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ISBN 85-7304-218-4
Impresso no Brasil
I. AS TRÊS COLUNAS
A. A Coluna em Gileade
As três colunas erigidas por Jacó foram marcos
em sua existência. Dividiram sua vida em três seções.
Na primeira, Jacó experimentou o cuidado de Deus.
Desde o dia de seu nascimento ele esteve sob o Seu
cuidado. Jacó, todavia, um suplantador, um
segurador de calcanhar, pensava estar sob o seu
próprio cuidado. Por fim, percebeu que não estava
sob seu próprio cuidado, mas sob o cuidado de Deus.
Se tivesse estado sob o seu próprio cuidado, não teria
sido capaz de lidar com o seu astuto tio Labão ou
enfrentar seu forte irmão Esaú. Pelo contrário, teria
sido totalmente derrotado por Labão ou totalmente
destruído por Esaú. Mas, por estar sob o cuidado de
Deus, nem Labão nem Esaú poderiam fazer-lhe mal.
Embora ele fizesse todo o possível para cuidar de si
mesmo, gradualmente aprendeu que estava sob o
cuidado de Deus.
Lembre-se de como ele deixou Labão. Não o
deixou de maneira gloriosa; pelo contrário, temia-o e
escapou dele de maneira um pouco vergonhosa
(31:20-21). Ao fazê-lo, “Jacó logrou a Labão, o
arameu” (v. 20). Pensando ter de fugir para a sua
própria segurança, secretamente fugiu de Labão.
Mais tarde percebeu que não era protegido por sua
habilidade, mas pelo cuidado de Deus. Embora
Labão não soubesse de sua fuga senão três dias mais
tarde, ainda assim o perseguiu, até alcançá-lo (31:23).
Na véspera de o alcançar, Deus lhe disse: “Guarda-te,
não fales a Jacó bem nem mal” (31:24). Deus parecia
dizer-lhe: “Não faça nada a Jacó. Você deve deixá-lo
em Minhas mãos”. Labão não foi sábio ao transmitir
a Jacó o que Deus lhe dissera na noite anterior
(31 :29). Se não o tivesse divulgado, ele poderia ter
feito um acordo com o sobrinho. Este usou o que
Deus dissera a Labão como base para repreendê-lo,
dizendo: “Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de
Abraão, e o Temor de Isaque, por certo me
despedirias agora de mãos vazias. Deus me atendeu
ao sofrimento, e ao trabalho das minhas mãos, e te
repreendeu ontem à noite” (31:42). Enquanto
repreendia Labão, bem dentro de seu coração, Jacó
deve ter-se sentido grato a Deus por protegê-lo. Deus
foi soberano sobre todas as circunstâncias para o
bem da sua existência.
Labão então disse a Jacó: “Vem, pois; e façamos
aliança eu e tu, que sirva de testemunho entre mim e
ti” (31:44). Jacó respondeu a tal proposta, tomando
uma pedra e erigindo-a em coluna (31 :45). Embora
Labão tivesse a intenção de empilhar um monte de
pedras, Jacó erigiu uma coluna. Esta era um
testemunho do cuidado de Deus para com ele, que
chegou a ver que o seu viver estava totalmente sob o
cuidado de Deus. Erigiu então esta coluna como um
forte testemunho do cuidado de Deus para com ele.
Jacó esteve sob o cuidado de Deus por mais de
vinte anos. Embora estivesse sob a mão opressora de
Labão por tanto tempo (Labão mudou-lhe o salário
dez vezes-31:41), Deus esteve com ele o tempo todo, e
a Sua mão estava sobre ele. Portanto, ao fazer um
acordo com Labão, Jacó erigiu uma coluna para
testificar que estava sob o cuidado de Deus. Essa
coluna destinava-se à existência de Jacó. Muitos de
nós também erigimos tal coluna. Se você considerar a
sua própria experiência cristã, verá que o primeiro
estágio dela foi experimentar o cuidado de Deus.
Mesmo antes de sermos salvos, a nossa intenção era
ter o cuidado de Deus. Quando ouvimos as boas
novas do evangelho, a nossa intenção em crer no
Senhor Jesus era ter o Seu cuidado. Por muitos anos,
como Jacó, temos estado sob o cuidado do nosso Pai
celestial. No fim do primeiro estágio de nossa vida
cristã precisamos erigir uma coluna, testificando o
cuidado de Deus. Todavia, se você tem estado com o
Senhor por bastante tempo, pode ser muito tarde
para erigir tal coluna. Se assim for, você precisa erigir
a segunda coluna, a coluna de Betel.
B. A Coluna de Betel
Anos antes de erigir a coluna de Gileade, Jacó
erigira uma em Betel (28:18, 22). Ele a erigiu,
entretanto, imediatamente após ter tido um sonho.
Outra vez observamos que a biografia dele é também
a nossa. Pouco depois de termos sido salvos, ouvimos
algo sobre a casa de Deus e reagimos ao que ouvimos.
Mas tudo o que ouvimos e fizemos foi como um
sonho. Na verdade, não experimentamos a casa de
Deus. Em Gênesis 28, Jacó teve um sonho. Depois do
sonho, teve a experiência real, não da casa de Deus,
mas do cuidado de Deus. Ao final desse estágio de
sua experiência, ele erigiu uma coluna em Gileade
como marco a testificar o cuidado de Deus. Como
veremos, em nossa vida cristã precisamos de três
colunas, três marcos, sendo o primeiro a coluna a
testificar o cuidado de Deus para conosco.
Após deixar Padã-Arã e voltar à boa terra, Jacó-
não foi diretamente a Betel. Deus teve de intervir e
chamá-lo a Betel, dizendo: “Levanta-te, sobe a Betel,
e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu,
quando fugias da presença de Esaú, teu irmão” (35:1).
Isso significa que ele não tinha intenção de cumprir o
voto que fizera a Deus em Betel, vinte anos antes.
Provavelmente o esquecera. Em vez de seguir
diretamente para Betel, a fim de cumprir o seu voto,
viajou para Sucote, onde edificou uma casa para si e
abrigos para o seu gado (33:17). Mais tarde viajou
para Siquém, onde comprou um pedaço de terra e
armou suas tendas (33:18-19). Depois do problema
sério ocorrido após a violação de sua filha Diná, Deus
lhe apareceu e disse que se levantasse e subisse a
Betel. Quando chegou a Betel pela segunda vez, não
teve um sonho. Deus lhe ordenou que subisse,
habitasse lá e edificasse um altar ao Deus que lhe
aparecera quando fugia de Esaú. Em Betel, Jacó
consagrou-se, de modo a poder Deus cumprir o seu
propósito de ter Betel, a Sua casa. Lá, ele erigiu a
segunda coluna, o segundo marco em sua vida
(35:14). Como 28:22 indica, a coluna de Betel foi
chamada de “casa de Deus”. A primeira, portanto, foi
um testemunho do cuidado de Deus; a segunda, um
testemunho da casa de Deus.
Porquanto a história de Jacó também é a nossa
experiência, precisamos todos adorar ao Senhor.
Muitos de nós temos erigido colunas, tanto em
Gileade quanto em Betel. Podemos testificar não
somente o cuidado de Deus, mas também a casa de
Deus. A primeira coluna de Jacó foi um testemunho
do cuidado de Deus para com a sua existência.
Quando Jacó, um pobre suplantador, chegou à casa
de Labão, ele nada tinha, mas quando voltou à boa
terra, adquirira grandes riquezas. Tinha multidões de
pessoas e inúmeros rebanhos e manadas. Em seu
voto feito em 28:20-21, ele dissera: “Se Deus for
comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo,
e me der pão para comer e roupa que me vista, de
maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai,
então o Senhor será o meu Deus”. Em outras palavras,
ele estava na verdade dizendo: “Se o Senhor não me
der comida e vestes, e não me conduzir em paz de
volta à casa de meu pai, então não O tomarei como
meu Deus. Pelo contrário, eu me esquecerei Dele”.
Que negócio ele fez com Deus! Este, todavia, satisfez
todas as condições do seu voto, suprindo-o com
comida e vestes, dando-lhe paz, e até aumentando-o
com multidões de pessoas e rebanhos. Mas aqui, no
capítulo 35, Deus parecia dizer: “Jacó, agora você
precisa subir a Betel. Não mais deve ficar preocupado
com sua comida, seu vestir e sua paz. Você precisa
cuidar de Mim e da Minha casa. Jacó, tenho cuidado
de você há anos. A partir de agora, você precisa
cuidar de Mim”.
Muitos de nós podemos testificar que anos atrás
erigimos uma coluna em Gileade. Naquela época, o
nosso testemunho referia-se ao cuidado de Deus para
conosco. Testificávamos que o nosso Deus era fiel,
bondoso, gracioso e rico. Mas hoje o nosso
testemunho não é a primeira coluna, o testemunho
do cuidado de Deus; é a segunda, o testemunho da
casa de Deus. Poucos cristãos, todavia, cuidam hoje
da casa de Deus. Muitos estão basicamente
preocupados com suas próprias necessidades, e a
coluna que erigem é apenas um testemunho do
cuidado de Deus. Poucos, pela experiência, erigem
uma coluna que testifique a casa de Deus. Ter a
coluna do cuidado de Deus sem a coluna da casa de
Deus não é normal. Como Jacós de hoje, precisamos
erigir a segunda coluna para a edificação de Deus.
Louvado seja o Senhor porque muitos de nós têm
agido assim. Em nossa vida cristã, não temos apenas
o primeiro estágio, o cuidado de Deus; mas também
temos a segunda seção, a casa de Deus. Precisamos,
todavia, seguir viagem, e erigir a terceira coluna.
II. A TORRE
Após erigir a terceira coluna, “partiu Israel e
armou a sua tenda além da torre de Eder” (35:21).
Em hebraico, Eder significa “rebanho”. Em Miquéias
4:8, a mesma expressão hebraica é traduzida como
“torre do rebanho”. Aqui, na torre de Eder, algo
profano, vergonhoso e imoral aconteceu a Jacó: seu
filho, Rúben, cometeu adultério com a concubina do
pai. Isso não aconteceu junto da coluna, mas junto da
torre.
Creio que a torre de Eder, a torre do rebanho,
indica facilidade de vida. Jacó possuía muitos
rebanhos. Ao passar pela torre de Eder, deve tê-la
considerado um bom local para descansar. Ao invés
de continuar rumo a Hebrom, seu destino,
permaneceu ao lado da torre de Eder. Isso indica que
ele chegou a um lugar onde podia gozar uma vida
fácil. Enquanto desfrutava essa vida fácil, algo
pecaminoso ocorreu. O pecado, principalmente o
pecado do adultério, sempre aparece quando estamos
à vontade. O fato de Rúben cometer adultério com a
concubina do pai naquele lugar significa que Jacó
não deveria ter permanecido lá, mas deveria ter
seguido viagem diretamente para Hebrom. Se não
armasse sua tenda ao lado da torre de Eder, tal coisa
maligna provavelmente não ocorreria.
Embora houvesse erigido três colunas, não havia
necessidade de construir a torre de Eder, porque esta
já estava lá, de pé, como um engodo. Enquanto, em
seu caminho, você segue o Senhor, sempre haverá
nas proximidades uma torre para enganá-lo, A
maneira de escapar dessa cilada é não parar nem
olhá-la. Ao invés de armar sua tenda ao lado da torre
de Eder, você deve passar de largo. Não importa em
que estágio da vida cristã estejamos, sempre haverá
uma torre a fascinar-nos. A facilidade de vida sempre
é uma tentação para os que seguem o Senhor Jesus.
Todo o que segue o Senhor percebe que sua
destinação final é um longo caminho. Porquanto a
jornada é muito longa, você espera encontrar um
lugar de descanso à beira da estrada. Mas sempre que
chegar a uma torre de rebanho, você não deve
considerá-la como lugar de descanso-é um engodo.
Passe de lado e prossiga. Não importa quão exausto
você esteja por seguir o Senhor, ainda precisa dizer:
“Senhor, ajuda-me. Não quero descansar em torre
alguma. Toda vez que chegar a uma torre, fugirei dela.
Jamais a tomarei como lugar de descanso”. Se agir
assim, você será protegido e salvo desta armadilha.
O desejo do coração de Jacó era tomar Raquel
por esposa. Se Deus não interviesse por meio de
Labão, ele imediatamente teria conseguido o seu
intento. Em tal caso, quem quer que Raquel gerasse
tena SIdo o pnmogeruto de Jacó. Deus, todavia,
interveio e, em certo sentido, forçou-o a tomar Lia
por esposa. Assim, Rúben foi na realidade o
primogênito, cabendo-lhe o direito de primogenitura.
Isso, todavia, era contrário ao desejo do coração de
Jacó e não lhe pareceu justo. Assim, enquanto este
gozava da facilidade de vida junto da torre de Eder,
Rúben cometeu adultério com a concubina do pai.
Tal ato maligno levou-o a perder o seu direito de
primogenitura (49:3-4). O Primeiro Livro de
Crônicas 5:1-2 indica claramente que o direito de
primogenitura foi dado a José. Percebemos aqui o
ajuste soberano de Deus quanto ao direito de
primogenitura: Rúben o perdeu por causa de sua
profanação, e José o ganhou por causa de sua pureza
(39:7-12). Quando a esposa de Potifar o tentou, para
que com ela cometesse adultério, José recusou.
Porque se manteve puro, ganhou o direito de
primogenitura perdido por Rúben devido à sua
impureza junto à torre de Eder. Portanto, até mesmo
o erro de Jacó foi usado por Deus para ajustar o
direito de primogenitura. Louvado seja o Senhor pelo
erro que acarretou o ajuste do direito de
primogenitura! Mas jamais use tal fato como
desculpa para dizer: “Façamos o mal, para que venha
o bem”. Pelo contrário, precisamos inclinar-nos e
adorar a Deus por Sua soberania.
O Deus soberano, sendo justo e reto, não deu a
José todas as três partes do direito de primogenitura.
Deu-lhe o gozo da porção dobrada da terra, mas deu
o sacerdócio ao terceiro filho de Lia: Levi, e a realeza
ao seu quarto filho: Judá (49:10; 1 Cr 5:2; Dt 33:8-
10). Levi recebeu o sacerdócio por sua fidelidade a
Deus (Dt 33:9) ; Judá obteve a realeza por seu amor
para com seus irmãos e seu cuidado para com seu pai
(37:26; 43:8-9; 44:14-34). Nisso vemos a soberania
de Deus. Ele está atrás de tudo e de todos. Quando
vemos esse quadro e percebemos como tudo nele se
encaixa temos de adorar a Deus. Aleluia, estamos sob
Sua mão!
A biografia de Jacó é a nossa história. Na vida
dele houve três colunas e uma torre. Também
teremos essas três colunas e uma torre. Posso
testificar que experimentei todas essas coisas. Creio
que, à medida que passarem os anos, muitos de nós
se lembrarão desta mensagem. Graças ao Senhor
pelas três colunas e pela torre.
MENSAGEM NOVENTA E DOIS
e. Sendo Amadurecido
A BÊNÇÃO
Como já enfatizamos várias vezes, o livro de
Gênesis é um livro de sementes. Quase todo item
desse livro é uma semente que se desenvolve nos
livros subseqüentes da Bíblia. Isso também é verdade
com relação à bênção. Nesta mensagem, outro
parêntese em nosso Estudo-Vida, consideraremos a
semente da bênção plantada em Gênesis e o seu
desenvolvimento no Velho e Novo Testamentos.
I. O PRINCÍPIO DA BÊNÇÃO
Hebreus 7:7 diz: “Evidentemente, é fora de
qualquer dúvida, que o inferior é abençoado pelo
superior”. Neste versículo vemos o princípio da
bênção: o maior abençoa o menor. Ser maior ou
menor não é apenas uma questão de idade. É uma
questão da medida de Cristo. Somos maiores ou
menores, de acordo com a nossa medida de Cristo.
Em Mateus 11:11, o Senhor Jesus disse: “Em verdade
vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista; mas o menor no
reino dos céus é maior do que ele”. O Senhor Jesus
aqui diz que João Batista era maior que todos os que
o precederam. Todavia, o menor no reino dos céus é
maior do que João. A razão de ele ser maior do que
os seus antecessores era que ele estava muito
próximo de Cristo. Ainda que Abraão fosse grande,
ele não viu a Cristo. João Batista, todavia, viu-O. Mas
embora estivesse tão perto de Cristo, João não teve
Cristo em si. Os do reino dos céus não estão apenas
próximos de Cristo, mas O têm dentro de si. Por essa
razão, o menor no reirío dos céus é maior que João.
Os maiores do Antigo Testamento podiam dizer que
Cristo estava vindo, mas João Batista podia dizer que
Ele estava diante de si. Mas todos nós, no reino dos
céus, podemos dizer que Cristo está dentro de nós.
Podemos até dizer: “Para mim o viver é Cristo” (Fp
1 :21). Desse modo, estamos mais próximos de Cristo
do que João Batista e todos os que o antecederam.
O sermos maiores ou menores depende da nossa
medida de Cristo. Se tem muito de Cristo, você é
maior. Se tem pouco Dele, você é menor. Se, por ter
mais de Cristo, somos maiores que outros, então
estamos qualificados a abençoá-los, porque o maior
sempre abençoa o menor. A razão disso é que o
maior tem uma medida maior de Cristo para dar aos
outros. Se é maior que eu, significa que você tem uma
porção maior de Cristo para ministrar-me. Se assim
for, então você terá algo mais de Cristo para
ministrar a mim. Abençoar os outros significa
ministrar-lhes Cristo. Os que têm apenas uma
pequena medida de Cristo precisam da bênção dos
que têm uma medida maior. Nós os abençoamos com
o próprio Cristo de quem participamos e em quem
temos gozo. Se desfrutarmos muito de Cristo,
teremos então mais Dele para ministrar aos outros.
Esse ministrar de Cristo é a bênção.
V. A BÊNÇÃO DO APÓSTOLO
Em 2 Coríntios 13:13, o apóstolo Paulo também
apresenta um padrão de bênção. Esse versículo diz:
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.
Vimos que um sacerdote conduz as pessoas a Deus.
Um apóstolo, todavia, traz Deus às pessoas. Ele vem
às pessoas com Deus. Em 2 Coríntios 13:13,
observamos uma visitação graciosa do Deus Triúno.
Na bênção do apóstolo Paulo, o Deus Triúno vem às
pessoas para o gozo delas. Esse gozo é o amor de
Deus como graça de Cristo, pela comunhão do
Espírito Santo. Amor, graça e comunhão não são três
coisas separadas, mas três aspectos ou estágios de
uma única coisa. São os três estágios de Deus que se
destina ao nosso gozo. O amor é interior, a graça é o
amor expresso, e a comunhão é a transmissão da
graça para o nosso interior. O amor está dentro do
próprio Deus. Quando tal amor é expresso, isso é
graça, e esta é transmitida na comunhão. Posso amar
determinado irmão, mas esse amor está dentro de
mim. Como pode ser ele expresso? Posso expressá-lo
dando ao irmão uma Bíblia. Esta Bíblia representa a
graça como expressão do amor que tenho dentro de
mim para com ele. Para comunicar-lhe essa graça,
preciso realmente dar-lhe a Bíblia. Isso é comunhão.
No Antigo Testamento, a idéia básica sobre
bênção era introduzir pessoas à presença de Deus.
No Novo Testamento porém, o apóstolo, vindo com
Deus, não apenas introduz as pessoas à presença de
Deus, mas também traz Deus para o interior delas.
Há uma grande diferença entre o padrão da bênção
dos sacerdotes do Antigo Testamento e o padrão da
bênção do apóstolo do Novo Testamento. A bênção
do Novo Testamento é muito mais elevada e
profunda. Por um lado, abençoar os outros significa
introduzi-los à presença de Deus; por outro, significa
trazer Deus para o interior deles, como amor, graça e
comunhão.
Todos os cristãos estão familiarizados com a
palavra bênção. Há um hino que até diz: “Conte as
Suas bênçãos, nomeie-as uma a uma”. Sem dúvida,
de acordo com o conceito expresso nesse hino, a
bênção significa conseguir uma boa esposa, filhos,
educação, promoções, casas e carros. De acordo com
esse hino, tais são as bênçãos que deveríamos contar
uma a uma. Há mais de trinta e cinco anos eu
costumava cantá-lo nas últimas horas de cada ano.
Reunia algumas pessoas e lhes dizia: “Contemos as
bênçãos do ano que passou, uma a uma”. Mas de
acordo com a Palavra pura, a bênção é muito
diferente disso. De acordo com o padrão legado pelo
Antigo Testamento e o padrão fornecido pelo
apóstolo no Novo Testamento, a bênção correta
significa introduzir as pessoas à presença de Deus e
trazer Deus para dentro delas, como graça, amor e
comunhão, de modo a poderem desfrutar o Deus
Triúno: Pai, Filho e Espírito. A bênção, portanto, é
uma questão de desfrutar o Deus Triúno.
A TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE
PRIMOGENITURA NA BÍBLIA
Gênesis é um livro de sementes. Nesta
mensagem, um parêntese em nosso Estudo-Vida,
consideraremos outra dessas sementes: a semente da
transferência do direito de primogenitura.
Talvez você jamais tenha imaginado que o
direito de primogenitura pudesse ser transferido. Ele
se constitui em porção especial do primogênito. Em
quase todos os povos, principalmente nos tempos
antigos, o primogênito da família herdava uma
porção especial. Entre os antigos judeus, tal
privilégio era geralmente representado por uma
porção dobrada de terra. De acordo com a Bíblia em
seu conjunto, o direito de primogenitura inclui a
porção dobrada de terra, a realeza e o sacerdócio. O
sacerdócio conduz as pessoas a Deus, e a realeza traz
Deus às pessoas. O livro de Gênesis revela que esse
direito de primogenitura pode ser transferido do
primeiro filho para o segundo. Nesse livro há pelo
menos quatro casos de transferência: de Esaú para
Jacó (25:22-26, 29-34) ; de Zerá para Perez (38:27-
30) ; de Rúben para José (49:3-4; 1 Cr 5:1) ; e de
Manassés para Efraim (48:12-20).
Posteriormente, no Novo Testamento, o direito
de primogenitura é transferido de Israel para a igreja.
Em Lucas 15, o Senhor Jesus indica, por meio da
parábola do filho pródigo, que os publicanos e
pecadores são como o segundo filho, e os fariseus,
justos em si mesmos, são como o primeiro (Lc 15:1-2,
11, 25-28). Em Mateus 21:28-32, todavia, o Senhor
transfere o direito de primogenitura dos judeus para
os publicanos e meretrizes. O Senhor revela aqui que
os publicanos e meretrizes são como um filho
primogênito, que a princípio não obedeceu à palavra
de seu pai, mas posteriormente se arrependeu e lhe
obedeceu. O Senhor depois compara os fariseus ao
segundo filho, que se propôs a cumprir a palavra do
pai, mas na verdade não lhe obedeceu. No princípio,
os judeus erain o primeiro filho. No início do
ministério do Senhor, eles ainda eram o primeiro.
Mas no fim do Seu ministério o Senhor Jesus
transferiu o direito de primogenitura dos judeus para
a igreja. A Sua palavra, em Mateus 21:28-32, foi
proferida no fim de Seu ministério. Em tais
versículos, o Senhor comparou os publicanos e as
meretrizes ao primogênito. A igreja se compõe de
pecadores redimidos e regenerados. Na economia de
Deus, são eles os que receberam o direito de
primogenitura. Por isso Hebreus 12:23 fala da igreja
dos primogênitos.
a) Conhecer Deus
Para profetizar com bênção, precisamos
preencher quatro requisitos. O primeiro é conhecer
Deus, o desejo do Seu coração e o Seu propósito.
Deus, o Seu desejo e o Seu propósito são todos
revelados na palavra de Jacó nesse capítulo. Os
outros livros do Antigo Testamento e todo o Novo
Testamento são o desenvolvimento de Gênesis 49.
Em outras palavras, quase toda a Bíblia é o
desenvolvimento da palavra dita por Jacó nesse
capítulo. Que palavra elevada e profunda! Esse
capítulo é uma semente muito rica, uma semente que
experimenta um desenvolvimento maravilhoso na
seqüência das Escrituras. Para falar tal palavra
precisamos conhecer Deus, Seu coração e Seu
propósito.
b) Conhecer as Pessoas
O segundo requisito é conhecer as pessoas,
conhecer a situação real de cada pessoa envolvida.
Você pode pensar que, por ser fácil a um pai
conhecer seu filho, foi fácil a Jacó conhecer seus doze
filhos. Todavia, freqüentemente, é muito difícil aos
pais conhecer realmente seus filhos. Muitas vezes
conhecemos nossos filhos de maneira cega, como
Isaque conhecia Jacó. Assim também, nós, pais,
conhecemos nossos filhos; mas, na verdade, não
sabemos nem quem são eles, nem onde estão. Mas
Jacó teve uma compreensão global de seus filhos.
Qualquer situação, condição ou problema oculto,
tudo estava claro à sua vista. De semelhante modo, se
formos proferir tal palavra na igreja, precisaremos
conhecer a igreja, os presbíteros e todos os irmãos e
irmãs. Isso não é fácil. Embora nos reunamos dia
após dia, é provável que eu não os conheça muito
bem. Embora me tenha reunido com os presbíteros
há muito tempo, ainda posso não conhecê-los muito
bem. Não devemos conhecer as pessoas de acordo
com a nossa compreensão mental; pelo contrário,
precisamos conhecê-las segundo o espírito. Gênesis
49 indica que Jacó tinha uma compreensão correta
de seus filhos. Conhecia-lhes as ações, a situação e a
condição. Jacó era um especialista em conhecer as
pessoas. Tinha um Raio X espiritual. Enquanto
profetizava com bênção, esse Raio X celestial lhe
trazia à vista, clara como cristal, a situação de cada
filho. O seu conhecimento de seus filhos se expressa
em sua breve palavra sobre cada um deles.
c) Ter as Riquezas
Embora possamos conhecer Deus, Seu coração e
Seu propósito, e embora conheçamos a situação dos
outros, ainda não seremos capazes de abençoá-los se
formos pobres. Determinado irmão amado pode ser
puro, absoluto por Deus e digno de uma rica bênção.
Entretanto, se eu for pobre, que bênção poderei
proporcionar-lhe? Espiritualmente falando, poderei
ter apenas dez centavos e poderei precisar guardar
dois centavos para mim. Assim, poderei dar-lhe
apenas uma bênção de oito centavos. Jacó, todavia,
estava cheio de riquezas. Porque não lhe faltavam
riquezas, ele podia abençoar os outros. Na verdade, a
capacidade dos que receberam sua bênção estava
bem longe de esgotar-lhe todas as riquezas.
5) Sobre Rúben
7) Sobre Judá
Ao considerarmos esses versículos, precisamos
ficar impressionados com o fato de que, no primeiro
grupo, formado por Rúben, Simeão e Levi, Cristo
ainda não aparece. Não O vemos em Rúben, em
Simeão, ou em Levi. O que vemos em Levi é o ser
absoluto, desesperado e fiel. Foi por essas
características que o Senhor lhe concedeu o
sacerdócio. Embora Levi tivesse o sacerdócio com o
Urim e o Tumim, não vemos Cristo nele. Somente em
Judá é que Cristo aparece. Judá prefigura Cristo. Na
verdade, podemos até substituir o nome de Judá por
Cristo nesta profecia. Embora Jacó tivesse doze filhos,
Cristo proveio somente de Judá. Em Apocalipse 5:5,
Ele é chamado “Leão da tribo de Judá”. Assim, por
provir de Judá, Cristo pertence a Judá. Para
compreendermos os versículos 8-12, precisamos
aplicá-los a Cristo e substituir o nome de Judá por
Cristo.
Todos podemos testificar, pela nossa experiência,
que anteriormente éramos Rúbens. Você não foi um
Rúben pecador antes de ser salvo? Você não foi,
como Rúben, alguém fervendo em lascívia? Fomos
também Simeões, naturais e saturados da disposição
natural. Tudo o que fazíamos estava de acordo com a
nossa lascívia e a nossa disposição. Mas louvado seja
o Senhor porque fomos salvos e nos tornamos um
Levi! Estamos agora qualificados para entrar na
presença de Deus e, com o Urim e o Tumim, receber
a visão e a revelação de Deus. Além disso, como
sacerdotes, podemos conduzir os outros à presença
de Deus e conhecer a mente do Senhor a respeito
deles. A sua experiência não se assemelha a essa?
Embora possa ser o menor entre os santos, cada dia
você entra na presença do Senhor. Enquanto fica na
Sua presença, você sente algo brilhando e iluminando
seu interior. Isso é o Urim e o Tumim. Às vezes você
conduz os outros ao Senhor e ora por eles. Talvez
você diga:-ó Senhor, lembra-Te de meu pai, do meu
cunhado e da minha cunhada”. Isso é o sacerdócio.
Nem Rúben nem Simeão tiveram uma função como
esta; somente Levi. Nós também a temos hoje. Não
somos mais Rúbens nem Simeões; pelo contrário,
somos os Levis de hoje.
Entretanto, embora eu tenha sido um Levi há
anos, posso testificar que tive pouca experiência de
Cristo. Por isso, além da experiência de Levi,
precisamos da experiência de Judá, isto é, da
experiência de Cristo. É bom estar na presença do
Senhor para receber iluminação, revelação e visão; e
é bom conduzir os outros à Sua presença. Todavia,
ainda precisamos de Cristo como um leãozinho,
como o Leão da tribo de Judá. Você alguma vez já O
experienciou como um leão forte? Como leãozinho,
Cristo visa ao combate, para colocar Suas garras na
cerviz dos Seus inimigos. Colocar as garras na cerviz
dos nossos inimigos significa derrotá-los, subjugá-los
e ter vitória sobre eles.
a) Louvado e Adorado por Seus Irmãos
O versículo oito diz: “Judá, teus irmãos te
louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus
inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti”.
Lemos aqui que os irmãos de Judá o louvarão e que
os filhos de seu pai se inclinarão diante dele. Isso
significa que os irmãos de Judá o louvarão e adorarão
por sua vitória. Isso, na verdade, refere-se a Judá ou
a Cristo? Refere-se a Cristo. Assim, mais uma vez,
digo que podemos substituir Judá por Cristo, e
declarar: “Cristo, Teus irmãos Te louvarão, e os filhos
de Teu Pai se inclinarão a Ti”.
d) Ter Siló
Essa autoridade continuará até que Siló venha. A
palavra Siló significa “Pacificador”. A maioria dos
mestres da Bíblia concordam que Siló refere-se a
Cristo em Sua segunda vinda. Quando vier pela
segunda vez, Ele chegará como o Príncipe da Paz,
como o Pacificador. Nessa época, a terra toda estará
cheia de paz.
O versículo dez também diz: “E a ele obedecerão
os povos”. Os povos aqui equivalem às nações. Na
segunda vinda de Cristo, todas as nações se
submeterão a Ele e Lhe obedecerão. Isaías 2:1-3 e
11:10 indicam que, a partir do princípio do milênio,
na segunda vinda do Senhor, todas as nações
obedecerão a Cristo. Elas virão a Ele para receber as
instruções de Deus.
A. A Vitória de Cristo
B. O Reino de Cristo
c. Regozija-se em Sair
Centenas de anos após Jacó haver proferido a
bênção profética registrada em Gênesis 49, Moisés,
um velho legislador, afirmou: “Alegra-te, Zebulom,
nas tuas saídas marítimas” (Dt 33:18). A saída
mencionada neste versículo refere-se ao navegar. A
palavra de Moisés, assim, corresponde à palavra de
Jacó. Este comparou Zebulom a navios, que
certamente se destinam a saídas; e Moisés disse a
Zebulom que se alegrasse em suas saídas. Se sairmos
para a pregação do evangelho, rejubilar-nos-emos. A
pessoa mais cheia de júbilo e alegria é o pregador do
evangelho. Se você for um navio navegando pelo
poder do vento celestial, haverá de ficar feliz, jubiloso
e fora de si de alegria. Depois de Judá, aparece
Zebulom com a pregação do evangelho. Aleluia!
temos Judá como os quatro Evangelhos e Zebulom
como o livro de Atos!
A. Descansando na Igreja
Issacar é comparado a um jumento forte, de
repouso entre os rebanhos de ovelhas (49:14). A
menção do jumento no versículo catorze liga-o ao
onze, que fala de amarrar o jumento à vinha. Assim,
o jumento liga Issacar a Judá. Em Judá, no
evangelho, temos o jumento ligado a Cristo, a videira;
em Issacar, na vida da igreja, temos o jumento forte
deitado entre os rebanhos de ovelhas. Em Gênesis 49,
“deitar” significa “descansar com satisfação”. Após
agarrar Sua presa e desfrutá-la, Cristo, o leãozinho,
se deita, descansando satisfeito. Aqui, no versículo
catorze, temos um jumento forte repousando entre os
rebanhos. Em Judá, somos jumentos jovens; mas
aqui, em Issacar, somos jumentos fortes. Estes
jumentos fortes não estão trabalhando nem viajando,
mas deitados. Quando entrou para a vida da igreja,
você era, provavelmente, um jovem jumento. Mas,
agora, após muitos anos na igreja, você pode ser um
forte jumento deitado.
Veja que este jumento deitado não descansa “nos”
rebanhos de ovelhas, mas descansa “entre” os
rebanhos. Toda denominação e religião é um aprisco.
Hoje, não estamos descansando em nenhum aprisco
denominacional; pelo contrário, descansamos fora
dos apriscos. No capítulo dez de João, o Senhor
deixou claro que o judaísmo era um aprisco a
prender o rebanho de Deus, e que Ele entrou nesse
aprisco com o propósito de guiar o rebanho para fora
dele. Em João 10:16, o Senhor disse: “Ainda tenho
outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá
um rebanho e um pastor”. Aleluia, esse jumento
deitado não repousa “em” nenhum aprisco, mas
“entre” os rebanhos. Embora não esteja muito longe
dos apriscos, ele não está em nenhum deles. Esta é
exatamente a nossa situação hoje. Não estamos
muito longe dos apriscos denominacionais; estamos
entre eles.
Você pode estar imaginando como um jumento
haveria de estar entre os rebanhos de ovelhas. Em
certo sentido, somos ovelhas do rebanho; mas, de
acordo com o nosso homem natural, todos somos
jumentos. Muitas vezes, fico muito feliz comigo
diante do Senhor, e O louvo, dizendo: “Senhor, eu Te
agradeço por estar na Tua igreja. Sou uma das muitas
ovelhas do Teu rebanho”. Todavia, outras vezes,
olho-me e digo: “Você não se parece com uma ovelha.
Provavelmente, você é um jumento, um cavalo ou
uma vaca. Às vezes, até se parece com um búfalo”. À
noite, quando todo o seu trabalho se acaba e se senta
quieto na presença do Senhor, você pode dizer:
“Senhor, como Te louvo e Te agradeço por estar no
Teu rebanho”. Mas, ao mesmo tempo, pode olhar
para si mesmo: “Pobre de mim, não me pareço com
uma ovelha. Pareço-me com um cavalo ou uma vaca”.
De acordo com a nossa natureza, nenhum de nós é
uma ovelha; pelo contrário, somos jumentos, cavalos,
vacas ou búfalos. Todavia, somos também os
transformados. Embora eu seja um chinês típico, fui
transformado. Nasci chinês, mas tornei-me um
cristão mediante a regeneração. Pela origem, eu era
um jumento; mas, pela regeneração, sou agora uma
ovelha descansando entre as denominações. Assim,
somos um rebanho de jumentos transformados, que
descansa entre os apriscos. Admitimos que não
nascemos ovelhas. Todavia, hoje, somos o rebanho a
descansar entre os apriscos.
Quando se deitou entre os apriscos, Issacar “viu
que o repouso era bom” (49:15). Todos temos visto
isso. Que bom descanso existe entre os apriscos! Tal é
o descanso na vida da igreja, que significa cessar o
nosso labor e descansar em Cristo (Mt 11 :28).
Enquanto aqui repousamos, percebemos que este
descanso é bom.
IV. A CONSUMAÇÃO
9) Sobre Dã
I. A APOST ASIA DE DÃ
I. FRUTÍFERO
II. VITORIOSO
III. CONFIANDO
Gênesis 49:24 também fala do Pastor, da Pedra
de Israel, e o versículo vinte e cinco afirma: “Pelo
Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-
poderoso, o qual te abençoará”. Esses versículos
indicam o motivo de José e Benjamim haverem-se
tornado a consumação final e máxima: confiaram no
Poderoso de Jacó. Creram no Pastor de Israel e se
firmaram sobre a Rocha de Israel. Acreditaram no
Todo-suficiente. O equivalente no Novo Testamento
para confiar no Todo-suficiente acha-se em
Filipenses 4:13, que diz: “Tudo posso naquele que me
fortalece”. O equivalente ao Pastor de Israel
encontra-se em 1 Pedro 5:4, que diz que Cristo, o
Supremo Pastor, haverá de se manifestar. Por fim, o
equivalente no Novo Testamento à Pedra de Israel é
visto no próprio Cristo, a Rocha da igreja. A Primeira
Epístola aos Coríntios 10:4 diz: “E beberam da
mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma
pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”.
Na bênção profética de Jacó sobre José vemos
que a frutificação e a vitória deste saíram de sua
confiança no Senhor. Se quisermos ser os Josés e os
Benjamins de hoje, precisamos ser os que confiam no
Poderoso, no Pastor de Israel, na Rocha da igreja e
no Todo-suficiente. A minha consciência testifica que
sem confiar no Senhor, nada posso fazer. Se não oro
a respeito de tudo o que faço em Sua restauração, não
tenho paz. Oro por tudo o que faço em Sua
restauração, oro até ter paz e certeza. Antes de liberar
uma mensagem, oro por ela até estar totalmente
inspirado e fortalecido. A vida de José é uma vida de
confiança, uma vida que confia em Deus para o seu
viver. Esse é o segredo da sua frutificação e da sua
vitória.
Embora a linguagem poética seja econômica,
Jacó, sem dúvida, utilizou títulos diferentes para o
Deus que é digno de nossa confiança: “O Poderoso”,
“o Pastor”, “a Pedra”, “o Todo-suficiente” e “o Deus
de teu pai”. Não somos a primeira geração a confiar
em Deus; pelo contrário, somos uma das últimas.
Vemos o testemunho da confiança dos nossos
antepassados em seu Deus, e agora o seu Deus
tornou-se o nosso Deus. Assim, seguimos os seus
passos, para confiar em seu Deus, que é o Poderoso,
o Todo-suficiente, o Pastor, a Rocha e o Fundamento.
Aleluia! estamos permanecendo e confiando Nele!
Somos, portanto, frutíferos e vitoriosos.
MENSAGEM CENTO E SEIS
IV. ABENÇOADO
B. Com o Orvalho
José também foi abençoado com o orvalho (Dt
33:13). Este é uma bênção ainda mais refinada do
que a chuva e a neve. A Bíblia o utiliza para descrever
o favor misericordioso de Deus (Lm 3:22-23). Isso
indica que algo dos céus está sempre descendo sobre
nós. Parece não ser muito forte nem ousado; é fino e
suave, chegando mansa e gradativamente. Isto é o
orvalho. O Salmo 133 diz que a bênção sobre a
unidade dos irmãos é como o orvalho do Hermom,
que desce sobre os montes de Sião. O monte
Hermom, ao norte do monte Sião, é bem mais alto do
que este último. O orvalho do Hermom, para descer
sobre Sião, tem de ser por meio de um forte vento do
norte. O orvalho vem do norte. Não pense que só a
neve vem do norte; o orvalho também vem da mesma
direção. Às vezes, o Pai nos envia chuva; outras vezes,
envia neve; muito mais freqüentemente, porém, Ele
nos envia o orvalho. Todas as manhãs, a Sua
misericórdia é como o orvalho. Essa é a razão por que
precisamos manter a oração matinal. Se você não for
à oração matinal, perderá o orvalho. Depois que o sol
se levanta, o orvalho desaparece. Se quiser desfrutar
o orvalho, você precisa levantar-se cedo. Esse orvalho
não é tão frio, penetrante e problemático como a
neve. Ele vem dos céus, por força do sopro do vento
norte. Mas quando ele vem, chega suave, tranqüila e
gradativamente. Se considerar sua experiência, você
perceberá que já teve alguma experiência do orvalho.
Esse orvalho que vem sobre nós molha-nos um pouco
de cada vez. Como ele é suave e fino!
V. HABITANDO
1) Um Pastor
Esse aspecto perfeito é um pastor. José, assim
como Abel, era um pastor (37:2). Isso tipifica o
aspecto da formação de Cristo na vida madura, que é
a vida de pastorear, para cuidar dos outros. No
capítulo 37, José não apenas alimentou e pastoreou o
rebanho; embora fosse o penúltimo filho, ele foi
enviado por seu pai para apascentar seus irmãos.
Assim, ele não somente pastoreou o rebanho do pai,
como também os filhos de seu pai. O Senhor Jesus
também veio como um pastor (Jo 10:11).
Embora possa ser novo na vida da igreja, você,
todavia, tem a constituição de Cristo dentro de si. Ele
foi constituído em seu interior, e isso se toma a
constituição de Cristo em sua vida espiritual. É isso o
que lhe propicia o encargo de cuidar dos outros. Isso
é pastorear. A constituição de Cristo em nossa vida
espiritual tem um aspecto de pastorear. É vão
encorajar as pessoas a pastorear os outros. Quanto
mais eu o encarregar de pastorear os outros, menos
você o fará. Pastorear não é uma questão de
instigarmos os outros a fazer algo, mas é algo da
constituição de Cristo em nosso interior. A parte do
nosso ser que foi constituída de Cristo é a parte que
pastoreia os outros. Tenho plena confiança em tal
parte no interior de vocês. Não podemos pastorear
ninguém, mas o Cristo constituído dentro de nós é o
Pastor.
O aspecto reinante é, primeiramente, o aspecto
do pastorear. Se não tiver o encargo de pastorear os
outros e de alimentá-los, você jamais será capaz de
reinar. A autoridade real advém da vida que
pastoreia. Por fim, José reinou sobre seus irmãos.
Mas não reinou sobre eles enquanto não os pastoreou.
Ele foi enviado pelo pai para pastoreá-los e alimentá-
los. De semelhante modo Jesus veio, não como um
Rei a governar sobre os outros, mas como um Pastor.
Como Pastor, Cristo foi morto por Seu próprio
povo. Isso é revelado em João 10, onde lemos que o
bom Pastor dá Sua vida pelas ovelhas. Jesus veio
como o Pastor e foi morto, dando Sua vida por Seu
rebanho. Em princípio, o mesmo aconteceu com José
no capítulo 37. Embora fosse enviado para
apascentar seus irmãos, estes quase o mataram. Ele
deu sua vida para executar esse tipo de pastorear. É
bom termos uma vida de pastorear em nosso interior.
Mas se for pastorear os outros, você precisa estar
pronto para ser morto por aqueles de quem você
cuida. As mesmas pessoas que você deseja pastorear
não gostarão de seu pastorear; pelo contrário, elas o
matarão. Poderão considerá-lo um estranho, alguém
especial, e poderão vir a chamá-lo de irmão “santo”.
Muitos já me disseram: “Irmão Lee, se eu ficasse
isolado e não amasse a igreja e não cuidasse dos
santos, não teria problemas. Mas quando começo a
amar a igreja e cuidar dos santos, eles me matam”.
Eles o matam porque você os apascenta.
2) O Amado do Pai
José, O que tinha o aspecto apascentador, era
também o amado do pai (37:3-4). De semelhante
modo, Cristo era o Filho amado do Pai (Mt 3:17; 17:5).
Somente aquele nosso aspecto que é constituído de
Cristo, é amado aos olhos de Deus. Louvado seja o
Senhor, porque temos a constituição de Cristo em
nosso interior! Essa parte de nós é amada pelo Pai.
Você pode testificar que, às vezes, teve a profunda
sensação de que o Pai estava presente com você e que
você podia senti-Lo dizer: “Este é o Meu amado”. As
palavras ditas sobre o Senhor Jesus em Seu batismo e
no monte da transfiguração também foram ditas a
você. Você teve a profunda sensação de que Deus Pai
se fazia presente. Sempre que tem essa sensação, isso
prova que você tem a constituição de Cristo, a qual é
agradável ao Pai. Dessa parte de seu ser, o Pai
sempre dirá: “Este é o Meu amado”.
Embora possa ser jovem no Senhor, creio que já
experimentou Deus Pai, no céu, estando muito feliz e
contente com você. Todavia, agora, você pode não
estar feliz consigo, meditando sobre suas próprias
falhas e erros. A razão disso é que temos duas
constituições: a de Cristo e a do velho Adão. Quando
está na constituição de Cristo, você pode ouvir uma
voz celestial, a dizer: “Este é o Meu amado”, porque
Deus Pai está contente com você. Mas quando está na
velha constituição, na constituição de Adão, nem
você está contente consigo. Pelo contrário, odeia tal
aspecto do seu ser. José representa a própria
constituição de Cristo na vida madura de Israel,
aquela parte que é chamada pelo Pai de “Meu
amado”.
d) Realmente Pecaminosos
Embora José tivesse tido esses dois sonhos, ele
ainda sofreu o ódio e a conspiração de seus irmãos no
mesmo capítulo. Além disso, no capítulo seguinte,
vemos a lascívia de Judá. Isso indica que, na verdade,
os filhos de Jacó eram perversos. Todavia, do ponto
de vista celestial, não eram malignos; eram feixes
cheios de vida e estrelas plenas de luz. A razão por
que esses dois capítulos são colocados juntos é para
que possamos ter um contraste. Do ponto de vista de
Deus, os filhos de Jacó são brilhantes, mas, na
verdade, são trevosos. Eram verdadeiramente
pecaminosos. Podemos agora compreender por que o
conteúdo do capítulo 38 vem depois do 37.
7) Traído
Vimos que José tipifica Cristo como o Filho
amado de Deus, como o Enviado de Deus Pai para
apascentar o Seu povo, e como o Perseguido por
aqueles a quem fora enviado para apascentar. Além
disso, de acordo com os quatro Evangelhos, Cristo foi
traído (Mt 26:14-16). José, um tipo de Cristo,
também foi traído (Gn 37:27-28). No sentido bíblico,
ser traído significa ser desprezado, depreciado,
desonrado ou desconsiderado. Quando estava para
vender Cristo, Judas certamente estava rebaixando
ao máximo o valor do Senhor. Em Mateus 26,
observamos que Cristo foi um teste para todos os que
O rodeavam. Alguns O odiaram; Maria, entretanto,
apreciou-O e derramou sobre Ele um valioso bálsamo.
Para ela, Cristo tinha valor, e ela O tinha em alta
conta. Mas Judas O desprezou, desonrou-O e O
desconsiderou. Depreciou-O a tal ponto que O
vendeu por um preço ínfimo, por trinta peças de
prata, o que, de acordo com Êxodo, era o preço de um
escravo (Êx 21 :32). Assim, na Bíblia, trair alguém
significa depreciá-lo.
Sempre que você é depreciado por alguém, isso
significa que você é traído por ele. Sempre que sua
esposa o deprecia, ela o está traindo. De semelhante
modo, se os irmãos o desconsideram, isto quer dizer
que eles o traem. Veja como você se considera. Em
seu modo de entender, você tem valor? Todos nos
reputamos de valor. Por isso, quando os outros nos
depreciam ou desconsideram, somos por eles traídos.
Você pode pensar que, ao longo dos anos em que tem
permanecido na vida da igreja, jamais viu uma
traição. Todavia, aqui também as pessoas são
freqüentemente traídas, no sentido de serem
desconsideradas ou depreciadas. Dia a dia os
maridos podem depreciar as esposas ou elas podem
desconsiderá-los. Se alguns santos falarem sobre
outro irmão de maneira depreciativa, eles o estarão
traindo.
Todos nos consideramos pessoas de valor. Na
verdade, somos de valor porque temos Cristo em nós.
Você não tem Deus dentro de si? Na Bíblia, Deus é
comparado ao ouro e Cristo é comparado a um
tesouro. O nosso Deus é ouro dentro de nós, e Cristo
em nosso interior é o tesouro no vaso. Os incrédulos
não têm esse alto valor porque não têm Cristo em seu
ser. No máximo, são simplesmente vasos de barro.
Mas nós temos o maior tesouro dentro de nós. Por
isso, não deveríamos pensar que não temos valor.
Precisamos declarar aos anjos: “Anjos, vocês
precisam perceber que eu tenho valor. Tenho valor
porque Cristo está em mim”. Além disso, você pode
gabar-se diante de Satanás e dos demônios: “Satanás,
quero que você saiba que tenho Deus e Cristo dentro
de mim. Demônios, vocês não estão destinados a ter
Cristo em si. Mas eu O tenho em mim e por isso
tenho valor”. Isso não é orgulho; pelo contrário, é
verdadeira humildade. Gostaria de dizer a todos,
inclusive aos anjos, ao diabo, aos demônios e a todos
na terra, que eu tenho valor, porque tenho a Cristo;
por essa razão, você não deve desprezar-me, nem
desconsiderar-me.
Precisamos aprender a não vender nossos
irmãos. José foi vendido por seus irmãos. Se eles o
considerassem um feixe ou uma estrela, não o teriam
vendido. O fato de o traírem significa que o
depreciavam e o desconsideravam. Em princípio, o
mesmo ocorreu com o Senhor Jesus. Embora fosse
precioso e de alto valor, Judas O depreciou e O
vendeu por trinta peças de prata. Pedro, Tiago, João
e todos os outros apóstolos seguiram os passos do
Cordeiro, e também foram depreciados. Isso também
foi verdade com referência ao apóstolo Paulo. Ao
longo dos séculos, os seguidores do Cordeiro foram
traídos. Como Cristo, foram depreciados,
desconsiderados e desprezados. Ao seguirmos hoje
ao Senhor, também estamos sendo depreciados.
Suportamos muitos sofrimentos simplesmente
porque somos desprezados e desconsiderados. Os
que se nos opõem, depreciam-nos e desconsideram-
nos, Se avaliassem o tesouro que está dentro de nós e
percebessem a preciosidade do que o Senhor tem
trabalhado em nosso interior, não nos desprezariam
nem desconsiderariam. Alguns se nos opõem porque
nos depreciam. Tal depreciação é, na verdade, uma
forma de vender-nos, e isso é um sinal de traição.
Não pense que tal traição ocorreu apenas com José
ou com Cristo, tipificado por José. Pelo contrário, o
mesmo ocorreu com todos os seguidores de Cristo, e
é também a nossa experiência hoje.
Antes de sermos salvos, muitos de nós éramos
altamente considerados pelos nossos pais, parentes e
amigos. Mas após sermos salvos e começarmos a
buscar o Senhor, nossos amigos, parentes e, em
alguns casos, até nossos pais, começaram a
desprezar-nos. Isso é traição. A crucificação de Cristo
começou com Sua traição. Foi crucificado após ter
sido traído. O mesmo aconteceu, em princípio, com
José. Ele não foi atirado diretamente na prisão.
Primeiramente foi vendido, e sua venda foi o
primeiro passo para a prisão. A traição de Cristo foi o
primeiro passo para a cruz. Não é algo insignificante
o ser traído. Toda perseguição e oposição, hoje, é um
tipo de traição. Os que se nos opõem estão-nos
traindo, estão-nos vendendo por um preço baixo.
Embora tenhamos valor, os opositores nos vendem
por um preço baixo, até mesmo por nada.
e) Cristo Testando-os
Já enfatizamos que 42:8 diz que José
reconheceu a seus irmãos, mas o inverso não ocorreu.
Por eles não o reconhecerem, José os testou. Isso
também é um tipo de Cristo, testando Israel após
serem eles forçados a se voltar, ainda na ignorância,
para Ele. Hoje, a nação de Israel ainda luta por si
mesma. Os judeus não percebem sua necessidade de
se voltar para Cristo. Mas após serem forçados a se
voltar para Ele, embora ainda na ignorância, Cristo
os colocará num teste.
f) Cristo Disciplinando-os
Em 42:17-24 vemos que José disciplinou seus
irmãos.
Isso tipifica a disciplina de Cristo sobre os filhos
de Israel. Cristo espera que a nação de Israel se volte
para Ele, mas não é displicente nem descuidado.
Quando Israel estiver já no processo de volta, Ele não
somente os testará, como também os disciplinará. De
acordo com as profecias da Bíblia, a nação restaurada
de Israel sofrerá muitos testes e suportará muita
disciplina. O Senhor os provará, para que possam
aprender.
B. Disciplinou Simeão
José também foi sábio em sua disciplina para
com Simeão. Em 42:19-20a, ele disse a seus irmãos:
“Se sois homens honestos, fique detido um de vós na
casa da vossa prisão; vós outros ide, levai cereal para
suprir a fome das vossas casas. E trazei-me vosso
irmão mais novo”. A princípio, José pensou em um
irmão ser enviado para trazer o irmão mais jovem,
permanecendo todo o restante na prisão. Mas, depois
de três dias mudou de idéia e decidiu que apenas um
permaneceria na prisão e que os outros iriam, a fim
de trazer o irmão mais novo. Por isso, ele “tomou a
Simeão dentre eles e o algemou na presença deles”
(42:24). Creio que foi Simeão quem tomou a
dianteira para conspirar contra José e matá-lo.
Também creio que Simeão tomou a dianteira para
atã-lo e Iançá-lo no poço. Como revela Gênesis 49:5-
7, Simeão era uma pessoa dada à ira. Assim, José o
algemou e o lançou na prisão. Sobre o que você supõe
que Simeão pensou lá na prisão? Creio que ele se
arrependeu ao máximo e se lamentou pelo que fizera.
Talvez tenha dito: “Por que este homem me
escolheu? Por que colocou seus olhos sobre mim?
Talvez seja porque eu tomei a dianteira em conspirar
contra José”. Simeão ficou na prisão ao menos a
metade de um ano, sob a acusação de ser um espião.
Isso era um grave crime e poderia custar-lhe a vida.
Não pense que José tenha sido cruel e impiedoso
por tratar Simeão dessa maneira. Pelo contrário, ele
foi cheio de misericórdia. Os dez irmãos mereceram
seus três dias de prisão, e Simeão, um período mais
longo de confinamento. José foi sábio ao agir assim.
Era controlado pela vida, que lhe dera um sóbrio
discernimento. Tudo o que ele fez aos irmãos estava
certo. Não lhes fez a mais nem a menos. Nós, na vida
da igreja, precisamos ter tal vida de discernimento.
Se a tivermos, saberemos o que fazer com os irmãos e
irmãs. Saberemos até que ponto podemos ir com eles,
e onde precisamos restringir-nos.
16) Reinando
José foi um tipo de Cristo a reinar em Seu reino
durante o milênio. Se atentarmos à profecia da
história de José, perceberemos que esse registro é
um quadro do reinar de Cristo no reino milenar.