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TRANSVERSALIDADE E MEIO AMBIENTE NA PERSPECTIVA DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Marcos Afonso Dutra1

RESUMO

O presente artigo discute a questão da Transversalidade e do Meio Ambiente. Aborda os


Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’S e os Temas Transversais, mais precisamente
apresenta uma análise teórica sobre a temática do Meio Ambiente e como ela é tratada pelo
viés da Educação Ambiental no espaço escolar. O texto proposto se desenvolve a partir de três
eixos temáticos: - considerações introdutórias sobre os PCN’S, - aos Temas Transversais e a
temática do Meio Ambiente e a - A abordagem da Educação Ambiental, onde faremos
algumas considerações acerca de uma matriz teórica necessária em razão do futuro da
Amazônia.

Palavras-chave: PCN’S – Temas Transversais – Meio Ambiente – Educação Ambiental

ABSTRACT

This article is one of the prerequisites for the evaluation of the subject "Environment and
Society" which is part of the Graduate Program in Society and Culture in the Amazon /
UFAM. Covers the National Curriculum Parameters - NCP'S and cross-cutting themes more
accurately presents a theoretical analysis on the topic of environment and how it is treated
through environmental education in schools. The proposed text is developed from three main
themes: - introductory remarks on the NCP'S, - the Cross-cutting Themes and topics of the
Environment and - The approach to Environmental Education, where we will make some
remarks about a theoretical framework necessary because the future the Amazon.

Keywords: PCN'S - Transversal Themes - Environment - Environmental Education

1
Pedagogo com mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia/UFAM
1. INTRODUÇÃO

As discussões sobre o "meio ambiente" têm se tornado cada vez mais freqüente na
escola e na sociedade, ações pontuais sobre esta questão são vistas com certa cautela por parte
de especialistas no assunto tanto no ambiente escolar quanto na sociedade. No Estado do
Amazonas debates como a "Semana do Meio Ambiente", que apesar de todos os esforços por
parte das Secretarias Estaduais, Gestores, Pedagogos e Professores, pouco ou quase nada têm
deixado de legado no sentido de promover mudanças significativas e duradouras a respeito da
relação que o homem vem travando cotidianamente com o Meio Ambiente, principalmente,
porque estas mudanças estão atreladas as raízes da educação formal, onde a criança, através
de ações pedagógicas promovidas no espaço da sala de aula, adquire um comportamento
“consciente” pautado num discurso sobre Educação Ambiental equivocado.
Este artigo busca discutir a pratica pedagógica no espaço escolar e sua relação com a
Educação Ambiental tendo como base os documentos oficiais que legitimam essa pratica, ou
seja, os PCN’S – Parâmetros Curriculares Nacionais e os Temas Transversais. A discussão
traz a tona a seguinte problematização: Como a escola vem promovendo ações pedagógicas
qualitativas no contexto escolar que despertem na criança pequena atitudes proativas
relacionadas a conservação do meio ambiente a partir dos pressupostos teóricos contidos nos
PCN’S e nos Temas Transversais, de modo que possa ser evidenciado os limites e as
possibilidades deste tema face a singularidade da Amazônia.
O texto proposto se desenvolve a partir de três eixos temáticos: primeiro apresentamos
considerações introdutórias sobre os PCN’S, exclusivamente em relação a Educação
Ambiental, em seguida relacionaremos essas considerações com os Temas Transversais para a
partir daí estabelecer novos traços configurativos de uma matriz teórica necessária em razão
do futuro amazônica.
Portanto, é importante destacar o que está estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDBN 9394/96, Título V, Cap. II “da educação básica”, Sessão III,
“do ensino fundamental” art. 32 – tópico II “a compreensão do ambiente natural e social, do
sistema político, da tecnologia, das artes dos valores em que se fundamenta a sociedade;”.
Sobre a “compreensão do ambiente natural” que é a centralidade dessa discussão, Morin
(2000, p. 93) adverte: “o problema da compreensão tornou-se crucial para os humanos. E por
este motivo, deve ser uma das finalidades da educação do futuro.”, ou seja, estar em sintonia
com a questão ambiental se tornou uma necessidade para que o homem possa tomar
consciência a respeito do seu papel como indivíduo capaz de compreender a necessidade de
mudança de comportamento em relação a conservação do ambiente natural do hoje e do
futuro.

2. PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN’S: ASPECTOS


INTRODUTÓRIOS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’S foram instituídos como política


norteadora da educação pelo Ministério da Educação e Cultura no governo Fernando
Henrique Cardoso em 1997. É um documento regulador da Educação Básica no campo
teórico, didático e reflexivo. Traz no bojo de seu conteúdo orientações pedagógicas sobre
todos os componentes curriculares das diferentes áreas do conhecimento e está distribuído em
10 volumes: Apresentação, Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História e
Geografia; Arte, Educação Física, Apresentação dos Temas Transversais e Ética, Meio
Ambiente e Saúde e finalmente Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Portanto, o Tema
“Meio Ambiente” emerge em vários momentos nos documentos citados ora como conteúdo
didático, ora como atividade de projetos, ora como aporte ético a ser construído pela escola,
aluno e sociedade.
No momento da implementação dos PCN’S como documento político norteador da
prática pedagógica na esfera da educação escolar brasileira, o governo federal preocupou-se
em acelerar a distribuição para as redes públicas de ensino, junto as Secretarias de Educação
estaduais e municipais visando consolidar sua legitimação, assegurando assim contato
imediato das escolas com o referido documento. Para Auad:

A pressa, por parte do governo federal, foi a característica marcante na preparação


dos PCNs. O MEC havia encomendado para a Fundação Carlos Chagas uma
pesquisa sobre os currículos de 21 estados e do Distrito Federal. Essa pesquisa
serviria para informar o MEC das várias Propostas Curriculares Oficiais e fornecer
subsídio para a elaboração dos PCNS. Porém, na mesma sessão em que os
resultados dessa pesquisa foram divulgados, o MEC já apresentou a primeira versão
dos PCNs pronta. A pesquisa encomendada à FCC serviria apenas para justificar as
opções já tomadas pelos dirigentes e para desqualificar o esforço de estados e
municípios em melhorar a educação pública, tornando as medidas atuais a única
possibilidade de melhora do fracasso educacional do país. (1999, p.2 )
Dada a importância do documento para aqueles que se ocuparam com sua elaboração é
mister destacar o direcionamento que o então Ministro da Educação e do Desporto, Paulo
Renato de Souza, fez ao professor na apresentação dos PCN’S:

Estamos certos de que os Parâmetros serão instrumento útil no apoio as discussões


pedagógicas em sua escola, na elaboração de projetos educativos, no planejamento
das aulas, na reflexão sobre a prática pedagógica e na análise do material didático.
Esperamos por meio deles, estar contribuindo para sua formação profissional – um
direito seu, e, afinal um dever do Estado” (BRASIL, 1997, p. 4)

Assim, a citação acima evidencia a “credibilidade” que o governo atribuiu aos PCN’S
e o tratamento dado ao referido documento como “redentor” da educação, desse modo estaria
garantida a qualidade da educação formal com a chegada as mãos do professor de tão
importante aparato didático-pedagógico cuja finalidade é mediar ações no espaço da sala de
aula e demonstrando a preocupação do governo com a qualidade da educação no Brasil. De
acordo com seus idealizadores:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de


qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua
função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema
educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato
com a produção pedagógica atual. (BRASIL, 1997, p.10)

Então o documento passou a ser adotado nas escolas públicas e “aceito” pelos
professores, porém cabe ressaltar que desde o ano de sua chegada no âmbito das escolas
municipais e estaduais como referencial à pratica pedagógica, tem suscitado, por parte
daqueles que se apropriam de suas orientações, questionamentos, inquietações e
discordâncias, haja vista não ter sido realizadas as discussões, reflexões e debates necessários
a sua consolidação como verdade por aqueles que labutavam nesta pratica. Novamente
recorreremos a Auad.

Vale notar que, os PCNs não foram elaborados a partir de uma convocação
dos docentes e pesquisadores das universidades, mas por professores e
professoras de uma escola privada de São Paulo e por César Coll, um
consultor espanhol. Tal processo de elaboração torna nula a propaganda que
o documento de introdução aos PCNs faz, ao afirmarem que eles resultam de
“pesquisas nacionais e internacionais, dados estatísticos sobre desempenho de
alunos do ensino fundamental e experiências de sala de aula difundidas em
encontros seminários e publicações. (1999, p.2)
Inicialmente constatamos que os PCN´S surgem como documento gerado pelo
representantes do governo, num processo acelerando de cumprimento de uma agenda política,
cuja formulação foi circunscrita a um grupo de pessoas, o que impediu a discussão aberta da
temática e portanto, o pensar coletivo e amplo sobre a temática ambiental nos níveis
propostos, tais como : conteúdo didático das diferentes disciplinas, que traz embutido
definição de conceitos e a adoção de comportamentos; a tratativa da temática no campo
político que envolve a fiscalização da ação publica por parte do Estado; o estudo da
interdisciplinaridade necessária para a tratativa da temática ambiental e finalmente a adoção
de medidas de impacto no cotidiano da escola, do aluno e da sociedade. Por conseqüência:

A problemática ambiental propõe a necessidade de internalizar um saber ambiental


emergente em todo o conjunto de disciplinas, tanto das ciências naturais como
sociais, para construir um conhecimento capaz de a multicausalidade e as relações
de interdependência dos processos de ordem natural e social que determinam as
mudanças socioambientais, [...] (LEFF, 2001, p.109)

Enfim, embora a proposta dos PCN’S tenham tido abrangência no campo ideológico
“a preocupação com a qualidade da educação no Brasil”, passado 14 anos de sua
implementação no espaço publico escolar, evidenciamos a partir de nossa vivência, que o
referido documento parece ter se tornado um objeto “decorativo” nas prateleiras das
bibliotecas das escolas públicas, denotando pouca aplicabilidade de seus conteúdos na prática
e no dia-a-dia as escolas.

3. OS TEMAS TRANSVERSAIS E A TEMÁTICA DO MEIO AMBIENTE

Os Temas Transversais estão inseridos nos PCN’S como uma proposta de discussão
que atravessa os componentes curriculares tradicionais, haja vista serem temas que fazem
parte do cotidiano da sociedade no tempo em que a própria sociedade se apresenta como
diversa, heterogênea e pluricultural, são eles: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural,
Saúde e Orientação Sexual.

Os Temas Transversais propõem debater questões sociais dentro do espaço da sala de


aula de forma mais abrangente utilizando-se de abordagens específicas dentro de cada
disciplina numa perspectiva de possibilitar ao aluno uma compreensão, ou quiçá, uma
reflexão crítica sobre a necessidade do exercício da cidadania utilizando-se da Educação
Ambiental como eixo norteador para essa reflexão e então transpor essa debate para o meio
em que vive. Desse modo:
[...] ao incluir questões que possibilitem a compreensão e a crítica da realidade, ao
invés de tratá-los como dados abstratos a serem apreendidos apenas para “passar de
ano”, oferece aos alunos a oportunidade de se apropriarem deles como instrumento
para refletir sua própria realidade. (BRASIL, 1997, 26)

Assim, os Temas Transversais englobam de maneira singular toda pratica pedagógica


a ser desenvolvida no espaço escolar porque trazem como indicativo abarcar as relações
sociais que envolvem professores, alunos, pais e comunitários, uma vez que todos são
membros da mesma sociedade, logo trazem consigo diferentes condicionantes econômicos,
políticos e culturais que se manifestam no ambiente escolar, embora a escola não seja a
redentora das mazelas sociais, pois ela “[...] não muda a sociedade, mas pode, [...] constituir-
se não como um espaço de reprodução, mas também como espaço de transformação”
(BRASIL, 1997, p. 25-26).

A abordagem ambiental é inserida de modo especifico nos PCN’S do Ensino


Fundamental a partir do tema transversal denominado de “Meio Ambiente” e traz nos
meandros de seus conteúdos o desdobramento dessa questão para o espaço da sala de aula,
com o objetivo de aguçar nos alunos o exercício da cidadania através da execução de ações
potencializadoras da educação ambiental que vão além de uma simples mudança de hábito no
tratamento do meio ambiente até a arquitetura da reutilização do lixo como material didático
no espaço escolar. Afinal, a vida no planeta não é mais a mesma é requer mudanças
educativas de atitudes e de comportamento que se iniciem, por assim dizer, na escola.
Acreditamos, em consonância com os PCN’S, que

[...] a principal função do trabalho com o tema Meio ambiente é contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um
e da sociedade local e global. (BRASIL, 1997, p. 29)

Nessa perspectiva, e de acordo com o enunciado acima, a criança matriculada nos anos
iniciais do ensino fundamental estaria envolvida com ações que possibilitassem o aprendizado
sobre o meio ambiente, sua conservação e utilização sustentável, bem como a aquisição de
uma ética, por assim dizer, ambiental. Assim, a escola promoveria a oportunidade de se
estabelecer relações sociais consigo, com o outro e ao mesmo tempo com o ambiente físico
em que vive, pois essa relação requer por parte da família e, sobretudo da escola novas formas
aprendizagens, mudanças de comportamento e de atitudes que possam transformar o ambiente
vivido em expectativas de qualidade de vida. Oportunamente, citamos a mídia como meio de
potencializar esse aprendizado junto com as instituições responsáveis pela transmissão de
informações a respeito do Meio Ambiente para a criança.

No tocante as especificidades regionais e o que cabe discutir sobre a singularidade da


Amazônia, os Temas Transversais a partir da temática do Meio Ambiente, apontam
inicialmente para três subtítulos que merecem destaque por parte desta abordagem. O
primeiro apresenta “A questão ambiental”, e entre conceitos e ponderações atribui ao modelo
civilizatório imposto pelo mundo do capital o fator determinante da explosão demográfica, da
desigualdade social e de renda da população mundial. A citação abaixo referenda nosso
argumento:

Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, trazendo a


industrialização, com sua forma de produção e organização do trabalho, além da
mecanização da agricultura, que inclui o uso de agrotóxicos, e a urbanização, com
um processo de concentração populacional nas cidades. (BRASIL, 1997, p. 19)

Esse “modelo de desenvolvimento dominante” acarretou sérios agravos para o


ambiente e a partir de então o mundo começou a compreender que a relação do homem com a
natureza deveria se repensada de modo que essa relação não estivesse pautada na exploração
acirrada dos recursos naturais, principalmente os recursos não renováveis como é o caso do
petróleo, bem como a degradação do meio ambiente e ao acumulo do lixo produzido pela
população, preocupações estas que atravessaram décadas e se colocam presentes no mundo
globalizado.

Entendemos que existe associabilidade entre a discussão proposta, a preocupação com


o desmatamento que vem ocorrendo na região amazônica e o que esta última representa para a
comunidade internacional. Para que esta prática ocorra, urge inversão dos valores a respeito
do que se pensa sobre conservação ambiental, sendo válido ressaltar que “Os ecossistemas
naturais da terra não estão aí apenas para que nos apropriemos deles como terras agrícolas;
eles estão aí para sustentar o clima e a química do planeta.” (2004, 9.8-9)

O segundo subtítulo traz um questionamento que coloca em pauta, a nosso ver, o


grande debate do momento no mundo científico e tecnológico, e está assentado na seguinte
indagação: “Crise ambiental ou crise civilizatória?”. Os idealizadores dos Temas Transversais
recorrem a várias conjecturas para sustentar a dimensão do questionamento, dentre elas
pressupõem que a grande maioria dos problemas atuais decorrentes do paradigma de
desenvolvimento econômico e social seriam resolvidos pela “comunidade científica”, por
outro lado intuem também que a superação da crise ambiental e dos problemas atuais que dela
advém estariam relacionados a mudanças profundas na concepção de mundo.Contudo, cabe
destacar:

A construção de uma racionalidade ambiental é um processo político e social que


passa pelo confronto e concerto de interesses apostos, pela reorientação de
tendências (dinâmicas populacional, racionalidade de crescimento econômico,
padrões tecnológicos, práticas de consumo), pela ruptura de obstáculos
epistemológicos e barreiras institucionais; [...] (LEFF, 2001,p.112)

Ainda no tocante a “crise ambiental e crise civilizatória?” a questão ecológica é


colocada em pauta e o fator econômico parece recorrente. No que diz respeito a ecologia é
posto que um “desastre” ambiental que ocorre num determinado local do planeta pode ter
desdobramentos com alcance geográficos que venham a ultrapassa regiões e alcançar
fronteiras para além do controle humano, afetando pessoas, animais, plantações e oceanos. A
outra categoria, já mencionada anteriormente, é a esfera econômica dos países do “primeiro
mundo” que se sobrepõem sobre as economias de países que se apresentam mais frágeis,
trata-se de um fenômeno citado como resultado da chamada “globalização econômica” e que
certamente não é vista de maneira salutar entre as relações de poder, pois denota que quanto
maior o império econômico dos países maior é a crise ambiental, ou seja, o mundo vive uma
crise civilizatória.

Nesses termos, a educação é colocada como “elemento indispensável para a


transformação da consciência ambiental”, revela um tratado assinado por ocasião da
“Conferência Internacional Rio/92”, onde a “Educação Ambiental é reconhecida como meio
indispensável para se conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação
sociedade-natureza e soluções para problemas ambientais” (BRASIL, 1997, p. 24).

Evidenciamos com o exposto, o entrelaçar dos PCN´S com os Temas Transversais e


destacamos que a maior tarefa da Escola é traçar o seu Projeto Político Pedagógico incluindo
este novo paradigma. Portanto, não se trata somente da inclusão de um nova temática, mas da
adoção de uma nova visão de mundo o que implica em assumir uma postura política frente
aos desafios imposto pela dinâmica social e econômica.
4. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ABORDAGEM SOBRE O FUTURO DA
AMAZONIA

Para esta ultima sessão buscaremos traçar uma aproximação entre o que está posto
como fundamento teórico na temática do Meio Ambiente verificada através da Constituição
Federal de 1988 – CF-1988, a Política Nacional do Meio Ambiente e os PCN’S através dos
Temas Transversais, onde se inclui por necessidade o estudo sobre a singularidade da
Amazônia, e como estas leis são implementadas no espaço escolar pelo viés da Educação
Ambiental.

No campo da legislação vigente sobre a questão do Meio Ambiente inicialmente é


importante destacar o que está estabelecido na Constituição Federal. CF-1988, Cap. VI – Do
Meio Ambiente, Art. 225: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
Logo, implica dizer que, levando em consideração a Carta Magna do país, a população
como um todo e as instituições “[...] tem direito a meio ambiente ecologicamente equilibrado,
[...] Ao que nos parece e de acordo com a lei, justifica-se o surgimento de movimentos sociais
e de Organizações Não Governamentais, as ONG’S, que incorporem em seus regimentos
internos a luta a favor da uma postura ecológica por parte de todos, bem como a criação de
projetos que tragam como proposta a sensibilização da população, a fim de que assumam com
mais vigor a causa ambiental e aos desafios que se impõe no mundo contemporâneo sobre a
conservação do meio ambiente.
Dentre outras atitudes a serem adotadas destacamos: a racionalização do consumo de
energia elétrica, redefinição da questão do lixo produzido pelas cidades, a falta de água
potável sobretudo na região Nordeste do país; a utilização do solo amazônico que implica em
níveis de desmatamento; o uso controlado de recursos naturais não renováveis, etc. Esses são
apenas alguns dos desafios que se mostram pertinentes quando se trata da questão da
preservação dos recursos naturais. Então, a mensagem é a seguinte: “Precisamos levar a sério
a mudança global, e imediatamente, e em seguida fazer o melhor que pudermos para reduzir
os vestígios que os seres humanos deixam sobre a terra.” (2004, p.7)
Avançando na discussão e a fim de endossar ainda mais nossa análise, destacamos o
conceito de Educação Ambiental enunciado pela Política de Nacional de Educação
Ambiental, Lei 9.795/1995, Art. 1º “Entendem-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
Ao conceituar o que vem a ser Educação Ambiental, o artigo acima descrito coloca o
indivíduo e a comunidade como responsáveis em construir alternativas viáveis para a
preservação e conservação do meio ambiente pelo viés da educação formal, entre outras
formas, e que esta possa desenvolver conhecimentos e destrezas alçados em valores que
fomentem qualidade de vida e influenciem atitudes que promovam ações de sustentabilidade.
Implica dizer que fica “incumbido às instituições educativas, promover a educação ambiental
de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem” (LEI 9.795/99 Art. 3º
parágrafo II). Desse modo, as escolas devem trabalhar a temática ambiental de maneira
integrada aos componentes curriculares, aos projetos da escola e aos programas elaborados
pelas secretarias de educação.
A Educação Ambiental se mostra recursiva para o enfrentamento e reflexões sobre
questões que envolvem o Meio Ambiente e Sustentabilidade no espaço da sala de aula, com
isso a escola estaria, através do ensino, proporcionando aos alunos que cursam a primeira
etapa do ensino fundamental o contato com conteúdos, dinâmicas, recursos pedagógicos que
estimulassem neles o desenvolvimento de atitudes críticas em relação aos cuidados que todos
devem ter com o meio ambiente, assim estariam exercitando a cidadania e aprendendo a
intervir na realidade em que vivem por meio de aprendizagens adquiridas no espaço escolar,
como sinaliza a própria Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional LDBN 9394/96, em
seu art. 27: “A Educação Básica tem como objetivo geral desenvolver o indivíduo, assegurar-
lhe a formação comum indispensável para participar como cidadão na vida em sociedade [...]”

Existem também no texto sobre o Meio Ambiente, indicativos a respeito dos termos
que comumente são empregados pelos órgãos oficiais, como no caso da Legislação
Ambiental, que trata especificamente do assunto, são eles: proteção, preservação,
conservação, recuperação e degradação. Vale destacar, que não será somente a escola a
responsável pelo vivenciar desta nova concepção de vida, que perpassa por todas as esferas
sociais, mas de uma interação continua onde se aprende e se ensina, tendo as instituições
governamentais e privadas o poder de promover ações de vivência que inclua a escola, o
aluno, a família e a sociedade.
Nesses termos, a Educação Ambiental tratada pelo Tema Transversal do Meio
Ambiente passa então a tomar fôlego no espaço escolar, pois se aproxima do contexto em que
o aluno está inserido, podendo ser discutida pelo viés dos diferentes termos acima descritos
estabelecendo conexões com os componentes curriculares das disciplinas tradicionais que são
ministradas pelo professor, logo “[...] quando bem realizada a Educação Ambiental leva a
mudanças de comportamento pessoal e a atitudes de valores de cidadania que podem ter fortes
conseqüências sociais.” (BRASIL, 1997, p.27)

Sobre os fundamentos teóricos e conceituais apresentados nos documentos oficiais


sobre a Educação Ambiental e o Meio Ambiente, é possível verificar discussões aguerridas
que possam ser “tomadas” para um debate caloroso a respeito da especificidade sobre a
temática amazônica. Cabe destacar o que está sinalizado nos pressupostos da educação básica
a respeito da flexibilização do currículo escolar quando trata as especificidades regionais
dentro de uma amplitude geral de discussão, pois a escola ao elaborar as matrizes curriculares
deve levar em consideração as características regionais do local em que está inserida, é o que
afirma a LDBN-9394/96 no Art. 32, inciso 1º:

Os conteúdos relativos aos conhecimentos especificados no caput devem abranger


uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e,
quando for o caso, em cada escola, com uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
sociedade.

Nesse sentido, podemos perceber que apesar do currículo escolar ter uma “base
nacional comum”, a legislação deixa “em aberto” o trabalho pedagógico, e que a escola deva
direcionar o tratamento relacionado às especificidades regionais, até porque “ O trabalho com
a realidade local possui qualidade de oferecer um universo acessível e conhecido e, por isso,
passível de se campo de aplicação do conhecimento.” (BRASIL, 1997, p. 48)
Assim, concluímos que as discussões sobre o "Meio Ambiente" requerem uma
abordagem maior do que a que esta sendo dada. As ações pontuadas tanto por parte do
governo, quanto por parte da sociedade tornam-se inócuas quando desarticuladas de um
pensamento sistêmico sobre o tema proposto e seu impacto nas ações econômica e sociais.
A Escola deve desenvolver ações pedagógicas de maior articulação e solidez com o
apoio e colaboração de órgãos públicos e privados. Desse modo, elas se moldam em um
“corpo único entrelaçado” do mesmo modo propiciam mudanças significativas e duradouras
onde o homem possa vir a se relacionar de forma integrada com a Educação Ambiental,
através do pleno exercício consciente e do comportamento racional em relação ao Meio
Ambiente.
Somente assim, compreendemos que a singularidade da Amazônia poderá ser estudada
e apreendida pelos que nela vivem e pelos que dela dependem, tornando este, um ato
revelador dos silenciamentos que nela se impõem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O texto que ora apresentamos trouxe como proposta uma breve discussão teórica a
respeito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, academicamente conhecimento como
PCN’S, e buscou estabelecer pontos de reflexão fortalecidos com a inclusão dos Temas
Transversais, a fim de dar ênfase ao debate que se coloca no mundo contemporâneo sobre a
questão do “Meio Ambiente”, e como esta temática é trabalhada no espaço escolar tendo a
Educação Ambiental como eixo norteador para uma prática pedagógica e que possa estimular
o exercício da cidadania no Ensino Fundamental.

Sabemos dos desafios e das inquietudes que esta temática enseja para além do espaço
escolar, pois envolve a academia, a sociedade e do mundo, visto que não há como pensarmos
um mundo onde as pessoas possam viver com qualidade de vida desarticulado de ações
voltadas para a proteção, preservação, conservação e recuperação do Meio Ambiente, uma
vez que essas ações devem caminhar em sinergia para o bem estar individual e coletivo da
população.

Desse modo, vimos que os PCN’S do Ensino Fundamental e os Temas Transversais


são instrumentos potencializadores, cujo propósito é gerar atitudes proativas e conscientes
voltadas para o desenvolvimento sustentável da “Gaia”. Percebemos que tais atitudes devam
ser implementadas na escola através de diferentes planejamentos pedagógicos. Logo,
direcionadas para a vida da criança através do ensino e da orientação, ambos adquiridos no
espaço da sala de aula e integrados a proposta da Educação Ambiental, que visa “[...] ajudar
os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que
possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria”
(BRASIL, 1997, p. 47)

Percebemos através das reflexões engendradas no decorrer deste texto, que a


Amazônia nunca deixou de estar presente no centro dos debates, sobretudo quando o assunto
em pauta a ser discutido envolve o imperativo categórico: “desenvolvimento sustentável”.
Vimos também que os determinantes políticos e econômicos, aqui evidenciados, se movem no
sentido de frear as ações daqueles que tomam para si a causa “ecológica e correta”. Implica
dizer que: uma coisa é o desenvolvimento, outra coisa é o crescimento econômico; são
matrizes literalmente antagônicas.

Finalmente cabe ressaltar que as mudanças relacionadas com Meio Ambiente e o


futuro da Amazônia estão intrinsecamente “amarradas” a aprendizagem obtida através da
Educação Ambiental, o que nos leva concordar novamente com Morin (2000, p.33 ) “O dever
principal da educação e armar cada um para o combate vital para a lucidez.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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