BOLETIM OPERÁRIO
Caxias do Sul, 06 de julho de 2019 | Edição nº 553
A Época
Rio de Janeiro
21 de novembro de 1912
Edição nº 114 – Ano I
Página 4
Telegramas
Espanha
Os funerais de Canalejas
Madrid, 20 – Realizaram-se hoje os funerais do
Senhor José Canelejas, Presidente do
Conselho de Ministros, assassinado pelo
anarquista Manoel Pardinas, no dia 12 do
corrente. A cerimônia teve grande imponência
e assistência, sendo presidida pelo Conde de
Ramoanones, novo presidente do conselho.
Entre os assistentes estavam o infante D.
Carlos, representando o Rei Affonso XIII e
todos os ministros.
Exéquias a Canelejas
Buenos Aires, 20 – Todo o comércio espanhol,
fechara amanhã as suas portas, durante a
celebração, na Catedral, das exéquias pela
alma do Senhor Canalejas. No próximo
domingo, será realizado o comício de protesto
contra o atentado de que foi vitima o mesmo
estadista espanhol, partindo os manifestantes,
da praça do congresso e desfilando pelas ruas
da cidade, até a legação da Espanha, onde
serão pronunciados diversos discursos.
A Época
Rio de Janeiro
22 de novembro de 1912
Edição nº 115 – Ano I
Página 4
Telegramas
Espanha
As solenes exéquias realizadas por alma do
inditoso ministro D. José Canalejas
Madrid, 21 – Na maioria das capitais das
províncias realizaram-se ontem
exéquias por alma do presidente do Conselho
de ministros, Sr. José Canalejas,
manifestações de protesto pelo atentado
anarquista que o vitimou. Anuncia-se que o
deputado Senante y Martinez interpelará o
governo a propósito daquele atentado.
Colhido por uma pilha de caixões
De um lamentável desastre foi ontem vitimado
o operário Francisco Delgado. No armazém nº
03 do Cais do Porto trabalhava ele, quando,
inesperadamente, caiu uma pilha de caixões,
alguns dos quais o pilharam, deixando-o
bastante ferido e contundido em diversas
partes do corpo. Delgado foi socorrido pela
Assistência Municipal e depois em estado
lisonjeiro, removido para o hospital
Misericórdia. Tomou conhecimento do fato a
polícia do 8º Distrito.
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A Época
Rio de Janeiro
22 de novembro de 1912
Edição nº 115 – Ano I
Página 4
Espancamento e morte
O inquérito aberto no 23º Distrito Policial para
apurar a responsabilidade de Aniceto José
Correa, como autor dos maus tratos infligidos
solenes a seu sobrinho Antônio Pinho Ribeiro, que veio
a falecer vítima do espancamento, vai correndo
e seus regulares termos, tendo sido já nele
ouvidas diversas testemunhas, entre as quais
Jorge Abrahão, Justina de Tal, Lucas de Tal,
José Correa e Glória Trilho, que fez bastante
carga ao acusado em seu depoimento. Este,
que se acha detido naquela delegacia, tem
procurado por todos os modos inocentar-se,
declarando que o menor Antônio morrera
naturalmente de moléstia do peito, pois era
muito fraco, acrescentando que ele tinha
acessos de febre, delírios, etc. O criminoso já
foi praça do Exército e da Brigada Policial,
porém desde que obteve a baixa desta
corporação, mudou-se para a travessa da
Estação em D. Clara, onde se fez proprietário
da da avenida onde se deu o crime. A sua amasia
está atualmente fora desta capital, por motivo
de moléstia. O cadáver do menor Antônio foi
ontem, no necrotério da polícia examinado
pelos médicos legistas Doutores Diógenes
Sampaio e Morethson Barbosa, que atestaram
como “causa mortis”, contusões graves,
fraturas das costelas e pleuro pneumonia
traumática. Como se vê, o resultado da
autopsia não deixa dúvidas a respeito da
barbaridade do espancamento.