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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 1988 Editora Árvore da Vida

Título do original em inglês:


Life-Study of Genesis

ISBN 85-7304-218-4

3ª Edição — Março/2005 — 5.000 exemplares

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

Editora Árvore da Vida


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Tel.: (11) 5071-8879 — São Paulo — SP — Brasil
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E-mail: editora@arvoredavida.org.br

Impresso no Brasil

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2 a


Edição, e Versão Restauração (Evangelhos), salvo quando indicado pelas abreviações:
BJ— Bíblia de Jerusalém
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
KJV – King James Version
NVI — Nova Versão Internacional
TB — Tradução Brasileira
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
MENSAGEM NOVENTA

SENDO TRANSFORMADO (10)


Após permanecer em Betel por muito tempo,
Jacó saiu de lá (35:16). Aparentemente, essa viagem
para longe de Betel não foi uma atitude positiva, mas
ela não significa que Jacó tenha deixado a casa de
Deus; revela que ele estava prosseguindo em sua
experiência espiritual. Embora tivesse chegado a
Betel, lá permanecendo e fazendo certas coisas, ele
ainda precisava prosseguir.
Vimos que Gênesis é um livro de sementes e
figuras. Precisamos entender o significado de todas
essas sementes e figuras. A figura de Abraão, Isaque e
Jacó é um retrato de nossa vida espiritual. A
experiência desses três homens é uma figura da vida
espiritual de uma pessoa que segue o Senhor.

(6) TRATAMENTOS MAIS PROFUNDOS E


MAIS PESSOAIS

(a) A Morte de Raquel


Enquanto estava longe de Betel, Jacó
experimentou um tratamento muito profundo e
pessoal: a sua amada esposa, Raquel, morreu ao dar
à luz o seu último filho, Benjamim (35:16-20). Tal
experiência é um assunto que se relaciona tanto com
a morte quanto com o nascimento, uma questão
tanto de perda quanto de ganho. Jacó perdeu Raquel
e ganhou Benjamim. Se precisasse escolher, você
preferiria manter a mãe ou ganhar o filho? O
conceito cristão popular seria ter tanto a mãe como o
filho. Entretanto, na economia divina, se você quiser
ganhar o último filho, precisa deixar que a mãe se vá.
Sem perda não pode haver ganho, e sem morte não
pode haver nascimento. Este provém da morte,
porque fora da morte, não há ressurreição. Se Raquel
não tivesse morrido, Benjamim jamais viria à luz.
Raquel representa a escolha natural de Jacó.
Embora tivesse quatro esposas, somente ela era a sua
escolha natural e original, de acordo com o desejo do
seu coração. Ele foi forçado a aceitar Lia, e também
foi constrangido a tomar as duas servas, Bila e Zilpa.
Mas Lia e as duas servas não eram a escolha do seu
coração. Se você ler Gênesis cuidadosamente, verá
que o coração dele estava totalmente posto em
Raquel; ele não tinha coração para as outras três.
Lembre-se do que ele fez ao temer um ataque de
Esaú e seus homens: colocou as duas servas e seus
filhos à frente, seguidos de Lia e seus filhos no meio,
e, por últimos, Raquel e José na retaguarda (33:1-2).
O fato de haver colocado Raquel e José na retaguarda,
para protegê-los em caso de ataque, revela que o seu
coração estava colocado em Raquel.
Tudo na Bíblia tem um objetivo. A morte de
Raquel é registrada aqui no capítulo 35 com um
propósito definido. Enquanto seguia em sua jornada,
Jacó deve ter ficado alegre por saber que Raquel
estava novamente grávida. Talvez esperasse que sua
amada esposa lhe desse outro menino. Mas, ao dar à
luz o seu segundo filho, Raquel morreu, e a escolha
natural de Jacó, o desejo do seu coração, foi levada
embora.
Antes da experiência de Betel, Deus tolerou-lhe a
escolha natural, permitindo-lhe ter o desejo do seu
coração. Mas após a experiência de Betel, sua escolha
natural foi levada. Muitos de nós podem testificar
que, antes de experimentarmos a vida da igreja,
ainda tínhamos o nosso conceito, escolha e desejo
naturais. Deus até concedeu Sua bênção sobre eles.
Veja, por exemplo, o nascimento do primeiro filho de
Raquel: José. Quando nasceu, Jacó ficou muito feliz,
e deve ter dito: “Isto é a bênção de Deus sobre o
desejo do meu coração. Deus abençoou a minha
escolha”. Todavia, após a sua experiência de Betel,
ele perdeu sua escolha natural.
Depois de você experimentar a vida da igreja, a
sua escolha natural deve ser deixada para trás. Antes
de vir para a igreja, você ainda tinha sua escolha
natural, e Deus a tolerou. Mas após experimentar a
vida da igreja até certo ponto, Deus não mais a
tolerará. Espero que isso não amedronte os jovens
nem os leve a abandonar a experiência em Betel. Ao
ouvirem isso, alguns poderão dizer: “Se isso
acontecer, jamais virei a Betel. Pelo contrário, ficarei
do outro lado de Betel e não continuarei adiante.
Assim não perderei a minha escolha natural”. Sim,
depois de ter alguma experiência em Betel, você
perderá a sua escolha natural, mas ganhará
Benjamim, que é um tipo de Cristo.

1) Gerou Cristo como o Filho da Dor (Benoni)


e como o Filho da Destra (Benjamim)
Gênesis 35:18 diz: “Ao sair-lhe a alma (porque
morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai lhe
chamou Benjamim”. Essa criança recebeu dois
nomes, um de sua mãe e um de seu pai. Benoni
significa “filho da dor”. Raquel deu-lhe esse nome
porque estava sofrendo e em dor. Mas Jacó
imediatamente lhe mudou o nome para Benjamim,
que significa “filho da destra”. Em todo este universo
há somente Um que é tanto “Filho da dor” como
“Filho da destra”-Cristo. Por um lado, Ele é Benoni; e,
por outro, é Benjamim. Cristo é uma Pessoa
maravilhosa com esses dois aspectos. Ninguém
sofreu tanta dor quanto Ele, e ninguém foi tão
exaltado como Ele. Isaías 53:3 descreve-O como um
“homem de dores”. Atos 2:33 diz que Ele estava
“exaltado à destra de Deus”; e Hebreus 1:3 mostra-O
sentado “à direita da Majestade nas alturas”.
Primeiramente, Jesus foi o Filho da dor, o Filho do
sofrimento. Raquel não foi a única a experimentar
essa dor; Maria, a mãe de Cristo, também a
experimentou. De acordo com Lucas 2:35, a sua alma
foi ferida pelos sofrimentos do filho. Mas depois de
trinta e três anos e meio, em ressurreição e ascensão,
Ele se tomou o Filho da destra de Deus. Então
ninguém pode negar que Benjarnim foi um tipo do
Cristo que sofreu e foi exaltado.
Suponha que você fosse Jacó. Estaria disposto a
ganhar esse Cristo à custa de perder o desejo de seu
coração? Ao ficar na igreja, experimentar Betel, erigir
uma coluna e derramar-se sobre ela como libação,
você não terá escolha. Raquel precisou morrer para
que Benjamim pudesse nascer. Aleluia! Raquel se foi,
e Benjarnim veio!
Há mais de cinqüenta anos, ouvi mensagens e li
livros referentes ao expressar Cristo e ao manifestá-
Lo, mas fiquei aborrecido com o fato de não saber
como exaltar ou manifestar Cristo. Por muitos anos,
não fui capaz de descobrir a maneira. Alguns
disseram que, para expressá-Lo, precisamos ser
crucificados. Mas como pode uma pessoa crucificar a
si mesma? É impossível a qualquer um pregar-se na
cruz. Aprendi, por fim, que a maneira de exaltar e
manifestar Cristo é na vida da igreja. Por meio da
vida da igreja, “Raquel” dará à luz de uma forma
maravilhosa e encorajadora, morrendo para que o
Cristo maravilhoso possa nascer. Tentei de todas as
maneiras exaltar e manifestar Cristo, e posso
testificar categoricamente que nenhuma delas foi
eficaz. Entretanto, depois de vir para a igreja e nela
permanecer por algum tempo, minha “Raquel”,
minha escolha natural, foi levada embora, e
Benjamim foi gerado. O registro bíblico referente à
morte de Raquel e ao nascimento de. Benjamim é,
sem dúvida, admirável. Que registro maravilhoso!
Por que não veio a morte de Raquel antes da
experiência de Jacó em Betel? Certamente tudo
estava de acordo com a soberania de Deus. Pela
soberania de Deus, . a morte de Raquel ocorreu logo
após a experiência maravilhosa de Jacó em Betel. No
versículo 16 Jacó devia estar cheio de alegria por sua
experiência em Betel. Também orou ansiosamente
pelo nascimento de outro filho da sua amada esposa,
Raquel. Mas, ao nascer o filho de Raquel, estava
morrendo a escolha natural de Jacó. Embora ela
tenha dado ao seu segundo filho o nome de Benoni,
um nome de dor, Jacó imediatamente mudou-o para
Benjamim um nome de encorajamento. O fato de
haver mudado o nome do filho prova que Jacó não
ficou desapontado ou desencorajado com a perda de
Raquel. Ao invés de desalentado, ele ficou cheio de
certeza, fé e esperança. Ele parecia dizer: “Não, o seu
nome tem de ser Benjamim. Ele não é o filho da dor-
é o filho da destra”. Que fé e esperança tinha Jacó!
Todavia, se isso houvesse ocorrido anteriormente à
sua experiência em Betel, ele teria dito: “Amém, o seu
nome deve ser Benoni porque é filho da dor.
Realmente, esta experiência é penosa”.
Porém, depois da sua experiência em Betel, ele
era uma pessoa transformada. O versículo 21 o
mostra realmente transformado: “Então partiu Israel
e armou a sua tenda além da torre de Eder”. Neste
trecho, após a morte de Raquel e o nascimento de
Benjamim, ele é realmente chamado de Israel pela
primeira vez. Nao lemos que Jacó partiu, mas Israel
partiu. Naquela época, Jacó tomou-se uma pessoa
transformada. Antes disso, o seu nome fora mudado
de Jacó para Israel (32:27-28; 35:10), mas ele, na
verdade, jamais fora chamado por esse seu novo
nome.

2) Raquel Gerou José, um Nazireu, um Tipo


de Cristo
Jacó teve doze filhos: seis, incluindo Levi com o
sacerdócio e Judá com a realeza, nasceram de Lia;
dois, José e Benjamim, nasceram de Raquel; dois, Dã,
o pior, e Naftali, um dos melhores, nasceram de Bila;
e dois outros, Gade e Aser, nasceram de Zilpa (Gn
35:22-26). Benjamim e José, os dois filhos de Raquel,
são ambos tipos de Cristo. Embora José nascesse
primeiro, em tipologia ele é a continuação de
Benjamim. A narrativa do nascimento de José não o
indica como sendo um tipo de Cristo. Mas, como
vimos, o nascimento de Benjamim claramente o
revela como um tipo de Cristo. Benjamim, o filho da
dor e o filho da destra, é continuado por José. Do
capítulo 37 até o final do livro de Gênesis temos o
registro da vida de José. Este, um nazireu, alguém
separado para Deus, é, sem dúvida, um tipo de Cristo
(49:26, “distinguido”, “separado”, em hebraico é “o
nazireu” ).
José tipificava Cristo tanto como o Filho da dor
quanto como o Filho da destra. Depois de seu
sofrimento e exaltação, ele sentou-se ao lado de
Faraó, no trono. Quando chegarmos ao seu registro,
perceberemos que, em todos os aspectos, ele é um
tipo de Cristo. Por agora, basta um exemplo para
ilustrar isso. Quando estava na prisão, José teve dois
companheiros (Gn 40:1-4). Mais tarde, um desses
companheiros foi salvo, e o outro pereceu (40:20-22).
Na cruz, o Senhor Jesus estava acompanhado por
dois ladrões, um dos quais foi salvo, e o outro se
perdeu (Lc 23:32-33, 39-43). Quão maravilhosa é
essa tipologia! Na primeira parte de sua vida, José
sofreu como o filho da dor. Na segunda parte, foi
exaltado para ser o filho da destra. Foi elevado ao
trono, à direita de Faraó, e recebeu poder para
ministrar suprimento de vida a todos os povos.
Todavia, como já enfatizamos, em tipologia, José é a
continuação de Benjamim, o filho da dor que se
tomou o filho da destra. Benjamim e José nasceram
de Raquel, a escolha natural de Jacó. De acordo com
a determinação de Deus, as coisas naturais não são
erradas. Deus determinou que nos casássemos.
Embora seja natural, a vida conjugal é determinada
por Deus. Jamais diga que as coisas naturais não são
boas. Se disser isso, você então deverá parar de
comer, pois comer é uma necessidade natural
determinada por Deus. Os jovens freqüentemente
dizem: “Por que nos preocuparmos com comida e
vestes? E por que dormir? Se Deus nos houvesse
criado sem a necessidade de comer, vestir e dormir, a
vida seria maravilhosa. Além disso, quem gosta de
ficar em frente de um fogão quente ou lavar pratos?
Como seria bom se não fôssemos molestados por tais
coisas. Gostaria de poder existir sem todas essas
necessidades”. Deus, porém, determinou o
casamento, o comer, o dormir e o vestir-se. Embora
sejam naturais, essas coisas foram determinadas por
Deus.
Como todos os homens, Jacó precisava de uma
esposa. Quando chegou ao lar do seu tio Labão, em
Padã-Arã, a primeira pessoa que encontrou foi
Raquel (29:9-11), e ela imediatamente se tomou a sua
escolha. É claro que isso foi soberanamente
preparado por Deus. Quando olhou para Raquel, ele
deve ter dito: “Esta é a minha escolha”. Amava
Raquel e por ela concordou em servir Labão sete
anos (29:18-20). Deus foi soberano ao levá-lo a
encontrar-se primeiramente com Raquel, e também
foi soberano ao permitir que Labão lhe aplicasse um
truque. Embora Labão lhe houvesse prometido
Raquel, na hora do casamento lhe deu Lia (29:21-25).
A trapaça de Labão impediu que Jacó tivesse a sua
escolha. Este então fez um negócio com o tio,
servindo-o outros sete anos por Raquel. Para ter a
sua escolha, ele estava disposto a sofrer isso.
Enquanto trabalhava todos aqueles anos por Raquel,
toda vez que a via, ele possivelmente a desejava, mas
não podia tê-la. Embora nenhum de nós pudesse ter
sido tão paciente, Jacó resignadamente esperou todo
esse tempo e, por fim, Raquel lhe foi dada.
Este registro é cheio de significado espiritual.
Deus determinou que tivéssemos a nossa escolha
natural, mas sob a Sua soberania devemos ser
impedidos de tê-la por algum tempo. Por um lado,
Jacó foi impedido de tê-la; por outro, foi-lhe
permitido tê-la. Isso significa que, embora tenha
determinado algo para nós, Deus não nos permitirá
tê-lo de acordo com a nossa maneira e hora. Sem
dúvida, Raquel lhe foi preparada por Deus. Mas Este
não lhe permitiu tê-la de acordo com sua maneira e
hora. Jacó a queria imediatamente. Depois de
finalmente tê-la, ele certamente queria mantê-la
consigo pelo resto de sua vida. Todavia, a certa altura,
Deus pareceu dizer: “Jacó, tirarei Raquel de você”.
Não falo isso em vão. Pela minha experiência, sei que
isso é verdade.
Deus determinou que tivéssemos a nossa escolha
natural, mas não de acordo com a nossa maneira e
hora. Você pode tentar compreender por que Ele nos
molesta assim. O Seu único propósito em fazer isso é
gerar Cristo. Ele determinou que você tenha uma
esposa, mas não consentirá que a tenha à sua
maneira e hora. O Seu propósito não é fazê-lo sofrer.
Ele não é cruel. O Seu propósito é gerar Cristo. Deus
também determinou que você comesse, mas não que
comesse à sua maneira. Até nisso o propósito de
Deus é gerar Cristo.
Alguns de vocês sabem que gosto muito de
sobremesa, principalmente sorvete. Mas Deus
soberanamente colocou-me sob a mão controladora
de minha querida esposa. Quando vou tomar sorvete,
não o faço de acordo com a minha maneira e hora.
Minha esposa pode testificar que muitas vezes desejo
tomar sorvete ao meio-dia, mas ela me diz que espere
até o jantar. Com isso aprendi a lição de não ter a
minha escolha natural à minha maneira e hora, mas
de acordo com a maneira e a hora Dele. O Seu
propósito nisso não é fazer-nos sofrer; é gerar Cristo.
Toda vez que minha querida esposa me diz que
espere até a hora do jantar para tomar sorvete,
simplesmente volto ao meu estudo. Jamais discuto
com ela a esse respeito. Esse exemplo da minha
experiência ilustra o princípio.
Suponha que, por ser eu homem e ter força para
lutar, eu diga à minha esposa: “Esta é a minha casa,
esta é a minha família e você é minha esposa. Sirva-
me sorvete já! Recuso-me a esperar até a hora do
jantar! “ Se eu vivesse assim, não haveria o gerar de
Cristo. Não haveria Benjamim nem José.
Recentemente, encorajei os jovens a obter a mais
aprimorada educação. Muitos agora têm esse desejo.
Sei de alguns, que amam ao Senhor, que, já há muito
tempo, haviam decidido obter uma boa educação.
Embora a tenham obtido, não a conseguiram de
acordo com a sua maneira e hora, mas segundo a
maneira e a hora de Deus. Aparentemente, isso lhes
causou algum sofrimento. Mas o propósito de Deus
não é causar sofrimento-é gerar Cristo, gerar
Benjamim e José.
Todos precisamos aprender que não estamos em
nossas próprias mãos. Pelo contrário, estamos nas
mãos do Senhor. Uma vez que somos os Seus
escolhidos e O amamos, estamos em Suas mãos. Ele
nos conduzirá a Betel, e permaneceremos ali debaixo
de Sua mão. Mais cedo ou mais tarde prosseguiremos
a viagem e, na Sua hora, a Sua mão levará embora o
nosso desejo, a nossa escolha, para que Benjamim
possa ser gerado.
A conclusão do livro de Gênesis se dá com José
no trono, tendo poder e autoridade para ministrar o
suprimento de vida a todos os povos. Tal resultado
procede diretamente da experiência de Jacó com
Raquel. Sem tal experiência, nem Benjamim, nem
José poderiam ter vindo à existência. Repito, a
consumação de todo o livro de Gênesis provém do
relacionamento de Jacó com Raquel. A experiência
correta dos dois significa que a nossa escolha natural,
determinada por Deus, não nos é dada de acordo
com a nossa maneira e hora, mas segundo a maneira
e hora de Deus. Seja qual for a nossa escolha-
referente ao casamento, ao comer ou ao vestir-tudo
será dado à maneira e hora de Deus. Mesmo quando
se veste, você precisa dizer: “Senhor, qual é a Tua
maneira? Qual é a Tua hora? “ Jovens, todas as suas
necessidades diárias foram determinadas por Deus.
Mas não esperem obter coisa alguma segundo a sua
maneira e hora. Se vocês quiserem ser usados por
Deus para gerar Cristo, as suas necessidades devem
ser satisfeitas, não de acordo com a sua maneira e
hora, mas de acordo com a maneira e hora de Deus.
A Bíblia não diz que Jacó tenha pranteado após a
morte de Raquel. Ele estava claro de que a perda da
esposa estava sob a mão soberana de Deus. Ao invés
de desapontado, ele ficou grandemente encorajado,
mudando imediatamente o nome de seu filho de
“filho da dor” para “filho da destra”. Neste ponto ele
não foi fraco, mas muito forte, sabendo que a morte
de Raquel provinha de Deus. Isso é confirmado pelo
fato de o Espírito Santo chamá-lo de Israel no
versículo 2l. Isso comprova que ele estava totalmente
transformado.
Antes do capítulo 35, Jacó passou por muitos
tratamentos, principalmente durante os seus vinte
anos com Labão. Mas tais tratamentos não foram tão
profundos e pessoais como a perda de sua querida
esposa. Esse tratamento foi profundo e pessoal, e
tocou as próprias profundezas do seu ser. Depois de
conhecer a vida da igreja até determinado ponto,
você também terá tal experiência. Algo ocorrerá que
o haverá de tocar, não superficial, mas
profundamente. A escolha do seu coração será levada
embora, de modo que você possa gerar Cristo como
Benjamim e José. Graças ao Senhor por essa figura
clara e por essa palavra. Creio que muitos de nós
precisamos desta mensagem exatamente nesta hora.

(b) A Violação da Concubina de Jacó (Serva


de Raquel) Acarretou Mudança no Direito de
Primogenitura
A perda de Raquel não foi o único acontecimento
penoso ocorrido a Jacó ao partir de Betel. Outro
golpe profundo foi a violação da sua concubina por
Rúben (Gn 35:22). Essa também foi uma experiência
para tocar e quebrar-lhe o coração. O versículo 22
contém palavras bastante significativas: “E Israel o
soube”. Você pode ficar imaginando como tal ato
imoral poderia acontecer naquela família piedosa.
Entretanto, isso aconteceu.
A violação da concubina de Jacó por Rúben fez
com que o direito de primogenitura fosse mudado (1
Cr 5:1-2; Gn 48:22). Rúben, nascido de Lia, era o
primogênito. Na realidade e na prática, como
primeiro filho, era ele quem deveria herdar o direito
de primogenitura. Mas por haver violado a concubina
de Jacó, perdeu seu direito de primogenitura, e este
foi dado a José.
Após ter sido totalmente tratado o
relacionamento entre Jacó e Raquel, a um dos filhos
desta foi dado o direito de primogenitura. Isso é
muito significativo. Bem dentro de seu coração, ele
sentia que Raquel, não Lia, era a sua esposa.
Portanto, segundo Jacó, o primogênito não deveria
ser Rúben, mas José. Embora viesse de Deus que
Rúben fosse o primogênito, tal não estava de acordo
com o desejo do coração de Jacó. Deus
soberanamente levou Jacó a casar-se com Lia e a
gerar Rúben. Todavia, o coração de Jacó estava posto
em Raquel e José. Aos seus olhos, José era realmente
o primogênito. Deus é justo. Tendo forçado Jacó a
casar-se com Lia e a gerar o primogênito através dela,
finalmente afrouxou Sua mão e deixou que Rúben se
fosse. Este falhou, e o direito de primogenitura foi
reajustado. Isso deveria chegar a você como um
consolo. Você pode estar preocupado com o fato de
Deus estar tratando tão inteiramente com a sua
escolha natural, com o desejo do seu coração. Mas
Ele, por fim, agirá para ajustar a situação. Pela perda
de Raquel, Jacó ganhou um segundo filho, que
tipificava Cristo; e, pela violação praticada por Rúben,
o direito de primogenitura foi reajustado. Não
deveríamos ficar preocupados com o que nos
acontece. Pelo contrário, todos precisamos crer que
tudo está sob a mão soberana de Deus. A violação da
concubina de Jacó por Rúben foi vergonhosa, mas
até isso foi usado para acarretar um resultado
positivo. O direito de primogenitura não deveria ter
ido para Rúben, mas, segundo o direito natural, ele o
possuía. Assim, em Sua soberania, Deus permitiu que
ele falhasse, para que tal direito pudesse ser
transferido para a pessoa certa. Como isso é
maravilhoso! Todavia, jamais use a soberania de
Deus como desculpa, dizendo: “Façamos o mal, para
que venha o bem”.

(7) ENTROU EM COMUNHÃO


Após experimentar esses tratamentos mais
profundos e mais pessoais, Jacó entrou em total
comunhão com o Senhor em Hebrom (35:27). A
comunhão em Hebrom significa intimidade, paz,
satisfação e alegria. É maravilhoso estar na vida da
igreja. Todavia, no princípio de nossa experiência na
vida da igreja, não temos total comunhão. Esta se
acha em Hebrom. Muitos na vida da igreja não estão
hoje numa situação espiritual íntima, pacífica,
satisfatória e alegre. Embora esteja na vida da igreja,
você ainda precisa prosseguir viagem, passando por
tratamentos mais pessoais e profundos, até chegar a
Hebrom e entrar em total comunhão com o Senhor.
Nessa comunhão, você terá alegria, satisfação, paz e
intimidade completas com o Senhor. o versículo 27
diz: “Veio Jacó a Isaque, seu pai, a Manre, a Quiriate-
Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e
Isaque”. Abraão chegara a Siquém (12:6), passara por
Betel (12:8) e habitara em Hebrom (13:18; 18:1) ; e
Isaque despendeu quase toda a sua vida em Hebrom.
Jacó, portanto, seguiu os passos de Abraão, para
chegar a Siquém (33:18), para passar por Betel (35:6)
e habitar em Hebrom. Todos precisamos chegar a
Hebrom. Embora estejamos na vida da igreja, não
temos o descanso, a paz, a satisfação, a alegria e a
intimidade total, até que prossigamos em nosso
espírito rumo a Hebrom. Aqui, em Hebrom,
desfrutamos a intimidade maravilhosa com o Senhor.
Hebrom também é o lugar onde amadurecemos na
vida. Em 37:1, Jacó começou a amadurecer porque
estava em Hebrom.

(8) LIBERTADO DO VÍNCULO COM SEU PAI


Nos versículos 28 e 29, lemos o relato da morte
de Isaque. Estando Jacó em Hebrom, o seu último
vínculo terreno, o vínculo com o seu pai, foi cortado.
Alguns podem dizer: “Todos devemos honrar nossos
pais. Por que você diz que um vínculo foi cortado ao
morrer o pai de Jacó? “ Por um lado, é bom termos
conosco os nossos pais, mas, por outro, todo
relacionamento é um vínculo. Depois que Jacó
chegou a Hebrom e entrou em descanso total, Deus
levou-lhe o pai e o deixou totalmente livre de
qualquer laço terreno. Ao final do capítulo 35, vemos
uma pessoa completamente transformada e livre.
Jacó estava agora em Hebrom, em descanso, gozo,
satisfação, intimidade e comunhão total com o
Senhor. Em Hebrom, nenhum obstáculo havia entre
ele e o Senhor. Lá ele podia cantar: “Nada entre nós,
exista, Senhor”. Vemos nele uma pessoa totalmente
tratada e ajustada por Deus. Todo vínculo fora
cortado, e ele estava inteiramente livre para desfrutar
em Hebrom uma comunhão íntima com o Senhor.
MENSAGEM NOVENTA E UM

TRÊS COLUNAS E UMA TORRE NA VIDA DE


JACÓ
Quando acompanhamos a vida de Jacó,
observamos que em sua vida houve três colunas e
uma torre. Embora erigisse colunas quatro vezes,
erigiu-as apenas em três lugares-em Gileade, em
Betel e no caminho de Belém (31:45-47; 28:18, 22;
35:14, 15, 20). Porquanto as erigiu em três lugares,
sendo duas vezes em Betel, houve na verdade três
colunas em sua vida, como marcos de sua experiência.
Além dessas três colunas, ele também experimentou
uma torre em Eder (35:21). Precisamos crer que tudo
o que se registra na Bíblia tem um significado
especial. Nesta mensagem, precisamos considerar,
como um parêntese, o significado das três colunas e
da torre na vida de Jacó.

I. AS TRÊS COLUNAS

A. A Coluna em Gileade
As três colunas erigidas por Jacó foram marcos
em sua existência. Dividiram sua vida em três seções.
Na primeira, Jacó experimentou o cuidado de Deus.
Desde o dia de seu nascimento ele esteve sob o Seu
cuidado. Jacó, todavia, um suplantador, um
segurador de calcanhar, pensava estar sob o seu
próprio cuidado. Por fim, percebeu que não estava
sob seu próprio cuidado, mas sob o cuidado de Deus.
Se tivesse estado sob o seu próprio cuidado, não teria
sido capaz de lidar com o seu astuto tio Labão ou
enfrentar seu forte irmão Esaú. Pelo contrário, teria
sido totalmente derrotado por Labão ou totalmente
destruído por Esaú. Mas, por estar sob o cuidado de
Deus, nem Labão nem Esaú poderiam fazer-lhe mal.
Embora ele fizesse todo o possível para cuidar de si
mesmo, gradualmente aprendeu que estava sob o
cuidado de Deus.
Lembre-se de como ele deixou Labão. Não o
deixou de maneira gloriosa; pelo contrário, temia-o e
escapou dele de maneira um pouco vergonhosa
(31:20-21). Ao fazê-lo, “Jacó logrou a Labão, o
arameu” (v. 20). Pensando ter de fugir para a sua
própria segurança, secretamente fugiu de Labão.
Mais tarde percebeu que não era protegido por sua
habilidade, mas pelo cuidado de Deus. Embora
Labão não soubesse de sua fuga senão três dias mais
tarde, ainda assim o perseguiu, até alcançá-lo (31:23).
Na véspera de o alcançar, Deus lhe disse: “Guarda-te,
não fales a Jacó bem nem mal” (31:24). Deus parecia
dizer-lhe: “Não faça nada a Jacó. Você deve deixá-lo
em Minhas mãos”. Labão não foi sábio ao transmitir
a Jacó o que Deus lhe dissera na noite anterior
(31 :29). Se não o tivesse divulgado, ele poderia ter
feito um acordo com o sobrinho. Este usou o que
Deus dissera a Labão como base para repreendê-lo,
dizendo: “Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de
Abraão, e o Temor de Isaque, por certo me
despedirias agora de mãos vazias. Deus me atendeu
ao sofrimento, e ao trabalho das minhas mãos, e te
repreendeu ontem à noite” (31:42). Enquanto
repreendia Labão, bem dentro de seu coração, Jacó
deve ter-se sentido grato a Deus por protegê-lo. Deus
foi soberano sobre todas as circunstâncias para o
bem da sua existência.
Labão então disse a Jacó: “Vem, pois; e façamos
aliança eu e tu, que sirva de testemunho entre mim e
ti” (31:44). Jacó respondeu a tal proposta, tomando
uma pedra e erigindo-a em coluna (31 :45). Embora
Labão tivesse a intenção de empilhar um monte de
pedras, Jacó erigiu uma coluna. Esta era um
testemunho do cuidado de Deus para com ele, que
chegou a ver que o seu viver estava totalmente sob o
cuidado de Deus. Erigiu então esta coluna como um
forte testemunho do cuidado de Deus para com ele.
Jacó esteve sob o cuidado de Deus por mais de
vinte anos. Embora estivesse sob a mão opressora de
Labão por tanto tempo (Labão mudou-lhe o salário
dez vezes-31:41), Deus esteve com ele o tempo todo, e
a Sua mão estava sobre ele. Portanto, ao fazer um
acordo com Labão, Jacó erigiu uma coluna para
testificar que estava sob o cuidado de Deus. Essa
coluna destinava-se à existência de Jacó. Muitos de
nós também erigimos tal coluna. Se você considerar a
sua própria experiência cristã, verá que o primeiro
estágio dela foi experimentar o cuidado de Deus.
Mesmo antes de sermos salvos, a nossa intenção era
ter o cuidado de Deus. Quando ouvimos as boas
novas do evangelho, a nossa intenção em crer no
Senhor Jesus era ter o Seu cuidado. Por muitos anos,
como Jacó, temos estado sob o cuidado do nosso Pai
celestial. No fim do primeiro estágio de nossa vida
cristã precisamos erigir uma coluna, testificando o
cuidado de Deus. Todavia, se você tem estado com o
Senhor por bastante tempo, pode ser muito tarde
para erigir tal coluna. Se assim for, você precisa erigir
a segunda coluna, a coluna de Betel.

B. A Coluna de Betel
Anos antes de erigir a coluna de Gileade, Jacó
erigira uma em Betel (28:18, 22). Ele a erigiu,
entretanto, imediatamente após ter tido um sonho.
Outra vez observamos que a biografia dele é também
a nossa. Pouco depois de termos sido salvos, ouvimos
algo sobre a casa de Deus e reagimos ao que ouvimos.
Mas tudo o que ouvimos e fizemos foi como um
sonho. Na verdade, não experimentamos a casa de
Deus. Em Gênesis 28, Jacó teve um sonho. Depois do
sonho, teve a experiência real, não da casa de Deus,
mas do cuidado de Deus. Ao final desse estágio de
sua experiência, ele erigiu uma coluna em Gileade
como marco a testificar o cuidado de Deus. Como
veremos, em nossa vida cristã precisamos de três
colunas, três marcos, sendo o primeiro a coluna a
testificar o cuidado de Deus para conosco.
Após deixar Padã-Arã e voltar à boa terra, Jacó-
não foi diretamente a Betel. Deus teve de intervir e
chamá-lo a Betel, dizendo: “Levanta-te, sobe a Betel,
e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu,
quando fugias da presença de Esaú, teu irmão” (35:1).
Isso significa que ele não tinha intenção de cumprir o
voto que fizera a Deus em Betel, vinte anos antes.
Provavelmente o esquecera. Em vez de seguir
diretamente para Betel, a fim de cumprir o seu voto,
viajou para Sucote, onde edificou uma casa para si e
abrigos para o seu gado (33:17). Mais tarde viajou
para Siquém, onde comprou um pedaço de terra e
armou suas tendas (33:18-19). Depois do problema
sério ocorrido após a violação de sua filha Diná, Deus
lhe apareceu e disse que se levantasse e subisse a
Betel. Quando chegou a Betel pela segunda vez, não
teve um sonho. Deus lhe ordenou que subisse,
habitasse lá e edificasse um altar ao Deus que lhe
aparecera quando fugia de Esaú. Em Betel, Jacó
consagrou-se, de modo a poder Deus cumprir o seu
propósito de ter Betel, a Sua casa. Lá, ele erigiu a
segunda coluna, o segundo marco em sua vida
(35:14). Como 28:22 indica, a coluna de Betel foi
chamada de “casa de Deus”. A primeira, portanto, foi
um testemunho do cuidado de Deus; a segunda, um
testemunho da casa de Deus.
Porquanto a história de Jacó também é a nossa
experiência, precisamos todos adorar ao Senhor.
Muitos de nós temos erigido colunas, tanto em
Gileade quanto em Betel. Podemos testificar não
somente o cuidado de Deus, mas também a casa de
Deus. A primeira coluna de Jacó foi um testemunho
do cuidado de Deus para com a sua existência.
Quando Jacó, um pobre suplantador, chegou à casa
de Labão, ele nada tinha, mas quando voltou à boa
terra, adquirira grandes riquezas. Tinha multidões de
pessoas e inúmeros rebanhos e manadas. Em seu
voto feito em 28:20-21, ele dissera: “Se Deus for
comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo,
e me der pão para comer e roupa que me vista, de
maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai,
então o Senhor será o meu Deus”. Em outras palavras,
ele estava na verdade dizendo: “Se o Senhor não me
der comida e vestes, e não me conduzir em paz de
volta à casa de meu pai, então não O tomarei como
meu Deus. Pelo contrário, eu me esquecerei Dele”.
Que negócio ele fez com Deus! Este, todavia, satisfez
todas as condições do seu voto, suprindo-o com
comida e vestes, dando-lhe paz, e até aumentando-o
com multidões de pessoas e rebanhos. Mas aqui, no
capítulo 35, Deus parecia dizer: “Jacó, agora você
precisa subir a Betel. Não mais deve ficar preocupado
com sua comida, seu vestir e sua paz. Você precisa
cuidar de Mim e da Minha casa. Jacó, tenho cuidado
de você há anos. A partir de agora, você precisa
cuidar de Mim”.
Muitos de nós podemos testificar que anos atrás
erigimos uma coluna em Gileade. Naquela época, o
nosso testemunho referia-se ao cuidado de Deus para
conosco. Testificávamos que o nosso Deus era fiel,
bondoso, gracioso e rico. Mas hoje o nosso
testemunho não é a primeira coluna, o testemunho
do cuidado de Deus; é a segunda, o testemunho da
casa de Deus. Poucos cristãos, todavia, cuidam hoje
da casa de Deus. Muitos estão basicamente
preocupados com suas próprias necessidades, e a
coluna que erigem é apenas um testemunho do
cuidado de Deus. Poucos, pela experiência, erigem
uma coluna que testifique a casa de Deus. Ter a
coluna do cuidado de Deus sem a coluna da casa de
Deus não é normal. Como Jacós de hoje, precisamos
erigir a segunda coluna para a edificação de Deus.
Louvado seja o Senhor porque muitos de nós têm
agido assim. Em nossa vida cristã, não temos apenas
o primeiro estágio, o cuidado de Deus; mas também
temos a segunda seção, a casa de Deus. Precisamos,
todavia, seguir viagem, e erigir a terceira coluna.

C. A Coluna do Caminho de Belém


O meu encargo nesta mensagem é a terceira
coluna, a coluna do caminho de Belém (35:16-20).
Em Betel, Jacó construiu um altar e erigiu uma
coluna. Não apenas respondeu ao chamamento de
Deus, mas também se consagrou a Ele para o
cumprimento do Seu desejo de ter Betel. A sua vida,
todavia, não terminou em 35:15. O versículo 16 diz
que ele seguiu viagem de Betel. Enquanto seguia
viagem, teve uma experiência que foi uma questão
tanto de alegria quanto de sofrimento, tanto de
ganho quanto de perda. Ele ganhou um filho,
Benjamim, e perdeu sua amada esposa, Raquel. Se
você precisasse fazer a escolha, preferiria ganhar o
filho ou ficar com a esposa? Para ganhar o filho, você
tem de sacrificar a esposa; e para conservar a esposa,
precisa negar o filho. Embora Jacó tivesse onze filhos,
nenhum deles era um tipo completo de Cristo. Ele
teve muitas experiências, mas nenhuma delas era
adequada para gerar Cristo. Assim, confrontou-se ele
com uma escolha-conservar Raquel ou ganhar
Benjamim. Isso é uma questão crucial, e todos nós
temos de enfrentá-la.
Na verdade, a escolha não foi feita por ele. Se
tivesse preferido conservar Raquel, ele não poderia
fazê-lo. Além disso, se quisesse rejeitar Benjamim,
também não teria sido capaz de fazê-lo. Tanto a
morte de Raquel como o nascimento de Benjamim
estavam nas mãos de Deus.
Lia, a que Jacó não amava tanto, gerara seis
filhos. Raquel, o objeto do seu amor, gerara só um
filho: José, cujo nome significa “adição”. Quando este
nasceu, Raquel esperava ter um segundo filho, e
disse: “Dê-me o Senhor ainda outro filho” (30:24).
Em sua esperança de ter outro filho, ela parecia
dizer: “Deus retirou o meu opróbrio e deu-me um
filho. Mas um filho só não é suficiente. Quero outro.
Por isso, darei ao meu primeiro filho o nome de José”.
Isso implicava uma oração, uma oração respondida
com o custo da vida de Raquel. Esta teve tal oração
em 30:24, e a resposta veio em 35:18. Para realizar o
seu desejo, Raquel teve de perder a sua própria vida.
Em 30:24, ela não percebeu na verdade o que estava
dizendo. Esperava que Deus pudesse dar-lhe um
segundo filho, mas não sabia que isso lhe custaria a
vida. Muitos de nós têm feito o mesmo. Oramos por
uma questão particular, sem saber o quanto nos
custará a resposta à nossa oração.
À época do nascimento do segundo filho de
Raquel, Jacó deve ter ficado muito feliz. Mas, de
repente, percebeu que Raquel, o desejo do seu
coração, estava morrendo. Benjamim estava
chegando, mas Raquel estava partindo. O fato de
ocorrerem simultaneamente o nascimento de
Benjamim e a morte de Raquel significa que Jacó
ganhou um filho ao perder sua escolha natural. O
ponto crucial desta mensagem é que Jacó ganhou
Cristo mediante a perda de sua escolha natural. A
terceira coluna da vida dele foi um testemunho do
tratamento que Deus dispensou à sua escolha natural.
É maravilhoso ter o testemunho do cuidado de
Deus e o testemunho da Sua casa. Mas nem mesmo a
Sua casa é Seu alvo final e máximo. A Sua meta final
e máxima é expressar Cristo. Tal expressão não é algo
individual, mas corporativo, na casa de Deus. A igreja,
como casa de Deus, destina-se à expressão de Cristo.
Para expressá-Lo, precisamos ter a igreja. A maioria
dos cristãos, todavia, pensam que podem expressá-
Lo sem a igreja. Mas é impossível expressar Cristo
adequadamente fora dela. Além da coluna que
testifica o cuidado de Deus e da coluna que testifica a
Sua casa, precisamos ter a terceira coluna, que se
destina à expressão corporativa de Cristo. O preço
dela é alto.
Gênesis 35:20 diz que Jacó erigiu uma coluna
sobre a sepultura da esposa, e que essa coluna “existe
até ao dia de hoje”. Tal sepultura marcou a morte da
escolha natural de Jacó, a escolha de seu coração.
Raquel foi a primeira pessoa que ele encontrou ao
chegar à casa de Labão, e imediatamente se
apaixonou por ela. Fez todo o possível para tê-la por
esposa e, finalmente, ela lhe foi dada. E ela não
morreu de velhice; morreu prematuramente de parto.
O fato de ser ainda capaz de gerar filhos indica que
não era velha. Os partos de todos os seis filhos, mais
a filha, de Lia, correram muito bem, mas Raquel
morreu ao dar à luz o seu segundo filho. Sua morte
foi permitida por Deus.
A morte de Raquel representa a morte de nossa
escolha natural. As duas primeiras colunas que
erigimos não são para termos uma vida feliz-são para
existirmos a fim de edificarmos a casa de Deus, para
a expressão de Cristo. Embora Jacó tivesse onze
filhos, nenhum deles era um tipo completo de Cristo.
Nenhum era o filho da dor e o filho da destra. José
era excelente, mas antes do nascimento de Benjamim,
não era um tipo de Cristo. Em tipologia, ele é a
continuação de Benjamim. Isso implica que não
importa quantas experiências espirituais tenhamos
tido até esse ponto: nenhuma delas é a expressão de
Cristo. Ainda precisamos de Benjamim. Para que ele
nasça, a nossa escolha natural, a nossa “Raquel”, tem
de morrer.
Deus a usou para gerar Benjamim, mas ao usá-la
para tal, Ele a levou. Ele também usará a “Raquel”
que amamos. Mas, por causa disso, Ele a levará de
nós. Se examinar a sua experiência, você perceberá
que Deus usa a sua escolha, o seu desejo, mas, ao
fazê-lo, Ele a leva de você.
A morte de Raquel não foi apenas um sofrimento
para Jacó, mas também para Raquel. Mateus 2:18
diz: “Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto, [choro]
e grande lamento; era Raquel chorando por seus
filhos e inconsolável porque não mais existem”. Por
muitos anos, eu não conseguia compreender como
Raquel, que estivera enterrada por mais de mil e
setecentos anos, ainda poderia estar chorando. Este
versículo, todavia, diz que, até mesmo à época do
nascimento de Cristo, Raquel ainda estava chorando
por seus filhos, todos os quais eram descendentes de
Benjamim. Este era verdadeiramente “o filho da dor”,
e Raquel agiu corretamente ao dar-lhe tal nome. O
seu nascimento não apenas levou a vida da mãe, mas
também a vida dos seus descendentes, mil e
setecentos anos mais tarde. Porque Cristo nasceu em
Belém, Herodes matou todas as crianças da cidade e
de seus arredores, de dois anos para baixo (Mt 2:16).
Raquel estava chorando por todos os seus filhos,
todos os que haviam sido mortos por Herodes, por
causa da vinda do Cristo. Isso significa que ela
sofrera martírio pela chegada de Cristo. O seu choro
pôde ser ouvido em Ramá. Raquel foi sepultada no
caminho de Belém, e Ramá dista aproximadamente
cento e oitenta metros desta. Assim, a sua sepultura
estava próxima tanto de Belém quanto de Ramá. Essa
região foi habitada pelos descendentes de Benjamim,
filho de Raquel.
Após sua morte e sepultamento, Raquel ainda
precisou esperar que mais de mil e setecentos anos se
passassem. Nem mesmo perder a vida com o
nascimento de Benjamim foi suficiente; ela teve de
chorar mais de mil e setecentos anos depois pelos
seus descendentes martirizados por causa de Cristo.
Não apenas sofreu na época do parto; sofreu até
mesmo mais de mil e setecentos anos depois. O
objetivo de seu sofrimento foi gerar Cristo.
Primeiramente, veio Benjamim, um tipo de Cristo;
depois, veio Cristo, o Verdadeiro. Diferente de nós,
Deus não é limitado pelo fator tempo. Por isso, não
precisamos preocupar-nos com o intervalo de mais
de mil e setecentos anos entre a morte de Raquel e o
nascimento de Cristo.
Jacó erigira uma coluna em Gileade e outra em
Betel, mas agora ele precisava erigir a terceira no
caminho de Belém. Em nossa vida cristã, também
precisamos desse marco da terceira coluna sobre a
sepultura de Raquel, o lugar onde nossa escolha
natural é sepultada. O nosso amor, o nosso desejo e a
nossa escolha um dia chegarão ao fim e serão
sepultados. Sobre o túmulo de nossa escolha natural,
precisaremos erigir uma coluna. Essa será um
anúncio da morte e sepultamento de nossa escolha
natural, do desejo de nosso coração. Alguém ou algo
que amamos muito morrerá e será sepultado, e
também será erigida uma coluna sobre o seu túmulo,
para testificar o sepultamento de nossa escolha.
Então seguiremos viagem rumo a Belém, lugar do
nascimento de Cristo. A coluna no caminho de Belém
conduz as pessoas a Cristo.
Ao encontrar Raquel pela primeira vez e
apaixonar-se por ela, Jacó não sabia quantos
problemas ela lhe causaria. Por tê-la amado é que lhe
foi dada Lia e as duas servas, Zilpa e Bila. Sem Lia e
as duas servas, ele não teria tido os seus dez filhos
para lhe causar problemas. Quanto mais amava
Raquel, mais problemas ele tinha. Embora Lia lhe
tivesse dado quatro filhos, Raquel permanecia sem
filhos e se queixava a ele (30:1). A isso Jacó
respondeu: “Acaso estou eu em lugar de Deus que ao
teu ventre impediu frutificar? “ (30:2). Ele parecia
dizer: “Raquel, por que você se queixa a mim? Por
que não se queixa a Deus? “ Por fim, Deus a ouviu e
lhe deu um filho: José (30:22-24). Por ocasião deste
nascimento, ela esperava que o Senhor lhe desse um
outro filho. E realmente deu à luz um segundo filho,
mas, como vimos, ela perdeu a vida nesse parto.
Assim, chamou ao seu segundo filho de “filho da dor”.
Além do mais, ela sofreu até mesmo com o martírio
dos descendentes de Benjamim, por causa da vinda
de Cristo. Se fosse Jacó e pudesse antever todos esses
problemas que lhe sobreviriam por amar Raquel,
você ainda a teria amado? Provavelmente você teria
dito: “Raquel, não importa quão amável seja, eu não
ouso envolver-me com você. Se o fizer, terei muitos
problemas”. Jacó, sem dúvida, não sabia o que estava
à sua frente. Quando ela morreu, ele não teve outra
escolha a não ser sepultá-la e erigir uma terceira
coluna. Erigira a primeira coluna em Gileade e a
segunda em Betel; agora precisava erigir uma
terceira coluna sobre a sepultura de Raquel.
Você pode estar hoje muito feliz na vida da igreja.
Mas um dia a sua “Raquel”, a escolha de seu coração,
morrerá, para que Benjamim possa ser gerado.
Tenho plena certeza de que Benjamim será gerado na
vida da igreja. Além disso, devemos esperar que,
mesmo bem depois da morte de nossa “Raquel”,
ainda estaremos chorando pelos seus descendentes
martirizados, por causa da vinda de Cristo.
Raquel chorou porque era natural. Ao invés de
chorar, ela deveria regozijar-se. Se tivesse exercitado
o seu espírito, não teria chorado. Ela deveria
regozijar-se e exultar, dizendo: “Aquele a quem
chamei 'filho da dor' é uma sombra, um tipo, do
verdadeiro Filho da dor, que nascerá em Belém”. Na
figura de Gênesis 35, Raquel representa a nossa
escolha natural. Para ela, o nascimento de Benjamim
é uma dor. Mas para Israel, é causa de regozijo. Para
Raquel, a vinda de Benjamim foi uma dor, e a
chegada de Cristo foi um pranto. Mas para Israel,
tanto a vinda de Benjamim quanto a de Cristo foram
uma alegria. Certas coisas ocorrerão na vida da igreja
que o nosso homem natural considerará sofrimento e
dor. Entretanto, para Israel, o homem espiritual,
essas coisas não serão dor, mas alegria. Em vez de
choro haverá regozijo.
No primeiro estágio de nossa vida cristã,
experimentamos o cuidado de Deus; no segundo, a
casa de Deus; e, no terceiro, o gerar de Cristo, a Sua
expressão. Este gerar e esta expressão de Cristo
custam-nos a vida natural, o amor natural e a escolha
natural. Tudo o que é natural por fim morrerá e será
sepultado. A nossa escolha natural, todavia,
continuará a sofrer por longo tempo.
Todos precisamos de três colunas, de três tipos
de testemunho. Muitos anos atrás, em Taipé, estando
em comunhão com os presbíteros, enfatizei que a
maioria dos testemunhos nas reuniões da igreja
referiam-se simplesmente ao cuidado de Deus.
Raramente ouvíamos um testemunho referente à
casa de Deus ou à Sua expressão. Naquela época, eu
não via a figura dessas três colunas tão claramente
como agora. A nossa vida cristã deve ter três estágios:
o cuidado de Deus, a Sua casa e a expressão de Cristo.
Nas reuniões da igreja, os jovens, os recém-salvos,
deveriam testificar o cuidado de Deus. Este é um
testemunho maravilhoso para se ouvir de bebês. Mas
também precisamos de alguns testemunhos
referentes à casa de Deus e à expressão de Cristo. Se
tivermos esses três tipos de testemunho, isso será
uma indicação de que, na igreja, temos a coluna do
cuidado de Deus, a coluna de Sua casa e a coluna da
expressão de Cristo.
O alvo final e máximo de Deus é a expressão de
Cristo. Isso custará a nossa escolha natural, o nosso
desejo natural e a nossa vida natural. Nem na
primeira, nem na segunda coluna observamos a
morte e a sepultura. Somente com a terceira é que
temos a morte de Raquel e a sepultura. Entretanto, a
coluna erigida sobre esse túmulo localiza-se no
caminho de Belém. Assim, ela se acha no caminho
para Cristo e conduz as pessoas a Ele. Se quiser viajar
em direção a Belém, você terá de estar no caminho
onde se localiza tal coluna. Nem mesmo após chegar
a Belém haverá lá muita alegria. Ao invés de alegria,
haverá morte. Primeiramente, apenas uma pessoa,
Raquel, é que morreu. Mil e setecentos anos mais
tarde, contudo, muitos dos seus descendentes foram
martirizados, para que Cristo pudesse ser gerado.
Creio que, na restauração do Senhor, essa
palavra será cumprida, e creio que
experimentaremos essas coisas. Que o Espírito do
Senhor possa interpretar para você este quadro de
maneira forte e clara. O que estou dizendo aqui não é
mera doutrina ou interpretação, mas o registro da
história de nossa vida. Muitos de nós podem dizer
que temos as duas primeiras colunas. Talvez,
brevemente alguns terão a terceira coluna com a
morte de Raquel e seu túmulo. Ao lado dessa morte e
sepultamento haverá a vinda de Cristo. Não importa
quanto martírio e choro haverá; também haverá um
nascimento maravilhoso-o nascimento de Benjamim
e o nascimento de Cristo. Haverá a vinda e a
expressão de Cristo. Tal é o alvo e o testemunho de
Deus.

II. A TORRE
Após erigir a terceira coluna, “partiu Israel e
armou a sua tenda além da torre de Eder” (35:21).
Em hebraico, Eder significa “rebanho”. Em Miquéias
4:8, a mesma expressão hebraica é traduzida como
“torre do rebanho”. Aqui, na torre de Eder, algo
profano, vergonhoso e imoral aconteceu a Jacó: seu
filho, Rúben, cometeu adultério com a concubina do
pai. Isso não aconteceu junto da coluna, mas junto da
torre.
Creio que a torre de Eder, a torre do rebanho,
indica facilidade de vida. Jacó possuía muitos
rebanhos. Ao passar pela torre de Eder, deve tê-la
considerado um bom local para descansar. Ao invés
de continuar rumo a Hebrom, seu destino,
permaneceu ao lado da torre de Eder. Isso indica que
ele chegou a um lugar onde podia gozar uma vida
fácil. Enquanto desfrutava essa vida fácil, algo
pecaminoso ocorreu. O pecado, principalmente o
pecado do adultério, sempre aparece quando estamos
à vontade. O fato de Rúben cometer adultério com a
concubina do pai naquele lugar significa que Jacó
não deveria ter permanecido lá, mas deveria ter
seguido viagem diretamente para Hebrom. Se não
armasse sua tenda ao lado da torre de Eder, tal coisa
maligna provavelmente não ocorreria.
Embora houvesse erigido três colunas, não havia
necessidade de construir a torre de Eder, porque esta
já estava lá, de pé, como um engodo. Enquanto, em
seu caminho, você segue o Senhor, sempre haverá
nas proximidades uma torre para enganá-lo, A
maneira de escapar dessa cilada é não parar nem
olhá-la. Ao invés de armar sua tenda ao lado da torre
de Eder, você deve passar de largo. Não importa em
que estágio da vida cristã estejamos, sempre haverá
uma torre a fascinar-nos. A facilidade de vida sempre
é uma tentação para os que seguem o Senhor Jesus.
Todo o que segue o Senhor percebe que sua
destinação final é um longo caminho. Porquanto a
jornada é muito longa, você espera encontrar um
lugar de descanso à beira da estrada. Mas sempre que
chegar a uma torre de rebanho, você não deve
considerá-la como lugar de descanso-é um engodo.
Passe de lado e prossiga. Não importa quão exausto
você esteja por seguir o Senhor, ainda precisa dizer:
“Senhor, ajuda-me. Não quero descansar em torre
alguma. Toda vez que chegar a uma torre, fugirei dela.
Jamais a tomarei como lugar de descanso”. Se agir
assim, você será protegido e salvo desta armadilha.
O desejo do coração de Jacó era tomar Raquel
por esposa. Se Deus não interviesse por meio de
Labão, ele imediatamente teria conseguido o seu
intento. Em tal caso, quem quer que Raquel gerasse
tena SIdo o pnmogeruto de Jacó. Deus, todavia,
interveio e, em certo sentido, forçou-o a tomar Lia
por esposa. Assim, Rúben foi na realidade o
primogênito, cabendo-lhe o direito de primogenitura.
Isso, todavia, era contrário ao desejo do coração de
Jacó e não lhe pareceu justo. Assim, enquanto este
gozava da facilidade de vida junto da torre de Eder,
Rúben cometeu adultério com a concubina do pai.
Tal ato maligno levou-o a perder o seu direito de
primogenitura (49:3-4). O Primeiro Livro de
Crônicas 5:1-2 indica claramente que o direito de
primogenitura foi dado a José. Percebemos aqui o
ajuste soberano de Deus quanto ao direito de
primogenitura: Rúben o perdeu por causa de sua
profanação, e José o ganhou por causa de sua pureza
(39:7-12). Quando a esposa de Potifar o tentou, para
que com ela cometesse adultério, José recusou.
Porque se manteve puro, ganhou o direito de
primogenitura perdido por Rúben devido à sua
impureza junto à torre de Eder. Portanto, até mesmo
o erro de Jacó foi usado por Deus para ajustar o
direito de primogenitura. Louvado seja o Senhor pelo
erro que acarretou o ajuste do direito de
primogenitura! Mas jamais use tal fato como
desculpa para dizer: “Façamos o mal, para que venha
o bem”. Pelo contrário, precisamos inclinar-nos e
adorar a Deus por Sua soberania.
O Deus soberano, sendo justo e reto, não deu a
José todas as três partes do direito de primogenitura.
Deu-lhe o gozo da porção dobrada da terra, mas deu
o sacerdócio ao terceiro filho de Lia: Levi, e a realeza
ao seu quarto filho: Judá (49:10; 1 Cr 5:2; Dt 33:8-
10). Levi recebeu o sacerdócio por sua fidelidade a
Deus (Dt 33:9) ; Judá obteve a realeza por seu amor
para com seus irmãos e seu cuidado para com seu pai
(37:26; 43:8-9; 44:14-34). Nisso vemos a soberania
de Deus. Ele está atrás de tudo e de todos. Quando
vemos esse quadro e percebemos como tudo nele se
encaixa temos de adorar a Deus. Aleluia, estamos sob
Sua mão!
A biografia de Jacó é a nossa história. Na vida
dele houve três colunas e uma torre. Também
teremos essas três colunas e uma torre. Posso
testificar que experimentei todas essas coisas. Creio
que, à medida que passarem os anos, muitos de nós
se lembrarão desta mensagem. Graças ao Senhor
pelas três colunas e pela torre.
MENSAGEM NOVENTA E DOIS

SENDO AMADURECIDO - O PROCESSO DE


MATURIDADE (1)
Nesta mensagem, chegamos ao trecho mais
agradável do livro de Gênesis: os capítulos de 37 a 50.
Todas as crianças gostam das histórias destes
capítulos. Quando o escritor chegou a este trecho,
mudou sua maneira de escrever. O registro dos
primeiros trinta e seis capítulos é breve e enfático,
mas o registro dos últimos catorze capítulos é bem
pormenorizado. O capítulo 37, por exemplo, contém
muitas minúcias. Esse trecho é muito detalhado
porque é bem prático para a nossa vida. Nenhum
trecho do livro de Gênesis é mais prático do que essa
última seção de catorze capítulos.
Antes de considerar o capítulo trinta e sete,
gostaria de chamar sua atenção de volta ao início
desse livro. Ao lermos qualquer livro, precisamos
compreender o seu tema, o seu objetivo. Após lermos
Gênesis do princípio ao fim, um livro de cinqüenta
capítulos, você ainda poderá não conhecer o seu tema.
Qual é o tema desse livro? Ainda jovem, disseram-me
que ele fala de duas coisas principais: a criação de
Deus e a queda do homem. Gênesis começa com as
palavras: “No princípio criou Deus” e termina com “e
o puseram num caixão no Egito”. Disseram-me que,
pelo fato de o primeiro versículo falar da criação de
Deus e o último falar de José ser colocado num
caixão no Egito, Gênesis trata da criação de Deus e da
queda do homem. Embora tal ponto de vista não
esteja errado, é muito inadequado para se
compreender esse livro.
Não é fácil compreender a Bíblia. Na verdade, é
difícil até conhecermos a nós mesmos. Embora
tenhamos cabelo na cabeça e dez dedos nos pés, será
que cabelos e dedos fazem um homem inteiro, uma
pessoa completa? É claro que não. Todos os órgãos e
partes mais importantes, como o coração e os
pulmões, estão entre o cabelo e os dedos. De
semelhante modo, as partes mais importantes de
Gênesis estão entre o primeiro e o último versículo
desse livro.
Gênesis 1 :26 é um versículo muito importante:
“Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem,
como nossa semelhança, e que eles dominem” (BJ).
Observe aqui duas palavras significativas: imagem e
domínio. Sim, o homem foi criado por Deus, e caiu.
Mas precisamos considerar de que maneira e com
que propósito o homem foi criado. A Bíblia diz que
ele foi feito à imagem de Deus. Nada é mais elevado
do que Deus. Assim, o homem foi feito à imagem do
Altíssimo. Talvez você jamais se tenha considerado
assim tão elevado anteriormente. Porque temos a
imagem divina, devemos ter-nos em alta
consideração. Não somos criaturas inferiores; fomos
feitos com o propósito de expressar Deus e exercer o
Seu domínio. O tema de Gênesis é o homem
contendo a imagem de Deus e exercendo o Seu
domínio sobre todas as coisas. Temos a imagem de
Deus para que possamos expressá-Lo, e temos o Seu
domínio para que possamos representá-Lo. Somos,
portanto, a Sua expressão e representação. Esse é o
centro de Gênesis.
Para conhecermos tudo isso de maneira
progressiva, precisamos de todos os cinqüenta
capítulos desse livro. Todas as gerações nele
registradas-Adão, Abel, Enos, Enoque, Noé, Abraão,
Isaque, Jacó e José-destinam-se a um propósito:
mostrar que a economia de Deus no universo é Ele se
expressar por meio do homem. Tal é o propósito de
Deus, o Seu objetivo e o desejo do Seu coração. O Seu
propósito e a Sua economia relacionam-se com o
homem.
O registro de todas as gerações incluídas nesse
livro constitui um retrato da economia divina. Não
vemos em Adão muito da expressão e do domínio de
Deus. Embora Abel cresse em Deus, não vemos
claramente nele a Sua expressão e o Seu domínio.
Enos percebeu-se frágil e fraco, e começou a invocar
o nome do Senhor. Mas nele vemos muito pouco da
Sua expressão ou do Seu domínio. Enoque andou
com Deus. Vemos nele, portanto, um pouco da Sua
expressão; todavia, não vemos nada de Seu domínio.
Embora realmente vejamos em Noé um pouco da
expressão e do domínio de Deus, tudo ainda é vago;
nada é definido, claro ou marcante. Em Abraão
vemos menos da expressão e do domínio de Deus do
que em Noé. Embora muitos cristãos tenham
superexaltado Abraão, ele estava apenas no primeiro
nível da doutrina de Cristo. Abraão foi o pai da fé
para a justificação, que é somente o princípio da
doutrina de Cristo. Além disso, dificilmente podemos
ver a expressão e o domínio de Deus em Isaque. Este,
que herdou tudo de seu pai, só se preocupava em
comer. Uma vez que alguém lhe desse algo bom para
comer, ele daria a sua bênção cegamente.
É em Jacó que vemos a expressão de Deus.
Entretanto, antes dos últimos catorze capítulos desse
livro, não vemos nele muito dessa expressão.
Entretanto, nos últimos capítulos, realmente
observamos nele muito da expressão e do domínio de
Deus. Embora nesse trecho ele fosse velho em anos,
os seus olhos espirituais estavam muito aguçados.
Aonde quer que fosse, ele percebia a situação real e
abençoava as pessoas adequadamente. Além disso,
sua bênção tomou-se a profecia de Deus. Ele
realmente manifestou a imagem de Deus e O
expressou. Até Faraó, o mais eminente governante da
época, esteve sob sua bênção. Quando Jacó foi
conduzido à presença de Faraó, não disse: “Olá, como
vai? Quantos anos você tem? “ Pelo contrário, ele
estendeu a mão e o abençoou (47:7, 10). Isso indica
que Faraó era inferior a Jacó, a expressão de Deus.
A bênção de Jacó sobre os dois filhos de José,
Efraim e Manassés, foi também uma profecia. Isaque,
enganado por Jacó, abençoou-o cegamente. A bênção
de Jacó a Efraim e Manassés, entretanto, foi muito
diferente. José levou seus dois filhos a Jacó,
esperando que Manassés, o primogênito, recebesse o
direito de primogenitura. Mas Jacó colocou sua mão
direita sobre a cabeça de Efraim, o mais jovem,
“cruzando assim as mãos” (48:14). Quando José
tentou mover-lhe a mão da cabeça de Efraim para a
de Manassés, Jacó recusou-se e disse: “Eu sei, meu
filho, eu o sei” (48:19). Jacó parecia dizer: “Meu filho,
você não sabe o que estou fazendo, mas eu sei.
Conheço o coração de Deus. A minha bênção é a Sua
expressão e o Seu falar. A palavra da minha bênção é
a Sua profecia”.
Observamos em Jacó um homem que era um
com Deus e O expressava. O seu falar era o falar de
Deus. Não pense que falar seja algo insignificante. De
acordo com o Novo Testamento, o Filho expressava o
Pai principalmente pelo Seu falar. O Senhor Jesus
disse: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está
em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por
mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim, faz
as suas obras” e “a palavra que estais ouvindo não é
minha, mas do Pai que me enviou” (1014:10, 24b).
Assim, expressar Deus é principalmente falar por Ele
e falar Dele aos outros.
Vimos que Jacó, a expressão de Deus,
manifestava a Sua imagem. Mas, e o domínio de
Deus? O livro de Gênesis termina com José
exercendo domínio sobre toda a terra. Embora fosse
o rei, Faraó era simplesmente um chefe simbólico. O
rei atuante era José, uma parte de Jacó na
experiência de vida. Em Jacó mais José, vemos a
expressão de Deus com o Seu domínio. Jamais separe
José de Jacó. O registro dos últimos catorze capítulos
de Gênesis os mistura. Isso indica que José é a parte
reinante de Jacó, e que um e outro não devem ser
considerados pessoas separadas.
Nessa seção, Jacó sofria e José reinava. No
capítulo 37, José não dava a impressão de estar
sofrendo. Aquele capítulo revela que Jacó, não José,
estava sofrendo. Alguns podem argumentar e dizer:
“Quando foi lançado ao poço, José não estava
sofrendo? “ Esta é a sua interpretação, mas esse
capítulo não no-lo diz assim. Jacó, pelo contrário,
sofreu grandemente. Embora não tivesse chorado
pela morte de Raquel, pranteou profundamente ao
concluir que José fora devorado por um animal
selvagem (37:33-35).
O registro bíblico tem um propósito. Gênesis,
livro da imagem e domínio de Deus, mostra um
quadro completo de como os seres humanos podem
ser refeitos e transformados para expressar Deus à
Sua imagem e O representar com o Seu domínio. Os
últimos catorze capítulos de Gênesis indicam que,
após tornar-se Israel, Jacó expressava a imagem de
Deus e exercia o Seu domínio. Esse livro é completo;
termina da maneira como começa. Começa e termina
com a imagem e o domínio de Deus. Nos capítulos
finais, Deus deve ter ficado muito feliz e pode ter
dito: “Tenho agora na terra um homem a Me
expressar e representar. Esse homem expressa a
Minha imagem e exerce o Meu domínio. Suas
palavras são a Minha profecia, e Suas ações são o
exercício do Meu domínio”. Esse é o tema do livro de
Gênesis,

e. Sendo Amadurecido

(1) O PROCESSO DE MATURIDADE


No capítulo 37, Jacó era um homem velho.
Considerando o tempo e a geografia, ele viajara um
longo caminho e finalmente chegara a Hebrom.
Passara por muitas coisas. Provavelmente, ninguém
na Bíblia passou por tantas situações complexas e
intrincadas como ele. Recebeu tratamento de Deus a
tal ponto que perdeu quase tudo o que amava. À
época do capítulo 37, Raquel morrera e Jacó estava
vivendo em Hebrom, desfrutando a comunhão que
seus antepassados, Abraão e Isaque ali haviam
conhecido. Parece que ele se aposentara em Hebrom.
Não há, entretanto, aposentadoria na vida espiritual,
e Deus interveio para atrapalhar o que parecia ser a
sua aposentadoria.
Creio que, em Hebrom, ele tentou ao máximo ter
uma vida calma. Enquanto lá estava em comunhão,
deve ter tido muitas lembranças. Na quietude, deve
ter pensado: “Eu não deveria ter agarrado o
calcanhar de Esaú. Não devia ter enganado a ele ou a
meu pai. Não havia também a necessidade de perder
a minha mãe e fugir para o meu tio Labão. Aléni
disso, eu não tinha de amar Raquel tanto assim. Puxa,
quantos problemas me causaram o meu amor por
ela! Por que fui tão tolo? Não deveria ter sido
enganado por Labão. Por que prometi trabalhar
todos aqueles anos para obter Raquel? Durante os
anos que estive com Labão, precisei sofrer o calor e o
frio”. Se você fosse Jacó, que teria feito em sua
aposentadoria? Possivelmente diria: “Doravante,
simplesmente quero ter uma vida tranqüila. Não
haverá mais suplantar nem segurar calcanhar. Esaú,
Labão e Raquel, todos se foram. Agora é hora de ficar
quieto e gozar a vida”. É claro que ele devia estar
desfrutando uma vida calma lá em Hebrom.
Jacó amava José mais do que todos os seus
outros filhos, e lhe fez uma túnica de várias cores
(37:3). Se não estivesse aposentado, não teria sido
capaz de fazer tal túnica. Um pai ocupado não
gastaria tempo em agir assim. Mas ele estava
gozando a vida e tinha muito tempo para fazer uma
túnica para o filho favorito. Isso é uma prova de que
se aposentara. A menção da túnica de várias cores é
uma pequena janela pela qual podemos ver o caráter,
o desejo, a intenção, o objetivo e a disposição de Jacó.

(a) Os Tratamentos do Último Estágio


Após passar por tantos tratamentos sob a mão
de Deus, Jacó, sem dúvida, estava cansado da vida
humana. Estava cansado de suplantar, enganar, lutar
e combater. Sua vida estava calma e ele tinha um
filho favorito que era o tesouro de seu coração. Por
causa da parcialidade de seu amor por José, fez-lhe
uma túnica de várias cores. Será que Jacó estava
certo ao agir assim? Por que não fez tal túnica para
Rúben, o mais velho, ou para Benjamim, o mais
jovem? Embora Rúben se contaminasse ao cometer
adultério com a concubina do pai, Benjamim, o
caçula da família, era muito jovem para fazer algo
errado. Todavia, o coração de Jacó estava posto
primeiramente em José, e depois em Benjamim. Jacó
foi parcial. Como veremos, sua parcialidade com
relação a José fê-lo sofrer.
Tudo nesse capítulo está sob a mão soberana de
Deus; nada é coincidência. Por exemplo, logo depois
de os irmãos de José o terem lançado ao poço,
apareceu em cena um grupo de ismaelitas, e a eles
seus irmãos decidiram vendê-lo. José, então, foi
levado ao Egito e vendido a Potifar, oficial
comandante de Faraó. Tudo estava sob a soberania
de Deus. Na verdade, até a parcialidade de Jacó com
relação a José estava sob a soberania de Deus. No
capítulo 37, Deus exerceu Sua soberania lidando com
tal parcialidade, de modo que Jacó pudesse
amadurecer.
Antes desse capítulo, Jacó era uma pessoa
transformada, porém, não estava ainda maduro. Ser
transformado é ter mudada a nossa vida natural, ao
passo que ser amadurecido é ser enchido pela vida
divina que nos muda. Podemos ser transformados
em nossa vida natural, e ainda assim não estarmos
plenos da vida divina. Os capítulos 37 a 45
constituem um registro do processo de maturação de
Jacó. Tal processo começou em 37:1 e durou até
45:28. Nos últimos cinco capítulos de Gênesis, vemo-
lo totalmente amadurecido. Provavelmente, em toda
a sua vida, ele jamais sofreu tanto quanto nesses
nove capítulos. Eles realmente são a história do
sofrimento de Jacó. Neles observamos os
tratamentos do último estágio de sua vida. Os
sofrimentos pelos quais passou nesse trecho tocaram
profundamente os seus sentimentos pessoais. Depois
desses capítulos, ele não teve mais tratamentos. Pelo
contrário, estava totalmente maduro, pleno da vida
divina, com a expressão e o domínio de Deus.
Para a expressão e o domínio de Deus é
necessário maturidade. Somente uma vida madura
pode expressar a imagem de Deus e exercer o Seu
domínio. Mesmo no capítulo 37 Jacó não podia
expressar a imagem de Deus ou exercer Seu domínio.
Embora estivesse transformado, ele ainda não estava
maduro. A sua parcialidade com relação a José prova
que ele não estava maduro. Tal amor parcial era um
ponto fraco. Não pense que uma pessoa
transformada não possa ser parcial em seu amor ou
ter quaisquer outros pontos fracos. Deus, portanto,
soberanamente pôs Jacó sob Sua mão, de modo que
ele pudesse tomar-se maduro.

1) Jacó Roubado no Tesouro do Seu Coração


sob a Mão Soberana de Deus
Para tomar-se maduro, Jacó primeiramente
precisou sofrer a perda de José, o tesouro de seu
coração. Parece impossível que José pudesse ser
perdido. Poderia facilmente morrer de uma doença
qualquer, mas como Jacó poderia perdê-lo? Embora
não devesse morrer-ele ainda seria muito útil-,
precisava ser retirado do pai. Consideraremos agora
de que maneira ocorreu a perda de José.
a) José Trouxe a Seu Pai Informações
Desfavoráveis sobre Seus Irmãos
Gênesis 37:2 diz que José trazia a seu pai
informações desfavoráveis sobre seus irmãos. De
todos os doze filhos de Jacó, somente dois eram
bons: José, que só tinha dezessete anos, e seu irmão
mais novo, Benjamim, que ainda era uma criança. Os
outros dez irmãos eram imundos e malignos, e José
constantemente trazia a seu pai informações
desfavoráveis acerca deles. O primeiro deles, Rúben,
cometera adultério com a concubina de seu pai
(35:22), e o quarto, Judá, cometera fornicação com a
sua nora, que se disfarçara de prostituta (38:12-26).
Levi e Simeão eram cruéis, tendo-se vingado da
violação de sua irmã, Diná, matando Hamor e
Siquém, e saqueando-lhes a cidade (34:25-29). O fato
de esses irmãos conspirarem para matar seu próprio
irmão na carne indica corno eles eram pecaminosos.
É difícil crer que fossem filhos de uma farmlia santa,
escolhida, e que haveriam de tomar-se os patriarcas
das tribos dos filhos de Israel escolhidos por Deus.
Todavia, se seus irmãos fossem bons, e não malignos,
José jamais se teria perdido.

b) Israel Amava a José Mais do que a Todos os


Seus Filhos
Corno vimos, “Israel amava a José mais do que a
todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e
fez-lhe urna túnica de várias cores” (37:3-VRC). Por
causa da parcialidade de seu amor para com José,
Jacó teve de perdê-10, a fim de amadurecer. A perda
de José deveu-se principalmente ao amor parcial de
Jacó por ele.
c) Os Irmãos de José Odiaram-no
Gênesis 37:4 diz: “Vendo, pois, seus irmãos, que
o pai o amava mais que a todos os outros filhos,
odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente”.
O amor parcial de Jacó por José fez com que seus
outros filhos o odiassem. Pelo fato de um amor
parcial por um filho poder suscitar ódio no meio dos
outros filhos, os pais devem evitá-lo. O nosso amor
deve ser igual e imparcial. Os irmãos de José também
o odiavam porque ele era bom e trazia informações
desfavoráveis sobre eles a seu pai.

d) José Teve Dois Sonhos que Fizeram Seus


Irmãos Odiá-lo Ainda Mais
José teve dois sonhos que levaram seus irmãos a
odiá-la ainda mais (37 :5-11). Tais sonhos vieram de
Deus. Foram dois sonhos, porque dois é o número da
confirmação e do testemunho. Ambos se referem à
mesma coisa, porque tanto os feixes como as estrelas
se inclinavam diante de José. Aos nossos olhos, os
irmãos de José, sendo adúlteros, fornicadores,
assassinos e rancorosos, deveriam ser condenados ao
inferno. Mas José não sonhou com espinhos e
ladrões rodeando um manso adolescente. Pelo
contrário, sonhou com feixes e estrelas. Um feixe é o
molho no qual o trigo é atado após a ceifa. Isso indica
que, aos olhos de Deus, os filhos de Jacó eram a Sua
colheita na terra. Além disso, não eram uma colheita
verde, mas uma colheita ceifada e madura, que havia
sido atada em feixes. No segundo sonho, os membros
da farm1ia de José são representados pelo sol, pela
lua e por onze estrelas. Eram resplandecentes
luzeiros brilhando nos céus. Já enfatizamos no
Estudo-Vida de Apocalipse que o sol, a lua e as
estrelas de Apocalipse 12 e Gênesis 37 representam a
totalidade do povo de Deus. Na época de José, a sua
família era a totalidade do povo de Deus na terra. De
acordo com o nosso ponto de vista, eles eram
malignos e impuros, mas no ponto de vista de Deus,
eram brilhantes e celestiais. De semelhante modo, de
acordo com a nossa natureza, somos feios, malignos
e sujos. Todavia fomos escolhidos, redimidos,
perdoados, regenerados e transformados. Somos,
assim, a lavoura e a colheita de Deus. Por fim,
seremos a Sua colheita, seremos ceifados por Ele e
nos tomaremos feixes. Além do mais, somos luzeiros
celestiais. Que visão é esta!
Deus foi soberano ao dar a José esses sonhos,
pois eles revelam a natureza, a posição, a função e o
objetivo do povo de Deus na terra. O povo de Deus é
a Sua colheita e os Seus luzeiros. Como a colheita,
eles têm vida, e como hastes celestiais, têm luz. No
primeiro sonho, há vida; e, no segundo, luz. Vida e
luz são duas características do povo de Deus.
No primeiro sonho, os feixes se inclinaram
diante do feixe de José, e, no segundo, o sol, a lua e
as onze estrelas se dobraram diante dele. Quando
José relatou a seu pai e a seus irmãos o seu segundo
sonho, Jacó repreendeu-o e disse: “Que sonho é esse
que tiveste? Acaso viremos, eu e tua mãe e teus
irmãos a inclinar-nos perante ti em terra? “ (37:10).
José não era político; pelo contrário, era genuíno,
franco, fiel e direto. Se ele não lhes tivesse contado
francamente seus sonhos, não teria havido problema.
Na vida da igreja, deveríamos ser como José, não
como políticos. Entretanto, poucos em nosso meio
são Josés francos e diretos; pelo contrário, muitos de
nós são “sábios” políticos. Você pode ter um sonho,
mas jamais o contará aos outros. José, pelo contrário,
era genuíno, franco, aberto e transparente; ficou feliz
por contar seus sonhos a seus irmãos. Mas isso lhes
provocou ainda mais o ódio, e a transparência de
José levou-o a ser “crucificado”. Muitas vezes
também eu fui “crucificado” por causa da minha
transparência. Todavia, se me tomasse político, não
seria mais como José. Humanamente falando, José
estava errado ao contar seus sonhos a seus irmãos. Se
estivéssemos em seu lugar, muitos de nós
provavelmente diríamos: “Sabe, tive um bom sonho
na noite passada”. Quando os outros nos
perguntassem a respeito do sonho, diríamos:
“Desculpem-me, não posso falar-lhes sobre isso”.
Essa é a “sabedoria” política dos cristãos de hoje.
Você quer ser um político ou um José? Se for um
José, será “crucificado” por sua franqueza. Por causa
de seus sonhos, seus irmãos o odiaram mais do que
nunca.

e) Os Irmãos de José Saíram a Pastorear


Os irmãos de José foram apascentar o rebanho
de seu pai em Siquém (37:12). O pastoreio era seu
meio de vida. Por meio desse seu modo de viver eles
soberanamente tiveram a oportunidade de separar
José de Jacó.

f) José Enviado a Ver Seus Irmãos


José, mais tarde, foi enviado pelo pai a ver seus
irmãos (37:13-17). Isso também foi soberano da parte
do Senhor. O fato de Jacó enviá-lo a ver seus irmãos
é outra indicação de que Jacó estava gozando a vida.
Se estivesse ocupado, não teria pensado em enviar
José para fazer isso. Entretanto, porque nada tinha
para fazer, subitamente pensou em seus filhos e ficou
preocupado com eles. Quando lhe foi pedido que
fosse até seus irmãos, José obedeceu. Não murmurou
nem falou palavras vãs. Pelo contrário, tomou a
palavra de seu pai e foi encontrar-se com seus irmãos.

g) Os Irmãos de José Conspiram para Matá-lo


Quando os irmãos de José “de longe o viram e,
antes que chegasse, conspiraram contra ele para o
matar” (37:18). Deram-lhe um título, dizendo entre
si: “Vem lá o tal sonhador! “ (37:19). Conspiraram
juntos para matá-lo e depois, então, enganar o pai
com referência ao ocorrido (37:20).

h) Rúben Queria Livrar José das Mãos de


Seus Irmãos
Rúben, O irmão mais velho, queria livrar José
das mãos dos outros. Quando ouviu a conspiração,
“livrou-o das mãos deles, e disse: Não lhe tiremos a
vida... Não derrameis sangue; lançai-o nesta cisterna,
que está no deserto, e não ponhais mão sobre ele”
(37:21-22). A intenção dele era Iivrá-lo das mãos dos
outros e devolvê-lo a seu pai.

i) Judá Propôs Vendê-lo e Não Matá-lo


Na ausência de Rúben, Judá, o quarto irmão,
propôs que, ao invés de o matarem, vendessem-no
aos ismaelitas (37:25-27). Judá disse: “De que nos
aproveita matar o nosso irmão e esconder-lhe o
sangue? Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas; não
ponhamos sobre ele a nossa mão, pois é nosso irmão
e nossa carne” (37:26-27).

j) José Foi Vendido aos Ismaelitas de Midiã


José foi vendido aos ismaelitas de Midiã (37:28).
Ismael era filho de Abraão com Hagar, e Midiã era
filho de Abraão com sua última esposa, Quetura.
Tanto os ismaelitas como os midianitas representam
a carne. O ódio se relaciona à carne, e esta se liga ao
mundo representado pelo Egito. Por causa do ódio de
seus irmãos, José foi entregue à carne, e esta o fez
descer ao Egito. Mas Deus é soberano sobre tudo. Em
Sua soberania, Ele usou tudo, inclusive a carne e o
ódio dos irmãos de José. Todas as coisas negativas
desse capítulo-o ódio, a carne, Faraó e seu oficial
comandante, Potifar-foram soberanamente usadas
por Ele, para cumprir o Seu propósito.

l) Jacó Perdeu o Tesouro do Seu Coração


Pela soberania de Deus, exercida em todos esses
pontos aparentemente coincidentes, Jacó perdeu o
tesouro do seu coração (37:31-35). Após a morte de
Raquel, o seu coração estava totalmente posto em
José. De repente, para sua grande surpresa, José
desapareceu. Os outros filhos o enganaram, fazendo-
o crer que José fora devorado por um animal
selvagem (37:32-33). Quando ouviu essas notícias,
ele “rasgou as suas vestes e se cingiu de pano-saco e
lamentou o filho por muitos dias” (37:34). Para ele
não havia mais nada na terra. Não apenas fora
quebrado, mas roubado, a ponto de não lhe restar
nada. Embora seus filhos tentassem consolã-lo, ele
recusou ser consolado e disse: “Com choro hei de
descer para meu filho até o Seol” (37:35, IBB-Rev.).
Ele estava totalmente desanimado e nada podia
consolá-la. Perdera o tesouro do seu coração. Quão
profundo e pessoal lhe foi esse tratamento!
Em princípio, mais cedo ou mais tarde, todos
passaremos por tal tratamento. Não fique
amedrontado diante de tal possibilidade. Louvado
seja o Senhor, porque temos não somente o capítulo
37, mas também o capítulo 47, onde vemos um
resultado glorioso. O capítulo 37 é simplesmente
uma acanhada passagem. Jacó tinha de passar por
ela e experienciar um sofrimento que tocasse
profundamente seu coração, a fim de que ele pudesse
amadurecer. Nada em toda a sua vida o tocou tão
pessoal e profundamente como a perda de José.

m) Os Midianitas Conduziram José ao Egito e


Venderam-no a Potifar
José, entretanto, não estava perdido. Deus
estava preservando-o no Egito. O fato de ele ser
conduzido ao Egito foi, na verdade, a sua
transferência do “li Grau” à “universidade”. No Egito,
ele iria receber uma educação mais elevada, a
educação que o prepararia para a realeza. Jacó, é
claro, não o sabia. Aos seus olhos, José fora devorado
por uma fera. Mas, aos olhos de Deus, ele estava
sendo preparado para a realeza. Portanto, Deus podia
dizer: “Jacó, não há necessidade de chorar. Pelo
contrário, você precisa regozijar-se, porque seu filho
está no Egito sendo preparado para tornar-se um rei”.
MENSAGEM NOVENTA E TRÊS

SENDO AMADURECIDO - O PROCESSO DE


MATURIDADE (2)
Antes de falarmos mais sobre os tratamentos de
Jacó em Hebrom, precisamos enfatizar a diferença
entre transformação e maturidade. O último estágio
da transformação é a maturidade. Maturidade
significa plenitude de vida. Quando alguém está
maduro não tem mais falta de vida. Quanto mais vida
temos, mais amadurecidos somos. Uma criança,
obviamente, não tem maturidade; mas um homem
feito é maduro. Para uma pessoa ser madura, é
preciso que sua vida chegue à plenitude.
Transformação é uma mudança metabólica de
vida. Assim, a transformação não é uma questão de
plenitude; é uma questão de mudança. As plantas
não requerem transformação porque são
simplesmente plantas. Mas nós, os filhos de Deus,
precisamos de transformação. Somente por meio da
transformação podemos atingir a maturidade. Temos
uma vida natural, mas esta não serve para a
economia de Deus. Embora não precise ser
substituída, nossa vida natural precisa ser
metabolicamente mudada. Precisamos não somente
de uma mudança exterior, na aparência, mas
também de uma mudança interior, em natureza.
Embora seja necessária para a economia de Deus,
nossa vida não deverá permanecer como vida
natural; deverá ser uma vida humana transformada
em natureza, de modo que a vida divina possa ser
misturada com a vida humana transformada, a fim
de se tomar uma só coisa. Este ponto é profundo.
Pelo menos dois versículos do Novo Testamento
desvendam a questão da transformação. Romanos
12:2a diz: “E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
A palavra grega traduzida para “transformados”
neste versículo aparece também em 2 Coríntios 3:18:
“E todos nós com o rosto desvendado, contemplando,
como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. A palavra
“transformados” desses versículos indica que em
nossa vida cristã precisamos de uma mudança
metabólica. Não precisamos de correção ou alteração
externas; pelo contrário, precisamos de uma
mudança interna, em natureza e em vida.
Essa mudança metabólica começa com a
regeneração. Quando fomos salvos, não apenas
fomos justificados e tivemos perdoados os nossos
pecados, mas fomos também regenerados. Na
regeneração, uma nova vida, a vida divina, foi
colocada em nosso espírito. Desde essa época, essa
vida tem transformado a nossa vida natural. Ao
mesmo tempo em que muda a nossa vida natural, a
vida divina se deposita mais e mais dentro do nosso
ser. A transformação, portanto, é a mudança da
nossa vida natural. Quando tal mudança atinge o
ponto da plenitude, chega o tempo da maturidade.
Repetindo, o último estágio da transformação é a
maturidade. Esta não é uma questão de sermos
mudados, mas é uma questão de termos a vida divina
depositada em nós repetidas vezes, até que
cheguemos à plenitude de vida.
Apliquemos agora essa questão a Jacó. Embora
houvesse sido submetido a várias mudanças entre os
capítulos 25 e 37, não vemos nele qualquer mudança
depois do capítulo 37. No capítulo 25, ele era um
suplantador, um segurador de calcanhar. Ao lermos o
trecho do capítulo 26 a 36, que compreende um
período de aproximadamente vinte e cinco anos,
vemos como ele mudou. Tudo o que lhe aconteceu
nesses anos destinou-se à sua transformação.
Quando, no capítulo 37, Jacó perdeu seu amado filho
José, ele estava totalmente diferente daquela pessoa
do capítulo 27. No sentido espiritual, o Jacó do
capítulo 27 tinha muitas mãos para usar a fim de
agarrar tudo o que queria. Agarrou o que pertencia a
seu pai, a Esaú, e, mais tarde, a Labão. Todavia, no
capítulo 37, ele nem mesmo usou as próprias mãos.
O Jacó deste capítulo parecia não ter mais
capacidade nem habilidade; pelo contrário, parecia
não ser capaz de fazer coisa alguma. Isso indica que
ele fora totalmente mudado. Do capítulo 37 até o fim
desse livro, não notamos qualquer mudança
posterior neste homem. Nestes capítulos vemos
alguém que não somente foi mudado, mas alguém
pleno de vida. No capítulo 37 não percebemos nem
mudança nem plenitude de vida. A mudança ocorreu
antes desse capítulo, e a plenitude de vida foi
alcançada depois dela.
Gostaria de pedir-lhes que lessem novamente os
capítulos 27, 37 e 47. No capítulo 27 vemos um
suplantador. Tinha muitas mãos, era capaz de fazer
tudo e ninguém conseguia derrotá-lo. Qualquer um
que entrasse em contato com ele-seu pai, seu irmão
ou seu tio-sairia perde dor. Ele, pelo contrário,
sempre acabava na frente. Ganhou de seu irmão, de
seu pai e de seu tio. Ganhou até mesmo de Raquel, de
Lia e das duas servas. Todavia, à época da morte de
Raquel, ele começou a sofrer perdas. Mas até essa
perda produziu um ganho, que foi Benjamim. No
capítulo 37 sofreu outra perda: a de José. Neste
capítulo, Jacó nada ganhou. Desse ponto em diante,
perdeu uma coisa após outra. Por fim, no capítulo 47,
ganhou a plenitude de vida. Esta é a bênção,
representada pelo transbordar da vida. Quando você
estiver totalmente pleno de vida, esta haverá de
transbordar para dentro dos outros. Este transbordar
é a bênção. No capítulo 27, portanto, vemos um
suplantador; no capítulo 37, um homem
transformado; e, no capítulo 47, uma pessoa
amadurecida. A transformação de Jacó começou à
época em que Deus veio para tocá-lo (32:25), e
continuou até o capítulo 37, quando o processo de
transformação estava relativamente completo. Nesse
capítulo, entretanto, ele ainda não tinha maturidade,
plenitude de vida. Para ganhá-la, ele precisou
experimentar os tratamentos do último estágio, os
tratamentos em Hebrom.
Precisamos agora considerar como Jacó, uma
pessoa transformada, poderia estar pleno de vida. Os
seres humanos são vasos. Entretanto, diferentes de
jarros e garrafas, não somos sem sentimentos,
sentidos ou vontades. Se alguém quiser encher uma
garrafa com um certo líquido, ela não terá opinião ou
sentimento para manifestar-se. Não há necessidade
de se ter o seu consentimento antes de enchê-la. Mas
é difícil colocar algo em nós, vasos vivos, porque
estamos cheios de opiniões, desejos e intenções. Os
pais sabem como é difícil dar remédio aos filhos. De
semelhante modo, não é fácil para Deus colocar Sua
vida dentro de nós.
Quero agora tratar de um ponto oculto nesse
livro. O primeiro tratamento de Jacó no último
estágio foi a perda de José. Tinha este dezessete anos
quando foi vendido (37:2) e contava trinta anos
quando se apresentou a Faraó (41 :46). Depois disso
houve ainda mais sete anos de fartura.
Provavelmente, um ou dois anos mais tarde, Jacó
enviou seus filhos ao Egito em busca de comida.
Portanto, desde a venda de José até o envio dos filhos
de Jacó ao Egito, houve um período de pelo menos
vinte anos. A Bíblia não nos dá qualquer indício do
que Jacó fez nesses anos. Somente nos dá uma
narrativa do que José experienciou. No que diz
respeito ao registro de Jacó, esses vinte anos foram
um período de silêncio.
Que você pensa que Jacó esteve fazendo nesse
tempo? Em seu lugar, que você teria feito? Refleti
muito sobre isso, e penso que descobri algo. Nesses
anos, Jacó nada teve para fazer. Nada lhe faltava e ele
não tinha qualquer ambição. Somente se preocupava
com Raquel, e não com Lia e as duas servas. Depois
que Raquel morreu, o coração dele foi posto em José,
que lhe foi arrancado cerca de um ano mais tarde.
Depois que José foi levado, Jacó praticamente não
tinha mais nada. Portanto, nesses anos de silêncio,
ele era uma pessoa sem qualquer ambição, interesse
ou coisa para fazer. Essa deve ter sido a época em que
Deus mais se infundiu nele. Como foram diferentes
esses vinte anos dos vinte anos junto a Labão! Nos
vinte anos com Labão (31:41), ele lutou contra o tio e
se preocupou em lidar com Raquel, Lia, as servas e
todos os seus filhos. Entretanto, nesses vinte anos em
Hebrom, ele foi libertado de qualquer cativeiro ou
ocupação. Não estava somente aposentado-estava
livre.
A única coisa que não se lhe poderia tirar era a
presença de Deus. Em Hebrom, ele vivia
constantemente em comunhão com Deus. Com a
perda de José, Jacó tornou-se um jarro inteiramente
aberto para Deus. A presença de José deve ter-lhe
sido um empecilho à abertura para Deus. Mas agora,
depois da perda deste filho, ele estava livre de
qualquer embaraço e se achava totalmente aberto
para o Senhor. Sem dúvida, pensava em José dia e
noite. Concluíra que o filho fora devorado por uma
fera, mas isso não fora confirmado. Assim, Jacó deve
ter pensado que talvez pudesse ver José novamente.
Isso o ligou a Deus e o abriu para Ele. Quanto mais
pensava em José, mais aberto ficava. Nesses anos
todos, ele foi um jarro aberto aos céus, e a chuva
celestial continuamente caía dentro dele. Nesse
período, ele estava diariamente na presença de Deus,
sendo preenchido pela vida divina.

2) Jacó Foi Acometido pela Fome


De repente, fora de seu controle, Jacó foi
acometido pela fome, porque “havia fome na terra de
Canaã” (42:5). Deus usou essa fome para lidar com
Jacó e exaltar José. Vimos que, nos vinte anos entre a
perda de José e a vinda desta fome, Jacó nada teve
para fazer. Sentiu, provavelmente, que sua vida se
acabara, e estava esperando para ir para o seu povo,
isto é, morrer. Jamais imaginou que iria ao Egito
para ter outro novo início. Obviamente, jamais
pensou que José estaria lá esperando por ele. Jacó
pode ter pensado: “Que de novo me poderia
acontecer? Estou velho, tive quatro esposas e muitos
filhos e netos. Minha vida se acabou”. Entretanto,
enquanto pensava assim, a mão de Deus, de repente,
veio sobre ele, e a fome o acometeu. Que tormento
deve ter sido essa fome severa para todo o seu ser!
Antes de ela vir, ele estava em paz, nada lhe faltava.
Mas, de repente, não havia mais comida. Como
cabeça de família numerosa, ele certamente ficou
preocupado sobre o que fazer em meio a essa fome.
Deus a usou para pressioná-lo.
Deus também a usou para exaltar José. Para este,
a fome foi algo muito importante. Se ela não
houvesse ocorrido após os sete anos de abundância,
Faraó lhe teria dito: “José, você me enganou ao
interpretar meu sonho. Após os sete anos de
abundância, a fome não veio”. Mas a fome veio, e
confirmou o poder e a autoridade de José. Os sete
anos de abundância foram um cumprimento parcial
do sonho de Faraó, mas a interpretação que José
dera àquele sonho ainda não estava totalmente
confirmada. Faraó provavelmente estava esperando
para ver o que ocorreria após os sete anos de
abundância. Se a fome não tivesse vindo, ele poderia
ter executado José.
Assim, este precisava dos sete anos de fome para
ser exaltado. Esta fome foi a sua glória. Deus a usou
para coroá-lo. O reinado de José foi um tipo do
milênio, do reinado celestial de Deus sobre a terra.

3) Jacó Foi Forçado a Enviar Seus Filhos ao


Egito para Comprar Cereal
Por causa da fome, Jacó foi forçado a enviar ao
Egito seus dez filhos para comprar cereal (42:1-3).
Perdera José, e agora precisava enviar dez dos seus
onze filhos restantes. Nos tempos antigos, era longa a
viagem de Hebrom ao Egito; leva:a cerca de oito a
dez dias. Ao partirem os dez filhos para o Egito,
somente o mais novo, Benjamim, que devia ter cerca
de vinte anos, ficou com o pai. Os dez filhos devem
ter ficado longe de Jacó por quase um mês. Esse
período foi uma grande preocupação para esse
homem idoso. Ele deve ter pensado: “Agora meus dez
filhos se foram. Imagino o que lhes há de acontecer.
Será que voltarão em segurança? Será que
conseguirão comprar alimento e trazê-lo consigo
para casa? “ Que tormento para ele! Este tratamento
não visava a sua transformação, mas destinava-se à
sua maturidade. Deus o usou para preenchê-lo com
um elemento da vida divina.

4) O Segundo Filho de Jacó, Simeão, Foi


Detido no Egito
Quando seus filhos voltaram com o cereal, Jacó
soube que Simeão ficara detido no Egito (42:24, 36).
Isso também lhe foi um sofrimento e um tormento.
Quando considerarmos novamente estes capítulos
sob o prisma de José, a parte remante, perceberemos
como ele foi sábio. Não guardou o dinheiro, mas,
pelo contrário, colocou-o nos sacos de cereal (42:25).
Quando um deles descobriu que o seu dinheiro fora
colocado na boca do seu saco de provisões,
comunicou-o aos irmãos, e “desfaleceu-lhes o
coração, e, atemorizados, entreolhavam-se, dizendo:
Que é isto que Deus nos fez? “ (42:28). Quando
voltaram para casa e descobriram que a trouxinha de
dinheiro de cada um estava no seu saco, todos eles,
inclusive Jacó, temeram (42:35). Jacó parecia dizer:
“Que significa isso? Um de meus filhos ficou detido, e
vocês retomam com o cereal, mas o dinheiro está nos
sacos. Suponham que se acabe este cereal e a fome
continue. Que faremos então? Voltaremos ao Egito
para comprar mais cereal. Mas, que faremos com
este dinheiro? “ Jacó também soube das más notícias,
de que Benjamim precisaria ir ao Egito. Ao ouvir isto,
ele disse: “Tendes-me privado de filhos: José já não
existe, Simeão não está aqui, e ides levar a
Benjamim! Todas estas cousas me sobrevêm” (42:36).
Embora Rúben lhe prometesse trazer de volta
Benjamim, Jacó não o ouviu. Pelo contrário, disse:
“Meu filho não descerá convosco; seu irmão é morto,
e ele ficou só” (42:38).

5) A Fome Tornou-se Mais Severa


Gênesis 43:1-2 diz: “A fome persistia gravíssima
na terra. Tendo eles acabado de consumir o cereal
que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: Voltai,
comprai-nos um pouco de mantimento”. A esta
altura, Judá lembrou-lhe que, para comprar
novamente comida no Egito, eles tinham de levar
com eles Benjamim. Assim, por causa da severidade
da fome, ele foi forçado a enviar seu filho mais moço
com seus irmãos ao Egito, a fim de que comprassem
cereal (42:4, 36, 38; 43:1-15). Que sofrimento para
Jacó! Deus estava esvaziando este jarro, levando tudo
dele. Depois de sair Benjamim com seus irmãos
rumo ao Egito, Jacó foi deixado só, sem nenhum de
seus filhos. José se fora, Simeão ficara detido no
Egito, e agora todos os outros também haviam
descido ao Egito. Talvez, naquela noite, Jacó tenha
dito: “Que me restou?-Todos os meus doze filhos se
foram e não sei o que lhes acontecerá. Na primeira
viagem, um de meus filhos foi detido. Não posso
dizer quantos serão detidos nesta segunda vez”.
Embora isso lhe fosse um grande sofrimento, o ponto
principal aqui não é o seu sofrimento-é o fato de que
ele estava sendo esvaziado por Deus, que levou tudo
o que antes o preenchia, ficando ele agora
completamente vazio. Mas, como veremos, no dia em
que Jacó recebeu as boas novas referentes a José, ele
foi totalmente preenchido pela plenitude de vida.
Deus levara Raquel, José, Simeão e, finalmente,
todos os dez filhos restantes, inclusive Benjamim.
Quando ele se achava com seus irmãos no Egito,
reconciliando-se com José, este ficou muito feliz.
Jacó, entretanto, estava em casa sozinho, sendo
esvaziado pelo Senhor. Noite após noite, Jacó
provavelmente deve ter tido a profunda sensação de
ser um vaso vazio. Tudo o que algum dia o
preenchera fora levado embora. Isso foi totalmente a
soberania do Senhor. Este o preparava para ser
preenchido pela vida divina.
Consideremos agora a situação do ponto de vista
de José. A maneira como ele tratou com seus irmãos
também foi pela soberania do Senhor. Deteve Simeão,
e depois devolveu todo o dinheiro aos outros (42:24-
25). Qual era o propósito em deter Simeão? Por que
não deteve um dos outros irmãos? Creio que Simeão
foi o líder da conspiração contra José. Simeão era
cruel. Ele e Levi mataram Hamor e Siquém e lhes
destruíram a cidade (34:25-29). Em 49:5, Jacó disse:
“Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são
instrumentos de violência”. Também creio que
Simeão é quem deve ter tido a iniciativa de propor
que José fosse morto. Embora os irmãos não o
reconhecessem, José estava bem claro a respeito
deles. Quando os viu pela primeira vez, fê-los passar
por maus bocados, para que fossem tocados na
consciência. Eles disseram entre si: “Na verdade,
somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe
vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não
lhe acudimos; por isso nos vem esta ansiedade”
(42:21). José então “tomou a Simeão dentre eles e o
algemou na presença deles” (42:24). Isso deve ter
levado Simeão a refletir sobre o que fizera a José.
Durante a sua prisão, Simeão deve ter pensado: “Por
que sou o único a ficar detido? Oh! jamais deveria ter
feito aquilo a José”. O que José lhe fez foi realmente
pela soberania do Senhor.
Nem mesmo quando os irmãos chegaram ao
Egito pela segunda vez, José se lhes revelou
imediatamente. Se fosse eu, teria dito: “Sou José.
Como é bom que vocês tenham voltado com
Benjamim, meu irmão. Por favor, voltem para casa e
falem de mim a meu pai”. Ao invés de agir assim,
José lhes preparou uma festa (43:16). Isso os
surpreendeu e os levou a ter medo. Após a festa, José
ordenou que se enchessem de alimentos nos sacos de
seus irmãos, e que o dinheiro fosse posto à boca dos
sacos, colocando-se seu copo de prata no do mais
jovem. Obviamente, os irmãos de José devem ter
ficado muito felizes por deixar o Egito. Mas o
mordomo de José os alcançou e os acusou de roubar
o copo de seu amo. Quando o copo foi encontrado no
saco de Benjamim, os irmãos “rasgaram as suas
vestes” e voltaram à cidade (44:13). Devem ter ficado
aterrorizados. José, todavia, não os estava punindo,
mas tocando-lhes a consciência. Somente depois de
tudo isso é que ele se deu a conhecer aos seus irmãos.
Deus soberanamente não permitiu que as boas
notícias relativas a José chegassem antecipadamente
a Jacó. Enquanto José e seus irmãos, juntos, estavam
felizes no Egito, Jacó sofria em Canaã, esperando
seus filhos voltarem. Quanto mais os filhos ficavam
no Egito, mais ele sofria. Mas quanto mais ele sofria,
melhor para ele. A sua longa espera pela volta dos
filhos foi certamente uma prova. Isso estava sob a
mão soberana de Deus para prolongar o seu
sofrimento, a fim de que ele pudesse ser esvaziado de
tudo. Quando as boas novas chegaram a Jacó, ele
estava totalmente vazio.
As nossas preocupações estorvam o crescimento
de vida. Por causa delas, não há muito espaço em
nosso ser para a vida divina. Entretanto, quando
ouviu as notícias relativas a José no Egito, Jacó
estava esvaziado de toda preocupação. Nada ocupava
seu ser interior. Raquel morrera, seus doze filhos se
haviam ido e ele próprio fora totalmente esvaziado.
Estava tão vazio que, quando chegaram as boas novas,
ele não se empolgou. Na verdade, o seu coração
estava, pelo contrário, bem frio (45:26). Quando lhe
chegaram notícias referentes a José, ele não apenas
estava transformado, mas totalmente enchido da vida
divina. Tomara-se maduro.
A história de Jacó também deve tomar-se a
nossa biografia. Precisamos crer que tudo em nossa
vida diária está debaixo da mão soberana de Deus.
Tudo o que ocorreu a Jacó foi para a sua
transformação e maturidade. Para ser transformado,
ele precisou ser pressionado em situações que não
lhe deram outra escolha a não ser submeter-se a uma
mudança. Como Jacó, após sermos mudados, Deus
vai soberanamente usar pessoas, coisas e
acontecimentos, para esvaziar-nos de tudo o que nos
preenche e levar embora toda preocupação, de modo
a podermos ter uma capacidade aumentada para
sermos preenchidos por Ele.
Se lermos repetidas vezes o livro de Gênesis,
veremos que os dois aspectos principais da
experiência de Jacó são transformação e maturidade.
Não é simplesmente uma questão de sermos
escolhidos, chamados, salvos e regenerados. Ainda
precisamos do processo de transformação e de
maturação. Poucos cristãos, todavia, prestam atenção
a tais pontos. Por essa razão, a economia de Deus
tem sido estorvada no meio dos seus filhos. Porque
há tal falta de transformação e maturidade no meio
do povo de Deus, ainda não vimos o cumprimento do
Seu eterno propósito. Mas essa falta está agora sendo
suprida na restauração do Senhor, que hoje é tanto a
restauração de Cristo como vida quanto a
restauração da igreja como nosso viver. Nos dias
vindouros, muitos santos na restauração do Senhor
serão transformados. Mesmo agora, alguns estão no
processo de maturação. O Senhor está trabalhando
em nosso meio, em nós e dentro de nós, para nos
transformar e levar-nos a amadurecer.
Quando era jovem, li uma série de livros
referentes a vencer o pecado, mas não li nenhum
relativo à transformação. Conosco, hoje, não existe
simplesmente a questão de vencer o pecado. Mesmo
se vencer todo o pecado, você ainda precisará ser
transformado. Se não formos transformados, a
vitória sobre o pecado não significará muito para a
economia de Deus. Em Sua economia não
precisamos simplesmente da vitória sobre o pecado,
precisamos também da transformação de nosso ser e
da plenitude de Sua vida.
Deus está preocupado com transformação e
maturidade. Esta é a Sua necessidade atual. Ao lado
da maturidade temos também o aspecto do reinar. A
vida madura torna-se a vida reinante. Já enfatizamos
que Jacó e José não deveriam ser considerados duas
pessoas separadas, mas dois aspectos de uma pessoa
completa que tem a plenitude da experiência. Todos
deveríamos ter o aspecto da maturidade e o do reinar.
Na verdade, não era José quem reinava sobre o
Egito-era Jacó, Israel. Se você pudesse perguntar a
um egípcio quem estava reinando sobre ele, a
resposta seria que um hebreu, um israelita estava
reinando. Israel reinava no Egito, porque
amadurecera na vida. Somente uma vida amadureci
da pode ser usada por Deus para o Seu reino, para o
Seu reinar.
Pela experiência de Jacó, observamos que tudo o
que nos acontece está debaixo da soberania de Deus
para a nossa transformação e maturidade. Nada é
acidental. O Seu eterno propósito somente pode ser
cumprido por meio da nossa transformação e
maturidade. A experiência de Jacó é uma excelente
ilustração disso.

(b) A Reação de Jacó


Jacó, na verdade, não reagiu a todos esses
tratamentos do último estágio, que visavam à sua
maturidade. Ele não mais teve sua própria atividade.
Pelo contrário, sem qualquer resistência, submeteu-
se inteiramente às circunstâncias. Aceitou, da
maneira como ocorreram, todas as situações (43:11,
13). Sobre a provável perda de seus filhos, ele disse:
“Se eu perder os filhos, sem filhos ficarei” (43:14).
Que submissão!
Nos seus primeiros anos, Jacó sempre confiou
em sua própria habilidade e capacidade. Entretanto,
após os tratamentos do último estágio, sua confiança
não estava mais em si, mas em Deus. Ele chegara a
conhecer a misericórdia de Deus. Por meio de suas
experiências ao longo de toda a sua vida, por fim
percebeu que isso se devia à misericórdia de Deus,
não à sua capacidade ou à habilidade com que ele
contara no decorrer das circunstâncias. E aprendeu
também que esse Deus misericordioso é todo-
suficiente, não apenas todo-poderoso, para ir ao
encontro das suas necessidades em qualquer situação.
Então Jacó disse aos seus filhos: “Deus Todo-
poderoso vos dê misericórdia perante o homem”
(43:14). A sua confiança e o seu descanso agora
repousavam totalmente na misericórdia do seu Deus
todo-suficiente não mais em si mesmo nem em sua
habilidade. Observamos aqui um homem totalmente
transformado para a maturidade.
MENSAGEM NOVENTA E QUATRO

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (1)
Na última mensagem, ressaltamos a diferença
entre transformação e maturidade. Transformação é
a mudança metabólica de vida, e maturidade é a
plenitude de vida. A maturidade é o último estágio da
transformação. À medida que somos transformados,
somos também preenchidos pela vida. Quanto mais
transformados, mais somos preenchidos pela vida.
Ninguém pode estar pleno de vida sem ser
transformado. O grau de preenchimento é
proporcional ao grau de transformação. Quando
estivermos completamente transformados,
estaremos cheios de vida em sua plenitude.
Do capítulo 25 ao 32, não observamos mudança
alguma na vida de Jacó. De acordo com o relato do
capítulo 25, ele começou a suplantar até mesmo
antes de nascer. A sua transformação começou à
época em que Deus o tocou. Isso ocorreu no capítulo
32. Embora do capítulo 25 até o 32 não tivesse
havido transformação, mudança na vida, tais
capítulos estão repletos de tratamentos. Lembre-se,
Jacó despendeu vinte anos sob a mão de Labão.
Nesses anos, sofreu tratamento após tratamento.
Depois desses vinte anos de tratamento, certa noite,
em Peniel, o Senhor veio e tocou-lhe a parte mais
forte, a coxa, e Jacó ficou manco. Isso marcou o
início de sua transformação, e este processo
continuou do capítulo 32 até o 37. Nesses capítulos,
observamos um registro de como Jacó estava sendo
transformado. Após perder José no capítulo 37,
entretanto, não percebemos mais mudança em sua
vida. A razão disso é que, nessa hora, a sua
transformação estava quase completada. Assim, no
capítulo 37, a sua maturidade começou.
Estes são os três períodos distintos de sua vida: o
período dos tratamentos, o período da transformação
e o período da maturidade. Se você comparar estes
três capítulos-27, 37 e 47-verá os tratamentos, a
transformação e a maturidade. No capítulo 47, a
maturidade de Jacó atinge o seu auge e é plenamente
manifestada. Nesta mensagem, consideraremos a
manifestação de sua maturidade.

(2) A MANIFESTAÇÃO DA MATURIDADE

(a) Nenhuma Repreensão ao Ouvir que José


Ainda Estava Vivo
O primeiro sinal da maturidade de Jacó está no
fato de ele não haver censurado seus filhos, ao ouvir
deles notícias de que José estava vivo no Egito
(45:21-28). Embora eles conspirassem para matar
José, e posteriormente o tivessem vendido como
escravo, e houvessem mentido a seu pai a esse
respeito, Jacó não os censurou. Se não estivesse
maduro, teria dito: “Que me fizeram? Não sabem que
quase me mataram? “ Mas de acordo com o relato do
capítulo 45 ele não culpou ninguém.
Gênesis 45:26-27 menciona o coração de Jacó e
o seu espírito. Embora alguns dos assim chamados
cristãos pensem que o espírito e o coração sejam a
mesma coisa, sabemos, pela verdadeira luz da Bíblia,
que o coração é o coração, e o espírito é o espírito. O
versículo 26 diz: “O coração lhe ficou como sem
palpitar”, e o versículo 27: “Reviveu-se-lhe o espírito”.
Quando ouviu as boas novas relativas a José, o seu
coração ficou entorpecido. Algumas versões dizem
que seu coração ficou frio. A palavra hebraica
significa “entorpecido”, “falto de sentimento ou
sensação”. Embora o coração de Jacó estivesse
entorpecido, o seu espírito reviveu.
Precisamos ser como Jacó. Em certas situações,
o nosso coração deverá ficar entorpecido e o nosso
espírito reavivado. Atualmente, muitos jovens têm
ficado “embriagados” com Cristo. Mas eu lhes faço
estas perguntas: O seu coração está entorpecido?
Você reviveu em seu espírito ou em seu coração? Não
tenho certeza de que tenham revivido no espírito.
Talvez o empolgamento deles seja uma mistura entre
alma e espírito. De acordo com Hebreus 4:12, o
espírito tem de ser dividido da alma. Um santo
maduro é aquele que revive, vive e se empolga no
espírito, mas se entorpece no coração. Embora
devêssemos ser quentes no espírito, deveríamos ser
frios no coração. O nosso espírito deve ser um forno
cheio de fogo ardente, mas o nosso coração deve ser
um congelador.
Quando somos jovens em nossa vida espiritual,
somos principalmente revivificados no coração e
entorpecidos no espírito. Quanto mais moço, mais
você é revivificado no coração e entorpecido no
espírito. Mas, quando cresce, você se torna um pouco
entorpecido no coração e revivificado no espírito. No
capítulo 45 vemos que Jacó era um irmão maduro.
Por isso a Bíblia diz que o seu coração estava
entorpecido, mas o seu espírito estava revivificado.
Isso foi uma manifestação de sua maturidade. Tal
afirmação sobre o coração e o espírito somente pode
ser encontrada na Bíblia, não em qualquer outro
escrito secular.
Porque o coração lhe ficara entorpecido e porque
o espírito lhe fora revivificado, Jacó não censurou
ninguém nem coisa alguma. Em seu coração não
houve sentimento, sensação ou reação. A sua vida da
alma fora completamente mortificada e o seu coração
estava como madeira. Porque sua alma e seu espírito
haviam sido divididos, as boas novas referentes a
José resultaram no reviver do seu espírito, não na
excitação do seu coração.
Não pense que eu tenha a intenção de esfriar o
empolgamento dos jovens. Não, eles precisam ficar
empolgados. Crianças são crianças, pais são pais, e
avós são avós. Como é infantil um avô ficar
facilmente excitado! As crianças é que devem ficar
assim. Caso contrário, eles então devem ser física ou
mentalmente doentes. Crianças saudáveis são
sempre facilmente excitáveis.
Quando voltei de uma recente viagem à Europa,
trouxe algumas lembranças para dois dos meus netos.
A um deles, um menino de sete anos, dei um quebra-
nozes, e ao outro, com menos de quatro, dei um
carrinho. Eles ficaram tão excitados que mal podiam
comer, dormir ou ficar quietos. O mais velho,
inclusive, levou seu quebra-nozes à escola, para
mostrá-lo a seu professor e a seus colegas. Ficamos
muito felizes ao ver a excitação dos nossos netos,
porque era uma indicação de que estavam vivos e
saudáveis. Suponha, todavia, que eu desse tal
presente a um dos presbíteros, e ele, em seu
empolgamento, mostrasse o quebra-nozes aos outros.
Se ele agisse assim, eu teria dúvidas de que ele seria o
irmão indicado para ser presbítero. Não é correto que
uma pessoa mais velha se excite assim. Os jovens,
pelo contrário, são jovens, e precisam ficar
empolgados.
Porque não se empolgou, Jacó não censurou os
outros por causa da perda de José. Ninguém pode
aprender isso apenas por ensinamento! Ensinar
simplesmente não funciona. Se eu ensinar meu neto
de sete anos a não censurar seu irmão, não haverá
resultado algum. Tão logo eu vire as costas, ele irá
condenar seu irmão mais novo. Porque está na idade
de agir assim e ter uma vida de censura aos outros,
ele não pode evitar isso. Obviamente isso não
significa que não devamos treinar nossos filhos.
Precisamos discipliná-l os. Mas aprender a não
censurar os outros depende do crescimento de vida,
não de ensinamentos exteriores.
Em Gênesis 45, observamos um santo que não
fingiu, não representou, nem encenou. Visto que
chegara à maturidade, o seu coração estava
entorpecido, e ele não censurou os outros. Alguns
podem pensar que o versículo 26 indica que o
coração de Jacó estava chocado com as boas novas e
que ficara entorpecido por causa do choque. Não
creio nisso. Quando um jovem recebe alguma notícia
chocante, a sua mente, emoção e vontade continuam
ativas, não entorpecidos. Tenho visto alguns que
ficaram seriamente chocados, e ainda assim a sua
alma continuou muito ativa. Mas quando Jacó, um
velho, recebeu as boas novas relativas a José, não
teve nenhuma reação; o seu coração ficou
entorpecido. Isso é um sinal de sua maturidade na
vida.
Jovens, não tentem imitar tal maturidade. Não
há necessidade de fingir. Vocês são jovens, não pais
ou avós. Não tentem, portanto, comportar-se como
avós. Não ajam como se estivessem entorpecidos no
coração e revivificados no espírito. Gosto quando
meus netos estão excitados, porque esse
comportamento é genuíno, natural e espontâneo.
Não é uma encenação. Os jovens não deveriam ficar
atribulados com esta mensagem sobre a
manifestação da maturidade. Digo novamente: os
jovens precisam estar empolgados. Se um jovem não
ficar empolgado, ele não será normal. Não finja ser
mais maduro do que é. Fingimento só mata.

(b) Ofereceu Sacrifícios a Deus em Berseba,


Antes de Ir Ver José
Gênesis 46:1 diz: “Partiu, pois, Israel com tudo o
que possuía, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifícios
ao Deus de seu pai Isaque”. Em 35:1, Deus disse a
Jacó que se levantasse e subisse a Betel e erigisse lá
um altar a Deus. Entretanto, em 46:1, Jacó foi a
Berseba oferecer sacrifícios por sua própria iniciativa.
Tal versículo não diz que ele ofereceu um sacrifício,
mas que ele “ofereceu sacrifícios”. Foi a Berseba com
o propósito de oferecer sacrifícios a Deus. O versículo
não nos diz que ele tenha orado, louvado ou dado
graças a Deus. Pelo contrário, diz que ele ofereceu
sacrifícios. Agiu assim para que pudesse ter
verdadeira comunhão com Deus. Usando os termos
do Novo Testamento, ele ofereceu, para a satisfação
de Deus, o Cristo que experienciara em muitos
aspectos. Essa é a adoração que Deus deseja receber
de nós. Mas essa adoração se relaciona ao nosso
crescimento de vida. Quando estivermos maduros,
freqüentemente adoraremos a Deus dessa maneira.
Deus não pediu a Jacó que fosse a Berseba e
oferecesse sacrifícios. Jacó foi lá por conta própria, a
fim de oferecer Cristo para a satisfação de Deus.
O versículo seguinte diz: “Falou Deus a Israel em
visões de noite”. Veja que este versículo não fala de
uma visão, mas de “visões”. Naquela noite, em
Berseba, Deus apareceu a Jacó pelo menos duas
vezes e lhe falou. Quando somos jovens na vida,
freqüentemente dizemos: “Senhor, que está na Tua
mente? Por favor, dize-me o que queres que eu faça”.
Todavia, no capítulo 46, Jacó não falou assim. Em
vez de pedir a orientação de Deus, ofereceu
sacrifícios para a Sua satisfação. Então, durante a
noite, Deus lhe apareceu. Vemos aqui o tipo de
comunhão que um irmão maduro na vida tem para
com Deus. Não há oração, louvor, ação de graças ou
busca. Pelo contrário, há o oferecimento de Cristo a
Deus, para a Sua satisfação. Neste tipo de adoração,
Jacó teve comunhão com Deus, e Este lhe apareceu.
Isso, certamente, é outra manifestação da
maturidade de Jacó.
Não podemos imitar o grau de vida de Jacó. O
nosso grau de vida sempre se relaciona ao nosso
crescimento de vida. Se não tivermos o crescimento,
simplesmente não podemos ter tal grau de vida.
Embora você possa fingir, representar ou encenar,
ainda assim não poderá ter o grau de vida que está
imitando. Todos, portanto, precisamos crescer.
Quando crescermos até determinado estágio de vida,
espontaneamente teremos a manifestação de vida
relacionada com aquele estágio.

(c) Nenhuma Empolgação ao Ver José


Revelando Desprendimento do Ego
Outro sinal da maturidade de Jacó foi a
completa ausência de qualquer empolgação,
mostrando desprendimento do ego, ao ver José
(46:28-30). Ele não ficou empolgado, por estar
entorpecido o seu coração. Está muito bem para os
jovens ficarem empolgados, mas não deverá haver
exagero nessa empolgação. Ainda tem de haver
determinado controle. Às vezes, meus netos são tão
descontraídos em sua empolgação que chegam a ser
destruidores. Um deles ficou tão empolgado que até
andou por sobre os móveis. Crianças que
demonstram tal exagero de descontração precisam
ser disciplinadas. Vocês, jovens, todavia, precisam
ficar empolgados, e os locais de reuniões das igrejas
repletos de jovens devem ser lugares plenos de
empolgação. Vocês podem até “levantar o teto” com
sua empolgação.
Quanto mais os jovens se empolgarem, melhor
será, porque, quanto mais empolgados ficarem, mais
rápido crescerão. Jamais vi crescer uma criança
entorpecida. As crianças precisam ser ativas e
excitáveis. Isso indica que estão vivas, saudáveis e
normais. Sinto prazer na empolgação dos jovens,
porque é um sinal da sua normalidade. Isso me
assegura que crescerão. Todavia, em sua empolgação,
não deverá haver qualquer descontração excessiva ou
anarquia. Em meio à sua empolgação, o seu espírito
poderá dizer: “Cuidado. Não exagere nem vá muito
longe”. Tal controle é correto.
Jovens, encorajo-os a se empolgarem. Embora
eu seja um velho, não gosto de ficar na reunião dos
velhos. Prefiro estar na reunião dos jovens e numa
igreja cheia de jovens. Embora possam ainda não ter
transformação e maturidade, eles estão vivos. A
presença de vida dá-me a segurança de que o
crescimento, a transformação e a maturidade
finalmente chegarão.

(d) Nada Pediu após Chegar ao Egito


Ao chegar ao Egito, Jacó nada pediu. Quando
jovem, todavia, ele fazia pedidos aonde quer que
fosse. Não apenas pedia; suplantava e roubava os
outros. Esperava conseguir tudo para si. Se ficasse
com você, o que estivesse em seu bolso, mais cedo ou
mais tarde acabaria no dele.
Nos primeiros anos roubou seu pai, seu irmão,
seu tio e até mesmo suas esposas. Por fim, já velho,
ele próprio foi roubado e privado até de seus filhos.
Mas, em sua maturidade, ele nada pediu. De acordo
com a sua posição, após chegar ao Egito, ele tinha
direito de exigir tudo. Contudo, nada pediu. Isso é
um sinal forte de maturidade. Uma pessoa madura
não é exigente. Ao invés de exigir, requerer ou pedir,
Jacó estendeu as mãos para abençoar os outros. Se
pedirmos, suplicarmos e exigirmos, isso prova que
somos jovens na vida. Nós, irmãos, não deveríamos
estabelecer exigências uns para com os outros. Isso,
todavia, não pode ser encenado; é resultado do
crescimento de vida.
Em qualquer família, as crianças são muito
exigentes, mais exigentes do que qualquer outro
membro. O avô, pelo contrário, nada exige; antes,
está constantemente dando. Mas o dia inteiro as
criancinhas estão pedindo doces, bolos e brinquedos.
Meus netos constantemente pedem coisas à sua avó.
Quanto mais jovem você for, mais exigências fará.
Poderá fazer exigências aos presbíteros e aos
irmãos e irmãs, mas jamais exigirá de si mesmo. Isso
prova que você é corno um bebezinho. Este não faz
nada, a não ser exigências. Enquanto o Senhor pode
levar algum tempo para responder à minha oração,
as orações dos bebês são imediatamente respondidas.
Fazer muitas exigências é uma indicação de que você
e Jovem.
A oração excessiva também pode ser um sinal de
imaturidade. Alguns jovens santos, julgando não
serem os presbíteros humildes ou suficientemente
diligentes, oram por eles de maneira infantil. Não
orar dessa maneira pelos presbíteros é uma prova de
que você cresceu. Orar de maneira inadequada por
eles indica que você é muito jovem. Quanto mais ora
por eles, menos maduro você é. Se você não ora pelos
presbíteros, então deve estar crescido.
Muitas orações pela igreja também são infantis.
Alguns irmãos oram: “Senhor, não ouso falar-Te
sobre a igreja. Mas, Senhor, Tu conheces a situação.
Ó Senhor, faze alguma coisa”. Tal tipo de oração, na
verdade, é uma condenação da Igreja. Quando ora
assim, você a acusa. Fazer tal tipo de oração é pedir
ao Senhor que discipline a igreja. Você ora muito pela
igreja porque, aos seus olhos, ela não satisfaz as suas
exigências. Paulo, todavia, não orava assim por ela.
Há cinqüenta anos, eu também orava, de modo a
censurar, suplicar, exigir e acusar. Mas o Senhor
pode testificar por mim que, nos últimos seis meses,
não tenho orado pelos presbíteros de Anaheim. Isso
não significa que eles sejam perfeitos; quer dizer que
não lhes faço exigências e que interiormente não
estou aborrecido com eles.
Não tente imitar tal característica de maturidade.
Não diga: “O irmão Lee disse-nos que, por seis meses,
ele não orou pelos presbíteros. De agora em diante,
também não vou orar mais por eles”. Se você for
capaz de agir assim por seis meses, tal será uma
indicação de que você cresceu. Isso revela que você
não está pedindo nem fazendo exigências.

(e) Nada Fez para Si mesmo enquanto Viveu


no Egito
Quando foi para o Egito, Jacó não se envolveu
em qualquer atividade para si mesmo. Isso também é
uma manifestação de sua maturidade. Não pense que
ele fosse preguiçoso, estivesse cansado ou lhe faltasse
energia para agir. Se ele não fosse capaz de fazer as
coisas, ao menos poderia ordenar aos seus filhos que
as fizessem por ele. Todavia, ele não agiu assim. Pelo
contrário, estava plenamente satisfeito e permaneceu
inteiramente sob a soberania de Deus. Não dependia
dos próprios esforços. Com essa experiência ao longo
dos anos, ele chegou a saber que o seu destino estava
nas mãos de Deus, não em suas próprias. Quando
estava para abençoar os dois filhos de José, ele falou
de Deus como Aquele que fora o seu pastor durante
toda a sua vida (48:15, 16, IBB-Rev.). A sua palavra
em 48:15 e 16 é uma referência ao Deus Triúno.
Vemos aqui o Deus Triúno na experiência de Jacó,
não em doutrina. Nestes versículos, ele disse: “O
Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão
e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante
toda a minha vida até este dia, o anjo que me tem
livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos” (lBB-
Rev.). Observamos uma tríplice menção de Deus: o
Deus diante de quem andaram Abraão e Isaque, o
Deus que apascentara Jacó durante toda a sua vida, e
o Anjo que o livrara do mal. O Deus diante de quem
andaram Abraão e Isaque há de ser o Pai; o Deus que
apascentara Jacó durante toda a sua vida há de ser o
Espírito; e o Anjo que o redimiu de todo o mal há de
ser o Filho. Esse é o Deus Triúno na experiência de
Jacó.
Este experimentou o cuidado soberano e
apascentador de Deus. Apascentar inclui alimentar.
O pastor supre toda a necessidade das ovelhas, que
somente comem e descansam. Toda a provisão para a
sua existência advém do pastor. Este exemplo é uma
ilustração maravilhosa de que Jacó percebia que o
seu destino e existência estavam totalmente nas
mãos do Deus apascentador. Assim, após ter
amadurecido e chegado ao Egito, ele nada fez para si
mesmo. Esse é outro sinal da maturidade de vida.

(f) Abençoou Pessoas o Tempo Todo


Chegamos agora ao mais forte sinal da
maturidade de Jacó: a sua bênção aos outros. A
primeira coisa que ele fez ao chegar ao Egito foi
abençoar Faraó (47:7, 10). Embora fosse a pessoa de
mais alta posição na terra, Faraó esteve sob a mão
abençoadora de Jacó. De acordo com Hebreus 7:7, “o
inferior é abençoado pelo superior”. Assim, o fato de
Jacó ter abençoado Faraó constitui-se em prova de
que ele era maior do que Faraó. Ao ser levado à
presença deste, Jacó não lhe falou de maneira
educada ou política, mas estendeu as mãos e o
abençoou. Isso é totalmente diferente da cultura e da
religião humanas. Quando deixou a presença de
Faraó ele o abençoou novamente.
A bênção é o transbordar da vida, o transbordar
de Deus por meio da maturidade de vida de alguém.
Para abençoar os outros, precisamos estar totalmente
enchidos de vida, de modo a transbordar sobre eles
essa vida. Por ter tal transbordar de vida, Jacó
abençoou Faraó e os dois filhos de José (48:8-20).
O seu pai, Isaque, abençoara cegamente. Mas a
bênção de Jacó aos seus dois netos, Efraim e
Manassés, estava repleta de discernimento. Embora
seus olhos físicos estivessem fracos, o seu espírito
estava claro (48:10). José apresentou-lhe seus filhos,
colocando Manassés, o primogênito, à direita de Jacó,
e Efraim à esquerda. José esperava que Jacó
colocasse sua mão direita sobre a cabeça de
Manassés e a esquerda sobre a cabeça de Efraim.
Mas estando interiormente muito seguro do que fazia,
Jacó cruzou as mãos e colocou a direita sobre a
cabeça de Efraim. José ficou descontente com isso, e
disse: “Não assim, meu pai, pois o primogênito é
este; põe a tua mão direita sobre a cabeça dele”
(48:18). Mas Jacó recusou e disse: “Eu sei, meu filho,
eu o sei”. Jacó guiou suas mãos de propósito e com
inteligência. Diferente do seu pai, Isaque, ele nada fez
às cegas. Porquanto estava maduro e porque era um
com Deus em vida, estava claro no espírito. Em seu
espírito, sabia que era da vontade de Deus
estabelecer Efraim acima de Manassés.
Mais tarde veremos que a vida madura de Jacó
estava cheia de bênçãos. Ele abençoou seus doze
filhos, e tais bênçãos foram profecias relativas ao
destino das doze tribos de Israel. Estava tão cheio de
vida que transbordava bênçãos para quem quer que
encontrasse. Essa é a manifestação mais forte da
maturidade de vida de Jacó.
MENSAGEM NOVENTA E CINCO

A BÊNÇÃO
Como já enfatizamos várias vezes, o livro de
Gênesis é um livro de sementes. Quase todo item
desse livro é uma semente que se desenvolve nos
livros subseqüentes da Bíblia. Isso também é verdade
com relação à bênção. Nesta mensagem, outro
parêntese em nosso Estudo-Vida, consideraremos a
semente da bênção plantada em Gênesis e o seu
desenvolvimento no Velho e Novo Testamentos.

I. O PRINCÍPIO DA BÊNÇÃO
Hebreus 7:7 diz: “Evidentemente, é fora de
qualquer dúvida, que o inferior é abençoado pelo
superior”. Neste versículo vemos o princípio da
bênção: o maior abençoa o menor. Ser maior ou
menor não é apenas uma questão de idade. É uma
questão da medida de Cristo. Somos maiores ou
menores, de acordo com a nossa medida de Cristo.
Em Mateus 11:11, o Senhor Jesus disse: “Em verdade
vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista; mas o menor no
reino dos céus é maior do que ele”. O Senhor Jesus
aqui diz que João Batista era maior que todos os que
o precederam. Todavia, o menor no reino dos céus é
maior do que João. A razão de ele ser maior do que
os seus antecessores era que ele estava muito
próximo de Cristo. Ainda que Abraão fosse grande,
ele não viu a Cristo. João Batista, todavia, viu-O. Mas
embora estivesse tão perto de Cristo, João não teve
Cristo em si. Os do reino dos céus não estão apenas
próximos de Cristo, mas O têm dentro de si. Por essa
razão, o menor no reirío dos céus é maior que João.
Os maiores do Antigo Testamento podiam dizer que
Cristo estava vindo, mas João Batista podia dizer que
Ele estava diante de si. Mas todos nós, no reino dos
céus, podemos dizer que Cristo está dentro de nós.
Podemos até dizer: “Para mim o viver é Cristo” (Fp
1 :21). Desse modo, estamos mais próximos de Cristo
do que João Batista e todos os que o antecederam.
O sermos maiores ou menores depende da nossa
medida de Cristo. Se tem muito de Cristo, você é
maior. Se tem pouco Dele, você é menor. Se, por ter
mais de Cristo, somos maiores que outros, então
estamos qualificados a abençoá-los, porque o maior
sempre abençoa o menor. A razão disso é que o
maior tem uma medida maior de Cristo para dar aos
outros. Se é maior que eu, significa que você tem uma
porção maior de Cristo para ministrar-me. Se assim
for, então você terá algo mais de Cristo para
ministrar a mim. Abençoar os outros significa
ministrar-lhes Cristo. Os que têm apenas uma
pequena medida de Cristo precisam da bênção dos
que têm uma medida maior. Nós os abençoamos com
o próprio Cristo de quem participamos e em quem
temos gozo. Se desfrutarmos muito de Cristo,
teremos então mais Dele para ministrar aos outros.
Esse ministrar de Cristo é a bênção.

II. O SIGNIFICADO DA BÊNÇÃO


É muito difícil dar uma definição apropriada de
bênção. Anos atrás eu só podia dizer que bênção
significava pedir ou desejar algo bom aos outros. Mas
depois de alguns anos de experiências posso dizer
que bênção é o transbordar de Deus por meio da
maturidade de vida de alguém. Deus não pode fluir
para o interior das pessoas sem um canal humano. Se
Cristo jamais se tivesse encarnado, Deus não seria
capaz de fluir para o homem, porque não haveria um
canal. O Seu fluir requer a humanidade como canal.
A única humanidade que Deus pode usar como canal
é a de alguém saturado de e permeado com Ele. Por
isso Jacó não abençoou ninguém até tornar-se
maduro. Não abençoou Labão nem Esaú. Mesmo
quando viu seu irmão, após permanecer vinte anos
com Labão, não o abençoou. Somente quando desceu
ao Egito é que abençoou Faraó, o maior governante
da terra (47:7, 10). Naquela hora, ele estava pleno de
Deus. Por meio da sua bênção, a bênção de Deus
transbordou para Faraó.
Uma criança de dois anos não pode abençoar
ninguém. Uma criança de sete ou oito anos, todavia,
pode dar algum tipo de bênção. Isso ilustra o fato de
que abençoar os outros depende da maturidade de
vida. Essa maturidade é questão de se estar pleno de
Deus. Estando pleno de Deus, você tem o Seu
transbordar, e assim será capaz de abençoar alguém
que encontrar. Anos atrás, eu não podia dizer tal
palavra sobre a bênção. Essa compreensão de bênção
não nos vem de ler livros, mas somente da
experiência.

III. O PRIMEIRO CASO DE BÊNÇÃO


O primeiro caso de bênção na Bíblia é a que
Melquisedeque conferiu a Abraão (14:18-20).
Melquisedeque era um tipo de Cristo. Quando ele
chegou a Abraão, portanto, foi Cristo quem lhe veio
ao encontro. Melquisedeque chegou-se a Abraão com
pão e vinho, exatamente como o Senhor também nos
vem. Além disso, Melquisedeque chegou como o
sacerdote eterno, e Cristo tornou-se um Sacerdote, de
acordo com a ordem eterna de Melquisedeque (Hb
5:6). Um sacerdote conduz as pessoas a Deus. Se
quiser abençoar os outros, você precisa ser sacerdote
de Deus. Mais tarde veremos que, no Antigo
Testamento, Deus ordenou aos sacerdotes que
abençoassem o Seu povo. A bênção é o Seu
transbordar, e tal transbordar era trazido às pessoas
pelos sacerdotes. A primeira bênção foi dada por um
sacerdote. Todos precisamos ser sacerdotes, os que
conduzem as pessoas a Deus.
Se quisermos abençoar os outros, nós mesmos
precisamos estar próximos de Deus. Temos de ser
sacerdotes que conduzem os outros a Deus. As
pessoas precisam da bênção de Deus porque estão
longe Dele. Um sacerdote elimina a distância entre
Deus e as pessoas; conduz os que estão longe à Sua
presença. Nos ombros do sumo sacerdote havia duas
pedras de ônix, gravadas com os nomes das doze
tribos de Israel; e, em seu peitoral, havia doze pedras
também gravadas com os nomes das doze tribos (Êx
28:9-12, 15-21). Sempre que entrava no Santo dos
Santos, o sumo sacerdote usava o peitoral e as
ombreiras. Isso indicava que ele conduzia o povo de
Israel à presença de Deus. Todos percebemos que um
sacerdote serve a Deus, mas pode ser que jamais
tenhamos percebido que ele também elimina a
distância entre as pessoas e Deus. Antes de ser
abençoado por um sacerdote, pode haver certa
distância entre você e Deus. Mas após o sacerdote
abençoá-lo tal distância é diminuída e você é
conduzido à Sua presença para partilhar do Seu gozo.
Quando Melquisedeque abençoou Abraão, aquela
bênção o introduziu à presença de Deus.
Melquisedeque até disse: “Bendito seja Abrão pelo
Deus Altíssimo” (14:19). Se ler cuidadosamente
Gênesis 14, você verá que Melquisedeque não
abençoou Abraão com outra coisa senão Deus. Ele
não disse: “Seja abençoado com uma boa casa”;
muito menos disse: “Seja abençoado com dois filhos”.
Pelo contrário, ele disse: “Seja Abraão abençoado
pelo Deus Altíssimo”. Assim, Melquisedeque trouxe
Abraão para bem perto de Deus.

IV. A BÊNÇÃO DOS SACERDOTES


Em Números 6:23-27, observamos um padrão de
bênção. Nesse trecho, Deus ordenou aos sacerdotes
que abençoassem o povo, dizendo: “O Senhor te
abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o
seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o
Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz”. A
bênção aqui não é unitária nem dupla-é tripla. A
bênção é tripla porque é uma questão de dispensar
Deus para dentro do homem. Isso envolve a
Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito. A Trindade não
é uma questão de doutrina, mas uma questão de
Deus dispensar-se para dentro do Seu povo.
a primeiro aspecto da bênção citada em
Números 6 relaciona-se à bênção e ao poder protetor
de Deus Pai. O segundo aspecto refere-se à face
resplandecente de Deus Filho e Sua graça. A palavra
“gracioso” em Números 6:25 significa, em hebraico,
mais do que pode representar a palavra “gracioso”
em português. a significado em hebraico é “curvar-se
em bondade para os que são inferiores”. Isso indica
que, ao tornar-se homem, a segunda pessoa da
Trindade curvou-se em bondade a nós, os inferiores.
Quando se tomou homem, Ele certamente curvou-se
dos céus para baixo. Isso é graça.
Gosto das palavras “faça resplandecer o seu
rosto sobre ti”. Você já não experimentou isso? A
Segunda Epístola aos Coríntios 4:6 diz que a glória
de Deus brilha na face de Jesus Cristo. Esta é a
verdadeira luz, que é o próprio Deus (Jo 8:12; 1 Jo
1 :5). O próprio Deus, como luz, brilha sobre nós na
face de Jesus Cristo. Assim, o segundo aspecto da
bênção tripla relaciona-se com Deus Filho, que se
curvou em bondade para visitar-nos, de modo a
podermos ter graça. João 1:14 diz: “E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade”. Porque o Senhor se curvou em bondade
para conosco, temos agora essa bênção. o terceiro
aspecto da bênção relaciona-se ao semblante de Deus
Espírito e Sua paz. O levantar do semblante de Deus
sobre nós e o dar a paz certamente constituem o
gracioso trabalho da terceira pessoa da Trindade, o
Espírito. Este hoje está constantemente levantando a
face de Deus sobre nós e dando-nos a paz. Ele nos dá
paz, não apenas nas circunstâncias ao nosso redor,
mas também em nosso ser-em nosso coração, em
nosso espírito e até mesmo em nossa mente. No
Espírito, por meio do Espírito e com o Espírito temos
a paz. Outros podem ficar atribulados no coração, na
mente, no espírito e na situação ao seu redor, mas
nós não devemos ficar atribulados. Temos paz onde
quer que estejamos, porque o Espírito de Deus está
conosco e o Seu semblante está levantado sobre nós.
Em resumo, podemos dizer que bênção significa
conduzir as pessoas à presença de Deus, para dentro
do próprio gozo de Deus. A bênção tripla de Números
6 é o padrão da bênção dada pelos sacerdotes do
Antigo Testamento. Tal padrão revela que a bênção
correta introduz as pessoas à presença de Deus, para
dentro da luz de Sua face e para dentro do brilho de
Seu semblante, de modo a poderem participar de Sua
graça e terem paz. Isso certamente é a bênção correta.
Maravilhoso! Esplêndido!

V. A BÊNÇÃO DO APÓSTOLO
Em 2 Coríntios 13:13, o apóstolo Paulo também
apresenta um padrão de bênção. Esse versículo diz:
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.
Vimos que um sacerdote conduz as pessoas a Deus.
Um apóstolo, todavia, traz Deus às pessoas. Ele vem
às pessoas com Deus. Em 2 Coríntios 13:13,
observamos uma visitação graciosa do Deus Triúno.
Na bênção do apóstolo Paulo, o Deus Triúno vem às
pessoas para o gozo delas. Esse gozo é o amor de
Deus como graça de Cristo, pela comunhão do
Espírito Santo. Amor, graça e comunhão não são três
coisas separadas, mas três aspectos ou estágios de
uma única coisa. São os três estágios de Deus que se
destina ao nosso gozo. O amor é interior, a graça é o
amor expresso, e a comunhão é a transmissão da
graça para o nosso interior. O amor está dentro do
próprio Deus. Quando tal amor é expresso, isso é
graça, e esta é transmitida na comunhão. Posso amar
determinado irmão, mas esse amor está dentro de
mim. Como pode ser ele expresso? Posso expressá-lo
dando ao irmão uma Bíblia. Esta Bíblia representa a
graça como expressão do amor que tenho dentro de
mim para com ele. Para comunicar-lhe essa graça,
preciso realmente dar-lhe a Bíblia. Isso é comunhão.
No Antigo Testamento, a idéia básica sobre
bênção era introduzir pessoas à presença de Deus.
No Novo Testamento porém, o apóstolo, vindo com
Deus, não apenas introduz as pessoas à presença de
Deus, mas também traz Deus para o interior delas.
Há uma grande diferença entre o padrão da bênção
dos sacerdotes do Antigo Testamento e o padrão da
bênção do apóstolo do Novo Testamento. A bênção
do Novo Testamento é muito mais elevada e
profunda. Por um lado, abençoar os outros significa
introduzi-los à presença de Deus; por outro, significa
trazer Deus para o interior deles, como amor, graça e
comunhão.
Todos os cristãos estão familiarizados com a
palavra bênção. Há um hino que até diz: “Conte as
Suas bênçãos, nomeie-as uma a uma”. Sem dúvida,
de acordo com o conceito expresso nesse hino, a
bênção significa conseguir uma boa esposa, filhos,
educação, promoções, casas e carros. De acordo com
esse hino, tais são as bênçãos que deveríamos contar
uma a uma. Há mais de trinta e cinco anos eu
costumava cantá-lo nas últimas horas de cada ano.
Reunia algumas pessoas e lhes dizia: “Contemos as
bênçãos do ano que passou, uma a uma”. Mas de
acordo com a Palavra pura, a bênção é muito
diferente disso. De acordo com o padrão legado pelo
Antigo Testamento e o padrão fornecido pelo
apóstolo no Novo Testamento, a bênção correta
significa introduzir as pessoas à presença de Deus e
trazer Deus para dentro delas, como graça, amor e
comunhão, de modo a poderem desfrutar o Deus
Triúno: Pai, Filho e Espírito. A bênção, portanto, é
uma questão de desfrutar o Deus Triúno.

VI. A BÊNÇÃO DE DEUS CONTRARIA A


MANOBRA NATURAL DO HOMEM
Chegamos agora a alguns pontos práticos
relativos à bênção. A bênção do Senhor contraria a
manobra natural humana (48:13-20). Quando José
trouxe seus filhos Manassés e Efraim a Jacó,
manobrou a situação, de modo que o primogênito,
Manassés, ficasse em frente da mão direita de Jacó.
O pai colocou o primogênito diante da mão direita do
avô para receber a primeira bênção, e o segundo filho
diante da mão esquerda para receber a segunda. A
manobra de José estava de acordo com o conceito
natural. De acordo com esse conceito, José estava
certo. Jacó, todavia, cruzou as mãos. Embora seus
olhos estivessem enfraquecidos, ele próprio estava
muito claro em seu espírito. Gênesis 48:17 diz:
“Vendo José que seu pai pusera a mão direita sobre a
cabeça de Efraim, foi-lhe isto desagradável, e tomou
a mão de seu pai para mudar da cabeça de Efraim
para a cabeça de Manassés”. José então disse: “Não
assim, meu pai, pois o primogênito é este; põe a tua
mão direita sobre a cabeça dele” (48:18). Jacó
recusou-se e disse: “Eu sei, meu filho, eu o sei”
(48:19). Assim, a bênção de Deus contrariou a
manobra humana.
Porque têm seu próprio gosto, escolha e
conceitos naturais, os pais estão sempre manobrando
a situação. Mas tal manobra precisa ser eliminada.
Eu também já agi assim, até mesmo para pregar o
evangelho. Enquanto julgava os ouvintes, inclusive
alguns que eram brilhantes e promissores, dizia a
mim mesmo: “Estes são os bons”. A maior parte
deles todavia jamais creu totalmente, ou até mesmo
creu de maneira negligente. Más outros, que
considerei inúteis, creram fielmente e se tornaram
úteis.
Outro tipo de manobra encontra-se no serviço da
igreja. No passado, pensávamos que certos irmãos
eram dignos de confiança, espirituais e superiores.
Muitas vezes, entretanto, ficávamos desapontados
porque eles não correspondiam à nossa expectativa.
A nossa manobra não corresponde à bênção de Deus.
A manobra é a nossa escolha. Há mais de trinta anos,
eu dizia: “Estes são muito bons. Eles estão crescendo,
serão edificados, e serão um”. Por fim, todavia, os
melhores não vieram do grupo que eu escolhera; pelo
contrário, chegaram de outra direção. Isso é um
exemplo do cruzar das mãos.
O Senhor jamais coloca a Sua mão de acordo
com a nossa manobra. Em nossas famílias, portanto,
no pregar o evangelho e no serviço da igreja,
precisamos aprender a deixar de lado nossas mãos.
Devemos simplesmente trazer a Deus os nossos dois
filhos e confiá-los à Sua mão soberana. Somos todos
Josés. Gostamos de trazer o nosso Manassés à mão
direita do Senhor e o nosso Efraim à Sua mão
esquerda. Entretanto, repetidas vezes Ele cruza as
mãos. Se considerar a vida da igreja e estudar a sua
história, você verá que a bênção de Deus sempre é
soberana, jamais se sujeitando à manobra do homem.
Pedro, por exemplo, era um líder em Jerusalém. Você
crê que ele tinha orado para que Saulo de Tarso se
tomasse um apóstolo? Claro que não! Pelo contrário,
Pedro deve ter orado: “Senhor, Saulo é muito ativo.
Peço-Te que o prendas”. Mas a mão do Senhor
cruzou sobre os doze apóstolos e se colocou sobre
Saulo. Além de Pedro, Tiago e João nada se
menciona no livro de Atos sobre os outros apóstolos,
após o primeiro capítulo. Entretanto, quando Paulo
estava a caminho de Damasco, o Senhor guiou
propositalmente Sua mão, e a bênção veio sobre ele.
Nós, pais, não devemos ter o nosso próprio gosto
com respeito aos nossos filhos. Simplesmente não
podemos dizer qual deles o Senhor escolherá. Não
podemos antever qual deles será salvo. Isso não
depende absolutamente da nossa manobra; depende
da bênção do Senhor.
Na vida da igreja aprendi a não confiar em
minha própria escolha. Freqüentemente, a minha
mão tem sido deixada de lado na escolha de
presbíteros, diáconos e responsáveis pelo serviço da
igreja, porque não confio no meu discernimento. Na
maior parte das vezes, as nossas escolhas nos levam à
manobra, e a mão cruzada de Deus chega para
abençoar aquele a quem não escolhemos. Os pais e os
responsáveis pelo serviço da igreja precisam ser
cuidadosos em suas escolhas. Não exercite qualquer
tipo de manobra de acordo com seu gosto, porque a
bênção de Deus sempre contraria a nossa manobra.
Há algo na bênção de Jacó a Efraim que deveria
ser muito encorajador para todos nós. Houve dias,
provavelmente, em que você se considerou
desesperançado e inútil. Nos últimos meses, ouvi
dizer que muitos estavam desapontados e se sentiam
assim. Alguns até sentiram que a vida não tinha
significado. Pode ser que alguns tenham afirmado:
“Cri no Senhor Jesus e entrei para a vida da igreja.
Sei que preciso funcionar nela, mas não fui escolhido
para fazer coisa alguma. Aparentemente, não há
esperança para mim. Se não puder funcionar na
igreja, a vida, então, não terá significado”. Anime-se,
você não está marginalizado. Nas muitas igrejas,
principalmente nas grandes, tem havido uma
atmosfera que faz com que as pessoas sintam que não
são necessárias. Embora em tais igrejas somente uns
poucos possam ser presbíteros, mesmo assim todos
são importantes. Não tente manobrar as situações,
porque a mão abençoadora do Senhor se cruzará
sobre você.
Embora jamais saibamos para onde irá a bênção
espiritual, sabemos que a mão abençoadora do
Senhor sempre contraria a manobra natural do
homem. Você pode dizer: “Este é o primogênito”,
mas Ele diz: “Eu o sei”. As mãos cruzadas do Senhor
podem parecer más aos seus olhos, contudo são
totalmente maravilhosas aos olhos Dele. A bênção
não depende de sua manobra, mas do desejo e
escolha de Deus. Em qualquer escolha que fizermos,
existe a possibilidade de manobrar de acordo com o
nosso gosto e a nossa escolha. Não manobre e não
fique desanimado. Pelo contrário, creia que a mão do
Senhor será cruzada sobre você.

VII. O CONCEITO NATURAL DO HOMEM


AFASTA A MÃO ABENÇOADORA DO
SENHOR
Vimos que José tentou afastar a mão
abençoadora de seu pai. Isso indica que o conceito
natural do homem afasta a mão abençoadora do
Senhor. Na vida da igreja, o Senhor levantará muitos
de quem não gostamos, e alguns deles se tornarão os
melhores presbíteros. É claro que tenho meus
sentimentos humanos, meus conceitos e gostos. Mas
os meus conceitos naturais têm sido eliminados.
Simplesmente não sabemos de que direção virá Saulo
de Tarso. Aquele que você considera o melhor poderá
tornar-se o pior, mas um dos opositores poderá
tornar-se o apóstolo Paulo de hoje. Embora você não
goste dele, o Senhor gosta. Serão levantados muitos
que não se ajustam ao seu conceito. Esqueça a sua
escolha. Ela jamais funcionará. Se funcionasse, não
haveria necessidade da predestinação. Esta é a razão
por que o Novo Testamento em lugar algum registra
os nomes dos filhos dos apóstolos. Somente os nomes
dos filhos espirituais são mencionados. Paulo
chamou Timóteo de “filho na fé” (1 Tm 1 :2), e Tito,
de seu “verdadeiro filho, segundo a fé comum” (Tt
1:4), e Pedro falou de “meu filho Marcos” (1Pe 5:13).
Os nomes dos filhos dos apóstolos não são
mencionados porque nem todos eles eram
predestinados. De semelhante modo, precisamos
também admitir que nem todos os nossos filhos
foram predestinados. Não permita, entretanto, que a
questão da predestinação o leve a negligenciar a
pregação do evangelho. Agir assim é ir a um extremo.
Não manobre nada. Simplesmente traga os filhos a
Deus, e deixe que Ele faça a escolha. Não permita que
o seu conceito natural afaste a mão abençoadora do
Senhor.

VIII. AS MÃOS SUPLANTADORAS DE JACÓ


TORNARAM-SE MÃOS ABENÇOADORAS
As mãos suplantadoras de Jacó, por fim,
tornaram-se mãos abençoadoras (25:26; 47:7, 10;
48:14-16). No capítulo 25, notamos que Jacó
começou a suplantar no ventre de sua mãe. Como ele
era habilidoso no suplantar! Entretanto, nos
capítulos 47 e 48, observamos que essas duas mãos
suplantadoras se tornaram mãos abençoadoras,
introduzindo as pessoas à presença de Deus e
ministrando-lhes Deus, de modo a poderem
desfrutá-Lo. Você acreditaria que as mãos
suplantadoras de Jacó poderiam tornar-se mãos
abençoadoras de uma pessoa madura? Vemos aqui o
crescimento e a maturidade de vida. Um suplantador,
um segurador de calcanhar, tornou-se a maior pessoa
da terra na época. Foi capaz de abençoar Faraó,
porque se tornara maior do que ele. Tornara-se tal
tipo de pessoa mediante o caminho da vida.
Precisamos do crescimento e da maturidade de vida
de modo a podermos ficar plenos de Cristo, a fim de
nos tornarmos pessoas capazes de abençoar os outros.
MENSAGEM NOVENTA E SEIS

A TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE
PRIMOGENITURA NA BÍBLIA
Gênesis é um livro de sementes. Nesta
mensagem, um parêntese em nosso Estudo-Vida,
consideraremos outra dessas sementes: a semente da
transferência do direito de primogenitura.
Talvez você jamais tenha imaginado que o
direito de primogenitura pudesse ser transferido. Ele
se constitui em porção especial do primogênito. Em
quase todos os povos, principalmente nos tempos
antigos, o primogênito da família herdava uma
porção especial. Entre os antigos judeus, tal
privilégio era geralmente representado por uma
porção dobrada de terra. De acordo com a Bíblia em
seu conjunto, o direito de primogenitura inclui a
porção dobrada de terra, a realeza e o sacerdócio. O
sacerdócio conduz as pessoas a Deus, e a realeza traz
Deus às pessoas. O livro de Gênesis revela que esse
direito de primogenitura pode ser transferido do
primeiro filho para o segundo. Nesse livro há pelo
menos quatro casos de transferência: de Esaú para
Jacó (25:22-26, 29-34) ; de Zerá para Perez (38:27-
30) ; de Rúben para José (49:3-4; 1 Cr 5:1) ; e de
Manassés para Efraim (48:12-20).
Posteriormente, no Novo Testamento, o direito
de primogenitura é transferido de Israel para a igreja.
Em Lucas 15, o Senhor Jesus indica, por meio da
parábola do filho pródigo, que os publicanos e
pecadores são como o segundo filho, e os fariseus,
justos em si mesmos, são como o primeiro (Lc 15:1-2,
11, 25-28). Em Mateus 21:28-32, todavia, o Senhor
transfere o direito de primogenitura dos judeus para
os publicanos e meretrizes. O Senhor revela aqui que
os publicanos e meretrizes são como um filho
primogênito, que a princípio não obedeceu à palavra
de seu pai, mas posteriormente se arrependeu e lhe
obedeceu. O Senhor depois compara os fariseus ao
segundo filho, que se propôs a cumprir a palavra do
pai, mas na verdade não lhe obedeceu. No princípio,
os judeus erain o primeiro filho. No início do
ministério do Senhor, eles ainda eram o primeiro.
Mas no fim do Seu ministério o Senhor Jesus
transferiu o direito de primogenitura dos judeus para
a igreja. A Sua palavra, em Mateus 21:28-32, foi
proferida no fim de Seu ministério. Em tais
versículos, o Senhor comparou os publicanos e as
meretrizes ao primogênito. A igreja se compõe de
pecadores redimidos e regenerados. Na economia de
Deus, são eles os que receberam o direito de
primogenitura. Por isso Hebreus 12:23 fala da igreja
dos primogênitos.

1. DE ESAÚ PARA JACÓ


Em Gênesis 25:22-26, 29-34, observamos a
transferência do direito de primogenitura de Esaú
para Jacó. Embora aquele fosse o primogênito
(25:25), este estava predestinado a ter o direito de
primogenitura (v. 23). A transferência de tal direito
de Esaú para Jacó revela que receber o direito de
primogenitura é uma questão de predestinação. Não
depende do nosso nascimento natural. Embora você
possa ser um Esaú por nascimento, isso não o
estabelece como predestinado a ter o direito de
primogenitura. Tal é inteiramente uma questão da
soberania de Deus, e não depende de nós. Ao
considerarmos os cinco casos de transferência do
direito de primogenitura, precisamos adorar a Deus
por Sua soberania e dizer:-o Senhor, nós Te
agradecemos por Tua soberania. Tudo depende da
Tua soberana predestinação”.
Jacó, o predestinado à primogenitura, era muito
ambicioso e fez todo o possível para obter por si
mesmo esse direito. Ainda no ventre da mãe lutou
contra Esaú por causa dele. Creio que essa luta foi
iniciada por Jacó. Mas, de acordo com o arranjo de
Deus, Esaú foi mais forte. Se você ler a Bíblia
cuidadosamente, verá que Esaú, um caçador, era
forte e bem maior em porte físico. Jacó, pelo
contrário, alguém que ficava em casa com a mãe,
deveria ser menor. Não creio que um Jovem travesso
fique sempre em casa com sua mãe. Porquanto era
menor e mais fraco que Esaú, Jacó não podia obter o
direito de primogenitura lutando por ele com seu
esforço físico. Embora lutasse no ventre por esse
direito, Esaú o derrotou, nascendo primeiro e
ganhando-o. A luta de Jacó fora vã.
Jacó, entretanto, recusou-se a desistir da luta.
Creio que ele permaneceu junto à mãe
principalmente com o objetivo de conspirar com ela
para ganhar tal direito. Talvez sua mãe, por fim,
tenha concordado em ajudá-lo a consegui-lo. Para
suplantar seu irmão e ganhar o direito de
primogenitura, Jacó fez duas coisas. A primeira foi
manobrar Esaú numa situação tal em que ele
estivesse disposto a vender-lhe o direito de
primogenitura (25:29-34). Jacó era tremendamente
sutil e esperto. Era muito habilidoso. Por sua
esperteza, conseguiu a cooperação de sua mãe, e
Rebeca, mais esperta que Isaque, colocou-se do lado
de Jacó. Este esperto Jacó tentou Esaú a vender-lhe o
seu direito de primogenitura.
Jacó provavelmente ficou a observar as
atividades de Esaú por algum tempo. Deve ter notado
que, após a caça, seu irmão sempre voltava com fome.
Porque a caça abre o apetite, o caçador é alguém que
gosta de uma boa refeição após ela. Alguém que se
envolve numa atividade fatigante, como um trabalho
árduo ou jogo duro, vai desejar depois um pouco de
comida nutritiva e rica. Jacó analisou a situação toda
_ o ambiente, a psicologia de Esaú e o seu apetite
após a caça. Deve ter dito para si mesmo: “Ah, ah!
Descobri uma maneira de conseguir o direito de
primogenitura. Enquanto Esaú está caçando, vou
preparar-lhe uma sopa”. Gênesis 25:29 diz: “Tinha
Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio
do campo Esaú”. Este estava faminto, e a sopa estava
preparada. Então ele disse a Jacó: “Peço-te que me
deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho,
pois estou esmorecido” (v. 30). A isso Jacó
respondeu: “Vende-me primeiro o teu direito de
primogenitura” (v. 31). Uma pessoa faminta come
qualquer coisa e paga por ela qualquer preço. Assim,
Esaú disse: “Estou a ponto de morrer; de que me
aproveitará o direito de primogenitura? “ (v. 32).
Esaú parecia estar dizendo: “O direito de
primogenitura é algo para o futuro. Que bem ele me
traz agora? Aqui, porém, está uma panela de sopa
diante de mim. É real, presente e prática. Quem sabe
quando terei o direito de primogenitura? Não sei
quando ele virá. Por agora, preciso de algo real e
prático”. Ele então concordou com a proposta de
Jacó e vendeu-lhe seu direito de primogenitura. Por
um lado, o direito de primogenitura depende da
predestinação soberana de Deus; mas, por outro, o
termos ou não o direito de primogenitura depende de
nossa atitude e das nossas ações. A atitude de Esaú
foi infeliz e seu ato foi tolo. Ele estava totalmente
errado ao aceitar a oferta de Jacó. Todavia, usando os
termos de hoje, ele assinou o contrato e renunciou ao
seu direito de primogenitura.
Embora houvesse vendido o direito de
primogenitura, Esaú não tinha poder para dar a
bênção referente a ele. Essa bênção não estava em
sua mão, mas na mão de Isaque, seu pai, o
representante de Deus. Portanto, a segunda coisa que
Jacó fez para ganhar o direito de primogenitura foi
enganar seu pai, para que este lhe desse a bênção do
primogênito (27:18-29). A manobra de Jacó com
Esaú provavelmente foi iniciada por Rebeca, que
deve ter estado a manobrar toda a situação. Jacó era
o aprendiz e sua mãe era a mentora. Depois de Esaú
ser manobrado para vender a Jacó o direito de
primogenitura, Rebeca esperou pelo tempo oportuno
para ajudá-lo a receber de Isaque a bênção referente
a ele. Embora isso precisasse ocorrer antes de Isaque
morrer, não podia ser muito cedo. Se fosse muito
cedo, os olhos de Isaque ainda estariam bem
aguçados. Por isso Rebeca esperou até que eles
estivessem fracos. Quando ouviu que Isaque estava
para abençoar Esaú, Rebeca disse a Jacó: “Agora,
pois, meu filho, atende às minhas palavras com que
te ordeno” (27:8). Rebeca parecia estar dizendo:
“Agora é a hora de enganar a seu pai”. Jacó obedeceu
à mãe e induziu Isaque a abençoá-lo cegamente.
Como resultado, obteve não apenas o direito de
primogenitura, mas também a bênção referente a ele.
A manobra de Jacó, entretanto, era
desnecessária. Se ele não tivesse manobrado nem
enganado, Deus haveria de ter outra maneira de lhe
dar o direito de primogenitura. Aparentemente, a sua
manobra e o seu suplantar o ajudaram a conseguir
esse direito. Na verdade, isso o levou a sofrer. Desde
a hora em que enganou a seu pai, ele jamais voltou a
ver sua mãe. Embora o amasse, Rebeca o perdeu por
causa da sua esperteza, e jamais o viu novamente.
Jacó teve de fugir para a casa de Labão e lá sofreu sob
a mão do tio por vinte anos. Não aprenda com
Rebeca. Se agir assim, você sofrerá.
Por intermédio do caso da transferência do
direito de primogenitura de Esaú para Jacó,
percebemos que esse direito depende da soberania de
Deus. Também notamos que jamais deveremos
manobrar ou enganar para consegui-lo. Em outras
palavras, não há necessidade de lutarmos por ele.
Além disso, não devemos ser desleixados, a ponto de
o vender. Embora possamos não ser capazes de o
ganhar por nosso próprio esforço, podemos vendê-l o
se o tivermos. Não foi por seus atos que Jacó o
ganhou, mas foi Esaú que o perdeu por causa de seu
mau procedimento.

II. DE ZERÁ PARA PEREZ


Em Gênesis 38:27-30, notamos a transferência
do direito de primogenitura de Zerá para Perez. Esse
caso ilustra o fato de que a concessão do direito de
primogenitura não depende da ação do homem. Zerá
estava tentando sair primeiro, e “pôs a mão fora, e a
parteira, tomando-a, lhe atou um fio encarnado, e
disse: Este saiu primeiro” (v. 28). Mas a ação
humana não pode lidar com o direito de
primogenitura, nem dirigi-lo, nem guiá-lo. Embora a
parteira jamais pensasse que Perez nasceria antes,
ele na verdade nasceu primeiro. Quando ele saiu, a
parteira disse com surpresa: “Como rompeste saída?
“ (v. 29). O hebraico aqui é de tradução muito difícil.
Pode ser traduzido: “Então fizeste uma brecha por ti
mesmo? “ ou, “Como fizeste uma brecha! Brecha seja
sobre ti! “ ou, “Que brecha fizeste para ti mesmo!
“ De qualquer forma, a parteira teve de admitir que
Perez obtivera o direito de primogenitura. Assim,
consegui-lo não depende da manobra do homem.

III. DE RÚBEN PARA JOSÉ


O terceiro caso de transferência do direi to de
primogenitura, a transferência de Rúben para José
(49:3-4; 1 Cr 5:1), traz em si uma forte advertência.
Rúben, o primogênito, perdeu o seu direito por causa
da sua profanação. Deus tinha intenção de dar-lhe
esse direito, mas este o perdeu ao entregar-se à
profanação. O direito de primogenitura foi
transferido de Rúben para José, que fugiu de tal tipo
de profanação (39:7-12). Deus é justo. Tomou o
direito de primogenitura do que se entregara à
profanação e o deu ao que dela fugira. (Embora o
direito de primogenitura fosse transferido de Rúben
para José, este recebeu apenas a porção dobrada de
terra. Não recebeu o sacerdócio, que ficou com Levi,
nem a realeza, que foi para Judá.)
Jamais pense que a fornicação é algo
insignificante. Deus a odeia. Vivemos numa era de
Sodoma. O mundo todo hoje, inclusive os Estados
Unidos, e principalmente a Suécia e a França, é uma
Sodoma. Muitos homens e mulheres vivem juntos
sem serem casados. Certamente isso acarretará o
julgamento de Deus. Na Bíblia, Deus exerceu um
julgamento especial sobre Sodoma porque o povo
dela se entregara à lascívia sem qualquer restrição.
Nada ofende a Deus mais do que essa entrega.
Muitos jovens hoje, mesmo as moças, não têm,
todavia, qualquer sentimento de vergonha quanto a
isso. O entregar-se à fornicação sempre o levará a
sofrer perda. Não haverá necessidade de Deus julgá-
lo deliberadamente porque um julgamento natural
haverá de vir espontaneamente sobre você. O caso de
Rúben revela que, embora você possa ser
predestinado a ter o direito de primogenitura, poderá
perdê-lo ao entregar-se à fornicação.
Todo cristão que comete fornicação perderá o
seu direito de primogenitura. Tal direito abrange o
gozo total de Cristo, incluindo o sacerdócio e a
realeza. Ter o direito de primogenitura é termos o
direito e a posição para desfrutar Cristo em plenitude.
Também é termos o direito de ser sacerdotes e reis.
Se o perdermos, perderemos o desfrute de Cristo.
Qualquer cristão que cometa fornicação perderá
imediatamente o seu gozo. Tal pecado também o
impedirá de ser um sacerdote e um rei. Além disso,
nenhum fornicador entrará no reino milenar para ter
o gozo mais pleno de Cristo e ser um sacerdote de
Deus e um rei com Cristo (1 Co 6:9-10; GI5:19-21; Ef
5:5). Somente os vencedores partilharão desse gozo,
serão sacerdotes de Deus e co-reis com Cristo. Preste
atenção: a profanação poderá levá-lo a perder o seu
direito de primogenitura.

IV. DE MANAS SÉS PARA EFRAIM


Chegamos agora ao quarto caso, o da
transferência do direito de primogenitura de
Manassés para Efraim (48:12, 20). Manassés era o
primogênito (48:14). Quando José conduziu os dois a
Jacó para que os abençoasse, ele fez uma tentativa de
manobrar a bênção do direito de primogenitura de
acordo com o nascimento natural (48:13-17). Efraim,
todavia, recebeu a bênção da primogenitura porque
Jacó cruzou as suas mãos abençoadoras (48:14, 17-
20). Tenho um sentimento muito forte de que a
manobra de José naquela situação lembrou a Jacó a
manobra que ele próprio fizera em sua juventude.
Deve ter-se lembrado de como manobrara seu irmão
para obter o direito de primogenitura e como
enganara a seu pai para receber a bênção. Quando
cruzou sua mão direita e a colocou sobre a cabeça de
Efraim, o segundo filho, deve ter dito a si mesmo:
“Jacó, não havia necessidade de você manobrar nada.
Efraim não está fazendo nada; e mesmo assim você
coloca sobre ele sua mão direita. Por que manobrou
tanto quando era jovem?” Creio que, ao cruzar suas
mãos, Jacó teve muitos sentimentos profundos
dentro de si. Se José e seus filhos não estivessem
presentes, ele bem que poderia ter abertamente
expresso o seu arrependimento. Você pode pensar
que seja certo manobrar determinadas situações.
Mas, após alguns anos, você se sentirá envergonhado
do que fez, e dirá: “Que vergonha foi fazer aquelas
coisas!”
Precisamos crer que Jacó não guiou suas
próprias mãos. Sem dúvida, elas foram orientadas
pelo Espírito. Tal orientação foi uma bênção para
Efraim, mas constituiu-se em repreensão para Jacó.
Talvez o Senhor lhe tenha dito: “Jacó, você não
precisa fazer nada. Olhe para Efraim. Embora não
esteja fazendo nada, ele está recebendo o direito de
primogenitura. Por que você manobrou tanto e
causou para si tal sofrimento? “ Como Jacó, eu
também fiz determinadas coisas quando jovem, das
quais mais tarde me arrependi. Jovens, vocês
precisam perceber que a bênção não está em suas
mãos; está nas mãos dos-velhos. Se vamos cruzar as
mãos e colocar a nossa destra sobre a sua cabeça, isso
não depende de você; depende de nós. Se quiser
receber a bênção, você precisa ter os velhos. Se ficar
longe deles, perderá a bênção. Os velhos não vão
abençoa-lo, a menos que você os honre. Jovens,
vocês simplesmente não podem seguir adiante sem a
bênção dos velhos, mas precisam, desesperadamente,
da ajuda deles.

V. DE ISRAEL PARA A IGREJA


Chegamos agora ao último caso de transferência
do direito de primogenitura na Bíblia: a transferência
de Israel para a igreja. Isto é muito importante. Em
Êxodo 4:22, o Senhor disse a Moisés: “Dirás a Faraó:
Assim diz o Senhor:
Israel é meu filho, meu primogênito”. Embora
fosse o primogênito de Deus, Israel perdeu seu
direito de primogenitura por sua incredulidade (Mt
21 :32; Rm 11 :20). De acordo com Lucas 15, no
princípio de Seu ministério o Senhor ainda
considerava Israel, representado pelos fariseus, como
filho primogênito, e os publicanos e pecadores como
o segundo filho. Mas, de acordo com o deleite em
Lucas 15, foi o segundo filho quem recebeu o direito
de primogenitura, porque desfrutou o bezerro cevado,
que é Cristo. Isso indica uma transferência do direito
de primogenitura. Percebemos aqui que os fariseus
perderam o gozo de Cristo, mas os publicanos e os
pecadores arrependidos o ganharam. Isso significa
que eles ganharam o direito de primogenitura. Já
encaminhando-se para o fim de Seu ministério, em
Mateus 21 :28-32, o Senhor revelou que os
publicanos, meretrizes, pecadores arrependidos, dos
quais a igreja haveria de ser composta, eram o
primeiro filho, e que os fariseus descrentes,
representando Israel, eram o segundo. Mateus 21 :32
diz: “Porque João veio a vós outros no caminho da
justiça, e não acreditastes nele; ao passo que
publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo
vendo isto não vos arrependestes, afinal, para
acreditardes nele”. Por sua incredulidade, Israel, o
primeiro filho (Lc 15), foi cortado fora, e o segundo
filho foi enxertado no direito de primogenitura.
Assim, os pecadores arrependi dos e agora crentes
tornaram-se o elemento constituinte da igreja, e esta
hoje é chamada de “igreja dos primogênitos” (Hb
12:23). Nós, da igreja, somos um grupo de filhos
primogênitos possuidores do direito de
primogenitura. Tal direito de primogenitura nos dá o
direito de desfrutar Cristo ao máximo, de sermos
sacerdotes de Deus e co-reis de Cristo. Embora
tenhamos o direito de primogenitura, o Novo
Testamento nos adverte da possibilidade de o
perdermos (Hb 12:16-17). Tenha cuidado: você pode
perder o seu direito de primogenitura.
MENSAGEM NOVENTA E SETE

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (2)

(g) Profecia com Bênção


Nesta mensagem, consideraremos outra
manifestação da maturidade de vida em Jacó: a sua
profecia com bênção (49:1-28). Embora estejamos
familiarizados com o que significa profetizar,
podemos não estar familiarizados com o profetizar
com bênção. Gênesis 49 é o único capítulo que revela
essa questão. Embora a bênção de Moisés em
Deuteronômio 33 esteja próxima da que se encontra
em Gênesis 49, aquela não é tão rica quanto esta.
Ambas as passagens da Palavra são profecias
concernentes a Israel, mas em Gênesis 49 há uma
bênção mais rica do que em Deuteronômio 33.
A profecia do capítulo 49 é uma manifestação de
maturidade, porque o nosso falar sempre revela onde
estamos e quão maduros nós somos. Um bebê não
pode falar, mas uma criança com mais de um ano
pode começar a dizer algumas poucas palavras. O seu
falar a revela uma criancinha. O mesmo ocorre com
outras idades: um jovem fala como um jovem,
alguém de meia-idade fala como alguém de meia-
idade, e um avô fala como um avô. O nosso falar,
então, não apenas representa a nossa idade, mas
também o tipo de pessoa que somos. Se você é rápido,
não haverá de falar devagar. Se é lento, não haverá de
falar depressa. Se é uma pessoa de educação
aprimorada, não falará com rudeza; e, se é uma
pessoa rude, não haverá de falar de maneira elevada.
Assim, o nosso falar revela o que somos e onde
estamos.
Já se disse que a coisa mais sábia a fazer é não
falar nada. Se eu ficar diante de um grupo de pessoas
sem nada dizer, eles não vão saber se sou uma pessoa
profunda ou superficial, rápida ou lenta. Eu lhes serei
um mistério. Todavia, nos últimos catorze anos, cada
fibra do meu ser tem sido revelada a todos vocês por
meio do meu falar. Mesmo as crianças de sete ou oito
anos me conhecem muito bem, porque me ouvem.
Porque falo tanto, não sou capaz de me esconder. A
melhor maneira de se esconder é não falar. Nos meus
primeiros anos de ministério, fui bastante sábio,
porque jamais dizia coisa alguma nas conferências de
cooperadores. Porque essa era a minha diretriz, eu
era um mistério para os outros colaboradores, e
ninguém conseguia compreender-me. Embora seja
difícil falar, é ainda mais difícil não falar. Quando a
oportunidade se apresenta, você simplesmente não é
capaz de se conter quanto ao falar. Duvido que
consiga ficar comigo por sessenta minutos sem dizer
palavra alguma. Estou certo de que, após alguns
minutos, você estará falando.
Acompanhemos agora, resumidamente, a
questão do falar de Jacó, como nos revela Gênesis. O
primeiro registro do seu falar está em 25:31, quando
disse a Esaú: “Vende-me primeiro o teu direito de
primogenitura”. Ganhar tal direito era o desejo do
seu coração, o seu sonho e aspiração. Por longo
tempo esperou pela oportunidade de tirá-lo de Esaú.
Quando a oportunidade finalmente veio, a primeira
palavra saída de sua boca, que a Escritura registra,
foi a palavra referente a vender o direito de
primogenitura.
No capítulo 27, Jacó falou de maneira ardilosa a
Isaque, seu pai (27:19-20, 23). Em 27:19, ele mentiu
ao pai, dizendo: “Sou Esaú, teu primogênito”.
Quando Isaque lhe perguntou como encontrara caça
tão rapidamente, ele respondeu: “Porque o Senhor,
teu Deus, a mandou ao meu encontro”. Isaque então
disse: “A voz é de Jacó, porém as mãos são de Esaú”
(v. 22), e perguntou: “És meu filho Esaú mesmo? “ (v.
24). A isso, Jacó replicou: “Eu sou”. Assim, o seu
falar, no capítulo 27, foi uma falsidade total.
O seu falar nos capítulos 29 a 32 é pleno de
interesse, ambição e ganho próprios. Pelo seu falar,
registrado nesses capítulos, vários aspectos do seu
“ego” são expostos. O seu falar era tão egoísta que ele
parecia não ter um espírito. Se encontrássemos um
irmão assim em nosso meio, duvidaríamos que
tivesse sido realmente regenerado.
A fala de Jacó a seu irmão Esaú, no capítulo 33,
foi um fingimento. Neste capítulo, ele várias vezes
dirigiu-se a Esaú como: “meu senhor” (33:13-14). Em
seu íntimo, Jacó jamais o reconheceu como seu
senhor. A razão de dirigir-se dessa forma a seu irmão
devia-se ao medo que ele tinha que Esaú o matasse.
Jacó era um ator, um político, e sua demonstração de
humildade diante de Esaú foi um fingimento.
À época do capítulo 35, todavia, o seu falar foi
submetido a uma mudança. A sua fala, aqui,
assemelha-se à de uma pessoa regenerada, um filho
de Deus.
Nos capítulos subseqüentes à perda de José, ele
falou muito pouco. Isso indica que, quando
crescemos na vida, o nosso falar primeiramente é
mudado em natureza. A característica dele haverá de
mudar. Por fim, a própria quantidade do nosso falar
será grandemente reduzida. Quanto mais crescermos,
menos falaremos. Agora você pode não ser capaz de
resistir à tentação de falar. Mas após alguns anos se
passarem e você crescer bem mais em vida, não
falará mais, por maior que seja a tentação.
Podemos seguir o progresso na vida de Jacó
acompanhando seu progresso no falar. A mudança
em seu falar revela o seu crescimento. Por fim, ele
cresceu ao ponto de, mesmo perdendo José, ter
pouco a dizer. Muitos de nós, entretanto, têm muito a
dizer sobre questões insignificantes, tais como perder
um par de meias. Se um irmão jovem, na casa dos
irmãos, perder um par de meias, ele possivelmente
gritará: “Onde estão as minhas meias? Que houve
com elas? “ Entretanto, quando perdeu José, o
tesouro do seu coração, Jacó não falou muito. Esse
foi um sinal sadio. Mas falar muito sobre um par de
meias é sinal de imaturidade, sinal de infantilidade.
O muito falar revela-o infantil. Por meio disso, vemos
que o nosso falar é um sinal do quanto crescemos. Há
alguns em nosso meio que costumavam tagarelar
muito há alguns anos. Agora, porém, falam bem
pouco. Espero que daqui a algum tempo, dificilmente
venham a falar alguma coisa. Não deixarão de falar
por estar descontentes, mas por haverem crescido em
vida. Quanto mais crescemos, menos falamos.
Veja a reação de Jacó ao ouvir as notícias de que
José estava vivo no Egito. Falou bem pouco; na
verdade, praticamente não disse nada. Nós, em seu
lugar, ou ficaríamos furiosos com os outros filhos,
prontos a bater-lhes ou ficaríamos extremamente
excitados, correndo de um filho a outro, dizendo:
“José ainda está vivo! “ Em ambos os casos haveria
muita falação. Mas Jacó falou bem pouco. Depois
disso, ele teve pouco a dizer quando desceu ao Egito.
Levado à presença de Faraó, nada disse. Pelo
contrário, simplesmente o abençoou. Quase não
houve conversa, mas fortes bênçãos (47:7, 10).
Por causa de sua maturidade, o seu
pronunciamento no capítulo 49 foi de muito peso.
Cada palavra aqui tornou-se uma profecia. Por ser
muito profundo, esse capítulo está fechado a muitos
cristãos. Estes nem lhe exploraram as profundezas
nem souberam de que ele fala. Em Gênesis 49,
notamos uma pessoa totalmente amadurecida. Esse
homem não fala de maneira superficial, leve ou
frouxa, mas de maneira cheia de vida e de
maturidade. Isso indica que o nosso crescimento em
vida se manifestará em nosso falar.
Esta mensagem sobre profetizar com bênção é
bastante profunda; não profunda em doutrina, mas
em experiência. Embora poucos entre nós tenhamos
chegado ao nível dessa experiência de vida, esta
mensagem ainda é necessária como parte de nosso
Estudo-Vida de Gênesis. Ela nos ajudará, tanto no
crescimento de vida quanto na questão do falar. É
preciso que você fique impressionado com o fato de
que o seu falar revela onde você está. Toda vez que
estiver para falar, deverá dizer a si mesmo: “O meu
falar me revela”. Perceber isso ajuda-nos bastante.
A palavra de Jacó, no capítulo 49, é o tipo de
palavra que não se consegue encontrar em nenhum
outro lugar. Não é uma palavra de instrução,
encorajamento ou exortação. Tampouco é
simplesmente uma palavra de peso ou apenas de
predição. Pelo contrário, é uma palavra de profecia
com bênção. Embora seja uma profecia, é uma
profecia saturada de bênção. Não é fácil proferir tal
tipo de palavra. Isaías foi o mais elevado entre os
profetas. Todavia, entre tantas profecias em seu livro,
é difícil achar uma com bênção. Ele profetizou, mas
não profetizou com bênção. Contudo, em Gênesis 49,
Jacó não apenas profetizou, como também o fez com
bênção. Sua bênção fluiu de sua palavra profética.

1) Quatro Requisitos para Profetizar com


Bênção

a) Conhecer Deus
Para profetizar com bênção, precisamos
preencher quatro requisitos. O primeiro é conhecer
Deus, o desejo do Seu coração e o Seu propósito.
Deus, o Seu desejo e o Seu propósito são todos
revelados na palavra de Jacó nesse capítulo. Os
outros livros do Antigo Testamento e todo o Novo
Testamento são o desenvolvimento de Gênesis 49.
Em outras palavras, quase toda a Bíblia é o
desenvolvimento da palavra dita por Jacó nesse
capítulo. Que palavra elevada e profunda! Esse
capítulo é uma semente muito rica, uma semente que
experimenta um desenvolvimento maravilhoso na
seqüência das Escrituras. Para falar tal palavra
precisamos conhecer Deus, Seu coração e Seu
propósito.

b) Conhecer as Pessoas
O segundo requisito é conhecer as pessoas,
conhecer a situação real de cada pessoa envolvida.
Você pode pensar que, por ser fácil a um pai
conhecer seu filho, foi fácil a Jacó conhecer seus doze
filhos. Todavia, freqüentemente, é muito difícil aos
pais conhecer realmente seus filhos. Muitas vezes
conhecemos nossos filhos de maneira cega, como
Isaque conhecia Jacó. Assim também, nós, pais,
conhecemos nossos filhos; mas, na verdade, não
sabemos nem quem são eles, nem onde estão. Mas
Jacó teve uma compreensão global de seus filhos.
Qualquer situação, condição ou problema oculto,
tudo estava claro à sua vista. De semelhante modo, se
formos proferir tal palavra na igreja, precisaremos
conhecer a igreja, os presbíteros e todos os irmãos e
irmãs. Isso não é fácil. Embora nos reunamos dia
após dia, é provável que eu não os conheça muito
bem. Embora me tenha reunido com os presbíteros
há muito tempo, ainda posso não conhecê-los muito
bem. Não devemos conhecer as pessoas de acordo
com a nossa compreensão mental; pelo contrário,
precisamos conhecê-las segundo o espírito. Gênesis
49 indica que Jacó tinha uma compreensão correta
de seus filhos. Conhecia-lhes as ações, a situação e a
condição. Jacó era um especialista em conhecer as
pessoas. Tinha um Raio X espiritual. Enquanto
profetizava com bênção, esse Raio X celestial lhe
trazia à vista, clara como cristal, a situação de cada
filho. O seu conhecimento de seus filhos se expressa
em sua breve palavra sobre cada um deles.

c) Ter as Riquezas
Embora possamos conhecer Deus, Seu coração e
Seu propósito, e embora conheçamos a situação dos
outros, ainda não seremos capazes de abençoá-los se
formos pobres. Determinado irmão amado pode ser
puro, absoluto por Deus e digno de uma rica bênção.
Entretanto, se eu for pobre, que bênção poderei
proporcionar-lhe? Espiritualmente falando, poderei
ter apenas dez centavos e poderei precisar guardar
dois centavos para mim. Assim, poderei dar-lhe
apenas uma bênção de oito centavos. Jacó, todavia,
estava cheio de riquezas. Porque não lhe faltavam
riquezas, ele podia abençoar os outros. Na verdade, a
capacidade dos que receberam sua bênção estava
bem longe de esgotar-lhe todas as riquezas.

d) Ter um Espírito Forte e Ativo


Além dos três requisitos já relacionados,
precisaremos de um espírito forte e ativo. A palavra
de Jacó, nesse capítulo, foi proferida quando ele
estava morrendo. Quando muitos cristãos estão para
morrer, não apenas seu corpo, mas todo o seu ser
está fraco. Assim, eles não têm um espírito forte para
exercitar em profecias que abençoem os outros.
Embora estivesse morrendo fisicamente, Jacó estava
vigoroso espiritualmente. Em seu corpo estava
morrendo; mas em seu espírito estava forte e ativo.
Para profetizar com bênção, portanto, precisamos ter
o conhecimento de Deus, o conhecimento das
pessoas e de sua situação, as riquezas de Deus e um
espírito forte.

2) Não um Profeta com Dons


Por causa da influência do cristianismo de hoje,
muitos pensam que somente os profetas podem
profetizar. Mas onde se acha um versículo dizendo
que Jacó era um profeta? Não era um profeta com
dons, a predizer as coisas que haveriam de vir, mas
mesmo assim ele profetizou. Em 49:1, ele disse:
“Ajuntai-vos, e eu vos farei saber o que vos há de
acontecer nos dias vindouros”. Tal foi a palavra de
abertura de sua profecia.
Muitos cristãos hoje falam sobre os dons. Mas
qual era o dom de Jacó? Eu diria que o único dom
que ele tinha foi o de suplantar. No capítulo 49, ele
não disse: “Rúben... assim diz o Senhor”. A profecia
mais profunda da Bíblia, entretanto, é aquela
expressa por ele nesse capítulo. Esta é a única
profecia que requer toda a Bíblia para o seu
desenvolvimento. Embora seja tão profunda, ela não
foi pronunciada por um profeta ou por uma pessoa
com dons.

3) Uma Pessoa Constituída com Deus


Jacó não foi um profeta com dons, mas uma
pessoa constituída com Deus. Não foi constituído
com dons, com expressão ou até mesmo com função;
foi constituído com Deus. Porque fora infundido e
saturado de Deus, e totalmente permeado com Deus,
o seu falar era o falar de Deus. A sua palavra era a
palavra de Deus. Quer a consideremos como profecia
ou bênção, tal é o tipo de falar que hoje falta nas
igrejas. O que estas precisam hoje é o falar de pessoas
constituídas com Deus.
A essa altura, precisamos considerar alguns
versículos em 1 Coríntios 7. Em 1940, recebi grande
ajuda do irmão Nee quanto a esses versículos. Em
uma de suas conferências, ele disse que 1 Coríntios,
capítulo sete, revela o auge da experiência cristã de
Paulo. Quando ouvi isso pela primeira vez não
consegui compreendê-lo, porque diferia muito do
meu conceito. Eu estava familiarizado com o capítulo
sete de 1 Coríntios. Sabia que falava sobre casamento
e virgindade. Assim, disse a mim mesmo: “Como
pode este capítulo ser o auge da experiência cristã do
apóstolo Paulo? “
O irmão Nee remeteu-nos aos versículos 10, 12,
25 e 40. No versículo 10, Paulo diz: “Ora, aos casados,
ordeno, não eu mas o Senhor, que a mulher não se
separe do marido”. Paulo aqui estava certo de que o
mandamento do Senhor era que as esposas cristãs
não deveriam abandonar o marido. Porquanto estava
convencido de que tal era o mandamento do Senhor,
ele foi ousado.
Mas no versículo 12 ele disse: “Aos mais digo eu,
não o Senhor”. Quanto à questão de um irmão ter
uma esposa não crente, Paulo disse: “Digo eu, não o
Senhor”. Se estivesse lá eu teria dito: “Irmão Paulo,
se isto não é do Senhor, então você, não deve dizer
nada. Uma vez que você sabe que isto não e do
Senhor, por que fala? Não queremos ouvi-lo. Você é
apenas um pecador salvo e não deveria dizer nada
por si mesmo”. Quando ouvi o irmão Nee falar sobre
este versículo disse a mi~ mesmo: “Se não era o
Senhor falando, por que Paulo continuava a falar? “ A
palavra que Paulo falou todavia foi registrada no
Novo Testamento e tornou-se a palavra de Deus. De
acordo com o versículo 12, a sua palavra tornou-se
uma palavra inspirada da Bíblia Sagrada.
. Além disso, no versículo 25, ele disse: “Com
respeito às virgens, não tenho mandamento do
Senhor; porém dou minha opinião como tendo
recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel”. Se eu
estivesse lá, tê-lo-ia detido, e diria: “Irmão Paulo se
você não tem o mandamento de Deus, por favor, não
fale”. Ele não apenas não tinha um mandamento do
Senhor como também deu sua própria opinião. Nós,
provavelmente, teríamos dito: “Paulo, não queremos
ouvir sua opinião. Queremos ouvir a palavra do
Senhor”. Embora tivesse lido 1 Coríntios 7 muitas
vezes antes de ouvir aquela palavra do irmão Nee,
jamais percebera esses versículos, e fiquei chocado
quando esse irmão no-los enfatizou. Embora Paulo
simplesmente tenha dado a sua opinião, por mais de
mil e novecentos anos a sua opinião tem sido
considerada a palavra de Deus. Assim, a opinião de
Paulo tomou-se a palavra de Deus.
Finalmente, no versículo 40, Paulo disse:
“Todavia será mais feliz se permanecer viúva,
segundo a minha opinião; e penso que também eu
tenho o Espírito de Deus”. Vemos aqui que ele
ensinava de acordo com a própria opinião. (A palavra
grega traduzida para “segundo” significa “de acordo
com”.) De acordo com a opinião de Paulo, uma viúva
ficaria mais feliz se permanecesse em sua condição
de viúva. A razão de ele ser ousado no falar assim se
acha no versículo 25. Ele recebeu do Senhor a
“misericórdia de ser fiel”. Precisamos que a
misericórdia do Senhor nos faça fiéis a Ele. Se a
tivermos, poderemos ser ousados.
Ao final do versículo 40, Paulo disse: “E penso
que também eu tenho o Espírito de Deus”. A pequena
palavra “também” aqui significa muito. Paulo parecia
dizer: “Não apenas tenho minha opinião, mas
também o Espírito de Deus”. Note que Paulo não
disse: “Tenho certeza” ou “creio que”; pelo contrário,
ele disse: “penso”. Isso indica que ele não tinha
certeza. Embora ele não tivesse afirmado
categoricamente que tinha o Espírito de Deus, todos
reconhecemos o capítulo sete de 1 Coríntios como
palavra de Deus. Por fim, ao ouvir o irmão Nee,
naquele dia de 1940, concordei com sua palavra de
que 1 Coríntios 7 registra o auge da experiência cristã
de Paulo. A opinião deste era a palavra de Deus.
Em princípio, o mesmo ocorre com Jacó em
Gênesis 49. Tudo o que ele falou nesse capítulo foi a
palavra de Deus. Embora fosse sua opinião, foi
também a palavra de Deus. Em 49:3-4, ele parecia
dizer: “Rúben, você é o meu primogênito; todavia,
porque cometeu profanação, não poderá desfrutar a
proeminência de ter o direito de primogenitura”. A
sua palavra a Rúben foi um pouco de predição,
porque se referia à perda do direito de
primogenitura; mas foi também um pouco de
maldição, porque enfatizou que Rúben estava para
ser privado do direito de primogenitura. Não era o
falar de um jovem, nem mesmo de um ser humano
comum; era o falar de um homem que estava pleno
de Deus, que fora constituído com Deus em todo o
seu ser. À época do capítulo 49, Jacó era um homem-
Deus, um homem pleno, constituído, permeado e até
mesmo reorganizado com Deus. Assim, tudo o que
ele dissesse seria a palavra de Deus; o que ele
pensasse seria o pensamento de Deus, e a opinião
que ele emitisse seria a opinião de Deus. Um jovem
ou uma pessoa de meia-idade não pode proferir tal
tipo de palavra. Ela só poderá ser proferida por
alguém que chegou à maturidade plena. O falar de
Jacó, nesse capítulo, revela-o totalmente
amadurecido.
O meu encargo nesta mensagem é impressioná-
los a todos, principalmente os jovens, com este fato
de que o seu falar mostra onde você está. Se você tem
muito a dizer quando perde as meias, isso deve
lembrar-lhe sua imaturidade. Tal tipo de reação
evidencia a sua necessidade de crescimento em vida.
Esqueça-se daquele par de meias e procure ganhar
mais vida. Se tiver algo para falar, isso você deverá
dizer: “Preciso de mais vida”. Não pergunte: “Onde
estão as minhas meias? “ Pelo contrário, diga:
“Irmãos, vocês não sabem onde está o meu
crescimento de vida? “ Sempre que um irmão perder
as próprias meias, os outros deverão dizer: “Aqui está
o seu crescimento de vida”.
Muitos de nós são tagarelas. Nascemos assim. É
nossa natureza, disposição e característica o sermos
tagarelas. Sempre que você estiver tagarelando,
deverá lembrar-se de que sua tagarelice é um sinal de
que precisa crescer em vida.

4) Jacó, o Pai na Carne, e Israel, a Boca de


Deus
Gênesis 49:2 diz: “Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de
Jacó; ouvi a Israel vosso pai”. Este versículo está na
forma de poesia hebraica, que é sempre escrita aos
pares. A primeira parte do par do versículo 2 diz:
“Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó”, e a segunda
parte fala: “Ouvi a Israel vosso pai”. O pai que gerara
era Jacó e o pai que falava era Israel. Todos os doze
filhos nasceram de Jacó, o pai na carne, um
suplantador, um segurador de calcanhar e um
mentiroso. Mas o pai que abençoava e profetizava já
não era mais um Jacó, porém, um Israel. Em seu ser
natural, ele jamais poderia ter proferido tal palavra.
Somente por sua maturidade é que foi capaz de
proferir esse tipo de palavra. Ele não disse aos filhos:
“Dai ouvidos a Jacó vosso pai”, mas “ouvi a Israel
vosso pai”. Israel não era apenas uma pessoa
transformada, mas também alguém amadurecido na
vida divina. Todos nós temos prazer em ouvir
testemunhos dos que foram Jacós há muitos anos,
mas agora são Israéis. Precisamos de mais Israéis,
daqueles que não somente falam por Deus, como
também estão com Deus. Tudo o que eles disserem,
tal será o falar de Deus. Em Gênesis 49, Israel estava
totalmente saturado de Deus, permeado, constituído
e reorganizado com Deus. Porque era um com Deus,
todas as suas palavras eram a palavra de Deus. Assim,
nesse capítulo, temos uma profecia permeada com
bênção.
O versículo 28 diz: “São estas as doze tribos de
Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os
abençoou; a cada um deles abençoou segundo a
bênção que lhe cabia”. Trata-se de uma profecia ou
de uma bênção? Embora seja uma profecia, é uma
profecia cheia de bênçãos.
O Jacó do capítulo 49 é espiritual e divinamente
instruído. Ele conhece Deus e a situação de seus
filhos. Além disso, tem as riquezas necessárias com
as quais pode profetizar e abençoar. Pode, portanto,
proferir uma profecia permeada com todos os tipos
de bênçãos. Em seu falar não existe erro, opacidade,
trevas, vacuidade ou vaidade. Pelo contrário, o seu
falar é uma profecia rica, profunda, permeada com
bênçãos. Isso difere totalmente do “assim disse o
Senhor” muito comum entre os cristãos hoje. Em
poucos minutos, você poderá receber o dom de
proferir este último tipo de profecia, mas muitos
anos serão preciso para se crescer até à estatura em
que possa proferir o tipo de palavra falada por Jacó
neste capítulo. Isso não é uma questão de dom ou de
função, mas de crescimento e maturidade.
Ser maduro é ser constituído com Deus. Tudo o
que Deus é tem de ser constituído para dentro do
nosso ser. Cada fibra de nosso ser tem de ser
reorganizada e permeada com o elemento de Deus.
Quando isso ocorrer, como Jacó, seremos o tipo de
pessoa que poderá profetizar com bênção. Em tal
maturidade, seremos divinamente instruídos,
conhecendo totalmente as coisas de Deus e a situação
das outras pessoas. Nessa maturidade, teremos
também as riquezas para emitir uma profecia
abençoadora.
MENSAGEM NOVENTA E OITO

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (3)
Nesta mensagem, continuaremos com o assunto
relacionado com a profecia abençoadora de Jacó
(49:1-28). Na mensagem anterior, enfatizamos que,
embora proferida por um homem, esta palavra de
profecia era, todavia, a palavra de Deus. Porque em
sua maturidade Jacó foi um com Deus, tudo o que
Jacó disse foi a palavra de Deus. A maioria dos
cristãos tem dificuldade para compreender Gênesis
49. Quando comecei a estudar esse capítulo pela
primeira vez, há aproximadamente cinqüenta anos,
descobri que não era fácil apreender o sentido das
profecias nele registradas. É um capítulo muito
significativo, porque é praticamente a conclusão do
livro de Gênesis.
De acordo com o registro de Gênesis, a raça
humana começou com Adão e continuou com Abel,
Enos, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Por fim,
este já não era mais um indivíduo, porque se tomara
pai de uma casa escolhida por Deus. Esta, a casa de
Jacó (46:27), era composta principalmente pelos
seus doze filhos. Mais tarde, tais filhos se tomaram as
doze tribos da nação de Israel. Isso indica que a
intenção de Deus é ter uma casa, não indivíduos. A
casa de Israel era um tipo da igreja, que é a casa de
Deus hoje. No Antigo Testamento temos uma casa, a
de Israel; e, no Novo Testamento, temos também
outra casa, a igreja do Deus vivo (1 Tm 3:15). Tudo o
que se disser sobre a casa de Israel será um tipo, uma
figura e uma sombra da igreja. Quando eu estava com
os mestres dos Irmãos Unidos, eles nos ensinavam a
diferenciar as partes da Bíblia relativas aos filhos de
Israel das referentes à igreja. Em certo sentido isso
está correto, porque não devemos misturar a palavra
de Deus acerca da casa de Israel com Sua palavra
sobre a igreja. Todavia, porque a igreja é uma
entidade espiritual, é-nos difícil entendê-la.
Precisamos, assim, da figura representada pela casa
de Israel no Antigo Testamento. O princípio é que a
Bíblia se utiliza de tipos e figuras para descrever
coisas espirituais. Tudo o que é espiritual é
misterioso. Por exemplo: por ser a Nova Jerusalém
espiritual e misteriosa, a Bíblia usa uma cidade para
ilustrá-la. De semelhante modo, sem a figura da casa
de Israel, acharíamos difícil compreender
adequadamente a igreja. Portanto, ao examinarmos a
figura do Antigo Testamento, somos capazes de
compreender vários aspectos da igreja revelados no
Novo Testamento. Desta forma, o que se diz na Bíblia
sobre os filhos de Israel não se destina somente a eles,
mas também a nós.
Baseados no princípio de se utilizar tipos e
figuras para retratar realidades espirituais,
precisamos aplicar a nós mesmos tudo o que se diz
sobre as doze tribos de Israel. Fisicamente falando, é
claro, nós não as somos; espiritualmente falando,
entretanto, nós as somos, porque elas são nossas
figuras. Se quisermos conhecer a nós mesmos,
deveremos olhar para a nossa fotografia nessas doze
tribos. Não pensem que as profecias de Gênesis 49
digam respeito apenas aos filhos de Jacó. Essas
profecias, provavelmente, têm mais relação conosco
do que com eles.
O número doze é composto de três vezes quatro.
A princípio, Jacó profetizou sobre os seus três
primeiros filhos: Rúben, Sirneão e Levi (49:3-7).
Esses três irmãos são subdivididos: Rúben fica
sozinho, Simeão e Levi formam um outro grupo. De
acordo com suas atitudes, Simeão e Levi eram um.
Antes de examinarmos os aspectos significativos
da profecia de Jacó sobre Rúben, Simeão e Levi,
quero enfatizar que, de acordo com esta profecia com
bênção, é possível serem mudadas a nossa posição e
disposição naturais. Talvez você tenha nascido bom.
Mas não se orgulhe de sua bondade, porque você
pode tornar-se mau. Se nasceu mau, não fique
desapontado. Pelo contrário, tenha fé de que se
tornará bom. Isso tanto é uma advertência quanto
um encorajamento. Como primogênito, Rúben tinha
a proeminência. Todavia, ele a perdeu, e a sua
posição natural, por nascimento, foi mudada. Não
devemos, portanto, ficar nem frustrados nem
presunçosos. Pelo contrário, devemos ser cuidadosos,
a fim de não perdermos o nosso direito de
primogenitura.
Além disso, embora na verdade você não tenha
nascido primeiro, poderá tornar-se o primogênito.
José nasceu o décimo primeiro, mas, por fim, tornou-
se o primeiro. Na maioria dos casos de transferência
do direito de primogenitura na Bíblia, este se deu do
primeiro para o segundo. Após ouvir essa palavra,
uma pessoa racional poderá dizer: “Não nasci nem
primeiro nem segundo. Nasci o décimo primeiro.
Não importa quantas vezes seja transferido o direito
de primogenitura, ele jamais virá para mim”. Tenha
confiança e coragem. Embora você possa ser o
décimo primeiro, Deus ainda tem uma maneira de o
fazer primeiro. Ele fez isso com José. É preciso que
você fique tocado com o fato de que é possível ser
mudada a sua posição natural, quer para melhor,
quer para pior. Não culpe Deus por fazê-lo décimo
primeiro, e não primeiro. Se tentarmos culpá-Lo
dessa maneira, Ele poderá dizer: “Querido filho, leia
novamente Gênesis 49. Embora tenha nascido
décimo primeiro, sua posição pode ser mudada para
primeiro”. Ao longo dos anos, tenho falado aos
presbíteros sobre a sua disposição. Admito que a
minha palavra sobre esse assunto tenha sido forte e
aguçada, como uma espada de dois gumes
penetrando nos irmãos. Quando os presbíteros me
perguntam como podem ser mais úteis, sempre lhes
digo que sua utilidade depende de sua disposição.
Freqüentemente lhes digo que a sua disposição
natural é a razão principal de não serem úteis.
Muitos ficaram desapontados com tal palavra. Mas
aqui, em Gênesis 49, há algumas boas notícias aos
que se frustraram com a própria disposição natural.
Nesse grupo de três irmãos, observamos não somente
que a nossa posição natural pode ser mudada, mas
também que a nossa disposição natural pode ser
utilizada por Deus. Todavia, como veremos mais à
frente nesta mensagem, Deus somente poderá usar a
nossa disposição se determinadas condições forem
preenchidas.
Jacó colocou juntos Simeão e Levi, em sua
profecia, porque eles eram os mesmos em caráter e
disposição. A sua disposição foi exposta no capítulo
34, onde se registra a violação de sua irmã Diná e a
sua vingança contra Hamor e Siquém. Simeão, Levi e
Diná, todos nasceram da mesma mãe. Assim, esses
dois irmãos amavam muito a irmã. Quando
souberam que ela fora violada, a sua disposição se
expôs por meio do modo como mataram todos os
homens de Siquém, pilhando-lhes a cidade e até
aleijando-lhes o gado. Como foram cruéis! A
crueldade de Simeão e Levi aterrorizou Jacó. Este,
em toda a sua vida, nunca ficou tão amedrontado
como no capítulo 34. Todavia, pela soberania de
Deus, os acontecimentos daquele capítulo
constituíram grande ajuda para a maturidade de Jacó.
Eles se constituíram na forte luz solar que ajudou a
queimá-lo para a maturidade. No capítulo 35,
portanto, percebemos uma mudança real em sua vida.
Jacó, entretanto, não conseguiu esquecer o que
haviam feito Simeão e Levi. Por isso, em 49:6, ele
lhes disse: “No seu conselho não entre minha alma,
com o seu agrupamento minha glória não se ajunte;
porque no seu furor mataram homens, e na sua
vontade perversa jarretaram touros”. A palavra
“glória” (ou “coração”, BJ) refere-se ao espírito. A
atitude de Simeão e Levi causou tão profunda
impressão ao espírito de Jacó que este não pôde
conceder-lhes bênção alguma. Em Deuteronômio 33,
entretanto, Moisés realmente abençoou a Levi. A
bênção de Gênesis 49 foi dada pelo pai que tinha
uma preocupação amorosa por seus filhos. Mas a
profecia de Deuteronômio 33 foi proferida por uma
pessoa idosa que representava a lei. Tudo o que ele
profetizou resultou do julgamento de acordo com a
lei. Tal julgamento, entretanto, foi cheio de
misericórdia e Levi recebeu uma bênção.
Embora amasse os filhos e se preocupasse muito
com eles, Jacó não podia conceder uma bênção a
Simeão e Levi. Gênesis 49:5 diz: “Simeão e Levi são
irmãos; as suas espadas são instrumentos de
violência” : A palavra que realça o fato de Simeão e
Levi serem irmãos quer dizer que eles eram
companheiros, que formavam um grupo. As suas
espadas eram armas de violência. Como já
enfatizamos, 49:6 revela a sua crueldade. No
versículo sete, Jacó disse: “Maldito seja o seu furor,
pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei
em Jacó, e os espalharei em Israel”. Jacó não disse:
“Malditos sejam Simeão e Levi”; pelo contrário,
disse: “Maldito seja a sua ira e o seu furor”. Embora
merecessem a maldição, seu pai não os amaldiçoou;
pelo contrário, amaldiçoou o seu furor e exerceu
sobre eles julgamento para dividi-los. A melhor
mane-ira de tratar com os que são cruéis é espalhá-
los. Sobre Simeão e Levi, Jacó parecia dizer: “Simeão
e Levi foram muito cruéis. Não demonstraram
misericórdia nem bondade. Sim, Hamor e Siquém
estavam errados ao violarem Diná. Teria sido
suficiente matá-los. Simeão e Levi não precisavam
matar todos os homens da cidade, nem jarretar seus
bois. Não permitirei que fiquem juntos. A melhor
coisa a fazer é espalhá-los”,

5) Sobre Rúben

a) Foi o Primogênito para Ter a Proeminência


em Dignidade e em Poder
Consideraremos, agora, a palavra de Jacó
destinada a Rúben. Porque este fora corrupto,
profanador e cheio de germes, na profecia
abençoadora de Jacó ele foi isolado de todos os
outros irmãos. O versículo três diz: “Rúben, tu és
meu primogênito, minha força, e as primícias do meu
vigor, o mais excelente em altivez, e o mais excelente
em poder”. Como primogênito, ele tinha a
proeminência em dignidade e em poder. Observe as
palavras usadas por Jacó para descrevê-lo: “meu
primogênito”, “minha força”, “primícias do meu
vigor”, “o mais excelente em altivez” e “o mais
excelente em poder”.

b) Perdeu a Proeminência do Direito de


Primogenitura por causa de sua Explosão de
Lascívia
Embora tivesse a proeminência do direito de
primogenitura, Rúben a perdeu por causa de sua
profanação. O versículo quatro diz: “Impetuoso
corno a água, não serás o mais excelente, porque
subiste ao leito de teu pai, e o profanaste; subiste à
minha cama”. Acredito que a melhor tradução é
mesmo “impetuoso”, a significar “fervendo”,
“movendo-se violentamente”. Rúben, que estava
fervendo em lascívia, moveu-se impetuosamente
para profanar a cama do pai. Ao agir assim, foi longe
demais. Esse abandonar-se à lascívia levou-o a
perder seu direito de primogenitura. Porquanto
Rúben, em sua impetuosidade, profanou o leito de
seu pai, Jacó lhe disse que não teria proeminência.
Assim, a supremacia do direito de primogenitura foi-
lhe retirada.
Ao profetizar sobre Rúben, no capítulo 49, Jacó
sem dúvida se lembrava de que já dera a José o
direito de primogenitura (48:5-6). Não lho dera por
acaso; pelo contrário, deve ter ponderado sobre a
questão por longo tempo. De acordo com 48:5, Jacó
disse: “Agora, pois, os teus dois filhos, que te
nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti
no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus
como Rúben e Simeão”. Posteriormente, em 48:22,
Jacó afirmou: “Dou-te de mais que a teus irmãos um
declive montanhoso, o qual tornei da mão dos
amorreus com a minha espada e com o meu arco”.
José, portanto, recebeu duas porções da terra: uma
para Efraim e outra para Manassés. Por fim, essa
profecia se cumpriu em Josué 16 e 17. Quando a terra
foi dividida em quinhões, José recebeu duas porções.
Isso não foi conseguido por meio de manobra
humana, mas por meio de quinhões controlados por
Deus para o cumprimento da profecia de Jacó.
A essa altura, preciso dizer uma palavra
contundente, principalmente aos jovens. Não
pensem que a impureza seja algo insignificante.
Fornos feitos por Deus à Sua imagem. Porque temos
a Sua imagem, somos dignos de honra, mesmo de
acordo com a nossa concepção natural. Embora
outros pecados possam não causar danos ao nosso
corpo, a fomicação causa danos diretos a ele, que é
um vaso de honra (1 Co 6:18; 1 Ts 4:4). Porque fomos
regenerados, o nosso corpo é agora o templo do
Espírito Santo (1 Co 6:19). Portanto, não somente
ternos a imagem de Deus em nosso corpo, mas, após
a regeneração, o nosso corpo é o Seu templo. Por
conseguinte, você precisa conservar em honra o seu
corpo. Nada lhe causa tanto dano quanto a
fornicação. O proceder do mundo de hoje é
totalmente infernal, diabólico e satânico. Como é
diabólico que os jovens tenham contato mútuo sem
qualquer restrição! Quero advertir a todos os jovens,
mesmo aos irmãos e às irmãs jovens na vida da igreja,
que usem de certas restrições quanto ao seu contato
de uns com os outros.
Quando ainda jovem principiante no ministério,
fui a Xangai para receber ajuda do irmão Nee.
Naqueles dias, ele teve várias conversas demoradas
comigo. A primeira instrução que me deu, como um
irmão no ministério do Senhor, foi que jamais
entrasse em contato com um elemento do sexo
oposto sozinho, porém, para minha proteção, que
tivesse sempre a presença de uma terceira pessoa.
Nunca me esqueci dessa palavra; ela me foi de
grande ajuda e proteção. Pela misericórdia do Senhor,
eu a tenho seguido ao longo dos anos.
Somos seres humanos caídos, e todos temos
concupiscências. Nenhum de nós pode dizer que não
tem concupiscência. Em 1930 houve em minha
província natal um assim chamado movimento
pentecostal. Determinado grupo declarou que, por
haverem eles recebido o batismo do Espírito Santo,
não mais tinham concupiscência alguma. Assim
sendo, homens e mulheres começaram a viver juntos.
Essa prática, todavia, teve como resultado a
fornicação, e uma grande vergonha foi lançada sobre
o nome do Senhor. Por causa da fornicação no seio
desse grupo, a porta do evangelho esteve fechada
naquela região por longo tempo. Há
aproximadamente quinze anos, situação semelhante
ocorreu na Coréia. Muitos cristãos coreanos,
possuidores das assim chamadas experiências
pentecostais, começaram a entrar em contato uns
com os outros sem quaisquer restrições, e o resultado
foi fornicação.
Lembre-se, você ainda está na carne. O fato de
um . homem e uma mulher da mesma idade ficarem
sozinhos dá ao inimigo oportunidade de os tentar.
Não há necessidade de eu lhes falar mais sobre o
assunto, porque suas experiências passadas já foram
suficientemente convincentes. Jamais considere a
fornicação como algo sem importância. Como vimos,
nada causa mais dano ao nosso honroso corpo do que
a fornicação. Que vergonha é o fato de alguns
governantes quererem legalizar o homossexualismo!
Agir assim é transformar o país numa Sodoma.
Rúben perdeu a proeminência do direito de
primogenitura por causa de um pecado. Hoje, tal
proeminência é a maior porção do desfrutar Cristo. A
porção dupla da terra representa a porção maior do
desfrute das riquezas do Cristo todo-inclusivo.
Quando alguém comete tal pecado horrível e terrível,
ele está separado do desfrutar superior de Cristo.
Não apenas os jovens, mas até os de meia-idade
devem estar cônscios do perigo de ficarem sozinhos
com alguém do sexo oposto. Agir assim é correr um
grande risco, porque abre-se a porta para que entre o
sutil. Você não imagina como a sua carne é sutil e
maligna. As concupiscências da nossa carne são
terríveis! Não deveríamos, por isso, ter confiança
alguma em nós mesmos. Não pense que lhe seja
impossível cometer tal coisa. A melhor proteção é
seguir a palavra que recebi do irmão Nee.
Não diga que o meu falar seja a palavra de um
chinês conservador do Extremo Oriente, e que você
vive numa América moderna. Como alguém com
mais de setenta anos, já passei por todas as
experiências humanas. Atente, por favor, à minha
palavra sobre fornicação. Repetidas vezes, no Novo
Testamento, o apóstolo Paulo avisou que nenhum
fornicador terá qualquer herança no reino de Deus (1
Co 6:9-10; Gl 5:19-21; Ef 5:5). Quando chegarmos ao
nosso Estudo-Vida de Mateus, capítulo 5, veremos
como o Senhor Jesus foi estrito nessa questão.
Jamais seja negligente ao entrar em contato com
pessoas do sexo oposto. Pelo nome do Senhor, pelo
testemunho da igreja, para a sua proteção e para
honra do seu corpo, você precisa seguir esse princípio
de não ficar sozinho com alguém do sexo oposto. Se
agir assim, será preservado. Lembre-se: por essa
causa, a posição natural de Rúben, ganha por
nascimento, foi totalmente mudada.

c) Em Perigo de Morrer e Diminuir


Em Deuteronômio 33:6, Moisés proferiu uma
profecia sobre Rúben. Esta profecia, um julgamento
segundo a lei, foi dita por um homem idoso,
experimentado e compreensivo. Moisés disse: “Viva
Rúben, e não morra; e não sejam poucos os seus
homens”. Esta palavra implica que, segundo a lei,
Rúben deveria ter morrido. De acordo com seu
pecado, deveria ter morrido (Ez 18:20). Embora
Rúben devesse ter morrido, Moisés foi
misericordioso ao executar o julgamento da lei. Como
um velho juiz, ele julgou as doze tribos de acordo
com a lei justa de Deus, mas fê-lo, todavia, com
misericórdia e compreensão. Moisés se preocupava
com a possibilidade de Rúben morrer e também com
que o número dos componentes de sua tribo fosse
grandemente diminuído. Com isso percebemos que a
fornicação não apenas nos leva a perder o nosso
direito de primogenitura, mas também pode levar-
nos à morte e à diminuição. Precisamos, portanto,
fugir dela (1 Co 6:18).
José recebeu o direito de primogenitura porque
fugira da mesma profanação a que Rúben se
entregara (39:7-12). Ele não foi a casa para estar de
propósito com a esposa de Potifar. Era um servo a
trabalhar na casa, e ela o tentou. Ele fugiu de tal
tentação. Sempre que vem essa tentação, a única
maneira de lidar com ela é fugir. Não fale nem
argumente com a outra parte-fuja! Rúben perdeu o
direito de primogenitura por causa da sua profanação
e José o obteve por causa de sua pureza. Deus é justo
e reto. Rúben estava do lado negro, e perdeu; José
estava do lado da luz, e ganhou. Porque Rúben estava
em perigo de morrer, ou pelo menos, de ser reduzido,
Moisés orou para que ele não morresse. Qualquer um,
na vida da igreja, que cometa fornicação estará numa
posição perigosa. Não apenas perderá a porção maior
do gozo de Cristo, como também estará em perigo de
morrer ou de ser reduzido. Tal é a experiência de
Rúben.
O direito de primogenitura é formado não só
pela porção dobrada da terra, como também pela
realeza e pelo sacerdócio. Como primogênito, Rúben
deveria ter herdado todas as três bênçãos. Por causa
dessa profanação, perdeu não só a porção dobrada de
terra, mas também a realeza e o sacerdócio. Como
vimos, a porção dobrada de terra foi dada a José; a
realeza, aJudá (1 Cr 5:2) ; e o sacerdócio, a Levi (Dt
33:8-10). Isso significa que, hoje, se nos permitirmos
a profanação, perderemos a porção dobrada do
desfrute de Cristo, a realeza e o sacerdócio.

6) Sobre Simeão e Levi

a) Não Receberam Bênção por causa de Sua


Crueldade
Já vimos que Simeão e Levi não receberam
nenhuma bênção por causa de sua crueldade (34:25-
30). A crueldade deles, ao matar e saquear a cidade
de Siquém, amedrontou seu pai a tal ponto que este
não pôde dar-lhes nenhuma bênção. Por se
abandonarem à sua própria disposição, foram
levados a perder a bênção paterna.

b) Foram Dispersos em Israel


Jacó ficou amedrontado com a disposição cruel
de Simeão e Levi. Por isso, não lhes permitiu morar
juntos. Pelo contrário, exerceu sobre eles julgamento,
dispersando-os entre os filhos de Israel, de modo a
não serem capazes de agir de acordo com a crueldade
da sua disposição.

c) Simeão Foi Omitido na Bênção de Moisés


Simeão foi omitido na bênção de Moisés
registrada em Deuteronômio. De acordo com a lei
justa de Deus, Simeão não tinha direito a ser
abençoado. Não é uma questão insignificante o ser
omitido no registro de Deus. Simeão era natural
demais, nunca exercendo qualquer restrição sobre a
própria disposição natural. Creio que ele foi o
iniciador da conspiração para matar José. Por essa
razão, quando os irmãos de José desceram ao Egito
pela primeira vez, este preparou as circunstâncias
para que Simeão fosse mantido preso. Na prisão, este
deve ter-se dito: “Não deveria ter feito aquilo com
José”. Ele deve ter tido uma disposição muito grande
para a crueldade. Não importa qual seja a nossa
disposição, não devemos entregar-nos a ela. Simeão
perdeu todo o gozo de Cristo por entregar-se à sua
própria disposição. Acabou precisando tornar parte
numa outra rica porção de Cristo, a rica porção de
Judá. Porque a parte dos filhos de Judá “era
demasiadamente grande para eles”, Simeão foi
espalhado entre o povo de Judá (Js 19:1, 9).

d) Levi Recebeu o Sacerdócio por causa de


Sua Fidelidade ao Senhor
Embora Simeão e Levi fossem companheiros,
este último, por fim, agarrou a oportunidade de ter
mudada a sua disposição natural. Tanto Simeão
quanto Levi tinham disposição para matar os outros.
Mas na hora em que os filhos de Israel adoravam o
bezerro de ouro a disposição para matar de Levi foi
usada por Deus (Êx 32:29). Quando desceu do monte
com as tábuas e viu o povo adorando o bezerro de
ouro, Moisés disse: “Quem é do Senhor, venha até
mim” (Êx 32:26). De todas as tribos somente uma, a
de Levi, juntou-se a Moisés. Por que Simeão não se
juntou a Levi? Ambos eram da mesma disposição
natural. Todavia, quando veio o chamamento de
Deus, um correspondeu e o outro recusou. Isso quer
dizer que, embora possamos ter urna disposição
horrível, ela ainda pode ser útil ao propósito de Deus.
Há certas condições, entretanto, que devem ser
satisfeitas. Primeiramente, precisamos consagrar-
nos; depois, precisamos exercitar nossa disposição
contra nossos gostos naturais; e, em terceiro lugar,
precisamos usar nossa disposição de maneira
renovada e transformada. Porque os habitantes da
cidade de Siquém eram inimigos de Levi, foi-lhes
fácil matá-los. Mas é algo bem diferente matar pais,
irmãos, filhos e parentes. Para isso, você precisa
exercitar sua disposição contra seu próprio desejo e
usá-lo de urna maneira nova, urna maneira que tanto
seja por Deus quanto com Deus. Tanto Simeão corno
Levi, pela própria disposição, eram capazes de matar
os outros. Todavia, a morte dos homens de Siquém
não requereu deles o exercício de sua disposição
contra o seu próprio desejo. Simeão não se ligou a
Levi para executar a ordem de Moisés porque não
estava disposto a pagar o preço. Simeão deve ter-lhe
dito: “Estava certo matar o povo de Siquém, mas é
loucura matar os nossos irmãos, filhos e parentes.
Sim, todos adoraram o ídolo. Mas Deus é
misericordioso, e os perdoará. Por que devemos
matá-los? Nesta hora, esses dois companheiros
foram separados. Um utilizou sua disposição natural
por Deus, com Deus e de maneira nova; o outro não.
Levi usou a sua disposição em transformação. Assim,
a sua disposição natural para matar foi transformada.
Não pense que seja impossível Deus usar sua
disposição. Ele poderá utilizá-la se você a usar contra
o seu desejo natural e de maneira transformada.
Conheci alguns irmãos cuja vontade era muito forte.
Talvez você dissesse que a vontade deles fosse
teimosa. Mas porque sua vontade teimosa foi
utilizada para Deus, com Deus e de maneira nova,
eles foram usados por Ele. Deus não pode usar
alguém cuja vontade seja como geléia. Tal vontade
precisa ser transformada em aço. O princípio aqui é
que nossa disposição natural pode ser mudada e
utilizada por Deus. Levi não apenas matou os
homens de Siquém, mas também jarretou seus bois.
Pelo trabalho de transformação, uma disposição não
somente foi usada por Deus para matar os
adoradores de ídolos, como também para matar os
sacrifícios a serem ofertados a Deus. A nossa
disposição natural será útil se três requisitos forem
preenchidos: que haja a consagração, que seja usada
contra o nosso desejo natural, que seja usada de
maneira nova e transformada.
Porquanto sua disposição foi mudada, Levi se
tornou grande bênção. O “Urim” e o “Tumim” de
Deus estavam com ele (Dt 33:8), e ele teve o
privilégio de entrar na presença de Deus para servi-
Lo. Embora a porção dobrada de terra seja rica, o
privilégio de entrar na presença de Deus é íntimo. O
sacerdócio pode ser considerado como a porção doce
do direito de primogenitura. E Levi a recebeu.

e) A Dispersão de Levi Tornou-se uma Bênção


aos Filhos de Israel
Em 49:7, Jacó disse que Levi deveria ser
espalhado entre os filhos de Israel. De acordo com
Josué 21, tal profecia se cumpriu por meio da
distribuição de terras. Por sua fidelidade e por ter
sido absoluto, Levi foi espalhado entre os filhos de
Israel. Moisés, um homem-Deus, ficou muito feliz
com Levi. Não podia, contudo, anular a profecia de
Jacó; pelo contrário, teve de cumpri-la. Portanto, o
Senhor lhe disse: “Dá ordem aos filhos de Israel que,
da herança da sua possessão, dêem cidades aos
levitas, em que habitem; e também em torno delas,
dareis aos levitas arredores para o seu gado” (Nm
35:2). Cada uma das doze tribos tinha de destinar
algumas cidades aos levitas. A escolha de tais cidades
se fez por sorteio. Não houve manobra nessa questão,
porque o sorteio não a permitia. Ao todo, foram
dadas aos levitas quarenta e oito cidades (Nm 35:6).
Dessas quarenta e oito, seis deviam ser cidades
de refúgio (Nm 35:6; Js 20:7-9). Estavam localizadas
convenientemente ao longo das terras de Israel. Três
estavam a leste do Jordão e três a oeste. Um
assassino poderia fugir facilmente para uma dessas
cidades de refúgio. Portanto, a dispersão de Levi,
decorrente da maldição, tornou-se, na verdade, uma
bênção. Os levitas conduziam o povo a Deus e
traziam Deus ao povo. Assim, nos tempos antigos,
era uma bênção ter alguns levitas em sua cidade ou
em seu território (J z 17:7-13).
Essas cidades de refúgio são um tipo de Cristo.
Todos somos assassinos, e Cristo é nossa cidade de
refúgio. Você realmente acha que nunca matou
ninguém? Todos matamos nossos pais, nosso marido
ou esposa, ou nossos filhos. Os irmãos todos, na casa
dos irmãos, já mataram um ao outro. Após matarmos
alguém precisamos fugir para uma cidade de refúgio,
isto é, precisamos correr para Cristo.
Os levitas espalhados não apenas conduziam os
outros a Cristo, como também traziam o refúgio de
Deus às pessoas pecadoras. Podemos aplicar isso à
nossa situação hoje. Se somos verdadeiros levitas,
onde estivermos, Cristo estará presente como cidade
de refúgio para os outros. A nossa habitação será
uma cidade de refúgio, para dentro da qual os
pecadores poderão buscar salvação. Dessa maneira,
trazemos o refúgio de Deus às pessoas pecadoras.
Essas não precisam correr para uma catedral;
simplesmente precisam correr para o refúgio de Deus,
para as cidades onde habitam os sacerdotes de Deus.
Hoje, os santos em Anaheim estão se agrupando de
acordo com a proximidade. Espero que cada grupo
seja uma cidade de refúgio e que muitos incrédulos
fujam para ela. Nesse refúgio, os que cometeram
pecados descobrirão a cobertura de que precisam.
Por existirem tão poucos levitas, há raros lugares de
refúgio na cidade de Anaheim. Precisamos ser os
levitas de hoje. Precisamos ser desesperados,
absolutos e fiéis para matarmos os nossos desejos
carnais, de modo a podermos ser os levitas de Deus,
os Seus sacerdotes. Se formos levitas, então onde
quer que vivermos, o nosso lugar de habitação será
uma cidade de refúgio para dentro da qual os
pecadores poderão correr em busca de salvação.
Por meio dos casos de Rúben, Simeão e Levi,
observamos as possibilidades tanto de perda quanto
de ganho. O perder ou ganhar depende da nossa
atitude e da nossa reação às várias situações. Que
Deus tenha misericórdia de nós, de modo a
podermos reagir de maneira que nos leve a ganhar, e
não a perder.
MENSAGEM NOVENTA E NOVE

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (4)
Nesta mensagem chegamos a Gênesis 49:8-15, a
parte mais difícil deste capítulo. Para entendermos
esses versículos, precisamos de um espírito forte e
uma mente clara.
Como já enfatizei na mensagem anterior, os doze
filhos de Jacó formam quatro grupos de três. Isso
não está de acordo com a minha opinião, mas está
totalmente de acordo com o arranjo da Bíblia. Os
livros de Moisés revelam que os doze filhos de Jacó
são agrupados em três diferentes ordens: pelo
nascimento, pela bênção e pelo acampamento.
Consideraremos, primeiramente, a ordem pelo
nascimento. Os doze filhos nasceram de quatro mães.
A primeira era Lia, a esposa certa de Jacó. Os
primeiros quatro filhos: Rúben, Simeão, Levi e Judá,
nasceram dela. A segunda era uma serva chamada
Bila. O quinto e o sexto filhos, Dã e Naftali, nasceram
dela. O sétimo e o oitavo, Gade e Aser, nasceram de
outra serva, Zilpa. O nono e o décimo, Issacar e
Zebulom, também nasceram de Lia. Finalmente, José,
o décimo primeiro, e Benjamim, o décimo segundo,
nasceram de Raquel. Tal é a ordem do nascimento
deles.
Pela ordem segundo a bênção, os três primeiros
filhos são Rúben, Simeão e Levi, a mesma ordem
segundo o nascimento. A eles segue-se Judá,
Zebulom e Issacar. Assim, os primeiros dois grupos,
na ordem segundo a bênção, incluem os seis filhos
nascidos de Lia. Todavia, pela ordem de nascimento,
Issacar precede Zebulom; mas, na ordem da bênção,
Zebulom vem antes de Issacar. O terceiro grupo
inclui Dã, Gade, Aser e Naftali. De acordo com o
nascimento, a ordem era Dã, Naftali, Gade e Aser;
mas, de acordo com a bênção, temos Dã, Gade, Aser e
Naftali. Mais tarde veremos que Gade foi retirado
deste grupo e substituiu Levi no grupo de Rúben, de
acordo com o acampamento. O quarto grupo é
formado pelos filhos de Raquel, José e Benjamim,
tanto de acordo com a bênção como com o
nascimento. (No acampamento, José tomou-se duas
tribos, por intermédio de Efraim e Manassés.)
No livro de Números, observamos a ordem de
acordo com o acampamento. Esse livro revela que as
doze tribos de Israel acampavam-se ao redor do
tabernáculo. Naquela época, eles eram exércitos, e
acampavam como tal. O arranjo das tribos à volta do
tabernáculo ia do leste para o sul, para o oeste e
depois para o norte. De acordo com a ordem do
acampamento, Judá, Issacar e Zebulom ficavam a
leste, em direção ao sol; Rúben, Simeão e Gade, ao
sul; Efraim, Manassés e Benjamim, a oeste; e Dã,
Aser e Naftali, ao norte. Gade foi colocado com
Rúben e Simeão, porque Levi fora elevado e
conduzido para dentro do tabernáculo, o centro do
acampamento. Efraim, Manassés e Benjamim
equivaliam a José e Benjamim. Por meio de Efraim e
Manassés, José tomou-se duas tribos, a fim de herdar
a porção dobrada de terra.
Na mensagem anterior, falamos do primeiro
grupo segundo a ordem da bênção em Gênesis 49:
Rúben, Simeão e Levi. Naquela mensagem,
observamos principalmente a mudança do direito de
primogenitura e a transformação da disposição
natural. A característica mais marcante do primeiro
grupo revela que a nossa posição e disposição
naturais podem ser mudadas. Nesta mensagem,
chegamos ao segundo grupo, formado por Judá,
Zebu 10m e Issacar. Os versículos de 8 a 15 são
difíceis de compreender. Para se compreender o
capítulo 49, precisamos conhecer bem o que está
escrito na Bíblia. Além disso, precisamos conhecer a
história dos filhos de Israel, ter a experiência de
Cristo e da vida da igreja, e saber como alegorizar a
Bíblia. Se você não sabe como alegorizar as
Escrituras e interpretar a poesia da Bíblia, como seria
capaz de compreender uma passagem como Gênesis
49? No versículo nove, Judá é comparado
primeiramente a um leãozinho e depois a uma leoa, e
o versículo onze fala da vinha escolhida e de amarrar
o burro à vinha. Quando os que se opõem a que se
façam alegorias da Bíblia lêem este trecho da Palavra
não têm meios de entendê-la. O versículo treze diz
que Zebu 10m será um porto de navios e habitará na
praia dos mares; o versículo catorze, que Issacar é
um jumento forte, descansando entre os rebanhos de
ovelhas; e o versículo quinze, que Issacar viu que o
“repouso era bom, e que a terra era deliciosa”. Que
tudo isso significa? Por ser tão difícil, bem poucos
cristãos têm alguma compreensão desse trecho. A
única maneira de entendê-lo é alegorizando-o.
Não é fácil, entretanto, alegorizar a Bíblia. Para
compreender uma passagem como Gênesis 49:8-15,
precisamos de muitas coisas: do conhecimento do
que está escrito na Bíblia; do conhecimento da
história dos filhos de Israel; das experiências de
Cristo e da vida da igreja; da sabedoria para
alegorizarmos a Bíblia; e do conhecimento de como
aplicar os tipos à situação de hoje. Quando tivermos
tudo isso, então seremos capazes de enxergar o
verdadeiro significado desse trecho da Palavra.
A Bíblia é muito econômica. Nenhuma palavra é
desperdiçada. A profecia abençoadora de Jacó, no
capítulo 49, é uma poesia. A poesia é a forma mais
significativa e refletida de se escrever. Ao proferir
Jacó a profecia com bênção, fê-lo com majestade e
grandiosidade.

7) Sobre Judá
Ao considerarmos esses versículos, precisamos
ficar impressionados com o fato de que, no primeiro
grupo, formado por Rúben, Simeão e Levi, Cristo
ainda não aparece. Não O vemos em Rúben, em
Simeão, ou em Levi. O que vemos em Levi é o ser
absoluto, desesperado e fiel. Foi por essas
características que o Senhor lhe concedeu o
sacerdócio. Embora Levi tivesse o sacerdócio com o
Urim e o Tumim, não vemos Cristo nele. Somente em
Judá é que Cristo aparece. Judá prefigura Cristo. Na
verdade, podemos até substituir o nome de Judá por
Cristo nesta profecia. Embora Jacó tivesse doze filhos,
Cristo proveio somente de Judá. Em Apocalipse 5:5,
Ele é chamado “Leão da tribo de Judá”. Assim, por
provir de Judá, Cristo pertence a Judá. Para
compreendermos os versículos 8-12, precisamos
aplicá-los a Cristo e substituir o nome de Judá por
Cristo.
Todos podemos testificar, pela nossa experiência,
que anteriormente éramos Rúbens. Você não foi um
Rúben pecador antes de ser salvo? Você não foi,
como Rúben, alguém fervendo em lascívia? Fomos
também Simeões, naturais e saturados da disposição
natural. Tudo o que fazíamos estava de acordo com a
nossa lascívia e a nossa disposição. Mas louvado seja
o Senhor porque fomos salvos e nos tornamos um
Levi! Estamos agora qualificados para entrar na
presença de Deus e, com o Urim e o Tumim, receber
a visão e a revelação de Deus. Além disso, como
sacerdotes, podemos conduzir os outros à presença
de Deus e conhecer a mente do Senhor a respeito
deles. A sua experiência não se assemelha a essa?
Embora possa ser o menor entre os santos, cada dia
você entra na presença do Senhor. Enquanto fica na
Sua presença, você sente algo brilhando e iluminando
seu interior. Isso é o Urim e o Tumim. Às vezes você
conduz os outros ao Senhor e ora por eles. Talvez
você diga:-ó Senhor, lembra-Te de meu pai, do meu
cunhado e da minha cunhada”. Isso é o sacerdócio.
Nem Rúben nem Simeão tiveram uma função como
esta; somente Levi. Nós também a temos hoje. Não
somos mais Rúbens nem Simeões; pelo contrário,
somos os Levis de hoje.
Entretanto, embora eu tenha sido um Levi há
anos, posso testificar que tive pouca experiência de
Cristo. Por isso, além da experiência de Levi,
precisamos da experiência de Judá, isto é, da
experiência de Cristo. É bom estar na presença do
Senhor para receber iluminação, revelação e visão; e
é bom conduzir os outros à Sua presença. Todavia,
ainda precisamos de Cristo como um leãozinho,
como o Leão da tribo de Judá. Você alguma vez já O
experienciou como um leão forte? Como leãozinho,
Cristo visa ao combate, para colocar Suas garras na
cerviz dos Seus inimigos. Colocar as garras na cerviz
dos nossos inimigos significa derrotá-los, subjugá-los
e ter vitória sobre eles.
a) Louvado e Adorado por Seus Irmãos
O versículo oito diz: “Judá, teus irmãos te
louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus
inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti”.
Lemos aqui que os irmãos de Judá o louvarão e que
os filhos de seu pai se inclinarão diante dele. Isso
significa que os irmãos de Judá o louvarão e adorarão
por sua vitória. Isso, na verdade, refere-se a Judá ou
a Cristo? Refere-se a Cristo. Assim, mais uma vez,
digo que podemos substituir Judá por Cristo, e
declarar: “Cristo, Teus irmãos Te louvarão, e os filhos
de Teu Pai se inclinarão a Ti”.

b) Um Leãozinho Vence os Inimigos e um


Leão e uma Leoa Descansam na Vitória
O versículo nove diz: “Judá é leãozinho, da presa
subiste, filho meu”, e o versículo oito diz: “A tua mão
estará sobre a cerviz de teus inimigos”. Precisamos
observar o quadro aqui descrito. Um leão habita nas
montanhas. Quando sai atrás de alguma presa, ele
desce da montanha. Enquanto espera para agarrá-la,
ele se agacha. Mas, após apanhá-la, ele a leva consigo
montanha acima. Assim, as palavras “da presa
subiste, filho meu” significam que o leão subiu a
montanha para devorar sua presa. Após comê-la, ele
não se agacha; pelo contrário, descansa, isto é, deita-
se. Isso quer dizer que, após engolir sua presa, ele
fica satisfeito e se deita para descansar.
Precisamos aplicar essa figura a Cristo. Ele,
primeiramente, era o leãozinho agachado, esperando
por sua presa. Após apanhá-la, levou Seu cativo para
os céus, onde o saboreou. Isso nos faz lembrar
Efésios 4:8, que diz: “Quando ele subiu às alturas,
levou cativo o cativeiro”. Tal grupo de inimigos
vencidos era a Sua presa. Agora, após saborear a
presa que capturou, Ele está satisfeito e descansa nos
céus. Colocando em linguagem mais simples, isso
quer dizer que Cristo está agora sentado no trono,
nos céus. Mas conforme a poesia do versículo nove,
após devorar Sua presa, Ele ficou satisfeito e deitou-
se para desfrutar o Seu descanso.
Você alguma vez teve tal visão ou experimentou
esse Cristo? Em sua experiência, você tem Cristo
como um leãozinho? Você também O tem como o
leão satisfeito, que se deita para descansar? Há anos,
ainda jovem, eu era perturbado por muitos tipos de
inimigos. Entretanto, um dia vi que eles já se haviam
tornado uma presa para o meu Cristo. Meu
temperamento, meus problemas, minhas fraquezas e
todos os meus outros inimigos foram a presa de
Cristo. Ele foi à cruz e os capturou, e, em ressurreição,
levou aos céus, para o Seu desfrute, um grupo de
inimigos vencidos. Agora, nos céus, Ele não mais está
lutando-está descansando. Está deitado para
descansar, e eu O estou experimentando como um
leão que descansa. Ele descansa, e eu também. Por
que me perturbaria com alguma coisa? Simplesmente
preciso desfrutar esse Cristo vitorioso, satisfeito e
descansado.
Conheço a situação dos irmãos e irmãs,
principalmente dos jovens. Na última mensagem
vocês aprenderam que eram um Levi. Todavia, na
semana que passou, vocês provavelmente foram
perturbados por alguns inimigos. Talvez um inimigo
tenha vindo por intermédio do seu colega de quarto,
de seus pais, de seu marido ou esposa, ou de sua
própria disposição. Contudo, após lerem esta
mensagem, espero que vocês também sejam capazes
de dizer que são um Judá. Imediatamente depois de
Levi, aparece Judá. Isso significa que Cristo chegou.
O nosso Cristo hoje não é mais o leãozinho; é o leão
que descansa. Quando o apóstolo João chorava por
não haver ninguém qualificado para abrir o livro do
mistério de Deus, um ancião lhe disse: “Não chores:
eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi,
venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Ap 5:5).
Este versículo não diz que o nosso Cristo vencerá,
mas diz que Ele já venceu. Capturou a presa e a
engoliu. Aleluia! todos os inimigos foram devorados
por Cristo! Ele hoje não é o lutador; é O que se deita,
que descansa sentado nos céus. Se vir isso, você se
esquecerá de seus inimigos, de seu temperamento e
dos problemas causados pelos pais e filhos, e dirá:
“Aleluia! Senhor, eu Te adoro e Te louvo! Senhor, Tu
eras o jovem leãozinho lutador, mas hoje descansas
nos céus como leão vitorioso. E agora estou
participando de tudo o que fizeste”.
Observe que, de acordo com o hebraico, o
versículo nove diz: “Ele repousa, ele deita-se como
um leão e como uma leoa”. Por que este versículo fala
primeiramente de um leão, e depois de uma leoa? O
leãozinho é para lutar, para ganhar a vitória; e o
repouso é sinal de que o leão lutador obteve a vitória,
devorou a presa e agora descansa satisfeito. Aqui
temos primeiramente o leãozinho e depois o leão
deitado. Mas qual é o significado da leoa? É que o
leão está para gerar muitos filhotes, muitos
leõezinhos. Assim, Cristo não somente é o leão
lutador e o leão que descansa, Ele é também a leoa
geradora. Cristo é a nossa leoa-mãe, e nós todos
somos Seus filhotes. Na última mensagem, vimos que
nos tornamos sacerdotes. Nesta, precisamos ver que
também fomos feitos leõezinhos. Quando o inimigo o
perturbar, você deve perceber que é um leãozinho.
Deixemos que o inimigo nos desafie em tudo o que
quiser. Não somos apenas sacerdotes; somos
também leões. Cristo é a leoa-mãe, que nos gerou
como Seus muitos filhotes.
A última parte do versículo nove diz: “Quem o
despertará? “ Algumas versões dizem: “Quem ousará
acordá-lo? “ Isso significa: “Quem ousa desafiá-Lo?
“ Hoje, não só Cristo é o leão, mas nós também o
somos.

c) Produzir Reis, Governantes e Cristo


O versículo dez diz: “O cetro não se arredará de
Judá, nem o bastão de governante de entre seus pés,
até que venha Siló; e a ele será a obediência dos
povos” (hebr.). O cetro, aqui, refere-se à realeza ou ao
reino. O Salmo 45:6 diz: “Cetro de eqüidade é o cetro
do teu reino”. O cetro, símbolo do reino, refere-se à
autoridade real de Cristo. Assim o cetro no versículo
dez refere-se ao reino de Cristo, à Sua realeza. O fato
de o cetro nunca se arredar de Judá quer dizer que a
realeza jamais se separará de Cristo.
A poesia hebraica é escrita aos pares. Assim, o
“bastão de governante” neste versículo é sinônimo de
“cetro”. Sem dúvida, o governante aqui é Cristo. A
palavra hebraica para governante, nesse versículo,
significa legislador. Cristo é Aquele que dá a lei,
porque Ele possui o bastão e o cetro. Ele é o
Governante que tem a autoridade, o bastão e o cetro
da realeza.
Esse versículo diz que o bastão de governante
não se separará de “entre seus pés”. A expressão
“entre seus pés” é um termo poético, que denota
descendência ou posteridade. Assim, tais termos se
referem aos descendentes de Judá. Isso significa que
a tribo de Judá sempre terá reis. De acordo com 1
Crônicas 5:2, Judá tem a realeza e governantes saem
de sua posteridade.

d) Ter Siló
Essa autoridade continuará até que Siló venha. A
palavra Siló significa “Pacificador”. A maioria dos
mestres da Bíblia concordam que Siló refere-se a
Cristo em Sua segunda vinda. Quando vier pela
segunda vez, Ele chegará como o Príncipe da Paz,
como o Pacificador. Nessa época, a terra toda estará
cheia de paz.
O versículo dez também diz: “E a ele obedecerão
os povos”. Os povos aqui equivalem às nações. Na
segunda vinda de Cristo, todas as nações se
submeterão a Ele e Lhe obedecerão. Isaías 2:1-3 e
11:10 indicam que, a partir do princípio do milênio,
na segunda vinda do Senhor, todas as nações
obedecerão a Cristo. Elas virão a Ele para receber as
instruções de Deus.

e) Rico em Vinho e Leite


O versículo onze diz: “Ele amarrará o seu
jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira
mais excelente; lavará as suas vestes no vinho, e a sua
capa em sangue de uvas”. Este versículo é
extremamente difícil de se entender. Na Bíblia, um
jumento ou asno representa alguém que trabalha
duro, principalmente em transporte. Até mesmo o
Senhor Jesus entrou montado em um jumento na
cidade de Jerusalém (Mt 21:5, 7). Embora seja
normalmente usado para o transporte, o jumento do
versículo onze não está trabalhando; está amarrado à
vinha. Isso significa que o trabalho acabou, que o
objetivo foi atingido e que o descanso começou. Não
pense que o termo “amarrar” neste versículo seja
negativo. Não, é muito positivo. Qualquer jumento
usado em longas viagens certamente gostaria de ser
amarrado a uma vinha. Sempre que um cavaleiro o
amarra a alguma coisa, mesmo a uma estaca, o
jumento fica feliz. Na linguagem poética do versículo
onze, amarrar o jumento revela descanso. De acordo
com esse versículo, até o jumento parou seu trabalho.
O jumento aqui não está amarrado a uma estaca, mas
a uma vinha frutífera, cheia de vegetação.
Se considerarmos essa figura, perceberemos que
isso significa que o trabalho terminou e que a
colheita chegou. Sabemos que esse versículo se refere
à colheita, porque fala do vinho, o produto da videira.
Isso denota as riquezas da colheita. A última parte do
versículo onze diz: “Lavará as suas vestes no vinho, e
a sua capa em sangue de uvas”. Isso indica que existe
abundância de vinho. O suprimento de vinho é tão
abundante que as pessoas não somente o bebem, mas
também lavam nele suas vestes. Apocalipse 6:6, ao
falar da fome, diz: “Não danifiques o azeite e o vinho”.
Tal advertência indica a escassez de vinho durante a
fome. Todavia, em Gênesis 49:11, observamos uma
abundância de vinho. As palavras “sangue de uvas”
referem-se ao suco de uvas. Você já viu um país com
tantas riquezas que seus habitantes até lavam suas
roupas em suco de uvas? Embora a América seja uma
terra fértil, não é tão rica assim. Que figura temos no
versículo onze! Esse quadro mostra que o trabalho
acabou e que o descanso no gozo das riquezas
começou, até para os jumentos. Agora não é hora de
plantar a semente; é hora de colher. O versículo onze
é uma descrição poética do milênio, da era vindoura
dos mil anos. Naquela era, o trabalho cessará, e, em
vez de trabalho, haverá descanso. Se você ainda
escolher trabalhar terá de amarrar o seu jumento.
Não o solte. De acordo com Levítico 23, no dia da
festa dos Tabernáculos, a ninguém se permitia
trabalhar. O trabalho era proibido, porque tudo já
fora completado. Tudo o que restava fazer era
desfrutar o produto da rica colheita. A festa dos
Tabernáculos prefigura o milênio. No milênio não
haverá trabalho porque todo o trabalho terá sido
completado nas dispensações anteriores. Os
jumentos, os que trabalham, serão amarrados. Ao
invés de trabalho, haverá o rico desfrute de uma
abundante colheita. Haverá tanto vinho, que
lavaremos nele nossas vestes.
O versículo doze diz: “Os seus olhos serão
cintilantes de vinho, e os dentes brancos de leite”. Na
Bíblia, o vinho simboliza o gozo da salvação de vida
de Deus. O primeiro milagre que o Senhor Jesus
operou foi transformar água em vinho (Jo 2:1-11).
Esse vinho simboliza não só a redenção, mas também
a salvação de vida e a salvação em vida. Quando
temos a salvação de vida, esta toma-se o vinho que
constantemente nos estimula a regozijar-nos. Ao lado
do vinho, temos o leite. Assim como a fonte do vinho
são as videiras, a fonte do leite são os rebanhos
mencionados no versículo catorze. O leite representa
a nutrição de vida que nos satisfaz.
Quando alguém está para morrer de fome, a área
em volta de seus olhos fica cinza-esverdeada,
Entretanto, nesse versículo, os olhos não estão cinza-
esverdeados; estão “vermelhos de vinho”. Além do
mais, os dentes estão “brancos de leite”. O cálcio
contido no leite produz dentes saudáveis com a cor
adequada. Essas figuras referentes aos olhos e aos
dentes indicam que, quando os jumentos estão
amarrados e o trabalho acabado, o produto da rica
colheita será mais que suficiente. Será tão abundante
que as pessoas até lavarão suas roupas no vinho. Por
fim, terão olhos que estão vermelhos de tanto vinho.
Seus dentes também serão fortes e brancos.
Esse descanso e gozo dependem de Cristo, que é
o leão que luta, descansa e gera. Como tal, Ele gerou
a nós, Seus leõezinhos. Porquanto o trabalho foi
completado, não há necessidade de trabalharmos.
Pelo contrário, devemos simplesmente descansar e
desfrutar o rico produto da boa terra. Hoje estamos
desfrutando o vinho e o leite. Sempre que as pessoas
olharem para nós, nossos olhos deverão estar
vermelhos e nossos dentes, brancos. Isso é um
quadro da vida da igreja hoje e do milênio na era
vindoura.
Mesmo na vida da igreja, hoje, todos os
jumentos deveriam estar amarrados.
Freqüentemente os irmãos e as irmãs trazem consigo
às reuniões um jumento trabalhador. Isso significa
que eles ainda estão trabalhando e viajando, e que
ainda não atingiram seu objetivo, seu destino. Mas
todos esses jumentos devem estar amarrados. Porque
já entramos no descanso e já chegamos ao nosso
destino, não deve haver mais trabalho nem viagem.
Atingimos o nosso destino, o nosso objetivo, o lugar
onde podemos desfrutar o suprimento inesgotável de
vinho e de leite. Você ainda precisa de um jumento
trabalhador? Alguns dos mais velhos sempre têm
consigo um jumento. Parece que eles ainda estão
viajando, trabalhando. Após ouvirem uma das
minhas mensagens, esperam trabalhar e viajar ainda
mais. O versículo onze, porém, diz que precisamos
amarrar o nosso jumento junto à rica vinha. Isso
quer dizer que precisamos cessar o nosso labor e o
nosso viajar. Hoje, na vida da igreja, estamos no
objetivo, no destino. Aqui não há trabalho; somente
descanso e gozo. Espero ver todos os jumentos
amarrados. Em vez de trabalhar, vá para casa lavar
suas roupas no vinho. Depois, venha para a próxima
reunião com os olhos vermelhos e os dentes brancos.
Venha cheio de leite, de gozo e de alimento.

8) Sobre Zebulom e Issacar

a) Zebulom Está no Porto do Mar


Após Judá vem Zebu 10m. O versículo treze diz:
“Zebulom habitará na praia dos mares, e servirá de
porto de navios, e o seu termo se estenderá até
Sidom”. Este versículo diz que Zebulom é um porto
de navios. O meio de transporte aqui foi mudado de
jumento para navio. Não conseguimos compreender
a poesia deste versículo sem recorrer ao Novo
Testamento. O cumprimento deste versículo está em
Mateus 4:15, que diz: “Terra de Zebulom, terra de
Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia
dos gentios! “ Cristo começou Seu ministério em
Zebulom, na Galiléia, e foram os galileus que levaram
as Suas boas novas a toda a terra. Os discípulos
galileus eram um porto de navios. Levaram as boas
novas de Cristo-o leão que luta, descansa e gera-a
todas as partes do mundo, representado por Sidom.
b) Zebulom Alegra-se na Saída
Deuteronômio 33:18 diz: “Alegra-te, Zebulom,
nas tuas saídas”. De acordo com este versículo,
Zebulom tinha de sair. E saiu. Todos os galileus
saíram com as boas novas da vitória de Cristo,
levando a palavra do Cristo vitorioso, descansado e
gerador. Esses galileus saíram com a vitória de Cristo,
com Sua satisfação e Sua multiplicação. Tais são as
boas novas.
Embora Zebulom saísse, Issacar permanecia nas
tendas (Dt 33:18). Assim, Zebulom regozijou-se por
sair, e Issacar alegrou-se nas suas tendas. Um tinha
de sair, e o outro tinha de ficar.
Issacar-um Forte Jumento Repousa entre os
Rebanhos Gênesis 49:14 diz: “Issacar é jumento de
fortes ossos, de repouso entre os rebanhos de
ovelhas”. Na interpretação, isso se liga ao filho da
jumenta e ao jumentinho do versículo onze. O
jumentinho lá se liga à colheita rica; depois, o
jumento forte está repousando e descansando aqui.
Issacar não trabalha, mas descansa, isto é, está
deitado, repousando entre os rebanhos de ovelhas.
Vocês são os Issacares de hoje? Estão repousando ou
trabalhando? Alguns pensam que estou sempre
trabalhando. Mas eles se enganam. Não percebem
que o meu trabalho é o meu descanso. Há um hino
que diz que, enquanto trabalhamos, descansamos. Se
eu não trabalhar, não terei descanso. Quanto mais
trabalho, mais descanso. Enquanto trabalho, estou
descansando. Na restauração do Senhor não há
necessidade de jumentos trabalhadores. Embora
precisemos de jumentos fortes, eles devem descansar,
não trabalhar. De acordo com o quadro retratado
nesse versículo, Issacar descansa entre os rebanhos
de ovelhas. Embora o jumento forte nada faça, as
ovelhas produzem o leite. Posso testificar que sou um
jumento forte repousando e observando as ovelhas a
produzir leite. Enquanto você produz o leite, eu
descanso.

d) Issacar Desfruta o Descanso na Rica Terra


e Torna-se um Servo em Serviço
O versículo quinze diz: “Viu que o repouso era
bom, e que a terra era deliciosa; baixou os ombros à
carga, e sujeitou-se ao trabalho servil”. Issacar viu
que o descanso era bom e que a terra era agradável.
Issacar, o jumento forte, está descansando e
desfrutando a terra rica e agradável, que é Cristo.
Então, ele inclina seu ombro para carregar cargas, e
assim se toma um servo em serviço. Isso significa que
ele serve, para ter algo a oferecer ao Senhor. Ao invés
de “em serviço”, a versão Revista e Corrigida diz “de
tributo”, que é um pagamento dado como oferta. Sem
experiência, não conseguimos entender essa questão.
De acordo com a experiência cristã, os cristãos
corretos não trabalham como jumentos de trabalho
pesado. Pelo contrário, repousam como jumentos
fortes. Enquanto descansam, desfrutam as riquezas
de Cristo. Por desfrutarem essas riquezas, ficam
dispostos a dobrar seus ombros, tomar a carga e
servir em tributo ao Rei. Na vida adequada da igreja,
não trabalhamos como jumentos comuns. Pelo
contrário, deitamo-nos para descansar e desfrutar
tanto do trabalho completo de Cristo como das Suas
riquezas. Por esse gozo, dispomo-nos a inclinar o
nosso ombro e levantar uma carga pesada, servindo
para render o tributo devido ao nosso Amo, ao nosso
Rei. Embora isso vá ser completamente cumprido no
milênio, temos o seu antegozo hoje, na vida da igreja.
Na vida da igreja experimentamos o nosso Cristo
como leão que luta, descansa e gera. Por Seu trabalho
vitorioso, há um rico produto, uma colheita rica.
Assim, não há necessidade do nosso trabalho, mas
existe a pregação das boas novas de Cristo, porque
Zebu 10m, o porto de navios, espalha as boas novas
do Leão da tribo de Judá. Temos também a
experiência de Issacar. Não estamos trabalhando;
pelo contrário, estamos descansando e desfrutando
as riquezas de Cristo. Enquanto descansamos e
desfrutamos Cristo assim, dispomo-nos a inclinar o
nosso ombro para levar uma carga pesada, a fim de
realizar a tarefa, o serviço determinado pelo nosso
Amo-Rei, de modo a podermos ser capazes de
render-Lhe tributo. A vida da igreja, assim, é hoje
uma miniatura do milênio vindouro. Se você orar
sobre todos os pontos tratados nesta mensagem, e os
digerir, verá que, nesse trecho da Palavra, temos um
retrato do milênio vindouro. Tal retrato revela que
podemos agora tomar parte numa miniatura do
milênio. Ao considerarmos esse quadro, saberemos
onde devemos estar hoje.
MENSAGEM CEM

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA BÊNÇÃO


PROFETIZADA COM RELAÇÃO AJUDÁ,
ZEBULOM E ISSACAR (1)
Nesta mensagem, tenho encargo para dizer uma
palavra adicional sobre Gênesis 49:8-15. A linguagem
utilizada para descrever o grupo formado por Judá,
Zebulom e Issacar é estranha, nova e incomum para
a nossa compreensão. Nesses versículos, várias
figuras são usadas em relação a Judá: um leãozinho,
um leão que se deita, uma leoa, o cetro, o bastão de
governante, o jumento amarrado à vinha, o
jumentinho amarrado à videira mais excelente, as
vestes lavadas em vinho e as roupas lavadas em suco
de uva. Você já ouviu dizer que alguém lavou suas
vestes em vinho ou em suco de uva? O versículo doze
fala de olhos vermelhos de vinho e dentes brancos de
leite. Com respeito a Zebulom, temos a figura de um
“porto de navios” (49:13), e Issacar é comparado li
“um jumento de fortes ossos, de repouso entre os
rebanhos de ovelhas”, que vê que o descanso é bom e
que a terra é agradável, e que inclina seu ombro para
tornar-se um servo em serviço (49:14-15). Todos
esses pontos são ricos e precisam ficar bem gravados
em nós.
Nenhum desses itens poderia ser tratado em
Gênesis 1, no relato da criação de Deus. De acordo
com o registro de Gênesis 1, Deus, no sexto dia, fez o
homem à Sua própria imagem. A essa época, era
impossível ter-se uma palavra sobre Judá como
leãozinho, como leão agachado e como leoa, ou uma
palavra sobre amarrar o nosso jumento à vinha. Nem
era possível ouvir algo sobre vestes lavadas em vinho.
Embora em Gênesis 2 tenhamos um jardim e duas
árvores, não encontramos aí nenhum desses pontos
mencionados em 49:8-15. Porque constituem parte
da profecia com bênção proferida por um homem
transformado e amadurecido na vida divina, esses
aspectos podem ser encontrados somente no capítulo
49.
Em Gênesis 2, Adão se mostrou maravilhoso,
porque estava apto a dar nome a todos os animais.
Isso demonstra que ele era muito capaz. Todavia,
embora pudesse dar nomes aos animais, ele não
podia proferir uma profecia com bênção. Era
meramente um ser criado. Não tinha a vida divina
trabalhada dentro de si. Em Gênesis 1 e 2, ele ainda
não havia caído. Em certo sentido, precisamos
apreciar a queda do homem. Os filhos que mais caem
são os mais fortes. Um filho que jamais caiu
certamente é muito fraco. Adão, o homem de Gênesis
1, era perfeito, mas não era muito forte. Todavia,
Jacó, o homem de Gênesis 49, não apenas era
perfeito, mas também forte. Se esse Jacó
transformado estivesse rodeado de serpentes, mesmo
assim não teria caído. Pelo contrário, esmagaria a
cabeça daquelas serpentes e cortaria fora suas caudas.
Que você prefere ser: o Adão do capítulo 1 ou o Jacó
do capítulo 49? Prefiro ser Jacó.
No capítulo 49, Jacó proferiu uma bênção
profética, que Adão jamais poderia dizer. Somente
Jacó estava qualificado para proferi-la. Adão,
contudo, estava totalmente desqualificado para tanto
porque não tinha a vida divina trabalhada dentro de
si e nunca fora transformado nem amadurecido na
vida de Deus. Mas Jacó não era alguém somente
criado e caído; fora regenerado, e a vida divina fora
trabalhada em seu interior. Embora não haja registro
de que o nome de Adão tenha sido mudado, sabemos
que o nome de Jacó foi mudado para Israel. Adão
significa “terra vermelha”, mas Israel quer dizer
“príncipe de Deus”. Você prefere ser terra vermelha
ou príncipe de Deus? Terra vermelha jamais poderia
profetizar a palavra proferida por Jacó no capítulo 49.
Este passou pela experiência total da queda do
homem. Duvido que alguém tenha caído a um nível
tão baixo quanto Jacó. Embora a história dele seja a
nossa biografia, não podemos comparar-nos a ele no
que diz respeito à queda. Ele era especialista nela.
Ninguém pode ultrapassá-lo nessa questão.
Trapaceou, roubou e suplantou a todos, inclusive a
mãe. O fato de usar sua mãe prova que ele a
suplantou. (Suplantar uma pessoa é simplesmente
usá-la, usurpá-la.) Em certa ocasião ele até tentou ao
máximo suplantar a Deus. Naquela noite, em Peniel,
de exercitou toda a sua energia para agarrar Deus,
suplantá-Lo e compeli-Lo a fazer algo para ele
(32:24-31). Obviamente não pôde derrotar Deus. Por
fim, Este tocou-lhe a coxa e Jacó ficou manco.
Porque suplantava a todos, Jacó foi caindo, caindo
até o fundo. Todavia, por fim, foi transformado e
amadurecido, e atingiu o auge da experiência da vida
divina. Por isso, no capítulo 49, ele foi capaz de dizer
uma rica palavra de profecia com bênção.
Antes desse capítulo, era impossível que tal
palavra fosse proferida, porque não havia ninguém
suficientemente transformado e amadurecido para
tanto. Além do mais, antes do capítulo 49, o
ambiente apropriado ainda não havia sido criado. A
transmissão de uma visão celestial sempre requer um
ambiente apropriado. Para proferir a palavra
registrada em 49:8-15, Jacó precisou ser
transformado e amadurecido, e precisou ter filhos
sobre os quais profetizar. Consideremos agora o
significado espiritual da bênção profetizada nesses
versículos, um trecho da Palavra que requer a Bíblia
toda para o seu desenvolvimento.

I. SOBRE JUDÁ-AS BOAS NOVAS DE CRISTO


Os versículos 8-12 dizem respeito a Judá. O
versículo nove diz que Judá é um leão. Em
Apocalipse 5:5, Cristo é chamado de Leão da tribo de
Judá. Isso prova que Gênesis 49 precisa de
Apocalipse 5 para o seu desenvolvimento. Também
prova que esses versículos relativos à bênção
profética de Jacó requerem a Bíblia inteira para o seu
desenvolvimento. O meu encargo nesta mensagem é
impressioná-los com a interpretação espiritual desses
versículos.
Já observamos que Gênesis é um livro de
sementes. Quase todas as verdades da Bíblia acham-
se plantadas nele como sementes. No Novo
Testamento há três verdades principais concernentes
a Cristo. A primeira é a verdade da Sua vitória. O fato
de Ele ser vitorioso quer dizer que Ele completou
tudo o que Deus requeria Dele. Nesse trabalho
completo, Ele lidou com o pecado, resolveu o
problema do mundo, derrotou Satanás, aboliu a
morte e eliminou todas as coisas negativas. Obteve a
vitória total para o cumprimento do propósito de
Deus. Essa é a vitória de Cristo, a primeira verdade
básica do Novo Testamento relativa a Ele.
A segunda verdade principal é a Sua autoridade,
o Seu reino. Porque obteve a vitória, Ele foi feito
Senhor de tudo. Toda a autoridade no céu e na terra
Lhe foi dada (Mt 28:18). Além disso, recebeu de Seu
Pai o reino universal e eterno. Assim, Ele tem a
autoridade, a realeza e o reino.
A terceira verdade principal do Novo
Testamento concernente a Cristo é a verdade do
desfrutar e descansar Nele. Ele cumpriu tudo em Sua
vitória e recebeu a autoridade e o reino, de modo a
podermos ter o gozo e encontrar Nele descanso. Que
gozo e descanso temos em Cristo! Essas três verdades
são um resumo do Novo Testamento.
Porquanto o Novo Testamento se constitui na
colheita das sementes plantadas em Gênesis,
precisamos agora localizar as sementes da vitória de
Cristo, do Seu reino e do Seu gozo e descanso. Elas
estão em Gênesis 49:8-12. Esses cinco versículos
contêm três sementes maravilhosas: a vitória de
Cristo, o Seu reino, e o Seu gozo e descanso. Como
agradeço ao Senhor e O adoro por nos haver aberto
esse trecho da Palavra neste tempo do fim!

A. A Vitória de Cristo

1. Cristo, como Leãozinho, Vence os Inimigos


Em 49:8-9, observamos a vitória de Cristo.
Gênesis, um livro maravilhoso, é um livro de figuras.
Em sua profecia, Jacó comparou Judá a um leão em
três aspectos: a um leãozinho, a um leão que se deita
e a uma leoa. O leãozinho serve para lutar, para
agarrar a presa. O versículo nove diz: “Judá é
leãozinho, da presa subiste, filho meu”. A palavra
“subiste”, implica que o leãozinho, primeiramente,
precisou descer. Desceu da montanha à planície, para
capturar a sua presa. Após agarrá-la, subiu
novamente ao cume da montanha, para desfrutá-la.
Quando estava na terra e foi pregado na cruz, Cristo
era o leãozinho que agarrava a presa. E que presa Ele
capturou! Incluiu o mundo todo, todos os pecadores
e até Satanás, a serpente. Após agarrar Sua presa,
subiu ao cume da montanha, isto é, ao terceiro céu.
Isso significa que, após Sua vitória, Ele ascendeu aos
céus. Efésios 4:8 diz que, quando Cristo subiu aos
céus, Ele levou cativo os que estavam cativos. Cristo
obteve a vitória; Ele colocou Sua mão no pescoço de
Satanás. Aleluia! Ele colocou Sua mão no pescoço de
Seus inimigos! Como leãozinho, venceu todos os Seus
inimigos. Muitos capítulos do Novo Testamento
revelam-No como um leãozinho indo à cruz para
agarrar Sua presa, e subindo ao cume da montanha,
ao terceiro céu.

2. Cristo, o Leão, Deita-se Satisfeito, após


Desfrutar a Presa
Gênesis 49:9 também diz: “Encurva-se, e deita-
se como leão”. Cristo é também um leão que se
encurva, um leão que repousa satisfeito após
desfrutar a Sua presa. Após desfrutar sua presa e
ficar saciado, o leão se encurva e repousa, para
descansar satisfeito. A figura do leão agachado, do
versículo nove, descreve Cristo como Aquele que
desfruta o Seu descanso nos céus. Após conseguir a
vitória e desfrutar a presa, Ele ficou satisfeito. E está,
agora, descansando nos céus, na Sua satisfação. Tal
descanso e satisfação são o resultado de Sua vitória.
Ele não está mais lutando; pelo contrário, está
repousando.

3. Cristo, a Leoa, Gerou Filhotes


No versículo nove, Cristo é também comparado a
uma leoa. Como leoa, gerou muitos filhotes. Todos
somos Seus filhotes. Num sentido muito real, a igreja
é uma terra de leões, e todos nela são leõezinhos.
Você alguma vez se percebeu um filhote de leão? Se
víssemos as circunstâncias do ponto de vista de Deus,
perceberíamos que, aos Seus olhos, a igreja é uma
terra de leões. Para os homens, somos cordeiros que
seguem o Cordeiro; mas, para Satanás, somos
filhotes de leão. Embora você possa não ter tido tal
percepção, Satanás reconhece esse fato. Ele sabe que
todos os crentes na restauração do Senhor são
filhotes de leão. Freqüentemente, precisamos dizer-
lhe: “Satanás, não me toque. Você não sabe que a
minha família é uma família de leões?” Cristo é o
leãozinho, o leão que repousa e a leoa que gera, e nós
somos os Seus filhotes. Tal é a Sua vitória completa.
É por isso que o versículo oito diz que Cristo,
tipificado por Judá, é louvado e adorado.

B. O Reino de Cristo

1. A Sua Autoridade e Realeza


A vitória de Cristo introduz o reino (49:10).
Mesmo hoje na terra, onde quer que haja uma vitória,
há também um reino. Cristo subiu aos céus e lá toda
autoridade Lhe foi dada. Lá, Ele também recebeu o
reino. Se tivermos a visão divina, perceberemos que a
terra inteira é o reino de Cristo. As nações, hoje,
usam o calendário de Cristo. De acordo com a
História, o reino pertence àquele cujo calendário é
usado. O fato de as nações usarem o calendário de
Cristo indica que elas são o Seu reino. Até as nações
que a Ele se opõem, seguem o Seu calendário. Por
isso, Cristo pode rir-se delas e dizer: “Embora vocês
se oponham a Mim, estão utilizando o Meu
calendário. Assim, vocês Me reconhecem como seu
Rei”. Cristo é o Rei e todos estão sob o Seu governo.
Se vocês não crêem nisso, peço-lhes que esperem por
algum tempo. Por fim, observarão que a terra toda
será o reino de Cristo.
A Cristo foi dada toda a autoridade no céu e na
terra. Isso não deveria ser para nós uma mera
doutrina. Precisamos perceber que estamos sob Sua
autoridade. O versículo dez diz: “O cetro não se
arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés”. É
correto traduzir a palavra hebraica “cetro” para
“autoridade”. Dizer que o cetro não se apartará é o
mesmo que afirmar que a autoridade não se apartará
de Judá. O cetro aqui representa a autoridade real,
imperial. Cristo a tem, e todos precisamos vir a estar
sob ela. Nós, o povo do reino, estamos sob o governo
celestial de Cristo.
Nós, cristãos, também precisamos aprender
como exercer a autoridade de Cristo. Ao
enfrentarmos determinadas dificuldades e problemas,
não há necessidade de orar de maneira suplicante.
Pelo contrário, devemos orar com autoridade.
Quando os filhos de Israel foram perseguidos pelos
egípcios, o Senhor disse a Moisés que levantasse a
sua vara e estendesse a mão sobre o mar (Êx 14:15-
16). Moisés assim fez. Tal gesto foi um exercício da
autoridade divina. De semelhante modo, ao invés de
suplicar, devemos exercer a autoridade do nosso Rei
e ordenar às dificuldades que desapareçam. Porque
estamos sob o governo celestial, temos a posição e o
direito de dar ordens às dificuldades, problemas e
ataques. Podemos dizer-lhes: “Vocês devem sumir.
Não permito que fiquem aqui”. Todos precisamos
aprender a exercer essa autoridade.
Para exercê-la, precisamos primeiramente estar
sob o governo de Cristo. Se formos rebeldes e
ordenarmos a Satanás que desapareça, ele retrucará:
“Quem é você? Não vou obedecer-lhe, porque você
não obedece a Cristo. Como alguém que não obedece
ao seu Rei, você não está qualificado para me dar
ordens”. Precisamos, portanto, ser o povo obediente
do reino. A nossa obediência qualifica-nos para
exercer a autoridade do Rei. Este é o reino. Nele,
tudo foi cumprido, todos os inimigos foram
derrotados e todos os problemas foram resolvidos.

2. Cristo Virá como o Pacificador


O versículo dez diz que o cetro não se apartará
de Judá, nem o bastão de governante de entre os seus
pés, até que venha Siló. Siló quer dizer “o
Pacificador”. O reino adequado é um reino de paz. Se
você não a tem, não está verdadeiramente no reino.
O Rei deve ser Aquele que dá a Paz, O que traz a Paz.
Quando voltar, o nosso Rei virá como o grande Siló,
que traz a paz a toda a terra. Mas não há necessidade
de esperarmos até lá para O desfrutarmos como o
nosso Siló. Podemos desfrutar Cristo como Siló hoje.
Veja o exemplo da vida familiar. Em certo
sentido, ela é um mar tempestuoso, cheio de agitação.
Nunca sabemos quando uma tempestade haverá de
vir. Tenho navegado pelo oceano da vida familiar por
muitos anos, e posso testificar que é freqüentemente
muito tempestuoso. Em Mateus 14, observamos a
experiência dos discípulos no mar tempestuoso (vs.
22-33). Estando para subir a um monte, a fim de orar,
Jesus ordenou a Seus discípulos “embarcar e passar
adiante dele para o outro lado” (v. 22). Quando a
noite chegou, o barco estava sendo açoitado pelas
ondas. Por fim, após orar no cume do monte, o
Senhor veio ter com eles no barco, andando por
sobre o mar (v. 25). Quando entrou no barco, o vento
cessou (v. 32). Isso é muito significativo. A
tempestade cessou porque não pode haver
tempestade onde Jesus está. Ela não nos teme, mas
teme ao Rei celestial. Embora possa perturbar-nos, a
tempestade não pode perturbá-Lo porque Ele anda
por sobre as ondas. Em meio ao mar tempestuoso da
vida familiar, não deveremos orar de maneira
suplicante. Pelo contrário, deveremos exercer a
autoridade e dizer: “Senhor, Tu estás andando por
sobre o mar. Tu és o Rei e tens a autoridade. Exerço,
agora, a Tua autoridade sobre esta situação
tormentosa”. Tente orar dessa maneira.
Aos olhos de Deus, a vitória já foi ganha, o reino
está aqui, e a paz se faz presente. Tudo foi
completado. Não devemos, portanto, olhar para a
situação à nossa volta. Em Mateus 14:28, Pedro
disse: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por
sobre as águas”. Pedro parecia dizer: “Senhor, se és
Tu, dá-me uma palavra, e eu irei a Ti. Tu estás
andando por sobre o mar, e eu também andarei por
sobre o mar”. O Senhor disse: “Vem”; e Pedro saiu do
barco e andou por sobre as águas até onde estava
Jesus (v. 29). Ele teve fé para pular fora do barco e
andar por sobre as ondas. Mas começando a olhar
para a situação à sua volta desapareceu sua fé, e ele
começou a afundar. A experiência dele é uma lição
para não atentarmos à nossa situação e para nos
apoiarmos na palavra do Senhor. A fé é uma questão
de permanecer na Sua palavra; não se baseia nas
circunstâncias, mas na palavra do Senhor. Se pular
fora do barco e permanecer na palavra do Senhor,
muitos problemas serão resolvidos. Você já fez
orações suplicantes em excesso. Em vez de suplicar,
ordene às coisas à sua volta, e diga: “Não lhes
permitirei perturbar-me. Jesus é Rei. O reino é Dele,
e Ele é Siló. Haverei, portanto, de ter paz ao meu
redor”.
Freqüentemente, antes de os problemas
cruzarem o nosso caminho, já os aceitamos. Isso é
totalmente uma questão psicológica. Antes de o
atacar, Satanás, o sutil, primeiramente o controla de
maneira psicológica. Jó disse: “Aquilo que temo me
sobrevém, e o que receio me acontece” (Jó 3:25).
Antes que os problemas lhe sobreviessem, Jó
pensava neles e os temia. Quando você teme algo,
isso quer dizer que já o aceitou. Sempre que estiver
temeroso, você precisa imediatamente dizer:
“Satanás, saia de perto de mim. Não tenho medo de
nada. Não aceito esse temor”. O medo é o cartão de
visitas de Satanás. Se você aceitar esse cartão, o
próprio Satanás virá. Todo medo é um cartão de
visitas. Antes de lhe enviar uma dificuldade real,
Satanás primeiramente lhe envia o temor a ela. Não
aceite o cartão de visitas do medo enviado por
Satanás-jogue-o fora. Esse ponto se relaciona à
guerra espiritual. Alguns irmãos temem ser
despedidos de seus empregos. Alguns dias após
aceitarem esse temor, são realmente despedidos. Não
admita a idéia de ser despedido, mas diga: “Satanás,
jamais serei despedido. Embora todos possam ser
despedidos, eu ainda ficarei empregado. Porque
estou no reino, não aceito este temor”. Cristo obteve
a vitória, e o resultado de Sua vitória é o reino.
3) A Submissão e a Obediência das
Nações
Gênesis 49:10 diz que a Siló “será a obediência
dos povos”. Essa palavra refere-se ao reino milenar.
Quando Cristo vier pela segunda vez como Siló, todos
os povos se submeterão a Ele e Lhe obedecerão. Em
princípio, ocorre o mesmo hoje. Onde for mantida a
autoridade e o reino de Cristo, haverá a submissão e
a obediência dos povos.

C. Descansar no Gozo das Riquezas da Vida


de Cristo

1. Cessar o Labor e Descansar no Gozo da


Vida de Cristo
Chegamos agora ao centro do meu encargo nesta
mensagem. O versículo onze diz: “Ele amarrará o seu
jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira
mais excelente”. Todos devemos amarrar o nosso
jumento à vinha. Espero que essa afirmação se tome
um provérbio em nosso meio. Na Bíblia, o jumento é
um animal usado como transporte. O profeta Balaão
viajou numa jumenta (Nm 22:22). Quando entrou
em Jerusalém, pouco antes de Sua crucificação, o
Senhor Jesus também cavalgava um jumento (Mt
21 :5). De acordo com a Bíblia, esse animal é sempre
usado para viajar em direção a um objetivo. Amarrar
o jumento a algo indica que a jornada terminou, que
se chegou ao destino e que se atingiu o objetivo.
Amarrar um jumento não é algo negativo. Qualquer
jumento ficaria feliz por ser amarrado a uma videira.
O trabalho dele é viajar até certo destino com
determinado objetivo. Que quadro significativo
temos em 49: l l! Todas as pessoas do mundo, hoje,
são jumentos que viajam, lutam, trabalham e andam
para atingir seu objetivo. Sem nenhuma exceção,
todos os cristãos também são jumentos que viajam,
lutam e trabalham. É claro que eu também
costumava ser assim quando jovem. Lutava para
vencer o pecado com o objetivo de algum dia tomar-
me um vencedor. Aquele era o meu destino, o meu
objetivo. Continuei minha luta até o dia em que tive a
visão de amarrar o meu jumento à vinha. Vi que não
havia necessidade de trabalhar nem viajar para
atingir o meu destino, porque já chegara a ele, já o
atingira. O nosso destino é a vinha, o Cristo vivo,
cheio de vida. Precisamos amarrar o nosso jumento a
essa vinha. Isso quer dizer que precisamos cessar o
nosso trabalho e a nossa luta, e descansar em Cristo,
Aquele que vive.
Suponha que um irmão lhe fale de seu desejo de
ser santo. A santidade é o seu objetivo, e a terra santa
é o seu destino. Ele lhe diz que luta e se esforça por
atingir esse alvo; labuta para ser cheio de santidade e
habitar na terra santa. Que lhe dirá? Você deveria
dizer: “Irmão, amarre o seu jumento à vinha. Não há
necessidade de trabalhar e lutar para atingir o
objetivo da santidade. Cristo está aqui. Ele é a vinha,
a fonte da vida; Ele é muito rico em vida. Amarre a
Ele o seu jumento”. Isso quer dizer que você precisa
cessar a luta e descansar no Cristo rico e vivo.
Suponha que outro irmão, recém-casado, diga-
lhe: “Irmão, como alguém que está na restauração do
Senhor, quero viver uma vida vitoriosa. Minha
esposa me é um grande teste. Dia e noite luto para
não ficar zangado com ela. O meu objetivo é jamais
perder a calma com ela”. Que diria a esse irmão?
Primeiramente, você deve ser alguém que teve a
experiência de amarrar seu jumento à vinha. Depois
de experimentar isso por si mesmo, outros poderão
vir a você com seus problemas. Quando o fizerem,
você deverá dizer: “Vocês precisam amarrar seu
jumento à vinha. Parem de labutar e lutar. Não há
necessidade de lutar porque Cristo já obteve a vitória.
O cetro, a realeza e o reino, tudo Lhe pertence. Vocês
simplesmente precisam descansar Nele como a
vinha”. Quantas vezes você já ouviu que deve parar
de lutar e simplesmente descansar em Cristo, a fonte
da vida? Creio que muitos de nós temos agido assim.
Mas espero que, na restauração, tenhamos um novo
provérbio a ajudar-nos neste ponto: “Amarre o seu
jumento à vinha”. Esse é um provérbio de descanso.
Irmãs, por que vocês ainda lutam? Precisam amarrar
o seu jumento à vinha. As pessoas costumavam atar
seus jumentos a estacas. Não amarramos, entretanto,
nossos jumentos a uma estaca sem vida, mas a uma
vinha que é cheia de vida. Só recentemente tive uma
clara visão desse ponto. Centenas de vezes, no
passado, todavia, amarrei meu burro à vinha. Parei
de viajar, de lutar, desisti do meu alvo e esqueci meu
destino. Pude desistir do meu objetivo porque já o
atingira; e pude esquecer meu destino, porque já
chegara nele. A santidade é Cristo. O poder para
vencer os problemas com nossa esposa também é
Cristo. Já estamos Nele. Que tolice é continuar a
viagem, lutando e esforçando-nos! Todo labor assim
é vão. Quando tive essa visão, amarrei meu jumento
à vinha.
No princípio, ao entrarem para a vida da igreja,
muitos irmãos jovens eram jumentos lutadores. Nas
reuniões, até competiam uns com outros. Mas
sempre que luta, se esforça e compete, você não está
no descanso. Em vez de lutar e competir, você
deveria amarrar o seu jumento à vinha, que é Cristo,
a fonte da vida, Aquele que é cheio de vida. Ele não é
apenas a vinha, mas também a vinha mais excelente,
a própria fonte mais excelente de vida. Precisamos
parar o nosso trabalho e descansar Nele.
Precisamos, agora, ver como amarrar nosso
jumento à vinha. Para conseguir a vitória sobre o
inimigo, Cristo é o leão. Mas, para nós, Ele é a vinha
para nossa satisfação e descanso. Por meio da Sua
vitória é que Ele pôde ser a vinha. Se nunca houvesse
vencido, jamais poderia ser para nós a vinha. Mas
porque Dele é a vitória, Ele é a nossa vinha cheia de
vida. Precisamos assim cessar o nosso labor, Nele
sendo amarrados e Nele descansando.
Quando alguns lerem esta mensagem, poderão
pensar que fui longe demais ao interpretar essas
figuras e aplicá-las a Cristo. Mas se não interpretar o
versículo onze dessa maneira, como você o
interpretaria? Que significa amarrar o seu jumento à
vinha? Alguns poderão dizer que isso é uma
referência às riquezas da tribo de Judá, uma figura a
mostrar que a tribo de Judá era tão cheia de vinho,
que até os jumentos que trabalhavam podiam ser
atados à vinha. Isso está correto. Mas lembre-se de
que o versículo onze é também um quadro e uma
ilustração. Vimos que, de acordo com Apocalipse 5:5,
Cristo é o Leão da tribo de Judá. Baseados no
princípio de interpretar o leão do versículo nove
como o Cristo vitorioso, podemos dizer que o
significado de amarrar o nosso jumento à vinha é que,
em Cristo, que é a fonte de vida, cessemos o nosso
labor. Isso não é uma interpretação fantasiosa; é uma
interpretação correta, genuína e clara, segundo o
princípio da Bíblia. Agradecemos ao Senhor por dar-
nos essa interpretação correta. Aleluia! temos a vinha,
à qual podemos amarrar o nosso jumento! Você
ainda está trabalhando? Ainda está lutando e
viajando para atingir o seu objetivo? Até os jovens
entre nós precisam dizer: “Louvado seja o Senhor!
Não preciso trabalhar, lutar ou viajar. Simplesmente
preciso amarrar meu jumento à vinha”.

2. Embeber o nosso Comportamento no Gozo


das Riquezas da Vida de Cristo
O versículo onze também diz: “Lavará as suas
vestes no vinho, e a sua capa em sangue de uvas”.
Anos atrás, não conseguia compreender o que
significava lavar as nossas vestes em vinho e nossas
capas em sangue de uvas. Na Bíblia, o nosso
comportamento em nosso viver diário é comparado a
vestes. Figuradamente falando, vestes ou roupas
representam o nosso comportamento. Representam
o nosso andar e os nossos atos. Assim, lavar nossas
vestes em vinho e nossas roupas em suco de uvas
significa embebermos o nosso comportamento, o
nosso andar diário, no gozo das riquezas da vida de
Cristo.
Tanto o vinho quanto o suco de uvas destinam-
se à nutrição. O suco de uvas é usado principalmente
para saciar a nossa sede, ao passo que o vinho é
usado principalmente para estimular a nossa
empolgação. A nossa sede precisa ser saciada, e o
nosso empolgar precisa ser estimulado. Todo cristão
tem de ser “louco” estar fora de si, no sentido correto.
Todo cristão que amarra seu jumento à vinha fica
feliz e empolgado. Tal é a função do vinho. O suco de
uva que bebemos é para saciar a nossa sede. Por um
lado, o Cristo rico estimula a nossa empolgação; por
outro, sacia a nossa sede. Precisamos embeber o
nosso comportamento, o nosso andar e ações
cotidianos no rico gozo da vida de Cristo. O nosso
comportamento então será permeado com e saturado
do gozo total das riquezas da vida de Cristo. Os
outros, então, dirão: “Vejam estes cristãos. Veja como
eles vivem e procedem. Certamente deve haver algo
com eles”. Esse algo é a rica vida de Cristo como o
vinho animador que nos estimula, e como o suco que
sacia, a nos satisfazer. Esses cristãos estão felizes,
satisfeitos, empolgados e até fora de si de alegria. Por
estarem tão excitados, ficam empolgados. O seu
comportamento, o seu andar diário e todas as suas
ações estão cheios da vida de Cristo como vinho e
como suco.
Você é o tipo de cristão que está sempre
insatisfeito? É o cristão que não sabe como ser feliz,
que sempre tem a testa franzida e a cara comprida,
que sempre parece triste? Todos os do reino de Cristo
devem estar sorrindo, felizes, alegres, empolgados,
animados e satisfeitos. Isso indica que estamos
embebendo o nosso comportamento no rico gozo da
vida de Cristo.

3. Sermos Transformados com o Rico Gozo e


a Rica Nutrição da Vida de Cristo
Somos transformados por meio do descanso no
gozo das riquezas da vida de Cristo. O versículo doze
diz: “Os seus olhos serão cintilantes de vinho, e os
dentes brancos de leite”. Isso representa
transformação pela rica vida de Cristo. Ao sermos
assim transformados, a nossa aparência se modifica.
Os que passam fome têm uma cor cinza em volta dos
olhos. Porque carecem de nutrição adequada, falta-
lhes o suprimento de sangue para os olhos. Mas nós,
o povo do reino, que desfrutamos Cristo, jamais
estamos subnutridos. Pelo contrário, estamos tão
plenamente alimentados que nossos olhos ficam
vermelhos. Isso significa que fomos transformados
da morte para a vida. Se a minha face estivesse cinza,
você ficaria muito preocupado com a minha saúde,
provavelmente esperando que eu não vivesse muito.
Mas a minha face não está cinza. O meu aspecto é
muito saudável, porque como refeições nutritivas.
Aleluia! fui transformado da morte para a vida! De
acordo com o versículo doze, os olhos estão
vermelhos de vinho. Essa cor avermelhada não vem
do colorido ou pintura externa, mas do vinho interior,
energizador.
O versículo doze também fala de dentes brancos
de leite. Os nossos dentes têm duas funções: a
primeira é comer, mastigar a comida dentro da boca;
a segunda é ajudar-nos a falar. A brancura dos dentes
aqui indica a sua perfeição, sua função saudável. Por
receber a nutrição apropriada, tenho dentes brancos
e saudáveis para tomar a Palavra de Deus como
comida e proferi-la aos outros, de modo que possam
ser nutridos. A fim de tomá-la como nossa nutrição e
proferi-Ia para a nutrição dos outros, precisamos ter
dentes saudáveis. Poucos cristãos são capazes de
tomar a Palavra de Deus de maneira correta ou
proferi-la de maneira vigorosa. Entretanto, todo
cristão saudável e sadio tem de ser alguém que
recebe adequadamente a Palavra de Deus e a profere
ricamente.
Nós, na vida da igreja, estamos cessando o nosso
trabalho, descansando em Cristo e desfrutando as
riquezas de Sua vida como vinho e suco. Também
estamos embebendo o nosso comportamento neste
rico desfrute. Por fim, teremos a fragrância de Cristo.
Todo o nosso ser então estará totalmente
transformado e cheio de vida, e seremos capazes de
tomar a Palavra de Deus como nosso alimento e
proferi-la aos outros para a sua nutrição. Este é o
gozo e o descanso no Cristo vitorioso. Portanto, nos
versículos 8-12, três sementes significativas são
plantadas: a da vitória de Cristo, a do Seu reino e a do
nosso gozo e descanso em Cristo. Essas sementes,
requerendo o Velho e o Novo Testamento para
desenvolverem-se, são as verdadeiras boas novas, o
verdadeiro evangelho. Essas boas novas foram
proclamadas por Jacó em sua profecia com bênção
acerca de Judá.
MENSAGEM CENTO E UM

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA BÊNÇÃO


PROFETIZADA COM RELAÇÃO AJUDÁ,
ZEBULOM E ISSACAR (2)
De acordo com o Antigo Testamento, os doze
filhos de Jacó estão organizados em quatro grupos de
três. A sua palavra profética de bênção no capítulo
quarenta e nove baseia-se nesses grupos. Já tratamos
do primeiro deles, o grupo de Rúben, Simeão e Levi,
grupo totalmente maligno aos olhos de Deus. Rúben
era profano, Simeão e Levi eram cruéis. O relato
referente ao primeiro grupo é o início do registro dos
doze filhos de Jacó. Que início infeliz! Isso, todavia,
deve ser para nós um encorajamento, porque o nosso
começo também foi muito infeliz.
O segundo grupo é formado por Judá, Zebulom e
Issacar. Porquanto Cristo surge aqui, este é o grupo
da vitória. Nele, temos o evangelho e sua pregação,
mais a vida da igreja.
Alguns poderão pensar que é exagero afirmar
que encontramos em Gênesis 49 a pregação do
evangelho e, conseqüentemente, a vida da igreja.
Lembre-se, entretanto, de que a primeira tribo do
segundo grupo é Judá, e o aspecto mais significativo
do registro deste é o leão. O versículo nove diz: “Judá
é leãozinho, da presa subiste, filho meu. Encurva-se,
e deita-se como leão, e como leoa”. Este versículo é
interpretado por Apocalipse 5:5, onde Cristo é
chamado de “Leão da tribo de Judá”. Sem Apocalipse
5:5, ser-nos-ia difícil interpretar Gênesis 49:9. Mas
com Apocalipse 5:5 diante de nós ninguém pode
negar que Judá representa Cristo.
Embora freqüentemente interprete os sinais e
símbolos do Antigo Testamento, o Novo Testamento
nem sempre fornece todas as minúcias dessas
interpretações. Sobre Judá como leão, Gênesis 49
apresenta três aspectos: o leãozinho, o leão que se
encurva, e a leoa. Apocalipse, todavia, simplesmente
fala do Leão da tribo de Judá de maneira geral, nada
mencionando sobre os aspectos em seus pormenores.
Os legalistas dirão: “Não vá muito longe agora. Só
podemos afirmar o que o Novo Testamento diz. Nada
mais devemos acrescentar”. Isso é legalismo. Gênesis
49 revela que Judá é um leão em três aspectos, mas o
Novo Testamento somente nos fornece uma
interpretação genérica. Por que não deveríamos
prosseguir, para suprir a interpretação dos detalhes?
Há pelo menos dois ou três lugares em que o
próprio Novo Testamento indica que ele não nos diz
tudo (Hb 5:11; 9:5; 11:32). Veja Hebreus 11:32: “E que
mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo
necessário para referir o que há a respeito de Gideão,
de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e
dos profetas”. O escritor de Hebreus, aqui, parece
estar dizendo: “Não tenho tempo para dizer-lhes
tudo. Mencionei apenas parte do que diz o Antigo
Testamento. Deixei muita coisa intocada”. Como
então devemos agir a esse respeito? Precisamos nós
mesmos ir ao Senhor e questioná-Lo. O escritor de
Hebreus tomou a dianteira, ao dar-nos um modo de
interpretar o Antigo Testamento. Ele não teve tempo
de interpretar tudo para nós, mas deixou-nos algo em
que laborarmos, para irmos diretamente, nós
mesmos, ao Senhor. Ninguém pode discordar desse
princípio. Alguns mestres cristãos, todavia,
argumentam que, se o Novo Testamento não fala
especificamente de determinado assunto, nada
também devemos dizer a respeito. Embora haja uma
interpretação clara de Judá em Apocalipse 5, que se
diz no Novo Testamento sobre Zebulom e Issacar?
Nota-se uma interpretação parcial de Zebulom em
Mateus 4:15, mas não há qualquer menção referente
a Issacar. De acordo com os que insistem em que
deveríamos ficar calados no caso do Novo
Testamento silenciar, nada deveríamos dizer acerca
de Issacar. Mas não concordamos com tal conceito
míope. O fato de a tribo de Judá ter um significado
espiritual está totalmente provado por Apocalipse 5.
Será que as tribos de Zebulom e Issacar também não
teriam um significado espiritual? Haveria um
significado espiritual para Judá, mas não para as
outras tribos do mesmo grupo? Afirmar isso não é
lógico; é absurdo.
Como já enfatizamos na mensagem anterior, há
em Judá três grupos principais: a vitória de Cristo, o
Seu reino e o descanso no gozo das riquezas de Sua
vida. Vemos a Sua vitória nos versículos oito e nove,
o Seu reino no versículo dez, e o descanso e gozo das
riquezas de Sua vida nos versículos onze e doze.
Esses três pontos não constituem uma interpretação
arbitrária desses versículos. Se você pensa que a
minha interpretação é arbitrária, eu lhe pergunto por
que no versículo nove menciona-se o leãozinho antes
do leão que se encurva e da leoa? Por que segue essa
seqüência? Por que não se coloca a leoa em primeiro
lugar? Em seguida a essa tríplice referência ao leão,
temos, no versículo dez, o cetro e o bastão de
governante, que denota a realeza e o reino. Por que
ao leão se segue o reino? Por que este não é
mencionado primeiro? Após a realeza temos, como
terceiro item, o descanso no gozo das riquezas da
vida de Cristo. Se você não seguir a interpretação
mostrada na mensagem anterior sobre amarrar o
jumento à vinha, como haverá de interpretar essas
palavras? Que elas significam? Além do mais, que
significa lavar as vestes no vinho? E mais, que
significam os olhos vermelhos de vinho e os dentes
brancos de leite? Uma vez que o Novo Testamento
apenas nos fornece a interpretação do versículo nove
em Apocalipse 5:5, deveria haver também alguma
interpretação para os versículos onze e doze. Quais
são tais interpretações? Para todos os pontos
mencionados nos versículos de nove a doze,
precisamos despender muito tempo, calmamente, na
presença do Senhor, dizendo: “Senhor, que queres
dizer a esse respeito? Que significa amarrar o
jumento à vinha? “ O Senhor dirá: “Se você examinar
a Bíblia, verá que um jumento é usado para viajar em
direção a um objetivo. Esse jumento viandante está
sempre trabalhando”. Você então dirá: “Certamente
eu sou esse jumento. Preciso amarrá-lo à vinha”. A
vinha mencionada no versículo onze é Cristo. Em
João 15:1, Ele disse: “Eu sou a videira verdadeira”.
Assim, amarrar o jumento à vinha significa amarrar o
nosso jumento a Cristo. Esta é apenas uma ilustração
da maneira correta de compreender esse trecho da
Palavra.

II. SOBRE ZEBULOM – A PREGAÇÃO DAS


BOAS NOVAS DE CRISTO

A. Transportando as Riquezas de Cristo


O versículo treze diz: “Zebu 10m habitará na
praia dos mares, e servirá de porto de navios”. Este
versículo não diz: “Zebu 10m habitará num estábulo
cheio de cavalos e jumentos”. Além do mais, não diz
que Zebulom habitará na montanha. A tribo de Judá
habitava numa região montanhosa, região ao redor
do monte Sião, onde se localizava a capital da nação.
Zebulom, entretanto, habitava num porto do mar.
Isso é muito significativo.
Judá representa o Cristo vitorioso, que obteve a
vitória para o reino, de modo que Seu povo pudesse
descansar Nele. É claro que Judá deveria habitar na
montanha, mas Zebulom habitava num porto do mar,
num ancoradouro. Um porto é um lugar para se
exportar bens, de onde partem os navios. Até aqui,
neste trecho da Palavra, vimos dois meios de
transporte: jumentos e navios. Figuras como essas
são freqüentemente usadas na Bíblia. João 1 :29, por
exemplo, diz: “Eis o Cordeiro de Deus! “ Este simples
quadro do Cordeiro de Deus descreve muita coisa. De
semelhante modo, muito se descreve nas figuras do
jumento e dos navios do capítulo 49. Um jumento é
um animal que transporta coisas pelo seu próprio
esforço. Mas nos tempos antigos os navios velejavam
pelo poder do vento celestial. Sem dúvida, tal se
refere ao transporte do evangelho de Cristo. Judá era
a fábrica que produzia o evangelho, e Zebulom era o
porto que exportava o evangelho produzido por Judá.
Mateus 4:15 indica que Zebulom era parte da
Galiléia. O Senhor Jesus começou o Seu ministério
de pregação do evangelho do reino na Galiléia. Após
Sua ressurreição, o anjo encarregou as mulheres de
dizer aos discípulos: “Ele ressuscitou dos mortos, e
vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis” (Mt
28:7). Lá, na Galiléia, o Cristo ressurreto encontrou
os Seus discípulos e os encarregou de pregar o
evangelho. “Seguiram os onze discípulos para a
Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara” (Mt
28:16). E foi lá que Ele lhes disse: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações” (v. 19). Zebulom
era parte da Galiléia. Atos 1:11 revela que os
primeiros pregadores do evangelho eram homens da
Galiléia. Em Atos 1 :8, o Senhor disse a esses galileus:
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra”. Por tudo isso vemos que Zebulom
representa a pregação do evangelho. Judá representa
o evangelho formado pelo Cristo vitorioso, pelo Seu
reino e pelo descanso no gozo de Suas riquezas. Este
é o evangelho representado por Judá. Assim, Judá é a
tribo que gera o evangelho. Depois de gerado, ele tem
necessidade de ser pregado. Zebulom, portanto,
aparece para levar a cabo esta missão, para
descarregar o encargo de difundir o evangelho.
A maneira correta de difundi-lo não é por meio
de jumentos que viajam pelo seu próprio labor árduo,
mas é exportá-lo por meio de navios a vela,
impulsionados pelo vento celestial. Em Atos 1:8, o
Senhor disse aos pregadores galileus que esperassem
até que recebessem o poder do alto, e Atos 2:2a diz:
“De repente veio do céu um som, como de um vento
impetuoso”. Daquela hora em diante, os navios
começaram a velejar. Um desses navios vivos era
Pedro. No dia de Pentecoste, Pedro não era um
jumento viajando e trabalhando, e dizendo aos
outros que Jesus era o Salvador e que eles deveriam
crer Nele, senão pereceriam. Ele era um navio
velejando pelo poder de um vento impetuoso. A
pregação do evangelho, no cristianismo de hoje, é
levada a cabo principalmente pelos jumentos
trabalhadores. Entretanto, ao ler a mensagem de
Pedro em Atos 2, você verá que, no dia de Pentecoste,
ele estava velejando como um navio, e não
caminhando lentamente como um jumento.
Também enfatizaria que o evangelho sai por
meio de navios a vela, e não por navios a vapor,
movidos pela força de motores fabricados pelo
homem. Não use quaisquer artifícios na pregação do
evangelho. Pregá-lo por meio de artifícios é trocar o
navio a vela por um a vapor. A História prova que o
evangelho jamais foi exportado por jumentos ou
vapores. De acordo com a história da igreja, a sua
pregação sempre foi feita por meio de barcos a vela,
por irmãos que velejaram como navios sob o poder
do vento celestial.
Se você não interpretar dessa forma o versículo
treze, como haverá de interpretá-lo? Será que
Zebulom era um porto de navios para embarcar
batatas, laranjas e azeitonas? Não despreze o
contexto geral da Bíblia. A interpretação do segundo
grupo de três tribos é liderada por Judá. O
significado de Judá controla a sua interpretação.
Judá simboliza Cristo como o evangelho. De acordo
com a história espiritual, o livro de Atos vem depois
dos quatro Evangelhos, e Atos é o livro dos
pregadores galileus. Tais pregadores galileus eram
navios velejando pelo poder do vento celestial. Uma
vez que Judá gerava as riquezas de Cristo, fazia-se
necessário Zebulom para exportá-las às nações.

B. Atingindo o Mundo Gentio


O versículo treze diz: “E o seu termo se estenderá
até Sidom”. Não diz que sua fronteira seria até
Jerusalém. Sidom era uma cidade pagã, fora da terra
santa. Localizava-se no mar, e nela se iniciava o
tráfego marítimo até as partes mais remotas da terra.
Por ser uma poesia, o versículo treze deve ser
interpretado de maneira alegórica. Nesse versículo
temos o porto de navios e a fronteira do mundo
gentio. A história da pregação do evangelho em Atos
corresponde a isso. Em Atos, os primeiros
pregadores navegaram da terra santa até a Ásia
Menor, e depois, ao longo do Mar Egeu até a Grécia,
Roma e Espanha. O apóstolo Paulo tomou um navio
na terra santa e navegou primeiramente até Sidom, e,
por fim, até Roma CAt 27:3; 28:14). O versículo treze,
portanto, foi cumprido na história da pregação do
evangelho registrada em Atos.
Um dia examinei a Sinopse de Darby para ver o
que ele tinha a dizer sobre Zebulom. Ele disse que a
fronteira próxima a Sidom indica a mistura com o
mundo gentio. Até mesmo um grande estudioso da
Bíblia como Darby enganou-se na sua interpretação
de Zebulom. Quando procurou interpretar o
significado de Zebulom, deve ter-se esquecido de
Judá, a primeira tribo deste grupo. Além disso, não
deve ter considerado o significado de Zebulom
conforme se revela no Novo Testamento, onde vemos
que Zebulom ficava na Galiléia dos gentios, de onde
os pregadores galileus foram enviados. Assim,
precisamos ser cuidadosos ao aceitar as opiniões dos
outros. Embora tenhamos seguido alguns mestres
das Escrituras, não seguimos a ninguém cegamente.
Pelo contrário, verificamos todos os pontos completa
e cuidadosamente, de acordo com a Bíblia. Conforme
a História, depois de o evangelho ser gerado por Judá,
sua pregação foi levada adiante por Zebulom.
No registro de Judá, a palavra significativa é
“leão”, e no registro de Zebulom, a palavra
significativa é “navios”. “Leão” está no singular, ao
passo que “navios” está no plural. Há só um Cristo,
mas há muitos pregadores galileus. Há um só
evangelho, mas são muitos os navios. A igreja em
cada localidade é um porto de navios. Somos navios
no porto, sendo preparados para velejar com Cristo
como o evangelho. Jovens, vocês não são navios
galileus prestes a zarpar? Como navios, vocês
precisam estar prontos para navegar. Mas não
velejem para iniciar um movimento.

c. Regozija-se em Sair
Centenas de anos após Jacó haver proferido a
bênção profética registrada em Gênesis 49, Moisés,
um velho legislador, afirmou: “Alegra-te, Zebulom,
nas tuas saídas marítimas” (Dt 33:18). A saída
mencionada neste versículo refere-se ao navegar. A
palavra de Moisés, assim, corresponde à palavra de
Jacó. Este comparou Zebulom a navios, que
certamente se destinam a saídas; e Moisés disse a
Zebulom que se alegrasse em suas saídas. Se sairmos
para a pregação do evangelho, rejubilar-nos-emos. A
pessoa mais cheia de júbilo e alegria é o pregador do
evangelho. Se você for um navio navegando pelo
poder do vento celestial, haverá de ficar feliz, jubiloso
e fora de si de alegria. Depois de Judá, aparece
Zebulom com a pregação do evangelho. Aleluia!
temos Judá como os quatro Evangelhos e Zebulom
como o livro de Atos!

III. SOBRE ISSACAR-A VIDA DA IGREJA


Chegamos agora a Issacar. É importante que ele
não anteceda Zebulom. Qual é o seu significado
espiritual? Os versículos catorze e quinze dizem:
“Issacar é jumento de fortes ossos, de repouso entre
os rebanhos de ovelhas. Viu que o repouso era bom, e
que a terra era deliciosa”. Após os quatro Evangelhos
e o livro de Atos, temos as Epístolas, que tratam da
questão da vida da igreja. Issacar, portanto,
representa e tipifica a vida da igreja.

A. Descansando na Igreja
Issacar é comparado a um jumento forte, de
repouso entre os rebanhos de ovelhas (49:14). A
menção do jumento no versículo catorze liga-o ao
onze, que fala de amarrar o jumento à vinha. Assim,
o jumento liga Issacar a Judá. Em Judá, no
evangelho, temos o jumento ligado a Cristo, a videira;
em Issacar, na vida da igreja, temos o jumento forte
deitado entre os rebanhos de ovelhas. Em Gênesis 49,
“deitar” significa “descansar com satisfação”. Após
agarrar Sua presa e desfrutá-la, Cristo, o leãozinho,
se deita, descansando satisfeito. Aqui, no versículo
catorze, temos um jumento forte repousando entre os
rebanhos. Em Judá, somos jumentos jovens; mas
aqui, em Issacar, somos jumentos fortes. Estes
jumentos fortes não estão trabalhando nem viajando,
mas deitados. Quando entrou para a vida da igreja,
você era, provavelmente, um jovem jumento. Mas,
agora, após muitos anos na igreja, você pode ser um
forte jumento deitado.
Veja que este jumento deitado não descansa “nos”
rebanhos de ovelhas, mas descansa “entre” os
rebanhos. Toda denominação e religião é um aprisco.
Hoje, não estamos descansando em nenhum aprisco
denominacional; pelo contrário, descansamos fora
dos apriscos. No capítulo dez de João, o Senhor
deixou claro que o judaísmo era um aprisco a
prender o rebanho de Deus, e que Ele entrou nesse
aprisco com o propósito de guiar o rebanho para fora
dele. Em João 10:16, o Senhor disse: “Ainda tenho
outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá
um rebanho e um pastor”. Aleluia, esse jumento
deitado não repousa “em” nenhum aprisco, mas
“entre” os rebanhos. Embora não esteja muito longe
dos apriscos, ele não está em nenhum deles. Esta é
exatamente a nossa situação hoje. Não estamos
muito longe dos apriscos denominacionais; estamos
entre eles.
Você pode estar imaginando como um jumento
haveria de estar entre os rebanhos de ovelhas. Em
certo sentido, somos ovelhas do rebanho; mas, de
acordo com o nosso homem natural, todos somos
jumentos. Muitas vezes, fico muito feliz comigo
diante do Senhor, e O louvo, dizendo: “Senhor, eu Te
agradeço por estar na Tua igreja. Sou uma das muitas
ovelhas do Teu rebanho”. Todavia, outras vezes,
olho-me e digo: “Você não se parece com uma ovelha.
Provavelmente, você é um jumento, um cavalo ou
uma vaca. Às vezes, até se parece com um búfalo”. À
noite, quando todo o seu trabalho se acaba e se senta
quieto na presença do Senhor, você pode dizer:
“Senhor, como Te louvo e Te agradeço por estar no
Teu rebanho”. Mas, ao mesmo tempo, pode olhar
para si mesmo: “Pobre de mim, não me pareço com
uma ovelha. Pareço-me com um cavalo ou uma vaca”.
De acordo com a nossa natureza, nenhum de nós é
uma ovelha; pelo contrário, somos jumentos, cavalos,
vacas ou búfalos. Todavia, somos também os
transformados. Embora eu seja um chinês típico, fui
transformado. Nasci chinês, mas tornei-me um
cristão mediante a regeneração. Pela origem, eu era
um jumento; mas, pela regeneração, sou agora uma
ovelha descansando entre as denominações. Assim,
somos um rebanho de jumentos transformados, que
descansa entre os apriscos. Admitimos que não
nascemos ovelhas. Todavia, hoje, somos o rebanho a
descansar entre os apriscos.
Quando se deitou entre os apriscos, Issacar “viu
que o repouso era bom” (49:15). Todos temos visto
isso. Que bom descanso existe entre os apriscos! Tal é
o descanso na vida da igreja, que significa cessar o
nosso labor e descansar em Cristo (Mt 11 :28).
Enquanto aqui repousamos, percebemos que este
descanso é bom.

B. Desfrutando o Cristo Agradável


O versículo quinze também diz que Issacar viu
que “a terra era deliciosa”. Quando repousamos na
vida da igreja, entre os apriscos denominacionais,
desfrutamos o bom descanso e a terra rica e deliciosa.
Essa terra é Cristo. Se você considerar sua
experiência, perceberá que isso é verdade. Enquanto
descansamos na vida da igreja, entre as
denominações, notamos o bom descanso e a terra
deliciosa, que é Cristo como nossa verde pastagem.
Se você não os interpretar dessa maneira, esses
versículos não terão sentido. Mas, nesta
interpretação, eles ficam cheios de significado e
fortalecem a nossa experiência.

C. Resulta em Serviço como um Tributo ao


Amo
O versículo quinze também diz: “Baixou os
ombros à carga, e sujeitou-se ao trabalho servil”. Isso
é verdade em nossa experiência. Quando
descansamos na vida da igreja, repousando entre as
denominações, percebendo o descanso e desfrutando
a terra deliciosa, ficamos dispostos a baixar o nosso
ombro para servir e assumir alguma
responsabilidade. Tornamo-nos um servo em serviço.
Esse trabalho não se refere ao trabalho de nossa
escolha, mas a algum trabalho estabelecido. Não é o
trabalho escolhido por nós, mas o trabalho
estipulado pelo Senhor. É a tarefa determinada a nós
pelo Cabeça, como membros do Corpo. Tudo o que
realizamos como porção estipulada do serviço do
Corpo é uma tarefa. Por fim, esta se toma um tributo
oferecido ao nosso Amo. Após a geração do
evangelho, temos a sua pregação. Como resultado da
sua pregação, temos a vida da igreja. Nesta, todos
somos jumentos deitados entre as divisões,
observando o bom descanso e desfrutando Cristo
como a terra deliciosa. Enquanto repousamos,
espontaneamente dizemos: “Senhor Jesus, eu Te amo.
Gostaria de executar a tarefa que me designaste.
Estou disposto a desempenhá-la sob Tua direção, de
modo a poder ter algo a Te oferecer, para a Tua
satisfação”. Esse é o tributo que oferecemos ao nosso
Rei. Que maravilha!

D. Rejubila na Vida da Igreja


Deuteronômio 33:18 diz: “Alegra-te, Zebulom,
nas tuas saídas marítimas, e tu, Issacar, nas tuas
tendas”. Já vimos que Moisés disse a Zebulom que se
rejubilasse em suas saídas. Vemos agora que Issacar
deve rejubilar-se em suas tendas. Sem dúvida, as
tendas aqui se referem à vida da igreja. Para a
pregação do evangelho, precisamos rejubilar-nos em
nossa saída. Mas para a vida da igreja precisamos
rejubilar-nos em permanecer nas igrejas.

IV. A CONSUMAÇÃO

A. Todos os Povos Convidados ao Monte de


Deus
Após a geração e a pregação do evangelho, e
depois também do seu resultado, que é a vida da
igreja, chegamos à consumação encontrada em
Deuteronômio 33:19. Esse versículo diz: “Os dois
chamarão os povos ao monte: ali apresentarão
ofertas legítimas, porque chuparão a abundância dos
mares e os tesouros escondidos da areia”.
Primeiramente, na consumação, os povos são
convidados ao monte de Deus. Na vida da igreja, hoje,
estamos convidando as pessoas para o monte de
Deus, isto é, para o Seu reino. Certamente, este
convite se cumprirá em sua totalidade à época do
reino milenar. No reino milenar, todos os povos, as
nações, serão convidados, por meio da pregação para
o reino de Deus no monte Sião. Mas temos uma
miniatura disso, hoje, na vida da igreja. Por causa da
pregação e da vida da igreja, isto é, por causa de
Zebulom e Issacar, os povos são convidados para o
reino de Deus, para o Seu monte. Esse versículo, com
o convite feito aos “povos”, liga Issacar a Judá, a
quem “obedecerão os povos” (49:10).

B. Sacrifícios de Justiça Oferecidos a Deus


Em segundo lugar, os povos oferecerão a Deus,
no monte, sacrifícios de justiça. No reino de Deus, na
vida da igreja hoje, tais ofertas de justiça Lhe estão
sendo apresentadas (1 Pe 2:5; Hb 13:15-16; Fp 4:18).
Todos os sacrifícios que oferecemos a Deus na vida
da igreja são de justiça, de acordo com o requisito
justo de Deus. Assim também acontecerá no reino
vindouro (MI3:3).

C. A Igreja e o Reino Tornar-se-ão o Nosso


Deleite
Em terceiro lugar, a igreja e o reino tomar-se-ão
o nosso deleite. Isso é tipificado pelas palavras:
“Chuparão a abundância dos mares e os tesouros
escondidos da areia”. Para interpretar esse trecho do
versículo, precisamos considerar as parábolas do
tesouro e da pérola em Mateus 13:44-46, onde o
tesouro se refere ao reino e as pérolas se referem à
igreja. Creio ser a igreja a abundância dos mares
mencionada no versículo dezenove. Sem dúvida, os
mares simbolizam as nações, o mundo gentio.
Procedente do mundo gentio, a igreja é gerada como
“a abundância”. Todos os cristãos gentios são a
abundância dos mares, a abundância das nações. Isso
é a igreja. O reino é o tesouro oculto na areia ou
oculto na terra. Se aplicarmos a interpretação correta
dessas duas parábolas de Mateus treze a
Deuteronômio 33:19, observaremos que o resultado
do evangelho, da sua pregação e da vida da igreja é o
deleite da vida da igreja e do reino. Hoje mesmo
estamos sugando da abundância dos mares e dos
tesouros ocultos na areia. Estamos sugando da vida
da igreja e da vida do reino. A vida da igreja é a
abundância que sai das nações, e a vida do reino é o
tesouro oculto na areia. Ainda hoje ele está oculto. Os
de fora não entendem o que fazemos na igreja.
Podem até dizer: “Não consigo entender aquelas
pessoas. Parece que vão às reuniões quase todas as
noites. Que elas fazem? “ Estamos sugando a
abundância dos mares e dos tesouros ocultos na areia.
Neste segundo grupo dos filhos de Jacó temos o
evangelho representado por Judá e totalmente
registrado nos quatro Evangelhos; temos a pregação
do evangelho representada por Zebulom e totalmente
registrada no livro de Atos; e temos a vida da igreja
simbolizada por Issacar e plenamente registrada nos
livros restantes do Novo Testamento, a começar por
Romanos. O resultado é o deleite da vida da igreja e a
vida do reino. A Bíblia toda se faz necessária para a
compreensão de Gênesis 49. É preciso o Novo
Testamento inteiro para se interpretar unicamente o
segundo grupo. Nos quatro Evangelhos vemos Judá
como o evangelho; em Atos vemos Zebulom como a
pregação do evangelho; e, nas Epístolas e em
Apocalipse, notamos Issacar como a vida da igreja. A
consumação de tudo isso é o nosso deleite, o nosso
sugar, da rica vida da igreja e do reino. Aleluia! hoje
temos Judá, Zebulom, Issacar e a consumação! Com
J udá temos o leão, o único Cristo e o único
evangelho; com Zebulom temos os muitos navios e os
muitos galileus; com Issacar temos as tendas, as
muitas igrejas. Temos Cristo como o evangelho,
temos a pregação do evangelho, e temos a vida da
igreja. Somos agora o rebanho repousando entre os
rebanhos de ovelhas, desfrutando a vida da igreja e a
vida do reino.
Alguns cristãos, hoje, só se preocupam com Judá,
com a vida vitoriosa em Cristo; outros se preocupam
com Zebulom, com a pregação do evangelho. Bem
poucos, entretanto, se preocupam com Issacar, com a
vida da igreja. Na restauração do Senhor, todavia,
precisamos preocupar-nos com todos os três deste
grupo: com Judá-a vida vitoriosa; com Zebu 10m-a
pregação do evangelho; e com Issacar-a vida da igreja,
para que possamos ter o deleite pleno em Cristo.
MENSAGEM CENTO E DOIS

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (5)
Nesta mensagem, chegamos ao terceiro grupo
dos doze filhos de Jacó. Como já vimos claramente, a
profecia com bênção de Gênesis 49 retrata não só a
vida das doze tribos de Israel no Antigo Testamento,
como também a vida espiritual dos cristãos no Novo
Testamento. Isso se baseia no princípio de que as
doze tribos de Israel constituem um tipo da igreja
com todos os crentes. Assim, tudo nesse capítulo é
um tipo, uma sombra, uma figura, e a nossa
experiência hoje é a realidade, o cumprimento da
profecia de Jacó com bênção.
A profecia com bênção proferida por Jacó é
poética. É de difícil compreensão a linguagem da
poesia. Ela é significativa e descritiva, mas não é fácil
sondar as profundezas do seu significado. Se você for
capaz de penetrar as profundezas da linguagem
poética nesse capítulo, perceberá como ele é
significativo, rico e profundo.
Há outra razão para muitos dos que lêem o
capítulo 49 terem dificuldade em compreendê-lo: a
escassez de experiência cristã. Mesmo que sejamos
capazes de entender a linguagem poética deste
capítulo, poderá faltar-nos a experiência necessária
para sabermos como aplicá-la. Para
compreendermos esse registro profético, precisamos
conhecer a linguagem escrita, conhecer a história das
doze tribos de Israel, conhecer o significado das
figuras poéticas e ter experiência. Jacó utilizou
muitas figuras poéticas neste capítulo: um leãozinho,
um leão que descansa, uma leoa, um jumento, um
jumentinho, o vinho, a vinha, as vestes, o porto, os
navios, a serpente e a cobra com chifres. Para
entendermos o significado dessas figuras e saber
como interpretar todos esses tipos, e aplicá-los à
nossa situação, precisaremos de experiência. A razão
de esse capítulo ter ficado fechado por séculos é
devido a essa falta de experiência.
Há mais de cinqüenta anos, sentei-me aos pés de
um grande mestre dos Irmãos Unidos. Ele proferiu
uma série de mensagens, explicando Gênesis 49,
mostrando-nos como essas profecias se cumpriram
nos livros subseqüentes da Bíblia. Faltava-lhe muito,
todavia, em termos de experiências. Tudo o que tinha
era o conhecimento da linguagem escrita. Mas por
não conhecer o significado espiritual das figuras, não
aplicou nenhuma delas à experiência cristã de hoje.
Não recebi dele, portanto, nenhuma ajuda na vida ou
na experiência espiritual. Mesmo assim, ainda
agradeço a Deus por ter ouvido dele a interpretação e
a exposição desse capítulo de um modo histórico e
literal. Mais tarde, juntando esse trecho à minha
experiência espiritual, fui capaz de penetrar as
profundezas do significado dessa profecia com
bênção.
Este registro relativo aos doze filhos de Jacó
inicia-se com Rúben, um pecador. Ninguém foi mais
pecaminoso que ele. Embora Paulo se tenha dito o
principal dos pecadores, eu diria que Rúben foi, na
verdade, o maior pecador, pior que Saulo de Tarso.
Que pecado terrível ele cometeu! No início de nossa
vida cristã, também éramos pecadores. Como
agradecemos ao Senhor por Sua misericórdia!
Embora eu tenha sido, um dia, um Rúben, fui
posteriormente salvo. Apesar de ter o seu início com
um pecador, essa profecia com bênção termina com
os dois filhos amados de Jacó:
José e Benjamim. Começa com um pecador e
termina com um rei, alguém com poder e autoridade.
Entre Rúben e José temos Simeão, Levi, Judá,
Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser e Naftali.
Já vimos que esse registro profético principia
com um grupo de pecadores: Rúben, Simeão e Levi.
O pecado de Rúben foi a luxúria, e o de Simeão e Levi
foi a ira resultante da sua própria disposição. Mateus
5 também fala dos pecados da luxúria e da ira. Após
esse grupo de pecados, cheios de luxúria e de ira,
Cristo apareceu como o leão. Judá é Cristo como
nossas boas novas. A seguir vem Zebulom, o porto
para exportar o evangelho; e Issacar, o desfrutar a
vida da igreja. Que maravilha! Será que ainda
existem alguns Rúbens hoje em nosso meio? Temos
de declarar que, na igreja, não há Rúbens nem
Simeões, e que todos os Levis se tornaram sacerdotes.
Assim, não há mais pecadores. Cristo está aqui, e Ele
é tudo. Por Ele estar aqui, temos as boas novas, que
são exportadas pela pregação do evangelho, e temos a
vida da igreja. Aleluia! não somos mais pecadores!
Estamos na vida da igreja. Por um lado, temos o
porto, para exportar Cristo; por outro, temos as
tendas, para ficarmos com Cristo no pleno deleite
Dele.

9) Sobre Dã

a) Um Leãozinho Lutando por mais Terra


Deuteronômio 33:22 diz: “De Dã disse: Dã é
leãozinho; saltará de Basã”. A menção do leãozinho,
neste versículo, liga o segundo e o terceiro grupo dos
doze filhos, mostrando o terceiro como continuação
do segundo. A figura mais importante do segundo
grupo é o leão. E Dã, o primeiro do terceiro grupo, é
também chamado de leão. Como leãozinho, Dã não
luta pela presa, porém, por mais terra (Js 19:47; Jz
18:27-29). Com isso vemos que o leãozinho progrediu,
da luta pela presa para a luta pela terra. Em tipologia,
lutar por mais terra significa lutar por mais Cristo. O
leãozinho, em Judá, era para agarrar a presa. Mas o
leãozinho, aqui, luta por mais terra, luta para ganhar
mais Cristo. Em Juízes 18 vemos Dã como um
leãozinho, lutando por mais terra.

b) Uma Serpente, uma Cobra com Chifres no


Caminho, Mordendo o Calcanhar do Cavalo e
Fazendo Cair para Trás o Cavaleiro
Após Dã obter a cidade de Dã em Juízes 18,
erigiu-se nela um ídolo feito por Mica (Jz 17:4-5;
18:30-31). A essa época, o tabernáculo de Deus
estava em Silo; contudo, havia um ídolo na cidade de
Dã. Hoje temos a luz para compreender o sentido
espiritual desse fato. Significa que alguns cristãos são
capazes de ganhar mais de Cristo. Mas, após
ganharem mais de Cristo, erigem outro centro de
adoração. De acordo com o livro de Deuteronômio,
na boa terra deveria haver um único centro de
adoração para o povo de Deus (Dt 12:11, 13, 14, 21;
14:23-26). Naquele único centro havia o nome e a
habitação de Deus. À época do livro de Juízes, o
centro de adoração estava em Silo, onde se
localizavam o tabernáculo e os sacerdotes de Deus.
Embora Dã vencesse, a vitória o fez independente.
Toda independência provém do orgulho. Não pense
que o ganho espiritual não possa fazê-lo orgulhoso.
Até mesmo o ganho de Cristo pode fazer-nos
orgulhosos. Isso é o que se chama de orgulho
espiritual. Os espiritualmente orgulhosos não se
sujeitarão a outros. Pelo contrário, haverão de dizer:
“Por que devemos ir a Silo? Podemos erigir algo nós
mesmos”. Imediatamente após a vitória de Dã,
estabeleceu-se em sua cidade outro centro de
adoração com um ídolo feito por Mica. Se você
considerar a história do cristianismo, verá que tal
situação ocorreu repetidas vezes. Certo indivíduo ou
grupo de crentes foram vitoriosos em ganhar mais de
Cristo. Mas esse ganho fê-los orgulhosos e
independentes. Por não estarem dispostos a
submeter-se aos outros, estabeleceram outro centro
de adoração. Deveriam dirigir-se ao centro de
adoração em Silo, porque os sacerdotes ordenados
por Deus lá se encontravam. Mas estabeleceram algo
fabricado e ordenado pelo homem. Isso é o rastejar
da serpente, a sutil.
A serpente de Gênesis 3 aparece novamente em
Juízes. Assim, Dã, o leãozinho, tornou-se uma
serpente. Gênesis 49:17 diz: “Dã será serpente junto
ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde
os talões do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por
detrás”. Esta serpente é pior que a de Gênesis 3,
porque aqui ela é uma serpente com chifres. É difícil
compreender este versículo, sem conhecer a história
do Antigo Testamento, o significado espiritual e a
maneira de fazer a sua aplicação prática. Todavia, se
conhecermos todas essas coisas, veremos que tem
havido muitos Dãs na história cristã. A princípio,
esses Dãs eram leõezinhos ganhando mais de Cristo;
mas, por fim, tornaram-se serpentes, e até serpentes
com chifres, estabelecendo outros centros de
adoração. Mesmo hoje, muitos espirituais que
ganham algo de Cristo, estabelecem outro centro de
adoração além do único ordenado e estabelecido por
Deus. Precisamos aplicar isso a nós mesmos,
perguntando-nos se estamos estabelecendo outros
centros de adoração. É uma vergonha e uma pena
dizer que, nos últimos quinze anos, pelo menos dois
ou três que já estiveram uma vez em nosso meio,
agiram assim. Ganharam algo, mas esse ganho os fez
orgulhosos e independentes, avessos a se
submeterem ao que o Senhor ordenou. Como
resultado, outros centros se estabeleceram. Isso
levou alguns a caírem para trás. Em Gênesis 49 isso
era profecia, mas vemos agora o seu cumprimento,
quer na história passada, quer na situação atual.
Uma vez mais, isso nos convence de que a Bíblia é
realmente inspirada por Deus. Como é marcante este
quadro de Dã! Observamos, hoje, centros de
adoração com ídolos espirituais, com as assim
chamadas imagens espirituais. O ídolo e o centro
apartado tomaram-se a maior pedra de tropeço para
a nação de Israel. Ao lermos os livros históricos do
Antigo Testamento verificamos que, ao tomar esse
ídolo, Dã verdadeiramente tomou-se uma serpente
com chifres. Esta mordeu o calcanhar do cavalo e
levou a cair para trás o cavaleiro. Isso significa que a
serpente tomou-se um grande embaraço e reteve o
povo. Enquanto cavalgavam, Dã mordeu os
calcanhares do cavalo e os levou a cair para trás, isto
é, impediu-os de prosseguir.

c) Jacó Espera a Salvação do Senhor


Nesse ponto, Jacó disse: “A tua salvação espero,
ó Senhor! “ (49:18). Após falar de Dã como serpente
no caminho e como serpente com chifres na estrada,
que morde os calcanhares do cavalo, Jacó clamou
pela salvação do Senhor. Se olharmos para a situação
dos Dãs de hoje, também clamaremos: “Senhor,
salva-nos. Senhor, salva-nos dos Dãs, dos ídolos e
dos outros centros de adoração. Senhor, salva-nos da
serpente e da serpente com chifres. Senhor, salva-nos
da picada da serpente”. Jacó não apenas orou, como
também invocou o nome do Senhor. Esse versículo
não fala: “Estou esperando pela Tua salvação”, ou
“esperarei pela Tua salvação”, mas diz: “a Tua
salvação espero, ó Senhor”. Jacó parecia dizer:
“Senhor, nesta situação de Dã, nada pode ajudar,
exceto a Tua salvação. Exclusivamente a Tua salvação
pode salvar-nos deste mal, deste dano. Senhor, já
esperei pela Tua salvação. Senhor, tenho clamado a
Ti, tenho Te invocado. Senhor, precisamos da Tua
salvação”.
Ao longo de toda a História, muitos Dãs se
tomaram serpentes a erigir ídolos para embaraçar a
outros. O nosso coração fica profundamente ferido
com isso. Em 1969, outro centro de adoração se
estabeleceu e muitos jovens foram embaraçados por
sua causa. Os calcanhares de muitos cavalos foram
mordidos, e muitos jovens cavaleiros caíram para
trás. A única coisa que podemos fazer em tal situação
é invocar o Senhor e dizer: “Senhor, tenho esperado
pela Tua salvação”. No passado vimos a salvação do
Senhor, e nós ainda a estamos vendo hoje. Posso
testificar que muitos têm sido salvos da picada da
serpente.
Vimos que Dã é, primeiramente, a continuação
de Judá, a continuação da vitória de Cristo. Dã,
posteriormente, caiu na adoração aos ídolos. Sempre
que se introduz a adoração aos ídolos, a serpente aí
se apresenta. Atrás de toda imagem há um espírito
maligno. Atrás de todo ídolo acha-se o sutil, a buscar
a adoração das pessoas. Assim, quando se
estabeleceu a imagem, Dã se tomou uma serpente.
Em outras palavras, por ter sido um com o ídolo, Dã
se tomou Satanás. Após essa queda terrível, veio a
salvação de Deus. Louvado seja o Senhor por Sua
salvação! A História testifica esse fato, o que se
confirma pelas circunstâncias do nosso ambiente.
Vimos a queda e vimos uma situação em que chegou
a serpente. Mas também temos visto a salvação do
Senhor. Aleluia! muitos foram salvos!-ó Senhor,
temos esperado por Tua salvação”.
Ainda Sendo Uma das Tribos (Cetros) Julgando
Seu Povo Jacó profetizou que Dãjulgaria o seu povo
como uma das tribos de Israel (49:16). Essa profecia
com bênção indica que Jacó se preocupava com o
fato de que Dã fosse cortado fora. De acordo com a lei
mosaica, quem estabelecesse um ídolo ou a ele
adorasse, deveria ser eliminado do povo (Dt 13:5-18).
Dentre as doze tribos, a de Dã introduziu um ídolo.
Assim, de acordo com a lei, Dã deveria ser excluído
como tribo. Jacó, portanto, não querendo ver
eliminado um de seus filhos, abençoou-o
profeticamente com um coração de amor. Esta é a
razão por que ele disse que Dã ainda seria uma tribo
a julgar o seu povo. Essa palavra se cumpriu
particularmente com Sansão, que era da tribo de Dã
(Jz 13:2, 24; 15:20).
Jacó disse que Dã julgaria o seu povo como uma
das tribos de Israel. A palavra hebraica para tribo
significa primeiramente “ramo”, e depois “haste”,
“cajado” e “cetro”. Um cetro representa autoridade.
Conseqüentemente, a palavra hebraica para tribo, na
verdade, significa “cetro”. Todas as tribos têm um
cetro, uma autoridade. As doze tribos eram doze
cetros, doze poderes, doze autoridades. No tempo de
Sansão, a tribo de Dã certamente tomou-se um cetro.
Com Sansão, ela era um poder, uma autoridade real.
Este é o significado da bênção profética do versículo
dezesseis, proferida por Jacó relativamente a Dã.
Essa palavra significava não apenas que Dã
permaneceria como uma tribo, mas que também
seria um cetro, uma autoridade. Tal profecia se
cumpriu.

e) Sua Tribo Omitida em 1 Crônicas e


Apocalipse, mas Incluída no Milênio
Em 1 Crônicas, do capítulo segundo ao nono, a
tribo de Dã foi omitida do registro do povo santo de
Deus. Em 1 Crônicas 2:2, menciona-se o seu nome,
mas a partir daí até o capítulo nove, sua tribo foi
omitida. Além do mais, ela também não é
mencionada no registro de Apocalipse 7. É algo sério
ser omitido do registro do povo de Deus.
Encontramos esse aviso no Novo Testamento, em
Apocalipse 3:5, onde lemos que o vencedor não terá o
seu nome apagado do livro da vida. Isso significa que
os nomes dos crentes derrotados serão tirados do
livro da vida na era vindoura do reino. Não quer dizer
que os crentes derrotados haverão de perecer. A tribo
de Dã não pereceu, mas porque caiu e se tornou uma
com o inimigo de Deus, constituindo--se em serpente
e introduzindo uma pedra de tropeço no meio do
povo de Deus, o seu nome foi omitido do registro de 1
Crônicas e Apocalipse.
Muitos cristãos, hoje, têm-se tornado Dãs.
Embora tenham-se tornado um com Satanás ao
introduzirem pedras de tropeço para embaraçar o
povo de Deus, não se preocupam com seus atos, nem
têm qualquer sentimento a este respeito. Sim, Deus
lhes perdoará, mas os seus nomes não serão
encontrados no registro, na era do reino vindouro.
Haverá determinada situação em que os seus nomes
serão omitidos. Literalmente falando, embora Dã
tenha sido omitido no registro de 1 Crônicas e
Apocalipse por causa de sua malignidade, ele ainda
será uma tribo no milênio por causa da bênção de seu
pai (Ez 48:1). Isso é um quadro da misericórdia de
Deus.
Não deveríamos ler o registro de Dã
simplesmente como história. Precisamos vê-lo como
uma sombra, uma figura de nossa experiência como
cristãos. Embora possamos ser a continuação de
Judá, da vitória de Cristo, precisamos ter cautela.
Freqüentemente, após uma vitória, há o perigo de
que o nosso ganho de Cristo possa imediatamente
levar-nos a ficar orgulhosos e independentes,
fazendo-nos avessos a submeter-nos aos outros. Em
tal hora, poderemos estabelecer outro centro de
adoração, tornando-nos, assim, um com o inimigo de
Deus, Satanás. Isso nos causará uma grande perda.
Não pereceremos porque, uma vez salvos, somos
salvos para sempre, mas existe a possibilidade
definitiva de que, em determinado período ou
situação, possamos ser omitidos do registro do povo
de Deus.

10) Sobre Gade


a) Atacado por uma Guerrilha, e Atacando os
Calcanhares Dela
Por causa da falha de Dã, Jacó invocou a
salvação do Senhor. O Senhor respondeu ao seu
chamado. Assim, depois de Dã, temos Gade como sua
continuação. O versículo dezenove diz: “Gade, uma
guerrilha o acometerá; mas ele a acometerá por sua
retaguarda”. Em Dã vemos a derrota; mas em Gade
vemos a vitória trazida de volta. Não considere Dã
apartado de Gade, nem Gade separado de Dã. Eles
são parte de um todo. Dã termina com falha; mas
Gade, que acometera a retaguarda da guerrilha, surge
com a vitória recobrada.

b) Dilatado por Deus


Deuteronômio 33:20 diz: “Bendito aquele que
faz dilatar a Gade”. Por causa dessa vitória, Gade foi
dilatado por Deus. Ocorre exatamente o mesmo em
nossa experiência espiritual. Algum tempo atrás
podemos ter sido derrotados; mas por meio da
misericórdia de Deus, pela oração de alguns santos, a
salvação do Senhor veio até nós. Recobramos, assim,
a vitória. Agora, já não somos mais Dãs-somos Gades,
os que acometem a retaguarda do inimigo. Por meio
dessa vitória somos dilatados por Deus. Muitos de
nós podemos testificar que Deus nos tem dilatado.

c) Habita como uma Leoa, Despedaçando o


Braço e o Alto da Cabeça da Presa
Deuteronômio 33:20 também diz: “O qual habita
como a leoa, e despedaça o braço e alto da cabeça” ~
Percebemos, aqui, que Gade é uma leoa. Não esta
agachado; pelo contrário, está habitando. Isso
significa um avanço em relação a Judá, um leão que
se agacha. Gade, que habita como leoa, despedaça os
braços e o alto da cabeça da presa. Nesta linguagem
poética de Moisés, o alto da cabeça, a coroa, refere-se
ao crânio. Certamente essa presa não é um animal,
mas uma pessoa. Gade lhe despedaça o braço, e até
mesmo a cabeça, o crânio de sua presa. Isso quer
dizer que ele é tão forte que não apenas derrota seu
inimigo, mas também o despedaça. Fragmenta-lhe,
inclusive, o crânio. Esta poesia descreve o esmagar ao
máximo o inimigo. Como Gade, esmagamos Satanás
em pedaços. Em Deuteronômio 33 a leoa não se
agacha para desfrutar, mas ela está habitando,
fixando-se, e fazendo em pedaços o inimigo. Parece
que Gade podia dizer: “Inimigo, não me aborreça.
Quero habitar aqui pacificamente. Mas se você me
perturbar, não só lhe quebrarei o braço, como
também o crânio em pedaços. Depois disso, ninguém
mais lhe verá a face novamente”.
d) Providencia para si a Primeira Parte da Boa
Terra Deuteronômio 33:21 diz de Gade: “E se proveu
da melhor parte, porquanto ali estava escondida a
porção do chefe”. A vitória sempre nos traz expansão,
que é o aumento de espaço. Este versículo, portanto,
diz que Gade providenciou para si a primeira parte.
Por anos não fui capaz de entender isso. De acordo
com a história do Antigo Testamento, essa primeira
parte refere-se à primeira parte da boa terra, a leste
do rio Jordão. Em suas jornadas, as doze tribos
entraram primeiramente nesta região situada a leste
do Jordão. Desejando essa terra rica e fértil, Rúben,
Gade e metade de Manassés solicitaram a Moisés que
ela lhes fosse dada. Embora concordasse, Moisés
ordenou-lhes que não permanecessem lá, a desfrutar
a sua boa terra, enquanto seus irmãos ainda não
houvessem obtido a sua porção. Assim, ordenou-lhes
lutar pelo restante da terra (Nm 32:1-32). Depois
disso, eles a dividiriam justamente. Se as duas tribos
e meia lá houvessem permanecido e não fossem
combater pelo restante da terra, não teriam sido
justas. Gade, assim, providenciou para si a primeira
parte. Lá também foi reservada uma porção para o
legislador. Isso indica o fato de que Moisés, o
legislador, foi sepultado nela (Dt 32:48-52; 34:1-6).

e) Veio com os Cabeças do Povo para


Executar a Justiça do Senhor e as suas
Ordenanças para com Israel
Deuteronômio 33:21 também diz: “Ele marchou
adiante do povo, executou a justiça do Senhor e os
seus juízos para com Israel”. Gade veio com os
cabeças do povo, os líderes, para tomar descanso na
boa terra, para executar a justiça do Senhor ao dividir
a terra e cumprir as ordenanças de Deus para com
Israel (Js 22:1-5). A falha de Dã foi o orgulho. Ao
ganhar mais terra, ficou orgulhoso e estabeleceu
outro centro de adoração. Não se importou com seus
irmãos. Em sua experiência espiritual, você precisa
estar atento ao orgulho quando ganhar mais terra,
quando ganhar mais de Cristo. Jamais estabeleça
outro centro de adoração. Pelo contrário, você
precisa tomar conta de seus irmãos. Não diga:
“Obtive a vitória. Tenho mais terra, mais Cristo. Não
me preocupo com os outros. Ficarei aqui para
desfrutar a minha vitória”. Se agir assim, será
derrotado. Ainda que tenha ganho a terra, você
precisa avançar, para prover as necessidades de seus
irmãos. Você já obteve a sua porção, mas e a porção
dos seus irmãos? Você precisa lutar para obter o
descanso na terra, de modo que todos os seus irmãos
possam também obter a sua parte. Desfrutar a
própria porção na terra sem ajudar os irmãos a obter
a deles não é justo. Isso não seria a execução da
justiça de Deus. Você precisa continuar a combater
com os outros líderes pelo descanso na terra. Então,
todos os irmãos terão uma porção. Agir assim é
executar a justiça do Senhor e guardar as Suas
ordenanças para com Israel.
Gade teve vários pontos bons: recobrou a vitória,
foi expandido e despedaçou o inimigo. Além disso,
embora proves se para si um lugar, não o desfrutou
até ajudar seus irmãos a conseguir suas porções.
Continuou a combater com eles até que todos
tivessem uma porção. Essa foi a execução da justiça
do Senhor e das Suas ordenanças para com Israel.
Outra vez digo que Dã nos adverte a não sermos
orgulhosos, independentes, nem estabelecermos
outro centro de adoração. Gade nos ajuda a saber que,
mesmo após termos obtido a vitória e sermos
expandidos, não devemos nos esquecer dos nossos
irmãos. Não devemos descansar em nossa porção, até
que ajudemos os nossos irmãos a ganhar as suas. É
realmente maravilhoso obter uma vitória espiritual e
ganhar Cristo. Mas cuidado com o orgulho. Você
poderá estabelecer outro centro de adoração à parte,
negligenciando seus irmãos. Jamais faça isso. Não
desfrute a porção que ganhou até que tenha ajudado
seus irmãos a ganhar as suas. Não se torne orgulhoso
nem se esqueça dos seus irmãos. Ouvir isso deveria
ser um auxílio para todos nós. Sabemos, agora, o que
devemos fazer após obter a vitória de Cristo. Não
devemos estabelecer outro centro, mas devemos
cuidar dos nossos irmãos, combatendo a favor de
suas porções.

11) Sobre Aser

a) A Comida Rica e as Delícias Reais


Depois de Gade vem Aser. Esta seqüência,
certamente, ocorre sob a inspiração de Deus. O
versículo vinte diz: “De Aser, o seu pão será gordo, e
ele produzirá delícias reais” (IBB-Rev.). O pão de
Gade é gordo, isto é, sua comida é rica. Quando
temos a vitória de Cristo e ajudamos os nossos
irmãos a obter suas porções antes de desfrutarmos a
nossa, temos comida rica. Esta comida rica até
mesmo se toma em delícias reais, em comida real.
Não é comida para pessoas comuns, mas para reis,
para a farru1ia real. O que desfrutamos na vida
vitoriosa não é apenas comida comum, mas também
delícias reais. Ninguém pode negar que é rica a
comida na vida da igreja. Na verdade, ela é tão rica
que se toma em delícias reais. Não somos apenas
uma fanu1ia de leões; somos também uma família
real. Somos uma família real e o nosso jantar é real.
Tudo de que nos alimentamos nestas mensagens do
Estudo-Vida são delícias reais.

b) Mais Abençoado do que os Filhos e o Mais


Favorecido entre Seus Irmãos
Deuteronômio 33:24 diz: “Bendito seja Aser
entre os filhos de Jacó, agrade a seus irmãos”. Você
pode imaginar como Aser poderia ser mais
abençoado do que Judá ou José? O fato de ele ser
mais abençoado do que os outros filhos significa que
ele foi mais abençoado nas riquezas alimentícias e
minerais.

c) Banhando Seu Pé em Azeite


Deuteronômio 33:24 também diz: “E banhe em
azeite o seu pé”. Judá lavou suas vestes em vinho,
mas Aser, aqui, banha em azeite seu pé. Apocalipse
6:6 fala de não danificar o azeite e o vinho. Em
tempos de fome, o azeite e o vinho tomam-se
escassos. Sem dúvida, esse azeite é o azeite de oliva.
De acordo com a História e a Geografia, existe
abundância de oliveiras nessa parte da boa terra. Por
essa razão, ela é rica em azeite. O fato de Aser banhar
em azeite seus pés indica que, no tocante à comida,
ele é mais rico do que todas as outras tribos.

d) Ferro e Cobre sob Suas Sandálias


Deuteronômio 33:25 diz: “Sob tuas sandálias
haverá ferro e cobre” (hebr.). O ferro e o cobre
destinam-se à guerra e à edificação. O azeite é
comida para nutrição, mas o ferro e o cobre são
materiais para o combate e para a edificação do reino.
Por ser tão rico-o mais favorecido em alimento e
minerais-Aser é mais abençoado do que as outras
tribos. Tem comida para a nutrição, minerais para as
armas e materiais para a edificação.

e) Seu Descanso Durará como Seus Dias


Deuteronômio 33:25 também diz: “E como os
teus dias durará a tua paz”. A palavra hebraica
traduzida para “paz”, neste trecho, não é a palavra
usual para paz. Este vocábulo é de difícil tradução.
Significa “segurança”, “proteção”, “força”, “paz” e
“quietude”. Denota uma vida prazerosa, dotada de
suficiência, sem nenhuma necessidade de
preocupação nem agitação. Aser, assim, deveria ter
uma vida agradável, uma vida segura e protegida,
com a suficiência garantida. Isso significa que, ao
longo de sua vida, nada lhe faltaria. Ele teria comida
rica para nutrição, armas para a defesa e materiais
para edificação. Em vez de escassez, haveria
suficiência, descanso, paz e prazer. Ele desfrutaria a
vida constantemente.
Se não chegar a esse estágio da vida espiritual,
você poderá não compreender do que estou falando.
Mas há tal estágio. Se você ainda não o alcançou,
encorajo-o a prosseguir. Um dia você chegará a tal
terra. Nela não há necessidade de correria nem
pressa. Aqui há segurança, proteção e paz. Aqui nada
nos falta. Temos comida, armas e materiais. Quando
se chega a esse estágio, não há necessidade de
preocupação com o amanhã, nem ansiedade. Pelo
contrário, há um descanso contínuo nas riquezas de
comida, de ferro e de cobre sólidos. Alguns de nós,
pelo menos, já chegamos a esse ponto. Isso é a
maturidade de vida.

12) Sobre Naftali

a) Uma Corça Solta


Gênesis 49:21 diz: “Naftali é uma gazela solta”.
Imediatamente após Aser, vem Naftali, que não é um
leãozinho nem uma leoa, mas uma cerva (ou corça).
De acordo com o texto hebraico, o título do Salmo 22
fala da corça da manhã, indicando que o Cristo
ressurreto no Salmo 22 é uma corça solta. Com
Naftali temos não apenas o Cristo vitorioso como
leão, mas o Cristo ressurreto como corça solta, a
saltar por sobre os cumes dos montes. Nada pode
estorvá-Lo, e ninguém precisa pavimentar-Lhe o
caminho. Ele é a corça ressurreta. Por estar em
ressurreição, pode escalar as altas montanhas.

b) Profere Palavras Formosas


O versículo vinte e um também diz: “Ele profere
palavras formosas”. A corça ressurreta em Gênesis 49
corresponde ao Senhor ressurreto de Mateus 28. Este,
primeiramente, revela que Cristo ressuscitou, e,
depois, diz-nos que, após se juntarem a Ele os
discípulos, encarregou-os, dizendo: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações (...) ensinando-os
a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”
(Mt 28:19-20). Isso é proferir palavras formosas. Em
ressurreição, podemos proferi-las. Isso é maturidade
de vida em ressurreição. Para dizer algo formoso por
Cristo, precisamos estar em ressurreição. Assim nos
será fácil proferir palavras formosas pelo Senhor.

c) Goza de Favores e Cheio da Bênção do


Senhor
Deuteronômio 33:23 diz: “Naftali goza de
favores e, cheio da bênção do Senhor”. Vemos neste
trecho que Naftali goza de favores. O “favor” do
Antigo Testamento equivale à “graça” do Novo
Testamento. Assim, Naftali está satisfeito com a
graça. Quando estamos em ressurreição, proferindo
palavras formosas, também nos achamos satisfeitos
com a graça. Freqüentemente, enquanto falo, gozo de
favores, com a graça. Esse versículo também diz que
Naftali está cheio da bênção do Senhor. Está
satisfeito com a graça e está cheio de bênção. Esta é a
vida vitoriosa e amadurecida em ressurreição.
Enquanto falamos por Cristo a fim de nutrir os
outros, satisfazemo-nos com a graça e ficamos cheios
da bênção.

d) Possui o Mar e o Sul


Deuteronômio 33:23 também diz: “Ele toma
posse do mar e do sul” (BJ). O resultado de proferir
palavras formosas em ressurreição, de gozar de
favores e de ficar cheio da bênção é possuir o oeste e
o sul. Possuir o oeste é possuir o mar Mediterrâneo,
que se situava a oeste da porção de Naftali, na boa
terra. Por isso, algumas versões traduzem a palavra
hebraica desse versículo como “oeste”. Na verdade,
ela significa “mar”, porque o mar se localizava a oeste
da boa terra. A palavra “sul” representa a terra. O
mar, o oeste, simboliza o mundo gentio; e o sul, a
terra, simboliza o mundo judaico. Possuir o mar e a
terra, portanto, significa possuir os mundos gentio e
judaico. Em outras palavras, Naftali haveria de
possuir a terra toda.
Para conquistar a terra, precisamos começar
com Rúben, continuando por Simeão, Levi, Judá,
Zebulom, Issacar, Dã, Gade e Aser, até chegarmos a
Naftali. Quando nos tomarmos Naftalis, possuiremos
o oeste e o sul, o mar e a terra. Estaremos, então,
qualificados e fortalecidos para tomar a terra. Que
maravilha! Quando formos Naftalis, ser-nos-á fácil
tomar a terra, porque estaremos em ressurreição,
proferindo palavras formosas, e gozaremos de
favores e estaremos cheios da bênção. Assim,
estaremos prontos para possuir o mar e a terra, o
mundo gentio e o mundo judaico. Estaremos prontos
para tomar a terra.
MENSAGEM CENTO E TRÊS

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DE DÃ, GADE,


ASER E NAFTALI
Nesta mensagem, tenho encargo para proferir
uma palavra adicional relativa ao significado
espiritual de Dã, Gade, Aser e Naftali. Em certo
sentido, gosto mais deste grupo do que do grupo que
inclui Judá. Aquele grupo de Judá é o segundo, e este
é o terceiro, que, é claro, vai mais, à frente. Vimos
que há um elo a ligar este terceiro grupo ao segundo.
Judá é um leãozinho e uma leoa (49:9), Dã é um
leãozinho e Gade é uma leoa (Dt 33:22, 20). Assim,
essas duas figuras-o leãozinho e a leoa-ligam o
segundo grupo ao terceiro.
Quando jovem, eu freqüentemente estudava
Gênesis 49. Sentia, muitas vezes, que aquelas
palavras não eram muito significativas. O versículo
vinte e um, por exemplo, diz que Naftali é uma cerva
solta e que profere palavras formosas. Não podia
compreender como uma cerva poderia proferir
palavras formosas. Parecia-me que não havia relação
entre a cerva e as palavras formosas. Além disso, eu
imaginava como poderia uma cerva falar. Por isso,
durante longo período, não me preocupei com
Gênesis 49. Todavia, ao penetrarmos no sentido
espiritual desse capítulo, percebemos como tudo isso
é significativo. Na mensagem 100, consideramos o
descanso no desfrute das riquezas da vida de Cristo.
Vimos que é preciso amarrar o nosso jumento à
vinha e banhar em vinho nossas vestes. Se agirmos
assim, nossos olhos ficarão vermelhos de vinho, e os
nossos dentes, brancos de leite (49:11-12). Um irmão
poderá perguntar ao outro: “Você já amarrou seu
jumento à vinha? “ O outro poderá responder:
“Irmão, você já banhou suas vestes em vinho? “ O
primeiro, então, poderá perguntar: “Os seus olhos
estão vermelhos de vinho? “ O segundo poderá
responder: “Estão os seus dentes brancos de leite?
“ Os estranhos haverão de pensar que esta é a
linguagem misteriosa, secreta, do povo da igreja. Não
interessa o que os outros possam dizer. Como nos são
significativos estes novos provérbios: “Amarre o seu
jumento à vinha! “; “banhe suas vestes em vinho!
“ Quero que meus olhos fiquem vermelhos de vinho e
meus dentes fiquem brancos de leite. Para que isso
ocorra, precisamos primeiramente descansar em
Cristo, e depois banhar o nosso ser, o nosso
comportamento nas riquezas da Sua vida. Então
experimentaremos transformação e a nossa
aparência será mudada. Os nossos olhos ficarão
vermelhos de vinho e os nossos dentes, brancos de
leite, indicando que são fortes para ingerir a Palavra
e proferi-la aos outros.
Observa-se uma seqüência maravilhosa nesses
quatro grupos do capítulo 49. Corresponde tanto à
história da igreja quanto à nossa experiência
espiritual. Primeiramente, temos Rúben, querendo
significar que todos nós começamos como pecadores.
Depois do grupo formado por Rúben, Simeão e Levi,
vem Judá. Isso quer dizer que Cristo chegou como o
leão vitorioso. Após Judá, Zebulom e Issacar, temos a
queda de Dã. Essa queda, todavia, não foi apenas um
fracasso e uma derrota; foi uma apostasia. Depois
desta, verificamos a restauração com Gade, a
suficiência com Aser, e a consumação com Naftali.
Na história da igreja, notamos também a apostas ia, a
restauração, a suficiência e a consumação. Se
pudermos ver a consumação hoje, certamente a
veremos na era vindoura e, principalmente, no novo
céu e nova terra, com a Nova Jerusalém. Naftali se
cumprirá totalmente quando a Nova Jerusalém for
manifestada no novo céu e na nova terra. A Nova
Jerusalém será o Naftali eterno. Esses quatro itens-
apostasia, restauração, suficiência e consumação-
também se encaixam em nossa experiência cristã.
Após a queda, a apostasia, observamos a restauração.
Então chegam a suficiência e a consumação.
Presenciamos essas coisas na restauração do Senhor.
Ao longo dos anos, na restauração, estivemos com
Judá, amarrando o nosso jumento à vinha e
banhando as nossas vestes em vinho. Os nossos olhos
tornaram-se vermelhos de vinho e os nossos dentes
brancos de leite. Mas, de repente, surgiu a apostasia
de Dã. Entretanto, depois de Dã, houve a restauração
com Gade.

I. A APOST ASIA DE DÃ

A. Ganhar Mais Cristo por Sua Vida Vitoriosa


Dã foi a continuação de Judá, pois Judá era um
leão, e Dã, um leãozinho. Como continuação de Judá,
foi bem-sucedido em ganhar mais Cristo por sua vida
vitoriosa (Dt 33:22; Js 19:47; Jz 18:27-29).

B. Foi Individualista e Independente


Por ser bem-sucedido e vitorioso, Dã se tornou
orgulhoso, individualista e independente.
Preocupou-se apenas consigo, e não com os outros.
Como revela Juízes 18:30: “Os filhos de Dã
levantaram para si aquela imagem de escultura”.
C. Estabeleceu um Centro Divisivo de
Adoração e Ordenou um “Sacerdote”
Contratado
A apostasia de Dã consistiu no estabelecimento
de um centro divisivo de adoração (Jz 18:30-31; 17:9-
10; 1 Rs 12:26-31; 2 Rs 10:29). De modo divisivo, Dã
fixou um centro que, aparentemente, se destinava à
adoração de Deus. Muitos usam o tema adoração a
Deus como pretexto para estabelecer um centro
causador de divisão. Alguns dizem: “Que haveria de
errado em fazê-lo para a adoração a Deus? Não é
melhor estabelecer um centro de adoração do que ir a
um cinema? “ De acordo com a história do Antigo
Testamento, nada, ao longo das gerações, foi mais
pecaminoso ou mais prejudicial ao povo de Deus do
que o ato de Dã, ao estabelecer um centro causador
de divisão de adoração. Em Deuteronômio 12, 14 e 16,
o Senhor, por meio de Moisés, ordenou aos filhos de
Israel, ao menos quinze vezes, que não
apresentassem suas ofertas queimadas no lugar de
sua própria escolha. Ordenou-lhes que fossem ao
único lugar escolhido pelo Senhor para o Seu nome e
para a Sua habitação. Deuteronômio 12:13-14 diz:
“Guarda-te, que não ofereças os teus holocaustos em
todo lugar que vires; mas no lugar que o Senhor
escolher numa das tuas tribos, ali oferecerás os teus
holocaustos, e ali farás tudo o que te ordeno”. O
Senhor parecia dizer-lhes: “Quando entrarem na boa
terra, vocês não deverão apresentar suas ofertas
queimadas em qualquer dos lugares que virem. Vocês
deverão ir ao único lugar, o lugar que escolhi para o
Meu nome e para a Minha habitação. Não terão
direito de escolher qualquer outro lugar. Precisam ir
a esse único centro. Esse é o centro que mantém o
Meu povo em unidade”. Repetidas vezes Moisés, o
legislador ancião e amoroso, incumbiu os filhos de
Israel nesse sentido. Se você ler esses capítulos, verá
que Moisés deu ordenanças ao povo sobre o único
lugar, o lugar que o Senhor escolheu para o Seu nome
e para a Sua habitação. A razão de Ele ordenar a
Moisés dar essa incumbência repetidas vezes foi que
Ele se preocupava em manter a unidade do Seu povo.
Depois que os filhos de Israel entraram na boa
terra, o tabernáculo, a casa de Deus, ficou em Silo (Jz
18:31). Assim sendo, Silo era o único centro de
adoração a Deus. Como o único centro, destinava-se
a manter a unidade do povo de Deus. Dã, todavia,
estabeleceu outro no norte, o que ocasionou a
primeira divisão entre os filhos de Israel. Dessa
maneira, o povo de Deus dividiu-se, não por um
cinema, mas por um centro de adoração. Os cristãos
de hoje desculpam-se dizendo: “Estamos fazendo
algo aqui para a adoração de Deus. Que há de errado
nisso? Deus não é restrito, mas onipresente. Você O
tem consigo no lugar em que está. Ele também não
está conosco aqui em nosso local? Certamente, Ele
não é tão restrito quanto você. Ele está em todo lugar.
Como pode limitá-Lo a um local particular? “ Deus,
todavia, tem prazer em ser limitado com o propósito
de manter a unidade do Seu povo. A maioria dos
cristãos hoje é muito livre. Como os danitas, sentem-
se livres para estabelecer outro centro de adoração.
Juízes 18:30 diz: “Os filhos de Dã levantaram
para si aquela imagem de escultura”. Vemos aqui que
os danitas fizeram algo por si mesmos. Não se
preocuparam com as outras tribos. A fonte de sua
apostasia, assim, foi não se preocuparem com seus
irmãos. A despreocupação para com as outras partes
do Corpo é fonte de apostasia. Esta penetrou
sorrateiramente sob o disfarce de adoração a Deus. O
princípio é o mesmo hoje. Muitos cristãos
estabeleceram outros centros, não para jogos ou
dança, mas para adoração a Deus. Embora pareça tão
positivo, na verdade isso é feito pelo “ego” e para o
“ego”. Todo centro divisivo é estabelecido para o
interesse pessoal de alguém. Tal prática não causa só
di visão, mas também competição.
Se Dã não estabelecesse outro centro de
adoração, teria havido somente o único centro de
adoração em Silo. Não teria havido competição. Não
importaria a distância de Silo; os israelitas teriam de
ir lá para adorar. Mas, após estabelecer esse centro
de adoração no norte, Dã usou o critério da
conveniência como um bom veículo para a venda de
sua mercadoria. Ele podia dizer: “Você não precisa
viajar até Silo. Veja, estamos adorando a Deus aqui
mesmo, bem perto”. Um grupo divisivo em Nova
York fez algo bem semelhante. Um membro desse
grupo chamou uma irmã mais idosa e disse: “Venha
reunir-se conosco. Reunimo-nos em chinês e temos
características chinesas. Nos Estados Unidos, toma-
se difícil termos as nossas características chinesas.
Venha reunir-se conosco e desfrutar esta
particularidade chinesa”. Esse foi o seu método de
negociante, para vender sua mercadoria barata e
causadora de divisão.
Assim como os filhos de Israel, todos os cristãos
deveriam ser um, e a adoração de Deus deveria ter
um único centro. Mas os danitas passaram a usar o
local conveniente de seu próprio centro de adoração,
para persuadir seus vizinhos a se reunirem com eles
para a adoração a Deus. Suponha que você fosse um
vizinho dos danitas, e um deles lhe dissesse: “Irmão,
por que você é tão tolo, a ponto de viajar até Silo?
Estamos adorando a Deus aqui mesmo, em Dã. Por
que você não se reúne conosco? “ Isso é competição.
Hoje, há muita competição no mercadejo cristão,
com cada grupo cristão tentando vender sua
mercadoria. Isso é pecaminoso. Que vergonha é
presenciar tal competição entre os cristãos hoje!
Alguns poderão argumentar conosco,
perguntando: “Por que vocês estão separados dos
outros? “ É claro que Silo está separado de todos os
outros lugares. Silo só é um com Silo. Hoje, alguns
dizem: “Por que vocês se chamam de igreja e dizem
que os outros não são? “ Nós respondemos: “Silo é
Silo. Nenhum outro lugar é Silo. Nesta terra só há um
Silo. Esses outros grupos não chamam a si mesmos
de igreja. Ao contrário, tomam outros nomes.
Enquanto mantêm tais nomes, isso é um sinal de que
não são Silo. Pelo contrário, são lugares divisivos de
adoração”.
Juízes 18:31 diz: “Assim, pois, a imagem de
escultura, feita por Mica, estabeleceram para si,
todos os dias que a casa de Deus esteve em Silo”. As
palavras “todos os dias que a casa de Deus esteve em
Silo” indicam competição. Depois de Dã estabelecer
um centro divisivo, competindo com Silo, tal centro
divisivo nunca foi removido. Por todo o tempo em
que o tabernáculo esteve em Silo, a imagem de
escultura ficou em Dã. Isso indica a existência de
uma competição. Mais tarde, edificou-se o templo em
Jerusalém como continuação do tabernáculo. Após a
edificação do templo feita por Salomão, Jeroboão, na
geração seguinte, erigiu em Dã um ídolo ainda mais
sólido, para competir com o templo em Jerusalém (1
Rs 12:26-31). Jeroboão temia que, indo o povo adorar
em Jerusalém, se voltassem eles para Roboão, rei de
Judá (v. 27). “Pelo que o rei, tendo tomado conselhos,
fez dois bezerros de ouro; e disse ao povo: Basta de
subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel,
que te fizeram subir da terra do Egito! Pôs um em
Betel, e o outro em Dã” (vs. 28-29). Jeroboão parecia
estar dizendo ao povo: “Vocês não precisam subir a
Jerusalém. Temos um centro de adoração bem aqui”.
Mas o que ele fez provinha do temor de perder o seu
reino. Assim, intensificou-se a competição entre Dã e
Jerusalém. A princípio, Dã competiu com o
tabernáculo em Silo; posteriormente, com o templo
em Jerusalém.
No Antigo Testamento, vemos primeiramente a
competição entre a imagem de escultura de Dã e o
tabernáculo em Silo. Depois, vemos a competição
entre o bezerro de ouro em Dã e o templo em
Jerusalém. Após ser o templo de Deus solidamente
edificado, o ídolo de Dã tornou-se também mais
sólido. Por um lado, tanto o tabernáculo em Silo
como o centro causador de divisão em Dã foram
erigidos pelo mesmo povo; por outro, enquanto o
templo de Jerusalém foi edificado por um rei,
Salomão, o centro divisivo também foi fortalecido
por um rei, Jeroboão. Isso é um quadro bem claro da
competição. A situação de hoje é a mesma. Quando a
igreja for solidamente edificada, as denominações
também se tornarão mais sólidas. O fortalecimento
das denominações provém da sua competição com a
igreja. Mais cedo ou mais tarde, outros grupos
competirão com a restauração do Senhor. A princípio,
eles podem opor-se e criticar-nos; mas, depois,
haverão de nos imitar e de competir conosco. Há
quinze anos, expressões como “o Espírito que dá vida”
e “espírito humano” não podiam ser ouvidas entre os
cristãos nos Estados Unidos. Entretanto,
recentemente, até mesmo uma publicação distribuída
por alguns católicos carismáticos usou vários termos
próprios da restauração do Senhor.
Precisamos compreender o significado correto
de “apostasia”. Este vocábulo significa ser desviado
do caminho certo de seguir a Deus. Apostasia é a
adoração a Deus de maneira diabólica. Sempre que
alguém usa a adoração a Deus como máscara para
tomar um caminho diabólico, tal pessoa cai em
apostasia. A Igreja Católica Romana é uma total
apostasia. Não admira que ela seja chamada de igreja
apóstata. Ela adora a Deus, mas O adora de maneira
diabólica. Embora as pessoas no catolicismo adorem
a Deus de nome, estão adorando, na verdade, a ídolos.
A Igreja Católica Romana age exatamente como
Jeroboão, ao estabelecer ídolos, dizendo: “Eis os teus
deuses, ó Israel”. Jeroboão parecia estar dizendo:
“Este é o deus a quem vocês devem adorar”. Na
realidade, aquilo não era Deus; era um bezerro de
ouro. Assim, apostasia é a adoração a Deus de
maneira falsa e diabólica. O cristianismo hoje está
cheio de apostasia. Esta é universal. Muitos que
afirmam adorar a Deus estão na verdade adorando a
ídolos. Se você visitar uma catedral católica, verá as
pessoas adorando ídolos ao longo das paredes, e
perceberá velas queimadas aos assim chamados
santos. De nome, as pessoas adoram a Deus e a
Jesus; na verdade, adoram a ídolos. De acordo com G.
H. Pember, um dos ídolos da Igreja Católica Romana
é Buda, que foi assimilado pelo catolicismo sob o
nome de São Josafá. Que apostasia!
As palavras “para si” em Juízes 18:30 são muito
significativas. Muitos dos que afirmam adorar a Deus
estão na verdade fazendo algo para si mesmos.
Apostasia é fazer algo para o “ego” sob o disfarce de
adoração a Deus. Jeroboão não tinha um coração
para Deus; pelo contrário, o seu coração era para o
seu próprio imperiozinho. Em seu coração, ele temia
que o reino retomasse à casa de Davi (1 Rs 12:26).
Usando o nome de Deus como disfarce, ele fez todo o
possível para preservar o seu império. Isso é
apostasia. Toda a cristandade hoje é uma apostasia.
Muitos estão fazendo coisas para si mesmos, em
nome de Jesus Cristo e sob a máscara de adorar a
Deus. Por isso é que o Senhor precisa de uma
restauração. E esta sempre ofenderá os outros.
Enquanto a restauração aqui estiver, os grupos
divisivos permanecerão condenados. Enquanto o
templo estava em Jerusalém, o bezerro de ouro
permanecia sob condenação. Seria possível para Dã
amar Jerusalém? Não, não podia haver reconciliação
entre ambos. Freqüentemente, alguns vêm a mim e
dizem: “Irmão Lee, por favor, não seja tão ousado.
Por que não ser um pouquinho brando? “ Tenho
replicado: “Com quem eu deveria ser brando? com a
serpente? com a serpente de chifres? com a imagem
de escultura? com o bezerro de ouro? Eu odeio o
bezerro de ouro e gostaria de queimar a imagem de
escultura e de esmagar a cabeça da serpente de
chifres”. Como poderíamos ser bondosos para com a
apostasia de hoje? Não pode haver
comprometimento. Não tente comprometer-se com a
serpente, com a serpente de chifres. Se for bonzinho
para com a serpente, você será envenenado por ela.
Se tentar ser gentil com a apostasia de hoje, você
sofrerá prejuízo. O testemunho é o testemunho, e a
apostasia é a apostasia. Em Jerusalém havia o templo
de Deus como o Seu testemunho; mas, em Dã, havia
apostasia. Tanto na história da igreja como em nossa
própria experiência cristã temos verificado o mesmo.
Pode ter ocorrido que tenhamos sido desviados do
caminho certo em seguir a Deus, caindo num tipo de
apostasia. Pode ser que tenhamos dito estar
trabalhando para o Senhor, quando na verdade
estávamos trabalhando por algo mais. Isso é
apostasia.
Dã não se importava com as outras tribos;
preocupava-se somente com a sua própria tribo.
Após obter a vitória e a expansão, o aumento, ele
realizou algo para si mesmo. Essa foi a fonte de sua
apostasia. De acordo com o Antigo Testamento, o
Senhor jamais se esqueceu da apostasia de Dã. Aos
olhos de Deus, este foi o pior pecado em Sua
economia. Nada causa maiores prejuízos que a
divisão. Nada é mais destrutivo que a divisão no meio
do povo de Deus. Os centros divisivos de adoração
relacionam-se freqüentemente aos ídolos. Pelo fato
de o diabo se esconder atrás dos ídolos, Dã tomou-se
uma serpente ao estabelecer um ídolo. Sempre que se
toma causador de divisão, não importa quão bom
seja o seu motivo, você terá algo atrás de si-a
serpente, o sutil. Toda a história da igreja testifica
isso, e nossa experiência o comprova. Toda vez que
você não se importa com os outros, mas só com os
seus interesses, fazendo algo meramente para si, a
serpente se aproxima. A melhor maneira de
salvaguardar-se de cair em apostasia é importar-se
com os outros. Suponha que Dã entrasse em contato
com as outras tribos e dissesse: “Irmãos, vocês
concordam que se estabeleça outro centro de
adoração na cidade de Dã?” Se tivesse agido assim, os
outros lhe diriam: “Irmão, não faça isso.
Deuteronômio 12, 14 e 16 proíbem-nos ter qualquer
outro centro de adoração, a fim de que possamos
achegar-nos ao único centro”. Se Dã tivesse
consultado as outras tribos, teria sido guardado da
apostasia. Mas, sendo individualista, estabeleceu
outro centro de adoração e caiu em apostasia.
Dã caiu em apostasia porque se preocupou
apenas com seus próprios interesses. Em princípio,
todo centro divisivo de adoração é o mesmo. Os que o
estabelecem preocupam-se apenas com seus
interesses, com seus desejos e negligenciam todos os
outros santos. São como Dã, importando-se somente
com sua tribo, não com as outras.
Dã não somente estabeleceu um centro causador
de divisão, como também ordenou “sacerdotes”
contratados (Jz 18:30; 1 Rs 12:31). Contratar pessoas
comuns para sacerdotes foi algo profano, porque
destruiu a ordenação santa de Deus. Na decadência
da igreja, muitos não-salvos têm sido contratados
para executar o serviço de Deus. Isso é apostasia. Na
economia de Deus do Novo Testamento, todos os
verdadeiros crentes foram feitos Seus sacerdotes (1
Pe 2:9; Ap 1:6; 5:10). Mas o cristianismo degradado
edificou um sistema, ordenando alguns crentes para
fazer o serviço de Deus, estabelecendo-os em
hierarquia clerical e deixando os restantes como
leigos. Isso também é uma forma de apostasia. Ter o
sistema de clérigos e leigos é uma prática apóstata
que precisamos abominar e abandonar.
II. A RESTAURAÇÃO COM GADE A. A Volta à
Vitória de Cristo
Louvado seja o Senhor, pois, sob a inspiração de
Deus, após Dã, Jacó falou de Gade! Com este vemos
restauração. Depois da apostasia de Dã, Gade
apareceu para recobrar a vitória perdida (49:19). A
vitória de Judá-o leão-fora perdida pela apostasia de
Dã, mas Gade a recobrou, e até a expandiu. Gade não
é um leãozinho, mas uma leoa que gera filhotes. É a
continuação do vitorioso Judá e de Dã.

B . Dilatado por Deus


Deus ficou tão contente com a restauração da
vitória por Gade, que o dilatou. Deuteronômio 33:20
diz: “Bendito aquele que faz dilatar a Gade”. Gade foi
dilatado não somente por Deus, mas também para
Deus. Foi dilatado para a execução da justiça de Deus
em meio ao Seu povo.

C. Esmagou o Inimigo pela Vida Geradora de


Cristo
Gade esmagou o inimigo pela vida geradora de
Cristo. Deuteronômio 33:20 diz: “O qual habita como
a leoa, e despedaça o braço e alto da cabeça”. Gade
esmagou o inimigo, não como um leão, mas como
uma leoa que gera leõezinhos. Isso implica que a
destruição que ele faz ao inimigo é feita
corporativamente. Ocorre o mesmo conosco, hoje, na
restauração do Senhor. Somos os leõezinhos, a
destruir o inimigo de maneira corporativa.

D. Cuidou dos Irmãos


O melhor aspecto de Gade não é o de esmagar a
cabeça do inimigo, mas o de não desfrutar sozinho
esta vitória. Embora conquistasse a terra a leste do
Jordão, não a desfrutou enquanto as outras tribos
não obtiveram sua respectiva porção de terra. Foi
com elas lutar nas batalhas, para conseguir mais
terra, de modo a poderem todas ter sua parte. A
interpretação que o Novo Testamento fornece dessa
figura do Antigo Testamento é que precisamos
sempre cuidar dos irmãos, dos membros do Corpo.
Por muitos anos não conseguia compreender a
palavra de Moisés em Deuteronômio 33:21. Esse
versículo diz: “E se proveu da (primeira parte-VRC)
melhor parte, porquanto ali estava escolhida a porção
do chefe; ele marchou adiante do povo, executou a
justiça do Senhor e os seus juízos para com Israel”.
Embora estudasse este versículo repetidas vezes,
principalmente a última parte referente aos cabeças
do povo, eu simplesmente não conseguia
compreendê-lo. Mas hoje o compreendo. A “primeira
parte” refere-se à terra a leste do Jordão. Gade a
providenciou para si, mas não permaneceu nela para
a desfrutar; pelo contrário, foi ter com os cabeças do
povo, com os príncipes das outras tribos, para
combater pelo restante da terra. Percebemos, neste
trecho, a ação, o mover do Corpo. Dã se importou
consigo, individualmente, mas Gade importou-se
com o Corpo coletivamente. Na igreja, hoje, diríamos
que Gade estava saturado da percepção do Corpo.
A razão do sucesso de Gade foi a renúncia ao seu
próprio gozo a fim de cuidar do Corpo. Isso é justiça
aos olhos de Deus; é a execução da Sua justiça. Nos
termos do Novo Testamento, é o cumprimento da
Sua vontade. Quando os filhos de Israel entraram na
boa terra, era a vontade de Deus em Sua justiça que o
Seu povo fosse estabelecido. Ele não queria apenas
Gade; queria todas as doze tribos estabelecidas, a fim
de que se tomassem o Seu reino, para que pudessem
os Seus juízos ser observados. Isso é cumprir a
vontade de Deus. Romanos 12:1-2 diz que, se
apresentarmos nosso corpo como sacrifício vivo,
seremos capazes de provar qual é a Sua vontade. De
acordo com Romanos 12, a Sua vontade é
simplesmente ter a vida do Corpo. Assim, ter a vida
do Corpo, cuidar das necessidades dos outros, é
executar a Sua justiça, para observar os Seus juízos.
Nada é tão justo como cuidar dos membros do Corpo.
Nenhum juízo pode ser observado sem a execução da
Sua justiça. Os juízos de Deus no Novo Testamento
somente podem ser observados no Corpo de Cristo,
que é edificado pelo mútuo cuidado de seus membros
em justiça.
O fracasso de Dã deveu-se ao seu
individualismo; o sucesso de Gade deveu-se ao seu
senso de coletividade, movendo-se com os irmãos.
Dã era para si mesmo, mas Gade era para todas as
tribos. Sempre que se preocupar apenas com seus
próprios interesses espirituais, você será um Dã, mas
quando se esquecer de seus próprios interesses
espirituais e importar-se com todos os outros irmãos,
ou seja, preocupar-se com o Corpo, você será um
Gade. Precisamos importar-nos com o Corpo e
mover-nos com ele. Você é um Dã ou um Gade? Você
se importa apenas com sua localidade ou com todo o
Corpo? Quando não nos importamos com o Corpo,
caracterizamo-nos como os Dãs de hoje e caímos em
alguma forma de apostasia.

III. A SUFICIÊNCIA DE ASER


A. A Bênção Sobreexcedente e a Graça
Excelente
Após a restauração com Gade, observamos a
suficiência com Aser. A parte de Aser começa com a
bênção sobreexcedente e a graça excelente.
Deuteronômio 33:24 diz: “Bendito seja Aser entre os
filhos de Jacó, agrade a seus irmãos”. Aser recebeu a
bênção sobreexcedente e a graça máxima. Muitos de
nós somos capazes de compreender essa linguagem.
Na apostasia de Dã, perdemos toda bênção e graça;
mas na vitória de Gade, recobra-se a bênção e a graça
retoma. Em Aser, agora, desfrutamos a bênção
sobreexcedente e a graça excelente.

B. A Rica Provisão de Vida


Em Aser vimos também a rica provisão de vida.
Primeiramente, ele tem a rica provisão para viver e
crescer. Gênesis 49:20 diz: “Aser, o seu pão será
abundante, e ele motivará delícias reais”.
Deuteronômio 33:25 indica que Aser também tem a
rica provisão de vida para combater e edificar. A
primeira parte deste versículo diz: “Sob tuas
sandálias haverá ferro e cobre” (hebr.). O pão gordo e
as delícias reais destinam-se à vida e ao crescimento
de Aser, e o ferro e o cobre são minerais que se
destinam à luta e à edificação. Aser certamente
recebeu a provisão mais rica.

C. O Suprimento Abundante do Espírito


para o Nosso Andar Diário
Aser também tem o suprimento abundante do
Espírito para o seu andar diário (Gl 5:25).
Deuteronômio 33:24 diz: “Banhe em azeite o seu pé”.
Isso, sem dúvida, é uma linguagem figurada. O
significado espiritual de banhar o pé em azeite é estar
cheio do Espírito. Em tipologia, o azeite se refere ao
Espírito de Deus. Aser não tem apenas uma porção
de azeite, mas azeite suficiente para banhar nele seus
pés. Isso significa que, em Aser, temos o suprimento
rico, abundante, do Espírito (Fp 1:19). Oh! podemos
andar “em azeite” ! Muitas vezes, na restauração do
Senhor, tenho a sensação de andarmos “em azeite”.
Adoro-O, agradeço-Lhe e O louvo, dizendo: “Senhor,
isto é muito rico! O suprimento de Espírito aqui é
muito rico! Nosso azeite é tão abundante! “ Você tem
azeite onde mergulhar seus pés? Nós o temos. Temos
o pão gordo, as delícias reais e o azeite rico,
abundante, onde mergulhar nossos pés.

D. O Descanso Absoluto com Paz, Força,


Segurança e Suficiência
Deuteronômio 33:25 diz de Aser: “E como os
teus dias durará a tua paz”. Quando temos a bênção
sobreexcedente, a graça excelente, a rica provisão de
vida e o suprimento abundante do Espírito, temos
também a paz absoluta com tranqüilidade, força,
segurança e suficiência. Tal foi a experiência do
apóstolo Paulo em Filipenses 4:11-13. Ele vivia
contente em qualquer situação. Posso testificar que,
esta semana, tenho a profunda sensação de que estou
andando em azeite e que tenho satisfação, paz e
descanso. Estou também cheio de força. Tenho,
assim, segurança e suficiência. O Senhor é o meu
Pastor; nada me faltará (SI 23:1). Ao invés de falta,
estou cheio de suficiência. Tenho pão gordo, delícias
reais, azeite abundante, ferro e cobre sob minhas
sandálias. Por toda parte há provisão. Por isso estou
seguro e protegido, e tenho descanso e força. Você
tem ousadia para dizer que tem tal segurança e
suficiência? Ou diria que, esta manhã, sua esposa o
fez passar por uma dificuldade e que você quase não
suportou? Você precisa ser capaz de dizer: “Esta
manhã, minha esposa me fez passar por uma
dificuldade, mas louvado seja o Senhor porque andei
em azeite abundante! Tenho agora descanso, paz,
segurança, força e suficiência. A minha força dura
tanto quanto os meus dias. Como os meus dias, assim
será o meu descanso, a minha segurança e a minha
suficiência”. Essa é a experiência de Aser.

IV. A CONSUMAÇÃO COM NAFrALI


Embora seja maravilhoso, Aser ainda não é o fim
da poética profecia com bênção de Jacó. Depois de
Aser, vem Naftali (49:21). Como é bom que Jacó
tenha tido doze filhos! Este número é, na realidade,
suficiente, até mesmo eternamente suficiente.
Quando precisou de alguém para representar os
pecadores, teve Rúben; para expor a disposição
maligna e cruel, teve Simeão; para tipificar a vitória
de Cristo, teve Judá; também teve Dã para retratar a
apostasia, Gade para simbolizar a restauração e Aser
para simbolizar a suficiência. Chegamos agora a
Naftali.

A. Experimenta o Cristo Ressurreto e Profere


as Maravilhosas e Agradáveis Palavras de
Vida
Gênesis 49:21 diz: “Naftali é uma gazela solta;
ele profere palavras formosas”. Em sua bênção
profética Jacó utilizou muitos animais como figuras:
um leão, uma leoa, um jumento, um jumentinho,
uma serpente, uma serpente com chifres, e uma
cerva. Naftali não é um leão nem um jumento, mas
uma cerva. Agradecemos a Deus tanto por Sua
criação quanto pela poesia de Jacó. Uma cerva (ou
corça) é um animal adorável, muito vivo e ativo.
Embora não seja orgulhosa nem especialmente
grande, é muito forte, sendo capaz de escalar o cume
dos montes. De acordo com o texto hebraico, o título
do Salmo 22 fala da corça da manhã. Anos atrás, ouvi
uma mensagem do irmão Nee dizendo que a corça da
manhã representa o Cristo ressurreto. O Salmo 22, a
princípio, fala da morte de Cristo na cruz. Depois, a
começar pelo versículo vinte e dois, continua até à
Sua ressurreição. O Salmo 22:22 diz: “A meus irmãos
declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio
da congregação”. Isso indica que, em Sua
ressurreição, Cristo declarou o nome do Pai aos Seus
irmãos e O louvou no meio da assembléia, da igreja.
Assim, esse Salmo, por fim, resulta na ressurreição
de Cristo como a corça da manhã. A ressurreição,
certamente, é uma manhã; e Cristo, em Sua
ressurreição, é a corça da manhã.
Gênesis 49:21 diz que, como uma cerva, Naftali
profere palavras formosas. Quando jovem, eu não
conseguia compreender a relação entre a cerva e as
palavras formosas. Parecia-me que essas coisas não
se relacionavam em absoluto. Mas agora podemos
ver o seu significado em nossa experiência espiritual.
Quando experimentar o Cristo ressurreto, você ficará
cheio e borbulhando de palavras formosas. Em vez de
mexericos, fluirão águas vivas do mais interior de seu
ser, por meio das palavras que você profere. Isso quer
dizer que todas as suas palavras serão rios a jorrar o
Cristo ressurreto. Em Mateus 28 e Atos 2 vemos que
proferir palavras saudáveis relaciona-se intimamente
com o Cristo ressurreto. Após Sua ressurreição,
Cristo ordenou a Seus discípulos que se dirigissem a
determinado monte, e lá os encarregou de sair, não
para falarem suas próprias palavras naturais, mas
tendo o Cristo ressurreto como suas palavras (Mt
28:16, 18-20). Assim, no dia de Pentecoste, Pedro
levantou-se para proferir palavras formosas (At 2:32-
36). A mensagem de Pedro naquele dia foi uma prova
de que ele experienciara o Cristo ressurreto. Por
havê-Lo expe-rienciado, seus dentes estavam brancos.
Palavras ricas, agradáveis, formosas, de alegria e
de vida-tudo isso provém da experiência do Cristo
ressurreto. Quanto mais O experienciarmos como o
Ressurreto, mais teremos algo a dizer. Não
conseguiremos jamais ficar silenciosos. Todo o que
experimenta Cristo como o Ressurreto ficará
borbulhando com palavras formosas. Isso não quer
dizer que devemos ser tagarelas. Não, isso significa
que, por estarmos cheios de Cristo, estamos
borbulhando e sempre temos algo a dizer. Cristo é a
palavra de Deus, a palavra de vida e a palavra que é
espírito. Estou cheio desse Cristo ressurreto; tenho,
assim, muitas palavras para proferir. O princípio
aqui é que sempre proferimos aquilo de que estamos
cheios. A palavra que falamos advém da abundância
do nosso ser interior. Quando o nosso ser interior
está cheio de Cristo, precisamos falar, senão
estouramos. Podemos agora compreender por que
Naftali, uma cerva solta, profere palavras formosas.
Por haver experimentado Cristo, ele está cheio de
palavras formosas.
B. Satisfeito com a Graça de Deus e Cheio da
Sua Bênção
Deuteronômio 33:23 diz: “Naftali goza de
favores e, cheio da bênção do Senhor”. O favor e a
bênção desse trecho ligam Naftali a Aser, que é mais
abençoado do que os outros filhos e favorecido em
meio a seus irmãos. Na restauração do Senhor,
somos diariamente satisfeitos com a rica graça e
cheios da bênção de Deus. Essa bênção não se refere
à bênção material, mas à bênção no espírito, à
bênção em vida, à bênção nas regiões celestiais. Que
graça provamos e desfrutamos desde que entramos
na vida da igreja! Todos podemos testificar que, na
restauração do Senhor, estamos satisfeitos com a
graça rica e cheios da rica bênção (1 Co 15:10; 2 Co
13:13).

C. Ganhar a Terra para o Senhor


Deuteronômio 33:23 diz de Naftali: “Ele toma
posse do mar e do sul” (BJ). Naftali possuirá o oeste,
o mar, o mundo gentio, além do sul, a terra, a nação
de Israel. Isso quer dizer que ele ganhará a terra. É o
Cristo ressurreto experimentado por nós que haverá
de ganhar a terra. Ao final do Salmo 22, observamos
que o Cristo ressurreto ganhará as nações. O Salmo
22:27 diz: “Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se
converterão os confins da terra; perante ele se
prostrarão todas as famílias das nações”. Todas as
nações se submeterão a Ele, obedecendo-O e
adorando-O. Naftali, o que experimenta o Cristo
ressurreto, possuirá o mar e a terra. Quando
realmente experimentamos Cristo em ressurreição,
tomamo-nos os que haverão de conquistar a terra
pela pregação de Cristo (Mt 28:19; At 1:8; Rm 15:19).
MENSAGEM CENTO E QUATRO

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (6)
Nesta mensagem chegamos ao último grupo dos
doze filhos de Jacó mencionados em sua profecia
com bênção: o grupo formado por José e Benjamim
(49:22-27). As doze tribos dos filhos de Jacó acham-
se sempre agrupadas no Antigo Testamento. Em
Números 2, vemos o arranjo delas ao redor do
tabemáculo: Judá, Issacar e Zebulom a leste; Rúben,
Simeão e Gade ao sul; Efraim, Manassés e Benjamim
a oeste; e Dã, Aser e Naftali ao norte.
Entre os doze filhos de Jacó, somente três eram
tipos de Cristo: Judá, José e Benjamim. Judá era um
tipo de Cristo como o Leão vitorioso, prevalecente.
José era um tipo de Cristo como o Filho amado do
Pai, trazendo todas as riquezas para alimentar o
mundo. Benjamim era um tipo do Cristo exaltado,
ascendido. Quando nasceu, sua mãe o chamou de
Benoni, que quer dizer “filho da dor”; mas seu pai lhe
mudou o nome para Benjamim, que significa “filho
da destra”. Judá, José e Benjamim,
conseqüentemente, prefiguram Cristo de maneira
completa. Embora Rúben fosse o primogênito,
perdeu seu direito de primogenitura por causa de sua
profanação. Assim, na administração de Deus, Judá
tomou a liderança. Todavia, sem José e Benjamim, a
história e o significado das doze tribos de Jacó não
teriam conclusão. José e Benjamim fornecem uma
conclusão plena e adequada à história desses doze
filhos de Jacó.
Esses doze constituem um tipo completo do
povo de Deus, incluindo todos nós. Vimos que a
história do Seu povo começa com pecadores, já que
todos fomos pecadores, assim como Rúben, Simeão e
Levi. Rúben estava saturado de luxúria, e Simeão e
Levi eram cheios de ira. Dessa forma, a história do
povo de Deus começou com pecadores saturados de
luxúria e de ira. Posteriormente, veio Cristo,
tipificado por Judá. Mais tarde, Naftali apareceu
como uma corça solta, proferindo palavras formosas.
Se a história do povo de Deus terminasse com Naftali,
seria boa, mas não seria adequada. Para haver uma
conclusão adequada, tanto José quanto Benjamim se
fazem necessários.
Esta história do povo de Deus começa com
pecadores. Por fim, tais pecadores são transformados
em Levis com o sacerdócio e em Judás com a realeza.
Naftali, então, o Cristo ressurreto, profere palavras
formosas. Isso significa que já fomos uma vez Rúbens
e Simeões, mas precisamos ser transformados em
Levis, Judás e Naftalis. Posteriormente, precisamos
prosseguir para nos tomarmos Josés e Benjamins.
Antes de considerarmos os aspectos
significativos de José e Benjamim, quero enfatizar
que ambos, dois filhos nascidos da mesma mãe,
Raquel, são dois aspectos de uma única pessoa.
Quando viu Raquel, Jacó se apaixonou por ela e pôs
nela o seu coração. Não se casou, entretanto,
primeiramente com ela, mas com Lia, que lhe gerou
seis filhos. Embora também lhe nascessem filhos das
servas de Raquel e de Lia, a própria Raquel não lhe
gerou filho algum, até que os outros dez tivessem
nascido. Somente então ela gerou a José, cujo nome
indicava que um outro haveria de ser adicionado.
Isso quer dizer que, em si mesmo, não houve
completação com José, mas havia a necessidade de
uma outra parte. Benjamim, portanto, foi a
completação de José. Assim, ambos eram um. Se
você ler o Antigo Testamento, vê-los-á colocados
juntos, como uma unidade. Por fim, José recebeu o
direito de primogenitura e, por meio de seus dois
filhos, Efraim e Manassés, herdou a porção dobrada
de terra. Dessa maneira, José tomou-se duas tribos, a
de Efraim e a de Manassés. Além do mais, esta última
recebeu duas porções de terra: uma metade da sua
tribo recebeu terra a leste do rio Jordão, e a outra
metade, a oeste. José e Benjamim são um. O fato de
um ser o décimo primeiro filho e o outro, o décimo
segundo, indica-os próximos um do outro, em
seqüência. Assim, entre os doze filhos, esses dois
constituíram o último par. Mais tarde tornaram-se as
três tribos de Efraim, Manassés e Benjamim que
acampavam à retaguarda do lugar de habitação de
Deus. Judá era a tribo líder à frente do tabernáculo,
mas José ficava na retaguarda.
Consideremos agora os aspectos significativos
deste grupo. José foi muito fiel e plenamente
vitorioso. De acordo com o registro do Antigo
Testamento, foi a primeira pessoa perfeita. Ninguém
que o tenha precedido, nem mesmo Noé, foi perfeito.
Mas em José não conseguimos descobrir falta
alguma; foi totalmente perfeito em seu
comportamento. Foi perfeito porque foi totalmente
vitorioso. Além disso, o Antigo Testamento o
compara a um boi cheio de força (Dt 33:17). Não era
um leão violento nem um lobo ameaçador, mas um
boi cheio de força. Como boi, tinha dois chifres:
Efraim e Manassés. Com esses dois chifres, José
rechaçará todos os povos até as extremidades da
terra. Isso o indica forte na vitória.
Ele também confiou em Deus e Nele creu. Por
haver sido perfeito e vitorioso, e por confiar em Deus,
Este o abençoou. Ninguém na Bíblia recebeu bênção
maior do que ele. Como veremos, foi abençoado em
dez tópicos, no tempo e no espaço, com tudo da
eternidade passada à eternidade futura, e do céu à
terra. Ele recebeu tudo. O universo todo tornou-se-
lhe uma bênção.
Benjamim é descrito como lobo que despedaça
(49:27). Além disso, o lugar de habitação de Deus
também está com ele (Dt 33:12). Assim, a profecia
com bênção de Jacó termina com a plenitude da
bênção universal e com o lugar de habitação de Deus.
O final de Gênesis 49 requer Apocalipse 21 e 22 para
o seu desenvolvimento completo.

13) Sobre José

a) Filho de uma Árvore Frutífera ao lado de


uma Fonte
Gênesis 49:22 diz: “José é um ramo frutífero,
ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem
sobre o muro”. Primeiramente, ele é filho de uma
árvore frutífera. Este filho, obviamente, é um ramo
da árvore. Se José é o ramo, o filho, então a árvore
frutífera deve ser Jacó. De acordo com o registro da
Bíblia, ninguém antes de Jacó teve doze filhos (doze é
o número da completação eterna). O fato de ele ter
tido doze filhos revela-o muito frutífero. Jacó era
filho de Isaque, e este era filho de Abraão, o pai da
raça chamada. Na Bíblia, Deus é chamado o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êx 3:6;
Mt 22:32). Esse título também é o título do Deus
Triúno. O Deus de Abraão refere-se a Deus Pai; o
Deus de Isaque refere-se a Deus Filho; e o Deus de
Jacó refere-se a Deus Espírito. Como já enfatizamos,
não devemos considerar Abraão, Isaque e Jacó como
três pessoas, mas como três aspectos de uma mesma
pessoa. De semelhante modo, os três do Deus Triúno
são três em um. Jacó representa a vinda do Espírito,
o terceiro do Deus Triúno. O Pai estava no Filho, e o
Filho tornou-se o Espírito. Assim, o Espírito é o
resultado do nosso Deus.
Se tocarmos o espírito da Bíblia, perceberemos
que, como pessoa frutífera, Jacó representa o Deus
gerador. Deus é a árvore frutífera. Isso se comprova
pelo capítulo quinze de João, onde Cristo se diz a
videira. Ele, como a corporificação de Deus, é a
árvore geradora. Ele é realmente frutífero. Aqui, em
Gênesis 49, vemos um filho desta árvore. O filho de
Deus é a ramificação de Deus. Por essa razão, no
Antigo Testamento, Cristo é chamado de “Renovo”
(Jr 23:5; Zc 6:12). A Bíblia é profunda e vai muito
além da nossa compreensão. Por um lado, ela diz que
Cristo é uma árvore, e por outro, considera-O como
um ramo. Ele, então, é a árvore ou o ramo? É ambos.
Como corporificação de Deus, Ele é a árvore; mas,
como Sua ramificação, Ele é o ramo. José, um tipo de
Cristo, também era filho de uma árvore frutífera, a
ramificação de Deus. José era a ramificação de Deus.
Como todos sabemos, o ramo de uma árvore é parte
dela. Assim, José, o filho de Jacó, era parte dele, o pai
frutífero. Falando em termos de tipologia, José era
Cristo como o Filho de Deus, constituindo-se na
ramificação do Deus frutífero.
O versículo vinte e dois diz que José é filho de
uma árvore frutífera junto à fonte. A árvore é Deus; a
fonte também é Deus. Tudo é Deus. Jacó, um tipo de
árvore frutífera, vivia por intermédio de Deus como
fonte. Uma árvore exige água. Se tiver água, ela
crescerá frutiferamente. Jacó percebeu que toda a
sua capacidade de frutificação provinha de Deus
como fonte. Lemos aqui que José, como filho de Jacó,
difundia todas as riquezas desta árvore, oriundas da
fonte.

b) Seus Galhos Espalham-se por sobre o


Muro
O filho, O ramo dessa árvore frutífera, tem
galhos que se espalham por sobre o muro. O capítulo
49 está cheio de linguagem figurada. No versículo
vinte e dois temos um jardim, um muro e uma árvore
do lado de dentro do muro. O ramo dessa árvore tem
muitos galhos, e estes se espalham por sobre o muro.
De acordo com a figura, isso quer dizer que Jacó
estava movendo-se para além do muro. Não se
limitava à boa terra, mas espalhava-se por sobre o
muro até o Egito, propagando-se para além dos
limites da boa terra, por uma outra região. Cristo,
hoje, como o próprio José dentro de nós, está-se
espalhando por sobre o muro de restrição. O muro
não consegue restringir a expansão de José; não pode
limitar a ramificação desse galho. E nós temos esse
José dentro de nós. Isso quer dizer que temos Cristo
dentro de nós, os Josés de hoje. O nosso José tem
muitos ramos que se espalham por sobre o muro.
Tais ramos sobrepujam todas as limitações, como,
por exemplo, as limitações da família, da escola ou as
restrições da oposição. Não importa a altura do
muro: os ramos de José o transporão. Não importa a
altura do muro opositor: o próprio Cristo dentro de
nós o transporá por meio dos muitos ramos.

c) Hostilizado pelos Arqueiros


O versículo vinte e três diz: “Os flecheiros lhe
dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem”. Isso
se refere ao sofrimento de José. Os seus irmãos
foram como arqueiros que o atacaram e lhe atiraram
flechas. Quando apascentavam o rebanho de seu pai,
José lhes foi enviado pelo pai a visitá-los, e eles
realmente ficaram à sua espera. Quando ele chegou,
eles o agarraram.

d) Seu Arco Fica Firme, e as Armas de Suas


Mãos São Fortes e Ágeis
Os irmãos de José, entretanto, não conseguiram
êxito sobre ele. O versículo vinte e quatro diz: “O seu
arco, porém, permanece firme, e os seus braços são
feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim,
pelo Pastor e pela Pedra de Israel”. Os seus irmãos
não obtiveram vitória porque o arco de José
permaneceu firme, e as armas de suas mãos foram
feitas fortes e ágeis pelo Poderoso de Jacó. Este
Poderoso de Jacó era-lhe o Pastor e a Pedra. Tinha
Jacó um pastor a guardá-lo e uma pedra sobre a qual
apoiar-se. Tanto esse Pastor como essa Pedra eram o
Poderoso de Jacó. José foi feito forte por meio desse
Poderoso de seu pai.

e) Ajudado pelo Deus de Seu Pai e Abençoado


pelo Todo-suficiente
O Deus do pai de José o ajudou e o Todo-
suficiente o abençoou. O versículo vinte e cinco diz:
“Pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-
poderoso, o qual te abençoará”. Quando comparamos
as bênçãos de Gênesis 49:25-26 com as de
Deuteronômio 33:13-16, vemos que as bênçãos
concedidas a José tinham dez aspectos.
Primeiramente, ele foi abençoado com as
preciosidades do céu (Dt 33:13). Algumas das
preciosidades do céu certamente deveriam incluir
chuva e neve. Além disso, ele foi abençoado com o
orvalho. Em terceiro lugar, foi abençoado com a
bênção da profundeza. Isso se refere às fontes, às
minas d' água, às águas sob a terra. Em quarto lugar,
foi abençoado com os preciosos frutos produzidos
pelo sol (Dt 33:14). Logo em seguida, como quinta
bênção, foi abençoado com as preciosidades
produzidas pela lua (Dt 33:14; VRC, BJ). Precisamos
tanto do sol, que prefigura Cristo, quanto da lua, que
tipifica a igreja. Alguns frutos são gerados por Cristo,
e algumas preciosidades são reveladas pela igreja.
Tudo isso se achava nas bênçãos concedidas a José. A
sexta bênção foi a das melhores coisas dos montes
antigos, e a sétima foi a das preciosidades dos montes
eternos (Dt 33:15). Em todas essas bênçãos, todo o
tempo e espaço estão incluídos. Desde os tempos
antigos até à eternidade, tudo o que é tempo está
incluído; e, do céu à terra, inclusive as profundezas
sob a terra, tudo do espaço também está incluído.
Isso quer dizer que todas as boas coisas do universo
se tornaram bênçãos para José. A oitava bênção
inclui as preciosidades da terra e a sua plenitude (Dt
33:16). Certamente isso deve incluir os minerais, tais
como o ouro e a prata. A nona bênção se acha em
Gênesis 49:25: “Com bênçãos dos seios e da madre”.
As bênçãos do útero são para gerar, e as bênçãos dos
seios são para nutrir. Isso se refere à produção de
vida. Essa é a única bênção que é de vida. A décima é
“a benevolência daquele que apareceu na sarça” (Dt
33:16). Veremos mais tarde que Aquele que habita na
sarça (Êx 3:4) habitará no templo, na igreja, e,
posteriormente, na Nova Jerusalém. Todas as sarças
serão transformadas em pedras preciosas. Antes,
Deus habitava em meio às sarças, mas por fim
habitará entre as pedras preciosas, na Nova
Jerusalém. Este é o grande desejo do Seu coração, a
Sua benevolência. Todas essas coisas se incluem na
bênção universal concedida a José.
A maior bênção é ter o habitar Daquele que
habita na sarça. O fato de Deus habitar entre nós é a
bênção máxima. Suponha que seu pai lhe desse
muitas coisas e depois o abandonasse e fosse embora.
Isso não seria muito bom. O Pai nos deu muito, mas,
por fim, Ele nos dá Sua bênção final e máxima-o Seu
habitar. Lendo a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse,
vemos que Ele nos deu muitas coisas boas. Mas o que
Ele nos dá, finalmente, é o Seu habitar.
Todas essas bênçãos são a herança de Cristo.
Hebreus 1:2 diz que Deus constituiu Cristo como
herdeiro de todas as coisas. Todas as coisas boas, ao
longo do tempo e do espaço, são a herança de Cristo.
Tal é a bênção de Deus a Cristo. E nós somos co-
participantes em Sua herança. José aqui representa
Cristo. Todas as bênçãos do Pai vão para Ele. No
Novo Testamento lemos que todas as coisas foram
dadas ao Filho. Essas são as bênçãos em espaço, em
tempo e em vida. Tudo isso é a herança de Cristo; e
nós, Seus co-participantes, juntamo-nos a Ele para
herdá-las todas. Não é simplesmente uma questão de
salvação ou de reino. Todas as coisas no tempo,
desde o passado até à eternidade; no espaço do céu
até as profundezas da terra; e todos os aspectos
produtivos e nutrientes da vida são as bênçãos
concedidas a Cristo.
Esse Cristo era Aquele separado de Seus irmãos
(49:26-VRC). A palavra hebraica traduzida para
“separado” é o mesmo termo para “nazireu”. De
acordo com Números 6, determinados israelitas do
sexo masculino eram separados dos outros para viver
absolutamente para Deus. José foi alguém assim. Foi
o primeiro nazireu da Bíblia, separado de seus
irmãos; e Cristo tomou-se o verdadeiro Nazireu,
separado de todas as pessoas. José, assim,
prefigurava Cristo como nazireu, como Aquele que
estava separado das pessoas comuns para viver
totalmente para Deus. Este “separado” recebeu a
bênção de todo o universo. A bênção universal é
concedida sobre o alto da cabeça desse Nazireu.

f) A Sua Majestade É como a do Primogênito


do Seu Touro, e Seus Chifres como os do Boi
Selvagem
Deuteronômio 33:17 diz: “Ele tem a imponência
do primogênito do seu touro, e as suas pontas são
como as de um boi selvagem; com elas rechaçará
todos os povos até às extremidades da terra. Tais,
pois, as miríades de Efraim, e tais os milhares de
Manassés”. José era forte como o primogênito do
touro e esse touro (ou boi) tinha dois chifres: um era
Efraim, e o outro, Manassés. Com esses dois chifres,
o boi rechaça os povos até às extremidades da terra.
Isso também é uma figura de Cristo. Este é um boi
forte com dois chifres, rechaçando os povos conforme
Seu desejo. Isso ocorrerá quando da Sua volta. Hoje
os povos estão espalhados e dispersos. Mas virá o dia
em que Cristo, o boi forte, os empurrará a todos
juntos. Ele poderá dizer: “Russos e outras nações,
não se espalhem. Eu os rechaçarei juntos até às
extremidades da terra”. Lembrem-se de que Gênesis
49 é um registro profético de toda a história do povo
de Deus, começando pelos pecadores e terminando
com o Cristo que herda todas as coisas e controla
toda a terra. Cristo não é apenas frutífero, vitorioso e
abençoado ao máximo; é também cheio de força para
rechaçar os povos na terra segundo o Seu propósito.
Há séculos, os russos, habitantes de uma região
fria, tentam espalhar-se para o sul, rumo ao mar
Mediterrâneo. Quando tentaram atingir o Golfo
Pérsico, os ingleses os fizeram voltar. Eles então
construíram uma ferrovia Transiberiana até o
Extremo Oriente, para atingirem o mar; depois disso,
construíram a ferrovia da Mandchúria até o Pacífico.
Mas os ingleses ajudaram os japoneses a derrotá-los.
Hoje, os russos estão tentando penetrar no mar
Mediterrâneo e no Mar Vermelho. Por essa razão o
Egito é tão importante. A intenção oculta dos russos
é controlar a boa terra, inclusive Jerusalém. Mas, por
fim, Cristo, o boi forte, virá com dois chifres e os
rechaçará de volta à região norte. Ele poderá dizer:
“Russos, o seu destino é viver numa região fria. Não
tentem descer ao mar Mediterrâneo, que está
eternamente reservado para o Meu povo”. Esse boi
forte rechaçará totalmente de volta os russos e os
outros povos. Se você pensa que estou dizendo tolices,
peço-lhe que espere e veja. Mais cedo ou mais tarde,
isso acontecerá. O centro crucial das relações
internacionais hoje é o Oriente Médio, e muitas
nações querem dominar aquela região. Mas José, o
boi forte, virá com as miríades de Efraim e os
milhares de Manassés para rechaçar de volta os
povos às extremidades da terra. Ele poderá dizer:
“Saiam do mar Mediterrâneo. Esta região é para o
Meu povo. Vocês não podem ficar aqui! “

14) Sobre Benjamim

a) Um Lobo que Despedaça


Chegamos agora aos dois pontos principais
relativos a Benjamim. Gênesis 49:27 diz: “Benjamim
é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa, e à
tarde reparte o despojo”. Também em hebraico, a
palavra traduzida para “despedaça” significa “partir
em pedaços”. Por muitos anos fiquei preocupado com
a palavra “lobo” deste versículo. Embora um leão ou
um tigre pareçam algo positivo, um lobo não é
positivo. Todavia, Cristo não é somente o leão
vencedor, mas também o lobo que despedaça.
Benjarnim, um lobo que despedaça, também é um
tipo de Cristo. A referência deste trecho ao lobo,
portanto, é positiva, e não negativa. De manhã, ele
devora a presa; e, de noite, a divide, isto é, prepara o
despojo para a refeição da manhã seguinte. Isso
significa que Cristo não é apenas o Vencedor, mas
também O que despedaça, O que devora o Seu
inimigo.

b) Habita ao Lado do Senhor, e o Senhor


Cobre-o o Dia Todo e Habita entre Seus
Ombros
Falando de Benjamim, Deuteronômio 33:12 diz:
“O amado do Senhor habitará seguro junto dele: todo
dia o Senhor o cobrirá, e ele habitará nos seus
ombros” (hebr.). As palavras “junto Dele” indicam
que Benjamim será vizinho do Senhor, habitando
próximo a Ele. Por habitar próximo ao Senhor,
habitará em segurança. É claro que qualquer um que
fique ao lado do Senhor estará em segurança. Esse
versículo também diz que o Senhor o cobrirá e o
abrigará o dia todo, e até habitará entre seus ombros.
Precisamos aqui enfatizar que Jerusalém não se
localizava no território de Judá, mas no de Benjamim
(Js 18:28; Jz 1:21). Se consultar um mapa, você verá
que o território de Benjamim avança com dois
ombros em direção ao sul, e que, entre esses seus
dois ombros, situava-se Jerusalém, onde se localizava
o templo, a habitação do Senhor.
A habitação do Senhor era uma cobertura que
abrigava Benjamim o dia todo, assim como o Senhor
abrigará o Seu povo na eternidade com o Seu
tabernáculo (Ap 7:15). A igreja, hoje, como Sua
habitação, é também um abrigo que protege o seu
povo.
Entre os doze filhos de Jacó, o primeiro era um
pecador e o último tornou-se a habitação de Deus.
Em Gênesis 3, todos éramos pecadores; mas, ao final
da Bíblia, em Apocalipse 21 e 22, todos nos tomamos
Benjamins, a habitação de Deus. Tal é a razão por
que, como se disse anteriormente, sem José e
Benjamim não haveria uma conclusão adequada para
a história do povo de Deus. Entretanto, com José
percebemos que Cristo recebeu a bênção todo-
inclusiva do universo, e, com Benjamim, vemos que
Deus habita entre o Seu povo escolhido. Esta é a
Nova Jerusalém e o novo céu e a nova terra. O novo
céu e a nova terra são o ambiente em que toda
bênção é derramada sobre Cristo. Tudo nessa nova
esfera será parte da bênção concedida a Cristo, e,
dentro desse âmbito haverá um determinado lugar, a
Nova Jerusalém, que será a habitação eterna de Deus.
Tudo isso é retratado pela vida de José e de
Benjamim.
Estamos hoje na vida da igreja, e, por fim,
estaremos na Nova Jerusalém. Você sabe quem
estará lá? José e Benjamim. Na vida correta da igreja,
hoje, não há Rúbens nem Simeões. Por fim, na vida
da igreja, haverá somente Josés e Benjamins-a
bênção do Senhor e a habitação de Deus. Tempo virá
em que a igreja será apenas José e Benjamim. A
igreja estará universalmente sob a Sua bênção e será
a Sua habitação. A conclusão da Bíblia toda, como
registro da história do povo de Deus, é a bênção
universal e a habitação eterna de Deus. O novo céu e
a nova terra com a Nova Jerusalém retratam a
bênção universal herdada por Cristo e a habitação de
Deus. Seguiremos o caminho todo, desde Rúben até
Benjamim, de pecadores à habitação de Deus. José é
um sinal da bênção plena de Deus, e Benjamim é um
sinal da habitação eterna de Deus. Nas igrejas, hoje,
temos uma miniatura das coisas que haverão de vir
no novo céu e na nova terra com a Nova Jerusalém;
isso porque desfrutamos o antegozo da bênção plena,
e somos a habitação de Deus. Em certo sentido, todos
somos Josés e Benjamins. Somos um povo
abençoado e somos a habitação de Deus. Isto é José e
Benjamim.
MENSAGEM CENTO E CINCO

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DE JOSÉ E


BENJAMIM (1)
Familiarizei-me com a história dos doze filhos de
Jacó muito antes de perceber sua doçura e beleza.
Quanto mais tempo despendia com Gênesis 49, mais
gostava desses doze filhos. Vale bem a pena
examinar-lhes a história. Os primeiros quatro filhos-
Rúben, Simeão, Levi e Judá-foram todos pecadores.
Mas José e Benjamim, os dois últimos, acham-se sem
falta nem defeito: são perfeitos. Entre os primeiros
quatro e os dois últimos estão os outros seis. Com Dã,
vemos a apostasia; com Gade, a restauração; com
Aser, a suficiência; com Naftali, a ressurreição. Se
juntar o registro dos doze filhos, de acordo com
Gênesis 49, você terá um retrato de si mesmo. Por
um lado, quando olho para esses doze filhos de Jacó,
maravilho-me com eles; por outro, fico grato a Deus
porque neles vejo um quadro de mim mesmo. Vejo
também o próprio Cristo que experienciei e a
salvação e a transformação Nele encontradas. No
passado, todos éramos Rúbens, Simeões, Levis e
Judás; mas, hoje, somos Josés e Benjamins.
Dois dos pecadores, Levi e Judá, foram
transferidos para uma posição positiva: Levi, para o
sacerdócio e Judá, para a realeza. Assim, entre esses
doze filhos de Jacó, temos, por fim, o sacerdócio, a
realeza e, finalmente, a consumação final e máxima,
verificada em José e Benjamim. Na mensagem
seguinte veremos que a consumação final e máxima
constitui-se de duas coisas: bênção e habitação.
Seremos conduzidos totalmente para dentro da
bênção universal sob Deus e depois nos tomaremos a
Sua habitação. Pecadores se transformam em
sacerdotes e reis de Deus e, por fim, ficam sob Sua
bênção universal e tornam-se Sua habitação eterna.
Se percebermos o significado desse registro,
gritaremos e louvaremos ao Senhor. E diremos: “Fui
Rúben uma vez; mas hoje sou um Levi, um Judá, um
José e um Benjamim! “ Pela eternidade, seremos reis
sob a bênção de Deus, e seremos a Sua habitação.
Você alguma vezjá se deu conta de como a Bíblia
pode ser tão maravilhosa? Você alguma vez já viu que
num capítulo-Gênesis 49-podemos ter um resumo da
Bíblia inteira e um sumário da história dos doze
filhos de Jacó, da nação de Israel, da igreja e da nossa
própria história espiritual? Tudo está aqui. Embora
poético e muito profundo, este capítulo, todavia, é
bastante simples. É todo-inclusivo. Inclui toda a
Bíblia, engloba a história das doze tribos, indica a
história da igreja e retrata a nossa história pessoal.
Que maravilha! Sem dúvida, isso resume o
tratamento de Deus para com o Seu povo escolhido.
O Seu tratamento para com o Seu povo começou com
pecadores, prossegue com a transformação e, por fim,
atinge a consumação final e máxima, que é a Sua
bênção e a Sua habitação.
Entre os doze filhos de Jacó há vários tipos de
pessoas. Como agradeço a Deus por dar a Jacó doze
filhos. Como seria se ele tivesse apenas um filho? Aos
olhos de Deus, Abraão e Isaque foram considerados
cada um deles tendo um só filho, porque Deus só
contou Isaque e Jacó, e não Ismael nem Esaú. Mas a
Sua economia requeria doze tribos. Por essa razão,
Jacó precisava ter doze filhos. Nem mesmo dez tribos
seriam suficientes. Um dia, após a morte de Salomão,
o reino de Israel se dividiu em duas partes: uma com
dez tribos, outra com duas. Mas nem mesmo aquelas
dez tribos eram suficientes; tinha de ser doze.
Precisamos lembrar os nomes dos doze filhos de
Jacó: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Zebulom, Issacar,
Dã, Gade, Aser, Naftali, José e Benjamim. Nesta
mensagem, consideraremos parte do significado
espiritual de José e Benjamim, compreendendo três
pontos: frutificação, vitória e confiança. Na
mensagem seguinte, consideraremos a bênção e a
habitação.

I. FRUTÍFERO

A. Filho de uma Árvore Frutífera


Gênesis 49:22 diz: “José é um ramo frutífero,
ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem
sobre o muro”. José era muito frutífero. Estava
totalmente ocupado com o dar frutos, não tendo
tempo para nada mais, nem para argumentar com
seus irmãos, nem para lutar com os outros. As
pessoas se ocupam de coisas negativas porque não
estão plenamente preenchidas com as positivas. Não
é proveitoso que grande número de irmãos estejam
juntos e não fiquem totalmente ocupados. Em tal
caso, eles não estarão ocupados com coisas positivas;
pelo contrário, espontaneamente se ocuparão com
coisas negativas, exatamente como o homem em
Mateus 12, que estava vazio, e foi possuído por sete
demônios (12:43-45). Aquele homem era como um
apartamento limpo, desocupado. Muitos irmãos
estão limpos, mas também estão vazios, desocupados.
Por isso, as coisas negativas penetram. Eles precisam
ocupar-se com coisas positivas; assim não terão
capacidade, nem tempo, nem energia para coisas tais
como mexericos. A existência disso comprova que
nem toda a nossa energia está sendo utilizada. José,
entretanto, não era uma pessoa desocupada. Como
veremos em mensagens posteriores, desde a sua
juventude ocupava-se com coisas positivas: com a
vontade, a mente, o interesse e a incumbência de seu
pai. Conseqüentemente, não havia oportunidade para
entrarem “doninhas” ou “cães”. Se um quarto estiver
repleto com vinte pessoas, nenhuma doninha ousará
entrar. Mas se ele estiver desocupado, as doninhas e
os cães poderão tentar entrar. A melhor maneira de
proteger os santos contra coisas negativas é
preenchê-los com as positivas. Digo novamente que,
desde a sua juventude, José esteve inteiramente
ocupado com coisas positivas, principalmente em dar
frutos.
Quando o pai de José, seus onze irmãos e suas
famílias desceram ao Egito, tornaram-se eles os
canais para a ramificação do frutificar de José. Este,
àquela época, no Egito, não estava simplesmente
expandindo-se de maneira pessoal, mas expandia a
administração de Deus por meio de setenta pessoas.
José era muito frutífero. O mundo todo estava
debaixo de sua ramificação. Ele era uma figura, um
tipo, o que significa que o seu cumprimento tem de
estar com a igreja. O povo da igreja deve ser o povo
mais frutífero. Atos 2 revela como Pedro e os outros
doze apóstolos foram frutíferos. Ao longo dos séculos,
todos os que amaram ao Senhor e se ocuparam com
Ele foram frutíferos.
O versículo vinte e dois diz que José era filho de
uma árvore frutífera. A palavra “filho” aqui indica um
galho ou ramo. A maioria das versões traduzem a
palavra hebraica como “galho”, que é ramo
desenvolvido. Isso significa que José era ramo de
uma árvore frutífera. No universo todo existe apenas
uma árvore frutífera e esta é Cristo. Como
ramificação de Deus, Ele é uma árvore frutífera.
Zacarias 6:12 diz: “Eis aqui o homem cujo nome é
Renovo”. Este ramo é Cristo que, como ramificação
de Deus, expandiu Deus à humanidade e, por fim,
tornou-se uma árvore. Em João 15, um capítulo sobre
frutificação, o Senhor Jesus disse: “Eu sou a videira
verdadeira” (v. 1). Cristo é a videira.
Em João 15:5, o Senhor disse: “Eu sou a videira,
vós os ramos. Quem permanece (mora-lit.) em mim,
e eu, nele, esse dá muito fruto”. Como ramos dessa
árvore frutífera, todos precisamos ser frutíferos.
Não considere sua fraqueza, suas falhas nem a
lamentável situação ao seu redor. A história da igreja
tem dois lados: um obscuro e outro glorioso. Quando
olhamos para o lado glorioso, observamos abundante
frutificação. Não só Pedro ou Paulo, mas também
todos os que amam ao Senhor têm sido frutíferos. Às
vezes, podemos dizer: “Somos fracos, a nossa
situação não é muito promissora, o aumento vem
devagar e o número continua pequeno”. Entretanto,
se tiver a visão celestial, você verá que a igreja é
muito frutífera, e que sua história é uma história de
frutificação. Digo novamente: não olhe para a
situação pelo lado negro, mas pelo lado glorioso.
Deus é vitorioso, e a igreja é frutífera. O ramo está se
ramificando. Pedro, Paulo e todos os que amam o
Senhor ao longo dos séculos têm produzido muitos
ramos.

B. Espalhando-se por sobre o Muro


Esses ramos estão se espalhando por sobre o
muro (49:22), isto é, estão propagando Cristo acima
de todas as restrições, engrandecendo-O em todas as
circunstâncias (Fp 1:20). Gênesis 49:22 diz que os
ramos de José se espalham por sobre o muro. O
muro representa restrição. Desde o dia de Pentecoste,
muro após muro têm sido levantados para restringir
a propagação dos ramos. Um dia, Pedro até mesmo
foi posto na prisão (At 12:3-4), mas nem mesmo
aquela fortaleza pôde restringir a ramificação. Ano
após ano, década após década, século após século, os
muros têm sido levantados pelos opositores e pelo
inimigo para restringir a frutificação da igreja, mas
os ramos têm transposto o muro, por todo esse
tempo. Posso testificar pelo que tenho visto e
experienciado nos últimos cinqüenta anos. Por todo
esse tempo tenho visto a frutificação dos ramos. O
irmão Nee, levantado pelo Senhor na China,
certamente foi galho de uma árvore frutífera, um
ramo do Cristo frutífero. Quando estava com ele,
tornou-se bem claro de que nada poderia obstar o seu
testemunho. Ele tinha encargo de sustentar o
testemunho de Jesus, ao qual se opunha o
cristianismo organizado. Como resultado, muitos
cristãos levantaram muros para restringi-lo e
espalharam rumores sobre ele. Deixem-me dar-lhes
uma ilustração desses boatos malignos. Depois de
salvo, o irmão Nee recebeu grande ajuda de uma
irmã chamada Margaret E. Barber. Esta tinha uma
cooperadora chamada srta. Gross. Ambas eram
missionárias vindas da Inglaterra à China.
Entretanto, à época em que o irmão Nee foi salvo,
elas deixaram suas missões e permaneceram na
China, vivendo pela fé em Deus. Por haver o irmão
Nee recebido muita ajuda da srta. Barber, a srta.
Gross também chegou a conhecê-lo. Uma vez sob a
mão auxiliadora da srta. Barber, o irmão Nee ficou,
simultaneamente, sob a ajuda da srta. Gross. Em
1929, a srta. Barber foi para o Senhor e a srta. Gross
mudou-se para Xangai. Um dia, esta última ouviu a
notícia de que uma mulher estava vivendo com o
irmão Nee; foi, então, até ele, para verificar o fato. O
irmão Nee ainda era solteiro e, tal como a srta.
Barber, a srta. Gross-como irmã mais velha-o amava
muito e preocupava-se com ele. A srta. Gross disse:
“Ouvi dizer que uma mulher vive com você. É
verdade?” Quando o irmão Nee confirmou o fato, a
srta. Gross o repreendeu, perguntando como ele,
ainda solteiro, poderia ter uma mulher vivendo em
sua companhia. O irmão Nee relatou-me ele próprio
esse incidente, para ajudar-me a compreender algo
acerca de autojustificação. Disse-me que ficou feliz
por ter sido repreendido. Disse-me também que a
mulher que vivia em sua companhia era a sua mãe.
Relatou-me esse fato, não para se justificar, mas para
dar-me alguma ajuda. Quando lhe perguntei por que
não dissera tudo à srta. Gross, ele replicou: “Ela não
me perguntou quem era a mulher. Apenas perguntou
se uma mulher estava ou não vivendo comigo.
Quando lhe confirmei que uma mulher estava
vivendo em minha companhia, ela me repreendeu.
Eu não disse nada”. Essa é uma ilustração dos boatos
espalhados acerca do irmão Nee.
Outra ilustração: imediatamente após o seu
casamento, uma grande confusão agitou Xangai. Foi
outro muro erguido pelo inimigo. O irmão Nee
mostrou-me um exemplar do jornal mais conhecido
de Xangai, e talvez de toda a China. Em caracteres
chineses garrafais havia um artigo negativo sobre o
seu casamento. O irmão Nee me disse: “Witness, em
toda a minha vida, jamais vi ocorrer tal coisa após
um casamento”.
Hoje circulam muitos boatos a nosso respeito,
mas, até agora, nenhum deles é tão maligno como os
que se espalharam sobre o irmão Nee. O fato de
circular o rumor de que uma mulher vivia com ele
indica que o inimigo estava constantemente tentando
levantar muros para restringir a sua frutificação. Mas
esta transpôs o muro. Hoje, o seu fruto pode ser
encontrado em toda a terra. Ninguém pode confiná-
lo. Mesmo que alguns levantem um muro de
cinqüenta metros de altura, os ramos ainda assim o
transporão.
Com o decorrer dos anos, vi todas as coisas que
aconteceram ao irmão Nee. Agradeço ao Senhor por
ter-me permitido vê-las e experienciá-las juntamente
com ele. Assim, quando ouço os boatos espalhados a
meu respeito, posso rir e dizer: “Estou preparado
para tanto. No passado, vi um muro de trezentos
metros de altura, mas o de vocês tem apenas cinco
metros”. Gostaria de dizer a todos os opositores em
todos os Estados Unidos: “Não creio que vocês
possam levantar um muro de trezentos metros de
altura. Provavelmente, o muro mais alto que poderão
erigir será de cento e cinqüenta metros. Entretanto,
já experimentei ramificar sobre muro de trezentos
metros”. O Senhor sabe que não me gabo. Há pelo
menos dois irmãos mais velhos da China em nosso
meio que podem testificar que, no passado, sofri
juntamente com o irmão Nee. A existência de boatos
espalhados a nosso respeito não é novidade. Se fosse
possível, deveríamos dizer aos opositores que estão
desperdiçando seu tempo, porque não podem
suprimir esse testemunho. Quanto mais altos forem
os muros levantados para restringir-nos, mais
rapidamente os ramos se espalharão por sobre eles.
Em Atos 5, Gamaliel disse uma boa palavra:
“Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-
os; porque se este conselho ou esta obra vem de
homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis
destruí-los, para que não sejais, porventura, achados
lutando contra Deus” (At 5:38-39). Se esta não for a
restauração do Senhor, será destruída; se não for a
Sua restauração, que ela baixe até o fundo do Oceano
Pacífico. Mas se for a Sua restauração, os opositores
que se cuidem, porque serão envergonhados. Jamais
serão capazes de derrotar este testemunho. Quanto
mais tentarem derrubá-10, mais alto ele se levantará.
A história da igreja testifica isso.
Deixem-me compartilhar um pouco de minha
experiência pessoal. Depois de salvo, tomei-me, pela
misericórdia do Senhor, um cristão sedento, alguém
que O buscava. Os cristãos de minha cidade natal me
amavam. Um dia, entretanto, fui apanhado pelo
Senhor para a Sua restauração, e uma igreja foi
levantada lá. De acordo com os que estavam de fora,
eu era aquele que lá pregava e ensinava. Antes de a
igreja ser levantada, alguns dos cristãos convidavam-
me para falar em suas reuniões. Até providenciavam
transporte para a reunião, ida e volta. Na China, esse
gesto era considerado uma expressão de amor e
respeito. Mas depois de a igreja ter lá sido levantada,
os mesmos que me convidavam ~ara as reuniões e
até providenciavam transporte, passaram a ignorar-
me completamente ao me virem na rua. Surgiram
então boatos a meu respeito. Alguns deles diziam que
eu ensinava heres. ia. F~i . condenado como herege
desde o dia em que entrei decididamente para a
igreja. Isso não é nenhuma novidade para mim.
Cinqüenta anos atrás, a minha cidade natal era a
mais famosa do norte da China, em termos de
conhecimento bíblico. Ao ouvirem os boatos de que o
meu ensinamento era herético, certos jovens, filhos
de pregadores cristãos fundamentalistas, vieram às
reuniões para descobrir por si mesmos o que estava
ocorrendo. Antes disso, ao invés de comparecerem às
reuniões das denominações de seus pais, eles
freqüentavam óperas, teatros e cassinos. Enquanto se
envolviam com tais atividades pecaminosas, seus
pais não se mostravam muito preocupados. No
entanto, ao serem alguns deles atraídos e apanhados
pela vida da igreja, os pastores começaram a adverti-
los para que não fossem às reuniões. Um dos jovens
replicou a determinado pastor: “Quando eu ia aos
cassinos e ao teatro, você não me prevenia do que eu
estava fazendo. Mas agora, que estou indo a um lugar
onde posso ouvir a Palavra de Deus e onde estou
recebendo muito auxílio na vida espiritual, você vem
advertir-me para não ir. Não me fale novamente.
Tenho sido ajudado por comparecer a tais reuniões, e
quero continuar a receber esse auxílio”. Isso mostra
que os ramos estavam transpondo o muro.
Com o passar dos anos, os opositores me
seguiram da minha cidade natal a diversos outros
lugares, inclusive Formosa. Certo pregador foi
especialmente da minha cidade natal a Formosa para
tentar destruir o meu ministério. Quando fui
perturbado pela oposição, o Senhor disse: “Olhe para
Paulo, e leia o livro de Atos novamente. Aonde quer
que os apóstolos fossem, os opositores judeus os
seguiam e lhes causavam problemas”. Recentemente,
um dos irmãos recebeu uma carta da Austrália,
escrita por um pregador itinerante, cheia de
afirmações negativas a meu respeito. Em toda a carta
nada havia de positivo sobre mim. Todavia, muitos
anos antes, o mesmo homem que escreveu essa carta,
escrevera uma outra em que me elevava às alturas.
Na primeira carta, ele dizia: ''Para mim, Witness Lee
é um grande homem de Deus em sua vida pessoal, e
um servo de Deus muito frutífero em seu ministério.
Estou certo de que não posso amarrar-lhe os sapatos.
Eu seria um homem feliz se conseguisse do Senhor a
metade da recompensa, ou até mesmo um décimo, do
que Ele tem reservado para o Seu eminente servo”.
Mas recentemente, a mesma pessoa escreveu uma
carta cheia de mentiras difamantes a meu respeito. É
difícil crer que ambas as cartas tenham sido escritas
pela mesma pessoa. A segunda foi escrita porque o
ramo frutífero se espalhara até Sydney. Alguns,
vendo a expansão pela Austrália, ficaram inquietados
e imaginaram o que poderiam fazer a respeito. Assim,
tal carta foi escrita numa tentativa de restringir a
expansão da restauração do Senhor pela Austrália.
Quando considero coisas como essas, à luz de
Gênesis 49:22, fico feliz, porque os ramos ainda estão
transpondo o muro. O que acontece hoje corresponde
exatamente ao que está escrito nesse versículo. Os
opositores desperdiçam o seu tempo. Quanto mais
muros levantarem, maior expansão haverá.
Como pode um pregador itinerante, alguém que
prega o evangelho em nome do Senhor Jesus e ensina
a Bíblia, falar mentiras, e até mesmo caluniar um
irmão? Essa é a lamentável situação do cristianismo
hoje. Não há padrão de consciência nem de
moralidade. Podendo estorvar a restauração do
Senhor, as pessoas se dão por contentes. Mas muro
algum poderá impedir a propagação dos ramos. Na
verdade, a oposição até mesmo ajuda a expansão do
Senhor. Essa é a experiência de José. Em 1958 fui
convidado para ir à Inglaterra. Daquela época em
diante, alguns têm tentado impedir que a restauração
do Senhor se espalhe pela Europa. Mas um dia, para
inquietação deles, um jovem apareceu em cena, e eles
começaram a ser incomodados. Não foram capazes
de fazer nada. Os ramos estão se espalhando por
sobre o muro na Alemanha, na Suíça, e até na
Dinamarca e Suécia. Ninguém pode restringir a
expansão de José. Se somos os Josés de hoje, quem
poderá restringir-nos?
Boatos a nosso respeito têm sido espalhados
também pela América Central e do Sul. Mas louvado
seja o Senhor, porque Sua restauração no Brasil está
se espalhando como incêndio incontrolável! Nenhum
dos “bombeiros” sabe o que fazer a respeito. Antes de
esse incêndio incontrolável começar a se propagar, os
opositores no seio do cristianismo fizeram circular
rumores a meu respeito e sobre as igrejas. Peço-lhes
que esperem por mais algum tempo e haverão de ver
o que acontecerá. Tudo depende do fato de sermos ou
não os Josés de hoje. Se formos, ninguém, nem nada
será capaz de restringir a expansão dos ramos por
sobre o muro.

II. VITORIOSO

A. Venceu o Ataque dos Arqueiros


Gênesis 49:23-24 diz: “Os frecheiros lhe dão
amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu
arco, porém, permanece firme”. José venceu o ataque
dos arqueiros. O significado espiritual deste trecho é
que, em qualquer sofrimento, somos mais que
vencedores (Rm 8:36-37). Os sofrimentos não podem
sobrepujar-nos; pelo contrário, nós os subjugamos.

B. Feito Forte pelo Poderoso


Embora perseguido, hostilizado e atacado, José
permaneceu forte. Não era somente forte, mas
também ágil. O versículo vinte e quatro diz: “Os seus
braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de
Jacó” (IBB-Rev.). Quanto mais sofria e era atacado,
mais José ficava forte. O seu sofrimento também o
treinou a ser ágil. Para que nossos braços e pernas
sejam ágeis, precisamos ser treinados pelo
sofrimento. José era uma pessoa treinada. Fora
disciplinado por intermédio de seus sofrimentos.
Ocorre o mesmo conosco hoje. Toda oposição e
rumores só nos ajudam a sermos ágeis.
José, obviamente, foi feito forte e ágil pelo
Poderoso de Jacó. A fonte de sua força e agilidade era
Deus. Se você ler a sua história, verá que Deus estava
sempre com ele. Quando foi tentado pela esposa de
Potifar, ele disse: “Como, pois, cometeria eu tamanha
maldade, e pecaria contra Deus? “ (39:9). Isso indica
que Deus estava com ele. Sua força e agilidade
provinham Dele.
Hoje, na restauração do Senhor, somos
fortalecidos na graça de Cristo, para resistir a toda
oposição pelo testemunho do Senhor (2 Tm 2:1). A
nossa força não provém de nós mesmos, mas do
Senhor. Uma vez que O tenhamos como fonte de
nossa força, oposição alguma poderá subjugar-nos.
C. Despedaça como um Lobo
Em 49:27, Benjamim é comparado a um lobo
que despedaça: “Benjamim é lobo que despedaça;
pela manhã devora a presa, e à tarde reparte o
despojo”. O vocábulo “lobo” não é um termo
agradável. Sempre que despedaça algo, você não
pode ser complacente; pelo contrário, precisa ser
como um lobo. Quando tivemos de demolir algumas
coisas, a fim de completar a construção do salão de
reuniões em Anaheim, observei a fisionomia dos que
realizavam o trabalho. A expressão de cada face era
violenta. Um cavalheiro não pode pôr nada abaixo.
Sempre que estiver para derrubar algo, você precisa
ser um lobo. E Benjamim o era. Em 2 Coríntios 10:5,
Paulo diz: “E toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus, levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo”. Quando jovem,
eu julgava Paulo orgulhoso por falar assim. Discorrer
sobre destruir argumentos e toda altivez, e sobre
levar cativo todo pensamento não é bom, humilde,
gentil, manso nem delicado. Quando escreveu essas
palavras, Paulo era um lobo despedaçador. Muitas
vezes, ao entrar em contato com os outros, sou
humilde e delicado; mas, às vezes, sou como um lobo
a despedaçar. Em conversa normal, sou um
cavalheiro, mas há vezes em que não demonstro
misericórdia. Às vezes, meus colaboradores e até
minha querida esposa já me pediram que fosse
misericordioso para com os outros. Mas você pode
pedir a um lobo despedaçador que seja
misericordioso? Se ele pudesse falar, haveria de
dizer: “Em meu dicionário não existe um vocábulo
que corresponda à palavra misericórdia”. Um lobo
despedaçador não demonstra misericórdia. Não
estamos partindo as pessoas em pedaços; estamos
partindo Satanás. Também estamos partindo em
pedaços os pensamentos e raciocínios discordantes.
Todas essas coisas altivas precisam ser despedaçadas.

D. Rechaça como um Touro


Deuteronômio 33:17 diz: “Ele tem a imponência
do primogênito do seu touro, e as suas pontas são
como as de um boi sel vagem; com elas rechaçará
todos os povos até às extremidades da terra. Tais,
pois, as miríades de Efraim, e tais os milhares de
Manassés”. José é comparado a um touro que
rechaça. Na mensagem anterior, enfatizei que,
quando voltar, Cristo empurrará os russos para fora
da boa terra. Definitivamente creio nisto. Mas
também podemos experienciar hoje José como touro
rechaçador. Quando considero minhas experiências
passadas e as experiências do irmão Nee, percebo
que, sem dúvida, presenciei a vitória rechaçadora. Os
opositores reuniram forças para espremer-nos; mas
havia a vitória rechaçadora, a força rechaçadora e os
chifres rechaçadores. Espere um pouco e você verá a
força rechaçadora de José. Este é frutífero e vitorioso
no despedaçar e no rechaçar. Nós, hoje, na
restauração do Senhor, somos todos Josés, fortes
para despedaçar a oposição e rechaçã-la para longe.
Muitos de vocês leram o livrete intitulado: Que
Heresia-Dois Pais Divinos, Dois Espíritos que Dão
Vida e Três Deuses! Embora tenha ele sido publicado
há vários meses, ninguém escreveu um outro de
réplica. A boca dos opositores foi fechada e suas
mãos escritoras foram amputadas, porque eles não
têm outra maneira de lidar com Isaías 9:6 e 1
Coríntios 15:45. Não importa como alguns possam
distorcer Isaías 9:6-não conseguirão eliminar o título
“Pai” encontrado ali. Este versículo diz que um Filho
se nos deu, e que o Seu nome é “Pai eterno” ou “Pai
da eternidade”. Esse Pai, obviamente, é o Pai da
Trindade. Se disser que o Pai em Isaías 9:6 não é o
Pai da Trindade, você então sustentará a heresia de
crer em dois Pais divinos. Mas em todo o universo
existe apenas uma fonte: o Pai na Trindade. Não
pode haver um outro Pai, nem uma outra fonte. Não
me fale sobre a História, nem sobre o Credo de Nicéia,
nem sobre qualquer outro credo. Não me importam
os credos; importa-me apenas a pura palavra em
Isaías 9:6.
A Primeira Epístola aos Coríntios 15:45 diz: “O
último Adão, porém, é espírito vivificante”. Alguns,
opondo-se a nós, torceram esse versículo para
afirmar: “Aqui se diz 'um espírito', não 'o Espírito” '.
Mas não esqueça o complemento “que dá vida”. Este
versículo fala do Espírito que dá vida. Você crê que
este Espírito seja diferente do Espírito Santo da
Trindade? Se assim for, você então haverá de crer em
dois diferentes Espíritos que dão vida. Isto é heresia!
Ao lutar nesta batalha, sou um lobo que despedaça o
inimigo.
Alguns dos opositores apelam para o Credo de
Nicéia. Este se assemelha a um par de sapatos com
cinco centímetros de comprimento, para os nossos
pés de trinta centímetros. Você tem intenção de
cortar seus pés para calçar seus pequenos sapatos, ou
vai obter um par de sapatos capaz de conter seus pés?
O livro de Apocalipse fala dos sete Espíritos, mas são
eles mencionados no Credo de Nicéia? Não! O Novo
Testamento também fala do Espírito que dá vida;
mas contém o Credo de Nicéia qualquer referência ao
Espírito que dá vida? Não! Assim, tal par de sapatos é
muito pequeno. A visão que temos é muito maior do
que aquela contida naquele Credo. Não podemos
reduzir a visão para encaixá-la nos sapatos; pelo
contrário, precisamos jogar fora os sapatos velhos e
tomar a pura palavra da Bíblia. Que todo o
cristianismo se oponha a nós. No fim, veremos qual
será o resultado. Na restauração do Senhor, temos
tanto a força que despedaça quanto a força
rechaçadora. Mais cedo ou mais tarde, o inimigo não
só será derrotado e subjugado; haverá também de se
render incondicionalmente. Deus está nos guiando
em triunfo (2 Co 2:14). A verdade é a verdade, José é
José, e Benjamim é Benjamim.

III. CONFIANDO
Gênesis 49:24 também fala do Pastor, da Pedra
de Israel, e o versículo vinte e cinco afirma: “Pelo
Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-
poderoso, o qual te abençoará”. Esses versículos
indicam o motivo de José e Benjamim haverem-se
tornado a consumação final e máxima: confiaram no
Poderoso de Jacó. Creram no Pastor de Israel e se
firmaram sobre a Rocha de Israel. Acreditaram no
Todo-suficiente. O equivalente no Novo Testamento
para confiar no Todo-suficiente acha-se em
Filipenses 4:13, que diz: “Tudo posso naquele que me
fortalece”. O equivalente ao Pastor de Israel
encontra-se em 1 Pedro 5:4, que diz que Cristo, o
Supremo Pastor, haverá de se manifestar. Por fim, o
equivalente no Novo Testamento à Pedra de Israel é
visto no próprio Cristo, a Rocha da igreja. A Primeira
Epístola aos Coríntios 10:4 diz: “E beberam da
mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma
pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”.
Na bênção profética de Jacó sobre José vemos
que a frutificação e a vitória deste saíram de sua
confiança no Senhor. Se quisermos ser os Josés e os
Benjamins de hoje, precisamos ser os que confiam no
Poderoso, no Pastor de Israel, na Rocha da igreja e
no Todo-suficiente. A minha consciência testifica que
sem confiar no Senhor, nada posso fazer. Se não oro
a respeito de tudo o que faço em Sua restauração, não
tenho paz. Oro por tudo o que faço em Sua
restauração, oro até ter paz e certeza. Antes de liberar
uma mensagem, oro por ela até estar totalmente
inspirado e fortalecido. A vida de José é uma vida de
confiança, uma vida que confia em Deus para o seu
viver. Esse é o segredo da sua frutificação e da sua
vitória.
Embora a linguagem poética seja econômica,
Jacó, sem dúvida, utilizou títulos diferentes para o
Deus que é digno de nossa confiança: “O Poderoso”,
“o Pastor”, “a Pedra”, “o Todo-suficiente” e “o Deus
de teu pai”. Não somos a primeira geração a confiar
em Deus; pelo contrário, somos uma das últimas.
Vemos o testemunho da confiança dos nossos
antepassados em seu Deus, e agora o seu Deus
tornou-se o nosso Deus. Assim, seguimos os seus
passos, para confiar em seu Deus, que é o Poderoso,
o Todo-suficiente, o Pastor, a Rocha e o Fundamento.
Aleluia! estamos permanecendo e confiando Nele!
Somos, portanto, frutíferos e vitoriosos.
MENSAGEM CENTO E SEIS

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DE JOSÉ E


BENJAMIM (2)
A profecia de Jacó relativa a seus doze filhos
termina com uma bênção que inclui dez itens. A
história desses doze filhos começa com um pecador,
isto é, começa com pecado, com um pecado grosseiro
e não refinado. No início, temos uma pessoa plena de
pecado; e, no fim, temos uma pessoa que recebe a
bênção universal. Assim, a profecia termina com a
bênção plena. Com José, tudo é bênção, e esta se
acha por toda parte. Há bênção sobre bênção.
A Bíblia é um livro maravilhoso; nenhuma
mente humana consegue compreendê-la totalmente.
Quanto mais a estudamos, mais percebemos quão
pouco realmente a conhecemos. Ela é muito
profunda. As dez bênçãos referentes a José, por
exemplo, requerem todos os outros livros para o seu
desenvolvimento.

IV. ABENÇOADO

A. Com as Preciosidades dos Céus


As primeiras são as bênçãos com as
preciosidades dos altos céus (49:25). As
preciosidades dos altos céus certamente incluem a
chuva e a neve. Tais preciosidades devem também
incluir os anjos, porque estes certamente nos são
uma bênção. São os nossos servos, e até mesmo se
acampam ao nosso redor (Hb 1:13-14; SI 34:7). Cada
crente tem ao menos um anjo. Atos 12, por exemplo,
fala do anjo de Pedra (v. 15) ; e, no Evangelho de
Mateus, o Senhor Jesus diz que temos anjos (18:10).
As coisas materiais do Antigo Testamento são
sombras da realidade do Novo. Neste, as bênçãos são
espirituais. Efésios 1:3 diz: “Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado
com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo”. Neste versículo, observamos as
palavras “bendito” e “bênção”. Somos abençoados
com todas as bênçãos espirituais nas regiões
celestiais. A palavra “regiões” não é encontrada no
texto original. É difícil dizer categoricamente a que se
refere o termo “celestiais”. Certamente deve incluir a
natureza celestial, a posição celestial, a condição
celestial, a situação celestial, a atmosfera celestial e o
âmbito celestial. As bênçãos espirituais são de
natureza celestial, numa situação e atmosfera
celestiais, e sob uma condição celestial. Em outras
palavras, todos os aspectos dessas bênçãos
espirituais são celestiais. E hoje estamos
desfrutando-as. De acordo com a realidade e
cumprimento do Novo Testamento, as preciosidades
dos altos céus são as bênçãos dos céus.
Efésios 1 revela que uma dessas bênçãos
celestiais é a escolha de Deus. Este não nos escolheu
na terra, mas nos céus. Nossa escolha, assim, é
celestial, de natureza celestial, ocorrendo sob uma
condição celestial e numa atmosfera celestial. Uma
segunda bênção espiritual é a predestinação. Esta
não é terrena; pelo contrário, é celestial. Após ter-nos
escolhido, Deus nos predestinou, marcando-nos nos
céus. Essa marca é celestial em natureza, em
atmosfera e em condição. Embora as pessoas do
mundo nada saibam das bênçãos celestiais, nós as
desfrutamos porque, do céu, fomos escolhidos e
predestinados por Deus. Todos fomos marcados e,
aonde quer que formos, carregamos essa marca
celestial, feita nos céus, antes da fundação do mundo.
Ela, portanto, não é terrena, mas celestial. A filiação
de Deus é outra bênção celestial mencionada em
Efésios 1. A redenção e o perdão também se incluem
entre essas bênçãos celestiais. Embora estejamos na
terra, desfrutamos, todavia, a redenção e o perdão
celestiais. Aquele que nos redimiu e nos perdoou é o
próprio Deus no céu. Nossa redenção e perdão
vieram dos céus. Além de tudo isso, existem também,
em Efésios 1, outros itens listados entre as bênçãos
espirituais.
A chuva e a neve celestiais também descem sobre
nós. Muitos não gostam de neve. Entretanto, os que
vivem onde há neve são freqüentem ente mais
saudáveis que os que vivem num clima quente.
Independentemente do nosso gosto, em nossa vida
espiritual, o nosso Pai celeste às vezes nos manda
neve. É saudável ficar fora, na neve; é também um
maravilhoso prazer. A chuva é boa, e a neve é
desfrutável. Tais são algumas das preciosidades dos
altos céus. Precisamos lembrar constantemente que
estamos sob a bênção das preciosidades do céu,
vindas da parte de Deus.

B. Com o Orvalho
José também foi abençoado com o orvalho (Dt
33:13). Este é uma bênção ainda mais refinada do
que a chuva e a neve. A Bíblia o utiliza para descrever
o favor misericordioso de Deus (Lm 3:22-23). Isso
indica que algo dos céus está sempre descendo sobre
nós. Parece não ser muito forte nem ousado; é fino e
suave, chegando mansa e gradativamente. Isto é o
orvalho. O Salmo 133 diz que a bênção sobre a
unidade dos irmãos é como o orvalho do Hermom,
que desce sobre os montes de Sião. O monte
Hermom, ao norte do monte Sião, é bem mais alto do
que este último. O orvalho do Hermom, para descer
sobre Sião, tem de ser por meio de um forte vento do
norte. O orvalho vem do norte. Não pense que só a
neve vem do norte; o orvalho também vem da mesma
direção. Às vezes, o Pai nos envia chuva; outras vezes,
envia neve; muito mais freqüentemente, porém, Ele
nos envia o orvalho. Todas as manhãs, a Sua
misericórdia é como o orvalho. Essa é a razão por que
precisamos manter a oração matinal. Se você não for
à oração matinal, perderá o orvalho. Depois que o sol
se levanta, o orvalho desaparece. Se quiser desfrutar
o orvalho, você precisa levantar-se cedo. Esse orvalho
não é tão frio, penetrante e problemático como a
neve. Ele vem dos céus, por força do sopro do vento
norte. Mas quando ele vem, chega suave, tranqüila e
gradativamente. Se considerar sua experiência, você
perceberá que já teve alguma experiência do orvalho.
Esse orvalho que vem sobre nós molha-nos um pouco
de cada vez. Como ele é suave e fino!

C. Com as Profundezas-as Fontes


Tanto Gênesis 49 quanto Deuteronômio 33
dizem que José foi abençoado “com bênçãos das
profundezas”. Isso deve referir-se às fontes
profundas sob a terra. As bênçãos sobre ele começam
por cima com o céu, continuam no ar com a neve e o
orvalho, indo depois até às fontes na terra. Pela
menção do orvalho e das profundezas-das fontes-
percebemos que as preciosidades dos altos céus, sem
dúvida, devem referir-se à chuva e à neve. De acordo
com o Novo Testamento, a verdadeira fonte não está
sob a terra; está dentro de nós. João 4:14 diz: “Aquele,
porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais
terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu
lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida
eterna”. Temos uma fonte de vida divina a jorrar de
dentro de nós. Que bênção! Estamos, portanto,
constantemente recebendo e desfrutando as bênçãos
que vêm de cima, de dentro e do ar. Algumas das
bênçãos superiores são como chuva e neve; algumas
das interiores são como fontes; e algumas das
localizadas no ar são como orvalho. Nós, cristãos, os
Josés de hoje, estamos totalmente sob essas bênçãos.

D. Com os Preciosos Frutos Gerados pelo Sol


Deuteronômio 33:14 fala da bênção “dos
preciosos frutos gerados pelo sol” (hebr.). Os frutos
das plantas são produzidos pela luz solar. Sem esta,
nenhuma árvore frutífera poderia crescer
adequadamente. Muitos frutos são, na verdade,
formados, e até mesmo constituídos da luz solar.
Sendo o sol um tipo de Cristo, os frutos espirituais
gerados por ele representam todas as riquezas de
Cristo. No universo, e principalmente para nós,
Cristo é o verdadeiro sol. Em Efésios 3:8, Paulo fala
de Suas insondáveis riquezas. Quase todas as
riquezas de Cristo são itens que foram processados.
Ele, por exemplo, é a nossa vida, mas esta não é uma
vida “bruta”; é uma vida processada. A vida que Dele
recebemos e pela qual vivemos é uma vida
processada. Cristo tem muitos frutos preciosos, e a
vida é um deles. A paciência é outro. Esta, todavia, é
uma paciência processada. Cristo é também a nossa
submissão; mas esta é uma submissão processada. É
fácil dizer que Ele nos é tudo; todavia, não é fácil
relacionar todos os aspectos do que Ele é para nós.
Precisamos reunir-nos com a finalidade de ter
comunhão sobre as riquezas de Cristo e relacioná-las.
Mas não fale sobre elas de maneira objetiva; pelo
contrário, relacione todos os aspectos subjetivos de
Cristo.
Fruto é o que vem a existir após passar por
determinado processo. Todas as riquezas de Cristo
são frutos, e todo fruto passou por um processo.
Todas as Suas riquezas são bênçãos, e nós estamos
hoje debaixo delas. Estou aqui falando não só das
riquezas de Cristo, mas das Suas riquezas como
bênçãos para nós. Todo item das Suas riquezas é uma
bênção. Que bênção é estar sob a paciência de Cristo!
E que bênção é estar sob o Seu encorajamento! Sou
encorajado por Ele, e Ele é o meu encorajamento.
Esse é um fruto processado que desfruto hoje. A
Bíblia também diz que Ele é o nosso caminho (Jo
14:6). Freqüentemente nos sentimos sem um rumo
para lidar com determinadas situações. Mas a nossa
experiência prova que Cristo é o nosso caminho.
Precisamos confiar Nele, viver por meio Dele e torná-
Lo como o nosso tudo. Quando precisamos sair de
uma dificuldade, Cristo é o caminho. Ele é também a
maneira de lidarmos com as situações. Isso não nos é
uma bênção? Tudo o que Cristo é, é uma bênção. As
Suas riquezas são os frutos preciosos gerados pelo sol.

E. Com as Preciosidades Reveladas pela Lua


Deuteronômio 33:14 também fala das
“preciosidades reveladas pela lua” (hebr.). O Espírito
Santo jamais usa uma palavra errada na Bíblia.
Observe que esse versículo diz que o sol gerou, mas
que a lua revelou. O sol produz, mas a lua não. Assim,
o fruto é gerado pelo sol, mas as preciosidades são
reveladas pela lua. Em realidade, Cristo é o sol, e a
igreja é a lua. Os frutos são gerados por Ele, mas são
revelados por ela. Um deles é o perdão, e o outro é a
justificação. Outros frutos revelados pela igreja são
reconciliação, redenção e vida eterna. Recebemos
perdão, justificação, reconciliação, redenção e vida
eterna não diretamente de Cristo, mas indiretamente,
por meio das igrejas.
A Primeira Epístola aos Tessalonicenses 2:14 diz:
''Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores
das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo
Jesus”. Este versículo indica que as igrejas dos
gentios seguiam as igrejas da Judéia. As igrejas da
Judéia haviam sido estabelecidas há mais tempo, e
aprenderam e experimentaram uma série de coisas.
Tudo o que aprenderam e experimentaram foi
revelado às igrejas dos gentios, e estas se deleitaram
com o seu fruto. Quase todas as riquezas de Cristo,
que desfrutamos dia a dia, não vêm diretamente Dele,
mas vêm indiretamente, por meio das igrejas. Tudo o
que a igreja em Anaheim desfruta e experimenta será
revelado a todas as outras igrejas, e o que as outras
igrejas experimentam será revelado à igreja em
Anaheim. Recentemente, as igrejas em Formosa nos
ajudaram a comer e digerir as mensagens de Estudo-
Vida. Esse é um fruto revelado por elas. As bênçãos
sobre nós incluem todas as experiências da igreja.

F. e G. Com as Melhores Coisas dos Montes


Antigos e com as Preciosidades dos Outeiros
Eternos
Gênesis 49:26 fala da bênção “até ao cimo dos
montes eternos”, e Deuteronômio 33:15 diz: “com o
que é mais excelente dos montes antigos, e mais
excelente dos outeiros eternos”. As palavras “antigo”
e “eterno” indicam que esta bênção se refere ao
tempo; mas as palavras “montes”, “outeiros” e “cimo”
indicam que a bênção também se refere ao espaço. O
tempo e o espaço juntos equivalem ao universo. Este
versículo, então, indica que a bênção sob a qual
estamos é universal, da eternidade passada à futura,
e das montanhas antigas aos outeiros eternos,
chegando mesmo ao limite máximo. Isto, é claro, é
linguagem poética, e indica que as bênçãos sob as
quais estamos são universais, incluindo todo o tempo
e espaço. A menção das montanhas e dos outeiros
implica que a planície está incluída, porque é
impossível chegar ao monte sem passar por ela. Os
montes, os outeiros e o cimo, portanto, incluem tudo
do espaço, até mesmo o salão de reunião e o local da
sua residência. A bênção universal é longa e ampla, e
vai da eternidade passada à futura. É tão espaçosa
que não conseguiremos viajar por ela toda. A bênção
sob a qual estamos está em toda parte. Toda hora-
manhã, tarde e noite, dia e noite-é hora de bênção.
Quando entrar no novo céu e na nova terra, você
notará que, em todo o tempo e em todo lugar, haverá
uma bênção. Naquela hora, não haverá mais mar,
querendo significar que não mais haverá maldição. O
universo todo será uma bênção. No espaço, haverá
bênção; e, no tempo, haverá bênção. O novo céu e a
nova terra nada mais serão do que uma bênção.
Naquela hora, você compreenderá que a nossa
bênção vai da eternidade passada à futura, e dos
montes antigos aos outeiros eternos, chegando
mesmo ao limite máximo. Em todo o tempo e lugar,
estamos debaixo dela.

H. Com as Preciosidades da Terra e Sua


Plenitude
Deuteronômio 33:16 fala do “que é mais
excelente da terra e da sua plenitude”. Em 1 Coríntios
3:21-22, descobrimos uma palavra correspondente
no Novo Testamento: “Porque tudo é vosso: seja
Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a
vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam
as futuras, tudo é vosso”. De acordo com estes
versículos, “tudo” inclui a morte. Assim, até mesmo a
morte, que inclui todas as coisas negativas, é uma
bênção. Nós, filhos de Deus, somos um povo
abençoado. Somos os Josés sob a bênção de Deus.
Quando jovem, fiz muitas escolhas. Disse, por
exemplo, ao Senhor, que queria ter saúde, e não
doenças, e que não queria sofrer determinadas coisas.
Queria ter tudo o que fosse bom. Por fim, todavia, a
escolha não dependeu de mim. As coisas não
ocorreram de acordo com a minha escolha. Quando
entrei, inicialmente, para o ministério do Senhor,
orei muito e Lhe pedi que me desse um cooperador
que fosse sempre adequado, nem muito forte, nem
muito fraco. Em minha oração, eu dizia: “Senhor, Tu
me conheces e sabes o que preciso. Preciso de uma
pessoa adequada, alguém que não seja muito rápido
nem muito lento”. Hoje, porém, não gosto de ter
qualquer escolha. Às vezes, o cooperador que não
parece tão bom aos meus olhos acaba sendo aquele
que se toma a maior bênção para mim.
O mesmo é verdade na vida conjugal e na vida
familiar. É-me difícil dizer a qualquer um qual tipo
de esposa é melhor. Quando jovem, eu poderia dizer-
lhe; hoje, não. Talvez a esposa que lhe pareça a pior
acabe se tomando a maior bênção. Você precisa crer
que todas as coisas-inclusive uma esposa difícil de se
conviver-são bênçãos. Além disso, quer sejam seus
filhos bonzinhos ou travessos, eles lhe são uma
bênção. Muitas vezes, as crianças peraltas são uma
bênção maior do que as boazinhas. Você pode pedir
ao Senhor filhos bonzinhos; mas Ele poderá dar-lhe
filhos travessos. Entretanto, até os peraltas são uma
bênção.
É até mesmo uma bênção termos algo roubado
de nós. Quando algo me era roubado em minha
juventude, ficava muito zangado. Mas, hoje, não faz
diferença se você me dá algo ou se o rouba de mim.
Não faz diferença se ganho ou perco mil dólares.
Talvez perder uma grande quantidade de dinheiro
seja bênção maior do que receber a mesma
importância. Mas uma coisa eu sei-tudo é bênção,
tudo é lucro. Quando jovem, entretanto, eu perdia
minha paz por muitas horas, até mesmo ao perder
um lenço. Hoje, porém, se perdesse algo equivalente
a mil dólares, eu ainda teria paz para dormir muito
bem. Sofrer pela perda de algo assim indica que você
está debaixo de maldição. Quando as pessoas do
mundo perdem, mesmo uma pequena quantia em
dinheiro, elas não conseguem dormir. Mas se
perdermos uma grande quantia, ainda poderemos
louvar ao Senhor pela bênção que tal perda nos
acarretará. Sou abençoado por não ser tocado por
uma perda específica. Pelo fato de estarmos sob a
bênção, nenhuma perda nos é realmente perda.
Embora ainda não estejamos no novo céu e na nova
terra, já temos um antegozo. Precisamos de visão
para perceber que somos os Josés de hoje e que tudo
nos é uma bênção.
Não gosto dos boatos que estão sendo
espalhados a nosso respeito. Mas os outros podem
testificar por mim que louvo ao Senhor porque todos
esses rumores nos são bênçãos. São uma forma de
propaganda gratuita. Por causa deles, meu nome
tomou-se famoso em todo o mundo. Não precisei
pagar nada por toda essa propaganda. Jamais fui à
América Central ou à África, mas o meu nome é
conhecido por lá. Assim, até os boatos são uma
bênção.
O fato de todas as coisas serem ou não bênçãos
não depende do que acontece: depende de quem
somos. Se somos Josés, tudo é bênção; mas se somos
Rúbens, tudo é maldição. O meu encargo nesta
mensagem é impressioná-los com o fato de que tudo
nos é bênção. Não há necessidade de listar todos os
itens da bênção universal em pormenores. Tudo é
bênção. Isso não é mera doutrina; é o que tenho
experimentado.
Nada me perturba porque percebo que tudo vem
de meu Pai. Tudo-bom ou mau, positivo ou negativo-
é uma bênção. Todos precisamos crer nisso. Mesmo
que percamos algo, tal perda será uma bênção. Paulo
disse que tudo é nosso, seja Paulo, Pedro, Apolo, vida,
morte ou qualquer outra coisa. Antes éramos Rúbens,
mas agora somos Josés. Enquanto formos Josés,
tudo o que acontecer será uma bênção. Se você me
odeia, isso é uma bênção; se me ama, isso também é
uma bênção. Se me rouba, isso é uma bênção; se me
dá algo, isso também é uma bênção. Não importa
como você me trata-com amor ou com ódio-, o que
você me faz é uma bênção. Se você nada fizer, isso
também será uma bênção. Sou totalmente abençoado.
Por não ser um Rúben, mas um José, sou uma pessoa
abençoada. Louvado seja o Senhor, porque na igreja
somos Josés!
Veja a experiência de José. Ele foi odiado e
traído pelos irmãos, e posto em algumas situações
difíceis. Tudo o que lhe aconteceu, entretanto,
resultou em bênção. O que os seus irmãos fizeram
redundou em bênção. Quando se deu a conhecer a
eles no Egito, disse: “Agora, pois, não vos entristeçais,
nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes
vendido para aqui; porque para conservação da vida,
Deus me enviou adiante de vós” (45:5). José também
disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra
mim; porém Deus o tomou em bem” (50:20). José
parecia dizer: “Não precisam ficar com medo de mim,
nem se preocupar com o que lhes farei, pois tudo o
que me fizeram foi uma bênção”. Tudo no universo
nos é uma bênção. O tempo, o espaço, os céus, a terra,
o ar, as coisas por sob a terra, todas as pessoas, todos
os problemas e todas as coisas-tudo nos é uma
bênção. Oh! precisamos crer nisto! Nos primeiros
dias, considerava isso como mera crença, mas agora
posso testificar com um coração honesto que, em
minha experiência, ocorre realmente assim. Tudo o
que nos acontece é uma bênção.
Na profecia com bênção de Jacó existe uma
condição para a bênção dos dez primeiros filhos, mas
não ocorre o mesmo com relação a José. A bênção
deste é incondicional. Se enxergarmos isso,
haveremos simplesmente de orar: “Senhor, não sei o
que é bom ou mau. Senhor, tão-somente oro para
que a Tua vontade seja feita”. Tudo depende de você
ser um Rúben ou um José. Isso não depende dos céus,
da terra, do ar ou de qualquer outra coisa. Se você for
um Rúben, tudo lhe será maldição e perda; mas, se
for um José, tudo lhe resultará em ganho. Nada no
céu, na terra ou sob a terra lhe poderá ser perda; pelo
contrário, todas as coisas cooperarão para o seu bem,
uma vez que você ama ao Senhor (Rm 8:28). Até
mesmo a coisa mais insignificante coopera para o seu
bem. Os seus vizinhos, parentes e amigos, todos
cooperam para o seu bem, porque você é abençoado.
Todos os cristãos do Novo Testamento são Josés.
Você pode não se sentir um José, porém o Senhor diz
que é. Uma vez que você é um crente, não é mais um
Rúben, mas um José. Por ser um José, tudo o que lhe
acontece é uma bênção. Céu, terra, neve, chuva,
orvalho e tudo sob a terra lhe são uma bênção. Essa é
a razão para o Novo Testamento dizer-nos que
agradeçamos ao Senhor por todas as coisas (Ef 5:20;
1Ts 5:18). Fico a imaginar se os pais de crianças
peraltas alguma vez já agradeceram ao Senhor por
suas crianças travessas. Se você tem um filho peralta,
precisa agradecer ao Senhor, dizendo: “Senhor, como
Te agradeço por essa criança peralta. Senhor,
agradeço-Te por essa criança rebelde e briguenta.
Que bênção ela me é! “ Se tal criança permanecer um
Rúben, tudo para ela será maldição; mas, se ela crer
no Senhor, haverá de se tornar um outro José, e tudo
o que lhe acontecer posteriormente será uma bênção.
Se você ler cuidadosamente o Novo Testamento, verá
que os crentes são um povo abençoado. Somos
aqueles que estamos sob a bênção universal. É por
essa razão que não devemos amaldiçoar a ninguém
(Rm 12:14). Pelo fato de tudo nos ser uma bênção,
não podemos senão abençoar os outros. Ainda que
eles nos façam algo mau, isso resultará em bênção.
Assim, não há necessidade de os amaldiçoarmos;
pelo contrário, devemos abençcá-los. Podemos dizer:
“Obrigado por odiar-me. Deus o abençoe. O seu ódio
me é uma bênção. Posso abençoá-lo em qualquer
circunstância. Se você me tratar bem, eu o-
abençoarei; se me tratar mal, ainda o abençoarei”.
Louvado seja o Senhor por sermos tal povo
abençoado!
Se você vir isso, perceber-se-á debaixo da bênção
de Deus. Todavia, freqüentemente, ainda falamos de
maneira natural. Quando ganhamos algo,
agradecemos ao Senhor por Sua bênção; mas quando
perdemos, geralmente não Lhe agradecemos.
Precisamos ter a visão de que somos Josés, de que
somos o povo abençoado, de que estamos debaixo da
Sua bênção. A tudo o que nos acontece, bom ou mau,
devemos dizer: “Aleluia! Louvado seja o Senhor! Isso
é uma bênção”.
Freqüentemente perguntamos às pessoas: “Você
é salvo? “
Mas agora devemos aprender a perguntar-lhes:
“Vocês são abençoados?” Sempre que nos fizerem tal
pergunta, nós devemos replicar: “Sim, somos
abençoados”. Os fundamentalistas freqüentemente
falam dos cristãos como sendo pessoas redimidas
pelo sangue e regeneradas pelo Espírito. Precisamos
aprender a dizer que somos as pessoas
universalmente abençoadas. O nosso lar, família e
tudo o que nos pertence é uma bênção, não
importando quão más as coisas às vezes possam estar.
Nunca sabemos qual será o resultado. Hoje, algo
parece ser bom, mas poderá tornar-se mau amanhã.
Determinada coisa, entretanto, poderá parecer muito
má e depois tornar-se boa. Somente o Senhor sabe.
Se as coisas são boas ou más, o resultado é o mesmo.
Não faz qualquer diferença se os nossos filhos são
bonzinhos ou travessos, se o nosso esposo ou esposa
é alguém de fácil ou difícil convivência. Para José,
tudo é uma bênção. Se você vir isso, desfrutará
descanso e paz. E dirá: “Aleluia! Fomos escolhidos,
predestinados, chamados e salvos, e agora estamos
sendo abençoados”. Somos o povo abençoado, os que
estão debaixo da bênção de Deus; e tudo nos é uma
bênção. Todas as coisas são nossas.
MENSAGEM CENTO E SETE

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DE JOSÉ E


BENJAMIM (3)
Como já enfatizamos diversas vezes, o relato da
bênção de Jacó, encontrado em Gênesis 49, principia
com um pecador e termina com a bênção universal e
a habitação eterna. Se tivermos um conhecimento
apropriado da Bíblia, veremos que toda ela resulta na
bênção universal de Deus e em Sua eterna habitação.
Pela eternidade estaremos sob a bênção universal,
para sermos a Sua eterna habitação. Assim será o
novo céu e a nova terra com a Nova Jerusalém. O
novo céu e a nova terra estarão numa atmosfera de
bênção universal. Estaremos sob essa bênção, a fim
de podermos estar na Nova Jerusalém. De acordo
com o quadro de Apocalipse 21 e 22, nada haverá no
ambiente do novo céu e da nova terra, exceto bênção
e bênção sobre bênção. Tudo naquele ambiente será
uma bênção para a Nova Jerusalém, a habitação
eterna de Deus. Nós, o Seu povo escolhido, seremos
aquela habitação dentro da bênção universal e
debaixo dela. Tal será a consumação final e máxima
da revelação da Bíblia.
É muito interessante ver que o curto registro da
bênção profética de Jacó resulta na mesma conclusão
da Bíblia como um todo. Embora não haja pecado
nos dois primeiros capítulos de Gênesis, ele entra em
cena no capítulo 3. O pecador de Gênesis 3 era um
verdadeiro Rúben. Nos dois últimos capítulos da
Bíblia, entretanto, haverá o verdadeiro José e
Benjamim. Podemos dizer que José é o sinal da
bênção universal. Todas as bênçãos estão sobre a
cabeça daquele que foi distinguido entre seus irmãos.
Benjamim é o símbolo da habitação eterna de Deus.
Aleluial a igreja, na restauração do Senhor, é uma
miniatura da bênção universal e da eterna habitação!
Nas igrejas temos bênção sobre bênção. Debaixo
dessas bênçãos, somos a habitação de Deus.
Essas duas coisas-bênção e habitação-são
encontradas nas epístolas do Novo Testamento.
Poucos cristãos, provavelmente, atentaram para
esses seus aspectos. Mas essas duas palavras
fornecem o esboço das epístolas, já que todas elas
falam da bênção de Deus. Tome Efésios como uma
ilustração representativa. Efésios 1:3 diz: “Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas
regiões celestiais em Cristo”. Temos aqui a questão
das bênçãos. Efésios 1 :23 fala do Corpo e 2:22 fala da
habitação, ambos símbolos da habitação de Deus. Em
Efésios 3:16-17, o apóstolo Paulo orou para que o Pai
nos fortalecesse pelo Seu Espírito no homem interior,
de modo a poder Cristo fazer Seu lar em nosso
coração. Logo, no curto livro de Efésios, tanto se
relatam as bênçãos quanto a habitação. Deus nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos céus,
com o propósito de podermos ser transformados em
Sua habitação.
Se você me pedir que lhe diga o que as epístolas
revelam, eu direi que revelam a questão da bênção e
da habitação. Para vermos isso, entretanto,
precisamos de luz e visão. Sem estas, poderemos ler
diversas vezes as epístolas e somente perceber coisas
como a ordem para a esposa se submeter ao marido e
para este amar a esposa, para remir o tempo, para ser
diligente e para amar ao próximo. Se lermos as
epístolas com nossa visão natural, sem a luz e a visão,
enxergaremos nelas no máximo esses três pontos
menores, e perderemos a bênção e a habitação. O
Novo Testamento se preocupa com as questões da
bênção e da habitação.
Muitos pontos excelentes e maravilhosos são
vistos em Gênesis 49. Como agradeço ao Senhor por
ser Rúben o primeiro filho de Jacó, e por serem José
e Benjamim os dois últimos! Se estes fossem os dois
primeiros e Rúben, o último, tudo estaria em ordem
inversa. Louvado seja o Senhor por havermos sido
Rúbens um dia, e sermos agora Josés e Benjamins!
Posso testificar que sou o José e o Benjamim de hoje.
Dia e noite estou sob a bênção de Deus e sou o Seu
lugar de habitação. Mesmo os jovens de Primeiro e
Segundo grau devem ser Josés e Benjamins. Antes de
entrarmos para a igreja, jamais havíamos percebido o
significado desses dois. Mas se nós, na restauração
do Senhor, não somos os Josés e os Benjamins, então
quem serão eles? Você não é um José e um
Benjamim? Você não está sob a bênção universal de
Deus e não é a Sua eterna habitação? Sendo eu o
Benjamim de hoje, Deus habita em mim, e não
apenas isso, mas entre meus ombros.

I. Com as Bênçãos dos Seios e da Madre


Nas mensagens anteriores, vimos os oito
primeiros aspectos da bênção universal. Em sua
bênção a José, Jacó utilizou várias expressões
poéticas, como os montes antigos, os outeiros eternos
e o cimo destes. Essas expressões particulares
indicam tempo e espaço: todo o tempo, das eras
antigas até à eternidade; e todo o espaço, do céu até
debaixo da terra. Logo, elas se referem à bênção
universal, porque a soma de tempo e espaço equivale
ao universo. Temos uma bênção que preenche o
universo inteiro. Ao longo do tempo e do espaço,
estamos sob essa bênção. A bênção de Deus preenche
o universo, da eternidade passada à futura, e desde
os altos céus até às profundezas da terra. Em todo
lugar e em todo tempo, nada existe exceto bênção.
Oh! todos precisamos ter essa visão e percepção! Não
há necessidade de esperar pela vinda do novo céu e
da nova terra, porque hoje, na vida da igreja, estamos
no antegozo dessa bênção universal.
Embora universais, os oito primeiros itens da
bênção concedida a José ainda assim são comuns. Se
você os examinar verá que nada de vida está
envolvido; tampouco existe algo de habitação. Por
essa razão, precisamos considerar os dois últimos
itens, um dos quais envolve vida, e o outro, habitação.
Lembre-se de que o registro de Gênesis 49 é poético,
e a poesia freqüentemente utiliza símbolos. Uma
figura ou símbolo pode tomar o lugar de mil palavras.
Sob a inspiração de Deus, em 49:25, Jacó falou das
“bênçãos dos seios e da madre”. Nesta afirmação
profética, o útero (madre) representa a produção de
vida, a sua geração; e os seios simbolizam o seu
suprimento. Em Sua criação, Deus somente
abençoou as criaturas vivas e o homem (1:22, 28) ;
não abençoou Sua obra efetuada nos quatro
primeiros dias: não abençoou o sol, a lua, as estrelas,
nem a vegetação sobre a terra. Mas no quinto dia
abençoou as criaturas vivas das águas e as aves do ar;
e, no sexto, abençoou o homem. Assim, entre todas
as obras de Sua criação, Deus abençoou somente as
criaturas vivas e o homem. Isso nos impressiona pelo
fato de que Deus é pela vida. Sua intenção é ter a vida
geradora. O fato de José ter sido abençoado com as
bênçãos do útero e dos seios mostra-o abençoado
com a vida que gera e nutre. Essas figuras não devem
ser aplicadas à vida animal ou humana, mas à vida
eterna. Esta última é a vida mais elevada, mais
produtiva. No Novo Testamento observamos que a
vida geradora não é a animal nem a humana, mas a
vida eterna. Hoje, nós, na igreja, estamos
experimentando a vida eterna como vida geradora.
Os muitos itens da bênção, na igreja, incluem os seios
e o útero: a vida que gera e a que nutre.
Veja a figura apresentada por Apocalipse 21 e 22.
Nesses capítulos temos o novo céu, a nova terra e a
Nova Jerusalém. Nesta se localiza o rio da água da
vida. Neste rio de vida cresce a árvore da vida. Em
todo o novo céu e a nova terra com a Nova Jerusalém,
o item central é a vida que flui. Sem dúvida, todos os
outros aspectos da bênção universal acham-se
presentes, como a bênção dos céus, do orvalho, da
terra e das coisas sob a terra. Mas Apocalipse 21 e 22
não menciona as outras coisas. Tais capítulos
mencionam tão-somente o fluir da vida com a árvore
da vida, algo que proporciona nutrição. Se você
simplesmente ler Gênesis 49 de acordo com a letra
impressa, não verá a questão da vida que gera e nutre.
Você precisa entrar no significado espiritual das
expressões poéticas utilizadas neste capítulo. Aleluia!
na vida da igreja temos a bênção da vida, a bênção
dos seios e do útero, a bênção do rio que flui!
Se tivermos todas as bênçãos, com exceção da
bênção dos seios e do útero, isso significa que
estaremos sem a vida que gera e nutre. Se for esse o
caso, seremos uma igreja pobre. Se os animais e os
seres humanos que procriam forem levados da terra,
o significado todo do universo se perderá. O
significado do universo depende da vida animal e
principalmente da vida humana. Suponha que no
Brasil houvesse grama, flores e árvores, mas não
houvesse animais nem seres humanos. Quando
vissem tal situação, os anjos diriam existir abundante
bênção, mas inexistir vida. Mas os anjos estão felizes
por verem tantas criaturas vivas na terra. Na vida da
igreja, desfrutamos o útero e os seios, o gerar e o
nutrir. Na vida da igreja, hoje, certamente temos uma
vida que flui. Na Nova Jerusalém, tê-la-emos ainda
mais.

J. Com o Beneplácito Daquele que Habitava


na Sarça
Finalmente José foi abençoado com “a
benevolência daquele que apareceu na sarça” (Dt
33:16 ). O último item da bênção universal é a
habitação de Deus. O que habita na sarça tem uma
benevolência1, uma boa vontade. Alguém que tenha
morado numa sarça haverá de esperar ter um lar
melhor. Se você vivesse numa sarça, seu bom prazer
seria ter um lar melhor. Eu não gostaria de viver com
você na sarça, mas gostaria de ter sua companhia
num lar melhor. Suponha que um jovem que viva
numa sarça deseje desposar determinada moça. A
boa vontade daquele que habita na sarça é viver com
sua esposa numa casa boa após o casamento. Antes
de o tabernáculo ter sido erigido, o Senhor habitou
na sarça (Êx 3:4). Conduziu Seu povo-os filhos de
Israel-para fora do Egito, com a intenção de que eles
Lhe edificassem primeiramente o tabernáculo e
1
N. do R.: Beneplácito, em latim é “bene + placere”, ou “bom prazer”.
depois um templo. Moisés teve uma visão de Deus na
sarça, e Este lhe falou, proveniente da sarça. Em
Levítico 1:1, porém, Deus falou-lhe, proveniente do
tabernáculo. Deus abençoou os filhos de Israel com
essa boa vontade. Esta é a Sua melhor boa vontade,
com a qual abençoou Seu povo escolhido. Abençoou
aos filhos de Israel com a melhor bênção-a Sua
habitação. Que bênção poderia ser maior do que
essa? Por fim, Arão, um pecador, foi capacitado para
entrar na presença de Deus, no Santo dos Santos.
Que bênção poderia ser maior? A bênção mais
elevada é entrar na habitação de Deus e permanecer
em Sua presença. E nós nos tomamos essa habitação.
Neste ponto, quero enfatizar que não
conseguimos compreender a Bíblia de acordo com o
nosso conceito natural. Embora possa lê-la e ser
capaz de recitar muitos versículos, você nada poderá
ver até que venha a visão. Se você ouvir essa palavra
sobre a habitação de Deus, Êxodo lhe será um livro
novo. Este começa com a visão de Deus na sarça
falando a Moisés, com a intenção de que este, um dia,
guiasse os filhos de Israel para fora do Egito, deserto
adentro, para Lhe erigirem um tabernáculo. Que
bênção! Em todo o Antigo Testamento não há bênção
mais elevada, maior, nem mais doce, do que a bênção
do lugar da habitação de Deus. Freqüentemente os
salmistas expressaram o seu desejo de estar no
templo de Deus. O Salmo 84:10 diz: “Pois um dia nos
teus átrios vale mais que mil, prefiro estar à porta da
casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da
perversidade”. Bênção alguma é tão doce ou elevada
quanto a bênção da habitação de Deus. Esta é a
bênção final e máxima.
A Nova Jerusalém é chamada de tabernáculo de
Deus. Quando se tomou carne, o Senhor Jesus era o
tabernáculo de Deus (Jo 1:1, 14). Era também o Seu
templo (Jo 2:19, 21). Após Ele, a igreja foi edificada,
para ser o Seu templo (1 Co 3:16). Por fim, toda a
Nova Jerusalém será um tabernáculo eterno, a
bênção central entre as bênçãos de Deus. O novo céu
e a nova terra serão uma bênção, mas o centro de tal
bênção será a Nova Jerusalém, o Seu tabemáculo. Na
Nova Jerusalém, Deus habitará conosco, e nós
habitaremos com Ele.

V. HABITANDO

A. Ao Lado do Senhor, entre os Ombros de


Benjamim
Gênesis 49:27 diz que Benjamim é “lobo que
despedaça”, mas Deuteronômio 33:12 diz dele: “O
amado do Senhor habitará seguro com ele: todo o dia
o Senhor o cobrirá, e ele habitará entre seus ombros”
(hebr.). Para o inimigo, Benjamim é um lobo que
despedaça; todavia, de acordo com Deuteronômio,
ele é o amado do Senhor. Como um lobo que
despedaça poderia ser o amado do Senhor? O Senhor
ama a Benjamim, o lobo que despedaça, porque o
lugar da Sua habitação se localizava em seu território.
Muitos cristãos pensavam que Jerusalém, onde se
localizava o templo era território de Judá. Jerusalém,
contudo, está no território de Benjamim, bem perto
de Judá. Os reis saíram de Judá, mas a capital,
Jerusalém, estava em Benjamim. A capital era o ar da
habitação de Deus. De acordo com a geografia, o
território de Benjamim tem a forma de dois ombros,
e Jerusalém se localiza entre os dois. Assim, o Senhor
habitou re os ombros de Benjamim.
É a cabeça, sem dúvida, que habita entre os dois
ombros do nosso corpo. Isso indica que o morador de
Deuteronômio 33:12 é o Cabeça. O próprio Deus, que
habita no templo, é o Cabeça. Isso significa que, na
habitação de Deus, existe o encabeçamento, o
senhorio. A linguagem de Deuteronômio 33:12 é
poética. Anos atrás, esse versículo me era
inteiramente um mistério. Não sabia o que
significava Deus habitar entre os ombros de
Benjamim. Mas após anos de estudo da Bíblia de
experiências com o Senhor comecei a compreender.
Se você considerar sua experiência, perceberá como é
real o fato de Deus habitar entre os nossos ombros,
para ser o nosso Cabeça. Sempre que temos a
habitação de Deus, temos o encabeçamento. Por essa
razão, existe o trono dentro da cidade da Nova
Jerusalém.
Deuteronômio 33:12 também diz que o Senhor
cobrirá Benjamim o dia todo. Como o Senhor cobriu
a Benjamim? O Tabernáculo era uma cobertura, pois
Apocalipse 7:15 diz: “E aquele que se assenta no
trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo”. O
edifício de Deus é um tabernáculo, e um Tabernáculo
é uma cobertura. Esse tabernáculo tanto é Cristo
quanto a igreja. Estamos hoje sob a cobertura de
Cristo e sob a cobertura da igreja, porque tanto Cristo
como a igreja são o lugar de habitação coberto por
Deus, sob o qual estamos morando.

B. Benjamim Habita Seguro ao Lado do


Senhor
Deuteronômio 33:12 diz que Benjamim habitará
seguro ao lado do Senhor. Ele será Seu vizinho. Por
viver na porta ao lado do Senhor, ele habitará em
segurança. De semelhante modo, enquanto vivermos
ao lado do Senhor, estaremos seguros. Embora
possamos não ter ainda muita experiência, podemos,
todavia, testificar que somos os Benjamins de hoje,
que Deus tem o Seu lugar de habitação entre os
nossos ombros, e que todo o nosso ser está debaixo
de Sua cobertura. Ele é o Senhor, e o Seu trono real
está conosco. Temos Sua habitação, Ele está aqui, e
estamos habitando ao Seu lado. Deus e nós somos
vizinhos. Que bênção!
Se você tomar esse conceito de habitação de
Deus encontrado no primeiro livro da Bíblia e ler à
luz dele os Salmos, estes se lhe tornarão novos. O
livro todo de Salmos fala da habitação de Deus.
Muitos versículos dizem respeito à cidade, ao templo,
à casa, ao lugar de habitação ou ao tabernáculo. Se os
colocarmos todos juntos, veremos que os Salmos
dizem tão-somente respeito à habitação de Deus. Foi
num deles que Moisés disse: “Senhor, tu tens sido a
nossa morada de geração em geração” (SI 90:1,
hebr.). Se quisermos tomar o Senhor como nossa
habitação, precisamos primeiramente ser a habitação
Dele. Se Ele não tiver moradia erigida na terra,
jamais poderemos tê-Lo como nossa habitação. Mas
quando Ele tiver uma habitação na terra, Ele se
tornará a nossa habitação, e nós nos tornaremos a
Dele. Isso é o que se chama mútua habitação,
revelada em João 14 e 15, principalmente nas
palavras: “Morai em mim e eu morarei em vós2“ (Jo
15:4, lit.). “Morai em Mim” – essa é a nossa
habitação; “e Eu morarei em vós”-essa é a Sua
2
N. do T.: A palavra no grego é meno, denotando permanecer, ficar, morar (cf. Wuest, Vine, Bötling,
Zerwick, Abbote-Smith, Isidro Pereira, Taylor). Assim sendo, o sentido aqui indica permanecer e
também morar.
habitação. Em João 14:23, o Senhor Jesus disse
claramente: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e
faremos nele morada”. Seremos a habitação de Deus,
e Ele será a nossa. Se todos louvarmos ao Senhor por
isso, estaremos com Ele em Seu lugar de habitação.
O último dos dez aspectos da bênção universal é
a questão da habitação. Assim, por fim, todas as
bênçãos se consumarão na habitação. Deus nos dá
muitos itens de bênção, para que possamos ser Sua
habitação. Por que Deus o salvou? Foi para a Sua
habitação. Por que Ele lhe concede graça sobre
graça? Para a Sua habitação. Por que Ele, hoje, está
fazendo tudo para você? Tudo é para a Sua habitação.
Todas as bênçãos resultam na habitação de Deus.
Esse é o Seu beneplácito, o desejo de Seu coração. O
que Ele quer é um lugar de habitação.
Isso é revelado em Isaías 66:1-2. Em 66:1,
verificamos que o céu é o trono de Deus e a terra é o
estrado de Seus pés; mas Ele ainda não tem um lugar
de descanso. Muitos cristãos pensam ir para o céu.
Para eles, o céu é um lugar agradável. Mas Deus não
ama os céus tanto quanto esses cristãos. Ele quer um
lugar de descanso. Isaías 66:2 revela que o lugar de
descanso de Deus não é o céu nem a terra, mas o
homem. Ele está olhando para um homem. Este
versículo diz: “Eis para quem olharei: para o pobre e
contrito em espírito, e que treme da minha palavra”
(hebr.). Esse versículo corresponde a Mateus 5:3:
“Bem-aventurados os pobres de (em-BJ) espírito,
porque deles é o reino dos céus”. O tipo de homem
que é o descanso para Deus, é um homem que é
pobre e contrito em espírito. A boa vontade de Deus é
ter tal tipo de homem. A Sua vontade é que sejamos
pobres e contritos em nosso espírito, vazios para Ele.
Todavia, se nosso espírito estiver cheio de outras
coisas, além de Deus, não seremos pobres em espírito.
Se for esse o caso, Deus não poderá ter Sua habitação
conosco. Muitos cristãos, hoje, estão cheios em seu
espírito. Estão cheios de tantas coisas, até de coisas
fundamentais, que não há espaço em seu espírito
para o Senhor. Deus precisa de um espírito vazio. O
Seu desejo é que o seu espírito possa ficar vazio para
Ele. Alguém pobre de espírito é aquele cujo espírito
está vazio, desocupado, pronto para que o Senhor
entre.
De acordo com Isaías 66:1-2, os pobres e
contritos são o lugar de descanso para Deus. Nenhum
outro lugar, em todo o universo, nos céus ou na terra,
é o Seu descanso. Como pobres e contritos em
espírito, deveríamos ser capazes de dizer: “Senhor,
entra. Estou vazio, desocupado, pronto para Ti. Entra,
faze em mim a Tua habitação e estabelece-Te dentro
de mim”. Não importa há quanto tempo esteja na
vida da igreja, você precisa orar dessa maneira, pedir
ao Senhor que tenha em você a Sua habitação. Em
Efésios 3:16 e 17, o apóstolo Paulo orou para que o
Pai nos fortalecesse com poder pelo Seu Espírito em
nosso homem interior, de modo que Cristo pudesse
fazer Seu lar em nosso coração. Paulo orou para que
Cristo fosse capaz de habitar em nós. Não é
simplesmente uma questão de amar ao Senhor nem
de servi-Lo; é questão de Ele fazer em nós o Seu lar.
O serviço que executamos para Ele não O satisfará
tanto quanto o fato de nos tomarmos o Seu lugar de
habitação. Todos precisamos ser a Sua habitação.
Isso é o que Ele deseja e procura. Esse é o Seu
beneplácito. A bênção máxima é tomar-se o lugar de
habitação de Deus. A Sua habitação também é a
nossa. Quando o nosso Deus descansa, também
encontramos descanso em Sua habitação.
Esse conceito de habitação de Deus e de nossa
habitação com Ele se encontra ao longo de todo o
Velho e Novo Testamentos. Ao longo dos séculos e
gerações, Deus tem desejado um lugar de habitação.
É pena dizer que a maior parte do povo de Deus não
tem visto isso. Mas, hoje, em Sua restauração, Ele
vem repetidas vezes até nós, para lembrar Sua
habitação. Não falo de algo que eu mesmo não tenha
experimentado. Sempre que abro minha Bíblia, nos
últimos vinte e cinco ou trinta anos, percebo
principalmente um ponto _ a habitação de Deus.
Vários capítulos da Bíblia falam do desejo de Deus de
ter um lugar de habitação. Esse é o desejo de Seu
coração, a Sua boa vontade. Se você é abençoado com
o beneplácito Daquele que habita na sarça, você é o
mais abençoado das pessoas.
Em certo sentido, ainda hoje o Senhor está na
sarça. Veja a situação em toda a terra. Que existe
exceto a sarça? Onde está o tabernáculo? Muitos não
conseguem ver nem a sombra, muito menos a
realidade. Mas como precisamos adorar ao Senhor,
porque, em Sua restauração, não apenas vemos a
sombra, mas também estamos na habitação.
Podemos dizer: “Senhor, eu Te louvo! Conosco Tu
não estás na sarça. Tu estás em Tua habitação”.
Vimos que o Senhor abençoou a José com o
beneplácito Daquele que habitava na sarça. Quem é
Esse que habitava na sarça e qual é o Seu
beneplácito? Se não interpretarmos assim esse
versículo, como haveremos de interpretá-lo? Ao
lermos a Bíblia toda, podemos descobrir quem é
Aquele que habita na sarça e qual é o Seu beneplácito,
a Sua boa vontade. O que habita na sarça, sem dúvida,
é Aquele que chamou a Moisés para edificar-Lhe o
tabernáculo. Habitava numa sarça, mas esperava ter
um tabernáculo edificado com materiais preciosos.
Tal era a Sua boa vontade. Os filhos de Israel foram
abençoados com esse beneplácito. Você crê que o
Senhor os libertou do Egito apenas para que
pudessem ser salvos? A sua libertação não foi
meramente para a salvação deles, mas para o lugar
de habitação de Deus. Tudo o que Deus fez para eles
e por eles destinava-se à edificação do tabernáculo
em seu meio. Após ser erigido o tabernáculo, a glória
de Deus desceu e o encheu (Êx 40:34). Àquela época,
os filhos de Israel eram o povo mais abençoado da
terra, pois eram abençoados com a boa vontade
Daquele que habitava na sarça, e que, agora, habitava
no tabernáculo. Assim, o tabernáculo tornou-se-lhes
a maior bênção.
O mesmo ocorre hoje. O beneplácito do Senhor é
ter a igreja. Por estarmos nela, somos o povo mais
abençoado. Antes de ela vir a existir, o Senhor
certamente estava na sarça. Falando praticamente,
antes de a igreja chegar a esta localidade, o Senhor
estava na sarça. Ele, certamente, não estava num
tabernáculo. Mas, hoje, a igreja está aqui, e podemos
dizer: “Louvado seja o Senhor! Ele já não está mais
na sarça. Está agora no tabernáculo, e nós estamos
aqui com Ele. Deus e nós somos vizinhos. Somos os
Benjamins de hoje, habitando em segurança ao lado
do Senhor. Aleluia!” Que poderia ser melhor que
isso? Uma vez que eu tenha a habitação do Senhor e
esteja nela, isto é o bastante. Essa é a experiência de
Benjamim, o irmão mais novo de José.
Benjamim é um bom par para José. De
semelhante modo, a igreja é um bom par para a
bênção de Deus. Ao longo dos anos, Deus tem
abençoado você. Você simplesmente não pode negar
que tem estado sob Sua bênção. Mas a Sua bênção
destina-se ao beneplácito Daquele que habitava na
sarça, e esse beneplácito é ter a vida da igreja como
Sua habitação. Deus hoje pode gabar-se diante de
Seu inimigo, Satanás: “Satanás, veja, hoje Eu tenho
um lugar de descanso. O Meu lugar de descanso é a
igreja. Uma vez Eu disse que o céu era o Meu trono e
a terra era o estrado de Meus pés, mas Eu tinha de
perguntar onde estava o Meu descanso. Satanás, Eu
lhe digo: a igreja hoje é o Meu lugar de descanso.
Estou satisfeito e o Meu povo escolhido também
está”.
Muitos de nós podemos testificar que, desde o
dia em que fomos salvos, jamais estivemos tão
satisfeitos em nosso espírito como estamos hoje na
vida da igreja. Isso não quer dizer que a vida da igreja
seja perfeita. Não, ela não é perfeita. Mas, aqui, na
vida da igreja, estamos satisfeitos. Passamos por
muitos lugares sem ficarmos satisfeitos. Não
encontramos satisfação, até que viemos para cá.
Naquele dia, dissemos: “Este é o meu lar. Estou
satisfeito”. A razão por que nos sentimos em casa e
estamos satisfeitos é que a igreja é o tabernáculo de
Deus, a Sua habitação. O Senhor não está mais na
sarça, mas no tabernáculo. Como estou feliz por
estarmos sob a bênção universal e por sermos a
habitação de Deus!
Essa bênção é universal e essa habitação é eterna.
A vida da igreja durará para sempre. O velho céu e a
velha terra, inclusive o velho ambiente, serão
eliminados; mas a vida da igreja, em que estamos
hoje, durará para sempre. Essa é a habitação eterna.
Asseguro-lhes que quando entrarem na eternidade
vocês relembrarão suas experiências na vida da igreja.
E poderão dizer: “Oh! jamais poderei esquecer o que
experienciei na vida da igreja! “ Espere e descobrirá
que isso é verdade. Em nosso interior, temos plena
certeza de que a vida da igreja é eterna.
MENSAGEM CENTO E OITO

A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA DO


OPERAR DE DEUS NA BÍBLIA
Com esta mensagem concluímos as séries
relativas ao capítulo quarenta e nove. Esse capítulo é
um registro da bênção profética de Jacó a respeito de
seus filhos. Essas bênçãos foram proferidas em
figuras, sinais e símbolos, todos eles necessitando ser
alegorizados. Vimos que em Gênesis se acham
plantadas as sementes de quase todas as verdades da
Bíblia. Essas sementes, plantadas aqui, desenvolvem-
se nos livros subseqüentes, e são colhidas em
Apocalipse. Por ser Gênesis um livro de sementes das
verdades contidas na Bíblia, a conclusão do capítulo
quarenta e nove deve corresponder à conclusão de
toda a Bíblia. Nos dois últimos capítulos de
Apocalipse existem duas coisas principais: a bênção
universal e a habitação eterna de Deus com os
homens.
Antes de considerarmos essa bênção universal e
a habitação eterna, precisamos rever o capítulo
quarenta e nove. Os quatro primeiros filhos de Jacó
foram Rúben, Simeão, Levi e Judá. De acordo com o
registro do Antigo Testamento, todos os quatro
foram malignos. O primeiro e o quarto-Rúben e
Judá-foram cheios de lascívia. O segundo e o
terceiro-Simeão e Levi-foram cheios de ira. Lascívia e
ira caracterizam pessoas malignas. Na constituição
do reino dos céus, decretada em Mateus, capítulos 5,
6 e 7, o Senhor Jesus tratou com a lascívia e a ira de
maneira vigorosa. Se um homem puder resguardar-
se dessas duas coisas, não será pecaminoso. Ele se
toma pecaminoso principalmente porque é cheio de
lascívia e de ira. Louvamos ao Senhor porque, em
Sua graça, Ele salvou os quatro primeiros filhos de
Jacó. Além disso, dois deles foram transformados em
algo maravilhoso:
Levi foi transformado para se tomar os
sacerdotes, e Judá foi transformado para se tomar os
reis. Pecadores tornaram-se sacerdotes e reis. Isso foi
realizado por uma régia salvação.
Tal salvação foi exportada ao mundo gentio por
Zebulom, o quinto filho de Jacó. Após ser o
evangelho espalhado por Zebulom, Issacar entrou em
cena como um descanso, descanso no evangelho
produzido por Judá e pregado por Zebulom. Os
salvos descansam na salvação de Deus. Após Issacar,
vem Dã, e com ele, uma forma de apostasia. Embora
Dã se desviasse do caminho de Deus, Gade veio para
restaurar a situação. Assim, com Dã temos a
apostasia, e com Gade, a restauração. A restauração
com Gade resulta na suficiência das riquezas de
Cristo simbolizadas por Aser. Naftali, que vem depois
de Aser, representa a ressurreição em que estão as
riquezas de Cristo.
Depois dos dez primeiros filhos, chegamos aos
dois últimos: José e Benjamim. Se você ler
cuidadosamente o registro referente a esses dois
filhos, verá que não há neles sinal algum de qualquer
defeito ou falha. Embora haja na Bíblia um longo
relato referente a José, não há dele nenhum indício
de erro ou falha. José foi perfeito. Embora não
possamos dizer o mesmo de Benjamim, também não
há qualquer registro de falha em sua vida. José foi
chamado de “filho de uma árvore frutífera”, e
Benjamim, de “filho da destra”. É muito significativo
o fato de José ser frutífero e de Benjamim estar à
destra de Deus. Ambos estão em ressurreição. Essas
duas características podem ser facilmente aplicadas
ao Senhor Jesus Cristo. Ele é o único Filho da árvore
frutífera, e é também o único Filho da destra de Deus.
Assim, tanto José como Benjamim foram tipos de
Cristo. José foi um tipo que resultou na bênção
universal, ilimitada e grandiosa de Deus. O Cristo
perfeito prefigurado por José introduziu a bênção
irrestrita de Deus. E Benjamim foi um tipo de Cristo
como introdutor do lugar da eterna habitação de
Deus.
Gênesis 49:22-26 e Deuteronômio 33:13-16
indicam que a bênção sobre José é universal e eterna.
Vai desde os montes antigos até aos outeiros eternos.
Isso indica espaço e tempo. A bênção trazida por
Cristo enche cada parte do universo. Quando vierem
o novo céu e a nova terra, não haverá nada, exceto
bênção, em todo o universo. Haverá bênção sobre
bênção. Assim é a vida de José, a vida que resulta em
bênção.
O relato de Benjamim em Gênesis 49 e
Deuteronômio 33 é muito curto. Embora curto, ele
nos fornece um quadro claro da sua vida, que resulta
na habitação de Deus. Por fim, essa habitação torna-
se a habitação eterna de Deus. No registro de José e
Benjamim encontramos uma forte indicação de qual
é o desejo do Seu coração. Em sua palavra sobre José,
Moisés falou sobre “a benevolência daquele que
habitava na sarça” (Dt 33:16, IBB-Rev.). Quando
Deus o chamou, Moisés viu uma sarça ardente.
Daquela sarça, Deus lhe falou. Moisés mais tarde veio
a perceber que o Deus que habitava na sarça desejava
ter um lugar de habitação na terra. Essa foi a razão
de Ele chamar os filhos de Israel para fora do Egito,
de guiá-los deserto adentro, e de encarregá-los de
Lhe edificar um tabernáculo. Quando chamou a
Moisés, Deus lhe falou do meio de uma sarça. Mas
após ser construído o tabernáculo, Deus falou do
tabernáculo (Lv 1:1). Isso revela que a intenção de
Deus era ter um lugar de habitação com o homem na
terra.
Deuteronômio 33:12 diz: “De Benjamim disse: O
amado do Senhor habitará seguro com ele: todo o dia
o Senhor o cobrirá, e ele habitará entre seus ombros”
(hebr.). Este versículo diz que Deus habitará entre os
ombros de Benjamim, e que este habitará em
segurança ao lado do Senhor. Em outras palavras,
Benjamim será vizinho próximo do Senhor. Muitos
pensam que Jerusalém estava em Judá; mas, na
verdade, localizava-se em Benjamim. Embora o rei
viesse de Judá, a capital estava em Benjamim.
Jerusalém, a capital, era o lugar de habitação de Deus.
Geograficamente falando, ela se colocava entre os
ombros de Benjamim. Por haver o Senhor feito lá o
Seu lar e por Benjamim viver na Sua vizinhança, este
habitava seguro.
O conceito de bênção e de habitação é muito
forte na bênção profética de Jacó a seus doze filhos.
Esses dois itens resultam na bênção universal e na
habitação eterna. Como já enfatizamos, a
consumação final e máxima da Bíblia ocorre
exatamente com essas duas coisas. Em Gênesis 3, o
homem tomou-se um pecador. Em meio a todos os
pecadores, um bom número foi salvo. Muitos dos
salvos foram transformados em reis e sacerdotes. A
salvação real foi pregada como evangelho do reino e
os salvos vieram a descansar neste evangelho. Após a
apostasia e a restauração, temos o resultado das
riquezas na vida de ressurreição. Conseqüentemente,
tudo o que a Bíblia trata é representado pela bênção
profética de Jacó.
Tanto na Bíblia como na História tem havido
muitos Rúbens, Simeões, Levis e Judás. Além disso,
muitos salvos foram transformados em sacerdotes e
reis. Da realeza veio uma salvação pregada como
salvação real. Os salvos, simbolizados por Issacar,
descansam nesta salvação. Mas Dã-a queda em
apostasia-aparece. Depois da apostasia vem a
restauração, a recuperação, com Gade, que resulta
nas riquezas de Aser e na ressurreição de Naftali. Por
fim, aparecem José e Benjamim, ambos prefigurando
Cristo. Esse é um esboço geral da Bíblia. Esse esboço
é, todavia, muito doutrinário; assim, precisamos
chegar agora à questão da experiência.
Éramos Rúbens e Simeões, que foram salvos e
transformados em Levis e Judás. Na vida da igreja,
hoje, somos sacerdotes e reis. Dã, todavia, a igreja
apóstata, apareceu. Mas depois de Dã veio Gade
representando a restauração, que resulta na
suficiência de Aser. Este se acha em Naftali, em
ressurreição. Tudo isso resulta em José e Benjamim.
Hoje, portanto, não somos Rúbens nem Simeões,
mas Levis, Judás, Josés e Benjamins. Posso testificar
em minha consciência, que costumava ser um Rúben
e um Simeão cheio de lascívia e de ira. Mas com o
passar do tempo fui transformado num Levi, um
sacerdote, e num Judá, um rei. Além disso, fui
transformado num José cheio de bênção e num
Benjamim que se tomou o lugar da habitação de
Deus. E você? É um José e um Benjamim?
Consideremos agora a bênção universal e a
habitação eterna em maiores detalhes.

I. A BÊNÇÃO UNIVERSAL – O NOVO CÉU E A


NOVA TERRA

A. Todas as Coisas Feitas Novas


Em Apocalipse 21:1, João viu um novo céu e uma
nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra
haviam passado. Apocalipse 21:5 diz: “E aquele que
está assentado no trono disse: Eis que faço novas
todas as coisas”. A bênção universal tem uma
característica muito peculiar e estranha: todas as
coisas são feitas novas. A bênção de Deus não
caminha com nada velho; mas, pelo contrário, com
coisas renovadas. Se esperamos receber a Sua bênção
com respeito à nossa vida espiritual, à saúde, à nossa
família e aos nossos lares, todas essas coisas devem
ser renovadas. Precisamos ser renovados, assim
como nossas famílias e lares. De acordo com a Bíblia,
tudo o que se mantém longe de Deus é velho; mas
tudo o que se volta para Ele é novo. Você, por
exemplo, pode ter uma esposa jovem. Todavia, se ela
permanecer longe de Deus, será uma esposa velha,
ainda que você tenha casado hoje com ela. Mas se um
homem casou com sua esposa há cinqüenta anos e
ela está voltada para Deus, é uma esposa jovem.
O fato de uma pessoa ou coisa ser nova ou velha
depende de seu relacionamento com Deus. Somente
Ele é novo. Não há referência alguma na Bíblia de
que o nosso Deus precise de renovação. Nós é que
necessitamos dela. Os céus e a terra e tudo neles
precisam ser renovados, mas Deus é para sempre
fresco e novo. Ele é o mais Antigo, e mesmo assim é o
mais Novo, o mais cheio de frescor. A nossa maneira
de considerar a velhice é diferente da Dele: a nossa é
contar pela idade, mas a Dele é considerar o
relacionamento de algo ou de alguém com Ele
próprio. Se uma esposa está próxima de Deus, ela é
nova. Se fica mais próxima Dele, torna-se ainda mais
nova. Se ela é uma com Deus e está mesclada com Ele,
é a mais jovem das esposas. Não importa quão
estranho possa parecer: até mesmo uma carteira,
uma mesa ou uma cadeira, se consagradas ao Senhor,
podem tornar-se novas. Uma irmã, por exemplo,
poderá dizer: “Senhor, esta manhã eu Te consagro a
minha cozinha e todos os seus utensílios, mobília e as
outras coisas”. Se agir assim, tudo nela ficará novo.
Você pode ter uma casa novinha em folha. Entretanto,
se for mantida afastada de Deus, ela se tornará velha.
Você pode ter um carro velho e pobre, mas se disser:
“Senhor, este é o Teu carro; vamos dar uma volta”,
imediatamente ele se tornará um carro novo. Por
outro lado, você pode ter um carro novo e colocar
nele duas estrelas de cinema, e o seu carro se tornará
muito velho. O novo céu e a nova terra ficarão cheios
da bênção de Deus, pois terão passado o primeiro céu
e a primeira terra. Há muitos anos, eu pensava que o
novo céu e a nova terra seriam totalmente novos.
Mais tarde vim a saber que eles serão o velho céu e a
velha terra renovados. Ocorre o mesmo conosco.
Com nossa regeneração, fomos renovados. Ser
renovado significa voltar-se para Deus e ter algo Dele
colocado dentro de nós. O primeiro céu e a primeira
terra ficaram velhos porque foram mantidos
distanciados de Deus por Satanás-o cabeça da raça
angélica-e depois por Adão-o cabeça da raça
humana-, ambos rebeldes contra Deus. Por serem
mantidos distantes de Deus, os anjos e a humanidade,
tanto o céu como a terra tornaram-se velhos.
Louvado seja o Senhor, porque em Cristo nos
voltamos para Deus e recebemos algo Dele para
dentro de nós! Fomos, portanto, renovados.
Todos esperamos receber alguma bênção de
Deus. O segredo disso é levar-Lhe tudo e permitir
que Ele entre em tudo. Leve-Lhe, por exemplo, sua
cozinha, e permita que Ele entre nela. Faça o mesmo
com seus filhos, e até com sua conta bancária. Se
você Lhe trouxer seus filhos e sua conta bancária,
então haverá bênção. Embora na verdade não
estejamos hoje no novo céu e na nova terra, podemos
ter um antegozo. Tive, muitas vezes, a sensação do
antegozo do novo céu e da nova terra por estar
rodeado pela bênção. Tudo à minha volta é bênção.

B. Não Haverá Mais Mar


Quando aparecerem o novo céu e a nova terra,
não haverá mais mar (Ap 21:1). O mar é a fonte dos
demônios, os quais mantêm as coisas afastadas de
Deus. Desde a rebelião de Satanás, Deus tem
trabalhado continuamente para eliminar o mar. Em
Gênesis 1, Deus limitou a água do mar. Ao longo dos
séculos, Deus também tem feito muito para reduzi-10.
Sempre que um pecador é salvo, o mar é limitado um
pouco maia Se cem pecadores fossem salvos hoje, o
mar seria bastante limitado. Por fim, no novo céu e
na nova terra, ele será reduzido a nada. A fonte das
coisas que mantém o céu e a terra afastados de Deus
não mais existirá.

C. Não Haverá Mais Lágrimas, Morte, Pranto,


Clamor e Dor
Apocalipse 21:4 diz: “E lhes enxugará dos olhos
toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras
coisas passaram”. Quando o mar não mais existir,
também não haverá mais lágrimas. Todas elas
provêm do mar. Após o mar secar-se, ser-nos-á
impossível derramar lágrimas.
Além do mais, não haverá mais morte, que inclui
a doença e a fraqueza. De acordo com 1 Coríntios 11,
primeiramente temos a fraqueza, depois a doença, e
finalmente a morte. Dizer que não haverá mais morte
também significa dizer que não haverá mais fraqueza
nem doença. O mar é a fonte da morte, da fraqueza e
da doença. Quando ele for eliminado, não haverá
mais lágrimas, nem morte, nem fraqueza, nem
doença. Além disso, não haverá mais pranto, clamor
e dor. Embora possa ter lido a Bíblia por anos a fio,
você provavelmente jamais percebeu que a fonte do
pranto, do clamor e da dor é o mar. Espiritualmente
falando, o mar causa todas essas coisas. Quando ele
não mais existir, tais coisas também não mais
existirão.

D. Não Haverá Mais Maldição


Apocalipse 22:3 diz: “Nunca mais haverá
qualquer maldição”. Na terra, hoje, há maldição
quase que por todo lugar. Mas está chegando o dia
em que não mais haverá maldição, porque a fonte
dela-o mar-secar-se-á.

E. Não Haverá Mais Noite


Apocalipse 22:5 diz: “Então já não haverá noite”.
Dizer que não haverá mais noite significa que não
haverá mais trevas. Sob a bênção universal de Deus,
tudo será brilhante e cristalino. Não haverá trevas
nem opacidade. Tais serão as condições do novo céu
e da nova terra.
Precisamos aplicar todos esses aspectos da
bênção universal a nós. Em sua vida ainda existe o
mar? Ainda existem lágrimas, morte, fraqueza e
doença? Existe pranto, clamor, dor, maldição e
trevas? Se essas coisas se fizerem presentes em sua
vida, isso indicará que lhe falta a bênção. Quando
chegamos à vida de José, vemos que em sua vida não
havia trevas, opacidade nem maldição. Até mesmo o
fato de ele ter sido posto na prisão não foi uma
maldição, mas uma bênção. Embora perseguido
pelos irmãos, o resultado disso foi a bênção.
Podemos hoje ter um antegozo do novo céu e da
nova terra, onde não há maldição, mas apenas
bênção. Se ainda contendermos com nossa esposa ou
marido, estaremos sob o mar, a morte, a fraqueza, a
doença e as trevas. Estaremos numa noite espessa e
sem luz. Mas suponha que em sua vida conjugal não
haja contendas nem queixas, mas louvores ao Senhor.
Isso indicará que foi drenado o mar em sua vida
conjugal.
Uma característica de José é bem marcante.
Embora sofresse muito, ele jamais se queixou.
Quando se deu a conhecer aos irmãos, parecia dizer:
“Não foram vocês que me enviaram para cá. Foi Deus.
Não me queixo de vocês-louvo a Deus”. Não havia
queixa, mas somente louvor, porque ele estava sob a
bênção, e não sob a maldição. Se você se queixa, isso
é um sinal de que ainda está sob maldição. Você
poderá ter diversas razões para se queixar, mas todas
elas serão uma maldição. Se você estiver sob a
bênção de Deus, não haverá queixas. Em vez de
lamentar-se, você dirá: “Louvado seja o Senhor! Tudo
coopera para o meu bem!”
É fácil ler as Escrituras de uma maneira objetiva,
doutrinária, mas precisamos ver que as coisas
registradas na Bíblia destinam-se a nós, ainda hoje.
Não espere pelo novo céu e pela nova terra. Podemos
hoje viver num antegozo das condições do novo céu e
da nova terra. Podemos viver sem queixas, nem
culpas, nem maldição, nem trevas. Podemos ter uma
vida cheia de bênção. Todas as nossas lágrimas
podem ser lágrimas de júbilo, não de dor. Isso é uma
miniatura da bênção universal que podemos
desfrutar hoje.
A palavra “universal” quer dizer que a bênção
está por toda parte. Isso não quer dizer que sou
abençoado quando minha esposa é boa para mim
nem amaldiçoado em caso contrário. Se algo é ou não
uma bênção, não depende de sua esposa, mas de você.
Se você se queixa, a maneira como ela o trata será
uma maldição; se louva ao Senhor, tal será uma
bênção.
Deixem-me contar-lhes um segredo: os nossos
louvores tomam em bênção a maldição. Essa é a
razão de o Novo Testamento dizer-nos para
agradecermos ao Senhor por tudo (Ef 5:20). Isso
inclui boatos, perseguição, difamação, oposição e
condenação. Precisamos louvar a Deus por tudo.
Quando O louvamos por todas as coisas, até as
desagradáveis se tomam boas. Quando Lhe
agradecemos pela oposição, esta se toma uma bênção.
Esse é o segredo para se desfrutar a bênção universal
hoje. Embora estejamos vivendo numa era obscura,
podemos ter um ante gozo da vida do novo céu e da
nova terra. Tudo depende da nossa percepção e
prática. Se praticarmos o louvor, e não as queixas,
estaremos debaixo da bênção. Caso contrário,
estaremos sob a maldição. Aleluia! estamos na igreja,
numa miniatura do novo céu e da nova terra! Tudo
aqui é bênção.

II. A HABITAÇÃO ETERNA-A NOVA


JERUSALÉM

A. O Tabernáculo de Deus com os Homens


Prossigamos, agora, considerando a habitação
eterna. Apocalipse 21:3 diz: “Então ouvi grande voz
vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus
com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão
povos de Deus e Deus mesmo estará com eles”. De
acordo com o Novo Testamento, o povo de Deus é o
Seu lugar de habitação. Alguns cristãos pensam estar
o lugar de habitação de Deus em nosso meio, não de
maneira interior, mas exterior. Se houvesse mil
santos, e Deus habitasse em seu meio, eles O
considerariam o milésimo primeiro. Deus, todavia,
está dentro de nós, e o Seu lugar de habitação está
em nosso meio de maneira interior. Se mil santos
estiverem juntos e Deus em meio a eles, Ele não será
o milésimo primeiro; pelo contrário, estará nos mil
santos.
Alguns cristãos não crêem no mesclar de Deus
com o homem. A Bíblia, todavia, está cheia da idéia
de que Ele está mesclado com o Seu povo, porque o
Seu povo se toma o Seu lugar de habitação. A
habitação de Deus é, ao mesmo tempo, pequena e
grande. Quando nos reunimos, todos somos uma
habitação corporativa. Todavia, se estou em casa, eu
mesmo sou a habitação de Deus. Se me reúno com os
outros e insisto em que eu próprio sou o Seu lugar de
habitação e que todos os outros Lhe são lugares
individuais de habitação, isso estará errado. Quando
nos reunimos, não somos muitas habitações, mas o
único lugar de habitação de Deus; todavia, quando
estamos todos em casa, sozinhos, cada um de nós é a
Sua habitação. Nessa hora, Deus tem muitas
habitações. Quando estou só, posso dizer: “Senhor,
Tu agora tens uma casa. Sou a Tua casa, a Tua
habitação”. Mas quando vou à reunião da igreja, não
deverei chegar como uma casa individual do Senhor,
apartado dos outros. Se assim agir na reunião, não
serei mais a Sua habitação. Quando estou só, tenho a
sensação de que sou a habitação de Deus e que Ele
está comigo; mas, se ainda me agarro a esse conceito
na reunião da igreja, terei a sensação de que não sou
mais a Sua casa. Quando nos reunimos, somos uma
só casa, uma só habitação de Deus. Isso é uma
questão de experiência, não de doutrina.
Quando Deus habita em nós, nós O desfrutamos
como nosso vizinho. Ele é o melhor vizinho.
Conseqüentemente, nunca ficaremos sós, porque Ele
estará sempre conosco. Por estar Ele ao nosso lado,
temos segurança. Todos, hoje, principalmente as
criancinhas, desejam segurança. Quando meus netos
estão com a avó, sentem-se seguros. Mas na presença
de um estranho tomam-se inseguros. Quando Deus,
o melhor vizinho, está conosco, temos segurança.

B. Formado pelos Redimidos de Deus


O tabernáculo eterno de Deus é composto de
seus redimidos, tanto do Antigo Testamento,
representados pelos nomes das doze tribos de Israel,
quanto do Novo Testamento, representados pelos
nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Em Sua
redenção, Deus habita no interior do Seu povo e em
Seu povo. Dessa maneira, seremos a Sua eterna
habitação.

C. Deus e o Cordeiro Como o Templo


Não dê atenção ao ensino enganoso de que não
existe o mesclar de Deus com o homem, e que não
temos a natureza divina dentro de nós. O que Deus
derramou sobre nós e dispensou para o nosso
interior é muito mais do que isso. Por fim, tomamo-
nos a casa de Deus, a Sua habitação, e Ele e o
Cordeiro tomam-se o nosso templo (Ap 21:22). A
Nova Jerusalém será o tabernáculo de Deus, o lugar
de Sua habitação, composto, por um lado, de todos os
redimidos e, por outro, de Deus mais o Cordeiro. Em
Sua habitação eterna, não haverá templo, pois Deus e
o Cordeiro serão o templo. No Antigo Testamento, o
templo não era apenas o lugar de habitação de Deus,
mas também o lugar em que os sacerdotes O serviam.
Como Seu povo redimido, habitaremos em Deus para
sempre. Seremos a Sua habitação (Jo 14:23) e Ele
será a nossa (SI 90:1). Haverá, assim, uma habitação
recíproca:
Deus habitará em nós, e nós habitaremos Nele.
Ele se tomará o nosso deleite, e nós nos tomaremos o
Seu. Ver Sua face será o nosso prazer e ver a nossa
face será a Sua alegria.

D. Deus Como a Luz, e o Cordeiro Como a


Lâmpada
N a habitação eterna, Deus em nosso interior
será a nossa luz e Cristo será a nossa lâmpada, para
expressar o próprio Deus que está dentro de nós (Ap
21:11, 23; 22:5).

E. O Trono de Deus Como a Fonte de


Suprimento
Apocalipse 22 diz que podemos desfrutar o trono
de Deus. Quando Ele habita em nós, o Seu trono está
conosco, bem em nosso íntimo. Temos, portanto, o
trono, a autoridade de Deus, como fonte de
suprimento.

F. O Rio da Água da Vida com a Árvore da


Vida Como o Suprimento
Do trono de Deus flui a água da vida, tendo em si
a árvore da vida como suprimento (Ap 22:1-2). Se
tivermos Deus habitando dentro de nós, teremos o
suprimento de vida.

G. A Autoridade, a Face e o Nome de Deus


Como o Principal Deleite
Na Nova Jerusalém, participaremos da Sua
autoridade e desfrutaremos da Sua face e do Seu
nome (Ap 22:3, 4). Veremos Sua face o tempo todo, e
o Seu nome estará em nossa fronte para sempre. Tal
será o nosso principal deleite na Nova Jerusalém.
Esses são os diferentes aspectos do habitar de Deus
em nós. Não precisamos esperar pela Nova
Jerusalém para experimentá-los. Hoje mesmo
podemos experienciar todas essas coisas. Todavia, ao
entrarmos na Nova Jerusalém, descobriremos algo
novo. Poderemos dizer: “Oh! nunca provamos essas
coisas desta maneira. Estamos agora descobrindo
algo que jamais pensamos poder experimentar”.
Ao final do capítulo quarenta e nove, não
existem mais pecadores, nem Rúben, nem Simeão.
Pelo contrário, existe José, a mostrar que Deus se
tomou a nossa bênção; e Benjamim, a indicar que
nos tomamos o Seu lugar de habitação. Por ser o
lugar da habitação de Deus, Benjamim desfrutava da
Sua presença. Desfrutava segurança, e Deus o
desfrutava como Seu lugar de habitação. Deus
tomou-se a nossa bênção, e nós nos tomamos o Seu
lugar de habitação. Tudo ° que Deus é, tem e pode
fazer, toma-se o nosso deleite e bênção; e tudo ° que
somos e temos toma-se o Seu lugar de habitação. Por
fim, Deus e nós, nós e Deus, tomamo-nos um. No
novo céu e na nova terra com a Nova Jerusalém, não
haverá mais pecadores, nem mar, nem morte, nem
fraqueza, nem doença, nem lágrimas, nem dor, nem
clamor, nem noite. Tudo será Deus. Deus nos será
bênção, e nós Lhe seremos um lugar de habitação.
Nós O desfrutaremos e Ele nos desfrutará. Tal será a
consumação final e máxima da bênção profética de
Jacó sobre seus doze filhos. Hoje, somos esses doze
filhos, desfrutando Deus ao máximo e tomando-nos o
Seu lugar de habitação. Podemos, portanto, desfrutá-
Lo, e Ele pode estar em nós para desfrutar tudo o que
para Ele somos.
MENSAGEM CENTO E NOVE

SENDO AMADURECIDO - A MANIFESTAÇÃO


DA MATURIDADE (7)

(h) Partiu de Maneira Excelente


Nesta mensagem, chegamos à partida de Jacó, a
ser considerada em seus pormenores.
Gênesis é um livro extenso, composto de
cinqüenta capítulos. O registro da vida de Jacó ocupa
mais da sua metade, aproximadamente vinte e cinco
capítulos e meio. Nas últimas mensagens, vimos
como Jacó nasceu, como foi escolhido por Deus antes
de seu nascimento e como lutou, ainda no ventre de
sua mãe. Continuou sua luta por quase toda a sua
vida. Viveu até atingir cento e quarenta e sete anos.
Em Gênesis 49, lemos sobre a sua partida desta vida.
A qualidade da vida de um homem e o resultado dela
são determinados principalmente pelo seu último
estágio, não pelo primeiro. Isso pode ser comparado
aos competidores numa corrida. Não é muito
significativo você correr bem no início. O resultado
final é que conta. Nesta mensagem, chegamos ao
estágio final da vida desta pessoa maravilhosa: Jacó.
Precisamos ver como ele se portou à hora de sua
partida.
Na Bíblia, a melhor partida desta vida, depois da
do Senhor Jesus, foi a do apóstolo Paulo. Quando
estava para partir, ele declarou: “Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora
a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor,
reto juiz, me dará naquele dia” (2 Tm 4:7-8). Que
excelente partida! Espero que todos sejamos capazes
de fazer tal declaração ao fim de nossa corrida.
Embora a partida do apóstolo Paulo fosse sobremodo
excelente, ainda gosto mais da partida de Jacó, por
ter sido adorável e agradável. A de Paulo foi simples:
não tinha mulher nem filhos. À época de sua partida,
estava sozinho na prisão, e não havia muitas
complicações. Com Jacó, entretanto, havia diversas
coisas interligadas.
Por causa da ordenação de Deus e de sua própria
luta, Jacó se envolveu com muitas coisas e pessoas.
Teve, por exemplo, quatro esposas: Lia, Raquel e as
duas servas. Embora o seu desejo fosse ter Raquel,
foi trapaceado por Labão, que lhe deu Lia. Sem
dúvida, Raquel também lhe havia sido dada. Na
verdade, qual era sua verdadeira esposa: Raquel ou
Lia? De acordo com o registro de Gênesis, ele tratou
tanto Lia quanto Raquel como suas esposas genuínas.
Sepultou a primeira na caverna de Macpela, onde
Abraão, Sara, Isaque e Rebeca foram sepultados. Ao
sepultar Lia na caverna de Macpela, onde estavam as
esposas genuínas de seus pais, mostrou que a
reconhecia como sua verdadeira esposa. Mais tarde,
todavia, estando para partir, fez um arranjo soberano
para Raquel. Agindo assim, Jacó estava dizendo aos
seus descendentes que a considerava como sua
verdadeira esposa. Sua vida foi tão complicada que é
difícil determinar quem foi sua verdadeira esposa.
Suas quatro esposas geraram os doze filhos, cada
qual em sua própria categoria. Se não tivesse havido
tantas categorias entre seus filhos, teria sido
impossível que a história de Israel, a história da
igreja e até mesmo a nossa própria história, fossem
representadas por eles. Na bênção profética
pronunciada sobre os doze filhos de Jacó, no capítulo
49, vemos uma representação da história de Israel,
da história da igreja e da nossa história pessoal. Para
que tivéssemos tal quadro todo-inclusivo, era
necessário um envolvimento intrincado. Ao longo de
sua vida, Jacó envolveu-se não só com suas esposas e
filhos, como também com várias regiões geográficas.
Nasceu na boa terra, mas viajou até Padã-Arã, e mais
tarde voltou ao lugar de início. Nos anos de seu retiro,
mudou-se para o Egito com sua família. Cada uma
dessas mudanças produzia outros envolvimentos.
Esteve envolvido até mesmo com Faraó, a pessoa
mais poderosa da terra naquela época. Teve
envolvimento após envolvimento, inclusive com os
arameus e os egípcios. Vê-se o mesmo em seu
sepultamento na boa terra. Os cananeus pensaram
ser um funeral egípcio, quando, na realidade, era um
hebreu. Uma escolta de cavaleiros e carros egípcios
compareceu ao enterro de um cavalheiro hebreu.
Além de tudo isso, Jacó envolveu-se com Deus.
Quantos envolvimentos ele teve! Se juntarmos todos
os trechos da Palavra que falam de seus
envolvimentos, regozijar-nos-emos diante do Senhor
e diremos: “Louvado seja o Senhor! Aleluia pela Sua
rica palavra! “
A despeito de seus múltiplos envolvirnentos,
Jacó partiu desta vida de uma maneira excelente. Sua
partida não foi apenas triunfante; foi também
agradável e excelente. Ninguém quer enfrentar a
morte. Esta é sempre algo triste para qualquer pessoa.
Gosto, todavia, do registro da partida de Jacó. Não
verificamos nele um quadro tétrico, mas um retrato
agradável. Após ler esta mensagem, creio que muitos
ficarão convictos de que, em determinados aspectos,
a partida de Jacó foi mais inspiradora do que a do
apóstolo Paulo. Mais de três capítulos são dedicados
a ela, mas somente uns poucos versículos à de Paulo.
Consideremos agora, um a um, os detalhes da partida
de Jacó.
Pediu a José que Colocasse Sua Mão Sob a Coxa
Dele Gênesis 47:29a diz: “Aproximando-se, pois, o
tempo da morte de Israel, chamou a José, seu filho, e
lhe disse: Se agora achei mercê à tua presença, rogo-
te que ponhas a mão debaixo da minha coxa”. Esta
questão de José colocar a mão sob a coxa de Jacó tem
sido um problema para muitos estudiosos da Bíblia.
Ele não disse a José: “Faça o máximo para conseguir
um médico que me cure”. Pelo contrário, pediu-lhe
que colocasse sua mão sob a coxa dele. Que significa
esse gesto? Sem dúvida, significa juramento. Mas por
que Jacó não fez José levantar a mão, já que o
significado de tal ato era apenas o de tomar um
juramento? Ao invés de adivinhar, devemos entender
a Bíblia de acordo com os fatos nela contidos. Sob a
orientação do Espírito Santo, podemos acompanhar
o que aconteceu à coxa de Jacó durante sua vida. No
oitavo dia após seu nascimento, ele foi circuncidado
na parte de seu corpo próxima à sua coxa. Depois,
entretanto, de haver lutado por mais de noventa e
cinco anos, Deus apareceu para tocá-lo em sua coxa.
Ele, assim, experimentou tanto a circuncisão como o
toque divino. Primeiramente, algo foi cortado em
local bem próximo de sua coxa. Isso foi a circuncisão.
Anos mais tarde, Jacó experimentou um toque divino,
que o levou a andar como um coxo. Se olhar
profundamente para o sentido dessas duas coisas,
você perceberá que ambas têm o mesmo significado.
Ser circuncidado é ter a nossa carne, a nossa vida
natural, cortada. Jacó fora escolhido para herdar a
aliança de Deus. Mas sua carne, sua vida natural, não
era útil para tanto; pelo contrário, era um empecilho.
Veja o caso de Abraão. A aliança de Deus lhe foi
dada em Gênesis 15. Ele, todavia, usou sua força
natural juntamente com Hagar para cumprir a
promessa de Deus. Este ficou ofendido com o seu
gesto, e permaneceu longe dele por treze anos.
Depois, então, Deus voltou a Abraão, parecendo
dizer: “Abraão, Eu sou o Todo-suficiente. Manterei a
Minha promessa. Tendo prometido fazer-lhe algo,
não preciso que você use sua força natural para
cumprir a Minha promessa. O que você fez com
Hagar Me ofendeu sobremaneira. Por essa razão,
fiquei longe de você por esses treze anos. Venho
agora para dizer-lhe que, em Minha presença, você
precisa cortar fora sua força natural”. Daquele dia em
diante, a aliança da graça de Deus tornou-se a aliança
da circuncisão. Esta significa que a aliança da graça
não pode ser cumprida nem herdada por meio da
força natural do homem. Se quisermos herdar a
promessa da graça de Deus, nossa força natural
precisa ser circuncidada. Do lado de Deus, tal aliança
é uma aliança de graça. Mas do lado do homem
tornou-se a aliança da circuncisão. Deus ainda tem
intenção de dar graça ao homem. Todavia, a fim de
receber a graça da Sua aliança, precisamos ter
cortada a nossa força natural.
A circuncisão de Jacó foi um sinal de que ele não
deveria viver por sua carne ou força natural. Todavia,
após sua circuncisão, ele continuou a lutar na carne.
Embora tivesse sido circuncidado, ele viveu como
alguém que não o fora. Quanto ele exercitou sua
força para herdar a promessa de Deus! Usou sua
habilidade para suplantar e conspirar, como se não
houvesse sido circuncidado. Simbolicamente, Jacó
havia sido circuncidado; mas, na realidade, não
estava ainda circuncidado, até receber o tratamento
de Deus ao longo do tempo e chegar aos noventa
anos. Por vinte anos ele esteve debaixo da mão de
Labão, que quase lhe esgotou as forças. Por fim, foi
forçado a abandoná-lo e voltar à terra de seu pai.
Quando estava a caminho de casa, Deus levantou
circunstâncias para forçá-lo a voltar-se para Ele.
Labão o perseguia, e Esaú o esperava. Por isso, Jacó
estava num dilema, imaginando o que fazer. Parecia
dizer a si mesmo: “Que farei? Se voltar, Labão estará
lá; se seguir adiante, Esaú estará lá. Não há lugar
para onde fugir”. Em Peniel, mandou embora suas
esposas e filhos, e ficou sozinho para fazer um trato
com Deus. Naquela noite, ele foi tão forte em sua
carne, que até lutou contra Deus. O Senhor tocou-lhe
a coxa. Aquilo foi sua verdadeira circuncisão.
Daquela hora em diante Jacó ficou coxo. Quando
partia desta vida, ele não tinha força nem para andar;
podia, apenas, permanecer deitado no leito. Como
vimos, sua verdadeira circuncisão ocorreu quando
Deus lhe tocou a coxa. O fato de ele agora jazer no
leito era um outro toque genuíno de Deus. Após o
primeiro toque, ele já não podia mais andar de
maneira normal; mas, agora, ele não podia sequer
sair da cama. Sua força natural realmente fora
eliminada. Podemos, assim, considerar esse fato
como sua terceira circuncisão. À época de sua
primeira circuncisão, ele fora pouco afetado por ela.
Com a segunda, sua coxa fora tocada e ele ficara
coxo; todavia, ainda podia mover-se. Mas agora, à
época da terceira circuncisão, ele não tinha sequer
capacidade para mover-se. Era a hora de confiar
totalmente na graça de Deus. Quando você não pode
fazer nada, quando não é mais capaz de mover-se e
não tem força, tal é a hora de confiar em Deus.
Por não mais ter confiança em si mesmo, Jacó
pediu a José que colocasse sua mão sob a coxa dele.
Isso queria significar que Jacó reconhecia não ter
mais força para fazer nada por si mesmo. A única
coisa que podia fazer era confiar em Deus. O seu filho
José, o primeiro-ministro do país líder da terra,
certamente poderia fazer algo para ele. Tudo o que
lhe fosse feito após sua morte, seria feito por José.
Assim, Jacó pediu-lhe que colocasse sua mão sob a
coxa dele, reconhecendo, ao fazer tal pedido, que
recebera o tratamento de Deus ao máximo. Declarava
a todo o universo que não tinha mais força para fazer
qualquer coisa por si mesmo. Pelo contrário, podia
somente apegar-se à promessa da graça de Deus.
Durante sua vida, Jacó aprendera uma coisa: nada
podia fazer por si mesmo. Tudo o que fizera fora vão.
Acabou, conseqüentemente, por confiar na promessa
da graça de Deus. Para ele, aquela promessa era a
promessa da circuncisão, o eliminar de sua força
natural para herdar a promessa de Deus.
Como é vívido e maravilhoso esse primeiro
aspecto da partida de Jacó! Aqui está um homem que,
pela experiência, aprendeu que tudo é uma questão
da graça de Deus, não uma questão do seu agir.
Percebeu-se circuncidado, tocado por Deus e incapaz
de fazer qualquer coisa. Eu repito: aos oito dias de
idade ele fora circuncidado; com mais de noventa
anos fora tocado por Deus e ficara coxo; agora, aos
cento e quarenta e sete anos, estava confinado ao
leito, incapaz de fazer qualquer coisa. Precisava, sem
dúvida, da graça de Deus, que, naquela hora, estava
representada por José e nele concentrada. José era
um tipo de Cristo. A confiança de Jacó estava na
graça de Deus, centralizada em Cristo. Sua confiança
não estava mais em sua coxa. A coxa é a parte mais
forte do nosso ser, porque, pela força dela, andamos e
nos mantemos eretos. A coxa de Jacó fora
circuncidada e tocada. Após ser completamente
exterminado, ele voltou-se inteiramente de sua força
natural para a graça de Deus em Cristo. A mão de
José, simbolizando a mão da graça de Deus, não fora
colocada sobre a coxa de Jacó, mas debaixo dela. Isso
indica que a mão forte da graça de Deus sustentou
Jacó para o cumprimento da aliança da Sua
promessa. Não por sua própria força, mas pela mão
de José é que Jacó foi conduzido à boa terra, para sua
verdadeira herança. Não por nossa força, mas pela
graça de Cristo é que herdamos a promessa de Deus.

2) Considerou a Morte como um Sono


Humanamente falando, ninguém quer morrer.
Jacó, todavia, considerava sua morte como um sono
(47:30, IBB-Rev.). Embora ninguém goste de morrer,
todos desfrutam o dormir. É muito agradável dormir,
principalmente quando estamos exaustos. Por cento
e quarenta e sete anos, Jacó carregara um pesado
fardo e tivera muitos envolvimentos. Após suportar
tantos problemas, chegara a hora de ele descansar,
de dormir. Por esse motivo, considerava a morte
como um sono. Ele deve ter dito: “Meu avô Abraão
está descansando. Por que eu ainda haveria de lutar e
carregar fardos? Gostaria de dormir também”.
Por ver a morte como um sono, Jacó
demonstrava crer na ressurreição (1 Ts 4:13-16). Não
era um saduceu, um modemista dos tempos antigos,
que não cria na ressurreição. Os que dormem,
acordam após terem o descanso necessário. Quando
me levanto, após uma boa noite de sono, sinto-me
recuperado. Jacó está dormindo há três mil e
setecentos anos. Quando o Senhor Jesus estava na
terra, alguns dos descendentes de Jacó, os fariseus e
os saduceus, argumentavam se Jacó acordaria ou não,
isto é, se ele ressuscitaria ou não. Os fariseus,
fundamentalistas dos tempos antigos, criam na
ressurreição; mas os saduceus não. O Senhor Jesus, é
cIaro, cria na ressurreição. Ele até disse aos saduceus
que Deus se chamava “Deus de Abraão, Deus de
Isaque e Deus de Jacó”, mostrando-se um Deus de
vivos, não de mortos (Mt 22:32). Jacó ainda está
descansando, esperando pela hora da ressurreição.
Talvez, quando o virmos, lhe digamos: “Bom dia,
Jacó! “

3) Incumbiu José de Não o Enterrar no Egito,


mas na Boa Terra
Jacó encarregou José de não o enterrar no Egito,
mas na boa terra (47:29-30). Embora houvesse
ganho muito no Egito, não tinha lá o coração, mas na
boa terra. Por isso encarregou José de o enterrar lá,
na caverna de Macpela, onde seus pais haviam sido
sepultados, a fim de que ele pudesse herdar a boa
terra. Ao encarregar José de agir assim, Jacó
demonstrava ter fé na promessa de Deus. Acreditava
que, um dia, a boa terra prometida por Deus seria a
porção, a herança, dos seus descendentes. Ao partir,
ele era um homem cheio de fé. Espero que, quando
partirmos, estejamos também cheios de fé, não fé em
algo vão, mas no que Deus prometeu em Sua Palavra.
Há muitas promessas na Bíblia para crermos.
Quando partirmos, precisamos partir na fé, na
palavra fidedigna de Deus, escrita na Bíblia.
O relato da partida de Jacó não faz menção de
sua doença, de sua vontade ou da maneira pela qual
distribuiu suas propriedades entre seus filhos. A boa
terra era a sua herança e a promessa de Deus era o
testamento que ele legava a seus filhos. Embora nada
diga sobre sua moléstia ou testamento, o relato de
sua partida nos fornece um quadro vívido e
maravilhoso de sua vida na presença de Deus.
Verdadeiramente, ele era um homem de Deus. Ao
morrer, não ficou amedrontado com a morte. Pelo
contrário, por estar cheio de fé e de esperança,
desfrutou sua partida.

4) Adorou a Deus, Apoiado na Extremidade


do Seu Cajado
Enquanto morria, Jacó adorou a Deus (47:31,
Septuaginta3; Hb 11:21). Não é algo insignificante um
homem à morte adorar a Deus. Jacó O adorou na
cabeceira de seu leito. Como vimos, o seu
confinamento ao leito revela que ele não tinha mais
força natural, que não podia mais mover-se, e que
sua confiança estava totalmente em Deus. Por isso,
ele adorou a Deus lá.
A Versão Septuaginta traduz a última parte de
47:31 como “na extremidade do seu bordão”. Ao
escrever Hebreus 11 :21, Paulo mencionou, não o
texto hebraico mas, a Versão Septuaginta (ou dos
Setenta). Por essa razão, Hebreus 11 :21 diz: “Pela fé
Jacó, quando estava para morrer (...) apoiado sobre a
extremidade do seu bordão, adorou”.
3
N. do T.: Tradução para o grego do Antigo Testamento.
Espiritualmente falando, isso é muito significativo. O
leito significa que Jacó não tinha força humana; mas
o bordão significa que ele era uma pessoa cheia da
experiência de Deus em sua vida. O cajado era um
símbolo de sua vida de peregrino. Em Gênesis 32:10,
ele dissera: “Pois com apenas o meu cajado atravessei
este Jordão”. Ao longo de sua vida de peregrino,
Deus esteve continuamente com ele. Portanto, ao
final de sua vida, Jacó adorou a Deus em seu leito-
prova de que ele não tinha força-e sobre seu cajado-
significando que o Deus a quem ele adorava,
pastoreara-o ao longo de toda a sua vida.
A adoração de Jacó a Deus não ocorreu sem
experiência pessoal. Não adorava ele a um Deus
objetivo. Ao morrer, adorava ao Deus que
experimentara de maneira plena numa vida de
peregrinação. Foi um final santo desse peregrino
maduro. Espero que, ao partirmos desta terra,
adoremos a Deus da mesma maneira, não como
Alguém que não experimentamos, mas como Aquele
com quem tivemos experiências ao longo de toda a
nossa vida. Jacó não falou sobre Deus de maneira
doutrinária nem O adorou de modo formal, mas o fez
de acordo com sua própria experiência. O Deus a
quem ele adorava estava intimamente relacionado
com o seu bordão, que era um testemunho de que ele
fora um peregrino na terra (Hb 11:13), e que esteve
sempre sob o pastorear de Deus (Gn 48:15, IBB-Rev.,
SBBE, BJ). De acordo com Hebreus 11:13, ele estava
entre os que morreram na fé, aguardando um dia
entrar naquilo que Deus prometera.
Adorar do alto do bordão requer colocar as mãos
no bordão. Jacó pediu a José que colocasse a mão
sob a coxa dele, indicando que Jacó colocava toda a
sua confiança na mão graciosa de Deus. Mas também
colocou suas mãos no bordão, indicando reconhecer
que sempre estivera sob o cuidado da graça de Deus
ao longo de toda a sua vida.

5) Relembrou a Morte Penosa de Raquel


Em 48:7, vemos que, ao partir, Jacó se lembrou
da morte penosa de Raquel. Ele lhe fora fiel ao dar a
seu filho José uma porção dobrada (48:5-8, 20, 22).
O que Jacó fez a Efraim e Manassés no capítulo 48,
fê-lo em memória de Raquel. O primeiro filho de
Jacó foi Rúben, e o segundo foi Simeão. Seu décimo
primeiro filho foi José, o primeiro nascido de Raquel.
O décimo segundo, Benjamim, também nasceu de
Raquel. Seus primeiros dois filhos nasceram de Lia.
Ele, todavia, desejava fazer dos dois filhos de José-
nascido de Raquel-os dois primeiros de si próprio, a
fim de que substituíssem a Rúben e a Simeão. Em seu
coração, os dois filhos de José se tornaram os seus
dois primeiros filhos. No capítulo 48, José
apresentou seus dois filhos a Jacó, e este disse:
“Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na
terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são
meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e
Simeão” (48:5). Em outras palavras, eles
substituiriam a Rúben e Simeão. Jacó parecia dizer:
“José, seus filhos, Efraim e Manassés, não são mais
para você; são para mim, e eu sou para Raquel”. O
direito de primogenitura entre os filhos de Jacó foi
mudado de Rúben para José, por intermédio do
desejo de Jacó de lembrar Raquel, que estava
continuamente em seu coração. Ao agir assim, Jacó
espontaneamente fez de Raquel sua genuína esposa.
Deus honrou a ação de Jacó e fez dela um fato, ao
repartir os quinhões, à época em que os filhos de
Israel entraram na boa terra.
Hoje, entre a raça humana, não há fidelidade
entre homens e mulheres. Mas no caso de Jacó
verificamos a sua fidelidade e honestidade para com
Raquel. Desde o dia em que a viu pela primeira vez,
apaixonou-se por ela, e o seu coração jamais mudou.
Foi fiel, e Deus honrou sua fidelidade. Fez dos filhos
de José, Efraim e Manassés, seus dois primeiros
filhos, anos após a morte de Raquel. Nesse tempo
todo, jamais a esqueceu. Ainda era fiel em seu amor
por ela. O amor genuíno entre um homem e uma
mulher é sempre honrado por Deus. Se você não ama
uma mulher, não deve casar com ela. Mas, se
desposá-la, você tem de amá-la, e amá-la com um
amor fiel e honesto. Na sociedade humana de hoje,
esse tipo de amor se perdeu. Um homem pode amar
alguém hoje e mudar de sentimento mais tarde. Nada
ofende mais a ordenação de Deus do que esse amor
infiel. Se você desposar determinada pessoa, deve
amá-la ao máximo. Como é bom ver um homem à
morte ainda se lembrando daquela a quem amou! O
amor de Jacó jamais mudou. Alguns podem ter-lhe
dito: “Jacó, você tem cento e quarenta e sete anos, e
está para morrer. Raquel já está morta há mais de
quarenta anos. Não precisa preocupar-se com isso.
Por que chamar José e pedir-lhe que lhe dê seus dois
filhos, a fim de que substituam seus dois primeiros?
Jacó, simplesmente descanse em seu leito, até
morrer”. Registra-se, entretanto, na Palavra Sagrada
de Deus, a fidelidade de Jacó para com Raquel, ao
fazer dos dois filhos de José os seus dois primeiros,
de modo que José, como primogênito, pudesse
herdar uma porção dobrada de terra. Soberanamente,
quando as porções da terra foram repartidas por
Josué (Is 14-21), a que Jacó deu a José foi repartida
entre Efraim e Manassés. Isso significa que a ação de
Jacó foi honrada por Deus. Um marido jamais
deveria mudar o seu amor por sua esposa. Se você é
fiel em seu amor por ela, Deus honrará essa
fidelidade. Essa é a moralidade mais elevada.

6) Percebeu que Deus o Pastoreara Durante


Toda a Sua Vida
Em 48:15, Jacó falou de Deus como Aquele que
“tem sido o meu pastor durante toda a minha vida
até este dia” (SBBE). Espero que todos sejamos
capazes de dizer, à hora da nossa partida, que nossa
vida esteve sob o pastorear de Deus. Que possamos
ser capazes de dizer: “Não fui uma ovelha sem o
Pastor. O Senhor foi o meu Pastor durante toda a
minha vida. Agora que estou para morrer, ainda
estou debaixo de Seu pastorear. Não escolho meu
próprio caminho. Ele me guia e eu estou sob Seu
pastorear”.

7) Profetizou sobre Seus Doze Filhos


Enquanto morria, Jacó profetizou sobre seus
doze filhos (49:1-2). Não profetizou, falando: “Assim
diz o Senhor”; pelo contrário, profetizou sendo um
com Deus, para falar por Deus. Tudo o que ele falou
tomou-se a palavra de Deus. Era o Seu porta-voz.
Esse é o tipo de profecia que encontramos no Novo
Testamento. Paulo, por exemplo, em 1 Coríntios 7,
disse que não tinha mandamento do Senhor, mas
ainda assim daria sua opinião, como alguém que
recebeu a misericórdia do Senhor para ser fiel. O que
ele disse, entretanto, foi a palavra de Deus, porque
Paulo era totalmente um com Ele, e o que ele dizia
era a palavra Dele. O fato de Jacó poder profetizar
dessa maneira é um sinal e evidência categórica de
que ele estava amadurecido na vida. Por tomar-se um
com Deus, estava amadurecido na vida. Tudo o que
ele proferiu, conseqüentemente, foi o falar de Deus.
Não clamou, dizendo que Deus o mandara falar
determinadas coisas; nem declarou: “Assim diz o
Senhor”. Simplesmente falou, e tudo o que ele disse
foi a palavra de Deus. Deus honrou sua palavra e a
cumpriu. Deus, sem dúvida, cumpriu a bênção
profética pronunciada por Jacó sobre seus doze filhos.
Isso prova que ele partiu em maturidade de vida. Sua
partida revela sua maturidade.

8) Sepultado com Grande Honra


Em 50:1-13 vemos o registro do funeral de Jacó,
que teve pompas maiores que um funeral de estadista.
Quando José foi sepultar a seu pai, “subiram com ele
todos os oficiais de Faraó, os principais da sua casa, e
todos os principais da terra do Egito (...) E subiram
também com ele tanto carros como cavaleiros; e o
cortejo foi grandíssimo” (vs. 7, 9). Isso indica que
Jacó foi sepultado como um estadista, cheio de honra.
Porque estava cheio de esperança, aguardando ser
ressuscitado, Jacó encarregou seu filho José de
realizar-lhe o funeral de maneira coerente com a
promessa de Deus. Somente os incrédulos, os que
não têm fé em Deus, negligenciam a questão de seu
enterro. Se tivermos fé na ressurreição, faremos um
bom arranjo para o nosso sepultamento, um arranjo
que mostrará aos outros que não somos pessoas sem
esperança. Esperamos ser ressuscitados de maneira
gloriosa, a fim de irmos ao encontro do Senhor.
A partida do apóstolo Paulo foi triunfante. Esta
partida, todavia, foi a de um mártir, ao passo que a
de Jacó foi normal. O martírio não revela a partida
normal de um homem que amou a Deus. Vemo-la
normal no registro referente a Jacó. Por essa razão,
embora aprecie a partida de Paulo como um mártir,
tenho predileção pela de Jacó, pois esta proporciona
o quadro da partida normal de um filho de Deus. Na
de Jacó, nada é triste ou desagradável; pelo contrário,
tudo é encorajador e edificante. Sempre que leio
esses capítulos relativos à sua partida, sou edificado e
digo: “Senhor, dá-me a graça de jamais temer a
morte. Quando ela vier, sob o Teu arranjo, quero
encará-la como Jacó o fez”. Tal atitude, entretanto,
requer maturidade de vida. Jacó, que se tomara
Israel, era maduro na vida. Pôde, portanto, partir
dessa maneira excelente.
MENSAGEM CENTO E DEZ

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (1)
Gênesis é um livro maravilhoso. Quanto mais o
estudamos, mais percebemos que mão humana
alguma poderia tê-lo escrito. Em aparência, é
simplesmente um livro de histórias; todavia, quando
lhe penetramos as profundezas, mediante a
orientação do Espírito Santo, descobrimos nele algo
profundo, que se relaciona à nossa experiência de
vida. Se o lermos superficialmente, não seremos
capazes de compreender por que se colocam os
eventos do capítulo 38 após os do capítulo 37.
Enquanto não descobrirmos o significado espiritual
desses capítulos, não poderemos apreciar o profundo
sentido desta seqüência.
De acordo com o registro do livro de Gênesis e
de acordo com a nossa experiência espiritual, José
não deveria ser considerado uma pessoa separada de
Jacó, mas, pelo contrário, como um aspecto da
biografia deste. Quando falamos pela primeira vez de
Abraão neste Estudo-Vida enfatizamos que, na
experiência espiritual, Abraão, Isaque e Jacó não são
três indivíduos separados; antes, representam três
aspectos da experiência de um santo. Eles
representam três aspectos de um único homem
espiritual, e suas biografias retratam aspectos
diferentes da vida completa de um santo. Abraão,
Isaque e Jacó são três aspectos de uma única pessoa,
um pouco semelhante ao fato do Pai, Filho e Espírito
serem os três da Trindade. No registro de Gênesis,
Deus se revelou como Deus de Abraão, Deus de
Isaque e Deus de Jacó. Mas o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque e o Deus de Jacó não são três Deuses
separados; constituem o único Deus Triúno. De
modo semelhante, espiritualmente falando, Abraão,
Isaque e Jacó não são três pessoas separadas, mas
três aspectos de uma pessoa completa. Temos,
portanto, não apenas o Deus Triúno, mas também
um homem completo, formado de três aspectos.
É difícil determinar se Abraão ou Jacó vem
primeiro. De acordo com o registro histórico, Abraão
era o avô, e Jacó, o neto. De acordo com a
experiência espiritual, entretanto, Jacó tem de vir
primeiro. Este foi escolhido antes de seu nascimento
(Rm 9:11-13). Isso significa que o santo completo é
aquele escolhido, como Jacó, antes do nascimento. O
livro de Efésios revela que essa escolha ocorreu antes
da fundação do mundo (Ef 1:4). Assim, a pessoa
completa foi escolhida, como Jacó. E também caiu,
como Jacó. Este escolhido e caído, depois foi
chamado, como Abraão. Em Abraão, ele não apenas
foi chamado como também justificado, e viveu pela fé.
Além disso, herdou e desfrutou todas as riquezas de
Cristo, como Isaque. Após ser chamado e justificado,
e enquanto vivia pela fé, herdou todas as riquezas de
Cristo e as desfrutou. Mas isso não é tudo. Como Jacó,
também lutou e sofreu por causa de suas lutas. Além
disso, recebeu tratamento e amadureceu. Tudo isso é
a experiência de Jacó. Por todas essas experiências-
escolha, queda, chamamento, justificação pela fé,
viver pela fé, herança e desfrute das riquezas em
Cristo, luta consigo mesmo, sofrimentos, tratamentos
e maturidade-vê-se a necessidade de três pessoas: a
necessidade de Abraão, de Isaque e de Jacó.
Esses três representam a você e a mim. Somos
escolhidos e caídos, como Jacó. Somos chamados,
justificados pela fé e vivemos por ela, como Abraão.
Herdamos as riquezas de Cristo e as desfrutamos,
como Isaque. Lutamos, sofremos, recebemos
tratamento e somos amadurecidos, como Jacó.
Quando este amadureceu, seu nome foi mudado. Não
somente sua disposição foi transformada, mas seu
nome foi mudado de Jacó, um suplantador, para
Israel, um príncipe de Deus, alguém que podia reinar
por Deus.

(3) O ASPECTO REINANTE DO ISRAEL


AMADURECIDO
O Israel amadurecido tem um aspecto reinante.
Vimos o processo de amadurecimento de Jacó e a sua
manifestação. Sua maturidade manifestou-se
totalmente em sua excelente partida desta vida.
Precisamos agora ver o aspecto reinante dessa vida
madura. Nesta mensagem, portanto, chegamos ao
aspecto reinante do Israel maduro, um aspecto
integralmente retratado na biografia de José.
Por representar um aspecto de seu pai, não
deveríamos considerar José uma pessoa separada de
Jacó. Este é o motivo por que os últimos catorze
capítulos de Gênesis interligam o registro da vida de
José com o da de Jacó.
Gênesis mistura as biografias de José e Jacó,
porque elas são, na verdade, a biografia não de duas
pessoas, mas de uma só. Essa mistura de registros
indica que José é um aspecto de Jacó. Se ler o
registro de Gênesis, capítulos 37 a 50, você perceberá
que José é um aspecto, uma parte, de Jacó. Era a
expressão de Jacó. Onde quer que José estivesse,
Jacó também estava. Quando José esteve no poder,
era Jacó quem na verdade reinava. Por essa razão, as
biografias de ambos são misturadas como a biografia
de uma única pessoa.
Tentei por vários anos dividir cada um dos livros
da Bíblia em seções. Mas chegando aos últimos
capítulos do livro de Gênesis, não pude dizer se era
uma seção relativa a Jacó ou a José. Por fim, desisti
de tentar dividir em seções essa parte de Gênesis. Por
não ver, naquela época, a questão da vida, eu não
gostava de apreciar a excelência da composição de
Gênesis. Mas precisamos reconhecer que esses
capítulos são parte de uma biografia com dois
aspectos. No dia em que vislumbrei essa luz, fiquei
muito alegre. Falando espiritualmente, José não está
separado de Jacó. Pelo contrário, representa o
aspecto reinante de um santo maduro.

(a) A Vida de José-Sendo a Geração de Jacó


Gênesis 37:2 diz: “Esta é a história de Jacó”. E
depois continua a falar-nos da vida de José. Isso
prova que a vida de José era uma parte da geração de
Jacó. A biografia de José é um aspecto da história de
Jacó.

(b) José-um Tipo de Cristo


A biografia de José mostra-o sem defeitos. De
acordo com o registro, ele foi totalmente perfeito. Na
Bíblia, ele é o perfeito do Antigo Testamento, e Jesus
é o Perfeito do Novo Testamento. As quatro
biografias de Jesus, no Novo Testamento, revelam-
No perfeito, sem defeito. O registro de José, no
Antigo Testamento, revela que ele também foi
perfeito. Alguns poderão afirmar que, para ser um
tipo de Cristo, José precisou ser perfeito. Mas Davi
não foi também um tipo de Cristo? É claro que sim.
Mas ele, um tipo de Cristo, cometeu um grave pecado.
Salomão, também um tipo de Cristo, foi pecaminoso.
Com exceção de José, todos os tipos pessoais de
Cristo registrados no Antigo Testamento tiveram
algumas falhas.
Como tipo de Cristo, José simboliza o aspecto
reinante de um santo maduro, do Israel amadurecido.
Sem dúvida, o aspecto reinante desta pessoa deve ser
perfeito. Nenhum de nós, obviamente, é perfeito.
Todavia, em nosso aspecto reinante, nós o somos.
Sempre que reinamos no espírito, somos perfeitos.
Você, todavia, poderá dizer: “Não sou perfeito; pelo
contrário, sou como Judá”. Todavia, o seu aspecto de
semelhança com Judá não é o reinante, mas o caído.
Sim, de acordo com seu aspecto caído, você é como
Judáno capítulo 38. Contudo, tanto o 37 como o 39
são capítulos de perfeição. O capítulo 38, pelo
contrário, é de perversão. Assim, o aspecto reinante
está no capítulo 37, e o aspecto caído, no capítulo 38.
Talvez ontem você estivesse reinando por Deus, mas
hoje pode ter cometido um pecado, até mesmo um
pecado grosseiro. Isso revela o fato de que temos
vários aspectos. Nesta mensagem, trataremos apenas
do aspecto reinante.
Espero que todos vejamos em Abraão, Isaque e
Jacó mais José uma só pessoa. José não é um aspecto
distinto de uma pessoa espiritual completa como o
são Abraão, Isaque e Jacó; pelo contrário, como
vimos, ele é um aspecto de Jacó. A Bíblia não diz que
Deus é o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus
de Jacó e o Deus de José. Isso faria Deus ser
quádruplo, em vez de triúno. Há somente três. Mas
ao chegarmos a Jacó, ao estágio de maturidade,
vemos que com a vida madura há o aspecto reinante.
Nem Abraão nem Isaque reinaram. Mas José reinou
representativamente por Jacó. Em outras palavras,
Jacó reinou por meio de José.
Em 1 :26, ao criar o homem, Deus disse:
“Façamos o homem à nossa imagem, como nossa
semelhança, e que eles dominem” (BJ). Nos últimos
capítulos de Gênesis, notamos um Israel que
expressa a imagem de Deus e exerce Seu domínio. O
exercício do domínio de Deus sobre todas as coisas se
manifesta na vida de José, ao passo que a imagem de
Deus se expressa em Israel. José não está apartado
de Jacó, mas é um aspecto da vida que expressa a
imagem de Deus. Os dois aspectos-a expressão da
imagem de Deus e o exercício de Seu domínio-devem
ser encontrados em uma pessoa. O que se encontra
na vida de José, conseqüentemente, pode ser
chamado de aspecto reinante do Israel amadurecido.
Sem essa luz, você não será capaz de compreender
esse trecho da Palavra. E sinto dizer que a maioria
dos cristãos não têm essa luz.
O nosso objetivo deve ser o de expressar a Deus
com Sua imagem e representá-Lo com Seu domínio.
Por essa razão, somos escolhidos e caídos, como
Jacó; somos chamados, justificados e vivemos pela fé,
como Abraão; herdamos e desfrutamos as riquezas
de Cristo, como Isaque; e, finalmente, lutamos,
sofremos, recebemos tratamento e atingimos a
maturidade, como Jacó. Todos temos a natureza
lutadora de Jacó dentro de nós. Se nos dissessem
para não lutar, lutaríamos do mesmo modo. Lutar,
todavia, não é algo necessariamente errado. Se
alguém tem sido cristão há anos, mas nunca lutou,
isso significa que ele não é alguém que busca o
Senhor. Também significa que ele não se interessa
em ganhar o direito de primogenitura. Mas uma vez
que percebamos algo sobre o direito de
primogenitura, haveremos de lutar para sermos
santos e espirituais, e a nossa natureza lutadora de
Jacó aparecerá. Quando lutar, esteja preparado para
sofrer. Juntamente com esse sofrimento, você estará
sob a mão disciplinadora de Deus. Você pode ser
esperto, mas Ele tem um Labão ainda mais esperto
que você. Esteja preparado para sofrer e receber
tratamento pela mão de Deus. Por fim, você atingirá
a maioridade, e o aspecto reinante do Israel maduro
será percebido em sua vida. Esse é o aspecto reinante
representado por José.
Digo novamente: José não é uma pessoa
completa, mas simplesmente um aspecto de um
santo maduro, que passou pelas experiências que a
vida de Abraão, Isaque e Jacó representa. Após
passar por todas essas experiências, o santo maduro
tem um aspecto constituído unicamente de Cristo.
Por ser a própria constituição de Cristo, esse seu
aspecto é perfeito. José representa esse aspecto de
um santo maduro. Em cada um de nós existe uma
parte formada por Cristo. Mesmo que você acabe de
ser regenerado, uma sua parte, o seu espírito
regenerado, já foi constituído de Cristo. Esse é o
princípio da constituição de Cristo em você. O
processo da formação de Cristo continuará até atingir
seu clímax, quando o aspecto reinante aflorará em
você. Quando estiver totalmente maduro, você terá
essa porção máxima, esse aspecto máximo. Tal é a
formação de Cristo, um aspecto da vida madura
constituída por Ele.
José, sem dúvida, é o tipo perfeito de Cristo,
porque retrata o aspecto formado de um santo
maduro. Se o seu aspecto de constituição de Cristo
não for perfeito, então, com certeza, parte alguma de
você será perfeita. Em nós, que somos caídos, salvos,
chamados, redimidos e regenerados, não há nada
perfeito, exceto o Cristo constituidor. Aleluia! temos
a constituição de Cristo dentro de nós! Repito: José
representa a formação de Cristo na vida madura de
Jacó. Este aspecto, o Cristo formado nos santos
maduros, é perfeito. Por esse motivo, ele
perfeitamente prefigura Cristo.

1) Um Pastor
Esse aspecto perfeito é um pastor. José, assim
como Abel, era um pastor (37:2). Isso tipifica o
aspecto da formação de Cristo na vida madura, que é
a vida de pastorear, para cuidar dos outros. No
capítulo 37, José não apenas alimentou e pastoreou o
rebanho; embora fosse o penúltimo filho, ele foi
enviado por seu pai para apascentar seus irmãos.
Assim, ele não somente pastoreou o rebanho do pai,
como também os filhos de seu pai. O Senhor Jesus
também veio como um pastor (Jo 10:11).
Embora possa ser novo na vida da igreja, você,
todavia, tem a constituição de Cristo dentro de si. Ele
foi constituído em seu interior, e isso se toma a
constituição de Cristo em sua vida espiritual. É isso o
que lhe propicia o encargo de cuidar dos outros. Isso
é pastorear. A constituição de Cristo em nossa vida
espiritual tem um aspecto de pastorear. É vão
encorajar as pessoas a pastorear os outros. Quanto
mais eu o encarregar de pastorear os outros, menos
você o fará. Pastorear não é uma questão de
instigarmos os outros a fazer algo, mas é algo da
constituição de Cristo em nosso interior. A parte do
nosso ser que foi constituída de Cristo é a parte que
pastoreia os outros. Tenho plena confiança em tal
parte no interior de vocês. Não podemos pastorear
ninguém, mas o Cristo constituído dentro de nós é o
Pastor.
O aspecto reinante é, primeiramente, o aspecto
do pastorear. Se não tiver o encargo de pastorear os
outros e de alimentá-los, você jamais será capaz de
reinar. A autoridade real advém da vida que
pastoreia. Por fim, José reinou sobre seus irmãos.
Mas não reinou sobre eles enquanto não os pastoreou.
Ele foi enviado pelo pai para pastoreá-los e alimentá-
los. De semelhante modo Jesus veio, não como um
Rei a governar sobre os outros, mas como um Pastor.
Como Pastor, Cristo foi morto por Seu próprio
povo. Isso é revelado em João 10, onde lemos que o
bom Pastor dá Sua vida pelas ovelhas. Jesus veio
como o Pastor e foi morto, dando Sua vida por Seu
rebanho. Em princípio, o mesmo aconteceu com José
no capítulo 37. Embora fosse enviado para
apascentar seus irmãos, estes quase o mataram. Ele
deu sua vida para executar esse tipo de pastorear. É
bom termos uma vida de pastorear em nosso interior.
Mas se for pastorear os outros, você precisa estar
pronto para ser morto por aqueles de quem você
cuida. As mesmas pessoas que você deseja pastorear
não gostarão de seu pastorear; pelo contrário, elas o
matarão. Poderão considerá-lo um estranho, alguém
especial, e poderão vir a chamá-lo de irmão “santo”.
Muitos já me disseram: “Irmão Lee, se eu ficasse
isolado e não amasse a igreja e não cuidasse dos
santos, não teria problemas. Mas quando começo a
amar a igreja e cuidar dos santos, eles me matam”.
Eles o matam porque você os apascenta.

2) O Amado do Pai
José, O que tinha o aspecto apascentador, era
também o amado do pai (37:3-4). De semelhante
modo, Cristo era o Filho amado do Pai (Mt 3:17; 17:5).
Somente aquele nosso aspecto que é constituído de
Cristo, é amado aos olhos de Deus. Louvado seja o
Senhor, porque temos a constituição de Cristo em
nosso interior! Essa parte de nós é amada pelo Pai.
Você pode testificar que, às vezes, teve a profunda
sensação de que o Pai estava presente com você e que
você podia senti-Lo dizer: “Este é o Meu amado”. As
palavras ditas sobre o Senhor Jesus em Seu batismo e
no monte da transfiguração também foram ditas a
você. Você teve a profunda sensação de que Deus Pai
se fazia presente. Sempre que tem essa sensação, isso
prova que você tem a constituição de Cristo, a qual é
agradável ao Pai. Dessa parte de seu ser, o Pai
sempre dirá: “Este é o Meu amado”.
Embora possa ser jovem no Senhor, creio que já
experimentou Deus Pai, no céu, estando muito feliz e
contente com você. Todavia, agora, você pode não
estar feliz consigo, meditando sobre suas próprias
falhas e erros. A razão disso é que temos duas
constituições: a de Cristo e a do velho Adão. Quando
está na constituição de Cristo, você pode ouvir uma
voz celestial, a dizer: “Este é o Meu amado”, porque
Deus Pai está contente com você. Mas quando está na
velha constituição, na constituição de Adão, nem
você está contente consigo. Pelo contrário, odeia tal
aspecto do seu ser. José representa a própria
constituição de Cristo na vida madura de Israel,
aquela parte que é chamada pelo Pai de “Meu
amado”.

3) Ministrava aos Irmãos de Acordo com a


Vontade do Pai
Em 37:12-17, vemos que José ministrava a seus
irmãos de acordo com a vontade de seu pai. Nesta
questão, ele também era um tipo de Cristo, porque
Este desceu do céu para fazer a vontade Daquele que
O enviara (Jo 6:38).
Não existe palavra alguma na Bíblia a dizer que
José era um tipo de Cristo. Entretanto, se ler esta
seção da Palavra, você admitirá não apenas que José
era um tipo de Cristo, como também que sua
biografia é virtualmente a biografia de Cristo. A vida
de José foi uma cópia da de Cristo.
A essa altura, gostaria de dizer uma palavra a
respeito de alegorizar a Bíblia. Alguns mestres dizem
que, no Antigo Testamento, devemos considerar
como tipo somente aquilo que o Novo Testamento
especificamente considera como tal. Segui este
ensinamento por vários anos, mas, por fim, fui
libertado dele, ao perceber que ele fora muito longe.
Embora não haja uma palavra no Novo Testamento a
dizer que José era um tipo de Cristo, ninguém, no
Antigo Testamento, foi um tipo mais exato de Cristo
do que José. Isso indica o fato de que algumas coisas
do Antigo Testamento são tipos, não mencionados
como tais no Novo Testamento. Por causa desse fato,
já não mantenho mais esse ensinamento. José foi um
pastor, o amado do pai e o enviado do pai para
ministrar a seus irmãos. Em todos esses aspectos, ele
foi o mesmo que Cristo.
4) Odiado e Hostilizado pelos Irmãos a Quem
Ministrava
Embora fosse um pastor, o amado do pai, e
embora ministrasse aos seus irmãos de acordo com a
vontade de seu pai, José foi odiado e hostilizado
pelos irmãos a quem ministrava (37:4-5, 8, 11, 18-36).
O mesmo foi verdade com relação a Cristo (At 10:38-
39). Cristo foi enviado para ministrar aos filhos de
Deus, mas eles O odiaram. De acordo com os
Evangelhos, os líderes judeus odiaram a Cristo,
conspiraram contra Ele e tramaram para matá-Lo.
Essa foi também a experiência de José com seus
irmãos. Em 37:19-20, estes disseram: “Vem lá o tal
sonhador! Vinde, pois, agora, matemo-la”. Assim
conspiraram e tramaram contra seu irmão José.
Os irmãos de José hostilizaram-no por meio dos
ismaelitas, que eram midianitas (37:25, 28). Tanto os
ismaelitas quanto os midianitas eram descendentes
de Abraão. Este teve três esposas: Sara, Hagar e
Quetura. Por meio de Sara, sua esposa genuína,
gerou a Isaque; por meio de Hagar, a serva de Sara,
gerou a Ismael, o produto de sua carne. Finalmente,
por meio de Quetura, gerou a Midiã, Somente um
filho _ Isaque-fora gerado pela graça. Tanto Ismael
quanto Midiã foram gerados por intermédio da carne.
Por isso, no Antigo Testamento, Ismael e Midiã
simbolizam a carne, a força natural. José, um
descendente de Isaque, foi vendido aos descendentes
de Ismael e de Midiã, aos ismaelitas, aos midianitas.
Parece que a Bíblia erroneamente usa os termos
“ismaelitas” e “midianitas” como permutáveis. No
capítulo 37, versículo 25, fala-se de ismaelitas; e, no
versículo 28, de midianitas. A quem José foi vendido:
aos ismaelitas ou aos midianitas? De acordo com a
Bíblia, tanto os ismaelitas quanto os midianitas eram
da mesma categoria. Aos olhos de Deus, ambos
representam a carne. Assim, José foi vendido por
intermédio da carne. O mesmo aconteceu ao Senhor
Jesus. Se os líderes judeus estivessem no espírito,
jamais O entregariam a Pilatos: Cristo lhe foi
entregue pelos líderes judeus, por intermédio da
carne. Quando O entregaram a Pilatos, os líderes
judeus já não eram mais israelitas; eram ismaelitas e
midianitas. O seu entregar do Senhor Jesus foi feito
na carne.
José foi vendido por intermédio da carne ao
Egito (37:28, 36), que simboliza o mundo. O fato de
ele ser vendido por intermédio da carne ao mundo
indica que a

3) Ministrava aos Irmãos de Acordo com a


Vontade do Pai
Em 37:12-17, vemos que José ministrava a seus
irmãos de acordo com a vontade de seu pai. Nesta
questão, ele também era um tipo de Cristo, porque
Este desceu do céu para fazer a vontade Daquele que
O enviara (Jo 6:38).
Não existe palavra alguma na Bíblia a dizer que
José era um tipo de Cristo. Entretanto, se ler esta
seção da Palavra, você admitirá não apenas que José
era um tipo de Cristo, como também que sua
biografia é virtualmente a biografia de Cristo. A vida
de José foi uma cópia da de Cristo.
A essa altura, gostaria de dizer uma palavra a
respeito de alegorizar a Bíblia. Alguns mestres dizem
que, no Antigo Testamento, devemos considerar
como tipo somente aquilo que o Novo Testamento
especificamente considera como tal. Segui este
ensinamento por vários anos, mas, por fim, fui
libertado dele, ao perceber que ele fora muito longe.
Embora não haja uma palavra no Novo Testamento a
dizer que José era um tipo de Cristo, ninguém, no
Antigo Testamento, foi um tipo mais exato de Cristo
do que José. Isso indica o fato de que algumas coisas
do Antigo Testamento são tipos, não mencionados
como tais no Novo Testamento. Por causa desse fato,
já não mantenho mais esse ensinamento. José foi um
pastor, o amado do pai e o enviado do pai para
ministrar a seus irmãos. Em todos esses aspectos, ele
foi o mesmo que Cristo.

4) Odiado e Hostilizado pelos Irmãos a Quem


Ministrava
Embora fosse um pastor, o amado do pai, e
embora ministrasse aos seus irmãos de acordo com a
vontade de seu pai, José foi odiado e hostilizado
pelos irmãos a quem ministrava (37:4-5, 8, 11, 18-36).
O mesmo foi verdade com relação a Cristo (At 10:38-
39). Cristo foi enviado para ministrar aos filhos de
Deus, mas eles O odiaram. De acordo com os
Evangelhos, os líderes judeus odiaram a Cristo,
conspiraram contra Ele e tramaram para matá-Lo.
Essa foi também a experiência de José com seus
irmãos. Em 37:19-20, estes disseram: “Vem lá o tal
sonhador! Vinde, pois, agora, matemo-la”. Assim
conspiraram e tramaram contra seu irmão José.
Os irmãos de José hostilizaram-no por meio dos
ismaelitas, que eram midianitas (37:25, 28). Tanto os
ismaelitas quanto os midianitas eram descendentes
de Abraão. Este teve três esposas: Sara, Hagar e
Quetura. Por meio de Sara, sua esposa genuína,
gerou a Isaque; por meio de Hagar, a serva de Sara,
gerou a Ismael, o produto de sua carne. Finalmente,
por meio de Quetura, gerou a Midiã. Somente um
filho _ Isaque-fora gerado pela graça. Tanto Ismael
quanto Midiã foram gerados por intermédio da carne.
Por isso, no Antigo Testamento, Ismael e Midiã
simbolizam a carne, a força natural. José, um
descendente de Isaque, foi vendido aos descendentes
de Ismael e de Midiã, aos ismaelitas, aos midianitas.
Parece que a Bíblia erroneamente usa os termos
“ismaelitas” e “midianitas” como permutáveis. No
capítulo 37, versículo 25, fala-se de ismaelitas; e, no
versículo 28, de midianitas. A quem José foi vendido:
aos ismaelitas ou aos midianitas? De acordo com a
Bíblia, tanto os ismaelitas quanto os midianitas eram
da mesma categoria. Aos olhos de Deus, ambos
representam a carne. Assim, José foi vendido por
intermédio da carne. O mesmo aconteceu ao Senhor
Jesus. Se os líderes judeus estivessem no espírito,
jamais O entregariam ~ Pilat~s: Cristo lhe foi
entregue pelos líderes judeus, por intermédio da
carne. Quando O entregaram a Pilatos, os líderes
judeus já não eram mais israelitas; eram ismaelitas e
midianitas. O seu entregar do Senhor Jesus foi feito
na earne.
José foi vendido por intermédio da carne ao
Egito (37:28, 36), que simboliza o mundo. O fato de
ele ser vendido por intermédio da carne ao mundo
indica que a carne está ligada ao mundo. Ocorreu o
mesmo no caso do Senhor Jesus. Por intermédio da
carne, os líderes judeus O entregaram a Pilatos, à
autoridade romana, que, sem dúvida, estava no Egito,
isto é, no mundo.
5) Viu Seu Povo como Feixes de Vida, e como
o Sol, a Lua e as Estrelas de Luz

a) Como Feixes de Vida


Tenho agora um pesado encargo para
compartilhar algo muito significativo com vocês. Se
fosse José, você consideraria seus irmãos celestiais e
cheios de vida e de luz? Em 37:2, lemos que José
levou a seu pai um relatório negativo acerca de seus
irmãos. Além disso, de acordo com o capítulo 37,
seus irmãos estavam cheios de ódio e de ira; e, de
acordo com o capítulo 38, eram cheios de lascívia. No
capítulo 37, observamos o ódio e a ira de seus irmãos;
e, no 38, notamos a lascívia de Judá. José viu o mal
de seus irmãos e o relatou a seu pai. Mas ele também
teve dois sonhos (37:5-9). No primeiro, viu feixes no
campo. Este sonho revela que José era no máximo
um feixe; e seus irmãos, na pior das hipóteses,
também eram feixes. Deus lhe deu esse sonho, e nele
José teve a visão de Deus quanto aos seus irmãos. Ele
poderia dizer a seu pai: “Papai, meus irmãos são
muito mesquinhos. Como tenho sofrido com a
maldade deles! Oh! eles são cheios de ira e de
lascívia! “ Mas Deus veio para dar-lhe um sonho,
onde parecia dizer: “José, aos Meus olhos, você é o
mesmo que seus irmãos; e eles são tão bons quanto
você. Você é um feixe, e eles também o são. A única
diferença entre você e eles é que Eu o escolhi para
reinar. Mas isso não significa que você seja melhor
que eles”.
Se não tivermos experiência, não seremos
capazes de compreender a palavra da Bíblia referente
ao sonho de José quanto aos feixes. Quando você,
inicialmente, vem para a vida da igreja, pode dizer:
“Que maravilha é a vida da igreja! Os irmãos e as
irmãs são todos maravilhosos! Como amo a igreja!
“ Todavia quanto mais você amar a igreja e mais
cuidar dos irmãos, mais “raposas”, “tartarugas” e
“escorpiões” você verá. Você então dirá: “Senhor, que
é isso? Senhor, a situação da igreja é lamentável.
Nem mesmo os presbíteros são bons. E veja todas as
irmãs! Não gosto nem de me sentar perto delas nas
reuniões”. Nessa hora, você precisa de um sonho
celestial. Quando o sonho vem, o Senhor lhe diz:
“Você não é nem um pouco melhor do que os outros,
e os outros não são piores que você. Vocês todos são
feixes de vida em Mim. Não há 'raposas', 'escorpiões'
nem 'tartarugas' no meio do Meu povo. Todos são
feixes de vida”. Se eu não tivesse visto tal sonho
celestial, já me teria ido embora há muito tempo.
Mas tive o sonho. Vi que sou um feixe e que todos
aqueles que aos meus olhos são “raposas”, também
são feixes. Aos olhos de Deus eles são feixes. '
Anos atrás, fiz diversas orações acusatórias ao
Senhor; eu Lhe falava dos males que percebia. Em
minhas orações, eu dizia: “Senhor, desisti do meu
emprego e consagrei minha vida e meu futuro a esta
obra. Mas, Senhor, olha para estas pessoas! “ Por fim,
entretanto, o sonho veio, e o Senhor me disse: “Você
não é melhor do que eles. No máximo, você é apenas
um feixe; e, na pior das hipóteses, eles também são
feixes”. No início, fiquei preocupado e argumentei
com o Senhor: “Senhor, Tu não estás sendo íntegro,
mas estás sendo superficial. Não vês o coração deles?
“ Mas o Senhor disse: “Não olho para eles do seu
ponto de vista; vejo-os do Meu. Na Nova Jerusalém,
não há 'raposas' nem 'escorpiões” '.
Um dia, recebi grande ajuda ao ler a profecia de
Balaão em Números 23. De acordo com o livro de
Números os filhos de Israel haviam feito várias coisas
erradas. Balaão foi contratado por um rei pagão para
amaldiçoar a Israel e expor o mal em seu meio. Mas
Deus falou por intermédio de Balaão, e este disse:
“[Deus] não viu iniqüidade em Jacó, nem
contemplou desventura em Israel” (v. 21a). Deus
parecia dizer: “Não vi qualquer iniqüidade em Meu
povo. Não vi nele perversidade alguma”.
Elias se queixava de Israel: “Os filhos de Israel
deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares, e
mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e
procuram tirar-me a vida” (1 Rs 19:10). Elias acusava
Israel diante de Deus. Descontente com isso, o
Senhor replicou: ''Também conservei em Israel sete
mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e
toda boca que o não beijou” (1 Rs 19:18). Não vá ao
Senhor para acusar os outros diante Dele. Pelo
contrário, diga-Lhe: “Senhor, uma vez que Tu não vês
iniqüidade, eu também não quero ver. Todas as
'raposas' e 'escorpiões' são feixes, e eu os amo”.
Entretanto, não é fácil agir assim. Você pode até
pensar que lhe estou ensinando a mentir, porque
você poderá dizer: “O irmão Fulano de Tal é
lamentável. Eu jamais poderia dizer que ele é um
feixe”. Mas quem está certo? Deus ou você? E o
sonho? Se você teve o sonho celestial, então percebeu
que, do ponto de vista de Deus, todo o Seu povo são
feixes cheios de vida, destinados a produzir alimento
para a oferta de manjares, a fim de satisfazer a Deus
e ao homem.

b) Como o Sol, a Lua e as Estrelas de Luz


Na Bíblia existe o princípio da confirmação por
duas testemunhas. Por esse motivo, José teve dois
sonhos. No segundo, viu o sol, a lua e as onze estrelas
curvando-se diante dele (37:9). Isso indica que, aos
olhos de Deus, todas as pessoas condenadas e
acusadas são cheias de luz. Cuidado para não acusar
os irmãos e as irmãs. O aspecto reinante da
maturidade de vida jamais condena os outros. Pelo
contrário, pastoreia-os e aprecia-os. E diz: “Oh! a
vida da igreja e todos os santos são maravilhosos! Os
santos são feixes cheios de vida. Como são nutritivos
e saborosos! Além disso, são luzeiros celestiais plenos
de luz”. Se disser que é mentira falar assim e que não
consegue fazê-lo, isso significa que você não teve o
sonho, a visão. Falta-lhe a visão celestial.
Deixem-me dirigir esta pergunta àqueles que
estão na vida da igreja há longo tempo. Vocês ainda
sentem que a igreja é muito boa e que todos santos
são maravilhosos? Se forem honestos, admitirão que
já criticaram alguns santos diante de seu marido ou
esposa. Talvez, há alguns anos, vocês se sentissem
positivos em relação a todos os irmãos e irmãs, mas
hoje não. Anos atrás, de acordo com a visão natural,
todos os santos eram muito bons. Mas hoje você
precisa da visão do sonho celestial. Em Gênesis 37
havia dois sonhos. Um é o dos feixes cheios de vida; e
o outro, do exército celestial cheio de luz. Esse é o
ponto de vista de Deus, a visão celestial a respeito de
Seu povo. Por ter esse ponto de vista celestial, estou
grandemente encorajado. Não trabalho com “raposas”
e “escorpiões”. Sirvo aos feixes, estou sob o sol e a lua,
e ando entre as estrelas. O sonho que José teve é
semelhante à visão de Apocalipse 12, onde o povo de
Deus é representado pela mulher vestida do sol, com
a lua por sob os pés e a coroa de doze estrelas sobre a
cabeça. Precisamos de tal visão, para vermos o povo
de Deus do ponto de vista celestial.
Uma coisa é certa: quem condenar a igreja ou
censurar os irmãos sofrerá perda de vida. Não existe
uma só exceção a isso. Você pode estar certo e a
igreja pode estar realmente errada. A condição dos
santos pode ser de “raposas” e “escorpiões”. Mas se
os condenar você sofrerá perda de vida. Entretanto,
se disser: “Senhor, eu Te louvo, porque o Teu povo é
cheio de vida e de luz”, você será o primeiro a
participar da vida. Por essa razão, não ouso dizer que
os irmãos e as irmãs não são bons. Pelo contrário,
sempre digo: “Louvado seja o Senhor! Como os
santos são bons! “ Quando ajo assim, desfruto vida,
mas, se critico os irmãos e as irmãs, imediatamente
sofro morte. Ninguém que fala negativamente sobre
a igreja ou sobre os santos desfruta vida. Pelo
contrário, todos os que falam negativamente sofrem
morte. Precisamos dizer: “Louvado seja o Senhor,
meu irmão será uma luz celestial! Se ele não o é hoje,
sê-lo-á no futuro”. Para Deus, não existe o elemento
tempo. Não há relógio no céu, mas somente a
eternidade. Quando olha para o Seu povo do ponto
de vista da eternidade, Deus vê a todos como feixes
cheios de vida e como sol, lua e estrelas cheios de luz.

c) Posicionado no Céu, mas Vivendo na Terra


Embora esteja posicionado no céu como o sol, a
lua e as estrelas, o povo de Deus está vivendo na terra
como feixes (Fp 3:20; 2:15), porque estes crescem no
campo. Hoje, nós somos o povo celestial vivendo na
terra.
Somos o povo de Deus. Tenho sido encorajado,
fortalecido e edificado por isso. Tenho fé total em
todos vocês, e espero vê-los todos na Nova Jerusalém.
Gosto de ter uma visão eterna, não uma visão terrena.
Não gosto de ver as coisas de acordo com a minha
visão limitada. Pelo contrário, prefiro usar o
telescópio divino. Se você disser que os irmãos e
irmãs são muito maus, isso significa que você é
extremamente míope. Mas se usar o telescópio divino
para ver através do tempo você contemplará a Nova
Jerusalém, onde nada existe exceto feixes e estrelas.
Na Nova Jerusalém, não há “raposas” nem
“escorpiões”. Lá, tudo é cheio de vida e de luz.
Quando consideramos os sonhos de José,
percebemos que nenhuma mente humana poderia ter
concebido o livro de Gênesis. Somente Deus poderia
levar José a ter esses sonhos.

d) Realmente Pecaminosos
Embora José tivesse tido esses dois sonhos, ele
ainda sofreu o ódio e a conspiração de seus irmãos no
mesmo capítulo. Além disso, no capítulo seguinte,
vemos a lascívia de Judá. Isso indica que, na verdade,
os filhos de Jacó eram perversos. Todavia, do ponto
de vista celestial, não eram malignos; eram feixes
cheios de vida e estrelas plenas de luz. A razão por
que esses dois capítulos são colocados juntos é para
que possamos ter um contraste. Do ponto de vista de
Deus, os filhos de Jacó são brilhantes, mas, na
verdade, são trevosos. Eram verdadeiramente
pecaminosos. Podemos agora compreender por que o
conteúdo do capítulo 38 vem depois do 37.

e) Cristo Ainda Veio por meio Deles


Embora os filhos de Jacó fossem pecaminosos,
mesmo assim Cristo veio por meio deles (38:27-30;
Mt 1:3). Do grave pecado cometido no capítulo 38
nasceram dois filhos, o primeiro dos quais foi um
antepassado de Cristo. Perez, mencionado na
genealogia de Cristo, em Mateus 1, foi um dos
antepassados de Cristo. De acordo com a palavra
sagrada da Escritura, Cristo veio por meio dos filhos
pecaminosos de Jacó. É semelhante ao pecado de
Davi com Bate-Seba. O resultado deste pecado foi
Salomão, também um antepassado de Cristo, alguém
por meio de quem veio Cristo (Mt 1 :6).
Não pense que a igreja não seja boa, e não se
queixe dos irmãos, nem diga que eles são
“escorpiões”. Da igreja aparentemente sem
esperanças, repleta de irmãos que, a seus olhos, são
“escorpiões”, surgirá Cristo. Isso, todavia, não quer
dizer que devemos fazer o mal para que possa vir o
bem. Pelo contrário, é um testemunho da graça
soberana de Deus. Se os irmãos são bons ou maus,
precisamos ser cuidadosos, para não falar contra eles.
Se o fizermos, Deus dirá: “Não vejo iniqüidade
alguma nem perversidade no meio deles. O Meu
Cristo virá por meio deles. Não os condenem”. Todos
precisamos de tal visão celestial.
A vida madura tem um aspecto reinante. Quanto
mais maduro na vida você se tornar, menos falará
negativamente sobre os irmãos ou sobre a igreja.
Quando entramos para ela tivemos uma lua-de-mel.
A lua-de-mel, entretanto, nunca dura muito. Depois
que terminou sua lua-de-mel na vida da igreja, você
pôde dizer: “Pensei que a igreja fosse muito boa. Mas,
na verdade, ela não é nem um pouco boa. Se pudesse
encontrar algo melhor, sem dúvida não permaneceria
aqui. Mas, sinto dizer, não consigo encontrar nada
melhor. Todavia, ainda estou procurando. Posso até
mesmo ir a algum lugar para começar algo por mim
mesmo. Não importa o que eu faça, a igreja aqui,
definitivamente, não é muito boa”. Sempre que falar
assim, você sofrerá morte. Mas, um dia, o sonho
celestial virá, e sua visão será revolucionada. Você
perceberá que não ousa dizer nada negativo sobre a
igreja ou sobre os irmãos. Pelo contrário, dirá: “Esta
é a igreja, e este é o povo de Deus. Aos Seus olhos, os
crentes são todos feixes. São também o sol, a lua e as
estrelas”. Quando chegar a esse estágio, não ousará
dizer nada negativo sobre a igreja.
Mesmo após ter tal visão, eu, ainda às vezes,
dizia: “Sim, vi que a igreja é maravilhosa, mas na
verdade não ocorre assim”. Ao dizer isso, a “cauda”
era exposta. Mesmo essa “cauda” levou-me a sofrer
morte. Por fim, fui totalmente subjugado e
convencido, e disse: “Senhor, esqueço minha miopia
e uso o telescópio divino. A igreja é excelente,
maravilhosa e linda. Nada existe de errado com ela.
Ela é perfeita e completa”. Quando falo assim, fico
cheio de vida e a desfruto. Para mim, todos os irmãos
e irmãs são maravilhosos, e eu os amo a todos,
inclusive aos que retrocederam. Quanto mais falo
dessa maneira sobre os irmãos e as irmãs, mais fico
cheio de vida. Creio que muitos de nós já
experimentamos isso. Não somos os que devem
julgar. Deus é o Juiz. E Ele não está julgando os
irmãos; está trabalhando neles, para transformar os
“escorpiões” em feixes, e as “raposas” em estrelas.
Por fim, todos seremos feixes e estrelas. Que todos
possamos ter essa visão eterna.

6) O Seu Povo Estará sob o Seu Reinar


Por fim, todo o povo de José estará sob o seu
reinar (37:8; 42:6; 43:26, 28; 44:9, 19, 27, 30). José
simboliza o aspecto reinante da vida madura.
Somente a vida madura pode reinar, exatamente
como Cristo reina sobre os judeus (Mt 27:11; Jo
19:19).
MENSAGEM CENTO E ONZE

O VIVER DE JOSÉ FOI DE ACORDO COM


SUA VISÃO
O livro de Gênesis, onde quase todas as verdades
da Bíblia se acham plantadas como sementes, pode
ser considerado como uma biografia de oito grandes
homens: Adão, Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque,
Jacó e José. Esses oito homens estão reunidos em
dois grupos de quatro: Adão, Abel, Enoque e Noé
formam o primeiro; e Abraão, Isaque, Jacó e José
formam o segundo. O primeiro representa a raça
criada, a raça adâmica, enquanto o segundo
representa a raça chamada, a raça abraâmica. Por
causa do fracasso da raça criada, Deus teve um novo
início com a raça chamada. A primeira começou com
Adão e terminou com Noé. Tanto no início como no
fim, a raça criada foi um fracasso. Adão, o seu cabeça
e o representante de Deus, tornou-se caído. Com
Abel temos o retorno a Deus. Em Adão, o homem
separou-se de Deus; entretanto, por meio da Sua
redenção, Abel se voltou a Ele. Enoque, que veio após
Abel, não só se voltou para Deus, mas também andou
com Ele. O resultado de sua vida foi um tipo do
arrebatamento. Enoque foi arrebatado da morte para
Deus. Sua vida resultou em Noé, que também andou
com Deus e teve uma experiência de reinar, embora
insuficiente e não plena. Seu reinar, entretanto,
resultou em queda. Seus descendentes rebelaram-se
contra Deus em BabeI, e tal rebelião resultou em
Deus abandonar a raça criada. Forçado a ter um novo
começo, Deus visitou Abraão e o chamou para fora da
raça criada rebelde. Isso marcou o início de uma
nova raça, a raça chamada, a raça abraâmica.
Com essa raça chamada, Deus, sem dúvida,
alcançou um grande sucesso. A começar por Abraão,
continuando com Isaque e Jacó, o caminho
direcionou-se cada vez mais para o alto. Por fim,
vemos um reinado completo em Jacó. Como já
enfatizamos, Abraão, Isaque, Jacó e José não
deveriam ser considerados indivíduos separados; ao
contrário, representam quatro aspectos de um santo
completo, maduro. Neles vemos a escolha, o
chamamento de Deus e a justificação pela fé.
Notamos como um santo chamado e justificado pode
viver na presença de Deus pela fé, a fim de desfrutar
todas as riquezas da herança. Todavia, esse indivíduo
ainda luta para ganhar o direito de primogenitura.
Mas todas essas lutas o levam a nada, exceto a sofrer.
Em seus sofrimentos, a mão de Deus vem para
discipliná-lo, e ele recebe o tratamento de Deus até
tornar-se maduro. Aleluia! na raça chamada vemos a
maturidade de vida! Essa vida amadureci da tem um
aspecto reinante, um aspecto retratado pela vida de
José. Essa é a razão de, no livro de Gênesis, José ser
tão excelente e maravilhoso.
Quando jovem, minha mãe costumava contar-
nos as histórias da Bíblia. Ela gastou um longo tempo
com a de José. Como eu sentia pena desse excelente
rapaz, quando ouvia que fora atirado a um poço e
vendido como escravo! Embora o amasse e o
percebesse como alguém especial, não sabia por que
ele era assim tão excelente. Só sabia que era muito
bom e que eu queria ser como ele. Mesmo após
ministrar a Palavra por vários anos, eu ainda não
conhecia a razão da excelência de José. Mas agora
posso ousadamente dar-lhes a razão de ele ter sido
tão excelente: ele era o aspecto reinante da vida
madura. Foi o aspecto reinante de um Israel maduro,
não de Jacó. Assim, José foi o ponto alto de uma vida
madura. o que vemos nele, sem dúvida, é apenas uma
sombra. Na realidade, o aspecto reinante tipificado
por José é o Cristo constituído em nosso interior.
Todos somos Jacós, mas temos a constituição de
Cristo dentro de nós. No dia em que fomos
regenerados, Cristo foi formado em nosso interior.
Por fim, esse Cristo se toma a nossa constituição. Tal
parte de nosso ser constituída com Cristo não é nem
nossa carne nem nossa mente; pelo contrário, é o
nosso espírito. A Segunda Epístola a Timóteo 4:22
diz que Cristo está com o nosso espírito. Isso significa
que Ele é constituído para dentro das profundezas do
nosso ser. Esse aspecto do nosso ser regenerado,
constituído de Cristo, é integralmente representado,
retratado e tipificado por José. Por José representar
o aspecto reinante de uma vida madura e vitoriosa,
sua vida é registrada na Bíblia de tal maneira
excelente.

I. VIVEU COMO UM FEIXE DE VIDA


OS primeiros três capítulos referentes à parte
reinante de uma vida madura são o 37, o 38 e o 39.
Quando criança, eu não gostava deles porque eram
cheios de ódio, traições e conspiração. O capítulo 38
é um registro do incesto de Judá; e, no 39, vemos
trevas e tolerância para com a lascívia. Você alguma
vez gostou desses capítulos? Após ser salvo e começar
a amar a Bíblia, eu não gastava muito tempo neles.
Havendo-me familiarizado com a história neles
relatada, não me preocupava em lê-los novamente.
Quando, em 1955, orientei um estudo do livro de
Gênesis, passei por cima deles. Entretanto, no
decorrer de vinte e três anos, desde que aquele
estudo foi dado, tenho recebido mais luz. Após vir
para este país (EUA), vi o valor, a preciosidade dos
sonhos de José, que constituem a visão que governa
esses capítulos. Se você não teve a visão dos sonhos
de José, não será capaz de conhecer nada mais do
que a história contida nesses capítulos. Não será
capaz de conhecer as profundezas do significado
dessa história. Os sonhos de José governaram e
dirigiram a sua vida. Ele se conduziu de maneira
excelente quanto ao aspecto reinante de uma vida
madura sob a direção dessa visão governante.
O capítulo 37 começa dizendo-nos como Jacó
amava a seu querido filho José, e como este relatava
ao pai as perversidades de seus irmãos. Lemos,
depois, o relato dos sonhos de José (37:5-10). Nos
dias de hoje, o Senhor tem-nos mostrado que os
sonhos de José revelam a verdadeira situação do
povo de Deus a Seus olhos. Todo o povo de Deus são
feixes de vida. Um feixe é um molho de trigo cheio de
vida e de suprimento de vida. Os feixes contêm grãos
de vida, que são bons para suprir vida. Não diga:
“Não gosto dos israelitas, porque são muito
malignos”. Lembre-se do caso do profeta gentio
Balaão que foi subornado para pronunciar uma
maldição contra Israel. Naquela época, Israel era
verdadeiramente maligno. Balaão, todavia, sob a
orientação de Deus, disse que Este não via iniqüidade
em Jacó, nem desventura em Israel (Nm 23:21). Pelo
contrário, aos olhos de Deus, todo o Seu povo
escolhido são feixes de vida, cheios do suprimento de
vida. Além disso, o Seu povo é como estrelas
brilhando no céu.
Após falar-nos desses dois sonhos, o relato do
livro de Gênesis revela que os irmãos de José
conspiraram para matá-lo e que ele foi vendido como
escravo no Egito. No capítulo 38, vemos o pecado
incestuoso de Judá; e, no 39, a tentação mais negra e
o tratamento mais injusto para com José. De acordo
com a seqüência dos acontecimentos desses capítulos,
notamos que o excelente comportamento de José
esteve sob a direção de seus sonhos. Em seu primeiro
sonho, ele se viu como um dos feixes: não um feixe
que caía, mas um feixe que se levantava. Creio que,
desde o dia em que teve esse sonho, ele percebeu
onde Deus o colocara e o que Deus queria que ele
fosse. Compreendeu, sem dúvida, que Deus o queria
como tal feixe. Não era para ele ser um pedaço de
madeira à deriva, cheio de morte, mas um feixe a
erguer-se, cheio de vida. Se tivesse tal sonho, você
não ficaria influenciado, até mesmo governado por
ele? Será que esse sonho não governaria seu
comportamento ou dirigiria sua conduta?
Certamente que sim. Creio que o sonho dos feixes,
tido por José, governou o seu comportamento.
Isso também foi verdade com respeito ao
segundo sonho, o sonho do sol, da lua e das doze
estrelas. Suponha que você tivesse um sonho em que
fosse uma estrela adorada pelas outras estrelas. Será
que isso não o estimularia grandemente? Você não
diria: “Puxa, sou uma estrela! Não sou um escorpião,
nem algo inferior e obscuro. Sou uma estrela
resplandecente brilhando nos céus”. Se fosse alguém
que tivesse tal visão, você não se controlaria? Se isso
não o governasse pelo resto de sua vida, ao menos o
controlaria por determinado tempo. Você começaria
a comportar-se como uma estrela brilhante e diria:
“A noite passada, vi que era uma estrela adorada por
todas as outras estrelas. Doravante, preciso agir
como tal estrela brilhante. No passado, eu era
obscuro, mas não mais devo ser assim. Pelo contrário,
tenho de ser brilhante e resplandecente”.
José se comportou de modo tão excelente e
maravilhoso porque foi dirigido pela visão que teve
em seus sonhos. As crianças são influenciadas pelo
que vêem na televisão. Observei meus próprios netos
agindo de acordo com o que viam em determinado
programa. Se até as crianças são influenciadas pelo
que vêem, quanto mais o jovem José foi influenciado
pela visão celestial, a visão de que ele era um feixe
que se levantava, cheio de vida, e uma estrela
adorada por todas as outras estrelas! Você não
acredita que ele foi influenciado por essa visão e que
ficou impressionado com ela? Sem dúvida eu creio
que sim. O ponto para o qual quero chamar sua
atenção é que o comportamento excelente e
maravilhoso de José deveu-se à visão que ele
recebera. A visão desses dois sonhos governou sua
vida e dirigiu seu comportamento. Ele se portou
como o feixe que se levantava cheio de vida, e se
conduziu como uma estrela celestial, brilhando nas
trevas. Com esse ponto de vista, você será capaz de
compreender o significado desses três capítulos.

A. Seus Irmãos Deram Vazão à sua Ira


Nesses capítulos registram-se dois graves
pecados. No 37, há o pecado da ira (37:18-28). Os
irmãos de José aproveitaram a oportunidade para
dar plena vazão à sua ira. Não foi um caso
insignificante de ira. Aquele a quem os irmãos
tentavam matar não era um ladrão, mas o seu
próprio irmão na carne, o filho querido de seu
próprio pai. Se tivessem uma mínima afeição
humana, jamais cogitariam fazer tal coisa. Rúben,
todavia, pensou realmente como isso afetaria o pai, e
Judá sugeriu que não o matassem, mas o vendessem,
o que era bem melhor do que derramar-lhe o sangue.
Apesar disso, observamos no capítulo 37, a ira dos
irmãos de José. No capítulo seguinte, o 38, notamos
Judá entregando-se à lascívia, até mesmo em um
incesto (38:15-18). Após a queda do homem, o
primeiro resultado a aparecer foi a morte de um
irmão na carne. E o pecado que acarretou o dilúvio
como julgamento de Deus sobre a raça caída foi o
entregar-se à lascívia. Esses dois pecados-o
assassinato de um irmão na carne e a entrega de si
mesmo à lascívia-repetem-se aqui.
José Emergiu da Ira, Sobreviveu numa Situação
de Morte A ira de seus irmãos proporcionou a José a
oportunidade de viver como um feixe de vida.
Enquanto todos os outros se afogavam nas águas da
ira, José, o aspecto reinante da vida madura, vivia
como um feixe de vida, emergindo das águas mortas
da ira humana. O relato, sob a inspiração de Deus,
usa a ira caída como fundo, para demonstrar quanta
vida existia no feixe. O feixe estava cheio de vida.
Quando todo o resto afundou nas águas mortas da ira
humana, esse feixe emergiu e sobreviveu naquela
situação de morte.
Não é esse também o registro de nossa vida? Dia
após dia estamos rodeados pelas águas mortas da ira
humana. Mas ao invés de afundarmos, emergimos
das águas mortas e sobrevivemos. Se esse é um
retrato de sua vida cotidiana, então você é o aspecto
reinante de uma vida vitoriosa.
Embora, humanamente falando, estejamos
propensos a perder a calma, temos, todavia, a
constituição de Cristo, que emerge em meio a uma
situação de ira. Assim, somos os Josés de hoje, os
feixes de vida que se levantam e permanecem de pé.

II. VIVEU COMO UMA ESTRELA DE LUZ

A. Seu Irmão Judá Caiu em Lascívia


O segundo pecado grave, a entrega à lascívia,
também proporcionou a José uma oportunidade. A
entrega à lascívia, retratada no capítulo 38, é um
símbolo das trevas. Nesse capítulo, Judá esteve
totalmente em trevas. Comportou-se de maneira cega,
e a cegueira simboliza escuridão. Se não esti vesse
cego, em trevas, como poderia ter cometido.
adultério com a própria nora? Onde estava a sua
consciência? Onde estava a sua visão? Seus olhos
foram obscurecidos e cegados, e ele ficou em trevas.
Aquela mulher maligna do capítulo 39, a esposa de
Potifar, também ficou em trevas. Se não estivesse em
trevas, como poderia ela ter-se portado de tal
maneira maligna? Assim, nos capítulos 38 e 39,
percebemos um retrato das trevas.

B. José Venceu a Lascívia, Brilhando nas


Trevas
Mas em meio a essas trevas, vemos José como
uma estrela resplandecente, brilhando nos céus
(39:7-12). Portando-se como uma estrela brilhante,
ele parecia dizer: “Vocês todos estão em trevas, mas
eu brilho sobre vocês. Como poderia eu, uma estrela
brilhante, fazer tal coisa tenebrosa? Não posso
esquecer meu sonho. Ele me governa e me dirige.
Como estrela celestial, jamais venderia a minha
posição”. Se você tiver essa luz ao chegar a esses
capítulos, verá que José foi alguém que viveu uma
vida correspondente à sua visão. Não foi apenas um
sonhador, mas alguém que também praticou, que
viveu o que viu em seu sonho.
Como os Josés de hoje, precisamos também ter
alguns sonhos. Outros diriam que somos sonhadores.
Muitos dos meus amigos cristãos me consideram um
sonhador. Ao falar sobre a vida vitoriosa e sobre a
prática da vida da igreja, já me disseram: “Irmão Lee,
tais idéias são maravilhosas, mas são apenas sonhos.
Ninguém pode viver tal vida vitoriosa nesta terra; e é
impossível ter-se a prática da vida da igreja.
Precisamos esperar por aquele dia. Não sonhemos
mais. Pelo contrário, despertemos dos sonhos”. Mas
eu não tenho apenas sonhos-pratico o que vejo neles.
Você pode pensar que sou meramente um sonhador;
mas sou também alguém que coloca integralmente
meus sonhos em prática. Posso testificar que é muito
possível ter-se uma vida vitoriosa e uma vida prática
da igreja. Isso não é simplesmente o meu sonho; é a
minha prática e a minha experiência. Como José,
tenho tido alguns sonhos: o sonho dos feixes e o das
estrelas brilhantes. Pela misericórdia do Senhor,
tenho vivido de acordo com os meus sonhos. Tenho-
me portado e conduzido de acordo com a visão que
tive. Embora alguns digam: “São apenas sonhos, sem
qualquer possibilidade de cumprimento”, preciso
declarar que são revelações celestiais dos fatos. Você
não crê que a vida vitoriosa é plenamente possível? E
não crê que a vida prática da igreja é realizável hoje?
Não estamos sonhando em vão. Temos uma visão
que nos governa.
Todos sabemos o que é perder a calma. Não sou
uma exceção. Não é algo bom guardar a ira dentro de
nós. Pelo contrário, em certo sentido, sentimos alívio
quando a ela damos vazão. Todavia, quando estou
para perder a calma, a visão do feixe vem e o Senhor
me pergunta: “Você é um feixe que se levanta? Se o é,
que me diz então sobre o seu estado de humor? “ Tão
logo o Senhor me fala assim e eu Lhe respondo, a
minha ira se vai. Ainda que quisesse perder a calma,
não seria capaz de o fazer. É possível a todos nós
vivermos sem ira e sem perder a calma. Quando
estiver para perdê-la, o Senhor poderá dizer: “Você é
um feixe? Você é alguém que está na igreja, na
restauração do Senhor?” Tão logo se disser um feixe,
a sua ira se desvanecerá.
Assim como temos ira, todos também temos
luxúria. Se você não a tem, então deve ser um banco
ou uma pedra. Todo ser humano a tem. A maneira de
controlar a nossa luxúria é sermos subjugados,
governados e dirigidos pela visão. Oh! temos uma
visão a governar-nos! As pessoas perecem quando
não têm uma visão. Por havermos tido a visão, é
muito difícil cairmos em lascívia.
A função da visão é semelhante à dos freios num
carro. Nas horas de perigo, pisamos nos freios. A
visão da estrela celestial é um freio poderoso para o
nosso carro espiritual. Não estamos dirigindo um
carro sem controle. Quando dirigimos corretamente,
na estrada certa, não há necessidade de usarmos os
freios. Mas quando o carro começa a fugir do
controle, os freios funcionam imediatamente. Aleluia
por tal visão governante! Muitos de nós podemos
testificar que, antes de entrarmos para a vida da
igreja, éramos um carro sem freios. Mas após
entrarmos para ela, tivemos a visão governante, e
poderosos freios foram instalados em nosso carro.
Aqui, na vida da igreja, temos a visão do feixe e a
visão da estrela.

III. VIVEU A VIDA DO REINO


A vida de José sob a visão celestial foi a vida do
reino dos céus descrita em Mateus 5, 6 e 7. De acordo
com a constituição do reino celestial, revelada nesses
capítulos de Mateus, nossa ira deve ser subjugada e
nossa lascívia, venci da (Mt 5:21-32). Se
proclamarmos que somos o povo do reino, e ainda
assim não conseguirmos subjugar nossa ira nem
vencer nossa lascívia, estaremos terminados. Ao
invés de estarmos no reino, estaremos à beira-mar.
Seremos aqueles que dão vazão à sua ira e se
entregam à sua lascívia. Mas todo o povo do reino
subjuga sua ira e vence sua lascívia. Essa é a vida do
reino.
Na vida do reino hoje, reis estão sendo treinados.
Nós, o povo do reino na vida do reino, estamos sendo
treinados para ser reis, para ser Josés, para ser o
aspecto reinante de uma vida madura. Por essa razão,
precisamos subjugar nossa ira e vencer nossa lascívia.
Que quadro maravilhoso é hoje a vida de José para a
nossa experiência! Dia a dia estamos subjugando
nossa ira e vencendo nossa lascívia. Ao invés de
concordar com nossa ira ou cooperar com nossa
lascívia, rejeitamos nossa ira e condenamos nossa
lascívia porque somos o aspecto reinante da vida
madura. Temos a constituição de Cristo dentro de
nós e estamos sendo preparados para reinar como
reis.
IV. DESFRUTOU A PRESENÇA DO SENHOR
Uma vida como a de José sempre tem a presença
do Senhor (39:2-5, 21-23). Onde estiver a presença
do Senhor, aí haverá autoridade. Se você tem a
presença do Senhor, a autoridade Dele estará com
você. Daniel, no cativeiro, por exemplo, teve a
presença do Senhor; conseqüentemente, a autoridade
do Senhor estava com ele. Mesmo uma criança numa
família pode ter a presença do Senhor e, por isso, ser
a genuína autoridade naquela família. No caso de
José, Potifar, um oficial do palácio de Faraó,
controlava as coisas. Por fim, entretanto, Potifar
ficou sob o controle de José, porque este tinha a
presença do Senhor. Considere também a experiência
de José na prisão. Embora houvesse nela um
responsável, ao final, este responsável já não era o
verdadeiro governante. Pelo contrário, José, um
prisioneiro, que tinha a presença de Deus, tornou-se
o governante. Tanto na casa de Potifar como na
prisão, José tornou-se rei.
Aonde quer que vá a constituição de Cristo com a
presença de Deus, aí haverá a parte reinante. No
reino vindouro haverá essa parte, que serão os co-reis
com Cristo no reino dos céus. Assim, o aspecto
reinante da vida madura é uma vida que sempre
desfruta a presença do Senhor. A autoridade neste
universo é o próprio Senhor. Onde quer que esteja a
Sua presença, aí estará a autoridade, o poder
governante. Uma vez que tenhamos a presença do
Senhor, teremos autoridade, ainda que na prisão.
Embora prisioneiros, por fim, tomar-nos-emos
governadores. Governaremos onde quer que
estivermos. Isso indica que somos o aspecto reinante
da vida madura.

A. Feito Próspero pelo Senhor


Na presença do Senhor, José tornou-se próspero
por intermédio Dele (39:2-3, 23). Onde está a
presença do Senhor, aí existe não só a autoridade do
Senhor, como também a prosperidade trazida por
Sua soberania. Enquanto estava sendo submetido a
tratamento, José desfrutava prosperidade que lhe
adveio sob a soberania do Senhor.

B. O Favor e a Bênção do Senhor


Na presença do Senhor, José era favorecido com
Sua bênção, onde quer que estivesse. A bênção do
Senhor sempre acompanha a prosperidade sob a Sua
soberania. Enquanto desfrutava a prosperidade, José
e os que com ele estavam envolvidos eram
abençoados (39:22-23).
MENSAGEM CENTO E DOZE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (2)
No livro de Gênesis, José representa o aspecto
reinante da vida madura. Em tal condição, ele tipifica
Cristo, porque o aspecto reinante da vida madura é o
Cristo formado em nosso ser. Por essa razão, no
registro de Gênesis, José tipifica Cristo.

7) Traído
Vimos que José tipifica Cristo como o Filho
amado de Deus, como o Enviado de Deus Pai para
apascentar o Seu povo, e como o Perseguido por
aqueles a quem fora enviado para apascentar. Além
disso, de acordo com os quatro Evangelhos, Cristo foi
traído (Mt 26:14-16). José, um tipo de Cristo,
também foi traído (Gn 37:27-28). No sentido bíblico,
ser traído significa ser desprezado, depreciado,
desonrado ou desconsiderado. Quando estava para
vender Cristo, Judas certamente estava rebaixando
ao máximo o valor do Senhor. Em Mateus 26,
observamos que Cristo foi um teste para todos os que
O rodeavam. Alguns O odiaram; Maria, entretanto,
apreciou-O e derramou sobre Ele um valioso bálsamo.
Para ela, Cristo tinha valor, e ela O tinha em alta
conta. Mas Judas O desprezou, desonrou-O e O
desconsiderou. Depreciou-O a tal ponto que O
vendeu por um preço ínfimo, por trinta peças de
prata, o que, de acordo com Êxodo, era o preço de um
escravo (Êx 21 :32). Assim, na Bíblia, trair alguém
significa depreciá-lo.
Sempre que você é depreciado por alguém, isso
significa que você é traído por ele. Sempre que sua
esposa o deprecia, ela o está traindo. De semelhante
modo, se os irmãos o desconsideram, isto quer dizer
que eles o traem. Veja como você se considera. Em
seu modo de entender, você tem valor? Todos nos
reputamos de valor. Por isso, quando os outros nos
depreciam ou desconsideram, somos por eles traídos.
Você pode pensar que, ao longo dos anos em que tem
permanecido na vida da igreja, jamais viu uma
traição. Todavia, aqui também as pessoas são
freqüentemente traídas, no sentido de serem
desconsideradas ou depreciadas. Dia a dia os
maridos podem depreciar as esposas ou elas podem
desconsiderá-los. Se alguns santos falarem sobre
outro irmão de maneira depreciativa, eles o estarão
traindo.
Todos nos consideramos pessoas de valor. Na
verdade, somos de valor porque temos Cristo em nós.
Você não tem Deus dentro de si? Na Bíblia, Deus é
comparado ao ouro e Cristo é comparado a um
tesouro. O nosso Deus é ouro dentro de nós, e Cristo
em nosso interior é o tesouro no vaso. Os incrédulos
não têm esse alto valor porque não têm Cristo em seu
ser. No máximo, são simplesmente vasos de barro.
Mas nós temos o maior tesouro dentro de nós. Por
isso, não deveríamos pensar que não temos valor.
Precisamos declarar aos anjos: “Anjos, vocês
precisam perceber que eu tenho valor. Tenho valor
porque Cristo está em mim”. Além disso, você pode
gabar-se diante de Satanás e dos demônios: “Satanás,
quero que você saiba que tenho Deus e Cristo dentro
de mim. Demônios, vocês não estão destinados a ter
Cristo em si. Mas eu O tenho em mim e por isso
tenho valor”. Isso não é orgulho; pelo contrário, é
verdadeira humildade. Gostaria de dizer a todos,
inclusive aos anjos, ao diabo, aos demônios e a todos
na terra, que eu tenho valor, porque tenho a Cristo;
por essa razão, você não deve desprezar-me, nem
desconsiderar-me.
Precisamos aprender a não vender nossos
irmãos. José foi vendido por seus irmãos. Se eles o
considerassem um feixe ou uma estrela, não o teriam
vendido. O fato de o traírem significa que o
depreciavam e o desconsideravam. Em princípio, o
mesmo ocorreu com o Senhor Jesus. Embora fosse
precioso e de alto valor, Judas O depreciou e O
vendeu por trinta peças de prata. Pedro, Tiago, João
e todos os outros apóstolos seguiram os passos do
Cordeiro, e também foram depreciados. Isso também
foi verdade com referência ao apóstolo Paulo. Ao
longo dos séculos, os seguidores do Cordeiro foram
traídos. Como Cristo, foram depreciados,
desconsiderados e desprezados. Ao seguirmos hoje
ao Senhor, também estamos sendo depreciados.
Suportamos muitos sofrimentos simplesmente
porque somos desprezados e desconsiderados. Os
que se nos opõem, depreciam-nos e desconsideram-
nos, Se avaliassem o tesouro que está dentro de nós e
percebessem a preciosidade do que o Senhor tem
trabalhado em nosso interior, não nos desprezariam
nem desconsiderariam. Alguns se nos opõem porque
nos depreciam. Tal depreciação é, na verdade, uma
forma de vender-nos, e isso é um sinal de traição.
Não pense que tal traição ocorreu apenas com José
ou com Cristo, tipificado por José. Pelo contrário, o
mesmo ocorreu com todos os seguidores de Cristo, e
é também a nossa experiência hoje.
Antes de sermos salvos, muitos de nós éramos
altamente considerados pelos nossos pais, parentes e
amigos. Mas após sermos salvos e começarmos a
buscar o Senhor, nossos amigos, parentes e, em
alguns casos, até nossos pais, começaram a
desprezar-nos. Isso é traição. A crucificação de Cristo
começou com Sua traição. Foi crucificado após ter
sido traído. O mesmo aconteceu, em princípio, com
José. Ele não foi atirado diretamente na prisão.
Primeiramente foi vendido, e sua venda foi o
primeiro passo para a prisão. A traição de Cristo foi o
primeiro passo para a cruz. Não é algo insignificante
o ser traído. Toda perseguição e oposição, hoje, é um
tipo de traição. Os que se nos opõem estão-nos
traindo, estão-nos vendendo por um preço baixo.
Embora tenhamos valor, os opositores nos vendem
por um preço baixo, até mesmo por nada.

8) Atirado na Prisão da Morte


A traição de José foi seguida de um período de
confinamento, de encarceramento (39:20). José
estava com dois criminosos, que tipificavam os dois
criminosos que estiveram com Cristo, um dos quais
foi reabilitado e o outro, executado (40:1-23).
Ocorreu o mesmo com Cristo. Após ser traído, Ele foi
colocado na prisão da morte (At 2:23). Foi
crucificado entre dois criminosos, um dos quais foi
salvo e o outro pereceu (Lc 23:32, 39-43). Cristo foi
confinado na prisão da morte por três dias e três
noites. Como tipo de Cristo, José teve a mesma
experiência que Ele. Foi rejeitado por seus irmãos,
vendido por eles, e, por fim, lançado na prisão. Cristo
sofreu as mesmas coisas. Primeiramente foi rejeitado
por Seus irmãos; depois foi vendido por alguém do
Seu povo; e, por fim, foi lançado na prisão da morte.
Embora Cristo ressurgisse após Sua morte, Sua
ressurreição não ocorreu logo a seguir.
Humanamente falando, os três dias de confinamento
de Cristo na prisão da morte não foram pouco tempo.
Jamais uma noite durou três dias e três noites. No
máximo, uma noite dura do anoitecer até ao
amanhecer. Mas a noite que Cristo despendeu na
prisão da morte durou três dias e três noites. Se
fôssemos Maria Madalena, parecer-nos-ia um tempo
longo, porque ela amava a Cristo, seguia-O e O vira
crucificado e sepultado. Após Sua morte e
sepultamento, ela não tinha vontade de comer nem
dormir. Pelo contrário, esperava que algo
acontecesse. Não creio que todos os discípulos
pudessem esquecer que, antes da Sua morte, Cristo
dissera que ressurgiria após três dias. Mesmo que
não estivessem claros sobre o que Ele lhes
disseradevem ter ficado impressionados com algo
sobre Sua ressurreição. Isso deve ter sido verdade,
principalmente com as irmãs, porque elas
freqüentemente têm uma memória melhor que a dos
irmãos. Embora Pedra pudesse não estar
impressionado com a ressurreição vindoura de Cristo,
não creio que Maria Madalena se tivesse esquecido
do que Jesus dissera-que, após três dias, ressuscitaria
de entre os mortos. Foi-lhe muito difícil esperar por
aqueles três dias. Era-lhe difícil esperar até mesmo
por três horas. Por fim, ao terceiro dia, encontrou
vazio o túmulo onde Jesus fora sepultado. Os três
dias e as três noites do confinamento de Jesus na
prisão da morte foram uma longa noite. A noite de
confinamento de José durou aproximadamente dez
anos. Ao ser vendido como escravo no Egito, ele
tinha aproximadamente dezessete anos; e, ao ser
libertado da prisão, tinha trinta. Se você ler
cuidadosamente a Bíblia, verá que, pouco depois de
ser vendido a Potifar, ele foi lançado na prisão.
Esteve portanto na prisão por um longo período, por
um longo período de trevas.
De acordo com a Bíblia, são os jovens, e não os
velhos, que experimentam essa lição. Ao ser posto na
prisão, José tinha menos de vinte anos. Toda pessoa
jovem precisa de tal período de confinamento.
Jovens, por serem vocês muito livres, precisam ser
confinados. Neste país, os jovens ficam ansiosos por
chegar aos dezoito anos, porque então estarão livres
como pássaros que saem da gaiola. Observei esse fato
com meus próprios netos. Na idade de dezoito anos,
pensam que podem ver-se livres da gaiola. Todavia,
se os jovens amam ao Senhor e são os Josés de hoje,
serão postos em Seu confinamento após serem
libertados da própria gaiola. Jovens, o confinamento
do Senhor está esperando por vocês.
Vimos que José representa o aspecto reinante da
vida madura. Entretanto, antes de ser entronizado e
chegar ao poder, ele ficou na prisão. Isso significa
que, antes da entronização, existe o confinamento.
Nos sonhos de José não havia indicação alguma de
que ele seria preso. Os sonhos devem tê-lo feito
muito feliz. Neles, ele se viu como um feixe em pé e
uma estrela brilhante. Ficou tão entusiasmado com
seus sonhos, que até falou a seus irmãos sobre eles,
não percebendo que eles se ofenderiam. A
entronização não veio imediatamente após os sonhos
de José. Pelo contrário, houve uma traição que o
levou ao aprisionamento.
Após ouvirem isso, alguns de vocês poderão
dizer: “As mensagens anteriores relativas a José eram
maravilhosas e gloriosas. Mas eu não posso aceitar
esta palavra. Retiro-me”. Mas mesmo que você
desista, Deus não desistirá. Você precisa perceber
que é uma pipa de papel amarrada a uma linha presa
na mão do Senhor. Este dirá: “Você quer desistir? Eu
não permitirei que desista”.
Se não tivesse aqueles sonhos, José
provavelmente não se teria metido em nenhuma
dificuldade. Mas ele teve dois sonhos e, em seu
entusiasmo, contou-os a seus irmãos. Não foi,
todavia, imediatamente entronizado. Pelo contrário,
foi depreciado e aprisionado. Alguns dos jovens
podem pensar que, se seguirem a Jesus Cristo e
estiverem na restauração do Senhor, tudo será
glorioso. Entretanto, eles precisam de um período de
confinamento. Isso lhes é muito importante. Como
agradeço ao Senhor pelo confinamento a que Ele me
tem submetido!
A sua prisão pode ser sua esposa. Muitos de
vocês, jovens, ainda não eram casados quando
entraram para a vida da igreja. Aqui, você teve a
oportunidade de fazer a melhor escolha. Todavia,
após sua lua-de-mel, você descobriu que sua querida
esposa se tornou o seu confinamento. Você pode
dizer: “Que aconteceu? Agora que estou casado, não
sou mais livre”. Isso está correto. O seu marido ou
esposa é a sua prisão. Todo casamento, todo lar, é
uma prisão. Graças ao Senhor por todas essas prisões.
Como muitos de nós podemos testificar, esse
confinamento dura um longo tempo. Tenho estado
nele por muitos anos e, por precisar ainda de
confinamento, permaneço na prisão. Ainda tenho
algumas lições para aprender.
Chegamos agora ao meu encargo nesta
mensagem. Quero compartilhar com vocês uma
palavra entre parênteses: o segredo de como
despender seu tempo de prisão. Esse é o segredo para
desfrutar sua prisão. Sem ele, eu não poderia
compreender Gênesis 40 de maneira completa.
Gostaria, agora, de apresentar-lhes o segredo do que
deveríamos fazer durante o nosso período de prisão.
Quando chegar a hora de ser aprisionado, você
compreenderá que o que estou lhe apresentando
nesta mensagem é inteiramente praticável.

1. JOSÉ FOI PROVADO PELO FATO DE SEUS


SONHOS AINDA NÃO SE TEREM CUMPRIDO
José foi provado pelo fato de seus sonhos ainda
não se terem cumprido. Imediatamente após os
sonhos, José os contou a seus pais e irmãos. Pouco
depois disso foi vendido como escravo e lançado na
prisão, onde, creio, permaneceu por mais de dez anos.
Em seus sonhos não havia qualquer indicação ou
implicação de que ele haveria de sofrer. Todavia,
imediatamente após tais sonhos, ele teve de suportar
sofrimentos. De semelhante modo, posso testificar
que o trono não vem imediatamente depois da visão
de Cristo, da igreja, da cruz ou da vida interior. Pelo
contrário, há sofrimento, prova, traição e
aprisionamento. De acordo com o nosso conceito
natural, pensamos que, imediatamente após a visão,
algo glorioso acontecerá em nossa vida. Mas não é
este o caso. Após a visão, as provas haverão de vir.
Jovens, não pensem que, após terem a visão de Cristo,
da igreja, da cruz, da vida interior ou do Espírito,
vocês terão uma época gloriosa. Não, vocês sofrerão e
serão aprisionados.
Se eu fosse José, poderia ter dúvidas sobre meus
sonhos e diria a mim mesmo: “Esses sonhos não
foram realidade. Sonhei que era um feixe em pé, mas
na verdade acabei bem baixo. Vi-me uma estrela
brilhando no céu, mas na verdade fui atirado no
cárcere. O que aconteceu foi exatamente o contrário
dos meus sonhos”. Certamente eu teria duvidado da
interpretação que dera aos meus sonhos. Considerá-
los-ia irreais.
Aqueles de nós que estão há muitos anos na vida
da igreja têm tido essa experiência. Talvez, há alguns
anos, você tenha tido uma visão maravilhosa de
Cristo e da vida da igreja. Talvez tenha cantado a
gloriosa vida da igreja. Mas o que realmente tem
acontecido na vida da igreja não tem sido tão
excelente nem glorioso. Por isso, pode ser que você
tenha dito: “Pensei estar na boa terra de Canaã, mas,
na verdade, estou no Egito. Sonhei que estava
rodeado de feixes, mas, na verdade, estou rodeado de
'escorpiões egípcios'. De acordo com a visão que tive
e de acordo com as mensagens que o irmão Lee nos
deu, esperava estar no terceiro céu, mas agora estou
num cárcere, num poço. Ao invés de Jerusalém,
estou no Egito”. Muitos de nós testificam
experiências como essa. Após a visão veio não a
entronização, mas o aprisionamento.

II. JOSÉ TEVE FÉ E OUSADIA PARA


INTERPRETAR OS SONHOS DE SEUS DOIS
COMPANHEIROS DE PRISÃO
Durante sua prisão, entretanto, José teve fé e
ousadia para interpretar os sonhos de seus dois
companheiros de prisão, embora seus próprios
sonhos ainda não estivessem cumpridos (40:8-19).
Foi exatamente como Abraão, ao orar para que
Abimeleque pudesse ter filhos, mesmo quando a
promessa de um filho, que lhe fora feita por Deus,
ainda não se houvesse cumprido (20:17-18). Hoje,
ocorre o mesmo conosco na vida da igreja. Alguns
irmãos e irmãs são o que podemos chamar de
sonhadores dos velhos tempos. São os que tiveram
sonhos há muito tempo. Embora ficassem muito
entusiasmados com as visões tidas e com as
mensagens maravilhosas ouvidas, foram mais tarde
vendidos ao Egito. Ao invés de rodeados de feixes,
encontraram-se rodeados de “escorpiões egípcios”; e,
ao invés de estar no terceiro céu, encontraram-se na
prisão. Aí, então, alguns recém-chegados se juntaram
a eles na prisão, exatamente como a companhia de
José em seu confinamento: o copeiro e o padeiro.
José já devia estar na prisão há uns nove ou dez anos
antes de eles virem. Tais presos recém-chegados
também tiveram alguns sonhos. Não conseguiam
compreendê-los, mas José foi capaz de interpretá-los,
Embora os sonhos de José ainda não se tivessem
cumprido, ele teve fé e intrepidez para interpretar os
sonhos de seus companheiros. Se eu fosse José, diria:
“Interpretei meus próprios sonhos, mas essas
interpretações não se cumpriram. Como poderia ter a
ousadia para dar aos outros a interpretação de seus
sonhos? Ainda que lhes conhecesse o significado,
mesmo assim não teria certeza para dizê-lo porque
não sei se minhas interpretações se cumpririam”.
Todavia, embora sua interpretação dos seus próprios
sonhos não se tivesse cumprido, José, mesmo assim,
teve a ousadia de dizer aos seus companheiros:
“Porventura não pertencem a Deus as
interpretações? Contai-me o sonho” (40:8). José
parecia dizer: “Tive dois sonhos, e Deus me deu a
interpretação deles. Ainda creio nessas
interpretações, embora elas ainda não se tenham
cumprido. Tenho fé para interpretar-lhes os sonhos”.
Você tem a ousadia de dizer que a vida da igreja é
maravilhosa, mesmo quando está rodeado de alguns
“egípcios” ? Você poderia dizer isso até mesmo
quando o seu sonho de vida da igreja ainda não se
cumpriu, e esta vida da igreja não está tão
maravilhosa para você? José tinha fé não apenas para
si mesmo, mas também para os outros. É fácil crer
para os outros quando os próprios sonhos se
cumpriram. Se os seus sonhos se cumpriram de
acordo com sua interpretação, é fácil interpretar os
sonhos dos outros. Mas no caso de José, mesmo após
um período de aproximadamente dez anos, a
interpretação de seus próprios sonhos ainda não se
cumprira. Era difícil para alguém em tal situação
interpretar os sonhos dos outros. Todavia, José o fez.
Estou envolvido no ministério da Palavra há
anos. Tive determinadas visões nos primeiros anos e
as interpretei. Mas até muitos anos mais tarde as
coisas que vi e interpretei não ocorreram na
realidade. Quando alguns recém-chegados
necessitavam de minha ajuda, eu refletia sobre o que
fazer. Pensava se deveria dizer algo assim: “Tive
alguns sonhos há muitos anos e recebi a
interpretação deles. Mas até agora eles não se
cumpriram. Não tenho, portanto, o sentimento, a
certeza e a ousadia de interpretar os seus sonhos.
Você deveria contá-los a outra pessoa”. José não agiu
assim. Embora seus sonhos não se tivessem
cumprido ainda, mesmo assim ele teve a ousadia e a
certeza para interpretar os sonhos dos outros. Posso
testificar que fiz o mesmo. Encorajei os outros a
continuarem de acordo com a visão tida, embora
minhas visões ainda não se houvessem cumprido.
Sem dúvida, eu estava certo ao agir assim. Todos os
sonhadores dos velhos tempos devem sofrer algo
para o benefício dos recém-chegados.
Andrew Murray certa vez disse uma palavra
como esta: “O bom ministro da Palavra deveria
sempre ministrar mais do que experienciou”. Isso
significa que deveríamos falar mais de acordo com a
visão do que de acordo com o cumprimento dela.
Mesmo que a nossa visão ainda não se tenha
cumprido, devemos, ainda assim, falar dela aos
outros. Chegará a hora em que a nossa visão se
cumprirá. Os sonhos de José foram posteriormente
cumpridos, mediante a sua interpretação do sonho
do copeiro.

III. JOSÉ CONFIRMADO E


FORTALECIDO PELO CUMPRIMENTO DOS
SONHOS DE SEUS COMPANHEIROS DE
PRISÃO
Foi só uma questão de dias para o cumprimento
dos sonhos do copeiro e do padeiro. Quando se
cumpriram os sonhos de seus companheiros, José foi
confirmado e fortalecido. Se eu fosse ele, certamente
teria ficado encorajado e diria: “Mesmo que eu ainda
não tenha visto o cumprimento dos meus sonhos,
tenho a confirmação de que isso virá com certeza.
Interpretei os sonhos desses dois homens e as
interpretações se realizaram. Isso também
acontecerá no caso dos meus sonhos. O cumprimento
deles também virá”.

IV. JOSÉ FOI AINDA MAIS TESTADO PELO


FATO DE SEUS SONHOS NÃO SE
CUMPRIREM POR AINDA OUTRO PERÍODO
O cumprimento dos sonhos dos companheiros
de José veio em poucos dias. José, porém, foi ainda
mais testado pelo fato de que seus próprios sonhos
não se cumpriram por outro período (40:14, 23).
Gênesis 41:1 indica que outros dois anos completos se
passaram. Neles, o teste ficou mais difícil. Antes de o
copeiro deixar a prisão, José pediu-lhe
insistentemente que se lembrasse dele, dizendo:
“Porém lembra-te de mim quando tudo te correr
bem; e rogo-te que sejas bondoso para comigo, e
faças menção de mim a Faraó, e me faças sair desta
casa” (40:14). José parecia dizer ao copeiro: “Quando
você for reabilitado, lembre-se de mim. Não se
lembre apenas de si. Quando estiver bem e tudo lhe
estiver correndo favoravelmente, por favor, lembre-
se de mim”. O copeiro-chefe, todavia, não se lembrou
de José (40:23). Os sonhos de José foram
confirmados, mas ainda não foram cumpridos.
Antes da confirmação de seus sonhos, José teve
fé e, após receber a confirmação, teve mais fé. Quanto
mais fé temos, mais testes sofremos. Suponha que
você fosse José naquele confinamento. Que diria?
José poderia dizer: “Tive dois sonhos há muitos anos,
e eles não se cumpriram. Mas esses dois homens
tiveram um sonho, e este se cumpriu após três dias.
Quanto tempo se passará até que se cumpram os
meus sonhos? “ Assim, os dois últimos anos foram o
período mais difícil do teste de José.
O que estamos descrevendo nesta mensagem
não é mera doutrina. Quando seguimos a visão
celestial, rastreamos os passos de José. Jamais pense
que ele foi entronizado imediatamente após ter tido a
visão. Não, precisou passar por um longo período de
provas e testes. As visões dele não apenas lhe
controlaram a vida, mas também lhe sustentaram a
fé. Isso não significa, entretanto, que, se sua fé for
mais forte, o período até o cumprimento de seus
sonhos será encurtado. Pelo contrário, quanto mais
forte for sua fé, mais longo será o período de teste. O
tempo do teste de José foi muito mais longo do que o
de seus companheiros, porque ele tinha mais valor do
que eles. Por não terem eles tanto valor assim, o
tempo do cumprimento veio bem rápido. Na verdade,
para aqueles dois recém-chegados não houve quase
teste. Cada um teve um sonho, e poucos dias mais
tarde seus sonhos se cumpriram. Por ser José
importante e ter valor, o tempo do seu teste não
podia ser encurtado.
Jovens, não pensem que, em apenas dois anos,
vocês se tomarão gigantes. Não, como José, vocês
precisam esperar até os trinta anos. A Bíblia é sempre
consistente. Os sacerdotes, por exemplo, deviam ter
trinta anos antes de poderem entrar para o
sacerdócio total, e o Senhor Jesus também começou
Seu ministério aos trinta anos. Assim, nesse ponto,
José também tipificava Cristo. Aos trinta anos ele foi
totalmente colocado no ministério.
Alguns de vocês poderão pensar que esta palavra
sobre esperar até a idade de trinta anos para ser
posto no ministério integral seja uma contradição
àquilo que eu disse em algum outro lugar acerca dos
presbíteros da igreja em Jerusalém, provavelmente
todos com idade inferior a trinta anos. Sim, eu disse
que Pedro, Tiago e João tinham provavelmente entre
vinte e cinco e vinte e oito anos ao se tomarem
presbíteros. Precisamos, porém, prestar atenção ao
princípio, não às figuras literais sobre a idade física.
Vocês podem ter um coração totalmente para o
Senhor e podem ter tido algumas visões. Mas não
pensem que serão imediatamente entronizados. Pelo
contrário, vocês precisam estar preparados para ser
depreciados e confinados. Estou orgulhoso dos
irmãos e irmãs jovens, muitos dos quais ainda são
adolescentes. Estou orgulhoso com o fato de que eles
amam muito ao Senhor e têm visto determinadas
coisas que a maioria dos pastores não viram. Tais
jovens, contudo, precisam estar prontos, não para
serem honrados, mas para serem traídos.
Essa foi a experiência do irmão Nee. Ele era uma
pessoa muito inteligente. Era tão habilidoso em
aprender inglês e chinês que seus pais até
contrataram um professor particular para instruí-lo
nos clássicos chineses. Aos dezessete anos foi salvo e
começou a amar o Senhor. Queria freqüentar uma
escola bíblica em Xangai, fundada para o
treinamento de jovens por Dora Yu, a forte
evangelista que o conduzira ao Senhor. Sua mãe, que
também amava ao Senhor, concordou que ele fosse.
Por terem ambos sido salvos por meio da pregação de
Dora Yu, eles a respeitavam muito. Embora fosse um
jovem inteligente, havendo-se tornado depois o dom
mais marcante desta era para a igreja, o irmão Nee
foi rejeitado por Dora Yu, e, após determinado tempo,
foi enviado de volta para casa. O irmão Nee, que
buscava muito ao Senhor, foi traído pela mesma
pessoa que a Ele o conduzira. Ao invés de apreciar-
lhe a inteligência, Dora Yu o depreciou,
compreendeu-o mal e o rejeitou. A razão de ele ser
enviado de volta para casa foi um incidente sobre
determinada incumbência que lhe deram. Ele gastou
mais tempo do que Dora Yu esperava para levar uma
correspondência de um subúrbio ao correio do centro
de Xangai. Pensando estar ele gastando seu tempo
em divertimentos, Dora Yu o enviou de volta para a
mãe. Assim, ele foi rejeitado e mal compreendido,
isto é, foi traído. Todavia, não ficou desencorajado.
Deixou Xangai, voltou para casa e continuou a amar
ainda mais ao Senhor. Reconheceu que essa
experiência era o tratamento de Deus para com ele.
Repetidas vezes, ele foi traído.
Jovens, estejam preparados para isso. Após
começarem a buscar ao Senhor, determinadas coisas
lhes haverão de acontecer, aparentemente sem razão.
Não pense que, por amar ao Senhor e O buscar, tudo
lhe será glorioso. Não, às vezes, você será mal
compreendido, até mesmo pelos irmãos, irmãs e
presbíteros. Primeiramente, você será traído; depois,
será submetido a um período de confinamento.
Todos precisamos de tal confinamento. Esteja certo,
todavia, de que onde quer que estiver, a presença de
Deus estará lá com você.
Onde quer que estiver, você trará vida e morte.
Ao copeiro, José trouxe vida. No sonho do copeiro,
vemos uma vinha cheia de vida. Mas ao padeiro José
trouxe morte, porque este foi devorado pelas aves.
Não é algo insignificante ser um José, porque aonde
quer que você vá, as pessoas receberão vida ou
sofrerão morte. Ou elas irão a Cristo, tipificado pela
videira cheia de vida, ou serão devoradas por Satanás,
representado pelas aves do ar. Em 2 Coríntios 2:14, o
apóstolo Paulo disse: “Graças, porém, a Deus que em
Cristo sempre nos conduz em triunfo, e, por meio de
nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu
conhecimento”. No versículo dezesseis, Paulo diz:
“Para com estes cheiro de morte para morte; para
com aqueles aroma de vida para vida”. Ao copeiro,
José trouxe reabilitação; ao padeiro, trouxe execução.
Não importa quem possa ser determinada pessoa: se
ela o contatar, isso lhe será vida ou morte. Este é um
ponto muito significativo. Essa é a experiência de
José.
Aparentemente, quando estava em seu
confinamento, José sofria. Na verdade, entretanto,
ele não sofria, mas aprendia valiosas lições e
experienciava o que era necessário para a sua
entronização. Sem as lições aprendidas durante o
confinamento, como poderia José, um jovem, ser
entronizado no Egito para governar sobre todo o
país? Teria sido impossível. Ele foi treinado pelo seu
aprisionamento. Seu confinamento foi-lhe, na
verdade, um exercício. Jovens, qualquer
confinamento a que vocês sejam submetidos será um
treinamento, um exercício e um período de
aprendizagem, como preparação para a sua
entronização. Para chegarem ao trono, vocês
precisam ser submetidos aos sofrimentos da traição e
do confinamento. Ninguém pode passar por cima
desses sofrimentos. Nenhum ministério jamais foi
usado pelo Senhor, sem passar pela traição e pelo
aprisionamento. Somente passando por traição e
aprisionamento é que estaremos qualificados a subir
ao trono. Após ser treinado pelo confinamento, você
já não será mais um rapazola; ao contrário, será um
homem qualificado debaixo do treinamento de Deus.
Não pense que José é um caso excepcional. Não,
o caso dele é comum. Você e eu seremos todos como
ele. Aleluia pela visão! E aleluia pela traição, pelo
confinamento e por todas as lições! Louvado seja o
Senhor, porque temos como seguir adiante!
MENSAGEM CENTO E TREZE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (3)
Nesta mensagem chegamos a Gênesis 41 que
desvenda outros pormenores da vida de José. Como
já enfatizamos, José representa o aspecto reinante de
uma vida madura. Como representante de tal vida,
ele é um excelente tipo de Cristo. É raro encontrar no
Antigo Testamento um tipo tão completo e pleno de
Cristo. Assim, por um lado, José representa o aspecto
reinante da vida madura; e, por outro, tipifica Cristo
de maneira total. Ao longo do registro de sua vida,
verificamos duas linhas: a linha do tipo de Cristo e a
linha do segredo da vida reinante. Nesta mensagem,
consideraremos um pouco mais a linha de José como
tipo de Cristo, e, na próxima, analisaremos a linha do
segredo da vida reinante. Nas mensagens anteriores
tratamos de sete aspectos de José como tipo de Cristo.
Nesta, analisaremos outros sete.

8) Ressuscitado da Prisão da Morte


José tipificava Cristo como Aquele que ressurgiu
da prisão da morte (41:14; At 2:24). Cristo não foi
aprisionado e lançado no cárcere. Pelo contrário, foi
porque quis; isto é, entrou na prisão da morte
voluntariamente. Embora ingressasse
espontaneamente na morte, as portas do Hades-o
poder da morte, a autoridade das trevas-
imediatamente se levantaram e procuraram retê-Lo
lá para sempre. Mas como comprova Atos 2:24, era
impossível ser Ele retido pela morte. Ficou três dias
em sua prisão. Em tal período, o poder da morte fez o
máximo para aprisioná-Lo. Mas Ele não podia ser
retido por ela porque Ele é a própria ressurreição (Jo
11 :25). Que é mais poderoso: a morte ou a
ressurreição? A ressurreição, indubitavelmente, é
mais poderosa do que a morte. Assim, esta não podia
reter a Cristo, que era não apenas a vida, mas
também a ressurreição. Por isso Ele emergiu da
morte. Para Ele, esse caminhar para fora da morte foi
Sua ressurreição. Como José foi libertado do cárcere,
assim também Cristo foi libertado da prisão da morte.
Todos os cristãos deveriam estar familiarizados
com três coisas: encarnação, crucificação e
ressurreição de Cristo. Creio que nós, nas igrejas,
conhecemos esses três pontos.

9) Entronizado com Autoridade


José também tipificou o Cristo entronizado com
autoridade (41:40-44; Mt 28:18; At 2:36; Ap 3:21).
No mesmo dia em que foi libertado do cárcere, José
foi entronizado para ser o verdadeiro governador
sobre toda a terra do Egito. De semelhante modo,
após ressurgir, Cristo foi entronizado com autoridade.
Atos 2:36 diz que o Cristo crucificado e ressurreto
tanto foi feito Senhor como Cristo. No dia de
Pentecoste, o apóstolo Pedro parecia dizer aos
israelitas que haviam rejeitado ao Senhor: “Aquele a
quem vocês rejeitaram, colocaram na cruz e mataram,
Deus O ressuscitou dentre os mortos. Não apenas
isso, mas fê-Lo Senhor de tudo”. Isso se refere à
entronização de Cristo. Que fato grandioso!

10) Recebeu Glória


Ao ser entronizado, Cristo recebeu glória (Hb
2:9). José também tipifica Cristo neste ponto, porque,
ao ser libertado do cárcere, recebeu glória (41:42). Os
opositores de José não somente o venderam e o
desprezaram, mas também o lançaram num cárcere.
No capítulo 40, a prisão é chamada de cárcere. Suas
condições de vida no cárcere eram bem piores que as
deste país na atualidade. O cárcere em que José foi
lançado era um poço. Os que o colocaram ali assim o
fizeram com a intenção de que ele ficasse gravemente
perturbado. Mas Deus o levantou, e não só o colocou
no trono, mas também lhe deu glória. Vocês podem
se perguntar como podemos provar que José recebeu
glória. A prova está no fato de que ele foi vestido com
lindas vestes e o fizeram subir no segundo carro de
Faraó (41:42-43). O fato de ser vestido com linho fino
contrastava com o ser despido pelos seus irmãos do
seu manto de várias cores (37:23). Quando o viram
vestido com tais vestes suntuosas e sentado no carro
de Faraó, as pessoas devem ter percebido que ali
estava um homem na glória.

11) Recebeu Presentes


Quando foi libertado do cárcere e elevado ao
trono, José recebeu presentes (41 :42). Cristo
também recebeu presentes (At 2:33). Muitos cristãos
sabem que Ele ressurgiu, ascendeu e foi coroado com
honra e glória; mas poucos sabem que, após Sua
ascensão, entronização e glorificação, Ele também
recebeu presentes. Atos 2:33 diz que Ele recebeu do
Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele próprio
derramou. O que Cristo recebeu do Pai foi um
presente. Nos tempos antigos, muitos séculos antes
de Cristo, o mesmo aconteceu com José. Ele não
apenas foi glorificado, mas também recebeu
presentes.
Em sua glorificação, foram-lhe dadas três coisas:
um anel de ouro, algumas vestes e um colar de ouro.
O anel foi posto em sua mão; o colar, em seu pescoço;
e as vestes cobriram seu corpo todo. Esses três itens
retratam de maneira completa os presentes que
Cristo recebeu em Sua ascensão aos céus, presentes
esses que Ele derramou sobre a igreja. Quando o
filho pródigo voltou para casa recebeu os primeiros
dois presentes: o anel em sua mão e a veste em seu
corpo (Lc 15:22). Àquela época, ele não recebeu o
colar de ouro, que lhe haveria de ser dado
posteriormente.
Efésios 1:13 diz que fomos selados com o Santo
Espírito. Isso indica que o Espírito da salvação se
assemelha a um selo. Sabemos que estamos salvos
porque fomos selados. Há cinqüenta anos, comprei
uma Bíblia com capa de couro e folhas douradas. Tão
logo a adquiri, coloquei-lhe meu selo na frente, para
indicar que ela me pertencia. Temia que pudesse
perdê-la e depois não tivesse meios de provar que era
minha. Depois de selada, entretanto, eu podia provar
que ela me pertencia. De semelhante modo, antes de
sermos salvos, estávamos no meio de gente comum.
Mas no dia em que recebemos o Senhor Jesus fomos
selados. O selo de nossa salvação é o Espírito Santo
de Deus. Daquela hora em diante, passamos a ter um
selo sobre nós. Suponha que minha Bíblia pudesse
dizer: “Não gosto de Witness Lee. Gostaria de
pertencer a outra pessoa”. De semelhante modo,
podemos sentir que não queremos pertencer ao
Senhor e que gostaríamos de seguir com Satanás.
Contudo, alguém salvo e selado jamais poderá fugir
do Senhor. Mesmo que lhe fosse possível ir ao
inferno, você ainda carregaria consigo esse selo.
Os antigos egípcios usavam seus anéis como selo.
Tudo o que selavam com seus anéis lhes era algo
importante. Assim, o anel, o selo, recebido por José,
tipifica o Espírito Santo recebido por Cristo. À época
de Sua ascensão e entronização, Ele recebeu do Pai o
Espírito Santo, para poder usá-Lo como selo a ser
colocado em todos os Seus crentes. Sempre que
alguém O invoca, recebe Dele, sobre si, esse selo.
Como alguém salvo, você tem em si um selo vivo.
Mesmo que esteja para ir a um cassino de jogo em
Las Vegas, ainda terá sobre si esse selo, e ele o fará
sentir que, por pertencer a Jesus, não deveria
permanecer em tal lugar. Como nosso José, Cristo
recebeu o selo do Pai e nos selou com ele. Esse selo,
agora, está dentro de nós e sobre nós.
O segundo dos presentes que José recebeu foram
as vestes. Nós, crentes, precisamos ao menos de duas
vestes: uma para a salvação e outra para a vitória,
para a recompensa. O filho pródigo em Lucas 15
recebeu apenas uma veste porque foi apenas salvo.
Ele ainda não se tomara vitorioso. Após sermos
salvos e recebermos a veste da justiça que nos
justifica, precisamos continuar a viver uma vida
vitoriosa. Se assim agirmos: então, além da veste de
salvação, receberemos uma outra.
Eu enfatizo freqüentemente que a rainha do
Salmo 45 tem duas vestes (SI 45:13-14) : uma
corresponde à justiça objetiva para a nossa salvação;
a outra, à justiça subjetiva para a nossa vitória. O
Novo Testamento revela que nós, crentes, devemos
ter duas vestes: vê-se a primeira em Lucas 15 e a
segunda em Apocalipse 19. A veste da salvação
destina-se a sermos justificados diante do Pai. Mas
para as bodas do Cordeiro, precisamos de uma outra.
Ambas as vestes são Cristo. A primeira, a da salvação,
é o Cristo objetivo, colocado sobre nós (GI3:27), que
nos foi dado para ser a nossa justiça (1 Co 1 :30).
Quando o filho pródigo voltou para casa, ele não
estava qualificado para sentar-se com seu pai justo.
Precisava de uma veste de justiça a cobri-lo e a
qualificá-lo para tanto. Essa veste é o Cristo objetivo
como nossa justiça, que nos justifica diante do Deus
justo. Mas após sermos justificados, precisamos
expressar Cristo. Quando O expressamos, Ele se
toma a nossa justiça subjetiva; não apenas algo
colocado sobre nós, mas algo vivido de dentro de nós.
Esse é o Cristo subjetivo como a segunda veste. Ele
nos foi dado como essas duas vestes.
O nosso Cristo é a verdadeira justiça diante de
Deus. Fora Dele não existe justiça no universo. Neste
universo, somente um-que é Cristo-satisfaz todos os
justos requisitos de Deus. Embora isso possa não
soar lógico, tal justiça foi dada a Cristo. Você pode
ficar imaginando como pode Ele ser justiça, e ainda
assim receber essa justiça. Essa, todavia, é a maneira
bíblica de falar, e precisamos aprender a falar a
linguagem da Bíblia. A única justiça deste universo é
Cristo; e, além disso, essa justiça Lhe foi dada, para
que Ele pudesse derramá-la sobre Seus crentes.
Cristo é a justiça que foi colocada sobre nós,
objetivamente, para 'a nossa justificação. Essa justiça,
dada a Ele pelo Pai, foi transmitida Dele para nós.
Além disso, Ele está constantemente dando-se a nós,
de modo a podermos vivê-Lo de dentro de nós. Isso é
totalmente uma questão de presente.
A questão de Cristo ser justiça e, ainda assim,
receber justiça, envolve a Trindade. Se nunca fosse
dada pelo Pai ao Filho, essa justiça não seria
legalmente tão eficaz. Embora a única justiça do
universo seja o próprio Cristo, sem receber essa
justiça vinda do Pai, nem mesmo o Filho teria o
direito de usá-la. O Pai, portanto, a deu ao Filho, de
modo a poder Este transmiti-la aos Seus crentes,
primeiramente como justiça objetiva e, depois,
subjetiva.
Todos recebemos a primeira veste, e não existe
problema algum referente à nossa salvação. Fomos
salvos e passaremos a eternidade com o Senhor. Isso
é mais certo do que uma apólice da mais fidedigna
companhia de seguros. Mas, e a segunda veste? Não
podemos, atualmente, ter tanta certeza disso, como
temos da primeira veste, porque podemos não ter
pago a taxa necessária para essa segunda apólice.
Precisamos ganhar a segunda veste, a fim de
podermos receber a recompensa. Louvado seja o
Senhor, porque tanto a veste objetiva quanto a
subjetiva constituem presentes! Ambas foram dadas
pelo Pai ao Filho, e Este no-las deu. Se você me
perguntar se tenho as duas, eu responderei: “Sem
dúvida, tenho a primeira veste; quanto à segunda,
esta se acha dentro de mim, em processo de
exteriorização”. Você também recebeu a segunda
veste e a tem dentro de si. Você agora precisa orar:
“Senhor Jesus, processa-Te para o meu exterior.
Senhor Jesus, expressa-Te em mim, para ser a minha
segunda veste”. Todos precisamos dessa veste.
Relacionando-se à segunda veste há o terceiro
item-o colar de ouro colocado à volta do pescoço de
José. Na Bíblia, um pescoço com colar representa
uma vontade submissa. Quando os filhos de Israel
desobedeceram, o Senhor se referiu a eles como povo
de dura cerviz (Êx 32:9). Seria muito desagradável a
uma pessoa de dura cerviz usar um colar de ouro.
Seria maravilhoso, entretanto, ver um colar de ouro
num pescoço que se dobra. O pescoço com colar
simboliza uma vontade vencida e subjugada para
obedecer ao mandamento de Deus. Quando o seu
pescoço foi vencido e subjugado dessa maneira, ele
foi enlaçado. Você já viu uma mulher de colar
brigando com seu marido? Eu já. Quando vi, disse a
mim mesmo: “Ela devia tirar aquele colar. Uma vez
que tem tão dura cerviz, não deveria usá-lo”. Até
mesmo uma gravata de homem é um tipo de colar.
Há muito refinamento no seu uso. O colar de ouro no
pescoço representa o Espírito para obediência. Atos
5:32 diz que o Espírito é dado àqueles que obedecem
a Deus. Então, o Espírito não é dado apenas como
presente para salvação, mas também para obediência.
Como admiro a seqüência dos fatos na Bíblia. Se
fosse fazer uma lista dos presentes dados a José, eu
mencionaria primeiramente o anel, depois o colar e,
finalmente, as vestes. Quando jovem, aborreci-me
com o fato de que se mencionam as vestes antes do
colar de ouro. Mas a seqüência dos três presentes no
versículo quarenta e dois está de acordo com a
seqüência espiritual. De acordo com esta,
primeiramente recebemos o Espírito para salvação.
Isso é o selo. Depois, recebemos a veste de justiça e
começamos a viver Cristo de dentro de nós. Para isso,
precisamos ter um colar em nosso pescoço. Isso
significa que o nosso pescoço deve ser vencido,
subjugado e algemado pelo Espírito Santo. Oh! o
Espírito Santo vai algemar você! Vai acorrentar sua
dura cerviz e levá-lo a ficar dócil e submisso. Muitos
irmãos, na vida da igreja, tiveram seu pescoço
acorrentado.
Isso é verdade, inclusive com alguns dos
adolescentes em nosso meio. Ainda adolescente, eu
tinha uma dura cerviz. Embora minha mãe me
amasse bastante, minha cerviz ainda era muito dura.
Muitos de vocês, adolescentes, são assim. Entretanto,
quando invocam o Senhor Jesus, são
espontaneamente acorrentados. O Senhor coloca Sua
corrente em seu pescoço, que se toma flexível e
submisso. Às vezes, sua disposição pode levá-lo a
ficar infeliz com sua mãe. Todavia, porquanto o seu
pescoço foi acorrentado, já não é tão duro quanto
costumava ser. Quando o seu pescoço era muito duro,
não havia colar nele. Mas, hoje, você foi acorrentado
pelo Espírito Santo, algemado pelo Espírito para
obediência. Por essa razão, os outros podem ver em
seu pescoço a beleza do Espírito Santo para
obediência, expressa em sua submissão. Você foi
subjugado e é submisso a seus pais. Alguns poderão
dizer: “Quando tiver dezoito anos, terei minha
liberdade”. Esse não é o testemunho de uma pessoa
acorrentada com um colar de ouro. Alguém que tem
em seu pescoço um colar é submisso a seus pais e
professores. Quando acorrentado, seu pescoço
carrega determinado tipo de beleza, a beleza de ouro
do Espírito para obediência. Esses são os presentes
recebidos pelo nosso José e transmitidos a nós. Posso
gabar-me de que em minha mão tenho um anel, à
volta de todo o meu ser existe uma veste, e outra
veste está emergindo de meu interior com o colar de
ouro à volta do meu pescoço. Aleluia! Cristo recebeu
presentes e os deu todos a mim! Agora também
recebi presentes Nele. Tudo isso é tipificado por José.
12) Tornou-se o Salvador do Mundo, o
Sustentador da Vida (o Revelador de
Segredos)
Por haver sido ressuscitado, entronizado,
glorificado, além de receber presentes, Cristo é o
Salvador do mundo. Como tal, Ele também é o
Sustentador da vida e o Revelador de segredos (At
5:31; Jo 6:50-51). José prefigurava Cristo nesses três
aspectos, porque todos esses títulos se acham
incluídos no nome Zafenate-Panéia, dado a José por
Faraó (41:45). Este nome, primeiramente, significa
“Salvador do mundo”; em segundo lugar, quer dizer
“Sustentador da vida”; e, finalmente, “Revelador de
segredos”. Todos sabemos que Cristo é o Salvador do
mundo. Como Salvador do mundo, Ele é o
Sustentador da vida e o Revelador de segredos.
Todos esses títulos foram atribuídos a José.
Primeiramente, ele foi o revelador de segredos;
depois, o salvador do mundo. Tomou-se o salvador,
porque sustentou a vida do povo.
Quanto ao fato de ele ser o sustentador da vida, o
relato da Bíblia é maravilhoso. Faraó teve dois
sonhos: o primeiro sobre vacas e o segundo sobre
espigas (41:1-7). Por que não sonhou ele com sete
tartarugas e sete pedras pretas? Tanto as vacas
quanto o cereal são bons para comer. Hoje, gostamos
de comer bife, que vem das vacas; e pão, que vem do
cereal. Vemos aqui dois tipos de vida-a animal e a
vegetal. Precisamos desfrutar ambas. De acordo com
a ordenação na Bíblia, o homem, antes da queda,
alimentava-se apenas da vida vegetal (1:29). Depois
da queda, entretanto, foi-lhe dito que comesse carne,
por causa da necessidade de se derramar sangue para
a redenção (9:3). Assim, após a queda, o homem
devia tomar como seu suprimento a vida vegetal e a
animal. Na verdade, a vida animal deve vir primeiro,
porque os caídos precisam ser redimidos, antes de
poderem desfrutar a vida. N a mesa do Senhor vemos
pão e sangue. O sangue vem da vida animal do
Senhor para redenção, e o pão vem da Sua vida
regeneradora. No Evangelho de João, Ele é
comparado a um cordeiro. Em João 1:29, João
Batista disse: “Eis o Cordeiro”. Essa é a vida animal
para redenção. Em João 12:24, o Senhor se
comparou a um grão de trigo caindo na terra,
destinado a reproduzir pela regeneração. Essa é a
vida vegetal para regeneração. Ambos os tipos de
vida são mencionados em Gênesis 41.
Ao considerarmos este assunto, percebemos
outra vez que a Bíblia é realmente um livro divino.
Nenhum ser humano poderia tê-la escrito. Quanto
mais lhe penetro as profundezas, mais fico
convencido de que o seu conteúdo foi divinamente
revelado. Sem dúvida, é a Palavra de Deus. Quem,
além de Deus, poderia ter escrito um capítulo como
Gênesis 41 ? Hoje, o suprimento de vida que
recebemos do Senhor Jesus como o Sustentador da
vida, inclui tanto a vida animal para redenção como a
vegetal para produção. Aleluia! Dia após dia somos
nutridos dessa maneira! Simultaneamente, Cristo é
tanto o Salvador do mundo quanto o Sustentador da
vida.
Ele também é o Revelador de segredos, Aquele
que interpreta sonhos. Você alguma vez refletiu sobre
quantos sonhos o Senhor Jesus interpretou quando
estava na terra? Por sonhos, eu quero me referir à
revelação, aos segredos que Ele nos contou. Ele
interpretou pelo menos sete sonhos em Mateus 13 e
uma porção de outros em Mateus 24 e 25. Realmente,
o Senhor é o Revelador de segredos.

13) Tomando a Igreja


Em 41:45 vemos que José tomou por esposa a
Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. A esposa
de José era uma pagã, uma egípcia. José a tomou na
época em que foi rejeitado por seus irmãos. Isso
também é um tipo que retrata Cristo tomando os
gentios à época de Sua rejeição pelos israelitas.
Enquanto permaneceu com os gentios, obteve uma
esposa do meio deles.
No livro de Gênesis, vemos três esposas que
retratam a igreja: Eva, a esposa de Adão; Rebeca, a
esposa de Isaque; e Azenate, a esposa de José. Como
esposa de Adão, Eva mostra que a igreja sai de Cristo
e é parte Dele. Tipifica também que a igreja é o
mesmo que Cristo em vida e natureza, tornando-se,
finalmente, um só Corpo com Ele. Assim, Eva tipifica
a igreja como parte de Cristo, saindo Dele, voltando a
Ele e sendo uma com Ele. Rebeca mostra a igreja
como a chamada e escolhida, oriunda da mesma
fonte que Cristo. Isaque veio de uma fonte específica,
e o servo de Abraão foi enviado à mesma fonte para
escolher, chamar e trazer uma esposa para Isaque.
Essa escolha foi Rebeca. Azenate retrata a igreja
tomada do mundo gentio por Cristo durante Sua
rejeição pelos filhos de Israel. À época dessa rejeição,
Cristo veio ao mundo gentio, nele permanecendo e
dele recebendo a igreja.
De sua esposa, Azenate, José gerou dois filhos:
Manassés e Efraim. O nome Manassés significa: “O
que faz esquecer”. Quando ele nasceu, José disse:
“Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos, e
de toda a casa de meu pai” (41:51). Isso indica que,
com o nascimento de Manassés, José esqueceu todas
as suas aflições. Quando lhe nasceu o filho, ele
parecia dizer: “Louvado seja o Senhor! Ele me fez
esquecer minhas aflições”. Isso revela que, quando a
igreja é produtiva, Cristo declara que esqueceu Suas
aflições. Se, nas reuniões de evangelização da igreja
em Botucatu, algum fruto é produzido, Cristo declara
a todo o universo: “Manassés! Esqueci Minha aflição”.
Ao segundo chamou-lhe Efraim, pois disse:
“Deus me fez próspero na terra da minha aflição”
(41:52). José não teve aflição, mas frutificação.
Quando pregamos o evangelho e produzimos fruto,
Cristo fica feliz e declara: “Não há mais aflição.
Vejam todo esse fruto! “

14) Supriu as Pessoas de Alimento


José proveu de alimento as pessoas famintas
(41:56-57). Como tal supridor de comida, ele
prefigurava Cristo como Aquele que supre as pessoas
de alimento (Jo 6:35). Que Supridor de comida é
Cristo hoje! Ele supre de alimento as pessoas
famintas.
Quando lemos a história de José vemos que ela é
inesgotável. Embora possamos lê-la repetidas vezes,
não conseguimos exaurir-lhe as riquezas.
MENSAGEM CENTO E CATORZE

O SEGREDO DA LIBERTAÇÃO E EXALTAÇÃO


DE JOSÉ
Esta mensagem é um parêntese que trata do
segredo da libertação e exaltação de José.

I. JOSÉ TORNOU-SE QUALIFICADO EM


IDADE, APÓS O SOFRIMENTO ADICIONAL
DE MAIS DOIS ANOS
Ao lerem o capítulo 40, algumas pessoas
poderão ter o desejo de questionar o Senhor a favor
de José, perguntando-Lhe por que o manteve na
prisão por tanto tempo. José tinha dezessete ou
dezoito anos ao ser posto na prisão, e
aproximadamente vinte e oito anos quando
interpretou os sonhos de seus companheiros de
cárcere. Embora mantido no cárcere por ao menos
dez anos antes da libertação de seus companheiros,
seus próprios sonhos ainda não se haviam cumprido.
Talvez você dissesse: “Senhor, isso é demais. Tu já o
testaste por dez anos. Por que não o libertaste como
fizeste a seus dois companheiros? Após interpretar o
sonho do copeiro, José pediu-lhe que se lembrasse
dele. Mas o copeiro se esqueceu, e nada aconteceu.
Senhor, é fácil aos homens se esquecerem. Mas Tu és
Deus e não podes esquecer. Por que mantiveste José
na prisão por mais dois anos? “ Um dia fui iluminado
para perceber que José permaneceu na prisão por
mais dois anos completos (41:1), porque lhe era
necessário atingir a idade de trinta anos (41:46).
Muitos jovens, hoje, esperam ser libertados de suas
gaiolas tão logo atinjam os dezoito anos. Mas, de
acordo com a Bíblia, precisamos atingir a idade, não
de dezoito ou mesmo de vinte e oito, mas de trinta
anos. Os que serviam a Deus como sacerdotes,
começavam a fazê-lo de maneira completa com a
idade de trinta anos (Nm 4:3). Os de menos de trinta
anos eram aprendizes, não sacerdotes plenamente
oficiantes (Nm 8:24). Quando começou a ministrar, o
Senhor Jesus também tinha trinta anos (Lc 3:23).
Assim, se José subisse ao trono aos vinte e oito anos,
não tipificaria Cristo neste ponto. Ele precisava ter
trinta anos. Após ver isso, fiquei convencido de que
esses dois anos adicionais eram necessários para que
ele se tornasse qualificado. Se não permanecesse lá
por mais dois anos, não teria chegado à idade correta.
Jovens, não importa quão longa possa ser a sua
prova, não fique desapontado. Vocês precisam
reconhecer que a sua prova vem de Deus. Ninguém
pode ser entronizado sem ser provado e testado.
Embora gostemos de ser entronizados
imediatamente, Deus dirá: “A hora ainda não chegou.
Não Me falem de entronização. Vocês precisam ser
postos no cárcere”. Se buscam ao Senhor, Ele os
colocará no cárcere. Tal vez todos que estão à sua
volta-sua esposa, seus filhos, os presbíteros e os
irmãos e irmãs-tenham a intenção de respeitá-lo;
tudo o que eles fazem, entretanto, somente serve
para atirá-lo num cárcere. Nada temos a dizer a esse
respeito. Sem o cárcere, não podemos subir ao trono.
Não seja um fugitivo do cárcere, mas permaneça nele
até que se diplome e receba a coroa. Você precisa dos
dois últimos anos.
Embora eu possa não ter a intenção de atirá-lo
num cárcere, e embora você possa não ter a intenção
de fazer o mesmo comigo, o que ocorre na realidade é
que nós fazemos isso um com o outro. Quando se
casou, você tinha a intenção de colocar sua esposa
num cárcere? É claro que não! Mas isso é exatamente
o que você fez. Sem intenção e inconscientemente,
atiramos os outros num cárcere. Meus filhos fizeram
assim comigo. Às vezes, eles me dizem o quanto me
amam, mas, bem lá dentro de mim, eu digo: “O amor
de vocês me atira num cárcere”. Entretanto,
precisamos dizer: “Aleluia pelo cárcere! Embora eu
tenha estado nele por dez anos, preciso permanecer
mais dois”. Digo novamente: não fuja do cárcere.
Permaneça e fique lá gloriosamente, com louvores ao
Senhor, e não com ranger de dentes.
Madame Guyon foi alguém que podia louvar ao
Senhor em seu cárcere. Ela até escreveu um poema
em que se comparou a um pássaro na gaiola. Aqui
está a primeira estrofe:

“Um pequeno pássaro sou eu,


Privado do ar dos campos,
E em minha gaiola me sento e canto
Àquele que lá me pôs;
Bem agradável é um prisioneiro ser,
Porque, meu Deus, isto Te agrada”.

Madame Guyon aumentou seu amor pela gaiola,


que era o seu cárcere.
Se José não permanecesse no cárcere por doze
anos, não estaria qualificado a governar sobre toda a
terra do Egito. Por essa razão, ele precisava ter trinta
anos. Aqueles doze anos do cárcere lhe
proporcionaram muita coisa, não mediante a
educação objetiva, mas por intermédio de sofrimento
e disciplina subjetivos. Seja paciente. Por fim, você
estará qualificado para governar. Mas para isso você
precisa permanecer no cárcere por outro período.

II. JOSÉ LIBERTADO DA PRISÃO


INDIRETAMENTE, POR MEIO DE SUA
INTERPRETAÇÃO DO SONHO DO COPEIRO
Chegamos agora ao meu encargo desta
mensagem. O meu encargo é enfatizar o fato de que
José foi libertado da prisão por meio do seu falar pela
fé. Ele sonhou que era um feixe que se levantava e
que seus irmãos se dobravam diante dele. Dez anos
se passaram, e seu sonho ainda não fora cumprido.
Se isso ocorresse conosco, ficaríamos desapontados
ao máximo, e diríamos: “Esqueça-se deste sonho.
Estou cansado de ser um sonhador e de ouvir falar de
sonhos”. Se agisse assim, José provavelmente jamais
seria libertado da prisão. Ele foi libertado do cárcere
pelo falar. Não foi libertado, entretanto, à época em
que interpretou os sonhos de seus dois companheiros.
Ele os interpretou falando pela fé. Se eu fosse alguém
que interpretasse sonhos para os outros, ficaria
receoso de questionar sobre os meus próprios,
porque eu tivera a visão, mas não a experiência nem
o cumprimento da visão. Assim, eu não teria coragem
de dizer nada, por temer que alguém replicasse: “Que
você está falando? Não fale de sonhos até que seus
próprios se cumpram. Não creio em você”. Mas não
importa se seus sonhos foram ou não cumpridos;
José falou ousadamente pela fé. Se o questionasse,
poderia dizer: “Sim, tive dois sonhos. Embora eles
ainda não se tenham cumprido, mesmo assim creio
neles. Talvez amanhã se cumpram”. Por fim, pelo seu
falar, ele foi libertado da prisão. Se ele não falasse ao
copeiro, não haveria ninguém para falar dele a Faraó.
Foi o copeiro que comunicou as novas a Faraó, de
que havia alguém na prisão que podia interpretar-lhe
os sonhos (41:9-13). José, portanto, foi libertado da
prisão indiretamente, mediante a sua interpretação
do sonho do copeiro. Eu mesmo experienciei isso.
Em 1957, fiquei um pouco atribulado por um
problema que se levantara nas igrejas em Taiwan.
Mas, um dia, o Senhor me mostrou que devia
esquecer o problema e começar a falar sobre o reino e
sobre a Nova Jerusalém, dizendo às pessoas que a
vida da igreja hoje é uma miniatura da Nova
Jerusalém. Assim, comecei a falar ousadamente,
primeiramente em Taipé, e depois em Manila. Um
velho missionário britânico foi às reuniões em
Manila e ouviu minhas mensagens. Depois de uma
das reuniões, ele veio até mim e disse: “Irmão Lee,
você quer dizer que essas coisas são para hoje ou
para o futuro? “ Quando disse que queria significar
ambos, ele replicou: “A Nova Jerusalém, sem dúvida,
existirá no futuro, mas não posso vê-Ia hoje, aqui.
Como você pode dizer que ela é tanto presente
quanto futura? “ Entretanto, continuei a afirmar que
era ambas. Ele não podia acreditar nisso, mas eu sim.
Por fim, ele deixou a vida da igreja. Isso indica que
quanto mais rejeita a visão, mais você fica de fora.
Você poderá dizer: “Não existe essa tal vida da igreja;
isso é simplesmente sonho do irmão Lee.
Esqueçamo-nos disso”. Contudo, quanto mais você
disser isso, mais estará fora da vida da igreja hoje.
Precisamos dizer: “Aleluia! Louvado seja o Senhor!
Creio que a vida da igreja está aqui, hoje”. Quanto
mais você disser isso, mais estará nela. Essa é a visão
de um sonhador.
Todos precisamos falar como sonhadores. Não
espere até que tenha a experiência, antes de falar.
Fale primeiro. Fale imediatamente após ter a visão, e
depois terá a experiência. Andrew Murray disse certa
vez que um bom ministro sempre fala mais do que
experimentou. Em certo sentido, um bom ministro
deve ser alguém que se gloria. Durante os anos de
permanência neste país, tenho falado tão
ousadamente sobre a vida da igreja que alguns
podem ter pensado que eu estivesse me gloriando.
Sobre a vida da igreja, alguns me perguntaram:
“Irmão Lee, isto funciona? “ Respondi: “Por que não?
“ Para os que disseram ser impossível ter a vida da
igreja, ela tem sido impossível. Em 1962, tivemos a
nossa primeira conferência nos Estados Unidos.
Imediatamente depois dela, fui convidado para ir à
casa de um irmão em Whittier. Um dia, meu anfitrião
me perguntou: “Irmão Lee, o senhor tem a intenção
de dizer que aquilo que você ministra funciona na
realidade? “ Repliquei: “Posso assegurar-lhe que sim.
Eu até assinaria uma garantia para tanto”. Se a visão
funciona ou não, depende da sua boca. Se você a
negar, ela não funcionará para você. Mas, se a
confirmar, ela funcionará para você, mesmo que não
funcione para outros. Tudo depende de você dizer
sim ou não. Se disser não, será não; se disser sim,
será sim. Sobre o sonho, a visão, importa muito se
dizemos sim ou não, porque seja o sim, seja o não, tal
se tornará realidade.

III. A JOSÉ FOI DADA AUTORIDADE


DIRETAMENTE, MEDIANTE SUA
INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS DE FARAÓ
O falar de José não apenas o libertou da prisão,
mas também o conduziu ao trono. Ele falou de si
mesmo para o trono. A ele foi dada autoridade
diretamente, mediante sua interpretação dos sonhos
de Faraó (41:25-44). Se fosse eu o intérprete dos
sonhos de Faraó, seria muito cauteloso, temendo que
Faraó me perguntasse sobre meus próprios sonhos. E
ficaria com medo de que ele me dissesse: “Você não
tem qualquer experiência. Como posso dar ouvidos à
sua interpretação? Os seus sonhos não se cumpriram.
Como, então, os meus poderão cumprir-se? Saia da
minha presença”. José, todavia, foi ousado no falar,
no interpretar os sonhos de Faraó, e, por meio de seu
falar, foi-lhe dada autoridade. Você quer ser
libertado? Quer receber autoridade? Se quer, então
precisa falar. Quanto mais você falar, mais será
libertado. Não se diga desqualificado para falar,
porque quanto mais você afirmar isso e se disser no
cárcere, mais tempo permanecerá nele. Mas quanto
mais falar, mais libertado ficará. A libertação virá por
intermédio de seu falar. Em nossa experiência,
descobrimos que quanto mais falamos, mais
libertados somos. Não posso dizer-lhes quão
libertado fico por meio do meu falar. Quando volto
para casa, após falar na reunião, fico feliz e renovado.
O meu falar me liberta de qualquer tipo de prisão.
Não me importam muitas coisas, porque falando
consigo sair do cárcere. Aprenda a falar para sair do
cárcere. A melhor maneira de ser libertado é falar.
Se quiser ter autoridade, você precisa falar. O
falar deu autoridade a José. O seu falar não apenas o
colocou no trono, mas também lhe assegurou
autoridade sobre toda a terra. Quanto mais você falar,
mais autoridade terá. Libertação e autoridade vêm
ambas mediante o falar. Se estiver em casa, na escola
ou no trabalho, você precisa falar. Sempre que vier à
reunião, você deverá falar. Devemos falar todo o
tempo. Quanto mais falarmos, mais liberdade
desfrutaremos e mais autoridade receberemos.

IV. JOSÉ MINISTROU ALIMENTO ÀS


PESSOAS MEDIANTE SUA INTERPRETAÇÃO
DOS SONHOS
Mediante seu falar, José também se tornou um
supridor de comida. Ministrou comida aos outros por
intermédio de sua interpretação de sonhos. Você
pode dizer-se pobre. Você é pobre porque é silencioso.
Por que você é tão silencioso na escola, no
relacionamento com os vizinhos ou nas reuniões? Por
que você não fala? Você pode dizer: “Oh! não tenho
experiência suficiente para falar coisa alguma. Estou
na vida da igreja há muitos anos. No início, ouvi dizer
que ela seria gloriosa. Mas agora não a sinto muito
gloriosa. Assim, não tenho segurança para falar nada
sobre a gloriosa vida da igreja”. Todavia, quanto
menos falar da gloriosa vida da igreja, menos você
estará nela. Você precisa falar o contrário de seu
sentimento. Diga algo que não está de acordo com
seu sentimento, mas de acordo com sua visão.
Quando declarar que a vida da igreja é gloriosa, você
estará na gloriosa vida da igreja da qual está falando.
Se disser: “Não a tenho”, então você não a terá; mas,
se falar, você vai suprir os outros com alimento. Pelo
seu falar, você terá libertação, autoridade e comida.
Aleluia! isso tudo vem mediante o falar!
De vez em quando, ao longo dos anos, alguns
têm dito: “Irmão Lee, como você obtém tanta vida?
Sempre que o vejo, está renovado e cheio de vida”.
Respondo que estou renovado e recebo vida pelo
falar. Se eu estivesse para ir a determinado lugar e
não estivesse a fim de falar, eu estaria pronto para ser
sepultado. Todavia, quando falo, sou libertado,
recebo autoridade e tenho comida para suprir os
outros. Posso testificar a todos que, por falar ao
máximo, fico mais livre, tenho mais autoridade e
mais comida. Oh! todos precisamos aprender a falar!
Não falem de acordo com sua experiência-falem de
acordo com sua visão.

V. A VIDA DE JOSÉ FOI UMA VIDA DE


SONHOS
José foi realmente um sonhador, e sua vida foi
uma vida de sonhos. Um cristão vitorioso e vencedor
sempre será um sonhador. Você precisa ter sonhos e
precisa interpretar os dos outros. Dia a dia falemos
todos de acordo com a nossa visão, de acordo com os
nossos sonhos. Além disso, precisamos interpretar as
visões dos outros e viver de acordo com a nossa visão.
Não deveríamos falar de acordo com nossos
sentimentos, mas de acordo com a visão. Somos
visionários. Porque o somos, fazemos tudo de acordo
com a visão. Embora determinada coisa ainda não
tenha acontecido, falamos de acordo com o que dela
vimos, e descobrimos que ela está-se cumprindo.
Quando comparamos José aos outros homens
eminentes de Gênesis, vemo-lo singular em sonhos e
em sofrimentos. Nenhum dos sete outros grandes
homens tiveram tantos sonhos como ele, que sempre
esteve envolvido com sonhos. A vida dele também foi
exclusiva com respeito ao sofrimento.
Os sonhos requerem interpretação, e esta é uma
questão de falar. Por isso, José esteve
constantemente falando. Mediante o seu falar, todos
os sonhos se cumpriram. Primeiramente falou de si
mesmo, acarretando problemas. Se não falasse sobre
os próprios sonhos, ele não se teria metido em
dificuldades. Os seus irmãos o odiaram e o venderam
como escravo, simplesmente porque ele falou dos
próprios sonhos. Se, após ter esses sonhos, ele
permanecesse silencioso, não teria havido problemas.
Os seus sofrimentos advieram de seu falar.
Depois da Rebelião dos Boxers, muitos irmãos
da Inglaterra oraram desesperadamente pelo vasto
país que é a China. O Senhor respondeu às suas
orações, chegando e fazendo um trabalho
maravilhoso nas universidades de todo o país.
Milhares de estudantes, vários deles muito brilhantes,
foram conquistados pelo Senhor, e muitos deles
tiveram uma visão. Fui um desses estudantes e estava
muito familiarizado com a situação. O irmão Nee não
foi o único a ver algo sobre a igreja. Muitos outros
também viram. Entretanto, ficaram com medo de
falar de seu sonho sobre a igreja. Temiam os
missionários, cujo objetivo era ampliar sua própria
obra missionária, a missão de sua igreja. Temiam que,
se falassem algo diferente daquilo que os
missionários faziam, meter-se-iam em dificuldades.
Por causa de seu falar audacioso, o irmão Nee foi
traído. Em meados de 1920, ele publicou vinte
edições de um jornal chamado O Cristão. Nos artigos
desse jornal ele falou de acordo com seu sonho.
Como resultado, as pessoas se riram dele, e ele teve
problemas. Os missionários, mestres e teólogos,
todos mais velhos do que ele, o desconsideraram e se
lhe opuseram. O irmão Nee tivera uma visão de
igrejas locais em toda a China. Um quarto de século
mais tarde, o seu sonho se cumpriu. Em 1948, havia
aproximadamente quinhentas igrejas locais nas
províncias da China.
Antes de se cumprir seu sonho, entretanto, o
irmão Nee sofreu bastante, não apenas por parte dos
de fora, mas até mesmo por parte da tempestade
levantada pelos de dentro. Por causa dessa
tempestade, o seu ministério foi marginalizado por
alguns anos. O irmão Nee, certa vez, disse a
determinado irmão que não havia mais possibilidade
de recomeçar seu ministério. Isso é uma indicação da
gravidade dos sofrimentos por que ele passou. Sofreu
tão intensamente que sentiu ser-lhe impossível
algum dia retomar seu ministério. Mas, para sua
grande surpresa, o Senhor fez algo em 1948 para
restaurar-lhe o ministério. Em sua biografia*, tudo
isso é esclarecido. Como resultado da restauração de
seu ministério, centenas de igrejas foram levantadas
nas cidades da China. Isso se deveu ao seu falar, ao
soar de sua trombeta e aos seus poucos cooperadores,
que lhe foram fiéis.
Deixem-me dar um testemunho de nossa
experiência em Taiwan. Quando, pela primeira vez, lá
chegamos, encontramos o que considerávamos uma
ilha primitiva, atrasada. Começamos, todavia, a falar
de acordo com a nossa visão. Havia ali muitos
missionários, principalmente da denominação
Batista do Sul. Com a China perdida, eles investiram
muito dinheiro em sua obra na ilha de Taiwan.
Embora fôssemos poucos, falávamos de acordo com a
visão. Esse falar de acordo com a visão causou
problemas porque suscitou oposição. Alguns diziam:
“Somente vocês são a igreja? Que querem afirmar, ao
dizerem que vocês têm a vida da igreja e nós não? “ O
nosso falar era prevalecente. Publicamos livros e uma
pequena revista intitulada O Ministério da Palavra,
que teve mais de trezentas edições. Hoje, por meio
dessa revista, ainda estamos soando a trombeta. Nos
últimos vinte e oito anos falamos bastante. O nosso
falar tem causado problemas e, como conseqüência,
temos sofrido muita oposição.
Todavia, concordando ou não conosco, os
missionários, por fim, foram subjugados e tiveram de
admitir que nossa obra era a melhor em Taiwan.
Somente na igreja em Taipé há mais de vinte e três
mil irmãos. Antes de nosso sonho começar a se
cumprir em Taiwan, sofremos bastante. Embora
sofrêssemos críticas e difamação, jamais paramos de
falar. Quanto mais os outros tentavam impedir-nos
de falar, mais falávamos. Continuamos a falar e a
atrair problemas.
Como vimos, José primeiramente falou e se
meteu em problemas. Mais tarde, porém, falou e saiu
dos problemas para o cumprimento de seus sonhos.
Tudo isso aconteceu mediante o falar. Tanto os
problemas quanto o cumprimento da visão vieram
pelo falar. Hoje, ocorre o mesmo conosco. Ao
falarmos sobre a gloriosa vida da igreja, alguns
poderão balançar a cabeça, descrentes, a imaginar se
isso poderia acontecer no Brasil. Alguns até disseram
ser impossível. Mas funcionou. Nos últimos anos, no
Brasil, esse sonho se tem cumprido.
A primeira vez que tive essa visão foi há
cinqüenta anos, e aonde quer que eu vá-China,
Taiwan ou Estados Unidos-, tenho falado de acordo
com ela. A qualquer um que rejeite essa visão, tem
sido impossível o cumprimento dela. Mas para os que
disseram: “Sim, é possível”, a esses ela tem sido
possível. Quanto mais dizemos que a igreja é gloriosa,
mais gloriosa ela se toma. Creio categoricamente que
a igreja em Anaheim será gloriosa porque, falando,
entraremos nessa glória. Esteja preparado primeiro
para, falando, meter-se em problemas, e depois,
falando, sair dos problemas para o cumprimento de
seus sonhos. Essas três coisas sobrevirão a todos nós.
Alguns de vocês devem estar familiarizados com
um livro difamatório intitulado The God-Men (Os
Homens-Deus). O prefácio desse livro foi escrito por
um homem chamado David Adeney, que conheci há
mais de vinte anos quando ele estava envolvido numa
obra estudantil no Extremo Oriente. Ele gostava de
nossas reuniões e às vezes comparecia à reunião da
mesa do Senhor em Hong Kong. Certa vez, veio a
Taiwan para efetuar um trabalho nas universidades.
Percebeu que o nosso trabalho na Universidade
Nacional de Taiwan era melhor que o dos outros. Por
ser nossa pregação do evangelho tão forte, ele a
admirou. Um dia, veio ver-me e disse que o nosso
trabalho na universidade era muito bom, e imaginava
se poderíamos ou não trabalhar juntos. Disse-lhe que
respeitava sua obra de evangelização e que, no
tocante à pregação do evangelho, podíamos trabalhar
juntos. Todavia, enfatizei que o objetivo dele era
diferente do nosso. O objetivo de nossa pregação era
edificar a igreja na cidade, mas o dele, em última
análise, ajudaria as denominações. Em nossa
conversa, fui bem franco com ele. E disse: “Irmão,
você precisa ver claramente onde nós estamos e onde
você está. Temos dois objetivos diferentes. O nosso é
edificar a igreja na localidade como restauração do
Senhor; o seu irá por fim ajudar as denominações”.
Em nossa conversa, de acordo com o que ele me falou,
eu disse-lhe que ele estava fora de Babilônia, mas
ainda a meio caminho de Jerusalém. Ainda não
estava em Jerusalém. Recentemente recebi um
recado de um jovem irmão, comunicando-me que
este irmão Adeney lhe afirmara que, em Taipé, uma
vez, eu lhe dissera que ele estava fora de Babilônia,
mas ainda não em Jerusalém. Fiquei contente por
ouvir que ele ainda se lembrava dessa palavra. É-me
difícil crer que tal irmão, que me falara de maneira
tão gentil, pudesse escrever o prefácio do livro
difamatório intitulado The God-Men. Se eu lhe
estivesse falando face a face, dir-lhe-ia: “Irmão
Adeney, você não crê que somos homens-Deus?
Como você pôde escrever o prefácio de um livro que
nos difama assim? “ Em seu prefácio, ele deu às
pessoas uma impressão vaga, ambígua e negativa a
meu respeito. Sinto muito por ele envolver-se em tal
obra difamatória.
Todo esse problema adveio do meu falar. A
oposição de “Melodyland” e do “Bible Answer Man” é
resultado do meu falar. Hoje, ainda estou falando e
me metendo em problemas. Quanto mais oposição há,
mais eu falo. Continuo falando, e tenho intenção de
falar ainda mais. Posso falar e meter-me em
problemas, mas os que se opõem a esse falar sofrerão
por causa de sua oposição.
Suponha que, quando o copeiro e o padeiro lhe
contaram seus sonhos, José não tivesse a fé ou a
ousadia para interpretá-los. Ele poderia dizer:
“Sabem, amigos, há mais de doze anos eu tive dois
sonhos. Interpretei-os, mas até agora ainda não os vi
cumpridos. Agora não sei se eles eram reais ou não.
Não ouso afirmar”. Muitos dos que tiveram a visão da
igreja nos últimos cinqüenta anos tiveram uma
atitude semelhante a essa. Alguns disseram: “Irmão
Lee, não ousamos dizer que o que você faz esteja
errado. Também vimos algo assim, mas não temos
certeza. O tempo dirá”. Se José expressasse tal
atitude a seus companheiros de prisão, nada teria
ocorrido.
Que você supõe que aconteceria se José não
tivesse certeza ao falar a Faraó? Suponha que ele
dissesse: “Faraó, tive alguns sonhos, mas eles não se
cumpriram. A minha interpretação dos sonhos do
copeiro-chefe foi cumprida, mas não sei se os meus
próprios sonhos algum dia se cumprirão. Todavia, se
quiser, vou interpretar os seus sonhos”. Se
manifestasse uma atitude assim, Faraó o teria
enviado de volta à prisão. Não gastaria seu tempo
com José. Mas apesar de os sonhos de José não se
haverem cumprido, ele foi ousado ao dizer a Faraó
que Deus lhe daria uma resposta de paz (41:16, VRC).
Todos precisamos aprender a fazer isso. Por causa da
visão não posso silenciar. Quando falo, fico
descansado, alegre e feliz. Quanto mais falo, mais
livre eu fico.
MENSAGEM CENTO E QUINZE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (4)
A muitos leitores do livro de Gênesis, as histórias
de José são como as que se contam às crianças do
jardim da infância. Precisamos, todavia, lembrar que,
no livro de Gênesis, acham-se plantadas as sementes
de quase todas as verdades espirituais. O registro de
José é simplesmente uma série de histórias de jardim
da infância ou sementes das verdades divinas,
dependendo do nosso ponto de vista ao lê-lo. Se
olharmos para o registro da sua vida do ponto de
vista de uma criança de jardim da infância, lê-la-
emos simplesmente como uma história para crianças.
Mas se percebermos que Jacó passou por muitos
testes e se tornou maduro na vida, concluiremos que
o registro de José não é apenas uma história, mas
uma revelação do aspecto reinante de um cristão
maduro. Se virmos o relato a seu respeito como o
aspecto reinante de um cristão maduro, nossa
compreensão será revolucionada. Gênesis 42,
portanto, a ser considerado nesta mensagem, não é
uma história de jardim da infância; é parte do
aspecto reinante de uma vida madura.
O que observamos na vida de José é o governo
do Espírito. Você pode já ter ouvido algo sobre a
regeneração do Espírito, sobre a persuasão do
Espírito, sobre a inspiração do Espírito, sobre o
encher do Espírito, sobre a unção do Espírito, sobre o
poder do Espírito, sobre a luz do Espírito e sobre a
vida do Espírito; mas o termo “governo do Espírito” é
algo novo. Todos precisamos estar debaixo do
governo do Espírito. Esse aspecto do Espírito é mais
elevado do que qualquer outro. É até mais elevado do
que a edificação do Espírito. O governo do Espírito é
a pedra de remate, a pedra de topo, da estrutura do
ensinamento do Espírito. O registro da vida de José é
uma revelação do governo do Espírito, pois o governo
do Espírito é o aspecto reinante de um cristão
maduro.
Duas linhas correm ao longo do registro da vida
de José: a sua linha como tipo de Cristo e a sua linha
da vida pessoal. Notamos ambas no capítulo 42. Para
termos uma interpretação adequada desse capítulo,
precisamos considerar ambas as linhas. Precisamos
segui-las até o fim do relato da vida de José. Ambas
nos proporcionam tanto luz quanto alimento.
Quando jovem cristão, ouvi várias coisas acerca de
José como tipo de Cristo. O que ouvi, todavia, apenas
incluía os pontos gerais. Muitos pormenores foram
deixados de lado, e determinados capítulos, até
omitidos. Também ouvi falar da sua vida pessoal,
mas a ênfase maior foi dedicada aos aspectos de sua
vida que podiam edificar os jovens santos e ensiná-
los a ser pacientes, misericordiosos e amáveis.
Nenhuma das mensagens que ouvi sobre ele usou o
termo “vida”. Nesta mensagem, falaremos várias
coisas relativas a ele como tipo de Cristo. Na próxima,
consideraremos mais sobre a sua vida pessoal. Se
atentarmos cuidadosamente para o capítulo 42,
veremos que ele fornece um retrato vívido de Cristo.

15) Reconhecido pelos Filhos de Israel a) A


Terra Toda sob a Fome
Gênesis 41:56 diz que havia “fome sobre toda a
terra”, e o versículo cinqüenta e sete diz que “a fome
prevaleceu em todo o mundo”. À época do capítulo
42, (~ terra toda estava sob a fome. Tal é exatamente
a situação de hoje. Fome é escassez severa de comida,
que é o meio pelo qual os seres humanos mantêm sua
existência. Comida, todavia, não apenas mantém
nossa existência, como também nos dá satisfação.
Quando comemos e bebemos, não temos
simplesmente a sensação de que estamos mantendo a
nossa existência, mas de que nos estamos
satisfazendo. Quando me satisfaço com boa comida,
fico feliz. Assim, fome verdadeiramente denota
insatisfação. O mundo todo hoje está insatisfeito.
A nação de Israel, em particular, a está
experimentando. Ela luta e combate agressivamente
para manter sua existência. Se visitar Israel, você
certamente se compadecerá deles, porque
indubitavelmente precisam de proteção e segurança
para preservar sua existência. Israel parece precisar
das colinas de Golã e das colônias ao longo do
deserto do Sinai para assegurar sua existência. A
razão de sua luta e combate é que ele está sob a fome,
debaixo de insatisfação. Os Estados Unidos, país
líder da terra, estão na mesma situação. Também
experimenta insatisfação. Precisamos aplicar Gênesis
42 à situação do mundo atual. Se o fizermos,
verificaremos que o mundo todo está sob a fome.

b) O Alimento Está Somente Onde Cristo Está


De acordo com Gênesis 42, o alimento somente
podia ser encontrado onde José estava (42:5-6). Isso
indica, em tipologia, que a comida somente está onde
Cristo se encontra. Em outras palavras, a satisfação
somente pode ser encontrada em Cristo. Onde Ele
está, aí existe satisfação. Hoje, Ele está na igreja. Se
você estiver nela, e ainda não estiver desfrutando
satisfação, isso indica que você está sob a fome. Posso
declarar a todos que não estou com fome. Dia a dia
sou nutrido, preenchido e satisfeito com boa comida.
Oh! a igreja é a terra da satisfação, a região do prazer,
porque Cristo está aqui! Alimento, nutrição e
satisfação só existem onde Ele está.
Realmente me compadeço da nação de Israel.
Não há necessidade de eles lutarem, porfiarem ou
negociarem com o Egito. Eles precisam voltar-se para
Cristo. O primeiro-ministro de Israel não precisa ir a
Washington ou ao Cairo; pelo contrário, ele deveria
efetuar negociações com Cristo. Se os judeus O
invocassem, tudo se arranjaria. Nem o Cairo nem
Washington podem resolver o problema da
insatisfação de Israel. A fome somente terminará
quando eles se voltarem a Cristo e forem aonde Ele
está. Talvez alguns dos irmãos de origem judaica
devessem escrever uma carta ao primeiro-ministro
de Israel, dizendo-lhe que a única pessoa que pode
resolver os problemas de Israel e dar-lhe satisfação é
Cristo. Um dia, os judeus se voltarão ao Senhor Jesus.
Quando perceberem que todas as suas lutas são vãs,
serão forçados, em seu desespero, a se voltar para
Cristo. Louvado seja o Senhor, porque tomamos a
dianteira em nos voltarmos a Ele! Somos os pioneiros
nisto. Há mais de cinqüenta anos, voltei-me para
Cristo, percebendo estar numa terra de fome e muito
insatisfeito. Nós, que nos voltamos para Cristo,
encontramos alimento, nutrição e satisfação, porque
a comida se acha somente onde Cristo está.

c) Os Filhos de Israel Forçados a se Voltar


para Cristo
As Escrituras profetizam que os filhos de Israel
serão forçados a se voltar para Cristo, exatamente
como os irmãos de José foram forçados a se voltar
para ele em busca de alimento (42:1-5). Zacarias
12:10 diz: “Olharão para mim, a quem traspassaram;
pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito,
e chorarão por ele, como se chora amargamente pelo
primogênito”. Em Romanos 11 :26, Paulo diz: “E
assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá
de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as
impiedades”. No futuro, Israel será forçado a voltar-
se para Cristo. Atualmente, eles não estão dispostos
nem inclinados a agir assim porque não conhecem a
Cristo. Embora o primeiro-ministro de Israel seja um
homem inteligente, ele, com todos os outros
membros do governo, desconhecem tudo sobre
Cristo.

d) Ignorantes sobre Cristo


Gênesis 42:8 diz: “José reconheceu os irmãos;
porém eles não o reconheceram”. Assim como os
irmãos de José não o reconheceram, também as
pessoas, hoje, na terra, não reconhecem Cristo. Nós,
todavia, sabemos a Seu respeito. Oh! conhecemos a
Cristo! Nós, nas igrejas, não somos estúpidos.
Conhecemos a situação do mundo melhor que os
líderes políticos. Somos, no mínimo, tão inteligentes
quanto os diplomatas, ou mais. Por não sermos
estúpidos, mas, ao contrário, as mais espertas das
pessoas, sabemos onde devemos despender nosso
tempo. A igreja é o melhor lugar para os jovens
despenderem seu tempo. Ainda adolescente, eu
gastava meu tempo em muitas atividades. Por fim,
percebi como estava insatisfeito, e voltei-me para
Cristo. Agora estou na boa terra, a terra da igreja.
Desfruto-a porque Cristo está aqui. Costumávamos
ser ignorantes sobre Ele, mas agora estamos muito
cientes a Seu respeito.
Sempre que leio os jornais, percebo que os
diplomatas, que discutem questões às mesas de
conferências, estão, aos olhos de Deus, falando sem
conhecimento de causa. São totalmente ignorantes e
tolos. Todas as conferências realizadas em Genebra
estão saturadas de loquacidade frívola. É muito
melhor virmos aqui e falarmos sobre a Bíblia. O
nosso falar é mais sensível, mais razoável, mais
lógico, e até mais filosófico. Por não desconhecermos
a Cristo, sabemos o que estamos fazendo aqui.

e) Cristo Testando-os
Já enfatizamos que 42:8 diz que José
reconheceu a seus irmãos, mas o inverso não ocorreu.
Por eles não o reconhecerem, José os testou. Isso
também é um tipo de Cristo, testando Israel após
serem eles forçados a se voltar, ainda na ignorância,
para Ele. Hoje, a nação de Israel ainda luta por si
mesma. Os judeus não percebem sua necessidade de
se voltar para Cristo. Mas após serem forçados a se
voltar para Ele, embora ainda na ignorância, Cristo
os colocará num teste.

f) Cristo Disciplinando-os
Em 42:17-24 vemos que José disciplinou seus
irmãos.
Isso tipifica a disciplina de Cristo sobre os filhos
de Israel. Cristo espera que a nação de Israel se volte
para Ele, mas não é displicente nem descuidado.
Quando Israel estiver já no processo de volta, Ele não
somente os testará, como também os disciplinará. De
acordo com as profecias da Bíblia, a nação restaurada
de Israel sofrerá muitos testes e suportará muita
disciplina. O Senhor os provará, para que possam
aprender.

g) Cristo Mostrando Amor por Eles


Enquanto disciplinava seus irmãos, José os
amou de maneira secreta (42:25). Esse amor secreto
os amedrontou. De acordo com as profecias da Bíblia,
o Senhor também exercerá Sua autoridade soberana
para suprir todas as necessidades da nação de Israel.
Não há necessidade de se preocupar com Israel,
porque temos a certeza de que o Senhor soberano
haverá de suprir todas as necessidades para a sua
existência. Por exemplo, se a pequena nação de Israel
tiver necessidade de determinado território, o Senhor
lho dará. Ele tem meios para fazer isso, porque é Rei
dos reis e Senhor dos senhores. Ele é mais elevado do
que todos os presidentes da terra. Não dependerá das
decisões dos presidentes ou diplomatas para Israel
reter ou não as colinas de Golã ou o Sinai. Dependerá
da soberania do Senhor. Se eu fosse um judeu a viver
na nação de Israel, descansaria no Senhor. Não tenho
dúvidas de que, mesmo hoje, o Senhor estende o Seu
amor soberano por sobre Israel de maneira secreta. O
Senhor continuará a fazê-lo em benefício de Israel no
futuro. Se ler os jornais, você verá tal fato
acontecendo repetidas vezes.
O Senhor testará e disciplinará Israel e, ao
mesmo tempo, estenderá Seu amor secreto e
soberano por sobre eles, porque precisa deles. O
relato da vida de José, no livro de Gênesis, revela-o
necessitado de seus irmãos. De quem era a maior
necessidade? Os seus irmãos precisavam mais dele,
ou José precisava mais dos irmãos? Eu diria que José
precisava mais dos seus irmãos do que o contrário.
Sim, José se tomara governador do Egito. Todavia,
ainda não estava satisfeito porque ainda aguardava o
cumprimento de seus sonhos. N~ Egito, ele estava
muito só e almejava ver seu pai e seus irmãos.
Precisava do cumprimento dos seus sonhos, e
precisava de seu pai e de seus irmãos. Assim, a
necessidade que ele tinha dos irmãos era maior do
que a necessidade que os irmãos tinham dele.
O princípio é o mesmo hoje com respeito ao
Senhor Jesus. De quem é a maior necessidade: será
que a nação de Israel precisa mais do Senhor Jesus
do que Ele precisa da nação de Israel? Eu diria que a
necessidade que o Senhor tem de Israel é maior que a
que Israel tem do Senhor. De semelhante modo,
precisamos do Senhor Jesus e Ele precisa de nós.
Novamente perguntaria: de quem é a maior
necessidade? Precisamos do Senhor mais do que Ele
de nós? O Senhor precisa de nós mais do que nós
Dele. Se perceber isso, você poderá dizer ao Senhor:
“Senhor Jesus, como Te agradeço por cuidares da
minha necessidade. Mas, Senhor, a Tua necessidade
de mim é maior do que a minha de Ti. Posso não me
importar se vou ou não para o inferno, mas a Ti isso
importa muito”. Você ousaria dizer isso ao Senhor?
Pelo menos algumas poucas vezes eu disse: “Senhor,
eu Te agradeço pelo Teu cuidado. Mas, Senhor,
percebo que Tu precisas de mim mais do que eu
preciso de Ti. Senhor, sei que Te preocupas com
perder-me”. Sempre que disse isso ao Senhor, tive a
profunda sensação interior de que Ele me sorria
muito feliz. E parecia dizer-me:-ó Meu filhinho, você
Me conhece tão bem”. Não deveríamos orar ao
Senhor por causa do nosso temor de sermos
mandados para o inferno. Não deveríamos dizer:
“Senhor, eu temo que me possa perder e ser
mandado para o inferno. Senhor, tem misericórdia
de mim e salva-me do inferno. Oh! não me deixes ir
para o inferno! “ Se orar assim, o Senhor poderá
dizer: “De que você está falando? Você não é tão
miserável, e Eu não preciso ter tanta misericórdia
assim de você. Já lhe mostrei grande graça. Não
percebe que preciso mais de você do que você de
Mim? “

h) Desconhecendo o Amor de Cristo


Por precisar o Senhor da nação de Israel mais do
que Israel precisa Dele, Ele os ama de maneira
secreta. Todavia, do mesmo modo como os irmãos de
José desconheciam o seu amor (42:27-28, 35), assim
também a nação de Israel hoje desconhece o amor de
Cristo para com eles. Nós também temos
desconhecido o Seu amor para conosco. Fico um
pouco preocupado porque muitos em nosso meio
ainda desconhecem o amor do Senhor. Você está
claro acerca de Seu amor? Você percebe que não está
na igreja por causa de sua decisão, mas por causa do
amor do Senhor para com você? O fato de você estar
na igreja é a prova mais forte de que o Senhor o ama.
Isso não significa, entretanto, que o Senhor Jesus não
ama aos que estão fora da igreja. Ele, sem dúvida, os
ama, mas eles estão perdendo o Seu amor. Embora
possamos não estar perdendo o Seu amor, podemos
desconhecê-lo. Espero que, de agora em diante,
nenhum de nós venha a desconhecer o amor de
Cristo. Pelo contrário, deveremos dizer-Lhe: “Senhor,
agradeço-Te pelo Teu amor. O fato de eu estar na Tua
presença é uma prova de que Tu me amas. Senhor,
como Te agradeço por estar aqui, desfrutando a Tua
presença! Aleluia por esse sinal do Teu amor!”
Nesta mensagem, tratamos de oito aspectos do
reconhecimento de Cristo por parte dos filhos de
Israel. Se você considerar as profecias do Velho e do
Novo Testamento, verificará que todos esses aspectos
se acham nas profecias referentes ao relacionamento
de Israel para com Cristo, o seu Messias.
MENSAGEM CENTO E DEZESSEIS

O TRATAMENTO DISPENSADO POR JOSÉ A


SEUS IRMÃOS
Nesta mensagem, outro parêntese em nosso
Estudo-Vida, voltamos à linha da vida pessoal de
José. Gosto mais desta linha do que da de José como
tipo de Cristo. Enquanto eu contatava o Senhor com
espírito de oração, Ele me mostrou os pontos do
capítulo 42 referentes à linha pessoal de José, os
quais trataremos nesta mensagem.

I. JOSÉ NÃO PERDEU O CONTROLE, AO VER


CUMPRIDOS SEUS SONHOS
José deve ter ficado muito feliz ao ver o
cumprimento de seus sonhos. O capítulo 42 revela
que seus irmãos vieram e se inclinaram diante dele.
José tinha dezessete anos ao ter seus sonhos. Aos
trinta, foi exaltado para governar a terra do Egito.
Cerca de nove anos mais tarde, seus irmãos se
inclinaram diante dele. Isso significa que ele
provavelmente tinha trinta e nove anos quando
vieram seus irmãos até ele. Assim, cerca de vinte e
dois anos após seus sonhos, ele os viu cumpridos,
mas não após ter sido traído e aprisionado. Passou,
portanto, muitos anos no cárcere, e por fim foi levado
ao trono à época de sua exaltação. Mas ainda não vira
o cumprimento de seus sonhos. Interpretara os
sonhos de seus companheiros de prisão e os de Faraó,
e o cumprimento de tais sonhos fora uma forte
confirmação de que os seus próprios seriam
cumpridos. Todavia, ele precisou passar por um
longo período de testes. Pode parecer-nos que a
paciência dele se esgotou. Você conseguiria esperar
vinte e dois anos pelo cumprimento de seus sonhos?
José esperou.
Então, certo dia, seus irmãos vieram e se
inclinaram diante dele. Se fôssemos José não
seríamos capazes de conter nossa excitação.
Pularíamos e gritaríamos: “Aleluia! Vocês sabem que
eu sou José? Corno estou feliz por vê-los!
“ Ficaríamos fora de nós de excitação. Se as irmãs em
nosso meio lá estivessem, primeiramente chorariam
e depois abraçariam todos os irmãos. José,
entretanto, não perdeu o controle ao ver o
cumprimento de seus sonhos. Pelo contrário, ficou
calmo e sua excitação ficou sob controle. Foi capaz de
controlar-se assim porque era urna pessoa com o
governo do Espírito.
Se você não conseguir controlar a sua própria
excitação, não poderá ser um governante adequado.
O aspecto governante da vida madura sabe corno ser
calmo, até na situação mais excitante. Você pode
dizer: “José não chorou quando viu seus irmãos?”
Sim, chorou. Ele era um ser humano cheio de
sentimentos e de sensações normais; não um pedaço
de pedra ou de madeira. Até em seu chorar, todavia,
notamos nele urna pessoa que governava a si mesmo.
Além dele, ninguém mais poderia controlar-se em tal
situação excitante. Mas ele se conduziu
exteriormente corno se nada houvesse ocorrido. Essa
é a vida governante, a vida vitoriosa.
Freqüentemente nos é necessário conter nossa
excitação.
Quando os dois filhos de Arão foram mortos na
presença de Deus, as palavras de Moisés implicavam
que Arão não deveria chorar, e imediatamente este
reteve suas lágrimas (Lv 10:1-7). Muitas vezes, nós
também precisamos conter nossas lágrimas e
colocar-nos debaixo do governo do Espírito. Um
provérbio diz que alguém que governa seu espírito é
melhor do que aquele que torna urna cidade (Pv
16:32). O fato de José permanecer calmo, sob o
governo do Espírito, provava que ele era alguém
qualificado para executar tão grande administração.
Mesmo nas situações mais empolgantes, ele não era
tocado por qualquer excitação. Pelo contrário,
permanecia calmo, sóbrio e razoável.

II. JOSÉ NÃO FOI PRECIPITADO EM


MOSTRAR SUA GLÓRIA A SEUS IRMÃOS
Quando viu seus irmãos inclinando-se diante de
si, José não se precipitou em revelar-lhes sua glória
(45:13). Esperou até a terceira viagem deles para lhes
revelar e expor sua glória. Ocultar a nossa glória é até
mais difícil do que conter nossa excitação. Você pode
ser bem-sucedido em refrear sua excitação, mas é
virtualmente impossível a qualquer um não expor a
própria glória. José, entretanto, foi bem-sucedido
nessa questão. Não revelou imediatamente sua glória
a seus irmãos. Essa é outra razão por que ele
representa o aspecto reinante da vida madura. Ele,
sem dúvida, teve as qualidades de um governante.
Enquanto o nosso “ego” e o nosso homem natural
não receberem um tratamento completo, não
poderemos conter-nos para não revelar nossa glória
aos outros. José era um homem que recebera um
tratamento completo e que vivia sob o governo do
Espírito. Por isso ele estava qualificado para ser o
aspecto reinante da vida madura.
O meu encargo nestas mensagens não é
simplesmente transmitir ensinamentos. É ajudá-los a
perceber a vida contida no livro de Gênesis e
conhecer o caminho da vida. A vida manifestada na
história de José não é a vida humana, e muito menos
a vida caída. Além disso, não é nem mesmo a
“bondosa” vida natural. Pelo contrário, é a vida de
ressurreição de Deus. Embora estivesse numa
situação que causava excitação, José não demonstrou
qualquer frouxidão. Isso é vida. Nele vemos não
somente a vida corno também o caminho da vida,
que é manter-nos sob controle. Jamais pense que ele
não era humano. Ele era cheio de sentimentos e
sensações humanas, mas continha seus sentimentos
sob o governo do Espírito. Nele, portanto, vemos não
só a vida madura, mas uma vida reinante e o
caminho para tal vida reinante. Todos nós,
principalmente os jovens, precisamos dessa vida e
desse caminho, que é o aspecto reinante de unia
pessoa madura. Essa vida não se excita facilmente
nem revela a própria glória. Pelo contrário, em meio
à empolgação, ela permanece calma, controla-se e
oculta sua glória.

III. JOSÉ FOI SÁBIO AO LIDAR COM SEUS


IRMÃOS
José foi muito sábio ao lidar com seus irmãos.
Ele não foi relaxado em absoluto. Se fosse ele, eu lhes
diria: “Aleluia! vamos dançar e dar uma festa!
Alegremo-nos juntos”. José, porém, não agiu assim.
Pelo contrário, foi calmo, sóbrio e sábio. Não disse:
“Rúben e Judá, vocês fizeram o que era correto. Mas
você, Simeão, estava errado, porque tomou a
dianteira para colocar-me no poço. Você precisa ser
punido por isso”. Em vez de dizer tais coisas, ele foi
sábio pelo menos em três aspectos.
A. Levou-os a Perceber Sua Culpa por Odiá-lo e
Vendê-lo
José colocou todos os seus irmãos na prisão por
três dias. Agiu assim com o propósito de levá-los a
perceber a própria culpa por odiá-lo e vendê-lo
(42:21). Se eu fosse ele, colocá-los-ia na prisão por
três horas. Estaria excitado demais para retê-los lá
por mais tempo. Não seria capaz de esperar até poder
festejar com eles. Ainda que meus irmãos pudessem
ser pacientes, eu não teria paciência para esperar três
dias. Três horas, entretanto, não seriam suficientes
para os irmãos dele perceberem a própria culpa. Eles
precisavam ficar na prisão por três dias. Naqueles
dias, eles devem ter conversado bastante sobre o que
haviam feito a José. Pensando que este não fosse
capaz de cornpreendê-los, até mesmo falaram em sua
presença sobre o que lhe haviam feito. Mas José
sabia do que falavam. Como se arrependeram pelo
que lhe haviam feito! Mas José parecia dizer a si
mesmo: “Falar não é o bastante. Colocá-los-ei na
prisão, de modo a poderem adquirir sobriedade.
Vamos permitir-lhes compartilhar um com o outro
na prisão por três dias e três noites”. Essa foi a
maneira de José levá-los a ter uma percepção
completa da própria culpa. Quando estamos numa
situação agradável, é-nos difícil perceber a nossa
culpa e arrepender-nos. Mas se somos lançados no
cárcere, é-nos fácil arrepender-nos e condenar-nos.

B. Disciplinou Simeão
José também foi sábio em sua disciplina para
com Simeão. Em 42:19-20a, ele disse a seus irmãos:
“Se sois homens honestos, fique detido um de vós na
casa da vossa prisão; vós outros ide, levai cereal para
suprir a fome das vossas casas. E trazei-me vosso
irmão mais novo”. A princípio, José pensou em um
irmão ser enviado para trazer o irmão mais jovem,
permanecendo todo o restante na prisão. Mas, depois
de três dias mudou de idéia e decidiu que apenas um
permaneceria na prisão e que os outros iriam, a fim
de trazer o irmão mais novo. Por isso, ele “tomou a
Simeão dentre eles e o algemou na presença deles”
(42:24). Creio que foi Simeão quem tomou a
dianteira para conspirar contra José e matá-lo.
Também creio que Simeão tomou a dianteira para
atã-lo e Iançá-lo no poço. Como revela Gênesis 49:5-
7, Simeão era uma pessoa dada à ira. Assim, José o
algemou e o lançou na prisão. Sobre o que você supõe
que Simeão pensou lá na prisão? Creio que ele se
arrependeu ao máximo e se lamentou pelo que fizera.
Talvez tenha dito: “Por que este homem me
escolheu? Por que colocou seus olhos sobre mim?
Talvez seja porque eu tomei a dianteira em conspirar
contra José”. Simeão ficou na prisão ao menos a
metade de um ano, sob a acusação de ser um espião.
Isso era um grave crime e poderia custar-lhe a vida.
Não pense que José tenha sido cruel e impiedoso
por tratar Simeão dessa maneira. Pelo contrário, ele
foi cheio de misericórdia. Os dez irmãos mereceram
seus três dias de prisão, e Simeão, um período mais
longo de confinamento. José foi sábio ao agir assim.
Era controlado pela vida, que lhe dera um sóbrio
discernimento. Tudo o que ele fez aos irmãos estava
certo. Não lhes fez a mais nem a menos. Nós, na vida
da igreja, precisamos ter tal vida de discernimento.
Se a tivermos, saberemos o que fazer com os irmãos e
irmãs. Saberemos até que ponto podemos ir com eles,
e onde precisamos restringir-nos.

C. Testou-os com Relação a Benjamim


Além disso, José demonstrou sua sabedoria ao
testar seus irmãos com respeito a Benjamim (42:15,
20, 36-37). Em 42:15, José ordenou que o irmão mais
jovem, Benjarnim, lhe fosse trazido. Ao designar
Benjamim dessa maneira, José ajudou seus irmãos a
pensar sobre o próprio José. Se eu fosse ele, teria
dito: “Não se esqueçam do que fizeram a José”. Este,
todavia, sabiamente se referiu a Benjarnim. Tão logo
se referiu a Benjarnim, seus irmãos se lembraram de
José. Isso deve ter tocado a consciência deles. Em
42:13, eles lhe disseram: “Nós, teus servos, somos
doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã;
o mais novo está hoje com nosso pai, outro já não
existe”. Se eu fosse José, haveria de perguntar: “Onde
está aquele que vocês dizem não mais existir? Que
lhe aconteceu? “ Em sua sabedoria, José tocou-lhes a
consciência.

IV. JOSÉ MOSTROU AMOR PARA COM SEUS


IRMÃOS
Os irmãos de José estavam sob seu controle, e
este poderia fazer-lhes o que quisesse. Se quisesse
decapitá-l os, teria autoridade para tanto. Também
poderia festejar com eles, se assim o quisesse. Mas
como alguém que representa o aspecto reinante da
vida madura, ele se portou de maneira correta com
relação a todos. Por não terem todos os seus irmãos o
mesmo modo de ser, não os tratou a todos
igualmente. O que era o mais perverso requeria
disciplina mais completa. Como tipo de Cristo, José
fez com seus irmãos o mesmo que Cristo fará com a
nação de Israel no futuro. Primeiramente, José os
disciplinou. Em certo sentido, ele os aterrorizou. Ao
ler esse trecho quando criança, imaginava por que
José não mostrara amor para com seus irmãos.
Pensava que ele diria imediatamente: “Sou José, e
vocês são meus irmãos. Abracemo-nos, dancemos e
tenhamos uma festa”. Imaginava por que, ao invés de
mostrar amor para com eles, José os colocara na
prisão. Ele fez tudo sobriamente e com
discernimento. Mas isso não significa que ele não
teve amor para com eles. Pelo contrário, teve-lhes
muito amor. Entretanto, naquela hora, não podia
demonstrar abertamente o seu amor para com eles.
Pelo contrário, precisou estender-lhes seu amor de
maneira secreta. E ele o fez, restituindo-lhes o
dinheiro e dando-lhes provisão para a jornada
(42:25). Por não poderem compreender seu sábio
tratamento para com eles, seus irmãos ficaram
amedrontados pelo seu amor secreto.
Espero que o Espírito lhes fale desses pontos
mais do que sou capaz de dizer. Na vida da igreja,
precisamos aprender a ser calmos e controlar-nos.
Precisamos também aprender a não mostrar nossa
glória. Além disso, precisamos aprender a fazer as
coisas, não de maneira descuidada e tola, mas de
maneira sóbria e consciente. Finalmente, também
precisamos ter amor para com os irmãos, até para
com os que requerem disciplina. Essa é a vida de
José. Na vida da igreja, precisamos de uma vida
calma, sóbria e consciente. Se a tivermos, saberemos
como nos relacionar com os irmãos e irmãs. Mas
tudo o que fizermos deverá ser feito com um amor
secreto, um amor que não deve ser mostrado
abertamente.
O versículo vinte e oito diz: “Desfaleceu-lhes o
coração, e, atemorizados, entreolhavam-se, dizendo:
Que é isto que Deus nos fez?” Essa foi a reação dos
irmãos de José ao encontrarem seu dinheiro na boca
dos sacos. Em tal situação, o coração deles desfaleceu,
isto é, foram perturbados. Eles devem ter ficado a
imaginar o que ocorrera no Egito. Ficaram temerosos
pelo que poderia ter acontecido lá.
José era uma pessoa muito sóbria. Não creio que
outra pessoa pudesse fazer o que ele fez. Gênesis 42:9
diz que ele se lembrou dos sonhos que tivera a
respeito de seus irmãos. Agora, vinte e dois anos
depois, seus sonhos se haviam cumprido. Se
fôssemos ele, esquecer-nos-íamos de tudo em nossa
excitação por vermos cumpridos nossos sonhos. E
diríamos: “Agora que os nossos sonhos se cumpriram,
esqueçamo-nos de tudo o mais e permaneçamos
felizes”. Mas se agisse assim, José desfrutaria, no
máximo, o cumprimento de seus sonhos, porém não
seria capaz de fazer nada para ajudar a seus irmãos.
Até onde lhe dizia respeito, ele estava pronto para
desfrutar o cumprimento de seus sonhos. Não
precisava de nenhuma outra disciplina. Seus irmãos,
todavia, sem dúvida, precisavam de disciplina. Assim,
ele não agiu por si mesmo, mas pelos seus irmãos.
Aliás, para o bem deles estava disposto a sacrificar o
gozo do cumprimento de seus sonhos por
determinado período.
Os seus sonhos se cumpriram com seus irmãos
vindo até ele e inclinando-se diante dele. Se apenas
tivesse intenção de desfrutar o cumprimento de seus
sonhos, José poderia dizer aos irmãos: “Sou José e
estou muito feliz por vê-los. Vamos comer juntos.
Depois, voltem e tragam meu pai para cá”. Mesmo
nos tempos antigos, isso não levaria mais do que
algumas poucas semanas, para que eles voltassem à
casa e trouxessem seu pai. José poderia dizer: “Não
posso esperar mais para estar com meu pai. Já estou
longe dele há mais de vinte anos. Quero agora
desfrutar a presença dele. Quero vê-lo tão logo seja
possível”. Sem dúvida ele desejava desesperadamente
ver a seu pai. Mas pelo bem de seus irmãos, ele
estava disposto a adiar seu deleite. O sacrifício de
José quanto ao seu deleite impeliu-o a retardar o
desfrute do cumprimento de seus sonhos por pelo
menos outros seis meses. Os irmãos tiveram de voltar
para casa, esgotar o suprimento de comida e retomar
para buscar mais cereal. Por fim, seu pai veio ao
Egito para vê-lo,
Suponha que você fosse José. Conseguiria
esperar tanto tempo? Como governador, ele poderia
fazer o que fosse necessário para ter seu pai
conduzido a si imediatamente. Mas ele disciplinou a
seus irmãos para o bem deles, com o sacrifício de seu
próprio prazer de ver a seu pai. Repito:
José era uma pessoa sóbria e disciplinada. Seu
temperamento e sentimento pessoais eram
totalmente controlados pela vida. Não andava de
acordo com seus próprios sentimentos. Pelo
contrário, seus sentimentos estavam sob o controle
da vida de ressurreição.
Todos os que têm a liderança na igreja precisam
de tal vida. Sem ela, não saberemos como ajudar aos
outros. Se não tivermos tal vida, acabaremos por
contatar as pessoas de acordo com os nossos
sentimentos, de acordo com a nossa alegria ou
tristeza. José, entretanto, não lidou com seus irmãos
de acordo com seus próprios sentimentos, mas
segundo a necessidade deles. Se agisse conforme o
próprio desejo de ver o pai, haveria de trazê-lo à sua
presença imediatamente. Mas para disciplinar seus
irmãos, ele retardou seu deleite de ver seu pai ao
menos por mais seis meses. Sacrificou seu desfrute
da presença imediata de seu pai pelo bem de seus
irmãos.
Aparentemente, ele tratou com seus irmãos de
maneira áspera. Quando os nove irmãos voltavam
para casa, devem ter dito: “Oh! aquele homem foi
realmente duro conosco! Como nos tratou mal!
Fomos não somente incompreendidos por ele, como
também maltratados”. Quando voltavam para seu pai,
eles não o faziam alegremente, embora tivessem o
alimento de que precisavam. Contaram então a seu
pai a história triste do que lhes acontecera no Egito.
Não percebiam que José os amava de maneira
secreta. Como vimos, ele os amou de maneira oculta
ao restituir-lhes o dinheiro e providenciar-lhes
provisão suficiente para a viagem. José não tinha
pensamentos de vingança. Apenas considerou o que
seria bom para seus irmãos indisciplinados. Mesmo
no deleite do cumprimento de seus sonhos, não foi
egoísta. Não se preocupou consigo, mas com os seus
irmãos, e pagou um grande preço para aperfeiçoá-los.
Os que são líderes entre os filhos de Deus
precisam aprender essa lição. Não devemos entrar
em contato com os santos, na vida da igreja, de
acordo com os nossos sentimentos, mas de acordo
com as necessidades deles. Como José, no
tratamento dispensado a seus irmãos, não devemos
ser nem rígidos nem frouxos no contato com os
santos. Não pense que José tenha sido duro com seus
irmãos. Ele foi sóbrio ao lidar com eles, a fim de
aperfeiçoá-los; mas não foi duro. Tampouco foi mole,
dizendo: “Perdôo-lhes a todos. Não me preocupa o
que fizeram, porque sei que Deus me enviou para cá.
Vamos apenas louvar ao Senhor”. Se os tratasse
assim, não teria havido aperfeiçoamento.
De acordo com o seu ser natural, foi-lhe difícil
colocar seus irmãos no cárcere por três dias. Ele
simplesmente não era tal tipo de pessoa. Para ele,
agir assim era ir contra a sua natureza bondosa.
Todavia, a fim de ir ao encontro da necessidade de
disciplina deles, ele agiu assim. Na vida da igreja, não
devemos ser sempre muito bonzinhos. Às vezes, os
líderes precisam ser rudes e ásperos. Todavia, se você
for rude com alguém, precisará ser rude de maneira
correta; senão sua rudeza irá matar o outro. A
questão aqui é que não devemos tratar os outros de
acordo com o nosso temperamento, sentimento ou
ser natural. Tampouco devemos tratá-los de acordo
com o nosso próprio deleite. Pelo contrário,
precisamos contatar os outros de acordo com a
necessidade deles. Talvez José dissesse a si mesmo:
“Pelo bem de meus irmãos, preciso ser rude e falar-
lhes de maneira áspera. Preciso colocá-los na prisão
por três dias”. Como José, todos precisamos
aprender a tratar os outros de acordo com a sua
necessidade, e não de acordo com os nossos
sentimentos.
A vida da igreja é semelhante à vida conjugal. De
acordo com a ordenação de Deus, não deve haver
divórcio. Nem na vida conjugal nem na vida da igreja
deveria haver divórcio. Aos olhos de Deus, não existe
escapatória, nem há saída de emergência na vida da
igreja. Se disser que a igreja não é mais a igreja, isso
significa que você está-se divorciando dela. Se há
cinco anos você disse que esta era a igreja, como pode
dizer hoje que ela não é? Como pode assegurar que
determinado homem não é seu marido se você tem
vivido com ele por tantos anos? Há vários tipos
diferentes de pessoas na vida da igreja. Não apenas
para nós é difícil permanecermos juntos, mas
também para um homem é difícil ficar com sua
esposa por um longo período. Qualquer um que
tenha passado por isso poderá dizer-lhe que não é
fácil. Por essa razão este país está cheio de divórcios.
Li certa vez as estatísticas indicando que na
Califórnia houve quase o mesmo número de
divórcios e de casamentos. Mas não há divórcios no
meio dos jovens casados na vida da igreja. Podemos
gabar-nos aos demônios de que entre os jovens nas
igrejas não há divórcio. Por estar com esses jovens a
graça do Senhor, eles aprenderam a lidar com seu
cônjuge, não de acordo com a própria disposição,
mas de acordo com a vida de ressurreição. Nessa
questão de casamento, temos desfrutado grande
sucesso.
Na vida da igreja, entretanto, precisamos admitir
que temos falhas. Embora não tenhamos divórcio em
nossa vida conjugal, na vida da igreja, às vezes, os
líderes não contatam os outros de maneira adequada.
Não os contatamos sempre de acordo com as suas
necessidades, mas de acordo com o nosso sentimento,
conceito e vontade. Nos anos vindouros, muitos
jovens em nosso meio serão levantados pelo Senhor
para tomar a liderança. Quando a assumirem,
deverão aprender a não usá-la de acordo com seu
próprio sentimento, mas de acordo com o
discernimento que advém do controle da vida de
ressurreição. Se assim o fizerem, entrarão em contato
com os santos de acordo com as necessidades destes
e não de acordo com seus próprios sentimentos.
Serão como José, que tratou os irmãos de acordo
com as necessidades deles, mesmo sendo necessário
agir de modo contrário ao próprio desejo de desfrutar
o cumprimento de seus sonhos. Ao lidar com seus
irmãos, José até foi contra o seu ser natural. De
acordo com sua constituição natural, ele não era o
tipo de pessoa rude para com os outros. Mas, por
precisarem seus irmãos desse tipo de tratamento, ele
os tratou dessa maneira. Fez tudo de acordo com a
necessidade deles. Nada fez de acordo com o próprio
desejo, deleite, preferência ou sentimento. Até na
questão de cumprir os sonhos, ignorou os próprios
sentimentos e cuidou de seus irmãos e do que lhes
seria bom.
Com respeito à liderança na vida da igreja, não
temos sido totalmente bem-sucedidos. Quando falo
em liderança, não me refiro apenas aos presbíteros;
refiro-me também a qualquer um que toma a
dianteira para ajudar os outros. Isso inclui os que se
envolvem no pastorear. Quando contatamos os
outros para pastoreá-los, não devemos fazê-lo de
acordo com os nossos sentimentos, mas de acordo
com a necessidade deles. Aprender isso é aprender
uma grande lição. José é um excelente exemplo de
liderança adequada. Ele foi um líder que não agiu de
acordo com a própria necessidade, desejo, disposição
ou sentimento. Pelo contrário, fez tudo de acordo
com a necessidade dos outros e para o bem deles.
Quando falou asperamente com seus irmãos, ele o fez
para o bem deles. Quando os colocou na prisão por
três dias, foi para o bem deles. Quando algemou
Simeão e o reteve na prisão por um período mais
longo, foi para o bem deste. Vimos que José amava
em extremo a seus irmãos. Não os amou, todavia, de
maneira displicente, mas sobriamente, de acordo
com a necessidade deles e para o bem deles. Hoje
todos precisamos praticar isso na vida da igreja.
MENSAGEM CENTO E DEZESSETE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (5)
A história de José sendo reconhecido por seus
irmãos é a mais longa do livro de Gênesis, ocupando
três capítulos e meio, do início do 42 até a metade do
45. Quando jovem, eu pensava ter sido José muito
duro com seus irmãos. Pensava estar certo José
mostrar-se duro para com eles da primeira vez,
quando foram ao Egito para comprar cereal. Como
homem de Deus, ele teve paciência para discipliná-
los, e, ao menos por seis meses, eles foram
submetidos a uma prova. Todavia, ao chegarem ao
Egito pela segunda vez, pensei que José não deveria
fazer mais nada para discipliná-los, De acordo com a
minha opinião, ele deveria revelar-se-lhes
imediatamente. José, entretanto, não agiu assim.
Por um longo tempo, eu me perguntei qual seria
o porquê disso. É claro que o primeiro teste de seus
irmãos era necessário. Todos concordamos com o
fato de José testá-los da primeira vez. Entretanto,
talvez você também já se tenha perguntado por que
José os testou novamente. Por um lado, ele deu-lhes
uma festa e comeu com eles; mas, por outro, causou-
lhes mais dificuldades. Qual era o propósito de José
ao agir assim? Creio que ele esperava que seus
irmãos notassem determinados pormenores ou
indicações, e assim o reconhecessem. Não teria
havido necessidade de ele se lhes revelar diretamente.
Para compreendermos o capítulo 43, precisamos
lembrar-nos de que José é tanto um tipo de Cristo
como também o aspecto reinante da vida madura.
Por ser ele um tipo de Cristo, não deveríamos criticar
nada do que fez. Estamos bem abaixo do seu padrão.
Tudo o que ele fez foi o melhor, quer concordemos ou
não. O Cristo prefigurado por ele nada podia fazer de
errado. Não faríamos o mesmo que José porque não
somos tão maduros quanto ele. Não representamos o
aspecto reinante da vida madura; representamos a
desobediência. É por isso que não concordamos com
José. Todavia, se subirmos até ao seu padrão,
admitiremos que o que ele fez a seus irmãos foi o
melhor. Em seu tratamento para com eles, não houve
traço de infantilidade nem de insensatez; pelo
contrário, seus tratamentos foram sábios e cheios de
discernimento. Tratou-os de modo a poderem ser
eles disciplinados. Nada do que ele lhes fez foi para o
seu próprio benefício.

i) Os Filhos de Israel Posteriormente


Forçados a se Voltar para Cristo
Assim como os irmãos de José foram forçados a
se voltar para ele novamente, também os filhos de
Israel serão forçados a se voltar para Cristo (43:1-15).
De acordo com a Bíblia, a casa de Israel se voltará
para Cristo no fim desta era e reconhecerá a Jesus de
Nazaré como o seu Messias. Entretanto, antes de o
fazerem, precisarão ser testados. O livro de Zacarias
revela que o remanescente de Israel será provado.
Até mesmo um bom número deles serão mortos. À
época em que a casa de Israel se voltar para Cristo,
poucos israelitas restarão. Serão testados porque
recusam voltar-se Àquele de quem necessitam.
Veja a nação de Israel hoje. Como lutam para se
proteger! Desde 1918 tenho observado a situação do
mundo. Antes da restauração da nação de Israel, os
judeus estavam espalhados, e as pessoas lhes
prestavam pouca atenção. Principalmente a partir de
1967, o Oriente Médio tem sido o foco das notícias
mundiais, o lugar mais decisivo da terra. Israel
recebe oposição por parte de quase todo o mundo.
Tanto os países árabes quanto as Nações Unidas o
condenam. Às vezes, até os Estados Unidos
discordam dele. Por isso Israel precisa lutar pela sua
existência. É condenado por outros países porque
mantém em sua posse as colinas de Golã e a terra a
oeste do rio Jordão. Insiste em manter tais territórios
porque precisa deles para preservar sua existência.
Entretanto, se esta nação se voltasse para Cristo,
tudo se resolveria. Mas não se voltará, até ser forçada
a tanto.

j) Estando Ainda Alheios a Cristo


Os irmãos de José não o reconheceram (43:18-
21), e os judeus hoje não reconhecem a Cristo. Os
irmãos de José não sabiam que ele era o governador
do Egito, mas a sua insatisfação, proveniente da falta
de alimento, forçou-os a se voltarem para ele. De
acordo com as profecias do Antigo Testamento, a
casa de Israel se voltará para Cristo por nenhuma
outra razão senão a sua necessidade de preservar a
própria existência. Se se distanciarem de Cristo, não
haverá meio de eles existirem.
Foi a severidade da fome que forçou os irmãos
de José a se voltarem para ele novamente. A primeira
vez que foram ao Egito, obtiveram algum alimento
para o seu sustento. Depois, regressaram para casa e
permaneceram longe de José por outro período. Isso
é um retrato do tratamento de Cristo para com a casa
de Israel na atualidade. A menos que seja forçado a
voltar-se para Ele por causa da própria necessidade
de preservar sua existência, Israel jamais fará isso.
Por se haver acabado a comida que haviam trazido
para casa e por continuar severa a fome, os irmãos de
José foram forçados a voltar-se novamente para
aquele que não queriam ver. Creio que, após o
primeiro contato com José, seus irmãos tiveram dele
uma má impressão. Talvez tenham dito: “Se possível,
jamais voltaremos outra vez a esse homem. Não
queremos vê-lo novamente. Ele nos tratou muito
mal”. Com a casa de Israel ocorre o mesmo hoje em
relação a Cristo. Não querem nem mesmo falar sobre
Jesus Cristo. O volante, contudo, não está nas mãos
deles, mas nas de Cristo. Em certa época, eles se
voltarão para Ele.
José era sábio e muito experiente. Não permitiu
que a sua excitação por ver seus irmãos ou o seu
desejo de ver seu pai o levassem a agir
precipitadamente. Pelo contrário, foi sábio e calmo,
disciplinando os irmãos à custa do sacrifício de
cumprir seu próprio desejo de ver o pai. Se fosse ele,
eu me revelaria aos irmãos tão logo viessem a mim
pela segunda vez, e lhes diria que fossem
rapidamente ao meu pai e o trouxessem a mim. Eu
nem mesmo teria perdido tempo com festa para
meus irmãos antes de os enviar de volta para
trazerem meu pai. Mas, se agisse assim, José não
estaria qualificado para ser o governante do mundo.
Ele era uma pessoa plena de sábio discernimento.
Por essa razão, foi um tipo pleno de Cristo. Este
nunca fez nada de acordo com o próprio entusiasmo.
A situação mundial está sob Sua mão. O carro não
está sendo dirigido por nenhum líder mundial, mas
pelo Senhor Jesus. É Ele que controla a situação no
Oriente Médio.
Desde a primeira vez que estiveram no Egito, os
irmãos de José foram submetidos a um teste. Não
creio que tenham tido qualquer momento feliz após
encontrarem José no Egito. Não seriam capazes de
esquecer Simeão, que estava no cárcere. Perceberam
também que o seu suprimento de comida obtido no
Egito era limitado. Sabiam que, um dia, ele se
esgotaria e que precisariam voltar ao Egito e
enfrentar novamente aquele homem. A necessidade
de alimento os forçou a se voltarem para ele.
Para que o reconhecessem, os irmãos de José
tiveram de passar por determinado processo. De
acordo com as profecias da Bíblia, a casa de Israel
terá de passar por um processo semelhante, a fim de
reconhecer a Cristo como seu Messias. Cristo lidará
com ela repetidas vezes, até que se veja forçada a
voltar-se para Ele. Simplesmente não haverá outro
modo de Israel existir.
Quando Jacó encarregou seus filhos de voltar ao
Egito e comprar mais alimento, eles lhe disseram que
não podiam fazê-lo, a menos que o irmão mais moço,
Benjamim, fosse com eles. Sem Benjamim consigo,
eles não teriam a ousadia de enfrentar aquele homem
no Egito. Perceberam ser inútil voltar ao Egito sem
ele. Que teste isso era! Por fim, Jacó viu-se forçado a
concordar com tal condição. E parecia dizer: “Pelo
bem de sua vida e da vida de seus filhos, estou
disposto a sacrificar o meu filho mais novo. Dou-o a
vocês. Desçam ao Egito e comprem alimento”. Você
acha que os irmãos de José estavam felizes enquanto
viajavam da terra de Canaã para o Egito? Você acha
que eles cantavam e diziam: “Louvado seja o Senhor,
estamos indo para o Egito novamente! “ Claro que
não. Pelo contrário, durante todo o percurso até o
Egito, devem ter dito um ao outro: “Que faremos com
aquele homem que atirou Simeão no cárcere?
Provavelmente, a primeira atitude dele será meter na
prisão nosso irmão mais moço. Ele poderá até
procurar um motivo para nos tomar a todos nós
como seus escravos. Depois poderá apropriar-se de
nossos jumentos. Que faremos? “ Tenho certeza que
eles tinham medo de se tornar escravos e de perder
seus jumentos que, sem dúvida, lhes eram muito
preciosos. Creio que, enquanto viajavam para o Egito,
tentavam encontrar uma estratégia para enfrentar
José.

l) Cristo Mostrará Mais Amor para com Eles


Após chegarem os irmãos pela segunda vez, José
lhes mostrou amor, ao festejar com eles em sua
residência. Embora não o reconhecessem, ele quis
indicar-lhes que era íntimo deles, mesmo quando os
testava. No tempo do fim, Cristo fará o mesmo com
Israel. Por um lado, Ele os testará um pouco mais,
enquanto, por outro lado, cuidará deles em amor.

m) Permanecerão Ainda Alheios ao Amor de


Cristo
Embora o seu Messias mostre amor para com
eles, os israelenses continuarão a desconhecer o Seu
amor. Tenho certeza de que Cristo é por Israel. Se
somos ou não por Israel, isso não quer dizer nada,
pois somos meros homens. Mas é vitalmente
significativo que Cristo é por Israel. Este, contudo,
hoje, está alheio ao Seu amor. Por fim, após serem
forçados a se voltar para Ele, Cristo será forçado a se
lhes revelar. A essa época, a casa de Israel O
reconhecerá como seu Messias.
Chegamos agora a outro parêntese. Na verdade,
o meu encargo nesta mensagem está neste parêntese.
Em 43:1-15, os irmãos de José ainda estavam
aprendendo a sua lição, e, em 43:16-34, José ainda os
deixava sob seu teste. Embora mostrasse amor para
com eles, José não se lhes revelou diretamente.
Testou-os, porque tentava induzi-los a reconhecê-lo.
Os seus irmãos eram estúpidos. Se fôssemos eles, nós
o reconheceríamos pelas muitas indicações de sua
identidade. Consideremos agora tais indicações.
Quando seus irmãos voltaram, José não disse
uma palavra. Pelo contrário, encarregou seu
mordomo de os convidar para a sua residência, para
o lar do governador da terra. Se eu fosse um dos
irmãos de José, haveria de dizer: “Somos
estrangeiros visitando este país. Não merecemos
tanta atenção assim. Por que tão alto governante nos
convidaria para irmos à sua casa, a fim de comer com
ele? “ Talvez você dissesse que os irmãos de José
pensavam que ele os haveria de enganar e fazer seus
escravos. Talvez tivessem tal pensamento. De
qualquer modo, não apreciaram o convite de José,
mas, pelo contrário, ficaram amedrontados com ele.
Assim, disseram ao mordomo que, da última vez que
compraram cereal, eles pagaram, mas o dinheiro fora
posto em seus sacos. Disseram-lhe que não haviam
feito isso. O servo disse: “Paz seja convosco, não
temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos deu
tesouro nos vossos sacos” (43:23). O mordomo
parecia dizer: “Não foi o seu dinheiro que retomou a
vocês. Foi um presente do seu Deus e do Deus de seu
pai”. Após seus irmãos o visitarem pela primeira vez,
José deve ter falado ao servo sobre eles, dizendo, no
mínimo, que eles eram hebreus vindos de sua terra
ao Egito. Ele deve ter dito ao mordomo que eles
conheciam a Deus e O temiam. Senão, como poderia
um mordomo egípcio responder dessa maneira? De
quem recebera ele tal tipo de conhecimento? Sem
dúvida o recebera de José. Isso era uma indicação
aos seus irmãos de que alguém da casa de José
conhecia os seus antecedentes. Depois de deixar claro
que não havia problema sobre o dinheiro, “levou o
mordo mo aqueles homens à casa de José, e lhes deu
água, e eles lavaram os pés; também deu ração aos
seus jumentos” (43:24). Trouxe também Simeão à
presença deles. Assim, os problemas referentes ao
dinheiro e a Simeão foram resolvidos.
Por fim, José chegou e perguntou: “Vosso pai, o
ancião, de quem me falastes, vai bem? ainda vive?
“ (43:27). Não importa o quanto José se disfarçou;
deve ter havido algum sinal de afeição no modo de
ele indagar sobre seu pai. Ele não era uma pedra,
mas um homem cheio de afeição. O tom de sua voz
ao perguntar sobre seu pai deve ter sido uma
indicação de quem ele era. O versículo vinte e nove
diz: “Levantando José os olhos viu a Benjamim, seu
irmão, filho de sua mãe, e disse: É este o vosso irmão
mais novo de quem me falastes? E acrescentou: Deus
te conceda graça, meu filho”. Depois de falar assim,
José correu para dentro de sua câmara e chorou.
Naquela hora, os seus irmãos deveriam ter-se
perguntado: “Que é isso? Por que o governador nos
pergunta sobre nosso pai de tal maneira afetuosa? E
por que não acabou ele de falar com nosso irmão
mais moço? Ele saiu e voltou com seu rosto lavado.
Que significa tudo isso? “
Imediatamente após voltar, José fez com que
seus irmãos se sentassem à sua frente: “o
primogênito segundo a sua primogenitura, e o mais
novo segundo a sua menoridade” (43:33). Os irmãos
segredaram uns com os outros. É claro que deveriam
ter percebido por tal indicação que esse governador
era José. Devia haver alguns sinais particulares no
semblante de José que eles poderiam reconhecer,
mesmo após vinte e dois anos. Se juntassem todas as
indicações, eles poderiam dizer: “Este é José”.
Deveriam lembrar que José fora levado ao Egito e
deveriam perceber que esse homem era ele.
O versículo trinta e quatro diz: “Então lhes
apresentou as porções que estavam diante dele; a
porção de Benjamim era cinco vezes mais do que a de
qualquer deles”. Deve ter havido um propósito ao dar
José a Benjamim uma porção cinco vezes maior que a
de seus irmãos. A sua intenção deve ter sido indicar-
lhes que ele era José e que amava a seu irmão mais
moço. Se estivesse lá, eu teria tido a ousadia de
perguntar ao homem se ele era José. Todavia,
nenhum de seus irmãos fez isso. Pelo contrário, não
tiveram discernimento.
Com relação ao nosso conhecimento do Senhor,
ocorre exatamente o mesmo. O Senhor mostrou-se a
nós, e nós O vimos; ainda assim, não O conhecemos.
Ele fez muitas coisas por nós com uma boa intenção,
mas nós ficamos amedrontados pelo que Ele fez.
Tudo o que Ele fez foi motivado pelo amor, mas nós
tivemos maus pensamentos a respeito disso tudo.
José teve uma intenção amável ao convidar seus
irmãos para o seu lar, para uma festa. Mas eles
tiveram o mau pensamento de que ele planejava
agarrá-los e fazê-l os escravos. O versículo dezoito
diz: “Os homens tiveram medo, porque foram
levados à casa de José; e diziam: É por causa do
dinheiro que da outra vez voltou em nossos sacos,
para nos acusar e arremeter contra nós, escravizar-
nos e tomar nossos jumentos”. O dinheiro e os
jumentos eram véus a impedir os irmãos de José de
reconhecê-lo. Os jumentos significavam muito para
eles, mas nada significavam para José. Mais tarde,
quando os mandou de volta, a buscarem seu pai, José
enviou carros e cavaleiros. O dinheiro deles e seus
jumentos significavam muito para eles. E isso era
tudo o que eles tinham. Temiam ser feitos escravos.
Hoje, ocorre mesmo conosco. O Senhor pode estar
exatamente à nossa frente e pode fazer muito por nós,
mas não conseguimos reconhecer a Ele nem ao que
Ele tem feito. Pelo contrário, ficamos com medo. Os
irmãos de José deveriam ter percebido que o
governador do mundo não se importava com seus
jumentos. Conosco ocorre o mesmo. Quando
chegamos a Cristo e depois entramos para a igreja,
podemos ter-nos preocupado com o nosso dinheiro,
com a nossa segurança ou com a nossa família. Os
irmãos de José eram pobres, mas estavam sob o rico
cuidado do governador da terra. Se estivesse lá, eu
diria: “Esqueçam-se do dinheiro e dos jumentos. Só
quero José. Eu o amo”. No que diz respeito a
conhecer o Senhor, somos todos tão tolos como os
irmãos de José. Ao invés de O considerar,
consideramos a nós mesmos, ao nosso dinheiro e aos
nossos jumentos. Eles deveriam ter voltado os olhos
para José e fixá-los nele. Se tivessem agido assim,
perceberiam que o homem se parecia com José. Mas
para o olharem, precisariam esquecer seu dinheiro.
Eles, contudo, fixaram os olhos em seu dinheiro e
devem ter dito um ao outro: “Vocês não percebem
que é um bocado de dinheiro? Precisamos ter
cuidado para não perdê-lo”. Duvido que eles tivessem
fixado adequadamente os olhos no semblante de José.
Se assim fizessem, tê-lo-iam reconhecido. Levi, então,
poderia dizer a Rúben: “Tenho certeza de que este
homem é José. Não temamos, mas sejamos ousados
e perguntemos se ele é realmente José”.
Hoje existem alguns que conhecem ao Senhor
dessa maneira. Entretanto, existe alguns poucos que
reconhecem as indicações dos feitos do Senhor e
percebem que o que lhes acontece advém do Senhor.
Em nosso conceito com relação ao Senhor, muitos de
nós somos exatamente como os irmãos de José. Não
O consideramos. Pelo contrário, consideramos o
nosso próprio dinheiro, as nossas próprias posses e
pessoa. Os irmãos de José não procuraram a razão do
fato de um tão alto govemante lhes fazer tais coisas.
Estavam totalmente ocupados com seus próprios
interesses. Não imaginaram que o homem que estava
lidando com eles pudesse ser José. Ocorre o mesmo
conosco. Não importa quantas coisas boas o Senhor
nos tenha feito; ainda não entendemos o que Ele está
fazendo. Ele faz tudo com uma boa intenção, mas nós
consideramos isso uma maldição. Mesmo que
soubéssemos ser uma bênção, ainda assim não a
receberíamos como tal. Os irmãos de José não
tiveram discernimento. Mesmo após se sentarem
conforme a ordem de seu nascimento, ainda não
perceberam quem ele era. Ficaram preocupados, até
mesmo antes de saírem de casa para viajar para o
Egito. O coração de José era bom, mas o pensamento
deles a seu respeito era mau. Estavam totalmente
preocupados com os seus maus pensamentos.
Faríamos o mesmo se tivéssemos maus pensamentos
sobre alguém que, com uma boa intenção, nos
convidasse para jantar em sua casa. Por causa de
nossos maus pensamentos, temeríamos que algum
veneno possivelmente seria adicionado à nossa
comida. Embora pudéssemos não ser capazes de
recusar o convite, temeríamos ingerir a comida posta
diante de nós. A intenção de nosso anfitrião é o amor,
mas o nosso pensamento é mau. Os irmãos de José
estavam cheios de tais pensamentos. E estes eram os
óculos coloridos que os impediam de ver quem era o
governador.
Além de todas essas indicações sobre a
identidade de José, havia ainda outras duas. O
versículo trinta e dois diz: “Serviram-lhe a ele à parte,
e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que
comiam com ele; porque aos egípcios não lhes era
lícito comer pão com os hebreus, porquanto é isso
abominação para os egípcios”. Três mesas foram
preparadas: uma para José, uma para os egípcios e
uma para os irmãos. Isso indica que os egípcios não
comiam de acordo com a maneira hebraica. De que
maneira você supõe ter comido José: da maneira
egípcia ou hebraica? É claro que ele deve ter comido
à maneira hebraica. Os seus irmãos deveriam
reconhecer que lá estava um egípcio comendo à
maneira hebraica, maneira que era abominável aos
olhos dos egípcios. José ordenou fossem assim
colocadas as mesas, para indicar aos seus irmãos que
ele era um hebreu. Os seus irmãos deveriam
considerar esse governador um hebreu. Como eles
eram estúpidos! Se estivesse lá, eu diria: “Levi, este
homem é um hebreu. Além disso, ele é mais jovem do
que nós. Veja a sua face. Não é José? “ Embora José
falasse a língua egípcia, eles deveriam reconhecer-lhe
a voz e a entonação. Mesmo assim, não conseguiram
reconhecê-lo.
Outra indicação ainda se encontra no versículo
vinte e seis: “Chegando José a casa, trouxeram-lhe
para dentro o presente que tinham em mãos; e
prostraram-se perante ele até à terra”. Quando se
inclinavam diante dele, deveriam lembrar-se de seu
sonho. Vinte e dois anos atrás, José tivera um sonho,
que agora se cumpria. Se fosse um de seus irmãos a
inclinar-se diante dele, você deveria dizer: “Este deve
ser José, o sonhador”. Embora tivessem ouvido o
relato e estivessem no cumprimento do sonho, não
reconheceram a José.
Talvez você esteja imaginando por que José
simplesmente não se lhes revelou naquela hora. Se
agisse assim, haveria de se mostrar muito infantil.
Ele preferiu dar-lhes algumas indicações, para ajudá-
los a reconhecer quem ele era. Como seria doce, se o
houvessem reconhecido! Todavia, por causa de sua
preocupação e estupidez, tal não ocorreu.
Todos nós, hoje, estamos debaixo da mão do
nosso José. O que fazer e para onde ir dependem
Dele. Quanto tempo levaremos para voltar a Ele
depende de quanta comida Ele nos dá. Se nos der
comida suficiente para dez anos, então voltaremos
após dez anos. Mas Ele não nos dará tanta comida
assim; pelo contrário, conceder-nos-á quantidade
limitada para forçar-nos a voltar a Ele mais cedo.
José sabia que seus irmãos retomariam após
determinado tempo. Sabia quantas pessoas havia na
família de seu pai e quanta comida precisava dar-lhes.
Eles estavam sob o seu controle. Aleluia! Estamos
hoje debaixo da mão soberana do Senhor! Não se
preocupe com o presente nem com o futuro. Você
não está debaixo de seu próprio controle, mas
debaixo do controle do Senhor. Não confie em seus
jumentos, isto é, em seu diploma ou em seu trabalho.
O seu destino está debaixo da mão do Senhor Jesus, e
o seu futuro está debaixo do Seu controle. Gostaria
de compartilhar com vocês as boas novas de que o
Senhor ainda está, soberana e amavelmente,
cuidando de nós. O que Ele fez, o que faz e o que fará,
tudo é motivado pelo Seu amor. Em amor, Ele
procura induzir-nos a conhecê-Lo, por meio de várias
indicações que Ele próprio nos fornece. Tudo o que
Ele realiza são indicações que nos levam a conhecê-
Lo. Não se preocupe, fixando seus olhos em seu
dinheiro, em seus jumentos ou em si mesmo. Olhe
para longe, para Jesus, e fixe Nele os olhos. Se assim
fizer, você O verá, reconhecê-Lo-á e O conhecerá.
Gosto dessa história de José e de seus irmãos,
porque ela retrata a minha situação quanto a
conhecer o Senhor. Como fui tolo! O Senhor sempre
foi bom para mim, mas eu constantemente me
preocupava se sofreria dano ou perda. Tudo o que
José fez a seus irmãos foi motivado pelo amor.
Ocorre o mesmo com o Senhor Jesus em relação a
nós. Se considerássemos nosso passado anterior ao
Senhor, nossas lágrimas começariam a cair, e
diríamos: “Senhor, percebo que o meu passado foi
exatamente igual ao de José com seus irmãos. Tu
sempre foste bom para comigo, mas eu não reconheci
Teu amor, porque estava ocupado com maus
pensamentos e minhas próprias preocupações.
Senhor, não me tenho ocupado Contigo e nunca
focalizei em Ti meus olhos nem minha atenção.
Senhor, perdoa-me e ajuda-me de agora em diante a
manter os olhos longe de tudo o que não for a Tua
pessoa. Senhor, nada mais me importa, nem mesmo
as coisas que me seduzem. Somente me preocupo
Contigo e com estar na Tua presença. Senhor, uma
vez que eu esteja aqui, na Tua presença, estou
satisfeito”. Essa é a maneira de conhecer o Senhor.
Se os irmãos de José tivessem agido assim, sem
preocupações com seu dinheiro, com seus jumentos
ou com eles próprios, e focalizassem os olhos em
José, perceberiam determinadas características em
sua face que os capacitariam a reconhecê-lo.
Haveriam também de reconhecê-lo por intermédio
do que ele lhes fizera. Então diriam: “Não devemos
esquecer de que vendemos José como escravo ao
Egito. Lembrem-se de que os seus servos falaram do
nosso Deus e do Deus de nosso pai. Também nos
fizeram sentar à mesa de acordo com a ordem de
nosso nascimento. Além disso, observem a maneira
desse homem tratar Benjamim, e a afeição de sua voz
ao perguntar por nosso pai. Ao falar com Benjamim,
quase se desfez em pranto”. Eram muitas as
indicações forneci das aos irmãos de José, para que o
pudessem reconhecer.
Ocorre o mesmo conosco, hoje, ao conhecermos
o Senhor. Você acha que as muitas coisas que lhe
aconteceram foram acidentais? Não, todas ocorreram
debaixo de um propósito. Mas no passado não
reconhecíamos o que Deus nos fazia. Que o Senhor
possa ajudar-nos a conhecer o nosso José. Ele não
tem maus pensamentos com relação a nós. Pelo
contrário, Sua preocupação para conosco é uma
preocupação de amor, e Sua intenção é induzir-nos a
conhecê-Lo, A melhor das coisas é conhecê-Lo,
Mesmo após terem recebido tanto tratamento,
os irmãos ainda não perceberam que se reuniam com
José. Como veremos em outra mensagem, a
ignorância deles, por fim, forçou José a não ser mais
paciente, mas a se lhes revelar. O meu encargo nesta
mensagem é que fiquemos claros quanto à maneira
de conhecer o Senhor. Posso testificar que, muitas
vezes, Ele mostrou-me o Seu amor e me tratou de
determinadas formas e ainda assim não O reconheci,
nem a Ele nem ao que Ele estava fazendo. Eu estava
completamente alheio. Mas hoje temos uma visão
clara. Agora reconhecemos José e compreendemos
que tudo o que Ele faz tem por finalidade ajudar-nos
a conhecê-Lo. Que todos possamos aprender essa
lição.
MENSAGEM CENTO E DEZOITO

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (6)
Ao considerarmos a história de José, precisamos
lembrar-nos de que, em seu registro, existem duas
linhas: a de José como tipo de Cristo e a linha da vida.
É difícil encontrar no Antigo Testamento, além de
José, outro que seja um tipo tão perfeito de Cristo.
Ele tipificou Cristo de maneira detalhada.
n)Cristo Aplicou ao Remanescente de Israel o
Último Teste
Em 44:1-13, José aplicou a seus irmãos o último
teste e deu-lhes até mesmo mais tempo para
considerá-la. Cristo fará o mesmo com a nação de
Israel. As profecias da Bíblia dizem que Ele testará os
filhos cegos de Israel, mas tais profecias não
fornecem pormenores. Entretanto, o registro do
tratamento dispensado por José a seus irmãos nos
oferece um quadro minucioso a esse respeito. Ainda
hoje, a nação de Israel desconhece o fato de que
Cristo a está testando. Ao acompanharmos os
noticiários, precisamos ter uma visão diferente da
visão das pessoas do mundo. Ao ler as notícias, sei
que os acontecimentos no Oriente Médio são parte
do teste aplicado por Cristo a Israel. O primeiro-
ministro israelense e seu gabinete não sabem que
Cristo os está testando. Afirmam que precisam das
colinas de Golã e das colônias do Sinai para assegurar
sua existência. Cristo, todavia, sabe muito mais do
que eles o que precisam para sua segurança. Você
não acredita que o que ocorre hoje a Israel seja um
teste? Eu, sem dúvida, acredito. Esse é o teste de José
a seus irmãos, para os ensinar e disciplinar. Espero
que esse teste continue ano após ano. O Senhor Jesus
Cristo sabe como lidar com a nação de Israel.

o) Eles Ainda Permaneceram Alheios a Ele


Quando José lhes aplicou mais um teste, seus
irmãos ainda assim não o reconheceram (44:14-34).
O mesmo será verdade com a nação de Israel,
enquanto Cristo continuar a testá-los, Que paciência
José teve! Não tenho nem metade da paciência dele
ou da paciência que o Senhor Jesus tem hoje para
com Israel. Se fosse José, eu me revelaria a meus
irmãos muito mais cedo do que ele fez. E, se fosse o
Senhor Jesus, eu diria imediatamente ao mundo
inteiro que os israelitas são meus irmãos. José,
todavia, lidou pacientemente com seus irmãos. Não o
reconheceram, e os egípcios não entendiam o que se
passava. Somente José sabia o que estava fazendo. A
situação hoje é a mesma. Somente o Senhor Jesus, e
não as Nações Unidas nem o presidente de qualquer
país, sabe o que está acontecendo. Embora Ele esteja
fazendo a nação de Israel passar por um mau bocado,
existe um propósito definido em tudo o que Ele faz.

p) Cristo Reconhece o Israel Alheio


Por fim, José reconheceu seus irmãos que
estavam alheios (45:1-4, 14-15). Creio estar próxima a
hora em que Cristo reconhecerá a alheia nação de
Israel (Rm 11 :26). O reconhecimento por parte das
Nações Unidas nada significa. O que conta é o
reconhecimento de Cristo. Está chegando o dia em
que Ele haverá de dizer ao mundo: “Não toquem na
nação de Israel. Quem a tocar, tocará a menina dos
Meus olhos. Os israelitas são Meus irmãos”.

q) Eles, por fim, Reconhecerão a Cristo


Os irmãos de José, por fim, o reconheceram
(45:15), e os israelitas, por fim, reconhecerão a Cristo
(Zc 12:10). Até O reconhecerem, Cristo continuará a
lidar pacientemente com eles. Li recentemente que
alguns estudiosos judeus começaram a estudar o caso
de Jesus. Parece que estão ansiosos por aprender
mais sobre quem é Jesus. Embora não O reconheçam
agora, Cristo lhes está dando um tempo adicional
para considerá-Lo. Esses estudiosos judeus, que
estão pesquisando o caso de Jesus, admitem que
Cristo ganhou bastante crédito para o povo judeu,
por vir Ele da nação de Israel. Ele foi, e ainda é, um
judeu. Se Ele tivesse vindo de seu país, você
certamente ficaria orgulhoso Dele.
Se mantivermos em mente todos esses pontos,
ao acompanharmos as notícias do Oriente Médio,
ficaremos felizes e louvaremos o Senhor. Tudo o que
está acontecendo hoje foi prefigurado no tratamento
dispensado por José a seus irmãos. Em certo sentido,
o que vemos hoje é um filme do que já aconteceu.
Embora esses capítulos estejam em Gênesis, os
eventos neles prefigurados estão ocorrendo agora no
Oriente Médio. O que acontece hoje é o cumprimento
do que é retratado nesse trecho da Palavra. Louvado
seja o Senhor por Sua sabedoria e paciência! Ele sabe
o que está fazendo com Israel. Em não muito tempo,
Cristo manifestará um reconhecimento público da
nação de Israel. Ele fará isso ao descer dos céus à
terra. O Salvador de Sião virá à terra de Israel e
reconhecerá a nação de Israel como Sua nação.
Agora chegamos novamente a um parêntese que
compreende determinados pontos da linha da vida.
Gosto da linha de José como tipo de Cristo, mas-até
onde me diz respeito-a linha da vida é mais prática. A
linha do tipo diz respeito a Israel, mas a linha da vida
diz respeito a você e a mim. Embora houvesse muitas
indicações claras da identidade de José, seus irmãos
não o puderam reconhecer por causa de sua cegueira
e preocupações. Por serem eles tão cegos, José foi
compelido a dar mais um passo para se revelar a eles.
Ele deve ter orado sobre o tratamento a dispensar a
seus irmãos. Não os tratou de acordo com os próprios
sentimentos e desejos pessoais, mas de acordo com a
orientação do Senhor. Tudo o que ele lhes fez esteve
de acordo com a orientação do Senhor.
Nenhuma outra pessoa poderia ter tido a
paciência que ele teve. Como já dissemos, passaram-
se vinte e dois anos até que seus sonhos se
cumprissem. Após tão longo período, José teve um
desejo intenso de ver seu pai. Como poderia um
homem ter tido tal paciência? Como poderia ser ele
capaz de controlar sua emoção, seu amor e seu desejo
de ver o pai? Sua paciência e autocontrole só podem
ter vindo do Senhor.
Após o último teste, ao menos um dos irmãos de
José foi aperfeiçoado: Judá. Isso é indicado pela
maneira como ele falou a José sobre o cuidado para
com seu pai e seu irmão mais jovem (44:18-34).
Quando os irmãos de José o venderam, odiaram-no e
não se preocuparam com seu pai nem com seu irmão
mais moço. Pelo contrário, agiram de acordo com o
seu próprio ódio. Mas a maneira como Judá falou a
José indicava que ele se preocupava com seu pai e
seu irmão mais jovem. Isso tocou José muito
profundamente e o convenceu de que seus irmãos
haviam aprendido sua lição. Assim, imediatamente
após isso, José deu sinais de os reconhecer. Até essa
hora, seus irmãos ainda estavam aprendendo as
lições. Estas não se completaram até que ao menos
um dentre eles fosse aperfeiçoado e aprendesse a se
preocupar com seu pai e com seu irmão mais jovem.
Até aquela hora, José utilizou de grande paciência ao
testá-los.
Na minha opinião, José deveria revelar-se-lhes
logo após festejar com eles. Entretanto, não agiu
assim. Pelo contrário, ordenou a seu servo que lhes
enchesse os sacos de cereal e lhes devolvesse o
dinheiro (44:1-2). Sem dúvida, seus irmãos ficaram
felizes. Se eu fosse um deles, teria dito aos outros no
caminho de volta a Canaã: “Que vocês pensam sobre
o governador? Por que foi ele tão bom para conosco?
Ele é o governador de toda a terra, e nós somos
estrangeiros que viemos comprar alimento. Mesmo
assim, ele nos convidou à sua casa e festejou conosco.
Deu, inclusive, a Benjamim uma porção cinco vezes
maior do que aos demais. Além disso, fez-nos sentar
de acordo com o nosso nascimento. Por que tudo
isso? Quem é esse homem? “ Creio que José esperava
que seus irmãos falassem assim, que o examinassem
completamente. Mas eles estavam distraídos, e não o
fizeram. Devia haver determinados traços na face de
José que poderiam capacitá-los a reconhecê-lo. Mas
seus irmãos estavam muito cegos para percebê-los.
De repente, para sua grande surpresa, o servo os
agarrou e disse: “Por que pagastes mal por bem?
“ (44:4-6). Então os acusou de roubar o copo de José.
Os irmãos replicaram: “Por que diz meu senhor tais
palavras? Longe estejam teus servos de praticar
semelhante coisa. O dinheiro que achamos na boca
de nossos sacos, tomamos a trazer-te desde a terra de
Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor
prata ou ouro? “ (44:7-8). De acordo com o plano de
José, o copo foi encontrado no saco de Benjamim
(44:12). Isso deve ter levado seus irmãos a
considerarem por que prestava tanta atenção ao
irmão mais moço aquele governador do Egito. Seus
irmãos ficaram aterrorizados. Como 44:13 diz:
“Então rasgaram as suas vestes e, carregados de novo
os jumentos, tomaram à cidade”. Quando viram a
José novamente, “prostraram-se em terra diante dele”
(44:14). Isso também deveria fazê-los lembrar os
sonhos de José. Todavia, ainda não compreendiam o
que lhes estava acontecendo. Ao lermos essa história,
verificamos a paciência e a sabedoria de José.
Somente uma pessoa madura tem tanta paciência e
sabedoria. Quanto mais maduros formos, maior
sabedoria e paciência teremos. Embora tivesse
aproximadamente quarenta anos apenas, José estava
maduro em sua vida espiritual. Por estar
espiritualmente maduro, teve grande sabedoria e
paciência. Por isso não foi governado por seu desejo
ou emoção, mas dirigido por sua sabedoria e
paciência.
Na vida da igreja, hoje, todos nós,
principalmente os presbíteros, precisamos de uma
vida de sabedoria e de paciência. O que os
presbíteros fazem não deve estar sob a direção de sua
emoção, desejo ou intenção. Embora sua intenção
possa ser muito boa, você poderá causar danos aos
outros, se for governado por ela. Nenhum dos
presbíteros ou responsáveis pela igreja ou pela obra
deveria ser governado por sua intenção. Ao contrário,
precisamos ser governados por nossa sabedoria e
paciência. O ser dirigido pela própria intenção ou
desejo não requer maturidade. Mas, realmente,
requer maturidade o ser dirigido pela paciência e
sabedoria.
Na história em que José se revela a seus irmãos,
não notamos qualquer demonstração de imaturidade
de sua parte. Cheio de paciência e sabedoria, ele se
conduziu de acordo com a maturidade de vida. Foi
testado pela ignorância e cegueira de seus irmãos,
Mas ao invés de ser manipulado por sua intenção ou
desejo, ele ficou completamente sob o controle de sua
sabedoria e foi dirigido por sua paciência. Em
paciência e sabedoria, aplicou a seus irmãos todos os
testes de que precisavam. Por não sermos tão
maduros quanto ele, podemos considerá-lo muito
severo e problemático no tratamento dispensado a
seus irmãos. José não foi uma pessoa problemática,
mas uma pessoa totalmente amadurecida e
governada pela sabedoria e pela paciência. Sabia qual
a melhor hora para se revelar a seus irmãos. Ao
reconhecê-los, não foi dirigido por seu desejo ou
sentimentos; estava totalmente sob a direção da
sabedoria de Deus.
Em sabedoria, aplicou aos irmãos outro teste. Ao
agir assim, deu-lhes outra oportunidade de
descobrirem sua identidade. Mas, como vimos, eles
continuaram alheios. Por isso, ele providenciou para
que eles lhe fossem trazidos de volta. Ao voltarem,
foram totalmente subjugados. Judá lhe disse: “Que
responderemos a meu senhor? que falaremos? e
como nos justificaremos? “ (44:16). Ao falar Judá
dessa maneira, José mesmo assim ainda não se
revelou a eles, mas continuou paciente, testando o
irmão ao máximo. Não digo que Judá estivesse
maduro na vida, mas, naquele momento, ele
melhorou muito. Pela maneira como falou a José,
percebemos nele um homem subjugado, quebrado. A
atitude e o espírito com que falou a José sobre seu
pai tocaram profundamente a este. Foi por meio do
falar de Judá que José se convenceu de que o irmão
houvera aprendido a lição. Aquela era a hora certa
para José se revelar a eles. Naquela hora, todas as
suas emoções se irromperam.
Não pense que José não tivesse emoções, sendo
como um pedaço de madeira ou pedra. Não, ele era
cheio de emoção. Veja a maneira como ele chorou ao
revelar-se a seus irmãos (45:1-15). Disse a todos os
seus servos que abandonassem a sala, e, então, suas
emoções se irromperam. Isso o demonstra bastante
emotivo. Uma vez sendo emotivo como poderia ter-se
contido, não expressando suas emoções por tantos
anos? O fato de ele ser capaz de o fazer foi um sinal
de sua maturidade.
Se não sabemos como controlar nossas lágrimas,
nosso riso ou nossa ira, isso significa que somos
infantis na vida. O sinal mais forte de nossa
maturidade é sermos capazes de controlar nossa
emoção. Como já enfatizamos em mensagem anterior,
quando os dois filhos de Arão foram queimados na
presença de Deus, houve indicações de que Arão
estava proibido de chorar (Lv 10:1-3). Ele deve ter
dito: “Meus dois filhos acabam de morrer diante de
meus olhos, e você me pede que não chore. Moisés,
você não é humano”. Tanto Moisés quanto Arão
estavam na presença do Senhor. Moisés podia servir
a Deus em Sua presença porque sabia como controlar
os próprios sentimentos de solidariedade para com
seu irmão. Arão acolheu a palavra de Moisés. O fato
de você chorar, rir ou zangar-se depende da presença
do Senhor. Não estamos no mundo, mas na Sua
presença, no Santo dos Santos. Quando estiver para
expressar a própria emoção, você não deverá fazê-lo
de acordo com o seu sentimento. Pelo contrário,
precisará expressar sua emoção de acordo com a
presença de Deus. A presença Deste lhe permite rir?
Permite-lhe chorar? Você não deverá dizer: “Acabei
de perder meus filhos e estou muito pesaroso.
Simplesmente não posso controlar-me. Preciso
chorar”. Se disser isso, revelar-se-ia imaturo. José
pôde ser o governador do Egito por estar
amadurecido. Estando maduro, governou a si mesmo
e sobre toda terra. Na hora certa, chorou por seus
irmãos. Até isso o revela uma pessoa totalmente sob
o controle da orientação de Deus. Dos capítulos 42 a
44, não chorou na presença de seus irmãos. Mas, no
capítulo 45, após seus irmãos passarem pelos
tratamentos e aprenderem suas lições, ele chorou.
José estava muito preocupado com eles.
Percebe-se sua preocupação para com eles no fato de
os aconselhar a não discutirem um com o outro no
caminho de casa (45:24). Isso indica que eles haviam
discutido. Por intermédio dos diversos testes, José
exerceu disciplina sobre eles. Rúben ou Levi podem
ter dito: “Em toda a nossa vida, jamais fomos tão
disciplinados quanto nesses últimos meses”. Foram
disciplinados pelo paciente e sábio José. Tudo o que
este fez com relação a seus irmãos, não fez para si,
mas para eles. Nisso vemos a perfeição em sua vida.
Sua perfeição, todavia, não se destinava a si mesmo,
mas a seus irmãos. Exercitou paciência e usou de
grande sabedoria. Controlou constantemente a
própria emoção e, antes do capítulo 45, não chorou a
não ser às ocultas, depois de ter visto Benjamim
(43:29-31). Embora tomado de grande emoção, não
foi dominado por ela.
Em nossa vida conjugal, precisamos aprender a
controlar nossa emoção. Alguns dizem que vencer o
nosso pecado costumeiro é difícil. Mas isso não é tão
difícil quanto controlar nossa emoção. Controlar a
própria emoção é a coisa mais difícil. Você é capaz de
controlar-se quando está para perder a calma? Nesse
ponto, todos precisamos aprender com José. Quando
sua emoção estava para irrornper-se, ao ver
Benjamim, refugiou-se, para chorar sozinho e depois
lavou seu rosto. De semelhante modo, se estiver para
perder a calma em casa, você deverá ir ao banheiro,
para permitir que seus sentimentos fluam em secreto,
e depois lavar a face. Não pense que tal disciplina se
destina às pessoas idosas, e não aos jovens. José
ainda estava com seus trinta anos quando exercitou
controle sobre as próprias emoções por causa de seus
irmãos. No máximo, ele tinha uma idade mediana.
Por essa razão, você não deveria desculpar-se.
Sempre que estiver para perder a calma, lembre-se
do que José fez.
Quando alguns ouvirem isso poderão dizer:
“Irmão Lee, você não disse que a vida de ressurreição
em nosso interior é capaz de vencer tudo? Por que
precisamos sair da presença dos outros quando
estivermos para perder o controle de nossas
emoções? “ A razão é que a nossa vida natural é
muito forte. Não quero contar-lhes simplesmente a
história de José. O meu encargo é que vejamos a vida
que ele viveu. Na vida de José, seu temperamento,
disposição, emoção, intenção e desejo estavam todos
sob o controle da orientação de Deus. Ele poderia ter
dito: “Deus não me dirigiu a dar-me a conhecer a
meus irmãos mais cedo. Não tive liberdade para
proceder de outra maneira. Precisei portar-me de
acordo com a orientação do Senhor. Certamente
queria revelar-me a eles imediatamente e fazê-los
trazer a mim meu pai tão logo que possível. Mas a
escolha não dependia de mim. Era uma questão da
orientação do Senhor. Eu tinha de fazer o que era
melhor para meus irmãos. De acordo com a
orientação do Senhor, precisei aplicar-lhes um teste”.
O resultado do modo como José se revelou a
seus irmãos foi excelente e inculpável. Na hora em
que se lhes revelou, a atmosfera era muito boa.
Naquela atmosfera, era-lhe fácil perdoá-los. Na
verdade, entretanto, em seu interior, não havia a
idéia de perdoá-los, porque José compreendeu
totalmente que o Deus' soberano, e não seus irmãos,
o conduzira ao Egito. Por lidar com seus irmãos com
tanta paciência, sabedoria e autocontrole, o resultado
foi tão excelente que ele nem teve necessidade de
perdoá-los. Percebendo que Deus soberanamente o
enviara ao Egito para cumprir Seu propósito,
espontaneamente ele recebeu a seus irmãos.
Abraçou-os e os recebeu.
Quando estivermos sob o controle da vida, em
paciência e sabedoria, seremos como José. Não
culparemos nem condenaremos a ninguém. Não
haverá sequer a necessidade de perdoar aos outros,
porque não os culparemos. Estaremos dispostos a
aceitar a todos e teremos um coração largo para
abraçar aos mais fracos, até mesmo aos que nos
ofenderam gravemente. Ao invés de nos sentirmos
ofendidos, perceberemos que tudo o que nos
aconteceu estava de acordo com a soberania de Deus.
Tudo o que está debaixo da soberania de Deus é para
o nosso bem, para o cumprimento do Seu propósito e
para a edificação dos outros. Pela venda de José,
realizada por seus irmãos, o bem lhes adveio. Por
intermédio de todos os tratamentos aplicados por
José, seus irmãos foram educados e edificados. Por
essa razão, o resultado final da questão toda foi
excelente. José não apenas efetuou o propósito
eterno de Deus, mas também edificou a seus irmãos.
Se trouxermos esses pontos relativos a José para a
nossa oração e comunhão, veremos mais e seremos
nutridos. Além disso, aprenderemos como proceder
em todas as situações.
MENSAGEM CENTO E DEZENOVE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (7)
Como já enfatizamos várias vezes, o livro de
Gênesis contém as sementes de quase todas as
verdades das Escrituras. Se quisermos penetrar as
profundezas do relato da vida de José, precisamos
encontrar as sementes plantadas ali e verificar que
esse relato contém a narrativa de uma vida reinante.
Antes de considerarmos as sementes e a vida
reinante encontradas desde o capítulo 45 até o 47,
precisamos considerar mais dois pontos referentes a
José como tipo de Cristo.

r) Cristo Revelará Sua Exaltação e Glória ao


Israel Arrependido
Quando se acabaram todos os testes e chegou
por fim a hora adequada, José deu a seus irmãos a
revelação de si próprio, de sua exaltação e de sua
glória (45:8, 13). Isso tipifica que, um dia, Cristo se
revelará ao remanescente de Israel. O Cristo exaltado
nos céus tem o Seu próprio temperamento. Ele sabe o
que fazer para testar Israel e sabe quanto tempo o
teste deve durar. Na hora certa, a prova terminará.
Após o arrebatamento de todos os santos e o
julgamento pelo tribunal de Cristo, Este, juntamente
com os santos vencedores, se revelará dos céus, e o
remanescente de Israel O verá. Naquela hora, eles
perceberão quem é Jesus de Nazaré. E dirão: “Jesus
de Nazaré é o nosso Messias. Ele foi exaltado e
entronizado como Senhor de tudo”.
Quando José se revelou a seus irmãos, eles
certamente ficaram chocados ao vê-lo e se
lembraram do que lhe haviam feito. Entretanto, o
fato de José se lhes revelar foi inteiramente uma
questão de graça. De semelhante modo, por uma
questão de graça, Cristo se revelará ao remanescente
de Israel. Exatamente na hora certa, Ele se revelará
exaltado, mostrando que ninguém no universo é mais
elevado que Ele. Quando se revelou a seus irmãos,
José disse que Deus o fizera pai de Faraó, senhor de
toda a sua casa e governador de toda a terra do Egito
(45:8). Mesmo Faraó estava sob sua orientação.
Quando Cristo se revelar em Sua glória ao
remanescente de Israel, os judeus perceberão que Ele
é bem maior do que esperavam ser o seu Messias.

s) Israel Participará do Gozo do Reinar de


Cristo
Depois de se revelar ao remanescente de Israel,
Cristo começará o Seu reino milenar. No milênio, os
judeus participarão do gozo de Seu reino, assim como
os irmãos de José participaram do gozo de seu reino
(45:18; 47:4-6). Os irmãos de José desfrutaram a
melhor porção da terra do Egito. Isso é um tipo do
milênio, onde os judeus desfrutarão as melhores
coisas da terra. De acordo com Zacarias 14:16-19, os
egípcios e os povos das outras nações deverão
apresentar ofertas ao Senhor em Jerusalém. Se uma
nação recusar subir a Jerusalém com ofertas para o
Senhor, nenhuma chuva cairá sobre sua terra.
Porquanto os judeus serão um com Deus, tudo o que
a Ele for oferecido será porção e gozo deles. De
acordo com o Antigo Testamento, o que se oferecia a
Deus tomava-se porção dos sacerdotes. De
semelhante modo, o que se oferecer a Deus durante
os mil anos se tomará a porção dos judeus, que serão
sacerdotes a instruir o povo da terra-principalmente
os egípcios-quanto à maneira de adorar a Deus. Creio
que, no milênio, muitos egípcios se arrependerão da
maneira como trataram a Israel nesta era. Os
egípcios poderão dizer aos judeus: “Nós nos
arrependemos. Não sabíamos que vocês eram tal
povo. Tudo o que tivermos e que vocês queiram, é só
pegar”. Isso acontecerá de acordo com a profecia e
com o tipo do Antigo Testamento.
Chegamos agora, novamente, a um parêntese
relativo à questão da vida. Lembre-se de que quase
tudo no livro de Gênesis é uma semente. O primeiro
livro do Novo Testamento, o Evangelho de Mateus,
por um lado, revela Cristo, e, por outro, o reino de
Deus. Mateus também indica claramente que
descortinamos o reino de Deus ao negar a nós
mesmos. Em Mateus 16, Cristo, a igreja e o reino são
todos revelados. Nesse capítulo, o Senhor Jesus disse
a Seus dis~ípulos que, se alguém quisesse segui-Lo,
precisaria negar a SI mesmo. Ao final de Gênesis,
encontramos uma semente da verdade do negar do
“ego”. Nos capítulos finais de Gênesis, Cristo é
prefigurado por José, e o reino é prefigurado pela
casa de Israel. Porque José negou a si mesmo, o reino
de Deus pôde ser substantificado de maneira prática.
O universo todo pertence a Deus, que deseja um
reino. Embora Faraó governasse sobre o Egito, o
reino de Deus, todavia, era substantificado pelo
reinar de José. O seu reinar era o reinar de Deus, que
se destina ao cumprimento do Seu propósito. De
acordo com o livro de Êxodo, o propósito de Deus é
ter um lugar de habitação na terra; entretanto, no
final de Gênesis, vemos uma miniatura do reino de
Deus.
Em toda a História não conseguimos encontrar
ninguém que s~ iguale a José. Embora fosse ofendido
ao máximo por seus Irmãos, não procurou vingar-se.
Não teve nenhum pensamento de vingança. Pelo
contrário, negou-se e proporcionou a disciplina
adequada e necessária a seus irmãos. Não os
disciplinou para o bem de si mesmo, mas para o bem
deles. Não tendo pensamentos de vingança,
importou-se com que seus irmãos pudessem ser
aperfeiçoados e edificados, de modo a poderem viver
juntos como um povo corporativo. O fato de instar
com os irmãos que não contendessem no caminho de
casa revela sua preocupação para com eles (45:24). O
desejo de seu coração era que eles fossem um povo
vivendo juntos como testemunho de Deus na terra.
Ele parecia dizer-lhes: “Fiz-lhes tudo, e vocês têm
tudo o que precisam. Voltem agora, dando graças a
Deus, para verem meu pai e trazê-lo de volta a mim.
Mas me preocupo, porque vocês podem brigar um
com o outro pelo caminho”. Sua palavra sobre a
desavença também indica que ele disciplinou os
irmãos. Disciplinou a nove deles de maneira geral e a
Simeão de maneira específica. Com isso vemos que
sua disciplina era sóbria, e não motivada pela ira.
José foi alguém que se negou. Tudo o que ele fez
se baseou no princípio da autonegação. Não conheço
qualquer outra pessoa que foi ofendida até o ponto
em que José o foi, e ainda assim não teve o mais leve
desejo de vingança. Quando se revelou a seus irmãos,
estes ficaram atemorizados (45:3). Ele, todavia, não
apenas lhes perdoou, mas os recebeu e consolou. E
disse: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos
irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido
para aqui; porque para conservação da vida, Deus me
enviou adiante de vós” (v. 5). Aqui vemos que o
ofendido consolou os ofensores.
Freqüentemente, quando perdoam a alguém, os
cristãos dizem: “Sim, eu lhe perdôo, mas também
quero lembrá-lo da seriedade do que você fez”. Tal
tipo de perdão nada significa, porque, na verdade,
isso não é absolutamente perdão. Quando perdoou a
seus irmãos, José os consolou e lhes disse que não
ficassem zangados com eles mesmos, mas se
esquecessem do que lhe haviam feito. E disse que o
fato de o haverem vendido como escravo fora
iniciativa de Deus para preservação da vida. Não se
queixou a eles pelo que haviam feito; pelo contrário,
considerou-os auxiliares de Deus. Eles haviam
auxiliado Deus a introduzi-lo no Egito.
No versículo sete ele disse: “Deus me enviou
adiante de vós, para conservar vossa sucessão na
terra, e para vos preservar a vida por um grande
livramento”. A palavra hebraica traduzida para
“sucessão” fica melhor como “remanescente”. O
propósito de Deus exigia um remanescente. Sua
intenção era que os descendentes de Abraão, de
Isaque e de Jacó Lhe edificassem um tabernáculo, de
modo a poder Ele estabelecer o Seu reino na terra. Se
o remanescente fosse aniquilado, o propósito de
Deus não poderia ter sido cumprido. Em tal caso,
Gênesis teria sido o último livro da Bíblia. Sabendo
que a fome liquidaria toda a vida na terra de Canaã,
Deus preparou uma maneira pela qual o
remanescente da raça escolhida e chamada
continuasse a existir.
José foi capaz de consolar seus irmãos porque
percebeu que Deus, e não eles, o enviara ao Egito. Ele
deve ter dito: “Obrigado por me venderem. Se vocês
não agissem assim, como poderia eu estar aqui hoje?
“ Se perdoamos aos outros ou não, isso depende da
nossa visão e da nossa percepção. Se soubermos que
estamos aqui para a restauração do Senhor, não nos
importaremos com o quanto os outros nos ofendem.
Perceberemos que, quanto mais somos ofendidos,
melhor será o resultado. Se os irmãos de José não o
vendessem como escravo, como poderiam cumprir-se
os sonhos deste? Os sonhos se cumpriram por
intermédio daqueles que o odiavam. José teve uma
percepção completa disso e assim pôde perdoar a
seus irmãos pela maneira como o maltrataram.
Deveria ocorrer o mesmo conosco, hoje, na vida
da igreja. Se percebermos que estamos aqui para o
propósito do Senhor, para a Sua restauração, então
saberemos que tudo o que nos acontece se destina ao
Seu propósito. Romanos 8:28 diz: “Sabemos que
todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito”. José amava a Deus; por esta razão,
tudo o que lhe acontecia era para o seu bem. O fato
de não estar disposto a perdoar aos que o ofenderam
mostra a sua falta de visão. Mas se você olhar para a
profundeza do que Deus tem feito, jamais haverá de
procurar vingança. Pelo contrário, estará sempre
disposto a perdoar aos que o ofenderam. E dirá:
“Louvado seja o Senhor! Tudo o que me . aconteceu
foi para o bem, não apenas para o meu bem, mas do
povo de Deus. Tudo o que me acontece coopera para
o bem do Seu reino”.
O fato de José perceber que fora Deus quem o
enviara ao Egito é uma semente da verdade
encontrada em Romanos 8:28. A vida de José é uma
ilustração deste versículo e um exemplo de como
tudo coopera para o bem dos que amam a Deus. A
semente plantada no livro de Gênesis cresce em
Romanos 8:28 e é ceifada em Apocalipse 15, onde
vemos os vencedores de pé, no mar de vidro, o qual
tipifica as provas, testes e sofrimentos. Os irmãos de
José o ajudaram a chegar ao trono. Se não o tivessem
vendido como escravo, ele não poderia chegar ao
Egito. Conseqüentemente, o fato de o haverem
vendido conduziu-o ao trono. Não se queixe do que
lhe fazem seu marido, esposa ou irmãos na igreja.
Para os que amam a Deus, tudo coopera para o bem.
O ponto central aqui é se amamos ou não a Deus. Se
você O ama, até um acidente coopera para o seu bem.
Mas se você não O ama, nem mesmo um diploma de
faculdade lhe fará bem. Sofri muito ao longo dos anos,
mas fico consolado com o fato de que tudo coopera
para o meu bem. Sempre que tenho sofrimento,
lembro-me de Romanos 8:28 e fico imediatamente
consolado. Como um jovem de dezessete anos, José
precisava ser submetido a provas e testes. Por ser o
favorito de seu pai Jacó, José viveu num ambiente
agradável, e não havia como sofrer. Sempre esteve
sob a proteção do pai. Mas, um dia, pela soberania de
Deus, Jacó o enviou a seus irmãos, e estes o
venderam como escravo. Por meio dos sofrimentos
que a partir daí lhe sobrevieram, ele foi treinado para
ser um governante. Nesse ponto vemos a sabedoria
de Deus.
Primeiramente José teve os sonhos em que viu
seus irmãos inclinando-se diante dele. Mas para que
se cumprisse a visão ele precisou passar por muito
sofrimento, principalmente nas mãos dos que lhe
estavam mais próximos. Sofreu constantemente, dos
dezessete até os trinta anos. Precisava passar por
todos esses sofrimentos, de modo a poder ser
aperfeiçoado e qualificado. Deus o enviou ao Egito
para preservar a vida, a fim de que um remanescente
pudesse permanecer para o cumprimento do Seu
propósito.
Não fique amedrontado com esta palavra
referente aos sofrimentos de José. Talvez você tenha
pedido ao Senhor que o faça o José de hoje. Ele
responderá a esta oração submetendo-o a
determinados sofrimentos. No período de sofrimento,
você poderá dizer: “Até quando, Senhor? Os sonhos
dos outros se cumpriram, mas onde está o
cumprimento do meu? “ Por fim, você será libertado.
José foi paciente e negou a si mesmo. Nada fez para o
seu próprio gozo, mas para disciplina e
aperfeiçoamento de seus irmãos.
Para fortalecê-los, revelou-lhes sua exaltação e
glória, e lhes disse que Deus o pusera por pai de
Faraó. Em 45:13, afirmou: “Anunciai a meu pai toda
a minha glória no Egito”. Seus irmãos o
consideravam como Faraó. Mas ele parecia dizer:
“Sou o pai de Faraó. Sou até mesmo mais elevado do
que vocês podem perceber, pois Deus me pôs por pai
de Faraó. Vocês viram toda a minha glória. Voltem e
relatem a meu pai tudo o que viram”. Ele não estava
querendo exibir-se. Pelo contrário, estava
fortalecendo seus irmãos, para que estes pudessem
trazer-lhe o pai.
Após sofrer por treze anos, José foi entronizado
para ser o governador da terra. Ele, sem dúvida,
desejava ver seu pai. Podemos ficar imaginando por
que ele não fez coisa alguma para satisfazer o seu
desejo, tão logo foi entronizado. Poderia enviar
carros do Egito, para que lhe trouxessem o pai.
Todavia, levou nove anos até que Jacó lhe fosse
conduzido. Tinha poder e posição para fazer algo,
mas nada fez. Se eu fosse ele, faria algo
imediatamente. Tomaria um exército de carros e
visitaria meu pai. Se descobrisse que ele morrera,
visitaria seu sepulcro. Sem dúvida, seria normal que
José agisse assim. O fato de ele nada fazer a esse
respeito por nove anos não significa que ele não
pensava em seu pai. Ele não era de pedra ou de
madeira, mas uma pessoa viva, cheia de emoção,
alguém que amava muito ao pai. Tendo sido
separado dele há tantos anos, deve ter pensado muito.
Percebeu, provavelmente, que o Egito estava muito
perto da casa de seu pai na terra de Canaã. Sabia que
a jornada até lá levaria apenas alguns dias. Todavia,
por estar debaixo da soberania de Deus, nada fez.
José preferiu permanecer debaixo da mão
soberana de Deus e não iniciar nada. Deve ter orado:
“Senhor, foste Tu que me enviaste para cá, que me
conduziste através de todos esses sofrimentos e me
colocaste no trono. Foste Tu Senhor que me
mantiveste longe de meu pai. Senhor, percebo que
tudo isso veio de Ti. Por isso não ouso fazer coisa
alguma. Pelo contrário, gostaria de esperar pelo Teu
tempo soberano”. Creio, sem sombra de dúvidas, que
José orou dessa maneira. Isso o revela alguém que
negava a si próprio. Embora tivesse sido entronizado
como governador da terra, nada, todavia, realizou
para si ou para o próprio gozo. Era totalmente pelo
interesse de Deus. Sua vida foi uma vida que
aguardou o tempo da soberania de Deus. Ao invés de
iniciar o contato com seu próprio pai, permaneceu
continuamente debaixo da soberania de Deus,
orando: “Senhor, Tu o fazes. Se não o fizeres, nada
farei”. Jovens irmãos e irmãs, espero que o Senhor
faça muito com vocês pela Sua restauração, mas
vocês precisam aprender a lição de não seguirem
adiante por si mesmos. Nada façam por si mesmos.
Pelo contrário, mantenham-se debaixo da soberania
de Deus e permitam-Lhe iniciar algo. Tudo o que
deve ser feito, precisa ser iniciado por Ele.
Como é doce o relato da vida de José! Por
permanecer totalmente sob a orientação de Deus,
não houve necessidade de ele se arrepender de nada
do que fizera. Ele é uma ilustração viva daquilo que o
Novo Testamento revela. Foi alguém que se negou,
que não teve seu próprio interesse ou gozo, nem
sentimento ou ambição pessoal, ou o próprio alvo.
Tudo era para Deus e para o Seu povo. Por isso, ao
chegar a hora correta, enviou um caloroso convite a
seu pai, para que este viesse até onde ele estava.
Podemos aprender muitas lições, ao
considerarmos a vida de José. Ele teve seus sonhos e
os interpretou, assim como interpretou os dos outros.
Todos esses sonhos se cumpriram. Percebeu,
entretanto, que ainda lhe faltava algo: a presença de
seu pai. Humanamente falando, nada podia satisfazê-
lo, exceto a presença de seu pai. Nada fez, entretanto,
por si mesmo, a fim de assegurar a presença do pai.
Pelo contrário, foi paciente, esperando
constantemente pela hora certa. Por nove anos nada
fez. Finalmente, houve uma oportunidade de fazer
algo. Mas percebendo estar incompleto o
aperfeiçoamento de seus irmãos, ainda assim nada
fez. Somente ao serem edificados seus irmãos é que
ele enviou o convite. Tal convite foi iniciado pela mão
soberana de Deus, que soberanamente preparou o
ambiente, para indicar que esta era a hora
apropriada de ele mandar chamar a seu pai.
Quando mandou chamar o pai, ele próprio não
foi junto. Por quê? Não podemos dizer que ele não
tivesse tempo, pois, ao morrer-lhe o pai, ele dispôs de
tempo para sepultá-lo. Para responder a essa
pergunta, precisamos descobrir o que a Bíblia não diz.
(Esta é uma das maneiras de estudá-la.) A razão de
José não ir é que ele estava restringido. Nada queria
fazer de acordo com a própria emoção. Pelo contrário,
sua emoção foi restringida. Não deixou o Egito para
ver o pai, nem mandou alguém para descobrir se
vinha ou não uma caravana. Na verdade, Jacó
“enviou Judá adiante de si a José para que soubesse
encaminhá-lo a Gósen” (46:28). Jacó parecia dizer a
Judá: “Judá, vá até José e diga-lhe que estou
chegando, e peça-lhe que nos conduza ao seu
encontro”.
Não pense que José não estava ansioso para ver
o pai. Certamente desejava vê-lo. Mas mesmo no dia
da chegada de seu pai, José permaneceu em casa.
Não realizou uma viagem especial para ir ao encontro
do pai no caminho. Digo novamente que José era
uma pessoa totalmente submissa à restrição de Deus.
Entretanto, ao ouvir que seu pai chegara a Gósen,
“apresentou-se, lançou-se-lhe ao pescoço, e chorou
assim longo tempo” (46:29). Mas não agia de acordo
com a própria emoção; pelo contrário, sempre agia
sob a restrição de Deus. Por essa razão, capacitou-se
para ser governador.
Se você não pode governar a si mesmo, não
poderá ser um bom governante. Suponhamos que
você perca a calma sempre que lhe apetece. Se assim
for, você estará desligado do governo do Espírito
Santo. Mas se estivermos sob o Seu governo,
pediremos ao Senhor que tenha misericórdia de nós
sempre que sentirmos que estamos para perder a
calma. Somente debaixo da restrição de Deus é que
poderemos governar os outros. Estar sob Sua
restrição é a melhor disciplina para preparar-nos
para a realeza na era vindoura. Nenhuma pessoa
infantil, ninguém que não tenha sido restringido,
será um rei no reino vindouro. Na questão de viver
sob restrição, vemos a maturidade de vida. Que esta
palavra possa ser uma ajuda a todos os que amam o
Senhor, a restauração e a vida da igreja.
N a restauração do Senhor temos pessoas com
antecedentes, disposição e conceitos diferentes. Por
causa de todas essas diferenças é que precisamos ser
restringidos. Se não formos restringidos, mas
expressarmos livremente nossas emoções, haveremos
de prejudicar os outros. Poderemos arrepender-nos
posteriormente do que fizemos, mas poderá ser
muito tarde. Você poderá dizer: “Tenho o direito de
expressar assim meu sentimento”. Sim, você o tem,
mas prejudica os outros. Você quer uma vida
adequada da igreja? Se quer, então precisa ficar sob a
restrição de Deus. Observe novamente a figura de
José. Ele somente poderia introduzir o reino se fosse
alguém que negasse a si mesmo. Se agisse de acordo
com os próprios sentimentos, e não de acordo com a
orientação de Deus, tudo se estragaria. Mas ele era
alguém totalmente submisso à restrição de Deus. Por
isso, o reino de Deus pôde ser introduzido por meio
dele. Para que se pudesse perceber o reino de
maneira prática, precisava existir alguém que vivesse
sob restrição e que negasse a si mesmo.
Ocorre o mesmo conosco hoje. Você quer ter
uma vida adequada da igreja? Então precisa estar sob
restrição e negar a si mesmo. Todos precisamos
aprender isso. Suponha que José não fosse alguém
que se negasse. Em tal caso, seria impossível que o
reino de Deus fosse introduzido e percebido de
maneira prática. A autonegação de José, sua restrição
sob a mão soberana de Deus, foi a chave para a
prática da vida do reino. Graças a Deus pela vida de
autonegação de José. Por meio dela, o propósito de
Deus se cumpriu, e o reino foi introduzido,
substantificado e praticado. Por meio desse
cumprimento, os filhos de Israel tiveram parte no
desfrute do reino.
José tinha posição e poder para fazer tudo o que
desejasse. Todavia, nada fez por si mesmo. Há mais
de quarenta anos, ouvi alguém dizer que a coisa mais
difícil é você ser capaz de não fazer algo que pode
fazer; é você ter o poder, a posição e a oportunidade
de fazer algo, e mesmo assim não fazê-lo.
Familiarizei-me com a história de José há muitos
anos. Mas, no passado, não percebi que, após ser
entronizado como governador do Egito, ele não
utilizou seu poder para ver o pai. Após ser
entronizado, nada fez para sair de sua posição
solitária, embora estivesse separado de seu pai há
treze anos. Quando os irmãos desceram pela
primeira vez, ele mesmo assim não fez nada. Tinha
poder e posição para fazer algo, mas não fez o que
podia fazer. Isso indica que ele era a pessoa mais
poderosa, alguém que era capaz de não fazer o que
podia fazer. José foi tal pessoa, porque esteve sob a
mão de Deus, sob Sua restrição.
Nos primeiros nove anos de seu governo no
Egito, ele deve ter contatado o Senhor repetidas vezes.
Talvez, enquanto orava ao Senhor sobre a
possibilidade de visitar o pai, o Senhor o tenha
instruído a nada fazer a esse respeito. Semana após
semana deve ter orado: “Senhor, é agora a hora de eu
fazer algo para ter meu pai conduzido para cá?
“ Creio que o Senhor lhe tenha dito: “Não, esta não é
a hora. Não é preciso você fazer nada para cumprir
seu sonho. Simplesmente espere e permita-Me
realizá-lo”. Por intermédio de sua oração, ele deve
ter-se fortalecido, crendo que seus sonhos eram de
Deus, e que Ele próprio os cumpriria. Por não haver
necessidade de ele fazer coisa alguma, José
permaneceu em silêncio. Tinha força para não fazer o
que podia fazer. Quando seus irmãos desceram ao
Egito pela primeira vez, ele nada fez para ter seu pai
conduzido a si. Até mesmo na hora apropriada de seu
pai chegar a ele no Egito, não lhe saiu ao encontro
pelo caminho. Creio que esse foi o resultado de ele
permanecer sob a restrição do Senhor. Sabia não
haver necessidade de fazer nada para cumprir seus
sonhos. Isso é o verdadeiro negar do “ego” e o
genuíno carregar da cruz.
Carregar a cruz significa você se conter para não
fazer o que tem poder para fazer. Você está
qualificado e fortalecido para executar tudo o que é
necessário para cumprir seu desejo, mas mesmo
assim se abstém de o fazer. Uma pessoa assim é uma
pessoa muito forte. A pessoa mais forte não é aquela
que é capaz de fazer algo, mas a que é capaz de
abster-se de fazer o que tem poder de fazer. Essa
autonegação é a única maneira de se introduzir o
reino de Deus e se descortinar a vida do reino. Como
veremos na mensagem seguinte, a vida do reino veio
por meio da habilidade de José em se abster de fazer
o que podia fazer. Precisamos hoje ser alguém assim.
Não há dúvida de que, em nós mesmos, não
podemos ser tais pessoas. Nossa vida não é o tipo de
vida que tem o poder de não fazer o que pode fazer.
Quando temos a oportunidade de fazer algo,
simplesmente o fazemos. Mas a vida de Cristo tem o
poder de se abster daquilo que é capaz de fazer. Este
fato é a chave para os quatro Evangelhos e para a
vida do Senhor Jesus. Freqüentemente, Ele teve
posição, poder e condições apropriados para fazer
muitas coisas, mas também teve o poder de se privar
de executá-las. Poderia, por exemplo, solicitar ao Pai
que enviasse doze legiões de anjos para resgatá-Lo, e
ainda assim teve força para não fazê-lo (Mt 26:53).
Essa vida de autonegação, de carregar a cruz, é a vida
que introduz o reino.
MENSAGEM CENTO E VINTE

SENDO AMADURECIDO - O ASPECTO


REINANTE DO ISRAEL AMADURECIDO (8)
Como já enfatizamos diversas vezes, na história
de José há duas linhas: a do tipo e a da vida. Antes de
considerarmos mais a linha da vida, precisamos ver
outro ponto referente a ele como tipo de Cristo.

16) Reinando
José foi um tipo de Cristo a reinar em Seu reino
durante o milênio. Se atentarmos à profecia da
história de José, perceberemos que esse registro é
um quadro do reinar de Cristo no reino milenar.

a) Suprirá de Comida as Pessoas


De acordo com esse quadro, Cristo realizará
quatro coisas no milênio. Primeiramente, suprirá de
comida as pessoas, isto é, satisfará as necessidades de
todos (47:15-17). Embora a terra toda estivesse
faminta, José foi capaz de saciar a fome de todos.
Hoje, todos estão famintos e ninguém está satisfeito.
Mas quando estiver reinando durante os mil anos
vindouros, Cristo irá ao encontro da necessidade de
todos e saciará a fome de todos.

b) Manterá Vivo o Povo


Enquanto reinou no Egito, José manteve vivo o
povo (47:19, 25). Porque satisfará a necessidade de
todos, Cristo será capaz de manter cada um vivo. Se
examinar as profecias relativas ao reinar de Cristo no
milênio, você haverá de perceber que Ele fará tudo
viver. Hoje, a morte está em todo lugar; tudo e todos
estão morrendo. Mas durante o Seu reino milenar
dificilmente haverá sinal de morte. Pelo contrário,
tudo e todos estarão plenos de vida.

c) Manterá a Terra Produzindo


José também manteve a terra produzindo. Deu
às pessoas não apenas comida, como também
sementes (47:19-23). No milênio, Cristo fará tudo
produzir. Na situação de hoje, pelo contrário, tudo
está rareando. Mas ao chegar o milênio, tudo na terra
será produtivo. Para produzir, precisamos ter
semente. Enquanto a comida se destina à satisfação,
a semente se destina à produção. Em Seu reinar no
milênio, Cristo não apenas dará comida às pessoas
para satisfazê-las, mas as suprirá com sementes, para
fazê-las produtivas.

d) Cuidará Especialmente de Israel


José também teve um cuidado especial por Israel
(50:21). Isso tipifica que, no milênio, Cristo terá um
cuidado especial por Israel. A função específica de
Israel na terra é testificar Deus. Embora Cristo seja
por Israel, o Israel de hoje não tem fé Nele. Os judeus
adoram a Deus, mas não têm a fé correta em Deus
por intermédio de Cristo. Pelo contrário, crêem em
Deus à sua própria maneira. Todavia, estando ou não
em descrença, Israel ainda é o testemunho de Deus,
mesmo hoje. Haverá muitas nações na terra durante
o milênio, mas apenas uma, Israel, será o
testemunho de Deus. Por isso Cristo terá um cuidado
especial com ela. Ao proporcionar Ele esse cuidado a
Israel isso indicará que Ele é totalmente pelo
testemunho de Deus. De semelhante modo, a razão
de Cristo amar a igreja é que esta é o testemunho de
Deus. Por essa razão, no milênio, Cristo satisfará a
todos, fará tudo viver, tudo produzir, e cuidará muito
bem de Israel como testemunho de Deus.
Chegamos agora à linha da vida. Quando li pela
primeira vez que José acumulou dinheiro, gado e
terra em troca de comida, eu disse: “José, você é um
ladrão. Não apenas roubou o povo, mas também
extraiu tudo deles. Tirou-lhes o dinheiro ~ gado e a
terra. Por fim, adquiriu o próprio ser deles. José, que
tipo de amo você é? “ José manteve sozinho a
subsistência, e a subsistência era a comida. Os que
queriam comida precisavam dar-lhe algo a fim de
obtê-la. Se quisessem satisfação, tinham de pagar por
ela com dinheiro, gado ou terra. Primeiramente José
“arrecadou todo o dinheiro que se achou na terra do
Egito e na terra de Canaã” (47:14). O versículo quinze
diz: “Tendo-se acabado, pois, o dinheiro, na terra do
Egito e na terra de Canaã, foram todos os egípcios a
José e disseram: Dá-nos pão; por que haveremos de
morrer em tua presença? porquanto o dinheiro nos
falta”. Quando lhe disseram isso José lhes pediu que
lhe dessem o seu gado. Assim, o povo lhe trouxe o
gado, e “José lhes deu pão em troca de cavalos, de
rebanhos, de gado e de jumentos” (47:17). Um ano
mais tarde, o povo veio novamente a ele, precisando
outra vez de comida. Dessa vez, não havia
necessidade de negociação, porque houve uma mútua
compreensão entre José e o povo. A única coisa que
restara era sua terra e eles próprios. Por isso lhe
disseram que comprasse a eles e à sua terra em troca
de pão (47:19). Por fim, no Egito, José era o único
proprietário, banqueiro e criador de gado.
José tinha o suprimento de vida, o suprimento
de comida. De acordo com o nosso conceito natural,
ele deveria simplesmente ter aberto mão disso. Mas
não deveríamos manter nosso conceito natural e
mundano ao ler a Bíblia. José tinha o suprimento de
vida, e o povo precisava dele. Precisavam fazer algo
para obtê-lo. Antes de vermos o que as pessoas
tinham de fazer, precisamos enfatizar a razão de José
tornar-se tão rico e de ter o suprimento de vida: a
causa foram todos os seus sofrimentos. Desde os seus
dezessete anos, ele começou a sofrer. Mesmo após ser
entronizado e estar no poder, ainda sofria, por estar
separado de seu pai. Como já enfatizamos na
mensagem anterior, ele tinha poder e posição para
realizar todo o necessário a fim de ter trazido seu pai
a si. Mas ele se absteve de o fazer, porque estava no
Egito para cumprir a vontade de Deus. Para que esta
se cumprisse, ele precisava sofrer. Embora fosse o
governador, sofreu até o dia em que seu pai lhe foi
trazido. Por causa de seu sofrimento teve as riquezas.
Ocorre o mesmo hoje na vida da igreja. Os que
sofrem são os que são capazes de dar aos outros o
suprimento de vida. Essa idéia se encontra no hino
referente à videira (Hino n° 635). As duas últimas
estrofes foram organizadas pelo irmão Nee:

“Não pelo ganho é nossa vida medida,


Mas pelo que se perde é que se conta;
Também não pelo vinho que se bebe,
Mas pela quantidade que se entorna.
Pela força do amor sempre ficamos
No sacrifício que sobre nós temos;
O que tem o maior sofrimento
Sempre terá mais a compartilhar.
O que é severo para consigo
Esse é o melhor para ganhar a Deus;
O que com mais amor se faz ferir
Mais pode consolar aos que têm dor.
O que jamais suporta o sofrimento
Oco 'bronze que soa' apenas é;
O que jamais poupou a própria vida
Tem gozo que a tudo há de ultrapassar”.

Se não sofrermos, nada teremos para dar aos


outros. Por passar por muitos sofrimentos,
tratamentos, cortes e quebras, a videira produz rico
vinho para satisfazer o homem. O irmão Nee
percebeu que, quanto mais sofrermos, mais temos
para dar. Sem sofrimento, tudo o que dissermos será
como címbalo que retine. Poderemos fazer barulho,
mas não haverá vida no que dissermos. Por essa
razão, como diz esse hino, nossa vida se mede, não
pelo ganho, mas pela perda. Por isso, a razão de José
ser tão rico foi que ele sofreu. Nos anos de seus
sofrimentos, acumulou riquezas.
Nos sete anos de fartura, ele acumulou cereal.
Não cuidou de seus próprios interesses. Não era
trabalho fácil armazenar todo aquele cereal. Por sete
anos, José acumulou o cereal e o armazenou em silos.
Era uma grande tarefa. Por um lado ele estava
trabalhando; por outro, sofria, por estar separado de
seu pai. Nesses sete anos, não se preocupou consigo,
mas organizou as coisas para cuidar de outros no
futuro. O que ele fez nos sete anos de fartura foi para
as pessoas. Ele fez isso renunciando aos seus
próprios interesses, renunciando ver a seu pai.
Se quisermos ser capazes de suprir de comida
aos outros, precisamos passar por um longo período
de sofrimento. José não teve todo o cereal aos
dezessete anos. Não teve o cereal até atingir os trinta
e sete anos. Em tal época, tornou-se rico, não em
poder, mas em comida e em suprimento de vida.
Ocorre o mesmo hoje na vida da igreja. Os que
são mais velhos, mais experimentados, têm o
suprimento. Repetidas vezes, o irmão Nee enfatizou
que precisamos cuidar de nossa vida física para não
morrermos em idade precoce. Em um de seus
treinamentos, ele perguntou aos treinandos qual
idade julgavam ser a mais útil. Depois chamou a
atenção para o fato de um irmão lhe dizer certa vez
que a idade mais útil é dos setenta aos oitenta anos.
Por causa disso, o irmão Nee instou com os
treinandos a que cuidassem de si, e não cometessem
suicídio gradual. Disse-lhes que dormissem bem,
comessem bem, bebessem bem e se exercitassem
bem, de modo a poderem ter uma vida longa. Aos
oitenta e cinco anos, Calebe se disse tão forte quanto
aos quarenta. As riquezas não estão com os
inexperientes. Para sermos ricos, precisamos sofrer
por um longo período. José levou vinte anos-dos
dezessete aos trinta e sete anos-para tornar-se rico.
Por fim, após muitos anos de sofrimento, a comida
estava em suas mãos. Por ter ele comida, todos os
famintos vieram a ele.
De acordo com a minha opinião, José deveria ter
sido generoso para com o povo e dizer: “Sempre que
precisarem de comida, simplesmente venham a mim,
e eu lha darei”. Quando lia Gênesis 47, ainda jovem,
pensava que José não fora generoso. Parecia-me que
ele extraíra tudo do povo. Louvo ao Senhor por
mostrar-me por que ele não foi generoso. A razão é
que o suprimento de vida não deveria ser vendido
barato. Se alguém na vida da igreja estiver disposto a
lançar mão do suprimento de vida de maneira barata,
precisamos perguntar-lhe se o suprimento de que ele
dispõe é genuíno ou não. O legítimo suprimento de
vida jamais é vendido barato. José parecia dizer às
pessoas: “Vocês querem suprimento? Se quiserem,
então precisam pagar o preço”. O conceito de
generosidade é um conceito mundano. José estava
num outro reino, onde não havia generosidade nem
escassez, mas apenas suprimento e preço. Muitos
cristãos hoje vendem barato as coisas. Mas, na
restauração do Senhor, nada é barato. Se quiser
comida, você precisa pagar o preço. Quanto maior o
preço que pagar, maior o suprimento que haverá de
receber. Alguns hoje se opõem à restauração do
Senhor. Mas bem no interior de seu coração sabem
que este caminho não está errado. Opõem-se a ele
porque o preço para torná-lo é muito elevado. Assim
sendo, tomam o caminho barato e criticam o custoso.
Não podemos receber nenhum suprimento de vida
sem um custo. José não lhes venderá a comida a
preço vil.
O povo que veio com José em busca de comida
pagou quatro tipos de preços: seu dinheiro, seu gado,
sua terra e a si próprios. Como estou feliz por ser o
registro da Bíblia tão completo! Esses quatro itens
abrangem todos os preços que precisamos pagar hoje.
Quando pagamos com nosso dinheiro, com nosso
gado, com nossas terras e com nós mesmos
recebemos todos os quatro tipos de suprimento. O
primeiro suprimento não é tão raro e precioso como
o quarto. Cada suprimento é mais precioso que o
anterior; e o último é o mais precioso de todos.
Consideremos agora o que significa o dinheiro.
De acordo com uma compreensão superficial,
dinheiro é aquilo de que dependemos. Na verdade, o
dinheiro representa conveniência. O sistema
monetário deste país é muito conveniente. À época
de José, as pessoas usavam prata. Tinham de
carregar prata consigo e precisavam pesá-la ao fazer
uma compra. Mas hoje, quando pagamos uma conta,
simplesmente preenchemos um cheque com
determinada quantia. Isso é bem conveniente.
Quando se esgota o suprimento de nossa conta
bancária entretanto, perdemos tal conveniência.
Nessa hora, podemos ficar preocupados sobre como
pagar as nossas contas. Todos gostamos de ter um
excedente em nossa conta bancária. Mas, que você
fará se tal suprimento se acabar?
Alguns não se dispõem a pagar o preço pelo
suprimento porque estão preocupados com a perda
de sua comodidade. Outros podem dizer: “Será que
eu deveria tomar o caminho da igreja? É claro que
esse caminho é bom, mas se eu o tomar, perderei
certas comodidades. Minha esposa ou meus parentes
poderão ficar descontentes comigo”. Mas quanto
mais renunciar às comodidades, mais suprimento de
vida você terá. Os cristãos de hoje, contudo,
preservam sua comodidade, mas não têm suprimento
de vida. Em muitas catedrais, capelas e templos, as
pessoas ouvem todos os domingos mensagens
relativas à comodidade. Vão a tais lugares para
ganhar mais comodidade. É-lhes muito custoso e
inconveniente tomar o caminho da restauração do
Senhor. Sim, se você tomar esse caminho, vai perder
sua comodidade, mas vai ganhar o suprimento.
O segundo item que as pessoas tiveram de pagar
pelo suprimento de comida foi o seu gado. É fácil
compreender o que o gado tipifica: simboliza os
nossos meios de vida. Os irmãos de José estavam
preocupados com seus asnos, com a possibilidade de
José encontrar alguma desculpa para lhos tomar.
Hoje você pode preocupar-se muito com seu
automóvel. Talvez você esteja com medo de que lho
roubem. Se assim for, o seu automóvel é o seu asno.
Para os formados, o seu grau universitário é o seu
asno. Para outros, sua posição é o seu asno. Mas
Cristo, o Rico, o Supridor, está aqui, e Ele não é
generoso nem mesquinho. Embora não queira extrair
nada de você, pelo seu bem Ele exige que você pague
o preço. Ele jamais venderá barato o Seu suprimento.
Após pagar com seu dinheiro, você precisa pagar com
seu gado. Somente lançando mão de seu gado é que
você receberá o segundo suprimento. Quando tanto o
nosso dinheiro como o nosso gado Lhe forem
entregues é que ficaremos descansados e em paz.
Após o nosso gado, precisamos entregar nossa
terra. A terra representa os nossos recursos. O
Senhor Jesus é um “ladrão”, que “rouba” tudo
daqueles que O amam. Ele toma o nosso dinheiro, o
nosso gado e a nossa terra. Ele pode dizer: “Dê-Me
sua terra. Não retenha suas fontes de renda sob seu
controle, mas entregue-as a Mim”. Isso não é um
ensinamento, mas uma observação do que percebi na
vida de muitos. Alguns irmãos foram capazes de
pagar com seu dinheiro, mas não com seu gado.
Outros puderam renunciar ao seu gado, mas não à
sua terra. O seu conceito era que o Senhor Jesus
sempre lhes dá as coisas, mas nunca as “rouba”. O
Senhor Jesus, porém, em Sua restauração, “rouba-
nos” tudo-o nosso conforto, os nossos meios de vida e
os nossos recursos. Se estiver disposto a dar ao
Senhor suas terras, você receberá o terceiro
suprimento.
O último item que o Senhor exige somos nós
mesmos, inclusive todos os aspectos do nosso ser. O
Senhor Jesus pedirá todas as partes de você. Ele já
lhe pediu seus ouvidos? Se já, então você não dará
ouvidos a coisa alguma que não seja Cristo. Os seus
lábios foram pedidos? Se o foram, eles então serão
usados diferentemente. Todo o seu ser foi pedido
pelo Senhor Jesus? Duvido que muitos Lhe tenham
entregue todo o seu ser. Por que ainda existem tantas
opiniões e tão pouca unidade e edificação no
cristianismo de hoje? É porque bem poucos estão
dispostos a se entregar a Cristo.
Embora tenha ouvido muitas mensagens a
respeito de consagração, você provavelmente não
ouviu uma sequer sobre o entregar-se ao Senhor.
Com referência à consagração, fomos influenciados
pela Convenção de Keswick, que seguiu a sra.
Hannah Whitall Smith, ao enfatizar a consagração
como chave de tudo. Você quer ser santo? Então deve
consagrar-se. Você quer ter suas orações respondidas
e ser vitorioso? Então precisa consagrar-se. Mas
embora seguíssemos o ensinamento de Keswick
relativo à consagração por anos a fio, descobrimos
finalmente que isso não era tudo o que se precisava
para o suprimento de vida. Veja o que aconteceu em
nosso meio, em 1948. Por causa de alguma confusão
e tempestade, o irmão Nee precisou paralisar seu
ministério por alguns anos. Alguns de nós sentimos o
encargo de que precisava ser retomado o seu
ministério, e fizemos o máximo para que isso
ocorresse; mas nada podíamos fazer para solucionar
o problema. Antes de ser restaurado seu ministério,
alguns de nós preparamos um encontro com ele em
sua casa, para um tempo de comunhão. Embora
houvesse cerca de trinta que queriam participar
daquela comunhão, o irmão Nee apenas permitiu que
eu e duas irmãs nos encontrássemos com ele. Ele não
estava disposto a vender barato o seu suprimento.
Por fim, permitiu que os outros se sentassem, para
ter comunhão numa sala anexa à sua sala de estar.
Na primeira comunhão, ninguém disse nada por um
longo período. Finalmente, incapaz de tolerar o
silêncio por mais tempo, pedi-lhe que dissesse uma
palavra sobre a situação confusa das igrejas nas
províncias de Fukien e Kwangtung. Em resposta, ele
se derramou como as Cataratas do Niágara, por mais
de uma hora. Sua palavra era plena de luz, poder e
impacto. Por mais de seis anos, ele não dissera em
público uma palavra sequer naquele distrito, embora
uns poucos tivessem entrado em contato com ele
particularmente. O compartilhar do irmão Nee
naquele dia dizia respeito a Jerusalém. (Veja o último
capítulo de 4 Palestras Adicionais sobre a Vida da
Igreja.) Quando parou de falar, ninguém disse uma
palavra. Então uma irmã acrescentou: “Por que não
tomamos a palavra do irmão Nee e a praticamos?”
Com lágrimas, todos os presentes disseram: “Amém!
Queremos praticá-la!” O irmão Nee então replicou:
“Se vocês têm a intenção de praticar esse caminho,
precisam renunciar a si mesmos e a tudo o que
possuem”. A minha ênfase ao compartilhar isso é que
precisamos entregar-nos ao Senhor. Talvez você se
tenha consagrado a Ele, mas jamais se tenha cedido a
Ele. Cristo hoje está pedindo não apenas o seu
dinheiro, gado e terra, mas também você mesmo.
4
N. do R.: Livro publicado por esta Editora.
Ao fazerem o último pagamento, o pagamento de
si próprias a José, as pessoas partilharam da porção
superior. Quando paga o primeiro, segundo e terceiro
preços, você desfruta a primeira, segunda e terceira
porções. Mas, quando paga o preço mais elevado,
você desfruta a melhor porção. Por fim, recebemos
não somente comida para satisfação, como também
semente para reprodução. Para obtermos a comida e
a semente, precisamos pagar o preço total. Antes de
nos entregarmos, precisamos abrir mão de tudo o
mais. Após dar tudo a José, o povo pôde dizer:
“Louvado seja o Senhor, pois estamos livres! Não nos
importamos com nosso dinheiro, nosso gado, nossa
terra e com nós mesmos. Apenas queremos desfrutar
o rico suprimento”. Tudo o que restou foi o deleite.
Que grande bênção é desistir de tudo por esse gozo!
Quando o Senhor Jesus vier, a terra inteira
estará submissa a um só proprietário e um só
banqueiro. Toda a terra pertencerá a Cristo, e por Ele
abriremos mão de tudo o que temos e somos. Somos
os que desfrutam, não os senhores. Àquela época, no
Egito, tudo estava debaixo da mão do único senhor.
José mudou o povo para as cidades “de uma a outra
extremidade da terra do Egito” (47:21), a fim de ter
uma boa distribuição. Não havia rico e não havia
pobre. O mesmo ocorre hoje com respeito ao
suprimento espiritual. Cristo tem as riquezas. A
quantidade dessas riquezas com que Ele é capaz de
suprir-nos depende do quanto estamos dispostos a
pagar. Se estivermos dispostos a fazer o primeiro
pagamento, então receberemos o primeiro
suprimento. Mas se estivermos dispostos a fazer os
outros pagamentos, receberemos mais suprimento.
Se fizermos o quarto pagamento, receberemos não
apenas a comida que nos sacia, mas também a
semente que produz algo para os outros. Que
maravilha!
Se estudar Gênesis 47, você perceberá que, por
fim, a terra inteira do Egito se tornou uma terra de
deleite. Não havia mais distinções entre o importante
e o plebeu, o rico e o pobre. Todo o povo se tornou
desfrutador ao mesmo nível, porque tudo e todos
estavam submissos ao mesmo senhor. Esse é um
quadro do milênio, quando não haverá capitalismo
nem socialismo. Todos estarão no mesmo nível,
porque tudo estará sob a mão do Senhor. Ele terá
comprado tudo, e terá reivindicado tudo e todos.
Realmente do Senhor é a terra e a sua plenitude (Sl
24:1, VRC).
A situação durante o milênio será muito
diferente da atual.
Antes de José chegar ao trono, o povo tinha
níveis sociais diferentes. Mas após ser ele
entronizado e achegar-se a ele o povo para obter
comida, o Egito se tornou uma prefiguração do
milênio, com todas as pessoas tendo sido niveladas.
Tudo estava submetido a um homem e lhe pertencia,
porque ele tinha as riquezas e podia pedir tudo. Deve
ser assim conosco hoje, na vida da igreja. Por haver
Cristo pedido tudo de nós, todos estamos agora no
mesmo nível, desfrutando as Suas riquezas. Todos os
pontos mencionados acima são sementes que se
desenvolvem no Novo Testamento.
José não apenas supriu de comida as pessoas,
mas também cuidou do sepultamento de seu pai
(49:29-31; 50:1-14). O sepultamento de Jacó não foi
algo simples. De acordo com Hebreus 11, Abraão,
Isaque e Jacó, todos receberam a promessa da boa
terra, mas morreram sem herdá-la. Isso é uma
indicação bem forte da ressurreição. Abraão morreu
com a esperança de ressurgir. Sem dúvida, Isaque e
Jacó tiveram a mesma concepção. Jacó morreu na
esperança de que um dia ressuscitaria para herdar a
terra. Por essa razão, encarregou José de não deixar
seu corpo no Egito, mas de o sepultar na terra de
seus pais. Jacó percebeu que a morte lhe seria um
período de sono e que, no dia da ressurreição,
haveria de ressurgir para herdar a boa terra. Esse é o
significado do seu sepultamento. O fato de José o
sepultar de acordo com o seu pedido, mostra nele a
mesma fé de seu pai. Ele também cria que haveria de
ressurgir para herdar a boa terra.
José também sustentou seus irmãos e os
consolou (50:15-21). Seus irmãos não podiam
esquecer o que lhe haviam feito e temiam que, após a
morte de seu pai, José fizesse algo para vingar-se.
José chorou ao ouvir o pedido de seus irmãos, porque
não tinha idéia de lhes fazer mal. Pelo contrário,
disse: “Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim;
porém Deus o tornou em bem, para fazer, como
vedes agora, que se conserve muita gente em vida”
(50:19-20). José também prometeu sustentá-los, a
eles e aos seus filhos. Depois os consolou e lhes falou
com bondade (50:21). Parecia dizer-lhes: “A intenção
de vocês era má, mas a de Deus era maravilhosa. Ele
teve por alvo mandar-me aqui para salvar muitas
vidas. Por favor, não fiquem aborrecidos. Agradeço-
lhes pelo que me fizeram. Vocês ajudaram Deus a
cumprir o Seu propósito”. Na vida da igreja,
precisamos deste tipo de espírito. Ainda que os
outros o ofendam, você precisa considerar que tudo o
que lhe fizerem vem de Deus. Se tomarmos tudo
como proveniente Dele, todas as ofensas se acabarão.
José consolou os que o ofenderam. Que graça ele
teve! Porquanto o ofendido podia consolar os
ofensores, estes puderam desfrutar uma vida
agradável no reino. Lembre-se, José e seus irmãos
representam o povo do reino. Por causa do excelente
espírito de José, os irmãos puderam desfrutar juntos
horas agradáveis no reino. Mas suponha que José
lhes quisesse fazer mal. Em tal caso, o reino teria sido
uma impossibilidade.
Como Jacó, José morreu na fé. Enquanto morria,
encarregou os filhos de Israel de não deixarem seus
ossos no Egito, mas de os levarem para a terra
prometida (50:22-26). Isso indica que ele esperava a
ressurreição. Ele acreditava que um dia ressuscitaria
para herdar a boa terra e ter parte em todo o gozo
que lá haveria. Aleluia pelo fim vitorioso de José! Na
consumação do livro de Gênesis, vemos Cristo, o
reino e todos os aspectos dos vencedores. Como
agradecemos ao Senhor por tudo isso!
No princípio desse livro, Deus criou o homem à
Sua imagem para expressá-Lo e lhe deu Seu domínio
para representá-Lo. Após as experiências de muitos
chamados, esse livro conclui com uma vida que, em
Jacó, por um lado, expressou Deus à Sua imagem;
em José, por outro, representou Deus com o Seu
domínio. Como isso é excelente e maravilhoso!
O que Gênesis retrata, todavia, ainda era uma
sombra na era da tipologia. À época de José, a
realidade ainda não viera. Por essa razão, nesse
sentido, Gênesis conclui com um versículo a mostrar
que José morreu e foi posto num caixão no Egito. Ele
morreu esperando a era do cumprimento, quando
participaria da realidade. Em resumo, como um todo,
o livro de Gênesis começa com a criação de Deus e
termina com a morte do homem e com o fato de este
ser posto num caixão, no Egito. A morte, o caixão e o
“Egito”-por causa da queda-são o destino do homem
caído. Por isso, ele precisa da redenção de Deus,
inteiramente revelada e prefigurada no livro
seguinte: Êxodo.

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