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Resumo: O artigo tem como objetivo Abstract: The article has as objective to
efetuar a articulação entre o pensamento effect the joint the thought enters
político de Gilberto Freyre e sua politician of Gilbert Freyre and its
concepção de identidade nacional, conception of national identity, analyzing
analisando como esta concepção as such conception bases and explains
fundamenta e explica tal pensamento. such thought. It has as objective, still, to
Tem como objetivo, ainda, definir a define such conception, articulating it,
concepção, articulando-a, por sua vez, in turn, with the defense of the
com a defesa do regionalismo feita pelo regionalism made for the author. It is
autor. Propõe-se, enfim, a estudar estes considered, at last, to study such subjects
temas tomando como base o reconhe- taking as base the recognition of the
cimento do inegável conservadorismo de undeniable conservantism of Freyre, but
Freyre, mas não se limitando a reconhecê- if not limiting to recognize it and
lo e pesquisando suas raízes a partir da searching its roots from the vision that
visão que o autor tem do brasileiro e do the author has of the Brazilian and the
processo de formação nacional. process of national formation.
I
Para compreendermos como Gilberto Freyre discute a identidade
nacional, relacionando tal discussão com um debate sobre o poder no
Brasil e sobre a formação histórica brasileira e articulando, assim, história
e poder, partiremos de uma breve análise sobre a importância do
regionalismo em sua obra. Isto porque a formação de uma identidade
nacional deve tomar como base a valorização do regional. Desta forma
*
Doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); professor na Unifemm:
Centro Universitário de Sete Lagoas. E-mail: riclsouza@uol.com.br
II
A concepção freyriana de identidade nacional articula-se com o
processo de formação histórico que a fundamentou e embasa, seu
pensamento político. O brasileiro é antes individualista que cooperativo.
O exemplo, para o autor, é o futebol, esporte no qual o indivíduo se
destaca do grupo e preserva sua liberdade. Daí o modo brasileiro de
jogar, baseado no talento individual. Mas daí, também, uma necessidade
premente: “do que precisamos é de conciliar esse individualismo com a
disciplina, sem a qual o esforço de um grupo se degrada, afinal, em
histeria anárquica. (FREYRE, 1955).
Oliveira Viana (1973, p. 255) assim descreve a formação do Estado
brasileiro: “Não emana da própria sociedade. Dela não surge como uma
transformação do seu todo no tempo e no espaço. É uma espécie de
carapaça disforme, vinda de fora, importada”. E se, para ele, a ausência
do Estado e o predomínio da iniciativa privada tornaram inorgânica a
sociedade brasileira, Freyre, ao também constatar tal ausência, chega a
conclusões opostas, e o que é visto como eminentemente negativo em
uma perspectiva ganha contornos positivos em outra.
Ao traçar tal dicotomia, Costa (1992) acentua: