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RESUMO
O presente estudo tem como tema “A Reeducação Postural Global no tratamento da
escoliose idiopática ” e trata-se de um artigo de conclusão da Pós-graduação em Ortopedia
e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais, envolvendo a comunidade de
Fisioterapia. De caráter totalmente bibliográfico este estudo descreverá sobre: a escoliose
idiopática, uma breve explanação sobre a anatomia da coluna vertebral, a utilização da
Reeducação Postural Global - RPG no tratamento da escoliose idiopática. A RPG é um dos
melhores métodos de alongamento muscular, uma vez que suas posturas visam restabelecer o
comprimento-tensão das fibras musculares, pois os músculos e ligamentos se adaptam à
deformidade e sua função sobre a postura e o movimento se encontra alterada, a
propriocepção deixa de ser percebida com normalidade.
Palavras-chave: Coluna Vertebral; Escoliose Idiopática; RPG.
1. Introdução
De acordo com Dantas (1999), a coluna vertebral é uma estrutura forte e flexível que protege
os elementos neurais, bem como sustenta o corpo na posição ereta. Devido ao esforço, pode
ocorrer um desgaste da estrutura comprimindo a raiz nervosa ocasionando o aparecimento de
patologias diversas.
A escoliose é uma curva que se desenvolve no espaço e se deve a um movimento de torção
generalizada da coluna; ela é constituída por desvios da coluna nos três planos do espaço. No
plano axial observamos a rotação específica. No plano frontal, observamos inclinações
intervertebrais que, associadas a componente anteroposterior, obrigam a coluna a descrever
uma curvatura de convexidade oposta à inclinação (PERDRIOLLE, 2006).
O presente estudo tem como objetivo descrever, através de revisão bibliográfica, a
Reeducação Postural Global - RPG no tratamento da escoliose idiopática, pois a mesma tem
sido um dos melhores métodos de alongamento muscular, uma vez que suas posturas visam
restabelecer o comprimento-tensão das fibras musculares.
De acordo com Knoplich (2003), o corpo das vértebras cervicais é uniforme e pequeno em
relação ao arco posterior e ao orifício vertebral. O diâmetro transverso do corpo vertebral é
maior do que o anteroposterior. Porém, a característica importante é que há uma saliência na
superfície superior e posterior do corpo vertebral.
A estabilização dinâmica da coluna vertebral é fornecida pelas
musculaturas intrínseca e extrínseca. A musculatura intrínseca é
profunda, sendo dividida em três grupos principais: os
espinhotransversais, originando-se na meia-linha e direcionados
proximal e lateralmente até os processos transversos; o segundo
grupo, os transversocostais ou espinhoespinhais é direcionado
longitudinalmente, de costela a costela, de processos transversos a
costelas ou de um processo espinhoso a outro; e o terceiro grupo, os
multífidos, os semiespinhais e os rotadores, que se originam nos
processos transversos e se inserem nos processos espinhosos em
direção superior e medial. Além desses existem pequenos músculos
que ligam vértebra a vértebra, os interespinhais e os
intertransversários (SIZINIO et al, 2003).
A coluna vertebral apresente curvaturas que se alteram em toda a sua extensão com função de
dissipar as forças compressivas impostas pela ação da gravidade. As curvaturas apresentam
convexidade posterior (cifose) ou concavidade posterior (lordose) (MOREIRA et al, 2004).
Na região cervical existem duas curvaturas: uma menor, a curvatura
cervical superior, convexa posteriormente, que se estende do occipital
até a C2 (áxis) e a outra maior, a curvatura cervical inferior, côncava
posteriormente, que se estende da C2 até a T2. A curvatura torácica é
convexa posteriormente, estendendo-se desde T2 até T12. A
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3. Escoliose
A escoliose trata-se de uma patologia séria, que se desenvolve principalmente nas fases de
crescimento e que deve ser tratada precocemente. Escoliose é o desvio lateral não fisiológico
da linha mediana. Devido ao alinhamento vertebral e às relações estruturais das bordas
vertebrais e às articulações posteriores, a inclinação lateral é acompanhada por rotação
simultânea (CAILLIET, 1979).
De acordo com Sizínio et al (2003), a palavra escoliose é originária de palavra grega que
significa curvatura, sendo usada em medicina para denominar qualquer curvatura lateral da
coluna vertebral.
A evolução nos conhecimentos sobre as escolioses ocorreu com a fundação da Scoliosis
Research Society, em Minneapolis, Minesota, EUA, em 1966, sociedade que mantém um
congresso anual especificamente sobre as deformidades vertebrais. No Brasil, o primeiro
curso sobre escoliose foi realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo na década de 50
(SIZINIO et al, 2003).
Segundo Salate (2003), a escoliose é definida por um desvio lateral da
coluna vertebral, podendo ser combinada com rotação vertebral e
lordose. Devido ao caráter evolutivo, pode desencadear transtornos
estéticos e complicações futuras graves, envolvendo uma modificação
estrutural das vértebras e costelas com rotação vertebral no plano
transverso, desvio lateral no plano frontal e lordose no plano sagital.
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Conforme Schroth (1992), a escoliose pode ser definida como uma curvatura lateral da coluna
vertebral, onde sua origem pode vir de uma paralisia, de doenças genéticas ou hereditárias ou
de outras causas identificáveis. Sendo que 80% dos casos são idiopáticas e apesar de muito ter
sido pesquisado sobre sua etiologia, nenhuma evidência conclusiva foi registrada dos
pacientes.
Tecnicamente, a escoliose é um desvio do eixo no plano coronal. Além do desvio nesse plano,
há também alterações no plano horizontal (rotação) e do plano sagital (lordose ou cifose). O
segmento mais acometido é a coluna torácica, seguido pela coluna lombar. Normalmente, a
curvatura lombar é compensatória, pois a coluna torácica é mais rígida (ROCHA;
PEDREIRA, 2001).
A escoliose é definida como uma torção dos elementos básicos da coluna em torno do eixo
vertical, em geral, envolve as regiões torácica e lombar. Tipicamente em indivíduos destros,
há uma leve curva em “S”, torácica direita e lombar esquerda ou uma leve curva em “C”
toracolombar. Pode haver assimetria nos quadris, na pelve e nos membros inferiores.
(KISNER, 2005).
A progressão de uma curva escoliótica pode ser vista como uma
deformação planejada em escalas combinadas por alterações devido
ao crescimento. A presença de rotação axial combinada com
inclinação lateral pode contribuir para o desenvolvimento de curvas
escolióticas exageradas. A deformidade do corpo vertebral que
acompanha a escoliose vai adicionando um estado de desequilíbrio
(SMITH e FERNIE, 1991).
Há muitas causas diferentes envolvendo a escoliose. Muitos autores identificam a escoliose
como uma desordem multifatorial envolvendo principalmente fatores genéticos e de
crescimento. É estimado que 80% de todas as escolioses não têm nenhuma causa em
particular identificável (PLAUGHER, 1993).
A escoliose pode ser classificada segundo sua etiologia em estrutural e não estrutural. A
estrutural pode ser a idiopática, a neuromuscular e a osteopática e, a não estrutural pode ser
causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo ou dor nos músculos da coluna
vertebral por compressão de raiz nervosa ou outra lesão na coluna e ainda pelo
posicionamento do tronco (MOLINA e CAMARGO, 2003).
Uma Escoliose Estrutural envolve uma curvatura lateral irreversível,
com rotação fixa das vértebras. Pode ser causada por distúrbios
neuromusculares, osteopáticos ou idiopática. Uma Escoliose não
estrutural é reversível e pode ser alterada com inclinação para frente
ou para o lado, ou apenas com mudanças de posição, como decúbito
dorsal. É também chamada de escoliose funcional ou postural. Pode
ser causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo ou dor
nos músculos da coluna vertebral por compressão de raiz nervosa
(KISNER, 2005).
De acordo com Coillard e Rivard (1996), a escoliose idiopática é responsável por cerca de
80% de todos os tipos de escoliose e a curva tende a aumentar até a cessação do crescimento
esquelético.
Segundo a divisão das escolioses, a escoliose idiopática é subdividida em: infantil (0-3 anos),
juvenil (3-10 anos) e adolescente (acima de 10 anos), esta última, por sua vez a mais comum.
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Apesar de não fazer parte da divisão das escolioses, a escoliose adulta deve ser citada, pois a
maioria das escolioses juvenil e adolescente não possuem remissão espontânea (DANDY,
2000).
Segundo Gardner (2000), a escoliose idiopática é classificada em três categorias: Escoliose
idiopática infantil, que acomete indivíduos de até três (3) anos de idade; escoliose idiopática
juvenil, onde pode ser vista em indivíduos de três (3) a dez (10) anos de idade; escoliose
idiopática adolescente, encontrada em indivíduos a partir de dez (10) anos de idade.
A escoliose infantil apresenta duas divisões: resolutiva e evolutiva.
Este tipo de escoliose afeta mais meninos, com padrão de curvatura
torácica e convexidade à esquerda. As chances de remissão da
curvatura são de 80 a 90% . A escoliose infantil do tipo resolutiva
resolve-se naturalmente, sem qualquer tipo de intervenção. Este tipo
de escoliose possui maior chance de remissão, sem utilizar qualquer
tipo de tratamento, realizando apenas controle de progressão da (s)
curvatura (s). Já a do tipo evolutiva deve ser tratada o mais
precocemente possível, pois quando não tratada apresenta significativa
progressão da(s) curvatura(s). Esse tipo de escoliose inicia-se no
primeiro ano de vida, prevalece em meninos, com curva geralmente
única e torácica convexa para lado esquerdo (BRUSCHIN, 1998).
De acordo com Ricard(1999), a escoliose juvenil aparece entre quatro a dez anos de idade, na
maioria dos casos é dorsal de convexidade direita e muito flexível. É preciso vigiá-la ao
aproximar-se da puberdade porque pode progredir muito rapidamente ao nível lombar e
tóracolombar.
Desenvolve-se depois dos dez anos e antes da maturação óssea. É a forma mais frequente de
escoliose, afeta a menina em 80% dos casos. Pode progredir rapidamente entre os doze e os
dezesseis anos. Mais tarde aparecem alterações degenerativas (RICARD, 1999).
A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral, de causa
desconhecida, acompanhada de modificações globais no tronco, às quais repercutem sobre as
extremidades. Uma vez constituída, evolui ao longo da vida, principalmente durante o período
de crescimento na adolescência (BIOT et al, 2002).
Segundo Biot et al (2002), os músculos e ligamentos se adaptam à
deformidade e sua função sobre a postura e o movimento se encontra
alterada, a propriocepção deixa de ser percebida com normalidade. A
caixa torácica, o diafragma e o abdome estão envolvidos na
deformidade vertebral, onde deles se derivam um certo grau de
insuficiências respiratórias restritivas, proporcional ao ângulo de
escoliose, e modificações espaciais do conteúdo abdominal.
As vértebras escolióticas apresentam rotação importante no seu plano transverso, sendo que
os processos espinhosos são direcionados para a convexidade e os transversos para posterior
no lado convexo da deformidade, levando à torção do tronco e à consequente elevação das
costelas, criando a giba torácica clássica (SIZINIO et al, 2003).
Para Bradford et al (1994), as alterações nos músculos intrínsecos da
coluna são responsáveis pelo aparecimento da escoliose, quando se
altera o sinergismo, principalmente nos fascículos dos músculos
espinotransversos que mantêm suas propriedades embriogênicas ao
longo da vida. Demonstraram que no lado convexo, no local onde a
curva está mais acentuada, existem relativamente mais fibras do tipo I.
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A reeducação postural global (RPG) foi descrita originalmente por Philippe Emmanuel
Souchard na década de 70, a partir de observações feitas por Françoise Méziéres sobre cadeias
musculares. Esse método provoca o alongamento muscular ativo de um conjunto de músculos
estáticos, antigravitários, rotadores internos e inspiratórios. (TEODORI et al 2003).
É um método de reeducação postural, criada em 1980 pelo
fisioterapeuta francês Philippe Emanuel Souchard, que tem como
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- um interrogatório;
- um exame morfológico particular das zonas dolorosas;
- manobras de correção das deformações ou das lesões, em diversas situações de famílias de
postura. A preferência será dada à postura onde a correção é mais difícil ou dar origem a dor.
Existem cadeias musculares da estática e cadeias da dinâmica.
Sequencia inspiratória: ela compreende os escalenos, o peitoral menor,
os intercostais, o diafragma e seu tendão. Sequencia posterior:
compreende os espinhais, o glúteo máximo e os isquiostibias.
Sequencia anterointerna do quadril: comportam os iliopsoas e os
adutores pubianos. Em cima ela continua pelos espinhais graças à
ação lordosamente desses músculos sobre os ilíacos e a coluna
lombar. Embaixo, sendo o psoas e adutores pubianos flexores e
rotadores internos do fêmur quando o individuo está em pé, ela
prolonga-se com o poplíteo, a panturrilha e os músculos plantares.
Sequencia anterior do braço: compreende todos os suspensores do
braço, do antebraço, da mão e dos dedos. É quase exclusivamente
anterior. Sequencia anterointerna do ombro: é constituída pelo
subescapular, coracobraquial e peitoral maior prolongando-se pela
cadeia anterior do braço. Sua perda de flexibilidade a adução interna
do braço e perturba a adução. (SOUCHARD, 1986).
Segundo Vendramini e Lima (2006), existem quatro famílias de
posturas, em que cada uma delas promove maior correção em
determinadas regiões do corpo, por meio da participação ativa do
paciente e da insistência do terapeuta, podendo ser classificadas em
posturas sem carga e com carga. Na primeira, são posicionamentos em
decúbito dorsal, em que o paciente não precisa suportar o peso do
próprio corpo. Já nas com carga, é necessário tolerar o próprio peso e
o desequilíbrio causado pela ação da força gravitacional.
5. Metodologia
Esta pesquisa está fundamentada em revisão de literaturas, entre os anos de 1979 à 2007,
tendo como fonte de pesquisa, livros de acervo próprio, artigos eletronicamente
disponibilizados na internet. Com o objetivo de obter informações acerca do tema, analisando
sistematicamente quanto à verificação de opiniões sobre o método mencionado e métodos
similares ao tipo de tratamento. Foram utilizadas como palavras-chave na pesquisa ao banco
de dados na internet: Coluna Vertebral; Escoliose Idiopática; RPG.
6. Resultado e Discussão
7. Conclusão
Referências
BIOT, B.; BERNARD, J. C.; MARTY, C.; TOUZEAU, C.; STORTZ, M. Escoliosis.
Encyclopèdie Médico-Chirurgicale, Paris, 2002.
COILLARD, C.; RIVARD, C. H. Vertebral deformities and scoliosis. Eur. Spine. 1996.
DURIGON, O. F. S. Postura: uma visão integrada. In: Apostila do curso Postural, Módulo
1, São Paulo, 2003.
GARDNER, SETH; MOSBY, JOHN S. Chiropractic secrets. EUA: Hanley & Belfus, 2000.
MORENO MA, CATAI AM, TEODORI RM, BORGES BLA, CESAR MC, SILVA E.
Efeito de um programa de alongamento muscular pelo método de Reeducação Postural
Global sobre a força muscular respiratória e a mobilidade tóracoabdominal de homens
jovens sedentários. J. bras. pneumol. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php
Acesso em 15 de setembro de 2012.
SOUCHARD, PH.R. O stretching global ativo. 1º edição. São Paulo, Manole, 1996.