. Mas, no entanto, foi uma maneira que fez uma certa bagunça ao matá-lo,
mas tudo bem. Ainz-sama certamente irá elogiá-lo por isso.”
“Se-Sério? Ehehehe.”
O Elfo Negro maravilhado com a possibilidade do elogio olhou para o cadáver e então
Albedo perguntou:
“E sobre o outro?”
“Ah, b-bem... já cuidei disso. Eu, eu arrastei o cadáver atrás de uma árvore...”
“Mesmo? Executou tudo lindamente. Então, Mare, você pode me ajudar a levar os cadá-
veres para Nazarick?”
“Eu... eu ajudo.”
Albedo sorriu mais uma vez para o menino alegre que estava sorrindo enquanto segu-
rava o cajado manchado de sangue.
É um menino muito honesto. Ainda assim, seria melhor se ele fosse mais aberto com todos
em Nazarick.
Parte 6
Disse Albedo, com o elmo preso na cintura. Ainz assentiu enquanto ouvia isso. Agora,
não havia testemunhas da identidade de Shalltear. Com a armadura removida, Ainz se
sentiu bastante à vontade enquanto respondia:
“Entendo. Bem, então esse problema está resolvido. Infelizmente, eles foram mortos pela
Vampira, então nós, os sobreviventes, devemos continuar nossa jornada.”
“Entendido. Então... Ainz-sama, o que é essa criatura trêmula que se esconde atrás de
seu manto?”
Ainz se virou e descobriu que, como esperado — embora fosse muito difícil entender o
porquê uma criatura tão grande faria tal coisa — Hamsuke estava agarrado ao manto de
Ainz. Seus grandes olhos redondos estavam úmidos e seu pêlo estava arrepiado em ter-
ror. Claro, era Albedo que a criatura temia.
“...Hm? ...Ah, Hamsuke. Esta é Albedo, minha fiel serva que governa a Grande Tumba de
Nazarick durante minha ausência. Em outras palavras, ela é sua chefe. Vá, se apresente a
ela.”
“Este humilde aqui é, como Milorde já disse, conhecido como Hamsuke. Eu me coloco
aos seus cuidados, Albedo-dono.”
“Sim!”
A resposta de Narberal foi bastante enérgica. Hamsuke rodou o objeto que havia rece-
bido no cemitério dentro de sua boca, e perguntou a Narberal de uma maneira distorcida:
“En-entendi, Milorde. E — essa coisa é muito barulhenta! Eu tenho uma pergunta im-
portante para perguntar! Faça silêncio! Então, este aqui tem uma pergunta a fazer... Nar-
beral-dono, este aqui estará em perigo? Este aqui será comido?”
“Já que você é o animal de estimação de Ainz-sama, você não será comido sem autoriza-
ção. Eu informarei a todos; Não há motivo para se preocupar.”
O rosto de Ainz não se moveu, mas ele estava sorrindo. Parece que deixá-los viajar jun-
tos em E-Rantel melhorou o relacionamento de ambos.
“Entendido.”
“Ah, sim, Ainz-sama. Os cadáveres daqueles homens me lembravam das palavras que
trocamos no Salão do Trono. Devemos recuperar os cadáveres do homem e da mulher
que o senhor eliminou na noite passada, Ainz-sama?”
“Eles podem ter aprendido alguma coisa enquanto lutavam com o senhor, Ainz-sama.
Como há magia que pode trazer os mortos de volta à vida, o melhor curso de ação teria
sido recuperar imediatamente os cadáveres. Ou havia alguma razão especial para fazer
o contrário?”
Ainz parou de respirar — não, ele não precisava respirar em primeiro lugar.
...Porcaria.
Magia de ressurreição existia neste mundo; em outras palavras, homens mortos pode-
riam contar histórias melhor do que qualquer autópsia.
Ainz recordou os acontecimentos daquela noite. Ele pensou em sua identidade real, o
nome de Nazarick e as habilidades de Narberal. Aquele homem e mulher sabiam tudo,
especialmente aquela mulher.
Isso foi fatal demais para um erro, seria uma ofensa usar a palavra “erro” para descrever
tal cadeia desastrosa de eventos.
Tudo o que ele podia fazer agora era esperar que ninguém pudesse usar a magia de
ressurreição, mas de acordo com as informações obtidas com os membros da Escritura
da Luz Solar, havia pessoas dentro da Teocracia Slane que poderiam usar tal magia. Além
disso, havia uma grande chance de que os aventureiros de ranque adamantite possuís-
sem magias como essas, e oficiais de alto escalão em um país poderiam secretamente
comandar pessoas que fossem capazes de tal magia.
Se fosse esse o caso, os superiores de E-Rantel procurariam pessoas para usar esse tipo
de magia quando concluíssem que o falecido possuía informações importantes. Dado que
se fosse bem-sucedidos em seus planos, E-Rantel seria fortemente abalada, então seria
natural para os superiores exigirem mais informações.
Escusado será dizer que ele deveria recuperar os corpos o mais rápido possível. No en-
tanto, quem ele deveria enviar?
Ainz havia dito a Narberal para não se incomodar com os cadáveres. Ele deveria assumir
publicamente que isso foi um erro?
...Não, melhor eu não dizer nada.
Ele deveria evitar dizer qualquer coisa que pudesse diminuir a fé de seus subordinados,
pelo menos enquanto ele não soubesse o porquê Shalltear o havia traído. Ele tinha que
permanecer calmo em uma situação como essa.
Ainz agora sabia o porquê os superiores de sua empresa não estavam dispostos a admi-
tir seus erros. Com uma oração em seu coração, ele tomou uma decisão.
“...De fato, isso está correto. No entanto, tenho uma razão especial para deixar esses cor-
pos. Não há nada com que se preocupar; tudo vai de acordo com meus planos... exceto a
questão de Shalltear.”
“...Eh?”
“Eu não mencionei isso? Então, você já ouviu falar dos experimentos de cura de Demi-
urge?”
“Sim, eu ouvi. Separar todos os quatro membros, e então curá-los com magia, essas ex-
periências, correto?”
“De fato. Então, outra pergunta para você. Você sabe onde uma magia de ressurreição
deve ser aplicada?”
“Não é no cadáver?”
“...Eu creio que não... hm, ou pelo menos, ou eu não deveria pensar assim?”
“Ah! Parece que me confundi. Ainz-sama, o senhor está correto. Não está no cadáver,
mas na alma!”
Sendo esse o caso, onde as pessoas neste mundo voltariam à vida quando a magia de
ressurreição fosse lançada sobre elas?
O cenário que Ainz mais queria evitar era o quarto tipo, voltando à vida em um ponto
de referência designado. Se Nigun voltasse à vida na Teocracia Slane, Ainz teria essenci-
almente ressuscitado um inimigo dando de brinde várias informações úteis, e então gen-
tilmente o libertado de volta à vida selvagem.
Sendo assim, ele não podia realizar experimentos com a magia de ressurreição, mas
como consequência, ele não saberia o quão abrangente seria os tipos de ressureição
desde mundo.
“Entendo, então é assim. Devemos tomar nota dessas coisas. Como esperado de Ainz-
sama — eu estou impressionada com sua perspicácia.”
“Não preste atenção nisso. Embora eu realmente precise encontrar um lugar para reali-
zar um experimento como esse... hm. Então, quando estivermos prontos, sairemos.”
♦♦♦
Pode-se dizer que esta cena era preenchida com um charme rústico, mas no meio dela
estava algo que estava completamente fora de lugar — uma pessoa em uma armadura
carmesim completa. Era uma visão fantástica em meio a luz do sol, mas o fedor de sangue
que emanava estragou a atmosfera.
Shalltear.
Ela parecia exatamente com o que ele tinha visto no 「Crystal Monitor」, até a postura
aparentemente inalterada. Por um momento, Ainz se perguntou se ele ainda estava
olhando para a imagem de antes.
No entanto, parecia bastante real. A razão para essa certeza era o fedor de sangue car-
regado até ele pelo vento.
Ainz inspirou e expirou repetidamente. Claro, seu corpo não conseguia respirar, então
ele estava apenas exercendo movimentos habituais, mas talvez ele sentisse algo que po-
deria ter o levado a essas respirações.
Ainz disse:
“Shalltear.”
Ele sentiu que sua voz foi severa e dominante, mas ainda assim, as palavras que ele havia
falado eram roucas, silenciosas e patéticas.
Shalltear não estava o ignorando. Em vez disso, seus olhos vermelhos estavam abertos
e vazios, dando a impressão de que não havia consciência ali.
Albedo, que estava ao lado dele, ficou furiosa com a atitude de Shalltear.
“Shalltear! Você não apresentou uma explicação para seus atos, e ainda assim age com
grosseria para com o Ainz-sama...”
“Albedo, cale sua boca! Fique quieta! Não se mexa! Não se aproxime da Shalltear!”
As palavras firmes de Ainz interromperam Albedo quando ela estava prestes a avançar
em Shalltear. Este era um tom que ele raramente tomava com os NPCs feitos por seus
amigos, mas nesta ocasião, não havia nada que pudesse fazer para evitar.
Foi assim que Ainz ficou chocado com a condição atual de Shalltear.
Ainz comparou cenas de seu passado a Shalltear que ele via diante de seus olhos, e o
choque passou por ele. Ao mesmo tempo, sua supressão de emoções entrou em cena,
permitindo que ele tomasse uma decisão tranquila e percebesse que a possibilidade que
ele tinha em mente era a mais provável.
Ainz se dirigiu a Albedo. Ele queria compartilhar seus pensamentos e, ao fazê-lo, reco-
nhecer a realidade da situação.
“Ainda não posso ter certeza... a julgar pelas informações fornecidas pelos membros da
Escritura da Luz Solar e por minha própria experiência com esse tipo de coisa, tenho
certeza de que isso é alguma forma de controle mental. Claro, eu não sei como ou o por-
quê uma undead como a Shalltear foi controlada. Isso poderia ser o resultado de algum
fenômeno exclusivo deste mundo?”
“Alguma pessoa misteriosa tentou controlar a mente de Shalltear, mas algo aconteceu
antes que essa pessoa pudesse emitir qualquer ordem. Talvez eles tenham sido abatidos
assim que fizeram isso... em todo caso, tenho certeza que ela foi abandonada, sem ne-
nhuma ordem. No entanto, ela provavelmente se defenderá se alguém chegar muito
perto ou se for atacada. A maioria dos NPCs com alinhamento maligno fará exatamente
isso, então não chegue muito perto.”
“Entendido. No entanto, não seremos capazes de arrastá-la para Nazarick assim... Isso
não será problema se quem fez tentativa de controle de Shalltear estiver morto, mas se
essa pessoa ainda estiver viva, será perigoso esperar aqui.”
Shalltear tinha sido controlada por alguma coisa. Pode ser algo exclusivo neste mundo,
algo que poderia funcionar em undeads. Se fosse esse o caso, Ainz poderia acabar tendo
a mente controlada se permanecesse aqui.
“Embora esse item seja muito caro, está é a melhor maneira de dispersar o controle
mental de Shalltear o mais rápido possível.”
Os dedos de Ainz se moveram. Um dos anéis que ele usava, um item simples sem muitas
decorações, brilhava com uma luz prateada e exibia três meteoros encravados em sua
coroa. Pode-se dizer que esse era o anel mais poderoso que Ainz tinha em sua posse.
“Isso é...?”
Ao ver a expressão intrigada de Albedo, o rosto de Ainz — embora seu rosto sem carne
não pudesse se mover — foi preenchido com um sorriso orgulhoso quando ele falou o
nome do anel.
“Este é Shooting Star, um item extremamente raro que permite ao seu portador três
usos de magias de Super-Aba, 「Wish Upon a Star」.”
Este é o item da gashapon que Ainz gastou seu bônus de fim de ano para obter.
Entre os membros da guilda, apenas Ainz e Yamaiko poderiam se orgulhar de possuir
um item tão inacreditavelmente raro.
No entanto, este anel perdera sua glória de ultra-raro e passou a simbolizar insensatez
financeira, por conta de quanto dinheiro ele tinha gasto a fim de obtê-lo.
♦♦♦
A magia de Super-Aba imbuída no anel, 「Wish Upon a Star」, era aquele que consumia
uma porcentagem da barra de XP para gerar aleatoriamente a possibilidade de um desejo.
Em outras palavras, ao gastar 10% da sua barra de XP, pode-se escolher uma opção. Ao
gastar 50%, pode-se escolher entre cinco opções.
Havia muitas escolhas que poderiam ser feitas para um desejo; De acordo com as ins-
truções online, havia mais de 200 deles. Além disso, alguns desejos eram mais comuns
que outros; Mesmo assim, esta era uma magia terrível, muitos temiam que esgotaria seu
XP por nada.
Mesmo em YGGDRASIL, onde o ganho de níveis era fácil, ainda seria um gasto muito alto
de XP para ativá-lo, já que um magic caster precisava ter nível 95 antes de aprender essa
magia de Super-Aba. Ainda assim, muitas pessoas hesitaram em gastar ou não seu XP
nesse tipo de coisa.
♦♦♦
As escolhas que alguém poderia fazer quando conjurar 「Wish Upon A Star」 do anel
eram geradas aleatoriamente, muito parecido com a magia original. No entanto, era mais
provável obter escolhas úteis e menos escolhas que pareciam piadas dos desenvolvedo-
res. De um certo ponto de vista, pode-se dizer que era uma versão melhorada da magia
original. Além disso, uma escolha a cada dez seria viável, e não haveria tempo de espera
para a ativação. Era digno de ser chamado o melhor item de cash.
Claro, parecia uma vergonha — e um pouco de aposta — ter que usar um item de cash
como esse. No entanto, Shalltear era insubstituível. Além disso, usar seu próprio XP so-
bressalente afetaria seu uso de outras habilidades que drenariam XP, então ele teve suas
dúvidas sobre seguir esse caminho.
Ainz esperava que ele pudesse escolher negar todos os efeitos de em um determinado
alvo. Ele também havia pensado em várias outras alternativas, mas essa foi a opção mais
direta que veio à mente.
Pouquíssimas pessoas escolheriam esse desejo, uma vez que também anulariam todos
os efeitos positivos. Assim, Ainz riu de si mesmo por pensar nisso.
“Então, me ouça, oh anel. EU DESEJO!”
Claro, ele não precisava falar essas palavras para ativar o item. No entanto, ele foi im-
pulsionado por seu desejo de obter a melhor escolha entre mais de 200 opções disponí-
veis, daí seu bramido. Era como alguém gritaria durante um momento tenso em um jogo
ou em um arremesso de dados.
Uma vez que a magia deste mundo parecia operar nos mesmos moldes de YGGDRASIL,
o anel deveria ser capaz de remover o controle mental de Shalltear. Ou melhor, era isso
que Ainz esperava que fosse o caso.
O cenário que Ainz mais temia — que a magia não funcionasse — não aconteceu. O anel
liberou a magia neste mundo... e então os pontos vermelhos de luz dentro das órbitas dos
olhos de Ainz se encolheram.
“O que... é isso...”
Parecia que novas informações estavam sendo inseridas em sua mente — algo na linha
do descontentamento. Ao mesmo tempo, ele sentiu como se tivesse sido ligado a algo
vasto — algo como alegria, talvez. Muitas das emoções que Ainz sentiu enquanto ele
ainda era humano o inundaram.
Uma vez que as ondas de emoção se desvaneceram, Ainz percebeu que 「Wish Upon a
Star」 funcionava de forma diferente aqui do que em YGGDRASIL.
Quando Ainz soube do talento de Nfirea, ele se perguntou se poderia roubá-lo com o
「Wish Upon a Star」. Agora, ele percebeu que poderia ter feito isso. Neste mundo,
「Wish Upon a Star」 era uma magia que concederia os desejos de seu lançador. Embora
ainda gastasse XP, 「Wish Upon a Star」 era agora uma magia que poderia tornar o im-
possível possível. Além disso, sacrificando 5 níveis — 500% de sua barra de XP — pode-
ria realizar desejos ainda maiores.
Com isso em mente, Ainz tinha certeza de que ele poderia dissipar os efeitos mágicos
em Shalltear. Quando o triunfo surgiu através dele, Ainz gritou:
No instante seguinte, as luzes nos olhos de Ainz ficaram cada vez maiores.
Albedo percebeu que alguma coisa havia mudado quando viu a reação agitada de Ainz.
Ela perguntou inquietamente:
Ansiedade e raiva encheram Ainz quando ele chegou a uma conclusão. No entanto, ele
podia sentir algo mais, mesmo através da supressão de emoções que deveria tê-lo man-
tido calmo — medo.
“Sim!”
Ainz lançou sua magia de teletransporte, e no momento seguinte, uma berma de terra
encheu seus olhos. Embora agora estivesse seguro em casa, Ainz ordenou em pânico:
“Sim!”
Albedo sacou sua arma e ficou ao lado de Ainz. Ainz levantou as duas mãos, tomando
uma posição para lidar com qualquer coisa que pudesse vir.
Com o passar do tempo, Ainz se permitiu relaxar lentamente. Albedo também se afastou
de sua postura pronta, de volta à sua postura normal.
“Droga!”
Depois que ele se acalmou, ele estava cheio de raiva escaldante. Seus picos emocionais
foram automaticamente cortados depois de se tornarem undead, mas, apesar de terem
sido suprimidos, a raiva se formou mais uma vez dentro dele.
Como a força física de Ainz era muito maior do que o normal, cada chute retirava uma
enorme quantidade de terra. Se não tivesse chovido há poucos dias, a área ao redor po-
deria ter sido engolida por uma imensa nuvem de poeira. Mesmo assim, isso não conse-
guiu apagar a raiva de Ainz.
“...Me perdoe. Parece que perdi meus sentidos por um momento. Não dê atenção a essa
cena que acabou de ver.”
“Por favor não diga isso. No entanto, sou grata pelo senhor ter considerado minha su-
gestão ao coração, Ainz-sama. Se é seu desejo que eu esqueça o que vi, então eu remove-
rei isso da minha mente. No entanto — o que aconteceu? Eu te desagradei, Ainz-sama?
Se você estiver disposto a me dizer, me esforçarei para não deixar isso acontecer nova-
mente.”
“...Minha raiva não foi dirigida a você, Albedo. Foi porque percebi que meu desejo não
se realizou, mesmo depois de ativar o poder do anel.”
Vendo como Albedo permaneceu em silêncio, Ainz sabia que sua explicação era insufi-
ciente, então ele continuou:
“...Há apenas uma coisa que pode superar o poder da magia de Super-Aba 「Wish Upon
a Star」.”
Se fosse antigamente, ele poderia ter pensado que era interferência de algo neste mundo,
mas Ainz estava confiante de que não era o caso. Isso foi porque ele sentiu isso quando
ativou o anel.
“Sim, Albedo. Há apenas uma coisa que pode fazer isso... o poder dos Itens World-Class.”
Havia apenas 200 desses itens em YGGDRASIL, e nem mesmo as Armas de Guilda ou os
itens divine-class poderiam se comparar a eles. O poder dos Itens World-Class era tal que
até mesmo controlar os undeads — que são imunes aos efeitos mentais — seria algo fácil
demais.
Significa que, Albedo assim como os Guardiões fora de Nazarick poderiam se tornar al-
vos.
Ele se repreendeu por não pensar nessa possibilidade, e então Ainz ordenou a Albedo:
“Albedo, entre em contato com todos os Guardiões que estão fora, imediatamente. De-
vemos verificar se eles foram controlados como a Shalltear. Vá para o Salão do Trono
agora! Depois disso, vamos prosseguir... para a Tesouraria.”
Capítulo 04: Antes do Duelo Mortal
Parte 1
D
foram incontáveis luzes brilhando no ar, como estrelas no céu.
O teto era tão alto que seria necessário se esforçar para ver toda a extensão,
as paredes eram tão compridas que ultrapassavam o raio de visão de cada
um. A vasta sala que eles estavam estava cheia de tesouros deslumbrantes.
No centro da sala havia uma pilha de moedas de ouro e pedras preciosas, tão imensa
que parecia uma cadeia de montanhas. Mesmo se contassem o que poderia ser visto, isso
seria apenas uma pequena fração da soma real. Além disso, havia magistralmente obras
de arte enterradas na montanha de ouro.
Um rápido olhar revelou uma caneca de ouro, um cetro incrustado com pedras precio-
sas, uma jarra de cristal, uma pele de animal que emitia um brilho de platina, uma tape-
çaria requintadamente tecida com fios de ouro, uma ocarina perolada, um leque feito de
penas de cor de arco-íris, uma máscara feita de pele de animal, e muitos, muitos mais.
Havia centenas desses itens enterrados naquela gigantesca pilha de riquezas. Enquanto
seus seguidores contemplavam esta montanha literal de tesouros, Ainz podia ouvir sus-
piros sussurrados de admiração deles. Parece que as vozes vieram de duas pessoas.
Ainz olhou para trás, para as três mulheres esperando por ordens.
Albedo tirou a armadura e voltou a vestir o vestido branco. Havia um olhar de genuína
admiração em seu lindo rosto enquanto ela olhava os arredores. Uma expressão similar
adornava o rosto de Yuri Alpha, a empregada a quem ele havia dado seu anel ao retornar
a Nazarick.
Apenas uma delas era diferente das duas anteriores. Ela não ficou sem fôlego, mas ob-
servou Ainz em silêncio.
Seu rosto era um trabalho de beleza esculpida. Apenas um de seus olhos — que irradi-
ava um brilho frio como uma esmeralda lapidada — era visível, o outro era coberto por
um tapa-olho. Seu cabelo loiro-avermelhado brilhava refletindo a luz das estrelas que
brilhava no teto.
Ela era um ser heteromórfico, do tipo conhecido como Autômatos. Seu nome, CZ2128
Delta, ou de forma abreviada, Shizu.
Como uma Empregada de Batalha das Pleiades, ela estava vestida de forma semelhante
a Narberal e Yuri. No entanto, a maior diferença em sua roupa dos outros foi que todos
os seus acessórios foram feitos em um padrão urbano de camuflagem, sua saia tinha um
adesivo fofo de “1¥” no babado. Além disso, ela tinha uma arma de fogo na cintura, estava
presa ao cinto como uma espada.
Aliás, essa arma mágica, raça Autômato e a profissão Artilheiro, todos foram adiciona-
dos ao jogo após a atualização em grande escala chamada “Valkyrie’s Downfall”.
Yuri ajustou as armações negras de seus óculos sem grau. Ela parecia incapaz de supor-
tar a bagunça ao seu redor, dado seu senso de dever como empregada. Então ela pergun-
tou:
“Ainz-sama, posso perguntar por que esses tesouros não foram arrumados? Mesmo que
existam magias de proteção ativadas, esse não é um método de armazenamento ideal. O
senhor tem que nos comandar e imediatamente começaremos a arrumar—”
“Não deixe isso te incomodar. No entanto, o fato é que os itens enterrados nessa pilha
de ouro não tem grande valor.”
Os lugares onde Ainz tinha olhado e onde os olhos de Yuri tinham seguido eram o motivo
de seu pedido de desculpas. Havia prateleiras por toda parte, empilhadas até o teto, e os
tesouros ali eram mais atraentes do que as montanhas de ouro.
Havia uma varinha engastada com uma pedra de sangue, um par de manoplas de hihii-
rokane com incrustações de granadas, um pequeno anel de prata adornado com diaman-
tes negros, uma estatueta de obsidiana esculpida em forma de cachorro, um punhal roxo
de ametista, um altar em miniatura com inúmeras pequenas pérolas brancas embutidas
por todo o objeto, uma peônia feita de algum material parecido com vidro que espalhava
luz em todas as cores do arco-íris, uma flor rosa que tinha sido magistralmente esculpida
em um rubi estrela, uma tapeçaria que mostrava um dragão negro platina que continha
um enorme diamante, incensários dourados incrustados em pedras preciosas, um par de
estatuetas masculinas e femininas esculpidas em rubi e safira respectivamente, abotoa-
duras de opalas de fogo que pareciam chamas, uma caixa de charutos entalhada e escul-
pida em pau-rosa, uma jaqueta feita de pele de fera dourada, uma dúzia de pratos feitos
de apoitakara, tornozeleiras decoradas com pedras preciosas de quatro cores, um grimó-
rio cuja capa era feita de demantoide, uma estátua de tamanho humano de uma mulher
que tinha sido esculpida em ouro, um cinto com topázios imperiais costurados em seu
material, um conjunto de xadrez cujas peças eram cobertas com diferentes gemas, uma
estatueta de uma fada esculpida em uma única peça de esmeralda, um manto preto de-
corado com inúmeras pequenas pedras preciosas, um drinking horn feito de um chifre
de unicórnio, um pódio dourado que continha uma bola de cristal, e assim por diante.
Além disso, havia muitos espelhos de topázio azul, cristais vermelhos que eram do ta-
manho de um homem, uma gigantesca estátua de platina de um guerreiro, um pilar co-
berto de personagens misteriosos, bem como uma gigantesca alexandrita que precisaria
dos dois braços para abraça-la completamente.
Esses inúmeros tesouros deram a Yuri a resposta que precisava; simplesmente não ha-
via lugar para colocá-los.
“Vamos.”
Foi então que eles perceberam que um fraco gás venenoso roxo pairava no ar.
Yuri olhou em volta para encontrar a fonte do gás púrpura, mas, embora olhasse para o
teto, as paredes e os cantos, não conseguiu identificar a fonte do brilho roxo.
Assim que a confusão floresceu no rosto de Yuri, uma voz monótona respondeu:
“Eh?”
A resposta surpresa de Yuri foi recebida por um olhar frio e inescrutável. Esse olhar veio
do olho verde calmo de Shizu, que era desprovido de qualquer emoção.
Ninguém seria capaz de captar qualquer emoção daqueles olhos. Shizu tinha um rosto
bonito, se fosse para deixar a generosidade de lado, então aquele pode ser chamado de
máscara teatral.
Afinal, Shizu era um Autômato. Ela não mostrava emoções — na verdade, era assim que
ela fôra programada.
“Seria por isso que me escolheu — perdão, por isso que o senhor escolheu nós três para
acompanhá-lo?”
Yuri — que estava ajeitando os óculos — era uma Dullahan, enquanto a inexpressiva
Shizu uma Autômato. Ambas são heteromórficas, que tem imunidade ao veneno como
parte de suas características raciais.
Já Albedo era um diabrete e não possuía naturalmente uma resistência aos venenos, mas
ela tinha outro jeito de se tornar imune a eles.
“Você está certa no motivo pelo qual eu trouxe vocês aqui... No entanto, eu trouxe a Shizu
por outro motivo; ela também está aqui para fazer uma verificação.”
Ainz e sua comitiva cruzaram a cordilheira de ouro com a magia 「Mass Fly」, e então
chegaram à porta do outro lado.
Não, seria certo chamar aquilo de porta? Era mais uma escuridão negra sem fundo na
forma de uma porta, afixada a uma parede.
Quando chegaram ante dessa porta em forma de pintura, Ainz caiu em seus pensamen-
tos.
“Ainz-sama, se houver um Arsenal, isso significa que existem outros tesouros armaze-
nados em outros locais?”
Ainz não tinha idéia do porquê Albedo teria tais dúvidas. No entanto, era compreensível
o porquê ela não sabia sobre essas coisas. Afinal, a Tesouraria não existia dentro da
Grande Tumba de Nazarick, e só pode ser alcançada através do uso do Anel de Ainz Ooal
Gown. Foi projetada para ser muito difícil de se infiltrar. Assim, era natural que Albedo
— que recebera o Anel há apenas dez dias — não soubesse de tais coisas.
Ele tinha muitas perguntas sobre o que exatamente os NPCs sabiam, mas depois de pen-
sar sobre isso, Ainz descartou essas preocupações como triviais e respondeu à sua per-
gunta.
“Ah sim. Meu antigo companheiro de Guilda, Genjiro. Ele gostava de classificar as coisas
cuidadosamente, então ele deveria ter organizado diversos itens com algum propósito
em mente.”
“Sim, isso mesmo, Yuri. No entanto, parece que houve uma exceção às suas tendências
de organização. Se ele estivesse realmente obcecado com a limpeza, então os tesouros
em meio as peças de ouro deveriam ter sido arrumadas também. Então pode ser que
aquela sala não era exatamente bagunçada. Então pensando bem sobre isso, os itens de-
vem ter sido organizados em ordem de equipamentos defensivos, armas, joias, itens in-
críveis, consumíveis, suprimentos de artesanato e assim por diante. Além disso, assim
como existem salas para o gerenciamento de Nazarick... então sim, deve haver um espaço
para armazenar cristais de dados.”
“No entanto, tudo está localizado dentro do mesmo lugar, e não importa qual direção
você siga... oh, minhas desculpas. Parece que falei demais.”
“Certamente não. Eu sou grata por ter respondido nossas perguntas tão prontamente,
Ainz-sama.”
Estamos quase sem tempo, mas que droga estou fazendo? Parece que minha boca não para
sempre quando falo das glórias de Nazarick...
Esta era uma porta que exigia uma certa senha para abrir. Talvez alguém pudesse forçar
a abertura com habilidades mágicas ou trapaça, mas Ainz não conhecia magias assim e
nem possuía tais habilidades. Assim, ele deveria falar a senha—
Eu esqueci.
Havia tantos truques desse tipo em Nazarick que ele provavelmente só conseguiria lem-
brar de uma senha se ela usasse com frequência. No entanto, dado que ele não vinha a
Tesouraria muitas vezes, ele não se lembrava da senha para essa porta.
Ele só viera aqui quando pagava os custos de manutenção de Nazarick com o dinheiro
que ganhara, e isso havia sido anos atrás.
Como ele não conseguia lembrar a senha, Ainz falou uma senha mestra:
Em resposta, a porta preta exibia uma série de palavras: “Ascendit a terra in coelum,
iterumque descendit in terram, et recipit vim superiorum et inferiorum.”
Albedo reagiu àquelas palavras que Ainz não pôde deixar de mencionar.
Ainz pensou em uma das pessoas que projetaram os truques e armadilhas usados em
Ainz Ooal Gown.
Ele ajudou a projetar cerca de 20% dos mecanismos básicos de toda a Grande Tumba
de Nazarick. Seus projetos anormalmente intrincados consumiram grande parte da ca-
pacidade de dados gratuitos de Nazarick, o que fez com que os outros membros se quei-
xassem por ele não conseguir se conter. Assim, ele assumiu a responsabilidade por suas
ações e pagou por muitos itens de cash para expandir a capacidade de dados.
Ainz estudou as palavras que apareceram. Isso deve ser uma dica para a senha, mas o
que isso poderia significar?
Ele atormentou seu cérebro, tomando seu tempo para sondar as profundezas de sua
mente para a resposta.
Logo, Ainz finalmente encontrou a senha, que dormia dentro de suas memórias.
Assim que Ainz disse isso, ele olhou para Shizu com olhos questionadores.
Ela fôra feita por um de seus amigos que trabalhara em diferentes mecanismos de Ta-
bula Smaragdina. A narrativa de Shizu foi escrita para que ela estivesse familiarizada em
como contornar os mecanismos de Nazarick. Por isso que ela poderia facilmente resolver
essa dica de senha.
No entanto, Ainz não pediu ajuda porque queria satisfazer o desejo egoísta de abrir a
porta através de seus próprios esforços.
A Grande Tumba de Nazarick foi trazida à vida quando ele veio para este novo mundo.
Portanto, ele queria ser o primeiro a colocar seus pés aqui, da mesma forma que os ho-
mens queriam deixar suas pegadas na neve recém-caída. Foi esse desejo que levou Ainz
a abrir a porta sozinho.
Agora que a sombra havia desaparecido, eles podiam ver o fim do túnel. Este era um
lugar organizado, completamente diferente da área anterior. A melhor maneira de des-
crevê-lo seria algo como uma exibição de um museu.
O teto ficava a cerca de cinco metros acima do solo, uma altura que claramente não era
projetada com humanos em mente, e cerca de dez metros de uma parede a outra.
O chão era feito de blocos de pedras negras e brilhantes, e parecia uma única placa de
pedra gigantesca.
Fileiras puras de incontáveis armas estavam dispostas nas paredes à esquerda e à di-
reita de Ainz, fazendo uma exibição impressionante.
Ainz entrou no Arsenal sem esperar que suas três seguidoras respondessem.
Claro, espadas não eram as únicas armas aqui. Havia machados de uma mão, machados
de duas mãos, cassetetes de mão, dardos, arcos, balestras...
Além disso, havia muitas armas irrealistas que estendiam a definição de serem real-
mente chamadas de armas. Aquelas eram do tipo que não poderiam ser embainhadas, ou
eram classificadas mais decorativas do que úteis, algo assim. Não, essas armas eram a
maioria na verdade.
Havia uma espada com uma lâmina de cristal azul, uma espada branca pura com incrus-
tações e gravuras douradas, uma espada negra com runas roxas ao longo de sua extensão
e até mesmo um arco que parecia ter sido feito apenas de luz.
Então havia outras armas que pareciam perigosas, mesmo de relance.
Havia um machado de duas mãos cuja lâmina constantemente pingava sangue fresco.
Rostos atormentados apareceram e desapareceram no metal negro de uma gigantesca
maça. Havia uma lança que lembrava mãos humanas apertando uma a outra. Por isso que
havia muito mais armas como estas, que desafiavam a lógica e exorbitavam em quanti-
dades que desafiavam a contagem com um mero olhar.
Alguém poderia imaginar que a maioria são armas mágicas, mas o efeito exato que cada
uma tem é um mistério. Alguém poderia adivinhar o propósito de uma espada cuja lâ-
mina tremeluzia como uma chama, mas era impossível saber as habilidades de uma es-
pada cuja lâmina parecia um chicote e que se contorcia como uma centopeia.
O grupo olhou para essas armas que estavam de ambos os lados enquanto caminhavam
silenciosamente pelo Arsenal. Em pouco tempo — cerca de cem metros e milhares de
armas depois — eles chegaram ao seu destino, que era uma sala retangular.
Poderia ser uma sala de hóspedes, já que havia uma mesa e um sofá no meio da sala
vazia. Havia outras passagens visíveis à esquerda e à direita que pareciam semelhantes
àquelas pelas quais Ainz e companhia tinham entrado.
Havia apenas uma rota que levava adiante, estava em posição oposta a passagem que
haviam usado. A atmosfera aqui também era dramaticamente diferente. Se a sala ante-
rior era equivalente a um museu, a próxima seria como equivalente a uma tumba.
A altura da sala era quase a mesma que a anterior, mas o interior escuro se estendia
ainda mais. Era difícil dizer devido aos ângulos, mas parecia que haviam grandes nichos
na parede, com algo colocado dentro.
“O Mausoléu?”
Bem, eu escolhi esse nome... Mas já que é esse o caso, Albedo pode nem saber o nome do
Guardião da Tesouraria...
“Sim, eu conheço. Sendo a Supervisora Guardiã, eu estou ciente de seu nome e aparên-
cia... Pandora’s Actor é o Guardião de Área da Tesouraria, e seu intelecto é do mesmo
nível que o de Demiurge e o meu. Além de administrar a Tesouraria, seu objetivo também
é preparar a moeda necessária para ativar a rede de defesa de Nazarick. Em outras pala-
vras, ele é um tesoureiro.”
“É basicamente isso mesmo. Entretanto, isto não é tudo. Aquele sujeito é—”
Antes que Ainz pudesse terminar, ele foi interrompido — as três NPCs se viraram para
uma das outras passagens e viram uma entidade lá.
Embora tivesse o corpo de um homem, sua cabeça era a de uma lula distorcida. O lado
direito de sua cabeça estava coberto até a metade por tatuagens de caracteres, algo que
lembrava as da porta sombria.
Sua pele era como a de um cadáver, com manchas roxas em meio a uma cor branca hor-
ripilante, e estava coberta por algum tipo de lama pegajosa que emitia um brilho bizarro.
Teias feitas de pele cresceram entre os longos dígitos de suas mãos de quatro dedos.
Seu corpo estava coberto por uma roupa de couro preto brilhante e justa, cravejada de
joias de prata. Vários cintos estavam enrolados em de sua volta. Sua capa preta estava
fechada na frente, como se escondesse seu corpo.
“Tabula Smaragdina-sama!”
Este era um dos 41 Seres Supremos. Como magic caster, ele era superior a Ainz em ter-
mos de poder de ataque.
Shizu sacou a arma e apoiou a coronha no ombro, e apontou o cano para a pessoa à sua
frente.
Yuri cerrou os punhos na frente do peito e bateu as manoplas uma na outra, o que fez
um som como um gongo soando.
Então, ela se moveu ao lado de Albedo, na frente de Ainz e Shizu. Ainz é um magic caster,
enquanto Shizu é uma artilheira, portanto, nenhum dos dois se saia bem em combate
próximo. Assim, esta era a posição ideal para ela estar no raio de cobertura defensiva.
“Quem é Você!? Mesmo que você se disfarce e emane a presença como um Ser Supremo,
eu não confundirei meu próprio mestre com mais ninguém!”
O ser misterioso que parecia com Tabula Smaragdina limitou-se a inclinar a cabeça para
a pergunta de Albedo, mas não deu nenhuma resposta.
Quando aquela voz fria soou, as duas Empregadas de Batalha hesitaram. Embora este
fosse um oponente desconhecido, elas ainda estavam um pouco relutantes em atacar al-
guém que se parecesse com um de seus criadores.
Sob essas circunstâncias, não era de toda a culpa das Empregadas de Batalha. Tudo o
que podia ser dito era que o julgamento calmo de Albedo foi impecável.
Sua principal prioridade era a segurança de quem estava sob sua tutela, Ainz.
Albedo estalou a língua quanto as outras duas não conseguiram agir. Quando ela estava
prestes a atacar, Ainz com um ar de infelicidade disse:
Seu rosto era liso, sem nariz ou outras características faciais. Sua boca e olhos foram
substituídos por três buracos vazios. Não havia olhos, dentes ou língua; apenas três bu-
racos negros que pareciam ter sido desenhados por uma criança com um marcador preto.
A cabeça rosada, parecida com um ovo, era lisa e brilhante, sem um único fio de cabelo
para estragar sua superfície.
Seu nome, Pandora’s Actor, e ele era um NPC de nível 100 projetado por Ainz e colocado
no comando da Tesouraria. Seus talentos eram variados, e ele podia copiar 45 formas
diferentes juntamente com as habilidades — embora apenas 80% do poder original.
Seu quepe tinha um ornamento de Ainz Ooal Gown, enquanto o uniforme que ele usava
era muito parecido com os uniformes usados pelos guardas de elite neonazistas durante
as guerras da Euro-Arcologia de vinte anos atrás.
Depois de bater continência, ele levantou a mão direita para o quepe em uma saudação
grosseiramente exagerada.
“Certamente! Eu explodo com animosidade todos os dias! Falando nisso, posso saber o
propósito para o qual o senhor veio? E pensar que teria em sua diligência essas belas
donzelas, a Supervisora Guardiã e as Empregadas de Batalha das Pleiades!”
Yuri e Albedo retornaram suas posições atrás de Ainz depois que o Guardião de Área se
revelou, embora as três tivessem diferentes olhares em seus rostos.
Yuri — que se orgulhava de sua posição como uma das Pleiades — ajeitou os óculos e
pareceu descontente por ser chamada de “bela donzela”. Parecia que queria dizer alguma
coisa, embora no final ela não o fizesse.
Albedo, que estava ao lado de Ainz, parecia com ciúmes do fato de que Pandora’s Actor
havia sido criado por Ainz e franziu os lábios de modo que Ainz não podia ver.
Shizu, por outro lado, não mostrou nenhuma mudança em sua expressão e simples-
mente devolveu sua arma ao seu lugar.
“Vamos entrar nos cofres mais internos para recuperar itens World-Class.”
“Então é disso que meu senhor está falando? Chegou a hora de liberar seu poder!?”
Pandora’s Actor exibiu um olhar exagerado de choque. Este ato fez Ainz franzir as so-
brancelhas inexistentes.
Suas roupas eram uma coisa a parte, mas por que ele teve que reagir exageradamente a
tudo? Não, Ainz sabia a resposta para isso.
Ainz criou Pandora’s Actor; em outras palavras, todos os seus movimentos e gestos exis-
tiam porque Ainz achava que eles eram elegantes. Assim, ele alegremente trabalhou-os
no design desse personagem.
Aquelas palavras silenciosas escaparam do coração de Ainz, foram tão suaves que nin-
guém ouviu.
Um passado sombrio.
“...Esqueça, eu preciso me recompor. Como um undead, eu não tenho tempo para ser
abalado por tais golpes psicológicos.”
“...Mm, é isso. Eu pretendo retirar Avarice and Generosity, Hygieia's Chalice, Billion Bla-
des, e Depiction of Nature and Society.”
“Deixe-os. Eles são itens de uso único. O fato de eles serem tão poderosos significa que
você deve pensar no horário certo e no local para usá-los. Depois, há também a questão
de como recuperar os itens para reutilização.”
“De fato, é assim. Para esses tesouros lendários, tão esmagadoramente poderosos que
são dignos de serem chamados de trunfos, que podem tornar o impossível possível ou
até mesmo mudar a face do mundo inteiro...”
Ainz assentiu em reconhecimento. Aqueles eram os itens World-Class que a Ainz Ooal
Gown possuía. Ele não sabia que havia mais um, Atlas, que havia sido roubado deles. Em
outras palavras, ele havia aprendido que o conhecimento dos NPCs era afetado por suas
configurações, mas eles poderiam ignorar quaisquer contradições em suas narrativas.
Ainz tinha observado os NPCs por vários dias. Ele havia aprendido que os NPCs pare-
ciam agir como seus antigos companheiros de guilda nas partes de suas personalidades
que não eram cobertas pelos detalhes da narrativa, bem como nas relações interpessoais
com outros NPCs. Por exemplo, a relação entre Shalltear e Aura, ou entre Demiurge e
Sebas.
Parecia que seus amigos do passado estavam ao seu lado mais uma vez. Alegrava o co-
ração de Ainz, mas ao mesmo tempo ele se sentia terrivelmente sozinho.
“Certamente não; Eu devo oferecer minhas mais sinceras desculpas por minha falta de
conhecimento.”
Com isso, ele se curvou. Cada movimento que ele fazia era exagerado a ponto de ser
ridículo.
“...Não tem problema. Eu irei para o Mausoléu em breve. Aconteceu alguma coisa aqui?”
“Claro que não, tudo dentro deste domínio é de propriedade exclusiva sua e de todos os
Seres Supremos, Momonga-sama. Como poderia acontecer alguma coisa?”
“Embora, me pese o coração, eu confesso que eu estava esperando que pretendesse fa-
zer uso de minhas habilidades, Momonga-sama.”
Ele estava certo; em certo ponto, Ainz pretendia mesmo fazer uso dele. Pandora’s Actor
possuía inteligência e astúcia que se classificavam entre os pináculos de Nazarick. Mesmo
que ele usualmente usasse essa inteligência para propósitos estranhos, era muito difícil
deixar de lado essa sabedoria em tempos de grande necessidade.
Além disso, Pandora’s Actor possuía habilidades muito flexíveis, a ponto de poder subs-
tituir todos os outros Guardiões.
No entanto, Ainz não o havia feito para tarefas de combate ou administrativas, mas para
preservar as formas de “Ainz Ooal Gown” e as memórias de seus companheiros.
“...Você é meu Ás final, então eu não pretendo usá-lo para tarefas mesquinhas.”
Com uns trejeitos que sugeria que ele estava hesitante em falar (provavelmente), Pan-
dora’s Actor mais uma vez fez uma profunda reverência.
“Mm, me faça sentir orgulho. Além disso, a partir de agora, me chame de Ainz, Ainz Ooal
Gown.
Depois que Pandora’s Actor o saudou, Ainz se virou, como se para mostrar que a con-
versa terminara. Só então, uma voz veio de trás dele.
“No entanto, Ainz-sama; Embora isso possa ofendê-lo, afirmo que, uma vez que surgiu
uma situação que requer o uso de itens World-Class, talvez seja melhor que o senhor
permita que eu deixe a Tesouraria e me mova em outros andares.”
“...”
Pandora’s Actor era uma preciosidade, mas seria tolice perder mais preciosidades im-
portantes porque tudo o que ele fazia era exibi-los ao invés de usá-los. Agora era a hora
de fazer bom uso dele, dado que esta era uma situação de emergência, e ele também de-
veria mover o ouro da Tesouraria para o Salão do Trono.
Depois de tomar sua decisão, Ainz se virou, bem a tempo de ver Pandora’s Actor colo-
cando uma mão em seu peito, como se para honrar a se mesmo.
Ainz também ouviu um silencioso “uwah~” de Shizu como uma forma de inexpressivi-
dade.
Aquele som esculpiu uma ferida dolorosa na alma de Ainz — embora sua supressão
emocional imediatamente o acalmasse.
Pandora’s Actor foi realmente dramático demais, e fez seu criador (Ainz) pensar que
cada movimento que ele fazia era projetado para ter uma aura de “Eu sou legal”.
Talvez tais ações se encaixassem nele se ele fosse bonitão, mas em vez disso ele era um
líder, isso o tornava terrivelmente inseguro. Até mesmo testemunhar isso fez Ainz se
sentir desconfortável.
Ainz silenciosamente observou Pandora’s Actor por um tempo, e então ele pegou um
anel de sua dimensão de bolso e jogou para ele.
Ainz levantou a mão, como se dissesse para Pandora’s Actor não continuar. Embora ele
parecesse bastante desapontado, Ainz decidiu não lhe dar atenção.
“Apenas caso necessário. Albedo, informe os vassalos de Nazarick sobre o Pandora’s Ac-
tor. Pandora’s Actor, você só deve viajar entre o Salão do Trono e a Tesouraria no mo-
mento.”
“Entendido.”
Os dois responderam ao mesmo tempo, mas Pandora’s Actor bateu os calcanhares com
grande força, sacudindo o braço que estava esticado até a ponta dos dedos e saudou com
grande pompa e particularidade... dizendo de forma grosseira, ele estava atuando de
forma exagerada.
Ele não era um mau sujeito, e ele era bem capaz, mas lamentavelmente—
“Uwah~”
Por que eu o projetei com tal personalidade? Eu costumava pensar que esse tipo de coisa
era tão legal. Não, na verdade, eu ainda acho que o uniforme dele é legal...
Ainz agarrou Pandora’s Actor pelos ombros e puxou-o para o lado, como se dissesse:
Venha comigo. Claro, ele disse a Albedo e as empregadas para ficarem onde estavam.
“Eu tenho uma pergunta importante para você. Eu sou seu criador e aquele a quem você
é fiel, não é?”
“Indubitavelmente, Ainz-sama! Pois como fui feito pelo senhor, se deseja que eu lute
contra os outros Seres Supremos, eu devo atacar sem hesitar!”
“Entendo... então, eu tenho um pedido para você como um ser humano... não, um ho-
mem... não, como seu criador... Você poderia por favor não fazer essas saudações?”
Pandora’s Actor fixou seus olhos vagos com os de Ainz, sua confusão com as palavras de
Ainz ficaram evidentes.
“Er, isso... como eu devo dizer, sua saudação é bem estranha, então por favor não saúda
mais... Quanto ao seu uniforme, isso faz você parecer muito forte, então vamos deixar
assim... mas por favor, realmente não saúda mais.”
“Isso é alemão? Não fale assim também. Não, você pode usá-lo se quiser, mas não na
minha frente. Eu estou implorando a você.”
“S-Sim...”
Essa foi a primeira vez que Pandora’s Actor ficou com um olhar de choque no rosto, e
sua resposta pareceu um pouco estranha. Depois de perceber que seus rostos estavam
perto o suficiente para um beijo, Ainz recuou e perguntou fracamente:
“Por favor, eu estou te implorando. Eu não acho que minha supressão de emoção pode-
ria aguentar algo assim. É pior do que andar em um hamster gigante... Eu mal posso acre-
ditar em mim mesmo. Embora eu gostaria de discutir o assunto com mais detalhes, a
situação é bastante urgente, por isso vamos deixar isso assim por enquanto.”
♦♦♦
“Então, há algo que precisa ser feito antes de entrar no Mausoléu. Albedo, entregue o
Anel de Ainz Ooal Gown que eu te dei ao Pandora’s Actor.”
“Entendo... intrusos usariam o Anel para chegar aqui. Assim, eles acionariam a armadi-
lha final.”
“Ah!”
Ainz exclamou. Ele parecia ter pensado em algo. Ele colocou o Anel com a caixa que con-
tinha todos os outros anéis que ele ainda não tinha decidido a quem presentear.
Isso porque ele ainda seria considerado detentor do Anel, mesmo se estivesse em sua
dimensão de bolso, o que resultaria em Avataras atacando-o se ele entrasse no Mausoléu.
Ao ouvir aquela voz vagamente irritada, Ainz se virou para ver Albedo e Pandora’s Actor
brincando de cabo de guerra com o lenço de seda.
“Ainz-sama disse isso, não é? Se a senhorita usar o Anel, será atacada. É só tirá-lo por
um tempo...”
“O que você está dizendo? Este é o Anel que o Ainz-sama me deu! Como eu poderia—!”
“...Albedo, não há tempo para isso. Se você não está disposta a deixar isso com ele, então
eu irei na...”
Albedo de repente soltou, fazendo Pandora’s Actor perder o equilíbrio e tropeçar para
trás com um grito.
“Mesmo... então venha. Pandora’s Actor, você vai guiar a Yuri e Shizu para mover alguns
dos tesouros para o Salão do Trono... Embora possa ser problemático, seja atencioso com
a Albedo e não use o Anel dela. Em vez disso, use o que eu te dei.”
“Muito obrigada, Ainz-sama! Eu não posso suportar o pensamento de outras pessoas
usando o Anel que o senhor pessoalmente me presenteou. Mas — É — Claro — uma vez
que esta é uma emergência, não é que eu esteja realmente de má vontade. Eu só queria
que soubesse o quanto eu valorizo esse Anel, Ainz-sama, embora eu tenha certeza que o
senhor já sabe disso, mesmo sem a necessidade para eu—”
“—Entendido! ...Então, quem deve ficar aqui e receber o Ainz-sama quando ele voltar?”
Um olhar que mal encaixava uma beleza elegante cruzou o rosto de Albedo quando Pan-
dora’s Actor interrompeu sua autopromoção. Ainz decidiu desviar o olhar de Albedo na-
quele estado, para não estragar a imagem da linda donzela em sua mente.
“Ainda teremos algum tempo. Vou notificá-lo com uma 「Message」 e você pode retor-
nar para nós. Afinal, não podemos deixar este lugar sem um Anel.”
“Entendido.”
Ainz e Albedo entraram no Mausoléu, sob os olhos de Pandora’s Actor e das duas em-
pregadas.
Este lugar mal iluminado era mortalmente silencioso, e parecia um lugar adequado para
os espíritos dos mortos descansarem. Ainz se sentiu um pouco culpado por quebrar o
silêncio aqui, mas mesmo assim, ele abriu a boca e perguntou à pessoa que viajava ao seu
lado:
“Ah, isso mesmo, Albedo; o que você sabe sobre itens World-Class?”
“Pelo que posso dizer, eles são os tesouros mais valiosos que os Seres Supremos coleta-
ram. Eles são profundamente queridos e um deles está em minha posse... mas isso é tudo.”
“Entendo. Então, em algum outro dia, vou escrever o que eu sei sobre os Itens World-
Class em um papel. Será mais seguro que mais pessoas conheçam essa informação. Antes
disso, no entanto, vou informá-la sobre o perigo desses itens.”
♦♦♦
Itens World-Class.
A Árvore do Mundo Yggdrasil tinha inúmeras folhas, mas então apareceu um gigantesco
monstro que devorou essas folhas, fazendo-as cair uma após a outra, até restarem apenas
nove. Essas nove folhas foram as encarnações anteriores dos Nove Mundos: Asgard, Al-
fheim, Vanaheim, Nidavellir, Midgard, Jotunheim, Niflheim, Helheim e Muspelheim.
No entanto, aquele monstro que devorou as folhas continuou seu avanço nessas nove
folhas restantes. Este foi o plano de fundo sobre a qual os jogadores se aventuraram em
mundos desconhecidos para proteger seu próprio mundo.
O que esses itens World-Class representavam? Eles eram equivalentes àquelas outras
folhas — em outras palavras, um único Item World-Class representava um mundo. Assim,
o princípio básico de design dos Itens World-Class era que eles possuíam enorme poder
e, de fato, muitos Itens World-Class eram extremamente poderosos.
Muitos jogadores tinham até expressado a opinião de que esses itens estavam desequi-
librados demais, mas os desenvolvedores simplesmente responderam: “As possibilida-
des do mundo não são tão pequenas”, e não mostraram intenção de mudar esses quebra-
dores de equilíbrio.
Os desenvolvedores pareciam ter um fraco pela palavra “Mundo”, e assim qualquer pro-
fissão ou monstro com “Mundo”—ou seja “World”—em seu nome era geralmente muito
mais forte que o normal.
♦♦♦
Assim que Ainz chegou àquela parte, os dois chegaram a duas fileiras ordenadamente
ladeadas de nichos, cada uma preenchida com uma estátua trajando equipamento de ba-
talha.
Este lugar se assemelhava ao Lemegeton, até seus arranjos mágicos e o clima no ar. No
entanto, os Demônios de Lemegeton não estavam armados, mas todas as estátuas aqui
ostentavam equipamentos incrivelmente poderosos, e sua potência rivalizava com o
equipamento de batalha principal de Ainz.
“Então você notou. É isso mesmo — os Avataras são estátuas feitas à imagem dos meus
antigos camaradas. Ainda assim... como você pôde perceber eles são muito fortes, porém
parecem feios, não acha? Eu não acho que consegui capturar nem dez por cento do quão
incríveis eles eram...”
“Como uma que foi criada pelos Seres Supremos, não haveria como não perceber.”
“Mesmo?”
“Sim, só isso. No entanto, Ainz-sama... o nome deste lugar e dessas estátuas... Será que
os outros Seres Supremos já morreram?”
Ainz parou no meio do caminho e olhou em silêncio as estátuas enquanto esse pensa-
mento passava por sua cabeça.
Albedo não tinha idéia do que fazer com o silêncio de Ainz, e um olhar de inquietação se
espalhou por seu rosto.
Nenhum homem poderia ficar indiferente a um olhar triste em uma beleza Classe Mun-
dial como ela. Além disso, ela era a obra amorosa de um de seus companheiros passados.
Embora Ainz fosse undead, seu coração ainda se enchia de culpa e ansiedade.
No entanto, Ainz nunca teve uma namorada, ou mesmo amigos na vida real, então ele
não tinha idéia do que poderia dizer para consolá-la ou como demonstrar simpatia. Em
pânico, Ainz olhou desesperadamente ao redor, tentando pensar em algo para dizer.
O fato era que Ainz foi quem construiu e colocou os Avataras. Por causa disso, se Ainz
deixasse o jogo, não haveria ninguém para colocar Avatara de Ainz lá para ele, dado que
ninguém mais permaneceu na guilda.
Seus membros da Guilda disseram, “Você pode ficar com isso”, e então deixaram o jogo
depois de transferir seus equipamentos e itens de cash para ele. Ainz então usava itens
de cash para fazer esses Golems, assim equipando os itens de seus antigos companheiros
neles, ele os fez como um memorial para seus amigos que haviam deixado o jogo.
Ao fazer Pandora’s Actor, Ainz o construiu com os assets de aparência de todos os seus
companheiros. No entanto, mesmo observando suas transformações como base, Ainz
não possuía a destreza ou habilidades necessárias para criar um personagem que pu-
desse se parecer com os membros da guilda em detalhes.
Assim, ele comprou dados visuais e instalou-os no corpo de cada Golem. Os resultados
foram esses monstros dignos de pesadelos, cujos membros eram longos demais ou cur-
tos demais, ou cujas cabeças estavam excessivamente grandes.
No entanto, esse hediondo incompatível ambiente criou uma atmosfera sinistra e indu-
zia intenso desconforto nas pessoas. Portanto, do ponto de vista de fazer um conjunto de
guardiões finais, Ainz considerou que eles se saíram surpreendentemente bem.
Como devo dizer isso... eles se parecem com bonecos que eu fazia quando era criança. É
meio embaraçoso...
Solidão.
Quando seus companheiros deixaram o jogo um após o outro, Ainz fez os Avataras para
armazenar seus equipamentos. Aqueles amigos que não tinham saído do jogo pergunta-
ram-lhe o porquê ele havia feito os Avataras, e foi assim que ele respondeu: “Podemos
precisar usá-los como uma linha defensiva final de guardiões”.
Ele fizera os Avataras para simbolizar as lutas que ele e seus amigos haviam comparti-
lhado na Grande Tumba de Nazarick e compensar a falta que eles faziam.
Esta foi também a razão pela qual este lugar foi chamado o Mausoléu. Inicialmente, era
conhecido como o Santuário Profundo da Tesouraria. Mas Ainz mudou seu nome em me-
mória daqueles amigos que tinham saído de — ou melhor, desaparecido de — YGGDRA-
SIL, e transformara este lugar em um local de descanso para seus companheiros.
—Ainda quero acreditar que meus amigos foram trazidos para cá também. Pelo que sei,
todos podem estar em algum canto deste mundo...
Assim que Ainz mergulhou em pensamentos profundos, um grito de dor ecoou pela pas-
sagem.
A solidão que ele sentiu desapareceu no mesmo instante, e quando Ainz rapidamente se
virou para olhar para Albedo, uma sensação ainda mais poderosa de surpresa o assaltou.
Os olhos de Albedo se encheram de lágrimas, e parecia que lágrimas fluiriam livremente
se ela apenas piscasse um pouco.
Sua voz estava abafada enquanto ela repetia com voz rouca: “Por favor... por favor”. Pa-
recia uma oração e um grito de dor — como se estivesse tossindo sangue — ao mesmo
tempo.
Ainz nunca tinha visto alguém pleitear com tanta sinceridade ao longo de toda a sua
vida.
Ele não esperava que sua brincadeira tivesse tal efeito sobre Albedo, e Ainz estava cheio
de culpa quando ele se abaixou para ajudar albedo que estava prostrada no chão.
“Me perdoe.”
Não havia ele sentido desespero todos os dias, pois estava sozinho na Grande Tumba de
Nazarick, já que ninguém mais estava por perto?
Conhecendo na pele a miséria e amargura, então por que ele não entendia os sentimen-
tos de Albedo? Por que ele havia submetido Albedo a essa dor?
Depois de ajudá-la, Ainz viu que o rosto de Albedo estava manchado de lágrimas e seus
olhos ainda estavam úmidos.
“...”
Ele queria se desculpar novamente — mas no final ele não disse nada, por falta de pala-
vras adequadas.
Ele não tinha experiência com relacionamentos interpessoais e não sabia como con-
fortá-la e parar suas lágrimas.
Ainz não pôde continuar depois do “mas”. Isso porque ele tinha pensado em algo, mas
Albedo parecia ter assumido que seu silêncio era devido a outro motivo.
“Por quê? Por que não pode me prometer isso? O senhor está pensando em nos aban-
donar também? Por quê? O que te desagrada? Tudo o que precisa fazer é explicar e eu
vou me corrigir imediatamente! Se o senhor me considera um empecilho, então termina-
rei minha vida imediatamente!”
“Não!”
“Por favor, me escute. Primeiro, atualmente... não há como salvar a Shalltear. O controle
mental em efeito sobre ela é definitivamente o efeito de um item World-Class. A única
maneira de proteger contra os efeitos de um Item World-Class é ter um Item World-Class,
ou Especial-Class.”
Ainz enxugou as lágrimas de Albedo como se ela fosse uma criança. Ela fungou e então
perguntou:
“Então, então a razão pela qual o senhor veio aqui foi retirar um Item World-Class?”
“Exato. Eu quero que os Guardiões tenham itens World-Class próprios. O fato é que, pro-
vavelmente é possível desfazer o controle mental de Shalltear com um item World-Class
semelhante, mas não sei se devo usar os itens World-Class... que mestre desalmado eu
sou. Pensar que eu realmente valorizaria um pequeno item sobre uma de minhas leais
subordinadas.”
“Isso não é verdade! Os itens World-Class foram reunidos através dos esforços dos Seres
Supremos e, portanto, são mais valiosos do que nós!”
Se eles estivessem no jogo, Ainz concordaria com ela, embora parte dele sentisse o con-
trário.
No entanto, nessas circunstâncias, o fato era que Ainz não conseguia usar esses trunfos.
Entre todos os Itens World-Class, foram encontrados vinte itens conhecidos como “Os
Vinte”. Os Vinte possuíam poder inigualável.
Havia um item famoso entre os Vinte, se chamava Longinus, que poderia deletar com-
pletamente seu alvo, mas o preço que o usuário pagava por isso era para ser totalmente
deletado.
Não havia como restaurar os dados de alguém excluído por esse item World-Class, a não
ser usando os poderes de ressurreição de outros Itens World-Class. Nem itens de cash
ou magias de ressurreição funcionariam. Se alguém fosse usá-lo em um NPC de Nazarick,
isso reduziria até mesmo os níveis máximos de NPCs que poderiam ser criados — uma
característica especial de uma base de guilda.
Havia Ahura Mazda, que tinha um efeito potente em qualquer coisa com um valor nega-
tivo de carma, e sua área de efeito poderia abranger um mundo inteiro.
Havia também Ouroboros, que poderia solicitar uma mudança mais abrangente no sis-
tema, mais ainda do que Five Elements Overcoming.
Então, havia o Item World-Class mais poderoso, World Savior. Normalmente, só tinha o
poder de uma clava comum, mas podia crescer em força sem limite. Um único inimigo
com este item poderia conquistar toda a Nazarick, mesmo no auge de seu poder, com
todos os seus membros presentes.
Os itens conhecidos como os Vinte eram tão poderosos que desapareciam depois de se-
rem usados uma vez, motivo pelo qual ele não suportava usá-los por qualquer bobagem,
por isso eram tratados como trunfos.
Ainz Ooal Gown orgulhava-se de possuir dois dos Vinte. Eles só seriam usados contra
inimigos de poder incrível, porque apenas itens de poder correspondente poderiam com-
petir com eles.
Além disso, era de uso único, portanto eles simplesmente desapareceriam após o uso.
Nazarick era protegida por itens World-Class, portanto o interior não deveria ser afe-
tado, mas se as coisas tomassem o pior caminho, o inimigo poderia ser capaz de sitiar a
entrada.
Portanto, ele tinha que encontrar outra maneira de salvar Shalltear, sem usar itens
World-Class.
“Albedo, sou grato por suas palavras. Agora vou lhe contar a razão pela qual fiquei em
silêncio.”
Parecia que estava no corpo humano que tivera no passado. Ainz respirou fundo, como
se estivesse vivo, porque sabia o quanto as palavras que viriam a seguir seriam impor-
tantes.
“Eu pretendo desafiar a Shalltear para uma batalha cara-a-cara. Portanto... não tenho
certeza se posso voltar vivo.”
“—Eu entendo que devemos lutar contra a Shalltear, porque deixá-la em paz é a pior
opção possível!”
Ele não sabia o porquê o inimigo não dera ordens a Shalltear, mas, quando o fizessem, a
situação se tornaria terrível, porque tudo sobre Nazarick poderia acabar sendo exposto.
“Ainda assim, por que deve ser uma luta cara-a-cara? Não podemos ganhar por nossos
números? Somos incapazes de ajudá-lo?”
“Não é isso, Albedo. Eu confio em você. É só que... bem, existem três razões. Primeiro... é
porque eu tenho dúvidas das minhas habilidades como governante.”
Se este mundo realmente possuísse uma Longinus, então é possível que todos os Guardiões
sejam erradicados pelo preço da vida de um aldeão. É muito ruim que a Shalltear tenha
sido vítima de controle mental, mas quando levo em conta o perigo que mencionei, penso
que ela ainda se saiu risivelmente bem.
“E então o senhor pretende expiar seus pecados lutando contra a Shalltear em combate
sozinho... mas quem poderia culpá-lo, Ainz-sama, o mais alto governante de Nazarick?”
“Isso não é tudo. Esta é a segunda razão... o fato de a Shalltear estar sozinha. Pode muito
bem ser uma armadilha — na verdade, pode ser uma armadilha fatal.”
“Espere um minuto, não terminei. Você sabe o que mais temíamos quando usamos uma
armadilha assim?”
Sem esperar por uma resposta, Ainz começou a responder sua própria pergunta.
“Que o número de atacantes fosse menor que o número de pessoas usadas como isca.
Quanto menos pessoas fossem pegas na armadilha, mais nos preocupávamos com os in-
vasores inimigos que poderiam virar a armadilha contra nós.”
Depois que ele viu a compreensão do amanhecer nos olhos injetados de Albedo, a res-
piração inexistente de Ainz exalou.
“Nesse caso, deixe-me ir! Eu sou a mais adequada para a tarefa, e eu ainda tenho um
item World-Class... O senhor tem certeza que pode ganhar? Por favor, não minta — diga
suas chances de vitória.”
Shalltear Bloodfallen.
Ela era a mais forte Guardiã da Grande Tumba de Nazarick. Nem mesmo Albedo — não,
ninguém entre os outros NPCs de nível 100 seria capaz de enfrentá-la.
“Por causa disso... eu devo ser o único. Eu sou o único que pode desafiar a Shalltear em
uma luta de frente e vencer.”
“Bem, sobre isso... talvez você pudesse derrotá-la usando seus melhores equipamentos,
mas...”
Era porque a própria Shalltear Bloodfallen se tornou a Nêmesis de Ainz Ooal Gown.
Shalltear, por outro lado, foi feita com uma build otimizada. Além disso, as profissões
derivadas do âmbito magic caster divino de Shalltear a asseguraram que poderia usar
muitas magias eficazes contra os undeads, e ela era adepta de combate corpo-a-corpo.
Se essas duas razões já não fossem ruins o suficiente, além disso, as magias necromân-
ticas fortificadas pelas profissões de Ainz não funcionariam bem em Shalltear.
Ainz não podia usar sua especialidade contra Shalltear, e Shalltear tinha uma vantagem
quando lutava contra os undeads.
Além disso, Ainz normalmente não equiparia seus melhores itens porque temia que eles
fossem roubados. Assim, quando eles entraram em confronto, as chances de Ainz seriam
muito baixas. Pior, ele pode não ter chance alguma.
Ainz tinha certeza de que era isso. Albedo abaixou a cabeça e resposta.
Esse pode ser o caso, Ainz concordou. Era realmente improvável que ele derrotasse Shall-
tear.
Ainda assim—
—Você verá que o título de Governante Supremo de Nazarick não serve apenas para exibir.
“—Não há nada de errado com o seu pensamento, mas está errado. Afinal, você só possui
o conhecimento que foi infundido em você.”
“Eh? O que isso significa?”
“O quê? Experiente?”
“Ah! Então é isso que o senhor quis dizer! Sim, posso aproveitar plenamente a força que
os Seres Supremos me deram. Então eu acredito que isso é muito experiente.”
Ainz negou com a cabeça para rejeitar a resposta de Albedo. Ele aprendeu muito quando
lutou contra àquela mulher, Clementine.
“Isso não está certo. Ser capaz de exercer grande poder e ganhar experiência são coisas
completamente diferentes. Você se lembra da invasão em larga escala de Nazarick? Você
está familiarizada com as memórias da Shalltear durante esse confronto?”
“Eu não perguntei em detalhes, mas ela disse que lembrava vagamente de ter sido morta
uma vez.”
“...Além disso?”
“...Normalmente, ela e eu éramos aqueles que lidavam com intrusos isolados... Essa mes-
quinhez foi de bastante ajuda. Sendo esse o caso, eu devo ser o oponente, já que tenho as
maiores chances de ganhar.”
No entanto, Albedo parecia ter sentido o sorriso de seu soberano absoluto, e suas bo-
chechas ficaram rosadas, como se olhassem para o homem que ela adorava.
Ainz fez seu desafio para uma pessoa que não estava aqui.
“Quando eu era o Chefe de Guilda da Ainz Ooal Gown, minhas chances de vitória no com-
bate PVP eram bem altas... Certamente, perdi para pessoas que tinham builds impecáveis,
mas como eu poderia ser derrotado por alguém que só confia em força bruta? E o mais
importante, eu tinha uma amizade íntima com o Peroroncino. Como direi, isso significa
que “A batalha acabou antes de começar...”, Shalltear.”
“...Ainz-sama, eu não vou mais tentar te impedir. No entanto, quero que me prometa que
voltará para mim com segurança.”
Ainz observou Albedo em silêncio e, em seguida, assentiu lentamente.
“Eu prometo a você que vou derrotar a Shalltear e retornar para Nazarick.”
Parte 2
Por segurança, ele também escolheu se teletransportar para um ponto a mais de dois
quilômetros de distância de Shalltear.
Embora ele já tivesse verificado o ambiente com magia, não havia como garantir por
completo que o usuário do Item World-Class que controlava a Shalltear não estivesse por
perto. No entanto, tudo o que ele pôde fazer foi tentar não se preocupar desnecessaria-
mente. Quando Ainz moveu seus ombros em alívio, ele olhou para trás, para as duas pes-
soas que estavam seguindo ele.
Eles eram as únicas duas pessoas que Ainz permitira o acompanhar antes da iminente
batalha.
Ele já havia ordenado àqueles subordinados que tinham tarefas externas a voltar para
Nazarick. Além de Aura e Mare, apenas Sebas e Solution ainda estavam fora.
A principal razão pela qual ele os escolheu foi brincar com a fraqueza emocional de seus
inimigos. Ao contrário de Demiurge e Cocytus, que são heteromorfos, Aura e Mare são
humanoides. Talvez o inimigo não estivesse disposto a matar crianças humanoides tão
adoráveis.
É claro que talvez o inimigo possa ser realmente implacável. Mesmo assim, ele queria
ter pessoas por perto caso algo acontecesse.
Ainz olhou para as duas manoplas incompatíveis nas mãos de Mare. A da direita foi for-
jada como uma mão brilhante de um anjo e brilhava com luz prateada, mas a esquerda
era como uma garra de demônio, coberta de ganchos e espinhos. O brilho carmesim do
magma vazava pelas fissuras em sua superfície.
Então, ele se virou para Aura e para o grande pergaminho atrás dela.
“...Entendido.”
Aura assentiu, seu rosto estava firme como rocha. Mare se apressou para abaixar a ca-
beça também.
“Ouça bem, vocês devem se retirar. Isso também faz parte dos meus planos. Além disso,
os itens que lhe dei são os tesouros de Nazarick. Não podem permitir que sejam tomados,
não importa os meios que tenham que usar. De certa forma, eles podem ser considerados
mais valiosos do que vocês. Entenderam?”
Ainz os exortou.
Ainz se sentiu desconfortável com a resposta um pouco relutante de Aura. Se ela deso-
bedecer suas ordens devido a sua lealdade, isso pode levar a um problema fatal.
Depois de ouvir suas respostas — uma enérgica, e outra tímida e reservada — surgiu
uma questão no coração de Ainz.
Ele não queria usar um item World-Class para salvar Shalltear. Desse ponto de vista,
pode-se dizer que ele valorizava mais os itens.
No entanto, a razão para não usar os Itens World-Class foi a mesma que ele havia dito a
Albedo na Tesouraria. Eles eram o Ás na Manga, o que poderia transformar qualquer
derrota em uma vitória.
Uma coisa seria se não houvesse outra maneira de salvar Shalltear, mas como ainda ha-
via outra possibilidade, então seria mais sensato evitar usar seus trunfos.
Deixando essas razões de lado, o que era mais importante? Os NPCs — que haviam sido
minuciosamente trabalhados por seus companheiros, e que agora eram seres inteligen-
tes e leais, ou os Itens World-Class — que simbolizavam as aventuras que elevaram a
posição da Ainz Ooal Gown dentro do jogo YGGDRASIL?
Embora Ainz tenha pensado profundamente sobre o assunto, o fato de não conseguir
encontrar uma resposta o incomodava.
Talvez ele poderia declarar conclusivamente essa resposta antes de vir a este mundo,
mas agora, ele não poderia.
Porque eu estou planejando matar essa... essa NPC, que é como uma criança. Estou plane-
jando matar a filha do Peroroncino.
Contudo—
Depois de ver os olhares de Aura e Mare, Ainz sentiu que não era bom preocupá-los
ainda mais, e mudou de assunto.
Ainz apontou para os quatro enormes grupos de carne que estavam liderando o cami-
nho para eles.
Eles tinham dois metros de largura e seus corpos eram rosa. No entanto, esses monstros
tinham inúmeros olhos brancos nebulosos. Parecia que os olhos de vários tipos de cadá-
veres tinham sido costurados ao acaso.
Estes eram seres undeads feitos com a habilidade 「Create High Tier Undead」, Eyeball
Corpses.
[Globo Ócular C a d a v e r ]
Ainz usou toda sua capacidade diária dessa habilidade para fazer estes Eyeball Corpses,
pois eles são especializados em combater seres furtivos, seja por magia ou habilidades.
Seus olhos nebulosos não eram ornamentais, mas possuíam uma percepção notável. Até
mesmo uma ranger especializada como Aura, não podia igualar-se a eles. Embora o nível
de combate efetivo fosse baixo, tinham ênfase na capacidade de detecção, então seu ob-
jetivo era fazer com que eles dessem suporte a Aura no alvejamento da oposição.
“Certo! Embora eu sozinha faria isso mais rápido, mas não sabemos onde estão esses
caras. Deixa comigo! Então, depois que o Mare usar sua magia de aprimoramento de fur-
tividade, nós pegamos esses caras e então nos escondemos.”
Ainz sorriu discretamente — embora não pudesse ser visto, pois seu rosto não podia se
mover.
♦♦♦
A última pessoa a entrar na sala foi Demiurge, que se jogou em um assento vazio. Isso
ilustrou claramente o seu humor, uma vez que ele nunca agiria de forma tão indelicada
em circunstâncias normais.
Demiurge estreitou os olhos enquanto dirigia aquela questão intensa para Albedo, sen-
tada à sua frente na mesa.
Seu tom era uniforme, mas isso era simplesmente um fino véu sobre a superfície. Todos
podiam sentir as farpas em suas palavras.
Quando uma pessoa tipicamente calma demonstrava grande emoção, a distância entre
seu comportamento habitual e a anormalidade fazia com que essa emoção parecesse
ainda mais intensa para os outros. No entanto, isso não foi muito preciso, porque Demi-
urge estava muito enérgico, e nenhum de seus companheiros tinha visto tal agitação dele
antes.
“Esta foi a decisão de Ainz-sama. Como nós, subordinados, podemos nos opor—”
“—Por quê?”
“Por quê? Quando o Ainz-sama partiu para a cidade humana — E-Rantel —, foi você
quem insistiu em que um Guardião o seguisse. Por que você concorda com isso agora?
Você deveria estar preocupada com a segurança de Ainz-sama neste momento, assim
como estava antes.”
Sua raiva pareceu sacudir a sala. Essa intensidade era completamente diferente do De-
miurge com quem eles estavam familiarizados.
Cocytus virou lentamente a cabeça, olhando as duas pessoas se encarando. Havia preo-
cupação em seus olhos.
“...Além disso, você deveria saber que o Ainz-sama estava te enganando, não é?”
Depois que Albedo assentiu novamente, Cocytus exalou bruscamente. Ambos sabiam
que esse som claro e agudo era aquele que Cocytus fazia quando estava confuso.
“...Anteriormente. Você. Disse. Que. O. Ainz-sama. Lhe. Disse. Suas. Razões. Para. Deixá-
lo. Lutar. Sozinho... Mas. Você. Não. Acha. Estranho? Do. Ponto. De. Vista. De. Ainz-sama,
Um. Ataque. Sequencial. Seria. Mais. Seguro, Poderíamos. Atacar. Nas. Ondas. Assim. Di-
minuindo. O. Hp. E. Mp. De. Shalltear.”
“...Você está certo, Cocytus. Não há como o Ainz-sama não ser capaz de pensar em uma
estratégia que possamos facilmente criar. Em outras palavras, Ainz-sama estava delibe-
radamente mentindo, para esconder outra coisa.”
“Eu não tenho idéia... é por isso que estou perguntando. Já que você não sabia o motivo,
por que você deixou o Ainz-sama ir sozinho?”
“É porque o Ainz-sama de agora é uma pessoa completamente diferente de quem ele era
há alguns dias atrás.”
Demiurge abriu ligeiramente os olhos para mostrar que estava confuso com isso, como
se pedisse a Albedo que continuasse sua explicação.
“Naquela época, Ainz-sama não parecia um homem, mas em vez disso... como devo di-
zer... sim, isso pode soar desrespeitoso, mas naquela época ele parecia uma criança que
estava tentando fugir.”
“Eu não senti nada disso. Talvez você não esteja apenas se enganando?”
Demiurge desviou o olhar para o 「Crystal Monitor」 dentro da sala. Sua superfície exi-
bia a forma de seu mestre caminhando nas profundezas da floresta.
“Realmente pensa assim? Eu não acho que eu estaria enganada sobre o olhar no rosto
do homem que eu amo...”
Albedo estava olhando para o 「Crystal Monitor」 também, mas com o olhar de uma
donzela apaixonada em seu rosto. No entanto, essa expressão só irritou Demiurge que já
estava bem frustrado.
“Neste momento, Ainz-sama tem uma expressão de grande convicção em seu rosto.
Como mulher — talvez seja desleal pensar dessa maneira, mas quando sei que meu
amado mestre pretende manter essa convicção até o fim, então não há mais nada que eu
poderia dizer. Além disso, Ainz-sama me prometeu que voltará a este lugar novamente.”
Uma vez que ele viu que Albedo não iria continuar, Demiurge visivelmente descontente
não pode mais se conter:
“Isso é ingênuo. Isso é irracional. Você está apenas tomando decisões com base em seus
sentimentos! Ainz-sama é o último Ser Supremo que permaneceu aqui. Uma vez que sa-
bemos que sua vida está em perigo, é nosso dever eliminar esse perigo. Mesmo se formos
repreendidos por isso, mesmo que resulte em uma sentença de morte, ainda devemos
agir, não devemos?”
A voz de Demiurge estava bastante calma quando ele se virou para sair.
Demiurge sentiu algo correndo em sua direção e se virou para olhar. Ele viu Cocytus,
brandindo uma arma divine-class.
“...Eu entendo... Então a razão pela qual você me chamou aqui e me ordenou para este
lugar foi para isso, não foi, Albedo?”
“De fato, Demiurge. O Sétimo Andar já está trancado sob ordens minhas e de Ainz-sama,
e nós temos o controle de todos os vassalos. Preciso lhe dizer de quem são as ordens que
eles vão obedecer?”
“...Loucura! Como você vai assumir a responsabilidade se o Ainz-sama perecer? Ainz-
sama é a última entidade remanescente a quem podemos prometer nossa lealdade!”
“Ainz-sama retornará.”
Os olhos de Demiurge se arregalaram, mas não havia olhos dentro das órbitas dos olhos.
Em vez disso, ele tinha pedras preciosas, que não tinham pupilas ou esclera, mas que
eram lapidadas com incontáveis facetas cintilantes.
“Acredite em seu mestre. Este é o nosso propósito, como aqueles que foram criados por
eles.”
A boca de Demiurge estava abrindo e fechando todo esse tempo, mas agora ele fechou
com firmeza.
Os NPCs de Nazarick eram absolutamente leais aos 41 Seres Supremos, mas a maneira
como eles expressavam sua devoção variava entre cada um deles. Assim, era natural que
Demiurge e Albedo pudessem ter opiniões diferentes sobre como demonstrar sua leal-
dade.
Mesmo assim, ele ainda estava preocupado e, como o desconforto em seu coração não
desaparecera, ele dera voz àquelas palavras.
Se o Ainz-sama se desvanecer como os outros Seres Supremos, a quem devemos ser leais?
Fomos criados para sermos leais a eles, mas uma vez que perdemos esse valor, que razão
existe para nós existirmos?
Como se para encobrir suas próprias emoções, Demiurge sentou-se com força na ca-
deira, estava completamente diferente de como costumava ser.
“Se... Se alguma coisa acontecer com o Ainz-sama, você renunciará ao seu cargo de Su-
pervisora Guardiã.”
“...Demiurge. Você. Se. Atreve. A. Pedir. A. Albedo. Que. Renuncie. À. Posição. De. Super-
visora. Guardiã, Que. Os. Seres. Supremos. Pessoalmente. Atribuíram? Isso. É. Traição!”
“Claro.”
Os ombros de Demiurge tremeram. Não podia fingir que não ouvira as palavras não aus-
piciosas que Cocytus, o mais poderoso guerreiro presente, acabara de falar. No entanto,
Albedo foi diferente. Ao ouvir esse pronunciamento, ela continuou sorrindo, com o rosto
transbordando de suprema confiança.
“Então é assim? Então, vamos ver como o Ainz-sama transforma essas probabilidades
em uma vitória.”
♦♦♦
Depois de passar pelas árvores, ele viu Shalltear. Ela continuava completamente dife-
rente da Guardiã de antes, era como uma boneca, e isso fez Ainz se sentir triste. Ao
mesmo tempo, ele estava com raiva de si mesmo, mas estava mais furioso com o usuário
daquele item World-Class.
“Droga.”
Ele não amaldiçoou em voz alta, mas a intensidade daquelas palavras implicava uma
raiva tão poderosa que até mesmo Ainz não pôde suprimi-la totalmente. Isto foi apesar
de ser um undead, que como tal era resistente a tais surtos de emoção.
“Eu decidi espalhar o nome de Ainz Ooal Gown para encontrar meus amigos. Esse foi o
método que eu escolhi. Assim, agi de maneira discreta para evitar conflitos sem sentido.
E, no entanto, por que algo assim foi acontecer?”
Quem eram eles? A quem eles pertencem? O que eles queriam? Por que eles usaram um
Item World-Class em Shalltear?
“...Não importa quem eles sejam, uma vez que eu aprender sobre eles de Shalltear... eu
vou acabar com eles com certeza.”
O crânio imóvel de Ainz estava aparentemente retorcido pelo ódio negro borbulhante
de intenção assassina que era gerado dentro de seu ser.
“Você vai se arrepender profundamente da sua tolice. Se é uma briga com Ainz Ooal
Gown que você quer, então uma briga terá.”
Depois de dar voz à raiva em seu coração, a frustração de Ainz diminuiu lentamente.
A verdadeira batalha começaria agora e ele teria que se acalmar para enfrentá-la.
Shalltear era a mais forte dos Guardiões, mas ela não era muito mais forte. Se os outros
Guardiões atacassem em ondas, a vitória seria certa.
No entanto, havia uma razão pela qual Ainz não havia escolhido esse método—
—Era porque ele não queria ver seus amados filhos se matando diante de seus olhos.
Se ela tivesse traído Ainz Ooal Gown de livre e espontânea vontade, Ainz teria levado a
traição à tona e teria a destruído com tudo que estivesse à sua disposição. Se essa era a
vontade do NPC, então como governante de Nazarick, ele era obrigado a lidar com isso
com determinação.
Se ela o tivesse traído porque ela tinha sido programada para fazer isso, ele encontraria
a melhor maneira de se lidar com ela.
No entanto, a situação de Shalltear agora era diferente de todos esses cenários. Ela es-
tava sob controle mental, e o culpado era Ainz, que não previra tal situação. Assim, ele foi
o único responsável por isso.
Ainz removeu um de seus anéis. Um deles era um item de cash que permitia a ressur-
reição sem praticamente nenhuma penalidade. Remover este anel simbolizava a deter-
minação de Ainz ao se entregar de corpo e alma a este desafio, porque se ele pudesse
voltar à vida, ele inconscientemente relaxaria.
Isto não foi uma concessão, mas convicção. Com esse sentimento em seu coração, Ainz
olhou para o céu.
“O inimigo ainda não fez nada. Até agora, a única coisa que posso sentir são as magias
de adivinhação de Nazarick... estou sendo observado?”
Em YGGDRASIL, fogo amigo era desativado, então seus amigos poderiam lançar adivi-
nhações em Ainz normalmente. No entanto, as coisas eram diferentes neste mundo. Se
Albedo e os outros quisessem observar Ainz, Ainz responderia automaticamente com um
contra-ataque mágico.
Foi por isso que Ainz tinha desativado as magias ofensivas ligados em suas contramedi-
das e só usou o que lhe dizia a origem de quaisquer magias de adivinhação. O que ele
aprendeu até agora foi que ninguém estava o observando além de Nazarick.
Poderia ser que a Shalltear foi realmente abandonada aqui sem querer?
“E... eu me pergunto se a Albedo viu através da minha mentira? Fazer o que... Embora
isso não seja uma aposta para você, certo, Shalltear?”
Ainz olhou para Shalltear. Ele passou uma batalha simulada em sua cabeça e sentiu
como se estivesse a evitando.
Mesmo que houvesse se decidido momento antes, apenas ficar de pé aqui o encheu de
um incrível estresse mental.
Embora ele estivesse preparado para se sacrificar— não, era precisamente porque ele
estava preparado para morrer que o que restara de Suzuki Satoru — um humano de es-
pírito fraco — que estava com medo.
O que estava preste a vir, seria uma batalha até a morte. Esta não seria uma luta em um
jogo como YGGDRASIL — este seria um verdadeiro duelo mortal.
Isso seria diferente de suas batalhas com Nigun e Clementine depois que ele veio a este
mundo, onde ele tinha “lutado” (mais para massacrado) com pessoas que não eram nada
além de um inseto para uma bota. Desta vez, o resultado era incerto, ele estava come-
çando de condições incrivelmente desfavoráveis.
Se ele não fosse undead, e—
“Se eu não fosse o líder da Grande Tumba de Nazarick e o Chefe da Guilda, eu poderia
não ter determinação para apertar meus punhos.”
Ainz riu para si mesmo, como se quisesse exorcizar todas as suas emoções negativas.
O medo da morte havia desaparecido, e ele não estava mais inseguro quanto à possibi-
lidade de ser derrotado.
“Eu sou Ainz Ooal Gown. Como esse nome poderia ser derrotado?”
Ele era o dono da Grande Tumba de Nazarick. Ele provaria que seu título não era um
mero adorno.
Ainz gritou quando ele lançou sua magia. Ele selecionou cuidadosamente uma magia de
seu enorme repertório — e ativou uma magia de 10º nível.
“Hahaha!”
—Ele riu, seus olhos continuavam fixos em Shalltear quando ele lançou a magia. Ele riu
por causa desse resultado inesperado e também porque ele havia ganho uma grande
aposta.
“Exatamente como eu esperava. Contanto que não considere minhas ações um sinal
claro de hostilidade, os NPCs não entrarão em status de combate! É como se estivesse no
jogo!”
Essas ações eram idênticas às dos monstros com controle metal em YGGDRASIL. O fato
de a lógica do jogo poder ser usada aqui melhorou um pouco a enorme desvantagem que
ele enfrentava.
“Sendo esse o caso, sinto muito sobre isso, Shalltear, mas vou ter que pedir para você
ficar assim por mais um tempo.”
Tais palavras ditas depois que ele terminou seus preparativos, foram dirigidas a Shall-
tear e a ele mesmo.
A primeira coisa que Ainz fez a seguir foi usar um dos ultimatos mágicos que possuía,
magias que ultrapassaram o 10º nível de magia.
♦♦♦
Partindo do ponto de vista de que cada nível de magia ocupava uma camada, magias
desse nível podem ser consideradas magias e não-magias ao mesmo tempo. Para come-
çar, não consumiam MP, mas em vez disso, só podiam ser usadas um número limitado de
vezes por dia.
Uma das primeiras coisas que se aprendia era que, só poderiam ser usadas uma vez por
dia. No entanto, a cada 10 níveis após o nível 70, o jogador ganhava um slot de Super-Aba
por dia.
Em vez de chamá-las de magia, elas podem ser melhor descritas como habilidades.
Em outras palavras, o jogador médio de nível 100 só poderia usar quatro magias de Su-
per-Aba por dia. Pode-se perguntar a esta altura — por que não conjurar consecutiva-
mente magias de Super-Aba para derrotar Shalltear? De fato, o poder destrutivo da magia
de Super-Aba era incomparável, superava e muito até mesmo o das magias do 10º nível.
Se alguém pudesse conjurar magias de Super-Aba uma após a outra, uma fração extre-
mamente pequena dos jogadores de nível 100 poderiam sobreviver ao receber tal exten-
são de danos. Shalltear não estava entre esse número, então isso definitivamente a der-
rotaria.
No entanto, ele não podia fazer isso.
A razão era porque magias de Super-Aba não podiam ser lançadas uma após a outra.
Para começar, cada magia de Super-Aba precisava de uma certa quantidade de tempo
de lançamento. Itens de cash poderiam remover esse tempo de lançamento, mas outra
penalidade impedia a conjuração repetida de magias de Super-Aba.
Se qualquer membro de uma equipe conjurasse uma magia de Super-Aba, cada membro
da equipe seria penalizado com a incapacidade de conjurar tais magias por um certo pe-
ríodo de tempo — em outras palavras, tempo de espera, ou, cooldown.
Esta restrição foi posta em prática para evitar que as guerras de guildas fossem decidi-
das por quem poderia vomitar a maior quantidade de magias de Super-Aba. Além disso,
este tempo de espera não pode ser eliminado por qualquer habilidade ou item de cash.
Assim, quando em PVPing, quem lançasse uma magia de Super-Aba primeiro seria con-
siderado um idiota.
Afinal, a derrota seria iminente caso alguém gastasse um trunfo sem entender correta-
mente o inimigo. O fato era que havia pouquíssimas batalhas de PVP onde os vencedores
eram os primeiros a conjurar magias de Super-Aba.
♦♦♦
Não havia frustração ou confusão em seu rosto. Uma luz calma e constante brilhava den-
tro de suas órbitas oculares.
Ainz poderia ter usado um item de cash para conjurar instantaneamente a magia de
Super-Aba, mas ele não o fez. Em vez disso, seus olhos se moveram de Shalltear para os
arredores.
“...Nada de emboscadores? Ou eles estão assistindo de longe? Este deve ser o melhor
momento para me atacar, certo?”
Os magic caster que estavam preparando uma magia de Super-Aba sofriam por terem
que abaixar a guarda. Além disso, a magia de Super-Aba terminaria automaticamente
caso quem a conjurasse recebesse uma certa quantidade de dano.
Era apenas um palpite, mas Ainz tinha certeza de que Shalltear não fora usado como
isca, mas simplesmente abandonada ali.
“O que é tudo isso, afinal? Ah, eu não tenho os olhos de deus, então eu não consigo ver
através de tudo. Se eu fizesse, talvez as coisas não terminassem assim.”
Ainz balançou seus ombros de um modo exagerado enquanto ele murmurava para si
mesmo.
Ele não podia se mover livremente enquanto lançava uma magia de Super-Aba. Tudo o
que ele podia fazer era ficar parado como um manequim e esperar o tempo passar.
A fim de efetivamente fazer uso de seu tempo, Ainz tirou uma fina tira de metal curvo
de sua dimensão de bolso. Quando ele colocou em seu pulso, a tira se enrolou e prendeu
automaticamente. Havia uma fila de caracteres na faixa de metal, que mudava a cada se-
gundo.
Uma voz incrivelmente falsa, fofa e aguda que ecoou pelo ambiente, e foi difícil resistir
ao impulso de franzir as sobrancelhas.
Ainz resmungou, mas na verdade não quis dizer isso. Ele poderia facilmente silenciar
com o uso de ferramentas de edição, mas Ainz não o fez.
A pessoa que emprestara sua voz a esse relógio foi Bukubukuchagama, o membro da
guilda que havia criado Aura e Mare.
A razão pela qual uma seiyuu como ela gravou uma voz tão irritante era claramente
porque queria provocar Ainz.
O criador de Shalltear Bloodfallen, Peroroncino, era o irmão mais novo. Ele se dava
muito bem com Ainz. Assim, Bukubukuchagama tratou Ainz como amigo de seu irmão, e
isso resultara em coisas como o relógio.
Quando Peroroncino percebeu que sua irmã era seiyuu de um Eroge que ele queria com-
prar, seu interesse por ele despencou. Ainz sorriu amargamente quando ele se lembrou
de seu antigo camarada reclamando.
Quando Ainz expressou seus pensamentos para seu amigo ausente, ele continuou reti-
rando vários palitos de madeira de sua dimensão de bolso. Eles tinham cerca de quinze
centímetros de comprimento e eram achatados, e cada um deles estava inscrito com ca-
racteres que diziam: 【Amaterasu & Tsukuyomi】, 【Yi-Bow】, 【Earth Recover】,
【Iron Fist of Schoolmarm】, e assim por diante.
Havia vários slots para pergaminhos no cinto. Ele silenciosamente inseriu os palitos nes-
sas fendas, memorizando a posição de cada uma ao fazê-lo.
Essas preparações levaram um tempo, e quando estavam completas, a luz azul do cír-
culo mágico se intensificou, indicando que a magia de Super-Aba estava pronta para ser
lançada.
“Hora de começar.”
ouve o som de chiar, como se alguém tivesse jogado uma tocha acesa na
H
água.
A conflagração exotérmica gerou uma onda de calor em rápida expansão, que consumiu
avidamente tudo dentro do seu raio.
Essa visão infernal durou apenas cinco segundos, mas pareceu dezenas de vezes maior
que isso.
Por fim, o brilhante mundo branco desapareceu. Do pulso de energia superaquecido que
desaparecia, havia uma grande área circular — muito diferente de antes.
Nada fora da área de efeito foi afetado. As árvores ainda eram árvores, a terra estava tão
cheia de vitalidade quanto a floresta, e a floresta em si ficou intocada — um mundo ex-
tremamente normal.
Em contraste, a área dentro da área circular era preta carbonizada, convertida em uma
zona morta de proporções de cair o queixo.
A temperatura fora do senso comum havia consumido toda a vegetação da região, dei-
xando apenas alguns tocos de árvores carbonizadas. Havia várias áreas vitrificadas no
chão que ainda emitiam fumaça.
Parado além dos limites daquele mundo que não permitia sobreviventes, Ainz sentiu
uma presença terrível se dissipar no centro do raio.
“Kakahaaah~ Kahaaaah~”
Aquele som estranho, acompanhado pelo que parecia ser um rangido de dentes, pene-
trava nos ouvidos de Ainz.
Ele se virou para olhar para a fonte e viu um ponto vermelho em meio a um mundo
escuro e queimado.
Ele viu Shalltear com mechas de fumaça saindo de seu corpo, e uma expressão no rosto
que parecia dizer, “Sua arma não foi forte o bastante.” Suas pupilas vermelhas, cheias de
hostilidade e sede de sangue, fixaram no corpo de Ainz.
Shalltear caminhou lentamente para frente, seus passos quebraram o chão carbonizado
embaixo.
Passo a passo, ela encurtou a distância entre Ainz e ela, a Spuit Lance em sua mão cor-
tando o ar com um whoosh que indicava que ela ainda era capaz de lutar.
“Ahahahaha!”
“Você ainda diz -sama. Por que você se dirige a mim como -sama? Quem é seu mestre?”
“Que pergunta estranha. Não é natural abordar um Ser Supremo como o senhor com -
sama? Quanto ao meu mestre atual...”
“...Por que eu tenho que lutar com o senhor, Ainz-sama ~arinsu? ...Ah, é porque me ata-
cou? Mas por que o senhor me atacaria, Ainz-sama... eu preciso destruir alguém que me
ataca com todas as minhas forças? Por que isso?”
Em pouco tempo, Shalltear parecia ter chegado a uma conclusão, e seu sorriso de antes
voltou ao seu rosto.
“Bem, eu ainda não tenho certeza do porquê, mas desde que me atacou, eu devo destruí-
lo, Ainz-sama!”
“...É assim então... eu entendo. Eu entendo que tipo de estado você está...”
“Ara, o que está errado, Ainz-sama? O senhor parece um pouco fraco assim. Como pode
me enfrentar desse jeito?”
“Hmph, você não está entendendo algo errado? Você acha que alguém como você pode
me derrotar — derrotar Ainz Ooal Gown? O nome Ainz Ooal Gown não conhece a derrota.
Shalltear, você vai se ajoelhar em submissão diante de mim.”
Movendo-se com uma velocidade que deixaria uma ventania com inveja, Shalltear ata-
cou, envolta em sede de sangue. O chão queimado explodiu sob seus pés a cada passo que
ela dava. Os ataques de Clementine poderiam ter sido rápidos, mas a velocidade de Shall-
tear estava em uma classe própria.
Por um instante, Ainz ficou grato por não precisar piscar, porque Shalltear era rápida o
suficiente para ser perdida de vista caso tirasse os olhos dela por um momento.
Carregando uma risada por onde passava, Shalltear continuou seu ataque, apontando a
ponta de sua lança para Ainz e se impulsionando para frente. Investida de lança era ori-
ginalmente uma técnica usada pelos cavaleiros montados e feita com a velocidade e o
peso de suas montarias. No entanto, o ataque de Shalltear — feito com sua força extraor-
dinária e sua incrível velocidade — superou facilmente os itens necessários para uma
investida.
A palavra “one-shot kill” não poderia nem começar a descrever esse golpe fatal, e ela
rasgou o ar em direção a Ainz.
O tenro aviso que ele deu a Shalltear, como se preocupado com o bem-estar dela, referia-
se à contramedida que ele preparara para o ataque de Shalltear.
Enquanto Shalltear atacava, a magia 「Triplet Maximize Magic: Explosive Land Mine」
que ele havia conjurado antes, foi ativada automaticamente.
Quando Ainz viu isso, ele pediu desculpas em um tom ainda mais compassivo:
“Shalltear, por favor, perdoe meu aviso final. Na verdade, ainda há mais minas espalha-
das por aí. 「Maximize Magic: Gravity Maelstrom」.”
Ela ainda estava sendo arrastada no ar dada a explosão, sem trégua, Ainz atirou uma
esfera negra atrás dela. Era um vórtice giratório de gravidade hiper-intensificada que
poderia danificar significativamente um alvo, mesmo alguém do nível de Shalltear.
Neste momento, Shalltear se levantou do estado abatido e estendeu a mão que não se-
gurava a lança.
“「Wall of Stone」.”
Enquanto Ainz continuou com outra magia, costelas enormes irromperam da terra e se
aproximaram de Shalltear como uma armadilha de urso. As pontas afiadas do osso
branco cravaram profundamente o corpo de Shalltear.
“Kah!”
Normalmente, esta magia continuaria segurando seu alvo depois de danificá-los, mas
Shalltear facilmente encolheu os ombros. Isso porque ela estava imune a restrições de
movimento, resultando no fracasso desta tentativa de contenção.
“...Shalltear, eu esqueci de te dizer, mas eu já preparei minas em torno desta área. Que
tal se parar de vir de frente e me atacar pelo ar?”
“—Ainz-sama, não vou morder essa isca . Colocou armadilhas no ar também, não é?”
Não havia nada do tipo. As minas que Ainz havia colocado agora eram o único conjunto.
Nem ele colocou armadilhas no ar. Esta batalha não seria fácil, onde ele poderia desper-
diçar MP em magias ineficazes.
Portanto, ele usou as minas como um blefe para dificultar a mobilidade de Shalltear. Ele
estreitou os olhos quando ela mordeu a isca. No entanto, agora não era a hora de relaxar.
Ainz foi o desafiante nesta batalha. Ele estava andando numa corda bamba muito fina, e
cairia se não fosse cuidadoso. Ainz sabia disso, e ele não era estúpido o suficiente para se
tornar complacente com uma pequena vitória como essa.
“Ainda assim, este ainda é o senhor, Ainz-sama. Uma simples provocação como essa não
poderia preencher a lacuna entre nós.”
Havia genuína admiração nos olhos e na voz de Shalltear. Ao mesmo tempo, Ainz podia
sentir o espírito de luta que ela irradiava de todo o seu corpo.
Se o corpo de Ainz pudesse produzir suor, suas costas provavelmente seriam a nascente
de um rio.
Em qualquer caso, eu preciso continuar causando danos até que meu MP acabe.
Se ele não pudesse fazer isso, Ainz estaria na estrada para ser derrotado.
♦♦♦
Shalltear segurou a Spuit Lance com força, estreitando os olhos para o magic caster di-
ante dela — para seu mestre, Ainz Ooal Gown.
Ela não tinha idéia do porquê teve que se opor a seu amado mestre, mas sua mente lhe
disse que não era uma questão importante. Tudo o que ela tinha que fazer era matá-lo e
refletir sobre o assunto não era relevante agora.
Portanto, mesmo que ela não pudesse esgotar o HP de seu oponente a zero, ela ainda
poderia ganhar enquanto seu inimigo continuaria gastando MP. Isso era especialmente
certo para um magic caster arcano como Ainz, que não tinha como recuperar sua saúde.
Então, por favor, trema de medo com seu HP e MP cada vez menores. Ahaha, meu coração
acelera toda vez que penso no rosto aterrorizado de Ainz-sama!
Então, qual foi a melhor maneira de ela lutar? Teria que ser uma batalha prolongada.
Shalltear agarrou sua Spuit Lance, enquanto ao mesmo tempo ela apressadamente cri-
ava um plano de batalha.
Ah~ Pobre Ainz-sama. Ele não pode convocar vanguardas e tem que lutar sozinho.
Essa magia permitia que ela percebesse a mana de seu oponente por um tempo, e assim
a mana remanescente de Ainz apareceu diante dela.
Ainz tinha cerca de uma vez e meia o MP (mana) de Shalltear. Provavelmente não havia
mais ninguém em Nazarick que tivesse uma capacidade de mana como essa.
Ele é verdadeiramente um Ser Supremo. Alguém que eu possa chamar de undead extraor-
dinário... um undead supremo... não, um undead divino.
Dito isso, ela ainda não achava que perderia. Talvez pudesse ser diferente se fossem
outros Guardiões, mas para Shalltear, Ainz e suas magias aprimoradas de ataque necro-
mânticos dificilmente seriam um desafio para ela.
Claro, eu não devo ser descuidada. Mas falando nisso, por que o Ainz-sama não usa seu
equipamento divine-class?
A túnica que Ainz usava agora parecia muito simples aos olhos de Shalletar. Faltava a
dignidade do usual manto preto.
Será que isso dá alguma vantagem em lutar comigo? É muito provável, mas não faz sen-
tido ficar apenas nos encarando. Nada vai acontecer. Então é hora de recuperar um pouco
de saúde primeiro e me preparar para uma batalha prolongada...
“「Regenerate」.”
A magia que Shalltear acabou de lançar poderia até recuperar a saúde dos undeads. Atu-
almente, estava restaurando a saúde perdida ao receber o golpe da magia de Super-Aba.
Neste momento, Ainz lançou outro ataque, arremessou uma esfera de gravidade igual a
de antes.
“「Maximize Magic: Gravity Maelstrom」.”
Shalltear usou—
“—「Greater Teleportation」.”
Seu campo de visão se distorceu, mas o cenário que deveria ter aparecido instantanea-
mente diante de seus olhos parecia ter sido desacelerado.
Cheh!
Shalltear adivinhou que este era o efeito da magia de impedimento de teleporte, 「Delay
Teleportation」.
Como Shalltear havia adivinhado, ela estava a uma certa distância de Ainz, quando de-
veria ter sido movida para o alcance de sua Spuit Lance. Em vez disso, ela viu três bolas
cintilantes de luz diante de seus olhos — foi efeito da magia 「Drifting Master Mine」.
Shalltear sentiu as minas e ativou o 「Mist Form」 para evitá-las enquanto voavam em
sua direção. Esta habilidade transmutou seu corpo em névoa, uma habilidade que viria
bem a calhar para os vampiros. No entanto, a magia não transformava o corpo no fenô-
meno físico chamado névoa, mas sim fez seu corpo entrar no plano astral. Assim, ela po-
deria usá-lo para evitar completamente ataques no mundo físico — as três explosões.
“Ingênua!”
Depois do grito de Ainz, ele continuou com um 「Maximize Magic: Astral Smite」.
Essa magia poderia atingir entidades astrais, foi direto ao encontro do corpo de Shall-
tear, cuja defesa havia sido reduzida depois de tomar a forma de névoa.
Destruída pela agonia, Shalltear saiu de sua forma de névoa. Ela sentiu o lábio ser cor-
tado e algo macio e escorregadio fluiu de dentro do corte.
Ainz não respondeu a esse elogio sincero. Ele apenas estudou sua oponente com olhos
duvidosos.
“O senhor não pode acreditar em mim, não é? Mas sinto que o senhor é alguém digno da
minha lealdade.”
A saúde de Shalltear diminuiu um pouco, mas essa quantidade de dano estava dentro
dos limites aceitáveis. Em contraste, a mana de Ainz já estava abaixo do esperado, então
valeu a perda. Em outras palavras, Shalltear estava um passo mais perto da vitória.
“「Force Sanctuary」.”
O brilho branco preencheu a área ao redor de Shalltear, uma barreira defensiva feita
apenas de mana. Embora essa barreira impedisse os ataques de quem o ativasse, também
anularia completamente os ataques do oponente.
Através desta barreira de luz, ela viu Ainz se preparando para lançar uma magia.
“Isso mesmo. Se não lançar uma magia em breve, estará em sérios apuros.”
Shalltear não tinha boas magias defensivas, e ela não tinha intenção de ativá-las. Seu
objetivo era simples, puramente drenar a mana de Ainz. Ela sorriu para Ainz enquanto
ele lançava suas magias.
Ara! Tudo está indo de acordo com o plano, Ainz-sama. Ainda assim, o senhor nem está
usando pergaminhos, cajados ou varinhas; está tentando preservar sua força? O senhor
está em pânico? Ou o senhor sabia que eles não eram eficazes contra mim?
Alguns pergaminhos eram afetados pelas habilidades de quem os criava, mas em sua
maioria, eles seriam feitos no menor nível possível para serem funcionais, o que também
significava que poderiam ser usados até pelos magic caster mais fracos. Dito isso, havia
uma grande chance de que os pergaminhos feitos por Ainz pudessem violar as defesas
de Shalltear. Então por que Ainz não fez isso?
Incontáveis — bem mais de uma ou duas mil — lanças de ossos irromperam da terra ao
redor de Ainz. As lanças de marfim atacaram a barreira defensiva de todas as direções.
Logo, ela ouviu o som do que parecia um vidro quebrando, e a barreira protetora de
Shalltear estilhaçou como vidro. Lascas de osso voaram em todas as direções, e então
desapareceram não deixando nada para trás.
“Cheh!”
Ela não esperava que essa barreira mágica — na qual ela havia gasto uma quantidade
significativa de mana — fosse quebrada em um único movimento. Shalltear foi incapaz
de acreditar nisso. Mas o ataque a ela continuou.
“—「Greater Teleportation」.”
Seu destino de teletransporte era um espaço no ar, fora da área de efeito do 「Delay
Teleportation」.
Shalltear esperava que Ainz continuasse com algum tipo de ataque contra ela. A magia
voou como uma fecha atirada para o ar, como se visasse o lugar que Shalltear iria apare-
cer após o teletransporte.
Mesmo parecendo calma e reflexiva como sempre, Shalltear estava bastante fascinada
pela proeza incrível de Ainz. Essas habilidades magistrais só poderiam ter sido aperfei-
çoadas por meio da experiência em diversas batalhas.
O oponente de Shalltear — ela ainda não sabia o porquê teria que matá-lo — perguntou:
“Por que você está tão relaxada nessa luta? Estamos no mesmo nível, E seu equipamento
é melhor que o meu. É verdade que minha especialidade não pode ser exercida aqui — o
que é uma desvantagem—, mas isso é tudo. Ainda assim, posso sentir a confiança que
você emana, sua crença de que você tem a vantagem e que a vitória está garantida.”
“Ahahaha, então eu vou mostrar uma das razões pelas quais eu posso ficar relaxada. O
senhor sabia que eu tinha uma habilidade como essa?”
Com um sorriso de vitória, Shalltear conjurou 「Impure Shockwave Shield」. Uma onda
de força — de cor preto-avermelhado como sangue coagulado — espalhou-se, desinte-
grando o orbe gravitacional de Ainz.
Essa foi uma das habilidades de Shalltear, que combinava ataque e defesa.
“Cheh!”
Ainz estalou a língua para isso. Shalltear tinha feito isso antes porque as coisas não saí-
ram como planejado, mas para Ainz, era porque ele não podia mais relaxar.
“Aha!”
Shalltear riu da expressão corporal de Ainz, e então ela mostrou outra habilidade espe-
cial dela.
Uma gigantesca lança divina apareceu em sua mão. Tinha mais de três metros de com-
primento e uma ponta especialmente grande. A aura de pureza que emanava provou que
não era uma arma comum. Refletia os raios do sol em seu brilho prateado, produzindo
uma exibição bonita e atraente.
“Oh... eu nunca vi isso antes. Você conjurou com uma habilidade ou algo assim?”
“Ahahaha, vamos ver quanto tempo o senhor pode bancar o durão, Ainz-sama. Já que
aparentemente não conhece essa arma, permita que eu a apresente. Se chama
「Purifying Javelin」!”
Shalltear arremessou a lança de platina enquanto ria da ignorância de Ainz. Ela não ar-
remessou como um dardo, mas em vez disso apenas ergueu os dedos, como se soltasse
uma flor. Esta era uma arma que quanto mais MP ela gastasse, mais chances teria de
acertar—
“Guwaargh!”
—E assim o fez, o peito de Ainz foi perfurado. Nos olhos de Shalltear, aquele crânio imó-
vel parecia se contorcer de dor.
“Ahahaha! Isso é uma arma com dano elemental sagrado; parece que foi bastante eficaz!”
Shalltear conjurou a lança gigantesca novamente, e lançou-a mais uma vez. A lança via-
jou a uma velocidade indesviável, desta vez perfurando o ombro de Ainz.
Quando alguém alcançava o nível mais alto da mais forte das profissões guerreiras, Cam-
peão Mundial, esse alguém aprenderia um ultimato supremo em forma de habilidade
com o nome de 「World Break」. Esta magia de 10º nível era apenas uma cópia inferior
dessa habilidade, mas ainda estava entre as magias mais letais do jogo.
Shalltear foi partida através do próprio tecido do espaço-tempo, e sangue fresco rojou
do corte dimensional.
“Não há necessidade de ficar irritado, Ainz-sama. Isso também foi uma habilidade”
“Cheh! Em outras palavras, minhas habilidades não funcionarão e você pode fazer o que
quiser, huh!?”
“Por favor, não pense que isso é injusto. Essa foi uma habilidade que o Peroroncino-
sama me deu. Em outras palavras, o grande Ser que é superior ao senhor, estou errada,
Ainz-sama?”
“—Esse pensamento parece ter vindo do fundo de seu coração.”
Aquele tom sem emoção — ou talvez fosse tão calmo ao ponto de suprimir todas as
emoções — encheu Shalltear de dúvida. No entanto, antes que pudesse ignorar essas dú-
vidas, Ainz gritou novamente:
“Aqui vou eu, Shalltear! Eu vou te mostrar que não importa quais habilidades você tenha,
nenhuma delas pode impedir a minha magia!”
“Aha! O senhor quer um confronto de poder de fogo, então, Ainz-sama? Não acho que eu
vou perder!”
A magia 「Maximize Magic: Reality Slash」 cruzou caminhos com um 「Purifying Jave-
lin」, cada um rasgando os corpos de seus alvos.
Quando os dois trocaram ataques novamente, Shalltear riu da tolice de Ainz em seu co-
ração. Ao mesmo tempo, ela estava confusa—
Se seu criador tivesse pedido isso, ela obedeceria e lutaria com todas as suas forças.
Mesmo se todos de Nazarick fossem seus inimigos, ela os atacaria sem hesitar nem em
segundo. No entanto, este não foi o caso.
Ela pensou e pensou e pensou, mas não conseguiu encontrar uma resposta.
Ainda assim, ela não conseguia se conter. Era como se alguém estivesse sussurrando em
seu ouvido: “Shalltear, você tem que matar o inimigo com tudo que você tem.”
Magias mais poderosas consumiam mais mana. 「Reality Slash」 era uma dessas ma-
gias, e era bastante ineficiente, em termos de dano causado por mana gasta. Mesmo assim,
Ainz ainda estava usando. Shalltear pensou que talvez Ainz estivesse esperando esgotar
sua saúde e reivindicar a vitória antes que a batalha se tornasse uma briga corpo-a-corpo.
É isso mesmo, ele quer terminar rapidamente é a coisa certa da parte dele, porque bata-
lhas prolongadas são a minha vantagem... Talvez seja também porque o Ainz-sama sabe
que as magias de debuff tem pouco efeito sobre undeads.
Shalltear estreitou os olhos e se concentrou em Ainz, que ainda estava conjurando ma-
gias de grande escala.
Muito bem, então eu vou me adaptar a qualquer coisa que ele faça.
As habilidades de Shalltear foram divididas nos tipos de uso livre e limitado. Reverter o
tempo para recuperar os danos só poderia ser feito três vezes ao dia. 「Purifying Javelin」
também só podia ser usada três vezes ao dia, enquanto o 「Impure Shockwave Shield」
só podia ser usada duas vezes.
Ainda assim, não havia sentido em ser mesquinha sobre o quanto usar. O plano de Shall-
tear era terminar a batalha em uma luta corpo-a-corpo. Seu MP e habilidades eram es-
sencialmente ferramentas para esgotar o MP de Ainz.
Eu posso lutar sem MP, mas o Ainz-sama estará acabado sem MP.
Shalltear poderia lutar usando todo o potencial de HP e MP, mas Ainz só poderia usar
seu MP. Essa é a grande disparidade entre eles.
Ela olhou para Ainz — que estava limitado a magias — com uma expressão gentil em
seus olhos. Poderíamos chamá-los de olhos de uma mãe olhando para seu filho... ou me-
lhor, o olhar de pena que um forte concederia aos fracos.
Depois de lançar seu último 「Purifying Javelin」, Shalltear aceitou o golpe do contra-
ataque 「Reality Slash」, e decidiu entrar na segunda fase da batalha.
Não é hora de rir, embora eu esteja apenas tentando usar meu MP depois de gastar todas
as minhas habilidades especiais.
“Não me diga? Então, que tal um ataque direto? 「Maximize Magic: Vermilion Nova」!”
“「Triplet Maximize Magic: Greater Thunder」.”
O fogo carmesim — uma das fraquezas de Ainz — envolveu-o, enquanto três relâmpa-
gos gigantescos atingiram o corpo de Shalltear.
Esta foi a primeira vez nesta batalha que ela sentiu sua própria saúde cair como uma
pedra no lago, o que causou um olhar de desagrado no rosto de Shalltear.
Por mais poderoso que fosse, ele não podia se preparar para resistir a todos os ataques
elementais. Havia um limite para isso, mesmo se um personagem heteromórfico combi-
nasse suas resistências raciais com profissões que garantissem resistências e se vestis-
sem da cabeça aos pés em equipamentos divine-class com resistências próprias. No en-
tanto, concentrando-se em resistências específicas, um personagem pode tornar-se
imune a elementos aos quais deveria ser o ponto fraco.
Em outras palavras, Ainz havia abandonado suas outras resistências e focado em au-
mentar sua resistência ao fogo.
Isso pode ser problemático. Eu não tenho idéia de quais resistências elementares o Ainz-
sama desistiu.
A única maneira de discernir as fraquezas elementares de Ainz era usar 「Life Essence」
para checar seu HP e bombardeá-lo com ataques de múltiplos elementos, e então ver
qual deles o machucaria mais.
Eu não vou fazer algo tedioso assim. Vou continuar atacando com elementos que são na-
turalmente fortes contra ele.
A luz do elemento sagrado envolveu Ainz, purificando seu corpo, enquanto o corpo de
Shalltear foi corroído pela escuridão não elementar.
Neste momento — Shalltear não perdeu o fato de que Ainz havia se contorcido de dor.
Embora ele estivesse tentando encobrir mudando sua postura, não havia como encobrir
o fato de que ele estava tentando permanecer estóico diante da dor.
Eles trocaram ataques mágicos nessa dança de vai e vem por um tempo. E mesmo Shall-
tear tinha perdido uma quantidade considerável de saúde. De fato, seu HP (saúde) pode-
ria muito bem ter ido a zero se ela não tivesse usado secretamente MP em suas habilida-
des de defesa mágica.
Esse é o temível Ainz-sama... ele é muito superior a mim em batalha mágica, seja em ata-
que ou defesa. Eu usei várias magias elementais sagradas em sequência, mas o Ainz-sama
sofreu uma perda de HP menor que eu. Ainda assim, o fiz queimar muito MP.
Pelo que ela pôde ver, o MP de Ainz foi muito reduzido em relação ao status de antes.
Mesmo assim, ela podia ver o espírito de luta de Ainz ainda queimando em seus olhos.
Está ficando difícil, quero quebrar essa vontade de aço de Ainz-sama e transformá-lo em
um cachorrinho triste.
Shalltear forçou-se a ignorar as sensações que surgiam entre suas pernas. Se ela esti-
vesse em seu quarto, teria chamado uma Vampire Bride para aliviar isso, mas para seu
pesar, ela estava no campo de batalha. E claro, ela não conseguia se consolar no local para
satisfazer seus desejos carnais.
Shalltear olhou para Ainz com os olhos umedecidos de luxúria, e lambeu os lábios. Se
ela continuasse alongando a distância entre eles, que tipo de reação ele faria para ela?
Energia positiva restauraria a saúde dos vivos, enquanto a energia negativa os danifica-
ria. No entanto, o oposto que é válido para os não-vivos. Assim, 「Greater Lethal」, que
canalizava vastas quantidades de energia negativa, é a mais poderosa magia de cura que
Shalltear (uma undead) poderia lançar.
Shalltear piscou várias vezes, incapaz de acreditar no que estava acontecendo diante de
seus olhos. No entanto, ela teve que aceitar o fato de que os ferimentos de Ainz estavam
se recuperando diante de seus olhos, mesmo que ela não conseguisse acreditar.
“...Eh? Por que o senhor pode conjurar uma magia divina 「Greater Lethal」? Estava na
lista de magias das suas profissões?”
“Não, infelizmente, isso não é uma habilidade inata, mas um efeito de um item mágico.
Este item mágico só me permite usar uma única magia específica, e requer que eu use
um slot de equipamento, não que isso possa ser aprimorado com habilidades. Também é
muito mais fraco do que uma magia inata, então tem muitos inconvenientes.”
Ainz reclamou, e então usou 「Greater Lethal」 novamente. Shalltear, por sua vez, res-
mungou, “parece que ele me jogou um balde de água fria, não é mesmo?” Ainda assim, seu
objetivo era esgotar o MP de seu inimigo, então o plano ainda corria como planejado.
Com isso em mente, Shalltear continuou conjurando seu 「Greater Lethal」 para recu-
perar saúde. Por Shalltear ser um personagem de nível 100, demorou um pouco para ela
se recuperar totalmente.
Depois de curar suas feridas, Ainz conjurou uma magia defensiva em si mesmo.
Mesmo Shalltear sendo uma magic caster divina, e ela não tinha recebido muito conhe-
cimento de Peroroncino. Assim, ela não sabia o que a magia 「Body of Effulgent Beryl」
fazia. No entanto, o brilho verde que cercava Ainz apareceu assim como antes, então
Shalltear concluiu que deve ser algum tipo de magia defensiva.
Shalltear brandiu sua Spuit Lance, mas no momento em que ela estava prestes a se mo-
ver, as palavras que escorregaram da boca de Ainz entraram em seus ouvidos.
Shalltear não esperava isso, então afrouxou a mão que segurava firme na Spuit Lance.
Ela estava prestes a dizer: “Só agora que percebeu?”
Bem, ela queria dizer isso, mas Shalltear concluiu que seria desrespeitoso zombar de
Ainz, seu mestre, para o qual ela não falaria esses tipos de palavras.
Essa palavra continuou aparecendo em sua mente, e isso a confundia. Por que ela estava
brandindo sua arma para seu mestre, Ainz-sama? Ainda assim, isso era normal. Havia
muitas coisas no mundo que eram difíceis de entender, e isso era simplesmente uma de-
las.
Tendo tomado essa decisão, ela sentiu que as ações de Ainz não tinham consistência.
Assim, em um tom casual que não pertencia ao campo de batalha, ela perguntou:
O rosto esquelético de Ainz não podia mostrar nenhuma expressão, mas por alguma
razão, ela teve a sensação de que ele estava sorrindo amargamente para ela.
“Eu... sim, isso mesmo. Eu sou muito teimoso, Shalltear. Eu não quero fugir disso.”
Ainz olhou para uma de suas mãos vazias e esqueléticas. Os olhos de Shalltear foram
para aquela mão também.
“Talvez os outros não entendam o porquê eu faço isso. Alguns podem até pensar em
mim como um tolo. Ainda assim, neste momento, estou gostando da minha posição como
Chefe de Guilda, porque... eu... bem, eu posso ter sido Chefe de Guilda antes, mas tudo que
fiz foi coordenar eventos ou outras tarefas. Raramente eu enfrentei algo de frente. Ainda
assim, estou ra na vanguarda pelo bem da guilda... Talvez isso seja simplesmente para
me satisfazer.”
“Sim.... será isso? Pode ser... Bem, até certo ponto, eu poderia ter me resignado ao meu
destino. Parece que fomos quase interrompidos por essa conversa inútil. Minhas descul-
pas, vamos começar novamente.”
Parte 2
Ainz calmamente estudou Shalltear, que estava preparando sua Spuit Lance. Ele teve
que triunfar nesta confusão se quisesse alcançar a vitória
A parte de trás de sua armadura estufou, e um par de asas de morcego explodiu, como
se atravessasse as placas de metal. Ainz sabia o que aconteceria a seguir.
[Morcegos V a m p i r o s Anciões]
Vários morcegos gigantes saíram de trás dela para o céu. Estes eram Elder Vampire Bats
invocados através de sua habilidade 「Household Summons」. Além disso, ela conti-
[ E n x a m e d e Morcegos V a m p i r o s ]
nuou convocando Vampire B a t Swarms.
.
Eles não eram monstros fortes, mas ele não podia deixá-los fazer o que quisessem. Ainz
lançou uma magia:
“「Sharks Cyclone」.”
Um tornado, com 100 metros de altura e 50 metros de diâmetro, apareceu diante dele.
A nuvem negra do funil engolfou os morcegos antes que eles pudessem fugir, prendendo-
os dentro do vórtice.
Formas nadando com rapidez podiam ser vistas dentro do tornado que girava rapida-
mente. Essas criaturas eram tubarões de seis metros de comprimento e moviam-se como
se estivessem no oceano. Os morcegos que fugiam desesperadamente eram como iscas
que haviam caído na água e os tubarões saltaram sobre eles. Esta magia mostrou sua
verdadeira potência contra as criaturas voadoras, e a prova disso foi adequadamente
mostrada quando os tubarões destroçaram o Vampire Elder Bats de asa a asa em um
instante.
Era uma sombra carmesim, saindo do tornado a toda velocidade. A lança que avançou
ante de si deixou uma imagem residual nos olhos dos espectadores, como um rastro de
fogo de um foguete.
Ainz não pôde reagir a tempo, e seu corpo foi inundado pela dor. Parecia que seus ossos
estavam desmoronando.
No instante em que Ainz não conseguiu prestar atenção, Shalltear apareceu na frente
dele. Sua arma cruel perfurou o peito de Ainz e saiu para fora de suas costas.
“Guwaaaargh!”
A arma que o atingira também causou danos, e a enorme queda na saúde que resultou
provocou um grito de agonia de Ainz.
Qualquer dor que o undead Ainz sentisse, seria suprimida uma vez que sua intensidade
excedesse um certo limiar, muito parecido com suas emoções. Foi por isso que mesmo
Suzuki Satoru, que não tinha experiência em combate, pôde suportar essa dor e lidar com
isso com calma.
A mente de Ainz — não, Suzuki Satoru — foi atacada pelo fato de que sua vida estava se
esvaindo. Sua visão diminuiu e ele sentiu que estava perdendo a consciência, como se
tivesse perdido muito sangue.
No entanto, o desejo de Ainz era mais forte que essa mente fraca humana.
Isso porque a pessoa que lutava aqui não era Suzuki Satoru, mas o Supremo Governante
da Grande Tumba de Nazarick, Ainz Ooal Gown.
Shalltear não cessou seu ataque, mesmo quando Ainz considerou os passos a seguir.
Tendo o empalado com a ponta de sua lança, ela continuou impulsionando para frente,
empurrando a ponta diretamente no corpo de Ainz e forçando a parte mais grossa da
lança para dentro dele. Ele sentiu seu corpo se rasgar, assim uma explosão de dor intensa,
acompanhada pela sensação de sua saúde esgotar ainda mais, foi sentida.
O 「Body of Effulgent Beryl」 absorveu o dano causado pela lança, e assim parecia que
o tempo tinha voltado ao passado, a ponta da lança começou a recuar para fora do corpo
de Ainz.
O estado de Ainz voltou para onde ele estava antes da lança o empalar. Enquanto Shall-
tear o observava perplexa, Ainz lançou outra magia.
“「Wall of Skeleton」!”
Uma parede composta de inúmeros esqueletos armados irrompeu entre os dois. Os es-
queletos na parede atacaram Shalltear, talhando, esfaqueando e cortando-a.
Os pedaços de osso pulverizados tamborilaram como chuva enquanto caíam. Ainda as-
sim, isso havia comprado algum tempo para Ainz, então valera a pena.
“Liberar!”
De acordo com o comando de Ainz, o 「Triplet Magic: Greater Magic Seal」 desenca-
deou três círculos mágicos, cada um dos quais lançou trinta raios de luz, para um total de
noventa. Esses raios brancos de luz eram não-elementares 「Magic Arrows」. As des-
lumbrantes imagens deixadas para trás enquanto viajavam pelo ar eram como as asas
abertas de um anjo — um anjo da morte.
Magias de 1º nível não podiam violar as defesas mágicas de Shalltear, mas Ainz havia
conjurado aquela magia mesmo assim. Sentindo algo estranho, Shalltear tentou desespe-
radamente evitá-los, mas os raios de luz marfim giraram noventa graus no ar e a perse-
guiram, caindo sobre ela como um granizo.
A razão pela qual eles poderiam perfurar a defesa de Shalltear foi porque Ainz usou uma
habilidade para aumentar temporariamente as flechas mágicas para o equivalente a ma-
gias de 10º nível.
Três espadas longas apareceram no ar, os corpos das armas eram de um preto brilhante.
Elas perseguiram Shalltear, como se tivessem uma mente própria.
“Sumam daqui!”
Shalltear gritou quando empunhou sua Spuit Lance. No entanto, as espadas de obsidiana
continuaram a atacando mesmo depois de serem defletidas. Estas armas, que foram cri-
adas através da magia, eram muito difíceis de destruir através de meios físicos.
“「Magic Destruction」.”
Shalltear usou seu escasso MP restante para lançar uma magia que dissipava outras ma-
gias.
Conjurando aquela magia sem medir as consequências de poupar MP, as duas espadas
de obsidiana desapareceram. No entanto, uma não havia desaparecido e continuou ata-
cando Shalltear. A taxa de sucesso do 「Magic Destruction」 dependia diretamente da
habilidade de conjuração do conjurador, e essa era uma evidência clara de qual magic
caster era superior.
Shalltear não prestou atenção à espada longa que a atacava e avançou em direção a Ainz.
Um dano como esse era apenas um arranhão para Shalltear.
A Spuit Lance mandou Ainz voando para o lado. Sem meios para de resistir ao dano de
impacto desta vez, Ainz não podia se dar ao luxo de ignorá-lo. Ele estabilizou-se no ar
com 「Fly」, e então—
“Droga!”
—Esta foi a primeira vez que Ainz se amaldiçoou em pânico durante essa batalha.
Ainz tinha saúde suficiente para resistir a um ataque como aquele, mas o problema es-
tava bem diante de seus olhos. Isso porque a saúde perdida por Ainz seria usada para
restaurar a própria saúde de Shalltear.
Sua taxa de recuperação seria o suficiente para superar o dano causado pela 「Obsidian
Sword」, então, para reduzir sua taxa de cura, Ainz lançou outra magia de ataque.
Shalltear está esgotada de MP, então tudo que ela pode fazer é avançar e lutar dentro do
alcance efetivo da Spuit Lance... é isso? Esse é o tipo de luta que mais odeio...
Mesmo enquanto ele recuava, a distância entre eles diminuía a cada momento que pas-
sava. Esta era a diferença entre a velocidade da magia 「Fly」 e a velocidade de voo na-
tivo que foi melhorada pelas habilidades.
Shalltear se posicionou na frente dele, e sangue jorrava de suas feridas assim que ela o
fez. Então, de repente sua imagem se contorceu. O ar se distorceu — e uma enorme onda
de choque surgiu do corpo de Shalltear.
Isso não é uma 「Force Explosion」! Isso é um escudo 「Negative Impact Shield」!
“Guwaaargh!”
Talvez o 「Impure Shockwave Shield」 tivesse sido aprimorado por outra habilidade,
Ainz acabou quicando e rolando várias vezes ao longo do chão. Mas graças a magia 「Fly」
e pelos itens mágicos, ele conseguiu forçar-se a ficar de pé.
Talvez tenha sido por falta de ouvido interno ou por causa de seus traços undeads, mas
Ainz não ficou atordoado após seu rolamento, então aumentou a distância entre ele e
Shalltear.
Isto foi um golpe de sorte. Ainz não queria ficar preso em combate próximo, e agora ele
tinha a chance de conjurar outras magias.
Assim quando ele estava prestes a fazê-lo, Ainz viu uma bola de luz branca se aglomerar
na frente de Shalltear, que lentamente se moldou em uma forma humanoide.
Seu rosto imóvel ficou ainda mais rígido, em contraste, Shalltear sorriu como se tivesse
conseguido uma vitória esmagadora.
“Chegou a hora... Finalmente decidiu usar, hein? Eu sabia que usaria isso mais cedo ou
mais tarde, Shalltear. E pensar que usaria a 「Einherjar」 — seu trunfo — neste mo-
mento crítico...”
Embora não tivesse a habilidade de conjuração de Shalltear junto com a falta de várias
outras habilidades, justamente com a falta de itens mágicos. Deixando isso de lado, suas
armas, armaduras e estatísticas eram idênticas às de Shalltear. Não era undead, mas um
construto parecido com um Golem. Pois ambas as criatura tinham resistências e imuni-
dades quase idênticas.
Em outras palavras, havia outra Shalltear, que só podia lutar em combates corpo-a-
corpo.
Ainz havia antecipado que isso aconteceria, mas enfrentar dois oponentes de níveis 100
ao mesmo tempo seria bastante desgastante.
Além disso, Shalltear tinha convocado incontáveis lacaios, como lobos, morcegos, ratos
e coisas do gênero—
Esses lacaios não eram tão poderosos quanto a Einherjar, mas ele não podia descartar
seu poder se agissem em grupo.
Eu posso acabar com todos eles com uma magia de efeito de área... mas o que devo fazer
sobre a Einherjar?
Enquanto Ainz estava pensando em seu próximo movimento, a Einherjar avançou e isso
o surpreendeu.
Por que Shalltear não se movia? Ela não deveria atacar em conjunto?
Ainz encontrou a resposta para essas perguntas depois de mudar sua linha de visão. Ao
mesmo tempo, os pontos de luz em seus olhos brilhavam.
O que Ainz viu foi a visão dos lacaios conjurados por Shalltear desaparecendo um após
o outro, seus corpos eram perfurados pela Spuit Lance.
Shalltear estava matando seus lacaios com a Spuit Lance para restaurar sua própria sa-
úde.
Escusado será dizer que a quantidade de saúde restaurada pela Spuit Lance dependia
da quantidade de dano que infligia. Quando ela atacou Ainz — que era de igual nível e
tinha uma alta defesa — se comparado aos lacaios de baixo nível, ficou imediatamente
óbvio o que lhe restauraria mais saúde. De fato, Ainz podia ver a saúde de Shalltear sendo
recarregada rapidamente.
Como o fogo amigo estava em vigor neste mundo, isso também deveria ter sido um re-
sultado esperado.
Ainz recuperou a calma e alterou seus planos de batalha para levar em conta esse de-
senvolvimento inesperado.
“Guwaaargh!”
A inexpressiva Einherjar continuou atacando, Ainz dava passos para trás, mas a Einher-
jar continuo perfurando seu corpo.
Forçado a recuar diante da sequência contínua de ataques, Ainz decidiu usar seu próprio
trunfo.
A conjuração de Shalltear não era ilimitada, então eles acabariam a qualquer momento.
Ainda assim, seria ruim deixar Shalltear se curando livremente usando os monstros ao
redor.
O plano original era usar o trunfo uma vez que a Einherjar aparecesse. Mas esse plano
não contava com a cura de Shalltear matando seus lacaios invocados.
♦♦♦
Era uma profissão que era muito rara até em YGGDRASIL, apenas um pequeno número
de jogadores a portava.
Ainz pôde entrar nesta profissão porque ele não estava obcecado com o poder puro, mas
se concentrou em interpretar um necromante ao máximo. Se ele tivesse perseguido o
poder, ele não teria descoberto essa profissão — que exigia uma build nada ortodoxa —
por acaso.
Em jogos normais, a maioria das pessoas espalharia a notícia de uma profissão recém-
descoberta em sites de passo a passo para compartilhar com os outros. No entanto, jogos
como YGGDRASIL a informação valia muito para ser compartilhada. Por exemplo, poucas
pessoas compartilham notícias sobre um Item World-Class com outras pessoas sem co-
brar nada por isso. Isto foi especialmente verdade para as profissões com trunfos.
O movimento que Ainz estava planejando usar o trunfo só estava disponível depois de
atingir o nível máximo (5º) no Eclipse, uma habilidade que só poderia ser usada uma vez
a cada cem horas.
O lamento de uma mulher ecoou pelo ar. Este grito trouxe consigo um efeito de morte
instantânea.
Ainz tinha usado várias habilidades para melhorar essa magia, então sua potência era
maior que o normal e mais difícil de resistir. Ainda assim, foi inútil contra Shalltear e a
construto Einherjar.
Esta situação foi bastante bizarra, mas Ainz permaneceu impassível. Em vez disso, pode-
se dizer que as coisas estavam indo como planejado.
—Tique.
Ainz olhou para Shalltear à distância enquanto sua saúde diminuía constantemente sob
os ataques da Einherjar e, ao mesmo tempo, sentia-se bastante desapontado.
...Então eu não posso terminar isso de forma limpa, né? Droga, Peroroncino, será que a
construiu especificamente para me enfrentar? Pensar que você realmente deu a ela um item
de ressurreição! Mas que droga!
Ainz lutou freneticamente para evitar os ataques da Einherjar. Depois que os doze se-
gundos passaram, o ponteiro das horas completou um circuito completo e apontou para
o céu mais uma vez.
Tudo morreu.
A Einherjar evaporou-se em névoa branca enquanto atacava com lança e se dispersava
diante dos olhos de Ainz. Mesmo um homúnculo sem conceito de vida morreu instanta-
neamente. Os servos de Shalltear compartilhavam o mesmo destino, incapazes de resistir
à destruição que os dominava.
Até mesmo o ar — que nem estava vivo — decaiu em morte. Por mais de cem metros
em todas as direções, o ar não era mais respirável. Se qualquer criatura viva tentasse
respirar dentro daquela área, seus pulmões seriam corrompidos pelo ar e seriam mortos.
Nem a terra escapou ao abraço da morte. O terreno em um raio de cem metros foi ins-
tantaneamente transmutado em areia.
Apenas Shalltear e Ainz poderiam se mover neste mundo, onde apenas a morte perma-
neceu.
O trunfo de Ainz, 「The Goal Of All Life Is Death」 foi fortalecido pelos efeitos de habi-
lidades de morte instantânea. Essas melhorias em efeitos de morte instantânea poderiam
ignorar qualquer imunidade ou resistência e matar seus alvos depois que uma certa
quantidade de tempo tivesse passado.
Em YGGDRASIL, o ambiente não teria sucumbido, mas neste novo mundo, os efeitos fo-
ram bastante apropriados para a habilidade. Todas as coisas eram iguais em face da
morte.
O próprio Ainz ficou surpreso com esse efeito estranho. A terra não havia morrido assim
em YGGDRASIL. Ele não pôde deixar de balançar a cabeça depois de testemunhar os efei-
tos dos poderes do jogo no mundo real.
No entanto, Ainz engoliu a surpresa. O orgulho em seu coração não permitiria que ele
mostrasse qualquer sinal de choque. Em vez disso, ele agiu como se isso fizesse parte de
seu plano. Inflando-se com a arrogância que convinha a um governante, ele gentilmente
perguntou à única sobrevivente:
“O que me diz? Depois de experimentar o poder que pode matar até mesmo os que não
vivem?”
O vento soprou, dispersando o ar morto entre eles. Aquele vento levou suas palavras
para ela.
“Incrível, eu não esperaria nada menos do senhor, Ainz-sama. Todas as minhas conjura-
ções morreram. No entanto, o seu MP está quase esgotado, enquanto a minha saúde...
ainda está no máximo.”
Aos olhos de Shalltear, o MP de Ainz era quase zero. Não estava completamente vazio,
mas ele provavelmente só seria capaz de usar mais duas ou três magias. Com o seu MP
tão baixo, não havia como ele derrotar Shalltear, não importando quais as magias ele
usasse.
Nem mesmo aquela magia de Super-Aba que poderia a danificar seriamente, 「Fallen
Down」 — poderia matá-la agora.
“Eu acredito que só possa usar mais duas magias de décimo nível, não é mesmo? O se-
nhor tinha muita mana, então eu não posso julgar com precisão quantas magias pode
lançar.”
“Isso mesmo. Eu devo ser capaz de lançar mais duas magias, creio eu.”
Não havia mais qualquer dúvida de que Shalltear Bloodfallen seria a vencedora e Ainz
Ooal Gown o derrotado.
Shalltear paternalmente parabenizou o perdedor, que tinha lutado tão bravamente até
agora.
“Realmente magnífico. Eu tive que esgotar meu MP e usar todas as minhas habilidades
para drenar seu MP para esse nível, Ainz-sama. O senhor deve ser elogiado por durar
tanto tempo.”
Shalltear apertou ainda mais o cabo da Spuit Lance. Agora, tudo o que restava era dar o
golpe fatal no combate corpo-a-corpo.
“Você está certa. Por isso eu, humildemente, aceitarei o seu louvor.”
Ela estava muito irritada com a indiferença de Ainz Ooal Gown. No entanto, no final
Shalltear conseguiu engolir seu desconforto crescente.
Não importava como ela ponderasse a situação, Shalltear não conseguia pensar em
como Ainz poderia reverter essa situação. Ele já havia usado seu trunfo. Assim, isso pro-
vavelmente não era compostura, mas sim a renúncia de um condenado do corredor da
morte, que já havia aceitado seu destino.
Shalltear lentamente encurtou a distância entre eles. Mesmo que seu inimigo tentasse
lançar uma magia de um pergaminho, Shalltear estava confiante de conseguir atacar mais
rápido que ele. Assim, não havia necessidade de se apressar.
Ainz não fugiu, apenas ficou parado orgulhosamente. Ela podia sentir sua determinação
em sua postura, e assim Shalltear perguntou:
“Últimas palavras?”
“Bem, hm... Já que você concluiu que eu estava em desvantagem, que sem meu MP eu
não seria nada mais que peso morto. Você veio com tudo para cima de mim. Por isso,
devo agradecer-lhe, Shalltear. Se você tivesse lutado com mais cuidado, as coisas não te-
riam corrido tão bem para mim.”
“...Quê?”
Shalltear duvidou de seus ouvidos. Parece que ela tinha ouvido alguma bobagem.
“A coisa mais crucial no PVP é enganar o inimigo. Por exemplo, fingir que sou vulnerável
a ataques de elementos sagrados quando na verdade fiquei imune a eles depois de trocar
equipamentos. Por outro lado, há o fato de que eu ainda sou fraco contra ataques ele-
mentais de fogo. No entanto... parece que eu calculei mal. Eu usei 「False Data: Life」
porque achei que você usaria 「Life Essence」. Parece que foi um desperdício. Se houver
uma próxima vez, lembre-se de verificar a saúde do seu oponente. Essa é a diferença en-
tre a teoria e a experiência.”
Shalltear não conseguia entender o significado dessas palavras. Não, na verdade ela não
queria entendê-las.
Ele não queria admitir sua derrota— não, ela podia sentir sua força de vontade. Mais do
que isso, parecia que a vitória estava nas mãos dele.
...Por que o Ainz-sama não recua? Como um magic caster arcano, ele não pode me vencer
depois de tudo que fiz. Isso deve ser um blefe!
“Meu amigo, Peroroncino, me contou muitas coisas quando estava fazendo você. Depois
que vim a este mundo, tomei a liberdade de memorizar as informações de todos. No en-
tanto, além do meu passado sombrio, você provavelmente é a NPC em Nazarick com quem
eu tenho mais familiaridade.”
Ainz sorriu.
“Eu estava mentindo, é claro. Isso não era óbvio? Eu pensei que talvez se eu dissesse
isso, você morderia a isca. Isso é porque seria muito difícil vencer se você guardasse seu
「Impure Shockwave Shield」 até o fim.”
O fluxo sanguíneo não significava nada para os undeads, mas Shalltear podia sentir o
sangue querer sair de seu corpo. E com isso, uma onda de agitação a inundou.
Ainz Ooal Gown estava de pé diante dela sem fugir porque estava confiante em alcançar
a vitória.
“Ahhhhhhh!”
Shalltear era o leão, Ainz era o coelho, ela deveria ter sido a caçadora — não, isso estava
errado.
Esta foi uma batalha entre leões; Só que Shalltear o tratara como um coelho—
Um instante antes disso, a magia de Ainz disparou e ele enfiou a mão na túnica.
Se tivesse sido desviado por magia, Shalltear teria pressionado o ataque, porque ela sa-
bia que Ainz não tinha muito MP restante. Isso simplesmente teria sido sua morte agô-
nica. No entanto, Shalltear congelou quando ela viu a cena diante dela.
Era um conjunto de armaduras de branco puro, com uma enorme safira engastada no
peitoral, que irradiava uma luz pura e sagrada.
Dado a sua altura superior, Ainz olhou para Shalltear com superioridade.
Ela estava com raiva, é claro, mas Shalltear não tinha energia para gastar nisso, porque
uma voz fria falou com ela:
♦♦♦
Houve um forte estrondo quando uma mão atingiu a mesa, que estremeceu com o golpe
que havia sofrido.
Eles bateram na mesa várias vezes, mas essa foi a primeira vez que uma pessoa em par-
ticular o fez.
Albedo olhou para o monitor magico enquanto suspirava o nome daquele Ser Supremo.
Cocytus parecia muito animado — não, na verdade, ele estava muito excitado — en-
quanto exclamava.
A armadura branca pura que Ainz usava pertencia a uma das nove pessoas em YGGDRA-
SIL que possuíam a profissão de Campeão Mundial.
“Surpreendente... E. Pensar. Que. Ele. Realmente. Pensou. Tanto. A. Frente, Eu. Estou.
Impressionado.”
Embora a batalha ainda não tivesse sido decidida, os Guardiões presentes estavam
cheios de incomparável reverência pela astúcia e riqueza de experiência de Ainz, que lhe
permitira tecer um plano tão intrincado e guiá-lo para ser realizado nos mínimos deta-
lhes.
“Isso. É!”
“Gyaaaaah—!”
Uma visão inacreditável se desenrolou diante dos olhos de Shalltear. O fio da lâmina se
encravou no ombro de Shalltear até chegar ao seu coração sem batimentos.
A armadura carmesim de Shalltear foi tingida com um tom de vermelho ainda mais pro-
fundo. Ela recuou, olhando para Ainz em estado de choque.
Ainz segurava uma katana. Era uma nodachi gigantesca envolvida em descargas elétri-
cas. Essa espada cortou a armadura de Shalltear como se estivesse cortando papel.
Sim.
“Takemikazuchi MK VIII!”
Shalltear saltou para trás, evitando o golpe da nodachi. O fato dela ter saltado muito
além do alcance impressionante da nodachi era um sinal de como ela estava assustada
com aquela espada.
No entanto, ninguém zombaria de Shalltear por fazer isso, ainda menos se fossem habi-
tantes da Grande Tumba de Nazarick.
Em vez disso, eles seriam compassivos, porque todos eles temiam essa arma de um Ser
Supremo.
“Shalltear, você deveria saber disso. Ainz Ooal Gown é o poder combinado de quarenta
e um seres. Você jamais teve chance de vencer.”
A perigosa batalha de antes tinha sido como pisar em gelo fino, onde um passo em falso
poderia mandá-lo para o fundo do lago. Mas agora, Ainz trouxe a batalha para seu inimigo.
No entanto, depois de usar 「Perfect Warrior」 para se tornar um guerreiro nível 100,
as estatísticas de Ainz superaram muito as de Shalltear, que não era uma guerreira pura.
Além disso, o equipamento atual de Ainz era superior ao dela.
Shalltear saltou para longe, preparando-se para esquivar como antes. Seu objetivo era
contra-atacar Ainz em uma abertura depois que ele fizesse seu movimento. Com certeza,
era difícil ser excessivamente preciso com a nodachi Takemikazuchi MK VIII, o mesmo
valia para a Spuit Lance.
Não importa quão forte fosse, era muito difícil parar um golpe de força total no meio do
caminho. Isto era especialmente verdadeiro quando usava uma arma grande e pesada.
No entanto, Ainz poderia fazer isso. Isso porque ele não usou toda a sua força para atacar.
Em outras palavras, ele sabia que o golpe seria evitado, então ele deliberadamente criou
uma abertura.
A continuação desse ataque também havia sido planejada, e qual ataque seria subse-
quente. Foi um movimento instintivo e natural para um guerreiro.
Ainz simplesmente forneceu a força corporal para transformá-lo em realidade.
No entanto, ele provavelmente não teria considerado essas questões se não tivesse ex-
perimentado combate em E-Rantel. Ele provavelmente teria desencadeado um grande
ataque de tremer a terra e um após o outro, e com isso tomaria os contra-ataques de
Shalltear.
Mesmo depois de se tornar um guerreiro nível 100, ele não teria sido capaz de utilizar
plenamente as habilidades de um guerreiro, então os ataques acabariam sendo desper-
diçados. Assim como dirigir um carro, existe uma grande diferença entre alguém ter uma
carteira de motorista e alguém que estava acostumado a dirigir em rodovias. Ambos po-
diam operar um carro, mas suas reações a mudanças súbitas nas circunstâncias seriam
drasticamente diferentes.
Durante esta batalha com Shalltear, Ainz sentiu que esta experiência se tornou sua arma
mais potente.
♦♦♦
Isso foi o que Shalltear calmamente pensou quando viu a ponta da espada vindo para
ela tão rápido quanto um raio. No entanto, investidas eram um movimento arriscado.
Pode-se usar as fraquezas dos ataques de empurrar e transformar uma situação perigosa
em uma oportunidade.
Shalltear colocou a mão para aparar a investida, ficou decidido que ela sacrificaria seu
braço esquerdo.
Quando a lâmina perfurou sua palma, Shalltear torceu sua mão esquerda, desviando
com sucesso a investida para um lado.
Não penetrou no peito, mas a ponta da espada ainda passava pela palma da mão es-
querda, no músculo e osso, até que estava profundamente enterrada no braço esquerdo.
Além disso, a eletricidade ao redor da nodachi percorreu o corpo de Shalltear.
Embora ela fosse undead, a sensação de ser penetrada selvagemente ainda enchia Shall-
tear de algo parecido com terror, mesmo mantendo os cantos de sua boca levantados.
Era um sorriso — não aquele que uma pessoa ferida faria, mas também não era de co-
ragem. Afinal, era isso que Shalltear pretendia.
Shalltear tensionou o braço esquerdo. A nodachi parou, imobilizado por seus músculos.
Perfurar são manobras que poderiam acabar deixando a arma presa na carne do inimigo
se eles errassem o alvo. Por isso, não eram muito práticos em combate. Em outras pala-
vras, eles tinham uma fraqueza. Shalltear conhecia essa fraqueza, e foi por isso que ela
sacrificou o braço esquerdo para forçar uma abertura na defesa de seu oponente.
Ela não poderia ter feito isso se não conseguisse travar a nodachi em sua mão esquerda
no instante antes de ser perfurada — uma façanha que ela tinha que executar dentro de
décimos de segundo.
Agora que sua nodachi estava presa, Ainz não tinha como defender-se contra a Spuit
Lance.
Enquanto Shalltear movia a Spuit Lance na velocidade da luz, ela mais uma vez viu uma
visão surpreendente.
Ainz soltou a arma divine-class em sua mão — um item mágico do mais alto nível — e
depois retirou um dos vários palitos de madeira na cintura.
“Hah! O senhor ficou retardado!? Como poderia um palito como este bloquear a Spuit
Lance? E então realmente soltou sua arma de divine-class! Isso não é um erro colossal?”
Certamente, não permanecer atrelado a espada de Takemikazuchi foi uma decisão sábia,
mas não havia nenhuma maneira que ele poderia ganhar depois de perder essa arma.
Com um sorriso zombeteiro no rosto, Shalltear prometeu fazer Ainz sofrer mais do que
sua mão esquerda. Ela fez a investida com a Spuit Lance com toda a força — e então foi
desviada, com um som claro e nítido de metal contra metal.
“Eh?”
O palito de madeira não estava mais na mão de Ainz e, em seu lugar, havia dois kodachis,
que haviam desviado a Spuit Lance. Um era tão brilhante como o sol, enquanto o outro
brilhava com a luz pura e suave da lua.
As mãos de Ainz — que segurava os kodachis — soltavam fumaça. Parece que essas
armas eram a ruína dos undeads.
Shalltear não podia sentir o peso da arma que havia perfurado seu braço esquerdo. Ha-
via desaparecido, como se não pudesse existir no mesmo mundo que as novas armas que
Ainz preparara. Shalltear sentiu que a arma havia retornado ao seu local de origem.
“Bem, isso é verdade. Se você não pode segurar uma arma em cada mão, então ficar com
uma seria mais sensato...”
Shalltear não conseguia entender o que ele queria dizer com aquelas palavras, e depois
de perder o equilíbrio, o kodachi iluminado pela lua moveu-se para ela.
O ataque em direção ao pescoço de Shalltear foi um blefe; o kodachi alterou seu curso
com agilidade e correu para o ombro. Por uma margem muito pequena a Spuit Lance
conseguiu desviá-lo.
Ainz aproveitou a oportunidade para se aproximar ainda mais de Shalltear. Como seu
inimigo estava usando uma arma enorme, aproximar-se tornaria mais difícil para o ad-
versário manusear a arma. Esse era o pensamento de um veterano — alguém que estava
intimamente familiarizado com essa idéia.
Então, o outro kodachi — o iluminado pelo sol — cortou pela abertura na defesa da
Spuit Lance e levemente perfurou o corpo de Shalltear.
“Aaaaaahhh!”
Na verdade, ser esfaqueada não doeu muito. O problema era a agonia que vinha da ener-
gia elemental sagrada que enchia seu corpo como veneno. Essa dor foi muito mais difícil
de suportar.
Ainz moveu o kodachi de um lado para o outro enquanto ainda estava dentro dela, como
se para abrir uma ferida como um serrote.
A distância entre Shalltear e Ainz era estreita demais para usar a Spuit Lance, então ela
o chutou. Ele bloqueou com um kodachi, mas ele não pôde resistir totalmente ao chute e
foi jogado para trás. Neste momento, Shalltear viu que as mãos de Ainz haviam liberado
os kodachis, e no lugar segurava outro palito de madeira.
Então, quando o bastão se fragmentou, uma manopla enorme e de aparência selvagem
cobriu a mão de Ainz. Aquela manopla era tão grande que quase se arrastava no chão
como pés—
“Tome isso!”
Shalltear levantou reflexivamente a Spuit Lance para se defender, mas o enorme im-
pacto viajou através da Spuit Lance e inundou todo o seu corpo.
“Gugyaaah!”
Shalltear gritou pateticamente quando ela foi jogada para trás, como se atingida por um
punho gigantesco. O acerto não causou muito dano, e a Spuit Lance conseguiu bloquear
ataques físicos, mas o efeito do coice foi o suficiente para superar o limiar de proteção
dos itens mágicos.
Ela recuperou seu equilíbrio perdido rapidamente graças a seus itens mágicos, mas algo
ainda queimava dentro de sua cabeça.
“Como, como ousa tirar um grito tão lamentável de mim! Vou me certificar de que grite
assim antes de despedaçá-lo... huh?”
Seus olhos mudaram, e quando ela viu um enorme globo de luz, a agitação de Shalltear
desapareceu.
Aquele clarão de luz do sol veio do arco que Ainz havia sacado. A flecha de luz foi natu-
ralmente apontada para Shalltear.
Esta arma tinha o nome do herói mitológico que havia abatido o sol enquanto a China
era apenas uma massa balcanizada de países menores. E também a principal arma do Ser
Supremo que criou Shalltear.
Todos os Guardiões tinham proteção contra armas de longo alcance, então eles não pre-
cisavam se preocupar com projéteis simples. No entanto, aquelas flechas de luz não cau-
saram danos físicos, mas dano elemental. Em outras palavras, seriam contados como ata-
ques mágicos, então as defesas seriam inúteis.
Droga! Não tenho mais MP! Se eu tivesse algum, eu poderia me defender com uma magia!
Estou sem habilidades também! Se eu soubesse, eu deveria ter economizado alguns usos
para... não!
O fato de que ela havia usado todo o seu MP e habilidades foram resultados de sua ba-
talha anterior. Em outras palavras, ela seguiu o roteiro de Ainz Ooal Gown ao pé da letra.
Os olhos de Shalltear ficaram vermelhos e ela gritou. Essa era a expressão de alguém
que havia percebido seu erro, e então recuperado a determinação ao ponto de não admi-
tir a derrota.
“Maldito! Como obteve a arma do Peroroncino-sama? Foi tudo isso parte do seu plano?
Como preparou todas essas armas? Onde as escondeu? É uma habilidade que se ativa
depois que o senhor quebra esses palitos?”
“...Bem, isso é correto. Dizer isso é meio desrespeitoso para com ele. Simplificando, eu
estava usando itens de cash. Entendeu agora? Tudo o que você fez até agora foi dançar
na palma da minha mão.”
Um orbe de luz totalmente carregado foi atirado para Shalltear. Ela sabia que era inútil,
mas de todo modo, ela tentou bloqueá-lo com a Spuit Lance — e então seus arredores
foram envolvidos por uma explosão de brilho intenso.
Aquela armadura branca tinha alto poder defensivo, mas ele não sairia ileso de um golpe
da Spuit Lance. Tudo o que ela podia fazer era contar com as propriedades de absorção
de vida de sua arma ao abandonar toda a defesa e se concentrar em um ataque de tudo
ou nada.
“Uoooooh!”
Shalltear deu voz a um grito de guerra que não combinava com aquele belo rosto. Uma
voz fria e nítida respondeu a ela:
“As chances de vitória são de sete para três... Creio que não preciso dizer quem é quem?”
Ainz levantou lentamente um machado de cristal vermelho que emitia um brilho púr-
pura. Era um machado de aparência ameaçadora. Ao ver isso, Shalltear hesitou se avan-
çava ou não, mas no final deu um passo à frente.
Afinal, não havia nenhum lugar para ela correr.
♦♦♦
“...Ainz-sama. Vencerá.”
Essas palavras saíram de Cocytus enquanto ele assentia a cabeça. No entanto, Demiurge
— que não tinha conhecimento de um guerreiro — fez uma pergunta.
“Por que diz isso? Não deveria demorar mais tempo para determinar se a vitória é certa?”
“Shalltear. Abandonou. A. Defesa. Para. Um. Ataque. Tudo. Ou. Nada... Eu. Faria. O.
Mesmo. Na. Situação. Dela.”
“De fato. Ainz-sama mudou suas armas uma após a outra — em outras palavras, ela não
tem idéia das outras armas que o Ainz-sama possui. Sob estas circunstâncias, onde ela
não tem mais conhecimento, Shalltear concluiria que fugir é uma opção tola depois de
ver a proeza de Ainz-sama. Assim, tudo o que ela pode fazer é encurtar a distância até o
alcance de ataque de sua Spuit Lance e então lutar. O fato dela não poder mais usar habi-
lidades e magias só contribui para isso... pelo menos é o que eu acho.”
“Entendo. Então é por isso. Afinal, só você pode entender a totalidade das armas que os
Seres Supremos não nos mostraram, Cocytus.”
“Eu. Somente. Sei. Seus. Nomes. E. Efeitos, Mas. Eu. Não. As. Vi. Em. Ação. Antes.”
“Entendo. Acho que entendo, embora não esteja a par sobre os detalhes. Em outras pa-
lavras, agora que a Shalltear está comprometida em atacar, Ainz-sama trouxe o ma-
chado—”
“—Blood-Sucking Flesh-Eating.”
“Eu. Mencionei. Isso. Antes, Mas. Toda. A. luta. Foi. Como. O. Ainz-sama. Planejou... Eu.
Estou. Admirado. Com. Esta. Destreza.”
“Ainz-sama provavelmente previu esses desenvolvimentos. Sua percepção é surpreen-
dente, como esperado daquele que reuniu todos os Seres Supremos... Com toda honesti-
dade, ele provavelmente poderia governar Nazarick facilmente sem nós. Isso me deixa
insatisfeito de algum modo.”
“Ainda assim... a batalha ainda não está decidida, não? Ainz-sama ainda está em desvan-
tagem em relação a Shalltear, em termos de saúde.”
“Aquele homem é Ainz Ooal Gown, nosso governante e líder supremo. Do instante que
ele declarou que conquistará a vitória, não há dúvida de que ele irá alcança-la.”
♦♦♦
Os ataques de Shalltear restauraram sua saúde, mas o dano que Ainz despejava com
cada golpe foi o suficiente para anular a saúde que Shalltear recuperou. Mas a Spuit Lance
continuava a roubar a saúde de Ainz, transformando isso em algo como um jogo de gato
e rato.
Toda vez que o machado acertava Shalltear, parecia que cortaria sua armadura em pe-
daços. Ela sentia os ossos quebrando e carne se rasgando em todo seu corpo. No entanto,
sempre que ela empurrava sua lança, que causava danos certeiros graças a uma habili-
dade, ela podia sentir os ossos se fragmentando sob seus ataques.
A alegria inundou o coração de Shalltear quando ela sentiu que ainda havia uma chance
de vitória. Se eles continuassem trocando golpes, isso poderia ser o caso.
Isso porque ela estava calculando a taxa de esgotamento de sua saúde. Quanto mais ela
ficasse aflita, maior seria sua alegria.
“Ahahahaha!”
“Ahahaha! Ainz-sama! Parece que o senhor vai ficar sem saúde primeiro! A diferença na
nossa saúde será o que determina a vitória e a derrota!”
Shalltear compreendeu sua tolice ao ouvir a voz do instigador que a usurpava e contro-
lara o progresso de todos os acontecimentos que se desenrolaram até agora.
Impossível.
Shalltear não sabia como ele faria isso, mas a voz de uma terceira pessoa esclareceu suas
dúvidas.
Ela nunca tinha ouvido essa voz antes, que parecia ser a de uma mulher fingindo ser
uma criança. Não, isso lembrou Shalltear de uma voz feminina que ela tinha ouvido antes.
Se aquela mulher tivesse forçado sua voz de forma diferente, provavelmente teria soado
assim.
Envolvida em trocar golpes e espancamentos em seu inimigo com sua arma, Shalltear
não tinha idéia do que essa pergunta significava. Um olhar de perplexidade apareceu em
seu belo rosto.
“Se tudo o que aconteceu até agora foi como planejei, significa que o tempo que passou
também esteve dentro dos meus cálculos. Novamente, o que você acha que significa “tem-
porizador está pronto”?”
O machado nas mãos de Ainz desapareceu, tornando-se um escudo branco como antes.
Com seu escudo branco e armadura do mesmo material, Ainz se assemelhava a um pala-
dino branco.
O escudo tilintou com força enquanto desviava o ataque da Spuit Lance.
Considerando o estado atual, Ainz provavelmente tinha se voltado para a defesa por
causa daquela voz feminina, mas Shalltear não tinha idéia do motivo para isso. Quando
ele ficou na defensiva, a voz de Ainz chegou aos ouvidos de Shalltear em meio ao choque
de metal.
“Eu preciso mesmo dizer isso? A batalha acabou e a vitória foi decidida.”
Por quê?
“...Magia de Super-Aba não pode matar você em um único ataque, ainda mais quando
você estava com a saúde completa. Então, tudo o que preciso fazer é reduzir sua saúde
até o necessário. As nossas idas e vindas de agora a pouco só serviram para esgotar sua
saúde.”
Os choques de metal contra metal soaram continuamente, o intervalo entre eles era me-
nos de um décimo de segundo. Os ataques contínuos de Shalltear atacaram Ainz como
uma tempestade.
“...É verdade que sou inferior em termos de capacidade de luta bruta... mas minha defesa
mágica é superior. Então — você já deve entender o que estou dizendo, certo? Estou
prestes a fazer meu xeque-mate, Shalltear. Tudo o que você pode fazer é rezar para meus
cálculos estarem errados.”
“Kuuuuuuuhhhhh!”
♦♦♦
Sabendo que a derrota estava à espreita, Shalltear continuou sua série de ataques fre-
néticos. Embora suas feições estivessem distorcidas, sua beleza não diminuíra.
Apesar do que ele dissera a Shalltear, seu plano não fôra tão bem quanto ele pretendia.
Para começar, a magia de Super-Aba era como uma habilidade e não consumia MP. No
entanto, ainda era uma forma de magia, por isso e ele não podia conjurar enquanto trans-
formado em guerreiro.
Uma vez que ele dissipasse a magia de transformação de guerreiro, ele não seria capaz
de equipar sua armadura e escudo, pois cairiam diante dele. Isso tornaria muito difícil
para ele resistir aos ataques de Shalltear. Se ela decidisse usar uma habilidade de algum
tipo, ele pode não ser capaz de garantir uma vitória através do dano no HP com a magia
de Super-Aba.
Ainz repassou brevemente o tempo de suas ações. Primeiro, ele iria dissipar a transfor-
mação de guerreiro, e então ele usaria um item de cash.
Ele sorriu.
Ele nunca tinha sido tão perdulário no uso de itens de cash antes, mesmo quando PVP
em YGGDRASIL. Essa era a diferença entre um jogo e a realidade — entre entretenimento
e sobrevivência.
Agora!
Ele bloqueou o ataque diagonal de Shalltear com o escudo de seu amigo, e então ele
olhou para ela.
O mesmo círculo mágico de antes apareceu uma vez mais, e ele se preparou para que-
brar o item em forma de ampulheta—
Isso porque uma onda de culpa inundou-o; culpa por assassinar uma NPC que seu amigo
havia criado meticulosamente.
Tendo dissipado sua transformação de guerreiro, Ainz não poderia evitar o ataque de
Shalltear—
♦♦♦
Assim que a Spuit Lance estava prestes a destruir o item, ela sentiu algo em sua espinha
— hostilidade.
Alguém hostil aparecera ao lado de Shalltear, então obviamente ela não podia ignorá-lo.
Shalltear desviou os olhos de Ainz para ver quem era esse inimigo.
A magia de Ainz criara uma extensão de deserto de duzentos metros de largura. Nin-
guém mais estava lá ao lado de Shalltear e Ainz. A hostilidade que ela sentira naquele
momento não estava em lugar algum, como se estivesse sonhando acordada—
—Exclamou Shalltear quando recuperou seus sentidos, mas já era tarde demais.
A ampulheta quebrou, reduzindo o tempo de conjuração da magia para zero.
“「Fallen Down」!”
Com essas palavras, um clarão brilhante irrompeu entre eles e engoliu tudo.
Seu braço direito carbonizado se desfez em pó, enquanto a Spuit Lance caiu lentamente
no que provavelmente era o chão nesse mundo dessaturado. Seu rosto estava ressecando
devido ao calor, e tudo o que ela podia ver diante dela era a brancura sem fim.
Sua garganta estava seca— na verdade, ela não sabia se sua garganta também tinha sido
incinerada — então era difícil falar. Ainda assim, havia uma coisa que ela tinha a dizer.
Shalltear Bloodfallen sintetizou as últimas reservas de sua vitalidade para enaltecer:
“...Ah, viva ao Ainz Ooal Gown-sama. Verdadeiramente, és o mais poderoso dos Seres
Supremos de Nazarick.”
Este foi o seu sincero respeito pelo todo poderoso que reuniu os 41 Seres Supremos. A
onda de calor parecia queimar suas amarras, embora seu corpo não pudesse se mexer,
ela se sentia inimaginavelmente livre.
Alguém que não deveria estar lá apareceu na consciência de Shalltear que se desinte-
grava. Esse alguém foi a pessoa que permitiu que esta vitória ocorresse.
O undead poderia ignorar praticamente qualquer forma de efeito que afeta a mente. No
entanto, havia certas habilidades que produziam efeitos semelhantes, mas que não eram
contados como tal. Essa pessoa usou tal habilidade.
“...Baixinha.”
♦♦♦
Aura dissipou sua habilidade 「Sky Eye」, e seus lábios cor de rosa voltaram à sua
forma original. Havia um olhar de aborrecimento em seu rosto quando ela começou a
repreender alguém que não estava lá.
“Sua idiota... como você pode se deixar controlar, mesmo sendo uma undead? Isso é bur-
rice sua.”
Mare olhou para onde Aura estava olhando, mas desde que ele estava no meio da flo-
resta, tudo o que ele podia ver em qualquer direção eram árvores. Ainda assim, ele po-
deria dizer o que Aura estava olhando do jeito que ela estava encarando.
Sua irmã mais velha, Aura, poderia usar uma habilidade por ser Ranger, para expandir
seu campo de visão a cerca de dois quilômetros. Foi por isso que ele e sua irmã estavam
vigiando os arredores com a ajuda dos Eyeball Corpses.
A silhueta de Ainz-sama — um ser que nem mesmo a Guardiã mais forte pôde derrotar
— apareceu na mente de Mare. Era uma conclusão sensata; como poderia aquele que
liderou os Seres Supremos ser derrotado?
“Ainz-sama já deve ter recuperado tudo. Vamos voltar como nos foi ordenado.”
“Mm.”
Mare sabia que sua irmã estava de mau humor, então ele não disse mais nada, mas obe-
dientemente executou seus comandos.
A melhor amiga de Aura tinha sido mentalmente controlada e obrigada a apontar sua
lança para o amado mestre a quem todos haviam jurado sua lealdade. Sua execução era
o resultado esperado de tal curso de ação, mas ela ainda se sentia chateada com isso.
Parte 4
Ele abriu a lista de nomes no Salão do Trono e, como esperado, o espaço que deveria
conter o nome de Shalltear estava em branco. Isso afirmava que Shalltear estava morta,
e assim a fase um do plano foi concluída.
O coração de Ainz doeu. Embora ele soubesse que não havia outro jeito, o fato de ele ter
pessoalmente cometido e testemunhado tal ato o enchia de culpa.
Em seu coração, Ainz pediu desculpas a Shalltear. Então ele engoliu em seco e se virou
para os Guardiões aqui reunidos.
“Então, o próximo passo será ressuscitar a Shalltear. Albedo, preste atenção no nome de
Shalltear. Se ela continuar com o status de controle mental...”
“Demiurge...”
“Estamos plenamente conscientes de que suas ordens devem ser respeitadas acima de
tudo, Ainz-sama. Nós nos tornaremos pó se assim ordenar. No entanto, como seus servos
leais, não podemos permitir que seja colocado em perigo mais uma vez, Ainz-sama.”
“Se a Shalltear o trair mais uma vez, nós vamos eliminá-la pois somos seus Guardiões.
Oramos para que o senhor nos observe em nossas ações, Ainz-sama.”
Agora que ele entendia as intenções dos Guardiões, Ainz não poderia oferecer mais re-
sistência.
“Compreendo. Guardiões, se a Shalltear nos trair mais uma vez, vocês podem lidar com
ela do modo que for necessário.”
Mesmo depois de ir tão longe, ele ainda tinha que deixar seus filhos amados se matarem.
A causa principal de tudo foi devido a sua tolice. Foi tudo culpa dele.
Ainz queria suspirar, mas quando ele viu a expressão gentil no rosto de Albedo, que
estava do lado dele, ele decidiu suprimir isso.
“Ainz-sama, tudo que o senhor precisa fazer é ser um expectador. Para quem devemos
nos comprometer com a lealdade se o último dos Seres Supremos desaparecer? Embora
não tenhamos sido abandonados, ainda estaremos sozinhos se todos os Seres Supremos
se forem.”
“...Sim, você está certa... Deve ter sido assim na Tesouraria também... Que idiota eu fui.”
As respostas espirituosas envolveram Ainz enquanto ele agarrava o Cajado de Ainz Ooal
Gown que flutuava no ar ao lado dele, e então se virou em direção a um canto do Salão
do Trono.
Havia uma montanha de moedas de ouro, cerca de quinhentos milhões delas. Essa era a
soma necessária para trazer Shalltear à vida.
Normalmente, ele precisaria usar o teclado para realizar as operações necessárias, mas
agora sabia que não era mais necessário.
Observado pelos Guardiões, o ouro derretido formou um rio que fluía para o mesmo
lugar. Dez mil toneladas de ouro compactaram-se e aglutinaram-se, assumindo uma
forma humanoide que finalmente se transformou na forma de uma boneca dourada, e
seu brilho dourado enfraqueceu lentamente.
“Albedo!”
“Ainda bem...”
Ainz inconscientemente tocou seu próprio torso em resposta à poderosa sensação de
alívio que o inundava. O gesto acalmou seu espírito. Então, ele enfiou a mão na dimensão
de bolso e pegou uma capa preta, antes de caminhar até Shalltear em posição supina.
Os olhos de Shalltear estavam bem fechados e seu torso não se movia. Ela estava deitada
quieta no chão, como um cadáver. Ainda assim, os undeads eram essencialmente cadá-
veres animados, então isso dificilmente era incomum.
Que incomum—
O torso que acabara de ver era tão reto que mal parecia pertencer a uma garota, mas
sim a um menino. Não sabendo onde colocar os olhos, o olhar de Ainz deixou o torso reto
e olhou para outro lugar.
A recém-ressuscitada Shalltear estava nua, então ele não tinha idéia de onde ele deveria
estar olhando. Ainz estava tão em pânico que ele esqueceu que tudo o que tinha que fazer
era olhar para outro lugar.
Sua visão estava bem aguçava se comparando quando ele era humano, então ele podia
ver certos lugares com muita precisão.
A capa se abriu no ar, caindo perfeitamente em Shalltear e cobrindo todo o seu corpo.
Não é como se eu me arrependesse de fazer isso! Eu estou morto, não adianta ter desejos
sexuais! Não, o correto é, não devo ter nenhum desejo sexual. Eu estava olhando para o
corpo da Shalltear porque eu estava simplesmente curioso sobre se ela foi ou não projetada
em detalhes debaixo de sua roupa íntima. Já que era impossível remover todas as roupas
em YGGDRASIL, então é por isso que eu dei uma olhadinha. Isso mesmo, não é porque eu
queria saber se ela tinha algo como cabelo lá embaixo ou algo assim!
Quando Ainz tentou explicar suas ações para... alguém. Ele então se aproximou de Shall-
tear, sentindo-se um pouco impotente. Talvez a razão pela qual demorou tanto tempo
para alcançá-la foi porque queria esfriar a cabeça superaquecida.
Além disso, ele deliberadamente ignorou a voz feminina atrás dele, dizendo:
“Se o senhor estiver interessado, não tenho objeções em me mostrar ao seu bel-prazer.”
Quando Ainz estava diante dela, os olhos vermelhos de Shalltear se abriram, como se
sentissem a presença de alguém próximo. Ela piscou sonolenta e olhou em volta, final-
mente repousou o olhar em Ainz.
“Ainz-sama?”
Ela parecia estar grogue por ter acabado de acordar. No entanto, ele podia ouvir a leal-
dade em sua voz. Embora Albedo e o sistema de administração de Nazarick já tivessem
confirmado sua lealdade, Ainz ficou encantado em confirmá-lo com seus próprios ouvi-
dos e se ajoelhou para abraçar Shalltear.
“Uh, ueeh?”
Era difícil acreditar que um corpo tão esguio possuísse habilidades físicas tão surpreen-
dentes.
Ainz não prestou atenção em Shalltear, que estava balbuciando de um modo completa-
mente perplexo, e apertou ainda mais ela.
“Graças aos céus... não, eu sinto muito. Isso foi tudo culpa minha...”
“Eh? Ah, não tenho certeza do que aconteceu, mas tenho certeza de que o senhor não
poderia ter cometido erro algum, Ainz-sama.”
“... Ainz-sama, eu acredito que a Shalltear está cansada, então devemos deixá-la por en-
quanto.”
“Certamente.”
Talvez houvesse uma penalidade por ressuscitar NPCs, assim como havia para os joga-
dores. Afinal, esta foi a primeira ressurreição desde que veio a este mundo.
Depois que Ainz a soltou, um olhar de desapontamento cruzou o rosto de Shalltear e ela
olhou severamente para Albedo. Em resposta, Albedo mostrou seu sorriso habitual. Ele
pensou que elas continuariam a olhar uma para a outra como de costume, mas Shalltear
desviou os olhos.
“Sim, me pergunte o que quiser... mas, Ainz-sama, por que eu estou no Salão do Trono?
E estou vestida assim, e como está me tratando, Ainz-sama. Eu causei algum problema?”
“Eu que estava prestes a te perguntar isso. Você se lembra de algo que aconteceu?”
“Ah, não...”
A memória mais recente de Shalltear era de cinco dias atrás. Ela não tinha nenhuma
idéia do que aconteceu depois disso.
Ainz poderia ter usado a magia de 10º nível 「Control Amnesia」 a mesma que ele tinha
usado no Vilarejo Carne, mas mesmo alterar pequenos trechos de memória exigiria uma
grande quantidade de MP. A quantidade impressionante de MP necessária para afetar as
recordações de cinco dias estava além do limite dos magic casters comuns. Nem mesmo
Ainz e suas extraordinárias taxas de regeneração de MP poderiam fazê-lo.
Claro, o processo de ressurreição pode ser tal que os NPCs perderiam suas memórias
dos últimos dias. Como alternativa, talvez se vários magic casters se reunissem esse pro-
cesso de recuperar memórias fosse possível.
Ele não tinha informação no momento presente, então ele não poderia resolver esse
mistério.
Ainda assim, ele podia ter certeza de quem quer que tenha usado o Item World-Class
em Shalltear sumiu, desapareceu sem deixar vestígios.
É muito problemático quando eu não sei quem está agindo as escondidas. O inimigo pode
estar esperando por uma chance de atacar Nazarick... não, talvez eu devesse ficar feliz que
esse incidente não tenha sido maior... De qualquer forma, vou me certificar de me vingar
completamente de quem fez isso com Nazarick.
Ainz reprimiu a raiva que até mesmo seus traços undeads não podiam suprimir com-
pletamente, e gentilmente perguntou a Shalltear:
Se este mundo fosse como YGGDRASIL, então não deveria haver mais nada. Os NPCs não
deveriam ter perdido níveis, mas ele não tinha certeza se o mesmo se aplicava a esse
mundo também. Por tudo o que ele sabia, os NPCs perderiam níveis, assim como os per-
sonagens dos jogadores.
Depois que Shalltear respondeu, uma expressão de choque apareceu em seu rosto. Não
sabendo o que estava errado, Ainz sentiu um mal-estar crescendo dentro dele.
“Ainz-sama!”
Os rostos dos Guardiões se contorceram quando ouviram isso, com expressões de Nós
queremos que devolva nossas preocupações. Até mesmo Demiurge estava com os dentes
arreganhados.
“Você tem idéia do que fez? Como você pode dizer algo assim?”
Quando Albedo fez uma repreensão em nome de todos, os ombros de Shalltear treme-
ram de medo.
Ainz tinha ficado tão desanimado que suas mãos estavam prestes a arrastar no chão.
Tudo o que ele pôde fazer foi assistir Shalltear discutir com os outros Guardiões e pon-
derar várias questões sobre a ressurreição.
Em particular, ele esperava que Clementine e Khajiit, que ele conheceu no cemitério,
também perdessem suas memórias após a ressurreição, assim como Shalltear.
Como ele não sabia o porquê Shalltear havia perdido suas memórias, ele não podia ga-
rantir que sua ressurreição através da magia seria o mesmo que ressuscitar um NPC atra-
vés do dinheiro.
Enquanto Ainz estava pensando sobre essas coisas, Shalltear já havia começado a des-
moronar sob a torrente unilateral de abusos de Albedo.
Ainz assistindo a cena diante dele, ele lembrou de uma cena do passado.
♦♦♦
Ainz lentamente estendeu a mão e depois parou no ar. Parecia que uma parede invisível
de vidro o estava bloqueando.
Se ele se intrometesse, eles prometeriam sua lealdade a ele. Isso era uma forma de re-
verência, e não o calor que ele sentia quando esteve com seus amigos.
Assim que a mão de Ainz caiu sem força, Albedo se virou — como se sentisse algo estra-
nho sobre Ainz — e o observou em silêncio. Desconcertado por ela estar olhando para
ele desse jeito, Ainz estava prestes a perguntar o que estava errado quando as chamas
em seus olhos de repente se acenderam.
Isso porque Albedo estava gentilmente estendendo a mão para ele. Depois de um mo-
mento de hesitação, Ainz segurou a mão dela, e assim ele foi puxado para dentro do cír-
culo dos Guardiões.
“Em-Embora, talvez seja melhor não ser muito rigoroso... er, erm...”
“—Ha, hahaha.”
Ainz não conseguiu evitar que sua risada escapasse de sua boca, apesar dos olhares per-
plexos dos Guardiões ao seu redor. Não, essa risada não veio apenas de sua boca, mas de
seu coração.
Depois que ele ficou satisfeito, Ainz olhou silenciosamente para Shalltear.
“Eu já disse a Albedo antes, mas a culpa por isso não está com você, Shalltear. Sou eu —
quem detém toda essa informação, mas não considerei a possibilidade de isso acontecer
— quem mais merece ser repreendido por isso, sou eu. Shalltear, você não fez nada de
errado. Lembre-se disso.”
“Demiurge, você será responsável por explicar o que aconteceu com a Shalltear. Você
pode fazer isso?”
Ainz calmamente propôs usar um de seus subordinados como isca, os Guardiões apenas
assentiram, com a atitude que um lacaio fiel deveria ter. Eles estavam simplesmente pri-
orizando as considerações do mestre da Grande Tumba de Nazarick sobre a vida de seu
colega.
“Eu não estou totalmente disposto a fazer isso, mas é necessário... Eu não sei o porquê a
Shalltear foi alvo, mas se a oposição está procurando por uma nova vítima, eles podem
muito bem escolher o Sebas, que estava viajando com ela. Foi por isso que eu não o cha-
mei de volta para receber um Item World-Class... Albedo, selecione alguns agentes clan-
destinos para ficar de olho em Sebas e nos arredores... Ele pode ser uma isca, mas eu não
pretendo permitir que Sebas seja vítima. Informe aos observadores que sua missão tam-
bém inclui impedir que o inimigo se aproxime de Sebas.”
Depois de emitir suas ordens, Ainz estreitou os olhos — em outras palavras, as chamas
em suas órbitas oculares escureceram.
...Algum dia conhecerei a pessoa que usou um Item World-Class em Shalltear. Quando esse
dia chegar, retornarei o favor com juros!
“Por favor, o faça. Graças a Shalltear, agora sabemos que os NPCs podem ser ressuscita-
dos, mas eu não desejo passar por a experiência de matar nenhum dos NPCs que meus
amigos criaram.”
Movidos por essas palavras, os Guardiões abaixaram a cabeça. Eles provavelmente sen-
tiram o quanto Ainz os valorizava. No entanto, já que ele realmente expressou esses sen-
timentos, o efeito desse sentimento foi ainda maior.
Shalltear parecia ter percebido que algo havia acontecido com ela. Um olhar de choque
cruzou seu rosto, que logo se transformou em arrependimento e dos grandes.
Ainz gesticulou que ela não precisava guardar esse sentimento no coração. Só então,
uma voz veio do lado.
“O que é, Mare?”
“Não há necessidade disso. Sabe o porquê? Quando alguém quebra um Cristal Selado,
uma energia poderosa é libertada, o suficiente para terraplanar o ambiente.”
“Eh? É, é sério?”
“...Me desculpe. É uma mentira, claro. O que é falso é verdadeiro, e o que é verdadeiro é
falso. Cristais com magias seladas parecem ser itens raros, então ninguém deve ser capaz
de testar isso. Albedo, danifique um pouco os equipamentos que aquele tal de Nigun es-
tava usando. Então, precisamos que o Ferreiro Chefe construa algumas armaduras dani-
ficadas e coloque algumas marcas na minha armadura e queimadura também, então vai
parecer que uma intensa batalha aconteceu.”
“Entendido.”
“Além disso, talvez eu tenha sido descuidado demais até agora, o que permitiu que ini-
migos ocultos nos arredores de Nazarick nos prejudicassem. Assim, desejo iniciar um
programa para fortalecer Nazarick. Parte disso é usar minhas habilidades para criar um
exército de undeads. Eu acho que já mencionei isso antes... hm? Eu só contei a Albedo
sobre isso? Enfim. De todo modo, esta será minha maior prioridade. Eu gostaria de fazer
alguns preparativos para recuperar cadáveres de E-Rantel, eles podem ser utilizados
para fazer um exército de undeads.”
“Se eu não estiver errada, quando o senhor usa um cadáver humano como um meio para
fazer undeads, os undeads resultantes são muito fracos, apesar de serem nível interme-
diários. Isso está correto?”
Os undeads mais poderosos que ele pôde fazer com os cadáveres da Escritura da Luz
Solar estavam no nível 40. Além disso, os undeads desapareceriam com o passar do
tempo, junto com os cadáveres que serviam como intermédio.
“Na verdade, depois de receber sua ordem, considerei maneiras de obter cadáveres fres-
cos. Talvez, o senhor consideraria usar cadáveres não-humanos?”
“...Creio eu que você não pretende usar os cadáveres dos vassalos de Nazarick?”
“Não, isso absolutamente não é minha intenção. Eu estava pensando em usar outros
demi-humanos.”
B
tas para a Guilda dos Aventureiros.
Bellote estava acostumado a esse tipo de coisa. No entanto, a recepção pareceu mais
moderada do que há um mês.
Ele virou os olhos para o quadro de avisos. Lamentavelmente, quase não havia pedidos
de mythril.
Era claro, trabalhos que apenas aventureiros mythril poderiam fazer, portanto eram
muito raros. No entanto, a razão para essa escassez de pedidos não foi porque havia pou-
cos deles para começar, mas porque havia um aventureiro que poderia rapidamente res-
ponder aos pedidos de classificação mythril.
“...Momon-san, huh.”
Cerca de um mês atrás, aquele homem havia matado uma poderosa Vampira.
Ele não testemunhara pessoalmente essa intensa batalha, mas pôde imaginar o que
acontecera depois de ver os restos daquele campo de batalha. Assim, ele não ficou sur-
preso ao saber que a Kralgra — uma equipe de aventureiros da mesma categoria que o
de Bellote — havia sido aniquilada no fogo cruzado.
Não, qualquer um que se juntasse àquela batalha teria sido morto com certeza.
O cristal mágico que explodiu queimara a terra de preto e até reduzira alguns lugares a
um deserto. A coisa surpreendente era que tinha que ser feito para derrotar tal Vampira.
E ainda assim—
“—Eles sobreviveram...”
Não apenas sobreviveram, mas também conquistaram a vitória. Era natural que Bellote
considerasse essas pessoas — que haviam retornado em segurança de uma batalha com
uma Vampira, um monstro que o próprio Bellote não poderia derrotar — e dito monstros
ainda era mais poderoso do que ele encontraria.
A mudança em seu tom de agora a pouco foi porque Momon era poderoso o suficiente
para merecer seu respeito.
Enquanto ele estava fantasiando sobre esse tipo de força absoluta, ele ouviu o som da
porta se abrindo. Uma onda de comoção varreu a guilda como uma rajada de vento.
Ele tinha duas greatswords nas costas e uma linda garota atrás dele.
O apelido de “Herói Negro” veio daquela armadura de placas incrivelmente bem cons-
truída, que havia sido muito danificada quando ele voltou daquele campo de batalha. An-
tes, havia marcas de queimaduras e garras em todos os lugares, mas agora aquela arma-
dura era imaculada. Ela brilhava sob os raios do sol.
Este foi o resultado dos esforços combinados de todos os magic casters da Guilda dos
Magistas se unindo para consertá-la.
No seu pescoço pendia uma placa de metal — um que pertencia a uma lenda viva, um
objeto de culto para os aventureiros, o trunfo dos que os protegeria de serem devastados
pelas poderosas raças do mundo — uma placa de adamantite.
E agora, esse indivíduo, famoso em canções e contos, apareceu diante deles, agitando a
Guilda dos Aventureiros em um frenesi.
“Este deve ser... o Herói Negro, Momon? ...E atrás dele está a Bela Princesa, Nabe. Os
rumores estavam certos sobre sua aparência...”
“Ouviu os boatos? Dizem que ele foi responsável por queimar aquela parte da floresta...
aparentemente, ele fez isso com algum tipo de arte marcial...”
“Inacreditável, se isso é mesmo possível... se ele pudesse usar artes marciais para quei-
mar aquilo, então significa que ele não é mais humano, né?”
“Ele deve ser uma das poucas pessoas que poderiam fazer isso, não? Os aventureiros de
ranque adamantite são aqueles que definem o pico do poder. Eu não ficaria surpreso se
as pessoas o chamassem de adamantite apenas por isso.”
Momon avançou calmamente para o balcão sob esses olhares de adoração. Os aventu-
reiros conversando com as recepcionistas da guilda, todos abriram caminho para os mais
novos aventureiros adamantite, e em seus rostos havia respeito — e medo.
“Nossa missão está completa. Por favor, ajude-nos a encontrar qualquer trabalho novo
que apareça.”
Isso era de se esperar, porque esses eram os talentos dos aventureiros de classificação
elevada.
Bellote deixou aquele resmungo escorregar de seus lábios, mas é claro, na verdade ele
não quis dizer isso. Qualquer um que conseguisse alcançar o posto de mythril teria ganho
dinheiro suficiente para se aposentar e viver em luxo pelo resto de suas vidas. Assim,
qualquer um que continuasse se aventurando depois desse feito deveria ter uma razão
além do dinheiro.
“Ah, Momon-sama. Sinto muito, mas não temos outros empregos para o senhor, Momon-
sama. Por favor, nos perdoe.”
“Então é assim—”
Momon parecia prestes a dizer algo mais, mas então congelou no meio do caminho. Vá-
rios segundos depois, ele continuou:
“—Entendo. Isso é bom, porque eu acabei de me lembrar de algo que eu tinha que fazer.
Voltarei para a pousada; se aparecer alguma coisa, procure por mim lá. Você sabe onde
eu estou ficando?”
Ainz assentiu, então o florescer de sua capa carmesim apareceu quando se virou e foi
embora.
Bellote ouvira o som de Momon falando do seu lado, mas como sua voz era baixa demais,
Bellote não conseguia distinguir os detalhes.
O que Bellote não conseguiu ouvir foi a ordem de Ainz a seus subordinados que estavam
distantes, para que demonstrassem seu incomparável poder militar.
“Ordene Gargantua a sair e convoque o Victim também. Quando Cocytus retornar, tes-
temunharemos um evento raro — todos os Guardiões de Andar marcharão como um.”
Posfácio
Já se passaram cerca de quatro meses desde o volume anterior, e fico feliz de poder falar
com todos novamente. Eu sou o autor, Maruyama Kugane.
Dito isso, como devo continuar escrevendo a partir de agora? Essa mesma pergunta apa-
rece todas as vezes. Minhas experiências são em grande parte limitadas à minha vida na
empresa e minha casa, por isso não confio escrever algo interessante. Enfim, vou divulgar
minha agenda nos últimos quatro meses para vocês.
Mas depois de seu feedback e minhas correções no manuscrito, que duraram cerca de
um mês e meio, o trabalho finalmente está completo. Desta forma, demorou cerca de três
meses para escrever “A Valquíria Sangrenta”. Há cerca de um mês de tempo livre entre a
conclusão do manuscrito e a publicação. Eu divido esse tempo em quatro partes e gasto
atualizando a versão Web Novel todo mês.
Meu trabalho na minha empresa é muito descontraído, então posso ir para casa mais
cedo. Eu realmente poderia me forçar a revisar também, mas as pessoas que precisam
voltar tarde toda noite acabam dormindo menos, então eles não conseguiriam aquele
mês de tempo livre. É difícil para eles.
...Embora, como é que esses autores publicam um novo livro a cada três meses? Alguém,
por favor, me ensine como eles fazem isso. Então, vou expressar meu agradecimento em
seguida.
Se você tiver alguma opinião ou comentário, pode usar um cartão-postal (você mesmo
precisará pagar a postagem, desculpe-se por isso) ou pode simplesmente escrever no
site se for um leitor da Web Novel. Eu ficaria muito grato.
Até a próxima,
Maruyama Kugane
Ilustrações
Glossário
Glossário
-Magias, Habilidades & Passivas- Mana Essence: ........................................... Essência de Mana.
Tradução livre de seus nomes Mantle of Chaos: ............................................ Manto do Caos.
Mass Fly: ........................................................... Voar em Massa.
Absorption: ................................................................ Absorção. Mass Hold Species: ................ Segurar Espécies em Massa.
Animate Dead: ................................................. Animar Morto. Message: ................................................................... Mensagem.
Anti-Evil Protection: ...............................Proteção Anti-Mal. Mist Form: .................................................... Forma de Névoa.
Appraisal Magic Item: ........................ Avaliar Item Mágico. Mystic Eyes of Charm: .............Olhos Místicos de Charme.
Astral Smite: ................................................Ferimento Astral. Negative Impact Shield: ..... Escudo de Impacto Negativo.
Bless of Magic Caster:... Benção do Conjurador de Magia. Obsidian Sword: ................................. Espada de Obsidiana.
Blood Frenzy: ........................................... Frenesi de Sangue. Paralysis: ..................................................................... Paralisia.
Blood Pool: ................................................. Piscina de Sangue. Paranormal Intuition: ...................... Intuição Paranormal.
Body of Effulgent Beryl: ....... Corpo de Berilo Refulgente. Penetrate Up:..................................... Aumentar Penetração.
Brilliant Radiance: ........................... Resplendor Brilhante. Perfect Warrior: ...................................... Guerreiro Perfeito.
Charm Person: .............................................Encantar Pessoa. Preservation ........................................................ Preservação.
Command Mantra: ................................ Mantra Dominante. Purifying Javelin: .................................... Dardo Purificador.
Continual Light: ................................................. Luz Contínua. Reality Slash: .............................................. Cortar Realidade.
Control Amnesia: ................................... Controlar Amnésia. Regenerate: ............................................................. Regenerar.
Create High Tier Undead:Criar Morto-Vivo de alto Nível. See Through: ......................................................... Ver Através.
Create Undead: ...........................................Criar Morto-Vivo. Sensor Boost: ........................................... Impulso de Sensor.
Cry of the Banshee: .................................. Grito do Banshee. Sharks Cyclone: ................................... Ciclone de Tubarões.
Crystal Monitor: .......................................Monitor de Cristal. ShockWave: .................................................. Onda de Choque.
Detect Enchant: ............................. Detectar Encantamento. Silence: ........................................................................... Silêncio.
Draconic Power: ........................................ Poder Dracônico. Sky Eye: .................................................................. Olho do Céu.
Drifting Master Mine: .................... Mina Mestre Flutuante. Summon Monster 10th: ................... Invocar Monstro 10º.
Explosive Land Mine: ............... Mina Terrestre Explosiva. The Goal Of All Life Is Death:O Objetivo de Toda a Vida
Fallen Down: ................................................. Queda do Caído. é a Morte.
False Data: Life: ...................................... Dados Falsos: Vida. Thousand Bone Lance: .........................Lança de Mil Ossos.
Fly: ........................................................................................ Voar. True Dark: ................................................ Escuro Verdadeiro.
Force Explosion: ...................................... Explosão de Força Undead Blessing: ........................Bênção dos Mortos-Vivos.
Force Sanctuary: .................................... Santuário de Força. Vermilion Nova:............................................Vermilion Nova.
Freedom: .................................................................. Liberdade. Wall of Stone:............................................... Parede de Pedra.
Gravity Maelstrom: ...................... Turbilhão Gravitacional. Wish Upon a Star:...............................Desejo a Uma Estrela.
Greater Full Potential: ............... Maior Potencial Máximo. World Break: .................................................. Rompe Mundo.
Greater Hardening: ......................... Maior Endurecimento.
Greater Lethal: ........................................... Maior Letalidade.
Greater Luck: ....................................................... Maior Sorte. -Metamagia-
Greater Magic Seal: ................................ Maior Selo Mágico.
Greater Magic Shield: .......................Maior Escudo Mágico. Maximize Magic:Maximizar Magia - aumenta o poder
Greater Rejection: .........................................Maior Rejeição. destrutivo da magia.
Greater Resistance: ................................ Maior Resistência. Penetrate Magic:Magia Penetrante – aumenta a penetra-
Greater Teleportation: ................... Maior Teletransporte. ção mágica da magia.
Greater Thunder: ............................................ Maior Trovão. Triplet Magic: ........................................... Triplicar Magia.
Heavenly Aura: ................................................ Aura Celestial. Triplet Maximize Boosted:Triplicar Impulsiona-
Hold Person: ................................................... Segurar Pessoa. mento Maximizado – triplica a magia, aumenta o poder
Hold of Ribs: ............................................ Aperto de Costelas.
destrutivo, e eleva o nível e poder da magia.
Household Summons: .......................... Invocar Familiares.
Triplet Maximize Magic:Triplicar Magia Maximizada
Implosion: .................................................................. Implosão.
- triplica a magia e aumente o poder destrutivo.
Impure Shockwave Shield:Escudo Onda de Choque Im-
pura. Widen Magic:Ampliar Magia - aumenta a área de
Indomitability: .......................................... Indomitabilidade. efeito da magia.
Infinity Wall: ................................................ Muralha Infinita.
Invisibility:......................................................... Invisibilidade.
Lesser Dexterity: .........................................Menor Destreza. -Itens-
Lesser Mind Protection: ..............Menor Proteção Mental. Tradução livre & Curiosidades
Lesser Protection Energy: ... Menor Energia de Proteção.
Lesser Strength: .............................. Menor Fortalecimento. Ahura Mazda:Aúra Masda, Ormasde, Ahura Mazda ou Or-
Life Essence: ................................................ Essência da Vida. muz, era o princípio ou deus do bem, segundo o zoroas-
Magic Arrow: .................................................... Flecha Mágica. trismo e a mitologia persa. “Aúra-Masda” é um termo
Magic Boost: .................................................. Impulso Mágico. sânscrito que significa “Senhor Sábio”.
Magic Destruction: ................................. Destruição Mágica. Amaterasu:天照 - Ela é a deusa do sol, mas também do
Magic Ward: Holy: .................... Sentinela Mágica: Sagrada. universo. O nome Amaterasu é derivado de Amateru que
Magic Weapon: .................................................. Arma Mágica. significa “que brilha no céu.”
Avarice and Generosity: ............ Avareza e Generosidade. Cainabel:O nome é a combinação do nome “Caim” e
Billion Blades:........................................ Bilhões de Lâminas. “Abel”, os filhos de Adão e Eva da Bíblia.
Blood-Sucking Flesh-Eating:Suga-Sangue Devora-Carne. Carste:Conhecido também como carso ou karst. O relevo
Depiction of Nature and Society:Representação da Na- cárstico ou cársico ou sistema cárstico ou cársico, é um
tureza e Sociedade - refere-se a uma lenda chinesa de um tipo de relevo geológico caracterizado pela dissolução
homem que entra em uma pintura para morar lá. química (corrosão) das rochas, que leva ao aparecimento
Earth Recover: ............................................... Restaura Terra. de uma série de características físicas, tais como cavernas,
Five Elements Overcoming:Subjugação dos Cinco Ele- dolinas, vale seco vale cegos, cones cársticos, rios subter-
mentos – no taoísmo significa superar as relações entre os râneos, canhões fluviocársicos, paredões rochosos expos-
cinco elementos. tos e lapiás.
Hygieia's Chalice:Cálice de Hígia - (em grego antigo: Cavaleiro Amaldiçoado:Algo como um Clérigo corrom-
Ὑγίεια), na mitologia grega, era a filha de Esculápio. Era a pido.
deusa da saúde, limpeza e sanidade (e posteriormente: a Cimitarra:É uma espada de lâmina curva mais larga na
Lua), exercia uma importante parte no culto do pai. extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada
Iron Fist of Schoolmarm:Punhos de Ferro da Professora. por certos povos orientais, tais como árabes, turcos e per-
Keiseikeikoku:Do japonês “傾城傾国” é uma analogia a sas, especialmente pelos guerreiros muçulmanos.
uma mulher tão bela que pode trazer ruína para um Rei e Claymore:A palavra vem do gaélico escocês claidheamh
seu País, em tradução livre seria “Queda do Castelo e seu mòr e significa espadão. A claymore é um tipo de espada
País”. Algo como femme fatale do francês, mulher fatal em montante, porém mais leve.
português. Clérigo:Um clérigo age como um agente intermediário,
Longinus:A Lança do Destino (também conhecida como controlando poderes divinos e infernais, dependendo a
Lança Sagrada ou Lança de Longino), segundo a tradição qual deus o clérigo é devoto.
da Igreja Católica, foi a arma usada pelo centurião romano Cooldown: .................................... Tempo de recarga de algo.
Longinus para perfurar o tórax de Jesus Cristo durante a Daikon: .....................................Um tipo de rabanete branco.
crucificação. Debuff: ..................Efeitos negativos que afetam o jogador.
Necklace of Eye: ............................................... Colar do Olho. Demantoide: ...................Um tipo de mineral de cor verde.
Ouroboros:Ou oroboro (ou ainda uróboro) é um conceito Demi-Humano:Do latim dimidium (dividido em meta-
representado pelo símbolo de uma serpente, ou um dra- des) significa meio. Logo demi-humano = meio-humano.
gão, que morde a própria cauda. O nome vem do grego an- Em japonês é 亜人.
tigo: οὐρά (oura) significa “cauda” e βόρος (boros), que Drinking Horn:É o chifre usado como recipiente para be-
significa “devora”. Assim, a palavra designa “aquele que ber.
devora a própria cauda”. Drop:Itens deixados por monstros após serem mortos em
Ring of Magic Bind: ....................... Anel do Vinculo Mágico. jogos, o termo também vale para a taxa com qual os itens
Shooting Star:................................................ Estrela Cadente. veios em sorteios, lootboxes.
Spuit Lance:Lança Pipeta - “Spuit” é o holandês para se- Dungeon:O termo é usado em jogos de RPG para designar
ringa/pipeta. cavernas ou labirintos repletos de monstros, armadilhas
Tsukuyomi:Em japonês ツクヨミ, 月讀 - ou Tsukuyomi e tesouros. Uma Dungeon normalmente é composta por
é o deus da Lua na mitologia japonesa, irmão de Amate- salas e corredores que as conectam, podendo haver tam-
rasu e de Susanoo. Tsukiyomi nasceu do olho direito de bém passagens secretas. Com etimologia na palavra fran-
Izanagi. cesa donjon. Substantivo significando calabouço ou mas-
World Savior: ......................................... Salvador do Mundo. morra.
Yi-Bow:Arco de Yi - Yi, ou melhor Hou Yi (后羿), é um ar- Eroges: ................................................................ Jogos eróticos.
queiro da mitologia chinesa. Ele também era conhecido Espinela:Ou espinélios, constituem um grupo de mine-
como Shen Yi e simplesmente como Yi (羿). A ele também rais que cristalizam no sistema cúbico.
é geralmente dado o título de Senhor dos Arqueiros'. Ele Estoc:Também chamada de Estoque, era uma espada reta
às vezes é retratado como um deus do arco e flecha que e pontiaguda e fina.
desceu do céu para ajudar a humanidade. Flamígera:Tem um estilo de lâmina caracteristicamente
ondulante.
Gashapon:Um tipo de máquina de venda automática
muito popular no Japão que oferecem, em troca de uma
-Termos & Terminologias- ficha, diversos tipos de quinquilharias.
Gap Moe: ... Discrepância ente aparência e personalidade.
Adipocere:Também conhecida como cera cadavérica, é
HP:Acrônimo para Hit Points ou mesmo Heath Points.
uma substância similar a uma cera, formada por organis-
Pontos de Vida.
mos e bactérias anaeróbicas a partir da hidrólise de gor-
Heteromórfico:Que faz menção ou se refere a hetero-
dura encontrada nos tecidos, como o tecido adiposo de ca-
morfia (tudo aquilo que apresenta diferentes formas.
dáveres.
Hihiirokane: ............................Metal da mitologia japonesa.
Apoitakara: ............. Metal prismático do jogo YGGDRASIL.
Jammer de Sinal:Jammer vem do inglês “jam”, que signi-
Ara~:Interjeição geralmente relacionada a surpresa, se
fica geleia. É como se esses equipamentos “engeleiassem”
seguida por “~” pode ser mais no sentido de falsa sur-
o sinal recebido pelo rastreador.
presa.
Kodachi:Um kodachi (小太刀, こだち), traduzindo lite-
Assets:Aqui é usado no sentido de conjunto de definições.
Blood of Jörmungandr:O nome “Jörmungandr” refere-se ralmente “tachi pequeno ou curto (espada)”, é uma das es-
à serpente Midgard da mitologia nórdica, a serpente ma- padas japonesas tradicionalmente feitas (nihontō).
rinha que circundava Midgard.
Buff: ................ Efeitos Positivos que aprimoram o jogador.
Kukri:Às vezes também soletrado khukri ou khukuri, é mortos”), na mitologia nórdica, são dísir, deidades femini-
uma faca gurkha curva que pode ser usado como ferra- nas menores que serviam Odin sob as ordens de Freya.
menta, bem como uma arma branca para combate corpo- Katana:刀 ou em sua forma aportuguesada “catana”, é
a-corpo. Bem comum no povo nepalês. uma tradicional Espada japonesa 日本刀, nihontō, que foi
Loli:É um termo japonês para uma menina que não atin- usada pelos samurais do Japão antigo e feudal.
giu a idade para consentimento sexual. Também é usada
para mulheres de aparência infantil. A palavra é contraída
de “lolita” que tem origem na novel Lolita por Vladimir -Nomes-
Nabokov.
MP:Acrônimo para Mana Points ou mesmo Magic Points.
CZ2128 Delta:As duas primeiras letras de seu nome,
Pontos de Mana.
Magia de Níveis:Magia vinda de YGGDRASIL, seus níveis
“CZ”, provavelmente são referência a um fabricante de
vão de 0 a 10. armas de fogo (Ceska Zbrojovka), também se referindo
Magia de Super-Aba:Magia vinda de YGGDRASIL, consi- ao fato de que suas armas são uma arma de fogo. Ela é
derada como o 11º nível da Magia de Níveis. comumente chamada de Shizu, que é o modo que japo-
Magic Caster:Termo utilizado em OVERLORD para carac- neses leem “CZ”. 2128 é provável que seja o ano onde a
terizar toda uma ramificação classes que podem usar ma- atualização “Valkyrie's Downfall” foi implementada,
gia. Algo como Conjuradores Mágicos, ou mais preferivel- atualização essa que trouxe a raça Autômato.
mente Conjuradores de Magia. Carmilla:O nome vem de uma novela de ficção gótica
NPC:Acrônimo para Non Player Character, ou em portu- do escritor irlandês Joseph Sheridan Le Fanu. É nar-
guês, Personagem Não-Jogável. rada por Laura, uma jovem estiriana que conta os dias
Nodachi:Um nodachi (野太刀), ou ōdachi (大太刀) ou, passados na companhia da misteriosa Carmilla e os
era um tipo de espada japonesa tradicionalmente usada eventos estranhos que ocorreram na região após a sua
pela classe samurai do Japão feudal. chegada. Um clássico da literatura britânica, Carmilla
Pata:Ou patta (Marathi: ,ाााडपट्टा, Hindi: पट) é uma es- apresenta a primeira vampira feminina da literatura,
pada, originária do subcontinente indiano, com uma ma- criou o tropo de vampira lésbica, inspirou diretamente
nopla integrada como um guarda-mão. Muitas vezes refe- Dracula (1897) e marcou a literatura gótica. A novela
rido em seu nativo Marathi como um dandpatta. foi adaptada inúmeras vezes para o cinema, teatro e ou-
PK: ............................... Player Killer - Quem mata jogadores. tras mídias.
Peônia:É uma flor conhecida como flor do mês de junho Catastrophe Dragonlord:Soberano Dragão da Catás-
no Japão e é considera como um símbolo de riqueza. O trofe. Os kanjis abaixo do Furigana de “Catástrofe” são
nome desta flor tem origem em Peon, um deus grego, dis- de 破滅(Hametsu), significa: ruína, destruição. Pode
cípulo do deus da medicina Asclépio.
também ser interpretado como “cair em ruína”.
POP:É abreviação de “Repopulation”, Monstros que nas-
Einherjar:Na mitologia nórdica, os Einherjar (nórdico
cem automaticamente em dungeons.
PVP: ............................................................ Jogador vs Jogador. antigo literalmente “aqueles que lutam sozinhos”), são
PVPing: ............ Participar de disputas Jogador vs Jogador. aqueles que morreram em batalha e são trazidos para
Python:Python é um gênero de répteis da família Valhalla pelas valquírias.
Pythonidae. Pode ser encontrado na Ásia e África. Gargantua:Seu nome vem de um Gigante da literatura
Qipao:旗袍 é o nome mandarim chinês para o vestido de francesa e significa colossal, massivo.
colado, de colarinho alto, elegante no mundo chinês entre Nigredo:É uma palavra em latim que significa escuro.
as décadas de 1920 e 1960, e ainda popular em ocasiões Foi adotada pelos alquimistas para designar o primeiro
formais até hoje. estado da alquimia: a morte espiritual, significando de-
Seiyuu:声優 é um dublador japonês que atua no rádio, te- composição ou putrefação.
levisão e jogos de computador. Na televisão, são mais usa- Pandora's Actor:E em grego antigo: Πανδώρα, “a que
dos em animes e anúncios comerciais e são muito mais fa- tudo dá”, “a que possui tudo”, “a que tudo tira”. Pandora
mosos que os atores de voz que vimos no ocidente. também guardava a “Caixa de Pandora”, uma alusão a
Shotel:É uma espada curva originária da Etiópia. Os espa- como Pandora's Actor guarda a Tesouraria de Nazarick.
dachins etíopes que foram treinados para usar essa arma Rubedo:É uma palavra em latim que significa averme-
eram conhecidos como meshenitai. lhado. Foi adotada pelos alquimistas para designar o
Sniper:Pode ser traduzido para atirador especial ou quarto e último estado da alquimia: a iluminação.
franco-atirador
Suikawari:É um jogo tradicional japonês que envolve a
divisão de uma melancia com uma vara enquanto ven- -Raças & Monstros-
dada. Jogado no verão, o suikawari é mais visto nas praias,
mas também ocorre em festivais, piqueniques e outros Autômato:A palavra “autômato” é uma latinização da pa-
eventos de verão. lavra grega αὐτόματον, autômato, significando “agindo
Talentos:O Talento é um tipo de habilidade inata que 1 pela vontade própria”.
em cada 200 pessoas no Novo Mundo pode obter. Carrion Baby: ............................................... Bebê da Carniça.
Tankar:Termo usado em RPG para personagens focados Dullahan:É um lendário monstro Irlandês, presente nas
em defesa e usam isso para atrair os ataques do inimigo. lendas e contos do Halloween. Muito conhecido por ser a
Valquíria:É uma classe de magic caster divino que se es-
entidade originária da lenda do Cavaleiro Sem Cabeça.
pecializou em poder de luta. Na mitologia, as valquírias ou Elder Vampire Bat: .................... Morcego Vampiro Ancião.
valkirias (nórdico antigo: valkyrja, lit. “a que escolhe os Eyeball Corpse: ................................. Globo Ocular Cadáver.
Grande Doppelgänger:Variedade superior de Doppel-
gänger.
Lesser Vampire: ........................................... Vampiro Menor.
Lizardman: .................................................... Homem-Lagarto.
Skeletal Dragon:.................................... Dragão Esquelético.
Slime:Raça em RPG com aspecto glutinoso, possuem di-
versas resistências inatas.
Undead: ................................................................... Morto-Vivo.
Vampire Bat Swarm: ........ Enxame de Morcego Vampiro.
Vampire Wolve: .............................................. Lobo Vampiro.
Vampirelord: ........................................... Soberano Vampiro.
World Eater: ................................................... Devora-Mundo.
Wraith: ......................................................................... Aparição.
Zombie: ............................................................................ Zumbi.
Vampire Bride: ...............................................Noiva Vampira.
Milady. O título dito é お嬢様(Ojōsama), que é algo como lady, senhorita. Mas a chamar
de lady, sendo uma filha de um mercador de terras longínquas, poderia dar a entender
que ela seria mais como a esposa de um Lorde, ou mesmo Lady de uma terra. Então ado-
tei “Milady”, por ser mais abrangente, e combinar mais com a historinha que contaram.
ISBN: 978-4047286894