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6.1 – Generalidades
A distinção entre estacas e tubulões no passado era simples, de vez que as estacas eram
elementos de seção muito menor que os tubulões. Estes possuíam diâmetro mínimo da
ordem de 70-80 cm, que se constituía o menor diâmetro possível para que um operário
pudesse trabalhar em seu interior. Com o advento das estacas de grande diâmetro,
principalmente estacas escavadas (em São Paulo chamadas de estacões), a questão da seção
passou a não ser um elemento de diferenciação entre um e outro tipo de fundação profunda.
Assim, a distinção feita hoje pela norma brasileira entre estaca e tubulão consiste em que no
caso do tubulão há, pelo menos em sua etapa final de execução, descida de operário,
enquanto que a estaca é executada inteiramente por equipamento mecânico. O tubulão pode
ser executado com ou sem revestimento, podendo ser este de concreto ou metálico. Pode
ainda ser executado a céu aberto ou com a presença de ar comprimido (tubulão
pneumático).
6.2 Estacas
6.2.1 Classificação
1
A versão anterior da Norma de Fundações, a NBR 6122:1996 incluía um terceiro tipo, os caixões, que foram
retirados, por desuso, da versão atual.
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Figura 6.1 – Classificação de estacas quanto ao deslocamento induzido pela estaca no solo
(Velloso e Lopes 2001).
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As estacas de madeira têm sido usadas pelo homem desde épocas pré-históricas, em vales e
áreas alagadas. Para esse propósito, os pinheiros forneciam excelente material (Kézdi,
19752).
Segundo Tomlinson (19773), sob muitos aspectos a madeira é um material ideal para
estacas. Possui uma elevada relação resistência/peso, é fácil de manusear, de cortar e de
arrasar. De uma maneira geral, as estacas de madeira − mesmo sem qualquer tratamento −
possuem vida útil infinita, desde que permanentemente imersas, ou seja, integralmente
abaixo do lençol freático. Nessa condição, a madeira é imune a ataques de fungos, sendo
susceptível apenas a ataques de organismos como brocas, sobretudo em ambientes
marinhos. Nestes casos, é recomendável o uso de creosoto em madeiras moles (reduz o
ataque de alguma forma) ou madeira dura de espécies resistentes ao ataque de tais
organismos. Acima do lençol, é importante um tratamento à base de creosoto que aumenta
(embora não indefinidamente) a vida útil da madeira.
Quanto às tensões de trabalho, aquele autor apresenta valores para diversas espécies de
madeira. Para tensão de compressão paralela à fibra e madeiras moles, os valores variam de
cerca de 3 a 9 MN/m2, enquanto que no caso de madeiras duras a faixa é de 5 a 20 MN/m2.
As estacas de madeira foram muito usadas no passado, mas hoje o custo não é
compensador. O autor destas notas de aula teve experiência com fundações em estacas de
madeira em projeto industrial no Amapá. Neste caso, o cliente iria desmatar uma grande
área e pediu para que fossem usados os troncos das árvores como estacas; o projeto foi feito
baseando-se nos diâmetros medidos fornecidos pelo cliente.
Obras provisórias às vezes ainda são realizadas com estacas de madeira, sem tratamento.
Nestes casos, há que se tomar cuidados, pois no nosso país é comum as obras provisórias
não serem tão provisórias assim, havendo sérios riscos de colapso por deterioração.
2
Kézdi, A. (1975), "Pile Foundations", in Foundation Engineering Handbook, Winterkorn e Fang, Cap. 19,
pp. 556- 600.
3
Tomlinson, M.J. (1977), "Pile Design and Construction Practice", View Point Publ.
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4
Barata, F.E. (1969), "Relatório descritivo e conclusivo sobre exame das fundações do Teatro Municipal do
Rio de Janeiro", relatório Sondotécnica EG-620/69.
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6.2.3.1 Generalidades
Em princípio, estes três tipos de estacas devem ser cogitados como alternativas possíveis de
obras tanto residenciais como industriais. A escolha de um dentre os três tipos depende de
aspectos técnico-econômicos, sendo os mais importantes descritos nos itens seguintes.
Vale salientar que em todos os três tipos ocorre cravação por percussão e, portanto,
deslocamento do solo para que a estaca ou tubo-molde (caso de estaca tipo Franki) penetre
no solo. Quando elementos de estacas pré-moldadas ou metálicas são cravados
estaticamente (prensados) no terreno, estes recebem a denominação não mais pelo material
da estaca, mas pelo processo de execução. Assim, são denominadas estacas mega com
elementos pré-moldados ou metálicos. As estacas mega são utilizadas, hoje, praticamente
apenas no caso de reforço de fundações, em que a reação é fornecida pelo peso da estrutura.
As estacas metálicas são usualmente perfis laminados, os mais comuns até algum tempo
atrás (quando eram fabricadas pela CSN) estão relacionados na tabela 6.1. Algumas das
estacas metálicas hoje fabricadas pela Gerdau estão incluídas na tabela 6.2. São utilizados
às vezes perfis soldados e tubos, mas constituem geralmente uma opção mais cara. São
também empregados trilhos, muito caros quando novos, mas de custo bem menor quando
adquiridos como refugo de estradas de ferro por não atenderem aos requisitos necessários
para o material rodante. É importante, nesse caso, verificar as dimensões finais dos trilhos
para uso em projeto (o que, infelizmente, muitas vezes não é feito). Na tabela 6.3 estão
relacionados os trilhos usualmente empregados.
As estacas metálicas podem ser utilizadas, ainda, como elementos múltiplos (duplos ou
mesmo triplos - ver figuras 6.3 a 6.5), os quais constituem-se de soldagem de elementos
individuais.
∗
NOTA: Neste caso, a referência diz respeito a cargas admissíveis estruturais, ou seja, ao dimensionamento
estrutural da seção da estaca.
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Figura 6.6 – Cravação de estaca metálica em areia com auxílio de jato d’água.
No que diz respeito a corrosão, quando a estaca trabalhar total e permanente enterrada em
solo natural, deve-se descontar de sua espessura 1,5mm por face em contato com o solo
(item 7.8.2.3.2 da NBR 6122/1996 - ver ainda figura 6.8). Nesta condição, de corrosão
limitada, há a formação de uma película de ferrugem que, como não é retirada, protege o
interior da estaca. As cargas nominais das tabelas 6.1 a 6.3 levam em conta a recomendação
acima. A figura 6.9 mostra a seção nominal de uma estaca metálica de fabricação Gerdau e
a mesma seção após redução de 1,5 mm para levar em conta a corrosão. Os dados
correspondentes de área e de perímetro da seção sem o desconto de corrosão e com o
desconto de estacas de fabricação Gerdau estão indicadas na tabela 6.2. Pode-se observar
que a redução de área é significativa (de 15 a 30%), redução que é associada à carga
nominal (estrutural admissível). Já a redução de perímetro (associada à carga de atrito
lateral) é muito pequena.
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LEGENDA:
A = ÁREA SEM CORROSÃO
2P = PERÍMETRO SEM CORROSÃO
A’= ÁREA COM CORROSÃO (DESCONTO DE 1,5 mm DE SUAS FACES)
2P’= PERÍMETRO COM CORROSÃO (DESCONTO DE 1,5 mm DE SUAS FACES)
A’/A = 73%
Figura 6.9 – Ilustração do desconto de 1,5 mm na seção de estaca metálica (seção plena à
esquerda e seção após desconto à direita).
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A principal desvantagem da estaca metálica em relação aos outros tipos de estacas é o custo
(por unidade de carga), geralmente superior.
As estacas pré-moldadas são na maioria dos casos de concreto armado, sendo nos casos de
grandes comprimentos de estacas adotado o concreto protendido (comum em portos, por
exemplo).
De uma maneira geral, as estacas pré-moldadas constituem a opção de menor custo nos
casos em que sua utilização não possui alguma contra-indicação.
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Por outro lado, a possibilidade de obtenção de concreto de alta resistência fez com que
tensões elevadas (de 15 MPa ou mais) fossem utilizadas pelos fabricantes. Dessa forma,
naturalmente as seções das estacas foram reduzidas. A conseqüência geotécnica, advinda
desta questão estrutural, é que as estacas para uma determinada carga de trabalho passaram
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A versão da NBR-6122:2010 alterou o valor de fck limite para 40 MPa. Também alterou a
tensão de trabalho limite, sem a realização de provas de carga, para 7 MPa.
A armação deve ser distribuída igualmente na estaca de forma a poder ser levantada com
qualquer face para baixo ou para cima. A armação longitudinal não deve atingir o topo da
estaca (deve-se manter distância de 3 a 5 cm) , pois durante a cravação a estaca pode ser
esfacelada na cabeça. Deve-se concentrar os estribos no topo e na ponta.
Quanto à emenda, deve ser feita através de solda dos anéis metálicos localizados nas
extremidades das estacas (figura 6.10). As emendas por luvas, incapazes de resistirem a
solicitações de tração durante a cravação, devem ser evitadas.
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A estaca Franki foi criada por um jovem técnico belga, executor de estacas, Edgard
Frankignoul. Comparando dois sistemas de execução existentes, ele teve a idéia de executar
uma estaca cravando no terreno um tubo com a ponta fechada por uma bucha de concreto,
na qual batia um pilão de queda livre. O desenvolvimento da estaca durou de 1908 a 1910,
quando foi executada a primeira obra. A estaca é hoje utilizada em todo o mundo (Franki,
19755).
Por outro lado, a patente correspondente à estaca Franki deixou de valer no Brasil em
meados da década de 50, e hoje não apenas a empresa Estacas Franki a executa, como
várias outras empresas, e a estaca hoje é também conhecida como estaca tipo Franki. O
processo de execução da estaca pode ter diferentes variantes, mas o processo tradicional –
correspondente ao que se denomina estaca Franki Standard – é descrito a seguir.
i) Posicionamento do tubo
Uma vez posicionado o tubo, é lançado em seu interior uma mistura de areia e brita, que irá
formar a bucha na base do tubo. No interior do tubo, um pilão bate neste material, de tal
forma que são desenvolvidas elevadas tensões de compressão entre este material e o tubo.
O atrito que surge então é capaz de fazer com que o tubo seja cravado pela ação dos golpes
do pilão sobre a bucha.
O tubo é portanto cravado pela ação dos golpes do pilão sobre a bucha, a qual garante a
estanqueidade do tubo durante a cravação. A energia durante a cravação do tubo pode ser
bastante elevada, sendo freqüentemente empregadas alturas de queda de vários metros.
Os pilões empregados para a cravação do tubo devem ter os pesos e diâmetros mínimos
indicados na tabela 4.5 para cada diâmetro de estaca.
5
Franki (1975), Catálogo no 7.
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Dentre as estacas em que se emprega cravação por percussão na execução, a estaca Franki
é, nos casos de obras correntes, a que pode utilizar maior energia.
Cabe salientar ainda que, no caso de áreas urbanas – em que as vibrações podem causar
problemas com as construções vizinhas –, é comum se atravessar camadas resistentes por
meio de perfuração prévia ou cravando-se o tubo, numa primeira etapa, estaticamente e
com a ponta aberta (com o auxílio dos cabos do bate-estacas). Após se atravessar a camada
resistente, faz-se a bucha e procede-se à cravação com o processo anteriormente
mencionado.
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Tabela 6.6 – Volumes mínimos de concreto da base de estacas Franki e áreas da projeção
da esfera admitida.
Diâmetro da estaca (mm) Volume mínimo da base (l) Área da projeção da esfera (m2)
350 90 0,243
400 180 0,386
450 270 0,505
520 300 0,542
600 450 0,710
Os últimos 150 litros de concreto da base devem ser introduzidos com uma energia mínima
de 250 tfm para as estacas de diâmetro inferior ou igual a 450 mm e 500 tfm para as estacas
de diâmetro 450 mm a 600 mm.
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v) Colocação da armação
A armação da estaca pode ser colocada logo após a conclusão da base ou ainda durante a
sua execução. Neste caso, o objetivo é ancorar a armação na base, o que é importante no
caso de estacas que serão submetidas a esforços de tração ou em casos em que pode ocorrer
levantamento de estacas. Estes últimos casos estão associados principalmente a solos
argilosos saturados, os quais sofrem deformação a volume constante.
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A armação é geralmente composta por 4 barras longitudinais, com pés, e espiras ao longo
de seu comprimento.
A concretagem da estaca deve ser levada até um pouco acima da cota de arrasamento da
estaca, algo em torno de 30 cm no mínimo (ABEF, 19996).
O processo de concretagem faz com que o fuste da estaca acabe tendo uma superfície
externa bastante irregular – que gera um efeito benéfico quanto à capacidade de carga da
estaca –, tal como mostrado na figura 6.11.
Tabela 6.7 – Cargas nominais de estacas Franki7 e distâncias mínimas entre eixos.
Carga nominal Distância mínima entre eixos de
Diâmetro da estaca (mm)
(tf) (kN) estacas (m)
350 55 550 1,20
400 70 700 1,30
450 90 900 1,40
520 130 1300 1,50
600 170 1700 1,70
6
Manual de especificações de produtos e procedimentos ABEF (1999).
7
Existem algumas tabelas que propõem cargas algo maiores, mas os valores da tabela 4.7 são os mais
tradicionais.
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As estacas escavadas são estacas de grandes dimensões, utilizadas no limite superior das
cargas de trabalho usuais de estacas. Por esse motivo, são empregadas, no caso de
edificações, quando estas têm alturas elevadas, o que gera cargas atuantes significativas por
pilar. Como o próprio nome indica, para a sua execução o solo é removido, diferentemente
dos casos vistos até então, em que o solo era deslocado para a penetração da estaca (casos
da estacas de madeira, pré-moldadas e metálicas) ou do tubo de revestimento (estaca tipo
Franki). O suporte da escavação pode ser provido por um revestimento metálico (menos
comum hoje em dia) ou por lama de bentonita. O processo de execução com lama de
bentonita (baseado em Velloso e Lopes, 1978) é descrito a seguir.
A questão das dúvidas da concretagem da ponta da estaca e aos possíveis elevados valores
de deslocamento para mobilizar a ponta faz com a norma obrigue a que o atrito lateral seja
responsável por pelo menos 80% da carga de trabalho da estaca (item 7.1.2.c).
Uma grande vantagem das estacas escavadas diz respeito à inexistência de choques, o que a
torna particularmente indicada em prédios altos em regiões densamente construídas.
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As cargas de trabalho de algumas estacas de seção retangular e circular estão indicadas nas
tabelas 6.8 e 6.9, de acordo com o catálogo de um dos executores.
A estaca raiz surgiu na Itália, com a designação “pali radice”, tendo sido desenvolvida por
F. Lizzi8, empregada originalmente para reforço de fundações. Assim, os primeiros
equipamentos eram de pequeno porte, possibilitando a execução de fundações em locais de
pouco espaço para o trabalho (incluindo-se baixo pé direito) e de acesso difícil. No Brasil, a
estaca raiz chegou através da subsidiária da empresa italiana Fondedile, denominada
Brasfond. Posteriormente, outras empresas passaram a executar a estaca raiz.
8
Lizzi, F. (1980), “The use of Pali Radice (root pattern piles) in the underpinning of monuments and old
buildings and in the consolidation of historic centers.” Publicação Fondedile S.p.A. 86.
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emprega argamassa ao invés de concreto, pelo pequeno diâmetro da estaca), o que é feito
segundo o processo de concretagem submersa, semelhantemente ao que já foi descrito para
as estacas escavadas. Assim, um tubo tremonha é introduzido no interior do furo, e
argamassa é lançada no interior do tubo, e a argamassa então expulsa, de baixo para cima, a
água existente. Tem-se ao final desta etapa o furo ainda revestido, com a argamassa e a
armação em seu interior. O próximo passo consiste em se retirar o tubo de revestimento, o
que é feito em segmentos de 1 a 3 metros, com o auxílio de um pequeno macaco hidráulico
(obras menores ou em espaço reduzido) ou de um guindaste. A cada remoção, a argamassa
desce no interior da perfuração, em função da ocupação dos espaços anteriormente
preenchidos pelo tubo e pelos vazios existentes atrás do revestimento. Assim, o nível da
argamassa é completado no interior do tubo, e uma tampa rosqueada é colocada no topo.
Esta tampa possui um orifício pelo qual insere-se ar comprimido, a uma pressão entre 1 a 3
kgf/cm2 (100 a 300 kPa), e a argamassa desce então um pouco mais no tubo, e é novamente
completada, sendo então repetido o processo até a completa retirada do tubo.
O processo de execução faz com que o diâmetro da estaca acabada fique maior que o
diâmetro do tubo de perfuração. A tabela 4.10 fornece os diâmetros de estacas raiz, e as
cargas de trabalho correspondentes.
Tabela 6.10 – Diâmetros e cargas de trabalho de estacas raiz (adaptado de Brasfond, 19909)
Diâmetro da perfuração Diâmetro nominal acabado Carga de trabalho (tf)
(mm) (mm)
83 100 até 10
101 120 até 15
114 140 até 20
127 150 até 25
140 160 até 35
168 200 até 50
220 250 até 70
355 400 até 130
Conforme se observa na tabela, a maioria das estacas refere-se a pequenas cargas, o que se
constitui na maioria das aplicações na prática deste tipo de estaca. As principais vantagens
da estaca raiz são a sua possibilidade de vencer obstáculos quaisquer (tais como matacões e
blocos de rocha, ou ainda partes de fundações existentes em concreto), pelo emprego de
ferramenta especial, e a inexistência de impacto, o que a torna uma solução particularmente
indicada quando se quer evitar ao máximo problemas relacionados a construções
adjacentes.
9
Brasfond (1990), “Catálogo de estacas raiz”.
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A estaca hélice contínua é uma estaca de concreto moldada in situ, caracterizada pela
escavação do solo através de um trado contínuo, constituído por um tubo central vazado
envolvido por hélices. O tubo central é dotado de uma tampa metálica, perdida, cuja
finalidade é evitar o ingresso de água e solo no tubo durante o processo de escavação com o
trado. Atingida a profundidade de projeto, o trado é extraído (sem rotação) ao mesmo
tempo que concreto é bombeado através do tubo, o qual desloca a tampa e preenche o vazio
da escavação. Após a concretagem é introduzida a armação, com o emprego de um
guindaste, a qual geralmente tem comprimento pequeno, pois no caso de estacas de
compressão não há em tese necessidade de armação, a qual se destina principalmente a se
evitar fissuração no concreto em caso de choques de equipamentos quando o solo em torno
da estaca é escavado para execução do bloco de coroamento das estacas.
A monitoração das estacas fornece uma série de elementos associados à sua execução, tais
como seção média da estaca (a partir do volume de concreto), torque durante escavação e
velocidade de avanço da hélice.
Uma das principais vantagens da estaca hélice contínua é a sua alta velocidade de
execução, com elevada produtividade.
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Os primeiros equipamentos eram capazes de operar com diâmetros pequenos, mas hoje no
Brasil existem equipamentos capazes de realizar estacas com diâmetro da ordem de 1 m e
comprimentos atingindo cerca de 30 m. Naturalmente, esses valores, para serem atingidos,
dependerão da capacidade de torque do equipamento e do tipo de solo.
A capacidade de carga (carga de ruptura) de estacas pode ser estimada por meio de
fórmulas estáticas, fórmulas dinâmicas e métodos empíricos.
Nas fórmulas estáticas e nos métodos empíricos a capacidade de carga Qrup da estaca é
estimada pela expressão
Qrup = QAL + QP
sendo
QAL = carga (resistência) de atrito lateral
QP = carga (resistência) de ponta
A carga de atrito lateral é resultante das resistências do solo por atrito lateral atuantes ao
longo da superfície lateral da estaca, podendo ser dada por:
n
QAL = ∑ alat ( i ) ⋅ si
i =1
sendo
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QP = Ap . rp
sendo
Ap = área da base ou ponta da estaca
rp = resistência de ponta unitária (ou pressão de ruptura)
A diferença entre as fórmulas estáticas e os métodos empíricos é que no caso das fórmulas
estáticas o atrito lateral unitário e a resistência de ponta unitária (ambos com unidade de
pressão) são obtidos através de princípios de Mecânica dos Solos, tal como no caso de
fundações superficiais, em que as fórmulas de Terzaghi e de Vesic foram introduzidas. A
principal dificuldade do emprego das fórmulas estáticas consiste na estimativa dos
parâmetros geotécnicos das diversas camadas do terreno atravessadas pelas estacas com
base nas investigações geotécnicas usuais, no caso do Brasil apenas as sondagens à
percussão.
6.3.1.Métodos empíricos
O método de Aoki e Velloso (1975) constitui experiência adquirida pelos autores quando
de sua atuação na então Companhia de Estacas Franki. O método surgiu a partir de
correlações entre resultados de provas de carga em estacas, resultados de ensaios de cone
(CPT) e sondagens à percussão. Foram empregadas correlações existentes na empresa,
desenvolvidas por Costa Nunes e Fonseca (1959) entre a resistência de ponta do cone q c e o
N do SPT.
α KN
si =
F2
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K N
rp =
F1
sendo
α e K = fatores que correlacionam os resultados do ensaio de cone com o SPT, os quais são
dados na tabela 4.11
N = número de golpes do SPT
F1 e F2 = fatores de correlação, dados na Tabela 4.12, os quais dependem do tipo de estaca
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_
si = N /3 + 1 (tf/m2)
_
sendo N o valor médio de N ao longo do fuste, calculado sem levar em conta os valores de
N considerados no cálculo da resistência de ponta.
No caso de N menor que 3, considerar N=3; no caso de N>50, considerar N=50, exceto nos
casos de estacas Strauss e tubulões, em que o limite para N deve ser de 15.
rp = C N
A tabela deve ser utilizada para estacas em que há cravação por percussão.
Para o valor de N, deve ser tomada uma média entre três valores: o correspondente ao nível
da ponta da estaca, o imediatamente anterior e o imediatamente posterior.
1) Para o cálculo da resistência de ponta, deve ser considerado o valor do contorno da seção
(seção cheia), em função do embuchamento, exceto no caso de estacas cuja ponta se assenta
sobre rocha. Para o cálculo do atrito lateral, existem autores que consideram o perímetro
(externo) real da seção, e outros que consideram o perímetro correspondente à seção
embuchada.
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Como o processo de cravação dinâmica de uma estaca envolve a ruptura do solo, surgiu daí
a idéia da utilização dos registros obtidos durante a cravação para a estimativa da
capacidade de carga de estacas cravadas (por percussão). Dessa idéia surgiram as fórmulas
dinâmicas, baseadas nos princípios da conservação da energia e da quantidade de
movimento.
Wr h = Ru s + z
Sendo
Wr = peso do martelo
h = altura de queda
Ru = carga de ruptura da estaca
s = deslocamento permanente, ou nega
z = perdas diversas no sistema (incluindo as correspondentes às deformações elásticas da
estaca e do solo)
Uma das principais limitações das fórmulas dinâmicas consiste na hipótese de que a carga
de ruptura dinâmica é igual à carga de ruptura estática, o que é algo bastante questionável.
Portanto, as fórmulas dinâmicas são hoje empregadas fundamentalmente como controle de
uniformidade de execução.
Cabe salientar que cada fórmula dinâmica tem um fator de segurança associado, relativo à
dispersão das previsões obtidas por cada fórmula.
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W2 P h
Qruptubo =
( W + P )2 s
b) para a estaca
Ae
Qrupestaca = 0 ,75 Qruptubo ( 0 ,3 + 0 ,6 )
At
sendo
Corresponde a At
Corresponde a Ae
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ηhG
Qrup =
s
s0
s = s1 +
2
2ηhG L
s0 =
AE
sendo
η = fator de eficiência – na falta de melhores dados, usar 0,7 para martelos de queda livre
h = altura de queda
G = peso do martelo
L = comprimento da estaca
A= área da seção transversal da estaca
E = módulo de elasticidade do material da estaca
s1 = nega
s0 = recalque elástico do elemento estrutural estaca
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