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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

CADERNO DE ANOTAÇÕES ORGANIZADO CONFORME EDITAL DA


MAGISTRATURA FEDERAL RESOLUÇÃO 67/2009 CJF, ALTERADA PELA
RESOLUÇÃO 407/2016.
 Bloco I – Direito Constitucional; Direito Previdenciário; Direito Penal; Direito
Processual Penal; e Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor.
 Bloco II - Direito Civil; Direito Processual Civil; Direito Empresarial; e Direito Financeiro
e Tributário.
 Bloco III - Direito Administrativo; Direito Ambiental; e Direito Internacional Público e
Privado.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1. DIREITO CONSTITUCIONAL
1.1. TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
1.1.1. Neoconstitucionalismo e constitucionalismo
1.1.1.1. Daniel Sarmento
1.1.2. Poder Constituinte – Teoria Geral do Estado – Conceitos
1.1.3. Hermenêutica
1.1.4. Classificação
1.1.5. Normas Constitucionais e histórico
1.2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
1 1.2.1.
1.2.2.
Direitos Individuais
Direitos Humanos – Políticas Públicas – Saúde e remédios
1.2.3. Direitos Sociais
1.2.4. Nacionalidade
1.2.5. Direitos Políticos
1.3. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – ORGANIZAÇÃO DOS ENTES
1.3.1. Organização dos entes
1.3.2. Competência Legislativa
1.3.3. Intervenção Federal e Estadual
1.4. PODER LEGISLATIVO
1.4.1. Regime Jurídico dos Deputados e Senadores
1.4.2. Processo Legislativo
1.4.3. Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI
1.4.4. Casas Congressistas
1.4.5. Controle Externo
1.5. PODER EXECUTIVO
1.6. PODER JUDICIÁRIO
1.6.1. Estatuto da Magistratura – Magistrados
1.6.2. Tribunais – Questões Constitucionais – RPV – Reclamação – Recursos - SV
1.6.3. Competências Judiciais
1.6.4. CNJ
1.7. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
1.8. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
1.8.1. Ministério Público
1.8.2. Advocacia Pública
1.8.3. Defensoria Pública
1.9. DEFESA DO ESTADO
1.9.1. Militares
1.10. DIREITO DE PROPRIEDADE. ECONÔMICO. COMUNICAÇÃO. CULTURA. EDUCAÇÃO. DESPORTO. CRIANÇA. IDOSO.
INDÍGENAS. GERAL

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1.10.1. Educação
1.10.2. Dos Índios e Quilombolas
2. DIREITO PREVIDENCIÁRIO
2.1. SEGURIDADE SOCIAL. SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA. DISTINÇÕES.
2.2. CUSTEIO – VALOR DE BENEFÍCIO – TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
2.3. RGPS – SEGURADOS E DEPENDENTES
2.3.1. Segurados e dependentes
2.4. BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE
2.4.1. Aposentadoria por idade
2.4.1.1. Aposentadoria devida ao portador de deficiência (idade e tempo)
2.4.2. Aposentadoria por tempo de contribuição
2.4.3. Pensão por morte
2.4.4. Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez
2.4.5. Auxílio-acidente
2.4.6. Aposentadoria especial
2.4.7. Professores e aposentadoria
2.4.8. Auxílio-reclusão
2.4.9. Salário-maternidade
2.4.10. Salário-família
2.5. APOSENTADORIA RURAL – SEGURADO ESPECIAL
2.6. ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS
2.6.1. Seguro-defeso
2.7. REGIME PRÓPRIO
2 2.8.
2.9.
PREVIDÊNCIA PRIVADA E COMPLEMENTAR
PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO
2.10. AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DEMAIS QUESTÕES DA LEI 8.213
3. DIREITO PENAL – PARTE GERAL
3.1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
3.1.1. Princípio da insignificância
3.2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL
3.3. TEORIA DO CRIME: FATO TÍPICO – ILÍCITO/ANTIJURÍDICO - ERROS
3.3.1. Dolo e culpa
3.3.2. Crime impossível
3.3.3. Cosunção, absorção, subsidiariedade e especialidade
3.3.4. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e posterior
3.3.5. Teoria dos erros
3.3.6. Teoria da ilicitude – antijurídico - excludentes
3.4. TEORIA DO CRIME: CULPABILIDADE
3.5. TEORIA DA PENA – EFEITOS DA CONDENAÇÃO – CONCURSO DE CRIMES
3.5.1. Dosimetria: aplicação de qualificadoras, agravantes, atenuantes
3.5.2. Das Penas: regime
3.5.3. Pena de multa
3.5.4. Efeitos da condenação
3.5.5. Concurso de agentes
3.5.6. Concurso de crimes e crime continuado
3.6. MEDIDA DE SEGURANÇA
3.7. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE – REABILITAÇÃO E PERDÃO JUDICIAL
3.7.1. Prescrição
3.7.2. Perdão judicial
3.7.3. Livramento condicional
4. DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

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4.1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


4.1.1. Crimes funcionais
4.1.2. Crimes contra a fé pública
4.2. CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL
4.3. CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
4.4. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
4.5. CRIMES DIVERSOS PREVISTOS NO CÓDIGO PENAL
5. LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE: PENAL E PROCESSO PENAL
5.1. LEIS DIVERSAS
5.2. CRIMES HEDIONDOS – LEI 8.072/90
5.3. LEI DE DROGAS – LEI 11.343/06
5.4. CRIMES NAS LICITAÇÕES – LEI 8.666/93
5.5. CRIMES POLÍTICOS
5.6. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – SFN – LEI 7.492/86
5.7. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E ECONÔMICA – LEI 8.137/90
5.8. CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA – LEI 8.176/91
5.9. OCULTAÇÃO DE BENS E LAVAGEM DE DINHEIRO – LEI 9.613/98
5.10. CRIMES DE RESPONSABILIDADE – LEI Nº 1.079/50 E DL Nº 201/67
5.11. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – LEI 12.850/13
5.12. TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA PENAL
5.12.1. Corrupção
5.12.2. Organização Criminosa
5.12.3. Tráfico de pessoas, armas, terrorismo e escravidão
3 5.12.4.
5.13. ECA
Estatuto de Roma

5.14. RACISMO/DISCRIMINAÇÃO – LEI 7.716/89


5.15. GENOCÍDIO – LEI 2.889/56
5.16. TORTURA
5.17. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
5.18. LEI DE ARMAS – LEI 10.826/03
5.19. LEI ANTITERRORISMO
5.20. INVASÃO DE TERRAS DA UNIÃO
5.21. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL E PERFIL GENÉTICO – LEI 12.037/09
5.22. PROTEÇÃO À VÍTIMAS E TESTEMUNHAS AMEAÇADAS – LEI 9.807/99
5.23. CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM)
5.24. CRIMES NO CDC
5.25. LEI DE PROCEDIMENTO EM TRIBUNAL – LEI 8.038/90
5.26. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – LEI 9.296/96
5.27. JUIZADOS ESPECIAIS – LEI 9.099/95
6. DIREITO PROCESSUAL PENAL
6.1. INTRODUÇÃO E TEORIA GERAL PROCESSUAL PENAL
6.2. INQUÉRITO POLICIAL
6.3. AÇÃO PENAL – AÇÃO CIVIL EX DELICTO
6.3.1. Denúncia e queixa-crime
6.3.2. Ação civil ex delicto
6.4. SUJEITOS DO PROCESSO: PARTES, MP, JUIZ, ASSISTENTE
6.4.1. Juiz
6.4.2. Assistente de acusação
6.4.3. Defensor e advogado
6.4.4. Ministério Público
6.5. ATOS PROCESSUAIS: DECISÕES – SENTENÇAS
6.5.1. Sentença

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6.6. COMPETÊNCIA – FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO/PRIVILEGIADO


6.6.1. Justiça Federal
6.6.2. Justiça Estadual
6.6.3. Justiça Militar
6.6.4. Foro por prerrogativa de função / foro privilegiado
6.7. QUESTÕES INCIDENTES: MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
6.7.1. Sequestro, arresto
6.7.2. Busca e apreensão
6.7.3. Insanidade mental
6.8. TEORIA GERAL DA PROVA
6.9. PRISÕES E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO
6.9.1. Medidas cautelares diversas da prisão
6.9.2. Prisão em flagrante
6.9.3. Prisão preventiva
6.9.3.1. Atos infracionais e prisão preventiva
6.9.4. Prisão domiciliar processual X domiciliar executória
6.9.5. Prisão temporária
6.9.6. Liberdade provisória e Fiança
6.10. PROCEDIMENTOS
6.10.1. Crimes de responsabilidade dos funcionários públicos
6.10.2. Tribunal do Júri
6.11. RELAÇÃO JURISDICIONAL COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA
6.12. NULIDADES
6.13. TEORIA GERAL DOS RECURSOS – AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO
4 6.13.1.
6.13.2.
Recurso em sentido estrito
Apelação
6.13.3. Habeas corpus
6.13.4. Mandado de segurança
6.13.5. Revisão criminal
6.13.6. Embargos infringentes
6.14. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL
6.15. EXECUÇÃO PENAL
6.15.1. Remição
6.15.2. Crimes hediondos
7. DIREITO ECONÔMICO
7.1. TEORIA GERAL: INTRODUÇÃO, CONSTITUIÇÃO E CONCEITOS
7.2. DIREITO CONCORRENCIAL – LEI ANTITRUSTE
7.3. COMÉRCIO INTERNACIONAL - OMC
7.3.1. OMC
7.3.2. Infrações no comércio exterior
8. DIREITO DO CONSUMIDOR
8.1. RELAÇÃO DE CONSUMO: GERAL
8.1.1. Contratos de consumo: geral, prescrição, responsabilidade
8.1.2. Cadastro de proteção de crédito
8.1.3. Infrações
8.1.4. Plano de saúde
8.2. OBJETO DE CONSUMO: PRODUTO E SERVIÇO
8.3. ATIVIDADES E APLICAÇÃO DO CDC
8.3.1. Atividade bancária
9. DIREITO CIVIL
9.1. LINDB, PESSOAS NATURAIS, DOMICÍLIO, ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

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9.1.1. LINDB
9.1.2. Pessoa – capacidade – personalidade
9.2. PESSOAS JURÍDICAS – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
9.2.1. Desconsideração da personalidade jurídica
9.3. BENS
9.4. FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS; DAS PROVAS
9.4.1. Fato e Negócio jurídico
9.4.2. Prescrição e Decadência
9.4.3. Ato ilícito e boa-fé
9.4.4. Fraude contra credores X Fraude à execução
9.4.5. Das provas
9.5. OBRIGAÇÕES
9.5.1. Juros
9.5.2. Arras e cláusulas penais
9.6. CONTRATOS
9.6.1. Seguro
9.6.2. Locação
9.6.3. Fiança
9.6.4. Mútuo
9.6.5. Alienação fiduciária
9.6.6. Extinção contratual
9.7. RESPONSABILIDADE CIVIL – ATOS UNILATERAIS
9.8. DIREITOS REAIS
9.8.1. Sistema financeiro de Habitação
5 9.8.2.
9.9.
Estatuto da cidade
DIREITO AGRÁRIO
9.10. ESTATUTO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE. ESTATUTO DA JUVENTUDE. ESTATUTO DO IDOSO.
9.11. DIREITO DE FAMÍLIA
10. DIREITO PROCESSUAL CIVIL
10.1. TEORIA GERAL DO PROCESSO: NORMAS, JURISDIÇÃO, AÇÃO, EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
10.1.1. Direito Intertemporal no CPC
10.1.2. Arbitragem
10.2. COMPETÊNCIA
10.2.1. Justiça Federal
10.3. SUJEITOS DO PROCESSO
10.3.1. Gratuidade da justiça
10.4. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: LITISCONSÓRCIO, ASSISTÊNCIA, DENUNCIAÇÃO A LIDE, DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA, CHAMAMENTO AO PROCESSO E AMICUS CURIAE
10.4.1. Litisconsórcio
10.4.2. Assistência
10.4.3. Denunciação da lide
10.4.4. Chamamento ao processo
10.4.5. Desconsideração da personalidade jurídica
10.4.6. Amicus curiae
10.5. DOS ATOS PROCESSUAIS
10.5.1. Das nulidades
10.6. TUTELAS PROVISÓRIAS
10.7. PROCEDIMENTO: FORMAÇÃO, EXTINÇÃO, PROCEDIMENTOS.
10.8. TEORIA GERAL DAS PROVAS
10.9. DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA.
10.9.1. Coisa julgada
10.9.2. Remessa necessária
10.10. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

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10.11. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


10.11.1. Contra a Fazenda Pública
10.12. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
10.12.1. Embargos de terceiro
10.12.2. Ação monitória
10.12.3. Ações possessórias
10.12.4. Lei de locações – ação de despejo
10.12.5. Prestação de contas
10.13. PROCESSO DE EXECUÇÃO
10.14. PROCESSOS NOS TRIBUNAIS – MEIOS DE IMPUGNAÇÃO
10.14.1. Reclamação
10.14.2. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
10.14.3. Incidente de Assunção de Competência
10.14.4. Ação rescisória
10.15. RECURSOS
10.15.1. Apelação
10.15.2. Agravo de instrumento
10.15.3. Agravo interno
10.15.4. Recurso Extraordinário e Recurso Especial
10.15.4.1. Repercussão geral
10.15.5. Embargos de divergência
10.15.6. Embargos de declaração
10.15.7. Recurso adesivo
10.16. JUIZADOS ESPECIAIS
6 10.17. AÇÕES CONSTITUCIONAIS
10.17.1. Mandado de segurança
10.17.2. Habeas data
10.17.3. Mandado de Injunção
10.18. AÇÕES COLETIVAS
10.18.1. Regra geral de Direito Coletivo
10.18.2. Ação Civil Pública
10.18.3. Ação Popular
10.18.4. Mandado de segurança coletivo
10.18.5. Mandado de injunção coletivo
10.19. FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
10.19.1. Suspensão de segurança
10.19.2. Intervenção anômala
11. DIREITO EMPRESARIAL
11.1. TEORIA GERAL DO DIREITO DE EMPRESA
11.2. EMPRESA: ATIVIDADE EMPRESARIAL, RESPONSABILIDADE, ESTABELECIMENTO, TRESPASSE.
11.3. DIREITO SOCIETÁRIO: SIMPLES, EMPRESARIAL, ESPÉCIES
11.3.1. Sociedades anônimas
11.4. TÍTULOS DE CRÉDITO
11.5. PROPRIEDADE INDUSTRIAL
11.6. CONTRATOS EMPRESARIAIS
11.6.1. Alienação Fiduciária
11.6.2. Franquia
11.6.3. Contratos bancários
11.6.4. Arrendamento mercantil
11.6.5. Factoring
11.7. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL / SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – SFH
11.7.1. Liquidação – instituição financeira
11.8. RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA

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11.9. COMÉRCIO ELETRÔNICO


12. DIREITO FINANCEIRO
12.1. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. FINANÇAS NA CONSTITUIÇÃO DE 88.
12.2. ORÇAMENTO PÚBLICO
12.3. DESPESA PÚBLICA - PRECATÓRIOS
12.3.1. Precatórios
12.4. DÍVIDA PÚBLICA – CRÉDITO PÚBLICO - DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO
12.5. RECEITA PÚBLICA
12.6. RESPONSABILIDADE FISCAL E LEI 4.320
12.7. CONTROLE DA ATIVIDADE FINANCEIRA – POLÍTICAS PÚBLICAS
13. DIREITO TRIBUTÁRIO
13.1. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL - INTRODUÇÃO
13.2. TRIBUTOS EM ESPÉCIE
13.2.1. Taxa e Tarifa/preço público
13.2.2. Contribuições
13.2.3. Contribuição de melhoria
13.3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR: IMUNIDADES E PRINCÍPIOS
13.4. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
13.5. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
13.6. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
13.7. CRÉDITO TRIBUTÁRIO: SUSPENSÃO, EXCLUSÃO E EXTINÇÃO.
13.7.1. Suspensão
7 13.7.2. Extinção
13.7.2.1. Prescrição e decadência
13.7.3. Exclusão
13.8. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
13.8.1. CADIN
13.8.2. CDA
13.9. IMPOSTOS FEDERAIS
13.9.1. IR
13.9.2. IPI
13.9.3. IOF
13.9.4. ITR
13.10. IMPOSTOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
13.10.1. Impostos Municipais
13.10.2. Impostos Estaduais
13.11. PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL TRIBUTÁRIO
13.11.1. Processo administrativo
13.11.1.1. Medida Cautelar Fiscal
13.11.2. Execução fiscal
13.11.2.1. Redirecionamento de execução fiscal
13.11.2.2. FGTS

14. DIREITO ADMINISTRATIVO


14.1. INTRODUÇÃO. PRINCÍPIOS.
14.2. PODERES ADMINISTRATIVOS
14.3. ATOS ADMINISTRATIVOS
14.4. PROCESSO ADMINISTRATIVO (DISCIPLINAR E COMUM)
14.5. ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
14.5.1. Administração Direta
14.5.2. Autarquias
14.5.3. Autarquias especiais

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14.5.4. Fundações Públicas


14.5.5. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
14.5.6. Consórcios e convênios
14.5.7. Terceiro Setor
14.6. SERVIÇOS PÚBLICOS
14.6.1. Parceia Público Privada
14.7. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
14.7.1. Desapropriação
14.7.2. Tombamento
14.7.3. Limitações administrativas
14.7.4. Servidão Administrativa
14.7.5. Ocupação temporária
14.8. BENS PÚBLICOS
14.9. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
14.10. CONTROLE ADMINISTRATIVO
14.10.1. Inscrição de entes em cadastro de inadimplência pela União
14.10.2. Tribunais de Contas
14.11. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI ANTICORRUPÇÃO
14.11.1. Improbidade
14.11.1.1. Indisponibilidade de bens em caso de improbidade administrativa
14.11.2. Lei anticorrupção
14.12. AGENTES PÚBLICOS: REGIME, CONCURSO, PREVIDÊNCIA.
14.12.1. Concurso Público
14.12.2. Aposentadoria – Regime Jurídico – RPPS
8 14.12.3. Lei 8.112/91
14.12.4. Competência de ações envolvendo servidores
14.13. LICITAÇÕES E CONTRATOS
14.13.1. RDC
14.14. A SAÚDE PÚBLICA
15. DIREITO AMBIENTAL
15.1. CONSTITUIÇÃO. COMPETÊNCIA. PRINCÍPIOS. BIODIVERSIDADE
15.2. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
15.2.1. Instrumentos da PNMA
15.2.2. Zoneamento Ambiental
15.3. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – SNUC
15.4. CÓDIGO FLORESTAL: APP E RESERVA LEGAL
15.4.1. Reserva legal
15.4.2. Área de Preservação Permanente
15.4.3. Pequena Propriedade Rural
15.5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL – PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL
15.5.1. Licenciamento Ambiental
15.5.2. Avaliação de Impacto Ambiental
15.5.3. Poder de Polícia Ambiental
15.6. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL – LEI 9.605
15.7. FLORESTAS PÚBLICAS – PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS – MATA ATLÂNTICA
15.7.1. Mata Atlântica
15.8. ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)
15.9. PATRIMÔNIO GENÉTICO, CONHECIMENTO TRADICIONAL ASSOCIADO AO PATRIMÔNIO GENÉTICO. (LEI
13.123/15)
15.10. POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS
15.11. POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – PRODUTOS TÓXICOS
15.12. MINERAÇÃO – POLÍTICA ENERGÉTICA
15.13. EFETIVAÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL PELOS PODERES.

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16. DIREITO INTERNACIONAL


16.1. INTRODUÇÃO. FONTES. PRINCÍPIOS.
16.2. TRATADOS INTERNACIONAIS. ATOS INTERNACIONAIS.
16.3. SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL - DIPLOMACIA
16.3.1. Consulados e embaixadas – Diplomacia
16.3.2. ONU
16.3.3. OIT
16.4. NACIONALIDADE; ESTRANGEIRO; PERSONALIDADE INTERNACIONAL.
16.4.1. Documentos do estrangeiro
16.4.2. Nacionalidade
16.4.3. Estatuto da Igualdade – Portugueses e Brasileiros
16.4.4. Expulsão, extradição e deportação
16.5. DIREITO DE INTEGRAÇÃO – DIREITO COMUNITÁRIO
16.5.1. MERCOSUL
16.6. CONFLITOS INTERNACIONAIS; PROCESSOS INTERNACIONAIS; TPI
16.6.1.1. Tribunal Penal Internacional – TPI
16.7. DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL
16.8. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
16.8.1. Lei anticorrupção e pessoas jurídicas internacionais
16.9. CONVENÇÕES EXTRAVAGANTES
16.9.1. Alimentos e Crianças
16.9.1.1. Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças
16.9.2. Direito Ambiental

9 16.10. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO


16.10.1. Homologação de sentença estrangeira
17. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
17.1. REGRAS GERAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
17.2. GLOBAL
17.3. REGIONAL
17.3.1.1. Corte Interamericana e Comissão Interamericana
17.3.1.1.1. Opiniões Consultivas
17.3.1.2. Corte Europeia
17.4. TRATADOS EXTRAVAGANTES POR TEMA
17.4.1. Tortura
17.4.2. Deficientes
17.5. MECANISMOS DE APURAÇÃO DE VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
18. DIREITO ELEITORAL
18.1. PRINCÍPIOS
18.2. DIREITOS POLÍTICOS
18.3. JUSTIÇA ELEITORAL
18.4. MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
18.5. PARTIDOS POLÍTICOS, CAMPANHAS E CONTAS
18.6. SISTEMAS ELEITORAIS, ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL E POLÍTICA DO ELEITORADO
18.7. ALISTAMENTO ELEITORAL
18.8. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE E CAUSAS DE INELEGIBILIDADE
18.9. PROCESSO ELEITORAL – CONVENÇÃO PARTIDÁRIA – REGISTRO DE CANDIDATURA – FINANCIAMENTO ELEITORAL
18.10. PROPAGANDA ELEITORAL
18.11. ABUSO DO PODER ECONÔMICO, CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO E CONDUTAS VEDADAS
18.12. AÇÕES ELEITORAIS
18.13. ELEIÇÃO
18.14. DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL ELEITORAL

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19. NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA


19.1. SOCIOLOGIA DO DIREITO
19.2. PSICOLOGIA JUDICIÁRIA
19.3. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL
19.4. FILOSOFIA DO DIREITO
19.4.1. Positivismo
19.4.2. Interpretativismo – Pós-positivismo
19.5. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

1. DIREITO CONSTITUCIONAL
1.1. Teoria Geral do Direito Constitucional
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e derivado.
Hermenêutica constitucional. O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional
vigente. Emendas à Constituição. Disposições gerais e transitórias. República e federação no
direito Constitucional em geral. Sistema brasileiro.
1.1.1. Neoconstitucionalismo e constitucionalismo
● Neoconstitucionalismo: resposta aos horrores ocorridos na 2ª Guerra, se consagrando a partir
das novas constituições europeias, principalmente a Lei Fundamental de Bonn (Constituição
Alemã de 1949).
o Conceito: concepção teórica que busca superar concepções positivistas, valorizando a
10 razão prática no âmbito jurídico e buscando soluções não meramente legais/subsuntivas
para os denominados hard cases. Parte de uma nova concepção dogmática,
principiológica e de caráter eminentemente axiológico.
o Brasil:
▪ Seu 1 º marco ocorre com a publicação da CF de 1988.
▪ 2º marco: pilares principais:
● Reconhece a força normativa da Constituição: deixa de considerar a
Constituição como documento político e de caráter programático. A força
normativa irradia perante todo o ordenamento, devendo ser, além de
moldura, a razão, através de seus princípios e dogmas.
● Expansão da jurisdição Constitucional: centraliza os direitos fundamentais
na discussão jurídica, de modo que o judiciário passa a ser visto como
protetor dos direitos, havendo a criação de mecanismos para a sua tutela,
como as ações de controle de constitucionalidade e demais ações
constitucionais. Tema relevante para Jurisdição Constitucional.
● Desenvolvimento de nova dogmática de interpretação constitucional:
novas leituras das cláusulas gerais (sem previsão de resultado no texto
legal) e conceitos indeterminados (há opção para o juiz no texto legal);
distinção qualitativa entre princípios e regras de criação de postulados para
resolver a colisão de normas constitucionais, com a aplicação, dentre
outros, da técnica da ponderação.
▪ Marco filosófico: pós-positivista (jusnaturalismo + positivismo) defesa
de valores caros para a sociedade atual, particularmente a defesa da
dignidade humana, de influência kantiana. Propõe reconstruir o
significado da ordem jurídica, não se podendo considerar como mero
sinônimo de neoconstitucionalismo e sim seu fundo filosófico.
Influencia tanto a dogmática quanto a própria doutrina constitucional.
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● Estado de coisas inconstitucionais e neoconstitucionalismo: tratou-se sobre o principal item


defendido no neoconstitucionalismo: dignidade humana. Através da irradiação dos princípios
constitucionais, verificou-se o estado calamitoso em que os presídios encontravam-se (ADPF
347). Controle de políticas públicas.
● Neoconstitucionalismo é pós-positivista, buscando superar a separação do direito e da moral.
o O pós-positivismo, como novo paradigma jusfilosófico, revela-se por meio de
uma argumentação jurídica mais aberta e permeável à moral. E, apesar de
existirem visões mais ou menos liberais nos campos políticos e econômicos,
mais ou menos favoráveis ao protagonismo do Poder Judiciário na arena
constitucional, é inquestionável que o paradigma pós-positivista alastrou-se
pelo pensamento constitucional contemporâneo ocidental
Neoconstitucinalismo.
● Constitucionalismo ocidental:
o Francês: traz a ideia de Poder Constituinte, de que o poder é anterior, pré-
jurídico, ilimitado. Jusnaturalismo.
o Norte-Americano: coloca a constituição como fonte de poder, bem como os
direitos fundamentais na constituição. (Limitação e organização do Poder)
o Poder constituinte material: conjunto de forças político-sociais que vão
produzir o conteúdo de uma nova Constituição, a partir da ruptura jurídico-
política. Ou seja, é a ideia de direito, fruto desse conjunto de forças político-
sociais.
o Poder Constituinte formal: é aquele que vai formalizar a ideia de direito
11 construída por meio do Poder Constituinte Material. O Poder Constituinte
Formal será o grupo encarregado de redigir a Constituição.
o Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado
decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a
elaboração e suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos
municípios, que se organizam mediante lei orgânica.
● Princípios são comandos de otimização que exigem que algo seja realizado na máxima
medida possível dentro das circunstâncias fáticas e jurídicas, enquanto regras são comandos
definitivos, os quais exigem apenas que certa conduta seja realizada

1.1.1.1. Daniel Sarmento


 Constitucionalismo liberal: busca idealismo constitucional e conteúdo mínimo
(direitos individuais e normais de organização do Estado de acordo com o princípio da
separação dos poderes), a fim de preservar os direitos individuais.
o Esse modelo não correspondia à realidade concreta da sociedade, marcada
pelo arbítrio e pela desigualdade. Críticas: Ferdinand Lassale – a constituição
deve resultar dos fatores reais de poder, sob pena de ser mera folha de papel.
 Constitucionalismo social: positivam normas de economia, cultura, direitos sociais e
família – Constituição Alemã de 1919, Weimar. Com o tempo, revelou-se uma
preocupação com a efetivação do vasto rol de direitos anunciados.
o A definição de constituição deixa de ser apenas material (idealismo
constitucional) e passa a ser formal (Hans Kelsen), de modo que tudo o que
está na constituição, é formalmente constitucional – positivismo
constitucional, não tendo relevância a vertente política adotada.
 Surge Carl Schimitt separando as “Leis constitucionais”, que são
elementos que não são propriamente constitucionais (materialmente),

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das normas constitucionais (idealismo). Assim, a Constituição seria


uma decisão política fundamental, sendo um mero ato de vontade.
o Ruldolf Smend (Weimar): agregou na teoria de Lassale o elemento da
“dinâmica constitucional”, de modo que a realidade é dinâmica, e não estática.
Assim, a constituição está em constante processo de desenvolvimento, que
envolve fatores espirituais, sociais, individuais e coletivos. Assim, a
interpretação constitucional deve ser exercida de forma extensiva e flexível.
o Herman Heller (Weimar): elabora o conceito unitário de Constituição. Além de
norma, a Constituição é realidade social, pois reflete o padrão em
determinada sociedade. Cria os conceitos de normalidade e normatividade,
elementos indissociáveis da estrutura constitucional.
 Normalidade: elemento real;
 Normatividade: elemento normativo.
o Konrad Hesse: resgata a proposta de Heller e apresenta a normatividade como
o elemento essencial de uma constituição, e apresenta a teoria da força
normativa da Constituição para a concretização dos ditames constitucionais.
 Ordenação jurídica da realidade significa que a ordenação e realidade
devem ser consideradas em seu inseparável contexto e no seu
condicionamento recíproco. Ao mesmo tempo em que a constituição
tem o poder de conformar a realidade social, também está
condicionada pela mesma realidade histórica.
 O poder da constituição de conformar a realidade social não é
12 ilimitado e tampouco uniforme. Devem buscar a “vontade da
constituição” – os que vivem sob a égide de determinada
constituição devem se empenhar na luta pela efetivação de seus
comandos. Assim, a Constituição deve manter questões
“conscientemente abertas (Constituição aberta)” para que haja espaço
à livre discussão, decisão e configuração das forças políticas.
 Para ele, interpretar a constituição seria um processo de
concretização, devendo ser considerado não apenas o texto
constitucional, mas também a realidade social sobre a qual incide.

1.1.2. Poder Constituinte – Teoria Geral do Estado – Conceitos

● Poder Constituinte Supranacional: “virada kantiana” – o estado tem que defender o indivíduo.
o -1945: fim da 2ª Guerra Mundial. Antes, o indivíduo era considerado sujeito
apenas no plano nacional. A soberania estatal era considerada absoluta, não
havendo proteção do indivíduo em relação ao poder do estado.
o -Após, o sujeito passa a ser visto no plano internacional e a soberania estatal
deixar de ser absoluta para ser relativa. Foi guiada pelo princípio da dignidade
da pessoa humana. Foi criada a ONU, com sistema normativo internacional.
Assim, nasce a visão do Poder Supranacional.
● Os estados estão condicionados a POVO, TERRITÓRIO e GOVERNO SOBERANO, e não a uma
Constituição. Logo, nem todo Estado possui uma Constituição.
● Ferdinand Lassale: Sentido sociológico. Para ele existe duas constituições que convivem
paralelamente. A constituição real e efetiva seria resultado da soma dos fatores reais de
poder.

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o Real: real e efetiva, que corresponde à soma dos fatores reais de poder e que regem
esse país. Em caso de conflito com a constituição escrita, a constituição real prevalece.
▪ Fatores reais de poder: Forças reais que mandam no país. Lassale diz que está
ligado aos anseios dos detentores de poder na realidade dos fatos do que com a
forma que o poder emana do povo. São as forças que atuam na política, e
legitimamente, como monarquia, banqueiros, grande burguesia.
o Escrita: folha de papel, que só teria validade se correspondesse a constituição
real, ou seja, se tivesse suas raízes nos fatores reais de poder.
● Carl Schmitt: documento que determina as normas fundamentais e estruturais (ele faz
a divisão entre leis constitucionais, normas materialmente constitucionais). Decisão
política fundamental. Normas Constitucionais e Leis constitucionais.
o A constituição não se apoia em suas normas, mas na decisão política que lhe
dá existência.
● Hans Kelsen: dever ser, fruto da vontade racional do homem, sistema normativo
piramidal. Há dois sentidos que fundamentam uma Constituição para ele:
o Lógico Jurídico: se fundamenta em uma norma hipotética fundamental.
o Jurídico-positivo: é a norma que o ordenamento fundamenta sua validade.
● Poder Constituinte Difuso é o fundamento da aplicação mutação constitucional, ou
seja, alteração no significado e sentido interpretativo do texto constitucional em
virtude de mudança na percepção política, social e econômica.
● Não se admite um poder constituinte derivado de terceiro grau. Só os Estados (poder
13 de 2º grau) possuem poder constituinte derivado. Assim, o município, ao editar sua lei
orgânica, não o faz sob fundamento de poder constituinte e nem mesmo sua lei é
paradigma para algum controle de constitucionalidade. ATENÇÃO: não tem poder
constituinte derivado decorrente em municípios. Ele não possui Constituição, mas LEI
ORGÂNICA. Não há Poder Constituinte Derivado Decorrente de 3º grau.
o Isso deve ser lembrado em caso de CPI municipal, que não possui poderes
próprios de autoridade judicial, como as CPIs Federais e Estaduais.
● A constituição nova não torna inconstitucional a legislação anterior quando da edição da lei,
mas tão somente as revoga/não recepciona. Não existe inconstitucionalidade superveniente.
o ATENÇÃO: a teoria moderna aceita a inconstitucionalidade superveniente,
conceituando esta como lei que sofreu um processo de inconstitucionalização,
considerando o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político,
econômico e social do país. Não há uma sucessão de Constituições, mas uma
desarmonia com a CF e com o tempo, tornando-se incompatível com o texto
constitucional. Essa inconstitucionalidade se dá com relação à constituição
vigente, e não uma Constituição antiga.
● Em relação ao Poder Constituinte Originário, o Brasil adotou a teoria POSITIVISTA, para a qual
o poder constituinte originário é ilimitado e pré-jurídico (político).
● As normas que no advento da Constituição anterior eram de competência da União e, com a
constituição nova, passam a ser do Estado ou Município, são recepcionadas, permanecendo
válidas até que o ente disponha de modo diverso.
● Teorias que fundamentam o Poder Constituinte Originário:
o Positivistas (constituinte): Como para Kelsen todo o poder estatal é um poder
positivado, se o poder constituinte é pré-estatal, então ele é um poder de fato,
e não jurídico, pois o direito só surge quando já há um Estado. Não aceita o
direito natural. Não há como uma Constituição surgir sem um fundamento de
validade. Logo, é um Poder de Fato.

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o Jusnaturalistas (constituinte): é um poder de Direito, porque se fundamenta


em um direito já existente, que é o Direito Natural.
● O poder constituinte originário é político (poder de fato), pois é uma decisão. Já o derivado, é
jurídico (direito), pois advém de um conjunto de normas positivadas.
● O poder constituinte material diz o que é constitucional, o formal materializa e sedimenta a
constituição no documento final.
● Poder constituinte atípico: é aquele que após a elaboração da Constituição não se dissolve, e
se converte em poder Constituído, passando a exercer as funções de legislador ordinário. É o
Congresso Nacional. O poder típico é dissolvido após a elaboração da Constituição.
● Segundo o CESPE o poder de constituinte originário tem o condão de instaurar nova ordem por
uma nova constituição ou por ato institucional.
● Escolas teóricas sobre a separação dos poderes:
o Escola FRANCESA: separação rígida de poderes. As atribuições do Estado são
entregues praticamente com exclusividade ao órgão. Não há destaque para o
sistema de freio e contrapesos.
▪ Contencioso Administrativo.
o Escola INGLESA: faz a separação de poderes sem exclusividade aos órgãos, de
modo flexível.
▪ Unicidade de jurisdição.
● Emmanuel Sieyés – O que é o terceiro estado:
o Poder constituinte: poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os
14 Poderes.
o Poder constituído: os Poderes reconhecidos pela Constituição, Legislativo,
Executivo e Judiciário.
o O terceiro estado é a burguesia, maioria e detentora da economia. Ela que
deveria ser o titular do Poder, ou seja, a nação, e não o Rei ou o Clero. Essa foi
a razão da revolução francesa: o povo como titular do Poder. Liberdade,
igualdade, fraternidade.
o Ele defendia a representatividade do povo, e não a participação direta.
o A teoria da soberania popular considera que o poder constituinte é de
titularidade do povo, esse compreendido como complexo de forças políticas
plurais, “grandeza pluralística”, ou seja, como uma pluralidade de forças
culturais, sociais e políticas tais como partidos, grupos, igrejas, associações,
personalidades, decisivamente influenciadoras da formação de opiniões,
vontades, correntes ou sensibilidade políticas nos momentos preconstituintes
e nos procedimentos constituintes.
o Nesta obra, pela primeira vez, alguém racionalmente tratou do poder
constituinte.
● Titular do Poder Constituinte:
o Teoria Clássica (Sieyés): é a NAÇÃO, sendo esta um conjunto de valores
morais compartilhados, e não um grupo de indivíduos.
o Teoria Contemporânea (Rosseau): é o povo, como um conjunto coletivo de
pessoas cidadãs, comprometidas com aquela sociedade.
● Teoria da dupla revisão: a teoria estabelece que é legítima a vontade do Poder Constituinte
Originário em impedir a modificação da Constituição em alguns pontos, porém, aceita que
esses parâmetros protegidos sejam modificados pelo Constituinte Derivado, permitindo, a
partir daí, a dupla revisão da Constituição. Assim, seria possível abolir o rol de cláusulas

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pétreas e depois modificar qualquer princípio base da Constituição. NÃO ADOTADA NO


BRASIL.
● Desconstitucionalização: recepção de norma da Constituição anterior, compatível
materialmente (só material) com a Constituição atual, com status de lei. Deve vir
expressamente previsto na Constituição nova. Como regra geral, a constituição atual não
prevê expressamente desconstitucionalização. A Lei Maior anterior inteira fica superada. Nada
impede que a constituição atual diga que determinado dispositivo da constituição anterior
vigerá, ainda que temporariamente.
o ATENÇÃO: deve estar expressamente previsto na nova constituição, não
bastando a compatibilidade material da norma anterior. Em regra, a
constituição anterior fica inteiramente revogada.
o Para recepção da norma e sua desconstitucionalização, ela deve ser
constitucional formal e materialmente com o ordenamento anterior.
● A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção material das
normas constitucionais, que consiste na possiblidade de a norma de uma constituição anterior
ser recepcionada pela nova constituição, com status de norma constitucional.
o Por força de norma expressa do ADCT (art. 34), houve manutenção de
aplicação de determinados dispositivos da constituição de 67, por prazo
certo e em caráter precário. Neste artigo, a CF88 manteve o sistema
tributário nacional anterior por cinco meses e, após, entraria em vigor o STN
da CF88.
o Recepção: acontece com normas infraconstitucionais que são recebidas como
15 normas infraconstitucionais
o Desconstitucionalização: acontece com normas constitucionais que são
recebidas como normas infraconstitucionais
o Recepção material de normas constitucionais: acontece com normas da
constituição anterior que são recebidas como normas constitucionais.
o
● Súmula 654-STF: A garantia de irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da
constituição da república, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.
● Não há direito adquirido à manutenção dos critérios legais de fixação do valor da
remuneração.
1.1.3. Hermenêutica
● Hiato constitucional: nome que se dá nos casos em que se constata discrepância entre o
conteúdo da Constituição política e a realidade social, podendo ser verificado fenômenos
como convocação de Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional, reforma
constitucional e hiato autoritário (outorga de poder autoritário).
● Técnicas de interpretação constitucional:
o Construtiva: estende-se o alcance desta para abranger hipótese não
expressamente prevista.
o Evolutiva: atualiza-se o sentido desta para abranger hipótese não existente
quando de sua elaboração e claramente contemplada nas possibilidades
semânticas do texto.
o Nenhum dos dois se confundem com a mutação constitucional. A mutação é
a mudança no sentido da norma, em contraste com entendimento pré-
existente, ou seja, a mutação ocorrerá quando se estiver diante da alteração
de uma interpretação previamente existente.

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● Mutação constitucional e superação de jurisprudência consolidada: a) mudança na percepção


do direito; b) modificações na realidade fática; c) consequência prática negativa de
determinada linha de entendimento.
o Mutação constitucional: não ofende o texto da lei quando da sedimentação do
novo entendimento.
o Mutação inconstitucional: ex: as decisões definitivas de mérito em controle
concentrado de constitucionalidade admitem efeito vinculante. Entretanto, o
STF, por meio de decisão, admitiu-se o efeito vinculante da decisão liminar,
com nítida ofensa à literalidade da constituição.
● O princípio da força normativa está contido na máxima efetividade, e não o contrário.
● A decisão do STF sobre mutação constitucional acerca do artigo 52, X, que confere a ideia de
que o Senado só dá publicidade às decisões do STF de inconstitucionalidade, é um exemplo de
inobservância do princípio da conformidade funcional, pois um poder se imiscui no outro.
o Houve um julgado aqui que abre possibilidades para a abstrativização do
controle difuso, no caso do AMIANTO: Para essa corrente, o art. 52, X, da
CF/88 sofreu uma mutação constitucional e, portanto, deve ser
reinterpretado. Dessa forma, o papel do Senado, atualmente, é apenas o de
dar publicidade à decisão do STF. Em outras palavras, a decisão do STF, mesmo
em controle difuso, já é dotada de efeitos erga omnes e o Senado apenas
confere publicidade a isso.
● De acordo com o positivismo de Hans Kelsen, a escolha de uma interpretação dentro da

16 moldura de possibilidades proporcionada pela norma jurídica realiza-se segundo a livre


apreciação do tribunal, e não por meio de qualquer espécie de conhecimento preexistente.
Por conta da abstração e indeterminação da norma jurídica, ela deve ser como uma moldura,
de modo que a sua interpretação deve ocorrer sob a ótica desse molde. Kelsen defende que
não há vinculação de qualquer espécie de conhecimento do direito preexistente, devido ao seu
viés positivista, e não naturalista.
● Robert ALEXY: Princípios Constitucionais são mandamentos de otimização que conduzem à
única resposta correta a uma interpretação efetivadora de normas atinentes a determinadas
situações jurídicas.
● Interpretação CONFORME:
o O intérprete não pode contrariar o texto literal e o sentido da norma
interpretada, a fim de obter concordância com a Constituição.
o A interpretação conforme a Constituição só é admitida quando existe, de fato,
um espaço de decisão/interpretação em que sejam admissíveis várias
propostas interpretativas, estando pelo menos uma delas em conformidade
com a Constituição, que deve ser preferida às outras, em desconformidade
com ela.
o No caso de se chegar a um resultado interpretativo de uma lei
inequivocamente em contradição com a Constituição, não se pode utilizar a
interpretação conforme.
o Deve o interprete zelar pela manutenção da vontade do legislador, devendo
ser afastada a interpretação conforme a Constituição quando dela resultar
uma regulação distinta daquela originariamente almejada pelo legislador, sob
pena de transformar o interprete em legislador positivo.
● Concordância prática e harmonização: coordenação e combinação de bens jurídicos em
conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É a utilização da
ponderação.

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● Justeza e conformidade funcional: não se pode chegar a uma interpretação que subverta,
altere ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte
originário.
● Método Normativo-Estruturante: trabalha com a concepção de que a norma jurídica não se
identifica com seu texto – expresso -, pois ela é o resultado de um processo de concretização;
texto da norma, então, não tem normatividade, mas apenas validade. A normatividade não é
produzida pelo texto (que é apenas a forma da lei atuando como diretriz e limite a uma
determinada concretização), mas resulta da implementação de uma decisão (governamental)
que concretize a norma.
● A Constituição dirigente busca por programa a serem realizados, possuindo inspiração
ideológica socialista. Foge-se, portanto, da visão tradicional de constituição que concebe como
lei processual ou instrumento de governo, definidora de competências e reguladora de
processos. Assim, não implica a adoção de uma concepção procedimentalista, mas sim
buscando programas econômicos e sociais a serem realizados.d
● A derrotabilidade da norma jurídica significa a possibilidade, no caso concreto, de uma norma
ser afastada ou ter sua aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente,
ainda que a norma tenha preenchido seus requisitos necessários e suficientes para que seja
válida e aplicável.
o Por força da doutrina da derrotabilidade das regras (defeasibility), uma norma
pode alojar infinitas exceções implícitas e imprevisíveis que, em um dado caso
concreto, justificam seja episodicamente afastada, a pretexto de se fazer
Justiça ou de assegurar os seus fins, permanecendo íntegro o texto que
17 alberga o seu comando. Na feliz síntese de Carsten Bäcker, “derrotabilidade
deve ser entendida como a capacidade de acomodar exceções”
o Derrota-se a norma, jamais o texto que a abrigou. Declara-se a “norma”
inconstitucional, no sentido de que naquela ocasião, ela é inconstitucional.
Trata-se de uma declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto.
o Hart percebeu que em razão da impossibilidade de as normas preverem as
diversas situações fáticas, ainda que presentes seus requisitos, elas contém, de
forma implícita, uma cláusula de exceção (tipo: a menos que), de modo a
ensejar, diante do caso concreto, a derrota/superação da norma
o A não ser por meio de dons premonitórios, é impossível ao legislador
antever todas as hipóteses reais que justificariam fosse excepcionada a regra
que pretende elaborar.
o A derrotabilidade (ou superabilidade) de uma regra implica a não incidência
de uma norma existente, válida e eficaz, ou seja, embora tenha percorrido
todos os degraus da escada ponteana, não se sagra vitoriosa no caso que
normatizou.
o Nisso se distingue do controle de constitucionalidade, afinal, enquanto a
sindicância de constitucionalidade aquilata a validade das normas, a
derrotabilidade trabalha com uma norma válida, mas episodicamente afastada
em nome do que é (ou parece ser) justo.
● A constituição como processo público é aquela da sociedade aberta dos intérpretes, de Peter
Häberle, onde pode ser interpretada em qualquer espaço, e não apenas por juristas no bojo
dos processos.

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1.1.4. Classificação
● Quanto ao papel, as Constituições podem ser classificadas em Constituição-lei, Constituição-
fundamento e Constituição-moldura.
● Quanto à finalidade, em garantia, balanço e dirigentes
● Quanto ao MODO de ELABORAÇÃO:
o Históricas: juridicamente flexíveis, pois pode ser modificada pelo legislador
ordinário, mas, normalmente, são política e socialmente rígidas, sendo
raramente modificadas.
o Dogmáticas:
● Quanto à origem:
o Promulgada
o Outorgada
o Cesarista
● Quanto ao CONTEÚDO: formal ou material.
● Quanto à extensão: sintética ou analítica.
● A CF é DIRIGENTE OU PROGRAMÁTICA, pois abundam normas programáticas.
● Em constituição flexível, a lei ordinária altera a Constituição caso esta seja contrária à nova lei,
pois não há hierarquia.
● Constituição negativa ou garantia é típica do Estado Liberal, pois visa coibir os ataques do
Estado através do estabelecimento de garantias aos indivíduos. Já a Constituição dirigente,
possui normas programáticas em seu bojo, dando atenção especial à implementação de
18 programas pelo Estado.
● Constituição Balanço: explicita as características atuais da sociedade, trazendo parâmetros que
devem ser observados à luz da realidade econômica, política e social existente.
● Constituição simbólica: A preocupação com a implementação de dispositivos constitucionais
e, em particular, de suas promessas sociais, não é central. As controvérsias constitucionais são
decididas com base nos códigos da política e conforme conflitos de interesse. Nessa luta,
acabam preponderando os interesses dos grupos mais poderosos, dos denominados
“sobrecidadãos”, que conseguem utilizar a Constituição e o Estado em geral como instrumento
para satisfazer seus interesses. A juridicidade da Constituição fica comprometida pela
corrupção da normatividade jurídica igualitária e impessoal, conforme o binômio legal-ilegal.
As controvérsias constitucionais são decididas com base no código do poder.
1.1.5. Normas Constitucionais e histórico
● As normas internas que forem contrárias ao tratado internacional de direito humanos, seja ele
equivalente à emenda constitucional ou supralegal, têm sua eficácia normativa suspensa.
● Reserva legal: submissão à lei.
o Simples: a CF autoriza que a lei restrinja algo, sem definir o que deverá constar
na lei.
o Qualificada: a CF, além de autorizar a restrição, estabelece os fins
necessariamente a serem perseguidos ou os meios a serem adotados pelo
legislador.
● Necessário se faz compreender a distinção entre eficácia meio e eficácia fim.
o A primeira, presente em todas as normas, traz consigo um efeito negativo
(negação às normas inferiores que lhe são contrárias), um efeito interpretativo
(vetor de interpretação para as demais normas, ainda que pendente a sua
regulamentação), e um efeito de vedação do retrocesso (o conteúdo da norma

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fica protegido contra forças retroativas). É o que acontece com as normas de


eficácia limitada.
o Já a segunda diz respeito à aptidão da norma de, independentemente de
qualquer intermediação legislativa, produzir seu efeito finalístico de regular o
comportamento nela previsto.
● A CF não positivou expressamente a regra de que as leis não podem atingir fatos ocorridos no
passado, adotando, na verdade, a teoria subjetiva de proteção dos direitos adquiridos em face
de leis novas.
o Teoria subjetiva dos direitos adquiridos: veda a retroatividade das leis e a
incidência de normas de ordem pública sobre efeitos futuros de negócios
jurídicos celebrados no passado.
o Nesse sentido, os princípios constitucionais do direito adquirido e do ato
jurídico perfeito não se mostram aptos a proteger as posições jurídicas
contra eventuais mudanças dos institutos ou dos próprios estatutos jurídicos
previamente fixados.
o Não há direito adquirido a regime jurídico de um instituto de direito. Ex:
direito de propriedade, regime jurídico único,
● A União não pode invocar direito adquirido contra lei federal que suprima direitos da própria
União.
o Súmula 654 STF: A garantia de irretroatividade da lei, prevista no artigo 5º,
XXXVI, da constituição da república, não é invocável pela entidade estatal que
19 ●
a tenha editado.
Servidor público não tem direito adquirido à manutenção dos critérios legais de fixação do
valor da remuneração. O que não pode haver é a redução do valor global.
● Diante de aparente antinomia entre normas principiológicas ou constitucionais, não é correto
falar em conflito, mas em momentâneo estado de tensão ou de mal-estar hermenêutico, cuja
solução não se dá pela exclusão de uma norma do ordenamento jurídico, como ocorre com as
regras em geral, mas pela ponderação entre os princípios, em cada caso concreto.
● A constituição do império foi a que mais vigorou: 1824 a 1891.
● A Constituição de 1891 deu autonomia aos Estados, contemplando o Poder Derivado
Decorrente. Foi a inauguração da forma federativa.
● A EC 01/69, ainda que haja divergências, apresentou-se como uma nova Constituição, vez que
não retirou seu fundamento da Constituição anterior.
● O controle de constitucionalidade só existiu na CF de 1891, sendo o Controle difuso. No
império vigorava somente a Soberania do Parlamento e o Poder Moderador. O modelo
concentrado surge só na CF de 1934, com a ADI interventiva.
● A EC 16/65 cria a ADI genérica, aprimorada na CF 88.
● A norma que prevê gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos que tenham mais de
sessenta e cinco anos de idade possui eficácia plena e aplicabilidade imediata.
● A norma que prevê imunidade recíproca dos entes e imunidade por extensão às entidades é
de aplicabilidade imediata e eficácia contida.

1.2. Direitos e Garantias fundamentais


Direitos Humanos. Direitos e Garantias Fundamentais. Processo eleitoral. Plebiscito.
Referendum. Iniciativa Popular. Direitos e garantias individuais. O rol da constituição
brasileira. Direitos explícitos e implícitos. Classificação dos direitos explícitos. Abuso de

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direito individual ou político. Direitos políticos e partidos políticos. Alistamento. Elegibilidade


e inelegibilidade. Suspensão e perda dos direitos políticos. Sufrágio: natureza e forma.
Nacionalidade.
 Imprescritíveis: ação armada contra o Estado democrático de Direito; Racismo.
 Inafiançáveis e insuscetível de graça ou anistia: Tráfico, Tortura, Terrorismo, Hediondo
1.2.1. Direitos Individuais
● Extradição de brasileiro naturalizado:
o Crime comum: só os cometidos antes da naturalização.
o Tráfico de drogas: a qualquer tempo.
● Os direitos e garantias fundamentais enunciados na maioria do artigo 5º da CF são normas que
produzem seus efeitos típicos independentemente da atuação do legislador
infraconstitucional.
● Georg Jellinek: o indivíduo está vinculado ao Estado e é dotado de personalidade jurídica. A
sua teoria trabalha as funções dos direitos e garantias fundamentais.
o Ativo: participação ativa do indivíduo na formação da vontade política do
Estado. Cidadania
o Passivo: o Estado vincula seus indivíduos por meio de proibições,
mandamentos, ordenações.
o Positivo: o indivíduo pode exigir uma prestação positiva do Estado, uma ação.
o Negativo: o indivíduo tem direito de exigir do Estado uma abstenção.
● O fato de ser livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
20 não impede que tal direito seja limitado pelo legislador, permitindo-se, por exemplo, a
proteção da reputação das demais pessoas, da segurança nacional, da ordem pública e da
saúde.
● É desnecessária a autorização judicial para apreensão de documentos no interior de veículo
automotor, por constituir hipótese de busca pessoal, caracterizada pela ins
● Ingresso em domicílio invito domino (ingresso forçado). Somente o ingresso invito domino nas
hipóteses chanceladas na constituição.
● A adoção de critérios diferenciados para o licenciamento dos militares temporários, em razão
do sexo, não viola o princípio da isonomia.
● O Estado, observado o binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) / Consagração da Liberdade
religiosa (art. 5º, VI) e o princípio da igualdade (art. 5º, caput), deverá atuar na
regulamentação do cumprimento do preceito constitucional previsto no art. 210, §1º,
autorizando na rede pública, em igualdade de condições, o oferecimento de ensino
confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais e objetivos previamente fixados
pelo Ministério da Educação. Dessa maneira, será permitido aos alunos que voluntariamente
se matricularem o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com
os princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados
e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público.
● Laicidade X Laicismo
o Laicidade: neutralidade religiosa por parte do Estado. É a característica do
Brasil.
o Laicismo: atitude de intolerância e hostilidade estatal em relação à algumas
religiões.
● “O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio
contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas

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informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos entes


estatais”.
● A administração pode monitorar o conteúdo do e-mail corporativo de seus servidores.
● A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil
pública que determinou o pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos
econômicos configura quebra de sigilo bancário.
● Direito de informação: liberdade de informar, de se informar e de ser informado.
● Censura X Limitação à liberdade de expressão:
o Censura: pressupõe controle prévio da programação, para evitar a veiculação
de conteúdo atentatório à lei. Jamais pode ser admitida, uma vez que vedada
pela CF e, além de limitar o conteúdo ilícito, cria barreiras ao conteúdo lícito,
pois haveria submissão ao exame de autoridade antes da divulgação.
o Limitação da liberdade de expressão sem censurar: impedimento de reprise
de certo programa, recolhimento de impressos, imposição do direito de
resposta e a indenização por danos são mecanismos válidos para proteger
outros direitos frente ao excesso cometido no exercício na liberdade de
expressão.
▪ STF: admite restrições legais à liberdade de expressão, desde que
promovam outros valores e interesses constitucionais também
relevantes e respeitem o princípio da proporcionalidade.
▪ É possível que seja por normas infraconstitucionais ou por tutela
inibitória. Quando uma programação exceda os limites da liberdade de
21 expressão e se mostre ofensiva a valores constitucionais, pode o Poder
Público adotar medidas para restringir ou impedir sua veiculação. O
importante é que o juízo de restrição se faça com vistas ao princípio da
proporcionalidade e as ações adotadas sejam aquelas estritamente
necessárias para afastar o abuso da liberdade de expressão.
● A simples disponibilização de aparelhos de rádio e TV em quartos de hotéis, motéis, clínicas e
hospitais autoriza a cobrança de DIREITOS AUTORAIS por parte do ECAD.
o Súmula 63 STJ: São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de
músicas em estabelecimentos comerciais.
o Tanto o hotel quanto a empresa de fornecimento de TV à cabo tem que pagar
os direitos autorais ao ECAD, pois são fatos geradores distintos: captação e
transmissão de radiofusão em local coletivo e a própria radiofusão sonora ou
televisiva pela empresa.
● É CONSTITUCIONAL lei municipal, de iniciativa parlamentar, que veda realização de eventos,
em imóveis públicos, patrocinados por produtoras, distribuidoras, importadoras ou
representantes de bebidas alcoólicas ou cigarros, com a utilização da respectiva propaganda.
o Não se trata de limitação de propaganda de competência da União, mas de
restrição da Administração sobre o bem público, e não sobre as empresas.
● Liberdade religiosa: consciência, crença e culto.
● O estado não pode opor a teoria da reserva do possível quando não atingiu o mínimo
existencial. Somente depois de atingido o mínimo existencial é que se poderá opor a reserva
do possível em relação aos recursos remanescentes.
o Lembre-se da frase: A interpretação da norma programática não pode
transformá-la em PROMESSA CONSTITUCIONAL INCONSEQUENTE”  [...]
Nesse viés, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento, pelo
Poder Judiciário, da validade jurídica de certos programas sociais, como a

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distribuição gratuita de medicamentos a pessoas hipossuficientes, faz-se


imprescindível para que se confira efetividade a preceitos fundamentais da
Constituição da República, sob pena de, não o fazendo, estar o Estado
substituindo de forma ilegítima seu dever impostergável, transformando
referido direito social em verdadeira promessa constitucional inconsequente,
meramente estampada no texto normativo.
o Por esse motivo, não havendo comprovação objetiva da incapacidade
econômico-financeira da pessoa estatal, inexistirá empecilho jurídico para que
o Judiciário determine a inclusão de determinada política pública nos planos
orçamentários do ente político. Só se aplica a reserva do possível quando se
comprove objetivamente a incapacidade econômico-financeira.
● A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem
mandado judicial ou consentimento do morador.
● O direito à informação pode ser voltado exclusivamente ao atendimento de interesse
particular, como escrever uma obra literária sobre a ditadura militar.
● O direito à informação incide também, em regra, sobre os registros de áudios de sessões e
também sobre os autos de processo que tramitaram no STM.
● Ainda que classificada como ultrassecretas as informações, seu sigilo só pode durar por, no
máximo, 25 anos, nos termos da lei 12527/2011.
● STF já admitiu que direção do presídio intercepte correspondência dirigida ao preso,
devidamente fundamentado em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de
preservação da ordem jurídica.
22 ● A Constituição de 1988 contempla essas três dimensões da igualdade. A igualdade formal
vem prevista no art. 5º, caput: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza”. Já a igualdade como redistribuição decorre de objetivos da República, como
“construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art. 3o, I) e “erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (art. 3o, III). Por fim, a igualdade
como reconhecimento tem lastro nos objetivos fundamentais do país de “promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação” (art. 3o, IV), bem como no repúdio ao racismo (art. 5o, XLII)” Palavras do
Barroso na ADC 41
● O estatuto do torcedor é formal e materialmente constitucional.
● No estado de coisas inconstitucionais, relacionados ao presídio, o preso em situação
degradante deve ser indenizado em pecúnia, não cabendo compensação pela remissão da
pena. Cabíveis danos morais.
● Ao tratar do alcance da liberdade de expressão em relação ao chamado "discurso do ódio"
(“hate speech”), o STF sustentou que o direito à liberdade de expressão é um direito relativo,
objeto de ponderação, à luz dos princípios da dignidade humana, proporcionalidade e
razoabilidade, não podendo acolher a incitação ao ódio racial ou religioso.
o Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de
dominação, opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade humana
das pessoas integrantes dos demais grupos.
▪ A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas
e seus seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que
assegura a liberdade de expressão. Assim, é possível, a depender do
caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de
racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos
de ódio público contra outras denominações religiosas e seus
seguidores. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red.
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p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893). Atenção.


Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
29/11/2016 (Info 849).
o Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever
de ajudar os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-
estar e de salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa.
● As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as
movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º
da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se
caracteriza como "quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo”
dos bancos ao Fisco.
o Tese de repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende
o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos,
por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece
requisitos objetivos e o traslado do dever de sigilo da esfera bancária para a
fiscal.
o Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos,
livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo

23 instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados


indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
(Regulamento)
o Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a
que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação
tributária.
o Vale ressaltar que os Estados-Membros e os Municípios somente podem obter
as informações previstas no art. 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a
matéria de forma análoga ao Decreto Federal nº 3.724/2001, observados os
seguintes parâmetros: a) pertinência temática entre a obtenção das
informações bancárias e o tributo objeto de cobrança no procedimento
administrativo instaurado; b) prévia notificação do contribuinte quanto à
instauração do processo e a todos os demais atos, garantido o mais amplo
acesso do contribuinte aos autos, permitindo-lhe tirar cópias, não apenas de
documentos, mas também de decisões; c) sujeição do pedido de acesso a um
superior hierárquico; d) existência de sistemas eletrônicos de segurança que
fossem certificados e com o registro de acesso; e, finalmente, e)
estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios.
o A Receita Federal, atualmente, já pode requisitar tais informações bancárias
porque possui esse regulamento. Trata-se justamente do Decreto
3.724/2001 acima mencionada, que regulamenta o art. 6º da LC 105/2001. O
art. 5º da LC 105/2001, que permite obriga as instituições financeiras a
informarem periodicamente à Receita Federal as operações financeiras
realizadas acima de determinado valor, também é considerado constitucional.
o Fisco Estadual, Distrital e Municipal: SIM, podem transferir, desde que
regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art. 6º da LC
105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.

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o Não é nula a condenação criminal lastreada em prova produzida no âmbito da


Receita Federal do Brasil por meio da obtenção de informações de instituições
financeiras sem prévia autorização judicial de quebra do sigilo bancário. Isso
porque o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001,
que permitem o acesso direto da Receita Federal à movimentação financeira
dos contribuintes.
o CPI: SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).
MUNICPAL, não pode, porque não tem judiciário!
o A requisição de informações bancárias dos contribuintes pelo Fisco não é
quebra de sigilo, mas transferência de sigilo, e prescinde de autorização
judicial. (LC 105/01)
o Fundamentos: constitucionalismo igualitário; à luz da justiça social; dever
fundamental de pagar tributos; legítima expectativa de obtenção de renda
pública; não afronta o sigilo bancário, representando unicamente traslado do
sigilo bancário ao fisco; novo paradigma de tributação – Fisco Global; o Brasil
assinou diversos tratados em matéria de trocas de informações fiscais.
▪ A identificação do patrimônio, rendimentos e atividades econômicas
do contribuinte servem para a efetivação do princípio da capacidade
contributiva.
● Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser
mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os
24 dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de
inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info
899).
● 1 – O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se exigindo para tanto nada além da manifestação
de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como
diretamente pela via administrativa.
● 2 – Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão
do termo “transgênero”
● 3 – Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato,
vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado
ou por determinação judicial.
● 4 – Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar, de ofício
ou a requerimento do interessado, a expedição de mandados específicos para a alteração dos
demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o
sigilo sobre a origem dos atos.
● O efeito horizontal mediato/indireto: Segundo essa corrente, os direitos fundamentais não
ingressam no cenário privado como direitos subjetivos, sendo necessária a intermediação do
legislador. Para que se possa invocar esse direito contra outro indivíduo, é necessário que o
legislador regulamente de que maneira os direitos fundamentais serão aplicados. O
pressuposto disso é a existência de um direito geral de liberdade, que só poderia ser
restringido nas relações de particulares se existisse uma lei regulamentando. Para os adeptos,
uma aplicação direta causaria a desfiguração do direito privado e ameaçaria a autonomia
privada.
o O efeito horizontal indireto obriga o Poder Judiciário a observar a
normatividade dos direitos fundamentais ao decidir os conflitos
interindividuais.

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o Depende de atuação do legislador, que ponderará quais os direitos devem ser


aplicados às relações privadas. O efeito horizontal indireto obriga o Poder
Judiciário a observar a normatividade dos direitos fundamentais ao decidir
conflitos interindividuais.
o A teoria da eficácia horizontal indireta e mediata foi sustentada, inicialmente,
por Ernest Durig, na Alemanha, em 1956. Também defendida por Konrad
Hesse. Para essa teoria, a aplicação dos Direitos Fundamentais em relações
particulares somente se efetiva quando da produção de leis
infraconstitucionais voltadas para tais relações. A irradiação de efeitos dos
direitos fundamentais nas relações construídas no plano horizontal estaria,
pois, condicionada à mediação promovida: 1) pelo legislador, ou mesmo 2)
pelo juiz - que deve ler o direito infraconstitucional com os “óculos da
Constituição". Para os defensores desta teoria, ou se aceita que essa
incorporação (dos direitos fundamentais em âmbito privado) deva ser
direcionada pelo legislador ou, do contrário, estar-se-á desfigurando o direito
privado a partir da superação de seu princípio basilar: a autonomia da
vontade.
● O efeito horizontal imediato/direto: Admite a aplicação direta dos direitos fundamentais às
relações entre particulares, embora entenda que essa não deva ocorrer com a mesma
intensidade da aplicação em relação ao Estado, por ser necessário levar em consideração a
autonomia privada. b) eficácia direta ou imediata: alguns direitos fundamentais podem ser
aplicados diretamente às relações privadas, sem a necessidade de intermediação legislativa
25 para a sua concretização. Não há uma posição definida, por isso o intérprete deve valer-se da
ponderação entre os interesses do caso concreto.

● Representação biográfica não depende de autorização de terceiros coadjuvantes ali
representados. Inaplicabilidade da súmula 403 do STJ.
● Inconstitucional norma que proíbe prática de proselitismo em rádio. A liberdade de
pensamento inclui o discurso persuasivo, uso de argumentos críticos o consenso e o debate
público e informado e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de
informações.
● A determinação de retirada de matéria jornalística afronta a liberdade de expressão e de
informação, além de constituir censura prévia. Essas liberdades ostentam preferência em
relação ao direito à intimidade, ainda que a matéria tenha sido redigida em tom crítico.
o A colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser
resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Se
uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista
determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF,
cabendo reclamação.
● São inconstitucionais os atos judiciais ou administrativos que determinem ou promovam:
o o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas;
o o recolhimento de documentos (ex: panfletos);
o a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e discentes
universitários;
o a realização de atividade disciplinar docente e discente e a coleta irregular de
depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e
divulgação do pensamento nos ambientes universitários ou em equipamentos
sob a administração de universidades públicas e privadas.

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o ARGUMENTOS DA PGR: Alegou que tais apreensões ultrapassaram os limites


de fiscalização do processo eleitoral e afrontaram o preceito fundamental da
liberdade de expressão, na qual se incluem a livre manifestação do
pensamento e de cátedra e a autonomia universitária. A liberdade de cátedra
(também chamada de liberdade acadêmica) é um princípio segundo o qual o
professor deve ter a liberdade de pesquisar e ensinar, ou seja, divulgar seu
pensamento, arte e saber. Por outro lado, o aluno tem também a liberdade de
aprender e pesquisar, sem a imposição de censuras. A liberdade de cátedra
está prevista nos incisos II e III do art. 206 da CF/88.
o DECISÃO STF: os atos questionados violam os princípios constitucionais que
asseguram a liberdade de manifestação do pensamento e as garantias
inerentes à autonomia universitária. Para o STF, as decisões proferidas
apresentam-se com alto grau de “subjetivismo”, incompatível com a
objetividade e neutralidade que devem permear a função judicante. Além
disso, tais atos demonstram erro de interpretação de lei, conduzindo a uma
interpretação contrária ao Estado democrático de direito. As decisões
impugnadas interromperam atos pelos quais professores e alunos
expressavam suas ideias e ideologias, preferências, propostas e percepções do
que se quer no processo político. Sem liberdade de manifestação, a escolha é
inexistente. O processo eleitoral transforma-se em enquadramento eleitoral,
próprio das ditaduras. Por isso, toda interpretação de norma jurídica que
colida com qualquer daqueles princípios ou que restrinja ou impeça a
26 manifestação da liberdade é inconstitucional e, portanto, inválida. Essa
nulidade é ainda mais grave porque a restrição à liberdade de manifestação
ocorreu dentro do ambiente universitário, onde vigora, por força
constitucional, a liberdade de informação, ensino e aprendizagem, além da
autonomia universitária.
1.2.2. Direitos Humanos – Políticas Públicas – Saúde e remédios
● O Estado deve manter seus presídios com padrões mínimos de humanidade e caso assim não o
faça, terá a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos
detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
ADPF 347
 “O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise ao
fornecimento de remédios a portadores de certa doença”.
● O Ministério das Relações Exteriores não pode negar a fornecer o nome de quem recebe
passaporte diplomático por motivos de interesse público.
● A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24
horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso
de poder, tampouco extrapola o controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário.
● Constitui obrigação do poder público o fornecimento de medicamentos não incorporados em
atos normativos do SUS, desde que presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos
o 1 - Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado
expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou
necessidade do medicamento,
o 2 - Assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos
fornecidos pelo SUS;
o 3 - Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo do medicamento
prescrito; e
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o 4 - Existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos


autorizados pela agência. (alterado por novo julgamento do STJ)
o Assim: o requisito do registro na ANVISA afasta a possibilidade de fornecimento
de medicamento para uso off-label, salvo se autorizado pela ANVISA.
● STJ: A substituição de um medicamento postulado na inicial por outro para tratar a mesma
doença NÃO constitui novo pedido, o qual é o próprio tratamento médico.
● Há solidariedade passiva entre a União, Estados e Municípios, considerando a unicidade do
Sistema Único de Saúde, referente às ações cuja pretensão é o fornecimento de
medicamentos, tratamentos e congêneres imprescindíveis à saúde de pessoa carente.
(TRF2/2018)

1.2.3. Direitos Sociais


● Lei federal de 20% de cotas para concursos:
o Aplica-se em todos os poderes.
o Não se aplica para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. No entanto,
caso estes entes editem leis semelhantes, elas também são consideradas
constitucionais.
o Aceitável critério de heteroidentificação, não podendo violar os direitos
individuais.
27 ● A diferença de classe no SUS é inconstitucional, admitir que um usuário do SUS pague uma
diferença para obter tratamento personalizado subverte completamente a lógica de um
sistema que é regido pelo princípio da equidade. Assim, não pode um paciente pagar para ter
acomodações superiores ou ser atendido por médico de sua preferência no SUS.
● É constitucional o ressarcimento previsto no artigo 32 da Lei 9.656/1998, o qual é aplicável aos
procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a
04/06/1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa no âmbito administrativo em todos
os marcos jurídicos”
● Para o exercício de toda e qualquer profissão, é necessário que a pessoa se inscreva no
respectivo Conselho Profissional (ex: o músico é obrigado a se inscrever na Ordem dos Músicos
do Brasil)? NÃO. Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionados ao cumprimento
de condições legais para o seu exercício. Na verdade, a regra é a liberdade. Assim, apenas
quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de
fiscalização profissional (exs: advogado, médico etc.). A atividade de músico prescinde de
controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de
expressão. Logo, para que o músico exerça sua profissão não é indispensável a sua prévia
inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil. STF. Plenário. RE 414426, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgado em 01/08/2011.
● Uma ação com o pedido de suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo fato de
terem se passado vários anos sem julgamento.
● O Judiciário pode obrigar o município a fornecer vaga em creche. A educação infantil em
creche e pré-escola é uma prerrogativa constitucional indisponível, garantida às crianças de
até 5 anos de idade, sendo, portanto, um dever do Estado.
o Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
o I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
o II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.

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● Licença adotante possui o mesmo prazo da licença maternidade. Inconstitucional prazo


diferente. Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-
gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante,
não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada.
● A administração pode ser obrigada a manter estoque mínimo de remédio.
● Somente estrangeiro com residência fixa no país, bem como, que esteja em situação regular,
terá direito à benefício assistencial LOAS, preenchidos os requisitos legais.
● Segundo o STF, a constituição consagrou o critério da territorialidade para definir os titulares
dos direitos fundamentais. Assim, os estrangeiros em situação regular no país que preencham
os requisitos definidos em lei possuem direito ao LOAS.
● A taxa progressiva de juros não se aplica às contas vinculadas ao FGTS de trabalhadores
qualificados como avulsos. Como visto acima, é condição básica para a obtenção desse direito
a “permanência na mesma empresa” por certo tempo. Para o STJ, não se pode confundir
permanência na mesma empresa com permanência na mesma atividade profissional. O
trabalhador avulso não permanece trabalhando anos “na mesma empresa”. Ao contrário, ele
presta serviços a diversas empresas, sem vínculo empregatício. Súmula 571-STJ: A taxa
progressiva de juros não se aplica às contas vinculadas ao FGTS de trabalhadores qualificados
como avulsos.
● A vedação do salário mínimo como fator de indexação visa a evitar pressão para reajuste
menor do salário-mínimo; evitar cadeia automática de aumentos em decorrência da vedada
indexação; não pode ser utilizado como base de cálculo de rubrica remuneratória ou
indenizatória.
28 ● O cargo de técnico de futebol não se cuida de profissão privativa daqueles que sejam
formados em educação física, não sendo, outrossim, necessário a seu exercício a prévia a
inscrição pelo profissional no Conselho Regional de Educação Física.
● É possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo que no momento em que ela tenha sido
demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez, bem como a empregada. Basta o
requisito biológico, pouco importando fatores de ordem subjetiva do empregado e
empregador. Se está grávida, há a estabilidade do art. 10, II, do ADCT.


1.2.4. Nacionalidade
● O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil do
Brasil, desde que isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos no
exercício da cidadania por força da apresentação de documentos estrangeiros com sobrenome
imposto por lei estrangeira e diferente do que consta em seus documentos brasileiros.
● O STF considera que tais hipóteses são excepcionais e, portanto, taxativas. Assim, a aquisição
de nacionalidade estrangeira fora das precitadas hipóteses gera a perda da nacionalidade
brasileira

1.2.5. Direitos Políticos


● O plebiscito e o referendo, formas de consulta popular, determinados exclusivamente pelo
Congresso Nacional, NÃO VINCULA o Legislativo sobre o assunto.
● A perda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários,
sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. Porém, aplica-se
para os candidatos eleitos pelo sistema proporcional.
● As ações de impugnação de mandato eletivo tramitam necessariamente em segredo de justiça.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Cabe ação rescisória para readquirir direitos políticos perdidos por cancelamento de
naturalização em virtude de ação transitada em julgado.
● A perda de mandato legislativo independe de votação pela casa do parlamentar quando esta
se der em virtude de condenação por improbidade administrativa, uma vez que esta
suspende os direitos políticos.
● Partido político não se equipara às entidades paraestatais.
● Partido político não é entidade paraestatal, pois não realiza atividade de interesse público. Há
previsão expressa nesse sentido.
● É possível que haja relação com entidades não nacionais e o partido político com fins de
estudo, pesquisa e doutrinação política.
● Os filiados dos partidos possuem iguais obrigações e deveres.
● A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial
eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90,
em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I,
alínea "d", na redação dada pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os
processos de registros de candidatura em trâmite.
o Inelegibilidade não é sanção. Ostenta natureza jurídica de “requisito negativo
de adequação do indivíduo ao regime jurídico do processo eleitoral.”
o Retroatividade mínima: a nova lei altera as consequências jurídicas de fatos
ocorridos antes da sua edição.
o Retrospectividade: a nova lei atribui novos efeitos jurídicos, a partir de sua
29 edição, a fatos ocorridos anteriormente.
o STF: É válida a aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade àqueles que
foram condenados pela Justiça Eleitoral, por abuso do Poder Econômico ou
político anteriormente à edição da Lei Complementar 135/2010.
● As decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do pleito eleitoral (ou logo
após o seu encerramento), impliquem mudança de jurisprudência (e dessa forma
repercutam sobre a segurança jurídica), não têm aplicabilidade imediata ao caso
concreto e somente terão eficácia sobre outros casos no pleito eleitoral posterior. STF
– repercussão geral

● ADPF 45: Controle de Políticas públicas. Saúde. Mínimo existencial VS. Reserva do possível. Se
não implementado o mínimo existencial, não há como se alegar a reserva do possível. Deve-se
demonstrar objetivamente a incapacidade financeira de realizar os preceitos mínimos da
Constituição.
● ADPF 347: Estado de coisas inconstitucionais. O STF deferiu a medida liminar para deferir os
pedidos de audiência de custódia e liberação de verbas do FUNPEN.
1.3. Repartição de competências – Organização dos Entes
Repartição de competências. União: bens e competência. Competência exclusiva,
competência de normas gerais, competência comum e competência concorrente. Os Estados-
membros na Constituição. Organização, natureza e conteúdo da autonomia constitucional
do Estado-membro. Competências estaduais. Intervenção federal nos Estados-membros, no
Distrito Federal e nos Territórios. Os Municípios na Constituição. Competência municipal,
organização política e administrativa dos Municípios. Intervenção nos Municípios.
1.3.1. Organização dos entes
● A lei de incorporação, divisão e desmembramento de estados é LEI COMPLEMENTAR.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Para que sejam alterados os limites territoriais de um Município é necessária a realização de


consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, nos termos do
art. 18, § 4º da CF/88.
● Os documentos públicos produzidos pelos diversos entes da federação gozam de fé pública
perante os demais.
● A CF determina que Lei Complementar deverá estabelecer não apenas o número total de
deputados federais, como, também, a representação por Estado e pelo DF. Assim, é
inconstitucional Lei Complementar que delega a fixação de parlamentares federais ao TSE.
● Polícia civil, polícia militar e o corpo de bombeiros militar do DF:
o Quem organiza ,mantém e legisla sobre vencimentos – SV 24: a União (art. 21,
XIV);
o A quem estão subordinados: ao Governador do DF (art. 144, § 6º).
● Criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios – requisitos:
o Lei complementar federal fixando período do qual poderá ocorrer. (não existe
até hoje)
o Lei ordinária federal prevendo requisitos genéricos exigíveis e a forma de
publicação dos estudos de viabilidade municipal.
o Divulgação dos estudos de viabilidade municipal.
o Consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios
envolvidos.
o Lei ordinária estadual formalizando a criação.
30 ● As normas constitucionais de observância obrigatória pelos Estados, limitam a capacidade de
auto-organização destes – é talhado como “normas centrais”, que podem ser explícitas ou
implícitas. Segundo o STF, são de três tipos:
o Normas de PREORDENAÇÃO: organizam, na CF, as instituições ou Poderes dos
Estados Membros.
o Princípios SENSÍVEIS: se desrespeitados ensejam intervenção federal.
o Princípios EXTENSÍVEIS: organizam as estruturas da União, porém, por
extensão, são aplicáveis aos Estados-membros, sendo exatamente essa
extensão que pode ser expressa ou implícita no texto constitucional.
o Princípios ESTABELECIDOS: normas limitadoras que não se restringem à
disciplina de natureza organizacional ou institucional, como os princípios
Administrativos do 37, da ordem econômica do 170 e os direitos
fundamentais.
● Normas de observação/ REPRODUÇÃO PROIBIDA:
o Reconhecida pela jurisprudência do STF.
o O condicionamento de instauração de processo criminal contra o Presidente
da República à prévia licença do Poder Legislativo qualifica-se como norma
constitucional de reprodução proibida nas Constituições Estaduais. Assim, não
podem os Estados membros transpor para suas Constituições, em benefício
dos respectivos Governadores, regras de imunidade à prisão processual ou à
persecução criminal. Ademais, sendo a matéria afeta ao processo penal, é de
domínio legislativo da União.
o As normas constitucionais que conferem a Presidente da República a
competência para nomear Ministros de Tribunais Superiores representam
disciplina que não pode ser reproduzida pelos Estados-membros em suas
constituições.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o O mesmo pode se dizer sobre a inciativa exclusiva de leis que disponham


sobre matéria tributária e orçamentária dos Territórios, por se tratar apenas
de uma exceção justificada pela natureza peculiar dos Territórios: b)
organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária,
serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
● Crime de responsabilidade de Governador:
o Nos Estados, em relação ao processo dos crimes de responsabilidade dos
Governadores, o julgamento será feito por um Tribunal Especial, composto de
5 membros do Legislativo e de 5 Desembargadores, sob a presidência do
Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de
empate.
▪ Escolha dos membros: Legislativo por eleição da Assembleia; Judiciário
por sorteio.
o STF entende que a delegação de disciplina diversa pela CE/Lei Estadual é
incompatível com a CF/88, já que tanto a matéria processual quanto a material
referentes aos crimes de responsabilidade passaram a ser de competência
privativa da União.
o Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União.
● NO STF prevalece a natureza criminal dos crimes de responsabilidade, de modo que só cabe à
31 ●
União legislar sobre crimes de responsabilidade.
STF: não é de reprodução obrigatória para os Estados, que a Assembleia Legislativa permita
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, não obstante o §4º
do artigo 57 estabeleça essa vedação para o Congresso Nacional, uma vez que não se constitui
em um princípio constitucional estabelecido. (membros de mesas)
● É vedada a criação de Tribunais de contas MUNICIPAIS. Assim, é vedado criar os Tribunais de
Contas Municipais. Os já existentes podem continuar, bem como, também podem ser extintos,
uma vez que não há vedação Constitucional nesse sentido.

1.3.2. Competência Legislativa


● Estado não pode legislar sobre NORMAS GERAIS de licitação, sendo competência privativa da
União. Entretanto, podem SUPLEMENTAR. Para se analisar se a suplementação feita pelos
Estados, DF e Municípios foi válida ou não, deverá ser feito um exame em duas etapas:
o 1ª) identificar quais são as normas gerais fixadas pela União no caso concreto
como modelo nacional;
o 2ª) verificar se as inovações feitas pelo legislador estadual, distrital ou
municipal sobre o tema são compatíveis com as normas gerais impostas pela
União.
o É inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de Violação aos
Direitos do Consumidor dos interessados em participar de licitações e em
celebrar contratos com órgãos e entidades estaduais. É inconstitucional lei
estadual que cria requisitos/restrições não previstas na lei de geral de
licitações, a exemplo dessa certidão negativa.

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● Lei estadual que dispõe sobre instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídio é
INCONSTITUCIONAL, uma vez que se trata de competência da UNIÃO legislar sobre
comunicação.
● Inconstitucional Constituição Estadual conceder meia passagem aos estudantes usuários de
transportes coletivos MUNICIPAIS.
● O Município tem competência para legislar sobre a atividade de mídia exterior (propaganda
comercial) utilizada nos espaços urbanos. Não se confunde com a competência da União em
legislar sobre propaganda.
● É constitucional lei estadual que faculta a matrícula escolar antecipada de crianças que
venham a completar seis anos de idade até o final do ano letivo de matrícula, quando lei
federal impunha indigitada idade mínima como requisito para cursar o ano letivo.
● Lembrar que, em regra, não há iniciativa privada para matéria tributária, SALVO quando for
para matéria tributária dos Territórios, pois é iniciativa privativa do Presidente da República:
organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e
pessoa da administração dos Territórios
● É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de mercadorias realizada na saída de
estabelecimentos comerciais localizados na cidade. A Lei prevê que, após o cliente efetuar o
pagamento nas caixas registradoras da empresa instaladas, não é possível nova conferência na
saída. Os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local (art.
30, I, da CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de direito comercial ou do consumidor.
STF. 2ª Turma. RE 1052719 AgR/PB, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/9/2018
(Info 917).
32 ● Viola a Constituição lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados ou
não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do município. Cuida-
se de competência da União estabelecer diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o
transporte de animais vivos e sua fiscalização. Há desproporcionalidade quando se verifica que
a legislação federal já prevê uma série de instrumentos para garantir a qualidade dos produtos
destinados ao consumo pela população e a existência digna e a ausência de sofrimento dos
animais.
● Inconstitucional leis que obrigam supermercados ou similares à prestação de serviços de
acondicionamento ou embalagem das compras, por violação à livre iniciativa.
● Norma da Constituição Estadual que obrigue o Estado e o município a reservar vaga à
deficientes não é inconstitucional, pois repete norma da CF.
● Segundo o STF, a lei estadual que atribui competência ao Governador de Estado de nomear
ocupantes de cargos administrativos na estrutura de Defensoria Pública Estadual viola a
autonomia administrativa da Defensoria Púbica Estadual, bem como as normas gerais
estabelecidas pela União na Lei Complementar nº 80/1994 pelo exercício de competência
legislativa concorrente.
● É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e importadoras de
veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique inabilitado por
mais de quinze dias por falta de peças originais ou por impossibilidade de realização do
serviço, durante o período de garantia contratual.
o A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. Isso significa que os Estados-membros
podem complementar a legislação federal editada pela União. Obviamente, as
normas estaduais não podem contrariar as normas gerais elaboradas pela
União. O Ministro Relator entendeu que, neste caso, o Estado de Pernambuco
extrapolou a competência concorrente e não apenas complementou a

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legislação federal. Para o STF, foram ultrapassadas as balizas impostas ao


legislador estadual para a elaboração de normas consumeristas.
● É constitucional lei estadual ou municipal que imponha sanções às agências bancárias que não
instalarem divisórias individuais nos caixas de atendimento. Trata-se de matéria relativa a
relação de consumo, o que garante ao Estado competência concorrente para legislar sobre o
tema (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4633/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
10/04/2018 (notícia do site). STF. 1ª Turma. ARE 756593 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
16/12/2014.
● É inconstitucional lei estadual que obriga as empresas concessionárias de serviços de
telecomunicações a manterem escritórios regionais e representantes legais para atendimento
presencial de consumidores em cidades com população superior a 100 mil habitantes, bem
como a divulgarem os correspondentes endereços físicos no site, no contrato de prestação de
serviços e nas faturas enviadas aos usuários. Trata-se de matéria relativa a “serviços públicos
de telecomunicações”, cuja competência é privativa da União (art. 21, XI e art. 22, IV, da
CF/88). STF. Plenário. ADI 4633/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/04/2018.
● É inconstitucional lei do Distrito Federal que institua, extinga e transforme órgãos internos da
Polícia Civil do Distrito Federal. Essa lei viola o art. 21, XIV, da CF/88, que fixa a competência da
União para manter e organizar a Polícia Civil do Distrito Federal. Deve-se reconhecer que o art.
21, XIV, CF/88 trata tanto de competência administrativa quanto legislativa, sendo a matéria,
portanto, atribuída, prioritariamente, à União. As leis distritais impugnadas, ao criarem cargos
em comissão e novos órgãos, também instituíram novas obrigações pecuniárias a serem
suportadas pela União. Ocorre que é vedado ao Distrito Federal valer-se de leis distritais para
33 instituir encargos financeiros a serem arcados pela União. Como as leis distritais declaradas
inconstitucionais eram muito antigas (2001, 2002 e 2005), o STF decidiu modular os efeitos da
decisão. STF. Plenário. ADI 3666, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 06/12/2018 (notícia do
site).
● É constitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias façam o corte do
fornecimento de água e luz por falta de pagamento, em determinados dias. Ex: lei do Estado
do Paraná proíbe concessionárias de serviços públicos de água e luz de cortarem o
fornecimento residencial de seus serviços por falta de pagamento de contas às sextas-feiras,
sábados, domingos, feriados e no último dia útil anterior a feriado. Também estabelece que o
consumidor que tiver suspenso o fornecimento nesses dias passa a ter o direito de acionar
juridicamente a concessionária por perdas e danos, além de ficar desobrigado do pagamento
do débito que originou o corte. O STF entendeu que a referida lei dispõe sobre Direito do
Consumidor, de modo que não há vício formal. Isso porque Direito do Consumidor é matéria
de competência concorrente, nos termos do art. 24, V e VIII, da CF/88STF. Plenário. ADI
5961/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em
19/12/2018 (Info 928).
● É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços no Estado (exs:
empresas de telefonia, de TV por assinatura, de energia elétrica etc.) a informarem
previamente a seus clientes os dados do empregado que realizará o serviço na residência do
consumidor. Ex: lei do RJ prevê que as empresas prestadoras de serviços, quando acionadas
para realizar qualquer reparo na residência do consumidor, ficam obrigadas a enviar uma
mensagem de celular, pelo menos 1h antes do horário agendado, informando o nome e a
identidade do funcionário que irá ao local. STF. Plenário. STF. Plenário. ADI 5745/RJ, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 07/02/2019 (Info 929).
1.3.3. Intervenção Federal e Estadual
 Intervenção Federal

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o De ofício pelo Presidente: integridade nacional; invasão estrangeira/unidade de


federação; por tremo a comprometimento da ordem pública; reorganizar finanças
de Estado.
 CN 24h + ouvir Conselho da República e Conselho de Defesa
o A pedido dos Poderes: livre exercício de qualquer dos Poderes
 Legislativo e Executivo: solicita ao Presidente para intervir, submete ao CN
24h.
 Judiciário: Requisita ao Presidente, submete ao CN 24h.
o Garantir execução de ordem judicial: depende de requisição do TSE, STJ e STF,
conforme a matéria.
 Não precisa de apreciação do CN, pois a intervenção foi determinada em
bojo de ação judicial.
o Representação do PGR ao STF: garantir execução de lei federal; princípios
constitucionais sensíveis.
 ADI interventiva: STF aceita e leva a conhecimento do Presidente para que
em 15 dias expeça decreto de intervenção/nomeie interventor,
 A decisão do STF é vinculante, não cabendo discricionariedade ao
Presidente.
 O Decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida for suficiente.
 Não é necessária apreciação do CN.

34 ●

1.4. Poder Legislativo


Poder Legislativo. Organização e atribuições. O processo legislativo. Cláusulas pétreas.
Natureza. Espécies. Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo legislativo.
Orçamento. Princípios constitucionais. Fiscalização financeira e orçamentária. O Tribunal de
Contas. Natureza e atribuições.

1.4.1. Regime Jurídico dos Deputados e Senadores


● A imunidade parlamentar é aferida através da ligação das palavras com a atividade
parlamentar, não importando o meio de veiculação das palavras.
o As manifestações devem ter cunho minimamente político, e não estritamente.
Nesse sentido, podem dizer sobre fatos que estejam sob debate público,
investigação em CPI ou em órgãos de persecução penal, tema de interesse da
sociedade, do eleitorado, de organizações ou quaisquer grupos representados
no parlamento ou com pretensão à representação democrática.
● A Constituição Federal não consagra imunidade formal/processual para vereadores, ou de foro
por prerrogativa de função. Assim, não pode a legislação local criar imunidade
formal/processual. Entretanto, poderá criar foro de prerrogativa de função, como ocorre em
algumas Constituições Estaduais. Ex: vereador será julgado por crime comum no TJ. Mas
atenção, foro previsto em Constituição Estadual não prevalece sobre a competência do
Tribunal do Júri. Súmula 721 do STF.
● Vereadores não gozam da incoercibilidade pessoal relativa (freedom from arrest), ou seja, não
possuem as imunidades formais dos Congressistas e Deputados Estaduais. Assim, é

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plenamente possível que juiz de primeiro grau determine afastamento do vereador de seu
cargo, não havendo que se falar em autorização da Câmara para isso.
● Crimes cometidos ANTES da diplomação:
o Não precisa dar ciência à Casa do recebimento a denúncia,
o Nem de licença da Casa.
● Crimes cometidos APÓS a diplomação:
o O STF recebe a denúncia independentemente de licença da CASA e os
comunica, que poderão sustar a ação.
● A licença para exercer cargo de Ministro de Estado suspende a imunidade parlamentar,
entretanto, não faz com que o mandato seja perdido. (art. 56)
● Membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de
Ministro de Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao parlamento. Apesar de
perder sua imunidade em relação às palavras proferidas, não perde a prerrogativa de foro em
matéria penal, competindo ao STF julgar os Ministros de Estado em crimes comuns e crimes de
responsabilidade, salvo se, neste último, os crimes dos Ministros forem conexos com o do
Presidente, ocasião em que será competente o Senado.
● Não é possível renunciar às imunidades parlamentares. As imunidades são do cargo, e não da
pessoa.
● As imunidades não abrangem aos suplentes.
● A imunidade dos parlamentares abrange a prisão civil por alimentos, uma vez que o texto
constitucional não faz qualquer distinção.

35 O STF entende que o Poder Judiciário dispõe de competência para impor, por autoridade
própria, as medidas cautelares a que se refere o artigo 319 do CPP. Entretanto, sendo a
finalidade da imunidade formal proteger o livre exercício do mandato parlamentar contra
interferências externas, a razão da norma constitucional não pode ser contornada pela via de
medidas cautelares diversas da prisão. Assim, o ato emanado do Poder Judiciário que houver
aplicado medida cautelar que impossibilite direta ou indiretamente o exercício regular do
mandato legislativo, deve ser submetido ao controle político da Casa Legislativa respectiva,
nos termos do art. 53, §2º da CF.
● “Parlamentares não têm imunidade formal quanto à prisão em caso de condenação definitiva.
Ademais, o § 2º do art. 53 da CF/88 veda apenas a prisão penal cautelar do parlamentar, não
proibindo, portanto a prisão decorrente da sentença transitada em julgado.” (STF. AP 396
QO/RO )
● Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda
automática do mandato ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou
do Senado, respectivamente? A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si
só, para acarretar a perda automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de
Senador? 1ª Turma do STF: DEPENDE. • Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de
120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma consequência lógica da condenação.
Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que houve a perda (sem
poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. • Se o Deputado
ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação
criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá
deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não perder o
mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863).
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903). 2ª Turma do
STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar. O STF apenas comunica, por
meio de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal informando sobre a
condenação do parlamentar. A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar (decidir)
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como entender de direito (como quiser) se o parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo,
conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88. Assim, mesmo com a condenação criminal, quem
decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª
Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904) (obs: o Relator
Edson Fachin ficou vencido neste ponto)

1.4.2. Processo Legislativo


● O STF vem entendendo, em nome do pluralismo político, prestigiar os poderes políticos dos
Estados e Municípios, considerando possível a abertura de novos espaços legislativos aos entes
locais, o que, ela mesmo prenuncia, pode ser acompanhado de superação de jurisprudência
contrária ali firmada. Entende que não se deve inflacionar a competência legislativa da União.
Caso do amianto, que contrariava as leis federais. As leis estaduais que proibiam amianto
foram consideradas, portanto, Constitucional.
● O poder constituinte de reforma não pode criar cláusulas pétreas, apesar de lhe ser facultado
ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criado pelo poder constituinte originário. O
catálogo dos direitos fundamentais constantes da Carta da República pode ser ampliado pelo
poder constituinte de reforma desde que os novos direitos estabelecidos não sejam
cláusulas pétreas, as quais podem ser criadas somente pelo poder constituinte originário.
CESPE E GILMAR MENDES
o MAS ATENÇÃO: É possível que uma emenda à Constituição acrescente
dispositivos ao catálogo dos direitos fundamentais sem que, na realidade,
36 esteja criando direitos novos. A emenda pode estar apenas especificando
direitos já concebidos pelo constituinte originário. O direito já existia,
passando apenas a ser mais bem explicitado. Nesse caso, a cláusula pétrea já o
abrangia, ainda que implicitamente. É o que se deu, por exemplo, com o
direito à prestação jurisdicional célere somado, como inciso LXXVIII, ao rol do
art. 5º."
o Logo: (i) EC não pode criar cláusula pétrea, mas pode ampliar o rol de direitos
fundamentais; (ii) o novo direito fundamental não será tido como cláusula
pétrea, salvo se explicitar um direito e garantia fundamental originário
(cláusula pétrea).
● Competência dos Estados para legislar, conforme artigo 24:
o SUPLEMENTAR, NÃO-CUMULATIVA, quando exerce apenas a complementação
à norma geral federal. Não está cumulando a competência da União para
legislar sobre norma geral.
o PLENA, CUMULATIVA, quando assumem plenitude do poder de legislar sobre a
matéria, por ausência de norma geral da União. Cumula a competência da
União para legislar sobre norma geral.
● Energia elétrica não pode ser tratada por lei estadual, isso porque essa lei trata sobre energia
elétrica, matéria de competência privativa da União (art. 22, IV, da CF/88), além de interferir
nos termos da relação contratual estabelecida entre o poder federal e as concessionárias que
exploram o serviço de fornecimento de energia elétrica no Estado-membro.
● Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da
União. Porque o STF entende que definir o que seja crime de responsabilidade e prever as
regras de processo e julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal, matérias que são de competência privativa da União, nos termos do art. 22,
I, e art. 85, parágrafo único, da CF

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● Súmula vinculante 54: A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a
Emenda Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias,
mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição.
Atualmente (depois da EC 32/2001) Antes da EC 32/2001 (texto originário
da CF/88)
As MPs possuem prazo de eficácia de 60 dias. As MPs tinham prazo de eficácia de 30
dias.
A medida provisória será prorrogada uma única vez por igual
período se, mesmo tendo passado seu prazo de 60 dias, ela Não havia número máximo de
não tiver sido ainda votada nas duas Casas do Congresso reedições das medidas provisórias.
Nacional.
Enquanto não fossem votadas pelo
Dessa forma, o prazo máximo da MP é 120 dias (60 + 60). Congresso Nacional, elas podiam ficar
sendo reeditadas quantas vezes o
Se não for aprovada neste período, ela será considerada Presidente da República quisesse.
rejeitada por decurso do prazo, perdendo a sua eficácia desde
a sua edição. A MP 2.096, por exemplo, foi
reeditada mais de 80 vezes (durou
É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida mais de 6 anos até ser votada).
provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
eficácia por decurso de prazo (§ 10 do art. 62 da CF/88).
 Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição
37 cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995
até a promulgação desta emenda, inclusive.
 A CF não abre qualquer exceção para MP legislar sobre matéria penal, processual penal ou
processual civil, não obstante o STF já tenha se manifestado no sentido de caber MP para
matéria penal benéfica.
 O Quorum para derrubar VETO é MAIORIA ABSOLUTA.
 Lei de conversão de MP não convalida os vícios formais porventura existentes em medida
provisória, podendo estes vícios formais ser objeto de análise do STF.
 O trancamento de pauta das MP só obsta votar matérias passíveis de serem tratadas por MP.
Assim, é possível tratar sobre EC, LC, e outras matérias vedadas à MP.
 Emenda parlamentar em MP só pode se tiver relação temática com a MP submetida à
apreciação. Se tiver objeto diverso ela deve ser considerada inconstitucional. “Contrabando
legislativo”
● ATENÇÃO: decretos legislativos e leis ordinárias possuem mesma força, mesmo nível
hierárquico, sendo utilizados em matérias diferentes. Ambos tiram seu fundamento de
validade diretamente da Constituição.
● Não há hierarquia entre LEI COMPLEMENTAR/ORDINÁRIA e DECRETO AUTÔNOMO. Ambos são
normas primárias, que podem inovar a ordem jurídica.
● A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição
Federal, encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI,
da CF/88. Embora a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para
emendas ao próprio texto, mas apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento
para que as Constituições Estaduais prevejam a possibilidade, ampliando a competência
constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 25/10/2018 (Info 921). #IMPORTANTE

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1.4.3. Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI


● Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é formada por deputados para conduzir uma
investigação a partir da tomada de depoimentos e análise de documentos, pelo prazo máximo
de seis meses (120 dias + 60 dias de prorrogação). A CPI precisa investigar um fato específico,
não genérico. O pedido de instalação de CPI deve conter a assinatura de 1/3 dos deputados, ou
seja, 171. Na Câmara, só podem funcionar cinco CPIs simultaneamente.
● O que a CPI pode fazer:
● convocar ministro de Estado;
● tomar depoimento de autoridade federal, estadual ou municipal;
● ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para não se autoincriminar) e testemunhas (que
têm o compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a comparecer);
● ir a qualquer ponto do território nacional para investigações e audiências públicas;
● prender em flagrante delito;
● requisitar informações e documentos de repartições públicas e autárquicas;
● requisitar funcionários de qualquer poder para ajudar nas investigações, inclusive policiais;
● pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca e apreensão (vetada em domicílio);
● determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de inspeções e auditorias; e
● quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive telefônico, ou seja, extrato de conta e não
escuta ou grampo).

O que a CPI não pode fazer:


● condenar;
● determinar medida cautelar, como prisões, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro;
38 ● determinar interceptação telefônica e quebra de sigilo de correspondência;
● impedir que o cidadão deixe o território nacional e determinar apreensão de passaporte;;
● expedir mandado de busca e apreensão domiciliar; e
● impedir a presença de advogado do depoente na reunião (advogado pode: ter acesso a
documentos da CPI; falar para esclarecer equívoco ou dúvida; opor a ato arbitrário ou abusivo;
ter manifestações analisadas pela CPI até para impugnar prova ilícita).
● As CPIs não possuem todos os poderes instrutórios dos juízes. Elas apenas investigam fatos
determinados, mas não processam e julgam.
● CPI não tem poder jurídico de, mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias de
decisão nem de mandado judicial de interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a
processo sujeito a segredo de justiça. Este é oponível a CPI, representando expressiva
limitação aos seus poderes constitucionais.
 Mandados de segurança contra CPI: extinta a CPI, qualquer mandado de segurança contra ela
perde o objeto, seja lá qual for o motivo. Assim, é irrelevante o fato de o mandado de
segurança impugnar suposta ilegalidade do relatório final, e não de atos investigatórios
praticados pela CPI. Tal circunstância, ao contrário, reforça a inviabilidade desta ação, dado
que voltada à antecipação de um pronunciamento judiciário que apenas se dará se e quando
ajuizada a concernente ação penal.
 É firme a jurisprudência deste STF no sentido de que a extinção da CPI prejudica o
conhecimento do habeas corpus impetrado contra as eventuais ilegalidades de seu relatório
final, notadamente por não mais existir legitimidade passiva do órgão impetrado
 O Judiciário pode rever os atos de determinada CPI que extrapolem o postulado da reserva
constitucional de jurisdição.
 Poderes das CPIs: “terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”
o Não abrange o poder geral de cautela.
o Não podem decretar constrição cautelar sobre os bens ou sobre a pessoa.
o Não pode decretar prisão preventiva.
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o Admite prisão em flagrante.


o Não podem formular acusações
o Não podem punir delitos
o Não podem desrespeitar o privilégio contra a autoincriminação de indiciado ou
testemunha.
o Não pode investigar (indiciar) pessoa que possui foro de prerrogativa de função.
Deve encaminhar os elementos informativos ao Tribunal respectivo, sendo
vedado o indiciamento formal pela CPI.
o A atividade tipicamente jurisdicional de magistrado é absolutamente IMUNE à
investigação realizada pelas CPIs.
o Não é regra haver contraditório em CPI, pois é uma investigação. Mesmos
princípios de inquéritos.

1.4.4. Casas Congressistas


● Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia criminal contra o Governador de Estado. Ainda, recebida a denúncia, o governador
não ficará automaticamente suspenso de suas funções, uma vez que o afastamento do cargo
não se dá de forma automática. É necessária a prévia decisão judicial fundamentada do STJ.
o Esse entendimento é recente, pois antes entendia que era válido a autorização
das Assembleias Legislativas para afastamento do cargo de Governador, após a
decisão do STJ. TESE: “É vedado às unidades federativas instituírem normas
39 que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime
comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal
de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas
cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
o Em relação aos parlamentares federais, a EC 35 produziu modificação de
relevo: excluiu a necessidade de licença da Casa Legislativa para o
processamento do parlamentar, só sendo deliberada a prisão em flagrante
pelo parlamento. Isso não mudou nada em relação aos governadores. Só em
2017, com mudança de entendimento, ficou sedimentado a desnecessidade
de autorização legislativa e o afastamento do cargo pelo recebimento de
denúncia.
● STF: não é de reprodução obrigatória para os Estados, que a Assembleia Legislativa permita
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, não obstante o §4º
do artigo 57 estabeleça essa vedação para o Congresso Nacional, uma vez que não se constitui
em um princípio constitucional estabelecido.
● A competência das casas parlamentares para dispor sobre o vencimento de seus servidores é
só quanto à iniciativa da lei, devendo ser sancionada pelo presidente.
● LEMBRE-SE! É o CONGRESSO NACIONAL que susta os atos normativos e leis delegadas
exorbitantes, e NÃO O SENADO.
● O plebiscito e o referendo são de autorização e convocação exclusiva do Congresso Nacional.

1.4.5. Controle Externo


Assunto tratado em Direito Administrativo com profundidade.
● Inconstitucional norma estadual que disponha que os presidentes da câmara
municipal/assembleia legislativa terão suas contas fiscalizadas pela casa, uma vez que é
competência do Tribunal de Contas, vez que se trata de contas administrativas.

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1.5. Poder Executivo


Poder Executivo. Evolução do conceito. Atribuições e responsabilidade do Presidente da
República. Poder regulamentar, poder regulador e agências administrativas. Do Conselho da
República. Do Conselho de Defesa Nacional.
● O réu em processo criminal não pode assumir como substituto o cargo de Presidente da
República.
● Recall: com a sua origem nos EUA, o recall seria um mecanismo de revogação popular do
mandato eletivo, por exemplo, em razão de não cumprimento de promessas de campanha.
José Afonso da Silva denomina “revocação popular”, definindo-a como um “instituto de
natureza política pelo qual os eleitores, pela via eleitoral, podem revocar mandatos
populares”. Não adotado pelo constituinte de 1988.
● O Presidente e o Vice-Presidente não poderão se ausentar sem licença do CN, por período
superior a 15 dias, sob pena de perda de cargo.
● A imunidade penal relativa (não ser preso por fatos estranhos ao exercício da Presidência) do
Presidente da República não é extensível aos parlamentares federais, não sendo admitido, por
sua natureza restritiva, qualquer interpretação que amplie sua incidência a outras autoridades.
o O presidente não pode ser preso por crimes estranhos ao exercício do seu
mandato, inclusive se o flagrante crime for inafiançável. Diferentemente dos
Parlamentares, que podem ser presos em flagrante de crime inafiançável.
40 ● A suspensão do exercício do cargo de Presidente pelo recebimento de denúncia na Câmara dos
Deputados é ex lege, uma vez que é imposta expressamente pela CF.
o ATENÇÃO: É inconstitucional a mesma extensão aos Governadores de Estado,
já que o afastamento das funções, medida cautelar pessoal que é, reclama
decisão judicial fundamentada, não podendo se dar por força de comando
legal. Assim, desnecessária a autorização da Assembleia Legislativa para
afastamento do cargo de Governador em virtude de recebimento de denúncia
criminal e vedado o afastamento automático por previsão de Constituição
Estadual.
● ADPF 378 (impeachment):
o Não há direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo
Presidente da Câmara dos Deputados. Não é uma exigência.
o Habeas corpus não é o instrumento adequado para pleitear trancamento de
processo de impeachment. A finalidade constitucional do habeas corpus é a da
proteção do indivíduo contra qualquer ato limitativo ao direito de locomoção.
o Não se pode exigir isenção e imparcialidade dos membros da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. Na realidade, o “impeachment” é uma
questão política que deve de ser resolvida com critérios políticos. A garantia
da imparcialidade está no alto quórum exigido para a votação.
o Compete ao Senado decidir se deve receber ou não a denúncia cujo
prosseguimento foi autorizado pela Câmara. O Senado não está vinculado à
decisão da Câmara. A Câmara apenas autoriza o processo, não havendo
vinculação/determinação. Cabe ao Senado instaurar.
o Lei 1079: Resolução do Senado constará de sentença que será lavrada pelo
Presidente do STF, sobre a decisão do impeachment.
● A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-
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Presidente da República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o


exercício regular desses cargos, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se
encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-
segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).

1.6. Poder Judiciário


Poder Judiciário. Natureza da função jurisdicional. As garantias do Poder Judiciário. O
princípio da reserva legal na apreciação de lesão ou ameaça de lesão a direito individual e a
direito coletivo. Poder Judiciário Federal e Poder Judiciário Estadual. O Conselho Nacional de
Justiça, o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, o Conselho da Justiça
Federal e os Tribunais Regionais Federais. A Justiça Federal de 1º Grau. Lei Orgânica da
Magistratura Nacional.
1.6.1. Estatuto da Magistratura – Magistrados
● A mera solicitação em inquérito civil para apurar improbidade de magistrado não se confunde
com a intimação do juiz. Trata-se de um mero pedido que pode ou não ser atendido pelo
magistrado. Assim, o Parquet pode solicitar o depoimento de magistrados em sede de
inquéritos civis, mas o juiz poderá decidir a seu critério, livre de qualquer ônus processual, se
irá comparecer ou não no depoimento.
● A LOMAN prevê o afastamento de juízes que praticam crime comum, quando recebida a
denúncia ou queixa. O Tribunal ou o órgão especial poderá afastar o juiz por decisão de 2/3
dos membros. O STF considera que tal previsão não viola o princípio da presunção de
41 inocência.

1.6.2. Tribunais – Questões Constitucionais – RPV – Reclamação – Recursos -


SV
● Junto ao STJ funcionarão: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados;
Conselho da Justiça Federal – ENFAM e CJF
● Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno
valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.
o Na ausência: União 60 SM, Estados 40 SM.
● Incabível reclamação preventiva, pois pressupõe um ato que efetivamente tenha usurpado a
competência do Tribunal, violado a autoridade das decisões vinculantes ou incidido em outra
hipótese de cabimento da reclamação.
● Constitucional previsão de reclamação na Constituição dos Estados. Não implica invasão de
competência para legislar sobre direito processual. Não possui natureza jurídica de recurso, é
um direito constitucional de petição.
o ATENÇÃO: STF mudou de entendimento quanto à natureza. Ele entende
possuir natureza jurídica de ação, uma vez que há necessidade de
contraditório prévio através do ingresso do beneficiário do ato como parte.
Assim, há condenação em honorários.
● STF reafirmou sua jurisprudência no sentido de que SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA se
submetem ao regime de precatório quando prestadoras de serviço público de atuação própria
do Estado e de natureza não concorrencial.
● SV 47: “Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante
principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação
ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem
especial restrita aos créditos dessa natureza. ”
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● Não é necessária prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia
e instaure ação penal contra Governador de Estado por crime comum.
● Súmula 637-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que
defere pedido de intervenção estadual em Município.
o O recurso extraordinário destina-se a impugnar decisões judiciais (em sentido
estrito). Quando o Tribunal de Justiça decide um pedido de intervenção
estadual essa decisão, apesar de emanar de um órgão do Poder Judiciário,
reveste-se de caráter político-administrativo (e não jurisdicional). Logo, por se
tratar de uma decisão político-administrativa proferida pelo Poder Judiciário,
contra ela não cabe recurso extraordinário já que não existe uma “causa
judicial
● ATENÇÃO: em súmula vinculante, acrescenta-se os seguintes legitimados em relação à ADI:
o VI - o Defensor Público-Geral da União;
o XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e
Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os
Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
● Para que haja intervenção federal em estado membro que deixa de pagar precatório, deve
ficar demonstrado que esse inadimplemento se deu de forma voluntária e intencional.
Dificuldade financeira não justifica intervenção.
● Conflita com a Constituição Federal norma de Constituição Estadual que junge à aprovação da
Assembleia Legislativa a escolha de candidato à vaga do quinto em Tribunal. A CF não exige
aprovação do Legislativo.
42 ● Constituição Estadual não pode prever foro por prerrogativa de função para os Delegados de
Polícia considerando que não há previsão semelhante para os Delegados Federais na
Constituição Federal (STF ADI 2587)
1.6.3. Competências Judiciais
● Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças
genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição
cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância.
● O artigo 109, §2º, da CRFB/88, não trata das autarquias federais. Entretanto, o STF entende
que se aplica às autarquias também. Então, fique ligado nas questões ok? A CF não fala nada,
mas o STF sim.
● O STF é competente para julgar ação que for de interesse de toda magistratura. Porém, se for
de interesse de mais algum servidor, ele não é competente. Assim, o STF entende que não é
competente para julgar originariamente ação intentada por juiz federal postulando a
percepção de licença-prêmio com fundamento na simetria existente entre a magistratura e o
Ministério Público. Isso se deve à interpretação restritiva que é dada às competências do STF.
Logo:
o A LOMAN não trata sobre licença prêmio aos magistrados.
o A LOMP versa sobre licença prêmio na lei do MP.
● Compete ao STF: Quando a causa interessar a totalidade dos juízes, ou ficar configurado após
o julgamento na primeira instância o impedimento de mais da metade dos desembargadores
para apreciar o recurso voluntário/remessa necessária → STF.
o Inclusive em sede de ACP/Ação Popular.
● Competência do STF para conflitos federativos:
o Diferença entre conflito entre entes federados e conflito federativo: no
primeiro, pelo prisma subjetivo, observa-se litigância judicial promovida pelos
membros da Federação, no segundo, além da litigância, a conflituosidade da

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causa importa em desestabilização do próprio pacto federativo. O STF só atua


nesta última, e não incluiu os litígios e as causas envolvendo municípios como
ensejadores de conflito federativo apto a exigir a competência originária da
Corte.
o O artigo 102 da CF que determina a competência do STF em conflito federativo
deve ser interpretado restritivamente. (Lá fala conflito entre os estados ou
entre a união e os estados).
o Não cabe execução de título extrajudicial ou de sentença, proposta por um
estado contra um ente federal, pois é um litígio judicial, e não um conflito
federativo que desestabilize o pacto federativo. A competência será da Justiça
Federal.
● Ações contra CNJ e CNMP
o Ações ordinárias: juiz federal de 1ª instância
o Ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD: STF
● Competência para julgar ação de improbidade contra Ministro do STF é do próprio STF.
● De quem é a competência para julgar as ações envolvendo FGTS? Depende: • Se a ação for
proposta pelo trabalhador contra o empregador envolvendo descumprimento na aplicação da
Lei n.? 8.036/90, a competência será da Justiça do Trabalho; • É da competência da Justiça
Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência
do falecimento do titular da conta (Súmula 161-STJ); • Se a ação for proposta pelo trabalhador
contra a CEF em sua atuação como agente operadora dos recursos do FGTS, a competência
43 será da Justiça Federal considerando que a CEF é uma empresa pública federal (art. 109, I, da
CF/88).
o Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações
trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS.
o Súmula 249-STJ: A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para
integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS.

1.6.4. CNJ
● Súmula 649 STF: são inconstitucionais os Conselhos Estaduais de Justiça, ainda que criados
pela Constituição Estadual e ainda que portadores de atuação estritamente administrativa. São
inconstitucionais, quer sejam internos, quer sejam externos. Somente a CF pode prever tal
espécie de órgão.
● O prazo de 1 ano para o CNJ rever¸ de ofício ou mediante provocação, os PAD de juízes e
membros de tribunais só se aplica para REVISÃO. Para PAD de competência
originária/autônoma NÃO!
● O CNJ é constitucional, desde que mantida sua natureza estritamente administrativa, que não
abrange, porém, ingerência sobre o STF, mantido este órgão como cúpula do Poder Judiciário.
o O fato de o CNJ ter como membros estruturais advogados e cidadãos não o
torna inconstitucional.
▪ Em relação a estes, há aplicabilidade direta dos impedimentos
impostos na Constituição Federal aos magistrados, entre os quais a
vedação à advocacia, à atividade política e à ocupação de cargo
público diverso do magistério. Ou seja, as vedações aplicam-se aos
agentes externos ainda que não expressamente a eles dirigidos.

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● Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente
administrativas, o controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder
Judiciário.
● A CF conferiu competência originária e concorrente ao CNJ para aplicação de medidas
disciplinares. A competência constitucional do CNJ é autônoma (e não subsidiária). Assim, o
CNJ pode atuar mesmo que não tenha sido dada oportunidade para que a corregedoria local
pudesse investigar o caso.
● A competência originária do CNJ para a apuração disciplinar, ao contrário da revisional, não se
sujeita ao parâmetro temporal de um ano previsto no artigo 103-B, §4º, V, da CF.
● CNJ no exercício do controle administrativo, pode deixar de aplicar lei inconstitucional. CNJ
pode determinar que Tribunal de Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público
para cargos em comissão que não se amoldam às atribuições de direção, chefia e
assessoramento, contrariando o art. 37, V, da CF/88. Esta decisão do CNJ não configura
controle de constitucionalidade, sendo exercício de controle da validade dos atos
administrativos do Poder Judiciário.
o O presente julgado, no entanto, aponta, de forma categórica – mais do que em
outros julgados anteriores, que já pareciam caminhar nessa direção - que o
CNJ detém competência para afastar, por inconstitucionalidade, a aplicação
de lei invocada como fundamento para o ato administrativo objeto do
processo de controle instaurado perante aquele órgão, por ato expresso e
formal tomado pela maioria absoluta de seus membros. Isso não equivaleria
à declaração de inconstitucionalidade da lei, já que não decretaria – muito
44 menos com eficácia erga omnes – a sua invalidade, projetando o efeito de sua
decisão unicamente aos órgãos submetidos ao seu poder fiscalizatório.
o Demais disso, pôs-se em evidência o entendimento, bastante corrente na
doutrina, de que as leis inconstitucionais não são normas atendíveis, porque
colidem com uma Lei Maior, ou seja, a Constituição (princípio da juridicidade).
Ainda que essa linha de orientação seja costumeiramente invocada para
justificar a possibilidade de o chefe do Poder Executivo deixar de aplicar uma
lei por tê-la como contrária à Constituição, essa mesma linha de pensar
estende-se aos chamados órgãos administrativos autônomos,
constitucionalmente incumbidos da tarefa de controlar a validade dos atos
administrativos, tais como o TCU, o CNMP e o CNJ. Súmula 347-STF: O Tribunal
de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
● Não cabe MS contra ato de deliberação negativa (ausência de decisão) do CNJ ou CNMP, por
não se tratar de ato que gere a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do
Judiciário. Se o órgão não decidiu nada, não há ato a ser atacado no STF.
o Não compete ao STF apreciar originariamente pronunciamento do CNJ que
tenha julgado improcedente pedido de cassação de ato normativo editado por
vara judicial.
o Decisões negativas: aquelas que simplesmente tenham mantido decisões de
outros órgãos, nada fez. Pode ser reconhecimento de sua incompetência ou
recusa de intervir em determinado procedimento.
● CNJ pode anular e avocar processo administrativo disciplinar por falta de quorum e
imparcialidade dos julgadores. O Regimento Interno do CNJ e precedentes do Supremo
Tribunal Federal autorizam o exercício dessa competência pelo CNJ, notadamente quando se
verifique a insuficiência de quórum para produzir uma decisão cristalina por maioria absoluta.

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● O CNJ pode afirmar que determinada lei ou ato normativo é inconstitucional se esse
entendimento já estiver pacificado no STF. Não se está a declarar inconstitucionalidade, mas
em deixar de aplicar norma inconstitucional.
● O CNJ pode, no entanto, substituir, anular ou reformar decisões da banca do concurso que
firam os princípios da razoabilidade, da igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade e da publicidade. Isso porque a discricionariedade da banca de concurso não se
confunde com arbitrariedade. Se houver desrespeito aos princípios constitucionais da
administração pública, será possível a plena revisão da decisão pelo Conselho.
● Como regra geral, o controle dos atos do CNJ pelo STF somente se justifica nas hipóteses de: a)
inobservância do devido processo legal; b) exorbitância das competências do Conselho; e c)
injuridicidade ou manifesta irrazoabilidade do ato impugnado.

1.7. Controle de Constitucionalidade


O controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos. Conceito. Natureza.
Espécies. A Ação Declaratória de Constitucionalidade e a Ação Direta de
inconstitucionalidade. A ação de Inconstitucionalidade por Omissão. Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental.
 A partir da publicação da ata de julgamento no DJU (e não do acórdão), a decisão da Ação de
Constitucionalidade já possui efeitos vinculantes, de modo que é cabível reclamação.
● Controle de constitucionalidade CONCENTRADO
o Quorum de instalação: 2/3 (8 de 12)
o Medida cautelar em todas: MAIORIA ABSOLUTA + quórum de instalação.
45 ▪ Exceção: é em recesso, ocasião em que pode ser DEFERIDO
monocraticamente. Já para INDEFERIR, é desnecessário cláusula de
reserva de plenário.
o Declaração final: MAIORIA ABSOLUTA + quórum de instalação.
o Modulação dos efeitos: 2/3 dos ministros presentes na sessão + quorum
o Súmula Vinculante: 2/3 dos ministros do STF.
● Se não atinge o quórum, a norma é mantida no ordenamento como constitucional, em
respeito ao princípio da presunção de constitucionalidade das leis.
● No controle difuso a norma é declarada inconstitucional inter partes, pois o quórum é maioria
simples da Turma ou Plenário = REx.
● A ADPF é, via de regra, meio inidôneo para processar questões controvertidas derivadas de
normas secundárias e de caráter tipicamente regulamentar. STF. Plenário. ADPF 210 AgR, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 06/06/2013.
● O conjunto de reiteradas decisões sobre determinada matéria é considerado ato do poder
público passível de controle pela ADPF e esta é a via correta para questionar interpretação
judicial de normas constitucionais e legais. (CASO DAS DECISÕES DO TREs nas eleições que
permitiu o ingresso policial em universidades)
● STF: A sanção do projeto de lei não convalida o vício de inconstitucionalidade resultante da
usurpação do poder de iniciativa.
● A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado pelo
Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato
normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo
Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018
(Info 899).
● É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material, “norma de
decisão” de caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo STF em sede de

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controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 3/5/2018 (Info 900).
● O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de
procuração com poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que
será impugnado na ação. Repetindo: não basta que a procuração autorize o ajuizamento de
ADI, devendo indicar, de forma específica, o ato contra o qual se insurge. Caso esse requisito
não seja cumprido, a ADI não será conhecida. Vale ressaltar, contudo, que essa exigência
constitui vício sanável e que é possível a sua regularização antes que seja reconhecida a
carência da ação. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905).
● Segundo a jurisprudência do STF, a ADPF, como instrumento de fiscalização abstrata das
normas, está submetida, cumulativamente, ao requisito da relevância constitucional da
controvérsia suscitada e ao regime da subsidiariedade.
● A ADPF e a ADI são fungíveis entre si. Assim, o STF reconhece ser possível a conversão da ADPF
em ADI quando imprópria a primeira, e vice-versa. No entanto, essa fungibilidade não será
possível quando a parte autora incorrer em erro grosseiro. É o caso, por exemplo, de uma APF
proposta contra uma Lei editada em 2013, ou seja, quando manifestamente seria cabível a ADI
por se tratar de norma posterior à CF/88
● Não cabe arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) contra decisão judicial
transitada em julgado. Este instituto de controle concentrado de constitucionalidade não tem
como função desconstituir a coisa julgada. STF. Decisão monocrática.
46 ● A decisão proferida em medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade estadual não
se submete à cláusula da reserva de plenário, não havendo falar, em decorrência, de violação
da Súmula Vinculante n.º 10/STF. (...) o Relator atua monocraticamente como longa manus do
órgão colegiado na presença do periculum in mora.
● É desnecessária a submissão à regra da reserva de plenário, quando a decisão estiver fundada
em jurisprudência do Plenário do STF, de modo que pode ser julgado por turma.
● A interpretação conforme a constituição é um tipo de situação constitucional imperfeita, pois
somente atenua a declaração de nulidade em caso de inconstitucionalidade de alguma
interpretação. Isso porque, em alguns casos, a interpretação conforme a Constituição é
equiparada a uma declaração de nulidade sem redução de texto. Para MENDES, ao fixar como
constitucional dada interpretação da norma, a decisão não declara a inconstitucionalidade de
todas as outras possíveis interpretações da norma (MENDES et. al., 2008, p. 1252-1253), daí a
situação constitucional imperfeita.
o A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a
interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de
inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e
efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração
Pública federal, estadual e municipal."
● É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida. Para que seja realizada esta modulação, exige-se o voto de 2/3
(dois terços) dos membros do STF (maioria qualificada). STF. Plenário. RE 586453/SE, rel. orig.
Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 20/2/2013 (Info 695). É
possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de
constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/3/2017 (Info 857).

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● O art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95 prevê o seguinte: “(...) a concessionária poderá contratar
com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao
serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados.”
o Se o órgão fracionário de um Tribunal (ex: uma das Turmas do TRT) julga ilegal
a terceirização contratada por uma concessionária do serviço público,
afastando a aplicação do art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95, esta decisão viola a
súmula vinculante 10?
o SIM. O art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95 permite a terceirizaçãoda atividade-fim
das empresas concessionárias do serviço público. Logo, se um órgão
fracionário do TRT afasta a aplicação deste dispositivo, haverá afronta à
súmula vinculante 10 por violação à cláusula da reserva de plenário.STF. 1ª
Turma.Rcl 27068/MG, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luís
Roberto, julgado em 5/3/2018 (Info 896).
o NÃO. O ato reclamado, ao considerar ilegal a contratação de empregado, por
empresa interposta, para prestar serviços essenciais à atividade fim da
tomadora, nos termos da Súmula 331, I, do TST, não declarou expressamente,
nem implicitamente, a inconstitucionalidade de qualquer norma especial de
regência aplicável ao caso. É firme a jurisprudência do STF no sentido de que
não se exige reserva de plenário para a mera interpretação e aplicação das
normas jurídicas que emerge do próprio exercício da jurisdição, sendo
necessário, para caracterizar violação à cláusula de reserva de plenário, que a

47 decisão de órgão fracionário fundamente-se na incompatibilidade entre a


norma legal e o Texto Constitucional. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
STF. 2ª Turma. Rcl 26408 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 07/11/2017.
o O TEMA É POLÊMICO AINDA!
● Mutação constitucional inconstitucional: aquela que contraria o texto da constituição, como
conferir efeito vinculante à medida cautelar em ADI.
● Juiz singular pode declarar inconstitucionalidade de Emenda Constitucional.
● SV-10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
● Mudança de interpretação como interpretação sem redução de texto, interpretação conforme,
não exige reserva de plenário.
● Decisão de primeira instância e reserva de plenário. É inviável a aplicação da SV33 ou da
cláusula de reserva de plenário, dirigida a órgãos judicantes colegiados, à juízo de caráter
singular (juízo de primeiro grau), por absoluta impropriedade, quando da realização de
controle difuso de constitucionalidade em julgamento de competência singular (monocrático).
● É possível aplicar o princípio da fungibilidade entre ADI e ADPF, vice-versa. Para tal, a dúvida
deve ser razoável.
● Controle de regimento interno, atos interna corporis: A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de não caber ao Poder Judiciário, a pretexto de realizar o controle de atos
legislativos, imiscuir-se em matérias interna corporis, sob pena de violação do princípio da
separação dos Poderes. Eventual ofensa à Constituição Federal seria meramente reflexa,
motivo porque sequer caberia o controle de constitucionalidade difuso via recurso
extraordinário.
o Atenção para uma EXCEÇÃO! É que o próprio STF entendeu que é possível
fazer o controle de constitucionalidade de norma de regimento interno
quando o dispositivo possuir caráter normativo e autônomo, criando
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efetivamente um direito. Numa situação como esta, o controle pode ser,


inclusive, através de ADI. Ex: benefícios aos servidores.
● Medida cautelar em ADIN – art. 10 da lei 9868:
o Pode ser ouvido o órgão que elaborou o ato normativo impugnado, salvo
excepcional urgência;
o Podem ser ouvidos AGU e PGR;
o Podem ser feitas sustentações orais;
o Se colegiado o julgamento da cautelar (salvo recesso), aplica-se o quórum de
maioria absoluta.
o STF: Procedimento simplificado: cumprida a ritualística da medida cautelar e
considerando-se o tribunal pronto para julgar o mérito, é possível converter a
cautelar em mérito, evitando-se, com efeito, repetição na realização dos atos
já concluídos: Embora adotado o rito previsto no art. 10 da Lei nº 9.868, de 10
de novembro de 2009, ao processo de ação direta de inconstitucionalidade ou
de descumprimento de preceito fundamental, pode o Supremo Tribunal
Federal julgar a causa, desde logo, em termos definitivos, se, nessa fase
processual, já tiverem sido exaustivas as manifestações de todos os
intervenientes, necessários e facultativos admitidos. Isso foi tentado no
julgamento das MC das ADC 43 e 44.
● Amicus Curiae:
o Não possui legitimidade para opor embargos de declaração ou outro recurso.
48 Em ADI, só o legitimado ativo possui legitimidade para recorrer das decisões
da ADI, ou seja, para opor embargos de declaração, já que são relativamente
irrecorríveis.
o Não se admite recurso do despacho que admite o amicus curiae.
● Não aceitação da transcendência dos motivos determinantes: É reiterada a jurisprudência do
STF no sentido de que os efeitos vinculantes de decisão proferida em ADI referem-se
unicamente a sua parte dispositiva, de modo que tais efeitos não aproveitam a
fundamentação de tal decisão, ainda que se alegue na reclamação a transcendência dos
motivos determinantes da decisão do Supremo na ADI.
o Segundo a teoria da transcendência, além do dispositivo, também são
vinculantes os motivos determinantes da decisão (ratio decidendi), mas não as
considerações dispensáveis para a resolução da causa (obiter dictum).
● ATENÇÃO: em súmula vinculante, acrescenta-se os seguintes legitimados em relação à ADI:
o VI - o Defensor Público-Geral da União;
o XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e
Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os
Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. STx, TSx, TJs, TRFs, TRTs,
TREs.
o Os municípios podem propor alteração de súmula incidentalmente nos
processos em que sejam parte.
● A legitimidade recursal em ADI é a mesma dos legitimados a proporem a ADI. Não pode o
Estado membro recorrer em ADI proposta pelo Governador. Somente este seria legitimado.
● A alteração do parâmetro constitucional antes que a ADI seja julgada não prejudica o
conhecimento da referida ação, pois não se admite constitucionalidade superveniente no
sistema jurídico pátrio, devendo ser analisada em face do dispositivo vigente quando da época
de sua edição.

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o ATENÇÃO: a teoria moderna aceita a inconstitucionalidade superveniente,


conceituando esta como lei que sofreu um processo de inconstitucionalização,
considerando o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político,
econômico e social do país. Não há uma sucessão de Constituições, mas uma
desarmonia com a CF e com o tempo, tornando-se incompatível com o texto
constitucional.
● Uma lei considerada inconstitucional sob a égide de determinada Constituição ou Emenda,
após edição de emenda constitucional que permita o normativo legal, não se torna
constitucional, uma vez que não há em nosso ordenamento a chamada “constitucionalidade
superveniente”. Para que aquele conteúdo normativo seja válido, sob a égide da nova
alteração constitucional, se faz necessária edição de nova lei. A constitucionalidade da lei é
verificada quando do seu nascimento, sendo a inconstitucionalidade vício insanável impassível
de convalidação, mesmo por Emenda Constitucional.
o CASO DO ICMS e do consumidor que importa mercadoria para consumo
próprio. Antes da EC 33 era inconstitucional cobrar ICMS deles. Depois, passou
a ser possível, mas os estados tiveram que editar novas leis sob a égide da
EC33.
o Caso da cobrança de contribuição dos inativos e pensionistas antes de EC que
criou tal tributo.
o Ainda que uma lei anteriormente constitucional torne-se inconstitucional em
virtude de EC posterior, pode ser declarada a inconstitucionalidade dela, com
49 ●
parâmetro à norma vigente à promulgação do texto normativo.
Lei revogada pode ser objeto de controle de constitucionalidade através de ADPF, assim como
as normas de eficácia exaurida.
● Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais/estaduais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que
se tratem de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.
● ADI, em regra, não deverá ser conhecida caso o ato normativo que estava sendo impugnado
seja revogado do antes do julgamento, salvo:
o Se a revogação foi feita com o intuito de fraudar o processo.
o Demonstração de que o conteúdo impugnado está repetido em outro diploma
ou que seu texto permaneceu com a inconstitucionalidade alegada.
o Quando o STF já julgou o mérito da ação e não houve comunicação prévia de
que houve revogação da norma objeto de ADI. É dever do autor comunicar ao
Tribunal sobre a vigência da norma.
● A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de
apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na
norma que promoveu a alteração ou revogação. (info 890, dezembro de 2017).
o Se foi revogado, há perda superveniente do objeto da ADI.
o Se foi alterada a lei, deve demonstrar a permanência da inconstitucionalidade,
sob pena de perda superveniente do objeto da ADI,
▪ SALVO: fraude processual; repetição do conteúdo, em sua essência,
em outro diploma normativo; caso o STF tenha julgado o mérito da
ação sem ter sido notificado da revogação da norma atacada.
● As decisões proferidas em controle difuso não possuem efeitos vinculantes, mas sim FORÇA
EXPANSIVA. Não se admite abstrativização do controle difuso.
o A pessoa que foi parte no processo pode utilizar da reclamação, após
esgotadas as instâncias ordinárias.

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o Terceiro qualquer não pode utilizar de reclamação para requerer aplicação do


que foi decidido em controle difuso, uma vez que a decisão não lhe alcança.
▪ ATENÇÃO! NCPC agora permite reclamação para respeitar decisão
proferida em controle difuso, com repercussão geral reconhecida,
desde que esgotada as instâncias. Ver artigo 988 do NCPC.
o ATENÇÃO!!! ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO PASSOU SER ACEITO
PELO STF EM SESSÃO PLENÁRIA, INFO 886, NOVEMBRO DE 2017. Esperar
uma manifestação mais contundente do STF, pois há especulações diversas.
o João Lordelo tem um importante artigo sobre tal tema.
o ATENÇÃO!!! STF AINDA não adota a transcendência dos motivos
determinantes em sede de controle de constitucionalidade, mas apenas a
abstrativização do controle difuso. No INFO 886, Carmen Lúcia disse que o
STF se aproxima de julgar não só a constitucionalidade de cada ato
normativo, mas da própria matéria que nele se contém. Ainda não se dá
para dizer que foi aceita a tese de abstrativização do controle difuso, visto
que foi dado em sede de ADI e aplicou os efeitos vinculantes e erga omnes à
uma questão incidental da ADI.
● “Em ação direta de inconstitucionalidade, com a proclamação do resultado final, se tem por
concluído e encerrado o julgamento e, por isso, não pode haver a sua reabertura para fins de
modulação.”
● Teoria da transcendência dos motivos determinantes: não admitida pelo STF. Só o dispositivo
50 possui efeito vinculante. Incabível reclamação fundada na transcendência dos motivos
determinantes.
● Lei de conversão de MP não convalida os vícios formais porventura existentes em medida
provisória, podendo estes vícios formais ser objeto de análise do STF.
● Não se aplica prazo em dobro para a Fazenda Pública apresentar recursos Extraordinários
contra decisão do TJ em controle concentrado de leis locais. ATENÇÃO: a última decisão do
STF em 2016, em sede de ADI, disse que não cabia prazo em dobro.
o O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou o entendimento de que
a regra que confere prazo em dobro à Fazenda Pública para recorrer
não se aplica aos processos objetivos, que se referem ao controle
abstrato de leis e atos normativos. A decisão se deu por maioria
durante a primeira sessão de julgamentos do Plenário em 2019 nesta
quarta-feira (fevereiro) (6). Por não estar prevista na legislação
processual, a distinção acaba por causar situação de insegurança
entre os destinatários da prerrogativa do prazo em dobro.
o Dizer o Direito: Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda
Pública em processo objetivo, mesmo que seja para interposição de recurso
extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata. Não há, nos
processos de fiscalização normativa abstrata, a prerrogativa processual dos
prazos em dobro. Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de
constitucionalidade a norma que concede prazo em dobro à Fazenda Pública.
Assim, por exemplo, a Fazenda Pública não possui prazo recursal em dobro no
processo de controle concentrado de constitucionalidade, mesmo que seja
para a interposição de recurso extraordinário. STF. Plenário. ADI 5814 MC-
AgR-AgR/RR, Rel. Min. Roberto Barroso; ARE 830727 AgR/SC, Rel. para
acórdão Min. Cármen Lúcia, julgados em 06/02/2019 (Info 929).
▪ • Min. Alexandre de Moraes: salientou que o tratamento diferenciado
(prazo em dobro) está relacionado com a defesa dos interesses

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subjetivos da Fazenda Pública e, portanto, não se aplica ao processo


objetivo. Assim, a natureza objetiva do processo afasta a prerrogativa
da Fazenda Pública. • Min. Edson Fachin: enfatizou que o tratamento
isonômico na matéria (todos terem prazo simples nos processos
objetivos), além de ser consentâneo com a orientação jurisprudencial
adotada pelo STF há muito tempo, decorre do princípio republicano. •
Min. Luiz Fux: assinalou que a Fazenda Pública, no caso do recurso
extraordinário, é representante da unidade federativa onde há a
declaração de inconstitucionalidade da lei por ela editada; logo, tem
contato direto com a questão, e não se justifica o prazo em dobro. •
Min. Gilmar Mendes: afirmou que o próprio CPC, no § 2º do art. 188,
faz menção à inaplicabilidade desses prazos aos procedimentos
especiais: Art. 188 (...) § 2º Não se aplica o benefício da contagem em
dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para
o ente público.• Min. Celso de Mello: defendeu que o processo de
fiscalização normativa abstrata possui, normalmente, uma autonomia
em relação aos institutos peculiares aos processos de índole
meramente subjetiva. Em outras palavras, existem várias regras
aplicáveis aos processos subjetivos que não incidem em caso de
processos objetivos. Assim, o direito processual constitucional* é
autônomo, regido por princípios próprios, em que são afastados os
interesses meramente subjetivos
51 ● APLICA-SE PRAZO EM DOBRO para a Fazenda Pública apresentar recursos Extraordinários
contra decisão do TJ em controle CONCRETO (REX) de leis locais.
● Declaração de inconstitucionalidade por órgão fracionário de ato normativo infralegais como
decreto legislativo de efeitos concretos (exaure-se com sua promulgação), não viola a cláusula
de serva de plenário, pois a cláusula de reserva de plenário sujeita a LEI ou ATO NORMATIVO
geral e abstrato.

● Não viola cláusula de reserva de plenário decisão de órgão fracionário que deixa de aplicar
norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou que a incidência
normativa seja resolvida mediante a sua interpretação, sem potencial ofensa direta à CF.
● Admite-se controle de constitucionalidade das leis orçamentárias independentemente de seu
caráter concreto ou abstrato.
● A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle
de decreto regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um
decreto autônomo. Mas sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de
cabimento de ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905).
● Nos processos do controle objetivo (concentrado/abstrato) de constitucionalidade, a conexão
ocorre somente em função da identidade do pedido/objeto entre as ações, e não
excepcionalmente, visto que no controle abstrato, a causa de pedir é aberta (fundamento).
o O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está
vinculado aos fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se
dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso
significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do
restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como
fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional.

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o Foi o que aconteceu na ADI em relação às legislações estaduais e o amianto. O


STF entendeu constitucional todas as normas estaduais que proíbam o uso de
amianto, declarando de maneira incidental (incidental significa que não é o
pedido principal) inconstitucional a norma federal que permite o uso de
amianto. aqui o DOD disse que houve abstrativização do controle difuso. Eu,
particularmente, DISCORDO.
● Aditamento em petição inicial de ADI só é admitido se anterior à requisição das informações.
o Há exceções:
▪ Mudança textual irrelevante admite-se após requisição de
informações.
▪ Alguns julgados de ADI contra MP não fixam limite para aditamento,
apenas dizendo que deve-se aditar em caso de substancial alteração
da norma. EXCEÇÃO! Pois se for alteração substancial, deve-se propor
NOVA ADI.
● Não cabe aditamento de petição inicial em controle de constitucionalidade de MP quando
esta foi reeditada e alterada em seu conteúdo de modo substancial. Deve ser intentada outra
ADI, pois a mudança foi substancial.
o Se meramente formal e irrelevante a alteração textual, ADMITE-SE o
aditamento.
o ADI contra MP não perde o objeto se quando da sua conversão em lei não
houve mudança substancial no seu texto. Isto porque houve o que se
52 denomina de “continuidade normativa entre o ato legislativo provisório e a lei
que resulta de sua conversão”.
● Representação de Governador por advogado ou procuradoria do Estado em ADI é
desnecessária, vez que legitimado a propor diretamente ADI. Ademais, não pode a
procuradoria propor, vez que esta é representante do ESTADO, e não do Governador.
● Não é função constitucional da arguição de descumprimento de preceito fundamental atuar
como instrumento de desconstituição da autoridade da coisa julgada em sentido material”.
Incabível ADPF contra decisão transitada em julgado.
● Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou um
tratado internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como
parâmetro em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Exceção: será cabível ADI
contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate sobre
direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso
porque neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse
uma emenda constitucional. Ex: convenção de nova York sobre direito das pessoas com
deficiência. Nem mesmo os tratados SUPRALEGAIS, como Pacto de San José da Costa Rica
pode, pois não possuem envergadura constitucional.
o Todas essas espécies de tratados estão sujeitas a serem controladas, ou seja,
poderão vir a ser declarados inconstitucionais caso violem os limites da CF. Ou
seja, qualquer dessas modalidades de tratados poderá vir a ser objeto de
controle de constitucionalidade. (Status de emenda, supralegal, status legal)
● É admissível ADPF mesmo que tenha como pano de fundo a impugnação de decisões judiciais
de primeira e segunda instâncias.
● Não fica afastada a subsidiariedade da ADPF pelo fato de o ato impugnado na ADPF estar ou
puder ser veiculado em processo subjetivo e, neste, ser cabível sua desconstituição em sede
recursal ordinária ou extraordinária. Logo: Ainda que caiba REX, é possível utilizar a ADPF. A
subsidiariedade da ADPF se dá em relação às ações objetivas, como ADI e ADO.

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● A perda do mandato parlamentar que tenha proposto a ação de controle preventivo (MS) de
constitucionalidade à EC implicará tornar o prosseguimento da ação IMPOSSÍVEL, na forma da
jurisprudência do STF, uma vez que há ausência de legitimidade para a causa.
o Diferente é a perda de representatividade congressista quando um partido
ingressa com ADI. A ADI irá ter continuidade.
● A distinção entre inconstitucionalidade e inconveniência também é aplicável no que concerne
às Emendas Constitucionais: aquele primeiro juízo tem como parâmetro a interpretação da
Constituição Federal, este último pode ter diversos parâmetros (econômicos, políticos, sociais,
culturais, etc.), não tendo aptidão para invalidar a norma.
● A Emenda Constitucional só pode ser declarada inconstitucional materialmente se ferir
cláusulas pétreas, logo, está adstrito às limitações materiais, explícitas ou implícitas, diferente
das leis, que basta desrespeitar qualquer norma constitucional para ser declara
inconstitucional. Por isso, diz-se que o parâmetro de constitucionalidade das EC é
estreitíssimo.
● Papel do AGU nas ações de controle de constitucionalidade.
o É citado para defender o ato impugnado. (CF e lei 9868)
o A atuação do AGU é um múnus público, que pode ser mitigado quando houver
entendimento do STF quanto à inconstitucionalidade do ato impugnado.
o Quando já tiver manifestado em parecer sobre a inconstitucionalidade da
norma.
● É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, desde que
53 fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que
comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste
acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas
partes no processo. O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem
combinadas e que estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes. A homologação
estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a conferir maior efetividade à
prestação jurisdicional.
● Efeito repristinatório: a declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança, inclusive, os
atos pretéritos com base nele praticados, eis que o reconhecimento desse supremo vício
jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder Público, desampara as
situações constituídas sob a sua égide e inibe – ante a sua inaptidão para produzir efeitos
jurídicos validos. A declaração de inconstitucionalidade, seja ela lei permanente ou
temporária, encerra um juízo de exclusão, que, fundado numa competência de rejeição
deferida ao STF, consistente em remover do ordenamento positivo a manifestação estatal
inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as consequências
daí decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia das leis e das normas afetadas pelo
ato declarado inconstitucional.
o De um lado, há a suspensão cautelar de eficácia do ato reputado
inconstitucional, de outro, a restauração das normas estatais revogadas pelo
diploma objeto da ADI.
o EXCEÇÃO: não haverá efeito repristinatório se a norma anterior padecer do
mesmo vício de inconstitucionalidade
● Os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional (ex: Conselho Federal de Corretores de
Imóveis – COFECI) não podem propor ações de controle concentrado de constitucionalidade
porque não estão no rol do art. 103 da CF/88, que é taxativo. Os conselhos de fiscalização
profissional têm como função precípua o controle e a fiscalização do exercício das profissões
regulamentadas, exercendo, portanto, poder de polícia, atividade típica de Estado, razão pela

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qual detêm personalidade jurídica de direito público, na forma de autarquias. Sendo assim, tais
conselhos não se ajustam à noção de entidade de classe, expressão que designa tão somente
aquelas entidades vocacionadas à defesa dos interesses dos membros da respectiva categoria
ou classe de profissionais.STF. Plenário ADC 34 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/03/2015.
STF. Plenário. ADPF 264 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014.
o Exceção: o Conselho Federal da OAB é legitimado para propor ADI ADC e ADPF
(art. 103, VII, da CF/88).
● Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade servem como verdadeiro parâmetro de
aferição da constitucionalidade material dos atos estatais. STF.
● De acordo com a CF, os tratados internacionais de direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, terão status de norma constitucional. Tais tratados podem fundamentar tanto o
controle de constitucionalidade quanto o controle de convencionalidade.
● Não se aplica cláusula de reserva de plenário para as TURMAS do STF, vez que elas possuem a
competência regimental para declaração de inconstitucionalidade sem ofensa ao artigo 97 da
CF. Se possuem competência para julgar o Recurso Extraordinário, por óbvio que possuem
competência para declarar inconstitucionalidade.
● O Supremo Tribunal Federal altera sua jurisprudência, de modo a admitir a legitimação das
"associações de associações de classe", de âmbito nacional, para a ação direta de
inconstitucionalidade.
● Não basta para uma associação de classe que deseja fazer questionamentos sobre a
54 constitucionalidade de um dispositivo legal apenas dizer em seu estatuto que possui
abrangência nacional. Associações de classe precisam comprovar representatividade em, pelo
menos, nove estados da federação para serem consideradas aptas a ajuizar ações de
controle concentrado de constitucionalidade.
o Tomando de empréstimo, por analogia, o critério do caráter nacional do art.
8º da Lei nº 9.096/1995 para o registro de partidos políticos, firmou-se a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que suficiente a
prova da existência de membros ou associados em pelo menos um terço dos
Estados da Federação – nove Estados – para que configurado o caráter
nacional da entidade de classe a que alude o art. 103, IX, da Lei Maior.
 Interpretação conforme VS declaração de nulidade sem redução de texto

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 É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material, “norma de
decisão” de caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo STF em sede de
controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 3/5/2018 (Info 900).
 A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de
decreto regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto
autônomo. Mas sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento
de ADI.
 Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de
justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o
da segunda – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal
de Justiça for pela procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por
incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem correspondência na
Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha
correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato
de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 3659/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 13/12/2018 (Info 927).
o O fundamento para o TJ/AM decidir que a lei é inconstitucional foi o princípio
da igualdade. Este princípio da igualdade está previsto na Constituição do
Estado e possui correspondência na Constituição Federal. Em outras palavras,
essa previsão pode ser encontrada tanto na Constituição Estadual como na

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Federal. Se a decisão do TJ prejudicasse o conhecimento da ADI no STF,


significaria dizer que o STF ficou vinculado à interpretação que o TJ deu para o
princípio da igualdade previsto na CF/88. Ocorre que a última palavra sobre
interpretação da CF/88 pertence ao STF. Logo, seria inadmissível negar ao STF
a possibilidade de examinar o tema.
o TJ deveria ter suspendido a ADI: (...) A ocorrência de coexistência de
jurisdições constitucionais estadual e nacional configura a hipótese de
suspensão prejudicial do processo de controle normativo abstrato instaurado
perante o Tribunal de Justiça local. (...) STF. Plenário. ADPF 190, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 29/09/2016.
 Em regra não se podem cumular pedidos de declaração de inconstitucionalidade de
normas de natureza federal e estadual em uma única ADI. Essa é a regra. Contudo, o
STF considera-se como cumulação necessária: (1), dada a imbricação substancial entre
a norma federal e a estadual, a cumulação é indispensável para viabilizar a eficácia do
provimento judicial visado E (2) da relação material entre os dois diplomas resulta que
a inconstitucionalidade de um possa tornar-se questão prejudicial da invalidez do
outro.
1.8. Funções essenciais à Justiça
Funções essenciais à justiça. Do Ministério Público. Da Advocacia e da Defensoria Pública. Da
Advocacia-Geral da União. Da Administração Pública. Princípios e Disposições Gerais. Dos
servidores civis e militares. Acumulação remunerada. Garantias. Responsabilidade jurídica
56 das pessoas públicas. (Ver isso em Direito Administrativo)
1.8.1. Ministério Público
● O MP Estadual pode ser parte em processo diretamente no STJ/STF, sendo desnecessário
atuação do MPF. Pode atuar tanto como parte, como custos legis, em ações civis ou criminais.
Ministério Público Estadual tem ampla possibilidade de postular, autonomamente, perante
tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Superior Tribunal de Justiça, atribuição que,
ademais, estende-se aos processos em que originariamente tenha funcionado como custos
legis.,
● A autonomia do Ministério Público Estadual em relação ao PGR é tanto processual quanto
administrativa.
● A destituição do PGR se dá por iniciativa do Presidente da República, devendo ser precedida de
autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
● Não se aplica o princípio da unidade entre MPU e MPE, sendo órgãos distintos para atuarem
no STF.
● Teoria dos poderes implícitos: Quando um órgão recebe determinado poder para atingir um
fim, recebe por consectário lógico todos os poderes que garantam os meios para atingir este
fim. Assim, quem deve elaborar e sustentar a acusação, poderá investigar, que é o caso do MP.
● Se o CNMP decidir avocar um PAD que está tramitando na Corregedoria local por suspeita de
parcialidade ao Corregedor, ele poderá aproveitar os atos instrutórios praticados regularmente
na origem pela comissão processante. Aplica-se aqui o princípio do pás de nullité sans grief.
● Se um membro do MP pratica falta administrativa que também seja CRIME, o prazo de
prescrição para ingressar com a ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda
de cargo só terá início com o trânsito em julgado da sentença condenatória no âmbito penal.
● O membro do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas possui legitimidade e
capacidade postulatória para impetrar mandado de segurança, em defesa de suas
prerrogativas institucionais, contra acórdão prolatado pela respectiva Corte de Contas.

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● O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério
Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante
que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado.
● O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à
anulação da tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da
falta de participação popular nos respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF
ajuizou ACP contra o Município de Florianópolis e a União argumentando que o Poder
Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de Vereadores o projeto de Lei do Plano
Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências públicas, o que violaria o
Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria do Ministério
Público estadual (e não do MPF).
● MPDFT: Julgado por TRF; O PGJDFT pode ser destituído antes do término do mandato por
voto de maioria absoluta do SENADO FEDERAL, e não da Câmara Legislativa do DF.
● O conflito de atribuição que cabe ao PGR resolver (MPFxMPE) é o administrativo. O judicial é
questão de competência, de modo que cabe ao STJ dirimir (JFxJE)
● O MP tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo que
importe em lesão ao patrimônio público.

1.8.2. Advocacia Pública


● O AGU deve ter mais de 35 anos.
57 ● Inconstitucional norma estadual que autorize ocupante de cargo em comissão a desempenhar
atribuições de assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo, uma vez que a
atividade de assessoramento jurídico do Poder Executivo dos Estados deve ser exercida por
procuradores do estado, organizados em carreira.
● Não se permite mais a criação de órgãos jurídicos distintos da Procuradoria-Geral do Estado,
admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes quando da
promulgação da Carta.
● É possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará
responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo.
● O modelo constitucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos
Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação
de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da
Administração Pública Direta ou Indireta.

1.8.3. Defensoria Pública
● A defensoria pública possui autonomia administrativa, orçamentária e financeira, de modo que
é inconstitucional a tentativa de fixação de orçamento, bem como, considerar esta entidade
uma Secretaria do Estado, uma vez que atenta contra sua autonomia.

1.9. Defesa do Estado


Da defesa do Estado e das instituições democráticas. O Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
Das Forças Armadas. Da Segurança Pública.
● Para que se admita intervenção federal em estado membro por falta de pagamento de
precatórios, deve ficar demonstrado que a falta de pagamento se deu intencionalmente e
voluntariamente, uma vez que dificuldade financeira não justifica intervenção.

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● O estado de sítio é a única fase ou momento da vida coletiva que, pela sua excepcional
gravidade, a Constituição toma como fato gerador de restrições à liberdade de imprensa, na
forma da lei.
● O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser
prorrogado uma vez por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua
decretação.
o O Estado de sítio, no caso comoção grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o
Estado de Defesa só pode perdurar por trinta dias, podendo ser prorrogado
tantas vezes, pelo mesmo prazo.
o O Estado de sítio, no caso de declaração de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira poderá ser decretado por todo tempo que perdurar a
guerra ou a agressão armada estrangeira.
● Estado de sítio: ouvir Conselho da República e o Consleho de Defesa Nacional.
● Conselho da República: pronunciar-se sobre: estabilidade da União
o intervenção federal, estado de sítio, estado de defesa, bem como,
o questões relevantes para estabilidade das instituições democráticas.
● Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos
desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção
58 federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e
nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer
tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a
garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático
1.9.1. Militares
 O oficial só poderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou, de
tribunal especial, em tempo de guerra.

1.10. Direito de Propriedade. Econômico. Comunicação. Cultura.


Educação. Desporto. Criança. Idoso. Indígenas. Geral
Direito de propriedade. Função social da propriedade. Desapropriação por necessidade ou
utilidade pública. Desapropriação por interesse social. Desapropriação judicial. Usucapião.
Regime das jazidas. Direito urbanístico. Ordem Econômica. Princípios. Intervenção no
domínio econômico. Formas e limites de intervenção. Repressão do abuso do poder
econômico. Empresa pública e sociedade de economia mista. Da comunicação social. O
planejamento na ordem constitucional. Os direitos constitucionais dos trabalhadores.
Organização sindical. Família, Educação e Cultura. Da Ciência e da Tecnologia. Da criança, do
adolescente e do idoso. Dos índios.
● A expropriação do artigo 243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que
não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo, por se tratar de
responsabilidade subjetiva, devendo ter um mínimo nexo de causalidade.

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o Em caso de condomínio, havendo boa-fé de apenas alguns dos proprietários, a


sanção deve ser aplicada e ao proprietário inocente cabe buscar reparação dos
demais.
1.10.1. Educação
Observação: Ler o resumo do ênfase na pasta de procurador federal.
● A gratuidade de ensino é só em estabelecimentos oficiais, independentemente de algumas
privadas serem subvencionadas com recursos públicos. Logo, nem sempre as privadas
subvencionadas com recursos públicos serão gratuitas.
o A gratuidade de ensino na CF não diz que é para o ensino básico, médio ou
superior, mas só em estabelecimentos oficiais.
● Competência concorrente: educação, cultura, ensino e desporto.
● Competência concorrente para legislar sobre ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
inovação.
● Constitucional a fixação da data limite de 31 de março para que estejam completas as idades
mínimas de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na educação infantil e no
ensino fundamental. Procedente para declarar a constitucionalidade dos artigos 24, inciso II,
31 e 32, caput, da LDB e assentar que a idade limite (seis anos) deve estar completa até o início
do ano letivo (31 de março). NOVINHO!
● Competência privativa da UNIÃO: diretrizes básicas da educação.
● “O ensino elementar (primário) é obrigatório e gratuito” – Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
59 ● Educação secundária (técnica) não é gratuita, segundo o tratado internacional, mas deve haver
implementação progressiva de gratuidade, assim como o ensino superior.
● - A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se
expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da
Administração Pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental.
● O exercício da advocacia somente se pode dar, entre outras condições, por aqueles que
tenham concluído o curso de Direito em instituição de ensino credenciada e autorizada pelo
MEC. Não obstante a tal fato, o STJ disse que a inscrição na OAB não pode ser impedida pelo
fato de o curso de direito não ter sido reconhecido pelo MEC.
o O Estatuto da OAB não exige reconhecimento de curso — apenas sua
autorização e o credenciamento.
● STF: é constitucional a previsão normativa asseguradora, ao militar e ao dependente
estudante, do acesso a instituição de ensino na localidade para onde é removido, não
podendo, contudo, mostrar-se como mecanismo para obter-se a transposição da seara
particular para a pública.
● São absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados ao programa Fundo de
Financiamento Estudantil - FIES constituídos em favor de instituição privada de ensino.
Fundamento: art. 833, IX, do CPC/2015. O FIES tem por objetivo conceder financiamento a
estudantes de cursos superiores que sejam integrantes de famílias de menor renda. Se fosse
permitida a penhora dos recursos públicos transferidos às instituições particulares de ensino
para custear o FIES, isso poderia frustrar a adesão ao programa e, em consequência, o
atingimento dos objetivos por ele traçados
● Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos
suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério
da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
● É inconstitucional lei estadual que preveja que o escritório de prática jurídica da Universidade
Estadual deverá manter plantão criminal nos finais de semana e feriados para atender pessoas
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hipossuficientes que sejam presas em flagrante. Esta lei viola a autonomia administrativa,
financeira, didática e científica assegurada às universidades no art. 207 da CF/88
(inconstitucionalidade material). Além disso, contém vício de iniciativa (inconstitucionalidade
formal), na medida em que foi usurpada a iniciativa privativa do Governador. – Cabe à
defensoria pública a defesa dos hipossuficientes.
● É inconstitucional que instituição pública de ensino profissionalizante cobre anuidade para
custear despesas com a alimentação dos alunos.
● STJ: A IES não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em vestibular em razão de
inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele na mesma instituição, não
se mostrando razoável que se faça uma interpretação extensiva dos artigos 5 e 6 da Lei 9870
de modo a prejudicar o consumidor.
o A referida lei somente autoriza, excepcionalmente, que a IES não renove a
matrícula de alunos que estejam inadimplentes há mais de 90 dias no âmbito
da mesma relação contratual.
● O estabelecimento por Resolução de marco para verificação de idade completa da criança para
enquadramento em pré-escola ou ensino fundamental NÃO VIOLA a LDB.
● Hipótese em que houve conclusão de curso superior antes do trânsito em julgado da decisão
em que se discutia a idoneidade do ato de matrícula do aluno, manifestou-se pela aplicação da
teoria do fato consumado à espécie.
● O estabelecimento de condições para a concessão do financiamento do FIES insere-se no
âmbito da conveniência e oportunidade da Administração, e, portanto, não podem ser
modificados ou afastados pelo Judiciário, sendo reservado a este Poder apenas o exame da
60 legalidade do ato administrativo, sendo-lhe defesa qualquer incursão no mérito
administrativo”
● A LEP (execução penal) determina obrigatoriedade de ensino médio, regular ou supletivo, com
formação geral ou educação profissional de nível médio, em obediência ao preceito
constitucional de sua universalização.
● LDB: Português e matemática são obrigatórios nos três anos do ensino médio, assegurada às
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas.
● Não cabe interpretação extensiva para admitir participação de estudante que cursou
gratuitamente o ensino médio em sua totalidade em instituição filantrópica sem fins
lucrativos, mantida com verba de Município, no processo seletivo para preenchimento de
vagas reservadas a estudantes de escolas públicas. Não pode interpretar extensivamente, sob
pena de inviabilizar o fim buscado por meio de ação afirmativa.  Estudar em instituição
filantrópica não se equipara à escola pública, não havendo direito à cota.
● Constitucional LEI ESTADUAL que fixa número máximo de alunos por sala.
● Inconstitucional cobrança de anuidade por instituição pública de ensino profissionalizante com
intuito de custear despesas com a alimentação dos alunos. Viola a legalidade e, ainda que
instituído por lei, violaria a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
● Educação básica: ensino infantil, fundamental e médio.
● Os percentuais de aplicação obrigatório na educação COMPREENDEM as receitas proveniente
de transferências.
● Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos às escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, nos termos da lei.
● Norma estadual que assegura ao aluno, mediante a apresentação de requerimento, o direito
de não realizar provas e exercícios escolares em dias considerados de guarda pela religião, em
universidade, É INCONSTITUCIONAL, pois afronta a autonomia didático-científica e de gestão
financeira e patrimonial das universidades.

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● O ensino médio não é obrigatório, mas sim gratuito. A obrigatoriedade é de ensino dos 4 aos
17 anos.
● I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo
também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a
coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As
funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do
magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de
carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao
regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição
Federal. Aposentam com redução de 5 anos. III - Ação direta julgada parcialmente
procedente, com interpretação conforme, nos termos supra. (É o atual entendimento!) –
Superada a súmula 726 do STF
● Cotas Nível Superior – em CADA processo seletivo.
o 50%, no mínimo, para estudante que cursou integralmente ensino médio em
escolas públicas.
▪ 50% para estudante com renda familiar per capta igual ou inferior à 1,5
salário mínimo
▪ 50% independentemente da renda familiar, bastando estudar em escola
pública.
o As vagas serão preenchidas por turno e curso, por autodeclarados pretos,
pardos e indígenas, em proporção igual a de pretos, segundo o último censo
do IBGE.
61 o Em caso de não preenchimento nos termos acima, as vagas remanescentes
deverão ser preenchidas por estudantes que tenham cursado integralmente o
ensino médio em escola pública.
● Cotas Ensino Técnico de Nível Médio – em CADA processo seletivo.
o 50%, no mínimo, para estudante que cursou integralmente ensino fundamental
em escolas públicas.
▪ 50% para estudante com renda familiar per capta igual ou inferior à 1,5
salário mínimo
▪ 50% independentemente da renda familiar, bastando estudar em escola
pública.
o As vagas serão preenchidas por turno e curso, por autodeclarados pretos,
pardos e indígenas, em proporção igual a de pretos, segundo o último censo
do IBGE.
o Em caso de não preenchimento nos termos acima, as vagas remanescentes
deverão ser preenchidas por estudantes que tenham cursado integralmente o
ensino fundamental em escola pública.
● Constitucional cobrança de taxa de especialização (pós graduação lato sensu) pelas
universidades. Já doutorado e mestrado (stricto sensu) é gratuito! Essas duas últimas estão
ligadas à manutenção e desenvolvimento das instituições de ensino de magistério superior,
e não podem ser cobradas.
o A conclusão é de que o princípio da gratuidade do ensino público, no que
concerne às universidades públicas, se restringe às atividades de ensino e
àquelas necessárias à sua manutenção. Não abrange, portanto, as atividades
de pesquisa e extensão.
● É legal a exigência feita por universidade (não há óbice na LDB), com base em resolução por ela
editada, de prévia aprovação em processo seletivo com condição para apreciar pedido de
revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira. Logo, não há
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automaticidade em revalidação de diplomas obtidos no estrangeiro. Deve-se garantir às


universidades a liberdade para editar regras específicas acerca do procedimento destinado à
revalidação, em consonância com a autonomia didático-científica e administrativa.
● O servidor público, civil ou militar estudante, transferido ex officio, e seu dependente
estudante, tem direito à matrícula em instituição de ensino superior da nova localidade, desde
que congêneres as instituições de ensino, em respeito ao princípio da isonomia.
o Exceção: a regra será excepcionada em caso de inexistência de
estabelecimento de ensino da mesma natureza no local da nova residência ou
em suas imediações.
▪ ATENÇÃO: 19/09/2018 (RE – Repercussão Geral) – Tese: “É
constitucional a previsão legal que assegure, na hipótese de
transferência ex officio de servidor, a matrícula em instituição pública,
se inexistir instituição congênere à de origem”.

o Ratio decidendi: afronta aos princípios da proporcionalidade, moralidade,
impessoalidade, violação do artigo 206, I da CF, que assegura igualdade de
condições para acesso e permanência nas instituições de ensino.
● É LEGAL a exigência de prestação de garantia pessoal para celebração de contrato de
financiamento estudantil vinculado ao FIES.
● A Constituição admite a destinação de recursos privados – oriundos de pagamentos por alunos
– às atividades de pesquisa e extensão: §2º do artigo 213: As atividades universitárias de
pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do poder público. – Se pode receber
62 verba pública, é porque presume o custeio por recursos privados.
● Súmula Vinculante 12: A cobrança de matrícula como requisito para que o estudante possa
cursar universidade federal viola o artigo 206, IV da CF.
● A denúncia do termo de adesão do ProUni pela universidade privada, não implicará ônus para
o Poder Público nem prejuízo para o estudante beneficiado pelo ProUni, que gozará do
benefício concedido até a conclusão do curso. O ônus será da universidade privada.
● Segundo o STJ, é da Justiça Estadual, via de regra, a competência para julgar a ação em que se
discute a legalidade da cobrança de instituição de ensino superior estadual, municipal ou
particular de taxa para expedição de diploma de curso, salvo quando se tratar de mandado de
segurança cuja impetração se volta contra ato de dirigente de universidade pública federal ou
de universidade particular, hipótese de competência da Justiça Federal.
● STJ SÚM 570: É de competência da JF o processo e julgamento de demanda que discute
ausência ou obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino superior no
Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a distância aos
estudantes.
o Pode ser ação de conhecimento, normal.
o Compete à Justiça Federal, ainda que a instituição seja privada, ação proposta
em razão da demora na expedição de diploma de conclusão de curso em
instituição privada de ensino superior.
o A competência da Justiça Federal dá-se nos casos em que se requer a
expedição de diploma eis que há competência do Ministério da Educação para
registrá-lo, o que caracteriza interesse da União, o que não é o caso dos autos,
quando pretende a autora unicamente o recebimento de indenização por
danos morais suportados pela mesma
AÇÃO COMPETÊNCIA
Se a ação proposta for mandado de segurança Justiça Federal

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Ação (diferente do MS) discutindo questões privadas relacionadas ao contrato


de prestação de serviços firmado entre a instituição de ensino e o aluno (exs: Justiça Estadual
inadimplemento de mensalidade, cobrança de taxas etc.).
Ação (diferente do MS) discutindo registro de diploma perante o órgão público
competente ou o credenciamento da entidade perante o Ministério da
Educação (obs: neste caso, a União deverá figurar na lide). As universidades Justiça Federal
integram o Sistema Nacional da Educação, presente, portanto, o interesse da
União no feito.
● Segundo o STJ, é possível a extinção de curso superior por Instituição Educacional em razão da
ausência de quorum mínimo de alunos inscritos, com base no princípio da autonomia
universitária, preconizado no artigo 53, inciso I, da Lei Federal n.° 9.394/1996, desde que
forneça adequada e prévia informação de encerramento do curso.
● É cabível indenização por danos morais ao aluno universitário que fora compelido a migrar
para outra instituição educacional pelo fato de a instituição contratada ter extinguido de
forma abrupta o curso, ainda que esta tenha realizado convênio, com as mesmas condições e
valores, com outra instituição para continuidade do curso encerrado.
● Competência no caso de ações envolvendo o FUNDEF
I — Ação PENAL: a competência será sempre da Justiça Federal. Ratio: há interesse
federal (art. 109, IV, da CF), considerando que o texto constitucional atribuiu à União
função supletiva e redistributiva em matéria educacional, bem como o interesse na
universalização de um padrão mínimo de qualidade do ensino, nos termos do § 1º do

63 art. 211 da CF/88.



II — Ação de IMPROBIDADE:
Se houve complementação de recursos pela União: competência da Justiça
Federal.
▪ Se não houve complementação de recursos pela União: competência da Justiça
Estadual.
● O Ministro não é autoridade competente para determinar a expedição do diploma, não
detendo legitimidade passiva para MS. A Universidade possui autonomia específica para
prática de tal ato. Legitimidade da Universidade para figurar em polo passivo de MS para
expedição de diploma.
● REVALIDAÇÃO DE DIPLOMAS ESTRANGEIROS: art. 48 LDB
o Graduação: a cargo das universidades públicas.
o Pós graduação stricto sensu (mestrado e doutorado): pode ser feito por
também por instituições particulares.
● O regime de progressão continuada (aprovação automática) só pode ser implantada no ensino
fundamental, não se aplicando ao ensino médio.
● Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 não amparam a tese de
que a União é parte legítima, perante terceiros particulares, em demandas que visam à sua
responsabilização pela implementação do piso nacional do magistério, afigurando-se correta a
decisão que a exclui da lide e declara a incompetência da Justiça Federal para processar e
julgar o feito ou, em sendo a única parte na lide, que decreta a extinção da demanda sem
resolução do mérito.
● Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional
por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de
complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios
financeiros de 1998 a 2007. Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo
devidos danos morais coletivos por conta desse repasse a menor. O valor da complementação
da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

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Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo nacional
por aluno extraído da média nacional. STF. Plenário
Não se aplica o CDC aos contratos de crédito educativo, porque o objeto do contrato é um
programa de governo, em benefício do estudante, sem conotação de serviço bancário.
 Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito de
cumprimento, pela família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação
absoluta ao ensino domiciliar. A CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o
ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não pode ser atualmente exercido porque
não há legislação que regulamente os preceitos e as regras aplicáveis a essa modalidade de
ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado no Brasil após uma
regulamentação por meio de lei na qual sejam previstos mecanismos de avaliação e
fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que tratam sobre
educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915).
 Constitucional cobrança de mensalidade em escola militar, inclusive por ato infralegal, pois
não é tributo.
1.10.2. Dos Índios e Quilombolas
● Possuem o usufruto exclusivo do solo, rios e lagos. Subsolo NÃO. A propriedade é da União.
● Aproveitamento dos recursos hídricos e potenciais energéticos, pesquisa e lavra das riquezas
minerais: autorização do CN + ouvir as comunidades afetadas + participação da comunidade
nos resultados da lavra.
64 ● Remoção de indígenas: em regra é vedado, salvo por referendo do CN nos casos de catástrofe,
epidemia que ponha em risco a população indígena OU interesse da soberania do País, após
deliberação do CN, garantido o retorno imediato após cessação do risco.
● As benfeitorias derivadas de ocupação de boa-fé em terras indígenas podem ser indenizadas
em ação contra a União. Do contrário não.
● Os índios, suas comunidades e organizações possuem legitimidade para ingressarem em juízo
em defesa de seus direitos, intervindo o MP em todos os atos do processo.
● As terras ocupadas por comunidades quilombolas ou tradicionais que façam uso coletivo da
área serão regularizadas de acordo com as normas específicas, aplicando-se-lhes, no que
couber, os dispositivos desta Lei. STF deu interpretação conforme, sem redução de texto, ao
referido parágrafo, a fim de afastar qualquer entendimento que permita a regularização
fundiária das terras públicas ocupadas por quilombolas e outras comunidades tradicionais da
Amazônia Legal em nome de terceiros ou de forma a descaracterizar o modo de apropriação
da terra por esses grupos. (art. 4, §2º, Lei 11.952)
● É necessária a participação da FUNAI em procedimento de licenciamento ambiental de
atividade que possa vir a impactar terras indígenas.
● Súmula 650 STF: As ocupações indígenas por aldeamento extintos e, assim, remotas, não
qualificam como públicas (da União) as áreas, com o que são legítimos os títulos particulares
formados após a cessação da ocupação.
o Deve haver, quando da promulgação da CF/88, se não ocupação indígena
pacífica, ao menos renitente esbulho por particulares, que se qualifica por
conflito atual de fato ou judicial sobre a posse, conflito que inexiste, por
exemplo, se já desocupadas as terras pelos indígenas, ainda que de forma
forçada.

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● A alegação de que a demarcação da terra indígena não observou os parâmetros estabelecidos


pela CF/1988 não justifica a remarcação ampliativa de áreas originariamente demarcadas em
período anterior à sua promulgação.
● A CF/88 determinou que são nulos os atos que reconheçam direitos de ocupação, domínio
(propriedade) ou a posse relacionados com imóveis localizados dentro de terras indígenas.
Logo, se um “não índio” possuir uma escritura pública registrada no cartório de registro de
imóveis afirmando que ele é proprietário de um lote existente dentro de uma terra indígena,
esse registro é nulo e extinto, não produzindo efeitos jurídicos.
● Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, independentemente de demarcação,
pertencem à União, não havendo se falar em terras devolutas pertencentes ao ESTADO,
alegando desapropriação indireta da União. Isto posto, incabível indenização por alegação de
terra devoluta de propriedade do Estado.
● As hipóteses previstas no DL 3365/41 para desapropriação por utilidade pública são taxativas,
não sendo prevista destinação de terra aos QUILOMBOLAS. Assim, a desapropriação para
concessão de domínio de terra aos remanescentes dos quilombos é de interesse social,
cabendo a desapropriação prevista no artigo 184 (interesse social – pagamento por TDA) da
CF. O imóvel desapropriado não vai servir à administração Pública, e sim ao interesse da
comunidade, está-se diante de interesse social e não de utilidade pública, visto que o escopo
da desapropriação em causa é a preservação do patrimônio cultural do povo quilombola.
● A União deverá figurar como litisconsorte necessária em ação na qual se discute com
particulares se determinada área é remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68
do ADCT), mesmo que na ação já exista a presença da Fundação Cultural Palmares (fundação
65 federal).
● É inconstitucional qualquer interpretação que permita a regularização fundiária das terras
ocupadas por quilombolas e outras comunidades tradicionais da Amazônia Legal em nome de
terceiros ou de forma a descaracterizar o modo de apropriação da terra por esses grupos. Em
outras palavras, os quilombolas e outras comunidades tradicionais não podem perder suas
terras em caso de regularização fundiária.
● QUILOMBOLAS: a competência para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação
e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos é do
INCRA, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, DF e municípios, que também
poderão fazer.
● O processo de demarcação, regulamentado pelo Decreto nº 1775/96, é o meio administrativo
para identificar e sinalizar os limites do território tradicionalmente ocupado pelos povos
indígenas. Nos termos do mesmo Decreto, a regularização fundiária de terras indígenas
tradicionalmente ocupadas compreende as seguintes etapas, de competência do Poder
Executivo: 1) Estudos de identificação e delimitação, a cargo da Funai; 2) Contraditório
administrativo; 3) Declaração dos limites, a cargo do Ministro da Justiça; 4) Demarcação física,
a cargo da Funai; 5) Levantamento fundiário de avaliação de benfeitorias implementadas pelos
ocupantes não índios, a cargo da Funai, realizado em conjunto com o cadastro dos ocupantes
não-índios, a cargo do Incra; 6) Homologação da demarcação, a cargo da Presidência da
República, por meio de Decreto Presidencial; 7) Retirada de ocupantes não-índios, com
pagamento de benfeitorias consideradas de boa-fé, a cargo da Funai, e reassentamento dos
ocupantes não-índios que atendem ao perfil da reforma, a cargo do Incra; 8) Registro das
terras indígenas na Secretaria de Patrimônio da União, a cargo da Funai e; 9) Interdição de
áreas para a proteção de povos indígenas isolados, a cargo da Funai.
o Assim também dispõe a Lei n.º 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto do
índio):Art. 19. As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do órgão
federal de assistência ao índio, serão administrativamente demarcadas, de
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acordo com o processo estabelecido em decreto do Poder Executivo. Desta


forma, a demarcação deve ser homologada por Decreto do Presidente e não
por meio de resolução.
● A realização da etapa de levantamento da área a ser demarcada é imprescindível, ainda que
já tenham sido realizados trabalhos de identificação e delimitação da terra indígena de
maneira avançada.
o O descumprimento dessa etapa configura violação do devido processo legal
administrativo e enseja vício de nulidade da demarcação.
● A alegação de que a demarcação da terra indígena não observou os parâmetros estabelecidos
pela CF/1988 não justifica a remarcação ampliativa de áreas originariamente demarcadas em
período anterior à sua promulgação. Desde o julgamento da Pet 3.388-RR (Caso Raposa Serra
do Sol), a jurisprudência passou a entender que é vedada a ampliação de terra indígena já
demarcada, salvo em caso de vício de ilegalidade do ato de demarcação e, ainda assim,
desde que respeitado o prazo decadencial de 5 anos (art. 54 da Lei nº 9.754/99). É inegável
que a CF/88 mudou o enfoque atribuído à questão indígena e trouxe novas regras mais
favoráveis a tais povos, permitindo a demarcação das terras com critérios mais elásticos, a
partir da evolução de uma perspectiva integracionista para a de preservação cultural do
grupamento étnico. Isso, contudo, não é motivo suficiente para se promover a revisão
administrativa das demarcações de terras indígenas já realizadas, especialmente nos casos em
que se passou o prazo decadencial.
● Segundo já decidiu o STF, é vedada a remarcação de terras indígenas demarcadas em período
anterior à CF/1988, tendo em conta o princípio da segurança jurídica. A União poderá até
66 ampliar a terra indígena, mas isso não deverá ser feito por meio de demarcação (art. 231 da
CF/88), salvo se ficar demonstrado que, no processo originário de demarcação, houve algum
vício de ilegalidade e, ainda assim, desde que respeitado o prazo decadencial de 5 anos (art.
54 da Lei nº 9.754/99).  possibilidade de remarcação. No caso concreto, essa remarcação
não seria possível porque, ainda que tivesse havido alguma ilegalidade, como afirma o
Ministério da Justiça, já teria se passado o prazo decadencial para rever esse ato. STF. 2ª
Turma. RMS 29542/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/9/2014 (Info 761).
● A demarcação de terras indígenas é realizada mediante processo administrativo disciplinado
pelo Decreto nº 1.775/96. Este Decreto não exige que eventuais interessados na demarcação
(ex: pessoas que possuem títulos de propriedade da área a ser demarcada) sejam notificados
diretamente a respeito da existência do procedimento. Basta que seja publicado um resumo
do relatório circunstanciado nos Diários Oficiais da União e da unidade federada onde se
encontra a área sob demarcação - publicação essa que também deve ser afixada na sede da
Prefeitura Municipal da situação do imóvel (art. 2º, § 7º do Decreto nº 1.775/96). Isso já é
suficiente para garantir o contraditório. Vale ressaltar, no entanto, que nesta publicação
deverá constar o nome do interessado ou de sua propriedade rural (ex: Fazenda Terra Boa).
Assim, não há nulidade em processo de remarcação de terras indígenas por ausência de
notificação direta a eventuais interessados, bastando que a publicação do resumo do
relatório circunstanciado seja afixada na sede da Prefeitura Municipal da situação do imóvel.
● Caso Raposa Serra do Sol. Principais pontos decididos pelo STF no julgamento dos embargos
de declaração: 1) Pessoas miscigenadas, ou que vivam maritalmente com índios, podem
permanecer na área. 2) Presença de autoridades religiosas e templos: cabe às comunidades
indígenas o direito de decidir se, como, e em quais circunstâncias seria admissível a presença
dos missionários e seus templos. 3) Escolas públicas: as entidades federadas devem continuar
a prestar serviços públicos nas terras indígenas, desde que sob a liderança da União (CF, art.
22, XIV). 4) Passagem de não índios pelas rodovias: os índios não exercem poder de polícia e
não podem obstar a passagem de outras pessoas pelas vias públicas que cruzem a área
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demarcada. 5) Ações individuais: quanto às ações individuais que questionam a boa-fé dos
portadores de títulos de propriedade, proveu-se o recurso para explicitar que ao STF não
foram submetidos outros processos a respeito de questões individuais relacionadas à área,
devendo eles ainda serem julgados pelos juízes naturais. 6) Posse das fazendas desocupadas:
eventuais disputas do tipo devem ser resolvidas pelas comunidades interessadas, com a
participação da FUNAI e da União, sem prejuízo da intervenção do Ministério Público e do
Judiciário. 7) Condições estipuladas na decisão: as condições integram o objeto da decisão e
fazem coisa julgada material. Portanto, tais diretrizes não podem ser objeto de
questionamento em outros processos. Isso não significa transformação da coisa julgada em ato
normativo geral e abstrato, vinculante para outros processos que discutam matéria similar. Em
outras palavras, essas condições estipuladas para a Raposa Serra do Sol não vinculam os
juízes e tribunais quando forem julgar questões envolvendo outras terras indígenas. Vale
ressaltar, entretanto, que é natural que o entendimento do STF sobre o tema sirva de força
argumentativa para outros casos semelhantes. STF. Plenário. Pet 3388 ED — Terceiros/RR, rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2013 (Info 725).
● É a própria comunidade que atesta a autoatribuição como remanescentes quilombolas.
● O processo de demarcação de terras indígenas, tal como regulado pelo Decreto nº 1.775/1996,
não vulnera os princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que garante aos
interessados o direito de se manifestarem.
● Como regra, se os índios não estavam na posse da área em 05/10/1988, ela não será
considerada terra indígena (art. 231 da CF/88). Existe, contudo, uma exceção a essa regra.
Trata-se do chamado renitente esbulho. Assim, se, na época da promulgação da CF/88, os
67 índios não ocupavam a terra porque dela haviam sido expulsos em virtude de conflito
possessório, considera-se que eles foram vítimas de esbulho e, assim, essa área será
considerada terra indígena para os fins do art. 231. O renitente esbulho se caracteriza pelo
efetivo conflito possessório, iniciado no passado e persistente até o marco demarcatório
temporal da data da promulgação da Constituição de 1988, materializado por circunstâncias
de fato ou por controvérsia possessória judicializada. Vale ressaltar que, para que se
caracterize o renitente esbulho, é necessário que, no momento da promulgação da CF/88, os
índios ainda estivessem disputando a posse da terra ou tivessem sido delas expulsos há
pouco tempo. Se eles foram dela expulsos muitos anos antes de entrar em vigor a CF/88, não
se configura o chamado “renitente esbulho”. Exemplo: no caso concreto apreciado pelo STF, a
última ocupação indígena na área ocorreu no ano de 1953, data em que os índios foram
expulsos da região. Nessa situação, a Corte entendeu que não estava caracterizado o renitente
esbulho, mas sim “a desocupação forçada ocorrida no passado” já que, no momento da
promulgação da CF/88, já havia se passado muitos anos da saída dos índios do local e eles não
mais estavam em conflito possessório por aquelas terras. STF. 2ª Turma. ARE 803462 AgR/MS,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/12/2014 (Info 771).
● Texto importante sobre o tema:
A proteção das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios representa um aspecto
fundamental dos direitos e das prerrogativas constitucionais assegurados ao índio.
Sem ter a garantia de que irá permanecer nas terras por eles já tradicionalmente ocupadas, os
índios ficam expostos ao risco da desintegração cultural, da perda de sua identidade étnica, da
dissolução de seus vínculos históricos, sociais e antropológicos e da erosão de sua própria
consciência.
Entretanto, somente são reconhecidos aos índios os direitos sobre as terras que
tradicionalmente ocupem se a área estiver habitada por eles na data da promulgação da CF/88

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(marco temporal) e, complementarmente, se houver a efetiva relação dos índios com a terra
(marco da tradicionalidade da ocupação).
No caso concreto, por exemplo, o relatório elaborado pela FUNAI indicou que há mais de 70
anos não existia comunidade indígena ou posse indígena no local em disputa. Logo, o marco
temporal não estava preenchido, sendo, portanto, impossível reconhecer a posse indígena
daquelas terras. Em outras palavras, não estavam atendidos os requisitos necessários para se
reconhecer aquela área como sendo uma terra tradicionalmente ocupada por índios, nos
termos do art. 231 da CF/88.
No entanto, mesmo a terra não se enquadrando no conceito do art. 231, caput e § 1º da
CF/88, a União pode decidir acolher as populações indígenas naquela área. Para isso, porém,
terá que desapropriar as terras, pagando justa e prévia indenização em dinheiro aos
proprietários, considerando que, não sendo terras tradicionalmente ocupadas por índios,
essa área não se constitui em bem da União (art. 20, XI).
 O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos.”
Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento
para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas
por remanescentes das comunidades dos quilombos.
O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera reservada à lei. O objetivo do Decreto foi
68 tão somente o de regular o comportamento do Estado na implementação do comando
constitucional previsto no art. 68 do ADCT. Houve o mero exercício do poder regulamentar da
Administração, nos limites estabelecidos pelo art. 84, VI, da Constituição.
O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo
Poder Público para a identificação dos quilombolas. O critério escolhido foi o da
autoatribuição (autodefinição). O STF entendeu que a escolha desse critério não foi
arbitrária, não sendo contrária à Constituição. O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que,
na identificação, medição e demarcação das terras dos quilombolas devem ser levados em
consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos
quilombos. O STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o Decreto está
garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas, não significando que a
demarcação será feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas.
O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação
de determinadas áreas caso os territórios ocupados por remanescentes das comunidades
dos quilombos estejam situados em locais pertencentes a particulares. O STF reputou válida
essa previsão, tendo em vista que em nenhum momento a Constituição afirma que são nulos
ou extintos os títulos eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas por remanescentes
das comunidades dos quilombos. (AQUI É DIFERENTE DOS ÍNDIOS, QUE SÃO NULOS OS
TÍTULOS)Assim, o art. 68 do ADCT, apesar de reconhecer um direito aos quilombolas, não
invalida os títulos de propriedade eventualmente existentes, de modo que, para que haja a
regularização do registro em favor das comunidades quilombolas, exige-se a realização do
procedimento de desapropriação.
Por fim, o STF não acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de
quilombolas aquelas que estivessem sendo ocupadas por essas comunidades na data da
promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras palavras, mesmo que na data da promulgação
da CF/88 a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas comunidades quilombolas, é
possível, em tese, que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT.

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● O Governo Federal incentivará e fomentará, dentro dos programas e políticas públicas


ambientais já existentes, ações de recuperação florestal e implantação de sistemas
agroflorestais em áreas de assentamento rural desapropriadas pelo Poder Público ou em áreas
degradadas que estejam em posse de agricultores familiares assentados, em especial, de
comunidades quilombolas e indígenas.
● No informativo 539 do STF (pet. 3.388/2009), ficou assentado que é necessária autorização do
Congresso Nacional para aproveitamento dos recursos energéticos pelos indígenas, mesmo em
face da autonomia que detêm.
● O STF assentou a necessidade de obtenção da permissão para lavra garimpeira pelas
comunidades indígenas no mesmo julgamento da Pet.3.388, para as atividades de garimpagem
e faiscação

2. DIREITO PREVIDENCIÁRIO
2.1. Seguridade Social. Saúde, Previdência e Assistência.
Distinções.
Seguridade Social. Conceitos fundamentais. Natureza. Princípios. Fontes do Direito da
Seguridade Social. Interpretação, aplicação, integração e eficácia das normas. Direito
intertemporal. Direito adquirido e expectativa de direito.
● Irredutibilidade dos benefícios:
o Valor REAL: benefícios PREVIDENCIÁRIOS.
o Valor NOMINAL: saúde pública e assistência social.
69 ● SEGURO-DESEMPREGO não é benefício previdenciário, sendo gerenciado pelo Ministério do
Trabalho, e não pela Previdência Social.
● São as fontes materiais que interferem na produção das normas jurídicas de direito
previdenciário, e não as fontes formais.
● A Lei Eloy Chaves foi o nascimento da previdência social PRIVADA. Doutrina majoritária e
CESPE.
● Uniformidade entre as prestações urbanas e rurais: os benefícios devem ser os mesmos,
entretanto, o valor da renda mensal é equivalente, mas não igual, uma vez que o custeio do
rural é diferente dos urbanos.
● STJ: A substituição de um medicamento postulado na inicial por outro para tratar a mesma
doença NÃO constitui novo pedido, o qual é o próprio tratamento médico.
● Não confundir TRÍPLICE forma de custeio com a gestão QUADIPARTITE.
o Custeio: empregados, empregadores, sociedade.
o Gestão: empregados, empregadores, órgãos públicos e aposentados.

2.2. Custeio – Valor de benefício – Tempo de contribuição


Financiamento da Seguridade Social. Princípios. Fontes de custeio. Contribuições sociais.
Natureza e espécies. Prescrição. Decadência. Cálculo do valor dos benefícios. Salário de
contribuição. Salário de benefício. Limites. Fator Previdenciário. Renda Mensal Inicial. Valor
teto. Reajustes. Revisões. Tempo de contribuição para fins previdenciários. Prova do tempo
de contribuição. Reconhecimento do tempo de filiação. Atividade rurícola e o regime de
economia familiar. Contagem recíproca. Benefícios especiais: ex-combatentes, ferroviários e
anistiados.
● Incide contribuição previdenciária sobre o pagamento das FÉRIAS e sobre o pagamento do
TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS?
o * FÉRIAS GOZADAS: incide. É verba salarial.
o * FÉRIAS INDENIZADAS: não incide (art. 28, § 9º, “d”, Lei 8.212/91).
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o * TERÇO DE FÉRIAS GOZADAS: não incide. É verba indenizatória.


o * TERÇO DE FÉRIAS INDENIZADAS: não incide (art. 28, § 9º, “d”, Lei 8.212/91).
● Na contagem recíproca de tempo de serviço entre regimes diferentes, a contribuição do
contribuinte individual e facultativo, se recolhida na alíquota de 11% e 5% respectivamente,
deverão ser complementadas retroativamente, no valor de 9% ou 15 %, respectivamente, para
alcançar a 20%, acrescida dos encargos legais.
● Contribuinte Individual: em regra, recolhe 20% do salário de contribuição.
o Se presta serviço às empresas, poderá deduzir 45% da contribuição do
empregador, que é de 20%, de sua contribuição. Ou seja, ele irá descontar 9%
dos 20%, recolhendo 11%. O empregador, neste caso, pagará seus 20%.
o Se prestar serviços para entidades beneficentes de assistência social, será de
20%, e não de 11%, pois as entidades são imunes à contribuição social.
o Se o contribuinte individual não trabalha para empresas, ele pode optar a
recolher 11% sobre o salário mínimo, mas não terá direito à aposentadoria por
tempo de contribuição, só podendo se aposentar por idade ou invalidez. O
mesmo se aplica ao facultativo. Caso queira aposentar por tempo de
contribuição deverá recolher a alíquota total de 20%.
o MEI recolhe 5% sobre o salário mínimo.
● O STF entende que é INCONSTITUCIONAL a imposição de restrições, por legislação local, à
contagem recíproca do tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade privada
para fins de concessão de aposentadoria. Leis como essa violam o § 9º do art. 201 da CF/88.
Assim, é inconstitucional lei municipal ou estadual que exija um número mínimo de
70 contribuições do servidor ao sistema municipal ou estadual para autorizar a contagem de
tempo de serviço por ele prestado na iniciativa privada.
● O princípio da contagem recíproca do tempo de contribuição só vale para UM benefício
previdenciário: a APOSENTADORIA. As provas tentam enganar colocando “benefícios
previdenciários do RGPS”.
● ATENÇÃO: o princípio da automaticidade (prestou serviço, deverá pagar) das prestações
previdenciárias NÃO ESTÁ EXPRESSO NA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
● Em regra, a contribuição patronal é de 20%. Porém para: bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos
de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, paga
MAIS 2,5%.
o SÚM 584 STJ: As sociedades corretoras de seguros, que não se confundem com
sociedades de valores mobiliários ou agentes autônomos de seguro privado, estão
FORA DO ROL de entidades constantes do artigo 22, §1º da Lei 8212, NÃO se sujeitando
à alíquota de 22,5%, nem à majoração da alíquota do COFINS.
o Obs: a lei do SFN diz que se equipara a instituição financeira a PJ que capte, administre
seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recurso de
terceiros. Corretora de seguro está fora.
● Considera-se baixa renda o trabalhador que aufira renda mensal de até 2 (dois) salários
mínimos. A contribuição do trabalhador de baixa renda será de 5% do salário mínimo.
● A comprovação do tempo de serviço ou de contribuição, inclusive mediante justificação
administrativa ou judicial, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material,
não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de
força maior ou caso fortuito.
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● Súm 142 STJ: cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários.
● Não se admite prova exclusivamente testemunhal para comprovar tempo de serviço, salvo na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.
● Não é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de
firmas individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social. – São contribuintes
individuais. Súmula 466 STF.
● Não incide contribuição previdenciária sobre auxílio-transporte (vale-transporte), mesmo
que pago em pecúnia. STJ 2017
● É contado como tempo de contribuição o tempo exercido na condição de ALUNO-aprendiz (e
não MENOR aprendiz, que SEMPRE é computado para fins de aposentadoria) referente ao
período de aprendizado profissional realizado em escola técnica, desde que comprovada
REMUNERAÇÃO, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo empregatício.
Deve apresentar certidão do estabelecimento de ensino frequentado.
o Súmula 18 TNU; Súmula 24 AGU: Provado que o aluno aprendiz de Escola
Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do
orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para
fins de aposentadoria previdenciária.
● O GILRAT só incide aos empregados e trabalhadores avulsos, não havendo previsão para a
empresa recolher sobre o serviço prestado por contribuinte individual (há divergência quanto
a tal fato).
o GILRAT ou SAT: 1% a 3% sobre o total pago da contribuição do empregado
71 (20%+2%), para custeio de benefícios por incapacidade a TODOS seus
empregados.
o Adicional GILRAT: para custear a aposentadoria especial do próprio segurado,
ao empregado especificamente, pago por empregado específico (12%, 9% ou
6%). Logo, (20%+sat+adicional gilrat)
● Súmula 351 do STJ: “a alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT –
é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou
pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro”
● Cota patronal, em regra, pode extrapolar o teto do RGPS, SALVO a de empregado doméstico.
o O empregado sim, este sempre contribuirá de acordo com o TETO do RGPS.
● A noventena começa a contar da PUBLICAÇÃO DA LEI que instituiu/majorou o tributo
● O 13º não é contado para fins de cálculo de salário-benefício, mas é contado para salário-
contribuição, incidindo contribuição.
● O INSS não arrecada nenhuma contribuição, estando todas a cargo da RFB.
o ATENÇÃO: PGF inscreve em dívida ativa em caso de benefício previdenciário
pago INDEVIDAMENTE ou ALÉM DO DEVIDO, aplicando-se a LEF.
● As contribuições previdenciárias descontadas pela massa falida, dos salários dos empregados,
e não repassadas aos cofres previdenciários, DEVEM SER RESTITUÍDAS à previdência antes do
pagamento de qualquer crédito, ainda que trabalhista, porque se trata de bens que não
integram o patrimônio do falido. (são as importâncias passíveis de restituição, que estavam tão
somente em poder do falido).
● Os juros moratórios na repetição do indébito tributário são devidos a partir do trânsito em
julgado. Aplica-se às contribuições.
● A EBAS que possuir isenção/imunidade da sua cota patronal não fica isenta de recolher, como
responsável pela retenção, a cota do empregado, pois trata-se de obrigação do recolhimento
(retenção e pagamento).

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● Preservado o valor nominal do montante principal dos atrasados, é possível aplicação dos
índices negativos de correção monetária. Os negativos acabam se compensando com os
positivos supervenientes. Entendimento em vigor.
● No gozo do salário-maternidade, o empregador só recolhe a cota patronal, uma vez que o
patrão não efetua o pagamento do salário, e sim o INSS, que desconta a contribuição devida
da empregada ao pagar a ela o benefício.
● A redução de proventos de aposentadoria, quando esta foi concedida em desacordo com a lei,
não ofende o princípio da irredutibilidade dos vencimentos.
● A partir da entrada em vigor da lei 8870, o décimo terceiro salário não integra o salário de
contribuição para fins de cálculo do salário de benefício. (Incide contribuição sobre o décimo
terceiro, mas não é integrante do cálculo de salário benefício, ou seja, não é salário para
cálculo do SB)
● O auxílio quebra de caixa consubstancia-se no pagamento efetuado mês a mês ao empregado
como uma forma de compensar os riscos assumidos pela função exercida que envolve guarda
e conferência de dinheiro. Incide contribuição previdenciária sobre o auxílio quebra de caixa. O
auxílio quebra de caixa tem nítida natureza salarial e integra a remuneração. Logo, possuindo
natureza salarial, conclui-se que esta verba integra a remuneração, razão pela qual incide
contribuição previdenciária.

72

 A EC 20/98 alterou a redação do artigo 195, I, da CF, ampliando a autorização para instituição
do PIS e COFINS incidentes sobre o resultado da atividade econômica (trocando a expressão
faturamento pela expressão receita ou faturamento, bem como para instituição das
contribuições previdenciárias, trocando a expressão folha de salários por folha de salários e
demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título. Acrescentou-se ainda
na contribuição patronal a contribuição para o autônomo que lhe preste serviço, mesmo que
sem vínculo empregatício.
o A COFINS e o PIS são duas contribuições para o financiamento da seguridade social. A
primeira, COFINS, incide sobre a receita ou o faturamento (CF, 195, I, b), paga por todos
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os contribuintes, lucrativos ou não. Já o PIS incide sobre o lucro líquido, de forma que os
contribuintes que registram prejuízos no exercício não estão sujeitos a seu pagamento.
A partir de tal Emenda, resolve-se a questão dos rendimentos financeiros (juros)
o STF - empregado: tanto no período anterior, quanto no período posterior à EC 20/98, a
contribuição previdenciária patronal pode incidir sobre os ganhos habituais do
empregado a qualquer título, ainda que não estritamente qualificado como “folha de
salários”, como adicionais de periculosidade e insalubridade, gorjetas, prêmios, etc.
Aqui a jurisprudência não se alterou. A contribuição social a cargo do empregador
incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda
Constitucional 20/1998. STF. Plenário. RE 565160/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 29/3/2017 (repercussão geral) (Info 859).
o STF - empregador: antes da vigência da EC20/98, não era possível incidir contribuição
patronal sobre valores pagos àqueles que não eram empregados, como os autônomos,
sócio-gerente, sócio-administrador e avulso que prestam serviço ao empregador. Aqui
a jurisprudência se alterou, pois passa ser obrigatório recolher.
 O sócio gerente só é segurado obrigatório na qualidade de contribuinte
obrigatório quando receber remuneração pelo seu trabalho – pró labore.
Se for remunerado tão somente pela distribuição de lucros, não é
considerado segurado obrigatório.
 A contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos HABITUAIS do empregado,
quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998.

73  É inconstitucional a incidência, sobre proventos de inativos e pensionistas, de contribuição


compulsória para o custeio de serviços médico-hospitalares, uma vez que o foge do escopo do
RPPS, não podendo ser custeados compulsoriamente, devendo ficar aberta a possibilidade de
adesão voluntária do servidor a plano oferecido pelo ente estatal.
 Decisão do STF sobre contribuição de inativos antes da existência de autorização
constitucional (importante - constitucionalidade superveniente). O STF não aceita
constitucionalidade superveniente. A Lei estadual nº 12.398/98 do Paraná, que criou a
contribuição dos inativos no Estado do Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua
edição, não poderia ser convalidada pela Emenda Constitucional nº 41/03. Deve ser editado
novo diploma legal, sob égide da EC41. 
o Trata-se da doutrina americana que prega nulidade das leis inconstitucionais. “The
inconstitucional statute is not a law at all”. Estudamos em Constitucional. Apostila 02
do Costurando a Toga.
o Após a edição da EC 41/2003, passou a ser permitido a cobrança de contribuição
previdenciária sobre os proventos de aposentadoria e pensões do RPPS, APENAS dos
benefícios que ultrapassem o teto do RGPS.
 No contexto acima, a emenda 47/2005 reduziu a incidência tributária sobre os
portadores de doença incapacitante, de modo que só incide contribuição se
receberem mais do que o dobro do teto do RGPS.
 A contribuição do empregador rural pessoa física (FUNRURAL) não configura bis in idem, uma
vez que esta incide sobre o resultado da produção, desobrigando-o de contribuir sobre a folha
de salários. Assim, o único pagamento que se continua a recolher sobre a folha de salários, não
é a contribuição patronal, mas sim a contribuição devida pelos EMPREGADOS, sendo que os
empregadores rurais são meros responsáveis pela retenção.
o A indigitada norma é MATERIAL e FORMALMENTE constitucional, uma vez que a lei
10.256 foi editada depois da EC 20/98, que previu a contribuição sobre a receita bruta
proveniente da comercialização da produção, e, conforme sabido, contribuições
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tributárias previstas na constituição são passíveis de instituição por lei ORDINÁRIA, não
havendo vício quanto a isso. A discussão de alteração do caput e manutenção dos
incisos foi vencida. O que prevaleceu foi o caput.
o É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural
pessoa física, instituída pela Lei nº 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida
com a comercialização de sua produção (RE 718874/RS, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 29 e 30/3/2017. Repercussão geral. Info 859). O STF rejeitou os
embargos de declaração opostos contra esta decisão e declarou que o entendimento
deve ser mantido mesmo após a edição da Resolução 15/2017 do Senado Federal. Além
disso, o STF entendeu que não deveria haver modulação dos efeitos da decisão. STF.
Plenário. RE 718874 ED-primeiros a oitavos/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 23/5/2018 (Info 903)
 O segurado especial, se comercializa seu produto, deve contribuir (deve-se analisar). Se não
comercializa, não deve contribuir. Sua principal diferença em relação ao empregador rural
pessoa física é a impossibilidade de o segurado especial ter empregados permanentes, já que
sua produção é individual ou familiar.  O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a
seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
 É constitucional a contribuição adicional de 2,5% (dois e meio por cento) sobre a folha de
74 salários instituída para as instituições financeiras e assemelhadas pelo art. 3º, § 2º, da Lei nº
7.787/89, ainda que considerado o período anterior à EC 20/98. STF. Plenário. RE 599309/SP,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2018 (repercussão geral) (Info 905).
o Antes mesmo da emenda, já era permitida a fixação do adicional
com base na capacidade contributiva e na equidade no custeio da
seguridade. Portanto, em momento anterior à promulgação da
citada emenda, já se colocava em prática o conceito de diversidade
da base de financiamento da seguridade pública, cujo fundamento
é a ideia de equidade, com base no princípio da solidariedade
o Não houve a instituição de nova modalidade de contribuição, mas
apenas de majoração de alíquota. Em outras palavras, o § 1º do art.
22 não criou uma nova contribuição ou fonte de custeio para a
Previdência. Ele apenas previu uma alíquota diferenciada para as
instituições financeiras. Logo, não há qualquer
inconstitucionalidade sob o ponto de vista formal.
o As instituições financeiras possuem maior capacidade produtiva, de
forma que não há qualquer inconstitucionalidade na exigência de
uma alíquota maior para que estas entidades contribuam para a
manutenção do sistema de seguridade social. Dessa forma, não
houve violação ao princípio da igualdade nem aos seus dois
subprincípios: o da capacidade contributiva e o da equidade para
manutenção do sistema de seguridade social.

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2.3. RGPS – Segurados e dependentes


Relação Jurídica de Previdência Social. Filiação. Inscrição. Período de carência. Segurados e
dependentes. Qualidade de segurado: manutenção e perda. Período de graça.
● STF: verificação de requisitos legais necessários para obtenção de benefício previdenciário
depende da análise da legislação previdenciária, motivo pelo qual não tem repercussão geral.
● Lembrar que, em regra, são proibidas as aposentadorias especiais, pois a CF prevê que a lei
não pode adotar requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do regime geral. EXCETO: Lei complementar poderá prever critérios diferenciados
para pessoas que exercem atividade sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física E para segurados portadores de deficiência.
o Ficar ligado na SV-33 aqui.
o Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial
do servidor público baseada no inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades
sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física),
não abrangendo as hipóteses do incisos I (deficientes) e II (atividades de
risco). SV33= aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do
regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o
artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei
complementar específica. APOSENTADORIA ESPECIAL de SERVIDOR PÚBLICO.
▪ “No que couber”: Não se pode aplicar as regras de conversão do
tempo especial em tempo comum, previstas para os trabalhadores em

75 geral (RGPS), para os servidores públicos, considerando que a lei que


vier a ser editada regulamentando o art. 40, § 4º, III da CF/88 não
estará obrigada a conceder este fator de conversão aos servidores.
● Havia abono de permanência no RGPS, mas deixou de existir em 1994, pela lei 8870.
● Havia pecúlios (pagamento único, em certo valor, aos segurados e dependentes), sendo
devido, dentro outras hipóteses, ao segurado que se incapacitasse antes de ter completado o
período de carência.
● Segurado facultativo tem período de graça de SEIS MESES após deixar de contribuir.
● Súmula n. 27 da TNU: “A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede
a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito”.
o STJ já firmou o entendimento de que o registro no Ministério do Trabalho não
é o único meio de prova da condição de desempregado do segurado,
admitindo-se outras provas, inclusive testemunhal. Entretanto, a mera
ausência de anotação na CTPS não se revela capaz de demonstrar,
inequivocamente, a situação de desemprego.
● Somente o benefício que substitua o rendimento do trabalhador terá valor mínimo de um
salário mínimo.
o Não é o caso do auxílio-acidente, que serve como complemento à renda do
trabalhador e lhe é pago cumulativamente com o trabalho.
o Entretanto, o salário de benefício que serve de base para o cálculo do auxílio-
acidente não pode ser menor do que o salário mínimo, de modo que a renda
mensal do auxílio-acidente nunca pode ser menor do que meio salário
mínimo, já que sua RMI é 50% do SB. O salário-família é outro benefício cuja
renda é menor do que um SM.
● A alteração posterior da legislação sobre o cálculo da RMI não se aplica aos benefícios
anteriormente concedidos.

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2.3.1. Segurados e dependentes


● Contribuinte individual não tem direito à aposentadoria por tempo de contribuição se optar
por recolher 11%. Se optar por recolher 20%, possui direito. O mesmo pode-se dizer do
facultativo e o contribuinte de baixa renda.
● O segurado deficiente poderá se aposentar com:
o Tempo de contribuição reduzido, de acordo com o grau de deficiência, ou;
o Com idade reduzida, independentemente do grau de deficiência, aos 60 anos
se homem e 55 se mulher.
● Não é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de
firmas individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social. – São contribuintes
individuais. Súmula 466 STF. Inovação da EC 43
● Princípio da territorialidade de contribuição
o Empregado:
▪ Brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para
trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa
nacional no exterior.
▪ Presta serviço no BR à missão diplomática ou a repartição consular de
carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros
dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência
permanente no BR e o brasileiro amparado por legislação do país de
origem.
▪ O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em
76 funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social. ou trabalha no Brasil para a ONU
o Contribuinte individual:
▪ Brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo internacional
do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo quando coberto por RPPS. trabalha na ONU para a
União
● A previsão de área máxima de 4 módulos fiscais é só para agropecuária. Seringueiro e
extrativistas NÃO.
● O segurado especial fica excluído desta categoria quando tornar-se segurado obrigatório do
RPPS. Isso porque o segurado especial deve viver precipuamente sua atividade campesina.
● É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na hipótese
de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao
respectivo regime próprio
● Somente

2.4. Benefícios em espécie


Prestações Previdenciárias. Concessão. Suspensão. Cancelamento. Restabelecimento.
Cumulação de Benefícios. Abono anual. Prescrição e Decadência. Benefícios previdenciários.
Espécies. Aposentadorias, auxílios, salário-maternidade e pensão por morte. Aposentadoria
da pessoa com deficiência. Serviço social. Habilitação e reabilitação profissional.
 Regra Geral de aposentadoria:
o Aposentadoria por idade:
 Proporcional
 65 anos

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 180 contribuições
 RMI: 70% + 1% a cada 12 meses.
 Reduz 5 anos para professor no tempo de contribuição
o Aposentadoria por tempo de contribuição: não exige idade.
 100% do salário de benefício + fator previdenciário.
 35H 30M
 Para excluir fator cabe a regra 85/95
 Aqui reduz 5 anos para professor no tempo de contribuição

2.4.1. Aposentadoria por idade


● Aposentadoria por idade será devida desde:
o DER: desde que realizada a idade mínima e a carência.
o Empregado e doméstico: se dentro de 90 dias após o desligamento do
emprego, a data será o desligamento do emprego.
o Sem desligamento ou após 90 dias da extinção do vínculo: desde a DER
● A aposentadoria (compulsória) por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o
segurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70 anos de idade,
se do sexo masculino e 65 anos de idade, se do sexo feminino, caso em que deve ser garantida
ao empregado a indenização prevista na legislação trabalhista. Não é obrigatório pedir a
aposentadoria compulsória.

77 Súmula TNU 76: A averbação de tempo de serviço rural não contributivo não permite majorar
o coeficiente de cálculo da renda mensal inicial de aposentadoria por idade previsto no art. 50
da Lei nº 8.213/91
o Art. 50: A aposentadoria por idade, observado o disposto na Seção III deste
Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de 70%
(setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por
grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por
cento) do salário-de-benefício
● A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por
idade, desde que a pessoa conte, com no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao
exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. ESTATUTO DO IDOSO.
o A concessão da aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e especial
independe da manutenção da condição de segurado. Isto posto, basta que seja
preenchido os requisitos para se aposentar. Assim, seus dependentes terão
direito à pensão por morte.
● O STJ pacificou a tese da consolidação/congelamento da carência para aposentadoria por
idade àqueles inscritos antes de 24/07/91 (regra de transição – tabela do art. 142). Mesmo
que o segurado não tenha a carência exigida para a idade, pode cumpri-la posteriormente pelo
mesmo número de contribuições previstas para a respectiva idade.
● RMI: 70% + 1% a cada 12 contribuições. Logo, já começa com 85%. Se tiver 30 anos, será
100%.
● STJ: os efeitos financeiros do deferimento da aposentadoria devem retroagir à data do
primeiro requerimento administrativo, independentemente da adequada instrução do pedido.
Ou seja, se no primeiro requerimento ele tinha direito, mas foi negado por faltar um
documento, e posteriormente ele entrar com novo requerimento que demonstra que no
primeiro requerimento havia direito, os efeitos financeiros devem retroagir ao primeiro
requerimento.

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2.4.1.1. Aposentadoria devida ao portador de deficiência (idade e tempo)


● Aposentadoria por idade: Deficientes também possuem redução de 5 anos para
aposentadoria por idade, desde que comprovem a deficiência, independentemente do seu
grau, pelo prazo de carência de 15 anos.
o 60 anos se homem, 55 se mulher + 15 anos de contribuição – Aposentadoria
por idade.
o RMI: 70% + 1% a cada 12.
● Aposentadoria por tempo de contribuição – varia conforme o grau de deficiência:
o Grave: 25 anos se homem, 20 se mulher.
o Moderado: 29 e 24;
o Leve: 33 e 28.
o RMI: 100% do SB.
● A aplicação do fator previdenciário é sempre facultativa, em ambas aposentadorias.
● Perceba que o tempo de contribuição só varia na aposentadoria por tempo de contribuição.
Na aposentadoria por idade só há a redução de 5 anos para idade.
● É assegurada a contagem recíproca.
● Não se pude cumular a diminuição de atividade especial, em relação ao mesmo período, com a
redução pela deficiência.
● O período em atividade especial pode ser convertido para aposentadoria do portador de
deficiência, mas o contrário não.
● É possível reconhecer o surgimento de deficiência em data anterior à entrada em vigor da LC

78 123, de modo a majorar o benefício comum percebido pelo deficiente já aposentado por
aposentadoria comum, mas os efeitos financeiros não poderão retroagir. É uma hipótese de
desaposentação específica.
2.4.2. Aposentadoria por tempo de contribuição
● Foi assegurado o direito adquirido de todos os segurados que preencheram os requisitos para
a aposentadoria por tempo de contribuição até 28.11.1999 (publicação da lei do fator
previdenciário) ao cálculo da sua aposentadoria por tempo de contribuição sem a incidência
do fator previdenciário.
2.4.3. Pensão por morte
● Os menores tutelados e enteados, equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e
comprovada dependência econômica.
● Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar ação que tenha por
objeto a concessão de pensão por morte decorrente de óbito de empregado ocorrido em
razão de assalto sofrido durante o exercício do trabalho.
● Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do
trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação
regressiva contra os responsáveis.
● Súmula 52 da TNU: para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do
recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu
óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de
serviços. (Vedação à contribuição ficta para haver qualidade de segurado).
● O art. 120 da Lei nº 8.213/91 prevê que "nos casos de negligência quanto às normas padrão de
segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência
Social proporá ação regressiva contra os responsáveis." Assim, este dispositivo autoriza que o
INSS proponha ação de regresso contra o ex-empregador pedindo o ressarcimento dos
valores que pagou e ainda irá pagar a título de pensão por morte. É possível aplicar este art.
120 para outros casos que não envolvam acidente de trabalho? SIM. O STJ decidiu que: É

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possível que o INSS ajuíze ação regressiva contra o autor do homicídio pedindo o
ressarcimento dos valores pagos a título de pensão por morte aos filhos de segurada, vítima
de homicídio praticado por seu ex-companheiro. O art. 120 da Lei 8.213/91 não é numerus
clausus (taxativo) e, assim, não exclui a responsabilidade civil do causador do dano prevista no
art. 927 do CC
● Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a
formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas EM
PROCESSO JUDICIAL no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa
● Viúva que recebe pensão por morte de seu marido não deve pagar ao filho posteriormente
reconhecido em ação de investigação de paternidade a quota das parcelas recebidas antes da
sentença de reconhecimento da paternidade, em respeito à situação jurídica definitivamente
constituída. No caso concreto, a retroatividade da sentença esbarra em um obstáculo: o fato
de que as verbas previdenciárias recebidas pelo beneficiário ostentam caráter alimentar e
mostram-se irrepetíveis já que tem por objetivo garantir a subsistência, salvo má-fé.
● O cônjuge separado de fato deverá demonstrar a dependência econômica.
● O cônjuge separado de fato que já recebia pensão alimentícia, concorre em igualdade de
condições com os dependentes do 16, I.
● STF/STJ: não há condição de dependente de segurado do concubino, pois se cuida de relação
paralela ao matrimônio.
● STJ: O reconhecimento de morte presumida para fins previdenciários não se confunde com a
declaração de ausência dos diplomas cíveis e processuais.
79 ● STJ: compete à JF a ação judicial para reconhecer a morte presumida para fins de percepção de
pensão por morte.
● Em caso de prova do desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou
catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da declaração
de morte presumida e do prazo de 60 dias de ausência.
● Fica desobrigado os dependentes no caso de reaparecimento do segurado.
● No caso dos absolutamente incapazes, pois contra eles não correrá a prescrição, a
jurisprudência e o INSS entendem que o benefício será devido desde a data do falecimento,
mesmo que o requerimento seja protocolizado após 90 dias do óbito.
o Assim, no caso de paternidade reconhecida anos depois do absolutamente
incapaz (menor de 16), o menor pode pleitear todo valor retroativamente
desde a data do óbito.
o O que importa é que seja ABSOLUTAMENTE incapaz na data do óbito.
o Não haverá retroação se algum dependente já havia se habilitado, pois o INSS
não poderá pagar em duplicidade se não sabia da existência do menor que não
se habilitou a bom tempo.
● Súm 63 TNU: A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte
prescinde de início de prova material.
● Súmula 416-STJ: É devida pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter
perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de sua
aposentadoria até a data do seu óbito.
o A concessão da aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial
independe da manutenção da condição de segurado. Isto posto, basta que seja
preenchido os requisitos para se aposentar. Assim, seus dependentes terão
direito à pensão por morte.
● Termo inicial da pensão por morte REGRA:

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o Dependente levou menos de 90 dias para requerer: o termo inicial será a


data do ÓBITO. ·
o Dependente levou mais de 90 dias para requerer: o termo inicial será a data
do REQUERIMENTO.
● Termo inicial da pensão por morte - EXCEÇÃO:
o Se o dependente for MENOR, INCAPAZ ou AUSENTE, a pensão por morte será
devida desde a data do óbito, ainda que ela tenha sido requerida após 90 dias
da data do óbito.
o EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO (volta para a regra): Ainda que o dependente seja
menor, a pensão por morte terá como termo inicial a data do requerimento
administrativo - e não a do óbito - na hipótese em que o benefício foi pedido
mais que 90 dias após o óbito, se a pensão já estava sendo paga integralmente
a outro dependente previamente habilitado. Não há direito à percepção de
pensão por morte em período anterior à habilitação tardia da dependente
incapaz, no caso de seu pai já receber a integralidade do benefício desde o
óbito da instituidora.

● Súmula 336-STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.
● Ao menor sob guarda é garantido o direito à pensão por morte. O ECA deve prevalecer sobre a
modificação legislativa na Lei RGPS, em homenagem ao princípio da proteção integral e
80 preferência da criança e adolescente
● Súmula TNU 52: Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do
recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu
óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de
serviços. É vedada contribuição post mortem de contribuinte individual.
● A jurisprudência vem deferindo pensão por morte ao segurado que percebe auxílio-acidente e
não trabalha mais e nem contribui.
● STF: impossibilidade de revisão de pensão por morte cuja RMI antiga era inferior à 100%.
Mesmo argumento do auxílio-acidente: tempus regit actum.
● Deve ser reconhecido aos avós do segurado falecido o direito ao recebimento de pensão por
morte em razão de terem sido os responsáveis pela criação do neto, ocupando verdadeiro
papel de genitores, observada o requisito de dependência econômica.
● Para a concessão de pensão por morte, é possível a comprovação da união estável por meio de
prova exclusivamente testemunhal.
● O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual,
não impede a concessão da parte individual da pensão por morte PREVIDENCIÁRIA do
dependente com deficiência mental.
● Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus dependentes
habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores na forma da lei civil,
independentemente de inventário ou arrolamento. – Mesma coisa as verbas trabalhistas e o
FGTS depositado.
o Assim, em caso de falecimento do autor no curso de ação ou execução, os
dependentes habilitados na previdência social do autor falecido poderão
habilitar-se, comprovando o óbito e a condição de dependentes
previdenciários, mediante certidão fornecida pelo próprio INSS.
● O benefício cessará em:

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o Filho e irmão: até os 21 anos, salvo se inválido ou tiver deficiência intelectual


ou mental ou deficiência grave.
o Filho e irmão inválido/deficiente: até a cessação da invalidez/deficiência.
▪ Ao dependente deficiente, não cessará a pensão por morte, bem
como não impede a sua concessão, ainda que ele exerça atividade
remunerada, inclusive na condição de MEI.
o Cônjuge ou companheiro se inválido ou com deficiência: cessação da
invalidez/deficiência, respeitado o período mínimo de 4 meses
▪ Se permanecer inválido, não importa se verteu menos de 18
contribuições ou se estão juntos a menos de 2 anos. A pensão
permanecerá enquanto persistir a condição incapacitante.
o Se verteu menos de 18 contribuições ou possui menos de 2 anos de união
estável ou casamento, cessa em 4 meses . EXCEÇÕES
a) Prazo indefinido: se o cônjuge sobrevivente for inválido ou
deficiente.
b) Conforme a tabela abaixo: se a morte ocorrer por acidente de
qualquer natureza.
o Cônjuge:
▪ Mais de 18 contribuições e pelo menos 2 anos de casado OU
ACIDENTE de qualquer natureza.
o No caso de invalidez/deficiência, respeita-se o período
mínimo.
81 ● 3 anos: com menos de 21 anos de idade.
● 6 anos: entre 21 e 26 anos de idade.
● 10 anos: entre 27 e 29 anos de idade.
● 15 anos: entre 30 e 40 anos de idade.
● 20 anos: entre 41 e 43 anos de idade.
● Vitalícia: com 44 ou mais anos de idade.
No
● Defere-se pensão por morte ao cônjuge homem, independentemente de ser válido ou
inválido, quando sua morte ocorreu anteriormente à CF 88. Antes da Lei 8213 só deferia aos
maridos inválidos. Aí o STF mandou pagar a todos a partir da promulgação da CF em 88.
Posteriormente reviu seu entendimento e mandou pagar ainda que a morte seja anterior à 88.
Princípio da isonomia. Afronta ao exigir invalidez de cônjuge varão supérstite.
● Súmula 336-STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.
o Relendo: A pessoa que não exerceu o direito à prestação alimentícia na
separação judicial, no divórcio, na dissolução de união estável ou de relação
homoafetiva, terá direito à pensão por morte em decorrência do falecimento
do respectivo segurado, desde que demonstrada a necessidade econômica
superveniente, até a data do óbito, através da prestação de alimentos in
natura, ou de qualquer outro auxílio substancial que conduzisse à dependência
econômica.
● O agente que praticou ilícito do qual resultou morte do segurado deve ressarcir as despesas
com o pagamento do benefício previdenciário, mesmo que não se trate de acidente de
trabalho. Logo, o INSS pode impetrar ação regressiva contra os responsáveis pela causa mortis.
● O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do seu
mantenedor, comprovada sua dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3º do Estatuto
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da Criança e do Adolescente, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja posterior à


vigência da Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na Lei n. 9.528/97. Funda-se
essa conclusão na qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do Adolescente
(8.069/90), frente à legislação previdenciária.
● É possível cumular o benefício
● Pensão por morte de instituidores da mesma classe não é cabível. EX: marido morto e novo
marido morto. Mas é cabível 2 pensão de marido morto e de filho morto.
● Não se pode acumular duas pensões de cônjuge. Só seria possível, em tese, acumular
pensões desde que com instituidor diverso, mas não há qualquer vedação à
constituição de novo vínculo conjugal, nem à acumulação com aposentadoria
2.4.4. Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez
● Acréscimo de 25% nos benefícios, para necessidade de assistência permanente de terceiros:
por enquanto, é só na aposentadoria por invalidez que se defere. STJ tem entendido que não
cabe estender aos outros benefícios, no mesmo sentido, a TNU. Importante ressaltar que,
atualmente, o tema está afetado sob a sistemática dos recursos repetitivos no STJ, tema 982,
suspenso todos os processos no território nacional.
o Ao julgar recurso repetitivo (Tema 982) sobre o assunto, a seção fixou a
seguinte tese: "Comprovada a necessidade de assistência permanente de
terceiro, é devido o acréscimo de 25%, previsto no artigo 45 da Lei
8.213/1991, a todas as modalidades de aposentadoria.” A situação de
vulnerabilidade e necessidade de auxílio permanente pode acontecer com

82 qualquer segurado do INSS 22/08/2018


o O pagamento do adicional cessará com a morte do aposentado, o que
confirma o caráter assistencial do acréscimo.
o Os 25% somados ao benefício podem ultrapassar o TETO do RGPS.
● Férias e auxílio-doença: não tem direito a férias o empregado que, no curso do período
aquisitivo tiver recebido por mais de 6 meses prestações de acidente de trabalho ou de
auxílio-doença, embora descontínuos.
● Não encontra previsão legal a exigência de comprovação de que o segurado esteja
completamente incapaz para o exercício de qualquer trabalho para concessão do benefício de
auxílio-doença.
● O segurado aposentado por tempo de serviço que sofreu, após retornar à atividade laboral (SE
FOR ACIDENTE DOMÉSTICO, SEM TRABALHAR, NÃO TEM DIREITO), acidente de trabalho que
lhe causou absoluta incapacidade, gerando a necessidade da assistência permanente de outra
pessoa, tem direito à transformação da aposentadoria por tempo de serviço em
aposentadoria por invalidez e, com a conversão, ao recebimento do adicional de 25%
descrito no art. 45 da Lei n. 8.213/1991 a partir da data de seu requerimento administrativo.
● Súmula 72 TNU: é possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em
que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava
incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou.
● O STJ entendeu ser ilegal a alta programada para segurados do INSS, uma vez que é necessária
perícia para verificar se houve a cessação da incapacidade.
o ATENÇÃO: Lei alterada em 2017 após o julgamento superou o entendimento.
Agora é possível o INSS fixar o prazo que entender cabível e, não fixando, será
de 120 dias, salvo se o beneficiário requerer sua prorrogação perante o INSS.
Artigo 60, §8 e §9.
● Súmula 26 da AGU: Para concessão de benefício por incapacidade, não será considerada a
perda da qualidade de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante.
o O Período de Graça não corre.
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o STJ: o segurado que deixa de contribuir para a Previdência Social, por estar
incapacitado para o labor, não perde a qualidade de segurado.
o Deve-se avaliar se na DII ainda havia manutenção da qualidade de segurado.
● O empregado beneficiário de auxílio-doença que tiver o benefício cessado e for acometido
novamente da doença incapacitante, dentro de 60 dias da cessação, desobriga a empresa de
arcar com os 15 primeiros dias, considerando-se como prorrogação do benefício e
descontando-se do benefício os dias trabalhados, se for o caso.
● A DIB de auxílio-doença que não se consegue aferir a Data de Início da Incapacidade será a
citação, quando não for possível retroagir à data do requerimento administrativo. STJ.
● Nos 15 dias de pagamento de auxílio-doença pelo empregador, o STJ entende que possui
natureza indenizatória, motivo pelo qual é isento de contribuição previdenciária.
● § 3º Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze
dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de
sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio doença a
partir da data do novo afastamento. § 4º Na hipótese do § 3º deste artigo, se o retorno à
atividade tiver ocorrido antes de quinze dias do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-
doença a partir do dia seguinte ao que completar os quinze dias de afastamento, somados os
períodos de afastamento intercalados. (Feito para não prejudicar o empregador em razão de
atestados picotados)
● ATENÇÃO: O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela
previdência social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma
delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o segurado
83 estiver exercendo.
o Nesse caso, o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a
qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência
somente as contribuições relativas a essa atividade.
o Quando o segurado que exercer mais de uma atividade e se incapacitar
definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido
indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por
invalidez, enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades.
o O valor poderá ser inferior ao salário mínimo, desde que somado às demais
remunerações recebidas resultar um valor superior ao salário mínimo.
● A concessão da aposentadoria por invalidez deve considerar não apenas os elementos
previstos no art. 42 da Lei nº 8.213/91, mas também aspectos socioeconômicos, profissionais e
culturais do segurado, ainda que o laudo pericial tenha concluído pela incapacidade somente
parcial para o trabalho.
● Em hipótese de doença com estigma social, como AIDS e obesidade mórbida, ainda que não
tenha sido reconhecida a incapacidade do requerente para sua atividade pessoal, o julgador
PODE analisar as condições pessoais e sociais para concessão de benefício por incapacidade.
o Súmula 78 da TNU: Comprovado que o requerente de benefício é portador do
vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas
e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face a
elevada estigmatização social da doença.
● Ao portador de HIV, constatada a incapacidade laboral, porém, capacidade para vida
independente, não pode obstar a percepção de LOAS, pois o benefício não pode ser concedido
só quando o indivíduo não pudesse se locomover, o que não parece ser o intuito do legislador.
● Se a incapacidade surgir posteriormente ao requerimento administrativo, o termo inicial do
benefício por incapacidade concedido judicialmente deverá ser fixado na data da citação

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● O benefício por incapacidade conta como salário-de-contribuição. MAS, o afastamento


contínuo da atividade sem contribuição não pode ser considerado como carência para calcular
aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença. Só conta se for intercalado com
trabalho, pois senão estaria a se admitir irrazoavelmente a contagem ficta. Assim, para ser
contabilizado, deve haver período de trabalho entre os benefícios. Súmula 73 da TNU.
o Logo: desde que tenha sido intercalado com o exercício de atividade
laborativa, o período em que o segurado se beneficiar de auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez deverá ser considerado para fins de cômputo de
carência e para o cálculo do tempo de contribuição na concessão de
aposentadoria por invalidez, conforme entendimento do STF. – Súmula 73 da
TNU.
o ATENÇÃO: no caso de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez decorrente
de acidente de trabalho, é desnecessário que sejam intercalados por períodos
contributivos, sendo contabilizados como carência e tempo de contribuição.
● STJ: é possível considerar, além dos elementos legais, os aspectos socioeconômicos,
profissionais e culturais do segurado, ainda que o laudo pericial tenha concluído pela sua
incapacidade apenas parcial para o trabalho.
● O magistrado não está vinculado à prova pericial e pode concluir pela incapacidade laboral
levando em conta os aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do segurado.
● SÚM. TNU 47: uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar
as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.
● A previdência social deverá processar de ofício o benefício quando tiver ciência da
84 incapacidade do segurado sem que este tenha requerido auxílio-doença.
● Os empregados serão considerados como licenciado, conforme o artigo 476 da CLT.
● A empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o
período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida
pela licença.
● Em caso de benefício oriundo de acidente, o empregado terá garantido, pelo prazo mínimo de
doze meses, a manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, independentemente de
percepção de auxílio-acidente. Art. 118 da lei 8213. NÃO ESTENDIDO AO DOMÉSTICO.
● Exceções/dispensa de carência: em ap. invalidez e aux. doença, independe de carência
quando a moléstia decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou
do trabalho, bem como nos casos que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma
doença da lista do Min. Da Saúde.
2.4.5. Auxílio-acidente
● Súmula 507-STJ: A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão
incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23
da Lei nº 8.213/1991 para definição do momento da lesão nos casos de doença profissional ou
do trabalho.
● O auxílio-acidente é devido no caso de acidentes de qualquer natureza, independentemente
de carência.
● É vedada sua percepção com qualquer APOSENTADORIA.
● Súmula 226 STJ: O MP tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda
que o segurado esteja assistido por advogado, haja vista o interesse público.
● Comunicação de acidente do trabalho à Previdência Social é exclusivamente responsabilidade
do empregador.
● Único benefício que possui natureza exclusivamente indenizatória.
● Deve ocorrer a

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o Perda funcional para o trabalho que o segurado habitualmente desenvolvia


OU
o Impossibilidade de desempenho da atividade que exercia a época do
acidente, porém, permita o processo de reabilitação profissional.
● STJ: tem entendido que é caso de deferir o benefício mesmo no caso de reversibilidade da
lesão acidentária, entendendo que a irreversibilidade da moléstia não constitui requisito legal
para a concessão de auxílio acidente.
o Se o acidente causar incapacidade total e permanente, será cabível
aposentadoria por invalidez, e não auxílio-acidente, firmando a tese: será
devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de causalidade entre
a redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a atividade
profissional desenvolvida, sendo irrelevante a possibilidade de
reversibilidade da doença.
● Quem tem direito: empregado doméstico, empregado, segurado especial e trabalhador
avulso.
o Contribuinte individual NÃO.
o 50% do salário-de-benefício, podendo ser inferior ao salário mínimo.
o Não é só para acidente de trabalho (justiça estadual), podendo ser para outros
acidentes (justiça federal).
o Será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de causalidade
entre a redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a
atividade profissional desenvolvida, sendo irrelevante a possibilidade de
85 reversibilidade da doença.
o Acumula-se com outros benefícios ou salários, exceto aposentadoria.
o Súmula 75: só é possível acumular auxílio-acidente e aposentadoria antes de
11/11/97.
o A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do
auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o
trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Isto é, “não será
qualquer acidente que ensejará o pagamento do auxílio-acidente em razão da
perda da audição, mas apenas os decorrentes de acidente de trabalho e
equiparados”
● Nas demandas ajuizadas pelo INSS contra o empregador do segurado falecido em acidente
laboral, visando ao ressarcimento dos valores decorrentes do pagamento da pensão por
morte, o termo inicial da prescrição quinquenal é a data da concessão do referido benefício.
Só com o pagamento do benefício é que surge o direito da autarquia, conforme a teoria da
actio nata.
● ACIDENTE DO TRABALHO: doença profissional ou doença do trabalho.
o Doença profissional: produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
PECULIAR a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo MTPS. (doença típica, idiopatia, própria de determinado tipo
de atividade)
o Doença do trabalho: adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
também constante da relação elaborada pelo MTPS. (mesopatia, moléstia
comum, que pode atingir qualquer pessoa)

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● SE a doença não estiver incluída como profissional ou do trabalho, mas que tenha resultado
das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relacione diretamente, o
INSS deverá considerá-la como acidente do trabalho.
● ATENÇÃO! O auxílio-acidente não integra o salário-de-contribuição (não é tributado) para fins
de cálculo da contribuição. Mas TÃO SOMENTE para fins de cálculo do salário-benefício de
qualquer aposentadoria. Assim, há consideração do valor para fins do cálculo de salário-
benefício, de modo a elevar a futura aposentadoria, MAS, não incidirá contribuição.
o Considera-se contribuição para fins de cálculo do SB de qualquer benefício
posterior.
● STJ: para a concessão de auxílio-acidente fundamentado na perda de audição, é necessário
que a sequela seja ocasionada por acidente de trabalho e que haja uma diminuição efetiva e
permanente da capacidade para a atividade que o segurado habitualmente exercia.
o STJ 44: a definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia
(problema auditivo), não exclui, por si só, a concessão do benefício
previdenciário.
● STJ: não havendo concessão de auxílio-doença, bem como ausente prévio requerimento
administrativo para a percepção do auxílio-acidente, o termo a quo para recebimento do
auxílio-acidente é a data da citação do INSS.
● Não é possível acumular dois: Caso surja direito a um novo benefício de auxílio acidente, é
vedada a percepção de dois, de modo que será mantido o benefício mais vantajoso em relação
à RMI.
● STF/AGU/TNU: incabível revisão de benefícios antigos concedidos com RMI menor ao atual,
86 50%, em homenagem ao princípio tempus regit actum.
● O segurado especial, cujo acidente ou moléstia é anterior à vigência da Lei n. 12.873/2013, que
alterou a redação do inciso I do artigo 39 da Lei n. 8.213/1991, não precisa comprovar o
recolhimento de contribuição como segurado facultativo para ter direito ao auxílio-acidente.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.361.410-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/11/2017
(recurso repetitivo) (Info 619). Obs: depois da Lei nº 12.873/2013 o segurado especial continua
tendo direito ao auxílio-acidente sem precisar comprovar o recolhimento de contribuição
como segurado facultativo. Assim, a tese seria melhor redigida se afirmasse o seguinte: O
segurado especial, seja antes ou depois da Lei nº 12.873/2013, tem direito ao auxílio-acidente
sem precisar comprovar o recolhimento de contribuição como segurado facultativo

2.4.6. Aposentadoria especial


● Na hipótese de atividades concomitantes sob condições especiais, no mesmo ou em outro
vínculo empregatício, será considerada aquela que exigir menor tempo para a aposentadoria
especial.
● STJ: o rol de agentes nocivos é exemplificativo.
● Não há presunção de atividade como especial, exigindo-se efetiva demonstração em concreto
da exposição do segurado aos agentes nocivos à saúde. Assim, a concessão de aposentadoria
especial exige a comprovação da exposição efetiva, habitual e permanente do segurado aos
agentes agressivos, não sendo suficiente apenas o seu enquadramento em determinada
categoria profissional.
● Atividades exercidas até 2/12/1998 são tidas como especiais, mesmo que a informação sobre
o uso de equipamento de proteção individual (EPI) eficaz conste no Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP)

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● SAT: alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo
grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de
risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.
● Conforme a jurisprudência atual do STF, o fornecimento de equipamento de proteção
individual – EPI – realmente eficaz ao empregado afasta o direito ao benefício da
aposentadoria especial (REGRA), uma vez que o equipamento foi capaz de neutralizar a
nocividade do agente.
o (EXCEÇÃO) Todavia, o mesmo entendimento não se aplica quando se tratar de
exposição do trabalhador a ruído acima dos limites de tolerância, ainda que
fazendo uso de EPI. Estabeleceu também o STF que, em caso de dúvida, esta
se deve resolver em favor do segurado.
● STJ/TNU: É possível a realização de perícia indireta, por similaridade, em casos em que as
empresas nas quais a parte autora trabalhou estiverem inativas, sem representante legal e não
existirem laudos técnicos ou formulários que possam comprovar condições de insalubridade,
que ensejem o reconhecimento de tempo especial de serviço.
● SUM 82 TNU Categorias profissionais que possuem direito à aposentadoria especial: Além dos
profissionais da saúde, contempla os trabalhadores que exercem atividades de serviços gerais
em limpeza e higienização de ambientes hospitalares.
● Em aposentadoria especial inexiste diferença entre homens e mulheres, sendo 100% do SB,
não incide fator previdenciário.
● O aposentado especial que retornar à atividade especial terá o benefício suspenso. A lei não
veda o retorno à atividade comum.
87 ● Aposentadoria especial segundo o texto de lei, é concedido ao empregado, trabalhador avulso
e contribuinte individual somente se cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de
produção. Isto porque somente nesses casos há a respectiva fonte de custeio prévia. (GILRAT).
Atenção, o STJ considerou o artigo 64 do RPS ilegal, motivo pelo qual é cabível o benefício ao
contribuinte individual.
o Essa menção de “somente se cooperado e filiado à cooperativa existe em
virtude do fato de que apenas quanto à contratação do contribuinte individual
descrito, há a previsão de incidência da contribuição do 22, II, da 8212, que
financia a aposentadoria especial (§6º, art. 57, lei 8213)
o Não há vedação legal para contribuinte individual, desde que comprove a
exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física. Neste sentido é a
súmula 62 da TNU. Alguns divergem aqui. Acompanhar essa tese em prova!
● A atividade especial é considerada como tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física do
segurado.
o SUM 49 TNU: a exposição aos agentes nocivos à saúde ou integridade física
não precisa ocorrer de forma permanente.
● ATENÇÃO: considera-se como atividade especial os períodos de descanso, férias, afastamento
decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez
acidentária, percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado
estivesse exercendo atividade considerada especial.
● SUM 68 TNU: o laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à
comprovação da atividade especial do segurado.
● SUM 55 TNU A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com
aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria.
o ATENÇÃO Exceção ao tempus regit actum, pois não considera o fator
multiplicativo vigente na época da atividade laboral.
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o ATENÇÃO: a atividade exercida como especial é disciplinada pela lei vigente à


época da prestação do serviço, passando a integrar, como direito adquirido, o
patrimônio jurídico do trabalhador, não se aplicando retroativamente a
legislação nova restritiva.
● SUM 50 TNU: é possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho
prestado em qualquer período.
o ATENÇÃO: não se converte tempo comum em especial, a partir de 1995.
● Atividade especial: acima de 80 decibéis até 1997. De 97 a 2003, 90 decibéis. De 2003 em
diante, 85 decibéis.
● APOSENTADORIA ESPECIAL AO DEFICIENTE:
o Não incide fator previdenciário. Só se for benéfico ao deficiente.
o A renda é 100% do SB.
o Há redução em cinco anos na idade para o deferimento do benefício de
aposentadoria por idade. (se benéfico ao deficiente e independentemente do
grau de deficiência.
● Se, no momento do pedido administrativo de aposentadoria especial, o segurado já tiver
preenchido os requisitos necessários à obtenção do referido benefício, ainda que não os tenha
demonstrado perante o INSS, o termo inicial da aposentadoria especial concedida por meio
de sentença será a data do aludido requerimento administrativo, e não a data da sentença.

2.4.7. Professores e aposentadoria


88 ● STF: a função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula,
abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e
alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar.
● Fica excluída da atividade de magistério os especialistas em educação, vez que não se tratam
de professores, pois não são habilitados a dar aula.
● A súmula 726 está superada.
● No Regime Próprio: há a redução de 5 anos na IDADE e no TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO para a
aposentadoria integral por idade, para o professor que comprove exclusivamente tempo de
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil.
● No Regime Geral: há a redução somente do tempo de contribuição.
● O fator previdenciário incide na aposentadoria por tempo de contribuição diferenciada do
professor, salvo em relação ao beneficiário que tenha adquirido o direito à aposentadoria
antes da edição da Lei n.º 9876/99. A aposentadoria só tem direito à benesse de redução de 5
anos, aplicando-se o fator previdenciário. Novo entendimento da TNU
o A EC 18/81 exclui a atividade de professor de atividade penosa, passível de
aposentadoria especial. Com a CF 88, o professor somente tem direito a
redução de 5 anos no período de contribuição, não havendo afastamento da
aplicação do fator previdenciário, ressalvados os casos em que o segurado
tenha completado tempo suficiente para a concessão do benefício antes da Lei
9876/99.
 Não é possível a conversão do tempo de exercício de magistério para qualquer espécie de
benefício, salvo se implementou todas as condições até 29 de julho de 81 (EC18/81).

2.4.8. Auxílio-reclusão
● O recluso que trabalhar e contribuir ao RGPS o fará como segurado facultativo.
● O preso não tem direito a auxílio-doença e aposentadoria durante a percepção, pelos
dependentes, do auxílio-reclusão, ainda que, nessa condição, contribua como contribuinte
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individual ou facultativo. Mas é PERMITIDA a opção, desde que manifestada, também, pelos
dependentes, ao benefício mais vantajoso.
● Os dependentes de segurado preso em regime fechado ou semiaberto fazem jus ao auxílio-
reclusão ainda que o condenado passe a cumprir pena em prisão domiciliar.
● É possível a concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que recebia salário de
contribuição pouco superior ao limite estabelecido como critério de baixa renda pela
legislação da época de seu encarceramento. Assim, é possível a concessão do auxílio-reclusão
quando o caso concreto revelar a necessidade de proteção social, permitindo ao julgador a
flexibilização do critério econômico para deferimento do benefício pleiteado, ainda que o
salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente fixado como critério de baixa
renda no momento de sua reclusão.
● Na análise de concessão do auxílio-reclusão, o fato de o recluso que mantenha a condição de
segurado pelo RGPS estar desempregado ou sem renda no momento em que foi preso
demonstra que ele tinha “baixa renda”, independentemente do valor do último salário de
contribuição. O critério econômico da renda deve ser aferido no momento da reclusão, pois é
nele que os dependentes sofrem o baque da perda do provedor. Se, nesse instante, o
segurado estava desempregado, presume-se que se encontrava em baixa renda, sendo,
portanto, devido o benefício a seus dependentes. (REPETITIVO)
● Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei n. 8.213/1991), o critério de aferição de
renda do segurado que não exerce atividade laboral remunerada no momento do
recolhimento à prisão é a ausência de renda, e não o último salário de contribuição. (STJ, info
618, fev/2018)
89 2.4.9. Salário-maternidade
● Na própria lei 8213, há prorrogação de salário-maternidade, por mais duas semanas nos
períodos anteriores e posteriores, ou seja 14 antes e 14 depois, mediante atestado médico
específico, em casos excepcionais.
● Poderá o benefício ser requerido em 5 anos a contar da data do parto (prescrição), haja vista a
ausência de fixação de prazo máximo para o seu requerimento.
● A lei 8213 foi alterada no artigo 71-A, garantindo o salário-maternidade na adoção ou guarda
judicial para fins de adoção por 120 dias, independentemente da idade da criança. Foi
estendido aos homens segurados da Previdência.
● No gozo do salário-maternidade, o empregador só recolhe a cota patronal, uma vez que o
patrão não efetua o pagamento do salário, e sim o INSS.
● O salário-maternidade tem natureza salarial, e incide contribuição PATRONAL e o INSS
recolherá a parte do empregado.
● Devido a todas seguradas, sem exceção.
● A RMI é calculada conforme determinado em lei, pois substitui a remuneração. Assim, não se
calcula com base no salário de benefício.
● Considera-se parto o evento que gera certidão de nascimento ou certidão de óbito.
● Em caso de aborto não criminoso a segurada terá direito ao benefício por duas semanas.
● A segurada aposentada (por idade ou tempo de contribuição) que retorna à atividade fará jus
ao salário maternidade.
● Não se aplica o teto do RGPS ao salário maternidade, no caso de empregada e avulsa, mas se
aplica o teto do STF para percepção. Ainda, salário maternidade é considerado para fins de
salário-contribuição, devendo incidir contribuição sobre ele. Já auxílio-acidente só é
considerado para fins de salário-benefício, não sendo considerado como salário-contribuição
(não tributa).
● O salário-maternidade é o único benefício considerado como salário-contribuição para fins de
cálculo e incidência da contribuição.
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o O salário-paternidade é ônus da empresa, não se trata de benefício


previdenciário. Logo, sendo verba de natureza salarial, a jurisprudência diz que
incide contribuição sobre o salário paternidade.
o O pagamento de indenização trabalhista à empregada demitida sem justa
causa, em valor comprovadamente correspondente a todos os salários
relativos ao período em que a gestante gozaria de estabilidade, exclui a
necessidade de concessão o benefício de salário-maternidade.
o O salário maternidade é pago pelo empregador, MAS, compensado em
contribuições, sendo ARCADO pela PREVIDÊNCIA.
● STJ em caso de demissão sem justa causa durante a gestação, é do INSS – e não do
empregador – a responsabilidade pelo pagamento do salário-maternidade à segurada
demitida sem justa causa durante a gestação.
● Com o objetivo de aliviar o MEI, o salário-maternidade da segurada empregada é pago
diretamente pelo INSS.
● O não preenchimento do requisito etário exigido para filiação ao RGPS como segurado especial
não constitui óbice à concessão de salário-maternidade a jovem menor de 16 anos impedida
de exercer trabalho rural em economia familiar.
● O salário-maternidade não poderá ser cumulado com benefício por incapacidade, vez que os
dois são criados para substituir a remuneração.
● Durante o período de graça é cabível salário-maternidade.
● Súmula 45 TNU: o salário-maternidade deve receber correção monetária desde à época do
parto, independentemente da data do requerimento administrativo.
90 ● Entende-se que é possível conceder salário-maternidade para trabalhadoras rurais menores de
16 anos, vez que são consideradas seguradas-especiais. O mesmo pode-se dizer para indígenas
(em provas de PGF defender que não)
2.4.10. Salário-família
 Objetiva complementar as despesas domésticas com os filhos menores de 14 anos de idade
ou inválidos de qualquer idade.
 Devido aos enteados ou tutelados menores de 14 anos, sendo necessário a comprovação de
dependência econômica, que não é presumida.
 É pago em 2 cotas fixas que serão atualizadas anualmente.
 Quem faz jus: empregado, trabalhador avulso, aposentado por invalidez ou por idade com
mais de 65H e 60M, na qualidade de empregado, empregado doméstico e avulso. Empregado
doméstico passou a ter direito com a LC 150.
 É pago na percepção do auxílio-doença e salário-maternidade.
 Deve haver baixa renda, conforme fixado pelo artigo 13 da EC 20/98.
 Inexiste carência. Não há cálculo.
 É possível a percepção de dois salários-família, em razão do mesmo filho, desde que ambos
os pais sejam responsáveis pelo mesmo infante e se caracterizem individualmente como baixa
renda.
 A empresa efetua o pagamento, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das
contribuições, conforme regulamento
 Exige-se apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória; comprovação semestral de
frequência à escola do filho ou equiparado. Não exigido para empregado doméstico, devendo
só apresentar certidão de nascimento.

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2.5. Aposentadoria rural – Segurado Especial


● Segurado Especial: pessoa física, residente em imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural
próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio
eventual de terceiros, a título de mútua colaboração, na condição de produtor, seja
proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário,
ou arrendatário rurais, que explore atividade:
o Agropecuária em área de até 4 módulos FISCAIS, e não módulos RURAIS.
o Seringueiro ou extrativista vegetal como principal meio de vida, não
importando o tamanho da área.
o Pescador artesanal, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de
vida. Aqui se enquadra os que exercem atividade auxiliar à de pesca,
lembrando que estes últimos não possuem direito ao seguro-defeso.
o Cônjuge, filho maior de 16 anos, que trabalhem com a família.
o ATENÇÃO: extração mineral – garimpo, é contribuinte individual, e não
segurado especial, entretanto, ele possui a redução de 5 anos previsto na
Constituição.
o Quem pode ser: empregado rural, esporádico/eventual (contribuinte
individual), o avulso rural e o segurado especial.
o O ÍNDIO pode ser considerado segurado especial. O estatuto do índio diz que
não haverá discriminação entre trabalhadores indígenas e os demais
trabalhadores, aplicando-se-lhes todos os direitos e garantias das leis

91 trabalhistas e de previdência social.


▪ Cabe à FUNAI expedir a certidão de que índio se enquadra como
trabalhador rural – segurado especial, a qual deverá ser homologada
pelo INSS.
▪ São irrelevantes as definições de indígena aldeado, indígena não-
aldeado, índio em vias de integração, índio isolado ou índio integrado,
desde que exerça a atividade rural em regime de economia familiar e
faça dessa atividade o principal meio de vida e de sustento.
o Boia-fria: em regra, era para ser contribuinte individual, pois não é segurado
especial nem trabalhador avulso. Porém, a jurisprudência diz que “o
trabalhador rural boia fria, diarista, ou volante é equiparado ao segurado
especial, de modo que não se exige a demonstração de contribuições para
haver o benefício de aposentadoria rural por idade.” – ATENÇÃO:
JURISPRUDÊNCIA NÃO PACÍFICA, portanto, em questões de concurso,
defender apenas que: em regra, não são segurados especiais e nem
trabalhadores avulsos, uma vez que não há relação de emprego nem
intermediação de serviço pelo sindicato.
● Segurado especial deve contribuir sobre o que comercializar (CF), mas, ainda que não
contribua, terá direito aos benefícios citados (idade, aux-doença, invalidez, aux-reclusão,
pensão por morte – 39, I, da Lei 8.213/91), desde que comprove o exercício de atividade rural.
Em conclusão, o trabalhador rural que contribua normalmente (hoje, o empregado rural, o
autônomo rural e o avulso rural estão obrigados a contribuir) terá direito sim à aposentadoria
por tempo de contribuição. É apenas o segurado especial, desde que não contribua
facultativamente, que não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição.
● Súmula 577-STJ: É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais
antigo apresentando, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o
contraditório.

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● Fica assegurado: aposentadoria por idade, por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão,


auxílio-acidente.
o Todos os benefícios, se recolher facultativamente ao RGPS.
o Salário-maternidade: comprovar exercício de atividade rural nos 12 meses
imediatamente anteriores.
● A prova exclusivamente testemunhal é insuficiente para comprovação da atividade laborativa
do trabalhador rural “boia-fria”, sendo indispensável que ela venha corroborada por razoável
início de prova material, conforme exige o art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991.
● Súmula 6-TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição
de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade
rurícola.
o Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de
trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da
requerente como rurícola não pode ser considerada como início de prova
material na hipótese em que esse tenha exercido atividade urbana no
período de carência.
● Não é necessário o recolhimento de contribuições previdenciárias relativas ao exercício de
atividade rural anterior à Lei nº 8.213/1991 para fins de concessão de aposentadoria urbana
pelo Regime Geral da Previdência Social, salvo em caso de mudança de regime previdenciário,
do geral para o estatutário. (Contagem recíproca de RURAL  RPPS)
● O segurado que tenha provado o desempenho de serviço rurícola em período anterior à
vigência da Lei nº 8.213/91, embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para
92 mera averbação nos seus assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido
tempo rural, no respectivo órgão público empregador, para contagem recíproca no regime
estatutário se, com a certidão de tempo de serviço rural, acostar o comprovante de
pagamento das respectivas contribuições previdenciárias, na forma da indenização calculada
conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei nº 8.213/91. STJ. 1ª Seção. REsp 1682678-SP, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 624).
● Contagem recíproca de trabalhador RURAL que passa para RPPS: deve indenizar todo o
período trabalhado. A contagem recíproca não aceita sem contribuir.
● Trabalho rural de menor de idade. SUM 5 TNU: A prestação de serviço rural por menor de 12
a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode
ser reconhecida para fins previdenciários.
● Aposentadoria híbrida: pode ser concedida tanto para trabalhador urbano que queira
computar o período rural; quanto para trabalhador rural que queira computar período urbano.
Nestes casos não se aplica a redução de 5 (cinco) anos de idade para os trabalhadores rurais.
● Não se computa para EFEITO DE CARÊNCIA, o trabalho rural para APOSENTADORIA POR
IDADE.
o Computa-se como tempo de contribuição para fins de APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, pois o tempo de serviço é computado como tempo
de contribuição.
o A APOSENTADORIA POR IDADE EXIGE CARÊNCIA. Assim, não é possível
aproveitar o trabalho rural para aposentar no RGPS A aposentadoria por
idade rural é diferente, devendo-se comprovar o labor rurícola no período
imediatamente anterior ao requerimento administrativo em relação ao
tempo de carência exigido para o benefício específico.
● Para concessão de aposentadoria rural, a atividade rural deverá ser comprovada através do
início de prova material (documentos) produzido contemporaneamente ao período probando,
mesmo que de maneira descontínua, no período de 180 meses imediatamente anterior ao
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requerimento do benefício ou à data do implemento da idade mínima, salvo força maior.


Súmula 34 e 54 TNU.
● Não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à
carência do benefício. Súmula 14 TNU.
● A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador
rural do cônjuge constitui início razoável de prova material. Súmula 6 TNU.
o A certidão de casamento na qual conste que o cônjuge do requerente da
aposentadoria é agricultor pode ser considerada como início de prova
material?
o REGRA: SIM. A certidão de casamento na qual conste que o cônjuge do autor é
lavrador é suficiente para comprovar início de prova material. Essa é a posição
tanto do STJ como da TNU (Súmula 06).
o As certidões de casamento e de óbito prestam-se como início de prova
material do labor campensino, desde que corroboradas por robusta prova
testemunhal, apta a ampliar sua força probante. A ocorrência do falecimento
do cônjuge, em momento anterior ao implemento da idade para a obtenção
do benefício de aposentadoria rural por idade, não tem o condão de afastar a
certidão de casamento como início de prova material do labor rurícola, desde
que acompanhada de prova testemunhal suficiente. STJ. 2ª Turma. AgRg no
AREsp 782695/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 05/11/2015.
o
o EXCEÇÃO: essa certidão de casamento não será considerada como início de
93 prova material quando ficar demonstrado que o cônjuge, apontado como
rurícola, vem a exercer posteriormente atividade urbana.
● SÚMULA 577 STJ: é possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais
antigo apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o
contraditório.
● Súmula 05 TNU: Tempus regit actum: “a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos,
até o advento da lei 8213, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins
previdenciários.
● Súmula 76 da TNU: A averbação de tempo de serviço rural não contributivo, prestados
anteriormente à lei 8213, não permite majorar o coeficiente de cálculo da RMI de
aposentadoria por idade previsto no art. 50 da 8213. STJ entende igual.
● A regra que limita a 120 dias o limite que o segurado especial pode deixar de exercer atividade
rural só se aplica após a publicação da lei em 2008. Em período anterior é vedada tal restrição.
● A sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, sendo apta a
comprovar o tempo de serviço, mesmo que o INSS não tenha participado da relação jurídico-
processual-trabalhista, se corroborado por outro meio de prova. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp
988325/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 20/04/2017.
● Após a lei 8213, o trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição
obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por
tempo de serviço se recolher contribuições facultativas (como contribuinte indivudual –
sumula 272 do STJ). Ou seja, deve recolher como contribuinte individual para ter direito ao
benefício. Apenas o funrural não lhe gera direito. O funrural só lhe geral o direito de
aposentadoria por idade com o benefício no valor de um salário mínimo.
● O segurado especial terá direito ao benefício de um salário mínimo, salvo se recolher como
contribuinte facultativo ou individual, ocasião em que poderá aposentar por tempo de
contribuição e a BC será realizada conforme a contribuição efetivada.

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● STJ: é possível considerar o tempo de serviço rural anterior ao advento da lei 8213 para fins de
carência de aposentadoria híbrida por idade, sem que seja necessário o recolhimento de
contribuições previdenciárias para este fim. No entanto, perderá a possibilidade de redução
de 5 anos.
o ATENÇÃO: o trabalho rural anterior à lei 8213, em caso de aposentadoria por
tempo de contribuição, não será computado para efeito de carência, conforme
o artigo 55, §2º, mas tão somente como tempo de serviço.
o A aposentadoria híbrida pode ser concedida ainda que a última atividade do
segurado seja urbana, ou seja, ele começou na atividade rural e depois migrou
para a urbana.
● A ausência de prova de atividade rural extingue o processo sem resolução do mérito por
carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, não gerando
coisa julgada.
● Súmula 149-STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade
rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário.

2.6. Assistência Social – LOAS


Assistência Social. Princípios. Benefício de prestação continuada ao idoso e à pessoa com
deficiência.
94  STJ – Repetitivo: Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n.
10.741/03), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência
a fim de que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não
seja computado no cálculo da renda per capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.
o Qualquer benefício, assistencial ou previdenciário, não será computado em
caso de LOAS.
● Somente estrangeiro com residência fixa no país, bem como, que esteja em situação regular,
terá direito à benefício assistencial LOAS, preenchidos os requisitos legais. O estrangeiro em
situação REGULAR no país, com residência fixa, possui direito à LOAS, não cabendo falar em
reciprocidade. Não importa reciprocidade.
● O INSS pode suspender ou cancelar administrativamente o “benefício de prestação
continuada” (LOAS) que havia sido concedido judicialmente, desde que garanta previamente
ao interessado o contraditório e a ampla defesa. Não se aplica, ao caso, o princípio do
paralelismo das formas. Verificado que o interessado não preenche mais os requisitos e
garantido o contraditório e ampla defesa, é possível cancelar/suspender o LOAS.
● Menor SOB GUARDA não integra conceito de família para LOAS, mas só o MENOR TUTELADO.
● IN da AGU: para a concessão de LOAS IDOSO é possível desconsiderar, na aferição da renda
per capita familiar, o benefício previdenciário consistente em aposentadoria ou pensão por
morte, instituída por idoso, no valor de um salário mínimo, recebido por outro idoso com 65
anos ou mais que faça parte do mesmo núcleo familiar.
● DEFICIENTE INTELECTUAL ou MENTAL/ DEFICIÊNCIA GRAVE:
o O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual, não impede a concessão/manutenção da
parte individual da pensão por morte PREVIDENCIÁRIA do dependente com
deficiência mental. (irmão ou filho maior de 21 anis) ATENÇÃO: NO LOAS
IMPEDE, havendo SUSPENSÃO do LOAS!!!

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o O benefício de prestação continuada será SUSPENSO pelo órgão concedente


quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na
condição de microempreendedor individual. – Diferente da pensão por morte.
o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz NÃO acarreta a
suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o
recebimento concomitante da remuneração e do benefício
● Para concessão de LOAS deficiente não se exige incapacidade absoluta. O que a lei exigiu foi
impedimento de longo prazo, superior a dois anos. Assim, não pode o interprete trazer
requisitos mais rígidos do que os previstos em lei. STJ 2017.
● O STF, em controle concentrado (REX), decidiu que o critério de ¼ da renda mensal para LOAS
é inconstitucional, por estar defasado, motivo pelo qual a análise da situação de
miserabilidade deverá ser feita no caso concreto e com base em outros parâmetros diversos
da renda. O INSS continua aplicando administrativamente, pois decisão em controle
concentrado não possui efeitos vinculantes e erga omnes.
o Lei 13146: prevê adoção de outros elementos probatórios para comprovar
condição de miserabilidade do grupo familiar e situação de vulnerabilidade,
conforme regulamento. Porém, o regulamento não foi editado.
● BPC não possui gratificação natalina.
● Ao portador de HIV, constatada a incapacidade laboral, porém, capacidade para vida
independente, não pode obstar a percepção de LOAS, pois o benefício não pode ser concedido
só quando o indivíduo não pudesse se locomover, o que não parece ser o intuito do legislador.

95 Assim, verificado que ele não consegue trabalhar, entretanto, consegue ter uma vida
independente, há de se analisar as circunstâncias econômicas e sociais de modo a deferir o
LOAS. LOAS não é para um vegetal, é para aquele que não consegue se manter, ainda que
consiga andar em casa e ser independente nas necessidades pessoais.
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com
qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência
médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito
do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada.
● § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou
seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento
para o deferimento do pedido.
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não serão
computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste
artigo.
● § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados
outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação
de vulnerabilidade, conforme regulamento.
§ 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização
de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem
motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência.
● Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando
a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual.
● § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste
artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não
tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser
requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de
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realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para


esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21.
● § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do
benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.
● Desconsidera-se qualquer valor de benefício assistencial ou previdenciário no valor de um
salário-mínimo no caso de LOAS idoso e deficiente.
● Aplica-se o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), por analogia,
a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício
previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no
cálculo da renda per capita prevista no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93.
o Há inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, par. único, do Estatuto
do Idoso, que dispõe que o benefício assistencial já concedido a qualquer
membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar
per capita para a concessão de benefício assistencial de prestação continuada.
Assim, devem ser excluídos do cálculo também os benefícios assistenciais
recebidos por portadores de deficiência e os benefícios previdenciários, no
valor de até um salário mínimo, percebidos por idosos.
● Não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social
ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza
indenizatória

96 2.6.1. Seguro-defeso
● SEGURO-DEFESO: devido ao pescador artesanal que exerça sua atividade exclusiva e
ininterruptamente, de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar.
o Valor de 1 salário-mínimo mensal enquanto durar o período de defeso.
o Não pode ser superior a 5 meses.
o Ininterruptamente significa: atividade exercida durante o período
compreendido entre o defeso anterior e o defeso em curso; ou 12 meses
imediatamente anteriores ao defeso em curso, dando-se preferência ao que
for menor.
o O segurado não fará jus a mais de um benefício no mesmo ano decorrente
de defesos relativos a espécies distintas.
o A concessão do benefício não é estendida às atividades de apoio à pesca e
nem aos familiares do pescador profissional que não satisfaçam os requisitos e
as condições estabelecidas na lei.
▪ ATENÇÃO: as atividades de apoio, considera-se assemelhado ao
pescador artesanal, enquadrando-se como segurado especial, mas
não tem direito ao seguro-defeso. Atividade de apoio é reparo de
petrecho, embarcação, etc.
o Vedado percepção de LOAS e seguro-defeso concomitante.
o Para fazer jus, o pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício
decorrente de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada,
exceto pensão por morte e auxílio-acidente.
o

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2.7. Regime Próprio


 Só no regime próprio existe aposentadoria por invalidez proporcional ao tempo de
contribuição, exceto se decorrente de acidente de serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável. No RGPS o RMI é sempre 100%.
 Aposentadoria voluntária:
o Há dois tipos e ambas exigem:
 10 anos de efetivo exercício no serviço público
 5 anos de exercício no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
o Integral:
 60H + 35 anos de contribuição
 55M + 30 anos de contribuição
 Só nessa modalidade incide redução de idade e contribuição de 5 anos
para professores.
o Proporcional:
 65H
 60M
 Aqui não incide redução para professores. Só na integral
exclusivamente como professor.
● A seguridade social dos servidores abrange maternidade, adoção e paternidade.
● Aposentadoria com proventos integrais: 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo efetivo.
o 60 anos de idade e 35 anos de contribuição – HOMEM
97 ●
o 55 anos de idade e 30 anos de contribuição – MULHER.
Aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de contribuição: 10 anos de serviço
público e 5 anos no cargo efetivo.
o 65 anos de idade - HOMEM
o 60 anos de idade – MULHER
● Promoção dentro da mesma carreira e aposentadoria: STF: a promoção por acesso do servidor
público é forma de provimento derivado e não implica ascensão a cargo diferente daquele em
que o servidor já estava efetivado, sendo, portanto, inaplicável o prazo de cinco anos de
efetivo exercício no cargo para o cálculo dos proventos de aposentadoria.
● A lei 8112 faculta aos servidores regido pela lei que recolham facultativamente ao RPPS
quando estiverem licenciados ou afastados sem remuneração. Assim, não é possível ser
contribuinte facultativo do RGPS mesmo quando afastado e sem remuneração no RPPS.
● Com a EC 70/2012, entendeu-se que as aposentadorias por invalidez integral, decorrente de
doença grave, moléstia incurável ou contagiosa, acidente de trabalho, etc., para servidores que
ingressaram antes da EC 4/2003, passaram a ser concedidas com proventos equivalentes à
integralidade da última remuneração do cargo em que se der a aposentadoria.
o Em relação às demais aposentadorias, serão concedidas com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, sendo que a proporcionalidade
aplicar-se-á ao valor recebido em atividade, ou seja, última remuneração do
cargo no qual ocorrer a inatividade.
● Integralidade é igual a última remuneração da ativa. Proventos integrais é o cálculo feito que
demonstra não ser proventos proporcionais. Ou seja, a renda mensal é igual ao salário de
benefício.
 Antes, da EC 41/2003, as aposentadorias por invalidez decorrente de acidente, moléstia grave,
incurável, era com base na integralidade. Após esta EC, ficou com base nos proventos
integrais.

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● Não é necessário o recolhimento de contribuições previdenciárias relativas ao exercício de


atividade rural anterior à Lei nº 8.213/1991 para fins de concessão de aposentadoria urbana
pelo Regime Geral da Previdência Social, salvo em caso de mudança de regime previdenciário,
do geral para o estatutário. (Contagem recíproca de RURAL  RPPS)
● Contagem recíproca de trabalhador RURAL que passa para RPPS: deve indenizar todo o
período trabalhado. A contagem recíproca não aceita sem contribuir.
● Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor
público baseada no inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física), não abrangendo as hipóteses do incisos I
(deficientes) e II (atividades de risco). SV33= aplicam-se ao servidor público, no que couber, as
regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo
40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.
APOSENTADORIA ESPECIAL de SERVIDOR PÚBLICO.
o “No que couber”: Não se pode aplicar as regras de conversão do tempo
especial em tempo comum, previstas para os trabalhadores em geral (RGPS),
para os servidores públicos, considerando que a lei que vier a ser editada
regulamentando o art. 40, § 4º, III da CF/88 não estará obrigada a conceder
este fator de conversão aos servidores.
o Os parâmetros alusivos à aposentadoria especial, enquanto não editada a lei
exigida pelo texto constitucional, são aqueles contidos na Lei nº 8.213/91, não
cabendo mesclar sistemas para, com isso, cogitar-se de idade mínima. Assim,
inaplicável a idade mínima + tempo de contribuição. Na aposentadoria
98 especial do RGPS é só o tempo de contribuição (incide fator) o requisito
necessário.
 É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria
aos beneficiários, exceto:
o Atividades de risco: NÃO ESTÁ NO RGPS essa opção (art. 201, §1)
o Deficiente: verificar legislação.
o Atividades que prejudiquem a saúde ou a integridade física: SV33
 No RPPS o aposentado contribui para o regime tão somente sobre o valor que exceder ao
TETO do RGPS – CF.

2.8. Previdência Privada e Complementar

● Súmula 563-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de


previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
● Súmula 291-STJ: A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela
previdência privada prescreve em cinco anos.
● cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar
privada.
● Súmula 427-STJ: A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de
aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do pagamento.
● STJ: Nos planos de benefícios de previdência complementar administrados por entidade
fechada, a previsão regulamentar de reajuste, com base nos mesmos índices adotados pelo
RGPS, não inclui a parte correspondente a aumentos reais. A previdência complementar
possui suas normas próprias.
● É possível a inclusão de companheiro como beneficiário de suplementação de pensão por
morte quando existente, no plano de previdência privada fechada, apenas a indicação de ex-

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cônjuge do participante. STJ. 3ª Turma. REsp 1715485-RN, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 27/02/2018 (Info 620)
● ATENÇÃO: Previdência Complementar só se aplica aos cargos efetivos. Não se aplicam aos
cargos em comissão. Isso porque estes contribuem ao RGPS, ocasião em que poderão
recolher à previdência privada.
● O benefício de previdência privada fechada é excluído da partilha em dissolução de união
estável regida pela comunhão parcial de bens. STJ. 3ª Turma. REsp 1.477.937-MG, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/4/2017 (Info 606). #OLHAOGANCHO: Apenas a título
de reforço de argumentação, vale ressaltar que a aposentadoria pública (benefício pago pelo
INSS) também não é incluída na meação como "bem", sendo incomunicável.
● É possível a inclusão de companheiro como beneficiário de suplementação de pensão por
morte quando existente, no plano de previdência privada fechada, apenas a indicação de ex-
cônjuge do participante.
● Os valores recebidos de boa-fé pelo assistido, quando pagos indevidamente pela entidade de
previdência complementar privada em razão de interpretação equivocada ou de má aplicação
de norma do regulamento, não estão sujeitos à devolução.
● Nos planos de benefícios de previdência privada patrocinados pelos entes federados –
inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas
direta ou indiretamente -, para se tornar elegível a um benefício de prestação que seja
programada e continuada, é necessário que o participante previamente cesse o vínculo
laboral com o patrocinador, sobretudo a partir da vigência da Lei Complementar nº 108/2001,
99 ●
independentemente das disposições estatutárias e regulamentares
O patrocinador não possui legitimidade passiva para litígios que envolvam
participante/assistido e entidade fechada de previdência complementar, ligados estritamente
ao plano previdenciário, como a concessão e a revisão de benefício ou o resgate da reserva de
poupança, em virtude de sua personalidade jurídica autônoma. Obs: não se incluem, no
âmbito da matéria afetada, as causas originadas de eventual ato ilícito, contratual ou
extracontratual, praticado pelo patrocinador. Em outras palavras, a tese acima definida não
engloba a discussão quanto a atos ilícitos cometidos pelo patrocinador. STJ. 1ª Turma. REsp
1.370.191-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info
630).

2.9. Processo administrativo previdenciário


Processo Administrativo previdenciário. Atendimento aos segurados. Direito ao melhor
benefício. Fases do procedimento administrativo. Reafirmação da DER. Justificação
administrativa.
● Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:
I - contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;
II - pagamento de benefício além do devido;
III - Imposto de Renda retido na fonte;
IV - pensão de alimentos decretada em sentença judicial;
V - mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente
reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.
VI - pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de
arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de
arrendamento mercantil, ou por entidades fechadas ou abertas de previdência
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complementar, públicas e privadas, quando expressamente autorizado pelo


beneficiário, até o limite de 35% (trinta e cinco por cento) do valor do benefício, sendo
5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para:
a) amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
b) utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
§ 1o Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parcelas, conforme dispuser o
regulamento, salvo má-fé.
-Esse desconto prevalecerá frente ao pagamento de empréstimos, financiamentos,
cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil concedidos por instituições
financeiras.
● Revisão de benefício e requerimento administrativo Em regra, não é necessário. Exceção: é
necessário se o pedido de revisão envolver análise de matéria de fato.
● Justificação Administrativa: recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência de
documentos ou para produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários,
através de testemunhas.
o Não será admitida justificação administrativa quando o fato a comprovar exigir
registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer ato
jurídico para o qual a lei prescreva forma especial.
o Para provar tempo de serviço ou contribuição só produzirá efeito quando
baseada em início de prova material, ou seja, não será admitida prova
100 exclusivamente testemunhal, salvo força maior
o Dependência econômica, identidade e relação de parentesco admite todas as
provas produzidas em direito, inclusive justificação administrativa.

2.10. Ações previdenciárias e demais questões da Lei 8.213


Ações previdenciárias. Competência. Juizados Especiais Federais: questões previdenciárias.
Prévio ingresso do pedido de benefícios na via administrativa. Intervenção do Ministério
Público. Gratuidade da Justiça. Prioridade de tramitação dos feitos.
 O juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário por incapacidade diverso do requerido
na inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefício concedido, sem
que isso configure julgamento extra petita ou ultra petita. Não obstante, segundo o STJ, não
pode o Tribunal, em reexame necessário, sem recurso do segurado, conceder benefício mais
vantajoso.
● Súmula STJ 204: Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a
partir da citação válida.
● Súmula 111-STJ: Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as
prestações vencidas após a sentença.
● Súmula 178-STJ: O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas
ações acidentárias e de benefícios, propostas na Justiça Estadual.
● Súmula TNU 81: Não incide o prazo decadencial previsto no artigo 103 da Lei 8123/91, nos
casos de indeferimento e de cessação de benefícios, bem como em relação às questões não
apreciadas pela administração no ato da concessão.
o O artigo 103 é para revisão ou para a hipótese em que o benefício não é
concedido de acordo com o desejo do segurado.
● Decadência decenal: o prazo decadencial de 10 anos aplica-se, também, aos benefícios
concedidos antes da inserção desta regra.

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o Não incide o prazo decadencial para tratar de fatos não apreciados pela
Administração no ato da concessão.
o Revisão do benefício: a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento da primeira prestação.
o Impugnação de indeferimento parcial: a contar do dia em que tomar
conhecimento da decisão que o benefício não é concedido de acordo com o
desejo do segurado .
● Em caso de má-fé não corre a decadência para rever os atos da previdência social.
● Súmula 175-STJ: Descabe o depósito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS.
● O art. 115 da Lei nº 8.213/91 prevê expressamente a possibilidade de inscrição em dívida ativa
do valor correspondente a benefício previdenciário ou assistencial indevidamente recebido e
não devolvido ao INSS. A inscrição em dívida ativa será por conta da PGF. Só pode inscrever
em dívida ativa os créditos constituídos após a publicação da MP que foi convertida em lei,
do referido dispositivo. Neste caso, é a própria PGF que irá cobrar o débito em execução
fiscal.
● Valores recebidos por força de decisão/sentença/acórdão: é para benefícios PREVIDENCIÁRIOS e
ASSISTENCIAIS
Devolverá os
Segurado recebe o benefício por força de...
valores?
1ª) tutela provisória, que é, posteriormente, revogada na sentença. STJ (REPETITIVO) e
TNU: SIM
2ª) sentença, que é, posteriormente, reformada em 2ª instância.
101 STF: NÃO
3ª) sentença, mantida em 2ª instância, sendo, no entanto, reformada
NÃO
em Resp.
4ª) sentença transitada em julgado, que posteriormente, é
NÃO
reformada em Ação rescisória.
**Em provas objetivas, atentar para o enunciado da questão para verificar se ele fala
em STF ou STJ. No entanto, se não mencionar nada, marque o entendimento do STJ
(deve devolver). Isso porque no STF o tema ainda não está consolidado enquanto que
no STJ já existe até precedente em recurso especial repetitivo.
● STJ: Os valores pagos em virtude de tutela judicial cassada NÃO podem ser ressarcidas por
desconto do benefício previdenciário com fundamento no artigo 115, II, da Lei 8213, pois só
pode utilizar-se de tal dispositivo para reaver os valores além do devido concedidos
administrativamente. Para reaver os valores pagos em virtude de tutela judicial, o INSS deverá
manejar ação judicial de cobrança.
● Súm 142 STJ: cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários.
● A anotação em CTPS produz prova fidedigna e possui presunção de veracidade, iuris tantum.
● Desaposentação: somente lei pode criar benefícios e vantagens no âmbito do RGPS, não
havendo, por ora, direito à desaposentação.
● Se a ação foi proposta perante juizado itinerante, não precisa de requerimento administrativo.
● Se a ação foi proposta sem prévio requerimento administrativo, mas o INSS já apresentou
contestação de mérito, o processo também deverá prosseguir normalmente (não será extinto).
Isso porque o fato de o INSS ter contestado e de ter refutado o mérito da pretensão
demonstra que há resistência ao pedido (a autarquia não concorda com o pleito), de forma
que existe interesse de agir por parte do autor.

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● Nas ações em Tribunal/Turma Recursal em que estiver ausente o prévio requerimento


administrativo, o feito será baixado em diligência ao Juízo de primeiro grau, onde permanecerá
sobrestado, a fim de intimar o autor a dar entrada no pedido em até 30 dias, sob pena de
extinção do feito por falta de interesse de agir. A partir daí, o INSS terá o prazo de até 90 dias
para se manifestar.
• Caso negue o benefício, a ação judicial continuará normalmente, uma vez que ficou
demonstrado o interesse de agir.
• Caso o benefício seja concedido administrativamente, o processo judicial será
extinto.
• Caso o autor não dê entrada no requerimento administrativo no prazo de 30 dias, o
processo também será extinto.
o Se o benefício for concedido (seja administrativamente, seja pela via judicial),
a data do início da aquisição do benefício deverá retroagir à data em que teve
início o processo judicial. Em outras palavras, a DIB será a data em que foi
ajuizada a ação, devendo o INSS ser condenado a pagar as parcelas
retroativamente a esse dia.
● Sentença trabalhista pode ser utilizada como início de prova material, desde que fundada em
elementos que demonstrem o labor exercido na função, bem como os períodos alegados pelo
trabalhador, sem que seja necessário que o INSS tenha integrado a contenda trabalhista.
o Sentença trabalhista homologatória não tem valor, salvo se baseada em
elementos que demonstrem o labor e os períodos alegados, uma vez que não
houve instrução probatória.
102 ● Para restar configurado o dano moral previdenciário, deverá ser demonstrada a existência do
dano indenizável; a verificação do nexo de causalidade entre o dano e uma ação praticada por
agente público no exercício do cargo; a ilegalidade do ato comissivo causador da lesão
patrimonial e, ainda, a ausência das excludentes da obrigação de indenizar. Assim, caso não
comprovada lesão que caracterize dano moral, bem como tendo o INSS dado ao fato uma das
interpretações possíveis, não se extraindo do contexto conduta irresponsável ou
inconsequente, diante do direito controvertido apresentado, não é devida indenização por
dano moral.
o A jurisprudência não é pacífica em relação ao tema quanto em virtude de que
não se poder alçar qualquer dissabor, seja a discordância do pretendido pela
pessoa, ainda que posteriormente seja reconhecido o direito em ação
judicial, à condição de dano moral, mormente em se tratando de
indeferimento de pedido em sede administrativa, que deve obedecer ao
princípio da legalidade nos termos do art. 37 da CF/88
● Jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de ser nula a
sentença que submete a procedência ou a improcedência do pedido à ocorrência de fato
futuro e incerto, como no caso em apreço, no qual o que se pretende é o direito à
complementação de aposentadoria que ainda não se efetivou.
● O juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário diverso do requerido na inicial,
desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefício concedido. Isso
porque, tratando-se de matéria previdenciária, deve-se proceder, de forma menos
rígida, à análise do pedido. Assim, nesse contexto, a decisão proferida não pode ser
considerada como extra petita ou ultra petita
● Os chamados "soldados da borracha" têm direito à pensão mensal vitalícia no valor de
2 salários-mínimos, nos termos do art. 54 do ADCT. Para ter direito à pensão, o
indivíduo deverá comprovar que trabalhou como seringueiro na Região Amazônica,
durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos do art. 1º, caput e parágrafo único, da
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Lei nº 7.986/89. Como é (era) feita essa comprovação? É necessário que o requerente
apresente documentos?
o Antes da edição da Lei nº 9.711/98: a comprovação desse trabalho podia ser
feita por todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive mediante
justificação administrativa ou judicial. Não se exigia início de prova material.
o Depois da edição da Lei nº 9.711/98: a comprovação somente produzirá efeito
quando baseada em início de prova material. Assim, se for realizada
justificação, administrativa ou judicial, essa prova só produzirá efeitos se for
acompanhada de início de prova material. Não se admite prova
exclusivamente testemunhal.
o Para recebimento do benefício previsto no art. 54 do ADCT/88, a justificação
administrativa ou judicial é por si só, meio de prova hábil para comprovar o
exercício da atividade de seringueiro quando requerida na vigência da Lei nº
7.986/89, antes da alteração legislativa trazida pela Lei nº 9.711/98, que
passou a exigir início de prova material.
● Incide contribuição previdenciária sobre os valores recebidos a título de CORREÇÃO
MONETÁRIA em execução de sentença na qual se reconheceu o direito a reajuste de
servidores públicos. Por outro lado, não há incidência de contribuição previdenciária sobre os
JUROS DE MORA relativos às diferenças remuneratórias pagas aos servidores públicos. Assim,
os juros moratórios consectários de condenação judicial que reconheceu a mora da
Administração Pública no pagamento de diferenças remuneratórias aos servidores não
integram a base de cálculo da contribuição para o PSS, prevista no art. 16-A da Lei nº
103 10.887/2004
● O abono de permanência em serviço (vulgarmente conhecido como “pé-na-cova”), outrora
previsto no art. 87 da Lei 8.213/91, se encontra, hoje, revogado no âmbito do RGPS.
● É devido abono anual (gratificação natalina) ao segurado e ao dependente da Previdência
Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão
por morte ou auxílio-reclusão”. Não há salário-maternidade, portanto. Abono anual é uma
renda extra devida ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o ano,
percebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-
reclusão. Tem por objetivo assegurar ao segurado ou seu dependente uma gratificação de
Natal extra no fim do ano, com alguma semelhança ao 13º salário ou gratificação natalina
previsto na Lei nº 4.090, de 1962.
● Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar ação que tenha por
objeto a concessão de pensão por morte decorrente de óbito de empregado ocorrido em
razão de assalto sofrido durante o exercício do trabalho.
● Correção monetária dos valores em atraso calculada de acordo com o Manual de Orientação
de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº 11.960/09
(INPC), a partir de quando será apurada, conforme julgamento proferido pelo C. STF (IPCA-E),
sob a sistemática da repercussão geral (Tema nº 810 e RE nº 870.947/SE), pelos índices de
variação do IPCA-E, tendo em vista os efeitos ex tunc do mencionado pronunciamento. Isso foi
o que o STF entendeu em sede de repercussão geral. Aí o STJ em repetitivo disse,
posterioremente:
o De acordo com o STJ, a utilização do INPC é lícita enquanto tal índice for capaz
de exprimir o fenômeno inflacionário (não deve ser aplicado para sempre, mas
tão somente enquanto refletir a realidade inflacionária nacional). Explica o
colendo STJ que a adoção do INPC não configura afronta ao que foi decidido
pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral (RE 870.947/SE).
Isso porque, naquela ocasião, determinou-se a aplicação do IPCA-E para fins
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de correção monetária de benefício de prestação continuada (BPC/LOAS), o


qual se trata de benefício de natureza assistencial (índole não previdenciária),
previsto na Lei nº 8.742/93. Assim, é imperioso concluir que o INPC, previsto
no art. 41-A da Lei nº 8.213/91, é o índice mais apropriado para reger a
correção monetária do benefício de caráter previdenciário.

3. DIREITO PENAL – parte geral


104 3.1. Introdução ao Direito Penal
Introdução ao Direito Penal. Conceito, caracteres e função do Direito Penal. Princípios
básicos do Direito Penal. Princípios de normas penais contidas na Constituição Federal de
1988. Relações com outros ramos do Direito. Direito Penal e política criminal. Criminologia:
noções gerais. Norma Penal. Conflito aparente de normas. Teoria Geral do Delito.
● Em se tratando de extinção da punibilidade pela abolitio criminis, persiste o efeito civil da
reparação do dano.
o Efeitos penais: extinguem-se – reincidência e antecedentes penais.
o Efeitos extrapenais: persistem – art. 91 e 92.
● A absolvição em revisão criminal, faz desaparecer a força executiva, mesmo se já tiver sido
iniciada a execução civil.
● A despeito da Constituição Federal vedar expressamente a veiculação de medidas provisórias
em matéria de Direito Penal, o Supremo Tribunal admite a validade e aplicação ao caso
concreto de normas penais não incriminadoras veiculadas nestes diplomas legislativos.
● Norma não incriminadora Permissiva:
o Exculpante: afasta a culpabilidade
o Justificante: afasta a ilicitude.
● A diferença entre interpretação analógica e analogia reside na voluntas legis: na primeira,
pretende a vontade da norma abranger os casos semelhantes por ela regulados; na segunda,
ocorre o inverso: não é pretensão da lei aplicar o seu conteúdo aos casos análogos, tanto que
silencia a respeito, mas o intérprete assim o faz, suprindo a lacuna. Assim, a interpretação
analógica é válida, pois necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e
imprevisíveis casos que as situações fáticas podem apresentar.
● O Presidente da República, somente por meio de Decreto, pode legislar sobre indulto e
comutação de penas. Trata-se de competência privativa instituída pela Constituição Federal

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vigente, embora possa tal atribuição ser delegada por aquele aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União.
● Parte da doutrina considera a transação penal exceção à regra da jurisdição necessária,
podendo ser aplicada nas hipóteses de ação penal pública condicionada à representação.
3.1.1. Princípio da insignificância
● Princípio da insignificância x Bagatela imprópria:
o Insignificância (bagatela própria): não se aplica o direito penal em razão da
insignificância da lesão ou do perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. O
interesse tutelado não sofreu nenhum dano ou ameaça de lesão relevante. A
conduta é formalmente típica, mas materialmente atípica. É o desvalor do
resultado/conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato.
o Bagatela Imprópria: Conquanto presentes o desvalor da conduta e do
resultado, evidenciando-se conduta material/formal típica, antijurídica e
culpável, a aplicação da pena, considerando-se as circunstâncias do caso
concreto, em especial o histórico do autor do fato, torna-se desnecessária. É o
valor ínfimo da culpabilidade em concurso com requisitos post factum que
levam à desnecessidade da pena no caso concreto. A pena não é meramente
retributiva, devendo sempre ser aplicada,
 Súmula 599: Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a Adminsitração
Pública. Obs: aceita no descaminho.
 Rádio Clandestina
o STJ: Não se aplica a insignificância, mesmo que seja de baixo potência, vez
105 que se trata de delito formal de perigo abstrato, que dispensa a
comprovação de qualquer dano ou do perigo, presumindo-se este
absolutamente pela lei.
o STF: Sim, é possível aplicar a insignificância em casos excepcionais, desde que
a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos
grandes centros e em situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de
lesividade.
 A conduta em questão, ainda que aplicado o princípio da
insignificância, teria seu sancionamento suficiente na esfera
administrativa.
o De acordo com o STF, o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97 somente ocorre
quando houver habitualidade. Se esta estiver ausente, ou seja, quando o
acusado vier a instalar ou se utilizar de telecomunicações clandestinamente,
mas apenas uma vez ou de modo não rotineiro, a conduta fica subsumida no
art. 70 da Lei 4.117/62, pois não haverá aí um meio ou estilo de vida, um
comportamento reiterado ao longo do tempo, que seria punido de modo mais
severo pelo art. 183 da Lei nº 9.472/97 (STF. HC 93870/SP, rel. Min. Joaquim
Barbosa, 20.4.2010).
o STJ: A prática de atividade de telecomunicação sem a devida autorização dos
órgãos públicos competentes subsume-se no tipo previsto no art. 183 da Lei
9472/97, divergindo da conduta descrita no art. 70 da Lei 4117/62, em que se
pune aquele que, previamente autorizado, exerce a atividade de
telecomunicação de forma contrária aos preceitos legais e aos regulamentos.
 A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como se fosse um provedor de internet,
sem autorização da ANATEL, configura o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97?
o STJ: SIM. A transmissão clandestina de sinal de internet, via radiofrequência,
sem autorização da ANATEL, caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 183
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da Lei nº 9.472/97. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1077499/SP,


Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/09/2017.
 SUMULA NOVINHA 606 STJ: Não se aplica o princípio da insignificância
aos casos de transmissão clandestina de internet via radiofrequência
que caracterizam o fato típico previsto no art. 183 da lei 9472.
o STF: Tem recente julgado em sentido contrário, mas a maioria do STF entende
da mesma maneira que o STJ
 Para a comprovação dos delitos é necessária a realização de perícia?
o STF: SIM. A prova pericial é necessária para que se constate, in loco, se a rádio
comunitária operava ou não com potência efetiva radiada acima do limite de
segurança. Diante da ausência de perícia, não se pode comprovar a
materialidade do crime. Logo, é possível absolver o réu porque não ficou
constatada a lesão aos bens jurídicos penalmente tutelados. Restará ao Poder
Público adotar apenas as medidas administrativas contra a rádio clandestina.
STF. 2ª Turma. RHC 119123/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
11/3/2014.
o STJ: NÃO. O crime de exercício clandestino de radiodifusão, tipificado no art.
183, da Lei 9.472/97, por constituir delito formal e de perigo abstrato, não
necessita da demonstração de dano efetivo para fins de justificar a tutela da
lei penal. Logo, é descabida a exigência de exame pericial quando a
materialidade delitiva e a autoria ficarem comprovadas por outros elementos
de provas existentes nos autos. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1480873/RO, Rel.
106 Min. Jorge Mussi, julgado em 22/05/2018.
● STF: É possível a concessão de habeas corpus de ofício pelo judiciário quando caracterizado
aplicabilidade do princípio da insignificância. Ademais, o trânsito em julgado da condenação
NÃO IMPEDE seu reconhecimento. Trata-se de causa supralegal de excludente da ilicitude,
afastando a tipicidade material do fato considerado crime.
o Requisitos objetivos: mínima ofensividade da conduta; ausência de
periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento; inexpressividade da lesão jurídica.
o Requisitos subjetivos: condições pessoais do agente
▪ Reincidente:
● REGRA: aplica-se princípio da insignificância na reincidência
genérica. Deve-se analisar caso a caso.
● EXCEÇÃO: não se aplica à reincidência específica, como o caso
de descaminho.
▪ Criminoso habitual: não se aplica.
▪ Militares: vedada a utilização
● Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra
ação penal pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da
insignificância mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. Excepcionalmente, no
entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento dessa regra e a
aplicação do princípio, com base na ideia da proporcionalidade. É o caso, por exemplo, do
furtol de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão, bens
avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego
de violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido
grau de reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor
do réu outra ação penal instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico
crime famélico. A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é
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razoável que o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-


se no sentido de atribuir relevância a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
● 1. A aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a conduta atípica, exige sejam
preenchidos requisitos estabelecidos na legislação infraconstitucional, posto controvérsia de
natureza infraconstitucional, não revela repercussão geral apta a tornar o apelo extremo
admissível, consoante decidido pelo Plenário do STF, na análise do AI n.º 747.522–RG, Relator
Min. Cezar Peluso, DJe de 25/9/2009. 2. A aplicação do princípio da insignificância exige que a
conduta seja minimamente ofensiva, que o grau de reprovabilidade seja ínfimo, que a lesão
jurídica seja inexpressiva e, ainda, que esteja presente a ausência de periculosidade do agente.
In casu, não há elementos suficientes a fim de se apreciar o preenchimento de todos os
pressupostos hábeis à aplicação do aludido princípio, a fim de trancar a ação penal.
● Furto qualificado não é compatível com o princípio da insignificância, vez que demonstra a
periculosidade do agente.
● Súmula 502 STJ: Presentes materialidade e autoria, afigura-se típica, em relação ao crime
previsto no artigo 184, §2º do CPB, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. Não há
que se falar em princípio da adequação social ou insignificância.

3.2. Aplicação da lei penal


Da aplicação da lei penal: princípio da anterioridade; lei penal no tempo; lei excepcional ou
107 temporária; tempo do crime; territorialidade; lugar do crime; extraterritorialidade; pena
cumprida no estrangeiro; eficácia de sentença estrangeira; contagem de prazo; frações não
computáveis na pena; aplicação da parte geral do Código Penal aos fatos incriminados por
lei especial.
● A interpretação judicial é não vinculante?? ERRADO, súmula vinculante é interpretação!
● A comunis opinio doctorum é admitida no âmbito penal: isso é interpretação doutrinária!
● Lei intermediária caracteriza hipótese em que ocorre, ao mesmo tempo, ultratividade e
retroatividade da lei penal mais benéfica.
● A interpretação teleológica busca a finalidade social buscada pelo legislador com a edição da
norma.
● Crime contra vice-presidente não é extraterritorialidade incondicionada, mas apenas contra
Presidente.
● Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional:
o as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou;
o privadas a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as;
o aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo brasileiro correspondente
ou em altomar.
● É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
o aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
● O complemento da lei penal em branco em sentido estrito, se possuir caráter regulador, como
as tabelas oficiais, segue a regra do artigo 3º do Código Penal, que estabelece a ultratividade
das leis temporárias e excepcionais.

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● Atenção aos enunciados: prestar atenção se quer método de interpretação ou de integração,


ok? Em analogia o TRF2 já tentou confundir o candidato, colocando o conceito correto de
analogia e pedindo método de interpretação no enunciado.
● A jurisprudência é no sentido da impossibilidade de combinação de leis penais para beneficiar
o agente.

3.3. Teoria do crime: fato típico – ilícito/antijurídico - erros


Do crime: relação de causalidade; superveniência de causa independente; relevância da
omissão; crime consumado; tentativa; desistência voluntária e arrependimento eficaz;
arrependimento posterior; crime impossível; crime doloso; crime culposo; agravação pelo
resultado; erro sobre elementos do tipo; descriminantes putativas; erro sobre a ilicitude do
fato; coação irresistível e obediência hierárquica; exclusão da ilicitude; excesso punível;
estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento de dever legal e exercício
regular de direito.
● Princípio da culpabilidade: o Estado só pode impor sanção penal ao agente imputável, com
potencial consciência da ilicitude, quando dele exigível conduta diversa. Aqui estamos falando
do terceiro elemento do crime – culpabilidade.
o Não se confunde com princípio da responsabilidade subjetiva. Neste, não
basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando sua
responsabilidade penal condicionada à existência de voluntariedade (dolo ou
culpa). Aqui estamos falando do primeiro elemento do crime (fato típico –
108  doloso ou culposo)
Agravação pelo resultado: o resultado que agrava a pena de maneira especial só é imputável
ao agente que o houver causado, ao menos culposamente (consciência da ilicitude). Assim, se
um homem, sem ter o conhecimento que uma mulher está gravida, causar a ela lesões
corporais que a leve a abortar, não poderá responder pelo resultado agravado, vez que não
tinha ciência.
o Deve haver pelo menos culpa para aplicar agravantes pelo resultado.
o Os delitos qualificados pelo resultado procedem da teoria, elaborada pelo
Direito Canônico, do chamando versari in re illicita, conforme a qual qualquer
pessoa responderá, ainda que não tenha culpa (dolo – respondendo de
maneira culposa), por todas as consequências que derivam de sua ação
proibida. Não aplicada no nosso ordenamento, por configurar
responsabilidade penal objetiva.
● O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria
do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma
genérica o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido
supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa.
Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, a
conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel
desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se
pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa
● A culpabilidade do artigo 59 é a reprovabilidade social do crime e em relação à pessoa do
agente, e não o grau de culpa em sua atuação.
● A concausa superveniente relativamente independente que por si só produz o resultado deve
estar fora do desdobramento físico da conduta do autor. Deve ser independente e produzir
por si só o resultado, sem nenhuma interferência do autor. Do contrário, responde pelo
resultado por ter dado causa.

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● Nos crimes omissivos impróprios é necessária uma qualificação especial do agente, ou seja,
autores delimitados, descritos pela lei Penal.
● Lembrar que não é cabível a autoria mediata em crimes culposos, pois o resultado
naturalístico é produzido involuntariamente pelo agente, não sendo possível a utilização de
um inimputável para a prática de um crime que não se pretendeu produzir pelo agente
mediato.
● Crime habitual: a pluralidade de atos é um só crime, trata-se de hipótese em que a ação é
hábito, como no exercício ilegal da medicina.
● Crime continuado: cada ato é punível e o conjunto de delitos constitui um delito só, por
dependência de todos eles. Há um liame entre eles de modo, tempo e lugar.
● Crime permanente: é aquele em que seus efeitos perduram pelo tempo.
● Responsabilidade penal da pessoa jurídica: a CF prevê hipóteses, como o artigo 173, §5º, nos
crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, bem como no
artigo 225, §3º, nos crimes ambientais.
o STJ: entendia pela necessidade da dupla imputação. Depois que o STF se
manifestou pela inaplicabilidade, o STJ mudou seu entendimento adequando-
o ao entendimento do STF.
o STF: diz que a CF não fez essa obrigação, entendendo pela possibilidade de
condenação da pessoa jurídica dissociada da pessoa física.
● Sociedade de risco do direito penal: perigos que podem surgir com a evolução das sociedades,
de modo que é preciso adequar os tipos penais à realidade. Hoje, temos a preocupação com os
direitos difusos, havendo a criação de tipos abstratos e cumulativos.
109 ● Crimes/tipos de perigo abstrato: diante da probabilidade de uma ação ser considerada
perigosa, o legislador antecipa a proteção do direito penal ao dano propriamente dito,
punindo uma conduta entendida como perigosa ao bem jurídico a ser protegido. O tipo penal
visa evitar não o dano, mas o próprio perigo do dano. Ex: soltar balão de fogo. Liquefação.
Espiritualização.
● Crimes/tipos cumulativos: punição da conduta que, de forma isolada, não seria relevante, mas
se praticada generalizadamente traria prejuízos para sociedade. Ex: delitos ambientais. Logo:
não pune a conduta por sua lesividade, mas para prevenir a prática generalizada, que é capaz
de provocar perigo supraindividual.
● Direito Penal Negocial: resposta à expansão do direito penal, que passa a tutelar bens
jurídicos supraindividuais, ameaçados por novos riscos sociais. Nesse modelo, o Estado abre
mão de parcela do ius puniendi e incorpora institutos negociais no ordenamento, sob a
justificativa de redução de custos com o aparato judicial e de maior eficiência no combate à
criminalidade organizada.
● Crimes Plásticos: são tipos penais criados para determinadas épocas, em virtude da evolução
social, como os crimes contra o sistema financeiro, crimes digitais, etc.
● Crimes Naturais: São os crimes que são importantes em todos os momentos históricos, como
no caso do homicídio, furto, roubo, etc.
3.3.1. Dolo e culpa
● Crime PROGRESSIVO x PROGRESSÃO CRIMINOSA:
o Crime PROGRESSIVO: queria desde o início o crime mais grave, mas tem que
passar pelo menos grave. Não mudou o dolo.
o PROGRESSÃO Criminosa: Primeiro o agente praticou um crime menos grave
(era o objetivo). Depois ele resolveu progredir e praticar um crime mais grave.
Muda o DOLO.
●  Crime Progressivo = C vem antes de P. A vontade vem antes.
● Progressão Criminosa = C vem depois de P. A vontade vem depois.
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● O roubo impróprio constitui exemplo de progressão criminosa, existindo inicialmente,


a intenção do agente de subtrair a coisa e, depois, o emprego de violência ou grave
ameaça para garantir a apropriação do bem.

● DOLO:
o Dolo direto: determinado, intencional, imediato, incondicionado. O agente
prevê um resultado e dirige a sua conduta na busca de realiza-lo.
▪ Primeiro grau: é o dolo em relação ao fim proposto e aos meios
escolhidos.
▪ Segundo grau: é o dolo em relação aos efeitos colaterais,
representados como necessários, sem os quais o efeito desejado não
ocorre. Ex: bomba em avião para matar um sujeito, e acaba matando
outros.
o Dolo indireto: é aquele em que o agente não tem a vontade dirigida a um
resultado certo e determinado. O agente não dirige sua conduta a uma
finalidade precisa.
● Nos delitos culposos a ação do tipo não está determinada legalmente. Seus tipos são, por isso,
abertos ou com necessidade de complementação, já que o juiz tem que completá-los para o
caso concreto. Assim, o juiz tem que interpretar o ato culposo, complementando o tipo
fechado.
3.3.2. Crime impossível

110 O Código Penal adotou a teoria objetiva moderada em relação ao crime impossível. Isso
porque o artigo 17 exige, para a caracterização do crime impossível, que o objeto seja
absolutamente impróprio ou o meio seja absolutamente ineficaz, caracterizando-se a
tentativa quando os meios sejam relativamente eficazes ou impróprios.
● Para a teoria objetiva pura, não há distinção entre inidoneidade absoluta ou relativa, já que em
ambos os casos não haveria bem jurídico em perigo, sendo o fato, portanto, impunível.
● Para a teoria subjetiva, não importa se o meio ou o objeto são absoluta ou relativamente
ineficazes ou impróprios, pois que, para a configuração da tentativa, basta que o agente tenha
agido com vontade de praticar a ação penal. O agente, no caso, seria punido apenas pela
intenção.
● Crime putativo: quando o agente acha estar cometendo um crime. Só em sua órbita subjetiva
ele acha. Espécies: erro de tipo e erro de proibição.
3.3.3. Cosunção, absorção, subsidiariedade e especialidade
● Quando o falso é meio para o descaminho, fica por ele absorvido.
● É possível a absorção de um crime meio mais grave por um crime fim mais leve.
● Prescrito o crime fim, inviável o início da ação penal quanto ao crime meio já absorvido.
● Contravenção penal não absorve crime tipificado no Código Penal.
● O princípio da consunção pode ser aplicado mesmo que o crime a ser absorvido (crime-meio)
seja mais grave do que o crime-fim. O que importa é que o crime-meio tenha exaurido a sua
potencialidade lesiva, segundo se extrai da Súmula 17-STJ ("Quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido"). Assim, admite-se que uma
infração penal de maior gravidade (maior pena em abstrato), quando utilizado como simples
instrumento para a prática de delito menos grave (menor pena), seja por este absorvido (STJ
AgRg no REsp 1274707/PR).

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3.3.4. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e posterior


● A desistência voluntária e o arrependimento eficaz só ocorrem se forem capazes de romper o
nexo de causalidade e evitar o resultado. Se ocorrer o resultado, o agente responde pelo crime
consumado.
● Ponte de ouro: Trata-se da desistência voluntária e do arrependimento eficaz. São causas de
exclusão da tipicidade em relação aos crimes desejados inicialmente, por isso, é uma ponte de
OURO. Responde só pelos resultados realizados. Ex: queria matar, mas só lesiona, se houve
essas causas ele responde só pela lesão.
● Ponte de prata: trata-se do arrependimento posterior, pois sua ocorrência só diminui a pena,
na terceira fase.
● A desistência voluntária contenta-se com a voluntariedade, não se exigindo que seja
espontâneo. Ou seja, ainda que a vontade tenha nascido por circunstância que não originária
na vontade do agente, desde que não oriunda de coação física ou moral, é possível que haja a
desistência voluntária. Já a espontaneidade, não é exigida, sendo esta caracterizada pela ação
de livre coação, ou pedido, de iniciativa própria do agente, ou seja, não pode agir por sugestão
de outrem.
● Não se admite desistência voluntária em relação à prática de delito unissubsistente,
admitindo-se arrependimento eficaz apenas com relação à prática de crimes materiais. Para
beneficiar-se dessas espécies de tentativa qualificada, que, por si sós, não beneficiam os
partícipes, o agente deve agir de forma voluntária, mas não necessariamente de forma
espontânea.

111 ● 3.3.5. Teoria dos erros


Teoria limitada: divide em erro de tipo e erro de proibição. (ADOTADA)
● Teoria extremada: há só erro de proibição.
● O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável ou inevitável; como o dolo é elemento do
tipo, a sua presença exclui a tipicidade do fato doloso, podendo o sujeito responder por crime
culposo, desde que seja típica a modalidade culposa, se vencível (art. 20, CP).
● Erro de tipo é o propriamente dito, podendo ser classificado em vencível e invencível. Ocorre,
no caso concreto, quando o indivíduo não tem plena consciência do que está fazendo; imagina
estar praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a praticar uma conduta ilícita,
mas que por erro, acredite ser inteiramente lícita. O erro sobre o fato típico diz respeito ao
elemento cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e consciente de praticar o crime, ou
assumir o risco de produzi-lo, que resta ausente no caso.
● Erro de tipo essencial: ele recai sobre elementares, qualificadoras, causas de aumento de
pena e agravantes, ficando-as excluídas se o erro foi escusável. Portanto, nesta forma, o
agente não tem plena consciência ou nenhuma de que está praticando uma conduta típica, em
virtude de uma falha na percepção da realidade. Sempre excluirá o dolo, seja escusável ou
inescusável.
o Inescusável/Vencível/Evitável: tem o poder de excluir o dolo, podendo ser
punido a título de culpa se houver previsão Culpa imprópria.
o Escusável/Invencível/Inevitável: exclui o dolo e a culpa. Erro de tipo
permissivo.
● Erro de tipo acidental/irrelevante: recai sobre circunstâncias secundárias do crime. Não
impede o conhecimento sobre o caráter ilícito da conduta, o que por consectário lógico não
obsta a responsabilização do agente, devendo responder pelo crime.
o Erro de execução: aberractio ictus. A execução imperfeita acaba atingindo um
terceiro que, em regra, não fazia parte do seu “animus”.
▪ Resultado único: responde por um só crime em, levando-se em conta
as condições da pessoa que queria atingir.
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▪ Resultado duplo: concurso formal: responde pelo resultado doloso


desejado e pelo resultado culposo do erro de execução.
o Erro sobre a pessoa: responde pelo dano causado à pessoa inicialmente
visada.
o Erro sobre o objeto: o agente supõe estar praticando a conduta contra o
objeto material que deseja, mas por erro acaba atingindo outro. O erro nesse
caso é irrelevante, respondendo pelo crime.
o Resultado diverso do pretendido: aberratio criminis/delicti. Quer dar um soco
no vidro do carro, mas acerta o motorista.
▪ Resultado único: responde pelo resultado realizado. (motorista)
▪ Resultado duplo: concurso formal. (vidro + motorista)
o Erro sobre o curso causal: aberratio causae, dolo geral, erro sucessivo. O meio
inicialmente projetado pelo agente será o utilizado para o fim de subsunção
dos fatos à norma penal. Ex: mulher acha que, primeiramente, matou o
marido envenenado, e posteriormente atira 5x no suposto cadáver, que morre
pelos tiros, e não pelo veneno. Será aplicada a qualificadora do veneno.
o Erro sobre as qualificadoras: acha que está cometendo com a presença de uma
qualificadora.
● Terceiro que determina o erro: responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Ex:
médico que coloca veneno em seringa e dá para enfermeira aplicar. Só o médico responde por
homicídio.
● Erro de proibição: erro de proibição indireto/ erro de permissão: exclui a culpabilidade, por
112 inexistência de potencial conhecimento de ilicitude em virtude de circunstâncias que o fazem
acreditar que seu ato não é um ilícito. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato:
o Inevitável, isenta de pena;
o Evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço
o Erro direto: o agente acredita sinceramente que sua conduta é lícita
o Erro indireto: o agente supõe que sua ação, ainda que típica, é amparada por
alguma excludente de ilicitude
o Se exige é uma potencial consciência ( ou como afirmava Mezger: “Valoração
Paralela do Profano”), que decorre necessariamente do conjunto de valores
éticos e morais de cada indivíduo.
● Descriminante putativa: artigo 20, §1º, do CP, segundo o qual "é isento de pena quem, por
erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. – Descriminantes putativas – excludente da ilicitude. Descriminante
putativa é causa de exclusão da ilicitude que não existe concretamente, mas apenas na mente
do autor de um fato típico. Seria, portanto, a conduta de o agente considerar presentes as
descriminantes do artigo 23, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias. Ex: estado
de necessidade putativo, legítima defesa putativa, estrito cumprimento de um dever legal
putativo e exercício regular do direito putativo.
● No erro de tipo há exclusão do fato típico, enquanto que na descriminante putativa há
excludente da ilicitude.

3.3.6. Teoria da ilicitude – antijurídico - excludentes


● O consentimento do ofendido, causa supralegal de justificação, só é válida se manifestado
antes ou durante a prática da infração. Posteriormente, a ilicitude não é excluída, mas pode
configurar perdão ou renúncia em caso de ação penal privada.

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o Excludente da tipicidade, pois retira o dolo criminoso. Para crime é necessário


o dissenso do ofendido, o que não há quando presente o consentimento do
ofendido.
● A excludente de estado de necessidade não afasta a autoria do dano civil e a ocorrência deste
dano. Logo, mesmo cometendo um ato lícito, se gerar dano, o autor deverá indenizar.
● A diferença entre ilicitude formal (proibição legal - ação) e ilicitude material (perigo a bem
jurídico penalmente tutelado - resultado) é irrelevante, uma vez que o motivo de a norma
penal proibir determinada conduta sob ameaça de uma sanção, é porque aquela conduta ou
causa lesão ou expõe a perigo o bem juridicamente protegido, ou seja: independe do resultado
(ilícito material), podendo ser punido pela mera ação (crime abstrato – ilícito formal).
● Ratio cognoscendi: quando o fato for típico, provavelmente será ilícito, salvo uma causa de
justificação da ilicitude.
● Ratio essendi: fato típico e ilicitude constituem o tipo total de injusto, de modo que exige a
caracterização dos dois elementos para que haja concretização da tipicidade. Aqui, a prática
de uma conduta típica indicia sempre a sua própria ilicitude. É o tipo total de injusto.
● Estado de necessidade:
o Teoria Unitária: só existe estado de necessidade justificante.
o Teoria diferenciadora: existe estado de necessidade justificante e exculpante.
▪ Estado de necessidade justificante: ficaria afastada a ilicitude porque
o mal causado, pela sua natureza e importância, é consideravelmente
inferior ao mal evitado
▪ Estado de necessidade exculpante: por existir um conflito entre bens
113 de igual valor, “o agente atua num estado de alteração motivacional
que faz com que não se possa dele exigir uma conduta distinta da que
realizou, lesionando um bem jurídico, esta inexigibilidade de conduta
diversa é a base da inexistência de uma censura ao agente e, portanto,
da culpabilidade. O fato é típico e antijurídico, quer dizer,
objetivamente não está valorizado de forma positiva pelo Direito,
ainda que, por não ser censurável, o agente deva ficar impune”.
● O código penal adotou a teoria unitária, de modo que se o bem sacrificado for de menor valor,
ou o bem protegido for de maior valor, haverá excludente de ilicitude. Se o bem sacrificado for
de maior valor do que o bem protegido, haverá, então, causa de diminuição. Art. 24.

3.4. Teoria do crime: culpabilidade


Da imputabilidade penal: agentes inimputáveis; menoridade penal; emoção e paixão;
embriaguez.
● Manifestantes que ocupem local público e descumprem ordem para retirada não cometem
crime. São acobertados por causa supralegal de exclusão da culpabilidade. Direitos
fundamentais. Causa inovadora. Danos irrelevantes.
● O distribuidor e o revendedor que não tem ciência de ilícito perpetrado por fabricante, não
auxiliando em sua conduta, não responde por crime, uma vez que não há responsabilidade
penal objetiva no direito penal brasileiro.
● A teoria da actio libera in causa vem solucionar casos nos quais, embora considerado
inimputável, o agente tem responsabilidade pelo fato. É o clássico exemplo da embriaguez
preordenada, na qual a pessoa se embriaga exatamente para cometer o delito.

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● Se o juiz apura, pelas características pessoais do indígena, sua integração social – escolaridade,
fluência na língua portuguesa ou outros elementos de convicção -, dispensa-se a realização de
exame antropológico para mesma finalidade.
● A instauração de incidente de insanidade mental pressupõe a configuração de dúvida razoável
sobre a própria imputabilidade criminal do acusado, ou seja, não é de ser deferido apenas
porque apresentado pela defesa.
● Embriaguez – álcool ou droga:
o Não é isento de pena: voluntária ou culposa.
o É isento de pena: embriaguez completa em caso fortuito ou força maior,
devendo ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
o Diminui 1 a 2/3: não tinha plena capacidade de entender o caráter ilícito do
fato em razão de embriaguez causada por caso fortuito ou força maior.
● É isento de pena aquele que ao tempo da ação ou omissão era inteiramente incapaz de
entender o fato criminoso.
o Se for entre a denúncia e a prolação de sentença, suspende o processo até
que o acusado se restabeleça, com a nomeação de curador.
o Se sobrevier a insanidade no curso da execução penal, vai para o manicômio.
3.5. Teoria da pena – efeitos da condenação – concurso de crimes
Das penas: das espécies de penas; das penas privativas da liberdade: reclusão e detenção;
regras do regime fechado; regras do regime semiaberto; regras do regime aberto; regime
especial; direitos do preso; legislação especial relativa aos direitos e ao trabalho do preso e a
114 outras questões relativas à execução penal; superveniência de doença mental; detração
penal; das penas restritivas de direitos: normas gerais sobre as penas restritivas de direitos;
conversão das penas restritivas de direitos; prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas; interdição temporária de direitos; da pena de multa: normas gerais sobre
a pena de multa; pagamento da multa; suspensão da execução da multa; da cominação das
penas; penas privativas da liberdade; penas restritivas de direitos; pena de multa; da
aplicação da pena: fixação da pena; critérios especiais da pena de multa; multa substitutiva;
circunstâncias agravantes; agravantes no concurso de pessoas; reincidência; circunstâncias
atenuantes; concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes; cálculo da pena; concurso
material; concurso formal; crime continuado; multas no concurso de crimes; erro na
execução do crime; resultado diverso do pretendido; limite das penas; ordem de execução
das penas no concurso de infrações; da suspensão condicional da pena: requisitos da
suspensão da pena; revogação obrigatória e facultativa da suspensão da pena; prorrogação
do período de prova; efeito do cumprimento das condições da suspensão condicional da
pena; do livramento condicional: requisitos do livramento condicional; soma de penas
relativas a infrações diversas, para fim do livramento condicional; condições a que fica
subordinado o livramento condicional; revogação obrigatória e facultativa do livramento
condicional; efeitos da revogação; a declaração de extinção da pena e o crime cometido na
vigência do livramento condicional; dos efeitos genéricos e específicos da condenação; da
reabilitação.
 Teoria das penas
o Teoria absoluta: doutrinas que defendem a natureza retributiva das penas. A
pena seria um fim em si própria, como castigo, reação, reparação, retribuição
do crime. É justificada pelo seu valor axiológico, não sendo um meio,
tampouco um custo, mas sim um dever metajurídico que possui em si seu
próprio fundamento. PENA = retribuir.

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o Teoria relativa: são as doutrinas que defendem a utilidade da pena, que


consideram e justificam a pena enquanto meio para a realização do fim
utilitário de prevenção de futuros delitos.
 Prevenção:
 Geral:
o Negativa: evitar que demais pessoas da comunidade
pratiquem crime.
o Positiva: infundir na consciência geral a necessidade
de respeito a determinados valores.
 Especial
o Negativa: neutralizar o agente que praticou o crime.
o Teoria unificadora: adotada pelo Código Penal. Unifica as teorias absolutas e
relativa, de modo que a pena, no Brasil, é retributiva e preventiva.
3.5.1. Dosimetria: aplicação de qualificadoras, agravantes, atenuantes
 Compensação de reincidência com confissão espontânea:
o STJ: é possível. Em regra, a reincidência e confissão se COMPENSAM.
Exceções: se o réu for multirreincidente ou reincidente específico, casos em
que prevalecerá a reincidência.
o STF: não há repercussão geral na matéria, tratando-se de tema
infraconstitucional.
 O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa
115 de aumento do art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior
hierárquico ou “imposição hierárquica”.
● O artigo 59: a aplicação da pena base (exasperação da pena base) é discricionário do juiz,
devendo pautar-se em elementos concretos constantes dos autos. STJ e STF não podem
revisar pena base, devendo remeter, em regra, ao juízo de primeiro grau, salvo flagrante
ilegalidade. Do contrário fosse, as Cortes passariam a ser casas revisoras.
● ATENÇÃO: o ato infracional JAMAIS poderá ser utilizado para valorar negativamente os
antecedentes, a conduta social ou qualquer circunstância do artigo 59. Atos infracionais não
podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base e muito menos
servem para configurar reincidência
● Se as circunstâncias judiciais do art. 59 forem desfavoráveis, é possível que o juiz se
fundamente nesses dados para impor ao condenado regime inicial mais gravoso que o previsto
para a quantidade de pena aplicada. Se as penas-base de ambos os crimes são fixadas acima
do mínimo legal em face da valoração negativa das circunstâncias do art. 59 do Código Penal,
não há ilegalidade na imposição de regime inicial mais gravoso do que o abstratamente
previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada
● Na dosimetria da pena de tráfico, o juiz não pode aumentar a pena base utilizando como
argumento o fato de terem sido encontradas muitas trouxinhas com o réu, se o peso delas era
pequeno (7,1 gramas), sendo esse fato preponderante. De igual modo, o magistrado não pode
aumentar a pena pelo simples fato de a venda da droga ocorrer dentro da própria casa do
condenado. Isso porque esse fato, por si só, não enseja uma maior reprovabilidade da conduta
delituosa. Por fim, o julgador não pode aumentar a pena do réu porque este declarou, em seu
interrogatório, que era usuário frequente de droga. O uso contumaz de drogas não pode ser
empregado como indicativo de necessidade de agravamento da reprimenda, visto que a
conduta do réu que vende drogas para sustentar o próprio vício é menos reprovável do que a
daquele que pratica esse crime apenas com intuito de lucro.
● O juiz, ao fundamentar o aumento da pena acima do mínimo legal, deve fazê-lo de forma
individualizada para o caso concreto, não podendo valer-se de argumentos abstratos que
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valem para qualquer pessoa que praticou aquele crime. Isso porque a valoração abstrata já
foi feita pelo legislador. A valoração a ser realizada pelo juiz é a do caso concreto
● Condenação criminal não pode ser utilizada como "maus antecedentes" e também como
"personalidade" negativa, sob pena de bis in idem.
● Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São
circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o magistrado
utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como "conduta social desfavorável".
● É vedado utilizar IPL ou ação penal em andamento para AGRAVAR A PENA BASE. Só se pode
reincidência e maus antecedentes se transitada em julgado. No mesmo sentido, não se pode
empregar para exasperar a pena base, seja a título de maus antecedentes, seja a título de
conduta social ou personalidade do agente.
● STJ: não é possível considerar a condenação transitada em julgado, correspondente a fato
posterior ao narrado na denúncia, para valorar negativamente antecedentes, conduta social
ou personalidade do agente. APENAS CRIMES ANTERIORES, ainda que o trânsito em julgado
seja superveniente ao crime cuja a ação penal se refere
● • Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o quantum da
majoração (entre 1/6 a 2/3) é apenas a quantidade de delitos cometidos. Assim, quanto mais
infrações, maior deve ser o aumento. • Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único,
do CP): a fração de aumento será determinada pela quantidade de crimes praticados e
também pela análise das circunstâncias judicias do art. 59 do Código Penal. STJ. 5ª Turma.
REsp 1718212/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/2018.
● Nos delitos contra a ordem tributária e contra a Administração Pública é possível o
116 agravamento da pena-base com fundamento no prejuízo sofrido pelos cofres públicos, quando
o valor do prejuízo representa montante elevado, dada a maior reprovabilidade da conduta.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1249284/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
05/06/2018.
● O excesso de velocidade não constitui fundamento apto a justificar o aumento da pena-base
pela culpabilidade, por ser inerente aos delitos de homicídio culposo e de lesões corporais
culposas praticados na direção de veículo automotor, caracterizando a imprudência,
modalidade de violação do dever de cuidado objetivo, necessária à configuração dos delitos
culposos.
● O fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por Promotor de Justiça no
exercício de suas atribuições institucionais pode configurar circunstância judicial desfavorável
na dosimetria da pena. Isso porque esse fato revela maior grau de reprovabilidade da
conduta, a justificar o reconhecimento da acentuada culpabilidade, dada as específicas
atribuições do promotor de justiça, as quais são distintas e incomuns se equiparadas aos
demais servidores públicos latu sensu.
● É possível a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, “c”, do CP nos crimes preterdolosos,
como o delito de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, do CP).
o O artigo 129, §3º, descreve conduta dolosa autônoma, sendo o resultado
morte mera consequência. A conduta dolosa preenche autonomamente o tipo
legal e o resultado culposo denota mera consequência. Assim sendo, é cabível
a agravante genérica de traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido. O
crime inicial foi doloso, de modo que o agente quis o primeiro resultado e
praticou mediante traição, emboscada, etc., sendo a morte somente a
consequência culposa de seu ato.
● Decisão transitada em julgado:
o Reincidência: acaba após 5 anos. STJ e STF
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o Maus antecedentes:
▪ STF: não pode vigorar para sempre, não pode usar decisão transitada
em julgado após escoado 5 anos para mais antecedentes. Tanto a
reincidência como os maus antecedentes obedecem ao sistema da
temporariedade.
▪ STJ: pode usar decisão transitada em julgado após 5 anos como maus
antecedentes. Reincidência: sistema da temporariedade. Maus
antecedentes: sistema da perpetuidade.
o Reincidência: FATO E CONDENAÇÃO PRETÉRITA. Se ocorrer no curso de outra
ação é reincidência (STF).

3.5.2. Das Penas: regime


 Pena Privativa da Liberdade – regras gerais.
o Detenção
 Semiaberto
 Aberto
o Reclusão
 Fechado
 Semiaberto
 Aberto
 Fundamentadamente, o juiz pode fixar regime mais gravoso.
 Se o agente tiver 70 anos na data do fato, terá mais do que 70 na data da sentença, ocasião
117 em que haverá atenuante.
● Se houver fundamentação adequada o juiz poderá condenar o réu a um regime mais gravoso
do que o previsto no CP. A dosimetria da pena e o regime inicial estão fundamentados em
quatro circunstâncias desfavoráveis: culpabilidade, motivos, circunstâncias e consequências do
crime.
o A fixação de regime de pena não decorre tão somente do quantum, mas da
análise das circunstâncias do 59.
o A gravidade apta a demonstrar a fixação de regime mais gravoso deve ser
aferida com elementos do caso concreto.
o A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
justificar a fixação do regime mais gravoso. A imposição de regime de
cumprimento de pena mais gravoso deve ser fundamentada, atendendo à
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima (art. 33, § 3°, do CP). Não importa se o crime seja
tráfico de drogas.
o INCONSTITUCINAL a obrigatoriedade de início do cumprimento de pena no
regime fechado aos condenados por crimes hediondos ou equiparados.
▪ Interpretação da súmula vinculante 26: o regime integral fechado
é inconstitucional e a progressão, antes de 2007, se faz com 1/6 (CP). A
lei que alterou a progressão para 2/5 e 3/5, por ser mais prejudicial,
em verdade (em que pese aparentemente seja mais benéfica), não
retroage para crimes cometidos antes de sua vigência.
● Súm STF 718: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.

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● Súm STF 719: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação IDÔNEA.
o Tal motivação deve se prender exatamente às circunstâncias judiciais. Deve
ser demonstrado concretamente a existência de circunstâncias judiciais
desfavoráveis.
o Isto posto, não cabe motivo mais gravoso por quantidade de droga
apreendida.
● Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos (ex: prestação
pecuniária), o CP prevê, como consequência, a reconversão da pena restritiva de direitos em
privativa de liberdade. Logo, o juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como
forma de cumprimento forçado da pena substitutiva. A possibilidade de reconversão da pena
já é a medida que, por força normativa, atribui conectividade à pena restritiva de direitos.
● Desde que as circunstâncias judiciais sejam desfavoráveis ao réu e que a decisão judicial esteja
devidamente fundamentada, mediante apresentação de justificativa plausível, admite-se a
imposição do regime inicial semiaberto para o cumprimento de pena aplicada em patamar
inferior a quatro anos, nos termos do § 3º do art. 33 do CP e do Enunciado 719 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal. HC 124.876, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 24-2-2015,
acórdão publicado no DJE de 11-3-2015
o 2ª Turma denegou em sentença que se sustentava ilegalidade em razão da
fixação do regime semiaberto para o cumprimento de pena inferior a quatro
anos, exclusivamente em razão da exasperação da pena base. O Colegiado
118 destacou que, na espécie, embora a pena final fixada fosse inferior a quatro
anos, duas das circunstâncias judiciais contidas no art. 59 do CP seriam
desfavoráveis aos pacientes — as circunstâncias e as consequências do crime
—, o que, nos termos do § 3º do art. 33 do CP (“A determinação do regime
inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código”) e do Enunciado 719 da Súmula do STF (“A
imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea”), impediria a aplicação do regime inicial mais
brando.
● Tese 96 PGR: É possível a regressão de regime de cumprimento de pena do apenado
que pratica novo crime doloso , ainda que não haja trânsito em julgado em relação ao
novo crime, pois, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), a Lei de
Execução Penal não prevê tal requisito para regressão de regime. ACATADO PELO STF e
STJ!


3.5.3. Pena de multa
 É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental. Se o
condenado morre, a pena de multa é extinta.
 Na fixação da pena de multa, o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do
réu.
● A execução de pena de multa é da Fazenda Nacional, porém, o Ministério Público pode adotar
medidas assecuratórias para garantir o pagamento desta. Art. 142 CPP.
o Mudança de entendimento: STF: Cabe ao MP a cobrança prioritária da pena
de multa pecuniária imposta em sentença penal condenatória, sem prejuízo da

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atuação subsidiária da Fazenda Pública caso o MP não efetue a cobrança em


90 dias"
o Os principais fundamentos da ADI são os que: a) se a pena de multa fosse
considerada um mero crédito fazendário, sua cobrança poderia ser efetuada
contra os herdeiros do apenado, violando, por conseguinte, o art. 5º, XLV, da
Constituição Federal, o qual determina que nenhuma pena passará da pessoa
do condenado e b) haveria uma confusão entre as competências do Ministério
Público e da Fazenda.
● O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de
parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado.
 A prescrição da pena de multa se dá em dois anos se for a única pena cominada; ou, no
mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
● A pena de multa deve ter relação de proporcionalidade com a pena privativa de liberdade, e
não com a condição econômica do réu. Devem ser utilizados os mesmos parâmetros para o
cálculo da pena privativa de liberdade e da pena de multa
● Mesmo após a edição da Lei n°9268/96, a pena de multa não perdeu sua natureza jurídica de
pena. Não se transformou em dívida ativa.
o É cabível a concessão de progressão de regime de cumprimento de pena,
ainda que o condenado não tenha pago multa imposta, mas tenha
comprovado sua incapacidade econômica em fazê-lo, uma vez que essa
inadimplência por falta de condição financeira deixa de ser óbice à concessão
119 da progressão de regime, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal
o Dito de outro modo, não há como se equiparar a não progressão de regime,
em razão do não pagamento da multa, à prisão civil por dívida. (já que não
perdeu o caráter de sanção penal).
● O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos
anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente
imposta.
● Diante da atual natureza da pena de multa, é entendimento sedimentado do STJ de que o
direito de punir do Estado se exaure com o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da
restritiva de direitos. A pena de multa é inscrita em DAU (Executada pelo MP e pela Fazenda
após inércia do MP por mais de 90 dias), de modo que não impede a decretação de extinção
da punibilidade pelo cumprimento da pena.
● O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de
sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de
cobrança pela Fazenda Pública.
o Quem executa a pena de multa?
▪ Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal,
aplicando-se a LEP.
▪ Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser
devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na vara de
execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80.
● O artigo 51 do CP determina a aplicação das normas relativa à dívida ativa da Fazenda Pública
no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Incidem, assim, a LEF e o
CTN.

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3.5.4. Efeitos da condenação


● STJ entende que a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos não
tem o condão de afastar o efeito disposto no artigo 92 do código penal (perda do cargo se
condenado a crime com pena privativa da liberdade igual ou superior a um ano).
● Reabilitação não retira os efeitos penais secundários da condenação, dentre eles a
reincidência.
o A reabilitação no caso de perda de cargo público e pátrio poder é parcial.
▪ I) Perde o cargo público, mas reabilitado, poderá fazer novo concurso
público.
▪ II) Perde o pátrio poder sobre o descendente vítima de estupro. Mas,
reabilitado, poderá ter pátrio poder sobre outro filho que porventura
tiver.
o A reabilitação só é integral no caso de inabilitação para dirigir veículo
 A perda em favor da União, dos instrumentos do crime que constituem ilícito, e do
produto/proveito é AUTOMÁTICA/IMEDIATA, não precisando constar expressamente.
 A pena de perdimento de cargo deve ser restrita ao cargo ocupado ou função pública exercida
no momento do delito, à exceção da hipótese em que o magistrado, motivadamente, entender
que o novo cargo ou função guarda correlação com as atribuições anteriores.
 Prevalece o entendimento que, se o crime for relacionado ao exercício profissional, é possível
ao juiz cominar pena de suspensão da atividade pelo tempo da condenação.

120 3.5.5. Concurso de agentes


 Teoria monista ou unitária: A regra é que responde pelo mesmo crime o autor e os partícipes,
ainda que estes, com conhecimento do todo, tenham participado da execução em parte. É o
mesmo crime, e não pena única, pois violaria o princípio da individualização da pena, previsto
constitucionalmente. O nosso código, com a reforma da parte geral, sofreu influência do
modelo italiano, com a adoção da teoria monista, o que fez nosso sistema desviar-se daquilo
que vinha do Código Criminal do Império, que considerava para cada agente um crime.
 Assim:
o Não há como um responder pela forma consumada e outro pela forma
tentada.
o Para comprovar a coparticipação não é necessário identificar os demais
elementos, bastando que seja provada a execução por dois ou mais agentes.
 EXCEÇÃO: o CP aplica excepcionalmente a teoria pluralista, pela qual se separam as
scondutas, com criação de tipos penais diversos para os agentes que buscam um
mesmo resultado. Ex: aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante;
bigamia; corrupção passiva e ativa; falso testemunho ou falsa perícia.
 A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala
hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também
não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim, não é porque
houve irregularidade em uma licitação estadual que o Governador tenha que ser condenado
criminalmente por isso.
 Requisitos: pluralidade de agentes, pluralidade de conduta, relevância causal da ação, liame
subjetivo.
 Autoria colateral se DISTINGUE de concurso de agentes, porque neste o agente adere
subjetivamente à ação de seu consorte, o que inexiste naquela, que ocorre exatamente
quando os consortes atuam sem intenção de aderir um à ação do outro. VISÃO DO STF!

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 A autoria colateral desconfigura o concurso de pessoas, pois entre os sujeitos não havia liame
subjetivo. A autoria colateral não é a mesma coisa que coautoria, pois não há concurso de
pessoas. Ocorre a autoria colateral quando dois ou mais agentes estão agindo na mesma
circunstância, objetivando o mesmo fim, mas sem existir entre eles o liame subjetivo.

3.5.6. Concurso de crimes e crime continuado


 O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos
efeitos do perdão judicial concedido para UM dos crimes, se não restou comprovada, quanto
ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal.
 Crime continuado – continuidade delitiva:
o O fato de serem cometidos em comarcas contíguas não retira o caráter de
continuidade por ausência de mesmo local. Entende-se que comarcas
contíguas são mesmo local para fins de continuidade delitiva.
o Habitualidade: não é crime contínuo. Na habitualidade o agente faz da ação
criminosa um estilo de vida, como exercício ilegal da medicina.
o A prescrição conta em relação a cada crime isoladamente, não se lhe
aplicando a causa de aumento.

3.6. Medida de segurança


121 Das medidas de segurança: espécies; da imposição de medida de segurança para o
inimputável; prazos de duração das medidas de segurança; da perícia médica; da
desinternação ou liberação condicional; da substituição da pena por medida de segurança
para o semi-imputável; dos direitos do internado.
 Espécies:
o Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado  reclusão. Há uma forma de restrição do
agente.
o Sujeição à tratamento ambulatorial.  o agente permanece livre, devendo
submeter-se ao tratamento ambulatorial. Aplica-se em detenção.
 Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
imposta.
 PRAZO. Por tempo indeterminado, até ser averiguado em perícia a cessação da periculosidade.
o Prazo mínimo 1 a 3 anos.
o STF: prazo máximo de 30 anos, fazendo uma analogia ao art. 75 do CP, e
considerando que a CF/88 veda as penas de caráter perpétuo.
o STJ Súmula 527: O tempo de duração da medida de segurança não deve
ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito
praticado.
 A conclusão do STJ é baseada nos princípios da isonomia e
proporcionalidade (proibição de excesso). Não se pode tratar de forma
mais gravosa o infrator inimputável quando comparado ao imputável.
Ora, se o imputável somente poderia ficar cumprindo a pena até o
máximo previsto na lei para aquele tipo penal, é justo que essa mesma
regra seja aplicada àquele que recebeu medida de segurança.
 É inconstitucional a manutenção em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico –
estabelecimento penal – de pessoa com diagnóstico de doença psíquica que teve extinta a

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punibilidade. Essa situação configura uma privação de liberdade sem pena. STF. 2ª Turma. HC
151523/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/11/2018 (Inf

3.7. Extinção da punibilidade – reabilitação e perdão judicial


Da extinção da punibilidade: hipóteses de extinção da punibilidade; da prescrição antes de
transitar em julgado a sentença; da prescrição das penas restritivas de direitos; da prescrição
depois de transitar em julgado a sentença final condenatória; do termo inicial de prescrição
antes de transitar em julgado a sentença final; do termo final da prescrição após a sentença
condenatória irrecorrível; da prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do
livramento condicional; da prescrição da multa; da redução dos prazos de prescrição; das
causas impeditivas da prescrição; das causas interruptivas da prescrição; da reabilitação penal;
do perdão judicial.
 Abolitio criminis: não afeta os efeitos extrapenais da condenação.
o STJ: declarada a prescrição do crime, a determinação de reparação de danos
não poderá subsistir. Isso não obsta, contudo, buscar na via cível a
responsabilização por ato ilícito.
 Em se tratando de extinção da punibilidade pela abolitio criminis, persiste o efeito civil da
reparação do dano.
o Efeitos penais: extinguem-se – reincidência e antecedentes penais.
o Efeitos extrapenais: persistem – art. 91 e 92.

122  3.7.1. Prescrição


STJ e DOUTRINA: O recebimento da denúncia por magistrado absolutamente incompetente
não interrompe o curso do prazo prescricional. De outro lado, a denúncia recebida por um juiz
relativamente incompetente interrompe a prescrição.
 Tratando-se de denúncia recebida por órgão colegiado, o marco interruptivo da prescrição é a
data da sessão de julgamento (data que se tornaram pública tais decisões), não a data de
publicação do acórdão na imprensa oficial.
 No concurso de crimes, a pena deve ser tomada individualmente em relação a cada crime
(como se não houvesse concurso) para cálculo da prescrição, daí não ser cabível no cálculo a
aplicação da causa de aumento em decorrência de continuidade.
 O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, inclusive dos próprios réus, conceder
perdão judicial, com a consequente extinção da punibilidade, desde que, sendo réus primários,
tenham efetiva e voluntariamente colaborado com a investigação e com o processo criminal e
dessa colaboração tenha resultado a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação
criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total
ou parcial do produto do crime.(lei de proteção à vítimas e testemunhas)
 Se o Ministério Público não recorreu contra a sentença condenatória, tendo havido apenas
recurso apenas da defesa, qual deverá ser o termo inicial da prescrição da pretensão
executiva? O início do prazo da prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o
trânsito em julgado para o MP? Ou o início do prazo deverá ser o instante em que se dá o
trânsito em julgado para ambas as partes, ou seja, tanto para a acusação como para a defesa?
o Posicionamento pacífico do STJ: o termo inicial da prescrição da pretensão
executória é a data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a
acusação, ainda que a defesa tenha recorrido e que se esteja aguardando o
julgamento desse recurso. Aplica-se a interpretação literal do art. 112, I, do CP
considerando que ela é mais benéfica ao condenado.

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o Entendimento da 1ª Turma do STF: o início da contagem do prazo de


prescrição somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida.
Se o Estado não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo
prescricional já está correndo. Assim, mesmo que tenha havido trânsito em
julgado para a acusação, se o Estado ainda não pode executar a pena (ex: está
pendente uma apelação da defesa), não teve ainda início a contagem do prazo
para a prescrição executória. É preciso fazer uma interpretação sistemática do
art. 112, I, do CP.
 Em regra, para se beneficiar da redução de prazo prevista no art. 115 do CP, o condenado
deverá ser maior de 70 anos no dia em que a sessão de julgamento for realizada, uma vez que
em tal data a prestação jurisdicional penal condenatória tornar-se-á pública.
o Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado pela
redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a sessão de
julgamento: isso ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração
contra o acórdão condenatório e esses embargos são conhecidos. Nesse caso,
o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos
até a data do julgamento dos embargos.
 O juiz deve receber a denúncia no caso de prescrição em abstrato
 A prescrição da pretensão punitiva do Estado, em segundo grau de jurisdição, se interrompe
na data da sessão de julgamento do recurso e não na data da publicação do acórdão.
o Ministro Roberto Barroso enfatizou que a prescrição seria a perda de uma
pretensão pelo seu não exercício, dentro de um determinado prazo. Portanto,
123 a prescrição estaria associada à inércia do titular do direito. Dessa forma, com
a realização da sessão de julgamento, não se poderia reconhecer essa inércia

3.7.2. Perdão judicial


● O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos
efeitos do perdão judicial concedido para UM dos crimes, se não restou comprovada, quanto
ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: atira no
filho sem querer e mata o vizinho também.

3.7.3. Livramento condicional


● Lembrar que não há revogação do livramento condicional se a condenação do agente for por
contravenção penal, o que, portanto, não impede a extinção da punibilidade (art. 86)

4. DIREITO PENAL – parte especial


Dos crimes previstos na parte especial do Código Penal: dos crimes contra a pessoa; dos crimes
contra o patrimônio; dos crimes contra a propriedade imaterial; dos crimes contra a
organização do trabalho; dos crimes contra a dignidade sexual; dos crimes contra a
incolumidade pública; dos crimes contra a paz pública; dos crimes contra a fé pública; dos
crimes contra a administração pública.´
4.1. Dos crimes contra a Administração Pública
● Determinado Deputado Federal integrava a cúpula de um partido de sustentação do governo
federal. Como importante figura partidária, ele exercia pressão política junto à Presidência da
República a fim de que Paulo Roberto Costa fosse mantido como Diretor de Abastecimento da
Petrobrás. Como “contraprestação” por esse apoio, o Deputado recebia dinheiro do referido

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Diretor, quantia essa oriunda de contratos ilegais celebrados pela Petrobrás. O STF entendeu
que esta conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Obs: foi a
primeira condenação do STF envolvendo a chamada “operação Lava Jato”
● Desacato: para a configuração do crime, não é necessário que o funcionário público se sinta
ofendido, sendo indispensável que o menoscabo tenha alvo certo, de forma que a vítima deve
ouvir a palavra injuriosa ou sofrer diretamente o ato. É essencial para a configuração do delito
que o funcionário público esteja no exercício da função, ou, estando fora, que a ofensa seja
empregada em razão dela. Deve, pois, haver o chamado nexo funcional. A crítica ou a censura
sem excessos, por sua vez, não constituem desacato, ainda que veementes.
 O STF tem entendido que em caso de decisão que determina alguma providência, sob pena
de multa diária, esta multa diária já é a pena, não havendo que se utilizar do direito penal
para punir por desobediência.
 Ainda subsiste o crime de desacato no ordenamento jurídico. Não prevalece a tese de
inconvencionalidade com base no Pacto de San José da Costa Rica
o Desacato não viola a liberdade de expressão
o Descriminalizar o desacato não traria benefícios porque o fato constituiria
injúria
o Corte IDH admite que excessos na liberdade de expressão sejam punidos
o A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não
retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos
limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos.

124  Para configurar denunciação caluniosa basta a instauração do inquérito policial, não
necessitado o indiciamento da pessoa cuja conduta criminosa foi imputada, de modo que não
haverá desclassificação para o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção.
 Falso testemunho se dá na esfera judicial e administrativa.
 Contrabando: bem tutelado é a moralidade administrativa, a saúde e a segurança pública. O
bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando
também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos
em território nacional.
o Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de
descaminho, ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na
conduta. STJ. 3ª Seção. CC 160748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 26/09/2018 (Info 635). Ratio: O simples fato do produto
mantido em depósito ter origem estrangeira é suficiente, por si só, para
atrair a competência da Justiça Federal. Os crimes de contrabando e de
descaminho tutelam prioritariamente interesse da União porque a ela
compete privativamente definir os produtos que não podem ingressar no
país, além de exercer a fiscalização aduaneira e de fronteira (arts. 21, XXII e
22, VIII, da CF/88).
o
o
4.1.1. Crimes funcionais
● Atípica a conduta de utilizar de mão-de-obra de outro servidor público para, em determinados
momentos, fazer com que este preste serviços particulares a ele, não obstante possa ser
caracterizado como improbidade administrativa.
o Entretanto, se utiliza verba pública para pagar salário de empregado
particular, haverá o crime de peculato. É o caso de cargo em comissão que
realiza atividades exclusivamente privadas para o agente do crime, sendo
remunerado por verba pública.
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● Peculato USO:
o Bem infungível e não consumível: não é fato típico.
▪ Segundo a doutrina e jurisprudência majoritárias, é atípico o “uso
momentâneo de coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao
patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral restituição
a quem de direito.”
o Bem fungível ou consumível: é fato típico.
o EXCEÇÃO (DL 201-67): peculato uso por prefeito
▪ é fato típico à luz do artigo 1º, II, do DL 201-67.
▪ Deve ser coisa INFUNGÍVEL, pois se for coisa fungível, pratica o
peculato do CP.
● Peculato: não exige que tenha a posse do bem, podendo simplesmente valer-se da qualidade
de servidor público e da facilidade para subtrair o bem. Basta concorrer para que a coisa seja
subtraída.
o Situação 1. Servidor público que se utiliza da mão-de-obra de outro servidor
público (normalmente seu subordinado) para, em determinados momentos,
fazer com que este preste serviços particulares a ele. Esta conduta não
configura peculato nem qualquer outro crime. Atenção: se o indivíduo que se
utilizou do servidor público for Prefeito, ele cometerá o delito do art. 1º, II, do
DL 201/67.
o Situação 2. Servidor público que utiliza a Administração Pública para pagar o
salário de empregado particular. Aqui o chefe contrata um indivíduo
125 supostamente para ser servidor público (cargo comissionado), mas, na
verdade, ele manda que a pessoa contratada preste exclusivamente serviços
particulares ao seu superior. Esta conduta, em tese, configura peculato.
o O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o crime
de peculato (art. 312 do CP). O crime de peculato exige, para a sua
consumação, que o funcionário público se aproprie de dinheiro, valor ou outro
bem móvel em virtude do “cargo”. Depositário judicial não é funcionário
público para fins penais, porque não ocupa cargo público, mas a ele é
atribuído um munus, pelo juízo, em razão do fato de que determinados bens
ficam sob sua guarda e zelo. STJ. 6ª Turma. HC 402949-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623). Obs: vale ressaltar
que o STJ decidiu apenas que a conduta do depositário judicial que vende os
bens sob sua guarda não comete o crime de peculato, pois não é funcionário
público e não ocupa cargo público. No entanto, a depender das peculiaridades
do caso concreto, a conduta pode configurar, em tese, os tipos penais dos arts.
168, § 1º, II, 171 ou 179 do Código Penal.
o Para configurar peculato exige-se um valor patrimonial. Diferente de
corrupção, que pode ser favores relacionados ao cargo.
● A configuração do crime de prevaricação exige demonstração da vontade livre e consciente de
deixar praticar ato de ofício, como também do elemento subjetivo específico do tipo, qual
seja, a vontade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
● A causa de aumento do 327, §2º, pressupõe de que o crime deve ter ocorrido em decorrência
de direção, imposição hierárquica. Não basta mero exercício de cargo Parlamentar
● Na concussão o agente exige a vantagem indevida, apenas. Não há violência ou grave ameaça.
Se for cometido com violência ou grave ameaça será extorsão.

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● O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa
de aumento do art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior
hierárquico (o STF chamou de "imposição hierárquica").
o A causa de aumento de pena prevista no § 2º do art. 327 do CP aplica-se ao
Chefe do Poder Executivo (ex.: Governador do Estado) e aos demais agentes
políticos. STF. Plenário. Inq 2606/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/9/2014
(Info 757). Vale ressaltar, no entanto, que: O simples fato de o réu exercer um
mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de aumento do art.
327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior
hierárquico (o STF chamou de "imposição hierárquica")
● Corrupção passiva: não precisa de ser ato de ofício, entretanto, se em consequência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional, a pena é aumentada de um terço.
o Não é necessário demonstrar o ato de ofício especificamente praticado em
contrapartida, mas, apenas, que a vantagem indevida guardou liame causal
com o exercício das funções públicas pelo funcionário, de modo que o
funcionário público pratique atos funcionais dirigidos ao responsável pelo
pagamento da propina.
● Não se configura o crime de desobediência na hipótese em que as notificações do responsável
pelo cumprimento da ordem foram encaminhadas por via postal, sendo os avisos de
recebimento subscritos por terceiros. Para caracterizar o delito de desobediência, exige-se a
notificação pessoal do responsável pelo cumprimento da ordem, demonstrando a ciência
126 inequívoca da sua existência e, após, a intenção deliberada de não cumpri-la
● O reconhecimento da inépcia da denúncia em relação ao acusado de corrupção ativa (art. 333
do CP) não induz, por si só, ao trancamento da ação penal em relação ao denunciado, no
mesmo processo, por corrupção passiva (art. 317 do CP). Prevalece o entendimento de que,
via de regra, os crimes de corrupção passiva e ativa, por estarem previstos em tipos penais
distintos e autônomos, são independentes, de modo que a comprovação de um deles não
pressupõe a do outro.
● No caso de advocacia administrativa, a pena depende da legitimidade ou não do interesse
patrocinado perante a administração pública.
● A conduta de excluir indevidamente os dados corretos dos sistemas informatizados ou bancos
de dados da Administração Pública é apenas DOLOSA e deve ser permeada pelo fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Se não for dolosa não há
crime, mas um mero acidente.
● O particular que entrega vantagem exigida num crime de concussão não comete fato típico.
Se não há corrupção ativa nem pelo ato de dar a vantagem solicitada pelo funcionário
público autor de corrupção passiva, com muito mais razão se há de ignorar a entrega da
vantagem exigida na concussão.
● Extingue-se a punibilidade do falso testemunho ou da falsa perícia se ao gente, antes da
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, se retrata ou declara a verdade.
● Denunciação caluniosa pode ser em relação à CRIME, CONTRAVENÇÃO, ou qualquer
procedimento oficial.
● STF: se o advogado instruir a testemunha a mentir em depoimento judicial responde como
partícipe do crime de falso testemunho. Trata-se de verdadeira exceção à impossibilidade de
participação em crimes de mão própria.
● O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por equiparação para
fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos
de gestão com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos
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do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).
● O pagamento da diferença do imposto devido, antes do recebimento da denúncia, não
extingue a punibilidade pelo crime de corrupção ativa atrelado ao de sonegação fiscal. Ex:
João, sócio de uma empresa, ofereceu e pagou propina ao fiscal para que pudesse recolher um
valor menor de imposto. Assim, em vez de pagar R$ 400 mil de imposto, João pagou apenas R$
100 mil. Os fatos foram descobertos. João praticou, em tese, corrupção ativa (art. 333 do CP) e
sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90). Antes que a denúncia fosse oferecida, João
pagou a diferença do imposto devido acrescido de multa, juros e correção monetária. Esse
pagamento irá gerar a extinção do crime de sonegação fiscal, mas não da corrução ativa que
deverá ser julgada normalmente. STJ. 6ª Turma. RHC 95.557-GO, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 21/06/2018 (Info 631). (Particular contra adm. pública)
● Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente.
o Qualquer autoridade administrativa que tiver ciência da ocorrência de infração no
Serviço Público tem o dever de proceder à apuração do ilícito ou comunicar
imediatamente à autoridade competente para promovê-la, sob pena de incidir no
delito de condescendência criminosa (art. 143 da Lei 8.112/90); considera-se
autoridade, para os efeitos dessa orientação, somente quem estiver investido de
poder decisório na estrutura administrativa, ou seja, o integrante da hierarquia
superior da Administração Pública. (STJ, MS 14159/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, j; 24/08/2011.
127 ● § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
o Prefeitos, Governadores e o Presidente da República incidem no aumento, já
que exercem cargo/função de direção do órgão que representam (INQ
1768/PA – STF, dezembro/2004) É entendimento reiterado desta Corte que a
causa de aumento de pena prevista no §2º do art. 327 do Código Penal se
aplica aos agentes detentores de mandato eletivo que exercem,
cumulativamente, as funções política e administrativa.”
● “Prevalece na jurisprudência do STF e do STJ a inexistência de bilateralidade entre os crimes de
corrupção passiva e ativa, pois, de regra, tais comportamentos delitivos, ‘por estarem
previstos em tipos penais distintos e autônomos, são independentes, de modo que a
comprovação de um deles não pressupõe a do outro’ (RHC 52.465/PE, Rel. Ministro Jorge
Mussi, julgado em 23/10/2014).
4.1.2. Crimes contra a fé pública
● É possível a condenação de agente pela prática do crime de uso de documento falso sem a
realização de prova pericial no documento utilizado. Com fundamento em documentos e
testemunhos constantes do processo, acompanhados da confissão do acusado
● O STJ reafirmou o seu entendimento no sentido de que é atípica a mera declaração falsa de
estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita, uma vez
que o documento possui presunção relativa que comporta prova em sentido contrário.
● O falso, quando realizado para acobertar descaminho, é por este absorvido, ainda que a pena
do crime de falso seja maior do que o crime formalmente tributário (descaminho). Assim,
aplicado o princípio da insignificância sobre o delito de descaminho, não há que se falar em
denúncia por crime de falso, pois este foi absorvido pelo descaminho.
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● Falsidade ideológica, segundo Hungria, somente se configura se o papel tiver sido confiado ao
agente, para ulterior preenchimento. Se o agente se tivesse apossado (à revelia do signatário)
do papel que preencheu, o crime é de falsidade material.
● É aplicável o princípio da consunção quando os crimes de uso de documento falso e falsidade
ideológica – crimes-meio - são praticados para facilitar ou encobrir a falsa declaração, com
vistas à efetivação do pretendido crime de sonegação fiscal – crime-fim -, localizando-se na
mesma linha de desdobramento causal de lesão ao bem jurídico, integrando, assim, o iter
criminis do delito-fim”.
● No crime de atribuição de falsa identidade, o agente pode perpetrar a ação tanto oralmente,
com poder de ludibriar, quanto por escrito, preenchendo um formulário falso.
● Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a realidade.
Isso não configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) porque: 1) currículo Lattes não é
considerado documento por ser eletrônico e não ter assinatura digital; 2) currículo Lattes é
passível de averiguação e, portanto, não é objeto material de falsidade ideológica. Quando o
documento é passível de averiguação, o STJ entende que não há crime de falsidade ideológica
mesmo que o agente tenha nele inserido informações falsas
● Prefeito que assina documentos previdenciários com conteúdo parcialmente falso não deve
ser condenado por falsidade ideológica se não foram produzidas provas de que ele tinha
ciência inequívoca do conteúdo inverídico da declaração. Neste caso, ele deverá ser absolvido,
nos termos do art. 386, III, do CPP, por ausência de dolo, o que exclui o crime.
● Configura crime de contrabando a importação de colete à prova de balas sem prévia
autorização do Comando do Exército. A importação de colete à prova de balas não se
128 enquadra em nenhum tipo penal previsto no Estatuto do Desarmamento. Aquele que poderia
gerar algum tipo de dúvida seria justamente o art. 18. Ocorre que colete à prova de balas não
pode ser considerado acessório. Isso porque a palavra "acessório" mencionada no art. 18 é
acessório de arma de fogo, ou seja, algo que complementa, que se agrega à arma de fogo para
melhorar o seu funcionamento ou desempenho. Exs: silenciador, mira telescópica etc. O colete
à prova de balas é uma proteção contra armas de fogo e não um acessório desta. STJ. 6ª
Turma. RHC 62851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/2/2016
● Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda
que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635). #IMPORTANTE
● Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito
previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria
estrangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de
pagamento de imposto de importação.
● Moeda falsa e falsificação grosseira:
o A doutrina e a jurisprudência diz que falsificação grosseira é estelionato (artigo
171, CP), com possibilidade de sursis. A competência passa a ser da Justiça
Estadual.
▪ Aqui, conforme o caso, é possível aplicar o princípio da insignificância.
o Se for uma falsificação grosseira ao extremo, a ponto de ser perceptível a olho
nu, não possuindo imitatio veri, sequer poderá ser estelionato, sendo conduta
atípica.
o Os padrões a serem utilizados são técnicos (periciais) e sociais, devendo
enganar a sociedade, tendo aparência física de verdadeira.
o Ainda que a moeda falsa seja de menor valor, é INAPLICÁVEL princípio da
insignificância, pois o bem jurídico tutelado é amplo, abrangendo a fé pública e
a segurança das transações financeiras.
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o O crime de moeda falsa é formal e de perigo abstrato, tendo em vista que a


mera execução da conduta típica presume absolutamente o perigo ao bem
jurídico tutelado, sendo prescindível a obtenção de vantagem ou prejuízo a
terceiros para a consumação.
o É um crime pluridimensional, pois, além de proteger preponderantemente a fé
pública, de forma mediata, assegura o patrimônio particular e celeridade das
relações empresariais e civis.
o Lembrar que se o mesmo agente falsifica e coloca em circulação/utiliza, esse
último é consumido pelo primeiro crime. Trata-se de post factum impunível.
● Nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa em circulação (art. 289, § 1º, do
CP), se a nota falsificada é repassada para “ascendente, descendente, irmão ou cônjuge” ou
para “criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida”, incidirão as
agravantes previstas nas alíneas "e" e "h" do inciso II do art. 61 do CP. Isso porque o sujeito
passivo desse delito não é apenas o Estado, mas também a pessoa lesada com a introdução da
moeda falsa.
● Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. No crime de
moeda falsa — cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante
eventual dano patrimonial imposto a terceiros —, a vítima é a coletividade como um todo, e o
bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse modo, os crimes
contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em geral, são
incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material
de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída.
129 ● Aquele que recebe moeda de boa-fé e descobre posteriormente ser falsa e coloca de volta em
circulação, responde por moeda falsa na modalidade privilegiada, punida com pena de
detenção de seis a dois anos e multa.
● É possível a condenação pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) com
fundamento em documentos e testemunhos constantes do processo, acompanhados da
confissão do acusado, sendo desnecessária a prova pericial para a comprovação da
materialidade do crime, especialmente se a defesa não requereu, no momento oportuno, a
realização do referido exame. O crime de uso de documento falso se consuma com a simples
utilização de documento comprovadamente falso, dada a sua natureza de delito formal

4.2. Crimes contra a Previdência Social


● De quem é a competência para julgar o crime de omissão de anotação de vínculo empregatício
na CTPS (art. 297, § 4º, do CP)? *
o STJ: Justiça FEDERAL. O sujeito passivo primário do crime omissivo do art. 297,
§ 4.º, do Diploma Penal, é o Estado, e, eventualmente de forma secundária, o
particular, terceiro prejudicado, com a omissão das informações, referentes
ao vínculo empregatício e a seus consectários da CTPS. Cuida-se,
portanto de delito que ofende de forma direta os interesses da União,
atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da
CF/88. Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. CC 145567/PR, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 27/04/2016. *
o 1ª Turma do STF: Justiça ESTADUAL. Nesse sentido: 1ª Turma. Ag.Reg. na Pet
5084, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/11/2015.0
● Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição previdenciária, o STJ
pacificou a orientação no sentido de que a sua comprovação prescinde de dolo específico,

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sendo suficiente para sua caracterização a presença de dolo genérico, consistente na


omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos.
o Prescinde de animus sibi habendi.
● TRF2: o bem jurídico nos crimes não é do trabalhador, mas sim de todos aqueles que fazem
parte do sistema previdenciário.
● A prescrição da pretensão punitiva permanece suspensa no crime de apropriação indébita
previdenciária enquanto a exigibilidade do crédito tributário estiver suspensa em razão de
decisão de antecipação dos efeitos da tutela no juízo cível, uma vez que o Estado-acusação
não está sendo inerte por vontade própria. O mesmo se pode dizer de eventual parcelamento
do débito tributário.
● ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO: natureza binária (praticado pelo beneficiário e por terceira
pessoa/agente público). Não se aplica o princípio da insignificância.
o Quando praticado pelo beneficiário, é crime permanente (o momento
consumativo prolonga-se no tempo), a ofensa ao bem jurídico é reiterada mês
a mês, enquanto não descoberta a fraude. O termo inicial de prescrição se dá
com o último recebimento indevido do benefício.
▪ DIFERENTE EM CASO DE MORTE E SAQUE INDEVIDO: Se a pessoa,
após a morte do beneficiário, passa a receber mensalmente o
benefício em seu lugar, mediante a utilização do cartão magnético do
falecido, pratica o crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º,
do CP) em continuidade delitiva. Segundo o STJ, nessa situação, não
se verifica a ocorrência de crime único, pois a fraude é praticada
130 reiteradamente, todos os meses, a cada utilização do cartão
magnético do beneficiário já falecido. Assim, configurada a reiteração
criminosa nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de
execução, tem incidência a regra da continuidade delitiva prevista no
art. 71 do CP.
o Quando praticado por terceira pessoa ou funcionário da previdência não
beneficiário, o crime é instantâneo e de efeitos permanentes (consuma-se
num só momento e os efeitos se prolongam no tempo) – uma vez feito,
consumou-se. Ex: amigo falsifica documento para uma pessoa conseguir
benefício previdenciário.
o Tratando-se de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, § 1º, I, CP), o
pagamento integral do débito tributário, ainda que após o trânsito em
julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos
termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/03. Não se aplica o princípio da
insignificância, pois a lesividade transcende o âmbito individual e abala a
esfera coletiva. NOVO
● Apropriação indébita previdenciária:
o Não se exige elemento subjetivo específico para caracterização do crime de
apropriação indébita previdenciária. Basta o dolo genérico consistente na
omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos.
o É um delito omissivo próprio, em todas as suas modalidades, e consuma-se no
momento em que o agente deixa de recolher as contribuições, depois de
ultrapassado o prazo estabelecido na norma de regência, sendo, portanto,
desnecessário o animus sibi habendi.
o Para que o juiz deixe de aplicar a pena ou aplique somente a pena de multa, o
agente deve:
▪ Ser primário e de bons antecedentes;
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▪ O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, deve ser igual


ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
suas execuções fiscais.
▪ Conforme a Lei 12.382, fica suspensa a pretensão punitiva do estado
no caso de parcelamento, desde que seja formalizado antes do
recebimento da denúncia. Fica suspensa, também, a prescrição da
pretensão PUNITIVA, e não executória.
▪ Ocorrendo o pagamento integral dos débitos, extingue-se a
punibilidade.
o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal.
o STJ: é cabível, eventualmente, a incidência da inexigibilidade de conduta
diversa para afastar a culpabilidade na apropriação indébita previdenciária,
quando demonstrado que era impossível ao agente efetuar o repasse, e não
simplesmente em razão de dificuldades financeiras.
o É crime formal, dispensando-se o locupletamento ou efetivo prejuízo ao
erário.
● Enunciado 53 da 2ªCCR: A prescrição do crime de estelionato previdenciário, em detrimento
do INSS, cometido mediante saques indevidos de benefícios previdenciários após o óbito do
131 segurado, ocorre em doze anos a contar da data do último saque, extingue a punibilidade e
autoriza o arquivamento da investigação pelo MPF.
● Enunciado 54 da 2ª CCR e Súmula 151 do STJ: A atribuição de membro do MPF para
persecução penal do crime de descaminho é definida pelo local onde as mercadorias foram
apreendidas, pois ali consuma-se o crime.
● Enunciado 58 da 2ª CCR: O simples ato, por si só, de não depositar os valores referentes ao
FGTS na conta vinculada do empregado é conduta atípica na esfera penal.

4.3. Crimes contra a organização do trabalho
● O fato de um empregador impedir a ascensão funcional de um empregado na empresa
configura delito resultante de preconceito, e não contra a organização do trabalho.
● O tipo de reduzir alguém à condição análoga a de escravo é misto alternativo, a permitir a
exasperação da pena, quando o exame das circunstâncias judiciais, se o autor realiza mais de
um núcleo verbal descrito na lei.
4.4. Crimes contra o patrimônio
 O latrocínio é crime contra o patrimônio, não afeto ao Tribunal do Júri.
 A pluralidade de vítimas atingidas pela violência no crime de roubo com resultado morte ou
lesão grave, embora único o patrimônio lesado, não altera a unidade do crime, devendo essa
circunstância ser sopesada na individualização da pena. Para que haja concurso de crimes deve
ficar demonstrado, de modo inequívoco, a vontade do agente de atingir mais de um
patrimônio.
 O estelionato judicial consistiria no uso do processo judicial para auferir lucros ou vantagens
indevidas, mediante fraude, ardil ou engodo, ludibriando a Justiça. A jurisprudência entende
que esta conduta é penalmente atípica e não configura o delito do art. 171 do CP. Assim, não
configura crime de “estelionato judicial” a conduta de fazer afirmações possivelmente falsas,
com base em documentos também tidos por adulterados, em ação judicial. Isso porque a
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Constituição Federal assegura à parte o acesso ao Poder Judiciário. O processo tem natureza
dialética, possibilitando o exercício do contraditório e a interposição dos recursos cabíveis, não
se podendo falar, no caso, em “indução em erro” do magistrado. Desse modo, verifica-se
atipicidade penal da conduta de invocar causa de pedir remota inexistente para alcançar
consequências jurídicas pretendidas, mesmo que a parte ou seu procurador tenham ciência da
ilegitimidade da demanda. A deslealdade processual é combatida por meio do Código de
Processo Civil, que prevê a condenação do litigante de má-fé ao pagamento de multa, e ainda
passível de punição disciplinar no âmbito do Estatuto da Advocacia. Assim, o chamado
“estelionato judicial” pode ensejar infrações civil e administrativa, mas não configura crime.
Vale ressaltar que o indivíduo poderá responder por eventual ilicitude dos documentos que
embasaram o pedido judicial, sendo isso, contudo, um crime autônomo (ex: falsidade
documental), que não se confunde com a imputação de estelionato judicial. STJ. 5ª Turma. HC
435.818/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018. STJ. 6ª Turma. RHC 88.623/PB,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018.
 O atual entendimento do STJ é no sentido de que o uso de arma de brinquedo, em roubo, NÃO
autoriza a incidência da causa especial de aumento de pena baseada no emprego de arma.
Esta deve ter potencial lesivo. É roubo, mas não é majorante.
o Arma absolutamente ineficaz não incide majorante. Se relativamente ineficaz,
incide.  Arma branca também incide. Quaisquer artefatos lesivos.
o Cabe ao réu demonstrar a ausência de potencial lesivo. (STJ diz que ausência
de potencial lesivo não dá causa para majorante, STF diz que não importa o
potencial lesivo)
132 o A majorante da pena está vinculada ao potencial lesivo.
o No porte ilegal de arma de fogo aplica-se o princípio da consunção,
considerando que o porte ilegal de arma de fogo funciona como crime meio
para a prática do roubo (crime fim), sendo por este absorvido.
o Desnecessária apreensão e da realização de perícia na arma, desde que
provado o seu uso no roubo por outros meios de prova.
 É legítima a incidência de causa de aumento por crime cometido durante o repouso noturno
no caso de furto praticado na forma qualificada. Assim, o juiz condena pelo crime qualificado
(1ª fase) e posteriormente aplica a causa de aumento (3ª fase).
 Latrocínio – 2 mortes em um único ato criminoso:
o STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio.
o STJ: concurso formal impróprio, pois houve vontade mediante uma única ação
de matar os dois.
 Ameaçar de causar um mal espiritual para conseguir vantagem econômica indevida configura
extorsão.
 Saque indevido com cartão clonado é FURTO MEDIANTE FRAUDE, e não estelionato. STJ.
o No estelionato a vítima incorre em erro e entrega o bem espontaneamente.
o No furto mediante fraude a o bem é retirado em que a vítima perceba.
 Os bens materiais de valor econômico é que podem ser objeto de furto. Os de mero valor
afetivo podem levar à reparação na esfera cível, mas não tipificam o crime.
 Para incidência da majorante por crime noturno, não importa se os moradores não estão
dormindo. A vulnerabilidade é objetiva pelo simples fato de praticar o crime durante a noite,
período de maior vulnerabilidade, e não comporta exceções.
 Se o réu que furtou energia elétrica paga o valor antes de ser oferecida a denúncia, há extinção
da punibilidade pelo princípio da subsidiariedade do direito penal.

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 O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) antes do
oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º da Lei nº
10.684/2003?
o 6ª Turma do STJ: SIM O valor fixado como contraprestação de serviços
públicos essenciais como a energia elétrica e a água, conquanto não seja
tributo, possui natureza jurídica de preço público, aplicando-se, por analogia,
as causas extintivas da punibilidade previstas para os crimes tributários. STJ. 6ª
Turma. AgRg no AREsp 796250/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
26/09/2017. STJ. 6ª Turma. REsp 1.687.826/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior;
DJE 27/09/2017.
o 5ª Turma do STJ: NÃO O furto de energia elétrica não pode receber o mesmo
tratamento dado aos crimes tributários, considerando serem diversos os bens
jurídicos tutelados e, ainda, tendo em vista que a natureza jurídica da
remuneração pela prestação de serviço público, no caso de fornecimento de
energia elétrica, é de tarifa ou preço público, não possui caráter tributário, em
relação ao qual a legislação é expressa e taxativa. Nos crimes patrimoniais
existe previsão legal específica de causa de diminuição da pena, qual seja, o
instituto do arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP. STJ. 5ª
Turma. HC 412208-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 20/03/2018 (Info
622). STJ. 5ª Turma. RHC 98.045-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
21/06/2018.
 O STF e o STJ adotam a teoria da amotio, segundo a qual dá-se a consumação do furto/roubo
133 quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de
tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica.
o STJ/STF: Se considera consumado o delito de furto quando, cessada a
clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja
possível à vítima retomá-lo, por ato seu ou de terceiros, em virtude de
perseguição imediata. Desde então, o tema encontra-se pacificado na
jurisprudência dos Tribunais Superiores.
 O roubo, com ou sem violência real, é crime, não importando se a real intenção do agente era
subtrair para ficar com o bem ou apenas substrair para usar momentaneamente.
 No estelionato, a fraude pode ser empregada para induzir ou manter a vítima em erro.
o Induzir: cria a falsa percepção da realidade.
o Manutenção: a própria vítima se encontra equivocada e o fraudador faz
mantê-la em erro, não desfazendo o engano percebido. Caso do
estacionamento.
 O furto qualificado privilegiado (primário, bons antecedentes..., diminui de 1 a 2/3) é figura
harmônica com o sistema penal no qual vige a interpretação mais favorável das normas penais
incriminadoras, havendo compatibilidade com o furto de res furtiva de pequeno valor
independentemente de circunstâncias qualificadoras.
 Receptação:
o O eventual desconhecimento da origem ilícita dos bens ou sua conduta
culposa deve ser comprovada pela defesa, não constituindo inversão do ônus
da prova.
o Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação, dada a
existência de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização
fraudulenta para obtenção de vantagem ilícita.
o É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte
ilegal de arma de fogo, por serem delitos autônomos e de natureza jurídica
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distinta, devendo o agente responder por ambos os delitos em concurso


material.
 Se procede mediante representação, se o crime, cometido sem violência ou grave ameaça a
pessoa, tem como vítima tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. A coabitação não pode
ser passageira, mas duradoura. (Crimes contra o patrimônio).
 A ECT é empresa pública, é pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço postal, de
natureza pública e essencial (art. 21, X, da CF). O art. 180, § 6º, CP prevê, expressamente, a
incidência da majorante quando o crime for praticado contra "bens e instalações do
patrimônio da (...) empresa concessionária de serviços públicos", estando, dessa forma,
abrangida a ECT na sua tutela, não havendo falar em interpretação extensiva desfavorável ao
conceito de bens da União. Assim, no delito de receptação, os bens pertencentes aos Correios
(ECT) recebem o mesmo tratamento que os da União e, por isso, caso a receptação envolva
tais bens, é cabível a majoração da pena prevista no § 6º do art. 180 do CP.
 O delito de estelionato consuma-se no local em que ocorre o efetivo prejuízo à vítima, ou
seja, na localidade da agência onde a vítima possuía a conta bancária. Assim, a competência
para o processo e julgamento do estelionato deve ser o local em que a vítima mantém a conta
bancária.
 Crime de dano praticado contra a CEF é qualificado, aplicando-se o artigo 163, parágrafo único,
inciso III do CP.
 Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra indígena, ao receber ordem para
desocupar o local, destrói as acessões (construções e plantações) que havia feito no local, ele
pratica, em tese, o delito de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, III, do CP). Isso porque
134 essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88), de forma que, consequentemente, as
acessões também são patrimônio público federal.
 Furto qualificado:
o § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
 III - com emprego de chave falsa;
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
o § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
o § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)
o § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da
subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
o § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de
substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
sua fabricação, montagem ou emprego.
 Súmula 511 STJ: possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155
do Código Penal nos casos de furto qualificado (CP, art. 155, § 4º)”, máxime se
presente qualificadora de ordem objetiva, a primariedade do réu e, também, o
pequeno valor da res furtiva”.
o § 2º do art. 155, CP (“se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la
de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.

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o O dano praticado contra estabelecimento prisional, em tentativa de fuga, não


configura fato típico, haja vista a necessidade do dolo específico de destruir,
inutilizar ou deteriorar o bem, o que não ocorre quando o objetivo único da
conduta é fugir”.
4.5. Crimes diversos previstos no Código Penal
● A divulgação de discurso, em vídeo editado por deputado federal, com o objetivo de difamar
um colega de parlamento, poderá levar a responsabilização criminal do agente. A imunidade
está relacionada com as palavras proferidas em relação ao cargo.
 Em estupro de vulnerável, o STF entende que o consentimento do menor e sua prévia relação
de afeto com o agente não são hábeis a afastar a tipicidade penal da conduta deste, não se
alterando a conclusão pelo fato de já ser ela iniciada na prática sexual. Isto porque o artigo
217-A não exige que a relação sexual tenha se dado mediante violência ou grave ameaça,
diferentemente do estupro. O tipo protege os menores. Ademais, o tipo possui figura
qualificada para caso de lesão corporal grave ou morte.
 Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do cp – lesão corporal leve
qualificada pela violência doméstica – tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no
ambiente familiar.
o O tipo penal não exige que as agressões tenham sido praticadas em ambiente
doméstico, ou ainda coabitação, podendo ocorrer em qualquer lugar, desde
que a vítima seja ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
ou com quem conviva ou tenha convivido. Logo, uma briga entre irmãos em
135 local de trabalho pode configurar a qualificadora de violência doméstica.
o Briga entre irmãos aplica-se a qualificadora da violência doméstica, mas não
Maria da penha.
 Feminicídio: homicídio praticado contra a mulher por razões do seu sexo, considerando-se
violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
o O crime é fruto de tratado internacional para diminuir a violência contra a
mulher.
o Foi considerado crime HEDIONDO.
o Trata-se de uma qualificadora de natureza subjetiva (em dos valores do sujeito
ativo em relação à mulher), sendo incompatível com o homicídio na forma
privilegiada, que também possui natureza subjetiva (violenta emoção)
 O crime de dano absorve o crime de risco. Se o autor do perigo é o próprio causador das
lesões, não haverá crime de omissão de socorro, mas sim de lesão ou homicídio, conforme o
caso.
o É necessária a presença do agente para que seja constatada a omissão de
socorro. Aquele que toma ciência sobre perigo não é obrigado a ajudar. A
omissão é egoísmo, indiferença ou algo semelhante. O código penal é para
crime, e não um código de ética.
o O risco pessoal que afasta o crime de omissão de socorro é o risco à vida. O
risco patrimonial não pode ser motivo para esquivar-se de prestar socorro.
 A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim,
em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada
mesmo após a Lei nº 12.015/2009. Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante
violência real, a ação penal é pública incondicionada.
 A fabricação de substância/material explosiva é tipificada no artigo 253 do CP, constituindo
crime contra a incolumidade pública; já fabricar, possuir, deter ou empregar engenho ou
artefato explosivo é crime previsto na lei de armas.
 Se o artefato for mina terrestre antipessoal, é crime previsto em lei especial (10.300)
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5. LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE: penal e processo


penal
5.1. Leis diversas
● O representante legal de sociedade empresária contratante de empreitada não responde pelo
delito de desabamento culposo (art. 256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada,
quando não demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade
de garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou mesmo a
ingerência indevida sobre a consecução da obra.
● No crime de invasão, ocupação, com o fim de esbulho possessório em terreno ou unidade
residencial, construída ou em construção, objeto de financiamento do SFH (sem violência e
grave ameaça, o que o difere do art. 161, §1º do CP, é isento de pena o agente que,
espontaneamente, descocupa o imóvel antes de qualquer medida coativa. Lei 5.741/71.
● Deixar de observar as normas de segurança ou de proteção relativas a instalação nuclear ou ao
uso, transporte, posse e guarda de material nuclear, expondo a perigo a vida, integridade física
ou o patrimônio de outrem é crime previsto no art. 26 da lei 6453.
● Concorrência desleal: comete o crime quem emprega meio fraudulento, para desviar
(ELEMENTO ESPECIALIZANTE), em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem
(ELEMENTO ESPECIALIZANTE) e usa, indevidamente, nome comercial, título de
estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque
136 produto com essas referências. Se ocorrer de uma conduta servir de meio para outra
igualmente tipificada, no mesmo contexto fático, há crime único. Pena: detenção 3m – 1ª.
o Expor à venda, oferecer produto declarando-o objeto de patente depositada,
ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o em
anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, sem o ser.
● Contra registro de marca: 9279/96: pune a conduta de reproduzir, no todo ou em parte,
marca registrada ou imitá-la de modo que possa induzir confusão, sem excepcionar a hipótese
de constar, de forma expressa, ressalvas a respeito de produto semelhante.
● Pela mesma lei supra, fica punida a conduta de quem divulga, explora ou utiliza, sem
autorização, resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva
esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidade governamentais como
condição para aprovar a comercialização de produtos. Entretanto, não se aplica quanto a
divulgação por órgão governamental competente para autorizar a comercialização de produto,
quando necessário para proteger o público.

5.2. Crimes hediondos – Lei 8.072/90


● O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi dada
pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado
para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura.
● O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (ex: tráfico de drogas)
não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser o regime semiaberto ou aberto,
desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º, alíneas b e c, do Código Penal. Assim, será
possível, por exemplo, que o juiz condene o réu por tráfico de drogas a uma pena de 6 anos de
reclusão e fixe o regime inicial semiaberto.

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5.3. Lei de drogas – Lei 11.343/06


 Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.
 Súmula 607 – STJ: a majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06)
se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.
 O STJ e STF consideram suficiente o aspecto espacial para incidência da causa de aumento da
prática da conduta nas proximidades do estabelecimento de ensino, hospital, metrô e
prisionais, sendo desnecessária a efetiva comprovação de mercancia ou que o comércio visava
atingir os estudantes. A norma visa proteger as pessoas próximas do local ao risco inerente à
atividade criminosa de narcotraficância.
o A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos
de ensino (art. 40, III, da Lei 11.343/06) enseja a aplicação da majorante,
sendo desnecessária a prova de que o ilícito visava atingir os frequentadores
desse local. Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei
nº 11.343/2006 é desnecessária a efetiva comprovação de que a mercancia
tinha por objetivo atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita
tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, nas imediações de tais
estabelecimentos, diante da exposição de pessoas ao risco inerente à
atividade criminosa da narcotraficância. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
137 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017. STJ. 6ª Turma.
HC 359088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016. Não
incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº
11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em
que não facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de
maior aglomeração de pessoas. Ex: se o tráfico de drogas é praticado no
domingo de madrugada, dia e horário em que o estabelecimento de ensino
não estava funcionando, não deve incidir a majorante. STJ. 6ª Turma. REsp
1719792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018
(Info 622).
 Tráfico privilegiado NÃO É HEDIONDO, tendo a progressão de regime por crime normal, bem
como livramento condicional. Ainda, o réu passa ter, em tese, direito à concessão de anistia,
graça e indulto, desde que cumpridos os demais requisitos.
 Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos artigos
33 a 37 da lei de drogas, o réu responderá pelo crime da lei de drogas + corrupção de menores
do ECA. De outro lado, se o crime praticado por ambos estiver nos artigos 33 a 37, o réu
responderá tão somente pela lei de drogas + a causa de aumento do artigo 40, VI, não sendo
punido por corrupção para evitar bis in idem.
 É possível utilizar inquéritos e ações penais em andamento para afastar o tráfico privilegiado
(§4º do artigo 33)
 Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o benefício
do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito
elevada? O tema é polêmico.
o 1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande
quantidade de droga pode ser utilizada como circunstância para afastar o
benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido com mais de
500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização

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criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição


prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844).
o 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui,
isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena
previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC 138715/MS, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC
138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).
Obs: o tema acima não deveria ser cobrado em uma prova objetiva, mas caso
seja perguntado, penso que a 2ª corrente é majoritária.
 Inconstitucional vedar liberdade provisória, não podendo ser ex lege a conversão do flagrante
em preventiva, sendo indispensável a fundamentação judicial concreta idônea.
o Entretanto, é CONSTITUCIONAL a vedação legal à concessão de anistia ao
condenado por tráfico de droga. Trata-se de previsão constitucional.
(Insuscetível de graça ou anistia).
 STJ: o tráfico de drogas praticado por menor, em que não há violência ou grave ameaça, não
acarreta a medida socioeducativa de internação, conforme previsto no artigo 122 do ECA.
 É inviável o reconhecimento de reincidência com base em único processo anterior em desfavor
do réu, no qual - após desclassificar o delito de tráfico para porte de substância entorpecente
para consumo próprio - o juízo extinguiu a punibilidade por considerar que o tempo da prisão
provisória seria mais que suficiente para compensar eventual condenação. Situação concreta:
João foi preso em flagrante por tráfico de drogas (art. 33 da LD). Após 6 meses preso
138 cautelarmente, ele foi julgado. O juiz proferiu sentença desclassificando o delito de tráfico
para o art. 28 da LD. Na própria sentença, o magistrado declarou a extinção da punibilidade do
réu alegando que o art. 28 não prevê pena privativa de liberdade e que o condenado já ficou 6
meses preso. Logo, na visão do juiz, deve ser aplicada a detração penal analógica virtual, pois
qualquer pena que seria aplicável ao caso em tela estaria fatalmente cumprida, nem havendo
justa causa ou interesse processual para o prosseguimento do feito. Essa sentença não vale
para fins de reincidência. Isso significa que, se João cometer um segundo delito, esse primeiro
processo não poderá ser considerado para caracterização de reincidência
 Não há bis in idem no fato de o agente ser condenado por importação(art. 33) ou importação
ilícita de substância entorpecente ao mesmo tempo em que a pena é majorada pela
transnacionalidade (art. 40, I). Como o crime é de ação múltipla, fica afastada a alegação de bis
in idem, pois trazer consigo a droga já conduz a configuração da tipicidade formal,
enquadrando no 33, restando plenamente justificada a incidência da majorante do art. 40.
 Causa de aumento: 1/6 a 2/3 se praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de
fogo ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva.
o Porte ilegal de arma, absorvido pelo tráfico de drogas ou não? DEPENDE:
 SIM: se porta exclusivamente para praticar o tráfico, sendo um meio
para se atingir um fim.
 NÃO: se o porte estiver fora do contexto fático do tráfico, surgindo
concurso material de crimes.
 Se o agente age apenas como informante do grupo, organização ou associação destinados ao
tráfico, responde apenas pelo delito do artigo 37 da LD. Lado outro, se a atividade dele integra
a própria associação, responde por associação.
 Um réu condenado por associação para o tráfico não pode ser reconhecido como agente de
tráfico privilegiado no mesmo feito, haja vista a incompatibilidade de ordem subjetiva
(pessoal, por integrar a associação) preconizada pela lei antidrogas.

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 Súmula 492 STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
 STF: em caso de flagrante de tráfico de drogas, afasta-se a possibilidade de aplicação da
atenuante da confissão espontânea, já que esta circunstância se aplica somente se o relato do
criminoso for capaz de contribuir para o esclarecimento da verdade real, o que não ocorre na
situação em que ele é preso cometendo o crime.
 Laudo preliminar de constatação de substância entorpecente é mera peça informativa, mas
suficiente para a lavratura do auto de prisão em flagrante e da oferta de denúncia, nos
termos dos arts. 20, §1º, da Lei 6.368/76 e 28, §1º, da Lei 10.409/02. Uma vez juntado aos
autos o laudo pericial definitivo, atestando a ilicitude da substância, resta, portanto, suprida
eventual irregularidade na fase inquisitorial.
 Apesar da redação do tipo penal do artigo 25 (duas ou mais pessoas se unirem para praticar as
condutas do art. 33), ele está muito mais próximo do artigo 288 do CP, do que do mero
concurso de agentes, ou seja, o fato de duas ou mais pessoas praticarem crime de tráfico em
coautoria não induz automaticamente o reconhecimento da associação ao tráfico do artigo
35. A configuração de associação ao tráfico exige prova da estabilidade e permanência do
liame mantido entre os agentes.
o Para configuração do delito de associação para o tráfico de drogas é
necessário o dolo de se associar com estabilidade e permanência, sendo que
a reunião de duas ou mais pessoas sem o animus associativo não se subsume
ao tipo doa art. 35 da LD.
o Ausente a estabilidade e permanência, há mero concurso de agentes, e este
139 não é apto, per si, a caracterizar o artigo 35 da LD.
 O simples fato de ajustar a realização do tráfico de drogas, sem ter iniciado executado o núcleo
do tipo – POSSE e, não havendo associação (art. 35, LD), não houve subsunção ao tipo. Meros
atos preparatórios ao tráfico de drogas não configuram crime (Nino Toldo – TRF3). O direito
penal só pode punir os atos executórios; os preparatórios não, salvo se constituírem crime.
 O artigo 42 da LD, que fala sobre as circunstâncias acerca da dosimetria, não diminuem as do
artigo 59 do CP, mas as circunstâncias do artigo 42 tem maior relevância em relação às demais
circunstâncias do art. 59. Em sentença penal deve-se fazer referência às duas normas, que
devem ser aplicadas conjuntamente.
 É possível exasperar a pena base pela quantidade de drogas apreendida na primeira fase. STJ.
STF. Isso não impede de conceder o tráfico privilegiado na terceira fase.
o No mesmo sentido, eu posso deixar de exasperar a pena base na primeira fase
em relação à quantidade de droga apreendida e utilizá-la só na terceira fase,
para diminuir a fração da causa de diminuição do tráfico privilegiado.
 A aplicação do tráfico privilegiado está condicionado ao preenchimento dos requisitos
cumulativos: a)primariedade; b)bons antecedentes; c) não se dedicar a atividades criminosas;
d) não integrar organização criminosa.
o ATENÇÃO: conquanto inquéritos policiais e ações penais em andamento não
possam ser utilizados para agravar a pena base, é perfeitamente possível para
AFASTAR a causa de diminuição do tráfico privilegiado, por DEDICAR-SE A
ATIVIDADES CRIMINOSAS.
 STF tem precedentes que é possível considerar o contexto da prática delituosa, a quantidade e
a natureza da droga no afastamento na causa de diminuição da pena, a fim de concluir que o
réu possa integrar organização criminosa, afastando o tráfico privilegiado. (controverso).
 Lembre-se: não se pode exasperar a pena base com a quantidade de drogas e utilizar na
terceira fase para aumentar ou ser causa da diminuição da fração do tráfico privilegiado.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o STJ E STJ: Não se admite, segundo reiterada jurisprudência dos Tribunais


Superiores, a utilização, concomitante, da natureza, da quantidade e da
variedade da droga para elevar a pena-base e para modular a fração de
redução do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.
o ATENÇÂO: não há bis in idem quando a exasperação da pena base ocorre em
razão da natureza das substancias entorpecentes apreendidas, ao passo que a
redução da reprimenda na terceira fase, em razão da incidência da causa
especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/06,
é fundamentada na quantidade de drogas apreendidas, configurando, assim,
fundamentos diversos. (uma hora é NATUREZA, outra hora é QUANTIDADE)
 A pena de multa deve ter relação de proporcionalidade com a pena privativa de
liberdade, e não com a condição econômica do réu. Devem ser utilizados os mesmos
parâmetros para o cálculo da pena privativa de liberdade e da pena de multa.
 Tanto o regime INTEGRALMENTE fechado quanto o regime INICIAL fechado foi
declarado inconstitucional para os crimes hediondos (drogas).
o Para o regime inicial do tráfico de drogas, deve-se considerar as
preponderantes do artigo 42 da LD, em relação às circunstancias do 59 do CP:
natureza e quantidade de droga.
o Tráfico privilegiado não é hediondo.
o Inconstitucional a vedação à liberdade provisória em tráfico de drogas. STF
repercussão geral.
 É inconstitucional a vedação do artigo 44 da LD, que vedava a substituição da pena
140 privativa da liberdade em restritiva de direitos
o E o sursis da pena, vedado pelo art 44 da LD, é inconstitucional? STJ diverge:
 SIM: desproporcional justamente em razão da possibilidade de
substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de
direito. (OBS: só cabe sursis se for incabível a substituição)
 NÃO: STF só julgou inconstitucional a vedação de substituição por
restritiva de direitos. Incabível sursis
 Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe
17/04/2018.
 Competência:
o Importação: Súmula 528 STJ: local da apreensão.
o Exportação: local da remessa/envio da droga, independentemente do local da
apreensão.
 STJ: Em caso de exportação ou remessa de droga do Brasil para o
exterior via postal, a consumação do delito ocorre no momento do
envio da droga, juízo competente para processar e julgar o processo,
independentemente do local da apreensão. Inaplicabilidade da Súmula
528 desta Corte Superior, na espécie
 Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha. STF. 2ª
Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
#IMPORTANTE – Não possui substância psicotrópica na semente...
 O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui
natureza jurídica de crime. O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado
pela Lei nº 11.343/2006, mas não descriminalizado. Obs: despenalizar é a medida que tem por
objetivo afastar a pena como tradicionalmente conhecemos, em especial a privativa de
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

liberdade. Descriminalizar significa deixar de considerar uma conduta como crime. Mesmo
sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006
(porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. Argumento principal: se a
contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não configura reincidência,
mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência, considerando que
este delito é punido apenas com “advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e
“medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves e nas quais não há qualquer possibilidade
de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento. Há de se considerar,
ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo fortemente questionada.
 A nova lei de drogas não exige manifestação do MP após apresentação da defesa preliminar,
como era exigido anteriormente pela lei antiga.
 O art. 28 da Lei de Drogas não contempla o tratamento especializado como sanção
compulsória a ser aplicada ao usuário de drogas. Na verdade, após fazer menção às penas de
advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e
comparecimento a programas educativos, o art. 28 , §7º, da Lei nº 11.343/06, limita-se a
dispor que o juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
especializado.
 O tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se harmoniza
com a hediondez do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de
Tóxicos. O tratamento penal dirigido ao delito cometido sob o manto do privilégio apresenta
contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o
141 envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a ausência de maus
antecedentes e a inexistência de vinculo com organização criminosa. Há evidente
constrangimento ilegal ao se estipular ao tráfico de entorpecentes privilegiado os rigores da
Lei n. 8.072/90.
 O Plenário do STF, no julgamento do HC 97.256, declarou, incidentalmente, a
inconstitucionalidade da proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela pena
restritiva de direitos prevista nos arts. 33, § 4º, e 44, caput, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas).
A execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos” do § 4º do art.
33 da Lei 11.343/2006 foi suspensa por Resolução do Senado Federal, nos termos do art. 52, X,
da Constituição.
o “No plano dos tratados e convenções internacionais, aprovados e
promulgados pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento diferenciado ao
tráfico ilícito de entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial
ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para possibilitar alternativas ao
encarceramento. É o caso da Convenção Contra o Tráfico Ilícito de
Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas, incorporada ao direito interno
pelo Decreto 154, de 26-6-1991. Norma supralegal de hierarquia
intermediária, portanto, que autoriza cada Estado soberano a adotar norma
comum interna que viabilize a aplicação da pena substitutiva (a restritiva de
direitos) no aludido crime de tráfico ilícito de entorpecentes.

5.4. Crimes nas licitações – Lei 8.666/93


● A fraude em licitação do artigo 96 da lei 8666 não contempla fraude em licitação instaurada
para contratação de serviços, mas tão somente para aquisição ou venda de bens e
mercadorias. STJ: O tipo penal deveria prever expressamente a conduta de contratação de
serviços fraudulentos para que fosse possível a condenação do réu, em respeito ao princípio
da taxatividade, não podendo haver intepretação extensiva em prejuízo do réu.

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● A multa do crime de licitação diverge do sistema bifásico geral estabelecido no CPP, uma vez
que consiste em pagamento de quantia fixada em percentuais calculados na vantagem
efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente, cujos não poderão ser
inferiores a 2% nem superiores a 5% do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa
ou inexigibilidade de licitação.
o O valor da pena de multa será revertida para Fazenda Pública prejudicada, e
não ao FUNPEN, conforme preconiza o CP.
● ATENÇÃO: Artigo 89 da lei 8666 (divergência quanto ao resultado danoso STF e STJ)
o STJ: o crime do artigo 89 da Lei 8666 exige dolo específico de causar dano ao
erário a e a caracterização de efetivo prejuízo – crime material.
o STF: consuma-se tão somente com a dispensa ou inexigibilidade de licitação
fora das hipóteses legais. Deve haver DANO ou a FINALIDADE de
enriquecimento ilícito, INTENÇÃO ESPECÍFICA DE LESAR O ERÁRIO, devendo
estes requisitos se situarem no plano subjetivo. Não se exige prova de
prejuízo financeiro ao erário, uma vez que o bem jurídico tutelado não se
resume ao patrimônio público, mas coincide com os fins buscados pela CF, ao
exigir que a licitação assegure igualdade de condições a todos concorrentes.
o STF: INFO 891, março de 2017
▪ Exige especial fim de agir consistente na intenção específica de lesar o
erário ou obter vantagem indevida.
▪ Exige-se descumprimento de formalidades mais violação aos
princípios da Administração Pública: irregularidades pontuais não é
142 causa para tipificar Se houve apenas irregularidades pontuais
relacionadas com a burocracia estatal, isso não deve, por si só, gerar a
criminalização da conduta. Deve violar os princípios fundamentais da
Administração Pública, sob pena de atipicidade material.
▪ Decisão amparada em parecer técnico e jurídico: não haverá crime se
a dispensa se deu com base em parecer, salvo se o parecerista estiver
de conluio com o administrador, o que pode ser demonstrado.
● O fato de a ilegal dispensa de licitação ter sido embasada em
parecer jurídico que afirmava a licitude do proceder não é, por
si só, suficiente a descaracterizar o dolo, mormente quando os
elementos probatórios indicam, com segurança, que o
apelado tinha plena ciência da ilicitude da dispensa.”
● Deve ser analisado alguns critérios para verificar se o ilícito administrativo configura
também crime do artigo 89.
o A) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a
inexigibilidade. O parecer faz que a boa-fé seja presumida, não sendo
presunção absoluta, de sorte que o dolo pode ser provado. Havendo parecer,
é possível afirmar seu dolo através dos elementos dos autos, pois o agente
pode estar de conluio com o parecerista.
o B) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de
lesar o erário ou de promover enriquecimento ilícito.
o C) a denúncia deverá descrever o vinculo subjetivo entre os agentes.
● Artigo 89 é improbidade do artigo 10!!! – punido a título de DOLO e CULPA em caso de
improbidade – “frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente.
o O artigo 10 da 8429, em regra, precisa da demonstração de danos ao erário,
MAS, no caso de dispensa indevida de licitação, o STJ entende que o prejuízo

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ao erário é presumido, in re ipsa para configurar IMPROBIDADE (ATENÇÃO: no


crime o STJ exige o dano)
o Já o artigo 11 da Lei 8429 (IMPROBIDADE) exige tão somente o dolo genérico
de ferir os princípios da administração.
Art. 89 da Lei 8666
DOLO: intenção de lesar PREJUÍZO
STF SIM NÃO: não exige a lesão ao
erário
STJ SIM SIM: crime material

● 1) A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza
situação que justifique a dispensa de licitação; 2) O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é
inconstitucional nem viola o princípio da proporcionalidade; 3) O aditamento realizado
descaracterizou o contrato original e, portanto, configura, em tese, a prática do art. 92; 4) O
fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de
parecer jurídico não é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a
possibilidade de desvio de finalidade ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo
parecer.
● Artigo 90 da 8666 – frustrar, fraudar o caráter competitivo, com intuito de vantagem com a
adjudicação do objeto da licitação:
o Embora o texto fale “mediante ajuste de preços” o preceito legal insere
também “qualquer outro meio”, de modo que podem autorizar a
143 interpretação analógica para outras ações.
o O tipo subjetivo, finalidade específica, é “obter, para si ou para outrem,
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. ”
o STF: configura crime de fraude ao caráter competitivo fracionar licitação para
utilizar-se de modalidade licitatória distinta da determinada por lei.
● Não há qualquer fundamento, segundo o STF para que se tenha a decisão do TCU como
condição de procebilidade de ação penal referente à crimes de licitação.
o Ainda que haja prévia decisão do TCU julgando REGULARES as contas
relacionadas aos crimes de licitação, tal decisão NÃO VINCULA a esfera penal,
que pode receber a denúncia pelos mesmos fatos, já que independente as
instâncias, não tendo o TCU atribuição de interditar investigação criminal.
o Os inquéritos civis – improbidade ou ilícitos civis – são aptos à esfera
criminal, podendo ser oferecido denúncia base neles.
o Ainda que um laudo técnico, produzido por órgão do MP, não cumpra com as
formalidades do CPP em relação às perícias, constituem documento, que pode
ser valorado segundo a fé que merecer pelo juiz.
● Se a dispensa de licitação indevida (aparente 89 da 8666) for praticada por prefeito, não será
crime da lei de licitações, mas sim do DL 201/67

5.5. Crimes políticos


 Como a Constituição não define crime político, cabe ao intérprete fazê-lo diante do caso
concreto e da lei vigente. 2. Só há crime político quando presentes os pressupostos do artigo
2º da Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/82), ao qual se integram os do artigo 1º: a
materialidade da conduta deve lesar real ou potencialmente ou expor a perigo de lesão a
soberania nacional, de forma que, ainda que a conduta esteja tipificada no artigo 12 da LSN, é
preciso que se lhe agregue a motivação política.

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 O réu ingressou clandestinamente em uma Usina Hidrelétrica e alterou a posição da chave da


bomba de alta pressão de óleo. O MPF denunciou o agente pela prática do delito de
sabotagem, previsto no art. 15 da Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), que consiste em
crime político. O STF entendeu que não houve crime político considerando que:
o Não houve lesão real ou potencial a um dos bens jurídicos listados no art. 1º da
Lei nº 7.170/83 (requisito objetivo); e
o O agente não tinha motivação política (requisito subjetivo).
o Além disso, o Tribunal entendeu que se tratava de crime impossível, considerando
que essa alteração da posição da chave não tinha condão de provocar qualquer
embaraço ao funcionamento da Usina.

5.6. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional – SFN – Lei
7.492/86
● Considera-se instituição financeira: pessoa jurídica, de direito público ou privado que tenha
como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:
o Captação;
o Intermediação;
o Aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira;
o Custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração
de valores mobiliários.
144 o Equipara-se à instituição financeira:
▪ I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio,
consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de
terceiros;
▪ II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas
neste artigo, ainda que de forma eventual.
● Uma operadora de plano de saúde que pratica fraudes na gestão só pode ser enquadrada
como instituição financeira, a atrair a incidência da Lei 7.492/86 e, via de consequência, a
competência da Justiça Federal, se atuar como entidade seguradora. Do contrário, a
competência é da Justiça Estadual.
● A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou negociação de título fraudulentos –
tipificado no art. 7º da Lei Federal nº 7.492/86 – não ilide a possibilidade de condenação por
gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto no art. 4º, caput, da Lei Federal nº
7.492/86, uma vez que este delito não possui relação de dependência com o delito de
emissão.
● No crime de aplicação indevida de financiamento concedido por instituição financeira oficial, a
reparação voluntária e integral do dano, antes do recebimento da denúncia, não extingue a
punibilidade do agente, mas permite a incidência do arrependimento posterior e:
o Caso ocorra a restituição após o recebimento da denúncia e antes do
julgamento, configurará atenuante de reparação do dano.
● O delito de gestão fraudulenta, capitulado no art. 4º da Lei Federal nº 7.492/86, muito embora
seja crime próprio, não impede que um terceiro, estranho à administração da instituição
financeira, venha a ter participação no delito, desde que ancorado no art. 29 do Código Penal.
● Gestão Fraudulenta e Gestão Temerária:
o Não requer habitualidade, consumando-se com a prática de apenas um ato de
gestão fraudulenta ou temerária.

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o STF: Trata-se de um crime acidentalmente habitual: Crime acidentalmente


habitual. Embora um único ato seja apto à configuração da conduta tipificada,
a sua reiteração não configura pluralidade de delitos. Precedentes.
● Agiotagem não é crime contra o SFN. Ele não está enquadrado como os agentes do art. 25.
● Os crimes do SFN são todos dolosos, não há previsão culposa, não obstante haja divergência
quanto gestão fraudulenta/temerária, conforme abaixo.
o Entende-se que a gestão temerária dos crimes contra o SFN é doloso, pois se o
agente cria o risco, assume o possível dano, sendo este mera consequência do
risco criado.
● SFN: o crime de evasão de divisas exige especial fim de agir, consistente em promover a
evasão de divisas. Art. 22.
● Segundo o STJ, nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo “dólar-
cabo”, não é possível utilizar o valor de R$ 10.000,00 como parâmetro para fins de aplicação
do princípio da insignificância.
o Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver
depósitos não declarados à repartição federal competente.
 É suficiente à consumação do delito tipificado no artigo 22 da lei 7.492/86 a existência de
operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas.
145 ● Prevaricação financeira não exige especial fim de agir (satisfazer interesse pessoal), bastando a
realização do tipo. Art. 23.
● O STJ, em algumas oportunidades, assentou que só há a conduta descrita no art. 19
(financiamento mediante fraude) da Lei Federal nº 7.492/86 (“financiamento”) quando os
recursos obtidos junto à instituição financeira possuem destinação específica (CC 123.967, CC
122257), não se confundindo, assim, com mútuo obtido a título pessoal, conduta que
caracteriza o crime de estelionato. Logo, como o leasing revela, na prática, verdadeiro tipo de
financiamento bancário, para aquisição de bem específico, em instituição financeira, a conduta
se encontra tipificada no artigo 19 da Lei Federal nº 7.492/86.
o Destinação prevista: financiamento mediante fraude.
o Mútuo pessoal/sem destinação: estelionato.
● Não se aplica princípio da insignificância aos crimes contra o SFN, pois o Estado é o sujeito
passivo PRIMÁRIO, interesse público.
● Compete aos Juízes Federais julgar: os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira. SFN.
● Gestão temerária: atuar de forma a expor a instituição financeira a operações de risco
excessivo de maneira habitual, o que é necessário para caracterização do delito.
● STJ – GESTÃO FRAUDULENTA: simulam negócio jurídico para obter vantagem indevida. Crime
formal, próprio, perigo concreto (risco o patrimônio dos investidores), doloso.
o Crime formal: demonstra-se com a mera gestão fraudulenta ou temerária,
independentemente de prejuízo.
o Habitual impróprio (crime único): o crime de gestão fraudulenta, consoante a
doutrina, pode ser visto como crime habitual impróprio, em que uma só ação
tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não
configure pluralidade de crimes (trata-se de crime único)" Crime
acidentalmente habitual.
o Pressupõe a existência de instituição financeira autorizada.
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o Operação ilegal de instituição financeira não pode coexistir com gestão


fraudulenta, pois esta pressupõe existência de instituição financeira
autorizada. Logo, os delitos não coexistem na mesma conduta.
● As operações financeiras realizadas podem ocasionar dois delitos autônomos, como
empréstimo vedado e gestão temerária, não se configurando bis in idem. Assim, os delitos
podem ser processados em concurso formal.
● Crimes contra o SFN em coautoria/participação, a confissão espontânea que revelar a trama
delituosa é causa de redução de pena de um terço a dois terços.
● A utilização de terceiros (“laranjas”) para aquisição de moeda estrangeira para outrem, ainda
que tenham anuído com as operações, se subsome à conduta tipificada no art. 21 da Lei nº
7.492/86. O bem jurídico resta violado com a dissimulação de esconder a real identidade do
adquirente da moeda estrangeira valendo-se da identidade, ainda que verdadeira, de
terceiros.
● A conduta prevista no art. 21, Lei nº 7.492/86, pressupõe fraude que tenha o potencial de
dificultar ou impossibilitar a fiscalização sobre a operação de câmbio, com o escopo de impedir
a constatação da prática de condutas delitivas diversas ou mesmo eventuais limites legais para
a aquisição de moeda estrangeira.
● O crime de insider trading consuma-se com a mera negociação, independentemente da efetiva
obtenção de vantagem ou causação de prejuízo a terceiro.
o A princípio, o crime em questão – insider trading -, tipificado no art. 27-D da
Lei n. 6.385/76, não atrairia a competência da Justiça Federal, levando-se em
conta o art. 109, VI, da CF, cujo texto reza que compete à Justiça Federal
146 processar e julgar os crimes praticados contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira nas hipóteses determinadas por lei; a Lei n. 6.385/76
assim não dispõe.
o Ocorre que, mostra-se claro que a conduta delituosa prevista no seu art. 27-
D afeta diretamente o interesse da União, porquanto a utilização de
informação privilegiada pode gerar lesão ao Sistema Financeiro Nacional, ao
pôr em risco a confiabilidade dos investidores no mercado de capitais,
aniquilando a confiança e a lisura de suas atividades. Nesse caso, aplica-se o
inciso IV do art. 109 da Carta Magna, que fixa a competência da Justiça
Federal quando o delito ofender bens, serviços ou interesses da União ou
suas entidades autárquicas ou empresas públicas
● Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86),
o fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa e bem estrutura pode
ser valorado de forma negativa a título de circunstâncias do crime.
● Compete à Justiça Federal processar e julgar a conduta daquele que, por meio de pessoa
jurídica instituída para a prestação de serviço de factoring, realiza, sem autorização legal, a
captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de
que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado.
Isso porque a referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo do art. 16 da Lei 7.492/1986
(Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer “operar, sem a
devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição
financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. Ademais, nessa
hipótese, apesar de o delito haver sido praticado por meio de pessoa jurídica criada para a
realização de atividade de factoring, deve-se considerar ter esta operado como verdadeira
instituição financeira, justificando-se, assim, a fixação da competência na Justiça Federal.

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● A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou negociação de títulos fraudulentos


(art. 7º da Lei nº 7.492/86) não ilide a possibilidade de condenação por gestão fraudulenta de
instituição financeira (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86).
● A depender da espécie da operação realizada, pode ou não ficar configurada a obtenção
fraudulenta de empréstimo, que caracteriza crime contra o SFN, ou poderá ser estelionato.
o Estelionato: Mútuo obtido a título pessoal, caracteriza o crime de estelionato.
o Financiamento fraudulento (SFN): Quando os recursos obtidos junto à
instituição financeira possuem destinação específica.
● O art. 6º da Lei nº 7.492/86 prevê o seguinte delito: Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio,
investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira,
sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente: Pena — Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis)
anos, e multa. Podem ser sujeitos ativos do crime previsto no art. 6º da Lei 7.492/86 pessoas
naturais que se fizeram passar por membro ou representante de pessoa jurídica que não tinha
autorização do Bacen para funcionar como instituição financeira. Configura o crime do art. 6º
da Lei nº 7.492/86 (e não estelionato do art. 171 do CP) a falsa promessa de compra de valores
mobiliários feita por falsos representantes de investidores estrangeiros para induzir
investidores internacionais a transferir antecipadamente valores que diziam ser devidos para a
realização das operações.
● CVM e BACEN podem ser assistentes nas ações, cada um na sua competência.
● Na fixação de pena de multa relativo aos crimes previstos na lei em comento, o limite do
Código Penal pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação cogitada no art. 49,
§1º.
147 5.7. Crimes contra a ordem tributária e econômica – Lei 8.137/90
● STJ: é possível a aplicação da Súmula Vinculante n. 24 a fatos ocorridos antes da sua
publicação, por se tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de
retroatividade da lei penal mais gravosa. A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de
forma que a SV 24-STF não inovou no ordenamento jurídico. O enunciado apenas espelhou
(demonstrou) o que a jurisprudência já vinha decidindo.
o O STF apenas sumulou o entendimento que já vinha decidindo: A consumação
do delito tipificado no art. 1° da Lei 8137 somente se verifica com a
constituição do crédito fiscal, começando a correr, a partir daí, a prescrição.
● A prescrição do crédito tributário em nada influi na punibilidade da esfera penal, pois a
obrigação tributária nasceu regularmente, gerando o dever de pagamento do tributo e,
consequentemente, a consumação do delito.
● Crime único que gera sonegação de mais de um tributo é considerado como um crime só, não
havendo concurso formal.
o Não há concurso formal, mas crime único, na hipótese em que o contribuinte
declara Imposto de Renda de Pessoa Jurídica com a inserção de dados falsos,
ainda que tal conduta tenha afetado o lançamento de outros tributos.
● STF: tem prevalecido o entendimento de que, em matéria de crimes societários, a denúncia
deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes, de
modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na estrutura
jurídico-administrativa da empresa.
● STF afirmou que não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem
nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa para lhe
imputar um crime contra a ordem tributária. Para o STF, é imprescindível demonstrar um nexo
de causalidade, expresso por meio de veiculação de ordens a pessoas que executam
materialmente o delito.

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● ATENÇÃO: o inciso V do artigo 1º da Lei 8137 não é crime tributário material “negar ou deixar
de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de
mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.” Não sendo crime tributário material, PRESCINDE de instauração de processo
administrativo-fiscal para desencadeamento da persecução penal, não se submetendo à SV 24,
uma vez que é crime FORMAL, mesmo que no rol do artigo 1 da lei.
● A fluência do prazo prescricional dos crimes contra a ordem tributária, previstos no art. 1º,
incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, somente tem início após a constituição do crédito tributário,
o que se dá com o encerramento do procedimento administrativo-fiscal e o lançamento
definitivo.
● Nos crimes de sonegação, a causa de aumento prevista em caso de grave dano à coletividade
não se aplica somente se o valor dos tributos sonegados forem maior do que dez milhões. Isso
porque o dispositivo da Receita Federal define “quantia vultuosa” para fins internos de
acompanhamento prioritário pela Fazenda Nacional dos processos de cobrança, não limitando
ou definindo o que seja grave dano à coletividade.
● O reconhecimento da prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o
trancamento da ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei
8.137.
● SV 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, do inciso I a IV do art. 1º da Lei
8137, antes do lançamento definitivo do tributo.
o Desnecessária a juntada integral do Procedimento Administrativo Fiscal
correspondente.
148 ● Descaminho é crime tributário formal (não se restringe ao valor sonegado, mas também às
atividades comerciais dentro do país).
o A causa extintiva da punibilidade pelo pagamento do tributo NÃO SE APLICA
aos crimes tributários formais (descaminho e contrabando), mas só aos
crimes TRIBUTÁRIOS MATERIAIS.
o Aplica-se o princípio da insignificância ao descaminho, mas não se aplica ao
contrabando, uma vez que atinge toda sociedade.
● Agente fiscal que exige dinheiro para deixar de emitir auto de infração de débito tributário
comete crime especial previsto na lei 8137, e não concussão.
● Pagamento de penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às
exigências da autoridade tributária quanto à exibição de livros e documentos fiscais não se
adéqua a nenhuma da hipóteses de extinção da punibilidade previstas no §2º do artigo 9 da lei
10864.
● Em se tratando de crime funcional contra a ordem tributária, o pagamento do tributo não
extingue a responsabilidade penal do agente público.
● Pagamento integral, parcelamento e insignificância:
No caso dos seguintes delitos:
•crimes contra a ordem tributária (arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90);
•apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP); STJ acolhe o entendimento
do STF, aplicando os 20mil como limite para aplicação da insignificância nos crimes
tributários formais!!!
•sonegação previdenciária (art. 337-A do CP):
o O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após
o trânsito em julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do
agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003.

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o O parcelamento do crédito tributário suspende a ação e a prescrição penal.


STF 2018. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, ao final, o réu
pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade.
o A pendência de procedimento administrativo em que se discuta eventual
direito de compensação de débitos tributários com eventuais créditos
perante o Fisco não tem o condão, por si só, de suspender o curso da ação
penal, eis que devidamente constituído o crédito tributário sobre o qual
recai a persecução penal.
● É possível que o magistrado, na sentença, proceda à emendatio libelli, majorando a pena em
razão das causas de aumento previstas no artigo 12, inciso I, da lei 8137, quando houver na
denúncia expressa indicação do montante do valor sonegado.
● Obtenção indevida de restituição de IR por meio de inserção de informações falsas na
declaração de IR:
o Jurisprudência oscila entre estelionato e crime contra a ordem tributária;
o Estelionato: obtém-se vantagem indevida por meio fraudulento.
o Contra a ordem tributária: insere-se informações falsas nos sistemas
fazendários com o fim de reduzir a BC do tributo.
o STJ: entende sendo crime contra a ordem tributária.
● O reconhecimento de prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o
trancamento de ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos nos
incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90. A constituição regular e definitiva do crédito
tributário é suficiente para tipificar as condutas previstas no art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90,
149 não influenciando em nada, para fins penais, o fato de ter sido reconhecida a prescrição
tributária.
● A pendência de procedimento administrativo em que se discuta eventual direito de
compensação de débitos tributários com eventuais créditos perante o Fisco não tem o
condão, por si só, de suspender o curso da ação penal, eis que devidamente constituído o
crédito tributário sobre o qual recai a persecução penal
● Pedido de extradição de estrangeiro que tenha sonegado tributo no exterior não segue as
mesmas regras Brasileiras, de modo que não precisa respeitar a regra da constituição definitiva
do tributo.
● A constituição do crédito tributário após o recebimento da denúncia não tem o condão de
convalidar a ação penal que foi iniciada em descompasso com as normas jurídicas vigentes e
com a SV24 do STF. Desde o nascedouro, essa ação penal é nula porque referente a atos
desprovidos de tipicidade. (2ª Turma. A 1ª turma entende que se já sentenciou e a constituição
do crédito foi após a deflagração da ação penal, não há mais como trancar por HC)
o Se essa denúncia tivesse sido proposta antes da SV 24-STF, então, nesse caso,
a solução poderia diferente e a superveniência da constituição definitiva do
crédito tributário poderia convalidar a ação proposta sem esse pressuposto.
Isso porque antes da súmula havia muita polêmica sobre a matéria, sendo
razoável, em nome da segurança jurídica, convalidar esses atos.
● Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do crédito tributário
(Súmula Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento
Administrativo Fiscal correspondente. STJ. 5ª Turma. RHC 94288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 22/05/2018 (Info 627).
● Não existindo o lançamento definitivo do crédito tributário, revela-se ilegal a concessão de
medida de busca e apreensão e de quebra de sigilo fiscal, em procedimento investigatório,
visando apurar os crimes em apreço.
o Há exceção, quando imprescindível para viabilizar a fiscalização.
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● Mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o
início da investigação criminal para apurar o fato.
● O simples fato de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não
pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto
de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de
restar configurada a repudiada responsabilidade criminal objetiva.
● Para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição
definitiva do crédito tributário. Trata-se de um crime formalmente tributário. Não se aplica a
Súmula Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado
quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou exportação de
mercadorias.
● A principal diferença entre os dois crimes é a seguinte:
Art. 1º, I Art. 2º, I
É crime material. É crime formal.
Para a sua consumação, exige-se que haja a Para a sua consumação, basta que o agente
efetiva supressão ou redução do tributo, caput. tenha feito a declaração falsa, omitido
Em suma, o tipo penal exige que tenha havido declaração ou empregado outra fraude com o
sonegação. objetivo de se eximir do pagamento do tributo.
O tipo penal não exige que tenha havido
sonegação. Aliás, se o agente conseguir
efetivamente a sonegação, ele não responderá
150 pelo art. 2º, I, mas sim pelo art. 1º, I.
É indispensável a constituição definitiva do Não é necessária a constituição definitiva do
crédito tributário. crédito tributário.
Aplica-se a SV 24-STF. Não se aplica a SV 24-STF.
 É descabida a discussão sobre a nulidade ou não do procedimento administrativo fiscal em
processo criminal. A alegação de vícios no referido procedimento deve ser manejada na esfera
adequada para o exercício da pretensão anulatória do crédito tributário, e não no âmbito da
Justiça Criminal.
 É possível a exasperação da pena base aplicada ao crime de sonegação fiscal pela análise do
montante de crédito tributário suprimido ou reduzido a partir da ação delituosa.
 Expor à venda produtos impróprios para consumo – deixa vestígios, razão pela qual a perícia é
indispensável para a demonstração de materialidade delitiva.
 A malversação dos recursos oriundos do FINAM e administrados pela SUDAM se amoldam no
tipo penal da lei 8137.
 A garantia aceita na execução fiscal não possui a natureza jurídica de pagamento da exação e,
portanto, não fulmina a justa causa para a persecução penal, pois não configura hipótese
taxativa de extinção da punibilidade do crime tributário.
 Os crimes previstos na Lei nº 8.137/1990 não violam o disposto no art. 5º, inc. LXVII, da
Constituição da República. Os crimes contra a ordem tributária não violam a CF, pois não
instituem a prisão por dívida. A punição decorre do ato de sonegar, do desvalor de fraudar o
fisco. O simples não pagar não é crime. Portanto os atos são sim criminosos e constitucionais.

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5.8. Crimes contra a ordem econômica – Lei 8.176/91


● É indispensável a perícia para comprovação de que o produto é impróprio para o consumo.

5.9. Ocultação de bens e lavagem de dinheiro – Lei 9.613/98


● Lavagem de dinheiro precisa de especial elemento subjetivo, não havendo, portanto, a
modalidade culposa de lavagem de dinheiro. (CESPE) porém há divergência.
● O crime antecedente deve ter caráter patrimonial ou de alguma forma ostente caráter
econômico.
● Não se aplica o artigo 366 do CPP, devendo o acusado que não comparecer nem constituir
advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de
defensor dativo!
● Lavagem de dinheiro pode ter como delito anterior CRIME ou CONTRAVENÇÃO. A lei fala em
infração penal, que engloba ambas espécies delituosas.
● Nos crimes de Lavagem de dinheiro, há interdição de cargo e direção das pessoas jurídicas de
direito público pelo DOBRO do tempo da pena privativa da liberdade aplicada. – Artigo 7º, II.
● Senador que solicita propina destinado à campanha política, de modo que o dinheiro é
entregue ao partido, como se fossem doações eleitorais, pratica corrupção passiva e lavagem
de dinheiro.
o Político que com sua influência mantém pessoa como diretora de determinada
entidade pública para que esta facilite contrato com construtora pratica
corrupção passiva.
151 ● O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da
Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime
permanente. A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a
execução desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar
temporal. Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne
conhecido. Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam
conhecimento da conduta do agente.
● A transgressão da lei por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para
o exercício do poder enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se
tratando de um cidadão comum.
● A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de
dinheiro ocorreu num contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla
transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de mais de um Estado soberano.
● Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada
(“consequências do crime”) tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o
bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa do que o usual.
● Justa causa duplicada: ocorre nos crimes de lavagem de dinheiro, devendo o MP demonstrar
(i) a descrição fática do crime de lavagem de capitais e (ii) a origem ilícita dos bens,
provenientes de infração antecedente, acompanhadas de indícios suficientes do crime
antecedente.
● O crime de lavagem de capitais pode ser conexo ou não com o crime antecedente, tratando-se
de faculdade e não de obrigatoriedade.
● Eventualmente, o julgamento do crime antecedente poderá influir no julgamento do crime de
lavagem de captais, quando, v.g., for considerada inexistente suposta infração anterior. Aqui
cabe HC para trancar a ação por lavagem de captais ou até mesmo revisão criminal, caso
transitada em julgado a sentença penal condenatória.

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● Simples fato de ter recebido a propina em espécie não configura lavagem de dinheiro. O mero
recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando recebido
pelo próprio agente público, seja quando recebido por interposta pessoa. STF. 2ª Turma. AP
996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). Recebimento de propina em
depósitos bancários fracionados pode configurar lavagem. Pratica lavagem de dinheiro o
sujeito que recebe propina por meio de depósitos bancários fracionados, em valores que não
atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias à comunicação compulsória
dessas operações. Ex: suponhamos que, na época, a autoridade bancária dizia que todo
depósito acima de R$ 20 mil deveria ser comunicado ao COAF; diante disso, um Deputado
recebia depósitos periódicos de R$ 19 mil para burlar essa regra. Para o STF, isso configura o
crime de lavagem. Trata-se de uma forma de ocultação da origem de valores.

5.10. Crimes de responsabilidade – Lei nº 1.079/50 e DL nº 201/67


● Se o prefeito é denunciado por um crime do DL201/67 e outro crime, deve ser oportunizado a
defesa prévia da lei especial para ambos os crimes, e não só do DL, uma vez que o
procedimento especial prevalece sobre o procedimento comum.

 Nem o STF nem a doutrina admite a culpa por presunção ou responsabilidade objetiva de
prefeitos em relação aos atos praticados por terceiros por ele nomeado para exercer algum
cargo. É imprescindível demonstrar concretamente o liame de seu comportamento com as
152  irregularidades.
Os crimes de responsabilidade estão previstos:
 • Quanto ao Presidente da República: no art. 85 da CF/88 e Lei nº 1.079/50.
 • Quanto aos Governadores de Estado: na Lei nº 1.079/50.
 • Quanto aos Prefeitos: no DL 201/67.
 Caso o agente seja condenado por crime de responsabilidade, ele não receberá sanções penais
(prisão ou multa), mas sim sanções político-administrativas (perda do cargo e inabilitação para
o exercício de função pública).
● Aqui peculato uso é crime.
● I — O Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na
Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de
responsabilidade é privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85 da CF/88. II — As
Constituições estaduais não podem prever que os Governadores serão julgados pela
Assembleia Legislativa em caso de crimes de responsabilidade. Isso porque o art. 78, § 3º da
Lei 1.079/50 afirma que a competência para julgar os Governadores de Estado em caso de
crimes de responsabilidade é de um “Tribunal Especial”, composto especialmente para julgar o
fato e que será formado por 5 Deputados Estaduais e 5 Desembargadores, sob a presidência
do Presidente do Tribunal de Justiça. STF. Plenário. ADI 4791/PR, Rel. Min. Teori Zavascki; ADI
4800/RO e ADI 4792/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgados em 12/2/2015 (Info 774).
● Súmula 703-STF: A extinção do mandato do Prefeito não impede a instauração de processo
pela prática dos crimes previstos no art. 1º do DL 201/67. • Importante. • Vide Súmula 164 do
STJ.
● Prefeito pode ser denunciado, processado e condenado pelos crimes do DL 201/67 mesmo
que continue no cargo. O processo penal pode seguir seu curso normalmente mesmo que ele
não sofra impeachment.
● O Prefeito que estiver sendo investigado pela prática de crime pode ser afastado
cautelarmente de seu cargo mesmo antes do oferecimento da denúncia, com base no art. 319,
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VI do CPP que revogou tacitamente o art. 2º, II, do DL 201/67. A lei não prevê um prazo
máximo de afastamento cautelar, mas o STJ possui julgados sustentando que não deve ser
superior a 180 dias, pois tal fato caracterizaria uma verdadeira cassação indireta do mandato.
STJ. 5ª Turma. HC 228023-SC, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, julgado em 19/6/2012.
● A pena de inabilitação para exercício de cargo/função pública, prevista no art. 1.º, § 2.º, do
Decreto-Lei 201/67, é extinta, necessariamente, se houver prescrição da pena privativa de
liberdade. Assim, conforme a jurisprudência do STF, do STJ e do TSE, extinta a pena privativa
de liberdade pela prescrição da pretensão punitiva, também terá o mesmo fim a pena dela
decorrente de inabilitação para o exercício de cargo ou função pública. STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1381728-SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/12/2013 (Info 533).
● O crime do art. 1º, I, do Decreto-Lei 201/1967 é próprio, somente podendo ser praticado por
prefeito, admitida, porém, a participação, nos termos do art. 29 do CP. Exemplo: Deputado
Federal apresentou emenda parlamentar ao orçamento da União autorizando o repasse de
recursos para o Município “X”, verba destinada à aquisição de uma ambulância. O recurso foi
transferido, foi realizada a licitação, mas o certame foi direcionado em favor de determinada
empresa que superfaturou o preço. Ficou demonstrado que o Prefeito, o Deputado e os
donos da empresa vencedora estavam em conluio para a prática dessa conduta. Desse modo,
todos eles irão responder pelo delito do art. 1º, I, do DL 201/67. STF. 2ª Turma. Inq 3634/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/6/2015 (Info 788).
● O art. 1º, XIV, do DL 201/67 prevê que o Prefeito pratica crime quando nega execução a lei
federal, estadual ou municipal, ou deixa de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da
recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente. Para configuração do
153 delito em tela, é indispensável que o MP comprove a inequívoca ciência do Prefeito a respeito
da ordem judicial, não sendo suficiente que a determinação judicial tenha sido comunicada a
terceiros. Para que o Prefeito pudesse ser responsabilizado criminalmente, seria indispensável
a sua intimação pessoal. STF. 1ª Turma. AP 555/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
6/10/2015 (Info 802).
● “Como se sabe, não só a Constituição da República, mas também a Lei – algumas delas –
cuidam dos chamados crimes de responsabilidade, que, historicamente, têm merecido a
inclusão entre as infrações penais, como se a matéria de Direito Penal mesmo se tratasse. Não
vemos como aderir à tese. Tal modalidade de infração tem natureza política, não sendo por
outra razão que a jurisdição que dela cuida tem a mesma feição (política). Quem julga os tais
crimes de responsabilidade, ainda quando sejam integrantes do Poder Judiciário, compõe a
denominada jurisdição política, precisamente em razão do fato, relevantíssimo, de se examinar
a ilicitude segundo definições de comportamentos e, assim, de violação de regras, próprios ao
exercício das atividades dos agentes políticos. No entanto, o Supremo Tribunal Federal tem
jurisprudência pacífica em sentido contrário, isto é, do entendimento de que a matéria seria
de Direito Penal, e não de Direito Administrativo Constitucional. A consequência é de grande
relevo: se se trata mesmo de crime, como quer crer a Suprema Corte, a iniciativa ou a
legitimidade ativa para a persecução (que, então, seria penal) caberia unicamente ao
Ministério Público, independentemente de representação (por ausência de previsão legal).
Com isso, não teria sido recepcionado pelo texto constitucional a norma prevista na Lei nº
1.079/50, que previa que todo cidadão teria legitimidade para oferecer denúncia no caso das
infrações ali dispostas (art. 14 e art. 41), contra o Presidente da República, Ministros de
Estado, Ministros do Supremo Tribunal Federal e Procurador-Geral da República.”
(Comentários ao Código de Processo Penal e sua Jurisprudência. Ed. Atlas. 8ª Edição. Pag. 88
da versão eletrônica)
o Ressalte-se que esta posição dos autores, mais uma vez, não tem sido acolhida
pela jurisprudência do STF, que recentemente validou o processo de
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impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, cuja denúncia recebida pela


Câmara dos Deputados fora apresentada por cidadãos.

5.11. Organização Criminosa – Lei 12.850/13


● Exige MAIS DE TRÊS integrantes, ou seja, QUATRO ou mais. Só três é associação criminosa do
CPP.
● ORCRIM é feita para a prática de infrações penais (crime ou contravenção), cujas as penas
sejam SUPERIORES a 4 anos, ou sejam de caráter TRANSNACIONAL
● Organização criminosa: exige permanência e estabilidade. Do contrário, em crimes isolados, é
mero concurso de agentes. § 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
● ATENÇÃO: nenhuma sentença será proferida com fundamento apenas nas declarações de
agente colaborador (delação premiada).
o O juiz é impedido de participar das negociações da delação. A iniciativa de
delação é independente de reserva de jurisdição, cabendo ao MP e ao
Delegado.
● A decisão de juiz que nega a réu denunciado com base em colaboração premiada ao acesso a
outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo
154 acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas NÃO VIOLAM A SV
14 STF.
● O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito
policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem
caráter vinculante, previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº
12.850/2013, que preveem essa possibilidade, são constitucionais e não ofendem a
titularidade da ação penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição (art. 129,
I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
o PGR: Para o PGR, os trechos acima destacados da lei, ao atribuírem a
Delegados de Polícia legitimidade para negociar acordos de
colaboração premiada e propor diretamente ao juiz concessão de perdão
judicial a investigado ou réu colaborador, violariam os princípios do devido
processo legal e da moralidade. Ofenderiam também a titularidade da ação
penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição (art. 129, I), a
exclusividade do exercício de funções do Ministério Público por membros
legalmente investidos na carreira (art. 129, § 2º, primeira parte) e a função
constitucional da polícia como órgão de segurança pública (art. 144, os §§ 1º e
4º).
o STF: O § 2º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013 confere ao Delegado de Polícia,
exclusivamente no curso do inquérito policial, a faculdade de representar ao
juiz, ouvido o Ministério Público, pela concessão de perdão judicial ao
colaborador, ainda que esse benefício não haja sido previsto na proposta
inicial. Trata-se de nova hipótese de perdão judicial. “O perdão judicial é
instituto que possibilita ao juiz deixar de impor sanção diante da existência de
determinadas circunstâncias expressamente previstas em lei. É a gradação
máxima de redução da pena a resultar na extinção da punibilidade, nos termos
do art. 107, IX, do Código Penal.” O Min. Marco Aurélio entendeu que a
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possibilidade de o Delegado propor ao juiz o perdão judicial não é um


assunto que esteja diretamente relacionado com o modelo acusatório. Não
há, portanto, ofensa ao art. 129, I, da Constituição Federal. Essa
possibilidade está sim relacionada com o “direito de punir do Estado”.
Embora o Ministério Público seja o titular da ação penal de iniciativa pública,
ele não é o titular do direito de punir. O direito de punir é uma manifestação
do Poder Judiciário. A representação pelo perdão judicial, feita
pelo Delegado de Polícia, por conta da colaboração premiada, não impede que
o MP ofereça denúncia contra o investigado. Ocorre que, uma vez
comprovada a eficácia do acordo, o juiz irá extinguir a punibilidade do delator.
Douglas Fischer entende pela inconstitucionalidade. Esse § 6º não afasta a
participação do Ministério Público no acordo de colaboração premiada, ainda
que ocorrido entre o Delegado de Polícia, o investigado e o defensor, não se
podendo cogitar da afronta à titularidade da ação penal. A legitimidade da
autoridade policial para realizar as tratativas de
colaboração premiada desburocratiza o instituto, sem importar ofensa a
regras atinentes ao Estado Democrático de Direito, uma vez que o acordo
ainda será submetido à apreciação do Ministério Público e à homologação
pelo Poder Judiciário. Definir quais benefícios serão propostos não se
confunde com a propositura ou não da ação penal. Assim, “o argumento
segundo o qual é privativa do Ministério Público a legitimidade para oferecer e
negociar acordos de colaboração premiada, considerada a titularidade
155 exclusiva da ação penal pública, não encontra amparo constitucional.” (Min.
Marco Aurélio). Não se pode centralizar no Ministério Público todos os papéis
do sistema de persecução criminal, atuando o Órgão como investigador –
obtenção do material destinado a provar determinado fato –, acusador –
titular da ação penal – e julgador – estabelecendo penas, regimes e multas a
vincularem o Juízo –, em desequilíbrio da balança da igualdade de armas.
o
o
● Em delação premiada, segundo o STF, o sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve
perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia, podendo, no entanto, ser levantado
antes de sua propositura. Prevaleceu o entendimento de que esse dispositivo não traz uma
regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo. Para que o sigilo seja
mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma
necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do
acordo.
● O sigilo da colaboração pode imperar até o recebimento da denúncia, possuindo como
função resguardar interesse privado (segurança do colaborador e pessoas a ele próximas) e
interesse público (efetividade das investigações).
● A colaboração é um negócio jurídico processual, ainda que tenha aptidão para interferir nas
sanções penais. O negócio é tido como personalíssimo do colaborador com o Estado, motivo
pelo qual não se admite sua impugnação por terceiros, ainda que referidos nas informações
prestadas pelo colaborador (coautores ou partícipes).
o Eventual coautor ou partícipe dos crimes praticados pelo colaborador não
poderia impugnar o acordo de colaboração. Afinal, se cuidaria de negócio
jurídico processual personalíssimo. Ele não vincularia o delatado e não
atingiria diretamente sua esfera jurídica. O acordo, por si só, não poderia
atingir o delatado, mas sim as imputações constantes dos depoimentos do
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colaborador ou as medidas restritivas de direitos que viessem a ser adotadas


com base nesses depoimentos e nas provas por eles indicadas ou
apresentadas.
o nos procedimentos em que figurarem como imputados, os coautores ou
partícipes delatados terão legitimidade para confrontar, em juízo, as
afirmações sobre fatos relevantes feitas pelo colaborador e as provas por ele
indicadas, bem como para impugnar, a qualquer tempo, as medidas restritivas
de direitos fundamentais eventualmente adotadas em seu desfavor com base
naquelas declarações e provas, inclusive sustentando sua inidoneidade para
servir de plataforma indiciária para a decretação daquelas medidas - mas não,
repita-se, para impugnar os termos do acordo de colaboração feito por
terceiro.
o O que os delatados podem fazer é confrontar em juízo os fatos e provas a eles
imputados, dentro do contraditório e ampla defesa, mas não questionar os
termos do acordo em si, ou seja, os benefícios que foram concedidos, a
existência ou validade do negócio jurídico etc.
o Diante da natureza de negócio jurídico processual personalíssimo, bem como
por se tratar de meio de obtenção de provas, e não de efetiva prova, somente
possuem legitimidade para questionar a legalidade do acordo de colaboração
premiada as próprias partes que o celebraram.
o É possível que delatado questione o acordo se a impugnação estiver
relacionada com as regras constitucionais de prerrogativa de foro.
156 ● Ainda que o colaborador, por descumprir alguma condição do acordo, não faça jus a
qualquer sanção premial por ocasião da sentença (art. 4º, § 11, da Lei nº 12.850/13), suas
declarações, desde que amparadas por outras provas idôneas (art. 4º, § 16, da Lei nº
12.850/13), poderão ser consideradas meio de prova válido para fundamentar a condenação
de coautores e partícipes da organização criminosa.
● O papel do juiz ao homologar colaboração é meramente em relação aos aspectos formais: só
se faz juízo de valor sobre a consistência probatória quando a colaboração seja invocada como
fundamento para pedido afeto à apreciação judicial.
o O juiz analisa: Regularidade, legalidade e voluntariedade. Não analisa a
proporcionalidade dos benefícios diante do teor da colaboração.
● Homologação (possível) de acordo de colaboração premiada por juiz de primeiro grau, que
mencione autoridade com foro de prerrogativa por função, não traduz em usurpação de
competência do Tribunal. Ao descobrir fortuitamente indícios do envolvimento de pessoa
com prerrogativa de foro, os autos devem ser encaminhados imediatamente ao foro
prevalente, o qual é o único competente para resolver sobre a existência de conexão ou
continência e acerca da conveniência do desmembramento do processo.
● A lei de crime organizado limita-se a exigir a voluntariedade do agente em sua colaboração,
não requerendo a espontaneidade.
● Se a colaboração premiada for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade
ou será admitida a progressão de regime ainda que estejam ausentes os requisitos objetivos.
● As declarações do agente colaborador, ainda que se consubstanciem em única prova judicial,
NÃO autorizam a prolação de sentença condenatória.
● O Ministério Público poderá, no caso de colaboração premiada, quando o colaborador não
for o líder da organização criminosa e for o primeiro a prestar efetiva colaboração, deixar de
oferecer denúncia.
● Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao
direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade
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● Não obstante o acordo de colaboração premiada, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. Nos depoimentos que
prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e
estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
● Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro
por prerrogativa de função: Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que
teriam sido praticados por autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro
privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo
Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ). Assim,
se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por
prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado
por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A delação de
autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a
respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante
a Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação
da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal.
● Análise da legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada: Em
regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada.
Assim, em regra, a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando
que esse acordo possui algum vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo.
Esse entendimento, contudo, não se aplica em caso de homologação sem respeito à
prerrogativa de foro. Desse modo, é possível que o delatado questione o acordo se a
157 impugnação estiver relacionada com as regras constitucionais de prerrogativa de foro. Em
outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro por prerrogativa de função e,
apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será permitido que ele impugne
essa homologação alegando usurpação de competência.
● O descumprimento de acordo de colaboração premiada, por si só, não justifica a decretação da
prisão preventiva. Isto porque não há uma relação direta entre a prisão preventiva e o acordo
de colaboração premiada, tampouco há previsão legal neste sentido. É necessário verificar, no
caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto
prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo.
o Logo, o STF rechaça a tese do acoplamento estrutural entre a colaboração
premiada e a prisão preventiva, uma vez que não consta na lei de organizações
criminosas a prisão como consequência da quebra do acordo, bem como
porque o artigo 312 do CPP não contempla tal hipótese.
o Prisão preventiva não é moeda de troca ou punição antecipada.
● Delação que contém menção de fato criminoso de autoridade com foro:
o O STJ decidiu que sim. O acordo pode ser celebrado pelo Ministério Público de
1ª instância e homologado pelo juízo de 1ª instância. Após a homologação,
remete-se a investigação para o Tribunal competente (no caso, o STJ, por força
do art. 105, I, “a”).
o Para o STF: NÃO. Se a delação do colaborador mencionar autoridade com
prerrogativa de foro (ex: Governador), este acordo deve ser celebrado pelo
Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal
competente (STJ). #IMPORTANTE
o Lembrar que a houve mudança em 2018 das regras de foro, só sendo
relacionado com crimes ligados ao cargo/função.
● Diversamente das Leis de Drogas e de Lavagem de Capitais, a Lei n. 12.850/13 (Lei das
Organizações Criminosas) não faz referência expressa à necessidade de prévia autorização
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judicial (só prévia comunicação) para a execução da ação controlada quando se tratar de
crimes praticados por organizações criminosas, assemelhando-se, nesse ponto, à sistemática
vigente à época da revogada Lei n. 9.034/95 (art. 2º, II).
● É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas
no acordo de colaboração premiada, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no
acordo em relação ao colaborador. Assim, por exemplo, se um indivíduo celebra acordo de
colaboração premiada com o MP aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente
poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no acordo. STF. 2ª Turma. PET
7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922). Ainda que remetido a
outros órgãos do Poder Judiciário para apuração dos fatos delatados, o juízo que homologou o
acordo de colaboração premiada continua sendo competente para analisar os pedidos de
compartilhamento dos termos de depoimentos prestados no âmbito da colaboração. STF. 2ª
Turma. PET 7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922).
● A homologação da delação premiada pode ficar condicionada ao não cometimento de novas
infrações penais, aferível pelo recebimento de denuncia em face do colaborador.
o A pratica superveniente de infração penal, enquanto causa passível de
justificar a não-homologação ou a rescisão de acordo de colaboração
premiada, prescinde de ser comprovada por meio da declaração de culpa
exarada por juiz penal quando já presentes, nas pecas de informação
constantes nos autos, elementos suficientes para evidenciar o cometimento
dos fatos cogitados.
o É que não se trata de reconhecer a responsabilidade penal propriamente dita
158 e aplicar, em consequência, uma sanção de natureza penal o que, certamente,
demandaria a conclusão da instrução processual cabível e da deliberação do
juiz penal competente; trata-se, diferentemente, de reconhecer a simples
prática de fato jurídico passível de caracterizar o descumprimento de
obrigação contratual, cuja comprovação, como é cediço, pode se dar por
quaisquer meios admissíveis em direito
o 6. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em paradigmático precedente de
relatoria do Min. Dias Toffoli, assentou o entendimento de que a colaboração
premiada é um negocio jurídico processual uma vez que, além de ser
qualificada expressamente pela lei como meio de obtenção de prova, seu
objeto e a cooperação do imputado para a investigação e para o processo
criminal, atividade de natureza processual, ainda que se agregue a esse
negocio jurídico o efeito substancial (de direito material) concernente a sanção
premial a ser atribuída a essa colaboração.
o 8. O investigado não tem direito subjetivo à homologação de acordo de
colaboração premiada, máxime porque o § 8º do art. 4º da Lei no 12.850/13
assim o estabelece expressamente, condicionando a convalidação à devida
observância das disposições contratuais e legais pertinentes.
● Todavia, os depoimentos do colaborador premiado, sem outras provas idôneas de
corroboração, não se revestem de densidade suficiente para lastrear um juízo positivo de
admissibilidade da acusação, o qual exige a presença do fumus commissi delicti. 13. Se
“nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de
agente colaborador” (art. 4º, § 16, da Lei nº 12.850/13), é lícito concluir que essas declarações,
por si sós, não autorizam a formulação de um juízo de probabilidade de condenação e, por via
de consequência, não permitem um juízo positivo de admissibilidade da acusação
● Por essa razão, a Lei 12.850/2013 dispõe que nenhuma sentença condenatória será proferida
com fundamento exclusivo nas declarações do agente colaborador. Assinalou que a
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colaboração premiada seria negócio jurídico processual, o qual, judicialmente homologado,


confere ao colaborador o direito de:
o a) usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;
o b) ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais
preservadas;
o c) ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
o d) participar das audiências sem contato visual com outros acusados.
● Esse acordo somente será válido se:
o a) a declaração de vontade do colaborador for resultante de um processo
volitivo, querida com plena consciência da realidade, escolhida com liberdade
e deliberada sem má-fé;
o b) o seu objeto for lícito, possível, determinado ou determinável.
o Destacou que a “liberdade” de que se trata seria psíquica, e não de
locomoção. Assim, não haveria óbice a que o colaborador estivesse
custodiado, desde que presente a voluntariedade da colaboração.
● O juiz não deve emitir juízo de valor, mas apenas homologar o acordo: Ademais, no que se
refere à eficácia do acordo, ela somente ocorreria se o ato fosse submetido à homologação
judicial. Esta limitar-se-ia a se pronunciar sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do
acordo. Não seria emitido qualquer juízo de valor a respeito das declarações eventualmente
já prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, tampouco seria
conferido o signo da idoneidade a depoimentos posteriores. Em outras palavras, homologar o
159 acordo não implicaria dizer que o juiz admitira como verídicas ou idôneas as informações
eventualmente já prestadas pelo colaborador e tendentes à identificação de coautores ou
partícipes da organização criminosa e das infrações por ela praticadas ou à revelação da
estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa”
● Competência:
o O acordo de colaboração, como meio de obtenção de prova, não constitui
critério de determinação, de modificação ou de concentração da competência,
ainda que válidos os elementos de informação trazidos pelo colaborador,
relativamente a crimes distintos do objeto da investigação matriz. Logo, a
prevenção em razão da realização de colaboração premiada, por si só, não é
apto a fixar a competência judicial.
o Primeiro se deve fazer uma diferenciação entre prorrogação e concentração
de competência. Na prorrogação, um juízo amplia sua competência para
conhecer de uma causa que, inicialmente, ele não possuía competência. A
prorrogação ocorre quando há conexão ou continência. A concentração, por
sua vez, ocorre quando o juízo já possui competência sobre a causa, todavia
essa é compartilhada com outros juízos. Neste caso, a prevenção irá
concentrar a causa em apenas um juízo, sendo retirada dos demais. Portanto,
a concentração está relacionada com a prevenção. Deve-se ter em mente,
porém, que a prevenção em nenhuma hipótese irá promover a prorrogação
da competência. Quem pode fazer isso é a conexão ou a continência. Logo,
para que ocorra a prevenção é necessário que o juízo já possua competência
sobre a causa, pois a prevenção é critério subsidiário, devendo-se analisar
primeiro quem tem competência e depois, caso mais de um apossua, se utiliza
da prevenção para concentrar a competência em apenas um deles. Ex: Sinop
tem 2 juízes federais. Os dois são competentes. Aí é caso de analisar a
prevenção.
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o Isto posto, havendo determina colaboração premiada em Juízo incompetente,


onde foi descoberto vários crimes, não havendo conexão ou continência, este
Juízo não é competente, não havendo se falar em prevenção, devendo ser
julgado pelos Juízos competentes. se o juízo inicial não possuía competência
territorial, nem há conexão ou continência (primeiro critério é analisar quem
tem competência, certo?), então não poderia adquirir essa competência em
razão da prevenção, já que esta proporciona apenas a concentração e não a
prorrogação ou seja é critério subsidiário para definir quem irá julgar quando
todos possuem competência.
● A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público:
o a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e;
o a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
anos subsequentes ao cumprimento da pena
● Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será
admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos
● Personalidade do agente na delação permiada:
o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade
do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão
social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
o Esse dispositivo não erigiu a avaliação da personalidade do colaborador em
requisito de validade do acordo de colaboração. Dado o próprio conceito de
160 associação criminosa, é natural que seus integrantes, em tese, possam
apresentar uma personalidade desajustada ao convívio social, voltada à
prática de crimes graves.
o Também a “confiança” no agente colaborador não constitui elemento de
existência ou requisito de validade do acordo de colaboração. a confiança não
se extrai, previamente, da personalidade, das características pessoais ou dos
antecedentes do delator; ela é construída objetivamente a partir da
fidedignidade das informações por ele prestadas, dos elementos de prova
que concretamente vierem a corroborá-las e de sua efetividade para as
investigações
● Bens adquiridos com o proveito ilícito e o tratado de Palermo:
o Havendo previsão em Convenções firmadas pelo Brasil para que sejam
adotadas “as medidas adequadas para encorajar” formas de colaboração
premiada, tais como a redução ou mitigação da pena (no sentido, repita-se, de
abrandamento das consequências do crime), parece-me lícito, sem prejuízo de
ulterior e mais aprofundada reflexão sobre o tema, que o acordo de
colaboração, ao estabelecer as sanções premiais a que fará jus o colaborador
dentre as “condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de
polícia” (art. 6º, II, da Lei nº 12.850/13), possa também dispor sobre questões
de caráter patrimonial, como o destino de bens adquiridos com o produto da
infração pelo agente colaborador, em seu nome ou de interposta pessoa.
o Se a colaboração exitosa pode afastar ou mitigar a aplicação da própria pena
cominada ao crime (respectivamente, pelo perdão judicial ou pela redução de
pena corporal ou sua substituição por restritiva de direitos), a fortiori, não há
nenhum óbice a que também possa mitigar os efeitos extrapenais de natureza
patrimonial da condenação, como o confisco “do produto do crime ou de
qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a

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prática do fato criminoso” (art. 91, II, b, do Código Penal), e de todos os bens,
direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes
de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores

5.12. Tratados internacionais em matéria penal


Normas das convenções e dos tratados de Direito Internacional relativos ao Processo Penal e
aos tratados bilaterais de auxílio direto. Convenção da ONU contra a corrupção. Cooperação
Internacional – tratados bilaterais celebrados pelo Brasil em matéria penal. Tratados e
Convenções em matéria criminal. A Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional.
5.12.1. Corrupção
5.12.2. Organização Criminosa
5.12.3. Tráfico de pessoas, armas, terrorismo e escravidão
5.12.4. Estatuto de Roma
5.13. ECA
● No caso de crime por pedofilia por internet (241-A), o crime praticado por computador em SP
pode ser julgado pelo juízo do PR se ficar demonstrado que a conduta do agente ocorreu com
investigações que tiveram início em Curitiba, onde um grupo de pedófilos ligados ao agente
foi preso e, a partir daí, foram obtidas todas as provas. Neste caso, a competência do juízo de
Curitiba ocorrerá por conexão, não havendo ofensa ao princípio do juiz natural.
161 ● No crime do artigo 239, envio de criança para o exterior de forma ilegal, se o envio possui
como finalidade a obtenção de lucro, o STJ considera que é típico, mesmo que feito com a
finalidade lícita. (Ex: enviar sem observação do procedimento legal criança para o exterior para
competir nas Olimpíadas)
o Em relação ao formado do direito, presume-se conhecimento da gravidade do
ilícito em patamar superior ao verificado no homem médio, o que se presta a
majorar a pena base à guisa de desvalor na culpabilidade.
o A fraude que qualifica este delito, no parágrafo único, pode se configurar na
falsidade material e ideológica perpetrada, podendo ser tanto contra a criança
quanto contra a Administração.
● Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
o Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
o § 1o Nas mesmas penas incorre quem
o I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias,
cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
o II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
o § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis
quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente
notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o
caput deste artigo.
● Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra
forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
o Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
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o § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena


quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
o § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas
nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita
por:
▪ I – agente público no exercício de suas funções;
▪ II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre
suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
▪ III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o
recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial,
ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
▪ § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob
sigilo o material ilícito referido.
● Súmula 338-STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.

5.14. Racismo/discriminação – Lei 7.716/89


● Para o STF, o artigo 20 da Lei 7.716/86 pune a discriminação ou preconceito incidentes sobre
raça, a cor, a etnia, a religião ou a procedência nacional, NÃO contemplando a discriminação
162 decorrente da opção SEXUAL (HOMOAFETIVIDADE). Isso porque, como toda norma
incriminadora, possui rol exaustivo de conditas tipificadas, cuja lista não contempla
discriminação decorrente de opção sexual.
● A incitação ao ódio (hate speech) contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores
não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
o Diferente é a crítica a outras religiões.
● Proferir manifestação de natureza discriminatória em relação aos homossexuais NÃO
configura o crime do art. 20 da Lei nº 7.716/89, sendo conduta atípica.
● O crime de racismo/discriminação pressupõe a ideia de segregação em função da raça ou da
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
● Injúria Racial: ofensa praticada com conotação racial. Injúria qualificada.

5.15. Genocídio – Lei 2.889/56


 Especial fim de agir: destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
se aplicando a todas as figuras típicas da Lei de genocídio.
 Embora seja inafiançável, por ser hediondo, não é imprescritível.
 A tentativa, diferentemente do CP, é punida com 2/3 da pena do respectivo crime.
 O genocídio não será considerado crime político para efeitos de extradição.
 Caso o Governador de um Estado da Federação ordene a retirada compulsória de tribo
indígena de determinada região, de modo a evitar a demarcação do território e com o escopo
de submeter intencionalmente o grupo a condições de causar-lhe a destruição física total ou
parcial, há crime de genocídio. A pena é agravada de metade por se tratar de delito praticado
por governante.
 Mesmo se a morte for de um único integrante, havendo o elemento subjetivo de destruir o
grupo, haverá crime de genocídio, e não de homicídio.

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 Se o agente efetua manipulação genética com a finalidade de impedir nascimentos no seio de


determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso, há genocídio.
 Pratica genocídio quem, com o especial fim de agir já mencionado no primeiro item, transfere
forçadamente crianças de um grupo para outro. Aplica-se o conceito de CRIANÇA do ECA
5.16. Tortura

5.17. Lei de abuso de autoridade


● Crimes que atentem contra a concessão de asilo político não são crimes de abuso de
autoridade, uma vez que não está elencado na lei.
● A busca pessoal independe de mandado nas seguintes hipóteses: a) no caso de prisão; b)
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito: caso a busca pessoal seja executada sem
que haja fundada suspeita, como no exemplo em que a autoridade a executa tão somente
para demonstrar seu poder, a conduta do agente policial pode caracterizar o crime de abuso
de autoridade (Lei n° 4.898/65, art. 3°, "a"); c) quando a medida for determinada no curso de
busca domiciliar: no cumprimento de busca domiciliar, as pessoas que se encontrem no
interior da casa poderão ser objeto de busca pessoal, mesmo que o mandado não diga de
maneira expressa.

5.18. Lei de armas – Lei 10.826/03


163 ● É típica e antijurídica a conduta de policial que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de
fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do desarmamento, que impõem
registro das armas no órgão competente.
● Portar granada de pimenta ou gás lacrimogênio não se enquadra em explosivo.
● LEI 13.497/2017. Altera a Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o crime de posse
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito no rol dos crimes hediondos.
● Os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 tutelam bens jurídicos diversos e, por
essa razão, deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas armas ou munições de
uso permitido e de uso restrito no mesmo contexto fático. O art. 16 do Estatuto do
Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos cadastros
do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime único, pois há lesão
a bens jurídicos diversos. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1122758/MG, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 24/04/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1619960/MG, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 27/06/2017.

5.19. Lei Antiterrorismo

5.20. Invasão de terras da União

5.21. Identificação criminal e perfil genético – Lei 12.037/09


● STJ: É legal a prova com material genético descartado, ainda que não tenha havido
consentimento do investigado – 2018.
● Regra: o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas
hipóteses legais.

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● Possibilidade de identificação genética: documento rasurado ou indício de falsidade;


documento insuficiente para identificação cabal do acusado; portar documentos de identidade
distintos, com informações conflitantes entre si; a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá
de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do MP ou da defesa; constar em
registros policiais outros nomes ou diferentes qualificações; o estado de conservação ou a
distância temporal da localidade da expedição do documento impossibilite a completa
identificação dos caracteres essenciais.
● As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão
relevar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de
gênero.
● Não há restrição na lei para identificar crimes de detenção ou reclusão. Não importa qual seja
a pena.
● Não há obrigatoriedade na lei em caso de crime hediondo

5.22. Proteção à vítimas e testemunhas ameaçadas – Lei 9.807/99


● O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, inclusive dos próprios réus, conceder
perdão judicial, com a consequente extinção da punibilidade, desde que, sendo réus primários,
tenham efetiva e voluntariamente colaborado com a investigação e com o processo criminal e
dessa colaboração tenha resultado a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação
criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total
164 ou parcial do produto do crime. Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em
conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão
social do fato criminoso.

5.23. Código Penal Militar (CPM)


● Art. 298: pune o desacato cometido por militar contra outro militar de hierarquia superior;
● Art. 299: pune o desacato cometido por qualquer pessoa contra militar no exercício de função
de natureza militar ou em razão dela;
● Art. 300: pune o desacato cometido contra funcionário civil no exercício de função ou em
razão dela, em lugar sujeito à administração militar.

5.24. Crimes no CDC


● De acordo com o artigo 82, III e IV e art. 80 do CDC, os PROCONs e associações de defesa dos
direitos dos consumidores podem ajuizar ação penal subsidiária da pública, em relação a
ofendidos indeterminados. Trata-se de exceção à regra de que o legitimado ativo deve ser
pessoa individualizada.
● Configura agravante aos crimes previstos no CDC se o fato é praticado em época de grave crise
econômica ou por ocasião de calamidade.

5.25. Lei de procedimento em Tribunal – Lei 8.038/90

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

5.26. Interceptação telefônica – Lei 9.296/96


● Admite-se que a interceptação telefônica seja executada diretamente e sob responsabilidade
do MP, por autoridade própria, e que a transcrição seja feita diretamente pelos servidores do
MP, sob supervisão do promotor de justiça.
● TEORIA DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA DA PROVA: não se pode utilizar fragmentos de
interceptação telefônica para suporte probatório em processo penal, dada a perda da unidade
da prova. Inviabiliza a ampla defesa.
● Teoria do juízo aparente: não é nula a interceptação telefônica deferida por juiz que,
posteriormente, ao descobrir os fatos, este se torne absolutamente incompetente.
● A admissibilidade do empréstimo de prova de interceptação telefônica é ampla, inclusive
quando descobertos ilícito praticados por quem não é parte na investigação.
● Não previnem a competência decisões de juiz de plantão, nem as facultadas, em caso de
urgência, a qualquer dos juízes criminais do foro. Assim, a decisão prolatada em plantão que
determina a interceptação telefônica não possui o condão de definir a competência da futura
ação penal por prevenção.
● As prorrogações sucessivas de interceptações telefônicas podem ser feitas durante o recesso
forense pelo Ministro Relator do STF.
● É admitido como meio probatório as escutas ambientais, captações e interceptações de sinais
eletromagnéticos, óticos ou acústicos em escritório de advocacia, pela noite, mediante ordem
judicial, quando o próprio advogado é suspeito de prática de crime, sobretudo consumado no
âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício de profissão.

165 ● O simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado não é causa, por si só, para
gerar a anulação de todo o processo e da condenação que foi imposta ao réu. Se o Tribunal
constatar que houve indevida interceptação do advogado do investigado e que, portanto,
foram violadas as prerrogativas da defesa, essa situação poderá gerar três consequências
processuais: 1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação; 2ª)
Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório e com ele relacionados; 3ª)
Afastamento do magistrado caso se demonstre que, ao assim agir, atuava de forma parcial. Se
o próprio juiz, ao perceber que o advogado do investigado foi indevidamente "grampeado",
anula as gravações envolvendo o profissional e, na sentença, não utiliza nenhuma dessas
conversas nem qualquer prova derivada delas, não há motivo para se anular a condenação
imposta.
● A prova produzida durante a interceptação não pode servir apenas aos interesses do órgão
acusador, sendo imprescindível a preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra
inviabilizado o exercício da ampla defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva
refutação da tese acusatória, dada a perda da unidade da prova.
o É obrigatória a disponibilização aos acusados de todo o conteúdo das conversas
gravadas em interceptação telefônica.
● Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Militar) decidir pedido de quebra de sigilo telefônico
requerido no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a suposta prática de crime
relacionado ao uso de artefato incendiário contra o edifício-sede da Justiça Militar da União,
quando o delito ainda não possua autoria estabelecida e não tenha sido cometido contra
servidor do Ministério Público Militar ou da Justiça Militar.
● A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da
autoridade policial, na investigação criminal, ou do MP, na investigação criminal e na ação
penal.
● Ocorrerá em autos apartados, apensados ao IP ou ao Processo, preservando-se o sigilo das
diligências, gravações e transcrições.

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● A Resolução 59/2008 do CNJ disciplina e uniformiza o procedimento de interceptação de


comunicações telefônicas e de sistemas de informática e telemática nos órgãos jurisdicionais
do Poder Judiciário. Foi proposta uma ADI contra esse ato normativo. O STF decidiu que essa
Resolução é constitucional, com exceção do § 1º do art. 13, que prevê o seguinte: “§ 1º Não
será admitido pedido de prorrogação de prazo de medida cautelar de interceptação de
comunicação telefônica, telemática ou de informática durante o plantão judiciário, ressalvada
a hipótese de risco iminente e grave à integridade ou à vida de terceiros, bem como durante o
Plantão de Recesso previsto artigo 62 da Lei nº 5.010/66”. Em relação ao § 1º do art. 13 da
Resolução 59/2008, o CNJ extrapolou sua competência normativa, adentrando em seara que
lhe é imprópria. Essa previsão violou: a) a competência dos Estados para editar suas leis de
organização judiciária (art. 125, § 1º, da CF/88); b) a competência legislativa na União para a
edição de normas processuais (art. 22, I); c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que
respeita à inafastabilidade da jurisdição. STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
● O Supremo Tribunal Federal possui clara orientação no sentido de que são válidos os
elementos probatórios indicativos da participação de pessoas detentoras de prerrogativa de
foro no evento criminoso colhidos fortuitamente no curso de interceptação telefônica
envolvendo indivíduos sem prerrogativa de foro. A validade dos elementos colhidos estende-
se até mesmo em relação à identificação de outras práticas criminosas que não eram objeto da
investigação original, desde que licitamente realizada e devidamente autorizada por juízo
competente ao tempo da decisão. Serendipidade. Crime achado.
166 ● STF. Em que pese os procedimentos de interceptação, ordinariamente, serem conduzidos pela
autoridade policial (polícia civil), em situações excepcionais, nada impede que a execução da
medida possa ser efetuada por outros órgãos, por exemplo a Polícia Militar. A
excepcionalidade da situação decorria do fato de que havia suspeita de envolvimento de
autoridades policiais da delegacia local na prática dos crimes investigados, de modo que, ao
ser conduzida pela polícia civil, a medida poderia, indubitavelmente, restar infrutífera. STF
reputou não haver se falar em qualquer nulidade da medida, porquanto o procedimento foi
executado de forma legítima, a teor do quanto disposto na Lei 9.296/96 — requerimento do
Ministério Público e consequente deferimento pelo Juízo competente.
● Averiguar agenda telefônica de celular: o STF entendeu que ao proceder à pesquisa na agenda
eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, a autoridade policial buscou, unicamente,
colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito e que
o acesso a tais dados não se conecta, por si só, com algum valor constitucionalmente
protegido. Antes disso, age em conformidade com o art. 6º do CPP que obriga a autoridade
policial a colher o material comprobatório da prática da infração penal, impondo-lhe
determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito, apreenda os objetos
que tiverem relação com o fato delituoso, colha as provas que servirem para esclarecimento
do fato e suas circunstâncias, ouça o ofendido, o indiciado, dentre outras diligências.
● STF: Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as
informações e provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes
puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que
justificaram a interceptação. Do contrário, a interpretação do art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria
ao absurdo de concluir pela impossibilidade de interceptação para investigar crimes apenados
com reclusão quando forem estes conexos com crimes punidos com detenção.

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5.27. Juizados Especiais – Lei 9.099/95


Juizados Especiais Federais Criminais: normas constitucionais e legais. Procedimento Especial
nos Juizados. Termo Circunstanciado. Transação Penal. Suspensão Condicional do Processo.
Sistema Recursal.
● A concessão de suspensão condicional do processo não é óbice ao manejo de habeas corpus,
uma vez que ainda pode haver ameaça da liberdade de locomoção.
● É possível a revogação do sursis processual mesmo depois de transcorrido o período de prova,
desde que os fatos ensejadores da revogação tenham ocorrido no curso da suspensão.
● É possível estabelecer obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções penais,
mas que, para fins de sursis processual, apresentam tão somente como condições para
incidência.
● O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil do dano, embutido
na decisão concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), é
título judicial apto a lastrear eventual execução CÍVEL
● As consequências geradas pela transação penal são apenas as definidas no instrumento do
acordo. Além delas, único efeito acessório gerado pela homologação do ato é o de impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Os demais efeitos penais e civis
decorrentes das condenações penais não são constituídos.
● A suspensão condicional do processo é automaticamente revogada se, no período de prova, o
réu vem a ser processado pela prática de novo crime, em obediência ao art. 89, § 3º, da Lei nº
9.099/95, ainda que posteriormente venha a ser absolvido, de forma que deixa de ser

167 merecedor do benefício, que é norma excepcional, para ser normalmente processado com
todas as garantias pertinentes.
o É constitucional a norma do art. 89 da Lei nº 9.099/95, que estabelece os
requisitos para a concessão do benefício da suspensão condicional do
processo, entre eles o de não responder o acusado por outros delitos. Assim, a
existência de ações penais em curso contra o denunciado impede a concessão
do sursis processual por força do art. 89 da Lei nº 9.099/95.
 O Ministério Público, ao não ofertar a suspensão condicional do processo, deve fundamentar
adequadamente a sua recusa. Se a recusa do MP foi concretamente motivada não haverá
ilegalidade sob o aspecto formal.
 En.243 da Súmula deste Superior Tribunal de Justiça, "o benefício da suspensão do processo
não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja
pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano".
o 2. O mesmo entendimento é aplicável à transação penal, que não pode ser
ofertada aos acusados de crimes cuja pena máxima, considerado o concurso
material, ultrapasse 2 (dois) anos, limite para que se considere a infração de
menor potencial ofensivo. Precedente.
 1) A Lei 10.259/01, ao considerar como infrações de menor potencial ofensivo as
contravenções e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, não
alterou o requisito objetivo exigido para a concessão da suspensão condicional do processo
prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95, que continua sendo aplicado apenas aos crimes cuja
pena mínima não seja superior a um ano.
 2) É cabível a suspensão condicional do processo e a transação penal aos delitos que preveem
a pena de multa alternativamente à privativa de liberdade, ainda que o preceito secundário
da norma legal comine pena mínima superior a um ano.

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 3) A suspensão condicional do processo não é direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-
dever do Ministério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a
possibilidade de aplicação do referido instituto, desde que o faça de forma fundamentada.
 4) Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da suspensão
condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já ultrapassado o prazo
legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência. (Tese julgada sob o rito do
artigo 543-C do CPC/73 - TEMA 920)
 5) Opera-se a preclusão se o oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo
ou de transação penal se der após a prolação da sentença penal condenatória.
 6) O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite
de um ano. (Súmula 243/STJ)
 7) A existência de inquérito policial em curso não é circunstância idônea a obstar o
oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo.
 8) A extinção da punibilidade do agente pelo cumprimento das condições do sursis processual,
operada em processo anterior, não pode ser valorada em seu desfavor como maus
antecedentes, personalidade do agente e conduta social.
 9) É constitucional o artigo 90-A da Lei 9.099/95, que veda a aplicação desta aos crimes
militares.
 10) Na hipótese de apuração de delitos de menor potencial ofensivo, deve-se considerar a
168 soma das penas máximas em abstrato em concurso material, ou, ainda, a devida
exasperação, no caso de crime continuado ou de concurso formal, e ao se verificar que o
resultado da adição é superior a dois anos, afasta-se a competência do Juizado Especial
Criminal.
 11) O crime de uso de entorpecente para consumo próprio, previsto no artigo 28 da Lei
11.343/06, é de menor potencial ofensivo, o que determina a competência do juizado especial
estadual, já que ele não está previsto em tratado internacional e o artigo 70 da Lei 11.343/06
não o inclui dentre os que devem ser julgados pela justiça federal.
 12) A conduta prevista no artigo 28 da Lei 11.343/06 admite tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo.
 Tratando-se de concurso material, a competência é definida pela SOMA das penas
abstratamente cominadas. Caso resulte somatório superior a dois anos, fica afastada a
competência do juizado especial, pois ultrapassado o limite previsto no art. 61 da Lei 9099.
 Os únicos recursos previstos na Lei 9099/95 são a apelação e os embargos de declaração.
Logo, na hipótese de denegar a apelação ou a julgar deserta, cabíveis seriam apenas o habeas
corpus ou mandado de segurança, a depender se a sentença redunde em riscos à liberdade de
locomoção ou não.
 No Juizado Especial Criminal, o prazo para a interposição de apelação é de 10 dias, já inclusas
as razões recursais
 A suspensão condicional não é direito público subjetivo do réu, mas um poder-dever do MP, e
o magistrado, caso discorde do não oferecimento, deve aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP
e remeter os autos ao PGJ
 De acordo com o art. 89 da Lei nº 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto de
política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo penal,
cujos requisitos encontram-se expressamente previstos na norma em questão. É constitucional
a norma do art. 89 da Lei nº 9.099/95, que estabelece os requisitos para a concessão do
benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não responder o acusado por

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outros delitos. Assim, a existência de ações penais em curso contra o denunciado impede a
concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei nº 9.099/95. STF. 1ª Turma. AP
968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903). STF. 2ª Turma. RHC 133945 AgR,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
 Súmula 415/STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
pena cominada.
 A perda do valor da fiança constitui legítima condição do sursis processual, nos termos do
artigo 89, § 2º, da Lei 9.099/1995.
 STF: Não há que se falar em obrigatoriedade do Ministério Público quanto ao oferecimento do
benefício da suspensão condicional do processo. Do contrário, o titular da ação penal seria
compelido a sacar de um instrumento de índole tipicamente transacional, como é o sursis
processual. O que desnaturaria o próprio instituto da suspensão, eis que não se pode falar
propriamente em transação quando a uma das partes (o órgão de acusação, no caso) não é
dado o poder de optar ou não por ela. Também não se concede o benefício da suspensão
condicional da execução da pena como direito subjetivo do condenado, podendo ela ser
indeferida quando o juiz processante demonstrar, concretamente, a ausência dos requisitos do
art. 77 do CP.
Douglas Fischer fala que não é correto falar em discricionariedade regrada em crime de menor
potencial ofensivo: Aqui, a discricionariedade parece incompatível com a existência de
regras já previamente fixadas em Lei, reduzindo a margem de opções deixadas ao
Ministério Público e ao Juiz.”
169
6. DIREITO PROCESSUAL PENAL
6.1. Introdução e Teoria Geral Processual Penal
Conceito. Finalidade. Caracteres. Princípios gerais. Fontes. Repartição constitucional de
competência. Garantias constitucionais do processo. Aplicação da lei processual penal.
● Juiz pode conceder HC de ofício.
● Ne bis in idem:
o No concurso material de crimes, os crimes são independentes, bem como sua
dosimetria. Assim, a dupla utilização da reincidência decorrente de uma
mesma condenação anterior pode elevar a pena em cada um dos crimes sem
ser considerado bis in idem.
o Nos crimes funcionais, a violação do dever de agir com probidade, a depender
do cargo exercido, pode ser considerada pelo juiz especialmente mais
reprovável, desde que fundamentada.
o Nos crimes tributários, não há obstáculo em utilizar o uso da extensão do dano
a fim de valorizar negativamente a conduta e encontrar especial
reprovabilidade que justifique uma pena mais elevada.
o Havendo diversas condenações anteriores com trânsito em julgado, uma pode
servir para maus antecedentes, e outra para reincidência, sem que seja
configurado bis in idem, desde que uma delas seja utilizada para exasperar a
pena-base e a outra, na segunda fase da dosimetria.
o Exceção: ação penal pública de extraterritorialidade INCONDICIONADA. Não
há bis in idem em ser julgado e aqui.
● CPP brasileiro adota o sistema acusatório flexível ou não ortodoxo. O juiz não é mero
espectador estático da instrução penal, de modo que possui alguns poderes para agir de ofício,
como requisitar as provas que entender necessárias ao deslinde da lide.
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● O CPP possui fortes traços do sistema inquisitivo (controle de arquivamento, ordena provas de
ofício, ordena provas em fase de inquérito consideradas urgentes e relevantes, pode alterar a
capitulação legal pela emendatio libelli, pode dar novo enquadramento jurídico ao fato
narrado, provocando o MP para aditar a inicial pela mutatio libelli).
● O IPL, apesar de fortes traços inquisitoriais, deve assegurar a presença do indiciado, quando
possível, na produção probatória, em respeito aos direitos fundamentais.
● O CPP não adota o sistema acusatório puro, pois o juiz pode ter iniciativa probatória, conceder
habeas corpus de ofício, decretar a prisão preventiva, ordenar e modificar as medidas
cautelares, bem como requerer provas de ofício.
● Ainda que gere prejuízo ao réu, a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
aplicação analógica (art. 3°, CPP).
● Em penal é vedado a motivação per relationem genérica, que apenas confirma decisão
anterior, podendo usar a motivação per relationem, desde que faça referência concreta às
peças que pretende encampar, transcrevendo partes que julgar interessantes para legitimar
o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar.
● ANALOGIA: forma de integração. Ubi eadem ratio, ubi idem ius. Onde existe a mesma razão,
deve ser aplicado o mesmo direito. Fato não regido pela norma jurídica, de modo que se
aplica a disposição legal aplicável a fato semelhante. Na esfera processual goza de ampla
aplicação, diferente da penal, que não pode ser em prejuízo do réu. Deve-se respeitar a
liberdade e as garantias CF.
o Analogia legis: aplicação da LEI aplicável a um caso semelhante.
o Analogia juris: aplicação de PRINCÍPIOS aplicáveis a um caso semelhante.
170 ● Atenção: a analogia não é feita com a LEI, mas com todo o ORDENAMENTO jurídico.
● Súmula 501 do STJ: não é possível a combinação de leis, devendo ser aplicado na íntegra o
dispositivo que favorece ou réu, seja ele anterior ou posterior.
● Súmula 611 do STF: Caso a sentença condenatória já tenha transitado em julgado, caberá ao
juízo das execuções a aplicação da lei nova benigna.
● Em caso de norma híbrida (penal e processual – heterotopia), não pode haver cisão. Assim, se
o aspecto penal for benéfico, retroage, e o aspecto processual aplica-se desde já, pelo tempus
regit actum, não retroagindo.
● Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou a queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. Não viola o princípio do
contraditório.
● O direito ao silêncio e de não produção de provas não é absoluto. O acusado não tem direito
de se recusar a fornecer dados sobre a sua identidade, tampouco recusar-se a se submeter a
reconhecimento pessoal, que é meio de prova.
o STJ: É legal a prova com material genético descartado, ainda que não tenha
havido consentimento do investigado – 2018.
● A absolvição não pode ser afastada por revisão criminal, ainda que a decisão tenha sido
proferida por juízo absolutamente incompetente. Assim, não pode alguém ser julgado mais
de uma vez por fato do qual já tenha sido absolvido por decisão passada em julgado.
o Ainda, diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra
o mesmo condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais
favorável ao réu. Não importa qual processo tenha iniciado antes ou em qual
deles tenha ocorrido primeiro o trânsito em julgado. O que irá prevalecer é
a condenação que foi mais favorável ao réu.
▪ Obs: a 1ª Turma do STF possui um precedente em sentido contrário:
Os institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à
insubsistência do segundo processo e da segunda sentença proferida,
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sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado.


STF. 1ª Turma. HC 101131, Rel. Min. Luiz Fux, Rel p/ Acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 25/10/2011.
● Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprimindo a nomeação de
defensor dativo. O MESMO SE APLICA PARA ALEGAÇÕES FINAIS.
● Aspectos da presunção de inocência para Barroso:
o Positivo – regra de prova: somente se qualifica como prova apta à condenação
aquela que demonstre a culpa acima de dúvida razoável, que é exatamente o
standard anglo-saxônico “proof beyond a reasonable doubt”
o Negativo – vedação à condenação prematura, isto é, anterior à devida
formação da culpa.
● O princípio da oficialidade mitiga o princípio da igualdade das armas. Isto porque o Estado e o
MP possuem aparatos e recursos para investigação do qual o réu não dispõe, como o apoio da
polícia, perícia, etc. Isto posto, há alguns meios para tentar garantir a isonomia substancial,
como a revisão criminal (vedada a revisão para piorar) e os embargos infringentes criminais.
● Deve-se lembrar que, tanto para o STF quanto para o STJ, há crime na conduta de
autoatribuição de falsa identidade, não estando a medida abarcada como direito de defesa.
Isto posto, o réu não possui direito ao silêncio e ao nemo tenetur se degetere de forma
absoluta
● A vedação de prova ilícita pode ser mitigada quando: a) a prova ilícita seja fundamental para
não condenar o réu injustamente, com base em critérios de razoabilidade e proporcionalidade,
171 não prejudicando terceiros; b) a prova aparentemente ilícita deve ser reputada como válida,
quando a conduta do agente está amparada em excludente de ilicitude.
● O CPP adota a teoria do isolamento dos atos processuais, que prevê que a lei processual nova
se aplica desde logo, mantendo válidos, contudo, os atos praticados sob a lei anterior. Assim,
não aplica-se a teoria da unidade dos atos ou unidade processual.
● Há algumas normas no CPP que buscam a paridade de armas entre a acusação, que possui
maiores condições probatórias, e a defesa (réu), a exemplo dos embargos infringentes e de
nulidade, que são exclusivas de defesa.
● As respectivas defesas têm direito de participar e de fazer perguntas nos interrogatórios dos
corréus. Entretanto, estes não são obrigados a responder, em face da prerrogativa contra a
autoincriminação, de que também são titulares.
o O corréu que é advogado não pode ouvir o interrogatório do outro réu,
ocasião em que deverá ser nomeado um defensor para ele.
● O juiz pode declarar o réu indefeso, mesmo naquelas hipóteses em que a ausência de defesa
técnica resulte de conteúdo nulo de peça produzida por advogado constituído pelo próprio
acusado. O juiz deve velar pelo respeito à indisponibilidade do direito de defesa.
● O direito ao silêncio refere-se apenas às condutas delitivas narradas na denúncia, não
abrangendo a qualificação pessoal do acusado. É crime atribuir falsa identidade perante
autoridade policial.
● O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
defesa.
● Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais favorável ao
réu. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no julgamento dos
embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação penal. Terminando o
julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais favorável ao réu. STF. Plenário

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6.2. Inquérito Policial


Persecução penal. Inquérito Policial. Procedimento. Garantias do investigado. Atribuições da
autoridade policial. Intervenção do Ministério Público no inquérito policial. A investigação
criminal promovida pelo próprio Ministério Público. Outros meios de colheita de indícios da
infração. Comissão Parlamentar de Inquérito. Arquivamento do inquérito. Denúncia.
● Inconstitucional lei estadual que prevê a tramitação direta do inquérito policial entre a Polícia
e o Ministério Público. Porém, é legal a tramitação direta, conforme a Resolução do CJF. O
Estado não pode legislar sobre Processo Penal. Competência privativa da União.
● Caso o MP opine pelo arquivamento do inquérito, o juiz só deve apreciar e nada mais. O juiz
NÃO pode requerer novas diligências probatórias caso o MP requeira o arquivamento do feito.
● Quando um delegado indicia uma pessoa, o HC contra o ato da autoridade policial é julgado
por juiz de primeiro grau.
● Quando um procurador da república requer a instauração de IP, o HC contra esse ato é julgado
por TRF, vez que a autoridade coatora será o Procurador da República.
● O inquérito policial, por ser peça informativa, é dispensável para a propositura da ação penal,
mas sempre acompanhará a inicial acusatória quando servir de base para a denúncia ou a
queixa.
● Mesmo em caso de sigilo decretado no IP, a autoridade policial terá de encaminhar ao
instituto de identificação os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
● Não existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber denúncia, requisitar
ao Delegado o indiciamento de determinada pessoa, vez que se trata de atribuição exclusiva

172 ● do Delegado.
Não é necessário o delegado fazer a classificação do crime cometido.
● Arquivamento de IPL e coisa julgada:
o Material (não desarquiva):
▪ Atipicidade: prova nova não pode tornar conduta típica.
▪ Excludente da culpabilidade: há divergência doutrinária.
▪ Extintiva da punibilidade: prova nova não pode demonstrar que a
extinção da punibilidade não ocorreu.
● Exceção: certidão de óbito falsa.
o Formal (desarquiva):
▪ Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação;
▪ Ausência de autoria e materialidade (justa causa); e
▪ Exclusão da ilicitude, pois pode surgir novas provas (STF).
▪ Ausência de base empírica (ausência de provas) : NÃO HÁ COISA
JULGADA MATERIAL, a decisão é rebuc sic stantibus. O MP que
decide se há base empírica ou não. Súmula 524 STF.
● No âmbito do STJ, se o MPF requere o arquivamento do IP, não há aplicação analógica ao
artigo 28 do CPP, não podendo o magistrado encaminhar os autos à CCR. O Sub-Procurador
Geral da República atua como longa manus do PGR.
● O pedido do PGR de arquivamento por base empírica/ausência de provas, sendo o PGR
autoridade competente para aferir se há ou não provas para denunciar, o STF entende ser
impositivo o acolhimento. O Ministro do STF é o supervisor do IP. O STF não pode requerer,
pois ele não é órgão de acusação.
● Apesar de constar no CPP que o juiz pode requisitar a instauração de inquérito, entende-se
que tal inciso não foi recepcionado. Mas atente-se: está previsto no CPP.
● A instauração de IPL contra portador de foro por prerrogativa de função depende de
autorização do Ministro Relator do STF. Ainda, o PGR também pode requerer a instauração ao

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Ministro. (Atenção: lembrar da interpretação restritiva dada pelo STF em relação ao foro por
prerrogativa de função: crimes relacionados ao mandato).
● A nulidade do reconhecimento de pessoas, em sede de inquérito policial, não contamina a
ação penal, uma vez que lá só se produzem peças informativas, e na ação penal há,
efetivamente, a produção de provas, sob o crivo do contraditório e ampla defesa.
● O arquivamento de IPL por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas
não faz coisa julgada material, podendo ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em
provas fraudadas, vez que pode surgir provas novas. Se for com provas fraudadas, com maior
razão pode ser feito o desarquivamento.
● É a instrução em juízo que tem como escopo colher provas para demonstrar a legitimidade da
pretensão punitiva ou do direito de defesa. O IPL tem como objetivo a obtenção de dados
informativos para que o órgão acusatório analise a viabilidade de propositura da ação penal.
● De acordo com o art. 107, CPP, “não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos
autos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”.
● Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.
o Se ele estiver preso e precisar de mais diligências, significa que não tem tanta
certeza da sua autoria/materialidade, de modo que não se pode deixar o
investigado preso.
● O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser
avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por
173 motivo de:
o Interesse público ou;
o Nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento
da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
● Em regra, a decisão de arquivamento do inquérito policial é irrecorrível. Há duas exceções
legais quanto à recorribilidade de decisões de arquivamento de IP:
o Quanto aos crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, há
previsão legal de recurso de ofício (Lei nº 1.521/51, art. 7º);
o E, no caso das contravenções do jogo do bicho e de corrida de cavalos fora do
hipódromo, há previsão legal de recurso em sentido estrito (Lei nº 1.508/51,
art. 6º, parágrafo único).
● A denúncia anônima pode dar início à investigação, desde que corroborada por elementos
informativos prévios que verifiquem a verossimilhança da comunicação, o que pode surgir por
meio de investigações preliminares.
● Ainda que o delito seja de menor potencial ofensivo, a lei 9099 não veda a instauração de
inquérito policial. A regra é a lavratura de termo circunstanciado, mas se o caso for complexo e
exigir a realização de investigações, pode ser instaurado inquérito policial, como permite o §2º
do art. 77 da lei 9099.
● Se o MP deixa de oferecer denúncia em relação a alguns fatos ou investigados, isso não obsta
que ele ofereça depois, podendo, perfeitamente, promover ao aditamento da denúncia antes
da sentença final, desde que não extinta a punibilidade, devendo ser garantido o contraditório
e a ampla defesa.
● Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece
a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
● É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a
polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o

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MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-
se de indiciado solto.
● No STJ não se aplica o artigo 28 do CPP (promotor do 28), uma vez que no STJ, os membros do
MPF atuam sob delegação do PGR. Assim, se o membro do MPF manifesta requer o
arquivamento, não há o que fazer senão acolher o pedido, ainda que o Min. Relator discorde.
● O delegado, quando verificar ausência de sanidade mental do investigado, não poderá realizar
de ofício, devendo representar ao Juiz competente o incidente. (art. 149, §1º)2
● O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas
diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito,
não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF)

6.3. Ação Penal – Ação civil ex delicto


Da ação penal: ação penal pública e de iniciativa privada; da ação penal no crime complexo;
da irretratabilidade da representação; da decadência do direito de queixa ou representação;
da renúncia expressa ou tácita ao direito de queixa; do perdão do ofendido;
 Nas ações penais privadas, existindo vício na procuração, este deve ser corrigido dentro do
prazo decadencial de 6 (seis) meses, sob pena de decadência e extinção da punibilidade.
 O CPP brasileiro adotou a teoria eclética ou mista, segundo a qual as questões concernentes
ao estado de pessoas é motivo de remessa obrigatória ao juízo extrapenal. Já no caso de
questões diversas destas, fica a cargo do juiz deliberar se enfrenta, ou não, a controvérsia
 A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a
174 instauração de ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da
independência das instâncias penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
 O Ministério Público não tem a faculdade de ação, mas sim o DEVER de ação, decorrente do
princípio da obrigatoriedade. Não se reserva a ele nenhum juízo discricionário sobre a
conveniência e a oportunidade da ação penal.
 A vítima não tem direito líquido e certo para impedir a promoção de arquivamento de
inquérito ou peças de informação por parte do Ministério Público. Isto porque, se o
Ministério Público não encontrar material probatório convincente para corroborar a
materialidade do delito ou a autoria delitiva ou entendendo pela atipicidade da
conduta, pela existência de excludentes de ilicitude ou de culpabilidade, ou, ainda,
pela extinção da punibilidade, pode requerer perante o Juiz o arquivamento do
inquérito ou das peças de informação.
6.3.1. Denúncia e queixa-crime
● A acusação deve ser certa, incabível denúncia alternativa, como regra. O STJ só admite
denúncia alternativa se houver compatibilidade lógica entre as imputações.
● Não havendo qualificação completa do acusado e não sendo possível sua identificação
criminal, a parte acusadora pode apontar os esclarecimentos pelos quais seja possível
identificá-lo. O fato de ser desconhecida a identificação completa do acusado não é óbice ao
oferecimento da peça acusatória, desde que se possa mencionar seus traços característicos,
permitindo distingui-lo de outras pessoas.
o Constatado equívoco quanto à individualização do acusado, a inicial pode ser
retificada a qualquer momento para a correção do nome ou de qualquer dado
referente à sua identificação, nos termos dos artigos 259 e 569 do CPP.
● Quando se trata de crime societário, a denúncia não pode ser genérica. Ela deve estabelecer o
vínculo do administrador ao ato ilícito que lhe está sendo imputado. É necessário que

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descreva, de forma direta e objetiva, a ação ou omissão da paciente. Do contrário, ofende os


requisitos do CPP, art. 41 e os Tratados Internacionais sobre o tema.
● Não existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber denúncia, requisitar
ao Delegado o indiciamento de determinada pessoa, vez que se trata de atribuição exclusiva
do Delegado.
● O Ministério Público, como fiscal do princípio da indivisibilidade, não pode aditar a queixa
crime. Tendo o Ministério Público vista dos autos na ação de iniciativa privada (art. 45, CPP) e
percebendo o órgão ministerial que o particular omitiu-se dolosamente em processar todos os
envolvidos, resta, em parecer, manifestar-se pela extinção de punibilidade, pois houve
renúncia tácita à ação privada pelo querelante.
o A omissão de um dos autores do fato na queixa crime é sinônimo de renúncia
tácita ao direito de queixa, salvo a comprovação de que o ofendido não tinha
conhecimento desta pessoa faltante na queixa.
● A mera posição hierárquica do querelado como titular da empresa de comunicação não é
suficiente para o recebimento da queixa-crime por agressões verbais. Seria necessário que o
querelante tivesse descrito e apontados elementos indiciários que evidenciassem a vontade e
consciência do querelado de praticar os crimes imputados. Não tendo isso sido feito, a
queixa-crime deve ser rejeitada por ausência de justa causa.
● A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve indicar, ao menos
minimamente, que o acusado tenha tido participação ou conhecimento dos fatos
supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser incluído entre os acusados unicamente em
razão da função pública que ocupa, sob pena de violação à responsabilidade penal subjetiva,
175 na qual não se admite a responsabilidade presumida. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).
● STF já se manifestou no sentido de que há ausência de preclusão judicial, com o recebimento
da denúncia, das matérias processuais de ordem pública, tais sejam as condições da ação e os
pressupostos processuais. Assim, ainda que a denúncia tenha sido admitida, a matéria
processual que deu esse provimento pode ser revisitada quando vier o juiz a analisar a
resposta à acusação, uma vez que nesta o juiz poderá apreciar com profundidade as questões,
sob o crivo do contraditório.
● Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a
rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
● É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o
devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial ainda
não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso
concreto. O membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio
delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas
que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância superior. Em
outras palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está
vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando
no processo. Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com
atribuição para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham,
anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme
ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª
instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª
instância. Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª
instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico
diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça
acusatória oferecida contra o réu Paulo.
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● STF: o oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição de diligências


externas ao Ministério Público, posterior ao decurso do prazo legal para a propositura da ação
penal, não afastam o direito de queixa (subsidiária) já intentada.
6.3.2. Ação civil ex delicto
● Considerando que a norma não limitou e nem regulamentou como será quantificado o valor
mínimo para a indenização e considerando que a legislação penal sempre priorizou o
ressarcimento da vítima em relação aos prejuízos sofridos, o juiz que se sentir apto, diante de
um caso concreto, a quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido pela
vítima, não poderá ser impedido de fazê-lo. Desde que requerido pela parte ou MP.
(patrimoniais ou extrapatrimoniais)
o Para que seja fixado, na sentença, o valor mínimo para reparação dos danos
causados à vítima (art. 387, IV, do CPP), é necessário que haja pedido
expresso e formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido, a fim de que seja
oportunizado ao réu o contraditório e sob pena de violação ao princípio da
ampla defesa (STJ. 5ª Turma. HC 321.279/PE, Rel. Min. Leopoldo de Arruda
Raposo (Des. Conv. do TJ/PE), julgado em 23/06/2015).
o Na sentença penal, o juiz fixará um valor mínimo. Assim, a vítima poderá
executar desde logo este valor mínimo e pleitear um valor maior que o fixado
na sentença, bastando, para isso, que prove que os danos (MATERIAIS) que
sofreu foram maiores que a quantia estabelecida na sentença. Essa prova é
feita em fase de liquidação pelo procedimento comum, regulado pelos arts.

176 509, I e 511 do CPC/2015.


o O STJ já decidiu que o juiz somente poderá fixar este valor se existirem provas
nos autos que demonstrem os prejuízos sofridos pela vítima em decorrência
do crime. Desta feita, é importante que o Ministério Público ou eventual
assistente de acusação junte comprovantes dos danos causados pela infração
para que o magistrado disponha de elementos para a fixação de que trata o
art. 387, IV do CPP.
o Danos morais não precisa de prova, devendo ficar demonstrado o abalo
psíquico de determinada situação.
● Antes de o magistrado conhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação
civil ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar ciência da
demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação.

6.4. Sujeitos do processo: partes, MP, juiz, assistente


Sujeitos do processo. Juiz. Ministério Público. Acusado e seu defensor. Assistente. Curador do
réu menor. Auxiliares da justiça. Assistentes. Peritos e intérpretes. Serventuários da justiça.
Impedimentos e suspeições.
6.4.1. Juiz
● O magistrado que atuou como corregedor em processo administrativo instaurado contra o réu
não está impedido de participar como julgador no processo criminal que tramita contra o
acusado. A situação não se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 252 do CPP. O STF
entende que não é possível criar, por meio de interpretação, novas causas de impedimento
que não estejam descritas expressamente nesse dispositivo.

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6.4.2. Assistente de acusação


 STJ: o titular de interesse patrimonial não tem garantido o interesse de intervir o processo
penal. A seguradora não foi vítima do crime. O objeto tutelado é a vida. O fato de existir
eventual ofensa ao patrimônio da seguradora não a torna vítima desse crime.
 A jurisprudência entende que só se justifica a presença do assistente de acusação, apesar de
não haver delimitação expressa no CPP, quando o bem jurídico atingido pelo crime seja de
titularidade determinável, ou seja, quando se possa identificar a vítima que é titular do bem
jurídico lesado ou posto em perigo pela conduta típica.
6.4.3. Defensor e advogado
 O fato de estar representada pela DPU não a isenta dessa obrigação. Afinal, para que a isenção
(custas) seja concedida é preciso que haja pedido expresso nesse sentido, e não havia essa
informação no enunciado. O simples dato de estar representado pela DPU não enseja
hipossuficiência, devendo haver pedido expresso nesse sentido.

 O CDC dispõe expressamente que é possível que pessoa jurídica seja assistente de acusação,
dispensada autorização assemblear.
 Durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça pediu a absolvição
do réu, tendo ele sido absolvido pelos jurados. O assistente de acusação, que intervinha no
processo, tem legitimidade para recorrer contra essa decisão? SIM. O assistente de acusação
possui legitimidade para interpor recurso de apelação, em caráter supletivo, nos termos do
177 art. 598 do CPP, ainda que o Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu. STJ. 6ª
Turma. REsp 1.451.720-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 28/4/2015 (Info 564).
 Quando a Defensoria Pública atuar como representante do assistente de acusação, é
dispensável a juntada de procuração com poderes especiais. O Defensor Público deve juntar
procuração judicial somente nas hipóteses em que a lei exigir poderes especiais. Atuar como
representante do assistente de acusação não é considerado um poder especial, não se
exigindo procuração especial. A participação da Defensoria Pública como representante do
assistente de acusação pode ser negada sob o argumento de que a vítima ou seus sucessores
não são hipossuficientes (“pobres”)? NÃO. Compete à própria Defensoria o direito de apurar o
estado de carência de seus assistidos.
 Não há nulidade processual na hipótese em que o assistente de acusação, por não ter
arrazoado recurso interposto pelo MP após ter sido intimado para tanto, deixe de ser intimado
quanto aos atos processuais subsequentes.
 O assistente da acusação tem direito à réplica, ainda que o MP tenha anuído à tese de legítima
defesa do réu e declinado do direito de replicar.
 Súmula n.° 448-STF: O prazo para o assistente recorrer supletivamente começa a correr
imediatamente após o transcurso do prazo do MP.
o O prazo para o assistente de acusação habilitado nos autos apelar é de 5
(cinco) dias, após a sua intimação da sentença, e terminado o prazo para o
Ministério Público apelar. Incidência do enunciado da Súmula n.º 448 do STF.
● Do despacho que admitir ou não assistente à acusação, não caberá recurso, devendo,
entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão.
● STJ: o assistente de acusação possui legitimidade para interpor recurso de apelação, em
caráter supletivo, nos termos do artigo 598 do CPP, ainda que o MP tenha requerido a
absolvição do réu em plenário.

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6.4.4. Ministério Público

 Enunciado 59 2ª CCR: Não é atribuição do Ministério Público Federal a persecução penal do


crime de transporte de gasolina, etanol, óleo diesel, álcool etílico e gás butano, sem licença
válida outorgada pelo órgão competente (artigo 56 da Lei nº 9.605/98), salvo quando se tratar
de transporte transnacional.
 A sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer juntado ao
processo, com posterior ratificação, não viola a ampla defesa. 2018 STF
o O papel do Ministério Público como custos legis não se confunde com o de
órgão acusador, podendo opinar pela absolvição do réu, por exemplo, ainda
que o recurso tenha sido da defesa. De igual forma, o membro do MP que atua
no caso não está vinculado ao parecer proferido, gozando de independência
funcional.
 O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão,
sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou
por mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1349935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado
em 23/8/2017 (recurso repetitivo) (Info 611).
 Tese 161 PGR: Tem atribuição o Ministério Público Federal para condução de
procedimento apuratório, com objetivo de averiguar a prática do crime de omissão de
anotação de dados relativos a contrato de trabalho na Carteira de Trabalho e
178 Previdência Social (CTPS), previsto no artigo 297, §4º, do Código Penal, por
caracterizar documento público expedido, em caráter de exclusividade, pelo Ministério
do Trabalho, órgão do Poder Executivo Federal, tendo como objeto jurídico tutelado a
fé pública de que gozam os documentos expedidos pela administração pública da
União Federal.
o Entendimento contrário ao STF, que entende que o crime de omissão de
anotação em CTPS é da Justiça Etadual.

6.5. Atos processuais: decisões – sentenças


Atos processuais. Comunicações. Citações e intimações. Revelia. Despachos. Decisões
interlocutórias. Audiência de Instrução. Sentença: tipos, estrutura, efeitos. Fixação da pena.
Normas sobre a informatização do processo judicial.
● O STJ reafirmou o seu entendimento no sentido de que é atípica a mera declaração falsa de
estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita.
● O fato de o PGR dar entrevista com manifestação de opinião não caracteriza, por si só,
hipótese de impedimento e suspeição. Ademais, é possível arguir a suspeição do MP tanto
quando ele atua como parte como também como custos legis.
● Em penal é vedado a motivação per relationem genérica, que apenas confirma decisão
anterior, podendo usar a motivação per relationem, desde que faça referência concreta às
peças que pretende encampar, transcrevendo partes que julgar interessantes para legitimar
o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar.
o

6.5.1. Sentença
● Não viola o princípio da congruência o reconhecimento de ofício pelo juiz de causa de
aumento ou agravante. Isto porque, o réu se defende dos fatos imputados a ele na denúncia, e
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não da capitulação jurídica nela estabelecida. O juiz, na sentença, pode reconhecer incidência
de causa de aumento não prevista na denúncia, desde que esteja narrada nos fatos. A
sentença deve guardar RELAÇÃO COM OS FATOS IMPUTADOS, e não com a definição jurídica.
o No mesmo sentido, não há ofensa ao princípio da correlação quando há
reconhecimento da reincidência na sentença, pois esta agravante não
modifica a figura penal objeto da persecução e assim não precisa estar narrada
na denúncia. O seu reconhecimento nada mais é do que o exercício de
jurisdição, não violando o direito de defesa ou o contraditório. Além disso, há
previsão legal expressa, contida no art. 385, do Código de Processo Penal.
o Diz-se que o pedido no processo penal é o de condenação, e não para
condenar por tal crime.
o O STF diz que é preferível a emendatio libelli por ocasião da sentença.
o O juiz, como se atém aos fatos, pode dar capitulação jurídica diversa mais
gravosa.
● A sentença proferida por juízo absolutamente incompetente impede o exame dos mesmos
fatos ainda que pela justiça constitucionalmente competente, pois, ao contrário, estar-se-ia
não só diante de vedado bis in idem como também na contramão da necessária segurança
jurídica que a imutabilidade da coisa julgada visa garantir”. Masson afirma que entre ne bis in
idem e o juiz natural, deve preponderar o ne bis in idem, de modo a não rediscutir os mesmos
fatos.
o Porém, havendo duas coisas julgadas, a primeira por juiz absolutamente
incompetente e a segunda por juiz competente, com pena mais branda, deve
179 ser relativizada a coisa julgada da primeira sentença, prevalecendo a situação
mais favorável ao réu. Dignidade da pessoa humana.
o A vedação do bis in idem impede a imputação ao agente de um crime (e de
uma nova ação penal), cometido no contexto fático de outro delito, o qual era
desconhecido na ação penal a este correspondente.
● Havendo duas sentenças condenatórias envolvendo fatos idênticos, a segunda delas não será
necessariamente aquela a ser anulada. Diante do trânsito em julgado de duas sentenças
condenatórias contra o mesmo réu, por fatos idênticos, deve prevalecer o critério mais
favorável em detrimento do critério temporal (de precedência). Isso em homenagem aos
princípios do favor rei e favor libertatis
● É possível a realização de emendatio libelli em segunda instância no julgamento de recurso
exclusivo da defesa, desde que não gere reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do CPP.
o Fischer: Não há impedimento de pena mais grave em emendatio libelli, salvo
quando o recurso for exclusivo da defesa, conforme disposto no art. 617 do
CP.
o A proibição de reformatio in pejus se dá apenas nas hipóteses de recurso é
exclusivo da defesa.
● O órgão jurisdicional (juiz ou Tribunal) não tem competência para substituir-se ao Ministério
Público, titular da ação penal pública, e retificar (consertar) a classificação jurídica proposta na
denúncia. Por esse motivo, o entendimento dominante é o de que, em regra, o momento
adequado para a emendatio libelli é na prolação da sentença e não no recebimento da
denúncia. Isso se justifica, ainda, pela posição topográfica do art. 383 no CPP (que está no
título que trata sobre sentença) e pelo fato de que o acusado se defende dos fatos imputados,
e não da classificação que lhes atribuem.
o De forma excepcional, jurisprudência e doutrina afirmam que é possível
antecipar o momento da emendatio libelli nas hipóteses em que a inadequada
subsunção típica (tipificação):
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▪ • macular a competência absoluta;


▪ • macular o adequado procedimento; ou
▪ • restringir benefícios penais por excesso de acusação.
● Havendo dúvida resultante da omissão cartorária em certificar a data de recebimento da
sentença conforme o art. 389 do CPP, não se pode presumir a data de publicação com o
mero lançamento de movimentação dos autos na internet, a fim de se verificar a
ocorrência de prescrição da pretensão punitiva. Portanto, em havendo dúvida resultante
da omissão do cartório em certificar a data de recebimento da sentença, deve-se
considerar como data de publicação o primeiro ato que demonstrou, de maneira
incontestável, a ciência da sentença pelas partes (e não a data do mero lançamento de
movimentação dos autos na internet).
● O magistrado deve enfrentar todos os pontos ou questões arguidas pelas partes, mas não
precisa responder a todas as argumentações. O que necessariamente deve ser enfrentado na
sentença são os pontos e as questões, não se podendo exigir do magistrado que desça a
detalhes acerca de toda a argumentação desenvolvida pelas partes
o Pontos e questões: causa petendi, imputação da prática criminosa.
o Argumentos: matéria de direito.
o STJ: O julgador não é obrigado a rebater todos os argumentos aventados pelas
partes quando o acórdão recorrido analisar, com clareza, as questões
essenciais ao deslinde da controvérsia, havendo, ainda, razões suficientes para
sua manutenção
180 6.6. Competência – foro por prerrogativa de função/privilegiado
Jurisdição. Competência: pelo lugar da infração, pelo domicílio ou residência do réu, pela
natureza da infração, por distribuição, por conexão, por continência, por prevenção e por
prerrogativa de função. Outras disposições especiais sobre competência, nos crimes
cometidos fora do território brasileiro, nos crimes cometidos a bordo de embarcações
marítimas, lacustres ou pluviais, ou a bordo de navios ou aeronaves. Competência da Justiça
Federal, dos Tribunais Regionais Federais, do STJ e do STF. Perpetuatio jurisdictionis. Conflito
de competência. Julgamento por colegiado de juízes de 1º grau de jurisdição em crimes
praticados por organização criminosa.
 Zona Econômica Exclusiva está fora do mar territorial brasileiro, dessa forma, não há sujeição
da legislação penal brasileira o homicídio de estrangeiro contra estrangeiro praticado em
embarcação particular. ENTENDIMENTO ADOTADO PELO CESPE!!!!!!!!!
 Cisão do artigo 80: Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo
número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
o Trata-se da separação de feitos conexos ou com relação de continência.
o A prerrogativa de foro não afasta a cisão, sendo certo que o STF tem
procedido à separação para manter na Corte somente o feito em relação ao
agente que possua foro.
o A cisão é um caráter meramente facultativo fundada em qualquer das
hipóteses previstas no artigo 80. Deve haver ocorrência de motivo relevante,
podendo haver cisão ainda que se trate de conexão/continência.
 Só se pode cogitar de prevenção da competência, quando a decisão, que a determinaria, tenha
sido precedida de distribuição: não previnem a competência decisões de juiz de plantão, nem
as facultadas em caso de urgência, a qualquer dos juízes criminais do foro. STF.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Em julgamento de conflito de competência o tribunal pode declarar competente um terceiro


juízo que não figure no julgamento como suscitante e suscitado.
 Incide no campo do processo penal a figura da perpetuatio jurisdictionis, de modo que a
criação de novas varas, por modificações na lei de organização judiciária, não altera a
competência territorial do juízo em que se instaurou o feito criminal, ressalvados os casos
excepcionados no art. 87 do CPC/19733 c/c o art. 3º do CPP. Assim, só não ocorrerá a
perpetuação da competência quando: • Houver supressão de órgão do Judiciário ou •
Ocorrer alteração de competência em razão da matéria ou da hierarquia.
 Tese 16 PGR: Não tem competência o Supremo Tribunal Federal (STF) para processamento e
julgamento de ação penal cujo sujeito passivo seja Presidente da República, pois a Constituição
Federal atribuiu àquela Corte a competência para julgamento de ações penais somente nos
casos em que o Presidente da República é sujeito ativo do crime, nos termos do artigo 102, I,
b.
6.6.1. Justiça Federal
● A Justiça Federal não julga contravenção, salvo quando o autor da referida infração penal
tenha foro por prerrogativa de função no TRF. Assim, um juiz federal contraventor será julgado
pelo TRF. Aqui o foro é pela função, e não pela matéria.
 As fraudes praticadas na administração de operadora de seguro de plano de saúde que não
seja seguradora (leia-se instituição financeira), como no caso das cooperativas, é da Justiça
Estadual. Se for seguradora, considerada como instituição financeira da Lei 7492, a
competência é da Justiça Federal.
181  Compete ao TRF onde ocorreu o ilícito a ação penal contra Procurador da República que
cometeu crime, ainda que seja lotado em região diversa.
 Os indígenas abordaram produtores rurais que estavam trabalhando nas terras pertencentes à
comunidade indígena, pedindo a paralisação das atividades. Os produtores rurais reagiram
agredindo os indígenas com socos e chutes. A competência para julgar o fato é da Justiça
Federal. Isso porque a motivação dos delitos gira em torno de disputa por terras indígenas,
situação na qual a jurisprudência entende que há interesse de toda a comunidade indígena, a
justificar o deslocamento da competência para a Justiça Federal (art. 109, XI, CF/88). Não se
aplica a Súmula 140 do STJ quando o crime envolve interesses coletivos da comunidade
indígena. Um dos produtores rurais agressores era cunhado de um indígena, circunstância que
foi considerada irrelevante pelo STJ para a definição da competência da Justiça Federal tendo
em vista que a desavença entre eles não estava ligada a seu convívio familiar. STJ. 3ª Seção. CC
156.502/RR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/02/2018.
 Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Militar) decidir pedido de quebra de sigilo telefônico
requerido no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a suposta prática de crime
relacionado ao uso de artefato incendiário contra o edifício-sede da Justiça Militar da União,
quando o delito ainda não possua autoria estabelecida e não tenha sido cometido contra
servidor do Ministério Público Militar ou da Justiça Militar.
 Competência para julgar o crime de omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS
(art. 297, § 4º, do CP)? *
o STJ: Justiça FEDERAL. O sujeito passivo primário do crime omissivo do art. 297,
§ 4.º, do Diploma Penal, é o Estado, e, eventualmente, de forma secundária, o
particular, terceiro prejudicado, com a omissão das informações, referentes ao
vínculo empregatício e a seus consectários da CTPS. Cuida-se, portanto de
delito que ofende de forma direta os interesses da União, atraindo a
competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
o STF: Justiça ESTADUAL. Só é interesse do trabalhador.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 O STF fixou a seguinte tese:


o Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou
adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel.
orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28
e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805). O STJ, interpretando a decisão do
STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da rede mundial de
computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de
conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual
propício ao livre acesso.
o Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários
certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, portanto, a
competência é da Justiça Estadual.
o Assim, o STJ afirmou que a definição da competência para julgar o delito do
art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise:
 Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL.
Ex: publicação do material feita em sites que possam ser acessados
por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja
conectado à internet.
 Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de
informações privadas, como nas conversas via Whatsapp ou por meio
182 de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto
no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na
rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários
escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de
informação privada que não está acessível a qualquer pessoa. Desse
modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a
competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção. CC 150564-MG, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).
 Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre
crime praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por
negativa de extradição, aplicável o art. 109, IV, da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 154656-MG, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018 (Info 625).
o A União possui compromissos internacionais com a apuração criminal
(persecutio criminis) em caso de delitos praticados por brasileiro no exterior e
no qual este infrator esteja agora no Brasil e não possa ser extraditado,
devendo responder em nosso país pelo crime cometido lá fora. Há, portanto,
interesse da União, que justifica a competência da Justiça Federal, nos termos
do art. 109, IV, da CF/88:
 Prefeitos:
o Súmula 702, STF: A competência do TJ para julgar prefeitos restringe-se aos
crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a
competência originária caberá ao respectivo tribunal de 2 grau.
o S: 208 STJ: Compete a justiça federal processar e julgar prefeito por desvio de
verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal;

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o S: 209, STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
o Crime Comum - TJ
o Crime Comum Federal - TRF
o Crime Eleitoral - TRE
o Crime De Responsabilidade Próprio - Câmara de vereadores.
o Crime De Responsabilidade Improprio - TJ.
 Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a
lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via
satélite ou cabo, por meio de serviços de cardsharing.
 Tanto para o STF, quanto para o STJ, o referido inciso atrai a competência da Justiça Federal
para processar e julgar os processos que veiculam questões ligadas não só aos direitos sobre
terras, mas também aos elementos da cultura indígena, relacionados à sua etnia. Assim,
colunista de um jornal que publicou artigos imputando aos índios adjetivos discriminatórios,
tais como “preguiçosos”, “inúteis” e “arredios”, ofendendo também a cultura indígena, ao
qualifica-la como “burra”, “estúpida” e “predatória, será processado perante a JUSTIÇA
FEDERAL.
6.6.2. Justiça Estadual
 Compete à Justiça ESTADUAL o julgamento de crime ambiental decorrente de construção
de moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que Caixa Econômica
Federal atue, tão somente, na qualidade de agente financiador da obra.
183  Não compete à Justiça Federal julgar queixa-crime proposta por particular contra outro
particular pelo simples fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na
Procuradoria do Trabalho. A competência é da Justiça Estadual.
 É da competência da Justiça estadual o julgamento de contravenções penais, mesmo que
conexas com delitos de competência da Justiça Federal. A doutrina afirma que existe uma
exceção na qual a Justiça Federal julgaria contravenção penal. Trata-se da hipótese de
contravenção penal praticada por pessoa com foro privativo no Tribunal Regional Federal.
Seria o caso, por exemplo, de contravenção penal cometida por Juiz Federal ou Procurador da
República. Em tais situações, o julgamento ocorreria no TRF (e não na Justiça Estadual). É a
posição, dentre outros, de Renato Brasileiro de Lima.
 Crime de tortura praticado contra brasileiro no exterior: trata-se de hipótese de
extraterritorialidade incondicionada (art. 2º da Lei 9.455?97). No Brasil, a competência para
julgar será da Justiça Estadual. O fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter
ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar
os agentes estrangeiros. Isso porque a situação não se enquadra, a princípio, em nenhuma das
hipóteses do art. 109 da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 107397-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 24/9/2014 (Info 549).
 Competência para processar e julgar crime de incitação à discriminação cometido por meio da
internet. Ofensas dirigidas a pessoas determinadas. 1. Não se declara a nulidade do ato
processual que não houver influído na decisão da causa. 2. É da Justiça estadual a
competência para processar e julgar o crime de incitação à discriminação racial por meio da
internet cometido contra pessoas determinadas e cujo resultado não ultrapassou as
fronteiras territoriais brasileiras.
o OBS: Brasil faz parte da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação Racial, entretanto, deve haver internacionalidade
na conduta.

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6.6.3. Justiça Militar


● Súmula 90 STJ: Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o militar pela prática do
crime militar, e a comum pela prática do crume comum simultâneo àquele.
 A competência da Justiça Militar é para os crimes militares “tourt court”, e não para os crimes
dos militares. Não se trata de competência ratione personae.
 Mesmo para civis, em tempos de paz, há tipos penais militares que, incidindo no caso,
tornarão o fato afeto ao foro especial em questão.
 Compete à Justiça Militar processar e julgar o crime de furto, praticado por civil, de patrimônio
que, sob administração militar, encontra-se nas dependências desta. Caso concreto: civil
furtou, dentro de estabelecimento militar, pistola que estava na posse de soldado da
Aeronáutica. Fundamento: art. 9º, III, “a”, do Código Penal Militar. STJ. 3ª Seção.CC 145721-SP,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/02/2018 (Info 621).

6.6.4. Foro por prerrogativa de função / foro privilegiado


● Foro de prerrogativa por função:
o Vale a regra da atualidade entre o crime e o exercício da função. Enquanto for
detentor do foro, o crime permanecerá no Tribunal designado. Após, descerão
para a instância primária. EXCEÇÃO:
▪ Se o julgamento já tiver sido iniciado.
▪ Se a renúncia ao foro se caracterizou como uma fraude processual.
184 o Após iniciada a ação penal perante determinado juízo, caso ocorra a
modificação de competência em razão da investidura do réu em cargo que
atraia foro por prerrogativa de função, serão válidos os atos processuais –
inclusive o recebimento da denúncia – realizados antes da causa
superveniente de modificação da competência, sendo desnecessária, no
âmbito do novo juízo, qualquer ratificação desses atos.
● Em caso de réu que detenha foro de prerrogativa no STF e tenha havido usurpação de
competência pelo juízo de primeiro grau, eventual nulidade será tão somente em relação
ao agente que detenha foro por prerrogativa de função, de modo a não alcançar os
investigados que não detenham foro por prerrogativa.
● O mero fato de o nome do agente com prerrogativa de foro ter sido mencionado na
investigação não é suficiente para remessa imediata dos autos à Corte. Somente deverá haver
a remessa da investigação para o foro por prerrogativa de função se ficar constatada a
existência de indícios da participação ativa e concreta do titular da prerrogativa em ilícitos
penais. Em suma: a simples menção ao nome de autoridades detentoras de prerrogativa de
foro, seja em depoimentos prestados por testemunhas ou investigados, seja em diálogos
telefônicos interceptados, assim como a existência de informações, até então, fluidas e
dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência para o
Tribunal hierarquicamente superior.
● Segundo o entendimento da Corte Especial do STJ, ocorrendo a descoberta fortuita de indícios
do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, os autos devem ser encaminhados
imediatamente ao foro prevalente, definido segundo o artigo 78, III, do CPP, o qual é o único
competente para resolver sobre a existência de conexão ou continência e acerca da
conveniência do desmembramento do processo.
● Em crimes que possuam autoridade com foro por prerrogativa de função, havendo conexão
(parlamentar no mesmo fato investigado), devem os feitos conexos, TODOS serem
remetidos ao Tribunal, sendo este, exclusivamente competente para decidir sobre o

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desmembramento ou não do feito. O juiz de primeiro grau NÃO pode continuar


investigando, como também NÃO pode decidir sobre o desmembramento do feito em
relação aos demais investigados.
o O mesmo se diz quando houver apelação pendente de julgamento quando
o réu acaba de ser diplomado Deputado Federa/Senador. O recurso deve
subir para o STF julgar.
● Inexiste prazo em lei para remessa de autos à instância superior quando houver investigado
com foro e diligência em andamento, lembrando-se que, em matéria de prazos processuais
penais, até mesmo de prisão, adota-se o princípio da razoabilidade para caracterização de
excesso de prazo e investigações complexas. Com isso, considerou que a existência de
diligências urgentes em curso e o prejuízo manifesto a elas com a remessa à instância
superior (perda de diálogos a serem interceptados) seria e elemento que, de alguma
forma, deveria ser levado em consideração para mitigar tal rigor no prazo de envio dos
autos à instância superior.
● Crime eleitoral e prefeitos:
o O indiciamento não pode ser feito livremente pela autoridade policial.
o A competência para ação e investigação é do T.R.E, e não do juiz eleitoral.
● As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa
de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo,
se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se
justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando
185 o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após
a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções
exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O
foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
o Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de
intimação para apresentação de alegações finais (fixação de
competência), a competência para processar e julgar ações penais não
será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo
ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário.
AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
Situação Atribuição para investigar
Se o crime foi praticado antes da
diplomação
Polícia (Civil ou Federal) ou MP.
Se o crime foi praticado depois da
Não há necessidade de autorização do STF
diplomação (durante o exercício do cargo),
mas o delito não tem relação com as Medidas cautelares são deferidas pelo juízo
funções desempenhadas. de 1ª instância (ex: quebra de sigilo)
Ex: homicídio culposo no trânsito.
Se o crime foi praticado depois da Polícia Federal e Procuradoria Geral da
diplomação (durante o exercício do cargo) e República, com supervisão judicial do STF.
o delito está relacionado com as funções
Há necessidade de autorização do STF para
desempenhadas.
o início das investigações.

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Ex: corrupção passiva.


● O foro por prerrogativa de função no caso de Governadores e Conselheiros de Tribunais de
Contas dos Estados deve ficar restrito aos fatos ocorridos durante o exercício do cargo e em
razão deste. Assim, o STJ é competente para julgar os crimes praticados pelos Governadores e
pelos Conselheiros de Tribunais de Contas somente se estes delitos tiverem sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão deste.
● Autoridades que dependem da Constituição Estadual (algumas Constituições preveem que a
competência para julgar os crimes por elas praticados é do Tribunal de Justiça): Vice-
governadores; Vereadores. Se a Constituição estadual não trouxer nenhuma regra, tais
autoridades serão julgadas em 1ª instância.
● A diplomação de um acusado como parlamentar federal, após o regular recebimento da
denúncia pelo juiz de primeiro grau então competente, conduz à análise pelo STF da
possibilidade da absolvição sumária, nos termos do art. 397 do CPP.
● Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar o agravo regimental em que se
impugna decisão monocrática de integrante da Corte, mesmo que o agravante não mais
detenha prerrogativa de foro.
o A decisão atacada não pode ser decidida, sob o ângulo do mérito, por órgão
distinto. Daí a irrelevância de o agravante não mais estar no exercício do
mandato de deputado federal. Assim, o julgamento de recurso contra decisão
de ministro do Supremo é de competência da própria Corte. A atuação do
juízo de primeiro grau, ainda que cessado o mandato do detentor de foro por
186 ●
prerrogativa de função, violaria as regras de competência funcional.


6.7. Questões incidentes: medidas assecuratórias
Questões e mental processos incidentes. Questões prejudiciais. Exceções. Incompatibilidades
e Impedimentos. Medidas assecuratórias: sequestro, hipoteca legal e arresto. Incidentes de
falsidade e de insanidade do acusado. Restituição das coisas apreendidas. Perdimento de
bens. Alienação antecipada de bens.
 Quando o juiz criminal deve aguardar o deslinde da controvérsia na esfera cível?
o Só quando houver dúvida séria e fundada sobre o ESTADO CIVIL das pessoas e,
o Para casos diversos, o juiz poderá suspender o curso do processo após a
inquirição das testemunhas, por prazo estipulado.
 O CPP brasileiro adotou a teoria eclética ou mista, segundo a qual as questões concernentes
ao estado de pessoas é motivo de remessa obrigatória ao juízo extrapenal. Já no caso de
questões diversas destas, fica a cargo do juiz deliberar se enfrenta, ou não, a controvérsia

6.7.1. Sequestro, arresto
 O sequestro, no processo penal, terá como objetivo a constrição de bens móveis (art. 132) e
imóveis que sejam fruto da infração penal, como aquele adquirido pelo acusado com recursos
auferidos com sua conduta delituosa, ainda que já tenham sido transferidos a terceiros.
o Basta a existência de indícios da proveniência ilícita dos bens, prescindindo da
certeza.
o Ainda, poderá recair sobre os bens transferidos a terceiros.
o A decisão de embargos (do réu ou do terceiro) não poderá ser pronunciada
antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
o Cabe sequestro de bens móveis se não for cabível a busca e apreensão.

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o O juiz poderá decretar o sequestro de ofício, ainda que se trate de crime


sujeito à ação penal privada, em qualquer fase do processo, mesmo antes de
oferecida a denúncia/queixa. Não se exige, sequer, a instauração de IP, sendo
possível o deferimento da medida com base em PIC, do MP.
o Pode ser embargado por terceiro ou pelo réu.
o Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o juiz manda avaliar e
leiloar os bens.
 A HIPOTECA LEGAL recai sobre o patrimônio adquirido licitamente pelo acusado.
o Pode ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que
haja CERTEZA da infração e indícios suficientes de autoria.
o Aqui só pode ser feito com a existência da ação penal. Antes não.
o O MP só poderá requerer a hipoteca legal se for à interesse da Fazenda
Pública, ou em benefício do ofendido que seja pobre e requeria ao Parquet a
adoção de tal medida.
o Passado em julgado a sentença condenatória, os autos serão remetidos ao
juízo cível, a fim de serem liquidados os danos sofridos pelo ofendido.
 Arresto: só utiliza preventivamente à hipoteca legal, até que se registre a referida hipoteca. O
prazo máximo é de 15 dias. Entretanto, é possível arresto em bens móveis, quando os imóveis
forem insuficientes ou inexistirem, facultada a hipoteca legal dos imóveis também.

6.7.2. Busca e apreensão


187 ● Salvo na hipótese de o suspeito utilizar o veículo automotor como residência, a apreensão de
documentos no interior de um veículo se equipara juridicamente a uma busca pessoal,
dispensando autorização judicial para tanto, quando houver fundada suspeita de que em seu
interior estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados.
o Se a autoridade policial, dando cumprimento a mandado de busca e apreensão
na residência do investigado, resolver vasculhar o automóvel que se encontra
guardado na garagem, não necessitará de nova autorização judicial específica
para isto, ainda que o veículo não estivesse mencionado no referido mandado
 A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem
mandado judicial ou consentimento do morador.
 A negativa em permitir que a polícia entre na casa durante a noite para prender uma pessoa
que lá está é exercício regular de um direito do proprietário, não se tratando de
desobediência, favorecimento real ou resistência.
 Lugares abertos ao público, como lojas de departamento, não necessitam de mandado judicial
para realização de busca. Também hotel em caso de estar desocupado. Regra: fechado ao
público, necessita de mandado. Aberto ao público, não necessita de mandado.
 A negativa em permitir que a polícia entre na casa durante a noite para prender uma pessoa
que lá está é exercício regular de um direito do proprietário, não se tratando de
desobediência, favorecimento real ou resistência.
 A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram
fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu
consentimento ou determinação judicial.
● Sem fundada suspeita, a busca e apreensão pode configurar crime de abuso de autoridade.
● Quando a medida de busca e apreensão for determinada no cumprimento de busca domiciliar,
as pessoas que se encontrem no interior da casa poderão ser objeto de busca pessoal, mesmo
que o mandado não o diga de maneira expressa.

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● A busca pessoal independe de mandado nas seguintes hipóteses: a) no caso de prisão; b)


quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito: caso a busca pessoal seja executada sem
que haja fundada suspeita, como no exemplo em que a autoridade a executa tão somente
para demonstrar seu poder, a conduta do agente policial pode caracterizar o crime de abuso
de autoridade (Lei n° 4.898/65, art. 3°, "a"); c) quando a medida for determinada no curso de
busca domiciliar: no cumprimento de busca domiciliar, as pessoas que se encontrem no
interior da casa poderão ser objeto de busca pessoal, mesmo que o mandado não diga de
maneira expressa.
o (STF: a suspeita deve ser objetiva, exigindo elementos concretos que indiquem
necessidade da revista)
● WhatsApp:
o Se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão determinada por
decisão judicial, não há óbice para que a autoridade policial acesse o conteúdo
armazenado no aparelho, inclusive as conversas do Whatsapp. Pode ler.
o Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem
prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi
morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua
esposa, com autorização desta. Pode ler.
o Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por
meio da extração de dados e de conversas registradas no Whatsapp presentes
no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido
188 apreendido no momento da prisão em flagrante. Não pode ler.

6.7.3. Insanidade mental


● O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é
possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua
realização.

6.8. Teoria Geral da Prova


Provas. Teoria Geral da Prova. Procedimento probatório. Sistemas probatórios. Classificação.
Provas em espécie. Exame do corpo de delito e perícias em geral. Prova oral: prova
testemunhal, depoimento do ofendido, interrogatório do acusado. Confissão.
Reconhecimento de pessoas e coisas. Acareação. Prova documental. Presunções. Indícios.
Busca e apreensão. Ônus da prova. Valoração da prova. Interceptação de comunicações
telefônicas e do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Quebra de
sigilo fiscal, bancário e de dados. Provas ilícitas. Meios de obtenção de prova previstos na Lei
que define organização criminosa. A delação ou colaboração premiada. Normas sobre a
identificação criminal do civilmente identificado. Coleta de perfil genético como forma de
identificação criminal. Normas do Programa Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas
Ameaçadas, e de proteção de acusados ou condenados que voluntariamente tenham
prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal. Normas
procedimentais para a ação penal de competência originária dos Tribunais.
 A condução coercitiva de réu ou investigado para interrogatório, constante do artigo 260 do
Código de Processo Penal (CPP), não foi recepcionada pela Constituição de 1988.
o O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte: Art. 260. Se o
acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou
qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá
mandar conduzi-lo à sua presença. O STF declarou que a expressão “para o
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interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi recepcionada pela Constituição
Federal. Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu
com o objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos. STF. Plenário. ADPF
395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info
906).
o Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus
para interrogatório, tal conduta poderá ensejar: • a responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade • a ilicitude das provas obtidas • a
responsabilidade civil do Estado. Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o
entendimento acima não desconstitui (não invalida) os interrogatórios que foram
realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido
coercitivamente conduzidos para o referido ato processual
o Para que a condução coercitiva seja legítima, ela deve destinar-se à prática de
um ato ao qual a pessoa tem o dever de comparecer, ou, ao menos, que possa
ser legitimamente obrigada a comparecer. Ex: Também será admitida a prisão
preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o
preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
 Não há nulidade na decisão que indefere pedido de incidente de falsidade referente à prova
juntada aos autos há mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurge somente após a
prolação da sentença penal condenatória, uma vez que a pretensão está preclusa.
189  A antecipação da prova testemunhal prevista no artigo 366 do CPP pode ser justificada
como medida necessária pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de
perecimento, haja vista que as testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes
dos fatos em decorrência do decurso de tempo. Tal medida não traz prejuízo às garantias
inerentes à defesa, uma vez que quando o processo retomar seu curso, caso haja algum
ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta que seja feita nova inquirição.
 É justificável antecipação de prova de policiais?
o STJ: Sim, pois atuam no crime e podem esquecer pela frequência
com que ocorrem os crimes ou pela similitude dos fatos.
o STF: Não.
 Serendipidade. Crime achado. Encontro fortuito de provas: trata-se de prova obtida em
uma investigação sobre um crime não conhecido, mesmo que não seja conexo com o crime
objeto de investigação, tratando-se de uma prova lícita.
 Ainda que um laudo técnico, produzido por órgão do MP, não cumpra com as formalidades do
CPP em relação às perícias, constituem documento, que pode ser valorado segundo a fé que
merecer pelo juiz.
 Diferentemente do que ocorre com o aparelho celular apreendido durante a prisão em
flagrante do réu, cuja perícia dependerá, necessariamente, de autorização judicial, é possível à
autoridade policial determinar perícia sobre o aparelho celular de propriedade da vítima
encontrado no local do crime, independentemente de ordem judicial.
 Íntima convicção/certeza moral: adotado pelos JURADOS em Tribunal de Júri.
 A) Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas PODEM ser utilizadas na formação da
convicção judicial, ainda que coletadas na fase investigatória, conforme regra insculpida no
art. 155, do Código de Processo Penal. O que não pode é fundamentar a decisão
exclusivamente com base em elementos informativos colhidos na investigação.

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o As provas cautelares são aquelas produzidas diante de uma situação de urgência,


de molde a evitar o desaparecimento do objeto da prova, postergando-se o
contraditório, que será diferido. É o exemplo da interceptação telefônica.
o Por provas não repetíveis compreendem-se aquelas que não podem ser
renovadas ou novamente produzidas, pois há desaparecimento da origem
probatória, como, por exemplo, diversos exames periciais realizados logo após o
crime. Também aqui o contraditório é diferido.
o Já as provas antecipadas são aquelas produzidas antes do momento processual
legalmente previsto, em decorrência da urgência e relevância, mediante
contraditório real. Exemplo: coleta antecipada de depoimento de testemunhas
por enfermidade ou idade avançada na fase do art. 366, do CPP.
 A cadeia de custódia da prova é todo o caminho percorrido pela prova, desde o momento em
que é colhida até o final do processo penal. É de extrema importância que essa cadeia de
custódia seja preservada de forma a impedir qualquer manipulação da prova que possa gerar
questionamentos acerca da sua autenticidade. Uma vez quebrada a cadeia de custódia, a
prova estará maculada, devendo ser anulada, bem como aquelas dela decorrentes. (art. 157,
§1º)
 As cartas particulares poderão, sem o consentimento do signatário, ser exibidas em juízo pelo
réu dela destinatário.
 Não é nula a condenação criminal lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal
do Brasil por meio da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia
autorização judicial de quebra do sigilo bancário. Isso porque o STF decidiu que são
190 constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto da Receita
Federal à movimentação financeira dos contribuintes.
o Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das
instituições bancárias mediante requisição direta (sem intervenção
do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC 105/2001),
podem ser compartilhados, também sem autorização judicial, com
o Ministério Público, para serem utilizados como prova
emprestada no processo penal. Isso porque o STF decidiu que são
constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o
acesso direto da Receita Federal à movimentação financeira dos
contribuintes (RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser estendido
também para a esfera criminal. Assim, é possível a utilização de
dados obtidos pela Secretaria da Receita Federal, em regular
procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução
processual penal. STF. 1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 01/12/2017. STF. 2ª Turma. RHC
121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
STJ. 6ª Turma. HC 422.473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 20/03/2018 (Info 623). #IMPORTANTE
 A utilização pelo Ministério Público de documentos enviados por outros países para fins de
investigação por meio de cooperação jurídica internacional é legítima mesmo não havendo
ainda legislação específica no Brasil regulamentando o tema. Isso porque a transferência de
procedimento criminal encontra abrigo em convenções internacionais sobre cooperação
jurídica, cujas normas, quando ratificadas, assumem status de lei federal. Dessa forma, é
legítima a providência da autoridade brasileira de, com base em material probatório obtido da
Confederação Suíça, por sistema de cooperação jurídica internacional, investigar e processar o
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congressista em questão pelo delito de evasão de divisas, já que se trata de fato delituoso
diretamente vinculado à persecução penal objeto da cooperação, que tem como foco central
delitos de corrupção e lavagem de capitais. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).
 A apresentação do custodiado algemado à imprensa pelas autoridades policiais não afronta o
Enunciado 11 da Súmula Vinculante. A SV 11 refere-se apenas a situações em que o emprego
abusivo da algema decorre de decisão judicial, ou seja, no âmbito de um ato processual. Não
abrange hipóteses em que seu uso decorreu de ato administrativo da autoridade policial.
 Acusado não pode assistir interrogatório do corréu, mesmo que seja advogado atuando em
causa própria. O réu que seja advogado em causa própria não poderá ver o interrogatório do
corréu na qualidade de advogado. Deverá ser nomeado um defensor para ele.
 É denominada testemunha fedatária aquela que assina o auto de prisão em flagrante,
testemunhando a apresentação do preso à autoridade policial. Elas não prestam depoimento
sobre a prática delituosa ou sobre o mérito da ação penal, mas sobre a regularidade de um
fato ou ato processual, tal como as testemunhas que acompanham os condutores do preso em
flagrante delito.
 O depoimento prestado em sede policial pela testemunha deve ser por ela reproduzido em
juízo, não bastando, para tanto, a mera afirmação de que ratifica o depoimento prestado no
inquérito policial.
 As testemunhas que não estão obrigadas a depor, caso o façam, não estão sujeitas ao
compromisso de dizer a verdade, previsto no artigo 203 do CPP.
o Tratando-se de testemunha com fortes laços de afetividade com o réu, não se
191 pode exigir-lhe que diga a verdade, justamente em detrimento da pessoa pela
qual nutre afeição, pondo em risco até mesmo a própria unidade familiar.
o Ainda que o membro da família seja o único que possa elucidar os fatos, ele pode
se recusar a depor, não se lhe exigindo a verdade dos fatos.
 STJ: lembre-se: para caracterização do crime de falso testemunho não é necessário o
compromisso, a advertência.
 São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada, o que não ocorre se a
pessoa que deva guardar sigilo for o advogado do acusado. O advogado pode se recusar a
depor sobre o caso mesmo que desobrigado pela parte interessada, conforme preconizado
pelo artigo 26 do Código de Ética e Disciplina da OAB.
 A falsidade de documento pode ser arguida por escrito, pelas partes ou o juiz poderá, de
ofício, proceder à verificação da falsidade. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada
em prejuízo de ulterior processo penal ou civil.” Logo, nunca fará coisa julgada material.
 Teoria da tinta diluída (purged taint exception): teoria da mancha purgada, conexão
atenuada. Conceito: não se aplica a teoria dos frutos da árvore envenenada se o nexo causal
entre a prova ilícita originária e a derivada forem atenuados em virtude de causas
supervenientes no curso do processo ou por decurso do tempo, ou quando não se verifique o
nexo causal entre a prova ilícita primária e a derivada.
 A prova que deixa vestígios só pode ser suprida por prova testemunhal quando desaparecido
os vestígios ou não puderem ser constatados pelos peritos. Assim, nos crimes em que há
majorante de rompimento de obstáculo, a perícia é indispensável, salvo nos casos aqui
mencionados.
 O fato do exame de corpo de delito ser subscrito por apenas um perito oficial, conquanto
caracterize nulidade, à luz do disposto no artigo 159, §1º, do CPP, é vício de natureza relativa,

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que pressupõe a alegação no momento oportuno, bem como a verificação de prejuízo para a
parte.
 O interrogatório judicial não é ato privativo do juízo, já que admite perguntas feitas pelas
partes diretamente ao acusado, como forma de se assegurar o contraditório. (é
presidencialista).

6.9. Prisões e medidas cautelares diversas da prisão


Prisão em flagrante. Prisão temporária. Prisão preventiva. A manutenção ou a imposição da
prisão preventiva na sentença de pronúncia e na sentença penal condenatória. Medidas
cautelares diversas da prisão. Princípio da necessidade. Princípio da adequação. Prisão
especial, prisão albergue, prisão domiciliar e liberdade provisória. Fiança. Audiência de
Custódia.
 A falta da audiência de custódia não enseja nulidade da prisão preventiva, superada que foi a
prisão em flagrante, devendo ser este novo título de prisão aquele a merecer o exame da
legalidade e necessidade. STJ. 6ª Turma. RHC 99.091/AL, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
04/09/2018. A alegação de nulidade da prisão em flagrante em razão da não realização de
audiência de custódia no prazo legal fica superada com a conversão do flagrante em prisão
preventiva, tendo em vista que constitui novo título a justificar a privação da liberdade. STJ.
5ª Turma. HC 444.252/MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/08/2018. Por força do
Pacto dos Direitos Civis e Políticos, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos e como
192 decorrência da cláusula do devido processo legal, a realização de audiência de apresentação
(“audiência de custódia”) é de observância obrigatória. Esta audiência não pode ser
dispensada sob a justificativa de que o juiz já se convenceu de que a prisão preventiva é
necessária. A audiência de apresentação constitui direito subjetivo do preso e, nessa medida,
sua realização não se submete ao livre convencimento do Juiz, sob pena de cerceamento
inconvencional. A conversão da prisão em flagrante em preventiva não traduz, por si, a
superação da flagrante irregularidade, na medida em que se trata de vício que alcança a
formação e legitimação do ato constritivo. Desse modo, caso o juiz não tenha decretado a
prisão preventiva, o Tribunal deverá reconhecer que houve ilegalidade e determinar que o
magistrado realize a audiência de custódia. STF. 1ª Turma. HC 133992, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 11/10/2016.

6.9.1. Medidas cautelares diversas da prisão


● Não se aplica medida cautelar de monitoramento eletrônico do acusado no caso da infração
que lhe é imputada não ser punida com pena privativa de liberdade, seja de forma isolada,
cumulativa ou alternativa.
● Impossível medida cautelar de incomunicabilidade com a família.

6.9.2. Prisão em flagrante


 A autoridade competente para lavrar o auto de prisão em flagrante é a do local da prisão. Não
é a autoridade do local em que se consumou a infração, e a eventual lavratura de auto de
prisão em flagrante por autoridade diversa daquela que efetuou a prisão, por si só, não torna a
prisão em flagrante ilegal. Instauração do inquérito policial: autoridade que realizou o
flagrante. Condução do IP: autoridade do local onde o crime se consumou.

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 Caso uma pessoa que esteja sendo perseguida penetre em uma residência, é possível que a
polícia entre na residência sem o consentimento do proprietário, uma vez que se trata de
prisão em flagrante.
 A prisão ilegal será imediatamente relaxada. Sendo ilegal, independe de fiança.

6.9.3. Prisão preventiva


● Pressupostos e requisitos para o STF
o Pressupostos: prova de existência do crime (materialidade) e indícios
suficientes de autoria.
o Requisitos: garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.
● Réu que praticou apenas lavagem de dinheiro de uma organização criminosa voltada ao
tráfico, mas já desfeita (presos), pode ser beneficiado com medidas cautelares diversas da
prisão.
● Não há um prazo estanque para prisão preventiva, devendo ser demonstrado que a demora na
formação da culpa é da acusação ou do Poder Judiciário, com base em razoabilidade. Excesso
de prazo não decorre de simples soma aritmética ou razões infundadas.
● A complexidade, por si só, não enseja prisão preventiva, devendo estar presentes os requisitos
do artigo 312 e 313, juntamente com a atividade processual dos intervenientes, e a diligência

193 ● do juízo na condução do processo.


A complexidade da ação não equivale a pura demora Estatal injustificada, ou seja, a prisão
preventiva só é excessiva quando o motivo da demora for culpa do Estado, não sendo caso de
um processo complexo que envolve mais de 40 réus, em diversos locais do país, organização
criminosa complexa.
● O preso preventivo DEVE ficar separado dos presos definitivos. É obrigação do Estado prover a
estrutura.
● Não há prisão especial para jurados por prática de crime comum.
● Reincidência específica, crimes da mesma espécie, autoriza a prisão preventiva ainda que o
delito seja punido com detenção: a prisão poderá ser decretada se o acusado for reincidente
em crime doloso. Em reincidência específica dolosa não importa se o crime é punido com
reclusão ou detenção, muito menos o quantum de pena dos delitos.
● Na hipótese de prisão por falta de conhecimento quanto à identidade civil do réu, não há
limite quanto à natureza do crime (doloso ou culposo) ou quanto à quantidade de pena.
● Não se admite prisão preventiva quando o juiz verificar das provas colhidas nos autos que o
agente praticou o crime acobertado por uma causa excludente da ilicitude, ou seja, em estado
de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de
direito. Por analogia, estende-se para os casos previstos na parte específica e leis especiais que
possuem justificantes.
o Ressalvada a hipótese de inimputabilidade, a doutrina entende que não se
deve decretar prisão preventiva quando ficar demonstrado a existência de
excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade. (erro de direito, coação
moral irresistível, obediência hierárquica, coação física ou material) e
excludentes da ilicitude.
● O requisito negativo para prisão foi expressamente previsto no CPP sendo ele: “A prisão
preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar”.

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● O relaxamento da prisão em flagrante não impede a decretação da prisão preventiva ou


temporária, nem tampouco a decretação das medidas cautelares diversas da prisão, desde que
presente os requisitos legais. Não se confunde a legalidade da prisão em flagrante com o juízo
de necessidade das medidas cautelares.
o O que não se admite é o relaxamento da prisão em flagrante, porque ilegal, e a
subsequente e automática decretação de prisão preventiva, somente sendo
possível quando presente o fumus comissi delicti, consubstanciado na prova da
materialidade e de autoria, e o periculum libertatis, garantia da ordem pública,
ordem econômica, da aplicação da lei penal e conveniência da instrução
criminal, de desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas
cautelares diversas da prisão.
● Para o STF, uma vez revogada a preventiva, somente pode ser novamente decretada pelo
mesmo juízo se invocados fatos posteriores à revogação.
● O concreto risco à ordem pública, segundo o STF, deve-se inferir com olhos voltados ao
acusado, ou seja, há risco à ordem pública na soltura daquele que revele periculosidade social,
periculosidade, esta, depreendida do modus operandi do crime, ou de seus antecedentes.
o Assim, a repercussão social do delito ou a necessidade da justiça se impor não
interfere na análise da decretação da prisão preventiva
o Não se pode fundamentar prisão preventiva unicamente com o argumento da
credibilidade das instituições públicas, nem a repercussão nacional de certo
episódio, nem o sentimento de indignação da sociedade.
o A motivação que dá suporte à prisão preventiva está em consonância com a
194 jurisprudência assentada no STF no sentido de que a periculosidade do agente
e a reiteração delitiva demonstram a necessidade de se acautelar o meio
social, para que seja resguardada a ordem pública, e constituem fundamento
idôneo para a prisão preventiva.
o A gravidade em concreto do delito, ante o modus operandi empregado e a
reincidência delitiva, permitem concluir pela periculosidade social do paciente
e pela consequente presença dos requisitos autorizadores da prisão cautelar,
elencados no artigo 312 do CPP, em especial garantia de ordem pública.
o Para a prisão preventiva, a análise da gravidade em concreto da conduta
passada se faz com olhos no futuro, isto é, com apreciação prospectiva.
Portanto, para a preventiva, a gravidade em concreto do crime não é utilizada
para apenar, mas, sim, para avaliar a periculosidade social (prospectiva,
portanto) do agente. Julgado: Nesse campo, impende enfatizar que a
gravidade do crime, para fins cautelares, deve ser compreendida sob um
enfoque prospectivo. Em outras palavras, não se trata de aferir a gravidade
delitiva para fins de retribuição penal, já que as medidas cautelares não podem
figurar como instrumento de punição antecipada. Contudo, em determinados
casos, as peculiaridades do delito podem evidenciar maior reprovabilidade e,
nessa medida, tais particularidades podem robustecer o receio de reiteração
delituosa e, por consequência, o risco à ordem pública.
o A compreensão do STF é no sentido de que o fundado receio da prática de
novos delitos pode configurar risco à ordem pública e, por consequência,
legitimar a adoção da medida prisional (HC 140.215 AgR e HC 136.298).
o A gravidade concreta do crime e especificidades do modus operandi podem
ser considerados como fundamento da prisão preventiva, desde que
vislumbrada a possibilidade de reiteração delituosa e, portanto, com
observância da finalidade acautelatória que lhe é própria
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● Os fundamentos da prisão preventiva devem persistir durante toda a vigência da prisão, não
apenas anteriormente, quando decretada, se, com o tempo, afastar-se, por exemplo, a
periculosidade social do acusado, surge seu direito à soltura ou à fixação de cautelar menos
gravosa. Portanto, a influência do tempo, como fator jurídico da prisão é aplicada à
manutenção ou não da prisão.
o “[que as] medidas cautelares pessoais se destinam a tutelar uma determinada
situação de fato, à qual se referem, razão por que, desaparecida a sua base
fática legitimadora, impõe-se a sua cessação. Como aduz Maurício Zanoide de
Moraes , ‘toda a medida de coação determinada poderá ser substituída por
outra que se mostre mais adequada e eficiente diante das novas situações
naturalmente proporcionadas pela passagem do tempo’, seja para
recrudescer, seja para minorar a restrição.
● Súmula 697: A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda
o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
o Não há mais vedação da concessão de liberdade provisória em hediondos.
● Na análise do excesso de prazo o STF rejeita o critério aritmético, impondo análise das
peculiaridades do caso concreto à luz do princípio da razoabilidade para, por exemplo,
rechaçar excesso de prazo quando justificado à luz da complexidade do feito ou do
comportamento da defesa. (CONTROVERSO)
o A jurisprudência da Corte é firme no sentido de que não procede a alegação de
excesso de prazo quando a complexidade do feito, as peculiaridades da causa
ou a defesa contribuem para eventual dilação do prazo (HC 139.430).
195 ● Credibilidade da justiça não é argumento idôneo a permitir a segregação cautelar.
● STF: inidônea a fundamentação de prisão preventiva lastreada em circunstâncias genéricas e
impessoais.
● Não é fundamento suficiente para a manutenção da prisão preventiva a alusão ao fato do
acusado ter permanecido preso durante toda a instrução criminal. No mesmo sentido, a
invocação da gravidade em abstrato do delito ou a mera referência aos requisitos
autorizadores da decretação da prisão preventiva, sem base empírica idônea.
● Incompatibilidade da prisão preventiva com o regime prisional semiaberto, por exemplo,
sendo cabível, nesse caso, a determinação de que a prisão cautelar seja cumprida no regime
adequado.

6.9.3.1. Atos infracionais e prisão preventiva


● A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou manutenção da
prisão preventiva como garantia da ordem pública, considerando que indicam que a
personalidade do agente é voltada à criminalidade, havendo fundado receio de reiteração.
Não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância, que pode ser utilizado para
caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença. É necessário que o
magistrado examine três condições:
o a) a gravidade concreta e específica do ato infracional cometido,
independentemente de equivaler a crime considerado em abstrato como
grave;
o b) o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime em razão do qual é
decretada a preventiva; e
o c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.

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o ATENÇÃO: o ato infracional JAMAIS poderá ser utilizado para valorar


negativamente os antecedentes, a conduta social ou qualquer circunstância do
artigo 59.
o Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na
apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa
em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de
21 anos. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.
o A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso,
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. STJ.
3ª Seção. REsp 1.705.149-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 630). Súmula 605-STJ: A superveniência
da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. STJ. 3ª Seção. Aprovada
em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.
o
● O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam
cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-
natais e pós-parto. Além disso, não havia berçários e creches para seus filhos. Também se
reconheceu a existência, no Poder Judiciário, de uma “cultura do encarceramento”, que
196 significa a imposição exagerada e irrazoável de prisões provisórias a mulheres pobres e
vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei penal e processual
penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário, abrigadas no
ordenamento jurídico vigente. A Corte admitiu que o Estado brasileiro não tem condições de
garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo às mulheres que não estão em
situação prisional. Diversos documentos internacionais preveem que devem ser adotadas
alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não
haja decisão condenatória transitada em julgado. É o caso, por exemplo, das Regras de
Bangkok. Os cuidados com a mulher presa não se direcionam apenas a ela, mas igualmente
aos seus filhos, os quais sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante
contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à
concretização dos direitos das crianças e adolescentes. Diante da existência desse quadro,
deve-se dar estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância (Lei 13.257/2016), em
especial da nova redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do CPP, que prevê: Art. 318.
Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; Os critérios para a
substituição de que tratam esses incisos devem ser os seguintes: REGRA. Em regra, deve ser
concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam - gestantes - puérperas
(que deram à luz há pouco tempo) - mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos
incompletos) ou - mães de pessoas com deficiência.
● EXCEÇÕES: Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
o 1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
o 2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
o 3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente
fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício.
o Obs1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que
tenham praticado atos infracionais.

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o Obs2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a


reincidente. O simples fato de que a mulher ser reincidente não faz com que
ela perca o direito à prisão domiciliar.

6.9.4. Prisão domiciliar processual X domiciliar executória


● O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), ao alterar as hipóteses autorizativas
da concessão de prisão domiciliar, permite que o juiz substitua a prisão preventiva pela
domiciliar quando o agente for gestante ou mulher com filho até 12 anos de idade
incompletos (art. 318, IV e V, do CPP).
● Não basta que a mulher presa tenha um filho menor de 12 anos de idade para que receba,
obrigatoriamente, a prisão domiciliar. Será necessário examinar as demais circunstâncias do
caso concreto e, principalmente, se a prisão domiciliar será suficiente ou se ela, ao receber
esta medida cautelar, ainda colocará em risco os bens protegidos pelo artigo 312 do CPP.
● A prisão domiciliar aludida na Lei de Execução Penal tem a índole de pena, pressupondo,
portanto, ao menos a possibilidade de execução provisória da reprimenda aplicada. Pode ser
concedida quando se tratar de: a) condenado maior de 70 (setenta) anos; b) condenado
acometido de doença grave; c) condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; d)
condenada gestante.
o “A previsão insculpida na lei reformadora do art. 318 do Código de Processo
Penal não é de caráter puramente objetivo e automático, cabendo ao
magistrado avaliar em cada caso concreto a situação da criança e, ainda, a

197 adequação da benesse às condições pessoais da presa” (RHC 83.488/SP, j.


23/05/2017).
o Pode ser aplicada nas situações em que o condenado tem direito a progredir
do regime fechado para o semiaberto, mas o sistema penitenciário não tem
estrutura para garantir a progressão. De acordo com a orientação dos
tribunais superiores, a manutenção do preso em regime mais severo do que
determina a lei é uma forma de constrangimento ilegal.
o Note-se, no entanto, que a prisão domiciliar não é a primeira medida a ser
adotada; e nem sempre a manutenção do preso no mesmo estabelecimento é
causa de constrangimento ilegal. Súmula vinculante 56 e INFO 861
o É aplicada em favor dos condenados que cumprem pena em regime aberto,
mas, como bem lembra Renato Marcão, há “algumas situações excepcionais
em que se tem concedido a modalidade domiciliar mesmo quando o
sentenciado não está no regime aberto e dentre elas sobressaem aquelas em
que o preso se encontra em estado grave de saúde” (Curso de Execução Penal,
Ed. Saraiva, p. 186). É o que tem decidido o STJ: “O Superior Tribunal de Justiça
tem decidido que é possível a concessão de prisão domiciliar ao sentenciado,
em cumprimento de pena em regime fechado ou semiaberto, quando
comprovada sua debilidade extrema por doença grave e a impossibilidade de
recebimento do tratamento adequado no estabelecimento prisional” (HC
365.633/SP, j. 18/05/2017).
o
● Segundo dispõe o art. 318 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva pode ser
substituída pela domiciliar quando o agente for: a) maior de 80 (oitenta) anos;
b) extremamente debilitado por motivo de doença grave; c) imprescindível aos cuidados
especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; d) gestante; e) mulher
com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; f) homem, caso seja o único
responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
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6.9.5. Prisão temporária


 O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar
que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
o Não poderá interroga-lo, pois viola o sistema acusatório.
6.9.6. Liberdade provisória e Fiança
● Para concessão de fiança pela autoridade policial, este deverá levar em conta no cálculo da
pena máxima em abstrato, o concurso de crimes, as causas de aumento e qualificadoras.
● A quebra de fiança, segundo o STJ, consiste em hipótese autorizadora da prisão preventiva,
uma vez que, sendo medida cautelar pessoal, descumprida esta, é possível decretar a prisão,
pois as cautelares foram insuficientes para atender aos objetivos da instrução criminal.
● Quebra da fiança:
o Deixa de comparecer a ato quando regularmente intimado; deliberadamente
pratica ato de obstrução do processo; descumpre medida cautelar imposta
cumulativamente com a fiança; resiste injustificadamente a ordem judicial;
pratica nova infração penal dolosa.
o Efeito: perda da metade do seu valor, cabendo ao juízo decidir sobrea
imposição de outras medidas cautelares, ou, se for o caso, a decretação da
198 prisão preventiva.
● Perda da fiança: quando o condenado não se apresenta para o início do cumprimento da
pena definitivamente imposta.
o Efeito: perda total do valor, deduzidas as custas e mais encargos a que o
acusado estiver obrigado, sendo recolhida, o restante, ao FUNPEN.

6.10. Procedimentos
Ação Penal. Processo: finalidade, pressupostos e sistemas. Procedimento Comum Ordinário.
Procedimento Comum Sumário. Procedimentos Especiais: do Tribunal do Júri, nos crimes de
abuso de autoridade, nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, nos crimes
contra a honra e nos crimes contra a propriedade imaterial. A restauração de autos
extraviados ou destruídos. Normas especiais previstas na Lei que dispõe sobre o processo e o
julgamento colegiado em primeiro grau de crimes praticados por organizações criminosas.
Normas especiais previstas na Lei que dispõe sobre a repressão à produção não autorizada e
ao tráfico ilícito de drogas. Disposições especiais e medidas assecuratórias previstas na Lei
que dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores.
Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre os crimes ambientais. Disposições
especiais previstas na Lei que dispõe sobre as licitações e os contratos administrativos.
Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre os crimes contra o sistema financeiro
nacional. Normas especiais previstas na Lei que define a situação jurídica do estrangeiro no
Brasil.
● Defeito de citação, ainda que tenha corrido a ação penal, pode ser alegada a qualquer tempo,
inclusive no tribunal. Citação circunduta é aquela que foi anulada em razão de vício insanável.
● Procedimentos:
o Ordinário: igual ou maior a 4.
o Sumário: menor do que 4.

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o Sumariíssimo: igual ou menor a 2.


● O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da
instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada: • nos processos penais militares; • nos
processos penais eleitorais e • em todos os procedimentos penais regidos por legislação
especial (ex: lei de drogas e licitação).
o A norma geral do 400 do CP prevalece sobre as normas especiais.
o Essa tese acima exposta (interrogatório como último ato da instrução em
todos os procedimentos penais) só se tornou obrigatória a partir da data de
publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF, ou seja, do dia
11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais
militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo
que tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. Após, são nulos
os interrogatórios realizados como primeiro ato de instrução, fora do rito do
artigo 400.
● Art. 396.STF “a nova redação conferida pela lei 11.719/2008 aos artigos 396 e 396-A
do Código de Processo Penal configura-se, inegavelmente, mais benéfica aos réus de
ações penais, já que referida norma legal estabeleceu a possibilidade de apresentação
de defesa escrita, a qual é capaz de ensejar a absolvição sumária dos acusados, e
tornou o interrogatório o último ato da instrução processual”.
o Prevalece sobre o Código Eleitoral e Justiça Militar, ainda que em detrimento
do princípio da especialidade, já que confere maior possibilidade de defesa
199 ● aos réus. STF
Se o prefeito é denunciado por um crime do DL201/67 e outro crime, deve ser oportunizado a
defesa prévia da lei especial para ambos os crimes, e não só do DL, uma vez que o
procedimento especial prevalece sobre o procedimento comum.
● Os interrogatórios são feitos separadamente. Assim, se o réu advoga em causa própria, ele não
poderá ouvir os interrogatórios dos corréus na qualidade de advogado, devendo ser
constituído um defensor para ele.
● O interrogatório judicial não é ato privativo do juízo, já que admite perguntas feitas pelas
partes diretamente ao acusado, como forma de se assegurar o contraditório. (é
presidencialista).
● Quando o agente é processado por dois crimes com procedimentos diversos, deve-se dar
prioridade ao que lhe forneça maiores garantias constitucionais, e não o mais célere.
● Prevalece na doutrina que o interrogatório é meio de defesa, realizado em contraditório, e as
perguntas são iniciadas pelo juiz, seguido das partes.
o Ao contrário do que se dá com os depoimentos de testemunhas e do
ofendido, em relação aos quais vigora o sistema do exame direto e cruzado
(CPP, art. 212), o interrogatório continua submetido ao sistema
presidencialista, devendo o juiz formular as perguntas antes das reperguntas
das partes. Apesar de a maioria da doutrina entender que o interrogatório
tem natureza jurídica de meio de defesa, tem prevalecido o entendimento de
que quem repergunta primeiro é a acusação (Ministério Púbico, querelante,
ou assistente), seguindo-se as perguntas da defesa”
● Em fase de defesa prévia, a oitiva de todas as testemunhas indicadas pela defesa dos pacientes
fora indeferida, ao fundamento de que o requerimento seria protelatório, haja vista que as
testemunhas não teriam, em tese, vinculação com os fatos criminosos imputados aos
pacientes. Evidente a infringência à matriz constitucional do devido processo legal, visto que

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frustrou a possibilidade de os acusados produzirem as provas que reputam necessárias à


demonstração de suas alegações.
● A violação do art. 212 do CPP gera nulidade RELATIVA, necessitando, portanto, da
comprovação dos prejuízos para que seja reconhecida a invalidade do ato judicial. As
perguntas são feitas pelas partes diretamente à testemunha. Porém, se o juiz as fizer de início,
só há nulidade se ficar demonstrado prejuízo.
● O art. 396-A do CPP estabelece a necessidade de requerimento expresso para a intimação das
testemunhas de defesa. Trata-se, portanto, de uma relativização da obrigatoriedade da
intimação formal das testemunhas para o comparecimento em audiência, de modo que a
comunicação destas pode caber à parte. Se as testemunhas comparecem para serem ouvidas
em Juízo, não há qualquer irregularidade a ser sanada. Ainda que o referido dispositivo diga
respeito às testemunhas de defesa, o mesmo raciocínio se aplica às testemunhas de acusação:
o comparecimento em audiência independentemente de intimação formal não gera vícios.
6.10.1. Crimes de responsabilidade dos funcionários públicos
● No procedimento do artigo 514 do Código Penal, de crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos, o STF entende não haver ofensa ao contraditório pela não apresentação
de defesa prévia do artigo 514 do CPP quando o crime praticado por servidor público é
exercido com violência e grave ameaça.
o Dispensa-se o presente procedimento quando precedido de inquérito policial.
(CAIU NO TRF3 ou 2 em 2018). STJ.

200 6.10.2. Tribunal do Júri


 Para compatibilização do duplo grau de jurisdição com a regra da soberania dos vereditos do
júri, o STF impõe os seguintes limites à revisão pelo tribunal de apelação das sentenças do
tribunal do júri:
o Matéria de fato: se a decisão dos jurados for manifestamente contrária às
provas dos autos;
o Matéria de direito: nulidades processuais ou erro na aplicação do direito
material;
 São, em regra, executáveis as condenações prolatadas pelo júri, não violando a presunção de
inocência, prestigiando a soberania dos vereditos, pois, em regra, o tribunal de apelação não
pode substituir a decisão do júri, salvo as situações acima descritas.
 Em caso de condenação pelo Tribunal do Júri, é possível a execução provisória da pena mesmo
antes de o Tribunal julgar a apelação interposta pela defesa?
o 1ª corrente: SIM. É possível a execução da condenação pelo Juiz Presidente do
Tribunal do Júri, independentemente do julgamento da apelação ou de
qualquer outro recurso, em face do princípio da soberania dos veredictos.
Assim, nas condenações pelo Tribunal do Júri não é necessário aguardar
julgamento de recurso em segundo grau de jurisdição para a execução da
pena. STF. 1ª Turma. HC 140449/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 6/11/2018 (Info 922). STF. 1ª Turma. HC
118770 ED, Redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
04/06/2018.
o 2ª corrente: NÃO Não é possível a execução provisória da pena em face de
decisão do júri sem que haja o exaurimento em grau recursal das instâncias
ordinárias, sob pena de macular o princípio constitucional da presunção de
inocência. A execução provisória da pena somente é admitida se o recurso

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pendente de julgamento não tiver efeito suspensivo. STF. 2ª Turma. HC


136223, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 25/04/2017. STJ. 5ª
Turma. HC 438088, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
24/05/2018. STJ. Presidente Min. Laurita Vaz, em decisão monocrática no HC
458.249, julgado em 12/07/2018.

6.11. Relação jurisdicional com autoridade estrangeira


Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cartas rogatórias. Homologação de
sentença estrangeira. Extradição. Expulsão. Deportação.
 No final de 2014, o STJ decidiu que não há ilegalidade na utilização, em processo penal em
curso no Brasil, de informações compartilhadas por força de acordo internacional de
cooperação em matéria penal e oriundas de quebra de sigilo bancário determinada por
autoridade estrangeira, com respaldo no ordenamento jurídico de seu país, para a apuração
de outros fatos criminosos lá ocorridos, ainda que não haja prévia decisão da justiça brasileira
autorizando a quebra do sigilo. Dessa forma, se a juntada da documentação aos autos se deu
por força de pedidos de cooperação judiciária internacional baseados no Acordo de Assistência
Judiciária em Matéria Penal, tendo sido apresentada devidamente certificada, de modo a se
comprovar a autenticidade e a regularidade na sua obtenção, não há que se falar em
ilegalidade no compartilhamento das provas oriundas da quebra do sigilo bancário realizado
em outro país”

201 6.12. Nulidades


Nulidades. Espécies. Princípios. Rol legal.
● Súmula STF 431: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia
intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
● Súmula 160 STF: É nula decisão do Tribunal, que acolhe contra o réu, nulidade não arguida no
recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
● Art. 565: Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para que
tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária
interesse... Tal regra NÃO SE APLICA AO MP, isso porque ele é fiscal da lei, podendo sempre
arguir NULIDADE.
● O STF não diferencia as nulidades absoluta e relativa no que concerne a aplicação do princípio
pas de nullité sans grief, de forma que também para a declaração da nulidade absoluta o
prejuízo deve ser comprovado. Assim, aplica-se o princípio do pas de nullité sans grief a
qualquer espécie de nulidade, seja relativa ou absoluta.
● O estatuto da migração proíbe a transferência de pessoa condenada para execução provisória
da pena, pois um dos requisitos é o trânsito em julgado.

6.13. Teoria Geral dos Recursos – ações autônomas de impugnação
Recursos. Teoria Geral dos Recursos. Embargos de declaração. Apelação. Recurso em sentido
estrito. Protesto por novo júri. Embargos infringentes e de nulidade. Carta testemunhável.
Correição Parcial. Recursos especial e extraordinário. Agravo em execução penal. Coisa
julgada. Revisão criminal. Habeas corpus. Mandado de segurança em matéria penal. Medida
cautelar em matéria penal.
 Não é possível interposição de recurso por fax, pois não se equipara a FAX ou fac-símile, uma
vez que não possui a mesma segurança de transmissão e registro de dados. Mesmo com o
envio da peça por sistema de transmissão de dados e fac-símile, deve ser juntado o original.

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 Em regra, a decisão do recurso interposto por um dos réus aproveita os demais. A extensão
dos efeitos benéficos dos recursos não se aplica quando:
o De caráter exclusivamente pessoal.
o Quando o réu que requerer o benefício não participar da mesma relação
jurídico-processual daquele que foi beneficiado.
o Quando se invoca extensão da decisão para outros processos que não foram
examinados pelo órgão julgador, pois senão estaria pretendendo obter a
transcendência dos motivos determinantes.
 Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial adesivo interposto pelo
Ministério Público em desfavor do réu, pois, admitir-se a interposição de tal recurso pelo MP,
veiculando pedido em desfavor do réu, conflita com a regra do artigo 617 do CPP, que prevê
que o Tribunal não poderá agravar a pena se apenas o réu houver recorrido.
 A suspensão nacional prevista no §5º do artigo 1035 é discricionária do Ministro Relator. Esta
possibilidade aplica-se aos processos de natureza penal, suspendendo-se o prazo prescricional
da pretensão punitiva relativa aos crimes objeto das ações penais. Tal suspensão não
abrangerá IP ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público, muito
menos réu preso provisoriamente. Em qualquer caso, o juiz de primeiro grau poderá proceder
à produção de provas de natureza urgente.
 Não é extemporâneo recurso interposto antes da publicação do acórdão. Sob o ângulo da
oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo a parte,
ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. Assim por exemplo, admite-se a interposição
de embargos declaratórios oferecidos antes da publicação do acórdão embargado e dentro do
202 prazo recursal.
 A depender do fundamento da sentença absolutória, remanesce ao réu o direito de recorrer,
mormente quando o fundamento da sentença puder repercutir na esfera civil (por exemplo,
quando é absolvido por insuficiência de provas).
 O CPP expressamente previu a fungibilidade recursal no artigo 579: Salvo a hipótese de má-fé,
a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. Parágrafo único. Se
o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará
processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.
 Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo.
 No Juizado Especial Criminal, o prazo para a interposição de apelação é de 10 dias, já inclusas
as razões recursais
 Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória proferida
em sede de ação penal de competência originária das Turmas do STF. O requisito de
cabimento desse recurso é a existência de dois votos minoritários absolutórios em sentido
próprio. Voto absolutório em sentido próprio: significa que o Ministro deve ter expressado
juízo de improcedência da pretensão executória. STF. Plenário. AP 863 EI-AgR/SP, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18
e 19/4/2018 (Info 898).
 A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que a participação de
julgador impedido, quando do julgamento do recurso no órgão colegiado do tribunal, não
acarreta automática nulidade da decisão proferida se, excluindo-se o voto do referido
magistrado, o resultado da votação permanecesse incólume.
 Em determinadas situações, há de se admitir o interesse recursal – para alterar fundamento de
absolvição – de réu que tenha sido absolvido ou tenha sido reconhecida, em seu favor, a

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prescrição ou outra causa extintiva da punibilidade. É direito fundamental do réu ter a resposta
estatal não apenas pelo prisma persecutório, mas também em face de todas as consequências
que possam advir do processo penal, diretas ou indiretas. Assim, como eventual
responsabilidade civil nem sempre é afastada peremptoriamente pelo juízo criminal, pois
depende do fundamento da decisão proferida, há de se abrir a possibilidade de recurso para
a modificação do fundamento, desde que traga consequências reais e fáticas em benefício do
recorrente.”
 Pode um membro do Ministério Público recorrer de decisão absolutória ainda que o membro
oficiante anterior tenha pedido a absolvição em alegações finais.
 Não caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça que, ao julgar recurso de
apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda aplicada pelo magistrado de primeiro
grau, porém com fundamentos diversos daqueles adotados na sentença. Não viola o princípio
da proibição da reformatio in pejus a reavaliação das circunstâncias judiciais em recurso de
apelação penal, no âmbito do efeito devolutivo, desde que essa não incorra em aumento de
pena. Não há falar em reformatio in pejus se os motivos expendidos pelo julgador em sede de
apelação exclusiva da defesa não representaram advento de situação mais gravosa para o réu
6.13.1. Recurso em sentido estrito
● As hipóteses de cabimento de RESE trazidas pelo artigo 581 são:
o Exaustivas
o Admitem interpretação extensiva (faltou dizer algo que cabe).
o Não admitem interpretação analógica (não disse).
203 ● Assim: a decisão do juiz que revoga a medida cautelar diversa da prisão cabe RESE com base
na interpretação extensiva do 581, V, uma vez que o incisivo V permite RESE contra a decisão
do juiz que revoga a prisão preventiva.
● Cabe RESE, por interpretação extensiva, contra decisão que indefere a prisão temporária.
● Contra a decisão que julga procedente as exceções de litispendência, coisa julgada,
ilegitimidade de parte e incompetência será cabível o recurso em sentido estrito, salvo
suspeição.
o Não cabe RESE contra julgamento de exceção de suspeição (incompetência
cabe). Isto porque, se ele aceita a suspeição, o juiz remete os autos ao
substituto; ou, se ele nega a suspeição, os autos são remetidos ao Tribunal que
competir o julgamento.
● O RESE só cabe quando for julgado procedente as exceções de incompetência, litispendência,
ilegitimidade de parte e coisa julgada.
● A absolvição sumária, como regra, é atacada por apelação, porém, em caso de extinção da
punibilidade é atacada por RESE. A decisão de absolvição sumária por extinção da
punibilidade não é um veredito absolutório, mas sim uma decisão declaratória, podendo existir
ainda o ilícito. Tem discussão doutrinária aqui. Uns dizem ser apelação, outros RESE.
● O agravo da execução penal não possui rito legal, seguindo-se as mesmas normas do RESE –
Súmula 700 do STF. Tal agravo não possui efeito suspensivo.
● Efeito regressivo: o juiz pode rever a sua decisão quando interposto RESE e contrarrazoado.
o Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando
instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. Se o juiz
reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá
recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz
modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o
recurso nos próprios autos ou em traslado

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● Da decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade, caberá
recurso em sentido estrito, mas nesta não haverá efeito suspensivo. Esta é uma das únicas
situações vigentes em que o recurso em sentido estrito não admite efeito suspensivo.
6.13.2. Apelação
 Não viola o princípio do juiz natural o julgamento de apelação por órgão colegiado presidido
por desembargador, sendo os demais integrantes juízes convocados, desde que haja previsão
legal para isso.
o Salvo se o regimento interno dispor que deva ser julgado só por
desembargadores.

6.13.3. Habeas corpus


● Incabível arguição de nulidade em sede de habeas corpus para impugnar a sentença que foi
prolatada exclusivamente em prova emprestada. Isto porque não se admite reanálise fático-
probatória em sede de HC.
● Juiz pode conceder HC de ofício.
● O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenado receber pena privativa de liberdade.
Assim, não existe possibilidade de que o indivíduo que responda processo por este delito sofra
restrição em sua liberdade de locomoção. Diante disso, não é possível que a pessoa que
responda processo criminal envolvendo o art. 28 da LD impetre habeas corpus para discutir a
imputação. Não havendo ameaça à liberdade de locomoção, não cabe habeas corpus. Em
suma, o habeas corpus (preventivo) não é o meio adequado para discutir crime que não enseja
204 pena privativa de liberdade.
● O habeas corpus não é o meio adequado para se buscar o reconhecimento do direito a visitas
íntimas. Isso porque não está envolvido no caso o direito de ir e vir
● O Tribunal pode conceder habeas corpus de ofício, mas para isso acontecer é necessário que
ele seja o Tribunal competente para apreciar eventual pedido de habeas corpus relacionado
com este caso.
● Ministro Relator do STF ou STJ pode decidir HC nas hipóteses autorizadas pelo regimento?
o STF diverge: não, pois cabe ao colegiado. SIM (majoritário), pode.
● Não cabe HC para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ.
● Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.
● Não cabe HC contra decisão monocrática de ministro do STF. Só agravo regimental ao plenário.
● Em regra, não cabe HC de decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece ou que
denega o HC.
o É necessário que o impetrante esgote as vias recursais cabíveis, como no caso,
agravo regimental.
o Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a
decisão se mostra teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou
manifestamente contrária à jurisprudência do STF.
● A liminar é feita por julgamento monocrático. O que o STF não admite é julgamento
monocrático terminativo (não resolve o mérito) do mérito do HC, por ofensa ao princípio da
colegialidade. O julgamento do mérito em HC em tribunais é sempre colegiado.
● O HC pode ser impetrado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da
prisão. Obs: sursis também.
o As medidas são onerosas ao réu.

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o O seu descumprimento enseja conversão em prisão, havendo risco à liberdade


de locomoção.
● É possível que o Ministro Relator do STJ ou do STF decida monocraticamente o habeas corpus
nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno?
• Precedente divulgado no Info 857: NÃO. Cabe ao colegiado o julgamento de
habeas corpus.
• Posição amplamente majoritária no STF: SIM. O Ministro Relator pode decidir
monocraticamente habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento
interno, sem que isso configure violação ao princípio da colegialidade
 O habeas corpus substitutivo ocorre quando o impetrante, ao invés de interpor o recurso
cabível contra a decisão, opta por questioná-la ajuizando novo habeas corpus, dirigido à
instância superior. Na prática, os advogados e Defensores Públicos preferem valer-se do
HC substitutivo por ser este mais simples e rápido que o recurso.
A jurisprudência admite a utilização do habeas corpus como substitutivo de recurso próprio (o
chamado “habeas corpus substitutivo”)?
o 1ª corrente: NÃO. Posição do STJ e da 1ª Turma do STF (mas
pode ser conhecido HC de ofício).
o 2ª corrente: SIM. Posição da 2ª Turma do STF.
 É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado?
o 1ª) SIM. Foi o que decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
205 o 2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ. Vale
ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o
Tribunal poderá conceder a ordem de ofício.
 Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso
interposto no STJ. Ex: o STJ deu provimento ao recurso interposto pelo MP e, com isso, piorou
a situação do réu; a defesa impetra HC no STF contra o acórdão alegando que o STJ, no recurso
especial, reexaminou provas, o que é vedado pela Súmula 7 da Corte (A pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial.). Esse HC não será conhecido pelo STF porque o
impetrante busca questionar os pressupostos de admissibilidade do Resp.
 A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. Essa mesma
pessoa poderá ingressar com recurso contra a decisão? Para se interpor o recurso contra a
decisão denegatória do HC, a capacidade postulatória também é dispensada?
o STF: SIM (posição levemente majoritária no STF).
o STJ: NÃO (posição pacífica no STJ).
 A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do STF (e
não do Plenário). Ex: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das
Turmas do STF. O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo
para ser julgado pelo Plenário? SIM. Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e
no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa fundamentar essa remessa? É
necessário que o Relator apresente uma justificativa para que o caso seja levado ao Plenário?
NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma
discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC
143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897)
 A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a
análise do habeas corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia. Se,
após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata
sentença/acórdão condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma

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alteração do título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão antes do
julgamento não deverá ser conhecido.
 Na decisão do STF que concedeu o HC coletivo a mulheres, eles, diante da falta de legislação
específica, utilizaram-se da Lei de Mandado de Injunção para fixar o entendimento de que a
legitimidade ativa para impetração de HC coletivo é do: a) partido político com representação
no Congresso; b) organização sindical e entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano; c) Defensoria pública; e d) Ministério
Público.
 691 da Súmula do STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,
indefere a liminar.
● Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do
trânsito em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão
criminal. A nulidade não suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através
de habeas corpus, no afã de superar a preclusão, sob pena de transformar o writ em
sucedâneo da revisão criminal
● É possível que o Tribunal, ao julgar um recurso, mantenha a sentença do juiz fazendo a
suplementação da fundamentação da dosimetria e da fixação do regime de cumprimento de
pena, sempre que não haja agravamento da pena do réu. Isso é possível em razão do efeito
devolutivo amplo de recurso de apelação, não se configurando reformatio in pejus. STJ. 6ª
Turma. AgRg no HC 425.361/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018.

206 ● O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão.
● Em regra, não se admite a utilização de habeas corpus como substituto de recurso próprio, ou
seja, se cabia um recurso para impugnar a decisão, não se pode aceitar que a parte
prejudicada impetre um HC. Exceção: se, no caso concreto, a decisão impugnada for
flagrantemente ilegal, gerando prejuízo à liberdade do paciente, o Tribunal deverá conceder o
habeas corpus de ofício. O acautelamento de passaporte é medida que limita a liberdade de
locomoção, razão pela qual pode, no caso concreto, significar constrangimento ilegal e
arbitrário, sendo o habeas corpus via processual adequada para essa análise. Isso vale não
apenas para decisões criminais como também cíveis. STJ. 4ª Turma. RHC 97.876-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info 631). #IMPORTANTE

6.13.4. Mandado de segurança


● O mandado de segurança em processo penal - ao contrário do habeas corpus, que dispensa
advogado - deve ser impetrado por advogado e tutela direito líquido e certo, como no caso de
decisão arbitrária que não admita a habilitação do assistente de acusação.
 Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
o Se a lei não confere efeito suspensivo para aquele recurso, não se pode dizer
que a parte tenha direito líquido e certo de obtê-lo. Logo, se não existe direito
líquido e certo, não é caso de concessão de mandado de segurança.
6.13.5. Revisão criminal
6.13.6. Embargos infringentes
 EMBARGOS INFRINGENTES. Em regra, cabem embargos infringentes para o Plenário do STF
contra decisão condenatória proferida pelas Turmas do STF, desde que 2 Ministros tenham
votado pela absolvição. Neste caso, o placar terá sido 3 x 2, ou seja, 3 Ministros votaram para
condenar e 2 votaram para absolver. Excepcionalmente, se a Turma, ao condenar o réu,

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estiver com quórum incompleto, será possível aceitar o cabimento dos embargos infringentes
mesmo que tenha havido apenas 1 voto absolutório. Isso porque o réu não pode ser
prejudicado pela ausência do quórum completo. STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (Info 920). #IMPORTANTE

6.14. Controle externo da atividade policial

 Difuso: Exercido por todos os membros do Ministério Público com atribuição criminal, quando
do exame dos procedimentos que lhes forem atribuídos.
 Concentrado: Exercido por alguns membros do MP que tenham a atribuição específica de
realizar o controle externo da atividade policial, conforme disciplinado no âmbito de cada
Ministério Público
 O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a
ordens de missão policial (OMP). Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de
atuação como polícia investigativa, decorrente de cooperação internacional exclusiva da
Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério Público não será
vedado, mas realizado a posteriori.
 O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe
garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de
Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-
207 penal. O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à
atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por
essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou
seja, relacionados com a atividade de investigação criminal. O poder fiscalizador atribuído ao
Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os relatórios de inteligência"
produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não destinados a
aparelhar procedimentos investigatórios criminais formalizados.

6.15. Execução Penal


Execução Penal. Competência. Execução das penas privativas de liberdade, das penas
restritivas de direito e das medidas de segurança. Regimes de cumprimento da pena.
Progressão e regressão. Das faltas disciplinares, Suspensão condicional da pena. Livramento
condicional. Incidentes da execução. Graça. Anistia. Indulto. Comutação da pena.
Reabilitação. Remição. Regime Disciplinar Diferenciado. Execução das penas pecuniárias.
Modificações das condições da execução, coisa julgada e aplicação da lei benéfica. Inclusão e
transferência de presos para presídios federais. Monitoramento eletrônico. Execução penal
no âmbito dos Juizados Especiais Federais.
 O cumprimento de pena em penitenciária federal de segurança máxima por motivo de
segurança pública não é compatível com a progressão de regime prisional. STF. 2ª Turma. HC
131.649/RJ, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, rel. p/ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/9/2016 (Info
838). O Juízo competente para processar e julgar os incidentes da execução é o que detém a
custódia do apenado, no caso, o Juízo responsável pelo presídio federal. Não lhe é permitido,
contudo, conceder a progressão de regime prisional ao condenado que esteja recolhido em
presídio federal de segurança máxima, uma vez que os motivos que justificaram sua
transferência ou manutenção no sistema federal mostram-se totalmente incompatíveis com
a concessão do benefício, ficando condicionado o deferimento da progressão à ausência dos
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motivos que justificaram a sua remoção para o estabelecimento federal. STJ. 3ª Seção. CC
137.110/RJ, Rel. MIn. Ericson Maranho (Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em
22/4/2015.
 É inviável a remoção de apenado para outro Estado com fundamento em suposto tratamento
privilegiado. Apenas razões excepcionalíssimas e devidamente fundamentadas poderiam
legitimar essa medida. STF. 2ª Turma. HC 152720/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
10/4/2018 (Info 897).
 A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da
unificação das penas, não encontra respaldo legal. Assim, não se pode desconsiderar o período
de cumprimento de pena desde a última prisão ou desde a última infração disciplinar, seja por
delito ocorrido antes do início da execução da pena, seja por crime praticado depois e já
apontado como falta disciplinar grave. Se isso for desconsiderado, haverá excesso de execução
(Repercussão Geral)
 Súmula 192, STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual.
 Manutenção de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia
constrangimento ilegal ao apenado.
 A prisão preventiva é o marco inicial do tempo para a progressão de regime, desde que não
ocorra condenação posterior por crime que possa acarretar falta grave. Isto porque o preso
provisório deve ter os mesmos direitos do preso definitivo.

208  Não se pode, diante da ausência de estabelecimento adequando ao regime prisional imposto,
ser dado ao apenado tratamento mais gravoso, isto é, tendo direito, por exemplo de cumprir
pena ao regime aberto, não pode ser obrigado a permanecer no semiaberto.
o É possível que um condenado ao regime semiaberto vá para o presídio, não no
regime fechado, mas em um local destinado aos presos deste regime,
conforme as condições deste regime. O que não pode é manter presos do
fechado com os do semiaberto e aberto.
 Súmula vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção
do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os
parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320:
o a) A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso; “Constitui flagrante ilegalidade
a manutenção do apenado em regime mais gravoso durante a execução da
pena, em decorrência da ausência de vagas no estabelecimento prisional
adequado, devendo ser, excepcionalmente, permitido ao paciente o
cumprimento da pena em regime aberto ou em prisão domiciliar até o
surgimento de vaga. Precedentes” (HC 386.300/RS, DJe 06/04/2017).
o b) Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos
destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como
adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa
de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º,
alíneas “b” e “c”, do CP);
o c) Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de
sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente
monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito
e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto;
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o d) Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser


deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825)..
 A inexistência de estabelecimento penal adequado ao regime prisional determinado para o
cumprimento da pena não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão domiciliar.
Deve ser observado o item C do julgado acima, referente à Súmula vinculante 56. STJ
REPETITIVO 08/2018.
 Advogado e sala de estado maior em fase de execução provisória da pena
o Lei: SIM, até o trânsito em julgado.
o STJ: Não, a prerrogativa não se aplica no caso de execução provisória.
o STF: não se manifestou, no entanto não admite reclamação contra decisões de
tribunais que determinam prisão de advogados condenados em 2ª instância.
 Não é possível a execução provisória da pena se foram
postos embargos de declaração contra o acórdão condenatório proferido pelo Tribunal de 2ª
instância e este recurso ainda não foi julgado. A execução da pena depois da
prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado da
condenação não é automática quando a decisão ainda é passível de integração pelo
Tribunal de Justiça.
 Não é possível execução provisória da pena se ainda não foi esgotada a segunda instância, ou
seja, se ambas as partes não foram intimadas.
 Súmula 717-STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em
sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
209  Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
o A jurisprudência é no sentido de que o processo de execução criminal
provisória pode ser formado ainda que haja recurso de apelação interposto
pelo Ministério Público pendente de julgamento, não sendo este óbice à
obtenção de benefícios provisórios na execução da pena (STJ RHC 31.222/RJ,
julgado em 24/04/2012).
 O STF firmou o entendimento de que o sistema do regime disciplinar diferenciado (RDD) é
constitucional, desde que demonstrados no caso concreto a necessidade da medida imposta, o
que significa dizer que, aos presos que demonstrem alta periculosidade, conforme o artigo 50
da LEP, deve-se aplicar regime mais rigoroso, em respeito à individualização da pena.
o Aqui, é importante dizer que não viola direitos fundamentais, vez que há
visitas, porém, controladas, mediante agendamento.
 A hipótese do art. 318, II, do CPP é chamada de prisão domiciliar humanitária. Em um caso
concreto, o STF entendeu que deveria conceder prisão humanitária ao réu tendo em vista o
alto risco de saúde, a grande possibilidade de desenvolver infecções no cárcere e a
impossibilidade de tratamento médico adequado na unidade prisional ou em estabelecimento
hospitalar — tudo demostrado satisfatoriamente no laudo pericial. Considerou-se que a
concessão da medida era necessária para preservar a integridade física e moral do paciente,
em respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF).
 O STJ consolidou entendimento no sentido de que a situação irregular do estrangeiro no País
não é circunstância, por si só, capaz de afastar o princípio da igualdade entre nacionais e
estrangeiros, razão pela qual a existência de processo ou mesmo decreto de expulsão em
desfavor do estrangeiro não impede a concessão dos benefícios da progressão de regime ou
do livramento condicional, tendo em vista que a expulsão poderá ocorrer, conforme o
interesse nacional, após o cumprimento da pena, ou mesmo antes disto
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 É inviável a remoção de apenado para outro Estado com fundamento em suposto tratamento
privilegiado. Apenas razões excepcionalíssimas e devidamente fundamentadas poderiam
legitimar essa medida
 Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar será necessária a oitiva prévia do
condenado em processo administrativo (Súmula 533-STJ). No entanto, é possível que seja
determinada a regressão cautelar do reeducando que praticou falta grave mesmo sem a sua
prévia oitiva. Assim, para fins de regressão cautelar não é necessária a prévia instauração ou
conclusão do procedimento administrativo - PAD e a oitiva do sentenciado em juízo. Tais
providências são exigíveis apenas no caso de regressão definitiva. É imprescindível a realização
de audiência de justificação apenas quando o Juízo da execução penal proceder à regressão
definitiva do apenado a regime mais gravoso, de modo que a regressão cautelar prescinde de
prévia oitiva judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 81.352/MA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
18/04/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 423.979/RS, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura,
julgado em 06/03/2018. Prática de falta grave e regressão:
o Regressão definitiva: é necessária oitiva prévia do condenado.
o Regressão cautelar: não é necessária oitiva prévia do condenado.
 Art. 4o A admissão do preso, condenado ou provisório, dependerá de decisão prévia e
fundamentada do juízo federal competente, após receber os autos de transferência enviados
pelo juízo responsável pela execução penal ou pela prisão provisória.
o § 1o A execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que
durar a transferência, ficará a cargo do juízo federal competente.
o § 2o Apenas a fiscalização da prisão provisória será deprecada, mediante carta
210 precatória, pelo juízo de origem ao juízo federal competente, mantendo
aquele juízo a competência para o processo e para os respectivos incidentes.
 A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da
unificação das penas, não encontra respaldo legal. Assim, não se pode desconsiderar o
período de cumprimento de pena desde a última prisão ou desde a última infração
disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da execução da pena, seja por crime
praticado depois e já apontado como falta disciplinar grave. Se isso for
desconsiderado, haverá excesso de execução. STJ. 3ª Seção. REsp 1557461-SC, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621).
o A falta grave já altera a data-base, de modo que não pode ignorar o que já foi
cumprido.
6.15.1. Remição
 Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir,
por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
 A remição pode se dar com estudo; 12h de estudo dá direito a remir 1 dia de pena. As 12 horas
devem ser divididas em no mínimo 3 dias.
 É possível que o condenado cumule a remição pelo trabalho e pelo estudo, desde que as
horas diárias de trabalho e de estudo sejam compatíveis.
 A LEP dispõe sobre remição em DIAS = 3 dias trabalhados dá direito a remir 1 dia de pena.
o Só se aplica ao fechado e semiaberto. Não se aplica ao aberto e livramento
condicional.
o A jornada de trabalho deve ser de no mínimo 6h e de no máximo 8h.
o O STJ adota o sistema legal de DIAS. Entretanto, há exceções:
 Quando o preso trabalhar mais de 8h, as horas excedentes poderão
ser aproveitadas e, quando completarem 18h (mínimo para 3 dias),
autoriza a remição de 1 dia.

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 Se um apenado trabalha apenas 4h ao dia, por determinação da


direção do presídio, o horário deverá ser remido, ainda que não esteja
conforme a lei (6h a 8h), pois gerou expectativa de que tal horário
fosse aproveitado, não sendo possível desprezá-lo, proteção da
confiança e segurança jurídica, pois o ato não derivou de insubmissão
ou de indisciplina do preso.
 É vedada a remissão ficta ou virtual, uma vez que deve o preso, pessoalmente, desempenhar
atos próprios tendentes à ressocialização. (RDD ou ausência de estrutura para
trabalho/estudo)
o Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem
laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas
as pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria
substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir
a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige, necessariamente, a
prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo
Estado do direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo
detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou leitura, não há que se falar
em direito à remição.
o A lei não autoriza o trabalho interno no presídio pelo preso, no caso de RDD, já
que sua saída da cela se resume ao banho diário de sol por duas horas, não
havendo inconstitucionalidade na medida.

211  O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, continuará a
beneficiar-se com a remição.
 É possível a remição de pena com base no trabalho exercido durante o período em que o
apenado esteve preso em sua residência (prisão domiciliar). A fim de evitar uma interpretação
restritiva da norma, impõe-se o reconhecimento dos dias trabalhados, ainda que em prisão
domiciliar. Em se tratando de remição da pena é possível fazer uma interpretação extensiva
em prol do preso e da sociedade.
 O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades
laborais e à educação formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura, que
é atividade complementar, mas não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente,
havendo compatibilidade de horários. STJ. 5ª Turma. HC 353689-SP, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 14/6/2016 (Info 587). É possível computar a remição pelo simples fato de o
apenado ficar lendo livros (sem fazer um curso formal)? SIM. A atividade de leitura pode ser
considerada para fins de remição de parte do tempo de execução da pena. STJ. 6ª Turma. HC
312486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 9/6/2015 (Info 564).
 O fato de o apenado estar no gozo do livramento condicional não constitui condição
impeditiva à concessão da benesse da comutação das penas, não se podendo computar o
período em que o apenado permaneceu solto em livramento como pena cumprida enquanto
não sobrinha decisão final a respeito da revogação ou manutenção o benefício.

6.15.2. Crimes hediondos


 Interpretação da súmula vinculante 26: o regime integral fechado é inconstitucional e
a progressão, antes de 2007, se faz com 1/6. A lei que alterou a progressão para 2/5 e 3/5, por

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ser mais prejudicial, em verdade (em que pese aparentemente seja mais benéfica), não
retroage para crimes cometidos antes de sua vigência.
 SV 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
 É inconstitucional o cumprimento de pena em regime integralmente fechado em crimes
hediondos, conforme foi preconizado na lei 8072, artigo 2.
 Em crimes hediondos, a progressão se dará após o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, e
3/5 da pena, se reincidente. Tal legislação só se aplica APÓS 2007, quando da edição da lei.
o Antes da lei, vigorava o regime integral fechado, que foi declarado
inconstitucional, ou seja, nasceu morto tal regime. Assim, antes da lei, a
progressão de pena era 1/6 para primário. SV26
 A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais
gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e
da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto
observando a singularidade do caso concreto. Assim, é inconstitucional a fixação de regime
inicial fechado com base unicamente na hediondez do delito. STF. 1ª Turma. ARE 935967 AgR,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/03/2016. STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 10/05/2016.

212 7. DIREITO ECONÔMICO


7.1. Teoria Geral: introdução, constituição e conceitos
Constituição Econômica Brasileira. Ordem constitucional econômica: princípios gerais da
atividade econômica. Tipologia dos sistemas econômicos. Ordem jurídico-econômica.
Conceito. Ordem econômica e regime político. Sujeitos econômicos. Intervenção do Estado
no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção.
Intervenção no direito positivo brasileiro.

● O Princípio da Livre Concorrência NÃO faz com que os agentes econômicos estejam LIVRES
para ESTABELECER AS REGRAS de competição, pois cabe ao Estado Interventor elaborar as
regras.
● O princípio da defesa do meio ambiente é previsto na Constituição Econômica, no artigo 170,
dispondo que poderá haver tratamento diferenciado às empresas, conforme o grau de
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
● Diante da competência da União de explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os portos marítimos, fluviais e lacustres, o serviço de docas tem
necessariamente natureza pública.
● Para o texto constitucional, em regra, desde que uma empresa seja brasileira (constituída no
Brasil e sujeita às leis brasileiras), a origem do seu capital é irrelevante. Assim, em relação às
empresas de segurança privada:
o Empresas constituídas no exterior são proibidas de atuar no setor de
segurança privada.
o Empresas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País são consideradas “empresas brasileiras”, conforme o
artigo 1126 do Código Civil, sendo irrelevante que tenham na sua composição

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societária, direta ou indiretamente, participação ou controle pelo capital


estrangeiro.
● Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional OU a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. – Os requisitos não são
cumulativos.
● EP e SEM que presta atividade econômica estão submetidas ao regime trabalhista, motivo pelo
qual o constituinte estadual não pode tratar de temática relativa a direito do trabalho no
âmbito de EP e SEM. Não poderão ter tratamento diferenciado, salvo as prestadoras de
serviços públicos.
● O direito econômico é tratado de forma autônoma pela Constituição Federal, uma vez que o
artigo 24 prescreve que compete concorrentemente a União, estados e DF legislar sobre
direito econômico.
● Art. 173: apenas em duas hipóteses o Estado poderá exercer atividade econômica em sentido
estrito: quando houver previsão constitucional ou quando houver permissão legal. Entretanto,
nesse último caso, os imperativos da segurança nacional ou relevantes interesses coletivos
devem estar presentes
● O princípio da igualdade econômica é meramente formal, sendo este uma vertente da livre
iniciativa e garantidor da liberdade de concorrência.
● A liberdade econômica possui duas vertentes: a) liberdade de empresa (livre-iniciativa),
segundo a qual há livre escolha da atividade a desempenhar, bem como dos meios para o fiel
desempenho; b) liberdade de concorrência, baseada na livre disputa de mercados. A liberdade
213 econômica não pode ser limitada e nem mitigada, como regra, regulando-se por interesse
essencialmente privado.
● À concessionária, é garantida a propriedade do produto da lavra  Só em relação à minérios.
Petróleo não.
● Ao proprietário do solo, é garantida a participação, na forma e no valor que dispuser a lei.
● Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia
renovável de capacidade reduzida.
● STF: A União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos
suportados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período
objeto da ação.
● CIDE: não existe óbice para cobrança de CIDE ao INCRA mesmo em relação ás empresas
urbanas.
● Revogado: art. 171, §1º da CF, que permitia à Lei conceder à empresa brasileira de capital
nacional, proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades
consideradas estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao desenvolvimento do
país. (Distinção entre empresas estrangeiras e nacionais com base em seu capital. Agora
entende-se como nacional aquela constituída sob as leis brasileiras e no brasil, pouco
importando seu capital)
● De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, os produtos da lavra das jazidas
de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos, podem ser atribuídos a terceiros
sem que implique afronta à reserva de monopólio da União.
o A propriedade é da União. Porém, a União pode delegar o serviço de
exploração, de modo que a propriedade (relativa) do produto da lavra pode
ser atribuída à empresa delegada. NÃO É CONCESSÃO! Os exploradores de
petróleo não podem ser chamados de concessionárias, vez que são titulares
de um tipo de propriedade diverso daquele do qual são titulares os
concessionários das jazidas e recursos minerais do artigo 176.
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▪ A propriedade do petróleo, das empresas, não é plena, mas relativa,


sua comercialização é administrada pela ANP (autarquia).
▪ A petrobrás não é concessionária, não presta serviço público. É
empresa pública que explora atividade econômica em sentido estrito,
sujeitando-se ao regime jurídico de pessoa privada e atuando em
concorrência
▪ Em suma: as empresas estatais ou privadas que lavrem jazidas de
petróleo, mediante acordo firmado com a União, não podem ser
denominadas concessionárias, ante a natureza da propriedade da qual
são titulares.
o Ler STF ADI 3273. O executivo pode atribuir royalties a terceiros, desde que
assegurada a participação ou compensação financeira ao Ente Federado
produtor sobre o resultado decorrente da extração, ainda que em percentual
inferior a 10% (Obs: pode ser até no mínimo 5%, tendo em conta os riscos
geológicos e expectativas de produção) (previsão dos percentuais é de origem
legal, e não constitucional). A CF prevê a participação dos entes federados no
resultado da exploração, mas não a limita a qualquer porcentagem.
o A importância cobrada das concessionárias que exploram recursos minerais é
classificada como receita originária, não integrante do sistema tributário
nacional, mas sim da ordem econômica. O fato de a prestação pecuniária
compulsória ser instituída por lei não torna necessariamente um tributo a
participação nos resultados ou da compensação financeira.
214 ▪ CFEM é calculada à alíquota máxima de 3% (três por cento) sobre o
valor do faturamento líquido resultante da venda do produto mineral
Quanto ao particular proprietário do solo, é assegurada a
PARTICIPAÇÃO nos resultados da lavra, e não COMPENSAÇÃO
FINANCEIRA. A previsão de tal arrecadação é a do artigo 20, §1º, da
CF.
● O Supremo Tribunal Federal entende que é constitucional a Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico instituída pela Lei 10.168/2000 em razão de ser dispensável a edição de lei
complementar para a instituição dessa espécie tributária, e desnecessária a vinculação direta
entre os benefícios dela decorrentes e o contribuinte. Mas sim, vincular aos fatos previstos na
CF.
● Constitucional lei municipal que regula tempo de espera em fila de banco, e não horário de
funcionamento de banco.
● Lembrar que para petróleo e jazidas, a União pode contratar com empresas privadas ou
estatais a realização de exploração destas. Já para materiais nucleares, NÃO, sendo permitida
tão somente, através de permissão, comercialização, utilização e produção de radioisótopos
com 2h de meia-vida inferior ou igual a 2h, e para uso médico, agrícola e industrial.
● Lembrar que empresas públicas que prestam serviços públicos podem gozar de privilégios
especiais não concedidos ao setor privado.
● Princípio da proteção transparente: não há vedação ao tratamento protecionista em relação
ao produto equivalente de origem nacional. A proteção deve ser realizada essencialmente por
tarifa, tida como uma forma transparente de divulgação do grau de proteção que determinado
país dispensa a seus produtos. Esse princípio é considerado como o que menor provoca
distorção ao comércio internacional.
● Falhas de mercado: situações contrárias à teoria da mão invisível, tendo em vista que a busca
pelo desejo individual pode acabar prejudicando a sociedade caso não haja regulação estatal.
As falhas são:
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o Deficiência na concorrência: ocorre quando não há condições favoráveis no


mercado aptas a envolver os agentes econômicos numa situação de concorrência
equilibrada, como ocorre em cenários de monopólios ou oligopólios;
o Deficiência na distribuição dos bens essenciais coletivos: quando o mercado não é
capaz de prover os bens necessários à coletividade;
o Externalidades: consequências observadas quando uma atividade econômica
exercida por um agente causa reflexos negativos sobre terceiros, como no caso da
poluição gerada pela exploração de minério de ferro etc.;
o Assimetria informativa: quando as informações para o consumidor e para o
Estado são imperfeitas, geralmente ocorrendo com a adoção de práticas ardilosas
pelos agentes econômicos que lhes possibilitará algum ganho diferenciado;
o Imobilidade dos fatores de produção: representa a falta de agilidade de
modificação dos fatores de produção, a fim de se poder reagir aos sinais
indicativos, representados pelos preços, revertendo automaticamente certas
situações indesejáveis.
● É constitucional a cobrança de CIDE para financiar projetos da reforma agrária de empresas
urbanas.
● O zoneamento urbano não pode violar direitos e garantias constitucionais, sob pena de serem
ilegítimos, assim, dispõe a súmula vinculante 49 que: “Ofende o princípio da livre concorrência
lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.”
● Súmula vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
215 estabelecimento comercial. Ratio: é matéria de interesse local, cuja competência é do
município. O horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender às
características próprias das cidades, análise a ser feita pelo Poder Legislativo local.
o Exceção: A competência para definir o horário de funcionamento das instituições
financeiras é da União. Isso porque esse assunto (horário bancário) traz
consequências diretas para transações comerciais intermunicipais e
interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes partes do
país, contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam) o interesse local do
Município. Enfim, o horário de funcionamento bancária é um assunto de interesse
nacional (STF RE 118363/PR).
o Os Municípios podem legislar sobre medidas que propiciem segurança, conforto e
rapidez aos usuários de serviços bancários (STF ARE 691591 AgR/RS, julgado em
18/12/2012). Exs: tempo máximo de espera na fila (“Lei das Filas”), instalação de
banheiros e bebedouros nas agências, colocação de cadeiras de espera para
idosos, disponibilização de cadeiras de rodas, medidas para segurança dos clientes
etc. Tais assuntos, apesar de envolverem bancos, são considerados de interesse
local e podem ser tratados por lei municipal.
● Os correios prestam SERVIÇO PÚBLICO, e não atividade econômica. Ademais, o serviço público
de serviço postal e correio aéreo nacional são de EXCLUSIVIDADE da União, sob o regime de
PRIVILÉGIO, e não MONOPÓLIO. O Monopólio é ínsito às atividades econômicas. STF:
“Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes
econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é uma expressão de
uma situação de privilégio.”
● Inconstitucional atribuir responsabilidade solidária aos sócios da pessoa jurídica, uma vez que
há estabelecimento de confusão entre os patrimônios da PF e PJ, importando desconsideração
ex lege objetiva da personalidade jurídica, descaracterizando sociedades limitadas.
Irrazoabilidade e inibição da livre iniciativa.
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● Inconstitucional exigência pelo fisco de fiança, garantia real ou fidejussória para impressão de
notas fiscais de contribuintes em débito com o Fisco. Trata-se de sanção política e violação ao
livre exercício de atividade econômica, devido processo legal e proporcionalidade. Só execução
fiscal pode cobrar créditos.
● Princípios de econômicos de INTEGRAÇÃO: são os que objetivam resolver os problemas da
marginalização regional e social. Estão no 170, V a VIII. 
o defesa do consumidor,
o defesa do meio ambiente,
o redução das desigualdades sociais e a
o busca pelo pleno emprego.
● Lembrar que o ESTADO não pode regular a atividade econômica de interesse local dos
MUNICÍPIOS. Viola o pacto federativo. Ex: isenção de passagem, através de lei estadual, ao
transporte coletivo municipal.
● 1. No mérito, a jurisprudência da Casa já assentou o entendimento de que a imunidade
recíproca prevista no art. 150, VI, “a”, e §§ 2º e 3º, da Constituição Federal é extensível à ECT,
prestadora de serviços públicos essenciais, obrigatórios e exclusivos do Estado, quais sejam, o
serviço postal e o correio aéreo nacional (art. art. 21, X, da CF/88). Esta imunidade subsiste em
relação a todas as suas atividades, incluídos os serviços não exclusivos, dispensados em
regime concorrencial, os quais se prestam, via subsídio cruzado, ao financiamento do serviço
postal deficitário.
● Ordem econômica em sentido amplo disciplina as relações privadas na economia.
● O Estado Liberal surgiu para substituir o Estado Absolutista, valorizando as liberdades
216 individuais. Surgiu para aliviar a intervenção do Estado na economia, aquecendo as relações
comerciais.
● A liberdade econômica, que consiste na manifestação da liberdade no ciclo econômico
(produção, circulação/distribuição e consumo), não pode ser limitada nem mitigada,
regulando-se pelo interesse essencialmente privado.
o O princípio possui duas espécies: liberdade de empresa, segundo a qual há livre
escolha da atividade a desempenhar, bem como dos meios para o fiel
desempenho, e a liberdade de concorrência, baseada na livre disputa de
mercados.
● O princípio da igualdade econômica é meramente formal e nivela os agentes detentores do
poderio econômico com os que, apesar de não deterem parcela significativa do mercado, dele
participam, sendo vitais para a sua salutar manutenção.
● É inconstitucional, por infringir o princípio da razoabilidade e inibir a iniciativa privada, norma
de lei ordinária que imponha aos sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada
a responsabilidade solidária, mediante seus bens pessoais, pelos débitos da pessoa jurídica
para com a seguridade social.
o Só lei complementar pode dispor sobre isso, pois trata do sujeito passivo
tributário.
● A ordem econômica vigente é imposta pelo modelo político do Estado adotado no Brasil.
● As normas de direito econômico são tanto de natureza estatutárias/preceptivas quanto
diretivas.
● A liberdade de comércio e de indústria representa um dos corolários do princípio da livre
iniciativa, marco no Decreto d’Allarde. Esse decreto foi editado na França, em 1791, sendo um
dos corolários do liberalismo, preconizando liberdade do comércio e da indústria, como defesa
à livre concorrência e livre mercado. É uma das vertentes oriundas do iluminismo.

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● O Estado intervencionista pode interferir na economia nacional de forma proativa, de modo


que o mercado pode ser regulado por leis consumeiristas, econômicas e financeiras, que
passaram a limitar a livre iniciativa.
● A função social da propriedade é aplicada, inclusive, à propriedade empresarial, incluída os
bens de produção (propriedade dinâmica). É no plano da empresa, motor da economia
moderna, que o princípio da função social da propriedade se realiza em toda sua plenitude.
● A ordem econômica da CF de 88 é aberta, porque permite atualização pelo legislador
ordinário, desde que seja respeitado o núcleo do sistema maior.
o Não é um modelo acabado, porque a CF 88 tem mecanismos que permitem ao
legislador ordinário decidir sempre em busca do interesse social.
● Monopólio da União:
o Pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos. Minérios não. Minério tem sua exploração autorizada pela União em
favor de terceiros, de modo que os Estados/Municípios podem fiscalizar seu
exercício.
o Refinação do petróleo nacional ou estrangeiro.
o Importação ou exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das
atividades previstas nos incisos anteriores;
o Transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados
básicos de petróleo produzidos no país, bem assim, o transporte por meio de
conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás de qualquer origem.
o A pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o
217 comércio de minérios e minerais NUCLEARES e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos, cuja comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob
regime de permissão.
● As atividades acima, com exceção das nucleares, poderão ser efetivadas através de
contratação pela União de empresas estatais ou privadas.
● O Monopólio natural não é vedado pela CF, e pode se dar, por exemplo, em virtude de avanços
tecnológicos nos fatores de produção desenvolvidos por determinada empresa, ou, ainda, da
impossibilidade física de exploração da atividade por mais de um agente. Ex: transporte
ferroviário.
o
● CONCEITO DO MIN. EROS GRAU SOBRE INTERVENÇÃO.
● Intervenção DIRETA na economia:
o Absorção: atua em regime de monopólio ou exclusividade (privilégio).
o Participação: atua em livre concorrência.
● Intervenção INDIRETA na economia
o Direção: edita normas de observância obrigatória e de incidência direta nas
relações econômicas públicas e privadas. (congelamento de preços, criação de
agências reguladoras)
o Indução: estabelece regras de incidência indireta, por meio de regras
instrumentais que afetam indiretamente a atividade econômica, seja
incentivando ou desincentivando determinadas atividades. (tributação)
● O Brasil adotou a ideia de um Estado Regulador que atuará nas situações de anormalidade do
mercado para promover o bem-estar econômico da população. O Estado regulador reserva
para si o desempenho material e direto de algumas atividades essenciais e concentra seus
esforços em produzir um conjunto de normas e decisões que influenciem o funcionamento das
instituições estatais e não estatais, orientando-as em direção de objetivos eleitos.

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7.2. Direito Concorrencial – Lei antitruste


Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a
ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado.
Abuso do poder econômico. Práticas desleais de comércio: dumping. Disciplina das medidas
de salvaguarda.
 Resumo das Infrações da ordem econômica (texto de lei)
o Aplica-se a LDC à: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado,
associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda
que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que
exerçam atividade sob o regime de monopólio legal!
o Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de
grupo econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas
praticar infração à ordem econômica.
 Sócios não, OK, só administradores e dirigentes. Vide abaixo:
 As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a
responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus
dirigentes ou administradores, SOLIDARIAMENTE.

 Na aplicação das penas da LDC não serão considerados os efeitos positivos produzidos no
mercado, mas só os efeitos negativos.
 Na aplicação das penas, leva-se em consideração: a gravidade da infração; a boa-fé do infrator;
218 a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; a consumação ou não da infração; o grau de
lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à economia nacional, aos consumidores ou a
terceiros; os efeitos econômicos negativos produzidos no mercado; a situação econômica do
infrator e a reincidência.
 Suspende a prescrição: durante a vigência do compromisso de cessação ou do acordo em
controle de concentrações.
 Interrompe a prescrição: qualquer ato administrativo ou judicial que tenha por objeto a
apuração da infração contra a ordem econômica, bem como a notificação ou a intimação da
investigada. (Na lei anticorrupção interrompe a prescrição)
 Em caso de reincidência, as multas serão aplicadas em dobro.
● Presidentes e Conselheiros do CADE ficam proibidos por 120 dias de representar qualquer
pessoa, física, jurídica ou interesse perante o SBDC, e não só perante o CADE, ressalvada a
defesa de direito próprio.
● Gun Jumping: prática caracterizada pela consumação de atos de concentração antes de uma
decisão final do CADE. Importado do direito estrangeiro e EXPRESSAMENTE previsto na lei do
CADE.
o Por sua vez, a consumação de atos de concentração econômica antes da
decisão final da autoridade antitruste (prática também conhecida como gun
jumping pela literatura e jurisprudência estrangeiras) é vedada pelo artigo 88,
§3º da LDC. Esse dispositivo obriga as partes a absterem-se de concluir o ato
de concentração antes de finalizada a análise prévia do Cade, sob pena de
possível declaração de nulidade da operação, imposição de multa pecuniária
em valores que variam entre R$ 60.000,00 e R$ 60.000.000,00 – a depender da
condição econômica dos envolvidos, dolo, má-fé e do potencial
anticompetitivo da operação, entre outros – e a possibilidade de abertura de
processo administrativo contra as partes envolvidas. Assim, devem ser

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preservadas até a decisão final da operação as condições de concorrência


entre as empresas envolvidas (artigo 88, §4º da LDC).
o Até a decisão final sobre a operação, deverão ser preservadas as condições de
concorrência entre as empresas envolvidas, sob pena de aplicação das sanções
previstas no §3º (multa de R$ 60 mil a R$ 60 milhões).
● Sham litigation: é um conceito importado do direito estrangeiro, podendo ser conceituado
como o uso abusivo do direito de petição (administrativo ou judicial) com efeitos lesivos à
concorrência. É uma prática que configura infração da ordem econômica e deve ser repelida
pelo Conselho de Defesa Econômica – CADE.
● O sigilo no acordo de leniência deve ser PRESERVADO ATÉ o fim da INSTRUÇÃO PRELIMINAR.
● O acordo de leniência pode levar à extinção ou à redução de 1/3 à 2/3 da penalidade aplicável,
● Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da
conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer
divulgação.
● Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar
novo acordo de leniência no prazo de 3 anos contado da data de seu julgamento.
● O acordo de leniência é celebrado com o CADE, e não com a União.
o Não necessita da intervenção do MP no acordo.
o
● Mesmo a sociedade empresária que tenha estado à frente da conduta tida como infracionária
poderá celebrar o acordo de leniência. Com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de

219 infração à ordem econômica, é possível celebrar o acordo de leniência, desde que colaborem
efetivamente com as investigações e o processo administrativo.
● No acordo de leniência, decreta-se a extinção da ação punitiva da administração em favor do
infrator, quando a proposta tiver sido apresentada à Superintendência sem que esta tivesse
conhecimento prévio da infração noticiada. Nos demais casos, reduz-se de 1 a 2/3,
observando na fixação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa-fé do infrator no
cumprimento do acordo de leniência.
● Nos casos de crimes contra a ordem econômica da lei 8137 e nos crimes de cartel, (8666), a
celebração de acordo de leniência determina a SUSPENSÃO do curso do prazo prescricional e
impede o oferecimento da denúncia em relação ao agente beneficiário.
o Cumprido o acordo de leniência, extingue-se a punibilidade
automaticamente dos crimes.
● Não configura crime contra a ordem econômica a retenção de bens de produção e consumo
para garantir a cobertura dos custos de produção.
 Royalty: Remuneração pelo fator de produção tecnológica, protegido pelo direito marcário.
 Know-How: conhecimento da técnica de produção.
 Salário: remuneração pelo fator de produção de mão de obra.
 Cartel: concentração horizontal: acordo (e não união formal) entre empresas independentes
para atuação coordenada, no sentindo de restringir a concorrência e elevar preços. Ocorre
entre concorrentes diretos, ou seja, que exploram um mesmo mercado.
 A formação de cartel é marcada pelo acordo entre em presas que atuam em
um mesmo ramo.
 É o acordo horizontal entre agentes de um mesmo mercado relevante.
 Truste: concentração vertical fusão de maioria das empresas dententoras do mercado em uma
só grande empresa. Trata-se de união entre responsáveis pela chegada da mercadoria até o
consumidor, realizada entre empresas e fornecedores ou distribuidores.

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 Conglomeração: os agentes econômicos são distintos, oferecendo produtos ou serviços


diversos (que podem ser complementares entre si) mas que não fazem parte da mesma
cadeia produtiva.
 Join Venture: união de empresas para desenvolverem certas atividades econômicas. Trata-se
de empreendimentos conjuntos. Há uma finalidade específica; Ex: construir uma rodovia.
 A Regra da Razão permite avaliar se houve uma violação razoável no caso concreto. Entenda:
sempre haverá violação às leis concorrenciais quando for utilizada a regra da razão, mas esta
verifica se os efeitos foram benéficos ou se foram violadores. Portanto, não há que se falar
que se utiliza a regra da razão para ver se houve ou não violação às regras concorrenciais, pois
só se usa quando há violação, a fim de aferir os efeitos benéficos ou maléficos.
o Significa abrandamento da ilicitude dos atos de concentração e das práticas
anticompetitivas, visto que algumas operações e condutas, ainda que restrinjam a
concorrência, podem trazer efeitos benéficos ou ganhos de eficiência. Não há que se
falar, portanto, em conduta ilícita per si no direito econômico brasileiro, pois sempre
será necessário analisar seus efeitos no mercado. Se tais efeitos forem inexpressivos, a
questão deve ser resolvida no âmbito da responsabilidade civil ou contratual, ou mesmo
sob a ótica do consumidor, mas não pelo direito concorrencial.
 No que concerne às fusões bancárias, NÃO É COMPETÊNCIA DO CADE a aprovação dos atos
de fusão bancária: Os atos de concentração, aquisição ou fusão de instituição relacionados ao
SFN sempre foram de atribuição do BACEN, agência reguladora a quem compete normatizar e
fiscalizar o sistema financeiro como um todo. Ao CADE cabe fiscalizar as operações de
concentração ou desconcentração.
220  As condutas que caracterizem infração à ordem econômica terão essa qualidade ainda que os
danos à concorrência sejam apenas potencial, independente da intenção do infrator de
praticar ato anticompetitivo. Art. 36 CADE. Independe da intenção e do resultado. Basta a
potencialidade lesiva de danos à concorrência.
 Atos de concentração permitidos: a) aumente a produtividade ou competitividade; b) melhore
a qualidade de bens ou serviços; c) propicie a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou
econômico; d) sejam repassados aos consumidores partes relevantes dos benefícios
decorrentes.
 A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência do agente
econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II:
“dominar mercado relevante de bens e serviços”.
 Quando duas ou mais empresas celebram contrato associativo, consórcio ou joint venture,
destinados às licitações promovidas pela administração pública direta e indireta e aos
contratos delas decorrentes, não serão considerados atos de concentração.
● Acordo de Leniência previsto na lei do CADE:
o Se a Superintendência-Geral já dispunha de provas suficientes para assegurar a
condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo, há
vedação legal para assinatura do acordo de leniência.
▪ Ela pode ter provas e celebrar o acordo, mas não podem ser suficientes.
o Os requisitos são cumulativos – artigo 86 lei 12.529
▪ A empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada
ou sob investigação;
▪ A empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada
ou sob investigação a partir da propositura do acordo;
▪ A Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para
assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da
propositura do acordo e;
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▪ A empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e


permanentemente com as investigações e o processo administrativo,
comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada a todos os atos
processuais.
o Deverá resultar:
▪ Identificação dos demais envolvidos na infração e;
▪ Obtenção de informações e documentos que comprovem a infração
noticiada ou sob investigação.
o Aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a
quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito,
ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que
exerçam atividade sob regime de monopólio legal.
o Resulta: extinção da ação punitiva; redução de 1/3 a 2/3 da pena.
o Cumprido o acordo de leniência extingue-se a punibilidade dos crimes previstos na
lei 8137 e 8666.
o O beneficiário do acordo, que o descumprir, somente pode assinar outro ajuste de
leniência depois de decorridos três anos do julgamento da infração pelo Tribunal
Administrativo de Defesa Econômica.
o O acordo de leniência é firmado pelo CADE, e não pela União, por intermédio da
Superintedência-Geral, e não por Secretaria.
o
● CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica
221 ● Cabe ao MPF junto ao CADE emitir parecer nos processos administrativos para imposição de
sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do
Conselheiro-Relator
● À PGF, cabe: representar o CADE judicialmente e extrajudicialmente; prestar consultoria e
assessoramento jurídico; promover a execução judicial das decisões e julgados do CADE;
proceder à apuração da liquidez dos créditos do CADE, inscrevendo-os em dívida ativa para
fins de cobrança administrativa ou judicial, incluindo as multas. Portanto, não é a PGFN!!!;
emitir parecer quando solicitado.
● PGF não realiza estudos econômicos.
● CADE é entidade judicante, e com jurisdição em todo o território nacional.
● A cobrança de multa será executada pela lei 6830/80. LEF
● A posição dominante de mercado não é ilícita se adquirida ou mantidas por meios naturais,
não configurando, portanto, ilícito contra a ordem econômica.
● Empresas do mesmo conglomerado empresarial ao se fundirem não realizam ato de
concentração, sendo, portanto, irrelevante ao CADE.
● A conduta, para caracterizar infração à ordem econômica, deve gerar algum dos efeitos do
artigo 36. Assim, vender produto ou serviço injustificadamente abaixo do preço de custo, por
si só, não é considerado infração à ordem econômica, salvo se gerar algum dos efeitos do
artigo 36;
● Há presunção relativa – juris tantum – de posição dominante sempre que empresa ou grupo
de empresas forem capazes de alterar coordenadamente as condições de mercado,
independentemente do percentual de controle do mercado relevante. A lei fala em 20% mas
com alternatividade, ou seja, se conseguir alterar as condições de mercado não se fala em
percentual.
● A Lei do CADE prevê o prazo de 240 + 90 dias para aprovação dos atos de concentração
econômica. Entretanto, a Procuradoria Federal junto ao CADE emitiu parecer informando que

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após esse prazo ocorre a aprovação tácita do ato de concentração, vez que a lei do cadê
preconiza pela efetividade, de modo que as empresas não podem ficar a mercê da autarquia.
o A análise é prévia, ressalvada a possibilidade de exame ulterior de atos que a
princípio não ensejariam a atuação do CADE.
● A execução das decisões do Cade será promovida na Justiça Federal do Distrito Federal ou da
sede ou domicílio do executado, à escolha do Cade.
● Em intervenção judicial relativa a execução específica, se dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
o executado impugnar o interventor por motivo de inaptidão ou inidoneidade, feita a prova da
alegação em 3 (três) dias, o juiz decidirá em igual prazo.
● O processo de execução em juízo das decisões do Cade terá preferência sobre as demais
espécies de ação, exceto habeas corpus e mandado de segurança.
● 98. O oferecimento de embargos ou o ajuizamento de qualquer outra ação que vise à
desconstituição do título executivo não suspenderá a execução, se não for garantido o juízo no
valor das multas aplicadas, para que se garanta o cumprimento da decisão final proferida nos
autos, inclusive no que tange a multas diárias. §1º Para garantir o cumprimento das obrigações
de fazer, deverá o juiz fixar caução idônea.
● O rol de infrações previstas na lei do CADE não é taxativo. A conduta, para caracterizar
infração à ordem econômica, deve gerar algum dos efeitos do artigo 36.
o Qualquer conduta que tenha por propósito, ou seja capaz de produzir os efeitos
elencados nos incisos do art. 36 da lei 12529/2011, independentemente de
culpa, poderá ser tipificada como infração à ordem econômica, tal como a
imposição de preços excessivos, o que deverá ser analisado caso a caso,
222 conforme a regra da razão.
● O mercado relevante é a unidade de análise para avaliação do poder de mercado. É o que
define a fronteira da concorrência entre as empresas. A definição de mercado relevante leva
em consideração duas dimensões: a dimensão do produto e a dimensão geográfica.
o A LEI (ordinária) reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário de lucros. Não há
que se falar portanto em reserva de lei complementar para hipóteses de isenção à
lei antitruste.
o Por mercado relevante, entende-se o espaço no qual dois ou mais agentes
privados, concorrentes entre si, vão aplicar seus respectivos mecanismos e
disputar consumidores. Para tanto, valem-se de diversos instrumentos.
▪ Aspecto materiais: comercializar bens que se encontram dentro da mesma
opção de escolha consumeirista.
o Os mercados de varejo à distância têm peculiaridades que o diferenciam do
mercado tradicional.
o O mercado de venda de espaço virtual para publicidade é isolado, não se
reconhecendo um mercado relevante de vendas de espaços publicitários em geral.
o Para análise, leva-se em conta o custo, a distribuição/transporte.
● Para o cálculo de multa nas infrações administrativas contra a ordem econômica previstas na
lei do CADE, levar-se-á em consideração a consumação ou não da infração.
● Se um procedimento administrativo que tenha por fim julgar possíveis infrações da ordem
econômica estiver paralisado e aguardando decisão há mais de três anos, será permitido o
reconhecimento de ofício da prescrição intercorrente, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade decorrente da paralisação, se for o caso.
● As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa
e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente. Sócios,
per si, não são responsáveis, salvo se dirigentes ou administradores.
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● As infrações à ordem econômica independem de culpa.


● A conduta de impor preços excessivos pode, até mesmo independentemente de culpa, ser
infratora da ordem econômica, quando tenha por objeto ou possa produzir efeitos tais como
limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa. Esta
conduta não foi expressamente prevista na lei, mas se enquadra em limitar, falsear ou de
qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa.
● O concerto de condutas, ou a conduta uniforme acertada entre empresas concorrentes foi
mencionada pela Lei nº. 12.529/2011 como infração contra a ordem econômica por estar, em
regra, na esfera da livre iniciativa dos interessados.
● À Procuradoria Federal perante o CADE compete tomar as providências judiciais necessárias à
cessação de infrações de ordem econômica ou à obtenção de documentos para a instrução de
processos adminsitrativos de qualquer natureza.
● A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser
desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração
da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocada por má administração.
● A Secretaria de Acompanhamento Econômico pode promover a concorrência em órgãos de
governo e perante a sociedade cabendo-lhe, inclusive, requisitar informações e documentos
de quaisquer pessoas, órgãos autoridades e entidades, públicas ou privadas, mantendo o
sigilo legal quando for o caso (inclusive de Juiz Federal).
● A penalidade de proibição de exercer o comércio em nome próprio ou como representante da
223 pessoa jurídica, pelo prazo de 5 (cinco) anos está prevista no artigo 38, inciso VI, da lei do
CADE e pode ser aplicada, a depender da gravidade dos fatos, independentemente de ter
ocorrido reincidência ou não.
o A única previsão específica para o caso de reincidência é a multa em dobro do art.
37, §1º.
● A retenção de bens de produção e consumo não configuram infração sob qualquer pretexto.
Há de se analisar. Há uma exceção. 36, §3º: As seguintes condutas, além de outras, na medida
em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam
infração da ordem econômica: XVI - reter bens de produção ou de consumo, exceto para
garantir a cobertura dos custos de produção;
● Nas relações comerciais de prazo indeterminado, o rompimento da continuidade em razão de
recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou
anticoncorrenciais caracteriza infração à ordem econômica.
● Todo abuso de posição dominante implica em restrição aos princípios da livre iniciativa e da
livre concorrência.
o Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos
sob qualquer forma manifestados que tenham por objeto ou possam produzir os
seguintes efeitos, ainda que não alcançados: exercer de forma abusiva posição
dominante.
● Todo abuso de posição dominante implica em restrição aos princípios da livre iniciativa e da
livre concorrência, mas nem toda restrição à livre concorrência ou à livre iniciativa é domínio
de mercado ou abuso de posição dominante.
o Restrição à livre concorrência pelo Estado: regulação do mercado.
● A lei antitruste não fala nada sobre finalidade lucrativa como condição aos seus ditames, de
modo que cabe a toda e qualquer pessoa, inclusive associações e fundações.
● As condutas passíveis de caracterizar infração à ordem econômica são numerus apertus, ou
seja, rol aberto, exemplificativo.
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● É possível que um ato que não tenha chegado a existir no mundo jurídico configure infração à
ordem econômica: “Constituem infração à ordem econômica, independentemente de culpa,
os atos sob qualquer forma manifestados, ..”
● Lembre-se: aplica-se a lei antitruste às pessoas de direito público, de modo que uma
associação médica ou o conselho de medicina pode ser enquadrado como agente infrator da
ordem econômica, considerando ser possível sua identificação como sujeito econômico.
● O critério de submissão dos atos de concentração ao CADE decorre da aferição,
ALTERNATIVAMENTE, do faturamento bruto anual OU do volume de negócios total no País dos
grupos envolvidos, apurados no ano anterior à operação. (O art. 88, da Lei 12.529/11 refere
“faturamento bruto anual OU volume de negócios total”; logo, não é cumulativo
● Doutrina da essential facility: relativização do exercício do direito de propriedade em prol da
competição. Características: a) situação de dependência com a relação ao acesso de certo
bens, controlados por um agente com poder de mercado e; b) a impossibilidade física ou
econômica de duplicação da estrutura por parte dos concorrentes, isto é, a impossibilidade de
suprir essa dependência através da aquisição de bens próprios. A recusa injustificada do
detentor da estrutura em fornecer acesso aos concorrentes, mesmo diante da possibilidade de
liberar o acesso sem comprometer o serviço oferecido, é considerada abusiva.
● Em execução judicial do título executivo extrajudicial do CADE, eventual embargos ou
ajuizamento de qualquer outra ação que vise à desconstituição do título executivo não
suspenderá a execução, SALVO se for garantido o juízo no valor das multas aplicadas, para que
se garanta o cumprimento da decisão final, inclusive no que tange às multas diárias.
● O interventor não assume automaticamente a administração, tendo o executado 48h para
224 impugnar o interventor. (art. 103)
● A execução tem preferência sobre as demais espécies de ação, salvo HC e MS.
 Preços predatórios são os abaixo de determinada medida razoável de custo com o propósito
de eliminar competidores. Já os preços opressivos, em inglês price squeeze, caracterizam-se
pelo aumento do preço de matérias-primas ou insumos essenciais à atividade do concorrente,
sem aumentar seus próprios custos.
 O artigo 36, caput, da Lei 12.529 permite que eventual abuso de direito de propriedade
intelectual gere a sua incidência desde que haja um prejuízo à concorrência e implicação de
aumento arbitrário de lucros, configurando, pois, abuso de posição predominante.
 Compromisso de cessação é cabível em:
o I - procedimento preparatório de inquérito administrativo para
apuração de infrações à ordem econômica;
o II - inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem
econômica;
o III - processo administrativo para imposição de sanções administrativas
por infrações à ordem econômica;
 A lei do CADE alberga a teoria dos efeitos para sua aplicação, de modo que, segundo o artigo
2° da referida lei, ela será aplicada sem prejuízo de convenções e tratados de que seja
signatário o Brasil, às práticas cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que
nele produzam ou possam produzir efeitos. Aplica-se a lei do CADE, portanto:
o Aos atos cometidos no território nacional.
o Atos atos cometidos no exterior, mas que possam produzir efeitos no
território nacional.
o BIZU: A teoria dos efeitos (effects theory) permite a reivindicação e
exercício de competência jurisdicional, de forma simultânea, por parte
de diversas autoridades de concorrência. Trata-se de aplicação
transnacional do direito concorrencial. Essa teoria surgiu nos EUA em
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1945 no Caso Alcoa, em que se decidiu que as regras de concorrência


nacionais são aplicáveis a qualquer sociedade empresária,
independentemente de sua localização geográfica, quando seu
comportamento ou suas operações produzam um efeito interno no
território do país. O Cade já aplicou essa teoria no Caso Kolynos.
 O CADE aceita a aplicação de medidas salvaguardas para proteção de mercado interno,
quando verificado que as importações desse produto aumentaram em tais quantidades e, em
termos absolutos ou em relação à produção nacional, e em tais condições que causem ou
ameacem causar prejuízo grave à indústria doméstica de bens similares ou diretamente
concorrentes.
o Elevação de impostos de importação, por meio de adicional à TEC.
o Restrições quantitativas de produtos.
7.3. Comércio internacional - OMC
Mercosul. Gatt. OMC. Instrumentos de defesa comercial.
 Direito Comunitário VS. Integração econômica:
o Comunitário: não há supranacionalidade. Ex: mercosul.
o Integração: União Europeia - supranacionalidade
 Em âmbito de direito internacional, há um acordo sanitário e fitossanitário – Acordo SPS,
aplicado a todas as medidas que possam direta ou indiretamente afetar o comércio
internacional.
o Os membros assegurarão que qualquer medida sanitária e fitossanitária seja
225 aplicada apenas na medida do necessário para proteger a vida ou saúde
humana, animal ou vegetal; seja baseada em princípios científicos e não seja
mantida sem evidência científica suficiente.
o O referido acordo não prevê sanções em seu bojo, permitindo apenas o
pedido de explicações ao Estado membro considerado infrator: Quando um
Membro tiver razão para crer que uma medida sanitária ou fitossanitária
introduzida ou mantida por um outro Membro é restritiva ou tem o potencial
de restringir suas exportações e que a medida não está baseada em normas,
guias ou recomendações não existem, poderá solicitar – e o Membro que
mantém a medida terá que fornecer – uma explicação das razões para a
existência de tal medida sanitária ou fitossanitária
o O Acordo SPS determina a harmonização dos regulamentos sanitários e
fitossanitários, com base em padrões internacionais.
7.3.1. OMC
● Conferência de Bretton Woods estabeleceu: FMI, BIRD(BM) e OIC.
o FMI: manutenção da estabilidade cambial. Evitar a “desvalorização
competitiva”.
▪ Somente podem ser membros ESTADOS, com voto diferenciado
segundo grau de participação no fundo.
▪ Possui imunidade em relação a bens e funcionários, porém,
renunciável.
▪ Objetivo: cooperação monetária internacional; possui também viés
consultivo; expansão e crescimento equilibrado do comércio
internacional; estabilidade cambial; evitar depreciações cambiais
competitivas; instituição de um sistema multilateral de pagamentos;
colocar temporariamente a disposição os recursos do fundo, de modo
que corrijam os desequilíbrios de sua balança de pagamento; reduzir o

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grau de desequilíbrio das balanças de pagamento; quando afetados


por oscilações de caráter estável ou cíclico.
▪ O FMI não financia projetos de desenvolvimento. Os empréstimos são
de curto prazo para corrigir desequilíbrios temporários.
▪ Em desequilíbrios permanentes, o FMI não dá solução.
▪ Cláusula da moeda escassa: imposição de controles cambiais
(restrições) contra importações oriundas de países superavitários no
BP. Nunca invocada por qualquer país.
▪ Direitos Especiais de Saque: ativos de reserva internacional que
servem para suplementar as reservas oficiais dos países membros do
FMI. Necessidade de prover liquidez à economia e, adicionalmente,
combater o “Problema da desconfiança”. Não existem fisicamente, e
não podem ser utilizados para aquisição de bens e serviços, por serem
moedas escriturais, porém, podem ser utilizadas para transações entre
Bancos Centrais e entre um Banco Central e o FMI.
▪ Quando o FMI emite DES, TODOS os países-membros farão jus a estes
de forma proporcional à sua participação no fundo, e não somente o
país que requerer assistência para equilibrar a BP.
o BIRD: reconstrução da Europa. Financiamento de projetos de desenvolvimento
em nações menos favorecidas.
▪ Promover a reconstrução da europa devastada pela segunda guerra,
porém, foi o plano Marshall que recuperou a europa.
226 ▪ Assim, o papel foi dar auxílio aos países em desenvolvimento.
▪ Só pode ser do BIRD quem é membro do FMI.
▪ Concede empréstimos a médio e longo prazo.
▪ Só projetos públicos.
▪ Fornecem assistência financeira e técnica para o desenvolvimento.
▪ Os votos são feitos de acordo com as quotas do FMI (DES)
o OIC: regular o comércio internacional. Não foi constituída a OIC. (nunca saiu
do papel)
▪ GATT: foi o que regulou o comércio até a criação da OMC. Foi um
acordo internacional. – Rodada de Genebra 1947 – AINDA em vigor.
▪ OMC: criada em uma rodada do GATT - 94, rodada do Uruguai,
conhecida como “Ata de Marraqueche”. Não extinguiu o GATT, que
ainda está em vigor.
● Atualmente administra o sistema multilateral de comércio e é
administrado pela OMC.
● A rodada do Uruguai previu o comércio de serviços e os
direitos de propriedade INTELECTUAL. Ainda, discorreram
sobre setor têxtil e agrícola.
● Não existem compromissos ambientais assumidos no âmbito
da OMC, mas já há discussão.
● Função: administrar os acordos internacionais de seus
membros; fórum paras negociações internacionais baseado no
princípio da reciprocidade; resolução de controvérsias
comerciais; revisão das políticas comerciais; coerência na
formulação de políticas econômicas; supervisionar as políticas
comerciais nacionais

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● Progressiva liberalização do comércio internacional, promoção


do crescimento e desenvolvimento econômico.
o Temas: comércio de mercadorias, serviços e
propriedade intelectual.
● Rodada de Doha: “single undertaking” – os acordos
multilaterais da OMC vinculam obrigatoriamente a todos os
membros dessa organização internacional. A rodada tratou
sobre negociações agrícolas e outros assuntos.
o Foi a primeira rodada de negociações no âmbito da
OMC.
o Tratou da relutância dos países desenvolvidos em
manter subsídios às exportações e produções de bens
agrícolas.
o Tratou da promoção de condições dos países em
desenvolvimento no crescimento do comércio
internacional em níveis compatíveis com sua
necessidade.
● Conferência de Bali: confirmação da rodada de Doha
→facilitação do comércio; maior cooperação aduaneira
● Acordos Internacionais na OMC:
o Multilaterais: vinculam ou obrigam todos os membros.
Aqui origina o princípio single undertaking.
227 ▪ Acordos multilaterais sobre comércio de bens,
serviços e propriedades intelectuais.
▪ Normas e procedimento sobre solução de
controvérsias.
▪ Revisão de Políticas Comerciais.
o Plurilaterais: somente vinculam os membros que
expressamente a eles desejarem se obrigar.
▪ Comércio Plurilateral
● PRINCÍPIOS SISTEMA MULTILATERAL DE COMÉRCIO
● O princípio da nação mais favorecida (GATT) prevê que todos os Estados partes de um
contrato multilateral ou bilateral devem gozar dos mesmos privilégios e benefícios,
proporcionando um tratamento igualitário a todos os contratantes. Sempre que os membros
da OMC concederem um privilégio a qualquer país – integrante ou não da OMC – eles deverão
estender esse privilégio a todos os outros membros dessa organização internacional, em
relação aos produtos similares.
o Preexiste à OMC. É do GATT 47. Sua aplicação é incondicional – reciprocidade
difusa: alguém concede e todos se beneficiam.
o Função: impedir discriminação entre os países.
o Comportamento free-rider (caroneiro): aquele país que só se beneficia dos
reajustes dos outros países, mas não reduz suas próprias tarifas. Tal
comportamento é condenado, viola princípio da reciprocidade.
o Exceção: cláusula de habilitação, esquemas preferenciais, que pode prever
benefícios aos países periféricos ou em desenvolvimento, não podendo ser
concedido benefício aos países mais desenvolvidos.
▪ Sistema Geral de Preferências: os países desenvolvidos concedem
preferências aos países em desenvolvimento sem necessitar estendê-
las aos demais membros da OMC.
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▪ Sistema Global de Preferências Comerciais: os países em


desenvolvimento outorgam preferências tarifárias entre si.
o Exceção: reconhecimento de acordos regionais, observados alguns requisitos.
São áreas de livre comércio, uniões aduaneiras.
o Somente os membros da OMC podem ser beneficiados pela abertura
comercial promovida pelas negociações comerciais no âmbito da OMC.
o Produtos similares: não há norma para isso, é omisso.
● O princípio do tratamento nacional proíbe os membros da OMC de conceder tratamento mais
favorável aos produtos domésticos do que aos produtos de outros membros da OMC.
o Não viola o princípio tributário da vedação de isenção heterônomas, uma vez
que é a RFB que está negociando em âmbito internacional, e não a União.
● O sistema de resolução de controvérsias
● OSC: vinculado ao Conselho Geral, composto por todos os representantes da OMC. É
responsável por todo o processo de solução de controvérsias.
● Adota o consenso negativo: a decisão só não será adotada caso todos os membros da OMC
não concorde. Aplica-se em todas as decisões tomadas no âmbito de uma controvérsia da
OMC. O GATT era mais flexível com os prazos do que o sistema da OMC.
o Não resolvido, os países solicitam a formação de um grupo especial, formado
por três ou cinco integrantes, que irá votar por consenso negativo.
o Apreciarão questões de fato e de direito. Terceiros interessados podem
argumentar. Cabe amicus curiae.
228 o Elaboram relatório final e votam por consentimento negativo.
o Pode apelar ao órgão de apelação.
o Só os estados são legitimados.
● Há um órgão recursal: Órgão de apelação, composto por 7 juízes NOMEADOS. Segunda
instância.
o Só analisa questões de direito.
o Decidem e encaminham à OSC para cumprimento.
o Obrigatório e irrecorrível.
● O sistema de solução inicia-se com consultas diretas (primeira fase) ao país parte violador da
obrigação multilateral. Podem recorrer aos bons ofícios, mediação e conciliação.
● Fases: negociações diretas (consultas obrigatórias); exame pelo grupo especial; exame pelo
órgão de apelação; implementação – 4 fases.
● O relatório do grupo especial e do órgão de apelação somente vincularão às partes após sua
adoção pelo Órgão de Solução de Controvérsias.
● O não cumprimento da decisão da OMC gera sanções comerciais pelo país ganhador do litígio,
mas não expulsão da organização.
● O Comitê de Comércio e Desenvolvimento é um dos muitos comitês e comissões que integram
a OMC, que incluem também o Conselho de Comércio e Bens, Conselho de Comércio e
Serviços, Conselho de Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio, Comite
de Comércio e Meio Ambiente, Comitê de Acordos Regionais de Comércio e vários comitês
ligados aos Conselhos de Bens e de Comércio de Serviços, como os comitês de Acesso a
Mercados, Medidas Sanitárias a Fitossanitárias, Agricultura, Barreiras Técnicas ao Comércio e
Práticas Anti-dumping

7.3.2. Infrações no comércio exterior
o CAMEX é o órgão que: fixa as alíquotas do IE e II; fixa direitos antidumping, compensatórios e
salvaguardas.
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o MDIC: desenvolvimento da indústria, comércio e serviços; políticas de comércio exterior;


regulamenta e executa programas e atividades relativas ao comércio exterior.
▪ SECEX: propor medidas políticas fiscais e cambiais, de financiamento, de
seguro, de transporte e fretes e de promoção comercial; propor alíquotas
para o II e suas alterações; participa das negociações em acordos
internacionais; formula proposta de política pública de comércio exterior;
estabelece normas necessárias a sua implementação; coordena a
aplicação da defesa contra práticas desleais de comércio, bem como de
medidas de salvaguardas comerciais.
o INFRAÇÕES AO COMÉRCIO EXTERIOR: qualquer prática que possa gerar dano efetivo ou
potencial ao comércio internacional ou à indústria doméstica.
▪ DUMPING: introdução de um produto no mercado doméstico brasileiro, inclusive sob as
modalidades de drawback, a um preço de exportação inferior ao seu valor normal.
● Drawback: regime aduaneiro especial que consiste na suspensão ou eliminação de
tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto que
será exportado, funcionando como incentivo às exportações, pois reduz os custos
de produção por produtos exportáveis, tornando-os mais competitivos no
mercado internacional.
● Valor normal: preço do produto similar, em operações comerciais normais,
destinado ao consumo no mercado interno do país exportador.
o Operações comerciais normais: todas as vendas do produto similar
realizadas pelo produtor ou exportador sob investigação no mercado
229 interno do país exportador ou para um terceiro país.
o É necessária a demonstração de nexo causal entre as importações objeto de
dumping e o dano a indústria doméstica.
o A comparação será feita entre o valor normal e o valor de exportação
o A medida antidumping não visa proteger o mercado nacional, mas neutralizar os
efeitos do dumping. É possível a retroatividade, desde que previsto no acordo
sobre Subsídios e Medidas Compensatórias.
● Subsídios: ocorre quando órgão ou entidade de fomento fornece benefícios a um produtor
com o intuito de que ele tenha uma margem indevida de vantagens em suas trocas no
comércio externo.
o Há uma fonte de capital que incentiva o aumento de exportações e diminuição de
importações.
o O governo do país exportador fornece doações, empréstimos, aporte de capital e
outros; há perdão de receitas públicas devidas, não sendo consideradas como
subsídios as isenções nem as devoluções de impostos ou taxas, desde que o valor
não exceda os totais devidos.;
o Acionável: sujeito às medidas compensatórias SE for específico
▪ Específico: a autoridade outorgante lumina o acesso ao subsídio a uma
empresa ou indústria, ou a um grupo de empresas ou industrias, dentro da
jurisdição do governo.
▪ Não será subsídio específico a instituição de tributos ou a alteração de
alíquotas genericamente aplicáveis a todo e qualquer nível de governo
com competência para fazê-lo.
o Não acionável: pesquisas para o comércio.
● Triangulação (circunmvention): um país, após sofrer medidas antidumping, revende o
produto com pequenas alterações a outros países, fazendo com que a procedência do
produto reste descaracterizada.
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o Anticircunmvention: Extende-se a medida antidumping. Art. 10-A. As medidas


antidumping e compensatórias poderão ser estendidas a terceiros países, bem
como a partes, peças e componentes dos produtos objeto de medidas vigentes,
caso seja constatada a existência de práticas elisivas que frustrem a sua aplicação.
● Os direitos antidumping e os direitos compensatórios serão cobrados independentemente
de quaisquer obrigações de natureza tributária relativas à importação dos produtos
afetados.
● Em determinadas circunstâncias críticas, é possível a aplicação de MEDIDA DE
SALVAGUARDA PROVISÓRIA, com duração máxima de duzentos dias, podendo ser
suspensa por decisão interministerial antes do prazo final estabelecido.
● Os direitos compensatórios poderão ser cobrados em caráter retroativo.
● As medidas compensatórias visam a contrabalançar o subsídio concedido, direta ou
indiretamente, no país do exportador, para a fabricação ou transporte de qualquer
produto cuja entrada no Brasil cause dano à indústria doméstica.
● A medida antidumping, quando aplicada pela autoridade comercial, traduz-se em fator
pecuniário de composição de valores entre o preço de exportação do produto estrangeiro
e o respectivo valor da mercadoria similar ou concorrente, oriunda da indústria nacional.
● A medida antidumping estabelece a tarifação pecuniária imposta a mercadorias, produtos
ou bens importados, comercializados com preços considerados sob margem de dumping.
MEDIDAS ANTIDUMPING MEDIDAS COMPENSATÓRIAS MEDIDAS DE SALVAGUARDA
Têm por fito aumentar,
temporariamente, a proteção a
230 determinado setor da indústria
doméstica que esteja sofrendo ou sob a
iminência de sofrer prejuízo grave,
Por medida ou direito antidumping oriundos do incremento quantitativo e
Medida que visa a contrabalançar o vultoso das importações, em termos
entende-se a tarifação pecuniária
subsídio acionável concedido, direta ou absolutos ou em relação à produção
imposta às mercadorias, produtos ou
indiretamente, no país exportador, para nacional.
bens importados, comercializados com
a fabricação, produção, exportação ou
preço considerado sob margem de A medidas de salvaguarda objetivam
transporte de qualquer produto, cuja
dumping, objetivando, assim, neutralizar proteger a indústria doméstica diante
entrada no Brasil seja danosa à indústria
seu potencial efeito danoso à indústria da entrada de mercadorias estrangeiras
doméstica
nacional. qualitativamente superiores às
nacionais em decorrência da melhor
técnica de produção. O objetivo dessas
medidas é possibilitar a estruturação
interna para competição com os
concorrentes estrangeiros.

Na hipótese de se averiguar que os


Como a medida tem o objetivo de
danos foram provocados por motivos
reequilibrar o mercado interno, deve ser
alheios às importações acusadas de
apresentado um programa com metas a
dumping, que a margem de dumping é Considerar-se-á como montante de
serem cumpridas. Durante o período de
de minimis, ou, ainda, que o volume de subsídio acionável de minimis aqueles
vigência da medida, proceder-se-á a
importações é insignificante, não que forem inferiores a um por cento ad
acompanhamento da implementação
havendo risco de danos à indústria valorem, para países em
das metas propostas e, caso se averigue
doméstica, não haverá como se aplicar desenvolvimento, ou inferiores a dois
o não cumprimento destas, a medida
qualquer medida, arquivando-se os por cento ad valorem, para países
deverá ser revogada, sob pena de ser
autos. A margem de dumping será desenvolvidos.
desvirtuada e traduzir-se em medida
considerada como de minimis, quando
protecionista injustificável perante o
se situar em percentual inferior a DOIS
cenário de comércio internacional.
POR CENTO do preço de exportação.

Poderão ser cobradas em caráter Poderão ser cobrados em CARÁTER O Comitê da OMC deverá ser notificado
retroativo sobre produtos que tenham RETROATIVO sobre produtos que ANTES da aplicação e execução da
sido despachados até 90 (noventa dias) tenham sido despachados ATÉ 90 medida de salvaguarda provisória, sendo
da data da decisão que concluir por sua (NOVENTA DIAS) DATA DA DECISÃO QUE as consultas com os Estados Soberanos
aplicação em caráter provisório, sempre CONCLUIR POR SUA APLICAÇÃO EM envolvidos, realizadas imediatamente
que haja antecedentes de dumping CARÁTER PROVISÓRIO, sempre que haja após a adoção destas. A medida de

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danoso, comprovada má-fé do dano decorrente das entradas das salvaguarda provisória terá vigência de
importador ou do exportador, bem mercadorias em montante de subsídio até duzentos dias. A definitiva,
como que haja dano decorrente das acionável em interregno de tempo inicialmente, terá vigor por um prazo de
entradas das mercadorias em margem relativamente curto. Prazo de duração até 04 (quatro anos). Caso tenha sido
de dumping em período de tempo da medida definitiva de até 05 anos, aplicada medida de salvaguarda
relativamente curto. Prazo de duração podendo, excepcionalmente, ter prazo provisória, o seu prazo de vigência será
da medida definitiva de até 05 anos, maior. computado para efeito de vigência total
podendo, excepcionalmente, ter prazo da medida de salvaguarda. As medidas
maior. de salvaguarda poderão ser executadas
das seguintes formas: elevação do
imposto de importação, por meio de
adicional à Tarifa Externa Comum - TEC;
ou restrições quantitativas..

8. DIREITO DO CONSUMIDOR
8.1. Relação de consumo: geral
Direito do Consumidor. Elementos Integrantes da Relação Jurídica de Consumo. Sujeitos:
Conceitos de Consumidor e de Fornecedor.
● STJ tem entendido que empresa não é considerado consumidor quando adquire produtos ou
serviços que são utilizados direta ou indiretamente na atividade econômica que exercem.
o Lado outro, por meio de um processo que vem sendo denominado de
231 finalismo aprofundado ou mitigado, em determinadas hipóteses, a pessoa
jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada ao
consumidor, por apresentar, frente ao fornecedor, alguma vulnerabilidade.
● Teoria finalista ou conceito subjetivo: amplia o conceito de consumidor, ao considerar como
tal todo aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço como destinatário final,
excluindo-o do mercado de consumo.
o O STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto
no artigo 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria
finalista.
o O CDC adotou a teoria finalista, pois para ele o consumidor é o destinatário
final.
● Teoria Maximalista: amplia o conceito de consumidor para incluir todos os agentes do
mercado, que podem assumir os papéis ora de fornecedores e ora de consumidores. Não
considera a vulnerabilidade econômica.
● Teoria Minimalista: não encontra eco na jurisprudência, pois reduz demais o conceito de
consumidor.
● Para fins de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, o reconhecimento de uma pessoa
física ou jurídica, ou de um ente despersonalizado como fornecedor de serviços atende aos
critérios puramente objetivos, sendo irrelevante a sua natureza jurídica, a espécie dos
serviços que prestam e até mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem fins
lucrativos, de caráter beneficente e filantrópico, bastando que desempenhe determinada
atividade no mercado de consumo mediante remuneração .
● Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de
descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas

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jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste


código. Assim, o CDC aplica-se aos órgãos públicos e suas pessoas derivadas.
● Nos termos do CDC, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas de um acidente de
consumo, ainda que não tenham adquirido o produto como destinatários finais.
● Ainda, o CDC tem a figura do consumidor bystander, por equiparação: todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas, como no caso de publicidade
enganosa.
● Não se configura o conceito de fornecedor se o comerciante age fora da sua atividade fim, eis
que lhe faltará o requisito da habitualidade.
● O fato de os profissionais liberais poderem ser considerados consumidores não tem relação
com a sua responsabilidade pessoal a ser apurada mediante a verificação da culpa.
● É legítima a cobrança, pelas instituições financeiras, de tarifas relativas a saques quando estes
excederem o quantitativo de quatro realizações por mês
● A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto
no artigo 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às
pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo aprofundado,
consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de
um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente
ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das
reações de consumo. É a vulnerabilidade da PJ que a faz ser parte em relação de consumo. Do
contrário, não será.
232 ● O CDC equipara ao consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
● Equiparam-se a fornecedor a entidade responsável pela organização de competição esportiva
e a de prática desportiva detentora do mando de jogo.
● As relações trabalhistas não se enquadram na definição de serviço do CDC.
● Fornecedor pode ser toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada.
● A pessoa jurídica de direito público pode ser considerada consumidor final, quando, por
exemplo, adquire veículos para utilização por servidores ou quando adquire produtos ou
serviços para fins de produção, caso em que, se comprovar sua vulnerabilidade, será
considerado consumidor.
● O fornecedor equiparado é o terceiro intermediário ou aquele que auxilia na relação de
consumo principal, a exemplo dos bancos de dados nos serviços de proteção de crédito.
● A remuneração do fornecedor, a fim de configurar relação de consumo, pode ser por forma
indireta, através de intepretação extensiva. STJ.
● A oferta publicitária é irretratável, mas não ilimitável, pois o anunciante tem todo o poder e
direito de limitar a eficácia temporal, quantitativa e geográfica do anúncio, desde que o faça
antes da sua veiculação.
● É ilegal, por extrapolar o poder regulamentar e sancionador, todo provimento de órgãos de
defesa do consumidor que, pretendendo dirimir conflitos nas relações de consumo, determina
ao fornecedor de produtos ou serviços a restituição de valores ao consumidor.
● Em se tratando de relação de consumo, a competência é absoluta, razão pela qual pode ser
conhecida até mesmo de ofício e deve ser fixada no domicílio do consumidor.
● Os contratos empresariais estão sujeitos ao CC ou CDC, dependendo das condições dos
contratantes. O contrato empresarial está sujeito ao CC, se verificada situação de igualdade, e
ao CDC, se verificada vulnerabilidade técnica, econômica ou jurídica. No entanto, quando o
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empresário individual ou a sociedade empresária adquirem produtos ou serviços na qualidade


de destinatários finais econômicos deles, o STJ entende configurada a relação de consumo,
aplicando-se o CDC
● No CDC há as seguintes responsabilidades em relação à personalidade
o Grupos societários: responsabilidade subsidiária.
o Consórcios: responsabilidade solidária.
o Sociedades coligadas: exige-se culpa para responsabilização da sociedade que
não agiu perante o consumidor.
o Teoria MENOR (Regra do CDC): desconsidera a personalidade sempre que esta
for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados aos consumidores.
● Quando a demanda de contraprestação de serviços de telecomunicação perpassa a análise de
regramentos da ANATEL, há um litisconsórcio passivo necessário com a autarquia, de modo
que haverá competência da Justiça Federal para o feito.
● Fortuito interno: relacionado com a organização da empresa, é um fato ligado aos riscos da
atividade desenvolvida pelo fornecedor.
● Fortuito externo: não está relacionado com a organização da empresa. É um fato que não
guarda nenhuma relação de causalidade com a atividade desenvolvida pelo fornecedor. É uma
situação absolutamente estranha ao produto ou ao serviço fornecido.
● O art. 88 do CDC proíbe que o fornecedor que foi acionado judicialmente pelo consumidor faça
a denunciação da lide, chamando para o processo outros corresponsáveis pelo evento. Esta

233 norma é uma regra prevista em benefício do consumidor, atuando em prol da brevidade do
processo de ressarcimento de seus prejuízos devendo, por esse motivo, ser arguida pelo
próprio consumidor, em seu próprio benefício. Assim, se o fornecedor/réu faz a denunciação
da lide ao corresponsável e o consumidor não se insurge contra isso, haverá preclusão,
sendo descabido ao denunciado invocar em seu benefício a regra do art. 88. Em outras
palavras, não pode o denunciado à lide invocar em seu benefício a regra de afastamento da
denunciação (art. 88) para eximir-se de suas responsabilidades perante o denunciante. STJ. 4ª
Turma. REsp 913.687-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/10/2016 (Info 592).
● Súmula 602-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
● Se o produto que o consumidor comprou apresenta um vício, ele tem o direito de ter esse vício
sanado no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º do CDC). Para tanto, o consumidor pode escolher
para quem levará o produto a fim de ser consertado: a) para o comerciante; b) para a
assistência técnica ou c) para o fabricante. Em outras palavras, cabe ao consumidor a escolha
para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias: levar o produto ao
comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante
● A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou entendimento no sentido de que o
ajuizamento da execução individual, derivada de decisão proferida no julgamento de ação
coletiva, tem como foro o domicílio do exequente, em conformidade com os artigos 98, § 2º, I,
e 101, I, do CDC, afastada a ocorrência de prevenção do juízo que examinou o mérito da ação
coletiva.
● Um grave vício do produto, ainda que não produza uma situação de insegurança, mas que
cause dano material ou moral ao consumidor, configura fato do produto, submetendo-se ao
prazo prescricional de 5 anos, e não ao prazo decadencial de 90 dias (duráveis) ou 30 dias
(não duráveis).
● Para a responsabilização do fornecedor por acidente do produto não basta ficar evidenciado
que os danos foram causados pelo medicamento. O defeito do produto deve apresentar-se,
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concretamente, como sendo o causador do dano experimentado pelo consumidor. Em se


tratando de produto de periculosidade inerente (medicamento com contraindicações), cujos
riscos são normais à sua natureza e previsíveis, eventual dano por ele causado ao consumidor
não enseja a responsabilização do fornecedor. Isso porque, neste caso, não se pode dizer que
o produto é defeituoso.
● O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final, por removê-lo do mercado de
consumo, põe termo à cadeia de seus fornecedores originais. A posterior revenda desse
mesmo bem por seu adquirente constitui nova relação jurídica obrigacional com o eventual
comprador. Assim, os eventuais prejuízos decorrentes dessa segunda relação não podem ser
cobrados do fornecedor original. Não se pode estender ao integrante daquela primeira cadeia
de fornecimento a responsabilidade solidária de que trata o art. 18 do CDC por eventuais vícios
que o adquirente da segunda relação jurídica venha a detectar no produto.
● Súmula 412-STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao
prazo prescricional estabelecido no Código Civil. O prazo prescricional para as ações de
repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de água e esgoto cobradas indevidamente
é de: a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou b) 10 (dez) anos, tal
como previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a regra de direito
intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002.
● O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina, e não sobre o veículo de comunicação.
● As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
234 aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo MEC, sobre o qual não lhe
tenha sido dada prévia e adequada informação. Sumula 595 STJ.
● O MP tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais e
homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público.
Súmula 601 STJ.
● Solidariedade pelo defeito:
o Responsabilidade por vício de produto;
o Resposnabilidade por vício de serviço
o Responsabilidade por fato do serviço;
o Não alcança: fato do produto ou defeito, sendo, neste caso, subsidiária a
responsabilidade do comerciante, que só responde nas hipóteses do artigo 13
do CDC.
▪ Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo
anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não
puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante,
produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis,
segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou
estrangeiro, e o importador, respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,

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construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou


acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
 É possível a limitação, por legislação internacional especial, do direito do passageiro à
indenização por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem. STJ. 3ª Turma. REsp
673048-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 626). Nos termos do
art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. STF.
Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).

8.1.1. Contratos de consumo: geral, prescrição, responsabilidade


 São nulas de leno direito as cláusulas contratuais que possibilitem a renúncia do direito de
indenização por benfeitorias necessárias. Úteis não!
 Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores se não lhes
for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
 Súmula 150 STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros
efetivamente contratada, por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento

235 aos autos, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo BACEN, praticada nas operações
de mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o consumidor.
 As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
 Acidente aéreo:
o Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de
acidente aéreo em voo doméstico? 5 anos, segundo entendimento do STJ.
o Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de
acidente aéreo em voo internacional? 2 anos, com base no art. 29 da
Convenção de Varsóvia. Nos termos do art. 178 da Constituição da República,
as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do
Consumidor.
 Contrato de franquia:
o A franqueadora pode ser solidariamente responsabilizada pelos danos
causados pela franqueada aos consumidores.  STJ
o Os arts. 14 e 18 do CDC, ao falarem em fornecedores, preveem a
responsabilização solidária de todos aqueles que participarem da introdução
do produto ou serviço no mercado, inclusive daqueles que apenas organizem a
cadeia de fornecimento pelos eventuais defeitos ou vícios apresentados
(franqueadoras).
o Eventual cláusula de irresponsabilidade da franqueadora em relação à
franqueada não tem validade perante o consumidor.
 O art. 26 do CDC não trata sobre o prazo que o consumidor tem para ajuizar ação de
indenização. O prazo decadencial do art. 26 é o prazo que o consumidor possui para exigir uma
das alternativas previstas no art. 20 do CDC: a) reexecução dos serviços; b) restituição da
quantia paga; c) abatimento proporcional do preço. Quando, porém, a pretensão do

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consumidor é de natureza indenizatória (isto é, de ser ressarcido pelo prejuízo decorrente dos
vícios do imóvel), não há incidência de prazo decadencial. A ação, tipicamente condenatória,
sujeita-se a prazo de prescrição. A ação de indenização por danos materiais proposta por
consumidor contra construtora em virtude de vícios de qualidade e de quantidade do imóvel
adquirido tem prazo prescricional de 10 anos, com fundamento no art. 205 do CC/2002. Não
se aplica o prazo decadencial do art. 26 do CDC. O art. 26 trata do prazo que o consumidor
possui para exigir uma das alternativas previstas no art. 20 do CDC.
 O atraso na entrega do imóvel gera direito à indenização?
o DANOS MORAIS: Em regra, não são devidos. O mero descumprimento do
prazo de entrega previsto no contrato não acarreta, por si só, danos morais.
Em situações excepcionais é possível haver a condenação em danos morais,
desde que devidamente comprovada a ocorrência de uma significativa e
anormal situação que repercuta na esfera de dignidade do comprador. Ex1:
atraso muito grande (2 anos); Ex2: teve que adiar o casamento por conta do
atraso. STJ. 3ª Turma. REsp 1654843/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 27/02/2018.
o O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros
cessantes durante o período de mora do promitente vendedor, sendo
presumido o prejuízo do promitente comprador. Os lucros cessantes serão
devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha
finalidade negocial na transação. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 09/05/2018 (Info 626). #IMPORTANTE
236 o DANOS MATERIAIS: O atraso pode acarretar a condenação da
construtora/imobiliária ao pagamento de: a) dano emergente (precisa ser
provado pelo adquirente); b) lucros cessantes (são presumidos; o adquirente
não precisa provar). Os lucros cessantes devem ser calculados como sendo o
valor do aluguel do imóvel atrasado. Isso porque: • o adquirente está morando
em um imóvel alugado, enquanto aguarda o seu; ou • o adquirente não está
morando de aluguel mas comprou o novo imóvel para investir. Está perdendo
“dinheiro” porque poderia estar alugando para alguém. STJ. 3ª Turma. REsp
1662322/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/10/2017.
 A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação dos médicos contratados que neles
laboram, é subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do profissional, não se podendo,
portanto, excluir a culpa do médico e responsabilizar objetivamente o hospital. Assim, a
responsabilidade do hospital somente se configura quando comprovada a culpa do médico
integrante de seu corpo plantonista, conforme a teoria de responsabilidade subjetiva dos
profissionais liberais abrigada pelo CDC. Vale ressaltar que, comprovada a culpa do médico,
restará caracterizada a responsabilidade objetiva do hospital. STJ. 3ª Turma. REsp
1579954/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018.
 Validade da cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar
a comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade
autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço
total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.
REPETITIVO
 Incidência da prescrição trienal sobre a pretensão de restituição dos valores pagos a título de
comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade
congênere (art. 206, § 3º, IV, CC). REPETITIVO

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 Em contratos submetidos ao Código de Defesa do Consumidor, é abusiva a cláusula contratual


que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma
parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel,
por culpa de quaisquer contratantes. Em tais avenças, deve ocorrer a imediata restituição das
parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do
promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu
causa ao desfazimento. REPETITIVO
 A responsabilidade civil objetiva está expressa nos artigos 12, 14, 18, 19 e 20 do CDC que, de
fato, adotou a teoria do risco-proveito, no sentido de que aquele que expõe aos riscos outras
pessoas, determinadas ou não, por dele tirar um benefício direito ou não, deve arcar com as
consequências da situação de agravamento. Por outro lado, a responsabilidade subjetiva dos
profissionais liberais é exceção que está expressa no art. 14, §4º, do CDC: “§ 4° A
responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de
culpa”.
 A nulidade das cláusulas abusivas tanto poderá ser reconhecida nos contratos de adesão
como nos contratos de comum acordo, uma vez que a norma do art.51 se aplica a todas as
relações de consumo; a sentença que decreta a nulidade é desconstitutiva ou constitutiva
negativa e produz efeitos ex tunc, retroagindo á data de celebração do contrato.
8.1.2. Cadastro de proteção de crédito
 Súmula 404 STJ: É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao
consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
237  Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados entidades de caráter público.
 Súmula 572 STJ: O BB, na qualidade de gestor do Cadastro de Emitente de Cheques Sem
Fundos (CCF) não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua
inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de
danos fundadas na ausência de prévia comunicação.
 Súmula 385 do STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao
cancelamento.
● É considerada irregular a informação em cadastro de proteção ao crédito, referente a período
superior a cinco anos, podendo o consumidor valer-se do habeas data (artigo 5º, inciso LXXII,
da Constituição da República) como meio de conhecimento, retificação e supressão de dados
inexatos.
● Súmula 323|STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao
crédito até o prazo máximo de 5 anos, independentemente da prescrição da execução.
● Súmula 550 do STJ: a utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco
que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o
direito de solicitar esclarecimento sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos
dados considerados no respectivo cálculo.
o É considerada prática lícita, e independe do consentimento do consumidor,
que tem direito de esclarecimentos solicitados sobre as informações
valoradas.
 Nos casos de cobrança indevida de serviço de telefonia, em que não há inscrição do nome do
consumidor em cadastro de inadimplentes, o dano moral não é presumido. A mera cobrança
não gera danos morais presumidos se não foi realizada a inscrição irregular.

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8.1.3. Infrações
● O fornecedor de bens ou serviços comete prática abusiva se permitir o ingresso, em seu
estabelecimento, de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade
administrativa como máximo. Além de ser considerado prática abusiva, o fornecedor que
permitir a entrada de um número maior de pessoas do que o permitido comete o crime do art.
65 do CDC
● Publicidade ABUSIVA: são prejudiciais, envolvendo valores.
o Discriminatória de qualquer natureza.
o Incite violência
o Explore medo ou superstição.
o Se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança.
o Desrespeita valores ambientais.
o Induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
saúde ou segurança.
● Publicidade ENGANOSA: há uma falsa noção da realidade.
o Inteira ou parcialmente falsa.
o Por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e
serviços.
238 o Publicidade enganosa por omissão: deixa de informar sobre dado essencial
do produto.
● O consumidor deve ser cientificado de que está sendo exposto a uma mensagem publicitária,
de forma que seja fácil para ele identificar tal fato bem como o patrocinador da mensagem,
isto é, não pode haver publicidade clandestina. Entretanto, também não pode haver
publicidade subliminar, pois esta atinge justamente o inconsciente do indivíduo, induzindo-o.
o A prática do merchandising não é vedada, a menos que ela seja realizada
como prática clandestina, sem que haja a indicação dos produtos que serão
utilizados com esta finalidade.
o Teaser: mesmo que os teasers contenham algum exagero no anúncio do
produto, tal prática não é proibida pelo CDC, vez que se volta a chamar a
atenção dos consumidores e aguçar a sua curiosidade (ex: “é a maior queima
de estoque do mercado, aguardem!”).
o O art.69 do CDC tipifica o descumprimento da obrigação contida no art.36,
parágrafo único (princípio da Transparência da Fundamentação da
publicidade), in verbis:” Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
científicos que dão base à publicidade: Pena Detenção de um a seis meses ou
multa.”
● Considera-se abusiva a prática de limitar a liberdade de escolha do consumidor vinculando a
compra de produto ou serviço à aquisição concomitante de outro produto ou serviço de
natureza distinta e comercializado em separado, hipótese em que se configura a venda
casada”.
● As hipóteses de fortuito externo (que não tem relação com o fornecimento do produto ou
prestação de serviços) excluem a responsabilidade do fornecedor. Portanto, é relevante a
análise da natureza do fortuito para fins de responsabilização no âmbito do CDC.

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● Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos
consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em relação ao Ministério Público
e aos entes políticos, que têm como finalidades institucionais a proteção de valores
fundamentais, como a defesa coletiva dos consumidores, não se exige pertinência temática e
representatividade adequada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.509.586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 15/05/2018 (Info 626) #IMPORTANTE
● O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular em juízo a defesa de direitos
transindividuais de consumidores que celebram contratos de compra e venda de imóveis com
cláusulas pretensamente abusivas. STJ. Corte Especial. EREsp 1.378.938-SP, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 20/06/2018 (Info 629).
8.1.4. Plano de saúde
● A migração de beneficiário de plano de saúde coletivo empresarial extinto para plano
individual não enseja a manutenção dos valores das mensalidades previstos no plano
primitivo.
● Não é abusiva a exigência de indicação da CID (Classificação Internacional de Doenças), como
condição de deferimento, nas requisições de exames e serviços oferecidos pelas prestadoras
de plano de saúde, bem como para o pagamento de honorários médicos. A exigência de
menção da CID nas requisições de exames e demais serviços de saúde decorre do fato de que
as operadoras de planos de saúde estão obrigadas a prestar apenas os serviços previstos no
contrato. Logo, é importante essa informação para que os pagamentos e as requisições de
exames não se voltem para tratamentos que ultrapassem as obrigações contratuais do plano
239 de saúde.
● Sumula 608 STJ: Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por
entidades de autogestão.
● O beneficiário de plano de saúde coletivo por adesão possui legitimidade ativa para se insurgir
contra rescisão contratual unilateral realizada pela operadora.
● Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde.
o “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde,
salvo os administrados por entidades de autogestão.” Nova súmula 608.
● Súmula 609 STJ: A recusa de cobertura securitária sob alegação de doença pré-existente é
ilícita se não houve a exigência de exames prévios à contratação ou a demonstração de má-fé
do segurado.
● Havendo doenças preexistentes, é possível a negativa do seguro de vida, nos termos da
jurisprudência do STJ. Para tanto, deve ser exigido exames prévios à contratação.
● A aposentadoria por invalidez permanente concedida pelo INSS não confere ao segurado o
direito automático de receber indenização de seguro contratado com empresa privada, sendo
imprescindível a realização de perícia médica para atestar o grau de incapacidade e o correto
enquadramento na cobertura contratada. STJ. 2ª Seção. EREsp 1508190-SC, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 08/11/2017 (Info 616).
● Nos planos de saúde coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de
permanência do ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário,
salvo disposição contrária expressa prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva de
trabalho, não caracterizando contribuição o pagamento apenas de coparticipação, tampouco
se enquadrando como salário indireto.
● É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum

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procedimento, tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual
prevendo que, se o plano de saúde recusar algum procedimento, tratamento ou internação,
ele deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um comprovante fundamentado expondo as
razões da negativa. O STF entendeu que essa norma não viola competência privativa da União,
considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria inserida na competência
concorrente (art. 24, V, da CF/88)
● A Lei nº 9.656/98, que disciplina os planos e seguros privados de assistência à saúde, é
constitucional. Este diploma, contudo, não pode ser aplicado para contratos celebrados antes
de sua vigência. Assim, são inconstitucionais os dispositivos da Lei nº 9.656/98 que
determinavam a sua aplicação para contratos celebrados antes da sua edição. STF. Plenário.
ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890).
● O reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de
faixa etária do beneficiário é válido desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam
observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam
aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial
idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso. STJ. 2ª Seção. REsp
1568244/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo).
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1191139/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
27/02/2018.
● O plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de
tratamento utilizado, sendo abusiva a negativa de cobertura do procedimento, tratamento,
240 medicamento ou material considerado essencial para sua realização de acordo com o proposto
pelo médico. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1181628/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 06/03/2018. Vale ressaltar que, em caso de recusa indevida à cobertura médica, cabe o
pagamento de reparação a título de dano moral, uma vez que agrava a situação de aflição
psicológica e de angústia no espírito do segurado, já combalido pela própria doença. STJ. 4ª
Turma. AgInt no REsp 1619259/GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/03/2018.
● É abusiva a cláusula que exclua da cobertura órteses, próteses e materiais diretamente ligados
ao procedimento cirúrgico a que se submete o consumidor. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp
1074241/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 27/06/2017. Vale ressaltar, no
entanto, que não é abusiva a cláusula contratual de plano de saúde coletivo que estabelece a
cobrança de coparticipação do usuário para órteses, próteses e materiais especiais
indispensáveis a procedimento cirúrgico: A operadora está obrigada ao fornecimento de
próteses, órteses e seus acessórios ligados ao ato cirúrgico (art. 10, VII, da Lei 9.656/98).
Todavia, esta obrigação de fornecimento não implica dizer que o respectivo pagamento seja
suportado exclusivamente pela operadora, pois é da própria essência da coparticipação servir
como fator moderador na utilização dos serviços de assistência médica e hospitalar. A conduta
da operadora, na hipótese dos autos, de cobrar 20% dos materiais cirúrgicos tem respaldo no
art. 16, VII, da LPS e não implica em restrição exagerada ao consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp
1671827/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/03/2018.
● Em caso de recusa indevida de cobertura de tratamento de saúde, o plano deverá ser
condenado ao pagamento de indenização por danos morais considerando que essa conduta
agrava a situação física e psicológica do beneficiário. Assim, é pacífica a jurisprudência do STJ
no sentido de reconhecer a existência do dano moral nas hipóteses de recusa injustificada pela
operadora de plano de saúde, em autorizar tratamento a que estivesse legal ou
contratualmente obrigada, por configurar comportamento abusivo. STJ. 3ª Turma. AgInt no
AREsp 1168502/CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/03/2018. STJ. 4ª Turma.
AgInt no AREsp 1207934/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/03/2018.

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● Possível a coparticipação do usuário nas despesas médico-hospitalares em percentual sobre o


custo do tratamento feito sem internação, desde que atenda a duas condições:
o 1) que isso não acabe caracterizando o financiamento integral do
procedimento pelo usuário;
o 2) que isso seja um fator restritor severo aos serviços.
● A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo
médico sob o pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações
descritas na bula/manual registrado na ANVISA (uso off-label). STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.705-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info 632).
● Nos planos de saúde coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de
permanência do ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário,
salvo disposição contrária expressa prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva de
trabalho, não caracterizando contribuição o pagamento apenas de coparticipação, tampouco
se enquadrando como salário indireto STJ. 2ª Seção. REsp 1.680.318-SP, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 22/08/2018 (recurso repetitivo) (Info 632).
8.2. Objeto de consumo: produto e serviço
Objetos: Conceito de Produto e de Serviço. Vínculo: Conceito de Oferta e de Mercado de
Consumo.
 O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
o Sua apresentação;
241 o O uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
o A época em que foi colocado em circulação.
 O comerciante só é responsável por defeito de fabricação quando:
o o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados;
o o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,
construtor ou importador;
o não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
 A culpa exclusiva de terceiro é causa excludente da responsabilidade em caso de dano,
quando o fabricante, o construtor, o produtor ou importador comprovarem que:
o Não colocou o produto no mercado;
o Que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
o A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos. Pode-se dizer que a responsabilidade, neste caso, é voltada a garantir a
incolumidade físico-psíquica do consumidor.
o Ao contrário da responsabilidade pelo vício, em que se busca garantir a
incolumidade econômica do consumidor, na responsabilidade pelo fato enfoca-se
sua saúde e segurança.
 O vício do produto ou serviço os tornam inadequados, porém não atinge o consumidor; já
o defeito, além da inadequação do produto e do serviço, produz um dano ao consumidor.
Assim, o que se pode afirmar é que não há defeito sem vício e não o contrário.
 Pela dicção do art.12, § 3°, II: O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não
será responsabilizado quando provar II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste. O ônus da ausência de defeito no produto, assim, é do
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fornecedor, que conhece melhor seu produto que o consumidor e, portanto, terá
melhores condições de realizar a prova.
8.3. Atividades e aplicação do CDC
As principais Atividades Empresariais e sua Relação com o Regime Jurídico das Relações de
Consumo: Os Serviços púbicos, a atividade bancária, a atividade securitária, a atividade
imobiliária, a atividade do transportador aéreo, os consórcios.
● Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo
consumidor, aplica-se a Convenção de Varsóvia e Montreal, e não o CDC.
o Só se aplica em caso de transporte aéreo INTERNACIONAL. No caso de
NACIONAL é o CDC.
o A limitação indenizatória na convenção de Varsóvia é só por danos MATERIAIS,
não se aplicando para indenizações por danos morais.
o A convenção deve ser aplicada não somente em caso de extravio de bagagens,
mas também em outras questões envolvendo o transporte aéreo
INTERNACIONAL.
● Quando o serviço público é prestado diretamente pelo o Estado e custado por meio de
receitas tributárias não se caracteriza uma relação de consumo nem se aplicam as regras do
CDC.
● Não resta caracterizada relação de consumo entre empresa de transporte de pessoas ou
cargas e concessionária de rodovia. Serviço que se aplica o Código Civil.

242 ● Existe relação de consumo entre o condomínio que utiliza água para o consumo das pessoas
que nele residem e a empresa concessionária de água.
● O CDC é aplicável às relações jurídicas entre entidade de previdência privada e seus
participantes. Sum 321 STJ. Se for entidade fechada, não se aplica.
o Súmula 563 STJ: o CDC é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
● O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou
assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em
situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial.
o Não se amoldam ao conceito de fornecedor, pois não comercializam seus
benefícios; não há remuneração pela contraprestação dos serviços; não há
finalidade lucrativa. Há associativismo, mutualismo, com fins previdenciários. É
um caráter estatutário, regido pelas LC 108 e 109.
o Não havendo norma específica nas Leis Complementares 108/2001 e
109/2001, o intérprete deverá se valer da legislação previdenciária, do Código
Civil e de outras leis que regem as relações civis em geral. Não se aplica nem
mesmo subsidiariamente o CDC porque este diploma rege um microssistema
próprio.
● Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor - CDC ao contrato de transporte de
mercadorias vinculado a contrato de compra e venda de insumos
● Segundo a jurisprudência, não há relação de consumo entre condômino e condomínio para
litígios envolvendo cobrança de taxas
● CDC. Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que visa a
atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma habitual e profissional,
o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários. O CDC é aplicável tanto ao comércio

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popular quanto ao consumo de alto padrão. Não é cabível retirar a condição de consumidor
de uma determinada pessoa em razão de ele ter maior nível de escolaridade ou de
discernimento, se comparado com a média da população. Mesmo tendo maior escolaridade
ou discernimento, o autor continua sendo vulnerável frente à empresa. Além disso, no caso
em tela está sendo aplicada a teoria finalista (e não a teoria finalista mitigada, na qual há
análise a respeito da vulnerabilidade do consumidor) STJ.
o O Código de Defesa do Consumidor tem incidência sobre os contratos de
corretagem de valores e títulos mobiliários, sendo indiferente, para
caracterização da relação de consumo, a condição pessoal e capacidade de
discernimento do contratante
● As normas do Código de Defesa do Consumidor são aplicáveis aos contratos dos Sistema
financeiro de Habitação, desde que não vinculados ao Fundo de Compensação e Variações
Salariais – FCVS e posteriores a entrada em vigor da Lei 8.078/1990
8.3.1. Atividade bancária
● A cobrança de tarifa bancária pela liquidação antecipada do saldo devedor segue a seguinte
regra:
o Antes da resolução do CMN de 2007: é possível a cobrança.
o Depois da resolução do CMN de 2007: não é possível mais cobrar.
● O saque indevido de numerário em conta corrente, reconhecido e devolvido pela instituição
financeira dias após a prática do ilícito, não configura, por si só, dano moral in re ipsa.

243 ● Empresa administradora de cartão de crédito responde solidariamente com o banco pelos
danos causados ao consumidor.
● Súmula 603-STJ: É vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários,
vencimentos e/ou proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda
que haja cláusula contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem
salarial consignável, com desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal
específico e admite a retenção de percentual.
● Decadência em contrato bancário e CDC.
o Súmula 477-STJ: A decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação
de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
encargos bancários. Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes
ou de fácil constatação caduca em:
o O art. 26 do CDC somente se aplica para os casos de VÍCIOS. Vício é a
inadequação do produto ou serviço para os fins a que se destina
o Trata-se de custo contratual dos serviços bancários, não dizendo respeito à
qualidade, confiabilidade ou idoneidade dos serviços prestados.
o Súmula 259-STJ: A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular
de conta corrente bancária.  Prazo previsto no CC – 3 Anos.
● Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.
o Trata-se de defeito no serviço bancário, chamado de fato do serviço pelo CDC,
que, para o STJ, decorre da violação a um dever contratualmente assumido,
qual seja o de gerir com segurança as movimentações bancárias de seus
clientes.

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o A culpa exclusiva de terceiro, no caso de um estelionatário que abre conta em


nome de outrem, não ilide a responsabilidade do banco. O STJ entende que só
a culpa exclusiva de terceiro decorrente de fortuito externo é capaz de ilidir a
responsabilidade do fornecedor.
● É abusiva e ilegal cláusula prevista em contrato de prestação de serviços de cartão de crédito
que autoriza o banco contratante a compartilhar dados dos consumidores com outras
entidades financeiras ou mantenedoras de cadastros positivos e negativos de consumidores,
sem que seja dada opção de discordar daquele compartilhamento.
● Súmula 285 do STJ: “Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor
incide a multa moratória nele prevista.” No CDC, a multa moratória não pode ser superior a 2%
do valor da prestação.
● Súmula 381 do STJ: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas”.
● Sumula 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras
● A responsabilidade das entidades bancárias, quanto aos deveres básicos contratuais de
cuidado e segurança, é pacífica, em especial a segurança das retiradas, assinaturas falsificadas
e segurança dos cofres. Já em caso de falha externa e total do serviço bancário, com abertura
de conta fantasma com o CPF da “vítima-consumidor” e inscrição no Serasa (dano moral),
usou-se a responsabilidade objetiva da relação de consumo (aqui totalmente involuntária),
pois aplicável o art. 17 do CDC para transformar este terceiro em consumidor e responsabilizar
o banco por todos os danos (materiais e extrapatrimoniais) por ele sofridos. Os assaltos em
244 bancos e a descoberta das senhas em caixas eletrônicos também podem ser considerados
acidentes de consumo e regulados ex vi art. 14 do CDC

9. DIREITO CIVIL
9.1. LINDB, pessoas naturais, domicílio, Estatuto da Pessoa com
Deficiência
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Pessoas naturais. Personalidade jurídica.
Sistema das incapacidades. Legitimação. Domicílio. Direitos da personalidade. Extinção da
personalidade. Morte e morte presumida. Ausência. Tutela. Curatela. Estatuto da pessoa
com deficiência.
9.1.1. LINDB
● Contratos entre residentes no exterior (entre ausentes): aplica-se a regra no local em que
reside o proponente. Se o contrato for executado no Brasil e necessitar de forma essencial,
aplica-se a lei brasileira.
● Nos casos de omissão da lei, o juiz deve decidir de acordo com a analogia, os costumes, os
princípios gerais do direito e a equidade, pois lhe é vedado o non liquet. Equidade não método
de integração, mas método auxiliar de decisão.
● A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
● A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei
brasileira desconheça.
● Segundo o STJ, os fatos da causa devem ser submetidos ao contraditório, não o ordenamento
jurídico, o qual é de conhecimento presumido não só do juiz (iura novit cúria), mas de todos os
sujeitos ao império da lei, conforme presunção jure et de jure prevista no artigo 3º da LINDB.
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● A retroatividade mínima encontra previsão no artigo 2035 do CC, de modo que pode ser
aplicado, excepcionalmente, a lei nova aos efeitos futuros de relação jurídica entabulada sob
vigência de lei antiga, já revogada.
● Utiliza interpretação extensiva, e não analogia, o juiz que estende a companheiro (a)
legitimidade para ser curador conferida a cônjuge da pessoa ausente.
● A contagem de prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-
se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subsequente à sua consumação integral.
● Eventual inexatidão formal de norma elaborada mediante processo legislativo regular não
constitui escusa válida para o seu descumprimento.
● EQUIDADE:
o Decidir COM equidade: toda decisão que pretende estar de acordo COM o
direito, enquanto ideal de justiça supremo. É decidir de acordo com a justiça
do caso concreto.
o Decidir POR equidade: tem por base a percepção de justiça do julgador, que
não precisa seguir as regras de direito positivo e métodos preestabelecidos.
● Princípio da conciliação ou das esferas autônomas: a lei posterior geral não revoga lei
especial. Igualmente, a lei especial não revoga a geral.
● A lacuna que autoriza a integração das normas é da LEI e não do direito/ordenamento. O
ordenamento não é lacunoso.
245 ● O CESPE entende que a ordem analogia, costumes e princípios gerais de direito, é preferencial
e taxativa.  Doutrina clássica.
o Doutrina moderna: nem sempre essa ordem será preferencial. Isso porque
muitos princípios gerais do direito foram transportados para a Constituição
Federal, de modo que, por ser norma superior, não podem ser vistos como
último recurso na integração das normas. Ex: princípio da dignidade da pessoa
humana.
● Constitucionalização X Publicização do Direito Civil:
o Constitucionalização: processo de elevação ao plano constitucional dos
princípios fundamentais do direito civil, que passam a condicionar a
observância pelos cidadãos, e a aplicação pelos tribunais, da legislação
infraconstitucional.
o Publicização: o processo de crescente intervenção estatal, especialmente no
âmbito legislativo, característica do Estado Social do século XX. Tem-se a
redução do espaço de autonomia privada para a garantia da tutela jurídica dos
mais fracos.
● Metacritérios para resolução de antinomias: hierarquia, especialidade, cronológico.
o Se os metacritérios podem solucionar a antinomia, logo a antinomia é
aparente. Se os metacritérios não conseguem solucionar a antinomia, logo a
antinomia é real. A antinomia real resolve-se pelos arts. 4 e 5 da LINDB:
analogia, costumes e princípios gerais de direito, bem como, fins sociais e bem
comum.
● Não há impedimento a edição de leis retroativas. Veda-se apenas a retroatividade que atinja o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A retroatividade é possível mediante
dois requisitos, em regra: a) cláusula expressa de retroatividade; b) respeito ao direito

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adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Exemplos: lei interpretativa, lei penal benéfica
ao réu.
● Não se tratando de contrato de trato sucessivo, descabe a aplicação retroativa da lei nova para
alcançar efeitos presentes de contratos celebrados anteriormente à sua vigência.
o STJ: Embora não seja permitida a aplicação retroativa da lei, há entendimento
predominante de que nos contratos de plano de saúde, se não foi
oportunizada a possibilidade de migração de plano atingido pela lei nova, o
contrato passa a ser regulamentado inteiramente por esta, face a sua
renovação anual automática.
o A lei nova regula os efeitos presentes e futuros de contratos de trato
sucessivo, pois o que se discute em tais casos, não são os efeitos presentes e
futuros de negócio jurídico que era perfeito sob a égide da lei revogada, mas
sim as consequências de negócios jurídicos renovados sob os auspícios da lei
nova.
● O Brasil adota a teoria da territorialidade moderada, temperada ou mitigada, segundo a qual,
excepcionalmente, será admitida a aplicação da lei estrangeira em território brasileiro, desde
que tal excepcionalidade não atente contra a soberania nacional. Ex: lei de sucessão de bens
de estrangeiro no Brasil.
● A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto
ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Aqui, pode ser
observado o princípio da norma mais favorável se tiver herdeiros brasileiros.
246 ● É a lei do domicílio, e não do nascimento, que determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
● A obrigatoriedade de observação da lei se dá com a publicação, e não com a promulgação,
observado o prazo de vacatio legis. Sanção consiste no ato pelo qual o Executivo concorda
com a manifestação de vontade do Legislativo objetivando forjá-la em espécie legislativa.
Promulgação é o instrumento que declara a existência da lei e ordena sua execução
● Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os
estabelecidos pelo CC para assegurar a função social da propriedade e dos contratos – art.
2035, CC.
● A interpretação sistemática busca alcançar o sentido da lei em consonância com as demais
normas que inspiram determinado ramo de direito. Assim, faz-se uma comparação entre a lei
atual, em vários de seus dispositivos.
● A interpretação lógica utiliza o raciocínio.
● A regra é que a lei nova não atinja os efeitos pretéritos já produzidos, mas esta lei poderá
atingir.
● A LINDB proíbe o “reenvio”. Ou seja, se houver de aplicar a lei estrangeira, deve-se observar a
disposição desta lei, sem considerar qualquer remissão por ela feita a lei de outro país. Logo, é
vedado “reenviar” a regulação para outra lei.
● A aquisição de navios e aeronaves rege-se pela lei do local onde tenha sido efetuado o
registro dos direitos de propriedade sobre a coisa.
● A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona legalmente no
exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a
soberania nacional.
● Enunciado 408 da V Jornada de Direito Civil do CJF: Para efeitos de interpretação da expressão
"domicílio" do art. 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, deve ser

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considerada, nas hipóteses de litígio internacional relativo a criança ou adolescente, a


residência habitual destes, pois se trata de situação fática internacionalmente aceita e
conhecida.
● A LINDB disciplina o âmbito de aplicação de normas jurídicas, em todas as suas formas,
inclusive às emendas constitucionais, naquilo em que a CF for omissa e houver
compatibilidade. Lembre-se EC entra em vigor na data de sua publicação.
● Intensidade de sanção das leis:
o Leis Perfeitas: são as que preveem como sanção à sua violação a nulidade ou
anulabilidade do ato ou do negócio jurídico.
o Leis mais que perfeitas: preveem como repreensão à sua violação, além da
anulação ou anulabilidade, uma sanção ao agente violador.
o Leis menos que perfeitas: são as que estabelecem como sanção à sua violação
uma consequência diversa da nulidade ou anulabilidade.
o Leis imperfeitas: são aquelas cuja violação não acarreta qualquer
consequência jurídica, de modo que o ato não é nulo e que o agente não é
punido.
● As normas constitucionais são PERFEITAS, pois não preveem sanção em seu
descumprimento, havendo apenas nulidade do ato inconstitucional.
● As leis de efeitos concretos, pura e simplesmente em razão de sua vigência, já viabilizam o
manejo de mandado de segurança preventivo para tutelar pretensão subjetiva. Nos casos de
violação decorrente de lei de efeito concreto, é desnecessária na ação mandamental a
247 produção de provas que comprove a situação de risco do impetrante.
o Em se tratando de lei de efeitos concretos, uma vez que basta a vigência da lei
instituidora da base de cálculo do tributo para que haja a incidência da
respectiva exação aos fatos geradores ocorridos, ferindo direito subjetivo, é
despicienda a produção de provas que comprove a situação de risco da
impetrante. Assim, plenamente cabível o mandado de segurança impetrado
com o objetivo de afastar a incidência do tributo em questão.
o Doutrina e jurisprudência entendem que, se a lei gera efeitos concretos,
ferindo direito subjetivo, é o mandado de segurança via adequada para
impugná-la.
● O princípio da vigência sincrônica passou a existir com a LINDB, vez que o CC de 1916 dispunha
sobre o princípio da vigência progressiva ou sucessiva, adotando prazos diversos para os entes
da federação.
● LC 95/98: na contagem do prazo de vacatio legis, inlcui-se o dia da publicação e o do último
dia, devendo a lei entrar em vigor no dia seguinte. Conta-se o prazo dia a dia, inclusive
domingos e feriados, sem qualquer interrupção ou suspensão.
● A imposição de conhecimento da lei não é absoluta, havendo hipóteses em que,
expressamente, o direito venha a admitir o erro de direito, como no caso de erro de proibição
no direito penal e o erro substancial no NJ entabulado no direito civil.
● Analogia legal: busca-se obter a norma adequada à disciplina do caso, a partir de outro
dispositivo legal.
● Analogia jurídica: infere-se a norma a partir de todo o sistema jurídico, utilizando-se da
doutrina, jurisprudência, princípios específicos do tema e até mesmo os princípios gerais de
direito.
● Situações que é possível a retroatividade da lei:

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o a) lei penal benéfica;


o b) lei com cláusula expressa de retroatividade, desde que não viole o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
o c) lei interpretativa, que esclarece o conteúdo de outra lei, tornando
obrigatória uma exegese, que já era plausível antes de sua edição.
● STF: as normas que tratam do regime monetário, inclusive, portanto, as de correção
monetária, têm natureza institucional e estatutária, insuscetíveis de disposição por ato de
vontade, razão pela qual sua incidência é imediata, alcançando situações jurídicas em curso de
formação ou de execução.  Trata-se, portanto, de norma de retroatividade mínima, que
deve ser aplicada imediatamente ao contrato em curso.
● A lei nova atinge os FATOS PENDENTES e EFEITOS FUTUROS (pendentes de acontecerem, ou
seja, que ainda não aconteceram). Não confundir com EFEITOS PENDENTES (aqui o fato já
aconteceu, gerando efeitos, porém, seus efeitos não foram consumados).
● Retroatividade mínima, média e máxima:
o Máxima: quando a lei nova retroage para atingir os atos ou fatos já
consumados, alcançando, inclusive, os atos acobertados pela coisa julgada.
o Média: sem alcançar atos ou fatos anteriores, a lei nova atinge os efeitos
pendentes dos atos jurídicos verificados antes dela.
▪ A lei que reduz a taxa de juros se aplica às prestações vencidas mas
não adimplidas.
o Mínima: se verifica quando a novel lei incide imediatamente sobre os efeitos
248 futuros dos atos ou fatos pretéritos, não atingindo os atos ou fatos pretéritos,
nem os seus efeitos pendentes.
▪ Lei nova que reduz taxa de juros somente se aplica às obrigações que
irão vencer (vincendas).
● O princípio da irretroatividade da lei nova se aplica às leis de ordem pública. Entretanto, o
artigo 2035 excepciona tal regra, de modo que nenhuma convenção prevalecerá se contrariar
preceitos de ordem pública para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
● A equidade não é mecanismo de integração da lei, mas um recurso auxiliar do juiz em que
pode ser utilizado quando a lei permitir.
● A extensão da impenhorabilidade aos solteiros, viúvos, separados é interpretação teleológica
ou sociológica, quando se objetiva adaptar o sentido ou a finalidade da norma às exigências
sociais, com o abandono do individualismo.
● ATENÇÃO: é a lei do país em que domiciliada a pessoa que determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família, e não o país
em que nasceu a pessoa.
ATENÇÃO: para que haja execução e sentença estrangeira devem ter sido as partes citadas ou
haver-se legalmente verificado à revelia. Portanto, pode ter corrido em revelia. STJ: o STJ
ostenta precedente no sentido de não exigir, para fins de homologação de sentença
estrangeira, a comprovação de que houve intimação da parte para todos os atos do processo,
bastando que a parte tenha tido ciência do trâmite do feito em curso perante a Justiça
alienígena.
 Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver
completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em
mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente
constituídas. CAIU NO TRF2/2018!
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o Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e


especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência
judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

9.1.2. Pessoa – capacidade – personalidade


● O STJ adotou teoria concepcionista acerca do início da personalidade. Assim, é devido DPVAT
no caso de morte de bebê em acidente de trânsito.
● A teoria da condição resolutiva do nascimento com vida se dá apenas com relação aos direitos
patrimoniais do nascituro, de modo que os direitos personalíssimos são garantidos desde a
concepção. Ex: gravídicos, danos morais, etc.
● O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil do
Brasil, desde que isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos no
exercício da cidadania por força da apresentação de documentos estrangeiros com sobrenome
imposto por lei estrangeira e diferente do que consta em seus documentos brasileiros.
● Segundo o STJ, caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil
pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a
interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível
com a vida extrauterina.
● Internação psiquiátrica INVOLUNTÁRIA x COMPULSÓRIA
249 o Involuntária: se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro.
o Compulsória: determinada por ordem judicial.
o A anterior submissão a medida socioeducativa restritiva da liberdade, devido
ao cometimento de infração, correspondente ao tipo penal, não obsta a
determinação da internação psiquiátrica compulsória após o cumprimento
da medida socioeducativa. É possível determinar, no âmbito de ação de
interdição, a internação compulsória de quem tenha acabado de cumprir
medida socioeducativa de internação, desde que comprovado o
preenchimento dos requisitos para a aplicação da medida mediante laudo
médico circunstanciado, diante da efetiva demonstração da insuficiência dos
recursos extra-hospitalares.
o
● Excepcionalmente, desde que preservados os interesses de terceiro e demonstrado justo
motivo, é possível a supressão do patronímico materno por ocasião do casamento.
● O exercício dos direitos da personalidade pode ser limitado, mas não o direito em si, devendo
tal limitação ser sempre temporária.
● É direito subjetivo da pessoa retificar seu patronímico constante do registro de nascimento de
seus filhos após divórcio.
● O dano moral não está somente ligado a alguma reação psíquica da vítima. Assim, o STJ
reconheceu que o absolutamente incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico,
pode sofrer dano moral. O dano moral caracteriza-se por uma ofensa, e não por uma dor ou
padecimento.
o As crianças, mesmo na mais tenra idade, fazem jus à proteção dos direitos da
personalidade, assegurado dano moral para ofensa à integridade mental.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Emancipação e responsabilidade dos pais: só PERMANECE responsabilidade (solidária) dos pais


na emancipação VOLUNTÁRIA. Na LEGAL e JUDICIAL NÃO, uma vez que os pais não
concorreram para este acontecimento.
o Emancipação voluntária INDEPENDE de decisão judicial, bastando o
consentimento dos pais e, na falta do consentimento de um destes, poderá o
juiz suprir.
● Responsabilidade dos filhos em relação aos danos causados a terceiros:
o STJ: os menores terão responsabilidade
▪ Subsidiária: primeiro os pais
▪ Mitigada: reduzida
▪ Equitativa,(fixada com critério de equidade) exceto se for
emancipado, quando constituirá reponsabilidade SOLIDÁRIA com seus
pais
o Os pais terão responsabilidade objetiva, substitutiva, exclusiva e não solidária.
SALVO se emancipado, pois aí terá responsabilidade SOLIDÁRIA com o filho.
o Inexiste litisconsórcio passivo necessário em relação ao menor e ao pai. Isto
porque não há obrigação da vítima lesada em litigar contra o responsável e o
incapaz, tratando-se de litisconsórcio facultativo e simples.
● A emancipação é irretratável e irrevogável, entretanto: "A emancipação por concessão dos
pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade".

250 ● Estados da pessoa física: modo de individualização: individual, familiar e político.


o Nelson Nery Junior  há diversos atributos da personalidade: nome, estado,
domicílio, capacidade e fama.
● Deve ser privilegiado medidas que não restrinjam a divulgação de informações. Enunciado CJF
279.
● No dano moral em relação aos direitos da personalidade, os lesados indiretos são aqueles que
têm um interesse relacionado a um valor de afeição que lhes representa o bem jurídico da
vítima.
● Independentemente da realidade biológica, o registro civil deve retratar a identidade de
gênero psicossocial da pessoa transexual, de quem não se pode exigir a cirurgia de
transgenitalização para o gozo de um direito. Atualmente, nem autorização judicial é mais
necessário.
● Admite-se averbação no registro de nascimento do filho, da alteração do patronímico
materno, permitindo, assim, a inclusão do patronímico do padrasto em decorrência de novo
casamento da genitora.
● Súmula 221-STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de
divulgação.
● O uso, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em
local público, em meio a cenário destacado, configura dano moral mesmo que não tenha
havido nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa na divulgação. O dano moral é
decorrente tão somente do fato de ter sido usada a imagem da pessoa sem a sua autorização.
Assim, é cabível compensação por dano moral decorrente da simples utilização de imagem de
pessoa física, em campanha publicitária, sem autorização do fotografado. Aplica-se aqui o
raciocínio da Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● O uso não autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento esportivo,


ainda que sem finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparação por danos morais,
independentemente da comprovação de prejuízo
● Para o STJ, tratando-se de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo
público, deve ser ponderado se, dadas as circunstâncias do caso concreto, a exposição da
imagem é ofensiva à privacidade ou à intimidade do retratado, ou que poderia ensejar algum
dano patrimonial ou extrapatrimonial. Há, nessas hipóteses, em regra, presunção de
consentimento do uso da imagem, desde que preservada a vida privada. Nesse sentido, não há
violação ao direito à imagem no caso em que foi utilizada fotografia de magistrado (pessoa
ocupante de cargo público de notória importância social) para ilustrar MATÉRIA JORNALÍSTICA
pertinente, sem invasão da vida privada do retratado.
● Súmula 403 - STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou empresariais.
o A Súmula 403/STJ é inaplicável às hipóteses de representação da imagem de
pessoa como coadjuvante em obra biográfica audiovisual que tem por objeto a
história profissional de terceiro.
● Embora exista direito ao esquecimento, não há indenização a exibição não autorizada de
imagem de vítima de crime amplamente noticiado à época dos fatos, ainda que uma única vez.
o Ressalvam-se do direito ao esquecimento os fatos genuinamente históricos,
que devem ser analisados em concreto, cujo interesse público e social deve
sobreviver à passagem do tempo, cabendo indenização caso seja
251 desnecessária a veiculação do nome dos envolvidos para descrição fidedigna
do episódio.
o Logo, quando alguém se insere em um fato de interesse coletivo, mitiga-se a
proteção à intimidade e privacidade em benefício do interesse público.
o O STJ já reconheceu a possibilidade de reparação civil por violação ao direito
ao esquecimento nos casos em que a veiculação jornalística de fatos remotos
possa ser realizada sem a menção ao nome de terminada pessoa, mas não a
fez.
● A pessoa jurídica de direito privado só faz jus à indenização por ferimento à honra objetiva.
● Pessoa jurídica não tem direito à indenização por danos morais decorrentes de violação à
honra SUBJETIVA (aspecto psicsológico). PJ não tem aspecto psicológico.
o Pessoa jurídica não sofre dano moral in re ipsa. Não se admite que o dano
moral de pessoa jurídica seja considerado como in re ipsa, sendo necessária a
comprovação nos autos do prejuízo sofrido. Apesar disso, é possível a
utilização de presunções e regras de experiência para a configuração do
dano, mesmo sem prova expressa do prejuízo, o que sempre comportará a
possibilidade de contraprova pela parte ou de reavaliação pelo julgador. Ex:
caso a pessoa jurídica tenha sido vítima de um protesto indevido de cambial,
há uma presunção de que ela sofreu danos morais.
o Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa
jurídica pode sofrer dano moral in re ipsa. Nesse sentido, é o uso de marca por
outra pessoa.
● A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem – honra objetiva ou subjetiva.
o Para o Tribunal, a proteção dos direitos fundamentais é, sobretudo, uma proteção à
esfera individual de cada pessoa (originalmente, como se sabe, contra o Estado), de
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modo que reconhecer a possibilidade de uma pessoa jurídica de direito público seria
uma subversão à lógica dos direitos fundamentais.
● O espólio não é parte legítima para requerer danos morais post mortem em favor do morto,
mas sim o cônjuge, herdeiros ou parentes em linha reta ou colateral até o 4º grau.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto O espólio é legitimado a
viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas prosseguir na demanda.
falecido antes do trânsito em julgado.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto O espólio é legitimado a propor
viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação. a ação de indenização.
Os herdeiros (e não o espólio)
Ofensa à memória da pessoa já falecida. são legitimados para propor a
ação de indenização.
Os herdeiros (e não o espólio)
Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa. são legitimados para propor a
ação de indenização.

● A morte do interditando no curso de ação de interdição não implica, por si só, a extinção do
processo sem resolução de mérito da ação de exigir contas por ele ajuizada mediante seu
curador provisório, tendo o espólio legitimidade para prosseguir com a ação de exigir de
contas.
252 ● Imperiosa cláusula de modicidade: o agente público está sob vigília social, não estando imune
às críticas. Qualquer suposta agressão à honra de um agente público deve ser sopesada com
atenção especial, pois do contrário correr-se-ia o risco de criar impossibilidade de fiscalizar os
agentes públicos. Assim, não se deve indenizar em qualquer caso, havendo uma imperiosa
cláusula de modicidade.
● É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias
ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. Caso o biografado
ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela
publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização
pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova
edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário.
● Transmissão de música por meio de streaming demanda autorização prévia e expressa pelo
titular dos direitos de autor e caracteriza fato gerador de cobrança pelo ECAD relativa à
exploração econômica desses direitos.
● Ainda que o titular dos direitos autorais sobre a música (cedente) não tenha registrado sua
canção no registro adequado, o cessionário tem legitimidade para fazer a averbação.
● Súmula 228 STJ: é inadmissível interdito proibitório para a proteção do direito autoral.
o No caso, é cabível ação inibitória e a ação de ressarcimento de danos.
● Não há proteção autoral para ideia, vez que as ideias constituem patrimônio comum da
humanidade. Criação de nova espécie de seguro não possui proteção da lei de direitos
autorais.
● O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é
condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização.
● Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o
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direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil. Atualmente é


desnecessário o provimento judicial, de modo que o CNJ irá regulamentar a retificação do
registro civil.
● Em princípio, não caracteriza hipótese de responsabilidade civil a publicação de matéria
jornalística que narre fatos verídicos ou verossímeis, embora eivados de opiniões severas,
irônicas ou impiedosas, sobretudo quando se trate de figuras públicas que exerçam atividades
tipicamente estatais, gerindo interesses da coletividade, e a notícia e crítica referirem-se a
fatos de interesse geral relacionados à atividade pública desenvolvida pela pessoa noticiada.
● Os provedores de pesquisa não podem ser responsabilizados pelo conteúdo do resultado das
buscas realizadas pelos usuários, bem como não podem ser obrigados a filtrar o conteúdo das
pesquisas feitas por cada usuário.
● Não há na ordem jurídica brasileira incapacidade de direito ou de gozo, vez que, a partir do
nascimento com vida, toda e qualquer pessoa será detentora de capacidade de direito ou de
gozo. Já a capacidade de fato ou de exercício se relaciona com a aptidão para o exercício de
atos da vida civil de forma pessoal, sendo certo que, em algumas situações (incapazes absoluta
ou relativamente), o direito brasileiro contempla hipóteses de incapacidade de fato/exercício.
● Nome é um direito personalíssimo e, em princípio, é inalterável e imutável, salvo as exceções
em lei, sendo possível a supressão de um patronímico pelo casamento, desde que não haja
prejuízo à ancestralidade nem à sociedade.
● Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
253 ● Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo quando importar
diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes.
● No caso de pessoas públicas, o âmbito de proteção dos direitos da personalidade se vê
diminuído, sendo admitida, em tese, a divulgação de informações aptas a formar o juízo crítico
dos eleitores sobre o caráter do candidato.
● Fixou-se o entendimento de que não é necessária a interdição prévia para que seja decretado
nulo um negócio jurídico a ela anteriormente praticado por aquele que sofra de insanidade
mental, desde que esta já exista no momento de realização do negócio.
● Domicílio:
o o do militar, onde servir, e,
o sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado
● O entendimento predominante é no sentido de que os direitos da personalidade reconhecidos
ao nascituro não se aplicam ao embrião in vitro, que possui estatuto jurídico próprio. O art. 5º
da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) permite que os embriões congelados, não
utilizados no prazo de 3 anos, sejam utilizados para pesquisas com células-tronco. Ao declarar
a constitucionalidade desse dispositivo no julgamento da ADI nº 3510/DF, o Supremo Tribunal
Federal asseverou que “a proteção constitucional do direito à vida não atinge o embrião
humano fertilizado in vitro”
● O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente sobre os
riscos do tratamento, suas vantagens e desvantagens, as possíveis técnicas a serem
empregadas, bem como a revelação quanto aos prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico,
salvo quando tal informação possa afetá-lo psicologicamente, ocasião em que a comunicação
será feita a seu representante legal. Para que seja cumprido o dever de informação, os
esclarecimentos deverão ser prestados de forma individualizada em relação ao caso do

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paciente, não se mostrando suficiente a informação genérica (blanket consent). O ônus da


prova quanto ao cumprimento do dever de informar e obter o consentimento informado do
paciente é do médico ou do hospital, orientado pelo princípio da colaboração processual, em
que cada parte deve contribuir com os elementos probatórios que mais facilmente lhe possam
ser exigidos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.540.580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador
Convocado do TRF 5ª Região), Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2018 (Info
632). #IMPORTANTE

9.2. Pessoas Jurídicas – desconsideração da personalidade jurídica


Pessoas jurídicas. Personalidade jurídica da pessoa jurídica. Desconsideração.
Classificação. Início e fim da personalidade jurídica da pessoa jurídica. Administração.
Classificação: pessoas jurídicas de direito público e privado. Sociedades, associações e
fundações. Partidos políticos (aspectos civis). Entidades sem personificação jurídica e
novos sujeitos de direito.
● É obrigatória a inclusão de norma estatutária nas associações que preveja o direito de recorrer
dos associados na hipótese de sua exclusão.
● Criação de fundação: Lavratura de escritura pública para dotação especial de bens livres e
suficientes para a constituição da fundação e do desenvolvimento de suas atividades, com a
especificação do fim ao qual a fundação se destina. Na sequência, os instituidores farão a
transferência da propriedade ou outro direito real sobre os bens dotados. Após, àqueles a
quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, formularão o estatuto da fundação
254 ● projetada, submetendo-o, em seguida ao MP para aprovação, com recurso ao juiz.
II - O direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado decai em 3 (três)
anos, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
● O ato constitutivo deverá ser apresentado a arquivamento na Junta Comercial, dentro de 30
(trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento;
fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder. Só se
aplica às sociedades empresárias (mercantis).
● Associação: Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

9.2.1. Desconsideração da personalidade jurídica


● A desconsideração da personalidade de empresa falida em decorrência de fraude contra a
massa falida não implica, por si só, o afastamento da impenhorabilidade dos bens de família
dos sócios. Desconsiderar a personalidade jurídica é permitido, preenchido os pressupostos
legais. Lado outro, essa desconsideração não enseja a invasão na esfera dos bens de família,
que continuam sendo impenhoráveis, salvo as exceções legais.
● Na desconsideração da personalidade jurídica, somente o sócio ou administrador que
participou do ato abusivo terá seu patrimônio particular usado para pagar a dívida da
sociedade (art. 50, CC).
● STJ: Do encerramento irregular presume-se o abuso da personalidade jurídica, seja pelo desvio
de finalidade, seja pela confusão patrimonial. Entretanto, não é capaz, por si só, de ensejar a
desconsideração da personalidade. Deve ficar demonstrado que houve o abuso da
personalidade jurídica (desvio de finalidade/confusão patrimonial). Não se confunde com a
possibilidade de redirecionamento da execução fiscal, no direito tributário.

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● Súmula 554 STJ: O encerramento das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da
sociedade não é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista
no Código Civil. Deve ser demonstrado os requisitos do artigo 50 do CC.
o O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por
si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida?
▪ Código Civil: NÃO
▪ CDC: SIM
▪ Lei Ambiental: SIM
▪ CTN: SIM
● A desconsideração não implica em dissolução da personalidade jurídica, mas mera ineficácia
do contrato ou estatuto social da empresa frente a credores cujos direitos não são
satisfeitos.
● Prevalece a regra geral de perpetuidade para realização da desconsideração da personalidade
jurídica. Não se extingue pelo seu não uso.
● Pode haver a decretação da desconsideração em sede de processo de execução ou falimentar,
independentemente de ação própria. (STJ falava assim, agora o NCPC traz o incidente).
o Petição inicial: resolve-se nos próprios autos, sem suspender o processo.
o No meio do processo: autos apartados, suspendendo o processo.
● Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens havida em fraude
de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

255 ● Os atos jurídicos permanecem válidos, havendo tão somente a superação da personalidade
jurídica para alcançar os bens particulares dos sócios e administradores que atuaram com
desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
● Teoria da desconsideração expansiva: Cuida-se da situação do chamado sócio oculto, não nos
termos da sociedade em conta de participação, fique claro, mas na condição ‘daquele que é
sem nunca ter sido’, ou seja, daquele que é o protagonista da empresa se valendo de
interpostas pessoas contratuais, denominadas na expressão popular de ‘laranjas’, ‘testa de
ferro’, ‘homem de palha’ e ‘boneco de gelo’, a funcionar como um véu, um anteparo, uma
cortina, enfim uma armadura à sua responsabilidade
● Os administradores de associação não podem ser responsabilizados com base no artigo 1023
do CC, quando os bens da associação forem insuficientes. O Código Civil, ao tratar sobre a
responsabilidade das sociedades simples, estabelece o seguinte: Art. 1.023. Se os bens da
sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que
participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. Esse dispositivo
NÃO se aplica às associações civis. As associações civis são caracterizadas pela união de
pessoas que se organizam para a execução de atividades sem fins lucrativos. Sociedades
simples são formas de execução de atividade empresária, com finalidade lucrativa.
● Nas causas em que a relação jurídica for cível-empresarial, a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica será regulada pelo art. 50 do Código Civil. A inexistência ou
não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a desconsideração da
personalidade jurídica. O que se exige é a demonstração da prática de desvio de finalidade ou
de confusão patrimonial (art. 50 do CC). Assim, o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica pode ser instaurado mesmo nos casos em que não for comprovada a
inexistência de bens do devedor. STJ. 4ª Turma. REsp 1729554/SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 08/05/2018
● O §5º do art. 28 do CDC não guarda relação de dependência com o “caput” do seu artigo, o
que, por si só, não gera incompatibilidade legal, constitucional ou com os postulados da ordem

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jurídica. “ Assim, a teoria menor da desconsideração parte de premissas distintas da teoria


maior: para a incidência da desconsideração com base na teoria menor, basta a prova de
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da
existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
● Teoria Maior: exige-se, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de
finalidade, ou a demonstração de confusão patrimonial. Esta teoria é a adotada pelo Código
Civil e pela Lei do CADE;
● Teoria Menor: basta a insolvência. CDC, 9.605/98, CLT.
● Dispõe o enunciado nº 9 da 1ª Jornada de Direito Comercial do CJF (2012): quando
aplicado ás relações jurídicas empresariais, o art.50 do Código Civil não pode ser
interpretado analogamente ao art.28, §5º, do CDC ou ao art.2º, §2º, da CLT".

9.3. Bens
Bens. Classificação. Regime jurídico. Bem de família

● Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.
● A exclusão do fiador da proteção da impenhorabilidade do bem de família tem por finalidade
garantir o próprio direito de moradia de inúmeras pessoas que dependem de um mercado
imobiliário estável para travar de forma segura contratos de locação. Assim, é possível
penhorar a casa do fiador de contrato de locação de imóvel, ainda que bem de família.
o Exceção: não pode-se penhorar imóvel de fiador de aluguel de imóvel
comercial.
256 ● O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser
tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível e impenhorável. A CEF, apesar de EP de
atividade privada, explora serviço público, de relevante função social, regulamentado por
normas especiais previstas na Lei 4.380/64. Logo, o imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de
Habitação, porque afetado à prestação de serviço público, deve ser tratado como bem público,
sendo, pois, imprescritível e insuscetível de aquisição por usucapião. Isto posto, aquele que
financia uma casa na CEF não pode alegar usucapião quando torna-se inadimplente.
● É possível a penhora de bem de família quando a dívida é oriunda de cobrança de taxas e
despesas condominiais com base no art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/90. STJ. 2ª Seção. AR 5.931/SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 09/05/2018. Por outro lado, não cabe a
penhora de bem de família para a cobrança de contribuições criadas por associações de
moradores (condomínio de fato). Isso porque tais débitos ostentam natureza de dívida
fundada em direito pessoal, oriunda do ato associativo ou de concordância com a despesa,
não possuindo vinculação com o bem, mas sim com o serviço contratado, posto à disposição
do associado. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1688721/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 20/02/2018.
● Os bens acessórios seguem o princípio da gravitação jurídica. Assim, o acessório segue a sorte
do principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da lei ou das
partes.
o De outro lado, o negócio jurídico que disser a respeito do bem principal NÃO
ABRANGE as pertenças. Estas são autônomas, não incorporadas ao bem
principal, possuindo natureza jurídica diversa, sui generis. Já as benfeitorias
incorporam-se ao bem principal.
o É direito do devedor fiduciante a retirada das pertenças consistentes nos
aparelhos de adaptação para direção por deficiente físico, se anexados por ele
ao bem principal e, por óbvio, se realizada a adaptação em momento posterior
à garantia fiduciária.
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● Tratando-se de bem de família que se constitua em imóvel rural, é possível que se determine a
penhora da fração que exceda o necessário à moradia do devedor e de sua família.
● A divisão de bens divisíveis pode haver eventual diminuição de valor, mas esta é compatível
com a divisão em si.
● Para a existência da pertença, o artigo 93 do Código Civil não exige elemento subjetivo como
requisito para o ato de destinação. Basta o fato de submeter determinada coisa, de modo
duradouro, ao fim econômico-social de outra coisa.
o Pertenças: bens móveis que passam a fazer parte do bem imóvel por decisão
humana. Não constituem partes integrantes.
o Benfeitorias: melhorias diretamente no imóvel. Constituem partes integrantes.
● A LC 150 retirou da exceção de impenhorabilidade o “os créditos de trabalhadores da própria
residência e as contribuições previdenciárias.” Assim, o bem de família NÃO pode ser
penhorado nessas hipóteses.
● A proteção instituída pela Lei n. 8.009/1990, quando reconhecida sobre metade de imóvel
relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem, porquanto o escopo precípuo da
lei é a tutela não apenas da pessoa do devedor, mas da entidade familiar como um todo, de
modo a impedir o seu desabrigo, ressalvada a possibilidade de divisão do bem sem prejuízo do
direito à moradia.
● A infungibilidade de um bem pode decorrer da manifestação de vontade da parte.
● Os bens dominicais, apesar de poderem ser alienados, são regidos pelas regras de direito
257 público, ainda que componham o patrimônio público na qualidade de direito pessoal ou real
de cada entidade. Contudo, não se sujeitam à usucapião e, ainda que alienáveis, estão
sujeitos às exigências impostas por lei para tal (licitação, autorização legal e avaliação
prévia).
● Lembre-se: a usucapião pode recair sobre bens incorpóreos, como a súmula 193 STJ: o direito
de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.
● É possível interdito proibitório contra aqueles que turbam linhas telefônicas e energia.
● ATENÇÃO: Súmula 228 STJ: É inadmissível interdito proibitório para proteção do direito
autoral. Aqui só cabe tutela inibitória.
● A divisibilidade de um bem, sob o aspecto jurídico, decorre de um aspecto utilitarista:
manutenção do valor econômico proporcional nas coisas divididas, bem como da identidade
da substância. Não sendo possível manter seu valor econômico após a divisão, considera-se
que o bem é juridicamente indivisível: ex: não dá para cortar um cavalo ao meio.
● A pertinência subjetiva não constitui requisito imprescindível para configuração das
universalidades de fato e de direito.
o Fato: complexo de bens.
o Direito: complexo de relações jurídicas.
● O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos
sócios da pessoa jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à
entidade familiar. O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa
devedora são os titulares do imóvel hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração
de que não se beneficiaram dos valores auferidos. Assim, é possível a penhora de bem de
família dado em garantia hipotecária pelo casal quando os cônjuges forem os únicos sócios
da pessoa jurídica devedora. STJ. 2ª Seção. EAREsp 848498-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 25/04/2018 (Info 627

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● Em regra, o bem de família não pode ser penhorado (art. 1º da Lei nº 8.009/90). O inciso V do
art. 3º diz, contudo, que o bem de família pode ser penhorado se o imóvel foi oferecido em
hipoteca como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. A hipoteca é uma espécie de
direito real de garantia, disciplinada nos arts. 1.473 a 1.505 do Código Civil. Se a parte que deu
o bem em hipoteca não cumprir a sua obrigação, o credor poderá executar a hipoteca,
hipótese na qual o imóvel dado em garantia será alienado e o valor obtido utilizado para pagar
o débito. Assim, em regra, é possível a penhora do imóvel que tiver sido oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. O STJ, contudo, ao interpretar esse inciso, faz
a seguinte observação: a penhora do bem de família somente será admitida se o imóvel foi
dado em garantia de uma dívida que beneficiou o casal ou entidade familiar. Desse modo, a
exceção prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90 não se aplica aos casos em que a hipoteca é
dada como garantia de empréstimo contraído em favor de terceiro, somente quando
garante empréstimo tomado diretamente em favor do próprio devedor.
● A impenhorabilidade de bem de família pode ser arguida em qualquer tempo ou fase do
processo, desde que não tenha havido pronunciamento judicial anterior. STJ. 3ª Turma. AgRg
no REsp 1373654/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 06/03/2018. Opera-se a
preclusão consumativa quanto à discussão acerca da penhorabilidade ou impenhorabilidade
do bem de família quando houver decisão definitiva anterior acerca do tema, mesmo em se
tratando de matéria de ordem pública. STJ. 3ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 1039028/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/11/2017. A impenhorabilidade de bem de
família pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição. No entanto, uma vez decidido
258 o tema, não pode ser reeditado, pois acobertado pela preclusão. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp
1518503/PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/09/2017.
● A regra de impenhorabilidade do bem de família trazida pela Lei nº 8.009/90 deve ser
examinada à luz do princípio da boa-fé objetiva, que, além de incidir em todas as relações
jurídicas, constitui diretriz interpretativa para as normas do sistema jurídico pátrio. Assim, se
ficou caracterizada fraude à execução na alienação do único imóvel dos executados, em
evidente abuso de direito e má-fé, afasta-se a norma protetiva do bem de família, que não
pode conviver, tolerar e premiar a atuação dos devedores em desconformidade com a boa-
fé objetiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1575243/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/03/2018.
● Súmula 486 STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a
terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família.
● Súmula 549 STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de
locação.
o Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos
de locação comercial. Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de
família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE
605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em
12/6/2018 (Info 906). Só no caso de CASA é penhorável. Locação comercial é
uma dívida comum.
● :
9.4. Fatos e negócios jurídicos; Das Provas
Negócios jurídicos. Conceito. Existência, validade e eficácia. Condição, termo e encargo.
Defeitos do negócio jurídico. Simulação. Atos jurídicos lícitos e ilícitos. Abuso de direito.
Representação. Prescrição e decadência. Prescrição e Fazenda Pública. Prova.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

9.4.1. Fato e Negócio jurídico


 Condição impossível:
o Resolutiva: inexistente a condição (plano de existência)
o Suspensiva: invalida o negócio jurídico, remanescendo o negócio como puro e
simples. (Plano da validade)
 Encargo ilícito ou impossível: considera-se não escrito e mantem o NJ, salvo se constituir o
motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
 Estado de perigo: ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de
sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.
o Dependendo do caso pode não ser pessoa da família, mas uma pessoa muito
especial.
o Segundo o STJ, deve ser comprovado o dolo de aproveitamento da outra
parte.
o O dano deve ser conhecido pela parte que aproveita-se de tal situação.
o Ao estado de perigo também aplica-se o disposto no parágrafo 2º do artigo
157: Oferecidos suplementos suficientes, ou se a parte favorecida concordar
com a redução do proveito, não se anula o negócio jurídico.
 A LESÃO não exige dolo de aproveitamento. Ou seja, é desnecessário o conhecimento da parte
contrária de que a parte lesada está sob premente necessidade ou é inexperiente.
o Oferecidos suplementos suficientes, ou se a parte favorecida concordar com a

259 redução do proveito, não se anula o negócio jurídico.


o Enunciado 149: em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a
verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do
negócio jurídico e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os
contratantes a seguir as regras do art. 157, §2º do CC.
o A lesão não exige o dolo de aproveitamento.
o Nas hipóteses de lesão, pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do
NJ, deduzindo, desde logo, pretensão com vista à revisão judicial do NJ por
meio da redução do proveito do lesionador ou do complemento do preço.
 A gravidade da falsidade de assinatura se trata de ilicitude que macula irremediavelmente o
negócio jurídico.
o A ilicitude do artigo 166, II, pode se referir à forma, e não somente ao
conteúdo do negócio jurídico, sendo matéria de ordem pública insuscetível
de convalidação.
 O valor de 30 salários mínimos do artigo 108 do CC se refere ao valor do imóvel atribuído pelo
FISCO e não ao preço do negócio (preço atribuído entre as partes).
o ATENÇÃO, enunciado 289 do CJF: O valor de 30 salários mínimos do artigo 108
do CC é o atribuído pelas partes contratantes, e não qualquer outro valor
arbitrado pela Administração Pública com finalidade tributária. “ STJ: entende
que é o valor atribuído pelo fisco, sob pena de várias fraudes a fim de evitar os
encargos com cartório.
 STF: nas situações de natureza contratual de trato sucessivo, a lei nova pode incidir
imediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as normas legais sejam de
natureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio da vontade dos
contratantes.
 O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos autorizarem e não for
necessária a declaração de vontade expressa.

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 O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder


civilmente até a importância do proveito que se teve; se, porém, o dolo for do representante
convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
 Dolo acidental: é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém, em condições mais onerosas
ou menos vantajosas, não afetando sua declaração de vontade, embora venha a provocar
desvios, não gerando vício de consentimento nem sendo a causa do contrato.
o Obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental, quando, a seu despeito,
o negócio seria realizado, embora por outro modo.
o Não gera anulação
 Erro acidental: caracteriza-se o erro acidental pela irrelevância com que atua no negócio
jurídico, porque se refere a circunstâncias ou qualidades secundárias do objeto ou da pessoa.
Se conhecida a realidade, ainda assim o negócio jurídico seria realizado. Ele não anula o
negócio jurídico. Ex: erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração da vontade.
 Coação por terceiro: somente anula o negócio jurídico se o terceiro beneficiado tiver
conhecimento da coação realizada, e este responderá solidariamente com o coator por perdas
e danos.
o Se o terceiro beneficiado de nada souber, o negócio jurídico permanecerá
válido, mas o coator responderá sozinho por perdas e danos.
 Não se decretará a anulação do negócio jurídico se for oferecido suplemento suficiente para o
equilíbrio ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
 SIMULAÇÃO
o Simulação inocente: se faz sem o intuito de prejudicar não existe mais
260 simulação inocente que não gera nulidade. Qualquer que seja, é declarada
nula, sendo matéria de ordem pública.
o Simulação maliciosa: há o intuito de prejudicar terceiro.
 Tanto a inocente como a fraudulenta é considerado ato NULO.
o Simulação absoluta: faz-se um negócio jurídico em sua essência, mas na
realidade, não há negócio jurídico algum. A declaração aparente de vontade
não produz qualquer efeito jurídico. Não há negócio algum, não admitindo
aproveitamento.
o Simulação relativa: Há dois negócios jurídicos: o simulado e o dissimulado.
Busca-se produzir efeitos diferentes dos típicos do negócio realizado. É
disposto no art. 167. Compõem-se de dois negócios:
 Um deles é o simulado;
 O outro é o dissimulado, oculto, mas verdadeiramente desejado. Se
for válido material e formalmente, ele pode subsistir.
 En. 153: Na simulação relativa o negócio jurídico simulado (aparente)
é nulo, mas o dissimulado será válido, se não ofender a lei nem causar
prejuízo a terceiros.
 En. 293: Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico
dissimulado não decorre tão somente do afastamento do negócio
jurídico simulado, mas do necessário preenchimento de todos os
requisitos substanciais e formais de validade daquele.
 En. 294: Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio
jurídico, pode ser alegada por uma das partes contra a outra.
Inaplicabilidade do art. 276 (ninguém pode se valer da própria
torpeza).
o TODA simulação, inclusive a inocente, é invalidante.

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o Na simulação relativa, o negócio simulado é NULO, mas o dissimulado é


válido e não ofender a lei e nem causar prejuízo a terceiros.
o Simulação: fazer um negócio jurídico com vontade distinta da real. Há uma
mentira.
o Dissimulação: há ocultação deliberada da verdade.
 Se a dissimulação for válida em sua substancia (material) e em sua
forma, ele subsistirá.
o Enunciado CJF 294 dispõe que a simulação pode ser alegada por terceiros que
não fazem parte do negócio, mas também por uma parte contra a outra.
Trata-se de situação que gera nulidade do negócio jurídico, e não
anulabilidade, sendo questão de ordem pública.
o En. 578 afirma que para ser declarada a simulação não é necessária ação
própria, pois se trata de negócio jurídico nulo.
 É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o
representado se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

9.4.2. Prescrição e Decadência
● É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
● Suspensão e interrupção VS. Solidariedade e indivisibilidade
o Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
261 o Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor (normal) não aproveita
aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
o § 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim
como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e
seus herdeiros.
o § 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de
obrigações e direitos indivisíveis.
o § 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
● Como regra, a suspensão da prescrição em favor de um dos credores não aproveita aos
demais, salvo se, sendo solidários os credores, a obrigação for indivisível. (Credores solidários
+ obrigação indivisível = aproveita a todos os credores)
o Não há correlação necessária entre a solidariedade e a indivisibilidade. Uma
obrigação indivisível que tenha se tornado impossível pelo perecimento de seu
objeto resolve-se em perdas e danos, quando, então, se torna divisível (art.
263).
o O mesmo não acontece com a obrigação solidária, eis que em relação aos
valores devidos por por perdas e danos subsistirá a solidariedade (art. 271 do
CC). No caso do art. 201, exige-se a presença de ambas as circunstâncias:
credores solidários de obrigação indivisível.
● Regras da solidariedade
o Credores:
▪ Suspensão: só aproveita aos demais se a obrigação for indivisível.
▪ Interrupção: aproveita aos outros.
o Devedores
▪ Suspensão:

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▪ Interrupção: aproveita aos outros e seus herdeiros.


● Contra herdeiros do devedor solidário: não prejudica outros
herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações
e direitos indivisíveis.
● A interrupção da prescrição por um credor solidário aproveita aos outros.,
o A interrupção da prescrição por um credor (normal) não aproveita os outros.
● A interrupção da prescrição contra um devedor solidário aproveita aos demais e seus
herdeiros.
o A interrupção operada contra o codevedor (normal), ou seu herdeiro, não
prejudica aos demais coobrigados.
o A interrupção contra o herdeiro do devedor solidário não prejudica os outros
herdeiros ou devedores, senão quando a obrigação/direito for indivisível.
● Prescrição contra pessoa jurídica de direito público:
o Ilícitos civis: há regular prescrição da reparação do ilícito civil.
o Improbidade dolosa e ressarcimento ao erário: são imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário.
o Improbidade: prescreve conforme a lei de improbidade.
 A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar.
 Decadência LEGAL não pode ser objeto de renúncia, nem antes, nem depois de consumada.
 Decadência CONVENCIONAL é suscetível de renúncia.
 A propositura de ação pelo devedor, que importe impugnação do débito contratual ou de
262 cártula representativa do direito do credor, é causa interruptiva da prescrição. Se está
questionando o débito, significa que há interesse no valor, que reconhece o título, entretanto,
impugna o valor.
● Prescrição da ação de indébito envolvendo cédula de crédito rural
o Contrato anterior ao CC 2002: 20 anos.
o Contrato posterior ao CC 2002: 3 anos
● Prescrição: fator de extinção da pretensão/poder de exigir prestação devida em razão da
inércia, deixando escoar o prazo legal.
● Actio nata: nascimento de pretensão através da violação do direito subjetivo e a respectiva
ciência pelo prejudicado da violação desse direito.
● Os prazos de prescrição não podem ser alterados entre as partes.
● É possível renúncia tácita ou expressa à prescrição após a sua consumação.
● O reconhecimento de ofício da prescrição pelo juiz não retira do devedor a possibilidade de
renunciá-la, após consumada.
● Princípio da acessio temporis: a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr
contra seu sucessor.
● A exceção e a pretensão possuem o mesmo prazo de prescrição.
● Na decadência o para exercício de ação se origina simultaneamente com o direito; na
prescrição, o prazo de ação surge em época distinta ao nascimento do direito (actio nata).
● A decadência extingue o direito potestativo, direito sem contestação, ou poder que a lei
confere a determinada pessoa de, mediante a manifestação da vontade, influir na situação
jurídica de outra, independentemente da vontade desta.
● Os direitos potestativos são aqueles sem pretensão, pois não se sujeitam à violação. A eles não
se opõem um dever ou uma contraprestação, de quem quer que seja, mas uma sujeição. É
prerrogativa jurídica de impor a outrem a sujeição ao seu exercício. Como observa Francisco
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Amaral, o direito potestativo atua na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha algum
dever a cumprir.
o Ex: direito de se divorciar; direito de demitir um empregado;
o Não implica num determinado comportamento de outrem, nem é suscetível
de violação. O direito potestativo não se confunde com o direito subjetivo,
porque ao direito subjetivo se contrapõe um dever, o que não ocorre com o
direito potestativo. A este, entendido como espécie de poder jurídico,
corresponde uma sujeição: a necessidade de suportar os efeitos do exercício
do direito potestativo. Ainda, observa o autor que o direito potestativo
extingue-se pela decadência enquanto o direito subjetivo é extinto pela
prescrição.
● Decadência é legal, convencional ou testamentária; prescrição é só legal.
● Decadência não se interrompe, não suspende e nem tem seu prazo de fluência impedido.
● Só decadência legal pode ser reconhecida de ofício, a convencional não.
● Só pode haver renúncia de decadência convencional. Legal não.
● As ações constitutivas representam meios de exercício de direitos potestativos (que não são
suscetíveis de violação) e, portanto, estão sujeitos à decadência, quando não tiverem prazo
especial fixado em lei.
● Aplica-se a actio nata tanto à prescrição quanto à decadência.
● As ações declaratórias puras são imprescritíveis; as ações condenatórias estão sujeitas à
263 prescrição; as ações constitutivas representam meios de exercício de direitos potestativos,
estando sujeitas à decadência; são imprescritíveis as ações constitutivas que não tem prazo
especial de exercício fixado em lei; as ações condenatória-constitutivas estão sujeitas à
prescrição;
● Não é possível alegar prescrição/decadência em sede de REsp ou REx, pois ao STJ e ao STF cabe
apenas exame de matéria já prevista pelos Tribunais. Assim, é possível que a ausência de
prequestionamento obste a análise de tais recursos mesmo quando a matéria for de ordem
pública. Há divergência, mas prevalece essa tese.
● Os variados prazos ditados pelos artigos 205 e 206 da parte geral, por não se reportarem a
direitos potestativos, são considerados, pois, como prescricionais extintivos.
● A suspensão do prazo de prescrição para os indivíduos absolutamente incapazes ocorre no
momento em que se manifesta a sua incapacidade, sendo a sentença de interdição, para esse
fim específico, meramente declaratória.
● A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros, tampouco prejudica os
demais coobrigados (salvo se solidário). Mas, a interrupção produzida contra o devedor
principal prejudica o fiador.
● Mera ciência pelo devedor não é causa de interrupção da prescrição. Deve ser ATO
INEQUÍVOCO que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
● A propositura de demanda judicial pelo devedor, que importe impugnação de débito
contratual ou de cártula representativa de direito do credor, é causa interruptiva da
prescrição.
● No caso de negócio concluído por representante em conflito de interesses, o prazo de
anulação do NJ é de 180 dias, contado a partir da conclusão do NJ ou da cessação da
incapacidade
● Para alegar a prescrição deve ser demonstrado o legítimo interesse econômico e seus efeitos
liberatórios.
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● Prescrição contra a Fazenda Pública:


o Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda pública figure como
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a
prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior
a propositura da ação.
▪ No trato sucessivo, a prescrição fulmina-se isoladamente em cada
prestação, podendo ser contadas isoladamente.
o Todavia, tal entendimento não é aplicável na hipótese de lei de efeitos
concretos cuja vigência acarrete lesão ou modificação do status do suposto
titular do direito, haja vista que, nesse caso, o prazo prescricional é contado a
partir da data de publicação da lei, pois não há que se falar em relação de
trato sucessivo.
▪ No caso da lei que suprime ou altera direitos, tem-se que o ato é
único, e seus efeitos concretos e permanentes, recaindo sobre o
direito e não sobre as prestações.
● Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (art. 205
CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando se tratar de responsabilidade
extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo de 3 anos.
Para fins de prazo prescricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma
restritiva, abrangendo apenas os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil
extracontratual.
264 o • Responsabilidade civil extracontratual: 3 anos.
o • Responsabilidade contratual: 10 anos. STJ. 2ª Seção. EREsp 1280825/RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018.
o “Em conclusão, para o efeito da incidência do prazo prescricional, o termo
“reparação civil” não abrange a composição da toda e qualquer consequência
negativa, patrimonial ou extrapatrimonial, do descumprimento de um dever
jurídico, mas apenas as consequências danosas do ato ou conduta ilícitos em
sentido estrito e, portanto, apenas para as hipóteses de responsabilidade
civil extracontratual.” Todas as vezes em que o Código Civil de 2002 falou em
“reparação civil”, ele tratou de casos relacionados com a responsabilidade
civil extracontratual. Quando o Código tratou sobre inadimplemento
contratual (exs: arts. 389 a 405), ele não utilizou, em nenhum momento, a
expressão “reparação civil”. Dessa forma, partindo-se de uma interpretação
literal do texto normativo, compreende-se que o termo “reparação civil” foi
utilizado pelo legislador apenas quando pretendeu se referir à
responsabilidade extracontratual. Logo, o art. 206, § 3º, V, ao falar em
“reparação civil”, está se referindo tão somente à responsabilidade
extracontratual.

9.4.3. Ato ilícito e boa-fé
 Abuso de direito: uso do direito além do permitido, extrapolando as limitações jurídicas,
lesando alguém, gerando o dever de indenizar o prejudicado.
o Art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
o É o ato desconforme com a finalidade socioeconômica, exagerado nos limites
da boa-fé ou bons costumes.

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o A ilicitude é objetiva: independe de culpa ou dolo. Basta o excesso do uso do


direito.
o En. 37: A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de
culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
o Enunc. 539: O abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma em relação
à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de posições jurídicas
desafia controle independentemente de dano.
o O artigo 187 aplica-se a todos os ramos do direito. É uma cláusula geral.
 Enunciado 142: As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma situação jurídica
subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra fatcum proprium, são
concreções da boa-fé objetiva.
o Tu quoque: quando aplicado na relação privada, pretende evitar a quebra da
confiança pelo comportamento marcado pela surpresa ou ineditismo. A
exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) é
exemplo tu quoque. Segundo o art. 476, nos contratos bilaterais, antes de
cumprida a sua obrigação, uma parte não pode exigir o implemento da
obrigação do outro.
o Venire contra factum proprium: veda-se que um agente, em momentos
diferentes, adote comportamentos contraditórios entre si, prejudicando
outrem.
o Supressio: perda de um direito ou posição conferida no ordenamento em
virtude do não exercício. É o “abuso de direito de se omitir”, gerando na outra
265 parte a expectativa de que não seja mais exercido.
 A supressio não exclui a decadência e nem vice-versa.
 Assim, exagerando o direito de se omitir, ao buscar agir com o
comportamento que havia omitido, tal ato não será legítimo, em prol
da boa-fé objetiva.
o Surrectio: é o ganho de um direito sem existência jurídica prevista, em razão
da renúncia tácita de um direito reconhecido ou uma posição jurídica
garantida, decorrente do não exercício por certo tempo. A surrectio pode
contrariar o ordenamento ou o contrato.
 O STJ acolhe a teoria dos atos prórios (venire contra factum proprium) para o Poder Público.
Ex: o juiz não pode fazer algo contraditório em um processo.
 A boa-fé objetiva recomenda a verificação da vontade aparente das partes, vontade externa, e
não a vontade interna.
 A consideração pelo juiz da possibilidade de existência de propósito protelatório do réu indica
análise da situação conforme o princípio da boa-fé processual, sob o ângulo objetivo
 Por se tratar de regra de conduta, a boa-fé objetiva da parte é analisada externamente.
 Dever de mitigar o próprio dano – Duty to mitigate de loss: dever de mitigar o próprio prejuízo.
Àquele a quem o prejuízo aproveita deve tomar as medidas necessárias e possíveis para que o
dano não seja agravado, sob pena de violação da boa-fé. CJF: o princípio da boa-fé objetiva
deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.

9.4.4. Fraude contra credores X Fraude à execução


 A legitimidade na ação pauliana/rotiliana/revocatória é do credor quirografário, pois os outros
credores têm garantias para solvência das dívidas.

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 A ação revocatória possui natureza desconstitutiva do negócio jurídico, e não declaratória,


acarretando a anulabilidade do NJ.
o Só os credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta podem
manejar a ação, pois aqueles que se tornam credores após a alienação já
encontraram o patrimônio do devedor dilapidado.
 Fraude contra credores exige requisito:
o Objetivo (eventus damni): dolo de prejudicar os credores.
o Subjetivo (consilium fraudis): ciência do terceiro adquirente do estado de
insolvência do alienante.
o Deve haver demonstração do prejuízo causado pela insolvência.
o Não se exige a scientia fraudis para anular o negócio jurídico gratuito
celebrado em fraude contra credores. Nesse caso, não é necessário que o
adquirente esteja mancomunado ou conluiado com o alienante para lesar os
credores deste. Nesse caso é presumida a ciência da insolvência.
o Se o adquirente ignorava a insolvência do alienante e nem tinha motivos para
conhecê-la, conserva-se o negócio jurídico. É necessário a prova da ciência do
estado de insolvência, exceto em transferência gratuita e remissão de dívida,
quando se presume a ciência da insolvência.
o É presumida a ciência da insolvência pelo adquirente, quando:
 For notória ou houver motivos para ser conhecida.
 Atos de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida.
o STJ: a anulação (Pauliana) só aproveita ao credor que for autor da Ação
266 Pauliana.
o SUM STJ 195: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude
contra credores. Assim, deve-se promover a ação pauliana, cuja substituição
por embargos de terceiro é vedada.
o A ocorrência de fraude contra credores exige: a) a anterioridade do crédito; b)
a comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni); c) que o ato jurídico
praticado tenha levado o devedor à insolvência e d) o conhecimento, pelo
terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis). 2.
Agravo interno parcialmente provido. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp
1294462/GO, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF
5ª Região), julgado em 20/03/2018.
o
 A decretação de insolvência possui efeito imediato, na data de prolação, tanto para os
devedores quanto para os credores, independentemente do trânsito em julgado. Os débitos
serão executados em concurso universal de todos os credores, como se fosse falência. Será um
juízo universal da insolvência.
 Há duas causas para ação pauliana:
o Disposição de bens quando insolvente ou com fins de gerar insolvência;
o Disposição de bens com fins de tornar insuficiente a garantia já dada, como
vender uma casa hipotecada. "O ajuizamento da ação pauliana pelo credor
com garantia real (art. 158, § 1o) prescinde de prévio reconhecimento judicial
da insuficiência da garantia".
 Para tipificação de fraude contra credores não precisa mostrar o elemento subjetivo, ou seja, a
intenção de burlar o mandamento legal, os pressupostos para fraude contra credores são de
caráter objetivo. A causa de anulação é objetiva. Suficiente o critério objetivo: a redução à
insolvência.

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9.4.5. Das provas


● A prova exclusivamente testemunhal é admitida, de forma subsidiária ou complementar,
independentemente do valor do negócio jurídico.
o Se a lei exigir prova escrita da obrigação, admite-se prova testemunhal se tiver
início da prova escrita.
o NCPC revogou a parte que fala que só aceita testemunha em NJ de até 10 SM.
● Para os livros fazerem prova em favor do empresário, além de serem escriturados sem vício
extrínsecos e intrínsecos, devem ser confirmados por outros subsídios.
● A confissão não é revogada em virtude de coação, mas ANULADA.

9.5. Obrigações
Obrigações. Conceito e modalidades. Obrigação natural. Obrigação propter rem.
Transmissão das obrigações. Adimplemento e inadimplemento absoluto e relativo.
Modalidades de pagamento. Violação positiva do contrato e cumprimento defeituoso. Juros
e correção monetária. Cláusula penal. Preferências e privilégios creditórios.
 Para caracterização do adimplemento substancial levam-se em conta tanto aspectos
quantitativos quanto qualitativos. Assim, não pode haver um abuso de direito. A doutrina e a
jurisprudência têm admitido a aplicação da teoria do adimplemento substancial, fundada na
boa-fé objetiva, quando o devedor, além de liquidar grande parte do crédito e deixar de
267 adimplir parcela insignificante (requisito objetivo), atua com boa-fé objetiva até o momento do
descumprimento contratual (condição subjetiva).
 Para que o evicto possa exercer os direitos resultantes da evicção, não é necessário aguardar o
trânsito em julgado. Motivos: morosidade da justiça. Não é obrigatório denunciação à lide,
podendo utilizar-se de ação autônoma para buscar os direitos oriundos da evicção.
o STJ: É de 3 (três) anos o prazo prescricional para que o evicto (que perdeu o
bem por evicção) proponha ação de indenização contra o alienante.
 Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à DATA DA CITAÇÃO. – Teoria da Imprevisão.
 Diferença entre a obrigação solidária ativa e a obrigação indivisível no que toca aos efeitos da
conversão em perdas e danos: de acordo com o art. 263 do CC, a obrigação indivisível perde
esse caráter quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação
solidária ativa, que permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem
quer que seja.
 Supressio: suprime, retira a possibilidade de exercício de tal direito por parte de seu titular,
porque estaria sendo ferido a boa fé e confiança, uma vez que ele deixou de exercer um
direito seu de modo que fez presumir renúncia ao pactuado.
 Surrectio: ao invés, consiste na ampliação do conteúdo do negócio jurídico, tendo em conta o
comportamento de uma das partes que gera, na outra, o sentimento da existência de um
direito não expressamente avençado. Numa visão de relação social entre as partes,
observando-se notadamente a forma como o negócio jurídico vem sendo conduzido, o
conceito da “surrectio” permite concluir pelo surgimento de um direito anteriormente não
firmado/estabelecido entre os envolvidos.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Súmula 84-STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de


posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro.
 Súmula 239-STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis
 O saneamento de vício redibitório limitador do uso, gozo e fruição da área de terraço na
cobertura de imóvel objeto de negócio jurídico de compra e venda – que garante o seu uso de
acordo com a destinação e impede a diminuição do valor –, afasta o pleito de abatimento do
preço.
 Considerando que o ordenamento jurídico não prevê expressamente, o STJ entendeu que o
prazo para deduzir demanda baseada na garantia da evicção é de três anos, e não o de dez
anos. Isso porque, a natureza é tipicamente uma reparação civil de inadimplemento
contratual. Assim, há o prazo previsto, não incidindo, portanto, o prazo de 10 anos.
 Teoria do adimplemento substancial (defesa do devedor de não resolver o contrato): Por
meio da teoria do adimplemento substancial, defende-se que, se o adimplemento da
obrigação foi muito próximo ao resultado final, a parte credora não terá direito de pedir a
resolução do contrato em virtude da falta de pagamento, porque isso violaria a boa-fé
objetiva, já que seria exagerado, desproporcional, iníquo. No caso do
adimplemento substancial, a parte devedora não cumpriu tudo, mas quase tudo, de modo que
o credor terá que se contentar em pedir o cumprimento da parte que ficou inadimplida ou
então pleitear indenização pelos prejuízos que sofreu. Não poderá pedir a resolução do
contrato.
268 o Três requisitos para a aplicação da teoria:
 a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento
das partes;
 b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total
do negócio;
 c) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo
ao direito do credor de pleitear a quantia devida pelos meios
ordinários.
o Serve para preservar o negócio jurídico quando houver o descumprimento de
parte irrisória da obrigação entabulada, evitando-se a resolução após a relação
ter percorrido longo percurso rumo ao adimplemento.
o Em alguns casos o STJ aplica, ressalvando o direito da parte de percorrer seu
direito do crédito que sobrou pelas vias cabíveis.
 Inaplicável para contrato de alienação fiduciária em garantia regido pelo Decreto-Lei n.º
911/69 (EX: CARRO FINANCIADO). Devidamente comprovada a mora ou o inadimplemento, o
DL 911/69 autoriza que o credor fiduciário possa se valer da ação de busca e apreensão, sendo
irrelevante examinar quantas parcelas já foram pagas ou estão em aberto. Além disso, o art.
3º, § 2º do DL 911/69 prevê que o bem somente poderá ser restituído ao devedor se ele pagar,
no prazo de 5 dias, a integralidade da dívida pendente. Dessa forma, a lei foi muito clara ao
exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que o bem alienado
fiduciariamente seja remancipado. Ou seja, nos termos da lei, para que o bem possa ser
restituído ao devedor livre de ônus, é necessário que ele quite integralmente a dívida
pendente. Assim, mostra-se incongruente impedir a utilização da ação de busca e apreensão
pelo simples fato de faltarem poucas prestações a serem pagas, considerando que a lei de
regência do instituto expressamente exigiu o pagamento integral da dívida pendente.

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o Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão


do bem alienado fiduciariamente. Essa notificação dispensa a indicação do
valor do débito
o Após a expedição de busca e apreensão deve-se pagar TODA a dívida, e não
mais purgar a mora. STJ.
o O DL não apresenta restrição à utilização da ação de busca e apreensão em
razão da extensão da mora ou da proporção do inadimplemento.
o O DL é expresso em exigir a quitação integral do débito como condição
imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Ou
seja, é insuficiente que pague substancialmente o débito, sendo necessário
que quite integralmente a dívida pendente.
 Nos contratos anteriores à vigência da Lei nº 10.931/2004 é permitida a purgação da mora?
Antes da Lei nº 10.931/2004 era permitida a purgação da mora, desde que o devedor já tivesse
pago no mínimo 40% do valor financiado. Tal entendimento estava, inclusive, consagrado em
um enunciado do STJ:
Súmula 284-STJ: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida
quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado.
o A súmula 284-STJ ainda é válida?
• Para contratos anteriores à Lei 10.931/2004: SIM.
• Para contratos posteriores à Lei 10.931/2004: NÃO.
 A quitação regular engloba a quitação dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de
comunicação a distância, assim entendida aquela que permite ajustar negócios jurídicos e
269 praticar atos jurídicos sem a presença corpórea ou simultânea das partes ou de seus
representantes.
 A formação dos contratos realizados por ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a
recepção da aceitação pelo proponente.
 Admite-se penhora de website e outros intangíveis relacionados ao comércio eletrônico.
 A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
o Cláusula resolutiva tácita: é aquela decorrente de lei, como por exemplo a
exceção do contrato não cumprido, segundo a qual, nos contratos bilaterais,
nenhum dos contratantes pode exigir a prestação do outro, antes de cumprir a
sua.
 A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja
integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando
lhe foi entregue.
 Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de compra e venda com reserva
de domínio, o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a proteção
possessória sobre o bem móvel objeto da avença. Isto porque, enquanto não for pago
integralmente o valor, vigora a propriedade do vendedor sobre o bem, cabendo ação
petitória, e não possessória.
 O pagamento parcial, não implica por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos
termos expressos da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da
prestação pelo credor.
 Com a renúncia à solidariedade, quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só
poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida, permanecendo a solidariedade quanto
aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela
renúncia.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 A renúncia da solidariedade em favor de determinado devedor, AFASTA a hipótese de seu


chamamento ao processo. Ademais, renunciado a solidariedade, não há enquadramento nas
hipóteses do artigo 130 do CPC que permitem o chamamento ao processo.
 O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verificar a existência
de débito não tem o condão de interromper a prescrição.
 É vedada a cessão de créditos previdenciários pelo artigo 114 da Lei 8.213. STJ.
 A cessão de crédito pode ocorrer independentemente da vontade do devedor, salvo
estipulação em contrário no contrato originário.
o O credor pode ceder seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão
não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento
da obrigação.
 Na cessão de contrato, deve haver expressa anuência do outro contratante, sendo que a
simples notificação não supre ausência da concordância. Tanto o cedente quanto o cedido
devem concordar com o ingresso do cessionário. Não pode haver cláusula vedando a cessão.
 Compensação: meio de extinção de obrigação entre pessoas que são credoras e devedoras ao
mesmo tempo. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: (i) se
provier de esbulho, furto ou roubo; (ii) se uma se originar de comodato, depósito ou
alimentos; (iii) se uma for de coisa não suscetível de penhora.
 Não pode ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas, salvo as obrigações
simplesmente anuláveis. Assim, sendo nula, não comporta novação, pois nunca produziu

270  efeito.
Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a
satisfação das perdas e danos.
o Aqui não é o mero interesse do credor que autoriza a rejeição da prestação, a
inutilidade da prestação deve ser objetiva, de modo a preconizar pelo princípio
da sinalagma.
o Diferentemente do que ocorre na ação coletiva, que cabe a opção do autor:
84, §1°, CDC: A conversão da obrigação em perdas e danos somente será
admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a
obtenção do resultado prático correspondente.
 CJF: Em virtude do princípio da boa-fé, a violação dos deveres anexos constitui espécie de
inadimplemento, independentemente de culpa. Violação positiva do contrato.
o Ex: a atividade médica realizada sem o com sentimento informado do
paciente, ainda que exitosa, constitui hipótese de violação positiva do
contrato.
 As fases pré-contratuais, em avançado estágio de negociação, não impedem de inferir-se
eventual responsabilização contratual nas tratativas.
 Teoria da imprevisão: Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
o Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.
o É necessária a imprevisibilidade no CC. No CDC, basta a onerosidade
excessiva por fato superveniente, não necessitando de imprevisibilidade.

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 Os vícios redibitórios não atingem o plano de validade do NJ. Trata-se de inadimplemento


contratual, baseado na garantia, de modo que o alienante deve garantir ao adquirente a título
oneroso o uso da coisa aos fins que se destina.
 No contrato de locação, a indenização será fixada pelos critérios de mercado, tempo restante
de locação, função social dos contratos e a proibição do enriquecimento sem causa. Assim,
não será o grau de culpa o norte para a indenização, mas sim a equidade segundo as “bases
razoáveis”.
 A cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação,
realizada após 25/10/1996, exige a anuência da instituição financeira mutuante para que o
cessionário adquira legitimidade ativa para requerer revisão das condições ajustadas, tanto
para os contratos garantidos pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS como
para aqueles sem a referida cobertura. (REPETITIVO 2017)
 Cessão de crédito: responsabilidade do cedente:
o Pro soluto: a título oneroso, o cedente responde pela existência do crédito,
mas não pela solvência do devedor. Se for a título gratuito, só responde pela
existência do crédito se tiver agido de má-fé.
o Pro solvendo: a título oneroso e se expresso, poderá se responsabilizar pela
existência e pela solvência do devedor, tornando-se corresponsável pelo
pagamento do crédito.
 Na assunção de dívida o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor primitivo.

271 ● 9.5.1. Juros


Se um contrato de prestação de serviço educacional especifica o valor da mensalidade e a data
de pagamento, os juros de mora fluem a partir do vencimento das prestações.
● O Código Civil de 2002 apenas se preocupou em fixar os juros legais moratórios (art. 406), mas
nada disciplinou sobre os juros legais compensatórios. Analogicamente, o referido art. 406
será empregado para que, na ausência de convenção de taxa entre os interessados, seja o
parâmetro remetido ao art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional. Tal artigo é a SELIC!
(mesmo valor que remunera os tributos devidos à Fazenda Pública)
● Atualmente, a taxa dos juros moratórios a que se refere o referido dispositivo [ art.406 do
CC/2002 ] é a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia -SELIC, por ser ela
a que incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 daLei 9.065/95, 84 da Lei
8.981/95, 39, § 4º, da Lei 9.250/95, 61, § 3º, da Lei 9.430/96 e30 da Lei 10.522/02)’ (EREsp
727.842, DJ de 20/11/08)
● Os juros moratórios legais correspondem à TAXA SELIC. (406)
● No mútuo, os juros não podem ser superiores à TAXA SELIC.
o A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida
quando houver expressa pactuação.
● No mútuo, os juros podem ser capitalizados anualmente.
● Os bancos não se sujeitam a Lei de Usura, nem no que concerne aos juros remuneratórios.
● A redução dos juros dependerá de comprovação da onerosidade excessiva - capaz de colocar o
consumidor em desvantagem exagerada - em cada caso concreto, tendo como parâmetro a
taxa média de mercado para as operações equivalentes, de modo que a simples estipulação de
juros remuneratórios superiores a 12% (doze por cento) ao ano ou à SELIC, por si só, não indica
abusividade, nos termos da Súmula nº 382/STJ.
● STJ: entende pela validade de juros compensatórios, remuneratórios, “juros no pé” no caso de
contratos de incorporação imobiliária. Na incorporação imobiliária, ou é à vista, ou à prazo,
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mais os juros compensatórios. Não se considera abusiva a cláusula contratual que preveja
cobrança de juros antes da entrega das chaves, que, ademais, confere maior transparência ao
contrato e vem ao encontro do direito à informação do consumidor, podendo ser controlada
pelo judiciário.
o Quanto ao valor dos juros compensatórios, como a incorporadora não é
instituição financeira (instituição financeira não se submete à proibição de
juros compostos/anatocismo), submete-se ao limite de 1% a.m. ou 12% a.a.
cobrados de forma simples, isto é, não composta, sem capitalização.
● A partir do momento em que se encontra em atraso, o moroso não pode mais invocar a
ocorrência de caso fortuito ou força maior se estes ocorrerem durante o atraso.
● O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em
mora o devedor. Ex re. (havendo termo, o termo interpela no lugar do credor – dies interpellat
pro homine)
o Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial. Ex persona.
● SUM 380 STJ: a simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização
da mora do autor.
o A súmula somente se aplica após a mora do devedor.
● Súmula 76-STJ: A falta de registro do compromisso de compra e venda de imóvel não dispensa
a prévia interpelação para constituir em mora o devedor.

272 ● Mora ex re: independe de notificação ou interpelação pelo credor, pois a obrigação é positiva,
líquida e com termo certo de vencimento.
o Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão
do bem alienado fiduciariamente. Interpelação judicial ou notificação do
devedor.
● Mora ex persona: o credor deve constituir o devedor em mora mediante interpelação ou
notificação, na medida em que não há na obrigação prazo certo preestabelecido para o
cumprimento.
● Súmula 596-STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e
aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas,
que integram o sistema financeiro nacional.
● Capitalização de juros.
o I — A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre quando
os juros são calculados sobre os próprios juros devidos.
o II — A capitalização ANUAL de juros é permitida, seja para contratos bancários
ou não-bancários.
o III — A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, em regra,
é vedada. Exceção: é permitida a capitalização de juros com periodicidade
inferior a um ano em contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de
2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000 (atual MP 2.170-36/2001),
desde que expressamente pactuada.
o IV — A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir
pactuada de forma expressa e clara. Para isso, basta que, no contrato, esteja
prevista a taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal. Os bancos
não precisam dizer expressamente no contrato que estão adotando a
“capitalização de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas cobradas.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Tabela Price: tem que fazer perícia caso a caso para verificar se se trata de juros capitalizáveis.
Não cabe ao judiciário inferir. Não cabe análise em recurso extraordinário/especial, vez que é
questão de análise fático-probatória.
o Tabela price: sistema francês de amortização.
o STJ: por si só não indica a existência de capitalização mensal de juros, devendo
o ponto ser solucionado a partir das provas documentais e periciais. (Pode ou
não gerar amortização negativa, que é juros sobre juros
o SUM 539-STJ: é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à
anual em contratos celebrados com instituições integrantes do SFN, desde que
expressamente pactuada.
● As empresas de factoring não podem ser tidas como instituições financeiras, pois
desempenham atividades de fomento mercantil, em que se acorda a compra e venda de
créditos vencíveis, com preço certo e ajustado e com recursos próprios. Isto posto, seus juros
estão limitados em 12% ao ano, de acordo com a Lei de Usura, justamente por não se
equipararem às instituições financeiras.
● Súmula 530-STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros
efetivamente contratada — por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do
instrumento aos autos —, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada
nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor.
● Em caso de advogado que não repassa os valores devidos ao seu cliente (mandatário), o marco
inicial dos juros moratórios em ação de ressarcimento é a data da citação. O termo inicial deve
ser determinado a partir da natureza jurídica mantida entre as partes. No caso, tratando-se de
273 mandato, a relação jurídica tem natureza contratual, sendo o termo inicial dos juros
moratórios a data da citação.
● Os contratos no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação podem prever juros
capitalizados a partir da Lei 11.977/2009, que introduziu o artigo 15-A à lei 4.380/64

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9.5.2. Arras e cláusulas penais


 Arras confirmatórias: Pago adiantado, são previstas no contrato com o objetivo de incentivar
o cumprimento da obrigação ajustada pelas partes, sendo devidas na omissão do contrato. São
cumuláveis com perdas e danos ou mesmo com a execução parcial da obrigação.
o Entende-se que deve incidir exclusivamente a pena de perda das arras, ou a
sua devolução mais o equivalente, a depender da parte a quem se imputa a
inexecução contratual. Isso porque o art. 419 do CC afirma que as arras valem
como "taxa mínima" de indenização pela inexecução do contrato.
 Arras penitenciárias/penais/compensatórias: Só é paga se houver agressão à obrigação.
Previsão das partes para viabilizar o exercício de eventual direito de arrependimento. Não
admite cumulação com perdas e danos excedentes.
 A cláusula penal pode incidir mesmo na hipótese de inadimplemento culposo, ou no caso de
mora.
 Não é possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula penal
compensatória.
● ARRAS Confirmatórias (arts. 418 e 419) ● ARRAS Penitenciais (art. 420)
● São previstas no contrato com o objetivo ●
de
São previstas no contrato com o objetivo de
reforçar, incentivar que as partes cumpram a permitir que as partes possam desistir da
obrigação combinada. obrigação combinada caso queiram e, se isso
● ocorrer, o valor das arras penitenciais já
funcionará como sendo as perdas e danos.

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● A regra são as arras confirmatórias. Assim, no● Ocorre quando o contrato estipula arras, mas
silêncio do contrato, as arras são também prevê o direito de arrependimento.
confirmatórias.
● Se as partes cumprirem as obrigações ● Se as partes cumprirem as obrigações
contratuais, as arras serão devolvidas para a contratuais, as arras serão devolvidas para a
parte que as havia dado. Poderão também ser parte que as havia dado. Poderão também ser
utilizadas como parte do pagamento. utilizadas como parte do pagamento.
● • Se a parte que deu as arras não executar ● • Se a parte que deu as arras decidir não
(cumprir) o contrato: a outra parte (inocente) cumprir o contrato (exercer seu direito de
poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas arrependimento): ela perderá as arras dadas.
para si. ● • Se a parte que recebeu as arras decidir não
● • Se a parte que recebeu as arras não executar cumprir o contrato (exercer seu direito de
o contrato: a outra parte (inocente) poderá arrependimento): deverá devolver as arrasmais
exigir a devolução das arras mais o o equivalente*.
equivalente*.
● Além das arras, a parte inocente poderá pedir:● As arras penitenciais têm função unicamente
● • indenização suplementar, se provar maior indenizatória. Isso significa que a parte
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; inocente ficará apenas com o valor das arras(e
● • a execução do contrato, com as perdas e do equivalente) e NÃO terá direito a
danos, valendo as arras como o mínimo da indenização suplementar. Nesse sentido:

275 indenização. ● Súmula 412-STF: No compromisso de compra e


venda com cláusula de arrependimento, a
devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu,
exclui indenização maior, a título de perdas e
danos, salvo os juros moratórios e os encargos
do processo.

 Súmula 412 STF: no compromisso de compra e venda com cláusula de
arrependimento (arras penitenciais), a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas
e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.  Art. 420. Se no
contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras
ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á
em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em
ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
● CLAUSULA PENAL MORATÓRIA ● CLAUSULA PENAL COMPENSATÓRIA
● (compulsória): ● (compensar o inadimplemento)
● Estipulada para desestimular o devedor ●a
Estipulada para servir como indenização no caso
incorrer em mora ou para evitar que deixe de de total inadimplemento da obrigação principal
cumprir determinada cláusula especial da (inadimplemento absoluto).
obrigação principal.
● É a cominação contratual de uma multa para o
caso de mora.
● ● Funciona como uma prefixação das perdas e
Funciona como punição pelo retardamento no
cumprimento da obrigação ou pelo danos, ou seja, representa um valor previamente

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inadimplemento de determinada cláusula. estipulado pelas partes a título de indenização


pela inexecução contratual.
● Ex.1: em uma promessa de compra e venda de ● Ex.: em um contrato para que um cantor faça um
um apartamento, é estipulada multa para o caso show no réveillon, é estipulada uma multa de R$
de atraso na entrega. 100 mil caso ele não se apresente.
● Ex.2: multa para o caso do produtor de soja
fornecer uma safra de qualidade inferior ao tipo
“X”.
● A cláusula penal moratória é cumulativa, ou seja, ● A cláusula penal compensatória não é
o credor poderá exigir o cumprimento da cumulativa. Assim, haverá uma alternativa para o
obrigação principal mais o valor credor: exigir o cumprimento da obrigação
da cláusula penal (poderá exigir a substituição da principal ou apenas o valor da cláusula penal.
soja inferior e ainda o valor da cláusula penal).
● Art. 411. Quando se estipular a cláusula ● Art. 410. Quando se estipular a cláusula
penal para o caso de mora, ou em segurança penal para o caso de total inadimplemento da
especial de outra cláusula determinada, terá o obrigação, esta converter-se-á em alternativa a
credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena benefício do credor
cominada, juntamente com o desempenho da
obrigação principal.
 Multa moratória = obrigação principal + multa
 Multa compensatória = obrigação principal ou multa
276  A redução da cláusula penal quando a obrigação principal tiver sido cumprida em parte
deve se dar por equidade e não no percentual de dias cumprido do contrato.
 Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras
com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in
idem.
 Inacumulável multa compensatória prevista em cláusula penal COMPENSATÓRIA com
indenização por perdas e danos decorrente de inadimplemento da obrigação.
o Contudo, o STJ relativizou esse entendimento nos casos de contratos de
adesão e se houver pactuação expressa que afirme que a pena é apenas um
valor mínimo, cabendo ao credor provar o prejuízo excedente.
o Em caso de cláusula penal MORATÓRIA, é possível cumular com perdas e
danos. Isso porque a compensatória possui prefixação das perdas e danos
 Constatado o caráter manifestamente excessivo da cláusula penal contratada, o magistrado
deverá, independentemente de requerimento do devedor, proceder à sua redução.
Fundamento: CC/Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.447.247-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/04/2018 (Info 627).

9.6. Contratos
Contratos em geral: teoria geral dos contratos. Princípios. Elementos constitutivos.
Pressupostos de validade. Revisão dos contratos e suas modalidades. Contratos em espécie e
atos unilaterais. Compra e venda. Permuta. Contrato Estimatório. Doação. Locação.
Empréstimo. Prestação de serviço. Depósito. Mandato. Transporte. Seguro. Constituição de
renda. Jogo e aposta. Fiança. Alienação fiduciária em garantia. Promessa de recompensa.
Gestão de negócios. Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa. Contratos no âmbito
do Sistema Financeiro da Habitação e do Sistema de Financiamento Imobiliário.
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 Retrovenda permite ao vendedor, no prazo máximo de três anos, exercer o direito de comprar
a coisa de volta, independentemente da vontade do comprador, pagando o valor do negócio
acrescido das despesas e benfeitorias. Só é possível essa cláusula para bens imóveis.
 STJ: é permitido a outorga de procuração com o fito de doar imóvel de se o mandato
especificar o objeto da doação e o beneficiário do ato.
 Súmula 335-STJ: Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das
benfeitorias e ao direito de retenção.
 Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende danos morais, salvo
cláusula expressa de exclusão.
 Súmula 382-STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não
indica abusividade.
 Em contrato aleatório, a parte pode assumir o risco de a coisa não vir a existir, tendo direito de
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que não tenha havido culpa ou dolo.
 Em contrato de risco de quantia, terá direito o alienante a todo o preço, salvo culpa, ainda que
venha a existir em quantidade inferior à esperada.
o Porém, nesse caso, se nada vier a existir, a alienação não haverá e o alienante
restituirá o preço recebido.
 STJ: embora o comodatário tenha que pagar aluguel da coisa emprestada enquanto
constituído em mora não restitua a coisa, o valor pode ser superior à média de mercado
locativo, uma vez que não se trata de mera indenização devida pela retenção da coisa, mas
sim de verdadeira pena privada.
277  Súmula 543 STJ: Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de
imóvel submetido ao CDC, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo
promitente comprador –
o Integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente
vendedor/construtor.
o Parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.
o Precedentes: em caso de culpa do comprador, 25% do valor já pago.
 Pacto comissório: É nula a cláusula que dispõe que o credor ficará com o objeto de garantia se
a dívida não for paga. Após o vencimento, poderá O DEVEDOR dar a coisa em pagamento da
dívida.
o STJ: é nulo o compromisso de compra e venda que, em realidade, traduz-se
como instrumento para o credor ficar com o bem dado em garantia em
relação às obrigações decorrentes de contrato mútuo usurário, se estas não
forem adimplidas.
 Deve haver expressa previsão de cobrança de juros em contratos de mútuo.
o A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando
houver expressa pactuação.
 Não se pode estender a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico (exige apenas a
desproporcionalidade das prestações), prevista no CDC, às relações de direito civil (que aplica
a Teoria da Imprevisão, que exige a imprevisibilidade de fato que determine oneração
excessiva de um dos contratantes) mediante a aplicação da Teoria dos Diálogos das Fontes.
Aquela se restringe às relações de consumo.
 Pagamento sem causa jurídica deve ser considerado indevido. Essa ideia também se estende
às hipóteses cujos pagamentos eram válidos, mas que perderam sua causa jurídica com o
passar do tempo. A propósito, o disposto no artigo 885 do Código Civil: "A restituição é
devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas
também se esta deixou de existir". Portanto, devem ser restituídos os valores pagos por

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mutuários sem o desconto da liquidação antecipada cujos contratos se enquadrem na


hipótese do artigo 2º, § 3º, da Lei n. 10.150/00.
 O mutuário que celebrar contrato de mútuo feneratício com a instituição financeira mutuante,
não tem direito de pedir repetição do indébito com os mesmos índices e taxas de encargos
previstos no contrato. STJ. 2ª Seção. REsp 1.552.434-GO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 628
 Não é possível a revisão de cláusulas contratuais em ação de exigir contas.
 Contratos Advocatícios: não é possível a estipulação de multa no contrato de honorários para
as hipóteses de renúncia ou revogação unilateral do mandato do advogado,
independentemente de motivação, respeitado o direito de recebimento dos honorários
proporcionais ao serviço prestado. É direito do advogado renunciar ou da parte revogar o
mandato, a qualquer momento e sem necessidade de declinar.
o É possível cláusula penal em contratos advocatícios somente em caso de
mora/inadimplemento, mas não em caso de renúncia/revogação.
 Em contrato de doação, caso o donatário (que recebeu) a doação venha a morrer, o doador
pode estipular que os bens voltem ao seu patrimônio. Não há a possibilidade de criar essa
“reversão” em favor de terceiro.
 É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação à bens excluídos da comunhão.
 O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. Logo, a cláusula de
preempção é intransmissível, quer por ato iter vivos ou causa mortis, visto que personalíssima.
 Em contrato de prestação de serviço não há sujeição à cláusula extintiva rebuc sic stantibus

278 (onerosidade excessiva imprevisível), uma vez que suas causas extintivas são especiais e
próprias (art. 607). Assim, basta força maior que impeça a execução do serviço para extinguir o
contrato, não necessitando de onerosidade excessiva.
 A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial,
e não de ato particular.
 A evicção consiste na perda parcial ou integral da posse ou da propriedade do bem, via de
regra, em virtude de decisão judicial que atribui o uso, aposse ou a propriedade a outrem, em
decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição. Caracteriza-se evicção a
inclusão de gravame capaz de impedir a transferência livre e desembaraçada de veículo objeto
de negócio jurídico de compra e venda. Caso concreto: foi vendido um carro, mas, antes que
pudesse ser transferido à adquirente, houve um bloqueio judicial sobre o veículo. Foi
necessário o ajuizamento de embargos de terceiro para liberação do automóvel, sendo, em
seguida, desfeito o negócio. Neste caso, caracterizou-se a evicção, gerando o dever do
alienante de indenizar a adquirente pelos prejuízos sofridos.
 Nos contratos de compra e venda de imóveis, a falta de registro da incorporação imobiliária
não compromete os direitos transferidos ao promissário comprador, os quais podem ter
efeitos perante terceiros. A ausência do registro da incorporação não torna nulo o contrato de
compra e venda. O descumprimento, pela incorporadora, da obrigação prevista no art. 32 da
Lei nº 4.591/64, consistente no registro do memorial de incorporação no Cartório de Imóveis e
dos demais documentos nele arrolados, não implica a nulidade ou anulabilidade do contrato
de promessa de compra e venda de unidade condominial. Assim, a promessa de compra e
venda, ainda que não registrada, é oponível ao próprio vendedor ou a terceiros, haja vista que
tal efeito não deriva da publicidade do registro, mas da própria lei. STJ. 3ª Turma. REsp
1490802/DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 17/04/2018.
 É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo período em que o
comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de rescisão do contrato de promessa
de compra e venda, independentemente de ter sido o vendedor quem deu causa ao

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desfazimento do negócio. O fundamento para isso não está na culpa, mas sim na proibição do
enriquecimento sem causa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.613.613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 12/06/2018 (Info 629).
9.6.1. Seguro
 STJ: em regra, é válida cláusula prevista em contrato de seguro-saúde que autoriza o aumento
das mensalidades do seguro quando o usuário completar 60 anos de idade. Contudo, será
abusiva:
o Não respeitar os limites e requisitos estabelecidos na lei federal 9656/98
o Aplicar índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em
demasia o segurado.
 A cláusula de contrato de seguro de vida que estabelece o aumento do prêmio do seguro de
acordo com a faixa etária mostra-se abusiva quando imposta ao segurado maior de 60 anos de
idade e que conte com mais de 10 anos de vínculo contratual. Aplicação analógica do plano de
saúde.
 Seguro de vida pode ter valor ILIMITADO em relação à garantia prometida.
 Seguro de dano a garantia prometida tem valor limitado ao interesse (objeto).
 Embriaguez ao volante e SEGURO DE AUTOMÓVEL, devido?
o Em regra, NÃO.
o Exceção: devido o pagamento se a parte segurada comprovar que o acidente
ocorreria mesmo que o condutor não estivesse embriagado.
 Suicídio e SEGURO DE VIDA: é irrelevante a boa-fé, vez que esta é difícil de ser provada e,
279 ainda, o CC não colocou nenhum requisito subjetivo para percepção do valor de indenização,
pautando-se apenas em critério temporal.
o Antes de 2 anos: não é devido a indenização, mas tão somente a reserva
técnica.
o Após 2 anos: Será devida a indenização ainda que exista cláusula expressa em
contrário.
o Súmula 610-STJ: O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência
do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução
do montante da reserva técnica formada. STJ. 2ª Seção. Aprovada em
25/04/2018, DJe 07/05/2018 (Info 624).
o
 A aposentadoria por invalidez permanente concedida pelo INSS não confere ao segurado o
direito automático de receber indenização de seguro contratado com empresa privada, sendo
imprescindível a realização de perícia médica para atestar o grau de incapacidade e o corrente
enquadramento na cobertura contratada.
o O fato de estar aposentado por invalidez não gera presunção absoluta de
receber indenização de seguro contratado com empresa privada, não podendo
vincular e obrigar as seguradoras privadas. Isto porque os critérios utilizados
pelo INSS são distintos daqueles utilizados pela seguradora para apurar a
incapacidade garantida na apólice.
 A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e exclusivamente contra a
seguradora do causador do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, a
responsabilidade deste pela ocorrência do sinistro e quando parte da indenização securitária
já tiver sido paga. Não se aplica, neste caso, a Súmula 529 do STJ. Isso porque, mesmo não
havendo relação contratual entre a seguradora e o terceiro prejudicado, a sucessão dos fatos
(apuração administrativa e pagamento de parte da indenização) faz com que surja uma relação
jurídica de direito material envolvendo a vítima e a seguradora.
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o Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o


ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em
face da seguradora do apontado causador do dano. STJ. 3ª Turma. REsp
1584970-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info
614).
9.6.2. Locação
 Nos casos em que imóvel locado funcionar hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos,
estabelecimentos de saúde e ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como
por entidades religiosas devidamente registradas, somente é permitida a “denúncia cheia”
em contrato de locação (motivada) por: mútuo acordo, prática de infração legal ou contratual,
falta de pagamento do aluguel e demais encargos, realização de reparações urgentes
determinadas pelo Poder Público, pedido do proprietário para demolição do imóvel locado,
edificação ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo de 50% da área útil.
o ATENÇÃO: a proteção acima é em relação aos imóveis que exercem a
atividade final. NÃO abarca imóveis locados por instituição de saúde apenas
para o desempenho de atividades administrativas, como marcação de
consultas e captação de clientes.
 Termo inicial do prazo para o locatário purgar a mora em ação de despejo:
o A partir da juntada aos autos do mandado de citação o AR devidamente
cumprido.
o Se houve impugnação referente a determinado valor, não cabe sua intimação
280  para complementar o depósito de emenda da mora e pagar tais parcelas.
A averbação do contrato com cláusula de vigência no registro de imóveis é imprescindível para
que a locação possa ser oposta ao adquirente. É o que prevê a Lei nº 8.245/91: Art. 8º Se o
imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo
de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o
contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à
matrícula do imóvel. STJ. 3ª Turma. REsp 1.669.612-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 07/08/2018 (Info 632).
9.6.3. Fiança
 Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento
ao qual não anuiu.
 Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia
total da garantia.
 A estipulação de fiança é autorizada ainda que sem o consentimento ou contra a vontade do
devedor.
 Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento
ao qual não anuiu.
 É lícita a cláusula em contrato civil de mútuo bancário que preveja expressamente que a fiança
prestada é prorrogada automaticamente com a prorrogação do contrato principal. Não há que
se falar em interpretação extensiva da fiança nesse caso, pois foi previsto no contrato que
seria prorrogada a fiança.
 Extingue a fiança o fato de o credor aceitar, em pagamento da dívida, dação em pagamento
feita pelo devedor, ainda que venha perder o objeto pela evicção e que a obrigação principal
seja restabelecida.
 A exclusão do fiador da proteção da impenhorabilidade do bem de família tem por finalidade
garantir o próprio direito de moradia de inúmeras pessoas que dependem de um mercado

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imobiliário estável para travar de forma segura contratos de locação. Assim, é possível
penhorar a casa do fiador de contrato de locação de imóvel, ainda que bem de família.
o STF: Não é penhorável bem de família do fiador no caso de contratos de
locação comercial. Apesar de alei não distinguir o tipo de locação, não se pode
potencializar a livre iniciativa em detrimento de um direito fundamental que é
o direito à moradia.
 A responsabilidade do fiador é limitada à garantia por ele assumida, afastando sua
responsabilização em relação aos acessórios da dívida principal e honorário advocatícios, que
deverão ser cobrados apenas do devedor afiançado. As disposições relativas à fiança devem
ser interpretadas de forma restritiva.
 Em regra, o ato interruptivo da prescrição apresenta caráter pessoal e somente aproveitará a
quem o promover ou prejudicará aquele contra for quem dirigido.
o Exceção (FIANÇA): interrompida a prescrição contra o devedor, interrompe-se
contra o fiador.
 Se for operada contra o fiador, não prejudica o devedor principal,
salvo nas hipóteses em que os devedores sejam solidários (fiador que
renuncia benefício de ordem).
9.6.4. Mútuo
 Pessoa celebrou contrato de mútuo feneratício com instituição financeira. Por algum motivo
(ex: nulidade, ato ilícito, abusividade etc.) o mutuário ingressou com ação judicial pedindo a
resolução do contrato e a restituição das parcelas pagas. Se esta ação for julgada procedente,
281 o mutuário terá direito de receber os valores pagos acrescidos de juros remuneratórios no
mesmo percentual que era previsto no contrato para ser cobrado pelo banco mutuante? NÃO.
O mutuário que celebrar contrato de mútuo feneratício com a instituição financeira mutuante,
não tem direito de pedir repetição do indébito com os mesmos índices e taxas de encargos
previstos no contrato. Tese aplicável a todo contrato de mútuo feneratício celebrado com
instituição financeira mutuante: “Descabimento da repetição do indébito com os mesmos
encargos do contrato”. STJ. 2ª Seção. REsp 1.552.434-GO, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 628). #IMPORTANTE
9.6.5. Alienação fiduciária
● Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
escopo de garantia, transfere ao credor.
o Ao final do pagamento, o credor deverá devolver o bem ao devedor.
● Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento
público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio
do devedor.
o Veículos: basta o registro na repartição competente para o licenciamento do
veículo, fazendo-se a anotação no certificado de registro. O STF julgou esse
artigo do CC constitucional (art. 1361, §1º, CC)
● A alienação fiduciária dada em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de
aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor.
● A alienação fiduciária há a transferência de propriedade ao CREDOR que, ao final, deverá
devolver a propriedade ao devedor, quando adimplida todas as obrigações. No penhor,
hipoteca e anticrese, não há transferência de propriedade, mas apenas garantia por vínculo
real (ônus real em coisa alheia).

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● STJ: em relação à alienação fiduciária de bens móveis, o STJ tem decidido que é possível a
purgação da mora até a assinatura do auto de arrematação do bem em leilão, mesmo após a
consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário.
o Isso porque o contrato de alienação fiduciária se extingue pela alienação do
bem em leilão público, após a lavratura do auto de arrematação, e não pela
consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário.
● Súmula 384-STJ: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.
● Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no
certificado de registro do veículo automotor.

9.6.6. Extinção contratual


 Distrato: uma das espécies de resilição, que corresponde ao rompimento do vínculo jurídico
entre as partes. Não há conflito, mas consenso. A figura do distrato revela o término do
vínculo jurídico sem qualquer imputação de culpa ou atribuição de perdas e danos, o que
diferencia sua figura das demais previsões de resilição, como a rescisão, a resolução ou a
revogação.
 O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Exige-se, portanto, simetria das
formas.
 Resolução: atinge o contrato por fatos posteriores à sua formação. Difere da rescisão em
282 virtude do fato de poder ser declarada por motivação de defeito genético, como na hipótese
de lesão.

9.7. Responsabilidade Civil – atos unilaterais


Responsabilidade civil. Responsabilidade civil subjetiva e objetiva. Dano moral e material.
Nexo causal. Indenização. Responsabilidade por fato de outrem. Responsabilidade por fato
da coisa. Responsabilidade civil e criminal. Indenização.
 As perdas e danos incluem os prejuízos efetivos (dano emergente, positivo) e os lucros
cessantes (dano negativo, pela ausência de lucro com o que poderia ter ganhado) por efeito
direto e imediato da inexecução da obrigação.
o STJ: para serem indenizáveis, os lucros cessantes devem ser fundados em
bases seguras de modo a não compreender lucros imaginários ou fantásticos.
o STJ: o devedor só responde pelos danos que se prendem a seu ato, por um
vínculo de necessariedade, não se reconhecendo a indenização pelo dano
remoto, incerto e apenas imaginável, efeito indireto do inadimplemento.
 Obrigação de meio: o devedor prometer empregar seus conhecimentos para obtenção de
determinado resultado, sem responsabilizar-se por ele. Ex: médicos e advogados.
o O inadimplemento apenas acarreta a responsabilidade do profissional se
comprovar negligência ou imperícia.
 Obrigação de resultado: o devedor só se exonera da obrigação quando o fim prometido é
alcançado.
o Somente mediante prova de fato inevitável, capaz de romper o nexo de
causalidade (força maior, culpa exclusiva da vítima), pode o devedor exonerar-
se caso não tenha atingido o fim a que se propôs.
o Nos casos de fortuito (interno e externo), fica excluída a responsabilidade do
devedor pelo inadimplemento, exceto quando, por cláusula expressa, se
responsabilizar pelos eventos inevitáveis. É o caso de inexecução involuntária
por caso fortuito/força maior.
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 O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da


responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.
CJF
 Um menor, após ingerir bebida alcoólica, pegou o carro que pertencia à empresa de sua
família e foi dirigir levando um amigo no carona. O menor conduzia o automóvel em alta
velocidade e, após perder o controle em uma curva, colidiu com um poste, ocasionando graves
lesões no amigo que resultaram, inclusive, na amputação parcial de um de seus braços. O STJ
afirmou que os pais e a empresa proprietária do veículo são responsáveis solidariamente pelo
pagamento da indenização à vítima (amigo que estava no banco do carona). Em regra, a
responsabilidade civil é individual de quem, por sua própria conduta, causa dano a outrem.
Porém, em determinadas situações, o ordenamento jurídico atribui a alguém a
responsabilidade por ato de outra pessoa – como no caso em questão, em que cabe aos pais
reparar os danos causados pelo filho menor, conforme prevê o art. 932 do Código Civil. Além
disso, em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e
solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente. Assim,
a empresa proprietária do veículo também tem responsabilidade. A vítima terá que ser
indenizada porque o menor agiu com culpa grave, nos termos da Súmula 145 do STJ: “No
transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável
por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”. STJ. 3ª Turma.
REsp 1637884/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018.
 Indevido DPVAT na hipótese em que a morte do agente se deu no momento de prática de
283  ilícito penal doloso.
Assédio sexual e transporte público: embora nenhum sistema de transporte público seja
imune a ocorrência de assédio, é certo que os inúmeros casos de assédio sexual que ocorrem
diariamente nos transportes públicos brasileiros são facilitados pela má prestação dos
serviços. É dizer, a falta de um número adequado de veículos ou vagões, a superlotação dos
transportes, o baixo número de agentes aptos a fiscalizar a prestação de serviço, facilitam a
ocorrência de casos de assédio sexual, fazendo com que ele passe a ser um risco da atividade
do transporte público. Assim, em virtude da baixa qualidade do serviço prestado, a ocorrência
do assédio sexual dentro do transporte público se qualifica como um fortuito interno, apto a
ensejar a responsabilização da transportadora. Quem cria um ambiente ideal para o
cometimento de assédio sexual, assume o risco de que ele seja cometido, fazendo com que o
assédio faça parte dos ricos normais do transporte. Vítima de assédio sexual em transporte
público pode processara concessionária de serviço público. Há legitimidade.
● A cláusula de contrato de prestação de serviço de vigilância armada, que impõe o dever de
obstar assaltos e de garantir a preservação do patrimônio de instituição financeira não
acarreta à contratada automática responsabilização por roubo contra agência bancária da
contratante, especialmente quando praticado por grupo fortemente armado.
● CJF sobre o artigo 189: 1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da
pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o artigo 189 diz respeito a
casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da
obrigação de não fazer. (Actio nata)
● A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou
independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
● Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a
fim de remover perigo iminente.

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o No caso de estado de necessidade, se a pessoa lesada, ou o dono da coisa não


forem culpados pelo perigo, terão direito à indenização do prejuízo que
sofreram. (art. 929 e 930, CC)
▪ A indenização é reclamada do autor do dano, que terá direito de
regresso contra aquele que provocou o prejuízo.
▪ Portanto, o estado de necessidade não isenta o causador do dano do
dever de indenizar, cabendo a este o direito de regresso a quem
tenha dado causa ao perigo.
▪ O direito de regresso só não cabe aos descendentes absoluta ou
relativamente incapazes.
o Não sendo descendente, há direito de regresso independentemente do grau
de incapacidade.
● STJ: o incorporador atrai para si a responsabilidade pelos danos que possam advir da
inexecução ou da má execução do contrato de incorporação, abarcando-se os danos
resultantes de construção defeituosa. A responsabilidade é SOLIDÁRIA com o construtor.
● Haverá responsabilização do preponente (empregador) ainda que a relação com o preposto
tenha caráter gratuito, conforme artigo 932, III, CC.
● Sum 387 STJ: é lícita cumulação das indenizações de dano estético e moral  desde que um e
outro possam ser reconhecidos autonomamente, sendo, portanto, passíveis de identificação
em separado.
● Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos
284 suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério
da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
● A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se
somente no critério objetivo-finalístico, ou seja, abusar do reito. Isso porque o artigo 187 do
CC não exige como requisito que tenha o sujeito a intenção de prejudicar ou causar dano a
terceiro.
● STJ: entende que é a data do óbito o prazo inicial da contagem de prescrição para reparação
de danos fundados na noção de préjudice d’affection ou dommage par ricochet, ainda que o
acidente tenha ocorrido dias antes. O dano decorre da MORTE, e não da ação ou omissão, pois
não é possível considerar que a pretensão à indenização em decorrência da morte nasça antes
do evento que lhe deu causa.
● Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a
denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente
junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados
na apólice.
● Súmula 492-STF: A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o
locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
● Súmula 187-STF: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o
passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
● A vítima de evento danoso que sofre redução parcial e permanente da sua capacidade
laborativa, tem direito ao pensionamento do artigo 950 do CC, independentemente da
existência de capacidade para o exercício de outras atividades, em razão do maior sacrifício
para a realização do serviço e do princípio da reparação integral.
● A demora na entrega do imóvel constitui mero inadimplemento contratual, o que, por si só,
não gera dano moral indenizável. Contudo, é indenizável os danos materiais sofridos (aluguel
enquanto aguarda a entrega do imóvel), bem como, a demora excessiva.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● STJ: o fato de vítima de morte possuir idade a superior à expectativa de vida não obsta a
percepção de pensão mensal, sendo cabível a utilização da tabela de sobrevida, de acordo
com os cálculos elaborados pelo IBGE, para melhor valorar a expectativa de vida da vítima
quando do momento do óbito.
● Pensão em caso de morte de filho menor nos casos de família de baixa renda = desde os 14
anos até os 25 anos, no valor de 2/3 do salário mínimo, e, a partir daí, reduzido para 1/3 do
salário mínimo até a data correspondente à expectativa de vida da vítima, segundo tabela do
IBGE, ou até o falecimento da mãe, o que ocorrer primeiro.
o 14 anos, por quê?? É o momento em que pode exercer atividade remunerada,
ainda que na qualidade de menor aprendiz.
● O décimo terceiro salário e a gratificação natalina também se inclui no pensionamento a título
de indenização.
● Pensão aos filhos no caso de morte do pai: No que se refere ao termo final da pensão, a
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que deve ocorrer na data em que o filho da
vítima completa 25 (vinte e cinco) anos de idade, garantido o direito de a viúva acrescer à
quota dos filhos que completaram 25 anos.
o Completado os 25 anos, a cota das filhas vai para viúva: “Também é pacífico
nesta Corte o entendimento jurisprudencial de ser possível acrescer as cotas
das filhas, ao completarem 25 anos, à cota da mãe”.
● Sem comprovação de salário: É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de reconhecer
que, nas hipóteses de ausência de comprovação do exercício de atividade remunerada pela
285 vítima de acidente fatal, a pensão mensal devida a seus dependentes deve corresponder a 1
(um) salário mínimo.
● Comprovando o salário: A jurisprudência desta Corte encontra-se consolidada no mesmo
rumo do entendimento adotado pelo acórdão recorrido, no sentido de que é devida pensão
mensal ao filho menor, pela morte de genitor, no valor de 2/3 (dois terços) do salário
percebido pelos genitores ou do salário mínimo caso não comprovada a renda
● Os lucros cessantes em caso de ofensa que resulte diminuição de capacidade para o trabalho
perdurarão até o fim da convalescença.
● DANO SOCIAL: nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos materiais,
morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade. São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto
por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto
por diminuição na qualidade de vida. Os danos sociais são causa, pois, de indenização punitiva
por dolo ou culpa grave, especialmente, repetimos, se atos que reduzem as condições coletivas
de segurança, e de indenização dissuasória, se atos em geral da pessoa jurídica, que trazem
uma diminuição do índice de qualidade de vida da população
o STJ: NÃO pode ser aplicado em ações individuais, mas tão somente em sede
de ações coletivas.
o Os danos sociais são difusos e a sua indenização deve ser destinada não para a
vítima, mas sim para um fundo de proteção ao consumidor, ao meio ambiente
etc., ou mesmo para uma instituição de caridade, a critério do juiz
● DANO MORAL COLETIVO: O banco pode ser condenado a pagar reparação por dano moral
coletivo, em ação civil pública, pelo fato de oferecer, em sua agência, atendimento
inadequado aos consumidores idosos, deficientes físicos e com dificuldade de locomoção. No
caso concreto, o atendimento desses clientes era realizado somente no segundo andar da
agência bancária, cujo acesso se dava por três lances de escada.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Enunciado 455: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais
ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a
serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.
● Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
● O terceiro que explora clandestinamente área objeto de outorga para pesquisa de viabilidade
de lavra de minérios DEVE indenizar o particular que possuía o direito de pesquisa e lavra, pois
o direito de prioridade (previsto no código de Mineração) e exploração da reserva podem ser
negociadas pelo outorgado.
● Cobrança judicial indevida de dívida já adimplida: artigo 940 dispõe sobre pagamento em
dobro. Não precisa de ação autônoma, bastando simples petição; é necessário demonstrar a
má-fé na cobrança indevida para incidência da penalidade.
o ATENÇÃO: art. 941: O autor pode desistir da ação antes de contestada a lide,
ressalvado ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove
ter sofrido.
● O Código Civil adota a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos, também denominada de Teoria
de Interrupção do Nexo Causal, de modo que não é indenizável prejuízos mediatos, que não
decorram diretamente do evento danoso.
● Emancipação e responsabilidade dos pais: só PERMANECE responsabilidade (solidária) dos pais
na emancipação VOLUNTÁRIA. Na LEGAL e JUDICIAL NÃO.

286 ● Responsabilidade dos filhos em relação à danos causados a terceiros:


o STJ: os menores terão responsabilidade subsidiária (pais primeiro),
condicionada, mitigada e equitativa, exceto se for emancipado
voluntariamente, quando constituirá reponsabilidade SOLIDÁRIA com seus
pais
o . Os pais terão responsabilidade objetiva, substitutiva, exclusiva e não
solidária. SALVO se emancipado, pois aí terá responsabilidade SOLIDÁRIA com
o filho.
▪ A vítima deve litigar com o PAI.
o Inexiste litisconsórcio passivo necessário em relação ao menor e ao pai. Isto
porque não há obrigação da vítima lesada em litigar contra o responsável e o
incapaz, tratando-se de litisconsórcio facultativo e simples.
● No caso emancipação legal ou tácita, a responsabilidade é exclusiva e direta do emancipado.
● Dano moral à família por morte de parente. Modalidade de dano extrapatrimonial que atinge
as vítimas por ricochete. O STJ entende que é possível que a jurisprudência estabeleça limites
ao quantum indenizatório de dano moral, não obstante seja consagradamente vedado tarifar
a quantia em lei. Assim, o STJ afirma que, em caso de morte, o valor máximo indenizatório por
danos morais à família do falecido é de 500 salários mínimos de forma global para a família da
vítima, podendo, porém, esse valor ser aumentado segundo as particularidades do caso
concreto.
● Lucros cessantes aos dependentes: O STJ tem adotado a tabela de provável sobrevida
utilizada pela Previdência Social, que, por sua vez, segue a tabela do IBGE, que calcula a
longevidade com base no tempo de vida já decorrido de cada pessoa. Logo, é reconhecida a
pensão até a longevidade provável da vítima, segundo a tabela da Previdência Social, baseada
nos cálculos do IBGE.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Não cabe dano moral decorrente de impacto ambiental produzido por atividades lícitas
promovidas pelo Poder Público. À exemplo da construção de uma usina hidrelétrica,
totalmente legal.
● Cabível dano moral à pescadores decorrente de atividade ilícita que polui rio. Porém não cabe
atribuir caráter punitivo na fixação do dano moral, isso porque a responsabilidade civil por
dano ambiental prescinde de culpa e que, revestir a compensação com caráter punitivo
propiciaria o bis in idem, pois a punição já é conferida ao direito penal e administrativo.
● A configuração dos lucros cessantes e danos emergentes exige mais do que a simples
possibilidade de realização do lucro, requer probabilidade objetiva e circunstâncias
concretas de que estes teriam se verificado sem a interferência do evento danoso. TESE DE
DEFESA EM PEÇAS DE RESPONSABILIDADE CIVIL.
● O Juiz, ao fixar os alimentos provisórios, não se atenta a princípio para a capacidade do
alimentante, mas procura encontrar o ideal dos alimentos necessitados, diante da análise dos
elementos que dispõe e do que vislumbra compor as necessidades do alimentado. Apenas
quando ultrapassada essa análise inicial, passa-se a dispor sobre a possibilidade de adequar
essa necessidade às condições financeiras do alimentante.
● Responsabilidade civil subjetiva (extracontratual subjetiva) se dá com os elementos: ação ou
omissão (lícita ou ilícita), elemento subjetivo (dolo ou culpa), dano e nexo de causalidade.
● Quando demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana é
desnecessária a comprovação da dor e do sofrimento para configuração de dano moral.

287 ● Caso o paciente morra em decorrência de ter recebido tratamento médico inadequado, a
teoria da perda de uma chance poderá ser utilizada como critério de apuração da
responsabilidade civil por erro médico.
o Esta teoria é aplicada pelo STJ que exige, no entanto, que o dano seja REAL,
ATUAL e CERTO, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera
possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro da
responsabilidade civil, em regra, não é indenizável (REsp 1.104.665-RS, Rel.
Min. Massami Uyeda, julgado em 9/6/2009).
o Em outros julgados, fala-se que a chance perdida deve ser REAL e SÉRIA, que
proporcione ao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à situação
futura esperada.(AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em
17/03/2011)
● Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil pelos danos
causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção,
deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida
extrauterina.
● O espólio não é parte legítima para requerer danos morais post mortem em favor do morto,
mas sim o cônjuge, herdeiros ou parentes em linha reta ou colateral até o 4º grau.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva, O espólio é legitimado a prosseguir
tendo esta ajuizado ação de indenização, mas falecido antes na demanda.
do trânsito em julgado.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva. O espólio é legitimado a propor a
Esta faleceu sem ter ajuizado a ação. ação de indenização.
Os herdeiros (e não o espólio) são
Ofensa à memória da pessoa já falecida. legitimados para propor a ação de
indenização.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

Os herdeiros (e não o espólio) são


Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa. legitimados para propor a ação de
indenização.

 Responsabilidade Civil em tema de furtos:


Fornecedor
Situação Explicação
responde?
O roubo ou furto praticado contra instituição financeira e
que atinge o cofre locado ao cliente constitui risco
Furto ou roubo no cofre do
assumido pelo banco, sendo algo próprio da atividade
banco que estava locado para SIM
empresarial, configurando, assim, hipótese de fortuito
guardar bens de cliente. interno, que não exclui o dever de indenizar (REsp
1250997/SP, DJe 14/02/2013).
Há responsabilidade objetiva do banco em razão do risco
Cliente roubado no interior
SIM inerente à atividade bancária (art. 927, p. ún., CC e art. 14,
da agência bancária. CDC) (REsp 1.093.617-PE, DJe 23/03/2009).
Se o roubo ocorre em via pública, é do Estado (e não do
Cliente roubado na rua, após banco) o dever de garantir a segurança dos cidadãos e de
NÃO
sacar dinheiro na agência. evitar a atuação dos criminosos (REsp 1.284.962-MG, DJe
04/02/2013).
O estacionamento pode ser considerado como uma
Cliente roubado
SIM
288 no estacionamento do banco.
extensão da própria agência (REsp 1.045.775-ES, DJe
04/08/2009).
Tanto o banco como a empresa de estacionamento têm
Roubo ocorrido responsabilidade civil, considerando que, ao oferecerem tal
no estacionamento privado serviço especificamente aos clientes do banco, assumiram o
dever de segurança em relação ao público em geral (Lei
que é oferecido pelo banco
SIM 7.102/1983), dever este que não pode ser afastado por fato
aos seus clientes e doloso de terceiro. Logo, não se admite a alegação de caso
administrado por uma fortuito ou força maior já que a ocorrência de tais eventos é
empresa privada. previsível na atividade bancária (AgRg nos EDcl no REsp
844186/RS, DJe 29/06/2012).

Cliente, após sacar dinheiro Não haverá responsabilidade civil nem do banco nem da
na agência, é roubado à mão empresa privada de estacionamento.
armada em A empresa de estacionamento se responsabiliza apenas pela
um estacionamento privado NÃO guarda do veículo, não sendo razoável lhe impor o dever de
que fica ao lado, mas que não garantir a segurança e integridade física do usuário e a
tem qualquer relação com o proteção dos bens portados por ele (REsp 1.232.795-SP, DJe
banco. 10/04/2013).

Passageiro roubado no Constitui causa excludente da responsabilidade da


interior do transporte empresa transportadora o fato inteiramente estranho ao
NÃO transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do
coletivo (exs.: ônibus, trem
etc.). coletivo (AgRg no Ag 1389181/SP, DJe 29/06/2012).

Tratando-se de postos de combustíveis, a ocorrência de


Cliente roubado no posto de roubo praticado contra clientes não pode ser enquadrado,
gasolina enquanto abastecia NÃO em regra, como um evento que esteja no rol de
seu veículo. responsabilidades do empresário para com os clientes,
sendo essa situação um exemplo de caso fortuito externo,

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ensejando-se, por conseguinte, a exclusão da


responsabilidade (REsp 1243970/SE, DJe 10/05/2012).
No serviço de manobrista em via pública não existe
Roubo ocorrido em veículo exploração de estacionamento cercado com grades, mas
simples comodidade posta à disposição do cliente. Logo, as
sob a guarda de vallet
NÃO exigências de garantia da segurança física e patrimonial
parking que fica localizado do consumidor são menos contundentes do que aquelas
em via pública. atinentes aos estacionamentos de shopping centers e
hipermercados (REsp 1.321.739-SP, DJe 10/09/2013).
Nas hipóteses de furto, em que não há violência,
Furto ocorrido em veículo sob
permanece a responsabilidade, pois o serviço prestado
a guarda de vallet parking que SIM
mostra-se defeituoso, por não apresentar a segurança
fica localizado em via pública. legitimamente esperada pelo consumidor.

Furto ou roubo ocorrido em A ocorrência de roubo não constitui causa excludente de


veículo sob a guarda de vallet responsabilidade civil nos casos em que a garantia de
SIM segurança física e patrimonial do consumidor é inerente ao
parking localizado dentro do
shopping center. serviço prestado pelo estabelecimento comercial.

A ocorrência de roubo não constitui causa excludente de


Tentativa de roubo ocorrida na responsabilidade civil nos casos em que a garantia de
cancela do estacionamento do SIM segurança física e patrimonial do consumidor é inerente ao
shopping center. serviço prestado pelo estabelecimento comercial (REsp
289 1269691/PB, DJe 05/03/2014).

Roubo ocorrido em Constituiverdadeira hipótese de caso fortuito (ou motivo de


estacionamento externo e NÃO força maior), de forma que não se aplica a Súmula 130 do STJ.
gratuito de lanchonete.

 .O código civil não afasta a possibilidade de a responsabilidade civil ter função pedagógica ou
punitiva, ainda que o artigo 944 estipule que “a indenização mede-se pela extensão do dano”.
o Lembre-se: no direito ambiental, o dano moral não pode ser fixado com
caráter punitivo, vez que cabe ao direito administrativo e penal essa fixação.
 CJF En. 451: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva
ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
 A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe da culpa e fundamenta-se
somente no critério objetivo-finalístico.  Às vezes, ao abusar do direito, não há a intenção de
prejudicar determinada pessoa, entretanto, havendo o prejuízo, a responsabilidade deve ser
objetiva, ainda que ausente a culpa.
 Reconhecida a inexistência do fato ou ausência de autoria por parte da pessoa, não há
responsabilidade. Vigora a independência das instâncias, mas nesse caso, está provado não
ter havido autoria ou o fato.
 Responsabilidade por atividade lícita de RISCO: é uma cláusula geral de responsabilidade sem
culpa, baseada na ideia do risco criado e mitigado, ou não integral, dada a exigência de
circunstância específica, além da causalidade entre a conduta e o dano, que está na particular
potencialidade lesiva. É, portanto, um risco criado ou adquirido pela atividade excepcional. É
responsabilidade objetiva.
o STJ: O risco que dá margem à responsabilidade objetiva não é o habitual,
inerente a qualquer atividade. Exige-se a exposição a um risco excepcional,
próprio de atividades com elevado potencial ofensivo.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Para o STJ, a avó, com quem o menor residia na época dos fatos, subsiste a obrigação de
vigilância, motivo pelo qual é responsável objetivamente pelos danos causados pelo menor.
 Ainda que o lesador atue em estado de necessidade, ele ou seus responsáveis legais tem o
dever de indenizar o lesado.
 A responsabilidade do empregador pelos atos de seus empregados é objetiva e solidária com
este.
o O empregador poderá agir regressivamente contra o empregado que tiver
causado danos com dolo ou culpa.
o Basta a relação de dependência ou que alguém preste o serviço sob o
interesse e o comando de outrem para reconhecimento da preposição, não
necessitando de um contrato típico de trabalho. Não se exige que a relação
possua caráter oneroso.
o A responsabilidade objetiva do empregador exsurgirá somente se, antes, ficar
demonstrada a culpa do empregado/preposto. Reconhecida a culpa do
empregado, a responsabilidade do empregador é objetiva.
o O artigo 942 do Código Civil fala que são solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932, entre os quais, os
empregados.
o É admitida a ação contra o empregado e empregador (cumulação de pedidos),
respondendo ambos solidariamente pelo dano, ainda que o regime de
responsabilidade de ambos seja diverso, ou seja, o primeiro responde
subjetivamente, e o segundo objetivamente.
290  Aqui não há “dupla garantia”.
o O dano deve ser no exercício do trabalho ou em razão dele.
o Reputam-se legítimos, em função da teoria da aparência, os atos praticados à
sombra das aparentes atribuições, salvo se o prejudicado sabia das
competências acometidas ao lesador.
 Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e
solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, pouco
importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, ou que o transporte seja
gratuito ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria
a responsabilidade pelos danos causados a terceiros. Provada a responsabilidade do condutor,
o proprietário do veículo fica solidariamente responsável pela reparação do dano, como
criador do risco para os seus semelhantes. A responsabilidade do dono da coisa é presumida.
o A cláusula posta em contrato particular de que o comodatário responderia por
eventuais prejuízos não retira o ônus do proprietário do veículo de responder
objetivamente pelos danos causados.
o OBS: Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não implica a
responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que
envolva o veículo alienado
 Obra e empreitada: art. 937: O dono de edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
o Durante a obra: a responsabilidade é solidária entre o proprietário e o
empreiteiro.
o Com a entrega da obra e sua aceitação, a responsabilidade é unicamente do
dono do prédio.
 Responsabilidade do detentor de animal: é objetiva, admitindo-se a excludente do fato
exclusivo de terceiro.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Se a coisa lançada for oriunda de condomínio e não for possível a identificação, caberá ao
condomínio reparar o dano, assegurado o regresso.
 O locador não responde pelos danos causados pelo locatário em relação aos bens lançados. É
o locatário o responsável.
 É possível dano moral oriundo de inadimplemento contratual, sendo exceção. Deve restar
configurado abalo moral, psíquico.
 A comprovação da gravidade do ato ilícito gera o dever de indenizar em razão de uma
presunção natural, que decorre da experiência comum, de que houve um abalo significativo à
dignidade da pessoa. Portanto, o dano moral é in re ipsa, extraído não exatamente da prova de
sua ocorrência, mas da análise da gravidade do ilícito em abstrato.
 O dano moral é fixado à dosagem equitativa em consideração às circunstâncias objetivas e
subjetivas da ofensa, ligadas ao fato e suas consequências, bem como à capacidade econômica
dos ofensores e à pessoa do ofendido.
 A absolvição posterior por insuficiência de provas de autoria não enseja responsabilização do
Estado por danos morais e materiais, tendo em vista a legalidade da prisão até esse momento
processual. (no caso de preso indevidamente).
 O STJ, em regra, entende que o dano moral sofrido por pessoa jurídica não se configura in re
ipsa, embora o mesmo Tribunal tenha decidido que o dano moral por uso indevido de marca
seja aferível in re ipsa.
 A legítima defesa putativa supõe negligência na apreciação dos fatos, e por isso não exclui a
responsabilidade civil pelos danos que dela decorram.
291
9.8. Direitos Reais
Direitos reais. Posse. Definição. Classificação. Aquisição e perda da posse. Efeitos da posse.
Composse. Proteção possessória. Propriedade. Função social da propriedade. Definição.
Elementos. Classificação. Aquisição e perda. A propriedade privada na Constituição Federal.
A propriedade urbana e rural. Estatuto das Cidades. Parcelamento do solo. Extensão
horizontal e vertical da propriedade. Restrições à propriedade. As diversas modalidades de
usucapião. Propriedade resolúvel e fiduciária. Condomínio. Patrimônio de afetação.
Superfície. Servidões. Usufruto. Uso. Habitação. Penhor. Hipoteca. Propriedade fiduciária.
Registros públicos.
 Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente
público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração
da posse.
o Não se aplica, portanto, o artigo 557 do NCPC: Na pendência de ação
possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa. Não se poderia conceber que o Poder Público, sendo titular do
bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do seu
direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão
discutindo entre eles a posse.
● O teor do art. 1.196 do Código Civil aponta para a adoção da teoria objetiva (exteriorização da
posse, pouco importando a vontade possessória), desenvolvida por Ihering, a qual,
historicamente, foi concebida como contraponto à teoria subjetiva de Savigny. O
reconhecimento da consagração da teoria objetiva pelo art. 1.196 do Código Civil é
praticamente uníssono na doutrina civilista, com a ressalva da adoção da vertente subjetiva
em relação à posse para a usucapião, onde deve haver a vontade de exercer a posse.
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● O detentor não pode utilizar as ações possessórias porque não exerce posse que é o
fundamento da tutela possessória, mas pode utilizar o desforço pessoal, uma vez que está em
relação de proximidade espacial com o bem jurídico esbulhado, o que lhe autoriza o uso da
autotutela para a defesa da posse.
● Considera-se justo título, para a presunção relativa de boa-fé do possuidor, o justo motivo
que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento
público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
 Benfeitorias e retenção:
o Necessárias: sempre indenizáveis, independentemente de boa-fé. De boa-fé
há direito de retenção.
 Com má-fé: não permite o direito de retenção, mas são indenizáveis.
o Úteis: se houver consentimento do proprietário do imóvel, são indenizáveis e
há possibilidade de retenção.
o Possuidor de má-fé: ressarcida somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
● O proprietário de um terreno, não contratante da edificação erguida em seu imóvel, e sem
qualquer vínculo obrigacional com o responsável pela obra construída, deve arcar com o
pagamento do débito originado da mencionada edificação, quando o construtor não puder
havê-lo do contratante.
o CC: O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do
292 solo a indenização devida pela construção, quando não puder havê-la do
contratante.
● STJ: o incorporador atrai para si a responsabilidade pelos danos que possam advir da
inexecução ou da má execução do contrato de incorporação, abarcando-se os danos
resultantes de construção defeituosa. A responsabilidade é SOLIDÁRIA com o construtor.
● STJ: independentemente de previsão em regimento interno, um condomínio não pode proibir
o condômino e seus inadimplentes de usar áreas comuns, ainda que destinadas apenas a lazer.
● O direito de preferência não alcança contratos de compra e venda de fração ideal de
condomínio celebrado entre condôminos, uma vez que nesse caso inexiste ingresso de
terceiro estranho à comunhão, havendo apenas alteração no percentual da parte ideal
daquele que adquiriu a parte de outrem.
● É NULA a cláusula que proíba ao proprietário alienar imóvel hipotecado.
● A prescrição da pretensão de cobrança da dívida extingue o direito real de hipoteca estipulado
para garanti-la. Extinto o direito principal, extingue-se o acessório.
● O proprietário pode ser privado da coisa (art. 1228, §3º)
o Desapropriação: necessidade, utilidade ou interesse social.
o Requisição: perigo público iminente.
● STJ: Se estiver pendente usufruto sobre bem imóvel, a nua propriedade desse bem poderá ser
objeto de penhora e alienação em hasta pública, ficando ressalvado o direito real de usufruto,
inclusive após a arrematação ou adjudicação, até que haja sua extinção.
● Quem se assenhorar (OCUPAÇÃO) de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não
sendo essa ocupação defesa por lei.
o Res nullius – coisa de ninguém.
o Res derelicta – coisa abandonada.

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● O exercício incontestável de uma servidão aparente, por 10 anos, com o preenchimento dos
demais requisitos legais, autoriza o possuidor com justo título a adquiri-la por usucapião. Se o
possuidor não tiver título, o prazo será de 20 anos.
● Oficina mecânica que realiza reparos em veículo, com autorização do proprietário, não pode
reter o bem por falta de pagamento do serviço.
● É válida cláusula inserta em contrato de promessa de compra e venda de imóvel situado em
terreno de marinha que estipule ser da responsabilidade do promitente-adquirente o
pagamento do laudêmio devido à União, embora a referida cláusula não seja oponível ao ente
público. Ou seja, os particulares podem negociar entre si a posse do terreno de marinha,
porém, não é oponível à União, devendo ser cobrado do enfiteuta o laudêmio, e não do
adquirente.
● Contra o poder público, o particular exerce mera detenção sobre o bem, restando afastado a
retenção por benfeitorias e indenização, uma vez que o código civil exige a POSSE para o
pagamento destas.
● É possível que a Administração seja chamada a suportar a justa indenização devida ao
proprietário, desde que os possuidores sejam de baixa renda e tenha havido intervenção da
administração. Trata-se do usucapião posse trabalho (desapropriação judicial privada).
o Desapropriação judicial urbana é meio de privar o proprietário do direito que
ele possui sobre determinado imóvel de extensa área, que esteja sobre a
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável
número de pessoas, as quais nele houverem realizado, em conjunto ou
293 separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante, restando ao proprietário justa indenização (artigo 1.228,
§§4º e 5º do Código Civil). A indenização será por conta do Poder Público.
o OBS: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são
aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4 e 5 do 1228 do CC. Ou seja: Os
bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião, sendo inaplicável tal
instituto contra o Poder Público.
▪ O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera
transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com
fundamento no interesse social (art. 1228, §5º), é condicionado ao
pagamento da respectiva indenização (pela administração), cujo prazo
será fixado pelo juiz.
▪ O conteúdo do artigo 1228, §4 e §5 pode ser objeto de ação
autônoma, não se restringindo à defesa em pretensões
reivindicatórias.
● Cabível o usucapião extrajudicial.
● A decretação da falência do proprietário do imóvel interrompe o prazo para que o possuidor
possa adquirir este bem por usucapião. Isso ocorre por interesse dos credores.
● Se o juízo criminal decretou a perda do imóvel que está sendo pleiteado em ação de
usucapião, esta decisão produz efeitos no juízo cível, devendo a ação ser extinta por perda do
objeto.
● A mera alegação de que um bem é terreno de marinha, sem ter sido realizado o procedimento
demarcatório, não afasta a usucapião. Contudo, tal fato não obsta que seja reconhecida a
propriedade da União em posterior procedimento demarcatório.

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● Ocupação de imóvel público é mera detenção, não configurando posse. Logo, as benfeitorias
não podem ser indenizadas, ainda que necessárias ou úteis, uma vez que só são indenizadas
quando configuram posse.
● Excepcionalmente, é possível reconhecer a posse de bem público exercida por particular
contra outro particular, desde que se trate de bem dominical. Neste caso, é cabível o manejo
de ações possessórias entre os particulares.
● O fato de um imóvel urbano ter menos de 250m² não afasta o direito constitucional de
usucapião especial urbana. Isto porque uma norma infraconstitucional não pode limitar um
ditame constitucional.
● STF/STJ: o fato de imóvel não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação
local para a respectiva área não é motivo suficiente para se negar o direito ao usucapião
especial urbana, que possui índole constitucional. Logo, não é possível impor obstáculos de
índole infraconstitucional ao aperfeiçoamento do usucapião pro misero.
● ATENÇÃO: usucapião aquisitiva não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, Isso porque,
tecnicamente, não seria correto aproximar às cegas os institutos da prescrição e da usucapião,
tratando-se de comparação com fundamento mais histórico do que relacionado à natureza dos
institutos. Com efeito, a prescrição implica em perda da pretensão do exercício de um direito,
enquanto que a usucapião corresponde à aquisição especificamente do direito de propriedade
pelo decurso do tempo. Assim, por resultar o reconhecimento de usucapião na aquisição de
um direito, deve ser alegada pelo beneficiário, não podendo ser suprida pelo Poder Judiciário.

294 ● O terceiro que explora clandestinamente área objeto de outorga para pesquisa de viabilidade
de lavra de minérios DEVE indenizar o particular que possuía o direito de pesquisa e lavra, pois
o direito de prioridade e exploração da reserva podem ser negociadas pelo outorgado.
● Apesar de o subsolo (em profundidade ÚTIL) estar abrangido na propriedade, o proprietário só
pode se opor às atividades no seu subsolo se demonstrar prejuízo ou que a invasão lhe
impossibilitou de usar, gozar e fruir do bem, conforme o 1229 dispõe
● A servidão, ainda que contínua e aparente, não será presumida.
● Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a ação for deduzida em face de terceira pessoa.
o Não obstante, o Estado pode interpor oposição neste sentido, dizendo que a
terra é dele. Não se poderia conceber que o Poder Público, sendo titular do
bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do seu
direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão
discutindo entre eles a posse.
● Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro
direito sobre a coisa.
● STJ: As taxas de manutenção criadas por moradores em condomínios de fato não obrigam os
não associados ou os que a elas não anuíram. (Ex: Aquarela em Sinop)
● Posse justa: que não for violenta, clandestina ou precária. Trata-se da posse justa ou injusta.
São os fatos que legitimam sua posse, e não precisa estar inserta em documento público.
● Boa-fé: é de boa-fé se o possuidor ignora os vícios que impede a aquisição da coisa.
● Usucapião extraordinária: 15 anos, independentemente de justo título e boa-fé.
o 10 anos, se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual
ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo (é a utilizada para
desapropriação indireta) Prazo para requerer indenização. Entende-se que a
Fazenda adquire o imóvel por usucapião, nesta modalidade.

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● Usucapião familiar: 2 anos, posse direta, com exclusividade, de imóvel urbano de até 250m²,
cuja propriedade divida com ex-cônjuge/companheiro que abandonou o lar, utilizando-o como
moradia, desde que não possua outro imóvel.
o CJF: A fluência do prazo de 2 anos previstos pelo artigo 1240-A para a nova
modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor
da Lei 12.424/2011, que inseriu o artigo no CC.
o A propriedade do bem deve ser COMUM do casal, ou seja, propriedade
dividida.
o No estatuto da cidade há menção de que o autor terá os benefícios da justiça e
da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o CRI. Entretanto, tal fato
NÃO GERA PRESUNÇÃO ABSOLUTA de hipossuficiência, podendo ser ilidida a
partir da comprovação inequívoca de que o autor não é considerado
“necessitado”.
● O prazo na ação de usucapião pode ser completado no curso do processo, ressalvada as
hipóteses de má-fé.
● É de cinco anos o prazo prescricional para que o condomínio geral ou edilício exercite a
pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária ou extraordinária, constante em
instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da prestação.
● COMPRA COM RESERVA DE DOMÍNIO. A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor
com o intuito de recuperação da coisa vendida com cláusula de reserva de domínio, pode ser
comprovada por meio de notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e
295 Documentos (RTD). Assim, em caso de cláusula de reserva de domínio, existem três formas
pelas quais o vendedor (credor) poderá comprovar a mora do comprador (devedor): a)
mediante protesto do título; b) por meio de interpelação judicial; c) por notificação
extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.000-
MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
● Ao propor uma ação de usucapião, o autor deverá requerer a citação dos confinantes, ou seja,
dos vizinhos que fazem fronteira com o imóvel que ele almeja. E o que acontece caso não haja
a citação dos confinantes? Haverá nulidade absoluta do processo?
Não. Apesar de amplamente recomendável, a falta de citação dos confinantes não acarretará,
por si, ou seja, obrigatoriamente, a nulidade da sentença que declara a usucapião. Não há que
se falar em nulidade absoluta, no caso.
A ausência de citação dos confinantes e respectivos cônjuges na ação de usucapião é
considerada hipótese de nulidade relativa, somente gerando a nulidade do processo caso se
constate o efetivo prejuízo.
o Não é necessária a citação dos confinantes no caso de usucapião de unidade
autônoma de prédio em condomínio.
● Mesmo que um indivíduo perca a posse de uma propriedade, se já preencheu os requisitos da
usucapião, ele poderá ter este direito. Neste caso, o autor deverá proceder à citação do atual
possuidor do imóvel.
● No desforço possessório, a expressão contanto que o faça logo' deve ser entendida
restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo
ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses".
● O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa
do bem sob seu poder".
● O Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapião especial urbana, prevê que "o autor
terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de
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registro de imóveis." Isso significa que o autor da ação de usucapião especial urbana gozará
sempre da gratuidade da justiça? Há uma presunção absoluta de que este autor não tem
recursos suficientes para pagar as custas? NÃO. O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto
da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião especial
urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada) a partir
da comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado".
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA Tempo: 15 anos.
Art. 1.238, caput, CC. Não é necessário haver boa-fé e nem justo título[2].
Os principais requisitos a se provar é a posse mansa,
pacífica e ininterrupta pelo lapso temporal referido,
qual seja, quinze anos.
USUCAPIÃO EXT. REDUZIDA[3] Tempo: 10 anos. Por ser subespécie da
extraordinária, também não há necessidade de
Art. 1.238, § único, CC.
haver justo título nem boa-fé. Entretanto, para o
autor conseguir a redução de cinco anos é
necessário que tenha feito no imóvel obras ou
serviços de caráter produtivo, aumentando a
utilidade daquele.
USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL Tempo: 5 anos. Imóvel até 50 hect. O possuidor
deve comprovar que fez da propriedade um bem
OU pró-labore, constitucional.
296 Art. 1.239, CC.
produtivo, estabelecendo ali sua morada. O
usucapiente[4] não pode ser proprietário ou
possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou
rural.
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA Tempo: 5 anos. Não é necessário justo título nem
boa-fé. O imóvel deve ser de até 250m2. Aqui
OU pró-misero, pró-moradia, pró-
também o possuidor não pode ser proprietário ou
habitatione, habitacional.
possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou
Art. 1.240, CC. rural.
USUCAPIÃO FAMILIAR Tempo: 2 anos, a contar do abandono do imóvel
pelo cônjuge. O imóvel o qual pertencia ao casal ou
OU conjugal
de um deles, deve ser de até 250m2. Importante
Art. 1.240-A, CC. mencionar que o consorte possuidor do imóvel não
pode, para efeitos dessa usucapião, ser possuidor
de outro imóvel, seja na zona urbana ou rural.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA Tempo: 10 anos. Difere da extraordinária reduzida
porque, neste caso, o possuidor deve estar de boa-
Art. 1.242, caput
fé, ou seja, ignora qualquer obstáculo impeditivo. O
possuidor deve ter, ainda, justo título[5]
USUCAPIÃO ORD. REDUZIDA Tempo: 5 anos. Bem adquirido onerosamente e
teve registro cancelado, mas havia boa-fé do
Art. 1.242, § único, CC.
possuidor. Para valer-se dessa espécie, deve
comprovar que mantém no imóvel sua morada ou
realizou investimentos de interesse social ou
econômico.

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USUCAPIÃO COLETIVA Tempo: 5 anos. Caberá esta espécie quando se


tratar de áreas urbanas com mais de 250m2,
Art. 1.228, §4.º, CC e art. 10, Lei
ocupadas por população de baixa renda, não se
10.257/01, Estatuto da Cidade.
sabendo precisar a delimitação de cada um.
Referido prazo deve ser sem interrupção e nem
oposição. Neste caso, é rito é sumário, sendo
obrigatória a intervenção do MP.

● A recusa do banco em substituir a garantia dada pela incorporadora em contrato de
financiamento imobiliário, mesmo após a ciência de que a unidade habitacional se encontrava
quitada, viola os deveres contratuais da informação e cooperação, tornando ineficaz o
gravame perante o adquirente.
● Tratando-se de imóvel vendido com concomitante alienação fiduciária ao Fundo de
Arrendamento Residencial - FAR - e não de contrato de arrendamento residencial previsto no
Capítulo II da Lei nº 10.188/2001 -, o FAR/Caixa Econômica Federal não detém a propriedade
plena do imóvel. Ausente a consolidação da propriedade plena em nome do FAR/ CEF, essa
não possui qualquer responsabilidade com as despesas de condomínio. É do devedor
fiduciante, que mora no bem e detém o direito à propriedade futura, o dever de pagamento
das cotas condominiais.
● No condomínio edilício é possível a usucapião de áreas exclusivas, mas não a de áreas comuns.
● Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários
297 de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso
e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma
alternada.
o Antes o STJ já reconhecia como direito real.
o Penhora de imóvel submetido ao regime de multipropriedade – time sharing.
▪ Apesar de os direitos reais terem rol numerus clausus, o STJ entende
que a propriedade de uso compartilhado por tempo é direito real.
(AGORA O Código CIVIL VALIDOU)
▪ STJ: é invalida a penhora da integralidade do imóvel submetido ao
regime de multipropriedade (time-sharing) em decorrência de dívida
do condomínio de responsabilidade do organizador do
compartilhamento.
● a) O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais não é o
registro do compromisso de compra e venda, mas a relação jurídica material com o imóvel,
representada pela imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do
condomínio acerca da transação. b) Havendo compromisso de compra e venda não levado a
registro, a responsabilidade pelas despesas de condomínio pode recair tanto sobre o
promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador, dependendo das circunstâncias
de cada caso concreto. c) Se ficar comprovado:
o (i) que o promissário comprador se imitira na posse; e
o (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a
legitimidade passiva do promitente vendedor para responder por despesas
condominiais relativas a período em que a posse foi exercida pelo
promissário comprador
9.8.1. Sistema financeiro de Habitação
● Imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, porque
afetado à prestação de serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois,
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imprescritível. Assim, não há que se cogitar do exercício de posse ad usucapionem por parte
de mutuário inadimplente que tenha permanecido no imóvel após a adjudicação pela Caixa
Econômica Federal.
 Súmula 586-STJ: A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente
fiduciário aplica-se, exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da
Habitação – SFH
o Assim, STJ: a lei não determina que a apólice de seguro deva ser
necessariamente contratada frente ao próprio mutuante ou seguradora por
ele indicada.
o Obrigar o mutuário a contratar seguro com o mutuante ou outro indicado é
cláusula abusiva no SFH.
 Ressalvada a denominada Faixa 1, em que não há intermediação imobiliária, é válida a cláusula
contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de
corretagem nos contratos de promessa de compra e venda do Programa Minha Casa, Minha
Vida, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma,
com o destaque do valor da comissão de corretagem. STJ. 2ª Seção. REsp 1.601.149-RS, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 630).
 Os contratos no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação podem prever juros
capitalizados a partir da Lei 11.977/2009, que introduziu o artigo 15-A à lei 4.380/64
 A cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação,
298 realizada após 25/10/1996, exige a anuência da instituição financeira mutuante para que o
cessionário adquira legitimidade ativa para requerer revisão das condições ajustadas, tanto
para os contratos garantidos pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS como
para aqueles sem a referida cobertura. (REPETITIVO 2017)
 As normas do Código de Defesa do Consumidor são aplicáveis aos contratos dos Sistema
financeiro de Habitação, desde que não vinculados ao Fundo de Compensação e Variações
Salariais – FCVS e posteriores a entrada em vigor da Lei 8.078/1990
o Se for do FCVS não se aplica o CDC.

 1. O Ministério Público Federal possui legitimidade para propor ação civil pública em defesa
dos interesses de mutuários do Sistema Financeiro da Habitação.
o Urbanístico e habitacional (moradia)
 2. Nas ações em que se pleiteia a cobertura por vícios de construção de imóvel adquirido pelo
Sistema Financeiro da Habitação, o agente financeiro somente terá legitimidade passiva ad
causam quando tenha também atuado na elaboração do projeto, na execução ou na
fiscalização das obras do empreendimento.
 3. Nas ações referentes ao Sistema Financeiro da Habitação, a Caixa Econômica Federal não
tem legitimidade passiva para responder por eventuais vícios de construção nos imóveis
financiados, salvo quando realiza atividade distinta daquela própria de agente financeiro
estrito senso.
 4. Não há interesse jurídico da Caixa Econômica Federal em ingressar como assistente simples
nos feitos em que se discute seguro de mútuo habitacional decorrente de vícios de construção
de imóvel no âmbito do SFH quando ausente a vinculação do contrato ao Compensação de
Variações Salariais - FCVS (Tese julgada sob o rito do artigo 543-C do CPC/73 – TEMA 50).
 5. As normas do Código de Defesa do Consumidor são aplicáveis aos contratos do Sistema
Financeiro da Habitação, desde que não vinculados ao FCVS e que posteriores à entrada em
vigor da Lei 8.078/90.

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 6. O Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS é responsável pela quitação do saldo


residual de segundo financiamento nos contratos celebrados até 5.12.1990, ante a ratio
essendi do artigo 3º da Lei 8.100/90, com o redação conferida pela Lei 10.150/01 (Tese julgada
sob o rito do artigo 543-C do CPC/73 – TEMA 323).
 7. Nos contratos de financiamento celebrados no âmbito do SFH, sem cláusula de garantia de
cobertura do FCVS, o saldo devedor residual deverá ser suportado pelo mutuário (Tese julgada
sob o rito do artigo 543-C do CPC/73 – TEMA 835).
 8. O mutuário tem direito à liquidação antecipada do saldo devedor quando satisfeitos os
requisitos previstos no artigo 2º, § 3º, da Lei 10.150/00, quais sejam: existência de previsão de
cobertura do FCVS e celebração do contrato até 31 de dezembro de 1987.
 9. Nos contratos vinculados ao SFH, a atualização do saldo devedor antecede sua amortização
pelo pagamento da prestação (Súmula 450/STJ) (Tese julgada sob o rito do artigo 543-C do
CPC/73 – TEMA 442).
 10. Nos contratos de seguro habitacional obrigatório no âmbito do SFH, as seguradoras são
responsáveis pelos vícios decorrentes da construção, desde que tal responsabilidade esteja
prevista na apólice.
 11. O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório
com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada (Súmula 473 do
STJ).
 12. Nos contratos celebrados no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, é vedada a
capitalização de juros em qualquer periodicidade, sendo defeso ao Superior Tribunal de

299 Justiça, em sede de recurso especial, aferir se há capitalização de juros com a utilização da
Tabela Price, óbice das Súmulas 5 e 7 do STJ (Tese julgada sob o rito do artigo 543-C do CPC/73
– TEMA 48).
 13. O artigo 6º, e, da Lei 4.380/1964 não estabelece limitação aos juros remuneratórios nos
contratos vinculados ao SFH (Súmula 422/STJ) (Tese julgada sob o rito do artigo 543-C do
CPC/73 – TEMA 49).
 14. É admitida a cobrança do Coeficiente de Equiparação Salarial (CES), em contratos
vinculados ao SFH, quando existir expressa previsão contratual.
 15. A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se,
exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (Súmula
586/STJ) (Tese julgada sob o rito do artigo 543-C do CPC/73 – TEMA 352).
9.8.2. Estatuto da cidade
 A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
 Para proposição de usucapião especial urbana, eventual associação de moradores deverá ter
autorização expressa dos moradores.
 O Plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes; integrantes de
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas,
 Pavimentação pública não pode ser considerada como ação social para fins do art. 26 da Lei
10.522 (artigo que excepciona a vedação de receber renda quando o município estiver
inadimplente no SIAFI, CADIN)

9.9. Direito Agrário


Estatuto da terra e. Política agrícola e reforma agrária.

● O cancelamento de matrícula pode ser feito a requerimento da Fazenda Pública, instruído com
certidão de conclusão de PA que declarou, na forma da lei, a rescisão do título de domínio ou
de concessão de direito real de uso de imóvel rural, expedido para fins de regularização
fundiária, e a reversão do imóvel ao patrimônio público.
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● São terras devolutas: as que não se acharem aplicadas a algum uso público, nacional,
provincial ou municipal. As que não se acharem em domínio particular ou posse. Em regra, são
de propriedade dos Estados, salvo se indispensável à defesa das fronteiras.
● STJ: A área de reserva legal e áreas protegidas por lei, para serem excluídas do cálculo da
produtividade do imóvel para fins de reforma agrária, devem ter sido averbadas no registro
imobiliário ou no CAR antes da vistoria. Já as APP, é desnecessário averbar, pois são instituídas
ex lege.
● É predominante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que somente considera a área
de Reserva Legal para fins de cálculo de produtividade, caso esteja devidamente averbada e
delimitada no Registro Imobiliário competente (MS 25124). O STJ também tem manifestado o
mesmo entendimento. (REsp 865697). São três os requisitos simultâneos para que se possa ter
como inaproveitável a área de reserva legal: que a área esteja devidamente averbada,
delimitada e que, efetivamente, exista e esteja preservada
● A APP, em regra, não é indenizável, uma vez que não é possível a supressão vegetal. Porém, o
STF tem decidido no sentido de que cabe indenização se houver plano de manejo que ateste
sua viabilidade econômica.
● A reserva lega para ser indenizável precisa de plano de manejo que ateste sua viabilidade
econômica.
● Área com cobertura vegetal nativa (RL e APP em pequenas/médias propriedades rurais) é
indenizável se demonstrar sua viabilidade econômica.
● Art. 18 do estatuto da terra diz que é desapropriação por interesse social: incrementar a
eletrificação e a industrialização no meio rural.
300 ● Em execução e sua respectiva penhora, cabe ao proprietário o ônus de provar que o imóvel é
pequena ou média propriedade rural. Cabe ao exequente provar que a terra não é trabalhada
pela família.
● O STF também deu intepretação conforme ao art. 13 da Lei para afastar quaisquer
interpretações que concluam pela desnecessidade de fiscalização dos imóveis rurais até quatro
módulos fiscais, devendo o ente federal utilizar-se de todos os meios referidos em suas
informações para assegurar a devida proteção ambiental e a concretização dos propósitos da
norma para, somente então, ser possível a dispensa da vistoria prévia, como condição para a
inclusão da propriedade no programa de regularização fundiária de imóveis rurais de
domínio público na Amazônia Legal. União deve utilizar-se de todos os meios para assegurar a
devida proteção ambiental e a concretização dos propósitos da norma, para somente então
ser possível a dispensa da vistoria prévia como condição para inclusão da propriedade no
programa de regularização fundiária de imóveis rurais de domínio público na Amazônia Legal.
● Juros compensatórios: eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros
compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a
perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a possibilidade do
imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido
com o recebimento do seu valor à vista. REPETITIVO STJ. (ATUALMENTE)
o Na hipótese, os juros compensatórios são devidos sobre o imóvel
improdutivo desde a imissão na posse até a entrada em vigor das MP´s n.
1.901-30, 2.027-38 e reedições, as quais suspendem a incidência dos
referidos juros. A partir da publicação da MC na ADI 2.332/DF (DJU de
13.09.2001) tais juros voltam a incidir sobre a propriedade improdutiva, até a
data da expedição do precatório original, segundo a dicção do § 12 do art.
100 da CF, com a redação dada pela EC 62/09

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o STF 2018: Em suma, os dispositivos impugnados são constitucionais e


condicionam a condenação do Poder Público ao pagamento aos juros
compensatórios aos seguintes requisitos:
▪ a) ter ocorrido imissão provisória na posse do imóvel;
▪ b) a comprovação pelo proprietário da perda da renda sofrida pela
privação da posse;
▪ c) o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na
exploração superiores a zero.
1) em relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41:
1.a) reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios no patamar fixo
de 6% ao ano para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na
posse de seu bem;
1.b) declarou a inconstitucionalidade do vocábulo “até”;
1.c) deu interpretação conforme a Constituição ao “caput” do art. 15-A, de maneira a incidir
juros compensatórios sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo pelo ente
público e o valor do bem fixado na sentença;
2) declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o pagamento dos juros
compensatórios à comprovação da “perda da renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário”;
3) declarou a constitucionalidade do § 2º do art. 15-A, afastando o pagamento de juros
compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência iguais a
zero;
301 3) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A, estendendo as regras e restrições de
pagamento dos juros compensatórios à desapropriação indireta.
4) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A;
5) declarou a constitucionalidade da estipulação de parâmetros mínimo (0,5%) e máximo (5%)
para a concessão de honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não
podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista
no § 1º do art. 27.

● No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
terceiros contra o expropriado.
o Em regra, o valor da indenização deve ser contemporâneo à avaliação do
perito JUDICIAL. Porém, o STJ admite a mitigação de tal diretriz quando, em
virtude do longo período de tempo transcorrido entre a imissão na posse e a
data de avaliação, a exacerbada valorização do imóvel possa causar
enriquecimento ilícito do expropriado.
● Em ação de adjudicação compulsória proposta por arrendatário rural que teve desrespeitado o
seu direito de preferência para a aquisição do imóvel, o preço a ser depositado para que o
autor obtenha a transferência forçada do bem deve corresponder àquele consignado na
escritura pública de compra e venda registrada no cartório de registro de imóveis, ainda que
inferior ao constante do contrato particular de compra e venda firmado entre o arrendador e o
terceiro que tenha comprado o imóvel.
● “A definição de imóvel rural, em sede de desapropriação para fins de reforma agrária, é
aferida pela sua destinação, não interessando que esteja localizado em zona urbana (RESP
621680). Princípio da destinação do imóvel.
● Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por
pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do
Congresso Nacional.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● A Suprema Corte ao apreciar diversos casos concretos concluiu que a vedação de


desapropriação de terras esbulhadas/invadidas não se aplica às ocupações ocorridas
posteriormente às vistorias realizadas pelo Incra (MS 24.136 e MS 24.484) ou nas situações de
ocupação de área ínfima ou por tempo efêmero. A norma somente incidirá quando a
ocupação der causa a improdutividade da terra, e for anterior. Eventual esbulho posterior
pode dar ensejo à burla da desapropriação para reforma agráiria.
● Continuidade (requisito legal): trata-se da continuidade da exploração econômica, e não sob o
aspecto físico e material. Assim, O Supremo Tribunal Federal assinala nessa linha de
entendimento, ao dispor sobre a desconsideração de condomínios sobre o imóvel rural -
múltiplos proprietários -, como isenção à desapropriação quando não há, na prática,
diversidade na exploração do bem (MS 24.488-7/DF). É o caso de herdeiros condôminos de
fazenda.
o Propriedade rural: relacionada à matrícula única definida.
o Imóvel rural: unidade de exploração econômica voltada ao desenvolvimento de
atividades agrárias, podendo ser formado por UMA ou MAIS propriedades rurais.
● Aponte-se, ainda, que o STF tem julgado, no sentido de que o fracionamento operado no
imóvel rural, com o recolhimento individualizado do ITR, restringe-se aos fins tributários, não
servindo de parâmetro para o dimensionamento de imóveis rurais destinados à reforma
agrária (Nesse sentido: MS 24.924/DF, Rel. Min. Eros Grau, DJ 10/03/2005).
● A jurisprudência, pois, segue no mesmo passo da legislação, por afastar situações fictícias de
desmembramento, visando identificar e extirpar simulações que visam apenas dividir um
imóvel em pequenas ou médias propriedades como tentativa de furtar-se à aferição do
302 cumprimento da função social da propriedade e à possibilidade da desapropriação-sanção
para fins de reforma agrária.
● O desmembramento (contrato de compra e venda) de imóvel em tamanhos que restrinjam a
desapropriação para reforma agrária, em data anterior ao decreto de interesse social para
fins de reforma agrária, com a inscrição no registro de imóveis, INVIABILIZA a
desapropriação para fins de reforma agrária, pouco importando que tenha ocorrido vistoria
em data anterior. Assim, um contrato de compra e venda que desmembre uma propriedade
rural deve ser inscrito no registro de imóveis antes do decreto de interesse social.
● A impossibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária de pequena e média
propriedade rural não gozam de presunção juris et de iure quanto ao cumprimento da função
social, uma vez que devem demonstrar o requisito de cumprimento da função socioambiental
e a EXPLORAÇÃO FAMILIAR DA TERRA. Aplica-se também no caso de desmembramento antes
da declaração de interesse social, devendo as novas unidades ser autônomas
economicamente.
● STJ: em ação de usucapião movida por particular em face do Estado-membro, cabe ao estado a
prova de que o imóvel é bem público, insuscetível de desapropriação.
● Juros capitalizáveis em contratos agrários são válidos, desde que previamente pactuados.
● ATENÇÃO: a propriedade produtiva deve atender SIMULTANEAMENTE graus de utilização da
terra e eficiência na exploração, explorada econômica e racionalmente.
● Grau de Utilização da Terra - GUT – 80%
● Grau de Eficiência de Exploração - GEE – 100%.
● Nas cédulas de crédito rural, até que venha a regulamentação do Conselho Monetário
Nacional, incide a limitação dos juros remuneratórios em 12% (doze por cento) ano, por
aplicação do Decreto 22.626/33. 2. No caso de inadimplemento decorrente de cédula de
crédito rural, admite-se unicamente a elevação em 1% aos juros contratados.
● As áreas de exploração extrativa vegetal ou floresta, observados os índices de rendimento
estabelecidos por órgão competente do Executivo, consideram-se efetivamente utilizadas.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● STJ: Para a Corte, a indenização do imóvel deve limitar-se à área do decreto expropriatório
constante do registro imobiliário. Se houver maior porção do terreno não inclusa no registro,
porém ocupada pelo expropriante, o valor da indenização referente à porção deverá ser
mantido em depósito até solução sobre a propriedade do terreno.
● O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas
hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição
originária da propriedade.
● Registro paroquial não induz propriedade.
● Sentença que fixa o preço da indenização e efeito dos recursos:
o Expropriado: somente efeito devolutivo.
o Expropriante: ambos os efeitos.
o Condenação em mais de 50% do valor previsto na inicial: duplo grau
obrigatório.
● É cabível retrocessão em caso de tredestinação ilícita por parte da administração, através de
destinação que não atenda o interesse público.
● Os imóveis desapropriados, registrados em nome do expropriante, não poderão ser objeto de
ação reivindicatória.
● Cabível juros compensatórios na desapropriação por reforma agrária, sendo devido desde a
antecipada imissão na posse (desapropriação direta) ou a partir da efetiva ocupação do imóvel
(desapropriação indireta).
● O Usucapião constitucional rural ou pró-labore exige que a posse seja pessoal, trabalhada pelo
posseiro e pela família.
303 ● A união de posses no usucapião rural pró-labore só cabe em continuação pelo sucessor
universal, devendo este estar diretamente ligado ao imóvel quando do óbito.
● Requisitos do usucapião rural pró-labore: pessoa física, posse mansa e pacífica por 5 anos, 50
hectares, animus domini, trabalhada pelo possuidor e por sua família, não ser proprietário de
outro imóvel qualquer.
● Podem os Estados e Municípios desapropriar imóveis rurais para fins de utilidade pública,
não, porém, para fins de reforma agrária, privativa da União por força da Constituição.
● Módulo fiscal: determina o tamanho da propriedade
● Módulo rural: ligada à área da propriedade familiar, é a área necessária para que a
propriedade cumpra sua função social. Variável de acordo com a região.
● Contrato rural. Prazo mínimo: 3 anos para atividade pecuária de pequeno e médio porte; 5
anos para animais de grande porte.
● Na aquisição por compra e venda e em arrematação judicial de imóveis rurais, com finalidade
à reforma agrária pelo poder público, o pagamento PODE SER FEITO EM DINHEIRO, e não em
Títulos da Dívida Agrária. Em TDA é só em hipótese de desapropriação.
● O valor objeto de litígio judicial será pago por precatório, e não em dinheiro ou TDA. Em
depósito judicial será só a quantia das benfeitorias (desapropriação agrária) ou o valor da
desapropriação ordinária inicialmente ofertada pelo poder público. Se agrário, será pago o
valor originário ofertado por TDA e o valor judicial por precatório.
● Autoridade coatora em MS contra decreto de interesse público é o Presidente da República,
competência originária do STF.
● Cabe direito de extensão na desapropriação parcial: deverá provar em contestação que a
propriedade ficou menor que a pequena propriedade rural; que a área remanescente é
inaproveitável e que o valor é inferior ao da parte desapropriada.
● DESISTÊNCIA da desapropriação: é possível se não efetuado o levantamento integral e se não
tornou inútil a área desapropriada.

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● A impenhorabilidade da pequena propriedade rural não exige que o débito exequendo seja
oriundo da atividade produtiva, tampouco que o imóvel sirva de moradia ao executado e à sua
família.  Assim, nem mesmo a dívida oriunda da atividade produtiva, teria o condão de
autorizar a constrição judicial da pequena propriedade rural. Não importa qual a espécie de
dívida. Basta que:
o i) que a dimensão da área seja qualificada como pequena, nos termos da lei de
regência; e
o ii) que a propriedade seja trabalhada (e não residida) pelo agricultor e sua
família.
● O contrato agrário de arrendamento rural, ainda que seja vedado pagamento com parte da
produção (por configurar parceria), e isso venha a ocorrer, pode ser usado como prova escrita
para instruir ação monitória. Ainda que o contrato de arrendamento rural se encontre eivado
de vício, relativo à forma de remuneração do proprietário da terra, que lhe subtraia atributo
essencial para ser considerado válido, tem-se que não se pode negar o valor probatório da
relação jurídica efetivamente havida, de maneira que o referido documento é capaz de
alicerçar ação monitória.
● Contrato de parceria rural, apesar de ter affectio e ser aplicado em subsidiariedade as regras
de sociedade, não implica relação de emprego.
● As alienações de terras públicas com mais de 2500 hectares dependerão de aprovação prévia
do Congresso Nacional, SALVO para REFORMA AGRÁRIA
● Para fins de USUCAPIÃO, não adota-se o critério da “destinação do imóvel” para o conceito
de imóvel rural, mas sim o critério da “localização geográfica”. Assim, não há como fazer
304 uma usucapião em imóvel rural localizado em área urbana.
● Art. 8ºC: É de oito anos, contados do trânsito em julgado da decisão, o prazo para ajuizamento
de ação rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de terras públicas
rurais.
● Contestação é igual no CPC, 15 dias também : Art. 9º A contestação deve ser oferecida no
prazo de quinze dias e versar matéria de interesse da defesa, excluída a apreciação quanto ao
interesse social declarado.
● Cumprimento da função social:
o Aproveitamento racional e adequado.
o Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente.
o Observância das disposições que regulam as relações de trabalho
o Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
● O falecimento do parceiro outorgante não extingue o contrato de parceria rural. Os herdeiros
somente poderão exercer o direito de retomada ao término do contrato e desde que
obedeçam às regras do Decreto nº 59.566/1966 quanto ao prazo para notificação e às causas
para retomada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.668-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 05/12/2017 (Info 618).
9.10. Estatuto da Criança/Adolescente. Estatuto da Juventude.
Estatuto do Idoso.
● Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se
suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos.
o Saúde, salvo emergências.
o Processos.

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● A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por
idade, desde que a pessoa conte, com no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao
exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. ESTATUTO DO IDOSO.
● O envelhecimento é direito personalíssimo previsto legalmente no estatuto do idoso.
● A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos filhos do curatelado
● Estatuto da juventude:
o Jovens: pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
▪ Aos adolescentes entre 15 e 18, naquilo em que a lei conflitar, aplica-
se o ECA.
▪ ECA: adolescentes: 12 e 18 anos.
o É assegurado aos jovens negros, indígenas e alunos oriundos da escola pública
o acesso ao ensino superior nas instituições públicas por meio de políticas
afirmativas, nos termos da lei.
o No sistema de transporte coletivo interestadual, há previsão de reserva de
vagas para jovens de baixa renda.
9.11. Direito de Família
 Terceira e Quarta Turmas do STJ tem entendido que a lista do cadastro de adotantes não é
absoluta justamente em atenção ao princípio do melhor interesse da criança. Assim, a regra
da ordem (e mesmo a inscrição) pode ser excepcionada quando existir vínculo afetivo entre a
criança e o pretendente à adoção.
305  Família eudemonista: concepção do eudemonismo há de ser visto pelo pela perspectiva
coexistencial, em que os membros de uma família buscam, por meio desta entidade, a
felicidade: “Sob as relações de afeto, de solidariedade e de cooperação, proclama-se, com
mais assento, a concepção eudemonista da família: não é mais o indivíduo que existe para a
família e para o casamento, mas a família e o casamento existem para o seu desenvolvimento
pessoal, em busca de sua aspiração à felicidade.”
 Paternidade e o STF:
o A existência de paternidade socioafetiva não exime a responsabilidade do pai
biológico.
o A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede
o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem
biológica, com todas as suas consequências patrimoniais e extrapatrimoniais
o A omissão do legislador brasileiro quanto ao reconhecimento dos mais
diversos arranjos familiares não pode servir de escusa para a negativa de
proteção a situações de pluriparentalidade.
o

10. DIREITO PROCESSUAL CIVIL


10.1. Teoria Geral do Processo: normas, jurisdição, ação,
equivalentes jurisdicionais
Das normas processuais civis e sua aplicação. Os princípios informadores do processo civil.
Da jurisdição. Ação (conceito, natureza jurídica, classificação). Limites da jurisdição nacional
e cooperação internacional. Da organização do Judiciário. Equivalentes jurisdicionais.
Arbitragem e mediação.

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 Imanetista, civlista, clássica, privatista: idealizada por Savigny. Entende que a ação é o próprio
direito material. Só há direito de ação quando houver fazer jus ao direito material.
 Concretista/Autônoma: defendida no caso Windscheid VS. Muther. Entende que o direito de
pedir ao Estado é autônomo ao direito material. Derivaram duas correntes:
o Concreto (Adolf Wach): só existe direito de ação se a sentença for favorável.
o Abstrato (Carnelutti): o direito de ação independe do pronunciamento
judicial. (Teoria do arco de Carnelutti = direito material cria uma mera
expectativa de direito; o que efetivamente cria direito subjetivo é a sentença
proferida em um processo, é o que completa o todo)
 Eclética (Liebman): o direito de ação não está vinculado à sentença favorável e nem depende
do direito material. É necessário requisitos mínimos, conhecidos como condições da ação, para
que o pedido seja processado.
o Liebman: as condições da ação devem estar presentes a todo momento.
o Asserção (STJ e STF): prospectação: as condições devem ser verificadas na
leitura da petição inicial, sem provas. Caso o juiz verifique posteriormente a
ausência, ele poderá decidir a respeito.
o Exposição: deve provar as condições da ação.
 Não confundir inafastabilidade da jurisdição (acesso ao judiciário) com substitutividade
(Estado-juiz substitui a vontade das partes)
 O CPC de 2015 adotou a teoria eclética, ao prever expressamente que a sentença fundada em
ausência das condições de ação é meramente terminativa, não produzindo coisa julgada
material (Art. 485, VI, CPC). Apesar disso, a teoria da asserção ou “della prospettazione” é
306 amplamente aceita pelo STJ, que costuma usá-la em seus julgados.
o Para que se reconheça a legitimidade ativa, os argumentos aduzidos na inicial
devem possibilitar a inferência, em um exame puramente abstrato, de que o
autor pode ser o titular da relação jurídica exposta ao juízo.
 Em relação à causa de pedir, o NCPC adotou a teoria da substanciação ou substancialização
que preleciona que a causa de pedir é composta pelos fatos e fundamentos. Já, a teoria da
invidualização, a causa de pedir seria composta apenas pelos fundamentos, sendo irrelevantes
os fatos.
● Nem sempre as ações mandamentais serão só declaratórias, podendo ser constitutivas, no
caso das ações possessórias. Assim, é possível dizer que as ações declaratórias constituem
título executivo judicial.
o São exemplos de tutela jurisdicional executiva: imissão na posse, reintegração
de posse, despejo, prescindem de uma fase de execução do julgado.
● A ação declaratória é apta para declarar falsidade ou autenticidade DOCUMENTAL. Falsidade
ideológica NÃO.
● Não é cabível ação declaratória para ações meramente prováveis, mas para de EXISTÊNCIA ou
INEXISTÊNCIA de relação jurídica.
● A pretensão declaratória é imprescritível.
● É possível propositura de ação declaratória para interpretar uma decisão jurídica, ou seja, para
dizer sobre o “modo de ser de uma relação jurídica”, ainda que seja relação judicial.
● A publicação do acórdão que decide a lide não impede que as partes transacionem o objeto do
litígio.
● Jurisdição (escopos):
o Social: pacificação social com a eliminação dos conflitos.
o Jurídico: atuação da vontade concreta da lei.
o Político: afirmação do poder estatal, incentivo à participação popular.

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● Teoria da asserção: a extinção do processo em razão da falta de condições da ação ocorrerá


quando tal reconhecimento ocorrer no início, no limiar do processo. Posteriormente, não
acarretará extinção sem resolução do mérito, mas importará na análise do mérito e na
formação da coisa julgada material.
● Nos procedimentos de jurisdição voluntária, o artigo 723 dispõe que o juiz não é obrigado a
observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que
considerar mais conveniente ou oportuna, podendo adotar a equidade.
● Na jurisdição voluntária há a pretensão a ser exercida pelo interessado. Só não há um conflito,
uma lide.
● Carnelutti X Chiovenda
o Carnelutti: adepto da teoria unitária do ordenamento jurídico. Entendia que o
direito processual não tinha vida própria, sendo um adendo do direito civil,
época em que era chamado de direito adjetivo. Entretanto, ele estava
tentando provar que o processo civil era uma ciência à parte.
▪ Teoria do Arco de Carnelutti: trata-se da primeira fase em que ele
afirma que o direito material cria uma mera expectativa de direito; o
que efetivamente cria direito subjetivo é a sentença proferida em um
processo, é o que completa o todo. É ela, a sentença, que cria o direito
subjetivo. O comando contido na lei é incompleto, como se fosse um
arco, necessitando de uma sentença para transformar em um círculo.
o Chiovenda: adepto da teoria dualista do ordenamento jurídico. Entendia que
o ordenamento era dividido em direito material, que cria um direito subjetivo;
307 e direito processual. Para ele, o conceito de jurisdição é o de aplicação da
vontade concreta da lei.
● Marinoni: define a jurisdição como função estatal voltada para a concretização de postulados
constitucionais fundamentais: “ Quando se afirma que a jurisdição tem o dever de tutelar os
direitos se quer dizer que a jurisdição tem o dever de aplicar a lei na dimensão dos direitos
fundamentais, fazendo sempre o resgate dos valores substanciais neles contidos. Tutelar o
direito, em outros termos, é aplicar a lei, diante das situações concretas, a partir dos direitos
fundamentais. É o atuar a lei na medida das normas constitucionais e dos valores nelas
encerrados. Há aí um nítido plus em relação à teoria chiovendiana e uma intenção que nem se
quer passava pela cabeça dos antigos doutrinadores que viam na jurisdição uma função
voltada à tutela dos direitos subjetivos privados violados. Ao se dizer que a jurisdição tem o
dever de tutelar os direitos, deseja-se igualmente pôr às claras que ela tem o dever de
viabilizar as tutelas prometidas pelo direito material e pela Constituição.”.
● Não viola o princípio do juiz natural a criação de varas especializadas, regras de competência
determinadas por prerrogativas de função, convocação de juízes para compor órgãos de
tribunais e a redistribuição de processos em decorrência da criação de vara com idêntica
competência.
● É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a
interposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de
100% do valor da condenação. Tal norma viola a competência privativa da União para legislar
sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do acesso à jurisdição, do contraditório
e da ampla defesa.
● Motivação per relationem: STJ entende que atende ao comando normativo e constitucional,
de modo que tal prática não chega macular a validade da decisão. O que não se admite é a
ausência de fundamentação.
● O princípio da eventualidade encontra-se diretamente relacionado à preclusão consumativa.
Chama-se de princípio da concentração da defesa (art. 336). Essa norma é mitigada pelo art.
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342, que autoriza o réu deduzir novas alegações depois da contestação quando: (i) relativas a
direito ou fato superveniente; (ii) competir ao juiz conhecer delas de ofício; (iii) por expressa
autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
● Exceções ao princípio do dispositivo/inércia atualmente, do ordenamento:
o Decretação de falência (art. 73 da LRE)
o Execução trabalhista (art. 878) quando as partes não estiverem representadas
por advogado (reforma trabalhista)
o Execução penal (art. 105 LEP)
o Habeas corpus de ofício (art. 654, §2º CPP)
o Cumprimento de sentença relativo à obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa
distinta de dinheiro.
o Instaurar IRDR, conflito de competência e incidente de arguição de
inconstitucionalidade.
o Instrução probatória, podendo o juiz determinar produção de provas não
requeridas pelas partes, ainda que haja decretação de revelia nos autos.
● O juiz pode instaurar de ofício a execução da sentença que impõe a obrigação de fazer, não
fazer ou dar coisa distinta de dinheiro (art. 536 e 538). No caso de pagar quantia, exige-se
provocação.
o Há incidentes processuais que o juiz pode dar início de ofício, como o IRDC,
conflito de competência, incidente de arguição de inconstitucionalidade etc.
● Devido processo legal:
o Formal/procedimental: compõe-se pelas garantias processuais.
308 o Substancial/material: trata-se da aplicação das garantias processuais aos
fatos. Efetivação das garantias.
▪ Devido processo legal substancial consiste em limite ao poder de
legislar, impondo que as leis sejam editadas levando em consideração
os princípios da justeza, o que demanda o respeito à razoabilidade e à
racionalidade. Essa dimensão substantiva do princípio do devido
processo legal foi desenvolvida inicialmente nos Estados Unidos, a
partir de meados do século XIX, que pode ser associado à exigência de
razoabilidade das normas e condutas estatais. Uma lei que viole
flagrantemente direitos fundamentais, pela ausência de razoabilidade
e irracionalidade afronta o devido processo legal substancial. Observa-
se que o foco aqui não é mais as regras processuais mas sim o próprio
direito material
● Contraditório:
o Formal: direito de participar do processo, de ser ouvido.
o Substancial: participação efetiva capaz de influenciar no convencimento do
magistrado. Ex: advogado competente.
● O contraditório alcança tanto as questões de fato quanto as questões de direito. Seja
processual ou de mérito; seja prejudicial ou preliminar. Assim, nesse ponto, desvincula-se da
teoria da substanciação (ligada aos fatos) no que toca às partes. Mas, ao juiz, basta os fatos
para que ele decida qual fundamento jurídico irá adotar.
● Proporcionalidade e adequação não estão previstos na CF como princípios explícitos de
processo civil, porém, a proporcionalidade é expressa no art. 8º do CPC.
● O NCPC não prevê mais a exigência de identidade física do juiz.
● A inafastabilidade da jurisdição decorre da vedação ao non liquet.
● Autotutela é imposição de vontade. Autocomposição é solução do litígio pelo consentimento
espontâneo.
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● A ação declaratória incidental foi abolida do Código de Processo Civil como categoria de ação
autônoma, podendo a matéria incidental ser tratada como questão prejudicial, hipótese em
que fará coisa julgada material.
● Atualmente, à luz do que preceitua o art. 240, § 1º, do CPC/15, a interrupção da prescrição se
opera pelo despacho que ordena a citação, e não mais pela citação válida propriamente.
● A citação válida no NCPC não torna prevento o juízo. O que torna prevento o juízo é a
distribuição.
● A citação válida no NCPC não interrompe a prescrição. A prescrição é interrompida pelo
DESPACHO que ordena a citação.
● A Citação válida no NCPC somente INDUZ a LITISPENDÊNCIA E TORNA LITIGIOSA A COISA., não
mais interrompe a prescrição. O despacho que ordena a citação é que interrompe a prescrição
● Lembre-se: a citação deve ser feita preferencialmente por correio. Dos entes públicos,
preferencialmente por meio eletrônico.
● Lembre-se: é necessário rebater de forma específica os fundamentos contrários a conclusão
do juiz deduzidos pelas partes. Isso não significa rebater todos os argumentos, o que o STJ
entende desnecessário, mas tão somente rebater os argumentos contrários aos que o juiz
utilizou para fundamentar sua decisão.
● “Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência de conciliação deve ser
manifestado por todos os litisconsortes". Nesta hipótese, todavia, o termo inicial do prazo de
15 (quinze) dias para oferecer contestação será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência (art. 335, II, c/c §1º,
CPC/15) , e não o despacho judicial que acolhe as manifestações de desinteresse na realização
309 da audiência de conciliação.
● Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
● Caso a decisão judicial transitada em julgado seja omissa quanto o valor dos honorários, é
possível ação autônoma para sua definição e cobrança. Só não poderão ser cobradas na
mesma execução que a ação anterior.
● No plano horizontal, o sistema de precedentes (stare decisis) se orienta pelo dever dos
tribunais de "uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente" (art. 926
do CPC/15). Já no plano vertical, o legislador estabeleceu a observância pelos juízes e tribunais
a: "I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de
assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de
recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo
Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados." (art. 927 do CPC/15).
● Formação gradual do processo: o processo se forma primeiro para o autor e depois para o réu,
enquanto o réu não for citado, em tese, para o réu não existe processo. Existe processo para o
autor, mas ainda não existe para o réu.
● STJ repetitivo: A sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou improcedência
do pedido, constitui título executivo judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar
quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos
próprios autos.
● STJ: A discordância da parte ré em relação ao pedido de desistência da ação da parte autora
deverá ser fundamentada, visto que a mera oposição sem qualquer justificativa plausível
importa inaceitável abuso de direito.

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● Cláusula de eleição de foro: deve ser arguida pelo réu na contestação. Entretanto, o juiz pode
verificar de ofício e afastar tal cláusula quando verificar se tratar de competência exclusiva
nacional.
o Essa eleição de foro deve ser escrita e ser sobre negócio jurídico determinado.
o Antes da citação o juiz pode conhecer de ofício eventual abusividade da
cláusula.
o Após a citação, deve o citado alegar a abusividade, sob pena de preclusão.
● Princípio da adequação: flexibilização das normas processuais a fim de garantir a efetivação de
um direito fundamental.
● O o TRF3 já cobrou em prova a seguinte afirmativa, correta: A consideração pelo juiz da
possibilidade de propósito protelatório do réu indica análise da situação conforme o princípio
da boa-fé processual, sob o ângulo objetivo. (CORRETO)
● Autotutela VS. Autocomposição
o Autotutela: os próprios contendores resolvem o conflito, prevalecendo a
vontade do mais forte sobre o mais fraco. Aceito em Direito Civil no caso de do
desforço imediato, em caso de esbulho.
o Autocomposição: mecanismo de resolução de conflito em que uma ou ambas
as partes consentem no sacrifício de seu direito.
● Mediação VS Conciliação
o Mediação: terceiro conduz, busca restabelecer a comunicação, solução
amigável. Casos que já tenham vínculo anteriormente ao fato. Ex: família.
o Conciliação: terceiro conduz, oferece solução para o litígio. Casos em que não
310 tenham vínculo anterior entre as partes.
● O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando
já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de
enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na
decisão recorrida. Essa é a interpretação que se extrai do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015.
Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a
decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a
conclusão adotada.
10.1.1. Direito Intertemporal no CPC
 A regra geral é tempus regit actum. Assim, aplica-se a lei processual nova a todos os processos
pendentes, respeitando os atos já praticados e consumados pela lei anterior.
 Em sede recursal: a lei do recurso é a lei do dia em que se tornou recorrível a decisão. Para
aferição da possibilidade de utilização de recurso suprimido ou cujas hipóteses de
admissibilidade foram restringidas, a lei a ser aplicada é aquela vigente quando surge para a
parte o direito subjetivo ao recurso, ou seja, a partir da emissão do provimento judicial a ser
impugnado. (É a data da prolação da decisão! E não a data de publicação). Isolamento dos
atos processuais.
 O CPC não adotou o sistema PURO de isolamento dos atos processuais, uma vez que admite a
ultratividade do CPC/73 em determinadas hipóteses.
 As disposições de direito probatório aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas
de ofício a partir da data de início de sua vigência.
 Somente nos recursos interpostos após a vigência do NCPC será possível o arbitramento de
honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, §11º, do NCPC.
 No que toca à aplicação da lei processual, a possibilidade de que a coisa julgada venha a
abranger também a questão prejudicial, desde que decida expressa incidentalmente no

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processo, só se aplica exclusivamente aos processos iniciados após a vigência do CPC 2015,
aplicando-se a ação declaratória incidental aos processos iniciados na vigência do CPC73.
 As ações submetidas ao procedimento sumário e ajuizadas antes da entrada em vigor do novo
CPC e ainda não julgadas, continuarão regidas pelo Código anterior.
 O CPC 73 permanece sendo aplicado em:
o Ações de rito sumário ainda não sentenciadas no momento da entrada em
vigor do NCPC.
o Às provas requeridas ou cuja produção foi determinada de ofício pelo juiz
antes da entrada em vigor do NCPC.
o Às execuções contra devedor insolvente, até a edição de nova lei que regule o
tema.
o Às ações declaratórias incidentais que possam ser deduzidas em processos
iniciados antes da vigência do NCPC.
 A lei que rege a interposição do recurso é a vigente à época da prolação da decisão que se
quer combater, e não da publicação da decisão.

10.1.2. Arbitragem
 É válida cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a
serem submetidas ao Poder Judiciário.
 Via de regra, a previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da
competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as questões
311 acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que
contenha a cláusula compromissória. Exceção: apontou-se exceção a dita regra, justamente no
caso em que o vício for evidente, detectável prima facie. Ex: Violação ao art. 4, §2º da Lei de
Arbitragem: § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o
aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou
visto especialmente para essa cláusula.
 Cláusula compromissória é uma convenção, firmada em um contrato, através da qual as
partes comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios, provindos do pacto.
 Diferente é o compromisso arbitral, o qual pressupõe a existência de um litígio prévio, que as
partes decidem submeter a sua resolução à arbitragem. É uma convenção de arbitragem
posterior ao conflito.
● Lembrar que a sentença arbitral é título executivo judicial, e não extrajudicial, conforme
parece ser. Esse é um dos motivos para que defendam a natureza jurisdicional da arbitragem.
● STF: é constitucional a arbitragem, pois a inafastabilidade da jurisdição é condicionada à
vontade das partes. Se o próprio direito de ação é disponível, também será o exercício da
jurisdição na solução de conflitos.
o Cláusula compromissória: convenção anterior em que as partes acordam que
as divergências futuras oriundas do negócio jurídico serão resolvidas por
arbitragem.
o Compromisso arbitral: acordo de vontades que visa submeter uma
controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral.
o A convenção de arbitragem NÃO PODE SER RECONHECIDA DE OFÍCIO.
Permanecer no judiciário existindo cláusula arbitral significa renúncia ao
juízo arbitral.

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o Os árbitros não possuem poder executivo, mas PODEM: deferir tutela de


urgência, as quais, se não cumpridas voluntariamente, deverão ser
executadas no judiciário, que possui reserva ao poder de imperium.
o O controle judicial da sentença arbitral preclui em 90 dias após a intimação da
sentença arbitral ou seu aditamento. Só pode para verificar requisitos formais,
como vícios e nulidades.
o Súmula 485, STJ: “A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham
cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua edição” – Norma de
ordem pública aplicável aos efeitos futuros de contratos celebrados
anteriores.
o STJ: a propositura de ação no Brasil questionando validade de cláusula arbitral
inserida sem destaque em contrato de adesão não impede a homologação de
sentença arbitral estrangeira.
o STJ: o tribunal arbitral é competente para processar e julgar pedido cautelar,
somente podendo se socorrer ao judiciário em caso de impossibilidade de
funcionamento do juízo arbitral. Logo, a regra é que se busque primeiramente
o juízo arbitral. Somente em caso de impossibilidade é possível socorrer-se ao
judiciário.
o O STJ reconhece a natureza jurisdicional da arbitragem, embora tenha
divergência doutrinária: “A atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem
tem natureza jurisdicional, sendo possível a existência de conflito de
competência entre juízo estatal e câmara arbitral.”
312 o Os conflitos de competência entre Câmaras Arbitrais devem ser dirimidos em
juízo de primeiro grau.
o É possível o conflito de competência entre juízo estadual e juízo arbitral, que
será resolvido no STJ, haja vista ser “justiças diferentes”, (art. 105, I, d, CF).
o É um título executivo JUDICIAL (e não extrajudicial): STJ A sentença arbitral
estrangeira, quando homologada, adquire plena eficácia no território
nacional, tornando-se obrigatória. Essa obrigatoriedade, segundo o art. 3º
da Convenção de Nova York, deve ser assegurada pelos Estados partes.
Portanto, a sentença não pode ser revista ou modificada pelo Poder
Judiciário, o que lhe confere, no Brasil, status de título executivo judicial.
Assim, dar continuidade a processo judicial com o mesmo objeto da sentença
homologada poderia caracterizar até ilícito internacional; pois, ao ratificar a
mencionada convenção, o Brasil assumiu o compromisso de reconhecer como
obrigatórias as sentenças arbitrais estrangeiras. REsp 1.203430-PR, 3T, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 20/9/2012.
o No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação
pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC 1973 (art.
523, § 1º do CPC 2015) deverá incidir se o executado não proceder ao
pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do
mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título
executivo contendo quantia líquida) ou da intimação do devedor, na pessoa de
seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia
liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral).
o O árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir
voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar
esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem

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para exigir o valor que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão
de dívida.
o A arguição de nulidade da cláusula arbitral deve ser submetida
obrigatoriamente ao próprio árbitro antes da judicialização da questão, nos
termos do art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.307/1996. O entendimento é
aplicável indistintamente tanto à cláusula compromissória instituída em
acordo judicial homologado quanto àquela firmada em contrato. Assim, há
mitigação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição.
o Em arbitragem (internacional e nacional) a imparcialidade do julgador também
deve ser aplicada, e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem
pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo STJ,
independentemente de decisão do juízo estrangeiro (em caso de arbitragem
internacional).
o Ressalte-se, ainda, que o artigo 12 da lei permite que as controvérsias entre
os acionistas poderão ser solucionadas por meio de arbitragem, desde que
haja previsão no estatuto social.
o Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos
privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato,
inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesaO
árbitro é considerado servidor público para os efeitos da legislação penal.
o Fazenda Pública e arbitragem: só em direitos patrimoniais disponíveis, nos
termos da lei. Só em interesse público secundário.
313 ▪ Será sempre de direito, inaplicável, portanto, equidade, em respeito
ao princípio da legalidade.
▪ Respeitará a publicidade.
▪ LER NO PONTO FAZENDA PÚBLICA as demais informações


10.2. Competência
Da competência (disposições gerais, modificação da competência e da incompetência). Da
cooperação nacional. Da competência da justiça federal.
 Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças
genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição
cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância.
 É competência exclusiva do judiciário brasileiro as ações que tratem de divórcio ou dissolução
de união estável quando houver discussão de partilha de bens situados no Brasil, pois irão
tratar da posse ou propriedade de imóveis situados no Brasil.
 Em cobrança de alimentos por estrangeiro, através de renda de imóveis situados no Brasil,
ainda nesta hipótese haverá concorrência de competência, de modo que o pedido não versa
da posse ou propriedade do bem, mas dos rendimentos a ele referentes: “a de processar e
julgar as ações de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil ou o réu
mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos”.
 Competência exclusiva:
o Ações de imóveis situados no Brasil.
o Sucessão hereditária e inventário de bens situados no Brasil, não importando
a nacionalidade ou domicílio.

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o Divórcio, separação, partilha, dissolução, envolvendo bens situados no Brasil,


não importando a nacionalidade ou o domicílio.
 Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do acidente de consumo (CDC, art. 17). 4.
Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do consumidor”.
 É competente o juízo do foro do domicílio do autor ou do local do fato para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos. As pessoas jurídicas locadoras de
frotas de veículos não estão abrangidas pela prerrogativa legal de escolha do foro, ocasião
em que deverão litigar no domicílio geral (réu).
 Para atração da competência da Corte com base na alínea m do art. 102, I, da CF/88 (execução
de seus julgados), se faz necessário perquirir sobre a manutenção da ratio que justificou, até a
prolação da sentença, o exame da demanda pela Corte. 2. Questão de ordem resolvida no
sentido de que não compete originariamente ao STF a execução individual de sentenças
genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental coletiva,
cabendo essa atribuição aos órgãos competentes de primeira instância.
 Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de
ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde
coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na
modalidade de autogestão. STJ. 3ª Turma. REsp 1.695.986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 27/02/2018 (Info 620). #IMPORTANTE

314 10.2.1. Justiça Federal


 Súmula 208 STF: Compete a justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de
verba sujeita a prestação de contas perante Orgão federal. Ex: TCU.
 Súmula 209 STJ: Compete a justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida a justiça e incorporada ao patrimônio municipal. OBS: aqui não há fiscalização
federal. Ex: empréstimo da União ao município. Pouco importa a destinação do dinheiro. O
município terá que devolver o dinheiro.
 Súmula 365-STJ: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal
S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha
sido proferida por Juízo estadual.
● Em fraude de licitação e superfaturamento de obra ocorrido em âmbito estadual, com o
dinheiro do BNDES, não atrai a competência da Justiça Federal, pois o prejuízo foi do Estado, e
não da União. O empréstimo terá que ser pago. A União só repassou o dinheiro pedido como
empréstimo, devendo ser devolvido.
● Justiça Estadual não julga mais execução fiscal proposta pela Fazenda Nacional em caráter
delegado da competência da Justiça Federal.
• Se a ação for proposta pelo trabalhador contra o empregador envolvendo descumprimento na
aplicação da Lei n.? 8.036/90, a competência será da Justiça do Trabalho;
• É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao
PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta (Súmula 161-STJ);
• Se a ação for proposta pelo trabalhador contra a CEF em sua atuação como agente operadora
dos recursos do FGTS, a competência será da Justiça Federal considerando que a CEF é uma
empresa pública federal (art. 109, I, da CF/88).
 Conforme entendimento do STF, tal como nas causas intentadas contra a União, a ação
ajuizada contra o CADE (ou mais autarquias) pode ser aforada, a critério do autor, na seção

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judiciária de seu domicílio, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no DF.
 Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a
lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via
satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing.
 Quando a demanda contra prestação de serviços de telecomunicação perpassa a análise de
regramentos da ANATEL, há um litisconsórcio passivo necessário com a autarquia, de modo
que haverá competência da Justiça Federal para o feito.
 De acordo com o art. 105, parágrafo único, da CF/88, o CJF é órgão que funciona junto ao
STJ, de modo que seus atos devem ser aqui impugnados originariamente pela via do
mandado de segurança, sendo cabível reclamação, perante o STJ, na hipótese de
descumprimento de decisões daquele órgão.
 É de competência da Justiça Estadual a ação de restituição de indébito proposta pelo usuário
contra a concessionária de energia elétrica. Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL –
Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples de ação de
repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de
energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público. Em
razão disso, essa ação é de competência da Justiça Estadual. STJ. 1ª Seção.REsp 1389750-RS,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo) (Info 601).
 Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual.

315  As ações propostas pelo MPF deverão ser ajuizadas na Justiça Federal. Isso porque o MPF é
órgão da União, o que atrai a competência do art. 109, I, da CF/88. Assim, a competência será
determinada, em um primeiro momento, pela parte processual. Num segundo momento,
contudo, o Juiz Federal irá averiguar se o MPF é parte legítima. Se o MPF for parte legítima,
perpetua-se a competência na Justiça Federal. Por outro lado, se for parte ilegítima, deverá
determinar o deslocamento da competência para a Justiça Estadual. Desse modo, a
circunstância de o Ministério Público Federal figurar como parte na lide não é suficiente para
determinar a perpetuação da competência da Justiça Federal para o julgamento da ação. STF.
Plenário. RE 669952 AgR-ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 09/11/2016. Em ação proposta
pelo Ministério Público Federal, órgão da União, somente a Justiça Federal está
constitucionalmente habilitada a proferir sentença que vincule tal órgão, ainda que seja
sentença negando a sua legitimação ativa. STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 151506/MS, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 27/09/2017.
 A Justiça Federal tem competência para o julgamento de demanda em que se discuta a
existência de obstáculo à obtenção de diploma após conclusão de curso de ensino à distância
em razão de problema no credenciamento da instituição de ensino superior pelo Ministério da
Educação. Vale ressaltar que, neste caso, a demanda foi proposta contra a instituição e a
União.
 Compete à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o
objetivo de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente
da morte do alegado companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial
referente à existência, ou não, da união estável. STJ. 1ª Seção. CC 126489-RN, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 10/4/2013 (Info 517).
 Súmula 570-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento de demanda em que se
discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino
superior no Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a
distância aos estudantes.

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 Súmula 270 STJ: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em
execução que tramita na justiça estadual, não desloca a competência para a justiça federal.
 É competência da justiça federal MS contra ato de entidade privada concessionária do
serviço de fornecimento de energia elétrica, acerca da interrupção do fornecimento de
energia elétrica, sendo dirigido contra entidade não integrante da Administração Federal.
Fundamento: a interrupção foi praticada na competência delegada à União, do artigo 21, XII,
b, CF, não configurando mero ato de gestão. Passível, portanto, de MS.

10.3. Sujeitos do processo
Dos sujeitos do processo. Das partes e dos seus procuradores. Do litisconsórcio. Da
intervenção de terceiros. Do juiz e dos auxiliares da justiça. Do Ministério Público, da
Advocacia Pública e da Defensoria Pública.
● O ato de advogado que não junta procuração é considerado INEFICAZ, perante o NCPC.
Portanto, não é nulo e nem inexistente, mas ineficaz.
● O desempenho de mandato eletivo no Poder Legislativo impede o exercício da advocacia a
favor ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a qualquer das esferas de
governo – municipal, estadual ou federal.
● Nas ações de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a
restituição, pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do
INCRA e do MPF. STJ. 1ª Turma. REsp 1306051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 08/05/2018 (Info 626).
316 ● Legitimidade para a causa (ad causam) é condição da ação. Pertinência subjetiva com o direito
material.
● As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação,
são definidas pela representação no processo de conhecimento, limitada a execução
aos associados apontados na inicial. Repercussão geral.
● Legitimidade para o processo (ad processum) é a capacidade de estar sozinho em juízo.
● Sindicatos possuem ampla legitimidade extraordinária, ou seja, substituem seus membros. De
outra banda, as associações representam em juízo seus membros, dependendo de autorização
destes para ações ordinárias, ao contrário do MS, que atuam em substituição processual.
● STJ: é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de
indenização por litigância de má-fé. A comprovação de dano só é exigida para pagamento dos
danos sofridos.
● Os honorários obedecem ao princípio tempus regit actum e verão ser fixados conforme o
código vigente à época da sentença: os honorários nascem contemporaneamente à sentença, e
não preexistem à propositura da demanda, devendo observar as normas do CPC 2015 nos
casos de decisões proferidas a partir de 18/03/2016
o O arbitramento dos honorários não é questão meramente processual, mas sim
questão de mérito apta a formar um capítulo da sentença.
● Os atos decisórios proferidos pelo juízo incompetente somente perderão a existência, validade
e eficácia se houver decisão expressa do juízo competente nesse sentido.
● A intervenção obrigatória, como custos legis, do Ministério Público, nesses casos de
desapropriação direta ou indireta, não se dá por conta da discussão isolada da indenização
pelo bem expropriado, mas em virtude dos valores jurídicos maiores envolvidos na demanda,
de índole coletiva e, por vezes, até intergeracional, que vão muito além do simples interesse
econômico-financeiro específico do Estado. Assim, não é obrigatória a intervenção do MP em
desapropriação indireta ou direta. Deve ter motivo de interesse público.
o Até a intervenção do MP observa o princípio pás de nullité sans grief
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● Os ESTADOS e o DISTRITO FEDERAL poderão ajustar compromisso recíproco para prática de


ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio
firmado pelas respectivas procuradorias.
o Logo, perceba que NÃO há MUNICÍPIOS e NÃO é TERMO DE COOPERAÇÃO,
mas sim convênio.
● As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo MP ou DP deverão ter seus valores
adiantados pelo ENTE em que a entidade estiver vinculada, devendo serem pagas ao final pelo
vencido. O encargo financeiro para a realização da prova pericial deve recair sobre a Fazenda
Pública a que o Ministério Público estiver vinculado, por meio da aplicação analógica da
Súmula 232/STJ. Eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público”.
● Nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito provocada pela perda do
objeto da ação em razão de ato de terceiro e sem que exista a possibilidade de se saber qual
dos litigantes seria sucumbente se o mérito da ação fosse julgado, o pagamento das custas e
dos honorários advocatícios deve ser rateado entre as partes.
● Há no novo CPC previsão de suspensão dos autos para advogada gestante/adotante, pelo
prazo de 30 dias a contar do parto ou adoção, desde que haja notificação ao cliente. No caso
de pai, o período de suspensão será de 8 dias.
● O período de suspensão do processo por convenção das partes não poderá exceder a 6 meses.
● O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista
no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável
inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa.
317 ● ENUNCIADO 1 – A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do animus
do sujeito processual. Verifica-se através dos comportamentos externos do agente.
● É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado. Para tanto, deve ser
julgado após a vigência do NCPC.
● Se a sentença foi prolatada a partir do dia 18/03/2016, deverão ser aplicadas as regras do
CPC/2015 a respeito dos honorários advocatícios ainda que a ação tenha sido ajuizada antes
do novo Código. Isso porque os honorários advocatícios nascem contemporaneamente à
sentença e não preexistem à propositura da demanda. A sentença é o marco para delimitação
do regime jurídico aplicável à fixação de honorários advocatícios, revelando-se incorreto seu
arbitramento, com fundamento no CPC/1973, posteriormente à 18/03/2016 (data da entrada
em vigor da novel legislação).
● Configura supressão de grau de jurisdição o arbitramento no STJ de honorários de
sucumbência com base no CPC/2015, na hipótese em que as instâncias ordinárias utilizaram
equivocadamente o CPC/1973 para a sua fixação. Ex: TJ fixou honorários advocatícios com
base no CPC/1973, mesmo tendo o acórdão sido prolatado após o CPC/2015; no Resp, o STJ
deverá reformar o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao TJ para que esta
Corte faça um novo julgamento da apelação e analise os honorários advocatícios de
sucumbência com base no CPC/2015.
● A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC.
● § 6o Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o (pagar a multa de ato atentatório à dignidade da
justiça) devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de
classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
● Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações VENCIDAS, devidamente atualizadas, acrescida de 12 (doze)
prestações VINCENDAS.
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● Em contrato ad exitum, quando há o rompimento do contrato no curso da lide, o STJ entende


que o juiz não pode desprezar a cláusula de êxito, estipulada pelo contrato de prestação de
serviços advocatícios, de modo que não cabe ao magistrado fixar a verba de honorários
antecipadamente, por fixação equitativa. Deverá aguardar o término da lide para receber a
remuneração contratada.
o A vitória processual é condição suspensiva dos honorários, cujo implemento é
obrigatório para que o advogado faça jus à remuneração.
● Honorários advocatícios defensoria pública:

● STJ: NÃO ● STF: SIM

● Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios● Após as ECs 45/2004, 74/2013 e 80/2014,


não são devidos à Defensoria Pública passou a ser permitida a condenação do
quando ela atua contra a pessoa jurídica de ente federativo em honorários advocatícios
direito público à qual pertença. em demandas patrocinadas pela Defensoria
Pública, diante de autonomia funcional,
administrativa e orçamentária da Instituição.
● STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 30/06/2017.

 O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor de réu revel citado por
318  edital.
Os cônjuges casados em regime de comunhão parcial de bens devem ser necessariamente
citados em ação demolitória. Nesse caso há litisconsórcio passivo necessário.
 É dispensável a intimação do ex-cônjuge casado sob o regime de separação convencional de
bens da penhora sobre bem imóvel de propriedade particular, sobre o qual não tem direito de
meação.
 O espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para
ajuizar ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no
acidente de trânsito.
 De regra, a representação judicial das pessoas jurídicas de direito público faz-se por
procuradores constituído por servidores públicos, hipótese na qual se dispensa a apresentação
de prova do mandato, porque este é tido como decorrência ex lege. No entanto, quando a
representação do ente público faz-se mediante advogados privados, contratados, no comum
dos casos, por prévio procedimento licitatório, é necessário que esse contrato de mandato
prove-se pelo respectivo instrumento, vale dizer, pela procuração ou pelo substabelecimento.
 As assembleias legislativas somente possuem personalidade judiciária quando em defesa de
seus interesses em juízo, não possuindo, portanto, legitimidade passiva em ação de execução.
 A representação do ente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado,
haja vista que se submete às normas de direito público. Assim sendo, insuscetível de renúncia
ou de delegação a pessoa jurídica de direito privado, tutelar interesse de pessoa jurídica de
direito público sob forma de substituição processual.
 Associação de Municípios e prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em juízo
direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público.
● Súmula vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de
admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito
tributário.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Súmula 667 STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa.
● Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a ele
reembolsar as despesas feitas pela parte autora.
o Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca
proposta por uma sociedade empresária ("A") contra o INPI e contra outra
empresa concorrente ("B"), titular da marca questionada na demanda. A ação
foi julgada procedente e discutiu-se se o INPI deveria pagar honorários
advocatícios, custas e despesas processuais. Foram expostas três conclusões: I
— Na ação de nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao
lado de sociedade empresária porque concedeu indevidamente o registro para
a empresa "B" mesmo gerando confusão com a marca da empresa "A" e
também porque não deu andamento ao pedido administrativo formulado pela
empresa "A" para anular o registro indevidamente concedido. Assim, diante
disso, o referido Instituto deve responder solidariamente pelos honorários
advocatícios sucumbenciais mesmo que, na ação proposta, ele tenha
reconhecido a procedência do pedido formulada na Inicial. II — Em ação de
nulidade de registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas. III —
Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe
a ele reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora. STJ. 3ª Turma.
REsp 1258662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info
576).
319  O Ministério Público Estadual, ao propor ação de investigação de paternidade como substituto
processual, não é obrigado a adiantar as despesas decorrentes de citação editalícia do réu em
jornal local, devendo o adiantamento dos gastos da referida diligência ser realizado pela
Fazenda Pública Estadual.
 A caução prevista no art. 83 do CPC não tem natureza cautelar, sendo exigível no caso em que
se verificar a presença dos requisitos objetivos e cumulativos elencados no referido
dispositivo, podendo ser dispensada nas hipóteses previstas no art. 83, §1º do CPC ou quando,
com base na prova dos autos, as peculiaridades do caso concreto indicarem que a sua
exigência irá obstaculizar o acesso à jurisdição.
 Na ação de mandado de segurança não se admite honorários advocatícios.
 Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações
vencidas e vincendas após a sentença.
 Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas
aos juros compensatórios.
 Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a
indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.
 A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o exequente
dos encargos da sucumbência.
 Os honorários advocatícios não podem ser fixados em salário-mínimo. Entretanto, o valor da
condenação pode.
 A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação
suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.
 São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de
sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. "O art. 85, § 7º, do
CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de
modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de
cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

promovidos em litisconsócio." STJ. Corte Especial. REsp 1648238/RS, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso repetitivo).
 São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação,
depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do
advogado da parte executada.
 SV47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante
principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação
ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem
especial restrita aos créditos desta natureza.
 A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta
e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
 Na ação de nulidade de registro de marca em que o INPI foi indicado como réu ao lado de
sociedade empresária em virtude da concessão indevida do registro e do não processamento
do procedimento administrativo para anular o registro indevidamente concedido, a autarquia
federal responde solidariamente pelos honorários advocatícios sucumbenciais, na hipótese em
que se reconheceu a omissão do instituto quanto a citada inércia, ainda que o ente federal
tenha reconhecido a procedência do pedido judicial.
 A reclamação tem natureza jurídica de ação pelo ingresso do beneficiário do ato como parte a
necessidade de contraditório prévio e, por conta disso, é possível a condenação em honorários
advocatícios.
 Os honorários são regulados pela lei vigente à época da prolação da sentença, quando surge o

320  direito aos honorários.


É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em
decorrência da extinção da Execução Fiscal pelo acolhimento de exceção de pré-executividade.
(repetitivo).
 A majoração de honorários na seara recursal independe de requerimento da parte.
 Não cabe honorário recursal na hipótese de recurso que conhece “error in procedendo” e
anula a sentença, uma vez que essa providência torna sem efeito o capítulo decisório
referente aos honorários sucumbenciais e estes, por seu turno, constituem pressuposto para
fixação (majoração) do ônus em grau recursal.
 O agravo interno visa apenas a levar ao órgão colegiado, considerado juiz natural da causa, a
questão decidida monocraticamente pelo Relator, razão pela qual não há que se falar em
elevação da verba de sucumbência.
 Não haverá honorários recursais no julgamento de agravo interno e de embargos de
declaração apresentados pela parte que, na decisão que não conheceu integralmente de seu
recurso ou negou-lhe provimento, teve imposta contra si a majoração prevista no §11 do art.
85 do CPC.
 Embargos de divergência há um novo grau recursal, sujeito à majoração dos honorários.
 É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas contrarrazões ou
contraminuta pelo advogado.
 (Repetitivo) A lei 11941 só dispensou dos honorários advocatícios o sujeito passivo que desistir
de ação judicial em que requeira ‘o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em
outros parcelamentos’. Nas demais hipóteses, à mingua de disposição legal em sentido
contrário, aplica-se o art. 90 do CPC, que determina o pagamento de honorários advocatícios
pela parte que desistiu do feito.
 INSS não tem isenção de custas em ação de acidente na Justiça Estadual.
 Em ação de nulidade de registro de marca a que o INPI não deu causa nem ofereceu
resistência direta, não cabe condenação do instituto em honorários advocatícios

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sucumbenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1378699-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
7/6/2016 (Info 585).
 Em execução fiscal proposta na Justiça Federal, cabe à Fazenda pública adiantar as despesas
com o transporte/condução/deslocamento dos oficiais de justiça necessários ao cumprimento
das cartas precatória de penhora e avaliação de bens (processada na Justiça Estadual), por
força do princípio hermenêutico ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.
 A CEF, nas ações em que represente o FGTS, por força legal, está isenta do pagamento de
custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia, não a desobriga de,
quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. (repetitivo)
 É imprescindível a intimação da parte para constituição de novo advogado, quando
comprovada a notificação pelo causídico da renúncia dos poderes, conforme CPC, art. 112.
 O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de
medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando
se tratar de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere a direitos
individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público). STJ. 1ª Seção. REsp 1682836-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 624).
 Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do Novo Código de Processo Civil, é
possível condenar a parte sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso
de embargos de declaração, interposto perante Tribunal, não atender os requisitos previstos
no art. 1.022 e tampouco se enquadrar em situações excepcionais que autorizem a
concessão de efeitos infringentes. STF. 1ª Turma. AI 766650 AgR-ED, Rel. Min. Marco Aurélio,
321 Relator p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 06/06/2017. STF. 1ª Turma. RE
929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2016 (Info 829). STF. 1ª Turma. RE
1071681 AgR-ED-ED, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/05/2018. Obs: o STJ possui julgados
em sentido contrário: Os honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) incidem apenas
quando o STJ julga, pela vez primeira, o recurso, sujeito ao CPC/15, que inaugure o grau
recursal, revelando-se indevida a fixação em agravo interno e embargos de declaração. STJ. 4ª
Turma. EDcl no AgInt no REsp 1719756/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
07/08/2018.
 O prazo para intervenção processual do Ministério Público na qualidade de custos legis, a fim
de que se manifeste, é de 30 (trinta) dias, nas hipóteses constitucionais e nas hipóteses que
envolvam interesse público ou social, interesse de incapaz e litígios coletivos pela posse de
terra rural ou urbana.
 O Membro do MP será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no
exercício de suas funções.
 MP deve atuar na defesa dos idosos quando houver situação de risco, e não em todos os
casos. Em caso de situação de risco, em caso de omissão do Estado, da família, curador ou por
causa de sua condição pessoal, o MP pode atuar como substituto processual. Arts, 74, 75 e 43
do estatuto do idoso.
 Se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a
tramitação do processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as
custas processuais e honorários advocatícios caso ele perca a ação (art. 83 do CPC/2015). Não
é necessária a prestação de caução para o ajuizamento de ação por sociedade empresarial
estrangeira devidamente representada no Brasil. Cuida-se de espécie de fiança processual, não
possuindo natureza cautelar. STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.441-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 21/08/2018 (Info 632).
 Se a ação é proposta contra indivíduo que já estava morto, o juiz não deverá determinar a
habilitação, a sucessão ou a substituição processual. De igual modo, o processo não deve ser
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suspenso para habilitação de sucessores. Isso porque tais institutos são aplicáveis apenas para
as hipóteses em que há o falecimento da parte no curso do processo judicial. O correto
enquadramento jurídico desta situação é de ilegitimidade passiva, devendo ser facultado ao
autor, diante da ausência de ato citatório válido, emendar a petição inicial para regularizar o
polo passivo, dirigindo a sua pretensão ao espólio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.559.791-PB, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info 632).

10.3.1. Gratuidade da justiça
● Cabe agravo de instrumento da revogação e da não concessão de justiça gratuita. A concessão
só pode ser impugnável por apelação à sentença.
● Quando a parte é detentora do benefício da justiça gratuita e seu recurso versar tão somente
sobre os honorários advocatícios do causídico que defendeu o beneficiado, o recurso estará
sujeito a preparo, SALVO se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.
o A justiça gratuita é personalíssima, não se estende ao advogado ou sucessor
da parte.
● Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja
condenação em honorários. (MS)
● O Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapião especial urbana, prevê que "o autor
terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de
registro de imóveis." Isso significa que o autor da ação de usucapião especial urbana gozará
sempre da gratuidade da justiça? Há uma presunção absoluta de que este autor não tem
322 recursos suficientes para pagar as custas? NÃO. O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto
da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião especial
urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada) a partir
da comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado".
● A concessão de justiça gratuita NÃO afasta a responsabilidade do beneficiário de justiça
gratuita pelas despesas processuais e pelos honorários de sucumbência. Suas obrigações
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se nos 5
(cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado a situação do condenado mudar.
● As sanções aplicáveis ao litigante de má-fé são aquelas taxativamente previstas pelo legislador,
não comportando interpretação extensiva. Assim, apesar de reprovável, a conduta desleal,
ímproba, de uma parte beneficiária da assistência judiciária gratuita não acarreta, por si só, a
revogação do benefício, atraindo, tão somente, a incidência das penas expressamente
cominadas no texto legal. A revogação do benefício da assistência judiciária gratuita -
importante instrumento de democratização do acesso ao Poder Judiciário - pressupõe prova
da inexistência ou do desaparecimento do estado de miserabilidade econômica, não estando
atrelada à forma de atuação da parte no processo.
● INDEPENDENTEMENTE DE TER FINS LUCRATIVOS OU NÃO a condição de impossibilidade de
pagar custas deve ser demonstrada. Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com
os encargos processuais.
 É relativa a presunção de hipossuficiência do autor em ação de usucapião especial urbana,
podendo ser ilidida a partir de prova inequívoca de que o autor não pode ser considerado
necessitado, nos termos do art. 2º, parágrafo único da lei 1060/50 (revogado pelo cpc, e virou
art. 98 no CPC).
 Fixa-se verba honorária inclusive quando o vencedor é beneficiário da justiça gratuita.
 Defesa pela Defensoria Pública não significa automática concessão da justiça gratuita, devendo
preencher os requisitos fixados em lei.

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10.4. Intervenção de terceiros: litisconsórcio, assistência,


denunciação a lide, desconsideração da personalidade
jurídica, chamamento ao processo e amicus curiae
10.4.1. Litisconsórcio
● A outorga uxória não obriga a inclusão do cônjuge no polo ativo como litisconsórcio
necessário, mas só no polo passivo quando forem demandados. Para intentar ação, o que se
exige é só a outorga, mas não a inclusão no polo ativo.
● STJ: o prazo em dobro para litisconsortes com procuradores distintos aplica-se ao
cumprimento de sentença. Assim, o prazo para pagar será de 30 dias, uma vez que
impossibilitado o acesso simultâneo dos autos físicos, ainda que não seja um ato com viés
meramente postulatório, como preconiza a doutrina.
● O litisconsórcio facultativo é formado sempre no momento do ajuizamento da ação, não sendo
admitido o litisconsórcio facultativo ulterior para não existir violação ao princípio do juiz
natural.
o Exceção ao litisconsórcio facultativo ulterior: causas coletivas/MP.

10.4.2. Assistência
 Mero interesse econômico/patrimonial não justifica a assistência, devendo haver interesse
323 jurídico na causa. Diferente da intervenção anômala da Fazenda Pública, que basta o mero
interesse patrimonial.
 Será admitida em qualquer grau de jurisdição, em qualquer procedimento (execução,
conhecimento, cumprimento de sentença), recebendo o assistente o processo no estado em
que se encontrar.
 O interesse jurídico que enseja a intervenção de assistência pode ser o “potencial reflexo na
esfera jurídica do interessado”, não sendo necessário a ofensa direta.

10.4.3. Denunciação da lide


● O não exercício da denunciação da lide apenas impede a utilização desse remédio jurídico
processual específico para buscar o direito de regresso em evicção, não havendo qualquer
vedação a que a parte venha a se utilizar de ação autônoma com o mesmo objeto que seria
veiculado na denunciação da lide.
● Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses
em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. Se não
reclamou que foi denunciado intempestivamente e ainda contestou o mérito, não há
irregularidade.
● Repetitivo: No CDC o fornecedor não pode fazer denunciação à lide. Entretanto, se fizer e o
autor (consumidor) não contestar, há preclusão de eventual insurgência do autor em relação a
isso. Ainda, o denunciado à lide não pode invocar em seu benefício a regra de afastamento da
denunciação (art. 88) para eximir-se de suas responsabilidades perante o denunciante. A não
denunciação é uma garantia do consumidor, e não do denunciado.
o Na hipótese de deferimento da denunciação sem insurgência do consumidor
legitimado a tal, opera-se a preclusão, sendo descabido ao corréu fornecedor
invocar em seu benefício a regra de afastamento da denunciação. Trata-se de

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direito subjetivo público assegurado ao consumidor para a facilitação de sua


defesa, e não ao devedor.

10.4.4. Chamamento ao processo


● Não é cabível chamamento ao processo em fase de execução. Isso porque demanda análise
probatória.

10.4.5. Desconsideração da personalidade jurídica


● O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser utilizado em todos os
procedimentos: conhecimento, cumprimento de sentença e execução fundada em título
executivo extrajudicial
● Enunciado CJF 11: Aplica-se a desconsideração da personalidade jurídica às hipóteses de
desconsideração indireta e expansiva da personalidade jurídica.
o Indireta: empresas controladoras que cometem fraudes por empresas
controladas ou coligadas, de modo a blindar seu patrimônio.
o Inversa: aquela em que a pessoa física se vale da empresa para ocultar seus
bens pessoais.
o Expansiva: utilização de “laranjas” como sócios-adminsitradores de empresas
que cometem fraudes e abusos, buscando blindar os reais sócios que deveriam
ser responsabilizados.
● Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a
324 partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. (Caso de venda de
bem por sócio antes da desconsideração da personalidade jurídica)  Isso é literalidade do
CPC, no artigo 792, §3º, pois, antes, a jurisprudência entendia que o momento de fraude era a
partir da citação do SÓCIO DEVEDOR, e não da PJ a qual se pretende desconsiderar.
● A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido
beneficiada por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem
legitimidade passiva para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo
da qual se requereu a declaração de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito
transferir a participação do sócio/ex-marido à sócia remanescente, dias antes da consecução
da separação de fato. (ex: o homem sócio está separando da esposa, aí transfere suas cotas
para um sócio da empresa a fim de fraudar a divisão de bens.
● O encerramento das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não é
causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil.
Deve ser demonstrado os requisitos do artigo 50 do CC.
o O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por
si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida?
▪ Código Civil: NÃO
▪ CDC: SIM
▪ Lei Ambiental: SIM
▪ CTN: SIM
● A desconsideração não implica em dissolução da personalidade jurídica, mas mera ineficácia
do contrato ou estatuto social da empresa frente a credores cujos direitos não são satisfeitos.
o Teoria da desconsideração expansiva: Cuida-se da situação do chamado sócio
oculto, não nos termos da sociedade em conta de participação, fique claro,
mas na condição ‘daquele que é sem nunca ter sido’, ou seja, daquele que é o
protagonista da empresa se valendo de interpostas pessoas contratuais,
denominadas na expressão popular de ‘laranjas’, ‘testa de ferro’, ‘homem de
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palha’ e ‘boneco de gelo’, a funcionar como um véu, um anteparo, uma


cortina, enfim uma armadura à sua responsabilidade
● Na desconsideração da personalidade jurídica, somente o sócio ou administrador que
participou do ato abusivo terá seu patrimônio particular usado para pagar a dívida da
sociedade (art. 50, CC).
● Estudar desconsideração em direito administrativo: CADE, lei anticorrupção, etc.

10.4.6. Amicus curiae


● Amicus Curiae: pode ser pessoa natural ou jurídica com a representatividade adequada.
o Não implica alteração de competência
● É cabível a intervenção de amicus curiae em reclamação.
● Supremo Tribunal Federal, após adotar uma visão mais restritiva, pacificou o entendimento de
que o momento limite para a admissão do amicus curiae é a data da remessa dos autos à mesa
para julgamento, considerando-se que nesse instante o relator já firmou sua convicção, e
dificilmente mudará sua opinião em razão dos argumentos do amicus curiae, que dessa forma
pouco seriam aproveitados. O entendimento também se funda no risco de um número
elevado de terceiros pretender ingressar no processo, com indesejado tumulto procedimental,
além de permitir com intervenções tardias que o amicus curiae se torne o regente do processo
● Nos processos que tramitam no STF, o amicus curiae pode fazer sustentação oral. Em regra, o
amicus curiae dispõe de 15 minutos para a sustentação oral no STF. Se houver mais de um
amicus curiae, o prazo para sustentação oral no STF será o mesmo? NÃO. Havendo mais de um
325 amicus curiae, o STF adota a seguinte sistemática: o prazo é duplicado e dividido entre eles.
Assim, em vez de 15, os amici curiae (plural de amicus curiae) terão 30 minutos, que deverão
ser divididos entre eles. Dessa forma, se são três amici curiae para fazer sustentação oral, o
prazo deverá ser considerado em dobro, ou seja, 30 minutos, devendo ser dividido pelo
número de sustentações orais. Logo, cada um deles terá 10 minutos para manifestação na
tribuna.
● Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema
objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível,
de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou
admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
● § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a
interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do §
3º.
● § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os
poderes do amicus curiae.
● § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas.

10.5. Dos atos processuais


Dos atos processuais. Da forma, do tempo e do lugar dos atos processuais. Da comunicação
dos atos processuais. Das nulidades. Da distribuição e do registro.
● No NCPC a distinção entre prazos dilatórios e peremptórios não fazem mais razão de ser. Isto
porque o juiz pode ampliar qualquer prazo, desde que não precluso. A questão fica por conta
da redação do §1º do art. 222, que dispõe que “Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios
sem anuência das partes”. Então, só quanto à redução dos prazos peremptórios, o juiz deve ter
anuência das partes. Para alargar não.
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● Os advogados particulares podem intimar a parte contrária por meio de correio. Porém, não se
aplica à Fazenda Pública, pois estes deverão ser intimados pessoalmente, por carga, remessa
ou meio eletrônico.
● Os advogados podem proceder à INTIMAÇÃO da parte contrária por correio, mas não a
citação, que é ato exclusivamente judicial.
● O ato de advogado que não junta procuração é considerado INEFICAZ. Portanto, não é nulo e
nem inexistente, mas ineficaz.
● STJ: o prazo em dobro para litisconsortes com procuradores distintos aplica-se ao
cumprimento de sentença. Assim, o prazo para pagar será de 30 dias, uma vez que
impossibilitado o acesso simultâneo dos autos físicos, ainda que não seja um ato com viés
meramente postulatório, como preconiza a doutrina.
● Implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o
reconhecimento da incompetência absoluta do juízo, em vez de determinar a remessa dos
autos ao juízo competente, extingue o feito sem exame do mérito, sob o argumento de
impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para o órgão julgador competente,
ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico.
● Conclusão 129 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A autorização legal para
ampliação de prazos pelo juiz não se presta a afastar preclusão temporal já consumada”.
● O ato de disposição consistente em manifestação unilateral que implica a desistência da ação,
só produz efeitos se for homologado pelo juiz; depois da citação do réu, só produz efeitos se
este concordar, e depois da sentença não produz qualquer efeito. Os demais atos, consistentes
em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição,
326 modificação ou extinção de direitos processuais.
o Lembrar que em MS a desistência é uma prerrogativa de quem o propõe e
pode ocorrer a qualquer tempo, sem anuência da parte contrária e
independentemente de já ter havido decisão de mérito, ainda que favorável
ao autor da ação.
● FPPC 267: Os prazos processuais iniciados antes da vigência do CPC serão integralmente
regulados pelo regime revogado.
● FPPC 268: A regra de contagem de prazos em dias úteis só se aplica aos prazos iniciados após a
vigência do novo código.

10.5.1. Das nulidades
 A jurisprudência desta Corte já assentou entendimento no sentido de que a ausência de
intimação do Ministério Público, por si só, não enseja a decretação de nulidade do julgado, a
não ser que se demonstre o efetivo prejuízo para as partes, o que não ocorreu no caso dos
autos

10.6. Tutelas provisórias


Da tutela provisória. Tutelas de urgência e da evidência.
 A tutela de urgência se estabiliza se não recorrida. Há o direito de rever, reformar ou invalidar
a tutela antecipada concedida em caráter antecedente após 2 anos contados da ciência da
decisão que concedeu a tutela, e não da data de extinção do processo.
 Enunciado 40: A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não impede sua concessão,
em se tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível. Ex: remédios.
 Enunciado 42: É cabível a concessão de tutela provisória de urgência em incidente de
desconsideração da personalidade jurídica
 É possível requerer antecipação da tutela em sede de sustentação oral.

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 " A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não impede sua concessão, em se
tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível". Vai contra a interpretação literal
do código, mas há casos em que é impossível não se conceder a tutela, como em caso de
remédios urgentes, com risco de vida.

10.7. Procedimento: formação, extinção, procedimentos.


Da formação, da suspensão e da extinção do processo. Do processo de conhecimento. Do
procedimento comum. Disposições gerais. Petição inicial. Da improcedência liminar do
pedido. Da audiência de conciliação e mediação. Da contestação e da reconvenção. Da
revelia e do julgamento conforme o estado do processo. Da audiência de instrução e
julgamento.
● A PREVENÇÃO NA ACP se dá com a PROPOSITURA (conforme o texto legal), não da citação, não
do registro da distribuição ou do primeiro despacho.
● A PREVENÇÃO NO NOVO CPC não é mais da citação. Ou seja, a citação válida, ainda que
ordenada por juízo absolutamente incompetente, NÃO TORNA O JUÍZO PREVENTO, mas sim a
distribuição ou registro da petição inicial.
● Segundo o STJ, os fatos da causa devem ser submetidos ao contraditório, não o ordenamento
jurídico, o qual é de conhecimento presumido não só do juiz (iura novit cúria), mas de todos os
sujeitos ao império da lei, conforme presunção jure et de jure prevista no artigo 3º da LINDB.

327 ● O NCPC simplificou a discussão sobre o valor da causa, que, caso não seja sindicada de ofício,
pelo magistrado, poderá ser debatida pelo réu, em preliminar de contestação. Não há mais,
portanto, o incidente de impugnação do valor da causa.
● Abandono de causa: i) o juiz não resolverá o mérito quando a parte deixar de cumprir a
diligência por mais de 30 dias. O juiz deve sempre intimar a parte para suprir a falta
processual, no prazo de 5 dias, independentemente de ter sido oferecida ou não a
contestação. Aqui o juiz pode extinguir de ofício, devendo apenas intimar o autor para suprir a
falta em 5 dias.
o PORÉM, oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da
causa pelo autor depende de requerimento do réu, não podendo o juiz
extinguir de ofício.
o EXECUÇÃO FISCAL: em se tratando de execuções não embargadas, o STJ fixou:
A inércia da Fazenda exequente, ante a intimação regular para promover o
andamento do feito e a observância dos artigos 40 e 25 da LEF, implica a
extinção da execução fiscal ex officio.
● Em ações ajuizadas contra a União, para que a AGU concorde com a desistência da parte, a
autora deverá renunciar expressamente ao direito sobre que se funda a ação.
● VÍCIO NA CITAÇÃO:
o O comparecimento do réu ou executado supre a falta ou nulidade de citação,
fluindo o prazo para apresentação de contestação a partir da data de
comparecimento, mas continuará sendo revel.
▪ Efeitos da revelia:
● Presunção de veracidade das alegações feita pelo autor, salvo
se:
o Havendo pluralidade de réus, algum contestar.
o O litígio versar sobre direitos indisponíveis.
o A inicial não estiver acompanhada de documento
indispensável à prova do ato.
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o As alegações forem inverossímeis ou estiverem em


contradição com as provas dos autos.
o Rejeitada a alegação de nulidade, o réu será considerado revel ou a execução
terá prosseguimento.
o O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado
em que se encontrar.
● O norte que o legislador constitucional quis traçar, ao estipular a vedação do salário mínimo (
CF/1988 , artigo 7.º , inciso IV ), referiu-se a sua utilização como indexador de vantagem
pecuniária; ou seja, quis se referir a reajustes automáticos, em que determinado aumento de
salário mínimo acionasse "gatilho" provocando aumento de outras vantagens. Não há vedação
a que o salário mínimo seja utilizado como mero critério para se quantificar o valor da
indenização
● Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo
receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.
● Ausência em audiência causa pena de confesso, e não revelia.
 É impossível juridicamente indeferir liminarmente a inicial já recebida ao fundamento de sua
inépcia, já que não se pode indeferir liminarmente petição já recebida e, inclusive, já
contestada pelos réus.
o Inépcia da inicial é matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida ainda
que já recebida a inicial, caso o juiz constate posteriormente sua inépcia,
embora não possa mais indeferi-la, devendo extinguir o feito sem resolução
do mérito por ausência de pressuposto processual de validade – aptidão
328 formal da petição inicial.
o Indeferimento da petição inicial (art. 330): inépcia, ilegitimidade manifesta de
parte, ausência de interesse processual, não atendido os requisitos iniciais da
petição.
 Inépcia: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o
pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
 Segundo o STJ, a emenda à inicial é direito subjetivo do autor.
 Segundo o STJ, o indeferimento da inicial sem prévio ensejo de sua emenda pelo autor
somente se admite excepcionalmente, caso o vício constatado seja insanável. Sendo sanável, a
decisão judicial que indefere a inicial sem sua possibilidade de emenda é NULA.
 O prazo de emenda à inicial é dilatório, podendo ser tanto REDUZIDO, quanto AMPLIADO, por
convenção das partes ou pelo juiz.
 O novo CPC acabou, em tese, com o que se chamava de prazo peremptório. Isto porque, até os
prazos peremptórios podem ser alterados pelo juiz (para mais). Para diminuir-lhes é somente
com a autorização das partes.
o No NCPC a distinção entre prazos dilatórios e peremptórios não fazem mais
razão de ser. Isto porque o juiz pode ampliar qualquer prazo, desde que não
precluso. A questão fica por conta da redação do §1º do art. 222, que dispõe
que “Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes”.
Então, só quanto à redução dos prazos peremptórios, o juiz deve ter anuência
das partes. Para alargar não.
 O pronunciamento que determina a emenda é mero despacho, sendo-lhe aplicável a
irrecorribildiade.
 Tanto doutrina quando a jurisprudência entende pela possibilidade de emendas sucessivas,
abrindo-se mais de uma oportunidade para a emenda da petição inicial.
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 É possível que a emenda à inicial se dê após apresentada a contestação pelo réu.


 A emenda à destempo é admitida pelo STJ, uma vez que o prazo é DILATÓRIO. Assim, é
discricionário do juiz aceitar a prática do ato à destempo.
● Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na
petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
quantificar o valor incontroverso do débito. Ainda, o valor incontroverso deverá continuar a
ser pago no tempo e modo contratados.
● REVELIA:
o Efeitos materiais: presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo
demandante;
o Efeitos processuais: os prazos contra o réu revel que não tenha advogado
fluem a partir da publicação da decisão; a preclusão em desfavor do réu do
poder de alegar algumas matérias de defesa; possibilidade de julgamento
antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia.
o Revelia contra a Fazenda Pública: EM REGRA, não se aplica os efeitos
materiais, uma vez que os direitos públicos são indisponíveis. Porém, em se
tratando de situações em que a Fazenda Pública atua como particular, ou seja,
em relações privadas, é possível a aplicação dos efeitos materiais da revelia.
Exemplo é a OJ 152, no caso de direito do trabalho contra a Fazenda Pública.
 A presunção da veracidade dos fatos alegados pelo autor, em caso de revelia, é relativa e pode
ceder diante de outros elementos de convicção presentes nos autos.
329  No que toca ao quantum indenizatório em danos, este não é alcançado pela revelia, de modo
que o juiz irá fixar de acordo com seus critérios o referido valor.
 No caso de extinção do processo por indeferimento da inicial, a propositura de uma nova ação
depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução de mérito, bem como, a
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

10.8. Teoria geral das Provas


● Só a parte contrária e o juiz podem requerer depoimento da parte ré.
● Quando, na fluência do processo civil, a parte que presta depoimento pessoal for questionada
sobre fatos criminosos ou torpes que lhe sejam atribuídos, não estará obrigada a responder,
salvo em ações de Estado e direito de família.
● A apresentação de novas provas é possível em qualquer momento processual, mas desde que
não verse sobre algum conteúdo que já era conhecido pela parte. Em outras palavras, é
preciso haver um fato novo após o ajuizamento da ação ou que foi conhecido pela parte
somente em momento posterior. O recorrente buscou fazer prova nova sobre fato antigo em
embargos de declaração, o que é manifestamente inadmissível. A prova apresentada em juízo
apenas nos embargos de declaração poderia ter sido juntada no início do processo. A
utilização de prova surpresa é vedada no sistema pátrio (arts. 10 e 933 do CPC/2015) por
permitir burla ou incentivar a fraude processual. STJ. 3ª Turma. REsp 1721700/SC, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/05/2018.
● O CPC ADOTOU A “TEORIA DA DINAMIZAÇÃO DOS ENCARGOS PROBATÓRIOS”: nas
situações→ i) casos previstos em lei ou ii) diante de peculiaridades da causa relacionadas à ii.i)
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou ii.ii)
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário.
o Tal fato deve ocorrer na decisão de saneamento, para a parte poder se
desincumbir do ônus. Logo, na sentença não pode.

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o Cabe AGRAVO DE INSTRUMENTO apenas da decisão que RESDISTRIBUI o


ônus da prova. Da decisão que nega a redistribuição só cabe impugnação na
sentença.
o A dinamização do encargo probatório resolve o problema da “prova diabólica”,
permitindo que se retire da parte o ônus de provar determinado fato quando
ela seja impossível fazê-lo, ao passo que para a parte contrária inexista
semelhante óbice.
o Prova duplamente diabólica: ocorre quando, mesmo invertido o ônus da
prova, a outra parte não consegue obter a prova. O que fazer? Em tais casos,
não cabe ao juiz manter o ônus da prova com aquele que alegou o fato,
tampouco invertê-lo, na fase de saneamento (ou probatória), para atribuí-lo
ao seu adversário. [...]. Para definir qual será a sua regra de julgamento (ônus
objetivo), cabe ao juiz verificar, ao fim da instrução, qual das partes assumiu o
‘risco de inesclarecibilidade’, submetendo-se à possibilidade de uma decisão
desfavorável. Admite-se, contudo, que se trata de uma situação de difícil
deslinde, devendo o magistrado decidir com base, em última análise, na
ponderação dos riscos assumidos entre os sujeitos inseridos na sociedade.
● Em uma prova de perícia médica, há divergência quanto a necessidade de nomeação de perito
especialista, havendo julgados para todos os lados. Câmara defende a necessidade de
especialização.
● O CPC tratou de demanda cautelar de asseguração de prova (art. 381, I), quando houver
fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos
330 fatos na pendência do processo.
o O incidente não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser
proposta. Ademais, a produção antecipada de prova é de competência do
juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
o Não há contestação (defesa), mas intimação dos interessados, nem recurso
das provas produzidas. Entretanto, em caso de INDEFERIMENTO de totalidade
dos pedidos de produção de provas, é cabível apelação, uma vez que houve
extinção do processo sem resolução do mérito.
o O juízo estadual tem competência para produzir prova contra a União caso não
tenha JF na localidade.
● Perspectiva objetiva e subjetiva do ÔNUS DA PROVA:
o OBJETIVA: o ônus da prova volta-se à regra de julgamento a ser aplicada no
momento da decisão judicial, quando houver inexistência ou insuficiência de
prova. São as consequências negativas da parte que não cumpriu com seu
ônus de provar. Nesse caso, o juiz terá que julgar contrário a quem não se
desincumbiu do ônus da prova.
o SUBJETIVA: o ônus da prova tem por finalidade definir a quem compete
provar determinado fato. Nesse sentido, o CPC dispõe, no art. 373, que ao
autor incumbe a prova de fato constitutivo de seu direito; e ao réu a prova da
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
▪ O CPC inova ao prever expressamente a possibilidade de redistribuição
dinâmica do ônus da prova quando houver impossibilidade ou
excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou à maior facilidade de
obtenção da prova do fato contrário. Prova diabólica.
● No caso de propositura de ação que exija documentos indispensáveis, é possível apresentação
destes documentos se houver um pedido incidental de apresentação destes documentos por
quem tiver a posse, posto que essenciais à instrução da inicial.
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● O conceito de documento previsto para ações de exibição de documento não se limita àquele
pertencente a ambas as partes, mas engloba também o documento sobre o qual elas têm
interesse comum.
● Prova emprestada: antes o STJ entendia pela inadmissão da prova emprestada de processo do
qual não participaram as partes do processo para o qual a prova seria trasladada. Após a
decisão do REsp 617.428SP, a prova emprestada passou de ultima ratio a medida preferencial,
o que prestigia a economia processual. Assim, afigura-se válido o empréstimo desde que
assegurado às partes o contraditório sobre a prova, isto é, o direito de se insurgir contra a
mesma e refutá-la adequadamente. O CPC consagra esse entendimento no artigo 372,
dispondo que “o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. ”
● O princípio do dispositivo vincula o juiz tão somente em relação à propositura da demanda
(art. 2º) e aos limites objetivos e subjetivos da lide (art. 141 e 492). Quanto à instrução do
processo, o juiz poderá determinar as provas que julgar necessárias (art. 370).
● Livre convencimento motivado (art. 371): O juiz apreciará a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da
formação do seu convencimento.

10.9. Da sentença e da coisa julgada.


 É nula, por configurar julgamento extra petita, a decisão que condena a parte ré, de ofício, em
331 ação individual, ao pagamento de indenização a título de danos sociais em favor de terceiro
estranho à lide. O STJ entende que a condenação em dano social deve ser requerida na peça
inicial, bem como, estabeleceu que o pleito em questão só tem cabimento em demanda
coletiva.
 A correção monetária é matéria de ordem pública, integrando o pedido de forma implícita,
razão pela qual sua inclusão ex officio, pelo juiz ou tribunal, não caracteriza julgamento extra
ou ultra petita, hipótese em que prescindível o princípio da congruência entre o pedido e a
decisão judicial.
 Em resumo, há vinculação aos fatos e ao pedido, mas não aos fundamentos jurídicos da
pretensão, portanto, o sistema processual civil admite que o réu faça pedido genérico nas
ações de improbidade.
● Nos casos de sentença extra petita, e interposta apelação, deve o tribunal anular a decisão e
JULGAR, se possível.
● A sentença que supre a declaração de vontade, como no caso da vontade do alienante após
cumprida as condições contrato de promessa de compra e venda, é considerada constitutiva,
pois a sentença substitui o contrato definitivo, que não terá mais de ser celebrado, sendo
possível promover-se o registo da sentença no registro de imóveis.
● Qualquer sentença, procedente ou improcedente, que declare a existência de um dever
jurídico não cumprido, certo, líquido e exigível, permite a instauração de atividade executiva,
devendo ser considerada sentença condenatória. Evidencia-se porque o artigo 515, I, afirma
ser título executivo judicial (natureza condenatória) a decisão que reconhece a exigibilidade de
obrigação.
● A sentença meramente declaratória não permite a instauração de uma atividade executiva, a
sentença não cria nenhum DEVER jurídico, não permitindo que a execução se desenvolva, por
ser absolutamente desnecessário, como em usucapião, reconhecimento de paternidade, por
não ser possível cumprir a obrigação, por não ser a obrigação certa, líquida e exigível.

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● Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida.
Mesmo quando o pedido for genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação,
o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da
capitalização dos juros, se for o caso.
o STJ: Não é possível, em tutela antecipada, deferida na ação revisional de
alimentos, a alteração de valor fixo de pensão alimentícia para um valor
ilíquido, correspondente a percentual de rendimentos que virão a ser
apurados no curso do processo.
 No caso de extinção do processo por indeferimento da inicial, a propositura de uma nova ação
depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução de mérito, bem como, a
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
10.9.1. Coisa julgada
● Não faz coisa julgada o fundamento e a verdade dos fatos, mas tão somente o DISPOSITIVO. O
fundamento e a verdade dos fatos podem mostrar-se, com o tempo, que não foram verídicos.
● A ausência de prova de atividade rural extingue o processo sem resolução do mérito por
carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, não gerando
coisa julgada.
● A formação de coisa julgada de questão prejudicial só se aplica aos processos iniciados após a
vigência do NCPC.
o Independe do pedido das partes pelo NCPC. Assim, deixa de ser necessária
ação declaratória incidental que existia no CPC/73, salvo em relação à

332 falsidade de documentos, pois a parte pode requerer que o juiz decida como a
questão principal, ocasião em que a decisão constará da parte dispositiva da
sentença e incidirá a autoridade da coisa julgada.
● Denegada a segurança por falta de direito líquido e certo, ou seja, por ser necessária a dilação
probatória, já se viu que, nesse caso, extingue-se o processo sem resolução do mérito. Não
obstante o uso do termo denegação da segurança, nesse caso não se está a julgar o mérito,
nem se está a afirmar que o impetrante não tem razão; apenas se constatou a necessidade de
dilação probatória, sendo inadequada a via do mandado de segurança. Não há, então, coisa
julgada. Esse é o sentido do § 6º do art. 6º da Lei 12.016/2009, bem como do enunciado 304
da Súmula do STF”. Veja-se que a súmula 304 do STF afirma que “Decisão denegatória de
mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da
ação própria”
● Não é possível relativizar a coisa julgada quando se nega ir ao laboratório para colher o DNA a
fim de verificar a paternidade.
● QUESTÃO INCIDENTAL/PREJUDICIAL e a COISA JULGADA:
o Requisitos:
▪ Essa resolução deve ser necessária para julgamento do mérito.
▪ Deve ter havido contraditório prévio e efetivo, não podendo haver
coisa julgada em caso de revelia.
▪ O juiz deve ser competente em razão da matéria e da pessoa.
o NÃO SE APLICA se houver restrições probatórias ou limitações à cognição que
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
o Não se faz mais necessária a interposição de uma AÇÃO incidental para que a
questão prejudicial possa integrar o dispositivo da sentença. A questão
incidental transitará em julgado, desde que proferida por juiz competente, de
qualquer maneira.
o Não importa se esteja na fundamentação ou no dispositivo, a decisão de
questão incidental fará coisa julgada.
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o Artigo 433: A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada


como questão principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela
incidirá também a autoridade da coisa julgada.  Pode ser objeto de ação
autônoma (art. 19, II - declaratória), bem como, ser arguida incidentalmente
no processo, nos termos do artigo 430 e seguintes.
▪ Deve ser suscitada em contestação ou réplica, no prazo de 15 dias
contados da intimação da juntada de documento aos autos. Será
decidida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz
decida como questão principal.
● O STJ reconheceu a validade da primeira coisa julgada em detrimento da segunda 3.
Inexistência de interesse jurídico no ajuizamento da segunda demanda. Doutrina sobre o
tema.

10.9.2. Remessa necessária
● ATENÇÃO: decisão do plenário dos tribunais superiores é vinculante pelo 927, mas não
hipótese de dispensa de remessa necessária. Isto posto, ainda que tenha decisão plenária
sobre determinado tema, deve haver remessa necessária.
● Para análise de remessa necessária contra a Fazenda Pública é IRRELEVANTE o VALOR DA
CAUSA, mas sim a condenação/proveito econômico que o juiz a condenou.

10.10.Liquidação de sentença
333  Na liquidação por cálculos do credor, descabe transferir do exequente para o executado o
ônus do pagamento de honorários devidos ao perito que elabora a memória de cálculos. O
ônus é do EXEQUENTE no caso de liquidação por cálculos determinada de ofício.
 Na fase autônoma de liquidação de sentença (por arbitramento ou por artigos), incumbe ao
devedor a antecipação dos honorários periciais”.
 Jurisprudência desta Corte consagrou o entendimento segundo o qual o enunciado do art. 459,
parágrafo único, do CPC, deve ser interpretado em consonância com o princípio do livre
convencimento, de sorte que, NÃO ESTANDO O JUIZ CONVENCIDO DA EXTENSÃO DO PEDIDO
CERTO formulado pelo autor, pode reconhecer-lhe o direito, remetendo as partes para a
liquidação.
o Pode reconhecer o direito mesmo que o juiz não saiba a extensão pedido
certo, de modo que isso vai ser resolvido em liquidação.
 Nos Juizados Especiais, por força do art. 1º da Lei nº 10.259/01 e art. 38, parágrafo único, da
Lei nº 9.099/95, é absolutamente vedada a prolação de sentença ilíquida.
 Havendo os parâmetros para a realização dos cálculos (apenas aritméticos), não há que se
falar em julgamento ilíquido, bem como inexiste iliquidez na parte que condena em obrigação
de fazer devidamente descrita. Logo, não se considera ilíquida a sentença que exige meros
cálculos aritméticos (art. 509, § 2º, CPC).
 Súmula 318-STJ: Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse
recursal em arguir o vício da sentença ilíquida.
 Súmula 344-STJ: A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a
coisa julgada.
● Quando houver a chamada liquidação zero, há o julgamento do mérito, caso em que a
liquidação é julgada improcedente, eis que não há nenhum valor devido.

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10.11.Cumprimento de sentença
Do cumprimento de sentença. Cumprimento provisório. Cumprimento definitivo de sentença
(obrigação de pagar quantia certa, obrigação de fazer, não fazer e de entregar coisa).
Cumprimento de sentença e a fazenda pública. Impugnação. A inexigibilidade das sentenças
judiciais.
● Em regra, o prazo para cumprimento voluntário da sentença é de 15 dias úteis (art. 523 do
CPC). Se os devedores forem litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, este prazo de pagamento deverá ser contado em dobro, nos termos do
art. 229 do CPC/2015, desde que o processo seja físico. Assim, o prazo comum para
cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro (ou seja, em 30 dias
úteis) no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos
● Na fase de cumprimento de sentença, é incabível a rejeição do seguro garantia judicial pelo
exequente, salvo por insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida.
● Os critérios referidos no caput do art. 537 (multa pelo não cumprimento da obrigação no
prazo) do CPC devem ser observados no momento da fixação da multa, que não está limitada
ao valor da obrigação principal e não pode ter sua exigibilidade postergada para depois do
trânsito em julgado".
● Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a impugnação ao cumprimento de
sentença?
o • Se o pronunciamento judicial extinguir a execução: será uma sentença e
caberá APELAÇÃO.
o • Se o pronunciamento judicial não extinguir a execução: será uma decisão
334 interlocutória e caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO. Assim, o recurso cabível
contra a decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e
extingue a execução é a apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.698.344-MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2018 (Info 630).

● A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime
constitucional dos precatórios. Logo, não deve ser aguardado o trânsito em julgado, sendo
possível a determinação de tutela para implantar um benefício (obrigação de fazer), antes do
trânsito em julgado.
● O sócio que paga as dívidas da sociedade em processo de execução pode executar a sociedade
nos autos do mesmo processo.
● A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários.
● Enunciado 89 da I Jornada de Direito Processual Civil – Conta-se em dias úteis o prazo do
caput do art. 523 do CPC (prazo para pagar em cumprimento de sentença)
● A suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não configura ameaça ao direito de ir e
vir do titular. Isso porque mesmo com a decretação da medida, o sujeito continua com a
liberdade de ir e vir, para todo e qualquer lugar, desde que não o faça como condutor do
veículo. Logo, não cabe habeas corpus contra decisão que determina a apreensão de CNH. STJ.
4ª Turma. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info 631).
STJ. 5ª Turma. HC 383.225/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 04/05/2017.
● Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de suspensão do passaporte proferida no bojo
de execução por título extrajudicial (duplicata de prestação de serviço), por restringir direito
fundamental de ir e vir de forma desproporcional e não razoável. Não tendo sido demonstrado
o esgotamento dos meios tradicionais de satisfação, a medida não se comprova necessária.
Para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e
sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da

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ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual.
Vale ressaltar que o juiz até poderá, eventualmente, decretar a retenção do passaporte do
executado desde que: • seja obedecido o contraditório e • a decisão proferida seja
fundamentada e adequada, demonstrando-se a proporcionalidade dessa medida para o caso
concreto. STJ. 4ª Turma. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018
(Info 631).
10.11.1. Contra a Fazenda Pública
● Para que se verifique a legitimidade do cessionário de honorários advocatícios sucumbenciais
para se habilitar no crédito consignado no precatório há necessidade de preenchimento dos
seguintes requisitos: (a) comprovação da validade do ato de cessão dos honorários, realizado
por escritura pública e (b) discriminação no precatório do valor devido a título da respectiva
verba advocatícia, não preenchendo esse último requisito a simples apresentação de planilha
de cálculo final elaborada pelo Tribunal de Justiça.
● Condenações contra Fazenda Pública: JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.
o Relação Jurídica Tributária: Correção e Juros é SELIC, mesmo índice que
remunera os tributos devidos. (SELIC = Juros moratórios + correção
monetária). Não pode correção monetária + SELIC, sob pena de bis in idem.
o Relação Jurídica Não-Tributária:
▪ Correção: IPCA-E
▪ Juros: continuam sendo aplicados os juros da poupança – TR.
o A decisão do STF que declarou inconstitucional a correção monetária dos

335 precatórios pela TR (caderneta de poupança) não tem eficácia retroativa, mas
sim prospectiva.
● O Juiz não pode dar iniciativa às execuções de cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública.

10.12.Procedimentos especiais
Dos procedimentos especiais. Ação de consignação em pagamento. Ação de exigir contas.
Ações possessórias. Ação de divisão e da demarcação de terras particulares. Ação
discriminatória. Embargos de terceiro. Ações de direito de família de competência da Justiça
Federal. Oposição. Habilitação. Ação Monitória. Homologação do penhor legal. Restauração
de autos. Procedimentos especiais de jurisdição voluntária. Notificação e interpelação.
Alienação judicial.
● Ação discriminatória: ação conferida à União e aos Estados para separar as terras de seu
domínio das de propriedades particulares. São as terras devolutas.
o Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito DEVOLUTIVO,
facultada a execução provisória.
o O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em
relação às ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis
situados, no todo ou em parte, na área discriminada, determinando o imediato
deslocamento da competência para Justiça Federal.
● Não é possível a revisão de cláusulas contratuais em ação de exigir contas (ação de prestação
de contas)

10.12.1. Embargos de terceiro


 Os embargos de terceiro são da mesma natureza que as intervenções de terceiro em geral.
Ainda que estejam separados no CPC.
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 Terceiro é aquele que não foi parte no processo principal, mas poderia ser.
 O possuidor poderá se valer dos embargos de terceiro, assim como o proprietário.
 O juiz determinará a intimação pessoal de terceiro cuja existência identifique e que lhe pareça
ter interesse em embargar o ato.
 Embora não se trate de ato de efetiva constrição judicial, a averbação da existência de
processo executivo sobre determinado bem, conforme prevê o artigo 615-A do Código de
Processo Civil de 1973, implica para o terceiro proprietário ou possuidor do bem o justo receio
de apreensão judicial, o que autoriza, nessas situações, a oposição dos embargos de terceiro.
 Os embargos de terceiro são cabíveis de forma preventiva, quando o terceiro estiver na
ameaça iminente de apreensão judicial do bem de sua propriedade. Ademais, a ameaça de
lesão encerra o interesse de agir no ajuizamento preventivo dos embargos de terceiro, máxime
à luz da cláusula pétrea da inafastabilidade, qual seja, nenhuma lesão ou ameaça de lesão
escapará à apreciação do Judiciário
 Em processo de execução, o terceiro afetado pela constrição judicial de seus bens poderá opor
embargos de terceiro à execução ou interpor agravo de instrumento contra a decisão
constritiva, na condição de terceiro prejudicado, mesmo não sendo parte no processo. É
expressamente previsto no CPC – art. 966, e julgado por repetitivo no STJ.
10.12.2. Ação monitória
● AÇÃO MONITÓRIA: exige apenas a prova escrita, não necessitando ser uma prova documental,
podendo ser documentada também (e-mail).
o Prova documental: é aquela em que o fato é representado diretamente pelo
336 documento.
o Prova documentada: é decorrência do formalismo do processo, que exige a
documentação de todos os atos neles praticados.
● O preenchimento dos requisitos legais para a securitização da dívida originada de crédito rural
(ou alongamento da dívida) constitui matéria de defesa do devedor, passível de ser alegada
em embargos à monitória ou contestação, independemente de reconvenção.
10.12.3. Ações possessórias
● AÇÕES POSSESSÓRIAS
o Diferenciar ações possessórias (ius possessionis) de ações petitórias (ius
possidendi).
▪ Possessórias: dizem a respeito do direito subjetivo da pessoa em
relação ao objeto, a faculdade de exercer a posse, tratando-se de uma
matéria fática. “A posse não depende da propriedade e, por
conseguinte, a tutela da posse pode se dar mesmo contra a
propriedade.”
▪ Petitórias: trata-se da disputa pelo domínio da propriedade, tratando-
se da relação de direito real entre o real proprietário e a propriedade.
o Assim, as ações de usucapião e ações de manutenção de posse não são
conexas, pois diversos o pedido e a causa de pedir.
● Nem sempre as ações mandamentais serão só declaratórias, podendo ser constitutivas, no
caso das ações possessórias.
o São exemplos de tutela jurisdicional executiva: imissão na posse, reintegração
de posse, despejo, prescindem de uma fase de execução do julgado.
● Não é necessária prévia notificação extrajudicial dos invasores para que se proponha
reintegração de posse, não sendo a notificação um documento essencial à propositura da ação
possessória.

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● Há perda de objeto da ação de usucapião proposta em juízo cível na hipótese em que juízo
criminal decreta a perda do imóvel usucapiendo em razão de ter sido adquirido com proventos
de crime.
● O terreno do proprietário foi invadido por inúmeras pessoas de baixa renda. O proprietário
ingressou com ação de reintegração de posse, tendo sido concedida a medida liminar, mas
nunca cumprida mesmo após vários anos. Vale ressaltar que o Município e o Estado fizeram
toda a infraestrutura para a permanência das pessoas no local. Diante disso, o juiz, de ofício,
converteu a ação reintegratória em indenizatória (desapropriação indireta), determinando a
emenda da inicial, a fim de promover a citação do Município e do Estado para apresentar
contestação e, em consequência, incluí-los no polo passivo da demanda. O STJ afirmou que
isso estava correto e que a ação possessória pode ser convertida em indenizatória
(desapropriação indireta) - ainda que ausente pedido explícito nesse sentido - a fim de
assegurar tutela alternativa equivalente (indenização) ao particular que teve suas térreas
invadidas.
● Tereza Wambier: Outro ponto que distingue as ações possessórias das demais é o seu caráter
dúplice, consistente em que as posições de autor e réu podem se alternar, sendo lícita a
outorga da tutela jurisdicional a qualquer das partes, independentemente do polo que,
inicialmente, tenham assumido. O caráter dúplice, em princípio, afasta a necessidade de
reconvenção.
o Nelson Nery: A ação dúplice se caracteriza quando as posições de autor e réu
no processo se confundem, sendo que, por esta razão, não poderá o réu
deduzir reconvenção. Isto porque, em sua contestação, deduzida na ação
337 possessória, poderá ele pedir a proteção possessória e indenização por
perdas e danos
● É possível o reconhecimento da usucapião quando o prazo exigido por lei se complete no curso
do processo judicial, conforme a previsão do art. 493, do CPC/2015, ainda que o réu tenha
apresentado contestação. O magistrado deverá julgar o pedido procedente considerando que
o prazo exigido por lei para a usucapião se completou no curso do processo. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.361.226-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/06/2018 (Info 630).

10.12.4. Lei de locações – ação de despejo


 STJ: assiste razão aos que defendem a contagem do prazo para purgação da mora a partir da
juntada aos autos do aviso de recebimento/mandado devidamente cumprido. 15 dias.
 A purgação da mora nas ações de despejo independe de autorização judicial, bastando que o
locatário (ou o fiador) proceda ao depósito integral do valor indicado pelo locador como
devido no prazo destinado a esse fim.
 Quando o locatário efetuar depósito judicial em quantia inferior à apresentada pelo locador e
contestar os valores remanescentes, não há sentido algum para que o juiz intime o locatário
para fins de purgação complementar da mora. Se já houve manifestação negativa por parte
do locatário, em contestação, quanto à intenção de efetuar o pagamento de determinadas
parcelas, opera-se a chamada preclusão lógica, de modo que se há contestação de parte do
débito exigido, o locatário praticou ato incompatível com a vontade de purgar a mora, não
sendo necessária nova intimação para este fim.
10.12.5. Prestação de contas

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 Repetitivo: não será possível a alteração das bases do contrato mantido entre as partes, pois o
rito especial da prestação de contas é incompatível com a pretensão de revisar contrato, em
razão das limitações ao contraditório e à ampla defesa. Essa impossibilidade de se proceder à
revisão de cláusulas contratuais diz respeito a todo o procedimento da prestação de contas, ou
seja, não pode o autor da ação deduzir pretensões revisionais na petição inicial (primeira fase),
conforme a reiterada jurisprudência do STJ, tampouco é admissível tal formulação em
impugnação às contas prestadas pelo réu (segunda fase).
o Procedimento especial da prestação de contas não abrange a análise de situações
complexas, mas tão somente o mero levantamento de débitos e créditos gerados
durante a gestão de bens e negócios do cliente bancário. A ação de prestação de
contas não é, portanto, o meio hábil a dirimir conflitos no tocante a cláusulas de
contrato, nem em caráter secundário, uma vez que tal ação objetiva, tão somente,
a exposição dos componentes de crédito e débito resultantes de determinada
relação jurídica, concluindo pela apuração de saldo credor ou devedor.

10.13.Processo de execução
Do processo de execução. Da execução em geral. Das diversas espécies de execução. Da
execução para entrega de coisa. Da execução das obrigações de fazer ou de não fazer. Da
execução por quantia certa. Da execução contra a Fazenda Pública. Dos embargos à
execução. Extinção do processo de execução. Exceção de pré-executividade.
A penhora em conta conjunta solidária só pode recair sobre a parte do executado,
338 presumindo-se, ante a inexistência de prova em contrário, que os valores constantes da conta
pertencem em partes iguais aos correntistas.
● Cabe astreintes contra a Fazenda Pública para que cumpram obrigação de fazer (fungível ou
infungível) ou ainda para entregar coisa.
● O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da verba honorária. Só
o valor da condenação, uma vez que trata-se de instituto de direito processual, não fazendo
coisa julgada material, já que seu valor pode ser revisto.
● Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e
sentença condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do
valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título
remanescente.
● O parcelamento previsto na execução de título extrajudicial (30% +6x + custas e honorários +
correção monetária e juros de 1% ao mês) não é DIREITO SUBJETIVO, dependendo de aceite
do credor. Ademais, é importante ressaltar que isso NÃO SE APLICA EM CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA, mas só em TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
● Só é possível a declaração de prescrição intercorrente depois de ouvir o credor.
o Em execução fiscal, em caso de valor inferior ao estabelecido pelo Ministro da
Fazenda, é desnecessário ouvir a Fazenda.
● Nas ações de execução em andamento, o início prazo prescricional intercorrente se dá com a
vigência do NCPC.
● A extinção da execução, uma vez transitada em julgado, impede sua reabertura posterior, por
simples petição, sob pena de transformar tal requerimento em uma verdadeira ação rescisória.
Assim, fica obstada a apuração de saldo remanescente e novo pedido quando já prolatada
sentença não recorrida.

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● Exceptio declinatória quanti: É o ônus de o executado informar o valor adequado, sempre que
manifestar excesso na execução, não sendo bastante a genérica de indicação de excesso. A
alegação cabe para defesa da Fazenda Pública, devendo sempre os executados indicarem o
valor sob pena de não terem reconhecida a arguição. Só se aplica nos casos em que é possível
aferir o valor.
● Registro de penhora e boa-fé: em regra SÚM 375 STJ: O reconhecimento de fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado (gera presunção absoluta de conhecimento
do terceiro da pendência do processo) ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.
o PORÉM: Bens não sujeito a registro: o terceiro adquirente tem o ônus de
provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a
exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no
local onde se encontra o bem.
o LOGO: soma-se a súmula 375, mais essa disposição do CPC.
o Atenção: a súmula não se aplica ao direito tributário. Lá, a presunção de
fraude à execução surge com a inscrição do débito em dívida ativa. Antes da
alteração da LC 118, só era fraudulenta após a propositura da execução - Art.
185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou
seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por
crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de
execução.
▪ A LC alterou para: Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em
339 débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa
● A cota de fundo de investimento não se equipara à dinheiro para preferência legal de penhora,
pois possui riscos e não possui liquidez.
● A recusa da nomeação à penhora de cotas de fundo de investimento, reputada legítima a
partir das particularidades de cada caso concreto, não encerra, em si, excessiva onerosidade
ao devedor, violação do recolhimento dos depósitos compulsórios e voluntários do Banco
Central do Brasil ou afronta à impenhorabilidade das reservas obrigatórias.
● A LC 150 retirou da exceção de impenhorabilidade o “os créditos de trabalhadores da própria
residência e as contribuições previdenciárias. ” Assim, o bem de família NÃO pode ser
penhorado nessas hipóteses.
 Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro público credenciado nos termos do
§3º, a indicação será de livre escolha do exequente, e não do juiz.
 Não é possível a penhora do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para o
pagamento de honorários de sucumbência.
 A fiança bancária e o seguro garantia judicial produzem os mesmos efeitos jurídicos que o
dinheiro para fins de garantir o juízo, não podendo o exequente rejeitar a indicação, salvo por
insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida. Lembrar que deve-se
acrescer 30% ao valor do débito para que seja aceito fiança e seguro garantia.
 São absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados ao programa Fundo de
Financiamento Estudantil - FIES constituídos em favor de instituição privada de ensino.
Fundamento: art. 833, IX, do CPC/2015. O FIES tem por objetivo conceder financiamento a
estudantes de cursos superiores que sejam integrantes de famílias de menor renda. Se fosse
permitida a penhora dos recursos públicos transferidos às instituições particulares de ensino
para custear o FIES, isso poderia frustrar a adesão ao programa e, em consequência, o
atingimento dos objetivos por ele traçados.

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● É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à


sucessão desta pela União, não devendo a execução seguir mediante precatório. O contrário
representaria uma espécie de fraude contra os credores. Seria uma forma de retirar dos
credores a garantia de seus créditos já aperfeiçoada e consolidada segundo as regras do
regime anterior.
● Exceções à impenhorabilidade de salários e vencimentos:
o a) exceção 1: dívida alimentar;
o b) exceção 2: valor excedente a 50 salários mínimos;
o c) exceção 3: art. 14, §3º, da Lei n. 4.717/1965 (Ação Popular), que prevê a
execução por desconto em folha até o integral ressarcimento do dano pelo
condenado. Para a doutrina, essa hipótese é aplicável a qualquer ação
coletiva;
o d) exceção 4: para o STJ, os honorários advocatícios, embora possuam
natureza alimentar, podem ser penhorados, quando a verba devida ao
advogado ultrapassar o razoável par ao seu sustento e de sua família (REsp
1.264.358-SC DJ 2014);
● O STJ tem admitido a penhorabilidade de gratificação natalina e terço de férias.
● Polêmico é o salário não gasto pelo devedor no momento em que receber o salário seguinte.
Há decisões para todos os lados.
● Valores em fundo de previdência privada também é impenhorável. Inclusive não entra na
meação.
● A proteção da poupança é somando a totalidade delas, e não 40 salários em cada conta.
340 Interpretação contrária geraria fraude.
● Renúncia à impenhorabilidade: Não é possível, pois se trata de matéria de ordem pública,
devendo o juiz constatar a impenhorabilidade de ofício.
o Possibilidade de renúncia: desde que seja sob patrimônio disponível +
indicado à penhora por livre decisão do executado + ressalvado os bens
inalienáveis e os bens de família.
▪ Bem de família: impossibilidade total de renúncia.
● O STJ tem considerado impenhoráveis também os bens que, não sendo imprescindíveis ao
funcionamento da residência, são necessários ao lazer do executado
● O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil do dano, embutido
na decisão concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), é
título judicial apto a lastrear eventual execução CÍVEL.
● Contrato de financiamento para construção – construcard, ainda que acompanhado de
demonstrativo de débito e nota promissória, não é título executivo extrajudicial. A dívida
cobrada não é líquida, pois a definição do valor devido dependerá de apuração com base em
fatos e provas. Aqui só cabe ação de cobrança ou ação monitória.
● Não é imprescindível para acertamento de cálculos a juntada de documentos pela parte
executada ou por terceiros, reputando-se correta a conta apresentada pelo exequente,
quando a requisição judicial de tais documentos deixar de ser atendida, injustificadamente,
depois de transcorrido o prazo legal. Assim, Sob a égide do CPC antigo, incide o lapso
prescricional pelo prazo respectivo da demanda de reconhecimento, sem interrupção ou
suspensão, não se podendo invocar qualquer demora na diligência para obtenção de fichas
financeiras ou outros documentos perante a administração.
● Se a parte exequente manifestar desinteresse na adjudicação e na alienação particular do
imóvel penhorado, ela poderá, desde logo, requerer sua alienação em leilão judicial (antiga
alienação em hasta pública). Isso porque o CPC confere ao credor a faculdade de se valer da

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alienação por iniciativa particular, mas não impede que o credor opte, desde logo, pela
alienação judicial (alienação em hasta pública).
 É possível a conversão do procedimento de execução para entrega de coisa incerta para
execução por quantia certa na hipótese em que o produto perseguido for entregue com
atraso, gerando danos ao credor da obrigação.
 Incumbe ao exequente PROCEDER à averbação em registro público do ato de propositura da
execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros. Não é caso,
pois, de requerer tal providência ao juízo, já que não há interesse processual para tanto, uma
vez que compete ao próprio exequente fazê-lo. A propósito, vale destacar o Enunciado n. 104
das Jornadas de Processo Civil do Conselho da Justiça Federal (CJF), in verbis: "O fornecimento
de certidão para fins de averbação premonitória (art. 799, IX, do CPC) independe de prévio
despacho ou autorização do juiz".
 A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não impede a
adjudicação de um determinado bem ao credor que executa o devedor comum com substrato
em título executivo judicial. Ex: o MP ajuizou ACP contra a empresa “X”. O juiz determinou a
indisponibilidade de todos os bens da requerida. Alguns meses depois, João ajuizou ação de
indenização contra a mesma empresa. A sentença julgou o pedido procedente, condenando a
requerida ao pagamento de R$ 100 mil. O juiz determinou a penhora de um imóvel
pertencente à devedora. João gostou do bem penhorado e requereu a sua adjudicação, nos
termos do art. 876 do CPC. O fato de este bem estar indisponível não impede a adjudicação
 Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios?
o 1) Sistemática dos PRECATÓRIOS:
341  • Se a Fazenda Pública apresentou embargos à execução: SIM.
 • Se a Fazenda Pública não apresentou embargos à execução: NÃO. Aplica-se aqui
a regra do art. 1º-D da Lei 9.494/97.
o 2) Sistemática da RPV:
 • Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções
contra a Fazenda Pública, ainda que não embargadas, cujo pagamento da
obrigação é feito mediante RPV.
 • Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso
tenha sido adotada a chamada “execução invertida”.
o No caso de RPV, não se aplica o art. 1º-D da Lei 9.494/97. A execução invertida consiste
no seguinte: havendo uma decisão transitada em julgado condenando a Fazenda Pública
ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno valor”, o próprio Poder
Público (devedor) prepara uma planilha de cálculos com o valor que é devido e
apresenta isso ao credor. Caso este concorde, haverá o pagamento voluntário da
obrigação. Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de aguardar que o credor proponha a
execução, ela já se antecipa e apresenta os cálculos da quantia devida. O Poder Público,
sem necessidade de processo de execução, cumpre voluntariamente a condenação. STJ.
1ª Turma. AgRg no AREsp 630235-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015
(Info 563).
 O termo inicial para oposição dos Embargos à Execução Fiscal é a data da efetiva intimação da
penhora, e não da juntada aos autos do mandado cumprido. Não se aplica o CPC aqui, que é
da juntada do mandado.
 SUM 406 STJ: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por
precatório. Tal matéria é infraconstitucional, não cabendo ao STF analisar.
 1.1 Incide a prescrição intercorrente, quando o exequente permanece inerte por prazo
superior ao de prescrição do direito material vindicado, conforme interpretação extraída do
art. 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002.
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 O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo


judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de um ano
(aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/80
 O termo inicial do art. 1.056 do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o
processo se encontrava suspenso na data da entrada em vigor da novel lei processual, uma vez
que não se pode extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo
prescricional ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma
processual)
 O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder
Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de ofício
da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor algum fato
impeditivo à incidência da prescrição.
 A impenhorabilidade do bem-de-família não pode ser arguida, em ação anulatória da
arrematação, após o encerramento da execução. STJ. 2ª Seção. AR 4.525/SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 13/12/2017. Não é possível alegar a impenhorabilidade do bem de
família após concluída a arrematação. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 196.236/SP, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 03/04/2018. A impenhorabilidade do bem de família pode
ser alegada a qualquer tempo, até mesmo por petição nos autos da execução. STJ. 3ª Turma.
REsp 1114719/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 23/06/2009.

 Se a parte exequente manifestar desinteresse na adjudicação e na alienação particular do


imóvel penhorado, ela poderá, desde logo, requerer sua alienação em leilão judicial (antiga
342 alienação em hasta pública). Isso porque o CPC confere ao credor a faculdade de se valer da
alienação por iniciativa particular, mas não impede que o credor opte, desde logo, pela
alienação judicial (alienação em hasta pública). STJ. 1ª Turma. REsp 1.312.509-RN, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 07/12/2017 (Info 617).

10.14.Processos nos Tribunais – Meios de impugnação


Do precedente. Da ordem dos processos no tribunal. Incidente de assunção de competência.
Incidente de arguição de inconstitucionalidade. Conflito de competência. Homologação de
decisão estrangeira e da concessão do exequatur à carta rogatória. Ação rescisória.
Reclamação.
● Quando a decisão recorrida for contrária à súmula do STF, do STJ, ou do próprio Tribunal,
acórdão proferido pelo STF e STJ em recurso repetitivo, IRDR ou IAC, o relator pode dar
provimento ao recurso depois de facultada apresentação de contrarrazões.
o ATENÇÃO: para NEGAR não precisa abrir vista para contrarrazões.
● STJ: é possível o requerimento de concessão de tutela provisória na sustentação oral.
● O relator, monocraticamente e no STJ, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando
houver entendimento dominante acerca do tema. Para negar provimento, pode ser
monocraticamente e sumariamente. Para dar provimento, só após as contrarrazões.
● Nem todo precedente do plenário do STF terá stare decisis (vinculação), conforme preconiza o
artigo 927, V do CPC. É preciso que se possa identificar uma ratio decidendi dos ministros, uma
vez que cada um pode votar por um fundamento diverso. Isto posto, é importante as teses.
● Para formação de precedentes somente podem ser usados argumentos submetidos ao
contraditório.
● Exige-se fundamentação adequada e específica para superação de uma determinada
orientação jurisprudencial, motivo pelo qual não se aceita o implied overruling (superação
tácita)

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10.14.1. Reclamação
 Difere da reclamação constitucional. A prevista no NCPC é para garantir a autoridade das
decisões dos Tribunais. A Constitucional é em relação à ADI e Súmulas Vinculantes.
 O uso da reclamação pressupõe o esgotamento da instância ordinária. Enquanto houver
possibilidade de manejo recursal, não é viável o manejo da reclamação.
 O contraditório na reclamação é feito por meio de citação.
 Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante.
● Julgado procedente a reclamação, o Tribunal: a) cassará a decisão exorbitante de seu julgado
ou; b) determinará medida adequada à solução da controvérsia.
● Incabível reclamação preventiva, pois pressupõe um ato que efetivamente tenha usurpado a
competência do Tribunal, violado a autoridade das decisões vinculantes ou incidido em outra
hipótese de cabimento da reclamação.
● Constitucional previsão de reclamação na Constituição dos Estados. Não implica invasão de
competência para legislar sobre direito processual. Não possui natureza jurídica de recurso, é
um direito constitucional de petição.
o ATENÇÃO: STF mudou de entendimento quanto à natureza. Ele entende
possuir natureza jurídica de ação, uma vez que há necessidade de
contraditório prévio através do ingresso do beneficiário do ato como parte.
Assim, há condenação em honorários.
● Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob a
343 sistemática da repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das instâncias
ordinárias, inclusive o julgamento de embargos de declaração.
● Sobre o artigo 71, §1º da 8666 e supostas RECLAMAÇÕES CONSTITUCIONAIS:
o • Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC,
ADPF: cabe reclamação mesmo que a decisão “rebelde” seja de 1ª instância.
Não se exige o esgotamento de instâncias.
o • Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso
extraordinário sob a sistemática da repercussão geral: cabe reclamação, mas
exige-se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do
CPC/2015).
o Súmula vinculante: § 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o
uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas.
o O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da
tese fixada na ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser
ajuizar reclamação discutindo o tema, deverá fazê-lo alegando violação ao
RE 760931/DF (e não mais à ADC 16).  DEVERÁ ESGOTAR AS INSTÂNCIAS
para impetrar reclamação, conforme determinado pelo CPC.
● STF não adota a teoria da transcendência dos motivos determinantes, motivo pelo qual não
cabe reclamação sob o argumento de que a decisão impugnada violou os motivos
(fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que o referido acórdão tenha caráter
vinculante. Isto porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante.

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10.14.2. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas


 Em IRDR, a suspensão nacional se dá por segurança jurídica¸e não por interesse social.
Qualquer parte envolvida em processo que verse sobre a questão objeto do IRDR já instaurado
pode requerer a suspensão nacional, e não somente o MP e DP.
 Será julgado pelo órgão indicado pelo regimento interno do tribunal.
 Será julgado no prazo de 1 ano, e terá preferência sobre os demais feitos, salvo réu preso e HC.
 A partir de sua admissibilidade pelo relator, TODOS os processos sobre o assunto serão
suspensos, pelo prazo de 1 ano, já mencionado. Escoado o prazo, os processos voltam a correr
até que se julgue o IRDR.
 Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os processos individuais e coletivos
que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do
Tribunal, inclusive nos Juizados do Estado/Região do Tribunal.
o Há quem sustente a inconstitucionalidade de tal previsão, vez que apenas a
Constituição tem o condão de vincular decisões.
 Eventuais REx e REsp terão efeito suspensivo automático – art. 987, §1º, com presunção de
repercussão geral da questão eventualmente discutida.

10.14.3. Incidente de Assunção de Competência


 Substituiu o incidente de uniformização de jurisprudência.
 O acórdão proferido em IAC vinculará todos os Juízes e órgãos fracionários do respectivo
tribunal, exceto se houver revisão de tese.
344  É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa
necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito,
com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. Ou seja, tem
aplicação subsidiária ao IRDR, recurso repetitivo ou repercussão geral, pois a não repetição é
pressuposto.
 § 3º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência
originária se reconhecer interesse público na assunção de competência.
10.14.4. Ação rescisória
● Em ações rescisórias julgadas originariamente no STJ ainda existe a figura do revisor, não
obstante o NCPC tenha extinto este, pois permanece na lei 8038.
● Em ação rescisória, quando busca desconstituir a sentença condenatória que fixou honorários
advocatícios sucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra o titular do crédito principal
formado em juízo, mas também contra o advogado em favor de quem foi fixada a verba
honorária.
● A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação
anulatória (art. 966, § 4º, do CPC/2015; art. 486 do CPC/1973). Não cabe ação rescisória neste
caso. Se a parte propôs ação rescisória, não é possível que o Tribunal receba esta demanda
como ação anulatória aplicando o princípio da fungibilidade. Isso porque só se aplica o
princípio da fungibilidade para recursos (e ação anulatória e a ação rescisória não são
recursos). STF. Plenário. AR 2440 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
19/9/2018 (Info 916).
● Súmula 343 STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a
decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais.
o O STF tem afastado a aplicação da súmula quando o debate envolve matéria
constitucional.
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● Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia com o entendimento firmado
pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão rescindendo, ainda que ocorra
posterior superação do precedente (#COMPLICADO, há que se interpretar com o art. 525, §15)
(STF)
o ATENÇAO:
▪ § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
▪ § 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal
Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à segurança
jurídica.
▪ § 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve
ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.
▪ § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo
será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal.
o Só cabe ação rescisória quando o julgamento foi fundado em decisão baseada
345 em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos
repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a
questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu
fundamento.
o REPERCUSSÃO GERALZONA: São constitucionais o parágrafo único do art. 741
e o § 1º do art. 475-L do CPC/1973, bem como os correspondentes dispositivos
do CPC/2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º). São dispositivos
que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da
Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo
com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de
inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que:
▪ a) a sentença exequenda (“sentença que está sendo executada”)
esteja fundada em uma norma reconhecidamente inconstitucional,
seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em
situação ou com um sentido inconstitucionais; ou
▪ b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma
reconhecidamente constitucional; e
▪ c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido de
julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) realizado em data
anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. STF. Plenário.
RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson
Fachin, julgado em 20/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
● A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação
anulatória (art 966, § 4º, do CPC/2015; art 486 do CPC/1973 Não cabe ação rescisória neste
caso. Se a parte propôs ação rescisória não é possível que o Tribunal receba esta demanda
como ação anulatória aplicando o princípio da fungibilidade. Isso porque só se aplica o
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princípio da fungibilidade para recursos (e ação anulatória e a ação rescisória não são
recursos). STF. Plenário AR 2440 AgR/DF, Rel. Min Ricardo Lewandowski, julgado em
19/9/2018(Info 916).
o § 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros
participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação,
nos termos da lei.
o

10.15.Recursos
Recursos. Disposições gerais. Apelação. Agravo de instrumento. Agravo interno. Embargos
de declaração. Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de
Justiça (recurso ordinário, recurso extraordinário e recurso especial). Agravo em recurso
especial e em recurso extraordinário. Embargos de divergência.
● Em regra, não há possibilidade de se complementar recurso, ainda que pendente o prazo
recursal, pois ocorre preclusão consumativa. Só ocorre modificação de razões no caso de
embargos com efeitos modificativos, para alterar ou complementar suas razões, nos exatos
limites de modificação.
● Os honorários recursais estão limitados ao teto estabelecido no CPC, art. 85, §2º, de no
mínimo de 10% e no máximo de 20%.

346 ● Para aferição da possibilidade de utilização de recurso suprimido ou cujas hipóteses de


admissibilidade foram restringidas, a lei a ser aplicada é aquela vigente quando surge para a
parte o direito subjetivo ao recurso, ou seja, a partir da emissão do provimento judicial a ser
impugnado. (É a data da prolação da decisão! E não a data de publicação). Isolamento dos
atos processuais.
10.15.1. Apelação
● O valor das astreintes não pode ser reduzido de ofício em segunda instância quando a questão
é suscitada em recurso de apelação não conhecido.
10.15.2. Agravo de instrumento
● Cabe agravo de instrumento contra decisões que versam sobre
competência/incompetência/suspeição de juiz.
● Cabe agravo de instrumento da revogação (acolhimento de impugnação à concessão) e da não
concessão de justiça gratuita. A concessão só pode ser impugnável por apelação à sentença
(não preclui)
● O STJ entende que o rol do CPC não é exaustivo.
● Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, cabe agravo de
instrumento contra a decisão interlocutória relacionada à definição de competência. Isso com
base em uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015
do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente
para a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda.
● No CPC 73, a impugnação dos benefícios da justiça gratuita corria em autos apartados,
havendo previsão de apelação contra a decisão que resolver a questão de justiça gratuita.
Agora, com o nCPC, só cabe agravo da decisão que rejeita ou acolhe o pedido de revogação.
Mas e o incidente de justiça gratuita pendente quando do início da vigência do NCPC????
o O STJ entende que aplica-se a teoria do isolamento dos atos processuais –
tempus regit actum, de modo que somente é cabível agravo de instrumento,
salvo se a questão for decidida em sentença, quando caberá apelação.

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o Portanto, cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que,


após a entrada em vigor do NCPC, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à
gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do
regramento anterior.
● Em processo de execução, o terceiro afetado pela constrição judicial de seus bens poderá opor
embargos de terceiro à execução ou interpor agravo de instrumento contra a decisão
constritiva, na condição de terceiro prejudicado, mesmo não sendo parte no processo. É
expressamente previsto no CPC – art. 966, e julgado por repetitivo no STJ.
● Cabe AI contra decisão que conceda, modifique ou revogue efeito suspensivo. Entretanto, o
STJ entende admissível a interposição de agravo de instrumento contra decisão que não
concede efeito suspensivo aos embargos de execução, ainda que não conste expressamente
“não concessão de efeito suspensivo”. O rol do artigo 1015, apesar de taxativo, pode ser lido
de forma ampla, com base na interpretação extensiva.
10.15.3. Agravo interno
 A exigência de inclusão em pauta do recurso de agravo interno constitui importante inovação
do NCPC. A inobservância dessa essencial formalidade implicará nulidade do ato de
julgamento.
 STJ: Ao dever de o relator não poder se limitar à reprodução dos fundamentos da decisão
agravada para julgar improcedente o agravo interno corresponde a obrigação de o recorrente
impugnar especificadamente os fundamentos da decisão agravada, motivo por que não lhe é
dado meramente reproduzir as razões deduzidas em seu recurso anterior. Inteligência do art.
347  1.021, §§ 1.º e 3.º, do CPC/2015.
Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a
pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
o A interposição de qualquer outro recurso será condicionada ao pagamento da
multa supra,

10.15.4. Recurso Extraordinário e Recurso Especial


 Súmula 735 STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
o Assim, REx só pode ser ventilado contra decisão definitiva, pois a liminar é
mutável. Ademais, a análise de urgência demanda análise de matéria fática,
inviável na via estreita do REx.
o STJ entende da mesma maneira quanto aos Recursos Especiais.
 Admitido o REx ou REsp por um fundamento, devolve-se ao Tribunal Superior o conhecimento
dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado. Ou seja, é possível que o
Tribunal analise as matérias cognoscíveis de ofício, ainda que não prequestionadas, como as
matérias de ordem pública (prescrição e decadência). Há divergência para todos os lados,
sustentando que não se pode conhecer prescrição não alegada, etc. Verificar.
 É possível que o STF e o STJ desconsiderem vício formal ou determine sua correção, caso não o
repute grave, se o recurso for TEMPESTIVO.
 STF: O despacho que determina a devolução dos autos ao Tribunal a quo para
aplicação/distinguishing da tese já decidida na sistemática da repercussão geral, porquanto
despido de conteúdo decisório, é irrecorrível.

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o ATENÇÃO! Doutrina defende a recorribilidade de tal decisão, com base no art.


1037, §9º e 13º, I, do CPC.
● A admissão de prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC/15), em recurso especial, exige que
no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do CPC/15, para que se possibilite ao
Órgão julgador verificar a existência do vício inquinado ao acórdão, que uma vez constatado,
poderá dar ensejo à supressão de grau facultada pelo dispositivo de lei.
● Não se aplica prazo em dobro para a Fazenda Pública apresentar recursos Extraordinários
contra decisão do TJ em controle concentrado/abstrato de leis locais. ATENÇÃO: a última
decisão do STF em 2016, em sede de ADI, disse que não cabia prazo em dobro. Isso porque é
prazo específico.
● APLICA-SE PRAZO EM DOBRO para a Fazenda Pública apresentar recursos Extraordinários
contra decisão do TJ em controle CONCRETO/difuso (REX) de leis locais.
● Súmula 83-STJ: Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do
tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.
● A suspensão nacional prevista no §5º do artigo 1035 é discricionária do Ministro Relator. Esta
possibilidade aplica-se aos processos de natureza penal.
● No CPC, a nível de primeiro e segundo grau, se depois da propositura da ação houver
superveniência de fato novo que possa influir na ação, caberá ao juiz toma-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença,
devendo ouvir as partes antes de decidir. ENTRETANTO, não cabe à nível de RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, apreciação pelo Tribunal nem fato novo, nem norma nova, a não ser em
348 ● hipóteses excepcionais, como na de alteração de competência constitucional.
Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal que não
admite recurso extraordinário. Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes
não irão suspender ou interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do
CPC/2015. Como consequência, a parte perderá o prazo para o agravo. Nas palavras do STF: os
embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do tribunal que não admite
recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo para interposição de agravo,
por serem incabíveis

10.15.4.1. Repercussão geral


 Em casos de matérias pacificadas no STF antes do regime de repercussão geral, o STF
adotou uma solução meio termo entre negar a repercussão geral aos temas e adotar
repercussão geral ex lege, automaticamente, aos temas: deve a corte se manifestar,
sem a necessidade de repetição da discussão do mérito no Plenário, se a matéria
anteriormente pacificada serão aplicados ou não a repercussão geral, bem como, pode
submeter a matéria novamente ao Plenário. Em caso de entender pela repercussão
geral, admitiu o STF que a decisão colegiada dispensasse a repetição da discussão,
limitando-se, em procedimento simplificado (Plenário Virtual), a confirmar a
subsistência do entendimento firmado.
 A presunção de repercussão geral no cpc é quando a decisão for contrária à
jurisprudência DOMINANTE do STF, e não só jurisprudência.
10.15.5. Embargos de divergência
● Embargos de divergência é para situação de direito material ou processual, contudo, de
mérito. Não cabe embargos de divergência para sanar questão de admissibilidade recursal.
● Embargos de divergência só cabe contra TURMA, não cabendo aos acórdãos prolatados por
Seção, Plenário ou Corte Especial.
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● Súmula 315-STJ: Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento


que não admite recurso especial.
o Os precedentes que deram origem à súmula 315 do STJ referem-se acerca do
não cabimento de embargos de divergência em sede de agravo de
instrumento no recurso especial (atual agravo em recurso especial) quando o
acórdão embargado não tivesse examinado o mérito do recurso especial,
limitando-se a obstar o seu seguimento em razão da existência de óbices de
admissibilidade.
o Em outras palavras, a súmula 315-STJ aplica-se a situações em que no
julgamento do agravo não se apreciou o mérito do recurso especial.
o Por outro lado, se o mérito foi examinado, não é o caso de incidir a súmula,
cabendo, portanto, os embargos de divergência. Assim, cabem embargos de
divergência no âmbito de agravo que não admite recurso especial com base na
Súmula 83/STJ para dizer que, no mérito, o acórdão impugnado estaria em
sintonia com o entendimento firmado por esta Corte Superior, uma vez que se
trata de matéria de mérito.
10.15.6. Embargos de declaração
● Só é considerada OMISSA a decisão que deixe de se manifestar sobre tese firmada em casos
repetitivos ou IAC. Assim, não é o artigo 927 todo, mas só o inciso III. A decisão é omissa ainda
que a parte não invoque o precedente. Se invocar e o juiz não a debater, é não fundamentada.
Deve realizar o distinguishing.
● A omissão que enseja o acolhimento de embargos de declaração consiste na falta de
349 manifestação expressa sobre algum fundamento de fato ou de direito ventilado nas razões
recursais.
● A contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração é a contradição interna,
verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial, ou seja, a
contradição entre a fundamentação e o dispositivo. Não pode ser considerada “contradição” a
divergência entre a solução dada pelo órgão julgador e a solução que almejava o
jurisdicionado.
● STF: a contradição a autorizar os embargos de declaração é a contradição INTERNA.
● São protelatórios os embargos opostos contra acórdão em harmonia com o STF/STJ, ou ainda,
julgado pelo rito dos recursos extraordinários e especial repetitivos.
● ATENÇÃO!!! Os efeitos interruptivos dos embargos de declaração são apenas para RECURSOS.
Os embargos de declaração não interrompem ou suspendem os prazos para CONTESTAR. STJ:
A oposição de embargos de declaração não tem aptidão de interromper o prazo para o
oferecimento da contestação.
● STJ: Os embargos de declaração somente não interrompem o prazo para outros recursos
quando intempestivos, manifestamente incabíveis ou nos casos em que oferecidos, com
pedido de aplicação de efeitos infringentes, sem a indicação, na peça de interposição, de vício
próprio de embargabilidade”
● STJ: A oposição de embargos de declaração à decisão de inadmissibilidade do recurso especial,
em regra, não interrompe o prazo para interposição do agravo nos próprios autos”
o STJ: excepcionalmente, atribui-se o efeito interruptivo aos embargos de declaração
opostos à decisão de inadmissibilidade do recurso especial quando a decisão é tão
genérica que sequer permite a interposição do agravo.
o (...) 1. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o agravo em recurso especial
é o único recurso cabível contra decisão que nega seguimento a recurso especial. Assim,
a oposição de embargos de declaração não interrompe o prazo para a interposição de
ARESP.
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Precedentes.
2. Excepcionalmente, nos casos em que a decisão for proferida de forma bem genérica,
que não permita sequer a interposição do agravo, caberá embargos. (...)
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1143127/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017.
● Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal que não
admite recurso extraordinário. Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes
não irão suspender ou interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do
CPC/2015. Como consequência, a parte perderá o prazo para o agravo. Nas palavras do STF: os
embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do tribunal que não admite
recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo para interposição de agravo,
por serem incabíveis. STF. 1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgados em 28/11/2017 (Info 886).
● STF: Em tese, os segundos embargos são admissíveis, isso quando os vícios ocorram na decisão
referente aos primeiros embargos.
● Enunciado 76 da I Jornada de Direito Processual Civil: É considerada omissa, para efeitos do
cabimento dos embargos de declaração, a decisão que, na superação de precedente, não se
manifesta sobre a modulação de efeitos.
● Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão
unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente.

350 ● O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser
este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no
prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências
do art. 1.021, § 1º.”.
● Os embargos de declaração, ainda que contenham pedido de efeitos infringentes, não devem
ser recebidos como pedido de reconsideração.

10.15.7. Recurso adesivo
 Será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;

10.16.Juizados Especiais
Subsistema dos juizados especiais. Princípios informadores. Juizados Especiais Federais:
competência, procedimento e recursos.
● Compete à Turma Recursal julgar Mandado de Segurança contra ato de Juizado Especial
Federal em relação aos ATOS do JUIZ.
o Em relação ao controle de sua competência, cabe MS ao TRF.
o Mesma interpretação se dá em juizados estaduais.
o Resumindo:
o Parte impetra MS contra ato do juiz do juizado: a competência para julgar é
da Turma Recursal (Súmula 376-STJ).
o Parte impetra MS contra Turma Recursal (se for para discutir o mérito): não é
cabível.
o Parte impetra MS contra Turma Recursal (se for para discutir se a causa pode
ou não ser julgada no Juizado - competência): a competência para julgar este
writ é do TJ (ou TRF).
● É admissível mandado de segurança contra ato de juizado que cause danos grave e não haja
recurso.

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● JEF: não condenará o vencido em custas e honorários de advogados, ressalvados os casos de


litigância de má-fé.
o Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.
● Não se aplica reserva de plenário aos juizados especiais, uma vez que não são organizados em
órgão especial ou regime de plenário. Juizados não são tribunais.
o Bizu: é o mesmo raciocínio utilizado para que o STJ não aceite o RESP de
Turma Recursal, cabendo só o pedido de uniformização de jurisprudência, uma
vez que a constituição fala de recurso oriundo de decisão de TRF e TJ’s. Só
cabe, em turma recursal, REX e Embargos de declaração.
Qual é o instrumento jurídico cabível contra acórdão de Turma Recursal
que viole entendimento consolidado ou mesmo sumulado do STJ?

1) Juizado Especial Estadual: 2) Juizado Especial Federal: 3) Juizado da Fazenda Pública:


Reclamação para o TJ Pedido de uniformização de Pedido de uniformização de
jurisprudência. jurisprudência.

Fundamento: Fundamento:
Fundamento:

351 Resolução 03/2016 do STJ.


art. 14 da Lei nº 10.259/2001. art. 19 da Lei nº 12.153/2009.

Hipóteses de cabimento: Hipótese de cabimento:


Hipóteses de cabimento:
Cabível quando a decisão da Cabível quando a decisão da
Cabível quando a decisão da Turma contrariar: Turma contrariar súmula do STJ.
Turma contrariar jurisprudência
do STJ consolidada em: a) jurisprudência dominante do
STJ; ou
a) incidente de assunção de
competência; b) súmula do STJ.
b) incidente de resolução de
demandas repetitivas (IRDR);
c) julgamento de recurso especial
repetitivo;
d) Súmulas do STJ;
e) precedentes do STJ.

● No âmbito dos juizados especiais não é admitido nenhum tipo de intervenção de terceiros pelo
art. 10, 1ª parte, da Lei 9.099/95. A regra se coaduna com os princípios regentes dos juizados
vazados no art. 2º da Lei 9.099/95, já que a ampliação subjetiva da lide além de demandar
maior tempo na solução do litígio, agregaria maior complexidade à causa, militando em
desfavor do autor. Por outro lado, o litisconsórcio é expressamente admitido no art. 10, 2ª
parte, da Lei 9.099/95

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Admite-se que o litisconsórcio passivo nos juizados especiais federais ou da fazenda pública
seja composto tanto por entes públicos entre si ou mesmo por particulares desde que
conjuntamente com entes públicos.
● A jurisprudência é firme em afirmar que o exaurimento das diligências de localização
do réu deve ser envidado pelo próprio juizado, não sendo atribuição do juiz cível
tentar esgotar os meios possíveis de citação real do réu.
● O pedido de uniformização para TNU só cabe para decisões divergentes entre turmas
recursais para decidir aspecto de DIREITO MATERIAL. Direito processual NÃO.

10.17.Ações Constitucionais
10.17.1. Mandado de segurança
 Se o ato normativo consubstancia ato administrativo, assim de efeitos concretos, cabe contra
ele o mandado de segurança. Todavia, se o ato - lei, medida provisória, regulamento - tem
efeito normativo genérico, por isso mesmo sem operatividade imediata, necessitando, para a
sua individualização, da expedição de ato administrativo, então contra ele não cabe mandado
de segurança, já que, admiti-lo implicaria admitir a segurança contra lei em tese.
 Qualquer matéria (de fato ou de direito) pode ser debatida em mandado de segurança, desde
que seja provada documentalmente, independentemente de sua complexidade.

o Súmula 625 STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão
de mandado de segurança.
352 ● No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública, as
parcelas devidas entre a data de impetração de a de implementação da concessão da
segurança devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha suplementar.
● Os efeitos financeiros, por ocasião da concessão da segurança, devem retroagir à data de sua
impetração, devendo os valores pretéritos ser cobrados em ação própria. STJ. Corte Especial.
EREsp 1087232/ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/12/2016. STJ. 1ª Turma. AgInt
no REsp 1481406/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 17/04/2018.
● Denegada a segurança por falta de direito líquido e certo, ou seja, por ser necessária a dilação
probatória, já se viu que, nesse caso, extingue-se o processo sem resolução do mérito. Não
obstante o uso do termo denegação da segurança, nesse caso não se está a julgar o mérito,
nem se está a afirmar que o impetrante não tem razão; apenas se constatou a necessidade de
dilação probatória, sendo inadequada a via do mandado de segurança. Não há, então, coisa
julgada. Esse é o sentido do § 6º do art. 6º da Lei 12.016/2009, bem como do enunciado 304
da Súmula do STF”. Veja-se que a súmula 304 do STF afirma que “Decisão denegatória de
mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da
ação própria”
● Jurisprudência entende que a aplicação do 109, §2º é cabível em MS, de modo que não há na
CF qualquer restrição a tipos de ação. Isso privilegia acesso à justiça e efetividade de jurisdição.
Assim, a teoria da competência fixada com base no domicílio da autoridade coatora vem sendo
mitigada pela jurisprudência.
● O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que, ante o caráter mandamental e a
natureza personalíssima da ação, não é possível a sucessão de partes no mandado de
segurança, ficando ressalvada aos herdeiros a possibilidade de acesso às vias ordinárias.
● No MS, admite-se ingresso de litisconsorte ativo ATÉ o despacho da inicial.
● Em MS não é admitido intervenção de terceiros, nem de amicus curiae, que é espécie de
intervenção.

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● A aplicação da teoria da encampação, que mitiga a indicação errônea da autoridade coatora


em mandado de segurança, tem lugar quando presentes os seguintes requisitos:
o a) há vínculo hierárquico entre a autoridade impetrada que prestou as
informações e aquela que determinou a prática do ato. Ex: Governador e
Secretário Estadual;
o b) a autoridade impetrada, em suas informações, manifestou-se sobre o
mérito do mandado de segurança; e
o c) se o MS for julgado não haverá modificação na competência
constitucionalmente estabelecida. Ex: o MS foi impetrado contra o
Governador, mas o ato era do Secretário de Estado. Pela Constituição
Estadual, o TJ é competente para julgar tanto MS tanto no caso de Governador
como no de Secretário.
● Lembrar que em caso de denegação de MS originário de Tribunal o recurso cabível é RECURSO
ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL,
● Desde a EC 01/69 os direitos fundamentais se estendem aos estrangeiros que não residem no
Brasil, motivo pelo qual é possível que um estrangeiro impetre mandado de segurança.
● Se no curso de um processo administrativo federal é praticado ato contrário aos interesses da
parte, o prazo de 120 dias para impetração de mandado de segurança somente se inicia
quando a parte for intimada diretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99. O
termo inicial para a formalização de mandado de segurança pressupõe a ciência do
impetrante, nos termos dos arts. 3º e 26 da Lei nº 9.784/99, quando o ato impugnado surgir

353 ● no âmbito de processo administrativo do qual seja parte. Publicação NÃO!


As leis de efeitos concretos, pura e simplesmente em razão de sua vigência, já viabilizam o
manejo de mandado de segurança preventivo para tutelar pretensão subjetiva.
o Atuam concreta e imediatamente como qualquer ato administrativo de efeitos
individuais e específicos, razão pela qual se expõem ao ataque pelo mandado
de segurança.
o Nos casos de violação decorrente de lei de efeito concreto, é desnecessária na
ação mandamental a produção de provas que comprove a situação de risco do
impetrante.
o Em se tratando de lei de efeitos concretos, uma vez que basta a vigência da lei
instituidora da base de cálculo do tributo para que haja a incidência da
respectiva exação aos fatos geradores ocorridos, ferindo direito subjetivo, é
despicienda a produção de provas que comprove a situação de risco da
impetrante. Assim, plenamente cabível o mandado de segurança impetrado
com o objetivo de afastar a incidência do tributo em questão.
o Doutrina e jurisprudência entendem que, se a lei gera efeitos concretos,
ferindo direito subjetivo, é o mandado de segurança via adequada para
impugná-la.
● É competência da Justiça Federal o MS contra ato de entidade privada concessionária do
serviço de fornecimento de energia elétrica, acerca da interrupção do fornecimento de
energia elétrica, sendo dirigido contra entidade não integrante da Administração Federal.
Fundamento: a interrupção foi praticada na competência delegada à União, do artigo 21, XII,
b, CF, não configurando mero ato de gestão. Passível, portanto, de MS.
● Autoridade coatora é aquela que tem o poder de ordenar a prática do ato ou seu
desfazimento, e não aquela que executa materialmente a ordem, sem poder decisório.

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 Desistência de MS: é possível, independentemente de aceite da parte impetrada e dos


eventuais litisconsortes necessários, e se pode dar durante TODO o trâmite do processo,
inclusive após a sentença.
 Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para opinar nos processos de
mandado de segurança, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.016/2009. No entanto, a
oitiva do Ministério Público é desnecessária quando se tratar de controvérsia acerca da qual o
tribunal já tenha firmado jurisprudência. Assim, não há qualquer vício na ausência de remessa
dos autos ao Parquet que enseje nulidade processual se já houver posicionamento sólido do
Tribunal. Nesses casos, é legítima a apreciação de pronto pelo relator. STF. 2ª Turma. RMS
32482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018
(Info 912).
 Não é instrumento processual adequado para o controle de constitucionalidade de leis e atos
normativos.

10.17.2. Habeas data
● “O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio
contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas
informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos entes
estatais”.
● Incabível habeas data para ter acesso aos critérios utilizados na correção de provas em
concurso público.
354 ● É necessária prova da recusa da autoridade administrativa ao acesso às informações; prova do
decurso do prazo de mais de 10 dias; prova da recusa de retificar ou decurso de 15 dias; prova
da recusa de anotar ou decurso de 15 dias.

10.17.3. Mandado de Injunção
 Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente
ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
 Segundo o STF, a expressão “atividades de risco”, veiculada no art. 40, § 4º, II, da Constituição
Federal, por sua natureza aberta, a apontar para a existência de significativa liberdade de
conformação por parte do legislador, só revela omissão inconstitucional, suscetível de ser
colmatada em mandado de injunção, no caso de periculosidade inequivocamente inerente ao
ofício.

10.18.Ações coletivas
Ações coletivas. Legitimidade ativa. Competência. Coisa julgada. Execução e cumprimento de
sentença. Regras procedimentais aplicáveis.
10.18.1. Regra geral de Direito Coletivo
● O ajuizamento de ação versando interesse difuso tem o condão de interromper o prazo
prescricional para a apresentação de demanda judicial que verse interesse individual
homogêneo.
● O exercício da legitimação extraordinária, conferida para tutelar direitos individuais e
homogêneos em ACP, não pode ser estendido para abarcar a disposição de interesses
personalíssimos, tais como a intimidade, a privacidade e o sigilo bancário dos substituídos.
o Súmula 601 STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos
consumidores ainda que decorrente da prestação de serviço público.
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o “O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública


que vise ao fornecimento de remédios a portadores de certa doença”.
Repercussão geral e Repetitivo
● Constitui ônus do demandado dar ciência inequívoca da propositura da ação coletiva àqueles
que propuseram ações individuais, a fim de que possam fazer a opção pela continuidade do
processo individual, ou requerer a sua suspensão para se beneficiar da sentença coletiva.
● Os autores de ações individuais em cujos autos não foi dada ciência do ajuizamento de ação
coletiva e que não requereram a suspensão das demandas individuais podem se beneficiar dos
efeitos da coisa julgada formada na ação coletiva. Isto porque eles não podem ser
prejudicados pela ausência da notificação.
● Remessa necessária:
o STJ: não cabe remessa necessária quando a ACP versa sobre direitos individuais
homogêneos, pois o direito ali discutido não possui transindividualidade e relevância
para a coletividade como um todo.
o Cabe remessa necessária em improcedência das ações coletivas, pois foi lesada a
coletividade.
o Cabe remessa necessária em caso de carência e improcedência de ACP,
independentemente do valor atribuído à causa, em analogia ao artigo 19 da LAP.
Quando uma ACP é improcedente, quem tem a perder com isso é a coletividade.
● O juiz tem amplos poderes em ação coletiva, podendo determinar provas, alterar pedidos
depois de já citado, alterar prazos.
o Transporte in utilibus da coisa julgada: só beneficia os indivíduos, nunca os prejudica.
355 Assim, a improcedência da ação coletiva não impede que o sujeito intente ação
individual. Isso ocorre porque o legitimado extraordinário coletivo não pede autorização
dos titulares dos direitos metaindividuais antes de propor a ação coletiva. Assim, não
pode ser prejudicado se não pediu para que seu direito fosse buscado. A exceção fica
por conta do litisconsórcio, de modo que se um indivíduo foi parte na ação ao lado do
legitimado, a coisa julgada alcançar-lhe-á.
o Fluid recovery: execução feita pelos legitimados quando decorrido um ano sem
habilitação de interessados na execução/liquidação da tutela de direito individual
homogêneo.
o Coisa Julgada: é a qualidade dos efeitos da sentença. Qualidade de imutabilidade.
▪ Limites objetivos: em regra, a parte dispositiva do julgado.
▪ Limites subjetivos:
▪ Os limites subjetivos não prejudicam ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos.
▪ Mas, se procedente o pedido, beneficiarão todas as vítimas e seus sucessores,
que poderão proceder à liquidação e à execução. Porém, havendo ações
individuais, deve ter pedido de suspensão desta para usufruir dos efeitos da ação
coletiva.
▪ Ademais, em caso de difusos e coletivos, as ações não induzem litispendência
para as ações individuais.
▪ A sentença civil fará coisa julgada erga omnes nos limites da competência
territorial do órgão prolator, salvo insuficiência de provas (COM EXCEÇÃO DOS
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, que faz coisa julgada material a
improcedência, impedindo nova ação por insuficiência de provas na ação anterior)
▪ Em sentido contrário, é o STJ: A eficácia das decisões proferidas em ações civis
públicas coletivas NÃO deve ficar limitada ao território da competência do órgão

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jurisdicional que prolatou a decisão.STJ. Corte Especial. EREsp 1134957/SP, Rel.


Min. Laurita Vaz, julgado em 24/10/2016
● Erga omnes: em interesses difusos. Na procedência e na improcedência.
Neste último, se por falta de provas, pode intentar nova ação coletiva.
Nunca ficará prejudicada a ação individual em caso de improcedência.
(secundum eventum probationis)
● Ultra partes: em interesses coletivos. Na procedência e na improcedência.
Neste último, se por falta de provas, pode intentar nova ação coletiva.
Nunca ficará prejudicada a ação individual em caso de improcedência.
(secundum eventum probationis)
● Erga omnes: em interesses individuais homogêneos. No caso de
procedência e improcedência. PORÉM, SOMENTE IMPEDE NOVA AÇÃO
COLETIVA NO CASO DE IMPROCEDÊNCIA, MESMO NO CASO DE FALTA DE
PROVAS. MAS, cabe demanda INDIVIDUAL, pois estes nunca podem ser
prejudicados. (secundum eventum litis). Logo, só atinge os particulares se
eles forem beneficiados.
o STJ: Após o trânsito em julgado de decisão que julga
improcedente ação coletiva proposta em defesa de direitos
individuais homogêneos, independentemente do motivo que
tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a
propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro
legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da federação.
356 ▪ Transporte in utilibus da coisa julgada: em todos os interesses transindividuais, a
coisa julgada NUNCA PREJUDICA as pretensões individuais, nem mesmo no caso
de ação coletiva improcedente por falta de provas. SÓ BENEFICIA. Logo, a coisa
julgada só será transportada ao particular se for in utilibus.
o Exceção: assistente litisconsorcial. Se os lesados individuais forem partes
no processo coletivo como assistente litisconsorcial, a coisa julgada o
abrange, não podendo propor uma ação individual em caso de
improcedência do pedido, ainda que por falta de provas.
▪ Coisa julgada sobre quem tem ação individual em curso: deverá requerer a
suspensão da ação individual em 30 dias, a contar da data em que o autor é
avisado, nos autos da ação individual, de que há uma ação coletiva. Se ele não
pedir, não será beneficiado. O ônus de informar da ação coletiva é do
réu/demandado. Se ele não for informado poderá usufruir da coisa julgada,
ainda que tenha ação individual.
▪ Em ações multitudinárias, a suspensão da ação é obrigatória (recurso repetitivo).
Devendo ser ordenada pelo juiz de ofício.
▪ Coisa julgada coletiva sobre quem já tem coisa julgada individual: 2 correntes.
Não pode se beneficiar. Pode se beneficiar. PARA AGU seguir que não pode se
beneficiar.
▪ Extensão territorial da coisa julgada: só vale no território onde o juiz tem
competência.
● STF: não se aplica aos casos de órgão jurisdicional com competência sobre
todo o território.
● STJ: (repetitivo): as sentenças e acórdãos na ACP VALERÃO PARA TODO O
PAÍS, não tendo mais sua execução limitada ao município onde foram
proferidas. : A liquidação e a execução individual de sentença genérica
proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do
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beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não estão


circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos
do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão
do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo
(arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).
▪ Relativização da coisa julgada: aplica-se às ações coletivas. Cabe rescisória no
prazo de 2 anos.
o Relação entre demandas (litispendência): não é tríplice identidade (partes, pedido,
causa de pedir), como no processo individual, mas sim identidade da relação jurídica
material. Se o MP e a DP entra com o mesmo pedido, há litispendência, ainda que
partes diferentes. O Juiz pode conhecer de ofício a qualquer tempo (individual e
coletiva)
▪ REGRA:
o COLETIVA X INDIVIDUAL
▪ Identidade total: entre individuais e coletivas nunca será possível, já que as partes
nunca serão iguais. 104 CDC: ações coletivas não induzem litispendência para as
ações individuais.
▪ Meramente parcial: é possível no que diz respeito à causa de pedir. Há CONEXÃO
apenas. PORÉM não gera reunião, mas sim a SUSPENSÃO da ação individual. A
suspensão pode ser facultativa (requerida pela parte) ou obrigatória judicial nas
ações multitudinárias
▪ COLETIVA x COLETIVA
357 ▪ Identidade total: possível, com base na identidade da relação jurídica (material).
Ex: MPE e MPF. 2 correntes:
● Extinção da ação repetida, podendo a parte entrar em
litisconsórcio na primeira ação.
● Reunião para julgamento conjunto. Não sendo possível,
suspensão de uma delas. MAJORITÁRIA.
o É possível litispendência entre ações coletivas de rito
diverso. Ex: AP e ACP, isso por causa da atipicidade da
tutela jurisdicional coletiva (qualquer ação pode
tutelar direito coletivo). Trata-se de Ação
MULTILEGITIMÁRIA.
▪ Identidade parcial: conexão ou continência e, não sendo possível, suspensão.
▪ STJ. Súmula 489: “Reconhecida a continência, devem ser reunidas na
Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça
estadual.”
o ATENÇÃO: não há litispendência entre ação coletiva que discuta direito difuso
e outra que discuta direito individual homogêneo, ainda que ambas estejam
fundamentadas nos mesmo fatos (causa de pedir remota), mas sim CONEXÃO.
● A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário,
ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os
filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à
inicial do processo de conhecimento.
o REQUISITOS para representação dos filiados: (i) CF requer autorização
expressa dos filiados.
o XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
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o A representação da associação pode ser em interesse judicial ou extrajudicial.


o A mera previsão em estatuto é INSUFICIENTE, devendo a entidade anexar à
inicial o nome dos filiados que autorizaram a representação, podendo ser feito
em assembleia.
o Isso é só para ações ordinárias, pois em ações específicas, como o MS, a
associação atua como SUBSTITUTO processual, não necessitando de
autorização.
● Legitimados:
o STJ: Na hipótese em que sindicato atue como substituto processual em ação
coletiva para a defesa de direitos individuais homogêneos, não é necessário
que a causa de pedir, na primeira fase cognitiva, contemple descrição
pormenorizada das situações individuais de todos os substituídos. No
microssistema do processo coletivo, prevalece a repartição da atividade
cognitiva em duas fases: num primeiro momento, há uma limitação da
cognição às questões fáticas e jurídicas comuns às situações dos envolvidos;
apenas em momento posterior, em caso de procedência do pedido, é que a
atividade cognitiva é integrada pela identificação das posições individuais de
cada um dos substituídos
● PREVENÇÃO – Critério para reunião/unificação:
o ACP: PROPOSITURA (distribuição ou despacho judicial) Atenção: o NCPC
adotou o regramento do processo coletivo na distribuição em seu art. 59: “O
registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo”.
358 ● COMPETÊNCIA:
o Funcional: regra é primeira instância, ainda que contra Presidente, Senado,
Câmara, Juízes, Prefeitos.
▪ EXCEÇÕES:
● Quando interessar a totalidade dos juízes, ou ficar
configurado após o julgamento na primeira instância o
impedimento de mais da metade dos desembargadores para
apreciar o recurso voluntário/remessa necessária → STF.
● Quando a causa substantivar conflito entre União e Estado-
membro → STF.
o Material: segue as normas da constituição da justiça do trabalho, eleitoral,
federal e estadual.
▪ Súm STJ 150: Compete à JF decidir sobre existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.
o Valorativo: não cabe ACP, AP ou nada em JEC.
o Territorial: qualquer que seja o interesse metaindividual:
▪ No foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de
âmbito local.
▪ Na Capital do Estado (regional) ou no DF (regional ou nacional), para
danos de âmbito nacional ou Regional.
● DF: competência concorrente alternativa para dano nacional.
● EXECUÇÃO, LIQUIDAÇÃO e CUMPRIMENTO DE SENTENÇA:
o Salvo quando se tratar de Direitos Individuais e Homogêneos, a liquidação
coletiva pode ser buscada numa fase específica do processo coletivo, sem
necessidade de instauração de novo processo apenas com esse objetivo.

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o A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por


elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente.
o Direitos difusos e coletivos:
▪ Liquidação e execução de PRETENSÃO COLETIVA: padrão de
liquidação de sentença individual.
● Os legitimados executam e se em 60 dias não o fizerem, cabe
o MP, em razão da indisponibilidade da execução da
pretensão coletiva.
● Destinatários: indenização revertida a um FUNDO de
reparação de bens lesados e campanhas educativas. Esse
fundo é público e sua utilização exige lei orçamentária. Não
importa se é interposta por Associação, vai para o fundo.
o Se o dano for contra patrimônio público, o dinheiro
vai para a pessoa jurídica lesada.
● Competência: juiz da condenação.
▪ PRETENSÃO INDIVIDUAL da sentença coletiva: faz-se o transporte in
utilibus da coisa julgada.
▪ Liquidação e execução de pretensão INDIVIDUAL: em razão do
transporte in utilibus, segue o modelo da liquidação de sentença
genérica envolvendo direitos individuais homogêneos.
▪ O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento
359 consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são devidos
honorários advocatícios nos procedimentos individuais de
cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que
não impugnados e promovidos em litisconsórcio. O art. 85, § 7º, do
CPC/2015 não se aplica para as execuções individuais, ainda que
promovidas em litisconsórcio, pedindo o cumprimento de julgado
proferido em sede de ação coletiva lato sensu ação civil pública ou
ação de classe. Em resumo, a Súmula 345 do STJ continua válida
mesmo com o art. 85, § 7º, do CPC/2015. Súmula 345-STJ: São devidos
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas. Art. 85. (...) § 7º Não serão devidos honorários no
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje
expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada. STJ.
Corte Especial. REsp 1648238-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
20/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 628).
▪ Fracionamento de honorários de advogado (Divergência no STF)
● Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios
em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra
a Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório.
A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só,
fixada de forma global, pois se trata de um único processo, e,
portanto, consiste em título a ser executado de forma una e
indivisível. STF. Plenário. RE 919269/RS, Rel. para acórdão Dias
Toffoli, julgado em 07/02/2019.
▪ Legitimados: vítimas e sucessores.

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▪ Destinatários do dinheiro: vítimas e sucessores, após liquidação


prévia da sentença.
▪ Liquidação de sentença: a sentença será genérica fixando a
responsabilidade do réu pelos danos causados. Pode o credor
requerer cálculo aritimético. Por arbitramento. Por artigos e precisar
provar fato novo.
● Tem que comprovar o nexo de causalidade e o dano, bem
como, apurar o quanto devido.
▪ Competência: foros concorrentes.
● Juízo da condenação.
● Juízo do domicílio do lesado/sucessores.
o Direitos Individuais e homogêneos: prova-se o dano, o nexo de causalidade, o
montante do dano. Pode a vítima liquidar ou o ente coletivo (legitimados para
propor a ACP, em REPRESENTAÇÃO e não substituição), em relação à
pretensão individual destes. Aqui não há o fundo coletivo, há indenização das
vítimas e sucessores.
▪ Pretensão individual: vítima e sucessores já liquidadas.
▪ Pretensão individual de ente coletivo: legitimados coletivos em
representação das vítimas já identificadas e liquidadas.
▪ Coletiva residual (fluid recovery): legitimados coletivos, indo a
indenização para o Fundo. Passado 1 ano sem habilitação, os
legitimados coletivos fazem uma estimativa de quanto seria a
360 indenização para cada um executar. O dinheiro é enviado para o um
FUNDO. Esse período de um ano dobra (passando a ser dois anos) se
a ACP objetivar interesses de investidores lesados no mercado de
valores mobiliários
o A legitimidade coletiva é subsidiária, preferindo que a sentença seja executada
individualmente (STJ 2012)
● A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou entendimento no sentido de
que o ajuizamento da execução individual, derivada de decisão proferida no
julgamento de ação coletiva, tem como foro o domicílio do exequente, em
conformidade com os artigos 98, § 2º, I, e 101, I, do CDC, afastada a ocorrência de
prevenção do juízo que examinou o mérito da ação coletiva.
● ATENÇÃO!!! Súmula 601 STJ de 2018: O Ministério Público tem legitimidade ativa
para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos
consumidores ainda que decorrente da prestação de serviço público.
● Cabe execução provisória em processo coletivo de pagar quantia, exceto contra a
Fazenda Pública.
● Se o prejuízo for ao patrimônio público, o destinatário do valor devido é o Poder
Público, e não o Fundo.
● Há ordem de preferência no pagamento das indenizações:
individuais→coletivas→difusas.
● CUSTAS E SUCUMBÊNCIA: não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas
processuais.
● Súmula 345 do STJ. São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas. Ver o julgado REPETITIVO em 2018, logo acima.
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● FUNDO:
o Lesão a interesses indivisíveis: O produto irá para o fundo do art. 13 da LACP e
seu destino será decidido pelo respectivo conselho gestor, para aplicação
flexível, conforme mencionado acima. Seu uso depende de autorização
orçamentária, haja vista tratar-se de recurso público.
o Lesão a interesses divisíveis: O produto é destinado entre os lesados.
o Lesão ao patrimônio público em sentido estrito: O destinatário é a Fazenda.
● PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA da pretensão executiva:
● STJ: prescreve em 5 anos, conforme previsto na LAP. Porém:
o PATRIMÔNIO PÚBLICO e MEIO AMBIENTE: são imprescritíveis.
o O que prescreve é a VIA COLETIVA e não o direito material. Portanto, a
pretensão individual não é condicionada o ao prazo prescricional.
● STJ: No âmbito do Direito Privado, é de cinco anos o prazo prescricional para
ajuizamento da execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida
em Ação Civil Pública.
● STJ: O prazo prescricional da execução individual é contado do trânsito em julgado da
sentença coletiva, sendo desnecessária a ampla divulgação do processo exigida pelo
CDC. Isso porque a ampla divulgação é para a propositura da ação coletiva, para que
eventuais interessados possam intervir no processo ou acompanhar seu trâmite, nada
estabelecendo, porém, quanto à divulgação do resultado do julgamento.
COLETIVOS
● DIFUSOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
361 (em sentido estrito)
Ex: determinado lote de um
Ex: direito ao meio ambiente Ex: reajuste abusivo das
remédio causou lesão a alguns
ecologicamente equilibrado. mensalidades escolares.
consumidores.
São classificados como direitos
São classificados como direitos São classificados como direitos ACIDENTALMENTE COLETIVOS(isso
ESSENCIALMENTE COLETIVOS. ESSENCIALMENTE COLETIVOS. porque são direitos individuais, mas
tratados como se fossem coletivos).
Há uma transindividualidade
São transindividuais São transindividuais ARTIFICIAL, formal ou relativa(são
(há uma transindividualidade real (há uma transindividualidade real direitos individuais que, no entanto,
ou material). ou material). recebem tratamento legal de
direitos transindividuais).

Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza DIVISÍVEL.


Têm natureza INDIVISÍVEL.
Tais direitos pertencem a todos de
forma simultânea e indistinta. O resultado será o mesmo para O resultado da demanda pode ser
aqueles que fizerem parte do diferente para os diversos titulares
O resultado será o mesmo para
grupo, categoria ou classe de (ex: o valor da indenização pode
todos os titulares.
pessoas. variar).

Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:


• indeterminadas e • indeterminadas, • determinadas; ou
• indetermináveis. • mas determináveis. • determináveis.

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Não se tem como determinar Os titulares são, a princípio,


(dizer de maneira específica) quem indeterminados, mas é possível
são os titulares desses direitos. Isso que eles sejam identificados.
porque são direitos que não
Os titulares fazem parte de um
pertencem a apenas uma pessoa,
grupo, categoria ou classe de
mas sim à coletividade.
pessoas.

Caracterizam-se, portanto, pela


Caracterizam-se, portanto, pela
indeterminabilidade ABSOLUTA.
indeterminabilidade RELATIVA.
Caracterizam-se, portanto, pela
DETERMINABILIDADE.
Os titulares desses direitos NÃO
possuem relação jurídica entre si. EXISTE uma relação jurídica base
entre os titulares.
Os titulares não são ligados entre si,
Os titulares são ligados por mas seus interesses decorrem de
CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. Os titulares são ligados entre si ou uma ORIGEM COMUM.
com a parte contrária em virtude
Os titulares se encontram em uma de uma RELAÇÃO JURÍDICA BASE.
situação de fato comum.

362 Outros exemplos:


interesses ligados aos membros
de um mesmo sindicato ou
partido; integrantes de um
Outros exemplos:
Outros exemplos: mesmo conselho profissional (ex:
OAB). Ex: pílula de farinha como
patrimônio histórico; moralidade
anticoncepcional: só tem direito a
administrativa; publicidade
mulher que comprovar que tomou o
enganosa divulgada pela TV.
O MP tem legitimidade para remédio daquele lote.
promover ACP cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de
mensalidades escolares (Súmula
643-STF).

10.18.2. Ação Civil Pública


● Surge para proteger o meio ambiente, através da PNMA, artigo 14, §1º, que determina o MP
como legitimado para ressarcir o dano ambiental.
● ACP foi criada pela PNMA, regulamentada pela lei 7347, consolidada pela CF e potencializada
pelo CDC.
● Há previsão em duas súmulas:
▪ STF 643: MP tem legitimidade para promover ACP cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
▪ STJ 329: MP tem legitimidade para propor ACP em defesa do
patrimônio público.
● Objeto da ACP: tutela preventiva (inibitória ou de remoção do ilícito) ou ressarcitória (moral
ou material) do: meio-ambiente (natural, artificial, cultural e do trabalho), consumidor, bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ordem econômica, ordem

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urbanística, honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, qualquer outro


interesse ou direito metaindividual.
▪ Condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
▪ ATENÇÃO:
● Contra ato jurisdicional não se admite ACP, pois há meios próprios de
impugnação.
● ACP não pode fazer às vezes de ADI, embora a inconstitucionalidade de
determinado ato normativo possa ser questão prejudicial, como meio de
controle difuso.
● Admissível ACP para responsabilizar alguém por danos morais
o Tutela preventiva e tutela reparatória.
▪ Preventiva: opera antes da ocorrência do dano.
● Inibitória: tem lugar antes do ilícito, evitando a ocorrência do
dano.
● Remoção do ilícito: depois de ocorrido o ilícito, mas enquanto
não ocorrido o dano.
▪ Ressarcitória: ocorre depois do dano (moral ou material).
● STJ: embora a coletividade não possua personalidade, ela tem consciente
coletivo, o qual pode sofrer dano moral. O dano moral ocorre em direito
coletivo em sentido estrito ou individuais homogêneos.
● Danos sociais: difere de morais coletivos. São lesões à sociedade, no seu
nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral quanto por
363 diminuição da qualidade de vida, dando causa a indenização punitiva.
Possui caráter punitivo. É indispensável o pedido expresso. Aqui, o valor vai
para um fundo de reparação, em regra. No dano moral coletivo, é
destinado às vítimas. Só cabe para direitos difusos.
o Pode ser a ACP para qualquer interesse coletivo, difuso, individual homogêneo.
o Vedação de objeto: tributos; contribuições previdenciárias; FGTS; fundos de
natureza institucional.
● O dano moral coletivo é uma categoria autônoma de dano.
● Para que o dano moral coletivo seja reconhecido, não é necessário que se investigue se houve
dor psíquica, sofrimento ou outros atributos próprios do dano individual. Trata-se de dano IN
RE IPSA
● Assim, o dano extrapatrimonial coletivo prescinde da comprovação de dor, de sofrimento e de
abalo psicológico. Esses elementos (dor, sofrimento etc.) são suscetíveis de apreciação na
esfera do indivíduo, mas não se aplicam para interesses difusos e coletivos (STJ REsp
1.057.274/RS).
● O dano moral coletivo é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de
direito transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de
vista jurídico, de forma a envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à
moral da coletividade (REsp 1.397.870/MG).
● Assim, conclui-se que o dano moral coletivo é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração
decorre da mera constatação da prática de conduta ilícita que, de maneira injusta e
intolerável, viole direitos de conteúdo extrapatrimonial da coletividade, revelando-se
despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo moral.
● A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a
extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85
(Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis
públicas em curso, não mencionando as associações privadas. Apesar disso, a ausência de
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disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade
do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes
públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que
aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
● Legitimidade: para ação principal e cautelar: MP, DP, União, Estados, DF e municípios,
autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista, associação que esteja
constituída a pelo menos um ano e possua os fins previstos na LACP.
▪ O MP, se não intervier no processo, será obrigatoriamente fiscal da lei.
▪ Não há necessidade de autorização de assembleia em caso de associações,
para intentar a ACP, entretanto, há necessidade quanto aos beneficiários
daquela associação quando o direito é pertencente a eles.
▪ O requisito de pré-constituição pode ser dispensado nas ações quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou características do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
▪ A legitimidade é autônoma, concorrente e disjuntiva.
▪ Natureza da legitimação: há três correntes, mas predomina a abaixo:
● Direitos difusos ou coletivos: trata-se de legitimação
autônoma, oriunda da lei.
● Direitos individuais homogêneos: legitimação extraordinária,
age em nome próprio para defesa de direito alheio.
▪ É plenamente possível a formação de litisconsórcio entre autores coletivos.
364 É o litisconsórcio ativo facultativo e unitário. MPF e MPE STJ diz que
depende de uma razão específica que justifique a presença de ambos na
lide.
▪ É possível o controle judicial para a representação adequada, conforme a
jurisprudência. Assim, diz-se que a legitimação é ope iudicis, e não ope legis.
o Ministério Público: art. 127, CF: defesa da ordem jurídica, do regime democrático,
proteção do interesse social, interesse individual indisponível.
▪ Para tutela dos direitos difusos e coletivos strictu senso, o MP SEMPRE
tem legitimidade, pois entende-se que há interesse social.
▪ A discussão sobre legitimidade se dá sobre os direitos individuais
homogêneos. Nestes casos, o STJ diz que só se os direitos forem
indisponíveis ou socialmente relevante.
● Aqui tem Súmula NOVA! 601 STJ: O Ministério Público tem
legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores ainda
que decorrente da prestação de serviço público
▪ MP tem legitimidade para defender contratantes do DPVAT em ACP.
▪ Há julgados do STJ legitimando MP para propor ACP em defesa de
direitos individuais indisponíveis, difusos ou coletivos, em relação às
pessoas desprovidas de recursos financeiros, mesmo quando a ação
vise à tutela de pessoa individualmente considerada.
▪ “O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil
pública que vise ao fornecimento de remédios a portadores de certa
doença”. Repercussão geral.
▪ O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública
que vise anular ato administrativo de aposentadoria que importe em
lesão ao patrimônio público. STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
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o Defensoria Pública: há uma discussão sobre sua legitimidade, entretanto,


prevalece a corrente de que eles atuam na defesa dos necessitados. A palavra
necessidades deve ser entendida não só como aquele pobre, mas o
necessitado técnico ou organizacional, ou seja, o indivíduo ou grupo em
situação especial de vulnerabilidade. Indivíduos vítimas de abusos ou arbítrios
dos detentores de poder econômico ou político.
▪ STF: não precisa haver somente necessitados na coletividade
protegida pela DP.
▪ O juiz poderá aferir se todos os legitimados se sujeitam ao controle da
legitimação coletiva.
▪ É necessário averiguar a compatibilidade dos interesses e direitos que
a instituição protege com os possíveis beneficiários hipossuficientes.
▪ Pode ajuizar para defesa de todos direitos metaindividuais, mas, em
qualquer caso, deverá se controlar a legitimação subjetiva (pessoas
defendidas).
▪ Em conclusão: é constitucional a legitimação da Defensoria para
ajuizar ações coletivas em defesa de direitos difusos, coletivos em
sentido estrito e individuais homogêneos, desde que, de alguma
forma, possam vir a ser beneficiadas pessoas socialmente vulneráveis.
o Administração direta e indireta:
▪ Direta: finalidade é o BEM COMUM. Pode ajuizar ação sobre qualquer
tema.
365 ▪ Indireta: Conforme sua finalidade institucional.
▪ Órgãos com prerrogativas próprias: ainda que sem personalidade
jurídica, conforme sua finalidade institucional.
o Associação: entidades de classe, sindicatos e partidos políticos.,
▪ Associação: precisa de autorização para AÇÕES mas não para MS.
▪ Sindicatos: não precisam.
▪ Associações constituídas há pelo menos 1 ano. O juiz pode dispensar
o requisito quando o bem jurídico discutido for socialmente relevante,
em razão do dano ou do bem jurídico.
▪ Pertinência temática: Não pode ser dispensado pelo juiz.
▪ As associações de classe e sindicatos detêm legitimidade ad causam
para atuarem como substitutos processuais em ações coletivas, nas
fases de conhecimento, liquidação e execução, sendo imprescindível a
autorização expressa dos substituídos.
● Lado outro, são legitimados extraordinários em MS.
▪ ATENÇÃO: STF 2017 A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a
partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil
na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados,
residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem
em momento anterior ou até a data da propositura da demanda,
constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de
conhecimento.
▪ O interesse protegido pode ultrapassar o interesse dos associados,
podendo abranger terceiros, ainda que sejam individuais e
homogêneos.
▪ A associação não pode entrar com ACP para beneficiar um grupo de
associados em detrimento de outro grupo de associados.
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▪ O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra


representação específica, não alcançando previsão genérica do
estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos
associados. As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, é definida pela representação no processo de
conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a
lista destes juntada à inicial.
▪ A associação não tem legitimidade ativa para defender os interesses
dos associados que vierem a se agregar somente após o ajuizamento
da ação de conhecimento.
o A partir de tudo que foi exposto, podemos elencar as seguintes conclusões:
▪ 1) As associações podem propor ações coletivas em favor dos seus
associados.
▪ 2) A associação precisa da autorização dos associados para propor a
ação na defesa de seus interesses.
▪ 3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e
específica para cada ação. Assim, não é suficiente a autorização
genericamente prevista no estatuto da associação.
▪ 4) Essa autorização pode ser feita de duas formas:
● a) por declaração individual do associado; ou
● b) por aprovação na assembleia geral da entidade.
▪ 5) Vale ressaltar que, no caso de impetração de mandado de
366 segurança coletivo, a associação não precisa de autorização específica
dos filiados (Súmula 629-STF).
▪ 6) Para que seja beneficiada pela sentença favorável obtida na ação
coletiva proposta pela associação é necessário que a pessoa:
● a) esteja filiada à associação no momento da propositura;
● b) seja residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador;
● c) tenha autorizado o ajuizamento da ação e seu nome esteja
na lista anexada junto à petição inicial.
▪ 7) O art. 2-A da Lei nº 9.494/97 é constitucional.
o Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em
defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas
bancárias. Em relação ao Ministério Público e aos entes políticos, que têm
como finalidades institucionais a proteção de valores fundamentais, como a
defesa coletiva dos consumidores, não se exige pertinência temática e
representatividade adequada. STJ. 3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).

o COMPETÊNCIA DA ACP:
▪ Não há foro por prerrogativa de função em ACP. Será SEMPRE em 1º grau. SALVO:
conflitos federativos e ações em que todos os membros da magistratura sejam
direta ou indiretamente interessados.
▪ Critério MATERIAL:
● Eleitoral: questões político-partidárias e sufrágio.
● Trabalhista: aquelas elencadas na CF.
● Comum: federal e estadual.

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o Justiça Federal: Súmula 150 STF: Compete à JF decidir sobre


existência de interesse jurídico que justifique a presença, no
processo, da União, autarquias ou empresas públicas.
o ACP’s ajuizadas pelo MPF: 2 correntes. Uma diz que sempre é da
Justiça Federal, pois o MP é um órgão da União. Outra diz que
qualquer justiça pode julgar, pois o MPF não se confunde com a
União.
o Incidente de deslocamento de competência (direitos humanos):
aquelas previstas na CF de violação de direitos humanos.
o Causas relacionadas ao direito indígena.
▪ Critério Valorativo: não se aplica em acp.
▪ Critério Territorial: competência absoluta.
● Dano local: no local do dano.
● Dano regional: na capital do Estado.
● Dano nacional: no DF ou capital dos Estados envolvidos.
● INQUÉRITO CIVIL: investigação administrativa a cargo do MP destinada a colher
elementos de convicção para eventual propositura de ACP. Pode servir de base para
denúncia criminal.
o Características: preparatório, meramente administrativo, não obrigatório para
proposição de ACP, publicidade (porém, pode o membro do MP decretar
sigilo, analogia ao artigo 20 do CPP), inquisitorial
o Fases:
367 ▪ Instauração: de ofício, por representação, por requisição do PGR/J.
● É possível haver procedimento preparatório ao inquérito civil,
que deve ser concluído dentro de 90 dias, prorrogáveis uma
única vez pelo mesmo prazo.
● Impedimento e suspeição: aplica-se o CPC naquilo que não for
contrário à LACP.
● É possível instaurar IC por representação apócrifa, havendo
mínimos elementos de informação para dar ensejo à justa
causa.
o Denunciação caluniosa (CP) aplica-se aqui, por
expressa previsão legal no tipo.
▪ Instrução:
● Poder de vistoria e inspeção: respeitadas as normas
constitucionais sobre a inviolabilidade do domicílio.
● Poder de intimação: sob pena de condução coercitiva, sem
intervenção do judiciário. OBS: STF julgou inconstitucional
condução coercitiva em AÇÃO PENAL em 2018. Logo, esta aqui
também é inconstitucional.
o Investigados não precisam autoincriminar-se, mas as
testemunhas são obrigadas a falar a verdade.
● Poder de requisição: documentos e informações a qualquer
entidade pública ou privada, sob pena do crime do art. 10 da
LACP.
o Ressalvam-se sigilo de correspondências (e-mail,
dados e telefone), em que se exige autorização
judicial.
o Sigilo bancário e fiscal: só de contas públicas.
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● Poder de recomendação: pode expedir orientações com


eficácias admonitória e sem caráter vinculativo a qualquer
pessoa investigada com a finalidade de evitar ajuizamento de
ACP.
▪ Conclusão: não tem prazo legal. Ao terminar, há duas opções:
● Propor a ACP:.
● Promover o Arquivamento fundamentado: encaminha ao
órgão superior do MP, sob pena de responsabilidade penal.
(CCR). Na CCR/PGJ:
o Homologam o arquivamento: não impede que outro
legitimado ou outro órgão do MP proponha ACP pelos
mesmos fatos. Legitimação concorrente e disjuntiva.
o Convertem o julgamento em diligência.
o Rejeita a promoção de arquivamento: designam outro
procurador, atuando como longa manus do PGJ.
● Compromisso de ajustamento de conduta (TAC ou CAC)
o Natureza Jurídica:
▪ Mero reconhecimento por parte do compromissário.
▪ Negócio jurídico, eis que se materializa na composição de interesses.
▪ Transação, com concessões mútuas.
o Dispensam-se testemunhas instrumentárias.
o A procuração outorgada ao advogado deve ter poderes especiais.
368 o Até o Poder Público pode ser compromitente em TAC.
o É possível inserir negócios jurídicos processuais em TAC.
o Cabimento:
▪ Direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos, em todas
modalidades de obrigações.
o Legitimados:
▪ De todos legitimados da ACP, somente associações não podem
celebrar TAC, pois não são órgãos públicos.
▪ A lei prevê responsabilidade por má-celebração do TAC, cabendo,
inclusive, ACP por improbidade do celebrante.
▪ Se homologado judicialmente só pode ser rescindido pelo judiciário,
por anulatória.
o Eficácia:
▪ Título executivo extrajudicial, imediato, salvo cláusula que afete sua
eficácia (termo). Não é necessária a assinatura de testemunhas.
▪ Não exige homologação judicial.
o Celebração do TAC:
▪ Condição: fixação de multa cominatória, em caso de descumprimento,
com natureza parecida de astreintes.
▪ Celebração do TAC pelo MP no âmbito do inquérito civil: arquiva o
inquérito. Assim, a homologação do TAC depende da homologação do
arquivamento.
o Compromisso preliminar:
▪ TAC parcial, se consegue apenas parte do acordo.
● Outras questões sobre ACP:
o Admite-se emenda à inicial de ação civil pública, em face da existência de
pedido genérico, ainda que já tenha sido apresentada a contestação.
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o Liminar inautida altera pars  quando o réu for ente público, em MS coletivo
e ACP, o juiz não poderá conceder a liminar sem antes ouvir o representante
judicial (procuradorias). Em caráter excepcional, o STF diz que é possível a
dispensa da oitiva do poder público.
o Comporta reconvenção:
▪ O pedido deve ser endereçado ao grupo, e não ao legitimado coletivo.
▪ O legitimado coletivo deve ter legitimação extraordinária passiva.
o Sucumbência na ACP:
▪ LACP não haverá adiantamento de custas.
▪ Se o autor vencido for MP, Defensoria ou associação, será isento do
pagamento de ônus de sucumbência, salvo associação, no caso de
má-fé.
▪ STJ: Os honorários periciais deverão ser pagos pela fazenda pública
quando for perícia requerida pelo MP, defensoria, associações.
▪ O réu não tem esse benefício.
▪ Se o réu for Fazenda pública e perder:
● 1ª corrente: aplica-se o regramento do MP.
● 2ª corrente: caso percam, terão de pagar as verbas de
sucumbência, porque não possui prerrogativas do MP e
defensoria.
▪ Se o MP for vencedor, o réu vencido será isento de honorários, pois
MP não recebe honorários e nem há fundo para isso.
369 ▪ Se os demais legitimados forem vencedores, haverá sucumbência
(fazenda pública, associações e defensoria).
o Efeito suspensivo da apelação: A regra do CPC é duplo efeito, ex lege. Na LACP
o juiz que define se vai ser efeito suspensivo. Na Ação Popular é duplo efeito,
ex lege.
o Reexame necessário: Aplica-se o artigo 19 da LAP à favor da coletividade,
quando julgada improcedente ou extinta sem julgamento do mérito.
▪ STJ diz que não cabe em direitos individuais homogêneos, porque não
é de interesse de toda a coletividade. Há ausência de
transindividualidade.
o Possibilidade de ajuizamento da ACP pelo MP em favor de um único indivíduo:
só em caso de interesse individual indisponível: ECA, Est. Idoso, deficiente, etc.
o Inversão do ônus da prova: STJ aplica em ACP, prevista no CDC. Aplicável em
coletivas geral pela integratividade do sistema.
o Possibilidade de convivência de ADI e ACP para discussão da
constitucionalidade de leis: é possível reconhecer constitucionalidade de leis
em ACP, mas incidentalmente, e não como causa de pedir e pedido. Trata-se
de controle abstrato.
 Deve-se mitigar as regras do CPC, quando em jogo interesses coletivos, mormente em vista do
princípio da efetividade, previsto no art. 83, caput, da Lei n. 8.078/1990 (CDC). Dessa sorte,
entendeu-se possível a emenda à inicial, ainda que posterior à contestação, em se tratando de
ação civil pública. Admite-se emenda à inicial de ação civil pública, em face da existência de
pedido genérico, ainda que já tenha sido apresentada a contestação.
 Configura quebra de sigilo bancário a decisão judicial que antecipa os efeitos da tutela para
determinar que o banco forneça os dados cadastrais dos correntistas que assinaram
determinado tipo de contrato, a fim de instruir ACP.

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 A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a


instauração de ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da
independência das instâncias penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
10.18.3. Ação Popular
● Natureza cívico-administrativa. Mecanismo de controle popular da
legalidade/constitucionalidade dos atos administrativos.
● Legitimidade: qualquer cidadão.
● Objetivo: invalidar atos ou contratos administrativos que causem lesão ao patrimônio público
ou ainda à moralidade administrativa, ao patrimônio histórico e cultural e ao meio ambiente.
Em segundo lugar vem a tutela reparatória.
● Objeto: só direitos difusos, e não todos os direitos metaindividuais, como a ACP. Visa a tutela
preventiva/inibitória de remoção do ilícito e reparatória: patrimônio público, moralidade
administrativa, meio ambiente, patrimônio histórico cultural.
▪ STJ rol dos bens protegidos pela AP é TAXATIVO. Não se pode
proteger por via de ação popular o urbanismo, direitos dos deficientes,
idosos, menores, etc.
▪ STF/STJ: vem relativizando a exigência de ILEGALIDADE + LESIVIDADE
exige-se apenas ilegalidade, não necessitando da presença
concomitante da lesividade.
▪ Cabe contra atos administrativos omissivos ou comissivos.
370 ▪ Cabe contra os vícios do ato administrativo: competência, forma,
objeto, motivo, finalidade.
▪ Deve estar presente o binômio lesividade + ilegalidade. (STF
relativiza, não precisando sempre a lesividade)
▪ STF: nos casos de moralidade administrativa e meio ambiente, não há
necessidade de provar a lesividade, que é implícita.
▪ Cabe contra atos administrativos vinculados e discricionários.
▪ Não cabe:
● Contra ato de particular, salvo no caso de meio ambiente e
patrimônio histórico;
● Contra ato legislativo, salvo lei de efeitos concretos;
● Contra decisões judiciais, salvo no caso de acordo homologado
judicialmente;
● Contra atos políticos.
o LEGITIMIDADE ATIVA: cidadão. Aquele que está em exercício e gozo dos
direitos políticos.
▪ Cidadania começa aos 16 anos, mesmo sem assistência, sendo
necessário advogado.
▪ STJ: cidadania deve ser comprovada com título de eleitor ou
documento que com ele corresponda.
▪ Condenado criminalmente, enquanto durarem os efeitos da
condenação não pode propor AP.
▪ MP não pode, nem o estrangeiro.
▪ Pode ajuizar fora do seu domicílio eleitoral.
▪ Quase-nacionais (portugueses) podem, se garantido o mesmo direito
aos brasileiros em Portugal.
▪ Se o autor perder a legitimidade e outros legitimados não assumirem
o polo ativo, o MP deve assumir.
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▪ MP pode recorrer e propor ação rescisória.


▪ A natureza da legitimação é extraordinária, vez que age em nome
próprio em defesa do direito alheio, coletividade.
o LEGITIMIDADE PASSIVA
▪ Pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado que, de
qualquer forma, participaram ou se beneficiam diretamente do ato.
▪ Trata-se de litisconsórcio necessário, passivo e simples.
▪ PJ de direito público/privado, autoridades, administradores,
funcionários, beneficiários diretos.
▪ ATENÇÃO beneficiários DIRETOS, e não os indiretos. Os indiretos não
têm legitimidade passiva.
▪ Patrimônio público ou moralidade: será pessoa jurídica de direito
público.
▪ Meio-ambiente ou patrimônio histórico-cultural: pode não haver
pessoa jurídica como ré.
▪ Cabe legitimidade passiva ulterior, conforme art. 7, III. São os que são
descobertos no curso do processo. Assim, não precisa anular os atos
do processo, mesmo que seja caso de litisconsórcio necessário. Antes
da sentença, garantido prazo de contestação.
▪ A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado demandada
poderá escolher o polo processual em que atuará, como no caso de
improbidade administrativa.
371 o MINISTÉRIO PÚBLICO NAS AÇÕES POPULARES
▪ Será custus legis. Cabe-lhe promover responsabilidade civil ou criminal
das pessoas envolvidas. É vedado assumir a defesa do ato impugnado
ou dos seus autores.
▪ Indisponibilidade da execução coletiva: o MP pode executar
subsidiariamente a sentença coletiva caso o autor não o faça, sob
pena de falta grave, após 30 dias de inércia do autor.
▪ O MP pode atuar como autor, subsidiário, embora não possa ajuizar.
● QUESTÕES PROCESSUAIS:
o Contestação: 20 dias, prorrogáveis por mais 20 dias, a requerimento do
interessado.
▪ Não se aplica o prazo em dobro na contestação para a Fazenda
Pública, vez que se trata de prazo próprio previsto em lei especial.
▪ MAS ATENÇÃO: para recorrer a Fazenda possui prazo em dobro, pois
não há menção legal.
▪ Não comporta reconvenção, vez que o cidadão não age em defesa de
direito próprio, mas de toda a coletividade.
o Sentença: deverá ser proferida dentro de 15 dias do recebimento dos autos
pelo juiz. Há sanção de impossibilidade de inclusão na lista de merecimento
durante dois anos, além da perda, para efeito de promoção por antiguidade,
de tantos dias quanto forem os do retardamento.
▪ É prazo impróprio, porque não há preclusão, porém há sanções.
▪ Natureza: desconstitutiva e condenatória, executiva ou mandamental.
● Decreta invalidade do ato.
● Condenado ao pagamento de perdas e danos, AINDA que
não exista pedido do autor para isso.
● Há evidente mitigação do princípio da congruência.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

oResponsabilização disciplinar.
▪ STJ: Não há possibilidade de aplicação de nenhuma sanção política,
administrativa ou política na ação popular. O Juiz não pode aplicar a
pena de improbidade administrativa em AP. Só em outro processo.
o Reexame necessário invertido:
▪ Não é em favor do poder público, mas sim em favor do interesse
coletivo.
▪ Sujeita-se a sentença que implicar em carência e improcedência.
o Efeito suspensivo da apelaçãp:
▪ ACP: o JUIZ que determina se haverá ou não efeito suspensivo.
▪ AP: o efeito suspensivo é automático.
o Sucumbência:
▪ Se o autor popular for vencido, será isento do pagamento de
sucumbência, salvo má-fé. Se a má-fé for temerária, absurda, será
condenado ao décuplo das custas.
▪ Se os réus forem vencidos, não haverá isenção: pagam custas,
despesas e honorários advocatícios.
● COMPETÊNCIA
o Mesma coisa de ACP: será determinada conforme origem do ato impugnado.
o Não há competência originária do STF, com duas exceções:
▪ Ações de interesse de todos os membros da magistratura.
▪ Ações de conflito entre União, estados, CF ou entre uns e outros.
372 ● Penhorabilidade salarial:
o Quando o condenado for funcionário público, poderá haver ressarcimento por
desconto em folha. É exceção ao princípio da impenhorabilidade salarial.
● Prescrição:
o Prescreve em 5 anos a partir da publicidade dos atos levisos.
o PATRIMONIO PÚBLICO E MEIO-AMBIENTE SÃO IMPRESCRITÍVEIS: prescrita
ação popular, cabe ACP em qualquer tempo.
10.18.4. Mandado de segurança coletivo
 Em relação ao MI individual, só altera a legitimidade e o objeto. O MS nasceu em 1934,
suprimido em 1937 e reinserido em 1946.
 Aspectos gerais:
i) Direito líquido e certo: No mandado de segurança o fato narrado tem que ser
incontroverso, comprovado por meio de prova pré-constituída, através de
documentos.
O direito é justamente o fato incontroverso. O direito pode ser controvertido:
Súmula 625 do STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede a
concessão de mandado de segurança.
ii) Prova pré-constituída: não se admite instrução probatória, o fato deve ser
incontroverso. É uma condição especial da ação mandamental.
-Não é possível documentalização da prova oral, como em ação monitória.
-Única hipótese de impetrar MS sem a prova documental é no caso que os
documentos estão em poder da Autoridade/órgão.
iii) Não amparado por HC ou HD: é residual.
iv) Atos a serem atacados: administrativo, legislativo, judicial, político/interna
corporis, praticado por autoridade ou quem lhe faça as vezes. Pode ser
comissiva ou omissiva, atual ou iminente, preventivo ou repressivo.

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a. Ato administrativo: em regra cabe. Exceção: contra o qual caiba recurso


administrativo com efeito suspensivo e sem caução.
i. Se for necessário PAGAR para recorrer, cabe MS.
ii. É possível a desistência do recurso para permitir o cabimento do
MS.
1. Súmula 429 STF: A existência de recurso administrativo
com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra
omissão da autoridade.
b. Ato Legislativo: em regra não cabe – lei em tese. Súmula 266/STF: não
cabe MS contra lei em tese. Isto porque não há prejuízo específico.
i. Lei de efeito concreto: cabe MS. Cuida-se de ato administrativo
com roupagem de lei. Atingem diretamente determinada(s)
pessoa(s).
ii. MS contra PL ou PEC com vício legislativo: STF entende que cabe
MS de iniciativa privativa do parlamentar.
c. Ato Judicial: regra geral não cabe, ainda que a decisão seja
inconstitucional, vez que possui os meios recursais próprios.
i. Decisão contra a qual não caiba recurso: cabe.
1. Em juizado via de regra cabe, porém, se for contra ato de
Turma Recursal para discutir o mérito, não cabe.
2. NCPC fixa taxativamente hipóteses de agravo de
instrumento. Ausente decisão sobre utilização de MS fora
373 das hipóteses legais.
ii. Decisão teratológica: cabe mesmo após o trânsito em julgado.
d. Ato político e interna corporis: em regra não cabe, exceto naquilo que
transbordarem os parâmetros constitucionais.
 MS coletivo:
-Possui previsão constitucional, não prevê o MP como legitimado.
 Objeto: são direitos individuais. Há controvérsias. A literalidade da lei tutela os
direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Os direitos difusos não são
passíveis de MS coletivo. Divergência:
o Ampliativa – doutrina: todos os interesses metaindividuais podem ser
tutelados por MS coletivo. Há precedentes do STF.
o Restritiva – lei: o legislador foi taxativo. Não cabe para direitos difusos.
deve ser sustentado em questões objetivas.
 LEGITIMADOS:
o Partido político com representação no CN: deve ter um deputado federal ou
um senador efetivo. Não pode ser suplente.
 Mesmo que perca a representação no CN no decorrer do processo,
ainda assim deverá haver o julgamento.
 Objeto é interesse de seus integrantes ou relativos à finalidade
partidária.
 STF: partido político NÃO pode impetrar MS coletivo para impugnar
uma alíquota tributária em favor de todos.
o Sindicatos, entidades de classe e associações:
 Constituição e funcionamento há pelo menos um ano para
ASSOCIAÇÕES: o respectivo requisito NÃO se aplica à SINDICATOS e às
ENTIDADES DE CLASSE.

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 Não é possível mitigar tal requisito em sede de MS coletivo,


vez que se trata de requisito constitucional.
 Defesa dos interesses de seus membros ou associados (diferente da
ACP).
 STF: o interesse não precisa ser típico da categoria. Ex: STF:
sindicato pode impetrar MS coletivo para impugnar tributos
que incida sobre a renda dos associados, não sendo esse um
direito peculiar da casa de trabalhadores defendida pelo MS.
 SUM 629 STF: Para associação, é dispensada a autorização dos
associados para impetrar MS coletivo, vez que a legitimidade
extraordinária foi dada pela própria CF. O mesmo não se pode
dizer para ACP ou outra ação ordinária.
 SUM 630 STF: entidade de classe não precisa de autorização,
possuem legitimação, ainda que a pretensão veiculada
interesse apenas parte da categoria.
 COISA JULGADA E LITISPENDÊNCIA
-Será limitada aos membros do grupo ou da categoria – ultra partes. (criticado, pois
queriam tutelar difusos também).
-Omisso na lei quanto ao modo de produção: doutrina diz que deve ser secundum
eventum probationis. Em relação às pessoas, deve ser secundum eventum litis, sem
prejuízo das pretensões individuais.
-Litispendência: no regime do MS, o modelo do transporte in utilibus da coisa julgada
374 não é igual nas demais ações, que basta suspender a ação individual. A lei determina
que haja a desistência do MS individual. (Criticado, pois se for improcedente o MS
coletivo, já terá decaído o prazo de 120 dias para MS individual).

 PRECEDENTES IMPORTANTES:
 Súmula 629 do STF - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes.
 Súmula 630 do STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
● Teoria da encampação: A aplicação da teoria da encampação, que mitiga a indicação errônea
da autoridade coatora em mandado de segurança, tem lugar quando presentes os seguintes
requisitos:
o a) há vínculo hierárquico entre a autoridade impetrada que prestou as
informações e aquela que determinou a prática do ato. O impetrado deve ser
autoridade superior ao verdadeiro coator. Ex: Governador e Secretário
Estadual;
o b) a autoridade impetrada, em suas informações, manifestou-se sobre o
mérito do mandado de segurança; e
o c) se o MS for julgado não haverá modificação na competência
constitucionalmente estabelecida. Ex: o MS foi impetrado contra o
Governador, mas o ato era do Secretário de Estado. Pela Constituição
Estadual, o TJ é competente para julgar tanto MS tanto no caso de Governador
como no de Secretário.
o Deve ser razoável a dúvida quanto à real autoridade coatora.

 PROCEDIMENTO
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Mesma coisa do MS individual, com exceção de que há o DEVER de ouvir o representante


judicial da pessoa jurídica de direito público no prazo de 72 horas, antes de se decidir sobre a
MEDIDA LIMINAR.
Pode ser mitigada de acordo com o caso concreto.

 ATUAÇÃO DO MP COMO FISCAL DA LEI:


Deve sempre ser oportunizado manifestação ao MP, sob pena de nulidade.
O fato de tratar-se de mandado de segurança coletivo não representa obstáculo para que
interessado, favorecido pela sentença mandamental coletiva, promova, ele próprio, desde que
integrante do grupo ou categoria processualmente substituídos pela parte impetrante, a
execução individual desse mesmo julgado. Doutrina. Precedentes. (STF)
10.18.5. Mandado de injunção coletivo
Antes convém falar sobre AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO, que
possui como objetivo combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais.
 CONCEITO: ação de controle concentrado (processo constitucional objetivo) que busca tornar
efetiva a norma constitucional destituída de efetividade, ou seja, somente é aplicável para as
normas constitucionais de eficácia limitada.
o Espécies de omissão:
 Total: não há o cumprimento do dever constitucional de legislar.
 Parcial: há lei integrativa infraconstitucional, porém de forma
375 insuficiente.
 Propriamente dita: a lei regula de forma deficiente o texto.
 Relativa: a lei existe e outorga determinado benefício a certa
categoria, mas deixa de concedê-la a outra. Súmula 339 STF:
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimento de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia.
 OBJETO: omissão de qualquer um dos poderes em relação às normas que devam criar,
podendo ser ato normativo de natureza administrativa ou legislativa.
o Perda do objeto:
- STF entende que se o ato normativo impugnado por ADO for revogado,
haverá perda do objeto.
- STF entendia que o encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria ao CN
acarretaria a perda do objeto, contudo, tal entendimento foi repensado, de
modo que a demora em apreciação do ato legislativo enseja ADO.
o Fungibilidade: STF entende que não há fungibilidade entre ADO e MI, tendo
em vista a diversidade de pedidos.
 COMPETÊNCIA: STF. Salvo se for de âmbito estadual.
 LEGITIMIDADE:
o Ativa: os mesmos da ADI genérica, com as peculiaridades da pertinência temática.
o Passiva: autoridade ou órgão responsável pela medida para tornar efetiva a norma
constitucional.
 PROCEDIMENTO: o mesmo da ADI genérica. A lei dispõe que o relator poderá solicitar
manifestação do AGU. A lei determina que o PGR seja ouvido no prazo de 15 dias depois de
prestadas as informações.
 PARÂMETRO: só normas constitucionais de EFICÁCIA LIMITADA.
 MEDIDA CAUTELAR:
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o Suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de


omissão parcial.
o Suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda,
outra providência a ser fixada pelo Tribunal. Geralmente usada em omissão total.
 EFEITOS DA DECISÃO DE MÉRITO: em ADO a sentença proferida tem caráter mandamental,
constituindo em mora o poder competente que deveria elaborar a lei e não o fez.
o Poder competente: Será dada ciência ao poder competente, não tendo sido fixado
prazo para elaboração de lei.
 STF: na ADO contra omissão de LC federal para elaboração de municípios, o STF
fixou prazo de 18 meses.
o Órgão administrativo: deverá editar norma no prazo de 30 dias, sob pena de
responsabilidade. A lei permite que excepcionalmente o STF estabeleça prazo
diferenciado, em virtude das circunstâncias específicas do caso e o interesse público
envolvido.

 MANDADO DE INJUNÇÃO
- Inviabilidade o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à NACIONALIDADE, SOBERANIA e à CIDADANIA.
- A norma constitucional deve ser de eficácia LIMITADA, devendo haver falta de norma
reguladora.
- Surge parar curar a síndrome da inefetividade das normas constitucionais.
376 - Trata-se de um processo constitucional incidental, portanto, subjetivo.
 Norma regulamentadora: lei 13.300/2016.
o É possível impetrar o MI em omissão TOTAL e PARCIAL.
o Cabível também na esfera estadual.
o Aplicação subsidiária do CPC e da lei de MS.
 LEGITIMIDADE ATIVA:
o Individual: qualquer pessoa cujo direito constitucional subjetivo seja
inviabilizado.
o Coletivo: INOVAÇÃO
 Ministério Público: a tutela requerida for especialmente relevante
para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos
interesses sociais ou individuais indisponíveis.
 Partido Político: com representação no Congresso Nacional  para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária.
 Organização Sindical, entidade de classe ou associação: legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Dispensada
autorização especial, uma vez que há substituição processual. Sobre
assuntos de interesse de totalidade ou parte de seus membros.
 Defensoria Pública: quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos
direitos individuais e coletivo dos necessitados.
 LEGITIMIDADE PASSIVA: mesma legitimidade da ADO. A pessoa estatal responsável
por regulamentar a norma, e nunca o particular.
o Se o projeto possui iniciativa exclusiva, é o responsável pela iniciativa. Se o
projeto já foi enviado, é o legislativo em mora.
o Pode ser LEI ou ato normativo administrativo.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 COMPETÊNCIA: prevista na Constituição, devendo ser prevista na Constituição


Estadual.
o STF: em caso de a norma faltante ser de responsabilidade do Presidente da
República; Congresso Nacional; Câmara dos Deputados; Senado Federal;
Mesas da Câmara ou do Senado; Tribunal de Contas da União; Tribunais
Superiores; Supremo Tribunal Federal; decidido em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.
o STJ: originariamente, quando a elaboração da norma for de atribuição de
órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
excetuados a competência do STF, órgãos da Justiça Militar, Eleitoral, do
Trabalho e da Justiça Federal.
o TSE: julgar em grau de recurso o MI denegado pelo TRE.
o Juízes e Tribunais da Justiça Militar, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho: de
acordo com a matéria envolvida.
o Juízes Federais e Tribunais Regionais Federais: se o órgão entidade ou
autoridade federal não esteja sujeito à competência de outro tribunal.
o Estados: conforme a CE.
- Pode-se dizer que o MI é hipótese de controle difuso limitado, porque a competência
para exercê-lo é limitada pela CF.
 PARÂMETRO: só as normas constitucionais de EFICÁCIA LIMITADA, não autoaplicáveis.
- A doutrina diz que só pode em caso de DIREITOS FUNDAMENTAIS, porém, o STF entende que
qualquer direito constitucional violado, se estiver em norma de eficácia limitada, pode
377 fundamentar MI.

 PROCEDIMENTO:
o Petição inicial: Requisitos do NCPC. Da decisão do relator que indeferir a inicial,
caberá agravo em 5 dias.
o Recebimento da inicial: notificação do impetrado para prestar informações em 10
dias; ciência de ajuizamento ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica,
para que, querendo, ingresse no feito.
o Parecer do MP: após as informações, o MP será ouvido, para em 10 dias opinar.
Com ou sem o parecer os autos serão conclusos para decisão.
o Medida cautelar (liminar): não tem na lei. STF entende pela impossibilidade de
liminar em MI.
- O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da
impetração, desde que fundada em outros elementos probatórios.
 PROCEDIMENTO E EFEITOS DA DECISÃO DE MÉRITO.
- É adotada a corrente concretista individual intermediária. Ou seja, o judiciário fixa um
tempo para o órgão em mora suprir a omissão. Não suprida a omissão, o tribunal criará
uma norma concreta.
- 1º: dá ciência e determina prazo razoável.
- 2º: não suprida a mora legislativa, estabelece as condições em que se dará o
exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o
caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a
exercê-los.

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- Será dispensada a determinação do inciso I do caput quando comprovado que o


impetrado deixou de atender, em MI anterior, ao prazo estabelecido para a edição da
norma.
o EFICÁCIA SUBJETIVA:
 Regra: Limitada às partes, e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.
 Exceção: Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à
decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito,
da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. Ou seja, pode se
tornar concretista geral.
- No MI coletivo, a coisa julgada vincula o grupo substituído. Porém, há uma previsão
nova no parágrafo único, o right to opt out, que possui o mesmo regramento do MS: o
MI coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda
individual no prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração do MI
coletivo.
- Transitada em julgado, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por
decisão monocrática do relator.
- A decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem
relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
378 o SUPERVENIÊNCIA DE LEI REGULAMENTADORA
 A lei diz que a norma terá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por
decisão transitada em julgado, salvo se a norma nova for mais favorável.
(CAIU NO TRF2/2018)
 Em caso de edição de lei quando houver MI tramitando, estará prejudicada
a impetração, caso em que o processo será extinto sem resolução do
mérito
 Recurso odinário constitucional em sede de MI só cabe se for de competência originária
do STJ, cabendo recurso ordinário constitucional ao STF. Se for de TRF não cabe.
Entendo que é cabível REX
 A lei não prevê hipótese de suspensão de ação judicial ou PAD, como prevê na ADO.
 Artigos importantes:
Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando
comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo
estabelecido para a edição da norma.
Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da
norma regulamentadora.
§ 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente
ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.

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§ 2o Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por
decisão monocrática do relator.
§ 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da
impetração fundada em outros elementos probatórios.
Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou
de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta
Lei.
● Mandado de injunção coletivo:
o MP: defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais
ou individuais indisponíveis.
o Defensoria: promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais
e coletivos dos necessitados.

10.19.Fazenda Pública em Juízo


● A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC. Aqui é
convenção processual (meramente processual), e não transação (mérito)
o Transação em execução é vedada, por quebrar a regra de precatórios,
entretanto, em fase de conhecimento é perfeitamente possível, sendo
379 expressamente previsto o acordo na lei 9469/97. De qualquer modo, seja qual
for o acordo, não há como se escapar do regime de precatórios.
o A arbitragem, nesse caso, não pode ser fundada na equidade, devendo ser
fundada na legalidade, em respeito ao princípio da legalidade.
o 7. Deveras, NÃO É QUALQUER DIREITO PÚBLICO SINDICÁVEL NA VIA
ARBITRAL, MAS SOMENTE AQUELES COGNOMINADOS COMO "DISPONÍVEIS",
porquanto de natureza contratual ou privada.
o AO OPTAR PELA ARBITRAGEM O CONTRATANTE PÚBLICO NÃO ESTÁ
TRANSIGINDO COM O INTERESSE PÚBLICO, NEM ABRINDO MÃO DE
INSTRUMENTOS DE DEFESA DE INTERESSES PÚBLICOS, ESTÁ, SIM,
ESCOLHENDO UMA FORMA MAIS EXPEDITA, OU UM MEIO MAIS HÁBIL,
PARA A DEFESA DO INTERESSE PÚBLICO. INTERESSE PÚBLICO ESTÁ NA
CORRETA APLICAÇÃO DA LEI E SE CONFUNDE COM A REALIZAÇÃO CORRETA
DA JUSTIÇA
o A aplicabilidade do juízo arbitral em litígios administrativos, quando presentes
direitos patrimoniais disponíveis do Estado é fomentada pela lei específica,
porquanto mais célere, consoante se colhe do artigo 23 da Lei 8987/95, que
dispõe acerca de concessões e permissões de serviços e obras públicas, e
prevê em seu inciso XV, dentre as cláusulas essenciais do contrato de
concessão de serviço público, as relativas ao "foro e ao modo amigável de
solução de divergências contratuais".
o STF: Em regra, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque
pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa
pública, não tem disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e
realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade do
interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que
a solução adotada pela Administração é a que melhor atenderá à ultimação

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deste interesse. Assim, tendo o acórdão recorrido concluído pela não


onerosidade do acordo celebrado, decidir de forma diversa implicaria o
reexame da matéria fático-probatória, o que é vedado nesta instância recursal.
● Associação de Municípios não pode ajuizar ação para tutelar direitos dos Municípios.
● Cabe astreintes contra a Fazenda Pública para que cumpram obrigação de fazer (fungível ou
infungível) ou ainda para entregar coisa. ATENÇÃO: em ação para fornecimento de
medicamentos, o juiz pode determinar o bloqueio e sequestro de verbas públicas em caso de
descumprimento da decisão. O juiz pode determinar medidas eficazes para conseguir o
medicamento, sempre com adequada fundamentação (repetitivo)
● Os advogados particulares podem intimar a parte contrária por meio de correio. Porém, não se
aplica à Fazenda Pública, pois estes deverão ser intimados pessoalmente, por carga, remessa
ou meio eletrônico. Lembrem-se: é só intimação por correio. A citação é do juízo.
● Súmula STJ 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial
com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto na LEF.
● Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida em ação de
improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União, a
conciliação de que trata o caput dependerá da anuência expressa do juiz da causa ou do
Ministro Relator”. LER A LEI 13.140 (mediação e conciliação na Fazenda Pública)
● O STF admite que o juiz conceda a tutela antecipada tratando sobre os assuntos do art. 1º da
Lei 9.494/97 desde que essa antecipação ocorra na própria sentença de mérito. Isso não
afronta o que foi decidido na ADC 4/DF
● O Superior Tribunal de Justiça concluiu, recentemente, que as associações de municípios e
380 prefeitos não possuem legitimidade para tutelar direitos e interesses das pessoas jurídicas de
direito público. Os entes públicos possuem representação legal específica. Não podem
representar em juízo. Porém, podem criar associações para interesses em comum.
● A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual de conflito no
âmbito da administração pública suspende a prescrição. Considera-se instaurado o
procedimento quanto o órgão ou entidade pública emitir juízo de admissibilidade.
● Enunciado 17 do CJF: “A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do
art. 190 do CPC”. Igualmente, os Enunciados 9 e 30 do FNPP (Fórum Nacional do Poder
Público), respectivamente: “A cláusula geral de negócio processual é aplicável à execução
fiscal” e “é cabível a celebração de negócio jurídico processual pela Fazenda Pública que
disponha sobre formas de intimação pessoal”.
o Não confundir negócios processuais com transação. Esta diz respeito ao mérito
do processo (art. 840 CC), e negócios processuais dizem respeito ao
procedimento (art. 190, CPC). Assim, sendo coisas distintas, pode-se afirmar
que é possível fazer negócio jurídico processual sobre matéria que não admite
transação (material).
o Requisitos: aqui, diferentemente da arbitragem, o requisito não é a
disponibilidade do direito, mas sim que seja possível a autocomposição
(desnecessidade de intervenção do judiciário); no mais, a indisponibilidade é
do interesse público, e não do patrimônio público.
o Submetem-se ao princípio da legalidade, que não significa submissão
exclusivamente à lei ordinária, mas sim ao conjunto de normas que compõem
o ordenamento jurídico. É uma legalidade em sentido amplo, ou juridicidade.
● STJ: não existe utilidade prática, e por consequência interesse de agir, em execução de valor
ínfimo pela Fazenda Pública
● 2. A jurisprudência do STF tem afirmado a não incidência dos efeitos vinculantes da ADC 4 aos
casos em que o provimento antecipado é concedido em sede de sentença definitiva: (...) 3.
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Ademais, nos termos do já afirmado na decisão monocrática, o STF tem jurisprudência


assentada no sentido de que não viola a autoridade da ADC 4 o deferimento de tutela
antecipada para inclusão, em folha de pagamento de servidores, do percentual de 11,98% (ou
outro índice), resultado da incorporação de diferenças relacionadas ao erro na conversão de
Cruzeiro Real em URV.
o Súmula 729 STF: A decisão na Ação Direta de Constitucionalidade 4 não se
aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária.
● No julgado noticiado no Info 766, o STF afirmou que seria possível a concessão de tutela
antecipada tratando sobre férias de servidores públicos, considerando que isso não envolve a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos nem a concessão de aumento ou
extensão de vantagens (STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado
em 6/11/2014).
● 3) É permitida a concessão de tutela antecipada determinando a promoção do servidor ou a
sua inclusão em curso de habilitação, ainda que isso gere, como efeito secundário, a concessão
de vantagem pecuniária (STF. 1ª Turma. Rcl 8902 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
05/08/2014).
● Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos arts.
1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016, de 7 de
agosto de 2009.
● Segundo a Lei do MS, não será concedida medida LIMINAR que tenha por objeto (pedido) a:
o compensação de créditos tributários;
381 o entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior;
o reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e
o concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
qualquer natureza.

10.19.1. Suspensão de segurança
● Dirigido ao Presidente do Tribunal em que cabível o recurso que concedeu a limianr. Não há
espaço para questões afetas ao mérito da demanda principal, passível de deslinde apenas no
âmbito de cognição inerente às instâncias ordinárias. A suspensão de segurança só analisa a
suspensão para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
● Em regra, não cabe recurso excepcional contra decisões proferidas no âmbito de pedidos de
suspensão de segurança, ante a natureza eminentemente política do juízo que é emitido nessa
modalidade de procedimento, SALVO perigo de grave lesão a valores atinentes à ordem, à
economia, à saúde ou à segurança pública.
● Proferida decisão de tutela provisória contra ente público, este poderá ajuizar reclamação,
suspensão de segurança ou interpor agravo de instrumento, sendo possível a utilização
concomitante desses instrumentos processuais.
10.19.2. Intervenção anômala
● No caso de intervenção anômala, só haverá deslocamento de competência para Justiça Federal
se a União recorrer. Isto porque, somente recorrendo, ela terá a qualidade de parte.

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11. DIREITO EMPRESARIAL


11.1. Teoria Geral do Direito de Empresa
Direito Comercial: origem. Evolução histórica. Autonomia. Fontes. Características.
Empresário: caracterização. Inscrição. Capacidade. Teoria da empresa e seus perfis.
 Empresa: atividade econômica, negocial, que ocorre de forma organizada, voltada para
produção ou circulação de bens ou serviços.
 Histórico:
o 1ª Fase: corporações de ofício, com regras para o comércio,
subjetivista e classista, amparando só os comerciantes vinculados às
corporações. Analisava-se a natureza do sujeito, e não os atos.
o 2ª fase: fim do corporativismo com a edição dos códigos napoleônicos,
norteados pelos anseios da burguesia comercial e industrial,
valorizando a riqueza imobiliária.
 Teoria dos atos de comércio: surge aqui, com necessidade de
delimitar critérios claros. Houve abandono do subjetivismo e
do corporativismo da primeira fase, substituídos pela
objetividade dos atos legais de comércio. Não se analisa mais
a natureza do sujeito, mas sim os atos praticados.
 No código anterior, a análise de empresa era objetiva, pois
bastava verificar se a atividade estava prevista entre os atos
de comércio. Já no CC 2002, a análise é SUBJETIVA porque
382 depende da verificação de diversos fatores.

11.2. Empresa: atividade empresarial, responsabilidade,


estabelecimento, trespasse.
Espécies de empresa. A responsabilidade dos sócios. A distribuição de lucros. O sócio oculto.
Segredo comercial. Estabelecimento Empresarial. Institutos Complementares do Direito
Empresarial: Registro. Nome. Prepostos. Escrituração.
● Para os livros fazerem prova em favor do empresário, além de serem escriturados sem vício
extrínsecos e intrínsecos, devem ser confirmados por outros subsídios. Para fazer prova
contra, basta existir.
o A presunção sempre será relativa.
● Em regra, o livro empresarial é coberto por sigilo, salvo quando for necessária sua exibição de
forma PARCIAL. Súmula 260 do STF e artigo 382 do CPC.
o A demonstração integral é só em caso de sucessão, comunhão ou sociedade,
administração ou gestão à conta de outrem ou em caso de falência.
o O sigilo não se aplica às autoridades fazendárias no exercício da fiscalização.
● Único livro obrigatório é o DIÁRIO, que pode ser substituído por fichas. Outros livros podem
ser exigidos, como trabalhista, fiscal e previdenciário, porém não são empresariais.
● Para que o conjunto de bens seja considerado estabelecimento, este conjunto de bens deve
ser organizado. Assim, estabelecimento é o conjunto de bens ORGANIZADO, voltados a uma
atividade lucrativa.
● Firma pode ser usada por empresário ou sociedade empresária, a exemplo da LTDA.
● STJ: Tanto o imóvel registrado em nome do empresário, quanto da sociedade empresária,
utilizados como residência e como estabelecimento comercial, são abrangidos pela
impenhorabilidade prevista na lei 8009/90.
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● Ação renovatória de aluguel de imóvel comercial: contrato escrito e prazo determinado + 5


anos de relação contratual contínua, podendo esses 5 anos ser de renovação contratual,
podendo esse cálculo ser feito com o período do sucessor ou cessionário do locatário +
explorar a mesma atividade econômica nos últimos 3 anos.
o A proteção dada pela lei é ao ponto comercial, e não ao locador nem ao
locatário. Trata-se do direito de inerência ao ponto.
o Há um prazo DECADENCIAL de 1 ano para o final do contrato e termina em 6
meses antes de findar o contrato.
o Em caso de sublocação, a ação é de competência exclusiva do sublocatário,
sendo desnecessário litisconsórcio.
o Exceções de retomada (permitem o locador retomar o imóvel)
▪ O poder público solicitar reforma no imóvel que implique radical
transformação.
▪ Próprio locador realizar reforma no imóvel que resulte em sua
valorização.
▪ Em caso de proposta insuficiente para renovação, aferindo-se o valor
locativo real do imóvel.
▪ Em caso de proposta melhor de terceiro apresentada pelo locador no
bojo da ação renovatória. Se o locatário sair do imóvel, terá direito a
uma indenização.
▪ Para estabelecimento de uso comercial existente há mais de um ano,
sendo detentor da maioria do capital social o locador, cônjuge,
383 ascendente ou descendente. Não pode ser no mesmo ramo do antigo
locatário.
▪ Para uso próprio: não pode ser no mesmo ramo do locatário.
o Cabe ação renovatória contra shopping center.
● A certidão de parcelamento fiscal é suficiente para suprir a exigência prevista no inciso III do
art. 71 da Lei nº 8.245/91 (Lei de Locações) para efeito do ajuizamento de ação renovatória de
locação empresarial. STJ. 3ª Turma. REsp 1698814-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 26/06/2018 (Info 629).

● Em caso de trespasse e sendo o imóvel locado, deve haver consentimento do locador do


imóvel, não havendo sub-rogação automática do contrato de locação.
● Aviamento: potencial de lucratividade como clientela e outros.
● Atenção: o empresário que fizer trespasse sem o consentimento de todos os credores ou sem
permanecer com bens suficientes para solver seu passivo incorre em ato de falência, violando
o artigo 1145 do CC e incidindo no artigo 94, III, “c” da LRE.
● Em regra, a firma é usada pelos empresários individuais e pelas sociedades em que existam
sócios de responsabilidade ilimitada, como sociedade em nome coletivo, sociedade em
comandita simples e sociedade em comandita por ações.
o Sociedade limitada, EIRELI e comandita por ações podem usar tanto firma quanto
denominação.
● Em regra, a denominação é usada pelas sociedades em que os sócios possuem
responsabilidade limitada, como sociedade limitada e sociedade anônima.
● O registro mercantil tem como finalidade dar publicidade aos atos nele registrados, por este
motivo tem apenas característica de ato declaratório e não constitutivo.
o Só possui efeito constitutivo o registro mercantil de produtor rural.
● O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos:
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o débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,


continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um
ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e,
o quanto aos outros, da data do vencimento. (com exceção dos trabalhistas e
tributários)
o Os créditos tributários e trabalhistas não precisam estar devidamente
contabilizados para serem sub-rogados na pessoa do adquirente. Eles sub-
rogam-se por força de lei (CLT e CTN). Diferente das dívidas comuns da
empresa.
o A sucessão nas obrigações tributárias e trabalhistas possui regulamentação
própria, sendo disciplinada, respectivamente, pelos artigos 133 do CTN e 448-
A da CLT, incluído pela Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).
● Estabelecimento de empresário individual pode ser penhorado. De MEI e EPP não, por ser
indispensável à continuidade da atividade. É objeto essencial.
● Não podem ser arquivados a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele
fixado, bem como, os atos constitutivos de empresas mercantis com nome idêntico ou
semelhante a outro já existente.
● Em contrato de shopping center a sociedade empresária tem legitimidade ativa para a causa,
juntamente com o locatário para ingressar contra o empreendedor nas causas em que houver
interesses relativos ao estabelecimento empresarial, contanto que, no contrato firmado entre
as partes, haja expressa destinação do espaço para a realização das atividades empresariais
384 ● da sociedade da qual faça parte.
Em trespasse, é abusiva cláusula de não concorrência fixada por prazo indeterminado.
● Na desconsideração da personalidade jurídica, somente o sócio ou administrador que
participou do ato abusivo terá seu patrimônio particular usado para pagar a dívida da
sociedade (art. 50, Cc)
● Súmula 451 STJ: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.
o É medida excepcional, (STJ, repetitivo), permitida somente quando inexistente
outros bens passíveis de penhora e desde que não seja residência da família
(lei 8009)
o CPC, 865: a penhora de que trata esta subseção somente será determinada se
não houver outro meio eficaz para a efetivação do crédito.
● A sucessão por incorporação acarreta a extinção da personalidade jurídica da incorporada,
com transmissão de todos direitos e obrigações à incorporadora. Desse modo, a incorporadora
responde pelos atos anteriores, não cabendo falar em exclusão contratual de obrigação da
incorporadora.
● Embora as juntas comerciais sejam autarquias estaduais, em certas matérias atuam por
delegação federal, como no caso de questões afetas ao regramento mercantil, em que
devem acatar as disposições do Departamento de Registro Empresarial e Integração – DREI,
que é órgão federal. Já no que toca à administração, orçamento, pessoal e questões
administrativas, subordina-se ao Estado, caso em que a competência é da Justiça Estadual.
● O registro de sociedade estrangeira depende de autorização do Governo Federal, em
requerimento dirigido ao Ministro de Estado competente, protocolizado no DREI, conforme
artigo 1134 do CC.
● Art. 11, LINDB, as sociedades estrangeiras não poderão ter filiais no Brasil antes da aprovação
pelo Governo Brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.

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● Para que a sociedade estrangeira se registre no país, o artigo 1134 exige a indicação da
participação societária de cada acionista, ressalvado o caso de ações ao portador.
● Os sócios majoritários podem registrar/arquivar documentos aprovados, ainda que a minoria
seja contra.
● O aviamento, apesar de ser dotado de valor econômico, não é um bem (corpóreo ou
incorpóreo), não gozando de proteção direta do direito, mas reflexa.
● O Estabelecimento é uma universalidade de fato, uma vez que os elementos que o compõem
formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá,
e não em virtude de disposição legal.
● Título de estabelecimento = nome fantasia, não cabendo à junta comercial analisar.
● Nome empresarial, a junta comercial analisa.

11.3. Direito societário: simples, empresarial, espécies


Teoria geral do Direito Societário: conceito de sociedade. Personalização da sociedade.
Classificação das sociedades. Sociedades não personificadas. Sociedades personificadas:
sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade
em comandita por ações, sociedade cooperada, sociedades coligadas. Liquidação.
Transformação. Incorporação. Fusão. Cisão. Sociedades dependentes de autorização.
Sociedade Limitada. Sociedade Anônima. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada –
EIRELI (Lei nº 12.441/2011).
385 ● A sociedade em conta de participação não possui personalidade jurídica, porém, para o STJ
ela possui natureza societária. Assim, é possível sua dissolução com base na aplicação
analógica do artigo 1034 do CC que dispõe sobre dissolução de sociedades. Para as sociedades
em conta de participação (despersonificadas) deverá ser aplicada a regra do artigo 1034 do CC,
que define de forma taxativa as hipóteses pelas quais se admite a dissolução judicial das
sociedades. Isso porque este tipo societário não prevê quais serão as hipóteses de dissolução.
O STJ entende que, apesar de não possuírem personalidade jurídica, possuem natureza
societária, por isso, aplicável às sociedades em conta de participação.
● Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual a fim de promover a
transformação de sociedade civil em empresária, não é exigível a apresentação de certidões
negativas de débitos com o FGTS e com a União. Por outro lado, a JUCEA poderia sim exigir a
certidão negativa de débito com o INSS pois esta é exigência de lei (Lei n.º 9.032/95)
● O herdeiro necessário não possui legitimidade ativa para propositura de ação de dissolução
parcial de sociedade em que se busca o pagamento de quotas sociais integrantes do acervo
hereditário quando não for em defesa de interesse do espólio.
● Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o
exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação
de suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício.
● Resolução = com relação ao sócio: morte, salvo se o contrato dispuser diferentemente;
iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas
obrigações, ou, ainda por incapacidade superveniente.
● Dissolução = com relação à sociedade I - o vencimento do prazo de duração, salvo se,
vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que
se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a
deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a

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falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V - a


extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
o Judicial: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a
sua inexeqüibilidade.
o

● O registro do ato constitutivo da empresa só terá eficácia ex tunc se registrado no prazo de 30
dias, conforme o artigo 1151, §1 do CC
o O CC fala de efeitos declaratórios quando trata de sociedade simples.
● Dissolução
o Consensual: vencimento do prazo de duração; consenso unânime dos sócios;
falta de pluralidade por mais de 180 dias, ressalvada conversão em EIRELI;
extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
o Judicial: anulada sua constituição; exaurido o fim social; verificada sua
inexequibilidade.
● O STJ entende ser possível que haja dissolução parcial de sociedade limitada para o exercício
do direito de retirada do sócio, por perda da affectio societatis, de modo que o requerimento
de haveres corresponda tão somente às quotas livres de ônus reais, em vista da existência de
penhor de parte das quotas do sócio retirante, uma vez que, pelo penhor, ocorre a
transferência da posse, em garantia ao débito do credor.
● Se uma cooperativa quiser se transformar em uma sociedade empresária ela não precisará
386 primeiro ser dissolvida e liquidada para depois ser constituída uma nova pessoa jurídica
(sociedade empresária). Isso pode ser feito direto, ou seja, ao mesmo tempo que a cooperativa
deixa de existir, ela passa a ser uma sociedade empresária, permitindo-se que ela mantenha o
mesmo número do CNPJ. Enfim, a alteração no CNPJ da razão social de sociedade cooperativa
que modificou sua forma jurídica não exige o prévio cancelamento de sua autorização para
funcionar e de seu registro
● EIRELI (CJF) e outras observações:
o Só pode ser constituída por pessoa natural. OBSERVAÇÃO: em 2017 o DREI
passou a permitir que pessoa jurídica institua EIRELI
o Não é sociedade, mas novo ente jurídico unipessoal.
o Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente
para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou
de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade
superveniente.
o Inadequado a utilização da expressão “social” para EIRELI, uma vez que ela não
é sociedade, mas sim empresa individual.
o A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização do
capital da EIRELI.
o Poderá ser atribuída à EIRELI a remuneração decorrente da cessão de direitos
patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja
detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
● Segundo o STJ, no REsp 785.101, julgado em 01/06/2009, o sócio de sociedade empresarial
não é comerciante, uma vez que a prática de atos nessa qualidade é imputada à pessoa
jurídica à qual está vinculada, esta sim, detentora de personalidade jurídica própria. Com
efeito, deverá aquele sujeitar-se ao Direito Civil comum e não ao Direito Comercial, sendo
possível, portanto, a decretação de sua insolvência civil

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● No caso de sociedade limitada constituída por tempo indeterminado, o sócio que exerce o
direito de retirada, por meio de inequívoca e incontroversa notificação aos demais sócios,
deve-o fazer com antecedência mínima de 60 dias, sendo que a data-base para apurar os
haveres do sócio retirante é o termo final do prazo de 60 dias.
● A sucessão por incorporação extingue a personalidade jurídica da empresa incorporada, com
transmissão de direitos e obrigações à incorporadora. Assim, a incorporadora detém
legitimidade passiva para responder pelos atos da sociedade incorporada, não havendo que se
falar em exclusão das obrigações, em relação à terceiros, por meio de contrato.

11.3.1. Sociedades anônimas


 É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal. Mas pode ter valor
superior ao valor nominal. Essa diferença é o que se chama de ágio
o Valor nominal: divisão do capital social pelo número de ações emitidas.
o Valor real: calculado levando-se em conta o patrimônio líquido da sociedade
anônima. Divide-se o patrimônio líquido pelo número de ações emitidas.
 Em S.A, o estatuto fixará o número das ações em que e divide o capital social e estabelecerá se
as ações terão, ou não, valor nominal.
 Financiamento da S.A.:
o Empréstimo: de instituição financeira – contrato de mútuo;
o Capitalização: emissão de ações – regulado pelo direito societário
o Autofinanciamento: emissão de valores mobiliários como debêntueres,
387 comercial papers - regulado pelo direito mobiliário.
● STJ: acionistas e companhia podem litigar em litisconsórcio facultativo ativo em ação de
responsabilidade civil contra o administrador pelos prejuízos causados ao patrimônio da
sociedade anônima.
o Ação social ut universi: proposta pela companhia, com prévia deliberação da
assembleia geral.
o Ação social ut singuli: quando a assembleia geral é contrária à proposta de
ação ou se recusa a deliberar sobre. Cabe então à minoria de 5% do capital
social intentar a ação.
● A CVM é uma autarquia administrativa ligada ao Ministério da Fazenda.
● A S.A é sempre mercantil, ainda que a sua atividade seja civil. Isto posto, sempre estará sujeita
a falência, fazendo jus a recuperação judicial.
● Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o
exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação
de suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício. Fundamento jurídico: art.
205 da Lei nº 6.404/76.
● Em S.A
o Conselho Fiscal: existência obrigatória, funcionamento facultativo (em S.E.M. o
funcionamento é obrigatório). Nas sociedades limitadas a existência é faculdade (artigo
1066, código civil) (CFO)
o Conselho Administrativo: existência facultativa. Obrigatório para: capital aberto, S.E.M.
e capital autorizado.(CAFA)
● Em S.A de capital fechado, familiar, é necessária justa causa para exclusão de sócio minoritário
promovida pelos sócios majoritários.
● Mercado Mobiliário:
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o Bolsa de Valores: entidade formada por corretoras de ações para venda de


ações. A bolsa só atua no mercado secundário.
o Mercado de Balcão: operações feitas fora da bolsa de valores, diretamente
entre a instituição financeira e as entidades corretoras. Podem ser operações
de compra e venda (mercado secundário) e subscrição de novos valores
mobiliários (mercado primário)
o Primário: operação entre investidor e a companhia emissora, sem
intermediação, ocasião em que emitem e subscrevem novos valores
mobiliários)
o Secundário: se dá entre acionista e investidor, ocorrendo com ações já
existentes, não participando a sociedade que emitiu o valor. A bolsa só atua no
mercado secundário.
● Valores mobiliários:
o Ações: frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de
uma S.A.
o Debêntures: confere ao titular o direito de crédito contra a S.A. É um
empréstimo, um contrato de mútuo, sendo a debênture um título executivo
extrajudicial, conforme o 584, I do CPC.
o Bônus de subscrição: é o pagamento pelo direito de preferência, devendo, em
caso de emissão de novas ações, dar aos proprietários dos bônus de
subscrição o direito de preferência na compra das ações.
388 o Partes beneficiárias: títulos sem valor nominal e estranhos ao capital social
que conferirão créditos eventuais contra a S.A, na participação do lucro anual,
durante determinado tempo.
o Commercial Papers: o cespe costuma chamar de nota promissória da S.A. O
mecanismo é o mesmo da debênture, entretanto, aqui o prazo é menor para a
S.A devolver o dinheiro ao dono do papel.
▪ CIA aberta: 30 a 360 dias.
▪ CIA fechada: 30 a 180 dias.
● O inventariante, representando o espólio, não pode votar em assembleia de sociedade
anônima da qual o falecido era sócio com a pretensão de alterar o controle da companhia e
vender bens do acervo patrimonial. Os poderes de administração do inventariante são aqueles
relativos à conservação dos bens inventariados para a futura partilha, dentre os quais se pode
citar o pagamento de tributos e aluguéis, a realização de reparos e a aplicação de recursos,
atendendo o interesse dos herdeiros. A atuação do inventariante, alienando bens sociais e
buscando modificar a natureza das ações e a própria estrutura de poder da sociedade
anônima, está fora dos limites dos poderes de administração e conservação do patrimônio.
● Não configura o fechamento em branco ou indireto de capital a hipótese de incorporação de
ações de sociedade controlada para fins de transformação em subsidiária integral (art. 252 da
Lei das S/A), realizada entre sociedades de capital aberto, desde que se mantenha a liquidez e
a possibilidade de os acionistas alienarem as suas ações. Assim, é desnecessária a oferta
pública de ações em favor dos acionistas preferenciais da companhia que teve suas ações
incorporadas, mas que continuam com plena liquidez no mercado de capitais.
 A pretensão do titular de ações de exigir contas da sociedade anônima referente ao
pagamento de dividendos, juros sobre capital próprio e demais rendimentos inerentes às
respectivas ações prescreve em três anos. Fundamento: art. 287, II, “a”, da Lei nº 6.404/76.
STJ. 3ª Turma. REsp 1608048-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/05/2018 (Info
627).
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11.4. Títulos de crédito


Teoria geral dos títulos de créditos. Títulos de créditos: letra de câmbio, cheque, nota
promissória, duplicata. Aceite, aval, endosso, protesto, prescrição. Ações cambiais.
● O protesto prévio NÃO é condição necessária para executar o devedor principal e seu avalista,
que são devedores diretos.
o Porém, é condição para executar os devedores indiretos, para se fazer prova
de que estes conheciam o inadimplemento do título: coobrigados,
endossantes e avalistas de endossantes. Ou seja, é condição para o exercício
do direito de regresso. Trata-se do chamado protesto necessário, que é
aquele feito para executar os coobrigados.
o Caso perca o prazo para protestar, o devedor não terá exequibilidade contra
os devedores indiretos, mas poderá executar o devedor principal e seu avalista
dentro do prazo da execução cambial.
o Em duplicata é necessário o protesto para vincular o devedor ao título, com o
aceite.
o Em letra de câmbio, é necessário para mudar a pessoa do devedor principal do
sacado (banco: quem recebeu a ordem de pagamento) para o sacador (quem
emitiu).
o Em duplicata e letra de câmbio o protesto por falta de aceite também é
necessário para provocar o vencimento antecipado da obrigação, pois se não
389 há aceite, se presume que se está recusando a reconhecer o seu vínculo.
o O protesto será necessário para interromper a prescrição do título. (lembrar
que a interrupção da prescrição somente ocorre uma vez, e o prazo
prescricional se reiniciará após a realização).
● O título do documento de dívida cujo protesto tiver sido sustado judicialmente só poderá ser
pago, protestado ou retirado, mediante autorização judicial.
● O tabelião do cartório só pode observar a forma do ato, e nem mesmo a prescrição.
● O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a ensejar
danos morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança
da dívida consubstanciada no título.
o Protesto de título só gera dano moral se não houver outras formas de cobrar a
dívida. Isto porque o direito de execução precluiu - prescreveu, não podendo
um credor, 9 anos depois, protestar uma nota promissória que não é mais
exequível.
● O STJ afirma que a exigência imposta no art. 48 de que o protesto ocorra antes de expirado o
prazo de apresentação do cheque só vale para o protesto necessário, isto é, aquele feito
contra os coobrigados, para o exercício do direito de regresso, e não em relação ao emitente
do título. Em outras palavras, o art. 48 da Lei nº 7.357/85 trata apenas da possibilidade de
cobrança dos eventuais devedores indiretos (coobrigados), mas não do devedor principal
(emitente). O protesto pode ser feito contra o emitente mesmo após o prazo de
apresentação, desde que o cheque ainda não esteja prescrito.
o Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto
cambiário de cheque com a indicação do emitente como devedor
o Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda
que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não
prescrita a ação cambiária.

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● STJ: Nos casos de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastros de


inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, prescinde de prova, ainda que a
prejudicada seja pessoa jurídica.
● É obrigação do devedor solicitar a baixa do protesto quando pagar obrigação prevista em
título executivo. Diferentemente dos cadastros negativos de crédito, que é dever do
fornecedor. REPETITIVO
● A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento automático
de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. Isto porque a validade do protesto
não está diretamente relacionada com a exequibilidade do título ou de outro documento de
dívida, mas sim com a inadimplência e o descumprimento da obrigação representada nestes
papéis.
● Prazos prescricionais para ações cambiais da LUG:
o 3 anos do vencimento: contra o devedor principal e avalista. Sem protesto.
o 1 ano do protesto: contra os endossantes e avalistas de endossantes. Com
protesto.
o 6 meses do pagamento: ação regressiva contra corresponsável.
● Prazo prescricional para ação execução de cheque:
o Apresentação: 30 dias se de mesma praça e 60 dias se de praças diferentes.
o Execução: 6 meses da expiração do prazo de apresentação, apresentado ou
não o cheque.
o Regresso: 6 meses do dia do pagamento, contra corresponsável.
390 ● STJ é firme na ilegitimidade do avalista para responder por dívida inscrita em título de
crédito que sofreu prescrição, salvo quando demonstrado seu locupletamento ilícito.
● Súmula 600 STF: cabe ação executiva contra emitente e seus avalistas ainda que não
apresentado o cheque ao sacado (banco) no prazo legal, desde que não prescrita a ação
cambiária.
o Isto porque o devedor sabe que possui dívida e se não procurou resgatar o
cheque é porque tem a intenção de não o pagar. Assim, não há que se falar em
ausência de interesse de agir.
o Caso prescrito o prazo de execução, cabe ação de locupletamento, ação de
cobrança e ação monitória.
● Ação contra locupletamento: Se dá quando escoado prazo para protesto e execução. Natureza
cambial não executiva. Fundamento: evitar enriquecimento indevido.
o Prazo: 2 anos após expiração da execução, pois seu fundamento é a
impossibilidade de execução.
● O aceite de uma duplicata é obrigatório, porém, não é irrecusável.
o Se o devedor não der o aceite, o credor pode protestar para obter o aceite,
ocorrendo o vencimento antecipado e executar o título.
o STJ: Possuem força executiva as duplicatas protestadas e acompanhadas das
notas fiscais e comprovante de entrega das mercadorias. = SUM 248 STJ.
o Duplicata virtual: podem ser protestadas por indicação, de modo que a
exibição do título não é imprescindível para execução judicial. Suprem a
ausência física: os boletos de cobrança bancária do título virtual
acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e comprovantes
de entrega da mercadoria.
● Súmula 233 STJ Contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-
corrente, não é título executivo.

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o Diferente de Cédula de Crédito Bancário, que é título executivo, mesmo


quando representativa de dívida oriunda de contrato de abertura de crédito
bancário em conta-corrente.
● Em qualquer ação de cobrança de cheque: mora ex re – independe de ato do credor de
interpelação. Decorre do próprio inadimplemento da obrigação.
o Correção monetária: a partir da data de emissão estampada na cártula.
o Juros de mora: a partir da primeira apresentação à instituição financeira ou
câmara de compensação.
● O princípio da cartularidade do título de crédito é mitigado, na atualidade, vez que existem
títulos de créditos eletrônicos. Desmaterialização dos títulos de crédito.
● Cartularidade é diferente de literalidade!!!
o Cartularidade: o título de crédito é o documento necessário ao exercício do
direito nele mencionado.
o Literalidade: o título vale pelo que nele está escrito.
● Autonomia: o título configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e
completamente desvinculado da relação que lhe deu origem.
● O endosso em branco é aquele que não se identifica o seu beneficiário, permitindo que o título
circule ao portador. Já o endosso em preto identifica expressamente a quem está sendo
transferida a titularidade do crédito.
● Com a morte ou incapacidade superveniente, o endosso-mandato não perde a eficácia.

391 No endosso mandato, é cabível opor exceções pessoais que o endossatário tiver contra o
endossante.
● É válida a duplicata virtual quando emitidas por meio magnético ou gravação eletrônica.
● O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não
é título executivo.
● Cheque visado é aquele que o próprio banco (sacado) declara insuficiência de fundos do
emitente ou do portador legitimado.
● Tìtulos de crédito TÍPICOS: nota promissória, letra de câmbio, duplicata e cheque.
o Responsabilidade do endosso: Salvo cláusula expressa em contrário, se torna
garantidor do pagamento e do aceite do título.
o Aval: pode ser total ou parcial.
▪ O aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de
outorga uxória ou marital. Só os títulos inominados, do Código Civil,
necessitam de outorga uxória.
● Títulos de crédito ATÍPICOS (cc): cédulas de crédito, conhecimento de transporte, debêntures.
o Responsabilidade do endosso: Salvo cláusula expressa em contrário, NÃO se
torna garantidor.
o Aval: proibido aval parcial
▪ A pessoa casada só pode dar AVAL com autorização do cônjuge, salvo
regime de separação absoluta. STJ: tal regra só se aplica aos títulos de
créditos inominados (regidos pelo CC). Os títulos de créditos
nominados/típicos (cédulas, notas de crédito, letra de câmbio, nota
promissória, cheque e duplicada) não seguem a regra do Código Civil.
▪ Aval é exclusivo de títulos de crédito, não cabendo em contratos.
● Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivo.

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● Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título. Editada pela 2ª Seção do STJ e publicada no DJe 10/02/2014. (NP-V)
● Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na
cártula. Editada pela 2ª Seção do STJ e publicada no DJe 10/02/2014 (Info 533). (C-DE)
● Súmula 270 STJ: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em
execução que tramita na justiça estadual, não desloca a competência para a justiça federal.
● A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de
boa-fé antes da cobrança ou protesto.
● A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em
razão da iliquidez do título que a originou.

11.5. Propriedade industrial


Propriedade Industrial. Noções Gerais. Regime Jurídico. Invenção. Desenho Industrial.
Modelo de Utilidade. Marca.
● A patente “pipeline”, também chamada de “patente de importação” ou “patente de
revalidação”, é aquela em que em fica demonstrado que já houve expedição de patente no
exterior, razão pela qual o INPI registra no Brasil essa patente exigindo menores formalidades.
o Ela se refere a substâncias, matérias ou produtos que farão parte da fórmula
392 de produtos finais que ainda estão em fase de desenvolvimento, ou seja, não
se encontram disponíveis para o comércio.
o Como o produto ainda não está pronto, não poderia ser protegido, mas,
mesmo assim, a legislação abre uma exceção e aceita a patente da substância.
– arts. 230 e 231 da lei do INPI.
o Não pode ser nula no seu país de origem.
● Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em relação a
terceiros, necessitam ser registrados e/ou averbados no INPI.
● O uso da marca, ainda que os produtos sejam destinados à exportação, necessitam tão
somente que a fabricação seja no Brasil (uso da marca iniciado no brasil – art. 143, I). Ainda, a
jurisprudência entende que o fato de os produtos serem exportados, não é motivo para
caducidade da marca, uma vez que há o crescimento da economia em virtude da marca e sua
efetiva utilização.
● Marca Notória: não precisa de registro, só tem proteção no ramo da atividade, precisa de
reconhecimento internacional, é protegida nos países signatários do acordo. Independe de
registro ou depósito no Brasil. Aplica-se também às marcas de serviço.
o Não precisa ser originada em algum dos países que fizeram parte da União de
Paris para ser considerada marca notória.
o O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza
ou imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.
o São exceção ao princípio da territorialidade.
● Marca de Alto Renome: precisa de registro no INPI, proteção em todos os ramos (exceção ao
princípio da especificidade), só tem reconhecimento no país, protegida apenas no território
nacional. Não cabe ao judiciário a verificação de alto renome, mas só ao INPI. O judiciário só
pode dizer que o PA seja cumprido em tempo razoável.

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● Não há na lei do INPI os requisitos necessários à caracterização do alto renome de uma marca,
devendo a regulamentação ser feita pelo INPI. Existe essa regulamentação no INPI.
● Empresário usuário de marca coletiva NÃO possui ação direta contra usurpador de marca.
● Reputa-se concedida a patente na data de publicação do respectivo ato.
● Marcas fracas ou evocativas, constituídas por expressões comuns ou genéricas, não possuem
o atributo da exclusividade, podendo conviver com outras semelhantes.
● Em ação de nulidade de registro de marca que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência
direta, não cabe condenação do instituto em honorários advocatícios.
● A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor,
pelo cessionário (adquirente) ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de
prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.
● É possível que pessoa jurídica seja titular de direitos autorais, na situação em que a empresa
figure como encomendada de obras intelectuais. Assim, ocorrendo a utilização indevida da
obra encomendada, sem a devida autorização, caberá à pessoa jurídica contratada pleitear a
reparação dos danos sofridos. Aqui é direitos autorais, OK? Não é propriedade industrial.
● Retribuição anual de patente:
o Art. 87 da LPI impõe seja o titular da patente intimado de sua
extinção/arquivamento por falta de pagamento, para o ensejo de, em três
meses, regularizar o pagamento e obter a restauração.
o O STJ rechaça a tese de que tal notificação somente seria cabível se a
393 inadimplência fosse de uma única retribuição. Deve sempre ser notificado,
independentemente do número de retribuição devida.
o Aspecto subjetivo: tanto os pedidos nacionais quanto os internacionais se
submetem ao pagamento, preordenado que é a tutela estatal do monopólio
garantido ao titular da patente.
o Aspecto temporal: o vencimento se dá a partir do terceiro ano de depósito, e
os pagamentos anuais devem ser feitos, em regra, nos três meses iniciais,
podendo ser feito, com acréscimo, nos seis meses subsequentes.
o Aspecto consequencial: a ausência do pagamento acarreta o arquivamento do
pedido ou a perda da patente, que podem ser restaurados mediante
pagamento atempado do depositante ou titular, tão logo cientificados do
arquivamento.
▪ Exige-se notificação prévia do respectivo titular/depositante da
patente para que haja o arquivamento de pedido ou a extinção da
patente por falta de pagamento da retribuição anual.
● O conjunto-imagem (trade dress) é a soma de elementos visuais e sensitivos que traduzem
uma forma peculiar e suficientemente distintiva, vinculando-se a identidade visual, de
apresentação do bem no mercado consumidor. Não se confunde com a patente, o desenho
industrial ou a marca, apesar de poder ser constituído por elementos passíveis de registro, a
exemplo da composição de embalagens por marca e desenho industrial. É passível de proteção
judicial quando a utilização de conjunto similar resulte em ato de concorrência desleal, em
razão de confusão ou associação com bens e produtos concorrentes.  Justiça Estadual.
o As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos,
concorrência desleal e outras demandas afins, por não envolver registro no
INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de
competência da Justiça estadual, já que não afeta interesse institucional da
autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade

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de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção


do uso, inclusive no tocante à tutela provisória.
o
● Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em relação a
terceiros precisam ser registrados e/ou averbados no INPI.
o O INPI pode avaliar as cláusulas abusivas e ilegais, exigindo alteração? SIM!
o O INPI pode intervir no âmbito negocial de transferência de tecnologia, diante
da sua missão constitucional e infraconstitucional de regulamentação das
atividades atinentes à propriedade industrial.
● Colisão de marca X nome empresarial: as marcas devem ser apreciadas sucessivamente, de
modo a se verificar se a lembrança deixada por uma acarreta alguma influência na lembrança
deixada por outra; as marcas devem ser avaliadas com base nas suas semelhanças, e não nas
suas diferenças; as marcas devem ser comparadas pela sua impressão de conjunto, e não por
detalhes.
o Marca:
▪ Designa um produto ou serviço.
▪ Tem proteção nacional.
▪ Registrado no INPI.
o Nome empresarial:
▪ Identifica o empresário.
▪ Tem proteção estadual.
394 ▪ Registrado na Junta comercial do Estado.
o A finalidade das duas é proteger o empresário contra a usurpação e evitar que
o consumidor seja confundido quanto à procedência do produto ou serviço. A
Colisão entre nome e marca que seja prejudicial ao consumidor ou
caracterize concorrência desleal deverá ser combatida, resolvendo-se pela
anterioridade do registro.
▪ ATENÇÃO: inexiste prejuízo aos consumidores se os ramos de atuação
dos empresários forem diferentes, ainda que a marca seja
notoriamente conhecida. Deve haver identidade entre os objetos
sociais para que haja colisão entre a marca e o nome empresarial.
▪ Em caso de colisão entre marca e nome empresarial, isso não implica
anulação do registro, pois deve ser conferida ao empresário a
oportunidade de alterar o nome utilizado. É o que indica o enunciado
1 da Jornada de Direito Comercial do CJF: Decisão judicial que
considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não
implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe
retira os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.
● O uso indevido da marca acarreta dano material uma vez que a própria violação do direito
revela-se capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular. O uso indevido da marca
provoca desvio de clientela e confusão entre as empresas, acarretando indiscutivelmente dano
material. Desse modo, se ficar demonstrado o uso indevido de marca, o juiz deverá declarar a
existência do dano (an debeatur). O quantum debeatur, por sua vez, deverá ser apurado no
âmbito da liquidação pelo procedimento comum, haja vista a necessidade de comprovação de
fatos novos, nos termos do art. 210 da LPI. Quanto ao prejuízo extrapatrimonial, prevalece
que o uso indevido da marca gera dano moral in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da
mera comprovação da prática de conduta ilícita- contrafação -, revelando-se desnecessária a
demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral

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● Caducidade de marca: se decorridos 5 anos da sua concessão e sua exploração não tiver sido
iniciada ou interrompido há mais de 5 anos, terceiro com legítimo interesse pode requerer ao
IPI a caducidade, ocasião em que haverá o seu cancelamento por falta de uso.
● Degeneração de marca: os consumidores passam a identificar o gênero do produto pela marca
de um de seus fabricantes. Isso não é um fator para extinção do registro de marca.
● Licença compulsória de marca: suspensão TEMPORÁRIA do direito de exclusividade do titular
de uma patente, concedidas SEM EXCLUSIVIDADE.
o Abuso de poder econômico:
o Interesse Nacional: Nos casos de emergência nacional ou interesse público,
declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente
ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de
ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da
patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular. O ato de concessão da
licença estabelecerá seu prazo de vigência e a possibilidade de prorrogação.
Salvo razões legítimas, o licenciado deverá iniciar a exploração do objeto da
patente no prazo de 1 (um) ano da concessão da licença, admitida a
interrupção por igual prazo.
● Art. 154. A marca coletiva e a de certificação que já tenham sido usadas e cujos registros
tenham sido extintos não poderão ser registradas em nome de terceiro, antes de expirado o
prazo de 5 (cinco) anos, contados da extinção do registro.
o Pode ser extinta sem processo administrativo do INPI, quando ocorrer as
395 hipóteses do artigo 151.
o Art. 151. Além das causas de extinção estabelecidas no art. 142, o registro da
marca coletiva e de certificação extingue-se quando
o I - a entidade deixar de existir; ou
o II - a marca for utilizada em condições outras que não aquelas previstas no
regulamento de utilização.
● Programas de computadores não são invenções em si. A proteção conferida a eles é oriunda
da lei de direitos autorais, e não pela propriedade industrial. CAIU NO TRF2 2018
o Só é patenteável se fizer parte de uma invenção e for essencial ao
funcionamento da invenção.
● Sinal sonoro não é passível de registro de marca. CAIU NO TRF2 TAMBÉM
● O dono da marca não pode proibir que o comerciante que venda o respectivo produto utilize
seu próprio sinal distintivo juntamente com a marca do produto.
● É possível o deferimento de patente para microrganismos transgênicos.
● Novidade: não compreendido no estado da técnica, ou seja, não pode ser acessível ao público
antes da data de depósito do pedido, pois ainda não se tem disponível em mercado.
● Originalidade: configuração visual distinta em relação aos anteriores.

11.6. Contratos empresariais


Contratos empresariais: compra e venda mercantil. Comissão. Representação comercial.
Concessão comercial. Franquia (Franchising). Distribuição. Alienação fiduciária em garantia.
Faturização (Factoring). Arrendamento mercantil (Leasing). Cartão de crédito. Contratos
bancários: Depósito bancário. Conta-corrente. Aplicação financeira. Mútuo bancário.
Desconto. Abertura de crédito. Crédito documentário.

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● A cobrança antecipada do valor residual garantido não descaracteriza o contrato de


arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação.
● Somente é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de
representante comercial quando não houver previsão expressa em sentido contrário e houver
demonstração por outros meios da existência da exclusividade.
 Não se aplica o CDC aos contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes
tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua atividade de produção, comércio ou
prestação de serviços.
o STJ tem entendido que empresa não é considerado consumidor quando
adquire produtos ou serviços que são utilizados direta ou indiretamente na
atividade econômica que exercem.
o Os contratos empresariais estão sujeitos ao CC ou CDC, dependendo das
condições dos contratantes. O contrato empresarial está sujeito ao CC, se
verificada situação de igualdade, e ao CDC, se verificada vulnerabilidade
técnica, econômica ou jurídica.
o No entanto, quando o empresário individual ou a sociedade empresária
adquirem produtos ou serviços na qualidade de destinatários finais
econômicos deles, o STJ entende configurada a relação de consumo,
aplicando-se o CDC
 Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual (interferência do Estado) deve ser mitigado,
tendo em vista a simetria natural das relações interempresariais.
396  O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou
interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação
negocial.
 Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do contrato e a boa-fé
objetiva, em conformidade com as especificidades dos contratos empresariais.
 Não se presume violação à boa-fé objetiva e o empresário, durante as negociações do contrato
empresarial, deve preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de informações
reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a
competitividade de sua atividade
11.6.1. Alienação Fiduciária
 Meio pelo qual uma parte aliena à outra (ao banco) um determinado bem, com o dever de
devolvê-lo quando da ocorrência de um determinado fato, que via de regra, é o pagamento.
 Geral: trata-se de contrato em que obrigações em geral também poderão ser garantidas,
inclusive por terceiros, por cessão fiduciária de direitos creditórios decorrentes de contratos
de alienação de imóveis, por caução de direitos creditórios ou aquisitivos decorrentes de
contratos de venda ou promessa de venda de imóveis por alienação fiduciária de coisa imóvel.
o A lei não exige que o contrato de alienação fiduciária de imóvel se vincule ao
financiamento do próprio bem, de modo que é legítima a sua formalização
como garantia de toda e qualquer obrigação pecuniária, podendo inclusive
ser prestada por terceiros. Inteligência dos arts. 22, § 1º, da Lei nº .514/1997
e 51 da Lei nº 10.931/2004.
o A garantia pode ser empregada para dívida não compreendida no âmbito do
Sistema Financeiro Imobiliário, isto é, não relacionada com aquisição nem com
construção ou reforma no imóvel.
● Teoria do adimplemento substancial: Por meio da teoria do adimplemento substancial,
defende-se que, se o adimplemento da obrigação foi muito próximo ao resultado final, a parte
credora não terá direito de pedir a resolução (statos quo ante) do contrato porque isso
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violaria a boa-fé objetiva, já que seria exagerado, desproporcional, iníquo. No caso do


adimplemento substancial, a parte devedora não cumpriu tudo, mas quase tudo, de modo que
o credor terá que se contentar em pedir o cumprimento da parte que ficou inadimplida ou
então pleitear indenização pelos prejuízos que sofreu, e não pedir a resolução do contrato.
o Serve para preservar o negócio jurídico quando houver o descumprimento de
parte irrisória da obrigação entabulada, evitando-se a resolução após a relação
ter percorrido longo percurso rumo ao adimplemento.
o Em alguns casos o STJ aplica, ou seja, mantém o negócio jurídico, mesmo com
o inadimplemento ínfimo do devedor, ressalvando o direito da parte de
percorrer seu direito do crédito que sobrou pelas vias cabíveis.
o Três requisitos para a aplicação da teoria, ou seja, para conservar o negócio
jurídico em que o devedor não adimpliu totalmente, mas substancialmente:
▪ a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento das
partes;
▪ b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total do
negócio;
▪ c) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo ao
direito do credor de pleitear a quantia devida pelos meios ordinários.
● Inaplicável a teoria do adimplemento substancial para contrato de alienação fiduciária em
garantia regidos pelo Decreto-Lei n.º 911/69 (EX: CARRO FINANCIADO). CAIU NO TRF2/2018
● Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado
397 ● fiduciariamente.
Após a expedição de busca e apreensão deve-se pagar TODA a dívida, e não mais purgar a
mora. STJ. CAIU NO TRF2
o O DL não apresenta restrição à utilização da ação de busca e apreensão em
razão da extensão da mora ou da proporção do inadimplemento.
o O DL é expresso em exigir a quitação integral do débito como condição
imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Ou
seja, é insuficiente que pague substancialmente o débito, sendo necessário
que quite integralmente a dívida pendente

● Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no
certificado de registro do veículo automotor.
● Súmula 384-STJ: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.
● Súmula 28-STJ: O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já
integrava o patrimônio do devedor.
● A propriedade da instituição financeira é resolúvel, pois finda-se com o pagamento do valor
estipulado no contrato de mútuo. Após, a instituição (fiduciário) perderá a propriedade em
favor do fiduciante.
● Impossibilidade de purgar a mora nos contratos firmados a após a vigência da lei 10931 – não
dá para pagar só os atrasados. Quando cumprida a busca e apreensão, o devedor terá 5 dias
para pagar a integralidade do débito, e não só purgar a mora.
● Se não for encontrado o bem na busca e apreensão, o credor pode requerer a conversão em
ação executiva.

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11.6.2. Franquia
 O comerciante que possui uma marca ou um produto permite que outro a utilize, mediante
remuneração e prestação de serviços.
 Necessita de: licença de utilização da marca + prestação de serviços.
 A franquia não é um contrato de consumo (regido pelo CDC), mas, mesmo assim, é um
contrato de adesão. Segundo o art. 4º, § 2º da Lei nº 9.307/96, nos contratos de adesão, a
cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente: • tomar a iniciativa de instituir a
arbitragem; ou • concordar, expressamente, com a sua instituição, por escrito, em documento
anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. Todos os
contratos de adesão, mesmo aqueles que não consubstanciam relações de consumo, como
os contratos de franquia, devem observar o disposto no art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96.
Assim, é possível a instituição de cláusula compromissória em contrato de franquia, desde
que observados os requisitos do art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96. STJ. 3ª Turma. REsp
1602076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591)
11.6.3. Contratos bancários
 Negócio jurídico em que uma das partes é banco ou instituição financeira.
 Depósito: real, oneroso, unilateral.
 Súmula 596-STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933 (Lei de Usura) não se aplicam às
taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições
públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional. A lei de usura limita a 12%
os juros anuais.
398 o Súmula 382-STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao
ano, por si só, não indica abusividade.
o Aplica-se o CDC aos contratos bancários, mas, no que tange à taxa de juros
cobrada pelas instituições financeiras, as regras não são as do CDC e sim as da
Lei nº 4.595/64 e da Súmula 596 do STF.
o Súmula 596 STF: As disposições do Decreto 22.626/1933 (lei de usura) não se
aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações
realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema
Financeiro Nacional.
 Abertura de crédito: bilateral, oneroso, consensual, execução sucessiva, intuito personae.
 Sum 233 STJ: O contrato de abertura de crédito (rotativo ou cheque especial), ainda que
acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo.
o Súm 274: Entretanto, instruído com demonstrativo de débito, constitui
documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
 Sum 300 STJ: O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de
abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial.
 Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, abusividade das cláusulas.
 Súmula 530-STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros
efetivamente contratada — por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do
instrumento aos autos —, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada
nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor.
 Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado
fiduciariamente.
 Súmula 283-STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras
e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de
Usura.

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 Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.
o NÃO RESPONDEM quando a operação for realizada com senha pessoal do correntista.
 A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de
discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
 Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência, calculada pela
taxa média de mercado apurada pelo BC, limitada à taxa do contrato.
 1. A melhor exegese dos arts. 14 e 18 do CDC indica que todos aqueles que participam da
introdução do produto ou serviço no mercado devem responder solidariamente por eventual
defeito ou vício, isto é, imputa-se a toda a cadeia de fornecimento a responsabilidade pela
garantia de qualidade e adequação. 2. No sistema do CDC, fica a critério do consumidor a
escolha dos fornecedores solidários que irão integrar o polo passivo da ação. Poderá exercitar
sua pretensão contra todos ou apenas contra alguns desses fornecedores, conforme sua
comodidade e/ou conveniência. 3. São nulas as cláusulas contratuais que impõem
exclusivamente ao consumidor a responsabilidade por compras realizadas com cartão de
crédito furtado ou roubado, até o momento da comunicação do furto à administradora.
Precedentes. 4. Cabe às administradoras, em parceria com o restante da cadeia de
fornecedores do serviço (proprietárias das bandeiras, adquirentes e estabelecimentos
comerciais), a verificação da idoneidade das compras realizadas com cartões magnéticos,
utilizando-se de meios que dificultem ou impossibilitem fraudes e transações realizadas por
399 estranhos em nome de seus clientes, independentemente de qualquer ato do consumidor,
tenha ou não ocorrido roubo ou furto. Precedentes.

o
 Crédito fixo x crédito rotativo
Contrato de abertura de crédito FIXO Contrato de abertura de crédito (crédito
rotativo, em conta-corrente ou cheque
especial)
O contrato de crédito fixo consiste na No contrato de abertura de crédito rotativo o
concessão, por parte da instituição financeira banco se compromete a deixar disponível ao
ao seu cliente, de valor certo, com termo e cliente uma determinada quantia, sendo que o
encargos pré-definidos. No momento da contratante pode ou não se utilizar do valor.
assinatura do contrato, o contratante já sabe de
Não é considerado título executivo porque não
antemão o valor total da dívida.
goza de liquidez e certeza.
O contrato de abertura de crédito fixo equivale
Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada a
a um contrato de mútuo feneratício. Depois de
contrato de abertura de crédito não goza de
assinado o pacto, o banco credita o valor certo
autonomia em razão da iliquidez do título que a
e determinado na quantia do cliente e este
originou.
assume a obrigação de devolvê-la com juros e
correção monetária, quando chegar o termo Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de
ajustado. crédito, ainda que acompanhado de extrato da
conta-corrente, não é título executivo.
Trata-se de título executivo extrajudicial
porque é considerado líquido, certo e exigível Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de
(STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1255636/RS, Rel. crédito em conta-corrente, acompanhado do
Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em demonstrativo de débito, constitui documento

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

01/12/2015). hábil para o ajuizamento da ação monitória.


Não incide aqui a Súmula 233 do STJ. Nesse Súmula 300-STJ: O instrumento de confissão
sentido: STJ. 4ª Turma. AgRg no AgRg no REsp de dívida, ainda que originário de contrato de
1167623/PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, abertura de crédito, constitui título executivo
julgado em 18/12/2014. extrajudicial.

11.6.4. Arrendamento mercantil


 Súmula 293 do STJ: A cobrança do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato
de arrendamento mercantil.
o Valor residual pago parcelado antecipadamente, uma vez que são valores altos
a serem pagos ao final pelo arrendatário.
 Súmula 564-STJ: No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro,
quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o
valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário
terá direito de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o
prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados.
o O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de
contrato de locação, no qual o locatário tem a possibilidade de, ao final do
prazo do ajuste, comprar o bem pagando uma quantia chamada de valor
residual garantido (VRG). É muito comum, na prática, que o contrato já
400 estabeleça que o valor residual será pago de forma antecipada nas prestações
do aluguel. Neste caso, o arrendatário, todos os meses, paga, além do aluguel,
também o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso é extremamente
frequente, especialmente no caso de arrendamento mercantil (leasing)
financeiro.
o Se o arrendatário deixar de pagar as prestações do arrendamento mercantil
financeiro, o arrendador poderá recuperar o bem por meio de ação de
reintegração de posse. Depois de ter de volta a coisa, o arrendador poderá
vendê-la para um terceiro a fim de cobrir suas despesas. A quantia arrecadada
com esta venda é somada com o valor que foi pago ao longo do contrato pelo
arrendatário a título de VRG antecipado. Se a soma destas duas quantias for
menor que o VRG total, o arrendador não terá que pagar nada ao
arrendatário. Por outro lado, se o valor arrecadado pelo arrendador (alienação
+ VRG antecipado) for maior que o VRG total, o arrendador deverá entregar
essa diferença para o arrendatário a fim de evitar enriquecimento sem causa.
Contudo, o contrato pode autorizar que, antes de devolver a diferença, o
arrendador ainda desconte do montante outras despesas ou encargos que
teve (ex: honorários advocatícios para cobrança extrajudicial).
 Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil, ainda que haja cláusula resolutiva
expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.
 Modalidades de leasing:
 Existem três espécies de leasing:
Leasing Leasing Leasing
FINANCEIRO OPERACIONAL DE RETORNO (Lease back)
Previsto no art. 5º da Previsto no art. 6º da Resolução Sem previsão na Resolução

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Resolução 2.309/96-BACEN 2.309/96-BACEN 2.309-BACEN


É a forma típica e clássica Ocorre quando a arrendadora já Ocorre quando determinada
do leasing. é proprietária do bem e o aluga pessoa, precisando se
ao arrendatário, capitalizar, aliena seu bem à
Ocorre quando uma pessoa
comprometendo-se também a empresa de leasing, que
jurídica (arrendadora) compra
prestar assistência técnica em arrenda de volta o bem ao
o bem solicitado por uma
relação ao maquinário. antigo proprietário a fim de
pessoa física ou jurídica
que ele continue utilizando a
(arrendatária) para, então,
coisa. Em outras palavras, a
alugá-lo a esta última.
pessoa vende seu bem e
celebra um contrato de
arrendamento com o
comprador, continuando na
posse direta.
Ex.: determinada empresa Ex.: a Boeing CapitalCorporation® Ex.: em 2001, a Varig®, a fim
(arrendatária) quer utilizar uma (arrendadora) celebra contrato de se recapitalizar, vendeu
nova máquina em sua linha de de arrendamento para alugar algumas aeronaves à Boeing®
produção, mas não tem recursos cinco aeronaves à GOL® e os alugou de volta por meio
suficientes para realizar a (arrendatária) a fim de que esta de um contrato de lease back.
aquisição. Por esse motivo, utilize os aviões em seus voos. A
celebra contrato arrendadora também ficará
401 de leasing financeiro com um responsável pela manutenção dos O nome completo desse
Banco (arrendador), que compra aviões. negócio jurídico, em inglês,
o bem e o arrenda para que a é sale and lease back (venda e
empresa utilize o maquinário. arrendamento de volta).
Normalmente, a intenção da Normalmente, a intenção da Em geral é utilizado como uma
arrendatária é, ao final do arrendatária é, ao final do forma de obtenção de capital
contrato, exercer seu direito de contrato, NÃO exercer seu direito de giro.
compra do bem. de compra do bem.

11.6.5. Factoring
 A empresa de factoring que receba uma cessão de créditos (de direitos e obrigações) tem
legitimidade para figurar no polo passivo de ação que pede a revisão do pacto.
 No contrato de factoring, a transferência dos créditos não ocorre por simples endosso, mas
sim por cessão de crédito, subordinando-se, portanto, à disciplina do Código Civil (art. 294), o
que autoriza ao devedor a oponibilidade das exceções pessoais em face da autorizada.
 As empresas de factoring não podem ser tidas como instituições financeiras, pois
desempenham atividades de fomento mercantil, em que se acorda a compra e venda de
créditos vencíveis, com preço certo e ajustado e com recursos próprios. Isto posto, seus juros
estão limitados em 12% ao ano, de acordo com a Lei de Usura, justamente por não se
equipararem às instituições financeiras.
 No contrato de factoring, o faturizado fica desobrigado do risco do inadimplemento, que
ficará a cargo do faturizador (factoring). No contrato de desconto de títulos, o cliente que faz a
troca continua responsável pela solvência do devedor principal.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

A faturizadora tem direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de factoring
vinculado a nota promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente (sem ter
realmente ocorrido a venda).

11.7. Sistema Financeiro Nacional / Sistema Financeiro da


Habitação – SFH
Sistema Financeiro Nacional: Constituição. Competência de suas entidades integrantes.
Instituições financeiras públicas e privadas. Liquidação extrajudicial de instituições
financeiras. Sistema Financeiro da Habitação. Sistema Financeiro de Habitação e outras
formas de financiamento do direito à moradia.

SFH está em direitos reais, em Direito Civil.


11.7.1. Liquidação – instituição financeira
● Dentre os efeitos da decretação da liquidação extrajudicial está a suspensão das ações e
execuções iniciadas sobre direitos e interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda,
não podendo ser intentadas quaisquer outras, enquanto durar a liquidação.
● Aplica-se supletivamente a Lei de Falências à lei de Liquidação de Instituição Financeira.
● Salvo expressa disposição em contrário desta Lei, das decisões do liquidante caberá recurso
sem efeito suspensivo, dentro em dez dias da respectiva ciência, para o Banco Central do
402 Brasil, em única instância.
● A liquidação extrajudicial será encerrada, por decisão do Banco Central do Brasil, na hipótese
de mudança de objeto social da instituição financeira para atividade econômica não integrante
do Sistema Financeiro Nacional.

11.8. Recuperação e falência


Recuperação judicial, recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária.
● Na LRE (recuperação e falências): não suspende o curso da prescrição das obrigações quando o
falecido ou o titular da empresa em recuperação é o credor. Também não se suspendem os
prazos decadenciais.
● ATENÇÃO  BIZU MASTER SUPREMO OVER, pra não errar mais:
o As execuções individuais ajuizadas contra o próprio devedor devem ser
EXTINTAAAAAAS, diante da novação resultante da concessão da recuperação
judicial. A concessão de recuperação judicial opera NOVAÇÃO do crédito, e a
decisão que homologa a recuperação é o título judicial.
o STJ: Após a aprovação do plano de recuperação judicial pela assembleia de
credores e a posterior homologação pelo juízo competente, deverão ser
extintas — e não apenas suspensas — as execuções individuais até então
propostas contra a recuperanda nas quais se busca a cobrança de créditos
constantes do plano.
● A falência de uma sociedade não enseja a falência automática dos sócios. Sócios de
responsabilidade ilimitada, deverão ser citados para ação falimentar, e a decisão que decretar
a falência da sociedade também acarretará a falência desses.
o Em caso de responsabilidade LIMITADA, em princípio, não submete os sócios
ao efeito da falência.

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● O falido mantém a legitimidade para a propositura de ações pessoais, podendo, inclusive,


ajuizar ação rescisória para tentar reverter o decreto falimentar.
● A sentença que decreta a falência deverá estipular o termo legal o termo legal, que não poderá
retroagir a mais de 90 dias da data da sentença. Assim, os negócios anteriormente celebrados
continuarão válidos.
● O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a
recuperação judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade devedora. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.727.771-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).
● Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a
incidência da norma do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos
processuais pelos credores habilitados no processo falimentar quando representados por
diferentes procuradores. Assim, se no processo de recuperação judicial uma decisão
desagradar aos credores e eles decidirem recorrer, terão prazo em dobro caso possuam
diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos. Em outras palavras, aplica-se
aos credores da sociedade recuperanda o prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229
do CPC/2015). STJ. 3ª Turma. REsp 1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/03/2018.
● Segundo o STJ, a suspensão dos feitos prevista no art. 6º da Lei de Falências atinge somente
feitos executivos. A homologação da sentença estrangeira tem natureza constitutiva, uma vez
que esse procedimento, por si só, não implica em execução contra o devedor. Assim, o fato da
empresa se encontrar em recuperação judicial NÃO obsta a homologação de sentença
403 arbitral estrangeira (SEC 14.408-EX)
● Qualquer decisão que afete os bens da empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo
onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o
competente para decidir sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares
movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de relação de
consumo.
● STJ: A sociedade não tem legitimidade para o ajuizamento de ação que tenha o objetivo de
receber valor que deveria ter sido exigido pela massa falida, mas não o foi. Uma vez decretada
a sua falência, a sociedade não possui personalidade jurídica e, por isso, não pode postular, em
nome próprio, representada por um de seus sócios, direitos da massa falida, nem mesmo em
caráter extraordinário. Somente a massa falida, através de seu representante legal, que é o
síndico/administrador, tem legitimidade para postular em juízo buscando assegurar seus
próprios direitos.
● Com a novação prevista no plano de recuperação judicial, as garantias reais ou fidejussórias,
de regra, são preservadas, circunstância que possibilita ao credor exercer seus direitos contra
terceiros garantidores coobrigados e impõe a manutenção das ações e execuções aforadas em
face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral.
● Caso um advogado tenha créditos de honorários advocatícios para receber da sociedade
empresária falida, tais créditos estarão em PRIMEIRO lugar.
o Por outro lado, os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à
massa falida, depois de ter sido decretada a falência não se enquadram no art. 83,
inciso I, da Lei 11.101/05, mas sim no art. 84 e são considerados como créditos
extraconcursais.
● A decretação de falência interrompe o curso da prescrição aquisitiva que corre contra a
empresa, de propriedade de massa falida, visto que o possuidor, seja o falido ou terceiros,
perde a posse pela incursão do Estado na sua Esfera jurídica.

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● Em regra, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido
de recuperação judicial, ainda que não vencidos.
o Não estão sujeitos à recuperação judicial créditos de alienação fiduciária e as
ações relacionadas com tais créditos, que podem continuar ou ser propostas.
▪ Exceção da exceção: se a garantia da alienação fiduciária for o imóvel
que funciona o estabelecimento do devedor ou forem bens móveis
essenciais à atividade empresarial da empresa em recuperação
judicial, nesse caso, mesmo sendo crédito de alienação fiduciária,
deverá ficar sujeita aos efeitos da recuperação judicial. DEVE SER
ESSENCIAL ao funcionamento, se não for, fica fora.
● Complementando este entendimento, e pelo fato de o ente público não participar do acordo
privado da recuperação judicial, a Lei de Falências e o CTN condicionam a recuperação judicial
à regularização dos débitos fiscais e apresentação de certidões negativas, conforme,
respectivamente, seus artigos 57 e 191-A. Isso significa que devem parcelar o débito, nas
condições fornecidas pela lei para as empresas em recuperação ou falência.
o A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça encontra-se consolidada no
sentido de que o deferimento do processamento da recuperação judicial, por
si só, não suspende as execuções fiscais, mas os atos de alienação e constrição
devem ser submetidos ao juízo da recuperação judicial, em homenagem ao
princípio da preservação da empresa
o Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº
404 11.101/2005, a decretação da extinção das obrigações do falido prescinde da
apresentação de prova da quitação de tributos.
o Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos
tributos é condição para a extinção das obrigações do falido. A Min. Nancy
Andrighi sustenta que sim. Em provas objetivas, fique atento porque pode ser
cobrada a redação literal do art. 191 do CTN, devendo essa alternativa ser
assinalada como correta: “Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer
prova de quitação de todos os tributos.”
● Os débitos tributários não estão sujeitos à recuperação judicial, ou seja, independentemente
do que ficar estabelecido no plano de recuperação os tributos devidos pelo empresário devem
ser sempre quitados de acordo com as normas tributárias referente às empresas em
recuperação judicial
● STJ: nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da LRE, a decretação da
extinção das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova da quitação de tributos.
● CTN: artigo 191: a extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os
tributos.
● Na falência, os tributos não se aplicam à lei de falências. Assim, as execuções fiscais não são
suspensas pelo deferimento da recuperação judicial. Porém, a lei prevê a possibilidade de
parcelamento do débito fiscal, especificamente para empresas em recuperação judicial.
o STJ: Apesar da LRE não prever a suspensão judicial, o STJ entende que é necessário
submeter os atos de alienação e constrição ao juízo da recuperação judicial, em
homenagem ao princípio da preservação da empresa.
● Nas ações de falência, em qualquer modalidade de realização do ativo (venda dos
bens/direitos) adotada, fica a massa falida dispensada da apresentação de certidões
negativas.

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● Caso o plano de recuperação judicial já tenha sido apresentado pelo devedor em recuperação,
aprovado pelos credores e homologado pelo Juiz, não é razoável a tomada dos prazos
prescricionais e das ações e execuções que contra ele tramitavam, podendo exceder o prazo
de 180 dias de suspensão previsto na lei de falências e recuperação. Ainda, pode o prazo ser
prorrogado se ficar comprovado que o retardamento da elaboração do plano de recuperação
não se deu por sua desídia/causa.
● Principal estabelecimento para fins de juízo falimentar: local onde o devedor concentra maior
volume de negócios, o qual, frise-se, muitas vezes não coincide com o local da sede da
empresa ou do seu centro administrativo. “Principal estabelecimento”
● A subsidiária integral está sujeita ao regime de falência. Só não está sujeita a SEM ou EP
autorizada por lei.
● Súmula 581 STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das
ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral,
por garantia cambial, real ou fidejussória. → Logo, a recuperação judicial de sociedade
empresária que figura como devedora solidária de empresa estatal não impede que os
credores exijam desta a satisfação total da obrigação devida.
● xAção revocatória possui o prazo de 3 anos, e não 5, no processo de falência.
● Não se aplica falência à SEM e EP, sendo os entes políticos subsidiariamente responsáveis.
● A extinção das obrigações do FALIDO não impede o prosseguimento de execução ajuizada
contra os codevedores, como avalista e devedor solidário.

405 ● Os direitos do proprietário fiduciário não podem ser suspensos na hipótese de recuperação
judicial, já que a posse direta e indireta do bem e a conservação da garantia são direitos
assegurados ao credor fiduciário pela lei e pelo contrato
● A empresa em recuperação judicial, apesar de suspensas as ações e execuções contra esta,
não tem direito de tirar seu nome dos serviços de restrição de crédito e tabelionatos de
protesto. Isso porque essa providência (suspensão das ações e execuções) não significa que o
direito dos credores tenha sido extinto. A dívida continua existindo. Assim, se continua
existindo, não se pode aceitar a retirada do nome da empresa em recuperação dos serviços de
proteção ao crédito e tabelionato de protestos.
● Crime contra a economia popular não está previsto na lei de falência como impedimento
ensejador de decretação em caso de condenação, mas tão somente no código civil, dispondo
que não poderá ser administrador quem for condenado por crime contra a economia popular.
● O credor deverá apresentar ao administrador judicial da falência o valor do seu crédito,
atualizado com juros e correção monetária. Vale ressaltar que o termo final da incidência dos
juros e correção monetária é a data do pedido de recuperação judicial, nos termos do art. 9º,
II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada em julgado
tenha determinado que os juros e correção monetária iriam incidir até a data do efetivo
pagamento, quando este crédito for habilitado na recuperação judicial ele será atualizado até
a data do pedido de recuperação judicial. Segundo o STJ decidiu, isso não ofende a coisa
julgada. Nesse sentido: Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação de crédito que
limita a incidência de juros de mora e correção monetária, delineados em sentença
condenatória de reparação civil, até a data do pedido de recuperação judicial.
● O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de
sentença arbitral estrangeira. No caso, empresa brasileira foi condenada, em sentença arbitral
proferida na Suíça, a pagar determinada quantia a empresa estrangeira. A credora pediu a
homologação desta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-se em processo de

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recuperação judicial no Brasil. Isso, contudo, não impede que o STJ homologue esta sentença
estrangeira. Depois, a credora terá que habilitar este crédito no juízo da recuperação.
● Execução Frustrada: art. 94, II da LRE: o devedor é executado por qualquer quantia líquida,
mas não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.

● Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento


das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em
geral, por garantia cambial, real ou fidejussória.
● É possível que o falido tenha extinta suas obrigações após pagar 50% dos créditos
quirografários. Isto porque, anteriormente, o falido pagou todos os demais créditos acima dele
na ordem legal. Assim, ele pode requerer ao juiz a extinção de suas obrigações mesmo não
tendo terminado de pagar tudo, diferentemente da insolvência do devedor civil.
● A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa
falida, quando em litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível
no qual for proposta a ação de conhecimento (aqui, no caso, é a Vara de Fazenda Pública),
competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as respectivas normas de
organização judiciária.
o Regra: todas as ações devem ser propostas no juízo universal, contra o falido.
o Exceção: ações em andamento ou novas, que demandam quantias ilíquidas
devem ser processadas no juízo cível.
▪ Ação por danos morais é considerada ilíquida.
o A ação de compensação por danos morais movida contra empresa em
406 recuperação judicial não deve permanecer suspensa até o trânsito em julgado
da decisão final proferida no processo de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp
1710750-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 627).
o
● É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em
processo de falência, de crédito previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista.
● Se as verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em
momento anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão sujeitas a
esse procedimento (falência), mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada
somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda
que inexigível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o declare — e muito menos
do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da
recuperação judicial.
● Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por sociedades em recuperação
judicial e representados por agente fiduciário – têm assegurados o direito de voto nas
deliberações sobre o plano de soerguimento.
● O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou
da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das
hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas
de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da quebra do devedor que não paga, sem
relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos
na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005)
o Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

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I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida


materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal; Execução frustrada.
 Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação de crédito que limita a incidência de juros
de mora e correção monetária, delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a
data do pedido de recuperação judicial. O credor deverá apresentar ao administrador judicial
da falência o valor do seu crédito, atualizado com juros e correção monetária. Vale ressaltar
que o termo final da incidência dos juros e correção monetária é a data do pedido de
recuperação judicial, nos termos do art. 9º, II, da Lei nº 11.101/2005.
o Decretação da falência (data da sentença).
o Pedido de recuperação judicial (data do pedido de recuperação judicial).
 No processo de falência, a incidência de juros e correção monetária sobre os créditos
habilitados deve ocorrer até a decretação da quebra, entendida como a data da prolação da
sentença e não da sua publicação.
 A certeza quanto à irreversibilidade da decisão que decretou a falência de uma empresa
devedora permite que as ações de execução movidas contra ela, suspensas em razão do
processo de recuperação judicial, sejam extintas. STJ
 Classificação dos créditos na falência.
o 1 Trabalhistas (até 150 salários) + acidente de trabalho sem limite
 Acidente: concursais e extraconcursais (depois da falência)
407 o 2 Crédito com garantia real
 Aval e fiança não são garantias reais, mas pessoais.
o 3 Crédito tributário (exceto multa)
 Extraconcursais são pagos com precedência aos créditos concursais.
o 4 Crédito com privilégio especial (inclusive créditos de ME e EPP)
o 5 Crédito com privilégio geral (normalmente créditos com preferência
em outras leis civis e comerciais)
o 6 Crédito quirografário (créditos não previstos nos demais incisos) (crédito
trabalhista acima de 150 salários) (crédito trabalhista cedido)
o 7 Multas (inclusive tributárias)
o 8 Créditos subordinados (previstos em lei e contrato + sócios e dos
administradores sem vínculo empregatício)

11.9. Comércio eletrônico
A Relação de Consumo no Direito do Espaço Virtual. Comércio Eletrônico.

12. DIREITO FINANCEIRO


12.1. Atividade financeira do Estado. Finanças na Constituição de
88.
● Os parcelamentos constitucionais do ADCT art 33 e 78 criaram sistemática de pagamento dos
débitos públicos que impede a fluência de juros durante os parcelamentos, sem prejuízo dos
moratórios em caso de inadimplemento.
● Receita derivada: é a que decorre de ato de imposição do Estado, podendo ser tributária e
não tributária, como multas.

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● O tema repartição das receitas tributárias é matéria afeta ao direito financeiro, pois o direito
tributário ocupa-se apenas com a tributação, ao passo que o destino a ser dado com o dinheiro
arrecadado não lhe diz respeito.
● O Poder Executivo deverá publicar, em até 30 dias, após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária. (CF) 30-60
● As normas de direito financeiro são sempre reguladas por LEI COMPLEMENTAR. De outra
banda, os orçamentos são disciplinados em lei ordinária.
● ATENÇÃO: a competência da União para dispor sobre limites à emissão de moeda é exercida
exclusivamente pelo CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, e não pelo Banco Central. O Banco
central só emite o papel moeda nas condições e limites estabelecidos pelo CMN.
● É vedado ao Estado impor condições para entrega aos municípios das parcelas que lhes
compete na repartição das receitas tributárias, salvo:
o Como condição ao recebimento de seus créditos ou;
o Ao cumprimento dos limites de aplicação de recursos em serviços de saúde e
seguridade social já descontada de seus servidores.
● O Banco Central não pode conceder empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão que
não seja instituição financeira
o Mas pode comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o
objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
● ATENÇÃO! Somente os ESTADOS e DF podem vincular receita tributária líquida de 0,5% em
programas sociais e cultura. Os MUNICÍPIOS NÃO!
● A folha de pagamento dos servidores não é disponibilidade de caixa, por isso pode ser
408 depositada em contas privadas. STF
● DESVINCULAÇÃO DA RECEITA DA UNIÃO: até 2023, fica desvinculado 30% das receitas da
arrecadação com:
o Contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das despesas do RGPS.
o CIDE
o Taxas.
o A DRU foi instituída com a EC93/16. Também há desvinculação dos Estados e
Municípios, DREM.
● REGRA DE OURO: vedação da administração de realizar operações de crédito superiores às
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais
com finalidade precisa, aprovados pelo Legislativo por MAIORIA ABSOLUTA.
o A LRF previa no art. 12, §2º a mesma coisa, mas sem a exceção do congresso
poder autorizar a quebra da regra de ouro. ADIN deu interpretação
conforme a CF para que seja feito sob autorização do Poder Legislativo.
● INSTITUIÇÃO DE FUNDOS: individualização de recursos que recebem finalidade específica.
Forma de descentralização de recursos orçamentários.
o Condições para instituição e funcionamento: lei complementar.
o Efetiva instituição: lei ordinária.
● A decisão do STF que declarou inconstitucional a correção monetária dos precatórios pela TR
(caderneta de poupança) não tem eficácia retroativa, mas sim prospectiva.
● Para os Estados e Municípios que não estiverem autorizados a editar medidas provisórias pela
Constituição Estadual/Lei Orgânica, o ato de abertura dos créditos extraordinários será o
decreto do executivo.
● STF: apenas quando presente alguma situação fática análoga ou igual a guerra, calamidade
pública e comoção interna é que se estaria autorizada a abertura de créditos extraordinários
por meio de medida provisória. Os requisitos constitucionais de imprevisibilidade e urgência

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para abertura de créditos extraordinários, diferentemente dos requisitos de uma MP genérica,


gozam de densidade normativa própria passível de controle pelo judiciário.
o Isto posto, no caso de investimentos do governo, o crédito a ser exigido será
suplementar ou especial e não extraordinário e, por isso, será necessária
prévia aprovação do legislativo ara sua abertura, de modo a fazer face às
despesas de execução de investimentos.
● Inconstitucional norma estadual que subordina convênios, acordos, contratos e atos de
Secretários de Estado à aprovação da ALE, porque ofende o princípio da independência e
harmonia dos poderes.
o Lado outro, na órbita federal, os contratos devem ser aprovados previamente
pelo TCU.
● Se a receita de um tributo é destinada a fim diverso daquele previsto (vinculação
inconstitucional), gera apenas a necessidade de fazer a correta vinculação, não ensejando
devolução ao contribuinte, uma vez que a tributação é e foi constitucional.

12.2. Orçamento Público


Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais
de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos.
● Apesar de o orçamento ser autorizativo e não obrigatório, ao não realizar uma despesa o
administrador deve motivar sua ação. “É que, pelo princípio republicano, o Executivo deve
prestar contas não apenas do que faz, mas do que deixa de fazer. ”
409 ●● PPA e LDO são inovações da CF 88. Antes tinha só a LOA.
Quanto às estatais (SEM e EP):
o Orçamento-fiscal: despesas das estatais dependentes.
o Orçamento investimento: despesa das estatais independentes, que a União
detenha a maioria do capital social com direito a voto.
● Cabível o controle de constitucionalidade das leis orçamentárias, independentemente de
perquirir se a norma possui natureza concreta ou abstrata. Ademais, se a ADI não for julgada
no mesmo exercício financeiro, ela perderá seu objeto, de modo que não terá seu mérito
apreciado.
● A LDO estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento, a
exemplo do Banco do Brasil.
● O orçamento FISCAL e de INVESTIMENTO (da seguridade NÃO!), compatibilizados com o plano
plurianual, terão em suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo o
critério populacional.
● NATUREZA JURÍDICA DO ORÇAMENTO:
o Mista: mero ato administrativo em relação às despesas e lei em sentido formal
em relação às receitas.
o Ato-condição: as receitas e despesas já tinham sido criadas por normas
anteriores, sendo o orçamento mera condição para sua realização.
o Lei em sentido formal: mera forma de lei, mas o conteúdo não cria direitos
subjetivos. Não cria gastos, mas apenas o autoriza. O orçamento é
autorizativo.
● ATENÇÃO, exceção ao princípio da legalidade de despesas. Transposição, o remanejamento
ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra poderão ser
admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder
Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa.

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● Conquanto os municípios não estejam elencados no rol de competências concorrentes, podem


editar lei sobre direito financeiro, com fulcro no artigo 30, I e II da CF.
● O orçamento estabelecerá o equilíbrio necessário entre receitas e despesas, havendo,
portanto, uma vinculação entre a obtenção das receitas e a despesas previstas. Princípio do
equilíbrio está previsto na LRF.
● Seguridade social e seu orçamento: o orçamento da seguridade social, que abrange todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, está compreendido
na lei orçamentária anual.
o Seguridade: o orçamento não pode ser utilizado para suprir necessidade ou
cobrir déficit de empresas, fundações e fundos. SALVO se houver autorização
legislativa.
o Previdência: não podem ser utilizadas para finalidade diversa do pagamento
de benefícios do RGPS, em hipótese alguma, nem mesmo com autorização
legislativa.
● ATENÇÃO: Não existe orçamento da PREVIDÊNCIA SOCIAL, mas sim da SEGURIDADE SOCIAL na
LOA.
● PPA: prevê as despesas de capital e as despesas de duração continuada. Não prevê despesas
correntes.
● PPA: estabelece as Diretrizes, Objetivos e Metas da administração pública para:
o Despesas de capital e outras delas decorrentes.
o Despesas de duração continuada.
● LDO: surgiu em 88, junto com o PPA, para estabelecer um vínculo entre a PPA e a LOA. Antes
410 só existia LOA. Estabelece METAS e PRIORIDADES:
o Incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro SUBSEQUENTE.
o Orienta a elaboração da LOA.
o Dispõe sobre a alteração na legislação tributária.
o Estabelece a política de aplicação das agências oficiais de fomento.
o A LDO terá anexo de RISCOS fiscais e Metas, conforme LRF.
o A LDO disporá sobre equilíbrio entre receitas e despesas.
● Atenção: cabe à LDO autorizar concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração,
criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a
admissão ou contratação de pessoal, pelos órgãos da administração direta ou indireta,
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mistas.
● A vigência é superior a um exercício:
o 1º ano orienta a LOA
o 2º ano dispõe sobre METAS e PRIORIDADES, bem como outros objetivos vistos
em seu conteúdo.
● LOA: compreende o orçamento fiscal, de investimento e da seguridade social.
● O orçamento participativo não vincula o executivo. É meramente opinativo.
● Inconstitucional LDO que fixa limites ao Poder Judiciário quando da elaboração da sua
proposta sem a sua participação.
● Restrições materiais às emendas parlamentares – vedação de anulação de despesa para
fonte de emendas:
o Dotações para pessoal e seus encargos.
o Serviço da dívida.
o Transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito
Federal
● Restrições formais – alterações formais só podem ser relacionadas com:
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o Correção de erros ou omissões;


o Correção de dispositivos do texto do projeto de lei.

12.3. Despesa Pública - Precatórios


Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos precatórios.
● RECEITA: regime de CAIXA: momento de seu efetivo recebimento. CODE - CARE
● DESPESAS: regime de COMPETÊNCIA: no momento em que são incorridas,
independentemente de seu pagamento.
● DESPESAS: dispêndios para funcionamento e manutenção dos serviços e atividades públicas.
o Corrente: pagamento de atividades rotineiras. Gastos de recursos com
manutenção de serviços já criados, ou recursos que se transferem para outras
entidades, nelas se constituindo receitas correntes.
▪ Despesas de Custeio: pessoal civil e militar; material de consumo;
serviços de terceiros - terceirização (contraprestação ao Estado)
▪ Transferências correntes: transferências intergovernamentais
constitucionais; inativos e pensionistas; juros da dívida pública;
subvenções; contribuições previdenciárias; (não corresponde à
contraprestação ao Estado)
o Capital: criar novos bens de capital e também despesas para amortização da
dívida pública. São economicamente produtivas, tendo em vista que produzem
acréscimo ou mutação patrimonial.
411 ▪ Investimentos: aquisição de instalações, equipamentos e materiais
permanentes, aumento de capital de empresas ou entidades
industriais ou agrícolas. Aumentam o PIB.
▪ Inversões financeiras: aquisição de imóveis ou bens de capital, ,
aquisição de título de empresa ou entidade de qualquer espécie que
não aumente o capital social, aumento de capital de empresa de
objetivos comerciais ou financeiros. NÃO aumentam o PIB.
▪ Transferência de capital: os recursos transferidos servem para
investimentos ou inversões financeiras de outros entes, sem
contraprestação; dotações para amortização da dívida pública
(principal).
● STJ: as restrições sobre as despesas com pessoal previstas na LEF, não incidem quando essas
despesas decorrerem de decisões judiciais.
● Para fins de aplicação dos limites da dívida pública, consideram-se dívida pública
consolidada ou fundada os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento
em que houverem sido incluídos.
● As despesas destinadas ao serviço da dívida e ao reajustamento de remuneração de pessoal
do inciso X do artigo 37 da CRFB são exceções à regra de que é necessária a implantação de
medidas que visem ao aumento de receita pública, antes da criação ou aumento das despesas
obrigatórias de caráter continuado.
● TÉCNICA DE REALIZAÇÃO DE DESPESA PÚBLICA = FELP
1) FIXAÇÃO: realização de dotação orçamentária para cobrir o futuro gasto
público. Previsão legal.
2) Empenho: ato que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou
não de implemento de condição. Reserva-se determinada quantia para o pagamento
da despesa que se deseja realizar, criando um direito ao contratado.

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3) Liquidação: procedimento de verificação do direito adquirido do credor em


receber os valores empenhados. Verifica-se a regularidade do produto ou serviço
adquirido, a importância a ser paga e o destinatário dos valores.
4) Pagamento: ato efetivo de desembolso dos valores em favor do particular.
Deve ser feita, em regra, por ordem cronológica dos empenhos, excepcionado razões
de relevante interesse público previamente justificadas no caso pela autoridade
competente e devidamente publicada. Fora disso, configura crime previsto no artigo
92 da 8666.
I) REGIME DE ADIANTAMENTO OU SUPRIMENTO DE FUNDOS: sempre precedido do
regular empenho na dotação própria. Valores disponibilizados ao servidor para eventuais
despesas:
a. Despesas de pequeno vulto.
b. Despesas de caráter sigiloso.
c. Despesas eventuais, inclusive viagem e serviços especiais, que exijam
pronto pagamento.
 Não podem receber suprimento de fundos:
Servidor em alcance: não prestou contas referentes a adiantamento anterior
ou que teve as contas reprovadas.
Servidor responsável por 2 adiantamentos: é permitida a concessão de até
dois suprimentos com prazo de aplicação não vencido.
II) REGIME CONTÁBIL DA DESPESA PÚBLICA:
a. CAIXA: CARE – RECEITAS: contabilizadas quando do efetivo ingresso
412 aos cofres.
i.Exceção: Dívida Ativa: é contabilizada quando da sua inscrição, e
não da efetiva recuperação dos créditos.
b. COMPETÊNCIA: DECO – DESPESAS: contabilização realizada no mês da
efetivação do empenho.
i.Exceção: Despesas de exercícios anteriores: são consideradas
despesas do exercício vigente na época de seu pagamento.
III) RESTOS A PAGAR: despesas empenhadas em determinado exercício mas não pagas
até 31/12 do corrente ano, transferidas para o ano seguinte.
a. Processados: empenhadas e liquidadas, prontas para pagamento.
b. Não processados: empenhadas, mas não liquidadas.
OBS: Créditos de vigência PLURIANUAL:
▪ Empenhadas e não liquidadas: só serão computadas como restos
a pagar no último exercício de vigência do referido crédito.
▪ Empenhadas e liquidadas: poderão ser inscritos em restos a pagar
no primeiro ano.
o Se os restos a pagar não forem pagos até 31/12, serão cancelados, uma
vez que é vedado reinscrição de empenhos em restos a pagar. Com o
cancelamento do empenho, a prescrição da pretensão relativa à obrigação
(pagar o credor) é interrompida. Essas despesas poderão ser pagas como
DEA (despesas de exercícios anteriores), desde que respeitados o lapso
prescricional respectivo.
o Restos a pagar em final de mandato: nos últimos 2 quadrimestres do
exercício de mandato, os titulares de Poder ou órgão não podem contrair
obrigação que não possa ser paga em sua totalidade no mesmo exercício,
ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja

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disponibilidade de caixa. DEVE TER O DINHEIRO EM CAIXA para o


ADIMPLEMENTO.
▪ Tal regra independe de quem será o sucessor. Aplica-se até
mesmo no caso de recondução e reeleição.
▪ É CRIME tal conduta: 359-C do CP.
IV) DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES: compromissos assumidos em exercícios
anteriores para os quais não existe empenho realizado, ou no caso de cancelamento de
empenhos.
a. Prescrição interrompida:
b. Não processadas em época própria: empenho cancelado por ter sido
considerado irregular, mas o particular cumpriu sua obrigação no prazo.
c. Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício
correspondente: promoção de forma retroativa ao servidor.

● O empenho, segunda etapa para a realização de despesa pública (a primeira é a


licitação/programação), é ato jurídico e administrativo de natureza orçamentária, ainda que
pendente de implemento de condição. (58 4320) –
o STJ: A nota de empenho tem natureza de título executivo extrajudicial. Possui
liquidez, certeza e exigibilidade, representando documento idôneo para
fundamentar a ação de execução contra o Poder Público.
o A Lei nº 8.666/93 prevê o seguinte: "Art. 7º (...) § 2º As obras e os serviços
413 somente poderão ser licitados quando: III — houver previsão de recursos
orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de
obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de
acordo com o respectivo cronograma;" Para que seja atendido o inciso III do §
2º do art. 7º da Lei de Licitações, não se exige a disponibilidade financeira,
mas tão somente que haja previsão destes recursos na Lei Orçamentária.
o
● Planejamento/Licitação, empenho, liquidação, ordenamento, pagamento.
o Exceção: regime de adiantamento de despesas ou suprimento de fundos →
para despesas expressamente previstas em lei, consistindo na entrega de
numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para
o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal
de aplicação.
o Na fase de liquidação verifica-se se o serviço foi concluído. Ou seja, verifica-se
se houve direito adquirido pelo credor através de atestado emitido por
servidor público de que o serviço foi concluído.
● Empenho e nota de empenho não se confundem:
o Empenho: ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Jamais
poderá exceder o limite dos créditos concedidos. (OBRIGATÓRIO) SEMPRE!
SEM EXCEÇÃO! JAMAIS PODERÁ SER DISPENSADO.
o Nota de empenho: documento que comprova prévia dotação orçamentária
para o pagamento de determinada despesa. (A lei poderá dispensar a emissão
da nota de empenho, como nos casos de despesas com pessoal e decisões
judiciais)
o Espécies de empenho:
▪ Ordinário: sabe-se previamente o montante devido e será pago de
uma só vez.
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▪ Por estimativa: não se sabe previamente o montante devido, razão


pela qual se realiza uma estimativa de valor a ser empenhada a
despesa.
▪ Global: sabe-se previamente o montante devido, mas seu pagamento
é feito de forma parcelada.
o VEDAÇÕES DE EMEPENHAR: salvo calamidade pública, fica vedado aos
municípios empenhar durante o último mês do mandato:
▪ Mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente.
▪ Assumir compromissos para execução depois do término do mandato.
▪ É NULO e de nenhum efeito o empenho realizado conforme acima.
● A dívida ativa da União de natureza não tributária deve ser escriturada como receita do
exercício em que for arrecadada, e não do exercício em que for inscrita, sob o regime de
competência, nas respectivas rubricas orçamentárias.
● Limitação de empenho: adequação dos gastos públicos a ser utilizado quando, ao final de um
bimestre, se verificar que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das
metas de resultado primário ou nominal estabelecidos no Anexo de Metas Fiscais. Aplica-se a
todos os Poderes e ao MP. Exceção: não pode afetar a todas despesas indistintamente:
o Obrigação constitucional ou legal.
o Pagamentos dos serviços da dívida.
o Outras ressalvadas na LDO.
● Considera-se obrigatória e de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
414 execução por um período superior a dois exercícios.
● Despesas com pessoal:
o Parâmetro para o cálculo do limite: receita corrente líquida (art. 2, IV, LRF).
o Percentual de limites para os entes federados:
▪ União: 50%
▪ Estados, Municípios e DF: 60%.
o Computa-se: dispêndios com ativos, inativos, pensionistas, ocupantes de
mandatos eletivos, cargos, funções, empregos, civis militares e membros de
Poder, com quaisquer espécies remuneratórias.
▪ Terceirizados: somente serão computadas no limite de gastos com
pessoal nas hipóteses de contratação para substituição de servidores e
empregados públicas. (art. 18, §1º). Se não for para substituição, não
será computada. STF: Conclusão de que as despesas com contratos
de gestão não devem ser computadas para finalidade prevista no
artigo 19 da LRF, excluindo-se a despesa com pessoal das OS.
o Limite prudencial: ocorre quando as despesas com pessoal ultrapassam 95%
do limite previsto para o órgão público. Restringe-se concessão de aumentos,
criação de cargos e empregos, contratação de hora extra e outros. Se
ultrapassar o limite de gastos com pessoal, adota-se as medidas do artigo 169
da CF.
▪ Sanções: Enquanto não alcançado a redução no prazo estabelecido (2
quadrimestres seguintes), não poderá receber transferências
voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; contratar
operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da
dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
▪ O ente estará sujeito desde logo às sanções do art. 23, §3º, da LRF,
sem prazo para reenquadramento, se o limite for excedido no
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primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de


Poder ou órgão público. É o que prescreve o §4º do art. 23 da LRF
o Possibilidade de redução temporária da jornada de trabalho com adequação
dos vencimentos: ADI 2238, STF suspendeu a eficácia do artigo 23, §2º da LRF,
que permitia a redução temporária da jornada como adequação dos
vencimentos à nova carga horária, por entender que tal medida extrapola as
providências admitidas constitucionalmente, além de violar a irredutibilidade
dos vencimentos.
12.3.1. Precatórios
● O sistema de precatório não pode ser confundido com moratória, razão pela qual os juros da
mora devem incidir até o pagamento do débito. Portanto, incidem juros de mora no período
compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório.
(Aplica-se tanto para Precatório quanto para RPV – STF)
o Ratio: o credor não pode ser penalizado com a demora e menos ainda a
Fazenda devedora dela se locupletar, com pagamento inferior ao devido.
o SV 17. Da requisição ao efetivo pagamento não incidem juros de mora.
Salvo se transcorrido o prazo para pagar, que é de 12 meses após o ano
seguinte à expedição de pagamento.
● É VÁLIDA a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à
sucessão desta pela união, não devendo a execução prosseguir mediante precatório.
o O contrário representaria uma espécie de fraude contra os credores. Seria

415 uma forma de retirar dos credores a garantia de seus créditos já aperfeiçoada
e consolidada segundo as regras do regime anterior.
● STF reafirmou sua jurisprudência no sentido de que SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA e
EMPRESAS PÚBLICAS se submetem ao regime de precatório quando prestadoras de serviço
público de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial. Assim, é necessário
que: (i) não tenham o objetivo de distribuir lucros e que (ii) não atuem em regime de
mercado/concorrencial.
● REGIME DE PRECATÓRIOS:
o Quem completar 60 anos na fila do precatório possui preferência.
▪ STF: A limitação de valor para o direito de preferência previsto no art.
100, § 2º, da CF aplica-se para cada precatório de natureza alimentar,
e não para a totalidade dos precatórios alimentares de titularidade de
um mesmo credor preferencial, ainda que apresentados no mesmo
exercício financeiro e perante o mesmo devedor. A CF/88 não proibiu
que a pessoa maior de 60 anos ou doente grave participasse da
listagem de credor superpreferencial do § 2º por mais de uma vez. Ela
só proibiu que o precatório recebido fosse maior do que 3x o valor da
RPV. Logo, não cabe ao intérprete criar novas restrições não previstas
no texto constitucional.
o Caso o titular de um crédito de preferência venha a falecer, o crédito
transferido ao herdeiro permanecerá com a mesma preferência. O mesmo
não ocorre na cessão de precatório. O mesmo não ocorre na cessão de
precatórios para pessoa que não tenha preferência.
o Para aferição de competência por valor da causa e expedição de RPV em ações
plúrimas, deve-se aferir o valor pleiteado INDIVIDUALMENTE por cada um dos
litisconsortes, e não o valor total da ação.
▪ HONORÁRIOS: STF JULGOU EM 2019
NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios
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em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a


Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório (STF. 2ª Turma.
RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, julgado em 7/11/2017. Info 884). É a corrente que
prevalece.
STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/11/2017 (Info 884).
▪ Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em
litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda
Pública por frustrar o regime do precatório. A quantia devida a título
de honorários advocatícios é uma só, fixada de forma global, pois se
trata de um único processo, e, portanto, consiste em título a ser
executado de forma una e indivisível. STF. Plenário. RE 919269 ED-
EDv/RS, ARE 930251 AgR-ED-EDv/RS, ARE 797499 AgR-EDv/RS, RE
919793 AgR-ED-EDv/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/2/2019
(Info 929).
▪ Ratio decidendi: O fato de terem sido vários autores e de cada um
deles ter direito a uma parte na condenação não faz com que o valor
dos honorários também possa ser dividido. Isso porque o titular do
crédito de honorários é um só. Além disso, os honorários advocatícios
gozam de autonomia em relação ao crédito principal, e com ele não se
confunde.
416 o SV 47: honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de RPV, observada a ordem especial restrita aos créditos desta
natureza.
▪ Advogado pode receber honorários por RPV mesmo que o crédito da
parte seja por precatório: É possível que a execução de honorários
advocatícios devidos pela Fazenda Pública se faça mediante Requisição
de Pequeno Valor (RPV) na hipótese em que os honorários não
excedam o valor limite a que se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda
que o crédito dito “principal” seja executado por meio do regime de
precatórios.
o Litisconsortes ativos, o “pequeno valor” para fins de dispensa do precatório
será considerado individualmente para cada litisconsorte. Já os honorários,
sendo o mesmo advogado, será contabilizado na integralidade, já que o
advogado é uma pessoa só, e não haverá fracionamento na execução a fim de
que sejam vários RPVs.
o Os valores apresentados até 1º de julho do corrente ano deverão ser pagos até
31/12 do ano seguinte. Se não for pago até a data, flui o juros de mora a partir
da referida data. Há normal incidência de correção monetária.
▪ Da expedição até 31/12 do ano seguinte, não flui juros de mora. SV 17:
durante o período previsto no parágrafo 5º do artigo 100 da CF, não
incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.
o Condenações contra Fazenda Pública: JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.
▪ Relação Jurídica Tributária: Correção e Juros é SELIC, mesmo índice
que remunera os tributos devidos. (SELIC = Juros moratórios +

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correção monetária). Não pode correção monetária + SELIC, sob pena


de bis in idem.
▪ Relação Jurídica Não-Tributária:
● Correção: IPCA-E
● Juros: continuam sendo aplicados o juros da poupança – TR.
o O art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997 (com redação dada
pela Lei 11.960/2009), na parte em que estabelece a
incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda
Pública com base no índice oficial de remuneração da
caderneta de poupança, aplica-se às condenações
impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as
condenações oriundas de relação jurídico-tributária.
INFO 620 STJ
● As condenações judiciais de natureza administrativa em
geral, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até
dezembro/2002: juros de mora de 0,5% ao mês; correção
monetária de acordo com os índices previstos no Manual de
Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência
do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) no período posterior à
vigência do CC/2002 e anterior à vigência da Lei n.
11.960/2009: juros de mora correspondentes à taxa Selic,
vedada a cumulação com qualquer outro índice; (c) no
417 período posterior à vigência da Lei n. 11.960/2009: juros de
mora segundo o índice de remuneração da caderneta de
poupança; correção monetária com base no IPCA-E.
● As condenações judiciais referentes a servidores e
empregados públicos, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a)
até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização
simples); correção monetária: índices previstos no Manual de
Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência
do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a
junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção
monetária: IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora:
remuneração oficial da caderneta de poupança; correção
monetária: IPCA-E.
● No âmbito das condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas existem
regras específicas, no que concerne aos juros moratórios e compensatórios, razão pela qual
não se justifica a incidência do art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997 (com redação dada pela Lei n.
11.960/2009), nem para compensação da mora nem para remuneração do capital. Dar uma
lida em desapropriação, aqui no caderno, pois eu tratei dos juros e correção monetária
aplicáveis.
● As condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se à
incidência do INPC, para fins de correção monetária, no que se refere ao período posterior à
vigência da Lei n. 11.430/2006, que incluiu o art. 41-A na Lei n. 8.213/1991. Quanto aos juros
de mora, no período posterior à vigência da Lei n. 11.960/2009, incidem segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança.
● A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de indébitos
tributários devem corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago em atraso. Não
havendo disposição legal específica, os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (art.
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161, § 1º, do CTN). Observada a regra isonômica e havendo previsão na legislação da entidade
tributante, é legítima a utilização da taxa Selic, sendo vedada sua cumulação com quaisquer
outros índices.
● O art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997 (com redação dada pela Lei n. 11.960/2009, que determina a
utilização dos índices de remuneração básica da caderneta de poupança, para fins de
atualização monetária e compensação da mora (juros de mora)), para fins de correção
monetária, não é aplicável nas condenações judiciais impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza.
o A decisão do STF que declarou inconstitucional a correção monetária dos
precatórios pela TR (caderneta de poupança) não tem eficácia retroativa, mas
sim prospectiva.
o Se o valor de um precatório for superior a 15% do montante dos demais
precatórios apresentados até 01/7, apenas 15% de seu valor total deverá ser
pago até o dia 31/12 do ano seguinte. O restante será pago em parcelas iguais
nos 5 anos subsequentes, com juros e correção monetária, ou mediante
acordo com redução máxima de 40% do valor do crédito atualizado.
o FUNÇÃO ADMINISTRATIVA DO TRIBUNAL>
Os atos praticados pelos presidentes dos tribunais sobre precatórios possuem
caráter meramente administrativo. Assim, não cabe recurso extraordinário
contra decisão proferida em processamento de precatórios.
▪ Só cabe algo se ele decidir alguma coisa tipicamente judicial.
418 ▪

Cabe impetração de MS contra eventuais determinações.
Crime de responsabilidade e responde perante o CNJ o Presidente de
Tribunal que retarda, frustra a liquidação de precatórios.
o Exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência
ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu
débito, cabe o SEQUESTRO (leia-se arresto, pois aquele é para bens
específicos) da quantia respectiva.
▪ Trata-se de uma medida satisfativa de natureza executiva, e não uma
cautelar, como de praxe, vez que destina entregar a quantia
apreendida ao credor preterido.
o Precatório complementar: o valor expedido não foi suficiente para saldar a
dívida. Não precisa nova citação da fazenda pública.
o Precatório suplementar: o precatório foi inteiramente pago, mas necessita-se
de suplemento para quitar juros e correção monetária.
o Compensação (de ofício) de precatórios: INCONSTITUCIONAL.
o É possível o credor utilizar créditos inscritos em precatórios para aquisição de
imóveis pertencentes ao ente federativo devedor.
o Cessão de precatórios: total ou parcial, independentemente da concordância
do devedor. Só produz efeitos após comunicação ao tribunal de origem e à
entidade devedora.
▪ A CESSÃO de precatórios a uma pessoa que possui preferência não
move o crédito para tal classe. Diferente da sucessão hereditária em
virtude de falecimento.
o Regime especial de precatórios: inconstitucional.
o Intervenção: só se a falta de pagamento for por falta de interesse, deliberada.
● As SEM prestadora de serviços públicos primários e em regime de exclusividade, de natureza
não concorrencial, deve ter as execuções contra ela processadas pelo regime de precatórios.

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Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime dos
precatórios?
As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais.
Quando se fala em “Fazenda Pública”, essa expressão abrange:
• União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
• autarquias;
• fundações;
• empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
• sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado
e de natureza não concorrencial (este último é polêmico, mas é o entendimento que
prevalece).
 Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno
valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.
o § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias,
valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes
capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício
do regime geral de previdência social.
o Deve-se atender ao princípio da proporcionalidade ao fixar o valor mínimo.
419 o SIM. Os Estados/DF e Municípios podem fixar limites inferiores ou superiores
àqueles que estão previstos no art. 87 do ADCT. Na prática, contudo, será
muito difícil que um Estado amplie o limite do art. 87 porque, em tese, ele
prejudica suas finanças considerando que terá mais débitos a serem pagos por
RPV.
 Para que se verifique a legitimidade do cessionário de honorários advocatícios sucumbenciais
para se habilitar no crédito consignado no precatório há necessidade de preenchimento dos
seguintes requisitos: (a) comprovação da validade do ato de cessão dos honorários, realizado
por escritura pública e (b) discriminação no precatório do valor devido a título da respectiva
verba advocatícia, não preenchendo esse último requisito a simples apresentação de planilha
de cálculo final elaborada pelo Tribunal de Justiça.
 Condenações contra Fazenda Pública: JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.
o Relação Jurídica Tributária: Correção e Juros é SELIC, mesmo índice que
remunera os tributos devidos. (SELIC = Juros moratórios + correção
monetária). Não pode correção monetária + SELIC, sob pena de bis in idem.
o Relação Jurídica Não-Tributária:
 Correção: IPCA-E
 Juros: continuam sendo aplicados os juros da poupança – TR.
o A decisão do STF que declarou inconstitucional a correção monetária dos
precatórios pela TR (caderneta de poupança) não tem eficácia retroativa, mas
sim prospectiva.

12.4. Dívida Pública – Crédito Público - Dívida Ativa da União


Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. Crédito público. Conceito.
Dívida pública: conceito.

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● DÍVIDA FLUTUANTE: independe de lei. Passivo financeiro, lançamentos definidos como restos
a pagar, excluídos o serviço da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e também os
débitos de tesouraria.
● Dívida fundada: passivo permanente.
● Dívida Consolidada: precisa de lei. Compreende os compromissos (débitos) de exigibilidade
superior a doze meses, contraídos para atender o desequilíbrio orçamentário ou o financeiro
de obras e serviços públicos. Para fins de aplicação dos limites da dívida pública, consideram-
se dívida pública consolidada ou fundada os precatórios judiciais não pagos durante a
execução do orçamento em que houverem sido incluídos.
● Restos a pagar processados é dívida flutuante.
● Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de
operação de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional,
ainda que mediante concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para
mudança de controle acionário.
● Vedado a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
indicação dos recursos correspondentes.
o A abertura do crédito extraordinário somente será admitida para atender
despesas imprevisíveis e urgentes, com as decorrentes de guerra, comoção
interna ou calamidade pública. Não necessita indicar os recursos
correspondentes.
● É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da federação
que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Mas isso não proíbe que a
420 instituição financeira adquira no mercado títulos da dívida pública para atender investimento
de seus clientes, ou títulos da dívida da união para aplicação de recursos próprios.
● Operações de créditos (empréstimos bancários), créditos suplementares ou especiais com
finalidade específica, aprovadas pelo Legislativo por maioria absoluta, podem ser utilizadas
para qualquer finalidade específica, inclusive para folha de pagamento de pessoal, quando
excederem o montante das despesas de capital. Aqui é a exceção da regra de ouro
● Dívida pública mobiliária: representada por títulos emitidos pelos Estados, DF e Municípios.
o O senado é responsável pelos: limites, condições para realização de créditos
desta natureza, bem como, autorizar operações de crédito externo.
o Art. 167: as operações de crédito não podem exceder as despesas de capital
(relacionadas ao investimento e pagamento de dívidas), exceto se autorizadas
mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa e
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
o As emissões de títulos devem constar na LDO e na LDA, pois implicarão dívida
por período de tempo MAIOR que um exercício fiscal.
o OS ESTADOS e MUNICÍPIOS NÃO PODEM EMITIR títulos da dívida pública,
salvo nos casos de renegociação de dívida ANTIGA e para o pagamento de
precatórios.

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421

12.5. Receita Pública


Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas
derivadas.
● RECEITA: regime de CAIXA: momento de seu efetivo recebimento. DECO – RECA Dívida Ativa:
é contabilizada quando da sua inscrição, e não da efetiva recuperação dos créditos.
DESPESAS: regime de COMPETÊNCIA: no momento em que são incorridas,
independentemente de efetiva saída. Aqui a despesa pertence ao exercício financeiro em que
for empenhada.
● RECEITA: toda e qualquer entrada de recursos nos cofres estatais. OBSERVAÇÃO: a receita é
representada pelo conjunto de ingressos definitivos de valores nos cofres públicos. Não se
confunde com os ingressos públicos
o Corrente: decorrem do poder impositivo do estado (tributos e exploração de
atividade econômica.
o Capital: realização de recursos financeiros decorrentes de operações de
crédito, ou seja, assunções de dívidas (empréstimos).
● Superávit orçamentário: saldo positivo obtido da diferença entre as despesas correntes
realizadas e a receita corrente arrecadada.
o É receita de capital: não representa aumento de patrimônio líquido do Estado
e se destinam à realização de despesas de capital.

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o NÃO constitui ITEM de receita orçamentária: são receitas


extraorçamentárias, de modo a evitar dupla contabilização de valores, uma
vez que já constaram como receita orçamentária anteriormente.
● RENÚNCIA de receitas:
o Anistia
o Remissão
o Subsídio
o Crédito presumido
o Concessão de isenção em caráter NÃO geral
o Alteração de alíquota
o Modificação da BC que reduza discriminadamente tributo/contribuições
o Tratamento diferenciado.

422 ● Repartição de receitas:


o Direta: transferência direta dos tributos, nos termos da CF.
o Indireta: fundos de participação ou compensação.

12.6. Responsabilidade Fiscal e Lei 4.320


● Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a previsão e efetiva
arrecadação de todos os TRIBUTOS (e não impostos) da competência institucional do ente da
Federação.
o Caso não o faça, há vedação de transferências voluntárias para o ente que não
observe tal disposição em relação aos IMPOSTOS.
● As empresas estatais não dependentes não estão sujeitas à LRF. São excluídas expressamente
pela lei.
● Só é permitida reestimativa de receita se ficar comprovado erro ou omissão de ordem técnica
ou legal
● As transferências voluntárias, ainda que o município esteja inadimplente, não são
interrompidas no que concerne a recursos destinados à educação, saúde, ações sociais e em
faixa de fronteira.
● Os Tribunais entendem que deve ser dado interpretação restritiva do conceito de ações sociais
aptas a legitimarem as transferências voluntárias excepcionais. Ou seja, o caso de
transferências voluntárias aos entes inadimplentes deve ser interpretado de forma restritiva.
● O Novo Regime Fiscal (EC 95/2016) representa uma limitação temporária dos gastos primários
do Poder Público ao valor efetivamente despendido no ano anterior, corrigido apenas pela
inflação. Sua aplicação encontra-se expressamente restrita ao Orçamento Fiscal e da
Seguridade Social, não abrangendo o Orçamento de Investimento.

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12.7. Controle da atividade financeira – Políticas Públicas


● É viável o controle judicial das políticas públicas relativas à educação e à saúde, mas não se
poderá exigir a imediata efetivação do comando fundado no texto da CF quando comprovada,
objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.
o A cláusula da reserva do possível, ressalvada a ocorrência de justo motivo
objetivamente aferível, não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade
de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais,
notadamente quando, essa conduta governamental negativa poder resultar
nulificação ou até mesmo aniquilação de direitos constitucionais impregnados
de um sentido de essencial fundamentalidade.
● O judiciário não pode, como regra, determinar políticas públicas, entretanto, quando a
obrigação de efetivar tal política advenha diretamente da constituição, o judiciário pode impor
a obrigação de fazer ao Executivo.
● Cabe Ação Popular contra lei orçamentária, desde que o cidadão fundamente alguma infração
à disposição de lei ou da CF.
● MACROJUSTIÇA: Realizada pelo Poder Executivo com fulcro na “justiça distributiva”,
consistente em opções políticas em vista do bem comum, tomando por base uma amplitude
global da política pública e os seus potenciais destinatários.
● MICROJUSTIÇA: Realizada pelo PODER JUDICIÁRIO, que está vocacionado apenas a solucionar
o caso concreto (em regra, individual), a partir de sua visão míope da realidade lato sensu, da
política reclamada e à míngua de aferição acerca do prejuízo à política pública como um todo,

423  resultante da efetivação dos provimentos judiciais.


A prestação de contas deve ser verificada no tocante a cada um dos Presidentes em exercício e
em consonância com o respectivo período de gestão. O período de gestão é dado
imprescindível na determinação de responsabilidades de cada gestor. O direito brasileiro,
inclusive e principalmente o direto administrativo, consagram o princípio da individualização
da responsabilidade e, em consequência, da pena em caso de sanção.

13. DIREITO TRIBUTÁRIO


13.1. Sistema Tributário Nacional - Introdução
O Sistema Tributário Nacional. A repartição de competências na federação brasileira.
Delegação de arrecadação. Discriminação constitucional das rendas tributárias. Legislação
sobre o Sistema Tributário Brasileiro. Definição de tributo. Espécies de tributos. Elementos do
tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota e sujeitos.
 Receitas derivadas: tributos, multas e reparações de guerra. Envolve o Poder de Império do
Estado na obtenção de rendas.
 Todos os tributos são receitas correntes. As receitas de capital são as decorrentes da obtenção
de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens
e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a
atender despesas de capital; superávit do orçamento corrente.
 Parafiscalidade: caracteriza-se pela destinação do produto da arrecadação a ente diverso que
instituiu o tributo. Algumas vezes há a delegação da capacidade tributária ativa, como no caso
dos conselhos profissionais. O tributo é parafiscal quando seu objetivo é a arrecadação de
recursos para o custeio de atividade que, em princípio, não integra funções próprias do Estado,
mas este as desenvolve através de entidades especificas.
 É inconstitucional, por infringir o princípio da razoabilidade e inibir a iniciativa privada, norma
de lei ordinária que imponha aos sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada
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a responsabilidade solidária, mediante seus bens pessoais, pelos débitos da pessoa jurídica
para com a seguridade social.
o Só lei complementar pode dispor sobre isso, uma vez que se trata de
responsabilidade tributária e, para tratar sobre o sujeito passivo da obrigação
tributária, a CF exigiu, no artigo 146, a edição de LC.
 Compete privativamente ao Senado Federal avaliar periodicamente a funcionalidade do
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
administrações tributárias da União, dos Estados, e do Distrito Federal e Municípios.
 Lembrar que a lei 4320 também conceitua tributo em que se exige que o produto da
arrecadação tributária seja destinado ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas
pela Administração Pública.
 Taxas e contribuições: caráter retributivo, porque vinculados a uma atividade estatal.
Remunera serviços uti singuli.
 Impostos: caráter contributivo, vez que o Estado utiliza em favor da coletividade.
o A vinculação de impostos, salvo exceções constitucionais, é vedada. Ver em
financeiro #costurandoatoga
o Remunera os serviços uti universi. Não gozam de referibilidade.
 A natureza jurídica específica de um tributo é dada pelo cotejo entre seu fato gerador e sua
base de cálculo.
 Pecunia non olet na visão do STF: a atividade ilícita, antes de ser agressiva à moralidade, é
decorrência do princípio da isonomia, sendo a tributação do resultado econômico de tais

424  atividades fiscal manifesta inspiração ética.


Não há exceção à legalidade quanto à instituição de tributos, mas tão somente quanto à
alteração de alíquotas e base de cálculo.
o Neste entendimento, o STF entendeu que as contribuições profissionais não
podem ser cobradas por ato regulamentar, devendo haver uma lei que fixe o
seu valor, e que autorize que a BC e alíquota sejam alteradas por norma
infralegal.
 Não há exceção à irretroatividade tributária no que concerne ao fato gerador. Lembrar que
interpretação benigna retroage.
 O confisco é previsto na CF como sanção penal (perda de bens). Isto posto, o princípio da não
utilização de tributo com efeito de confisco dá-se, principalmente, pela falta de
correspondência entre a punição de um ato ilícito e a cobrança de um tributo. O tributo não é
sanção por ato ilícito.
o Não se confunde com pena de perdimento por ilícito administrativo tributário.
 Pagamento em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a dação em pagamento não
derroga tal benefício, vez que o tributo é extinto pelo pagamento ou outras hipóteses
previstas no próprio CTN.
o STF: inconstitucional lei que permita dação em pagamento de materiais
destinados a atender a programas de governo. Reserva de lei complementar
para tratar da extinção do crédito tributário. Violação ao princípio da licitação.
o Há de se ressaltar que o STF já decidiu pela possibilidade dos Entes Federativos
estabelecerem outros meios não previstos no CTN para extinção de seus
créditos tributários, máxime porque podem conceder remissão e, quem pode
o mais pode o menos.
o Há discussão sobre compensação tributária com títulos da dívida pública.

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 Para entender a teoria pentapartida, é preciso levar em conta que o artigo 4º do CTN foi
parcialmente não recepcionado pela CF88, uma vez que leva em conta o nome do tributo e a
destinação legal do produto de sua arrecadação.
 Lembrar que no tributo instituído/majorado por MP, deve ser convertido em lei até o último
dia do exercício financeiro em que foi editada para que produza efeito no exercício seguinte,
SALVO os tributos que são exceção à anterioridade anual II, IE, IOF, IPI, Empréstimo
compulsório guerra e IEG.
 Não obstante exista o princípio da capacidade contributiva, em primado ao princípio da
isonomia, nem todos os tributos são delineados na lei em função da capacidade econômica do
contribuinte, de aspecto pessoal/subjetivo. Alguns são delineados em função do
serviço/produto.
 Não obstante a CF diga que só os impostos devem levar em consideração o princípio da
capacidade contributiva, o STF entende que nada impede que o princípio da capacidade
contributiva seja levando em consideração na criação de taxas.
 A pena de perdimento não constitui sanção que tenha por base a inadimplência do tributo. O
fato de a empresa ter pago todos os tributos não a exime de observar a legislação
alfandegária, podendo ser decreto o perdimento da mercadoria caso não tenha sido cumprida
a legislação tributária.
 Não há na CF dispositivo que expressamente vede a concessão de moratórias heterônomas, ao
contrário do que ocorre com a vedação de isenções heterônomas. Entretanto, uma
interpretação que se baseia na autonomia dos entes políticos, afasta a concessão de

425  moratórias desta natureza.


É constitucional artigo da LC 123 que condicione o ingresso da sociedade empresária no
Simples Nacional à inexistência de débito tributário. A espécie não se caracteriza como meio
ilícito de coação a pagamento de tributo, nem como restrição desproporcional e desarrazoada
ao exercício da atividade econômica. Não se trata, na espécie, de forma de cobrança indireta
de tributo, mas de requisito para fins de fruição a regime tributário diferenciado e facultativo.

13.2. Tributos em espécie


Taxas e preços públicos. Taxas contratuais e facultativas. Contribuições para a Seguridade
Social. Contribuição sobre o lucro. O regime do PIS e da COFINS. A CIDE e o seu regime.
Empréstimo compulsório. As limitações constitucionais do empréstimo compulsório na
Constituição Federal de 1988.
13.2.1. Taxa e Tarifa/preço público
● Pedágio tem natureza de preço-público, e não de taxa, podendo ser instituído/majorado por
decreto do poder executivo. Logo, não respeita a estrita legalidade.
● Tarifa aeroportuária é preço-público, pois é devida por utilização da estrutura aeroportuária.
Lembrar que a INFRAERO é Empresa Pública, e não pode instituir tributos.
● A taxa é uma receita corrente tributária, e não receita de capital.
● ATENÇÃO: TAXA:
o Poder de Polícia: deve ser sempre efetivo o exercício para poder ser cobrado.
o Serviços: efetiva ou potencial para cobrança, entretanto, deve ser DISPONIBILIZADO,
sendo cobrado ainda que o usuário não utilize o serviço.
● II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
utilidade, ou de necessidades públicas;  Especificação do serviço.
● III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.

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● SUM 545 STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária (esta última parte está ultrapassada, pois não há mais princípio da
anualidade tributária), em relação à lei que às instituiu.
● STF: o exercício regular do poder de polícia pode ser demonstrado pela existência de órgão e
estrutura competentes para o respectivo exercício. (É um dos elementos de identificação).
o STF: a existência de órgão administrativo não é condição para o
reconhecimento da constitucionalidade da taxa, mas apenas um dos
elementos para se aferir o exercício do Poder de Polícia.
● STF: ilegítimo cobrança periódica de taxa de mera renovação, sem que haja novo
procedimento de fiscalização. Podemos mencionar que há meios de fiscalização eletrônico.
● Encargos de capacidade emergencial e de aquisição de energia elétrica emergencial são preço
público, não possuindo natureza tributária.
● STF: para se cobrar taxa é necessário que haja de forma efetiva o exercício regular do poder de
polícia, não bastando afirmar que se trata de competência inerentes às autoridades de
segurança pública. Para haver taxa pelo Poder de Polícia, deve haver o seu exercício.
● É constitucional taxa de renovação da licença de funcionamento e localização municipal,
desde que efetivo o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e
estrutura competentes para o respectivo exercício.
o É possível que haja fiscalização eletrônica.
● Não obstante as jurisprudências acima mencionadas, o STF tem entendido pela presunção do
exercício do poder de polícia, consubstanciado na estrutura do órgão de fiscalização e
426 servidores competentes para o exercício da atividade. Isto permite a fiscalização por
tecnologia e inteligência fiscal.
● A despesa com porte de remessa e retorno não se enquadra no conceito de taxa judiciária,
uma vez que as custas dos serviços forenses se dividem em taxa judiciária e custas em sentido
estrito. O porte de remessa e retorno é típica despesa de um serviço postal, prestado por
empresa pública monopolística e, assim, remunerado mediante tarifas ou preço público
● Custas e emolumentos são espécie de TAXA.
● Inconstitucional taxa de sinistros instituída por lei municipal. Trata-se de serviço público
obrigatório e próprio do Estado, atividade de segurança pública do Corpo de Bombeiros,
devendo ser custeado com os impostos.
o Ratio decidendi: “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a
incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação,
e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos,
não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim
● Preço público não decorre de utilização potencial, mas só efetiva. Pode ser cobrada por poder
público ou pessoa privada.
● Em relação ao pedágio, o STF já determinou que é preço público, não se sujeitando aos
princípios tributários, e sua cobrança INDEPENDE da disponibilização ao usuário de uma via
alternativa de tráfego.
● Súmula 353 STJ: as disposições do CTN não se aplicam às contribuições para o FGTS. possui
natureza de encargo trabalhista.
● A contribuição para o FUNDAF, cuja finalidade era ressarcir as despesas administrativas
decorrentes de atividades de fiscalização, configura fato gerador de tributo, vez que se trata
de verdadeira taxa pelo exercício do poder de polícia. Impossibilidade de cobrança feita com
base em meros atos regulamentares. É necessário lei.
● STF: legítimas taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários; taxa de
fiscalização e controle dos serviços públicos delegados; taxas de fiscalização de anúncios.
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● A jurisprudência da Corte Suprema firmou-se no sentido de que o valor cobrado dos usuários
pelos serviços de ESGOTO tem natureza jurídica de PREÇO PÚBLICO, não de taxa. E isso
exatamente porque o valor cobrado decorre do contrato de prestação do serviço de esgoto.
● É constitucional a taxa de coleta de lixo, desde que dissociada de valores relativos à limpeza.
● O antigo selo pedágio tinha natureza de tributo, espécie taxa, renovável mensalmente, em
valor fixo, exigido independentemente do número de vezes em que era utilizado. Hoje, o
pedágio de rodovia é preço público, cobrado só se utilizado.
● Quanto ao pedágio nos dias atuais, a inexistência de via alternativa gratuita não ofende a
garantia de liberdade de locomoção, não sendo exigida quer na CF quer na lei, não interferindo
na voluntariedade do pagamento, que, de fato, somente se dá com a efetiva utilização da
rodovia.
● Por ser preço público, não está adstrito ao princípio da legalidade estrita.
● Taxas não podem ser calculadas em função do capital das empresas nem do número de
funcionários.
● A taxa é um tributo vinculado (exige contraprestação estatal), mas nem sempre a arrecadação
dela será vinculada, podendo ser redirecionada para os cofres públicos, de modo que o
serviço/poder de polícia seja custeado por verba do orçamento, e não pela remuneração da
taxa especificamente.
● Quando o serviço for de utilização compulsória e for posto à disposição do contribuinte
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento, a taxa pode ser cobrada mesmo
sem a utilização efetiva pelo sujeito passivo.
13.2.2. Contribuições
427 ● O Supremo Tribunal Federal entende que é constitucional a Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico instituída pela Lei 10.168/2000 em razão de ser dispensável a edição de
lei complementar para a instituição dessa espécie tributária, e desnecessária (DESPICIENDA) a
vinculação direta entre os benefícios dela decorrentes e o contribuinte. As contribuições de
intervenção no domínio econômico podem ser criadas por lei ordinária e não exigem
vinculação direta entre o contribuinte e a aplicação dos recursos arrecadados.
● As contribuições previdenciárias cobradas na Justiça do Trabalho, decorrentes de sentenças
condenatórias relativas a pagamento de valores em dinheiro, bem como valores objeto de
acordos homologados que integrem o salário de contribuição são tributos que dispensam a
constituição através de ato de lançamento pela autoridade fiscal, conforme entendimento
doutrinário.
● CIDE-Combustível (art. 177, §4º, CF) – ADIN 2925 STF:
o A tredestinação da sua receita não macula o tributo de inconstitucionalidade.
o Seria inconstitucional se a lei que instituísse o tributo criasse destinação
diversa da prevista na constituição. Entretanto, se a lei que a instituiu for
constitucional, mas apenas a sua destinação não fosse conforme a CF
determina, não haveria inconstitucionalidade do tributo.
o O desvio de verba previsto na LOA referente a tal tributo não torna a exação
inconstitucional, não sendo possível a restituição dos valores aos
contribuintes. Basta dar a destinação correta.
o O Governo não é obrigado a gastar todos os recursos. Isto porque pode haver
gasto dos recursos financeiros em exercício financeiro distinto. Art. 8°,
parágrafo único, LRF.
● É ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e
404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não-cumulatividade da
contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis ns. 10.637/2002 e 10.833/2003 e o
conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou
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seja, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou


serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte.
STJ. 1ª Seção. REsp 1221170-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 22/02/2018
(recurso repetitivo)
● CIDE não tem referibilidade. Contribuição profissional sindical tem.
● No CTN: “é irrelevante para determinar a espécie tributária a destinação legal do produto de
sua arredação foi revogada pela CF pelo sistema pentapartite.
● As contribuições sociais gerais possuem previsão constitucional, por isso podem ser instituídas
por meio de Lei ordinária.
● As contribuições especiais, podem ser instituídas por LC ou por LO.
o Se prevista na CF, v.g a CIDE, pode ser por LO.
o Se residual, não prevista na CF, por meio de LC.
● CIDE
o As bases de cálculos descritas no artigo 149, §2º, III, “a”, da CF são
exemplificativas (até hoje, 26/2/2018, há REx com repercussão geral pendente
de julgamente). A controvérsia recai sobre a folha de salário como base de
cálculo, uma vez que quando da redação original da CF não constava tal artigo
e, com a EC 33/01, não foi incluído o texto “folha de salário”, mas tão somente
o “faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de
importação, o valor aduaneiro”. Ocorre que, mesmo antes da EC, já existiam
CIDEs com BC sobre a folha de salário, como as contribuições ao SEBRAE (é
CIDE, e não contribuição de categoria), ao INCRA, APEX-BRASIL, ABDI, todas
428 ordinárias, com fundamento no artigo 149.
▪ Argumento dos contribuintes pela inconstitucionalidade: o rol do 149
é taxativo, não havendo folha de salário, de modo que a EC 33 tornou
inconstitucional a exação das CIDEs com BC de folhas de salário.
▪ Argumentos dos da Fazenda Nacional pela constitucionalidade: as BCs
trazidas pela EC 33 são facultativas, pois o texto fala “poderão ter
alíquotas..., tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor
da operação; logo, as BCs são exemplificativas; qualquer vedação com
relação à BC teria que vir expressamente no texto constitucional; o STF
já se manifestou sobre a constitucionalidade das contribuições (CIDE)
ao SEBRAE e INCRA, com base na folha de pagamento. Se fosse para
declarar inconstitucionalidade da BC teria feito naquele momento.
▪ TODOS OS TRFs julgam pela constitucionalidade da folha de salários
como BC de CIDEs.
▪ Recurso extraordinário. 2. Tributário. 3. Contribuição para o SEBRAE.
Desnecessidade de lei complementar. 4. Contribuição para o SEBRAE.
Tributo destinado a viabilizar a promoção do desenvolvimento das
micro e pequenas empresas. Natureza jurídica: contribuição de
intervenção no domínio econômico. 5. Desnecessidade de instituição
por lei complementar. Inexistência de vício formal na instituição da
contribuição para o SEBRAE mediante lei ordinária. 6. Intervenção no
domínio econômico. É válida a cobrança do tributo
independentemente de contraprestação direta em favor do
contribuinte. 7. Recurso extraordinário não provido. 8. Acórdão
recorrido mantido quanto aos honorários fixados”

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● A empresa de pequeno porte optante do regime especial unificado de arrecadação de tributos


e contribuições é dispensada do pagamento das contribuições instituídas pela União para as
entidades:
o a) privadas de serviço social;
o b) de formação profissional vinculadas ao sistema sindical;
● Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no
parcelamento de dívida relativa à COFINS, dos contribuintes que questionaram o tributo em
juízo com depósito judicial dos débitos tributários.
● São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei nº 13.467/2017 (Reforma
Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu
pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. No âmbito formal, o STF entendeu que
a Lei nº 13.467/2017 não contempla normas gerais de direito tributário (art. 146, III, “a”, da
CF/88). Assim, não era necessária a edição de lei complementar para tratar sobre matéria
relativa a contribuições. Também não se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista
no art. 150, § 6º, da CF/88, pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios
fiscais nele mencionados, quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o STF afirmou que
a Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V, da CF/88). O princípio
constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a
liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente
com essa representação. Não há nenhum comando na Constituição Federal determinando que
429 a contribuição sindical é compulsória. Não se pode admitir que o texto constitucional, de um
lado, consagre a liberdade de associação, sindicalização e expressão (art. 5º, IV e XVII, e art.
8º) e, de outro, imponha uma contribuição compulsória a todos os integrantes das
categorias econômicas e profissionais. STF. Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 29/6/2018 (Info 908).
● §12 do 195 da CF dispõe que a lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as
contribuições incidentes sobre a receita poderão ser não cumulativas, conforme o setor da
atividade econômica.
● A CF permite a substituição da contribuição incidente sobre a folha de salário pela contribuição
incidente sobre o faturamento, de modo que ainda assim poderá continuar ser não-
cumulativa.
● São constitucionais a alíquota e a base de cálculo da contribuição ao Programa de Integração
Social (PIS), previstas no art. 72, V, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT),
destinada à composição do Fundo Social de Emergência (FSE), nas redações da Emenda
Constitucional Revisional 1/1994 e das Emendas Constitucionais 10/1996 e 17/1997,
observados os princípios da anterioridade nonagesimal e da irretroatividade tributária. STF.
Plenário. RE 578846/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/6/2018 (repercussão geral) (Info
905).
● Não ofende o art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal a escolha legislativa de reputar não
equivalente a situação das empresas privadas com relação às sociedades de economia mista,
às empresas públicas e suas respectivas subsidiárias exploradoras de atividade econômica,
para fins de submissão ao regime tributário das contribuições para o Programa de Integração
Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), à luz
dos princípios da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da Seguridade Social.
STF. Plenário. RE 577494/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/12/2018 (repercussão
geral) (Info 927).

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o A CF/88, ao conferir tratamento isonômico entre as empresas estatais


exploradoras de atividade econômica e as empresas privadas, fez isso com o
objetivo de proteger as empresas privadas, evitando que elas sofressem com
uma concorrência desleal de empresas estatais. Em outras palavras, o objetivo
foi o de evitar que o “Estado-empresário” tivesse privilégios em relação aos
particulares (STF ADI 1522). Assim, nada impede que existam algumas
diferenças de tratamento, desde que não se instituam privilégios em favor das
empresas estatais. Em suma, é válida a cobrança da contribuição para o PASEP
das estatais, ao passo que as demais empresas privadas recolhem para o PIS,
tributo patrimonialmente menos gravoso. Não há inconstitucionalidade nessa
diferenciação que justifique a apontada ofensa ao art. 173, § 1º, II, da CF/88,
de modo que é legítima a escolha legislativa de reputar como não equivalente
a situação das empresas privadas num cotejo com as estatais.

13.2.3. Contribuição de melhoria


● Limites da contribuição de melhoria:
o Total: do custo da obra.
o Individual: limitada a valorização sofrida pelo imóvel.
● Não tem como objetivo custear a obra, logo, não é de arrecadação vinculada. O objetivo é
fazer frente à valorização imobiliária.
● É um tributo de fato gerador vinculado, pois exige a valorização mobiliaria decorrente de obra
430 ● realizada pelo Estado.
É nula a cláusula do contrato de locação que atribua ao locatário o pagamento, no todo ou em
parte, da Contribuição de Melhoria lançada sobre o imóvel. É nula pra Fazenda e nula entre as
partes.
● STJ e VALORIZAÇÃO DECORRENTE DE OBRAS PÚBLICAS:
o Geral: beneficia indistintamente um grupo considerável de administrados.
▪ Ordinária: todos os imóveis lindeiros à obra pública se valorizam em
proporção semelhante.  CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA:
instrumento adequado para que o Estado receba parte da valorização
imobiliária ocorrida diretamente dos particulares beneficiados pela
valorização decorrente da obra
▪ Extraordinária: algum ou alguns imóveis se valorizam mais que outros,
atingidos pela mais valia ordinária.  DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA
OU EXTENSIVA: inclusão das áreas contíguas àquelas de que o poder
público efetivamente necessita para a realização de obra pública, a fim
de que o poder público utilize a área para a realização de obras futuras
ou se beneficie da valorização dessas áreas contíguas em função da
execução da obra
o Especial: o benefício se restringe a um ou alguns particulares identificados ou,
pelo menos, identificáveis. ABATIMENTO: sendo possível o abatimento do
valor a ser pago a título de indenização, art. 27 DL 3365

13.3. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar: imunidades


e princípios
● STJ: A ECT possui direito à repetição do indébito relativo ao ISS sem necessidade de provar ter
assumido o encargo pelo tributo ou possuir autorização dos tomadores dos serviços. Isto

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porque nos serviços prestados pelos correios, presumem-se que não houve a incidência de ISS
em suas tarifas.
● Empresa Pública Federal que presta serviço público, como a INFRAERO, possui imunidade
tributária recíproca por extensão.
● Anterioridade: não pode cobrar no mesmo exercício financeiro em que foi publicado a lei.
● Irretroatividade: não pode cobrar por FG anteriores à vigência da lei.
● O princípio da capacidade econômica do contribuinte, apesar de expressamente previsto
somente para os impostos, não impede sua aplicação no tocante às demais espécies
tributárias, como a taxa.
● Revogação de benefício fiscal: configura aumento indireto do tributo, deve respeitar
anterioridade.
o Revogação de isenção: não configura aumento, pois a parte deveria suportar.
● As exigências necessárias para o gozo, por parte das entidades beneficentes de assistência
social, da imunidade constitucional relativa às contribuições sociais (195, §7º, CF), devem ser
reguladas por Lei Complementar.
o À Lei ordinária cabe apenas requisitos que não extrapolem os estabelecidos no CTN ou
em lei complementar superveniente, como por exemplo a forma como será
comprovada, exigida, fiscalizada tal exigência.
● Bem público (ex: imóvel) alugado para empresa de fins comerciais não possui imunidade
tributária, devendo a empresa pagar o tributo.
● É inconstitucional cobrar ICMS das empresas aéreas sobre o serviço de transporte aéreo
INTERNACIONAL de cargas.
431 ● A imunidade tributária recíproca alcança as empresas prestadoras de serviços públicos. As
prestadoras de atividade econômica não.
● Tráfego de pessoas ou bens possui imunidade tributária na CF, portanto, cabe à LEI
COMPLEMENTAR dispor sobre a vedação a que se estabeleçam limites ao tráfego de pessoas
ou bens, por meio de tributos interestaduais.
● Quando se trata de imunidade objetiva, diz o STF, o foco não é o contribuinte, mas, sim, o
objeto imunizado. Isso equivale a dizer que se trata de imunidade que apenas abrange os
impostos reais – que gravam o objeto tributado – não abrangendo os impostos pessoais – que
gravam a pessoa participante da operação tributada. A teleologia da imunidade objetiva é,
desonerando determinado produto, concorrer para diminuição de seu preço, que, em última
análise, trabalhará em favor do consumidor, contribuinte de fato, que terá facilitado o acesso
ao bem.
● A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de
direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da
existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.
o Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.
o Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade
subjetiva.
● Imunidade objetiva de livros: revistas técnicas, lista telefônica, apostilas, álbuns de figurinha,
mapas impressos, atlas geográfico. Calendários NÃO possuem imunidade.
● A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o
maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A imunidade
tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da
produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a
papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é
aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são assimiláveis ao papel de

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impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade constitucional do art. 150, VI,
“d”, da CF/88.
● A imunidade do papel/cultural deve ser analisada sobre o prisma econômico. Se envolver
enfoque lucrativo, deve ser afastada. Afasta-se: papel para propaganda, serviços de
distribuição de livros, jornais e periódicos, serviços de composição gráfica. Ainda, afasta-se das
peças.
● Para o STF a forma de apresentação do livro é irrelevante para incidência da imunidade, quer
ele se apresente em papel, em forma eletrônica, em forma sonora ou cd-room. A imunidade
será aplicável. Isto posto, a base material clássica é imunizada expressamente pela CF,
autorizando que se conceda similar benesse às mencionadas bases de apresentação do
conteúdo, no caso, e-readers e cd-room. Smartphones e tablets, NÃO possuem imunidade.
● Os tablets, smartphones e laptops, embora se possam prestar a gravar livros, têm diversas
outras utilidades, de modo que conceder-lhes a imunidade seria autorizar o desvio de
finalidade desta a aspectos não contemplados pela regra constitucional, daí não se servirem da
benesse. Só se dá imunidade aos livros eletrônicos e aos seu LEITORES, que substituem o
papel.
● O antigo entendimento do STF era no sentido de que a posse indireta de bem da União, como
proprietária, não fazia cessar a imunidade recíproca em relação aos impostos, incidindo,
porém, as taxas. Entretanto, o STF mudou seu entendimento de modo que fixou a tese de que
se alugado para terceiro/particular que utilize o imóvel com finalidade econômica (atividade
econômica, com Petrobrás e Transpetro), não há que se falar em imunidade recíproca.
o Conferir imunidade à SEM e EP de atividade econômica, por alugar imóvel da
432 União, configuraria violação ao princípio da livre concorrência.
o Só cabe para EP e SEM prestadora de SERVIÇOS PÚBLICOS, como ECT, e outras,
que prestam serviços de água e esgoto.
● Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar.
● Entidades beneficentes de assistência social (195 §7º) NÃO se confunde com instituições de
educação e de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI, c). Ou seja: a imunidade de
contribuições, do artigo 195, não abrange necessariamente as mesmas beneficiárias da regra
de imunidade de impostos.
o O conceito de entidades beneficentes de assistência social não se pode
depreender diretamente da CF.
o Os requisitos materiais da imunidade dependem de lei complementar (art.
146), como o modo de atuação das entidades de assistência social.
o Os requisitos formais poderiam ser estabelecidos em lei ordinária, como
mecanismos de controle, fiscalização e certificação de tais entidades (CEBAS)
o Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência
social(CEBAS), no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins
tributários, retroagindo seus efeitos à data em que demonstrado o
cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição
da imunidade. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info
624).
● O artigo 146, III, c da CF que confere tratamento adequado do ato cooperativo não implica em
imunidade ou tratamento necessariamente privilegiado às cooperativas.
● No mérito, a jurisprudência da Casa já assentou o entendimento de que a imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, “a”, e §§ 2º e 3º, da Constituição Federal é extensível à ECT,
prestadora de serviços públicos essenciais, obrigatórios e exclusivos do Estado, quais sejam, o
serviço postal e o correio aéreo nacional (art. art. 21, X, da CF/88). Esta imunidade subsiste
em relação a todas as suas atividades, incluídos os serviços não exclusivos, dispensados em
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regime concorrencial, os quais se prestam, via subsídio cruzado, ao financiamento do serviço


postal deficitário.
● As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção
prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos
serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou
prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não de particulares que executem,
com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação,
devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços
públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas.
● A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto
religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião.
● Não obstante o art. 150, § 2º, estender as imunidades tributárias recíprocas as autarquias e as
fundações públicas, em regra as imunidades em questão não são extensíveis as empresas
estatais (empresas públicas e sociedades de economia), somente no caso destas prestarem
serviços públicos ou atuem em regime de monopólio. Assim, é errado afirmar que a
administração indireta possui imunidade recíproca, pois só fundações públicas, autarquias e
SEM e EP, que atendam aos requisitos, gozarão de imunidade tributária.
● A imunidade recíproca prevista para as pessoas políticas alcança empresas públicas e
sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos que atuam em regime de
monopólio, sem intuito licrativo.
● A imunidade da música aplica-se, inclusive, à comercialização. A única hipótese em que pode
433 tributar é a etapa de replicação das mídias óticas.
● A imunidade tributária recíproca alcança a autarquia/fundação pública que presta serviço
público (e não atividade econômica) remunerado por meio de tarifas. Assim, o simples fato de
haver a cobrança de tarifas não descaracteriza a regra imunizante. STF. 1ª Turma. RE 741938
AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 05/08/2014. STF. 2ª Turma. RE 482814 AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2011.
● Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo
de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à
data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei
complementar para a fruição da imunidade.
● De acordo com o STF, a imunidade deve ser observada nas operações de importação de bens
realizadas por municípios, quando o ente público for importador do referido bem.
● A imunidade recíproca pode ser explicada a partir do Princípio da Capacidade Contributiva,
pois o Estado destina toda sua arrecadação à satisfação dos interesses da coletividade, não
havendo residual que pudesse ser destinado às demais pessoas jurídicas. Assim, não há
riqueza do Estado, mas verbas destinadas ao interesse público.
● Se o ente estatal exercer exploração de atividade econômica ou seus serviços sejam
custeados por contraprestações do usuário, há uma limitação da imunidade recíproca pelo
princípio da livre concorrência. A exceção fica por conta dos correios. É o que se depreende do
artigo 150, §2º e 3º da CF, bem como artigo 173, §2º, CF.
● Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não
podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos,
alguns Municípios cobravam o imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na
jurisprudência, acerca da imunidade dos Correios. A ECT pode pleitear à repetição do indébito
relativo ao ISS cobrado sobre os serviços postais. Para isso, os Correios não precisam provar
que assumiram o encargo pelo tributo nem precisam estar expressamente autorizados pelos
tomadores dos serviços. Presume-se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas
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postais cobradas dos tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeu
e defendeu que não estava sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse do
custo do ISS ao consumidor final, os Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de
autorização do tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma. REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 16/3/2017 (Info 602).
● As Caixas de Assistência de Advogados encontram-se tuteladas pela imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. A Caixa de Assistência dos Advogados é
um “órgão” integrante da estrutura da OAB, mas que possui personalidade jurídica própria.
Sua finalidade principal é prestar assistência aos inscritos no respectivo no Conselho Seccional
(art. 62 da Lei nº 8.906/94). As Caixas de Assistências prestam serviço público delegado e
possuem status jurídico de ente público. Vale ressaltar ainda que elas não exploram atividades
econômicas em sentido estrito com intuito lucrativo. Diante disso, devem gozar da imunidade
recíproca, tendo em vista a impossibilidade de se conceder tratamento tributário diferenciado
a órgãos integrantes da estrutura da OAB. STF. Plenário. RE 405267/MG, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 6/9/2018 (Info 914).
● As empresas públicas e sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos de
prestação obrigatória e exclusiva do Estado são beneficiárias da imunidade tributária recíproca
prevista no art. 150, VI, a, da Constituição Federal. 3. A exigência de contraprestação pelos
serviços públicos prestados, mediante o pagamento de tarifas, não constitui óbice à
incidência da imunidade recíproca sobre determinada sociedade de economia mista.

434 13.4. Competência Tributária


Competência tributária plena. Indelegabilidade da competência. Não-exercício da
competência. Competência residual e extraordinária. Limitações da competência. Princípios
da legalidade e da tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais.
Imunidade e isenção. Uniformidade tributária. Tributação das concessionárias. Sociedades
mistas e fundações. Imunidade recíproca. Extensão da imunidade às autarquias.
● No que tange à CSLL e ao IRPJ, apesar da existência de posicionamentos doutrinários em
sentidos opostos, entende-se, majoritariamente, que não há a configuração de bis in idem,
pois este se aplica apenas quando a dupla incidência decorre de tributos da mesma espécie,
sendo entendimento do Supremo Tribunal Federal que é legítimo o uso, em uma contribuição,
da mesma base de cálculo de um imposto. Ademais, ambos os tributos foram instituídos por
previsão originária da CF, inexistindo norma originária inconstitucional.
● Exercer competência tributária: instituir tributo.
● Exercer competência para legislar sobre direito tributário: edição de leis sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
● A competência tributária PRIVATIVA é excepcionada pelos impostos extraordinários de guerra,
pois autoriza a União a instituir impostos extraordinários, mesmo que ultrapassados os limites
de sua competência.
● A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
Cuidado com esse último, pois pode causar confusão com a indelegabilidade de decisão de
recurso, da lei 9784. (Isso se chama delegação da capacidade tributária ativa)
● SOMENTE A UNIÃO POSSUI COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PRIVATIVA ABSOLUTA, pois, no caso
de guerra externa ou sua iminência, está autorizada a tributar as mesmas bases econômicas
atribuídas aos demais entes políticos.

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13.5. Legislação Tributária


Fontes do Direito Tributário. Conceito de fonte. Fontes formais do Direito Tributário.
Legislação Tributária. Conceito. Lei, Tratados e Convenções Internacionais. Normas
Complementares. Leis Complementares. Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da
Legislação Tributária. Interpretação e integração da Legislação Tributária. Tratados
internacionais e legislação interna. A perda de eficácia dos tratados. Os tratados sobre
matéria tributária e o art. 98 do CTN. Vigência do tratado.
● De acordo com o art. 108, do CTN, “na ausência de disposição expressa, a autoridade
competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I -
a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito
público; IV - a equidade”.
● Normas complementares e entrada em vigor:
o Ato administrativo  NA HORA, na data da publicação.
o Decisões de órgãos que a lei atribua eficácia normativa  30 dias depois de
publicada.
o Convênio  na data nele prevista.
● Lembre-se: CTN foi considerada LC em 1965, pela CF daquela época, e não na CF 88.
o Pode ser alterado em alguns pontos por Lei Ordinária, vez que nem todas
matérias versadas ali são de regulação obrigatória por lei complementar.
● Lembrar que, em regra, não há iniciativa privada para matéria tributária, SALVO quando for
para matéria tributária dos Territórios, pois é iniciativa privativa do Presidente da República:

435 organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e


pessoa da administração dos Territórios.
● No âmbito Federal, Estadual ou Municipal inexiste reserva de iniciativa legislativa em matéria
tributária, aplicando-se o mesmo entendimento para leis que revoguem tributo ou constituam
renúncias fiscais em geral.

13.6. Obrigação Tributária e Responsabilidade Tributária


Obrigação principal e acessória: Fato gerador. Sujeito ativo e sujeito passivo. Capacidade
tributária. Domicílio tributário. Responsabilidade tributária. Solidariedade. Responsabilidade
dos sucessores. Responsabilidade por infrações. Elisão e evasão tributária. Ilícitos tributários.
 Súm 554 STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange
não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas
referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão”.
 Súm 430 STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade tributária do sócio gerente.
 O depósito judicial não configura pagamento para fins de obtenção do instituto da denúncia
espontânea.
● A responsabilidade dos pais pelos tributos devidos por seus filhos, no texto da lei, é
SOLIDÁRIA. Contudo, em eventual dissertação, deve-se dizer que é subsidiária, uma vez que
primeiro procura o incapaz e depois o responsável.
● Elisão: atos lícitos anteriores à incidência tributária. Planejamento tributário.
● Evasão: prática, concomitante ou posterior à incidência da norma tributária, a partir da qual o
contribuinte se utiliza de formas ilícitas de negócios jurídicos com o objetivo de evitar o
pagamento da carga tributária.
● Evasão, elusão, elisão.

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o Elisão: utilização de meios lícitos para evitar os encargos tributários ou torna-


los menos onerosos. Ocorre anteriormente ao fato gerador e consiste na
realização de planejamento tributário, sendo respaldado pelo ordenamento
jurídico.
o Evasão: utilização de meios ilícitos para evitar ou reduzir os encargos
tributários. Em geral, ocorre após à ocorrência do fato gerador, por meio de
condutas que visam evitar que a autoridade fiscal tome conhecimento do
surgimento da obrigação tributária.
o Elusão: a conduta não é ilícita, mas há simulação de um negócio jurídico com o
objetivo de dissimular a ocorrência do fato gerador. É caracterizado pelo o que
a doutrina chama de abuso de forma, já que o sujeito passivo adota uma
forma artificiosa para o ato que está praticando.
▪ A norma antielisiva (deveria ser antielusiva) prevista no artigo 116 do
CTN diz que será desconsiderado os atos ou negócios jurídicos nos
termos da LEI ORDINÁRIA, que não foi editada ainda.
● As taxas de polícia devidas pelo alienante não se transferem ao adquirente, mas tão somente
as taxas em virtude de serviço, vez que aquelas são de responsabilidade pessoal, e estas, real.
● A sucessão tributária oriunda da sucessão empresarial encontra guarida no CTN. O que não
encontra no CTN é a responsabilidade originada pela cisão, porém, a jurisprudência e a
doutrina entende pela sucessão tributária.
● A Sucessão de fato (extinção da pessoa jurídica formal) é continuação da atividade por sócio
ou espólio.
436● Responsabilidade de alienação de imóvel: STJ: O alienante possui legitimidade passiva para
figurar em ação de execução fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação
voluntária de imóvel.
o A correta interpretação do art. 130 do CTN, combinada com a característica não
excludente do parágrafo único, permite concluir que o objetivo do texto legal não é
desresponsabilizar o alienante, mas sim a de responsabilizar o adquirente na mesma
obrigação do devedor original. Trata-se, portanto, de responsabilidade solidária,
reforçativa e cumulativa sobre a dívida, em que o sucessor no imóvel adquirido se
coloca ao lado do devedor primitivo, sem a liberação ou desoneração deste.
o O STJ tem entendido que os arts. 132 e 133 do CTN consagram responsabilidade
tributária solidária, por sucessão, e o art. 135 ventila hipótese de responsabilidade de
caráter solidário, por transferência. Assim, a interpretação sistemática do art. 130 com
os demais dispositivos que tratam da responsabilidade tributária no CTN corrobora a
conclusão de que a sub-rogação ali prevista tem caráter solidário, aditivo, cumulativo,
reforçativo e não excludente da responsabilidade do alienante, cabendo ao credor
escolher o acervo patrimonial que melhor satisfaça o débito cobrado a partir dos
vínculos distintos.
● Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de
serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Ocorre que, na visão do STJ, a incidência da norma de responsabilidade tributária por sucessão
imobiliária (art. 130 CTN) não afasta a sujeição passiva do alienante. “O objetivo do texto legal
não é desresponsabilizar o alienante, mas responsabilizar o adquirente na mesma obrigação
do devedor original”. A sub-rogação do artigo 130 tem caráter solidário, aditivo, reforçativo e
cumulativo sobre a dívida. O sucessor do imóvel adquirido fica ao lado do devedor primitivo,

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SEM a liberação ou desoneração deste. Cabe ao credor escolher o acervo patrimonial que
melhor satisfaça o débito.
● A denúncia espontânea não exclui a responsabilidade pela infração tributária, na hipótese de
parcelamento de dívida. Denúncia espontânea exige o pagamento integral. Confissão de dívida
acompanhada de parcelamento não configura denúncia espontânea.
o Exclui tanto as multas punitivas quanto às moratórias.
o É mais que um benefício destinado ao contribuinte, que dele se favorece ao
ter excluída a responsabilidade pela multa. A Administração Pública também
se favorece, que não terá o dever de instaurar um processo fiscalizatório
custoso.
● Responsabilidade por Transferência: a sujeição passiva indireta (responsabilidade)
surge posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Há modificação do polo
passivo por fato superveniente previsto em lei: a obrigação surge para “A” (contribuinte) e, em seguida,
é transferida para “B” (responsável tributário) em decorrência de um evento posterior, previsto em lei.
Assim, na responsabilidade por transferência, o sujeito A realiza o fato gerador, mas, por conta de um
evento posterior, B é que tem que pagar o tributo.
● Responsabilidade por Substituição: a sujeição passiva indireta surge contemporaneamente à ocorrência
do fato gerador. Desde a ocorrência do fato gerador, a sujeição passiva já recai sobre uma pessoa
diversa daquela que possui relação pessoal e direta com o fato gerador (ou seja, pessoa diversa da
figura do contribuinte). Assim, na responsabilidade por substituição, o sujeito “A” pratica o fato gerador,
mas desde já é o sujeito “B” é quem deve fazer o recolhimento

437  ●
Fato gerador:
o Critério temporal:
 Instantâneo: sua ocorrência se dá numa determinada unidade de
tempo, ensejando, cada qual, uma nova relação jurídica (obrigação
tributária). Ex: IPI, ICMS, COFINS.
 Continuados: fatos que constituíssem situação duradora e prolongada
no tempo; Ex: IPTU, fato gerador continuado, pois a propriedade se
prolonga pelo tempo.
 Complexivo: o processo de formação se dá com o decurso de unidade
sucessivas de tempo, formado pela integração de vários fatores,
surgindo o fato final. Ex: IR
13.7. Crédito Tributário: suspensão, exclusão e extinção.
Constituição do crédito tributário. Lançamento. Modalidades. Suspensão do crédito
tributário. Extinção do crédito tributário. Pagamento. Compensação. Restituição. Transação.
Remissão. Prescrição e decadência. Conversão do depósito em renda. Consignação em
pagamento. Decisão administrativa irreformável e decisão judicial passada em julgado.
Restituição do tributo transferido. Restituição de juros e multas. Correção monetária.
Exclusão do crédito tributário.
● A SELIC é legítima tanto para atualização (juros+correção) de débitos tributários como os
indébitos tributários (STF). A SELIC é juros legais + correção monetária, não podendo aplicar
outro índice de correção monetária.
● A multa moratória de 20% não possui efeito confiscatório, foi tida razoável pelo STF.
● O lançamento misto/declaração, em regra, pode ser retificado. Contudo, nos casos em que vá
DIMINUIR o valor do tributo devido, só é admissível mediante comprovação do ERRO em que
se funde e ANTES de notificado o lançamento.

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● Súmula 460 STJ: é incabível MS para convalidar a compensação tributária realizada pelo
contribuinte.
o ENTRENTANTO: Súmula 213 STJ: O mandado de segurança constitui ação
adequada para declarar direito à compensação tributária.
● STJ: Insere-se nas garantias da ampla defesa e do contraditório a notificação do contribuinte
do ato de lançamento que a ele respeita. A sua ausência implica nulidade do lançamento e da
execução fiscal nele fundada.
13.7.1. Suspensão
● O parcelamento do crédito tributário, apesar de implicar suspensão da exigibilidade e atos
constritivos, não gera desconstituição da garantia efetivada em execução fiscal.
● O crédito tributário notificado já possui força de exação. Assim, há a preclusão administrativa,
ou coisa julgada administrativa.
o Revisão de ofício: não suspende, vez que é dever da administração.
o Pedido de revisão: não suspende, uma vez que não é recurso.
● Somente o depósito integral e em dinheiro suspende a exigibilidade do crédito tributário. Não
cabendo fiança bancária.
● As hipóteses de suspensão do crédito tributário estão taxativamente previstas no artigo 151
do CTN, de modo que a prestação de caução mediante oferecimento de fiança, ainda que no
montante integral, não suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas apenas garante o
débito exequendo, viabilizando, no caso, a emissão de certidão positiva com efeitos de
negativa e viabiliza os Embargos, mas NÃO SUSPENDE O CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

438 ● A inscrição de dívida ativa gera a suspensão por 180 dias apenas dos créditos NÃO
TRIBUTÁRIOS, uma vez que esse artigo da LEF é lei ordinária, e não pode regular prescrição,
cujo constituinte determina em seu artigo 146 que a prescrição tributária seja regulada por LC.
● Conforme jurisprudência do STJ, o parcelamento é causa de interrupção da prescrição, uma
vez que é confissão irretratável do débito, bem como, é causa de suspensão da exigibilidade
do crédito.
● STF: o diferimento de pagamento de tributo, sem redução de seu valor, não é benefício fiscal.
Assim, o diferimento de pagamento de ICMS não precisa ser realizado com base em convênio
interestadual, na forma do artigo 155, §2º, g da CF e LC 24/75
● O artigo 150, §6º da CF exige lei específica para concessão de benefícios fiscais, de modo que o
STF não admite delegação ao Poder Executivo (salvo os casos que a própria CF admite).
● A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a
retomada do lapso prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida
constante do art. 151 do CTN ou recurso especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo.
● O parcelamento do crédito tributário não será concedido em situação de fraude, dolo ou
simulação do sujeito passivo ou terceiro em benefício daquele.

13.7.2. Extinção
● LC 118/2005: lançamento por homologação. Inaplicabilidade da regra do 5+5 para repetição.
Apesar da lei ser interpretativa, o STJ entendeu pela impossibilidade de aplicação retroativa
da lei. Assim, a interpretação só se aplica após a vigência da LC 118/2005. Ou seja, para
PAGAMENTOS efetivados a partir da vigência da lei.
o Relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que
ocorreu em 09.06.05), o prazo para a ação de repetição do indébito é de cinco
anos a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos
anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior,
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limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei


nova.
● Remissão: já está constituído o crédito, extinguindo tanto o tributo quanto as multas.
● As despesas destinadas ao serviço da dívida e ao reajustamento de remuneração de pessoal do
inciso X do artigo 37 da CRFB são exceções à regra de que é necessária a implantação de
medidas que visem ao aumento de receita pública, ntes da criação ou aumento das despesas
obrigatórias de caráter continuado.

13.7.2.1. Prescrição e decadência


● Só é possível a declaração de prescrição intercorrente depois de ouvir o credor.
o Em execução fiscal, em caso de valor inferior ao estabelecido pelo Ministro da Fazenda,
é desnecessário ouvir a Fazenda.
● Conforme jurisprudência do STJ, o parcelamento é causa de interrupção da prescrição, uma
vez que é confissão irretratável do débito, bem como, é causa de suspensão da exigibilidade
do crédito.
● A decadência, consoante o artigo 156, V do CTN, é forma de extinção do crédito tributário.
Sendo assim, uma vez extinto o direito, não pode ser reavivado por qualquer sistemática de
lançamento ou autolançamento, seja ela via documento de confissão de dívida, declaração de
débitos, parcelamento ou de outra espécie qualquer.
o Assim, decaído o direito de constituir o crédito tributário, mesmo que haja
confissão, pagamento do tributo, a pessoa terá direito a restituição/repetição.

439● O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou compensação, o indébito
tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
● Nos tributos lançados por homologação, o que decai é o direito de lançar de ofício as
diferenças apuradas, caso viesse a deixar de homologar. Isto posto, diz-se que o tributo
lançado por homologação não está sujeito à decadência, uma vez que a declaração pelo
contribuinte constitui o crédito e eventual silêncio da administração enseja homologação
tácita.
o Súmula 436-STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo
débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra
providência por parte do fisco
● Para o tributo cujo lançamento ocorre por HOMOLOGAÇÃO, como o IR, ICMS, IPI dentre
outros, utiliza-se como norte para a contagem do prazo de homologação o art. 150, § 4º do
CTN, que inicia a contagem do FATO GERADOR. Mas de antemão, diante do caso prático,
deve-se fazer a seguinte análise: o contribuinte fez todo o procedimento do lançamento por
homologação e realizou o pagamento?
SIM, houve o pagamento. Então o prazo para homologar (corrigir eventuais valores)
deverá ser contado conforme o art. 150, § 4º do CTN (fato gerador). Declara a menor e
paga o que foi declarado: aqui deve-se corrigir as falhas pelo lançamento suplementar
de ofício (artigo 149, CTN) dentro do prazo de homologação (artigo 150, §4º) contado
do fato gerador, pois houve a constituição do tributo, mas de forma equivocada. Se
não corrigir, haverá decadência de constituir o que faltava e a consequente
homologação tácita.
NÃO, não houve o pagamento. Declarado mas não pago: Na hipótese de o sujeito
passivo ter feito todo o procedimento de lançamento, mas não realizado o
pagamento, a regra para contagem será de PRESCRIÇÃO!!! Pois já houve a constituição
do crédito. (Artigo 174 do CTN).

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Não foi declarado e nem pago: inicia-se no primeiro dia do exercício financeiro
seguinte àquele em que o tributo poderia ter sido lançado, conforme artigo 173, inciso
I, do CTN. Súmula 555 STJ: Quando não houver declaração do débito quinquenal para
o fisco constituir o crédito tributário, conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I,
do CTN nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Prazo decadencial.
 O contribuinte DECLARA corretamente mas NÃO PAGA. Preste bem atenção: ele declarou, ou
seja, constituiu o crédito tributário, mas não pagou. O crédito já está constituído, portanto,
não há que se falar em decadência. Aqui inicia-se a prescrição, pois já foi constituído o crédito
tributário pela declaração do contribuinte, nos termos da Súmula 436 do STJ. O prazo inicial de
prescrição é de 5 anos contado da constituição definitiva do tributo (artigo 174 do CTN). O
termo inicial da prescrição já foi objeto de recurso repetitivo no STJ, com destaque para o
seguinte trecho: o termo inicial do prazo prescricional para cobrança dos tributos lançados
por homologação é a data do vencimento da obrigação tributária, e, quando não houver
pagamento, a data da entrega da declaração, sendo esta (entrega) posterior (ao
vencimento). AgRg no AResp 349.146-SP.
 Nos tributos lançados por homologação, verificada a existência de saldo devedor nas contas
apresentadas pelo contribuinte, o órgão arrecadador poderá promover sua cobrança
independentemente da instauração de processo administrativo e de notificação do
contribuinte.
 A compensação declarada à Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição
440 resolutória de sua ulterior homologação. A declaração de compensação constitui confissão de
dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência dos débitos indevidamente
compensados
13.7.3. Exclusão
● Anistia: causa de exclusão apenas das penalidades.
● Isenção: causa legal de dispensa de pagar o tributo, ocorre o fato gerador, mas não há o
lançamento.
● Exclusão é sempre antes do lançamento

13.8. Garantias e privilégios do crédito tributário: administração


tributária
Administração Tributária. Procedimento Fiscal. Sigilo Fiscal e Prestação de Informações.
Dívida ativa. Certidões e Cadastro.
● Regra geral, o crédito tributário possui privilégios sobre todos os edemais créditos, com
exceção dos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho, dada
sua natureza alimentar.
o Por sua vez, em processo falimentar, o crédito tributário deixa de ser o
segundo na escala de preferência, ficando abaixo dos créditos trabalhistas,
extraconcursais, importâncias passíveis de restituição, e os créditos com
garantia real, no limite do valor do bem gravado.
● O prazo para o fisco elaborar certidão positiva com efeitos de negativa é de 10 dias.
13.8.1. CADIN
● Microempresas, empresas de pequeno porte, mini e pequenos produtores rurais e aos
agricultores familiares, para os quais, de fato, é dispensada a apresentação de quaisquer
certidões exigida em lei, para fins de operações de crédito no âmbito de programas oficiais de

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apoio a tais empresas, quando elas não estiverem inscritas no CADIN. Ademais, não há
presunção de adimplência.
● Suspensão não exclui o nome do CADIN, mas apenas suspende o registro no cadastro de
inadimplentes.
● Uma vez comprovada a regularização da situação que deu origem à inclusão, o órgão ou ente
que efetuou o registro deverá, em 5 dias úteis, promover a respectiva baixa.
● A Fazenda Pública, quer em ação anulatória, quer em execução embargada, faz jus à
expedição de certidão positiva de débitos com efeitos negativos, independentemente de
penhora, posto inexpropriáveis os seus bens”. (RECURSO REPETITIVO)

13.8.2. CDA
● O protesto da CDA decorre de previsão legal na lei 9492.
● Nos tributos por lançamento de ofício, a ausência de prévio processo administrativo NÃO
enseja a NULIDADE da CDA, pois só haverá processo administrativo se o contribuinte
apresentar IMPUGNAÇÃO.
● O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por
não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política.
o No caso do protesto de CDA, apesar de ele acabar impondo uma restrição ao
contribuinte (o devedor ficará com nome "negativado", terá mais dificuldades
para conseguir obter empréstimos etc.), esta medida não foi considerada
441 desproporcional ou irrazoável.
o O protesto é, em regra, mecanismo que causa menor sacrifício ao
contribuinte, se comparado aos demais instrumentos de cobrança disponíveis,
em especial a Execução Fiscal. Por meio dele, exclui-se o risco de penhora de
bens, rendas e faturamentos e de expropriação do patrimônio do devedor,
assim como se dispensa o pagamento de diversos valores, como custas,
honorários sucumbenciais, registro da distribuição da execução fiscal e se
possibilita a redução do encargo legal.
o O protesto é justamente isso, ou seja, um instrumento extrajudicial que
pode ser empregado para a cobrança dos valores inscritos na dívida ativa,
com expressa previsão legal, nos termos do parágrafo único do art. 1º da
Lei nº 9.492/97. Não podem ser considerados proibidos os mecanismos
extrajudiciais de arrecadação tributária.
o O protesto de Certidões de Dívida Ativa não representa um embaraço ao
regular exercício das atividades empresariais e ao cumprimento dos objetos
sociais dos administrados.
o O protesto da CDA é realizado extrajudicialmente, mas não impede que o
devedor possa buscar o Poder Judiciário para discutir a validade do crédito
tributário ou para sustar o protesto. Além disso, o protestado pode, inclusive,
pleitear judicialmente uma indenização por danos morais e materiais, caso o
protesto seja indevido.
o
● A penhora de bem de valor inferior ao débito não autoriza emissão de certidão positiva com
efeitos de negativa, pois a emissão da certidão está condicionada à penhora suficiente ou à
suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

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13.9. Impostos Federais


Impostos federais: impostos sobre o comércio exterior. Imposto sobre produtos
industrializados (IPI). Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a
títulos ou valores mobiliários (IOF). Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR).
Simples. Imposto de renda. Regimes jurídicos. Imposto de renda pessoas jurídicas. Imposto
de renda pessoas físicas.
 Simples Nacional:
o Transação: IPI, ICMS, ISS (cada um de um ente: União - IPI, Estados - ICMS,
Municípios - ISS);
o Renda: IRPJ e CSLL;
o Seguridade: Pis/Pasep, Cofins, contribuição patronal previdenciária.

13.9.1. IR
 Súmula 590-STJ: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em
caso de liquidação de entidade de previdência privada, a quantia que couber a cada
participante, por rateio do patrimônio, superior ao valor das respectivas contribuições à
entidade em liquidação, devidamente atualizadas e corrigidas.
 STJ 447: Os estados e o DF são partes legítimas na ação de restituição de IR retido na fonte
proposta por seus servidores.
o Não há interesse da União, uma vez que os valores são retidos e mantidos com
442 os Estados e Municípios.
 Não se aplica a súmula 584 do STF para operações de exportação quando o tributo tenha
caráter extrafiscal. A súmula 584 diz que a alíquota do IR será a que estiver em vigor no ano de
declaração, ainda que o FG tenha ocorrido no ano anterior. Assim, se ocorrer o fato gerador do
IR, quando a alíquota da exportação era de 6%, caso majorado no ano seguinte para 18%,
deverá ser cobrado os 6%, pois o tributo tinha caráter extrafiscal, incentivando a exportação.
 A remuneração percebida pelos atletas profissionais a título de direito de arena sujeita-se à
incidência do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF. STJ. 1ª Turma. REsp 1.679.649-SP,
Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 17/05/2018 (Info 626).

 O FG é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica, e não a disponibilidade
financeira da renda.
o Disponibilidade financeira: faculdade de usar, gozar e dispor do numerário.
Trata-se da imediata utilidade da renda, atrelada ao simples acréscimo
patrimonial, independentemente da existência de recursos financeiros.
o Disponibilidade econômica ou jurídica: direito de crédito não sujeito a
condição suspensiva, representado por títulos ou documentos de liquidez e
certeza.
 I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos;
 II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os
acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.
 Súmula 386 STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o
respectivo adicional.
o Repetitivo: incide Imposto de Renda (IR) sobre o adicional de um terço de
férias gozadas. Apenas o adicional de um terço de férias não gozadas é que
tem natureza indenizatória e não sofre incidência de IR
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 Súmula 463 STJ: Incide imposto de renda sobre os valores recebidos à título de indenização
por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
 Súmula 215 STJ: A indenização recebida pela adesão ao programa de incentivo à demissão
voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda.
 Súmula 587 STF: Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos contratados
no exterior e prestados no Brasil.
 A incidência do IR independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da
localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da
renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do IR, o
benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título.
 O valor devido a título de CSLL não pode ser considerado como despesa operacional ou
necessária para fins de apuração do IRPJ, não sendo, portanto, dedutível. O art. 1º da Lei nº
9.316/96 é constitucional. STF. Plenário. RE 582525/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em
9/5/2013 (Info 705)
 Na declaração anual de imposto de renda, é possível a dedução de despesas feitas pelo
contribuinte com profissional de saúde, mesmo que este não seja regularmente inscrito no
respectivo conselho profissional. Ex: dentista que não esteja registrado no CRO.
 Os proventos de aposentadoria ou reforma percebidos por portador de cegueira monocular
também são isentos de imposto sobre a renda. STJ. 1ª Turma. REsp 1553931-PR, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 15/12/2015 (Info 575)
 O art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 (Lei do IR) prevê que as pessoas portadoras de determinadas
443 doenças ali elencadas não pagarão imposto de renda sobre os rendimentos que receberem a
título de aposentadoria, pensão ou reforma. Para que haja a isenção é indispensável que o
portador da doença grave esteja na inatividade, recebendo rendimentos de aposentadoria,
pensão ou reforma. Assim, não haverá isenção se o contribuinte é portador de uma das
moléstias elencadas, mas ainda não se aposentou, optando por continuar trabalhando. STJ. 2ª
Turma. RMS 31637-CE, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 5/2/2013 (Info 516)
o São isentos do imposto de renda os proventos percebidos de fundo de
previdência privada a título de complementação da aposentadoria por pessoa
física acometida de uma das doenças arroladas no art. 6º, XIV, da Lei
7.713/1988. STJ. 2ª Turma. REsp 1507320-RS, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 10/2/2015 (Info 556).
 Hipóteses em que a fonte pagadora fornece declaração indevida de que rendimento era
isento:
o Incide imposto de renda sobre a quantia recebida pelo empregado em razão
de acordo coletivo de trabalho firmado com o empregador, no qual fora
ajustado a constituição de fundo de aposentadoria e pensão e,
alternativamente, o pagamento de determinado valor em dinheiro
correspondente ao que seria vertido para o aludido fundo.
o Mesmo que a fonte pagadora (substituta tributária) equivocadamente tenha
deixado de efetuar a retenção de determinada quantia, a título de imposto
de renda, sobre importância paga a empregado, tendo, ainda, expedido
comprovante de rendimentos informando que a respectiva renda classifica-se
como rendimento isento e não tributável, o sujeito passivo da relação
jurídico-tributária (substituído tributário: empregado) deverá arcar com o
ARCAR COM O IMPOSTO devido e não recolhido.
o Na hipótese em que a fonte pagadora deixa de efetuar a retenção do imposto
de renda, expedindo comprovante de rendimentos o qual os classifica como
isentos e não tributáveis, de modo a induzir o empregado/contribuinte a
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preencher equivocadamente sua declaração de imposto de renda, não é este


— mas sim o empregador — o responsável pelo pagamento da MULTA
prevista no art. 44, I, da Lei 9.430/1996.
 Não incide imposto de renda sobre o valor da indenização paga ao empregado demitido sem
justa causa no período de estabilidade provisória
 Incide imposto de renda da pessoa física (IRPF) sobre os juros moratórios decorrentes de
benefícios previdenciários pagos em atraso.
 A incidência do imposto de renda tem como fato gerador o acréscimo patrimonial (art. 43, do
CTN), sendo, por isso, imperioso perscrutar a natureza jurídica da verba percebida, a fim de
verificar se há efetivamente a criação de riqueza nova: a) se indenizatória, que, via de regra,
não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação.
Isto porque a tributação ocorre sobre signos presuntivos de capacidade econômica, sendo a
obtenção de renda e proventos de qualquer natureza um deles.
o A indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital,
porquanto a propriedade é transferida ao poder público por valor justo e
determinado pela justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas
mera reposição do valor do bem expropriado. Não é tributada por IR.
o Deveras, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no
sentido da não-incidência da exação sobre as verbas auferidas a título de
indenização advinda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade
pública ou por interesse social, porquanto não representam acréscimo
patrimonial.
444  Segundo o art. 950 do CC, se uma pessoa for vítima de dano físico que cause a diminuição de
sua capacidade de trabalho, ela deverá receber do causador do dano pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ela sofreu. Tais
valores estão sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda (IR). Assim, decidiu o STJ que os
valores percebidos a título de pensionamento por redução da capacidade laborativa
decorrente de dano físico causado por terceiro, em cumprimento de decisão judicial, são
tributáveis pelo imposto de renda e sujeitam a fonte pagadora à retenção do imposto por
ocasião do pagamento.
o Danos morais e danos emergentes: NÃO incide IR.
o Lucros cessantes: INCIDE IR. Substitui a renda
13.9.2. IPI
 É possível isenção e reduções de alíquotas de IPI em virtude de regiões e estados para fins de
alcançar, através de incentivos fiscais, o desenvolvimento do equilíbrio econômico entre as
regiões do país.
 A base de cálculo do IPI na venda a prazo é o preço "normal" da mercadoria (preço de venda à
vista) mais os eventuais acréscimos decorrentes do parcelamento. A base de cálculo do IPI
nas vendas a prazo, sem a intermediação de instituição financeira, é o valor total da operação.
o Situação diferente ocorre na chamada "venda financiada". Nesta, o
comprador obtém recursos de instituição financeira para pagar a aquisição da
mercadoria e o IPI incide apenas sobre o valor efetivamente pago ao
vendedor do produto, não englobando os juros pagos ao financiador, sobre o
qual incidirá apenas o IOF.
 Os descontos incondicionais não devem integrar a base de cálculo do IPI. Ex.: se o preço
“cheio” do produto era 120, mas foi dado um desconto de 20 para o adquirente, a base de
cálculo do IPI será 100 (e não 120). É inconstitucional, por ofensa ao art. 146, III, a, da CF/88, o

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§ 2º do art. 14 da Lei 4.502/1964, com a redação dada pelo art. 15 da Lei 7.798/1989, no ponto
em que determina a inclusão de descontos incondicionais na base de cálculo do IPI.
 Momento do fato gerador  Regra: data do registro da declaração de importação de
mercadoria submetida a despacho para consumo; há mais previsões no DL 6759.
o STJ no caso de importação de mercadoria despachada para consumo, o fato
gerador do imposto de importação ocorre na data do registro da declaração
de importação. Assim, aplica-se a alíquota vigente nesta data.
o Nesse caso, o importador acumula o crédito do IPI pago por ocasião do
desembaraço aduaneiro e, posteriormente, terá esse credito abatido na venda
do produto, pagando IPI apenas quanto ao valor agregado na venda.
 STF: Incide, na importação de bens para uso próprio, o IPI, sendo neutro o fato de tratar-se de
consumidor final.
 STF: Os princípios da não-cumulatividade e da seletividade não asseguram direito de crédito
presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à
alíquota zero. (Isento na entrada) Não aproveita na venda do produto
 STF: O direito ao creditamento do IPI decorrente da aquisição de matéria-prima, produto
intermediário e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos isentos ou
sujeitos ao regime de alíquota zero, surgiu apenas com a vigência da Lei nº 9.779/99. (Isento
na saída) Aproveita os créditos, após a lei.
 STJ: Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída
do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido
industrialização no Brasil. São fatos geradores distintos: desembaraço aduaneiro e a saída do
445 produto industrializado do estabelecimento importador equiparado a estabelecimento
produtor.
 Lei 8.032/90 prevê que as “instituições de educação” possuem isenção de II e de IPI caso
importem bens do exterior. A redação literal da lei fala em “instituições de educação”. Apesar
disso, é possível estender essa isenção também para “instituições culturais”? SIM. As
entidades com finalidade eminentemente cultural também fazem jus às isenções de Imposto
de Importação (II) e de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) previstas nos arts. 2º, I,
“b”, e 3º, I, da Lei 8.032/90. Conquanto a Lei 8.032/90 preveja isenções de II e de IPI para as
“instituições de educação” (art. 2º, I, “b”), as entidades com finalidade eminentemente
cultural também estão inseridas nessa expressão legal, considerando que não se pode
dissociar cultura de educação. STJ. 1ª Turma. REsp 1100912-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 28/4/2015 (Info 561).
 O regime de apuração e de escrituração de tributos “Simples” diminui a carga tributária bruta
e a complexidade das obrigações acessórias. Em compensação, nega o direito ao
aproveitamento de créditos relativos ao IPI.
13.9.3. IOF
 Fato gerador:
o Operações de Câmbio: a efetivação da operação pela entrega de moeda
nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação
à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou
nacional entregue ou posta à disposição por este.

13.9.4. ITR
 Não há previsão de incidência do ITR sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
rural por acessão física, mas apenas por natureza. O IPTU tem previsão por acessão física e por
natureza.
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 O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma
agrária.
 O ITR será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas.
 Contribuinte: proprietário, titular de domínio útil, ou seu possuidor a qualquer título.
 Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que
comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial.
o Se o imóvel pertence a dois ou mais proprietários, em condomínio, é legítimo
exigir o pagamento do ITR, em sua totalidade, de todos ou de qualquer deles,
reservando-se ao que pagou a faculdade de ressarcir-se dos demais
devedores, na forma do art. 283 do Código Civil.
o Áreas excluídas do ITR:
 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas no Código
Florestal;
 O STJ entende que somente é possível assegurar a isenção do
ITR nesses casos se a área da reserva legal já estiver averbada
no registro do imóvel. Deve ser antes do lançamento do ITR,
ok? Depois nem adianta chorar, indefiro.
 As áreas de preservação permanente são instituídas por lei,
sendo, por isso, desnecessário que se faça averbação no

446 registro de imóveis.


o Não confunda:
o • área de reserva legal: é necessária a averbação no
registro de imóveis ou inscrição no CAR para que haja
isenção do ITR;
o • área de preservação permanente: não é necessária a
averbação no registro de imóveis ou inscrição no CAR
para que haja isenção do ITR.
 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim
declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e
que ampliem as restrições de uso previstas na letra “a”;
 c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola,
pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, declaradas de interesse
ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual;
 d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;
 d) sob regime de servidão ambiental;
 e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio
médio ou avançado de regeneração;
 f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas
hidrelétricas autorizada pelo poder público.
 É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e que
leva em consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) ( o art. 153, § 4º, I, da
CF/88 previu apenas o critério da produtividade) e a área do imóvel. Essa progressividade é
compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual, seja na redação
originária, ou seja, antes da EC 42/2003. Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era
possível a instituição da progressividade em relação às alíquotas do ITR.
 O ITR é um tributo sujeito a lançamento por homologação, e é permitido a exclusão da APP da
BC sem necessidade de ato declaratório ambiental do IBAMA.
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13.10.Impostos Estaduais e Municipais


13.10.1. Impostos Municipais
 Súmula vinculante 31-STF: É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.
 Súmula 138, STJ: O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis.
 STJ: o benefício da alíquota fixa do ISS somente é devido às sociedades unipessoais integradas
por profissionais que atuam com responsabilidade pessoal, não alcançando as sociedades
empresariais, como as sociedades por quotas, cuja responsabilidade é limitada ao capital
social.
 STJ: a BC do ISS nos serviços de plano de saúde é o valor líquido recebido. Ou seja, da
mensalidade paga pelo associado, deve ser descontado os repasses aos terceiros que prestam
antendimento médico, sob pena de se caracterizar dupla tributação à nova incidência sobre o
valor destinado a remunerar esses serviços especializados.
 Súmula 614-STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-
tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses
tributos.
 ISSQN:
o Fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que
esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.
o Alíquota mínima de 2% prevista no ADCT e na LC 116/2003.
447 o
13.10.2. Impostos Estaduais
● A notificação do lançamento do IPVA pode ser por envio de carnê ou com a publicação de
calendário de pagamento.
● Lembrar que o valor cobrado a título de ICMS em uma transação será incluído na próxima. É o
que se chama de ICMS cobrado por dentro.
● Em regra, o ICMS é considerado um imposto plurifásico, mas a própria CF prevê hipótese
excepcional de incidência monofásica do ICMS.
● Os convênios do ICMS possuem previsão constitucional e, por conta disso, são normas
primárias. (Normas primárias são aquelas cujo fundamento de validade é a Constituição
Federal).
● Incidirá ICMS sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior, não importando
qual seja a sua finalidade.
● É inconstitucional cobrar ICMS das empresas aéreas sobre o serviço de transporte aéreo
INTERNACIONAL de cargas.
● É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação
editada após a vigência da EC 33/2001 (12/12/2001), mas antes da LC federal 114/2002, visto
que é plena a competência legislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobre norma
geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88.
● O ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo isso chamado de ICMS "por dentro" ou
"cálculo por dentro". O ICMS por dentro está previsto no art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, sendo
considerado constitucional pelo STF. Essa mesma regra aplica-se para o ICMS substituição
tributária, considerando que se trata do mesmo tributo. Assim, ainda que se adote a
substituição tributária como forma de arrecadação de ICMS, é constitucional aplicar-se a
sistemática do "cálculo por dentro", ainda que seja de operações de importação. Aplica-se
ICMS por dentro nas operações de importação e internas.

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● O ICMS não constitui receita ou faturamento, mas mero valor a ser repassado ao Estado-
credor, com o que inábil a compor a base de cálculo do PIS/COFINS. Logo, ICMS não compõe a
base de cálculo da COFINS, porque estranho ao conceito de faturamento. (Plenário)
o Receita não se confunde com ingresso. Para se qualificar como receita, o
ingresso, além de integrar o patrimônio (aspecto formal), deve ser novo
(aspecto material – aumento do patrimônio) e definitivo (aspecto temporal
– não se sujeitar à condições). Logo, o ICMS não preencheu os requisitos.
o É desnecessário norma infraconstitucional para dar o conceito de RECEITA.
Ademais, o conceito de receita na CF não se confunde com o conceito
contábil.
o O STJ tinha entendimento oposto, dizendo que ele seria tanto receita
quanto faturamento, já que era elemento do preço cobrado em suas
vendas.
● Firmou-se a jurisprudência do Plenário deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que a
vedação, pela legislação estadual, ao aproveitamento dos créditos do ICMS gerados pela
entrada de insumos tributados, quando o contribuinte exerce, livremente, opção pela
tributação das saídas mediante base de cálculo reduzida, não viola o princípio da não
cumulatividade.
● As exonerações fiscais em ICMS são exceção ao princípio “quem tributa, isenta”, uma vez que
conforme a CF, Lei Complementar disporá sobre as isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados mediante deliberação dos Estados. Logo, é necessário que os
Estados deliberem sobre as matérias especificadas, e não o próprio ente que instituiu o
448 tributo.
● Súmula nº 590, STF: Calcula-se o imposto de transmissão "causa mortis" sobre o saldo redor
da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do
promitente vendedor.
● É inconstitucional “desconto no pagamento da tarifa de água e esgoto sanitário em valor
equivalente ao incremento real e efetivo do recolhimento mensal do ICMS, com repasse
posterior pela Fazenda Estadual à concessionária de água e esgoto”, vez que trata-se de
hipótese de vinculação da receita do imposto, o que é vedado pela CF. Trata-se de vinculação
transversa.
● Incide ICMS sobre aquisição de softwares, ainda que a compra seja feita mediante
transferência eletrônica de dados, sem que haja uma base física que caracterize o corpus
mechanicum da criação intelectual.
● Não incide IPVA sobre embarcações e aeronaves. A interpretação de veículos automotores é
restritiva e só utiliza-se para veículos terrestres.
● O ITCMD é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão (morte).
● O ITCMD não é exigível antes da homologação do cálculo.
● O STJ que a cientificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA pode ser realizada por
qualquer meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento,
com instruções para o pagamento (STJ. 1ª Seção. REsp 1320825/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 10/08/2016). Tal forma de notificação pessoal presumida, no entanto, somente
pode ser considerada válida em relação aos impostos reais, cuja exigibilidade por exercício é
de notório conhecimento da população.
● A água fornecida à população, após ser tratada pelas empresas
concessionárias, permissionárias ou autorizadas, não caracteriza
mercadoria, pela qual é insuscetível de cobrança de ICMS. STJ

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13.11.Processo administrativo e Judicial Tributário


Processo administrativo tributário. Processo judicial tributário. Execução fiscal. Cautelar
fiscal. Mandado de segurança. Ação de repetição de indébito. Anulatória de débito fiscal.
Ação declaratória. Ação de consignação em pagamento.
13.11.1. Processo administrativo
● É possível a aplicação da pena de perdimento de veículo objeto de contrato de arrendamento
mercantil com cláusula de aquisição ao seu término utilizado pelo arrendatário para transporte
de mercadorias objeto de descaminho ou contrabando. STJ. 1ª Turma. REsp 1268210-PR, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/2/2013 (Info 517). É possível a aplicação da pena de
perdimento de veículo objeto de alienação fiduciária ou arrendamento mercantil (leasing),
independentemente da participação do credor fiduciário ou arrendante no evento que deu
causa à pena. Isso porque tais instrumentos particulares não são oponíveis ao Fisco (art. 123
do CTN
● O erro culposo na classificação aduaneira de mercadorias importadas e devidamente
declaradas ao fisco não se equipara à declaração falsa de conteúdo e, portanto, não legitima
a imposição da pena de perdimento.
● Conquanto a legislação instituidora dos programas de regularização fiscal, REFIS, via de regra,
estabeleça que a adesão implica a confissão irrevogável e irretratável dos débitos do sujeito
passivo, objeto de regularização, doutrina majoritária e jurisprudência reconhecem,
sobretudo em homenagem ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, a possibilidade de
discussão judicial da dívida em momento posterior
449 o Em regra, é possível a discussão judicial sobre os aspectos jurídicos dos
débitos parcelados (por exemplo, quanto a legitimidade da legislação
instituidora do tributo cujos débitos foram parcelados), razão pela qual tem-se
que as mencionadas irretratabilidade e irrevogabilidade da confissão do
contribuinte são relativizadas.
o No entanto, quanto às questões de fato, a confissão do contribuinte somente
poderá ser afastada pelo Poder Judiciário quando estiver presente defeito
causador de nulidade do ato jurídico, vale dizer, da confissão de dívida (por
exemplo erro, dolo, simulação e fraude).
o A confissão de dívida gera a irrevogabilidade e a irretratabilidade em relação
ao fato gerador que deu ensejo ao crédito tributário, salvo vício de vontade.
Entretanto, poderá haver discussão judicial quanto a validade ou não da
legislação ou da multa.
o Em suma: a confissão não inibe o questionamento judicial no que se refere
aos aspectos jurídicos da obrigação tributária. Quanto aos aspectos fáticos
sobre os quais incide a norma tributária, a regra é que não se pode rever
judicialmente a confissão de dívida efetuada com escopo de obter
parcelamento de débitos tributários. Entretanto, a matéria jurídica pode ser
invalidada quando ocorre vício causador de nulidade do ato jurídico.
o Em conclusão, portanto, reputa-se que a adesão ao REFIS, com confissão da
dívida, é possível promover a posterior discussão judicial dos débitos
confessados, com relação aos seus aspectos jurídicos. Já, quanto aos aspectos
fáticos, somente poderão ser revistos judicialmente se constatado vício
causador de nulidade do ato jurídico, na linha adotada pelo TRF da 3ª Região e
pelo STJ.
● “STJ confissão de dívida não inibe o questionamento judicial da obrigação tributária, no que se
refere aos aspectos jurídicos”. Considerando a natureza institucional (e não contratual) da

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obrigação tributária, não se pode certamente admitir a hipótese de sua criação por simples ato
de vontade das partes. A legitimidade das fontes normativas que disciplinam a sua instituição
é, por isso mesmo, passível de controle pelo Poder Judiciário
● Arrolamento fiscal:
o Alienação de bens objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia
notificação ao Fisco. A alienação de bens que foram objeto de arrolamento
fiscal não depende de prévia notificação ao órgão fazendário. A Lei nº
9.532/97 não exige que a notificação ao órgão fazendário seja prévia à
alienação, mas simplesmente que exista a comunicação.
o Art. 64. A autoridade fiscal competente procederá ao arrolamento de bens e
direitos do sujeito passivo sempre que o valor dos créditos tributários de sua
responsabilidade for superior a trinta por cento do seu patrimônio conhecido.

13.11.1.1. Medida Cautelar Fiscal


● Na medida cautelar fiscal, a comunicação de alienação de bem não precisa ser prévia,
bastando que seja efetivada a comunicação, ainda que posterior.
● MEDIDA CAUTELAR FISCAL.
o STJ: possível única medida cautelar fiscal para assegurar créditos fiscais em
várias execuções em juízos distintos, de forma que os efeitos da medida
atingirá todos os feitos fiscais a ela relacionados.
o A Fazenda deve propor a execução fiscal em 60 dias, contados da data em que
a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa.
450 ● Em regra, o procedimento cautelar fiscal só poderá ser instaurado após a constituição do
crédito, inclusive no curso da execução judicial da DAU. PORÉM, independe de prévia
constituição do crédito tributário, a medida cautelar fiscal na hipótese de:
o O devedor ter sido notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao
recolhimento do crédito fiscal e ponha ou tente pôr seus bens em nome de
terceiros ou, ainda
o Quando o devedor aliena bens ou direitos sem proceder à devida
comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em
virtude de lei.
● A concessão de medida cautelar fiscal não se aplica o artigo 300 do CPC (probabilidade do
direito e perigo da demora), mas sim o art 3 da lei 8397:
o Prova literal da constituição do crédito fiscal.
o Prova documental de alguns dos casos mencionados no artigo antecedente.

13.11.2. Execução fiscal


 As informações sigilosas das partes devem ser juntadas aos autos do processo que correrá em
segredo de justiça, não sendo admitido o arquivamento em apartado.
 A compensação efetuada pelo contribuinte, antes do ajuizamento do feito executivo, pode
figurar como fundamento de defesa dos embargos à execução fiscal, a fim de ilidir a presunção
de liquidez e certeza da CDA, máxime quando, à época da compensação, restaram atendidos
os requisitos da existência de crédito tributário compensável, da configuração do indébito
tributário, e da existência de lei específica autorizativa da citada modalidade extintiva do
crédito tributário” (RECURSO REPETITIVO)
 A jurisprudência admite, em caráter excepcionalíssimo, a oposição de embargos, mesmo
quando o executado não possui bens passíveis de penhora e, portanto, não garante o juízo
da execução, a fim de que não se obstaculize o acesso ao Judiciário, com fulcro no art. 5º,

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inciso XXXV, da Constituição Federal. (...) Contudo, a jurisprudência desta Corte, inclusive em
sede de recurso especial repetitivo, tem admitido o processamento dos embargos à execução
fiscal mesmo que a penhora ou garantia apresentada seja insuficiente, prestigiando o direito
de defesa e assegurando o acesso à Justiça, haja vista a possibilidade de posterior reforço da
penhora requerido pela parte exequente (REsp 1.127.815/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira
Seção, DJe 14/12/2010, submetido ao regime do art. 543-C, do CPC/1973). Em casos
excepcionais, a jurisprudência tem admitido os embargos à execução fiscal inclusive sem o
oferecimento de garantia, v. g., por motivos de insuficiência patrimonial inequivocamente
comprovada.
o O prazo para oferecer embargos à execução fiscal, nos casos em que a
garantia é expressamente dispensada pelo juízo de execução, deve ter início
na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia,
já que é esse o ato que caracteriza a informação aos atores processuais da
desnecessidade da garantia e a aptidão para embargar, não havendo a
necessidade de, na intimação da dispensa de garantia, se informar
expressamente o prazo para embargar.
 Fundamentos da Fazenda Pública para não aceitar embargos sem garantia:
o Nas razões recursais a recorrente alega, preliminarmente, ofensa ao art.
1.022, II, do CPC/2015, uma vez que, a despeito da oposição de embargos de
declaração, o tribunal de origem teria deixado de apreciar a incidência do art.
16, § 1º, da Lei nº 6.830/1980, e o fato de não ter sido prestada garantia nos
autos da execução fiscal. Quanto ao mérito alega ofensa ao referido
451 dispositivo legal e sustenta que é cogente a exigência de garantia prévia do
juízo para o processamento dos embargos à execução fiscal, e que a lei de
execução fiscal é especial em relação ao CPC, havendo jurisprudência em
recurso especial repetitivo no sentido de que a alteração promovida no art. 736
do CPC/1973 pela Lei nº 11.382/2006, dispensando a garantia do juízo (atual
art. 914 do CPC/2015) não seria aplicável aos embargos à execução fiscal.
Aduz, também, que tanto o vetusto art. 739-A do CPC/1973 e o art. 919 do
CPC/2015 impõe requerimento da parte, garantia do juízo e preenchimento
dos requisitos da tutela provisória para a concessão de efeito suspensivo aos
embargos. Por fim, alega que não há previsão legal para dispensa de garantia
em razão da hipossuficiência ou carência financeira do embargante, uma vez
que tal exigência não se confunde com as custas judiciais e não está
abrangida pela gratuidade judiciária, e que a invocação do princípio da
inafastabilidade da Jurisdição prevista no art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal, não seria suficiente para afastar a norma do art. 16, § 1º, da Lei nº
6.830/1980, sobretudo porque a dívida tributária inscrita possui presunção de
certeza e liquidez.
 FRAUDE À EXECUÇÃO NO CTN:
o Gera presunção absoluta.
o STJ: não é aplicável a súmula 375/STJ à execução fiscal – “o reconhecimento
de fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da
prova de má-fé do terceiro adquirente”.
o Antes da LC em 2005, só era fraude a alienação quando já iniciada a
execução fiscal. Após, a fraude dá-se com a inscrição do débito em dívida
ativa, não deixando bens para o pagamento dos tributos.
o Momento:

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 Alienações feitas antes da LC: exige-se prévia execução fiscal para ser
reconhecida a fraude à execução.
 Alienações feitas após a LC: basta estar inscrito em dívida ativa para
que seja constatada a fraude à execução, sendo irrelevante o
momento da propositura da ação de execução fiscal.
o A declaração de fraude é independente da ação de execução fiscal.
 É possível o arresto antes da citação (quando não consegue citar ou encontrar bens passíveis
de penhora), por meio de arresto cautelar, via bacenjud.
 A indisponibilidade de bens não se confunde com a penhora online. A indisponibilidade surte
efeito em TODOS os bens, presentes e futuros do devedor, sendo aplicado como última
alternativa, necessitando da comprovação de que foram esgotados todos os meios e
diligências na busca de outros bens.
 Não é possível aplicar a indisponibilidade (art. 185-A, CTN), aos processos executivos cíveis,
como cumprimento de sentença, execução de título extrajudicial e ação monitória. A
indisponibilidade é uma prerrogativa da Fazenda, uma vez que o dever de pagar tributo é
constitucional.
● Súmula STJ 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial
com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto na LEF.
● Só é possível a declaração de prescrição intercorrente depois de ouvir o credor.
o Em execução fiscal, em caso de valor inferior ao estabelecido pelo Ministro da
Fazenda, é desnecessário ouvir a Fazenda.

452 ● A garantia do juízo em execução fiscal deve abranger os honorários advocatícios que, embora
não constem da certidão de dívida ativa, venham a ser arbitrados judicialmente.
● EXECUÇÃO FISCAL: em se tratando de execuções não embargadas, o STJ fixou: A inércia da
Fazenda exequente, ante a intimação regular para promover o andamento do feito e a
observância dos artigos 40 e 25 da LEF, implica a extinção da execução fiscal ex officio.
● Não cabe exceção de pré-executividade para alegação de sócio cujo nome consta na CDA de
que não houve a prática de nenhuma das circunstâncias do artigo 135 do CTN
(responsabilidade pessoal), pois demanda dilação probatória.
o Se o sócio figura como responsável na CDA, haverá presunção relativa de que
a informação lá constante é certa e legítima, de modo que se revelará
necessária a dilação probatória para derruir a presunção da CDA, caminho não
condizente com a via da exceção de pré-executividade.
● A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é de ser cabível a fixação de honorários de
sucumbência quando a Exceção de Pré-Executividade for acolhida para extinguir total ou
parcialmente a execução, em homenagem aos princípios da causalidade e da sucumbência.
● Justiça Estadual não julga mais execução fiscal proposta pela Fazenda Nacional em caráter
delegado da competência da Justiça Federal. Só irá julgar as antigas.
● O reforço da penhora não pode ser deferido ex officio, a teor dos artigos 15, inciso II, da LEF
e do art. 685 do CPC/73
● Súmula 394 STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de
renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração
anual.
● Não pode haver remissão de ofício pelo magistrado, analisando isoladamente o valor cobrado
em uma execução fiscal, sem questionar a Fazenda Pública sobre a existência de outros
débitos que somados impediriam o contribuinte gozar de determinada remissão prevista em
lei.

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● Súmula 190 STJ: Na execução fiscal, processada perante a Justiça Estadual, cumpre à Fazenda
Pública antecipar o numerário destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais
de justiça
● Súm 558 STJ: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG/CNPJ da parte executada.
● Súm 559 STJ: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com
demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6 da LEF.
● Para que haja interrupção da prescrição intercorrente, a Fazenda não pode simplesmente se
manifestar com o intuito de movimentar o feito, requerendo penhora online via BACENJUD,
expedição de mandado de livre penhora, quando já realizadas tais diligências e não
comprovada a alteração da situação fática do executado, vez que são “Movimentos
mecânicos” do feito.
o É necessário verdadeira efetivação de diligências capazes de, concretamente,
localizar bens do executado, tendo, assim, o condão de interromper a
prescrição intercorrente.
● Segundo o art. 8º da Lei nº 12.514/2011, para que os Conselhos Profissionais ajuízem
execução fiscal cobrando anuidades em atraso, é necessário que o total da quantia
executada seja de, no mínimo, quatro vezes o valor da anuidade. Mesmo sem poder executar
a dívida, o Conselho Profissional poderá adotar uma outra sanção contra o inadimplente:
poderá suspender ou cancelar seu registro profissional. Assim, o fato de os conselhos não
poderem executar dívidas inferiores a quatro vezes o valor cobrado anualmente da pessoa
física ou jurídica inadimplente, não impede que seja feita a suspensão ou o cancelamento do
453 registro do profissional que deixar de efetuar o pagamento das anuidades. Isso está previsto
no art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 12.514/2011. No caso específico dos Engenheiros e
Arquitetos, o cancelamento do registro somente pode acontecer desde que o atraso seja de,
no mínimo, duas anuidades consecutivas.
● O prazo prescricional para cobrança das anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início
somente quando o total da dívida inscrita, acrescida dos respectivos consectários legais, atingir
o patamar mínimo estabelecido pela Lei 12.514/2011. Ex: João está devendo as anuidades de
2011, 2012, 2013; as anuidades de 2014, 2015 e 2016 foram pagas; assim, somente em 2017
atingiu-se o valor mínimo exigido pelo art. 8º da Lei, ocasião em que o Conselho ajuizou a
execução; o termo inicial da prescrição somente se iniciou em 2017
● Na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em nome
do devedor e obedecida a ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao
magistrado recusar a constrição de bens nomeados pelo credor fundamentando a decisão
apenas na assertiva de que a potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da
penhora.
● A constatação posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executada
tivera sua falência decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extinção do
processo sem resolução de mérito. Isso porque a mera declaração de falência não implica em
extinção da personalidade jurídica da sociedade empresária. Ademais, a massa falida tem
exclusivamente personalidade judiciária, sucedendo a empresa em todos os seus direitos e
obrigações. Em consequência, o ajuizamento contra a pessoa jurídica, nessas condições,
constitui mera irregularidade (erro de fato ou erro material).
● Súmula 583-STJ: O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002,
dirigido aos débitos inscritos como dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional ou por ela cobrados, não se aplica às execuções fiscais movidas pelos conselhos de
fiscalização profissional ou pelas autarquias federais.

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● A suspensão do lapso prescricional de 180 (cento e oitenta dias) a partir da inscrição do débito
em Dívida Ativa, prevista no artigo 2º, §3º, da Lei 6.830/1980, somente é aplicável para as
dívidas de natureza não tributária.
● O parcelamento do débito tributário suspende a execução fiscal – pois proporciona uma
paralisação temporária da exigibilidade do crédito tributário –, mas não suspende os
respectivos embargos à execução fiscal. É que quando o contribuinte parcela o crédito
tributário, há uma confissão da dívida, transmitindo, pois, reflexos nos processos vinculados à
dívida.
o Repetitivo: Na esfera judicial, a renúncia sobre os direitos em que se funda a
ação que discute débitos incluídos em parcelamento especial deve ser
expressa, porquanto o preenchimento dos pressupostos para a inclusão da
empresa no referido programa é matéria que deve ser verificada pela
autoridade administrativa, fora do âmbito judicial. Logo, a adesão ao
parcelamento não conduz na renúncia sobre o direito, de sorte que é
indevida a extinção com resolução de mérito dos embargos à execução, MAS
o Não subsiste interesse em agir do contribuinte em continuar o debate
travado nos embargos à execução, quando adere a programa de
parcelamento do débito tributário, levando, pois, a extinção da ação, sem
resolução de mérito

13.11.2.1. Redirecionamento de execução fiscal

454 ● Artigo 135 do CTN: responsabilidade pessoal pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatudos.
o Hipóteses: obrigações tributárias resultantes de infração à lei.
▪ Súmula 435 STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de
funcionar no seu domicílio fiscal, com presunção relativa ao ser constatada pelo
oficial de justiça, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
▪ Cabe aos sócios gerentes demonstrar que não agiram com dolo, fraude, ou excesso.
A dissolução irregular da sociedade inverte o ônus da prova quanto à atuação
irregular do sócio (dolo, culpa, fraude, excesso de poder), de modo que deixa de ser
do exequente e passa ao executado. Presunção juris tantum de dissolução irregular.
▪ Obrigação dos gestores da empresa manter atualizados os respectivos cadastros
junto aos órgãos de registro público e ao Fisco.
▪ Cabível em dívida de natureza não tributária quando dissolvida irregularmente,
sendo desnecessário provar o DOLO por parte do sócio. Resp 1371128. -
REPETITIVO
▪ Em execução fiscal de dívida ativa tributária ou não-tributária, dissolvida
irregularmente a empresa, está legitimado o redirecionamento ao sócio-gerente.
o Requisitos: excesso de poder, infração à lei, contrato social ou estatuto.
▪ Necessidade de ser sócio administrador no momento da ocorrência do fato
gerador. (ESTÁ SUSPENSO NO STJ. TEMA AFETADO EM REPETITIVO)
- 1ª corrente: SIM. É a posição tradicional do STJ, ainda adotada pela 1ª Turma. AgRg
no AREsp 729.285/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 06/08/2015. Para que
haja o redirecionamento é necessário o preenchimento de duplo requisito: a) que a
pessoa exerça gerência no momento da ocorrência do fato gerador; e b)
simultaneamente, que também exerça a gerência no instante em que houve a
dissolução irregular.
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- 2ª corrente: NÃO. É a nova posição da 2ª Turma do STJ. REsp 1.520.257-SP, Rel. Min.
Og Fernandes, julgado em 16/6/2015 (Info 564). Segundo essa corrente, o que
desencadeia a responsabilidade tributária é a infração de lei evidenciada na
existência ou presunção de ocorrência de referido fato. Por essas razões, é
irrelevante para a definição da responsabilidade por dissolução irregular (ou sua
presunção) a data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, bem
como o momento em que vencido o prazo para pagamento do respectivo débito.
o Prescrição para requerer o redirecionamento: divergência no termo incial.
▪ Actio nata: a partir do conhecimento pela Fazenda do ato ilícito que viole o seu
direito, que enseje o redirecionamento da execução fiscal. (defender esta tese em
AGU)
▪ Citação da Pessoa Jurídica: a partir da citação, pois a citação interrompe a
prescrição em relação aos sócios-gerentes, segundo o CTN. Assim, transcorrido 5
anos da citação da pessoa jurídica, prescreve a pretensão executória da Fazenda
em relação aos sócios.
o Jurisprudências de redirecionamento:
▪ Inaplicável o redirecionamento da execução fiscal para cobrança de FGTS pela
Fazenda Nacional, uma vez que o FGTS não possui natureza tributária, não se
aplicando o CTN.
▪ A responsabilidade é dos administradores e gerentes, e não dos sócios.
▪ Súmula 430 STJ. O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não
455 gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.
▪ Lei ordinária não pode imputar responsabilidade solidária aos sócios em relação às
contribuições sociais devidas pela pessoa jurídica, uma vez que tal matéria deve ser
tratada por meio de LEI COMPLEMENTAR, em respeito ao 146, III, CF. Assim, não
existe responsabilidade pessoal dos sócios de sociedades por quotas de
responsabilidade limitada em relação a débitos previdenciários.
▪ O redirecionamento ao sócio/administrador não importa no afastamento da
responsabilidade da pessoa jurídica, nem seu desligamento do feito, justamente
pela manutenção da condição de contribuinte como sujeito passivo da dívida
tributária, pois a responsabilidade é solidária. Os dois ficam no polo passivo.
▪ Só cabe aos sócios com poderes de gestão/administração. Aos sócios quotistas não.
▪ Havendo indicação do nome do sócio/administrador na Certidão da Dívida Ativa
como corresponsável tributário, a jurisprudência do STJ considera o
redirecionamento legítimo em razão da presunção de legitimidade do título. A
fazenda deve indicar o motivo da indicação do nome do administrador na CDA.
Presunção relativa.
▪ Se a retirada do sócio ocorre em data anterior ao encerramento irregular da
sociedade, tal fator não se presta a fazê-lo suportar as dívidas fiscais assumidas,
ainda que contraídas no período em que participava da administração da empresa.
Aguardar julgamento no STJ do repetitivo.
▪ Em liquidação, todos os sócios respondem pelos tributos.
▪ Todas as espécies tributárias sujeitam-se às normas gerais de direito tributário,
cabendo o redirecionamento da execução, inclusive contribuições.
▪ Falência não é causa de redirecionamento, pois é algo legal.
▪ A responsabilidade tributária regulada no artigo 135 do CTN não constitui hipótese
de desconsideração da personalidade jurídica, não se submetendo ao incidente
previsto no artigo 133 do CPC/2015. O redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente prescinde do incidente de desconsideração da personalidade jurídica
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previsto no art. 133 do CPC/2015. Isto porque a responsabilidade tributária é


pessoal e direta, imputada pela lei, ao passo que na desconsideração, a
responsabilidade é da pessoa jurídica, mas, por motivos tais como a confusão
patrimonial, atinge os sócios.
▪ O contraditório é postergado ao redirecionamento.

13.11.2.2. FGTS
 O empregador deve informar mensalmente ao empregado sobre os depósitos efetuados.
 O empregado, dependentes, sucessores, e o sindicato possuem legitimidade ativa para
cobrar em juízo o depósito dos valores devidos de FGTS.
 Não serão inscritos em dívida ativa da união os débitos de um mesmo devedor que sejam
iguais ou inferiores a MIL reais.
 É vedado o ajuizamento de execução fiscal de FGTS inferior à 20 mil reais.
 É possível que o empregado ajuíze ação contra o empregador para discutir qualquer valor.
 Atualmente, quem:
o Fiscaliza o pagamento: Ministério do Trabalho.
o Quem mantém em depósito: CEF.
o Quem executa judicialmente: PGFN
o LEI 8844
o LC110
o Correção do FGTS é TR: A remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem
disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de
456 atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir
o mencionado índice.

14. DIREITO ADMINISTRATIVO


14.1. Introdução. Princípios.
Administração Pública como função do Estado. Princípios regentes do Direito Administrativo
constitucionais e legais, explícitos e implícitos. A reforma do Estado brasileiro.
● A atuação com eficiência não autoriza a atuação em desconformidade com a lei, mesmo que
se comprove o alcance da finalidade e da eficácia do serviço público prestado.
● O direito administrativo tem como finalidade atingir o interesse público.
● A personalização do direito administrativo, ou seja, a sua autonomia, só é possível em uma
ordem democrática, já que fundamentado na repartição dos poderes.
● Pedras de toque/angulares: supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse
público. Alguns autores incluem a legalidade.
● Moralidade: vincula a administração pública a um comportamento ético, conforme discurso
da modernidade, com dimensão autônoma em relação ao princípio da legalidade.
● O ato de remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser
motivado. Caso não o seja, haverá nulidade. No entanto, é possível que o vício da ausência de
motivação seja corrigido em momento posterior à edição dos atos administrativos
impugnados. Assim, se a autoridade removeu o servidor sem motivação, mas ela, ao prestar as
informações no mandado de segurança, trouxe aos autos os motivos que justificaram a
remoção, o vício que existia foi corrigido.
● A continuidade do serviço público decorre da indisponibilidade do interesse público.
● A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia
política concedida mesmo que, antes de completar este prazo, a AGU tenha emitido nota

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questionando os critérios adotados na concessão. A nota emitida pela AGU teve efeito similar
ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo do prazo decadencial, não podendo ser
classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 2º do art. 54 da Lei nº
9.784/99. Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado.
Além disso, não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova
interpretação da Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado
político.
● Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do
cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). O
prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
afronta diretamente a Constituição Federal. O art. 236, § 3º, da CF é uma norma
constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena
eficácia e o concurso público era obrigatório como condição para o ingresso na atividade
notarial e de registro. STF. Plenário. Não há direito adquirido ou impossibilidade de revisão
de direito quando o ato for inconstitucional.
● Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem influência
hierárquica sobre a nomeação. Provimento efetivo.
● Conselheiro do Tribunal de Contas não é considerado como CARGO POLÍTICO. Portanto, aplica-
se a súmula vinculante 13.
● Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento
efetivo, mas só cargos comissionados, pois poderia inibir o provimento efetivo. Ex: pai Juiz e
457 ● filho analista judiciário concursado.
As leis que proíbam o nepotismo na Administração Pública não são de iniciativa exclusiva do
Chefe do Poder Executivo, podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. Ademais, a
vedação ao nepotismo prescinde de lei, sendo fruto do princípio da moralidade estampado
na CR.
● O costume, como fonte, somente é admitido se for praeter legem, ou seja, quando está de
acordo com a lei, uma vez que não há caráter inovador, possuindo mero caráter de orientação
ou indicação da ação estatal. Logo, o costume é fonte mitigada, temperada.
● Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade servem como verdadeiro parâmetro de
aferição da constitucionalidade material dos atos estatais. STF.
● O Estado só pode buscar satisfazer seu próprio interesse (secundário) quando este não
conflitar com os interesses públicos primários (interesse dos indivíduos).,
● Inconstitucional lei estadual que preveja exceção à súmula vinculante 13. É desnecessário lei
formal para que haja vedação ao nepotismo, uma vez que a proibição decorre diretamente dos
princípios do artigo 37 da Constituição Federal.
● Pelo princípio da delegação de competência, nem sempre a delegação é para uma pessoa
jurídica diversa. Por este princípio há a transmissão de poderes decisórios atribuídos
originalmente à autoridade superior para a autoridade subordinada, caracterizando-se pelo
caráter transitório e facultativo, processando-se segundo o ordenamento jurídico e mediante
ato próprio. Entretanto, a delegação pode ser dada perfeitamente para pessoa que não esteja
em sua linha hierárquica.
o Súm. 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.
o Assim, a responsabilidade no caso de delegação é da autoridade a qual os
poderes foram acometidos.
● O que caracteriza um sistema ou outro é a predominância, e não a exclusividade da
JURISDIÇÃO COMUM (sistema de jurisdição única) ou da jurisdição especial (sistema de
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jurisdição do contencioso administrativo) para apreciação das questões referentes à


administração pública.
o Até mesmo no contencioso administrativo há hipóteses em que compete ao
judiciário a apreciação do ato administrativo, o que retira a exclusividade da
análise do ato pela jurisdição administrativa (especial).
● Juridicidade: a doutrina contemporânea prega que a administração deve respeito não só a lei
formal, mas a todo o ordenamento jurídico, em especial aos princípios gerais do direito, aos
objetivos e aos valores constitucionais. Encontra paralelo com o bloco de constitucionalidade,
pois este bloco é a observação de todo o ordenamento..
● Com efeito, à administração pública, é vedado tudo aquilo que a lei não lhe permite
(conotação negativa ou restritiva do princípio da legalidade), enquanto que, ao particular, é
facultado tudo aquilo que a lei não lhe proíba (caráter positivo ou ampliativo do princípio da
legalidade).
o Negativo ou restritivo = administração.
o Positivo ou ampliativo = particular
● Transparência ativa: decorrente de ato da própria administração; Transparência passiva:
quando há provocação de algum interessado
● Segurança Jurídica: estabilização das relações jurídicas entabuladas sob determinado
ordenamento.
o Proteção da confiança: aspecto subjetivo; assegura que o administrado tem
direito de ter tutelada a sua legítima expectativa em relação aos atos da
458 administração, baseado na expectativa decorrente da presunção de
legitimidade e de legalidade que emana dos atos administrativos. Protege-se o
administrado de posturas contrárias que manifestamente violam a boa-fé
jurídica.
● Conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no Executivo:
o A qualquer tempo: divulgar ou fazer uso de informação privilegiada obtida em
razão da atividade exercida
o No período de 6 meses, contado da dispensa, exoneração, destituição,
demissão, ou aposentadoria, salvo quando autorizado expressamente pela
Comissão Ética Púbilca ou CGU: a: prestar serviços; aceitar cargo de
administrador; celebrar contratos, consultoria; intervir em favor de interesse
privado perante o órgão, etc.
o A ocorrência de conflito de interesses independe da existência de lesão ao
patrimônio público, bem como do recebimento de qualquer vantagem ou
ganho pelo agente público.
o Os agentes afastados devem enviar declaração sobre situação patrimonial,
participação societária, atividade econômica ou profissional.
o Informação privilegiada: diz respeito a assuntos sigilosos ou relevante ao
processo de decisão no âmbito do Executivo Federal, que tenha repercussão
econômica ou financeira e que não seja de amplo conhecimento público

14.2. Poderes Administrativos


Poder Regulamentar. Regulamentos administrativos de execução e autônomos. O poder
normativo não legislativo e o princípio da legalidade. Regulamentação e regulação. Análise
do art. 84 da CF/88 quanto aos limites do poder regulamentar. Poder de Polícia. Conceito.
Características. Origem e função. Limites, extensão e controle. Poder de polícia e regulação.
Distinções.
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 O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detém competência para a


fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas federais, podendo aplicar, em caráter não
exclusivo, penalidade por infração ao Código de Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da
conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da Lei nº 10.233/2001 e 21 da Lei nº 9.503/1997 (Código
de Trânsito Brasileiro). REPETITIVO!
● É possível delegar atos relativos ao CONSENTIMENTO e FISCALIZAÇÃO do ciclo de polícia à
pessoas privadas (SEM). Ciclo de polícia: Legislação (ordem); consentimento; fiscalização;
sanção. FOCS - OFCS
● Ciclo de polícia: ordem, consentimento, fiscalização, sanção.
● STJ: Sociedade de economia mista não pode aplicar sanção, mas podem exercer as atividades
de consentimento e fiscalização.
● O Poder disciplinar pode englobar os particulares prestadores de serviço público e os usuários.
Aqui exige-se um vínculo especial com a administração, seja o agente público ou particular em
exercício de atividade pública/contrato administrativo.
● O poder hierárquico é só dentro da administração. Já o disciplinar é para todos aqueles que
possuem um vínculo jurídico especial com a administração pública.
● ADMINISTRATIVO. AUTO-EXECUTORIEDADE DOS ATOS DE POLÍCIA. Os atos de polícia são
executados pela própria autoridade administrativa, independentemente de autorização
judicial. Se, todavia, o ato de polícia tiver como objeto a demolição de uma casa habitada, a
respectiva execução deve ser autorizada judicialmente e acompanhada por oficiais de justiça.
Recurso especial conhecido e provido. STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1217234 PB
459  2010/0181699-2 (STJ) .Data de publicação: 21/08/2013
Somente a lei pode instituir sanção administrativa, motivo pelo qual as punições devem
cumprir o princípio da legalidade estrita.
● É possível aplicar, por analogia, o art. 54 da Lei nº 9.784/99 para o processo administrativo
nos Estados e Municípios, se não possuírem em sua legislação previsão de prazo decadencial
para a anulação dos atos administrativos, aplicando-se por analogia integrativa os 5 anos,
salvo má-fé, que não há prazo.
 Poder normativo é gênero, poder regulamentar é espécie. Este é privativo dos Chefes do
Executivo. Aquele, é da administração em geral.
 Portaria interministerial produzida, em conjunto, por dois Ministérios não pode ser revogada
por portaria posterior editada por apenas uma das Pastas
 Não confundir AUTOEXECUTORIEDADE com IMPERATIAVIDADE. Autoexecutoriedade é que o
ato pode ser executado independentemente de ação do judiciário. Imperatividade é
independentemente da vontade do administrado
 Possibilidade de tipificar ineditamente condutas passíveis de sanção, de acordo com o
STJ.Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas em resoluções
criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram criadas no intuito de regular, em
sentido amplo, os serviços públicos, havendo previsão na legislação ordinária delegando à
agência reguladora competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação. STJ. 2ª T. AgRg no AREsp 825776/SC, Rel. Min. Humberto Martins, j. 5/4/16.

14.3. Atos Administrativos


Ato administrativo. Conceito. Regime jurídico. Espécies. Elementos e requisitos. Vícios dos
atos administrativos. Principais classificações dos atos administrativos.
● O STJ possui o entendimento de que o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº
9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à sua promulgação, iniciou-se a partir da
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data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua publicação, em 01/02/1999. Assim, caso
o ato ilegal tenha sido praticado antes da Lei nº 9.784/99, a Administração teve o prazo de 5
anos a contar da vigência da aludida norma para anulá-lo.
● “Súmula 346: A Administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
● “Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.”
● Lei nº 9.784/99, “Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.”
● Elementos vinculados do ato administrativo: COFIFO – Competência, Forma, Finalidade.
● Caso seja realizada uma portaria por dois órgãos, para revogar este ato, os dois órgãos
deverão se manifestar. Trata-se de ato administrativo complexo que, por simetria, somente
pode ser revogado pelos dois órgãos.
● Teoria dos motivos determinantes: o motivo apontado deve ter correlação com os fatos.
Assim, se um ato administrativo não exigir motivação, mas este for motivado, deve ser
verídico, sob pena de invalidação.
● O prazo de anulação, revogação é DECADENCIAL (arat. 54 da lei do PA)
● A decadência administrativa é uma forma de convalidação involuntária dos atos
administrativos, uma vez que se trata de perda do direito de anulação do ato ilegal
460 (ressalvada a hipótese de atos de má-fé)
● Ato administrativo de má-fé do administrado não admite convalidação (art. 54 da lei 9784).
o Teoria da evidência: é impossível convalidar vícios manifestos, evidentes e
graves, assim considerados aqueles que não suscitam discordância quando da
edição do ato e dispensam conhecimento técnico de profissionais do direito
para sua caracterização.
o EX: servidor de determinada carreira que é transferido para cargo de carreira
diversa por ato administrativo (impossível convalidar) – manifesta ilegalidade.
● 1) Extinção natural decorre do cumprimento regular dos propósitos do ATO ADMINISTRATIVO;
2) Extinção por desaparecimento do objeto ou beneficiário; 3) Caducidade: superveniência de
lei que impede a situação com que a Administração consentiu antes; 5) Cassação: decorre do
descumprimento de condições necessárias à manutenção do ato administrativo (ato vinculado
e sancionatório); 6) anulação/invalidação: reconhecimento de ilegalidade do ato 7) Revogação:
por motivos de conveniência e oportunidade.
● A delegação não precisa estar prevista em lei para poder ser realizada, a lei fala que pode ser
delegada se não houver impedimento legal.
● A Licença é ATO VINCULADO. Uma vez preenchidos os requisitos, a administração deverá
concedê-la. OBS: no direito ambiental não é assim. A Licença ambiental é discricionária da
administração.
● Conceitos jurídicos vagos são utilizados na regulação da finalidade dos atos administrativos.
● A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos de polícia, ou seja, não está
presente em todos os atos administrativos.
● Nem todo ato administrativo ilegal será obrigatoriamente invalidado, podendo haver
convalidação caso o vício seja sanável.
● O controle do mérito é privativo da Administração Pública e não se submete à
sindicabilidade do Judiciário. Este só pode verificar a legalidade.
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● A autoexecutoriedade não se presume, deve vir expressa em lei ou depende de


circunstâncias de urgência do caso concreto que a exijam.
● Os atos enunciativos produzem, por si só, sem a necessidade de outros atos, o efeito de
resguardar a situação jurídica que certificam. É o caso da certidão negativa de débitos
tributários.
● Certidão e atestados não são idênticos. Certidão é cópia de informações. Já o atestado é uma
declaração da administração que não está em um registro, mas de alguma situação.
● O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados.
o Caso os efeitos patrimoniais do ato sejam contínuos, o prazo de decadência
terá início a partir da percepção do primeiro pagamento.

14.4. Processo administrativo (disciplinar e comum)


Procedimento administrativo. Fundamentos constitucionais
● Deve-se garantir contraditório e ampla defesa a terceiro juridicamente interessado, em sede
de processo administrativo.
● Não se aplica ao processo administrativo a proibição de reformatio in pejus. Assim, caso a
decisão do recurso possa gerar gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado
para que formule suas alegações antes da decisão.
461 ● STJ: não é necessário que a Portaria de instauração do PAD descreva em detalhes os fatos
imputados ao investigado, pois a exposição pormenorizada dos acontecimentos é necessária
somente quando do indiciamento do servidor.
o Somente após o início da instrução probatória, a Comissão Processante poderá
fazer o relato circunstanciado das condutas supostamente praticadas pelo
Servidor indiciado, capitulando as infrações porventura cometidas;
precisamente por isso, não se exige que a Portaria instauradora do Processo
Disciplinar contenha a minuciosa descrição dos fatos que serão apurados,
exigível apenas quando do indiciamento do Servidor.
● Se houve alguma irregularidade na sindicância, mas depois instaurou-se um processo
administrativo disciplinar válido, aquela irregularidade é considerada sanada considerando que
no PAD é que o interessado terá ampla defesa e contraditório.
● É possível aplicar, por analogia, o art. 54 da Lei nº 9.784/99 para o processo administrativo
nos Estados e Municípios, se não possuírem em sua legislação previsão de prazo decadencial
para a anulação dos atos administrativos, aplicando-se por analogia integrativa os 5 anos,
salvo má-fé, que não há prazo.
● Qualquer ato da administração pública que tiver o condão de repercutir sobre a esfera de
interesses do cidadão, deverá ser precedido de procedimento em que se assegure ao
interessado o efetivo exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa. MESMO QUE NÃO
SEJA PARTE NO PROCEDIMENTO, mas apenas TERCEIRO INTERESSADO.
● Não é possível a anulação de processo administrativo disciplinar já encerrado, com sanção já
cumprida (ex: suspensão), para aplicação de penalidade mais severa (ex: demissão) pelos
mesmos fatos. Não se admite o agravamento da penalidade imposta a servidor, após o
encerramento do respectivo processo disciplinar, com o julgamento definitivo pela autoridade
competente. Isso caracteriza revisão com reformatio in pejus, o que é rechaçado pela
jurisprudência do STJ. Incide, na espécie, a Súmula nº 19-STF: É inadmissível segunda punição
de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira. Assim, o
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servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que sua
pena seja agravada, mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele
deveria receber uma punição mais severa.
● Admite-se o exame da proporcionalidade e da razoabilidade da penalidade imposta ao
servidor, porquanto se encontra relacionada com a própria legalidade do ato administrativo.
● A sentença proferida no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando
reconhecida a inexistência material do fato ou a negativa de sua autoria.
Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração não está vinculada à
decisão proferida na esfera penal.
● É possível a ampliação da acusação durante o Processo Administrativo Disciplinar em
decorrência de fatos novos, desde que sejam respeitados o contraditório e ampla defesa,
oferecendo oportunidade de o acusado exercer a sua defesa, e desde que conste da indicação
os fatos detalhadamente descritos.
● A nulidade do processo administrativo disciplinar somente deve ser declarada quando houver
efetiva demonstração de prejuízo sofrido pela defesa do servidor. Pás de nullité sans grief.
● As irregularidades verificadas no processo disciplinar, para justificarem a sua anulação, devem
ser graves a ponto de afetar as garantias do devido processo legal, dependendo, portanto, da
efetiva demonstração de prejuízos à defesa do servidor, segundo o princípio da
instrumentalidade das formas (pas de nullité sans grief). STJ. 3ª Seção. RO nos EDcl nos EDcl no
MS 11.493/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/10/2017.
● Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só
462 causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
13/09/2017, DJe 18/09/2017.
● É pacífico na jurisprudência que a alteração da capitulação jurídica da imputação no curso do
Processo Administrativo Disciplinar não enseja qualquer nulidade, uma vez que o acusado
exerce sua defesa através dos fatos descritos, e não de sua capitulação jurídica.
● Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante
a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
● É permitido motivação aliunde que é a que se limita a concordar com parecer, informação,
decisão ou proposta anterior. STJ e artigo 50, II e V da lei do PA.
o Em penal é vedado a motivação per relationem genérica, que apenas confirma
decisão anterior, podendo usar a motivação per relationem, desde que faça
referência concreta às peças que pretende encampar, transcrevendo partes
que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa a
conclusão a que se quer chegar.
o Acolher uma fundamentação não implica, necessariamente e sempre, a
ausência de motivação do juiz, a demonstrar desconhecimento do processo. O
que se deve anular é a decisão carente de apreciação pessoal acerca dos
pontos e das questões relevantes do processo. A sentença, para ser anulada
sob tal perspectiva, deve padecer de ausência patológica de originalidade,
isto é, deve demonstrar a falta de apreciação judicial da matéria, diante da
ausência de fundamentação própria ou de laconismo desmedido na
apreciação de questões de alguma complexidade.
● Fischer entende pela desnecessidade do pedido de condenação, bastando a descrição fática,
de modo que caberá ao Juiz verificar a adequação típico-normativa. O pedido, como visto,
resume-se à condenação. Mais que isso: ainda que a acusação se limite a descrever os fatos e
requerer sentença declaratória da responsabilidade penal, poderá o juiz pronunciar-se pela
condenação, nos limites da Lei aplicável ao fato. Não se exige sequer que a acusação deva
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apontar com rigoroso acerto o tipo penal aplicável aos fatos que narra e imputa ao réu. Se a
classificação foi equivocada, poderá o juiz corrigi-la, como analisado ao exame do dispositivo
anterior...”
o A rigor, então, se faltar na denúncia o pedido de condenação ou mesmo o de
correta aplicação da lei, sequer se poderá falar em inépcia da peça acusatória,
segundo os termos do art. 41 do CPP. Parece-nos que, salvo na hipótese da Lei
nº 9.099/95, não haveria qualquer risco de prejuízo à defesa a ausência da
referência expressa ao pedido de condenação.
● Durante o processo administrativo instaurado para apurar a legalidade de determinada
gratificação, a Administração Pública pode determinar, com fundamento no poder cautelar
previsto no art. 45 da Lei nº 9.784/1999, a suspensão do pagamento da verba impugnada até
a decisão definitiva do órgão sobre a sua validade no âmbito do procedimento aberto.
● A AGU pode defender o servidor público quando este atua em legalidade, uma vez que o ato é
imputado ao próprio ente. De outro lado, incabível a defesa quando é imputado crime contra
a Administração, uma vez que a conduta não é imputável ao Estado. A responsabilidade penal
é pessoal por excelência, não havendo interesse público em eventual defesa. Artigo 22 da Lei
9028.
● Recurso hierárquico impróprio é dirigido à administração direta, e depende de disposição legal
expressa.
● É legal a instauração de procedimento disciplinar, julgamento e sanção, nos moldes da Lei nº
8.112/90, em face de servidor público que pratica atos ilícitos na gestão de fundação privada
463 ● de apoio à instituição federal de ensino superior.
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar,
desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a
ampla defesa. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. Este “empréstimo” da
prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado em julgado? SIM. É
possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente
produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo
criminal não repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente
entre as instâncias. STJ. 2ª Turma. RMS 33628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
2/4/2013 (Info 521).
● O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente.
Isso significa que, quando ela toma conhecimento, inicia-se a contagem do prazo. A contagem
desse prazo prescricional é interrompida com a publicação do primeiro ato instauratório válido
(seja a abertura da sindicância ou a instauração do PAD). No entanto, essa interrupção não é
definitiva, considerando que se passarem 140 dias sem que o PAD seja julgado, o prazo
prescricional recomeça a correr por inteiro. STJ. 1ª Seção. MS 21.669/DF, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 23/08/2017.
● O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente
para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer
autoridade da Administração Pública.
● A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer,
preferencialmente, no órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade. Por outro
lado, o julgamento e a eventual aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual o
servidor efetivo estiver vinculado. Ex: João é servidor efetivo (técnico judiciário) do TJDFT e foi
cedido para um cargo em comissão no STJ. Quando ainda estava prestando serviços no STJ,
João praticou uma infração disciplinar. A Instauração do PAD deverá ser feita
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preferencialmente pelo STJ. Por outro lado, o julgamento do servidor e aplicação da sanção
deverão ser realizados obrigatoriamente pelo TJDFT. STJ. Corte Especial. MS 21991-DF, Rel.
Min. Humberto Martins, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em
16/11/2016 (Info 598).
● As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não
configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da
Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e
matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo
das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento
administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015
(Info 576).
● O art. 170 da Lei nº 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar, é
possível que a prática dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor. O
STF e STJ entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os princípios da
presunção de inocência e da razoabilidade. STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 23/4/2014 (Info 743). STJ. 1ª Seção. MS 21598-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 10/6/2015 (Info 564).
● O servidor que realizou a sindicância pode também determinar a instauração de processo
disciplinar, designando a comissão processante, e, ao final dos trabalhos, aprovar o relatório
final? NÃO. O STJ decidiu que o servidor que participou das investigações na sindicância e
464 concluiu que o sindicado havia cometido a infração disciplinar, tanto que determinou a
instauração do PAD, não pode, posteriormente, ser a autoridade designada para aprovar o
relatório final produzido pela comissão no processo administrativo, uma vez que ele já
formou seu convencimento no sentido da culpabilidade do acusado.
● Determinado servidor público federal recebeu pena de demissão em processo administrativo
disciplinar contra si instaurado. O servidor interpôs recurso administrativo contra a decisão
proferida. Ocorre que, antes mesmo de ser julgado o recurso, a Administração Pública já
cessou o pagamento da remuneração do servidor e o afastou das funções. É possível que a
sanção aplicada seja desde logo executada mesmo que ainda esteja pendente recurso
interposto no âmbito administrativo? SIM. É possível o cumprimento imediato da penalidade
imposta ao servidor logo após o julgamento do PAD e antes do julgamento do recurso
administrativo cabível. Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade
administrativa imposta em PAD a servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado
em julgado administrativamente Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito
suspensivo, a juízo da autoridade competente.
● Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito
econômico indevido em razão do cargo, independentemente do valor auferido (no caso, eram
apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na esfera administrativa, o princípio da
insignificância quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990
● Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao servidor
processado para que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações
finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório final ter sido concluído? NÃO. Não é
obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório final
de processo administrativo disciplinar. Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 de intimação
do acusado após a elaboração do relatório final da comissão processante.

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● As punições aplicáveis no PAD são independentes em relação às sanções determinadas na


ação judicial de improbidade administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja
punido nas duas esferas.
● É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo
disciplinar. Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão do
servidor, em processo administrativo, independente de processo judicial prévio
● Se o servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda
assim poderá ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo
Tribunal de Contas da União.
● De acordo com o princípio da finalidade, a interpretação da norma administrativa no âmbito
do processo administrativo deve ser realizada da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige, sendo vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.
● A lei de PAD assegura a irretroatividade da nova interpretação, de modo que a jurisprudência
aplicável às relações continuadas deve ser aquela vigente à época dos fatos. ENTRETANTO, é
possível a aplicação retroativa do novo entendimento caso atenda, simultaneamente, aos
interesses público e particular dos envolvidos, porque não se teria aí quebra de legítima
expectativa ou dano. Assim, a administração não pode agir com venire contra factum proprium
e deixar de aplicar um entendimento em vigor à época dos fatos de uma relação continuada,
sob pena de violar a segurança jurídica e boa-fé objetiva.
o Essa teoria é acolhida pela jurisprudência brasileira, como se percebe na
posição dos tribunais superiores acerca da irrepetibilidade das verbas
465 alimentícias recebidas de boa-fé. Também no âmbito da Advocacia Geral da
União, a Súmula nº. 72 acolhe a sobredita teoria, ao afastar a repetição dos
valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea
ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública.
● Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou
sindicância, é possível a instauração de processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração
● A intimação de interessado em processo administrativo, para fins de ciência de decisões ou
efetivação de diligências, deve observar a antecedência mínima de três dias úteis quanto à
data de comparecimento, sob pena de nulidade.
● O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
● O prazo de prescrição no âmbito administrativo disciplinar, havendo sentença penal
condenatória, deve ser computado pela pena em concreto aplicada na esfera penal.

14.5. Estrutura da Administração: Administração Direta e Indireta


Administração Direta (órgãos públicos: conceito, espécies, regime); Administração Indireta:
Autarquias, Fundações Públicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas.
Principais características de cada uma e regime jurídico. O regime das subsidiárias. Direito
Administrativo Econômico. As formas de intervenção do Estado. Os princípios constitucionais
da ordem econômica e a criação de sociedades de economia mista e empresas públicas.
Direito Administrativo Regulador. Agências: Reguladoras e Executivas. O regime jurídico das
Agências Reguladoras: natureza jurídica, características, contrato de gestão, pessoal e poder
normativo.

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14.5.1. Administração Direta


● Atenção: tratando-se de órgão público, a competência é irrenunciável, porque seu titular não
pode dela dispor, renunciar e, ainda, é intransferível, porque o agente não pode transferi-la
para outro agente, salvo nos casos de delegação, que não significa transferência.
● Concentração: extinção de órgãos.
● Centralização: execução de atividades diretamente pela pessoa política.
● Classificação dos órgãos
o Independentes: originários da CF e representam os três poderes.
o Autônomos: cúpula da Administração e subordinados à chefia dos órgãos
independentes. Possuem autonomia administrativa e financeira.
o Superiores: direção, controle e comando, sujeitos a um controle hierárquico e
subordinados à uma chefia. Não gozam de autonomia.
o Subalternos: subordinados e controlados hierarquicamente por uma chefia,
sem autonomia.
● Vinculação: Relacionado à Administração Indireta. Não pressupõe hierarquia, mas tão
somente controle finalístico – de legalidade. Para o cespe trata-se de controle externo, mesmo
que do mesmo Poder, uma vez que é realizado por outra pessoa. Ex: Min. Da educação
fiscaliza UFMT.
● Subordinação: Relacionado à administração direta. Pressupõe existência de hierarquia, que
apenas existe dentro de uma mesma pessoa jurídica.
14.5.2. Autarquias

466 Autarquia é CRIADA por lei, e não AUTORIZADA por lei.
o A mera previsão legal já lhe dá personalidade jurídica, não necessitando de
regulamentação por decreto. Existe desde o início de vigência da lei.
o OAB é sui generis. Suas ações são julgadas na JF, quer seja Conselho Federal,
quer seja seccional do Estado.
o Só empresas públicas e sociedades de economia mista são autorizadas por lei.
● Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de autarquia especial, gozando dos
privilégios e restrições desta espécie de entidade.
o Se submetem à fiscalização do TCU e ao sistema de concurso público para
contratação.
o São dotados de poder de polícia e poder arrecadador, logo, indelegável aos
particulares.
o Não podem propor ADI, pois não são legitimados do art. 103, salvo Conselho
Federal da OAB.
o Possuem prerrogativas de Fazenda Pública (processuais)
▪ MAS: devem pagar custas processuais, conforme previsão expressa do
art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 9.289/96. Os Conselhos de
Fiscalização Profissional, embora possuam natureza jurídica de
autarquia, não estão isentos do pagamento de custas e do porte de
remessa e retorno
o Possuem imunidade tributária recíproca.
o Não participam do orçamento público, não recebem aporte do Poder Central e
NEM se confundem com a Fazenda Pública, logo, se não participam do
orçamento público, e não recebem aporte do Poder Central, não se submetem
ao regime de precatórios.
▪ Neste julgamento, o STF não decidiu a natureza jurídica dos bens dos
Conselhos Profissionais e nem se eles poderiam ser penhorados.
o Não se aplica:
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a. Regime de precatórios – STF 2017.


b. Arquivamento provisório de execução fiscal de valor inferior ao previsto na lei
10.522 não se aplica à Conselhos Profissionais e Autarquias – finalidade diferente.
Súm 583 STJ
 Lembre-se: a autarquia não é criada por lei autorizativa (EP e SEM) específica. É criada pela
própria lei. A lei não autoriza sua criação, a lei a cria. As fundações de direito privado são
autorizadas por lei
 O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações
individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em
quaisquer outros procedimentos administrativos. O sigilo dos dados coletados pelo IBGE, além
de assegurado por Lei, presta-se justamente a gerar a necessária confiança daqueles que
prestam as informações, bem como a garantia da fidedignidade dos dados coletados
 É inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da administração indireta
forneçam à ALE a declaração atualizada de seus bens e de suas ocupações para serem
fiscalizados pelo Parlamento. Tal situação viola a separação de poderes.
 Autarquia é criada por lei específica, sendo vedada sua criação por medida provisória.
 É CONSTITUCIONAL lei estadual que prevê que os dirigentes de determinada agência
reguladora somente poderão ser nomeados após previamente aprovados
pela Assembleia Legislativa. Simetria com a CF.
o Por outro lado, é INCONSTITUCIONAL a lei estadual que estabelece que os
dirigentes de agência reguladora somente poderão ser destituídos de seus
cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem qualquer
467 participação do Governador do Estado. Essa previsão viola o princípio da
separação dos poderes (at. 2º da CF/88).
14.5.3. Autarquias especiais
● Controle das agências reguladoras:
o Judicial: só sobre o aspecto da legalidade
o AGU: admite-se recurso hierárquico impróprio só em relação a ilegalidades,
desvio de finalidade ou abuso de autoridade, ou que violem as políticas
públicas definidas para o setor regulado pela Administração direta.
Entendimento adotado pelo TRF-5 em sua prova.
▪ CESPE: As decisões das agências reguladoras federais estão sujeitas à
revisão ministerial, inclusive por meio de recurso hierárquico
impróprio.
▪ Os atos editados pela Agência Reguladora independente não se
sujeitam à revisão por autoridade integrante da Administração direta,
mas apenas perante o Poder Judiciário, eis que não há relação de
hierarquia entre elas.
● Duas agências que têm fundamento expresso na CF: a ANATEL e a ANP
● As decisões administrativas das autarquias especiais são passíveis de revisão pela
administração pública, através de recurso hierárquico impróprio previsto em lei. Contudo, o
mesmo não pode se dizer das decisões de caráter técnico, que, via de regra, não podem ser
analisadas por outro ente da administração, haja vista seu caráter eminentemente técnico
atrelado à especialidade da autarquia especial.
● Os diretores, geralmente, são nomeados pelo presidente da república. Tudo depende da lei
das autarquias especiais – agências reguladoras.
● Deslegalização: STJ: as agências reguladoras podem editar normas e regulamentos no seu
âmbito de atuação, quando autorizadas por lei.

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o STJ: não há violação ao princípio da legalidade na aplicação de multa previstas


em resoluções criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram
criadas no intuito de regular, em sentido amplo, os serviços públicos, havendo
previsão na legislação ordinária delegando à agência reguladora a
competência para edição de normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação.
o O poder normativo técnico indica que essas autarquias recebem das
respectivas leis delegação para editar normas técnicas (não as normas básicas
de política legislativa) complementares de caráter geral, retratando poder
regulamentar mais amplo, porquanto tais normas se introduzem no
ordenamento jurídico como direito novo (ius novum). O que nos parece
inafastável é a verificação, em cada caso, se foi regular o exercício do poder
ou, ao contrário, se foi abusivo, com desrespeito aos parâmetros que a lei
determinou. Consequentemente, o poder normativo técnico não pode deixar
de submeter-se a controle administrativo e institucional. (Controverso) A regra
geral, em provas é que tudo deve ser dentro dos limites legais.
o Não poderá regulamentar matéria não disciplinada em lei, nem cuja
competência de regulamentação seja privativa do Chefe do Executivo.
o A possibilidade de regulamentar vem da lei.
o Podem regulamentar: atividades da própria agência; conceituar, interpretar,
explicitar os conceitos jurídicos indeterminados contidos em lei, sem inovar na
ordem jurídica.
468 o
● A criação de agência reguladora não é por meio de qualificação (aqui é agência executiva), mas
sim por meio de lei, com os poderes específicos da referida agência.
● É ilegal resolução da ANEEL que estabelece condição não prevista em lei para gozar de
benefícios de desconto de energia elétrica para consumidores que desenvolvem atividade de
irrigação. Se autorizadas por lei, tudo pode. Se não previsto em lei, NÃO PODE.
● Agências executivas:
o Requisitos:
o a) ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
institucional em andamento e
o b) ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério Supervisor.
o A qualificação da agência é feita por ato do Presidente da República
14.5.4. Fundações Públicas
● Fundações de direito privado, apesar de instituídas e mantidas pelo poder público, não gozam
de privilégios da Fazenda Pública. Porém, possuem imunidade tributária definida
expressamente pela CF. No capítulo das imunidades tributárias a CF fala em Fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público.
● Se de direito privado, pessoal entra por concurso regido por CLT. Empregados Públicos.
● As fundações de direito privado são autorizadas por lei. Após, deve ocorrer o registro do ato
constitutivo no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
● A lei autoriza a instituição de fundação, cabendo à lei complementar definir suas áreas de
atuação.
14.5.5. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
● EP e SEM são AUTORIZADAS por lei, e criadas por ato constitutivo.
● E.P e S.E.M, se não receberem verbas dos entes federativos para pagamento de despesas de
pessoal ou custeio em geral, NÃO SE APLICA O TETO REMUNERATÓRIO. Artigo 39, §9 da CF.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● EP e SEM, quando licitarem, devem preferir a modalidade pregão no caso de aquisição de bens
e serviços comuns.
● EP que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas. – Art. 173.
● Em SEM, o capital público deve ser majoritário, bem como o direito a voto, mas a parte
majoritária pode ser oriunda de pessoa jurídica privada integrante da administração. Ex:
SEM, EP.
● Em EP o capital público pode ser de empresa privada integrante da administração pública.
● EP que explore serviços públicos terá regime jurídico de direito público. – art. 175
● A responsabilidade civil das Empresas Estatais que prestem serviços públicos é objetiva.
Assim, nem todas EP terão responsabilidade objetiva, nos termos do 37, §6º da CF. As que
exploram atividade econômica possuem as mesmas regras de responsabilidade das empresas
privadas (subjetiva).
● O tempo de serviço prestado por servidor público federal em empresa pública ou sociedade
de economia mista, conta-se apenas para efeitos de aposentadoria e disponibilidade, sendo
que para o cômputo para outros fins é necessária a autorização expressa de lei.
● Dentre os procedimentos auxiliares às licitações realizadas por EP e SEM encontra-se a pré-
qualificação permanente, que terá validade de um ano, no máximo, podendo ser atualizada a
qualquer tempo. Seu objetivo e identificar fornecedores com a qualificação necessária para o
fornecimento,
● ATENÇÃO: Sociedade de Economia Mista só pode adotar Sociedade Anônima como tipo
societário. Empresa Pública, de outro lado, pode adotar qualquer tipo societário.
469 ● Competência para ação contra Sociedade de Economia Mista é da Justiça Estadual, salvo:
o Se a União intervier como assistente ou opoente: Justiça Federal
o Se for mandado de segurança contra ATO ADMINISTRATIVO de S.E.M
Federal.
▪ Sendo mero ato operacional/financeiro, não há ato de AUTORIDADE
federal, mas sim de empregado exercendo suas funções privadas. Ex:
edital de concurso público do BB.
● As ações (valores mobiliários) dos entes públicos em EP e SEM federais não se sujeitam à
desapropriação, salvo autorização por decreto do presidente da república.
● Para uma EP ser considerada federal, a maioria do capital votante deve ser da União.
● Os contratos das Agências de Correios Franqueadas em vigor em 27 de novembro de 2007 que
não sejam precedidos de licitação possuem eficácia até que as novas avenças sejam firmadas,
ainda que descumprido o prazo estabelecido pelo art. 7º, parágrafo único, da Lei nº
11.668/2008.  Trata-se de respeito à continuidade do serviço público.
● Correios, sua natureza e características:
o Possui possibilidade de equiparação parcial à Fazenda Pública por expressa
disposição no DL 509/69.
o Foi recepcionado artigo 12: A ECT gozará de isenção de direitos de importação de
materiais e equipamento destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos
à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta,
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro,
prazos e custas processuais.
o A atividade prestada pela ECT é eminentemente um serviço público, podendo ter
prerrogativas face às demais empresas públicas e sociedades de economia mista.
● Lei 13.303/16, é uma lei de caráter NACIONAL, pois abrange as estatais de todos os entes da
federação. Regula todas as EP e SEM, de atividade econômica e de serviços públicos, ainda que
a atividade esteja sujeita ao monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos.
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● São aplicáveis às EP e SEM as disposições da lei 6404 e as normas da CVM sobre escrituração e
elaboração de demonstrações financeiras.
● EP e SEM estão sujeitas à elaboração de carta anual para transparência, contendo inúmeras
informações.
● A EP não poderá lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, conversíveis em
ações.
● Lembre-se: EP e SEM não são criadas por lei, mas AUTORIZADAS, sendo estas criadas da
mesma forma que uma empresa particular, mediante registro de seus atos constitutivos nos
órgãos competentes.
● Mesmo que uma sociedade de economia mista esteja sofrendo intervenção do BACEN,
compete à justiça estadual julgar as ações ajuizadas contra esta SEM.
● É constitucional lei estadual que condiciona a nomeação dos dirigentes de AUTARQUIAS e
FUNDAÇÕES à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Simetria à CF.
o STF: disposições legais que imponham exigência de aprovação
legislativa prévia para a exoneração de ocupante do cargo de
presidente de autarquia são inconstitucionais.
o É inconstitucional exigir essa prévia aprovação da ALE se os
dirigentes forem de EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE
ECONOMIA MISTA. Trata-se de gestão estratégica do Chefe do
Executivo, de modo que não é cabível interferência do Legislativo.
● Para a contratação de serviços relacionados diretamente a sua atividade fim, a empresa
pública exploradora de atividade econômica não precisa realizar procedimento licitatório.
470 ● Súmula 517 STF: As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal quando a
União intervem como assistente ou opoente.
● A nova lei das EP e SEM dispõe que “o administrador de empresa pública e de sociedade de
economia mista é submetido às normas previstas na Lei 6.404 (S.A).” Segundo a Lei da S.A:
Consideram-se administradores da empresa pública e da sociedade de economia mista os
membros do Conselho de Administração e da diretoria.
● A EP e SEM deverá ser autorizada com lei que indique o relevante interesse coletivo ou o
imperativo de segurança nacional determinado no artigo 173 da CF.
● É admitida em SEM, desde que a maioria do capital votante seja de entes políticos, a
participação de outras pessoas jurídicas de Direito Público, como autarquias.
● O Conselho de Administração não é totalmente composto de membros independentes.
● Todas as EP e SEM de capital fechado e suas subsidiárias estão sujeitas à lei da S.A e da CVM.
● Depende de autorização legislativa a criação de subsidiárias de empresa pública e de
sociedade de economia mista, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada, cujo objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos do inciso XX
do art. 37 da Constituição Federal.
● Art. 11. A empresa pública não poderá:
o I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários,
conversíveis em ações;
o II - emitir partes beneficiárias.
● O contrato de franquia pode ocorrer no âmbito da administração pública indireta e visa à
prestação de serviço uti singuli, aplicando-se ao contrato, subsidiariamente, as regras da Lei de
Franquia Empresarial.
14.5.6. Consórcios e convênios
● Consórcio público

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o A maioria da doutrina entende que o consórcio público possui natureza de


contrato entre os entes (interesse convergente), mas não de contrato
administrativo, (interesses contrapostos).
o Pertencerá à administração indireta de todos os entes se tiver natureza
pública. Caso tenha natureza privada, não pertencerá à administração indireta.
o Consórcio privado é CLT.
o Mesmo que seja de direito privado, deverá licitar, admitir pessoal através de
concurso público (pessoal CLT – empregado público).
o É possível a cessão de orçamento e servidores pelos entes participantes do
consórcio.
o O protocolo de cooperação deve ser confirmado por lei de cada um dos entes.
o Primeiro, deve ter subscrição de protocolo de intenções pelos entes. Após,
deverá ser ratificado por lei.
o Somente admite participação de entes políticos (U, E, DF, M).
o Enseja a criação de uma nova pessoa jurídica, que não se confunde e não
integra nenhum dos entes formadores do consórcio.
o Contrato de rateio: define o montante com que cada um dos entes participará
na formação de manutenção da nova pessoa jurídica criada. É vedada a
aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o
atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de
crédito.
o Contrato de programa: contrato realizado entre o consórcio e ente público
471 para prestação de serviço é dispensado licitação. Esse contrato será
automaticamente extinto caso o ente contratante saia do consórcio. O
contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio
público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de
serviços públicos.
o O ente que não consignar as dotações suficientes assumidas no contrato de
rateio poderá ser excluído do consórcio
o A União só pode participar de consórcios em que também façam parte os
Estados em cujos territórios estejam situados os municípios.
▪ Logo, não haverá consórcio entre a União e município sem o
respectivo Estado.
o Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira
somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão no
contrato de consórcio público ou no instrumento de transferência ou de
alienação.
o Está sujeito à fiscalização do TC competente. Obedecerá às normas de direito
financeiro.
o Sobre a retirada do ente federativo do consórcio público, vale lembrar a
redação do artigo 11, caput, da Lei dos Consórcios Públicos, a qual estabelece
que a saída dependerá de ato formal do representante do ente público na
assembleia geral, obedecendo à formalidade que houver sido previamente
estabelecida pela lei. Ademais, o § 2º do referido dispositivo prevê que “a
retirada ou a extinção do consórcio público não prejudicará as obrigações já
constituídas, inclusive os contratos de programa, cuja extinção dependerá do
prévio pagamento das indenizações eventualmente devidas.

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o A extinção ou a alteração de contrato de consórcio público dependerá de


instrumento aprovado pela assembleia geral, ratificado mediante lei por todos
os entes consorciados.
o O consórcio poderá promover desapropriações e instituir servidões, como as
concessionárias.
o Pode ser contratado pela administração dispensada a licitação.
o Poderão exercer cobrança e arrecadação de tarifas pelo serviço prestado.
o Poderá atuar como poder concedente, delegando serviços mediante contratos
de concessão e permissão de serviços públicos, devendo constar no contrato
de consórcio qual modo poderá ser.
o Consórcios públicos: se de direito privado, o pessoal é CLT; se de direito
público, é autarquia fundacional, sendo o pessoal contratado por regime
público. Devem observar procedimentos do artigo 37 da CF para efetuar
contratações. Concurso e licitação.
o Realizam contrato de programa: instrumento que regula as obrigações entre
um ente da federação e outro, ou entre um ente da federação e consórcio.
o Este contrato continua vigente mesmo quando extinto o consórcio, convênio.

● Convênios:
o Acordos entre Administração e entidades com vontades convergentes,
aplicando a 8666 no que couber.
472 o Deve haver prévia aprovação do plano de trabalho proposto pela organização
interessada.
o Todos os termos do acordo firmado serão cientificados ao Poder Legislativo.
É só cientificar, e não ratificação ou autorização do Legislativo. (STF: fere o
princípio da independência e harmonia dos poderes)  é igual em tributário,
no que concerne aos convênios do CONFAZ.
o Os saldos repassados enquanto não utilizados serão depositados na caderneta
de poupança se maior do que um mês, ou em fundo de aplicação se menor do
que um mês.
o Extinto o convênio, todo montante remanescente será devolvido ao órgão
público que repassou o recurso.
o Não deve ser precedida de procedimento licitatório, vez que trata-se de
convergência de vontades, podendo ser firmado diretamente.
14.5.7. Terceiro Setor
● As entidades paraestatais, terceiro setor, entes de cooperação estatal, não integram a
estrutura estatal e tendo natureza privada, não se servem das prerrogativas inerentes à
Fazenda Pública.
● Os Serviços Sociais Autônomos, criados por lei, não prestam serviço público delegado, mas
sim serviço de utilidade pública. São pessoas jurídicas de direito privado.
o STJ diz que tem que licitar. TCU diz que não precisa licitar, mas que deve
observar os princípios da administração, permitindo uma edição de
regulamentos próprios, adotando um procedimento de menor complexidade
para contratação, conforme o artigo 119, parágrafo único da lei de licitações.
● Terceiro Setor: entes de cooperação, paraestatais, que prestam serviços de utilidade pública
não exclusivos do estado, por meio de convênio, em regra.
o O.S: contrato de gestão (vem primeiro no alfabeto); discricionário; Min
de Estado ou titular de órgão supervisor da área; Conselho de

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Administração (vem primeiro no alfabeto) com participação de


representante do Poder Público; dispensável a licitação de contratação
da OS pelo Poder Público e licitação para contratação de obras e
serviços, salvo se a verba a ser utilizada for recebida da União; pessoal
contratado por sistema seletivo objetivo e impessoal, de acordo com o
regulamento próprio a ser editado por cada entidade. Obrigatoriedade
de conselho administrativo com participação de representantes do
poder público e do povo. (VERBAS, BENS E SERVIDORES)
 Pode haver transferência de execução de serviços públicos e
gestão de bens e pessoal públicos à OS, tudo com dispensa de
licitação, com fulcro no art. 24, XXXIV da 8666.
o OSCIP: termo de parceria; ato vinculado do Min de Estado ou titular
de órgão supervisor da área; Conselho Adm sem exigência de
participação de representante do Poder Público; não existe hipótese
de dispensa. Conselho fiscal com apenas servidores. Não pode ser
cooperativa ou outras sociedades comerciais. (VERBAS E BENS, sem
servidores)
 Há várias entidades que não podem se qualificar: sociedades,
sindicatos, instituições religiosas, organizações partidárias,
entidades de benefício mútuo (círculo restrito de associados),
entidades de planos de saúde, instituições privadas não
gratuitas, escolas privadas não gratuitas, organizações sociais,
473 cooperativas, fundações públicas e privadas mantidas pelo
poder público, organizações creditícias.
 ATENÇÃO: os responsáveis pela fiscalização do Termo de
Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens
de origem pública pela organização parceira, darão imediata
ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério
Público, sob pena de responsabilidade solidária. (BENS DE
ORIGEM PÚBLICA)
o OSC: entidades privadas sem fins lucrativos, sociedades cooperativas e
organizações religiosas; ATENÇÃO! FIM DO CONVÊNIO entre setor
público x privado (só pode entre entes públicos e suas entidades e
com entidades filantrópicas de saúde no âmbito do SUS). Agora
Público X Particular só se dá mediante:
 Termo de colaboração: proposta pela administração, com
transferência $.
o O estado colabora porque quer.
 Termo de Fomento: proposta pela OSC, com transferência $.
o Quem tem fome, pede.
 Acordo de cooperação: não envolvem transferência $
● O método impessoal de contratação de serviços/pessoas deve ser matéria passiva de
regulamentação da própria entidade, e não do ente federativo contratante.
● QUALQUER CIDADÃO é legitimado para requerer, judicial ou administrativamente, a
desqualificação de uma organização da OSCIP, vedado o anonimato, amparado em fundadas
evidências de erro e fraude.
● As extinções e a absorção de atividades e serviços por organizações sociais de que trata esta
Lei observarão os seguintes preceitos: I - os servidores integrantes dos quadros permanentes
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dos órgãos e das entidades extintos terão garantidos todos os direitos e vantagens
decorrentes do respectivo cargo ou emprego e integrarão quadro em extinção nos órgãos ou
nas entidades indicados no Anexo II, sendo facultada aos órgãos e entidades supervisoras, ao
seu critério exclusivo, a cessão de servidor, irrecusável para este, com ônus para a origem, à
organização social que vier a absorver as correspondentes atividades, observados os §§ 1º e 2º
do art. 14.
● O afastamento do certame licitatório não exime o administrador público da observância dos
princípios constitucionais, de modo que a contratação direta das Organizações Sociais deve
observar critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso a
todos os interessados.
● Sobre a nova lei de organizações da sociedade civil, não se aplica:
I - às transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo
Senado Federal naquilo em que as disposições específicas dos tratados, acordos e convenções
internacionais conflitarem com esta Lei;
III - aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais, desde que cumpridos os
requisitos previstos na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998; OS
IV - aos convênios e contratos celebrados com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos nos
termos do § 1º do art. 199 da Constituição Federal;
V - aos termos de compromisso cultural referidos no § 1º do art. 9º da Lei no 13.018, de 22 de
julho de 2014;
474 VI - aos termos de parceria celebrados com organizações da sociedade civil de interesse
público, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
OSCIP
IX - aos pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou taxas associativas em
favor de organismos internacionais ou entidades que sejam obrigatoriamente constituídas por:
a) membros de Poder ou do Ministério Público;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da administração pública;
c) pessoas jurídicas de direito público interno;
d) pessoas jurídicas integrantes da administração pública;
X - às parcerias entre a administração pública e os serviços sociais autônomos.
 Não pode ser OSCIP: instituições religiosas voltadas à disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais; fundações públicas; empresas de plano
de saúde.
14.6. Serviços Públicos
A concessão de serviços. Conceito, características. Direitos do concedente e do
concessionário. Equilíbrio do contrato. Formas de extinção. As permissões e autorizações. As
parcerias da Administração Pública. Parcerias público-privadas.
● PRESCRIÇÃO CONTRA CONCESSIONÁRIO DE SERVIÇO PÚBLICO: 5 ANOS!!! A própria lei de
SERVIÇOS PÚBLICOS, 9494, prevê este prazo, de modo que não se aplica o prazo de 3 anos
para pleitear danos, disposto no CC.
● Compete a UNIÃO explorar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão a:
o Navegação área.
o Aeroespacial.

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o Infraestrutura aeroportuária.
● Caducidade: independe de indenização prévia. “Instaurado o PAD e comprovada a
inadimplência do contratado, a caducidade será declarada por decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo. A indenização é
posterior, dos investimentos não amortizados ou depreciados.
● Encampação: A encampação é uma das formas de extinção unilateral dos contratos de
concessão de serviço público pelo concedente (Poder Público) com fundamento em razões de
interesse público. Por esta razão, depende sempre de lei autorizativa específica e prévio
pagamento de indenização.
o Não confundir encampação com caducidade, que decorre da inexecução total
ou parcial do contrato de concessão pela concessionária.
● As concessionárias de serviço público devem oferecer, no mínimo, SEIS datas para pagamento
para os usuários.
● As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do
parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão de autorização legislativa
específica.
● II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de CONCORRÊNCIA, à PESSOA JURÍDICA ou CONSÓRCIO DE
EMPRESAS que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado;
● IV - permissão de serviço público: a delegação, a TÍTULO PRECÁRIO, mediante licitação, da
475 prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.
● Interrupção dos serviços públicos:
o Emergência, sem aviso.
o Inadimplemento do usuário, mediante aviso prévio, considerado o interesse público.
o Razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, mediante aviso prévio.
● A divulgação em três emissoras de rádio com cobertura no Município do usuário desse serviço,
dias antes da suspensão, satisfaz a exigência prevista na lei para que haja a interrupção do
serviço público.
● A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia elétrica por meio de
emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no
art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95
● Não é legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando:
o A inadimplência do consumidor decorrer de débitos pretéritos
apurados posteriormente pela concessionária;
o O débito originar-se de suposta fraude no medidor de consumo de
energia apurada unilateralmente pela concessionária e;
▪ É possível a interrupção em fraude, observado o contraditório
e ampla defesa, constatando, com a fraude, débitos atuais.
o Inexistir aviso prévio ao consumidor inadimplente.
● A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina
hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo
em vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação.
Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da
discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de
concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de
determinadas condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração

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Pública não é obrigada a renovar a concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a
renovação de contratos ocorrida após a sua vigência mesmo que a assinatura do pacto original
tenha ocorrido antes da sua edição.
● É possível o corte da energia elétrica por fraude no medidor, desde que cumpridos alguns
requisitos. Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no
aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos princípios
do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento do
serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do
consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa) dias anterior à constatação
da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do
débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de
cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.412.433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018 (recurso
repetitivo) (Info 634)
 É competência da justiça federal MS contra ato de entidade privada concessionária do
serviço de fornecimento de energia elétrica, acerca da interrupção do fornecimento de
energia elétrica, sendo dirigido contra entidade não integrante da Administração Federal.
Fundamento: a interrupção foi praticada na competência delegada à União, do artigo 21, XII,
b, CF, não configurando mero ato de gestão. Passível, portanto, de MS.
14.6.1. Parceia Público Privada
 É vedado à administração pública ser titular da maioria do capital votante das sociedades de
476 propósito específico. Isso não se aplica à eventual aquisição da maioria do capital votante da
sociedade de propósito específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em
caso de inadimplemento de contratos de financiamento.
 Tanto a concessão patrocinada (tarifa do usuário + recurso público) como a administrativa (só
recurso público, só a adm. é usuário) deverão constituir sociedade de propósito específico.
 Em PPP, ao contrário das licitações normais, os autores ou responsáveis economicamente pelo
projeto, estudo, levantamentos e investigações poderão participar, direta ou indiretamente,
da eventual licitação ou execução de obras ou serviços.
 Os contratos de PPP poderão prever a possibilidade de emissão de empenho em nome dos
financiadores da do projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública. É
possível que o parceiro público autorize a transferência do controle ou a administração
temporária da sociedade de propósito específico aos seus financiadores.
 O contrato deverá prever a repartição de riscos entre a Administração e a PPP, inclusive os
referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.
 Só nas concessões patrocinadas em que mais de SETENTA 70% do capital for paga pela
administração dependerá de autorização legislativa específica.
 PPP é sempre concorrência, com inversão nas fases de habilitação e julgamento. Primeiro esta,
depois aquela.
 Na PPP é obrigatório a submissão do edital e de contrato à consulta pública, mediante
publicação na imprensa, jornal.
14.7. Intervenção do Estado na propriedade
Formas de intervenção do Estado na propriedade. Limitações administrativas, tombamento,
requisição, servidão e desapropriação. Fundamentos e requisitos constitucionais para as
desapropriações. Espécies de desapropriações. Proteção ao patrimônio histórico, artístico e
cultural. Desapropriações por utilidade ou necessidade pública ou por interesse social,
desapropriações por interesse social para fins de reforma agrária. O art. 243 da CF/88.
Retrocessão. Desapropriação indireta. Procedimento expropriatório.
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14.7.1. Desapropriação
● Artigo 1376 do Código Civil: No caso de extinção do direito de superfície em consequência de
desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor
correspondente ao direito real de cada um.
● A desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária, quando de sua
utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo.
● Autorização legislativa: Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e
Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas,
em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
o § 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e
Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições
e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e
se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por
decreto do Presidente da República.
● As ações societárias dos entes em EP e SEM federais não se sujeitam à desapropriação, salvo
autorização por decreto do presidente da república.
● O promissário comprador do imóvel tem direito de receber a indenização no caso deste imóvel
ter sofrido desapropriação indireta, ainda que esta promessa não esteja registrada no Cartório
de Registro de Imóveis.
● A União é parte legítima para figurar no polo passivo de ação em que o arrendatário objetive
ser indenizado pelos prejuízos decorrentes da desapropriação por interesse social, para a
reforma agrária, do imóvel arrendado.
477 ● Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, ficar constatado que a área
medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado receberá
indenização correspondente à área registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até
que, posteriormente, se complemente o registro ou se defina a titularidade para o pagamento
a quem de direito. A indenização devida deverá considerar a área efetivamente desapropriada,
ainda que o tamanho real seja maior do que o constante da escritura, a fim de não se
configurar enriquecimento sem causa em favor do ente expropriante.
● Ação de indenização em desapropriação indireta (esbulho por parte da Adm.) prescreve em:
o 10 anos, quando sob a égide do CC 2002. Isto porque, até que a administração
não adquira o imóvel pela usucapião extraordinária, em 10 anos (usucapião
extraordinária com obras públicas), a parte pode requerer a ação de
desapropriação indireta para ser indenizada.
o Sob a égide do CC 1916, é de 20 anos
● É possível a desistência da desapropriação a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em
julgado, desde que ainda não tenha havido o pagamento integral do preço do imóvel e o
imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que impeça que seja utilizado como
antes. Havendo algum dano, deverá indenização ao particular. É ônus do expropriado provar a
existência de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação, como por exemplo,
inutilidade da propriedade por culpa da administração.
● O STJ considera, ainda, que “a mais-valia divide-se em ordinária (todos os imóveis lindeiros à
obra valorizam-se na mesma proporção) ou extraordinária (um ou alguns se valorizam mais
que outros sujeitos à mais-valia ordinária).
o Na hipótese de valorização geral ordinária, o Poder Público tem em mão o
instrumento legal da contribuição de melhoria e,
o Diante da valorização geral extraordinária, tem a desapropriação por zona ou
extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941).”

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● O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas
hipóteses em que o fato gerador é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade. Só
responde pelos tributos posteriores (contribuições e taxas de conservação do imóvel).
● Desapropriação é forma de aquisição originária e, uma vez incorporado à Fazenda Pública, não
podem ser reivindicados, ainda que fundada em NULIDADE do processo de desapropriação.
Qualquer ação, resolver-se-á em perdas e danos.
● Súmula 617 do STF: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a
diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
● Os honorários em ação de desapropriação indireta são de 0,5% a 5%, devendo ser aplicado os
artigos 1º e 3º da do DL 3365. Declarado constitucional na ADI 2332. Não se aplica o
previsto no art. 85, §6º, do CPC no que tange aos honorários advocatícios. Vale a regra da
especialidade, cabendo ao juiz fixar nessas ações honorários no percentual entre 0,5% e 5%.
● Os municípios têm o DEVER, e não faculdade, de exigirem do proprietário do solo urbano não
edificado que promova seu adequado aproveitamento, utilizando, caso necessário, da
edificação compulsória, do IPTU progressivo e da desapropriação.
● A contestação somente poderá versar sobre: a) vício do processo judicial, como questões
processuais e; b) impugnação do preço, valor da indenização. Não há que se falar sobre o
interesse público ou não na desapropriação.
o Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir
se se verificam ou não os casos de utilidade pública.
o Qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
● § 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando
478 feitas com autorização do expropriante.
● Prazo de caducidade do decreto – prazo para promover a desapropriação:
o Utilidade pública: 5 anos. Após este prazo, somente decorrido um ano poderá
ser objeto de nova declaração.
o Interesse social: 2 anos.
● Imissão na posse:
o Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada em juízo, o juiz
mandará imiti-lo provisoriamente na posse.
o A alegação de urgência obriga o expropriante a requerer a imissão provisória
na posse em 120 dias.
o O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do
fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito
feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido
no art. 34
o O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de
quitação de dívidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação
de editais, com o prazo de 10 dias, para conhecimento de terceiros.
o Se houver concordância, reduzida a termo, do expropriado, a decisão
concessiva da imissão provisória na posse implicará a aquisição da
propriedade pelo expropriante com o consequente registro da propriedade na
matrícula do imóvel. Na hipótese deste artigo, o expropriado poderá levantar
100% (cem por cento) do depósito de que trata o art. 33 deste Decreto-Lei. A
concordância escrita do expropriado não implica renúncia ao seu direito de
questionar o preço ofertado em juízo.
● Juros compensatórios:
o ADI 2332 e art. 15-A: Constitucional juros compensatórios a partir da imissão
provisória na posse no percentual de 6% a.a ou 0,5% a.m.
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o É de 6%, e não de ATÉ 6%. A palavra até foi considerada inconstitucional.


o Requisitos:
o a) ter ocorrido imissão provisória na posse do imóvel;
o b) a comprovação pelo proprietário da perda da renda sofrida pela privação da
posse;
o
● As ações concernentes à desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de
reforma agrária, têm caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações referentes ao
imóvel expropriando, e independem do pagamento de preparo ou de emolumentos.
o As ações sobre o imóvel serão distribuídas por dependência à Vara Federal em
que estiver em curso a desapropriação, determinando-se de pronto a
intervenção da União.
o O Ministério Público intervirá nos feitos de desapropriação de imóvel rural
para reforma agrária de maneira obrigatória, indisponível e inderrogável,
porquanto presente o interesse público. A falta de intimação do MP para
atuar no feito como fiscal da lei é vício que contamina todos os atos
decisórios, a partir do momento processual em que deveria se manifestar.
● Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com:
o Efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado.
o Com ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante.
● A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida fica
sujeita ao duplo grau de jurisdição.
479 ● A jurisprudência do STJ está firmada, pelo menos desde 2002, no sentido de que a
recuperação da Área de Preservação Permanente e da Reserva Legal, assim como outras
incumbências incidentes sobre o imóvel e decorrentes da função ecológica da propriedade,
constitui obrigação propter rem; portanto, parte inseparável do título imobiliário, inexistindo,
no ordenamento jurídico brasileiro, direito adquirido a degradar ou poluir, ou a desmatamento
realizado. Sendo assim, nada mais justo do que realizar o desconto decorrente de passivos
ambientais do valor da indenização..

14.7.2. Tombamento
● STF: é possível o tombamento por ato legislativo, e o Estado pode tombar bem da União.
Todos os entes podem tombar quaisquer bens.
● Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá,
na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade,
nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o
objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto.
● A norma que previa ordem no direito de preempção dos bens tombados foi revogada pelo CPC
2015.
14.7.3. Limitações administrativas
● A pretensão reparatória do esvaziamento do conteúdo econômico da propriedade decorrente
de limitações administrativas prescreve em cinco anos, nos termos do art. 10, parágrafo único,
do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
o Limitação administrativa é diferente de desapropriação. Esta é uma
intervenção de direito real, enquanto aquela de direito pessoal. Isto posto, os
danos causados pela limitação devem ser objeto de ação de direito pessoal,
cujo prazo prescricional é de cinco anos, e não de direito real, que seria o caso
da desapropriação indireta.

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o Limita o caráter absoluto do direito de propriedade, vez que restringe a


maneira de usar.
o Esse tipo de intervenção possui caráter GERAL.
o Lembrar que atinge bens indeterminados.
o Lembrar que sendo conhecida a limitação administrativa fixada antes de
adquirir um imóvel, de modo que perca sua finalidade, não há que se falar em
indenização ao adquirente.
14.7.4. Servidão Administrativa
● A servidão administrativa pode ser instituída por acordo entre as partes, ou por ação judicial
(sentença judicial).
o Uma vez instituída, ela é perpétua enquanto permanecer vivo o interesse
público que a ensejou.
● O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por
prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo caracteriza servidão
administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da área utilizada para
instalação dos equipamentos.
14.7.5. Ocupação temporária
● A indenização em virtude de ocupação temporária deve ser requerida em ação própria, nos
termos do DL 3365/41. PODE ou NÃO ser indenizada. Ex: guardar equipamento de realização
de obras públicas em terreno particular, a própria lei diz que será indenizado.

480 14.8. Bens Públicos


Domínio público. Conceito. Bens públicos. Conceito e características, regime e espécies.
Utilização de bens públicos. Regime jurídico dos recursos minerais. Terras devolutas.
Terrenos de marinha e seus acrescidos. Os indígenas e as suas terras. (ver indígenas em
constitucional)
 As áreas ocupadas que abranjam parte ou a totalidade de terrenos de marinha, terrenos
marginais ou reservados, seus acrescidos ou outras áreas insuscetíveis de alienação nos
termos do art. 20 da Constituição Federal, poderão ser regularizadas mediante outorga de
título de concessão de direito real de uso.
 Não são passíveis de alienação ou concessão de direito real de uso, as ocupações que recaiam
sobre áreas:
o Reservadas à administração militar federal e a outras finalidades de utilidade
pública ou de interesse social a cargo da União;
o Tradicionalmente ocupadas por população indígena,
o De florestas públicas,
o De unidades de conservação,
o De quilombolas,
o De áreas que sejam objeto de processo administrativo voltado à criação de
unidade de conservação
o De áreas que contenham acessões ou benfeitorias federais.
 Os requisitos para a regularização fundiária dos imóveis de até 4 (quatro) módulos fiscais serão
averiguados por meio de declaração do ocupante, sujeita a responsabilização nas esferas
penal, administrativa e civil, dispensada a vistoria prévia. É possível a fiscalização ambiental.
 Afastou-se quaisquer interpretações que concluam pela desnecessidade de fiscalização dos
imóveis rurais até quatro módulos fiscais, devendo o ente federal utilizar-se de todos os meios
referidos em suas informações para assegurar a devida proteção ambiental e a concretização
dos propósitos da norma, para somente então ser possível a dispensa da vistoria prévia, como
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condição para a inclusão da propriedade no programa de regularização fundiária de imóveis


rurais de domínio público na Amazônia Legal.
 A compra e venda do domínio útil de imóvel da União exige o pagamento de laudêmio, pois se
trata de uma relação jurídica de natureza híbrida, devendo o NJ revestir formalidades sem as
quais desnaturam a natureza jurídica do NJ (nulidade).
● Não havendo registro de propriedade do imóvel, inexiste, em favor do Estado, presunção iuris
tantum de que sejam terras devolutas, cabendo a este provar a titularidade pública do bem.
Caso contrário, o terreno pode ser usucapido.” Logo, deve haver registro da propriedade em
nome do Estado para ser considerada devoluta.
● A afetação e a desafetação é um fato administrativo, ocorridos na atividade administrativa
independentemente da forma com que se apresentem. É irrelevante a forma pela qual se
processa a alteração da finalidade do bem quanto a seu fim público ou não. Assim, não é por
lei ou por ato administrativo que se afeta/desafeta um bem público. J. S. C. Filho.
● A expressão domínio público ora designa o poder que o Estado exerce sobre todas as coisas de
interesse público. Trata-se de sua soberania sobre os bens em seu território.(domínio
eminente), ora o poder de propriedade que exerce sobre o seu patrimônio (domínio
patrimonial).
● Lembrar que as terras devolutas são dos Estados, em regra. Entretanto, são terras devolutas
da UNIÃO: as indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei.
o ATENÇÃO: a faixa de fronteira de 150KM, ao longo da fronteira terrestre, NÃO
481 PERTENCE À UNIÃO!!! Pode ser ocupada por particulares, nos termos da lei.
Elas só são consideradas fundamentais para defesa do território nacional, e
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
● É válida cláusula inserta em contrato de promessa de compra e venda de imóvel situado em
terreno de marinha que estipule ser da responsabilidade do promitente-adquirente o
pagamento do laudêmio devido à União, embora a referida cláusula não seja oponível ao ente
público. Ou seja, os particulares podem negociar entre si a posse do terreno de marinha,
porém, não é oponível à União, devendo ser cobrado do enfiteuta o laudêmio, e não do
adquirente.
● A mera alegação de que um bem é terreno de marinha, sem ter sido realizado o procedimento
demarcatório, não afasta a usucapião. Contudo, tal fato não obsta que seja reconhecida a
propriedade da União em posterior procedimento demarcatório.
● Súmula 496 do STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de
marinha não são oponíveis à União.
● Entre particulares cabe ações possessórias em relação à posse do bem público. Entretanto,
não é cabível opor ação possessória contra a Fazenda Pública, uma vez que o particular é mero
detentor do imóvel, não sendo possuidor. Isto posto, quaisquer benfeitorias não serão
indenizadas pelo Estado. Contra o poder público, o particular exerce mera detenção sobre o
bem, restando afastado a retenção por benfeitorias e indenização, uma vez que o código civil
exige a POSSE.
o Não importa se a benfeitoria foi útil ou necessária, NÃO CABE retenção,
permanência e indenização.
● Uso de bens públicos por particulares:
o Autorização: ato administrativo discricionário e precário consentido que
determinada pessoa utilize privativamente o bem público.
o Autorização condicionada/qualificada: editada com fixação de direitos, prazos
e obrigações para o Poder Público e o destinatário.
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o Autorização de uso urbanítisca: será conferida de forma gratuita àquele que,


até 22/12/2016, possuiu como seu, por cinco anos ininterruptos e sem
oposição, até 250m² de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o
para fins comerciais.
o Permissão: ato administrativo discricionário e precário, por meio do qual
consente com a utilização privativa de determinado bem público.
o Permissão condicionada/qualificada: nesta hipótese a ADM estabelece prazos
para o uso do bem público.
o Concessão: contrato administrativo que tem por objetivo consentir o uso do
bem público, de forma privativa, por terceiro, com fundamento no interesse
público.
▪ Direito real de uso.
▪ Uso especial para fins de moradia.
▪ Florestal.
o Cessão de uso: transferência de uso de bens públicos, de forma gratuita ou
com condições especiais, entre as entidades da Administração Pública Direta
e Indireta ou entre a Administração e as pessoas de direito privado sem
finalidade lucrativa.
o Uso privativo de bem público por instrumentos de direito privado:
▪ Locação.
▪ Comodato.
▪ Enfiteuse ou aforamento.
482 o Ocupação: ocupante de terras públicas que a tornou produtiva com seu
trabalho e de sua família fará jus a legitimação da posse de área contínua de
100 hectares, desde que não seja proprietário de outro imóvel rural e
comprove a morada permanente e cultura efetiva, pelo prazo mínimo de um
ano.
▪ Direito de preferência após ocupação, licença por 4 anos.
● A utilização dos bens públicos é exercitada sem qualquer termo, e sempre será possível
enquanto a administração não der ao bem outra destinação desconforme com o uso de todos.
● Exploração indireta de porto e instalações.
Exploração indireta do (as)... Instrumento
Porto organizado CONCESSÃO
Instalações portuárias localizadas dentro de
ARRENDAMENTO DE BEM PÚBLICO
um porto organizado
Instalações portuárias localizadas fora da área
AUTORIZAÇÃO
do porto organizado
 Os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de Municípios são
bens da União.
 Sum 479-STF: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
o Segundo o STJ, o entendimento exposto na súmula 479 do STF não é absoluto
e deve ser mitigado quando comprovado que o particular possui um justo
título sobre a área desaproprianda. Assim, o particular desapropriado poderá
receber indenização por eventuais benfeitorias situadas em terrenos marginais
dos rios navegáveis quando as tiver realizado em imóvel de seu domínio, assim

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reconhecido, legitimamente, pelo Poder Público. Caso não possua justo título,
logicamente, não serão indenizáveis as benfeitorias
 A concessão de uso especial para fins de moradia se concede especificamente para fins de
moradia. Já a urbanização, industrialização, edificação, cultivo de terra ou outra utilização de
interesse social pode-se firmar concessão de direito real de uso (CDRU), prevista no Decreto-
Lei nº 271/67.
 A EC 46/05 introduziu no ordenamento a exceção à regra geral de propriedade das ilhas
costeiras (propriedade da União). Com essa EC, deixam de pertencer à União as ilhas costeiras
em que sediados entes municipais, expressamente ressalvadas as áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal e as referidas no artigo 26, II”.
o E o laudêmio que a União cobrava de quem tinha terreno de marinha e
morava nele? Para de cobrar? STF: os terrenos de marinha são bens da União,
nos termos do art. 20, VII, da CF, ainda que localizados em ilhas costeiras sede
de Municípios. A Suprema Corte entendeu que a Emenda Constitucional nº
46/2005, alterou o incido IV do artigo 20, mas nada interferiu no regime
jurídico constitucional dos terrenos de marinha, definidos constitucionalmente
no inciso VII, do mesmo artigo, da CF.
o Conclui-se a situação jurídica dos terrenos de marinha localizados em ilhas
costeiras com sede de município não foi alterada pelo o advento da Emenda
Constitucional nº 46/2005, permanecendo sobre a propriedade da União,
sendo possível a cobrança de foro, laudêmio e taxa de ocupação pelo ente
federal.
483  Valor do domínio pleno da União, para efeitos de cobrança do foro, da taxa de ocupação, do
laudêmio e de outras receitas extraordinárias, será determinado de acordo com:
o Áreas Urbanas: valor venal fornecido pelos Municípios, e DF para áreas
urbanas;
o Área Rural: valor da terra nua, fornecido pelo INCRA.
 Somente os veículos da Administração Direta são registrados como oficiais. Como os conselhos
profissionais compõem a Administração Indireta, seus carros não recebem o mesmo
tratamento jurídico daqueles denominados por lei como veículos oficiais

14.9. Responsabilidade Civil do Estado


Responsabilidade civil do Estado e dos prestadores de serviços públicos. Conceito e teorias. A
responsabilidade por ação e por omissão. Evolução histórica no Direito brasileiro. Elementos.
A reparação do dano. Ação regressiva e litisconsórcio. Responsabilidade administrativa, civil
e penal do servidor.
 A lei 9494 prevê expressamente o prazo de prescrição para pleitear indenização em face de
pessoa jurídica privada prestadora de serviços públicos: 5 anos. Não é por analogia ao DL
20.910/32.
 Não há nexo causal apto a configurar a responsabilidade civil do Estado nos casos de
apreensão de veículo com chassi adulterado, ainda que o órgão de trânsito ateste a
regularidade do veículo anteriormente. O Estado não pode ser responsabilizado por ato
criminoso de terceiros ou pela culpa do adquirente de veículo de procedência duvidosa. Se a
Administração não concorreu com ação ou omissão para a prática do ato ilícito, não responde
pelos danos deste decorrentes.
● Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo (responsabilidade subjetiva). Prescreve em três anos
a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou
notarial. Com o advento da lei 13.286, a responsabilidade do notário passou a ser subjetiva
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(dolo ou culpa), pessoalmente, sendo o prazo prescricional para pretensão de reparação civil
de três anos contado da lavratura do ato registral ou notarial.
 Somente a culpa exclusiva da vítima permite excluir a responsabilidade. A culpa concorrente
atenua, mas não exclui.
 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que “a coisa
julgada na instância penal constitui o termo inicial da contagem do prazo de prescrição da ação
de indenização em face do Estado. (...) Funda-se a jurisprudência no fato de que nesses casos o
termo a quo é o trânsito em julgado da sentença condenatória penal, porquanto a reparação
do dano ex delicto é consequente, por isso que, enquanto pende a incerteza quanto à
condenação, não se pode aduzir à prescrição, posto instituto vinculado à inação.
o Lembrar que nos casos de prescrição de pretensão executória do processo
administrativo disciplinar, também se aplica este entendimento, uma vez que,
se o fato também é criminoso, não se sabe se a sentença condenará, ocasião
em que a prescrição será regulada pela prescrição penal, ou se absolverá,
ocasião em que a prescrição será regida pela lei 8.112.
 A jurisprudência do STJ é pacificada no sentido de que a prescrição quinquenal, disposta no
art. 1º do Decreto 20.910/1932, é inaplicável aos danos decorrentes de violação de direitos
fundamentais, que são imprescritíveis, principalmente quando ocorreram durante o Regime
Militar, época na qual os jurisdicionados não podiam deduzir a contento suas pretensões.
● Responsabilidade de estado por morte de detento. Deve pagar em dinheiro, e não em
remissão de pena:
o O Estado responde de forma objetiva por suas omissões, sendo que o nexo de
484 causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos particulares só
restará caracterizado quando o Poder Público tinha o dever legal específico
de agir para impedir o evento danoso e mesmo assim não cumpriu essa
obrigação legal.
● O ato lícito da administração pode causar prejuízos, sendo que nestes casos, o fundamento
para indenização será o princípio da isonomia. Se for danoso, será considerado dano anormal.
● É constitucional o artigo 71, §6º da lei de licitações, cujo texto veda que, pela só inadimplência
do contratado, seja a responsabilidade por suas dívidas trabalhistas, fiscais e comerciais
transferidas à administração pública contratante.
o A Administração será responsável quando ocorrer em culpa in eligendo e in
vigilando em relação ao contratado.
o Não há transferência automática de responsabilidade para a Administração,
devendo a culpa desta ser demonstrada pelo reclamante.
● A responsabilidade, sendo objetiva, pode decorrer de ato LÍCITO. É o dano anormal,
mencionado acima.
● Mesmo atos normativos ou gerais, quando imponham prejuízo exagerado à pessoas
determinadas, podem ser causa da responsabilidade civil.
o Ex: A União é responsável por danos ocorridos em virtude de alteração de
plano econômico, mormente quando, apesar de toda sociedade se submeter,
atinge pessoa ou grupo de pessoas gravemente, como no caso VARIG,
concessionária de serviço público.
● “O prazo para ajuizamento da ação regressiva será de sessenta dias a partir da data em que
transitar em julgado a condenação imposta à Fazenda.” Entretanto, parte da doutrina afirma
que “o direito de regresso do Estado em face do agente público surge com o efetivo
pagamento da indenização à vítima. ”
● A doutrina não admite responsabilidade civil do Estado pelos danos causados por agentes de
fato necessários (situação de calamidade ou emergência), uma vez que não se pode invocar,
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aqui, a teoria da aparência. Nada obsta, contudo, que o Estado seja responsabilizado pelo mau
funcionamento do serviço que gerou a calamidade.
o Já pelo agente de fato “putativo”, que é aquele que se passa por funcionário
concursado, há responsabilidade.
● Os danos, ainda que decorrente de agente público, é responsabilidade SOLIDÁRIA da Fazenda
Pública e do agente, na esfera do direito material (942, p.u, CC). Não obstante, na esfera
processual, tenha a teoria da dupla garantia, deve a ação ser proposta contra a Pessoa Jurídica
de Direito Público.
● Prescrição para ressarcimento de danos causados ao erário:
o Ilícitos civis: há regular prescrição da reparação do ilícito civil.
o Ilícitos administrativos (decorre de improbidade): é imprescritível o
ressarcimento ao erário quando a IMPROBIDADE FOR DOLOSA.  Ilícito que
decorra de sua função! STF 2018.
▪ São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na
prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa.
o Improbidade: as sanções prescrevem conforme a lei de improbidade.
● Contra particular não há demanda de ressarcimento imprescritível, aplica-se o 206, §3º, V, do
código civil (3 anos)
● Responsabilidade do Estado pelos atos do PODER JUDICIÁRIO:
o Ação Penal: o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, bem como
485 aquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
o Ação Cível: só aos atos funcionais do juiz, e não aos atos jurisdicionais, que são
atacados via recurso. Ex: retardar processo sem justa causa, deixa de atender
advogados
● Pode ser doloso ou culposo:
o Doloso: responsabiliza-se o Estado, e o juiz responde regressivamente por
perdas e danos – art. 143 do CPC.
o Culposo: cabe nos criminais, desde que haja prejuízo. Cível, só nos funcionais.
(divergência doutrinária)
● Para o STF, o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões. No entanto, o nexo de
causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos particulares só restará
caracterizado quando o Poder Público tinha o dever legal específico de agir para impedir o
evento danoso e mesmo assim não cumpriu essa obrigação legal. Trata-se da omissão
específica.
● Na omissão genérica a responsabilidade é subjetiva: omissão estatal + dano + nexo causal +
culpa administrativa (o serviço não funcionou, funcionou de forma tardia ou ineficiente). Ad ad
impossibilia nemo tenetur (ninguém está obrigado ao impossível): exclui a responsabilidade
civil do Estado.
o Como exemplo: rebeliões, ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos
casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento
(que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena
de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao
arrepio do texto constitucional.
● A demora injustificada da Administração em analisar o pedido de aposentadoria do servidor
público gera o dever de indenizá-lo, considerando que, por causa disso, ele foi obrigado a

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continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o necessário. Exemplo de demora
excessiva: mais de 1 ano.
● As pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviço público possuem responsabilidade civil
objetiva em todos os danos causados por seus USUÁRIOS e TERCEIROS, e não somente aos
usuários.
● A violência urbana é ato de terceiro, causando quebra de nexo de causalidade, cuja
demonstração é necessária a fim de se cara caracterizar a responsabilidade objetiva do Estado.
Aqui, assemelha-se aos fatos imprevisíveis, atos de terceiros. Para se caracterizar a
responsabilidade objetiva deve ser imputada uma atuação omissiva direta ao Estado, sendo
esta a causadora do dano. Sem prova da culpa, não há como responsabilizar empresa
concessionária de transporte, já que ela assume a condição de lesada juntamente com os
passageiros.
● Os atos de multidões não são atribuíveis ao Estado como responsável civil, uma vez que são
terceiros em relação ao Estado, bem como, por não ser o estado garantidor universal dos bens
particulares.
o Só há que se falar em culpa da administração no caso de omissão culposa
devidamente comprovada
● No caso de garantia de integridade física das pessoas pelas quais o Estado se torna responsável
(ex: detento, professor ao dar aula), a responsabilidade é OBJETIVA, e não subjetiva, que é a
regra na omissão. Nestes casos há o dever específico de agir. É objetiva porque há nexo de
causalidade em função do dever constitucional de guarda.

486 ● Permissionárias/concessionárias de serviço público não respondem por roubo em


escadarias/terminais de ônibus ou metrô, pois não está dentro da margem de previsibilidade e
de risco da atividade de transporte o óbito de consumidor por equiparação (bystander) em
virtude de roubo seguido de morte, vez que se trata de fortuito externo com a aptidão para
romper o nexo de causalidade entre o dano e a conduta da transportadora.
● Tanto nos atos COMISSIVOS quando nos atos OMISSIVOS, admite-se a teoria da ruptura do
nexo causal. O Estado deve provar que a ação exigível para evitar o dano era IMPOSSÍVEL, e
não se exige o impossível “ad impossibilia nemo tenetur”, ou deve demonstrar que estava fora
do seu âmbito específico de agir (preso que ao dormir morde a língua e sangra até morrer,
sem ter apresentado antes tendências suicidas)
● Os cartórios extrajudiciais não possuem personalidade jurídica, de forma que o titular do
cartório à época dos fatos é o responsável pelos atos decorrentes da atividade desempenhada
● Responsabilidade civil por OBRAS/CONSTRUÇÕES:
o O mero fato da obra, ainda que que a Administração observe rigorosamente
todas as normas técnicas, ou seja, ainda que não haja ato ilícito, é causa para
responsabilidade civil em eventual prejuízo causado ao particular,
independente de quem esteja executando a obra – particular ou Estado. Há a
teoria do risco administrativo, em que sua ação causou prejuízo. Dano
anormal.
o Delegação à particulares: se o particular executa a obra, através de contrato
administrativo, e tenha havido um dano provocado exclusivamente pelo
executor, atribui-se ao empreiteiro a responsabilidade subjetiva comum de
direito privado, sabido que cumpre o contrato sob sua conta e risco. A ação
deve ser movida contra o empreiteiro, sem participação do Estado, cuja a
responsabilidade deste último é subsidiária.
● A regra da omissão é a responsabilidade subjetiva, que se caracteriza quando há culpa. A culpa
é o descumprimento do dever legal de impedir a consumação do dano. Entretanto, há

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hipóteses em que a lei atribui responsabilidade objetiva para atos omissivos, como nos casos
em que há o dever legal de agir, dever legal de proteção, etc.
● É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrentes de
atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção.
● PARTICULAR ou CONCESSIONÁRIA QUE PRESTA SERVIÇO PÚBLICO: CIIIIIIIIIIIIIIINCO ANOS!!!!
5 anos! 5 anos! 5 anos! DISSE O STJ!!! Embasou sua decisão na ESPECIALIDADE, pois a lei 9494
diz que são 5 anos. Ademais, frise-se que não se trata de aplicar à concessionária de serviço
público o disposto no Decreto 20.910/1932, que dispõe sobre a prescrição contra a Fazenda
Pública, mas sim de utilizar a regra voltada especificamente para as hipóteses de danos
causados por agentes da administração direta e indireta.
● Dano para fins de responsabilidade civil do Estado:
o Deve ser certo: deve haver a caracterização do dano.
o Deve haver especialidade do dano: onera situação particular de um ou alguns
indivíduos, não podendo ser genérico (para sociedade).
o Deve ter situação de anormalidade: superar meros agravos patrimoniais
normais ao convívio social.
o Ressarcimento: decorre de ato ilícito e dano material.
o Reparação: decorre de ato ilícito e dano moral.
o Indenização: decorre de ato lícito, dirigido a uma perda ou prejuízo, e não a
um dano. Ex: desapropriação.
● A teor do art. 37, §6º, da Constituição Federal, a responsabilidade civil do Estado é objetiva.
487 Isso para as ações, pois às omissões se aplica a tradicional responsabilidade subjetiva, segundo
a doutrina e a jurisprudência dominantes.
● Assédio sexual e transporte público: embora nenhum sistema de transporte público seja
imune a ocorrência de assédio, é certo que os inúmeros casos de assédio sexual que ocorrem
diariamente nos transportes públicos brasileiros são facilitados pela má prestação dos
serviços. É dizer, a falta de um número adequado de veículos ou vagões, a superlotação dos
transportes, o baixo número de agentes aptos a fiscalizar a prestação de serviço, facilitam a
ocorrência de casos de assédio sexual, fazendo com que ele passe a ser um risco da atividade
do transporte público. Assim, em virtude da baixa qualidade do serviço prestado, a ocorrência
do assédio sexual dentro do transporte público se qualifica como um fortuito interno, apto a
ensejar a responsabilização da transportadora. Quem cria um ambiente ideal para o
cometimento de assédio sexual, assume o risco de que ele seja cometido, fazendo com que o
assédio faça parte dos ricos normais do transporte. Vítima de assédio sexual em transporte
público pode processara concessionária de serviço público. Há legitimidade.
● Nexo causal: é exigido tanto na modalidade objetiva como na modalidade subjetiva.
o Teoria da equivalência das condições: toda e qualquer circunstância que haja
concorrido para produzir o resultado é considerada como causa.
o Teoria da causalidade adequada: apenas admite como causa o antecedente
abstratamente idôneo à produção do efeito danoso.
o Teoria da causalidade direta ou imediata / teoria da interrupção do nexo
causal: é apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de
necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como
consequência sua, direta e imediata.
▪ As clássicas teorias sobre o nexo causal não se aplicam à
responsabilidade por dano ambiental, pois esta é objetiva e integral. O
nexo causal aqui é tido como um fator aglutinante, a permitir que o
risco da atividade se integre na unidade do ato. Tal consideração exclui

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a possibilidade de invocação de excludentes de responsabilidade para


afastar o dever de indenizar.
▪ Baseado na teoria da interrupção do nexo causal,
● Como regra, o Brasil adotou a teoria da causalidade adequada, por meio da qual o Estado
responde, desde que sua conduta tenha sido determinante para o dano causado ao agente.
Assim, se condutas posteriores, alheias à vontade do Estado, causam o dano a um terceiro,
ocorre o que se denomina, na doutrina, de teoria da interrupção do nexo causal a excluir a
responsabilidade estatal.
● A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos
hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete responder em tais casos.
● O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei
nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização
por danos morais pelo mesmo episódio político. Inexiste vedação para a acumulação da
reparação econômica com indenização por danos morais, porquanto se tratam de verbas
indenizatórias com fundamentos e finalidades diversas: aquela visa à recomposição
patrimonial (danos emergentes e lucros cessantes), ao passo que esta tem por escopo a tutela
da integridade moral, expressão dos direitos da personalidade. Nas hipóteses de condenação
imposta à Fazenda Pública, como regra geral, a atualização monetária e a compensação da
mora devem observar os critérios previstos no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/2009. STJ. 1ª Turma. REsp 1485260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina,
488 julgado em 5/4/2016 (Info 581).
● 1 - Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de requisição ou
determinação de providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no
prazo previsto nos artigos 12, parágrafo 4º, e 18, caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de
2002, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo. 2 - Havendo rubricas no
orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos, e não
demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover o pagamento do
valor ao anistiado no prazo de 60 dias. 3 - Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade
orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover sua previsão no projeto de lei
orçamentária imediatamente seguinte. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847). STF. 1ª Turma. RMS 28201/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 25/9/2018 (Info 917).
 Os danos decorrentes de acidentes de veículos automotores sem vítimas não caracterizam
dano moral in reipsa. Vale ressaltar que é possível a condenação de danos morais em casos de
acidente de trânsito, no entanto, trata-se de situação excepcional, sendo necessário que a
parte demonstre circunstâncias peculiares que indiquem o extrapolamento da esfera
exclusivamente patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1653413-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 05/06/2018 (Info 627).
 Sucídio de detentos em presídio:
o Normal: responsabilidade objetiva. Se o preso deu sinais de que iria se matar
deve o Estado buscar ajudá-lo. Responsabilidade objetiva por omissão.
o Repentino: sem poder de previsão do suicídio o Estado não pode ser
responsabilizado.
 A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Compete ao município celebrar contratos e convênios com entidades

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prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar a respectiva


execução.
o Nesse contexto, não se deve confundir a obrigação solidária dos entes
federativos em assegurar o direito à saúde e garantir o acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação,
com a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados a terceiros.
o Não há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União, seja
porque a conduta não foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade
de aferir-se a existência de culpa in eligendo ou culpa in vigilando.
 [O Estado é responsável mesmo se comprovada a realização de revista no público
externo, pois uma arma de fogo não poderia, jamais, entrar no estabelecimento
prisional pelo visitante! “Em caso de inobservância de seu dever específico de
proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de
detento”. (STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/3/16]
 A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação
de pagamento de encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham
deixado de receber salário da empresa de terceirização.
o [Pela Súm. 331/TST, a responsabilidade da Administração poderá ser
subsidiária relativamente aos encargos trabalhistas. O STF, dando
interpretação ao art. 71, Lei 8.666/93, entendeu o dispositivo constitucional,
fixando a orientação de que a responsabilidade pelos encargos trabalhistas é
direta da empresa contratada. O Poder Público só responderá
489 subsidiariamente se restar configurada a sua culpa em fiscalizar o
recolhimento dos encargos trabalhistas.
 O enunciado da questão trata de ILÍCITO CIVIL!!!! E ação de reparação de danos à
Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil é PRESCRITÍVEL. Dito de outro modo, se o
Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser
ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei. [STF.
Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016
(repercussão geral)].
o Mas, qual o prazo da prescrição??? Há duas correntes:
o • 3 anos, com base no art. 206, § 3º, V, do CC (posição do STF)
o • 5 anos, aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o prazo trazido
pelo Decreto 20.910/32 (posição do STJ - "(...) 4. A jurisprudência desta Corte
firmou-se no sentido de que a prescrição contra a Fazenda Pública é
quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo
Decreto 20.910/32, norma especial que prevalece sobre lei geral. (...) 5. O STJ
tem entendimento jurisprudencial no sentido de que o prazo prescricional da
Fazenda Pública deve ser o mesmo prazo previsto no Decreto 20.910/32, em
razão do princípio da isonomia. (...)" [STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
768.400/DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 03/11/2015]).

14.10.Controle Administrativo
Controle dos atos da Administração. Controle administrativo e jurisdicional. Limites do
controle jurisdicional. O controle da Administração Pública pelos Tribunais de Contas.
Formas, características e limites. Mandado de Segurança. Ação Popular. Ação Civil Pública.
● O controle dos atos administrativos pelo judiciário só pode ser no aspecto da legalidade.
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● O controle administrativo exercido pela administração direta sobre a indireta é classificado


como controle externo – para o CESPE.  Supervisão Ministerial.
● O controle judicial dos atos administrativos abrange a legalidade, a correspondência da
motivação e a existência dos fatos que ensejaram sua edição (teoria dos motivos
determinantes) e se o ato atendeu à finalidade prevista na lei.
● A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24
horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso
de poder, tampouco extrapola o controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário.
Assim, o STJ considerou que, ao não se oferecer plantão 24 horas na Delegacia especializada
de apuração dos atos infracionais, houve violação à CF/88, ao art. 172 do ECA e também ao
item 12.1 das Regras de Beijing considerando que, fora do horário de funcionamento da
Delegacia, os jovens infratores serão submetidos às unidades policiais comuns, onde estarão
expostos ao contato com presos maiores de idade. A decisão governamental de encerrar o
plantão na Delegacia não é uma escolha aceitável do Estado sob os aspectos moral e ético,
representando induvidosa preterição de uma prioridade imposta pela Constituição Federal,
além de conduta contrária à lei e ao tratado internacional, constituindo, portanto, hipótese na
qual se admite que o Poder Judiciário intervenha legitimamente no caso mesmo em se
tratando de um ato discricionário.
o Um direito fundamental que não pode ser negligenciado pelo Estado. Do
mesmo modo que o Estado não pode “escolher” negar remédios e saúde, ele
não pode “escolher” fechar o plantão da delegacia da infância e juventude sob
490 pena de violar o direito fundamental do jovem infrator de ser tratado de
forma diferenciada em relação ao adulto.

14.10.1. Inscrição de entes em cadastro de inadimplência pela União


 A inscrição indevida de Estado-membro no CADIN da União gera conflito federativo capaz de
atrair a competência originária do STF, com base no art. 102, I, “f”, da CF/88"
 Estado-membro não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por
irregularidades praticadas pelos outros Poderes que não o Executivo em sua atividade de
administração. (intranscendência das penalidades)
o Ex: gasto com pessoal superior aos limites estabelecidos na LRF
 Não existe qualquer ilegalidade na atuação da União ao inscrever órgão ou ente inadimplente
em relação a débitos ou deveres legais nos cadastros de restrição, bem como na não
celebração de convênios ou prestação de garantias.
 É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial, do contraditório
e da ampla defesa, relativamente à inscrição de entes públicos em cadastros federais de
inadimplência. Assim, a União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos
cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá assegurar o devido processo
legal, o contraditório e a ampla defesa. STF. Plenário.
 Os reflexos desfavoráveis e gravosos resultantes da imposição de sanções e medidas restritivas
de direitos, a exemplo da inscrição no Cadastro Informativo de créditos não quitados de
órgãos e entidades federais (CADIN), regulado pela Lei nº 10.522/2002, circunscrevem-se à
dimensão pessoal do infrator, sob pena de restar vulnerado o princípio da intranscendência.
Não pode atingir administração indireta e demais órgãos do ente federativo.
 Plenário do Supremo Tribunal Federal uniformizou o entendimento no sentido de que o Estado
só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelo
Executivo. Em consequência, atos do Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de
Contas e dos entes da Administração Pública indireta (como as autarquias e as empresas

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públicas) não podem gerar sanções da União contra o Estado, diante da ausência de ingerência
direta do Executivo sobre eles.
o A premissa aplica-se para repasse de recursos por meio de convênio.
o A premissa aplica-se para transferências voluntárias, quando outro ente que
não o Executivo não cumpre os limites de gasto com pessoal na LRF. Assim, o
estado não pode ser responsabilizado.
 Importante mencionar que, em caso de eventuais sanções por descumprimento da LRF, haverá
suspensão de repasses tão somente das TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS, excetuando-se
aquelas relativas às ações de educação, saúde e assistência social.
 O princípio da intranscendência subjetiva das sanções inibe a aplicação de severas sanções às
administrações por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Comprovada a
adoção de providências contra ex-prefeito para reparar os danos eventualmente cometidos,
preserva-se o Município do constrangimento de ser incluído no rol dos inadimplentes.
 Desrespeito ao limite de despesa com pessoal por órgão diverso da Administração Direta.
Princípio da intranscendência das sanções. Insubsistência da medida restritiva ao Poder que
não possui ingerência administrativa sobre o órgão descumpridor.
 Não prestado contas de recursos ou sua incongruência enseja inscrição do ente no cadastro
restritivo.
 Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos
repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita
no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o
consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o integram e,
491 segundo o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não podem
superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar outras
pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato. Assim, o fato de ente
integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para
Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração
de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000.
 Deve ser precedida da garantia ao Estado-membro do devido processo legal, especialmente
ampla defesa e contraditório.
 Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros
restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são
tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. 2018 STJ

14.10.2. Tribunais de Contas
 STF: É inconstitucional a norma local (estadual) que estabeleça a competência de tribunal de
contas para realizar exame prévio de validade de contratos com a Administração Pública.
o Em âmbito federal, os contratos passam previamente pelo TCU.
● STJ: As multas impostas pelos Tribunais de Contas Estaduais, ainda que impostas em desfavor
de autoridade municipal, será cobrada pelo Estado e revertida a este, e não aos Municípios. As
multas aplicadas pelos Tribunais de Contas Estaduais deverão ser revertidas ao ente público
com o qual a Corte tenha ligação, mesmo se impostas a gestor municipal. A solução adequada
é proporcionar ao próprio ente estatal a que esteja vinculado o Tribunal de Contas a
titularidade do crédito decorrente da cominação da multa por ela aplicada no exercício de seu
mister.
● O processo administrativo no Tribunal de Contas que julga admissões de servidores públicos
deve assegurar aos interessados o contraditório e a ampla defesa considerando que poderá

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resultar em anulação ou revogação dos atos administrativos de nomeação dos servidores,


repercutindo, portanto, no âmbito dos interesses individuais.
● É inconstitucional norma local que estabeleça a competência do TCU para realizar exame
prévio de validade de contratos firmados com o Poder Público.
● Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. Apreciar não é declarar, ok? Aqui ele
só verifica no caso concreto.
● A inclusão de municípios em cadastros de inadimplentes da União depende de contraditório e
ampla defesa, tudo em respeito ao devido processo legal. Assim, Viola o princípio do devido
processo legal a inscrição de unidade federativa em cadastros de inadimplentes antes de
iniciada e julgada eventual tomada de contas especial pelo TCU.
● Súmula 46 da AGU: Será liberada da restrição decorrente da inscrição do município no
SIAFI/CADIN a prefeitura administrada pelo prefeito que sucedeu o administrador faltoso,
quando tomadas todas as providências objetivando o ressarcimento ao erário.
● Tomada de Contas Especial (TCE) é um processo administrativo devidamente formalizado, com
rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública
federal, com apuração de fatos, quantificação do dano, identificação dos responsáveis e obter
o respectivo ressarcimento. (art. 2º, caput, da IN/TCU 71/2012). A TCE constitui medida de
exceção, portanto a Administração deve esgotar todas as medidas administrativas para elidir a
irregularidade ensejadora da TCE ou obter o ressarcimento do dano, antes de formalizar a
instauração do processo. NÃO É UM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR!!!
● Se o servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda
492 assim poderá ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo Tribunal
de Contas da União.
o A tomada de contas especial não consubstancia procedimento administrativo
disciplinar, pois tem por escopo a defesa da coisa pública, buscando o
ressarcimento do dano causado ao erário, enquanto a sindicância e o PAD
visam à aplicação de sanções em caso de descumprimento das normas
administrativas de conduta aplicáveis aos servidores públicos, as quais
poderão gerar ou não dano aos cofres públicos. O processo administrativo
disciplinar será utilizado como elemento subsidiário no julgamento pelo
Tribunal de Contas, mas não vincula as suas decisões.
● Inconstitucional norma estadual que disponha que os presidentes da câmara
municipal/assembleia legislativa terão suas contas fiscalizadas pela casa, uma vez que é
competência do Tribunal de Contas, vez que se trata de contas administrativas.
● Ao TCU se aplica o prazo de decadência previsto na lei 9784. Assim, este só poderá realizar o
controle de legalidade dos atos administrativos emitidos até, no máximo, cinco anos, sob pena
de decadência, conforme o artigo 54 da lei.
● OAB não está sujeita ao controle do TCU.
● TCU fiscaliza entidades sindicais e conselhos de classe! Isto porque recebem tributos, tais
como as contribuições sindicais, que são tributos parafiscais destinados ao seu custeio. ||OAB
não.
o Verificar essa situação com a inconstitucionalidade da contribuição sindical...
● O TCU pode declarar a ilegalidade de acordo extrajudicial firmado entre a Administração e
particulares, quando não homologado judicialmente, bem como determinar a devolução dos
valores recebidos.
● O acórdão do TCU é título executivo extrajudicial. Se inscrito em dívida ativa, pode ser
executado via execução fiscal 6830, na vara especializada. Se não inscrito em dívida ativa, será
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executado como procedimento comum de execução, em vara comum. A legitimidade da ação


de execução é tão somente do ente público beneficiário da condenação imposta pelo
Tribunal de Contas. Logo, não é do MP junto ao TCU e muito menos do TCU.
● TC não tem competência para executar seus acórdãos, mas sim o ente público prejudicado,
titular do crédito.
● Os servidores indiretamente afetados pelas determinações do TCU não possuem direito de
serem ouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo
legal.
● Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e
sentença condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do
valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título
remanescente.
● Se o servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda
assim poderá ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo Tribunal
de Contas da União. TCU. O processo administrativo disciplinar será utilizado como elemento
subsidiário, mas não vincula as decisões do TCU, que, se assim comprovar, poderá tomar
decisão em sentido diverso.
● Só gestores da coisa pública são fiscalizados. O fato de o servidor receber salário não o torna
fiscalizado pelo TC.
● A natureza do parecer técnico elaborado pelo TC é meramente opinativo, competindo à
493 câmara de vereadores o julgamento das contas anuais do Poder executivo, sendo incabível
julgamento ficto das contas por decurso de prazo.
● A apreciação das contas de prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida
pelas Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer
prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores. (CF)
● O Judiciário não pode invadir o mérito da decisão proferida pelo Legislativo na análise das
contas do chefe do Executivo. Ao Judiciário apenas cabe a aferição da correta observância do
devido processo legal.
● Julgamento dos Tribunaias de Contas:
o TCU e TCE: julgados pelo poder Legislativo.
o TCM’s: julgados pelo TCE respectivo, uma vez que são órgãos administrativos.
● Julgamento das contas do TCE é feita pelo Legislativo Estadual, conforme STF. Já o TCU, que
também é fiscalizado pelo Legislativo Federal (Congresso), possui o fundamento em seu
próprio regimento (TCU)
● TCU aprecia admissão de pessoal (aqui precisa de contraditório) e concessão de aposentadoria
reforma e pensões.
● TCU NÃO aprecia: nomeação de cargos em comissão e melhorias posteriores que não alterem
o fundamento legal do ato concessório.
● SV 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão."
o A exceção é porque o referido ato é complexo e, sem a apreciação do TCU, há
mera expectativa de direito, motivo pelo qual não há direito ao contraditório.
Só há direito ao contraditório quando a decisão puder resultar anulação ou

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revogação, mas não sua concessão. Ademais, não há como anular aquilo que
não foi, sequer, concedido
▪ EXCEÇÃO: se demorar mais de 5 anos pra apreciar o ato de concessão
de aposentadoria há que haver contraditório. Conta-se com a chegada
do PA no TCU
● O TCU possui, com base nos poderes implícitos, competência para determinar medidas
cautelares com a finalidade de prevenir eventual prejuízo ao erário ou até mesmo para
garantir a efetividade de sua decisão final. Possibilidade de decretação de indisponibilidade
de bens pelo TCU, por um ano, mesmo sem oitiva da parte prejudicada sempre em decisão
fundamentada quando necessária à paralisação imediata de situação que possa causar lesão
ao interesse público ou para garantir a utilidade prática de processo que tramita na Corte de
Contas.
● TCU SUSTA – execução de ATO ADMINISTRATIVO.
● TCU solicita ao CONGRESSO para SUSTAR o CONTRATO ADMINISTRATIVO, que deverá tomar
providências em 90 dias, junto com o executivo. Findo o prazo, cabe ao TCU decidir.
● SÚM TCU 286: a pessoa jurídica de direito privado destinatária de transferências voluntárias de
recursos federais feitas com vistas à consecução de uma finalidade pública responde
solidariamente com seus administradores pelos danos causados ao erário na aplicação
desses recursos.
● O Tribunal de Contas da União possui competência para declarar a ilegalidade de acordo
extrajudicial firmado entre particulares e o Poder Público e determinar devolução de valores
recebidos, conforme entendimento do STF.
494 ● O Controle interno da execução orçamentária é exercido pelos órgãos internos criados pelos
poderes da União, e não pelo TC. Esse controle interno auxiliará os TC no controle externo.
● Tanto as contas de governo quanto as contas de gestão do Chefe do Poder Executivo são
julgadas pelo Poder Legislativo, não cabendo ao Tribunal de Contas julgar. Ao TC só cabe
emissão de parecer técnico, que possui natureza meramente OPINATIVA.
● O TC não auxilia no controle interno da execução orçamentária. O controle interno auxilia o
controle externo.
● O disposto no art. 54 da Lei 9.784/99 aplica-se às hipóteses de auditorias realizadas pelo TCU
em âmbito de controle de legalidade administrativa. Em outras palavras, ao realizar controle
de legalidade administrativa, o TCU somente poderá questionar a validade de atos que não
tenham mais de 5 anos. ATENÇÃO, aqui é diferente de Poder de Polícia, conforme abaixo:
o O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos, aplicando-se
a previsão do art. 1º da Lei nº 9.873/99. Caso esteja sendo imputada ao agente
público a conduta omissiva de ter deixado de tomar providências que eram de
sua responsabilidade, tem-se que, enquanto ele permaneceu no cargo,
perdurou a omissão. No momento em que o agente deixou o cargo, iniciou-se
o fluxo do prazo prescricional.
o O prazo prescricional da lei 9873 não se restringe a regular a prescrição de
pretensão estatal referente ao exercício do Poder de Polícia.
o A lei do TCU é omissa, mas o STF diz que por isso não torna imprescritível.
Aplica-se a prescrição quinquenal da lei 9873. Embora se refira a poder de
polícia, a lei aplica-se à competência sancionadora da União em geral.

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14.11.Improbidade Administrativa. Lei anticorrupção


Improbidade administrativa; aspectos processuais e materiais. Responsabilidade
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração
pública.
14.11.1. Improbidade
● Indisponibilidade: a autoridade deve representar ao Ministério Público para decretação da
indisponibilidade pelo JUIZ. – art. 7º.
o A comissão processante (administrativa) representará ao MP ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação
do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público art. 16.
▪ Entende-se que no caso de violação de princípios também pode
requerer sequestro ou indisponibilidade, uma vez que a jurisprudência
inclina-se no sentido de que tais valores servirão para eventual multa
quando condenado por violação aos princípios administrativos.
● Novo: Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem a LC 116.
o Pena: perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos,
e multa civil de até 3 vezes o valor do benefício tributário ou financeiro
concedido.
o É uma modalidade de IMPROBIDADE NOVA, não se enquadrando nos arts. 9,
495 ● 10 ou 11.
Novo: ato de improbidade que atenta contra os princípios (não é causa de prejuízo ao erário)
da administração pública – transferir recurso a entidade privada, em razão de prestação de
serviços na área de saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento
congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei 8080.
● Não se aplica a LIA a fatos anteriores à sua vigência. Mas pode declarar indisponibilidade de
bens adquiridos antes do ilícito.
● A autoridade judicial ou administrativa poderá determinar o afastamento do agente público
do exercício de sua atividade, sem prejuízo de sua remuneração, quando a medida se fizer
necessária à instrução processual.
● NÃO EXISTE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. O
art. 23 da Lei nº 8.429/92 regula o prazo prescricional para a propositura da ação de
improbidade administrativa. Logo, não haverá prescrição se a ação foi ajuizada no prazo, tendo
demorado, contudo, mais que 5 anos do ajuizamento para ser julgada.
● Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, o prazo prescricional é interrompido
com o mero ajuizamento da ação de improbidade dentro do prazo de 5 anos contado a partir
do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda
que a citação do réu seja efetivada após esse prazo. Assim, se a ação de improbidade foi
ajuizada dentro do prazo prescricional, eventual demora na citação do réu não prejudica a
pretensão condenatória da parte autora.
o O marco interruptivo da prescrição é a propositura da ação, e não a efetiva
citação.
● É possível que se determine a indisponibilidade de bens em valor superior ao indicado na
inicial da ação, visando a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário,
levando-se em consideração, até mesmo, o valor de possível multa civil como sanção
autônoma. Isso porque a indisponibilidade acautelatória prevista na Lei de Improbidade

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Administrativa tem como finalidade a reparação integral dos danos que porventura tenham
sido causados ao erário.
● Nas ações de improbidade, não vige o princípio da correlação, adstrição ou congruência
entre sentença e pedido. Deve haver, na causa de pedir, narração detalhada do ato de
improbidade, o que é suficiente para a identificação e individualização da demanda, bem como
para a defesa do réu, à semelhança do que ocorre com o processo penal e em alguns
procedimentos cíveis, como a ação popular e as ações objetivas de controle de
constitucionalidade. O juiz irá analisar as sanções a serem aplicadas, conforme o caso.
● Art. 9º. Atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito do agente público: exige
DOLO.
● Art. 10. Atos de improbidade que causam prejuízo ao erário: pode ser DOLO ou, no mínimo,
CULPA.
● Art. 11. Atos de improbidade que atentam contra princípios da administração pública: exige
DOLO.
● Novidade legislativa: pratica ato de improbidade administrativa o Prefeito que, no prazo
máximo de 2 (dois) anos a contar da vigência da lei 13425, deixar de editar normas especiais
de prevenção e combate a incêndio e a desastres para locais de grande concentração e
circulação de pessoas.
● É admissível a prova emprestada extraída de inquérito policial ou ação penal, com a finalidade
de instruir ação de improbidade.
● Absolvição em processo administrativo não vincula o juízo criminal nem o juízo da ação de
improbidade. STJ.
496 ● Condenação em danos morais em ação de improbidade – STJ: cabível, seja pela frustração
trazida pelo ato ímprobo na comunidade, seja pelo desprestígio efetivo causado à entidade
pública que dificulte a ação estatal, devendo a aferição do dano ser efetuada no caso concreto.
o TRF4 não aceita, pois entende que, em sede de improbidade administrativa, as
sanções são exaustivamente previstas em lei, não havendo previsão para dano
moral coletivo.
o Há teoria que não aceita, sob o argumento de que não há dano psicológico.
o Em direito ambiental foi melhor tratado, em sede de ações coletivas.
● O periculum in mora nas ações de improbidade, para fins de decretação de indisponibilidade é
presumido, uma vez que o réu pode dilapidar seu patrimônio.
● É possível, em situações excepcionais, enquadrar o consultor jurídico ou parecerista como
sujeito passivo numa ação de improbidade administrativa. Para isso, é preciso que a peça
opinativa seja apenas um instrumento, dolosamente elaborado, destinado a possibilitar a
realização do ato ímprobo. Faz-se necessário que desde o nascedouro, a má-fé tenha sido o
elemento subjetivo condutor da realização do parecer.
● É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo
disciplinar. Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão
do servidor, em processo administrativo, independente de processo judicial prévio.
● Não prestar declaração de bens no prazo estipulado ou prestar declaração de bens falsa
sujeita o agente público à pena de demissão. (art. 13) CAIU NO TRF3-2018
● Superior Tribunal de Justiça concluiu que a contagem do prazo prescricional para o particular
deveria seguir a mesma regra que para o agente público, nos termos do art. 23, da LIA,
inclusive considerando a natureza temporária ou efetiva do vínculo.
● TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA: é título executivo extrajudicial. De ambas as partes,
não há direito subjetivo em sua assinatura. Trata-se de uma conciliação.
● Prescrição de ressarcimento de danos ao erário / prescrição que corre contra a Fazenda
Pública:
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o Ilícitos civis: há regular prescrição da reparação do ilícito civil.


o Ilícitos administrativos (decorre de improbidade): é imprescritível o
ressarcimento ao erário quando a improbidade for DOLOSA.
▪ São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na
prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa. 2018 – tese STF.
o Improbidade: as sanções prescrevem conforme a lei de improbidade.
● Não é possível nos crimes de improbidade a condenação em suspensão dos direitos políticos
abaixo do mínimo legal, por ausência de previsão legal.
● Militar não é considerado servidor público para fins de regime jurídico, mas tão somente para
improbidade.
● Não caracteriza improbidade administrativa prevista no artigo 11 (princípios) a contratação de
servidores sem concurso público baseada em lei local, justamente por ser difícil a identificação
do elemento subjetivo (DOLO), que é requisito necessário para caracterização da improbidade
contra os princípios.
● A tortura de preso custodiado é improbidade que atenta contra os princípios da administração
pública.
o O legislador, ao prever que constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão
que viole os deveres de lealdade às instituições, findou por tornar de interesse
público, e da própria Administração em si, a proteção da imagem e das
atribuições dos entes/entidades públicas.
497 o A Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública todos os
agentes que demonstraram pouco apreço pelo princípio da juridicidade,
denotando uma degeneração de caráter incompatível com a natureza da
atividade desenvolvida.
o A improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da
conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera
indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente
seja dolosa, para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei
8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10” (AIA 30-AM,
Corte Especial, DJe 28/9/2011)
o Essas práticas ofendem diretamente a Administração Pública, porque o Estado
brasileiro tem a obrigação de garantir a integridade física, psíquica e moral de
todos, sob pena de inúmeros reflexos jurídicos, inclusive na ordem internacional
● O fato de o agente ter sido condenado pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por
infringência à legislação eleitoral, não impede sua condenação por improbidade, não havendo
bis in idem.
● Não enseja reconhecimento por improbidade eventuais abusos perpetrados em abordagem
policial, caso o ofendido seja particular que não estava no exercício de função pública. O
argumento central do voto condutor do acórdão partiu, esclareça-se, de uma interpretação do
conceito de improbidade administrativa, o qual, segundo dito, teria como referencial a
ocorrência de ato de agente público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar,
causando vilipêndio aos cofres públicos ou promovendo o enriquecimento ilícito do próprio
agente ou de terceiros, efeitos inocorrentes no caso. O particular não é coisa pública, logo, não
há como praticar improbidade.
● É possível a pena de demissão à membro do Ministério Público em ação de improbidade.
● É cabível o reexame obrigatório/ remessa necessária em Ação de Improbidade
Administrativa, independentemente do valor atribuído à causa, quando julgada carente ou
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improcedente, com base na aplicação subsidiária do art. 496 do CPC/15 e analógica da


primeira parte do art. 19 da Lei n. 4.717/65. NOVO
o STJ: não cabe remessa necessária quando a ACP versa sobre direitos individuais
homogêneos, pois o direito ali discutido não possui transindividualidade e relevância
para a coletividade como um todo.
● ATENÇÃO: Artigo 89 da lei 8666 (divergência quanto ao resultado danoso STF e STJ)
o STJ: o crime do artigo 89 da Lei 8666 exige dolo específico de causar dano ao
erário a e a caracterização de efetivo prejuízo – crime material.
o STF: Deve haver DANO ou a FINALIDADE de enriquecimento ilícito, INTENÇÃO
ESPECÍFICA DE LESAR O ERÁRIO, devendo estes requisitos se situarem no
plano subjetivo. Não se exige prova de prejuízo financeiro ao erário, uma vez
que o bem jurídico tutelado não se resume ao patrimônio público, mas
coincide com os fins buscados pela CF, ao exigir que a licitação assegure
igualdade de condições a todos concorrentes.
o STF: INFO 891, março de 2017
▪ Exige especial fim de agir consistente na intenção específica de lesar o
erário ou obter vantagem indevida.
▪ Exige-se descumprimento de formalidades mais violação aos
princípios da Administração Pública: irregularidades pontuais não é
causa para tipificar. Deve violar os princípios fundamentais da
Administração Pública.
▪ Decisão amparada em parecer técnico e jurídico: não haverá crime se
498 a dispensa se deu com base em parecer, salvo se o parecerista estiver
de conluio com o administrador, o que pode ser demonstrado.
● Deve ser analisado alguns critérios para verificar se o ilícito administrativo configura
também crime do artigo 89.
o A) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a
inexigibilidade. O parecer faz que a boa-fé seja presumida, não sendo
presunção absoluta, de sorte que o dolo pode ser provado. Havendo parecer,
é possível afirmar seu dolo através dos elementos dos autos, pois o agente
pode estar de conluio com o parecerista.
o B) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de
lesar o erário ou de promover enriquecimento ilícito.
o C) a denúncia deverá descrever o vinculo subjetivo entre os agentes.
● É improbidade do artigo 10!!! – punido a título de DOLO e CULPA em caso de
improbidade – “frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
indevidamente.
o O artigo 10 da 8429, em regra, precisa da demonstração de danos ao erário,
MAS, no caso de dispensa indevida de licitação, o STJ entende que o prejuízo
ao erário é presumido, in re ipsa para configurar IMPROBIDADE (e não crime)
o Já o artigo 11 da Lei 8429 (IMPROBIDADE) exige tão somente o dolo genérico
de ferir os princípios da administração.
● Agentes de fato (vício na investidura) respondem por improbidade.
● Quando a ação improba cominar mais de um tipo de improbidade (art. 9, 10 e 11, p. ex.),
permanecerá a mais grave.
● É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de ato
ímprobo atribuído a magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar
na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições
da Corregedoria pelo órgão ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste
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depoimento pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para
apuração de suposta conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79
(LOMAN).
o A mera solicitação não se confunde com a intimação do juiz. Trata-se de um
mero pedido que pode ou não ser atendido pelo magistrado. Assim, o
Parquet pode solicitar o depoimento de magistrados em sede de inquéritos
civis, mas o juiz poderá decidir a seu critério, livre de qualquer ônus
processual, se irá comparecer ou não no depoimento
● A perda de mandato legislativo independe de votação pela casa do parlamentar quando esta
se der em virtude de condenação por improbidade administrativa, uma vez que esta suspende
os direitos políticos.
● A aplicação das penas de perda da função pública e de ressarcimento integral do dano em
virtude da prática de ato de improbidade administrativa NÃO se situa no âmbito do poder
disciplinar da administração pública, uma vez que cabe ao judiciário aplicar as penas em
virtude de IMPROBIDADE. A administração só pode aplicar as penas previstas para os atos
administrativos praticados, conforme a lei.
● Em caso de ação de improbidade administrativa que envolva dois ou mais réus, o prazo
prescricional de 5 anos previsto no art. 23 da Lei nº 8.429/92 deve ser contado de forma
individual. O art. 23 é claro no sentido de que o início do prazo prescricional ocorre com o
término do exercício do mandato ou cargo em comissão, sendo tal prazo computado
individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes, haja vista a própria natureza
subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto em tela. STJ. 2ª Turma. REsp 1230550/PR,
499 Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/02/2018.
● A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não impede a
adjudicação de um determinado bem ao credor que executa o devedor comum com
substrato em título executivo judicial.
● É cabível indisponibilidade sobre bem de família, vez que não se trata de constrição ou
penhora, mas mera indisponibilidade sobre o bem.
● A jurisprudência do STJ pacificou orientação no sentido de que a decretação de
indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da LIA não depende da individualização
dos bens pelo Parquet, podendo recair sobre aqueles adquiridos antes ou depois dos fatos
descritos na inicial, bem como sobre bens de família. ”
● A indisponibilidade pode alcançar tantos bens quantos necessários a garantir as consequências
financeiras da prática de improbidade, mesmo os adquiridos anteriormente à conduta ilícita,
excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei, salvo quando estes tenham sido,
comprovadamente, adquiridos também com produto da empreitada ímproba, hipótese em
que se resguarda apenas os essenciais à subsistência do indiciado/acusado.
● A indisponibilidade de bens poderá abranger, inclusive, o valor da multa civil.
● É firme no sentido de que a prescrição para a punição de prefeito reeleito por ato de
improbidade administrativa somente inicia a sua contagem depois do término do segundo
mandato, ainda que a conduta em análise tenha sido praticada no curso do primeiro mandato.
● O ato de improbidade vai além da mera legalidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e
qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Ou seja, a má-fé é premissa do ato
ilegal e ímprobo.
o Em suma: a ilegalidade só adquire o status de improbidade quando a conduta
antijurídica ferir os princípios constitucionais da Administração Pública e se
somar à má intenção do administrador
● Natureza jurídica: ilícito civil. STJ: a ação de improbidade tem natureza cível-administrativa.

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● À Exceção do presidente da república, poderão ser sujeitos ativos dos atos de improbidades
uma infinidade de pessoas, todo aquele que exerce qualquer função pública,
independentemente de remuneração. O presidente é julgado pelo Senado, por crime de
responsabilidade.
● Ação de improbidade típica: além do ressarcimento ao erário, objetiva a aplicação das sanções
político-civis.
● Ação de improbidade atípica: é limitada ao ressarcimento ao erário em decorrência da prática
de ato de improbidade.
● STJ: a prática de atos lesivos ao patrimônio de empresas públicas sujeita-se às disposições da
Lei 8429, por se tratar de entidade instituída e mantida com recursos públicos, bem como o
MP possui legitimidade para propositura da ação de improbidade.
● De acordo com a orientação jurisprudencial do STJ, existindo meros indícios de cometimento
de atos enquadrados como improbidade administrativa, a petição inicial da ação de
improbidade deve ser recebida pelo juiz, pois, na fase inicial prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º
da Lei nº 8.429/92, vale o princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar o maior
resguardo do interesse público (AgRg no REsp 1.317.127-ES). Assim, após o oferecimento de
defesa prévia, somente é possível a pronta rejeição da pretensão deduzida na ação de
improbidade administrativa se houver prova hábil a evidenciar, de plano: • a inexistência de
ato de improbidade; • a improcedência da ação; ou • a inadequação da via eleita.
● A suspensão do processo do artigo 315 do CPC possui caráter facultativo, não sendo uma
imposição do julgador. Assim, se tramitar ação penal, o juiz poderá ou não suspender a ação
de improbidade.
500 ● Determinado Município ajuizou Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa contra o ex-
prefeito da cidade, sob o argumento de que este, enquanto prefeito, firmou convênio com
órgão/entidade federal e recebeu recursos para aplicar em favor da população e, no entanto,
não prestou contas no prazo devido, o que fez com o que o Município fosse incluído no
cadastro negativo da União, estando, portanto, impossibilitado de receber novos recursos
federais. Esta ação de improbidade administrativa deverá ser julgada pela Justiça Federal ou
Estadual?
o Regra: compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar
ação civil pública de improbidade administrativa na qual se apure
irregularidades na prestação de contas, por ex-prefeito, relacionadas a verbas
federais transferidas mediante convênio e incorporadas ao patrimônio
municipal.
o Exceção: será de competência da Justiça Federal se a União, autarquia
federal, fundação federal ou empresa pública federal manifestar
expressamente interesse de intervir na causa porque, neste caso, a situação
se amoldará no art. 109, I, da CF/88.
● De quem será a competência para julgar ação de improbidade em caso de desvio de verbas
transferidas pela União ao Município por meio de convênio?
o Se, pelas regras do convênio, a verba transferida deve ser incorporada ao
patrimônio municipal, a competência para a ação será da Justiça Estadual
(Súmula 209-STJ).
o Ao contrário, se o convênio prevê que a verba transferida não é incorporada
ao patrimônio municipal, ficando sujeita à prestação de contas perante o
órgão federal, a competência para a ação será da Justiça Federal (Súmula 208-
STJ).

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 A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do


agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,
quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
 Atenta contra os princípios. ART. 11, X – transferir recurso a entidade privada, em razão da
prestação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou
instrumento congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990. (Incluído pela Lei nº 13.650, de 2018)

Enriquecimento ilícito Prejuízo ao Erário Atente contra


princípios
Multa Civil Até 3x do valor de Até 2x do valor do dano Até 100x o valor da
acréscimo patrimonial remuneração do agente
Suspensão de Direito 8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
Político
Contratar ou receber 10 anos 5 anos 3 anos
benefício da Adm

 A aplicação das sanções independe de aprovação/rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo TCU, bem como da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
quanto à pena de ressarcimento ao erário (prejuízo ao erário), em que deve comprovar o
501 dano.
 Em regra, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da
Lei nº 8.429/92 exige-se a presença do efetivo dano ao erário. Exceção: no caso da conduta
descrita no inciso VIII do art. 10, não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso
porque, neste caso, o dano é presumido (dano in re ipsa). STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018. Art. 10 (...) VIII - frustrar
a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
 Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo
regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de
improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de
responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal
em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade
administrativa. STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).
 STJ: aplica-se à prefeitos e governadores, exceto ao Presidente da República
(impeachment/responsabilidade/senado). Não há bis in idem nem incompatibilidade entre a
responsabilização política e criminal estabelecida no DL 201/67 (prefeitos).
 É imprescindível que no polo passivo da ACPIA esteja um agente público partícipe do ilícito
sob pena de descaracterização do ato de improbidade administrativa.
A Lei 8.429/92 determina, expressamente (arts. 1 e 3º) a responsabilização de todos, agentes
públicos ou não, que induzam ou concorram para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficiem sob qualquer forma, direta ou indireta. Contudo, não havendo agente público
concorrendo para a prática do ato de improbidade, resta ao legitimado o manejo da ACP
comum, visando ao ressarcimento dos eventuais prejuízos causados ao patrimônio público.
O STJ diz:

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a. Não figurando no polo passivo qualquer agente público, não há como o particular figurar
sozinho como réu em Ação de Improbidade Administrativa. (REsp 1155992/PA, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 01/07/2010)
b. De acordo com a jurisprudência do STJ, é inviável o manejo da ação civil de improbidade
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo
passivo da demanda. (REsp 1409940/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 04/09/2014, DJe 22/09/2014)
c. Inviável, contudo, o manejo da ação civil de improbidade exclusivamente e apenas contra
o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda. (REsp 1171017/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
25/02/2014, DJe 06/03/2014)

 O conceito de Agente Público para responsabilização por Ato de Improbidade é AMPLO.


O STJ estava a analisar a possibilidade de responsabilizar hospitais e médicos conveniados ao
SUS quando reconheceu a amplitude do conceito de agente público para responder por atos
de improbidade.
O STJ diz:
a. Deveras, a Lei Federal nº 8.429/92 dedicou científica atenção na atribuição da sujeição do
dever de probidade administrativa ao agente público, que se reflete internamente na relação
estabelecida entre ele e a Administração Pública, superando a noção de servidor público, com
uma visão mais dilatada do que o conceito do funcionário público contido no Código Penal
(art. 327). Hospitais e médicos conveniados ao SUS que além de exercerem função pública
502 delegada, administram verbas públicas, são sujeitos ativos dos atos de improbidade
administrativa. (REsp 495.933/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
16/03/2004, DJ 19/04/2004, p. 155)
b. O conceito de agente público se estende aos médicos e administradores de entidade
hospitalar privada que administram recursos públicos provindos do Sistema Único de Saúde.
Precedentes. (REsp 412.845/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado
em 25/06/2004, DJ 06/12/2004, p. 374)
Observe, ainda, que a LIA aplica-se aos agentes políticos, juízes e membros do Ministério
Público:
STJ – O Superior Tribunal de Justiça já sedimentou o entendimento de que a Lei n.
8.429/1992 se aplica aos agentes políticos; nesse sentido, vide: Rcl 2790/SC, Rel. Ministro
Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 4/3/2010.
STJ – Esta Corte Superior tem posicionamento pacífico no sentido de que não existe norma
vigente que desqualifique os agentes políticos – incluindo magistrados, para doutrina e
jurisprudência que assim os consideram – como parte legítima a figurar no pólo passivo de
ações de improbidade administrativa. Não custa pontuar, ainda, que os magistrados
enquadram-se no conceito de “agente público” (político ou não) formulado pelo art. 2º da
Lei n. 8.429/92 e, mesmo que seus atos jurisdicionais pudessem eventualmente
subsumirem-se à Lei n. 1.079/50, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no
sentido de que existe perfeita compatibilidade entre o regime especial de responsabilização
política e o regime de improbidade administrativa previsto na Lei n. 8.429/92, cabendo,
apenas e tão-somente, restrições em relação ao órgão competente para impor as sanções
quando houver previsão de foro privilegiado ratione personae na Constituição da República
vigente. (REsp 1169762/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/08/2010, DJe 10/09/2010)

 A Lei de Improbidade Administrativa se aplica a pessoas jurídicas.


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STJ – Considerando que as pessoas jurídicas podem ser beneficiadas e condenadas por atos
ímprobos, é de se concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de uma
demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios. (REsp 970.393/CE, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012)

 Não ocorrência de Litisconsórcio Passivo Necessário em ACPIA.


STJ – A posição sedimentada desta Corte apresenta-se no sentido de que, “nas Ações de
Improbidade, inexiste litisconsórcio necessário entre o agente público e os terceiros
beneficiados com o ato ímprobo, por não estarem presentes nenhuma das hipóteses
previstas no art. 47 do CPC (disposição legal ou relação jurídica unitária)” (REsp 896.044/PA,
Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 16/09/2010, DJe 19/04/2011).

 Ausência de competência por prerrogativa de foro para julgamento da ACPIA


STJ:
A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias
ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no âmbito
penal e nos crimes de responsabilidade. (AgRg na Rcl 12.514/MT, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/09/2013, DJe 26/09/2013).
STF:
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
EFEITOS INFRINGENTES. CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. 1. AÇÃO
503 CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONTRA DEPUTADO FEDERAL:
AUSÊNCIA DE FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. 2. RECEBIMENTO DA AÇÃO. REEXAME
DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO
QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE 806293 ED, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, julgado em 03/06/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 12-06-2014 PUBLIC
13-06-2014)

 Interrupção da prescrição em ACPIA a partir do mero ajuizamento da ação.


STJ – Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, interrompe-se a prescrição da
pretensão condenatória com o mero ajuizamento da ação dentro do prazo de cinco
anos contado a partir do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança, ainda que a citação do réu seja efetivada após esse prazo. (REsp
1.391.212-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014)

 Inexistência de prescrição intercorrente em ACPIA.


STJ – O art. 23 da Lei 8.429/1992, que regula o prazo prescricional para propositura da ação de
improbidade administrativa, não possui comando a permitir a aplicação da prescrição
intercorrente nos casos de sentença proferidas há mais de 5 (cinco) anos do ajuizamento ou
do ato citatório na demanda. (REsp 1289993/RO, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, julgado em 19/09/2013, DJe 26/09/2013)

 Pretensão para ressarcimento de danos por ato de improbidade é imprescritível.


STJ – A Primeira Seção do STJ firmou entendimento no sentido da imprescritibilidade da
pretensão de ressarcimento de danos causados ao Erário por atos de improbidade
administrativa. Precedentes também da Primeira e Segunda Turmas do STJ. (REsp 1312071/RJ,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/05/2013, DJe

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22/05/2013) ATENÇÃO: STF entendeu em 2018 que a imprescritibilidade é só para


IMPROBIDADE DOLOSA.

 Admissão, pelo STJ, de indisponibilidade de bens recair sobre bem de família e bens
adquiridos a qualquer tempo, inclusive antes da prática dos atos de improbidade.
STJ:
a. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, nas demandas por improbidade
administrativa, a decretação de indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da LIA
não depende da individualização dos bens pelo Parquet, podendo recair sobre aqueles
adquiridos antes ou depois dos fatos descritos na inicial, bem como sobre bens de família.
(REsp 1287422/SE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2013,
DJe 22/08/2013)
b. A decretação de indisponibilidade de bens em decorrência da apuração de atos de
improbidade administrativa deve observar o teor do art. 7º, parágrafo único, da Lei n.
8.429/92, limitando-se a constrição aos bens necessários ao ressarcimento integral do dano,
ainda que adquiridos anteriormente ao suposto ato de improbidade, ou até mesmo ao início
da vigência da referida lei. (AgRg no REsp 1191497/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 28/11/2012)
 A a ausência de notificação para apresentação da defesa preliminar prevista no art. 17, § 7º,
da Lei 8.429/92, somente causa nulidade relativa, motivo pelo qual somente será reconhecida
se comprovados eventuais prejuízos decorrentes do descumprimento da referida norma.
504  A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, “nos termos do
artigo 23, I e II, da Lei 8429/92, aos particulares, réus na ação de improbidade administrativa,
aplica-se a mesma sistemática atribuída aos agentes públicos para fins de fixação do termo
inicial da prescrição.
 “Os particulares não podem ser responsabilizados com base na LIA sem que figure no pólo
passivo um agente público responsável pelo ato questionado, o que não impede, contudo, o
eventual ajuizamento de Ação Civil Pública comum para obter o ressarcimento do Erário”
o #MPF: O Ministério Público Federal vem orientando os Procuradores a
recorrer nos presentes casos, com a finalidade de tentar alterar esta
jurisprudência. Tese: A própria Lei n. 8.429/1992 prescreve, por equiparação,
que as disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. Desse
modo, comprovado o liame objetivo e subjetivo que vincula certa pessoa física
ou jurídica à prática de improbidade, todos responderão solidariamente pela
imoralidade que será sancionada na forma da Lei n. 8.429/1992.
 O litisconsórcio necessário, nos termos do art. 47 do Código de Processo Civil, é caracterizado
pela indispensável presença de colegitimados na formação da relação processual, o que pode
ocorrer por disposição legal ou pela natureza da relação. Assim, nas ações civis de
improbidade administrativa não há de se falar em formação de litisconsórcio necessário
entre o agente público e os eventuais terceiros beneficiados com o ato de improbidade
administrativa, pois não está justificada em nenhuma das hipóteses previstas na lei.
 “O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado ou não,
está sujeito a responsabilização por ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992).
 “Não comete ato de improbidade administrativa o médico que cobre honorários por
procedimento realizado em hospital privado que também seja conveniado à rede pública de
saúde, desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde. Isso

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porque, nessa situação, o médico não age na qualidade de agente público e,


consequentemente, a cobrança não se enquadra como ato de improbidade. Para configurar
improbidade é necessário a presença de dois requisitos: a conduta ser realizada por agente
público ou pessoa a ele equiparada, no exercício do múnus público, e deve o ato se enquadrar
em improbidade administrativa.
 Consoante a jurisprudência do STJ e a doutrina pátria, notários e registradores estão
abrangidos no amplo conceito de “agentes públicos”, na categoria dos “particulares em
colaboração com a Administração”.

14.11.1.1. Indisponibilidade de bens em caso de improbidade administrativa

Se a pessoa praticar um ato de improbidade administrativa, estará sujeita às sanções previstas


no § 4º do art. 37 da CF/88, quais sejam:
• suspensão dos direitos políticos
• perda da função pública
• indisponibilidade dos bens e
• ressarcimento ao erário.
A Lei n.° 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) regulamenta as consequências no caso
da prática de atos de improbidade administrativa.
A LIA traz, em seus arts. 9º, 10 e 11, um rol exemplificativo de atos que caracterizam
improbidade administrativa.

505 • Art. 9º: atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito do agente público DOLO
• Art. 10: atos de improbidade que causam prejuízo ao erário DOLO OU CULPA
• Art. 11: atos de improbidade que atentam contra princípios da administração pública DOLO

Para garantir que a pessoa que praticou ato de improbidade responda pelas sanções do § 4º
do art. 37, da CF, os arts. 7º e 16 da Lei n.° 8.429/92 preveem a possibilidade de ser decretada
a indisponibilidade (art. 7º) e o sequestro (art. 16) dos seus bens. Veja o que diz a Lei:

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério


Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano
ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do
Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais.

A indisponibilidade de bens na improbidade administrativa consiste em medida de extrema


força estatal, conforme vocês poderão verificar mais abaixo.
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Vejamos agora os 12 pontos mais importantes relacionados com o tema:

1) Quem decreta essa indisponibilidade?


O juiz, a requerimento do Ministério Público.
A redação do art. 7º não é muito clara, mas o que a lei quer dizer é que a autoridade
administrativa irá comunicar a suposta prática de improbidade ao MP e este irá analisar as
informações recebidas e, com base em seu juízo, irá requerer (ou não) a indisponibilidade dos
bens do suspeito ao juiz, antes ou durante o curso da ação principal (ação de improbidade). Em
outras palavras, a indisponibilidade pode ser requerida como medida preparatória ou
incidental.
Quando o art. 7º fala em “inquérito”, está se referindo a inquérito administrativo, mas essa
representação pode ocorrer também no bojo de um processo administrativo ou de um
processo judicial.
Além disso, o MP poderá requerer a indisponibilidade, ainda que não tenha sido provocado
por nenhuma autoridade administrativa, desde que, por algum outro modo, tenha tido notícia
da suposta prática do ato de improbidade (ex: reportagem divulgada em jornal).
De qualquer forma, muito cuidado com a redação dos arts. 7º e 16 porque muitas vezes são
cobrados na prova a sua mera transcrição, devendo este item ser assinalado, então, como
correto.

2) Essa indisponibilidade pode ser decretada em qualquer hipótese de ato de improbidade?


Julgado do STJ e doutrina: SIM
506 Redação dos arts. 7º e 16 da LIA: NÃO. A indisponibilidade é decretada apenas quando o ato
de improbidade administrativa:
a) causar lesão ao patrimônio público; ou
b) ensejar enriquecimento ilícito.
Redação dos arts. 7º e 16 da Julgado do STJ e doutrina
LIA

NÃO. A indisponibilidade é SIM. Não se pode conferir uma interpretação literal aos arts. 7º e 16 da LIA,
decretada apenas quando o até mesmo porque o art. 12, III, da Lei n.° 8.429/92 estabelece, entre as
ato de improbidade sanções para o ato de improbidade que viole os princípios da administração
administrativa: pública, o ressarcimento integral do dano - caso exista -, e o pagamento de
a) causar lesão ao patrimônio multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente.
público; ou Logo, em que pese o silêncio do art. 7º, uma interpretação sistemática que
b) ensejar enriquecimento leva em consideração o poder geral de cautela do magistrado induz a
ilícito. concluir que a medida cautelar de indisponibilidade dos bens também pode
ser aplicada aos atos de improbidade administrativa que impliquem violação
Assim, só cabe a dos princípios da administração pública, mormente para assegurar o
indisponibilidade nas integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, se houver, e ainda a
hipóteses do arts. 9º e 10 da multa civil prevista no art. 12, III, da Lei n. 8.429/92 (AgRg no REsp
LIA. Não cabe a 1311013/RO, DJe 13/12/2012).
indisponibilidade no caso de Na doutrina, esta é a posição de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves
prática do art. 11. (Improbidade Administrativa. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011).

3) A indisponibilidade pode ser decretada antes do recebimento da petição inicial da ação de


improbidade?
SIM. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a decretação da indisponibilidade e do
sequestro de bens em improbidade administrativa é possível antes do recebimento da ação
(AgRg no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
07/03/2013, DJe 13/03/2013).

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4) Tendo sido instaurado procedimento administrativo para apurar a improbidade, conforme


permite o art. 14 da LIA, a indisponibilidade dos bens pode ser decretada antes mesmo de
encerrado esse procedimento?
SIM. É nesse sentido a jurisprudência do STJ.

5) Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o réu?
SIM. É admissível a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de
indisponibilidade e sequestro de bens, visando assegurar o resultado útil da tutela
jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário.
Desse modo, o STJ entende que, ante sua natureza acautelatória, a medida de
indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida nos autos
da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação para defesa
prévia (art. 17, § 7º da LIA).

6) Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter praticado
ato de improbidade exige-se a demonstração de fumus boni iuris e periculum in mora?
NÃO. Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido
(implícito). Assim, é desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de que os
réus estejam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a
demonstração de fumus boni iuris, consistente em fundados indícios da prática de atos de
improbidade. A medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em
uma tutela de evidência, de forma que basta a comprovação da verossimilhança das
507 alegações, pois, pela própria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o requisito do
perigo da demora.

Conforme explica o Ministro Mauro Campbell Marques, em trechos de seu voto:


“as medidas cautelares, em regra, como tutelas emergenciais, exigem, para a sua concessão, o
cumprimento de dois requisitos: o fumus boni juris (plausibilidade do direito alegado) e o
periculum in mora (fundado receio de que a outra parte, antes do julgamento da lide, cause ao
seu direito lesão grave ou de difícil reparação). (...)
No entanto, no caso da medida cautelar de indisponibilidade, prevista no art. 7º da LIA, não se
vislumbra uma típica tutela de urgência, como descrito acima, mas sim uma tutela de
evidência, uma vez que o periculum in mora não é oriundo da intenção do agente dilapidar seu
patrimônio, e sim da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, o que
atinge toda a coletividade. O próprio legislador dispensa a demonstração do perigo de dano,
em vista da redação imperativa da Constituição Federal (art. 37, §4º) e da própria Lei de
Improbidade (art. 7º). (...)
O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade, representada pelo requerente
da medida de bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou pelo entendimento
segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de conduta ímproba
lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92.
(...)
A Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou dilapidação
patrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação de dados que
tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução do produto do enriquecimento
ilícito por prática de ato ímprobo, buscou dar efetividade à norma, afastando o requisito da
demonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este, intrínseco a toda medida cautelar
sumária (art.789 do CPC), admitindo que tal requisito seja presumido à preambular garantia de
recuperação do patrimônio do público, da coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial
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ilegalmente auferido (REsp 1319515/ES, Rel. p/ Acórdão Min. Mauro Campbell Marques, 1ª
Seção, julgado em 22/08/2012).

7) Então, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja se
desfazendo de seus bens?
SIM. A indisponibilidade dos bens visa, justamente, a evitar que ocorra a dilapidação
patrimonial. Não é razoável aguardar atos concretos direcionados à sua diminuição ou
dissipação. Exigir a comprovação de que tal fato esteja ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria
difícil a efetivação da medida cautelar e, muitas vezes, inócua (Min. Herman Benjamin).
Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da indisponibilidade de bens, apesar da
excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do risco de dilapidação
do patrimônio, não é uma medida de adoção automática, devendo ser adequadamente
fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal),
sobretudo por se tratar de constrição patrimonial (REsp 1319515/ES).

8) Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes da suposta
prática do ato de improbidade?
SIM. A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto antes como depois da prática
do ato de improbidade (REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado
em 16/05/2013).

9) A indisponibilidade pode recair sobre bem de família?


508 SIM. Segundo o STJ, o caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a
determinação de sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois tal medida não
implica em expropriação do bem (REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma,
julgado em 16/05/2013).

10) A indisponibilidade é decretada para assegurar apenas o ressarcimento dos valores ao


Erário ou também para custear o pagamento da multa civil?
Para custear os dois. A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu de
modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se
em consideração, ainda, o valor de possível multa civil como sanção autônoma (STJ. AgRg no
REsp 1311013 / RO).
Vale ressaltar que é assegurado ao réu provar que a indisponibilidade que recaiu sobre o seu
patrimônio foi muito drástica e que não está garantindo seu mínimo existencial.

11) É necessário que o Ministério Público (ou outro autor da ação de improbidade), ao
formular o pedido de indisponibilidade, faça a indicação individualizada dos bens do réu?
NÃO. A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é desnecessária a
individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer recair a indisponibilidade prevista
no art. 7º, parágrafo único, da Lei n.° 8.429/92 (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/09/2012). A individualização somente é
necessária para a concessão do “sequestro de bens”, previsto no art. 16 da Lei n.° 8.429/92.

12) A indisponibilidade de bens constitui uma sanção?


NÃO. A indisponibilidade de bens não constitui propriamente uma sanção, mas medida de
garantia destinada a assegurar o ressarcimento ao erário (DPE/MA – CESPE – 2011).
 É firme naquele Tribunal Superior o entendimento de que a constrição deve incidir
integralmente sobre o patrimônio de cada agente, até, ao menos, a instrução final do feito
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em que se poderá delimitar a quota de responsabilidade de cada réu para o ressarcimento.


Assim, não é necessária uma individualização pro rata.
14.11.2. Lei anticorrupção
 Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas
pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
 Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às sociedades
simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo
societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas,
ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro,
constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente.
 Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,
transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.
 A instauração e julgamento do PAD para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica
cabem à autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. A competência de julgamento pode ser DELEGADA, vedada a SUBDELEGAÇÃO.
o Diferente da Lei 9784: Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o
processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
grau hierárquico para decidir.
 A comissão deve ser formada por DOIS servidores estáveis ou mais.
 A PJ terá 30 dias a partir da intimação para apresentação de defesa.
 Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de decorrido o prazo
509 previamente estabelecido no ato sancionador ou cumprimento integral do acordo e da
reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do órgão ou entidade
sancionadora.
 A celebração do acordo de leniência INTERROMPE (não suspende) o prazo prescricional para
apuração dos ilícitos previstos na lei.
 É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas
no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em
relação aos aderentes. Assim, por exemplo, se uma empresa celebra acordo de leniência com
o MPF aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para
as sanções que foram ajustadas no acordo. No entanto, nada impede que tais provas sejam
fornecidas (compartilhadas) para os órgãos de apuração para que sejam propostas medidas
contra as outras pessoas envolvidas nos ilícitos e que fizeram parte do acordo. STF. 2ª Turma.
Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2018 (Info 913)

14.12.Agentes Públicos: regime, concurso, previdência.
Servidores públicos. Regime constitucional. Regimes jurídicos: O servidor estatutário e o
empregado público. Cargos e Funções. Direitos e deveres dos servidores estatutários. Regime
previdenciário do servidor estatutário. Normas e princípios constitucionais. As regras de
transição. O novo regime previdenciário. O sistema de previdência complementar. Regime e
processo disciplinar.
 A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da
CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional,
pois inexiste tal requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a
acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento
deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma. RE 1094802 AgR, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018. STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel. Min.

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Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp 1746784/PE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/08/2018.
 Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do
serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
 Motivação para demissão de EMPREGADO PÚBLICO:
o STF: não há estabilidade, mas deve haver motivação somente para CORREIOS,
conforme decisão recente de 2018 do STF.
 A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado
de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do
agente estatal investido do poder de demitir.
o TST: Só o ECT possui estabilidade, podendo demitir sem motivação na EP e
SEM.
 Inconstitucional autorização legislativa genérica para contratação temporária e a permissão de
prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias.
 Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do
servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de
greve.
 A iniciativa para legislação de revisão geral anual aos servidores públicos é discricionário do
Chefe do Poder Executivo, não cabendo ao Judiciário suprir sua omissão. Incabível indenização
por representar a própria concessão de reajuste sem previsão legal. STF.
 Súmula 339 STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar o
510  vencimento dos servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Não sendo possível, pela via do controle abstrato, obrigar o ente público (Poder Executivo) a
tomar providências legislativas necessárias (encaminhar projeto de lei) para prover omissão
declarada inconstitucional - na espécie, o encaminhamento de projeto de lei de revisão geral
anual dos vencimentos dos servidores públicos -, com mais razão não poderia fazê-lo o Poder
Judiciário, por via oblíqua, no controle concreto de constitucionalidade, deferindo pedido de
indenização para recompor perdas salariais em face da inflação. CAIU NO TRF2/2018
 A Lei nº 11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das carreiras do
magistério público da educação básica deve corresponder ao piso salarial profissional nacional,
sendo vedada a fixação do vencimento básico em valor inferior, não havendo determinação
de incidência automática em toda a carreira e reflexo imediato sobre as demais vantagens e
gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações estiverem previstas nas
legislações locais.
 O regime de subsídio não é incompatível com o pagamento de férias e décimo terceiro salário.
Os agentes políticos, como prefeito e vice-prefeito, não devem ter tratamento melhor e nem
pior do que a dos demais trabalhadores. Não se mostra razoável que eles não tenham décimo
terceiro e terço de férias, uma vez que todos os trabalhadores possuem.
 Servidores efetivos são exceção à súmula vinculante 13, uma vez que não podem ser
prejudicados pela relação de parentesco, já que passaram por severas avaliações em concurso
público. Assim, podem trabalhar em mesmo órgão ou estar na linha hierárquica de algum
parente.
 “É constitucional a reserva de 20% (negros) das vagas oferecidas nos concursos públicos para
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da Administração Pública Direta
e Indireta. É FEDERAL, para todos os PODERES DA UNIÃO.
o É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de
heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e
garantidos o contraditório e a ampla defesa.

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o A reserva de vagas vale para todos os órgãos e, portanto, para todos os


Poderes da União.
o Os Estados e os Municípios não estão obrigados por essa lei, mas serão
consideradas constitucionais as leis estaduais e municipais que adotarem essa
mesma linha.”
o Além dos critérios de autoidentificação nas cotas de concurso público, a
administração pode criar critérios de heteroidentificação para combater
fraudes.
 A administração pode monitorar o conteúdo do e-mail corporativo de seus servidores.
 Prazo decadencial do MS para valores reduzidos e suprimidos do vencimento do servidor
público:
o Redução: renova-se mês a mês, é de trato sucessivo, sendo devido por
precatório o valor desde a impetração do mandamus.
o Supressão: não configura relação de trato sucessivo, e não se renova mês a
mês.
 STJ: Não há óbice na contratação de servidor temporário para outra função pública, por outro
órgão, sem relação de dependência com aquele que o contratara anteriormente, precedida
por processo seletivo equiparável a concurso público. A vedação do artigo 9º, III, da Lei nº
8.745/93 não se aplica em caso de órgão diferente e outra função. É vedada a contratação
temporária por processo seletivo simplificado dentro de 24 meses para a mesma entidade. A
vedação também não se aplica na contratação temporária de professor substituto para
instituições de ensino distintas.
511 o “É compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exija o
transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados do término do contrato,
antes de nova admissão de professor temporário anteriormente contratado.”
 E.P e S.E.M, se não receberem verbas dos entes federativos para pagamento de despesas de
pessoal ou custeio em geral, NÃO SE APLICA O TETO REMUNERATÓRIO. Artigo 39, §9 da CF.
 A EC 41/2003 que instituiu o teto remuneratório possuiu retroatividade, de modo que não foi
possível o argumento de irredutibilidade salarial para desrespeitar o novo teto. Assim, os
pagamentos superiores ao teto após a EC 41 foram declarados inconstitucionais, entretanto,
foram mantidos através de modulação os pagamentos feitos após a EC 41.
 REGRA: A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrente do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude de suspensão
do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta
ilícita do Poder Público.
o A Administração Pública deverá descontar os dias parados, salvo ilegalidade, e
PODERÁ celebrar um acordo para a compensação. Mas, como sobredito, se o
servidor quiser parcelar, a Administração ficará obrigada
 O STF reconheceu a inconstitucionalidade da expressão “percebidos cumulativamente ou não”
para aplicação de teto remuneratório, devendo ser aplicado o teto em cada cargo cumulável,
isoladamente. Portanto, é errado dizer “não se aplica o teto quando os cargos são
cumuláveis”, pois o teto é aplicado, mas isoladamente em relação a cada um dos cargos.
 Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes
de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de
força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade. Repercussão
geral.
o É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que
esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão
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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

expressa em edital do concurso público.STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel.


Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral).
 A AGU pode defender o servidor público quando este atua em legalidade, vez o ato é
imputado ao próprio ente. De outro lado, incabível a defesa quando é imputado crime contra
a Administração, uma vez que a conduta não é imputável ao Estado. A responsabilidade penal
é pessoal por excelência, não havendo interesse público em eventual defesa. Artigo 22 da Lei
9028.
 É constitucional o percentual de 11,98% na remuneração do servidor sob o argumento de ter
havido equivocada conversão do Cruzeiro Real em URV, pois não representa aumento de
remuneração, mas reconhecimento da ocorrência de indevido decréscimo no momento da
conversão da moeda.
 O cargo em comissão de Diretor do Departamento de Gestão da Dívida Ativa da PGFN não é
privativo de bacharel em direito, e PODE ser ocupada por pessoa estranha a esse órgão.
 Contratação por necessidade temporária e excepcional de serviço público ser feito por meio
de processo seletivo simplificado.
o Porém, no caso de calamidade pública, emergência ambiental e emergência
em saúde pública, a contratação não irá precisar nem mesmo de processo
seletivo.
 A transformação de benefício incorporado ao salário do servidor calculada em percentual, para
valor fixo, NÃO OFENDE direito adquirido dos servidores que recebiam o benefício calculado
em percentual, desde que a transmudação da gratificação em percentual para valor fixo não
reduza o montante GLOBAL da remuneração dos servidores. NÃO HÁ DIREITO ADQUIRIDO A
512 REGIME JURÍDICO, NEM A FÓRMULA DE CÁLCULO DE SUA REMUNERAÇÃO.
o A constituição só assegura a irredutibilidade de vencimentos.
 TERCEIRIZAÇÃO (outsorcing) no serviço público – STF – Repercussão Geral: terceiriza-se
quando os custos de aquisição do serviço no mercado são inferiores àqueles que se
verificariam se produzido internamente pela pessoa jurídica. Portanto, há uma análise dos
custos de transação.
o A terceirização é permitida pela Constituição, pelo particular, em homenagem
à livre iniciativa e consectários, bem como para a administração, em
homenagem à eficiência, de modo que atinja seus fins por meios legais menos
onerosos.
o O STF demonstrou que tanto na prática quanto na teoria internacional, é
rechaçado o argumento de que a terceirização importa em precarização das
relações de trabalhos.
o O artigo 71 da Lei 8666 é expresso em vedar a transferência da
responsabilidade do contrato para a Administração Pública nas hipóteses de
inadimplência do contratado por suas obrigações (trabalhistas, fiscais e
comerciais), nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a
regularização e o uso das edificações, inclusive perante o registro de imóveis.
o O STF, no RE 760.931, reiterou o que já decidiu na ADC 16, declarando
constitucional o referido artigo.
o Hipóteses em que a Administração pode ser responsabilizada, segundo o
STF: em regra, é vedada a transferência automática de responsabilidade para a
Administração, quer seja solidária ou subsidiária.
o O STF inadmite a presunção de culpa da Administração na eleição do
contratado, motivo pelo qual a Súmula 331 do TST que trata sobre a
responsabilidade da Administração não merece mais prosperar.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o Para que haja a transferência da responsabilidade para a Administração deve


haver a concreta demonstração da omissão da Administração em fiscalizar o
contrato.
o É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre
pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.
Os itens I e III da Súmula 331 do TST são inconstitucionais. STF. Plenário. ADPF
324/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29 e 30/8/2018 (Info 913). STF.
Plenário. RE 958252/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29 e 30/8/2018
(repercussão geral) (Info 913).
o
 TETOS: é possível que as constituições estaduais criem subtetos estaduais, que serão as
remunerações dos desembargadores, ressalvado os parlamentares, pois a Constituição
Federal que regula a remuneração dos Deputados Estaduais.
o Teto único estadual: previsto na CE e limite da remuneração dos
desembargadores, “limitados à 92,5% do teto do STF”. O STF declarou tal
parte inconstitucional, pois criou diferença entre os juízes estaduais e os juízes
federais, uma vez que não há tal limite para Juízes Federais, e o Poder
judiciário é NACIONAL.
o Deputados estaduais: 75% do deputado federal.
o Vereadores: escalonado
513  Em regra, é vedada a contratação por tempo determinado para atender necessidade
temporária de excepcional interesse público para o exercício de atividades permanentes do
órgão ou entidade e que devam estar sob o espectro das contingências normais da
administração, no entanto não há violação à regra na hipótese de haver crescente número de
demandas e elevado passivo de processos parados junto ao órgão administrativo, justificado o
excepcional interesse público. Nesse caso, não está sob o espectro das contingências normais
da administração.
o Segundo decidiu o STJ, excepcionalmente, admite-se a contratação por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse
público (art. 37, IX, da CF/88) ainda que para o exercício de atividades
permanentes do órgão ou entidade. No caso concreto, as contratações
temporárias se fazem necessárias em decorrência do crescente número de
demandas e do enorme passivo de procedimentos administrativos que estão
parados junto à ANS. Ademais, o quadro de pessoal da agência já está
completo, inexistindo, portanto, cargos vagos para a realização de concurso
público.
 ATENÇÃO: SIM, É POSSÍVEL a contratação de profissionais da advocacia pela Administração
pública, mediante procedimento de inexigibilidade de licitação, devendo demonstrar a
singularidade do serviço prestado e a notória especialização.
 Vedado greve em qualquer área de segurança pública.
 Artigo 19-A da lei 8036 (FGTS): É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador
cujo contrato de trabalho seja declarado NULO nas hipóteses previstas no artigo 37, §2º, da
Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário.
o O dispositivo tem caráter declaratório de direitos, que emanam diretamente
da Constituição Federal.
o O dispositivo se aplica à pagamentos referentes a período anterior a sua
edição.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu


em razão de atos de exceção praticados durante o regime militar. Esta pretensão é
considerada imprescritível considerando que envolve a efetivação da dignidade da pessoa
humana. Vale ressaltar, contudo, que a imprescritibilidade da ação que visa reparar danos
provocados pelos atos de exceção não implica no afastamento da prescrição quinquenal sobre
as parcelas eventualmente devidas ao autor. Não se deve confundir imprescritibilidade da
ação de reintegração com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e funcionais dela
decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia ter buscado seu direito
desde a publicação da Constituição da República. Em outras palavras, o recebimento dos
“atrasados” ficará restrito aos últimos 5 anos contados do pedido. STJ. 1ª Turma. REsp
1.565.166-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018 (Info 630).
 SV 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o
abono utilizado para se atingir o salário mínimo.
o Abono é um valor que o Estado coloca na folha para se atingir o salário
mínimo.
o Em cada aumento do salário mínimo, o abono ia aumentar, pois não
necessariamente aumenta-se o vencimento base (que é menor do que um
salario mínimo). Assim, as gratificações, que são em percentuais, não incidem
sobre este abono.
 Não deve ser determinada a devolução de valores recebidos de boa-fé por servidor público,
percebidos a título precário no período em que liminar produziu efeitos. É desnecessária a
devolução dos valores recebidos por liminar revogada, em razão de mudança de
514 jurisprudência. Também é descabida a restituição de valores recebidos indevidamente,
circunstâncias em que o servidor público atuou de boa-fé. STF. 1ª Turma. MS 32.185/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 13/11/2018 (Info 923)
o STJ diverge. Diz que a decisão é precária, de modo que o servidor tinha noção
de que a liminar poderia ser revogada, havendo o dever de restituir o erário.
 Em caso de ação rescisória diz não ser necessário o pagamento.
o As quantias percebidas pelos servidores em razão de decisão administrativa
dispensam a restituição quando: a) auferidas de boa-fé; b) há ocorrência de
errônea interpretação da Lei pela Administração; c) ínsito o caráter alimentício
das parcelas percebidas, e d) constatar-se o pagamento por iniciativa da
Administração Pública, sem participação dos servidores. STF. 1ª Turma. MS
33976 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/11/2017.
o Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente
percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em
virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade,
ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e
supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do
caráter alimentar das parcelas salariais.
o Súmula 34-AGU: Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé
pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada
interpretação da lei por parte da Administração Pública.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos interinos de serventias


extrajudiciais(STF AMBAS AS TURMAS)
o O titular interino não atua como delegado do serviço notarial e de registro
porque não preenche os requisitos para tanto; age, em verdade, como
preposto do Poder Público e, nessa condição, deve-se submeter aos limites
remuneratórios previstos para os agentes estatais, não se lhe aplicando o
regime remuneratório previsto para os delegados do serviço público

515 extrajudicial. STF. 1ª Turma. MS 30180 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
21/10/2014.
o Aplica-se a quem detém interinamente a serventia extrajudicial a limitação do
teto prevista no art. 37, XI, da Constituição. STF. 2ª Turma. MS 29083 ED-ED-
AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Rel. p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
16/05/2017
14.12.1. Concurso Público
 Incabível habeas data para ter acesso aos critérios utilizados na correção de provas em
concurso público.
 A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público,
desde que anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito
líquido e certo dos candidatos inscritos. Ex: o edital inicial dizia que, no dia da prova de esforço
físico, o teste de equilíbrio seria o primeiro e a corrida o último; depois foi publicado um novo
edital alterando a ordem.
 Os candidatos possuem direito à segunda chamada nos testes físicos em concursos públicos?
REGRA: NÃO. Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda
chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter
fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade.
STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013 (repercussão
geral) (Info 706). EXCEÇÃO: as candidatas gestantes possuem. É constitucional a remarcação
do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização,
independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE
1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral) (Info 924).
 O fato de o edital não fazer menção expressa que exigiria do candidato o conhecimento acerca
do entendimento dos Tribunais Superiores não é, por si só, óbice que impeça a banca
examinadora de promover a cobrança de assuntos de forma multidisciplinar. Os concursos,

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

não raras vezes, exigem dos candidatos a capacidade de examinar a matéria sob o ponto de
vista de um sistema de normas, diplomas e posicionamentos jurisprudenciais que se
relacionam entre si. STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 50769/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 01/03/2018.
 É válida a realização do exame psicotécnico em concursos públicos desde que cumpridos os
seguintes requisitos: a) o exame precisa estar previsto em lei e no edital; b) deverão ser
adotados critérios objetivos no teste; c) o resultado deve ser público com a possibilidade de o
candidato prejudicado apresentar recurso. Se exame psicotécnico não adotou critérios
objetivos ou não permitia a possibilidade de recurso, a providência correta não será a simples
aprovação do candidato outrora reprovado, mas sim a realização de nova avaliação pautada
por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa. É incabível a providência de se determinar
a posse candidato no cargo, pois não se pode suplantar a fase do concurso relativa ao exame
psicotécnico, para garantir judicialmente a nomeação do candidato. Nessa hipótese, deve ser
realizado novo exame, compatível com as deficiências do candidato, bem como que atenda
aos critérios de objetividade, cientificidade e possibilidade de recurso. STJ. 2ª Turma. AgInt no
RMS 51809/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 01/03/2018.
 Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em
razão da subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a
legitimidade passiva será da entidade federativa responsável pela elaboração do certame.
Não é contra a banca.
 É possível a discriminação na administração pública, desde que fundamentada e compatível
516 com o caso. Assim, a lei pode, sem violação do princípio da igualdade, distinguir situação, a fim
de conferir um tratamento diverso do que atribui a outra. Para que possa fazê-lo, contudo,
sem que tal violação se manifeste, é necessário que a discriminação guarde compatibilidade
com o conteúdo do princípio.
o Requisitos em concurso público: previsto em lei da carreira, compatível com
as atribuições do cargo, previsto no edital do concurso.
o Psicotécnico em concursos: previsto em lei da carreira, necessários
parâmetros objetivos, deve ser conferido direito a recurso.
o A imposição de discrímen de gênero para fins de
participação em concurso público somente é compatível com a Constituição
nos excepcionais casos em que demonstradas a fundamentação proporcional
e a legalidade da imposição, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia
 A alteração do número de vagas de concurso no decorrer do processo seletivo, impedindo
candidato aprovado dentro do número de vagas anteriormente previsto, viola os princípios da
segurança jurídica e da confiança.
 Candidato aprovado em concurso público para formação de cadastro de reserva não tem
direito subjetivo à nomeação, mas mera expectativa.
o STJ: candidato aprovado em primeiro lugar tem direito à nomeação, ainda que
em cadastro de reserva. Superada em 2016 pelo STJ.
 Candidato aprovado fora do número de vagas e houver desistência de candidato melhor
classificado já nomeado, há direito subjetivo a nomeação.
 O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à
nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja
manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não
tenha restrição orçamentária. STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 13/06/2018 (Info 630).

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 Prorrogação da validade de concurso público é ato discricionário da administração.


 O candidato de concurso cuja nomeação tardia decorreu por força de decisão judicial NÃO
tem direito à indenização pelo tempo que aguardou a solução definitiva pelo Judiciário.
o Também NÃO TEM DIREITO à PROMOÇÃO RETROATIVA
o Esse entendimento aplica-se mesmo que o erro tenha sido reconhecido
administrativamente, e não pelo judiciário. Assim, ainda que a demora tenha
origem em erro reconhecido pela própria administração, a nomeação tardia
não gera direito à indenização.
o STJ e STF consagra a compreensão de que o pagamento de remuneração e a
percepção de demais vantagens por servidor público pressupõe o efetivo
exercício no cargo, sob pena de enriquecimento sem causa, não havendo que
se falar em danos. Ademais, a administração reconhecer seus erros é
autotutela, não podendo se falar que o fato de o erro ter sido reconhecido
pela administração e não pelo judiciário, ensejaria indenização.
o EXCEÇÃO: arbitrariedade flagrante.
 O prazo decadencial para impetrar MS contra limite de idade em concurso público conta-se da
ciência do ato administrativo que determina a eliminação do candidato, e não da publicação
do edital.
 A banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados das provas, deve
demonstrar, de forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital
foram devidamente considerados, sob pena de nulidade da avaliação. As informações
517 constantes dos espelhos de provas subjetivas representam a motivação do ato administrativo,
consistente na atribuição de nota ao candidato. Essa motivação deve ser apresentada
anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a
motivação posterior, isso pode dar ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem motivações.
Não é legítima a conduta da banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a
motivação das notas após ser contestada na via judicial ou administrativa. Destaque-se
também que não há fundamentação válida se a banca apenas divulga critérios muito
subjetivos e a nota global dos candidatos, desacompanhados do padrão de resposta e das
notas atribuídas para cada um dos critérios adotados.
 É inconstitucional a contratação, sem concurso público, após a instalação da Assembleia
Constituinte, de advogados para exercerem a função de Defensor Público estadual. Tal
contratação amplia, de forma indevida, a regra excepcional do art. 22 do ADCT da CF/88 e
afronta o princípio do concurso público.
 É possível a Administração afastar do cargo público servidor cuja nomeação ocorreu quando já
findo o prazo de validade do concurso, caso ultrapassado o prazo decadencial de cinco anos
para Administração anular os atos administrativos dos quais decorram efeitos favoráveis para
os administrados. Não houve legitimidade na convocação para investidura.
 No julgamento da ADI 3721, o Plenário definiu que as hipóteses de “licença para tratamento
de saúde” e “cursos de capacitação” indicam ocorrências alheias ao controle da Administração
Pública cuja superveniência pode resultar em desaparelhamento transitório do corpo
docente, permitindo reconhecer que a emergencialidade está suficientemente demonstrada.
 Súmula 522 STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência
para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

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14.12.2. Aposentadoria – Regime Jurídico – RPPS


● É legítimo o pagamento do abono de permanência ao servidor público que opte por
permanecer em atividade após o preenchimento dos requisitos para concessão da
aposentadoria voluntária especial.
● O tempo de serviço prestado por servidor público federal em empresa pública ou sociedade
de economia mista, conta-se apenas para efeitos de aposentadoria e disponibilidade, sendo
que para o cômputo para outros fins é necessária a autorização expressa de lei.
● O STJ já decidiu que “é possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego
público com remuneração proveniente de exercício de cargo temporário.”
o O que não pode é cumular percepção de vencimento de cargo/emprego
público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando forem
acumuláveis em atividade, nos termos da CF.
o Ademais, aposentadoria pelo RGPS/CLT (empregado privadol) pode ser
cumulada com futuro emprego/cargo público. O que é vedado é
aposentadoria de cargo EFETIVO com remuneração de cargo, emprego, função
pública não compatível, nos termos da CF.
● Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de
serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e
não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos.”
● Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor
público baseada no inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais

518 que prejudiquem a saúde ou a integridade física), não abrangendo as hipóteses do incisos I
(deficientes) e II (atividades de risco). SV33= aplicam-se ao servidor público, no que couber, as
regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo
40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.
APOSENTADORIA ESPECIAL de SERVIDOR PÚBLICO.
o “No que couber”: Não se pode aplicar as regras de conversão do tempo
especial em tempo comum, previstas para os trabalhadores em geral (RGPS),
para os servidores públicos, considerando que a lei que vier a ser editada
regulamentando o art. 40, § 4º, III da CF/88 não estará obrigada a conceder
este fator de conversão aos servidores.
● Abono de permanência é remuneração, compondo base de cálculo de licença-prêmio não
gozada.
● Havia um artigo na lei 8112 que dizia que o servidor que tivesse tempo de serviço para
aposentadoria com provento integral seria aposentado com a remuneração do padrão de
classe imediatamente superior àquela em que se encontra posicionado. Nessa época, o STF
entendia que o dispositivo era CONSTITUCIONAL, apenas vedando que a classe superior fosse
de carreira diversa. Entretanto, tal artigo foi REVOGADO em 1997.
● Não há óbice a que um servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e
exoneração, uma vez que não se trata de vínculo efetivo com a Administração.
● O servidor aposentado que comete infração quando ainda na ativa está sujeito a aplicação da
pena de cassação de aposentadoria. Cabe no caso de servidor aposentado cuja pena é
demissão.
● Vedado percepção de aposentadoria e vencimento de cargos inacumuláveis. Só pode perceber
dessa maneira, quando os cargos forem acumuláveis, cargos eletivos ou cargos em comissão.
● A demora injustificada da Administração em analisar o pedido de aposentadoria do servidor
público gera o dever de indenizá-lo, considerando que, por causa disso, ele foi obrigado a

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continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o necessário. Exemplo de demora
excessiva: mais de 1 ano.
● A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo titular do abono de
permanência, não implica a cessação do benefício.
● A EC 20/98 só proibiu cumulação de 2 aposentadorias do RPPS civil. Não proibiu aposentadoria
militar + aposentadoria civil. Assim, é possível que caso o servidor morra, a esposa receba 2
pensões, uma civil e outra militar.
● Integralidade é igual a remuneração da ativa. Proventos integrais é o cálculo feito que
demonstra não ser proventos proporcionais.
● A jornada de trabalho do MÉDICO servidor público é de 4 horas diárias e de 20 horas semanais,
nos termos da Lei nº 12.702/2012. A jornada de trabalho do ODONTÓLOGO servidor público é
de 6 horas diárias e de 30 horas semanais, nos termos do DL 2.140/84. Essas regras acima
explicadas não se aplicam no caso de médicos e odontólogos que ocupem cargo em comissão
ou função de confiança, considerando que, neste caso, terão que cumprir a jornada normal de
trabalho.
● IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
● Constatada a concessão e a incorporação indevidas de determinada gratificação especial aos
proventos de servidor público aposentado, deve a administração suprimi-la em respeito ao
princípio da autotutela, sendo necessária a prévia instauração de procedimento
administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
● Servidor que recebeu auxílio-moradia com base em declaração falsa terá que ressarcir o erário,
519 ainda que já passado 5 anos, uma vez que trata-se de ato de má-fé.
● Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de
aposentadoria do servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários,
adicional noturno e adicional de insalubridade. STF. Plenário. RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 11/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).

14.12.3. Lei 8.112/91


● A insubordinação grave em serviço é causa ensejadora da penalidade de demissão.
● Licença adotante possui o mesmo prazo da licença maternidade. Inconstitucional prazos
diferentes. Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-
gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante,
não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada.
● É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo
disciplinar. Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão do
servidor, em processo administrativo, independente de processo judicial prévio.
● É possível à Administração Pública iniciar investigações contra o servidor público com base em
denúncia anônima, em razão do poder-dever de investigação.
● Teoria do fato consumado não se aplica:
o Atos administrativos inconstitucionais.
o Remoções ilegais.
o Posse em cargo público por decisão judicial precária.
o ATENÇÃO/EXCEÇÃO: se o candidato tomou posse por decisão judicial precária
e ele se aposenta antes da sentença definitiva que revoga sua posse, não pode
ocasionar cessação da aposentadoria. Ele contribuiu efetivamente ao sistema.
● O servidor que receber verba da administração, por equívoco desta, de boa-fé, não é obrigado
a ressarcir. Princípio da legítima confiança.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Não deve constar dos assentamentos individuais de servidor público federal a informação de
que houve a extinção da punibilidade de determinada infração administrativa pela prescrição.
● Caso não tome posse em 30 dias: nomeação é tornada sem efeito.
● Caso tome posse e não entre em exercício em 15 dias: exoneração
● Aproveito o DISPONÍVEL
● Reintegro o DEMITIDO
● Reverto o APOSENTADO
● Reconduzo o INABILITADO
● Readapto o INCAPACITADO
● Em caso de o ordenamento jurídico do estado ser omisso quanto ao instituto da recondução, o
STJ entende que não é cabível aplicação do instituto por analogia ao da lei 8112.
o Só cabe analogia aos direitos de cunho constitucional.
o Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por analogia, a Lei
n.º 8.112/90 aos servidores públicos estaduais e municipais se houver
omissão, na legislação estadual ou municipal sobre direito de cunho
constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal situação não gere o
aumento de gastos.
● A sindicância NÃO é pré-requisito para instauração de PAD. Uma vez verificada elementos
quanto à autoria e a materialidade da prática de determinado ilícito funcional, a Administração
Pública poderá dispensar a sindicância.
● Servidor público que responde PAD e passar a ocupar outro cargo público, ainda que no
mesmo Poder, não pode ser demitido no segundo cargo, por infração cometida no primeiro
520 cargo.
● A alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o
indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais.
● PAD de servidor CEDIDO:
o Preferencialmente instaurado e instruído pelo órgão em que está em
exercício.
o Obrigatoriamente julgado pelo órgão de origem.
● É possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao servidor logo após o
julgamento do PAD e ANTES do julgamento do recurso administrativo cabível, tendo em
vista o atributo da autoexecutoriedade que rege os atos administrativos e que o recurso
administrativo, em regra, carece de efeito suspensivo, ex vi do artigo 109 da 8112.
● É possível iniciar as investigações em PAD contra o servidor em razão de denúncia anônima,
desde que seja seguida de diligências para verificar a procedência dos fatos narrados
anonimamente. Precedentes do STF.
● Prescrição de infração administrativa: A pretensão punitiva da Administração Pública em
relação à infração administrativa que também configura crime em tese, somente se sujeita ao
prazo prescricional criminal quando instaurada a respectiva ação penal. Do contrário, é o prazo
de 5 anos contados da data do conhecimento do fato até a instauração do PAD.
o Quando é crime, o prazo prescricional só passa a existir após o término da
ação penal para fins de alegação de prescrição da pretensão punitiva.
● PAD pode ser revisto a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência ou inadequação da penalidade
aplicada.
● No artigo 64 da lei do PAD diz que se houver reformatio in pejus deverá intimar a parte para
formular alegações antes da decisão.

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● PAD possui prazo para conclusão de 60 dias admitida sua prorrogação por igual período,
porém, o excesso de prazo, por si só, não é causa de nulidade, quando não indicado o prejuízo
para a defesa. STJ.
o O prazo prescricional suspenso com a abertura do processo administrativo
disciplinar voltará a contar após 140 dias da abertura do processo. Isso
porque esse é o prazo máximo para encerramento desse tipo de processo,
segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo
Tribunal Federal (STF).
● Súmula 592 STJ: o excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só
causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
● STJ: é possível utilizar, em PAD, como prova emprestada, interceptação telefônica produzida
em ação penal, desde que 1) o juízo criminal autorize e 2) sejam observadas as diretrizes da Lei
nº 9.296/96. Precedente: MS 16.146. Súmula 591.
● Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar,
desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a
ampla defesa.
● A autoridade julgadora NÃO ESTÁ ATRELADA às conclusões propostas pela comissão, podendo
delas discordar, MOTIVADAMENTE, quando o relatório contrariar a prova dos autos, nos
termos do art. 168 da Lei 8.112/90 (STJ MS 16.174/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção,
julgado em 14/12/2011).
● O servidor que responder à processo disciplinar só poderá ser EXONERADO a pedido, ou
APOSENTADO voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da
521 penalidade, acaso aplicada.
● Somente o PRESIDENTE da comissão do PAD deve ter cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. Entretanto, todos devem
ser estáveis no serviço público, e não no cargo.
● O total das consignações em folha não podem ultrapassar 35% mensal, sendo que 5% é
reservado exclusivamente para cartão de crédito ou saque por meio de cartão de crédito.
● O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua
aposentadoria ou indisponibilidade cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar o débito, sob
pena de inscrição em dívida ativa.
14.12.4. Competência de ações envolvendo servidores
● A competência da Justiça do Trabalho não abrange as causas instauradas entre o Poder Público
e o servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. Assim, a competência é
definida pela natureza jurídica existente entre o trabalhador e o Poder Público ao tempo da
propositura da ação, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período
celetista, quando da vigência de dois regimes para servidores, suspenso em ADIn. (STF,
Plenário, 22/09/2016) – nesse caso houve o concurso público, portanto é servidor.
o Superado o entendimento da OJ 138 SDI-1, que dispõe que compete à Justiça
do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previsto na legislação
trabalhista a período anterior à Lei n. 8112/90, mesmo que a ação tenha sido
ajuizada a pós a edição da referida lei.
● Para determinação de competência, deve ser averiguada a natureza da relação de fundo
mantida entre o servidor e a Administração, ainda que a causa de pedir específica esteja
relacionada ao desvirtuamento ou à existência de vícios na origem da relação jurídico-
administrativa (fraude, simulação, ausência de concurso).
o Assim, compete a Justiça Comum examinar previamente a existência, validade
e eficácia do vínculo jurídico-administrativo existente entre o servidor e a

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Administração Pública, a fim de reconhecer o liame trabalhista, acaso constate


a presença de vício a macular a relação administrativa.
● O servidor contratado anteriormente à CF, sob o regime celetista e sem concurso público,
permanecerá na condição de empregado, mesmo após a edição da norma estadual prevendo a
conversão do regime jurídico para público, e ainda que tenho adquirido estabilidade nos
termos do artigo 19 do ADCT, porquanto não se submeteu a concurso público. (A estabilidade
só cabe para servidores públicos civis, empregados públicos não)
o Assim, compete à Justiça do Trabalho examinar pedido de empregado público
admitido sem concurso público antes da CF 88, sob regime celetista, não
obstante a superveniência de legislação instituindo a conversão de seu regime
jurídico para estatutário. (Logo, antes da CF 88, o servidor contratado sob o
regime celetista e sem concurso público, ainda que venha legislação alterando
o regime para estatutário, permanecerá sendo celetista, de modo que se
considera NULA a convolação do regime jurídico.
● COMPETE À JUSTIÇA DO TRABALHO processar e julgar ações em que se discute o direito às
verbas trabalhistas relativas ao período em que o servidor mantinha vínculo celetista com a
Administração Pública antes da transposição para o regime estatutário.
o Servidores celetistas, contratados sem concurso, anteriormente à CF88,
podem adquirir a estabilidade do artigo 19 do ADCT, mas continuarão sendo
celetistas caso lei posterior converta seu regime jurídico, conforme explicações
acima.

522 ● A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de
servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações
públicas.
● Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da
Constituição de 1988 sem prestar concurso.
● Posição para concursos
o O tema, como visto, está polêmico. Caso seja cobrado nas provas, penso que
será exigida a redação literal daquilo que foi divulgado nos informativos ou nas
ementas oficiais. Portanto, memorize essas duas conclusões que, se
aparecerem nas provas, estarão corretas:
o Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no
serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso. STF.
Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info
839).
o Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos
de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior
ao advento do regime jurídico único. Reconhecido que o vínculo atual entre
o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum
processar e julgar a causa. É a natureza jurídica do vínculo existente entre o
trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que
define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia,
independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período
celetista.

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14.13.Licitações e contratos
Licitações. Fundamento constitucional. Conceito e modalidades. O regime de licitações e
alterações. Dispensa e inexigibilidade. Revogação e anulação, hipóteses e efeitos. Pregão e
consulta. O Registro de preços. Contratos administrativos. Conceito e características.
Invalidação. Principais espécies de contratos administrativos. Inexecução e rescisão dos
contratos administrativos.
● A força maior e caso fortuito são motivos para a rescisão do contrato administrativo, porém,
há condicionante legal no sentido de que elas devem ser impeditivas à execução do contrato.
Não havendo tal impedimento, não pode ser utilizado esse dispositivo para justificar a
rescisão.
● Para contratar com a administração, na fase de HABILITAÇÃO deve ser demonstrada a
regularidade FISCAL e TRABALHISTA.
● Para que a pessoa possa participar de licitações e contratar com a Administração Pública é
necessário que comprove sua regularidade fiscal, ou seja, a inexistência de débitos com o
Poder Público. Essa regularidade fiscal não é exigida apenas no momento da licitação
(habilitação) e contratação, persistindo durante toda a execução do contrato.
o No entanto, segundo o STJ, é ilegal reter o pagamento devido a fornecedor
em situação de irregularidade perante o Fisco. Essa prática não é permitida,
considerando que não existe autorização na Lei para que seja feita (viola o
princípio da legalidade).
o No caso de falta de regularidade fiscal durante a execução do pacto, a Lei de

523 Licitações autoriza que o Poder Público imponha penalidades ao contratado


(art. 87) ou rescinda o contrato.
● A Lei nº 8.666/93 prevê o seguinte: “Art. 7º (...) § 2º As obras e os serviços somente poderão
ser licitados quando: III — houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o
pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício
financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;” Para que seja atendido o inciso
III do § 2º do art. 7º da Lei de Licitações, não se exige a disponibilidade financeira, mas tão
somente que haja previsão destes recursos na Lei Orçamentária.
● É lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu acervo
técnico, com um profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar àquele em
licitação, já tenha atuado em serviço similar.
● Licitação deserta: não comparecerem interessados. Se a licitação não puder ser feita
novamente sem prejuízo para a Administração, esta poderá contratar diretamente com
fundamento no inciso V do art. 24.
Licitação fracassada: todos licitantes são inabilitados ou todas as propostas são
desclassificadas. A administração poderá fixar novo prazo de 8 dias úteis para apresentação de
novas propostas. Em caso de convite são 3 dias úteis.
● Alteração unilateral: só as regulamentares (execução e serviço). Econômico-financeira é só em
acordo entre as partes.
● A licitação pode ser utilizada como instrumento de regulação do mercado, de modo a induzir e
estimular determinadas práticas, considerando o poder de compra do Estado.
● O “fato da administração”, aspecto relacionado à álea econômica e que pode resultar no
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo, relaciona-se diretamente com
o ato praticado pela autoridade pública e incide diretamente na relação contratual.
● Não há garantia de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de permissão
de serviço de transporte público realizado sem prévia licitação.

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● Caso o vencedor da licitação se recuse a assinar o contrato, deve chamar os próximos por
ordem de classificação para assinar, SEMPRE no preço da proposta vencedora, ainda que os
outros piores colocados queiram reduzir seu preço.
● O edital deve descrever o objeto de forma sucinta e clara, e não em detalhes minuciosos, pois
tal ato restringiria o rol de concorrentes, direcionando o objeto para determinada marca ou
empresa.
● Garantia em contratos administrativos:
o 5% - REGRA
o 10% - Obras, serviços e fornecimentos de grande vulto com alta
complexidade técnica.
● Duração de contrato.
o REGRA: a execução ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos
orçamentários.
o EXCEÇÃO:
▪ Projetos do PPA: prorrogados se houver interesse da Administração e
previsão no ato convocatório.
▪ Sereviços contínuos: prorrogados por iguais e sucessivos períodos,
limitado a 60 meses.
▪ Aluguel de equipamentos e programas de informática: até 48 meses.
▪ Guerra, armas, segurança, etc: 120 meses.
● Dispensa de licitação: a licitação poderia ser realizada, mas, devido à circunstância do caso,
decidiu o legislador não tornar obrigatório. ROL TAXATIVO.
524 ● Inexigibilidade de licitação: não é viável a realização do certame. NÃO TAXATIVO.
● PPP é sempre licitação na modalidade concorrência.
● A teoria da imprevisão só se aplica para fatos:
o Imprevisíveis.
o Previsíveis, porém de consequências incalculáveis.
o Caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe.
▪ Fato do príncipe: mudanças de políticas governamentais que atinjam
diretamente o contrato.
o Os fatos acima devem retardar ou impedir a execução do contrato.
o STJ: É requisito para a aplicação da teoria da imprevisão, com o
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que o fato:
▪ Seja imprevisível quanto à sua ocorrência ou quanto às suas
consequências;
▪ Estranho à vontade das partes;
▪ Inevitável e
▪ Cause de desequilíbrio muito grande no contrato.
o O STJ decidiu que o aumento salarial decorrente de dissídio coletivo não é
motivo apto a ensejar a aplicação da teoria da imprevisão. A Corte entende
que não pode ser aplicada a teoria da imprevisão para a recomposição do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo na hipótese de
aumento salarial dos empregados da contratada em virtude de dissídio
coletivo, pois constitui evento certo que deveria ser levado em conta quando
da efetivação da proposta. Assim: O aumento dos encargos trabalhistas
determinado por dissídio coletivo de categoria profissional é acontecimento
previsível e deve ser suportado pela contratada, não havendo falar em

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aplicação da Teoria da Imprevisão para a recomposição do equilíbrio


econômico-financeiro do contrato administrativo.
o DE OUTRO LADO: quando falarmos de aumento da contribuição
previdenciária, por ser tributo e estar expressamente previsto esta hipótese
na lei, há de se aplicar a teoria da imprevisão de modo a recompor o
equilíbrio econômico-financeiro.
● O STJ tem entendimento firme no sentido de que “não pode participar de procedimento
licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal, servidor ou dirigente do órgão ou
entidade contratante ou responsável pela licitação (...) O fato de estar o servidor licenciado, à
época do certame, não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser
funcionário o servidor em gozo de licença”
● É possível contratação de advogados pela administração Pública, sem licitação, inexigibilidade
25, inciso II, nas hipóteses em que houver processos ou temas específicos que escapam da
rotina da instituição ou que exigem expertise não encontrada no quadro do órgão,
necessária no caso concreto, diante da especificidade do assunto ou de sua complexidade, o
que pode configurar a hipótese de contratação de um serviço singular e especializado.
STJ: os serviços descritos no art. 13 da Lei nº 8.666/93, para que seja contratados sem licitação,
devem ter natureza singular e ser prestados por profissional notoriamente especializado, cuja
escolha está adstrita à discricionariedade administrativa.
 O fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode
participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal
525  servidor ou dirigente do órgão contratante ou responsável pela licitação
Os órgãos municipais, estaduais ou distritais podem aderir à ata de registro de preços da
Administração pública Federal.
 O tratamento diferenciado par MEI e EPP depende das condições previstas no edital e de ter
no mínimo três fornecedores competitivos enquadrados como MEI e EPP. Do contrário o
tratamento será igualitário com as demais empresas.
o Há exclusividade em licitações de até 80 mil.
o Há situações legais de empate ficto, ainda que o valor de oferta da MEI ou EPP
seja maior. Há um percentual de tolerância que enseja empate ficto.
 É inconstitucional lei estadual que estabeleça como condição de acesso à licitação pública,
para aquisição de bens ou serviços, que a empresa licitante tenha a fábrica ou sede no Estado-
membro ou na cidade de prestação dos serviços.
 Conselhos de Classe possuem natureza de autarquia e precisam licitar.
o A OAB é sui generis, e o STF falou que é uma entidade privada sem fins
lucrativos, de modo que não precisa licitar.
o Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a ordem dos
Advogados do Brasil, quer mediante o Conselho Federal, quer seccional, figure
na relação processual”.
 Em regra, é vedado o fracionamento de licitação com o fito de burlar as modalidades de
licitação previstas em lei.
o Excepcionalmente a lei permite que seja fracionada, por questões
orçamentárias, quando a Administração, ao longo do exercício financeiro, opta
pela realização de várias licitações para o mesmo objeto, devendo utilizar a
licitação mais rigorosa para cada uma dessas licitações fracionadas.
o Excepcionalmente é possível o parcelamento e a utilização de modalidade
mais simples, sempre que se tratar de parcelas de natureza específica que

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devam ser executadas por pessoas diversas daquela que está executando a
obra ou prestando o serviço principal.
o O fracionamento doloso é CRIME.
 Em relação à fiscalização do contrato, é possível que a Administração contrate terceiro para
auxiliar o servidor responsável pela fiscalização. Isso ocorre quando é necessário o
conhecimento de aspectos técnicos.
 A contratada deve ter um preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço
para representação da empresa contratada perante a Administração.
 Dispensada: art. 17. Rol taxativo. A lei determina a não realização de licitação. Poderia licitar,
mas a lei determina que não se licite.
 Dispensável: art. 24. Rol taxativo. A lei autoriza a não realização da licitação. Mesmo sendo
dispensável, a Administração pode decidir realizar a licitação (discricionariedade).
 Inexigível: art. 25. Rol exemplificativo. Como a licitação é uma disputa, é indispensável que
haja pluralidade de objetos e pluralidade de ofertantes para que ela possa ocorrer. Assim, a lei
prevê alguns casos em que a inexigibilidade se verifica porque há impossibilidade jurídica de
competição.
 Na lei de estatais não há previsão de alteração unilateral do contrato, somente podendo ser
alterado por acordo.
 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de consignação em
pagamento movida pela União contra sociedade empresária por ela contratada para a
prestação de serviços terceirizados, caso a demanda tenha sido proposta com o intuito de

526 evitar futura responsabilização trabalhista subsidiária da Administração nos termos da Súmula
331 do TST. STJ
 A declaração de inidoneidade só produz efeito para o futuro, sem interferir nos contratos já
existentes. A sanção inibe a empresa de licitar ou contratar com a administração Pública, sem,
no entanto, acarretar, automaticamente, a rescisão dos contratos administrativos já
aperfeiçoados juridicamente e em curso de execução, notadamente os celebrados perante
outros órgãos administrativos não vinculados a autoridade relativa ao contrato. Todavia, a
ausência de efeito rescisório automático não compromete nem restringe a faculdade que têm
as entidades da Administração Pública de, no âmbito da sua esfera autônoma de atuação,
promover as medidas específicas para rescindir os contratos, nos casos autorizados e
observadas as formalidades estabelecidas nos artigos 77 a 80 da Lei de licitações. CAIU NO
TRF3-2018.
 ATENÇÃO: SIM, É POSSÍVEL a contratação de profissionais da advocacia pela Administração
pública, mediante procedimento de inexigibilidade de licitação, devendo demonstrar a
singularidade do serviço prestado e a notória especialização, devidamente justificada. Deve
ficar caracterizada a situação de inexigibilidade de licitação, do contrário gera dano ao erário,
na medida em que o Poder Público deixa de contratar a melhor proposta, dando ensejo ao
dano in re ipsa (improbidade).
ATUALIZAÇÃO DO DECRETO 9.412/2018
Compras e serviços que não
Modalidade Obras e serviços de engenharia
sejam de engenharia
Antes: até 150 mil Antes: até 80 mil
CONVITE
Agora: até 330 mil Agora: até 176 mil

TOMADA DE Antes: até 1 milhão e 500 mil Antes: até 650 mil
PREÇOS Agora: até 3 milhões e 300 mil Agora: até 1 milhão e 430 mil

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Antes: acima de 1 milhão e


Antes: acima de 650 mil
500 mil
CONCORRÊNCIA Agora: acima de 1 milhão e
Agora: acima de 3 milhões e
430 mil
300 mil
CONTRATAÇÃO DIRETA PELO PEQUENO VALOR (ART. 24, I e II)
(Com a atualização do Decreto 9.412/2018)
Pode haver contratação direta (sem licitação) nos seguintes casos:
Obras ou serviços de engenharia: Compras e serviços diferentes de
engenharia:

Antes: para haver a contratação direta,


o valor deveria ser até R$ 15 mil. Antes: o valor da compra ou do serviço
deveria ser de até R$ 8 mil.
Agora: o valor da obra ou do serviço
deve ser de até R$ 33 mil. Agora: para contratar sem licitação, o
valor da compra ou do serviço deve ser
de até R$ 17.600,00 (17 mil e 600
reais).

 Art. 24. É dispensável a licitação:


 I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
527 parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
 II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto
na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou
alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
 As regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa
Minha Vida, por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 10.188/2001, desde que se
observem os princípios gerais da administração pública.
 Sociedade empresária em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que
demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. STJ. 1ª Turma. AREsp 309.867-
ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/06/2018 (Info 631). #IMPORTANTE
14.13.1. RDC
 A contratação integrada: compreende a elaboração e desenvolvimento dos projetos básico e
executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes,
a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do
objeto.
o Portanto, percebam que o projeto básico e executivo nem existe, de modo
que é a própria contratada que irá elaborar e executar, não havendo que se
falar em impossibilidade de a pessoa que realiza o projeto não participar da
licitação, diferentemente da 8666
 O RDC é aplicável à contratação de ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à
tecnologia e à inovação. (Lei nova de 2016)
 A escolha pelo RDC deve ser expressa e, em regra, a escolha pelo RDC afasta as disposições da
8666, salvo naquilo que a lei do RDC disser que se aplica a lei 8666.
 No RDC, a regra é que o orçamento disponível para a contratação será sigiloso, tornando-o
público apenas e imediatamente após o encerramento da licitação. Exceção: há hipóteses em
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que deve ser divulgado: quando o critério de julgamento for por maior desconto ou melhor
técnica.
 No RDC, as contratações de obras e serviços de engenharia serão adotados,
preferencialmente, os regimes de execução indireta de empreitada por preço global,
empreitada integral ou a contratação integrada.
 Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I (não cumprimento de cláusulas contratuais,
especificações, projetos ou prazos) do artigo anterior acarreta as seguintes conseqüências,
sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei: III - execução da garantia contratual, para
ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
Portanto, a lei de licitações indica que, EM RELAÇÃO A MULTA, a execução da garantia é a
medida a ser adotada primordialmente.


14.14.A saúde pública
A saúde na ordem constitucional brasileira. A saúde no contexto da seguridade social. A
Saúde e a Teoria dos Direitos Sociais. Princípios constitucionais do direito à saúde. O Sistema
Único de Saúde: organização, atribuições e marco normativo. A repartição constitucional de
competências no direito à saúde. A judicialização das políticas públicas de saúde. A
problemática da prova nas ações judiciais que envolvem o direito à saúde.

15. DIREITO AMBIENTAL


528 15.1. Constituição. Competência. Princípios. Biodiversidade
Direito ambiental. Conceito. Objeto. Princípios fundamentais. Ações judiciais de proteção ao
meio ambiente. O Direito Ambiental como Direito Econômico. A natureza econômica das
normas de Direito Ambiental. Normas constitucionais relativas à proteção ambiental.
Repartição de competências em matéria ambiental. Biodiversidade. Principais instrumentos
de proteção internacional. Acesso. Política nacional. Proteção jurídica do conhecimento
tradicional associado.
 Apesar de ETEPs poderem ser criadas por meio de decreto ou qualquer instrumento
normativo, não se pode suprimir estas por meio de Medida Provisória. CF impõe que esse ato
somente pode ser feito por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação
da sociedade civil, bem assim dos órgãos e instituições de proteção ao meio ambiente, em
observância à própria finalidade do dispositivo constitucional, que é assegurar o direito de
todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Ademais, medida provisória que
implique diminuição da proteção ao meio ambiente, como no caso, possui evidente potencial
de causar prejuízos irreversíveis, na eventualidade da não conversão em lei. A desafetação das
áreas de unidades de conservação é efeito que poderia ser plenamente revertido caso a
medida provisória não tivesse sido convertida em lei
 Meio ambiente: Cultural, Natural, artificial e do trabalho.
 O princípio da precaução não pode ser dissociado de um critério de proporcionalidade da
medida restritiva adotada em relação ao conhecimento científico já existente, ao exercício das
atividades econômicas e à vedação de discriminação.
o OU seja: deve haver proporcionalidade na vedação de atividade econômica
com base no princípio da precaução.
o Quando há parâmetros aceitos pela OMS, sendo incerto a existência de efeitos
nocivos que comprometam o meio ambiente, não há que se utilizar do
princípio da precaução para impor novos padrões de exigência.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 O GATT prevê medidas que restringe o comércio exterior para fins de proteção de flora e
fauna. Já na OMC, para tal restrição, deve ficar demonstrado que tal restrição é adequada nas
políticas destinadas a proteger a vida ou saúde humana, animal ou vegetal; que as medidas
são necessárias para cumprir o objetivo da política
 Meio ambiente não é um bem público de uso comum. É bem de uso comum do povo. É um
patrimônio público (PNMA) de titularidade coletiva, e não de domínio estatal. Direito de
terceira geração de titularidade coletiva. É um bem de interesse difuso e de terceira geração.
 FAB MATA SERRA PANTA ZONA – só são patrimônio nacional de utilidade disciplinada em lei.
NÃO SÃO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. (Floresta Amazoniga, Mata Atlântica, Serra do Mar,
Pantanal, Zona Costeira.
o O simples fato de um crime ambiental ocorrer em patrimônio nacional não
atrai a competência da Justiça Federal. Deve haver interesse da União no feito.
 Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de
embarcações, oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao
meio ambiente, sendo essa matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e
VIII, da CF/88. STF.
 Segundo o princípio do protetor-recebedor, as pessoas físicas ou jurídicas que adotarem
medidas para preservação ambiental deverão receber uma vantagem econômica
(compensação financeira) considerando que estão atuando em prol de toda a comunidade.
Não está previsto na PNMA, mas na lei de resíduos sólidos e no código florestal.
 Instrumentos de participação e controle popular nas políticas ambientais: Ação Popular,

529 Audiências Públicas obrigatórias em empreendimentos potencialmente causadores de


degradação ambiental; iniciativa popular de lei; direito de petição em matéria ambiental;
realização de consulta pública quando da criação de unidades de conservação.
 STF: a aptidão para legislar sobre Direito Ambiental é da União, Estados, DF e Municípios.
 Municípios podem editar normas mais restritivas do que as estabelecidas pela União, sendo
avaliada em cada caso concreto se o fundamento para tal exacerbação da restrição é, ou não,
idôneo. Fundamento: conferir maio proteção possível ao meio ambiente, de modo que haja
motivação, pautada no princípio da proporcionalidade.
o Municípios podem criar leis que apliquem multas aos proprietários de carros
que emitam fumaça acima dos padrões aceitáveis.
o A regra é que os municípios são competentes para legislar sobre meio
ambiente com a União e o Estado, vinculado aos eu interesse local e desde
que tal regramento esteja limitado pela disciplina estabelecida pelos demais
entes federados.
o A teor dos dispostos nos arts. 24 e 30 da Constituição Federal, aos Municípios,
no âmbito do exercício da competência legislativa, cumpre a observância das
normas editadas pela União e pelos Estados, como as referentes à proteção
das paisagens naturais notáveis e ao meio ambiente, não podendo contrariá-
las, mas tão somente legislar em circunstâncias remanescentes.
o Ainda que de modo mais benéfico ao meio ambiente, não podem os Estados
legislar em sentido oposto à legislação federal vigente, proibindo aquilo que
é permitido.
 Toda atividade nuclear em Território Nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional.
 Só cabe a União autorização ou concessão para pesquisa e lavra de recursos minerais.
Entretanto, os municípios podem fiscalizar o cumprimento das normas ambientais art. 23
(competência comum): XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 UNIÃO: competência para estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade


de garimpagem, em forma associativa.
 União: competência PRIVATIVA para legislar sobre ÁGUAS.
o ATENÇÃÃÃÃO: Para legislar sobre águas subterrâneas a competência é dos
Estados!!!!!!!!! Isso porque águas subterrâneas é bem dos Estados, conforme
artigo 26 da CF. “O Estado membro possui competência concorrente para
legislar sobre a proteção do meio ambiente e sobre a defesa dos recursos
naturais e, nessa linha, pode regular as condições de utilização das águas
subterrâneas, que são bens dos Estados.”
 A captação de energia solar prescinde de autorização prévia do órgão ambiental. Ainda, na
hipótese em que determinada propriedade que capte energia solar tenha reduzido o seu
potencial de captação em virtude de construção de prédio ao lado desta, é possível
indenização.
 O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado afasta eventual tentativa
de desafetação ou destinação indireta, que consiste no ato jurídico administrativo ou legal,
pelo qual se extrai o bem de sua destinação pública (ambiental), para retorná-lo à categoria de
propriedade privada, o que é prejudicial ao meio ambiente.
 Inconstitucional norma estadual que transfere a Município competência material confiada pela
Constituição, sobrecarregando-o indevidamente.
 Lei 8171/91, art. 104. São isentas de ITR as áreas dos imóveis rurais consideradas APP e
Reserva Legal. Estende-se às áreas da propriedade rural de interesse ecológico para a proteção

530 dos ecossistemas, assim declarados por ato do órgão competente federal ou estadual e que
ampliam as restrições de uso previstas no caput daquele artigo.
 O desenvolvimento sustentável está calcado na conciliação entre: a) crescimento econômico;
b) proteção ambiental e c) equidade social.
 O Direito Ambiental dispõe de mecanismos estatais destinados à implementação de políticas
públicas sustentáveis como a normatização protecionista ambiental, a fiscalização de
atividades potencialmente poluidoras, as multas ambientais e os instrumentos econômicos,
como mecanismos de controle de preço, para estimular o desenvolvimento de ações
ambientalmente corretas por parte dos empreendedores.
o O direito econômico, em cotejo com o direito ambiental, visa analisar o
necessário equilíbrio entre os interesses dos agentes econômicos e os da
coletividade, passando pela utilização dos recursos naturais. Buscam
salvaguardar a qualidade de vida das pessoas.
 As normas de direito ambiental não têm natureza reflexa, mas sim, direta. Elas se aplicam em
razão da própria legitimidade de que gozam no ordenamento jurídico ambiental
constitucional, incidindo diretamente, produzindo efeitos no sentido de efetivar e ampliar a
tutela ambiental.
 O STF considera que a Farra do Boi e Briga de Galo submete os animais a crueldade, e proibiu
sua realização.
o PEC autorizou: houve uma reação legislativa.
 Controle obrigatório pelo Poder Público: atividades nucleares, comercialização de
medicamentos e agrotóxicos.
 As normas específicas fixadas pela União no Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro não
são obrigatórias para os Estados e Municípios. Isso porque a lei 7661 dispõe que os Estados e
os Municípios poderão instituir, através de lei, os respectivos Planos Estaduais ou Municipais
de gerenciamento costeiro, observadas as normas e diretrizes do Plano Nacional.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o Os planos estaduais e municipais de gerenciamento costeiro podem fixar


limitações à utilização de imóveis, seguindo as diretrizes do plano nacional.
o O Brasil ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
 Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental.
o Não prospera também a alegação de aplicação da teoria do fato consumado,
em razão de os moradores já ocuparem a área, com tolerância do Estado por
anos, uma vez que tratando-se de construção irregular em Área de
Proteção Ambiental-APA, a situação não se consolida no tempo. Isso porque, a
aceitação da teoria equivaleria a perpetuar o suposto direito de poluir, de
degradar, indo de encontro ao postulado do meio ambiente equilibrado, bem
de uso comum do povo essencial à qualidade sadia de vida
 As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº
9.055/95, que autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional.
Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por
ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de redução dos riscos
inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII,
CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88)
 Compete à União estabelecer diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos, segundo previsão do artigo 21, XX, da CF.
 VAQUEJADA
o Nada obstante tenha concluído o Supremo pela inconstitucionalidade da
531 norma estadual cearense, os votos proferidos pelos Ministros reconheceram à
vaquejada importância como manifestação cultural do povo sertanejo.
Entretanto, mesmo reconhecendo a relevância da vaquejada como
manifestação cultural regional, tal fator não torna a atividade imune aos
outros valores constitucionais, em especial a proteção ao meio ambiente.
o Em 29 de novembro de 2016 foi publicada a Lei nº 13.364, que preconiza em
seu art.3º: “consideram-se patrimônio cultural imaterial do Brasil o Rodeio, a
vaquejada e expressões decorrentes, como: (...)II – provas de laço; III –
apartação.”
o STF: indiscutível sofrimento dos animais. Importante manifestação cultural.
Conflito entre pleno exercício dos direitos culturais e vedação à submissão dos
animais a tratamentos degradantes.
o
15.2. Política Nacional do Meio Ambiente
Sistema nacional do meio ambiente. Política nacional do meio ambiente.
15.2.1. Instrumentos da PNMA
● A servidão ambiental não pode ser aplicada em áreas de reserva legal e áreas de preservação
permanente. A instituição da servidão ambiental deverá ser averbada na matrícula do imóvel,
bem como alienação cessão ou transferência. Sua proteção será de, no mínimo, a aplicada
para reserva legal.
● CONAMA: APRECIAÇÃO, e não aprovação, dos estudos de impacto ambiental, e respectivos
relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental,
especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.

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15.2.2. Zoneamento Ambiental


● O planejamento municipal deverá utilizar-se de alguns instrumentos próprios do direito
ambiental, como o zoneamento ambiental.
● O Zoneamento Econômico Ecológico constitui instrumento de organização territorial de
caráter obrigatório e vinculado. Assim, as organizações e decisões dos agentes públicos e
privados deve levar em observação o ZEE.
● Cabe exclusivamente à União, ouvidos os Estados e Municípios, aprovar a delimitação e
autorizar a implantação de Zonas de Uso Estritamente industrial que se destinem à localização
de pólos:
o Petroquímicos;
o Cloroquímicos;
o Nucleares.
● As indústrias ou grupos de indústrias já existentes, que não funcionarem nas zonas industriais
definidas em lei, serão submetidas à instalação de equipamentos especiais de controle e, nos
casos mais graves, à relocalização. Nesses casos, os projetos terão condições especiais de
financiamento.
● Os Estados poderão instituir, mediante lei complementar, regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de
interesse comum. Não há a previsão de exigência de aprovação dos municípios envolvidos por
532 ● meio de lei.
I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro
obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre
problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e
instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
● II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam
a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e
comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de
produtos e subprodutos da fauna e flora."

15.3. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –


SNUC
● Todas as unidades de conservação devem dispor de plano de manejo que preveja as
modalidades de utilização em conformidade com os seus objetivos.
● Atenção APA e Reserva Particular do Patrimônio natural, que são particulares, NÃO PRECISAM
DE ZONA DE AMORTECIMENTO (podem estar dentro de propriedade privada, então, como
exigir zona de amortecimento?)
● A lei do SNUC regula somente a situação de populações tradicionais residentes em unidades
de conservação. NÃO traz disposições acerca da resolução de conflitos fundiários.
● Competência para licenciamento em UC: via de regra é o princípio do ente instituidor, salvo
em APA, que será princípio da extensão do dano.

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● Todas UC’s, exceto estação ecológica e reserva biológica, precisam de audiência pública para
sua instituição.
● O STF entendeu pela impossibilidade de diminuição ou supressão de espaços territoriais
especialmente protegidos por meio de medidas provisórias. Sob o prisma material, reputou
que a norma contrariou o princípio da vedação de retrocesso socioambiental, ao atingir o
núcleo essencial do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF,
art. 225).
● É atribuição do órgão do SISNAMA responsável pela administração de Unidade de Conservação
da Natureza autorizar o licenciamento de empreendimentos de significativo impacto
ambiental que possam afetar a Unidade de Conservação.
● Quando existir um conjunto de unidades de conservação, constituindo um mosaico, a gestão
do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa entre todos os entes que
instituíram a UC, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a
compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o
desenvolvimento sustentável no contexto regional.

PROTEÇÃO INTEGRAL: não pode haver USO SUSTENTÁVEL: pode haver exploração de
utilização direta (indireta pode) de seus maneira a garantir a perenidade dos recursos
recursos naturais. ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo-se os demais atributos ecológicos, de
forma justa e economicamente viável.
533 Estação ecológica: não precisa de consulta Área de Proteção Ambiental: público ou privado;
pública para sua criação; propriedade pública; proteger a diversidade biológica; certo grau de
sem visitação; destinada à preservação e à ocupação humana. Não precisa de zona de
pesquisa, devidamente autorizada pelo órgão amortecimento.
gestor. Área de relevante interesse ecológico: público ou
privado; pouca ou nenhuma ocupação humana;
Reserva biológica: não precisa de consulta exemplares raros extraordinários da biota.
pública para sua criação; propriedade pública; Floresta Nacional: propriedade pública; permite
sem visitação, salvo com objetivo educacional; visitação pública; objetivo de manter o uso
pesquisa só com autorização do órgão gestor; sustentável dos recursos e desenvolver a pesquisa
finalidade de preservação integral da biota e científica; permitida ocupação por populações
demais atributos existentes. tradicionais que habitam quando da criação. Possui
Parque Nacional: propriedade pública; conselho consultivo.
permite pesquisa se autorizada; permite Reserva Extrativista: propriedade pública; utilizada
visitação pública se previsto no plano de pelas populações extrativistas tradicionais; uso
manejo; finalidade de preservar ecossistemas concedido pelo Poder Público via contrato; pode
naturais de grande relevância ecológica e haver criação de animais de pequeno porte;
beleza cênica. permitida visitação pública; proibida caça
Monumento Natural: propriedade pública ou amadorística e exploração dos recursos minerais. Há
privada; permite visita pública; preservar um conselho deliberativo de extração.
beleza cênica. Reserva de Fauna: propriedade pública; proibido
caça; permitida visitação pública se previsto no
manejo. Finalidade de estudo faunístico.
Refúgio da vida silvestre: propriedade pública

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ou privada; permite visita pública; pesquisa só Reserva de desenvolvimento sustentável:


com autorização; finalidade de reprodução dos propriedade pública; abriga populações tradicionais;
espécimes. permitida visitação pública e pesquisa com
autorização do órgão responsável; uso concedido às
populações por contrato público;
Reserva Particular do Patrimônio Nacional:
propriedade exclusivamente particular; perpétua;
conservação; destinada à pesquisa; permitida
visitação; cabe turismo recreativo. Não precisa de
zona de amortecimento
 Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais
previstos para a implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O
valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto
ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa.
o Afirmou-se que esse compartilhamento-compensação ambiental não violaria o
princípio da legalidade, já que a própria lei impugnada previu o modo de
financiar os gastos da espécie, nem ofenderia o princípio da harmonia e
independência dos Poderes, visto que não houve delegação do Poder
Legislativo ao Executivo da tarefa de criar obrigações e deveres aos
administrados. Considerou-se, entretanto, que haver-se-ia de retirar as
referidas expressões, em razão da possibilidade de haver empreendimentos
que não causassem impacto ambiental. Dessa forma, o órgão ambiental
534 competente é que fixaria o montante compatível e proporcional ao grau de
impacto ambiental do empreendimento analisado.
15.4. Código Florestal: APP e Reserva legal
● A incidência imediata das novas restrições ambientais a situações pretéritas em andamento
não é tratamento absurdo, pela inexistência de um direito adquirido de poluir. – Tal premissa
incide tanto na esfera cível quanto penal.
● Excetuam-se da proibição de uso de fogo na vegetação as práticas de prevenção e combate
aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais e
indígenas.
● O valor de compensação de 0,5% do custo do empreendimento para atividades de impacto
ambiental é inconstitucional, não sendo utilizado. Utiliza-se um valor fixado de acordo com o
grau de impacto ambiental, sem relação necessária com o custo do empreendimento.
● Os programas de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente poderão ser instituídos
pelo Poder Executivo Federal, devendo pautar-se pelo critério da progressividade, segundo o
qual há uma diferenciação dos graus do benefício de acordo com o estágio da preservação
ambiental encontrado na propriedade. O programa prevê pagamentos por serviços
ambientais, que leva à percepção de uma contraprestação pecuniária ao proprietário que
preserve o meio ambiente.  Princípio do protetor-recebedor
● ICMBio: é órgão executor do SISNAMA. Exerce poder de polícia no SNUC, sem prejuízo do
IBAMA também exercer nas unidades de conservação.
● O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:
1) Declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações
necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”,
contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;

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a. Isso porque não se mostra compatível com o art. 225 da CF/88 autorizar-se a
relativização da proteção da vegetação nativa protetora de nascentes, por
exemplo, para “gestão de resíduos” ou para a realização de competições
esportivas.
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à
inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar
a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes
configuram área de preservação permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art.
3º, parágrafo único;
a. tais terras e áreas poderão receber o tratamento diferenciado mesmo sem
demarcação e titulação. Isso porque a titulação do território das comunidades
tradicionais e dos povos indígenas representa uma mera “formalidade”, de caráter
declaratório (e não constitutivo). Em outras palavras, mesmo sem demarcação ou
titulação, tais territórios já existem e devem receber tratamento diferenciado
independentemente dessas formalidades.
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica;
535 a. O proprietário que não tiver reserva legal em sua propriedade pode regularizar a
situação adquirindo CRA ou, se tiver reserva legal em excesso, é possível emitir CRA
para quem tem déficit compre.
b. as compensações devem ser realizadas somente em áreas ecologicamente
equivalentes, considerando-se não apenas o mesmo bioma, mas também as
diferenças de composição de espécies e estrutura dos ecossistemas que ocorrem
dentro de cada bioma. Não basta que a área seja do mesmo bioma, é necessário
também que haja identidade ecológica entre elas.
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar,
no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de
regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais
praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição
ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”.
a. O art. 59, §4º e 5º conferiu uma espécie de anistia aos proprietários que cometeram
ilícitos ambientais relacionados com a supressão irregular de vegetação em Áreas de
Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito, desde que cumpridos
alguns requisitos. O STF afirmou que esses dispositivos são válidos, mas que se deve
evitar a prescrição e a decadência. Assim, deve-se dar interpretação conforme a
Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo que, durante a execução dos termos de
compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, não corra o prazo
de decadência ou prescrição.
b. § 1º A prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão
punitiva. § 2º Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização prevista nesta Lei.
Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais.
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● Não será exigida APP no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais. É constitucional. Ex: lagoa feita por
homem.
15.4.1. Reserva legal
● ATENÇÃO: apesar de a reserva legal ser instituto de zona rural, e que conforme ao artigo 19
ela é extinta quando do registro do parcelamento do solo, PODE o município em vez de
extinguir, convertê-la em área verde urbana, o que é bastante favorável ao meio ambiente.
● Será admitido o cômputo das APP no cálculo do percentual de Reserva Legal, desde que:
o Não implique conversão de novas áreas para uso alternativo do solo.
o A área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação.
o O proprietário tenha requerido a inclusão do imóvel no CAR.
● O excesso de reserva legal, havendo cadastro no CAR, poderá ser utilizado para fins de
constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva ambiental e outros instrumentos
congêneres.
15.4.2. Área de Preservação Permanente
● A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APP somente ocorrerá nas hipóteses de
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas no Código
Florestal Brasileiro.
● APICUM e SALGADOS: é possível regularização das atividades de carcinicultura (camarões e
crustáceos em viveiros) e salinas ocupadas antes de 2008, desde que comprove sua localidade
536 e se obrigue, por termo ou compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos
adjacentes.
● A criação de APP’s são de dois tipos, variando a indenização: por força de lei e de interesse
social, mediante decreto.
o Por força de lei: incabível indenização, pois são imposições de natureza
genérica e abstrata, para todas as pessoas. SALVO COMPROVADO PREJUÍZO.
o De interesse social: cabível indenização, pois cria restrições para pessoa certa
e determinada. Limitação específica.
● STJ: Sendo imposições de natureza genérica, as limitações administrativas não rendem
ensejo a indenização, salvo comprovado prejuízo
● É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de vegetal em Área de
Preservação Permanente (APP para a realização de “pequenas construções com área máxima
de 190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de
inconstitucionalidade formal e material. Há inconstitucionalidade formal porque o Código
Florestal(lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da
CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de edificação com finalidade
meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve um
excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, cujo titular é a coletividade em face do direito de lazer individual.
STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).
15.4.3. Pequena Propriedade Rural
● A intervenção e a supressão de vegetal de baixo impacto ambiental em APP e Reserva Legal
quando realizadas em pequenas propriedades rurais NÃO PRECISAM DE LICENCIAMENTO ou
AUTORIZAÇÃO, quer na modalidade simplificada ou completa, mas SIMPLES DECLARAÇÃO ao
órgão competente pelo licenciamento, desde que o imóvel esteja inscrito no CAR.

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o Também necessita de SIMPLES DECLARAÇÃO: implantações de instalações


necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que
comprovada a outorga do direito de uso de água, quando couber E a pesquisa
científica relativa recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos
na legislação aplicável.
● O manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal eventual, sem propósito
comercial direto ou indireto, para consumo no próprio imóvel, sendo este pequena
propriedade rural, INDEPENDE de autorização ou licenciamento dos órgãos competentes,
bastando DECLARAÇÃO PRÉVIA.
o Admite-se exploração econômica na Reserva Legal na pequena propriedade
rural, mediante Plano de Manejo Florestal Sustentável, que será elaborado de
maneira simplificada.
● É permitida a instituição de CRA da vegetação nativa que integre a Reserva Legal dos imóveis
definidos como pequena propriedade ou posse rural familiar.
● Pequena propriedade rural: A União deve utilizar-se de todos os meios para assegurar a devida
proteção ambiental e a concretização dos propósitos da norma, para somente então ser
possível a dispensa da vistoria prévia como condição para inclusão da propriedade no
programa de regularização fundiária de imóveis rurais de domínio público na Amazônia Legal.

15.5. Licenciamento Ambiental – Poder de Polícia Ambiental


537 Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Biossegurança. Estudo de
impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos.
15.5.1. Licenciamento Ambiental
● Lembrar que a licença ambiental, em regra, é ato discricionário, devendo sopesar se será ou
não concedida a licença. A conclusão do EIA-RIMA não vincula a autoridade ambiental.
● Competência para licenciamento em UC: via de regra é o princípio do ente instituidor, salvo
em APA, que será princípio da extensão do dano.
● É vedado o múltiplo licenciamento pela LC 140. Art. 13.
● A competência de licenciamento dos estados é residual: tudo o que não for federal e
municipal, será estadual.
● Licenciamento de atividades de petróleo depende da localização e da natureza exata da
atividade. Assim, não basta que o bem seja da União, como é o caso das jazidas, com ordem
constitucional de autorização/permissão da União. 176, §1º. Assim, para os casos de petróleo,
o licenciamento competirá à:
o União: se a atividade estiver localizada no mar territorial, em áreas indígenas,
parques nacionais, divisas com outros estados ou fronteiras internacionais,
produção de recurso não convencional de petróleo.
o Estado: localizado no continente, fora das hipóteses acima previstas.
o O monopólio federal está relacionado à competência para exploração
econômica de determinado recurso natural, e não à competência para
analisar os impactos ambientais daquela exploração.
● Zona Costeira: compete à União promover o licenciamento e atividades localizados no mar
territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva.
o Se a localização da atividade estiver compreendida concomitantemente áreas
das faixas terrestre e marítima da zona costeira, será de atribuição da União
exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder
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Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada


a participação do CONAMA e considerados os critérios de porde, potencial
poluidor e natureza da atividade e empreendimento.
● Em regra, o ente competente para o licenciamento de uma atividade será competente para
aplicar sanções administrativas ambientais. Isso não exclui a competência comum de
fiscalização dos entes.
● Atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo
originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;
o A demora no licenciamento instaura a competência supletiva, bem como a
inexistência de órgão local competente.
o “SUPLESTITIU”; SUPERA a competência anterior.
● Atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das
atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.
o “SUBHELP”
● Ainda que determinado empreendimento tenha se dado em respeito às normas ambientais, o
órgão ambiental competente pode modificar, suspender ou cancelar licenças ambientais caso
haja superveniência de graves riscos ambientais ou à saúde, nos termos da Resolução do
CONAMA, art. 19. Caso o próprio órgão não realize tais modificações, é juridicamente possível
a pretensão de obrigar a empresa à implementação de certos critérios mais rigorosos, com
base em estudos científicos.
538 ● XIV –Compete à União promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades
de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto
na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
15.5.2. Avaliação de Impacto Ambiental
● AIA: Avaliação de Impacto Ambiental: instrumento de política ambiental, formado por um
conjunto de procedimentos capazes de assegurar que se faça um exame sistemático dos
impactos ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas, e que os resultados sejam
apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisões. É
exigido nos projetos públicos e particulares, industriais e não industriais, urbanos ou rurais, em
áreas consideradas críticas de poluição ou não.
● Inconstitucional disposição em Constituição Estadual que obrigava a submissão de projetos
ambientais de grande impacto à apreciação do Legislativo local.
● A CF não determina expressamente a audiência pública para dar publicidade aos EPIA, mas tão
somente diz que se dará publicidade. Aquilo está expresso em LEI, e não na CF.
● A elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança não substitui a elaboração do EIA.
● EIA/RIMA é só para atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente.
● Os estudos devem ser prévios. Ademais, a jurisprudência rechaça os estudos póstumos.
● O EIA, utilizado nos empreendimentos que apresentem grande potencial de degradação
ambiental, deve ser realizado previamente ao início da execução da obra. É uma medida
preventiva, logo, deve ser antes.
● IMPORTANTE: AIA é género do qual EIA é espécie. São vários os estudos, que variam de acordo
com o grau do risco gerado, servindo como subsídio para a análise da licença ambiental.

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● Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o RIMA será
acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de
documentação ou bibliotecas da SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente,
inclusive o período de análise técnica.
● É inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espírito Santo que submete o
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - ao crivo de comissão permanente e específica da
Assembleia Legislativa. 2. A concessão de autorização para desenvolvimento de atividade
potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do Poder de Polícia --- ato da
Administração Pública --- entenda-se ato do Poder Executivo. 3. Ação julgada procedente para
declarar inconstitucional o trecho final do artigo § 3º do artigo 187 da Constituição do Estado
do Espírito Santo.
● Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a
realização de audiência pública. – Sobre o RIMA para dirimir dúvidas e expor aos interessados
o seu conteúdo.
15.5.3. Poder de Polícia Ambiental
 São válidos os autos de infração administrativa lavrados antes de 22/07/2008.,
 A lei não permite a substituição de multa local por multa federal, mas apenas o contrário.
Nessa mesma esteira, a competência comum dos entes justifica a imposição de multa local
pelo mesmo fato já sancionado na órbita federal, não havendo ilegítimo bis in idem. Assim, se
o ente local já aplicou multa, o federal não poderá fazê-lo. Apenas se o examinador exigir uma
539 postura mais reflexiva em uma questão subjetiva mais aberta ou na prova oral que deve o
candidato levantar esse tipo de críticas.
 Quando há iminente risco de agravamento do dano ambiental, é possível a demolição no ato
da fiscalização. Esta não poderá ser utilizada para imóveis residenciais, visto a irreversibilidade
da medida. Necessita de ampla defesa e contraditório.
 A pena de demolição não possui autoexecutoriedade em caso de
imóveis residenciais, dado o caráter irreversível da medida.
Necessário, portanto, o processo administrativo que garanta
contraditório e ampla defesa.
 STJ: Poder de Polícia em obra concluída que afeta o meio ambiente não possui o atributo da
autoexecutoriedade.
o Só é aplicada pela autoridade ambiental, após contraditório e ampla defesa,
quando verificada a construção de obra em área protegida em desacordo com
a legislação ambiental ou;
o Quando a obra ou construção não atenda às condicionantes da lei e não seja
passível de regularização.
 STJ: titulares dos cargos de técnico ambiental detêm poder para lavrar autos de infração e
instaurar processos administrativos, desde que designados para as atividades de fiscalização.
 STF admite possibilidade de suspensão de atividade que cause dano ambiental grave em
detrimento de prejuízo econômico elevado.
 A Marinha, através da Agente da Capitania dos Portos, é autoridade responsável para lavrar
auto de infração, conforme previsto na lei 9.605/98.
 O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/1999 (redação original), quando permite a
liberação de veículos e embarcações mediante pagamento de multa, não é compatível com o
que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/1998; entretanto, não há ilegalidade quando o
referido dispositivo regulamentar admite a instituição do depositário fiel na figura do
proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos casos em que é apresentada
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defesa administrativa - anote-se que não se está defendendo a simplória liberação do veículo,
mas a devolução com a instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm),
observado, entretanto, que a liberação só poderá ocorrer caso o veículo ou a embarcação
estejam regulares na forma das legislações de regência (Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/04/2018
(Info 625).

15.6. Responsabilidade Ambiental – Lei 9.605


Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental. Dano moral
coletivo.
● O crime de edificação proibida absorve o crime de destruição de vegetação quando a conduta
do agente se realiza com o único intento de construir em local não edificável.
● Segundo o entendimento atual da jurisprudência, é possível a responsabilização penal da
pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante
da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da
"dupla imputação".
● Segundo o STJ, aquele que cria ou assume o risco de causar danos ambientais tem o dever de
reparar os danos causados e, em tal contexto, transfere-se a ele todo o encargo de provar que
sua conduta não foi lesiva. Cabe, portanto, a inversão do ônus da prova, que se dá em prol da
540 ● sociedade.
Em caso de impossibilidade de restauração ecológica in situ, isto é, de retorno ao status quo
ante das características do local que foi degradado, passar-se-á para a tentativa de
recuperação da área. Nas hipóteses em que a reparação in natura e in situ (restauração e
recuperação) for impossível, caberá a compensação. Uma vez ultrapassados todas as
possibilidades de recuperação in situ ou compensação, haverá, finalmente, a possibilidade de
indenização, como meio indireto de reparação do dano ao meio ambiente.
● O IBAMA, excepcionalmente, pode permitir a captura de exemplares de espécies ameaçadas
de extinção destinadas a programas de criação em cativeiro ou formação de coleções
científicas.
● No Brasil, são autoridades científicas designadas para execução e cumprimento das
determinações da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção: IBAMA, ICMBio, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro.
o Uma das atribuições da Autoridade Administrativa é o de manter o registro do
comércio de espécimes das espécies incluídas na lista de ameaçadas de
extinção.
● STJ: possibilidade de manutenção da posse de animal silvestre no convívio doméstico, desde
que o animal esteja adaptado ao convívio com os seres humanos, que não haja ocorrência de
maus tratos e que não se trate de espécie ameaçada de extinção.
● O Autuado na infração administrativa pode assumir o encargo de depositário dos bens, desde
que a posse dos bens ou animais não traga risco de utilização em novas infrações. Trata-se de
uma discricionariedade da autonomia ambiental na escolha do depositário: preferencialmente
órgão; entidades; autuado em caso de impossibilidade ou impropriedade das condições de
instalação do órgão fiscalizador.
● TEORIAS DA RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL:
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o Responsabilidade Civil: responsabilidade objetiva, prescinde de dolo ou culpa,


na modalidade teoria do risco integral, não admitindo excludentes da
culpabilidade como força maior ou caso fortuito.
o Responsabilidade Sanção Administrativa: a responsabilidade é objetiva,
prescinde de dolo ou culpa, bastando nexo de causalidade, porém, na
modalidade teoria do risco criado, que admite excludentes através de
demonstração que não foram seus atos que contribuíram para o evento
danoso. Não se poderia imputar a responsabilidade quando o dano resultasse
da conduta ou ação de terceiro, vítima ou não, ou de outras excludentes de
responsabilidade, tais como o caso fortuito ou força maior.
▪ STJ: Nos termos da jurisprudência do STJ, como regra a
responsabilidade administrativa ambiental apresenta caráter
subjetivo, exigindo dolo ou culpa para sua configuração. Adotar
esse posicionamento em provas.
o Responsabilidade Penal: sempre subjetiva, exigindo dolo ou culpa. Não existe
responsabilidade penal objetiva.
● A omissão do Estado na fiscalização que produz dano ambiental deve ser aplicada a teoria
objetiva, MAS a responsabilidade civil é solidária de execução subsidiária.
o O que isso significa: o Estado só será chamado a quitar a dívida se o
degradador original, direto ou material não o fizer, seja por total ou parcial
exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou
541 incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação judicialmente
imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso.
o O Estado não pode ser chamado primeiro, pois é representante da sociedade-
vítima do dano ambiental sofrido, uma vez que o dano só beneficiou o
degradador, e não o Estado.
● A teoria do risco INTEGRAL constitui uma MODALIDADE EXTREMADA da teoria do risco em que
o nexo causal é fortalecido. Assim, o nexo causal não se rompe mesmo que se verifique
alguma causa que normalmente seria excludente da responsabilidade (exs: culpa da vítima;
fato de terceiro, força maior).
● Nas infrações de transporte, caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório
esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente
autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização, nos
termos do § 3º do art. 47 do Decreto nº 6.514/2008, e não apenas a quantidade excedente.
● Vício insanável no auto de infração, tendo como consequência a sua anulação pela autoridade
administrativa, é aquele em que a correção da autuação implica modificação do fato descrito
no auto de infração. Ex: o fato que causou o dano ambiental não é descrito no PAD pelo
agente autuante.
o Por sua vez, “o erro no enquadramento legal da infração não implica vício
insanável, podendo ser alterado pela autoridade julgadora mediante decisão
fundamentada que retifique o auto de infração”
o Eventual modificação da quantidade de infração apurada durante a instrução
não é vício insanável, pois não alterou os fatos.
o Constatados vícios sanáveis, terá que haver novo contraditório.
● No procedimento de conversão da multa ambiental em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente, a execução de obras ou atividades de

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recuperação de danos decorrentes da própria infração são considerados como serviços de


preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
o A decisão sobre o pedido de conversão é discricionária, podendo a
administração, em decisão motivada, deferir ou não o pedido formulado,
observado o que dispõe o art. 141 do DL 6405.
● Não cabe dano moral decorrente de impacto ambiental produzido por atividades lícitas
promovidas pelo Poder Público.
● Cabível dano moral à pescadores decorrente de atividade ilícita que polui rio. Porém não cabe
atribuir caráter punitivo na fixação do dano moral, isso porque a responsabilidade civil por
dano ambiental prescinde de culpa e que, revestir a compensação com caráter punitivo
propiciaria o bis in idem, pois a punição já é conferida ao direito penal e administrativo.
● O crime previsto no art. 56 (...substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos), caput, da Lei nº 9.605/9810 é de perigo abstrato, sendo dispensável a
produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos
transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT
● João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa
dos Estados de São Paulo e Paraná. A empresa "XXX", após vencer a licitação, iniciou a
construção de uma usina hidrelétrica neste rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve
uma grande redução na quantidade de alguns peixes existentes no rio, em especial "pintados",
"jaú" e "dourados", mas outros peixes de menores portes permaneceram no rio. Vale ressaltar
542 que estes peixes eram os mais procurados pela população e os que davam maior renda aos
pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por danos morais e
materiais contra a empresa (concessionária de serviço público) sustentando que a construção
da usina lhe causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, já que ele não mais
poderia exercer sua profissão de pescador. O pescador terá direito à indenização em
decorrência deste fato?
o Danos materiais/lucros cessantes: SIM.
o Danos morais: NÃO.
▪ A simples necessidade de que os pescadores se adaptem às novas
condições da atividade pesqueira enseja dano patrimonial (como
vimos acima), mas não gera dano moral indenizável.
▪ Embora não tenha ocasionado a suspensão da pesca, imporia a
captura de maior volume de pescado para manutenção de sua renda
próxima à auferida antes da modificação da ictiofauna.
▪ Não houve suspensão, em momento algum, da atividade pesqueira, ao
contrário do que ocorre em situações de poluição causada por
desastre ambiental, durante o período necessário à recuperação do
meio ambiente. Em outras palavras, os pescadores continuaram
podendo praticar a pesca, ainda que em condições menos vantajosas.
▪ Só houve alteração do meio ambiente. Não se pode generalizar as
alterações do meio ambiente, sob pena de se privar todas as
atividades lucrativas, pois consequentemente irão alterar a biota.
▪ Ainda que os atos ilícitos possam gerar dever de indenizar, o interesse
público promovido pelo empreendimento, aliado à correta
observância das normas de licenciamento e compensação ambiental,
podem ensejar somente indenização de lucros cessantes, mas não por
dano extrapatrimonial.
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● O STJ entende que se uma empresa causa dano ambiental e, em decorrência de tal fato, faz
com que determinada pessoa fique privada das condições de trabalho, isso configura dano
moral. O dano será conferido por equidade, sem caráter punitivo. Ex: petroleiro derruba óleo
em determinada área de pesca, impedindo pescadores de trabalhar.
o Estando o trabalhador impossibilitado de trabalhar, revela-se patente seu
sofrimento, angústia e aflição.
o O ócio indesejado imposto pelo acidente ambiental gera a incerteza quanto à
viabilidade futura de sua atividade profissional e manutenção própria e de sua
família
o Para usufruir de tal sentença coletiva em sede de execução, o pescador pode
demonstrar sua legitimidade através do: a) registro de pescador profissional,
habilitação ao benefício de seguro-desemprego durante o defeso.
● Em explosão de navio petroleiro que causou grave acidente ambiental, o valor a ser arbitrado
como dano moral NÃO deverá incluir um caráter punitivo. NÃO é possível a condenação do
poluidor ambiental em danos morais punitivos (punitive damages).
o O caráter punitivo é função do direito administrativo e do direito penal.
o No caso da compensação de danos morais decorrentes de dano ambiental, a
função preventiva essencial da responsabilidade civil é a eliminação de fatores
capazes de produzir riscos intoleráveis.
o Dano moral punitivo seria bis in idem.
o Aqui o dano moral é por equidade.
543 ● As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicunã no momento de sua
explosão, no Porto de Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos
danos alegadamente suportados por pescadores da região atingida, haja vista a ausência de
nexo causal a ligar tais prejuízos (decorrentes da proibição temporária da pesca) à conduta por
elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol transportado).
o Apesar da responsabilidade objetiva na modalidade risco integral, aqui não há
nexo causal apto a vincular o resultado lesivo ao comportamento da empresa.
● Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a
sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor
o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação
por dano moral coletivo.
● A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime contra o meio ambiente terá decretada sua liquidação
forçada, seu patrimônio será considerado como instrumento do crime e perdido em favor do
FUNPEN.
● É admitida a ação de regresso contra eventuais responsáveis pelo dano ao meio ambiente.
● A lei não permite a substituição de multa local por multa federal, mas apenas o contrário.
Nessa mesma esteira, a competência comum dos entes justifica a imposição de multa local
pelo mesmo fato já sancionado na órbita federal, não havendo ilegítimo bis in idem. Apenas se
o examinador exigir uma postura mais reflexiva em uma questão subjetiva mais aberta ou na
prova oral que deve o candidato levantar esse tipo de críticas. Assim, se o município multou, o
federal não pode multar. Se o federal multou, o município pode multar.
o O pagamento de multa administrativa imposta pelos órgãos ambientais de
Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa imposta
por órgão ambiental federal na mesma hipótese de incidência. Logo, se o ente

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federal multou, o município pode multar novamente, substituindo a multa


federal.
● Produtos perecíveis apreendidos devem ser doados à instituições científicas, hospitalares,
penais e outras com fins beneficentes.
● A pena de serviços à comunidade será prestada em parques e jardins públicos, bem como em
unidades de conservação, e não em entidades assistenciais, escolas e orfanatos, consoante
prevê o artigo 46, §2º do CP.
● Se ao crime ambiental for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos ou se o
crime for culposo, deverá ocorrer sua substituição por pena restritiva de direito.
o Também será substituída quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para
efeitos de reprovação e prevenção do crime.
● Haverá responsabilização das pessoas jurídicas nas hipóteses em que a infração tenha sido
cometida por decisão de representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, a bem
de sua entidade. (a lei não fala em dolo e culpa).
● É inviável a atribuição de responsabilidade ao representante legal da sociedade empresária
contratante de empreitada. Os responsáveis são os agentes da empresa contratada, e não o
contratante.
● Abandono de substância nuclear está tipificado na Lei 9.605. Lado outro, a inobservância de
544 normas de segurança ou de proteção relativas à instalação nuclear é crime específico da lei
6.453.
● O delito previsto na primeira parte do artigo 54 da Lei nº 9.605/1998 possui natureza formal,
sendo suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta
delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de perícia.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora. Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1417279/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018 (Info
624).
 Compete à Justiça Estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de construção de
moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que a CEF atue tão somente na
qualidade de agente financiador da Obra. A CEF não atuou na elaboração do projeto, nem na
qualidade de agente fiscalizador da obra, mas tão somente agente financiador, não havendo
nexo de causalidade.
 É vedado ao IBAMA impor sanções administrativas sem previsão legal administrativa, ainda
que exista tipificação criminal. A infração administrativa é definida em lei. Se houver fato
criminoso, sem ser infração administrativa, deve a autoridade apenas comunicar ao MP. É
defeso ao IBAMA impor penalidade decorrente de crime, só cabendo ao judiciário fazê-lo.
 O crime de exploração de matéria prima da União sem autorização legal ou em desacordo
com as obrigações impostas pelo título autorizativo (art. 2, 8.176/91 – bem jurídico: bens da
União) tutela bem jurídico diverso do crime tipificado no artigo 55 da Lei 9.605/98 – executar
pesquisa, lavra, extração sem competente autorização, permissão, concessão ou licença (bem
jurídico: meio ambiente).
o Logo: O agente que extrai minério sem a competente outorga para tanto
pratica ambos os delitos em concurso formal.

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o Lembre-se: essa regra de bens jurídicos diversos nem sempre se aplica. Deve-
se acompanhar a jurisprudência. É o caso do Falso/estelionato.
 Embora a pulverização de agrotóxico tenha ocorrido em escola localizada em área de
assentamento de responsabilidade do INCRA, autarquia federal, não há diretamente qualquer
interesse, direito ou bem da União, de suas autarquias ou empresas públicas envolvidos,
sendo, se existente, meramente reflexo o interesse do INCRA.

15.7. Florestas Públicas – proteção às florestas – Mata Atlântica


 Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por
comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes, por meio
de: a) criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável; b) concessão
de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável,
agroextrativistas ou outros similares, nos termos do art. 189 da Constituição
 As comunidades locais poderão participar das licitações previstas no Capítulo IV deste Título,
por meio de associações comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas admitidas em
lei.
 Exclui-se da concessão: a exclusão das unidades de conservação de proteção integral, das
reservas de desenvolvimento sustentável, das reservas extrativistas, das reservas de fauna e
das áreas de relevante interesse ecológico, salvo quanto a atividades expressamente
admitidas no plano de manejo da unidade de conservação
 O Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF, proposto pelo órgão gestor e definido pelo poder
545 concedente, conterá a descrição de todas as florestas públicas a serem submetidas a processos
de concessão no ano em que vigorar.
 A lei determina a realização de levantamento das áreas ocupadas por comunidades locais, com
definição da natureza desta ocupação e exclusão dos locais que houve comunidade indígena
ou população local.
 Conforme decidido pelo STJ no AgInt na SLS 2.266/PA a existência de eventual degradação ou
ocupação irregular do território da floresta nacional não autoriza o desrespeito ao
procedimento estabelecido em lei para a concessão florestal.
15.7.1. Mata Atlântica
 As bordas das áreas remanescentes de Mata Atlântica deverão ter vegetação nativa,
entretanto, o Poder Público fomentará o plantio de espécies florestais nativas ou exóticas,
inclusive.
 É competência do Juizado Especial Federal julgar ação de indenização decorrente de limitações
administrativas decorrentes de normas protetivas do Bioma da Mata Atlântica, desde que
respeitado o valor de 60 salários mínimos.
 A critério do proprietário, qualquer que seja a natureza da área de Mata Atlântica, poderá ser
utilizada como Reserva Legal e seu excedente utilizada pra fins de compensação ambiental ou
instituição de Cota de Reserva Ambiental – CRA.
o Isso porque a conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária
ou secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica
cumpre função social e é de interesse público!
 A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração somente
poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em
estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse
social, em todos os casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir técnica e locacional ao empreendimento proposto.

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15.8. Organismos geneticamente modificados (OGM)


 É inconstitucional norma Estadual que vede o uso de OGM, haja vista lei federal geral permitir
tal uso. Em caso de concorrência de normas concorrentes, as normas estaduais e municipais
devem complementar a norma federal no assunto de seu interesse, de modo a preencher as
lacunas normativas, não podendo contrapor-se à norma federal.
 Crimes envolvendo OGM são de competência da UNIÃO, vez que afeta o interesse maior da
União. Fundamenta-se nos reflexos da política agrícola nacional e na balança comercial de
exportação do país.
 Os crimes de OGM são formais, não dependendo de resultado para sua consumação. Basta a
liberação de OGM no meio ambiente para que o risco seja produzido. Crime de perigo
abstrato.
 O Conselho de Gestão do Patrimônio Genético tem competência para criar e manter os bancos
de dados relacionados à lei, bem como para funcionar como instância superior de recurso em
relação à decisão da instituição credenciada.
 As entidades financiadoras ou patrocinadoras de OGMs e seus derivados devem exigir a
apresentação do certificado de qualidade em biossegurança, sob pena de se tornarem
corresponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes de atividades.
 Atividade com OGM depende de autorização da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança.
 É vedada a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de
tecnologias genéticas de restrição do uso.
546  É permitida para fins de terapia e pesquisa, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
através de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no
respectivo procedimento, desde que:
o Sejam embriões inviáveis ou;
o Sejam embriões congelados a três anos ou mais, na data da publicação da lei;
o Ou os já congelados quando publicada a lei, desde que completem 3 anos de
congelamento.
 As atividades de OGM são vedadas às pessoas físicas em atuação autônoma e independente,
ainda que mantenham vínculo empregatício com qualquer pessoa jurídica autorizada.
 A competência para legislar sobre as atividades que envolvam organismos geneticamente
modificados (OGM) é concorrente (art. 24, V, VIII e XII, da CF/88). No âmbito das competências
concorrentes, cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados-membros editar leis para
suplementar essas normas gerais (art. 24, §§ 1º e 2º). Determinado Estado-membro editou lei
estabelecendo que toda e qualquer atividade relacionada com os OGMs naquele Estado
deveria observar “estritamente à legislação federal específica”. O STF entendeu que essa lei
estadual é inconstitucional porque significou uma verdadeira “renúncia” ao exercício da
competência legislativa concorrente prevista no art. 24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras
palavras, o Estado abriu mão de sua competência suplementar prevista no art. 24, § 2º da
CF/88. Essa norma estadual remissiva fragiliza a estrutura federativa descentralizada, e
consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances locais. Assim, é inconstitucional lei
estadual que remete o regramento do cultivo comercial e das atividades com organismos
geneticamente modificados à regência da legislação federal. STF. Plenário. ADI 2303/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 5/9/2018 (Info 914).

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15.9. Patrimônio genético, conhecimento tradicional associado ao


patrimônio genético. (Lei 13.123/15)
 O acesso ao patrimônio genético existente no país ou ao conhecimento tradicional associado
para fins de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico e a exploração econômica de produto
acabado ou material reprodutivo oriundo desse acesso somente serão realizados mediante
cadastro, autorização ou notificação, e serão submetidos a fiscalização, restrições e repartição
de benefícios nos termos e nas condições estabelecidos em lei.
 São de competência da União a gestão, o controle e a fiscalização das atividades acima.
 A lei acima não se aplica ao patrimônio genético humano. (LC 140, art. 7, XXIII)
 É vedado o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado para
práticas nocivas ao meio ambiente, à reprodução cultural e à saúde humana e para o
desenvolvimento de armas biológicas e químicas.
 O acesso a conhecimento tradicional associado de origem não identificável independe do
consentimento prévio informado.
 É vedado o acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado por
pessoal natural estrangeira.
 A remessa para o exterior de amostra de patrimônio genético depende de assinatura do termo
de transferência de material, na forma prevista pelo CGen.

15.10.Política Nacional dos Recursos Hídricos


 Em caso de escassez o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
547  dessedentação de animais e uso industrial.
A água é bem de domínio público: União e Estados.
 Bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da PNRH.
o Não é o município a unidade territorial para a implementação da PNRH, mas
sim a bacia hidrográfica!
o Bacia hidrográfica é a área onde ocorre a captação de água para um rio
principal e seus afluentes, devido às características geográficas e topográficas.
 Instrumentos: plano de recursos hídricos; enquadramento dos corpos de água em classes,
segundo os usos preponderantes da água; outorga dos direitos de uso; cobrança pelo uso;
Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
 Planos de Recursos Hídricos: são planos diretores que visam fundamentar e orientar a
implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos hídricos.
o Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por
Estado e para o país. (Por município não)
 Outorga de direitos de uso: objetiva assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos
da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
 Depende de outorga:
o Derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo de água
para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo
produtivo;
o Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
o Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição
final.
o Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o Usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em


um corpo de água;
 Independe de outorga:
o Necessidade de pequenos grupos populacionais distribuídos no meio rural;
o Derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
o Acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
 Outorga para geração de energia elétrica está subordinada ao Plano Nacional de Recursos
Hídricos, obedecida a disciplina da legislação setorial específica.
 STJ: Decretos e portarias Estaduais podem vedar o uso de poços artesianos, ressalvada a
hipótese de inexistência de rede pública de saneamento básico.
 A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal,
Estadual ou Distrital. MUNICÍPIO NÃO!
o O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e DF a competência
para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da
União.
o Conforme o artigo 31, na implementação da PNRH, os municípios deverão
promover integração de políticas locais de saneamento básico, uso, ocupação
e conservação do solo e do meio ambiente com as políticas federal e estaduais
de recursos hídricos.
 Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos não poderá exceder a trinta e cinco anos,
RENOVÁVEL.

548  A outorga não implica alienação parcial das águas, que são INALIENÁVEIS, mas o simples
direito de seu uso.
 O valor arrecadado pelo uso da água não é tributo, mas sim preço público/tarifa, e seu uso é
obrigatoriamente ao financiamento dos programas de intervenção contemplado no plano de
recurso hídrico.
 As outorgas serão cobradas.
 Os valores arrecadados serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram
gerados.
 O sistema de informações em âmbito federal é de competência da Agência Nacional de águas.
Princípios: descentralização da obtenção de informações, coordenação unificada do sistema,
acesso aos dados e informações à toda sociedade.
o Estados e DF devem implantar e gerir.
o Agências de Águas devem gerir o SINRH em sua área de atuação.
 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
o Objetivos: coordenar a gestão integrada; arbitrar os conflitos relacionados
com recursos hídricos; implementar a PNRH; planejar, regular, e controlar o
uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; promover a
cobrança pelo uso de recursos hídricos.
o Integrantes: Conselho Nacional de RH; Agência Nacional de Águas; Conselhos
de RH dos Estados e DF; Comitês de Bacia Hidrográfica; órgãos federais,
estaduais, distritais e municipais cuja competência se relacionem com a gestão
de recursos hídricos; Agências de água.
o Comitês de Bacia Hidrográfica: arbitram em primeira instância os conflitos e
aprova o Plano de Recurso Hídrico da Bacia. Cabe recurso ao Conselho
Nacional ou Estaduais, de acordo com a esfera de competência. Cada bacia
tem seu território/comitê. É composto por União, Estado, DF, Municípios,
usuários, entidades civis de recursos hídricos.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Bacia em fronteira precisa de representante do Ministério das Rel.


Exteriores.
 Bacia que tenha terra indígena precisa da FUNAI e das comunidades
indígenas.
o Agências de Água: mesma área de atuação de um ou mais Comitês.
Competência: TUDO. Possuem personalidade jurídica.
15.11.Política Nacional dos Resíduos Sólidos – Produtos Tóxicos
 As embalagens devem ser fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a
reciclagem.
 São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de: agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas,
produtos eletroeletrônicos e componentes
 Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores,
dos produtos e das embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros
produtos ou embalagens objeto de logística reversa.
 As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase do seu
gerenciamento, são obrigadas a se cadastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos
 No licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que operem com resíduos
549 perigosos, o órgão licenciador do Sisnama pode exigir a contratação de seguro de
responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde pública, observadas as
regras sobre cobertura e os limites máximos de contratação fixados em regulamento
 O Governo Federal deve estruturar e manter instrumentos e atividades voltados para
promover a descontaminação de áreas órfãs, sem prejuízo das iniciativas de outras esferas
governamentais.

15.12.Mineração – Política Energética


 Conforme o artigo 3º, inciso VIII, b, do Código Florestal, a atividade de mineração é de
utilidade pública, sendo permitido a supressão de APP para tal atividade, exceto para
extração de areia, argila, saibro e cascalho.
 A pessoa jurídica que obtém a autorização de pesquisa mineral não poderá explorar o minério
local, salvo se detiver a correspondente guia de utilização, a qual pode ser concedida para:
o Aferição da viabilidade técnico-econômica da lavra de substâncias minerais
no mercado nacional/internacional.
o Extração de substâncias minerais para análise e ensaios industriais antes da
outorga da concessão;
o Comercialização de substâncias minerais a critério do DNPM, de acordo com
as políticas públicas, antes da outorga de concessão de lavra.
o Não tem a possibilidade de utilizar guia de utilização para comercialização de
substâncias minerais face à necessidade de fornecimento continuado da
substância visando garantia de mercado, bem como para custear a pesquisa!
 § 1º. Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação de terras e
de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à abertura de vias de
transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja
comercialização das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu
aproveitamento restrito à utilização na própria obra. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

 Garimpagem, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,


aparelhos manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de pedras preciosas,
semi-preciosas e minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em depósitos de
eluvião ou aluvião, nos álveos de cursos d’água ou nas margens reservadas, bem
como nos depósitos secundários ou chapadas (grupiaras), vertentes e altos de morros;
depósitos esses genericamente denominados garimpos;
 Faiscação, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares, aparelhos
manuais ou máquinas simples e portáteis, na extração de metais nobres nativos em
depósitos de eluvião ou aluvião, fluviais ou marinhos, depósitos esses genericamente
denominados faisqueiras;
 Cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos de
garimpagem e faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos filões e veeiros, a
extração de substâncias minerais úteis, sem o emprego de explosivos, e as apure por
processos rudimentares.”

15.13.Efetivação da Proteção Ambiental pelos Poderes.


 A ação civil pública só é para apurar a responsabilidade CIVIL do causador do dano. A
responsabilidade administrativa é esfera da administração, não cabendo perquirir esta em
sede de ACP.
o Busca ressarcir o dano; ações de responsabilidade por danos
550 morais e patrimoniais causados pelas ações.

16. DIREITO INTERNACIONAL


16.1. Introdução. Fontes. Princípios.
 Não há hierarquia entre as normas do direito internacional, sendo possível que um costume
revogue tratado e vice-versa.
 Direito transnacional: traz embutida uma noção de integração entre direito interno e
internacional. “Leva em conta o encadeamento jurídico das relações internacionais, compondo
um conjunto de normas de alcance internacional, abrangendo, assim, o direito internacional
público e o privado, além do direito interno com alcance internacional e as relações jurídicas
diretamente vinculadas para e entre as pessoas privadas.”,
 Para que um estado se escuse de cumprir um costume, basta expressar manifestamente que
não o reconhece. Não é necessário, entretanto, que se manifeste desde a formação deste
costume. Trata-se da figura do objetor persistente.
 Atenção: Não há previsão expressa de princípios gerais do direito internacional no Estatuto da
CIJ, mas tão somente “princípios gerais do direito aceito pelas nações civilizadas”. Princípios
gerais do direito internacional são fontes extra-estatutárias.
 Fontes auxiliares: doutrina e jurisprudência (decisões judiciárias).
 Fontes extra-estatutárias: princípios gerais do Direito Internacional, atos unilaterais dos
estados, decisões de organizações internacionais e o soft law.
 Fontes estatutárias: convenções internacionais; costume internacional, princípios gerais de
direito reconhecidos pelas nações civilizadas.
 Equidade: previsto no ECIJ art. 38.2, devendo as partes concordarem.
o A decisão da corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do
caso em questão.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o A equidade não é fonte formal, mas estatutária. Para CIJ utilizar-se dela é
necessário aceitação prévia das partes.
o
 Comitas gentium: cortesia internacional para excepcionar a aplicação do direito local a
agentes diplomáticos, consagrando a regra par in parem non habet imperium vel judicium, de
modo que nenhum Estado soberano pode ser submetido contra sua vontade à condição de
parte perante o foro doméstico de outro Estado
 Voluntarismo: a vontade de submeter-se a um ordenamento internacional se dá pelo caráter
subjetivo, ou pela vontade, expressa ou tácita dos Sujeitos Internacionais.
o Crítica: condiciona toda regulamentação internacional à mera vontade dos
estados.
 Objetivismo: a submissão ao ordenamento internacional se dá em razão de princípios, valores
e regras que sustentam o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade
internacional.
o Crítica: minimiza o papel da vontade dos Estados.
 Teoria do Pacta Sunt Servanda: o DIP é obrigatório por conter normas importantes para o
desenvolvimento da sociedade internacional, mas que ainda dependem da vontade do Estado
para existir. Ademais, a partir do momento em que os Estados expressem seu consentimento
em cumprir determinadas normas internacionais, devem fazê-lo de boa-fé.

16.2. Tratados Internacionais. Atos internacionais.


551 Atos Internacionais. Tratado. Conceito. Validade. Efeitos. Ratificação. Promulgação. Registro
e publicidade. Vigência contemporânea e diferida. Incorporação ao Direito Interno. Violação.
Conflito entre tratado e norma de Direito Interno. Extinção. Atos internacionais. Convenção.
Acordos. Ajuste. Protocolo.
 Para a teoria monista, não é necessário que o tratado seja incorporado ao ordenamento
interno por diploma normativo diverso para que o tratado seja válido, pois entende que a
ordem nacional e internacional são uma só ordem jurídica. Entretanto, a ratificação, que é o
ato que o Estado confirma sem interesse em se vincular a um acordo internacional e assume o
compromisso de cumpri-lo, é a etapa final para que o tratado gere efeitos para o Estado tanto
no âmbito nacional como no âmbito internacional, não havendo necessidade de uma lei ou
decreto que incorpore no ordenamento jurídico interno o referido tratado (dualismo).
● Tratados internos sobre desarmamento de armas nucleares não são hierarquicamente
superiores aos tratados internacionais.
● Lembrar que o Brasil renunciou ao artigo 25 e 66 da Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados, uma vez que a CF exige ratificação dos tratados, razão pela qual não pode haver
execução provisória de tratados no Brasil.
o Sobre a aplicação provisória em países que aceitam, esta aplicação pode
terminar se um estado notificar aos outros estados, entre os quais o tratado é
aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado. É
desnecessário anuência de outro Estado para tanto.
o A aplicação provisória só se aplica enquanto o tratado não entra em vigor.
o A aplicação provisória pode se dar em relação a todo o texto do tratado ou
somente de parte de texto.
o A aplicação provisória não precisa ser expressa, podendo ser prevista pelos
negociadores de outra forma.
● Portela diz que os tratados internacionais não podem regular matéria reservada à lei
complementar.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● O tratado internacional entra em vigor no âmbito:


o Internacional: com o envio da mensagem aos demais signatários ou com o depósito da
Carta de Ratificação.
o Nacional: com a promulgação pelo Presidente da República, ato no qual ordena a
publicação e execução em território nacional. Isso se dá após todo o trâmite legislativo.
● Só pode ser parâmetro para controle de constitucionalidade as normas internalizadas pelo
artigo 5º, §3º.
● O art. 7°, §2°, “b” da Convenção de Viena estipula que os chefes de missão diplomática (no
caso, os embaixadores) somente podem adotar um texto de um tratado, sem a apresentação
dos plenos poderes. Eles não podem ASSINAR, pois é um ato distinto e posterior, somente
podendo pelo Ministro das Relações Exteriores e pelo presidente da República.
● A Convenção de Viena de 1969 sobre Direito dos Tratados dispõe que os Chefes de Estado, os
Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores são considerados representantes do
seu Estado, independente de apresentação de carta de plenos poderes.
o a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores,
para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;
o b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o
Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;
o c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização
internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal
conferência, organização ou órgão
● Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou um
552 tratado internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como
parâmetro em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Exceção: será cabível ADI
contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate sobre
direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso
porque neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse
uma emenda constitucional.
● Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não cabe tratado internacional sobre
matéria reservada a lei complementar. Isso porque o tratado internacional é aprovado por
decreto legislativo, que exige quórum de maioria simples, e não absoluta, requisito da Lei
complementar.
● O CTN adota a teoria da supralegalidade em âmbito de tratado internacional. Portanto, em
matéria tributária, ainda que seja matéria a ser tratada por lei complementar, o CTN permite
que tratado disponha sobre direito tributário.
● O Estado depositário não precisa ser parte do tratado. Assim, se determinado Estado aceitar,
expressamente por escrito, o encargo de depositário, mas acabar por não ratificar o tratado
em questão, mesmo assim esse Estado permanecerá vinculado à obrigação contraída, na
condição de terceiro.
● Os gentlemans agréments NÃO SÃO ACORDOS INTERNACIONAIS, mas acordos entre os
Governantes.
● Não é só da constituição que decorre a diferença de níveis hierárquicos entre tratados. A
supralegalidade dos tratados de DIREITO TRIBUTÁRIO e de DIREITOS HUMANOS decorrem do
CTN e do STF (jurisprudência), respectivamente.
● Como regra geral, o tratado internacional, posterior, regularmente incorporado ao sistema
jurídico nacional, não revoga lei ordinária anterior. A exceção é a supralegalidade, CTN,
Direitos humanos e outros.
● No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquica
sobre as normas de direito interno. A eventual precedência dos tratados ou convenções
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internacionais sobre as regras infraconstitucionais de direito interno somente se justificará


quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do
conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico {lex posterior derogat priori) ou,
quando cabível, do critério da especialidade
● Lembre-se: o Brasil não adota os princípios do efeito direto e da aplicabilidade imediata dos
tratados, ainda que sejam de Direitos Humanos. Deve haver a incorporação no ordenamento
interno.
● Reserva é incompatível com tratados bilaterais.
● A superveniência de normas jus cogens não suspende, mas torna NULO e extingue o tratado
que for conflitante com a norma jus cogens.
● Lembre-se: a retroação é exceção nos tratados internacionais, mas é admitido que a norma
oriunda de tratado opere efeitos em relação a fatos ou situações preexistentes, desde que
previsto expressamente no tratado ou em acordo específico.
● Lembre-se: a casa iniciadora é a Câmara dos Deputados. É a regra do artigo 64 da CF, que
dispõe que os PL de iniciativa do Presidente, do STF e dos Tribunais superiores iniciam-se na
Câmara.
● Tanto os tratados-lei como os tratados-contrato exigem apreciação do Congresso Nacional.
o A exceção fica por conta dos acordos executivos (executive agréments), que
são aqueles que não envolvem compromissos gravosos ao patrimônio
nacional.
● Recurso aos trabalhos preparatórios é meio suplementar de interpretação.
● Mudança fundamental de circunstâncias pode ser invocada para extinguir um tratado ou dele
553 retirar-se, mas não para requerer nulidade.
● A competência da JF para as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado
estrangeiro ou organismo internacional, deve ser relacionado à tratados contratos.
o São tratados que demandem uma contraprestação específica do Estado
Brasileiro, também denominados de tratados-contrato.
● É da competência exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional.
● A denúncia encerra o compromisso com o tratado, deixando o Estado de integrar o rol de
partes. Para que o tratado volte a vigorar, deve o Estado brasileiro aderir ao acordo
internacional novamente, através de todo o trâmite.
● Lei posterior contrária ao tratado apenas derroga este último, afastando-se sua aplicação no
caso concreto em que esteja em conflito com a lei interna. Para que um tratado seja
revogado, deve ser denunciado.
● No brasil, o tratado só entra em vigor após a promulgação.
● Todo tratado concluído por qualquer Estado membro da ONU deverá, dentro do mais breve
prazo possível após a sua entrada em vigor, ser registrado e publicado pelo Secretariado da
Organização, de modo que nenhuma parte, caso não tenha sido o tratado registrado no
Secretariado da ONU, poderá invocar tal acordo perante qualquer órgão das Nações Unidas.
● Vigência diferida: os tratados entram em vigor algum tempo depois do término das
negociações e do consentimento das partes envolvidas.
● A ratificação pode ser consumada com notificação da parte envolvida; por depósito do
instrumento de ratificação junto ao depositário. Ademais, a ratificação não é imprescindível,
podendo ser dispensada em determinados tratados.
● Os tratados internacionais se extinguem por: ocorrer sua execução integral; impossibilidade de
execução; renúncia unilateral por parte do Estado exclusivamente beneficiado; denúncia
unilateral; pela guerra e pela inexecução do tratado por parte de um dos Estados contratantes.
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 Uma reserva pode ser retirada a qualquer momento, sem o consentimento do Estado que a
aceitou seja necessário para sua retirada. Para tanto, basta que o tratado dispense a aceitação
ou não exija tal consentimento do Estado que aceitara ou fizera objeção à reserva (TRF3/2018)
 Normas de Juscogens:
o 1. Proibição do uso ilegítimo da força, agressão e da guerra de conquista;
o 2. Autodeterminação dos povos;
o 3. Normas que tratam sobre crimes internacionais, como o genocídio e a
tortura.
16.3. Sujeitos do Direito Internacional - Diplomacia
Estado. Imunidade à jurisdição estatal. Consulados e embaixadas. Personalidade
internacional. Organizações internacionais. Conceito. Natureza jurídica. Elementos
caracterizadores. Espécies. Personalidade internacional. População. Nacionalidade.
Princípios. Normas. Tratados multilaterais. Estatuto da igualdade.
 As organizações internacionais possuem imunidade ampla, ou seja, tanto para atos de gestão
como para atos de império, somente podendo ser demandadas se renunciarem a imunidade.
A imunidade é para o processo de conhecimento e de execução.
o Imunidade de jurisdição: SIM.
o Imunidade de execução: SIM.
 Já os Estados, para o processo de conhecimento possuem imunidade apenas para ato de
império (e não para atos de gestão, como para responderem por verbas trabalhistas). Para a
execução (processo de execução) possuem imunidade ampla (inclusive para atos de gestão).
554 o Sobre a imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro em matéria trabalhista,
esta foi flexibilizada no Brasil em função da evolução do costume internacional
sobre a matéria. (Resposta do TRF-2/2018)
 Apesar de trabalhos relevantes e humanitários na assistência médica de indivíduos, a doutrina
não reconhece personalidade jurídica da Soberana Ordem Militar de Malta. Só à CRUZ
VERMELHA.
 Beligerância: movimento de grande envergadura contrário a um determinado governo de um
Estado, que visa conquistar o poder e criar, com sua movimentação, um novo ente estatal, e
cujo estado é reconhecido pela sociedade internacional.
 A Convenção das Nações Unidas sobre Imunidades Jurisdicionais dos Estados e de sua
Propriedade ainda não entrou em vigor, o que ocorrerá apenas quando for depositado o
trigésimo instrumento de ratificação, aceitação aprovação ou adesão a referido tratado. Até
lá, o tema imunidade de jurisdição estatal continuará a ser regido por regras costumeiras.
 Doutrinas:
o Drago: nenhuma potência estrangeira pode usar a força contra uma nação
americana com a finalidade de cobrar uma dívida.
o Tobar Popular: a única forma para evitar golpes de Estado na região
americana seria a comunidade internacional se recusar a reconhecer os
governos golpistas como legítimos, rompendo relações diplomáticas e
formulando contra eles uma declaração de não-reconhecimento, até que
aquele governo fosse confirmado nas urnas. Deve se manifestar.
o Estrada: defende que a declaração expressa do reconhecimento de uma nova
soberania é uma prática afrontosa, uma falta de respeito à soberania da nação
preexistente, pois não é necessário o reconhecimento para que o Estado inicie
suas atividades. Não deve se manifestar.
o Cláusula Calvo: é a renúncia de proteção diplomática. Pelo simples fato de
firmar um contrato que contenha esta cláusula, o estrangeiro se obriga a

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renunciar a proteção de seu país e acatar as leis do país em que se firmou o


contrato.

 Sucessão de Estados:
o O caso de sucessão de Estados tem como fundamento o histórico das
descolonizações ocorridas, de forma que existem duas convenções de Viena,
uma de 1978 e outra de 1983.
o Nelas, há várias formas de transmissão dos bens móveis e imóveis, dando-se
preferência aos acordos. Todavia, ainda que inexista acordo, há norma que
prevê que caberão ao Estado sucessor os bens imóveis que se encontrarem
na área sucedida e os bens móveis vinculados à atividade do Estado
predecessor no território da sucessão.
o Nas anexações parciais, a perda da nacionalidade não ocorre de modo
automático. Como exemplo, na anexação da Crimeia à Rússia, coube aos
habitantes decidirem qual nacionalidade escolheriam. De fato que a mudança
da soberania repercute diretamente na nacionalidade dos habitantes, mas ela
não é de modo absoluto.
o O Caso Tratado de Paz de 1947 é apontado por Alberto Amaral Júnior como
exemplo de anexação parcial em que coube aos habitantes decidirem se
ficariam vinculados à Itália ou teria a nacionalidade francesa.
o Um dos efeitos da sucessão de Estados é justamente a permanência dos
555 tratados subscritos pelo Estado predecessor, sendo que os novos tratados
terão validade, exclusivamente, para a área territorial objeto da sucessão.
o Princípio da não intervenção:
 Tobar Popular: o reconhecimento de Governo deve ocorrer após a
constatação de que há o apoio popular.
 Estrada: influenciada na Doutrina Moroe, condena que os governos
estrangeiros se manifestem sobre a legitimidade das autoridades
internas
o Concepções sobre o reconhecimento estatal:
 Declaratória: caráter retroativo, produz efeitos a partir do momento
em que o Estado vem a se formar (momento que é diferente do
reconhecimento), afirma que a criação de um novo Estado não se
subordina ao assentimento dos Estados que já existem.
 Constitutiva: o novo estado só se forma quando os demais Estados
reconhecem sua existência.
16.3.1. Consulados e embaixadas – Diplomacia
● O Estado receptor ficará obrigado a respeitar e a proteger, inclusive em caso de conflito
armado, os locais consulares, os bens da repartição consular e seus arquivos. Logo, a
responsabilidade é do Estado receptor.
● A competência para julgamento de feitos que tratam sobre crimes contra repartições
consulares é da Justiça Federal, uma vez que há interesse da União em proteger as
embaixadas.
● Não obstante os Estados tenham imunidade sobre os imóveis diplomáticos e consulares, os
serviços específicos e divisíveis cobrados por taxa, como coleta de lixo, irão incidir. Assim,
devida é a taxa.
● A aquisição de propriedade necessária à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes
consulares prescinde (não precisa) de autorização dos Min. das Relações Exteriores.
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o Não podem adquirir imóvel para outra finalidade.


● Atenção: o prédio da embaixada não é extensão de território do Estado acreditante,
possuindo tão apenas imunidade.
● A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente
do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do
réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para
o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta.
● Comitas gentium: cortesia internacional para excepcionar a aplicação do direito local a
agentes diplomáticos, consagrando a regra par in parem non habet imperium vel judicium, de
modo que nenhum Estado soberano pode ser submetido contra sua vontade à condição de
parte perante o foro doméstico de outro Estado.
● Diplomata que comete homicídio:
o Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão.
o Gozará de imunidade de jurisdição penal no Estado acreditado.
▪ Salvo se o Estado acreditante renunciou à imunidade de seus agentes
diplomáticos.
o A imunidade não impede só a prisão, mas as medidas cautelares diversas da
prisão, uma vez que ferem sua liberdade ou dignidade.
o STJ: em hipótese de renúncia de imunidade de jurisdição, não há que se
aplicar medidas cautelares para assegurar a aplicação da lei penal, como
proibição de se ausentar do país, se a jurisdição de execução permanece
sendo do País acreditante.
556 ● O fundamento das imunidades diplomáticas:
o Para Montesquieu, o agente diplomático representava o soberano ou Estado
estrangeiro e, nesse sentido, como o Estado era propriedade do soberano, a
ofensa a seu representante atingia o próprio soberano e o próprio Estado.
o O fundamento é a Teoria do Interesse da Função: “finalidade de tais
privilégios e imunidades não é beneficia indivíduos, mas, sim, a de garantir o
eficaz desempenho das funções das missões diplomáticas, em seu caráter de
representantes do Estado. (CV61)
o
16.3.2. ONU
● Outros órgãos da ONU e entidades especializadas poderão, desde que autorizados pela
Assembleia Geral, solicitar pareceres consultivos à Corte Internacional de Justiça.
o Os órgãos da ONU, chamadas agências especializadas das Nações Unidas
contam com personalidade jurídica de Direito Internacional, não sendo
meros departamentos da ONU.
o Podem pedir pareceres: Assembleia Geral e Conselho de Segurança da ONU e
outros órgãos da ONU que forem autorizados pela Assembleia Geral.
● As decisões do Conselho de Segurança da ONU não são passíveis de serem afastadas pelos
países membros com base no exercício da soberania. Isso porque o artigo 25 determina que os
Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho de
Segurança, de acordo com a presente carta.
● A simples ameaça de utilização da força militar por um Estado com o deslocamento de suas
tropas e o anúncio de uma possível invasão a um terceiro Estado, configura uma violação às
disposições da Carta das Nações Unidas.
● O princípio da não intervenção não prejudica a aplicação de medidas coercitivas nos casos
previstos na Carta da ONU.
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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● Conselho de Tutela é órgão da ONU.


● A UNESCO, sediada em Paris, visa promover a cooperação internacional nas áreas da
educação, ciência e da cultura, com vistas a contribuir para a paz e a proteção dos direitos
humanos.
o Possui personalidade jurídica própria, mas tem vínculo com a ONU, sendo
agência especializada.
o
16.3.3. OIT
 Contribui não apenas para estabelecimento de padrões trabalhistas mínimos, mas também
para promoção dos direitos humanos em geral, para melhoria da sociedade como um todo e
para a paz mundial.
 A OIT conta com uma estrutura cujos órgãos colegiados se organizam de maneira tripartite:
Estado, empregados e empregadores.
 Não há uma “Assembleia Geral”, mas sim um órgão que se chama “Conferência Geral do
Trabalho”.
 A organização/direção está à cargo da “Conferência Geral do Trabalho” e do Conselho de
Administração.
o A Repartição Internacional do Trabalho (Bureau Internacional do Trabalho), se
encontra sob a direção do Conselho de Administração.
 A OIT é secretariada pela Repartição Internacional do Trabalho.
 A OIT tem como um de seus objetivos o incentivo à liberdade sindical, não apoiando a
557 existência de sindicatos únicos.
16.4. Nacionalidade; Estrangeiro; Personalidade internacional.
Estrangeiros. Vistos. Deportação. Expulsão. Extradição. Conceito. Fundamento jurídico.
Reciprocidade e Controle jurisdicional. Asilo político. Conceito. Natureza e disciplina.
Personalidade internacional. Pessoa jurídica. Conceito de nacionalidade. Teorias e legislação.
Empresas binacionais. Estatuto da igualdade
● A doutrina aponta para necessidade de que a nacionalidade do indivíduo respeite o princípio
da efetividade, ou seja, a nacionalidade de um indivíduo deve ser fundamentada em laços
sociais entre o indivíduo e o Estado.
● DUDH e ASILO: Toda pessoa sujeita à perseguição tem o direito de procurar e de se beneficiar
de asilo em outros países. Referido direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo
realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos
princípios das Nações Unidas. Duas são as espécies de asilo aceitas no Brasil, e se divide em:
o Asilo diplomático: criminalidade política. – Brasil é contratante da Convenção
de Caracas sobre Asilo Diplomático.
o Asilo territorial: perseguição individualizada.
● A missão diplomática que concede asilo não pode entregar o protegido ao Estado cuja missão
esteja sediada, em virtude da concessão de asilo e do princípio do non refoulement, de acordo
com o qual um Estado (que concedeu o asilo) não pode rechaçar um pretendente ao asilo
quando isso implique que o indivíduo deverá ficar sob a jurisdição.
● O asilo é medida política, discricionária do Estado.
● A concessão de asilo político não contempla reciprocidade: isso porque o asilo é dado ao
indivíduo, e não ao Estado. Óbvio, não?
● Concedido o asilo, o Estado asilante pode pedir a saída do asilado para território estrangeiro,
sendo o Estado territorial obrigado a conceder, imediatamente, salvo caso de força maior, as
garantias necessárias a que se refere o artigo V e o correspondente salvo-conduto.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

● O princípio aut dedere aut judicare implica que, diante do cometimento de determinadas
infrações consideradas graves, o Estado ou deve extraditar um indivíduo que as cometeu ou
deve julgá-lo.
o Não se aplica tal princípio diante da concessão do asilo aos indivíduos que
tenham cometido crimes políticos. Em regra, não se extradita aquele que
cometeu crime político. É a regra adotada no Brasil.
● REFUGIADOS:
o Refúgio é medida de caráter humanitário, deferida em nível administrativo.
Visa proteger as pessoas de temores de perseguição, por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política, que se encontram fora
de seu país de nacionalidade e não possam ou não queiram acolher-se à
proteção de tal país, bem como pessoas que, devido a grave e generalizada
violação de direitos humanos, foram obrigadas a deixar seu país de
nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
o A concessão é obrigatória quando restarem configurados os pressupostos
para o reconhecimento da condição de refugiado, não cabendo a
discricionariedade estatal neste ponto.
o O pedido de refúgio impede o prosseguimento do processo de extradição.
o A decisão do Comitê Nacional para Refugiados, que indefere o pedido de
refúgio, é passível de controle judicial por Juiz Federal de primeiro grau.
o STJ: A expulsão de estrangeiro que ostente a condição de refugiado não pode
ocorrer sem a regular perda dessa condição – non refoulement.
558 ▪ Tanto a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos
Refugiados (art. 32) quanto a Lei 9.474/1997 (art. 36) preveem que o
refugiado que esteja regularmente registrado não será́ expulso do
território nacional, salvo por motivos de segurança nacional ou de
ordem pública.
▪ Impossibilidade de que o refugiado seja devolvido ao local onde sua
vida, liberdade ou dignidade correm riscos.
▪ Deve ser reconhecido como limitação imanente ao poder
discricionário conferido ao Executivo para expulsar refugiado por
motivos de segurança nacional ou ordem pública a conclusão de
processo administrativo em que seja declarada a perda da condição
de refugiado.

16.4.1. Documentos do estrangeiro


 Vistos diplomáticos e oficial poderão ser concedidos a autoridades e funcionários estrangeiros
que viajem ao Brasil em missão oficial de caráter transitório ou permanente, representando
Estado estrangeiro ou organismos internacionais reconhecidos.
o Não se aplica aos titulares de tais vistos o disposto na legislação trabalhista.
o SE APLICA a legislação trabalhista aos dependentes das pessoas do caput,
desde que o país garanta reciprocidade de tratamento ao nacional brasileiro,
por comunicação diplomática. Esses dependentes também possuem visto
diplomático.
 Poderá ser denegado o visto brasileiro à pessoa condenada ou respondendo a processo em
outro país passível de extradição segundo a lei brasileira.
 Nova Lei de Migração(autorização de residência):
o Para o visto permanente não há exigência de atividade certa.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o Para o visto permanente não há exigência de fixação do estrangeiro em


território certo, havendo liberdade de circulação no território nacional.
o A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere o direito de obter
visto ou autorização de residência em território nacional, sem prejuízo do
disposto sobre visto para realização de investimento.
16.4.2. Nacionalidade
● Os direitos e garantias fundamentais também se aplicam aos estrangeiros não residentes no
Brasil, quando estes estão em nossos territórios.
● Caso Cláudia Sobral – green card: Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o
greencard decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade
brasileira. Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção prevista na
alínea “b” do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o greencard, não havia
necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte-americana como condição para
permanência ou para o exercício de direitos civis. O estrangeiro titular de greencard já pode
morar e trabalhar livremente nos EUA. Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania
americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale ressaltar que, perdendo a
nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim, se cometer
um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem que isso configure ofensa
ao art. 5º, LI, da CF/88. Art. 12 (...) § 4º — Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que: II — adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de
nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma

559 estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos civis; STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STF. 1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 28/3/2017 (Info 859)..
o O ato do Presidente da República que registra a perda da nacionalidade
brasileira do brasileiro, ainda que nato, que opta voluntariamente por outra
nacionalidade é declaratório, não desconstitutivo, uma vez que não é dele que
se origina a perda da nacionalidade, mas da naturalização que o precede.
o
● O requerimento de aquisição da nacionalidade brasileira, previsto na alínea “b” do inciso II do
art. 12 da Carta de Outubro, é suficiente para viabilizar a posse no cargo triunfalmente
disputado mediante concurso público. Isto quando a pessoa requerente contar com quinze
anos ininterruptos de residência fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria de formal
reconhecimento da naturalização, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça, é de caráter
meramente declaratório.
● Quando estrangeiros estão no Brasil, e não estejam a serviço do seu país, o eventual filho é
brasileiro NATO. Somente quando estão a serviço de seu país de origem é que não irá possuir
naturalidade brasileira nata.
● Depois de autorizada a extradição pelo STF, o ato do Presidente da República que decide pela
concessão da extradição não é passível de apreciação pelo Judiciário.
● O filho de brasileiros que estejam no exterior a serviço de uma organização internacional da
qual o brasil faça parte também é considerado brasileiro nato. Rezek diz que serviço no Brasil
não é só o afeto ao Executivo Federal. Compreende todos os poderes da União e esferas
federativas, bem como os serviços prestados por brasileiros em organizações internacionais
das quais o brasil faça parte.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

16.4.3. Estatuto da Igualdade – Portugueses e Brasileiros


 Os portugueses e brasileiros beneficiários do estatuto de igualdade ficam submetidos à lei
penal do Estado de residência nas mesmas condições em que os respectivos nacionais e não
estão sujeitos à extradição, salvo se requerida pelo Governo do Estado da nacionalidade.
o Logo, o cidadão português não conta com igualdade total, poderá ser
extraditado e expulso.
 O português ou brasileiro, beneficiário do estatuto de igualdade, que se ausentar do território
do Estado de residência terá direito à proteção diplomática apenas do Estado de
nacionalidade.
 Excetuam-se do regime de equiparação apenas “os direitos expressamente reservados pela
Constituição de cada uma das Partes Contratantes aos seus nacionais”
 No brasil, o Estatuto da Igualdade será atribuído apenas por ato do Ministro da Justiça.
 A concessão do estatuto da igualdade não é automática, dependendo de requerimento do
interessado, o qual deve também, ser civilmente capaz e ter residência habitual no país em
que ele é requerido.
16.4.4. Expulsão, extradição e deportação
● A extradição não é ato de nenhum dos Poderes do Estado, mas da República Federativa do
Brasil, sendo efetivada pelo Presidente da República (extradita ou não), depois de decidida
(autorizada) pelo STF.
● A repatriação, a deportação e a expulsão poderão ser feitas para país distinto daquele que o
indivíduo é nacional, havendo aceite de outro país.
560 ● Deportação: O estrangeiro, no prazo mínimo de sessenta dias, prorrogáveis por igual período,
deverá regularizar sua situação no país. Caso isso não ocorra, a deportação será medida
aplicável.
● A deportação não impede o estrangeiro de retornar ao País. É de competência da autoridade
migratória, e não do Ministro da Justiça.
● A expulsão impede o estrangeiro de voltar ao país, TEMPORARIAMENTE (nova lei de
migração): “Art. 54. A consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante
ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo
determinado”. Esse é de competência do Presidente da República ou do Ministro da Justiça,
por delegação do Presidente.
● Segundo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o estrangeiro que se encontre
legalmente no território brasileiro só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão
adotada em conformidade com a lei e, a menos que razões imperativas de segurança a isso se
oponham, terá a possibilidade de expor as razões que militem contra a sua expulsão e de ter
seu caso reexaminado pelas autoridades competentes, ou por uma ou várias pessoas
especialmente designadas pelas referidas autoridades, e de fazer-se representar com este
objetivo.
● O Brasil pode solicitar a extradição de qualquer sujeito (estrangeiro/nacional) que tenha
violado a lei penal brasileira, não havendo nenhuma restrição que beneficie brasileiros.
● O fato de o extraditando ter filhos brasileiros menores, incapazes, dependentes de economia
paterna não ostenta relevância jurídica, de modo a obstar a extradição. Aqui tem súmula,
inclusive.
o Súm STF 421: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando
casado com brasileira ou ter filho brasileiro.
● Já a expulsão sim, importa ter filhos ou cônjuge brasileiro.
o Súm STF n.º 01: É vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou
que tenha filho brasileiro, dependente da economia paterna.

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● Não haverá expulsão, conforme a nova Lei de Migração, quando:


o Tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou
socioafetiva (STF) ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;
o Tiver cônjuge ou companheiro residente no brasil, sem discriminação alguma,
reconhecido judicial ou legalmente;
o Tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade, residindo no País desde
então;
o For pessoa com mais de 70 anos que resida no País há mais de 10 anos,
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão.
● O exame da alegação de que o paciente desconhece o fato que lhe é imputado, induzindo ao
reconhecimento de sua inocência, extrapola os limites da contenciosidade limitada que rege o
processo de extradição.
● Brasileiro naturalizado NÃO PODER SER EXPULSO. Poderá ser extraditado, mas não expulso.
● A extradição pode se dar por tratado ou por reciprocidade. A aceitação da promessa de
reciprocidade é discricionária do Estado que a recebe. A lei do Estado que pede a extradição
deverá permitir a apresentação dessa modalidade de promessa.
● Diferentemente da extradição, no instituto da transferência de execução não é a pessoa que é
trasladada ou transferida de um país a outro, mas a sentença condenatória. Desse modo, uma
sentença é transferida a outro Estado para a execução penal quando não é possível ou viável
legalmente a extradição desse condenado.
● É inviável o exame do pedido extradicional na falta de tratado ou de promessa de
reciprocidade, o que implica indeferimento sumário da demanda de extradição apresentada.
561 ● O Brasil não extradita por crime político ou de opinião.
● Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional
acerca da entrega, basta a emissão de ordem judicial.
● A contenciosidade limitada é mitigada no pedido de extradição de naturalizado por tráfico de
drogas, uma vez que o STF irá analisar o mérito no sentido de perquirir se houve ou não o
tráfico. Tais casos requerem exame do mérito da questão principal dentro do pedido
extradicional.
● A pessoa que foi extraditada somente pode ser julgada ou cumprir pena no Brasil pelo(s)
crime(s) contido(s) no pedido de extradição. Se o extraditando havia cometido outros crimes
antes do pedido de extradição, em regra, ele não poderá responder por tais delitos se não
constaram expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o nome de "princípio da
especialidade".
o Ex: o Brasil pediu a extradição mencionando o crime 1; logo, em regra, o réu
somente poderá responder por este delito; como o crime 2 tinha sido
praticado antes do pedido de extradição, o governo brasileiro deveria ter
mencionado expressamente não apenas o crime 1, como também o 2.
Segundo entende o STF, o pedido de extradição supletiva ou suplementar não
viola o princípio da especialidade, sendo juridicamente possível (STF. Ext 1.052
extensão - Reino dos Países Baixos, DJe 5/12/2008).
o Quando há pedido de extradição de um sujeito para julgamento de
determinado crime, ele pode ser processado por outro crime anteriormente
cometido, desde que haja pedido supletivo ao estado que entregou o sujeito.
o Quando o Estado autoriza a extradição, ele precisa saber exatamente por quais
crimes a pessoa responderá no Estado de destino. Isso porque o Estado
poderá recusar a extradição se o delito pelo qual o acusado irá responder não
for também previsto como crime no Estado de origem (requisito da dupla
tipicidade). Dessa forma, não se pode omitir no pedido de extradição a
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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

existência de crimes que serão apurados no Estado requerente a respeito do


mesmo réu porque isso seria uma forma de burlar a inteira análise do pedido
pelo Estado requerido.,
o O juiz do processo que apura o crime 2 deverá SUSPENDER a ação penal,
extrair cópias dos autos e encaminhá-las ao Ministério da Justiça para que este
órgão adote as providências necessárias para solicitar à Suprema Corte de
Justiça do país que concedeu a primeira extradição, a extensão da autorização
da extradição. Assim, a ação penal não irá continuar tramitando normalmente.
o Não é necessário pedido de extradição supletivo se o fato criminoso se deu
depois da extradição. Ex: matar um colega na penitenciária.
● Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a
oportunidade de expulsão do estrangeiro ou de sua revogação. Apesar da lei mencionar
“exclusivamente”, é possível que o Presidente delegue esse ato de expulsão. É possível que o
decreto de expulsão de estrangeiro seja subscrito pelo Ministro da Justiça, por delegação do
Presidente da República.
o EM REGRA, é possível que o interessado formule “pedido de reconsideração”
no prazo de 10 dias, a contar da publicação do decreto de expulsão.
o Excepcionalmente, NÃO caberá pedido de reconsideração se a expulsão foi por
causa de:
* infração contra a segurança nacional, a ordem política ou social e a economia
popular;
* tráfico de drogas; ou
562 * de desrespeito à proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.
● "(...) As normas extradicionais, legais ou convencionais, não constituem lei penal, não
incidindo, em consequência, a vedação constitucional de aplicação a fato anterior da legislação
penal menos favorável. (...)". Possível, portanto, a aplicação retroativa de tratados de
extradição, desde que haja expressa previsão pactuada pelos Estados celebrantes.
 O modelo extradicional vigente no Brasil admite duas modalidades de extradição:
o Extradição executória: que exige condenação penal, ainda que não transitada em
julgado; e
o Extradição instrutória: que se satisfaz com a simples existência de investigação penal.
 Ainda que não exista tratado de extradição, é possível que o pedido se apoie em outro
fundamento jurídico, qual seja, a promessa de reciprocidade, que constitui fonte formal do
direito extradicional. Veja: (...) A inexistência de tratado de extradição não impede a
formulação e o eventual atendimento do pleito extradicional, desde que o Estado requerente
prometa reciprocidade de tratamento ao Brasil, mediante expediente (Nota Verbal)
formalmente transmitido por via diplomática. Doutrina. Precedentes."
 O STF, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar ou
determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em liberdade, com
retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o
julgamento da extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a
situação administrativa migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do
caso. Isso está previsto no art. 86 da Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração).
 Mesmo que o Estado requerente não junte cópia dos textos legais dos crimes que teriam sido
praticados pelo indivíduo, ainda assim é possível conceder a extradição caso a defesa não
impugne o descumprimento dessa formalidade e o extraditando manifeste concordância em
ser prontamente extraditado.

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 É possível que o Poder Judiciário avalie a decisão de expulsão. No entanto, como o ato de
expulsão é considerado DISCRICIONÁRIO, somente cabe ao Poder Judiciário analisar se ele foi
praticado em conformidade ou não com a legislação em vigor (CONTROLE DE LEGALIDADE),
não podendo examinar a sua conveniência e oportunidade, ou seja, não poderá realizar o
controle sobre o mérito da decisão.
o Controle do Poder Judiciário sobre a decisão de expulsão:
* CONTROLE DE LEGALIDADE: SIM
* CONTROLE SOBRE O MÉRITO: NÃO
 O STF não pode analisar o mérito da pretensão do Estado requerente, devido ao “sistema de
contenciosidade limitada”, salvo:
o EXCEÇÃO. Excepcionalmente, é possível que o STF analise os seguintes
aspectos relacionados com o crime:
a) prescrição penal;
b) se está respeitado o princípio da dupla tipicidade; e
c) se há motivação política na condenação ou nas razões que levaram o Estado
estrangeiro a requerer ao Governo brasileiro a extradição de determinada
pessoa.
d) se houve tráfico de drogas e entorpecentes, no caso de naturalizado
 O Ministro Relator do caso no STJ deverá notificar a Defensoria Pública da União para que esta
indique um Defensor Público Federal para atuar na qualidade de curador especial. Isso porque
o interessado não pode ficar sem defesa técnica em caso de inércia da defesa do extraditando.

563  STF: Para fins de extradição, o ordenamento jurídico brasileiro não exige que a ordem de
prisão do extraditando haja sido expedida por autoridade integrante do Poder Judiciário,
senão apenas que tenha competência para fazê-lo nos termos da lei do Estado requerente.”.
 O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encontrada a
pessoa ou o corpo. Assim, se o Estado requerer a extradição de determinado indivíduo pelo
crime de sequestro, se a vítima ou o corpo nunca foi encontrado, não terá começado a correr
o prazo prescricional.
 O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao extraditando como de
lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque:
1) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de
Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, nem aderiu a ela;
2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade de
crimes no Brasil.
 A nova lei de migração chancelou DUAS VIAS de tramitação do requerimento de extradição:
diplomática e autoridade central.
 Há presunção de autenticidade do pedido devidamente encaminhado ao Poder Executivo
Nacional. STF: a Nota Diplomática goza de presunção iuris tantum de autenticidade e
veracidade, sempre ressalvada possibilidade de demonstração em contrário. Tal fato é oriundo
do princípio da boa-fé, que rege, no plano internacional, as relações entre os Estados
soberanos.
 Crimes comuns: devem ser cometidos antes da naturalização para dar causa à extradição.
 Tráfico de drogas: podem ser cometidos depois à naturalização para dar causa à extradição.
 O brasil filia-se ao sistema BELGA, que impõe controle limitado sobre o pedido do estrangeiro,
não abrangendo, por exemplo, o revolvimento de fatos.
 1) A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de extradição.
 2) A prisão do extraditando deve perdurar até o julgamento final, pelo STF, do pedido de
extradição.

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o A conclusão 2 acima está superada. A Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017) permitiu a


possibilidade de que o extraditando responda o processo de extradição em liberdade
(art. 86).
 3) A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao STF qualquer poder de
indagação sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre as provas
que embasam o pedido de extradição.
 4) A pessoa pode ser extraditada mesmo que o tratado de extradição firmado entre o Estado
estrangeiro e o Brasil seja posterior ao crime cometido naquele país, mas desde que o tratado
preveja expressamente que as suas disposições também serão aplicadas aos delitos praticados
antes de sua vigência.
 Um dos requisitos para que o Brasil conceda a extradição é a chamada “dupla tipicidade”, ou
seja, que o fato seja considerado crime no Estado estrangeiro de origem e também aqui no
Brasil (art. 77 do Estatuto do Estrangeiro). Se na data em que foi praticado (2011, p. ex.), o
fato era considerado crime apenas no país estrangeiro (não sendo delito no Brasil), não caberá
a extradição mesmo que, posteriormente, ou seja, em 2012 (p. ex.), ele tenha se tornado
crime também aqui em nosso país. Resumindo: a dupla tipicidade deve ser analisada no
momento da prática do crime (e não no instante do requerimento). O tratado bilateral de
extradição é qualificado como lei especial em face da legislação doméstica nacional, o que lhe
atribui precedência jurídica sobre o Estatuto do Estrangeiro em hipóteses de omissão ou
antinomia
 Com a nova lei de migração, a expulsão é possível apenas em duas hipóteses:
o Crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão,
564 nos termos do Estatuto de Roma (TPI).
o Crime comum passível de pena privativa de liberdade, considerada a gravidade e as
possibilidades de ressocialização em território nacional.
 Não há norma na lei de migração que diz que os filhos de naturalizado terão direito à
naturalização.
 Nova lei de migração e a defesa no processo de extradição: a defesa, a ser apresentada no
prazo de 10 dias contado da data do interrogatório, versará sobre:
o A identidade da pessoa reclamada;
o Defeito de forma de documento apresentado ou;
o Ilegalidade da extradição.
 Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. Em caso de crimes
diversos, terá preferência:
o Estado cujo território tenha sido cometido o crime mais grave,
segundo a lei brasileira;
o Estado que pediu primeiro, se a gravidade for idêntica.
o Estado em de origem ou de domicílio, se simultâneos de gravidade
idêntica.
 Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido extradicional e de
declarar que deseja retornar ao Estado requerente a fim de se submeter ao processo criminal
naquele País não exonera (não exime) o STF do dever de efetuar o controle da legalidade
sobre a postulação formulada pelo Estado requerente. No entanto, é possível que ocorra uma
peculiaridade. É possível que o tratado que rege a extradição entre o Brasil e o Estado
estrangeiro preveja um procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o
pedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção de Extradição entre os Estados Membros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. Este tratado internacional estabeleceu regime
simplificado de extradição, que autoriza a entrega imediata do extraditando às autoridades
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competentes do Estado requerente, sempre que o súdito estrangeiro manifestar, de forma


livre e de modo voluntário e inequívoco, o seu desejo de ser extraditado. Nesta hipótese, a
tarefa do STF será a de homologar (ou não) a declaração do extraditando de que concorda com
a extradição

16.5. Direito de integração – Direito Comunitário


Direito Comunitário. Formas de integração. Mercado Comum do Sul. Características.
Elementos institucionais. Protocolo de Assunção. Protocolo de Ouro Preto. Protocolo de
Olivos. Protocolo de Las Leñas. Autoridades centrais.
● Direito Comunitário: ordenamento autônomo em relação aos ordenamentos estatais, como
forma de efetivamente vincular os Estados e limitar sua soberania em nome de um interesse
maior, que é o da comunidade que formaram. É marcado pela aplicabilidade IMEDIATA dentro
dos entes estatais e pela superioridade hierárquica em relação ao Direito Interno dos Estados.
É o caso da UNIÃO EUROPEIA.
o União Europeia – SUPRANACIONAL: onde há a existência de entidades que se
encontram em posição de primazia frente aos Estados soberanos que a
compõem, pelo menos em certos aspectos, com normas que prevalecem
frente às normas internas dos seus membros.
● Direito de Integração: não se impõe automaticamente sobre Direito Interno dos Estados
membros do bloco regional, e os órgãos integracionistas não têm ascendência sobre os órgãos
nacionais. As normas podem ou não prevalecer diante dos preceitos da ordem jurídica
565 nacional, dependendo das normas internas dos próprios Estados que tratam da hierarquia do
Direito Internacional dentro do seu ordenamento jurídico e que regulem sua aplicação. Aqui se
enquadra o MERCOSUL.
● FASES DA INTEGRAÇÃO
o Área de livre comércio: livre circulação de mercadorias e serviços em relação
ao substancial do comércio. São estabelecidas facilidades para a circulação de
bens dentro do bloco regional, que normalmente incluem a redução
progressiva ou retirada total de barreiras alfandegárias, como gravames
aduaneiros, alíquotas, cotas, etc. (PRIMEIRO ESTÁGIO DE INTEGRAÇÃO)
o União aduaneira: livre circulação de mercadorias e serviços em relação ao
substancial do comércio e política comercial comum em relação a terceiros
países. Regras comuns para as importações oriundas de fora do bloco, com o
estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC), com o objetivo de evitar
que produtos e serviços vindos de terceiros países acabem por ter vantagens
na concorrência contra produtos do próprio bloco. O objetivo é uniformizar o
tratamento dispensado aos países que não fazem parte do bloco. (SEGUNDA
ETAPA DE INTEGRAÇÃO)
o Mercado comum: livre circulação de mercadorias e serviços em relação ao
substancial do comércio, política comercial comum em relação a terceiros
países e livre circulação dos fatores de produção. (TERCEIRA ETAPA DE
INTEGRAÇÃO)
o União econômica e monetária: Harmonização das políticas econômicas e
moeda em comum. Os membros do bloco regional estabelecem a
coordenação de suas políticas macroeconômicas, partindo, amiúde, para
políticas econômicas e cambiais unificadas, metas comuns de indicadores
macroeconômicos, uma só moeda e um banco central único. Esse é o atual
estágio da União Europeia. (QUARTA ETAPA DE INTEGRAÇÃO)

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o Integração política: os membros do bloco estabelecem uma coordenação de


ações no campo político (QUINTA E ULTIMA ETAPA DE INTEGRAÇÃO)

16.5.1. MERCOSUL
● A participação do Chefe de Estado membro no CMC deve ser pelo menos semestral.
● O GMC é o principal órgão executivo do MERCOSUL, incumbindo-lhe cuidar da aplicação dos
tratados firmados pelo bloco, podendo inclusive celebrar tratados quando haja delegação do
CMC.
● A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) tem por atribuição cuidar dos instrumentos de
política comercial o bloco e se manifesta por meio de “diretrizes”, de cunho obrigatório, ou
“propostas”, meras recomendações.
● A Comissão Parlamentar Conjunta é órgão representativo dos Parlamentos dos Estados Partes
no âmbito do Mercosul. Esse órgão foi substituído pelo Parlamento do Mercosul (Parlasul). É
um órgão de representação dos interesses dos cidadãos dos Estados-Partes.
● MERCOSUL – surge em 1991 – Tratado de Assunção (BR, ARG, PY, URU). Em 2006, entra
Venezuela. O MERCOSUL atua SEMPRE em bloco, não podendo um país firmar acordo
comercial isoladamente. Surgiu sob a égide da Associação Latino-Americana de Integração,
por meio de acordo de complementação econômica firmado por Argentina, brasil, Uruguai e
Paraguai. O Mercosul é um acordo de alcance parcial celebrado por âmbito da ALADI e seus
membros (BR, AR, URU, PY) que também são membros da ALADI.
● Tratados em âmbito do MERCOSUL:
566 o Tratado de Assunção: criou o MERCOSUL. Qualquer estado latino americano
pode aderir, sendo objeto de deliberação unânime. É possível retirar-se,
comunicando aos demais. Cria o mecanismo de Direitos Humanos.
o Protocolo de Brasília: estruturar a Resolução de Controvérsias. Derrogado por
Olivos.
▪ Previu como fases: negociações diretas, intervenção do GMC, e
arbitragem (julgamento por tribunal ad hoc)
o Protocolo de Ouro Preto: conferiu personalidade internacional; aperfeiçoou a
estrutura institucional; definiu-se que as decisões seriam tomadas por
consenso (unanimidade) e presença de todos os países membros.
o Protocolo de Ushuaia: exigência de regime democrático dos países como
condição para participar do MERCOSUL. Suspensão do Paraguai e entrada da
Venezuela. Porém, em 2012 o Paraguai voltou, vez que teve eleições. Em
dezembro de 2016 a Venezuela foi suspensa por ruptura da ordem
democrática. firmado no âmbito do MERCOSUL, sobre Compromisso
Democrático entre os membros do bloco regional, assinado também entre
Bolívia e Chile, segundo o qual a plena vigência das instituições democráticas é
condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre
os Estados signatários deste protocolo.
● Estágios de integração:
o
o Protocolo de Olivos: Derroga protocolo de Brasília. Institui o Tribunal
Permanente de Revisão (TPR) com função de revisão dos Tribunais Arbitrais Ad
Hoc. Atualmente é ele que regula a solução de controvérsias no MERCOSUL.
▪ Uma controvérsia comercial entre os membros do MERCOSUL pode
ser levada à apreciação do sistema de solução de controvérsias da
OMC ou a outros foros, à escolha da parte demandante. Assim,
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havendo litispendência internacional, não pode recorrer a outros


foros.
▪ Fases: negociações diretas (fase obrigatória), intervenção do GMC
(facultativa), arbitragem ad hoc, apreciação pelo TPR.
▪ Previamente terminadas as negociações para solucionar, as partes
podem recorrer ao TPR diretamente, em única instância, por meio de
acordo expresso, não precisando ir para a fase de arbitragem ad hoc. A
decisão será irrecorrível.
▪ As decisões dos recursos pelo TPR são obrigatórias e irrecorríveis.
▪ O TPR poderá atuar tanto em primeira instância quanto em segunda
instância.
▪ Caso não cumpra as decisões, pode haver medidas compensatórias no
mesmo setor e, se inefetivas, pode ser em outro setor.
▪ O TPR também pode se manifestar por opiniões consultivas, podendo
requerer consultas os estados partes, atuando conjuntamente e os
Tribunais Superiores dos Estados Partes.
▪ As decisões do TPR não são por consenso, mas sim por MAIORIA de
seus membros.
▪ As decisões dos tribunais ad hoc e do TPR devem ser cumpridas no
prazo estabelecido pelos tribunais. Não há prazo legal.
▪ É possível que particulares recorram aos mecanismos de solução de
controvérsias do MERCOSUL.
567 o Protocolo de Las Leñas: cooperação e assistência jurisdicional em matéria civil,
comercial, trabalhista e administrativa.
● Categoria de membros:
o Efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela (suspensa dez/2016).
▪ Utilizam tarifa externa comum – TEC.
o Associados: Chile, Equador, Peru, Colômbia, Guiana e Suriname.
▪ Participam das reuniões, sem direito a voto.
▪ Não utilizam tarifa externa comum – TEC.
▪ Não se vinculam às normas emanadas dos órgãos decisórios do bloco.
o Em Adesão: Bolívia.
● Objetivos: constituir um mercado comum: livre circulação de bens, serviços, pessoas e
capitais.
o Livre circulação de mercadorias, serviços, pessoas, fatores de produção,
estabelecimento de TEC (tarifa externa comum), coordenação de políticas
macroeconômicas e setoriais, harmonização de legislação em áreas
pertinentes, existência de política comercial comum do MERCOSUL em relação
a terceiros países
o NÃO é OBJETIVO: estabelecer moeda comum, estabelecer uma união
aduaneira, harmonizar políticas econômicas (legislação sim).
● Estrutura: TODOS OS ÓRGÃOS POSSUEM NATUREZA INTERGOVERNAMENTAL
o Conselho do Mercado Comum – CMC (Assunção): Exerce a titularidade da
personalidade jurídica do Mercosul. Pode criar novos órgãos e extinguir os já
existentes. Órgão decisório. Órgão SUPERIOR.
▪ Incumbe a condução Política do Processo de Integração e tomada de
decisões para assegurar os objetivos do Tratado de Assunção.

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▪ Seus membros são os ministros de relação exteriores e economia dos


Estados.
o Grupo Mercado Comum – GMC (Assunção): Órgão EXECUTIVO e decisório.
Não é consultivo.
o Comissão de Comércio do Mercosul – CCM (ouro preto): Órgão decisório.
Suas normas são obrigatórias. Também se manifesta mediante proposta, que
não são obrigatórias para os Estados.
o Comissão Parlamentar Conjunta – Substituída pelo Parlamento do Mercosul,
com maiores competências – FUNÇÃO CONSULTIVA
o Foro Consultivo Econômico-Social
o Secretaria Administrativa do Mercosul. – Montevideu, Uruguai
o TPR – Função Jurisdicional
● As decisões não possuem eficácia imediata, devendo ser internalizado pelos países,
vez que o MERCOSUL é intergovernamental, e não supranacional, como a União
Europeia.
o O MERCOSUL não tem caráter supranacional, pois suas normas não têm
aplicação direta em seus países-membros. As normas devem ser formalmente
incorporadas ao ordenamento do país. Ao contrário da União Europeia.
● As decisões são tomadas pelo consenso.
● No MERCOSUL, os particulares afetados formalizarão as reclamações em razão de
sanções ou medidas adotadas de efeito restritivo, discriminatório ou de concorrência
568 desleal, em violação ao Tratado de Assunção, devendo fornecer elementos de
veracidade da violação e a existência ou ameaça de um prejuízo. (Não são partes, mas
sim denunciantes)
● MERCOSUL é uma união aduaneira imperfeita. ALADI é uma zona de preferências
tarifárias. O MERCOSUL e a ALADI têm o mesmo objetivo: formar um mercado
COMUM.
● É permitida a denúncia do Tratado de Assunção, podendo um país se retirar do
MERCOSUL.
● UNASUL: integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político.
● Justiça Gratuita no MERCOSUL: O benefício da justiça gratuita em processo judicial em
um dos países do bloco se estende ao território de outros países membros do bloco,
quando for necessário para prover o cumprimento de medidas cautelares ou a
obtenção de provas, e ontem for preciso homologar ou executar sentença.

16.6. Conflitos Internacionais; Processos Internacionais; TPI


Conflitos internacionais. Meios de solução. Diplomáticos, políticos e jurisdicionais. Cortes
internacionais. Tribunal Penal Internacional. Evolução histórica. Competência. Procedimento.
Natureza das decisões. Delitos internacionais. Processo internacional. Competência
jurisdicional nas relações jurídicas com elemento estrangeiro. Cartas rogatórias.
Homologação de sentenças estrangeiras. Métodos de solução alternativa de controvérsias.
Arbitragem.
● A competência em razão da pessoa da CIJ só abrange os Estados, não podendo julgar pessoas.
● Meios políticos e diplomáticos de solução pacífica de conflitos: negociação, o inquérito, os
bons ofícios e as consultas.
o Políticos: as negociações são em âmbito de organizações internacionais.
o Diplomáticos: as negociações são por vias diplomáticas.

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16.6.1.1. Tribunal Penal Internacional – TPI


● Para o TPI, terrorismo não é crime contra a humanidade em si.
● Competência TPI: genocídio, contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão
(este último pendente de ingresso no ordenamento interno brasileiro)
o Ecocídio: crime contra a humanidade no caso de destruição ambiental, podendo ser
julgado pelo TPI. É uma interpretação menor dos defensores do meio ambiente.
● A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade
internacional em seu conjunto” (crimes lesa-humanidade):
o GENOCÍDIO I (elementares): intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo
nacional, étnico, racial ou religioso.
o GENOCÍDIO II (condutas): homicídio de membros; ofensa à integridade;
sujeição a condições de destruição; impedimento de nascimentos;
transferência forçada de crianças.
o GENOCÍDIO III: no Brasil, a Lei 2.889/56 diz que a pena aplicável é a da
conduta: “norma penal em branco às avessas”.
o GENOCÍDIO IV: no Brasil, genocídio é crime hediondo, tentado ou consumado
(art. 1º, p.ú., L. 8.072/90).
o CRIME CONTRA A HUMANIDADE (elementares): ataque sistemático ou
generalizado contra a população civil.
o CRIME DE GUERRA: violações graves à Convenção de Genebra (1949) e outras
violações graves em conflitos armados.
o CRIME DE AGRESSÃO – regulamentado em 2010: “planejar, preparar, iniciar,
569 ou realizar um ato de agressão que, por suas características, gravidade e escala
constitua uma violação manifesta da Carta das Nações Unidas
● Conflitos armados:
o Jus AD bellum: direito de promover a guerra. Restringido pela ONU para legítima defesa
contra agressão externa ou nos casos de medidas tomadas pelo Conselho de Segurança
da ONU para evitar guerra e restaurar a PAZ.
o Jus IN bello: normas aplicáveis durante o conflito armado. Direito de Guerra, Direito de
Haia, regula armas, bombas, proteção às pessoas, Direito Humanitário. Julgado pelo TPI
● 6 - O Tribunal só julga pessoas físicas – responsáveis pelos crimes da competência do Tribunal
(não julga Estados, organismos internacionais ou pessoas jurídicas).
● 1 - Possui atuação complementar/subsidiária em relação à jurisdição penal dos Estados-parte
● 2 - Não admite reservas (art. 120).
● 3 - Prevê o instituto da “entrega” ou “surrender”, que não se confunde com a extradição (arts.
89 e 102).
● 4 - Prevê pena máxima de 30 anos.
● 5 - Admite a prisão perpétua nos casos de elevada ilicitude ou em razão das condições pessoais
do agente (art. 77).
● 6 - Prevê a possibilidade do reexame da pena após cumprimento de 2/3 ou 25 anos (art. 110).
● Princípios previstos no Estatuto de Roma: vedação do bis in idem; legalidade; irretroatividade;
pessoalidade; maioridade; irrelevância da qualidade oficial; imprescritibildiade.
● É possível que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução vinculante e adjudique o
caso ao TPI, mesmo que o Estado não tenha aderido ao Estatuto do TPI. É a única exceção ao
limite da jurisdição do TPI. Casos em que já essa exceção já ocorreu:
o 1. Caso de Darfur, em que o Conselho de Segurança da ONU determinou o
início das investigações, mesmo sem a ratificação do Estatuto do TPI pelo
Sudão; e

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o 2. Caso Ditador Kadafi, em 2011, em que se adotou a resolução vinculante


1970.

16.7. Domínio Público Internacional


Domínio público internacional. Mar. Águas, interiores. Mar territorial. Zona contígua. Zona
econômica. Plataforma continental. Alto-mar. Rios internacionais. Domínio público
internacional. Espaço aéreo. Princípios elementares. Normas convencionais. Nacionalidade
das aeronaves. Espaço extra-atmosférico.
● É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar
territorial brasileiro, devendo ser contínua e rápida. As embarcações em passagem inocente
poderão parar para prestar corro ou por motivo de força maior.
o 2. A passagem deverá ser contínua e rápida. No entanto, a passagem
compreende o parar e o fundear, mas apenas na medida em que os mesmos
constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos
de força maior ou por dificuldade grave ou tenham por fim prestar, auxílio a
pessoas, navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.
o
● Art. 38. As funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteira serão realizadas pela
Polícia Federal nos pontos de entrada e de saída do território nacional. Parágrafo único. É

570 dispensável a fiscalização de passageiro, tripulante e estafe de navio em passagem inocente,


exceto quando houver necessidade de descida de pessoa a terra ou de subida a bordo do
navio.
● As embarcações em passagem inocente poderão parar para prestar corro ou por motivo de
força maior.

● A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Montego Bay) permite que o Estado
solicite a extensão de sua plataforma continental para além de 200 milhas que constituem seu
limite máximo normal. A decisão da Comissão de Limites da Plataforma Continental é
obrigatória e definitiva.
● Em ZEE, todos os Estados gozam das liberdades de navegação e sobrevoo e de colocação de
cabos e dutos submarinos.
o Em ZEE, há soberania do Estado para explorar recursos naturais, produção de
energias; jurisdição; colocação de ilhas artificiais; investigação científica
● Serviços aéreos internacionais regulares não poderão funcionar no território ou sobre o
território de um estado contratante, a não ser com a permissão especial ou outra autorização
do mesmo Estado e de conformidade com as condições de tal permissão ou autorização.
● Não existe direito de passagem inocente aéreo, como existe no Direito do Mar.
● Para a apresentação de um pedido de indenização a um Estado lançador de objeto espacial,
não será necessário que se esgotem previamente os recursos locais que possam estar à
disposição de um Estado demandante, ou de pessoa física ou jurídica que o Estado represente.
● Sempre que possível e realizável, os Estados devem informar ao Secretário Geral da ONU,
assim como ao público e a comunidade científica internacional sobre a natureza de atividades
desenvolvidas/exploração espacial que estejam levando à cabo. Não é obrigatório.
● A jurisdição competente em caso de sequestro de aeronave é estatal, e não do TPI. Os estados
devem cuidar do crime.

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● Os princípios que regulam a exploração e o uso do espaço cósmico/lua etc, não incluem o
princípio da efetividade, de modo que só há menção ao princípio da cooperação e assistência
mútua.

16.8. Responsabilidade Internacional


Responsabilidade internacional. Ato ilícito. Imputabilidade. Dano. Formas e extensão da
Reparação. Contratos internacionais. Cláusulas típicas.
● Arbitragem internacional não se confunde com os mecanismos diplomáticos e políticos.
● Projeto sobre Responsabilidade Internacional – Draft Articles on Responsabilty
o A teoria responsabilidade por atos não proibidos ou por risco foi adotada,
sobretudo, nos domínios da exploração nuclear, espacial e no caso de poluição
dos mares pelo derramamento de petróleo, resultante de exploração e
exploração de recursos minerais do subsolo marinho.
o Contramedidas são as reações temporárias, sem natureza punitiva,
manifestadas por um governo, contra o responsável pelo ato
internacionalmente ilícito.
o Represálias são os atos que contam com o uso da força física, executados
como resposta a um conflito armado internacional.
o Sanções são os atos com natureza punitiva, executados após um ato ilícito.
o Excludente de ilicitude:
571 ▪ Consentimento: Um consentimento válido de um Estado à comissão
de um determinado ato por outro Estado exclui a ilicitude daquele ato
em relação ao primeiro na medida em que o ato permanece dentro
dos limites do mencionado consentimento.
▪ Legítima defesa: A ilicitude de um ato de um Estado é excluída se o ato
constitui uma medida lícita de legítima defesa tomada em
conformidade com a Carta das Nações Unidas.
▪ Contramedidas: A ilicitude de uma ato de um Estado em desacordo
com uma obrigação internacional em relação a um outro Estado será
excluída se e na medida em que o ato constitua uma contramedida
tomada contra o último Estado, em conformidade com o texto do
tratado.
▪ Força maior: A ilicitude de um ato de um Estado em desacordo com
uma obrigação internacional daquele Estado será excluída se o ato se
der em razão de força maior, entendida como a ocorrência de uma
força irresistível ou acontecimento imprevisível, além do controle do
estado, tornando materialmente impossível, nesta circunstância, a
realização da obrigação.
● Não se aplica: se a situação de força maior é devida, por si só
ou em combinação com outros fatores, à conduta do Estado
que a invoca; ou se o Estado assumiu o risco daquela situação
ocorrida.
▪ Perigo: A ilicitude um ato de um Estado em desacordo com uma
obrigação internacional daquele Estado se extingue se o autor do ato
em questão não tem nenhuma alternativa razoável, em uma situação
de perigo extremo, de salvar a vida do autor ou vidas de outras
pessoas confiadas aos cuidados do autor.

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● Não se aplica: se a situação de perigo extremo é devida


unicamente, ou em combinação com outros fatores, à conduta
do Estado que a invoque; ou se for provável que o ato em
questão crie um perigo comparável ou maior.
▪ Estado de necessidade: Nenhum Estado pode invocar o Estado de
necessidade como causa de exclusão de ilicitude de um ato em
desacordo com uma obrigação internacional daquele Estado, a menos
que:
● Seja o único modo para o Estado preservar um interesse
essencial contra um perigo grave e iminente e não afete
gravemente a um interesse essencial do Estado ou Estados em
relação aos quais exista a obrigação, ou da comunidade
internacional como um todo.
● Não pode invocar: se a obrigação internacional em questão
exclui a possibilidade de invocar a necessidade ou se o Estado
contribuiu para a ocorrência do Estado de necessidade.
o Consequência das exclusões da ilicitude:
▪ Não prejudica o cumprimento da obrigação em questão, se e na
medida em que a circunstância excludente da ilicitude não mais exista;
▪ Não prejudica a questão da indenização por qualquer perda material
causada pelo ato em questão.
o Cumprimento de normas imperativas: não há excludente da ilicitude se o ato
572 fere normas imperativas, pois as condutas dos Estados devem estar em
conformidade com as obrigações de jus cogens e erga omnes.
o Normas primárias e secundárias: é como no direito penal.
▪ Primária: são as que elencam as condutas comissivas ou omissivas.
▪ Secundária: são as que abordam a consequência jurídica da violação
de determinada norma de responsabilidade internacional.

16.8.1. Lei anticorrupção e pessoas jurídicas internacionais


 A lei 12.846/13 se aplica às pessoas jurídicas estrangeiras pela prática de atos contra a
administração pública NACIONAL ou ESTRANGEIRA.
o Atos lesivos à administração: atos que atentem contra o patrimônio público
nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra
os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil
 Equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas internacionais.

16.9. Convenções Extravagantes


Prestação de alimentos. Convenção de Nova Iorque sobre cobrança de alimentos no
estrangeiro. Decreto Legislativo n. 10/58 e Decreto n. 56.826/65. Noções gerais.
Competência da Justiça Federal. Hipóteses. Procedimento. Subtração Internacional de
Crianças. Convenção de Haia de 1980 sobre os aspectos civis do sequestro internacional de
crianças e Decreto n. 3.413 de 2000.
● Convenção de Nova Iorque sobre os Deficientes: confere aos deficientes direitos
fundamentais individuais concernentes à nacionalidade e à liberdade.
o Conferiu-lhes os direitos referentes à proteção social, redução da pobreza e
assistência social concernente aos gastos relacionados com a deficiência.
o Não fez restrições aos estrangeiros.

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o Possui status constitucional, pois foi incorporado no ordenamento pelo rito do


§3º do artigo 5º da CF.
● Tratado de Marraqueche: goza de status de EC, como o tratado acima. (ler o Dizer o Direito)
o O tratado tem por objetivo permitir que pessoas cegas; pessoas com
deficiência visual; pessoas com outras dificuldades para ter acesso ao texto
impresso possam ter acesso às obras publicadas (livros, apostilas etc.).
o Princípios que fundamentam o tratado: Princípio da não discriminação;
Princípio da igualdade de oportunidades; Princípio da acessibilidade; Princípio
da participação; Princípio da inclusão plena e efetiva na sociedade.
o Será beneficiário toda pessoa: a) cega; b) que tenha deficiência visual ou outra
deficiência de percepção ou de leitura que não possa ser corrigida para se
obter uma acuidade visual substancialmente equivalente à de uma pessoa que
não tenha esse tipo de deficiência ou dificuldade, e para quem é impossível ler
material impresso de uma forma substancialmente equivalente à de uma
pessoa sem deficiência ou dificuldade; ou c) que esteja impossibilitada, de
qualquer outra maneira, devido a uma deficiência física, de sustentar ou
manipular um livro ou focar ou mover os olhos da forma que normalmente
seria apropriado para a leitura.

16.9.1. Alimentos e Crianças


 É competente para as ações de alimentos decorrentes da aplicação do Decreto Legislativo nº.
573 10, de 13 de novembro de 1958, e Decreto nº. 56.826, de 2 de setembro de 1965, o juízo
federal da Capital da Unidade Federativa Brasileira em que reside o devedor, sendo
considerada instituição intermediária, para os fins dos referidos decretos, a Procuradoria-Geral
da República.
o Juízo Federal: capital do domicílio do DEVEDOR.
o Instituição intermediária: PGR.

16.9.1.1. Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de


Crianças
 Passou a vigorar no Brasil em 1º de Janeiro de 2000.
 A convenção não se sobrepõe aos direitos de guarda da criança.
 É restrita aos Estados contratantes.
 São OBJETIVOS da convenção:
o a) assegurar o retorno imediato das crianças ilicitamente transferidas para
qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente;
o b) fazer respeitar os direitos de guarda e de visita.
 Para assegurar os objetivos, as autoridades deverão recorrer a PROCEDIMENTOS DE URGÊNCIA
 Caracterizam a TRANSFERÊNCIA ou RETENÇÃO ILÍCITA:
o a) violação a direito de guarda;
o b) interrupção do exercício efetivo do direito de guarda pelo deslocamento da
criança.
 AUTORIDADE CENTRAL: segundo o Decreto nº 9.150/2017, a Autoridade Central
Administrativa Federal brasileira em Matéria de Adoção e Subtração Internacional de Crianças
e de Adolescentes (ACAF) é designada pelo Ministério da Justiça - Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional - Secretaria Nacional de Justiça.
 A aplicação da Convenção cessa quando a criança/adolescente atingir a idade de 16 anos.

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 Art. 12. Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos e tenha
decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da transferência ou da retenção
indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do
Estado Contratante onde a criança se encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o
retomo imediato da criança.
 Quando se tiver passado mais de 1 ano, a autoridade judicial ou administrativa poderá negar o
retorno da criança se ficar provado que ela já se encontra integrada no seu novo meio.
o STJ: Não se deve ordenar o retorno ao país de origem de criança que fora
retida ilicitamente no Brasil por sua genitora na hipótese em que, entre a
transferência da criança e a data do início do processo para sua restituição,
tenha decorrido mais de um ano e, além disso, tenha sido demonstrado, por
meio de avaliação psicológica, que a criança já estaria integrada ao novo meio
em que vive e que uma mudança de domicílio poderia causar malefícios ao seu
desenvolvimento.
o No caso em que criança tenha sido supostamente retida ilicitamente no Brasil
por sua genitora, não haverá conflito de competência entre (a) o juízo federal
no qual tramite ação tão somente de busca e apreensão da criança ajuizada
pelo genitor com fundamento na Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis
do Sequestro Internacional de Crianças e (b) o juízo estadual de vara de
família que aprecie ação, ajuizada pela genitora, na qual se discuta o direito de
guarda e a regulamentação de visitas à criança. Não há conflito de
competência nesta hipótese porque cada juízo esta apreciando questão
574 distinta do outro. Verifica-se apenas prejudicialidade externa à ação ajuizada
na Justiça Estadual, a recomendar a suspensão deste processo até a solução
final da demanda ajuizada na Justiça Federal.
 O juízo federal que aprecia a ação de busca e apreensão não irá examinar quem tem direito à
guarda, mas tão somente se é devida ou não a restituição. Se o juízo federal deferir a
restituição da criança ao país de origem, lá (na Justiça norte-americana) é que se decidirá a
respeito do direito de guarda e regulamentação de visitas. Por outro lado, caso seja indeferido
o pleito de restituição, a decisão sobre a guarda será do Juízo da Vara de Família no Brasil.
o Art. 16. Não podem as autoridades judiciais ou administrativas do Estado
Contratante para onde a criança foi ilicitamente levada ou esteja retida, tomar
decisões sobre o fundo do direito de guarda, após ciência da transferência ou
retenção ilícitas e antes de resolvido o pedido de restituição.
o Art. 17. A existência de decisão relativa à guarda não poderá servir de base
para justificar a recusa de fazer retornar a criança ao país de origem,
podendo, apenas, sua motivação ser levada em consideração pelo juiz que
apreciará o pedido de devolução da criança.
o Art. 19. Qualquer decisão sobre o retorno da criança não afeta os
fundamentos do direito de guarda.
 Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial ou
administrativa do Estado requerido não é obrigada a ordenar o retorno da criança se a pessoa,
instituição ou organismo que se oponha a seu retomo provar:
o a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da
criança não exercia efetivamente o direito de guarda na época da
transferência ou da retenção, ou que havia consentido ou concordado
posteriormente com esta transferência ou retenção; ou

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o b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a


perigos de ordem fisica ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa
situação intolerável.
o A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-se a ordenar o e
retorno da criança se verificar que esta se lopõe a ele e que a criança atingiu
já idade e grau de maturidade tais que seja apropriado levar em
consideração as suas opiniões sobre o assunto.
o Ao apreciar as circunstâncias referidas neste Artigo, as autoridades judiciais ou
administrativas deverão tomar em consideração as informações relativas à
situação social da criança fornecidas pela Autoridade Central ou por qualquer
outra autoridade competente do Estado de residência habitual da criança.
16.9.2. Direito Ambiental
 Convenções ambientais que o Brasil faz parte e encontram-se em vigor:
o Convenção de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares, de 1953 –
Decreto 911/93 – imputa responsabilidade OBJETIVA ao Estado que causar danos
nucleares.
o Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por
Poluição por Óleo, de 1969 – Decreto 79.437/1977 – prevê a responsabilidade
internacional do Estado causador de danos por poluição por óleo.
o Convenção Internacional sobre Responsabilidade Internacional por Danos
Causados por Objetos Espaciais, de 1972 – Decreto 71.981/73

575 16.10.Direito Internacional Privado


Direito Internacional Privado brasileiro. Fontes. Conflito de leis no espaço. Normas indiretas.
Qualificação prévia. Elemento de conexão. Reenvio. Prova. Direito estrangeiro.
Interpretação. Aplicação. Exceções à aplicação.
 CPC, art. 25: Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento
da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional arguido pelo réu na contestação.
o Assim, sendo ela válida, não pode ser recusada.
o É admitida apenas em casos que repousam na competência concorrente da
autoridade judiciária brasileira, não comportando a legislação qualquer
ressalta em relação a competência exclusiva.
o Exceto: hipóteses de competência nacional exclusiva.
o Cláusula de eleição de foro estrangeiro pode ser expressa ou tácita. É expressa
quando consta de contratos internacionais. É tácita quando o réu não arguiu a
exceção declinatória de foro em processo já iniciado na forma prevista em lei.
Entretanto, a cláusula tácita não pode se reputar aceita “sem que haja
qualquer evidência, por mínima que seja, de que o consentimento da parte
foi específico e resultou de uma negociação consciente” (AgRg no Ag
459668/RJ, STJ, 3ª T. DJ 19.12.02, p. 296).
 Compete ao STF apreciar o pedido de cooperação jurídica internacional na hipótese em que
solicitada, via auxílio direto, a oitiva de estrangeiro custodiado no Brasil por força de decisão
exarada em processo de extradição.
 Elemento de conexão VS. Objeto de conexão.
o Elemento: é o critério que determina a aplicação do direito nacional à matéria.
Ex: domicílio, nacionalidade, lex fori.

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o Objeto: descreve a matéria à qual se refere a norma, ou seja, o que ela regula.
Personalidade, capacidade civil, família. Ex: “A lei do país em que domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome,
a capacidade e os direitos de família”. Desse artigo, extrai-se que os objetos de
conexão são “o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família”, enquanto que o elemento de conexão é o domicílio.
 O juiz pode aplicar lei estrangeira de ofício, desde que conheça de sua validade.
o Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a
invoca prova do texto e da vigência.
 Aplica-se a lei brasileira para reger a sucessão de bem imóvel situado no exterior? A Justiça
brasileira é competente para julgar inventário e partilha de bem imóvel localizado em outro
país? NÃO. Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira
da situação da coisa (e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior. O
art. 10 da LINDB afirma que a lei do domicílio do autor da herança regulará a sucessão por
morte. Ocorre que essa regra não é absoluta e deverá ser interpretada sistematicamente, ou
seja, em conjunto com os demais dispositivos que regulam o tema, em especial o art. 8º,
caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art. 89 do CPC 1973 (art. 23 do CPC 2015). Desse
modo, esses dispositivos revelam que a lei brasileira só se aplica para os bens situados no
Brasil e autoridade judiciária brasileira somente poderá fazer o inventário dos bens imóveis
aqui localizados. Mas no caso em que há um bem imóvel no Brasil e outro no exterior, como
576 fazer? Deverão ser abertos dois inventários: um aqui no Brasil para reger o bem situado em
nosso território e outro no exterior para partilhar o imóvel de lá. STJ. 3ª Turma. REsp
1.362.400-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 28/4/2015 (Info 563).
16.10.1. Homologação de sentença estrangeira
 Em sede de homologação de sentença estrangeira não é possível a renúncia. A homologação
de sentença é condição de eficácia de um provimento jurisdicional estrangeiro, de caráter
meramente processual, sem correlação direta com o direito material veiculado na ação
original. Limita o juízo exercido pelo STJ à mera delibação, que se restringe, via de regra, à
verificação dos requisitos formais preconizados no ordenamento jurídico, com vistas a conferir
a produção de efeitos jurídicos ao ato proveniente de outra jurisdição.
 É possível o aproveitamento dos atos do processo para a homologação da nova sentença,
justificado pelo fato de que o essencial no julgado estrangeiro é a definição do direito à pensão
alimentícia, e não o valor desta, que é imune ao trânsito em julgado.
 É imprescindível a citação regular, por meio de carta rogatória ao Brasil, para homologação de
sentença estrangeira que tramitou contra pessoa residente no Brasil.
 A citação para o procedimento arbitral pode ter sido feita pela via postal, com prova
inequívoca de recebimento, quando se trata de homologação de laudo arbitral proferido no
exterior, envolvendo réu domiciliado no Brasil. (TRF2/2018)
 O trânsito em julgado pode ser inferido pelas próprias características do procedimento de
divórcio consensual, ainda que não conste da documentação juntada a expressa certidão de
trânsito.
 O ato homologatório da sentença estrangeira limita-se à análise dos requisitos formais.
Questões de mérito não podem ser examinadas pelo STJ em juízo de delibação.
 A jurisprudência e a doutrina são unânimes em dispor que a natureza das homologações de
sentença estrangeira é CONSTITUTIVA.
 É atribuição do Presidente do STJ homologar decisão estrangeira.

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 Serão homologados os provimentos não judiciais que, pela lei brasileira, tiverem natureza de
sentença.
 As decisões estrangeiras poderão ser homologadas parcialmente.
 A concessão de benefícios executórios que impliquem redução da vigilância ao preso
estrangeiro, que tenha decretada a expulsão, decorrente de sua situação irregular no país,
deve estar amparada em elementos concretos que assegurem a futura aplicação da medida.
 É possível a homologação parcial de decisões judiciais estrangeiras.
 Admite-se tutela de urgência nos procedimentos de homologação de sentenças estrangeiras.
 Na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e, por solicitação de
autoridade estrangeira competente, é possível que o juiz nacional determine medidas
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes de lavagem de dinheiro
cometido por estrangeiro em outro país, independentemente de tratado ou convenção
internacional, desde que o governo do país da autoridade solicitante prometa
RECIPROCIDADE ao Brasil.
 É possível ser reconhecida a eficácia, no Brasil, de hipoteca de navio registrada apenas em país
de nacionalidade da embarcação que não consta como signatário das Convenções
Internacionais sobre a matéria.
o Trata-se do artigo 278 do Código de Bustamante, estabelecendo que a
hipoteca marítima e os privilégios e garantias de caráter real, constituídos de
acordo com a lei do pavilhão, têm efeitos extraterritoriais até nos países cuja
legislação não conheça ou não regule essa hipoteca ou esses privilégios.
o As hipotecas sobre embarcações brasileiras devem ser registradas no Tribunal
577 Marítimo. No Brasil é desnecessário o registro
o As hipotecas feitas pelo capitão do navio feitas regularmente segundo a lei do
Estado contratante a cuja jurisdição o navio pertencer, tanto pertencem a
jurisdição do porto de registro, como de um ofício central, e serão
consideradas válidas e acatadas em todos os países contratantes.
 Neste caso concreto, a sentença não envolve partes brasileiras ou domiciliadas no país,
tampouco a lide originária se refere a fatos ocorridos no Brasil, nem a sentença homologanda
impôs qualquer obrigação a ser cumprida em território nacional. Deste modo, a ausência de
jurisdição brasileira conduz necessariamente à falta de interesse processual do requerente.
 Não constitui óbice à homologação de sentença arbitral estrangeira que imputa à recuperanda
obrigação de pagar, quando esta está em curso de processo de falência, cabendo ao juízo
universal decidir sobre o crédito. Isso porque se está em fase antecedente à execução, apenas
emprestando eficácia jurídica ao provimento homologando.
 A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona legalmente no
exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a
soberania nacional. Nesse sentido, o STJ entendeu ser perfeitamente possível a homologação
para que se evitasse o enriquecimento ilícito, ao brasileiro que, tenta retornar ao país de
origem buscando a impunidade civil. Não há incompatibilidade com a ordem pública, uma vez
que
o A dívida de jogo foi contraída no exterior, por isso, deve ser aplicada a lei
material estrangeira (LINDB, art. 9).
o Ordem pública é um conceito mutável, atrelado à moral e ordem jurídica do
momento histórico.
o O CC veda enriquecimento sem causa, de modo que a ordem pública deve ser
relativizada sob as luzes dos princípios que regem as obrigações na ordem
contemporânea, isto é, a boa-fé e vedação do enriquecimento sem causa.

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 Para o STJ, é possível a homologação de sentença penal estrangeira que determine o


perdimento de imóvel situado no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de lavagem
de dinheiro. O imóvel em cuja sentença estrangeira determinou perdimento em favor do país
não será transferido para a titularidade do país interessado. Ele será levado a leilão judicial
(antigamente chamado de "hasta pública"), nos termos do art. 133 do CPP: "Art. 133.
Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do
interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público."
 Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes
requisitos:
o a) haver sido proferida por juiz competente;
o b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
o c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para
a execução no lugar em que foi proferida;
o d) estar traduzida por intérprete autorizado;
 É possível a concessão de exequatur de carta rogatória, para fins de citação, por meio de
decisão monocrática de relator no STJ, posteriormente confirmada na Corte Especial, em
homenagem aos princípios da cooperação e da celeridade processual. O STJ, com fundamento
no art. 216-T de seu Regimento Interno, vem concedendo, por meio de decisões monocráticas,
exequatur a cartas rogatórias destinadas à citação em território brasileiro das partes
interessadas para que tomem conhecimento de ações que tramitam na Justiça rogante. O STF
entendeu que não há qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade nesta prática. STF. 2ª
Turma.RE 634595, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/4/2018 (Info 896).
578  Com a entrada em vigor do CPC/15, os requisitos indispensáveis à homologação da sentença
estrangeira passaram a contar com disciplina legal, de modo que o Regimento Interno do STJ
deverá ser aplicado em caráter supletivo e naquilo que for compatível com a disciplina contida
na legislação federal. O art. 963, III, do CPC/2015, não mais exige que a decisão judicial que
se pretende homologar tenha transitado em julgado, mas, ao revés, que somente seja ela
eficaz em seu país de origem, tendo sido tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ.
Aplica-se o CPC/2015, especialmente no que tange aos requisitos materiais de homologação
da sentença estrangeira, às ações ainda pendentes ao tempo de sua entrada em vigor, mesmo
que tenham sido elas ajuizadas na vigência da legislação revogada. STJ. Corte Especial. SEC
14.812-EX, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/05/2018 (Info 626).
 As sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos são “Sentenças
Internacionais”, proferidas por um órgão jurisdicional internacional do qual o Brasil faz
parte, não sendo um órgão judiciário, portanto, não precisa de homologação do STJ
para surtir efeito a decisão. De outro lado, as sentenças estrangeiras são prolatadas
por um judiciário de outro Estado, devendo ser homologadas.

17. PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS


HUMANOS
Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Direitos civis, políticos, econômicos e culturais. Mecanismos de implementação. Noções
gerais.
17.1. Regras gerais sobre direitos humanos
 Características:
o Ainda que os direitos humanos sejam imprescritíveis, inalienáveis e
irrenunciáveis, é possível que o titular tenha a liberdade de exercer ou não os
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seus direitos (exercício facultativo), podendo até mesmo estabelecer um prazo


fatal para tanto. É dessa forma que ele (ACR) analisa as disposições
constitucionais sobre jornada de trabalho, que podem ser sujeitas a
negociação entre empregador e empregado.
o A indivisibilidade dos direitos humanos, prevista na Proclamação de Direitos
Humanos da 1ª Conferência Mundial de Direitos Humanos da ONU de 1968 e
na Conferência de Viena de 1993 justamente se refere às exigências de que o
Estado zele pelo mínimo social. Os Estados não podem dividir os direitos
humanos e só implementar os direitos civis, devem investir também nos
direitos sociais.
 Dignidade da pessoa humana:
o Elementos:
 Positivo: defesa da existência das condições materiais mínimas de
sobrevivência de cada ser humano.
 Negativo: proibição de se impor tratamento ofensivo, degradante, ou
ainda discriminação odiosa a um ser humano. O elemento negativo
impõe os deveres de respeito e de garantia da dignidade da pessoa
humana.
 A classificação estanque de direitos humanos e direitos fundamentais está
ultrapassada. Isso porque há: a) uma maior penetração dos direitos humanos no plano
nacional, com a incorporação doméstica dos tratados; b) bem como a força vinculante
dos direitos humanos, graças ao reconhecimento da jurisdição de órgãos como a CIDH.
579 17.2. Global
 Em se tratando de direitos humanos, em caso de conflitos de normas, a doutrina defende que
se aplique o princípio da norma mais favorável ao indivíduo, também conhecido como
princípio da norma mais favorável à vítima, princípio pro homine ou princípio pro personae.
 Principais direitos de cunho social previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos:
proibição dos trabalhos forçados; direito à segurança social; direito ao trabalho; à livre escolha
de emprego; à condições justas e favoráveis de trabalho; à proteção contra o desemprego; à
liberdade sindical e à igual remuneração por igual trabalho; direito ao repouso e ao lazer; à
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas; direito a um
padrão de vida que assegure saúde e bem-estar e à assistência à maternidade e à infância;
direito à educação; direitos culturais.
 Conselho de Direitos Humanos: órgão da ONU, que fiscaliza o cumprimento dos
compromissos internacionais em direitos humanos, composto de 47 Estados, eleitos pelos
membros da Assembleia Geral para um mandato de três anos, em votação secreta, com direito
a uma reeleição para o período subsequente, segundo o critério de repartição geográfica.
 Comitê de Direitos Humanos: previsto no Pacto de Direitos Civis e Políticos.
o Após o primeiro relatório, novos relatórios deverão ser enviados pelo Estado
sempre que o Comitê vier a solicitá-los.
o Não poderá ter mais deum nacional de um mesmo Estado.
o O processamento das comunicações interestatais depende de anuência prévia
do Estado-parte.
o O mandato dos membros do Comitê é de quatro anos.
o Os integrantes exercerão suas funções a título pessoal e não serão, portanto,
representante dos Estados dos quais são nacionais, que apoiaram a sua
candidatura ao Comitê ou de qualquer outro ente estatal.

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 Os direitos dos povos indígenas são objeto de uma declaração específica: Declaração das
Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e de um tratado internacional
especializado na matéria, que é a Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.
 Em caso de violação de direitos humanos, admite-se a mitigação da norma que apregoa a
negação de intervenção em assuntos internos.
o A ONU tem como princípio promover e estimular o respeito aos Direitos
Humanos e às liberdades fundamentais para todos, de modo que o princípio
da não intervenção não pode ser invocado diante da violação dos
compromissos internacionais do Estado em matéria de proteção e promoção
da dignidade humana.
 STF: Tratados de direitos humanos anteriores à EC 45/03 possuem no direito brasileiro status
de norma supralegal
 Crianças: Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança
o Considera-se como criança todo ser humano com menos de dezoito anos de
idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a
maioridade seja alcançada antes. Logo, não há presunção absoluta de ser
criança com menos de 18 anos.
 Declaração Universal dos Direitos Humanos: não é um tratado, é uma resolução não
vinculante da Assembleia Geral da ONU e cujo conteúdo pode ser enquadrado como princípios
gerais do Direito ou soft law.
o Trata de muitos direitos de liberdade, de direitos de igualdade, de direitos
econômicos, trata sobre direitos políticos (voto, serviço público, tomar parte
580 no governo do país), dos direitos culturais, bioética e direitos intelectuais.
o Não trata sobre direito ao meio ambiente equilibrado.
 Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Esse órgão caiu na minha prova
oral de Direito Internacional, a examinadora só queria saber se eu conhecia o órgão que
examinava internacionalmente o tema do refúgio.
o Ao contrário, o asilo não possui um “órgão” especializado como o tema do
refúgio.

17.2.1. Casos Internacionais relevantes
 Case of the S.S. "Wimbledon", Britain et al. v. Germany, 1923: o Governo Alemão proibiu a
passagem do navio com armas Wimbledon no canal de Kiel, alegando que estava em posição
de neutralidade na guerra russo-polonesa e não deixaria e havia proibição interna para
passagem do navio. O embaixador francês invocou o artigo 380 do Tratado de Versalhes, que
era pela livre circulação do canal de Kiel. A extinta CPJI entendeu que muito embora a
Alemanha pudesse regular sua neutralidade na guerra russo-polonesa, deveria cumprir o dever
definido no Tratado de Versalhes, permitindo a passagem do "Wimbledon" através do Canal
de Kiel. Assim, ficou estabelecido que as leis internas não podem
prevalecer sobre os tratados internacionais, a partir do que posteriormente se desenvolveu
a ideia de que as normas internas consistem em “mero fato” para os casos de
responsabilização dos Estados por violação das normas internacionais.
 Caso Fábrica de Chorzów: O caso remonta ao plebiscito da Alta Silésia, imposto pelo Tratado
de Versalhes e realizado em março de 1921, após a Primeira Guerra, para determinar a
fronteira entre a Alemanha e a Polônia. A parte oriental da Silésia, incluindo Chorzow, foi
separada da Alemanha e concedida à Polônia em 1922. Em tal parcela territorial se
encontrava a fábrica de nitrogênio Oberschlesische Stickstoffwerke. A discussão perante a
Corte Permanente de Justiça Internacional dizia respeito sobre a reparação exigida pela

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Alemanha à Polônia, em razão do alto valor da fábrica e dos termos do acordo, que exigia
que fosse respeitada a propriedade alemã, mesmo com a cessão territorial (a Polônia havia
expropriado a fábrica). Ao julgar o caso, a CPJI sedimentou a reparação integral como a regra
básica, no âmbito da responsabilidade internacional dos Estados.
 Barcelona Traction (Belgium vs. Spain, 1970) – CIJ – Já tinha ocorrido a extinção da Liga das
Nações e a criação da ONU: A Barcelona Traction era uma empresa canadense de serviços
públicos que operava luz e energia na Espanha. Embora operasse na Espanha, era detida
principalmente pelas holdings belgas SOFINA e SIDRO e tornou-se objeto de
importante conflito entre Bélgica e Espanha, em 1970. O Governo Espanhol impôs restrições
econômicas sobre as empresas estrangeiras, de modo que os acionistas belgas perderam
dinheiro e requereram à CIJ reparação. A CIJ decidiu que apenas o Estado em que a corporação
foi incorporada (Canadá) teria legitimidade para ir à Corte. É dizer: a Bélgica não teria qualquer
interesse jurídico na matéria para justificar o seu pedido, pois, embora os acionistas belgas
tivessem sofrido prejuízos indiretos, eram somente os direitos da companhia que poderiam ter
sido infringidos por ações da Espanha. o caso é mundialmente conhecido por conta do que foi
dito lateralmente. De forma “obiter dictum”, a Corte Internacional de Justiça identificou uma
categoria de obrigações internacionais denominada “erga omnes”, a saber, as obrigações
dos Estados com a comunidade internacional como um todo, destinadas a proteger e
promover os valores básicos Interesses comuns de todos. Cuida-se caso pioneiro no
reconhecimento de obrigações internacionais como normas objetivas, de caráter “erga
omnes”, especialmente aplicável no âmbito dos direitos humanos.
o “uma distinção essencial deve ser feita entre as obrigações de um Estado para
581 com a comunidade internacional como um todo (erga omnes) e as que
surgem em relação a outro Estado no campo da proteção diplomática. Pela
sua própria natureza, as primeiras são de preocupação de todos os Estados.
Tendo em conta a importância dos direitos envolvidos, todos os Estados
podem ter um interesse jurídico na sua protecção; são obrigações erga
omnes. Tais obrigações derivam, por exemplo, do direito internacional
contemporâneo, da proibição dos atos de agressão e do genocídio, assim
como dos princípios e regras relativos aos direitos fundamentais da pessoa
humana, incluindo a proteção contra a escravidão e a discriminação racial.
Alguns dos direitos de proteção correspondentes entraram no corpo do direito
internacional geral […] Outros são conferidos por instrumentos internacionais
de caráter universal ou quase universal ".

17.3. Regional
 Na atualidade há três cortes regionais em funcionamento: Europeia, Interamericana e
Africana.

17.3.1.1. Corte Interamericana e Comissão Interamericana


● As sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos são “Sentenças Internacionais”,
proferidas por um órgão jurisdicional internacional do qual o Brasil faz parte, não sendo um
órgão judiciário, portanto, não precisa de homologação do STJ para surtir efeito a decisão.
De outro lado, as sentenças estrangeiras são prolatadas por um judiciário de outro Estado,
devendo ser homologadas.
● Está vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA)
● Comissão Interamericana: órgão de caráter político e administrativo da Corte Interamericana,
que é órgão jurisdicional. Ambos estão regulamentados no Pacto de San José da Costa Rica
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(Convenção Americana de Direitos Humanos, cuja função principal de promover a observância


e a defesa dos direitos humanos, e no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções [...]
art. 41 da CADH
● Corte Interamericana: tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à
interpretação e aplicação da Convenção que lhe seja submetido, desde que os Estados Partes,
no caso, tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração
especial, como preveem os incisos da Convenção, seja por convenção especial.
● Deliberações da COMISSÃO: As deliberações internacionais de direitos humanos decorrentes
dos processos de responsabilidade internacional do Estado podem resultar em
o Decisão quase judicial: vinculante
o Decisão judicial: vinculante
▪ A decisão da corte será definitiva e inapelável, cabendo uma
interpretação caso a sentença não esteja clara sobre o alcance ou
sentido, no prazo de 90 dias da notificação.
o Recomendação: destituídas de caráter vinculante
● A Corte possui competência consultiva, bem como a Corte Internacional de Justiça.
● Decisões da CORTE Interamericana de Direitos Humanos são definitivas e inapeláveis. Em caso
de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte poderá interpretá-la, a pedido
de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir
da data da notificação da sentença.
● Os legitimados para provocar a Corte Interamericana de Direitos Humanos estão previstos
taxativamente no artigo 61, 1, da convenção interamericana de direitos humanos (pacto de
582 São José da Costa Rica), o qual elenca somente os Estados-Partes e a Comissão
Interamericana. Dessa forma, é possível concluir que a DPU não tem legitimidade para
demandar em atuação inicial junto à corte. LER o artigo 44.
● Não obstante a ilegitimidade da DPU para peticionar inicialmente junto à Corte, é possível que
ela peticione inicialmente junto à Comissão para denunciar ou apresentar queixas de
violações aos direitos humanos por um Estado-Parte, conforme o artigo 44 do Pacto de São
José da Costa Rica.
o A vítima não tem o jus standi, acesso direito à Corte.
o A vítima possui o locus standi, que é direito de participar no processo já
deflagrado em todas as suas fases.
o Ao contrário do Sistema Regional Europeu, a vítima e seus familiares não
possuem legitimidade para submeter diretamente um caso à Corte no Sistema
Interamericano, de modo que a Defensoria Pública da União não poderia
demandar a atuação inicial deste Tribunal.
● Quanto ao defensor interamericano de direitos humanos, trata-se de figura prevista no
regulamento da corte interamericano, cuja função é representar as vítimas que não tenham
representante devidamente credenciado junto à corte. Ressalte-se que o defensor
interamericano não é um cargo criado na estrutura da corte, uma vez que a atuação nessa
função fica a cargo de um defensor pertencente à Associação Interamericana de Defensorias
Públicas - AIDEF, a qual incumbe escolher o profissional que atuará no caso, após a designação
da Corte. Essa possibilidade de atuação do defensor interamericano iniciou-se após um acordo
de entendimento entre a Corte Interamericana e a AIDEF.
● Pacto San José da Costa Rica – Convenção Americana sobre Direitos Humanos:
o Tratado de direitos humanos firmado antes de 1988, promulgado
internamente pelo Brasil em 1992.
o O tratado em questão atrai a incidência do artigo 5, §2º, da CF: § 2º Os direitos
e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
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regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em


que a República Federativa do Brasil seja parte.
o Goza de status supralegal.
17.3.1.1.1. Opiniões Consultivas
 A competência consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos é exercida,
em geral, sobre toda disposição concernente a proteção dos Direitos Humanos, de
qualquer tratado internacional, aplicável aos Estados americanos, independentemente
de serem bilaterais ou multilaterais, de qual seja seu objeto principal, ou de que sejam
ou possam ser partes Estados participantes do sistema interamericano. Logo, sendo
aplicável aos Estados americanos, a função consultiva da CIDH poderá ser exercida.
 Soft Law como fundamento para decidir da Corte: no recentíssimo caso Duque os
Princípios de Yogyakarta foram utilizados como argumento para a vedação à
homofobia, de forma que soft law também são usadas pela CIDH.
 Na Opinião Consultiva de nº 22, a Corte Interamericana assinalou que as pessoas
jurídicas não estão protegidas pela Convenção Americana de Direitos Humanos. A
CIDH foi expressa de que o sentido da palavra pessoas na Convenção alberga tão só
pessoas físicas, não jurídicas.
 Na Opinião Consultiva de nº 21, a Corte Interamericana garantiu o direito de oitiva de
crianças envolvidas em processos migratórios, como pedidos de asilo ou refúgio
realizados por seus pais. A consulta foi formulada pelo Brasil, Uruguai e Paraguai sobre
a condição de crianças migrantes. Dentre as várias situações decididas pela CIDH, uma
583 delas foi justamente a do direito de oitiva das crianças em processos, ainda que
administrativos, que envolvam sua situação migratória.
 Opinião Consultiva n° 20: A possibilidade dos Estados partes no caso concreto,
submetidos à Corte Interamericana, de nomear um Juiz ad hoc para que integre o
Tribunal, quando o mesmo não tiver um Juiz de sua nacionalidade, se restringe aos
casos contenciosos originados em comunicações interestatais, e não é possível
estender direito similar em favor dos Estados partes em casos originados de petições
individuais.
17.3.1.1.2. Casos da Corte IDH
 Caso Almonacid Arellano VS. Chile: o ne bis in idem é, de fato, um direito humano, mas não é
absoluto. Isso porque é possível que exista uma coisa julgada aparente ou fraudulenta, bem
como pelo que prevê o Estatuto do Tribunal Penal Internacional (TPI), que menciona a
possibilidade de julgar novamente alguém caso fique constatado que o julgamento não tenha
sido conduzido de forma independente ou imparcial, em conformidade com as garantias de um
processo equitativo reconhecidas pelo direito internacional, ou tenha sido conduzido de uma
maneira que, no caso concreto, se revele incompatível com a intenção de submeter a pessoa
à ação da justiça.
o Dano ao projeto de vida: foi debatido no julgado, consistindo na “realização
integral da pessoa afetada, considerando sua vocação, atitudes,
circunstâncias, potencialidades e aspirações, que lhe permitem fixar
razoavelmente determinadas expectativas e alcançá-las.
 Caso Olmedo Bustos (A última tentação de Cristo): consagrou a dupla dimensão do direito à
liberdade de expressão.
o Dimensão individual: direito e liberdade de se expressar.
o Dimensão coletiva: liberdade de buscar e disseminar informações.
o Os direitos comunicativos são “direitos linguísticos, que consistem
basicamente em compartilhar aprendizados e experiências de vida. O
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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

chamado right to comunicate (R2C) possui as facetas: direito do comunicante e


direito do recipiente.
 Caso Moiwana: caso sobre comunidades indígenas. Referência ao dano espiritual, baseado no
dano ao projeto de vida do Caso Almonacid e do Caso Loayza Tamayo, sendo que Cançado
Trindade afirmou que o dano espiritual consiste em “uma forma agravada do dano moral que
tem uma implicância direta na parte mais íntima do gênero humano, a saber, seu interior, suas
cranças no destino da humanidade e suas relações com os mortos. O dano espiritual não é
suscetível, por óbvio, de indenização material senão que existem outras formas de
compensação”
o Esse caso está relacionado ao GREENING ou ESVERDEAMENTO DOS DIREITOS
HUMANOS, que consiste no fenômeno de se proteger os direitos de cunho
ambiental nos sistemas regionais de Direitos Humanos, que foram concebidos
em sua origem para receber denúncias ou queixas sobre violações de direitos
civis e políticos.
 Caso Lopes Mendonza: a restrição a direitos políticos só pode advir de processo
penal. Assim, o que mais se indaga é: a Lei de Ficha Limpa conflitaria nesse sentido
com o Pacto de San José, já que possibilita a restrição a direitos políticos de
condenação ocorrida por órgão colegiado na esfera administrativa? Não. Segundo
André de Carvalho Ramos, o Caso Lopes Mendoza representa a condenação a
restrições baseadas em perseguições políticas. Ao contrário, a Lei de Ficha Limpa tem
como principal objetivo tutelar o direito fundamental à boa governança, não servindo
584 de instrumento para perseguição política.
 Caso Gomes Lund:
 Caso Teresa Lluy
 Caso Vladmir Herzog
 Defensor dos Direitos Humanos VS. Guatemala:

17.3.1.2. Corte Europeia


 Não é um órgão da União Europeia, mas do Conselho da Europa.
 A Corte Europeia dispõe de competência consultiva, de modo que o Tribunal pode
emitir pareceres sobre questões jurídicas relativas à interpretação da Convenção e dos
seus protocolos.
o O Protocolo 16 de 2013 ampliou sensivelmente a competência consultiva do
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), autorizando a Grande
Câmara a emitir pareceres não vinculantes, a pedido dos órgãos jurisdicionais
de vértice dos Estados-partes, sobre os direitos e as liberdades estabelecidos
na citada Convenção ou nos seus Protocolos.
 Protocolo 15 – Teoria da Margem da Apreciação:
o A tese é baseada na subsidiariedade da jurisdição internacional e prega que
determinadas questões polêmicas relacionadas com as restrições estatais a
direitos protegidos devem ser discutidas e dirimidas pelas comunidades
nacionais. Logo, cabe ao próprio Estado estabelecer os limites e as restrições
ao gozo de direitos em face do interesse público.
o CASO HANDYSIDE, em que a Corte Europeia entendeu que cabia à sociedade
britânica, com base em seus valores morais, decidir sobre se deveria ou não
adotar restrições ao direito à liberdade de expressão.

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 Edital Organizado
 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o CASO GOODWIN, em que a CEDH mencionou que seus precedentes não eram
vinculantes e que teria havido violação pelo Reino Unido ao não reconhecer o
casamento inclusive de transexuais.
 A Corte julga demandas de indivíduos contra Estados bem como de um Estado contra
outro.
o Qualquer comitê pode, por voto unânime, pode declarar a inadmissibilidade
ou mandar arquivar qualquer petição individual formulada nos termos do
artigo 34.º, se essa decisão puder ser tomada sem posterior apreciação. Esta
decisão é definitiva.
 Diferentemente da Corte Interamericana, a Corte europeia não possui uma comissão
europeia de direitos humanos com capacidade de mediação e conciliação.
 A derrogação ao direito à vida só pode ocorrer na situação de guerra e em atos lícitos
de guerra. A situação de perigo público não permite a derrogação ao direito à vida.
 Cabe Intervenção de terceiros nos processos perante a Cote Europeia:
o 1. Em qualquer assunto pendente numa seção ou no tribunal pleno, a Alta
Parte Contratante da qual o autor da petição seja nacional terá́ o direito de
formular observações por escrito ou de participar nas audiências. 2. No
interesse da boa administração da justiça, o presidente do Tribunal pode
convidar qualquer Alta Parte Contratante que não seja parte no processo ou
qualquer outra pessoa interessada que não o autor da petição a apresentar
observações escritas ou a participar nas audiências. 3. Em qualquer assunto
pendente numa seção o ou no tribunal pleno, o Comissário para os Direitos do
585 Homem do Conselho da Europa poderá formular observações por escrito e
participar nas audiências.

17.4. Tratados Extravagantes por tema
17.4.1. Tortura
 Protocolo de Istambul: não possui força de tratado, sendo apenas um manual para a
investigação e documentação eficazes da tortura e outras penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes.
 Crimes de jus cogens: genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de
agressão.
o Ainda que a tortura seja fato que possa caracterizar um desses tipos penais,
são esses quatro os classificados como crimes de jus cogens.
 A Convenção da ONU contra a tortura tem um conceito estrito de tortura, não abrangendo
atos omissivos ou por negligência. Ademais, admite que não serão considerados como tortura
as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas.
o André Carvalho Ramos: “A Convenção de 1984 é criticada por ter adotado uma
definição estrita de tortura, dando a entender que a tortura não pode ser
cometida por omissão e negligência. Também foi alvo de polêmicas a menção
a “sanções legítimas” que descaracterizam a tortura, exigência na época da
negociação do tratado dos países que adotam castigos corporais. Essa menção
a “sanções legítimas” podem ser utilizadas de modo abusivo por países, como
os Estados Unidos, interessados em justificar os seus meios de interrogatórios
de suspeitos de prática de atos de terrorismo”.

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 Resolução CJF 67/09 – 407/16

o A convenção da ONU exige que a tortura seja feita por agente público ou com
sua aquiescência.
o A convenção da ONU exige que o sofrimento seja agudo;
o No HC 70.389, o STF utilizou a definição de tortura da Convenção da ONU para
analisar o tipo do artigo 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
 Convenção Interamericana contra tortura:
o Tipifica como tortura o ato de imposição de sofrimento físico e psíquico com
qualquer fim. Nada dispõe sobre a necessidade de ser agente público, como a
da ONU;
o A Lei 9455/97 sobre tortura se aproxima da Convenção Interamericana, eis
que não registra ser imprescindível que a tortura seja cometida por agente
público ou com sua aquiescência.
o Admite que pode ser tortura determinada pena ou medida preventiva;
o Criou a figura equiparada, ou seja, são equiparadas a tortura medidas que não
infligem dor ou sofrimento, mas diminuem a capacidade física ou mental
 Tribunal Penal Internacional:
o O Estatuto do TPI requer dor ou sofrimento agudos para a tipificação objetiva
da tortura
17.4.2. Deficientes
 O ensino inclusivo milita favoravelmente à dialógica implementação dos objetivos
esquadrinhados pela Constituição da República. De mais a mais, como bem resumido pelo
586 relator: “à escola não é dado escolher, segregar, separar, mas é seu dever ensinar, incluir,
conviver.”. Por isso, “não se acolhe o invocar da função social da propriedade para se negar a
cumprir obrigações de funcionalização previstas constitucionalmente, limitando-a à geração de
empregos e ao atendimento à legislação trabalhista e tributária, ou, ainda, o invocar da
dignidade da pessoa humana na perspectiva de eventual sofrimento psíquico dos educadores
e usuários que não possuem qualquer necessidade especial.
o O ensino inclusivo de pessoas com deficiência em todos os níveis de educação
não é realidade estranha ao ordenamento jurídico pátrio.

17.5. Mecanismos de apuração de violações de direitos humanos

18. DIREITO ELEITORAL


18.1. Princípios
18.2. Direitos Políticos
18.3. Justiça Eleitoral
18.4. Ministério Público Eleitoral
18.5. Partidos Políticos, campanhas e prestação de contas
 TSE: Conforme decidido por esta Corte em Questão de Ordem na PC 37/DF,
ultrapassado o prazo de cinco anos, a partir da apresentação da prestação de contas, a
prescrição incide sobre a totalidade das contas.
 TSE: Não se admite o pagamento de multas e indenizações por danos morais com
recursos oriundos do Fundo Partidário, pois tais despesas não se enquadram nas
hipóteses previstas no artigo 44 da Lei 9.096.
 TSE:A aprovação das contas apresentadas com ressalva em função das irregularidades
apuradas impõe sempre a devolução dos respectivos valores ao Erário.
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 Nos processos de prestação de contas de candidato, não se aplica a sanção de


suspensão de quotas de fundo partidário, se a desaprovação da conta não tem, como
causa, irregularidade decorrente de ato do partido. Interpretação do parágrafo único
do art. 25 da Lei nº 9.504/97”.

18.6. Sistemas eleitorais, organização territorial e política do


eleitorado
18.7. Alistamento eleitoral

 É válido o cancelamento do título do eleitor que, convocado por edital, não


comparecer ao processo de revisão eleitoral, em virtude do que dispõe o art. 14,
caput, e § 1º da CF/88. São válidos o art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.444/85 e as Resoluções
do TSE que preveem o cancelamento do título dos eleitores que não comparecerem à
revisão eleitoral. STF. Plenário. ADPF 541 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 26/9/2018 (Info 917) #IMPORTANTE

18.8. Condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade


 Plenário do Tribunal Superior Eleitoral reafirmou entendimento de que a rejeição de contas de
gestor público que autorizou pagamento de remuneração a vereadores acima do limite
previsto na Constituição da República, ainda que amparado por lei municipal, configura a
inelegibilidade prevista no art. 1°, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990
587 o Destacou ainda ser suficiente, para enquadramento na alínea g, a identificação
do dolo genérico caracterizado pela simples vontade de praticar a conduta que
enseja a irregularidade insanável.
o Esclareceu que eventual devolução integral ou parcial do valor recebido
indevidamente não tem o condão de afastar a incidência da inelegibilidade.
 Súmula 69 do TST: Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º
da LC nº 64/90 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo final no dia de
igual número no oitavo ano seguinte.
o h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou
fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder
econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem
nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135,
de 2010)
o j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação
ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de
campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8
(oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
2010)
 Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da CF/88 chega-se à
conclusão de que a intenção do poder constituinte foi a de proibir que pessoas do
mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo cargo no
Poder Executivo. Em outras palavras, a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar
ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito, de Governador ou de Presidente. A

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vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito pelo mesmo núcleo


familiar aplica-se também na hipótese em que tenha havido a convocação do segundo
colocado nas eleições para o exercício de mandato-tampão. Ex: de 2010 a 2012, o
Prefeito da cidade era Auricélio. Era o primeiro mandato de Auricélio. Seis meses antes
das eleições, Auricélio renunciou ao cargo. Em 2012, Hélio (cunhado de Auricélio)
vence a eleição para Prefeito da mesma cidade. De 2013 a 2016, Hélio cumpre o
mandato de Prefeito. Em 2016, Hélio não poderá se candidatar à reeleição ao cargo de
Prefeito porque seria o terceiro mandato consecutivo deste núcleo familiar. STF. 2ª
Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 23/10/2018 (Info 921).
 A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação
judicial eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei
Complementar 64/90, em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da
inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei
Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de registros de
candidatura em trâmite. STF. Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo
Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/3/2018 (repercussão geral)
(Info 892) #IMPORTANTE

18.9. Processo Eleitoral – Convenção partidária – Registro de


candidatura – financiamento eleitoral
 O O deferimento do registro do DRAP abre o caminho para a apreciação individualizada dos

588 pedidos de registro dos pré-candidatos. (…) O processo geral é prejudicial em relação aos
particulares. A decisão, por exemplo, que indefira o DRAP (porque concluiu pela invalidade da
convenção) prejudica todos os pedidos parciais de registro que se lhe encontrem ligados. Logo,
os processos particulares só podem ser apreciados depois do julgamento do geral”
o TSE: 1. Nos termos da jurisprudência deste Tribunal Superior, não cabe
rediscutir, em processo individual de registro de candidatura, a matéria
decidida com trânsito em julgado no âmbito do DRAP, que ensejou a exclusão
do partido ao qual o candidato é filiado da coligação partidária. 2. O
indeferimento do DRAP, mediante decisão transitada em julgado, torna
prejudicados os requerimentos de registro de candidatura individuais a ele
vinculados.
o Ao iniciar o processo de registro, o Candex gera os formulários de
Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP), Requerimento de
Registro de Candidatura (RRC) e Requerimento de Registro de Candidatura
Individual (RRCI). Os formulários deverão ser preenchidos, impressos,
assinados e mantidos pelos respectivos subscritores, e poderão ser requeridos
pela Justiça Eleitoral para conferência da sua veracidade.
o
 São solicitadas certidões de quitação eleitoral e criminais, mas certidão cível em que seja
possível avaliar se o candidato foi ou não condenado por improbidade administrativa não é
exigida. Não obstante ser inelegível aquele que tiver sido condenado à suspensão de direitos
politicos por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio e
enriquecimento sem causa, não é exigida certidão no momento do registro de candidatura. As
Resoluções do TSE não exigiram tais documentos. Não há lei que obrigue a apresentação.
 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o órgão competente para julgar os Recursos Contra
Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais (federais e estaduais). STF.
Plenário. ADPF 167/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2018 (Info 893).
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 A parte final do § 12 do art. 28 da Lei nº 9.504/97 prevê a possibilidade de “doações ocultas”


de pessoas físicas a candidatos, ou seja, sem que os nomes dos doadores fiquem registrados
na prestação de contas. Veja: "§ 12. Os valores transferidos pelos partidos políticos oriundos
de doações serão registrados na prestação de contas dos candidatos como transferência dos
partidos e, na prestação de contas dos partidos, como transferência aos candidatos, sem
individualização dos doadores." (Incluído pela Lei nº 13.165/2015) O STF julgou
inconstitucional a expressão “sem individualização dos doadores”, constante da parte final do
§ 12 do art. 28 da Lei nº 9.504/97, acrescentado pela Lei 13.165/2015. Essa parte final do
dispositivo suprime a transparência do processo eleitoral, frustra o exercício da fiscalização
pela Justiça Eleitoral e impede que o eleitor exerça, com pleno esclarecimento, seu direito de
escolha dos representantes políticos. Isso viola os princípios republicano e democrático (art.
1º, da CF/88), além de representar afronta aos postulados da moralidade e da transparência.
STF. Plenário. ADI 5394/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 22/03/2018 (Info 895).
 A intimação realizada em nome de quaisquer dos Advogados constituídos pelas partes é válida,
desde que inexista pedido expresso para que seja procedida exclusivamente em nome de
determinado Causídico.
 Na instância especial, a representação processual deve ser comprovada no momento da
interposição do recurso, sendo certo que a juntada posterior do instrumento de mandato não
tem o condão de sanar o vício.
 Súmula 24 TSE: Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-
probatório.

589  É vedada a inovação de tese recursal em sede de agravo interno. É incabível a inovação de tese
recursal em sede de agravo interno, o que consubstancia, ainda, pretensão de exame de
matéria fático-probatória, vedado nesta instância especial, a teor da Súmula 24 do TSE.
 “A contagem de prazos em dias úteis prevista no art. 219 do novo Código de Processo Civil não
se aplica à Justiça Eleitoral, consoante o entendimento do TSE e materializado na resolução nº
23.478/2016”.

18.10.Propaganda eleitoral

 É constitucional o art. 25, § 2º, da Resolução 23.404/2014 do TSE, que proíbe a


realização de propaganda eleitoral via “telemarketing", em qualquer horário. STF.
Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900)
 A liberdade de expressão autoriza que os meios de comunicação optem por
determinados posicionamentos e exteriorizem seu juízo de valor, bem como autoriza
programas humorísticos, “charges” e sátiras realizados a partir de trucagem,
montagem ou outro recurso de áudio e vídeo, como costumeiramente se realiza, não
havendo nenhuma justificativa constitucional razoável para a interrupção durante o
período eleitoral. Vale ressaltar que, posteriormente, é possível a responsabilização
dos meios de comunicação e de seus agentes por eventuais informações mentirosas,
injuriosas, difamantes. O que não se pode é fazer uma censura prévia. São
inconstitucionais quaisquer leis ou atos normativos tendentes a constranger ou inibir a
liberdade de expressão a partir de mecanismos de censura prévia. STF. Plenário. ADI
4451/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20 e 21/6/2018 (Info 907).

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18.11.Abuso do poder econômico, captação ilícita de sufrágio e


condutas vedadas
 A veiculação de publicidade institucional, consubstanciada na distribuição de material
impresso aos munícipes em geral, nos três meses que antecedem o pleito e sem que haja
demonstração de situação grave ou urgente, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral,
configura a conduta vedada do art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97, sujeitando o infrator à sanção
pecuniária, quando ausente gravidade que justifique e, segundo um juízo de
proporcionalidade e razoabilidade, a imposição cumulativa da pena de cassação do
registro/diploma outorgado. Logo, não há a cassação do registro/diploma necessariamente.
 A conduta vedada do art. 73, VI, b, da Lei 9.504/97 - proibição de publicidade institucional nos
três meses que antecedem a eleição - possui natureza objetiva e configura-se
independentemente do momento em que autorizada a publicidade, bastando a sua
manutenção no período vedado.
 Realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos
públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração
indireta, que excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que
antecedem o pleito.

18.12.Ações Eleitorais
 De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral, as ações de investigação
590 judicial eleitoral (AIJE) fundamentadas em abuso de poder e condutas vedadas a agentes
públicos podem ser propostas até a data da diplomação.
 Súmula 38 do TSE: “Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato, há
litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa majoritária”. Ou
seja, não é possível uma ação eleitoral que vise à cassação de registro, diploma ou mandato se
o titular e o vice da chapa não estiverem no polo passivo, considerada a possibilidade de
ambos os integrantes serem afetados pela eficácia da decisão. Mas não é cabível a presença
do partido político no polo passivo
o TSE: O partido político não detém a condição de litisconsorte passivo
necessário nos processos em que esteja em jogo a perda de diploma ou de
mandato pela prática de ilícito eleitoral. A jurisprudência deste Tribunal é
pacífica quanto à desnecessidade, na ação de investigação judicial eleitoral
por abuso de poder, de litisconsórcio passivo necessário entre os candidatos
beneficiados e aqueles que contribuíram para os atos abusivos.

18.13.Eleição
.
 É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o registro de cada
voto deverá ser impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do
eleitor, em local previamente lacrado (art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei
13.165/2015). Essa previsão acaba permitindo a identificação de quem votou, ou seja,
permite a quebra do sigilo, e, consequentemente, a diminuição da liberdade do voto,
violando o art. 14 e o § 4º do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao legislador fazer a
opção pelo voto impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse
respeito, observadas, entretanto, as características do voto nela previstas. O modelo
híbrido trazido pelo art. 59-A constitui efetivo retrocesso aos avanços democráticos

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conquistados pelo Brasil para garantir eleições realmente livres, em que as pessoas
possam escolher os candidatos que preferirem. STF. Plenário. ADI 5889/DF, rel. orig.
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018
(Info 905). #IMPORTANTE

18.14.Direito Penal e Processo Penal Eleitoral


 Promoção de evento festivo às vésperas das eleições, cabimento de prova por gravação
ambiental e abuso de poder econômico. O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, por
unanimidade, reiterou entendimento de considerar lícita gravação ambiental produzida em
local aberto ao público, sem controle de acesso.
o A conduta do candidato de custear evento festivo a menos de três dias do
pleito, com entrada franca e distribuição gratuita de bebida, além da
considerável presença de munícipes, configura abuso de poder econômico.
 Para o TSE, a gravação ambiental somente é viável mediante autorização judicial e quando
utilizada como prova em investigação criminal ou processo penal, salvo quando realizada em
local público.
o O Min. Peluzo entende diferente. Se a comunicação se deu publicamente, não
se está invadindo (o que é protegido pela CF ao exigir autorização judicial para
interceptação), de modo que é lícita a gravação ambiental, ainda que em
ambiente privado.
 Não comete crime de desobediência eleitoral o candidato que, proibido de ingressar em
órgãos públicos com o intuito de realizar atos inerentes à campanha eleitoral, adentra nos
591 prédios da Administração Pública para filmar e fotografar fiscalizando se o então Prefeito, seu
adversário, estava praticando ilícitos eleitorais. STF. 2ª Turma. Inq 3909/SE, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 17/5/2016 (Info 826).
 MP pode requisitar instauração de inquérito policial eleitoral. O TSE editou a Resolução n.
23.396/2013 prevendo que o inquérito policial para apurar crimes eleitorais somente poderá
ser instaurado se houver uma determinação da Justiça Eleitoral (art. 8º). Assim, pelo texto da
Resolução, o Ministério Público não poderia requisitar a instauração de inquérito policial para
apurar crimes eleitorais. O STF, ao apreciar medida cautelar, decidiu que esse dispositivo é
INCONSTITUCIONAL por dispor sobre norma de direito processual e por violar prerrogativa
constitucional do Ministério Público prevista no art. 129, VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI
5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747).
 Corrupção ativa eleitoral:
o Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem,
dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para
conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. EXIGE
DOLO ESPECÍFICO consistente na obtenção de voto ou na promessa de
abstenção.
 O Juiz, ou Tribunal, formará sua convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos
e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mencionando,
na decisão, os que motivaram seu convencimento.
o O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e
notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para
circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes,
mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral.
 Art. 350 do Código Eleitoral: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle
devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, para fins eleitorais: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa,
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se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o


documento é particular.
o Candidato que insira informações falsas ou omita dolosamente dados na
declaração de bens não incorre em crime de falsidade ideológica previsto no
art. 350 do Código Eleitoral, conforme entendimento do TSE
o 1. Segundo a orientação das Cortes Superiores, a caracterização do delito de
falsidade ideológica exige que o documento no qual conste a informação
falsa tenha sido “preparado para provar, por seu conteúdo, um fato
juridicamente relevante”, de modo que o fato de estarem as afirmações nele
constantes submetidas à posterior averiguação afasta a possibilidade
deocorrer a falsidade intelectual (STF, RHC 43396, 1ª Turma, Rel. Min.
Evandro Lins, DJ 15.2.1967, STF, HC 85976, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ
24.2.2006). 2. Se o documento não tem força para provar, por si só, a
afirmação nele constante - como ocorre na hipótese da declaração de bens
oferecida por ocasião do pedido de registro de candidatura - não há lesão à fé
pública, não havendo, assim, lesão ao bem jurídico tutelado, que impele ao
reconhecimento de atipicidade da conduta descrita na inicial acusatória.
o Candidato que omite, na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral,
recursos utilizados em sua campanha eleitoral, pratica o crime do art. 350 do
Código Eleitoral. Vale ressaltar que o delito de falsidade ideológica é crime
formal. Não exige, portanto, o recolhimento do material não declarado. Caso
concreto: Paulo era candidato a Deputado Federal. A empresa de Paulo pagou
592 R$ 168 mil de materiais gráficos para a campanha, mas o candidato não
declarou tais despesas na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral.
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info
903)
 §2º: A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida: I – se,
constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado
por sentença irrecorrível. É dizer: No crime de calúnia eleitoral, a prova da verdade do
fato é admitida se, constituindo o fato imputado crime de ação penal privada, o
ofendido, foi condenado por sentença irrecorrível.
 A transação penal e a suspensão condicional do processo são admitidas no processo
penal eleitoral. Cabe ressaltar a exceção: salvo nos casos de crime que contam com
sistema punitivo especial. (Ac.-TSE, de 07.06.2005, no REsp nº 25137; Res.-TSE nº
21294/2002 e Ac.-STJ, de 09.04.2003, no CC nº 37595)
 Constitui crime a contratação, direta ou indireta, de grupo de pessoas com a finalidade
de emitir mensagens ou comentários na Internet para ofender a honra de candidato,
partido ou coligação. Consoante art. 57-H, §1º da Lei 9.504/97
 De acordo com o Código Eleitoral, os TREs e o TSE possuem competência para
julgar habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o
juiz competente possa prover sobre a impetração. 22 e 29 do Código Eleitoral

19. NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO


HUMANÍSTICA
19.1. SOCIOLOGIA DO DIREITO
1. Introdução à sociologia da administração judiciária. Aspectos gerenciais da atividade
judiciária (administração e economia). Gestão. Gestão de pessoas.

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2. Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e o


Direito.
3. Direito, Comunicação Social e opinião pública.
4. Conflitos sociais e mecanismos de resolução. Sistemas não judiciais de composição de
litígios.
19.2. PSICOLOGIA JUDICIÁRIA
1. Psicologia e comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com
a sociedade e a mídia.
2. Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual.
3. Teoria do conflito e os mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e mediação.
Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos
conflitos.
4. O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e
testemunhas.

19.3. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL


1. Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções.
2. Direitos e deveres funcionais da magistratura.
3. Código de Ética da Magistratura Nacional.
4. Sistemas de controle interno do Poder Judiciário: corregedorias, ouvidorias, conselhos
593 superiores e Conselho Nacional de Justiça.
5. Responsabilidade administrativa, civil e criminal dos magistrados.
6. Administração judicial. Planejamento estratégico. Modernização da gestão.
19.4. FILOSOFIA DO DIREITO
1. O conceito de justiça. Sentido lato de justiça, como valor universal. Sentido estrito de
justiça, como valor jurídico-político. Divergências sobre o conteúdo do conceito.
2. O conceito de Direito. Equidade. Direito e Moral.
3. A interpretação do Direito. A superação dos métodos de interpretação mediante puro
raciocínio lógico-dedutivo. O método de interpretação pela lógica do razoável.
19.4.1. Positivismo
 Positivismo jurídico: o que importa é a análise da validade do direito, e não a sua justiça. É
uma opção metodológica para abordar o fenômeno jurídico, o que não implica concordância
com o ordenamento ou mesmo cega obediência a ele.
o Tese social: o que pode ser considerado direito na sociedade é uma questão
social ou convencional.
o Tese da separação: não há uma identificação entre o direito e a moral.
 Herbert Hart: influente concepção de positivismo jurídico.
o Independência entre o direito e a moral: padrões morais podem ser
incorporados ao direito posto, mas isso não é feito de forma automática ou
necessária. Isso gera estabilidade (lei) e adaptação da lei à realidade social
(introdução da moral ao texto da lei)
o Não é possível limitar o ordenamento a um sistema amparado por sanções: a)
deve haver normas que criam obrigações e devem ser obedecidas de forma
amplas pelos cidadãos; b) agentes públicos precisam aceitar regras que
regulamentem o modo de produção de leis e de julgamento,

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o Para que um ordenamento exista, basta a aceitação da norma. Mas não a


aceitação moral, isso não precisa. A aceitação pelos juízes de regras de um
sistema injusto é suficiente para que este ordenamento exista.
o O ordenamento possui normas de dois tipos:
 Normas primárias: limitam ou expandem a liberdade;
 Normas secundárias: não impõem obrigações, tendo por objeto as
normas anteriores. São de três espécies
 Criam poderes para legislar sobre norma primária e
secundária;
 Criam poderes para julgamento;
 Regra de reconhecimento: dita os critérios para definir ou não
se certa norma pertence ao ordenamento.
19.4.2. Interpretativismo – Pós-positivismo
 Ronald Dworkin: “a natureza da argumentação jurídica encontra-se na melhor interpretação
moral das práticas sociais existentes”
o O princípio fundamental que norteia esse modelo (melhor interpretação) é a
ideia de que as pessoas devem ser tratadas com igual consideração e respeito.
o Regras VS. Princípios (hard cases): quando não há regras no ordenamento ou
quando há a regra, mas a solução apontada seria injusta, imoral ou
politicamente indesejável. Para o positivismo o juiz pode atuar
discricionariamente; para o interpretativismo deve-se valer dos princípios.
594  Regras: tudo ou nada, uma valerá e a outra não, determinando a
decisão de forma absoluta. Ausente esta, o juiz se vale de
discricionariedade. Aqui Dworkin defende o uso dos princípios, e não
da discricionariedade.
 Princípios: não determinam a decisão de forma absoluta, mas contêm
fundamentos que devem ser conjugados com outros fundamentos
decorrentes de outros princípios.
 Dimensão de peso (dimension of weight): na colisão, um pode
se sobrepor ao outro sem ocasionar uma perda de validade.
 Melhor interpretação: a que se ajusta melhor aos critérios
sociais compartilhados, seja coerente.
o Para Dworkin, o direito é uma prática social cuja intencionalidade tem uma
dimensão avaliativa moral e essencialmente argumentativa (e não meramente
autoritativa - authoritative). Por esse motivo, a sua concepção de direito é
incompatível com a tese da separabilidade, tal como proposta pelos
positivistas jurídicos. Afinal, a argumentação jurídica não é de natureza diversa
da argumentação moral.
o O direito possui um caráter argumentativo e moral.
 Robert Alexy:
o Existe uma conexão necessária entre o direito e a moral.
o Ao lado da norma (positivismo) há uma dimensão ideal ou crítica, refletindo na
correção moral.
 Fórmula de Radbruch (Gustav Radbruch): O direito positivo deve ser
respeitado, mesmo que injusto, a não ser quando a injustiça atinge o
limiar da injustiça extrema, caso em que o direito positivo não é
válido.

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o Princípios são comandos de otimização que exigem que algo seja realizado na
máxima medida possível dentro das circunstâncias fáticas e jurídicas,
enquanto regras são comandos definitivos, os quais exigem apenas que certa
conduta seja realizada. As colisões entre os princípios são solucionadas através
da famosa máxima da proporcionalidade.
o O princípio da segurança jurídica é um princípio formal. Ele exige um
compromisso com aquilo que foi estabelecido autoritativamente e é
socialmente eficaz. O princípio da justiça é um princípio material ou
substantivo. Ele exige que a decisão seja moralmente correta. Esses dois
princípios, como princípios em geral, podem colidir, e de fato eles
frequentemente colidem. Um nunca pode tomar o lugar do outro
completamente, ou seja, em todas as casas. Ao contrário, a dupla natureza do
direito exige que eles sejam considerados reciprocamente em uma proporção
correta. Na medida em que essa ponderação correta é obtida, é a lançada
harmonia no sistema jurídico.
o George Marmelstein em comentários sobre Alexy:
 (a) em primeiro lugar, a ideia de que os direitos fundamentais
possuem, em grande medida, a estrutura de princípios, sendo,
portanto, mandamentos de otimização que devem ser efetivados ao
máximo, dentro das possibilidades fáticas e jurídicas que surjam
concretamente;
 (b) em segundo lugar, o reconhecimento de que, em um sistema
595 comprometido com os valores constitucionais, é frequente a
ocorrência de colisões entre os princípios que, invariavelmente,
acarretará restrições recíprocas entre essas normas (daí a relativização
dos direitos fundamentais);
 (c) em terceiro lugar, a conclusão de que, para solucionar o problema
das colisões de princípios, a ponderação ou sopesamento (ou ainda
proporcionalidade em sentido estrito) é uma técnica indispensável;
 (d) por fim, mas não menos importante, que o sopesamento deve ser
bem fundamentado, calcado em uma sólida e objetiva argumentação
jurídica, para não ser arbitrário e irracional.
 Ponto em comum de Alexy e Dworkin para Alexandre Trivisonno: O modelo de Alexy
tem um ponto em comum com o modelo de Dworkin: a aceitação de que a legislação
não é perfeita e a constatação da importância do processo de interpretação (em Alexy,
argumentação). Mas Alexy, ao contrário de Dworkin, não entende ser possível uma
única solução para todo e qualquer caso. Alexy entende que seria inadequado firmar a
tese da única resposta correta sem oferecer um procedimento para alcança-la. Por
isso, a única resposta correta transforma-se, em Alexy, em uma ideia regulativa, isto é,
uma ideia metodologicamente construída, que deve ser buscada no discurso real, mas
que nem sempre pode ser alcançada.
 Decisões judiciais e hard cases
o Hart: utiliza-se da discricionariedade.
o Dworkin: não há discrição, o juiz está vinculado a princípios. Decisão única.
o Alexy: ponderação, optar pela melhor escolha sem excluir totalmente o
ordenamento. Respeito às regras.

19.5. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


1. Direito objetivo e direito subjetivo.

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2. Fontes do Direito objetivo. Princípios gerais de Direito. Jurisprudência. Súmula Vinculante.


3. Eficácia da lei no tempo. Conflito de normas jurídicas no tempo e o Direito Brasileiro: Direito
Penal, Direito Civil, Direito Constitucional e Direito do Trabalho.
4. O conceito de Política. Política e Direito.
5. Ideologias.
6. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU)

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