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Aberta do Brasil - UAB são licenciadas nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não
Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras
derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras
derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


Reitor Professor Conteudista
Gustavo Pereira da Costa Ailson Barbosa da Silva

Revisão de Linguagem
Vice-Reitor
Lucirene Ferreira Lopes
Walter Canales Sant´ana
Designer de Linguagem
Pró-Reitora de Graduação Clecia Assunção Silva
Zafira da Silva de Almeida
Designer Pedagógico
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Diagramação
Luis Macartney Serejo dos Santos
Sistema Universidade Aberta do Brasil
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Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord.
de Curso

Coordenação do Design Educacional


Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa
Maria das Graças Neri Ferreira - Coord.
Pedagógica

Silva, Ailson Barbosa da

Curso de Licenciatura em Geografia [e-Book]. / Ailson


Barbosa da Silva. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2019.

60 f.

ISBN:

1. História. 2. Conceito de cidade. 3. Urbanização. 4.


Hierarquia. 5. Problemática urbana. 6. Educação. I. Título.

CDU: 91:378
SUMÁRIO

UNIDADE 1 HISTÓRIA E CONCEITO DE CIDADE

1.1 A cidade na História ......................................................................... 08

1.2 As cidades modernas........................................................................12

1.3 A cidade e o espaço urbano..............................................................14

1.4 Algumas considerações a respeito das cidades..............................19

Referências .....................................................................................27

UNIDADE 2 URBANIZAÇÃO, HIERARQUIA DAS CIDADES E


PROBLEMÁTICA URBANA

2.1 A urbanização brasileira........................................................................29

2.2 Urbanização do Maranhão....................................................................36

2.3 Metropolização Nacional.......................................................................38

2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras.............................42

2.5 Pequenas, médias e grandes cidades...................................................47

Referências ..........................................................................................60
APRESENTAÇÃO

Caro (a) estudante,

Neste início de século XXI, a maioria da população mundial vive em cidades,


mas nem sempre foi assim. Veremos ao longo deste e-Book que o processo de
deslocamento da população das áreas rurais para as áreas urbanas é recente,
remontando poucos séculos atrás. Ainda assim, no início do século XXI, a maior
parte da população mundial vive em áreas urbanas e demandam planejamento das
cidades e políticas públicas.

Contudo, quando falamos de cidades usamos um termo genérico para nos referirmos
a uma espacialidade que pode ter diferentes características, tamanho populacional
e extensão de área entre si.

Em nível internacional, os critérios para definição de cidades são diversos e por isso
mesmo se torna confuso quantificar o tamanho da população urbana mundial. No
Brasil, o critério é político-administrativo e nós aprenderemos qual o critério legal
para definição de cidades em nível nacional. Apesar disso, é importante dizer que
a definição de cidades, logo de áreas urbanas, tem uma importância fundamental
para o planejamento de políticas públicas urbanas.

Quando falamos de cidades estamos tratando de uma realidade concreta de


múltiplas dimensões, cercada de complexidades e de problemas. Nesse sentido,
ao tratarmos das cidades contemporâneas podemos estar falando da pequena
cidade no interior do Brasil, de um centro médio com economia dinâmica ou mesmo
daquela grande metrópole. Logo, ao tratarmos de cidades é preciso distinguir sua
dimensão e sua realidade.

A cidade é, também, o local de morar, de trabalhar e de sobreviver. Nela encontramos


a diversidade política, cultural, econômica e social. Na cidade, as pessoas trabalham,
estudam, produzem, consomem e vivem, mas também enfrentam problemas
reais diretamente relacionados à dinâmica da urbanização. Assim, problemas
como congestionamentos, violência, poluição, pobreza, precariedade estrutural,
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degradação ambiental e desemprego são realidades negativas percebidas na
cidade, sobretudo na grande cidade capitalista.

O processo de produção da cidade ou do espaço urbano é complexo e envolve uma


gama de atores e interesses que pretendemos revelar ao longo desta disciplina.

A cidade contemporânea, tanto em nível nacional quanto em nível internacional,


apresenta movimentos novos que merecem ser percebidos pelo olhar mais apurado
do estudante de Geografia.

O e-Book está dividido em duas Unidades: na primeira, tratamos de debater a


história das cidades e o critério para definição de cidades no Brasil. Na segunda
Unidade, é debatida a urbanização brasileira, rede urbana e hierarquia das cidades.

Esperamos que goste da disciplina e que, o conteúdo aqui apresentado possa ser
amplamente aproveitado para o seu processo de formação enquanto professor de
Geografia.

Desejo bons estudos!

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ÍCONES
Caro (a) estudante,

Além do texto com as informações do conteúdo da disciplina, estamos lhe


apresentando os ícones, elementos gráficos que ampliam as formas de linguagem
e simplificam a organização e a leitura hipertextual. Você deve clicá-los para ter
acesso às informações que cada um representa. Observe os significados:

ABC OU GLOSSÁRIO ATENÇÃO!

define uma palavra, termo ou


destaca informações imprescindíveis
expressão utilizada no texto;
no texto, indica pontos de maior
relevância no texto;

SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE LEITURA – indica
traz informações, curiosidades
outras leituras, contendo temas
ou notícias acrescentadas ao
relacionados com o conteúdo do texto;
texto e relacionadas ao tema
estudado;

SUGESTÃO DE FILMES OU VÍDEOS REFERÊNCIAS


filmes com temas relacionados ao
estão relacionadas no final
conteúdo do texto;
de cada Unidade, de acordo
com as normas da ABNT.
1
Unidade

História e Conceito de Cidade


Objetivos

Compreender a história e evolução das cidades na história;

Debater os conceitos e critérios de definição de cidades no


Brasil; e

Analisar a produção e dinâmica do espaço urbano.

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1.1 A Cidade na História

As cidades não nasceram de um processo natural. Elas foram construídas a partir


de um processo histórico e social que levou grupos populacionais a se aglomerarem
em determinados pontos do espaço. As cidades, tal como se constituem hoje, são
muito diferentes daqueles espaços pretéritos. É nesse sentido que nessa primeira
parte da disciplina nos propomos conversar sobre a história das cidades.

No passado, os grupos humanos se caracterizavam como nômades, ou seja, não


se fixavam à terra em função de sua prática de caça e coleta de alimentos. Porém,
quando conseguiram controlar técnicas agrícolas de produção de alimentos e de
criação de animais, eles se fixaram à terra dando início ao que poderíamos chamar
de embriões das cidades.

As cidades vão surgir, primeiramente, onde os grupos humanos conseguiram


produzir excedentes agrícolas demonstrando um certo grau de desenvolvimento
técnico sobre a agricultura. Logo, produzindo excedentes agrícolas passou a existir
uma divisão do trabalho, permitindo uma relação de troca entre si. A divisão do
trabalho tendeu a separar os grupos sociais por classes e determinar características
próprias da cidade e do campo. A cidade passou a ser espaço da concentração e
das relações comerciais enquanto o campo se tornava espaço da dispersão e da
produção agrícola.

Entre 9000 e 8000 a.C os grupos humanos promoveram uma grande mudança
de comportamento: passam de caçadores a pastores. Os grupos humanos se
tornaram mais sedentários adotando hábitos de moradias em casas de barro e
rochas situadas em regiões ribeirinhas, possibilitando a pesca e o pasto. Nesse
mesmo período, os grupos humanos tenderam a aprimorar suas técnicas agrícolas
elaborando inovações como o arado, diques, canais e vales de irrigação.

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Figura 1 – Afresco representativo do uso de
instrumentos para agricultura na antiguidade

Fonte: https://antigoegito.org/agricultura-egipcia/

Contudo, é somente por volta de 5000 a.C que surgem as primeiras aglomerações
que se pode chamar efetivamente de cidades. Dentre as cidades mais antigas que
se têm notícias estão Kisch, Ur e Uruk (CARLOS, 2015, p.61). Localizadas próximo
ao Rio Eufrates, Kisch e Ur desapareceram em função da mudança no leito do rio.

Figura 2 – Vestígios de Ur, atual Iraque,


construída por volta de 5000 a.C.

Fonte: http://www.historiaantigua.es/imagenessumer/files/
page14-1106-full.html

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Os rios desempenharam um papel importante no surgimento e funcionamento
das cidades antigas. O deslocamento se dava principalmente por vias aquáticas,
permitindo um contato comercial entre populações de diferentes lugares.

O comércio definitivamente revolucionou as cidades antigas. Muitas delas


desempenhavam exclusivamente a função comercial se tornando ponto de
comércio. Os rios e mais tarde o Mar Mediterrâneo (que vinculavam o Oriente ao
Ocidente) se tornaram palco de intensas relações comerciais entre as sociedades
antigas.

Figura 3 – Cidades antigas no entorno do Mar


Mediterrâneo

Fonte:https://www.coladaweb.com/geografia/surgimento-
primeiras-cidades

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Contudo, quando do bloqueio do Mar Mediterrâneo, em função da invasão sarracena
no século VII, se inviabilizou o comércio por meio do Mediterrâneo e as cidades da
região sofreram um importante declínio que se estendeu até o século XI.

Durante a Idade Média, a Igreja Católica teve um papel fundamental de organização


da sociedade, tal como a nobreza. Os indivíduos que não possuíam terras
vinculavam-se à nobreza, proprietária de terras, efetivando uma troca de trabalho
pelo direito de cultivar e produzir nas terras dos nobres. Logo, eram obrigados a
repassar uma parte da produção como pagamento pelo uso da terra alheia.

Nas cidades da Idade Média, a produção e o consumo se realizavam em nível


local. Assim, se realizava uma produção autossuficiente sem ligações com o mundo
exterior. Alimentos, vestuários e todos os demais produtos necessários ao consumo
local era ali mesmo realizado. Não havia, tal como nas cidades antigas, a produção
de excedentes que justificasse as ligações com o exterior.

Quanto às cidades na Idade Média, essas possuíam características marcantes:


muros fortificados e uma praça central utilizada para o comércio. Quando a cidade
precisava crescer os muros derrubados e reconstruídos ampliando o espaço
urbano. As condições de vida eram precárias. As ruas eram estreitas e havia muitas
doenças. A mortalidade infantil era crescente e as epidemias matavam muita gente.

A partir do século XI, as cidades começam a reaparecer, após um longo período


de declínio. O comércio começa a ganhar força e as cidades passam a surgir no
entrecruzamento de estradas e ao longo dos rios, locais de maior facilidade de
circulação. Contudo, as cidades medievais também vão se localizar em posições
fortificadas em função da ameaça permanente de invasão. Esse período é marcado
pelo aumento do número de cidades mais do que do tamanho delas.

Ao longo da Idade Média, o comércio desenvolve um importante papel de


impulsionamento das cidades. Para Carlos (2015, p.65), “a cidade é incompatível
com uma economia de subsistência, tal como a feudal, caracterizada pela ausência
de especialização, pela incipiente divisão do trabalho, pela quase que absoluta
inexistência de excedentes e da circulação de produtos e pelo seu caráter não
monetarizado”. Logo, foi fundamental superar o processo de produção autossuficiente

Curso de Licenciatura em Geografia 11


das cidades medievais e avançar para um processo de fortalecimento de trocas
comerciais com outras cidades. A introdução de relações monetárias colaborou
para ampliação comercial.

O processo pelo qual a cidade passa, agora, marca, pois, o declínio do feudalismo
e sua transição para o capitalismo. As relações comerciais provocam o surgimento
de uma nova classe de indivíduos: a burguesia. Esse grupo, composto por
comerciantes, se instala em porções estratégicas comercialmente formando um
conjunto de novas cidades. Para essas cidades migra um conjunto significativo
de trabalhadores “expulsos” do campo que, agora, tenderão a ser absorvidos
pelo mercado de trabalho das cidades passando a compor uma nova massa de
trabalhadores assalariados que colaborarão para criação de um mercado interno
de consumo.

Ao final da Idade Média, as cidades capitais passam a ter controle sobre outras
cidades estabelecendo um controle sobre o comércio.

1.2 As cidades modernas

Com o processo de invasão promovido pelas navegações ao chamado “novo


mundo” novas áreas de povoamento surgiram no planeta e, consequentemente,
novas aglomerações próximas daquilo que podemos chamar de cidades.

O continente americano foi ocupado por uma gama de novos habitantes, mas é o
processo de industrialização que ganha força no século XIX, na Europa, que marca
uma nova lógica de produção das cidades modernas.

O desenvolvimento de técnicas de produção industrial colaborou para que novas


cidades aparecessem. Tal condição foi impulsionada pelo desenvolvimento do trem
que facilitou o deslocamento da produção entre diferentes pontos do espaço. Assim,
as indústrias tenderam a se localizar próximas às linhas férreas e, por consequência,
as moradias dos trabalhadores no entorno das industrias. Morar próximo ao local
de trabalho era uma estratégia dos trabalhadores em função da falta de transporte
público que lhes permitisse deslocamentos diários para trabalhar. O resultado
Curso de Licenciatura em Geografia 12
disso foi a formação de novas cidades diretamente resultantes do processo de
industrialização.

Na Europa, o processo de industrialização provocou um amplo processo de êxodo


rural-urbano em função das novas oportunidades de trabalho nas fábricas. Por
um lado, a necessidade de mão de obra passava a atrair trabalhadores vindos
do campo, por outro a mecanização do campo promovia uma ampla redução nas
oportunidades de trabalho. Assim, muitos trabalhadores se deslocaram do campo
em direção às cidades para ocupar as novas oportunidades de trabalho na indústria.

Vale destacar que, até a Revolução Industrial, não havia lugar algum no mundo
onde a população urbana fosse maior que a população agrária. Para se ter uma
ideia, até antes da Revolução Industrial, a população que vivia em cidades não
ultrapassava mais de 20% dos habitantes em boa parte dos países europeus. Foi a
entrada da indústria nas cidades que efetivou o processo de urbanização tal como
conhecemos hoje.

Nas cidades contemporâneas, a qualidade de vida vem se reduzindo pouco a pouco.


O processo de industrialização, o crescimento populacional e as desigualdades
sociais decorrentes do capitalismo colaboram para formação de cidades instáveis
social e economicamente. Apesar de tudo, nem todas as cidades experimentaram
declínio de qualidade de vida, tal realidade é mais perceptível em países pobres.
Nos países ricos as cidades apresentam alto nível de qualidade de vida.

Atividade

Pesquise a respeito da formação e problemas das cidades brasileiras. Em seguida


debata com seus colegas a respeito das descobertas.

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Para aprofundar a discussão a respeito da história das cidades indico que
assista ao vídeo Ecco Homo – A cidade. Disponível no endereço:< https://
www.youtube.com/watch?v=iVrZtaQp0r4&t=214s.

Após assistir ao filme debata com seu Tutor e com seus colegas a respeito
das curiosidades e descobertas realizadas.

1.3 A cidade e o espaço urbano

O conceito de cidade é amplo e de difícil consenso. Diferentes autores se propuseram


a definir tal conceito, colaborando para uma ampla gama de definições que se
apresentam na literatura.

Cabe dizer que, a cidade é um objeto estudado por diferentes áreas do conhecimento
e, por isso mesmo, possui distintas definições e pontos de vista. Na Geografia, a
cidade é estudada principalmente pela Geografia urbana, mas não só, buscando
compreender sua essência, formação, estrutura e funcionamento.

Nas próximas linhas, buscaremos apresentar algumas das muitas definições que
nos ajudam a pensar a cidade e o espaço urbano.

As cidades são resultado da ação humana sobre o espaço. Elas se formam e se


transformam ao longo do tempo como resultado da ação humana, mas, sobretudo,
como consequência dos processos históricos que fazem com que determinados
grupos humanos se localizem em algumas porções do espaço.

Cada cidade possui sua própria história e razão de existência, por isso nenhuma
cidade é igual a outra e cada cidade possui um processo histórico próprio e uma
organização geográfica particular.

Mas, afinal, como podemos definir a cidade?

Termos como concentração, aglomeração, espaço de encontro, espaço de


Curso de Licenciatura em Geografia 14
comércio etc., são algumas das muitas ideias associadas à cidade sempre que nos
questionamos a respeito do real significado dela. Na literatura, muitas definições
também são encontradas buscando definir esse complexo conceito.

No campo da Geografia, autores como Sorre, Wagner, George dentre outros se


propuseram a pensar, a definir a cidade sempre explicando a partir de suas próprias
realidades. Boa parte dessas definições se voltaram a explicar, as cidades modernas
da Europa industrial.

Em nível nacional, autores como Milton Santos e Roberto Lobato Correa também
deram suas contribuições para pensar a cidade.

Para Milton Santos, a cidade se constitui no concreto (SANTOS, 1994). Nesse


sentido, a cidade é o espaço urbano, a materialização do urbano sobre o terreno.
Os prédios, as ruas, as praças, as redes e as pessoas constituem, pois, a cidade,
sua história e suas relações.

Nas cidades são realizadas, a produção e a comercialização de produtos. Em


muitos casos há, também, a comercialização de itens produzidos no meio rural.
Assim, há quem fale da cidade como espaço de comércio.

Nas cidades as pessoas moram. Assim, precisam da casa para sobreviver. As


casas são compradas – por vezes no mercado formal – ou construídas pela própria
família, desde que disponham de um pedaço de terra. Quem não consegue comprar
uma moradia recorre aos aluguéis, muitas vezes caros, comprometendo boa parte
do rendimento familiar.

Há aquelas famílias que não podendo pagar aluguéis e sem condições de adquirir
casa pelos meios formais de compra, passam a atuar politicamente na luta por
moradia, por vezes se organizando em movimentos sociais urbanos que realizam a
ocupação de terras e reivindicam o direito à cidade.

As pessoas também trabalham nas cidades. Logo, necessitam de postos de


trabalho e de toda uma série de condições para ocupar os empregos oferecidos.
Quem pode, adquire um carro particular que lhe dá conforto de deslocamento entre
casa e trabalho. Quem não possui carro particular depende do transporte público,
Curso de Licenciatura em Geografia 15
muitas vezes precário e caro, consumindo uma parte importante da renda familiar.

Os moradores das cidades também necessitam sobreviver, por isso demandam


serviços de educação, saúde e lazer. Nem sempre esse conjunto de serviços é
amplamente ofertado e garantido ao conjunto da população. Sobretudo nas áreas
mais pobres, onde tradicionalmente convencionou-se chamar de periferias, os
serviços públicos e a infraestrutura são falhos. Assim, as pessoas, por vezes,
dispõem de habitação, mas não de habitabilidade.

Nas cidades, sobretudo nas grandes cidades, encontramos ampla diversidade


cultural, política e ideológica, por isso mesmo que há quem defina a cidade como
espaço da diversidade.

Correa (1995, p.1) define a cidade como o espaço urbano. Assim, afirma: “considera-
se a cidade como espaço urbano que pode ser analisado como um conjunto de
pontos, linhas e áreas”.

O espaço urbano ou a cidade vai se organizando a partir de uma diferenciação de


usos do solo tais como as áreas industriais, residenciais e comerciais. Em geral,
denomina-se como centro o espaço comercial da cidade, onde estão localizadas as
principais lojas, os mercados e os comércios.

A área residencial ocupa uma parte muito maior da cidade. Por vezes a área
residencial apresenta forte grau de desigualdade interna. Logo, há porções
residenciais onde moram as famílias mais abastadas e há aqueles espaços onde
residem as famílias mais pobres.

Quando existe área industrial, tende a se localizar mais longe da área central e da
área residencial. Nela se localizam as industrias, ainda que nas áreas residenciais
e mesmo nas áreas centrais seja possível encontrar pequenas industrias locais.

Curso de Licenciatura em Geografia 16


Atenção!

Também existem aquelas áreas de reserva da expansão, ou seja, aquelas


áreas que são “guardadas” por seus proprietários esperando um processo de
valorização futura para que elas sejam incorporadas pela própria cidade. Esse
processo é denominado de especulação fundiária, muito comum em cidades
de grande e médio porte.

Há, ainda, processos de especulação imobiliária. Ocorre quando proprietários de


imóveis inutilizados reservam seu estoque a fim de que exista uma valorização
futura. Assim, promovem uma reserva de mercado a fim de que o valor dos aluguéis
e dos imóveis cresçam garantindo alta lucratividade para seus proprietários. Essa
prática é muito comum em médias e grandes cidades.

O espaço urbano é também palco da disputa política ou “produto de lutas” (CARLOS,


2001) como prefere chamar a professora Ana Fani. Nele se reproduz uma disputa
pela produção da cidade e pelo direito de uso e ocupação dela. Sobretudo nas
grandes cidades é comum ver processos de ocupação de terras realizados por
movimentos sociais urbanos. Tal ocupação se realiza em função de que as pessoas
precisam morar na cidade e nem todas as pessoas dispõem de recursos mínimos
para aquisição de um pedaço de terra. Nesse sentido, a luta por terra nas cidades
se realiza como consequência da desigualdade de acesso à renda.

A terra urbana se torna, pois, mercadoria sendo disputada por agentes urbanos que
possuem interesses sobre ela.

Curso de Licenciatura em Geografia 17


Roberto Lobato Correa (1995) define um conjunto de agentes produtores do
espaço urbano que colaboram para o processo de produção do espaço. Assim,
são agentes com interesses sobre o espaço urbano: proprietários dos meios de
produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e os grupos
sociais excluídos.

Os donos dos meios de produção necessitam de espaço (terra urbana) para


ampliação de seus negócios, assim, demandam terra para efetivação da reprodução
do capital.

Os proprietários fundiários ou melhor donos de terras urbanas agem sobre o


processo de produção da cidade determinando os eixos de expansão do espaço
urbano. Assim, guardam grandes lotes de terras no entorno da cidade esperando
que a cidade cresça e demande terras para expansão. Tal processo recebe o nome
de especulação de terras.

Sempre que há demanda por novas porções de terras esses agentes entram em
ação liberando seus estoques de terras ou guardando, provocando dessa forma
uma valorização.

Os proprietários de terras, no seu jogo de lucratividade com a cidade, mobilizam outro


importante agente: o Estado. Assim, quando desejam valorizar uma determinada
área da cidade ou eixo de crescimento demandam do poder público a instalação de
infraestrutura básica (estradas, redes, equipamentos públicos etc.) que valorizam
algumas porções da cidade garantindo lucro para esses agentes.

O Estado é o poder público. Em nível municipal é a prefeitura e seus agentes. O


Estado é administrado por grupos e pessoas com interesses sobre ele. Em muitos
casos o Estado é usado para garantir os interesses desses grupos, muitos dos quais
se misturam aos industriais, proprietários de terras e promotores imobiliários. Assim,
quando está em jogo o interesse de algum desses agentes o Estado (por meio do
judiciário e da polícia) tende a interferir em favor dos grupos mais poderosos.

Por fim, os grupos sociais excluídos correspondem ao conjunto da sociedade que não
participa do jogo da aquisição da cidade. Muitas vezes sem condições de comprar
moradia ou pagar os caros e insuportáveis aluguéis, se organizam em movimentos
Curso de Licenciatura em Geografia 18
sociais que se voltam a ocupar terras e exigir do poder público o acesso aos direitos
e serviços básicos como transporte, educação, saúde, saneamento básico etc. Nas
grandes cidades é comum encontrar esses movimentos.

Saiba mais!

Que tal assistir um documentário? Acesse o link abaixo e assista ao


documentário Leva.

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o

Depois de assistir pesquise se na sua cidade há falta de moradia e, como


moram as famílias mais pobres. Depois dialogue com seus colegas a respeito
dessa problemática.

1.4 Algumas considerações a respeito das cidades

Do ponto de vista legal, a cidade é a área urbana propriamente dita. Quem define a
área urbana, no Brasil, é o poder público municipal por meio de Lei aprovada pelas
câmaras de vereadores. Assim, um município pode possuir uma área urbana e uma
área rural. Há municípios que só possuem área urbana.

No Brasil, a cidade é definida como a sede do município. Ou seja, a cidade está


onde se localiza a prefeitura municipal. Essa definição foi criada nos anos 1930 e
ainda vigora no país, ainda que se possua uma ampla discussão sobre ela.

Esse é um importante detalhe que merece ser observado. Isso porque, é tal
definição que vai delimitar a população urbana e rural do município. Ou seja, todo

Curso de Licenciatura em Geografia 19


cidadão que reside na área urbana de um município é considerado na contagem
da população urbana municipal. Aqueles indivíduos que residem na área rural são
considerados como população rural. No recenseamento realizado, a cada dez anos
pelo IBGE, é levado em consideração o local de moradia do indivíduo a fim de
contabilizá-lo como urbano ou rural.

O Brasil, hoje, é um país predominantemente urbano com mais de 84% da população


vivendo em áreas urbanas.

Há um debate importante e controverso a esse respeito. Alguns autores defendem


outros critérios, para além do local de moradia, na contagem da população urbana.
Em nível internacional não há um consenso sendo que cada país define cidade e
população urbana a partir de um critério próprio, criando um grande entrave sobre
o real tamanho da população urbana mundial.

O fato é que o mundo já é predominantemente urbano, ou seja, a maior parte da


população mundial vive nas cidades, resultado do processo de aceleramento da
urbanização.

Atenção!

O Brasil possui 5.570 municípios de diversos tamanhos, população e histórias.


Realize uma pesquisa sobre sua cidade (história, área, população, principais
atividades econômicas e problemas urbanos) e apresente para seus colegas
sua perspectiva sobre o local onde você mora. Se possível fotografe imagens
representativas da cidade (o centro da cidade, os espaços turísticos, os
problemas, o comércio etc.) e debata com seus colegas.

Curso de Licenciatura em Geografia 20


1.4.1 O que são as cidades?

Objeto complexo, tema de intensos debates e controvertidas interpretações, a


cidade é hoje tema de inúmeras pesquisas acadêmicas. Tomada por diferentes
ângulos e por distintas disciplinas, tais como a História, o Urbanismo, a Arquitetura,
a Engenharia e a Geografia, a cidade ganha importância mediante sua ascensão
como espaço de gestão do mundo contemporâneo.

Pensar a cidade tornou-se uma tarefa árdua, tanto pela sua diversidade de formas,
usos e processos quanto por suas dimensões, problemáticas e transformações.

A cidade é o palco do teatro urbano e centro irradiador da urbanização destacando-


se, pois, pelos desafios de gestão, pelos problemas crescentes, pela diversidade
de tamanhos e pela intensidade com que a urbanização chega a diferentes pontos.

Um desafio inicial é definir a cidade mediante o amplo cabedal de definições,


interpretações e conceitos trazidos pela ampla literatura existente. Um segundo
desafio é pensar os processos, desafios e problemáticas recentes que envolvem as
cidades dos mais diversos tamanhos.

1.4.2 Definição de cidade

Definir a cidade é um exercício complexo. Podemos fazê-lo por duas vias: a partir
das definições teóricas e contribuições filosóficas ou a partir dos critérios legais.
Tanto um quanto outro apresenta uma diversidade tão ampla que é quase impossível
promover uma generalização. Então vejamos.

A literatura geográfica apresenta uma ampla matriz teórica que colabora para
definição de cidades. Contudo, não apenas no campo da Geografia, mas também
em outras áreas do conhecimento é possível encontrar colaborações importantes
que podem ajudar nesse processo de reconhecimento e definição das cidades.

Podemos definir a cidade como o espaço urbano, tal como vem sendo trabalhado
Curso de Licenciatura em Geografia 21
por Roberto Lobato Correa. Para este autor, o espaço urbano é fragmentado e
articulado; reflexo e condicionante social. Para ele, o espaço urbano da cidade
capitalista é fragmentado e articulado, pois apesar de se apresentar separado
(sobretudo em função da divisão espacial das classes sociais) estas diversas
porções sociais e espaciais se articulam e se ligam, por meio das diversas trocas
de fluxos materializadas pelas pessoas, produtos, serviços, operações consumo
etc. Logo, a cidade é fragmentada e articulada ao mesmo tempo.

Para Correa (1995), o espaço urbano, por ser fragmentado e articulado, reflete
as divisões sociais de classe e de renda da sociedade. Logo, o espaço urbano
da cidade capitalista reflete a desigualdade de acesso à renda (e a direitos)
expressando na paisagem a forma como diferentes grupos sociais se apropriam da
riqueza produzida pela coletividade.

Figura 4 – Expressão da desigualdade social


em São Luís (MA)

Fonte: https://oimparcial.com.br/cidades/2018/09/participacao-popular-pode-
reduzir-desigualdade-em-sao-luis-dizem-cientistas-sociais/

Curso de Licenciatura em Geografia 22


O espaço urbano é, por fim, condicionante social. Ou seja, as atividades
empresariais tendem a se somar em determinados espaços, favorecendo o
processo de reprodução das condições de produção. Assim, as empresas tendem
a buscar vantagens comuns que garantem a elas uma solidariedade de reprodução
do capital. Por sua vez, as famílias mais pobres tendem a se localizar em espaços
precários, resultado do processo de negação do direito à cidade, condicionando a
sobrevivência nas periferias urbanas.

As cidades são complexas, de tamanhos variados, de funções diversas,


apresentando uma diversidade de sítio, de extensão, de população, de oferta de
serviços, de base econômica, de história, de paisagem, de processos e de agentes.
Logo, ao tratarmos de cidade de forma mais genérica estamos falando de uma
espacialidade tão diversa e complexa que pode ao mesmo tempo estar se referindo
a uma aglomeração de 2000 habitantes (a exemplo da pequena cidade de Junco do
Maranhão) ou de uma cidade com 15 milhões de habitantes (tal como São Paulo).
Também podemos estar falando de cidades de diversos tamanhos, algumas com
área minúscula ou aquelas com grandes extensões.

O fato é que as cidades existem e cumprem um papel importante de reprodução


da vida.

Quando falamos de cidade, hoje, tendemos a pensar, também, seus problemas.


As grandes cidades brasileiras, e mesmo cidades de outros países do mundo,
apresentam uma ampla diversidade de dificuldades decorrentes de seus modelos
de urbanização. Assim, quando pensamos as grandes e médias cidades tendemos
a pensar os problemas de violência, mobilidade urbana, poluição (visual, sonora, do
ar, da água etc.), pobreza, impactos ambientais etc.

É comum percorrer grandes cidades brasileiras e se deparar com a expressão


espacial da pobreza nas formas de morar da população mais pobre. Assim, não
é incomum ver favelas ocupando áreas ribeirinhas, morros e alagados, a exemplo
do que se pode observar na paisagem de cidades como Recife, Salvador e Rio de
Janeiro.

As populações mais pobres se mantêm vulneráveis nesses espaços insalubres de

Curso de Licenciatura em Geografia 23


moradia. Recorrentemente, nos deparamos com notícias de mortes de pessoas
mais pobres moradores de áreas de risco.

Nas pequenas cidades brasileiras, a existência de favelas ou áreas pobres é menos


percebido, apesar de existirem.

De forma prática, a definição de cidades no Brasil segue um critério político-


administrativo. Ou seja, a definição de cidade é dada a partir de critério jurídico
estabelecido por meio do Decreto-Lei nº 311 de março de 1938 que reconhece
como cidade a sede municipal.

Nesse sentido é importante diferenciar o conceito de cidade e de município. Como


já observado, a cidade se refere à área urbana municipal. O município, por sua
vez, corresponde ao território municipal, podendo ter uma área urbana e outra área
rural. Existem municípios brasileiros que são totalmente urbanos, a exemplo do
município de Camaragibe (Pernambuco).

A definição sobre o território municipal é feita por legislação aprovada pela Câmara
de Vereadores de cada município. Assim, são definidos os limites entre área rural e
urbana, consequentemente determinando o perfil da população municipal.

Atenção!

Você sabe os limites entre a área urbana e rural de seu município? Que tal
pesquisar sobre o assunto e depois socializar com seus colegas a descoberta?

Curso de Licenciatura em Geografia 24


Por que é importante tal definição?

Além das políticas públicas que são desenvolvidas para áreas urbanas e áreas
rurais, tal delimitação também interessa na contagem da população brasileira. Isto
porque, é contabilizada como população urbana as pessoas que vivem em áreas
urbanas e como população rural as pessoas que vivem em áreas rurais.

A cada dez anos o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza um


Censo da população brasileira, contabilizando inclusive o tamanho da população
rural e urbana nacional. Logo, como já destacado, é com base na legislação
dos municípios (que define áreas urbanas e rurais) que se chega aos resultados
divulgados.

Em nível internacional, a definição de cidade segue critérios próprios de cada país.


Como demonstrado em Sposito (2013) há uma grande diferenciação nos critérios
utilizados para definição de cidades pelos países e organizações internacionais.
Que tal pesquisar um pouco sobre o assunto e comparar ao critério brasileiro? Após
a pesquisa socialize sua descoberta.

1.4.3 Critério de cidade no Brasil

Enquanto no Brasil, o critério para definição de cidades é político-administrativo


(a cidade corresponde à área urbana do município), em outros países o critério é
numérico. Santos (1982) critica a utilização de critério numérico para definição de
cidades afirmando que: “Aceitar um número mínimo como fizeram alguns países e
também as Nações Unidas, para caracterizar diferentes tipos de cidades no mundo
inteiro, é incorrer no perigo de uma generalização [...]” (p.69).

Ainda assim, organizações internacionais reconhecem que o mundo já é


predominantemente urbano. Ou seja, em nível internacional a maior parte da
população mundial vive em cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Segundo
um estudo da ONU publicado em julho de 2018, 54% da população mundial vive
em cidades e as projeções indicam que serão 66% de população urbana em 2050.

Curso de Licenciatura em Geografia 25


Dica de leitura

Acesse e leia o texto Relatório da ONU que mostra população mundial


cada vez mais urbanizada, mais da metade vive em zonas urbanizadas
ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050.

Disponível em:< Dhttps://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-


da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-
metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-
em-2050

Tudo isso requer das autoridades mundiais esforços no sentido de pensar o futuro
das cidades tornando-as mais saudáveis, sustentáveis e democráticas.

RESUMO

Nesta Unidade, estudamos o processo histórico de formação das cidades. Vimos


que elas são resultado de um processo histórico que remonta mais de cinco mil anos.
Também analisamos os critérios para definição de cidades no Brasil e a importância
de tal definição. Por fim, conhecemos os agentes promotores do espaço urbano e
como eles colaboram para dinâmica de produção do espaço urbano.

Curso de Licenciatura em Geografia 26


REFERÊNCIAS

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Editora Contexto, 2001.

CORREA, Roberto Lobato. O Espaço urbano. São Paulo: Ática, 1995.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 1995.

SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas:
perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial,
2013, 148 p.

Curso de Licenciatura em Geografia 27


2
Unidade

Urbanização, Hierarquia
das Cidades e Problemática
Urbana
Objetivo

Compreender o processo de urbanização brasileira,


analisando a rede urbana nacional.

Curso de Licenciatura em Geografia 28


2.1 A urbanização brasileira

O que é a urbanização e qual o seu resultado? Qual a taxa de urbanização do Brasil


e quais as implicações disso sobre o território e a vida das pessoas? São algumas
das questões que serão debatidas ao longo desta Unidade.

Em linhas gerais podemos definir a urbanização como o processo de crescimento


da população urbana em relação à população rural. Dessa forma, afirmamos existir
um processo de urbanização quando há um crescimento da população que vive em
áreas urbanas em relação ao total da população rural. Em outro sentido, podemos
falar de urbanização quando verificamos o processo de expansão da malha urbana
das cidades ou mesmo a formação de novas aglomerações urbanas sobre o
território.

O Brasil experimentou um processo relativamente recente de urbanização. Até


meados do século XX, o Brasil era um país predominantemente rural. Ou seja, a
maior parte de sua população vivia em áreas rurais e atuava no trabalho agrícola.
O Brasil era um país agroexportador, enviando para o exterior boa parte de sua
produção agrícola, em função de que não existia no país um mercado consumidor
considerável capaz de consumir o conjunto da produção.

Somente a partir da segunda metade do século XX, o Brasil passa acelerar o


processo de urbanização com o aumento das taxas de urbanização nacional e
com a conformação de novos centros urbanos, muitos dos quais embriões de
aglomerações urbanas.

Saiba mais!

Taxa de urbanização: corresponde ao percentual da população urbana em


relação ao total da população

Curso de Licenciatura em Geografia 29


Segundo Santos (1995), nos anos 1940, a população brasileira era de mais de 41
milhões de habitantes e apresentava uma taxa de urbanização de 26,35%. A partir
de então taxa de urbanização nacional não parou de crescer. Em 1950, já era de
36,16%; em 1960, de 45,52 e em 1970 de 56,80%.

É a partir dos anos 1940 que a urbanização brasileira se acelera, mas somente
nos anos 1970 que o país passa a ser predominantemente urbano. Entre os anos
1960 e 1980, as cidades brasileiras ganham um incremento populacional urbano
na ordem de cinquenta milhões de habitantes. Em 1960, a população total do país
era de 70.191.000 habitantes com um total de 31.956.000 pessoas vivendo em
cidades. Em 1980, a população total do país já chegava a 119.099.000 pessoas e
uma população urbana de 82.013.000 urbanos representando 68,86% do total de
brasileiros. A taxa de urbanização brasileira em 1980 apresentava um incremento
de mais de quase 50 milhões de habitantes urbanos em relação a 1960. É mais que
a metade da população total do país que, agora, passa a viver em áreas urbanas.
Em 1991, a população do Brasil já era de mais de 150 milhões de habitantes com
uma taxa de urbanização de mais de 77%. ( SANTOS, 1995).

Em 2000, na virada do século, o país somava quase 170 milhões de habitantes e


apresentava uma taxa de urbanização na ordem de 81% da população nacional.
Por sua vez, em 2010, a população brasileira já era de mais de 190 milhões de
pessoas com uma taxa de urbanização de 84% da população.

Curso de Licenciatura em Geografia 30


Figura 5 – Taxa de urbanização brasileira 1940-
2010

Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/urbanizacao/urbanizacao-
brasileira.html

Vale destacar que, o processo de urbanização brasileiro vem promovendo uma


concentração populacional do ponto de vista regional e territorial. Assim, uma parte
significativa da população nacional se concentra nas regiões Sudeste e Nordeste,
representando 42 e 27% da população nacional, respectivamente. Por sua vez, a
região Centro-Oeste é aquela que apresenta menor concentração com apenas 7%
da população brasileira.

Curso de Licenciatura em Geografia 31


Quadro 1 – Evolução da população brasileira 1991-2010

Ao analisar as taxas de urbanização brasileira por regiões percebemos uma


desigualdade entre regiões, ainda que sejam todas elas majoritariamente urbanas.
Assim, dentre as cinco regiões do país a Sudeste é aquela que apresenta maior
taxa de urbanização (92,95%), seguida pelo Centro-Oeste (88,8%) e Sul (84,93%).

Quadro 2 – Taxa de Urbanização das Regiões Brasileiras (IBGE)


Região 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007 2010
Brasil 31,24 36,16 44,67 55,92 67,59 75,59 81,23 83,48 84,36
Norte 27,75 31,49 37,38 45,13 51,65 59,05 69,83 76,43 73,53
Nordeste 23,42 26,4 33,89 41,81 50,46 60,65 69,04 71,76 73,13
Sudeste 39,42 47,55 57 72,68 82,81 88,02 90,52 92,03 92,95
Sul 27,73 29,5 37,1 44,27 62,41 74,12 80,94 82,9 84,93

Curso de Licenciatura em Geografia 32


Centro- 21,52 24,38 34,22 48,04 67,79 81,28 86,73 86,81 88,8
Oeste
Fonte: IBGE (2010).

As regiões Norte e Nordeste são, respectivamente, as regiões menos urbanas do


país apresentando taxas de 73,53 e 73,13%, respectivamente, conforme pode ser
observado no Quadro 2.

Quando a distribuição populacional do país é analisada a partir dos estados


brasileiros percebemos grande desigualdade entre estados. Assim, São Paulo é
o estado mais populoso do Brasil com uma população de mais de 41 milhões de
habitantes. Para se ter uma ideia, o segundo estado mais populoso do país – Minas
Gerais – apresenta uma população de pouco mais de 19 milhões de habitantes,
menos da metade da população de São Paulo. Logo, São Paulo possui perto de
um quarto da população nacional, por isso sua importância no cenário político e
econômico brasileiro.

Curso de Licenciatura em Geografia 33


Quadro 3 – População brasileira por estados e crescimento percentual entre 2000-
2010

Fonte: IBGE (2010).


Curso de Licenciatura em Geografia 34
Quanto à realidade urbana dos estados brasileiros, é, novamente, São Paulo aquele
que apresenta maior taxa de urbanização acompanhado do estado do Rio de Janeiro
e Goiás. Como se pode observar na Figura 6, existe uma forte desigualdade das
taxas de urbanização no Brasil. Os estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste
apresentam taxas de urbanização acima de 80%. Já os estados das regiões Norte
e Nordeste apresentam taxas de urbanização desiguais entre estados.

Figura 6 – O Mapa mostra a existência de uma forte


desigualdade das taxas de urbanização no Brasil

Fonte: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/grau-de-urbanizacao
Curso de Licenciatura em Geografia 35
2.2 Urbanização do Maranhão

É importante analisar o quadro urbano do estado do Maranhão em específico.


Assim, com uma população de pouco mais de 6.500.000 habitantes em 2010,
apresentando uma taxa de urbanização de quase 63,08%, o estado é um dos
menos urbanizados do país. Isso significa dizer que a população maranhense é
predominantemente urbana, ainda que exista uma população rural significativa na
ordem de 36,92%, constituída de mais de 2.400.000 habitantes.

Tabela 1 – População Rural/Urbana - Estado – Maranhão


População (1991) (1991) (2000) (2000) (2010) (2010)
População total 4.930.253 100,00 5.651.475 100,00 6.574.789 100,00
População urbana 1.972.421 40,01 3.364.070 59,53 4.147.149 63,08
População rural 2.957.832 59,99 2.287.405 40,47 2.427.640 36,92

Fonte: PNUD, Ipea e FJP

O território maranhense apresenta forte disparidade quanto às taxas de urbanização


entre os municípios. Dessa forma, é possível encontrar municípios com taxas de
urbanização na casa de 87,12% a exemplo de Balsas e outros com taxa urbanização
muito baixa a exemplo de Belágua que possui uma população de 6.524 habitantes
e apresenta uma urbanização de somente 50,02%.

Curso de Licenciatura em Geografia 36


Figura 7 – Taxa de urbanização por municípios do Maranhão

Legenda
. Municípios ( 50 mil habitantes ou mais )
Taxa de Urbanização

14,4 - 32,8

ESCALA GRÁFICA 32,9 - 44,9


0 50 100 200
45,0 - 57,7
Coodenadas Geográficas: WGS 84
Datum Horizontal: WGS 84 57,8 - 72,1
Meridiano de Referência : 450 W Gr
72,2 - 94,8
Fonte : IMESC - 2013

Fonte: https://www.nugeo.uema.br/?p=10710#prettyPhoto/0/

Curso de Licenciatura em Geografia 37


Atenção!
Para exercitar o conhecimento a respeito das taxas de urbanização maranhense que tal,
agora, explorar dados e informações municipais? Acessa o Atlas do Desenvolvimento Humano
do Brasil, selecione alguns municípios e analise as informações. Em seguida, apresente para
seus colegas as principais descobertas!

Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.


br/2013/pt/consulta/

2.3 Metropolização Nacional

A partir da metade do século XX, o Brasil para a verificar a formação importantes


aglomerações urbanas, sobretudo no entorno de algumas importantes capitais
estaduais, originando processo de metropolização.

Para Langenbuch (1971 apud SANTOS, 1995,p.84 ), “a metrópole constitui um tipo


especial de cidade, que se distingue das menores não apenas por sua dimensão,
mas por uma série de fatos, quer de natureza quantitativa, quer de natureza
qualitativa”.

As metrópoles se constituem em cidades complexas por sua dimensão territorial


e demográfica. Com populações amplas, muitas vezes na casa dos milhões
de habitantes, as metrópoles foram chamadas por Santos (1995) de “cidades
milionárias”. Para o autor, o Brasil possuía em 1960 apenas duas cidades com
população de mais de um milhão de habitantes (São Paulo e Rio de Janeiro), eram
cinco em 1970, dez em 1980 e doze em 1991.

Nesse período se desenvolve, também, um processo de metropolização com a


institucionalização das primeiras Regiões Metropolitanas brasileiras. Foram elas,
criadas por lei: Belém, Salvador, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Posteriormente, a partir da Constituição de 1988,
foi dado aos estados a incumbência de criação das RMs. Assim, uma série de novas
Regiões Metropolitanas (RMs) foram criadas pelo país, muitas das quais tendo seu
centro fora das capitais estaduais conforme pode ser observado no Quadro 4.

Curso de Licenciatura em Geografia 38


Quadro 4 – Região Metropolitana, Unidade da Federação, Ano de criação e população
em 2010

Grande São Luís

Curso de Licenciatura em Geografia 39


As RMs possuem um núcleo principal que lhe dá o nome, é o município núcleo
da região. Além desse município formam a Região Metropolitana um conjunto de
municípios territorialmente integrados muitas vezes, mas nem sempre, conturbados
ao município núcleo.

Saiba mais!

São Paulo é, hoje, a maior metrópole do país e uma das maiores cidades do
mundo. Juntamente com os municípios que compõem a Grande São Paulo
somam-se mais de 19 milhões de habitantes.

Figura 8 – Região Metropolitana de São Paulo

Fonte:https://associacoeshoje.com.br/2017/10/06/custo-de-vida-na-regiao-
metropolitana-de-sao-paulo-sobe-039-em-agosto/

Curso de Licenciatura em Geografia 40


O Brasil tem algumas dezenas de Regiões Metropolitanas, dentre elas se encontra
a Região Metropolitana de São Luís. Dessa forma, ao falar da RM São Luís estamos
tratando de uma região composta pelos municípios de São José de Ribamar,
Raposa, Paço do Lumiar, Alcântara, Bacabeira, Rosário, Santa Rita, Icatu, Morros,
Presidente Juscelino, Axixá, Cachoeira Grande e São Luís.

Em tese, a criação de RMs tinha o objetivo de realização de políticas públicas


comuns aos municípios integrantes. Considerando a íntima relação entre suas
populações se tornava fundamental pensar estratégias integradas de ação. Por
exemplo, um indivíduo morador de Raposa (MA) trabalha em São Luís e estuda em
Paço do Lumiar. Desta forma, para que consiga se deslocar internamente dentre os
municípios é de fundamental importância que se desenvolva uma política integrada
de transportes intermunicipais, garantindo o deslocamento diário dentro da região.

Esse exemplo hipotético se reproduz em diversos contextos no Brasil afora e,


por isso mesmo, justifica a criação de regiões metropolitanas a fim de garantir o
planejamento de políticas públicas em nível regional. Essas políticas passam a
ser elaboradas por organismos regionais criados para pensar políticas para além
dos municípios. Assim, as políticas deixam de ser municipais e passam a ser
metropolitanas.

Atividade

Realize uma pesquisa a respeito das regiões metropolitanas brasileiras identificando


os municípios integrantes, população, área e estado. Em seguida, elabore um croqui
das RMs brasileiras e dialogue com seus colegas a respeito das descobertas.

Curso de Licenciatura em Geografia 41


2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras

O Brasil é formado por um conjunto de regiões, estados e municípios. Com um


território de tamanho continental, as cidades brasileiras se apresentam de forma
diversa em relação à população, extensão e funções desempenhadas.

Cada cidade desempenha um papel ou função principal. Assim, há cidades que


apresentam função comercial, administrativa, religiosa, portuária, cultural, turísticas
etc. A função corresponde ao papel econômico principal desempenhado por uma
cidade.

Saiba mais! Alguns exemplos de cidades e funções:

Cidades político-administrativas: são cidades onde se localizam importantes sedes


administrativas de governos e parlamentos. Costumam ter como característica a elevada
oferta de empregos no setor público e estratégica função política. Geralmente, são cidades
especificadamente planejadas e construídas para esse fim, embora, em alguns casos, elas
passem a acumular outras funções. Podemos citar, como exemplo, de cidades político-
administrativas, Brasília (Brasil), Pretória (África do Sul), Washington (EUA), Ottawa (Canadá),
entre outras;

Cidades religiosas: são formações urbanas que possuem suas dinâmicas econômicas
majoritariamente centradas em algum tipo de atividade religiosa, que ocorre todo o ano
ou durante alguns poucos dias, mas que atrai um grande número de fiéis e movimenta um
significativo ornamento financeiro. Exemplos de cidades desse tipo são: Jerusalém (Israel),
Meca (Arábia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha),
Trindade (Brasil), entre outras;

Cidades turísticas: são cidades que possuem algum significativo atrativo turístico e de lazer,
seja pelos seus recursos naturais, seja pelas possibilidades oferecidas pelo seu espaço
geográfico. Dentre esse tipo de cidade, podemos citar Las Vegas (EUA), Porto Seguro (Brasil),
Cancun (México) etc;

Curso de Licenciatura em Geografia 42


Cidades portuárias: são cidades que exercem uma importante função na economia do país
ao qual pertencem, pois são a partir delas que a maior parte das exportações e importações
acontecem, graças à estrutura de seu porto, utilizado para carga e descarga de mercadorias.
Alguns exemplos de cidades desse tipo são: Santos (Brasil), Roterdã (Holanda) e Hamburgo
(Alemanha); e

Cidades industriais: apesar de a maioria das cidades se formar direta ou indiretamente em


função do crescimento da produção industrial em uma dada região, somente algumas delas
podem ser classificadas como cidades industriais. Essas se caracterizam por centrarem
a maioria de suas atividades quase que exclusivamente no setor industrial, apresentando
vastos e modernos parques empresariais produtivos. Citam-se como exemplo, as cidades
de Camaçari (Brasil), Córdoba (Argentina), Manchester (Inglaterra), Dusseldorf (Alemanha)
e muitas outras.

Fonte:: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/funcao-das-cidades.htm

Atenção!

As funções não são excludentes, podendo existir mais de uma função para
cada cidade.

Atividade

Que tal pensar sobre as funções realizadas pela sua cidade? Relacione a função
principal e, se existir, outras funções. Depois apresente para seus colegas!

Curso de Licenciatura em Geografia 43


As cidades se organizam, ainda, em uma grande rede, que na Geografia
denominamos de rede urbana. Como rede urbana compreende-se as relações
estabelecidas entre as cidades em função do fluxo de pessoas, dinheiro, mercadorias
e informações. Assim, todas as cidades de um país ou do mundo integram uma rede
urbana estabelecendo alguma relação entre si, a partir da função desempenhada
por ela. Essa rede estrutura-se por meio de uma hierarquia, em que as cidades de
menor porte tendem a ser dependentes de cidades maiores e economicamente
mais desenvolvidas.

As cidades maiores tendem a ofertar um conjunto de serviços, por vezes, mais


complexos. Assim, por exemplo, as grandes cidades tendem a apresentar um
conjunto de negócios mais complexos e diversos, diferente daquelas cidades de
menor porte.

Um bom exemplo para pensar a diversidade e complexidade de serviços e negócios


é pensar a respeito do setor de saúde. Quando estamos em grandes cidades é
comum encontrar uma ampla oferta de hospitais e clínicas especializadas em
diversos tipos de atendimentos. Tal realidade não é comum nos pequenos centros
que, em geral, não dispõem de especialidades clínicas. Assim, quando a população
dos pequenos centros urbanos necessita de atendimentos especializados tendem
a se dirigir aos centros maiores de sua rede urbana.

Tal como é possível pensar a respeito do serviço de saúde, também é possível


pensar os serviços bancários, a oferta de produtos, shows e entretenimentos etc.
Os pequenos centros tendem a atender as demandas locais, imediatas de sua
população. Logo, numa rede urbana qualquer quando um indivíduo necessita de
produtos e serviços diversos, diferentes daqueles ofertados localmente, tende a
se deslocar para centros urbanos maiores onde poderá encontrar diversidade de
produtos, preços e serviços.

Em estudo publicado em 2007, o IBGE classificou a hierarquia urbana brasileira


definindo cinco grandes níveis de cidades, sendo: metrópoles, capital regional,
centro regional, centro sub-regional e centro local.

Curso de Licenciatura em Geografia 44


Saiba mais!

1 Metrópoles – são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu
grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área
de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e
a intensidade destas relações:

a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões
de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial;

b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões
em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente
com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e

c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia
e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte),
constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora
estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem
a inclusão neste conjunto.

2 Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se
relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível
imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo
referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios.
Como o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais
estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro, além
da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo mais
presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do País. Os grupos das Capitais
regionais são os seguintes:

a. Capital regional A – constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487
relacionamentos;

Curso de Licenciatura em Geografia 45


b. Capital regional B – constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406
relacionamentos; e

c. Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162
relacionamentos.

3 Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos
complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação
mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em
geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de
maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente
povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber:

a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e


112 relacionamentos; e

b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e


71 relacionamentos.

4 Centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua
área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em:

a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos.


Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove
cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e

b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos.


A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107
estavam no último nível daquela classificação.

5 Centro local – as demais 4. 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites
do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente
inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8.133 habitantes)

Fonte: Região de Influência das Cidades. IBGE, 2007.

Curso de Licenciatura em Geografia 46


Saiba mais!

Que tal, agora conhecer um pouco mais a respeito da rede urbana à qual
seu município está vinculada? Acesse o material de apoio, no arquivo
disponibilizado, e pesquise a respeito do nível dos municípios que integram a
rede urbana próxima e veja qual a cidade que influencia sua região.

Para conhecer a publicação completa da Região de Influência das Cidades


acesse o link e baixe o arquivo. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/
geociencias/geografia/regic.sh2tm?c=7

2.5 Pequenas, médias e grandes cidades

As cidades apresentam grande variedade de tamanho quanto à sua população e


extensão. Assim, os estudos sobre cidades e até mesmo o senso comum busca
diferenciar a partir de critérios como tamanho populacional. Logo, se fala de
pequenas, médias e grandes cidades.

De maneira geral, as pequenas cidades são interpretadas como aquelas de pouca


população. Não há um critério específico para defini-las, mas, a exemplo de Sposito
(2013) que se preocupou com o tema, são pequenas cidades aqueles centros
urbanos com menos de 50 mil habitantes. Vale destacar que, o autor defende que
esse não deve ser o único critério para definir a cidade como pequena.

Além disso, há autores e instituições, a exemplo do IPEA, que trabalham com o


critério que estabelece a pequena cidade como aglomerações com menos de 100
mil habitantes.

Curso de Licenciatura em Geografia 47


Saiba mais!

População das cidades médias cresce mais que no resto do Brasil.

Aumento de habitantes nas cidades com 100 mil a 500 mil, neste século, supera a
média nacional.

Dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as cidades médias brasileiras tiveram
maior crescimento populacional, entre 2000 e 2007, e também maior aumento do PIB
(Produto Interno Bruno), entre 2002 e 2005, que as demais cidades brasileiras.

A Coordenadora de Desenvolvimento Urbano da Diretoria de Estudos Regionais e


Urbanos do Ipea, Diana Motta, e o pesquisador Daniel da Mata, da mesma diretoria,
são os responsáveis pelo estudo inédito. O critério demográfico tem sido o mais
aplicado para identificar as cidades médias. Podem ser consideradas médias aquelas
cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes.

Nas regiões Norte e Centro-Oeste, devido às características do sistema urbano


regional, municípios com população de 50 mil a 100 mil habitantes também podem
desempenhar a função de cidades médias.

Fonte:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_acymailing&ctrl=archive&task=
view&mailid=277&key=0cb55bbf90cf649efb18d15a9c9cf52f&Itemid=117

As pequenas cidades brasileiras se constituem num ponto cego da Geografia.


Isso porque, os estudos urbanos brasileiros privilegiaram os grandes centros
urbanos e, mais recentemente, as médias cidades, deixando os pequenos centros
num verdadeiro vácuo. Para Sposito (2013), só há uma mudança de perspectiva
investigativa sobre as pequenas cidades a partir dos anos 1980, com o processo
de renovação da Geografia.

Curso de Licenciatura em Geografia 48


Ao colaborar para o debate a respeito dos pequenos centros urbanos brasileiros,
Milton Santos (1982) empregou o termo “cidades locais”. Para o autor “a pequena
cidade, que preferimos chamar de cidade local, torna-se centro funcional, mas
não dinâmico da região circundante [...]” (p.69). E acrescenta: “A cidade local é a
dimensão mínima a partir da qual as aglomerações deixam de servir às necessidades
das atividades primárias para servir às necessidades inadiáveis da população, com
verdadeira especialização do espaço (p.71).

As pequenas cidades guardam alguns fetiches no imaginário social. Fala-se desses


pequenos centros urbanos como espaço de tranquilidade, paz e segurança. Se
essa foi a imagem outrora criada pelos filmes e novelas brasileiros, o mesmo não se
pode dizer delas, hoje. As pequenas cidades passam a apresentar problemas das
mais diversas ordens: pobreza, violência, insegurança e fragmentação espacial.

Para Sposito (2013), as pequenas se constituem em espaços urbanos “menos


complexos e menos segmentados/fragmentados” (p.40). Contudo, complementa
o autor, “em alguns casos, já é perceptível a instalação de condomínios e/ou
loteamentos fechados [...] (p.40)”. Nas pequenas cidades nordestinas essa
fragmentação já pode ser percebida, ainda que em menos intensidade em
comparação àquelas estudadas por Sposito (2013) no estado de São Paulo. Tal
fragmentação é mais perceptível, no território maranhense, em cidades como de
porte médio a exemplo de Caxias.

Nesses pequenos centros urbanos, vale destacar, a oferta de serviços é básica


atendendo as necessidades locais de consumo. Por ter limites populacionais
maiores e, consequentemente, limites quanto à circulação de dinheiro, os pequenos
centros urbanos não apresentam grande complexidade de produtos e serviços. Um
bom exemplo para verificar tais limitações é observar a oferta de serviços médicos
e bancários.

Na maioria das pequenas cidades, não há uma ampla oferta de rede bancária
(muitas vezes existindo apenas uma agência de banco). Além disso, quanto
aos serviços médicos, as pequenas cidades, em muitos casos, apresentam
apenas atendimentos básicos e menos complexos. Quando há necessidade de
determinados atendimentos a população local tende a se deslocar para centros
Curso de Licenciatura em Geografia 49
maiores. Voltaremos a tratar dessa relação entre centros urbanos mais adiante
quando falarmos de rede urbana.

Já, o debate a respeito de cidades médias no Brasil vem ganhando corpo em


função do quadro de urbanização recente do país que fez aumentar o número de
centros urbanos com mais de 100 mil habitantes. Segundo Santos (1995), eram
128 cidades no território brasileiro com população entre 100 e 500 mil habitantes
e, atualmente, são 245 cidades brasileiras com população dentro desse patamar
segundo dados do Censo IBGE 2010.

Tabela 2 – Cidades brasileiras com população entre


100 e 500 mil habitantes
Ano Número de cidades
1940 08
1970 25
1980 49
1991 113
1996 161
2000 193
2010 245
Fonte: IBGE 1940, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010.

Conforme pode ser observado na Tabela 2, o Brasil experimentou um processo de


explosão das cidades com população entre 100 e 500 mil habitantes ao longo das
últimas décadas. Assim, ao mesmo tempo em que crescia a população dos grandes
centros urbanos, também aumentava população e o número de cidades de porte
médio reconfigurando a rede urbana nacional.

Desde os anos 1990, inúmeros trabalhos vêm dando conta de aprofundar o debate
a respeito das médias cidades brasileiras. Nesse sentido, Conte (2013) afirma que
variados autores brasileiros têm se dado ao trabalho de realizar investigações a
respeito das cidades médias “com o objetivo de analisar e compreender o fenômeno
através de pesquisas empíricas e reflexões teórico-metodológicas”. Contudo,
afirma Amorim Filho (2007, p.77) que: “a quantidade de pesquisas publicadas e
Curso de Licenciatura em Geografia 50
eventos direcionados para a temática das cidades médias alcança um número e
uma intensidade tais que é praticamente impossível para qualquer pesquisador
acompanhar tudo que se faz neste domínio”.

Para Amorim Filho e Serra (2001), não existe uma ideia consensual do que seriam
as cidades médias. Essa ausência de consenso, todavia ocorre no meio acadêmico,
onde literalmente, não existe uma definição fortalecida de cidade média, uma
classificação que possa ser utilizada ao mesmo tempo por sociólogos, economistas,
arquitetos, geógrafos, demógrafos, mesmo que inserida em cada especialidade
seja possível alcançar algum acordo sobre a matéria.

A dificuldade de conceituação das cidades médias reside no critério demográfico do


que seriam os limites para tal delimitação. É nesse sentido que Conte (2013, p.51)
destaca:
Verificando a escala mundial, os valores são consideravelmente
distintos, como por exemplo: a Organização das Nações Unidas
(ONU) considera como cidades médias aquelas que possuem
entre 100 mil e três milhões de habitantes, o VII Congresso
Ibero-Americano de Urbanismo considerou médias todas as
cidades com 20 a 500 mil habitantes, enquanto a Comissão
Europeia define como sendo cidades médias aquelas que
possuem entre 100 e 250 mil habitantes.

Em nível nacional, tal como já demonstramos anteriormente, instituições como


IPEA trabalham com a faixa demográfica para delimitação de cidades médias num
patamar entre 100 e 500 mil habitantes. Contudo, vale dizer, que esse critério não
é rígido podendo haver cidades médias com menos de 100 mil habitantes ou com
mais de 500 mil.

Para alguns autores, a definição de cidade média vai além do critério demográfico.
Nesse sentido, é preciso considerar variáveis como posição regional na rede
urbana, estrutura econômica, relações externas, influência regional etc. Assim,
compreendendo a cidade, sua região e suas relações seria possível definir mais
precisamente a existência de uma cidade média. Porém, essa discussão teórica
ainda não se esgotou e não se produziu consenso. Por enquanto, continuamos
trabalhando com o critério demográfico como ponto de partida e a análise regional
como ponto de chegada.

Curso de Licenciatura em Geografia 51


Portanto, podemos dizer que as cidades médias, tal como proposto com Corrêa
(2007), se constituem num meio termo entre a pequena e a grande cidade. Assim,
propõe o autor, a cidade média é aquela que possui as vantagens da cidade pequena
sem as desvantagens da cidade grande. Não é possível, em nossa opinião, fazer
tal generalização visto que mesmo cidades pequenas já apresentam um quadro
de problemas urbanos tão complexos quanto grandes centros. Porém, em geral,
pequenas e médias cidades, sobretudo no Nordeste brasileiro, ainda apresentam
qualidades que continuam atraindo populações.

Por fim, e não para concluir, precisamos destacar a existência das grandes cidades
brasileiras. Como grandes cidades, ao menos do ponto de vista demográfico, temos
adotado o patamar de mais de 500 mil habitantes. Essas cidades são, hoje, palco
de problemas urbanos e de desafios de gestão.

A extensão da área urbana e o tamanho populacional se convertem em problemas


que os gestores municipais precisam enfrentar. Assim, cidades de grande porte
apresentam periferias extensas onde residem populações pobres e que necessitam
de uma maior rede de atendimento do poder público. Quanto maior a população
mais serviços e infraestrutura precisam ser ofertados e distribuídos pelo território
municipal. Muitas vezes essa distribuição se dá de forma desigual e com privilégio
para áreas onde residem populações de maior poder de renda e mais influência
política.

Quando falamos das grandes cidades brasileiras é de fundamental importância


pensar duas questões contemporâneas importantes: a mobilidade urbana e a
questão do acesso à moradia.

Se deslocar dentro da cidade é de fundamental importância. Para as famílias que


dispõem de recursos próprios lhes permitindo a aquisição do carro particular o
deslocamento diário é um problema menor, visto que pode se utilizar do transporte
particular para ir à escola, ao trabalho, ao lazer etc. Contudo, as famílias que não
possuem renda suficiente para adquirir um transporte particular dependem dos
serviços públicos de transporte, muitas vezes precários e deficitários. Sobretudo
no contexto das grandes cidades, depender de ônibus ou de trem é uma realidade
dramática. Ônibus e trens lotados, engarrafamentos, carestia do valor das
Curso de Licenciatura em Geografia 52
passagens, serviços precários etc., são alguns dos muitos problemas enfrentados
pela população das grandes cidades brasileiras.

Vale descartar que muitas cidades pequenas e médias no interior do Brasil não
dispõem de rede de transporte público. Nessas cidades, o deslocamento se dá,
principalmente, por meio do serviço de mototáxis que desempenham o importante
papel de promoção da mobilidade urbana. Em muitas dessas cidades é comum que
as famílias possuam, ao menos, uma motocicleta como propriedade. As leis são
menos rigorosas, assim é comum ver motociclistas desrespeitando as leis e, em
muitos casos, até crianças pilotando motos.

Do ponto de vista da moradia, as grandes cidades se tornam palco de intensas


disputas. Isso porque, nessas cidades o preço da terra se eleva em função da
demanda. Quanto maior a população maior será a demanda por terra para morar.
Assim, nas grandes cidades é mais perceptível a problemática da moradia.

Quem dispõe de recursos ou de crédito bancário, adquire casa por meio do mercado
formal de moradias. Porém, quem não dispõe das condições para aquisição da
moradia precisa recorrer ao chamado mercado informal. Logo, tende a comprar
casas ou terrenos na periferia onde podem promover o processo de reconstrução
ou autoconstrução da moradia.

Há, ainda, aquelas famílias que não possuindo recursos para adquirir casas até
mesmo no mercado informal tendem a participar da luta por moradia se organizando
politicamente em movimentos sociais urbanos. Esses movimentos atuam na luta pela
terra reivindicando o direito à moradia que está contido na Constituição Brasileira
de 1988. Figura 9: Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta por moradia.

Curso de Licenciatura em Geografia 53


Figura 9 – Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta
por moradia

Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-11/prefeitura-e-
familias-de-ocupacao-no-rj-discutem-moradia-populares

Saiba mais!

Que tal conhecer um pouco mais a respeito dos movimentos sociais de


luta por moradia? Com o apoio do seu Tutor, levante informações sobre os
movimentos sociais de luta por moradia no Brasil. Em seguida, realize uma
pesquisa sobre história dos movimentos, bandeiras de luta e áreas de atuação.
Por fim, socialize com seus colegas as descobertas!

Curso de Licenciatura em Geografia 54


O Brasil possui um grave quadro de déficit habitacional. Boa parte desse déficit está
concentrado nas grandes cidades brasileiras e se localiza majoritariamente dentre
as famílias mais pobres.

O déficit habitacional é dividido em dois grandes grupos: quantitativo e qualitativo. O


déficit quantitativo é contabilizado a partir do conjunto de famílias que não possuem
moradia, coabitam casa ou pagam aluguel. Ou seja, corresponde ao conjunto de
moradias que precisam ser construídas para atender ao total de famílias sem casas
no Brasil.

Por sua vez, o déficit qualitativo corresponde à qualidade da moradia. Ou seja,


aquele conjunto de casas que apresentam alguma fragilidade da infraestrutura.
Assim, quando uma casa não dispõe de banheiro ou é coberta com palha é
contabilizada como parte do déficit qualitativo.

No Brasil, o déficit habitacional total é de pouco mais 6.300.000 moradias, sendo


5,5 milhões em áreas urbanas e pouco mais e 700 mil moradias em áreas rurais.
(FJP, 2015).

Figura 10 – Domicílios vagos e déficit habitacional por


estados em 2015

Fonte: https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/
Curso de Licenciatura em Geografia 55
Por sua vez, o estado do Maranhão apresenta o maior décifit habitacional do
Nordeste. Dessa forma, o déficit total maranhense é de pouco mais de 390 mil
moradias, sendo 172.333 em áreas urbanas e 219.975 em áreas rurais. Ainda assim,
vale destacar, que ao longo dos últimos anos houveram grandes investimentos na
produção de moradias no Brasil e, em especial, no Maranhão.

Figura 11 – Tipos de moradia no estado do Maranhão

Fonte:http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/direitos-humanos/governo-
investe-r-93-milhoes-para-trocar-casas-de-taipa-por-moradia-digna-nos-
municipios-do-mais-idh

Por meio do Programa Minha Casa Minha vida, foram produzidos importantes
estoques de moradias que se voltaram a reduzir a problemática do déficit habitacional
maranhense. Além disso, o governo do Maranhão, por meio do Programa de
Habitação do Plano Mais IDH Maranhão. O objetivo do programa é promover
moradia digna para as famílias maranhenses que ainda sofrem com a problemática
do déficit qualitativo de moradias.

Curso de Licenciatura em Geografia 56


Saiba mais!

Que tal um cine debate? Acesse um dos links a seguir, selecione um ou mais
vídeo documentários, assista e dialogue a respeito da problemática da moradia
no Brasil. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o

https://curtadoc.tv/curta_tag/moradia/

https://curtadoc.tv/curta_tag/sem-teto/

As grandes cidades também experimentam a problemática da violência. Tal


realidade forçou as cidades a experimentar um grave quadro de fragmentação
espacial. Ou seja, as cidades foram se transformando em espaços divididos por
muros, cercas e artefatos de segurança que separam os indivíduos e anulam as
relações interpessoais.

No contexto das grandes cidades, é mais visível a existência de uma forma nova de
morar e ocupar a cidade: os condomínios fechados.

Essa estratégia de morar em espaço isolado do conjunto da cidade é verificada em


cidades de diversos tamanhos, mas foi inaugurada nos grandes centros urbanos.
Logo, sobretudo no contexto dos grandes centros, é comum encontrar condomínios
fechados (verticais e horizontais) que se mesclam na paisagem urbana.

Vale destacar que, ao longo das últimas décadas, no contexto das grandes cidades
brasileiras, vem se processando a construção de novos empreendimentos na forma
de condomínios. Vale lembrar que em muitos casos, a produção desse tipo de
empreendimento se direciona às bordas das cidades em função da necessidade
Curso de Licenciatura em Geografia 57
de espaço. Logo, em muitos casos, tendem a avançar direção aos tradicionais
espaços rurais circundantes das cidades provocando a conversão de terra rural
em terra urbana. Esse processo vem sendo denominado por Silva (2015) como
periurbanização.

Atenção!

Considerando o critério demográfico que define as pequenas, médias e


grandes cidades a partir de um tamanho populacional, realize o levantamento
de dados do Censo IBGE 2010, a respeito dos municípios maranhenses, e
elabore um croqui identificando em três níveis distintos os grupos de cidades
identificadas. Em seguida, analise o croqui elaborado e descreva que padrão
de cidade predomina (pequena, média ou grande) no território do Maranhão.

Não esqueça de identificar o município em que você vive definindo-o conforme


os critérios de análise.

Após realizada a atividade, digitalize seu croqui e poste no AVA juntamente


com sua análise.

Curso de Licenciatura em Geografia 58


Atenção!

O Brasil é um país com 5.570 municípios, dos quais mais de 90% se constituem
em centros com menos de 100 mil habitantes. Apesar de possuir uma grande
maioria de municípios pequenos, o Brasil apresenta forte concentração
populacional nas grandes e médias cidades.

Os pequenos centros urbanos brasileiros, apesar de possuírem características


próprias associadas à tranquilidade, já passam a apresentar problemas de
diversas ordens, inclusive aqueles que outrora estavam associadas às grandes
cidades. Problemas como violência e tráfico de drogas vêm se tornando cada
vez mais parte do cotidiano das pequenas cidades brasileiras.

Nas médias e grandes cidades a violência e o tráfico se somam a questões


como pobreza, desemprego, desigualdade, poluição, degradação ambiental,
congestionamentos etc., se tornando desafios para a gestão pública e para a
sobrevivência nesses espaços.

RESUMO

Na Unidade, você conheceu um pouco do processo de urbanização brasileira. Foi


possível compreender que o país experimentou uma urbanização tardia em relação
a outros países do mundo, se urbanizando somente a partir da metade do século
XX. Hoje, a população brasileira é majoritariamente urbana com uma taxa de
urbanização de 84%. Você também conheceu um pouco da hierarquia das cidades
brasileiras e, realizando as atividades propostas, poderá conhecer um pouco mais
da rede urbana nacional.

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REFERÊNCIAS

AMORIM FILHO, O. B. Origem, evolução e perspectivas dos estudos sobre


as cidades médias. In: SPOSITO, M. E.B (Org.). Cidades Médias: espaços em
transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

CONTE, Cláudia. 2013. Cidades Médias: Discutindo O Tema. Sociedade E Território


25 (1), 45 - 61.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 2.ed. São Paulo: HUCITEC, 1995.

SILVA, 2015. A reconfiguração de uma periferia de amenidades. Recife: O autor,


2015. (Tese de doutorado).

SANTOS, M. Espaço e sociedade: ensaios. Petrópolis: Vozes, 1982. 152 p.

SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas:
perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial,
2013, 148 p.

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