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Maringá
2017
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Maringá
2017
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
Lista de Figuras
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
2. METODOLOGIA ................................................................................................ 14
2.1 O projeto roda de choro: música brasileira na comunidade e suas ações ....... 16
3.4 A Roda de Choro e o Grupo de Estudo do projeto Roda de Choro: afinal, o que
tem de diferente? ................................................................................................... 25
APÊNDICE ................................................................................................................ 35
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INTRODUÇÃO
Essa peculiaridade, ou seja, essa forma de repensar o projeto por parte dos
idealizadores foi o que fez com que houvesse um redirecionamento em relação ao
foco desta pesquisa, que passou a ter como principal objetivo investigar o processo
de construção do conhecimento musical dentro de um grupo de estudo do gênero
choro, realizado semanalmente na Universidade Estadual de Maringá/PR.
A metodologia adotada foi inspirada no estudo de caso, com analise de
documento, observação dos encontros e entrevista com a coordenação do projeto.
O trabalho está organizado em três capítulos. Inicialmente apresento a
revisão de literatura referente ao tema, seguida do capítulo no qual busquei explicitar
os encaminhamentos metodológicos desta pesquisa. No terceiro capítulo apresento,
então, os resultados da pesquisa e, por ultimo, apresento minhas considerações
finais referentes ao estudo realizado.
1. REVISÃO DE LITERATURA
europeia, eram tocadas com instrumentos musicais vindos da Europa, porém, com
ritmos e sotaques africanos, que na verdade, eram diversos, pois os negros que
foram escravizados traziam consigo as características culturais de diferentes regiões
de seu continente (MUKUNA, 2000).
Com o passar do tempo, o ritmo europeu, influenciado pela forma de dançar
dos negros, e pela necessidade de adequação da música aos passos da dança,
passa a ser sincopado. Segundo Sodré (1998, p. 11), “o corpo exigido pela síncopa
do samba é aquele mesmo que a escravatura procurava violentar e reprimir
culturalmente na história brasileira: o corpo do negro.” A síncopa foi introduzida,
portanto, não só pela maneira de tocar, mas pelas danças dos negros.
A partir dessas misturas de ritmos e da forma sincopada de se tocar, no Rio
de Janeiro, por volta de 1870, consolidou-se o ritmo do maxixe, tocado em bailes e
festas populares da pequena classe média urbana que emergia. Nesse período
caracterizava-se a formação instrumental do choro, a princípio com dois violões,
cavaco e flauta (TINHORÃO, s/d). O pandeiro viria a ser introduzido no final do
século.
Não é pretensão deste trabalho o aprofundamento sobre a história do choro,
pois isso já vem sendo feito por autores como: VERZONI, 2000; CABRAL, 2007,
FERREIRA, 2009; BESSA, 2010; ARAGÃO, 2011; entre outros. A intenção aqui é
situar o leitor para que este possa compreender os processos expressivos que
fazem parte dessa manifestação popular, relacionados à aprendizagem que ocorre
na roda de choro. É importante ressaltar que há pesquisas que abordam aspectos
do gênero que vão para além do conceito histórico e que contribuíram para o
embasamento técnico deste trabalho, dentre os quais podemos citar as que versam
sobre os seguintes assuntos relacionados: o estudo dos compositores e intérpretes
(SARMENTO, 2005; BESSA, 2007; CABRAL, 2007; BORGES, 2008; DELNERI,
2009; GEUS, 2009; PAZ, 1997 entre outras), as relações no ambiente em que
acontecem as rodas de choro (GREIF, 2007; BITTAR, 2010, entre outros), análise
da produção musical (KORMAN, 2004; ALMADA, 2006; BASTOS, 2008; GEUS,
2009; entre outras), e por fim, os autores cujas obras vão ao encontro da proposta
do presente trabalho, que é o ensino-aprendizagem no choro, resguardado é claro, o
âmbito em que a pesquisa ocorre, a saber, um grupo de estudo do gênero. Os
autores são: SANDRONI, 2000; GREIF, 2007; TEIXEIRA, 2008; LARA FILHO, 2008;
BITTAR, 2010; SOUZA, 2012; FIORUSSI, 2012.
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É um dos elementos mais importantes do choro, pois é nela que o gênero foi
forjado. A roda de choro pode ser definida também, como uma reunião de músicos e
apreciadores do gênero, que tem como ponto alto a performance e a improvisação
no repertório específico do gênero. De acordo com Moraes (2011),
sujeito possui, seus títulos, pouco importam, o que garantirá sua respeitabilidade
dentro da Roda, será sua performance e sua demonstração de criatividade.
[...] embora seja um ritual, cada roda é única e não pode ser repetida.
Seu código se funda na família, na amizade, na lealdade, na pessoa
e no compadrio. Como em qualquer ritual, a Roda preserva e atualiza
o que está em sua origem. Ela é antes de tudo um evento festivo de
caráter plural, familiar; um espaço mítico resultante da dialética entre
o cotidiano e a utopia; ela instaura a ilusão da eternidade (MOURA,
2004, p. 23).
aprender algo juntas. De acordo com o mesmo autor, esse conceito geral pode ser
interpretado de várias maneiras:
2. METODOLOGIA
O grupo de estudo foi formado como uma das ações propostas pelo projeto
“Roda de Choro: Música Brasileira na Comunidade”, sendo que a sua manutenção
tornou-se a principal ação desenvolvida por este em 2017. O grupo funciona as
segundas-feiras das 18h30 às 20h30 e é aberto a toda a comunidade.
Nas observações realizadas foi possível constatar que a dinâmica deste
trabalho está fundamentada na organização da Roda de Choro, ou seja, uma prática
musical pautada na liberdade de participação e aprendizagem colaborativa.
Participam do projeto pessoas com formação musical distinta. Alguns com
maior experiência e desempenho mais avançado no seu instrumento. Outros, com
menor experiência ou, por vezes, com nenhum contato anterior com o instrumento
que decide tocar na Roda. Porém, mesmo com níveis musicais por vezes muito
dispares, o estímulo à colaboração e a solidariedade entre os participantes é uma
constante no projeto, fazendo com que todos se sintam responsáveis pelo coletivo
musical.
Assim, pode-se afirmar que os participantes conhecem e respeitam as
limitações uns dos outros, sabem ouvir e perceber isso, não como um empecilho,
mas como um ponto de partida para a aprendizagem colaborativa. Que para Gabriel
(2016),
Desta forma, quando uma música é escolhida pelo grupo para ser inserida no
repertório, faz-se necessário que o integrante a ouça e assim, tem a oportunidade
aprender sobre dinâmica, fraseados característicos, estilo de harmonizações vocais
e instrumentais característicos da maneira de compor de um determinado
compositor, de uma época, assimilando as nuance do gênero musical.
No âmbito da educação musical, fundamentada sobre o tripé: apreciação,
exploração e performance, a escuta consciente é aquela que faz com que alguém
seja capaz de identificar diferenças entre um gênero musical e outro, entre um
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padrão rítmico e outro, começa pela a apreciação musical, que somada aos dois
elementos formadores do tripé, resultarão uma aprendizagem musical mais
aprofundada.
fluência de uma Roda de Choro tradicional, pois esta, como já foi dito, conta com
músicos com anos de experiência e nível técnico elevado.
Nas reuniões do grupo, é natural que aconteça práticas musicais, na qual está
tocando três pandeiros, o que não é usual numa Roda de Choro tradicional. Sendo
assim, quem observa isso com o olhar do tradicionalismo, pode não ver sentido
algum. Porém, a ideia do projeto é oportunizar essa dinâmica, ou melhor, que seus
participantes tragam seus instrumentos, independente se vai coincidir de haver
outros que tocam os mesmos instrumentos, ou não, mas, que tragam também suas
ideias, composições e que participem de todo o processo que acontece nesse
espaço.
Em relação à organização dos encontros, não há chamadas, ou melhor,
controle de presenças ou faltas. Sendo assim, um olhar desatento, pode presumir
que não há organização, pelo fato de não haver cobranças. Segundo a
coordenadora, “a organização do projeto visa promover, dentre outras coisas, a
autonomia do ser e o senso de responsabilidade”, definindo seu papel no projeto
como de uma gerenciadora que participa trazendo novos elementos, porém, sempre
oportunizando que os integrantes participem de tudo o que for abordado em cada
encontro. Este pensamento está alinhado ao conceito abordado por Glasersfeld
(1996), que alega, “a aprendizagem é uma atividade construtiva que os próprios
alunos têm de realizar.” Deste ponto de vista, a tarefa do educador não é de
dispensar o conhecimento, mas sim de proporcionar aos alunos oportunidades e
incentivos para construir. A coordenadora do projeto, que no grupo de estudos,
desempenha um papel de facilitadora, gerenciadora, contrapondo a figura de um
coordenador centralizador, destaca o processo colaborativo, não apenas do ponto
da vista da aprendizagem musical, mas da construção da autonomia do indivíduo,
vindo ao encontro de um dos princípios de construção do conhecimento defendidos
por Paulo Freire (1996), que afirma:
O mesmo autor, Freire (1996, p. 61) coloca que “ensinar exige respeito à
autonomia do ser do educando”. Para ele, a autonomia se desenvolve através do
exercício da liberdade com responsabilidade. Sendo assim, está descartada
qualquer imposição autoritária, pois é através do exercício da liberdade que o
indivíduo forma seu caráter, sua identidade. Ainda, de acordo com a coordenadora
(Veber, 2017), “é preciso exercitar essas duas coisas: responsabilidade e
autonomia, porque se associarmos responsabilidade à cobrança, não haverá
contribuição alguma na mudança do ser.” Sendo assim, o participante precisa se
sentir responsável e isto não pode estar relacionado a um controle de presenças e
faltas. Pois do contrário, não haveria acréscimo algum ao grupo, se alguém não
pudesse participar da prática por haver faltado. Isso é claro, consideradas as
particularidades deste projeto. De acordo com Júnior (2012)
Como resultado da análise das observações, é possível concluir que a
dinâmica do grupo de estudos é conduzida tendo em vista ações que promovam a
aprendizagem musical colaborativa e o desenvolvimento da autonomia do indivíduo,
tendo como principal objetivo o estudo do repertório e o tocar junto, abrindo ponto de
encontro para interessados, sejam eles músicos, ou pessoas da comunidade que
queiram conhecer o projeto.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
como sendo coletiva, mas sim colaborativa. A própria configuração de Roda mantida
nos encontros, que forma uma meia-lua, possibilita que seus participantes aprendam
observando e interagindo com outros, demonstrando que não há um líder
centralizando a prática musical.
Pelo fato da prática musical ser pautada na liberdade de participação e na
aprendizagem colaborativa, esta promove a autonomia e a responsabilidade em
relação a tudo o que é vivenciado no espaço no qual os encontros acontecem.
O autor da pesquisa compreende que trabalhar a autonomia no mundo atual é
essencial, pois a escola regular (por onde todos passam), muitas vezes por conta
das regras e imposições, condiciona o indivíduo a ser de uma maneira que nem
sempre seria condizente com a sua essência se a sua autonomia fosse trabalhada
desde o início, ou amadurecida, pois o mesmo, não adentra os recintos de uma
escola desprovido de alguma autonomia. Sendo assim, há um condicionamento a
um formato de educação que faz com que este indivíduo só consiga realizar uma
atividade se houver cobranças, e, consequentemente, só veja recompensas quando
lhe é atribuído alguma nota pelo o que foi realizado, não compreendendo a
construção do seu conhecimento como a verdadeira recompensa.
Considerando as observações efetuadas, é possível afirmar que as ações
desenvolvidas no grupo de estudo e o fio condutor da pedagogia ali praticada,
caminham na direção de promover a aprendizagem musical, se fundamentando,
como já foi dito, no formato da Roda de Choro, oportunizando que seus participantes
tenham acesso ao repertório do gênero e aprendam dele, e, por meio dele, possam
conhecer suas técnicas características, suas formas de interpretação, e desta forma,
fomentar o desenvolvimento da autonomia do ser.
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REFERÊNCIAS:
CAZES, Henrique. Choro do quintal ao Municipal. São Paulo: Ed. 34, 1998.
APÊNDICE
Roteiro de Observação:
1- Espaço físico:
2- Público alvo do projeto:
3- Relação entre coordenação e participantes:
4- Ingresso de novos participantes:
5- Metodologia dos encontros:
6- Perfil dos participantes:
7- Envolvimento dos participantes:
8- Abordagem pedagógica:
9- Interação entre os participantes e resolução de problemas:
10- Estratégias abordadas nos encontros que promovem a aprendizagem
musical: