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derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras
derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
Revisão de Linguagem
Vice-Reitor
Lucirene Ferreira Lopes
Walter Canales Sant´ana
Designer de Linguagem
Pró-Reitora de Graduação Clecia Assunção Silva
Zafira da Silva de Almeida
Designer Pedagógico
Núcleo de Tecnologias para Educação Adriana Araujo Coelho
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral
Diagramação
Luis Macartney Serejo dos Santos
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral
Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord.
de Curso
60 f.
ISBN:
CDU: 91:378
SUMÁRIO
Referências .....................................................................................27
Referências ..........................................................................................60
APRESENTAÇÃO
Contudo, quando falamos de cidades usamos um termo genérico para nos referirmos
a uma espacialidade que pode ter diferentes características, tamanho populacional
e extensão de área entre si.
Em nível internacional, os critérios para definição de cidades são diversos e por isso
mesmo se torna confuso quantificar o tamanho da população urbana mundial. No
Brasil, o critério é político-administrativo e nós aprenderemos qual o critério legal
para definição de cidades em nível nacional. Apesar disso, é importante dizer que
a definição de cidades, logo de áreas urbanas, tem uma importância fundamental
para o planejamento de políticas públicas urbanas.
Esperamos que goste da disciplina e que, o conteúdo aqui apresentado possa ser
amplamente aproveitado para o seu processo de formação enquanto professor de
Geografia.
SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE LEITURA – indica
traz informações, curiosidades
outras leituras, contendo temas
ou notícias acrescentadas ao
relacionados com o conteúdo do texto;
texto e relacionadas ao tema
estudado;
Entre 9000 e 8000 a.C os grupos humanos promoveram uma grande mudança
de comportamento: passam de caçadores a pastores. Os grupos humanos se
tornaram mais sedentários adotando hábitos de moradias em casas de barro e
rochas situadas em regiões ribeirinhas, possibilitando a pesca e o pasto. Nesse
mesmo período, os grupos humanos tenderam a aprimorar suas técnicas agrícolas
elaborando inovações como o arado, diques, canais e vales de irrigação.
Fonte: https://antigoegito.org/agricultura-egipcia/
Contudo, é somente por volta de 5000 a.C que surgem as primeiras aglomerações
que se pode chamar efetivamente de cidades. Dentre as cidades mais antigas que
se têm notícias estão Kisch, Ur e Uruk (CARLOS, 2015, p.61). Localizadas próximo
ao Rio Eufrates, Kisch e Ur desapareceram em função da mudança no leito do rio.
Fonte: http://www.historiaantigua.es/imagenessumer/files/
page14-1106-full.html
Fonte:https://www.coladaweb.com/geografia/surgimento-
primeiras-cidades
O processo pelo qual a cidade passa, agora, marca, pois, o declínio do feudalismo
e sua transição para o capitalismo. As relações comerciais provocam o surgimento
de uma nova classe de indivíduos: a burguesia. Esse grupo, composto por
comerciantes, se instala em porções estratégicas comercialmente formando um
conjunto de novas cidades. Para essas cidades migra um conjunto significativo
de trabalhadores “expulsos” do campo que, agora, tenderão a ser absorvidos
pelo mercado de trabalho das cidades passando a compor uma nova massa de
trabalhadores assalariados que colaborarão para criação de um mercado interno
de consumo.
Ao final da Idade Média, as cidades capitais passam a ter controle sobre outras
cidades estabelecendo um controle sobre o comércio.
O continente americano foi ocupado por uma gama de novos habitantes, mas é o
processo de industrialização que ganha força no século XIX, na Europa, que marca
uma nova lógica de produção das cidades modernas.
Vale destacar que, até a Revolução Industrial, não havia lugar algum no mundo
onde a população urbana fosse maior que a população agrária. Para se ter uma
ideia, até antes da Revolução Industrial, a população que vivia em cidades não
ultrapassava mais de 20% dos habitantes em boa parte dos países europeus. Foi a
entrada da indústria nas cidades que efetivou o processo de urbanização tal como
conhecemos hoje.
Atividade
Após assistir ao filme debata com seu Tutor e com seus colegas a respeito
das curiosidades e descobertas realizadas.
Cabe dizer que, a cidade é um objeto estudado por diferentes áreas do conhecimento
e, por isso mesmo, possui distintas definições e pontos de vista. Na Geografia, a
cidade é estudada principalmente pela Geografia urbana, mas não só, buscando
compreender sua essência, formação, estrutura e funcionamento.
Nas próximas linhas, buscaremos apresentar algumas das muitas definições que
nos ajudam a pensar a cidade e o espaço urbano.
Cada cidade possui sua própria história e razão de existência, por isso nenhuma
cidade é igual a outra e cada cidade possui um processo histórico próprio e uma
organização geográfica particular.
Em nível nacional, autores como Milton Santos e Roberto Lobato Correa também
deram suas contribuições para pensar a cidade.
Há aquelas famílias que não podendo pagar aluguéis e sem condições de adquirir
casa pelos meios formais de compra, passam a atuar politicamente na luta por
moradia, por vezes se organizando em movimentos sociais urbanos que realizam a
ocupação de terras e reivindicam o direito à cidade.
Correa (1995, p.1) define a cidade como o espaço urbano. Assim, afirma: “considera-
se a cidade como espaço urbano que pode ser analisado como um conjunto de
pontos, linhas e áreas”.
A área residencial ocupa uma parte muito maior da cidade. Por vezes a área
residencial apresenta forte grau de desigualdade interna. Logo, há porções
residenciais onde moram as famílias mais abastadas e há aqueles espaços onde
residem as famílias mais pobres.
Quando existe área industrial, tende a se localizar mais longe da área central e da
área residencial. Nela se localizam as industrias, ainda que nas áreas residenciais
e mesmo nas áreas centrais seja possível encontrar pequenas industrias locais.
A terra urbana se torna, pois, mercadoria sendo disputada por agentes urbanos que
possuem interesses sobre ela.
Sempre que há demanda por novas porções de terras esses agentes entram em
ação liberando seus estoques de terras ou guardando, provocando dessa forma
uma valorização.
Por fim, os grupos sociais excluídos correspondem ao conjunto da sociedade que não
participa do jogo da aquisição da cidade. Muitas vezes sem condições de comprar
moradia ou pagar os caros e insuportáveis aluguéis, se organizam em movimentos
Curso de Licenciatura em Geografia 18
sociais que se voltam a ocupar terras e exigir do poder público o acesso aos direitos
e serviços básicos como transporte, educação, saúde, saneamento básico etc. Nas
grandes cidades é comum encontrar esses movimentos.
Saiba mais!
Do ponto de vista legal, a cidade é a área urbana propriamente dita. Quem define a
área urbana, no Brasil, é o poder público municipal por meio de Lei aprovada pelas
câmaras de vereadores. Assim, um município pode possuir uma área urbana e uma
área rural. Há municípios que só possuem área urbana.
Esse é um importante detalhe que merece ser observado. Isso porque, é tal
definição que vai delimitar a população urbana e rural do município. Ou seja, todo
Atenção!
Pensar a cidade tornou-se uma tarefa árdua, tanto pela sua diversidade de formas,
usos e processos quanto por suas dimensões, problemáticas e transformações.
Definir a cidade é um exercício complexo. Podemos fazê-lo por duas vias: a partir
das definições teóricas e contribuições filosóficas ou a partir dos critérios legais.
Tanto um quanto outro apresenta uma diversidade tão ampla que é quase impossível
promover uma generalização. Então vejamos.
A literatura geográfica apresenta uma ampla matriz teórica que colabora para
definição de cidades. Contudo, não apenas no campo da Geografia, mas também
em outras áreas do conhecimento é possível encontrar colaborações importantes
que podem ajudar nesse processo de reconhecimento e definição das cidades.
Podemos definir a cidade como o espaço urbano, tal como vem sendo trabalhado
Curso de Licenciatura em Geografia 21
por Roberto Lobato Correa. Para este autor, o espaço urbano é fragmentado e
articulado; reflexo e condicionante social. Para ele, o espaço urbano da cidade
capitalista é fragmentado e articulado, pois apesar de se apresentar separado
(sobretudo em função da divisão espacial das classes sociais) estas diversas
porções sociais e espaciais se articulam e se ligam, por meio das diversas trocas
de fluxos materializadas pelas pessoas, produtos, serviços, operações consumo
etc. Logo, a cidade é fragmentada e articulada ao mesmo tempo.
Para Correa (1995), o espaço urbano, por ser fragmentado e articulado, reflete
as divisões sociais de classe e de renda da sociedade. Logo, o espaço urbano
da cidade capitalista reflete a desigualdade de acesso à renda (e a direitos)
expressando na paisagem a forma como diferentes grupos sociais se apropriam da
riqueza produzida pela coletividade.
Fonte: https://oimparcial.com.br/cidades/2018/09/participacao-popular-pode-
reduzir-desigualdade-em-sao-luis-dizem-cientistas-sociais/
A definição sobre o território municipal é feita por legislação aprovada pela Câmara
de Vereadores de cada município. Assim, são definidos os limites entre área rural e
urbana, consequentemente determinando o perfil da população municipal.
Atenção!
Você sabe os limites entre a área urbana e rural de seu município? Que tal
pesquisar sobre o assunto e depois socializar com seus colegas a descoberta?
Além das políticas públicas que são desenvolvidas para áreas urbanas e áreas
rurais, tal delimitação também interessa na contagem da população brasileira. Isto
porque, é contabilizada como população urbana as pessoas que vivem em áreas
urbanas e como população rural as pessoas que vivem em áreas rurais.
Tudo isso requer das autoridades mundiais esforços no sentido de pensar o futuro
das cidades tornando-as mais saudáveis, sustentáveis e democráticas.
RESUMO
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Editora Contexto, 2001.
SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas:
perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial,
2013, 148 p.
Urbanização, Hierarquia
das Cidades e Problemática
Urbana
Objetivo
Saiba mais!
É a partir dos anos 1940 que a urbanização brasileira se acelera, mas somente
nos anos 1970 que o país passa a ser predominantemente urbano. Entre os anos
1960 e 1980, as cidades brasileiras ganham um incremento populacional urbano
na ordem de cinquenta milhões de habitantes. Em 1960, a população total do país
era de 70.191.000 habitantes com um total de 31.956.000 pessoas vivendo em
cidades. Em 1980, a população total do país já chegava a 119.099.000 pessoas e
uma população urbana de 82.013.000 urbanos representando 68,86% do total de
brasileiros. A taxa de urbanização brasileira em 1980 apresentava um incremento
de mais de quase 50 milhões de habitantes urbanos em relação a 1960. É mais que
a metade da população total do país que, agora, passa a viver em áreas urbanas.
Em 1991, a população do Brasil já era de mais de 150 milhões de habitantes com
uma taxa de urbanização de mais de 77%. ( SANTOS, 1995).
Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/urbanizacao/urbanizacao-
brasileira.html
Fonte: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/grau-de-urbanizacao
Curso de Licenciatura em Geografia 35
2.2 Urbanização do Maranhão
Legenda
. Municípios ( 50 mil habitantes ou mais )
Taxa de Urbanização
14,4 - 32,8
Fonte: https://www.nugeo.uema.br/?p=10710#prettyPhoto/0/
Saiba mais!
São Paulo é, hoje, a maior metrópole do país e uma das maiores cidades do
mundo. Juntamente com os municípios que compõem a Grande São Paulo
somam-se mais de 19 milhões de habitantes.
Fonte:https://associacoeshoje.com.br/2017/10/06/custo-de-vida-na-regiao-
metropolitana-de-sao-paulo-sobe-039-em-agosto/
Atividade
Cidades religiosas: são formações urbanas que possuem suas dinâmicas econômicas
majoritariamente centradas em algum tipo de atividade religiosa, que ocorre todo o ano
ou durante alguns poucos dias, mas que atrai um grande número de fiéis e movimenta um
significativo ornamento financeiro. Exemplos de cidades desse tipo são: Jerusalém (Israel),
Meca (Arábia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha),
Trindade (Brasil), entre outras;
Cidades turísticas: são cidades que possuem algum significativo atrativo turístico e de lazer,
seja pelos seus recursos naturais, seja pelas possibilidades oferecidas pelo seu espaço
geográfico. Dentre esse tipo de cidade, podemos citar Las Vegas (EUA), Porto Seguro (Brasil),
Cancun (México) etc;
Fonte:: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/funcao-das-cidades.htm
Atenção!
As funções não são excludentes, podendo existir mais de uma função para
cada cidade.
Atividade
Que tal pensar sobre as funções realizadas pela sua cidade? Relacione a função
principal e, se existir, outras funções. Depois apresente para seus colegas!
1 Metrópoles – são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu
grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área
de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e
a intensidade destas relações:
a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões
de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial;
b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões
em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente
com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e
c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia
e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte),
constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora
estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem
a inclusão neste conjunto.
2 Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se
relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível
imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo
referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios.
Como o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais
estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro, além
da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo mais
presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do País. Os grupos das Capitais
regionais são os seguintes:
a. Capital regional A – constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487
relacionamentos;
c. Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162
relacionamentos.
3 Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos
complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação
mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em
geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de
maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente
povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber:
4 Centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua
área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em:
5 Centro local – as demais 4. 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites
do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente
inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8.133 habitantes)
Que tal, agora conhecer um pouco mais a respeito da rede urbana à qual
seu município está vinculada? Acesse o material de apoio, no arquivo
disponibilizado, e pesquise a respeito do nível dos municípios que integram a
rede urbana próxima e veja qual a cidade que influencia sua região.
Aumento de habitantes nas cidades com 100 mil a 500 mil, neste século, supera a
média nacional.
Dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as cidades médias brasileiras tiveram
maior crescimento populacional, entre 2000 e 2007, e também maior aumento do PIB
(Produto Interno Bruno), entre 2002 e 2005, que as demais cidades brasileiras.
Fonte:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_acymailing&ctrl=archive&task=
view&mailid=277&key=0cb55bbf90cf649efb18d15a9c9cf52f&Itemid=117
Na maioria das pequenas cidades, não há uma ampla oferta de rede bancária
(muitas vezes existindo apenas uma agência de banco). Além disso, quanto
aos serviços médicos, as pequenas cidades, em muitos casos, apresentam
apenas atendimentos básicos e menos complexos. Quando há necessidade de
determinados atendimentos a população local tende a se deslocar para centros
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maiores. Voltaremos a tratar dessa relação entre centros urbanos mais adiante
quando falarmos de rede urbana.
Desde os anos 1990, inúmeros trabalhos vêm dando conta de aprofundar o debate
a respeito das médias cidades brasileiras. Nesse sentido, Conte (2013) afirma que
variados autores brasileiros têm se dado ao trabalho de realizar investigações a
respeito das cidades médias “com o objetivo de analisar e compreender o fenômeno
através de pesquisas empíricas e reflexões teórico-metodológicas”. Contudo,
afirma Amorim Filho (2007, p.77) que: “a quantidade de pesquisas publicadas e
Curso de Licenciatura em Geografia 50
eventos direcionados para a temática das cidades médias alcança um número e
uma intensidade tais que é praticamente impossível para qualquer pesquisador
acompanhar tudo que se faz neste domínio”.
Para Amorim Filho e Serra (2001), não existe uma ideia consensual do que seriam
as cidades médias. Essa ausência de consenso, todavia ocorre no meio acadêmico,
onde literalmente, não existe uma definição fortalecida de cidade média, uma
classificação que possa ser utilizada ao mesmo tempo por sociólogos, economistas,
arquitetos, geógrafos, demógrafos, mesmo que inserida em cada especialidade
seja possível alcançar algum acordo sobre a matéria.
Para alguns autores, a definição de cidade média vai além do critério demográfico.
Nesse sentido, é preciso considerar variáveis como posição regional na rede
urbana, estrutura econômica, relações externas, influência regional etc. Assim,
compreendendo a cidade, sua região e suas relações seria possível definir mais
precisamente a existência de uma cidade média. Porém, essa discussão teórica
ainda não se esgotou e não se produziu consenso. Por enquanto, continuamos
trabalhando com o critério demográfico como ponto de partida e a análise regional
como ponto de chegada.
Por fim, e não para concluir, precisamos destacar a existência das grandes cidades
brasileiras. Como grandes cidades, ao menos do ponto de vista demográfico, temos
adotado o patamar de mais de 500 mil habitantes. Essas cidades são, hoje, palco
de problemas urbanos e de desafios de gestão.
Vale descartar que muitas cidades pequenas e médias no interior do Brasil não
dispõem de rede de transporte público. Nessas cidades, o deslocamento se dá,
principalmente, por meio do serviço de mototáxis que desempenham o importante
papel de promoção da mobilidade urbana. Em muitas dessas cidades é comum que
as famílias possuam, ao menos, uma motocicleta como propriedade. As leis são
menos rigorosas, assim é comum ver motociclistas desrespeitando as leis e, em
muitos casos, até crianças pilotando motos.
Quem dispõe de recursos ou de crédito bancário, adquire casa por meio do mercado
formal de moradias. Porém, quem não dispõe das condições para aquisição da
moradia precisa recorrer ao chamado mercado informal. Logo, tende a comprar
casas ou terrenos na periferia onde podem promover o processo de reconstrução
ou autoconstrução da moradia.
Há, ainda, aquelas famílias que não possuindo recursos para adquirir casas até
mesmo no mercado informal tendem a participar da luta por moradia se organizando
politicamente em movimentos sociais urbanos. Esses movimentos atuam na luta pela
terra reivindicando o direito à moradia que está contido na Constituição Brasileira
de 1988. Figura 9: Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta por moradia.
Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-11/prefeitura-e-
familias-de-ocupacao-no-rj-discutem-moradia-populares
Saiba mais!
Fonte: https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/
Curso de Licenciatura em Geografia 55
Por sua vez, o estado do Maranhão apresenta o maior décifit habitacional do
Nordeste. Dessa forma, o déficit total maranhense é de pouco mais de 390 mil
moradias, sendo 172.333 em áreas urbanas e 219.975 em áreas rurais. Ainda assim,
vale destacar, que ao longo dos últimos anos houveram grandes investimentos na
produção de moradias no Brasil e, em especial, no Maranhão.
Fonte:http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/direitos-humanos/governo-
investe-r-93-milhoes-para-trocar-casas-de-taipa-por-moradia-digna-nos-
municipios-do-mais-idh
Por meio do Programa Minha Casa Minha vida, foram produzidos importantes
estoques de moradias que se voltaram a reduzir a problemática do déficit habitacional
maranhense. Além disso, o governo do Maranhão, por meio do Programa de
Habitação do Plano Mais IDH Maranhão. O objetivo do programa é promover
moradia digna para as famílias maranhenses que ainda sofrem com a problemática
do déficit qualitativo de moradias.
Que tal um cine debate? Acesse um dos links a seguir, selecione um ou mais
vídeo documentários, assista e dialogue a respeito da problemática da moradia
no Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o
https://curtadoc.tv/curta_tag/moradia/
https://curtadoc.tv/curta_tag/sem-teto/
No contexto das grandes cidades, é mais visível a existência de uma forma nova de
morar e ocupar a cidade: os condomínios fechados.
Vale destacar que, ao longo das últimas décadas, no contexto das grandes cidades
brasileiras, vem se processando a construção de novos empreendimentos na forma
de condomínios. Vale lembrar que em muitos casos, a produção desse tipo de
empreendimento se direciona às bordas das cidades em função da necessidade
Curso de Licenciatura em Geografia 57
de espaço. Logo, em muitos casos, tendem a avançar direção aos tradicionais
espaços rurais circundantes das cidades provocando a conversão de terra rural
em terra urbana. Esse processo vem sendo denominado por Silva (2015) como
periurbanização.
Atenção!
O Brasil é um país com 5.570 municípios, dos quais mais de 90% se constituem
em centros com menos de 100 mil habitantes. Apesar de possuir uma grande
maioria de municípios pequenos, o Brasil apresenta forte concentração
populacional nas grandes e médias cidades.
RESUMO
SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas:
perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial,
2013, 148 p.