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Direitos Humanos

Portaria Interministerial Nº 4.226/2010

Professor Cristiano de Souza

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Direitos Humanos

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010

Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos dos agentes de segurança pública aos princípios
Agentes de Segurança Pública. internacionais sobre o uso da força;
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA e o MI- CONSIDERANDO o objetivo de reduzir paulati-
NISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE namente os índices de letalidade resultantes de
DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA RE- ações envolvendo agentes de segurança públi-
PÚBLICA, no uso das atribuições que lhes confe- ca; e,
rem os incisos I e II, do parágrafo único, do art.
87, da Constituição Federal e, CONSIDERANDO as conclusões do Grupo de
Trabalho, criado para elaborar proposta de Di-
CONSIDERANDO que a concepção do direito à retrizes sobre Uso da Força, composto por re-
segurança pública com cidadania demanda a se- presentantes das Polícias Federais, Estaduais e
dimentação de políticas públicas de segurança Guardas Municipais, bem como com represen-
pautadas no respeito aos direitos humanos; tantes da sociedade civil, da Secretaria de Direi-
tos Humanos da Presidência da República e do
CONSIDERANDO o desposto no Código de Con- Ministério da Justiça, resolvem:
duta para o s Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei, adotado pela Assembléia Ge- Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o
ral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, Uso da Força pelos Agentes de Segurança Públi-
de 17 de dezembro de 1979, nos Princípios ca, na forma do Anexo I desta Portaria.
Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo
pelos Funcionários Responsáveis pela Aplica- Parágrafo único. Aplicam-se às Diretri-
ção da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso zes estabelecidas no Anexo I, as definições
das Nações Unidas para a Prevenção do Crime constantes no Anexo II desta Portaria.
e o Tratamento dos Delinquentes, realizado em Art. 2º A observância das diretrizes menciona-
Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setem- das no artigo anterior passa a ser obrigatória
bro de 1999, nos Princípios orientadores para pelo Departamento de Polícia Federal, p elo De-
a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para partamento de Polícia Rodoviária Federal, pelo
os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Departamento Penitenciário Nacional e pela
Lei, adotados pelo Conselho Econômico e Social Força Nacional de Segurança Pública.
das Nações Unidas na su a resolução 1989/61,
de 24 de maio de 1989 e na Convenção Contra § 1º As unidades citadas no caput deste ar-
a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cru- tigo terão 90 dias, contados a partir da pu-
éis, Desumanos ou Degradantes, adotado pela blicação desta portaria, para adequar seus
Assembléia Geral das Nações Unidas, em sua procedimentos operacionais e seu processo
XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de de- de formação e treinamento às diretrizes su-
zembro de 1984 e promulgada pelo Decreto n.º pramencionadas.
40, de 15 de fevereiro de 1991;
§ 2º As unidades citadas no caput deste ar-
CONSIDERANDO a necessidade de orientação tigo terão 60 dias, contados a partir da pu-
e padronização dos procedimentos da atuação blicação desta portaria, para fixar a norma-

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tização mencionada na diretriz Nº 9 e para a. ao Código de Conduta para os Funcio-
criar a comissão mencionada na diretriz Nº nários Responsáveis pela Aplicação da Lei,
23. adotado pela Assembléia Geral das Nações
§ 3º As unidades citadas no caput deste Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de
artigo terão 60 dias, contados a partir da dezembro de 1979;
publicação desta portaria, para instituir Co- b. os Princípios orientadores para a Aplica-
missão responsável por avaliar sua situação ção Efetiva do Código de Conduta para os
interna em relação às diretrizes não men- Funcionários Responsáveis pela Aplicação
cionadas no s parágrafos anteriores e pro- da Lei, adotados pelo Conselho Econômico
por medidas para assegurar as adequações e Social das Nações Unidas na sua resolução
necessárias. 1989/61, de 24 de maio de 1989;
Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da c. os Princípios Básicos sobre o Uso da For-
Presidência da República e o Ministério da Jus- ça e Armas de Fogo pelos Funcionários Res-
tiça estabelecerão mecanismos para estimular e ponsáveis pela Aplicação da Lei, adotados
monitorar iniciativas que visem à implementa- pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas
ção de ações para efetivação das diretrizes tra- para a Prevenção do Cri me e o Tratamen-
tadas nesta portaria pelos entes federados, res- to dos Delinquentes, realizado em Havana,
peitada a repartição de competências prevista Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de
no art. 144 da Constituição Federal. 1999;
Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pú-
blica do Ministério da Justiça levará em consi- d. a Convenção Contra a Tortura e outros
deração a observância das diretrizes tratadas Tratamento s ou penas Cruéis, Desumanos
nesta portaria no repasse de recursos aos entes ou Degradantes, adotada pela Assembléia
federados. Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão,
realizada em Nova York em 10 de dezembro
Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de de 1984 e promulgada pelo Decreto n.º 40,
sua publicação. de 15 de fevereiro de 1991.
LUIZ PAULO BARRETO 2. O uso da força por agentes de segurança pú-
Ministro de Estado da Justiça blica deverá obedecer aos princípios da legali-
PAULO DE TARSO VANNUCHI dade, necessidade, proporcionalidade, modera-
ção e conveniência.
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de
3. Os agentes de segurança pública não deverão
Direitos Humanos da Presidência da Repú- disparar armas de fogo contra pessoas, exceto
blica em casos de legítima defesa própria ou de ter-
ceiro contra perigo iminente de morte ou lesão
grave.
ANEXO I
4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra
DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA pessoa em fuga que esteja desarmada ou que,
E ARMAS DE FOGO PELOS AGENTES mesmo na posse de algum tipo de arma, não
represente risco imediato de morte ou de lesão
DE SEGURANÇA PÚBLICA grave aos agentes de segurança pública ou ter-
1. O uso da força pelos agentes de segurança ceiros.
pública deverá se pautar nos documentos inter- 5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra
nacionais de proteção aos direitos humanos e veículo que desrespeite bloqueio policial em via
deverá considerar, primordialmente: pública, a não ser que o ato represente um risco

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imediato de morte ou lesão grave aos agentes b. promover a correta preservação do local
de segurança pública ou terceiros. da ocorrência;
6. Os chamados "disparos de advertência" não c. comunicar o fato ao seu superior imedia-
são considerados prática aceitável, por não to e à autoridade competente; e
atenderem aos princípios elencados na Diretriz
n.º 2 e em razão da imprevisibilidade de seus d. preencher o relatório individual corres-
efeitos. pondente sobre o uso da força, disciplinado
na Diretriz n.º 22.
7. O ato de apontar arma de fogo contra pes-
soas durante os procedimentos de abordagem 11. Quando o uso da força causar lesão ou mor-
não deverá ser uma prática rotineira e discrimi- te de pessoa(s), o órgão de segurança pública
nada. deverá realizar as seguintes ações:

8. Todo agente de segurança pública que, em ra- a. facilitar a assistência e/ou auxílio médico
zão da sua função, possa vir a se envolver em dos feridos;
situações de uso da força, deverá porta r no mí- b. recolher e identificar as armas e muni-
nimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial ções de todos os envolvidos, vinculando-as
ofensivo e equipamentos de proteção necessá- aos seus respectivos portadores no mo-
rios à atuação específica, independentemente mento da ocorrência;
de portar ou não arma de fogo.
c. solicitar perícia criminalística para o exa-
9. Os órgãos de segurança pública deverão edi- me de local e objetos bem como exames
tar at os normativos disciplinando o uso da for- médico-legais;
ça por seus agentes, definindo objetivamente:
d. comunicar os fatos aos familiares ou ami-
a. os tipos de instrumentos e técnicas auto- gos da(s) pessoa(s) ferida(s) ou morta(s);
rizadas;
e. iniciar, por meio da Corregedoria da ins-
b. as circunstâncias técnicas adequadas à tituição, ou órgão equivalente, investigação
sua utilização, ao ambiente/entorno e ao imediata dos fatos e circunstâncias do em-
risco potencial a terceiros não envolvidos prego da força;
no evento;
f. promover a assistência médica às pessoas
c. o conteúdo e a carga horária mínima para feridas em decorrência da intervenção, in-
habilitação e atualização periódica ao uso cluindo atenção às possíveis sequelas;
de cada tipo de instrumento;
g. promover o devido acompanhamento
d. a proibição de uso de armas de fogo e psicológico aos agentes de segurança pú-
munições q ue provoquem lesões desneces- blica envolvidos, permitindo-lhes superar
sárias e risco injustificado; e ou minimizar os efeitos decorrentes do fato
e. o controle sobre a guarda e utilização de ocorrido; e
armas e munições pelo agente de seguran- h. afastar temporariamente do serviço ope-
ça pública. racional, para avaliação psicológica e redu-
10. Quando o uso da força causar lesão ou mor- ção do estresse, os agentes de segurança
te de pessoa(s), o agente de segurança pública pública envolvidos diretamente em ocor-
envolvido deverá realizar as seguintes ações: rências com resultado letal.

a. facilitar a prestação de socorro ou assis- 12. Os critérios de recrutamento e seleção para


tência médica aos feridos; os agentes de segurança pública deverão levar
em consideração o perfil psicológico necessário

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para lidar com situações de estresse e uso da dade da função operacional e sem se restringir
força e arma de fogo. às unidades especializadas.
13. Os processos seletivos para ingresso nas ins- 20. Deverão ser incluídos nos currículos dos cur-
tituições de segurança pública e os cursos de sos de formação e programas de educação con-
formação e especialização dos agentes de segu- tinuada conteúdos sobre técnicas e instrumen-
rança pública devem incluir conteúdos relativos tos de menor potencial ofensivo.
a direitos humanos.
21. As armas de menor potencial ofensivo deve-
14. As atividades de treinamento fazem parte rão ser separadas e identificadas de forma dife-
do trabalho rotineiro do agente de segurança renciada, conforme a necessidade operacional.
pública e não deverão ser realizadas em s eu ho-
rário de folga, de maneira a serem preservados 22. O uso de técnicas de menor potencial ofen-
os períodos de descanso, lazer e convivência sivo deve ser constantemente avaliado.
sócio-familiar. 23. Os órgãos de segurança pública deverão
15. A seleção de instrutores para ministrarem criar comissões internas de controle e acompa-
aula em qualquer assunto que englobe o uso da nhamento da letalidade, com o objetivo de mo-
força deverá levar em conta análise rigorosa de nitorar o uso efetivo da força pelos seus agen-
seu currículo formal e tempo de serviço, áreas tes.
de atuação, experiências anteriores em ativi- 24. Os agentes de segurança pública deverão
dades fim, registros funcionais, formação em preencher um relatório individual todas as ve-
direitos humanos e nivelamento em ensino. Os zes que dispararem arma de fogo e/ou fizerem
instrutores deverão ser submetidos à aferição uso de instrumentos de menor potencial ofen-
de conhecimentos teóricos e práticos e sua atu- sivo, ocasionando lesões ou mortes. O relató-
ação deve ser avaliada. rio deverá ser encaminhado à comissão interna
16. Deverão ser elaborados procedimentos de mencionada na Diretriz n.º 23 e deverá conter
habilitação para o uso de cada tipo de arma de no mínimo as seguintes informações:
fogo e instrumento de menor potencial ofensivo a. circunstâncias e justificativa que levaram
que incluam avaliação técnica, psicológica, física o uso da força ou de arma de fogo por parte
e treinamento específico, com p revisão de revi- do agente de segurança pública;
são periódica mínima.
b. medidas adotadas antes de efetuar os
17. Nenhum agente de segurança pública deve- disparos/usar instrumentos de menor po-
rá porta armas de fogo ou instrumento de me- tencial ofensivo, ou as razões pelas quais
nor potencial ofensivo para o qual não esteja elas não puderam ser contempladas;
devidamente habilitado e sempre que um novo
tipo de arma ou instrumento de menor poten- c. tipo de arma e de munição, quantidade
cial ofensivo for introduzido na instituição deve- de disparos efetuados, distância e pessoa
rá ser estabelecido um módulo de treinamento contra a qual foi disparada a arma;
específico com vistas à habilitação do agente.
d. instrumento(s) de menor potencial ofen-
18. A renovação da habilitação para uso de ar- sivo utilizado(s), especificando a frequência,
mas de fogo em serviço deve ser feita com pe- a distância e a pessoa contra a qual foi utili-
riodicidade mínima de 1 (um) ano. zado o instrumento;

19. Deverá ser estimulado e priorizado, sempre e. quantidade de agentes de segurança pú-
que possível, o uso de técnicas e instrumentos blica feridos ou mortos na ocorrência, meio
de menor potencial ofensivo pelos agentes de e natureza da lesão;
segurança pública, de acordo com a especifici-

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f. quantidade de feridos e/ou mortos atin- Equipamentos de proteção: Todo dispositivo


gidos pelos disparos efetuados pelo(s) ou produto, de uso individual (EPI) ou coletivo
agente(s) de segurança pública; (EPC) destinado a redução de riscos à integri-
dade física ou à vida dos agentes de segurança
g. número de feridos e/ou mortos atingi- pública.
dos pelos instrumentos de menor potencial
ofensivo utilizados pelo(s) agente(s) de se- Força: Intervenção coercitiva imposta à pessoa
gurança pública; ou g rupo de pessoas por parte do agente de se-
gurança pública com a finalidade de preservar a
h. número total de feridos e/ou mortos du- ordem pública e a lei.
rante a missão;
Instrumentos de menor potencial ofensivo:
i. quantidade de projéteis disparados que Conjunto de armas, munições e equipamentos
atingiram pessoas e as respectivas regiões desenvolvidos com a finalidade de preservar vi-
corporais atingidas; das e minimizar danos à integridade das pesso-
j. quantidade de pessoas atingidas pelos as.
instrumentos de menor potencial ofensivo Munições de menor potencial ofensivo: Muni-
e as respectivas regiões corporais atingidas; ções projetadas e empregadas, especificamen-
k. ações realizadas para facilitar a assistên- te, para conter, debilitar ou incapacitar tem-
cia e/ou auxílio médico, quando for o caso; porariamente pessoas, preservando vidas e
e minimizando danos a integridade das pessoas
envolvidas.
l. se houve preservação do local e, em caso
negativo, apresentar justificativa. Nível do Uso da Força: Intensidade da força es-
colhi da pelo agente de segurança pública em
25. Os órgãos de segurança pública deverão, resposta a uma ameaça real ou potencial.
observa da a legislação pertinente, oferecer
possibilidades de reabilitação e reintegração ao Princípio da Conveniência: A força não poderá
trabalho aos agentes de segurança pública que ser empregada quando, em função do contexto,
adquirirem deficiência física em decorrência do possa ocasionar danos de maior relevância do
desempenho de suas atividades. que os objetivos legais pretendidos.
Princípio da Legalidade: Os agentes de segu-
rança pública só poderão utilizar a força para a
ANEXO II consecução de um objetivo legal e nos estritos
limites da lei.
GLOSSÁRIO
Princípio da Moderação: O emprego da força
Armas de menor potencial ofensivo: Armas pelos agentes de segurança pública deve sem-
projetadas e/ou empregadas, especificamente, pre que possível, além de proporcional, ser mo-
com a finalidade de conter, debilitar ou incapa- derado, visando sempre reduzir o emprego da
citar temporariamente pessoas, preservando vi- força.
das e minimizando danos à su a integridade.
Princípio da Necessidade: Determinado nível de
Equipamentos de menor potencial ofensivo: To- força só pode ser empregado quando níveis de
dos os artefatos, excluindo armas e munições, menor intensidade não forem suficientes p ara
desenvolvidos e empregados com a finalidade atingir os objetivos legais pretendidos.
de conter, debilitar ou incapacitar temporaria-
Princípio da Proporcionalidade: O nível da for-
mente pessoas, para preservar vidas e minimi-
ça utilizado deve sempre ser compatível com a
zar danos à sua integridade.
gravidade da ameaça representada pela ação do

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opositor e com os objetivos pretendidos pelo
agente de segurança pública.
Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjun-
to de procedimentos empregados em interven-
ções que demandem o uso da força, através d o
uso de instrumentos de menor potencial ofensi-
vo, com intenção de preservar vidas e minimizar
danos à integridade das pessoas.
Uso Diferenciado da Força: Seleção apropria-
da do nível de uso da força em resposta a uma
ameaça real ou potencial visando limitar o re-
curso a meios que possam causar ferimentos ou
mortes.

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