Vous êtes sur la page 1sur 48

Economia Internacional

➢ Economia Internacional
• Economia Monetária e Finanças Internacionais – centra-se nos aspetos
monetários e cambiais das relações económicas internacionais
• Comércio Internacional – analisa as trocas de bens e serviços entre residentes
de diferentes países

Globalização económica – interligação das atividades económicas a uma escala global


(movimentos de mercadorias, pessoas e capital); processo de integração de mercados,
traduzido na eliminação de barreiras ao comércio.

Tríade – América do Norte, Europa, Sudeste Asiático – principais produtores a nível


mundial, traduzindo uma triadisação da produção mundial, concentrada nestes três
grandes polos. Apesar de a China ser o maior produtor mundial, a União Europeia é o
principal bloco produtor, quando considerada como um todo (daí as preocupações
com a crise na UE).

Evolução da Economia Internacional após a II Guerra Mundial

• Elevado crescimento económico


• Comércio internacional tem crescido mais do que a produção (grande parte da
produção destina-se aos mercados externos, sendo isto um indicador da
globalização)
• Expansão da industrialização a novas áreas (Ásia e América Latina)
• Crescimento do Investimento Direto Estrangeiro (investimento de um país
noutros países, em fábricas, lojas, etc.)
• O grau de abertura das economias ocidentais não é hoje muito maior do que
antes de 1945

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙


𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

➢ Comércio Internacional
Causas do crescimento do comércio internacional

• Diminuição dos custos de transporte (contentorização e transporte aéreo)


• Diminuição dos custos de comunicação e coordenação (novas tecnologias)
• Liberalização do comércio mundial
▪ Acordos multilaterais de comércio (GATT, hoje parte da OMC, um
“árbitro” que facilita e promove o comércio entre os países)

1
▪ Integração regional (UE, NAFTA, Mercosul, ASEAN, FTAA), promovendo
a liberdade de circulação de bens e serviços

A ligação entre comércio, riqueza e inovação não é algo novo, mas apresenta
diferenças significativas relativamente ao período anterior a 1945:

• Até à II GM existia apenas a globalização de mercados/liberalização comercial


(produtos eram produzidos no país de origem da empresa, mas vendidos no
resto do mundo); hoje em dia existe também a globalização da produção
(produtos são produzidos noutros países)
• Aumento da relevância do comércio intra-ramo/intra-industrial (que ocorre
dentro do mesmo setor de atividade), por oposição ao comércio inter-
ramo/inter-industrial (que ocorre entre diferentes setores de atividade),
historicamente mais relevante
Ex. intra-ramo – trocas de Peugeot e Volkswagen entre a França e a Alemanha
inter-ramo – trocas de automóveis e petróleo entre a França e a Arábia
Saudita
• Enorme crescimento do comércio de serviços (devido, principalmente, à
internet), ex. seguros, bancos, etc.

A Tríade dos maiores produtores mundiais engloba também os maiores


importadores e exportadores de bens e serviços a nível mundial.

Outra qualificação de tipos de comércio:

• Intra-regional – ocorre na mesma região do globo (muito importante na Tríade,


devido aos processos de integração económica como a NAFTA, a UE e a ASEAN)
• Inter-regional – ocorre entre países de diferentes regiões do globo

Balança comercial do comércio de bens/mercadorias

• Importações > Exportações = Déficit (América do Norte)


• Importações < Exportações = Superávite (Ásia)

Relativamente ao comércio de bens/mercadorias existem ainda dois grandes grupos:

• Europa, América do Norte e Sudeste Asiático – principais exportações são


produtos industriais
• América Central e do Sul, África, Médio Oriente, Europa de Leste – principais
exportações são combustíveis e minérios

Balança comercial do comércio de serviços – contrário do que acontece no caso dos


bens/mercadorias, devido à especialização dos países

• Importações > Exportações = Déficit (Ásia)

2
• Importações < Exportações = Superávite (América do Norte)

Tipos de serviços transacionados: transportes, viagens, bancos, seguros,


telecomunicações, etc. Os serviços tradicionais, como os transportes e as viagens
continuam a ser importantes, mas têm vindo a perder relevância.

Investimento Direito Estrangeiro (IDE) – principal ator é Tríade. Contudo, apesar de os


países desenvolvidos serem os mais importantes, os países menos desenvolvidos têm
vindo a adquirir cada vez mais importância a nível do IDE (alguns deles beneficiando
de rápido crescimento, ex. China, Brasil, etc.)

➢ Indicadores de comércio externo (importantes quando se analisa muitos


dados ao mesmo tempo, por exemplo em Excel; dados fornecidos pelo INE,
Banco de Portugal, Eurostat, FMI, Banco Mundial, ONU, OMC)
1. Grau de abertura (Ga) – mede o peso/relevância do comércio internacional na
economia de um país; permite se saber se é relevante ou não. É sempre igual
ou superior a 0, visto que as importações, exportações e PIB não podem ter
valores negativos.

X – valor das exportações totais do país


𝑿+𝑴
𝑮𝒂 =
M – valor das importações totais do país 𝑷𝑰𝑩

PIB – Produto Interno Bruto

País A País B 200 + 100


𝐴 → 𝐺𝑎 = = 0,3 = 30%
1000
X 200 100

M 100 400 100 + 400


𝐵 → 𝐺𝑎 = = 0,5 = 50%
1000
PIB 1000 1000

Conclui-se, assim, que o país B é mais aberto, uma vez que o peso do comércio
internacional na sua economia é maior. Ceteris paribus, este país é mais dependente
da situação internacional e é mais afetado por choques externos. O grau de abertura é
relevante para comparar a evolução dos países ao longo do tempo; não se pode dizer
que um valor é alto ou baixo. Para além disso, o grau de abertura pode ser o mesmo,
mesmo que as importações e exportações sejam muito diferentes, pois este indicador
não avalia se o país tem deficit ou superávite.

2. Peso do saldo comercial no PIB (a = saldo comercial) – indica se um país tem


deficit ou superávite
𝑿−𝑴
X>M=a>0; X<M=a<0;X=M=a=0 𝒂=
𝑷𝑰𝑩

3
500 − 250
País A País B 𝐴 →𝑎= = 0,167 = 16,7%
1500

X 500 250 (Valor positivo, X > M)

M 250 500 250 − 500


𝐵 →𝑎= = −0,167 = −16,7%
1500
PIB 1500 1500
(Valor negativo, X < M)

3. Taxa de cobertura global/média (c) – indica se as exportações cobrem as


importações; se o país é competitivo ou não. Tem que ser positiva.
𝑿
X>M =c>1;X<M=c<1;X=M=c=1 𝒄=
𝑴
200
País A País B 𝐴 →𝑐= =2
100
X 200 100 (X é o dobro de M; c > 1, logo o país tem uma posição
competitiva forte)
M 100 400
100
PIB 1000 1000 𝐵 →𝑐= = 0,25
400

(c < 1, logo o país tem uma posição competitiva fraca)

País A País B 20
𝐴 →𝑐= =2
10
X 20 400

M 10 200
400
𝐵 →𝑐= =2
PIB 1000 1000 200

Não é verdade que os dois países tenham uma posição comercial semelhante,
embora sejam ambos competitivos. Isto porque, apesar de a taxa de cobertura ser
igual, o grau de abertura é muito diferente. Por isso, é importante combinar-se
diferentes indicadores, de modo a conhecer as diferentes facetas do comércio.

20 + 10 400 + 200
𝐴 → 𝐺𝑎 = = 0,03 = 3% 𝐵 → 𝐺𝑎 = = 0,6 = 60%
1000 1000

4. Taxa de cobertura setorial (Ci; i = setor; ex. Cvestuário) – indica se as


exportações de determinado setor cobrem as importações
𝑿𝒊
Xi – exportações do setor i 𝑪𝒊 =
𝑴𝒊
Mi – importações do setor i

Ci > 1 = Xi > Mi (especialização positiva do setor) Ci = 1 = Xi = Mi

Ci < 1 = Xi < Mi (especialização negativa do setor/situação de dependência) 4


200
𝐴 → 𝐶𝑖 = =2
100
País A País B (especialização positiva)

Xi 200 100 100


𝐵 → 𝐶𝑖 = = 0,25
400
Mi 100 400
(especialização negativa)

5. Indicador de vantagens comparativas reveladas (VCRi) – permite comparar a


performance do setor com a média nacional, indicando se o setor está melhor
ou pior do que a média.

VCRi > 1 = Ci > C (setor está melhor do que a média nacional; existe vantagem
comparativa no setor)

VCRi < 1 = Ci < C (setor está pior do que a média nacional; existe desvantagem
comparativa no setor) 𝑿𝒊
𝑪𝒊
𝑽𝑪𝑹𝒊 = = 𝑴𝒊
VCRi = 1 = Ci = C 𝑪 𝑿
𝑴

200 2
País A País B 𝐴 → 𝐶𝑖 = =2 𝐴 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
100 1
Xi 200 100 100
𝐵 → 𝐶𝑖 = = 0,25 (vantagem comparativa no setor)
400
Mi 100 400 0,25
1000 𝐵 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = = 0,5
𝐴 →𝑐= =1 0,5
X 1000 1000 1000
1000 (desvantagem comparativa no setor)
M 1000 2000 𝐵 →𝑐= = 0,5
2000
Este indicador serve também para comparar a evolução de um setor ao longo
do tempo, aludindo ao motivo pelo qual este perdeu ou ganhou competitividade.

Ano 2010 Ano 2015 500


2010 → 𝐶𝑖 = =2
250
Xi 500 400
400
2015 → 𝐶𝑖 = = 0,67
Mi 250 600 600

X 1000 500 O setor perdeu competitividade. Porquê? Para


deduzir a resposta, utiliza-se o VCRi.
M 1000 1500

1000 2
2010 → 𝑐 = =1 2010 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
1000 1
0,67
500 2015 → 𝑉𝐶𝑅𝑖 = =2
2015 → 𝑐 = = 0,33 0,33
1500

5
Conclui-se, então, que o setor perdeu competitividade por causas que
afetaram a economia nacional como um todo, e não por fatores específicos ao setor,
uma vez que este manteve a sua posição na economia nacional.

6. Coeficientes Estruturais – indicam quais os setores e países mais importantes


para as exportações e importações de um país. Tem que ser entre 0 e 1 (0% e
100%).
6.1. Composição do comércio (i = setor; j = país em análise) 𝑿𝒊𝒋
𝑿𝒋
Xij – exportações do setor i do país j
Indica o peso das exportações do setor i no total
Xj – exportações totais do país j das exportações do país j.
Xij = 100 100
= 0,1 = 10%
1000
Xj = 1000

6.2. Direção do comércio (i = país de origem/destino; j = país em análise)

Xij – exportações para França de Portugal = 150 150


= 0,15 = 15%
1000
Xj – exportações totais de Portugal = 1000
Do total das exportações portuguesas,
15% são para França.

7. Indicador dissimétrico das exportações/importações (Sx ou Sm) – permite


comparar o peso de um setor ou país nas importações ou exportações de dois
países diferentes (o país em análise e o país de referência); consiste na divisão
de um coeficiente estrutural por outro.
𝑿𝒊𝒋
i – setor de atividade/país de origem ou destino 𝑿𝒋
𝑺𝒙 =
𝑿𝒊𝒌
j – país em análise (Portugal) 𝑿𝒌

k – país de referência/país com o qual se faz a comparação (Espanha)

s > 1 = o peso do setor i no país j é superior ao peso desse setor no país k

s < 1 = o peso do setor i no país j é inferior ao peso desse setor no país k

s = 1 = o peso de setor i é o mesmo no país j e no país k

XvestuárioPT = 150 150


1000 0,15
𝑆𝑥 = = = 1,5
1000 0,1
Xpt = 1000 10 000

XvestuárioES = 1000 O peso das exportações de vestuário é superior nas exportações portuguesas do
que nas exportações espanholas. Se o valor for próximo de 1, os pesos são
Xes = 10 000 semelhantes (ex. o,8 ou 1,2).

6
8. Coeficiente de especialização de Balassa (bi) – indica qual o tipo de comércio
(intra-ramo ou inter-ramo) que predomina num determinado setor de
atividade; só pode ter valores entre -1 e 1. 𝑿𝒊 − 𝑴𝒊 𝑪𝒊 − 𝟏
𝒃𝒊 = =
𝑿𝒊 + 𝑴𝒊 𝑪𝒊 + 𝟏

bi entre -1 e -0,33 e entre 0,33 e 1 = predomina o comércio inter-ramo

bi entre -0,33 e 0,33 = predomina o comércio intra-ramo

bi rigorosamente igual a -0,33 ou 0,33 = não há predominância de um tipo de comércio

Mi = 0 / bi = 1 – país que só exporta no setor e não importa; comércio inter-ramo

Xi = 0 / bi = - 1 – país que só importa no setor e não exporta; comércio inter-ramo

Ci = 1, então bi = 0 (intra-ramo)

Ci > 1, então bi > 0 5−3 2 1


𝑏𝑖 = = = = 0,25
5+3 8 4
Xi = 5
Por isso, as trocas do setor são predominantemente intra-ramo.
Mi = 3

Com este indicador é também possível saber se o país tem um saldo comercial
positivo ou negativo. Se Xi > Mi, então bi > 0; se Xi < Mi, então bi < 0; se Xi = Mi, então
bi = 0.

➢ Indicadores de internacionalização das empresas


Para analisar o nível de internacionalização de uma empresa, é possível utilizar o
Índice de Transnacionalidade, calculado a partir dos ativos detidos no exterior, das
vendas no exterior e do emprego no exterior.

➢ Excedente do consumidor e do produtor


Excedente do consumidor – diferença entre aquilo que o consumidor está disposto a
pagar pelo bem e aquilo que efectivamente paga; bem-estar do consumidor.

P* ---------
------

Q
Q*
Excedente do produtor – diferença entre P
aquilo que o produtor recebe pelo bem e P* ----------
---------

aquilo que estaria disposto a receber de forma


a não ter prejuízo; lucro; bem-estar do Q
Q*
produtor. 7
➢ Política comercial externa – conjunto de medidas de política económica
que visam influenciar os fluxos de comércio com o exterior (exportações e
importações)

Instrumentos de política comercial externa: tarifas sobre as importações, subsídios à


exportação, impostos sobre as importações, quotas às importações e exportações, etc.

Análise dos efeitos de instrumentos de política comercial

• Considerar a existência de dois países (um importador e um exportador)


• Comparar a situação inicial de livre comércio entre os países com a situação
final em que vigora um instrumento de política comercial

País A: economia nacional/economia doméstica/mercado interno

País B: economia externa/mercado externo/resto do mundo

P1 e P2 – excesso de procura para as empresas nacionais

MD – curva da procura de importações; indica a quantidade do bem que os


consumidores querem adquirir no mercado internacional (importar) para cada nível de
preços; corresponde à diferença entre a quantidade que os consumidores querem
adquirir (procura interna) e a quantidade oferecida no mercado nacional (oferta
interna)

8
P1 e P2 – excesso de oferta para os consumidores nacionais

XS – curva da oferta de exportações; indica a quantidade do bem que as empresas


querem vender no mercado internacional (exportar) para cada nível de preços;
corresponde à diferença entre a quantidade que as empresas querem vender (oferta
interna) e a quantidade procurada no mercado nacional (procura interna)

Equilíbrio no mercado internacional (livre comércio)

Com livre comércio, os consumidores do país A (importador) deslocam a sua


procura para o país B porque o bem é mais barato. Assim, no país B (exportador) gera-
se, ao preço inicial, excesso de procura, que leva ao aumento do preço. No mercado
importador (país A), gera-se, ao preço inicial, um excesso de oferta, que leva á
diminuição do preço.

Chega-se, assim, ao Pw (preço mundial):

• O excesso de oferta interna no país B é igual ao excesso de procura interna no


país A (importações de um iguais às exportações de outro)
• Há equilíbrio no mercado interno dos dois países
• A procura mundial e a oferta mundial do bem igualam-se
• O preço estabiliza

1. Tarifa sobre as importações – taxa de imposto que incide sobre o valor


dos bens importados

Objetivos

• Protecionismo nacional perante a concorrência externa


• Aumento das receitas do Estado (relevante nos países menos desenvolvidos)

9
Tipos de tarifa

• Tarifa específica – montante fixo que incide sobre cada unidade importada
(não depende do preço do bem); P1 = P0 + t ; ex. P0 = 10, t = 2 , P1 = 10 + 2 =
12€
• Tarifa ad valorem (“sobre o valor”) – valor percentual que incide sobre o preço
de cada unidade do bem importado; P1 = P0 + P0 x t ; ex. P0 = 10 , t = 20% ,
P1 = 10 + 20% x 10 = 10 + 0,2 x 10 = 10 + 2 = 12€

Análise dos efeitos da tarifa

• Ajustamentos económicos (como chegar ao equilíbro)


• Efeitos de mercado (preço e quantidade)
• Efeitos de bem-estar (excedente do consumidor e do produtor)

Dois casos em análise

• Economia de pequena dimensão (económica) – economia com quota no


mercado mundial tão reduzida que alterações nas suas importações ou
exportações têm um impacto nulo no preço mundial do bem
• Economia de grande dimensão (económica) – economia com quota no
mercado mundial suficientemente elevada para que alterações nas suas
importações ou exportações tenham impacto no preço mundial do bem

1. Economia de pequena dimensão

XS horizontal – qualquer acréscimo de procura não altera o preço mundial

Pw + t – preço com a tarifa

T – tarifa, cujo valor vai para o Estado

10
Tarifa

MD’ – curva da procura de importações apercebida; indica o preço


recebido pelas empresas estrangeiras

MD – indica o preço pago pelos consumidores

Ajustamento económico

Com uma tarifa às importações, as unidades importadas ficam disponíveis a um


preço mais elevado. Assim, no mercado nacional, segue-se, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno até igualar o preço dos
produtos importados (preço com a tarifa).

Efeitos de mercado

• Aumento do preço (Pw + t)


• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das importações (D1 – S1 -> D2 – S2)

Efeitos de bem-estar
Δ Excedente do consumidor: - (a+b+c+d)

Δ Excedente do produtor: + a

Δ Receitas fiscais: + c

Efeito líquido de bem-estar: - (b+d) < 0

b – distorção na produção

d – distorção no consumo

Conclui-se, assim, que a tarifa beneficia o Estado e as empresas à custa dos


consumidores, que perdem mais do que os outros ganham. Por isso, a tarifa tem um
efeito prejudicial para o país (pequeno) como um todo. Contudo, podem existir
situações em que se justifica a sua aplicação (ex. aumentar o emprego através do
aumento da produção nacional).

2. Economia de grande dimensão

11
Ajustamento económico

Com uma tarifa às importações, as unidades importadas ficam disponíveis a um


preço mais elevado. Assim, gera-se, no mercado importador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno. Com a diminuição das
importações, e dada a grande dimensão económica do país, gera-se, no mercado
mundial, ao preço inicial, um excesso de oferta, leva à diminuição do preço mundial.

Efeitos de mercado

País A

• Aumento do preço (Pw -> Pw* + t) – aumenta por um montante inferior ao


valor da tarifa, uma vez que o preço mundial é mais baixo do que no caso de
um país de pequena dimensão
• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das importações (D1-S1 -> D2-S2)

País B

• Diminuição do preço (Pw -> Pw*)


• Diminuição da produção (S1* -> S2*)
• Aumento do consumo (D1* -> D2*)
• Diminuição das exportações (S1*-D1* -> S2*-D2*)

Efeitos de bem-estar País A País B

Δ Excedente do consumidor: - (a+b+c+d ) +a*

Δ Excedente do produtor: +a -(a*+b*)

Δ Receitas fiscais: +c+e -

Efeito líquido de bem-estar: -(b+d)+e -b

e- ganhos nos termos e troca

Conclui-se, assim, que a tarifa tem um efeito indeterminado no país grande


importador, que pode ser positivo se a tarifa for pequena, ou negativo se a tarifa for
grande. Por outro lado, a tarifa tem um efeito claramente negativo no país
exportador.

12
Tarifa ótima – aquela que maximiza o bem-estar, tornando o efeito líquido de bem-
estar o mais positivo possível; num país de grande dimensão económica, é positiva;
num país de pequena dimensão económica, é zero (não existe).

Tarifa proibitiva – aquela que é tão elevada que faz com que o preço aumente até ao
preço de equilíbrio e deixem de existir importações

2. Quota às importações – restrição quantitativa das quantidades importadas


por lei

Tipos de quota

• Quotas globais/abertas – é definida a quantidade total a importar pelo país,


sem especificar quem pode importar
• Licenças de importação – é definido quem pode importar e em que
quantidades; podem ser gratuitas ou onerosas

Para cada quota de importações existe uma tarifa equivalente que teria o mesmo
efeito de mercado. Contudo, o impacto sobre o bem-estar pode ser diferente,
dependendo da forma como as quotas são atribuídas.

1. Economia de pequena dimensão

Ajustamento económico

Com uma quota às importações, o país pode agora importar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado importador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno.

Efeitos de mercado

• Aumento do preço (Pw -> P2)

13
• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das importações (D1 – S1 -> D2 –S2)

Efeitos de bem-estar

Δ Excedente do consumidor: - (a+b+c+d)

Δ Excedente do produtor: + a

Δ Receitas fiscais: agentes nacionais = +c ; agentes estrangeiros = [0, c]

Efeito líquido de bem-estar: agentes nacionais = -(b+d) ; agentes estrangeiros com


licença gratuita = -(b+c+d) ; agentes estrangeiros com licença onerosa máxima = -(b+d)

Estado Agentes

Quota gratuita 0 +c

Preço entre 0 e P2-Pw repartição da área c pelo Estado e pelos agentes

Preço máximo (P2-Pw) +c 0

Conclui-se, assim, que se os agentes forem nacionais ou se os agentes


estrangeiros pagarem o preço máximo pela licença, os efeitos de bem-estar são iguais
aos da tarifa equivalente. Por outro lado, se os agentes forem estrangeiros e a licença
for grátis, o efeito da quota no bem-estar é pior do que o efeito da tarifa equivalente.

2. Economia de grande dimensão

Ajustamento económico

Com uma quota às importações, o país pode agora importar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado importador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno. Com a diminuição das
importações, e dada a grande dimensão do país, gera-se, no mercado mundial, ao
preço inicial, um excesso de oferta, que leva à diminuição do preço mundial.

14
Efeitos de mercado

País A

• Aumento do preço (Pw -> P2) – aumenta menos do que no país pequeno, uma
vez que o preço mundial é mais baixo
• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do Consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das Importações (D1 – S1 -> D2 – S2)

País B

• Diminuição do preço (Pw -> Pw*)


• Diminuição da produção (S1* -> S2*)
• Aumento do consumo (D1* -> D2*)
• Diminuição das exportações (S1* - D1* -> S2* - D2*)

Efeitos de bem-estar

País A País B

∆ Excedente do consumidor: - (a+b+c+d) + a*

∆ Excedente do produtor: +a - (a*+b*)

∆ Receitas fiscais: agentes nacionais = +c+e; agentes estrangeiros = [0,c+e] -

Efeito líquido de bem-estar: agentes nacionais = -(b+d)+e ; - b*

agentes estrangeiros com licença gratuita = - (b+c+d);

agentes estrangeiros com licença onerosa máxima = -(b+d)+e

Conclui-se, assim, que se os agentes forem nacionais ou se os agentes


estrangeiros pagarem o preço máximo pela licença, os efeitos de bem-estar no país
importador são iguais aos da tarifa equivalente. Por outro lado, se os agentes forem
estrangeiros e a licença for grátis, o efeito da quota no bem-estar é pior do que o
efeito da tarifa equivalente. Por outro lado, no país exportador o efeito da quota é
claramente negativo.

Estado Agentes

Quota gratuita 0 +c+e

Preço entre 0 e P2-Pw* repartição das áreas +c+e pelo Estado e pelos agentes

Preço máximo (P2-Pw*) +c+e 0

15
3. Subsídio às exportações – permite que as empresas fiquem artificialmente
mais competitivas
• A OMC pretende a sua extinção
• Podem ser específicos ou ad-valorem, sendo que para cada subsídio específico
há um subsídio ad-valorem equivalente
• Podem ser contraproducentes se os países importadores impuseram uma tarifa
exatamente igual ao subsídio atribuído às exportações

1. Economia de pequena dimensão

XS – preço recebido pelas empresas exportadoras

XS’ – curva da oferta de exportações apercebida; preço pago pelos consumidores


internacionais

Ajustamento económico

Com um subsídio às exportações, os produtores nacionais têm incentivo a


desviar a produção do mercado interno para o mercado internacional, de forma a
receberem o subsídio. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno.

Efeitos de mercado

• Aumento do preço (Pw -> Pw + s) – aumenta na quantidade do subsídio, para o


preço recebido internacionalmente
• Aumento da produção (S1 -> S2)
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Aumento das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

16
Efeitos de bem-estar cv

∆ Excedente do consumidor: - (a+b)

∆ Excedente do produtor: +a+b+c

∆ Receitas fiscais: -b-c-d

Efeito líquido de bem-estar: -(b+d) < 0

b – distorção no consumo

d – distorção na produção

Conclui-se, assim, que o subsídio às exportações tem um efeito prejudicial no


bem-estar do país exportador, beneficiando as empresas à custa dos consumidores.

2. Economia de grande dimensão

Ajustamento económico

Com um subsídio às exportações, os produtores nacionais têm incentivo para


desviar a produção do mercado interno para o mercado internacional, de forma a
receberem o subsídio. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de procura, que leva ao aumento do preço interno. Com o aumento das
exportações, e dada a grande dimensão do país, gera-se, no mercado mundial, ao
preço inicial, um excesso de oferta, que leva à diminuição do preço mundial.

Efeitos de mercado

País A

• Aumento do preço (Pw -> Pw* + s) – aumenta menos do que no país pequeno,
uma vez que o preço mundial é mais baixo
• Aumento da produção (S1 -> S2)

17
• Diminuição do consumo (D1 -> D2)
• Aumento das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

País B

• Diminuição do preço (Pw -> Pw*)


• Diminuição da produção (S1* -> S2*)
• Aumento do consumo (D1* -> D2*)
• Aumento das importações (D1* - S1* -> D2* - S2*)

Efeitos de bem-estar

País A País B

∆ Excedente do consumidor: - (a+b) +a*+b*

∆ Excedente do produtor: +a+b+c -a*

∆ Receitas fiscais: - (b+c+d+e+f+g) -

Efeito líquido de bem-estar: - (b+d+e+f+g) + b*

e+f+g – perdas nos termos de troca

Conclui-se, assim, que um subsídio às exportações prejudica o país exportador


e beneficia o país importador, prejudicando as suas empresas mas beneficiando os
seus consumidores.

4. Imposto às exportações
• Raros nos países desenvolvidos, mas frequentes nos países em
desenvolvimento
• Podem ser específicos ou ad-valorem

Objetivos

• Aumento das receitas do Estado


• Melhoria dos termos de troca (país grande)
• Redistribuição interna do rendimento (favorecer os consumidores)
• Combater pressões inflacionárias internas
• Incentivo ao processamento interno das matérias-primas, de modo a produzir
bens de maior valor acrescentado

18
1. Economia de pequena dimensão

XS – preço recebido pelas empresas

XS’ – preço pago pelos consumidores internacionais

Ajustamento económico

Com um imposto às exportações, os produtores nacionais têm incentivo a


desviar a produção do mercado internacional para o mercado interno. Assim, gera-
se, no mercado exportador, ao preço inicial, um excesso de oferta, que leva à
diminuição do preço interno.

Efeitos de mercado

• Diminuição do preço (Pw -> Pw – i)


• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

Efeitos de bem-estar

∆ Excedente do consumidor: +a+b

∆ Excedente do produtor: -(a+b+c+d+e)

∆ Receitas fiscais: +d

Efeito líquido de bem-estar: -(c+e)

Conclui-se, portanto, que um imposto às exportações tem um efeito prejudicial


no país como um todo, pois as empresas perdem mais do que aquilo que os
consumidores ganham.

19
2. Economia de grande dimensão

Ajustamento económico

Com um imposto às exportações, os produtores nacionais têm incentivo a


desviar produção do mercado internacional para o mercado interno. Assim, gera-se,
no mercado exportador, ao preço inicial, um excesso de oferta, que leva à diminuição
do preço interno. Com a diminuição das exportações, e dada a grande dimensão do
país, gera-se, no mercado mundial, ao preço inicial, um excesso de procura, que leva
ao aumento do preço mundial.

Efeitos de mercado

País A

• Diminuição do preço (Pw -> Pw*-i) – diminui menos do que no país pequeno,
uma vez que o preço mundial é mais elevado
• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

País B

• Aumento do preço (Pw -> Pw*)


• Aumento da produção (S1*->S2*)
• Diminuição do consumo (D1*->D2*)
• Diminuição das importações (D1*-S1*->D2*-S2*)

Efeitos de bem-estar

País A País B

∆ Excedente do consumidor: +a+b -(a*+b*+c*+d*)

20
∆ Excedente do produtor: -(a+b+c+d+e) +a*

∆ Receitas fiscais: +d+f -

Efeito líquido de bem-estar: -(c+d)+f -(b*+c*+d*)

Conclui-se, assim, que um imposto às exportações tem um efeito


indeterminado no país exportador e negativo no país importador.

5. Quota às exportações – restrição quantitativa das quantidades exportadas


por lei

Tipos de quota

• Quotas globais ou abertas – é definida a quantidade total a exportar pelo país,


sem especificar quem pode exportar
• Licenças de exportação – é definido quem pode exportar e em que
quantidades; podem ser gratuitas ou onerosas

Para cada quota às exportações há um imposto às exportações equivalente, que


gera exatamente os mesmos efeitos de mercado, embora os efeitos de bem-estar
possam ser distintos.

1. Economia de pequena dimensão

Ajustamento económico

Com uma quota às exportações, o país pode agora exportar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de oferta, que leva à diminuição do preço interno.

Efeitos de mercado

• Diminuição do preço (Pw -> P2)

21
• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

Efeitos de bem-estar

∆ Excedente do consumidor: +a+b

∆ Excedente do produtor: -(a+b+c+d+e)

∆ Receitas fiscais: agentes nacionais: +d; agentes estrangeiros: [0, d]

Efeito líquido de bem-estar: agentes nacionais: -(c+e); agentes estrangeiros com


licença máxima: -(c+e); agentes estrangeiros com licença gratuita: -(c+d+e)

Estado Agentes

Quota gratuita 0 +d

Preço entre 0 e Pw - P2 Repartição da área d pelo Estado e pelos agentes

Preço máximo (Pw – P2) +d 0

Conclui-se, assim, que se os agentes forem nacionais ou estrangeiros com


licença onerosa máximo, o efeito líquido de bem-estar é igual ao do imposto às
exportações equivalente. Por outro lado, se os agentes forem estrangeiros com
licença gratuita, a quota tem um efeito de bem-estar pior do que o do imposto
equivalente, uma vez que o Estado não obtém qualquer receita fiscal com a quota.

2. Economia de grande dimensão

22
Ajustamento económico

Com uma quota às exportações, o país pode agora exportar uma menor
quantidade do bem. Assim, gera-se, no mercado exportador, ao preço inicial, um
excesso de oferta, que leva à diminuição do preço interno. Com a diminuição das
exportações, e dada a grande dimensão do país, gera-se, no mercado mundial, ao
preço inicial, um excesso de procura, que leva ao aumento do preço mundial.

Efeitos de mercado

País A

• Diminuição do preço (Pw -> P2)


• Diminuição da produção (S1 -> S2)
• Aumento do consumo (D1 -> D2)
• Diminuição das exportações (S1 – D1 -> S2 – D2)

País B

• Aumento do preço (Pw -> Pw*)


• Aumento da produção (S1*-> S2*)
• Diminuição do consumo (D1*-> D2*)
• Diminuição das importações (D1*-S1*-> D2*-S2*)

Efeitos de bem-estar

País A País B

∆ Excedente do consumidor: +a+b -(a*+b*+c*+d*)

∆ Excedente do produtor: -(a+b+c+d+e) +a*

∆ Receitas fiscais: agentes nacionais = +d+f ; agentes estrangeiros = [0,+d+f] -

Efeito líquido de bem-estar: agentes nacionais = -(c+e)+f -(b*+c*+d*)

agentes estrangeiros com quota máxima = -(c+e)+f

agentes estrangeiros com quota grátis = -(c+d+e)+f

Estado Agentes

Quota gratuita 0 +d+f

Preço entre 0 e Pw*-P2 Repartição das áreas d e f pelo Estado e pelos agentes

Preço máximo (Pw*-P2) +d+f 0

23
Conclui-se, assim, que se os agentes forem nacionais ou se os agentes
estrangeiros pagarem o preço máximo pela licença, os efeitos de bem-estar no país
exportador são iguais aos do imposto equivalente. Por outro lado, se os agentes
forem estrangeiros e a licença for grátis, o efeito da quota no bem-estar é pior do que
o efeito do imposto equivalente. Por outro lado, no país importador o efeito da
quota é claramente negativo.

6. Restrições voluntárias às exportações – impostos ou quotas às


exportações resultantes de negociações ou acordos internacionais; são
normalmente uma resposta dos países exportadores a pressões por parte dos
países importadores (ex. ameaça de imposição de tarifas).

Vantagens das RVE relativamente às tarifas

• Para o país exportador, são preferíveis porque o preço internacional sobe em


vez de descer; para além disso, o Estado pode apropriar-se das receitas do
imposto ou da quota
• Para o país importador, não implicam os custos políticos que a tarifa acarreta

7. Incorporação nacional mínima – obriga a que uma parte do preço final


de um bem represente valor acrescentado interno (ex. salários pagos aos
trabalhadores locais; componentes utilizados produzidos localmente, etc.). Os
visados são normalmente empresas estrangeiras. Constitui uma barreira à
importação de produtos que não satisfaçam as exigências e limita as
importações de materiais e componentes que, noutras circunstâncias, seriam
usados na produção do bem final.

8. Política de consumo público – os governos podem dar preferência


(legalmente) aos produtores nacionais, o que constitui uma clara barreira às
importações.

9. Barreiras técnicas, administrativas e fiscais – há um grande número de


regras administrativas ou legais que podem constituir obstáculos livre
comércio:

• Formalidades de desalfandegamento
• Regulamentos de segurança
• Regras de etiquetagem
• Legislação de proteção da saúde pública
• Etc.

24
➢ Argumentos a favor do livre comércio e do proteccionismo

Argumentos a favor do livre comércio


1. Argumento do livre comércio e eficiência

O protecionismo gera ineficiência/distorções quer na produção, quer no


consumo. Mesmo no caso dos países de grande dimensão económica, as situações de
ganhos de bem-estar com restrições ao livre comércio são raras. Por outro lado, o livre
comércio gera eficiência. Por isso, deve haver livre comércio.

2. Argumento dos ganhos dinâmicos e de escala

A análise clássica dos custos-benefícios é estática, pois ignora o impacto da


concorrência na inovação. A concorrência obriga as empresas a inovar e a procurar
métodos de produção mais eficientes. Para além disso, em livre comércio as empresas
beneficiam do efeito de imitação de produtores estrangeiros e de uma redução de
custos e melhoria de produtos que resulta da acumulação de experiência.

As chamadas economias de escala são importantes em vários setores. Ocorrem


quando o custo médio de produção diminui à medida que a quantidade produzida
aumenta. Enquanto o protecionismo fragmenta os mercados e a produção mundial,
levando-a a uma escala ineficiente, o livre comércio permite aumentar a escala de
produção e a eficiência. Ou seja, com livre comércio as empresas não têm que limitar
a sua produção ao mercado nacional, mas direcionam-na a um mercado mais amplo,
gerando economias de escala. Por isso, deve existir livre comércio.

3. Argumento político

Apesar de uma política protecionista poder aumentar o bem-estar do país, o


governo é influenciado por vários lobbys e grupos de pressão na escolha das políticas

25
comerciais, não considerando os custos e benefícios nacionais. Por isso, deve existir
livre comércio.

Argumentos a favor do protecionismo


1. Argumento dos termos de troca

No caso de um país grande, um instrumento de política comercial externa (que não


o subsídio às exportações) pode aumentar o seu bem-estar, melhorando os termos
de troca. Assim, é possível que os benefícios dos termos de troca sejam superiores aos
custos (ex. no caso da tarifa ótima). Por isso, é possível que o protecionismo seja
melhor para um país grande do que o livre comércio.

Contudo, este argumento é passível de críticas, uma vez que não se aplica a países
pequenos (a sua tarifa ótima é zero) e é apenas válido se considerarmos a situação
ceteris paribus (pois pode haver retaliação comercial por parte dos outros países).

2. Argumento das falhas de mercado

O valor privado de um bem (preço) pode não coincidir com o seu valor social. Ou
seja, a produção de bens tem associadas externalidades positivas/negativas (ex.
produção nacional permite reduzir o desemprego, aumentar a segurança nacional,
etc.). Assim, se existirem externalidades, a análise dos custos-benefícios é incompleta,
pois as externalidades podem compensar a redução de bem-estar (benefício social
marginal). Por isso, os benefícios sociais têm que ser considerados, sendo que o bem-
estar pode acabar por aumentar com um instrumento de política comercial externa.

3. Argumentos políticos
• Eliminação da concorrência desleal (através da implementação de tarifas para
contrariar subsídios às exportações)
• Proteção da saúde pública (objetivo de proteger a saúde dos consumidores);
• Segurança nacional (os instrumentos de política comercial externa devem
proteger indústrias vitais para a nação)

26
➢ Organização Mundial do Comércio (OMC)
O antepassado da OMC é o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), que não era
uma OI mas sim um acordo provisório. Tinha como objetivos a redução progressiva
dos direitos aduaneiros, a eliminação das restrições quantitativas e a regulação do
dumping e dos subsídios às exportações, através de negociações multilaterais
(“rounds”).

Por sua vez, a OMC é uma OI de pleno direito. Tal como o GATT, pretende reduzir
progressivamente os direitos aduaneiros, ou seja, promover o livre comércio.

Funções

• Gestão dos acordos internacionais


• Resolução das disputas comerciais entre os membros
• Fórum de negociações comerciais
• Análise das políticas comerciais dos Estados-membros
• Apoio técnico aos países em desenvolvimento

Objetivos – a OMC procura alcançar um comércio mundial

• Mais livre – através da diminuição progressiva das barreiras comerciais


• Não discriminatório – princípio da não discriminação
• Previsível – os obstáculos ao livre comércio não devem ser aplicados de forma
arbitrária
• Mais competitivo – através do desencorajamento de práticas que distorcem a
concorrência (ex. dumping)
• Mais favorável aos países menos desenvolvidos – procurando, através de
regras mais flexíveis, facilitar os ajustamentos necessários

Princípios

• Princípio da reciprocidade – o objetivo é eliminar a concorrência desleal/o free


riding, ou seja, cada país deve conceder benefícios semelhantes àqueles que
recebe (exceto os países em desenvolvimento)
• Princípio da não discriminação
▪ Cláusula da nação mais favorecida – produtos com origem num Estado
não podem receber um tratamento menos favorável do que os
produtos com origem noutro Estado
▪ Cláusula do tratamento nacional – uma vez desalfandegados, os
produtos estrangeiros têm que ser tratados da mesma forma que os
produtos nacionais

27
Exceções

• Questões de segurança nacional, de proteção de indústrias vitais ou de saúde


pública
• Abolição da cláusula da nação mais favorecida às uniões aduaneiras e zonas
de comércio livre
• Sistema de Preferências Generalizadas (tratamento preferencial dos países em
desenvolvimento), ex. isenção de várias regras
• Ações anti-dumping (tarifas compensatórias)
• Ações de compensação de subsídios (medidas para contrariar o efeito de
subsídios à exportação)
• Medidas de salvaguarda (medidas para limitação temporária das importações)

Resultados

A OMC beneficia de um razoável sucesso, visto que o número de Estados-membros


tem vindo a aumentar de ano para ano e as tarifas médias sobre os produtos
industriais diminuíram. Para além disso, a OMC regula não só o comércio de
mercadorias, como também o comércio de serviços, os direitos de propriedade
intelectual, o Investimento Direto Estrangeiro, etc. Contudo, atualmente as
negociações para implementar a Agenda de Doha encontram-se num impasse, devido,
entre outros fatores, a divergências entre Estados e a uma crescente clivagem entre
países desenvolvidos e países em desenvolvimento.

➢ Integração Económica – corresponde à integração de mercados, sendo que


o elemento essencial é a liberdade de circulação; o seu objetivo essencial é o
aumento do bem-estar. Ex. UE, NAFTA, Mercosul, ASEAN

Razões para a existência de processos de integração económica

• Razões políticas – estão na origem dos processos de integração, mas não são o
fator mais importante
• Razões económicas – ganhos económicos derivados da liberdade de circulação,
como a possibilidade de melhorar a eficiência da estrutura produtiva e de
aumentar o crescimento económico dos Estados

Níveis/formas de integração económica


1. Zona de comércio livre (ex. NAFTA)
• Livre comércio entre parceiros (abolição de todas as restrições aduaneiras e
quantitativas no comércio)
• Manutenção de autonomia na política comercial relativamente a terceiros;
por isso, são necessários certificados de origem para evitar deflexão de
comércio (país não-membro exporta o seu produto para um país-membro com

28
taxas mais baixas para vendê-lo num país-membro com taxas mais elevadas),
ou seja, só os produtos com origem num Estado-membro circulam livremente,
sendo que os outros pagam taxas

2. União Aduaneira (ex. Mercosul, CEE)


• Livre comércio entre parceiros
• Adoção de uma política comercial comum (incluindo uma pauta externa
comum), por isso não existe deflexão de comércio

3. Mercado Comum (ex. UE até 1992)


• União Aduaneira
• Liberdade de circulação de pessoas e capitais (fatores de produção)
• Relações com terceiros (quanto à liberdade de circulação) regulamentadas por
normas nacionais ou comuns ou uma mistura de ambas

4. União Económica (ex. EU)


• Mercado comum
• Coordenação ou mesmo unificação de políticas económicas (ex. regulação de
mercados, política orçamental, política monetária, etc.)
4.1. União Monetária
• Mercado comum
• Moeda única ou taxa de câmbio fixa
• Política monetária e cambial única e forte integração da restante política
macroeconómica

5. União Económica e Monetária (ex. Zona Euro)


• União económica
• União monetária

6. União Económica Total (ex. Brasil e EUA aproximam-se)


• Nível de integração idêntico ao de uma economia nacional
• Implica alguma forma de integração política

Caraterísticas comuns

• Concordância com as “regras do jogo”


• Criação de instituições internacionais
• Transferência de competências de instituições nacionais para instituições
supranacionais

29
Efeitos

• Dependem do nível de integração


• Dependem da situação com a qual comparamos
▪ Comparado com o livre comércio o efeito é negativo
▪ Comparado com barreiras comerciais o efeito pode ser positivo ou
negativo

Exemplo: União Aduaneira – alteração dos preços, produção e consumo


Situação inicial (tarifa) Situação final (União Aduaneira A+B)

T=100% (implementada pelo país A) T=100% (implementada pelo país A)

País A = 10€ (custo de produção 10€) País A = 10€ (custo de produção 10€)

País B = 16€ (custo de produção 8€) País B = 8€ (custo de produção 8€, não paga tarifa)

País C = 12€ (custo de produção 6€) País C = 12€ (custo de produção 6€)

Assim, os consumidores escolhem A. Assim, os consumidores escolhem B. Há uma


substituição de produtores com custos mais altos
(menos eficientes) por produtores com custos mais
baixos (mais eficientes) – efeito de criação de
comércio (B é mais eficiente do que A) que leva a um
aumento do bem-estar.

Situação inicial (tarifa) Situação final (União Aduaneira A+B)

T=50% (implementada pelo país A) T=50% (implementada pelo país A)

País A = 10€ (custo de produção 10€) País A = 10€ (custo de produção 10€)

País B = 12€ (custo de produção 8€) País B = 8€ (custo e produção 8€, não paga tarifa)

País C = 9€ (custo de produção 6€) País C = 9€ (custo de produção 6€)

Assim, os consumidores escolhem C. Assim, os consumidores escolhem B. Há uma


substituição de produtores com custos mais baixos
(mais eficientes) por produtores com custos mais altos
(menos eficientes) – efeito de desvio de comércio (B é
menos eficiente do que C) que leva a uma diminuição
do bem-estar.

30
Criação de comércio – a integração económica conduz a uma alteração na origem do
produto, de um produtor interno cujo custo de produção é mais alto para um
produtor de um país-membro cujo custo de produção é mais baixo.

Desvio de comércio – a integração económica conduz a uma alteração na origem do


produto, de um produtor de um país não-membro cujo custo de produção é mais
baixo para um produtor de um país-membro cujo custo de produção é mais elevado.

Concluindo, o efeito da integração económica depende do peso do efeito de criação


de comércio e do efeito de desvio de comércio. O efeito é indeterminado.

Circunstâncias que tendem a favorecer a ocorrência de efeitos positivos

• Elevado número de países-membros da União Aduaneira


• Elevada redução média do nível de proteção (ex. tarifa inicial elevada)
• Elevada diferença dos custos de produção entre o país e o parceiro
• Elevada proximidade dos custos de produção entre o parceiro e o país externo
ao bloco
• Elevada elasticidade das curvas da procura e da oferta
• No caso de Uniões Aduaneiras grandes, podem ocorrer efeitos nos termos de
troca
• O alargamento do mercado pode gerar efeitos decorrentes do aumento da
concorrência, do aproveitamento de economias de escala e de alterações do
nível e da natureza do investimento

➢ Teorias do comércio internacional


Teoria clássica do comércio internacional
Tentativa de explicar de que forma o comércio internacional pode ser benéfico para
os países. Adam Smith e David Ricardo vão contra a tendência mercantilista da época,
preocupando-se com a estrutura do comércio, os ganhos do comércio e os termos de
troca.

Pressupostos básicos dos modelos clássicos

• Um único fator de produção (trabalho)


• A tecnologia de produção dos vários países é diferente, levando a
produtividades e a custos de produção diferentes
• Os custos de produção (e de oportunidade) são constantes
• O trabalho é perfeitamente móvel entre indústrias no mesmo país, mas imóvel
entre países
• O número de trabalhadores é fixo
• Existe pleno emprego

31
• Não há quaisquer restrições ao comércio (compara-se economia fechada com
livre comércio)
• Todos os mercados são de concorrência perfeita

1. Teoria das vantagens absolutas de Adam Smith


• Os países não ganham em autarcia
• A divisão do trabalho e a especialização são as chaves da criação de riqueza;
por isso, cada país deve especializar-se naquilo que produz com menos custos
ou com maior produtividade do que outro país, ou seja, os bens em que tem
vantagem absoluta
▪ Custo unitário de produção – número de horas de trabalho necessárias
para a produção de uma unidade do bem
▪ Produtividade – número de unidades produzidas por uma hora de
trabalho
• A especialização é completa, ou seja, cada país produz apenas o bem em que
tem vantagem absoluta

Assim, os países devem trocar os produtos em que têm vantagem absoluta.

A tem vantagem absoluta na produção de X.

B tem vantagem absoluta na produção de Y.

Principal limitação desta teoria: um país pode ser o mais eficiente a produzir mais do
que um bem. Então, vale a pena a especialização? Para além disso, um país menos
eficiente na produção de todos os bens não poderia participar no comércio
internacional. David Ricardo responde a estas questões.

2. Teoria das vantagens comparativas/relativas de David Ricardo


Quando um país é mais eficiente a produzir mais do que um bem, deve analisar-se a
vantagem comparativa (generalização da absoluta). Para isso, usa-se o custo de
oportunidade do bem. Um país possui vantagem comparativa na produção de um bem
se o custo de oportunidade da produção desse bem em relação aos demais é mais
baixo do que nos outros países. Ou seja, para produzir mais de um bem, esse país
desperdiça menos de outro bem do que os outros países. Um país não pode ter
vantagem comparativa em mais do que um bem. Assim, os países devem trocar os
produtos em que têm vantagem comparativa.

32
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑋
Custo de oportunidade de X no país A (CO 𝑋 𝐴 ) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑌

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑌
Custo de oportunidade de Y no país B (CO 𝑌 𝐵 ) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑋

O país A tem vantagem comparativa na produção do bem X – A(X); para produzir uma
unidade de X sacrifica 0,33 de Y. O país B tem vantagem comparativa na produção do
bem Y – B(Y); para produzir uma unidade de Y sacrifica 2 de X.

Fronteira de possibilidades de produção (FPP) – representa o conjunto de


combinações eficientes de produção de dois bens por uma economia, dada a
completa utilização dos seus recursos produtivos e a tecnologia mais eficiente
disponível; mostra a quantidade máxima de X que pode ser produzida dada qualquer
produção de Y, e vice-versa; no contexto das teorias clássicas a FPP não é curva, por
que os custos unitários são constantes. Numa economia fechada, a FPP é igual à
fronteira de possibilidades de consumo, uma vez que não há
importações/exportações.

Assim, em livre comércio:

• A(X) – A exporta X e importa Y


• B(Y) – B exporta Y e importa X

Mas quanto se troca de uma mercadoria em função da outra?

Bem X:

No país A, 1 unidade de X equivale a 0,33 de Y. Assim, esta é a relação entre X e Y no


país A. Ou seja, o custo de oportunidade é igual à razão de troca em autarcia.

Razão de troca em autarcia no país A = RTA 𝒚/𝟏𝒙𝑨 = 0,33 , ou seja, para o país A estar
disposto a exportar X terá que receber, no mínimo, o,33 de Y (pelo menos tanto
quanto recebe internamente)

No país B, 1 unidade de X equivale a 0,5 de Y.


33
Razão de troca em autarcia no país B = RTA 𝒚/𝟏𝒙𝑩 = 0,5 , ou seja, para o país B estar
disposto a importar X terá que pagar 0,5 de Y ou menos (o mesmo ou menos do que
aquilo que paga internamente).

Conclui-se, assim, que a razão de troca internacional (RTI y/1x) tem que estar entre
a RTA de A e de B para que os países estejam dispostos a comercializar e para que o
livre comércio traga ganhos para ambos os países. Isto porque, neste intermédio, A
recebe mais e B paga menos do que internamente. Se RTI y/1x = 0,33 , o país B ganha
e o país A permanece igual. Se RTI y/1x = 0,5 , o país A ganha e o país B permanece
igual. O país ganha quanto mais a RTI se afastar da sua RTA.

Bem Y:

No país A, 1 unidade de Y equivale a 3 de X.

RTA 𝑥/1𝑦 𝐴 = 3 , ou seja, para o país A estar disposto a importar Y terá que pagar 3 ou
menos de X.

No país B, 1 unidade de Y equivale a 2 de X.

RTA 𝑥/1𝑦 𝐵 = 2 , ou seja, para o país B estar disposto a exportar Y terá que receber 2
ou mais de X.

Conclui-se, assim, que RTI x/1y tem que estar entre RTA de A e de B para que os
países estejam dispostos a comercializar.

Fronteiras de possibilidades de consumo (FPC) – conjunto de combinações eficientes


de consumo de dois bens numa economia.

Grande benefício do comércio internacional: não se restringe o consumo à produção


interna, ou seja, FPC > FPP; consome-se mais do que se produz porque se vende a um
preço superior ao interno e se paga um preço inferior ao interno.

Limitação do modelo de Ricardo: a existência de custos de oportunidade iguais para


dois países, ou seja, nenhum país tem vantagem comparativa.

34
2.1. O modelo de Ricardo com moeda

Este modelo resulta de tentativas de adaptar o modelo de Ricardo à realidade, uma


vez que, no mundo real, os agentes económicos comparam preços e não custos de
oportunidade. Ou seja, são os preços monetários que determinam o sentido do
comércio internacional. Assim, não basta observar vantagens comparativas. É preciso
saber se estas se confirmam nos preços (vantagem competitiva, relacionada com a
competitividade-preço). Para que isto aconteça, é necessário que se verifique a
condição de exportação.

Mas, é preciso que se verifique a condição de exportação:

• P𝒙𝑨 < P𝒙𝑩 para que A consiga vender X


• P𝒚𝑨 > P𝒚𝑩 para que B consiga vender Y

W = salário por hora (wages) ; C = custos unitários ; e = taxa de câmbio (exchange rate)

País A (PT) – W= 10€ ; País B (EUA) – W=20$

O preço leva em conta o custo unitário/produtividade e o salário. Assim:

P𝑥 𝐴 = C𝑥 𝐴 x 𝑊 𝐴 P𝑥 𝐵 = C𝑥 𝐵 x 𝑊 𝐵 P𝑦 𝐴 = C𝑦 𝐴 x 𝑊 𝐴 P𝑦 𝐵 = C𝑦 𝐵 x 𝑊 𝐵

Ex. P𝑥 𝐴 = 2 x 10 = 20€ P𝑥 𝐵 = 3 x 20 = 60$

Contudo, não se pode comparar 20€ e 60$. Para podermos comparar os dois
preços, é preciso utilizar a taxa de câmbio (permite transformar uma moeda noutra; é
determinada pela procura e oferta de moeda a nível internacional; muda todos os dias;
corresponde ao nº de unidades monetárias de B necessárias para adquirir uma
unidade monetária de A). Se e = 1,25, então 1€ (PT) vale 1,25$ (EUA).

𝑊𝐵
= valor dos salários de B em unidades monetárias de A
𝑒

𝑊 𝐴 x e = valor dos salários de A em unidades monetárias de B

35
Desvalorização do €

e = 1, então 1€ = 1$ e não 1,25$

Assim, o preço dos produtos exportados diminui, levando a um aumento das


exportações, e o preço dos produtos importados aumenta, levando a uma diminuição
das importações.

Valorização do €

e = 2, então 1€ = 2$ e não 1,25$

Assim, o preço dos produtos exportados aumenta, levando a uma diminuição das
exportações, e o preço dos produtos importados diminui, levando a um aumento das
importações.

A condição de exportação exprime-se utilizando a produtividade (que é o inverso


dos custos unitários):

𝑷𝒓𝒐𝒅𝒚𝑨 𝑾𝑨 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒙𝑨
< xe<
𝑷𝒓𝒐𝒅𝒚𝑩 𝑾𝑩 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒙𝑩

À esquerda, o país A não tem competitividade-preço; à direita, o país A tem


competitividade-preço. Com o país B passa-se o inverso. Isto porque, para que haja
vantagem competitiva, o rácio de produtividade entre os dois países tem que ser
superior ao rácio dos salários.

Há, portanto, três variáveis relevantes para a competitividade-preço do país:

• Produtividade (Prod)
• Salários (W)
• Taxa de câmbio (e)

Concluindo, os salários são condicionados pela produtividade. Países com salários


mais altos necessitam de produtividades mais altas; países com produtividades mais
baixas necessitam de salários mais baixos.

Implicações de política

No caso do país A:

• Os salários analisados são nominais


• Se o país registar inflação acima da dos seus parceiros comerciais, é provável
que os salários nominais subam mais rápido que os dos seus parceiros. Por
isso, ceteris paribus, o rácio de salários desloca-se para a direita, traduzindo
perda de competitividade-preço.

36
• Uma forma de compensar a inflação seria a desvalorização da moeda, levando
a uma diminuição da taxa de câmbio, sendo que o preço dos produtos
exportados diminui e o dos produtos importados aumenta. Ceteris paribus, o
rácio de salários deslocar-se-ia para a esquerda.
• Outra forma de aumentar a competitividade-preço seria ainda a redução dos
salários, deslocando o rácio de salários para a esquerda
• A forma mais sustentada de melhorar a competitividade do país A seria
aumentar a produtividade. Ceteris paribus, o rácio de salários deslocar-se-ia
para a esquerda. Para além disso, o aumento da produtividade permitiria
aumentar os salários sem perdas de competitividade. Contudo, aumentar a
produtividade é uma tarefa complexa, uma vez que requer medidas cujos
custos políticos e económicos podem ser elevados, mas cujo impacto não é
imediato.

Desta forma, estas medidas fazem com que o país possa não só manter a vantagem
competitiva já existente num bem, como também ganhar vantagem noutros bens,
levando ao aumento das suas exportações.

Teoria neoclássica do comércio internacional

1. Modelo de Heckscher-Ohlin
Este modelo assenta no facto de que os países têm diferentes dotações fatoriais,
ou seja, diferentes quantidades de fatores de produção (capital e trabalho). Para além
disso, a produção de bens requer diferentes quantidades de cada um dos fatores
(intensidade fatorial dos bens).

Pressupostos

• Dotações factoriais (2x2x2) – dois países (A e B), dois bens (X e Y) e dois fatores
de produção (L, trabalho/labour e K, capital)
• Única diferença entre os países é a dotação fatorial
• Um dos países é relativamente abundante em trabalho e o outro é
relativamente abundante em capital
• Há concorrência perfeita (preços determinados pela oferta e procura, não há
price makers)
• Tecnologia, oferta e procura igual nos dois países
• Fatores de produção são fixos e homogéneos
• Fatores de produção obedecem à lei dos rendimentos marginais
decrescentes, ou seja, se se adicionar progressivamente mais de um fator,
mantendo o outro fator constante, os ganhos adicionais resultantes do
acréscimo do primeiro vão ser cada vez menores. Por isso, os custos de
oportunidade são crescentes (Fronteira de Possibilidades de Produção

37
côncava), ou seja, para produzir mais uma unidade de um bem, é preciso
abdicar de uma quantidade cada vez maior do outro bem. Assim, a
especialização é incompleta, ou seja, o país produz ambos os bens (mais do
bem em que tem vantagem competitiva e menos do outro)
• Perfeita mobilidade interna e internacional dos fatores de produção
• Irreversibilidade fatorial (uma vez classificados os bens em termos de
intensidade fatorial, não pode haver alterações independentemente da
remuneração relativa dos fatores)

Intensidade fatorial e classificação dos bens

A intensidade fatorial dos bens obtém-se através do rácio do capital por


𝑲
trabalhador, ou seja, . Valores mais elevados indicam intensidade fatorial elevada
𝑳
em capital; valores mais baixos indicam intensidade fatorial elevada em trabalho.
𝐾 2
( 𝐿 ) 𝑣𝑒𝑠𝑡𝑢á𝑟𝑖𝑜 = = 0,33 logo o vestuário é relativamente intensivo em trabalho - Vestuário (L)
6

𝐾 4
( 𝐿 ) 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠 = 8 = 0,5 logo as máquinas são relativamente intensivas em capital - Máquinas (K)

Para vestuário, por cada trabalhador são necessárias 0,33 unidades de capital; para
máquinas, por cada trabalhador são necessárias 0,5 unidades de capital.

Em termos genéricos, dir-se-ia que X(K) e que Y(L).

Abundância fatorial e classificação dos países

• Critério físico – compara o rácio de capital por trabalhador nos dois países.

𝑲 𝑲
Se ( ) 𝑨 > ( ) 𝑩, então o país A é relativamente abundante em capital, ou seja,
𝑳 𝑳
A(K), e o país B é relativamente abundante em trabalho, ou seja, B(L).

• Critério económico – compara o preço do trabalho (w) e do capital (r) nos dois
países.

𝑾 𝑾
Se ( ) 𝑨 > ( ) 𝑩, ou seja, se o salário relativo em A for superior ao salário relativo
𝒓 𝒓
em B, A é relativamente abundante em capital – A(K) – e B é relativamente abundante
em trabalho – B(L). Isto pode ser deduzido porque, se em A os salários são mais altos

38
significa que há menos trabalhadores; se em B os salários são mais baixos significa
que há mais trabalhadores.

No âmbito do modelo de Heckscher-Ohlin, ambos os critérios conduzem aos


mesmos resultados.

Teorema de Heckscher-Ohlin

O país é competitivo na produção do bem que usa mais do fator no qual o país é
relativamente abundante (bem mais intensivo nesse fator) e deve especializar-se
nele.

Deste modo, se A(L) e X(L), então A deve produzir X, visto que tem vantagem
comparativa nesse bem – CO𝑥 𝐴 < CO𝑥 𝐵 – ou seja, consegue um preço relativo mais
𝑃𝑥 𝑃𝑥
baixo - (
𝑃𝑦
) 𝐴 < (𝑃𝑦) 𝐵; se B(K) e Y(K), então B deve produzir Y.

𝑊 𝑊
Para além disso, se A(L), A tem mais trabalhadores, logo ( ) 𝐴 < ( ) 𝐵 (salário
𝑟 𝑟
relativo é menor em A), logo A deve produzir X(L), visto que o a produção é mais
barata lá, conseguindo assim um preço relativo mais baixo. Assim, RTA 𝑦/1𝑥 𝐴 <
RTA 𝑦/1𝑥 𝐵 .

1.1. Teorema de Samuelson – se existir especialização, o que acontece à


remuneração dos fatores de produção?

𝑃𝑥 𝑃𝑥
Se (
𝑃𝑦
) 𝐴 < (𝑃𝑦) 𝐵 significa que o preço do bem X é relativamente mais baixo
em A do que em B. Assim, em livre comércio, os consumidores de B vão importar de
A, levando a um excesso de procura em A e um excesso de oferta em B. Por isso, o
preço em A aumenta e em B diminui, até se igualar nos dois países.

Para além disso, se o preço do bem X é inicialmente relativamente mais baixo em A,


𝑊 𝑊
tal significa que ( ) 𝐴 < ( ) 𝐵 . Assim, para aumentar a produção de X de forma
𝑟 𝑟
a exportar, o país A terá que contratar tanto trabalhadores como capital. Contudo,
uma vez que o bem X é intensivo em trabalho, o país A precisará de muitos mais
trabalhadores, levando a um excesso de procura de trabalhadores e a um
consequente aumento dos salários. Por seu lado, o país B voltar-se-á para a produção
de Y. Para aumentar a sua produção de forma a exportar, o país B terá que contratar
tanto trabalhadores como capital. Contudo, visto que Y é intensivo em capital, o país B
precisará de muito mais capital, levando a um excesso de procura de capital e a um
consequente aumento da sua remuneração, traduzindo-se numa diminuição relativa
dos salários face ao capital. Assim, os salários relativos em A aumentam e em B
diminuem até se igualarem.

39
Concluindo, no âmbito do modelo de Heckscher-Ohlin e segundo o Teorema de
Samuelson, em livre comércio os preços dos bens, os salários e o preço do capital são
iguais nos dois países (tanto em termos relativos como em termos absolutos).

Contudo, este teorema não se confirma na vida real, uma vez que as remunerações
dos fatores variam muito entre países (porque não existe a condição ceteris paribus,
igualdade de tecnologia, etc.). No entanto, as remunerações são muito mais próximas
entre países do que se não existisse comércio internacional.

1.2. Teorema de Stolper-Samuelson – qual o impacto do livre comércio na


repartição interna do rendimento? A verdade é que há agentes económicos
que ganham e outros que perdem.

Segundo o teorema Stolper-Samuelson, os agentes económicos abundantes no país


veem a sua remuneração real aumentar, enquanto os agentes económicos escassos
veem a sua remuneração real diminuir. Assim, se A(L) a remuneração real do trabalho
aumenta e a do capital diminui; se B(K) a remuneração real do capital aumenta e a do
trabalho diminui. Deste modo, apesar de a introdução de livre comércio beneficiar o
país como um todo, há sempre agentes económicos que saem prejudicados, daí
resultando a possibilidade do aparecimento de lobbies protecionistas.

Testes empíricos às teorias clássica e neoclássica – o seu objetivo era verificar


os modelos de Ricardo e de Heckscher-Ohlin (anos 50)

• Testes realizados ao modelo de Ricardo – há de facto relações entre vantagens


comparativas/diferentes produtividades e exportação; contudo, não há
especialização completa na realidade
• Teste de Leontief ao modelo de Heckscher-Ohlin – Leontief assume que os
EUA são um país relativamente abundante em capital, ou seja, EUA(K). Por isso,
para que o modelo se confirmasse, os EUA deveriam exportar bens intensivos
𝐾
em capital, ou seja, bens cujo fosse mais elevado, e importar bens intensivos
𝐿
em trabalho. Contudo, calculando o já referido rácio de capital por trabalhador
para as indústrias exportadoras e concorrentes das importações, Leontief
expôs o chamado Paradoxo de Leontief: nos EUA acontecia exatamente o
contrário do definido pelo modelo. Ou seja, os EUA(K) exportavam bens(L) e
importavam bens(K). Assim, o modelo de Heckscher-Ohlin não se aplica à
realidade, que é mais complexa do que o previsto nos pressupostos do
modelo (não é ceteris paribus):
▪ Há diferentes níveis de qualificação do trabalho
▪ Existem diferentes padrões de consumo e preferências dos
consumidores (enviesamento da procura)

40
▪ Existem tarifas e outras barreiras ao comércio, que introduzem
distorções nas importações e exportações
▪ Há mais do que dois fatores de produção, por exemplo, os recursos
naturais

As novas teorias dos determinantes das trocas


Na sequência dos testes empíricos, surgiram novas abordagens a partir dos anos 60.

Aperfeiçoamento das teorias clássica e neoclássica – a troca tem por base vantagens
comparativas:

• Teorias neo-fatoriais (diferenças nas dotações fatoriais)


• Teorias neo-tecnológicas (diferenças na tecnologia)

Tentativas de explicar as causas das crescentes trocas intra-ramo no pós II GM:

• Teoria de Linder (semelhança das procuras internas)


• Teoria do comércio internacional em concorrência imperfeita (economias de
escala internas)

1. Abordagem neo-fatorial – tentativa de melhorar o modelo de Heckscher-


Ohlin, assentando nas diferenças de dotações fatoriais mas introduzindo
outros fatores ou diferentes categorias de K e L (que já não são homogéneos).
Esta nova abordagem prevê duas linhas fundamentais de desenvolvimento: a
existência de fatores específicos a cada país (ex. recursos naturais e trabalho
qualificado) e o conceito de capital humano.
1.1. Existência de fatores específicos
• Os recursos naturais e o capital são fatores complementares
• Os EUA importam muito capital porque este está ligado à importação de
recursos naturais
• Há diferentes níveis de qualificação do fator trabalho – Keesing dividiu o
trabalho em oito categorias e comparou o conteúdo de trabalho das
exportações e importações dos EUA. Concluiu que os EUA, relativamente
abundantes em trabalho qualificado, exportavam bens intensivos em
trabalho qualificado. Por isso, o modelo de Heckscher-Ohlin funciona quando
consideramos mais fatores de produção ou diferentes categorias destes.
1.2. Capital humano (educação, formação e experiência acumulada por um
trabalhador ao longo da sua vida)
• O capital humano tem que ser criado investindo em educação; a possibilidade
de investimento em capital humano torna o trabalho num fator não
homogéneo, resultando em diferenças de produtividade

41
• O capital humano pode ser somado ao capital físico, sendo que as exportações
dos EUA(K) passariam a ser intensivas em capital – o modelo de Heckscher-
Ohlin funciona
• Por outro lado, o capital humano pode ser considerado um fator de produção
autónomo; assim, os EUA, relativamente abundantes em capital humano,
exportam bens intensivos em capital humano – o modelo de Heckscher-Ohlin
funciona

2. Abordagem neo-tecnológica – tentativa de melhorar o modelo de


Ricardo, assentando nas diferenças de tecnologia
• As vantagens comparativas são agora dinâmicas e temporárias – a difusão
do progresso técnico e a imitação farão com que o país perca a vantagem
comparativa inicial, sendo que é necessário procurar novas formas de
inovar
• A investigação e o desenvolvimento têm um papel fundamental na
aquisição e manutenção da vantagem comparativa
2.1. Teoria do desvio tecnológico de Posner
• Através da inovação, a empresa cria um monopólio temporário para si e
para o seu país
• À medida que o novo produto estabiliza no mercado doméstico, a empresa
inovadora procura explorar o mercado externo, iniciando exportações
• Eventualmente surgirão imitadores locais no mercado externo, levando a
que as importações sejam substituídas pela produção local
• Uma vez desaparecido o gap tecnológico entre a empresa inovadora e as
outras, a troca internacional do bem desaparece
• Assim, outras inovações deverão surgir para gerar nova vantagem
comparativa e troca internacional – a vantagem comparativa é dinâmica e
temporária

Assim, no modelo de Posner, o comércio internacional depende da existência de


dois lags temporais:

• Um atraso no consumo (consumption lag) – período de tempo entre o início


do consumo no país inovador e o início do consumo no exterior (mais curto)
• Um atraso na imitação (imitation lag) – período de tempo entre a primeira
produção no país inovador e a produção dos primeiros imitadores externos
(mais longo)

A troca internacional existe porque o atraso no consumo é mais curto do que o


atraso na imitação. Existe entre o início do consumo no exterior e o início da
produção no exterior.

42
2.2. Teoria do ciclo de vida do produto de Vernon – o ciclo de vida de alguns
produtos pode ser dividido em quatro fases: 1ª introdução (produto novo);
2ª crescimento (produto maduro); 3ª maturidade (produto
estandardizado); 4ª declínio. Isto tem implicações no comércio
internacional.

Para Vernon, os EUA são o país inovador e os países ocidentais são os primeiros
imitadores. Às diferentes fases do ciclo de vida do produto correspondem diferentes
fluxos de comércio internacional entre o país inovador e os seus parceiros
comerciais.

• Numa fase inicial, enquanto a procura aumenta rapidamente nos EUA, noutros
países desenvolvidos está limitada a grupos de maiores rendimentos, o que
não torna vantajoso às empresas nestes países iniciar a produção do novo
produto, mas torna necessário algumas exportações dos EUA
• À medida que o tempo passa, a procura por novos produtos cresce noutros
países desenvolvidos. Assim, torna-se vantajoso para produtores externos
começar a produzir para os seus mercados, levando a uma diminuição das
exportações dos EUA
• À medida que o mercado nos EUA e noutros países desenvolvidos atinge a
maturidade, o produto torna-se mais estandardizado e os preços tornam-se a
principal “arma” competitiva. Assim, as considerações de custos começam a
ter um papel crescente no processo competitivo. Produtores baseados em
países onde os custos do trabalho são mais baixos estão agora aptos a
exportar para os EUA (e para os restantes países mais desenvolvidos)

Esta teoria permite também explicar o paradoxo de Leontief. Os novos produtos


são intensivos em trabalho qualificado e os EUA são um país inovador, por isso, pode
prever-se que as exportações dos EUA são intensivas em trabalho qualificado.

3. Teoria da procura de Linder


Segundo esta teoria, a procura é o principal determinante da troca. Linder
procurava perceber as trocas intra-ramo, muito relevantes entre países desenvolvidos.

• A produção não é independente da procura: quanto maior a procura, mais


eficiente poderá ser a produção de um bem; as empresas produzem aquilo

43
que acreditam que o consumidor quer consumir, aquilo para que existe
procura suficiente
• Inicialmente, as empresas vendem os seus produtos no mercado interno, com
o qual estão mais familiarizadas, de forma a minimizar o risco. Quando o
produto é um sucesso, as empresas começam a exportar para mercados
semelhantes ao interno, de forma a minimizar o risco, porque aí as
preferências (e, por consequência, a procura) são semelhantes às internas. Por
isso, a existência de uma procura doméstica representativa é condição
necessária, mas não suficiente, para que um bem considerado seja
exportável.
• Países próximos/semelhantes tendem a ter rendimentos e níveis de
desenvolvimento semelhantes
• Uma vez que têm procuras semelhantes, também os produtos nos dois
países serão semelhantes, pois as empresas nacionais procuram agradar à
procura interna; por isso, os bens exportáveis de um serão também os bens
exportáveis do outro

Assim, quanto mais diferentes forem os países, mais predominará a troca inter-
ramo; quanto mais semelhantes forem os países, mais predominará a troca intra-
ramo. Para além disso, quanto mais semelhantes forem os países, maior será o volume
de trocas entre eles.

4. Economias de escala e concorrência imperfeita


Economias de escala – ocorrem quando o custo médio diminui à medida que a
produção/dimensão da empresa aumenta. Resultam da indivisibilidade dos fatores e
da divisão do trabalho, mais fácil de se conseguir em grandes empresas. Assim, as
grandes empresas têm vantagem sobre as pequenas, pelo que o número de empresas
tende a ser reduzido. Isto leva a que exista concorrência imperfeita (empresas são
price makers e podem vender mais se reduzirem o preço).

Tipos de estruturas de concorrência imperfeita

• Monopólio – uma única empresa domina o mercado


• Oligopólio – poucas empresas dominam o mercado
• Concorrência monopolística – há um número elevado de empresas; cada
empresa produz uma variedade do mesmo produto, logo os bens são
diferenciados; os consumidores não reagem a pequenas variações nos preços;
cada empresa toma o preço das outras como um dado, ou seja, supõe que as
outras não reagem ao seu preço e não reage ao delas

Um modelo de troca internacional em concorrência monopolística assume que a


procura inclui uma preferência pela variedade, daí a existência de troca internacional.

44
Assim, as trocas são intra-ramo (o mesmo produto mas variedades diferentes).
Cada país especializa-se em algumas variedades, uma vez que não possui recursos
para produzir todas, permitindo diminuir o custo médio e beneficiar de economias de
escala. A troca internacional gera ganhos para todos os países.

Modelo de Krugman
Pressupostos

• Há economias de escala
• Há concorrência monopolística
• Há preferência pela variedade
• A procura é idêntica para todas as variedades

Quanto maior o número de empresas na indústria, ceteris paribus, maior o custo


médio. Isto porque cada empresa produz menos, reduzindo os benefícios das
economias de escala. Para além disso, com o aumento da concorrência as empresas
são obrigadas a baixar os preços.

Assim, em equilíbrio o preço é igual ao custo médio, ou seja, não existe lucro
supranormal, uma vez que se este existisse mais empresas quereriam entrar no
mercado, levando à redução do aproveitamento das economias de escala. Por outro
lado, com prejuízo as empresas fecham, caminhando de novo no sentido do equilíbrio.

45
Em livre comércio, as empresas beneficiam de um mercado de maior dimensão,
podendo aproveitar ainda mais economias de escala, levando a uma diminuição do
custo médio. O preço diminui em ambos os países (uma vez que o custo médio
diminui) e o número de variedades disponíveis aumenta (uma vez que os
consumidores podem aceder a variedades produzidas em qualquer país). Deste modo,
uma vez que o nº de variedades aumenta e o preço diminui, todos os países são
beneficiados (ganhos nos termos de troca). Assim, justifica-se a existência de trocas
intra-ramo.

Comércio inter-ramo e intra-ramo

Economias de escala e vantagens comparativas (Modelo de Krugman +


Modelo de Heckscher-Ohlin)
Principal limitação do modelo de Krugman: não permite explicar o padrão da troca.
Combinando economias de escala com vantagens comparativas obtém-se um
resultado mais próximo da realidade.

Pressupostos

• Há dois países – A(K) e B(L)


• Há dois bens – X=bens manufacturados(K) e Y=bens alimentares(L)

Se não existirem economias de escala, utilizando o teorema de Heckscher-Ohlin,


chegar-se-ia à conclusão de que A exporta X, ou seja A(K), e B exporta Y, ou seja B(Y).

Contudo, se admitirmos que existem economias de escala no bem X e que este é


um bem diferenciado, a situação altera-se. B continua a produzir Y porque nada muda
e o teorema de Heckscher-Ohlin continua a aplicar-se. Contudo, no caso do bem X
aplica-se o modelo de Krugman, logo diferentes variedades de X serão produzidas
pelos dois países, A e B. Assim, A exporta uma variedade de X e importa Y e outra
variedade de X; B exporta Y e uma variedade de X e importa outra variedade de X.
Conclui-se, assim, que há trocas inter-ramo e trocas intra-ramo.

Principais diferenças entre os dois tipos de comércio:

• O comércio inter-ramo reflete a vantagem comparativa; o intra-ramo não


• O comércio inter-ramo é determinado pelas diferenças entre países; o intra-
ramo é imprevisível
• Quanto mais diferentes os países, maior a relevância do comércio inter-ramo;
quanto mais semelhantes os países, maior a relevância do comércio intra-ramo
• Quanto mais relevante o comércio inter-ramo, mais provável é o resultado do
teorema de Stolper-Samuelson

46
• Contudo, o impacto negativo da troca na remuneração do fator escasso pode
ser atenuado pelos ganhos decorrentes da troca intra-ramo (aumento das
variedades disponíveis e diminuição do preço)

Modelo do Diamante Competitivo de Porter – surge da necessidade de


explicar o sucesso de determinados países em determinadas indústrias.

Determinantes da vantagem nacional

1. Condições de fatores – presença de quatro tipos de fatores de produção e


capacidade de os renovar continuamente:
• Fatores físicos – recursos naturais e infraestruturas
• Fatores financeiros – montante, tipo e custo do capital disponível
• Fatores de conhecimento – conhecimentos técnicos e científicos
• Fatores humanos – quantidade, aptidões e custos da mão-de-obra

Faz-se ainda a distinção entre dois tipos de fatores:

• Fatores básicos – disponíveis imediatamente, tendo sido herdados


passivamente ou exigindo um modesto investimento (ex. recursos naturais,
clima, mão-de-obra não qualificada); podem oferecer uma vantagem inicial
mas devem ser apoiados em fatores avançados para manter o sucesso.
• Fatores avançados – escassos e valiosos, exigem elevados investimentos em
capital humano e físico (ex. infraestruturas modernas, mão-de-obra
qualificada); são cada vez mais importantes para o desenvolvimento dos
países.

2. Condições de procura – a existência de consumidores locais sofisticados e


atentos à qualidade incentiva a inovação, sendo especialmente valiosos se as
suas necessidades anteciparem ou mesmo definirem as dos outros países.
Assim, a dimensão do mercado doméstico não constitui um determinante
chave da vantagem competitiva.
3. Indústrias relacionadas e de suporte – a existência de fornecedores locais
fortes proporciona facilidade de acesso e fluxos de informação rápidos.
4. Estratégia, estrutura e rivalidade empresarial – a presença de rivais locais
capazes incentiva a inovação e o dinamismo empresarial, pressionando as
empresas para reduzir custos, melhorar a qualidade dos produtos, criar novos
produtos, etc.

47
Dois elementos exteriores, que condicionam mas não determinam a vantagem
competitiva:

• Acaso/sorte – refere-se a fatores que as empresas não controlam, mas que


condicionam o seu sucesso; modificam condições no diamante (ex.
modificações nas taxas de câmbio, guerras, choques petrolíferos, etc.)
• Governo – pode melhorar ou ser um obstáculo à vantagem competitiva,
dependendo da sua ação (ex. investimento na criação de fatores, intervenção
nas indústrias relacionadas e de suporte, política de concorrência, etc.)

Conclui-se, assim, que os países devem exportar bens de indústrias onde os quatro
componentes do diamante são favoráveis e importar bens de indústrias onde os
componentes do diamante são desfavoráveis.

48

Vous aimerez peut-être aussi