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➢ Economia Internacional
• Economia Monetária e Finanças Internacionais – centra-se nos aspetos
monetários e cambiais das relações económicas internacionais
• Comércio Internacional – analisa as trocas de bens e serviços entre residentes
de diferentes países
➢ Comércio Internacional
Causas do crescimento do comércio internacional
1
▪ Integração regional (UE, NAFTA, Mercosul, ASEAN, FTAA), promovendo
a liberdade de circulação de bens e serviços
A ligação entre comércio, riqueza e inovação não é algo novo, mas apresenta
diferenças significativas relativamente ao período anterior a 1945:
2
• Importações < Exportações = Superávite (América do Norte)
Conclui-se, assim, que o país B é mais aberto, uma vez que o peso do comércio
internacional na sua economia é maior. Ceteris paribus, este país é mais dependente
da situação internacional e é mais afetado por choques externos. O grau de abertura é
relevante para comparar a evolução dos países ao longo do tempo; não se pode dizer
que um valor é alto ou baixo. Para além disso, o grau de abertura pode ser o mesmo,
mesmo que as importações e exportações sejam muito diferentes, pois este indicador
não avalia se o país tem deficit ou superávite.
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500 − 250
País A País B 𝐴 →𝑎= = 0,167 = 16,7%
1500
País A País B 20
𝐴 →𝑐= =2
10
X 20 400
M 10 200
400
𝐵 →𝑐= =2
PIB 1000 1000 200
Não é verdade que os dois países tenham uma posição comercial semelhante,
embora sejam ambos competitivos. Isto porque, apesar de a taxa de cobertura ser
igual, o grau de abertura é muito diferente. Por isso, é importante combinar-se
diferentes indicadores, de modo a conhecer as diferentes facetas do comércio.
20 + 10 400 + 200
𝐴 → 𝐺𝑎 = = 0,03 = 3% 𝐵 → 𝐺𝑎 = = 0,6 = 60%
1000 1000
VCRi > 1 = Ci > C (setor está melhor do que a média nacional; existe vantagem
comparativa no setor)
VCRi < 1 = Ci < C (setor está pior do que a média nacional; existe desvantagem
comparativa no setor) 𝑿𝒊
𝑪𝒊
𝑽𝑪𝑹𝒊 = = 𝑴𝒊
VCRi = 1 = Ci = C 𝑪 𝑿
𝑴
200 2
País A País B 𝐴 → 𝐶𝑖 = =2 𝐴 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
100 1
Xi 200 100 100
𝐵 → 𝐶𝑖 = = 0,25 (vantagem comparativa no setor)
400
Mi 100 400 0,25
1000 𝐵 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = = 0,5
𝐴 →𝑐= =1 0,5
X 1000 1000 1000
1000 (desvantagem comparativa no setor)
M 1000 2000 𝐵 →𝑐= = 0,5
2000
Este indicador serve também para comparar a evolução de um setor ao longo
do tempo, aludindo ao motivo pelo qual este perdeu ou ganhou competitividade.
1000 2
2010 → 𝑐 = =1 2010 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
1000 1
0,67
500 2015 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
2015 → 𝑐 = = 0,33 0,33
1500
5
Conclui-se, então, que o setor perdeu competitividade por causas que
afetaram a economia nacional como um todo, e não por fatores específicos ao setor,
uma vez que este manteve a sua posição na economia nacional.
XvestuárioES = 1000 O peso das exportações de vestuário é superior nas exportações portuguesas do
que nas exportações espanholas. Se o valor for próximo de 1, os pesos são
Xes = 10 000 semelhantes (ex. o,8 ou 1,2).
6
8. Coeficiente de especialização de Balassa (bi) – indica qual o tipo de comércio
(intra-ramo ou inter-ramo) que predomina num determinado setor de
atividade; só pode ter valores entre -1 e 1. 𝑿𝒊 − 𝑴𝒊 𝑪𝒊 − 𝟏
𝒃𝒊 = =
𝑿𝒊 + 𝑴𝒊 𝑪𝒊 + 𝟏
Ci = 1, então bi = 0 (intra-ramo)
Com este indicador é também possível saber se o país tem um saldo comercial
positivo ou negativo. Se Xi > Mi, então bi > 0; se Xi < Mi, então bi < 0; se Xi = Mi, então
bi = 0.
P* ---------
------
Q
Q*
Excedente do produtor – diferença entre P
aquilo que o produtor recebe pelo bem e P* ----------
---------
8
P1 e P2 – excesso de oferta para os consumidores nacionais
Objetivos
9
Tipos de tarifa
• Tarifa específica – montante fixo que incide sobre cada unidade importada
(não depende do preço do bem); P1 = P0 + t ; ex. P0 = 10, t = 2 , P1 = 10 + 2 =
12€
• Tarifa ad valorem (“sobre o valor”) – valor percentual que incide sobre o preço
de cada unidade do bem importado; P1 = P0 + P0 x t ; ex. P0 = 10 , t = 20% ,
P1 = 10 + 20% x 10 = 10 + 0,2 x 10 = 10 + 2 = 12€
10
Tarifa
Ajustamento económico
Efeitos de mercado
Efeitos de bem-estar
Δ Excedente do consumidor: - (a+b+c+d)
Δ Excedente do produtor: + a
Δ Receitas fiscais: + c
b – distorção na produção
d – distorção no consumo
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Ajustamento económico
Efeitos de mercado
País A
País B
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Tarifa ótima – aquela que maximiza o bem-estar, tornando o efeito líquido de bem-
estar o mais positivo possível; num país de grande dimensão económica, é positiva;
num país de pequena dimensão económica, é zero (não existe).
Tarifa proibitiva – aquela que é tão elevada que faz com que o preço aumente até ao
preço de equilíbrio e deixem de existir importações
Tipos de quota
Para cada quota de importações existe uma tarifa equivalente que teria o mesmo
efeito de mercado. Contudo, o impacto sobre o bem-estar pode ser diferente,
dependendo da forma como as quotas são atribuídas.
Ajustamento económico
Com uma quota às importações, o país pode agora importar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado importador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno.
Efeitos de mercado
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• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das importações (D1 – S1 -> D2 –S2)
Efeitos de bem-estar
Δ Excedente do produtor: + a
Estado Agentes
Quota gratuita 0 +c
Ajustamento económico
Com uma quota às importações, o país pode agora importar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado importador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno. Com a diminuição das
importações, e dada a grande dimensão do país, gera-se, no mercado mundial, ao
preço inicial, um excesso de oferta, que leva à diminuição do preço mundial.
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Efeitos de mercado
País A
• Aumento do preço (Pw -> P2) – aumenta menos do que no país pequeno, uma
vez que o preço mundial é mais baixo
• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do Consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das Importações (D1 – S1 -> D2 – S2)
País B
Efeitos de bem-estar
País A País B
Estado Agentes
Preço entre 0 e P2-Pw* repartição das áreas +c+e pelo Estado e pelos agentes
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3. Subsídio às exportações – permite que as empresas fiquem artificialmente
mais competitivas
• A OMC pretende a sua extinção
• Podem ser específicos ou ad-valorem, sendo que para cada subsídio específico
há um subsídio ad-valorem equivalente
• Podem ser contraproducentes se os países importadores impuseram uma tarifa
exatamente igual ao subsídio atribuído às exportações
Ajustamento económico
Efeitos de mercado
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Efeitos de bem-estar cv
b – distorção no consumo
d – distorção na produção
Ajustamento económico
Efeitos de mercado
País A
• Aumento do preço (Pw -> Pw* + s) – aumenta menos do que no país pequeno,
uma vez que o preço mundial é mais baixo
• Aumento da produção (S1 -> S2)
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• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Aumento das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)
País B
Efeitos de bem-estar
País A País B
4. Imposto às exportações
• Raros nos países desenvolvidos, mas frequentes nos países em
desenvolvimento
• Podem ser específicos ou ad-valorem
Objetivos
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1. Economia de pequena dimensão
Ajustamento económico
Efeitos de mercado
Efeitos de bem-estar
∆ Receitas fiscais: +d
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2. Economia de grande dimensão
Ajustamento económico
Efeitos de mercado
País A
• Diminuição do preço (Pw -> Pw*-i) – diminui menos do que no país pequeno,
uma vez que o preço mundial é mais elevado
• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)
País B
Efeitos de bem-estar
País A País B
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∆ Excedente do produtor: -(a+b+c+d+e) +a*
Tipos de quota
Ajustamento económico
Com uma quota às exportações, o país pode agora exportar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de oferta, que leva à diminuição do preço interno.
Efeitos de mercado
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• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)
Efeitos de bem-estar
Estado Agentes
Quota gratuita 0 +d
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Ajustamento económico
Com uma quota às exportações, o país pode agora exportar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de oferta, que leva à diminuição do preço interno. Com a diminuição das
exportações, e dada a grande dimensão do país, gera-se, no mercado mundial, ao
preço inicial, um excesso de procura, que leva ao aumento do preço mundial.
Efeitos de mercado
País A
País B
Efeitos de bem-estar
País A País B
Estado Agentes
Preço entre 0 e Pw*-P2 Repartição das áreas d e f pelo Estado e pelos agentes
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Conclui-se, assim, que se os agentes forem nacionais ou se os agentes
estrangeiros pagarem o preço máximo pela licença, os efeitos de bem-estar no país
exportador são iguais aos do imposto equivalente. Por outro lado, se os agentes
forem estrangeiros e a licença for grátis, o efeito da quota no bem-estar é pior do que
o efeito do imposto equivalente. Por outro lado, no país importador o efeito da
quota é claramente negativo.
• Formalidades de desalfandegamento
• Regulamentos de segurança
• Regras de etiquetagem
• Legislação de proteção da saúde pública
• Etc.
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➢ Argumentos a favor do livre comércio e do proteccionismo
3. Argumento político
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comerciais, não considerando os custos e benefícios nacionais. Por isso, deve existir
livre comércio.
Contudo, este argumento é passível de críticas, uma vez que não se aplica a países
pequenos (a sua tarifa ótima é zero) e é apenas válido se considerarmos a situação
ceteris paribus (pois pode haver retaliação comercial por parte dos outros países).
O valor privado de um bem (preço) pode não coincidir com o seu valor social. Ou
seja, a produção de bens tem associadas externalidades positivas/negativas (ex.
produção nacional permite reduzir o desemprego, aumentar a segurança nacional,
etc.). Assim, se existirem externalidades, a análise dos custos-benefícios é incompleta,
pois as externalidades podem compensar a redução de bem-estar (benefício social
marginal). Por isso, os benefícios sociais têm que ser considerados, sendo que o bem-
estar pode acabar por aumentar com um instrumento de política comercial externa.
3. Argumentos políticos
• Eliminação da concorrência desleal (através da implementação de tarifas para
contrariar subsídios às exportações)
• Proteção da saúde pública (objetivo de proteger a saúde dos consumidores);
• Segurança nacional (os instrumentos de política comercial externa devem
proteger indústrias vitais para a nação)
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➢ Organização Mundial do Comércio (OMC)
O antepassado da OMC é o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), que não era
uma OI mas sim um acordo provisório. Tinha como objetivos a redução progressiva
dos direitos aduaneiros, a eliminação das restrições quantitativas e a regulação do
dumping e dos subsídios às exportações, através de negociações multilaterais
(“rounds”).
Por sua vez, a OMC é uma OI de pleno direito. Tal como o GATT, pretende reduzir
progressivamente os direitos aduaneiros, ou seja, promover o livre comércio.
Funções
Princípios
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Exceções
Resultados
• Razões políticas – estão na origem dos processos de integração, mas não são o
fator mais importante
• Razões económicas – ganhos económicos derivados da liberdade de circulação,
como a possibilidade de melhorar a eficiência da estrutura produtiva e de
aumentar o crescimento económico dos Estados
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taxas mais baixas para vendê-lo num país-membro com taxas mais elevadas),
ou seja, só os produtos com origem num Estado-membro circulam livremente,
sendo que os outros pagam taxas
Caraterísticas comuns
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Efeitos
País A = 10€ (custo de produção 10€) País A = 10€ (custo de produção 10€)
País B = 16€ (custo de produção 8€) País B = 8€ (custo de produção 8€, não paga tarifa)
País C = 12€ (custo de produção 6€) País C = 12€ (custo de produção 6€)
País A = 10€ (custo de produção 10€) País A = 10€ (custo de produção 10€)
País B = 12€ (custo de produção 8€) País B = 8€ (custo e produção 8€, não paga tarifa)
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Criação de comércio – a integração económica conduz a uma alteração na origem do
produto, de um produtor interno cujo custo de produção é mais alto para um
produtor de um país-membro cujo custo de produção é mais baixo.
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• Não há quaisquer restrições ao comércio (compara-se economia fechada com
livre comércio)
• Todos os mercados são de concorrência perfeita
Principal limitação desta teoria: um país pode ser o mais eficiente a produzir mais do
que um bem. Então, vale a pena a especialização? Para além disso, um país menos
eficiente na produção de todos os bens não poderia participar no comércio
internacional. David Ricardo responde a estas questões.
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𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑋
Custo de oportunidade de X no país A (CO 𝑋 𝐴 ) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑌
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑌
Custo de oportunidade de Y no país B (CO 𝑌 𝐵 ) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑋
O país A tem vantagem comparativa na produção do bem X – A(X); para produzir uma
unidade de X sacrifica 0,33 de Y. O país B tem vantagem comparativa na produção do
bem Y – B(Y); para produzir uma unidade de Y sacrifica 2 de X.
Bem X:
Razão de troca em autarcia no país A = RTA 𝒚/𝟏𝒙𝑨 = 0,33 , ou seja, para o país A estar
disposto a exportar X terá que receber, no mínimo, o,33 de Y (pelo menos tanto
quanto recebe internamente)
Conclui-se, assim, que a razão de troca internacional (RTI y/1x) tem que estar entre
a RTA de A e de B para que os países estejam dispostos a comercializar e para que o
livre comércio traga ganhos para ambos os países. Isto porque, neste intermédio, A
recebe mais e B paga menos do que internamente. Se RTI y/1x = 0,33 , o país B ganha
e o país A permanece igual. Se RTI y/1x = 0,5 , o país A ganha e o país B permanece
igual. O país ganha quanto mais a RTI se afastar da sua RTA.
Bem Y:
RTA 𝑥/1𝑦 𝐴 = 3 , ou seja, para o país A estar disposto a importar Y terá que pagar 3 ou
menos de X.
RTA 𝑥/1𝑦 𝐵 = 2 , ou seja, para o país B estar disposto a exportar Y terá que receber 2
ou mais de X.
Conclui-se, assim, que RTI x/1y tem que estar entre RTA de A e de B para que os
países estejam dispostos a comercializar.
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2.1. O modelo de Ricardo com moeda
W = salário por hora (wages) ; C = custos unitários ; e = taxa de câmbio (exchange rate)
P𝑥 𝐴 = C𝑥 𝐴 x 𝑊 𝐴 P𝑥 𝐵 = C𝑥 𝐵 x 𝑊 𝐵 P𝑦 𝐴 = C𝑦 𝐴 x 𝑊 𝐴 P𝑦 𝐵 = C𝑦 𝐵 x 𝑊 𝐵
Contudo, não se pode comparar 20€ e 60$. Para podermos comparar os dois
preços, é preciso utilizar a taxa de câmbio (permite transformar uma moeda noutra; é
determinada pela procura e oferta de moeda a nível internacional; muda todos os dias;
corresponde ao nº de unidades monetárias de B necessárias para adquirir uma
unidade monetária de A). Se e = 1,25, então 1€ (PT) vale 1,25$ (EUA).
𝑊𝐵
= valor dos salários de B em unidades monetárias de A
𝑒
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Desvalorização do €
Valorização do €
Assim, o preço dos produtos exportados aumenta, levando a uma diminuição das
exportações, e o preço dos produtos importados diminui, levando a um aumento das
importações.
𝑷𝒓𝒐𝒅𝒚𝑨 𝑾𝑨 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒙𝑨
< xe<
𝑷𝒓𝒐𝒅𝒚𝑩 𝑾𝑩 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒙𝑩
• Produtividade (Prod)
• Salários (W)
• Taxa de câmbio (e)
Implicações de política
No caso do país A:
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• Uma forma de compensar a inflação seria a desvalorização da moeda, levando
a uma diminuição da taxa de câmbio, sendo que o preço dos produtos
exportados diminui e o dos produtos importados aumenta. Ceteris paribus, o
rácio de salários deslocar-se-ia para a esquerda.
• Outra forma de aumentar a competitividade-preço seria ainda a redução dos
salários, deslocando o rácio de salários para a esquerda
• A forma mais sustentada de melhorar a competitividade do país A seria
aumentar a produtividade. Ceteris paribus, o rácio de salários deslocar-se-ia
para a esquerda. Para além disso, o aumento da produtividade permitiria
aumentar os salários sem perdas de competitividade. Contudo, aumentar a
produtividade é uma tarefa complexa, uma vez que requer medidas cujos
custos políticos e económicos podem ser elevados, mas cujo impacto não é
imediato.
Desta forma, estas medidas fazem com que o país possa não só manter a vantagem
competitiva já existente num bem, como também ganhar vantagem noutros bens,
levando ao aumento das suas exportações.
1. Modelo de Heckscher-Ohlin
Este modelo assenta no facto de que os países têm diferentes dotações fatoriais,
ou seja, diferentes quantidades de fatores de produção (capital e trabalho). Para além
disso, a produção de bens requer diferentes quantidades de cada um dos fatores
(intensidade fatorial dos bens).
Pressupostos
• Dotações factoriais (2x2x2) – dois países (A e B), dois bens (X e Y) e dois fatores
de produção (L, trabalho/labour e K, capital)
• Única diferença entre os países é a dotação fatorial
• Um dos países é relativamente abundante em trabalho e o outro é
relativamente abundante em capital
• Há concorrência perfeita (preços determinados pela oferta e procura, não há
price makers)
• Tecnologia, oferta e procura igual nos dois países
• Fatores de produção são fixos e homogéneos
• Fatores de produção obedecem à lei dos rendimentos marginais
decrescentes, ou seja, se se adicionar progressivamente mais de um fator,
mantendo o outro fator constante, os ganhos adicionais resultantes do
acréscimo do primeiro vão ser cada vez menores. Por isso, os custos de
oportunidade são crescentes (Fronteira de Possibilidades de Produção
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côncava), ou seja, para produzir mais uma unidade de um bem, é preciso
abdicar de uma quantidade cada vez maior do outro bem. Assim, a
especialização é incompleta, ou seja, o país produz ambos os bens (mais do
bem em que tem vantagem competitiva e menos do outro)
• Perfeita mobilidade interna e internacional dos fatores de produção
• Irreversibilidade fatorial (uma vez classificados os bens em termos de
intensidade fatorial, não pode haver alterações independentemente da
remuneração relativa dos fatores)
𝐾 4
( 𝐿 ) 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠 = 8 = 0,5 logo as máquinas são relativamente intensivas em capital - Máquinas (K)
Para vestuário, por cada trabalhador são necessárias 0,33 unidades de capital; para
máquinas, por cada trabalhador são necessárias 0,5 unidades de capital.
• Critério físico – compara o rácio de capital por trabalhador nos dois países.
𝑲 𝑲
Se ( ) 𝑨 > ( ) 𝑩, então o país A é relativamente abundante em capital, ou seja,
𝑳 𝑳
A(K), e o país B é relativamente abundante em trabalho, ou seja, B(L).
• Critério económico – compara o preço do trabalho (w) e do capital (r) nos dois
países.
𝑾 𝑾
Se ( ) 𝑨 > ( ) 𝑩, ou seja, se o salário relativo em A for superior ao salário relativo
𝒓 𝒓
em B, A é relativamente abundante em capital – A(K) – e B é relativamente abundante
em trabalho – B(L). Isto pode ser deduzido porque, se em A os salários são mais altos
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significa que há menos trabalhadores; se em B os salários são mais baixos significa
que há mais trabalhadores.
Teorema de Heckscher-Ohlin
O país é competitivo na produção do bem que usa mais do fator no qual o país é
relativamente abundante (bem mais intensivo nesse fator) e deve especializar-se
nele.
Deste modo, se A(L) e X(L), então A deve produzir X, visto que tem vantagem
comparativa nesse bem – CO𝑥 𝐴 < CO𝑥 𝐵 – ou seja, consegue um preço relativo mais
𝑃𝑥 𝑃𝑥
baixo - (
𝑃𝑦
) 𝐴 < (𝑃𝑦) 𝐵; se B(K) e Y(K), então B deve produzir Y.
𝑊 𝑊
Para além disso, se A(L), A tem mais trabalhadores, logo ( ) 𝐴 < ( ) 𝐵 (salário
𝑟 𝑟
relativo é menor em A), logo A deve produzir X(L), visto que o a produção é mais
barata lá, conseguindo assim um preço relativo mais baixo. Assim, RTA 𝑦/1𝑥 𝐴 <
RTA 𝑦/1𝑥 𝐵 .
𝑃𝑥 𝑃𝑥
Se (
𝑃𝑦
) 𝐴 < (𝑃𝑦) 𝐵 significa que o preço do bem X é relativamente mais baixo
em A do que em B. Assim, em livre comércio, os consumidores de B vão importar de
A, levando a um excesso de procura em A e um excesso de oferta em B. Por isso, o
preço em A aumenta e em B diminui, até se igualar nos dois países.
39
Concluindo, no âmbito do modelo de Heckscher-Ohlin e segundo o Teorema de
Samuelson, em livre comércio os preços dos bens, os salários e o preço do capital são
iguais nos dois países (tanto em termos relativos como em termos absolutos).
Contudo, este teorema não se confirma na vida real, uma vez que as remunerações
dos fatores variam muito entre países (porque não existe a condição ceteris paribus,
igualdade de tecnologia, etc.). No entanto, as remunerações são muito mais próximas
entre países do que se não existisse comércio internacional.
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▪ Existem tarifas e outras barreiras ao comércio, que introduzem
distorções nas importações e exportações
▪ Há mais do que dois fatores de produção, por exemplo, os recursos
naturais
Aperfeiçoamento das teorias clássica e neoclássica – a troca tem por base vantagens
comparativas:
41
• O capital humano pode ser somado ao capital físico, sendo que as exportações
dos EUA(K) passariam a ser intensivas em capital – o modelo de Heckscher-
Ohlin funciona
• Por outro lado, o capital humano pode ser considerado um fator de produção
autónomo; assim, os EUA, relativamente abundantes em capital humano,
exportam bens intensivos em capital humano – o modelo de Heckscher-Ohlin
funciona
42
2.2. Teoria do ciclo de vida do produto de Vernon – o ciclo de vida de alguns
produtos pode ser dividido em quatro fases: 1ª introdução (produto novo);
2ª crescimento (produto maduro); 3ª maturidade (produto
estandardizado); 4ª declínio. Isto tem implicações no comércio
internacional.
Para Vernon, os EUA são o país inovador e os países ocidentais são os primeiros
imitadores. Às diferentes fases do ciclo de vida do produto correspondem diferentes
fluxos de comércio internacional entre o país inovador e os seus parceiros
comerciais.
• Numa fase inicial, enquanto a procura aumenta rapidamente nos EUA, noutros
países desenvolvidos está limitada a grupos de maiores rendimentos, o que
não torna vantajoso às empresas nestes países iniciar a produção do novo
produto, mas torna necessário algumas exportações dos EUA
• À medida que o tempo passa, a procura por novos produtos cresce noutros
países desenvolvidos. Assim, torna-se vantajoso para produtores externos
começar a produzir para os seus mercados, levando a uma diminuição das
exportações dos EUA
• À medida que o mercado nos EUA e noutros países desenvolvidos atinge a
maturidade, o produto torna-se mais estandardizado e os preços tornam-se a
principal “arma” competitiva. Assim, as considerações de custos começam a
ter um papel crescente no processo competitivo. Produtores baseados em
países onde os custos do trabalho são mais baixos estão agora aptos a
exportar para os EUA (e para os restantes países mais desenvolvidos)
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que acreditam que o consumidor quer consumir, aquilo para que existe
procura suficiente
• Inicialmente, as empresas vendem os seus produtos no mercado interno, com
o qual estão mais familiarizadas, de forma a minimizar o risco. Quando o
produto é um sucesso, as empresas começam a exportar para mercados
semelhantes ao interno, de forma a minimizar o risco, porque aí as
preferências (e, por consequência, a procura) são semelhantes às internas. Por
isso, a existência de uma procura doméstica representativa é condição
necessária, mas não suficiente, para que um bem considerado seja
exportável.
• Países próximos/semelhantes tendem a ter rendimentos e níveis de
desenvolvimento semelhantes
• Uma vez que têm procuras semelhantes, também os produtos nos dois
países serão semelhantes, pois as empresas nacionais procuram agradar à
procura interna; por isso, os bens exportáveis de um serão também os bens
exportáveis do outro
Assim, quanto mais diferentes forem os países, mais predominará a troca inter-
ramo; quanto mais semelhantes forem os países, mais predominará a troca intra-
ramo. Para além disso, quanto mais semelhantes forem os países, maior será o volume
de trocas entre eles.
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Assim, as trocas são intra-ramo (o mesmo produto mas variedades diferentes).
Cada país especializa-se em algumas variedades, uma vez que não possui recursos
para produzir todas, permitindo diminuir o custo médio e beneficiar de economias de
escala. A troca internacional gera ganhos para todos os países.
Modelo de Krugman
Pressupostos
• Há economias de escala
• Há concorrência monopolística
• Há preferência pela variedade
• A procura é idêntica para todas as variedades
Assim, em equilíbrio o preço é igual ao custo médio, ou seja, não existe lucro
supranormal, uma vez que se este existisse mais empresas quereriam entrar no
mercado, levando à redução do aproveitamento das economias de escala. Por outro
lado, com prejuízo as empresas fecham, caminhando de novo no sentido do equilíbrio.
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Em livre comércio, as empresas beneficiam de um mercado de maior dimensão,
podendo aproveitar ainda mais economias de escala, levando a uma diminuição do
custo médio. O preço diminui em ambos os países (uma vez que o custo médio
diminui) e o número de variedades disponíveis aumenta (uma vez que os
consumidores podem aceder a variedades produzidas em qualquer país). Deste modo,
uma vez que o nº de variedades aumenta e o preço diminui, todos os países são
beneficiados (ganhos nos termos de troca). Assim, justifica-se a existência de trocas
intra-ramo.
Pressupostos
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• Contudo, o impacto negativo da troca na remuneração do fator escasso pode
ser atenuado pelos ganhos decorrentes da troca intra-ramo (aumento das
variedades disponíveis e diminuição do preço)
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Dois elementos exteriores, que condicionam mas não determinam a vantagem
competitiva:
Conclui-se, assim, que os países devem exportar bens de indústrias onde os quatro
componentes do diamante são favoráveis e importar bens de indústrias onde os
componentes do diamante são desfavoráveis.
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