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Justificativa: Secchi assevera essa área de estudo da ciência política envolve também a
administração pública, a teoria das organizações, a engenharia, a psicologia social, o direito, a
sociologia e a economia.
Sumário
Qnd for apresentar a visão de estado: A despeito da quantidade de especulacoes, teorias e investigacoes
existentes,
nossa compreensao do conflito politico ainda e limitada. As explicacoes por
meio de um unico fator simplesmente nao se sustentam diante de certos dados
agora disponiveis. Os tipos de caracteristicas individuais e grupais associados com
o conflito politico dentro dos paises incluem nao so as diferencas em situacao
social, classe economica, renda, riqueza e ocupacao, mas tambem educacao, ideologia,
religiao, lingua, regiao e origem familiar. Esta multiplicidade de fatores cria
modelos diferentes de cisao e de coesao politicas em cada pais.(DAHL, 1988, analise politica moderna p. 76)
Sumário
1
COLOCAR O CONCEITO DE TECNOBUROCRACIA
Essas duas colocações podem, a princípio, parecer contraditórias, mas estão
apenas falando sobre coisas diferentes. O conceito de Bresser Pereira aprecia a
autonomia relativa do aparelho burocrático do Estado em relação à sociedade, já
Przeworski refere-se à ideia de um Estado “autônomo” considerando que este é
plenamente capaz de realizar seus próprios objetivos e implementar suas políticas.
Bresser (1995) explica que neste último caso, o que se tem é um Estado
“forte”, apto a realizar suas ações do ponto de vista fiscal, mas também detentor de
legitimidade perante a sociedade, pela qual é apoiado. Mas as duas definições mostram-
se bastante próxima quando o que se tem é um Estado relativamente autônomo porque
controlado por uma burocracia forte, representando um Estado fraco, pois fiscalmente
debilitado e em crise de governabilidade, revelando-se incapaz de implementar suas
políticas.
Assim, a ideia de um Estado fraco e sem autonomia na realização de seus
objetivos e políticas pode estar relacionado à presença de uma burocracia forte em seu
interior. Tal como para Dahl, Przeworski (1998 apud KERCHE 1999) também concebe
a inevitabilidade da existência de instituições autônomas. Para este último autor, esta
autonomia seria, inclusive, desejável, posto que, embora o voto seja o instrumento
principal numa poliarquia, as eleições deixam, inevitavelmente, grandes áreas fora do
controle do cidadão. Ademais, a delegação implica aceitação de certo grau de
discricionariedade (SUBIRATS, 2006).
Diante dessa dinâmica, segundo Przeworski, é importante a existência de, por
exemplo, comissões eleitorais, agências de estatística e de prestação de contas
independentes do governo e destinadas a informar o público, e não apenas seus
representantes.
Mas o que não se pode ignorar é que a delegação de funções e poderes à
burocracia conduz a problemas básicos na chamada relação principal-agent, analisada
pela teoria da agência. Esta teoria explica a relação de delegação entre o principal
(administradores) e a agent (burocratas implementadores) para fins de execução de
alguma atividade.
Vale frisar que a delegação não é exclusividade do âmbito público, estando
presente em todos os tipos de situações sociais como, por exemplo, em uma consulta a
um médico ou a um advogado, ou no ato de mandar os filhos para a escola (STRØM,
2000). Enfim, quaisquer situação em que se delegue poderes a outros por causa de seus
conhecimentos, ou expertise, podendo haver ainda “re-delegações” quando, por
exemplo, o médico consultado também delega autoridade a outrem, atribuindo certa
tarefas a um especialista (MCCUBBINS, 1999).
Przeworski (2006)
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Termo utilizado para definir as pessoas que recebem assistência jurídica por parte da Defensoria
Pública por não ter condições financeiras de pagar pelos serviços de um advogado.
da agent. Logo, mais algumas questões a serem enfrentadas pela presente pesquisa.
Quanto ao acompanhamento das ações da burocracia, vale registrar o posicionamento de
Bresser-Pereira (2008), segundo o qual, desde a CF/88, a autonomia da alta burocracia
judicial – que segundo ele incluiria o MP – tornou-se muito mais forte, ou mesmo forte
demais, sendo que a burocracia pública judicial, principalmente, precisaria de mais
controle ou responsabilização social, ou accountability.
No caso de o agent ser uma instituição não eleita – portanto sem mecanismos
de accountability vertical – esse problema revela-se ainda mais complexo. Isso porque,
como já aludido, os interesses do burocrata podem não coincidir com os do cidadão ou
mesmo com os dos principals. Kerche (1999; 2007) chega a sustentar que, se a lógica
das eleições fosse levada ao extremo, todo político buscaria maximizar os ganhos da
sociedade através de políticas públicas, não por altruísmo, mas sim porque garantiria a
reeleição agradando a todos os eleitores. No entanto, são as limitações orçamentárias
que impedem a completa realização dessa opção racional, aspecto que, segundo o autor,
não necessariamente entra no leque de preocupações dos integrantes do MP brasileiro.
Seguindo essa lógica, alguém poderia ainda estender a conclusão do autor em relação à
DP dada sua militância junto à efetivação de políticas públicas.
Carvalho e Leitão (2010) comentam que, embora existam poucos mecanismos
de accountability para que os políticos exerçam controle sobre o MP, e os poucos que
existem sejam deficientes, ressaltam que esta instituição apresenta-se como uma
importante agência de accountability horizontal ao exercer a função de fiscalizar outros
atores estatais.
Há crítica recorrente na obra de Kerche (1999; 2003; 2005; 2007; 2009) quanto à
existência de uma incomum autonomia conferida ao Ministério Público, fenômeno
também percebido por Arantes (2002), cuja obra explica como o MP transformou-se,
segundo ele, num dos mais importantes atores políticos no cenário brasileiro.
As leis e as políticas públicas são sempre o resultado da condensação do poder das classes
ou frações de classes. Neste processo, entretanto, a classe tecnoburocrática assume um
papel importante, em função da posição estratégica que ocupa dentro do Estado e das
grandes organizações privadas. Enquanto nova classe média, a burocracia pública,
associada de forma muito informal à burocracia privada, assume ou busca assumir a
propriedade coletiva das organizações burocrá- ticas que ajuda a dirigir, inclusive do
próprio Estado. Dessa forma, ao mesmo tempo que se candidata a ser uma classe
dominante, assegura uma autonomia relativa ao Estado, na medida em que, situada
estrategicamente dentro dele, detém um controle substancial do aparelho estatal.
Theda Skocpol vê também o Estado como um aparelho dotado de relativa autonomia. Sua
perspectiva, entretanto, é de uma independência maior do Estado em relação às classes sociais.
De acordo com ela, o Estado é claramente uma organização, um aparelho, que, ao menos
potencialmente, é autônomo do controle direto exercido pela classe dominante. As
organizações estatais, que ela não equipara necessariamente à burocracia, competem, até
certo ponto, com a classe dominante (1979: 24-33). Fred Block vai na mesma direção.
Tentando encontrar uma solução para o problema da autonomia relativa, ele vê como
alternativa à redução marxista do poder do Estado a uma simples derivação do poder de classe,
o reconhecimento de que a burocracia pública pode perseguir seus próprios interesses. Nas
suas palavras:
“O ponto de partida para uma formulação alternativa é o reconhecimento que o poder do Estado
é sui generis, não redutível ao poder de classe (...). A burocracia pública, em conjunto, é
maximizadora de seus interesses próprios, está interessada em maximizar o poder, o
prestígio e a riqueza.” (1980:84).
Na verdade, o Estado contemporâneo deveria ser visto como uma organiza- ção, um aparelho,
que está sob a influência de três tipos de agentes sociais: 1) a alta tecnoburocracia operando no
seu interior; 2) as classes ou elites dirigentes, formada pelos grandes empresários, pelos
intelectuais de todos os tipos, e pelos políticos e líderes corporativos; e, finalmente, 3) a
sociedade civil como um todo, que engloba os dois primeiros, mas é mais ampla que os
mesmos. Em conseqüência, a ação do Estado não é apenas a expressão da vontade das
classes dominantes, nem é o resultado da autonomia da burocracia pública. Em
contrapartida, também não é a manifestação de interesses gerais. Ao invés disso, essa ação é o
resultado contraditório e sempre em mudança das coalizões de classe que se formam na
sociedade civil e da autonomia relativa do Estado garantida por sua burocracia interna.
Os burocratas pretenderão sempre ser os depositários da racionalidade administrativa, e, como a
classe traballhadora e a classe capitalista, falarão sempre, por meio dos políticos que os
representam, em nome dos interesses gerais da nação, embora muito freqüentemente estejam
apenas defendendo interesses particulares.
Como dizem Rueschemeyer e Evans. “(...) o Estado tende a ser uma expressão de um pacto
de dominação, a agir coerentemente como uma corporação unida, a se transformar em um
espaço de conflito social, e a se apresentar como o guardião dos interesses universais.”
(1985:48).
Mas, não obstante a relevância de estudos que abordem esses aspectos, há uma
lacuna na literatura sobre a fase de implementação de políticas públicas, percebida
especialmente em relação aos burocratas implementadores de nível de rua, havendo no
Brasil uma quantidade limitada de trabalhos sobre o assunto (LOTTA, 2012).
Inicialmente, faz-se necessário conhecer o significado do termo “burocracia de
nível de rua” para que se possa compreender o papel do “burocrata de nível de rua” na
implementação de políticas públicas. Assim, insta fazer referência aos trabalhos de
Michael Lipsky (1969; 1983), por ser o baluarte da literatura que trata deste tipo de
burocracia.
Em 1969, Lipsky produziu um esboço de uma teoria sobre o que ele
convencionou chamar de burocracia nível de rua, ou street-level bureaucracy. Lipsky
atentou para um setor público que, não obstante sua importância, pouco recebia atenção
por parte dos cientistas políticos em seus estudos, o que ainda é uma realidade na
literatura.
Este setor corresponde ao atendimento propriamente dito às pessoas, ao
encontro face a face dos cidadãos com os representantes do governo na execução de
alguma política, a etapa em que os funcionários do governo efetivamente interagem
com os seus clientes3. O autor cita como exemplos os burocratas que serviram de base
para este ensaio de sua teoria, quais sejam, a polícia, professores e juízes de tribunais
inferiores. Seus clientes seriam, respectivamente, criminosos e suspeitos, alunos, e a
pessoas apresentadas em juízo na corte. (LIPSKY, 1969)
O autor destaca o contexto em que estava inserido como explicação para seu
interesse pela temática. Conflitos urbanos na América do Norte denunciavam as
estruturas da prestação de serviços para os pobres. Lipsky ressalta que, embora os
aspectos teóricos do seu estudo fossem extensíveis aos clientes de todos os tipos de
burocracias de nível de rua, observa que seriam mais aplicáveis aos grupos minoritários
e de baixa renda. Isso porque estes setores sociais são exatamente os mais dependentes
de estruturas burocráticas governamentais destinadas a prestação de serviços básicos.
(LIPSKY, 1969)
3
Clientes é a terminologia adotada por Lipsky (1969; 1983) para fazer referência aos cidadãos usuários
dos serviços prestados pela burocracia nível de sua. A fim de evitar confusões, cabe esclarecer que os
serviços são prestados gratuitamente aos cidadãos, patrocinados pelo Estado. Como se sabe, os recursos
estatais provêm dos impostos, de modo que todos arcam com as políticas públicas, mas nem todos são
beneficiários em cada política, como se percebe na própria lógica que rege as políticas neoliberais. Enfim,
o que se pretende esclarecer é que a acepção do termo “clientes” aqui empregado não necessariamente
assume o sentido pejorativo que remete ao clientelismo, mas poderá assumir este sentido, como se verá
adiante.
Lipsky (1969) estava disposto a explorar, dentre outras questões, a falta de
organização e recursos pessoais, físicos e psicológicos, dos indivíduos que exercem
essas funções burocráticas, e investigar quais os mecanismos desenvolvidos por esses
burocratas para lidar com estes problemas. Seu propósito era identificar as dimensões da
interação entre os burocratas e clientes, os comportamentos característicos que
transcendem os contextos burocráticos e explicar o impacto do serviço público prestado
por essas burocracias sobre o público. Desse modo, põe-se a desenvolve as bases do
que, anos mais tarde, se tornaria sua memorável teoria sobre as burocracias nível de rua.
Segundo Lotta (2012), para se compreender a ação efetiva do Estado, é
necessário entender justamente a ação e a interação realizada por esses implementadores
Tal análise permite a compreensão de como questões institucionais e de contexto
interferem na ação do implementador e, por conseguinte, na própria política pública. No
presente trabalho, o objeto da investigação é a ação estatal na promoção do acesso à
justiça aos pobres, o que implica na análise da atuação dos defensores públicos, que são
os burocratas responsáveis pela implementação da política de assistência jurídica
gratuita aos pobres.
Lipsky (1969) define um burocrata nível de rua como sendo um empregado
público que, embora esteja inserido dentro de uma estrutura burocrática, é dono de
extensa independência no exercício de suas funções, a exemplo da discricionariedade na
tomada de decisões.
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“Crimes de colarinho branco” ou “crimes de poder”, cometidos por pessoas de alta posição/status
social.
Optimização
IMPLICAÇÕES DESSA OPTIMIZAÇÃO AO FINAL DO ARTIGO!!!!!!!!!!!
TENTATIVA DE ACORDO
Estudar o texto do frey pra cumular duas formas de abordagem Modelo de análise
Frey (2000) chama atenção ainda para a necessidade de as análises de políticas públicas
neste país levarem em consideração a realidade político-administrativa de país em
desenvolvimento, caracterizado por democracia não consolidada. O autor
considera que as peculiaridades socioeconômicas e as políticas das
sociedades em desenvolvimento não podem ser tratadas meramente como
fatores institucionais e processuais específicos, sendo necessária uma
adaptação do conjunto de instrumentos da análise de políticas públicas às
condições peculiares das sociedades em desenvolvimento.
HJERN, Benny. Implementation Research: The Link Gone Missing. In: Journal of
Public Policy, vol. 2, nº 3, aug., p. 301-308, 1982.
Autonomia e Controle
Os individuos e os subsistemas sao mais autonomos em relacao ao Governo
do Estado nas poliarquias do que nas hegemonias. Esta diferenca e em parte
verdadeira por definicao. Com efeito, por “poiiarquia” queremos referir-nos a
um sistema que tem tolerancia relativamente maior a autonomia individual e organizacional;
consideramos “regime hegemonico” aquele onde ha relativamente
menos autonomia dos subsistemas. Os direitos de participar no govemo, e de
opor-se a ele, que caracterizam as poliarquias, exigem que o Estado tolere e proteja
a autonomia dos individuos e das organizacoes.
Em consequencia desses direitos, ha uma tendencia para que existam nas
poliarquias grande variedade de organizacoes: clubes privados, organizacoes culturais,
grupos de pressao, partidos politicos, sindicatos, etc. Muitas dessas organizacoes
procuram ativamente influenciar o Govemo; outras podem ser mobilizadas
quando seus membros acreditam que certos interesses de importancia crucial
estao ameacados. Em contraste, o desenvolvimento da autonomia ameaca a
natureza de um regime hegemonico e o poder da sua lideranca. AS ORGANIZACOES
AUTONOMAS SAO PARTICULARMENTE PERIGOSAS. Por isso, nos regimes hegemonicos,
elas sao mantidas sob controle governamental. Em ultima analise, num regime
hegemonico todos os individuos e organizacoes participam de um sistema abrangente
de contrastes hierarquicos. Embora tal limite seja dificil de alcancar na
pratica, houve situacoes historicas em que isso quase aconteceu — por exemplo,
na Uniao Sovietica, durant≫ o periodo final do stalinismo, e na Alemanha nazista.
Cap. 3. O PAPEL DA DEFENSORIA PÚBLICA NA CONCRETIZAÇÃO DO
ACESSO À JUSTIÇA AOS POBRES NO BRASIL
REFERÊNCIAS
Acrescentar esse:
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v21n61/a03v2161.pdf
______. Um prefácio à Teoria Democrática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
HJERN, Benny. Implementation Research: The Link Gone Missing. In: Journal of
Public Policy, vol. 2, nº 3, aug., p. 301-308, 1982.
MELO, Marcus A. Estado, governo e políticas públicas. In: MICELI, Sergio (org). O
que ler na ciência social brasileira (1970 – 1995). São Paulo: Editora Sumaré;
ANPOCS; Brasília: CAPES, 1999, p. 59-99.
WEBER, Max. A política como vocação. In: H. H. Gerth e C. Wright Mills (Orgs.) Max
Weber – Ensaios de Sociologia, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1967, p.
55-89.